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1. A Ética é o reino dos fins, isto é o modo como o homem estabelece os valores que pretende atingir
através da sua acçã o no mundo.
2. A Ética de Kant é uma ética deontológica, isto significa que estabelece deveres absolutos que nã o
têm excepçã o e que têm necessariamente de ser cumpridos se queremos que as nossas acçõ es sejam
correctas moralmente. As acçõ es correctas sã o aquelas que obedecem ao dever. Nã o é o resultado das
acçõ es que conta, também nã o contam as suas consequências, o que conta na acçã o sã o as intençõ es ,
os princípios que o sujeito segue.
3.a. Há acçõ es que vã o contra o dever e essas sã o proibidas moralmente. (matar inocentes) e
em nenhuma circunstâ ncia permitidas.
b. Acçõ es conforme ao dever, estã o de acordo com o dever mas a sua intençã o nã o é moral, isto
é a intençã o é satisfazer uma necessidade, um interesse ou uma inclinaçã o.
c. Por fim as acçõ es que se fazem apenas por obediência ao dever e respeito absoluto pela lei,
essas sã o acçõ es com conteú do moral e o sujeito que as pratica é um sujeito moral.
4. A mesma acção pode ser praticada com diferentes intenções: posso ajudar um amigo por
compaixã o, para obter um benefício (por exemplo, para ficar bem visto) ou por sentir que tenho esse
dever.
Para determinar o valor moral de uma acçã o é preciso saber a intençã o com que foi praticada porque
a razã o é que determina o fim da acçã o e é o fim da acçã o que é moral, e porque só uma vontade livre
de inclinaçõ es subjectivas pode assegurar o valor moral da acçã o, o seu valor universal.
Segundo Kant, ajudar um amigo só tem valor moral se isso tiver sido feito em nome do dever.
Esta característica comum reflecte a nossa obrigação moral básica: agir segundo máximas que
todos possam também seguir.
• Kant pensava que a exigência de praticar apenas acçõ es cujas má ximas pudessem ser
universalizadas garantia que as regras morais eram absolutas.
• Elisabeth Anscombe, uma filó sofa inglesa do século XX mostrou que Kant estar enganado neste
ponto.
• O respeito pelo imperativo categó rico nã o implica a obrigaçã o de nã o mentir em todas as situaçõ es
• A ideia de que temos a obrigaçã o de nã o mentir seja em que circunstâ ncia for nã o é fá cil de defender.
• Kant acreditava que as regras morais serem absolutas é uma consequência de apenas serem
permitidas as acçõ es cujas má ximas podem ser universalizadas.
• Isto levou-o a concluir que obrigaçõ es como respeitar a palavra dada ou nã o mentir, nã o dependem
das circunstâ ncias, sejam quais forem as consequências.
• Um exemplo pode mostrar que Kant nã o tem razã o.
• Durante a segunda guerra mundial, Helga esconde em sua casa uma amiga judia para evitar ser
deportada para um campo de extermínio. Um dia, um oficial nazi bate à porta de Helga e pergunta
onde está a sua amiga.
• Segundo Kant, Helga tinha o dever de dizer a verdade.
• A má xima “É permissível mentir” nã o pode ser universalizada: se todos mentissem ninguém
acreditaria em nada e mentir deixava de ser eficaz.
• Mas a má xima “Mente na condiçã o de isso permitir salvar a vida a um inocente” nã o tem este
defeito.«, isto é, pode ser universal.
OUTRA OBJECÇÃO
Kant nã o responsabiliza o agente moral pelas consequências materiais da acçã o. Uma acçã o cuja
intençã o é boa, nã o pode ter directamente consequências nefastas. Mas esta acçã o de nã o mentir
obedeceria ao dever mas teria consequências graves para a amiga de Helga. Logo, poderemos acusar
esta teoria de formal ou ideal. Num mundo ideal "nã o mentir" seria sempre obrigató rio mas no mundo
real, "nã o mentir" pode ter consequências materiais graves, das quais o agente moral é também
responsá vel. Os deveres morais nã o podem depender das circunstâ ncias porque se assim for há
sempre justificaçã o para nã o se cumprirem e a moral será uma quimera, uma mera ilusã o. Mas o
agente moral nã o é só responsá vel por si, também é responsá vel pelos outros e pela sua felicidade e
bem estar. Esse princípio nã o é importante, porque consideraria Kant, nã o podemos legislar sobre a
felicidade só sobre o que devemos fazer.