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IGUATU - CEARÁ
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UNIDADE I
LEITURA E ESCRITA: CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Costumamos dizer que não sabemos português ou que nossa língua é muito difícil.
Em contrapartida, frequentemente ouvimos falar – e também falamos – sobre a importância
da leitura na nossa vida, sobre a necessidade de se cultivar o hábito de ler e sobre o papel
da instituição escolar na formação de leitores competentes. No entanto, poucas vezes
levantamos questões que favoreçam o interesse pela leitura e, em seguida, pela própria
produção de textos.
O que é ler, afinal? Como e para que ler? Essas perguntas poderão ter diferentes
respostas, que revelarão uma concepção de leitura decorrente das concepções de sujeito,
de língua, de texto e de sentido que se adote. A concepção mais atual, chamada de
interacional ou dialógica, tem como foco a interação autor-leitor-texto, onde os sujeitos são
vistos como seres ativos, que constroem socialmente os sentidos dos textos através de
diferentes tipos de estratégias.
O que importa ressaltar é que ler e escrever são atos indissociáveis, inseparáveis.
Quem lê muito tem pouca dificuldade em compreender textos e as ideias que lhes subjazem
(independentemente de dominar regras gramaticais) e em manifestar, seja pela fala, seja
pela escrita, sua própria opinião sobre o assunto lido.
Trabalhar a leitura, a interpretação e a produção de textos é dar ao aluno o
instrumento-chave para participar ativa e significativamente da vida social. Ler não é apenas
decodificar sinais gráficos, mas sim colocar-se diante do texto, acionando capacidades
cognitivas e emocionais, para interagir com os sentidos dali emergentes. E mais: o material
escrito é um esquema de pistas, indicações e vazios que podem ser preenchidos e
combinados de inúmeras maneiras, segundo as condições do leitor. À semelhança da
leitura, pode-se dizer também que escrever não é apenas codificar sinais gráficos, mas
comunicar-se com o interlocutor: apresentar, aceitar ou discordar de ideias, expressar e
provocar sentimentos, instigar perguntas e respostas, etc.
Podemos dizer, portanto, que escrever é um ato processual, que se constrói por
ensaio e erro, não devendo ser privilégio de poucos, mas direito de todos. Ou seja, o texto
não nasce pronto; ele é planejado, trabalhado, lido, relido, revisado, corrigido, até que se
possa chegar ao produto acabado. E, seja na leitura, seja na produção de textos, importa
considerar e compreender o uso dos aspectos linguísticos e sua relação com os aspectos
situacionais (contextuais).
Assim, nosso estudo do português – de forma instrumental, neste curso – estará
mais voltado para as especificidades dos textos (forma, propósito comunicativo, vocabulário,
etc.) e para os meios de reconhecermos e utilizarmos as principais estratégias de sua
construção.
1. CONCEITO DE TEXTO
Qualquer falante sabe que a comunicação verbal não se faz através de palavras
isoladas, desligadas umas das outras e do contexto em que são produzidas. As
manifestações naturais da linguagem humana são configurações de uma língua natural
qualquer, dotadas de sentido, e visando um dado objetivo comunicativo. A tais
configurações chamamos de textos ou discursos. Portanto, texto (ou discurso) é uma
unidade linguística concreta, dotada de sentido, que é tomada pelos usuários da língua
(falante/escritor, ouvinte/leitor), visando a um dado objetivo comunicativo (função). Um texto,
porém, deve possuir um conjunto de propriedades para que seja realmente um texto. A esse
conjunto de propriedades chamamos textualidade.
2. PROPRIEDADES DA TEXTUALIDADE
As propriedades da textualidade, isto é, os aspectos que fazem com que um texto seja
realmente um texto, são: a) conectividade (sequencial=coesão; conceptual=coerência); b)
intencionalidade; c) aceitabilidade; d) situacionalidade; e) informatividade; f)
intertextualidade.
a) CONECTIVIDADE
Trata-se da relação lógico-semântica existente entre as ocorrências textuais, de modo
que só haverá conectividade entre tais ocorrências se as interpretações de ambas forem
semanticamente interdependentes. Ex.: “Alinhei com a esperança de vencer, mas só se
vence quando se corta a linha de chegada.” Observe que a ocorrência textual em negrito
inclui uma relação semântica de contraste em relação à que não está em negrito.
A conectividade pode se manifestar tanto pela coesão entre os elementos gramaticais
do texto – que chamamos de conectividade sequencial – quanto pela coerência que tal
ligação constrói – chamada de conectividade conceptual.
partes ter sentido, parece difícil ou impossível estabelecer um sentido unitário para o todo da
sequência. Portanto, para haver coerência, é preciso que haja possibilidade de estabelecer
no texto alguma forma de unidade ou relação entre seus elementos.
Outro aspecto a ser observado quanto à coerência é que a relação a ser estabelecida
entre os elementos linguísticos não é apenas semântica, mas também pragmática, ou seja,
a relação tem a ver com os nossos atos de fala.
Ex.: A: É telefone.
B: Estou no banho.
A: Tudo bem.
Como é que interpretamos o texto acima? Bem, nesse caso, devemos imaginar uma
situação na qual: a) a enunciação da primeira frase (o primeiro comentário de A) será
interpretada como pedido, uma vez que é uma frase declarativa; b) o comentário de B é uma
resposta a A e tem a força comunicativa de desculpas por não poder atender ao seu pedido;
c) a segunda intervenção de A é reconhecida como aceitação das desculpas de B e como
um oferecimento pessoal para fazer o que A havia solicitado que B fizesse.
Podemos considerar, então, que esses discursos estão coerentemente constituídos,
uma vez que podemos recuperar os laços proposicionais ausentes e produzir uma versão
com coesão:
A: É telefone. (Você pode atender pra mim, por favor?)
B: (Não vou poder atender porque) Estou no banho.
A: Tudo bem. (Eu atendo).
b) INTENCIONALIDADE
Refere-se ao modo como os emissores usam o texto para realizar suas intenções,
produzindo, para tanto, formas verbais adequadas à obtenção dos efeitos desejados. É por
essa razão que o emissor procura, de maneira geral, construir seu texto de modo coerente e
dar pistas ao receptor que lhe permitam construir o sentido desejado. (Koch, 1990: 79).
Esse fator de textualidade diz respeito também às informações implícitas e explícitas.
Quase sempre somos muito diretos em nossa intenção de dizer, até por economia. Contudo,
em alguns casos, preferimos não deixar clara a nossa intenção. Ex: Fiz um curso de
informática e aprendi algumas coisas interessantes (informação cuja intenção está
explícita) / Fiz um curso de informática, mas aprendi algumas coisas interessantes
(informação cuja intenção está implícita). Se observarmos melhor, veremos que o uso da
conjunção “mas” empresta ao texto outros sentidos: “apesar do curso em si ser
desinteressante (ou deficiente), aprendi algumas coisas interessantes” ou “aprendi coisas
interessantes, apesar de se tratar apenas de um curso de informática”, etc.
c) ACEITABILIDADE
Constitui a contraparte da intencionalidade. Focada no receptor, esse fator está
relacionado à sua compreensão quanto à mensagem enunciada. Ainda que um dos
postulados básicos que regem a comunicação humana seja o da cooperação (isto é, sempre
que ouvimos ou lemos, procuramos compreender para interagir completamente com nossos
interlocutores), é bom entendermos que a compreensão adequada não depende apenas do
leitor. Um texto precisa ser – antes de tudo – uma unidade de sentido, em que todas as suas
partes sejam coesas e coerentes.
Por exemplo: Digamos que a frase “Fiz o curso de informática, mas aprendi algumas
coisas interessantes” tenha sido dirigida ao dono ou responsável pelo curso. O receptor da
mensagem poderia chegar à aceitabilidade (compreendendo que o curso por algum motivo
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d) INFORMATIVIDADE
Diz respeito ao grau em que as informações são esperadas/conhecidas ou não.
Devemos perceber por esse fator o quanto é importante apresentarmos nossas informações
num grau satisfatório de aceitabilidade, ou seja, sermos claros e objetivos em nossas
mensagens, evitando repetições e redundâncias. Trata-se de unir quantidade e qualidade
nas informações dadas. Ex.: “Este líquido é água. Quando pura, é inodora, insípida e
incolor”. Seria redundante continuar comentando, por exemplo, que, quando a água não é
pura, ela pode apresentar características de cheiro, cor e sabor.
Há casos em que a informatividade é aparentemente nula. Isso ocorre com frequência
em textos poéticos, jornalísticos e também em textos publicitários. Exemplo:
De tudo ao meu amor serei atento/ Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto/ Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento/ E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto/ Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure/ Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama/ Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama/ Mas que seja infinito enquanto dure.
(Soneto de fidelidade, Vinicius de Morais)
Trata-se de um texto que se ocupa em informar?
e) SITUACIONALIDADE
Refere-se ao conjunto de fatores que tornam um texto relevante para dada situação
de comunicação. Se a condição de situacionalidade não ocorre, o texto tende a parecer
incoerente, porque o cálculo de seu sentido se torna difícil ou impossível. No texto oral, a
coerência depende muito mais do contexto situacional do que do escrito, porque, no oral, os
elementos da situação cooperam no estabelecimento das relações entre os elementos do
texto em mais alto grau do que no escrito, sobretudo por haver muitos aspectos evocados
situacionalmente e por ser decisiva a influência da situação no cálculo do sentido.
Uma evidência dessa dependência é a dificuldade que se encontra para interpretar a
fala gravada. Todavia, há casos de textos escritos muito dependentes da situação, como
placas indicativas de direção e de salas, de pedido de silêncio em hospitais, de seções em
instituições diversas, etc. Esses textos foram chamados pela teoria linguística tradicional de
frases de situação.
f) INTERTEXTUALIDADE
Além de o texto conter marcas da individualidade do falante/escritor, contém também
marcas históricas deixadas no segmento textual, pois as ideias expressas não podem ser
compreendidas, nem analisadas, sem que estabeleçamos uma relação com a sua época de
produção. Para entendermos as relações sociais, históricas e culturais existentes no texto, é
preciso entender as relações estabelecidas entre sociedade, época e cultura; é preciso
compreender as relações de um texto com outros textos. É o fator de intertextualidade que
permite ao falante/ouvinte recuperar as marcas textuais que assinalam as relações que um
texto estabelece com outros.
A intertextualidade pode ocorrer quanto à forma ou ao conteúdo. Quanto à forma,
ocorre quando o produtor de um texto repete expressões, enunciados ou trechos de outros
textos, ou então o estilo de determinado autor ou de determinados tipos de discurso.
Exemplos:
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[...]
“Do que a terra mais garrida
Teus risonhos lindos campos têm mais flores
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida em teu seio mais amores.”
(Hino Nacional – Osório D. Estrada)
Exercícios de aplicação
1. Identifique quais ocorrências abaixo são textos ou não. Justifique sua resposta.
a) Tão longe,
Som tão bom
frio. tão frio
o claro som
Rio Do rio sombrio.
Sombrio.
b) José viajou para São Paulo, pois
O longo som gostava do Paraná. Ele adora cidades
do rio pequenas, por isso escolheu São Paulo.
frio.
c) Pedro: João, você me empresta seu
O frio carro amanhã?
bom João: Se o homem foi à Lua há trinta
do longo rio. anos, como vou te emprestar meu carro?
c)
Minha terra tem macieiras da Califórnia
onde cantam gaturamos de Veneza.
Os poetas da minha terra
são pretos que vivem em torres de
[ametista.
Os sargentos do exército são monistas
[cubistas,
os filósofos são polacos vendendo a
[prestações.
(Murilo Mendes. Poesias: Canção do Exílio)
Exercícios de aplicação
1) Leia atentamente o que segue:
João Carlos vivia em uma pequena casa construída no alto de uma colina árida, cuja frente
dava para leste. Desde o pé da colina se espalhava em todas as direções, até o horizonte,
uma planície coberta de areia. Na noite em que contemplava 30 anos, João, sentado nos
degraus da escada, colocada à frente de sua casa olhava o sol poente e observava como a
sua sombra ia diminuindo no caminho coberto de grama. De repente, viu um cavalo que
descia para sua casa. As árvores e as folhagens não permitiam ver distintamente, entretanto
observou que o cavalo era manco. Ao olhar de mais perto verificou que o visitante era seu
filho Guilherme, que há 20 anos havia partido para listar-se no exército e, em todo esse
tempo, não havia dado sinal de vida. Guilherme, ao ver seu pai, desmontou imediatamente
correu até ele e lançou-se no seu braço e começou a chorar.
A COESÃO TEXTUAL
“A metáfora da tessitura dos textos”
Os conectivos estabelecem diversos tipos de relação entre as partes do discurso e são
usados como recursos coesivos que contribuem para estabelecer coerência entre termos ou
segmentos na construção de um texto. Portanto, os conectivos conferem unidade ao texto; o que
significa que problemas no seu emprego podem dificultar a compreensão da ideia que se deseja
expressar. Algumas de suas características:
a) Servem para ACRESCENTAR ideias, argumentos: além de, além disso, ademais, e, ainda.
Além de sofrer com os constantes choques econômicos a que vem sendo submetida, a classe média
vê-se forçada a expandir suas atividades para poder sobreviver.
b) Estabelecem relação de CONCESSÃO, de resignação: embora, não obstante, apesar de, ainda
que, mesmo que, conquanto, por mais que, por menos que, se bem que.
Embora haja empenho das autoridades médicas em erradicar as doenças tropicais, estas continuam
a fazer vítimas.
c) Estabelecem OPOSIÇÃO entre ideias: mas, porém, contudo, entretanto, todavia.
O ensino público vem apresentando gradativas melhoras, contudo, as escolas particulares ainda
vêm apresentando melhor qualidade de ensino.
d) Servem para COMPLEMENTAR e CONCLUIR ideias: assim, dessa forma, portanto, logo, por
conseguinte, por consequência.
As injustiças sociais são apontadas como a principal causa da violência. Assim, para combatê-la é
preciso buscar a igualdade social.
e) Estabelecem relação de JUSTIFICAÇÃO, de EXPLICAÇÃO entre as ideias: pois, que, porque,
porquanto.
O exame era difícil, pois nem sequer havíamos estudado.
Não crie caso, que estamos aqui para ouvi-lo.
f) Servem para ligar ideias que decorrem ao mesmo tempo, estabelecendo relação de
PROPORÇÃO: à medida que, à proporção que.
À medida que o professor falava, os alunos iam dormindo.
g) Estabelecem relação de CONDIÇÃO entre ideias: se, caso, salvo se, desde que, a menos que,
sem que, contanto que.
O passeio será realizado, caso não chova.
h) Expressam circunstância de TEMPORALIDADE entre as ideias: quando, enquanto, apenas, mal,
logo que, depois que, antes que, até que, que.
Quando a vejo, bate-me o coração mais forte.
i) Estabelecem relação de CAUSA entre as ideias: porque, visto que, porquanto, já que, como.
Como não estudou, foi reprovado.
Como podemos ver, há inúmeros recursos que garantem o mecanismo de coesão, que pode
ocorrer:
*por referência: quando usamos pronomes, advérbios e artigos para construir a unidade do texto,08
fazendo referência a termos que foram ou serão citados textualmente.
O presidente foi a Portugal em visita. Em Portugal o presidente recebeu várias homenagens.
Esse exemplo apresenta repetições que podem ser evitadas. Observe a atuação do advérbio e do
pronome no processo de elaboração do texto: O presidente foi a Portugal. Lá, ele foi homenageado.
Veja que o texto ganhou agilidade e estilo. Os termos “Lá” e “ele” referem-se a Portugal e a
presidente, e foram usados a fim de tornar o texto coeso.
*por elipse: quando omitimos um termo a fim de evitar sua repetição e essa supressão da palavra é
facilmente depreendida.
O presidente foi a Portugal. Lá, (o presidente/ele) foi homenageado.
O ministro foi o primeiro a chegar. (O ministro/Ele) Abriu a sessão às oito (horas) em ponto e fez
então seu discurso.
Nos exemplos acima, omitiram-se as palavras “presidente” e “ministro” ou o pronome equivalente
“ele”, e a palavra “horas”; todas facilmente subentendidas no contexto.
*por uso lexical (quando usamos palavras ou expressões sinônimas de algum termo para substituí-
lo por um termo subsequente) ou por epítetos (quando usamos palavras ou frases que qualificam
pessoas ou coisas):
Uma menininha correu ao meu encontro. A garota parecia assustada. (Sinonímia entre menininha e
garota)
O presidente foi a Portugal. Na Terra de Camões, foi homenageado por intelectuais e escritores.
Glauber Rocha fez filmes memoráveis. Pena que o cineasta mais famoso do cinema brasileiro tenha
morrido tão cedo.
Veja que “Portugal” foi substituído por “Terra de Camões” para evitar repetição e dar um efeito mais
significativo ao texto, pois há uma ligação semântica entre “Terra de Camões” e intelectuais e
escritores. No segundo exemplo, o nome do cineasta foi substituído por uma expressão que
costumava ser atribuída a ele.
*por termo-síntese: quando usamos uma expressão para resumir/abranger algo dito.
O país é cheio de entraves burocráticos. É preciso preencher um sem-número de papéis. Depois,
pagar uma infinidade de taxas. Todas essas limitações acabam prejudicando o importador.
A palavra limitações sintetiza o que foi dito antes.
*por repetição do nome próprio ou parte dele: usamos quando queremos enfatizar a pessoa;
embora, normalmente, a repetição deva ser evitada.
Manuel da Silva Peixoto foi um dos ganhadores do maior prêmio da Loto. Peixoto disse que ia gastar
todo o dinheiro na compra de uma fazenda e em viagens ao exterior.
*por associação: quando usamos uma palavra que retoma a outra porque mantém com ela, em
determinado contexto, vínculos precisos de significação.
São Paulo é sempre vítima das enchentes de verão. Os alagamentos prejudicam o trânsito,
provocando engarrafamentos de até 200 quilômetros. O termo “alagamentos” relaciona-se
semanticamente a “enchentes”.
*por substituição: quando abreviamos sentenças inteiras, substituindo-as por uma expressão com
significado equivalente.
O presidente viajou para Portugal nesta semana e o ministro dos Esportes o fez também.
A expressão “o fez também” retoma a sentença “viajou para Portugal”.
A COERÊNCIA TEXTUAL
A coerência (do latim cohaerentia, “o que está junto ou ligado por nexo ou harmonia”) está
relacionada à inteligibilidade (compreensão do sentido) do texto. “Estava andando sozinho na rua,
ouvi passos atrás de mim... Assustado, nem olhei, saí correndo, pois me perseguia um homem alto,
estranho, que tinha em suas mãos uma arma...” Se o narrador não olhou, como soube descrever a
personagem que o seguia?
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UNIDADE II
Há, portanto, algumas diretrizes que norteiam a atividade de leitura analítica, cujos processos
básicos são:
• aproximar e associar ideias do autor expressas na unidade com outras ideias relacionadas à
mesma temática;
• exercer uma atitude crítica frente às posições do autor em termos de:
o coerência interna da argumentação;
o validade dos argumentos empregados;
o originalidade do tratamento dado ao problema;
o profundidade de análise do tema;
o alcance de suas conclusões e consequências;
o apreciação e juízo pessoal das ideias defendidas.
Síntese Pessoal (reelaboração pessoal da mensagem):
• desenvolver a mensagem mediante uma retomada pessoal e um raciocínio personalizado;
• elaborar um novo texto, com redação própria, com discussões e reflexão pessoais.
(Texto adaptado. SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez, 2002. p. 47-61).
Façamos agora uma leitura do texto que segue, analisando sua estrutura conforme os processos
acima descritos.
1. Análise Textual
(delimitação da leitura): Trata-se de um capítulo do livro Ensaios sobre o amor e a solidão, de Flávio
Gikovate.
(leitura rápida, esclarecimentos): a) O autor: Flávio Gikovate é psiquiatra, conferencista e autor de
inúmeros livros na área da psicoterapia; b) Vocabulário específico: termos da área da psicologia e da
psiquiatria, como: consciência dual e cósmica; autoconhecimento, etc.; c) Os fatos: análise da
condição de “estar só” vivida pelo homem contemporâneo; d) Doutrina: bases teóricas da Psiquiatria
e conceitos associados à Psicologia e à Filosofia.
2. Análise Temática
3. Análise Interpretativa
3.1. Justificar ou criticar:
3.2. Interpretação:
Os dados demográficos do IBGE mostram que o segmento de pessoas com sessenta anos e
mais tem crescido de forma extraordinária no Brasil. Na medida em que tal população requer atenção
nas inúmeras áreas de atuação profissional, destacamos, a seguir, algumas possibilidades no campo
do Serviço Social, lembrando que as demandas são historicamente determinadas e requerem
respostas de políticas sociais adequadas.
O atendimento à população idosa teve relevância desde os primórdios do Serviço Social. O
caráter caritativo e assistencialista, de proteção aos idosos fragilizados, quer seja por questões
socioeconômicas, quer seja por abandono dos familiares, foi se modificando, no decorrer de sua
história. Os assistentes sociais comprometidos com as causas sociais, se assumem como agentes
políticos de transformação social, ultrapassam a mera execução das políticas sociais e aliam-se aos
movimentos sociais dos usuários na construção de um projeto que lhes garanta o usufruto da
cidadania. A participação de assistentes sociais foi efetiva nos espaços de luta pela cidadania dos
idosos e pela aprovação do Estatuto do Idoso, um avanço em termos legais, mas ainda distante de
ser implementado.
Cabe registrar que os assistentes sociais devem ser solidários na luta, sem serem os
protagonistas das lutas dos idosos, evitando a tutela e a ocupação do espaço político dos sujeitos
idosos.
O assistente social deve atuar, sempre que possível, com os demais profissionais, numa
ação interdisciplinar que congregue esforços no seu fazer cotidiano e na aliança de parceiros para a
consolidação dos direitos dos idosos, principalmente os da seguridade social: saúde, previdência e
assistência social. São importantes, também ações profissionais na esfera da educação, não só para
os idosos, mas para todas as gerações, para que aprendam a conhecer e a respeitar os idosos, para
que estabeleçam laços sociais de intercâmbio intergeracionais e para que se preparem para a
velhice.
O campo profissional de atendimento à população idosa é bastante amplo com tendências de
ascensão a curto, médio e longo prazos, devido ao aumento demográfico e às demandas crescentes
de produtos e de serviços. Sinalizaremos algumas, a título de exemplo, deixando claro que há áreas
e sub-áreas que emergem de acordo com a realidade social e histórica.
Na área da Saúde: em hospitais, da rede pública e privada, nos postos de saúde, em
instituições asilares, nas campanhas comunitárias de vacinação, de prevenção de doenças, na
prevenção de quedas, no acompanhamento domiciliar, na informação junto à família, na formulação
de políticas de saúde, na orientação, assessoria e consultoria dos movimentos dos usuários de
saúde, que contemplem as demandas dos idosos, não de forma exclusiva e outras atividades.
Na área da Previdência Social: Nos postos da Previdência Social, orientando e viabilizando o
usufruto dos direitos previdenciários; em todas os locais de atendimento aos idosos, esclarecendo
direitos e informando aos usuários quanto aos benefícios da Previdência, nas campanhas
comunitárias de esclarecimento, na formulação da política previdenciária, na orientação, assessoria e
consultoria dos movimentos dos aposentados e pensionistas e outras atividades.
Na área da Assistência Social: Nas repartições públicas de todos as esferas, nas instituições
estatais, nas organizações sociais privadas, nas comunidades, em todos os espaços que congregam
idosos e seus familiares para orientação, prestação de serviços e, especificamente sobre o Benefício
da Prestação Continuada. Participar da formulação de políticas da área, da assessoria, consultoria e
orientação aos movimentos dos usuários da Assistência Social, dos Conselhos da Assistência em
todos os âmbitos, além de outras atividades.
Na área da Educação: Atuar nos espaços educativos destinados aos idosos, como as
Universidades para a Terceira Idade, as escolas para idosos, os grupos de convivência, os centros-
dia, as entidades de cultura e lazer, as associações de moradores de bairros e das comunidades, as
associações de aposentados e pensionistas, para compartilhar das equipes interprofissionais de
experiências de educação social e política, que envolvam e preparem os idosos para o exercício
pleno da cidadania enquanto sujeitos. Campanhas educativas em todas as áreas da seguridade
social, além das voltadas para as barreiras arquitetônicas, para os transportes, para a inserção nos
13
*Professora Adjunta da ESS/UFRJ, Doutora em Serviço Social e Políticas Sociais pela PUC/SP, Diretora Técnico-Científica da ANG/RJ.
Antes de falarmos das fases do processo de produção textual, é relevante explicar que os
textos se realizam concretamente através de gêneros textuais, definidos como tipos relativamente
estáveis de enunciados, constituídos de determinado modo (plano composicional), com certa função
comunicativa em esferas de atuação humana, e distinguíveis pelo conteúdo temático e pelo estilo
que apresentam. Em outras palavras, os gêneros são uma forma específica de combinar,
indissoluvelmente: conteúdo, estilo, composição e, principalmente, propósito comunicativo. Em
enunciados como “recebi seu e-mail hoje”, “achei aquele anúncio muito interessante”, “fiz o resumo
do livro”, “terminei o relatório”, “o poema de Vinícius é lindo”, etc., os termos grifados são exemplares
de gêneros textuais; práticas sociocomunicativas que convencionamos e utilizamos constantemente,
por meio de uma linguagem que tanto pode ser conotativa quanto denotativa.
Já os tipos textuais são formas de organização textual, predominantes em dado gênero. Os
tipos mais conhecidos são: narrativo, descritivo, argumentativo, informativo-explicativo, injuntivo
(instrucional), etc. Numa bula, por exemplo, predomina a injunção; num artigo de opinião, a
argumentação, e assim por diante.
O ato de escrever exige operações elementares como: organização e seleção de ideias,
produção, revisão do texto (com o objetivo de torná-lo cada vez mais inteligível) e reescrita. Nesse
sentido, o primeiro passo para aprender a produzir um texto é distinguir as várias fases de sua
realização: planejamento (seleção e organização das ideias), criação do texto ou desenvolvimento,
revisão e redação final.
A fase de planejamento serve para “economizar” e distribuir o tempo disponível, bem como
para clarear as ideias e identificar as características do texto a ser escrito. É mais fácil escrever um
texto quando se determina exatamente o que fazer e, para isso, alguns pontos precisam ser
esclarecidos e definidos antes do início do trabalho:
• Objeto da redação: assunto e delimitação (tema);
• Destinatário;
• Tipo e gênero textual;
• Propósito ou função comunicativa do texto.
Feita então essa reflexão, passa-se para a busca (geração) de ideias. Nesse momento, vai-se
anotando livremente tudo que vier à mente, como numa tempestade de ideias, palavra “puxando”
palavra, ideia “puxando” ideia. E se as informações sobre dado tema forem insuficientes, será
necessário ler e pesquisar mais sobre o assunto.
Depois de geradas as ideias, elas devem ser selecionadas. Quando encaramos um assunto
pela primeira vez, é normal que as ideias que nos vêm à mente sejam pouco ligadas entre si. Então,
é preciso selecioná-las, conforme o objetivo do texto, e organizá-las, recuperando-as em
subconjuntos, de forma que todas as informações tenham algo em comum (seleção e organização).
A partir dessa organização, é aconselhável a criação de um roteiro do texto. O roteiro é o
plano de desenvolvimento das ideias; é a definição da ordem ou sequência em que serão
apresentados os aspectos ou detalhes que irão estruturar o texto; é um instrumento de controle de
desenvolvimento, que evitará a presença de itens desnecessários ou incoerentes e assegurará
aqueles realmente exigidos pelo objetivo do texto. Seus componentes são palavras-chave, frases ou
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períodos. Durante a sua criação, as ideias do roteiro devem ser definidas, desenvolvidas e
exemplificadas.
Após a seleção das ideias e a sua organização no roteiro, chega o momento de começar a
escrever o texto: a fase de desenvolvimento ou criação. Nela, tudo o que foi colocado em tópicos
no roteiro deverá ser articulado, ligado devidamente, já que o texto é um continuum em que as partes
se inter-relacionam. Portanto, ao passar de uma ideia a outra, deve-se estar atento para usar
elementos de ligação que ajudam a criar o fio condutor do raciocínio.
Depois de escrito o texto, vem a fase de revisão, um passo fundamental para a sua produção
final. Os estudantes, em geral, não revisam seus textos; apenas releem de forma rápida e pouco
crítica, em vez de fazerem uma revisão minuciosa. Pode-se falar de dois tipos principais de revisão:
a revisão de conteúdo e a revisão de forma.
Durante a revisão de conteúdo, deve-se verificar – antes de tudo – se o texto está bem
estruturado, especialmente quanto à ordem e à organização dos parágrafos. Cada parágrafo deve
desenvolver uma ideia relacionada com a tese do texto, e a sequência dos parágrafos deve ir
construindo progressivamente a tese que se quer desenvolver.
As primeiras versões dos textos contêm, às vezes, passagens que não apresentam nenhuma
relação com o restante ou que constituem divagações muito distantes das partes precedentes e
seguintes. No primeiro caso, trata-se de trechos que devem ser cancelados; no segundo, passagens
que devem ser postas em outra ordem no texto ou integradas com o que segue ou antecede, através
de conjunções ou frases de ligações.
A revisão da forma consiste em efetuar transformações locais nos textos: cortar e simplificar
frases longas demais, suprimir palavras supérfluas, colocar frases na voz ativa, corrigir as quebras
de paralelismos, as regências, as concordâncias, a ortografia, e assim por diante.
As revisões de conteúdo e de forma são separadas por comodidade de exposição; na
realidade, os dois tipos de revisão são realizados ao mesmo tempo.
Depois da revisão e da correção, a redação deve ser finalmente “passada a limpo” – fase da
redação final. Uma boa apresentação serve tanto para satisfazer o senso estético como para
facilitar a leitura e apreciação do texto.
Exemplo 01
I. Identificação das características da redação
Assunto: Drogas Delimitação do tema: Drogas: liberar ou não liberar?
Tipo: Argumentativo Gênero (formato): Artigo de opinião
Destinatário: Público em geral Propósito: Argumentar a favor ou contra a liberação das drogas
III. Seleção e organização das ideias (que configuram um roteiro como o expresso abaixo)
IV. Roteiro
1. Não liberar, porque...
...será uma decisão equivocada e pouco racional
...haverá vulgarização e descontrole geral
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V. Conclusão
Liberar é desistir do combate e juntar-se ao inimigo
Qual será o futuro das crianças?
Atividade
I. Identificação das características da redação
Assunto: Delimitação do tema:
Tipo: Gênero (formato):
Destinatário: Propósito:
III. Seleção e organização das ideias (que configuram um roteiro como o expresso abaixo)
IV. Roteiro
V. Conclusão
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UNIDADE III
Como vimos, a relação entre tipos e gêneros textuais é essencial para a produção escrita. Um
texto pode apresentar-se narrativamente, com todos os elementos que lhe são peculiares (como o
foco narrativo, o enredo, os personagens, a intriga, o clímax, o desfecho); descritivamente,
enumerando detalhes concretos de um objeto, pessoa, situação ou lugar; injuntivamente, oferecendo
instruções a serem seguidas; ou dissertativamente, expondo uma opinião, com base em observação,
análise e argumentos.
Nós, neste curso, vamos nos deter na produção desse último tipo: o dissertativo.
1 O TEXTO DISSERTATIVO
Dissertar é exercer nossa consciência crítica, questionar um tema, debater um ponto de vista,
desenvolver argumentos. Existem dois tipos de dissertação: o dissertativo expositivo e o
dissertativo argumentativo. O primeiro tem como objetivo primordial expor uma tese, analisar e
interpretar ideias e pode ser identificado como demonstrativo; não se dirige a um interlocutor definido
e se constitui de provas as mais impessoais possíveis. Na dissertação argumentativa – texto
argumentativo, além do interlocutor não definido e da utilização de provas impessoais, tentamos,
explicitamente, formar a opinião do leitor ou ouvinte, procurando persuadi-lo de que a razão está
conosco.
Para a argumentação ser eficaz, os argumentos devem possuir consistência de raciocínio e
de provas. O raciocínio consistente é aquele que se apoia nos princípios da lógica, que não se perde
em especulações vãs, no “bate-boca” estéril. As provas, por sua vez, servem para reforçar os
argumentos. Os tipos mais comuns de provas são: os fatos, os exemplos, os dados estatísticos e o
testemunho.
A estrutura dos dois tipos de composição é a mesma: introdução, desenvolvimento e
conclusão.
Assunto é algo amplo, genérico; Tema é o assunto já delimitado; Recorte é o que interessa ao autor
discutir no texto; Tese é o ponto de vista a ser defendido sobre um determinado tema; Título é o
nome dado ao texto, que visa atrair o leitor para a leitura do texto, fazendo referência ao tema
abordado.
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Exemplos:
1. Assunto: Centros urbanos. (Tema: O desenvolvimento dos grandes centros urbanos.
Recorte: A violência em São Paulo. Tese: A cidade de São Paulo enfrenta sérios problemas
em relação à segurança da população. Título: O desenvolvimento urbano e a violência).
2. Assunto: Tecnologia. (Tema: O avanço tecnológico no século 21. Recorte: Os meios de
comunicação e as relações sociais. Tese: Na era da comunicação, o homem contemporâneo
encontra-se cada vez mais sozinho. Título: O paradoxo da era da comunicação)
O mundo caminha atualmente para a sua própria destruição, pois tem havido inúmeros
conflitos internacionais, o meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio ecológico e,
além do mais, permanece o perigo de uma catástrofe nuclear.
Nestas últimas décadas, temos assistido, com certa preocupação, aos inúmeros conflitos
internacionais que se sucedem. Muitos trazem na memória a triste lembrança das guerras do Vietnã
e da Coreia que provocaram grande extermínio. Em nossos dias, testemunhamos conflitos que,
envolvendo as grandes potências internacionais, poderiam conduzir-nos a um confronto mundial de
proporções incalculáveis.
Outra ameaça constante é o desequilíbrio ecológico, provocado pela ambição desmedida de
alguns, que promovem desmatamentos e poluem as águas dos rios. Tais atitudes contribuem para
que o meio ambiente, em virtude de tantas agressões, acabe por se transformar em um local
inabitável...
Além disso, enfrentamos sério perigo relativo à utilização da energia atômica. Quer
pelos acidentes que já ocorreram e podem acontecer novamente nas usinas nucleares, quer
por um eventual confronto em uma guerra mundial, dificilmente poderíamos sobreviver diante
do poder avassalador desses sofisticados armamentos.
Em virtude dos fatos mencionados, somos levados a acreditar na possibilidade de
estarmos a caminho do nosso próprio extermínio. É desejo de todos nós que algo possa ser feito
no sentido de conter essas diversas forças destrutivas, para podermos sobreviver às adversidades e
construir um mundo que, por ser pacífico, será mais facilmente habitado pelas gerações futuras.
(Texto adaptado de GRANATIC, Branca. Técnicas básicas de redação. São Paulo: Scipione,1988)
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Observações:
1) O texto é construído com as palavras-chave: assassino, evangelista, pugilista, ladrão e
imbecil. O importante para a existência desse texto são essas cinco palavras.
2) O texto foi desenvolvido da seguinte forma:
a) no primeiro parágrafo: são colocadas as palavras-chave;
b) no segundo parágrafo: diz-se de cada palavra-chave algo relacionado com o passado.
As palavras-chave aparecem na mesma ordem em que foram enunciadas no primeiro
parágrafo;
c) no terceiro parágrafo: as mesmas palavras, na mesma ordem, são explicadas em
relação ao que aconteceu depois.
3) Do princípio ao fim, o texto atém-se a explicar situações relativas às personagens enunciadas
no primeiro parágrafo; utilizando-se do paralelismo.
4) Ao final, o autor acrescenta um recuso novo: a ironia; provavelmente com o objetivo de
possibilitar uma reflexão.
"É possível que... no entanto..."; "É certo que... entretanto..."; "É provável que... porém..."
"Em primeiro lugar...; em segundo...; por último..."; "Primeiramente,...; em seguida,...; finalmente,..."
"Por um lado... por outro...";
"É preciso considerar que os seguintes aspectos..."; "Também não devemos esquecer estes
elementos essenciais:..."; "Não podemos deixar de lembrar que..."
"Segundo..."; "Conforme..."; "De acordo com o que afirma..."
"Compreende-se então que..."; "É bom acrescentar ainda que..."; "É interessante reiterar..."
"Com este trabalho objetiva-se..."; "Pretende-se demonstrar..."; "O presente trabalho objetiva..."
"A fim de comprovar o que foi dito,..."; "Para exemplificar,..."; "Exemplo disso é..."
"Por outro lado,..."; "Em contrapartida,..."; "Ao contrário do que se pensa,..."; "Em compensação,..."
"Para tanto,..."; "Para isso,..."; "Além disso,..."; "Se é assim,..."; "Na verdade,..."
"É fundamental que..."; "Tudo isso é..."; "Nesse momento,..."
"De toda forma,..."; "De tal forma que..."; "Em ambos os casos,...";
"Assim,..."; "Portanto,..."; "Mediante os fatos expostos,..."; "Dessa forma,..."; "Diante do que foi dito..."
"Resumindo,..."; "Em suma,..."; "Em vista disso, pode-se concluir que..."; "Finalmente,..."
"Nesse sentido,..."; "Com esses dados, conclui-se que..."
2 O TEXTO ARGUMENTATIVO
O texto argumentativo tem como meta principal a defesa de uma tese, pressupondo a
existência de um “auditório” definido, isto é, um interlocutor específico, adequando-se a ele com a
intenção de convencê-lo, persuadi-lo (levá-lo a crer no ponto de vista defendido, de tal forma que
passe a aceitá-lo como verdadeiro). Nesse tipo de discurso, o enunciador almeja a adesão total do
interlocutor.
Ao elaborar um texto argumentativo visando conseguir a adesão de determinado(s)
interlocutor(es), o enunciador precisa escolher os argumentos, conhecer a dimensão deles e
estabelecer uma ordem de apresentação dos mesmos. Em outras palavras, deve ter consciência da
pertinência e da força desses argumentos. Sem esse conhecimento prévio, uma argumentação pode
fracassar.
Os argumentos são, portanto, as “provas” (raciocínio, dados, fatos) apresentadas para
demonstrar que a ideia que você pretende defender é correta. Como diz Aristóteles, os argumentos
servem quando se tem de escolher entre duas ou mais coisas.
Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma desvantajosa, como a saúde e a
doença, não precisamos argumentar. Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher entre
duas coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse caso, precisamos argumentar sobre
qual das duas é mais desejável. O argumento pode, então, ser definido como qualquer recurso
que torna uma coisa mais vantajosa que a outra.
O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de um fato, mas levar o ouvinte a
admitir como verdadeiro o que o enunciador está propondo.
"Argumentar é a arte de convencer e persuadir. Convencer é saber gerenciar informação, é
falar à razão do outro, demonstrando, provando. Etimologicamente, significa 'vencer junto com o
outro' (com + vencer) e não contra o outro. Persuadir é saber gerenciar a relação, é falar à emoção
do outro". A origem dessa palavra está ligada à preposição ‘per, 'por meio de, e a 'Suada', deusa
romana da persuasão. (...) Mas em que 'convencer' se diferencia de ‘persuadir'? Convencer é
construir algo no campo das ideias. Quando convencemos alguém, esse alguém passa a pensar
como nós. Persuadir é construir no terreno das emoções, é sensibilizar o outro para agir. Quando
persuadimos alguém, esse alguém realiza algo que desejamos que ele realize". (ABREU, Antônio
Suarez. A arte de argumentar - gerenciando razão e emoção. São Paulo. Ateliê, 1999.)
É comum utilizarem-se indistintamente os termos "convencer" e "persuadir" como sinônimos.
Na teoria da argumentação, entretanto, eles adquirem sentidos específicos, associando-se o primeiro
conceito mais à razão, e o segundo, à emoção. Koch (1984) adota essa distinção: "Enquanto o ato
de convencer se dirige unicamente à razão, através de um raciocínio estritamente lógico e por meio
de provas objetivas (...), o ato de persuadir, por sua vez, procura atingir a vontade, o sentimento
do(s) interlocutor(es), por meio de argumentos plausíveis ou verossímeis, e tem caráter ideológico,
subjetivo, temporal".
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Textos para análise e discussão
Folha ONLINE
A OFERTA DE ENERGIA ELÉTRICA VAI AFETAR O CRESCIMENTO ECONÔMICO BRASILEIRO?
EM 1999 e 2000, fui dos poucos a alertar para o alto risco de falta de energia no país, o que,
afinal, se concretizou em forma do racionamento de 2001. Hoje, sinto-me muito à vontade para me
contrapor ao "efeito manada" que atinge o conjunto de especialistas e comentaristas do setor
energético e afirmar que o nível de risco de déficit para os próximos anos está dentro do nível
aceitável.
Sofre-se atualmente no Brasil de uma espécie de "trauma pós-racionamento". Especialistas e
empresários em uníssono veem a falta de energia como uma questão inexorável - discordam apenas
quanto à data em que essa fatalidade atingirá o país.
Em parte, é compreensível a apreensão dos menos informados. Afinal, como diz o ditado
popular, “gato escaldado tem medo de água fria”. Porém, a situação hoje é muito diferente da que
existia em 2001. O Brasil tem, desde 2004, um novo modelo para o setor elétrico, que visou à
redução dos riscos para os investidores e das tarifas para os consumidores. Os vencedores das
licitações têm, agora, contratos de longo prazo, que constituem recebíveis aceitos pelo BNDES para
a concessão de financiamentos.
Antes, as usinas eram concedidas para os investidores que aceitassem pagar o maior ágio
pelo uso do bem público (UBP). Agora, os novos aproveitamentos hidrelétricos são concedidos aos
investidores que aceitam construir e operar as plantas pela menor tarifa. Isso reduziu drasticamente
o valor estratosférico do UBP que os investidores se viam obrigados a pagar - interessante para o
Tesouro Nacional, mas perverso para o consumidor e para o investidor.
A exigência de licença ambiental prévia para um empreendimento ser colocado em licitação é
outro fator que reduziu o risco para o investidor e deu um fim ao faz-de-conta de antes, quando o
governo concedia usinas que simplesmente não tinham viabilidade ambiental, criando um conflito
entre empreendedores e órgãos licenciadores. Outras usinas licitadas eram passíveis de ser
viabilizadas, mas o ônus da obtenção das licenças era exclusivo dos empresários.
O setor elétrico está cada vez mais atrativo para os investidores. Entre 2003 e 2006, foram
instalados, em média, 3.667 MW por ano de nova capacidade de geração no Brasil, o que é cerca de
40% superior à média entre 1995 e 2000, período que antecedeu o racionamento. Para o período de
2007 a 2010, já existem 11.078 MW com plenas condições de entrar em operação e uma quantidade
maior será viabilizada com os dois leilões marcados para 18 e 26 próximos.
O aumento dos preços da energia elétrica é em geral apontado por grandes consumidores
como um gargalo para o desenvolvimento. Mas preços artificialmente baixos significam um grande
custo para todo o setor energético. Um bom exemplo é o segmento dos eletrointensivos. Por duas
décadas, algumas dessas indústrias tiveram acesso a energia muito barata, com preços fortemente
subsidiados.
Consumidores residenciais chegaram a pagar entre quatro e cinco vezes mais pela mesma
energia. Em 1985, essas indústrias compravam energia por cerca de US$ 10/MWh e suas tarifas
permaneceram, em grande parte do período, entre esse valor e US$ 25/MWh. A energia elétrica era
vendida a tarifas muito inferiores ao custo da geração de usinas hidrelétricas, de cerca de US$
60/MWh. Essa situação mudou em 2004, quando essas indústrias tiveram que negociar novos
contratos de fornecimento.
Sem dúvida, seria ótimo se todos pudessem ter energia barata. No entanto, vale lembrar
outro ditado: "não existe almoço grátis". A energia barata, vendida no passado aos grandes
consumidores pelas geradoras estatais, levou, em boa medida, ao endividamento e à perda de
capacidade de investimento dessas empresas.
A oferta de energia para os próximos anos é suficiente para atender ao crescimento
econômico esperado, sendo igualmente necessário que ela se expanda de forma contínua. O novo
modelo implantado em 2004 tem os mecanismos necessários para assegurar que isso ocorra.
(Mauricio Tolmasquim, 48, doutor em socioeconomia do desenvolvimento, é presidente da EPE (Empresa de Pesquisa
Energética). Foi secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia (2003-2005) e coordenou o grupo de trabalho que
elaborou o novo modelo do setor elétrico).
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Formas de argumentação
Os argumentos são recursos linguísticos que utilizamos para tornar nosso discurso mais
persuasivo e conquistar a adesão do auditório. Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa
quase impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer as pessoas preferirem uma
coisa à outra. Qualquer recurso linguístico destinado a fazer o interlocutor dar preferência à tese do
enunciador é um argumento. Os argumentos mais utilizados são:
a) Argumento de autoridade
É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas pelo auditório como
autoridades em certos domínios do saber, para servir de apoio àquilo que o enunciador está
propondo. Isso confere ao texto maior credibilidade, pois o ancora no depoimento de um especialista.
Para o auditório, o efeito é positivo, uma vez que se acredita que as considerações de um expert são
verdadeiras.
A estratégia é adquirir respeitabilidade, fazendo valer sua tese com o peso da consideração
de que goza a autoridade citada. Se considerarmos que, por meio da argumentação, se constrói um
determinado objeto de saber, o discurso como um todo, podemos dizer que a autoridade auxilia-nos
a construir esse objeto. Observe:
Administrar é dirigir uma organização, utilizando técnicas de gestão para que alcance seus
objetivos de forma eficiente, eficaz e com responsabilidade social e ambiental.
Lacombe (2003, p.4) diz que a essência do trabalho do administrador é obter resultados por
meio das pessoas que ele coordena. A partir desse raciocínio de Lacombe, temos o papel do "Gestor
Administrativo" que com sua capacidade de gestão com as pessoas, consegue obter os resultados
esperados.
A escassez e o uso abusivo da água doce constituem, hoje, uma ameaça crescente ao
desenvolvimento das nações e à proteção ao meio ambiente. A saúde e o bem estar de milhões de
pessoas, a alimentação, o desenvolvimento sustentável e os ecossistemas estão em perigo.
A luta pela água poderá levar o mundo a outra grande guerra. Alguns economistas preveem
que, por sua importância estratégica, a água será a moeda do futuro. Mais do que o petróleo e o
ouro, ela é valiosa para a humanidade. Sem ouro ou sem petróleo o homem vive; sem água não.
(adaptado de http://www.uniagua.org.br. 06/08/2007)
Vejamos um exemplo de uso desse recurso argumentativo extraído do texto "Uma revolução
silenciosa" (Folha de S. Paulo, 29/12/1996), do então presidente Fernando Henrique Cardoso:
[...] Treze milhões de brasileiros já deixaram a linha de pobreza. As classes D e E diminuíram 17%, e
as classes A e B cresceram 21 %. O rendimento dos 10% mais pobres da população dobrou. [...]
Carne bovina, ovos, congelados, iogurte e conservas passaram a frequentar mais a mesa dos
brasileiros. As classes D e E são responsáveis por 30% de produtos como biscoitos, iogurte e
macarrão instantâneo. Aumentou também o número de residências com geladeira, TV em cores,
freezer, produtos eletrônicos e eletrodomésticos [...]. As vendas de cimento cresceram 12% em 1995
e 21,5% no primeiro semestre deste ano. [...] Nestes dois anos de governo, 100 mil novas famílias
tiveram acesso à terra. [...]. Já desapropriamos, neste período, 3 milhões de hectares [...]. Na
Previdência Social, o aumento real médio dos benefícios foi de 39% entre 94 e 96 [...]. Conseguimos
reduzir, de maneira sensível, os índices de mortalidade infantil [...].
Como se vê, o enunciador constrói uma imagem positiva de si, como o "salvador da pátria"
que resgatou o país da situação caótica em que se encontrava (antes do Plano Real), devolvendo ao
povo a esperança de transformações, a partir das realizações "demonstradas" por meio das provas
concretas. Produz, assim, a impressão de comprometimento com os rumos da nação, de seriedade
no exercício da função presidencial. É importante dizer que se trata de uma estratégia: o discurso
não diz a verdade (o que é a verdade?); cria efeitos de verdade, ou seja, faz o auditório crer que
aquilo que parece verdadeiro de fato é verdadeiro.
"Tropecei num jota muçulmano na semana passada. Caí de cara no chão. Pra quem não leu a
crônica da semana passada, vou logo confessando que escrevi 'atinjiu' com jota e não com ge de
jeito (esta dói mais). Mas eu explico. O que eu estava dizendo que atingiu foi jato. Jato com jota.
Devo ter esquecido o dedo na tecla. A quantidade de cartas foi assustadora. Ninguém comentou
nada sobre as torres atingidas. O que doeu mesmo no leitor foi aquele jota de jato. Bem nos alvos.
Como se não bastasse o jota, no lugar de muçulmano, escrevi mulçumano. Aqui eu poderia mentir e
dizer que foi de propósito, pois não queria atingir os muçulmanos que não tinham nada com o
atingido. Então, teria inventado a palavra 'mulçumano’. E mais, que teria escrito errado para facilitar
a rima com humano. Tudo mentira. Errei mesmo. Talvez por nunca ter visto um 'muçulmano’ pela
frente. Aliás, nem por trás, como o Bush anda vendo ( ... ) ". (O jota muçulmano, Mário Prata, O
Estado de S. Paulo, 3/10/2001)
DROGA PESADA
Fui dependente de nicotina durante 20 anos. Comecei ainda adolescente, porque não sabia o
que fazer com as mãos quando chegava às festas. Era início dos anos 60, e o cigarro estava em
toda parte: televisão, cinema, outdoors e com os amigos. As meninas começavam a fumar em
público, de minissaia, com as bocas pintadas assoprando a fumaça para o alto. O jovem que não
fumasse estava por fora.
Um dia, na porta do colégio, um amigo me ensinou a tragar. Lembro que fiquei meio tonto,
mas saí de lá e comprei um maço na padaria. Caí na mão do fornecedor por duas décadas; 20
cigarros por dia, às vezes mais.
Fiz o curso de Medicina fumando. Naquela época, começavam a aparecer os primeiros
estudos sobre os efeitos do cigarro no organismo, mas a indústria tinha equipes de médicos
encarregados de contestar sistematicamente qualquer pesquisa que ousasse demonstrar a ação
prejudicial do fumo. Esses cientistas de aluguei negavam até que a nicotina provocasse dependência
química, desqualificando o sofrimento da legião de fumantes que tentam largar e não conseguem.
Nos anos 1970, fui trabalhar no Hospital do Câncer de São Paulo. Nesse tempo, a literatura
científica já havia deixado clara a relação entre o fumo e diversos tipos de câncer: de pulmão,
esôfago, estômago, rim, bexiga e os tumores de cabeça e pescoço. Já se sabia até que, de cada três
casos de câncer, pelo menos um era provocado pelo cigarro. Apesar do conhecimento teórico e da
convivência diária com os doentes, continuei fumando.
Na irresponsabilidade que a dependência química traz, fumei na frente dos doentes a quem
recomendava abandonar o cigarro. Fumei em ambientes fechados diante de pessoas de idade,
mulheres grávidas e crianças pequenas. Como professor de cursinho durante quase 20 anos, fumei
nas salas de aula, induzindo muitos jovens a adquirir o vício. Quando me perguntavam: “Mas você é
cancerologista e fuma?”, eu ficava sem graça e dizia que ia parar. Só que esse dia nunca chegava. A
droga quebra o caráter do dependente.
A nicotina é um alcaloide. Fumada, é absorvida rapidamente nos pulmões, vai para o coração
e através do sangue arterial se espalha pelo corpo todo e atinge o cérebro. No sistema nervoso
central, age em receptores ligados às sensações de prazer. Esses, uma vez estimulados,
comunicam-se com os circuitos de neurônios responsáveis pelo comportamento associado à busca
do prazer. De todas as drogas conhecidas, é a que mais dependência química provoca. Vicia mais
do que álcool, cocaína e morfina. E vicia depressa: de cada dez adolescentes que experimentam o
cigarro quatro vezes, seis se tornam dependentes para o resto da vida.
25
A droga provoca crise de abstinência insuportável. Sem fumar, o dependente entra num
quadro de ansiedade crescente, que só passa com uma tragada. Enquanto as demais drogas dão
trégua de dias, ou pelo menos de muitas horas, ao usuário, as crises de abstinência da nicotina se
sucedem em intervalos de minutos. Para evitá-las, o fumante precisa ter o maço ao alcance da mão;
sem ele, parece que está faltando uma parte do corpo. Como o álcool dissolve a nicotina e favorece
sua excreção por aumentar a diurese, quando o fumante bebe, as crises de abstinência se repetem
em intervalos tão curtos que ele mal acaba de fumar um, já acende outro.
Em 30 anos de profissão, assisti às mais humilhantes demonstrações do domínio que a
nicotina exerce sobre o usuário. O doente tem um infarto do miocárdio, passa três dias na UTI entre
a vida e a morte e não para de fumar, mesmo que as pessoas mais queridas implorem. Sofre um
derrame cerebral, sai pela rua de bengala arrastando a perna paralisada, mas com o cigarro na boca.
Na vizinhança do Hospital do Câncer, cansei de ver doentes que perderam a laringe por câncer,
levantarem a toalhinha que cobre o orifício respiratório aberto no pescoço, aspirarem e soltarem a
fumaça por ali.
Existe uma doença, exclusiva de fumantes, chamada tromboangeíte obliterante, que obstrui
as artérias das extremidades e provoca necrose dos tecidos. O doente perde os dedos do pé, a
perna, uma coxa, depois a outra, e fica ali na cama, aquele toco de gente, pedindo um cigarrinho
pelo amor de Deus.
Mais de 95% dos usuários de nicotina começaram a fumar antes dos 25 anos, a faixa etária
mais vulnerável às adições. A imensa maioria comprará um maço por dia pelo resto de suas vidas,
compulsivamente. Atrás desse lucro cativo, os fabricantes de cigarro investem fortunas na promoção
do fumo para os jovens: imagens de homens de sucesso, mulheres maravilhosas, esportes radicais e
a ânsia de liberdade. Depois, com ar de deboche, vêm a público de terno e gravata dizer que não
têm culpa se tantos adolescentes decidem fumar.
O fumo é o mais grave problema de saúde pública no Brasil. Assim como não admitimos que
os comerciantes de maconha, crack ou heroína façam propaganda para os nossos filhos na TV,
todas as formas de publicidade do cigarro deveriam ser proibidas terminantemente. Para os
desobedientes, cadeia. (VARELLA, Dráuzio. ln: Folha de S.Paulo, 20 maio 2000.)
Qual é o ponto de vista defendido por Dráuzio Varella a respeito da proibição da propaganda de
cigarros?
Quais são os argumentos utilizados por ele para defender seu ponto de vista e como se
classificam?
Ele inicia o seu texto se apresentando como um “ex-dependente da nicotina”. Por que ele faz
isso? Qual é a sua intenção com essa apresentação inicial?
O fato de Dráuzio Varella se apresentar como médico apenas depois de ter se apresentado
como ex-fumante é importante para a argumentação que ele constrói em seu texto? Por quê?
Qual é a relação que o médico estabelece, em seu texto, entre a propaganda tabagista e a
juventude?
Você considera o texto convincente e persuasivo? Por quê?
Atividade de produção
a) Reflita acerca do trecho apresentado a seguir e elabore um texto dissertativo em um
parágrafo, em que você possa discutir as competências e habilidades no profissional de
sua área.
“As competências e as habilidades técnicas são o mínimo exigido e não chegam a diferenciar
os profissionais de forma mais acintosa. Conhecer sua área, através da ajuda de colegas,
professores, livros, revistas e experiências, é o mínimo que cada um pode fazer por si.”
UNIDADE IV
1 FICHAMENTO
1.1 Conceituação e finalidade
Trata-se de um registro sintético e documental em fichas. O fichamento constitui um valioso
recurso de estudo de que se valem os pesquisadores para a realização de uma obra científica. Os
procedimentos usados na metodologia desse gênero textual causam estranhamento a princípio, mas
a prática contínua pelo estudante poderá levá-lo a alterar o ponto de vista e julgamento, fazendo-o
perceber que o pequeno trabalho inicial reverte-se em ganho de tempo futuro, quando precisar
escrever sobre determinado assunto. Um fichário do conteúdo escolhido possibilita não só a prática
de uma redação eficaz, como também proporciona ao autor enriquecimento cultural.
1.3 A ficha
Muitos alunos consideram desnecessária a produção de fichas para a seleção do material
que foi considerado fundamental por ocasião da leitura, no entanto, a ficha, além de didática, evita
problemas futuros como: não saber mais de que livro foi retirada uma passagem; qual o ano da
edição, editora, entre outros. Esses problemas são muito comuns na hora da elaboração do texto.
Não raro o aluno destaca ideias importantes de um livro emprestado e, depois da devolução, não
consegue mais o original de volta para copiar a fonte. Material destacado sem a anotação da
referência bibliográfica é material que não poderá ser usado. O fichamento, antes de tudo, precisa
ser funcional.
As anotações que ocupam mais de uma ficha têm o cabeçalho da primeira repetido com
exceção da numeração. As fichas compreendem cabeçalho, referências bibliográficas e corpo. O
cabeçalho engloba o título genérico, o específico e o número indicativo da sequência das fichas, se
for utilizada mais de uma. O tamanho das fichas varia de acordo com as exigências do professor.
Corpo ou texto
da Ficha
O mais utilizado nas avaliações na Academia é o fichamento tipo citação, do qual falaremos
em seguida.
(Biblioteca da Faceca)
2 RESUMO
Resumir é apresentar, de forma objetiva, concisa e seletiva, determinado conteúdo. Isso
significa reduzir a termos breves e precisos a parte essencial de um tema. Saber fazer um bom
resumo é fundamental no percurso acadêmico de um estudante por lhe permitir recuperar
rapidamente ideias, conceitos e informações com as quais ele terá de lidar ao longo de seu curso.
O resumo é "uma apresentação sintética e seletiva das ideias de um texto, ressaltando a
progressão e a articulação entre elas" (MEDEIROS, 2000, p. 123). Resumo não é cópia, não é
substituição de um termo ou outro, não é inversão da ordem da frase, nem deve apresentar crítica,
pois, nesse caso, tornar-se-ia uma resenha ou recensão.
Os resumos são classificados em três tipos:
a) Resumo indicativo: mais breve, compõe-se apenas da ideia principal, não apresentando dados
qualitativos, quantitativos, etc. Digitado em bloco único, é utilizado em notas e comunicações (50 a
100 palavras), "orelhas" de livros, artigos de periódicos e trabalhos de conclusão de curso (100 a 250
29
Para que seja inteligível, o resumo deve conter (MEDEIROS, 2000, p. 108-128):
Considere o texto:
"A humanidade encontra-se hoje perante um elevado grau de indeterminação quanto ao seu futuro.
Essa indeterminação já é visível a partir de alguns fenômenos: explosão das fronteiras nacionais;
agressão, cada vez mais aguda, ao patrimônio natural e depredação do estoque energético
tradicional; crescimento da pobreza e exclusão [...]" (GENRO, 2000, p. 57)
Exemplo
Título: Uma abordagem conceitual-reflexiva sobre a relação da comunicação com o turismo.
Autora: Rosana Eduardo Leal.
Resumo: O presente artigo busca realizar um estudo preliminar sobre a relação da comunicação com o
turismo, a partir da contextualização do desenvolvimento teórico-científico da comunicação turística. Busca
também compreender a influência dos recursos comunicacionais na construção da imagem, na divulgação dos
destinos turísticos e nas experiências de viagens.
Palavras-chave: comunicação, turismo, desenvolvimento teórico-científico, imagem.
Em trabalhos acadêmicos, o resumo vem precedido da referência do texto a ser analisado ou, no
caso de monografias, por exemplo, vir num único parágrafo, ressaltando o objetivo, o método, os
resultados e as conclusões do estudo realizado; com a inclusão de palavras-chave.
Deve-se privilegiar a voz ativa e a 3ª pessoa.
Quanto à extensão, deve ter:
a) de 150 a 500 palavras os trabalhos acadêmicos (teses, dissertações e outros) e relatórios técnico-
científicos;
b) de 100 a 250 palavras os artigos de periódicos;
c) de 50 a 100 palavras os destinados a indicações breves.
Por chaves:
Platão Arte é pura imitação de algo que é imitação do Mundo das Ideias
Arte
Acesso à beleza
Finalidade da arte Conhecimento intuitivo
Contemplação do absoluto
4 RESENHA
A resenha é um gênero textual que desempenha um importante papel na divulgação de
trabalhos entre a comunidade acadêmica e de obras em diferentes veículos. Além disso, pode ser
vista como um texto que dá crédito ao trabalho desenvolvido pelos produtores de textos e de obras
de uma determinada área. É uma atividade que exige do produtor conhecimento sobre o assunto
(para estabelecer comparações) e maturidade intelectual do produtor (para fazer avaliações e emitir
juízo de valor), pois amplia o simples resumo.
• Tipos de resenha
Resenha-resumo (Resenha Descritiva):
É um texto que se limita a resumir o conteúdo de um livro, de um capítulo, de um filme, de
uma peça de teatro ou de um espetáculo, sem qualquer crítica ou julgamento de valor. Trata-se de
um texto informativo, pois o objetivo principal é informar o leitor.
• Objetivo da resenha
Divulgar objetos de consumo cultural: livros, filmes peças de teatro, etc. Por isso a resenha
é um texto de caráter efêmero, pois "envelhece" rapidamente, muito mais que outros textos de
natureza opinativa.
• Extensão da resenha
A extensão da resenha depende do espaço que o veículo reserva para esse tipo de texto. Em
geral, não se trata de um texto longo, como normalmente feito nos cursos superiores.
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Ensaio sobre a cegueira, o novo livro do escritor português José Saramago (Companhia das Letras; 310
páginas; 20 reais), é um romance metafórico (...) (Veja, 25 de outubro, 1995).
"Nos 6 pequenos capítulos que integram a obra, o gramático bate, intencionalmente, sempre na mesma tecla -
uma variação sobre o mesmo tema: a maneira tradicional e errada de ensinar a língua materna, as noções
falsas de língua e gramática, a obsessão gramaticalista, a inutilidade do ensino da teoria gramatical, a visão
distorcida de que se ensinar a língua é se ensinar a escrever certo, o esquecimento a que se relega a prática
linguística, a postura prescritiva, purista e alienada - tão comum nas "aulas de português".
O velho pesquisador apaixonado pelos problemas de língua, teórico de espírito lúcido e de larga formação
linguística e professor de longa experiência leva o leitor a discernir com rigor gramática e comunicação:
gramática natural e gramática artificial; gramática tradicional e linguística; o relativismo e o absolutismo
gramatical; o saber dos falantes e o saber dos gramáticos, dos linguistas, dos professores; o ensino útil, do
ensino inútil; o essencial, do irrelevante".
Pode-se também resumir de acordo com a ordem dos fatos, das partes e dos capítulos. Veja
o exemplo da resenha "Receitas para manter o coração em forma" (Zero Hora, 26 de agosto, 1996),
sobre o livro "Cozinha do Coração Saudável", produzido pela LDA Editora, com o apoio da Beal.
· A avaliação crítica
A resenha avaliativa não deve ser vista ou elaborada mediante um resumo a que se
acrescenta, ao final, uma avaliação ou crítica. A postura crítica deve estar presente desde a primeira
linha, resultando num texto em que o resumo e a voz crítica do resenhista se interpenetram. O tom
da crítica poderá ser moderado, respeitoso ou até agressivo.
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Deve-se lembrar que os resenhistas – como os críticos em geral – também se tornam objetos
de críticas por parte dos "criticados" (diretores de cinema, escritores, etc.), que revidam os ataques
qualificando os "detratores da obra" de "ignorantes" (não compreenderam a obra) e de
"impulsionados pela má-fé".
No mundo dos livros, no entanto, parece que finalmente (e infelizmente), a saga de Potter ganhou seu
ponto final. Será?
(Leonardo da Silva é graduando do curso de Letras da UFSC.
Retirado do endereço: http://www.lendo.org/resenha-contos-beedle-bardo/)
"Língua e liberdade: por uma nova concepção da língua materna e seu ensino" (L&PM, 1995, 112
páginas), do gramático Celso Pedro Luft, traz um conjunto de ideias que subvertem a ordem estabelecida no
ensino da língua materna, por combater, veementemente, o ensino da gramática em sala de aula.
Mais um exemplo:
"Michael Jackson: uma Bibliografia Não Autorizada (Record: tradução de Alves Calado; 540 páginas, 29,90
reais), que chega às livrarias nesta semana, é o melhor perfil de astro mais popular do mundo". (Veja, 4 de
outubro, 1995).
Outra maneira bastante frequente de iniciar uma resenha é escrever um ou dois parágrafos
relacionados com o conteúdo da obra. Observe o exemplo da resenha sobre o livro "História dos
Jovens" (Giovanni Levi e Jean-Claude Schmitt), escrita por Hilário Franco Júnior (Folha de São
Paulo, 12 de julho, 1996).
5 O ARTIGO CIENTÍFICO
De acordo com NBR 6022, artigo científico é “parte de uma publicação com autoria
declarada, que apresenta e discute idéias, métodos, técnicas, processos e resultados nas diversas
áreas do conhecimento.”1
5.1 Estrutura
O artigo científico possui a mesma estrutura dos demais trabalhos científicos:
5.1.2.1 Introdução
Segundo a NBR 6022 (2003, p. 4), introdução é a “parte inicial do artigo, onde devem
constar a delimitação do assunto tratado, os objetivos da pesquisa e outros elementos necessários
para situar o tema do artigo”. Tais elementos são: trabalhos anteriores sobre o tema, justificativas
para a escolha do assunto e dos métodos adotados, problemas motivadores do estudo, hipóteses
levantadas e principais resultados – aspectos esses que permitem ao leitor ter uma visão geral do
artigo.
5.1.2.2 Desenvolvimento
Parte principal e mais extensa do trabalho, na qual se deve apresentar a fundamentação
teórica, a metodologia, os resultados e a discussão. De acordo com a NBR 6024 (2003), divide-se
em seções e subseções, que variam em função da abordagem do tema e do método.
Dessa forma, o desenvolvimento pode ser subdividido em três etapas: a) revisão da
literatura; b) material e métodos; e c) resultados e discussão, conforme segue:
a) A revisão da literatura tem um papel fundamental no artigo científico, uma vez que é por
meio dela que o trabalho é situado dentro de uma grande área de pesquisa. Também é por
intermédio dela que se reporta e avalia o conhecimento produzido em pesquisas prévias, destacando
conceitos, procedimentos, resultados, discussões e conclusões relevantes para o trabalho.
b) A etapa de material e métodos compreende a exposição do(s) material(is) empregado(s)
e a descrição das técnicas adotadas durante o desenvolvimento do trabalho, de tal forma que possa
permitir a repetição do experimento ou estudo com a mesma exatidão por outros pesquisadores.
c) Já na etapa de resultados e discussão, o autor deve apresentar e discutir resultados
obtidos em sua pesquisa, de forma precisa e clara, analisando e apresentando os dados nas
diversas formas (valores estatísticos, tabelas, figuras etc.), como também relacionando causas e
efeitos, procurando esclarecer as teorias e os princípios, ressaltando os aspectos que confirmem ou
refutem as teorias estabelecidas, mostrando novas perspectivas e/ou limitações para a continuidade
da pesquisa.
5.1.2.3 Conclusão
É a parte do artigo em que o autor irá destacar os resultados obtidos, apontando críticas,
recomendações e sugestões para pesquisas futuras. É um fechamento do trabalho estudado,
devendo responder às hipóteses enunciadas e aos objetivos do estudo, que foram apresentados na
introdução.
Notas explicativas: usadas para fazer certas considerações que não caberiam no texto sem
quebrar a sequência lógica. Segundo a NBR 6022 (2003), são enumeradas com algarismos
arábicos, numa ordenação única e consecutiva para cada artigo, sem iniciar a cada página.
Referências: consistem, segundo a NBR 6023 (2003), de uma lista ordenada dos documentos
efetivamente citados no texto, que permite a identificação, no todo ou em parte, de
documentos impressos ou registrados em diferentes tipos de materiais.
Glossário: relação em ordem alfabética de palavras pouco conhecidas, ou estrangeiras, ou
termos e expressões técnicas com seus respectivos significados.
Apêndices: material elaborado pelo autor que se junta ao texto para complementar sua
argumentação.
Anexos: material complementar ao texto para servir de fundamentação, comprovação ou
exemplificação que não seja elaborado pelo autor.
5.2.2 Margens
As margens são formadas pela distribuição do próprio texto no papel, justificado, dentro dos
limites padronizados com as seguintes medidas: Superior e esquerda: 3,0 cm; Inferior e direita: 2,0
cm.
5.2.3 Paginação
A numeração deve ser colocada no canto superior direito, a 2 cm da borda do papel com
algarismos arábicos e tamanho da fonte menor (10). A primeira página não leva número, mas é
contada.
5.2.4 Espaçamento
O espaçamento entre as linhas é de 1,5 cm. As notas de rodapé, o resumo, as legendas de
ilustrações e tabelas, as citações textuais de mais de três linhas devem ser digitadas em espaço
simples. As referências listadas no final do trabalho devem ser digitadas em espaço simples e
separadas entre si por um espaço duplo.
6 PAPER
O paper é um artigo menos abrangente, um pequeno artigo. De acordo com Souza (apud
TEIXEIRA, 2005, p. 45), as características desse trabalho acadêmico “podem convencionalmente
consistir em atividade acadêmica, servindo usualmente como um trabalho escrito para a avaliação do
desempenho em seminários, cursos e disciplinas. Devem possuir a mesma estrutura formal de um
artigo”.
Ainda conforme essa autora, as principais características do paper são: “a) estudo sobre um
autor; b) estudo de um tema num autor; c) estudo de uma obra de um autor; e d) estudo de um tema/
questão/ problema em diversos autores”. (apud TEIXEIRA, Elizabeth. As Três Metodologias:
acadêmica, da ciência e da pesquisa. Petrópolis: Vozes, 2005. p.45).
7 SEMINÁRIO
É uma das técnicas de dinâmica de grupo mais eficientes para a aprendizagem, porque
estimula a pesquisa e a discussão. O seminário pode ser apresentado em eventos científicos, como
congressos, encontros e simpósios, assim como constitui uma das atividades mais praticadas nos
cursos de graduação e pós-graduação.
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Para a apresentação oral, podem ser utilizados materiais de ilustração, tais como cartazes ou
projeções de slides. No entanto, Amorim (2005, 03) adverte que as informações e legendas devem
aparecer em contraste com a cor do papel (ou slide) utilizado, observando o tamanho da fonte para
que a leitura não seja comprometida pelos alunos mais afastados da exposição. Quando se tratar de
imagens ou desenhos, os critérios de tamanho e legibilidade das ilustrações devem ser igualmente
observados.
O debate é o momento mais importante do seminário! Conduz à reflexão, proporciona o
confronto de opiniões e fomenta a crítica, levando a um aprofundamento do conteúdo e à construção
da aprendizagem. Como destaca Elisabete de Pádua, é o debate que “caracteriza o seminário como
uma técnica geradora de novas ideias, despertando a curiosidade dos participantes, levando a novas
indagações sobre o assunto [...].”
Com base em: AMORIM, Ana Paula. Metodologia do Trabalho Científico. Disponível em:
<http://ilearn.ead.ftc.br/> Acesso em: 09 ago. 2006.
O seminário precisa ser planejado com antecedência, e sua montagem deve contemplar o tema, as
fontes de pesquisa, a montagem do texto-roteiro a ser entregue aos participantes, as tarefas dos
membros do grupo responsável, o tempo para a exposição inicial e para o debate e os recursos
didáticos que serão utilizados.
8 PAINEL
Ao contrário do que imaginamos, o painel é uma atividade de divulgação científica que não
necessariamente precisa apresentar cartazes. Consiste na reunião de vários interessados que
expõem suas ideias sobre determinado assunto, de maneira informal e dialogada. A participação é
espontânea, o que possibilita uma troca de ideias e conduz ao conhecimento aprofundado do tema.
Em geral, participam da exposição de três a cinco especialistas em um determinado assunto,
que realizam o debate sob a coordenação de um moderador. A função do moderador é inaugurar os
trabalhos, apresentar o tema e os debatedores aos ouvintes. Além disso, ele deve coordenar a
apresentação de cada um, organizando a discussão.
9 MESA REDONDA
A mesa-redonda apresenta pontos de vista variados acerca de um mesmo tema. Os
participantes, no máximo seis, conhecem previamente o texto dos outros expositores e podem
apresentar questionamentos aos membros da mesa. Fundamentada sobre um tema específico, é
seguida de uma sessão de perguntas e debates.
Apresentação de um tema sob pontos de vista diferentes e até mesmo divergentes;
Os participantes conhecem previamente o texto do expositor;
Após a exposição, os demais participantes apresentam os seus comentários críticos;
A palavra retorna ao expositor, que poderá concedê-la à plateia.
10 PALESTRA
A palestra é uma exposição oral sobre um tema – de natureza científica, literária, cultural,
religiosa ou política, etc. – cujo objetivo maior é a exposição de determinado conhecimento e a troca
de experiências a ele relacionadas. O palestrante deve informar, esclarecer e divulgar um tema
relacionado ao seu trabalho e desenvolver uma apresentação metódica e estruturada, de forma
objetiva e clara.
É comum que se posicione diante de uma plateia, cujos ouvintes têm interesse no assunto a
ser abordado, podendo, em alguns casos, manifestar-se também. A palestra, por ser temática, pode
ser apresentada no contexto de eventos mais abrangentes como congressos, simpósios e encontros
científicos.
Adaptado de: PARRA FILHO, Domingos. SANTOS, João Almeida. Metodologia Científica. 6. ed. São Paulo: Futura, 1998.
11 CONFERÊNCIA
Modalidade de comunicação oral que ocorre na comunidade científica. Trata-se de
apresentação mais curta que as palestras. É uma exposição científica sobre um tema, realizada por
um especialista na área. Pode ou não permitir a participação da plateia, que lança questionamentos
ao conferencista para que ele possa esclarecer pontos que não ficaram claros. Possui, em média, a
duração de uma hora.
12 RELATÓRIO
Podemos dizer que relatório é uma exposição detalhada de um evento qualquer (que ocorreu
e foi observado), através da qual um profissional ou acadêmico faz o relato de sua própria atividade
ou da de um grupo ao qual pertence. O objetivo é comunicar ao leitor a experiência acumulada pelo
autor (ou pelo grupo) na realização do trabalho e os resultados obtidos. Dessa forma, na elaboração
de um relatório, qualquer que seja seu tipo, a preocupação maior deve estar voltada para a eficiência
da comunicação.
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Procedimentos
A estrutura e a organização de um relatório serão variáveis conforme seus objetivos e
destinação. A elaboração de um relatório se inicia por uma reflexão sobre sua finalidade; para isso,
são úteis três perguntas:
- O que deve ser relatado? – da resposta a esta pergunta resulta um roteiro ou esquema do conteúdo
do relatório;
- para quem deve ser relatado? – essa pergunta pode ajudar a decidir quanto ao tipo de relatório
(formal, informal ou semiformal), nível de complexidade e aprofundamento do conteúdo, estilo da
redação, etc.;
- por que deve ser relatado? – essa pergunta auxilia a decidir se o relatório será informativo ou
analítico e a esclarecer aspectos relativos à abordagem e tratamento das informações e/ou
conclusões e recomendações a serem apresentadas.
b) Justificativa
c) Objeto (problema; hipóteses; variáveis)
E) Revisão bibliográfica
F) Metodologia (método de abordagem; métodos de procedimento; técnicas; delimitação do universo;
tipo de amostragem; tratamento estatístico)
G) Embasamento teórico
a) Teoria de base;
b) Definição de termos
c) Conceitos operacionais e Indicadores
H) Apresentação dos dados e sua análise (dividido em capítulos)
I) Interpretação dos resultados (dividido em capítulos)
J) Conclusões
K) Recomendações e Sugestões
L) Apêndices
a) Tabelas
b) Quadros
c) Gráficos
d) Outras ilustrações
e) Instrumentos de pesquisa
M) Anexos
N) Bibliografia
O relatório de pesquisa é uma descrição objetiva dos fatos que ocorreram na pesquisa. Além
disso, o pesquisador faz análise deles para chegar a conclusões ou tomar decisões.
Tendo projetado a pesquisa, estruturado o projeto, realizado a apresentação, estabelecido o
objetivo, delimitado o tema, apresentado as justificativas, passa-se a abordar o objeto da pesquisa, o
problema que se quer resolver. É hora de estabelecer as hipóteses básicas, as secundárias, as
variáveis (e a relação entre elas). Em seguida, passa-se a comentar a metodologia de pesquisa
utilizada, os métodos de abordagem (indutivo, dedutivo, dialético), os métodos de procedimento
(histórico, comparativo, estudo de caso).
O relatório deve responder às seguintes perguntas: O quê? Por quê? Para quê? Para quem?
Onde? Como? Com quê? Quanto? Quando? Quem? Com quanto?
O pesquisador se utilizará de técnicas para a elaboração da pesquisa, que são o instrumental
necessário a uma ciência para alcançar metas estabelecidas. A metodologia da pesquisa implica a
delimitação do universo que será investigado (corpus), o tipo de amostragem, o tratamento dos
dados estatísticos.
Ainda no início do relatório, o autor exporá a revisão bibliográfica. Não se admite pesquisa
que parta do nada, sem revisão da literatura, exceto nos casos de originalidade do tema. Essa
revisão permite novos pontos de vista, confirmação de resultados obtidos por outrem, reformulação
de conclusões e ainda apresentação da contribuição da pesquisa.
Outra etapa importante refere-se à definição dos termos, das palavras utilizadas. Faz-se em
seguida o cronograma da pesquisa, início e fim, bem como o orçamento dos possíveis gastos à sua
realização. Convém ainda esclarecer os instrumentos a serem usados: questionários, formulários,
testes, etc. E, finalmente, apresenta-se um elenco bibliográfico da pesquisa.
(MEDEIROS, 2011, p.215)
MODELO DE USO DOS ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS
3 cm ↓
Dois espaços
Antonio Nunes Pereira1 de 1,5 entre o
Rejane Tavares2 título e
Autor(s).
Nome completo
Resumo: Segundo a NBR 6028 (2003), o resumo é uma do(s) autor(s) na
descrição sumária da totalidade do artigo entre 100 a 250 forma direta, em
palavras, em que são destacados os objetivos, o método, fonte 10, sem
os resultados e conclusões mais importantes. Deve ser negrito, alinhados
descrito com fonte 10, espaçamento simples em um à direita e com
números arábicos
único parágrafo, de forma discursiva afirmativa e não indicando nota de
apenas uma lista dos tópicos. rodapé, onde será
colocado breve
Palavras-chave: Xxxxxxx. Zzzzzzzz. Sssssssss. currículo do (s)
Aaaaaaa. autor (s).
São palavras
representativas
do
Texto, colocadas
abaixo do
Resumo. Deve-se
usar maiúsculo
somente na
primeira letra e
separá-las com
ponto [.].
→ ←
Também são
digitadas em
fonte 10.
3 2 Key-words (em
cm cm inglês) ou Palabras
______________________ clave (em
1
Professor – Instituto Federal de Educação, Ciência e espanhol) ou Mots-
clés (em francês):
Tecnologia do Ceará – Campus Iguatu. Graduado em letras –
aqui as palavras-
Universidade Estadual do Ceará. E-mail:
chave são
nunespereira@ifce.edu.br traduzidas para a
2
Bibliotecaria - Instituto Federal de Educação, Ciência e mesma língua
Tecnologia do Ceará – Campus Iguatu. Graduado em estrangeira do
biblioteconomia– Universidade Estadual do Ceará. E-mail: resumo.
rejane@ifce.edu.br
ANTUNES, Irandé. Lutar com palavras: coesão e coerência. São Paulo: Parábola, 2005.
COSTA VAL, Maria da Graça. Redação e textualidade. Martins Fontes, 1999.
KOCH, Ingedore Villaça. A coesão textual. São Paulo: Contexto, 1990.
______. Argumentação e Linguagem. 11ª ed. São Paulo: Cortez, 2008.
______. Desvendando os segredos do texto. São Paulo: Contexto, 2002.
______. O texto e a construção dos sentidos. São Paulo: Contexto, 1996.
KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, V. M. S. Ler e escrever: estratégias de produção textual. São
Paulo: Contexto, 2012.
KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, V. M. S. Ler e compreender: os sentidos do texto. São Paulo:
Contexto, 2006.
KOCH, Ingedore Villaça; TRAVAGLIA, Luiz Carlos. A coerência textual. São Paulo: Contexto,
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KÖCHE, Vanilda; BOFF, Odete; PAVANI, Cinara. Prática textual: atividades de leitura e escrita.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2006.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do trabalho científico. 7ed.
São Paulo: Atlas; 2009.
MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 11ed.
São Paulo: Atlas, 2011.
RAMPAZZO, Lino. Metodologia científica. 4ed. São Paulo: Edições Loyola, 2009.