Você está na página 1de 46

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL – LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL

PROFA. AURENÍVIA FERREIRA DA SILVA


(APOSTILA ELABORADA PELO PROF. MS. ANTONIO NUNES PEREIRA – COM ADAPTAÇÕES
FEITAS PELA PROFESSORA DA DISCIPLINA)

IGUATU - CEARÁ
01

UNIDADE I
LEITURA E ESCRITA: CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Costumamos dizer que não sabemos português ou que nossa língua é muito difícil.
Em contrapartida, frequentemente ouvimos falar – e também falamos – sobre a importância
da leitura na nossa vida, sobre a necessidade de se cultivar o hábito de ler e sobre o papel
da instituição escolar na formação de leitores competentes. No entanto, poucas vezes
levantamos questões que favoreçam o interesse pela leitura e, em seguida, pela própria
produção de textos.
O que é ler, afinal? Como e para que ler? Essas perguntas poderão ter diferentes
respostas, que revelarão uma concepção de leitura decorrente das concepções de sujeito,
de língua, de texto e de sentido que se adote. A concepção mais atual, chamada de
interacional ou dialógica, tem como foco a interação autor-leitor-texto, onde os sujeitos são
vistos como seres ativos, que constroem socialmente os sentidos dos textos através de
diferentes tipos de estratégias.
O que importa ressaltar é que ler e escrever são atos indissociáveis, inseparáveis.
Quem lê muito tem pouca dificuldade em compreender textos e as ideias que lhes subjazem
(independentemente de dominar regras gramaticais) e em manifestar, seja pela fala, seja
pela escrita, sua própria opinião sobre o assunto lido.
Trabalhar a leitura, a interpretação e a produção de textos é dar ao aluno o
instrumento-chave para participar ativa e significativamente da vida social. Ler não é apenas
decodificar sinais gráficos, mas sim colocar-se diante do texto, acionando capacidades
cognitivas e emocionais, para interagir com os sentidos dali emergentes. E mais: o material
escrito é um esquema de pistas, indicações e vazios que podem ser preenchidos e
combinados de inúmeras maneiras, segundo as condições do leitor. À semelhança da
leitura, pode-se dizer também que escrever não é apenas codificar sinais gráficos, mas
comunicar-se com o interlocutor: apresentar, aceitar ou discordar de ideias, expressar e
provocar sentimentos, instigar perguntas e respostas, etc.
Podemos dizer, portanto, que escrever é um ato processual, que se constrói por
ensaio e erro, não devendo ser privilégio de poucos, mas direito de todos. Ou seja, o texto
não nasce pronto; ele é planejado, trabalhado, lido, relido, revisado, corrigido, até que se
possa chegar ao produto acabado. E, seja na leitura, seja na produção de textos, importa
considerar e compreender o uso dos aspectos linguísticos e sua relação com os aspectos
situacionais (contextuais).
Assim, nosso estudo do português – de forma instrumental, neste curso – estará
mais voltado para as especificidades dos textos (forma, propósito comunicativo, vocabulário,
etc.) e para os meios de reconhecermos e utilizarmos as principais estratégias de sua
construção.

PADRÕES DE TEXTUALIDADE EM LÍNGUA PORTUGUESA

O texto (do latim textum: “tecido, entrelaçamento”) é a unidade básica de organização


e transmissão de ideias, conceitos e informações de modo geral. Em sentido amplo, uma
escultura, um quadro, um símbolo, um sinal de trânsito, uma foto, um filme, uma novela de
televisão são formas textuais. Tal como o texto escrito, todos esses objetos geram um todo
de sentido, propriedade a partir da qual iniciaremos nossa reflexão e estudo. Para tanto,
será necessário definir algumas características do objeto – o texto –, salientando as
implicações de cada uma delas, a fim de delimitar o ponto de partida e aprofundar a análise.
A primeira dessas características é a do texto como um todo gerador de sentido, uma
totalidade contextual e não um fragmento aleatório. A segunda é a visão de mundo que o
autor constrói e é revelada em um texto, por mais neutro que se pretenda (como nas
instruções de um equipamento ou numa notícia de jornal); todo texto é dotado de certo grau
de intencionalidade – fenômeno mais notável em textos argumentativos. A terceira é a
questão ideológica, através da qual ocorre o processo de produção de significados, signos e
valores da vida social, que se identificam normalmente com determinada cultura e/ou
02

formação histórica e social. A quarta característica liga-se significativamente à terceira: pelo


fato de serem produtos de uma época e de um lugar específicos, os textos carregam marcas
desse tempo e desse espaço; o que explica que não são totalmente autônomos, mas sim
um diálogo estabelecido com outros textos e com o contexto.

TEXTO E PROPRIEDADES DA TEXTUALIDADE

1. CONCEITO DE TEXTO
Qualquer falante sabe que a comunicação verbal não se faz através de palavras
isoladas, desligadas umas das outras e do contexto em que são produzidas. As
manifestações naturais da linguagem humana são configurações de uma língua natural
qualquer, dotadas de sentido, e visando um dado objetivo comunicativo. A tais
configurações chamamos de textos ou discursos. Portanto, texto (ou discurso) é uma
unidade linguística concreta, dotada de sentido, que é tomada pelos usuários da língua
(falante/escritor, ouvinte/leitor), visando a um dado objetivo comunicativo (função). Um texto,
porém, deve possuir um conjunto de propriedades para que seja realmente um texto. A esse
conjunto de propriedades chamamos textualidade.

2. PROPRIEDADES DA TEXTUALIDADE
As propriedades da textualidade, isto é, os aspectos que fazem com que um texto seja
realmente um texto, são: a) conectividade (sequencial=coesão; conceptual=coerência); b)
intencionalidade; c) aceitabilidade; d) situacionalidade; e) informatividade; f)
intertextualidade.

a) CONECTIVIDADE
Trata-se da relação lógico-semântica existente entre as ocorrências textuais, de modo
que só haverá conectividade entre tais ocorrências se as interpretações de ambas forem
semanticamente interdependentes. Ex.: “Alinhei com a esperança de vencer, mas só se
vence quando se corta a linha de chegada.” Observe que a ocorrência textual em negrito
inclui uma relação semântica de contraste em relação à que não está em negrito.
A conectividade pode se manifestar tanto pela coesão entre os elementos gramaticais
do texto – que chamamos de conectividade sequencial – quanto pela coerência que tal
ligação constrói – chamada de conectividade conceptual.

1) Conectividade Sequencial (Coesão)


Nesse caso, a interdependência semântica das ocorrências textuais resulta de
processos linguísticos de sequenciação, isto é, abrange todo e qualquer mecanismo em que
um componente da superfície do texto faz remissão a outro(s) elemento(s) do universo
textual. Tem-se, assim, uma forma referencial remissa (que aponta para outro termo) e um
referente (termo para o qual a referência é feita). Algumas formas remissas remetem “para
trás”, ou seja, para termos anteriores (ANÁFORA) e outras remetem “para frente”
(CATÁFORA), para termos posteriores, sendo necessário dar continuidade para descobrir
os referentes. Ex.: João bateu em Antônio e este ficou ferido (anáfora; este faz referência a
Antônio, termo citado anteriormente) / Ao pé dela, a moça loura viu o homem que a
perseguia (catáfora; dela refere-se à moça, citada posteriormente).

2) Conectividade Conceptual (Coerência)


É um fator que resulta da interação entre os elementos cognitivos apresentados pelas
ocorrências textuais e nosso conhecimento de mundo. A coerência está diretamente ligada
à possibilidade de se estabelecer um sentido para o texto, ou seja, ela é o que faz com que
o texto tenha sentido para os usuários, devendo, portanto, ser entendida como um princípio
de interpretabilidade, ligada à inteligibilidade do texto numa situação de comunicação e à
capacidade que o receptor tem para calcular o sentido desse texto.
Esse sentido, evidentemente, deve ser do todo, pois a coerência é global. É por isso
que uma sequência como “Maria tinha lavado a roupa quando chegamos, mas ainda
estava lavando a roupa” é vista como incoerente, pois, apesar de cada uma de suas
03

partes ter sentido, parece difícil ou impossível estabelecer um sentido unitário para o todo da
sequência. Portanto, para haver coerência, é preciso que haja possibilidade de estabelecer
no texto alguma forma de unidade ou relação entre seus elementos.
Outro aspecto a ser observado quanto à coerência é que a relação a ser estabelecida
entre os elementos linguísticos não é apenas semântica, mas também pragmática, ou seja,
a relação tem a ver com os nossos atos de fala.
Ex.: A: É telefone.
B: Estou no banho.
A: Tudo bem.

Como é que interpretamos o texto acima? Bem, nesse caso, devemos imaginar uma
situação na qual: a) a enunciação da primeira frase (o primeiro comentário de A) será
interpretada como pedido, uma vez que é uma frase declarativa; b) o comentário de B é uma
resposta a A e tem a força comunicativa de desculpas por não poder atender ao seu pedido;
c) a segunda intervenção de A é reconhecida como aceitação das desculpas de B e como
um oferecimento pessoal para fazer o que A havia solicitado que B fizesse.
Podemos considerar, então, que esses discursos estão coerentemente constituídos,
uma vez que podemos recuperar os laços proposicionais ausentes e produzir uma versão
com coesão:
A: É telefone. (Você pode atender pra mim, por favor?)
B: (Não vou poder atender porque) Estou no banho.
A: Tudo bem. (Eu atendo).

Portanto, se há uma unidade de sentido no todo do texto quando este é coerente, a


base da coerência é a continuidade de sentidos entre os conhecimentos ativados pelas
expressões do texto. Por outras palavras, quer-se dizer que é através da coerência que
percebemos a continuidade de sentido e o encadeamento entre os componentes de um
texto.

b) INTENCIONALIDADE
Refere-se ao modo como os emissores usam o texto para realizar suas intenções,
produzindo, para tanto, formas verbais adequadas à obtenção dos efeitos desejados. É por
essa razão que o emissor procura, de maneira geral, construir seu texto de modo coerente e
dar pistas ao receptor que lhe permitam construir o sentido desejado. (Koch, 1990: 79).
Esse fator de textualidade diz respeito também às informações implícitas e explícitas.
Quase sempre somos muito diretos em nossa intenção de dizer, até por economia. Contudo,
em alguns casos, preferimos não deixar clara a nossa intenção. Ex: Fiz um curso de
informática e aprendi algumas coisas interessantes (informação cuja intenção está
explícita) / Fiz um curso de informática, mas aprendi algumas coisas interessantes
(informação cuja intenção está implícita). Se observarmos melhor, veremos que o uso da
conjunção “mas” empresta ao texto outros sentidos: “apesar do curso em si ser
desinteressante (ou deficiente), aprendi algumas coisas interessantes” ou “aprendi coisas
interessantes, apesar de se tratar apenas de um curso de informática”, etc.

c) ACEITABILIDADE
Constitui a contraparte da intencionalidade. Focada no receptor, esse fator está
relacionado à sua compreensão quanto à mensagem enunciada. Ainda que um dos
postulados básicos que regem a comunicação humana seja o da cooperação (isto é, sempre
que ouvimos ou lemos, procuramos compreender para interagir completamente com nossos
interlocutores), é bom entendermos que a compreensão adequada não depende apenas do
leitor. Um texto precisa ser – antes de tudo – uma unidade de sentido, em que todas as suas
partes sejam coesas e coerentes.
Por exemplo: Digamos que a frase “Fiz o curso de informática, mas aprendi algumas
coisas interessantes” tenha sido dirigida ao dono ou responsável pelo curso. O receptor da
mensagem poderia chegar à aceitabilidade (compreendendo que o curso por algum motivo
04

não foi interessante para o emissor) ou de não aceitabilidade (não percebendo na


mensagem a intenção não declarada do falante).

d) INFORMATIVIDADE
Diz respeito ao grau em que as informações são esperadas/conhecidas ou não.
Devemos perceber por esse fator o quanto é importante apresentarmos nossas informações
num grau satisfatório de aceitabilidade, ou seja, sermos claros e objetivos em nossas
mensagens, evitando repetições e redundâncias. Trata-se de unir quantidade e qualidade
nas informações dadas. Ex.: “Este líquido é água. Quando pura, é inodora, insípida e
incolor”. Seria redundante continuar comentando, por exemplo, que, quando a água não é
pura, ela pode apresentar características de cheiro, cor e sabor.
Há casos em que a informatividade é aparentemente nula. Isso ocorre com frequência
em textos poéticos, jornalísticos e também em textos publicitários. Exemplo:

De tudo ao meu amor serei atento/ Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto/ Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento/ E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto/ Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure/ Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama/ Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama/ Mas que seja infinito enquanto dure.
(Soneto de fidelidade, Vinicius de Morais)
Trata-se de um texto que se ocupa em informar?

e) SITUACIONALIDADE
Refere-se ao conjunto de fatores que tornam um texto relevante para dada situação
de comunicação. Se a condição de situacionalidade não ocorre, o texto tende a parecer
incoerente, porque o cálculo de seu sentido se torna difícil ou impossível. No texto oral, a
coerência depende muito mais do contexto situacional do que do escrito, porque, no oral, os
elementos da situação cooperam no estabelecimento das relações entre os elementos do
texto em mais alto grau do que no escrito, sobretudo por haver muitos aspectos evocados
situacionalmente e por ser decisiva a influência da situação no cálculo do sentido.
Uma evidência dessa dependência é a dificuldade que se encontra para interpretar a
fala gravada. Todavia, há casos de textos escritos muito dependentes da situação, como
placas indicativas de direção e de salas, de pedido de silêncio em hospitais, de seções em
instituições diversas, etc. Esses textos foram chamados pela teoria linguística tradicional de
frases de situação.

f) INTERTEXTUALIDADE
Além de o texto conter marcas da individualidade do falante/escritor, contém também
marcas históricas deixadas no segmento textual, pois as ideias expressas não podem ser
compreendidas, nem analisadas, sem que estabeleçamos uma relação com a sua época de
produção. Para entendermos as relações sociais, históricas e culturais existentes no texto, é
preciso entender as relações estabelecidas entre sociedade, época e cultura; é preciso
compreender as relações de um texto com outros textos. É o fator de intertextualidade que
permite ao falante/ouvinte recuperar as marcas textuais que assinalam as relações que um
texto estabelece com outros.
A intertextualidade pode ocorrer quanto à forma ou ao conteúdo. Quanto à forma,
ocorre quando o produtor de um texto repete expressões, enunciados ou trechos de outros
textos, ou então o estilo de determinado autor ou de determinados tipos de discurso.
Exemplos:
05

[...]
“Do que a terra mais garrida
Teus risonhos lindos campos têm mais flores
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida em teu seio mais amores.”
(Hino Nacional – Osório D. Estrada)

“Nosso céu tem mais estrelas


Nossas várzeas têm mais flores
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.”
(Canção do Exílio – Gonçalves Dias)

A intertextualidade de conteúdo diz respeito às relações determinadas, por exemplo,


por fatores culturais, de época, de área de conhecimento, etc. Ex.: Segundo Koch (1990),
“um subtipo de intertextualidade formal é a intertextualidade tipológica...”

O que podemos dizer das figuras acima quanto à textualidade?

Exercícios de aplicação
1. Identifique quais ocorrências abaixo são textos ou não. Justifique sua resposta.

a) Tão longe,
Som tão bom
frio. tão frio
o claro som
Rio Do rio sombrio.
Sombrio.
b) José viajou para São Paulo, pois
O longo som gostava do Paraná. Ele adora cidades
do rio pequenas, por isso escolheu São Paulo.
frio.
c) Pedro: João, você me empresta seu
O frio carro amanhã?
bom João: Se o homem foi à Lua há trinta
do longo rio. anos, como vou te emprestar meu carro?

2. Discuta os fatores da textualidade (conectividade, intencionalidade, aceitabilidade,


informatividade, situacionalidade, intertextualidade) em cada trecho abaixo:

a) O rapaz correu até o final da rua. Lá ele parou e caiu.


b) A praça era enorme. No meio havia uma coluna: à volta, árvores e canteiros com flores.
06

c)
Minha terra tem macieiras da Califórnia
onde cantam gaturamos de Veneza.
Os poetas da minha terra
são pretos que vivem em torres de
[ametista.
Os sargentos do exército são monistas
[cubistas,
os filósofos são polacos vendendo a
[prestações.
(Murilo Mendes. Poesias: Canção do Exílio)

Minha terra tem palmeiras,


Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá

Nosso céu tem mais estrelas,


Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores,
(Gonçalves Dias. Poesias: Canção do Exílio)

Exercícios de aplicação
1) Leia atentamente o que segue:

João Carlos vivia em uma pequena casa construída no alto de uma colina árida, cuja frente
dava para leste. Desde o pé da colina se espalhava em todas as direções, até o horizonte,
uma planície coberta de areia. Na noite em que contemplava 30 anos, João, sentado nos
degraus da escada, colocada à frente de sua casa olhava o sol poente e observava como a
sua sombra ia diminuindo no caminho coberto de grama. De repente, viu um cavalo que
descia para sua casa. As árvores e as folhagens não permitiam ver distintamente, entretanto
observou que o cavalo era manco. Ao olhar de mais perto verificou que o visitante era seu
filho Guilherme, que há 20 anos havia partido para listar-se no exército e, em todo esse
tempo, não havia dado sinal de vida. Guilherme, ao ver seu pai, desmontou imediatamente
correu até ele e lançou-se no seu braço e começou a chorar.

Faça uma análise e responda:


a) É um texto de fato? Ou seja, apresenta coesão e coerência?
Se não, reescreva-o, fazendo os ajustes necessários.
07
OS MECANISMOS DE COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAIS

O texto não é simplesmente um conjunto de palavras; se fosse, bastaria que as


agrupássemos de qualquer forma, como em: O ontem lanche menino comeu. Veja que, nesse
caso, não há um texto, há somente um grupo de palavras dispostas em uma ordem qualquer.
Mesmo que colocássemos essas palavras em uma ordem gramatical correta (sujeito-verbo-
complemento), precisaríamos ainda organizar o nível semântico do texto, deixando-o inteligível. Veja:
O lanche comeu o menino ontem. O nível sintático está perfeito (sujeito = o lanche; verbo = comeu;
complementos = o menino ontem), mas o nível semântico apresenta problemas, pois não é possível
que o lanche coma o menino, pelo menos nesse contexto. Caso a frase estivesse empregada num
sentido figurado e em outro contexto, isto seria possível. Pedrinho saiu da lanchonete todo
lambuzado de maionese, mostarda e catchup, o lanche era enorme, parecia que “o lanche tinha
comido o menino”. O ideal para o caso anterior seria, então, O menino comeu o lanche ontem.
Essa ordenação correta, na forma (sintaxe) e no significado (semântica), garante ao texto
uma unidade de significados encadeados.

A COESÃO TEXTUAL
“A metáfora da tessitura dos textos”
Os conectivos estabelecem diversos tipos de relação entre as partes do discurso e são
usados como recursos coesivos que contribuem para estabelecer coerência entre termos ou
segmentos na construção de um texto. Portanto, os conectivos conferem unidade ao texto; o que
significa que problemas no seu emprego podem dificultar a compreensão da ideia que se deseja
expressar. Algumas de suas características:

a) Servem para ACRESCENTAR ideias, argumentos: além de, além disso, ademais, e, ainda.
Além de sofrer com os constantes choques econômicos a que vem sendo submetida, a classe média
vê-se forçada a expandir suas atividades para poder sobreviver.
b) Estabelecem relação de CONCESSÃO, de resignação: embora, não obstante, apesar de, ainda
que, mesmo que, conquanto, por mais que, por menos que, se bem que.
Embora haja empenho das autoridades médicas em erradicar as doenças tropicais, estas continuam
a fazer vítimas.
c) Estabelecem OPOSIÇÃO entre ideias: mas, porém, contudo, entretanto, todavia.
O ensino público vem apresentando gradativas melhoras, contudo, as escolas particulares ainda
vêm apresentando melhor qualidade de ensino.
d) Servem para COMPLEMENTAR e CONCLUIR ideias: assim, dessa forma, portanto, logo, por
conseguinte, por consequência.
As injustiças sociais são apontadas como a principal causa da violência. Assim, para combatê-la é
preciso buscar a igualdade social.
e) Estabelecem relação de JUSTIFICAÇÃO, de EXPLICAÇÃO entre as ideias: pois, que, porque,
porquanto.
O exame era difícil, pois nem sequer havíamos estudado.
Não crie caso, que estamos aqui para ouvi-lo.
f) Servem para ligar ideias que decorrem ao mesmo tempo, estabelecendo relação de
PROPORÇÃO: à medida que, à proporção que.
À medida que o professor falava, os alunos iam dormindo.
g) Estabelecem relação de CONDIÇÃO entre ideias: se, caso, salvo se, desde que, a menos que,
sem que, contanto que.
O passeio será realizado, caso não chova.
h) Expressam circunstância de TEMPORALIDADE entre as ideias: quando, enquanto, apenas, mal,
logo que, depois que, antes que, até que, que.
Quando a vejo, bate-me o coração mais forte.
i) Estabelecem relação de CAUSA entre as ideias: porque, visto que, porquanto, já que, como.
Como não estudou, foi reprovado.

Como podemos ver, há inúmeros recursos que garantem o mecanismo de coesão, que pode
ocorrer:
*por referência: quando usamos pronomes, advérbios e artigos para construir a unidade do texto,08
fazendo referência a termos que foram ou serão citados textualmente.
O presidente foi a Portugal em visita. Em Portugal o presidente recebeu várias homenagens.
Esse exemplo apresenta repetições que podem ser evitadas. Observe a atuação do advérbio e do
pronome no processo de elaboração do texto: O presidente foi a Portugal. Lá, ele foi homenageado.
Veja que o texto ganhou agilidade e estilo. Os termos “Lá” e “ele” referem-se a Portugal e a
presidente, e foram usados a fim de tornar o texto coeso.

*por elipse: quando omitimos um termo a fim de evitar sua repetição e essa supressão da palavra é
facilmente depreendida.
O presidente foi a Portugal. Lá, (o presidente/ele) foi homenageado.
O ministro foi o primeiro a chegar. (O ministro/Ele) Abriu a sessão às oito (horas) em ponto e fez
então seu discurso.
Nos exemplos acima, omitiram-se as palavras “presidente” e “ministro” ou o pronome equivalente
“ele”, e a palavra “horas”; todas facilmente subentendidas no contexto.

*por uso lexical (quando usamos palavras ou expressões sinônimas de algum termo para substituí-
lo por um termo subsequente) ou por epítetos (quando usamos palavras ou frases que qualificam
pessoas ou coisas):
Uma menininha correu ao meu encontro. A garota parecia assustada. (Sinonímia entre menininha e
garota)
O presidente foi a Portugal. Na Terra de Camões, foi homenageado por intelectuais e escritores.
Glauber Rocha fez filmes memoráveis. Pena que o cineasta mais famoso do cinema brasileiro tenha
morrido tão cedo.
Veja que “Portugal” foi substituído por “Terra de Camões” para evitar repetição e dar um efeito mais
significativo ao texto, pois há uma ligação semântica entre “Terra de Camões” e intelectuais e
escritores. No segundo exemplo, o nome do cineasta foi substituído por uma expressão que
costumava ser atribuída a ele.

*por termo-síntese: quando usamos uma expressão para resumir/abranger algo dito.
O país é cheio de entraves burocráticos. É preciso preencher um sem-número de papéis. Depois,
pagar uma infinidade de taxas. Todas essas limitações acabam prejudicando o importador.
A palavra limitações sintetiza o que foi dito antes.

*por repetição do nome próprio ou parte dele: usamos quando queremos enfatizar a pessoa;
embora, normalmente, a repetição deva ser evitada.
Manuel da Silva Peixoto foi um dos ganhadores do maior prêmio da Loto. Peixoto disse que ia gastar
todo o dinheiro na compra de uma fazenda e em viagens ao exterior.

*por associação: quando usamos uma palavra que retoma a outra porque mantém com ela, em
determinado contexto, vínculos precisos de significação.
São Paulo é sempre vítima das enchentes de verão. Os alagamentos prejudicam o trânsito,
provocando engarrafamentos de até 200 quilômetros. O termo “alagamentos” relaciona-se
semanticamente a “enchentes”.

*por substituição: quando abreviamos sentenças inteiras, substituindo-as por uma expressão com
significado equivalente.
O presidente viajou para Portugal nesta semana e o ministro dos Esportes o fez também.
A expressão “o fez também” retoma a sentença “viajou para Portugal”.

*por nominalização: quando empregamos um substantivo que remete a um verbo enunciado


anteriormente.
Eles testemunharam sobre o caso, mas o juiz disse que tal testemunho não era válido.

A COERÊNCIA TEXTUAL
A coerência (do latim cohaerentia, “o que está junto ou ligado por nexo ou harmonia”) está
relacionada à inteligibilidade (compreensão do sentido) do texto. “Estava andando sozinho na rua,
ouvi passos atrás de mim... Assustado, nem olhei, saí correndo, pois me perseguia um homem alto,
estranho, que tinha em suas mãos uma arma...” Se o narrador não olhou, como soube descrever a
personagem que o seguia?
09

UNIDADE II

DIRETRIZES PARA LEITURA, ANÁLISE, INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO DE TEXTOS


No que diz respeito à leitura, análise, interpretação e produção de textos, ainda hoje os
alunos demonstram inúmeras dificuldades. Se, por exemplo, o estudo de textos literários parece
menos rigoroso em sua abordagem, o mesmo não acontece com textos filosóficos e científicos. Na
verdade, os textos de ciência e de filosofia requerem abordagens específicas, mas, nem por isso,
insuperáveis.
No caso de textos de pesquisa positiva, é possível acompanhar o raciocínio, já mais rigoroso,
seguindo a apresentação dos dados objetivos sobre os quais tais textos estão fundados. Os dados e
fatos levantados pela pesquisa e organizados conforme técnicas específicas às várias ciências
permitem ao leitor, devidamente iniciado, acompanhar o encadeamento lógico desses fatos no
raciocínio científico. [...]
Na realidade, mesmo em se tratando de assuntos abstratos, desde que o leitor esteja em
condições de “seguir o fio da meada”, a leitura torna-se mais fácil, mais agradável e, sobretudo, mais
proveitosa. Por isso é preciso criar condições de abordagem e de inteligibilidade do texto, aplicando
alguns recursos que, apesar de não substituírem a capacidade de intuição do leitor na apreensão da
forma lógica dos raciocínios em jogo, ajudam muito na análise e interpretação dos textos.
A leitura analítica é um método de estudo que tem como objetivos:
• fornecer uma compreensão global do significado do texto;
• treinar para a compreensão e a interpretação crítica dos textos;
• treinar para o desenvolvimento do raciocínio lógico, e;
• fornecer instrumentos para o trabalho intelectual desenvolvido nos seminários, no estudo
dirigido, no estudo pessoal e em grupos, na confecção de resumos, resenhas, relatórios, etc.

Há, portanto, algumas diretrizes que norteiam a atividade de leitura analítica, cujos processos
básicos são:

Delimitação da Unidade de Leitura:


A primeira medida a ser tomada pelo leitor é o estabelecimento de uma unidade de leitura, ou
seja, de um “setor”, uma parte do texto que constitua a totalização de sentido. Assim, pode-se
considerar um capítulo, uma seção ou qualquer outra subdivisão, determinando-se os limites nos
quais se processará o trabalho de leitura e de estudo em busca da compreensão da mensagem.

Análise textual (preparação do texto):


• trabalhar sobre as unidades delimitadas (um capítulo, uma seção, uma parte, etc., sempre um
trecho com um pensamento completo);
• fazer uma leitura rápida e atenta da unidade para se adquirir uma visão de conjunto da
mesma;
• levantar esclarecimentos relativos ao autor, ao vocabulário específico, aos fatos, doutrinas e
autores citados, que sejam importantes para a compreensão da mensagem;
• esquematizar o texto, evidenciando sua estrutura redacional.

Análise Temática (compreensão do texto):


• determinar o tema-problema, a ideia central e as ideias secundárias da unidade;
• refazer/reconstruir a linha de raciocínio do autor;
• evidenciar a estrutura lógica do texto, esquematizando a sequência das ideias.

Problematização (discussão do texto):


• levantar e debater questões explícitas ou implícitas no texto;
• debater questões afins surgidas a partir da interpretação do leitor.

Análise Interpretativa (interpretação do texto):


• situar o texto no contexto da vida e da obra do autor, bem como no contexto cultural de sua
especialidade, tanto do ponto de vista histórico como do ponto de vista teórico;
• explicitar os pressupostos do autor que justifiquem suas posturas teóricas;
10

• aproximar e associar ideias do autor expressas na unidade com outras ideias relacionadas à
mesma temática;
• exercer uma atitude crítica frente às posições do autor em termos de:
o coerência interna da argumentação;
o validade dos argumentos empregados;
o originalidade do tratamento dado ao problema;
o profundidade de análise do tema;
o alcance de suas conclusões e consequências;
o apreciação e juízo pessoal das ideias defendidas.
Síntese Pessoal (reelaboração pessoal da mensagem):
• desenvolver a mensagem mediante uma retomada pessoal e um raciocínio personalizado;
• elaborar um novo texto, com redação própria, com discussões e reflexão pessoais.
(Texto adaptado. SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez, 2002. p. 47-61).

Façamos agora uma leitura do texto que segue, analisando sua estrutura conforme os processos
acima descritos.

O PRAZER DE FICAR SÓ FOI DESCOBERTO POR ACASO


[...] O homem, graças à inquietação íntima que deriva tanto de sua consciência dual como da
consciência de sua condição cósmica, modificou de forma muito intensa seu hábitat. Isso abre novas
perspectivas para seu modo de viver, o que determina imediatas repercussões sobre a vida íntima.
Surgem facetas de nossa subjetividade que estavam enterradas, quase como fósseis ao contrário, e
que agora podem se expressar. Um exemplo disso é exatamente o da solidão.
Sempre existiram pessoas que viveram de forma solitária e, não raramente, por vontade
própria. Isso sempre nos causou estranheza, a nós que crescemos há algumas décadas, ainda na
era do elogio da vida familiar e grupal. Acontece que as possibilidades objetivas para podermos viver
sozinhos têm se tornado muito atraentes de uns poucos anos pra cá, de maneira que é crescente o
número de pessoas que, sempre por vontade própria, decidem viver sós. [...]
O que acabou acontecendo, mesmo sem que nos déssemos conta? Fomos nos tornando, aos
poucos, mais competentes para o estar só. Homens e mulheres já conseguem ficar em paz quando
estão sozinhos tanto em casa como em um quarto de hotel; já são capazes de sair com amigos, sem
o cônjuge, para um programa descontraído e ingênuo; já conseguem ficar em casa dedicando longas
horas a afazeres solitários, como é o caso do uso do computador... [...]
Não deixamos de gostar de sentir o aconchego e o prazer da companhia de alguém com
quem nos sentimos bem e protegidos. No entanto, estamos valorizando mais os momentos
individuais, aqueles nos quais podemos pensar sobre nossos projetos pessoais, ouvir nossas
músicas favoritas, ler nossos poemas prediletos, etc. [...]
O que isso significa? O ser humano mudou sua essência? Não creio. Significa que nossa
subjetividade é uma caixa de surpresas para nós mesmos. [...] O antagonismo, aparentemente
inconciliável, entre amor e individualidade parece que vai caminhando na direção da resolução. À
medida que nos tornamos mais competentes para ficar com nós mesmos, tendemos a precisar
menos do outro para atenuar a dor do desamparo. [...]
A maior parte das pessoas ainda se ressente muito de não ter um parceiro romântico, mas já
são muitas as que preferem estar sós a mal acompanhadas. Isso nem sempre foi assim. [...]
Torna-se cada vez mais claro, para todos nós, que o estar só é muito importante para nosso
equilíbrio emocional, uma vez que propicia o encontro com nossa subjetividade – e como isso nos
ajuda no caminho do autoconhecimento! É possível mesmo que muitas das pessoas que, em um
primeiro momento, ficaram sozinhas porque tiveram o curso de seus relacionamentos afetivos
interrompido contra sua vontade venham a desenvolver tão grande prazer nesse novo estado que
dificilmente voltarão a se interessar, de verdade e ao menos por um bom tempo, por novas relações
muito íntimas e fundamentalmente repressoras.
Muitas das pessoas que inicialmente se sentiram rejeitadas e abandonadas acabaram por
conhecer uma nova dimensão de si mesmas, tiveram acesso a suas forças, até então adormecidas,
e experimentaram importante crescimento pessoal. O avanço assim obtido jamais teria acontecido se
não ocorresse a ruptura do elo amoroso.
(Texto extraído e adaptado do livro Ensaios sobre o amor e a solidão, de Flávio Gikovate,)
11

Leitura Analítica do Texto

1. Análise Textual
(delimitação da leitura): Trata-se de um capítulo do livro Ensaios sobre o amor e a solidão, de Flávio
Gikovate.
(leitura rápida, esclarecimentos): a) O autor: Flávio Gikovate é psiquiatra, conferencista e autor de
inúmeros livros na área da psicoterapia; b) Vocabulário específico: termos da área da psicologia e da
psiquiatria, como: consciência dual e cósmica; autoconhecimento, etc.; c) Os fatos: análise da
condição de “estar só” vivida pelo homem contemporâneo; d) Doutrina: bases teóricas da Psiquiatria
e conceitos associados à Psicologia e à Filosofia.

2. Análise Temática

2.1. Tema/Problema: O “estar só”


2.2. Ideia Central: A possibilidade de sentir prazer em estar sozinho.
2.3. Ideia Secundária: Os conceitos culturais relacionados ao “estar só”.

2.4. Reconstruindo o Raciocínio Lógico do Autor (resumo de suas ideias):

2.5. Esquema das Ideias do Autor:

3. Análise Interpretativa
3.1. Justificar ou criticar:

3.2. Interpretação:

3.3. Atitude Crítica:


12

APLICAÇÃO DA LEITURA ANALÍTICA


Texto
ENVELHECIMENTO E AÇÃO PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL
Texto extraído de: GOLDMAN, Sara Nigri. Caderno Especial nº 8. O Serviço Social e a questão do envelhecimento. Edição 04 a 18 de
fevereiro de 2005. Disponível em: http://:www.assistentesocial.com.br/novosite/cadernos/cadespecial8.pdf

Os dados demográficos do IBGE mostram que o segmento de pessoas com sessenta anos e
mais tem crescido de forma extraordinária no Brasil. Na medida em que tal população requer atenção
nas inúmeras áreas de atuação profissional, destacamos, a seguir, algumas possibilidades no campo
do Serviço Social, lembrando que as demandas são historicamente determinadas e requerem
respostas de políticas sociais adequadas.
O atendimento à população idosa teve relevância desde os primórdios do Serviço Social. O
caráter caritativo e assistencialista, de proteção aos idosos fragilizados, quer seja por questões
socioeconômicas, quer seja por abandono dos familiares, foi se modificando, no decorrer de sua
história. Os assistentes sociais comprometidos com as causas sociais, se assumem como agentes
políticos de transformação social, ultrapassam a mera execução das políticas sociais e aliam-se aos
movimentos sociais dos usuários na construção de um projeto que lhes garanta o usufruto da
cidadania. A participação de assistentes sociais foi efetiva nos espaços de luta pela cidadania dos
idosos e pela aprovação do Estatuto do Idoso, um avanço em termos legais, mas ainda distante de
ser implementado.
Cabe registrar que os assistentes sociais devem ser solidários na luta, sem serem os
protagonistas das lutas dos idosos, evitando a tutela e a ocupação do espaço político dos sujeitos
idosos.
O assistente social deve atuar, sempre que possível, com os demais profissionais, numa
ação interdisciplinar que congregue esforços no seu fazer cotidiano e na aliança de parceiros para a
consolidação dos direitos dos idosos, principalmente os da seguridade social: saúde, previdência e
assistência social. São importantes, também ações profissionais na esfera da educação, não só para
os idosos, mas para todas as gerações, para que aprendam a conhecer e a respeitar os idosos, para
que estabeleçam laços sociais de intercâmbio intergeracionais e para que se preparem para a
velhice.
O campo profissional de atendimento à população idosa é bastante amplo com tendências de
ascensão a curto, médio e longo prazos, devido ao aumento demográfico e às demandas crescentes
de produtos e de serviços. Sinalizaremos algumas, a título de exemplo, deixando claro que há áreas
e sub-áreas que emergem de acordo com a realidade social e histórica.
Na área da Saúde: em hospitais, da rede pública e privada, nos postos de saúde, em
instituições asilares, nas campanhas comunitárias de vacinação, de prevenção de doenças, na
prevenção de quedas, no acompanhamento domiciliar, na informação junto à família, na formulação
de políticas de saúde, na orientação, assessoria e consultoria dos movimentos dos usuários de
saúde, que contemplem as demandas dos idosos, não de forma exclusiva e outras atividades.
Na área da Previdência Social: Nos postos da Previdência Social, orientando e viabilizando o
usufruto dos direitos previdenciários; em todas os locais de atendimento aos idosos, esclarecendo
direitos e informando aos usuários quanto aos benefícios da Previdência, nas campanhas
comunitárias de esclarecimento, na formulação da política previdenciária, na orientação, assessoria e
consultoria dos movimentos dos aposentados e pensionistas e outras atividades.
Na área da Assistência Social: Nas repartições públicas de todos as esferas, nas instituições
estatais, nas organizações sociais privadas, nas comunidades, em todos os espaços que congregam
idosos e seus familiares para orientação, prestação de serviços e, especificamente sobre o Benefício
da Prestação Continuada. Participar da formulação de políticas da área, da assessoria, consultoria e
orientação aos movimentos dos usuários da Assistência Social, dos Conselhos da Assistência em
todos os âmbitos, além de outras atividades.
Na área da Educação: Atuar nos espaços educativos destinados aos idosos, como as
Universidades para a Terceira Idade, as escolas para idosos, os grupos de convivência, os centros-
dia, as entidades de cultura e lazer, as associações de moradores de bairros e das comunidades, as
associações de aposentados e pensionistas, para compartilhar das equipes interprofissionais de
experiências de educação social e política, que envolvam e preparem os idosos para o exercício
pleno da cidadania enquanto sujeitos. Campanhas educativas em todas as áreas da seguridade
social, além das voltadas para as barreiras arquitetônicas, para os transportes, para a inserção nos
13

espaços sócio-políticos, como os fóruns, conselhos e associações de idosos, aposentados e


pensionistas. Há que se pensar, também, em programas educativos intergeracionais que possibilitem
a construção de uma sociedade pautada na solidariedade entre as gerações para diminuir o
preconceito que os jovens têm dos idosos e vice-versa.
A educação para a cidadania amplia a ação do Serviço Social em programas dirigidos aos
idosos. Há que se atentar para as demandas que emergirão, certamente, no transcorrer da história.
Mas certamente, o Serviço Social terá espaço de participação em todas elas e nossa expectativa é
de que sua atuação seja comprometida com a cidadania dos idosos, seja competente e crítica, rumo
a um mundo em que a Justiça Social se faça presente não só para os idosos, mas para toda a
sociedade brasileira.

*Professora Adjunta da ESS/UFRJ, Doutora em Serviço Social e Políticas Sociais pela PUC/SP, Diretora Técnico-Científica da ANG/RJ.

OS PROCEDIMENTOS DE ESCRITA: FASES DA PRODUÇÃO TEXTUAL

Antes de falarmos das fases do processo de produção textual, é relevante explicar que os
textos se realizam concretamente através de gêneros textuais, definidos como tipos relativamente
estáveis de enunciados, constituídos de determinado modo (plano composicional), com certa função
comunicativa em esferas de atuação humana, e distinguíveis pelo conteúdo temático e pelo estilo
que apresentam. Em outras palavras, os gêneros são uma forma específica de combinar,
indissoluvelmente: conteúdo, estilo, composição e, principalmente, propósito comunicativo. Em
enunciados como “recebi seu e-mail hoje”, “achei aquele anúncio muito interessante”, “fiz o resumo
do livro”, “terminei o relatório”, “o poema de Vinícius é lindo”, etc., os termos grifados são exemplares
de gêneros textuais; práticas sociocomunicativas que convencionamos e utilizamos constantemente,
por meio de uma linguagem que tanto pode ser conotativa quanto denotativa.
Já os tipos textuais são formas de organização textual, predominantes em dado gênero. Os
tipos mais conhecidos são: narrativo, descritivo, argumentativo, informativo-explicativo, injuntivo
(instrucional), etc. Numa bula, por exemplo, predomina a injunção; num artigo de opinião, a
argumentação, e assim por diante.
O ato de escrever exige operações elementares como: organização e seleção de ideias,
produção, revisão do texto (com o objetivo de torná-lo cada vez mais inteligível) e reescrita. Nesse
sentido, o primeiro passo para aprender a produzir um texto é distinguir as várias fases de sua
realização: planejamento (seleção e organização das ideias), criação do texto ou desenvolvimento,
revisão e redação final.

A fase de planejamento serve para “economizar” e distribuir o tempo disponível, bem como
para clarear as ideias e identificar as características do texto a ser escrito. É mais fácil escrever um
texto quando se determina exatamente o que fazer e, para isso, alguns pontos precisam ser
esclarecidos e definidos antes do início do trabalho:
• Objeto da redação: assunto e delimitação (tema);
• Destinatário;
• Tipo e gênero textual;
• Propósito ou função comunicativa do texto.

Feita então essa reflexão, passa-se para a busca (geração) de ideias. Nesse momento, vai-se
anotando livremente tudo que vier à mente, como numa tempestade de ideias, palavra “puxando”
palavra, ideia “puxando” ideia. E se as informações sobre dado tema forem insuficientes, será
necessário ler e pesquisar mais sobre o assunto.
Depois de geradas as ideias, elas devem ser selecionadas. Quando encaramos um assunto
pela primeira vez, é normal que as ideias que nos vêm à mente sejam pouco ligadas entre si. Então,
é preciso selecioná-las, conforme o objetivo do texto, e organizá-las, recuperando-as em
subconjuntos, de forma que todas as informações tenham algo em comum (seleção e organização).
A partir dessa organização, é aconselhável a criação de um roteiro do texto. O roteiro é o
plano de desenvolvimento das ideias; é a definição da ordem ou sequência em que serão
apresentados os aspectos ou detalhes que irão estruturar o texto; é um instrumento de controle de
desenvolvimento, que evitará a presença de itens desnecessários ou incoerentes e assegurará
aqueles realmente exigidos pelo objetivo do texto. Seus componentes são palavras-chave, frases ou
14

períodos. Durante a sua criação, as ideias do roteiro devem ser definidas, desenvolvidas e
exemplificadas.
Após a seleção das ideias e a sua organização no roteiro, chega o momento de começar a
escrever o texto: a fase de desenvolvimento ou criação. Nela, tudo o que foi colocado em tópicos
no roteiro deverá ser articulado, ligado devidamente, já que o texto é um continuum em que as partes
se inter-relacionam. Portanto, ao passar de uma ideia a outra, deve-se estar atento para usar
elementos de ligação que ajudam a criar o fio condutor do raciocínio.
Depois de escrito o texto, vem a fase de revisão, um passo fundamental para a sua produção
final. Os estudantes, em geral, não revisam seus textos; apenas releem de forma rápida e pouco
crítica, em vez de fazerem uma revisão minuciosa. Pode-se falar de dois tipos principais de revisão:
a revisão de conteúdo e a revisão de forma.
Durante a revisão de conteúdo, deve-se verificar – antes de tudo – se o texto está bem
estruturado, especialmente quanto à ordem e à organização dos parágrafos. Cada parágrafo deve
desenvolver uma ideia relacionada com a tese do texto, e a sequência dos parágrafos deve ir
construindo progressivamente a tese que se quer desenvolver.
As primeiras versões dos textos contêm, às vezes, passagens que não apresentam nenhuma
relação com o restante ou que constituem divagações muito distantes das partes precedentes e
seguintes. No primeiro caso, trata-se de trechos que devem ser cancelados; no segundo, passagens
que devem ser postas em outra ordem no texto ou integradas com o que segue ou antecede, através
de conjunções ou frases de ligações.
A revisão da forma consiste em efetuar transformações locais nos textos: cortar e simplificar
frases longas demais, suprimir palavras supérfluas, colocar frases na voz ativa, corrigir as quebras
de paralelismos, as regências, as concordâncias, a ortografia, e assim por diante.
As revisões de conteúdo e de forma são separadas por comodidade de exposição; na
realidade, os dois tipos de revisão são realizados ao mesmo tempo.
Depois da revisão e da correção, a redação deve ser finalmente “passada a limpo” – fase da
redação final. Uma boa apresentação serve tanto para satisfazer o senso estético como para
facilitar a leitura e apreciação do texto.

Trabalhando as fases do processo de produção textual

Exemplo 01
I. Identificação das características da redação
Assunto: Drogas Delimitação do tema: Drogas: liberar ou não liberar?
Tipo: Argumentativo Gênero (formato): Artigo de opinião
Destinatário: Público em geral Propósito: Argumentar a favor ou contra a liberação das drogas

II. Geração de ideias (elenco desordenado e casual de ideias para o tema)


 vulgarização e descontrole geral
 países com estados onde há liberação estão revendo a situação
 quem sairia ganhando?
 a posição do governo diante da paralisação da sociedade
 nenhum benefício poderia amenizar os males causados
 o governo seria o “traficante oficial” da nação
 sensação de poder X disposição para trabalhar
 liberar é desistir do combate e juntar-se ao inimigo
 a liberdade é o bem maior que possuímos, não devemos abrir mão desse bem
 o futuro das crianças
 decisão equivocada e pouco racional

III. Seleção e organização das ideias (que configuram um roteiro como o expresso abaixo)

IV. Roteiro
1. Não liberar, porque...
...será uma decisão equivocada e pouco racional
...haverá vulgarização e descontrole geral
15

...nenhum benefício aliviaria os males causados


...a sensação de poder implicará em indisposição para trabalhar
...países onde há liberação estão revendo a situação
2. Ao liberar...
...quem sairia ganhando?
...qual seria a posição do governo diante da paralisação da sociedade? de “traficante oficial”?
3. A liberdade
...bem maior
...jamais abrir mão dela

V. Conclusão
 Liberar é desistir do combate e juntar-se ao inimigo
 Qual será o futuro das crianças?

Versão final do texto


A liberação oficial das drogas é, sem dúvidas, uma decisão equivocada e pouco racional,
uma vez que as tornariam vulgares e ocasionaria um descontrole geral no aumento do consumo.
Além disso, os prejuízos causados com essa liberação seriam incalculáveis, por conta da sensação
de poder que as drogas proporcionariam e a consequente falta de disposição para o trabalho.
Devemos questionar, no caso de uma provável liberação para essas substâncias: quem
sairia ganhando com isso? A sociedade, certamente, nada ganharia. Ademais, qual seria a função
do governo nesse caso? Seria o “traficante oficial” da nação? Países que as liberaram estão revendo
suas posições, exatamente porque a situação estava ficando caótica.
Além desses questionamentos, devemos refletir em torno da nossa liberdade. Que
liberdade tem uma pessoa que vive presa à sensação de uma substância? Não abramos mão do
nosso bem maior!
Liberar as drogas é, portanto, desistir do combate e juntar-se ao inimigo. É tolher o futuro
brilhante de uma criança. Sejamos mais racionais e não troquemos a beleza do nosso mundo pela
obscura trilha que tem a morte como ponto final.

Atividade
I. Identificação das características da redação
Assunto: Delimitação do tema:
Tipo: Gênero (formato):
Destinatário: Propósito:

II. Geração de ideias (elenco desordenado e casual de ideias para o tema)










III. Seleção e organização das ideias (que configuram um roteiro como o expresso abaixo)

IV. Roteiro

V. Conclusão


16

A COMPOSIÇÃO DOS TEXTOS


Comecemos com a definição de parágrafo dada por Othon Garcia: “O parágrafo-padrão é
uma unidade de composição constituída por um ou mais de um período, em que se desenvolve
determinada ideia central, ou nuclear, a que se agregam outras, secundárias, intimamente
relacionadas pelo sentido e logicamente decorrentes dela”.
Formalmente, o parágrafo é indicado por um afastamento da margem esquerda da folha e
facilita ao escritor a tarefa de isolar e depois ajustar convenientemente as ideias principais de sua
composição, permitindo ao leitor acompanhar-lhes o desenvolvimento nos seus diferentes estágios.
Os parágrafos são moldáveis quanto à extensão, podendo ser aumentados ou diminuídos
de tamanho, conforme o tipo de redação, o leitor e o veículo de comunicação onde o texto vai ser
divulgado.
O parágrafo apresenta algumas partes distintas, dentre as quais, a mais importante é o
tópico frasal, que consiste na sua ideia principal. As outras partes são: desenvolvimento, que deve
conter as frases que irão expressar o pensamento do autor sobre a ideia anunciada, e conclusão,
que arremata essa ideia.
A devida articulação entre parágrafos torna o texto coeso e coerente.

UNIDADE III

Como vimos, a relação entre tipos e gêneros textuais é essencial para a produção escrita. Um
texto pode apresentar-se narrativamente, com todos os elementos que lhe são peculiares (como o
foco narrativo, o enredo, os personagens, a intriga, o clímax, o desfecho); descritivamente,
enumerando detalhes concretos de um objeto, pessoa, situação ou lugar; injuntivamente, oferecendo
instruções a serem seguidas; ou dissertativamente, expondo uma opinião, com base em observação,
análise e argumentos.
Nós, neste curso, vamos nos deter na produção desse último tipo: o dissertativo.

O PROCESSO DE PRODUÇÃO DE TEXTOS DISSERTATIVOS

1 O TEXTO DISSERTATIVO
Dissertar é exercer nossa consciência crítica, questionar um tema, debater um ponto de vista,
desenvolver argumentos. Existem dois tipos de dissertação: o dissertativo expositivo e o
dissertativo argumentativo. O primeiro tem como objetivo primordial expor uma tese, analisar e
interpretar ideias e pode ser identificado como demonstrativo; não se dirige a um interlocutor definido
e se constitui de provas as mais impessoais possíveis. Na dissertação argumentativa – texto
argumentativo, além do interlocutor não definido e da utilização de provas impessoais, tentamos,
explicitamente, formar a opinião do leitor ou ouvinte, procurando persuadi-lo de que a razão está
conosco.
Para a argumentação ser eficaz, os argumentos devem possuir consistência de raciocínio e
de provas. O raciocínio consistente é aquele que se apoia nos princípios da lógica, que não se perde
em especulações vãs, no “bate-boca” estéril. As provas, por sua vez, servem para reforçar os
argumentos. Os tipos mais comuns de provas são: os fatos, os exemplos, os dados estatísticos e o
testemunho.
A estrutura dos dois tipos de composição é a mesma: introdução, desenvolvimento e
conclusão.

1.1 Assunto, tema, recorte, tese, título


Para alcançar um bom texto, é necessário relembrar alguns pontos fundamentais que
favorecem a organização daquilo que se pretende comunicar. Observe:

Assunto é algo amplo, genérico; Tema é o assunto já delimitado; Recorte é o que interessa ao autor
discutir no texto; Tese é o ponto de vista a ser defendido sobre um determinado tema; Título é o
nome dado ao texto, que visa atrair o leitor para a leitura do texto, fazendo referência ao tema
abordado.
17
Exemplos:
1. Assunto: Centros urbanos. (Tema: O desenvolvimento dos grandes centros urbanos.
Recorte: A violência em São Paulo. Tese: A cidade de São Paulo enfrenta sérios problemas
em relação à segurança da população. Título: O desenvolvimento urbano e a violência).
2. Assunto: Tecnologia. (Tema: O avanço tecnológico no século 21. Recorte: Os meios de
comunicação e as relações sociais. Tese: Na era da comunicação, o homem contemporâneo
encontra-se cada vez mais sozinho. Título: O paradoxo da era da comunicação)

1.2 Técnicas de planejamento de um texto


Vimos que criar uma espécie de roteiro de nossas ideias nos auxilia na construção de um
texto. Outra possibilidade de planejamento de texto é a utilização da técnica do “POR QUÊ?”
Considere a seguinte estrutura textual:

INTRODUÇÃO: Tese + argumento 1 + argumento 2 + argumento 3


DESENVOLVIMENTO: argumento 1
argumento 2
argumento 3
CONCLUSÃO: Expressão inicial + reafirmação do tema + observação final
(Adaptado de: OLIVEIRA, Luciana Scognamiglio de. Material de apoio e produção textual II. São Paulo: Universidade Nove de Julho,
2007).

Vejamos, agora, os passos desse tipo de planejamento textual.

Tese: O mundo caminha para a própria destruição


Pergunta-se: Por que O MUNDO CAMINHA PARA A PRÓPRIA DESTRUIÇÃO?
Responde-se:
(argumento 1) tem havido inúmeros conflitos internacionais.
(argumento 2) o meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio ecológico.
(argumento 3) permanece o perigo de uma catástrofe nuclear.
Conclui-se: Expressão inicial + retomada do tema + sugestão ou possibilidade (previsão) de solução
do problema.
Vejamos esse esquema sendo utilizado no texto:

DESTRUIÇÃO: A AMEAÇA CONSTANTE

O mundo caminha atualmente para a sua própria destruição, pois tem havido inúmeros
conflitos internacionais, o meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio ecológico e,
além do mais, permanece o perigo de uma catástrofe nuclear.
Nestas últimas décadas, temos assistido, com certa preocupação, aos inúmeros conflitos
internacionais que se sucedem. Muitos trazem na memória a triste lembrança das guerras do Vietnã
e da Coreia que provocaram grande extermínio. Em nossos dias, testemunhamos conflitos que,
envolvendo as grandes potências internacionais, poderiam conduzir-nos a um confronto mundial de
proporções incalculáveis.
Outra ameaça constante é o desequilíbrio ecológico, provocado pela ambição desmedida de
alguns, que promovem desmatamentos e poluem as águas dos rios. Tais atitudes contribuem para
que o meio ambiente, em virtude de tantas agressões, acabe por se transformar em um local
inabitável...
Além disso, enfrentamos sério perigo relativo à utilização da energia atômica. Quer
pelos acidentes que já ocorreram e podem acontecer novamente nas usinas nucleares, quer
por um eventual confronto em uma guerra mundial, dificilmente poderíamos sobreviver diante
do poder avassalador desses sofisticados armamentos.
Em virtude dos fatos mencionados, somos levados a acreditar na possibilidade de
estarmos a caminho do nosso próprio extermínio. É desejo de todos nós que algo possa ser feito
no sentido de conter essas diversas forças destrutivas, para podermos sobreviver às adversidades e
construir um mundo que, por ser pacífico, será mais facilmente habitado pelas gerações futuras.
(Texto adaptado de GRANATIC, Branca. Técnicas básicas de redação. São Paulo: Scipione,1988)
18

Analisemos agora o processo de construção do texto abaixo.

Eu ensinei a todos eles


Lecionei no ginásio durante dez anos. No decorrer desse tempo, dei tarefas a, entre outros,
um assassino, um evangelista, um pugilista, um ladrão e um imbecil.
O assassino era um menino tranquilo que se sentava no banco da frente e me olhava com
seus olhos azuis-claros; o evangelista era o menino mais popular da escola, liderava as brincadeiras
dos jovens; o pugilista ficava perto da janela e, de vez em quando, soltava uma risada rouca que
espantava até os gerânios; o ladrão era um jovem alegre com uma canção nos lábios; e o imbecil,
um animalzinho de olhos mansos, que procurava as sombras.
O assassino espera a morte na penitenciária do Estado; o evangelista há um ano jaz
sepultado no cemitério da aldeia; o pugilista perdeu um olho numa briga em Hong Kong; o ladrão, se
ficar na ponta dos pés, pode ver minha casa da janela da cadeia municipal; e o pequeno imbecil, de
olhos mansos de outrora, bate a cabeça contra a parede acolchoada do asilo estadual.
Todos esses alunos outrora se sentaram em minha sala, e me olhavam gravemente por
cima de mesas marrons. Eu devo ter sido muito útil para esses alunos – ensinei-lhes o plano rítmico
do soneto elisabetano, e como diagramar uma sentença complexa.

Observações:
1) O texto é construído com as palavras-chave: assassino, evangelista, pugilista, ladrão e
imbecil. O importante para a existência desse texto são essas cinco palavras.
2) O texto foi desenvolvido da seguinte forma:
a) no primeiro parágrafo: são colocadas as palavras-chave;
b) no segundo parágrafo: diz-se de cada palavra-chave algo relacionado com o passado.
As palavras-chave aparecem na mesma ordem em que foram enunciadas no primeiro
parágrafo;
c) no terceiro parágrafo: as mesmas palavras, na mesma ordem, são explicadas em
relação ao que aconteceu depois.
3) Do princípio ao fim, o texto atém-se a explicar situações relativas às personagens enunciadas
no primeiro parágrafo; utilizando-se do paralelismo.
4) Ao final, o autor acrescenta um recuso novo: a ironia; provavelmente com o objetivo de
possibilitar uma reflexão.

PROPOSTA DE ATIVIDADE – alimentação temática:


Durante a semana, procure ler textos que tratem do desenvolvimento tecnológico (benefícios,
prejuízos, adaptação dos profissionais, implicação em relação ao desemprego, contribuições
para a medicina, para a educação etc.), para que possamos elaborar um fluxograma, ou um
mapeamento de ideias sobre o assunto e desenvolver um texto organizado, claro e coeso.
Quanto mais contato tiver com os meios de informação (TV, jornais, revistas, rádio, livros), maior
será seu conhecimento sobre os assuntos. Por isso é muito importante ler constantemente, a
fim de que seu “arquivo” de conhecimentos esteja sempre cheio e atualizado. Se suas idéias
forem limitadas, seu texto também o será!

1.4 Proposta de produção de textos


• Reflita sobre as leituras que fez.
• Delimite o tema.
• Estabeleça a tese que será apresentada.
• Selecione o caminho que o levará à comprovação de sua ideia, usando para isso a técnica do
“Por quê?” (aqui se define a proposta argumentativa, quando a articulação de ideias busca
convencer e persuadir o leitor)
• Estabeleça a que deseja chegar com a exposição que fará em seu texto.
• Organize esse raciocínio por meio do gráfico.
• Articule as ideias que organizou no gráfico e, a seguir, escreva seu texto.
19

1.5 Expressões que ajudam a construir sua redação

"É possível que... no entanto..."; "É certo que... entretanto..."; "É provável que... porém..."
"Em primeiro lugar...; em segundo...; por último..."; "Primeiramente,...; em seguida,...; finalmente,..."
"Por um lado... por outro...";
"É preciso considerar que os seguintes aspectos..."; "Também não devemos esquecer estes
elementos essenciais:..."; "Não podemos deixar de lembrar que..."
"Segundo..."; "Conforme..."; "De acordo com o que afirma..."
"Compreende-se então que..."; "É bom acrescentar ainda que..."; "É interessante reiterar..."
"Com este trabalho objetiva-se..."; "Pretende-se demonstrar..."; "O presente trabalho objetiva..."
"A fim de comprovar o que foi dito,..."; "Para exemplificar,..."; "Exemplo disso é..."
"Por outro lado,..."; "Em contrapartida,..."; "Ao contrário do que se pensa,..."; "Em compensação,..."
"Para tanto,..."; "Para isso,..."; "Além disso,..."; "Se é assim,..."; "Na verdade,..."
"É fundamental que..."; "Tudo isso é..."; "Nesse momento,..."
"De toda forma,..."; "De tal forma que..."; "Em ambos os casos,...";
"Assim,..."; "Portanto,..."; "Mediante os fatos expostos,..."; "Dessa forma,..."; "Diante do que foi dito..."
"Resumindo,..."; "Em suma,..."; "Em vista disso, pode-se concluir que..."; "Finalmente,..."
"Nesse sentido,..."; "Com esses dados, conclui-se que..."

2 O TEXTO ARGUMENTATIVO

O texto argumentativo tem como meta principal a defesa de uma tese, pressupondo a
existência de um “auditório” definido, isto é, um interlocutor específico, adequando-se a ele com a
intenção de convencê-lo, persuadi-lo (levá-lo a crer no ponto de vista defendido, de tal forma que
passe a aceitá-lo como verdadeiro). Nesse tipo de discurso, o enunciador almeja a adesão total do
interlocutor.
Ao elaborar um texto argumentativo visando conseguir a adesão de determinado(s)
interlocutor(es), o enunciador precisa escolher os argumentos, conhecer a dimensão deles e
estabelecer uma ordem de apresentação dos mesmos. Em outras palavras, deve ter consciência da
pertinência e da força desses argumentos. Sem esse conhecimento prévio, uma argumentação pode
fracassar.
Os argumentos são, portanto, as “provas” (raciocínio, dados, fatos) apresentadas para
demonstrar que a ideia que você pretende defender é correta. Como diz Aristóteles, os argumentos
servem quando se tem de escolher entre duas ou mais coisas.
Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma desvantajosa, como a saúde e a
doença, não precisamos argumentar. Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher entre
duas coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse caso, precisamos argumentar sobre
qual das duas é mais desejável. O argumento pode, então, ser definido como qualquer recurso
que torna uma coisa mais vantajosa que a outra.
O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de um fato, mas levar o ouvinte a
admitir como verdadeiro o que o enunciador está propondo.
"Argumentar é a arte de convencer e persuadir. Convencer é saber gerenciar informação, é
falar à razão do outro, demonstrando, provando. Etimologicamente, significa 'vencer junto com o
outro' (com + vencer) e não contra o outro. Persuadir é saber gerenciar a relação, é falar à emoção
do outro". A origem dessa palavra está ligada à preposição ‘per, 'por meio de, e a 'Suada', deusa
romana da persuasão. (...) Mas em que 'convencer' se diferencia de ‘persuadir'? Convencer é
construir algo no campo das ideias. Quando convencemos alguém, esse alguém passa a pensar
como nós. Persuadir é construir no terreno das emoções, é sensibilizar o outro para agir. Quando
persuadimos alguém, esse alguém realiza algo que desejamos que ele realize". (ABREU, Antônio
Suarez. A arte de argumentar - gerenciando razão e emoção. São Paulo. Ateliê, 1999.)
É comum utilizarem-se indistintamente os termos "convencer" e "persuadir" como sinônimos.
Na teoria da argumentação, entretanto, eles adquirem sentidos específicos, associando-se o primeiro
conceito mais à razão, e o segundo, à emoção. Koch (1984) adota essa distinção: "Enquanto o ato
de convencer se dirige unicamente à razão, através de um raciocínio estritamente lógico e por meio
de provas objetivas (...), o ato de persuadir, por sua vez, procura atingir a vontade, o sentimento
do(s) interlocutor(es), por meio de argumentos plausíveis ou verossímeis, e tem caráter ideológico,
subjetivo, temporal".
20
Textos para análise e discussão
Folha ONLINE
A OFERTA DE ENERGIA ELÉTRICA VAI AFETAR O CRESCIMENTO ECONÔMICO BRASILEIRO?

(Argumentação 01: SIM)


PARA FUGIR DE UM NOVO RACIONAMENTO
Newton Duarte

A CARÊNCIA de oferta de energia pode afetar negativamente o crescimento econômico. A


necessidade de um eventual novo racionamento colocaria em risco a recuperação em curso da
economia brasileira e inviabilizaria o desejado ciclo de desenvolvimento sustentado.
Para atingir os objetivos de crescimento sustentado do PIB a taxas superiores a 4,5% ao ano
e evitar um déficit entre a oferta e a demanda de energia no médio e longo prazos, o Brasil precisa
gerar, pelo menos, quatro gigawatts (GW) ao ano em geração hidráulica, térmica e demais fontes
renováveis, de forma a expandir a capacidade instalada.
Levando em conta as premissas do Plano Decenal de Energia Elétrica da EPE (Empresa de
Pesquisa Energética), dos atuais 47,5 GW médios de demanda, atingiremos, em 2011, 61 GW
médios, representando um crescimento médio de 6,5% ao ano, superando assim a previsão de
órgãos governamentais quanto ao acréscimo de geração de apenas 2,9% ao ano no período. Tal
cenário apresenta sérios riscos de abastecimento energético, se levarmos em conta a dependência
hídrica do sistema elétrico brasileiro.
Tendo em vista esse cenário, grandes projetos hídricos, como Madeira e Belo Monte, devem
ser priorizados. Caso contrário, o país terá que buscar fontes alternativas para suprir a demanda
energética. No entanto, vale ressaltar, essa alternativa implicaria um aumento relevante do custo da
energia, gerando perda da competitividade da indústria.
Outra grande preocupação é o déficit na oferta de gás natural. Em 2006, o Brasil teve déficit
de 30 milhões de m3/dia. Esse déficit se intensificaria para cerca de 66 milhões de m 3/dia em 2015 e
só seria minimizado, mas não totalmente solucionado, com o incremento significativo da oferta de
gás natural liquefeito (GNL).
Fora da agenda energética do Brasil há muitos anos, a geração de energia a carvão
permanece tímida. Segundo o primeiro balanço do PAC, recentemente divulgado pelo governo, só a
usina de Candiota 3 é contemplada. Embora as questões ambientais e os custos representem
barreiras para essa fonte, o carvão merece atenção especial pelo potencial que significa para a
aceleração da expansão de oferta energética e a redução da dependência de fontes hidrelétricas.
A malfadada experiência do racionamento de energia elétrica de 2001 representou impactos
significativos para a economia brasileira. O ritmo de crescimento do PIB se contraiu de 4,3% em
2000 para apenas 1,3% em 2001. Mais intenso ainda foi o impacto na redução do ritmo de
crescimento da produção industrial, que caiu de 6,6% para 1,5 no mesmo período.
O risco de um novo racionamento pode afetar negativamente as decisões de novos
investimentos por parte das empresas, com todos os reflexos negativos decorrentes. Um outro
impacto potencial é o aumento dos custos de abastecimento energético. Em suma, o racionamento
representaria não só um freio no crescimento econômico mas também um aumento dos custos da
produção industrial. Enfrentar o problema da oferta de energia é urgente. Vale destacar, as medidas
de produtividade adotadas por ocasião do racionamento de 2001 já foram incorporadas aos
processos industriais, o que diminui o potencial para futuras economias. É preciso garantir a efetiva
realização dos investimentos previstos, o que não exclui as iniciativas de melhoria da eficiência.
É imprescindível tratar com prioridade as soluções eficazes para simplificar os processos de
concessão de licenciamento ambiental. A longa maturação dos investimentos exige rapidez nas
decisões para ampliar a oferta de energia e mantê-la sempre à frente da demanda.
A desoneração dos investimentos em infra-estrutura é um elemento incentivador das
decisões. Da mesma forma, é fundamental melhorar as condições de financiamento de projetos e
propiciar um ambiente regulatório claro e estável. Não podemos deixar que o Brasil seja preterido de
um futuro próspero por falta das ações necessárias e dos investimentos em infra-estrutura. Para
progredir, o país precisa reconhecer os desafios presentes e atacá-los na raiz.
(Newton Duarte, 52, engenheiro elétrico, é diretor do Departamento de Infra-Estrutura do Ciesp (Centro das Indústrias do
Estado de São Paulo) e diretor de Energia e Transporte da Siemens)).
21
(Argumentação 02: NÃO)
A OFERTA (E O PREÇO JUSTO) DA ENERGIA
Mauricio Tolmasquim

EM 1999 e 2000, fui dos poucos a alertar para o alto risco de falta de energia no país, o que,
afinal, se concretizou em forma do racionamento de 2001. Hoje, sinto-me muito à vontade para me
contrapor ao "efeito manada" que atinge o conjunto de especialistas e comentaristas do setor
energético e afirmar que o nível de risco de déficit para os próximos anos está dentro do nível
aceitável.
Sofre-se atualmente no Brasil de uma espécie de "trauma pós-racionamento". Especialistas e
empresários em uníssono veem a falta de energia como uma questão inexorável - discordam apenas
quanto à data em que essa fatalidade atingirá o país.
Em parte, é compreensível a apreensão dos menos informados. Afinal, como diz o ditado
popular, “gato escaldado tem medo de água fria”. Porém, a situação hoje é muito diferente da que
existia em 2001. O Brasil tem, desde 2004, um novo modelo para o setor elétrico, que visou à
redução dos riscos para os investidores e das tarifas para os consumidores. Os vencedores das
licitações têm, agora, contratos de longo prazo, que constituem recebíveis aceitos pelo BNDES para
a concessão de financiamentos.
Antes, as usinas eram concedidas para os investidores que aceitassem pagar o maior ágio
pelo uso do bem público (UBP). Agora, os novos aproveitamentos hidrelétricos são concedidos aos
investidores que aceitam construir e operar as plantas pela menor tarifa. Isso reduziu drasticamente
o valor estratosférico do UBP que os investidores se viam obrigados a pagar - interessante para o
Tesouro Nacional, mas perverso para o consumidor e para o investidor.
A exigência de licença ambiental prévia para um empreendimento ser colocado em licitação é
outro fator que reduziu o risco para o investidor e deu um fim ao faz-de-conta de antes, quando o
governo concedia usinas que simplesmente não tinham viabilidade ambiental, criando um conflito
entre empreendedores e órgãos licenciadores. Outras usinas licitadas eram passíveis de ser
viabilizadas, mas o ônus da obtenção das licenças era exclusivo dos empresários.
O setor elétrico está cada vez mais atrativo para os investidores. Entre 2003 e 2006, foram
instalados, em média, 3.667 MW por ano de nova capacidade de geração no Brasil, o que é cerca de
40% superior à média entre 1995 e 2000, período que antecedeu o racionamento. Para o período de
2007 a 2010, já existem 11.078 MW com plenas condições de entrar em operação e uma quantidade
maior será viabilizada com os dois leilões marcados para 18 e 26 próximos.
O aumento dos preços da energia elétrica é em geral apontado por grandes consumidores
como um gargalo para o desenvolvimento. Mas preços artificialmente baixos significam um grande
custo para todo o setor energético. Um bom exemplo é o segmento dos eletrointensivos. Por duas
décadas, algumas dessas indústrias tiveram acesso a energia muito barata, com preços fortemente
subsidiados.
Consumidores residenciais chegaram a pagar entre quatro e cinco vezes mais pela mesma
energia. Em 1985, essas indústrias compravam energia por cerca de US$ 10/MWh e suas tarifas
permaneceram, em grande parte do período, entre esse valor e US$ 25/MWh. A energia elétrica era
vendida a tarifas muito inferiores ao custo da geração de usinas hidrelétricas, de cerca de US$
60/MWh. Essa situação mudou em 2004, quando essas indústrias tiveram que negociar novos
contratos de fornecimento.
Sem dúvida, seria ótimo se todos pudessem ter energia barata. No entanto, vale lembrar
outro ditado: "não existe almoço grátis". A energia barata, vendida no passado aos grandes
consumidores pelas geradoras estatais, levou, em boa medida, ao endividamento e à perda de
capacidade de investimento dessas empresas.
A oferta de energia para os próximos anos é suficiente para atender ao crescimento
econômico esperado, sendo igualmente necessário que ela se expanda de forma contínua. O novo
modelo implantado em 2004 tem os mecanismos necessários para assegurar que isso ocorra.

(Mauricio Tolmasquim, 48, doutor em socioeconomia do desenvolvimento, é presidente da EPE (Empresa de Pesquisa
Energética). Foi secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia (2003-2005) e coordenou o grupo de trabalho que
elaborou o novo modelo do setor elétrico).
22

Formas de argumentação
Os argumentos são recursos linguísticos que utilizamos para tornar nosso discurso mais
persuasivo e conquistar a adesão do auditório. Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa
quase impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer as pessoas preferirem uma
coisa à outra. Qualquer recurso linguístico destinado a fazer o interlocutor dar preferência à tese do
enunciador é um argumento. Os argumentos mais utilizados são:

a) Argumento de autoridade
É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas pelo auditório como
autoridades em certos domínios do saber, para servir de apoio àquilo que o enunciador está
propondo. Isso confere ao texto maior credibilidade, pois o ancora no depoimento de um especialista.
Para o auditório, o efeito é positivo, uma vez que se acredita que as considerações de um expert são
verdadeiras.
A estratégia é adquirir respeitabilidade, fazendo valer sua tese com o peso da consideração
de que goza a autoridade citada. Se considerarmos que, por meio da argumentação, se constrói um
determinado objeto de saber, o discurso como um todo, podemos dizer que a autoridade auxilia-nos
a construir esse objeto. Observe:

Administrar é dirigir uma organização, utilizando técnicas de gestão para que alcance seus
objetivos de forma eficiente, eficaz e com responsabilidade social e ambiental.
Lacombe (2003, p.4) diz que a essência do trabalho do administrador é obter resultados por
meio das pessoas que ele coordena. A partir desse raciocínio de Lacombe, temos o papel do "Gestor
Administrativo" que com sua capacidade de gestão com as pessoas, consegue obter os resultados
esperados.

b) Argumento baseado no consenso


É aquele que corresponde a valores em circulação na sociedade sobre os quais não pairam
dúvidas: trata-se de ideias aceitas como verdadeiras por determinado grupo social, razão pela qual o
consenso dispensa a demonstração (o que é considerado óbvio não precisa ser comprovado para
ser aceito). De certa maneira, os dados consensuais produzem efeito semelhante ao que chamamos
anteriormente de "evidência" (no discurso científico): criam a impressão de que não há o que
argumentar. De fato, só se argumenta para chegar a um consenso, a um ponto comum (na verdade,
o ponto de vista do enunciador).
É preciso cautela no uso desse recurso argumentativo, uma vez que o consenso é o que
todos sabem, e o texto que fala só do que todos já sabem torna-se desnecessário, perde sua razão
de ser. Não há o que argumentar, por exemplo, diante de dados consensuais como a ideia de que o
homem é mortal, a AIDS é uma doença contagiosa, homens não podem engravidar etc. Observe, por
exemplo, o seguinte argumento em se tratando da questão da escassez de água:

A escassez e o uso abusivo da água doce constituem, hoje, uma ameaça crescente ao
desenvolvimento das nações e à proteção ao meio ambiente. A saúde e o bem estar de milhões de
pessoas, a alimentação, o desenvolvimento sustentável e os ecossistemas estão em perigo.
A luta pela água poderá levar o mundo a outra grande guerra. Alguns economistas preveem
que, por sua importância estratégica, a água será a moeda do futuro. Mais do que o petróleo e o
ouro, ela é valiosa para a humanidade. Sem ouro ou sem petróleo o homem vive; sem água não.
(adaptado de http://www.uniagua.org.br. 06/08/2007)

c) Argumento baseado em provas concretas


Trata-se da apresentação de dados que servem para comprovar a nossa tese, criando
também efeito de sentido de evidência, de realidade. Esses dados concretos, isto é, extraídos da
experiência "real", são obtidos de levantamentos estatísticos, relatórios, pesquisas etc., em geral
divulgados por fontes consideradas "fidedignas", ou seja, que gozam de credibilidade - por exemplo,
os números do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), os índices da FGV (Faculdade
Getúlio Vargas) etc. Do ponto de vista do poder persuasivo, esse é um tipo de argumento forte, uma
vez que cria a impressão de realidade, o efeito de verdade (embora se saiba que números podem
ser desmentidos por números).
23

Vejamos um exemplo de uso desse recurso argumentativo extraído do texto "Uma revolução
silenciosa" (Folha de S. Paulo, 29/12/1996), do então presidente Fernando Henrique Cardoso:

[...] Treze milhões de brasileiros já deixaram a linha de pobreza. As classes D e E diminuíram 17%, e
as classes A e B cresceram 21 %. O rendimento dos 10% mais pobres da população dobrou. [...]
Carne bovina, ovos, congelados, iogurte e conservas passaram a frequentar mais a mesa dos
brasileiros. As classes D e E são responsáveis por 30% de produtos como biscoitos, iogurte e
macarrão instantâneo. Aumentou também o número de residências com geladeira, TV em cores,
freezer, produtos eletrônicos e eletrodomésticos [...]. As vendas de cimento cresceram 12% em 1995
e 21,5% no primeiro semestre deste ano. [...] Nestes dois anos de governo, 100 mil novas famílias
tiveram acesso à terra. [...]. Já desapropriamos, neste período, 3 milhões de hectares [...]. Na
Previdência Social, o aumento real médio dos benefícios foi de 39% entre 94 e 96 [...]. Conseguimos
reduzir, de maneira sensível, os índices de mortalidade infantil [...].

Como se vê, o enunciador constrói uma imagem positiva de si, como o "salvador da pátria"
que resgatou o país da situação caótica em que se encontrava (antes do Plano Real), devolvendo ao
povo a esperança de transformações, a partir das realizações "demonstradas" por meio das provas
concretas. Produz, assim, a impressão de comprometimento com os rumos da nação, de seriedade
no exercício da função presidencial. É importante dizer que se trata de uma estratégia: o discurso
não diz a verdade (o que é a verdade?); cria efeitos de verdade, ou seja, faz o auditório crer que
aquilo que parece verdadeiro de fato é verdadeiro.

d) Argumento baseado no raciocínio lógico


O texto é um todo coeso, organizado, coerente - o que pressupõe que nele exista uma
progressão lógica das ideias. Utilizar satisfatoriamente esse recurso argumentativo, então, significa
estabelecer relações adequadas entre as passagens do texto, respeitando, por exemplo, as relações
de causa e consequência (entre o que provoca dado evento e o resultado produzido). Tudo aquilo
que afeta a maneira habitual de as pessoas raciocinarem, associarem ideias, relacionarem
proposições, afeta a lógica, logo prejudica o sentido (e, como ocorre via de regra, prejudica a
argumentatividade do texto, o seu poder persuasivo).
Para ser coerente, o texto precisa, entre outras coisas, respeitar princípios lógicos
fundamentais, como o "princípio da não-contradição", por exemplo. Quer dizer que não pode afirmar
"A" e o contrário de "A": suas passagens têm de ser compatíveis entre si.
Em matéria de problemas envolvendo o raciocínio lógico, é importante também ficarmos
atentos às formas de ligar orações nas composições dos períodos e aos mecanismos de relação
entre eles. Expressões tais como "por exemplo", "dessa forma", "por outro lado" - que são exemplos
de "articuladores lógicos do discurso" -, só servem à coerência se usadas, respectivamente, para
explicar o que foi dito anteriormente, recuperar a "forma" em questão (o que se falou antes) e
apresentar um outro aspecto do tema tratado.
Outros recursos linguísticos que merecem igual atenção são as conjunções que estabelecem
relações temporais (marcando “anterioridade" e "posterioridade" entre os fatos apresentados) e as
conjunções que estabelecem noções de causa e consequência, condição, oposição, etc.

e) Argumento de competência linguística


O que interessa, aqui, não é tanto "o que dizer", mas "como dizer": grosso modo, pode-se
pensar que a competência linguística está mais ligada à forma do que ao conteúdo. Por melhores
que sejam os argumentos do ponto de vista do conteúdo, a forma como são expostos pode pôr tudo
a perder.
Se considerarmos que a linguagem utilizada é o "cartão de apresentação" do texto, criando já
de início uma boa ou uma má impressão no auditório, a competência linguística, isto é, o manejo
linguístico hábil, adequado, tem força persuasiva. Problemas de concordância, regência, crase,
pontuação, ortografia, etc., por outro lado, são comprometedores na medida em que desautorizam o
enunciador, enquanto uma dissertação produzida em obediência aos padrões linguísticos formais
colabora para que dele se construa uma imagem positiva. O texto abaixo ilustra exemplarmente o
quanto à competência linguística interfere na persuasão, afetando a imagem do enunciador. Vejamos
um trecho:
24

"Tropecei num jota muçulmano na semana passada. Caí de cara no chão. Pra quem não leu a
crônica da semana passada, vou logo confessando que escrevi 'atinjiu' com jota e não com ge de
jeito (esta dói mais). Mas eu explico. O que eu estava dizendo que atingiu foi jato. Jato com jota.
Devo ter esquecido o dedo na tecla. A quantidade de cartas foi assustadora. Ninguém comentou
nada sobre as torres atingidas. O que doeu mesmo no leitor foi aquele jota de jato. Bem nos alvos.
Como se não bastasse o jota, no lugar de muçulmano, escrevi mulçumano. Aqui eu poderia mentir e
dizer que foi de propósito, pois não queria atingir os muçulmanos que não tinham nada com o
atingido. Então, teria inventado a palavra 'mulçumano’. E mais, que teria escrito errado para facilitar
a rima com humano. Tudo mentira. Errei mesmo. Talvez por nunca ter visto um 'muçulmano’ pela
frente. Aliás, nem por trás, como o Bush anda vendo ( ... ) ". (O jota muçulmano, Mário Prata, O
Estado de S. Paulo, 3/10/2001)

De forma bem-humorada, o enunciador confessa que cometeu deslizes de ortografia na


crônica anterior, chamando a atenção para o fato curioso de que os erros ganharam destaque sobre
o próprio assunto de que ele falava. As cartas dos leitores são uma prova disso: enquanto Mário
Prata tratava do atentado terrorista, as cartas acusavam-no de "atentados à língua". Apesar do tom
de brincadeira do texto, trata-se de uma questão tão importante que sua discussão mereceu uma
crônica inteira.

2.4 Texto para análise e discussão


O texto abaixo, de autoria de Dráuzio Varella, apresenta a defesa do ponto de vista do
médico a respeito da polêmica que foi gerada por um projeto de lei que proíbe a propaganda de
cigarros no país. O estudo desse texto nos levará a perceber outras formas de argumentação. Leia-o
e responda às questões propostas.

DROGA PESADA
Fui dependente de nicotina durante 20 anos. Comecei ainda adolescente, porque não sabia o
que fazer com as mãos quando chegava às festas. Era início dos anos 60, e o cigarro estava em
toda parte: televisão, cinema, outdoors e com os amigos. As meninas começavam a fumar em
público, de minissaia, com as bocas pintadas assoprando a fumaça para o alto. O jovem que não
fumasse estava por fora.
Um dia, na porta do colégio, um amigo me ensinou a tragar. Lembro que fiquei meio tonto,
mas saí de lá e comprei um maço na padaria. Caí na mão do fornecedor por duas décadas; 20
cigarros por dia, às vezes mais.
Fiz o curso de Medicina fumando. Naquela época, começavam a aparecer os primeiros
estudos sobre os efeitos do cigarro no organismo, mas a indústria tinha equipes de médicos
encarregados de contestar sistematicamente qualquer pesquisa que ousasse demonstrar a ação
prejudicial do fumo. Esses cientistas de aluguei negavam até que a nicotina provocasse dependência
química, desqualificando o sofrimento da legião de fumantes que tentam largar e não conseguem.
Nos anos 1970, fui trabalhar no Hospital do Câncer de São Paulo. Nesse tempo, a literatura
científica já havia deixado clara a relação entre o fumo e diversos tipos de câncer: de pulmão,
esôfago, estômago, rim, bexiga e os tumores de cabeça e pescoço. Já se sabia até que, de cada três
casos de câncer, pelo menos um era provocado pelo cigarro. Apesar do conhecimento teórico e da
convivência diária com os doentes, continuei fumando.
Na irresponsabilidade que a dependência química traz, fumei na frente dos doentes a quem
recomendava abandonar o cigarro. Fumei em ambientes fechados diante de pessoas de idade,
mulheres grávidas e crianças pequenas. Como professor de cursinho durante quase 20 anos, fumei
nas salas de aula, induzindo muitos jovens a adquirir o vício. Quando me perguntavam: “Mas você é
cancerologista e fuma?”, eu ficava sem graça e dizia que ia parar. Só que esse dia nunca chegava. A
droga quebra o caráter do dependente.
A nicotina é um alcaloide. Fumada, é absorvida rapidamente nos pulmões, vai para o coração
e através do sangue arterial se espalha pelo corpo todo e atinge o cérebro. No sistema nervoso
central, age em receptores ligados às sensações de prazer. Esses, uma vez estimulados,
comunicam-se com os circuitos de neurônios responsáveis pelo comportamento associado à busca
do prazer. De todas as drogas conhecidas, é a que mais dependência química provoca. Vicia mais
do que álcool, cocaína e morfina. E vicia depressa: de cada dez adolescentes que experimentam o
cigarro quatro vezes, seis se tornam dependentes para o resto da vida.
25

A droga provoca crise de abstinência insuportável. Sem fumar, o dependente entra num
quadro de ansiedade crescente, que só passa com uma tragada. Enquanto as demais drogas dão
trégua de dias, ou pelo menos de muitas horas, ao usuário, as crises de abstinência da nicotina se
sucedem em intervalos de minutos. Para evitá-las, o fumante precisa ter o maço ao alcance da mão;
sem ele, parece que está faltando uma parte do corpo. Como o álcool dissolve a nicotina e favorece
sua excreção por aumentar a diurese, quando o fumante bebe, as crises de abstinência se repetem
em intervalos tão curtos que ele mal acaba de fumar um, já acende outro.
Em 30 anos de profissão, assisti às mais humilhantes demonstrações do domínio que a
nicotina exerce sobre o usuário. O doente tem um infarto do miocárdio, passa três dias na UTI entre
a vida e a morte e não para de fumar, mesmo que as pessoas mais queridas implorem. Sofre um
derrame cerebral, sai pela rua de bengala arrastando a perna paralisada, mas com o cigarro na boca.
Na vizinhança do Hospital do Câncer, cansei de ver doentes que perderam a laringe por câncer,
levantarem a toalhinha que cobre o orifício respiratório aberto no pescoço, aspirarem e soltarem a
fumaça por ali.
Existe uma doença, exclusiva de fumantes, chamada tromboangeíte obliterante, que obstrui
as artérias das extremidades e provoca necrose dos tecidos. O doente perde os dedos do pé, a
perna, uma coxa, depois a outra, e fica ali na cama, aquele toco de gente, pedindo um cigarrinho
pelo amor de Deus.
Mais de 95% dos usuários de nicotina começaram a fumar antes dos 25 anos, a faixa etária
mais vulnerável às adições. A imensa maioria comprará um maço por dia pelo resto de suas vidas,
compulsivamente. Atrás desse lucro cativo, os fabricantes de cigarro investem fortunas na promoção
do fumo para os jovens: imagens de homens de sucesso, mulheres maravilhosas, esportes radicais e
a ânsia de liberdade. Depois, com ar de deboche, vêm a público de terno e gravata dizer que não
têm culpa se tantos adolescentes decidem fumar.
O fumo é o mais grave problema de saúde pública no Brasil. Assim como não admitimos que
os comerciantes de maconha, crack ou heroína façam propaganda para os nossos filhos na TV,
todas as formas de publicidade do cigarro deveriam ser proibidas terminantemente. Para os
desobedientes, cadeia. (VARELLA, Dráuzio. ln: Folha de S.Paulo, 20 maio 2000.)

Qual é o ponto de vista defendido por Dráuzio Varella a respeito da proibição da propaganda de
cigarros?
Quais são os argumentos utilizados por ele para defender seu ponto de vista e como se
classificam?
Ele inicia o seu texto se apresentando como um “ex-dependente da nicotina”. Por que ele faz
isso? Qual é a sua intenção com essa apresentação inicial?
O fato de Dráuzio Varella se apresentar como médico apenas depois de ter se apresentado
como ex-fumante é importante para a argumentação que ele constrói em seu texto? Por quê?
Qual é a relação que o médico estabelece, em seu texto, entre a propaganda tabagista e a
juventude?
Você considera o texto convincente e persuasivo? Por quê?

O TEXTO DISSERTATIVO DE CARÁTER CIENTÍFICO

O texto dissertativo de caráter científico é aquele que aparentemente


desconsidera o emissor e o receptor e valoriza a informação veiculada.
Esse texto deve:
• ter um efeito de objetividade;
• não possuir pronomes e formas verbais que pressuponham a 1ª ou a
2ª pessoa, valorizando-se, assim, a 3ª;
• não conter expressões valorativas, principalmente adjetivos;
• fundamentar as ideias pela argumentação, aumentando o poder de
persuasão.
26

Atividade de produção
a) Reflita acerca do trecho apresentado a seguir e elabore um texto dissertativo em um
parágrafo, em que você possa discutir as competências e habilidades no profissional de
sua área.

“As competências e as habilidades técnicas são o mínimo exigido e não chegam a diferenciar
os profissionais de forma mais acintosa. Conhecer sua área, através da ajuda de colegas,
professores, livros, revistas e experiências, é o mínimo que cada um pode fazer por si.”

b) Desenvolva o parágrafo iniciado abaixo, de maneira a justificar e concluir a ideia


apresentada.

As Tecnologias de Informação e Comunicação estão ganhando espaço nos diferentes


setores da nossa sociedade, invadindo nossas vidas tanto no âmbito profissional quanto no
âmbito pessoal. Isso vem ocorrendo, principalmente, devido ...

UNIDADE IV

PRODUÇÃO DE GÊNEROS ACADÊMICOS

1 FICHAMENTO
1.1 Conceituação e finalidade
Trata-se de um registro sintético e documental em fichas. O fichamento constitui um valioso
recurso de estudo de que se valem os pesquisadores para a realização de uma obra científica. Os
procedimentos usados na metodologia desse gênero textual causam estranhamento a princípio, mas
a prática contínua pelo estudante poderá levá-lo a alterar o ponto de vista e julgamento, fazendo-o
perceber que o pequeno trabalho inicial reverte-se em ganho de tempo futuro, quando precisar
escrever sobre determinado assunto. Um fichário do conteúdo escolhido possibilita não só a prática
de uma redação eficaz, como também proporciona ao autor enriquecimento cultural.

1.2 Importância do fichamento


O fichamento é importante porque nos permite:
 registrar as ideias principais do autor que está sendo estudado, principalmente no que se
refere às citações textuais, garantindo integridade e correção da referência, para uso no
trabalho;
 anotar ideias que ocorram durante a leitura;
 reter elementos que permitam sua seleção posterior e fácil localização no momento de
necessidade.

1.3 A ficha
Muitos alunos consideram desnecessária a produção de fichas para a seleção do material
que foi considerado fundamental por ocasião da leitura, no entanto, a ficha, além de didática, evita
problemas futuros como: não saber mais de que livro foi retirada uma passagem; qual o ano da
edição, editora, entre outros. Esses problemas são muito comuns na hora da elaboração do texto.
Não raro o aluno destaca ideias importantes de um livro emprestado e, depois da devolução, não
consegue mais o original de volta para copiar a fonte. Material destacado sem a anotação da
referência bibliográfica é material que não poderá ser usado. O fichamento, antes de tudo, precisa
ser funcional.
As anotações que ocupam mais de uma ficha têm o cabeçalho da primeira repetido com
exceção da numeração. As fichas compreendem cabeçalho, referências bibliográficas e corpo. O
cabeçalho engloba o título genérico, o específico e o número indicativo da sequência das fichas, se
for utilizada mais de uma. O tamanho das fichas varia de acordo com as exigências do professor.

1.3.1 Elementos básicos da ficha


 Cabeçalho que contempla o título genérico da ficha, o título específico, o número da
classificação e a referência bibliográfica;
27

 O corpo ou texto da ficha no qual se desenvolve o conteúdo propriamente dito;


 Local onde se encontra a obra.
Título Geral Título Específico N° da
ficha

Referência Bibliográfica de acordo com a ABNT


Cabeçalho

Corpo ou texto
da Ficha

(Biblioteca...) Local onde a


obra se encontra

O mais utilizado nas avaliações na Academia é o fichamento tipo citação, do qual falaremos
em seguida.

1.4 Fichamento de citação


O fichamento de citação aplica-se para partes de obras ou capítulos. Consiste na transcrição
fiel de trechos fundamentais da obra estudada e segue algumas normas:
a) toda citação deve vir entre aspas;
b) após a citação, deve constar entre parênteses o número da página de onde foi extraída a
citação;
c) a transcrição tem que ser textual;
d) a supressão de uma ou mais palavras deve ser indicada, utilizando-se no local da omissão,
três pontos, entre colchetes [...].
e) nos casos de acréscimos ou comentários, colocar dentro de colchetes [ ].

Exemplo de fichamento tipo citação

Fichamento e seu uso nos 1


Metodologia Científica
Trabalhos Acadêmicos.

RICHARTZ, Terezinha. Fichamento e seu uso nos Trabalhos


Acadêmicos. In: Revista Acadêmica da Faceca, Varginha, n. 3.
Ago/Dez. 2002. 10 p.

“ [...] na produção de um texto científico, denomina-se citação a


toda ideia de outra pessoa, encontrada pelo pesquisador em
algum documento lido ou consultado durante o desenvolvimento
da pesquisa,[...]”. (2-3)

(Biblioteca da Faceca)

1.5. Fichamento tipo esboço ou sumário


Apresenta as ideias principais de parte de uma obra ou de uma obra toda, de modo sintético,
mas detalhado. Esta ficha é importante porque permite ao leitor extrair ideias relevantes,
disseminadas em muitas páginas, num texto pequeno, mas completo. A numeração da(s) página(s) é
indicada à esquerda da ficha.
28

Metodologia Científica Fichamento e seu uso nos 1


Trabalhos Acadêmicos.

RICHARTZ, Terezinha. Fichamento e seu uso nos Trabalhos


Acadêmicos. Revista Acadêmica da Faceca. Varginha, n. 3.
Ago/Dez. 2002. 10 p.
2/3 O fichamento é importante para a armazenagem de
informações retiradas do texto. Estes dados poderão ser
utilizados posteriormente nos trabalhos científicos.

6/8 Os principais tipos de fichamento são: tipo citação (cópia fiel da


parte do texto), esboço ou sumário (resumo das principais ideias) e
comentário ou analítico (crítica, discussão e análise do texto).
(Biblioteca particular)

1.6 Fichamento de comentário ou analítico


Comentários, análises, justificativas, críticas, interpretações e comparações. Este fichamento
é de grande valia quando feito logo após o término da leitura da obra. Quando o leitor está lendo com
objetivo determinado, como fazer um trabalho acadêmico (monografia), o comentário já pode ser
direcionado especificamente para o trabalho em questão. Quando terminamos de ler um texto, as
possibilidades de traçar análises, comparações e críticas são muito maiores do que dias depois.
Assim, aos poucos, o trabalho científico vai sendo construído. No final cabe organizar as ideias nas
subdivisões previstas nos trabalhos científicos.

Metodologia científica Fichamento e seu uso nos 1


Trabalhos Acadêmicos

RICHARTZ, Terezinha. Fichamento e seu uso nos Trabalhos


Acadêmicos. Revista Acadêmica da Faceca. Varginha, n. 3. Ago/Dez.
2002. 10 p.

O aluno de graduação apresenta dificuldade na hora de elaborar a análise


ou o comentário de um texto. Esta dificuldade é proveniente da pouca leitura
acumulada pelos alunos de muitos cursos de graduação. Normalmente ele
fica preso ao texto que está usando como base e não consegue extrapolar os
limites desse texto. Por isso, é importante a utilização do fichamento tipo
citação, sobretudo quando o aluno tem facilidade de identificar conceitos
importantes, ideias fundamentais, copiar e fazer os recortes devidos, quando
necessário. Por outro lado, o esboço, ou sumário, exige capacidade de
síntese.
(Biblioteca particular)

2 RESUMO
Resumir é apresentar, de forma objetiva, concisa e seletiva, determinado conteúdo. Isso
significa reduzir a termos breves e precisos a parte essencial de um tema. Saber fazer um bom
resumo é fundamental no percurso acadêmico de um estudante por lhe permitir recuperar
rapidamente ideias, conceitos e informações com as quais ele terá de lidar ao longo de seu curso.
O resumo é "uma apresentação sintética e seletiva das ideias de um texto, ressaltando a
progressão e a articulação entre elas" (MEDEIROS, 2000, p. 123). Resumo não é cópia, não é
substituição de um termo ou outro, não é inversão da ordem da frase, nem deve apresentar crítica,
pois, nesse caso, tornar-se-ia uma resenha ou recensão.
Os resumos são classificados em três tipos:

a) Resumo indicativo: mais breve, compõe-se apenas da ideia principal, não apresentando dados
qualitativos, quantitativos, etc. Digitado em bloco único, é utilizado em notas e comunicações (50 a
100 palavras), "orelhas" de livros, artigos de periódicos e trabalhos de conclusão de curso (100 a 250
29

palavras), relatórios técnico-científicos, dissertações e teses (150 a 500 palavras). É apenas um


indicativo do que trata o texto, não substituindo a consulta ao original;
b) Resumo informativo: expõe finalidades, metodologia, resultados e conclusões, podendo
substituir a consulta ao texto original (MEDEIROS, 2000). Por isso, é o mais extenso dos resumos,
podendo chegar a cerca de 20% do texto completo. Ao se resumir um livro (ou partes dele), um
artigo, etc., o texto deve ser redigido como um todo, com poucas divisões internas e sem se imitarem
as divisões de capítulos/itens do livro ou do artigo que estão sendo resumidos;
c) Resumo crítico: consiste na análise crítica de um texto. É também chamado de resenha ou
recensão. Os resumos críticos, por suas características especiais, não estão sujeitos a limite de
palavras (MEDEIROS, 2000).

Resumir comporta duas partes: 1) a compreensão do texto original; 2) a elaboração de um


texto pessoal. Suas fases são (MEDEIROS, 2000, p. 108):
a) Leitura total do texto;
b) Segunda leitura, atentando-se para o vocabulário e ideias-chave;
c) Aplicação de quatro passos básicos:
• supressão: eliminam-se palavras secundárias (advérbios, adjetivos, preposições, conjunções
– desde que não sejam fundamentais na compreensão do texto –, expressões e ideias
repetidas;
• generalização: trocam-se elementos específicos por termos genéricos. (Exemplo: "O
brasileiro costuma comprar TVs, som e computadores, quando visita os paraísos de compras
como Miami, nos EUA." Generalizando-se: "O brasileiro costuma comprar produtos
eletrônicos, ao visitar 'paraísos de compras' nos EUA.");
• seleção: selecionam-se as informações principais, desprezando-se as secundárias;
• reconstrução: elabora-se um texto pessoal, mas fiel às ideias do autor.
d) Primeira redação do resumo (rascunho): redige-se o rascunho sem recorrer ao original, para evitar
o risco de copiá-lo;
e) Compara-se o resumo (rascunho) com o original e redige-se a versão final, utilizando-se a
supressão, a generalização, a seleção e o rascunho (1ª redação).
(adaptado)
Por isso, um resumo NÃO É um ajuntamento de frases desconexas entre si ou uma
colcha de retalhos de frases e recortes de trechos do livro ou texto, mas a construção de um texto
pessoal que reorganiza as ideias originais de um livro ou obra, sem alterá-las ou criticá-las.
Na construção da redação final do resumo, a ideia do autor do texto original surge
reelaborada, e o principal instrumento disso é a paráfrase, que consiste em se traduzirem "as
palavras de um texto por outras de sentido equivalente, mantendo as ideias originais" (MEDEIROS,
2000, p. 151). Pode-se parafrasear:
 Substituindo-se vocábulos: as palavras são substituídas por termos equivalentes, ou inverte-
se a ordem da frase. Ex.: "O problema, portanto, não é realizar ou não as reformas, mas
como realizá-las" (GENRO, 2000, p. 50). Substituindo ou invertendo: O problema é como
realizarem-se as reformas, não saber se vão ou não ser realizadas. Obs.: deve-se evitar esse
tipo de paráfrase, que não permite autonomia pessoal frente ao texto (MEDEIROS, 2000).
 Fazendo-se um comentário explicativo: desenvolve-se de maneira pessoal, com as próprias
palavras de quem está resumindo, as ideias e argumentos principais do texto. Ex.: "O
problema, portanto, não é realizar ou não as reformas, mas como realizá-las" (GENRO, 2000,
p. 50). Comentando: As reformas certamente devem ser realizadas; a questão que se coloca
é como.

Para que seja inteligível, o resumo deve conter (MEDEIROS, 2000, p. 108-128):

 Introdução: apresentação do autor (suas credenciais, formação e atuação) e do livro


(exposição, em linhas gerais, das ideias mais importantes e da estrutura do livro ou obra), e,
ao final, coloca-se a referência completa;
 Desenvolvimento: assunto do texto, objetivo, metodologia, critérios utilizados e a articulação
das ideias. Cuidado com conjunções ou verbos que indiquem circunstância (a menos que;
deve ser, pode ser) e termos como "somente" e "quase", para que o sentido do texto não seja
30
prejudicado (MEDEIROS, 2000). Deve-se estar atento para não se assumirem as ideias do
autor como se fossem próprias. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)
recomenda, por outro lado, que se evitem expressões como "segundo o autor", "de acordo
com o texto", etc., porque a principal característica do resumo é justamente a de se
reelaborarem as ideias do autor, sendo-se fiel ao sentido original.
 Conclusão: síntese dos principais argumentos do autor.

Dicas: Qual poderia ser o estilo de redação do resumo?


o Usar linguagem pessoal ("busco apresentar neste trabalho...") ou impessoal ("busca-se
apresentar neste trabalho..."), desde que ela seja uniforme ao longo de todo o resumo;
o Usar particípio ou gerúndio (usado, tendo, etc.) e evitar adjetivos.
o Deve ser composto de uma sequência de frases coerentes e concisas, evitando-se
parágrafos longos e tópicos.

Considere o texto:
"A humanidade encontra-se hoje perante um elevado grau de indeterminação quanto ao seu futuro.
Essa indeterminação já é visível a partir de alguns fenômenos: explosão das fronteiras nacionais;
agressão, cada vez mais aguda, ao patrimônio natural e depredação do estoque energético
tradicional; crescimento da pobreza e exclusão [...]" (GENRO, 2000, p. 57)

Exemplificando o resumo, o texto acima poderia ser resumido assim:


Reflete-se sobre a humanidade e o seu futuro incerto, identificável em alguns sintomas: depredação
da natureza e dos recursos energéticos, aumento da miséria e da exclusão, o desmoronamento das
fronteiras nacionais, entre outros. (GENRO, T. Estado, mercado e democracia no "olho da crise". In:
RATTNER, H. (Org.). Brasil no limiar do século XXI. São Paulo: EDUSP/Fapesp, 2000, p. 57-69.)

Modelo de Resumo de Artigo científico:


(aspectos gerais)
• Título; Autor; Resumo; Palavras-chave
(aspectos específicos)
• Objetivo; Metodologia; Conclusão

Exemplo
Título: Uma abordagem conceitual-reflexiva sobre a relação da comunicação com o turismo.
Autora: Rosana Eduardo Leal.
Resumo: O presente artigo busca realizar um estudo preliminar sobre a relação da comunicação com o
turismo, a partir da contextualização do desenvolvimento teórico-científico da comunicação turística. Busca
também compreender a influência dos recursos comunicacionais na construção da imagem, na divulgação dos
destinos turísticos e nas experiências de viagens.
Palavras-chave: comunicação, turismo, desenvolvimento teórico-científico, imagem.

Em trabalhos acadêmicos, o resumo vem precedido da referência do texto a ser analisado ou, no
caso de monografias, por exemplo, vir num único parágrafo, ressaltando o objetivo, o método, os
resultados e as conclusões do estudo realizado; com a inclusão de palavras-chave.
Deve-se privilegiar a voz ativa e a 3ª pessoa.
Quanto à extensão, deve ter:
a) de 150 a 500 palavras os trabalhos acadêmicos (teses, dissertações e outros) e relatórios técnico-
científicos;
b) de 100 a 250 palavras os artigos de periódicos;
c) de 50 a 100 palavras os destinados a indicações breves.

3 RESUMO ESQUEMÁTICO OU ESQUEMA


Esquematizar é topicalizar o que se leu. Na realidade, corresponde a uma representação
gráfica e sintética do texto. O esquema é montado em uma sequência lógica, que apresenta as
principais partes do conteúdo do texto, mediante divisões e subdivisões. Ele facilita a compreensão
do texto, permitindo uma reflexão melhor, além de possibilitar a rápida recordação da leitura no caso
de consultas futuras.
31

Os resumos esquemáticos ou esquemas são constituídos de tópicos, onde se identificam,


entre os elementos ou unidades, relações de coordenação (ideias independentes de um mesmo
nível hierárquico) apresentadas sempre pelo mesmo símbolo – numérico ou alfabético –,
respeitando-se sempre uma mesma estrutura – nominal ou verbal – para os tópicos que se
coordenam ou se subordinam (Renira, 1994, p. 9-10 apud LEAL, Abniza Pontes Barros e FREIRE,
Maria da Conceição. Português instrumental II. Fortaleza: UECE, s.d.)
O esquema é uma forma de resumo muito empregada na elaboração de roteiros de
estudos, planos de aula e/ou apresentações diversas. Pode vir por enumeração, por chaves ou por
caixas. Vejamos um exemplo:

Por chaves:

Platão Arte é pura imitação de algo que é imitação do Mundo das Ideias

Arte

A imitação na arte é pretexto para a atividade artística

O objeto artístico é transitivo, imaterial, inesgotável


Plotino

Acesso à beleza
Finalidade da arte Conhecimento intuitivo
Contemplação do absoluto

4 RESENHA
A resenha é um gênero textual que desempenha um importante papel na divulgação de
trabalhos entre a comunidade acadêmica e de obras em diferentes veículos. Além disso, pode ser
vista como um texto que dá crédito ao trabalho desenvolvido pelos produtores de textos e de obras
de uma determinada área. É uma atividade que exige do produtor conhecimento sobre o assunto
(para estabelecer comparações) e maturidade intelectual do produtor (para fazer avaliações e emitir
juízo de valor), pois amplia o simples resumo.

• Tipos de resenha
Resenha-resumo (Resenha Descritiva):
É um texto que se limita a resumir o conteúdo de um livro, de um capítulo, de um filme, de
uma peça de teatro ou de um espetáculo, sem qualquer crítica ou julgamento de valor. Trata-se de
um texto informativo, pois o objetivo principal é informar o leitor.

Resenha-crítica (Resenha Avaliativa):


É um texto que, além de resumir o objeto, faz uma avaliação sobre ele, uma crítica,
apontando os aspectos positivos e negativos. Trata-se, portanto, de um texto de informação e de
opinião, também denominado de recensão crítica.

• Objetivo da resenha
Divulgar objetos de consumo cultural: livros, filmes peças de teatro, etc. Por isso a resenha
é um texto de caráter efêmero, pois "envelhece" rapidamente, muito mais que outros textos de
natureza opinativa.

• Extensão da resenha
A extensão da resenha depende do espaço que o veículo reserva para esse tipo de texto. Em
geral, não se trata de um texto longo, como normalmente feito nos cursos superiores.
32

• O que deve constar numa resenha


· O título
O texto-resenha, como todo texto, tem título e pode ter subtítulo, conforme os exemplos, a seguir:

Título da resenha: Astro e vilão


Subtítulo: Perfil com toda a loucura de Michael Jackson
Livro: Michael Jackson: uma Bibliografia não Autorizada (Christopher Andersen) - Veja, 4 de outubro, 1995
Título da resenha: Com os olhos abertos
Livro: Ensaio sobre a Cegueira (José Saramago) - Veja, 25 de outubro, 1995
Título da resenha: Estadista de mitra
Livro: João Paulo II - Bibliografia (Tad Szulc) - Veja, 13 de março, 1996

· A referência bibliográfica da obra e alguns dados bibliográficos do autor da obra resenhada


Constam da referência bibliográfica: Nome do autor; Título da obra; Nome da editora; Data da
publicação; Lugar da publicação; Número de páginas; Preço
Obs.: Às vezes não consta o lugar da publicação, o número de páginas e/ou o preço. Os dados da
referência bibliográfica podem constar destacados do texto, num "box" ou caixa. Exemplo:

Ensaio sobre a cegueira, o novo livro do escritor português José Saramago (Companhia das Letras; 310
páginas; 20 reais), é um romance metafórico (...) (Veja, 25 de outubro, 1995).

· O resumo ou síntese do conteúdo


O resumo que consta numa resenha apresenta os pontos essenciais do texto e seu plano
geral. Pode-se resumir agrupando em um ou vários blocos os fatos ou as ideias do objeto resenhado.
Veja exemplo do resumo feito de "Língua e liberdade: uma nova concepção da língua materna e seu
ensino" (Celso Luft), na resenha intitulada "Um gramático contra a gramática", escrita por Gilberto
Scarton.

"Nos 6 pequenos capítulos que integram a obra, o gramático bate, intencionalmente, sempre na mesma tecla -
uma variação sobre o mesmo tema: a maneira tradicional e errada de ensinar a língua materna, as noções
falsas de língua e gramática, a obsessão gramaticalista, a inutilidade do ensino da teoria gramatical, a visão
distorcida de que se ensinar a língua é se ensinar a escrever certo, o esquecimento a que se relega a prática
linguística, a postura prescritiva, purista e alienada - tão comum nas "aulas de português".
O velho pesquisador apaixonado pelos problemas de língua, teórico de espírito lúcido e de larga formação
linguística e professor de longa experiência leva o leitor a discernir com rigor gramática e comunicação:
gramática natural e gramática artificial; gramática tradicional e linguística; o relativismo e o absolutismo
gramatical; o saber dos falantes e o saber dos gramáticos, dos linguistas, dos professores; o ensino útil, do
ensino inútil; o essencial, do irrelevante".

Pode-se também resumir de acordo com a ordem dos fatos, das partes e dos capítulos. Veja
o exemplo da resenha "Receitas para manter o coração em forma" (Zero Hora, 26 de agosto, 1996),
sobre o livro "Cozinha do Coração Saudável", produzido pela LDA Editora, com o apoio da Beal.

Receitas para manter o coração em forma


"Na apresentação, textos curtos definem os diferentes tipos de gordura e suas formas de atuação no
organismo. Na introdução os médicos explicam numa linguagem perfeitamente compreensível o que é preciso
fazer (e evitar) para manter o coração saudável. As receitas de Cozinha do Coração Saudável vêm distribuídas
em desjejum e lanches, entradas, saladas e sopas; pratos principais; acompanhamentos; molhos e
sobremesas. Bolinhos de aveia e passas, empadinhas de queijo, torta de ricota, suflê de queijo, salpicão de
frango, sopa fria de cenoura e laranja, risoto com açafrão, bolo de batata, alcatra ao molho frio, purê de
mandioquinha, torta fria de frango, crepe de laranja e peras ao vinho tinto são algumas das iguarias".

· A avaliação crítica
A resenha avaliativa não deve ser vista ou elaborada mediante um resumo a que se
acrescenta, ao final, uma avaliação ou crítica. A postura crítica deve estar presente desde a primeira
linha, resultando num texto em que o resumo e a voz crítica do resenhista se interpenetram. O tom
da crítica poderá ser moderado, respeitoso ou até agressivo.
33

Deve-se lembrar que os resenhistas – como os críticos em geral – também se tornam objetos
de críticas por parte dos "criticados" (diretores de cinema, escritores, etc.), que revidam os ataques
qualificando os "detratores da obra" de "ignorantes" (não compreenderam a obra) e de
"impulsionados pela má-fé".

Exemplo de resenha crítica


Recentemente, J.K. Rowling, a criadora de Harry Potter, lançou Os Contos de Beedle, o Bardo (Rio de
Janeiro: Rocco), mesmo após ter declarado que “Harry Potter e as Relíquias da Morte”, o sétimo livro da série,
encerraria a saga do bruxo. De fato, neste livro não sabemos nada mais de Harry, já que nem mesmo ele é
citado na obra. Entretanto, Beedle nos leva de volta ao mundo dos bruxos, ao universo de Harry Potter; além
disso, seus contos, como se sabe, foram citados e lidos por seus colegas de escola. A propósito, segundo
Rowling, o que a levou a publicar essa coletânea de histórias (já foram publicados “Animais fantásticos e onde
habitam” e “Quadribol através dos séculos”) foi uma “novíssima tradução dos contos feita por Hermione
Granger”, a amiga sabida de Harry Potter.
O livro de Rowling traz cinco “histórias populares para jovens bruxos e bruxas”, mas que, com as notas
explicativas da autora, podem ser perfeitamente lidas pelos “trouxas” (como Rowling se refere às pessoas sem
poderes mágicos, como nós). Nessas notas, Rowling esclarece alguns termos próprios do mundo dos bruxos
como, por exemplo, “inferi”, que, “são cadáveres reanimados por magia”.
No mundo dos bruxos, Beedle, poder-se-ia dizer, tem a importância do escritor dinamarquês Hans
Christian Andersen e suas histórias se assemelham em muitos aspectos aos nossos contos de fada. Aliás,
seus contos tiveram o mesmo destino dos nossos contos de fadas, ou seja, caíram no gosto das crianças e,
como lemos no prefácio do livro, são usualmente contadas antes de dormir. Ademais, como afirma Rowling,
nesses contos, assim como costuma acontecer nos contos de fadas, “a virtude é normalmente premiada e o
vício castigado”.
Nos contos de Beedle, no entanto, a magia nem sempre é tão poderosa quanto se pensa: seus
personagens, apesar de serem dotados de poderes mágicos, não conseguem resolver seus problemas
somente com magia. As histórias mostram, desse modo, que ao contrário do que se pensa, a mágica pode
tanto resolver quanto causar problemas ou pode também não ter efeito nenhum.
Quanto às heroínas do livro, elas são em geral bem diferentes daquelas dos contos de fada
“tradicionais”, ou seja, ao invés de esperarem por um príncipe que as venham salvar, elas enfrentam o próprio
destino. No conto “A Fonte da Sorte”, por exemplo, são as três bruxas, Asha, Altheda e Amata, que procuram
(juntas) a solução para seus próprios problemas. Elas buscam amor, esperança e a cura para uma doença na
chamada “fonte da sorte”. Ao final da estória, elas alcançam aquilo que desejam, muito mais por méritos
próprios do que pela magia das águas da fonte que, mesmo sem saberem, “não possuíam encanto algum”.
Na verdade, os heróis dos contos não são aqueles com maiores poderes mágicos, mas sim aqueles
que demonstram bom senso e que agem com gentileza. Um exemplo é “O conto dos três irmãos”, onde o
irmão mais novo, ao se confrontar com a Morte “em pessoa” não tenta trapaceá-la nem fazer mal a alguém.
Desse modo, ao contrário dos seus irmãos, ele tem um final feliz, pois “acolheu, então, a Morte como uma
velha amiga e acompanhou-a de bom grado, e, iguais, partiram desta vida”.
Para aqueles que sentiam falta de Dumbledore, o poderoso mago Diretor de Hogwarts, J.K. Rowling
mata um pouco da saudade: no final de cada conto, há explicações e comentários do bruxo, os quais foram
encontrados após sua morte. Suas explanações são bem pertinentes: elas mostram, por exemplo, que no
mundo dos bruxos existia um preconceito contra os não-bruxos (os “trouxas”), há ponto de excluí-los dos
contos, ou dar-lhes apenas o papel de vilões, e também alertam para o fato de que alguns dos contos foram
censurados ao longo da história e adaptados para que se tornassem “adequados para as crianças”. Isso se
assemelha muito àquilo que aconteceu com os contos de fada de um modo geral, os quais sofreram mudanças
no enredo para que pudessem se adequar melhor à escola e ao mundo da criança. No entanto, os contos que
nos são apresentados no livro são, segundo Dumbledore, os originais, ou seja, são os contos escritos por
Beedle há muito tempo, sem adaptações.
Outras questões são trazidas à tona nos contos: amor, tolerância, sentimentos e, como se viu, até
mesmo a morte. Isso porque as histórias mostram como a magia não pode resolver tudo e o quão inútil é lutar
contra a morte. Sabe-se que a mágica não é capaz de restituir o bem mais precioso: a vida.
Os contos, traduzidos por Hermione Granger das runas, são inéditos, com exceção de “O conto dos
três irmãos”, uma história contada para Harry, Rony e Hermione no sétimo livro da série de aventuras de Harry
Potter (no capítulo 21, que leva o mesmo título do conto), que tem papel crucial no fim da saga do jovem bruxo.
Quanto às ilustrações do livro, quem as assina é a própria J.K. Rowling, que doou parte do lucro obtido
com a venda de Os Contos de Beedle, o Bardo para o “Children’s High Level Group”, uma organização
responsável por ajudar cerca de um quarto de milhão de crianças a cada ano.
Em Os Contos de Beedle, o Bardo, sentimo-nos de volta ao “mundo mágico de Harry Potter”. Pena que
as 103 páginas do livro acabem tão rápido: para o leitor entusiasta do mago inglês e acostumado com as suas
aventuras narradas ao longo de mais de 700 páginas fica um gostinho de “quero mais”. Depois de Beedle,
resta aos fãs da magia de Rowling esperar até julho de 2009, quando será lançada a primeira parte do sexto
filme baseado na saga de Harry Potter, “Harry Potter e o Príncipe Mestiço”.
34

No mundo dos livros, no entanto, parece que finalmente (e infelizmente), a saga de Potter ganhou seu
ponto final. Será?
(Leonardo da Silva é graduando do curso de Letras da UFSC.
Retirado do endereço: http://www.lendo.org/resenha-contos-beedle-bardo/)

E como se inicia uma resenha?


Pode-se começar uma resenha citando-se imediatamente a obra a ser resenhada. Veja os
exemplos:

"Língua e liberdade: por uma nova concepção da língua materna e seu ensino" (L&PM, 1995, 112
páginas), do gramático Celso Pedro Luft, traz um conjunto de ideias que subvertem a ordem estabelecida no
ensino da língua materna, por combater, veementemente, o ensino da gramática em sala de aula.
Mais um exemplo:
"Michael Jackson: uma Bibliografia Não Autorizada (Record: tradução de Alves Calado; 540 páginas, 29,90
reais), que chega às livrarias nesta semana, é o melhor perfil de astro mais popular do mundo". (Veja, 4 de
outubro, 1995).

Outra maneira bastante frequente de iniciar uma resenha é escrever um ou dois parágrafos
relacionados com o conteúdo da obra. Observe o exemplo da resenha sobre o livro "História dos
Jovens" (Giovanni Levi e Jean-Claude Schmitt), escrita por Hilário Franco Júnior (Folha de São
Paulo, 12 de julho, 1996).

O que é ser jovem


Hilário Franco Júnior
Há poucas semanas, gerou polêmica a decisão do Supremo Tribunal Federal que inocentava um acusado de
manter relações sexuais com uma menor de 12 anos. A argumentação do magistrado, apoiada por parte da
opinião pública, foi que "hoje em dia não há menina de 12 anos, mas mulher de 12 anos".
Outra parcela da sociedade, por sua vez, considerou tal veredicto como a aceitação de "novidades imorais de
nossa época". Alguns dias depois, as opiniões foram novamente divididas diante da estatística publicada pela
Organização Mundial do Trabalho, segundo a qual 73 milhões de menores entre 10 e 14 anos de idade
trabalham em todo o mundo. Para alguns isso é uma violência, para outros um fato normal em certos quadros
socioeconômicos e culturais.
Essas e outras discussões muito atuais sobre a população jovem só podem pretender orientar
comportamentos e transformar a legislação se contextualizadas, relativizadas. Enfim, se historicizadas. E para
isso a "História dos Jovens" - organizada por dois importantes historiadores, o modernista italiano Giovanno
Levi, da Universidade de Veneza, e o medievalista francês Jean-Claude Schmitt, da École des Hautes Études
em Sciences Sociales - traz elementos interessantes.

Há, evidentemente, numerosas outras maneiras de se iniciar um texto-resenha. A leitura


(inteligente) desse tipo de texto poderá aumentar o “leque” de opções para iniciar uma recensão
crítica de maneira criativa e cativante.

5 O ARTIGO CIENTÍFICO
De acordo com NBR 6022, artigo científico é “parte de uma publicação com autoria
declarada, que apresenta e discute idéias, métodos, técnicas, processos e resultados nas diversas
áreas do conhecimento.”1

5.1 Estrutura
O artigo científico possui a mesma estrutura dos demais trabalhos científicos:

ELEMENTOS ITENS FREQUÊNCIA


− Título, e subtítulo (se houver); Obrigatório
Pré-textuais − Nome(s) do(s) autor(es); Obrigatório
− Resumo na língua do texto; Obrigatório
− Palavras-chave na língua do texto; Obrigatório 35
− Resumo em língua estrangeira; Obrigatório
− Palavras-chave em língua estrangeira; Obrigatório
− Introdução; Obrigatório
1
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6022: Informação e documentação: artigo em
publicação periódica científica impressa – apresentação. Rio de Janeiro: mai. 2002, p. 2.
Textuais − Desenvolvimento; Obrigatório
− Conclusão. Obrigatório
− Título, e subtítulo (se houver) em língua Obrigatório
estrangeira; Obrigatório
− Nota(s) explicativa(s); Obrigatório
Pós-textuais − Referências; Obrigatório
− Glossário; Opcional
− Apêndice(s); Opcional
− Anexo(s). Opcional

5.1.1 Elementos pré-textuais


São as partes preliminares que apresentam informações necessárias para melhor
caracterização e reconhecimento da origem e autoria do trabalho. Veja na ilustração, ao final da
apostila, a forma de utilização adequada desses elementos.

5.1.2 Elementos textuais

5.1.2.1 Introdução
Segundo a NBR 6022 (2003, p. 4), introdução é a “parte inicial do artigo, onde devem
constar a delimitação do assunto tratado, os objetivos da pesquisa e outros elementos necessários
para situar o tema do artigo”. Tais elementos são: trabalhos anteriores sobre o tema, justificativas
para a escolha do assunto e dos métodos adotados, problemas motivadores do estudo, hipóteses
levantadas e principais resultados – aspectos esses que permitem ao leitor ter uma visão geral do
artigo.

5.1.2.2 Desenvolvimento
Parte principal e mais extensa do trabalho, na qual se deve apresentar a fundamentação
teórica, a metodologia, os resultados e a discussão. De acordo com a NBR 6024 (2003), divide-se
em seções e subseções, que variam em função da abordagem do tema e do método.
Dessa forma, o desenvolvimento pode ser subdividido em três etapas: a) revisão da
literatura; b) material e métodos; e c) resultados e discussão, conforme segue:
a) A revisão da literatura tem um papel fundamental no artigo científico, uma vez que é por
meio dela que o trabalho é situado dentro de uma grande área de pesquisa. Também é por
intermédio dela que se reporta e avalia o conhecimento produzido em pesquisas prévias, destacando
conceitos, procedimentos, resultados, discussões e conclusões relevantes para o trabalho.
b) A etapa de material e métodos compreende a exposição do(s) material(is) empregado(s)
e a descrição das técnicas adotadas durante o desenvolvimento do trabalho, de tal forma que possa
permitir a repetição do experimento ou estudo com a mesma exatidão por outros pesquisadores.
c) Já na etapa de resultados e discussão, o autor deve apresentar e discutir resultados
obtidos em sua pesquisa, de forma precisa e clara, analisando e apresentando os dados nas
diversas formas (valores estatísticos, tabelas, figuras etc.), como também relacionando causas e
efeitos, procurando esclarecer as teorias e os princípios, ressaltando os aspectos que confirmem ou
refutem as teorias estabelecidas, mostrando novas perspectivas e/ou limitações para a continuidade
da pesquisa.

5.1.2.3 Conclusão
É a parte do artigo em que o autor irá destacar os resultados obtidos, apontando críticas,
recomendações e sugestões para pesquisas futuras. É um fechamento do trabalho estudado,
devendo responder às hipóteses enunciadas e aos objetivos do estudo, que foram apresentados na
introdução.

5.1.3 Elementos pós-textuais


São os elementos que compreendem as informações que irão complementar o artigo
científico:
 Título e subtítulo (se houver) em língua estrangeira.
 Resumo em língua estrangeira da versão na língua do texto.
36

 Notas explicativas: usadas para fazer certas considerações que não caberiam no texto sem
quebrar a sequência lógica. Segundo a NBR 6022 (2003), são enumeradas com algarismos
arábicos, numa ordenação única e consecutiva para cada artigo, sem iniciar a cada página.
 Referências: consistem, segundo a NBR 6023 (2003), de uma lista ordenada dos documentos
efetivamente citados no texto, que permite a identificação, no todo ou em parte, de
documentos impressos ou registrados em diferentes tipos de materiais.
 Glossário: relação em ordem alfabética de palavras pouco conhecidas, ou estrangeiras, ou
termos e expressões técnicas com seus respectivos significados.
 Apêndices: material elaborado pelo autor que se junta ao texto para complementar sua
argumentação.
 Anexos: material complementar ao texto para servir de fundamentação, comprovação ou
exemplificação que não seja elaborado pelo autor.

5.2 Apresentação gráfica do artigo científico

5.2.1 Papel, formato e impressão


O texto deve ser digitado no anverso da folha, utilizando-se papel no formato A4, (210 x 297
mm), e impresso na cor preta, com exceção das ilustrações. O tipo de fonte a ser utilizada é TIMES
NEW ROMAN e o tamanho da fonte deve ser 12 para o título do artigo (em letras maiúsculas), o
texto (introdução, desenvolvimento e conclusão) e as referências. O tamanho da fonte deve ser 10
para nome(s) do(s) autor(es), titulação do(s) autor(es), notas de rodapé, resumo, palavras-chave,
abstract, key-words, citações diretas longas, paginação, legendas das ilustrações e das tabelas.

5.2.2 Margens
As margens são formadas pela distribuição do próprio texto no papel, justificado, dentro dos
limites padronizados com as seguintes medidas: Superior e esquerda: 3,0 cm; Inferior e direita: 2,0
cm.

5.2.3 Paginação
A numeração deve ser colocada no canto superior direito, a 2 cm da borda do papel com
algarismos arábicos e tamanho da fonte menor (10). A primeira página não leva número, mas é
contada.

5.2.4 Espaçamento
O espaçamento entre as linhas é de 1,5 cm. As notas de rodapé, o resumo, as legendas de
ilustrações e tabelas, as citações textuais de mais de três linhas devem ser digitadas em espaço
simples. As referências listadas no final do trabalho devem ser digitadas em espaço simples e
separadas entre si por um espaço duplo.

6 PAPER
O paper é um artigo menos abrangente, um pequeno artigo. De acordo com Souza (apud
TEIXEIRA, 2005, p. 45), as características desse trabalho acadêmico “podem convencionalmente
consistir em atividade acadêmica, servindo usualmente como um trabalho escrito para a avaliação do
desempenho em seminários, cursos e disciplinas. Devem possuir a mesma estrutura formal de um
artigo”.
Ainda conforme essa autora, as principais características do paper são: “a) estudo sobre um
autor; b) estudo de um tema num autor; c) estudo de uma obra de um autor; e d) estudo de um tema/
questão/ problema em diversos autores”. (apud TEIXEIRA, Elizabeth. As Três Metodologias:
acadêmica, da ciência e da pesquisa. Petrópolis: Vozes, 2005. p.45).

7 SEMINÁRIO
É uma das técnicas de dinâmica de grupo mais eficientes para a aprendizagem, porque
estimula a pesquisa e a discussão. O seminário pode ser apresentado em eventos científicos, como
congressos, encontros e simpósios, assim como constitui uma das atividades mais praticadas nos
cursos de graduação e pós-graduação.
37

Pode ocorrer pautado na discussão de textos ou de temas pesquisados, fomentando a


reflexão através do debate.
Dentre as suas principais características, destacamos que o seminário:
1. Inclui pesquisa e discussão (debate);
2. Não é apenas um resumo ou síntese de estudo, mas um momento de divulgação e partilha
da investigação realizada;
3. É uma forma de comunicação mais restrita;
4. Assemelha-se a um grupo de estudo, mas também pode ser feito individualmente;
5. Integra ensino, pesquisa e debate.

O primeiro passo é a pesquisa bibliográfica, requisito indispensável. Mas esse trabalho de


pesquisa deve ser planejado e orientado pelo professor que, baseando-se nos conteúdos da
disciplina, define os critérios e os objetivos que os participantes devem alcançar. A pesquisa conduz
à discussão do material coletado, fomentando o debate. Os seminários aprofundam o estudo e o
conhecimento sobre determinado assunto, desenvolvem a capacidade de pesquisa e análise,
preparando para a elaboração clara e objetiva dos trabalhos científicos, e fortalece o sentimento de
comunidade intelectual. Os seminários possuem etapas quanto à sua expressão escrita e uma
estrutura específica de apresentação oral. Vejamos:

A introdução é uma breve exposição do tema central selecionado para a pesquisa. O


conteúdo corresponde ao desenvolvimento e deve ser apresentado seguindo uma sequência
organizada, tornando claros os objetivos do seminário. A conclusão traz a síntese do seminário e a
bibliografia relaciona todos os documentos científicos que foram utilizados e citados.
Quanto à estrutura, vamos saber quem são os participantes da apresentação:
• O coordenador é o professor que orienta a pesquisa.
• O relator (ou relatores) expõe(m) os resultados obtidos. Pode ser um só elemento, vários ou
todos do grupo, cada um apresentando um aspecto do conteúdo.
• O comentador pode ser um estudante de outro grupo ou um grupo diferente do responsável
pelo seminário. O comentador se compromete em estudar com antecedência o tema para
fazer críticas e questionamentos adequados à exposição, antes de iniciar o debate. A figura
do comentador só aparece quando o coordenador deseja um aprofundamento crítico dos
trabalhos.
• Os debatedores correspondem a todos os alunos da classe, enfim, a todos os ouvintes do
seminário. Depois da exposição e da crítica do comentador (se houver), os debatedores
devem participar fazendo perguntas, pedindo esclarecimentos, colocando objeções,
reforçando argumentos ou dando alguma contribuição.

Nos seminários realizados em grupo, pode haver a necessidade de um organizador,


responsável pela distribuição das tarefas. Existem algumas normas que devem pautar as
apresentações (oral e escrita) de um seminário.
Quanto à sua apresentação escrita, o seminário segue normas gerais de elaboração dos
trabalhos acadêmicos. Quanto à apresentação oral, Ana Paula Amorim (2005, p.3) destaca que
alguns elementos devem ser respeitados pelos participantes do seminário:
• Domínio do assunto por todos os componentes do grupo;
• Exposição clara dos conceitos;
• Seleção qualitativa e quantitativa do material coletado;
• Adequação da extensão do relato ao tempo disponível;
• Sequência no discurso explanado e encadeamento das partes.
38

Para a apresentação oral, podem ser utilizados materiais de ilustração, tais como cartazes ou
projeções de slides. No entanto, Amorim (2005, 03) adverte que as informações e legendas devem
aparecer em contraste com a cor do papel (ou slide) utilizado, observando o tamanho da fonte para
que a leitura não seja comprometida pelos alunos mais afastados da exposição. Quando se tratar de
imagens ou desenhos, os critérios de tamanho e legibilidade das ilustrações devem ser igualmente
observados.
O debate é o momento mais importante do seminário! Conduz à reflexão, proporciona o
confronto de opiniões e fomenta a crítica, levando a um aprofundamento do conteúdo e à construção
da aprendizagem. Como destaca Elisabete de Pádua, é o debate que “caracteriza o seminário como
uma técnica geradora de novas ideias, despertando a curiosidade dos participantes, levando a novas
indagações sobre o assunto [...].”

Com base em: AMORIM, Ana Paula. Metodologia do Trabalho Científico. Disponível em:
<http://ilearn.ead.ftc.br/> Acesso em: 09 ago. 2006.

OUTRAS OBSERVAÇÕES SOBRE SEMINÁRIOS


O seminário é um procedimento que usa dinâmica de grupo para aprofundamento, estudo e
pesquisa. Segundo Severino (2001, p. 63-69), visa a aprofundar a reflexão sobre determinado
problema a partir da utilização de textos/equipes. É um “círculo de debates” para o qual todos devem
estar suficientemente preparados.
Pode incluir o uso de recursos visuais na apresentação inicial, mas seu objetivo é leitura,
análise e interpretação de textos acerca de um determinado tema. Existem diversos tipos, entre eles:

 Seminário de pesquisa: são apresentados, discutidos e avaliados os resultados e/ou


estágios de pesquisas.
 Seminário temático: os participantes apresentam trabalhos, diversificados quanto à maneira
de abordagem do tema, mas convergentes na temática. Um seminário sobre violência, por
exemplo, pode apresentar e discutir visões diferentes acerca do tema; nesse caso, pode-se
lançar mão de outros recursos (vídeo, murais, símbolos, etc.).
 Seminário de leitura e estudo de textos: escolhem-se diversos textos por tema, os quais
todos os participantes devem ler, para que ocorra um debate profícuo. Debatem-se os textos
sob diversos ângulos de análise. A lista das fontes precisa ser bem selecionada. Apesar de
ser um expediente muito utilizado, por demandar menor tempo, não é recomendável a divisão
de páginas de leitura ou capítulos de uma mesma obra entre os membros do grupo. Isso
dificulta a visão do todo. O ideal é que todos leiam integralmente o texto e, depois, discutam a
forma de apresentação.

Procedimentos importantes para a boa realização de um seminário:


• Recomenda-se que cada equipe responsável pelo seminário tenha no máximo quatro ou
cinco integrantes;
• A equipe deve reunir-se algumas vezes antes da apresentação, para melhor preparar o
seminário;
• A arrumação do local deve permitir o diálogo coletivo (disposição circular é uma alternativa,
entre outras);
• É necessário um relatório, ou texto-roteiro, escrito e distribuído com antecedência
(aproximadamente uma semana antes) aos participantes. Isso ajudará na efetiva participação
de todos. Esse texto deve conter os principais aspectos do assunto a ser abordado no
seminário com a seguinte estrutura: apresentação geral da temática, breve visão de conjunto,
esquema (pontos que compõem o tema), questões e texto-base (trecho de um livro, artigo,
etc., que sirvam de base às discussões);
• O professor, ou o coordenador do seminário, distribui o tempo das etapas e realiza
intervenções oportunas;
• O tempo deve ser dividido de forma a se contemplarem os seguintes momentos: breve
apresentação inicial do tema, apresentação das questões norteadoras, amplo debate acerca
do tema e breve conclusão.
39

O seminário precisa ser planejado com antecedência, e sua montagem deve contemplar o tema, as
fontes de pesquisa, a montagem do texto-roteiro a ser entregue aos participantes, as tarefas dos
membros do grupo responsável, o tempo para a exposição inicial e para o debate e os recursos
didáticos que serão utilizados.

8 PAINEL
Ao contrário do que imaginamos, o painel é uma atividade de divulgação científica que não
necessariamente precisa apresentar cartazes. Consiste na reunião de vários interessados que
expõem suas ideias sobre determinado assunto, de maneira informal e dialogada. A participação é
espontânea, o que possibilita uma troca de ideias e conduz ao conhecimento aprofundado do tema.
Em geral, participam da exposição de três a cinco especialistas em um determinado assunto,
que realizam o debate sob a coordenação de um moderador. A função do moderador é inaugurar os
trabalhos, apresentar o tema e os debatedores aos ouvintes. Além disso, ele deve coordenar a
apresentação de cada um, organizando a discussão.

OS PAINÉIS PODEM SER:


De interrogação: Os participantes responderão questões básicas indicadas pelo professor.
De debate: Além de expressar ideias, os participantes também questionam as ideias dos demais.

9 MESA REDONDA
A mesa-redonda apresenta pontos de vista variados acerca de um mesmo tema. Os
participantes, no máximo seis, conhecem previamente o texto dos outros expositores e podem
apresentar questionamentos aos membros da mesa. Fundamentada sobre um tema específico, é
seguida de uma sessão de perguntas e debates.
 Apresentação de um tema sob pontos de vista diferentes e até mesmo divergentes;
 Os participantes conhecem previamente o texto do expositor;
 Após a exposição, os demais participantes apresentam os seus comentários críticos;
 A palavra retorna ao expositor, que poderá concedê-la à plateia.

10 PALESTRA
A palestra é uma exposição oral sobre um tema – de natureza científica, literária, cultural,
religiosa ou política, etc. – cujo objetivo maior é a exposição de determinado conhecimento e a troca
de experiências a ele relacionadas. O palestrante deve informar, esclarecer e divulgar um tema
relacionado ao seu trabalho e desenvolver uma apresentação metódica e estruturada, de forma
objetiva e clara.
É comum que se posicione diante de uma plateia, cujos ouvintes têm interesse no assunto a
ser abordado, podendo, em alguns casos, manifestar-se também. A palestra, por ser temática, pode
ser apresentada no contexto de eventos mais abrangentes como congressos, simpósios e encontros
científicos.

Adaptado de: PARRA FILHO, Domingos. SANTOS, João Almeida. Metodologia Científica. 6. ed. São Paulo: Futura, 1998.

11 CONFERÊNCIA
Modalidade de comunicação oral que ocorre na comunidade científica. Trata-se de
apresentação mais curta que as palestras. É uma exposição científica sobre um tema, realizada por
um especialista na área. Pode ou não permitir a participação da plateia, que lança questionamentos
ao conferencista para que ele possa esclarecer pontos que não ficaram claros. Possui, em média, a
duração de uma hora.

12 RELATÓRIO
Podemos dizer que relatório é uma exposição detalhada de um evento qualquer (que ocorreu
e foi observado), através da qual um profissional ou acadêmico faz o relato de sua própria atividade
ou da de um grupo ao qual pertence. O objetivo é comunicar ao leitor a experiência acumulada pelo
autor (ou pelo grupo) na realização do trabalho e os resultados obtidos. Dessa forma, na elaboração
de um relatório, qualquer que seja seu tipo, a preocupação maior deve estar voltada para a eficiência
da comunicação.
40

O relatório é incluído entre os tipos de trabalhos acadêmico-científicos por ser uma


modalidade escrita solicitada com alguma regularidade ao aluno de graduação, em diversas
disciplinas, com vistas a um conjunto bastante variado de propósitos pedagógicos. Podemos apontar
diferentes modalidades de relatório, dentre as quais: a) o relato complementar posterior (analítico
e conclusivo) de atividades práticas – visitas, viagens de estudo, experimentos ou testes de
laboratório, observação de eventos, aplicação de uma determinada técnica, realização de uma
intervenção ou procedimento especializado, etc. – desenvolvidas pelos alunos; b) o relato dos
resultados de uma pesquisa, baseado na coleta, análise, codificação, tabulação, tratamento
estatístico e interpretação de dados pesquisados.

Procedimentos
A estrutura e a organização de um relatório serão variáveis conforme seus objetivos e
destinação. A elaboração de um relatório se inicia por uma reflexão sobre sua finalidade; para isso,
são úteis três perguntas:
- O que deve ser relatado? – da resposta a esta pergunta resulta um roteiro ou esquema do conteúdo
do relatório;
- para quem deve ser relatado? – essa pergunta pode ajudar a decidir quanto ao tipo de relatório
(formal, informal ou semiformal), nível de complexidade e aprofundamento do conteúdo, estilo da
redação, etc.;
- por que deve ser relatado? – essa pergunta auxilia a decidir se o relatório será informativo ou
analítico e a esclarecer aspectos relativos à abordagem e tratamento das informações e/ou
conclusões e recomendações a serem apresentadas.

CORPO DO RELATÓRIO DO TIPO COMPLEMENTAR DE ATIVIDADES PRÁTICAS


Sugestão de roteiro
– Elementos textuais:
1. Dados de identificação
- quem: identifica o(s) autor(es) do relatório;
- quando e onde: identificam o local e a data em que a atividade relatada foi realizada;
- o quê: identifica a atividade realizada.
2. Finalidade da atividade
3. Descrição da atividade
4. Conclusões/recomendações
5. Assinatura do(s) autor(es)
– Elementos pós-textuais:
– Referências (caso existam)
– Anexos / apêndices

É importante lembrar que o roteiro do relatório deve ser adaptado às necessidades da


disciplina ou aos propósitos da atividade realizada. Os roteiros apresentados acima são sugestões
para que o professor possa, a partir dessas ideias, criar o modelo de relatório que melhor contemple
as necessidades de formação do seu aluno.
A melhor maneira de relatar a sequência de desenvolvimento de uma atividade é cuidar para
que a exposição seja clara e o estilo seja simples, preciso e objetivo, marcado pelo uso de termos
técnicos adequados, pela observância das regras gramaticais, pela ausência de períodos longos,
detalhes desnecessários ou adjetivação excessiva.

CORPO DO RELATÓRIO DE PESQUISA CIENTÍFICA


Partes
A) Apresentação
a) Capa (entidade; título e subtítulo, se houver; coordenador(es); local e data)
b) Página de Rosto (entidade; título e subtítulo, se houver; coordenador(es); equipe técnica;
local e data)
B) Sinopse (Abstract)
C) Sumário
D) Introdução
a) Objetivo (tema; delimitação; objetivo geral; objetivos específicos)
41

b) Justificativa
c) Objeto (problema; hipóteses; variáveis)
E) Revisão bibliográfica
F) Metodologia (método de abordagem; métodos de procedimento; técnicas; delimitação do universo;
tipo de amostragem; tratamento estatístico)
G) Embasamento teórico
a) Teoria de base;
b) Definição de termos
c) Conceitos operacionais e Indicadores
H) Apresentação dos dados e sua análise (dividido em capítulos)
I) Interpretação dos resultados (dividido em capítulos)
J) Conclusões
K) Recomendações e Sugestões
L) Apêndices
a) Tabelas
b) Quadros
c) Gráficos
d) Outras ilustrações
e) Instrumentos de pesquisa
M) Anexos
N) Bibliografia

(LAKATOS e MARCONI, 2009, páginas 134 a 138)

O relatório de pesquisa é uma descrição objetiva dos fatos que ocorreram na pesquisa. Além
disso, o pesquisador faz análise deles para chegar a conclusões ou tomar decisões.
Tendo projetado a pesquisa, estruturado o projeto, realizado a apresentação, estabelecido o
objetivo, delimitado o tema, apresentado as justificativas, passa-se a abordar o objeto da pesquisa, o
problema que se quer resolver. É hora de estabelecer as hipóteses básicas, as secundárias, as
variáveis (e a relação entre elas). Em seguida, passa-se a comentar a metodologia de pesquisa
utilizada, os métodos de abordagem (indutivo, dedutivo, dialético), os métodos de procedimento
(histórico, comparativo, estudo de caso).
O relatório deve responder às seguintes perguntas: O quê? Por quê? Para quê? Para quem?
Onde? Como? Com quê? Quanto? Quando? Quem? Com quanto?
O pesquisador se utilizará de técnicas para a elaboração da pesquisa, que são o instrumental
necessário a uma ciência para alcançar metas estabelecidas. A metodologia da pesquisa implica a
delimitação do universo que será investigado (corpus), o tipo de amostragem, o tratamento dos
dados estatísticos.
Ainda no início do relatório, o autor exporá a revisão bibliográfica. Não se admite pesquisa
que parta do nada, sem revisão da literatura, exceto nos casos de originalidade do tema. Essa
revisão permite novos pontos de vista, confirmação de resultados obtidos por outrem, reformulação
de conclusões e ainda apresentação da contribuição da pesquisa.
Outra etapa importante refere-se à definição dos termos, das palavras utilizadas. Faz-se em
seguida o cronograma da pesquisa, início e fim, bem como o orçamento dos possíveis gastos à sua
realização. Convém ainda esclarecer os instrumentos a serem usados: questionários, formulários,
testes, etc. E, finalmente, apresenta-se um elenco bibliográfico da pesquisa.
(MEDEIROS, 2011, p.215)
MODELO DE USO DOS ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS

TÍTULO do artigo (Centralizado, SUBTÍTULO (se houver) segue


em negrito e com fonte Times New o mesmo formato do título,
Roman, tamanho 12). separado deste por dois pontos.

3 cm ↓

O ARTIGO CIENTÍFICO: COMO ESTRUTURÁ-LO

Dois espaços
Antonio Nunes Pereira1 de 1,5 entre o
Rejane Tavares2 título e
Autor(s).

Nome completo
Resumo: Segundo a NBR 6028 (2003), o resumo é uma do(s) autor(s) na
descrição sumária da totalidade do artigo entre 100 a 250 forma direta, em
palavras, em que são destacados os objetivos, o método, fonte 10, sem
os resultados e conclusões mais importantes. Deve ser negrito, alinhados
descrito com fonte 10, espaçamento simples em um à direita e com
números arábicos
único parágrafo, de forma discursiva afirmativa e não indicando nota de
apenas uma lista dos tópicos. rodapé, onde será
colocado breve
Palavras-chave: Xxxxxxx. Zzzzzzzz. Sssssssss. currículo do (s)
Aaaaaaa. autor (s).

São palavras
representativas
do
Texto, colocadas
abaixo do
Resumo. Deve-se
usar maiúsculo
somente na
primeira letra e
separá-las com
ponto [.].

→ ←
Também são
digitadas em
fonte 10.
3 2 Key-words (em
cm cm inglês) ou Palabras
______________________ clave (em
1
Professor – Instituto Federal de Educação, Ciência e espanhol) ou Mots-
clés (em francês):
Tecnologia do Ceará – Campus Iguatu. Graduado em letras –
aqui as palavras-
Universidade Estadual do Ceará. E-mail:
chave são
nunespereira@ifce.edu.br traduzidas para a
2
Bibliotecaria - Instituto Federal de Educação, Ciência e mesma língua
Tecnologia do Ceará – Campus Iguatu. Graduado em estrangeira do
biblioteconomia– Universidade Estadual do Ceará. E-mail: resumo.
rejane@ifce.edu.br

Breve currículo do (s) autor


↑2 cm
(s), em notas de rodapé.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANTUNES, Irandé. Lutar com palavras: coesão e coerência. São Paulo: Parábola, 2005.
COSTA VAL, Maria da Graça. Redação e textualidade. Martins Fontes, 1999.
KOCH, Ingedore Villaça. A coesão textual. São Paulo: Contexto, 1990.
______. Argumentação e Linguagem. 11ª ed. São Paulo: Cortez, 2008.
______. Desvendando os segredos do texto. São Paulo: Contexto, 2002.
______. O texto e a construção dos sentidos. São Paulo: Contexto, 1996.
KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, V. M. S. Ler e escrever: estratégias de produção textual. São
Paulo: Contexto, 2012.
KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, V. M. S. Ler e compreender: os sentidos do texto. São Paulo:
Contexto, 2006.
KOCH, Ingedore Villaça; TRAVAGLIA, Luiz Carlos. A coerência textual. São Paulo: Contexto,
1990.
KÖCHE, Vanilda; BOFF, Odete; PAVANI, Cinara. Prática textual: atividades de leitura e escrita.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2006.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do trabalho científico. 7ed.
São Paulo: Atlas; 2009.
MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 11ed.
São Paulo: Atlas, 2011.
RAMPAZZO, Lino. Metodologia científica. 4ed. São Paulo: Edições Loyola, 2009.

Você também pode gostar