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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS – CAMPUS DO SERTÃO

PERÍODO/CURSO: 3º/ LETRAS – LÍNGUA PORTUGUESA

DISCIPLINA: TEXTO E DISCURSO

DOCENTE: DRA. DÉBORA MASSMANN

DISCENTES: JAMILLY SANDES E JENNIFER THALITA DE SOUZA

1. Com base no que foi tratado no texto, disserte sobre os três momentos
cruciais para a constituição do objeto de análise da Linguística Textual.

A Linguística Textual surgiu na década de 1960 com o intuito de compreender a


organização dos textos, e reconhecer os falantes em suas manifestações sociais.
Inicialmente esta linguística tomou valoração na Alemanha e na Holanda. A
princípio os estudos dessa área se restringiam as análises frasais, e nesse sentido a
frase era tida como uma unidade máxima. A busca para a constituição de um objeto
de análise da Linguística Textual, passou por três momentos, sendo eles: a análise
transfrástica, a construção das gramáticas textuais e a Teoria do Texto.
A análise transfrástica buscava observar para além da frase para o texto. Além
disso, observava como isso iria significar, os diversos sentidos e como se constitui
essa relação. A co-referenciação, bastante estudada nessa primeira fase, está
diretamente relacionada à algo que se refere a outro termo, neste caso, simplificado.
Por exemplo: “Maria dorme à tarde. Ela trabalha pela noite.” O sujeito da frase é
Maria, já o pronome é Ela, que aparece como retomada do sujeito. Observamos que
nesta frase o gênero estava explícito e é feminino, entretanto, há textos em que não
há como observar o gênero. Nesse sentido, a co-referenciação é o pronome “ela”.
Adiante, a análise transfrástica acabou perdendo força, e a linguística textual
passou a tentar construir as gramáticas textuais. O texto passou a ser visto então,
como uma unidade linear e uniforme, e que poderia ser formada para estudar suas
relações. Nessa fase houve forte influência no que diz respeito ao gerativismo de
Chomsky, além de também ser explorada a questão da competência textual. Dentro
dessa segunda fase, ainda são trazidos três capacidades dos falantes, sendo elas, a
capacidade formativa, em que o falante produz e reconhece os textos, a capacidade
transformativa que parafraseia e reformula o texto, e a capacidade transformativa,
que reconhece os tipos de textos.
Por fim, surge a teoria do texto, em que o texto não passa mais a ser visto como
um produto acabado e pronto, mas como um processo que se reformula
constantemente, além disso, são motivados por diversos fatores. O falante começa
então a se destacar para a produção do texto. Deste modo, a teoria do texto torna-se
uma disciplina considerada interdisciplinar, pois abrange outras áreas como a
análise do discurso, estudos cognitivos e enunciativos, entre outros.

2. Qual o conceito de texto em cada fase estudada?

Há dois conceitos de texto, o primeiro está diretamente ligado à análise


transfrástica e a gramática de texto, em que o texto é tido como uma sequência de
enunciados, que vai além da frase, mesmo que seja uma forma linear em relação à
linguagem. No segundo momento da primeira fase, o conceito de texto é dado a
partir da gramática textual, como um produto finalizado, sendo o modo formal uma
base para se entender o texto. Trazendo, desta forma, os fatores textuais (coesão e
coerência) como essenciais para a produção do texto.
Por fim, a teoria do texto está disposta como a segunda fase, em relação ao
conceito de texto. O texto, nesse sentido, passa a ser considerado a partir de
perspectivas linguísticas, semânticas e pragmáticas.

3. Como funcionam os fatores de coerência (conhecimento de mundo,


conhecimento partilhado e inferências)?

O conceito de coerência está relacionado ao sentido de um texto, ou seja, para


que haja coerência em um determinado texto, o mesmo deverá ser entendido pelo
leitor e/ou destinatário. Portanto, sua compreensão a partir da leitura é o que
chamamos de coerência do texto. É desta forma que podemos articular os fatores de
coerência, que são de ordens linguísticas, socioculturais, interacionais e cognitivas.
O primeiro elemento tratado no texto é o denominado “conhecimento de
mundo”. Quando um texto nos é passado de forma que nele não haja nenhum
conhecimento prévio da parte de quem está passando e/ou recebendo, podemos não
entender seu sentido, fazendo com que pareça não haver coerência. Nesse sentido,
quando escrevemos um texto, por exemplo, devemos à princípio ter em mente
quem será nosso público alvo e se eles possuem um conhecimento de mundo acerca
do que iremos tratar no referente texto. Este conhecimento é adquirido de forma
que ao aprendermos determinadas coisas, acabamos por armazená-los. Deste modo,
podemos chamar esse conhecimento de modelos cognitivos, no qual estão presentes
os frames, os esquemas, os planos e os scripts.
O conhecimento partilhado diz respeito a um conhecimento individualizado, e
nesse sentido conseguimos compartilhá-los para que desta forma, se estabeleça uma
comunicação entre os falantes. Pode-se dizer que quanto mais informações
armazenamos e temos em comum com o outro, explicaremos com menos riquezas
de detalhes.
Por último e não menos importante, trataremos da inferência. O seu significado
trazido pela autora, nos remete a entender que a inferência utiliza do conhecimento
de mundo para que a partir do recebimento de um texto, seja estabelecido uma
relação na qual haja elementos para sua compreensão – quando isso ocorre, essas
relações se dão de forma implícita -. Portanto, pode-se dizer que há muitos textos
que necessitam de inferências, já que o leitor precisa montar essas relações.

4. Discorra sobre os seguintes fatores de coerência: intencionalidade,


informatividade e intertextualidade.

Em seu sentido puro, a intencionalidade refere-se à quantas são as informações


que um determinado texto traz. Nessa perspectiva, notamos que há textos que
possuem poucas informatividades, enquanto outros dispõem de muitas. Em seu
texto, a autora concorda que, “o fator informatividade diz respeito ao grau de
possibilidade das informações que estarão presentes no texto, se essas são esperadas
ou não, se são previsíveis ou não” (Koch e Travaglia, 1990). Desta forma, podemos
dizer que quando uma informação é trazida no texto de forma já esperada pelo
leitor, significa que este texto é menos informativo.
Já o fator chamado de intencionalidade, está atribuído ao modo como a criação
de um texto gera uma intenção de fazer o leitor ter uma dada conclusão. Deste
modo, pode-se dizer que o autor acaba por conduzir o leitor, com o intuito de que
ele tenha a sua conclusão. Para Koch e Travaglia (1990) “a intencionalidade tem
uma relação estreita com a argumentatividade”, isto quer dizer que todo texto
argumenta sobre algo, assim como têm intenção de algo, e por esse motivo o
propósito dos autores é persuadir os leitores a entender o seu texto.
O último fator aqui exposto é a intertextualidade. Ela pode ocorrer
explicitamente ou implicitamente quando há uma referenciação de um texto para
outro texto. Por essa razão, com a intertextualidade podemos concordar e afirmar as
ideias trazidas em determinados textos, podendo também haver contraposição. Esse
fator de coerência de certa forma brinca a semelhança e a diferença em relação a
escrita, já que um texto serve como base – e aí está a semelhança -, e ao mesmo
tempo diferente, já que é uma conversa entre textos.

5. Qual a diferença da coesão referencial para coesão sequencial de acordo


com o conceito de Koch (1997)?

Segundo Koch (1997) “a coesão é um fenômeno que diz respeito ao modo como
os elementos linguísticos presentes na superfície textual se encontram interligadas,
por meio de recursos também linguísticos, formando sequências veiculadoras de
sentido”, ou seja, a coesão tem um poder de unificar diferentes partes de um texto
para que façam um só sentido. A coesão é dividida em dois grupos que, dentro
deles formam pequenos tipos de coesão, sendo chamados de coesão referencial e
coesão sequencial.
A coesão referencial acontece quando utilizamos dentro do texto elementos e
mecanismos que fazem referência a termos que a foram empregados anteriormente
ou a outros que ainda serão empregados, como também aqueles que não aparecem
subentendidos. Nessa coesão existem vários tipos de coesão textual, como: as
palavras ou expressões sinônimas, palavra ou expressão resumitiva, pronome,
numeral, omissão ou elipse e por último os advérbios pronominais.
Já a coesão sequencial são termos explicativos que sequenciam diversidades, e
ajudam a estabelecer relações entre as partes do texto, e por isso esta é uma questão
de conexão, em que uma parte do texto estará ligada a outra. Portanto, a grande
diferença entre esses dois grupos de coesão é que, a referência está sempre
retomando informações que a foram apresentadas, ou antecipam informações que
ainda vão ser expostas. E a sequencial utiliza termos que encadeiam o discurso,
colocando um conectivo ou mecanismo linguístico para fazer a sequenciação de
uma oração para outra.

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