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FILOSOFIA

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 KANT
Kant pensava que só a vontade boa é uma coisa boa em si mesma. Ter uma
vontade boa é querer cumprir sempre o dever – ou seja, agir sem cair em
contradição – e não o que nos favorece.
A vontade só é boa se for inteiramente dirigida pela racionalidade, já que
esta não deixa a vontade boa cair em contradição. De forma a entender-se
melhor esta questão, imagine-se uma pessoa diabética que entra numa
pastelaria e tem o impulso de comer um bolo, mas não o come pois sabe
que isso lhe faria mal. Ao decidir não comer o bolo, a sua vontade foi
dirigida pela racionalidade, segundo Kant. Se cedesse à vontade de comer o
bolo, Kant diria que a vontade havia sido dirigida pelas suas inclinações.
Segundo Kant, só é digno de ser feliz quem tem uma vontade boa, e, que
não a tem, não merece a felicidade.
A moral não tem por objetivo direto ajudar as pessoas a serem felizes, mas,
na ideia de Kant, ajudar a ser digno da felicidade.

AGIR AO AGIR EM AGIR


CONTRÁRIO CONFORMIDAD POR
DO DEVER E COM O DEVER DEVER

MORALIDADE A ação é imoral A ação não é imoral A ação não é


imoral
Não roubar
Copiar num teste Não roubar, mas só exclusivamente
EXEMPLO / Roubar alguém porque se tem medo porque temos o
de ser preso dever de não
roubar.

VALOR MORAL A ação não tem A ação não tem A ação tem valor
valor moral valor moral moral
Kant defende uma ética deontológica porque defende que cumprir o dever é
a única finalidade de toda a ação moral. Nestas éticas, temos o dever de não
mentir apenas porque é o nosso dever, e não por qualquer outra razão.
A distinção entre agir apenas em conformidade com o dever e agir por
dever, para Kant, prova que a única coisa boa em si é a vontade boa,
porque em ambos os casos as consequências são as mesmas, mas apenas
uma tem valor moral quando é feita por dever.
Imperativo Categórico e Imperativo Hipotético
Os imperativos hipotéticos são ordens condicionais e não são leis morais, já
que são meramente hipotéticos, ou seja, podem ou não acontecer. Um
exemplo é “se não queres ser apanhado, não roubes”.
Os imperativos categóricos são ordens que são expressas sem condições,
por exemplo “não roubes!”. Estes imperativos estão sujeitos a leis morais.
Para Kant, só existe uma lei moral:
 Age sempre de maneira que possas querer que a máxima da tua ação se
torne uma lei universal.
O imperativo categórico formula-se da seguinte maneira:
 Nunca devo agir exceto de maneira que eu possa também querer que a
minha máxima (regra geral de uma ação) se torne uma lei universal.
 O que serve de princípio à vontade é conformar-se com esta lei
universal.
Segundo Kant, se não posso querer que uma máxima se trone uma lei
universal, então essa máxima não é uma lei moral.
Critério ético da moralidade da ação
Este critério ético da ação moral é uma forma de entender se a minha ação
é moral ou não.
Uma ação só é moral se pudermos querer sem contradição que a sua
máxima seja uma lei universal.

COMO SEI QUAL É O FORMULO A MÁXIMA


MEU DEVER? DA AÇÃO
É ÉTICO EXECUTAR ESSA MÁXIMA É UMA
QUALQUER AÇÃO CONTRADIÇÃO DA VONTADE
CUJA MÁXIMA NÃO CONSIGO MESMA?
SEJA UMA  SE FOR, TENHO O DEVER DE
CONTRADIÇÃO DA NÃO O FAZER.
VONTADE.  SE NÃO FOR, É PERMITIDO
FAZÊ-LO.

AUTONOMIA DA HETERONOMIA DA
VONTADE VONTADE
A vontade não depende de algo A vontade depende de algo exterior.
exterior
As ações são livres, já que são As ações não são livres, já que são
determinadas apenas pela própria determinadas por algo exterior,
coerência como o bem-estar da humanidade
A ação está de acordo com o A ação está de acordo com o
Imperativo Categórico, ou seja, Imperativo Hipotético, já que, por
com a boa vontade. Desta forma, exemplo, mentimos quando isso nos
por exemplo, não mentimos, por permite salvar a vida da nossa
muito más que sejam as família. Viola o Imperativo
consequências Categórico
A ação tem valor moral. A ação não tem valor moral

Kant não aceita o imperativo “Age sempre de maneira a promover a


felicidade da humanidade ou a poupar-lhe o sofrimento. Isto acontece
porque o imperativo categórico de Kant foca-se exclusivamente na
autonomia da própria vontade e não tem em consideração os interesses
humanos comuns.

A vontade não se dá a lei a si mesma; ao invés, o objeto,


por meio da relação com a vontade, dá-lhe lei. Esta relação
só permite que os imperativos categóricos se tornem
possíveis: devo fazer algo porque quero outra coisa. Pelo
outro lado, o imperativo moral e consequentemente
categórico diz que devo agir de tal ou tal maneira mesmo
que não queira outra coisa. Por exemplo, o primeiro diz:
não devo mentir se quiser manter a minha reputação, mas
o último diz: não devo mentir, mesmo que isso me traga
menor descrédito.

Críticas à ética de Kant


Não provou que a vontade cai em
contradição, quando as máximas são
Não há maneira de resolver
imorais. Apenas conseguiu provar que
conflitos de dever.
seria indesejável que todos
adotássemos essas máximas.

Imagine-se a seguinte situação:


Prometemos ir jogar às cartas com idosos, mas ao ir ter com eles, vemos
uma criança a asfixiar após engolir um peixe vivo.
Para cumprir o dever de salvar a criança não conseguimos cumprir o dever
de não faltar à promessa. Obviamente, o dever de salvara criança parece
mais importante, mas Kant não conseguiu fundamentar esta ideia. Para ele,
escolhamos qualquer uma das opções, vamos faltar ao dever e ponto. Não é
melhor faltar ao dever de salvar a criança que está a engolir um peixe vivo
ou o de ir jogar cartas com idosos. Os deveres são similares.

 MILL
Stuart Mill defendeu uma ética utilitarista, na qual o critério ético da
moralidade de uma ação é a utilidade. Para Mill, o que era útil não era o
mesmo que o que era utilitário. O útil promovia a felicidade.
Esta ideia de que temos o dever de promover imparcialmente a felicidade a
todos os agentes envolvidos era chamada por Mill como princípio da
utilidade.
Para Mill, a felicidade é boa em si e é a razão pela qual temos preferência
por uma coisa e não por outra. Assim, fazemos o que contribui para a nossa
felicidade.
Mill identificava a felicidade como prazer. Contudo, distinguia dois tipos
de prazer.
 Os prazeres superiores estão relacionados com a capacidade intelectual,
espiritual, à imaginação e aos sentimentos morais do Homem – sonhar,
pensar, estar com amigos. Estes prazeres permitem a realização plena do
Homem.
 Os prazeres inferiores estão relacionados com o corpo, ou seja, comer e
beber.
O critério para distinguir os dois tipos de prazer é:
 Quando quem conhece bem dois prazeres não está disposto a deixar de
ter um deles, por maior que seja a quantidade do outro, isso quer dizer
que o primeiro é superior.
Se alguém faz tropeçar outra pessoa sem qualquer intenção ou negligência,
essa ação não é imoral. Mas seria se o fizesse intencionalmente. Assim,
Mill defendeu a moralidade das ações apenas com base na intenção.
As ações só são morais se o objetivo passar pela promoção imparcial da
felicidade. Se esse não for o caso, a ação é imoral, mesmo que a
consequência da mesma seja a promoção da felicidade.
Além disto, foi também defendido por Mill que a moralidade das ações não
depende dos motivos que nos levam a ter certas intenções. Por exemplo, se
uma pessoa não rouba só porque tem medo de ser apanhado, pratica mesmo
assim uma ação moral. Isto acontece porque a ação de não roubar é
moralmente correta, apesar do motivo mostrar a não moralidade da pessoa.

Quem salva o seu semelhante de se afogar faz o que é


moralmente correto, quer o seu motivo seja o dever, quer
seja a esperança de ser pago pelo incómodo.

Assim, somos pessoas morais quando temos a intenção externa de


promover felicidade a uma pessoa que salvamos, além de termos a intenção
interna de a salvar.
A Regra moral absoluta determina sempre a mesma ação específica, não
importando o contexto em que se envolve.
Na ética de Kant todas as regras morais são absolutas, já que a ação
moralmente obrigatória é sempre a mesma – não mentir, por exemplo.
Já na ética de Mill não existem regras morais absolutas porque a mesma
regra determina ações específicas diferentes em diferentes casos. O dever
de promover a felicidade de forma imparcial é sempre o mesmo, mas nuns
casos determina que se minta e noutros que não se minta. Por exemplo,
temos o exemplo de não mentir se for só para ter uma vantagem ilegal ou
imoral, mas temos o dever de mentir se isso servir para salvar vidas
inocentes.
Críticas à ética de Mill
Não distingue as obrigações morais Se se fizer muitas pessoas felizes,
das boas ações que vão além da para Mill, é aceitável deixar uma
obrigação. pessoa triste.

Segundo Mill, não se distingue a ação de dar um rim para salvar um


desconhecido e não torturar o mesmo desconhecido. Isto acontece porque
temos sempre a obrigação de promover imparcialmente a felicidade,
tenhamos ou não informações sobre as pessoas que ajudamos.
Por outro lado, não parece moral matar alguém inocente só porque isso
proporcionaria um espetáculo e felicidade para outras mil pessoas. Mas, na
ética de Mill, é aceitável já que promove felicidade a um maior número de
pessoas.
 RESUMO
ÉTICA ÉTICA
DEONTOLÓGICA DE UTILITARISTA DE
KANT MILL

BEM EM SI Vontade boa Felicidade

Promover
CRITÉRIO ÉTICO Cumprir o imperativo imparcialmente a
DA categórico felicidade ao maior
MORALIDADE número de pessoas

REGRAS MORAIS Absolutas Não absolutas

Máxima da ação;
Agir por dever;
Princípio da utilidade;
CONCEITOS Agir em conformidade Prazeres superiores;
FUNDAMENTAIS com o dever; Prazeres inferiores
Autonomia da vontade;
Heteronomia da vontade
Promover
INTENÇÃO Cumprir o dever imparcialmente a
RELEVANTE felicidade
Sim, as melhores ações
CONSEQUÊNCIA Não, desde que se morais são as que
S RELEVANTES cumpra o dever promovem mais
felicidade
imparcialmente

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