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Polícia Militar do Rio de Janeiro

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Cód.: 7908428803704
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Obra

PMERJ – Polícia Militar do Rio de Janeiro


Soldado

Autores

LÍNGUA PORTUGUESA • Ana Cátia Collares, Giselli Neves, Isabella Ramiro e Monalisa Costa

REDAÇÃO • Nelson Sartori

MATEMÁTICA BÁSICA • Ivanilson Junior, Kairton Batista (Prof. Kaká) e Sérgio Mendes

NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS • Alexandre Nápoles, Ana Philippini e Camila Cury

LEGISLAÇÃO APLICADA À PMERJ • Ana Philippini e Renato Philippini

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO • Fernando Paternostro Zantedeschi

NOÇÕES DE DIREITO PENAL (ON-LINE) • Renato Philippini e Rodrigo Gonçalves

NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL • Eduardo Gigante e Renato Philippini

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ISBN: 978-85-93690-96-9
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Edição: Novembro/2022

Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos


pela Lei nº 9.610/1998. É proibida a reprodução parcial ou total,
por qualquer meio, sem autorização prévia expressa por escrito da
editora Nova Concursos.

Esta obra é vendida sem a garantia de atualização futura. No caso Dúvidas


de atualizações voluntárias e erratas, serão disponibilizadas no site
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Retificações”, no rodapé da página, e siga as orientações. sac@novaconcursos.com.br
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PIRATARIA
É CRIME!
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ou total, por qualquer meio, sem autorização prévia expressa por
escrito da Nova Concursos.
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Pirataria é crime e está previsto no art. 184 do Código Penal,


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com pena de até quatro anos de prisão, além do pagamento


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de multa. Já para aquele que compra o produto pirateado


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sabendo desta qualidade, pratica o delito de receptação, punido


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com pena de até um ano de prisão, além de multa (art. 180 do CP).
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Não seja prejudicado com essa prática.


Denuncie aqui: sac@novaconcursos.com.br
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APRESENTAÇÃO
Um bom planejamento é determinante para a sua preparação
de sucesso na busca pela tão almejada aprovação. Por isso, pen-
sando no máximo aproveitamento de seus estudos, este livro foi
organizado de acordo com os itens mais relevantes do último edi-
tal para o cargo de Soldado da Polícia Militar do Rio de Janeiro.

O conteúdo programático foi sistematizado em um sumário,


facilitando a busca pelos temas do edital, no entanto, nem sem-
pre a banca organizadora do concurso dispõe os assuntos em
uma sequência lógica. Por isso, elaboramos este livro abor-
dando os principais itens do edital e reorganizando-os quando
necessário, de uma maneira didática para que você realmente
consiga aprender e otimizar os seus estudos.

Ao longo da teoria, você encontrará boxes – Importante e Dica


– com orientações, macetes e conceitos fundamentais cobrados
nas provas, e seção Hora de Praticar, trazendo exercícios gaba-
ritados da banca Exatus Promotores de Eventos e Consultoria,
organizadora responsável pelo último certame.

A obra que você tem em suas mãos é resultado da competência


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de nosso time editorial e da vasta experiência de nossos profes-


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sores e autores parceiros – muitos também responsáveis pelas


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aulas que você encontra em nossos Cursos Online – o que será


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um diferencial na sua preparação. Nosso time faz tudo pensando


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no seu sonho de ser aprovado em um concurso público. Agora é


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com você!
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teúdos complementares disponíveis on-line para este livro em


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nossa plataforma: Conteúdo de Noções de Direito Penal disponí-


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vel em PDF para download, além do Curso Bônus de Atualidades


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disponível em videoaulas.

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CONTEÚDO ON-LINE

Para intensificar a sua preparação para concursos, oferecemos em nossa plataforma on-
line materiais especiais e exclusivos, selecionados e planejados de acordo com a proposta
deste livro. São conteúdos que tornam a sua preparação muito mais eficiente.

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SUMÁRIO

LÍNGUA PORTUGUESA.......................................................................................................9
INTERPRETAÇÃO E COMPREENSÃO DE TEXTOS............................................................................. 9

CONSTRUÇÃO DE SENTIDO E EFEITOS DE SENTIDO (SEMÂNTICA)............................................ 11

DENOTAÇÃO (SENTIDO LITERAL) E CONOTAÇÃO (SENTIDO FIGURADO); RELAÇÕES LEXICAIS..............11

INTERTEXTUALIDADE........................................................................................................................ 14

GÊNEROS TEXTUAIS........................................................................................................................... 16

TIPOLOGIA TEXTUAL......................................................................................................................... 21

LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL.............................................................................................. 25

FUNÇÕES DA LINGUAGEM................................................................................................................. 25

VARIEDADES LINGUÍSTICAS............................................................................................................. 26

TIPOS DE DISCURSO.......................................................................................................................... 27

ACENTUAÇÃO GRÁFICA.................................................................................................................... 28
9
ORTOGRAFIA....................................................................................................................................... 29
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CLASSE DE PALAVRAS (SUBSTANTIVO, ARTIGO, ADJETIVO, NUMERAL, PRONOME,


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VERBO, ADVÉRBIO, PREPOSIÇÃO, CONJUNÇÃO, INTERJEIÇÃO).................................................. 30


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ESTRUTURA E FORMAÇÃO DE PALAVRAS...................................................................................... 52


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SINTAXE............................................................................................................................................... 55
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FRASE, ORAÇÃO, PERÍODO, TERMOS ESSENCIAIS, INTEGRANTES E ACESSÓRIOS DA ORAÇÃO;


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CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL; REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL (CRASE).....................................55


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COLOCAÇÃO PRONOMINAL.............................................................................................................. 72
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COESÃO E COERÊNCIA....................................................................................................................... 72

PONTUAÇÃO....................................................................................................................................... 76

REDAÇÃO...............................................................................................................................85
INTRODUÇÃO À REDAÇÃO................................................................................................................. 85

MATEMÁTICA BÁSICA.................................................................................................. 111


NÚMEROS INTEIROS: OPERAÇÕES E PROPRIEDADES................................................................111
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NÚMEROS RACIONAIS, REPRESENTAÇÃO FRACIONÁRIA E DECIMAL: OPERAÇÕES E
PROPRIEDADES................................................................................................................................114

MÍNIMO MÚLTIPLO COMUM............................................................................................................115

RAZÃO E PROPORÇÃO.....................................................................................................................117

PORCENTAGEM.................................................................................................................................120

REGRA DE TRÊS SIMPLES................................................................................................................122

MÉDIA ARITMÉTICA SIMPLES........................................................................................................123

EQUAÇÕES.........................................................................................................................................123

SISTEMA DE EQUAÇÕES..................................................................................................................125

SISTEMA MÉTRICO: MEDIDAS DE TEMPO, COMPRIMENTO, SUPERFÍCIE E CAPACIDADE.....127

RELAÇÃO ENTRE GRANDEZAS: TABELAS E GRÁFICOS...............................................................129

NOÇÕES DE GEOMETRIA.................................................................................................................131

FORMA.............................................................................................................................................................131

PERÍMETRO......................................................................................................................................................132

ÁREA.................................................................................................................................................................132
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VOLUME...........................................................................................................................................................134
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TEOREMA DE PITÁGORAS..............................................................................................................................136
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NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS.......................................................................... 139


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DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS........................................................................139


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CONCEITOS, HISTÓRICO E GERAÇÕES DOS DIREITOS HUMANOS............................................154


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DIREITOS HUMANOS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL....................................................................156



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DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS (DUDH)...................................................162


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CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE DIREITOS HUMANOS............................................................172

LEGISLAÇÃO APLICADA À PMERJ.......................................................................... 183


LEI MARIA DA PENHA – LEI Nº 11.340, 2006................................................................................183

ESTATUTO DA PESSOA IDOSA – LEI Nº 10.741, DE 2003............................................................193

ESTATUTO DA INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA – LEI Nº 13.146, DE 2015..............203

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO.............................................................. 221
PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.................................................................................221

ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA...........................................................................225

AGENTES PÚBLICOS........................................................................................................................234

ATOS ADMINISTRATIVOS................................................................................................................247

PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.....................................................................................253

CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA..................................................................................257

BENS PÚBLICOS................................................................................................................................262

SERVIÇOS PÚBLICOS.......................................................................................................................266

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO........................................................................................274

NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL....................................................... 281


APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL E PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL....................281

INQUÉRITO POLICIAL ......................................................................................................................283

AÇÃO PENAL.....................................................................................................................................293
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DA PROVA..........................................................................................................................................296
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DA PRISÃO, DAS MEDIDAS CAUTELARES E DA LIBERDADE PROVISÓRIA................................300


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INFERÊNCIA – ESTRATÉGIAS DE INTERPRETAÇÃO

A inferência é uma relação de sentido conhecida


desde a Grécia Antiga e que embasa as teorias sobre
interpretação de texto.
LÍNGUA PORTUGUESA
Dica
Interpretar é buscar ideias e pistas do autor do
texto nas linhas apresentadas.
INTERPRETAÇÃO E COMPREENSÃO DE
TEXTOS Apesar de parecer algo subjetivo, existem “regras”
para se buscar essas pistas.
INTRODUÇÃO A primeira e mais importante delas é identificar a
orientação do pensamento do autor do texto, que fica
A interpretação e a compreensão textual são aspec- perceptível quando identificamos como o raciocínio
tos essenciais a serem dominados por aqueles candida- dele foi exposto, se de maneira mais racional, a partir
tos que buscam a aprovação em seleções e concursos da análise de dados, informações com fontes confiáveis
públicos. Trata-se de um assunto que abrange questões ou se de maneira mais empirista, partindo dos efeitos,
das consequências, a fim de se identificar as causas.
específicas e de conteúdo geral nas provas; conhecer
Por isso, é preciso compreender como podemos
e dominar estratégias que facilitem a apreensão desse
interpretar um texto mediante estratégias de leitura.
assunto pode ser o grande diferencial entre o quase e
Muitos pesquisadores já se debruçaram sobre o tema,
a aprovação.
que é intrigante e de grande profundidade acadêmica;
Além disso, seja a compreensão textual, seja a neste material, selecionamos as estratégias mais efica-
interpretação textual, ambas guardam uma relação de zes que podem contribuir para sua aprovação em sele-
proximidade com um assunto pouco explorado pelos ções que avaliam a competência leitora dos candidatos.
cursos de português: a semântica, que incide suas rela- A partir disso, apresentamos estratégias de leitura
ções de estudo sobre as relações de sentido que a forma que focam nas formas de inferência sobre um texto.
linguística pode assumir. Dessa forma, é fundamental identificar como ocorre
Portanto, neste material você encontrará recursos o processo de inferência, que se dá por dedução
para solidificar seus conhecimentos em interpretação ou por indução. Para entender melhor, veja esse
e compreensão textual, associando a essas temáticas exemplo:
as relações semânticas que permeiam o sentido de O marido da minha chefe parou de beber.
todo amontoado de palavras, tendo em vista que qual- Observe que é possível inferir várias informa-
quer aglomeração textual é, atualmente, considerada ções a partir dessa frase. A primeira é que a chefe do
9
enunciador é casada (informação comprovada pela
-9

texto e, dessa forma, deve ter um sentido que precisa


expressão “marido”), a segunda é que o enuncia-
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ser reconhecido por quem o lê.


dor está trabalhando (informação comprovada pela
.3

Assim, vamos começar nosso estudo fazendo uma


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breve diferença entre os termos compreensão e expressão “minha chefe”) e a terceira é que o marido
.0

da chefe do enunciador bebia (expressão comprovada


interpretação textual.
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pela expressão “parou de beber”). Note que há pistas


Para muitos, essas palavras expressam o mesmo
-1

contextuais do próprio texto que induzem o leitor a


sentido, mas, como pretendemos deixar claro neste
interpretar essas informações.
a

material, ainda que existam relações de sinonímia


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Tratando-se de interpretação textual, os processos


Si

entre palavras do nosso vocabulário, a opção do autor de inferência, sejam por dedução ou por indução, par-
por um termo ao invés de outro reflete um sentido
da

tem de uma certeza prévia para a concepção de uma


que deve ser interpretado no texto, uma vez que a interpretação, construída pelas pistas oferecidas no
io

interpretação realiza ligações com o texto a partir


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texto junto da articulação com as informações acessa-


das ideias que o leitor pode concluir com a leitura. das pelo leitor do texto.
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Já a compreensão busca a análise de algo exposto no A seguir, apresentamos um fluxograma que repre-
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texto, e, geralmente, é marcada por uma palavra ou uma


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senta como ocorre a relação desses processos:


expressão, e apresenta mais relações semânticas e sintáti-
cas. A compreensão textual estipula aspectos linguísticos DEDUÇÃO → CERTEZA → INTERPRETAR
essencialmente relacionados à significação das palavras
LÍNGUA PORTUGUESA

e, por isso, envolve uma forte ligação com a semântica. INFERÊNCIA


Sabendo disso, é importante separarmos os con- INDUÇÃO → INTERPRETAR → CERTEZA
teúdos que tenham mais apelo interpretativo ou
compreensivo.
A partir desse esquema, conseguimos visualizar
Esses assuntos completam o estudo basilar de semân-
melhor como o processo de interpretação ocorre. Agora,
tica com foco em provas e concursos, sempre de olho
iremos detalhar esse processo, reconhecendo as estra-
na sua aprovação. Por isso, convidamos você a estudar tégias que compõem cada maneira de inferir informa-
com afinco e dedicação, sem esquecer de praticar seus ções de um texto. Por isso, vamos apresentar nos tópicos
conhecimentos realizando a seleção de exercícios finais, seguintes como usar estratégias de cunho dedutivo, indu-
selecionados especialmente para que este material cum- tivo e, ainda, como articular a isso o nosso conhecimento
pra o propósito de alcançar sua aprovação. de mundo na interpretação de textos. 9
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A INDUÇÃO Fique atento a essa informação, pois é uma das
primeiras estratégias de leitura para uma boa inter-
As estratégias de interpretação que observam pretação textual: formular hipóteses, a partir da
métodos indutivos analisam as “pistas” que o texto macroestrutura textual; ou seja, antes da leitura ini-
oferece e, posteriormente, reconhecem alguma certe- cial, o leitor deve buscar identificar o gênero textual
za na interpretação. Dessa forma, é fundamental bus- ao qual o texto pertence, a fonte da leitura, o ano,
car uma ordem de eventos ou processos ocorridos no entre outras informações que podem vir como “aces-
texto e que variam conforme o tipo textual. sórios” do texto e, então, formular hipóteses sobre a
Sendo assim, no tipo textual narrativo, podemos iden- leitura que deverá se seguir. Uma outra dica impor-
tificar uma organização cronológica e espacial no desen- tante é ler as questões da prova antes de ler o texto,
volvimento das ações marcadas, por exemplo, pelo uso pois, assim, suas hipóteses já estarão agindo conforme
do pretérito imperfeito; na descrição, podemos organi- um objetivo mais definido.
zar as ideias do texto a partir da marcação de adjetivos O processo de interpretação por estratégias de dedu-
e demais sintagmas nominais; na argumentação, esse ção envolve a articulação de três tipos de conhecimento:
encadeamento de ideias fica marcado pelo uso de conjun-
ções e elementos que expõem uma ideia/ponto de vista. z Conhecimento Linguístico;
No processo interpretativo indutivo, as ideias são z Conhecimento Textual;
organizadas a partir de uma especificação para uma z Conhecimento de Mundo.
generalização. Vejamos um exemplo:
O conhecimento de mundo, por tratar-se de um
Eu não sou literato, detesto com toda a paixão essa assunto mais abrangente, será abordado mais adiante.
espécie de animal. O que observei neles, no tempo Os demais, iremos abordar detalhadamente a seguir.
em que estive na redação do O Globo, foi o bastan-
te para não os amar, nem os imitar. São em geral
Conhecimento Linguístico
de uma lastimável limitação de ideias, cheios de
fórmulas, de receitas, só capazes de colher fatos
detalhados e impotentes para generalizar, cur- Esse é o conhecimento basilar para compreensão
vados aos fortes e às ideias vencedoras, e antigas, e decodificação do texto, envolve o reconhecimento
adstritos a um infantil fetichismo do estilo e guia- das formas linguísticas estabelecidas socialmente por
dos por conceitos obsoletos e um pueril e errôneo uma comunidade linguística, ou seja, envolve o reco-
critério de beleza. (BARRETO, 2010, p. 21) nhecimento das regras de uma língua.
É importante salientar que as regras de reconhe-
O trecho em destaque na citação do escritor Lima cimento sobre o funcionamento da língua não são,
Barreto, em sua obra “Recordações do escrivão Isaías necessariamente, as regras gramaticais, mas as regras
Caminha” (1917), identifica bem como o pensamento que estabelecem, por exemplo, no caso da língua por-
indutivo compõe a interpretação e decodificação de tuguesa, que o feminino é marcado pela desinência -a,
um texto. Para deixar ainda mais evidentes as estraté- que a ordem de escrita respeita o sistema sujeito-ver-
gias usadas para identificar essa forma de interpretar, bo-objeto (SVO) etc.
deixamos a seguir dicas de como buscar a organiza- Ângela Kleiman (2016) afirma que o conhecimento
9
ção cronológica de um texto.
-9

linguístico é aquele que “abrange desde o conhecimento


96

sobre como pronunciar português, passando pelo conhe-


.3

A propriedade vocabular leva o cérebro cimento de vocabulário e regras da língua, chegando até o
PROCURE
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a aproximar as palavras que têm maior conhecimento sobre o uso da língua” (2016, p. 15).
SINÔNIMOS
.0

associação com o tema do texto Um exemplo em que a interpretação textual é preju-


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dicada pelo conhecimento linguístico é o texto a seguir:


Os conectivos (conjunções, prepo-
-1

ATENÇÃO AOS sições, pronomes) são marcadores


a

CONECTIVOS claros de opiniões, espaços físicos e


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localizadores textuais
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A DEDUÇÃO
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A leitura de um texto envolve a análise de diversos


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aspectos que o autor pode colocar explicitamente ou de


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maneira implícita no enunciado.


A

Em questões de concurso, as bancas costumam


procurar nos enunciados implícitos do texto aspectos
para abordar em suas provas.
No momento de ler um texto, o leitor articula seus
conhecimentos prévios a partir de uma informação
que julga certa, buscando uma interpretação; assim,
ocorre o processo de interpretação por dedução. Con-
forme Kleiman (2016):

Ao formular hipóteses o leitor estará predizendo


temas, e ao testá-las ele estará depreendendo o
tema; ele estará também postulando uma possível
estrutura textual; na predição ele estará ativando
seu conhecimento prévio, e na testagem ele estará
enriquecendo, refinando, checando esse conheci-
10 mento. (KLEIMAN, 2016, p. 47) Fonte: https://bit.ly/3kCyWoI. Acesso em: 22 set. 2020.
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Como é possível notar, o texto é uma peça publici-
tária escrita em inglês, portanto, somente os leitores CONSTRUÇÃO DE SENTIDO E EFEITOS
proficientes nessa língua serão capazes de decodificar DE SENTIDO (SEMÂNTICA)
e entender o que está escrito; assim, o conhecimento
linguístico torna-se crucial para a interpretação. Essas DENOTAÇÃO (SENTIDO LITERAL) E CONOTAÇÃO
são algumas estratégias de interpretação em que (SENTIDO FIGURADO); RELAÇÕES LEXICAIS
podemos usar métodos dedutivos.
Denotação
Conhecimento Textual
O sentido denotativo da linguagem compreende
Esse tipo de conhecimento atrela-se ao conheci- o significado literal da palavra independente do seu
mento linguístico e se desenvolve pela experiência contexto de uso. Preocupa-se com o significado mais
leitora. Quanto maior exposição a diferentes tipos de objetivo e literal associado ao significado que aparece
textos, melhor se dá a sua compreensão. Nesse conhe- nos dicionários. A denotação tem como finalidade dar
cimento, o leitor desenvolve sua habilidade porque ênfase à informação que se quer passar para o recep-
prepara sua leitura de acordo com o tipo de texto que tor de forma mais objetiva, imparcial e prática. Por
está lendo. Não se lê uma bula de remédio como se lê isso, é muito utilizada em textos informativos, como
uma receita de bolo ou um romance. Não se lê uma notícias, reportagens, jornais, artigos, manuais didá-
reportagem como se lê um poema. ticos, entre outros.
Em outras palavras, esse conhecimento relaciona- Ex.: O fogo se alastrou por todo o prédio. (fogo:
-se com a habilidade de reconhecer diferentes tipos de chamas)
discursos, estruturas, tipos e gêneros textuais. O coração é um músculo que bombeia sangue para
o corpo. (coração: parte do corpo)
Conhecimento de Mundo
Conotação
O uso dos conhecimentos prévios é fundamental
para a boa interpretação textual, por isso, é sempre O sentido conotativo compreende o significado
importante que o candidato a cargos públicos reserve figurado e depende do contexto em que está inserido.
um tempo para ampliar sua biblioteca e buscar fontes A conotação põe em evidência os recursos estilísticos
de informações fidedignas, para, dessa forma, aumen- dos quais a língua dispõe para expressar diferen-
tar seu conhecimento de mundo. tes sentidos ao texto de maneira subjetiva, afetiva e
Conforme Kleiman (2016), durante a leitura, nosso poética. A conotação tem como finalidade dar ênfase
conhecimento de mundo que é relevante para a com- à expressividade da mensagem de maneira que ela
preensão textual é ativado; por isso, é natural ao nosso possa provocar sentimentos ou diferentes sensações
cérebro associar informações, a fim de compreender no leitor. Por esse motivo, é muito utilizada em poe-
o novo texto que está em processo de interpretação. sias, conversas cotidianas, letras de músicas, anúncios
9
publicitários e outros.
-9

A esse respeito, a autora propõe o seguinte exer-


Ex.: “Amor é fogo que arde sem se ver”.
96

cício para atestarmos a importância da ativação do


Você mora no meu coração.
.3

conhecimento de mundo em um processo de interpre-


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tação. Leia o texto a seguir e faça o que se pede:


O SIGNIFICADO DAS PALAVRAS
.0
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Como gemas para financiá-lo, nosso herói desa-


-1

fiou valentemente todos os risos desdenhosos que Quando escolhemos determinadas palavras ou
tentaram dissuadi-lo de seu plano. “Os olhos enga- expressões dentro de um conjunto de possibilidades
a
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nam” disse ele, “um ovo e não uma mesa tipificam de uso, estamos levando em conta o contexto que
Si

corretamente esse planeta inexplorado.” Então as influencia e permite o estabelecimento de diferentes


da

três irmãs fortes e resolutas saíram à procura de relações de sentido. Essas relações podem se dar por
provas, abrindo caminho, às vezes através de imen- meio de: sinonímia, antonímia, homonímia, paroní-
io

sidões tranquilas, mas amiúde através de picos e mia, polissemia, hiponímia e hiperonímia.
v

vales turbulentos. (KLEIMAN, 2016, p. 24)


O
ri

Agora tente responder as seguintes perguntas Importante!


A

sobre o texto:
Léxico: conjunto de todas as palavras e expres-
Quem é o herói de que trata o texto?
sões de um idioma.
Quem são as três irmãs?
LÍNGUA PORTUGUESA

Vocabulário: conjunto de palavras e expressões


Qual é o planeta inexplorado?
que cada falante seleciona do léxico para se
Certamente, você não conseguiu responder nenhu- comunicar.
ma dessas questões, porém, ao descobrir o título des-
se texto, sua compreensão sobre essas perguntas será
afetada. O texto se chama “A descoberta da América Sinonímia
por Colombo”. Agora, volte ao texto, releia-o e busque
responder às questões; certamente você não terá mais São palavras ou expressões que, empregadas em
as mesmas dificuldades. um determinado contexto, têm significados seme-
Ainda que o texto não tenha sido alterado, ao voltar lhantes. É importante entender que a identidade dos
seus olhos por uma segunda vez a ele, já sabendo do sinônimos é ocasional, ou seja, em alguns contextos
que se trata, seu cérebro ativou um conhecimento pré- uma palavra pode ser empregada no lugar de outra,
vio que é essencial para a interpretação de questões. o que pode não acontecer em outras situações. O 11
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uso das palavras “chamar”, “clamar” e “bradar”, por chá (bebida) xá (antigo soberano do Irã)
exemplo, pode ocorrer de maneira equivocada se uti- cheque (ordem de xeque (lance no jogo de
lizadas como sinônimos, uma vez que a intensidade pagamento) xadrez)
de suas significações é diferente. círio (vela) sírio (natural da Síria)
O emprego dos sinônimos é um importante recur- cito (forma do verbo citar) sito (situado)
so para a coesão textual, uma vez que essa estratégia concertar (ajustar, combinar) consertar (reparar, corrigir)
revela, além do domínio do vocabulário do falante, a concerto (sessão musical) conserto (reparo)
capacidade que ele tem de realizar retomadas coesi- coser (costurar) cozer (cozinhar)
vas, o que contribuiu para melhor fluidez na leitura exotérico (que se expõe em
do texto. esotérico (secreto)
público)
espectador (aquele que expectador (aquele que tem
Antonímia assiste) esperança, que espera)
esperto (perspicaz) experto (experiente, perito)
São palavras ou expressões que, empregadas em espiar (observar) expiar (pagar pena)
um determinado contexto, têm significados opostos. espirar (soprar, exalar) expirar (terminar)
As relações de antonímia podem ser estabelecidas em estático (imóvel) extático (admirado)
gradações (grande/pequeno; velho/jovem); reciproci- esterno (osso do peito) externo (exterior)
dade (comprar/vender) ou complementaridade (ele é extrato (o que se extrai de
casado/ele é solteiro). Vejamos o exemplo a seguir: estrato (camada)
algo)
estremar (demarcar) extremar (exaltar, sublimar)
incerto (não certo, impreciso) inserto (inserido, introduzido)
incipiente (principiante) insipiente (ignorante)
laço (nó) lasso (frouxo)
ruço (pardacento, grisalho) russo (natural da Rússia)
tacha (prego pequeno) taxa (imposto, tributo)
tachar (atribuir defeito a) taxar (fixar taxa)
Fonte: https://www.soportugues.com.br/secoes/seman/seman6.php.
Acesso em: 17 out. 2020.

Parônimos

Parônimos são palavras que apresentam sentido


diferente e forma semelhante, conforme demonstra-
mos nos exemplos a seguir:

z Absorver/absolver
9
Fonte: https://bit.ly/3kETkpl. Acesso em: 16 out. 2020.
-9

„ Tentaremos absorver toda esta água com


96

esponjas (sorver).
A relação de sentido estabelecida na tirinha é
.3

„ Após confissão, o padre absolveu todos os fiéis


93

construída a partir dos sentidos opostos das palavras de seus pecados (inocentar).
.0

“prende” e “solta”, marcando o uso de antônimos, nes-


06

se contexto. z Aferir/auferir
-1

Homonímia „ Realizaremos uma prova para aferir seus


a
lv

conhecimentos (avaliar, cotejar).


Si

Homônimos são palavras que têm a mesma pro- „ O empresário consegue sempre auferir lucros
da

núncia ou grafia, porém apresentam significados dife- em seus investimentos (obter).


io

rentes. É importante estar atento a essas palavras e a z Cavaleiro/cavalheiro


v

seus dois significados. A seguir, listamos alguns homô-


nimos importantes: „ Todos os cavaleiros que integravam a cavala-


O

ria do rei participaram na batalha (homem que


ri
A

acender (colocar fogo) ascender (subir) anda de cavalo).


acento (sinal gráfico) assento (local onde se senta) „ Meu marido é um verdadeiro cavalheiro, abre
acerto (ato de acertar) asserto (afirmação) sempre as portas para eu passar (homem edu-
apreçar (ajustar o preço) apressar (tornar rápido) cado e cortês).
bucheiro (tripeiro) buxeiro (pequeno arbusto)
z Cumprimento/comprimento
bucho (estômago) buxo (arbusto)
caçar (perseguir animais) cassar (tornar sem efeito) „ O comprimento do tecido que eu comprei é de
cegar (deixar cego) segar (cortar, ceifar) 3,50 metros (tamanho, grandeza).
sela (forma do verbo selar; „ Dê meus cumprimentos a seu avô (saudação).
cela (pequeno quarto)
arreio)
censo (recenseamento) senso (entendimento, juízo) z Delatar/dilatar
céptico (descrente) séptico (que causa infecção)
„ Um dos alunos da turma delatou o colega que
cerração (nevoeiro) serração (ato de serrar) chutou a porta e partiu o vidro (denunciar).
cerrar (fechar) serrar (cortar) „ Comendo tanto assim, você vai acabar dilatan-
12 cervo (veado) servo (criado) do seu estômago (alargar, estender).
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z Dirigente/diligente
Gráfico de Exemplo
900
„ O dirigente da empresa não quis prestar decla-
800
rações sobre o funcionamento da mesma (pes-
700
soa que dirige, gere); 600
„ Minha funcionária é diligente na realização de 500
suas funções (expedito, aplicado). 400
300
z Discriminar/descriminar 200
100
„ Ela se sentiu discriminada por não poder 0
entrar naquele clube (diferenciar, segregar); Maçãs Laranjas Bananas
„ Em muitos países se discute sobre descriminar o 2013 2014 2015
uso de algumas drogas (descriminalizar, inocentar).
Fonte: https://support.microsoft.com/pt-br/office/adicionar-uma-legenda-
Fonte: https://www.normaculta.com.br/palavras-paronimas/. Acesso a-um-gráfico-eccd4b70-30ec-429d-8600-6305e08862c7.
em: 17 out. 2020.

Polissemia (Plurissignificação) Infográficos

Multiplicidade de sentidos encontradas em algu- Os infográficos são uma forma moderna de apre-
mas palavras, dependendo do contexto. As palavras sentar o sentido. Essa palavra une os termos info
polissêmicas guardam uma relação de sentido entre (informação) e gráfico (desenho, imagem, representa-
si, diferenciando-as das palavras homônimas. A polis- ção visual), ou seja, um desenho ou imagem que, com o
semia é encontrada no exemplo a seguir: apoio de um texto, informa sobre um assunto que não
seria muito bem compreendido somente com um texto.
Para interpretar os dados informativos em um
infográfico, é preciso boa leitura e esta requer atenção
aos detalhes. As representações neste formato aliam
ao texto uma série de atrativos visuais, cabendo ao
leitor ser extremamente observador. Ter atenção ao
título, ao tema e a fonte das informações é vital para
Fonte: https://bit.ly/3jynvgs. Acesso em: 17 out. 2020. uma boa análise e interpretação.

Hipônimo e Hiperônimo

Relação estabelecida entre termos que guardam


relação de sentido entre si e mantém uma ordem gra-
9
-9

dativa. Exemplo: Hiperônimo – veículo; Hipônimos –


96

carro, automóvel, moto, bicicleta, ônibus...


.3
93

EFEITOS DE SENTIDO DECORRENTES DO USO DE


.0

RECURSOS VERBAIS E NÃO VERBAIS EM GÊNEROS


06

DIFERENTES: GRÁFICOS E INFOGRÁFICOS


-1
a

A representação de sentido por meio de tabelas e grá-


lv

ficos está sempre presente em nosso cotidiano, princi-


Si

palmente nos meios de comunicação, ainda mais com as


da

redes sociais. Isso está ligado à facilidade com que pode-


mos analisar e interpretar as informações que estão orga-
io

nizadas de forma clara e objetiva e, além disso, ao fato de


v

não exigir o uso de cálculos complexos para a sua análise.


O

A análise de gráficos auxilia na resolução de questões não


ri

apenas de português, assim, requer atenção.


A

Gráfico
LÍNGUA PORTUGUESA

Componentes de um gráfico:

z Título: na maioria dos casos possuem um título


que indica a que informação ele se refere;
z Fonte: a maioria dos gráficos contém uma fonte,
ou seja, de onde as informações foram retiradas,
com o ano de publicação;
z Números: é deles que precisamos para comparar as
informações dadas pelos gráficos. Usados para repre-
sentar quantidade ou tempo (mês, ano, período);
z Legendas: ajudam na leitura das informações apre-
sentadas. Na maioria dos casos, o uso de cores des- Fonte: https://mundoeducacao.uol.com.br/doencas/covid-19.htm.
taca diferentes informações. Acesso em: 01 mar. 2021. 13
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
REFERÊNCIAS Antes, porém, é necessário apontar que, confor-
me Koch e Elias (2015), todos os textos são, em algu-
ANTUNES, I. Lutar com palavras: coesão e coe- ma medida, recuperadores de outros. Quando o leitor
rência. São Paulo: Parábola, 2005. acessa as ideias e reconhece essa intertextualidade,
CAVALCANTE, M. M. Os sentidos do texto. São estamos diante de um processo de intertextualidade
Paulo: Contexto, 2013. stricto sensu. Quando não é possível acessar esse teor
KLEIMAN, A. Texto e leitor: aspectos cognitivos intertextual, trata-se de uma intertextualidade lato
da leitura. 16. ed. Campinas: Pontes, 2016. sensu. Desenvolvemos o quadro abaixo para tornar
KOCH, I. G. V.; ELIAS, V. M. Ler e compreender: os essa divisão mais didática:
sentidos do texto. 3. ed . São Paulo: Contexto, 2015. INTERTEXTUALIDADE
SACCONI, L. A. Nossa Gramática Completa Sac-
coni – Teoria e Prática. 30ª. ed. São Paulo: Nova
Geração, 2010. STRICTO SENSU LATO SENSU
SCHLITTLER, J. M. M. Recursos de Estilo em Redação
Profissional. Campinas: Servanda, 2008. TEMÁTICA
ESTILÍSTICA
EXPLÍCITA
IMPLÍCITA

INTERTEXTUALIDADE PARÓDIA

Existem diversos mecanismos que são meios A paródia é um tipo de intertextualidade estilística
importantes e, muitas vezes, imprescindíveis à cons- em que o autor recupera o estilo de outro texto, seja
trução de sentido dos gêneros textuais, dentre eles, verbal ou não verbal. É muito comum tanto em tex-
a intertextualidade. Ao nos referirmos à ideia de tos musicais, nos quais são recuperados a melodia e o
construção dos sentidos mediante o uso de gêneros estilo do intérprete original, quanto em textos visuais,
textuais destacamos a estrutura, o propósito comu- como no exemplo a seguir:
nicativo e a função dos gêneros. Um outro elemento
importante para a compreensão textual é a intertex-
tualidade, que diz respeito à propriedade de um texto
se relacionar com outros.
Para se entender melhor a estrutura e a função
do termo intertextualidade, pode-se separar a pala-
vra em partes: “inter” é de origem latina e refere-se
à noção de dentro, ou seja, o que está dentro do texto,
e “textualidade” tem a noção de conteúdo, palavras.
Unindo as duas, forma-se a intertextualidade, a partir
9
da qual podemos dar origem a um outro texto.
-9
96

A intertextualidade está presente em nosso dia


a dia, sendo muito comum em gêneros oriundos da
.3

Fonte: https://bit.ly/3mx0k7X. Acesso em: 12 out. 2020.


93

internet e também da publicidade. A seguir, apresen-


.0

tamos esse exemplo que resume a ideia de intertex- Uma das caraterísticas da paródia é o tom irônico e
06

tualidade que iremos trabalhar neste material: humorístico que pode variar, dependendo da sua fina-
-1

lidade textual.
a
lv

PARÁFRASE
Si
da

A paráfrase é uma estratégia intertextual que con-


siste em recuperar aspectos do tema do texto-fonte, o
vio

qual baseia a paráfrase. Dessa forma, é considerada


um tipo de intertextualidade temática.


O

Um bom exemplo desse tipo de intertextualidade é


ri

a música Monte Castelo, do grupo Legião Urbana, que


A

versa sobre o mesmo tema que a passagem bíblica “I


carta de São Paulo aos Coríntios” e também dos versos
de Luís Vaz de Camões.

Monte Castelo – Legião Urbana

Ainda que eu falasse a língua dos homens


Fonte: COLARES, 2020, informação verbal.
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada
seria. É só o amor, é só o amor
Que conhece o que é verdade
Compreendida a ideia de intertextualidade e apre- O amor é bom, não quer o mal
sentada sua importância para a análise textual em Não sente inveja ou se envaidece
provas, questões e textos, faz-se necessário conhecer O amor é o fogo que arde sem se ver
algumas das principais formas de realização da inter- É ferida que dói e não se sente
textualidade em textos e em gêneros utilizados por É um contentamento descontente
14 bancas de concurso. É dor que desatina sem doer [...]
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
I carta de São Paulo aos Coríntios z Citação direta:

1 Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos “A confiabilidade das fontes citadas confere rele-
anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que vância ao trabalho acadêmico, cabendo, portan-
soa ou como o sino que tine. 2 E ainda que tivesse to, ao produtor do texto, selecioná-las com rigor”
(BOAVENTURA, 2004, p. 81).
o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios
e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de
z Citação indireta:
maneira tal que transportasse os montes, e não
tivesse amor, nada seria [...] Segundo Boaventura (2004, p. 81), o respeito ao
trabalho acadêmico é diretamente proporcional à
11 Soneto – Luis Vaz de Camões credibilidade das fontes utilizadas, por isso é neces-
sário atentar-se para os diversos tipos de citação
Amor é um fogo que arde sem se ver, aqui mencionados.
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente, Dica
é dor que desatina sem doer. A citação indireta é um tipo de paráfrase.

É um não querer mais que bem querer; ALUSÃO


é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar se de contente; A alusão é um intertexto que faz referência a uma
é um cuidar que ganha em se perder. obra de arte, a um fato histórico, a textos de conheci-
mento comum. A alusão pode ocorrer de forma explí-
É querer estar preso por vontade; cita ou implícita.
Ex.: Ganhei um jogo de aniversário que foi um ver-
é servir a quem vence, o vencedor;
dadeiro presente de grego.
é ter com quem nos mata, lealdade [...]
A expressão “presente de grego” faz alusão aos
fatos da Guerra de Troia, em que os gregos fingiram
REFERÊNCIA presentear os troianos com um cavalo de madeira
que fazia parte da estratégia grega para conseguirem
A referência é um tipo de intertextualidade explí- invadir a cidade de Troia e destruí-la por dentro.
cita, muito comum e necessária em trabalhos acadê-
micos, pois ao mencionar uma obra ou autor e suas EPÍGRAFE
ideias, o pesquisador deverá realizar as devidas refe-
rências, indicando os nomes dos títulos mencionados A epígrafe é uma pequena citação colocada no iní-
cio de capítulos de livros, seções de trabalhos acadê-
ao final do trabalho.
micos ou de outros gêneros para manter uma relação
9
Para realizar esse tipo de intertextualidade, deve-
-9

dessa citação com o assunto abordado na obra.


96

mos seguir as regras da Associação Brasileira de Nor- Ex.: No início deste capítulo, poderíamos ter colo-
.3

mas Técnicas – ABNT. A seguir, disponibilizamos um cado a epígrafe: “Sei que às vezes uso palavras repe-
93

exemplo de referência com a indicação de uma das tidas, mas quais são as palavras que nunca são ditas”
.0

obras citadas neste material: (trecho da música Quase sem querer da banda Legião
06

Urbana), para iniciar nosso debate sobre intertextua-


-1

lidade e as possibilidades de escrevermos algo com-


a

KOCH, I. G. V.; ELIAS, V. M. Ler e compreender: os pletamente inédito em nosso contexto atual.
lv

sentidos do texto. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2015.


Si

OUTROS POSSÍVEIS PROCESSOS INTERTEXTUAIS


da

As referências também são muito comuns em textos MENOS COMUNS EM CONCURSOS


io

jurídicos, nos quais é praxe citar leis, decretos e demais


v

Bricolagem

documentos que sirvam de embasamento teórico.


O
ri

CITAÇÃO A bricolagem é um tipo de intertextualidade que


A

atua explicitamente no texto, pois se refere à mes-


A citação também é um tipo de intertextualidade cla de vários elementos advindos de vários textos ou
de várias obras de arte, em geral. Assim, a principal
explícita e diz respeito às formas de citação de uma
LÍNGUA PORTUGUESA

característica da bricolagem é o uso de outros frag-


obra. Em um trabalho acadêmico, por exemplo, quan- mentos textuais para a formação de uma nova com-
do utilizamos as palavras de outros autores, devemos posição textual.
mencioná-los direta ou indiretamente. A transcrição Esse recurso foi utilizado na letra da canção Amor
fiel das palavras do autor do texto-fonte é chamada I love you, de Marisa Monte, na qual a cantora inseriu
de citação direta. Quando nos baseamos na ideia do um trecho da obra O primo Basílio, de Eça de Queiroz,
autor e escrevemos de outra forma suas palavras, a para compor a letra da música.
citação passa a ser indireta.
“Tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamen-
Independente da maneira como citamos em um tex-
te! Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas
to, é imprescindível dar os créditos aos autores das obras sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao
citadas, por isso, devemos mencioná-los nas citações que calor amoroso que saía delas, como um corpo res-
também seguem o padrão estabelecido pela ABNT. sequido que se estira num banho lépido; Sentia um 15
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe Pastiche
que entrava enfim uma existência superiormente
interessante, onde cada hora tinha o seu intuito É um tipo de intertextualidade que ocorre quando
diferente, cada passo conduzia um êxtase, e a alma
um modelo estrutural serve para inspirar um novo
se cobria de um luxo radioso de sensações.”
quadro, texto ou programa de TV. Um exemplo bem
Eça de Queirós – O Primo Basílio
típico deste último era o programa de TV “Os trapa-
lhões”; o modelo humorístico criado pelo trio “Os três
Amor I Love You – Marisa Monte
patetas”, na década de 1960, inspirou programas no
Deixa eu dizer que te amo mundo todo.
Deixa eu pensar em você O pastiche também é comum em textos imagéticos,
Isso me acalma, me acolhe a alma como o exemplo a seguir:
Isso me ajuda a viver
[...]
Meu peito agora dispara
Vivo em constante alegria
É o amor que está aqui
Amor, I love you (x8)

Tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente!


Era a primeira vez que lhe escreviam
Aquelas sentimentalidades
E o seu orgulho dilatava-se
Ao calor amoroso que saía delas
Como um corpo ressequido
Que se estira num banho tépido
Sentia um acréscimo de estima por si mesma
Fonte: https://www.letras.mus.br/marisa-monte/47268/. Acesso em:
12 out. 2020.

Tradução

A tradução é uma espécie de paráfrase para muitos


autores, pois, como sabemos, há palavras e expressões
que só existem na língua de origem do escritor original. Fonte: https://bit.ly/3e8lV3V. Acesso em: 12 out. 2020.
Dessa forma, a tradução de textos em línguas diferen-
tes é uma aproximação de sentidos, construída a par-
9
-9

tir das leituras e do ponto de vista do tradutor. Muitos


96

escritores brasileiros são considerados como “literatu-


GÊNEROS TEXTUAIS
.3

ra complexa” por manterem em seus textos expressões


93

tão brasileiras que se tornam difíceis de expressar em


.0

outras línguas. É o caso do mineiro de Cordisburgo, Gui- O QUE SÃO OS GÊNEROS TEXTUAIS?
06

marães Rosa, que apresenta uma linguagem peculiar


-1

repleta de neologismos, como os destacados a seguir: Quando pensamos em uma definição para gêne-
a

ros textuais, somos levados a inúmeros autores que


lv

buscaram definir e classificar esses elementos, e, ini-


Si

Enxadachim: Designa um trabalhador do campo,


cialmente, é interessante nos lembrarmos dos gêne-
da

que luta pela sobrevivência. A palavra reúne “enxa-


da” e “espadachim”. ros literários que estudamos na escola. Podemos nos
io

Taurophtongo: Significa mugido, sendo a palavra remeter aos conceitos de Tragédia e Comédia, refe-
v

uma junção de dois termos gregos, relativos a touro rentes aos clássicos da literatura grega. Afinal, quem
O

(táuros) e ao som da sala (phtoggos). nunca ouviu falar das histórias de Ilíada ou A Odis-
ri

Embriagatinhar: A mistura de “embriagado” e seia, ambas de Homero? Mas o que esses textos têm
A

“(en)gatinhar” serve para designar uma pessoa que, em comum? Inicialmente, você pode ser levado a pen-
de tão bêbada, chega a engatinhar. sar que nada, além do fato de terem sido escritos pelo
Velvo: Adaptação do inglês velvet, que significa
mesmo autor; porém, a estrutura dessas histórias res-
“veludo”. Na linguagem de Guimarães Rosa, é o
nome dado para uma planta de folhas aveludadas. peita um padrão textual estabelecido e reconhecido
Circuntristeza: Como a própria palavra sugere, na época em que foram escritas.
refere-se à “tristeza circundante”. De maneira análoga, quando pensamos em gêne-
ros textuais, devemos identificar os elementos que
Fonte: https://bit.ly/34DFj5D. Acesso em: 16 out. 2020.
caracterizam textos, aparentemente, tão diferentes.
Logo, da mesma forma que comparamos as estruturas
Diante desse complexo léxico, como traduzir
expressões que até para um brasileiro podem ser de Ilíada e Odisseia, é preciso buscar as semelhanças
difíceis compreender? Por isso, a tradução é um texto entre uma notícia e um artigo de opinião, por exem-
intertextual, pois cabe ao tradutor adaptar e parafra- plo, e também é fundamental identificar as razões que
sear trechos cuja complexidade só poderia ser alcan- nos levam a classificar cada um desses gêneros com
16 çada por falantes nativos. termos diferentes.
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Além disso, um gênero textual, para ser identifica-
Importante! do como tal, é amparado por um protótipo textual, o
qual também pode ser reconhecido como estereótipo
Esse ponto de interseção é o que podemos esta-
textual, que resguarda características básicas do gêne-
belecer como os principais aspectos de classifi-
ro. Por exemplo, ao olharmos para o anúncio mencio-
cação de um gênero textual.
nado acima, identificamos traços do gênero contos de
fada tanto na porção textual do anúncio que começa
Dessa forma, conforme Maingueneau (2018, p. com a frase: “era uma vez...” quanto pelas imagens
71), o ponto de interseção que estabelece sobre qual que remetem ao conto da “Branca de Neve”.
gênero estamos tratando é indicado por “rotinas de Tais marcas, sobretudo as linguísticas, auxiliam os
comportamentos estereotipados e anônimos que se falantes de uma comunidade a reconhecer o gênero e
estabilizaram pouco a pouco, mas que continuam sujei-
também a escrever esse gênero quando necessitam.
tos a uma variação contínua”. Logo, o primeiro ele-
mento que precisamos identificar para classificar um Isso é o que torna a característica da prototipicidade
gênero é o papel social, marcado pelos comportamen- tão importante no reconhecimento e na classificação
tos e pelas “rotinas” humanas típicas de quem vive em de um gênero. Ademais, os traços estereotipados de
sociedade e, portanto, precisa se fazer compreender um gênero devem ser reconhecidos por uma comu-
tão bem quanto ser compreendido. nidade, reafirmando o teor social desses elementos e
Esse é sem dúvidas o elemento que melhor dife- estabelecendo a importância de um indivíduo adqui-
rencia tipos e gêneros textuais, uma vez que os tipos rir o hábito da leitura, pois quanto mais se lê, a mais
textuais não têm apelo ao ambiente social e são mui-
gêneros se é exposto.
to mais identificáveis por suas marcas linguísticas. O
fator social dos gêneros textuais também irá direcio- Portanto, a partir de todas essas informações sobre
nar outros aspectos importantes na classificação des- os gêneros textuais, podemos afirmar que, de maneira
ses elementos, justamente devido à dinâmica social resumida, os gêneros textuais são ações linguísti-
em que estão inseridos, os gêneros são passíveis de cas situadas socialmente que servem a propósitos
alterações em sua estrutura. específicos e são reconhecidos pelos seus traços
Tais alterações podem ocorrer ao longo do tempo, em comum. A seguir, demonstramos uma tabela com
tornando o gênero completamente modificado, como se
as características básicas para a correta identificação
deu com as cartas pessoais e os e-mails, por exemplo; ou
podem ser alterações pontuais que se prestam a uma fina- dos gêneros textuais:
lidade específica e momentânea, como aconteceu com o GÊNEROS TEXTUAIS SÃO:
anúncio, apresentado a seguir, da loja “O Boticário”:
z Ações sociais
z Ações com configuração prototípica
z Reconhecidos pelos membros de uma comunidade
z O propósito de uma ação social
z Divididos em classes
9
-9
96

Outra importante característica que devemos refor-


.3

çar é que os gêneros textuais não são quantificáveis,


93

existem inúmeros. Justamente pelo fato de os gêneros


.0

sofrerem com as relações sociais, que são instáveis, não


06

há um número exato de gêneros textuais que possamos


-1

estudar, diferentemente dos tipos textuais.


a
lv
Si

Fonte: https://bit.ly/34yptsR. Acesso em: 12 set. 2020. GÊNEROS TEXTUAIS TIPOS TEXTUAIS
da

O gênero anúncio apresenta uma clara referên- Relação com aspectos Associação a aspectos
io

cia ao gênero contos de fada, porém, a estrutura des- sociais linguísticos


v

se gênero que é, predominantemente, narrativo foi


Não podem sofrer altera-
O

modificada para que o propósito do anúncio fosse Podem ser alterados ção, sob pena de serem
ri

alcançado, ou seja, persuadir o leitor e levá-lo a adqui-


A

reclassificados
rir os produtos da marca. No caso do gênero anún-
cio publicitário, usar outros gêneros e modificar sua Estabelecem uma função Organizam os gêneros
estrutura básica é uma estratégia que é estabelecida a social textuais
LÍNGUA PORTUGUESA

fim de que a principal função do anúncio se cumpra,


qual seja: vender um produto.
Apesar de não existir um número quantificável
A partir desses exemplos, já podemos enumerar
mais algumas características comuns a todos os tipos de gêneros textuais, podemos estudar a estrutura dos
de gêneros textuais: presença de aspectos sociais e o gêneros mais comuns nas provas de concursos, com o
propósito de um gênero, para alguns autores, como fito de nos prepararmos melhor e ganharmos tempo
Swales (1990), chamado de propósito comunicativo. na resolução de questões que envolvam esse assun-
Segundo esse autor, os gêneros têm a função de rea- to. Por isso, a seguir, iremos nos deter aos principais
lizar um objetivo ou objetivos; então, ele sustenta a gêneros textuais abordados em importantes bancas
posição de que o propósito comunicativo é o critério de concursos no país. Posteriormente, trazemos ques-
de maior importância, pois é o que motiva uma ação e tões de provas de concursos anteriores que irão nos
é vinculado ao poder do autor. auxiliar a praticar esse conteúdo. 17
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
NOTÍCIA É importante ressaltar que, com o advento das
redes sociais, tornou-se cada vez mais comum que o
A notícia é um gênero textual de caráter jornalístico e, gênero notícia seja divulgado por meio de plataformas
como tal, deve apresentar os fatos narrados de maneira diferentes, como as redes sociais. Isso democratiza a
objetiva e imparcial. A notícia pode apresentar sequên- informação, porém também abre margem para a cria-
cias textuais narrativas e descritivas na sua composição
ção de notícias falsas que se baseiam nesse esquema
linguística, por isso, é fundamental sempre termos em
mente as características basilares de todos os principais de organização das notícias tentando passar alguma
tipos textuais, os quais tratamos anteriormente. credibilidade ao público. Então, atualmente, podemos
Como aprendemos no início deste capítulo, os afirmar que a fonte de publicação é tão importante
gêneros textuais possuem características que os dis- para o reconhecimento de uma notícia quanto a estru-
tinguem dos tipos textuais, dentre elas o fato de ter tura padrão do gênero da qual tratamos acima.
um apelo a questões sociais, um propósito comunica- O próximo gênero que trataremos é a reportagem
tivo e apresentar uma configuração mais ou menos que guarda sutis diferenças em comparação com a notí-
padrão que varia em poucos ou nenhum aspecto cia e também é muito abordada em provas de concursos.
entre os gêneros.
Por ser um gênero, a notícia também apresenta
REPORTAGEM
essas características. Seu propósito comunicativo é
informar uma comunidade sobre assuntos de inte-
resse comum, por isso, a notícia deve ser comunicada A reportagem é um gênero textual que, diferen-
com imparcialidade, ou seja, sem que o meio que a temente da notícia, além de oferecer informações
transmite apresente sua opinião sobre os fatos; outra acerca de um assunto, também apresenta os pontos
importante característica da notícia é a sua configura- de vista sobre um tema, tendo, portanto, um caráter
ção prototípica, seu padrão textual reconhecido por argumentativo; essa é a principal diferença entre os
leitores de uma comunidade. gêneros notícia e reportagem.
Essa configuração própria da notícia é reconheci- Como vimos anteriormente, a notícia deve ser, ou
da pelos termos: Manchete, Lead e Corpo da Notícia. buscar ser, imparcial, ou seja, não devemos encontrar
Vejamos na prática como reconhecer o esquema pro-
nesse gênero a opinião do meio que a divulga. Por
totípico desse gênero:
isso, nesse texto, as sequências textuais mais encon-
tradas são a narrativa e a descritiva, justamente com
Casal suspeito de assaltos é preso após a finalidade de se evitar apresentar um ponto de vista.
colidir carro na contramão enquanto fugia Manchete Porém, a reportagem apresenta as opiniões sobre
da polícia, em Fortaleza
um mesmo fato, pois essa opinião é o principal “ingre-
Foram apreendidos três aparelhos celu- diente” dos textos desse gênero que são representados,
lares roubados e uma arma de fogo com Lead predominantemente, pela sequência argumentativa.
seis munições.
9
É importante relembrarmos que o tipo textual
-9

Um casal suspeito de realizar assaltos foi argumentativo é organizado em três macro partes:
96

preso após capotar um carro ao dirigir na tese, desenvolvimento e conclusão. Por manter esse
.3

contramão enquanto fugia da polícia na


93

padrão, a reportagem aprofunda-se em temas sociais


tarde deste domingo (13), no Bairro Henri-
.0

de ampla repercussão e interesse do público, algo que


que Jorge, em Fortaleza.
06

Uma das vítimas, que preferiu não se iden- Corpo não é o foco da notícia, tendo em vista que a notícia
-1

tificar, disse que os assaltantes dirigiam da notícia busca apenas a divulgação da informação.
a

em alta velocidade pelas ruas após abor- Diante disso, o suporte de veiculação das repor-
lv

dar de forma fria os pertences. “A mulher tagens é, quase sempre, aquele que faz uso do vídeo,
Si

estava conduzindo o carro e o comparsa como a televisão, o computador, o tablet, o celular.


da

dela abordava as pessoas colocando a As reportagens têm um caráter de “matérias espe-


io

arma na cabeça”, afirmou. ciais” em jornais de ampla repercussão, mas também


v

Fonte: https://glo.bo/35KM591. Acesso em: 14 set. 2020. podem ser veiculadas em suportes escritos, como
O

revistas e jornais, apesar de, com o avanço do uso das


ri

Na formulação de uma notícia, para que ela atinja redes sociais, estas são os principais meios de divulga-
A

seu propósito de informar, é fundamental que o autor ção desse gênero atualmente.
do texto seja guiado por essas perguntas a fim de tor- Conforme a Academia Jornalística (2019), a repor-
nar seu texto imparcial e objetivo: tagem apresenta informações mais detalhadas sobre
O quê? um fato e/ou fenômeno de grande relevância social.
Isso significa que o repórter deve demonstrar os lados
Onde? MANCHETE
que compõem a matéria, a fim de que o leitor cons-
trua sua própria opinião sobre o tema.
Quando? A despeito dessas diferenças na construção dos
gêneros mencionados, a reportagem e a notícia guar-
CORPO DA Como? dam semelhanças, como a busca pelas respostas às
NOTÍCIA
Por quê? perguntas O quê? Como? Por quê? Onde? Quando?
Quem? Essas perguntas norteiam a escrita tanto da
reportagem quanto da notícia, que se diferencia da
18 primeira por seu caráter essencialmente informativo.
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
NOTÍCIA REPORTAGEM
Apresenta um fato de forma simples e objetiva Questiona fatos e efeitos de um fato determinado
Objetivo é informar Apresenta argumentos sobre um mesmo fato
Apuração dos fatos objetiva Apuração extensa
Conteúdo sem ordem determinada, pode apresentar en-
Conteúdo de curto prazo
trevistas, dados, imagens, etc.
Conteúdo segue o modelo da pirâmide invertida (conf. acima)

Fonte: https://bit.ly/3kD9tvk. Acesso em: 17 set. 2020. Adaptado.

É importante ressaltar que nenhum gênero é composto apenas por uma única sequência textual e que, portan-
to, a reportagem também apresentará esse paradigma, pois esse gênero é essencialmente argumentativo, porém
pode apresentar outras sequências textuais a fim de alcançar seu objetivo final.
A seguir, daremos continuidade aos nossos estudos sobre os principais gêneros textuais objeto de provas de
concurso com um dos gêneros mais comuns em provas de seleções: o artigo de opinião.

ARTIGO DE OPINIÃO

O artigo de opinião faz parte da ordem de textos que buscam argumentar. Esse gênero usa a argumentação
para analisar, avaliar e responder a uma questão controversa. Esse instrumento textual situa-se no âmbito do
discurso jornalístico, pois é um gênero que circula, principalmente, em jornais e revistas impressos ou virtuais.
Com o artigo de opinião, temos a discussão de um problema de âmbito social. E, por meio dessa discussão, pode-
mos defender nossa opinião, como também refutar opiniões contrárias às nossas, ou ainda, propor soluções para
a questão controversa.
A intenção do escritor ao escolher o artigo de opinião é a de convencer seu interlocutor; para isso, ele terá que
usar de informações, fatos, opiniões que serão seus argumentos. Bräkling apud Ohuschi e Barbosa aponta:

O artigo de opinião é um gênero de discurso em que se busca convencer o outro de uma determinada ideia, influen-
ciá-lo, transformar os seus valores por meio de um processo de argumentação a favor de uma determinada posição
assumida pelo produtor e de refutação de possíveis opiniões divergentes. É um processo que prevê uma operação
constante de sustentação das afirmações realizadas, por meio da apresentação de dados consistentes que possam
convencer o interlocutor (2011, p. 305).

Dessa forma, para alcançar o objetivo do gênero, o escritor deverá usar diversos conhecimentos, como: enci-
9
-9

clopédicos, interacionais, textuais e linguísticos. É por meio da escolha de determinados recursos linguísticos que
96

percebemos que nada é por acaso, pois, a cada escolha há uma intenção: “[...] toda atividade de interpretação pre-
.3

sente no cotidiano da linguagem fundamenta-se na suposição de quem fala tem certas intenções ao comunicar-se”
93

(KOCH, 2011, p. 22).


.0

Quando queremos dar uma opinião sobre determinado tema, é necessário que tenhamos conhecimento sobre
06

ele. Por isso, normalmente, os autores de artigos de opinião são especialistas no assunto por eles abordado. Ao
-1

escolherem um assunto, os autores devem considerar as diversas “vozes” já existentes sobre mesmo assunto. E,
a

dependendo da intenção, apoiar ou negar determinadas vozes.


lv

Por isso, a linguagem utilizada pelo articulista de um texto de opinião deve ser simples, direta, convincente.
Si

Utiliza-se a terceira pessoa, apesar de a primeira ser adequada para um artigo de opinião pessoal; porém, ao esco-
da

lher a terceira pessoa do singular, o articulista consegue dar um tom impessoal ao seu texto, fazendo com que sua
io

produção textual não fique centrada só em suas próprias opiniões.


v

Quanto à composição estrutural, Kaufman e Rodriguez (1995) apud Pereira (2008) propõem a seguinte

O

estruturação:
ri
A

z Identificação do tema, acompanhada de seus antecedentes e alcance para situar a questão polêmica;
z Tomada de posição, exposição de argumentos de modo a justificar a tese;
z Reafirmação da posição adotada no início da produção, ao mesmo tempo em que as ideias são articuladas e o
LÍNGUA PORTUGUESA

texto é concluído.

ORGANIZAÇÃO TEXTUAL DO ARTIGO DE OPINIÃO


Introdução Identificação da questão polêmica alvo de debate no texto
Tese do autor (posicionamento defendido) – Tese contrária (posicionamentos de terceiros) – Acei-
Desenvolvimento
tação ou refutação – Argumentos a favor da tese do autor do texto
Conclusão Fechamento do texto e reforço do posicionamento adotado

No processo de escrita de qualquer texto, é preciso estar atento aos elementos de coesão que ligam as ideias do
autor aos seus argumentos, porém, nos textos argumentativos, é fundamental prestar ainda mais atenção a esse
processo; por isso, muito cuidado com a coesão na escrita e na leitura de textos opinativos. 19
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
A fim de mantermos a linha de pensamento nos estudos de textos argumentativos, seguimos nossa abordagem
apresentando outro gênero sempre presente nas provas de língua portuguesa em concursos públicos: o editorial.

EDITORIAL

Até aqui, estudamos dois gêneros com predominância de sequência argumentativa. O terceiro será o editorial,
gênero muito marcante no âmbito jornalístico e que expressa a opinião de um veículo de comunicação.
Como já debatemos muito sobre a estrutura dos textos argumentativos de uma forma geral, iremos nos aten-
tar aqui para as principais características do gênero editorial e no que ele se diferencia do artigo de opinião, por
exemplo.

EDITORIAL - CARACTERÍSTICAS
z Expressa opinião de um jornal ou revista a respeito de um tema atual
z O objetivo desse gênero é esclarecer ou alertar os leitores sobre alguma temática importante
z Busca persuadir os leitores, mobilizando-os a favor de uma causa de interesse coletivo
z Sua estrutura também é baseada em: Introdução, Desenvolvimento e Conclusão

O início de um editorial é bem semelhante ao de um artigo de opinião: apresenta-se a ideia central ou proble-
ma social a ser debatido no texto, posteriormente segue-se a apresentação do ponto de vista defendido e conclui-
-se com a retomada da opinião apresentada inicialmente. A principal diferença entre editorial e artigo de opinião
é que aquele representa a opinião de uma corporação, empresa ou instituição.

EDITORIAL – MARCAS LINGUÍSTICAS


z Verbos na 3ª pessoa do singular ou plural
z Uso do modo indicativo nas formas verbais predominante
z Linguagem clara, objetiva e impessoal

O editorial, além de ser um gênero muito comum nas provas de interpretação textual em concursos públicos,
também é, recorrentemente, cobrado por muitas bancas em provas de redação. Por isso, a seguir, apresentamos
um breve esquema para facilitar a escrita desse gênero, especialmente em certames que cobrem redação.

EDITORIAL – ESTRUTURA TEXTUAL POR PARÁGRAFOS


Apresentação do tema (situando o leitor) e já com um posicionamento definido. Ser didático ao apresen-
Parágrafo 1
tar o assunto ao leitor
9
-9

Contextualização do tema, comparando-o com a realidade e trazendo as causas e indicativos concretos


Parágrafo 2
96

do problema. Mais uma vez, posicionamento sobre o assunto


.3

Análise e as possíveis motivações que tornam o tema polêmico (ou justificativas de especialista da
93

Parágrafo 3
área). É preciso trazer dados factuais, exemplos concretos que ilustram a argumentação
.0
06

Parágrafo 4 Conclusivo, com o posicionamento crítico final, retomando o posicionamento inicial sem se repetir
-1

A seguir, apresentamos nosso último gênero textual abordado neste material. Lembramos que o universo de
a
lv

gêneros textuais é imenso, por isso, é impossível apresentar uma compilação de estudos com todos os gêneros;
Si

apesar disso, trazemos aqui os principais gêneros cobrados em avaliações de língua portuguesa. Seguindo esse
da

critério, o próximo gênero estudado é a crônica.


vio

CRÔNICA

O

O gênero crônica é muito conhecido no meio literário no Brasil. Podemos citar ilustres autores que se tornaram
ri
A

famosos pelo uso do gênero, como Luís Fernando Veríssimo e Marina Colasanti. Também por ser um gênero curto
de cunho social voltado para temas atuais, é muito usado em provas de concurso para ilustrar questões de inter-
pretação textual e também para contextualizar questões que avaliam a competência gramatical dos candidatos.
As crônicas apresentam uma abordagem cotidiana sobre um assunto atual e podem ser narrativas ou
argumentativas.

CRÔNICA NARRATIVA CRÔNICA ARGUMENTATIVA


z Defesa de um ponto de vista, relacionado ao assunto em
z Limita-se a contar fatos do cotidiano debate
z Pode apresentar um tom humorístico z Uso de argumentos e fatos
z Foco narrativo em 1ª ou 3ª pessoa z Também pode ser escrita em 1ª ou 3ª pessoa
z Uso de argumentos de modo pessoal e subjetivo

Apesar de as formas de texto verbais serem o formato mais comum na construção de uma crônica, atualmen-
20 te, podemos encontrar crônicas veiculadas em outros formatos, como vídeo, muito divulgados nas redes sociais.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
No tocante ao estilo da crônica argumentativa, trata-se de um texto com estrutura argumentativa padrão
(introdução, desenvolvimento, conclusão), muito veiculado em jornais e revistas, e, por isso, é um gênero que
passeia pelos ambientes literários e jornalísticos; apresenta um teor opinativo forte, com observação dos fatos
sociais mais atuais. Outra característica presente nesse gênero é o uso de figuras de linguagem, como a ironia e a
metáfora, que auxiliam na presença do tom sarcástico que a crônica pode ter.
A seguir, apresentamos um trecho da crônica “O que é um livro?” da escritora Marina Colasanti em que pode-
mos identificar as principais características desse gênero:

O que é um livro?

O que é um livro? A pergunta se impõe neste momento em que a isenção de impostos sobre o objeto primeiro da
cultura e do conhecimento está em risco. Uma contribuição tributária de 12% afastaria ainda mais a leitura de quem
tanto precisa dela.
Um livro é:
– A casa das palavras. Acabei de gravar um vídeo para jovens estudantes e disse a eles que o ofício de um
escritor é cuidar dessa casa, varrê-la, fazer a cama das palavras, providenciar sua comida, vesti-las com harmonia.
– A nave espacial que nos permite viajar no tempo para a frente e para trás. Habitar o passado ao tempo em que
foi escrito. Ou revisitá-lo de outro ponto de vista, inalcançável quando o passado aconteceu: o do presente, com
todos os conhecimentos adquiridos e as novas maneiras de viver. […]
- Ao mesmo tempo, espelho da realidade e ponte que nos liga aos sonhos. Crítica e fantasia. Palavra e música,
prosa e poesia. Luz e sombra. Metáfora da vida e dos sentimentos. Lugar de preservação do alheio e ponto de
encontro com nosso núcleo mais profundo. Onde muitas portas estão disponíveis, para que cada um possa abrir a
sua.
– A selva na qual, entre rugidos e labaredas, dragões enfrentam centauros. O pântano onde as hidras agitam
suas múltiplas cabeças.
– Todas as palavras do sagrado, todas elas foram postas nos livros que deram origem às religiões e neles
conservadas.
Fonte: https://bit.ly/2HIecxi. Acesso em:17 set. 2020. Adaptado.

Como podemos notar, a crônica trata de um assunto bem atual: o aumento da carga tributária que incide sobre
o preço dos livros. A autora apresenta sua opinião e segue argumentando sobre a importância dos livros na socie-
dade com um ponto de vista ladeado pela literatura, o que fortalece sua argumentação.
Para finalizar nossos estudos sobre gêneros textuais, é importante deixarmos uma informação relevante sobre
esse assunto. Para muitos autores, os gêneros não apenas moldam formas de texto, mas formas de dizer marcadas
pelo discurso; por isso, em algumas metodologias (e também em alguns editais de concurso), os gêneros serão tra-
tados como do discurso.
9
-9

Dica
96
.3

Gêneros do discurso marcam o processo de interação verbal; como todo discurso materializa-se por meio de
93

textos, a nomenclatura gêneros textuais torna-se mais adequada para essa perspectiva de estudos. Podemos
.0

distinguir as duas variantes vocabulares de acordo com as demandas sociais e culturais de estudo dos gêneros.
06
-1
a
lv
Si

TIPOLOGIA TEXTUAL
da

CONHECENDO OS TIPOS TEXTUAIS


vio

Tipos ou sequências textuais são unidades que estruturam o texto. Para Bronckart1, “são unidades estruturais, rela-
O

tivamente autônomas, organizadas em frases”.


ri
A

Os tipos textuais marcam uma forma de organização da estrutura do texto, que se molda a depender do gênero
discursivo e da necessidade comunicativa. Por exemplo, há gêneros que apresentam a predominância de narra-
ções (contos, fábulas, romances, história em quadrinhos etc.). Já em outros, predomina a argumentação (redação
do Enem, teses, dissertações, artigos de opinião etc.).
LÍNGUA PORTUGUESA

No intuito de conceituar melhor os tipos textuais, inspiramo-nos em Cavalcante (2013) e apresentamos a


seguinte figura, que demonstra como podemos identificar os tipos textuais e suas principais características, tendo
em vista que cada sequência textual apresenta características próprias que pouco ou nada sofrem em alterações,
mantendo uma estrutura linguística quase rígida que nos permite classificar os tipos textuais em cinco categorias
(Narrativo, Descritivo, Expositivo, Instrucional e Argumentativo).

1 BRONCKART, 1999 apud CAVALCANTE, 2013. 21


O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
GÊNERO TEXTUAL Era um garoto que como eu Amava os
Beatles e os Rolling Stones
Girava o mundo sempre a cantar
As coisas lindas da América Situação inicial:
TEXTO Não era belo, mas mesmo assim predomínio de
FRASES TIPO TEXTUAL
Havia mil garotas afim equilíbrio
Cantava Help and Ticket to Ride
Oh Lady Jane e Yesterday
A partir dessa imagem, podemos identificar que a Cantava viva à liberdade
orientação gramatical mantida pelas frases apresenta Mas uma carta sem esperar
marcas linguísticas, assinalando o tipo textual predo- Da sua guitarra, o separou
Complicação: início
minante que o texto deve manter, organizado pelas Fora chamado na América
da tensão
marcas do gênero textual ao qual o texto pertence. Stop! Com Rolling Stones
Stop! Com Beatles songs
TIPO TEXTUAL Mandado foi ao Vietnã
Clímax
Classifica-se conforme as marcas linguísticas apresentadas no Lutar com vietcongs
texto. Também é chamado de sequência textual Era um garoto que como eu
GÊNERO TEXTUAL Amava os Beatles e os Rolling Stones
Resolução
Classifica-se conforme a função do texto, atribuída socialmente Girava o mundo, mas acabou
Fazendo a guerra no Vietnã

Uma última informação muito importante sobre tipos Cabelos longos não usa mais
Não toca a sua guitarra e sim
textuais que devemos considerar é que nenhum texto é
Um instrumento que sempre dá
composto apenas por um tipo textual; o que ocorre é a A mesma nota,
existência de predominância de algumas sequências em Situação final /
ra-tá-tá-tá
detrimento de outras, de acordo com o texto. Avaliação
Não tem amigos, não vê garotas
A seguir, aprenderemos a diferenciar cada classe Só gente morta caindo ao chão
de tipos textuais, reconhecendo suas principais carac- Ao seu país não voltará
terísticas e marcas linguísticas. Pois está morto no Vietnã [...]
No peito, um coração não há
Moral
CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS TEXTUAIS E SUAS Mas duas medalhas sim
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
Disponível em: https://www.letras.mus.br/engenheiros-do-
Narrativo hawaii/12886/. Acesso em: 30 ago. 2021.

Os textos compostos predominantemente por Essas sete marcas que definem o tipo textual nar-
sequências narrativas cumprem o objetivo de contar rativo podem ser resumidas em marcas de organiza-
uma história, narrar um fato. Por isso, precisam man- ção linguística que são caracterizadas por:
9
-9

ter a atenção do leitor/ouvinte e, para tal, lançam mão


96

de algumas estratégias, como a organização dos fatos a z Presença de marcadores temporais e espaciais;
.3

partir de marcadores temporais e espaciais, a inclusão z Verbos, predominantemente, utilizados no


93

de um momento de tensão (chamado de clímax) e um passado;


.0

desfecho que poderá ou não apresentar uma moral. z Presença de narrador e personagens.
06

Conforme Cavalcante (2013), o tipo textual narrati-


-1

vo pode ser caracterizado por sete aspectos. São eles:


Importante!
a
lv

z Situação inicial: envolve a “quebra” de um equilí-


Si

brio, o que demanda uma situação conflituosa; Os gêneros textuais que são predominantemen-
da

z Complicação: desenvolvimento da tensão apre- te narrativos apresentam outras tipologias tex-


sentada inicialmente; tuais em sua composição, tendo em vista que
io

nenhum texto é composto exclusivamente por


v

z Ações (para o clímax): acontecimentos que am-


pliam a tensão; uma sequência textual. Por isso, devemos sem-


O

z Resolução: momento de solução da tensão; pre identificar as marcas linguísticas que são pre-
ri

z Situação final: retorno da situação equilibrada; dominantes em um texto, a fim de classificá-lo.


A

z Avaliação: apresentação de uma “opinião” sobre


a resolução;
z Moral: apresentação de valores morais que a his- Para sua compreensão, também é necessário saber
tória possa ter apresentado. o que são marcadores temporais e espaciais. São
formas linguísticas como advérbios, pronomes, locu-
Esses sete passos podem ser encontrados no seguin- ções etc. utilizadas para demarcar um espaço físico
te exemplo, a canção “Era um garoto que como eu...” ou temporal em textos. Nos tipos textuais narrativos,
Vamos lê-la e identificar essas características, bem esses elementos são essenciais para marcar o equilí-
como aprender a identificar outros pontos do tipo tex- brio e a tensão da história, além de garantirem a coe-
tual narrativo. são do texto. Exemplos de marcadores temporais e
espaciais: Atualmente, naquele dia, nesse momento,
aqui, ali, então...

22
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Outro indicador do texto narrativo é a presença do Considerando as emergências comunicativas do
narrador da história. Por isso, é importante apren- mundo moderno, a carta tornou-se um gênero menos
dermos a identificar os principais tipos de narrador usual e, aos poucos, substituído por outros gêneros,
de um texto: como, por exemplo, o e-mail.
A sequência descritiva também pode se apresentar
Narrador: também conhecido como foco narrativo, é o de forma esquemática em alguns gêneros, como pode-
responsável por contar os fatos que compõem o texto mos ver no cardápio a seguir:
Narrador personagem: verbos flexionados em 1ª pes-
soa. O narrador participa dos fatos
Narrador observador: verbos flexionados em 3ª pessoa.
O narrador tem propriedade dos fatos contados, porém,
não participa das ações
Narrador onisciente: os fatos podem ser contados na 3ª
ou 1ª pessoa verbal. O narrador conhece os fatos e não
participa das ações, porém, o fluxo de consciência do nar-
rador pode ser exposto, levando o texto para a 1ª pessoa

Alguns gêneros conhecidos por suas marcas pre-


dominantemente narrativas são notícia, diário, conto,
fábula, entre outros. É importante reafirmar que o
fato de esses gêneros serem essencialmente narrati-
vos não significa que não possam apresentar outras
sequências em sua composição.
Para diferenciar os tipos textuais e proceder na
classificação correta, é sempre essencial atentar-se às
marcas que predominam no texto.
Após demarcarmos as principais características do
tipo textual narrativo, vamos agora conhecer as mar-
cas mais importantes da sequência textual classifica-
da como descritiva.

Descritivo

O tipo textual descritivo é marcado pelas formas


nominais que dominam o texto. Os gêneros que uti-
9
lizam esse tipo textual geralmente utilizam a sequên-
-9

cia descritiva como suporte para um propósito maior.


96

São exemplos de textos cujo tipo textual predominan- Disponível em: https://g1.globo.com/sp/sorocaba-jundiai/
.3

noticia/2020/07/12/filha-de-dono-de-cantina-faz-desenhos-para-
te é a descrição: relato de viagem, currículo, anúncio,
93

divulgar-cardapio-e-ajudar-o-pai-a-vender-na-web.ghtml. Acesso em:


classificados, lista de compras.
.0

30 ago. 2021.
Veja um trecho da Carta de Pero Vaz de Caminha,
06

que relata, no ano de 1500, suas impressões a respeito


-1

Note que há a presença de muitos adjetivos, locu-


de alguns aspectos do território que viria a ser chama- ções, substantivos, que buscam levar o leitor a ima-
a

do de Brasil.
lv

ginar o objeto descrito. O gênero mostrado apresenta


Si

a descrição das refeições (pão, croissant, feijão, carne


Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e
da

etc.) com uso de adjetivos ou locuções adjetivas (de


quartejados, assim pelos corpos como pelas pernas, queijo, doce, salgado, com calabresa, moída etc.). Ele
io

que, certo, assim pareciam bem. Também andavam


está organizado de forma esquematizada em seções
v

entre eles quatro ou cinco mulheres, novas, que


(salgados, lanches, caldos e panquecas) de maneira a


assim nuas, não pareciam mal. Entre elas andava
O

facilitar a leitura (o pedido, no caso) do cliente.


uma, com uma coxa, do joelho até o quadril e a
ri
A

nádega, toda tingida daquela tintura preta; e todo


o resto da sua cor natural. Outra trazia ambos os Expositivo
joelhos com as curvas assim tintas, e também os
colos dos pés; e suas vergonhas tão nuas, e com O texto expositivo visa apresentar fatos e ideias a
LÍNGUA PORTUGUESA

tanta inocência assim descobertas, que não havia fim de deixar claro o tema principal do texto. Nesse tipo
nisso desvergonha nenhuma. textual, é muito comum a presença de dados, informa-
Disponível em: https://www.todamateria.com.br/carta-de-pero-vaz-
ções científicas, citações diretas e indiretas, que servem
de-caminha/. Acesso em: 30 ago. 2021. para embasar o assunto do qual o texto trata. Para ilus-
trar essa explicação, veja o exemplo a seguir:
Note que apesar da presença pontual da sequência
narrativa, há predominância da descrição do cenário
e dos personagens, evidenciada pela presença de adje-
tivos (galantes, preto, vermelho, nuas, tingida, desco-
bertas etc.). A carta de Pero Vaz constitui uma espécie
de relato descritivo utilizado para manter a comuni-
cação entre a Corte Portuguesa e os navegadores. 23
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Os textos expositivos são comuns em gêneros cien-
tíficos ou que desencadeiam algum aspecto de curiosi-
dade nos leitores, como o exemplo a seguir:

VEJA 10 MULHERES INVENTORAS QUE REVOLUCIO-


NARAM O MUNDO
08/03/2015 07h43 - Atualizado em 08/03/2015 07h43

Hedy Lamarr - conexão wireless

Além de atriz de Hollywood, famosa pelo longa “Ecstasy”


(1933), a austríaca naturalizada norte-americana Hedy
Lamarr foi a inventora de uma tecnologia que permitia
controlar torpedos à distância, durante a Segunda Guer-
ra Mundial, alterando rapidamente os canais de frequên-
cia de rádio para que não fossem interceptados pelo ini-
migo. Esse conceito de transmissão acabou, mais tarde,
permitindo o desenvolvimento de tecnologias como o
Wi-Fi e o Bluetooth.
Fonte: https://glo.bo/2Jgh4Cj Acesso em: 07 set. 2020. Adaptado.

Instrucional ou Injuntivo

O tipo textual instrucional, ou injuntivo, é caracteri-


zado por estabelecer um “propósito autônomo” (CAVAL-
CANTE, 2013, p. 73) que busca convencer o leitor a
realizar alguma tarefa. Esse tipo textual é predominante
em gêneros como: bula de remédio, tutoriais na internet,
horóscopos e também nos manuais de instrução.
Fonte: https://www.boavontade.com/pt/ecologia/infografico-dados-
mostram-panorama-mundial-da-situacao-da-agua A principal marca linguística dessa tipologia é a
presença de verbos conjugados no modo imperati-
O infográfico acima apresenta as informações per- vo e também em sua forma infinitiva. Isso se deve
tinentes sobre o panorama mundial da situação da ao fato de essa tipologia buscar persuadir o leitor e
água no ano de 2016. O gênero foi construído com o levá-lo a realizar as ações mencionadas pelo gênero.
objetivo de deixar o leitor informado a respeito do Para que possamos identificar corretamente essa
tema tratado, e para isso, o autor dispõe, além da lin- tipologia textual, faz-se necessário observar um gêne-
9
-9

guagem clara e objetiva, de recursos visuais para atin- ro textual que apresente esse tipo de texto, como o
96

gir esse objetivo.


exemplo a seguir:
.3

Assim como os tipos textuais apresentados ante-


93

riormente, os textos expositivos também apresentam


Como faço para criar uma conta do Instagram?
.0

uma estrutura que mistura elementos tipológicos de


Para criar uma conta do Instagram pelo aplicativo:
06

outras sequências textuais, tendo em vista que, para


1. Baixe o aplicativo do Instagram na App Store (iPhone)
-1

apresentar fatos e ideias, utilizamos aspectos descriti-


vos, narrativos e, por vezes, injuntivos. ou Google Play Store (Android).
a

2. Depois de instalar o aplicativo, toque no ícone


lv

É importante destacar que os textos expositivos


Si

podem, muitas vezes, serem confundidos com textos para abri-lo.


3. Toque em Cadastrar-se com e-mail ou número de
da

argumentativos, uma vez que existem textos argumenta-


telefone (Android) ou Criar nova conta (iPhone) e insira
tivos que são classificados como expositivos, pois utilizam
io

seu endereço de e-mail ou número de telefone (que exigi-


exemplos e fatos para fundamentar uma argumentação.
v

rá um código de confirmação), toque em Avançar. Tam-


Outra importante diferença entre a sequência
O

bém é possível tocar em Entrar com o Facebook para se


expositiva e a argumentativa é que esta apresenta uma
ri

cadastrar com sua conta do Facebook.


opinião pessoal, enquanto aquela não abre margem
A

4. Se você se cadastrar com o e-mail ou número de te-


para a argumentação, uma vez que o fato exposto
lefone, crie um nome de usuário e uma senha, preencha
é apresentado como dado, ou seja, o conhecimento
as informações do perfil e toque em Avançar. Se você
sobre uma questão não é posto em debate.
se cadastrar com o Facebook, será necessário entrar na
Apresenta-se um conceito e expõem-se as caracte-
conta do Facebook, caso tenha saído dela.
rísticas desse conceito sem espaço para opiniões.
Marcas linguísticas do texto expositivo: Fonte: https://www.facebook.com/help/instagram/. Acesso em: 07
set. 2020.
z Apresenta informações sobre algo ou alguém, pre-
sença de verbos de estado; No exemplo acima, podemos destacar a presença de
z Presença de adjetivos, locuções e substantivos que verbos conjugados no modo imperativo, como: baixe,
organizam a informação;
toque, crie, além de muitos verbos no infinitivo, como:
z Desenvolve-se mediante uso de recursos enumerativos;
z Presença de figuras de linguagem como metáfora instalar, cadastrar, avançar. Outra característica dos
e comparação; textos injuntivos é a enumeração de passos a serem
z Pode apresentar um pensamento contrastivo ao cumpridos para a realização correta da tarefa ensina-
24 final do texto. da e também a fim de tornar a leitura mais didática.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
É importante lembrar que a principal marca científicos, dentre outros. Já a linguagem não verbal
linguística dessa tipologia é a presença de verbos consegue transmitir uma mensagem sem nenhuma
conjugados no modo imperativo e em sua forma infi- palavra escrita, apenas com imagens, desenhos e cores,
nitiva. Isso se deve ao fato de essa tipologia buscar como em fotos ou histórias em quadrinhos sem balões
persuadir o leitor e levá-lo a realizar as ações mencio- de fala, bem como as charges e cartuns.
nadas pelo gênero. Desse modo, pode-se afirmar que uma tirinha sem
escrita e sem balões de fala compreende um texto cuja
Argumentativo linguagem é não verbal. Atente-se a essas característi-
cas sobre a linguagem, pois são constantes as questões
O tipo textual argumentativo é sem dúvidas o mais que abordam esse assunto em concursos públicos.
complexo e, por vezes, pode apresentar maior dificul- Ainda, a linguagem mista ou híbrida apresenta
dade na identificação, bem como em sua análise. esses dois tipos de linguagens juntos, que podemos
O texto argumentativo tem por objetivo a defesa ver cotidianamente em histórias em quadrinhos
de um ponto de vista, portanto, envolve a defesa com balões de falas, anúncios publicitários, dentre
de uma tese e a apresentação de argumentos que outros. A união das duas linguagens promove uma
visam sustentar essa tese. Alguns exemplos de tex- melhor compreensão do texto e nenhum detalhe deve
tos argumentativos são artigos, monografias, ensaios ser negligenciado – texto escrito, escolha vocabular,
científicos e filosóficos, dentre outros. cores, disposição do texto e das imagens, tamanho da
Outro aspecto importante dos textos argumentati- letra, expressão facial (caso haja) –, pois absolutamen-
vos é que eles são compostos por estruturas linguís- te tudo dentro de um contexto com linguagem mista
ticas conhecidas como operadores argumentativos, comunica e deve ser interpretado.
que organizam as orações subordinadas, estruturas
mais comuns nesse tipo textual.
A seguir, apresentamos um quadro sintético com
algumas estruturas linguísticas que funcionam como FUNÇÕES DA LINGUAGEM
operadores argumentativos e que facilitam a escrita e
a leitura de textos argumentativos: FUNÇÃO EMOTIVA OU EXPRESSIVA

OPERADORES ARGUMENTATIVOS Tem como objetivo transmitir sentimentos, emo-


ções e objetividades do emissor. O uso de verbos na
É incontestável que... primeira pessoa do singular evidencia seu mundo
Tal atitude é louvável / repudiável / notável... interior; também é comum o uso de interjeições, reti-
É mister / é fundamental / é essencial... cências, ponto de exclamação e interrogação para
reforçar a expressividade do emissor. Essa função é
comum em poemas, diários, conversas cotidianas e
Observe o exemplo a seguir: narrativas de teor romântico ou dramático.
9
“O governo gasta, todos os anos, bilhões de reais
-9

FUNÇÃO APELATIVA OU CONATIVA


96

no tratamento das mais diversas doenças relacio-


nadas ao tabagismo; os ganhos com os impostos Tem como objetivo convencer e influenciar o com-
.3
93

nem de longe compensam o dinheiro gasto com portamento do receptor da mensagem. Essa função
essas doenças. Além disso, as empresas têm gran- caracteriza-se pela presença das formas tu, você, vocês
.0
06

des prejuízos por causa de afastamentos de tra- (explícitas ou subtendidas no texto), de vocativos e de
balhadores devido aos males causados pelo fumo.
-1

formas verbais no imperativo que expressam ordem,


Portanto, é mister que sejam proibidas quaisquer sugestão, apelo etc. Essa função é predominante em tex-
a

propagandas de cigarros em todos os meios de


lv

tos publicitários, propagandas, horóscopos, manuais de


Si

comunicação.” advertências, tutoriais etc.


da

Disponível em: http://educacao.globo.com/portugues/assunto/ FUNÇÃO REFERENCIAL


io

texto-argumentativo/argumentacao.html. Acesso em: 30 ago. 2021.


v

Adaptado. Objetiva informar, referenciar algo. O foco é o pró-


prio assunto, o que faz dela uma função predominan-


O

Essas estruturas, quando utilizadas adequadamen- te nos noticiários, jornais, artigos, nas revistas, nos
ri
A

te no texto argumentativo, expõem a opinião do autor, livros instrucionais, contratos etc. A linguagem, nes-
ajudando na defesa de seu ponto de vista e construin- se caso, transmite uma mensagem direta, objetiva e
do a estrutura argumentativa desse tipo textual. impessoal, que pode ser entendida pelo leitor em um
sentindo específico.
LÍNGUA PORTUGUESA

FUNÇÃO FÁTICA
LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL Essa função serve para estabelecer ou interromper a
comunicação com o interlocutor. Pode ser encontrada em
Quando falamos sobre a linguagem, vemos que ela expressões de cumprimento, saudações, discursos etc.
abrange muito mais que a língua, pois compreende,
também, cores, gestos e entonação. Neste sentido, em FUNÇÃO METALINGUÍSTICA OU METALINGUAGEM
se tratando de texto escrito, podemos falar em lingua-
gem verbal e não verbal. Acontece quando a linguagem é usada para explicar
A linguagem verbal diz respeito a tudo o que usa a própria linguagem. Dessa maneira, o emissor explica o
letras e palavras para passar uma informação, como, código utilizando o próprio código. Na categoria de tex-
por exemplo, artigo de opinião, romance, notícia, textos tos, merecem destaque as gramáticas e os dicionários. 25
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
FUNÇÃO POÉTICA PADRÃO INFORMAL

Preocupa-se com a maneira como a mensagem Coloquialismo


será transmitida. Essa função, embora seja comum
em poesias, também pode ser encontrada em slogans Diz respeito a qualquer traço de linguagem (foné-
publicitários, piadas, músicas, conversas cotidianas tico, lexical, morfológico, sintático ou semântico) que
etc. O uso de figuras de linguagem para explorar o apresenta formas informais no falar e/ou escrever.
ritmo, a sonoridade, a forma das palavras realçam o
sentido da mensagem que se quer passar ao receptor, Oralidade
que a interpreta de maneira subjetiva.
A oralidade marca as maneiras informais de se
comunicar. Tais formas não são reconhecidas pela
Importante! norma formal, e, por isso, são chamadas de registros
Observe que, quando se trata de identificar uma orais ou coloquiais, embora nem sempre sejam reali-
determinada função em um texto, dizemos que zados apenas pela linguagem oral.
ela predomina naquele texto (ou em grande parte
dele). Isso porque dificilmente uma função ocorre Linguagem Coloquial
isoladamente: o mais comum é que em um texto
A linguagem coloquial marca formas fora do
se combinem duas ou mais funções de linguagem.
padrão estabelecido pela gramática. Como sabemos,
existem alguns tipos de variação linguística; dentre
elas, as mais comuns em provas de concurso são:

VARIEDADES LINGUÍSTICAS z Variação diatópica ou geográfica

A língua não é uma, ou seja, não é indivisível; ela A variação diatópica pode ocorrer com sons dife-
pode ser considerada um conjunto de dialetos. Alguém rentes. Quando isso acontece, dizemos que ocorreu
já disse que em país algum se fala uma língua só, há uma variação diatópica fonética, já que fonética sig-
várias línguas dentro da língua oficial. E no Brasil não nifica aquilo que diz respeito aos sons da fala. Temos
é diferente: pode-se até afirmar que cada cidadão tem também o exemplo das variações que ocorrem em
a sua. A essa característica da língua damos o nome diversas partes do país. Em Curitiba, PR, os jovens cha-
de variação linguística. De forma sintética, podemos mam de penal o estojo escolar para guardar canetas e
dividir de duas formas a língua “brasileira”: padrão for- lápis; no Nordeste, é comum usarem a palavra cheiro
mal e padrão informal; cada um desses tipos apresenta para representar um carinho feito em alguém. O que
suas peculiaridades e espécies derivadas. Vejamos: em outras regiões se chamaria de beijinho. Macaxeira,
9
no Norte e no Nordeste, é a mandioca ou o aipim. Essa
-9

PADRÃO FORMAL
96

variação denominamos diatópica lexical, já que lexi-


cal significa algo relativo ao vocabulário.
.3
93

Norma Culta
.0

z Variação diastrática ou sociocultural


06

A norma culta da língua portuguesa é estabelecida


-1

pelos padrões definidos conforme a classe social mais A variação diastrática, como também ocorre com
abastada, detentora de poder político e cultural. As
a

a diatópica, pode ser fonética, lexical e sintática,


lv

pessoas cujo padrão social lhe permite gozar de pri- dependendo do que seja modificado pelo falar do indi-
Si

vilégios na sociedade têm o poder de ditar, inclusive, víduo: falar adevogado, pineu, bicicreta, é exemplo de
da

as regras da língua, direcionando o que é considerado variação diastrática fonética. Usar “presunto” no
io

permitido e aquilo que não é. lugar de corpo de pessoa assassinada é variação dias-
v

trática lexical. E falar “Houveram menas percas” no


Norma Padrão
O

lugar de “Houve menos perdas” é variação diastráti-


ri

ca sintática.
A

A norma padrão diz respeito às regras organizadas


nas gramáticas, estabelecendo um conjunto de regras z Variação diafásica ou estilística
e preceitos que devem ser respeitados na utilização
da língua. Essa norma apresenta um caráter mais abs- A variação diafásica, como ocorreu com a diató-
trato, tendo em vista que também considera fatores pica e com a diastrática, pode ser também fonética,
sociais, como a norma culta. lexical e sintática. Dizer “veio”, com o e aberto, não
por morar em determinado lugar nem porque todos
Língua Formal de sua camada social usem, é usar a variação diafá-
sica fonética. Um padre, em um momento de descon-
A língua formal não está, diretamente, associada tração, brincando com alguém, dizer “presunto” para
a padrões sociais; embora saibamos que a influência representar o “corpo de pessoa assassinada”, usa a
social exerce grande poder na língua, a língua formal variação diafásica lexical. E, finalmente, um advo-
busca formalizar em regras e padrões as suas normas gado dizer “Encontrei ele”, também em momento
a fim de estabelecer um preceito mais concreto sobre de descontração, no lugar de “Encontrei-o” é usar a
26 a linguagem. variação diafásica sintática.
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Discurso Indireto
VARIAÇÃO DIAFÁSICA
Mudança no som, como Neste discurso, o narrador traz, em suas palavras,
veio (pronúncia com E aber- as falas das personagens.
Diafásica fonética to) e more (pronúncia com Características:
E fechado, assemelhando-
-se quase a pronúncia de i) z É introduzido por um verbo de elocução;
Ocorre em contextos de z Logo após há um termo (geralmente “que”), que
informalidade, em que há mostra a mudança da voz do narrador para a men-
Diafásica lexical mais liberdade para usar sagem da personagem;
gírias e expressões lexicais z Não há mudança de linha ou de parágrafo, o texto
diferentes corrido;
z O discurso em si está na terceira pessoa do discur-
Ocorre com a alteração so (ele, ela, eles, elas).
Diafásica sintática dos elementos sintáticos,
ocasionando erros MUDANÇA ENTRE OS DISCURSOS

z Variação diacrônica Em questões de concurso, geralmente é aborda-


da a mudança de um discurso para o outro. Seja do
Diz respeito à mudança de forma e/ou sentido direto para o indireto ou do indireto para o direto, há
estabelecido em algumas palavras ao longo dos anos. mudanças principalmente nos verbos, e elas devem
Podemos citar alguns exemplos comuns, como as ser observadas para manter a correção gramatical.
palavras Pharmácia – Farmácia; Vossa Mercê – Você.
Passagem de Discurso Direto para Discurso Indireto
Além dessas, a variação diacrônica também marca a
presença de gírias comuns em determinadas épocas, No caso da passagem do discurso direto para o dis-
como broto, chocante, carango etc. curso indireto, é necessário acrescentar informações
como um pronome ou o nome do autor da mensagem
e mudar o tempo verbal. Além disso, são eliminadas
TIPOS DE DISCURSO as pontuações como travessão e dois-pontos, já que o
texto é corrido.
DISCURSO DIRETO E INDIRETO Por exemplo:
Discurso direto: João afirmou:
Nos textos narrativos, existem dois tipos de discur- — Comecei minha faculdade na semana passada.
so que podem ser utilizados ao tratar de diálogos ou Discurso indireto: João afirmou que começou sua
“falas” dos personagens. São eles o discurso direto e o faculdade na semana anterior.
discurso indireto, explicaremos as características de Discurso direto: Luna e Ana disseram:
cada um a seguir. — Nós viajaremos amanhã.
9
Discurso indireto: Elas disseram que viajariam
-9

no dia seguinte.
96

Discurso Direto
As mudanças ocorrem em diversos aspectos, como
.3
93

É a reprodução exata ou literal da fala das perso- destacaremos a seguir:2


.0

nagens, sem participação do narrador. Ele é bastante


06

comum em muitos textos exatamente por transcrever z Mudança das pessoas do discurso
-1

literalmente as palavras do outro, além disso, aproxi-


ma o leitor da história.
a

DISCURSO DISCURSO
lv

Características: MUDANÇA
DIRETO INDIRETO
Si

1ª pessoa passa para 3ª pessoa


da

z Introduzido por um verbo de elocução;


pronomes (eu, pronomes (ele,
io

z Usa dois-pontos; passam para


nós) ela, eles, elas)
v

z Há mudança de linha para um novo parágrafo;


z É iniciado por um travessão, que indica a mudança pronomes (ele,


O

da voz do narrador para a voz da personagem; pronomes (me, ela, eles, elas,
ri
A

z O discurso em si está na primeira pessoa do discur- mim, comigo, nos, passam para lhe, lhes, se, si,
so (eu/nós). conosco) consigo, o, os, a,
as)
LÍNGUA PORTUGUESA

pronomes (meu,
Importante! meus, minha,
pronomes (seu,
Cabe relembrar aqui o que são e quais são os ver- minhas, nosso, passam para
seus, sua e suas)
bos de elocução. nossos, nossa,
Os verbos de elocução são aqueles que introdu- nossas)
zem as falas dos personagens.
Os principais são:
Falar, contar, destacar, ressaltar, dizer, afirmar,
perguntar, declarar, indagar e questionar.

2 NEVES, F. Discurso direto e indireto. Norma Culta, 2022. Disponível em: https://www.normaculta.com.br/discurso-direto-e-indireto/. Acesso em:
28 mar. 2022. 27
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z Mudança nos tempos verbais Exemplo de Discurso Indireto Livre

DISCURSO Juliana estava revoltada com o namorado e com


DISCURSO DIRETO MUDANÇA a briga que tiveram. Como Paulo foi capaz de falar
INDIRETO
aquelas coisas? Quem é que ele pensa que é?
pretérito
presente do
passa para imperfeito do
indicativo
indicativo
pretérito mais-
pretérito perfeito do
passa para que-perfeito do
ACENTUAÇÃO GRÁFICA
indicativo
indicativo
NÚMERO DE SÍLABAS
futuro do
futuro do presente
passa para pretérito do Antes de compreendermos os processos norteado-
do indicativo
indicativo res da divisão silábica, é importante identificar uma
pretérito sílaba. Sílaba é um grupo de palavras que se pronun-
presente do cia em apenas uma emissão de voz, como a palavra
passa para imperfeito do
subjuntivo “pá”, por exemplo.
subjuntivo
Para compreender o processo de formação silábi-
pretérito ca e, consequentemente, reconhecer os números de
futuro do subjuntivo passa para imperfeito do sílabas em uma palavra, é fundamental saber como
subjuntivo dividir a palavra em sílabas.
pretérito Esse processo é chamado de divisão silábica e
imperativo passa para imperfeito do constitui a identificação e delimitação das sílabas de
cada palavra. As palavras classificam-se em monossí-
subjuntivo
labas (se apresentam apenas uma sílaba) ou polissíla-
bas (mais de uma sílaba).
z Mudança na pontuação das frases Veja alguns exemplos:
Separam-se:
DISCURSO
DISCURSO DIRETO MUDANÇA z Hiatos: sa-í-da; va-zi-o;
INDIRETO
z Dígrafos (RR, SS, SC, SÇ, XC): car-ro; ces-são; cons-
frases interrogativas frases -ci-ên-cia; cres-ça; ex-ce-ção;
passam para
(?) declarativas (.) z Vogais iguais / grupo consonantal CC (Ç): Co-or-de-
frases exclamativas frases -nar; ca-a-tin-ga/fic-ção; con-fec-cionar;
passam para z Encontros consonantais disjuntos (pt, dv, gn, bs,
(!) declarativas (.)
tm, ft, ct, ls): Ap-ti-dão; ad-vo-ga-do; dig-no; ab-sol-
frases imperativas frases -ver; rit-mo; as-pec-to; con-vul-são.
passam para
(! ou .) declarativas (.)
9
-9

Não se separam:
96

z Mudança dos advérbios e adjuntos adverbiais


.3

z Ditongos e Tritongos: Gló-ria/ U-ru-guai;


93

DISCURSO DISCURSO z Dígrafos (CH, LH, NH, GU, QU): cha-ve; ga-lho;
.0

MUDANÇA
06

DIRETO INDIRETO ni-nho; lin-gui-ça; quei-jo;


z Encontros consonantais em sílaba inicial: psi-có-
-1

ontem passa para no dia anterior


-lo-go; pneu.
a

hoje passa para naquele dia


lv
Si

agora passa para naquele momento TONICIDADE SILÁBICA


da

amanhã passa para no dia seguinte


Quanto à tonicidade, as sílabas são divididas em
io

aqui, aí, cá passam para ali, lá monossílabas (átonas e tônicas), oxítonas, paroxítonas
v

aquele, aquela, e proparoxítonas. Para reconhecermos a sílaba tônica


este, esta, isto passam para
O

aquilo (forte) de uma palavra basta pronunciarmos o vocábu-


ri

lo e notar qual sílaba é pronunciada com mais força.


A

DISCURSO INDIRETO LIVRE


Monossílabas Átonas
Para finalizar, é importante mencionar o discurso
indireto livre, que é mais dinâmico. Nele, as falas das Os monossílabos átonos são designados assim, pois
personagens (na 1ª pessoa) estão inseridas dentro do não apresentam autonomia fonética, sendo, portanto,
discurso do narrador (na 3ª pessoa). Ou seja, há uma pronunciados de forma fraca em seus contextos de uso.
mistura dos dois tipos anteriores. Neste tipo, nem Ex.: Essa chance nos foi dada.
sempre há o uso dos verbos de elocução.
Esse tipo de discurso não apresenta uma estrutura Monossílabas Tônicas
fixa, mas também não há indício da introdução das
falas das personagens no texto. Os monossílabos tônicos apresentam autonomia
Não é muito indicado porque as duas vozes são fonética e, por isso, são proferidos fortemente nos
confundidas dentro da narração, já que ele funciona contextos de uso em que aparecem. É importante fri-
como se o narrador assumisse o papel do personagem, sar que nem todo monossílabo tônico será acentuado,
28 mostrando o seu ponto de vista. Ex.: “Essa chance foi dada a nós”.
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Oxítonas z Palavras proparoxítonas: a regra mais simples e
fácil de lembrar: todas as proparoxítonas devem
São chamadas assim as palavras que apresentam ser acentuadas!
tonicidade na última sílaba, sendo esta, portanto, a
sílaba mais forte. Porém, esse grupo de palavras divide uma polê-
Ex.: mo-co-tó, pa-ra-béns, vo-cê. mica com as palavras paroxítonas, pois, em alguns
vocábulos, o Vocabulário Ortográfico da Língua Por-
Paroxítonas tuguesa (VOLP) aceita a classificação em paroxítona
ou proparoxítona.
São chamadas assim as palavras que apresentam a São as chamadas proparoxítonas aparentes.
sílaba tônica na penúltima sílaba. Essas palavras apresentam um ditongo crescente no
Ex.: a-çú-car. final de suas sílabas; esse ditongo pode ser aceito ou
pode ser considerado hiato. É o que ocorre com as
Proparoxítonas palavras:
His-tó-ria/ his-tó-ri-a
Vá-cuo/ vá-cu-o
São chamadas assim as palavras que apresentam a
Pá-tio/ pá-ti-o
sílaba tônica na antepenúltima sílaba.
Antes de concluir, é importante mencionar o uso
Ex.: rá-pi-do.
do acento nas formas verbais ter e vir:
Ele tem / Eles têm
Notações Léxicas
Ele vem / Eles vêm
Perceba que, no plural, essas formas admitem o
São notações léxicas todos os sinais e símbolos uso de um acento (^); portanto, atente-se à concordân-
acessórios que servem para auxiliar a pronúncia das cia verbal quando usar esses verbos.
palavras. Vejamos alguns exemplos:

z Acento agudo (´): sinal com um traço oblíquo para


direita que indica sílaba tônica em palavras que
precisam ser sinalizadas; ORTOGRAFIA
z Acento circunflexo (^): sinal que indica vogal
tônica e fechada em palavras que precisam ser As regras de ortografia são muitas e, na maioria dos
sinalizadas; casos, contraproducentes, tendo em vista que a lógica
da grafia e da acentuação das palavras, muitas vezes, é
z Acento grave (`): sinal com traço oblíquo para
derivada de processos históricos de evolução da língua.
esquerda que representa a junção de duas vogais
Por isso, vale lembrar a dica de ouro do aluno cra-
A em funções sintáticas diferentes, fenômeno cha-
que em ortografia: leia sempre! Somente a prática de
mado de crase;
leitura irá lhe garantir segurança no processo de gra-
z Diacrítico til (~): indica nasalização em som vocá-
9
fia das palavras.
-9

lico, não é considerado um sinal.


96

Em relação à acentuação, por outro lado, a maior


parte das regras não são efêmeras, porém, são em
.3

ACENTUAÇÃO GRÁFICA
93

grande número. Neste material, iremos apresen-


.0

tar uma forma condensada e prática de nunca mais


Muitas são as regras de acentuação das palavras
06

esquecer os acentos e os motivos pelos quais as pala-


da língua portuguesa; para compreender essas regras,
-1

vras são acentuadas.


faz-se necessário entender a tonicidade das sílabas e Ainda sobre aspectos ortográficos da língua portu-
a
lv

respeitar a divisão das sílabas. guesa, é importante estarmos atentos ao uso de letras
Si

cujos sons são semelhantes e geram confusão quanto


da

Regras de Acentuação à escrita correta. Veja:


io

z Palavras monossílabas: acentuam-se os monossí-


v

z É com X ou CH? Empregamos X após os ditongos.


labos tônicos terminados em: A, E, O. Ex.: Pá, vá, Ex.: Ameixa, frouxo, trouxe.
O

chá; pé, fé, mês; nó, pó, só;


ri

z Palavras oxítonas: acentuam-se as palavras oxíto-


A

USAMOS X: USAMOS CH:


nas terminadas em: A, E, O, EM/ENS. Ex.: Cajá, gua-
raná; Pelé, você; cipó, mocotó; também, parabéns; � Depois da sílaba em, se � Depois da sílaba em, se
z Palavras paroxítonas: acentuam-se as paroxíto- a palavra não for deri- a palavra for derivada de
LÍNGUA PORTUGUESA

nas que não terminam em: A, E, O, EM/ENS. Ex.: vada de palavras inicia- palavras iniciadas por
Bíceps, fórceps; júri, táxis, lápis; vírus, úteis, lótus; das por CH: enxerido, CH: encher, encharcar
abdômen, hímen. enxada � Em palavras derivadas
� Depois de ditongo: cai- de vocábulos que são
xa, faixa grafados com CH: re-
Importante! � Depois da sílaba inicial cauchutar, fechadura
me se a palavra não for
Acentuam-se as paroxítonas terminadas em derivada de vocábulo
ditongo. iniciado por CH: mexer,
Ex.: Imóveis, bromélia, história, cenário, Brasília, mexilhão
rádio etc.
Fonte: instagram/academiadotexto. Acesso em: 10 out. 2020. 29
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z É com G ou com J? Usamos G em substantivos termi- a, as”, para os definidos, e “uns, uma, umas”, para os
nados em: -agem; igem; -ugem. Ex.: Viagem, ferrugem; indefinidos. Assim, temos:
Palavras terminadas em: ágio, -égio, -ígio, -ógio,
-úgio. Ex.: Sacrilégio, pedágio. z Artigos definidos: o, os; a, as;
Verbos terminados em -ger e -gir. Ex.: Proteger, fugir; z Artigos indefinidos: um, uns; uma, umas.
Usamos J em formas verbais terminadas em -jar ou
-jer. Ex.: Viajar, lisonjear. Os artigos podem ser combinados às preposições.
Termos derivados do latim escritos com j; São as chamadas contrações. Algumas contrações
z É com Ç ou S? Após ditongos, usamos, geralmente, comuns na língua são:
Ç quando houver som de S, e escrevemos S quando
houver som de Z. Ex.: Eleição; Neusa; coisa; z em + a = na;
z É com S ou com Z? Palavras que designam nacio- z a + o = ao;
nalidade ou títulos de nobreza e terminam em -ês z a + a = à;
e -esa devem ser grafadas com S. Ex.: Norueguesa; z de + a = da.
inglês; marquesa; duquesa.
Palavras que designam qualidade, cuja termina- Dica
ção seja -ez ou -eza, são grafadas com Z:
Embriaguez; lucidez; acidez. Toda palavra determinada por um artigo torna-
-se um substantivo. Ex.: o não, o porquê, o cuidar
Essas regras para correção ortográfica das pala- etc.
vras, em geral, apresentam muitas exceções; por isso é
importante ficar atento e manter uma rotina de leitu- NUMERAIS
ra, pois esse aprendizado é consolidado com a prática.
Sua capacidade ortográfica ficará melhor a partir da São palavras que se relacionam diretamente ao
leitura e da escrita de textos, por isso, recomendamos substantivo, inferindo ideia de quantidade ou posi-
que se mantenha atualizado e leia fontes confiáveis de ção. Os numerais podem ser:
informação, pois além de contribuir para seu conhe-
cimento geral, sua habilidade em língua portuguesa z Cardinais: indicam quantidade em si. Ex.: Dois
também aumentará. potes de sorvete; zero coisas a comprar; ambos os
meninos eram bons em português;
z Ordinais: indicam a ordem de sucessão de uma
série. Ex.: Foi o segundo colocado do concurso; che-
gou em último/penúltimo/antepenúltimo lugar;
CLASSE DE PALAVRAS (SUBSTANTIVO, z Multiplicativos: indicam o número de vezes pelo
ARTIGO, ADJETIVO, NUMERAL, qual determinada quantidade é multiplicada. Ex.:
PRONOME, VERBO, ADVÉRBIO, Ele ganha o triplo no novo emprego;
z Fracionários: indicam frações, divisões ou dimi-
PREPOSIÇÃO, CONJUNÇÃO,
9
-9

nuições proporcionais em quantidade. Ex.: Tomou


INTERJEIÇÃO)
96

um terço de vinho; o copo estava meio cheio; ele


.3

recebeu metade do pagamento.


93

INTRODUÇÃO
.0

Podemos encontrar ainda os numerais coletivos,


06

A palavra morfologia refere-se ao estudo das for- isto é, designam um conjunto, porém expressam uma
-1

mas. Por isso, o termo é utilizado por linguistas e tam- quantidade exata de seres/conceitos. Veja:
bém por médicos, que estudam as formas dos órgãos
a

Dúzia: conjunto de doze unidades;


lv

e suas funções. Novena: período de nove dias;


Si

Analogamente, para compreender bem as funções Década: período de dez anos;


da

de uma forma, seja ela uma palavra, seja um órgão, Século: período de cem anos;
io

precisamos conhecer como essa forma se classifica e Bimestre: período de dois meses.
v

como se organiza.

Por isso, em língua portuguesa, estudamos as for- Um: Numeral ou Artigo?


O

mas das palavras na morfologia, que organiza as classes


ri
A

das palavras em dez categorias. A seguir, estudaremos A forma um pode assumir na língua a função de
detalhadamente cada uma delas e também veremos um artigo indefinido ou de numeral cardinal; então, como
“bônus” para seus estudos: as palavras denotativas, podemos reconhecer cada função? É preciso observar
atualmente, muito cobradas por bancas exigentes. o contexto em uso. Observe:

ARTIGOS z Durante a votação, houve um deputado que se


posicionou contra o projeto;
Os artigos devem concordar em gênero e número z Durante a votação, apenas um deputado se posi-
com os substantivos. São, por isso, considerados deter- cionou contra o projeto.
minantes dos substantivos.
Essa classe está dividida em artigos definidos e arti- Na primeira frase, podemos substituir o termo um
gos indefinidos. Os definidos funcionam como deter- por uma, realizando as devidas alterações sintáticas, e
minantes objetivos, individualizando a palavra, já os o sentido será mantido, pois o que se pretende defen-
indefinidos funcionam como determinantes imprecisos. der é que a espécie do indivíduo que se posicionou
O artigo definido — o — e o artigo indefinido — contra o projeto é um deputado e não uma deputada,
30 um —variam em gênero e número, tornando-se “os, por exemplo.
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Já na segunda oração, a alteração do gênero não Flexão de Gênero
implicaria em mudanças no sentido, pois o que se
pretende indicar é que o projeto foi rejeitado por UM Os gêneros do substantivo são masculino e
deputado, marcando a quantidade. feminino.
Outra forma de notarmos a diferença é ficarmos Porém, alguns deles admitem apenas uma forma
atentos com a aparição das expressões adverbiais, o para os dois gêneros. São, por isso, chamados de uni-
que sempre fará com que a palavra “um” seja numeral. formes. Os substantivos uniformes podem ser:
Ainda sobre os numerais, atente-se às dicas a
seguir: z Comuns-de-dois-gêneros: designam seres huma-
nos e sua diferença é marcada pelo artigo. Ex.: O
z Sobre o numeral milhão/milhares, é importante pianista / a pianista; O gerente / a gerente; O clien-
destacar que sua forma é masculina. Logo, a con- te / a cliente; O líder / a líder;
cordância com palavras femininas é inaceitável z Epicenos: designam geralmente animais que apre-
pela gramática. sentam distinção entre masculino e feminino, mas
Errado: As milhares de vacinas chegaram hoje. a diferença é marcada pelo uso do adjetivo macho
Correto: Os milhares de vacina chegaram hoje. ou fêmea. Ex.: cobra macho / cobra fêmea; onça
macho / onça fêmea; gambá macho / gambá fêmea;
z A forma 14 por extenso apresenta duas formas girafa macho / girafa fêmea;
aceitas pela norma gramatical: catorze e quatorze. z Sobrecomuns: designam seres de forma geral e
não são distinguidos por artigo ou adjetivo; o gêne-
SUBSTANTIVOS ro pode ser reconhecido apenas pelo contexto. Ex.:
A criança; O monstro; A testemunha; O indivíduo.
Os substantivos classificam os seres em geral. Uma
característica básica dessa classe é admitir um deter-
Já os substantivos biformes designam os substan-
minante — artigo, pronome etc. Os substantivos fle-
tivos que apresentam duas formas para os gêneros
xionam-se em gênero, número e grau.
masculino ou feminino. Ex.: professor/professora.
Destacamos que alguns substantivos apresentam
Tipos de Substantivos
formas diferentes nas terminações para designar for-
mas diferentes no masculino e no feminino:
A classificação dos substantivos admite nove tipos
Ex.: Ator/atriz; Ateu/ ateia; Réu/ré.
diferentes. São eles:
Outros substantivos modificam o radical para
z Simples: formados a partir de um único radical. designar formas diferentes no masculino e no femini-
Ex.: Vento, escola; no. Estes são chamados de substantivos heteroformes:
z Composto: formados pelo processo de justaposi- Ex.: Pai/mãe; Boi/vaca; Genro/nora.
9
-9

ção. Ex.: Couve-flor, aguardente;


96

z Primitivo: possibilitam a formação de um novo Gênero e Significação


.3

substantivo. Ex.: Pedra, dente;


93

z Derivado: formados a partir dos derivados. Ex.: Alguns substantivos uniformes podem aparecer
.0

Pedreiro, dentista; com marcação de gênero diferente, ocasionando uma


06

z Concreto: designam seres com independência modificação no sentido. Veja, por exemplo:
-1

ontológica, ou seja, um ser que existe por si, inde-


a

z A testemunha: Pessoa que presenciou um crime;


lv

pendentemente de sua conotação espiritual ou


Si

real. Ex.: Maria, gato, Deus, fada, carro; z O testemunho: Relato de experiência, associado a
da

z Abstrato: indicam estado, sentimento, ação, qua- religiões.


lidade. Os substantivos abstratos existem apenas
io

Algumas formas substantivas mantêm o radical e


v

em função de outros seres. A feiura, por exemplo,


depende de uma pessoa, um substantivo concreto a pequena alteração no gênero do artigo interfere no
O

a quem esteja associada. Ex.: Chute, amor, cora- significado:


ri
A

gem, liberalismo, feiura;


z Comum: designam todos os seres de uma espécie. z O cabeça: chefe / a cabeça: membro o corpo;
Ex.: Homem, cidade; z O moral: ânimo / a moral: costumes sociais;
LÍNGUA PORTUGUESA

z Próprio: designam uma determinada espécie. Ex.: z O rádio: aparelho / a rádio: estação de transmissão.
Pedro, Fortaleza;
z Coletivo: usados no singular, designam um conjun- Além disso, algumas palavras na língua causam
to de uma mesma espécie. Ex: Pinacoteca, manada. dificuldade na identificação do gênero, pois são usa-
das em contextos informais com gêneros diferentes.
É importante destacar que a classificação de um Alguns exemplos são: a alface; a cal; a derme; a libido;
substantivo depende do contexto em que ele está inse- a gênese; a omoplata / o guaraná; o formicida; o tele-
rido. Vejamos: fonema; o trema.
Judas foi um apóstolo. (Judas como nome de uma Algumas formas que não apresentam, necessaria-
pessoa = Próprio); mente, relação com o gênero, são admitidas tanto no
O amigo mostrou-se um judas (judas significando masculino quanto no feminino: O personagem / a per-
traidor = comum). sonagem; O laringe / a laringe; O xerox / a xerox. 31
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Flexão de Número z Grau aumentativo: quando o acréscimo de sufixos
aos substantivos indicar um aumento de tamanho.
Os substantivos flexionam-se em número, de Ex.: bocarra, homenzarrão, gatarrão, cabeçorra,
maneira geral, pelo acréscimo do morfema -s. Ex.: fogaréu, boqueirão, poetastro;
Casa / casas. z Grau diminutivo: exprime, ao contrário do
Porém, podem apresentar outras terminações: aumentativo, a diminuição do tamanho/proporção
males, reais, animais, projéteis etc. do ser.
Geralmente, devemos acrescentar -es ao singular
Ex.: fontinha, lobacho, casebre, vilarejo, saleta,
das formas terminadas em R ou Z, como: flor / flores;
pequenina, papelucho.
paz / pazes. Porém, há exceções, como a palavra mal,
terminada em L e que tem como plural “males”.
Já os substantivos terminados em AL, EL, OL, UL Dica
fazem plural trocando-se o L final por -is. Ex.: coral /
O emprego do grau aumentativo ou diminutivo
corais; papel / papéis; anzol / anzóis.
Entretanto, também há exceções. Ex.: A forma dos substantivos pode alterar o sentido das pala-
mel apresenta duas formas de plural aceitas: meles vras, podendo assumir um valor:
e méis. Afetivo: filhinha / mãezona;
Geralmente, as palavras terminadas em -ão fazem Pejorativo: mulherzinha / porcalhão.
plural com o acréscimo do -s ou pelo acréscimo de -es.
Ex.: capelães, capitães, escrivães. O Novo Acordo Ortográfico e o Uso de Maiúsculas
Contudo, há substantivos que admitem até três
formas de plural, como os seguintes: O novo acordo ortográfico estabelece novas regras
para o uso de substantivos próprios, exigindo o uso da
z Ermitão: ermitãos, ermitões, ermitães;
inicial maiúscula.
z Ancião: anciãos, anciões, anciães;
Dessa forma, devemos usar com letra maiúscula as
z Vilão: vilãos, vilões, vilães.
inicias das palavras que designam:
Podemos, ainda, associar às palavras paroxítonas
que terminam em -ão o acréscimo do -s. Ex.: órgão / z Nomes, sobrenomes e apelidos de pessoas
órgãos; órfão / órfãos. reais ou imaginárias. Ex.: Gabriela, Silva, Xuxa,
Cinderela;
Plural dos Substantivos Compostos z Nomes de cidades, países, estados, continentes
etc., reais ou imaginários. Ex.: Belo Horizonte,
Os substantivos compostos são aqueles formados Ceará, Nárnia, Londres;
por justaposição. O plural dessas formas obedece às z Nomes de festividades. Ex.: Carnaval, Natal, Dia
seguintes regras: das Crianças;
z Nomes de instituições e entidades. Ex.: Embai-
9
-9

z Variam os dois elementos: xada do Brasil, Ministério das Relações Exteriores,


96

Gabinete da Vice-presidência, Organização das


.3

Substantivo + substantivo. Ex.: mestre-sala / mes- Nações Unidas;


93

tres -salas; z Títulos de obras. Ex.: Memórias póstumas de Brás


.0

Substantivo + adjetivo. Ex.: guarda-noturno / guar-


Cubas. Caso a obra apresente em seu título um
06

das -noturnos;
nome próprio, como no exemplo dado, este tam-
-1

Adjetivo + substantivo. Ex.: boas-vindas;


bém deverá ser escrito com inicial maiúscula;
a

Numeral + substantivo. Ex.: terça-feira / terças


lv

-feiras. z Nomenclatura legislativa especificada. Ex.: Lei


Si

de Diretrizes e Bases da Educação (LDB);


da

z Varia apenas um elemento: z Períodos e eventos históricos. Ex.: Revolta da


Vacina, Guerra Fria, Segunda Guerra Mundial;
vio

Substantivo + preposição + substantivo. Ex.: z Nome dos pontos cardeais e equivalentes. Ex.:

canas-de-açúcar; Norte, Sul, Leste, Oeste, Nordeste, Sudeste, Oriente,


O

Substantivo + substantivo com função adjetiva. Ocidente. Importante: os pontos cardeais são gra-
ri
A

Ex.: navios-escola. fados com maiúsculas apenas quando utilizados


Palavra invariável + palavra invariável. Ex.: indicando uma região. Ex.: Este ano vou conhecer
abaixo-assinados. o Sul (O Sul do Brasil); quando utilizados indican-
Verbo + substantivo. Ex.: guarda-roupas. do uma direção, devem ser escritos com minúscu-
Redução + substantivo. Ex.: bel-prazeres. las. Ex.: Correu a América de norte a sul;
Destacamos, ainda, que os substantivos compostos
z Siglas, símbolos ou abreviaturas. Ex.: ONU, INSS,
formados por
Unesco, Sr., S (Sul), K (Potássio).
verbo + advérbio
verbo + substantivo plural
ficam invariáveis. Ex.: Os bota-fora; os saca-rolha. Atente-se: em palavras com hífen, pode-se optar
pelo uso de maiúsculas ou minúsculas. Portanto, são
Variação de Grau aceitas as formas Vice-Presidente, Vice-presidente e
vice-presidente; porém, é preciso manter a mesma
A flexão de grau dos substantivos exprime a varia- forma em todo o texto. Já nomes próprios compostos
ção de tamanho dos seres, indicando um aumento ou por hífen devem ser escritos com as iniciais maiúscu-
32 uma diminuição. las, como em Grã-Bretanha e Timor-Leste.
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ADJETIVOS z Seu valor é objetivo, não podendo, portanto, apre-
sentar meios de subjetividade. Ex.: Em “Menino
Os adjetivos associam-se aos substantivos, garan- bonito”, o adjetivo não é de relação, já que é sub-
tindo a estes um significado mais preciso. Os adjetivos jetivo, pois a beleza do menino depende dos olhos
podem indicar: de quem o descreve;
z Posição posterior ao substantivo: os adjetivos de
z Qualidade: professor chato; relação sempre são posicionados após o substanti-
z Estado: aluno triste; vo. Ex.: Casa paterna, mapa mundial;
z Aspecto, aparência: estrada esburacada. z Derivado do substantivo: derivam-se do substan-
tivo por derivação prefixal ou sufixal. Ex.: paternal
Locuções Adjetivas — pai; mundial — mundo;
z Não admitem variação de grau: os graus com-
parativo e superlativo não são admitidos. Ex.:
As locuções adjetivas apresentam o mesmo valor dos
Não pode ser mapa “mundialíssimo” ou “pouco
adjetivos, indicando as mesmas características deles.
mundial”.
Elas são formadas por preposição + substantivo,
referindo-se a outro substantivo ou expressão subs-
Alguns exemplos de adjetivos relativos: Presiden-
tantivada, atribuindo-lhe o mesmo valor adjetivo.
te americano (não é subjetivo; posicionado após o
A seguir, colocamos diferentes locuções adjetivas ao
substantivo; derivado de substantivo; não existe a
lado da forma adjetiva, importantes para seu estudo: forma variada em grau “americaníssimo”); platafor-
ma petrolífera; economia mundial; vinho francês;
z Voo de águia / aquilino; roteiro carnavalesco.
z Poder de aluno / discente;
z Conselho de professores / docente; Variação de Grau
z Cor de chumbo / plúmbea;
z Luz da lua / lunar; O adjetivo pode variar em dois graus: compara-
z Sangue de baço / esplênico; tivo ou superlativo. Cada um deles apresenta suas
z Nervo do intestino / celíaco ou entérico; respectivas categorias.
z Noite de inverno / hibernal ou invernal.
z Grau comparativo: exprime a característica de
É importante destacar que, mais do que “decorar” um ser, comparando-o com outro da mesma classe
formas adjetivas e suas respectivas locuções, é fun- nos seguintes sentidos:
damental reconhecer as principais características de
uma locução adjetiva: caracterizar o substantivo e „ Igualdade: compara elementos colocando-os
apresentar valor de posse. em um mesmo patamar. Igual a, como, tanto
Ex.: Viu o crime pela abertura da porta; quanto, tão quanto. Ex.: Somos tão complexos
9
A abertura de conta pode ser realizada on-line. quanto simplórios;
-9

Quando a locução adjetiva é composta pela prepo- „ Superioridade: compara, evidenciando um


96

sição “de”, pode ser confundida com a locução adver- elemento como superior ao outro. Mais do que,
.3

bial. Nesse caso, para diferenciá-las, é importante melhor do que. Ex.: O amor é mais suficiente
93

perceber que a locução adjetiva apresenta valor de do que o dinheiro;


.0

„ Inferioridade: compara, evidenciando um ele-


06

posse, pois, nesse caso, o meio usado pelo sujeito para


ver “o crime”, indicado na frase, foi pela abertura da mento como inferior ao outro. Menos do que,
-1

porta. Além disso, a locução destacada está caracteri- pior do que. Ex.: Homens são menos engajados
a

do que mulheres.
lv

zando o substantivo “abertura”.


Si

Já na segunda frase, a locução destacada é adver-


da

bial, pois quem sofre a “ação” de ser aberta é a “con- z Grau superlativo: em relação ao grau superlati-
ta”, o que indica o valor de passividade da locução, vo, é importante considerar que o valor semântico
io

demonstrando seu caráter adverbial. desse grau apresenta variações, podendo indicar:
v

As locuções adjetivas também desempenham fun-


O

ção de adjetivo e modificam substantivos, pronomes, „ Característica de um ser elevada ao último


ri

numerais e orações substantivas. grau: superlativo absoluto, que pode ser analí-
A

Ex.: Amor de mãe; Café com açúcar. tico (associado ao advérbio) ou sintético (asso-
Subst. — loc. adj. / subst. — loc. adj. ciação de prefixo ou sufixo ao adjetivo).
Já as locuções adverbiais desempenham função de Ex.: O candidato é muito humilde (Superlativo
LÍNGUA PORTUGUESA

advérbio. Modificam advérbios, verbos, adjetivos e absoluto analítico).


orações adjetivas com esses valores. O candidato é humílimo (Superlativo absoluto
Ex.: Morreu de fome; Agiu com rapidez. sintético);
Verbo — loc. adv. / verbo — loc. adv. „ Característica de um ser relacionada com
outros indivíduos da mesma classe: superla-
Adjetivo de Relação tivo relativo, que pode ser de superioridade (o
mais) ou de inferioridade (o menos).
No estudo dos adjetivos, é fundamental conhecer Ex.: O candidato é o mais humilde dos concor-
o aspecto morfológico designado como “adjetivo de rentes? (Superlativo relativo de superioridade).
relação”, muito cobrado por bancas de concursos. O candidato é o menos preparado entre os con-
Para identificar um adjetivo de relação, observe as correntes à prefeitura (Superlativo relativo de
seguintes características: inferioridade). 33
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Importante! Ao compararmos duas qualidades de um mesmo ser, devemos empregar a forma analítica
(mais alta, mais magra, mais bonito etc.).
Ex.: A modelo é mais alta que magra.
Porém, se uma mesma característica referir-se a seres diferentes, empregamos a forma sintética (melhor,
pior, menor etc.).
Ex.: Nossa sala é menor que a sala da diretoria.

Formação dos Adjetivos

Os adjetivos podem ser primitivos, derivados, simples ou compostos.

z Primitivos: adjetivos que não derivam de outras palavras. A partir deles, é possível formar novos termos. Ex.:
Útil, forte, bom, triste, mau etc.;
z Derivados: são palavras que derivam de verbos ou substantivos. Ex.: Bondade, lealdade, mulherengo etc.;
z Simples: apresentam um único radical. Ex.: Português, escuro, honesto etc.;
z Compostos: formados a partir da união de dois ou mais radicais. Ex.: Verde-escuro, luso-brasileiro, amarelo-
-ouro etc.

Dica
O plural dos adjetivos simples é realizado da mesma forma que o plural dos substantivos.

Plural dos Adjetivos Compostos

O plural dos adjetivos compostos segue as seguintes regras:

z Invariável:

„ Os adjetivos compostos azul-marinho, azul-celeste, azul-ferrete;


„ Locuções formadas de cor + de + substantivo, como em cor-de-rosa, cor-de-cáqui;
„ Adjetivo + substantivo, como tapetes azul-turquesa, camisas amarelo-ouro.

z Varia o último elemento:

„ Primeiro elemento é palavra invariável, como em mal-educados, recém-formados;


„ Adjetivo + adjetivo, como em lençóis verde-claros, cabelos castanho-escuros. 9
-9

Adjetivos Pátrios
96
.3

Os adjetivos pátrios, também conhecidos como gentílicos, designam a naturalidade ou nacionalidade de seres
93

e objetos.
.0

O sufixo -ense, geralmente, designa a origem de um ser relacionada a um estado brasileiro. Ex.: amazonense,
06

fluminense, cearense.
-1
a

z Curiosidade: o adjetivo pátrio “brasileiro” é formado com o sufixo -eiro, que é costumeiramente usado para
lv

designar profissões. O gentílico que designa nossa nacionalidade teve origem com as pessoas que comercia-
Si

lizavam o pau-brasil; esse ofício dava-lhes a alcunha de “brasileiros”, termo que passou a indicar os nascidos
da

em nosso país.
vio

O
ri
A

34
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Veja a seguir alguns dos adjetivos pátrios de nosso país:

9
-9
96
.3
93
.0
06
-1
a

ADVÉRBIOS
lv
Si

Advérbios são palavras invariáveis que modificam um verbo, adjetivo ou outro advérbio. Em alguns casos, os
da

advérbios também podem modificar uma frase inteira, indicando circunstância.


io

As gramáticas da língua portuguesa apresentam listas extensas com as funções dos advérbios. Porém, decorar
v

as funções dos advérbios, além de desgastante, pode não ter o resultado esperado na resolução de questões de

concurso.
O

Dessa forma, sugerimos que você fique atento às principais funções designadas aos advérbios para, a partir
ri
A

delas, conseguir interpretar a função exercida nos enunciados das questões que tratem dessa classe de palavras.
Ainda assim, julgamos pertinente apresentar algumas funções basilares exercidas pelo advérbio:
LÍNGUA PORTUGUESA

z Dúvida: talvez, caso, porventura, quiçá etc.;


z Intensidade: bastante, bem, mais, pouco etc.;
z Lugar: ali, aqui, atrás, lá etc.;
z Tempo: jamais, nunca, agora etc.;
z Modo: assim, depressa, devagar etc.

35
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Novamente, chamamos sua atenção para a função que o advérbio deve exercer na oração. Como dissemos,
essas palavras modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio, por isso, para identificar com mais pro-
priedade a função denotada pelos advérbios, é preciso perguntar: Como? Onde? Por quê?
As respostas sempre irão indicar circunstâncias adverbiais expressas por advérbios, locuções adverbiais ou
orações adverbiais.
Vejamos como podemos identificar a classificação/função adequada dos advérbios:

z O homem morreu... de fome (causa) com sua família (companhia) em casa (lugar) envergonhado (modo);
z A criança comeu... demais (intensidade) ontem (tempo) com garfo e faca (instrumento) às claras (modo).

Locuções Adverbiais

Conjunto de duas ou mais palavras que pode desempenhar a função de advérbio, alterando o sentido de um
verbo, adjetivo ou advérbio.
A maioria das locuções adverbiais é formada por uma preposição e um substantivo. Há também as que são
formadas por preposição + adjetivos ou advérbios. Veja alguns exemplos:

z Preposição + substantivo: de novo. Ex.: Você poderia me explicar de novo? (de novo = novamente);
z Preposição + adjetivo: em breve. Ex.: Em breve, o filme estará em cartaz (em breve = brevemente);
z Preposição + advérbio: por ali. Ex.: Acho que ele foi por ali.

As locuções adverbiais são bem semelhantes às locuções adjetivas. É importante saber que as locuções adver-
biais apresentam um valor passivo.
Ex.: Ameaça de colapso.
Nesse exemplo, o termo em negrito é uma locução adverbial, pois o valor é de passividade, ou seja, se inver-
temos a ordem e inserirmos um verbo na voz passiva, a frase manterá seu sentido. Veja:
Ex.: Colapso foi ameaçado.
Essa frase faz sentido e apresenta valor passivo, logo, sem o verbo, a locução destacada anteriormente é
adverbial.
Ainda sobre esse assunto, perceba que em locuções como esta: “Característica da nação”, o termo destacado
não terá o mesmo valor passivo, pois não aceitará a inserção de um verbo com essa função:
Nação foi característica*. Essa frase quebra a estrutura gramatical da língua portuguesa, que não admite voz
passiva em termos com função de posse (caso das locuções adjetivas). Isso torna tal estrutura agramatical; por
isso, inserimos um asterisco para indicar essa característica.

Dica
9
Locuções adverbiais apresentam valor passivo
-9
96

Locuções adjetivas apresentam valor de posse


.3
93

Com essas dicas, esperamos que você seja capaz de diferenciar essas locuções em questões. Buscamos desen-
.0

volver seu aprendizado para que não seja preciso gastar seu tempo decorando listas de locuções adverbiais.
06

Lembre-se: o sentido está no texto.


-1

Advérbios Interrogativos
a
lv
Si

Os advérbios interrogativos são, muitas vezes, confundidos com pronomes interrogativos. Para evitar essa
da

confusão, devemos saber que os advérbios interrogativos introduzem uma pergunta, exprimindo ideia de tempo,
modo ou causa.
vio

Ex.: Como foi a prova?


Quando será a prova?


O

Onde será realizada a prova?


ri

Por que a prova não foi realizada?


A

De maneira geral, as palavras como, onde, quando e por que são advérbios interrogativos, pois não substi-
tuem nenhum nome de ser (vivo), exprimindo ideia de modo, lugar, tempo e causa.

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Grau do Advérbio

Assim como os adjetivos, os advérbios podem ser flexionados nos graus comparativo e superlativo.
Vejamos as principais mudanças sofridas pelos advérbios quando flexionados em grau:

NORMAL SUPERIORIDADE INFERIORIDADE IGUALDADE


Bem Melhor (mais bem*) - Tão bem

GRAU COMPARATIVO Mal Pior (mais mal*) - Tão mal


Muito Mais - -
Pouco Menos - -

Obs.: As formas “mais bem” e “mais mal” são aceitas quando acompanham o particípio verbal.

ABSOLUTO ABSOLUTO
NORMAL RELATIVO
SINTÉTICO ANALÍTICO
Inferioridade
Bem Otimamente Muito bem
-
GRAU SUPERLATIVO
Superioridade
Mal Pessimamente Muito mal
-
Muito Muitíssimo - Superioridade: o mais
Pouco Pouquíssimo - Superioridade: o menos

Advérbios e Adjetivos

O adjetivo é uma classe de palavras variável. Porém, quando se refere a um verbo, ele fica invariável, confun-
dindo-se com o advérbio.
Nesses casos, para ter certeza de qual é a classe da palavra, basta tentar colocá-la no feminino ou no plural;
caso a palavra aceite uma dessas flexões, será adjetivo.
Ex.: O homem respondeu feliz à esposa.
Os homens responderam felizes às esposas.
Como “feliz” aceitou a flexão para o plural, trata-se de um adjetivo.
9
Agora, acompanhe o seguinte exemplo:
-9

Ex.: A cerveja que desce redondo.


96

As cervejas que descem redondo.


.3
93

Nesse caso, como a palavra continua invariável, trata-se de um advérbio.


.0
06

Palavras Denotativas
-1

São termos que apresentam semelhança com os advérbios; em alguns casos, são até classificados como tal, mas
a
lv

não exercem função modificadora de verbo, adjetivo ou advérbio.


Si

Sobre as palavras denotativas, é fundamental saber identificar o sentido a elas atribuído, pois, geralmente, é
da

isso que as bancas de concurso cobram.


vio

z Eis: sentido de designação;


z Isto é, por exemplo, ou seja: sentido de explicação;


O

z Ou melhor, aliás, ou antes: sentido de ratificação;


ri

z Somente, só, salvo, exceto: sentido de exclusão;


A

z Além disso, inclusive: sentido de inclusão.

Além dessas expressões, há, ainda, as partículas expletivas ou de realce, geralmente formadas pela forma
LÍNGUA PORTUGUESA

ser + que (é que). A principal característica dessas palavras é que elas podem ser retiradas sem causar prejuízo
sintático ou semântico à frase.
Ex.: Eu é que faço as regras / Eu faço as regras.
Outras palavras denotativas expletivas são: lá, cá, não, é porque etc.

Algumas Observações Interessantes

z O adjunto adverbial sempre deve vir posicionado após o verbo ou complemento verbal. Caso venha deslocado,
em geral, separamos por vírgulas. Ex.: Na reunião de ontem, o pedido foi aprovado (O pedido foi aprovado
na reunião de ontem);
z Em uma sequência de advérbios terminados com o sufixo -mente, apenas o último elemento recebe a termi-
nação destacada. Ex.: A questão precisa ser pensada política e socialmente. 37
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PRONOMES

Pronomes são palavras que representam ou acompanham um termo substantivo. Dessa forma, a função dos
pronomes é substituir ou determinar uma palavra. Eles indicam pessoas, relações de posse, indefinição, quanti-
dade, localização no tempo, no espaço e no meio textual, entre outras funções.
Os pronomes exercem papel importante na análise sintática e também na interpretação textual, pois colabo-
ram para a complementação de sentido de termos essenciais da oração, além de estruturar a organização textual,
contribuindo para a coesão e também para a coerência de um texto.

Pronomes Pessoais

Os pronomes pessoais designam as pessoas do discurso. Acompanhe a tabela a seguir, com mais informações
sobre eles:

PESSOAS PRONOMES DO CASO RETO PRONOMES DO CASO OBLÍQUO


1ª pessoa do singular Eu Me, mim, comigo
2ª pessoa do singular Tu Te, ti, contigo
Se, si, consigo
3ª pessoa do singular Ele/Ela
o, a, lhe
1ª pessoa do plural Nós Nos, conosco
2ª pessoa do plural Vós Vos, convosco
Se, si, consigo
3ª pessoa do plural Eles/Elas
os, as, lhes

Os pronomes pessoais do caso reto costumam substituir o sujeito.


Ex.: Pedro é bonito / Ele é bonito.
Já os pronomes pessoais oblíquos costumam funcionar como complemento verbal ou adjunto.
Ex.: Eu a vi com o namorado; Maura saiu comigo.

z Os pronomes que estarão relacionados ao objeto direto são: o, a, os, as, me, te, se, nos, vos. Ex.: Informei-o
sobre todas as questões;
z Já os que se relacionam com o objeto indireto são: lhe, lhes, (me, te, se, nos, vos – complementados por prepo-
sição). Ex.: Já lhe disse tudo (disse tudo a ele). 9
Lembre-se de que todos os pronomes pessoais são pronomes substantivos.
-9
96

Além disso, é importante saber que “eu” e “tu” não podem ser regidos por preposição e que os pronomes
.3

“ele(s)”, “ela(s)”, “nós” e “vós” podem ser retos ou oblíquos, dependendo da função que exercem.
93

Os pronomes oblíquos tônicos são precedidos de preposição e costumam ter função de complemento:
.0
06

z 1ª pessoa: mim, comigo (singular); nós, conosco (plural);


-1

z 2ª pessoa: ti, contigo (singular); vós, convosco (plural);


z 3ª pessoa: si, consigo (singular ou plural); ele(s), ela(s).
a
lv
Si

Não devemos usar pronomes do caso reto como objeto ou complemento verbal, como em “mate ele”. Contudo,
da

o gramático Celso Cunha destaca que é possível usar os pronomes do caso reto como complemento verbal, desde
que antecedidos pelos vocábulos “todos”, “só”, “apenas” ou “numeral”.
vio

Ex.: Encontrei todos eles na festa. Encontrei apenas ela na festa.


Após a preposição “entre”, em estrutura de reciprocidade, devemos usar os pronomes oblíquos tônicos.
O

Ex.: Entre mim e ele não há segredos.


ri
A

Pronomes de Tratamento

Os pronomes de tratamento são formas que expressam uma hierarquia social institucionalizada linguistica-
mente. As formas de pronomes de tratamento apresentam algumas peculiaridades importantes:

z Vossa: designa a pessoa a quem se fala (relativo à 2ª pessoa). Apesar disso, os verbos relacionados a esse pro-
nome devem ser flexionados na 3ª pessoa do singular.
Ex.: Vossa Excelência deve conhecer a Constituição;
z Sua: designa a pessoa de quem se fala (relativo à 3ª pessoa).
Ex.: Sua Excelência, o presidente do Supremo Tribunal, fará um pronunciamento hoje à noite.

Os pronomes de tratamento estabelecem uma hierarquia social na linguagem, ou seja, a partir das formas
usadas, podemos reconhecer o nível de discurso e o tipo de poder instituídos pelos falantes.
Por isso, alguns pronomes de tratamento só devem ser utilizados em contextos cujos interlocutores sejam
38 reconhecidos socialmente por suas funções, como juízes, reis, clérigos, entre outras.
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Dessa forma, apresentamos alguns pronomes de As palavras certo e bastante serão pronomes
tratamento, seguidos de sua abreviatura e das funções indefinidos quando vierem antes do substantivo, e
sociais que designam: serão adjetivos quando vierem depois.
Ex.: Busco certo modelo de carro (pronome
z Vossa Alteza (V. A.): príncipes, duques, arquidu- indefinido).
ques e seus respectivos femininos; Busco o modelo de carro certo (adjetivo).
z Vossa Eminência (V. Ema.): cardeais; A palavra bastante frequentemente gera dúvida
z Vossa Excelência (V. Exa.): autoridades do gover-
quanto a ser advérbio, adjetivo ou pronome indefini-
no e das Forças Armadas membros do alto escalão;
z Vossa Majestade (V. M.): reis, imperadores e seus do. Por isso, atente-se ao seguinte:
respectivos femininos;
z Vossa Reverendíssima (V. Rev. Ma.): sacerdotes; z Bastante (advérbio): será invariável e equivalen-
z Vossa Senhoria (V. Sa.): funcionários públicos gra- te ao termo “muito”.
duados, oficiais até o posto de coronel, tratamento Ex.: Elas são bastante famosas.
cerimonioso a comerciantes importantes; z Bastante (adjetivo): será variável e equivalente
z Vossa Santidade (V. S.): papa; ao termo “suficiente”.
z Vossa Excelência Reverendíssima (V. Exa. Rev- Ex.: A comida e a bebida não foram bastantes para
ma.): Bispos. a festa.
Os exemplos apresentados fazem referência a pro- z Bastante (pronome indefinido): concorda com
nomes de tratamento e suas respectivas designações o substantivo, indicando grande, porém incerta,
sociais conforme indica o Manual de Redação oficial quantidade de algo.
da Presidência da República. Portanto, essas designa- Ex.: Bastantes bancos aumentaram os juros.
ções devem ser seguidas com atenção quando o gêne-
ro textual abordado for um gênero oficial. Pronomes Demonstrativos
Ainda sobre o assunto, veja algumas observações:
Os pronomes demonstrativos indicam a posição e
z Sobre o uso das abreviaturas das formas de tra- apontam elementos a que se referem as pessoas do
tamento é importante destacar que o plural de discurso (1ª, 2ª e 3ª). Essa posição pode ser designa-
algumas abreviaturas é feito com letras dobradas, da por eles no tempo, no espaço físico ou no espaço
como: V. M. / VV. MM.; V. A. / VV. AA. Porém, na textual.
maioria das abreviaturas terminadas com a letra
a, o plural é feito com o acréscimo do s: V. Exa. / V. z 1ª pessoa: Este, estes / Esta, estas;
Exas.; V. Ema. / V.Emas.; z 2ª pessoa: Esse, esses / Essa, essas;
z O tratamento adequado a Juízes de Direito é Meri- z 3ª pessoa: Aquele, aqueles / Aquela, aquelas;
tíssimo Juiz; z Invariáveis: Isto, isso, aquilo.
z O tratamento dispensado ao Presidente da Repú-
blica nunca deve ser abreviado. Usamos este, esta, isto para indicar:
9
-9

Pronomes Indefinidos � Referência ao espaço físico, indicando a proximi-


96

dade de algo ao falante.


.3

Os pronomes indefinidos indicam quantidade de Ex.: Esta caneta aqui é minha. Entreguei-lhe isto
93

maneira vaga e sempre devem ser utilizados na 3ª pes- como prova.


.0

soa do discurso. Os pronomes indefinidos podem variar � Referência ao tempo presente.


06

e podem ser invariáveis. Observe a seguinte tabela: Ex.: Esta semana começarei a dieta. Neste mês,
-1

pagarei a última prestação da casa.


a

PRONOMES INDEFINIDOS3 � Referência ao espaço textual.


lv

Ex.: Encontrei Joana e Carla no shopping; esta pro-


Si

Variáveis Invariáveis curava um presente para o marido (o pronome


da

Algum, alguma, alguns, algumas Alguém refere-se ao último termo mencionado).


io

Nenhum, nenhuma, nenhuns, Ninguém


v

nenhumas Este artigo científico pretende analisar... (o prono-


me “este” refere-se ao próprio texto).


O

Todo, toda, todos, todas Quem Usamos esse, essa, isso para indicar:
ri
A

Outro, outra, outros, outras Outrem


z Referência ao espaço físico, indicando o afasta-
Muito, muita, muitos, muitas Algo
mento de algo de quem fala.
Pouco, pouca, poucos, poucas Tudo Ex.: Essa sua gravata combinou muito com você.
LÍNGUA PORTUGUESA

Certo, certa, certos, certas Nada z Indicar distância que se deseja manter.
Ex.: Não me fale mais nisso. A população não con-
Vários, várias Cada fia nesses políticos.
Quanto, quanta, quantos, quantas Que z Referência ao tempo passado.
Tanto, tanta, tantos, tantas Ex.: Nessa semana, eu estava doente. Esses dias
estive em São Paulo.
Qualquer, quaisquer z Referência a algo já mencionado no texto/ na fala.
Qual, quais Ex.: Continuo sem entender o porquê de você ter
falado sobre isso. Sinto uma energia negativa nes-
Um, uma, uns, umas sa expressão utilizada.
3  Disponível em: https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/pronomes-indefinidos-e-interrogativos-nenhum-outro-qualquer-quem-
quanto-qual.htm. Acesso em: 14 jul. 2020. 39
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Usamos aquele, aquela, aquilo para indicar: Ex.: A matéria cuja aula faltei foi Língua portugue-
sa — o relativo cuja está ligando aula (possuidor) à
� Referência ao espaço físico, indicando afastamen- matéria (coisa possuída).
to de quem fala e de quem ouve.
Ex.: Margarete, quem é aquele ali perto da porta? O relativo cujo deve concordar em gênero e núme-
� Referência a um tempo muito remoto, um passa- ro com a coisa possuída.
do muito distante. Jamais devemos inserir um artigo após o pronome
Ex.: Naquele tempo, podíamos dormir com as por- cujo: Cujo o, cuja a
tas abertas. Bons tempos aqueles! Não podemos substituir cujo por outro pronome
� Referência a um afastamento afetivo. relativo.
Ex.: Não conheço mais aquela mulher. O pronome relativo cujo pode ser preposicionado.
� Referência ao espaço textual, indicando o pri- Ex.: Esse é o vilarejo por cujos caminhos percorri.
meiro termo de uma relação expositiva. Para encontrar o possuidor, faça-se a seguinte per-
Ex.: Saí para lanchar com Ana e Beatriz. Esta prefe- gunta: “de quem/do que?”
riu beber chá; aquela, refrigerante. Ex.: Vi o filme cujo diretor ganhou o Óscar (Diretor
do que? Do filme).
Dica Vi o rapaz cujas pernas você se referiu (Pernas de
quem? Do rapaz).
O pronome “mesmo” não pode ser usado em fun-
ção demonstrativa referencial. Veja: � Emprego do pronome relativo onde: Empregado
Errado: O candidato fez a prova, porém o mesmo para indicar locais físicos.
esqueceu de preencher o gabarito. Ex.: Conheci a cidade onde meu pai nasceu.
Correto: O candidato fez a prova, porém esque- � Em alguns casos, pode ser preposicionado, assu-
ceu de preencher o gabarito. mindo as formas aonde e donde.
Ex.: Irei aonde você for.
Pronomes Relativos � O relativo “onde” pode ser empregado sem antecedente.
Ex.: O carro atolou onde não havia ninguém.
Uma das classes de pronomes mais complexas, os � Emprego de o qual: O pronome relativo “o qual”
pronomes relativos têm função muito importante na e suas variações (os quais, a qual, as quais) é usa-
língua, refletida em assuntos de grande relevância do em substituição a outros pronomes relativos,
sobretudo o “que”, a fim de evitar fenômenos lin-
em concursos, como a análise sintática. Dessa forma,
guísticos, como o “queísmo”.
é essencial conhecer adequadamente a função desses
Ex.: O Brasil tem um passado do qual (que) nin-
elementos, a fim de saber utilizá-los corretamente.
guém se lembra.
Os pronomes relativos referem-se a um substantivo
ou a um pronome substantivo mencionado anterior- O pronome “o qual” pode auxiliar na compreensão
mente. A esse nome (substantivo ou pronome mencio- textual, desfazendo estruturas ambíguas.
9
nado anteriormente) chamamos de antecedente.
-9

São pronomes relativos: Pronomes Interrogativos


96
.3

São utilizados para introduzir uma pergunta ao texto.


93

z Variáveis: O qual, os quais, cujo, cujos, quanto, quan-


tos / A qual, as quais, cuja, cujas, quanta, quantas; Apresentam-se de formas variáveis (Que? Quais?
.0

Quanto? Quantos?) e invariáveis (Que? Quem?).


06

z Invariáveis: que, quem, onde, como;


Ex.: O que é aquilo? Quem é ela? Qual sua idade?
-1

z Emprego do pronome relativo que: Pode ser asso-


ciado a pessoas, coisas ou objetos. Quantos anos tem seu pai?
a

O ponto de interrogação só é usado nas interroga-


lv

Ex.: Encontrei o homem que desapareceu. O


Si

cachorro que estava doente morreu. A caneta que tivas diretas. Nas indiretas, aparece apenas a intenção
interrogativa, indicada por verbos como perguntar,
da

emprestei nunca recebi de volta.


indagar etc. Ex.: Indaguei quem era ela.
� Em alguns casos, há a omissão do antecedente do
io

Atenção: os pronomes interrogativos que e quem


v

relativo “que”.

são pronomes substantivos, pois substituem os subs-


Ex.: Não teve que dizer (não teve nada que dizer).
O

tantivos, dando fluidez à leitura.


� Emprego do relativo quem: seu antecedente deve
ri

Ex.: O tempo, que estava instável, não permitiu a


A

ser uma pessoa ou objeto personificado. realização da atividade (O tempo não permitiu a reali-
Ex.: Fomos nós quem fizemos o bolo. zação da atividade. O tempo estava instável)4.
� O pronome relativo quem pode fazer referência
a algo subentendido: Quem cala consente (aquele Pronomes Possessivos
que cala).
Os pronomes possessivos referem-se às pessoas do
� Emprego do relativo quanto: seu antecedente
discurso e indicam posse. Observe a tabela a seguir:
deve ser um pronome indefinido ou demonstrati-
vo; pode sofrer flexões.
1ª pessoa Meu, minha / meus, minhas
Ex.: Esqueci-me de tudo quanto foi me ensinado.
SINGULAR 2ª pessoa Teu, tua / teus, tuas
Perdi tudo quanto poupei a vida inteira. 3ª pessoa Seu, sua / seus, suas
� Emprego do relativo cujo: deve ser empregado
para indicar posse e aparecer relacionando dois 1ª pessoa Nosso, nossa / nossos, nossas
termos que devem ser um possuidor e uma coisa PLURAL 2ª pessoa Vosso, vossa / vossos, vossas
possuída. 3ª pessoa Seu, sua / seus, suas

40 4  Exemplo disponível em: https://www.todamateria.com.br/pronomes-substantivos/. Acesso em: 30 jul. 2021.


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Os pronomes pessoais oblíquos (me, te, se, lhe, o, a, nos, vos) também podem atribuir valor possessivo a uma
coisa.
Ex.: Apertou-lhe a mão (a sua mão). Ainda que o pronome esteja ligado ao verbo pelo hífen, a relação do pro-
nome é com o objeto da posse.
Outras funções dos pronomes possessivos:

z delimitam o substantivo a que se referem;


z concordam com o substantivo que vem depois dele;
z não concordam com o referente;
z o pronome possessivo que acompanha o substantivo exerce função sintática de adjunto adnominal.

VERBOS

Certamente, a classe de palavras mais complexa e importante dentre as palavras da língua portuguesa é o
verbo. A partir dos verbos, são estruturados as ações e os agentes desses atos, além de ser uma importante classe
sempre abordada nos editais de concursos; por isso, atente-se às nossas dicas.
Os verbos são palavras variáveis que se flexionam em número, pessoa, modo e tempo, além da designação da
voz que exprime uma ação, um estado ou um fato.
As flexões verbais são marcadas por desinências, que podem ser:

z Número-pessoal: indicando se o verbo está no singular ou plural, bem como em qual pessoa verbal foi flexio-
nado (1ª, 2ª ou 3ª);
z Modo-temporal: indica em qual modo e tempo verbais a ação foi realizada.

Iremos apresentar essas desinências a seguir. Antes, porém, de abordarmos as desinências modo-temporais,
precisamos explicar o que são modo e tempo verbais.

Modos

Indica a atitude da ação/do sujeito frente a uma relação enunciada pelo verbo.

z Indicativo: o modo indicativo exprime atitude de certeza.


Ex.: Estudei muito para ser aprovado.
z Subjuntivo: o modo subjuntivo exprime atitude de dúvida, desejo ou possibilidade.
Ex.: Se eu estudasse, seria aprovado.
9
-9

z Imperativo: o modo imperativo designa ordem, convite, conselho, súplica ou pedido.


96

Ex.: Estuda! Assim, serás aprovado.


.3
93

Tempos
.0
06

O tempo designa o recorte temporal em que a ação verbal foi realizada. Basicamente, podemos indicar o tem-
-1

po dessa ação no passado, presente ou futuro. Existem, entretanto, ramificações específicas. Observe a seguir:
a
lv

z Presente:
Si
da

Pode expressar não apenas um fato atual, como também uma ação habitual. Ex.: Estudo todos os dias no
io

mesmo horário.
v

Uma ação passada. Ex.: Vargas assume o cargo e instala uma ditadura.
O

Uma ação futura. Ex.: Amanhã, estudo mais! (equivalente a estudarei).


ri
A

z Passado:

„ Pretérito perfeito: ação realizada plenamente no passado.


LÍNGUA PORTUGUESA

Ex.: Estudei até ser aprovado.


„ Pretérito imperfeito: ação inacabada, que pode indicar uma ação frequentativa, vaga ou durativa.
Ex.: Estudava todos os dias.
„ Pretérito mais-que-perfeito: ação anterior à outra mais antiga.
Ex.: Quando notei (passado), a água já transbordara (ação anterior) da banheira.

z Futuro:

„ Futuro do presente: indica um fato que deve ser realizado em um momento vindouro.
Ex.: Estudarei bastante ano que vem.
„ Futuro do pretérito: expressa um fato posterior em relação a outro fato já passado.
Ex.: Estudaria muito, se tivesse me planejado. 41
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A partir dessas informações, podemos também identificar os verbos conjugados nos tempos simples e nos
tempos compostos. Os tempos verbais simples são formados por uma única palavra, ou verbo, conjugado no
presente, passado ou futuro.
Já os tempos compostos são formados por dois verbos, um auxiliar e um principal; nesse caso, o verbo auxiliar
é o único a sofrer flexões.
Agora, vamos conhecer as desinências modo-temporais dos tempos simples e compostos, respectivamente:

Flexões Modo-Temporais — Tempos Simples

TEMPO MODO INDICATIVO MODO SUBJUNTIVO


Presente * -e (1ª conjugação) e -a (2ª e 3ª conjugações)
Pretérito perfeito -ra (3ª pessoa do plural) *
Pretérito imperfeito -va (1ª conjugação) -ia (2ª e 3ª conjugações) -sse
Pretérito mais-que-perfeito -ra *
Futuro -rá e -re -r
Futuro do pretérito -ria *

*Nem todas as formas verbais apresentam desinências modo-temporais.

Flexões Modo-Temporais — Tempos Compostos (Indicativo)

z Pretérito perfeito composto: verbo auxiliar: Ter (presente do indicativo) + verbo principal particípio.
Ex.: Tenho estudado.
� Pretérito mais-que-perfeito composto: verbo auxiliar: Ter (pretérito imperfeito do indicativo) + verbo prin-
cipal no particípio.
Ex.: Tinha passado.
� Futuro composto: verbo auxiliar: Ter (futuro do indicativo) + verbo principal no particípio.
Ex.: Terei saído.
� Futuro do pretérito composto: verbo auxiliar: Ter (futuro do pretérito simples) + verbo principal no
particípio.
Ex.: Teria estudado.

Flexões Modo-Temporais — Tempos Compostos (Subjuntivo) 9


� Pretérito perfeito composto: verbo auxiliar: Ter (presente do subjuntivo) + verbo principal particípio.
-9

Ex.: (que eu) Tenha estudado.


96

� Pretérito mais-que-perfeito composto: verbo auxiliar: Ter (pretérito imperfeito do subjuntivo) + verbo prin-
.3

cipal no particípio.
93

Ex.: (se eu) Tivesse estudado


.0
06

� Futuro composto: verbo auxiliar: Ter (futuro simples do subjuntivo) + verbo principal no particípio.
Ex.: (quando eu) Tiver estudado.
-1
a
lv

Formas Nominais do Verbo e Locuções Verbais


Si
da

As formas nominais do verbo são as formas no infinitivo, particípio e gerúndio que eles assumem em determi-
nados contextos. São chamadas nominais pois funcionam como substantivos, adjetivo ou advérbios.
vio

z Gerúndio: marcado pela terminação -ndo. Seu valor indica duração de uma ação e, por vezes, pode funcionar
O

como um advérbio ou um adjetivo.


ri

Ex.: Olhando para seu povo, o presidente se compadeceu.


A

z Particípio: marcado pelas terminações mais comuns -ado, -ido, podendo terminar também em -do, -to, -go,
-so, -gue. Corresponde nominalmente ao adjetivo; pode flexionar-se, em alguns casos, em número e gênero.
Ex.: A Índia foi colonizada pelos ingleses.
Quando cheguei, ela já tinha partido.
Ele tinha aberto a janela.
Ela tinha pago a conta.
z Infinitivo: forma verbal que indica a própria ação do verbo, ou o estado, ou, ainda, o fenômeno designado.
Pode ser pessoal ou impessoal:

„ Pessoal: o infinitivo pessoal é passível de conjugação, pois está ligado às pessoas do discurso. É usado na
formação de orações reduzidas. Ex.: Comer eu. Comermos nós. É para aprenderem que ele ensina;
„ Impessoal: não é passível de flexão. É o nome do verbo, servindo para indicar apenas a conjugação. Ex.:
Estudar - 1ª conjugação; Comer - 2ª conjugação; Partir - 3ª conjugação.

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O infinitivo impessoal forma locuções verbais ou orações reduzidas.
Locuções verbais: sequência de dois ou mais verbos que funcionam como um verbo.
Ex.: Ter de + verbo principal no infinitivo: Ter de trabalhar para pagar as contas.
Haver de + verbo principal no infinitivo: Havemos de encontrar uma solução.

Dica
Não confunda locuções verbais com tempos compostos. O particípio formador de tempo composto na voz
ativa não se flexiona. Ex.: O homem teria realizado sua missão.

Classificação dos Verbos

Os verbos são classificados quanto a sua forma de conjugação e podem ser divididos em: regulares, irregula-
res, anômalos, abundantes, defectivos, pronominais, reflexivos, impessoais e auxiliares, além das formas nomi-
nais. Vamos conhecer as particularidades de cada um a seguir:

z Regulares: os verbos regulares são os mais fáceis de compreender, pois apresentam regularidade no uso das
desinências, ou seja, das terminações verbais. Da mesma forma, os verbos regulares mantêm o paradigma
morfológico com o radical, que permanece inalterado. Ex.: Verbo cantar:

PRESENTE — INDICATIVO PRETÉRITO PERFEITO — INDICATIVO


Eu canto Cantei
Tu cantas Cantaste
Ele/ você canta Cantou
Nós cantamos Cantamos
Vós cantais Cantastes
Eles/ vocês cantam Cantaram

z Irregulares: os verbos irregulares apresentam alteração no radical e nas desinências verbais. Por isso, rece-
bem esse nome, pois sua conjugação ocorre irregularmente, seguindo um paradigma próprio para cada grupo
verbal.

Perceba a seguir como ocorre uma sutil diferença na conjugação do verbo estar, que utilizamos como exem-
plo. Isso é importante para não confundir os verbos irregulares com os verbos anômalos. Ex.: Verbo estar:
9
-9

PRESENTE — INDICATIVO PRETÉRITO PERFEITO — INDICATIVO


96
.3

Eu estou Estive
93

Tu estás Estiveste
.0
06

Ele/ você está Esteve


-1

Nós estamos Estivemos


a

Vós estais Estivestes


lv
Si

Eles/ vocês estão Estiveram


da
io

z Anômalos: esses verbos apresentam profundas alterações no radical e nas desinências verbais, consideradas
v

anomalias morfológicas; por isso, recebem essa classificação. Um exemplo bem usual de verbo dessa categoria

é o verbo “ser”. Na língua portuguesa, apenas dois verbos são classificados dessa forma: os verbos ser e ir.
O
ri
A

Vejamos a conjugação o verbo “ser”:

PRESENTE — INDICATIVO PRETÉRITO PERFEITO — INDICATIVO


LÍNGUA PORTUGUESA

Eu sou Fui
Tu és Foste
Ele / você é Foi
Nós somos Fomos
Vós sois Fostes
Eles / vocês são Foram

Os verbos ser e ir são irregulares, porém, apresentam uma forma específica de irregularidade que ocasiona
uma anomalia em sua conjugação. Por isso, são classificados como anômalos.
43
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z Abundantes: são formas verbais abundantes os verbos que apresentam mais de uma forma de particípio acei-
tas pela norma culta gramatical. Geralmente, apresentam uma forma de particípio regular e outra irregular.
Vejamos alguns verbos abundantes:

INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR


Absolver Absolvido Absolto
Abstrair Abstraído Abstrato
Aceitar Aceitado Aceito
Benzer Benzido Bento
Cobrir Cobrido Coberto
Completar Completado Completo
Confundir Confundido Confuso
Demitir Demitido Demisso
Despertar Despertado Desperto
Dispersar Dispersado Disperso
Eleger Elegido Eleito
Encher Enchido Cheio
Entregar Entregado Entregue
Morrer Morrido Morto
Expelir Expelido Expulso
Enxugar Enxugado Enxuto
Findar Findado Findo
Fritar Fritado Frito
Ganhar Ganhado Ganho
Gastar Gastado Gasto
Imprimir Imprimido Impresso
Inserir Inserido Inserto
Isentar Isentado 9 Isento
Juntar Juntado Junto
-9
96

Limpar Limpado Limpo


.3

Matar Matado Morto


93

Omitir Omitido Omisso


.0
06

Pagar Pagado Pago


-1

Prender Prendido Preso


a
lv

Romper Rompido Roto


Si

Salvar Salvado Salvo


da

Secar Secado Seco


io

Submergir Submergido Submerso


v

Suspender Suspendido Suspenso


O
ri

Tingir Tingido Tinto


A

Torcer Torcido Torto

INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR


Aceitar Eu já tinha aceitado o convite O convite foi aceito
Entregar Aviso quando tiver entregado a encomenda Está entregue!
Morrer Havia morrido há dias Quando chegou, encontrou o animal morto
Expelir A bala foi expelida por aquela arma Esta é a bala expulsa
Tinha enxugado a louça quando o programa
Enxugar A roupa está enxuta
começou
Findar Depois de ter findado o trabalho, descansou Trabalho findo!
Imprimir Se tivesse imprimido tínhamos como provar Onde está o documento impresso?
44
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR
Limpar Eu tinha limpado a casa Que casa tão limpa!

Omitir Dados importantes tinham sido omitidos por ela Informações estavam omissas

Deixe os legumes submersos por alguns


Submergir Após ter submergido os legumes, reparou no amigo
minutos
Suspender Nunca tinha suspendido ninguém Você está suspenso!

z Defectivos: são verbos que não apresentam algumas pessoas conjugadas em suas formas, gerando um “defei-
to” na conjugação (por isso, o nome). Alguns exemplos de defectivos são os verbos colorir, precaver, reaver etc.

Esses verbos não são conjugados na primeira pessoa do singular do presente do indicativo, bem como: aturdir,
exaurir, explodir, esculpir, extorquir, feder, fulgir, delinquir, demolir, puir, ruir, computar, colorir, carpir, banir,
brandir, bramir, soer.
Verbos que expressam onomatopeias ou fenômenos temporais também apresentam essa característica, como
latir, bramir, chover.

z Pronominais: esses verbos apresentam um pronome oblíquo átono integrando sua forma verbal. É importan-
te lembrar que esses pronomes não apresentam função sintática. Predominantemente, os verbos pronominas
apresentam transitividade indireta, ou seja, são VTI. Ex.: Sentar-se.

PRESENTE — INDICATIVO PRETÉRITO PERFEITO — INDICATIVO


Eu me sento Sentei-me
Tu te sentas Sentaste-te
Ele/ você se senta Sentou-se
Nós nos sentamos Sentamo-nos
Vós vos sentais Sentastes-vos
Eles/ vocês se sentam Sentaram-se

z Reflexivos: verbos que apresentam pronome oblíquo átono reflexivo, funcionando sintaticamente como obje-
to direto ou indireto. Nesses verbos, o sujeito sofre e pratica a ação verbal ao mesmo tempo. Ex.: Ela se veste
mal. Nós nos cumprimentamos friamente;
9
z Impessoais: verbos que designam fenômenos da natureza, como chover, trovejar, nevar etc.
-9
96

„ O verbo haver, com sentido de existir ou marcando tempo decorrido, também será impessoal. Ex.: Havia
.3
93

muitos candidatos e poucas vagas. Há dois anos, fui aprovado em concurso público.
.0

„ Os verbos ser e estar também são verbos impessoais quando designam fenômeno climático ou tempo. Ex.:
06

Está muito quente! / Era tarde quando chegamos.


-1

„ O verbo ser para indicar hora, distância ou data concorda com esses elementos.
„ O verbo fazer também poderá ser impessoal, quando indicar tempo decorrido ou tempo climático. Ex.: Faz
a
lv

anos que estudo pintura. Aqui faz muito calor.


Si

„ Os verbos impessoais não apresentam sujeito; sintaticamente, classifica-se como sujeito inexistente.
da

„ O verbo ser será impessoal quando o espaço sintático ocupado pelo sujeito não estiver preenchido: “Já é
natal”. Segue o mesmo paradigma do verbo fazer, podendo ser impessoal, também, o verbo ir: “Vai uns
vio

bons anos que não vejo Mariana”.



O

z Auxiliares: os verbos auxiliares são empregados nas formas compostas dos verbos e também nas locuções
ri

verbais. Os principais verbos auxiliares dos tempos compostos são ter e haver.
A

Nas locuções, os verbos auxiliares determinam a concordância verbal; porém, o verbo principal determina a
regência estabelecida na oração.
LÍNGUA PORTUGUESA

Apresentam forte carga semântica que indica modo e aspecto da oração. São importantes na formação da voz
passiva analítica.

z Formas Nominais: na língua portuguesa, usamos três formas nominais dos verbos:

„ Gerúndio: terminação -ndo. Apresenta valor durativo da ação e equivale a um advérbio ou adjetivo. Ex.:
Minha mãe está rezando;
„ Particípio: terminações -ado, -ido, -do, -to, -go, -so. Apresenta valor adjetivo e pode ser classificado em par-
ticípio regular e irregular, sendo as formas regulares finalizadas em -ado e -ido.

A norma culta gramatical recomenda o uso do particípio regular com os verbos “ter” e “haver”. Já com os
verbos “ser” e “estar”, recomenda-se o uso do particípio irregular. 45
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Ex.: Os policiais haviam expulsado os bandidos / O “se” exercerá essa função apenas:
Os traficantes foram expulsos pelos policiais.
„ com verbos cuja transitividade seja TD ou TDI;
„ Infinitivo: marca as conjugações verbais. „ com verbos que concordam com o sujeito;
„ com a voz passiva sintética.
AR: verbos que compõem a 1ª conjugação (Amar,
passear); Atenção: na voz passiva nunca haverá objeto dire-
ER: verbos que compõem a 2ª conjugação (Comer, to (OD), pois ele se transforma em sujeito paciente.
pôr);
IR: verbos que compõem a 3ª conjugação (Partir, z Índice de indeterminação do sujeito: o “se” fun-
sair). cionará nessa condição quando não for possível
identificar o sujeito explícito ou subentendido.
Dica Além disso, não podemos confundir essa função
do “se” com a de apassivador, já que, para ser índi-
O verbo “pôr” corresponde à segunda conjuga- ce de indeterminação do sujeito, a oração precisa
ção, pois origina-se do verbo “poer”. estar na voz ativa.
O mesmo acontece com verbos que deste
derivam. Outra importante característica do “se” como índi-
ce de indeterminação do sujeito é que isso ocorre em
Vozes Verbais verbos transitivos indiretos, verbos intransitivos ou
verbos de ligação. Além disso, o verbo sempre deverá
As vozes verbais definem o papel do sujeito na estar na 3ª pessoa do singular.
oração, demonstrando se o sujeito é o agente da ação Ex.: Acredita-se em Deus.
verbal ou se ele recebe a ação verbal. Dividem-se em:
z Pronome reflexivo: na função de pronome refle-
� Ativa: o sujeito é o agente, praticando a ação
xivo, a partícula “se” indicará reflexão ou reci-
verbal.
Ex.: O policial deteve os bandidos. procidade, auxiliando a construção dessas vozes
� Passiva: o sujeito é paciente, ou seja, sofre a ação verbais, respectivamente. Nessa função, suas prin-
verbal. cipais características são:
Ex.: Os bandidos foram detidos pelo policial —
passiva analítica; „ sujeito recebe e pratica a ação;
� Detiveram-se os criminosos — passiva sintética. „ funcionará, sintaticamente, como objeto direto
� Reflexiva: o sujeito é agente e paciente ao mesmo ou indireto;
tempo, pois pratica e recebe a ação verbal. „ o sujeito da frase poderá estar explícito ou
Ex.: Os bandidos se entregaram à polícia. / O implícito.
menino se agrediu.
� Recíproca: o sujeito é agente e paciente ao mes- Ex.: Ele se via no espelho (explícito). Deu-se um
mo tempo, porém há uma ação compartilhada presente de aniversário (implícito).
9
-9

entre dois indivíduos. A ação pode ser comparti-


96

lhada entre dois ou mais indivíduos que praticam z Parte integrante do verbo: nesses casos, o “se”
e sofrem a ação.
.3

será parte integrante dos verbos pronominais,


93

Ex.: Os bandidos se olharam antes do julga- acompanhando-o em todas as suas flexões. Quan-
mento. / Apesar do ódio mútuo, os candidatos se
.0

do o “se” exerce essa função, jamais terá uma fun-


06

cumprimentaram.
ção sintática. Além disso, o sujeito da frase poderá
-1

A voz passiva é realizada a partir da troca de fun- estar explícito ou implícito.


a

ções entre sujeito e objeto da voz ativa. Só podemos Ex.: (Ele/a) Lembrou-se da mãe, quando olhou a
lv

transformar uma frase da voz ativa para a voz passiva filha.


Si

se o verbo for transitivo direto ou transitivo direto e z Partícula de realce: será partícula de realce o “se”
da

indireto. Logo, só há voz passiva com a presença do que puder ser retirado do contexto sem prejuízo
objeto direto.
io

no sentido e na compreensão global do texto. A


v

Importante! Não confunda os verbos pronomi- partícula de realce não exerce função sintática,

nais com as vozes verbais. Os verbos pronominais pois é desnecessária.


O

que indicam sentimentos, como arrepender-se, quei- Ex.: Vão-se os anéis, ficam-se os dedos.
ri

xar-se, dignar-se, entre outros, acompanham um


A

z Conjunção: o “se” será conjunção condicional


pronome que faz parte integrante do seu significado,
quando sugerir a ideia de condição. A conjunção
diferentemente das vozes verbais, que acompanham
o pronome “se” com função sintática própria. “se” exerce função de conjunção integrante, ape-
nas ligando as orações, e poderá ser substituído
Outras Funções do “Se” pela conjunção “caso”.
Ex.: Se ele estudar, será aprovado. (Caso ele estu-
Como vimos, o “se” pode funcionar como item dar, será aprovado).
essencial na voz passiva. Além dessa função, esse ele-
mento também acumula outras atribuições: Conjugação de Verbos Derivados
z Partícula apassivadora: a voz passiva sintética
é feita com verbos transitivos direto (TD) ou tran- Verbo derivado é aquele que deriva de um verbo
sitivos direto indireto (TDI). Nessa voz, incluímos primitivo; para trabalhar a conjugação desses verbos, é
o “se” junto ao verbo, por isso, o elemento “se” é importante ter clara a conjugação de seus “originários”.
designado partícula apassivadora, nesse contexto. Atente-se à lista de verbos irregulares e de algu-
Ex.: Busca-se a felicidade (voz passiva sintética) — mas de suas derivações a seguir, pois são assuntos
46 “Se” (partícula apassivadora). relevantes em provas diversas:
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z Pôr: repor, propor, supor, depor, compor, expor; PRESENTE — INDICATIVO
z Ter: manter, conter, reter, deter, obter, abster-se;
z Ver: antever, rever, prever; Eu Ponho
z Vir: intervir, provir, convir, advir, sobrevir. Tu Pões
Ele/Você Põe
Vamos conhecer agora alguns verbos cuja conjuga-
ção apresenta paradigma derivado, auxiliando a com- Nós Pomos
preensão dessas conjugações verbais. Vós Pondes
O verbo criar é conjugado da mesma forma que os
Eles/Vocês Põem
verbos “variar”, “copiar”, “expiar” e todos os demais
que terminam em -iar. Os verbos com essa termina-
ção são, predominantemente, regulares. PREPOSIÇÕES

PRESENTE — INDICATIVO Conceito


Eu Crio
São palavras invariáveis que ligam orações ou
Tu Crias outras palavras. As preposições apresentam funções
Ele/Você Cria importantes tanto no aspecto semântico quanto no
Nós Criamos aspecto sintático, pois complementam o sentido de
verbos e/ou palavras cujo sentido pode ser alterado
Vós Criais sem a presença da preposição, modificando a transiti-
Eles/Vocês Criam vidade verbal e colaborando para o preenchimento de
sentido de palavras deverbais5.
As preposições essenciais são: a, ante, até, após,
Os verbos terminados em -ear, por sua vez, geral- com, contra, de, desde, em, entre, para, per, peran-
mente são irregulares e apresentam alguma modifi- te, por, sem, sob, trás.
cação no radical ou nas desinências. Acompanhe a Existem, ainda, as preposições acidentais, assim
conjugação do verbo “passear”: chamadas pois pertencem a outras classes grama-
ticais, mas funcionam, ocasionalmente, como pre-
PRESENTE — INDICATIVO posições. Eis algumas: afora, conforme (quando
Eu Passeio equivaler a “de acordo com”), consoante, durante,
Tu Passeias exceto, salvo, segundo, senão, mediante, que, visto
(quando equivaler a “por causa de”).
Ele/Você Passeia Acompanhe a seguir algumas preposições e exem-
Nós Passeamos plos de uso em diferentes situações:
Vós Passeais
“A”
9
Eles/Vocês Passeiam
-9
96

z Causa ou motivo: Acordar aos gritos das crianças;


.3

Conjugação de Alguns Verbos z Conformidade: Escrever ao modo clássico;


93

z Destino (em correlação com a preposição de): De


.0

Vamos agora conhecer algumas conjugações de Santos à Bahia;


06

verbos irregulares importantes, que sempre são obje- z Meio: Voltarei a andar a cavalo;
-1

to de questões em concursos. z Preço: Vendemos o armário a R$ 300,00;


z Direção: Levantar as mãos aos céus;
a

Observe o verbo “aderir” no presente do indicativo:


lv

z Distância: Cair a poucos metros da namorada;


Si

PRESENTE — INDICATIVO z Exposição: Ficar ao sol por um longo tempo;


da

z Lugar: Ir a Santa Catarina;


Eu Adiro z Modo: Falar aos gritos;
io
v

Tu Aderes z Sucessão: Dia a dia;


z Tempo: Nasci a três de maio;


O

Ele/Você Adere
z Proximidade: Estar à janela.
ri

Nós Aderimos
A

Vós Aderis “Após”


Eles/Vocês Aderem
z Lugar: Permaneça na fila após o décimo lugar;
LÍNGUA PORTUGUESA

z Tempo: Logo após o almoço descansamos.


A seguir, acompanhe a conjugação do verbo “por”. São
conjugados da mesma forma os verbos dispor, interpor, “Com”
sobrepor, compor, opor, repor, transpor, entrepor, supor.
z Causa: Ficar pobre com a inflação;
z Companhia: Ir ao cinema com os amigos;
z Concessão: Com mais de 80 anos, ainda tem pla-
nos para o futuro;

5  Palavras deverbais são substantivos que expressam, de forma nominal e abstrata, o sentido de um verbo com o qual mantêm relação.
Exemplo: a filmagem, o pagamento, a falência etc. Geralmente, os nomes deverbais são acompanhados por preposições e, sintaticamente, o
termo que completa o sentido desses nomes é conhecido como complemento nominal. 47
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z Instrumento: Abrir a porta com a chave; “Para”
z Matéria: Vinho se faz com uva;
z Modo: Andar com elegância; z Consequência: Você deve ser muito esperto para
z Referência: Com sua irmã aconteceu diferente; não cair em armadilhas;
comigo sempre é assim. z Fim ou finalidade: Chegou cedo para a conferência;
z Lugar: Em 2011, ele foi para Portugal;
“Contra” z Proporção: As baleias estão para os peixes assim
como nós estamos para as galinhas;
z Oposição: Jogar contra a seleção brasileira; z Referência: Para mim, ela está mentindo;
z Direção: Olhar contra o sol; z Tempo: Para o ano irei à praia;
z Proximidade ou contiguidade: Apertou o filho z Destino ou direção: Olhe para frente!
contra o peito.
“Perante”
“De”
z Lugar: Ele negou o crime perante o júri.
z Causa: Chorar de saudade;
z Assunto: Falar de religião; “Por”
z Matéria: Material feito de plástico;
z Conteúdo: Maço de cigarro; z Modo ou conformidade: Vamos escolher por
z Origem: Você descende de família humilde; sorteio;
z Posse: Este é o carro de João; z Causa: Encontrar alguém por coincidência;
z Autoria: Esta música é de Chopin; z Conformidade: Copiar por original;
z Tempo: Ela dorme de dia; z Favor: Lutar por seus ideais;
z Lugar: Veio de São Paulo; z Medida: Vendia banana por quilo;
z Definição: Pessoa de coragem; z Meio: Ir por terra;
z Dimensão: Sala de vinte metros quadrados; z Modo: Saber por alto o que ocorreu;
z Fim ou finalidade: Carro de passeio; z Preço: Comprar um livro por vinte reais;
z Instrumento: Comer de garfo e faca; z Quantidade: Chocar por três vezes;
z Meio: Viver de ilusões; z Substituição: Comprar gato por lebre;
z Medida ou extensão: Régua de 30 cm; z Tempo: Viver por muitos anos.
z Modo: Olhar alguém de frente;
z Preço: Caderno de 10 reais; “Sem”
z Qualidade: Vender artigo de primeira;
z Semelhança ou comparação: Atitudes de pessoa z Ausência ou desacompanhamento: Estava sem
corajosa. dinheiro. 9
-9

“Desde” “Sob”
96
.3

z Distância: Dormiu desde o acampamento até aqui; z Tempo: Houve muito progresso no Brasil sob D.
93

z Tempo: Desde ontem ele não aparece. Pedro II;


.0

z Lugar: Ficar sob o viaduto;


06

“Em” z Modo: Saiu da reunião sob pretexto não convincente.


-1
a

z Preço: Avaliou a propriedade em milhares de “Sobre”


lv
Si

dólares;
z Meio: Pagou a dívida em cheque; z Assunto: Não gosto de falar sobre política;
da

z Limitação: Aquele aluno em Química nunca foi z Direção: Ir sobre o adversário;


io

bom; z Lugar: Cair sobre o inimigo.


v

z Forma ou semelhança: As crianças juntaram as


O

mãos em concha; Locuções Prepositivas


ri

z Transformação ou alteração: Transformou dóla-


A

res em reais; São grupos de palavras que equivalem a uma


z Estado ou qualidade: Foto em preto e branco; preposição.
z Fim: Pedir em casamento; Ex.: Falei sobre o tema da prova. (preposição) /
z Lugar: Ficou muito tempo em Sorocaba; Falei acerca do tema da prova. (locução prepositiva)
z Modo: Escrever em francês; A locução prepositiva na segunda frase substitui
z Sucessão: De grão em grão; perfeitamente a preposição “sobre”. As locuções pre-
z Tempo: O fogo destruiu o edifício em minutos; positivas sempre terminam em uma preposição (há
z Especialidade: João formou-se em Engenharia. apenas uma exceção: a locução prepositiva com senti-
do concessivo “não obstante”).
“Entre” Veja alguns exemplos:

z Lugar: Ele ficou entre os aprovados; z Apesar de. Ex.: Apesar de terem sumido, volta-
z Meio social: Entre as elites, este é o comportamento; ram logo;
z Reciprocidade: Entre mim e ele sempre houve z A respeito de. Ex.: Nossa reunião foi a respeito
48 discórdia. de finanças;
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z Graças a. Ex.: Graças ao bom Deus, não aconteceu z Preposição “de”:
nada grave;
z De acordo com. Ex.: De acordo com W. Hamboldt, „ Com artigo definido masculino e feminino:
a língua é indispensável para que possamos pen- de + o/os = do/dos
sar, mesmo que estivéssemos sempre sozinhos; de + a/as = da/das
z Por causa de. Ex.: Por causa de poucos pontos, � Com artigo indefinido:
não passei no exame; de + um= dum
z Para com. Ex.: Minha mãe me ensinou ter respeito de + uns = duns
para com os mais velhos; de + uma = duma
z Por baixo de. Ex.: Por baixo do vestido, ela usa de + umas = dumas
um short. � Com pronome demonstrativo:
de + este(s)= deste, destes
Outros exemplos de locuções prepositivas: de + esta(s)= desta, destas
Abaixo de; acerca de; acima de; devido a; a despeito de + isto= disto
de; adiante de; defronte de; embaixo de; em frente de; de + esse(s) = desse, desses
junto de; perto de; por entre; por trás de; quanto a; a de + essa(s)= dessa, dessas
fim de; por meio de; em virtude de. de + isso = disso
de + aquele(s) = daquele, daqueles
de + aquela(s) = daquela, daquelas
Importante! de + aquilo= daquilo
Algumas locuções prepositivas apresentam � Com o pronome pessoal:
semelhanças morfológicas, mas significa- de + ele(s) = dele, deles
dos completamente diferentes. Observe estes de + ela(s) = dela, delas
� Com o pronome indefinido:
exemplos6:
de + outro(s)= doutro, doutros
A opinião dos diretores vai ao encontro do plane-
de + outra(s) = doutra, doutras
jamento inicial = Concordância.
� Com advérbio:
As decisões do público foram de encontro à pro-
de + aqui= daqui
posta do programa = Discordância. de + aí= daí
Em vez de comer lanches gordurosos, coma fru- de + ali= dali
tas = Substituição.
Ao invés de chegar molhado, chegou cedo = z Preposição “em”:
Oposição.
„ Com artigo definido:
Combinações e Contrações em + a(s)= na, nas
em + o(s)= no, nos
� Com pronome demonstrativo:
As preposições podem se ligar a outras palavras de
9
em + esse(s)= nesse, nesses
-9

outras classes gramaticais por meio de dois processos:


96

combinação e contração. em + essa(s)= nessa, nessas


.3

em + isso = nisso
93

em + este(s) = neste, nestes


z Combinação: Quando se ligam sem sofrer nenhu-
.0

em + esta(s) = nesta, nestas


ma redução.
06

em + isto = nisto
a + o = ao
-1

a + os = aos em + aquele(s) = naquele, naqueles


em + aquela(s) = naquelas
a

z Contração: Quando, ao se ligarem, sofrem


lv

redução. em + aquilo = naquilo


Si

� Com pronome pessoal:


da

em + ele(s) = nele, neles


Veja a lista a seguir7, que apresenta as preposições
em + ela(s) = nela, nelas
io

que se contraem e suas devidas formas:


v

z Preposição “a”: z Preposição “per”:


O
ri

„ Com as formas antigas do artigo definido (lo,


A

„ Com o artigo definido ou pronome demonstra-


tivo feminino: la):
a + a= à per + lo(s) = pelo, pelos
per + la(s) = pela, pelas
LÍNGUA PORTUGUESA

a + as= às
„ Com o pronome demonstrativo:
a + aquele = àquele z Preposição “para” (pra):
a + aqueles = àqueles
a + aquela = àquela „ Com artigo definido:
a + aquelas = àquelas para (pra) + o(s) = pro, pros
a + aquilo = àquilo para (pra) + a(s)= pra, pras

6  Disponível em: instagram.com/academiadotexto. Acesso em: 20 nov. 2020.


7  Disponível em: https://www.preparaenem.com/portugues/combinacao-contracao-das-preposicoes.htm. Acesso em: 20 nov. 2020. 49
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
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Algumas Relações Semânticas Estabelecidas por z Aditivas: somam informações. E, nem, bem como,
Preposições não só, mas também, não apenas, como ainda,
senão (após não só).
Antes de entrarmos neste assunto, vale relembrar Ex.: Não fiz os exercícios nem revisei.
o que significa Semântica. Semântica é a área do O gato era o preferido, não só da filha, senão de
conhecimento que relaciona o significado da palavra toda família.
ao seu contexto. z Adversativas: colocam informações em oposição,
É importante ressaltar que as preposições podem contradição. Mas, porém, contudo, todavia, entre-
apresentar valor relacional ou podem atribuir um tanto, não obstante, senão (equivalente a mas).
valor nocional.
Ex.: Não tenho um filho, mas dois.
As preposições que apresentam um valor rela-
cional cumprem uma relação sintática com verbos A culpa não foi a população, senão dos vereadores
ou substantivos, que, em alguns casos, são chamados (equivale a “mas sim”).
deverbais, conforme já mencionamos. Essa mesma
relação sintática pode ocorrer com adjetivos e advér- Importante! A conjunção “e” pode apresentar
bios, os quais também apresentarão função deverbal. valor adversativo, principalmente quando é antecedi-
Ex.: Concordo com o advogado (preposição exigida da por vírgula: Estava querendo dormir, e o barulho
pela regência do verbo concordar). não deixava.
Tenho medo da queda (preposição exigida pelo
complemento nominal). z Alternativas: ligam orações com ideias que não
Estou desconfiado do funcionário (preposição exi- acontecem simultaneamente, que se excluem. Ou,
gida pelo adjetivo).
ou...ou, quer...quer, seja...seja, ora...ora, já...já.
Fui favorável à eleição (preposição exigida pelo
advérbio). Ex.: Estude ou vá para a festa.
Em todos esses casos, a preposição mantém uma Seja por bem, seja por mal, vou convencê-la.
relação sintática com a classe de palavras a qual se liga,
sendo, portanto, obrigatória a sua presença na sentença. Importante! A palavra “senão” pode funcionar
De modo oposto, as preposições cujo valor nocio- como conjunção alternativa: Saia agora, senão cha-
nal é preponderante apresentam uma modificação marei os guardas (pode-se trocá-la por “ou”).
no sentido da palavra à qual se liga. Elas não são
componentes obrigatórios na construção da senten- z Explicativas: ligam orações, de forma que em uma
ça, divergindo das preposições de valor relacional. delas explica-se o que a outra afirma. Que, porque,
As preposições de valor nocional estabelecem uma pois, (se vier no início da oração), porquanto.
noção de posse, causa, instrumento, matéria, modo
Ex.: Estude, porque a caneta é mais leve que a
etc. Vejamos algumas na tabela a seguir:
enxada!
Viva bem, pois isso é o mais importante.
VALOR NOCIONAL DAS
SENTIDO
PREPOSIÇÕES
Importante! “Pois” com sentido explicativo ini-
Posse Carro de Marcelo cia uma oração e justifica outra. Ex.: Volte, pois sinto
9
-9

O cachorro está sob a saudades.


Lugar
96

mesa “Pois” conclusivo fica após o verbo, deslocado


.3

entre vírgulas: Nessa instabilidade, o dólar voltará,


Votar em branco / Chegar
93

Modo pois, a subir.


aos gritos
.0
06

Causa Preso por agressão z Conclusivas: ligam duas ideias, de forma que a
-1

Assunto Falar sobre política segunda conclui o que foi dito na primeira. Logo,
portanto, então, por isso, assim, por conseguinte,
a
lv

Descende de família destarte, pois (deslocado na frase).


Origem
Si

simples Ex.: Estava despreparado, por isso, não fui


da

Olhe para frente! / Iremos aprovado.


Destino Está na hora da decolagem; deve, então, apressar-
io

a Paris
v

-se.

O

CONJUNÇÕES
Dica
ri
A

Assim como as preposições, as conjunções também As conjunções “e”, “nem” não devem ser empre-
são invariáveis e também auxiliam na organização gadas juntas (“e nem”). Tendo em vista que
das orações, ligando termos e, em alguns casos, ora- ambas indicam a mesma relação aditiva, o uso
ções. Por manterem relação direta com a organização concomitante acarreta em redundância.
das orações nas sentenças, as conjunções podem ser
coordenativas ou subordinativas.
Conjunções Subordinativas
Conjunções Coordenativas
Tais quais as conjunções coordenativas, as subor-
dinativas estabelecem uma ligação entre as ideias
As conjunções coordenativas são aquelas que apresentadas em um texto. Porém, diferentemente
ligam orações coordenadas, ou seja, orações que não daquelas, estas ligam ideias apresentadas em orações
fazem parte de uma outra; em alguns casos, ainda, subordinadas, ou seja, orações que precisam de outra
essas conjunções ligam núcleos de um mesmo termo para terem o sentido apreendido.
da oração. As conjunções coordenadas podem ser:
50
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
� Causal: iniciam a oração dando ideia de causa. Conjunções Integrantes
Haja vista, que, porque, pois, porquanto, visto que,
uma vez que, como (equivale a porque) etc. As conjunções integrantes fazem parte das orações
Ex.: Como não choveu, a represa secou. subordinadas; na realidade, elas apenas integram uma
� Consecutiva: iniciam a oração expressando ideia oração principal à outra, subordinada. Existem apenas
de consequência. Que (depois de tal, tanto, tão), de dois tipos de conjunções integrantes: “que” e “se”.
modo que, de forma que, de sorte que etc.
Ex.: Estudei tanto que fiquei com dor de cabeça. � Quando é possível substituir o “que” pelo pro-
� Comparativa: iniciam orações comparando ações nome “isso”, estamos diante de uma conjunção
e, em geral, o verbo fica subtendido. Como, que integrante.
nem, que (depois de mais, menos, melhor, pior, Ex.: Quero que a prova esteja fácil. (Quero. O quê?
maior), tanto... quanto etc. Isso).
Ex.: Corria como um touro. � Sempre haverá conjunção integrante em orações
Ela dança tanto quanto Carlos. substantivas e, consequentemente, em períodos
� Conformativa: expressam a conformidade de compostos.
uma ideia com a da oração principal. Conforme, Ex.: Perguntei se ele estava em casa. (Perguntei. O
como, segundo, de acordo com, consoante etc. quê? Isso).
Ex.: Tudo ocorreu conforme o planejado. � Nunca devemos inserir uma vírgula entre um ver-
Amanhã chove, segundo informa a previsão do bo e uma conjunção integrante.
tempo. Ex.: Sabe-se, que o Brasil é um país desigual
� Concessiva: iniciam uma oração com uma ideia (errado).
contrária à da oração principal. Embora, conquan- Sabe-se que o Brasil é um país desigual (certo).
to, ainda que, mesmo que, em que pese, posto que
etc. INTERJEIÇÕES
Ex.: Teve que aceitar a crítica, conquanto não
tivesse gostado. As interjeições também fazem parte do grupo de
Trabalhava, por mais que a perna doesse. palavras invariáveis, tal como as preposições e as
� Condicional: iniciam uma oração com ideia de conjunções. Sua função é expressar estado de espíri-
hipótese, condição. Se, caso, desde que, contanto to e emoções; por isso, apresentam forte conotação
que, a menos que, somente se etc. semântica. Uma interjeição sozinha pode equivaler a
Ex.: Se eu quisesse falar com você, teria respondi- uma frase. Ex.: Tchau!
do sua mensagem. As interjeições indicam relações de sentido diversas.
Posso lhe ajudar, caso necessite. A seguir, apresentamos um quadro com os sentimentos
� Proporcional: ideia de proporcionalidade. À pro- e sensações mais expressos pelo uso de interjeições:
porção que, à medida que, quanto mais...mais,
quanto menos...menos etc. VALOR SEMÂNTICO INTERJEIÇÃO
Ex.: Quanto mais estudo, mais chances tenho de
Advertência Cuidado! Devagar! Calma!
9
ser aprovado.
-9

Ia aprendendo, à medida que convivia com ela. Alívio Arre! Ufa! Ah!
96

� Final: expressam ideia de finalidade. Final, para


.3

Alegria/Satisfação Eba! Oba! Viva!


93

que, a fim de que etc.


Ex.: A professora dá exemplos para que você Desejo Oh! Tomara! Oxalá!
.0
06

aprenda! Repulsa Irra! Fora! Abaixo!


-1

Comprou um computador a fim de que pudesse


Dor/Tristeza Ai! Ui! Que pena!
trabalhar tranquilamente.
a

Espanto Oh! Ah! Opa! Putz!


lv

� Temporal: iniciam a oração expressando ideia de


Si

tempo. Quando, enquanto, assim que, até que, mal, Saudação Salve! Viva! Adeus! Tchau!
da

logo que, desde que etc.


Medo Credo! Cruzes! Uh! Oh!
Ex.: Quando viajei para Fortaleza, estive na Praia
io

do Futuro.
v

Mal cheguei à cidade, fui assaltado. É salutar lembrar que o sentido exato de cada
O

interjeição só poderá ser apreendido diante do con-


ri

texto. Por isso, em questões que abordem essa classe


A

Importante! de palavras, o candidato deve reler o trecho em que a


interjeição aparece, a fim de se certificar do sentido
Os valores semânticos das conjunções não se expresso no texto.
LÍNGUA PORTUGUESA

prendem às formas morfológicas desses elemen- Isso acontece pois qualquer expressão exclamati-
tos. O valor das conjunções é construído contex- va que expresse sentimento ou emoção pode funcionar
tualmente, por isso, é fundamental estar atento como uma interjeição. Lembre-se dos palavrões, por
aos sentidos estabelecidos no texto. exemplo, que são interjeições por excelência, mas que,
Ex.: Se Mariana gosta de você, por que você não a dependendo do contexto, podem ter seu sentido alterado.
procura? (Se = causal = já que) Antes de concluirmos, é importante ressaltar o
Por que ficar preso na cidade, quando existe tanto papel das locuções interjetivas, conjunto de palavras
ar puro no campo? (Quando = causal = já que). que funciona como uma interjeição, como: Meu Deus!
Ora bolas! Valha-me Deus!

51
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Alguns exemplos de radicais:
ESTRUTURA E FORMAÇÃO DE Ex.: pastel – pastelaria – pasteleiro;
PALAVRAS pedra – pedreiro - pedregulho;
Terra – aterrado – enterrado - terreiro.
INTRODUÇÃO

No dia a dia, usamos unidades comunicativas Importante!


para estabelecer diálogos e contatos, formando enun-
ciados. Essas unidades comunicativas chamamos de Palavras da mesma família etimológica, ou seja,
palavras. Elas surgem da necessidade de comunica- que apresentam o mesmo radical e guardam o
ção e os processos de formação para sua construção mesmo valor semântico no radical, são conheci-
são conhecidos da nossa competência linguística, pois das como cognatas.
como falantes da língua, ainda que não saibamos o
significado de antever, podemos inferir que esse ter-
mo tem relação com o ato de ver antecipadamente, Afixos ou Morfemas Derivacionais
dado o uso do prefixo diante do verbo ver.
Reconhecer os processos que auxiliam na forma- A partir dos morfemas lexicais, a língua ganha outras
ção de novas palavras é essencial para o estudante da
formas e sentidos pelos morfemas derivacionais, que
língua. Esse assunto, como dissemos, já é reconhecido
pelo nosso cérebro, que identifica os prefixos, sufixos e são assim chamados pois auxiliam no processo de cria-
palavras novas que podem ser criadas a partir da estru- ção de palavras a partir da derivação, ou seja, a inclusão
tura da língua; não é à toa que, muitas vezes, somos de prefixos e sufixos no radical dos vocábulos.
surpreendidos com o uso inédito de algum termo. Vale notar que algumas bancas denominam os afi-
Porém, precisamos ter consciência de que nem todo xos de infixos.
contexto é apropriado para o uso de novas estruturas São morfemas derivacionais os afixos, estruturas
vocabulares; por isso, neste capítulo, iremos estudar os morfológicas que se anexam ao radical das palavras e
processos de formação de palavras e as consequências auxiliam o processo de formação de novos vocábulos.
dessas novas constituições, focando nesse conteúdo; Os afixos da língua portuguesa são de duas categorias:
sempre cobrado pelas bancas mais exigentes.
z Prefixos: afixos que são anexados na parte ante-
ESTRUTURA DAS PALAVRAS
rior do radical.
Radical e Morfema Lexical Exs.:
In: infeliz.
As palavras são formadas por estruturas que, uni- Anti: antipatia.
das, podem se modificar e criar novos sentidos em Pós: posterior.
contextos diversos. Os morfemas são as menores uni- Bi: bisavô.
dades gramaticais com sentido da língua. Para identifi- Contra: contradizer.
cá-los é preciso notar que uma palavra é formada por
z Sufixos: afixos que são anexados na parte poste-
pequenas estruturas. Para isso, podemos imaginar que
9
-9

uma palavra é uma peça de um quebra-cabeça no qual rior do radical.


96

podemos juntar outra peça para formar uma estrutura Exs.:


.3

maior; porém, se você já montou um quebra-cabeça, mente: Felizmente.


93

deve se lembrar que não podemos unir as peças arbi- dade: Lealdade.
.0

trariamente, é preciso buscar aquelas que se encaixam. eiro: Blogueiro.


06

Assim, como falantes da língua, reconhecemos ista: Dentista.


-1

essas estruturas morfológicas e os seus sentidos, pois, a gudo: Narigudo.


todo momento estamos aptos a criar novas palavras a
a
lv

partir das regras que o sistema linguístico nos oferece. É importante destacar que essa pequena amostra,
Si

Tornou-se comum, sobretudo nas redes sociais, o listando alguns sufixos e prefixos da língua portugue-
surgimento de novos vocábulos a partir de “peças”
da

sa, é meramente ilustrativa e serve apenas para que


existentes na língua, algumas misturando termos de você tenha consciência do quão rico é o processo de
io

outras línguas com morfemas da língua portuguesa formação de palavras por afixos.
v

para a formação de novas palavras, como: bloguei-


Além disso, não é interessante que você decore esses


ro (blogger), deletar (delete); já algumas palavras
O

morfemas derivacionais, mas que você compreenda


ganham novos morfemas e, consequentemente, novas
ri

o valor semântico que cada um deles estabelece na


A

acepções nas redes sociais como, por exemplo, biscoi-


língua, como os sufixos -eiro e -ista que são usados,
teiro, termo usado para se referir a pessoas que bus-
comumente, para criar uma relação com o ambiente
cam receber elogios nesse ambiente.
profissional de alguma área, como: padeiro, costureiro,
As peças do quebra-cabeças que formam as pala-
blogueiro, dentista, escafandrista, equilibrista etc.
vras da língua portuguesa possuem os seguintes nomes:
Os sufixos costumam mudar mais a classes das
Radical, Desinência, Vogal Temática, Afixos, palavras. Já os prefixos modificam mais o sentido
dos vocábulos
Consoantes e Vogais de Ligação

O radical, também chamado de semantema, é o Desinências ou Morfemas Flexionais


núcleo da palavra, pois é o detentor do sentido ao qual
se anexam os demais morfemas, criando as palavras Os morfemas flexionais, mais conhecidos como
derivadas. Devido a essa importante característica, o desinências, são os mais estudados na língua portu-
radical é também conhecido como morfema lexical, guesa, pois são esses os morfemas que organizam as
pois se trata da significação própria dos vocábulos, estruturas no singular e no plural, os verbos em tem-
designando a sua natureza lexical, ou seja, o seu senti- pos e conjugações e as relações de gênero em femini-
52 do propriamente dito. no e masculino.
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Para facilitar a compreensão, podemos dividir os Tecn - o - cracia;
morfemas flexionais em: Pe - z - inho;
Cafe - t- eira;
z Aditivos: adiciona-se ao morfema lexical. Ex.: pro- Pau - l - ada;
fessor/professora; livro/livros; Cha - l - eira;
z Subtrativos: elimina-se um elemento do morfema Inset - i - cida;
lexical. Ex.: Irmão/irmã; Órfão/órfã; Pobre - t- ão;
z Nulos: quando a ausência de uma letra indica uma Paris - i - ense;
flexão. Ex.: O singular dos substantivos é marcado Gira - s - sol;
por essa ausência, como em: mesa (0)8 /mesas. Legal - i - dade.

Não confunda: PROCESSO DE FORMAÇÃO DAS PALAVRAS


Morfema derivacional: afixos (prefixos e sufixos);
Morfema flexional: aditivos, subtrativos, nulos; A partir do conhecimento dos morfemas que auxi-
Morfema lexical: radical. liam o processo de ampliação das palavras da língua,
Morfema gramatical: significado interno à estrutu- podemos iniciar o estudo sobre os processos de for-
ra gramatical, como artigos, preposições, conjunções mação de palavras.
etc. As palavras na língua portuguesa são criadas a
partir de dois processos básicos que apresentam clas-
Vogais Temáticas ses específicas. O quadro a seguir organiza bem os
processos de formação de palavras:
A vogal temática liga o radical a uma desinência,
que estabelece o modo e o tempo da conjugação ver-
FORMAÇÃO DE PALAVRAS
bal, no caso de verbos, e, nos substantivos, junta-se ao
radical para a união de outras desinências. DERIVAÇÃO COMPOSIÇÃO
Ex.: Amar e Amor. � Prefixal � Justaposição
Nos verbos, a vogal temática marca ainda a conju- � Sufixal � Aglutinação
gação verbal, indicando se o verbo pertence à 1º, 2º ou � Prefixal e sufixal
3º conjugação: � Parassintética
Exs.: � Regressiva
Amar – 1º conjugação; � Imprópria ou conversão
Comer – 2º conjugação;
Partir – 3º conjugação.
Como é possível notar, os dois processos de forma-
É importante não se confundir: a vogal temática
ção de palavras são a derivação e a composição. As
não existe em palavras que apresentam flexão de
palavras formadas por processos derivativos apresen-
gênero. Logo, as palavras gato/gata possuem uma
tam mais classes a serem estudas. Vamos conhecê-las
desinência e não uma vogal temática!
9
agora!
-9

Caso a dúvida persista, faça esse exercício: Igreja


96

(essa palavra existe); “Igrejo” (essa palavra não exis-


PROCESSOS DE DERIVAÇÃO
.3

te), então o -a de igreja é uma vogal temática que irá


93

ligar o vocábulo a desinências, como -inha, -s.


As palavras formadas por processos de derivação
.0

Note que as palavras terminadas em vogais tônicas


são classificadas a partir de seis categorias:
06

não apresentam vogais temática: Ex.: Cajá, Pelé, bobó.


-1

z Prefixal ou prefixação;
Tema
a

z Sufixal ou sufixação;
lv
Si

z Prefixal e sufixal;
O tema é a união do radical com a vogal temática.
z Parassintética ou parassíntese;
da

A partir do exposto no tópico sobre vogal temática,


z Regressiva;
esperamos ter deixado claro que nem toda palavra irá
io

z Imprópria ou conversão.
v

apresentar vogal temática; dessa forma, as palavras


que não apresentem vogal temática também não irão


O

A seguir, iremos estudar a diferença entre cada


possuir tema.
ri

uma dessas classes e identificar as peculiaridades de


Exs.:
A

cada uma.
Vendesse – tema: vende;
Mares – tema: mare.
Derivação Prefixal
LÍNGUA PORTUGUESA

Vogais e Consoantes de Ligação


Como o próprio nome indica, as palavras forma-
das por derivação prefixal são formadas pelo acrésci-
As consoantes e vogais de ligação têm uma função
mo de um prefixo à estrutura primitiva, como:
eufônica, ou seja, servem para facilitar a pronúncia de
Pré-vestibular; disposição; deslealdade; super-ho-
palavras. Essa é a principal diferença entre as vogais
mem; infeliz; refazer.
de ligação e as vogais temáticas, estas unem desinên-
Pré-vestibular: prefixo pré-;
cias, aquelas facilitam a pronúncia.
Disposição: prefixo dis-;
Exs.:
Deslealdade: prefixo des-;
Gas - ô - metro;
Super-homem: prefixo super;
Alv - i - negro;
Infeliz: prefixo in-;

8  O morfema flexional nulo é mais conhecido como morfema zero nas gramáticas; sua marcação é feita com a presença do numeral 0 (zero). 53
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Refazer: prefixo re-. z Particípio do verbo - substantivo: Teria passado
- O passado;
Derivação Sufixal z Verbos - substantivos: Almoçar - O almoço;
z Substantivos - adjetivos: o gato - mulher gato;
De maneira comparativa, podemos afirmar que z Substantivos comuns - substantivos próprios:
a formação de palavras por derivação sufixal refere- leão - Nara Leão;
-se ao acréscimo de um sufixo à estrutura primitiva, z Substantivos próprios - comuns: Gillete - gilete;
como em:
Judas - ele é o judas do programa.
Lealdade; francesa; belíssimo; inquietude; sofri-
mento; harmonizar; gentileza; lotação; assessoria.
Lealdade: sufixo -dade; Sufixos e formação de palavras: Alguns sufixos
Francesa: sufixo -esa; são mais comuns no processo de formação de deter-
Belíssimo: sufixo -íssimo; minadas classes gramaticais, vejamos:
Inquietude: sufixo -tude;
Sofrimento: sufixo -mento; z Sufixos nominais: originam substantivos, adjeti-
Harmonizar: sufixo -izar; vos. Ex.: -dor, -ada, -eiro, -oso, -ão, -aço;
Gentileza: sufixo -eza; z Sufixos verbais: originam verbos. Ex.: -ear, -ecer,
Lotação: sufixo -ção; -izar, -ar;
Assessoria: sufixo -ria. z Sufixos adverbiais: originam advérbios. Ex.:
-mente.
Derivação Prefixal e Sufixal
LISTA DE RADICAIS E PREFIXOS
Nesse caso, juntam-se à palavra primitiva tanto
um sufixo quanto um prefixo; vejamos alguns casos:
Apresentamos alguns radicais e prefixos na lista a
Inquietude (prefiro in- com sufixo -tude); infeliz-
seguir que podem auxiliar na compreensão do proces-
mente (prefixo in- com sufixo -mente); ultrapassagem
(prefixo ultra- com sufixo -agem); reconsideração so de formação de palavras. Novamente, alertamos que
(prefixo -re com sufixo -ção). essa lista não deve ser encarada como uma “tabuada” a
ser decorada, mas como um método para apreender o
Derivação Parassintética sentido de alguns desses radicais e prefixos.

Na derivação parassintética, um acréscimo simul- RADICAIS E PREFIXOS GREGOS


tâneo de afixos, prefixos e sufixos é realizado a uma
estrutura primitiva. É importante não confundir, con- RADICAL/
SENTIDO EXEMPLO
tudo, com o processo de derivação por sufixação e PREFIXO
prefixação. Veja: Acro Alto Acrofobia/acrobata
Se, ao retirar os afixos, a palavra perder o senti-
9
Agro Campo Agropecuária
-9

do, como em “emagrecer” (sem um dos afixos: “ema-


96

gro-” não existe), basta fazer o seguinte exercício para Algia Dor Nevralgia
.3

estabelecer por qual processo a palavra foi formada: Bio Vida Biologia
93

retirar o prefixo ou o sufixo da palavra em que paira


Biblio Livro Biblioteca
.0

dúvida. Caso a palavra que restou exista, estaremos


06

diante de um processo por derivação sufixal e prefi- Crono Tempo Cronologia


-1

xal; caso contrário, a palavra terá sido formada por Caco Mau cacofonia
a

derivação parassintética.
lv

Cali Belo Caligrafia


Ex.: Entristecer, desalmado, espairecer, desgelar,
Si

entediar etc. Dromo Local Autódromo


da
io

Derivação Regressiva Além dos radicais e prefixos gregos, as palavras da


v

língua portuguesa também se aglutinam a radicais e


Já na derivação regressiva, a nova palavra será


O

prefixos latinos.
formada pela subtração de um elemento da estrutura
ri
A

primitiva da palavra. Vejamos alguns exemplos:


Almoço (almoçar); RADICAIS E PREFIXO LATINOS
Ataque (atacar); RADICAL/PREFIXO SENTIDO EXEMPLO
Amasso (amassar). Arbori Árvore Arborizar
A derivação regressiva, geralmente, forma substanti-
vos abstratos derivados de verbos. É possível que alguns Beli Guerra Belicoso
autores reconheçam esse processo como redução. Cida Que mata Homicida
Des- dis Separação Discordar
Derivação Imprópria
Equi Igual Equivalente
A derivação imprópria, a partir de seu processo de Ex- Para fora Exonerar
formação de palavras, provoca a conversão de uma
Fide Fé Fidelidade
classe gramatical, que pode passar de verbo a subs-
tantivo, por exemplo. Mater Mãe Materno
A seguir, apresentamos alguns processos de con-
54 versão das palavras por derivação imprópria:
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Processos de Composição z Nos prefixos Sub, Hiper, Inter, Super, o hífen
deve permanecer caso a palavra seguinte seja ini-
As palavras formadas por processos de composi- ciada pelas consoantes H ou R. Ex.: Sub-hepático,
ção podem ser classificadas em duas categorias: justa- hiper-requintado, inter-racial, super-racional;
posição e aglutinação.
z Hífen com os dígrafos RR e SS: o hífen não é mais
As palavras formadas por qualquer um desses pro-
utilizado em palavras formadas de prefixo termi-
cessos estabelecem um sentido novo na língua, uma
nado em vogal seguido de palavra iniciada por R
vez que nesse processo há a junção de duas palavras
que já existem para a formação de um novo termo, ou S. Ex.: Antessala, autorretrato, contrarregra,
com um novo sentido. antirrugas etc.;
z É importante esclarecer que em prefixos termina-
z Composição por justaposição: nesse processo, dos em vogais, aplicados a palavras cuja primeira
as palavras envolvidas conservam sua autonomia letra seja H, o hífen permanece. Ex.: Anti-herói;
morfológica, permanecendo a tonicidade original anti-higiênico; extra-humano; semi-herbáceo;
de cada palavra. Ex.: Pé de moleque, dia a dia, faz z Já os prefixos Pré, Pró, Pós (quando acentuados),
de conta, navio-escola, malmequer; Ex, Vice, Soto, Além, Aquém, Recém, Sem devem
z Composição por aglutinação: na formação de ser empregados sempre com hífen. Ex.: Pré-natal;
palavras por aglutinação, há mudanças na toni- pró-democrata; pós-graduação; ex-prefeito; vice-
cidade dos termos envolvidos, que passam a ser -governador; soto-mestre; além-mar; aquém-ocea-
subordinados a uma única tonicidade. Ex.: Petró-
no; recém-nascido; sem-teto;
leo (petra + óleo); aguardente (água + ardente);
z Palavras formadas por Circum e Pan, adicionadas
vinagre (vinho + agre); você (vossa + mercê).
a palavras iniciadas por vogal, H, M ou N, usam
Palavras Compostas e Derivadas hífen. Ex.: Circum-navegação; pan-americano;
z Também devemos empregar hífen em palavras
Agora que já conhecemos os processos de forma- formadas pelos sufixos de origem tupi-guara-
ção de palavras, precisamos identificar as palavras ni, como Açu, Guaçu, Mirim. Ex.: Amoré-guaçu;
que são compostas e as palavras que são derivadas. capim-açu.

z São compostas: planalto, couve-flor, aguardente


etc.; Importante!
z São derivadas: pedreiro, floricultura, pedal etc.
A reforma ortográfica de 2009 eliminou o hífen
Palavras derivadas são aquelas formadas a partir das palavras compostas por justaposição com
de palavras primitivas, ou seja, a partir de palavras
um termo de ligação. Assim, palavras como Pé
que detêm a raiz com sentido lexical independente.
de moleque, que antes contavam com o hífen,
São palavras primitivas: porta, livro, pedra etc.
A partir das palavras primitivas, o falante pode agora já não utilizam mais. Porém, não foram
9
-9

anexar afixos (sufixos e prefixos), formando as pala- todas as palavras justapostas que foram atin-
96

vras derivadas, assim chamadas pois derivam de um gidas pela reforma; palavras justapostas que
.3

dos seis processos derivacionais. designam plantas ou bichos ainda são escritas
93

Já as palavras compostas guardam a independên- com hífen. Ex.: Cana-de-açúcar; pimenta-do-rei-


.0

cia semântica e ortográfica, unindo-se a outras pala- no; castanha-do-Pará; João-de-barro; bem-te-vi;
06

vras para a formação de um novo sentido. porco-da-Índia.


-1
a

USO DO HÍFEN CONFORME O NOVO ACORDO


lv

ORTOGRÁFICO
Si
da

O hífen é um sinal diacrítico cujo uso foi reformu-


lado com a reforma ortográfica da língua que entrou SINTAXE
vio

em vigor em 2009 no Brasil.


A reforma uniformizou o uso do hífen em muitos FRASE, ORAÇÃO, PERÍODO, TERMOS ESSENCIAIS,
O

contextos, o que podemos ver como uma facilitação INTEGRANTES E ACESSÓRIOS DA ORAÇÃO;
ri

do aprendizado de quando usá-lo ou não.


A

CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL; REGÊNCIA


A regra básica para o aprendizado do uso do hífen,
NOMINAL E VERBAL (CRASE)
conforme o novo acordo ortográfico, é esta:
LÍNGUA PORTUGUESA

z Palavras com final em vogais iguais: Usa-se hífen. Conceitos Básicos da Sintaxe
Ex.: Micro-ondas, anti-inflamatório.
Ao selecionar palavras, nós as escolhemos entre
Porém, é preciso ficar atento às exceções a essa os grandes grupos de palavras existentes na língua,
regra geral. Por isso, iremos apresentar alguns exem- como verbos, substantivos ou adjetivos. Esses são gru-
plos para organizar o uso desse diacrítico e facilitar
pos morfológicos. Ao combinar as palavras em frases,
seu aprendizado.
nós construímos um painel morfológico.
z Exceções: os prefixos Pre, Pro, Co, Re não serão As palavras normalmente recebem uma dupla
unidos por hífen quando o segundo termo apre- classificação: a morfológica, que está relacionada à
sentar vogal, seja igual seja diferente. Ex.: Coo- classe gramatical a que pertence, e a sintática, rela-
rientador, coautor, preenchimento, reeleição, cionada à função específica que assumem em deter-
reeducação, preestabelecer; minada frase. 55
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Frase No exemplo anterior a população é:

Frase é todo enunciado com sentido completo. z O elemento sobre o qual se declarou algo (implo-
Pode ser formada por apenas uma palavra ou por um rou pela compra da vacina);
conjunto de palavras. z O elemento que pratica a ação de implorar;
Ex.: Fogo! z O termo com o qual o verbo concorda (o verbo
Silêncio! implorar está flexionado na 3ª pessoa do singular);
“A igreja, com este calor, é fornalha...” (Graciliano z O termo que pode ser substituído por um pronome
Ramos). do caso reto.
(Ela implorou pela compra da vacina da COVID-19.)
Oração
Núcleo do Sujeito
Enunciado que se estrutura em torno de um verbo
(explícito, implícito ou subentendido) ou de uma locu- O núcleo é a palavra base do sujeito. É a principal
ção verbal. Quanto ao sentido, a oração pode apresen- porque é a respeito dela que o predicado diz algo. O
tá-lo completo ou incompleto. núcleo indica a palavra que realmente está exercen-
Ex.: Você é um dos que se preocupam com a do determinada função sintática, que atua ou sofre
poluição. a ação. O núcleo do sujeito apresentará um substan-
“A roda de samba acabou” (Chico Buarque). tivo, ou uma palavra com valor de substantivo, ou
pronome.
Período
z O sujeito simples contém apenas um núcleo.
Período é o enunciado constituído de uma ou mais Ex.: O povo pediu providências ao governador.
orações. Sujeito: O povo
Classifica-se em: Núcleo do sujeito: povo
z Já no sujeito composto, o núcleo será constituído
� Simples: possui apenas uma oração. de dois ou mais termos.
Ex.: O sol surgiu radiante. As luzes e as cores são bem visíveis.
Ninguém viu o acidente. Sujeito: As luzes e as cores
� Composto: possui duas ou mais orações. Núcleo do sujeito: luzes/cores
Ex.: “Amou daquela vez como se fosse a última.”
(Chico Buarque) Dica
Chegou em casa e tomou banho.
Para determinar o sujeito da oração, colocam-se
PERÍODO SIMPLES – TERMOS DA ORAÇÃO as expressões interrogativas quem? Ou o quê?
Antes do verbo.
Os termos que formam o período simples são dis- Ex.: A população pediu uma providência ao
9
-9

tribuídos em: essenciais (Sujeito e Predicado), inte- governador.


96

grantes (complemento verbal, complemento nominal Quem pediu uma providência ao governador?
.3

e agente da passiva) e acessórios (adjunto adnominal, Resposta: A população (sujeito).


93

adjunto adverbial e aposto). Ex.: O pêndulo do relógio iria de um lado para o


.0

outro.
06

TERMOS ESSENCIAIS DA ORAÇÃO O que iria de um lado para o outro?


-1

Resposta: O pêndulo do relógio (sujeito).


a

São aqueles indispensáveis para a estrutura básica


lv

da oração. Costuma-se associar esses termos a situa- Tipos de Sujeito


Si

ções analógicas, como um almoço tradicional brasi-


da

leiro constituído basicamente de arroz e feijão, por Quanto à função na oração, o sujeito classifica-se em:
io

exemplo. São eles: Sujeito e Predicado. Veremos a


v

seguir cada um deles.


Simples
O

Sujeito DETERMINADO Composto


ri
A

Elíptico
É o elemento que faz ou sofre a ação determinada Com verbos flexionados na 3ª
pelo verbo. pessoa do plural
O sujeito pode ser:
INDETERMINADO Com verbos acompanhados do
� O termo sobre o qual o restante da oração diz algo; se (índice de indeterminação do
� O elemento que pratica ou recebe a ação expressa sujeito)
pelo verbo; Usado para fenômenos da
� O termo que pode ser substituído por um pronome INEXISTENTE natureza ou com verbos
do caso reto; impessoais
� O termo com o qual o verbo concorda.
Ex.: A população implorou pela compra da vacina
z Determinado: quando se identifica a pessoa, o
da COVID-19.
lugar ou o objeto na oração. Classifica-se em:

56
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„ Simples: quando há apenas um núcleo. z Voz passiva analítica (sujeito paciente)
Ex.: O [aluguel] da casa é caro. Ex.: A minha saia azul está rasgada.
Núcleo: aluguel O sujeito está sofrendo uma ação, e não há presen-
Sujeito simples: O aluguel da casa; ça da partícula -se.
„ Composto: quando há dois núcleos ou mais.
Ex.: Os [sons] e as [cores] ficaram perfeitos. Predicado
Núcleos: sons, cores.
Sujeito composto: Os sons e as cores; É o termo que contém o verbo e informa algo sobre
„ Elíptico, oculto ou desinencial: quando não o sujeito. Apesar de o sujeito e o predicado serem ter-
aparece na oração, mas é possível de ser identifi- mos essenciais na oração, há casos em que a oração
cado devido à flexão do verbo ao qual se refere. não possui sujeito. Mas, se a oração é estruturada em
Ex.: Vi o noticiário hoje de manhã. Sujeito: (Eu) torno de um verbo e ele está contido no predicado, é
impossível existir uma oração sem sujeito.
z Indeterminado: quando não é possível identificar O predicado pode ser:
o sujeito na oração, mas ainda sim está presente.
Encontra-se na 3ª pessoa do plural ou representa- z Aquilo que se declara a respeito do sujeito.
do por um índice de indeterminação do sujeito, a Ex.: “A esposa e o amigo seguem sua marcha.”
partícula “se”. (José de Alencar);
Predicado: seguem sua marcha;
„ Colocando-se o verbo na 3ª pessoa do plural, z Uma declaração que não se refere a nenhum sujei-
não se referindo a nenhuma palavra determi- to (oração sem sujeito):
nada no contexto. Ex.: Chove pouco nesta época do ano;
Ex.: Passaram cedo por aqui, hoje. Predicado: Chove pouco nesta época do ano.
Entende-se que alguém passou cedo;
„ Colocando-se verbos (intransitivos, transitivos Para determinar o predicado, basta separar o
diretos ou de ligação) sem complemento dire- sujeito. Ocorrendo uma oração sem sujeito, o predica-
to na 3ª pessoa do singular acompanhados do do abrangerá toda a declaração. A presença do verbo
pronome se, pronome que atua como índice de é obrigatória, seja de forma explícita ou implícita:
indeterminação do sujeito. Ex.: “Nossos bosques têm mais vidas.” (Gonçalves
Ex.: Não se vê com a neblina. Dias)
Entende-se que ninguém consegue ver nessa Sujeito: Nossos bosques. Predicado: têm mais vida.
condição. Ex.: “Nossa vida mais amores”. (Gonçalves Dias)
Sujeito: Nossa vida. Predicado: mais amores.
Sujeito Inexistente ou Oração sem Sujeito
Classificação do Predicado
Esse tipo de situação ocorre quando uma oração
não tem sujeito mas tem sentido completo. Os verbos A classificação do predicado depende do significa-
9
-9

são impessoais e normalmente representam fenôme- do e do tipo de verbo que apresenta.


96

nos da natureza. Pode ocorrer também o verbo fazer


.3

ou haver no sentido de existir. z Predicado nominal: ocorre quando o núcleo sig-


93

Geia no Paraná. nificativo se concentra em um nome (corresponde


.0

Fazia um mês que tinha sumido. a um predicativo do sujeito).


06

Basta de confusão. O verbo deste tipo de oração é sempre de ligação.


-1

Há dois anos esse restaurante abriu. O predicado nominal tem por núcleo um nome
(substantivo, adjetivo ou pronome).
a
lv

Classificação do Sujeito Quanto à Voz Ex.: “Nossas flores são mais bonitas.” (Murilo
Si

Mendes)
da

z Voz ativa (sujeito agente) Predicado: são mais bonitas.


Ex.: Cláudia corta cabelos de terça a sábado. Ex.: “As estrelas estão cheias de calafrios.” (Olavo
vio

Nesse caso, o termo “Cláudia” é a pessoa que exer- Bilac)


ce a ação na frase; Predicado: estão cheias de calafrios.


O

z Voz passiva sintética (sujeito paciente)


ri

Ex.: Corta-se cabelo.


A

É importante não confundir:


Pode-se ler “Cabelo é cortado”, ou seja, o sujeito
“cabelo” sofre uma ação, diferente do exemplo do z Verbo de ligação: quando não exprime uma ação,
item anterior. O “-se” é a partícula apassivadora da mas um estado momentâneo ou permanente que
LÍNGUA PORTUGUESA

oração. relaciona o sujeito ao restante do predicado, que é


o predicativo do sujeito;
Importante notar que não há preposição entre z Predicativo do sujeito: função exercida por subs-
o verbo e o substantivo. Se houvesse, por exemplo, tantivo, adjetivo, pronomes e locuções que atri-
“de” no meio da frase, o termo “cabelo” não seria mais buem uma condição ou qualidade ao sujeito.
sujeito, seria objeto indireto, um complemento verbal. Ex.: O garoto está bastante feliz.
Precisa-se de cabelo. Verbo de ligação: está.
Assim, “de cabelo” seria um complemento verbal, e Predicativo do sujeito: bastante feliz.
não um sujeito da oração. Nesse caso, o sujeito é indeter- Ex.: Seu batom é muito forte.
minado, marcado pelo índice de indeterminação “-se”. Verbo de ligação: é.
Predicativo do sujeito: muito forte.
57
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Predicado Verbal No segundo exemplo, o termo “desorientado” indi-
ca um estado do termo “Fabiano”, que também é sujei-
Ocorre quando há dois núcleos significativos: um to. Temos mais um caso de predicativo do sujeito.
verbo (transitivo ou intransitivo) e um nome (predi- Ex.: “Ptolomeu achou o raciocínio exato.” (Macha-
cativo do sujeito ou, em caso transitivo, predicativo do do de Assis)
objeto). Da natureza desse verbo é que decorrem os Verbo transitivo direto: achou
demais termos do predicado. Objeto direto: o raciocínio
O verbo do predicado pode ser classificado em Predicativo do objeto: exato
transitivo direto, transitivo indireto, verbo transi- No terceiro exemplo, o termo “exato” caracteriza
tivo direto e indireto ou verbo intransitivo. um julgamento relacionado ao termo “o raciocínio”,
que é o objeto direto dessa oração. Com isso, podemos
z Verbo transitivo direto (VTD): é o verbo que exi- concluir que temos um caso de predicativo do obje-
ge um complemento não preposicionado, o objeto to, visto que “exato” não se liga a “Ptolomeu”, que é
direto. o sujeito.
Ex.: “Fazer sambas lá na vila é um brinquedo.” O que é o predicativo do objeto?
Noel Rosa É o termo que confere uma característica, uma
Verbo Transitivo Direto: Fazer. qualidade, ao que se refere.
Ex.: Ele trouxe os livros ontem. A formação do predicativo do objeto se dá por um
Verbo Transitivo Direto: trouxe; adjetivo ou por um substantivo.
Ex.: Consideramos o filme proveitoso.
z Verbo transitivo indireto (VTI): o verbo transiti- Predicativo do objeto: proveitoso
vo indireto tem como necessidade o complemen- Ex.: Chamavam-lhe vitoriosa, pelas conquistas.
to acompanhado de uma preposição para fazer Predicativo do objeto: vitoriosa
sentido. Para facilitar a identificação do predicativo do
Ex.: Nós acreditamos em você. objeto, o recomendável é desdobrar a oração, acres-
Verbo transitivo indireto: acreditamos centando-lhe um verbo de ligação, cuja função especí-
Preposição: em fica é relacionar o predicativo ao nome.
Ex.: Frida obedeceu aos seus pais. O filme foi proveitoso.
Verbo transitivo indireto: obedeceu Ela era vitoriosa.
Preposição: a (a + os) Nessas duas últimas formas, os termos seriam pre-
Ex.: Os professores concordaram com isso. dicativos do sujeito, pois são precedidos de verbos de
Verbo transitivo indireto: concordaram ligação (foi e era, respectivamente).
Preposição: com;
z Verbo transitivo direto e indireto (VTDI): é o TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO
verbo de sentido incompleto que exige dois com-
plementos: objeto direto (sem preposição) e objeto São vocábulos que se agregam a determinadas
9
indireto (com preposição). estruturas para torná-las completas. De acordo com
-9

Ex.: “Ela contava-lhe anedotas, e pedia-lhe ou- a gramática da língua portuguesa, esses termos são
96

tras.” (Machado de Assis) divididos em:


.3

Verbo transitivo direto e indireto 1: contava


93

Objeto direto 1: anedotas Complementos Verbais


.0
06

Objeto indireto 1: lhe


Verbo transitivo direto e indireto 2: pedia
-1

São termos que completam o sentido de verbos


Objeto direto 2: outras transitivos diretos e transitivos indiretos.
a
lv

Objeto indireto 2: lhe;


Si

z Verbo intransitivo (VI): É aquele capaz de cons- z Objeto direto: revela o alvo da ação. Não é acom-
da

truir sozinho o predicado, que não precisa de com- panhado de preposição.


plementos verbais, sem prejudicar o sentido da Ex.: Examinei o relógio de pulso.
io

oração. Gostaria de vê-lo no topo do mundo.


v

Ex.: Escrevia tanto que os dedos adormeciam. O técnico convocou somente os do Brasil. (os =
O

Verbo intransitivo: adormeciam. aqueles).


ri
A

Predicado Verbo-Nominal Pronomes e sua Relação com o Objeto Direto

Ocorre quando há dois núcleos significativos: Além dos pronomes oblíquos o(s), a(s) e suas
um verbo nocional (intransitivo ou transitivo) e um variações lo(s), la(s), no(s), na(s), que quase sempre
nome (predicativo do sujeito ou, em caso de verbo exercem função de objeto direto, os pronomes oblí-
transitivo, predicativo do objeto). quos me, te, se, nos, vos também podem exercer essa
Ex.: “O homem parou atento.” (Murilo Mendes) função sintática.
Verbo intransitivo: parou Ex.: Levou-me à sabedoria esta aula. (= “Levaram
Predicativo do sujeito: atento quem? A minha pessoa”)
Repare que no primeiro exemplo o termo “atento” Nunca vos tomeis como grandes personalidades.
está caracterizando o sujeito “O homem” e, por isso, é (= “Nunca tomeis quem? Vós”)
considerado predicativo do sujeito. Convidaram-na para o almoço de despedida. (=
Ex.: “Fabiano marchou desorientado.” (Olavo Bilac) “Convidaram quem? Ela”)
Verbo intransitivo: marchou Depois de terem nos recebido, abriram a caixa. (=
58 Predicativo do sujeito: desorientado “Receberam quem? Nós”)
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Os pronomes demonstrativos o, a, os, as podem z Objeto indireto e o uso de pronomes pessoais
ser objetos diretos. Normalmente, aparecem antes do
pronome relativo que. Pode ser representado pelos seguintes pronomes
Ex.: Escuta o que eu tenho a dizer. (Escuta algo: oblíquos átonos: me, te, se, no, vos, lhe, lhes. Os pro-
esse algo é o objeto direto) nomes o, a, os, as não exercerão essa função.
Observe bem a que ele mostrar. (a = pronome Ex.: Mostre-lhe onde fica o banheiro, por favor.
feminino definido) Todos os pronomes oblíquos tônicos (me, mim,
comigo, te, ti, contigo) podem funcionar como objeto
z Objeto direto preposicionado indireto, já que sempre ocorrem com preposição.
Ex.: Você escreveu esta carta para mim?
Mesmo que o verbo transitivo direto não exija
preposição no seu complemento, algumas palavras z Objeto indireto pleonástico: ocorrência repetida
requerem o uso da preposição para não perder o sen- dessa função sintática com o objetivo de enfatizar
tido de “alvo” do sujeito. uma mensagem.
Além disso, há alguns casos obrigatórios e outros Ex.: A ele, sem reservas, supliquei-lhe ajuda.
facultativos.
Exemplos com Ocorrência Obrigatória de Complemento Nominal
Preposição:
Não entendo nem a ele nem a ti. Completa o sentido de substantivos, adjetivos e
Respeitava-se aos mais antigos. advérbios. É uma função sintática regida de preposi-
Ali estava o artista a quem nosso amigo idolatrava. ção e com objetivo de completar o sentido de nomes. A
Amavam-se um ao outro. presença de um complemento nominal nos contextos
“Olho Gabriela como a uma criança, e não mulher de uso é fundamental para o esclarecimento do senti-
feita.” (Ciro dos Anjos). do do nome.
Exemplos com Ocorrência Facultativa de Ex.: Tenho certeza de que tu serás aprovado.
Preposição: Estou longe de casa e tão perto do paraíso.
Eles amam a Deus, assim diziam as pessoas daque- Para melhor identificar um complemento nomi-
le templo. nal, siga a instrução:
A escultura atrai a todos os visitantes. Nome + preposição + quem ou quê
Não admito que coloquem a Sua Excelência num Como diferenciar complemento nominal de com-
pedestal. plemento verbal?
Ao povo ninguém engana. Ex.: Naquela época, só obedecia ao meu coração.
Eu detesto mais a estes filmes do que àqueles. (complemento verbal, pois “ao meu coração” liga-se
No caso “Você bebeu dessa água?”, a forma “des-
diretamente ao verbo “obedecia”)
sa” (preposição de + pronome essa) precisa estar pre-
Naquela época, a obediência ao meu coração pre-
sente para indicar parte de um todo, quando assim
valecia. (complemento nominal, pois “ao meu cora-
9
for o contexto de uso. Logo, a pergunta é se a pessoa
-9

ção” liga-se diretamente ao nome “obediência”).


bebeu uma porção da água, e não ela toda.
96
.3

Agente da Passiva
93

z Objeto direto pleonástico: é a dupla ocorrência


.0

dessa função sintática na mesma oração, a fim de


É o complemento de um verbo na voz passiva ana-
06

enfatizar um único significado.


lítica. Sempre é precedido da preposição por, e, mais
-1

Ex.: “Eu não te engano a ti”. (Carlos Drummond de


Andrade) raramente, da preposição de.
a

Forma-se essencialmente pelos verbos auxiliares


lv

z Objeto direto interno: representado por palavra


Si

que tem o mesmo radical do verbo ou apresenta ser, estar, viver, andar, ficar.
da

mesmo significado.
Ex.: Riu um riso aterrador. TERMOS ACESSÓRIOS DA ORAÇÃO
io

Dormiu o sono dos justos.


v

Há termos que, apesar de dispensáveis na estrutu-


O

Como diferenciar objeto direto de sujeito? ra básica da oração, são importantes para compreen-
ri

Já começaram os jogos da seleção. (sujeito) são do enunciado porque trazem informações novas.
A

Ignoraram os jogos da seleção. (objeto direto) Esses termos são chamados acessórios da oração.
O objeto direto pode ser passado para a voz passi-
va analítica e se transforma em sujeito. Adjunto Adnominal
LÍNGUA PORTUGUESA

Os jogos da seleção foram ignorados.


São termos que acompanham o substantivo,
z Objeto indireto: é complemento verbal regido de núcleo de outra função, para qualificar, quantificar,
preposição obrigatória, que se liga diretamente a especificar o elemento representado pelo substantivo.
verbos transitivos indiretos e diretos. Representa Categorias morfológicas que podem funcionar
o ser beneficiado ou o alvo de uma ação. como adjunto adnominal:
Ex.: Por favor, entregue a carta ao proprietário da
casa 260. z Artigos;
Gosto de ti, meu nobre. z Adjetivos;
Não troque o certo pelo duvidoso. z Numerais;
Vamos insistir em promover o novo romance de z Pronomes;
ficção. z Locuções adjetivas. 59
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Ex.: Aqueles dois antigos soldadinhos de chumbo Aposto
ficaram esquecidos no quarto.
Iam cheios de si. Estruturas relacionadas a substantivos, pronomes
Estava conquistando o respeito dos seus. ou orações. O aposto tem como propósito explicar,
O novo regulamento originou a revolta dos identificar, esclarecer, especificar, comentar ou apon-
funcionários.
tar algo, alguém ou um fato.
O doutor possuía mil lembranças de suas viagens.
Ex.: Renata, filha de D. Raimunda, comprou uma
z Pronomes oblíquos átonos e a função de ajunto bicicleta.
adnominal: os pronomes me, te, lhe, nos, vos, lhes Aposto: filha de D. Raimunda
exercem essa função sintática quando assumem Ex.: O escritor Machado de Assis escreveu gran-
valor de pronomes possessivos. des obras.
Ex.: Puxaram-me o cabelo (Puxam meu cabelo). Aposto: Machado de Assis.
z Como diferenciar adjunto adnominal de com- Classifica-se nas seguintes categorias:
plemento nominal?
z Explicativo: usado para explicar o termo anterior.
Quando o adjunto adnominal for representado Separa-se do substantivo a que se refere por uma
por uma locução adjetiva, ele pode ser confundido
pausa, marcada na escrita por vírgulas, travessões
com complemento nominal. Para diferenciá-los, siga
a dica: ou dois-pontos.
Ex.: As filhas gêmeas de Ana, que aniversariaram
„ Será adjunto adnominal: se o substantivo ao ontem, acabaram de voltar de férias.
qual se liga for concreto. Jéssica, uma ótima pessoa, conseguiu apoio de todos;
Ex.: A casa da idosa desapareceu. � Enumerativo: usado para desenvolver ideias que
Se indicar posse ou o agente daquilo que foram resumidas ou abreviadas em um termo ante-
expressa o substantivo abstrato. rior. Mostra os elementos contidos em um só termo.
Ex.: A preferência do grupo não foi respeitada; Ex.: Víamos somente isto: vales, montanhas e
„ Será complemento nominal: se indicar o alvo
riachos.
daquilo que expressa o substantivo.
Apenas três coisas me tiravam do sério, a saber,
Ex.: A preferência pelos novos alojamentos não
foi respeitada. preconceito, antipatia e arrogância;
Notava-se o amor pelo seu trabalho. z Recapitulativo ou resumidor: é o termo usado
Se vier ligado a um adjetivo ou a um advérbio: para resumir termos anteriores. É expresso, nor-
Ex.: Manteve-se firme em seus objetivos. malmente, por um pronome indefinido.
Ex.: Os professores, coordenadores, alunos, todos
Adjunto Adverbial estavam empolgados com a feira.
9
Irei a Moçambique, Cabo Verde, Angola e Guiné-
-9

Termo representado por advérbios, locuções


96

-Bissau, países africanos onde se fala português;


adverbiais ou adjetivos com valor adverbial. Relacio-
.3

� Comparativo: estabelece uma comparação implícita.


93

na-se ao verbo ou a toda oração para indicar variadas


Ex.: Meu coração, uma nau ao vento, está sem
circunstâncias.
.0

rumo;
06

� Circunstancial: exprime uma característica


-1

z Tempo: Quero que ele venha logo.


z Lugar: A dança alegre se espalhou na avenida. circunstancial.
a
lv

z Modo: O dia começou alegremente. Ex.: No inverno, busquemos sair com roupas
Si

z Intensidade: Almoçou pouco. apropriadas;


da

z Causa: Ela tremia de frio. � Especificativo: é o aposto que aparece junto a um


z Companhia: Venha jantar comigo.
io

substantivo de sentido genérico, sem pausa, para


Instrumento: Com a máquina, conseguiu lavar as
v

z especificá-lo ou individualizá-lo. É constituído por


roupas.
O

substantivos próprios.
z Dúvida: Talvez ele chegue mais cedo.
ri

Exs.: O mês de abril.


z Finalidade: Vivia para o trabalho.
A

z Meio: Viajou de avião devido à rapidez. O rio Amazonas.


z Assunto: Falávamos sobre o aluguel. Meu primo José;
z Negação: Não permitirei que permaneça aqui. z Aposto da oração: é um comentário sobre o
z Afirmação: Sairia sim naquela manhã. fato expresso pela oração, ou uma palavra que
z Origem: Descendia de nobres. condensa.
Ex.: Após a notícia, ficou calado, sinal de sua
Não confunda! preocupação.
Para conseguir distinguir adjunto adverbial de O noticiário disse que amanhã fará muito calor –
adjunto adnominal, basta saber se o termo relacio-
ideia que não me agrada;
nado ao adjunto é um verbo ou um nome, mesmo que
o sentido seja parecido. � Distributivo: dispõe os elementos equitativamente.
Ex.: Descendência de nobres. (O “de nobres” aqui Ex.: Separe duas folhas: uma para o texto e outra
é um adjunto adnominal) para as perguntas.
Descendia de nobres. (O “de nobres” aqui é um Sua presença era inesperada, o que causou surpresa
60 adjunto adverbial)
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Dica O período composto é formado por duas ou mais
orações. Num parágrafo, podem aparecer misturado
� O aposto pode aparecer antes do termo a que períodos simples e período compostos.
se refere, normalmente antes do sujeito.
Ex.: Maior piloto de todos os tempos, Ayrton Sen-
na marcou uma geração. PERÍODO SIMPLES PERÍODO COMPOSTO
� Segundo o gramático Cegalla, quando o apos- O povo levantou-se cedo
to se refere a um termo preposicionado, pode ele Era dia de eleição
para evitar aglomeração
vir igualmente preposicionado.
Ex.: De cobras, (de) morcegos, (de) bichos, de Para não esquecer:
tudo ele tinha medo. Período simples é aquele formado por uma só
� O aposto pode ter núcleo adjetivo ou adverbial. oração.
Ex.: Tuas pestanas eram assim: frias e curvas. Período composto é aquele formado por duas ou
(adjetivos, apostos do predicativo do sujeito) mais orações.
Falou comigo deste modo: calma e maliciosa- Classifica-se nas seguintes categorias:
mente. (advérbios, aposto do adjunto adverbial
de modo). z Por coordenação: orações coordenadas assindéticas;

z Diferença de aposto especificativo e adjunto „ Orações coordenadas sindéticas: aditivas, adver-


adnominal: normalmente, é possível retirar a sativas, alternativas, conclusivas, explicativas.
preposição que precede o aposto. Caso seja um
adjunto, se for retirada a preposição, a estrutura z Por subordinação:
fica prejudicada.
Ex.: A cidade Fortaleza é quente. „ Orações subordinadas substantivas: subjeti-
(aposto especificativo / Fortaleza é uma cidade) vas, objetivas diretas, objetivas indiretas, com-
O clima de Fortaleza é quente.
pletivas nominais, predicativas, apositivas;
(adjunto adnominal / Fortaleza é um clima?);
„ Orações subordinadas adjetivas: restritivas,
z Diferença de aposto e predicativo do sujeito: o
aposto não pode ser um adjetivo nem ter núcleo explicativas;
adjetivo. „ Orações subordinadas adverbiais: causais,
Ex.: Muito desesperado, João perdeu o controle. comparativas, concessivas, condicionais, con-
(predicativo do sujeito; núcleo: desesperado – ad- formativas, consecutivas, finais, proporcionais,
jetivo) temporais.
Homem desesperado, João sempre perde o con-
trole. z Por coordenação e subordinação: orações for-
(aposto; núcleo: homem – substantivo). madas por períodos mistos;
z Orações reduzidas: de gerúndio e de infinitivo.
9
Vocativo
-9
96

PERÍODO COMPOSTO POR COORDENAÇÃO


O vocativo é um termo que não mantém relação
.3
93

sintática com outro termo dentro da oração. Não per- As orações são sintaticamente independentes. Isso
tence nem ao sujeito, nem ao predicado. É usado para
.0

significa que uma não possui relação sintática com


06

chamar ou interpelar a pessoa que o enunciador dese- verbos, nomes ou pronomes das demais orações no
-1

ja se comunicar. É um termo independente, pois período.


não faz parte da estrutura da oração. Ex.: “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.”
a
lv

Ex.: Recepcionista, por favor, agende minha (Fernando Pessoa)


Si

consulta. Oração coordenada 1: Deus quer


da

Ela te diz isso desde ontem, Fábio. Oração coordenada 2: o homem sonha
Oração coordenada 3: a obra nasce.
io

z Para distinguir vocativo de aposto: o vocati-


v

Ex.: “Subi devagarinho, colei o ouvido à porta da


vo não se relaciona sintaticamente com nenhum sala de Damasceno, mas nada ouvi.” (M. de Assis)
O

outro termo da oração. Oração coordenada assindética: Subi devagarinho


ri

Ex.: Lufe, faz um almoço gostoso para as crianças.


A

Oração coordenada assindética: colei o ouvido à


O aposto se relaciona sintaticamente com outro porta da sala de Damasceno
termo da oração. Oração coordenada sindética: mas nada ouvi
A cozinha de Lufe, cozinheiro da família, é impecável. Conjunção adversativa: mas nada
LÍNGUA PORTUGUESA

Sujeito: a cozinha de Lufe.


Aposto: cozinheiro da família (relaciona-se ao Orações Coordenadas Sindéticas
sujeito).
As orações coordenadas podem aparecer ligadas
PERÍODO COMPOSTO às outras através de um conectivo (elo), ou seja, atra-
vés de um síndeto, de uma conjunção, por isso o nome
Observe os exemplos a seguir: sindética. Veremos agora cada uma delas:
A apostila de Português está completa.
Um verbo: Uma oração = período simples z Aditivas: exprimem ideia de sucessibilidade ou
Português e Matemática são disciplinas essen- simultaneidade.
ciais para ser aprovado em concursos. Conjunções constitutivas: e, nem, mas, mas tam-
Dois verbos: duas orações = período composto bém, mas ainda, bem como, como também, se- 61
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não também, que (= e). z Orações subordinadas substantivas subjetivas:
Ex.: Pedro casou-se e teve quatro filhos. exercem a função de sujeito. O verbo da oração
Os convidados não compareceram nem explica- principal deve vir na voz ativa, passiva analítica
ram o motivo; ou sintética. Em 3ª pessoa do singular, sem se refe-
z Adversativas: exprimem ideia de oposição, con- rir a nenhum termo na oração.
traste ou ressalva em relação ao fato anterior. Ex.: Foi importante o seu regresso. (sujeito)
Conjunções constitutivas: mas, porém, todavia, Foi importante que você regressasse. (sujeito ora-
contudo, entretanto, no entanto, senão, não obs- cional) (or. sub. subst. subje.);
tante, ao passo que, apesar disso, em todo caso. z Orações subordinadas substantivas objetivas
Ex.: Ele é rico, mas não paga as dívidas. diretas: exercem a função de objeto direto de um
“A morte é dura, porém longe da pátria é dupla a verbo transitivo direto ou transitivo direto e indi-
morte.” (Laurindo Rabelo);
reto da oração principal.
z Alternativas: exprimem fatos que se alternam ou
Ex.: Desejo o seu regresso. (OD)
se excluem.
Conjunções constitutivas: (ou), (ou ... ou), (ora ... Desejo que você regresse. (OD oracional) (or. sub.
ora), (que ... quer), (seja ... seja), (já ... já), (talvez subst. obj. dir.);
... talvez). z Orações subordinadas substantivas completi-
Ex.: Ora responde, ora fica calado. vas nominais: exercem a função de complemento
Você quer suco de laranja ou refrigerante? nominal de um substantivo, adjetivo ou advérbio
z Conclusivas: exprimem uma conclusão lógica da oração principal.
sobre um raciocínio. Ex.: Tenho necessidade de seu apoio. (comple-
Conjunções constitutivas: logo, portanto, por con- mento nominal)
seguinte, pois isso, pois (o “pois” sem ser no início
Tenho necessidade de que você me apoie. (com-
de frase).
plemento nominal oracional) (or. sub. subst. com-
Ex.: Estou recuperada, portanto viajarei próxima
semana. pl. nom.);
“Era domingo; eu nada tinha, pois, a fazer.” (Paulo z Orações subordinadas substantivas predicati-
Mendes Campos); vas: funcionam como predicativos do sujeito da
z Explicativas: justificam uma opinião ou ordem oração principal. Sempre figuram após o verbo de
expressa. Conjunções constitutivas: que, porque, ligação ser.
porquanto, pois. Ex.: Meu desejo é a sua felicidade. (predicativo do
Ex.: Vamos dormir, que é tarde. (o “que” equivale sujeito)
a “pois”) Meu desejo é que você seja feliz. (predicativo do
Vamos almoçar de novo porque ainda estamos sujeito oracional) (or. sub. subst. predic.);
com fome.
z Orações subordinadas substantivas apositivas:
funcionam como aposto. Geralmente vêm depois
PERÍODO COMPOSTO POR SUBORDINAÇÃO
9
de dois-pontos ou entre vírgulas.
-9
96

Formado por orações sintaticamente dependentes, Ex.: Só quero uma coisa: a sua volta imediata. (aposto)
.3

considerando a função sintática em relação a um ver- Só quero uma coisa: que você volte imediata-
93

bo, nome ou pronome de outra oração. mente. (aposto oracional) (or. sub. aposi.);
.0

Tipos de orações subordinadas:


06

Orações Subordinadas Adjetivas


-1

z Substantivas;
a

z Adjetivas; Desempenham função de adjetivo (adjunto adno-


lv

z Adverbiais.
Si

minal ou, mais raramente, aposto explicativo). São


introduzidas por pronomes relativos (que, o qual, a
da

Orações Subordinadas Substantivas qual, os quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas etc.)
io

As orações subordinadas adjetivas classificam-se em:


v

São classificadas nas seguintes categorias:


explicativas e restritivas.
O
ri

z Orações subordinadas substantivas conectivas:


z Orações subordinadas adjetivas explicativas:
A

são introduzidas pelas conjunções subordinativas


integrantes que e se. não limitam o termo antecedente, e sim acrescen-
Ex.: Dizem que haverá novos aumentos de tam uma explicação sobre o termo antecedente.
impostos. São consideradas termo acessório no período,
Não sei se poderei sair hoje à noite; podendo ser suprimidas. Sempre aparecem isola-
z Orações subordinadas substantivas justapos- das por vírgulas.
tas: introduzidas por advérbios ou pronomes Ex.: Minha mãe, que é apaixonada por bichos,
interrogativos (onde, como, quando, quanto, cria trinta gatos;
quem etc.); z Orações subordinadas adjetivas restritivas:
z Ex.: Ignora-se onde eles esconderam as joias
especificam ou limitam a significação do termo
roubadas.
Não sei quem lhe disse tamanha mentira; antecedente, acrescentando-lhe um elemento
z Orações subordinadas substantivas reduzidas: indispensável ao sentido. Não são isoladas por
não são introduzidas por conectivo, e o verbo fica vírgulas.
no infinitivo. Ex.: A doença que surgiu recentemente ainda é
62 Ex.: Ele afirmou desconhecer estas regras; incurável;
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Dica Para separar as orações de um período composto, é
necessário atentar-se para dois elementos fundamen-
Como diferenciar as orações subordinadas adje- tais: os verbos (ou locuções verbais) e os conectivos
tivas restritivas das orações subordinadas adjeti- (conjunções ou pronomes relativos). Após assinalar
vas explicativas? esses elementos, deve-se contar quantas orações ele
Ele visitará o irmão que mora em Recife. representa, a partir da quantidade de verbos ou locu-
(restritiva, pois ele tem mais de um irmão e vai ções verbais. Exs.:
visitar apenas o que mora em Recife) [“A recordação de uns simples olhos basta] – 1ª oração
Ele visitará o irmão, que mora em Recife. [para fixar outros] – 2ª oração
(explicativa, pois ele tem apenas um irmão que [que os rodeiam] – 3ª oração
mora em Recife) [e se deleitem com a imaginação deles]. – 4ª ora-
ção (M. de Assis)
Orações Subordinadas Adverbiais Nesse período, a 2ª oração subordina-se ao verbo
basta, pertencente à 1ª (oração principal).
Exprimem uma circunstância relativa a um fato A 3ª e a 4ª são orações coordenadas entre si, porém
expresso em outra oração. Têm função de adjunto ambas dependentes do pronome outros, da 2ª oração.
adverbial. São introduzidas por conjunções subor-
dinativas (exceto as integrantes) e se enquadram nos Orações Reduzidas
seguintes grupos:
z Apresentam o mesmo verbo em uma das formas
� Orações subordinadas adverbiais causais: são nominais (gerúndio, particípio e infinitivo);
introduzidas por: como, já que, uma vez que, por- z As que são substantivas e adverbiais: nunca são
que, visto que etc. iniciadas por conjunções;
Ex.: Caminhamos o restante do caminho a pé por- z As que são adjetivas: nunca podem ser iniciadas
que ficamos sem gasolina; por pronomes relativos;
� Orações subordinadas adverbiais comparati- z Podem ser reescritas (desenvolvidas) com esses
vas: são introduzidas por: como, assim como, tal conectivos;
qual, como, mais etc. z Podem ser iniciadas por preposição ou locução
Ex.: A cerveja nacional é menos concentrada (do) prepositiva.
que a importada; Ex.: Terminada a prova, fomos ao restaurante.
� Orações subordinadas adverbiais concessivas: O. S. Adv. reduzida de particípio: não começa com
indica certo obstáculo em relação ao fato expres- conjunção.
so na outra oração, sem, contudo, impedi-lo. São Ex.: Quando terminou a prova, fomos ao restau-
introduzidas por: embora, ainda que, mesmo que, rante. (desenvolvida).
por mais que, se bem que etc. O. S. Adv. Desenvolvida: começa com conjunção.
Ex.: Mesmo que chova, iremos à praia amanhã;
� Orações subordinadas adverbiais condicionais:
9
Orações Reduzidas de Infinitivo
-9

são introduzidas por: se, caso, desde que, salvo se,


96

contanto que, a menos que etc.


Podem ser substantivas, adjetivas ou adverbiais.
.3

Ex.: Você terá sucesso desde que se esforce para


93

Se o infinitivo for pessoal, irá flexionar normalmente.


tal;
.0

� Orações subordinadas adverbiais conformati-


06

z Substantivas: Ex.: É preciso trabalhar muito. (O.


vas: são introduzidas por: como, conforme, segun-
-1

S. substantiva subjetiva reduzida de infinitivo)


do, consoante.
Deixe o aluno pensar. (O. S. substantiva objetiva
a

Ex.: Ele deverá agir conforme combinamos;


lv

direta reduzida de infinitivo)


� Orações subordinadas adverbiais consecutivas:
Si

A melhor política é ser honesto. (O. S. substantiva


são introduzidas por: que (precedido na oração
da

anterior de termos intensivos como tão, tanto, predicativa reduzida de infinitivo)


Este é um difícil livro de se ler. (O. S. substantiva
io

tamanho etc.) de sorte que, de modo que, de forma


completiva nominal reduzida de infinitivo)
v

que, sem que.


Ex.: A garota riu tanto, que se engasgou; Temos uma missão: subir aquela escada. (O. S.
O

“Achei as rosas mais belas do que nunca, e tão per- substantiva apositiva reduzida de infinitivo);
ri

z Adjetivas: Ex.: João não é homem de meter os pés


A

fumadas que me estontearam.” (Cecília Meireles);


� Orações subordinadas adverbiais finais: indicam pelas mãos.
um objetivo a ser alcançado. São introduzidas por: O meu manual para fazer bolos certamente vai
agradar a todos;
LÍNGUA PORTUGUESA

para que, a fim de que, porque e que (= para que)


Ex.: O pai sempre trabalhou para que os filhos z Adverbiais: Ex.: Apesar de estar machucado,
tivessem bom estudo; continua jogando bola.
� Orações subordinadas adverbiais proporcio- Sem estudar, não passarão.
nais: são introduzidas por: à medida que, à pro- Ele passou mal, de tanto comer doces.
porção que, quanto mais, quanto menos etc.
Ex.: Quanto mais ouço essa música, mas a Orações Reduzidas de Gerúndio
aprecio;
� Orações subordinadas adverbiais temporais: Podem ser coordenadas aditivas, substantivas apo-
são introduzidas por: quando, enquanto, logo que, sitivas, adjetivas, adverbiais.
depois que, assim que, sempre que, cada vez que,
agora que etc. z Coordenada aditiva: Ex.: Pagou a conta, ficando
Ex.: Assim que você sair, feche a porta, por favor. livre dos juros; 63
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z Substantiva apositiva: Ex.: Não mais se vê amigo � Orações subordinadas adjetivas coordenadas
ajudando um ao outro. (subjetiva) entre si
z Agora ouvimos artistas cantando no shopping. Ex.: A mulher que é compreensiva, mas que é
(objetiva direta); cautelosa, não faz tudo sozinha.
z Adjetiva: Ex.: Criança pedindo esmola dói o Oração subordinada adjetiva 1: que é compreensiva
coração; Oração subordinada adjetiva 2: mas que é
z Adverbial: Ex.: Temendo a reação do pai, não cautelosa;
contou a verdade.
� Orações subordinadas adverbiais coordenadas
entre si
Orações Reduzidas de Particípio Ex.: Não só quando estou presente, mas também
quando não estou, sou discriminado.
Podem ser adjetivas ou adverbiais. Oração subordinada adverbial 1: quando estou
presente
� Adjetiva: Ex.: A notícia divulgada pela mídia era falsa. Oração subordinada adverbial 2: quando não
Nosso planeta, ameaçado constantemente por estou;
nós mesmos, ainda resiste; � Orações coordenadas ou subordinadas no mes-
� Adverbiais: Ex.: Aceitas as condições, não have- mo período
ria problemas. (condicional) Ex.: Presume-se que as penitenciárias cumpram
Dada a notícia da herança, as brigas começaram. seu papel, no entanto a realidade não é assim.
(causal/temporal) Oração principal: Presume-se
Comprada a casa, a família se mudou logo. Oração subordinada subjetiva da principal: as
(temporal). penitenciárias cumpram seu papel
Oração coordenada sindética adversativa da ante-
O particípio concorda em gênero e número com os rior: no entanto a realidade não é assim.
termos referentes.
Essas orações reduzidas adverbiais são bem fre- CONCORDÂNCIA
quentes em provas de concurso.
Na elaboração da frase, as palavras relacionam-se
Períodos Mistos umas com as outras. Ao se relacionarem, elas obede-
cem a alguns princípios: um deles é a concordância.
São períodos que apresentam estruturas oracio- Observe o exemplo:
nais de coordenação e subordinação. A pequena garota andava sozinha pela cidade.
Assim, às vezes aparecem orações coordenadas A: Artigo, feminino, singular;
dentro de um conjunto de orações que são subordina- Pequena: Adjetivo, feminino, singular;
das a uma oração principal. Garota: Substantivo, feminino, singular.
Tanto o artigo quanto o adjetivo (ambos adjuntos
adnominais) concordam com o gênero (feminino) e o
9
1ª oração 2ª oração 3ª oração
-9

número (singular) do substantivo.


96

O homem entrou na que todos Na língua portuguesa, há dois tipos de concordân-


e pediu
.3

sala calassem. cia: verbal e nominal.


93
.0

verbo verbo verbo Concordância Verbal


06
-1

1ª oração: oração coordenada assindética. É a adaptação em número – singular ou plural –


a

2ª oração: oração coordenada sindética aditiva em e pessoa que ocorre entre o verbo e seu respectivo
lv

relação à 1ª oração e principal em relação à 3ª oração. sujeito.


Si

3ª oração: coordenada substantiva objetiva direta Ex.: De todos os povos mais plurais culturalmen-
da

em relação à 2ª oração. te, o Brasil, mesmo diante de opiniões contrárias, as


io

Resumindo: período composto por coordenação e quais insistem em desmentir que nosso país é cheio
v

subordinação. de ‘brasis’ – digamos assim –, ganha disparando dos


As orações subordinadas são coordenadas entre si,


O

outros, pois houve influências de todos os povos aqui:


ligadas ou não por conjunção. europeus, asiáticos e africanos.
ri
A

Esse período, apesar de extenso, constitui-se de


z Orações subordinadas substantivas coordena- um sujeito simples “o Brasil”, portanto o verbo cor-
das entre si respondente a esse sujeito, “ganha”, necessita ficar no
Ex.: Espero que você não me culpe, que não culpe singular.
meus pais, nem que culpe meus parentes. Destrinchando o período, temos que os termos
Oração principal: Espero. essenciais da oração (sujeito e predicado) são apenas
Oração coordenada 1: que você não me culpe. “[...] o Brasil [...]” – sujeito – e “[...] ganha [...]” – predi-
Oração coordenada 2: que não culpe meus pais. cado verbal.
Oração coordenada 3: nem que culpe meus parentes. Veja um caso de uso de verbo bitransitivo:
Ex.: Prefiro natação a futebol.
Verbo bitransitivo: Prefiro
Importante! Objeto direto: natação
Objeto indireto: a futebol
O segredo para classificar as orações é per-
ceber os conectivos (conjunções e pronomes
64 relativos).
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Concordância Verbal com o Sujeito Simples Apenas 1/3 das pessoas do mundo sabem o que é
viver bem.
Em regra geral, o verbo concorda com o núcleo do Apenas 30% do povo sabe o que é viver bem.
sujeito. Apenas 30% do povo sabem o que é viver bem.
Ex.: Os jogadores de futebol ganham um salário Os 30% da população não sabem o que é viver mal.
exorbitante. � Os verbos bater, dar e soar concordam com o
Diferentes situações: número de horas ou vezes, exceto se o sujeito for a
palavra relógio. Ex.: Deram duas horas, e ela não
z Quando o núcleo do sujeito for uma palavra de chegou (Duas horas deram...).
sentido coletivo, o verbo fica no singular. Ex.: A Bateu o sino duas vezes (O sino bateu).
multidão gritou entusiasmada; Soaram dez badaladas no relógio da sala (Dez
z Quando o sujeito é o pronome relativo que, o badaladas soaram).
verbo posterior ao pronome relativo concorda Soou dez badaladas o relógio da escola (O relógio
com o antecedente do relativo. Ex.: Quais os limi- da escola soou dez badaladas).
tes do Brasil que se situam mais próximos do z Quando o sujeito está em voz passiva sintética, o
Meridiano?; verbo concorda com o sujeito paciente. Ex.: Ven-
z Quando o sujeito é o pronome indefinido quem, o dem-se casas de veraneio aqui.
verbo fica na 3ª pessoa do singular. Ex.: Fomos nós Nunca se viu, em parte alguma, pessoa tão
quem resolveu a questão. interessada;
z Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o
Por questão de ênfase, o verbo pode também con- verbo fica sempre na 3ª pessoa. Ex.: Por que Vossa
cordar com o pronome reto antecedente. Ex.: Fomos Majestade está preocupada?
nós quem resolvemos a questão; Suas Excelências precisam de algo?
z Sujeito do verbo viver em orações optativas ou
z Quando o sujeito é um pronome interrogativo, exclamativas. Ex.: Vivam os campeões!
demonstrativo ou indefinido no plural + de nós /
de vós, o verbo pode concordar com o pronome no Concordância Verbal com o Sujeito Composto
plural ou com nós / vós. Ex.: Alguns de nós resol-
viam essa questão. / Alguns de nós resolvíamos � Núcleos do sujeito constituídos de pessoas grama-
essa questão; ticais diferentes
z Quando o sujeito é formado por palavras plurali- Ex.: Eu e ele nos tornamos bons amigos;
zadas, normalmente topônimos (Amazonas, férias, � Núcleos do sujeito ligados pela preposição com
Minas Gerais, Estados Unidos, óculos etc.), se hou- Ex.: O ministro, com seus assessores, chegou/che-
ver artigo definido antes de uma palavra plura- garam ontem;
lizada, o verbo fica no plural. Caso não haja esse � Núcleos do sujeito acompanhados da palavra cada
artigo, o verbo fica no singular. Ex.: Os Estados
ou nenhum
Unidos continuam uma potência.
Ex.: Cada jogador, cada time, cada um deve man-
z Estados Unidos continua uma potência.
ter o espírito esportivo;
z Santos fica em São Paulo. (Corresponde a: “A cida-
� Núcleos do sujeito sendo sinônimos e estando no
9
de de Santos fica em São Paulo.”)
-9

singular
96

Ex.: A angústia e a ansiedade não o ajudava/aju-


.3

davam (preferencialmente no singular);


Importante!
93

� Gradação entre os núcleos do sujeito


.0

Quando se aplica a nomes de obras artísticas, o Ex.: Seu cheiro, seu toque bastou/bastaram para
06

me acalmar (preferencialmente no singular);


verbo fica no singular ou no plural.
-1

� Núcleos do sujeito no infinitivo


Os Lusíadas imortalizou / imortalizaram Camões. Ex.: Andar e nadar faz bem à saúde;
a
lv

� Núcleos do sujeito resumidos por um aposto resu-


Si

mitivo (nada, tudo, ninguém)


z Quando o sujeito é formado pelas expressões mais
Ex.: Os pedidos, as súplicas, nada disso o comoveu;
da

de um, cerca de, perto de, menos de, coisa de, � Sujeito constituído pelas expressões um e outro,
io

obra de etc., o verbo concorda com o numeral. Ex.: nem um nem outro
v

Mais de um aluno compareceu à aula. Ex.: Um e outro já veio/vieram aqui;


Mais de cinco alunos compareceram à aula.


O

� Núcleos do sujeito ligados por nem... nem


Ex.: Nem a televisão nem a internet desviarão meu
ri
A

A expressão mais de um tem particularidades: foco nos estudos;


se a frase indica reciprocidade (pronome reflexivo � Entre os núcleos do sujeito, aparecem as palavras
recíproco se), se houver coletivo especificado ou se como, menos, inclusive, exceto ou as expressões
a expressão vier repetida, o verbo fica no plural. Ex.: bem como, assim como, tanto quanto
LÍNGUA PORTUGUESA

Mais de um irmão se abraçaram. Ex.: O Vasco ou o Corinthians ganhará o jogo na


Mais de um grupo de crianças veio/vieram à festa. final;
Mais de um aluno, mais de um professor esta- z Núcleos do sujeito ligados pelas séries correlativas
vam presentes. aditivas enfáticas (tanto... quanto / como / assim
como; não só... mas também etc.)
Ex.: Tanto ela quanto ele mantém/mantêm sua
z Quando o sujeito é formado por um número per-
popularidade em alta;
centual ou fracionário, o verbo concorda com o
numerado ou com o número inteiro, mas pode z Quando dois ou mais adjuntos modificam um úni-
concordar com o especificador dele. Se o numeral co núcleo, o verbo fica no singular concordando
vier precedido de um determinante, o verbo con- com o núcleo único. Mas, se houver determinante
cordará apenas com o numeral. Ex.: Apenas 1/3 após a conjunção, o verbo fica no plural, pois aí o
das pessoas do mundo sabe o que é viver bem. sujeito passa a ser composto. 65
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Ex.: O preço dos alimentos e dos combustíveis z Exemplos com verbos no infinitivo impessoal:
aumentou. Ou: O preço dos alimentos e o dos Devo continuar trabalhando nesse projeto. (locu-
combustíveis aumentaram. ção verbal)
Deixei-os brincar aqui. (pronome oblíquo átono
Concordância Verbal do Verbo Ser sendo sujeito do infinitivo).

� Concorda com o sujeito Quando o sujeito do infinitivo for um substantivo


Ex.: Nós somos unha e carne; no plural, usa-se tanto o infinitivo pessoal quanto o
� Concorda com o sujeito (pessoa) impessoal. “Mandei os garotos sair/saírem”.
Ex.: Os meninos foram ao supermercado; Navegar é preciso, viver não é preciso. (infinitivo
� Em predicados nominais, quando o sujeito for com valor genérico)
representado por um dos pronomes tudo, nada, São casos difíceis de solucionar. (infinitivo prece-
isto, isso, aquilo ou “coisas”, o verbo ser concor- dido de preposição de ou para)
dará com o predicativo (preferencialmente) ou Soldados, recuar! (infinitivo com valor de
com o sujeito imperativo)
Ex.: No início, tudo é/são flores;
� Concorda com o predicativo quando o sujeito for � Concordância do verbo parecer
que ou quem Flexiona-se ou não o infinitivo.
Ex.: Quem foram os classificados?; Pareceu-me estarem os candidatos confiantes. (o
� Em indicações de horas, datas, tempo, distância equivalente a “Pareceu-me que os candidatos esta-
(predicativo), o verbo concorda com o predicativo vam confiantes”, portanto, o infinitivo é flexiona-
Ex.: São nove horas. do de acordo com o sujeito, no plural)
É frio aqui. Eles parecem estudar bastante. (locução verbal,
Seria meio-dia e meia ou seriam doze horas?; logo o infinitivo será impessoal);
� O verbo fica no singular quando precede termos � Concordância dos verbos impessoais
como muito, pouco, nada, tudo, bastante, mais, São os casos de oração sem sujeito. O verbo fica
menos etc. junto a especificações de preço, peso, sempre na 3ª pessoa do singular.
quantidade, distância, e também quando seguido Ex.: Havia sérios problemas na cidade.
do pronome o Fazia quinze anos que ele havia se formado.
Ex.: Cem metros é muito para uma criança. Deve haver sérios problemas na cidade. (verbo
Divertimentos é o que não lhe falta. auxiliar fica no singular)
Dez reais é nada diante do que foi gasto; Trata-se de problemas psicológicos.
� Na expressão expletiva “é que”, se o sujeito da ora- Geou muitas horas no sul;
ção não aparecer entre o verbo ser e o que, o ser � Concordância com sujeito oracional
ficará invariável. Se o ser vier separado do que, o Quando o sujeito é uma oração subordinada, o
verbo concordará com o termo não preposiciona- verbo da oração principal fica na 3ª pessoa do
singular.
9
do entre eles.
-9

Ex.: Eles é que sempre chegam cedo. Ex.: Ainda vale a pena investir nos estudos.
96

São eles que sempre chegam cedo. Sabe-se que dois alunos nossos foram aprovados.
.3

Ficou combinado que sairíamos à tarde.


93

É nessas horas que a gente precisa de ajuda. (cons-


trução adequada) Urge que você estude.
.0

Era preciso encontrar a verdade


06

São nessas horas que a gente precisa de ajuda.


-1

(construção inadequada)
Casos mais Frequentes em Provas
a
lv

CASOS ESPECIAIS DE CONCORDÂNCIA VERBAL


Si

Veja agora uma lista com os casos mais abordados


em concursos:
da

Concordância do Infinitivo
io

� Sujeito posposto distanciado


v

z Exemplos com verbos no infinitivo pessoal:


Nós lutaremos até vós serdes bem tratados. (sujei- Ex.: Viviam no meio de uma grande floresta tropi-
O

to esclarecido) cal brasileira seres estranhos;


ri

Está na hora de começarmos o trabalho. (sujeito � Verbos impessoais (haver e fazer)


A

implícito “nós”) Ex.: Faz dois meses que não pratico esporte.
Falei sobre o desejo de aprontarmos logo o site. Havia problemas no setor.
Obs.: Existiam problemas no setor. (verbo existir
(dois pronomes implícitos: eu, nós)
vai ter sujeito “problemas”, e vai ser variável);
Até me encontrarem, vocês terão de procurar
� Verbo na voz passiva sintética
muito. (preposição no início da oração)
Ex.: Criaram-se muitas expectativas para a luta;
Para nós nos precavermos, precisaremos de luz.
� Verbo concordando com o antecedente correto
(verbos pronominais)
do pronome relativo ao qual se liga
Visto serem dez horas, deixei o local. (verbo ser
Ex.: Contratei duas pessoas para a empresa, que
indicando tempo)
tinham experiência;
Estudo para me considerarem capaz de aprova-
� Sujeito coletivo com especificador plural
ção. (pretensão de indeterminar o sujeito)
Ex.: A multidão de torcedores vibrou/vibraram;
Para vocês terem adquirido esse conhecimento,
foi muito tempo de estudo. (infinitivo pessoal com- � Sujeito oracional
posto: locução verbal de verbo auxiliar + verbo no Ex.: Convém a eles alterar a voz. (verbo no
66 particípio); singular);
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
� Núcleo do sujeito no singular seguido de adjun- Quando o adjetivo funcionar como adjunto adno-
to ou complemento no plural minal e estiver antes dos substantivos, poderá con-
Ex.: Conversa breve nos corredores pode gerar cordar apenas com o elemento mais próximo. Ex.:
atrito. (verbo no singular). Existem complicadas regras e conceitos.
Quando houver apenas um substantivo qualifica-
Casos Facultativos do por dois ou mais adjetivos pode-se:
Colocar o substantivo no plural e enumerar o ad-
z A multidão de pessoas invadiu/invadiram o jetivo no singular. Ex.: Ele estuda as línguas inglesa,
estádio; francesa e alemã.
z Aquele comediante foi um dos que mais me fez/ Colocar o substantivo no singular e, ao enumerar
fizeram rir; os adjetivos (também no singular), antepor um artigo
z Fui eu quem faltou/faltei à aula; a cada um, menos no primeiro deles. Ex.: Ele estuda a
z Quais de vós me ajudarão/ajudareis?; língua inglesa, a francesa e a alemã.
z “Os Sertões” marcou/marcaram a literatura
brasileira; z Com função de predicativo do sujeito
z Somente 1,5% das pessoas domina/dominam a
ciência. (1,5% corresponde ao singular); Com o verbo após o sujeito, o adjetivo concordará
z Chegaram/Chegou João e Maria; com a soma dos elementos.
z Um e outro / Nem um nem outro já veio/vieram Ex.: A casa e o quintal estavam abandonados.
aqui; Com o verbo antes do sujeito o predicativo do su-
z Eu, assim como você, odeio/odiamos a política jeito acompanhará a concordância do verbo, que por
brasileira; sua vez concordará tanto com a soma dos elementos
z O problema do sistema é/são os impostos; quanto com o nome mais próximo.
z Hoje é/são 22 de agosto;
Ex.: Estava abandonada a casa e o quintal. / Esta-
z Devemos estudar muito para atingir/atingirmos
vam abandonados a casa e o quintal.
a aprovação;
Como saber quando o adjetivo tem valor de adjun-
z Deixei os rapazes falar/falarem tudo.
to adnominal ou predicativo do sujeito? Substitua os
substantivos por um pronome:
Silepse de Número e de Pessoa
Ex.: Existem conceitos e regras complicados.
(substitui-se por “eles”)
Conhecida também como “concordância irregular,
Fazendo a troca, fica “Eles existem”, e não “Eles
ideológica ou figurada”. Vejamos os casos:
existem complicados”.
Como o adjetivo desapareceu com a substituição,
z Silepse de número: usa-se um termo discordando
então é um adjunto adnominal.
do número da palavra referente, para concordar
com o sentido semântico que ela tem. Ex.: Flor tem
z Com função de predicativo do objeto
vida muito curta, logo murcham. (ideia de plurali-
9
-9

dade: todas as flores);


Recomenda-se concordar com a soma dos substan-
96

z Silepse de pessoa: o autor da frase participa do


tivos, embora alguns estudiosos admitam a concor-
.3

processo verbal. O verbo fica na 1ª pessoa do plu-


93

ral. Ex.: Os brasileiros, enquanto advindos de dância com o termo mais próximo.
.0

diversas etnias, somos multiculturais. Ex.: Considero os conceitos e as regras complicados.


06

Tenho como irresponsáveis o chefe do setor e


-1

Concordância Nominal seus subordinados.


a
lv

Define-se como a adaptação em gênero e número Algumas Convenções


Si

que ocorre entre o substantivo (ou equivalente, como


da

o adjetivo) e seus modificadores (artigos, pronomes, � Obrigado / próprio / mesmo


Ex.: A mulher disse: “Muito obrigada”.
io

adjetivos, numerais).
v

O adjetivo e as palavras adjetivas concordam em A própria enfermeira virá para o debate.


gênero e número com o nome a que se referem. Elas mesmas conversaram conosco.
O

Ex.: Parede alta. / Paredes altas.


ri
A

Muro alto. / Muros altos. Dica


Casos com Adjetivos O termo mesmo no sentido de “realmente” será
invariável.
LÍNGUA PORTUGUESA

z Com função de adjunto adnominal: quando o Ex.: Os alunos resolveram mesmo a situação.
adjetivo funcionar como adjunto adnominal e esti-
ver após os substantivos, poderá concordar com z Só / sós
as somas desses ou com o elemento mais próximo. Variáveis quando significarem “sozinho” /
Ex.: Encontrei colégios e faculdades ótimas. / “sozinhos”.
Encontrei colégios e faculdades ótimos. Invariáveis quando significarem “apenas,
somente”.
Há casos em que o adjetivo concordará apenas Ex.: As garotas só queriam ficar sós. (As garotas
com o nome mais próximo, quando a qualidade per- apenas queriam ficar sozinhas.)
tencer somente a este. A locução “a sós” é invariável.
Ex.: Saudaram todo o povo e a gente brasileira. Ex.: Ela gostava de ficar a sós. / Eles gostavam de
Foi um olhar, uma piscadela, um gesto estranho ficar a sós; 67
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� Quite / anexo / incluso PLURAL DE COMPOSTOS
Concordam com os elementos a que se referem.
Ex.: Estamos quites com o banco. Substantivos
Seguem anexas as certidões negativas.
Inclusos, enviamos os documentos solicitados; O adjetivo concorda com o substantivo referen-
� Meio te em gênero e número. Se o termo que funciona
Quando significar “metade”: concordará com o como adjetivo for originalmente um substantivo fica
elemento referente. invariável.
Ex.: Rosas vermelhas e jasmins pérola. (pérola
Ex.: Ela estava meio (um pouco) nervosa.
também é um substantivo; mantém-se no singular)
Quando significar “um pouco”: será invariável.
Ternos cinza e camisas amarelas. (cinza também é
Ex.: Já era meio-dia e meia (metade da hora); um substantivo; mantém-se no singular)
� Grama
Quando significar “vegetação”, é feminino; quan- Adjetivos
do significar unidade de medida, é masculino.
Ex.: Comprei duzentos gramas de farinha. Quando houver adjetivo composto, apenas o últi-
“A grama do vizinho sempre é mais verde.”; mo elemento concordará com o substantivo referente.
� É proibido entrada / É proibida a entrada Os demais ficarão na forma masculina singular.
Se o sujeito vier determinado, a concordância do Se um dos elementos for originalmente um subs-
verbo e do predicativo do sujeito será regular, ou tantivo, todo o adjetivo composto ficará invariável.
seja, tanto o verbo quanto o predicativo concorda- Ex.: Violetas azul-claras com folhas verde-musgo.
rão com o determinante. No termo “azul-claras”, apenas “claras” segue o
Ex.: Caminhada é bom para a saúde. / Esta cami- plural, pois ambos são adjetivos.
nhada está boa. No termo “verde-musgo”, “musgo” permanece no
singular, assim como “verde”, por ser substantivo.
É proibido entrada de crianças. / É proibida a
Nesse caso, o termo composto não concorda com o
entrada de crianças.
plural do substantivo referente, “folhas”.
Pimenta é bom? / A pimenta é boa?;
Ex.: Calças rosa-claro e camisas verde-mar.
� Menos / pseudo O termo “claro” fica invariável porque “rosa” tam-
São invariáveis. bém pode ser um substantivo.
Ex.: Havia menos violência antigamente. O termo “mar” fica invariável por seguir a mesma
Aquelas garotas são pseudoatletas. / Seu argumen- lógica de “musgo” do exemplo anterior.
to é pseudo-objetivo;
� Muito / bastante Dica
Quando modificam o substantivo: concordam com
ele. Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qual-
Quando modificam o verbo: invariáveis. quer adjetivo composto iniciado por “cor-de” são
9
-9

Ex.: Muitos deles vieram. / Eles ficaram muito sempre invariáveis.


96

irritados. O adjetivo composto pele-vermelha tem os dois ele-


.3

Bastantes alunos vieram. / Os alunos ficaram bas- mentos flexionados no plural (peles-vermelhas).
93

tante irritados.
.0

Lista de Flexão dos Dois Elementos


06

Se ambos os termos puderem ser substituídos por


-1

“vários”, ficarão no plural. Se puderem ser substi-


� Nos substantivos compostos formados por pala-
tuídos por “bem”, ficarão invariáveis;
a

vras variáveis, especialmente substantivos e


lv

� Tal qual adjetivos:


Si

Tal concorda com o substantivo anterior; qual, segunda-feira – segundas-feiras;


da

com o substantivo posterior. matéria-prima – matérias-primas;


Ex.: O filho é tal qual o pai. / O filho é tal quais os
io

couve-flor – couves-flores;
v

pais. guarda-noturno – guardas-noturnos;


Os filhos são tais qual o pai. / Os filhos são tais primeira-dama – primeiras-damas;
O

quais os pais. � Nos substantivos compostos formados por


ri
A

z Silepse (também chamada concordância figurada) temas verbais repetidos:


É a que se opera não com o termo expresso, mas o corre-corre – corres-corres;
que está subentendido. pisca-pisca – piscas-piscas;
Ex.: São Paulo é linda! (A cidade de São Paulo é pula-pula – pulas-pulas.
linda!) Nestes substantivos também é possível a flexão
apenas do segundo elemento: corre-corres, pisca-
Estaremos aberto no final de semana. (Estaremos
-piscas, pula-pulas;
com o estabelecimento aberto no final de semana.)
Os brasileiros estamos esperançosos. (Nós, brasi-
Flexão Apenas do Primeiro Elemento
leiros, estamos esperançosos.);
� Possível z Nos substantivos compostos formados por subs-
Concordará com o artigo, em gênero e número, em tantivo + substantivo em que o segundo termo
frases enfáticas com o “mais”, o “menos”, o “pior”. limita o sentido do primeiro termo:
Ex.: Conheci crianças o mais belas possíveis. / decreto-lei – decretos-lei;
Conheci crianças as mais belas possíveis. cidade-satélite – cidades-satélite;
68 público-alvo – públicos-alvo;
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elemento-chave – elementos-chave. Regência Verbal
Nestes substantivos também é possível a flexão
dos dois elementos: decretos-leis, cidades-satélites, Relação de dependência entre um verbo e seu
públicos-alvos, elementos-chaves; complemento. As relações podem ser diretas ou indi-
z Nos substantivos compostos preposicionados: retas, isto é, com ou sem preposição.
cana-de-açúcar – canas-de-açúcar; Há verbos que admitem mais de uma regência sem
pôr do sol – pores do sol; que o sentido seja alterado.
fim de semana – fins de semana; Ex.: Aquela moça não esquecia os favores recebidos.
pé de moleque – pés de moleque. V. T. D: esquecia
Objeto direto: os favores recebidos.
Flexão Apenas do Segundo Elemento Aquela moça não se esquecia dos favores recebidos.
V. T. I.: se esquecia
� Nos substantivos compostos formados por tema Objeto indireto: dos favores recebidos.
verbal ou palavra invariável + substantivo ou No entanto, na Língua Portuguesa, há verbos que,
adjetivo: mudando-se a regência, mudam de sentido, alterando
bate-papo – bate-papos; seu significado.
quebra-cabeça – quebra-cabeças; Ex.: Neste país aspiramos ar poluídos.
arranha-céu – arranha-céus; (aspiramos = sorvemos)
ex-namorado – ex-namorados; V. T. D.: aspiramos
vice-presidente – vice-presidentes; Objeto direto: ar poluídos.
� Nos substantivos compostos em que há repeti- Os funcionários aspiram a um mês de férias.
ção do primeiro elemento: (aspiram = almejam)
zum-zum – zum-zuns; V. T. I.: aspiram
tico-tico – tico-ticos; Objeto indireto: a um mês de férias
lufa-lufa – lufa-lufas; A seguir, uma lista dos principais verbos que
reco-reco – reco-recos; geram dúvidas quanto à regência:
� Nos substantivos compostos grafados ligada-
mente, sem hífen: � Abraçar: transitivo direto
girassol – girassóis; Ex.: Abraçou a namorada com ternura.
O colar abraçava-lhe elegantemente o pescoço;
pontapé – pontapés;
� Agradar: transitivo direto; transitivo indireto
mandachuva – mandachuvas;
Ex.: A menina agradava o gatinho. (transitivo dire-
fidalgo – fidalgos;
to com sentido de “acariciar”)
� Nos substantivos compostos formados com
A notícia agradou aos alunos. (transitivo indireto
grão, grã e bel:
no sentido de “ser agradável a”);
grão-duque – grão-duques;
� Agradecer: transitivo direto; transitivo indireto;
grã-fino – grã-finos;
9
transitivo direto e indireto
-9

bel-prazer – bel-prazeres.
Ex.: Agradeceu a joia. (transitivo direto: objeto não
96

Não flexão dos elementos;


personificado)
.3

� Em alguns casos, não ocorre a flexão dos elementos


93

Agradeceu ao noivo. (transitivo indireto: objeto


formadores, que se mantêm invariáveis. Isso ocor-
personificado)
.0

re em frases substantivadas e em substantivos


06

Agradeceu a joia ao noivo. (transitivo direto e indi-


compostos por um tema verbal e uma palavra
-1

reto: refere-se a coisas e pessoas);


invariável ou outro tema verbal oposto: � Ajudar: transitivo direto; transitivo indireto
a

o disse me disse – os disse me disse;


lv

Ex.: Seguido de infinitivo intransitivo precedido da


Si

o leva e traz – os leva e traz; preposição a, rege indiferentemente objeto direto


o cola-tudo – os cola-tudo.
da

e objeto indireto.
Ajudou o filho a fazer as atividades. (transitivo direto)
io

REGÊNCIA Ajudou ao filho a fazer as atividades. (transitivo


v

indireto)
O

Regência é a maneira como o nome ou o verbo se Se o infinitivo preposicionado for intransitivo,


ri

relacionam com seus complementos, com ou sem pre- rege apenas objeto direto:
A

posição. Quando um nome (substantivo, adjetivo ou Ajudaram o ladrão a fugir.


advérbio) exige complemento preposicionado, esse Não seguido de infinitivo, geralmente rege objeto
nome é um termo regente, e seu complemento é um direto:
LÍNGUA PORTUGUESA

termo regido, pois há uma relação de dependência Ajudei-o muito à noite;


entre o nome e seu complemento. � Ansiar: transitivo direto; transitivo indireto
O nome exige um complemento nominal sempre ini- Ex.: A falta de espaço ansiava o prisioneiro. (tran-
ciado por preposição, exceto se o complemento vier em sitivo direto com sentido de “angustiar”)
forma de pronome oblíquo átono. Ansiamos por sua volta. (transitivo indireto com
Ex.: Os discípulos daquele mestre sempre lhe sentido de “desejar muito” – não admite “lhe”
foram leais. como complemento);
Observação: Complemento de “lhe”: predicativo � Aspirar: transitivo direto; transitivo indireto
do sujeito (desprovido de preposição) Ex.: Aspiramos o ar puro das montanhas. (transiti-
Pronome oblíquo átono: lhe vo direto com sentido de “respirar”)
Foram leais: complemento de “lhe”, predicativo do Sempre aspiraremos a dias melhores. (transitivo
sujeito (desprovido de preposição). indireto no sentido de “desejar”); 69
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� Assistir: transitivo direto; transitivo indireto � Obedecer/desobedecer: transitivos indiretos
Ex.: - Transitivo direto ou indireto no sentido de Ex.: Obedeçam à sinalização de trânsito.
“prestar assistência” Não desobedeçam à sinalização de trânsito;
O médico assistia os acidentados. � Pagar: transitivo direto; transitivo indireto; transi-
O médico assistia aos acidentados. tivo direto e indireto
Ex.: Você já pagou a conta de luz? (transitivo direto)
- Transitivo direto no sentido de “ver, presenciar”
Você pagou ao dono do armazém? (transitivo
Não assisti ao final da série;
indireto).
Vou pagar o aluguel ao dono da pensão. (transitivo
O verbo assistir não pode ser empregado no particípio. direto e indireto);
É incorreta a forma “O jogo foi assistido por milha- � Perdoar: transitivo direto; transitivo indireto;
res de pessoas.” transitivo direto e indireto
Ex.: Perdoarei as suas ofensas. (transitivo direto)
� Casar: intransitivo; transitivo indireto; transitivo A mãe perdoou à filha. (transitivo indireto)
direto e indireto Ela perdoou os erros ao filho. (transitivo direto e
Ex.: Eles casaram na Itália há anos. (intransitivo) indireto);
A jovem não queria casar com ninguém. (transiti- � Suceder: intransitivo; transitivo direto
Ex.: O caso sucedeu rapidamente. (intransitivo no
vo indireto)
sentido de “ocorrer”).
O pai casou a filha com o vizinho. (transitivo dire- A noite sucede ao dia. (transitivo direto no sentido
to e indireto); de “vir depois”).
� Chamar: transitivo direto; transitivo seguido de
predicativo do objeto Regência Nominal
Ex.: Chamou o filho para o almoço. (transitivo dire-
to com sentido de “convocar”); Alguns nomes (substantivos, adjetivos e advér-
Chamei-lhe inteligente. (transitivo seguido de pre- bios) exigem complementos preposicionados, exceto
dicativo do objeto com sentido de “denominar, quando vêm em forma de pronome oblíquo átono.
qualificar”);
� Custar: transitivo indireto; transitivo direto e indi- Advérbios Terminados em “Mente”
reto; intransitivo
Ex.: Custa-lhe crer na sua honestidade. (transitivo Os advérbios derivados de adjetivos seguem a
indireto com sentido de “ser difícil”) regência dos adjetivos:
A imprudência custou lágrimas ao rapaz. (transiti- análoga / analogicamente a
vo direto e indireto: sentido de “acarretar”) contrária / contrariamente a
Este vinho custou trinta reais. (intransitivo); compatível / compativelmente com
diferente / diferentemente de
� Esquecer: admite três possibilidades
favorável / favoravelmente a
Ex.: Esqueci os acontecimentos. paralela / paralelamente a
Esqueci-me dos acontecimentos. próxima / proximamente a/de
9
Esqueceram-me os acontecimentos; relativa / relativamente a
-9

� Implicar: transitivo direto; transitivo indireto;


96

transitivo direto e indireto Proposições Semelhantes a Primeira Sílaba dos


.3

Ex.: A resolução do exercício implica nova teoria. Nomes a que se Referem


93

(transitivo direto com sentido de “acarretar”)


.0

Mamãe sempre implicou com meus hábitos. Alguns nomes regem preposições semelhantes a
06

(transitivo indireto com sentido de “mostrar má sua primeira sílaba. Vejamos:


-1

disposição”) dependente, dependência de


a

Ele implicou-se em negócios ilícitos. (transitivo inclusão, inserção em


lv

inerente em/a
Si

direto e indireto com sentido de envolver-se”);


� Informar: transitivo direto e indireto descrente de/em
da

desiludido de/com
Ex.: Referente à pessoa: objeto direto; referente à
desesperançado de
io

coisa: objeto indireto, com as preposições de ou desapego de/a


v

sobre convívio com


O

Informaram o réu de sua condenação. convivência com


ri

Informaram o réu sobre sua condenação. demissão, demitido de


A

Referente à pessoa: objeto direto; referente à coi- encerrado em


sa: objeto indireto, com a preposição a enfiado em
Informaram a condenação ao réu; imersão, imergido, imerso em
� Interessar-se: verbo pronominal transitivo indi- instalação, instalado em
reto, com as preposições em e por interessado, interesse em
Ex.: Ela interessou-se por minha companhia; intercalação, intercalado entre
supremacia sobre
� Namorar: intransitivo; transitivo indireto; transi-
tivo direto e indireto CRASE
Ex.: Eles começaram a namorar faz tempo. (intran-
sitivo com sentido de “cortejar”) Outro assunto que causa grande dúvida é o uso da
Ele vivia namorando a vitrine de doces. (transitivo crase, fenômeno gramatical que corresponde à junção
indireto com sentido de “desejar muito”) da preposição a + artigo feminino definido a, ou da
“Namorou-se dela extremamente.” (A. Gar- junção da preposição a + os pronomes relativos aque-
ret) (transitivo direto e indireto com sentido de le, aquela ou aquilo. Representa-se graficamente pela
70 “encantar-se”); marcação (`) + (a) = (à).
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Ex.: Entregue o relatório à diretoria. Macete de crase:
Refiro-me àquele vestido que está na vitrine. Se vou a; Volto da = Crase há!
Regra geral: haverá crase sempre que o termo Se vou a; Volto de = Crase pra quê?
antecedente exija a preposição a e o termo conse- Ex.: Vou à escola / Volto da escola.
quente aceite o artigo a. Vou a Fortaleza / Volto de Fortaleza;
Ex.: Fui à cidade (a + a = preposição + artigo)
Conheço a cidade (verbo transitivo direto: não exi- � Antes de forma verbal infinitiva
ge preposição). Ex.: Os produtos começaram a chegar.
Vou a Brasília (verbo que exige preposição a + “Os homens, dizendo em certos casos que vão falar
palavra que não aceita artigo). com franqueza, parecem dar a entender que o
Essas dicas são facilitadoras quanto à orientação fazem por exceção de regra.” (MM);
no uso da crase, mas existem especificidades que aju- � Antes de expressão de tratamento
dam no momento de identificação: Ex.: O requerimento foi direcionado a Vossa
Excelência;
Casos Convencionados � No a (singular) antes de palavra no plural, quando
a regência do verbo exigir preposição
z Locuções adverbiais formadas por palavras Ex.: Durante o filme assistimos a cenas chocantes;
femininas: � Antes dos pronomes relativos quem e cuja
Ex.: Ela foi às pressas para o camarim. Ex.: Por favor, chame a pessoa a quem entregamos
Entregou o dinheiro às ocultas para o ministro. o pacote.
Espero vocês à noite na estação de metrô. Falo de alguém a cuja filha foi entregue o prêmio;
Estou à beira-mar desde cedo; � Antes de pronomes indefinidos alguma, nenhu-
z Locuções prepositivas formadas por palavras ma, tanta, certa, qualquer, toda, tamanha
femininas: Ex.: Direcione o assunto a alguma cláusula do
Ex.: Ficaram à frente do projeto; contrato.
z Locuções conjuntivas formadas por palavras Não disponibilizaremos verbas a nenhuma ação
femininas: suspeita de fraude.
Ex.: À medida que o prédio é erguido, os gastos vão Eles estavam conservando a certa altura.
aumentando; Faremos a obra a qualquer custo.
� Quando indicar marcação de horário, no plural A campanha será disponibilizada a toda a comunidade;
Ex.: Pegaremos o ônibus às oito horas. � Antes de demonstrativos
Fique atento ao seguinte: entre números teremos Ex.: Não te dirijas a essa pessoa;
que de = a / da = à, portanto: � Antes de nomes próprios, mesmo femininos, de
Ex.: De 7 as 16 h. De quinta a sexta. (sem crase) personalidades históricas
Das 7 às 16 h. Da quinta à sexta. (com crase); Ex.: O documentário referia-se a Janis Joplin;
� Antes dos pronomes pessoais retos e oblíquos
9
� Com os pronomes relativos aquele, aquela ou
-9

aquilo: Ex.: Por favor, entregue as frutas a ela.


96

Ex.: A lembrança de boas-vindas foi reservada O pacote foi entregue a ti ontem;


.3

àquele outono. � Nas expressões tautológicas (face a face, lado a


93

Por favor, entregue as flores àquela moça que está lado)


.0

Ex.: Pai e filho ficaram frente a frente no tribunal


06

sentada.
de justiça;
-1

Dedique-se àquilo que lhe faz bem;


� Antes das palavras casa, Terra ou terra, distância
a

� Com o pronome demonstrativo a antes de que ou sem determinante


lv

de:
Si

Ex.: Precisa chegar a casa antes das 22h.


Ex.: Referimo-nos à que está de preto. Astronauta volta a Terra em dois meses.
da

Referimo-nos à de preto; Os pesquisadores chegaram a terra depois da


io

� Com o pronome relativo a qual, as quais: expedição marinha.


v

Ex.: A secretária à qual entreguei o ofício acabou Vocês o observaram a distância.


O

de sair.
ri

As alunas às quais atribuí tais atividades estão de Crase Facultativa


A

férias.
Nestes casos, podemos escrever as palavras das
Casos Proibitivos duas formas: utilizando ou não a crase. Para entender
LÍNGUA PORTUGUESA

detalhadamente, observe as seguintes dicas:


Em resumo, seguem-se as dicas abaixo para melhor
orientação de quando não usar a crase. � Antes de nomes de mulheres comuns ou com quem
se tem proximidade
� Antes de nomes masculinos Ex.: Ele fez homenagem a/à Bárbara;
Ex.: “O mundo intelectual deleita a poucos, o mate- � Antes de pronomes possessivos no singular
rial agrada a todos.” (MM) Ex.: Iremos a/à sua residência;
O carro é movido a álcool. � Após preposição até, com ideia de limite
Venda a prazo; Ex.: Dirija-se até a/à portaria.
� Antes de palavras femininas que não aceitam “Ouvindo isto, o desembargador comoveu-se até
artigos às (ou “as”) lágrimas, e disse com mui estranho
Ex.: Iremos a Fortaleza. afeto.” (CBr. 1, 67) 71
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Casos Especiais „ Gerúndio, precedido da preposição em. Ex:
Em se tratando de futebol, Maradona foi um
Veremos a seguir alguns casos que fogem à regra. ídolo.
Quando se relacionar a instrumentos cujos nomes „ Infinitivo pessoal preposicionado. Ex.: Na
forem femininos, normalmente a crase não será utili- esperança de sermos ouvidos, muito lhe
zada. Porém, em alguns casos, utiliza-se a crase para
agradecemos.
evitar ambiguidades.
„ Orações interrogativas, exclamativas, opta-
Ex.: Matar a fome. (Quando “fome” for objeto direto).
Matar à fome. (Quando “fome” for advérbio de tivas (exprimem desejo). Ex.: Como te iludes!
instrumento).
Fechar a chave. (Quando “chave” for objeto direto). z Mesóclise: pronome posicionado no meio do ver-
Fechar à chave. (Quando “chave” for advérbio de bo. Casos que atraem o pronome para mesóclise:
instrumento).
„ Os pronomes devem ficar no meio dos verbos
Quando Usar ou Não a Crase em Sentenças com que estejam conjugados no futuro, caso não
Nomes de Lugares haja nenhum motivo para uso da próclise. Ex.:
Dar-te-ei meus beijos agora... / Orgulhar-me-ei
z Regidos por preposições de, em, por: não se usa crase dos nossos estudantes.
Ex.: Fui a Copacabana. (Venho de Copacabana,
moro em Copacabana, passo por Copacabana); z Ênclise: pronome posicionado após o verbo. Casos
� Regidos por preposições da, na, pela: usa-se crase
que atraem o pronome para ênclise:
Ex.: Fui à Bahia. (Venho da Bahia, moro na Bahia,
passo pela Bahia).
„ Início de frase ou período. Ex.: Sinto-me mui-
Macetes to honrada com esse título.
„ Imperativo afirmativo. Ex.: Sente-se, por
z Haverá crase quando o “à” puder ser substituído favor.
por ao, da na, pela, para a, sob a, sobre a, contra „ Advérbio virgulado. Ex.: Talvez, diga-me o
a, com a, à moda de, durante a; quanto sou importante.
z Quando o de ocorre paralelo ao a, não há crase.
Quando o da ocorre paralelo ao à, há crase; Casos proibidos:
z Na indicação de horas, quando o “à uma” puder
ser substituído por às duas, há crase. Quando o a „ Início de frase: Me dá esse caderno! (errado) /
uma equivaler a a duas, não ocorre crase; Dá-me esse caderno! (certo).
z Usa-se a crase no “a” de àquele(s), àquela(s) e àqui-
„ Depois de ponto e vírgula: Falou pouco; se lem-
lo quando tais pronomes puderem ser substituídos
9
brou de nada (errado) / Falou pouco; lembrou-
-9

por a este, a esta e a isto;


-se de nada (correto).
96

z Usa-se crase antes de casa, distância, terra e


„ Depois de particípio: Tinha lembrado-se do fato
.3

nomes de cidades quando esses termos estiverem


93

acompanhados de determinantes. Ex.: Estou à dis- (errado) / Tinha se lembrado do fato (correto).
.0

tância de 200 metros do pico da montanha.


06
-1

A compreensão da crase vai muito além da estética


a

gramatical, pois serve também para evitar ambigui- COESÃO E COERÊNCIA


lv

dades comuns, como o caso seguinte: Lavando a mão.


Si

Nessa ocasião, usa-se a forma “Lavando a mão”, Ao elaborarmos um texto, devemos buscar organi-
da

pois “a mão” é o objeto direto, e, portanto, não exi- zar as ideias apresentadas de modo a torná-lo coeso e
io

ge preposição. Usa-se a forma “à mão” em situações


coerente. Porém, como fazer para que essa organiza-
v

como “Pintura feita à mão”, já que “à mão” seria o


ção mantenha esse padrão? Para descobrir, primeiro


O

advérbio de instrumento da ação de pintar.


é preciso esclarecer o que é coesão e o que é coerência
ri
A

e por que buscar esse padrão é importante.


Os textos não são somente um aglomerado de pala-
COLOCAÇÃO PRONOMINAL vras e frases escritas. Suas partes devem ser articula-
das e organizadas harmoniosamente de maneira que
Estudo da posição dos pronomes na oração.
o texto faça sentido como um todo. A ligação, a rela-
ção, os nexos entre essas partes estabelecem o que se
z Próclise: pronome posicionado antes do verbo.
chama de coesão textual. Os articuladores responsá-
Casos que atraem o pronome para próclise:
veis por essa “costura” do tecido (tessitura) do texto
„ Palavras negativas: nunca, jamais, não. Ex.: são conhecidos como recursos coesivos que devem ser
Não me submeto a essas condições. articulados de forma que garanta uma relação lógica
„ Pronomes indefinidos, demonstrativos, rela- entre as ideias, fazendo com que o texto seja inteli-
tivos. Ex: Foi ela que me colocou nesse papel. gível e faça sentido em determinado contexto. A res-
„ Conjunções subordinativas. Ex.: Embora se peito disso, temos a coerência textual, que está ligada
apresente como um rico investidor, ele nada diretamente à significação do texto, aos sentidos que
72 tem. ele produz para o leitor.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
COESÃO COERÊNCIA O Rocky Balboa era um humilde lutador de bairro, que
vivia de suas discretas lutas, no início de sua carreira.
Utiliza-se de elementos su- Subjacente ao texto, enfa- Segundo seu treinador Mickey, Rocky era um jovem pro-
perficiais, dando-se ênfase tiza-se o conteúdo e a pro- missor, mas nunca se interessou realmente em evoluir,
na forma e na articulação dução de sentido/relação preferiu trabalhar para um agiota italiano chamado Tony
entre as ideias lógica Gazzo, com quem manteve uma certa amizade. Gazzo
gostava de Rocky por ele ser descendente de italiano e
Podemos usar uma metáfora muito interessante o ajudou dando US$ 500,00 para o seu treinamento, na
quando se trata de compreender os processos de coe- primeira luta que fez com Apollo Creed.
são e coerência. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Rocky_Balboa. Acesso em: 30
Essa metáfora nos leva a comparar um texto com um set. 2020. Adaptado.
prédio. Tal qual uma boa construção precisa de um bom
alicerce para manter-se em pé, um texto bem construí- A partir da leitura, podemos perceber que todos os
do depende da organização das nossas ideias, da forma termos destacados fazem referência a um mesmo refe-
como elas estão dispostas no texto. Isso significa que pre-
rente: Rocky Balboa. O processo de referenciação utiliza-
cisamos utilizar adequadamente os processos coesivos,
do foi o uso de anáforas que assumem variadas formas
a fim de defendermos nossas ideias adequadamente.
Por isso, neste capítulo, iremos apresentar as prin- gramaticais e buscam conectar as ideias do texto.
cipais formas de marcação, em um texto, de processos Já os processos referenciais catafóricos apontam
que buscam organizar as ideias em um texto, princi- para porções textuais que ainda não foram mencio-
palmente, os processos de coesão que, como dissemos, nadas anteriormente no texto, conforme o exemplo a
apresentam um apelo mais forte às formas linguísti- seguir: “Os documentos requeridos para os candidatos
cas que os processos envolvendo a coerência. são estes: Identidade, CPF, Título de eleitor e reservista”
Antes, porém, faz-se mister indicar mais algumas
características da coerência em um texto e como esse Dica
processo liga-se não apenas às formas gramaticais,
mas, sobretudo, ao forte teor cognitivo. Tendo em Em provas de concursos e seleções, ainda se
vista que a coerência é construída, tal qual o sentido, encontra a terminologia “expressões referenciais
coletivamente, não por acaso, o grande linguista e catafóricas”, remetendo ao uso já indicado no
estudioso da língua portuguesa, Luis Antonio Marcus- material. No entanto, é importante salientar que,
chi (2007) afirmou que a coerência é “algo dinâmico para linguistas e estudiosos, as anáforas são os
que se encontra mais na mente que no texto”. processos referenciais que recuperam e/ou apon-
Dito isso, usamos as palavras de Cavalcante (2013)
tam para porções textuais.
para esclarecer ainda mais o conceito de coerência e
passarmos ao estudo detalhado dos processos de coe-
são. A autora afirma que a coerência: Uso de Pronomes ou Pronominalização

[...] Não está no texto em si; não nos é possível Utilizar pronomes para manter a coesão de um
texto é essencial, evitando-se repetições desnecessá-
9
apontá-la, destacá-la ou sublinhá-la. Ela se constrói
-9

[...] numa dada situação comunicativa, na qual o rias que tornam o texto cansativo para o leitor. Como
96

leitor, com base em seus conhecimentos sociocogni- a classe de pronomes é vasta, vamos enfatizar neste
.3

tivos e interacionais e na materialidade linguística, estudo os principais pronomes utilizados em recursos


93

confere sentido ao que lê (2013, p. 31). textuais para manter a coesão.


A pronominalização é a base de recursos anafó-
.0
06

A seguir iremos nos deter aos processos de coesão ricos que recuperam porções textuais ou ainda um
nome específico a que o autor faz referência no texto.
-1

importantes para uma boa compreensão e elaboração


textual. É importante destacar que esses processos Vejamos dois exemplos:
a
lv

de coesão não podem ser dissociados da construção


Si

de sentidos implícita no processo de organização da O primeiro debate entre Donald Trump e Joe Biden
da

coerência. No entanto, como nossa finalidade é tornar foi quente, com diversas interrupções e acusações
seu aprendizado mais fácil, separamos esses conceitos pesadas. […] O primeiro ponto discutido foi a indica-
io

com fins estritamente didáticos. ção de Trump da juíza conservadora Amy Barrett para
v

a Suprema Corte, depois da morte de Ruth Bader Gins-


O

COESÃO REFERENCIAL burg. O presidente defendeu que tem esse direito, pois
ri

os republicanos têm maioria no Senado [Casa que ratifi-


A

A coesão é marcada por processos referenciais ca essa escolha] e criticou os democratas, dizendo “que
relaciona termos e ideias a partir de mecanismos que eles ainda não aceitaram que perderam a eleição”. […].
inserem ou retomam uma porção textual. Os pro- O segundo ponto discutido foi a covid-19. Os EUA
LÍNGUA PORTUGUESA

cessos marcados pela referenciação caracterizam-se são o país mais atingido pela pandemia - são 7 milhões
pela construção de referentes em um texto, os quais de casos e mais de 200 mil mortos. O âncora Chris Wal-
se relacionam com as ideias defendidas no texto. Esse lace perguntou aos dois o que eles fariam até que uma
processo é marcado por vocábulos gramaticais e pode
vacina aparecesse. Biden atacou o republicano dizendo
ser reconhecido pelo uso de algumas classes de pala-
que Trump “não tem um plano para essa tragédia”. Já
vras, das quais falaremos a seguir.
Trump começou sua resposta atacando a China - “deve-
Antes, porém, faz-se mister reconhecer os proces-
riam ter fechado suas fronteiras no começo” -, colocou
sos referenciais que envolvem o uso de expressões
em dúvida as estatísticas da Rússia e da própria China
anafóricas e catafóricas. Conforme Cavalcante (2013),
e, com pouca modéstia, disse que fez um “excelente tra-
“as expressões que retomam referentes já apresentados
balho” nesse momento dos EUA.
no texto por outras expressões são chamadas de anáfo-
ras”. Vejamos o exemplo a seguir: Fonte: https://br.noticias.yahoo.com/eleicoes-eua-
debate-025314998.html. Acesso em: 30 set. 2020. Adaptado. 73
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Após a leitura do texto, é possível notar que a recu- Uso de Nominalização
peração da informação apresentada é feita a partir de
muitos processos de coesão, porém, o uso dos prono- As expressões que retomam ideias e nomes, já apre-
mes destacados recupera o assunto informado e ajuda sentados no texto, mediante outras formas de expressão,
o leitor a construir seu posicionamento. É importante podem ser analisadas como processos nominalizadores,
buscar sempre o elemento a que o pronome faz refe- incluindo substantivos, adjetivos e outras classes nominais.
Essas expressões recuperam informações median-
rência; por exemplo, o primeiro pronome pessoal
te novos nomes inseridos no texto, ou ainda, com o
destacado no texto refere-se ao termo “democratas”,
uso de pronomes, conforme vimos anteriormente.
já o segundo, faz referência aos presidenciáveis que Vejamos um exemplo:
participavam do debate. Nota-se, com isso, que esses
pronomes apontam para uma parcela objetiva do tex-
to, diferente do pronome “essa”, associado ao subs- Antonio Carlos Belchior, mais conhecido como Belchior
tantivo “tragédia”, que recupera uma parcela textual foi um cantor, compositor, músico, produtor, artista plásti-
maior, fazendo referência ao momento de pandemia co e professor brasileiro. Um dos membros do chamado
pelo qual o mundo passa. Pessoal do Ceará, que inclui Fagner, Ednardo, Amelinha e
outros. Bel foi um dos primeiros cantores de MPB do nor-
O uso de pronomes pode ser um aliado na construção
deste brasileiro a fazer sucesso internacional, em meados
da coesão, porém, o uso inadequado pode gerar ambi-
da década de 1970.
guidades, ocasionando o efeito oposto e prejudicando a
coesão. Ex.: Encontrei Matheus, Pedro e sua mulher. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Belchior. Acesso em: 30 set.
2020. Adaptado.
Não é possível saber qual dos homens estava
acompanhado.
Todas as marcações em negrito fazem referência ao
Por fim, destacamos que as classes de palavras
nome inicial Antônio Carlos Belchior; os termos que se
relacionadas neste capítulo com os processos de coe- referem a esse nome inicial são expressões nominaliza-
são não podem ser vistas apenas sob a ótica descriti- doras que servem para ligar ideias e construir o texto.
va-normativa, amplamente estudada nas gramáticas
escolares. O interesse das principais bancas de con- Uso de Adjetivos
cursos públicos é avaliar a capacidade interpreta-
tiva e racional dos candidatos, dessa feita, a análise Os adjetivos também são considerados expressões
de processos coesivos visa analisar a capacidade do nominalizadoras que fazem referência a uma porção
candidato de reconhecer a que e qual elemento está textual ou a uma ideia referida no texto. No exemplo
construindo as referências textuais. acima, a oração “Belchior foi um cantor, compositor,
músico, produtor, artista plástico e professor” apre-
Uso de Numerais senta seis nomes que funcionam como adjetivos de
Belchior e, ao mesmo tempo, acrescentam informações
Conforme mencionamos anteriormente, o uso de sobre essa personalidade, referida anteriormente.
categorias gramaticais concorre para a progressão tex- É importante recordar que não podemos identifi-
9
tual; uma das classes gramaticais que auxilia esse pro- car uma classe de palavra sem avaliar o contexto em
-9

que ela está inserida. No exemplo mencionado, as


96

cesso é o uso de numerais.


Neste subtópico, iremos focar no valor coesivo que palavras cantor, compositor, músico, produtor, artis-
.3

ta, professor são substantivos que funcionam como


93

essa classe promove, auxiliando na ligação de ideias


adjetivos e colaboram na construção textual.
.0

em um texto. Dessa forma, as expressões quantitati-


06

vas, em algumas circunstâncias, retomam dados ante-


Uso de Verbos Vicários
-1

riores numa relação de coesão.


Ex.: Foram deixados dois avisos sobre a mesa: o pri-
a
lv

meiro era para os professores, o segundo para os alunos. O vocábulo vicário é oriundo do latim vicarius e
Si

As formas destacadas são numerais ordinais que significa “fazer as vezes”; assim, os verbos vicários
recuperam informação no texto, evitando a repetição são verbos usados em substituição de outros que já
da

de termos e auxiliando no desenvolvimento textual. foram muito utilizados no texto.


io

Ex.: A disputa aconteceu, mas não foi como nós


v

esperávamos.

Uso de Advérbios
O

O verbo “acontecer” foi substituído na segunda


oração pelo verbo “foi”.
ri

Muitos advérbios auxiliam no processo de recupe-


A

ração e instauração de ideias no texto, auxiliando o


processo de coesão. As formas adverbias que marcam ALGUNS VERBOS VICÁRIOS IMPORTANTES
tempo e espaço podem também ser denominadas de
Ser: “Ele trabalha, porém não é tanto assim”
marcadores dêiticos, caso dos seguintes elementos:
Hoje, aqui, acolá, amanhã, ontem... Fazer: “Poderíamos concordar plenamente, mas não o
Perceba que esses advérbios só podem ser associa- fizemos”
dos a um referente se forem instaurados no discurso, Aceitar: “Se ele não acatar a promoção não aceita por
isto é, se mantiverem associação com as pessoas que falta de interesse”
produzem as falas. Assim, uma pessoa que lê “hoje Foi: “Se desistiu da vaga, foi por motivos pessoais”
não haverá aula” em um cartaz na porta de uma sala
compreenderá que a marcação temporal refere-se Uso de Elipse
ao momento em que a leitura foi realizada. Por isso,
esses elementos são conhecidos como dêiticos. A elipse é uma forma de omissão de uma informa-
Independentemente de como são chamados, esses ção já mencionada no texto. Geralmente, estudamos
elementos colaboram para a ligação de ideias no tex- a elipse mais detalhadamente na seção de figuras de
74 to, auxiliando também a construção da coesão textual. linguagem de uma gramática. Neste material, iremos
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nos deter a maiores aspectos da elipse também nes- Perceba que as ideias ligadas pelas conjunções
sa seção. Aqui é importante salientar as propriedades precisam manter uma relação contextual, estabeleci-
recategorizadoras e referenciais da elipse, com o pro- da pela coerência e demonstrada pela coesão. Por isso,
pósito de manter a coesão textual. orações como esta: “Não gosto de festas de aniversá-
Conforme Antunes (2005, p. 118), a elipse como rio, mas não vou à sua” estão equivocadas, pois as
recurso coesivo “corresponde à estratégia de se omitir ideias ligadas não estabelecem uma relação de adver-
um termo, uma expressão ou até mesmo uma sequência sidade, como demonstra a conjunção “mas”.
maior (uma frase inteira, por exemplo) já introduzidos
anteriormente em outro segmento do texto, mas recu- Conjunções Subordinativas
perável por marcas do próprio contexto verbal”. Veja-
mos como ocorre, a partir do segmento abaixo: Tais quais as conjunções coordenativas, as subor-
dinativas estabelecem uma ligação entre as ideias
“O Brasil evoluiu bastante des- apresentadas num texto, porém, diferentemente
de o início do século XXI. O país daquelas, estas ligam ideias apresentadas em orações
proporcionou a inclusão social de subordinadas, ou seja, orações que precisam de outra
muitas pessoas. A nação obteve Sem Elipse para terem o sentido apreendido.
notoriedade internacional por cau- Exemplos de conjunções subordinativas atuando
sa disso. A pátria, porém, ainda na coesão:
enfrenta certas adversidades...”
“O Brasil evoluiu bastante desde o Como não havia estudado su-
início do século XXI e proporcionou CAUSAL ficiente, resolvi não fazer essa
a inclusão social de muitas pessoas, prova
Com Elipse
por causa disso obteve notoriedade
Falaram tão mal do filme que ele
internacional, porém ainda enfrenta CONSECUTIVA
nem entrou em cartaz
certas adversidades...”
COMPARATIVA Trabalhou como um escravo
COESÃO SEQUENCIAL
Conforme o Ministro da Eco-
A coesão sequencial é responsável por organizar a CONFORMATIVA nomia, os concursos não irão
progressão temática do texto, isto é, garantir a manu- acabar
tenção do tema tratado pelo texto de maneira a pro-
mover a evolução do debate assumido pelo autor. Ainda que vivamos um período
Essa coesão pode ser garantida, em um texto, a CONCESSIVA de poucos concursos, não pode-
partir de locuções que marcam tempo, conjunções, mos desanimar
desinências e modos verbais. Neste material, iremos
Se estudarmos, conseguiremos
nos deter, sobretudo, aos processos de conjunções que CONDICIONAL
ser aprovados!
são utilizadas para garantir a progressão textual.
9
-9

À proporção que aumentava


96

Conjunções Coordenativas PROPORCIONAL seus horários de estudo, mais


.3

forte o candidato se tornava


93

As conjunções coordenativas são aquelas que


.0

ligam orações coordenadas, ou seja, orações de valor Estudava sempre com afinco, a
FINAL
06

semântico independente. Na construção textual, elas fim de ser aprovado


-1

são importantes, pois, com seus valores, adicionam


Quando o edital for publicado, já
a

informações relevantes ao texto. TEMPORAL


lv

Exemplos de conjunções coordenativas atuando estarei adiantado nos estudos


Si

na coesão:
da

Importante!
io

Não apenas conversava com


v

Não confundir:

ADITIVA os demais alunos como tam-


O

bém atrapalhava o professor Afim de – Relativo à afinidade, semelhança:


ri

Eram ideias interessantes, po- “Física e Química são disciplinas afins”.


A

ADVERSATIVA rém ninguém concordou com A fim de – Relativo a ter finalidade, ter como obje-
elas tivo, com desejo de: “Estou a fim de comer pastel”.
Superou o estigma que pregava
LÍNGUA PORTUGUESA

ALTERNATIVAS “ou estuda, ou trabalha” e conse- Conjunções Integrantes


guiu ser aprovada
Ao final, faça os exercícios, As conjunções integrantes fazem parte das orações
EXPLICATIVA pois é uma forma de praticar o subordinadas, na realidade, elas apenas integram,
que aprendeu ligam uma oração principal a outra, subordinada.
Como podemos notar, o papel dessas conjunções é
O candidato não cumpriu sua
essencialmente coesivo, tendo em vista que elas são
CONCLUSIVA promessa. Ficamos, portanto,
“peças” que unem as orações. Existem apenas dois
desapontados com ele
tipos de conjunções integrantes: que e se.

75
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Quando é possível substituir Além dessa função, a paráfrase pode ser marcada pelo
Quero que a prova uso de expressões textuais bem características, como: em
o que pelo pronome isso, es-
esteja fácil. outras palavras, em outros termos, isto é, quer dizer, em
tamos diante de uma conjun-
Quero. O quê? Isso resumo, em suma, em síntese etc. Essas expressões indi-
ção integrante
cam que algo foi dito e passará a ser ressignificado, garan-
Sempre haverá conjunção tindo a informatividade do texto.
Perguntei se ele estava
integrante em orações subs-
em casa.
tantivas e, consequentemen- Uso de Paralelismo
Perguntei. O quê? Isso
te, em períodos compostos
As ideias similares devem fazer a correspondência
COESÃO RECORRENCIAL entre si; a essa organização de ideias no texto, dá-se o
nome de paralelismo. Quando as construções de frases
Uso de Repetições e orações são semelhantes, ocorre o paralelismo sintá-
tico. Quando há sequência de expressões simétricas no
As recorrências de repetições em textos são comu- plano das ideias e coerência entre as informações, ocor-
mente recusadas pelos mestres da língua portuguesa. re o paralelismo semântico ou paralelismo de sentido.
Sobretudo, quando o assunto é redação, muitos pro-
fessores recomendam em uníssono: evite repetir pala- ESTRUTURAS QUE SEMPRE DEVEM SER USADAS
vras e expressões! JUNTAS
No entanto, a repetição é um recurso coesivo
essencial para manter a progressão temática do texto, Não só..., mas também; não apenas..., mas ainda; não
isto é, para que o tema debatido no texto não seja per- tanto...quanto; ora...ora; seja...seja etc.
dido, levando o escritor a fugir da temática.
Embora também não recomendemos as repetições Além disso, é preciso respeitar a estrutura sintáti-
exageradas no texto, sabemos valorizar seu uso ade- ca a qual a frase está inserida; vejamos um exemplo
quado em um texto; por isso, apresentamos, a seguir, em que houve quebra de paralelismo:
alguns usos comuns dessa estratégia coesiva. “É necessário estudar e que vocês se ajudem”
— Errado.
CONTEXTOS DE USO ADEQUADO DE REPETIÇÕES “É necessário que vocês se ajudem e que estudem”
— Correto.
O candidato foi encontra- Devemos manter a organização das orações, pois
do com duzentos milhões não podemos coordenar orações reduzidas com ora-
Marcar ênfase
de reais na mala, duzen- ções desenvolvidas, é preciso manter o paralelismo
tos milhões! e deixá-las ou somente desenvolvida ou somente
reduzidas.
Marcar contraste Existem Políticos e políticos No tocante ao paralelismo semântico, a ideia é
a mesma, porém deixamos de analisar os pares no
9
“Agora que sentei na minha
-9

âmbito sintático e passamos ao plano das ideias. Veja-


cadeira de madeira, junto
96

mos o seguinte exemplo:


à minha mesa de madeira,
.3

“Por um lado, os manifestantes agiram corre-


colocada em cima deste
93

tamente, por outro podem não ter agido errado”


assoalho de madeira, olho
.0

Marcar a continuidade — Incorreto.


minhas estantes de madei-
06

temática “Por um lado, os manifestantes agiram correta-


ra e procuro um livro feito
-1

mente, por outro podem ter causado prejuízo à popu-


de polpa de madeira para
lação” — Correto.
a

escrever um artigo contra


lv

“Encontrei duas pessoas conhecidas na rua: uma


Si

o desmatamento florestal”
foi sua irmã e a outra estava bem” — Incorreto.
Millôr Fernandes
da

“Encontrei duas pessoas conhecidas na rua: uma


foi sua irmã e a outra foi minha prima” — Correto.
io

Uso de Paráfrase
v

O

A paráfrase é um recurso de reiteração que pro-


ri

porciona maior esclarecimento sobre o assunto trata-


A

do no texto. A paráfrase é utilizada para voltar a falar PONTUAÇÃO


sobre algo utilizando-se de outras palavras. Conforme
Antunes (2005, p. 63), “alguma coisa é dita outra vez, em Um tópico que gera dúvidas é a pontuação. Vere-
outro ponto do texto, embora com palavras diferentes”. mos a seguir as regras sobre seus usos.
Vejamos o seguinte exemplo:
USO DE VÍRGULA
Ceará goleia Fortaleza no Fortaleza é goleado pelo
A vírgula é um sinal de pontuação que exerce três
Castelão. Ceará no Castelão.
funções básicas: marcar as pausas e as inflexões da
voz na leitura; enfatizar e/ou separar expressões e
Os textos acima poderiam ser manchetes de jornais
orações; e esclarecer o significado da frase, afastando
da capital cearense. A forma como o texto se apresen-
ta indica que a ênfase dada ao nome dos times, em qualquer ambiguidade.
posições diferentes, cumpre um papel importante na
progressão temática do texto.
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Quando se trata de separar termos de uma mesma Ex.: O maratonista correu bastante; ficou, portan-
oração, deve-se usar a vírgula nos seguintes casos: to, exausto;
� No lugar do e seguido de elipse do verbo (=
� Para separar os termos de mesma função: zeugma):
Ex.: Comprei livro, caderno, lápis, caneta; Ex.: Na linguagem escrita é o leitor; na fala, o
z Usa-se a vírgula para separar os elementos de ouvinte.
enumeração: Prefiro brigadeiros; minha mãe, pudim; meu pai,
Ex.: Pontes, edifícios, caminhões, árvores... tudo foi sorvete;
arrastado pelo tsunami; � Em enumerações, portarias, sequências:
� Para indicar a elipse (omissão de uma palavra que Ex.: São órgãos do Ministério Público Federal:
já apareceu na frase) do verbo: O Procurador-Geral da República;
Ex.: Comprei melancia na feira; ele, abacate. O Colégio de Procuradores da República;
Ela prefere filmes de ficção científica; o namorado, O Conselho Superior do Ministério Público Federal.
filmes de terror;
� Para separar palavras ou locuções explicativas, DOIS-PONTOS
retificativas:
Ex.: Ela completou quinze primaveras, ou seja, 15 Marcam uma supressão de voz em frase que ainda
anos; não foi concluída. Servem para:
� Para separar datas e nomes de lugar:
Ex.: Belo Horizonte, 15 de abril de 1985; � Introduzir uma citação (discurso direto):
� Para separar as conjunções coordenativas, exceto Ex.: Assim disse Voltaire: “Devemos julgar um
e, nem, ou: homem mais pelas suas perguntas que pelas suas
Ex.: Treinou muito, portanto se saiu bem. respostas”;
� Introduzir um aposto explicativo, enumerativo,
A vírgula também é facultativa quando o termo distributivo ou uma oração subordinada substan-
que exprime ideia de tempo, modo e lugar não for tiva apositiva:
uma locução adverbial, mas um advérbio. Exemplos: Ex.: Em nosso meio, há bons profissionais: profes-
Antes vamos conversar. / Antes, vamos conversar. sores, jornalistas, médicos;
Geralmente almoço em casa. / Geralmente, almoço � Introduzir uma explicação ou enumeração após
em casa. expressões como por exemplo, isto é, ou seja, a
Ontem choveu o esperado para o mês todo. / saber, como:
Ontem, choveu o esperado para o mês todo. Ex.: Adquirimos vários saberes, como: Linguagens,
Filosofia, Ciências...;
Não se Usa Vírgula nas Seguintes Situações z Marcar uma pausa entre orações coordenadas
(relação semântica de oposição, explicação/causa
� Entre o sujeito e o verbo:
ou consequência):
Ex.: Todos os alunos daquele professor, entende-
Ex.: Já leu muitos livros: pode-se dizer que é um
9
ram a explicação. (errado)
-9

homem culto.
Muitas coisas que quebraram meu coração, con-
96

Precisamos ousar na vida: devemos fazê-lo com


sertaram minha visão. (errado);
.3

cautela;
93

� Entre o verbo e seu complemento, ou mesmo pre-


� Marcar invocação em correspondências:
dicativo do sujeito:
.0

Ex.: Prezados senhores:


06

Ex.: Os alunos ficaram, satisfeitos com a explica-


Comunico, por meio deste, que...
-1

ção. (errado)
Os alunos precisam de, que os professores os aju-
a

TRAVESSÃO
lv

dem. (errado)
Si

Os alunos entenderam, toda aquela explicação.


� Usado em discursos diretos, indica a mudança de
da

(errado);
discurso de interlocutor: Ex.:
� Entre um substantivo e seu complemento nominal
io

— Bom dia, Maria!


ou adjunto adnominal:
v

— Bom dia, Pedro!;


Ex.: A manutenção, daquele professor foi exigida


� Serve também para colocar em relevo certas
O

pelos alunos. (errado);


expressões, orações ou termos. Pode ser subs-
ri

� Entre locução verbal de voz passiva e agente da


A

tituído por vírgula, dois-pontos, parênteses ou


passiva:
colchetes:
Ex.: Todos os alunos foram convidados, por aquele
Ex.: Os professores ― amigos meus do curso cario-
professor para a feira. (errado);
LÍNGUA PORTUGUESA

ca ― vão fazer videoaulas. (aposto explicativo)


� Entre o objeto e o predicativo do objeto:
Meninos ― pediu ela ―, vão lavar as mãos, que
Ex.: Considero suas aulas, interessantes. (errado)
vamos jantar. (oração intercalada)
Considero interessantes, as suas aulas. (errado).
Como disse o poeta: “Só não se inventou a máquina
USO DE PONTO E VÍRGULA de fazer versos ― já havia o poeta parnasiano”.

É empregado nos seguintes casos o sinal de ponto PARÊNTESES


e vírgula (;):
Têm função semelhante à dos travessões e das
� Nos contrastes, nas oposições, nas ressalvas: vírgulas no sentido que colocam em relevo certos ter-
Ex.: Ela, quando viu, ficou feliz; ele, quando a viu, mos, expressões ou orações.
ficou triste; Ex.: Os professores (amigos meus do curso carioca)
� No lugar das conjunções coordenativas deslocadas: vão fazer videoaulas. (aposto explicativo) 77
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Meninos (pediu ela), vão lavar as mãos, que vamos � Para sugerir prolongamento da fala:
jantar. (oração intercalada) Ex.: ― O que vocês vão fazer nas férias?
― Ah, muitas coisas: dormir, nadar, pedalar...;
PONTO-FINAL � Para indicar hesitação:
Ex.: ― Eu não a beijava porque... porque... tinha
É o sinal que denota maior pausa. Usa-se: vergonha;
� Para realçar uma palavra ou expressão, normal-
� Para indicar o fim de oração absoluta ou de mente com outras intenções:
período. Ex.: ― Ela é linda...! Você nem sabe como...!
Ex.: “Itabira é apenas uma fotografia na parede.”
Carlos Drummond de Andrade; USO DAS ASPAS
� Nas abreviaturas
São usadas em citações ou em algum termo que
Ex.: apart. ou apto. = apartamento.
precisa ser destacado no texto. Podem ser substituí-
sec. = secretário.
das por itálico ou negrito, que têm a mesma função
a.C. = antes de Cristo.
de destaque.
Usam-se nos seguintes casos:
Dica
� Antes e depois de citações:
Símbolos do sistema métrico decimal e elemen- Ex.: “A vírgula é um calo no pé de todo mundo”,
tos químicos não vêm com ponto final: afirma Dad Squarisi, 64;
Exemplos: km, m, cm, He, K, C � Para marcar estrangeirismos, neologismos, arcaís-
mos, gírias e expressões populares ou vulgares,
PONTO DE INTERROGAÇÃO conotativas:
Ex.: O homem, “ledo” de paixão, não teve a fortuna
Marca uma entonação ascendente (elevação da que desejava.
voz) em tom questionador. Usa-se: Não gosto de “pavonismos”.
Dê um “up” no seu visual;
� Em frase interrogativa direta: � Para realçar uma palavra ou expressão imprópria,
Ex.: O que você faria se só lhe restasse um dia?; às vezes com ironia ou malícia:
� Entre parênteses para indicar incerteza: Ex.: Veja como ele é “educado”: cuspiu no chão.
Ex.: Eu disse a palavra peremptório (?), mas acho Ele reagiu impulsivamente e lhe deu um “não”
que havia palavra melhor no contexto; sonoro;
� Junto com o ponto de exclamação, para denotar � Para citar nomes de mídias, livros etc.:
surpresa: Ex.: Ouvi a notícia do “Jornal Nacional”.
Ex.: Não conseguiu chegar ao local de prova?! (ou
!?); COLCHETES
� E interrogações retóricas:
9
-9

Ex.: Jogaremos comida fora à toa? (Ou seja: “Claro Representam uma variante dos parênteses, porém
96

que não jogaremos comida fora à toa”). têm uso mais restrito.
.3

Usam-se nos seguintes casos:


93

PONTO DE EXCLAMAÇÃO
.0

� Para incluir num texto uma observação de nature-


06

� É empregado para marcar o fim de uma frase com za elucidativa:


-1

entonação exclamativa: Ex.: É de Stanislaw Ponte Preta [pseudônimo de


a

Ex.: Que linda mulher! Sérgio Porto] a obra “Rosamundo e os outros”;


lv

Coitada dessa criança!; � Para isolar o termo latino sic (que significa “assim”),
Si

� Aparece após uma interjeição: a fim de indicar que, por mais estranho ou errado
da

Ex.: Nossa! Isso é fantástico; que pareça, o texto original é assim mesmo:
io

� Usado para substituir vírgulas em vocativos enfáticos: Ex.: “Era peior [sic] do que fazer-me esbirro aluga-
v

Ex.: “Fernando José! Onde estava até esta hora?”; do.” (Machado de Assis);

� Para indicar os sons da fala, quando se estuda


O

� É repetido duas ou mais vezes quando se quer


marcar uma ênfase: Fonologia:
ri
A

Ex.: Inacreditável!!! Atravessou a piscina de 50 Ex.: mel: [mɛw]; bem: [bẽy];


metros em 20 segundos!!! � Para suprimir parte de um texto (assim como
parênteses):
RETICÊNCIAS Ex.: Na hora em que entrou no quarto [...] e depois
desceu as escadas apressadamente.
São usadas para: Na hora em que entrou no quarto [...] e depois des-
ceu as escadas apressadamente (caso não preferí-
� Assinalar interrupção do pensamento: vel segundo as normas da ABNT).
Ex.: ― Estou ciente de que...
― Pode dizer...; ASTERISCO
� Indicar partes suprimidas de um texto:
Ex.: Na hora em que entrou no quarto ... e depois � É colocado à direita e no canto superior de uma
desceu as escadas apressadamente. (Também pode palavra do trecho para se fazer uma citação ou
ser usado: Na hora em que entrou no quarto [...] e comentário qualquer sobre o termo em uma nota
depois desceu as escadas apressadamente.); de rodapé:
78
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Ex.: A palavra tristeza é formada pelo adjetivo
triste acrescido do sufixo -eza*. HORA DE PRATICAR!
*-eza é um sufixo nominal justaposto a um adjeti-
vo, o que origina um novo substantivo; 1. (EXATUS — 2019) Marque a alternativa em que a pala-
� Quando repetido três vezes, indica uma omissão vra está grafada corretamente:
ou lacuna em um texto, principalmente em substi-
tuição a um substantivo próprio: a) enchame.
Ex.: O menor *** foi apreendido e depois encami- b) pagem.
nhado aos responsáveis; c) expanção.
� Quando colocado antes e no alto da palavra, repre- d) giboia.
senta o vocábulo como uma forma hipotética, isto e) deslizamento.
é, cuja existência é provável, mas não comprovada:
Ex.: Parecer, do latim *parescere; 2. (EXATUS — 2017) Marque a alternativa em que as
� Antes de uma frase para indicar que ela é agrama- palavras estão escritas de forma INCORRETA:
tical, ou seja, uma frase que não respeita as regras
da gramática. a) Cachumba – Caximbo.
* Edifício elaborou projeto o engenheiro. b) Chuvisco - Salsicha.
c) Machucar – Chocalho.
USO DA BARRA d) Cachecol - Peixaria.

A barra oblíqua [ / ] é um sinal gráfico usado: 3. (EXATUS — 2019) Leia com atenção a charge a seguir:

� Para indicar disjunção e exclusão, podendo ser TÁ EXPLICADO


IDOSOS
substituída pela conjunção “ou”: SABIA
PORQUE QUEREM
Ex.: Poderemos optar por: carne/peixe/dieta. QUE VAMOS
CORTAR A
SER A MAIORIA NA
Poderemos optar por: carne, peixe ou dieta; PRÓXIMA
APOSENTADORIA
� Para indicar inclusão, quando utilizada na separa- DÉCADA?
ção das conjunções e/ou:
Ex.: Os alunos poderão apresentar trabalhos orais
e/ou escritos;
� Para indicar itens que possuem algum tipo de rela-
ção entre si:
Ex.: A palavra será classificada quanto ao número
(plural/singular).
O carro atingiu os 220 km/h;
HTTPS://WWW.GOOGLE.COM
� Para separar os versos de poesias, quando escritos
seguidamente na mesma linha. São utilizadas duas
9
-9

barras para indicar a separação das estrofes: Marque a alternativa que apresenta o uso correto do
96

Ex.: “[…] De tanto olhar para longe,/não vejo o que “porquê”.


.3

passa perto,/meu peito é puro deserto./Subo mon-


93

te, desço monte.//Eu ando sozinha/ao longo da noi- a) Está explicado o por quê querem cortar a aposentadoria!
.0

te./Mas a estrela é minha.” Cecília Meireles; b) Está explicado porque querem cortar a aposentadoria!
06

� Na escrita abreviada, para indicar que a palavra c) Querem cortar a aposentadoria, por que?
-1

não foi escrita na sua totalidade: d) Está explicado por que querem cortar a aposentadoria!
e) Por quê querem cortar a aposentadoria?
a

Ex.: a/c = aos cuidados de;


lv

s/ = sem;
Si

� Para separar o numerador do denominador nos 4. (EXATUS — 2017) Observe com atenção a colocação
da

números fracionários, substituindo a barra da dos pronomes oblíquos átonos nas afirmativas abaixo e,
io

fração: em seguida, assinale a alternativa em que a colocação


v

Ex.: 1/3 = um terço; está CORRETA, de acordo com o padrão culto da língua:

� Nas datas:
O

Ex.: 31/03/1983 I. Aqui, discutem-se ótimas ideias.


ri
A

� Nos números de telefone: II. O apartamento para onde se mudaram é excelente.


Ex.: 225 03 50/51/52; III. Entregaria-lhe o contrato, se fosse possível.
� Nos endereços: IV. Após o acontecido, decidiu que não as procuraria
Ex.: Rua do Limoeiro, 165/232; mais.
LÍNGUA PORTUGUESA

� Na indicação de dois anos consecutivos:


Ex.: O evento de 2012/2013 foi um sucesso; a) Apenas as afirmativas I e III estão corretas.
� Para indicar fonemas, ou seja, os sons da língua: b) Apenas as afirmativas I, II e IV estão corretas.
Ex.: /s/. c) Apenas as afirmativas II e III estão corretas.
d) Todas as afirmativas estão corretas.
Embora não existam regras muito definidas sobre
a existência de espaços antes e depois da barra oblí- Leia o texto a seguir para responder às questões 5 e 6.
qua, privilegia-se o seu uso sem espaços: plural/singu-
lar, masculino/feminino, sinônimo/antônimo. Vitamina D não previne Alzheimer, aponta estudo

Uma revisão de estudos publicada recentemente no


periódico científico Nutricional Neuroscience revelou 79
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que a vitamina D não ajuda a prevenir Parkinson e III - O termo em destaque colabora para a coesão do
Alzheimer. A análise mostrou que não há evidências texto.
suficientes que comprovem o potencial preventivo IV - O termo em destaque é essencial para a coerência do
do nutriente contra doenças neurodegenerativas. No texto.
entanto, os pesquisadores indicam que a luz solar
pode ser capaz de proteger contra a esclerose múlti- Assinale a alternativa correta:
pla, Alzheimer e Parkinson, independente da produção
de vitamina D. a) Somente a afirmativa I está correta.
Segundo especialistas, a prescrição de suplementos b) As afirmativas I e III estão corretas.
vitamínicos para idosos, com o intuito de prevenir c) Todas as afirmativas estão corretas.
doenças neurológicas, é uma prática comum. Mas os d) As afirmativas II e IV estão corretas.
novos dados indicam que essa decisão não traz bene-
fícios reais. 7. (EXATUS — 2017) Marque a 1ª coluna em relação a 2ª
De acordo com a análise, a maioria dos dados atuais coluna:
que apoiam o efeito neuroprotetor da vitamina D é
baseada em estudos pré-clínicos e observacionais 1. Compadre
que não foram capazes de comprovar o potencial pre- 2. Alfaiate
ventivo do nutriente. 3. Frade
Segundo Renato Bandeira de Mello, geriatra e dire- 4. Cidadão
tor científico da Sociedade Brasileira de Geriatria e 5. Genro
Gerontologia (SBGG), a associação da vitamina D com
a prevenção de doenças neurológicas surgiu porque ( ) Nora
a maioria dos pacientes com doenças neurológicas, ( ) Comadre
cardíacas e câncer apresentavam deficiência deste ( ) Costureira
nutriente, o que poderia ser a causa dos problemas. ( ) Freira
No entanto, o novo estudo afirma que não foi possível ( ) Cidadã
concluir se a vitamina D tem potencial benéfico, indi-
cando que os baixos níveis da substância são conse- A sequência correta de cima para baixo é:
quência e não causa da doença.
a) 5–1–2-3–4
https://veja.abril.com.br/saude/vitamina-d-nao-previne-
b) 1–2–3–5–4
alzheimeraponta- estudo/
c) 3–5–4–2–1
d) 5–1–2–4–3
5. (EXATUS — 2018) Observe o verbo em destaque no
período que segue: “No entanto, o novo estudo afir-
Leia o texto a seguir para responder às questões 8, 9 e 10.
ma que não foi possível concluir se a vitamina D tem
potencial benéfico, indicando que os baixos níveis da
A IDADE EM QUE VOCÊ COMEÇA
9
substância são consequência e não causa da doença.”
-9

Sobre as regras de acentuação gráfica apresentadas A SENTIR OS SINAIS DA VELHICE


96

pelo Novo Acordo Ortográfico, é correto afirmar que o PODE DEPENDER DE ONDE VOCÊ VIVE.
.3

verbo -tem, em destaque no período acima, não rece-


93

beu acentuação, por obedecer a uma dessas regras. Estudo aponta que há uma lacuna de 30 anos
.0

Assinale a alternativa que apresenta a regra que justi- entre os países com as maiores e menores
06

fica a ausência do acento no verbo – tem: idades em que as pessoas experimentam os


-1

problemas de saúde de alguém de 65 anos.


a

a) Apenas permanece o acento circunflexo nas vogais


lv

Época - 17/03/2019
Si

dobradas, como em vôo, vêem.


b) Fica extinto o uso de acento nas formas verbais, cuja
da

Com quantos anos alguém começa a sentir os efeitos


finalidade é determinar a 3ª pessoa do plural.
io

da idade? Talvez 60 ou 65 não possa ser considerada


c) O verbo -ter só receberá acento circunflexo se conju-
v

uma resposta global. Um estudo publicado na última


gado na terceira pessoa do plural.


semana mostra que as idades em que as pessoas
O

d) O acento diferencial foi abolido das palavras.


sofrem os impactos de doenças e do envelhecimento
ri
A

diferem muito de país para país. O trabalho analisou


6. (EXATUS — 2018) “Segundo Renato Bandeira de Mel-
não só a expectativa de vida média de cada país, mas
lo, geriatra e diretor científico da Sociedade Brasileira
a forma com a qual se está envelhecendo pelo mundo,
de Geriatria e Gerontologia (SBGG), a associação da
se os anos estão sendo vividos com saúde ou asso-
vitamina D com a prevenção de doenças neurológicas
ciados a incapacidades.
surgiu porque a maioria dos pacientes com doenças
O estudo de pesquisadores da Universidade de
neurológicas, cardíacas e câncer apresentavam defi-
Washington aponta que há uma lacuna de 30 anos
ciência deste nutriente, o que poderia ser a causa dos
entre os países com as maiores e menores idades em
problemas.”
que as pessoas experimentam os problemas de saú-
de de alguém de 65. Pesquisadores descobriram que
Sobre o termo em destaque: nutriente, é correto afirmar: pessoas de 76 anos de idade no Japão e 46 em Papua-
Nova Guiné têm o mesmo nível de problemas compa-
I - Há uma relação semântica entre nutriente e vitamina rados a uma pessoa de idade “média” de 65 (baseada
D. em uma média global do estudo).
II - Trata-se de uma catáfora, pois nutriente retoma um “Essas descobertas discrepantes mostram que o
outro termo dentro do texto. aumento da expectativa de vida para idades mais
80
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avançadas pode ser uma oportunidade ou ameaça insuficientes impactam os países de baixa renda, onde
ao bem-estar geral das populações, dependendo dos o acesso à saúde pode ser dificultado, assim como o
problemas de saúde relacionados ao envelhecimen- controle e a prevenção de doenças crônicas”, pontuou
to que a população vivencia, independentemente da Speranza. “Em países de baixa renda, por exemplo na
idade cronológica”, afirmou Angela Y. Chang, principal África, mesmo vivendo pouco em termos de longevi-
autora e pós-doutoranda do Centro de Tendências e dade, adultos experimentam uma alta carga de doen-
Previsões de Saúde da Universidade de Washington. ças relacionadas ao envelhecimento.”
“Problemas de saúde relacionados à idade podem Entre os países de alta renda, a diferença também
levar à aposentadoria antecipada, força de trabalho pode ser grande. Com relação a isso, a médica res-
menor e maiores gastos com saúde. Os líderes de salta outro aspecto que interfere em como envelhecer,
governos e os que influenciam os sistemas de saúde citando exemplos do Japão e dos Estados Unidos. No
precisam considerar quando as pessoas começam a país asiático, um idoso com 76 anos possui um perfil
sofrer os efeitos negativos do envelhecimento.” equivalente ao de um idoso de 69 nos EUA em termos
Os efeitos citados pela pesquisadora incluem funções de nível de impacto de doenças, como mostra o estu-
prejudicadas e perda de capacidades físicas, mentais do. Essa variação poderia ser explicada em parte por
e cognitivas resultantes das 92 condições analisadas diferenças nos padrões de estilo de vida dentre estes
— cinco das quais são comunicáveis e 81 não, junto a países, explicou a geriatra.
seis lesões. “O estudo sugere que os limites de idade para iden-
O estudo, intitulado “Medir o envelhecimento da popu- tificar uma população idosa não deveriam ser fixa-
lação: uma análise do Estudo Global da Carga de dos em 65 anos, já que o padrão de envelhecimento
Doenças 2017”, foi publicado na revista científica The é tão diferente entre os países”, concluiu, chamando
Lancet Public Health e é o primeiro deste tipo, segun- a atenção para o fato de que os dados apresentados
do Chang, cujo centro fica no Instituto de Avaliação e trazem questões importantes para o desenvolvimento
Métricas de Saúde da Universidade de Washington. As e a adaptação de políticas públicas a partir do perfil de
métricas tradicionais de envelhecimento examinam o cada país, a fim de se garantir uma vida longa e saudá-
aumento da longevidade. Esse estudo, por outro lado, vel para todos os indivíduos.
explora a idade cronológica e o ritmo em que o enve-
lhecimento contribui para a deterioração da saúde. https://epoca.globo.com/a-idade-em-que-voce-comeca-sentir-os-
O trabalho usou dados do estudo Global Burden of sinaisda- velhice-pode-depender-de-onde-voce-vive-23530050
Disease (GBD) 2017.
Os pesquisadores mediram o que chamaram de “car- 8. (EXATUS — 2019) “(...) em Papua-Nova Guiné, país
ga de doença relacionada à idade” (Dalys, na sigla em que ficou em último lugar no ranking com 195 países e
inglês). Segundo aponta o estudo, os países com a territórios”. 10º§ O vocábulo destacado nesse período
menor carga de doenças associadas ao envelhecimento mantém com seu termo antecedente uma relação sin-
foram Suíça, Cingapura, Coreia do Norte, Japão e Itália. tática de:
O estudo descobriu, por exemplo, que, em 2017, em
Papua-Nova Guiné, as pessoas tiveram a maior taxa a) Adição.
9
mundial de problemas de saúde relacionados à idade, b) Explicação.
-9

c) Exemplificação.
96

com mais de 500 Dalys por 1.000 adultos. O número


é quatro vezes maior do que ocorreu na Suíça, com d) Substituição.
.3

e) Condição.
93

pouco mais de 100 Dalys por 1.000 adultos.


Nos Estados Unidos, a taxa era de 161,5 Dalys por
.0
06

1.000 adultos, o que colocava o país em 53º lugar, 9. (EXATUS — 2019) Analise as afirmativas a seguir:
-1

entre a Argélia, em 52º, com 161 Dalys por 1.000 adul-


tos, e o Irã, em 54º, com 164,8 Dalys por 1.000. I - O estudo publicado mostra que o envelhecimento da
a
lv

Usando a média global de pessoas de 65 anos como população aos 60 ou 65 anos é um fenômeno mundial.
Si

grupo de referência, Chang e outros pesquisadores II - Os pesquisadores apontaram alguns países com a
da

também estimaram as idades em que a população em menor carga de doenças associadas ao envelheci-
cada país experimentou a mesma taxa de carga rela- mento nos continentes asiático e europeu.
io

cionada. Eles encontraram grande variação em quão III - Um dos motivos apontados como causa do envelhe-
v

bem ou mal as pessoas envelhecem. cimento é a influência genética.


O

A partir disso, identificaram que os japoneses de 76


ri

anos enfrentam a mesma carga de envelhecimento De acordo com o texto, estão incorretas as afirmativas:
A

que pessoas de 46 anos em Papua Nova Guiné, país


que ficou em último lugar no ranking com 195 países a) I, II e III.
e territórios. Os Estados Unidos, em que a idade foi b) I, apenas.
LÍNGUA PORTUGUESA

68,5 anos, ficaram em 54º lugar, entre o Irã (69 anos), c) I e II, apenas.
Antígua e Barbuda (68,4 anos). Por trás das gran- d) I e III, apenas.
des variações no padrão de envelhecimento entre e) II e III, apenas.
os países, com discrepância quanto ao impacto das
doenças e incapacidades, há muitos determinantes 10. (EXATUS — 2019) São causas citadas no texto que
sociais envolvidos, como explica a geriatra Ana Cris- impactam na forma como se envelhece, exceto:
tina Canêdo Speranza, presidente da seção estadual
do Rio de Janeiro da Sociedade Brasileira de Geriatria a) Estilo de vida.
e Gerontologia: b) Baixa renda.
“Questões socioeconômicas, culturais e ambientais c) Questões ambientais.
têm forte impacto na forma como um país enve- d) Políticas públicas ineficientes.
lhece. Desigualdades sociais e políticas públicas e) Perda da capacidade física e mental.
81
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Leia o texto a seguir para responder às questões 11 e 12. c) “...nos relacionamentos a dois elas parecem ecoar por
todos os cantos.”
Felizes para sempre? Quem dera... d) “...a criatura amada parece funcionar como bálsamo
às nossas dores...”
Em tempos de tão pouca tolerância consigo mesmo
e com os outros, manter relacionamentos amorosos 12. (EXATUS — 2016) De acordo com as ideias do texto,
duradouros e felizes parece um dos objetivos mais marque a alternativa incorreta:
almejados entre pessoas de variadas classes sociais
e faixas etárias. Fazer boas escolhas, entretanto não a) A autora defende a tese de que a manutenção dos
é fácil - _____ o grande número de relações que termi- relacionamentos amorosos não é fácil, embora seja
na, não raro, de maneira dolorosa - pelo menos para algo intensamente desejado pelas pessoas.
um dos envolvidos. Para nossos avós o casamento e b) A descoberta, passado o período de intensa paixão,
sua manutenção, quaisquer que fossem as penas e de que o outro é diferente de nós, e à necessidade de
os sacrifícios atrelados a eles, era um destino quase reconhecer e aceitar essa diferença é um fator que
certo e com pouca possibilidade de manobra. Hoje, pode levar as pessoas a decidirem se querem manter
entretanto, convivemos com a dádiva (que por vezes se ou romper um relacionamento amoroso.
torna ônus) e escolher se queremos ou não estar com c) Para a autora, escolher se queremos ou não estar com
alguém. alguém é uma decisão individual e tranquila.
Um dos pesos que nos impõe a vida líquida (repleta de d) A autora expõe a maneira de as pessoas estabelece-
relações igualmente líquidas, efêmeras), como escre- rem relações afetivas e como essas relações podem
ve o sociólogo Zygmunt Bauman, é a possibilidade de ter desdobramentos em suas vidas.
tomarmos decisões (e arcar com elas). Filhos ou depen-
dência econômica já não prendem homens e mulheres 13. (EXATUS — 2019)
uns aos outros, e cada vez mais nos resta descobrir
______ moram, de fato, nossos desejos. E não falo aqui Comunicado aos gordos
do desejo sexual, embora este seja um aspecto a ser
considerado, mas do que realmente _______, aspiramos Jô Soares
para nossa vida. Mas para isso é preciso, primeiro, loca-
lizar quais são as nossas faltas. E nos relacionamentos Desde que perdi alguns quilinhos, não se passa um
a dois elas parecem ecoar por todos os cantos. dia sem que alguém me pergunte o que eu fiz para
Dividir corpos, planos, sonhos, experiências, espaços emagrecer. A resposta é fácil: “Coma menos, guloso!”
físicos e talvez o mais precioso, o próprio tempo, acor- Sinceramente, o excesso de peso se transformou no
da nos seres humanos sentimentos complexos e con- inimigo número 1 da população. Gente que nunca fez
traditórios. Passados os primeiros 18 ou 24 meses da exercício está malhando. Compram o vídeo da Jane
paixão intensa (um período de _____ projeções), nos Fonda ou de outra beldade e ficam repetindo os exercí-
quais a criatura amada parece funcionar como bál- cios em frente à televisão. Aliás, por que é que nesses
samo às nossas dores mais inusitadas, passamos a vídeos só mostram as mulheres lindas e maravilho-
9
ver o parceiro como ele realmente é: um outro. E essa
-9

sas que estão lá na frente demonstrando a ginástica?


96

alteridade ______ vezes agride, como se ele (ela) fosse Deviam mostrar as gordas que estão estourando lá no
.3

diferente de nós apenas para nos irritar. Surge então a fundo da fila, coitadas, suando e sofrendo para perder
93

dúvida, nem sempre formulada: Continuar ou desistir? alguns gramas, e não aparecem nunca.
.0

Especialistas recorrem ______ inúmeros estudos sobre Vejo pessoas tão desengonçadas correndo na rua,
06

relacionamento afetivo para confirmar algo que, intui- que me pergunto: se correndo elas são assim, como
-1

tivamente a maioria de nós já sabe: 1-Nada melhor seriam paradas? E a comida? Já notaram que agora
do que dividir alegrias com quem amamos (afinal de tudo é light, diet ou sem gordura? Descobriram que a
a
lv

que adianta estar junto se não é para ser bom?) 2-Edu- gordura pode ser tirada com facilidade de praticamen-
Si

cação e aquelas palavrinhas mágicas (obrigado, por te tudo, menos da cintura da gente. Hoje, já temos leite
da

favor, desculpe) fazem bem em qualquer circunstân- sem gordura, margarina sem gordura, manteiga sem
cia, principalmente se acompanhadas da verdadeira gordura, queijo sem gordura, sorvete sem gordura e
io

gratidão pelos pequenos gestos da pessoa com quem até gordura sem gordura.
v

convivemos. 3- Intimidade não vem pronta, é conquis- Já existem panelas que cozinham sem gordura. Só
O

tada a cada dia, quando partilhamos nossos medos, falta inventar a panela que cozinha sem panela. Morte
ri

segredos e dúvidas. 4-É possível aprender _____ agir à banha! Abaixo o toucinho! Viva a raiz de gengibre e
A

de forma mais generosa consigo mesmo e com nos- a semente seca! É a mania de emagrecer que tomou
so companheiro, e essa postura ajuda a preservar o conta de todos.
carinho, a admiração e o amor. Óbvio? Nem tanto... Se Essa mania não deixa de ter o seu lado cruel e curioso,
fosse, não haveria tanta gente em busca da felicidade porque, se estudarmos atentamente o mundo, existe
conjugal... mais ou menos um quinto das pessoas cuja princi-
pal preocupação é a de não engordar, e o resto, que
Gláucia Leal (Revista Mente e Cérebro) gostaria simplesmente de comer. Quando é possível.
Mesmo que engorde. Aliás, engordar seria um raro pri-
11. (EXATUS — 2016) De acordo com o texto, o registro vilégio. Acho que fariam até o supremo sacrifício de
coloquial ou figurado da língua não pode ser identifi- tomar leite com gordura. A gordura pode não ser mais
cado em: formosura, como já se disse antigamente, porém ali-
menta e esquenta. Seus organismos, não acostuma-
a) “Em tempos de tão pouca tolerância consigo mesmo e dos, poderiam estranhar um pouco no início.
com os outros...” Manda a etiqueta que as pessoas se desejem bom
b) “Um dos pesos que nos impõe a vida líquida...” apetite. É uma coisa que nunca entendi:
82
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- Bom apetite. 17. (EXATUS — 2017) Observe a regência verbal e assina-
- Obrigado, bom apetite. le a alternativa que contraria a norma culta:
Para que desejar bom apetite? Quando dizem a frase
lapidar, a comida já está no prato. Ora, se está ali, e a) Desobedecia com frequência a meus pais.
se sentaram à mesa, é porque certamente estão com b) Informe os clientes sobre o novo horário de funciona-
fome. Mesmo assim paira a dúvida cruel: mento do restaurante.
- Vou ter apetite? Meu Deus, e se eu não tiver apetite? c) Prefiro rock a MPB.
Só por isso, um encoraja o outro: d) Naquela caminhada, parecia que aspirávamos ao pó
- Bom apetite! da estrada.
- Bom apetite!
Tudo por medo de não ter no jantar a mesma vontade 18. (EXATUS — 2017) Considere as frases a seguir, quanto
de comer que já tiveram no café da manhã, no almoço à ocorrência ou não do acento indicativo de crase, de
e no lanche. Será que sobrou apetite para o jantar? acordo com as regras gramaticais.
O que mais deixa a nós, gordos, indignados, é que
quanto mais a pessoa é rica menos ela come. É uma I. As vendas à prazo aumentam muito na época do
questão de classe social. Não é chique comer. Comer Natal.
não é de bom-tom. Comer é cafonérrimo. II. Os manifestantes ficaram frente à frente com os
Assim, chegamos ironicamente ao estranho limite em policiais.
que dois extremos se encontram: o mais rico e o mais III. Fumar faz mal à saúde.
miserável acabam, os dois, passando fome. IV. Toda a família foi à sala receber os convidados.
V. A decisão fica à critério da banca examinadora.
A palavra destacada não está corretamente interpreta-
da, de acordo com o seu sentido no texto, em: Estão CORRETAS:

a) Acho que fariam até o supremo sacrifício... = MÁXIMO. a) I e II, apenas.


b) Mesmo assim paira a dúvida cruel... = DECRETA-SE. b) II, IV e V, apenas.
c) A gordura pode não ser mais formosura... = BELEZA. c) III e IV, apenas.
d) Quando dizem a frase lapidar, a comida já está no pra- d) I, III e V, apenas.
to. = PRIMOROSA.
e) Manda a etiqueta que as pessoas se desejem bom 19. (EXATUS — 2017) Assinale a alternativa que contém
apetite... = O PROTOCOLO. erro de concordância verbal, de acordo com a norma
culta da língua:
14. (EXATUS — 2019) A pontuação está correta na frase
da alternativa: a) Havia muitas questões difíceis na prova de português.
b) Os utensílios, os móveis, a roupa, tudo estava fora do
a) Espero, que você me telefone. lugar.
b) O problema das enchentes, disse o prefeito, será c) Vossa Senhoria não respeitaste o compromisso firmado.
9
-9

prioritário. d) Estados Unidos impôs uma nova ordem mundial.


96

c) Muitos imigrantes da Guatemala, chegaram na Cidade


.3

do México. 20. (EXATUS — 2016) Assinale a alternativa em que o


93

d) A sua fala no entanto causou, sérias complicações, preenchimento da lacuna com a forma verbal entre
.0

com a família. parênteses é inaceitável, segundo padrões da língua


06

e) Houve, uma, pessoa, que telefonou-lhe ontem. culta vigente:


-1

15. (EXATUS — 2018) O uso correto da pontuação é um


a

a) Água, comida e carinho, nada _____________o canário


lv

requisito importante em qualquer texto e é ainda mais feliz. (fez)


Si

indispensável quando se trata de textos oficiais. Sobre b) _____________ decisões e responsabilidades com o
da

o uso da - vírgula ( , ) é correto afirmar: homem, a mulher que trabalha fora. (Dividem)
io

c) _____________ horas que o congestionamento de cami-


v

a) A vírgula isola o aposto. nhoneiros na estrada prejudicava o fluxo. (Fazia)


b) A vírgula só separa o vocativo, se o mesmo estiver no d) Os Estados Unidos_____________ bastante em pesqui-


O

inicio da frase. sas científicas. (investem)


ri

c) A vírgula é indispensável para separar orações coorde-


A

nadas aditivas, somente quando não há conjunção.


9 GABARITO
d) A vírgula deve ser usada para separar os essenciais da
oração.
LÍNGUA PORTUGUESA

1 E
16. (EXATUS — 2019) A única frase que apresenta desvio
de regência verbal recomendada pela norma culta é: 2 A

3 D
a) Ela não se lembrou de tomar a vacina.
b) Os especialistas informam os benefícios das vacinas 4 B
aos pais.
c) A vacina contra o sarampo chegou nas unidades de 5 C
saúde. 6 A
d) Eles obedecem à política regional de saúde.
e) Custa-me acreditar nessa realidade das vacinas. 7 A
83
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
8 D

9 D

10 E

11 A

12 C

13 B

14 B

15 A

16 C

17 D

18 C

19 C

20 B

ANOTAÇÕES

9
-9
96
.3
93
.0
06
-1
a
lv
Si
da
vio

O
ri
A

84
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Também é mostrado como podem ser os parágrafos
que introduzem, desenvolvem e concluem um texto dis-
sertativo. E só depois de exercitar esses primeiros pro-
cedimentos é que se passa à produção de um trabalho
completo, buscando a eficiência do todo por intermédio
REDAÇÃO do agrupamento de cada uma das partes estudadas até a
formação de um bloco contínuo e completo.
O truncamento desse trabalho ocorrerá certamen-
te se o aprendiz não se dispuser a praticar esses con-
ceitos. É aí que começa a frustração dos potenciais
INTRODUÇÃO À REDAÇÃO autores, pois muitas vezes só vão tentar praticar a
escritura da sua redação após terem terminado o estu-
Neste material, vamos trabalhar a redação discur- do do livro didático e sentem muita dificuldade no
siva. Você estudará algumas características inovado- momento do agrupamento, isto é, de fazer virar o todo
ras no conceito de produção de textos para quem quer aquilo que aprendeu a fazer por partes. Se o resultado
atingir um melhor resultado em provas que exijam do não for satisfatório, eles simplesmente assumirão a
candidato a habilidade de produzir um texto. dificuldade como uma inabilidade pessoal.
Aqui, serão apresentados os aspectos gerais da reda- Como proposta de solução para essa dificulda-
ção discursiva em sua estrutura textual, bem como todos de, vamos partir de um princípio inverso em que se
os passos para a sua produção com eficiência. Porém, começa da materialização do texto eficiente, satisfa-
antes de iniciarmos, é importante dar atenção às dúvidas zendo os anseios dos nossos alunos: começamos pelo
que geralmente são apresentadas pelos alunos para que todo para depois estudarmos as partes.
se possa dar solução aos principais problemas que eles Esse trabalho consiste na elaboração de máscaras
de redação, o que proporciona um ponto de partida
relatam.
concreto na produção de redações eficientes a partir
de modelos prontos e que poderão ser reproduzidos
DÚVIDAS FREQUENTES QUANTO À REDAÇÃO PARA
e adaptados para qualquer tema proposto pela banca
CONCURSOS PÚBLICOS organizadora do concurso, respeitando ainda o cará-
ter da originalidade e da criatividade de cada autor.
Por Que é Tão Difícil Produzir um Texto Eficiente? As máscaras de redação garantem a eficácia sobre
os principais quesitos exigidos pelas bancas organiza-
Sempre se ouvem os temores de alunos quanto às pro- doras dos critérios de correção dos textos, tais como
vas que cobram dos candidatos habilidades na produção progressão textual e sequencialização, coesão e, con-
de questões discursivas. Alguns dizem se sentirem tão sequentemente, coerência, além de atender natural-
despreparados que terminam por desistir dos concursos mente à estrutura própria dos textos dissertativos.
que trazem a redação como critério de classificação. Outro ponto importante é o de permitir ao candi-
Tem de se reconhecer que o hábito de escrever não dato uma projeção bem aproximada da extensão do
está na prática do cotidiano da maioria das pessoas e seu texto em número de linhas.
9
Essa proposta também tem a finalidade de desen-
-9

que, hoje em dia, quando se dispõem a fazê-lo, exer-


96

citam essa habilidade normalmente em ambientes volver uma maior agilidade na projeção e na constru-
ção da redação, otimizando o tempo de sua elaboração
.3

virtuais, como sites de comunicação e elaboração de


93

e-mails. Nesses expedientes, ocorre o que chamam de durante a prova.


.0

“pacto da mediocridade” (sem intenção ofensiva), que


06

caracteriza a postura displicente de como se escreve e Qual o Peso ou a Importância da Redação em um


-1

a aceitação mútua de erros e desvios da norma culta Concurso Público?


escrita: “ele escreve errado, mas eu aceito para não
a
lv

ser cobrado por ele da mesma forma quando errar”. O peso da redação é muito grande, por isso, ela
Si

Usam-se imagens, símbolos gráficos, abreviações que faz a diferença na aprovação. Nos concursos atuais,
da

mais se assemelham a códigos criptografados do que a redação tornou-se o passaporte para o ingresso em
à própria língua portuguesa. grande parte das carreiras públicas, pois de nada vale
io

um resultado positivo na prova objetiva se não obti-


v

O maior problema é que isso gera um reforço nega-


ver sucesso em sua redação.


tivo: treina-se uma escrita que não promove a prática
O

Os candidatos costumam dedicar seu tempo de


ideal da comunicação verbal normatizada. O resul-
ri

estudos à prova objetiva e deixar a redação por últi-


A

tado é que, quando ocorre a exigência da produção


mo. Na maioria das vezes, passam naquela e repro-
escrita, a prática que se tem não promove a eficiência
vam nesta. Não dá para subestimar a redação, é
nessa categoria de comunicação. preciso exercitar sempre.
Como, em Pouco Tempo, Desenvolver a Habilidade O que Conta Mais para um Bom Resultado: Ter Bons
da Escrita em Quem tem Dificuldade de Passar para Conhecimentos sobre o Assunto Apresentado na
o Papel o que Tem na sua Cabeça? Proposta ou ter Bons Conhecimentos em Língua
Portuguesa?
Inicialmente, em um procedimento tradicional de
REDAÇÃO

produção de textos, começa-se pela apresentação de Em verdade, os dois aspectos são equivalentes em
exemplos de textos bem escritos, mostra-se sua estru- importância. No que diz respeito aos conhecimentos de
tura, apresentam-se as partes que o compõem. língua portuguesa, estamos referindo-nos à estrutura e
Depois disso, inicia-se a identificação dessas partes à linguagem do texto dissertativo. Subentende-se que
e de como elaborá-las separadamente: como se cons- quem domina esses dois aspectos não tenha dificulda-
trói um parágrafo; quais são as fases de sua elabora- des com a ortografia e outros aspectos gramaticais que,
ção; quais são os diferentes tipos de parágrafos. em prova, inclusive, pouco peso têm. 85
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Qual é a Diferença entre Tema e Título? É contrária ao verso, que exige uma elaboração estru-
tural e demonstra preocupação com rimas e arranjos
z Tema é o assunto proposto pela instituição. Tem cará- vocabulares alheios à sintaxe. Veja um exemplo de texto
ter geral e abrangente e propõe questões que devem em verso:
ser abordadas obrigatoriamente com objetividade pelo
candidato. Essa objetividade é um fator determinante A rosa de Hiroxima
para que sua composição fique delimitada àquilo que é
possível desenvolver em sua redação. Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
E o que é a delimitação do tema? É simples. É a Pensem nas meninas
elaboração de sua tese que, por sua vez, é seu posi- Cegas inexatas
cionamento sobre esse tema. Na maioria das vezes, o Pensem nas mulheres
número de linhas que é proposto para se desenvolver Rotas alteradas
o tema é limitado. Geralmente, não passa de 30 linhas, Pensem nas feridas
por isso, é preciso ser claro e direto no desenvolvi- Como rosas cálidas
mento da argumentação; Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
z Título é o nome que você dá à sua redação. Ele tem Da rosa de Hiroxima
a função de apresentar e chamar a atenção sobre A rosa hereditária
o assunto desenvolvido. Porém, é importante lem- A rosa radioativa
brar que são poucas as instituições que solicitam Estúpida e inválida
que o candidato dê um título ao texto. Se ele não A rosa com cirrose
for pedido, não é para colocá-lo. A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Se Tiver de Pôr Título, qual Palavra Dele Deve-se Pôr Sem rosa sem nada. 1
em Maiúscula?
Agora um exemplo de texto em prosa:
Há duas possibilidades:
Hiroshima ou Hiroxima (広島市 ‘Hiroshima-shi’)
z A primeira forma convencionada diz que só a pri- é a capital da prefeitura de Hiroshima, no Japão. É
meira palavra do título deve ser iniciada por letra cortada pelo rio Ota (Ota-gawa), cujos seis canais
maiúscula, como em: dividem a cidade em ilhas. Cresceu em torno de um
castelo feudal do século XVI. Recebeu o estatuto de
É bom fazer redação com o Nélson! cidade em 1589. Serviu de quartel-general durante
a Primeira Guerra Sino-Japonesa (1894–95).
z A segunda forma permite que você coloque todas Em 6 de agosto de 1945, foi a primeira cidade do
as palavras com iniciais maiúsculas, com exceção mundo arrasada pela bomba atômica de fissão deno-
dos vocábulos monossilábicos e átonos (sem senti-
9
minada Little Boy, lançada pelo governo dos Estados
-9

do próprio), como preposições e artigos: Unidos, resultando em 250 000 mortos e feridos.2
96
.3

É Bom Fazer Redação com o Nélson! É importante notar que redação para concurso é
93

em prosa.
.0
06

Importante! O que Eu Faço se Errar uma Palavra Quando Estiver


-1

Nomes próprios são sempre com iniciais maiúsculas. Passando a Limpo minha Redação?
a

Use pontuação significativa se for necessário,


lv
Si

como interrogação e exclamação. O ponto final Erro é erro, não dá para voltar no tempo. Porém,
muitas instituições orientam os candidatos a passar um
da

é dispensável.
traço simples sobre a palavra e continuar escrevendo
io

como se nada houvesse acontecido. Geralmente, nesses


v

É Preciso Usar Letra Cursiva ou Pode Ser de Forma?


casos, o erro não é considerado. Sendo assim, não perca


O

tempo sofrendo e faça como no exemplo a seguir:


ri

A letra cursiva (letra de mão) só será necessária se Vamos começar nossa redassão redação agora.
A

for uma exigência do edital. De uma maneira geral, o Entendeu?


que se pede é a legibilidade.
É importante sempre se lembrar de respeitar as TIPOLOGIA TEXTUAL
regras de caixa alta e caixa baixa, ou seja, maiúscula e
minúscula devem ser diferenciadas:
Caixa alta <CALIGRAFIA>, caixa baixa <caligrafia>. Em geral, os textos são classificados em três moda-
lidades distintas quanto à tipologia textual. Dessa
O que é Texto em Prosa? forma, o texto pode ser descritivo, narrativo ou disser-
tativo. É comum que um texto se apresente com tipos
Texto em prosa é aquele que naturalmente usa- mistos de modalidades, mas a intencionalidade estru-
mos para escrever um bilhete, uma carta, nos comu- tural do texto deve ser preservada para garantir uma
nicarmos em e-mail etc. Ele se constrói em estrutura tipologia predominante, isto é, o que importa é qual
linear (linha cheia) por meio de parágrafos. É a forma a intenção do autor que predomina no todo do texto.
comum de escrever. Podemos, então, pensar o seguinte:
1 Disponível em: https://www.viniciusdemoraes.com.br/pt-br/poesia/poesias-avulsas/rosa-de-hiroxima. Acesso: 21 jun. 2022.
86 2 Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Hiroshima. Acesso em: 21 jun. 2022. Adaptado.
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Se na leitura do texto predomina a imagem de A progressão temporal, como já vimos, trata-se de
alguém ou de algo, assim como acontece quando olha- uma sucessão de fatos, e é essa sucessão que nos reve-
mos uma foto, é porque o texto é descritivo. la o fato principal, ao que damos o nome de ação.
Se predomina a revelação de um fato, o autor con- Por essa razão é que dissemos, também, que a nar-
ta uma história, como uma fofoca, por exemplo, é por- ração apresenta a revelação de um fato, nesse caso, o
que esse texto é narrativo. fato principal, que, para acontecer, depende de fatos
Se, na leitura, predomina o desenvolvimento de uma de menor importância que ele.
ideia, principalmente se autor quiser convencer-nos Na narração, as informações importantes, portan-
de algo, como uma propaganda, o texto é dissertativo. to, estão associadas aos verbos, sempre submissos a
Para simplificar palavras substantivas.
É bom lembrar ainda que a narração apresenta
Descrição  imagem também elementos que a diferenciam dos demais
Narração  fato tipos de texto. Esses elementos são:
Dissertação  ideia
z Personagem ou personagens: com quem acontece
Vamos aprofundar o reconhecimento de cada tipo. algo, um fato;
Para isso, vamos ver quais são as características de z Narrador: aquele que conta o que aconteceu, narra
cada modalidade para que você saiba diferenciá-los. o fato;
z Tempo: quando aconteceu o fato;
Descrição z Lugar: cenário, onde o fato aconteceu;
z Ação: o que aconteceu.
Podemos ilustrar essa modalidade como uma
espécie de fotografia textual, em que o observador Note que nem todos aparecem obrigatoriamente
absorve as informações por intermédio dos sentidos. em um único texto, mas o que nunca falta à narra-
Esse desenho feito com as palavras representa o que ção é o personagem.
o observador vê paralisado no tempo, por isso, nada Ex.:  Um jovem leiteiro foi confundido com um
muda no desenvolvimento do texto. assaltante e morto nesta madrugada com um tiro no
Dessa forma, não ocorre na representação do coração. Um morador de nossa cidade, assustado com
cenário (ou objeto) progressão temporal (sucessão de o barulho feito pelo trabalhador da madrugada, eli-
fatos), portanto, não há passagem do tempo.   minou o suposto marginal em nome da segurança dos
Na descrição, as principais informações são pas- que dormiam inocentes.
sadas por intermédio de palavras adjetivas, sempre Vejamos como fica nosso esquema narrativo:
submissas a palavras substantivas.
Ex.:  Na mistura do sangue com o leite das garra-
z Um jovem leiteiro foi confundido com um assaltante;
fas quebradas, viam-se os fios castanhos do cabelo do
z Um jovem leiteiro foi morto com um tiro no
jovem embebidos naquele grosso líquido. Não devia
coração;
ter mais de 20 anos, mas mostrava nas mãos calos que
z Um morador eliminou o suposto marginal;
9
foram cultivados parece que há muito mais tempo.
-9

z Os inocentes dormiam.
O que vemos nesse texto? Observe:
96
.3

Os verbos garantem o dinamismo do texto, registran-


z Sangue e leite estão misturados;
93

do o agente da ocorrência. Assim, entendemos bem a


z As garrafas estão quebradas;
.0

z Os cabelos são castanhos; diferença entre a descrição, que não apresenta movimen-
06

z O jovem tem aproximadamente 20 anos; to, pois nela não há sucessão de fatos, e, por isso, o tempo
-1

z Os cabelos estão embebidos; não passa: sem progressão temporal; e a narração, que
apresenta sucessão de fatos: com progressão temporal.
a

z O líquido é grosso;
lv

z As mãos eram calejadas; Importante é perceber que o traço de diferença


Si

z Os calos foram cultivados. marcante entre os dois tipos de texto é a progressão do


da

tempo. Para confirmar a progressão nesse texto, basta


percebermos a mudança apresentada no contexto: o
io

Por causa desses elementos descritivos, somos leva-


v

dos a imaginar o cenário estático. Observe que o todo do leiteiro estava vivo, trabalhando, e agora está morto.

texto compõe uma imagem que nós, leitores, consegui- Para completar a análise desse texto, a partir do
O

mos criar em nosso raciocínio, como se fosse uma foto. levantamento das características da narração, vamos
ri

reconhecer seus elementos:


A

Note ainda que isso ocorre porque não há passa-


gem do tempo, isto é, não houve sucessão de fatos, tan-
to que o cenário é único e nada se altera, nada muda z Personagens: o leiteiro e o morador da cidade;
do começo ao fim, logo, é um texto que não apresenta z Narrador: aquele que nos conta o fato;
progressão temporal. Por isso, o que predomina na z Tempo: nesta madrugada;
leitura desse texto realmente é a imagem; trata-se, z Lugar: nossa cidade;
então, de uma descrição. z Ação: assassinato.

Narração Atenção: o que realmente diferencia a narração


REDAÇÃO

Vamos agora à narração. Assim como fizemos com dos outros tipos de texto é a progressão temporal.
a descrição, podemos também ilustrar como um fil- Dissertação
me a elaboração do texto narrativo, pois aqui ocorre
a passagem do tempo registrando a ação apresenta- A dissertação é o tipo de texto mais comum de ser
da no texto, por isso, sempre apresentará progressão cobrado em provas de concurso, tanto na argumenta-
temporal, pois sempre haverá uma mudança, uma ção geral sobre temas diversos, quanto na exposição de
transformação do fato apresentado inicialmente. seus conhecimentos em questões discursivas. 87
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Na dissertação, propõe-se uma tese sobre uma Por ora, vamos retomar o esquema anterior e
suposta verdade. Tal verdade deve ter existência aprofundá-lo para que não se esqueça de como dife-
substancial, por isso, é representada por uma pala- renciar os três tipos de texto:
vra substantiva. A sustentação dessa verdade, por sua
vez, pode ser ilustrada por outras palavras substanti- descrição  imagem — não há progressão temporal
vas. Veja o texto a seguir: narração  fato — há progressão temporal
dissertação  ideia — progressão discursiva
Dissertação é um trabalho baseado em estudo teó-
rico de natureza reflexiva, que consiste na ordenação ESTRUTURA DISSERTATIVA E PROGRESSÃO
de ideias sobre um determinado tema. A característi- DISCURSIVA
ca básica da dissertação é o cunho reflexivo-teórico.
Dissertar é debater, discutir, questionar, expressar Neste assunto, trabalharemos alguns elementos
ponto de vista, qualquer que seja. É desenvolver um importantes para iniciarmos nossa produção de textos.
raciocínio, desenvolver argumentos que fundamen-
A dissertação é um tipo de texto que se caracteriza
tem posições. É polemizar, inclusive, com opiniões e
pela exposição e defesa de uma ideia que será anali-
com argumentos contrários aos nossos. É estabelecer
relações de causa e consequência, é dar exemplos, é
sada e discutida a partir de um ponto de vista. Para
tirar conclusões, é apresentar um texto com organiza- tal defesa, o autor do texto dissertativo trabalha com
ção lógica das ideias. Basicamente um texto em que o argumentos, fatos, dados, os quais utiliza para refor-
autor mostra as suas ideias. çar ou justificar o desenvolvimento de suas ideias.
Para atender a esse propósito, a dissertação deve
Assim, podemos entender a dissertação, diferen- apresentar uma organização estrutural que conduza
ciando-a dos dois tipos anteriores, como um texto que as informações ao leitor de forma a seduzi-lo quanto
apresenta a análise do autor sobre algo, revelando um ao reconhecimento da verdade proposta como tese.
entendimento lógico sobre o assunto que ele analisou. Compreende-se como estrutura básica de uma disser-
Por isso, dissemos inicialmente que é um texto que tação a divisão da exposição da argumentação em três
apresenta uma ideia, ao que chamamos de tese, isto é, partes distintas: a introdução, o desenvolvimento e a con-
esse tipo de texto revela a ideia que o autor desenvol- clusão. Acompanhe cada uma dessas partes a seguir.
veu sobre um determinado assunto.
Além disso, todas as informações que forem apre- Introdução
sentadas sobre o assunto analisado serão os argu-
mentos que representarão a análise feita pelo autor. A introdução do texto dissertativo é a apresenta-
Note que os argumentos são os motivos que levaram ção de seu projeto. Ela deve conter a tese de sua dis-
o autor a ter um posicionamento, uma ideia, uma tese sertação, ou seja, deve apresentar seu posicionamento
sobre o assunto. sobre o tema proposto pela banca.
Ex.: Não se pode mais tratar a vida humana como Esse momento é muito importante para o leitor,
um simples exemplo de existência biológica. Já está na pois é aí que será mostrada a identificação de suas
hora de se entender que é preciso ter respeito à vida ideias com o tema. É um bom momento para apresen-
9
como uma atitude existencial que deve ser encarada
-9

tá-lo aos argumentos sequencialmente ordenados de


como essência de nossa natureza, o que vai além das
96

acordo com a progressão que você dará à sua redação


próprias leis de um país.
.3

(progressão textual).
Atente-se para o que se pode destacar agora:
93

A introdução deve ser clara e chamar a atenção para


.0

z A verdade geral defendida, o nome do assunto = dois itens básicos: os objetivos do texto e o plano do
06

vida, especificamente a humana; desenvolvimento. Sem ter medo de apresentar alguma


-1

z Argumentos que sustentam essa verdade: respei- previsibilidade de seu projeto, você, autor, deve expor
a

to e essência. os caminhos por que percorrerá em sua explanação.


lv

Lembre-se de que o leitor, corretor de seu traba-


Si

O substantivo vida representa a palavra-chave lho, é um professor experiente e é a organização que


da

quanto à verdade defendida na tese do autor de que mais o impressionará nesse momento. Por isso, não
“Não se pode mais tratar a vida humana como um sim-
io

tenha medo de ser objetivo e previamente ilustrativo


v

ples exemplo de existência biológica”. Essa verdade é quanto aos seus propósitos de trabalho.

sustentada por dois argumentos positivos na defesa Ex.: Parágrafo de introdução


O

dessa tese: o respeito à vida e a vida como essência Todos sabem o quanto a tecnologia vem imple-
ri

de nossa natureza.
A

mentando novos valores à vida do homem moder-


Observe que, nesse texto, não há progressão tempo-
no principalmente no que diz respeito a sua vida
ral, pois não há mudança alguma, já que não existe uma
em sociedade (1). É notório o desenvolvimento da
sequência de fatos; não há também a criação de uma
tecnologia em campos como o da educação (2) e o
imagem de alguém ou de algo; mas há uma evolução, um
dos serviços sociais (3). Essas inovações vão ainda
desenvolvimento da ideia apresentada no início do texto
em relação à vida humana, ao que chamamos de progres- muito além disso, atingindo vários outros espaços
são dissertativa, afinal, a ideia “progrediu”, a ideia inicial do cotidiano (4) da maioria das pessoas.
foi ficando sólida à medida que o texto se desenrolou.
O que caracteriza definitivamente o texto disserta- z (1) A tese: a tecnologia vem implementando novos
tivo, então, é a existência de uma ideia base apresen- valores à vida do homem moderno principalmente
tada, a tese e o seu desenvolvimento, culminando no que diz respeito a sua vida em sociedade;
em seu fortalecimento por meio dos argumentos. z (2), (3), (4) Argumentos levantados a fim de sus-
Esse fortalecimento chama-se fundamentação. tentar a tese: o desenvolvimento da tecnologia
No texto bem elaborado, a tese é tida como verda- em campos como o da educação (2) / o dos serviços
de pela fundamentação, portanto, podemos reconhe- sociais (3) / inovações atingindo vários outros espa-
88 cer nele a progressão discursiva. ços do cotidiano (4).
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Desenvolvimento Ex.: Considerações finais:
Tendo em vista os aspectos observados sobre esse
O desenvolvimento é a parte em que você deve admirável mundo de facilidades técnicas, só nos res-
expor os elementos que vão fundamentar sua tese, ta comentar que não foi só o computador que tor-
que pode vir especificada por intermédio de argu- nou a vida do cidadão mais simples e confortável,
mentos, pormenores, exemplos, citações, dados esta- mas outros campos da tecnologia também contri-
tísticos, explicações, definições, confrontos de ideias e buíram para isso. Os aparelhos de GPS, que nos
contra-argumentações. orientam a qualquer direção, ou ainda diversos
Você poderá usar tantos parágrafos quanto achar dispositivos médicos portáteis, garantem a melho-
necessário para desenvolver suas teorias; porém, em
ra da qualidade de vida de todos os homens do nos-
redações de curta extensão, o ideal é que cada pará-
so tempo.
grafo apresente objetivamente apenas um dos argu-
mentos a serem desenvolvidos ou, ainda, que esses
argumentos sejam agrupados caso vários deles devam ESTRATÉGIAS ARGUMENTATIVAS
ser apresentados para sustentar sua tese.
Ex.: Apresentação do primeiro argumento sobre “o Coesão
desenvolvimento da tecnologia em campos como o
da educação”: Coesão pode ser considerada a “costura” textual,
Alguns argumentam que é importante reconhecer a “amarração” na estrutura das frases, dos períodos
o papel das redes mundiais de informação para e dos parágrafos que fazemos com palavras. Para
o favorecimento da construção do conhecimen- garantir uma boa coesão no seu texto, você deve pres-
to. Hoje é possível visitar um museu, consultar uma tar atenção a alguns mecanismos.
biblioteca e até mesmo estudar sem sair de casa. Por A seguir, em negrito, há exemplos de períodos que
meio da internet, saberes de nível mundial podem ser podem ser melhorados utilizando os mecanismos de
alcançados por qualquer pessoa que os deseje. Basta coesão:
estar diante de um computador, ou de posse de um
desses modernos aparelhos celulares, para se ligar a z Elementos anafóricos: esse, essa, isso, aquilo,
qualquer momento ao universo virtual. Hoje é pos-
ele...
sível ler qualquer livro a qualquer momento em um
desses dispositivos.
Ex.: Apresentação do segundo argumento sobre “o São palavras referentes a outras que apareceram
desenvolvimento da tecnologia em campos como o no texto, a fim de retomá-las.
dos serviços sociais”:
Outro aspecto que merece destaque especial é Ela = Dolores seu = Ela
quanto ao atendimento oferecido ao cidadão pelos
órgãos do serviço público. Já é possível registrar
um boletim de ocorrência via computador ou ainda Ex.: Dolores era beleza única. Ela sabia do seu
agendar a emissão de passaportes junto às agencias poder de seduzir e o usava
9
-9

da Polícia Federal em qualquer lugar do Brasil. Con-


96

sultas médicas podem ser marcadas em hospitais


.3

públicos ou privados e os exames realizados podem


o = poder
93

ser consultados diretamente do banco de dados des-


.0

sas entidades.
06

Ex.: Apresentação do terceiro argumento sobre “as z Elementos catafóricos: este, esta, isto, tal como,
-1

inovações em vários outros espaços do cotidiano”: a saber...


E isso não para por aí. Ainda convém lembrar que
a
lv

de muitas outras formas a tecnologia interfere


São palavras referentes a outras que irão aparecer
Si

positivamente em nossas vidas. As relações sociais


no texto:
da

intensificaram-se depois do surgimento das várias


redes de relacionamento, tendo início com o Orkut e o
io

Facebook, permitindo que as pessoas se reencontrem


v

em ambientes virtuais, o que antigamente exigiria


Ex.: Este novo produto a deixará maravilhosa, é o
O

muito esforço coletivo para tais eventos. Programas


xampu Ela. Use-o e você não vai se arrepender!
ri

como o Zoom e o Google Meet possibilitam que as


A

pessoas conversem e interajam em diferentes partes


do mundo sem nenhum custo além dos já dispensa- O pronome demonstrativo este apresenta um ele-
dos com seus provedores residenciais. Uma mãe que mento do qual ainda não se falou = o xampu.
mora longe dos filhos já pode vê-los, ou aos netos, pela
tela de um notebook ou celular, sempre que sentir z Coesão Lexical
saudade.
São palavras ou expressões equivalentes. A repe-
Conclusão tição de palavras compromete a qualidade do texto,
REDAÇÃO

mostrando falta de vocabulário do redator. Assim, é


A conclusão é a retomada da ideia principal, que aconselhável a utilização de sinônimos:
agora deve aparecer de forma muito mais convin- Ex.: Primeiro busquei o amor, que traz o êxtase —
cente, uma vez que já foi fundamentada durante o êxtase tão grande que sacrificaria o resto de minha
desenvolvimento da dissertação. Deve, pois, conter, vida por umas poucas horas dessa alegria.
de forma sintética, o objetivo proposto na instrução, a Nesse caso, a palavra alegria aparece como sinôni-
confirmação da hipótese ou da tese, acrescida da argu- mo semântico da palavra amor, representando-a.
mentação básica empregada no desenvolvimento. 89
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z Coesão por Elipse ou Zeugma (Omissão) Além disso, percebendo se a linguagem do texto é
figurada ou não, seu raciocínio interpretativo deverá
É a omissão de um termo facilmente identificável. funcionar de uma determinada maneira, como pode-
Podemos ocultar o sujeito da frase e fazer o leitor pro- mos ver neste texto de Ricardo Reis, heterônimo de Fer-
curar no contexto quem é o agente, fazendo correla- nando Pessoa:
ções entre as partes.
Ex.: O marechal marchava rumo ao leste. Não Já sobre a fronte vã se me acinzenta
tinha medo, (?) sabia que ao seu lado a sorte também O cabelo do jovem que perdi.
galopava. Meus olhos brilham menos.
A interrogação representa a omissão do sujeito Já não tem jus a beijos minha boca.
marechal que fica subentendido na oração. Se me ainda amas por amor, não ames:
Traíras-me comigo.
z Conectivos Principais (Ricardo Reis/Fernando Pessoa)

„ Preposições e suas locuções: em, para, de, Elementos Importantes de Coesão e Coerência
por, sem, com...
„ Conjunções e suas locuções: e, que, quando, Para continuarmos o estudo de coesão e coerên-
para que, mas... cia, devemos relembrar alguns elementos gramaticais
„ Pronomes relativos, demonstrativos, pos- importantes. Acompanhe a seguir.
sessivos, pessoais: onde, que, cujo, seu, este,
esse, ele... z Pronomes Demonstrativos

Ex.: Os programas de TV, em que nós podemos ver Indicam posição dos seres em relação às pessoas
muitas mulheres nuas, são imorais. Desde seu iní- do discurso, situando-os no tempo e/ou no espaço
cio, a televisão foi usada para facilitar o domínio da (função dêitica destes pronomes). Podem também ser
sociedade. Como exemplo, podemos citar a chegada empregados fazendo referência aos elementos do tex-
do homem à Lua, quando os EUA conseguiram, com to (função anafórica ou catafórica). São eles:
sua propaganda capitalista frente a uma Guerra Fria,
a simpatia de grande parte da população do planeta.
ESTE (A/S), ESSE (A/S), Têm função de pronome
Coerência AQUELE (A/S) adjetivo
ISSO, ISTO, AQUILO, O Têm função de pronome
Coerência textual é uma relação harmônica que se (A/S) substantivo
estabelece entre as partes de um texto, em um contex- MESMO, PRÓPRIO, Quando são demons-
to específico, e que é responsável pela percepção de SEMELHANTE, TAL (E trativos, são pronomes
uma unidade de sentido. Sendo assim, os principais FLEXÕES) adjetivos
9
aspectos envolvidos nessa questão são:
-9
96

Empregos do pronome demonstrativo:


z Coerência Semântica
.3
93

„ Indicando localização no espaço:


.0

Refere-se à relação entre significados dos elementos


06

da frase (local) ou entre os elementos do texto como um Este (aqui): pronome de 1ª pessoa: o falante o empre-
-1

todo: ga para referir-se ao ser que está junto dele. Ex.: Este é
Ex.: Paulo e Maria queriam chegar ao centro da
a

meu casaco! — a moça avisou, enquanto o segurava.


lv

questão.
Esse (aí): pronome de 2ª pessoa: o falante o empre-
Si

Não caberia aqui pensar em centro como bairro


ga para referir-se ao ser que está junto do seu ouvinte.
da

de uma cidade. É nesse caso que entra o estudo da


Ex.: Passe-me essa jarra de suco, por favor. — pediu
coesão por meio do vocabulário.
io

ela ao rapaz que sentara à sua frente.


v

Aquele (lá): pronome de 3ª pessoa: a referência


z Coerência Sintática
O

será ao ser que está distante do falante e do ouvinte.


ri

Ex.: As duas no portão não aguentavam de curiosida-


Refere-se aos meios sintáticos que o autor utiliza
A

para expressar a coerência semântica: de, quem seria aquele moço na esquina?
“A felicidade, para cuja obtenção não existem
técnicas científicas, faz-se de pequenos fragmentos...” „ Indicando localização temporal:
Como leitor do texto, você deve entender que o
pronome cuja foi empregado para estabelecer posse Este (presente): Neste ano, haverá Copa do Mundo.
entre obtenção e felicidade. Esse (passado próximo): Nesse ano que passou,
É nesse caso que entra o estudo da coesão com o não tivemos Copa do Mundo.
emprego dos conectivos. Esse (passado futuro): A próxima copa será em
2014. Nesse ano, poderemos ver todos os jogos acon-
z Coerência Estilística tecerem aqui em nosso país.
Aquele (passado distante ou bastante vago):
Refere-se ao estilo do autor, à linguagem que ele Naquela época, não havia iluminação elétrica.
emprega para redigir. O leitor atento a isso consegue
facilmente entender a estrutura do texto e relacionar „ Fazendo referências contextuais (funções ana-
90 bem as informações textuais. fórica e catafórica):
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Este: refere-se a um elemento sobre o qual ainda se vai falar no texto (referência catafórica). Ex.: Este é o proble-
ma: estou dura. Pode também fazer uma referência de especificação a um elemento já expresso (referência anafórica).
Ex.: Ana e Bia saíram, esta foi ao cinema.
Esse: refere-se a um elemento já mencionado no texto (referência anafórica). Ex.: Comprei aspirina. Esse
remédio é ótimo.
Este: refere-se à última informação antecedente a ele no texto;
Aquele: refere-se à informação mais distante dele no texto. Ex.: Ana, João e Cris são irmãos; esta é quieta, esse
fala pouco e aquela fala muito.

z Período Composto

„ Que, o/a (s) qual (s): referem-se à coisa ou pessoa. Ex.: O livro que li é ótimo. / O livro o qual li é ótimo;
„ Quem: refere-se à pessoa, sempre preposicionado. Ex.: Esta é a aluna de quem falei;
„ Cujo (parecido com o possessivo): estabelece posse. Ex.: Este é o autor com cujas ideias concordo;
„ Onde (= em que): refere-se a lugar. Ex.: A rua onde (em que) moro é movimentada.

Atenção!

„ Observar a palavra a que se refere o pronome relativo para evitar erros de concordância verbal. Ex.: Lemos
os livros que foram indicados pelo professor (que = os quais → livros);
„ Respeitar a regência do verbo ou do nome, usando a preposição exigida quando necessário. Ex.: Este é o
livro a que me refiro.

O verbo “referir-se” pede a preposição “a”; por isso, ela aparece antes do “que”. Ex.: Esta é a obra por que
tenho admiração. A preposição “por” foi exigida pelo substantivo “admiração”;

„ Os pronomes como, quando e quanto também podem ser relativos;


„ Os relativos compõem as orações subordinadas adjetivas;
„ As orações adjetivas podem ser explicativas (cujo conteúdo é explicativo, genérico, uma informação a
mais) ou restritivas (cujo conteúdo é de restrição, especificação, informação importante no contexto).

z As Orações Subordinadas Adjetivas e a Semântica

As orações adjetivas são iniciadas sempre por pronomes relativos e podem ser de dois tipos:
9
„ Explicativa: O homem, que é racional, mata.  A oração adjetiva deste caso não tem sentido restritivo,
-9

pois todos os homens são racionais;


96

„ estritiva: O homem que fuma morre mais cedo.  A oração adjetiva deste caso reporta-se apenas ao
.3

homem fumante.
93
.0

z Emprego de Cujo e Onde


06
-1

ONDE Lugares. Este é o prédio onde fica o 1º cartório.


a
lv
Si

Esta é a jovem de
da

CUJO cujo pai eu lhe falei.


Concorda com o substantivo posterior e indica
io

SUBS . CUJO SUBS. que esse substantivo pertence a outro termo


v

substantivo anterior ao cujo. Este é o pai de cuja


O

POSSE jovem eu lhe falei.


ri
A

Conjunções Coordenativas, Locuções Conjuntivas, Preposições e Locuções Prepositivas

„ Adição: e, nem, (não só...) mas também, mas ainda, tampouco, (não só...) como também. Ex.: A água crista-
lina brota da terra e busca seu caminho por entre as pedras;
„ Adversidade/oposição: mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto, não obstante. Ex.: Este can-
didato não estudou muito, mas foi aprovado;
REDAÇÃO

„ Alternância: ou... ou, ora... ora, quer... quer, seja... seja. Ex.: Ou estude, ou aguente a reprova;
„ Conclusão: logo, portanto, pois (depois de verbo), por isso, então. Ex.: Bebida alcoólica pode causar vício,
portanto sua venda deve ser considerada ilícita;
„ Explicação: que, porque, pois (antes do verbo), porquanto. Ex.: Não se preocupe, que eu arrumarei toda
esta bagunça.

91
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z Conjunções Subordinativas Adverbiais Vejamos agora alguns exemplos de construções
que apresentam erros de paralelismo:
„ Causa: porque, como (somente no início do
período), que, já que, visto que, por (+ infinitivo), „ Paralelismo semântico: Em sua última via-
graças a, na medida em que, em virtude de (+ infi- gem pela América Latina como representan-
nitivo), em face de, desde que, uma vez que. Ex.: te do governo brasileiro, o presidente visitou
Como estava muito doente, foi ao médico; Havana, a República Dominicana, Washington
„ Comparação: mais... que, menos... que, tão/ e o Presidente Barack Obama.
tanto... como, assim como, como. Ex.: Ele sem-
pre se posicionou como um líder; Observe que nesse caso o verbo “visitou” está sen-
„ Concessão: embora, conquanto, ainda que, do empregado de maneira a sugerir que se pode visitar
mesmo que, se bem que, apesar de (+ infini- uma cidade da mesma forma como se visita uma pessoa,
tivo), em que pese a (+ infinitivo), posto que, ou seja, está empregado de forma errada, já que ocorre
malgrado. Ex.: Embora não esteja me sentindo um duplo sentido a esse verbo com essa construção.
bem, assistirei à aula até o final; Uma forma correta de representar a ideia pretendida
„ Condição: se (às vezes prevalece a ideia de cau- pelo texto é: Em sua última viagem pela América Latina
sa, outras vezes, de tempo, ou, ainda, de oposi- como representante do governo brasileiro, o presidente
ção), caso, desde que, a não ser que, a menos visitou Havana, a República Dominicana, Washington e
que (a ideia pode ser desdobrada em de conces- nesta última cidade foi ver o Presidente Barack Obama.
são), contanto que, uma vez que. Ex.: Eles não
conseguirão vaga para este ano letivo, a menos
„ Paralelismo sintático: Nosso time se esforçou
que haja alguma desistência;
bastante em todos os jogos, mas conseguiram
„ Conformidade: conforme, como, segundo,
se tornar os campeões este ano.
consoante. Ex.: Tudo aconteceu como eles
imaginaram;
„ Consequência: (tão/tanto...) que, de modo que, Veja como a conjunção adversativa “mas” foi inde-
de maneira que, de sorte que. Ex.: Tanto lutou, vidamente empregada, dando uma ideia de que ser
que progrediu muito na vida; campeão é oposto ao fato de se esforçar para vencer.
„ Finalidade: a fim de que, a fim de (+ infinitivo), O correto nesse caso seria empregar uma conjunção
que, porque, para que, para (+ infinitivo). Ex.: que conduzisse logicamente a primeira oração à ideia
Faça bem a sua parte do projeto para que não da vitória apresentada na segunda oração, como em:
haja reclamações; Nosso time se esforçou bastante em todos os jogos, por
„ Proporcionalidade: à proporção que, à medi- isso (e, dessa forma, logo, consequentemente...) conse-
da que, na medida em que, quanto mais, quanto guiu se tornar o campeão este ano.
menos, conforme. Ex.: À medida que o progres-
so avança, o romantismo diminui; Progressão Textual
„ Tempo: quando (a ideia pode ser desdobrada
em ideia de condição), enquanto, mal, logo que, A progressão textual é o processo pelo qual o texto
9
assim que, sempre que, desde que, conforme.
-9

se constrói a partir de elementos semânticos e grama-


96

Ex.: Mal ele chegou, todas o rodearam. ticais. Novas informações devem ser somadas e liga-
.3

das às informações anteriores e não apenas repetidas.


93

Paralelismo Deve haver a continuidade e a evolução dos concei-


.0

tos já apresentados que podem ser conquistadas por


06

Paralelismo pode ser entendido como equilíbrio intermédio dos elementos de coesão.
-1

da organização textual, promovendo no texto coe- Veja uma simulação do projeto de máscaras de
rência em sua elaboração e, portanto, em seu sentido. redação e observe na prática como a progressão tex-
a
lv

Esse mesmo equilíbrio deve assim ser entendido nos tual ocorre:
Si

períodos, pois sua redação também deve apresentar Muito se tem discutido ultimamente sobre (blá,
da

uma sequência lógica para que ele tenha sentido cla- blá, blá) por causa de (blá, blá, blá). Sabe-se que
ro e realmente dê a informação pretendida pelo seu alguns fatores como (blá, blá, blá), (blá, blá, blá) e
io

autor. (blá, blá, blá) são a base do desenvolvimento desse


v

Veja, como exemplo, o que diz o professor Othon problema. As consequências imediatas de (blá, blá,
O

Marques Garcia em seu livro Comunicação em Prosa blá) só poderão ser avaliadas quando (blá, blá, blá).
ri

Moderna: O primeiro passo a se tomar é o de (blá, blá, blá).


A

Além de (blá, blá, blá), também se pode especular


Se coordenação é, como vimos, um processo de que (blá, blá, blá).
encadeamento de valores sintáticos idênticos, é Ainda convém chamar a atenção para mais um
justo presumir que quaisquer elementos da frase — ponto determinante sobre (blá, blá, blá), que é (blá,
sejam orações, sejam termos dela —, coordenados
blá, blá).
entre si, devam — em princípio, pelo menos — apre-
sentar estrutura gramatical idêntica, pois — como, O resultado de todo esse esforço é (blá, blá, blá) e
aliás, ensina a gramática de Chomsky — não se é em busca de (blá, blá, blá) que se deve (blá, blá, blá).
podem coordenar frases que não comportem cons- Sendo assim, (blá, blá, blá).
tituintes do mesmo tipo. Em outras palavras: as Você pode perceber que, mesmo não abordando
ideias similares devem corresponder forma verbal assunto algum, há um encadeamento lógico da estru-
similar. Isso é o que se costuma chamar paralelis- tura do texto que conduz a uma eficiência argumen-
mo ou simetria de construção3A. tativa que admite a idealização de uma vasta margem
de desenvolvimentos sobre variados temas.

92 3 GARCIA, O. M. Comunicação em prosa moderna. Rio de Janeiro, Editora FGV: 2010, p. 52-53.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
TEORIA DAS MÁSCARAS Observe o texto apresentado e sua estrutura.
Imaginemos que o tema proposto a nós fosse “A ali-
Depois de observar as dificuldades que as pessoas mentação do brasileiro” e que, a partir desse tema,
têm de se expressarem por meio da escrita, colocamos tivéssemos que produzir uma dissertação sobre ele.
aqui soluções definitivas para esses problemas, sem a A primeira coisa a fazer seria a delimitação do
pretensão de criar fórmulas mágicas, mas sim de criar tema, ou seja, deveríamos buscar com objetividade
um referencial mais concreto e imediato. uma tese, dentro desse tema, sobre a qual fôssemos
Leia inicialmente o texto piloto de nosso projeto: capazes de argumentar, como esta:
“A comida dos brasileiros é muito saudável e tem tudo
z Projeto de dissertação: Exemplos arroz com feijão; de que ele necessita para seu longo dia de trabalho”.
z Tema: A alimentação do brasileiro; O próximo passo seria o de levantar alguns argu-
z Tese: A comida dos brasileiros é muito saudável e mentos que sustentassem a tese proposta com valor
tem tudo de que ele necessita para seu longo dia de verdade. Veja como fizemos:
de trabalho; Já que estávamos falando da alimentação dos
z Argumentos: carboidratos no arroz com feijão; brasileiros, nada melhor do que falarmos sobre seus
proteínas no bife com salada; glicose e cafeína do pontos positivos, pontos estes reconhecidos até por
cafezinho preto com açúcar. especialistas em alimentação mundial: o valor nutri-
cional que compõe o nosso prato mais popular — isso
1° Parágrafo mesmo, o “PF”, “prato feito”, que encontramos em
bares, pequenos restaurantes e, principalmente, na
Todos sabem o quanto, em nosso país, a comida maioria das mesas do povo brasileiro: o arroz com fei-
é saudável e tem tudo de que os brasileiros necessi-
jão, bife e salada, finalizado com um cafezinho preto.
tam para seu longo dia de trabalho. Verifica-se que
Decompomos esse prato e identificamos seus prin-
os carboidratos no arroz com feijão, as proteínas no
cipais ingredientes, aqueles merecedores de destaque
bife com salada, além da glicose no cafezinho preto
como boa argumentação a favor de nossa tese. Marcamos
com açúcar, fornecem um completo abastecimento de
o “carboidrato”, presente no arroz e no feijão, como nosso
energia somada ao prazer.
primeiro ponto positivo. Depois foi a vez das “proteínas”
presentes no bife com salada e chegamos, finalmente, à
2° Parágrafo
“cafeína” e ao “açúcar” presentes no cafezinho. Pronto, já
temos a primeira parte de nosso projeto organizado.
É de fundamental importância o consumo de
alimentos ricos no fornecimento de energia para a O próximo passo é juntar tudo no primeiro pará-
movimentação do nosso corpo. Podemos mencionar, grafo, de maneira organizada, de forma que as ideias
por exemplo, o arroz com feijão que diariamente sejam apresentadas em uma sequência que deixe cla-
abastece a nossa mesa, por causa de sua riqueza em ro ao leitor sobre o que será falado e também qual
carboidratos. Esse complexo alimentar nos recompõe será a sequência de argumentos que será apresentada
da energia própria consumida durante o dia. para dar credibilidade a nossa tese.
Veja o modelo do primeiro parágrafo:
9
-9

3° Parágrafo
96

Todos sabem o quanto, em nosso país, __


.3

Além disso, as proteínas da carne no bife que come- _______________________________________. Verifica-se que
93

________________________, __________________________,
mos servem para repor a massa muscular perdida
.0

além de ______________________, fornecem (ou: resultam,


durante o trabalho. E, somando-se a isso, há as fibras
06

culminam, têm como consequência...) ________.


das verduras e folhas, que ajudam no processamento dos
-1

alimentos pelos órgãos digestivos. Daí a possibilidade de


Compare agora com o parágrafo preenchido com
a

reafirmarmos o valor nutricional do conjunto de alimen-


lv

a tese e com os argumentos e veja a amarração que


Si

tos de nosso prato mais tradicional e de justificarmos os


conseguimos:
hábitos desenvolvidos em nossa cultura culinária.
da

Todos sabem o quanto, em nosso país, a comida


é saudável e tem tudo de que os brasileiros necessi-
io

4° Parágrafo
v

tam para o seu longo dia de trabalho. Verifica-se que


os carboidratos no arroz com feijão, as proteínas no


O

Ainda convém lembrarmos outro hábito que


bife com salada, além da glicose no cafezinho preto
ri

contribui para o sucesso do nosso bem elaborado


A

cardápio (que é): o de tomarmos um cafezinho após com açúcar, fornecem um completo abastecimento
as refeições. Esse conjunto da cafeína mais o açúcar de energia somada ao prazer.
reabastece nosso cérebro de energia desviada para A partir daí, fizemos o mesmo para os parágrafos
os órgãos processadores da digestão no momento em seguintes, impondo a eles estruturas programadas
que comemos. Essas substâncias reprimem a sonolên- com relação lógica de coerência e coesão. Você perce-
cia típica da hora do almoço, mantendo-nos despertos. berá que a continuidade e a progressão textual foram
sendo procuradas e construídas para dar evolução ao
5° Parágrafo texto e aos argumentos.
No segundo parágrafo, iniciamos com uma frase
REDAÇÃO

Levando-se em consideração esses aspectos prá- de apresentação que valoriza o primeiro argumento,
ticos do prato do brasileiro, somos levados a acreditar depois fomos completando os espaços em branco que
que não é apenas por prazer que somos seduzidos ligavam os argumentos entre si com relações preesta-
pela nossa culinária, mas também por tudo o que ela belecidas de: finalidade ― com a conjunção “para” ―;
nos oferece para a manutenção de nossa saúde. Sendo explicação ― com o “que” ― causa ― com a locução
assim, a falta de qualquer um desses ingredientes nos “por causa de”.
causará debilidade, além de insatisfação. 93
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Veja que, para manter a continuidade textual Ainda convém lembrarmos outro hábito
recuperando sempre a ideia central do parágrafo, que contribui para o sucesso do nosso bem elabo-
preocupamo-nos em acrescentar o pronome demons- rado cardápio, que é o de tomarmos um cafezinho
trativo “Esse”, fechando com uma conclusão sobre após as refeições. Esse conjunto da cafeína mais o
esse argumento. açúcar reabastece nosso cérebro de energia des-
viada para os órgãos processadores da digestão
É de fundamental importância o __________________ no momento em que comemos. Essas substâncias
_______________ para _______________. Podemos men- reprimem a sonolência típica da hora do almoço,
cionar, por exemplo, ___________ que _______________, mantendo-nos despertos.
por causa de ____________. Esse _____________________
____________________________________. Para os parágrafos de desenvolvimento, também
podemos relacionar frases que você poderá escolher
Observe como ficou a sequência completa do para dar originalidade ao seu texto:
segundo parágrafo:
É de fundamental importância o consumo de z Ao se examinarem alguns..., verifica-se que...
alimentos ricos no fornecimento de energia para a z Pode-se mencionar, por exemplo, ...
movimentação do nosso corpo. Podemos mencionar, z Em consequência disso, vê-se, a todo instante, ...
por exemplo, o arroz com feijão que diariamente z Alguns argumentam que...
abastece a nossa mesa, por causa de sua riqueza em z Além disso...
carboidratos. Esse complexo alimentar nos recompõe z Outro fator existente...
da energia própria consumida durante o dia. z Outra preocupação constante...
Veja agora uma coletânea de frases que podem z Ainda convém lembrar...
auxiliá-lo na introdução de seus parágrafos iniciais: z Por outro lado...
z Porém, mas, contudo, todavia, no entanto, entretanto...
z É de conhecimento geral que...
z Todos sabem que, em nosso país, há tempos, Lembramos que esses exemplos são apenas suges-
observa-se... tões e que você poderá desenvolver construções que
z Cogita-se, com muita frequência, que... atendam sua necessidade a partir de quando for
z Muito se tem discutido, recentemente, acerca de... adquirindo experiência com a produção de textos.
z É de fundamental importância o (a).... Tanto quanto podemos criar padrões para a introdu-
z Ao fazer uma análise da sociedade, busca-se desco- ção e para o desenvolvimento de nossas redações, também
brir as causas de....
podemos criá-los para a conclusão de nossa dissertação.
z Talvez seja difícil dizer o motivo pelo qual...
Acompanhe a organização de nosso último parágrafo:
Assim como no segundo parágrafo, o terceiro e o Levando-se em consideração esses as-
quarto também seguiram o mesmo princípio quanto pectos _________________, somos levados a acredi-
às relações de coesão. As conjunções foram posiciona- tar que __________________________, mas também
9
das para dar coerência a quase qualquer tipo de argu- _____________________. Sendo assim, ________________
-9

mentação. Veja as estruturas vazias e seus respectivos _________________.


96

parágrafos completos:
.3

Teremos, após preencher o modelo:


93

3º Parágrafo
.0
06

Levando-se em consideração esses aspectos prá-


Além disso, ________________________________
-1

ticos do prato do brasileiro, somos levados a acreditar


______________. E, somando-se a isso, ________________ que não é apenas por prazer que somos seduzidos
a

que ________________________________________________
lv

_. Daí _______________________ e de _________________ pela nossa culinária, mas também por tudo o que ela
Si

nos oferece para a manutenção de nossa saúde. Sendo


_____________________.
da

assim, a falta de qualquer um desses ingredientes nos


causará debilidade além de insatisfação.
io

Além disso, as proteínas da carne no bife que come-


Os aspectos conclusivos presentes nesse último
v

mos servem para repor a massa muscular perdida


parágrafo garantem ao leitor a clareza de que se che-


O

durante o trabalho. E, somando-se a isso, há as fibras


gou ao final do desenvolvimento da tese inicial.
ri

das verduras e folhas que ajudam no processamento dos


As frases em destaque dão força conclusiva ao pará-
A

alimentos pelos órgãos digestivos. Daí a possibilidade de


grafo, conduzindo a sequência textual a uma possível
reafirmarmos o valor nutricional do conjunto de alimen-
tos de nosso prato mais tradicional e de justificarmos os solução para os problemas propostos, ou, ainda, podem
hábitos desenvolvidos em nossa cultura culinária. gerar simples constatações das verdades idealizadas.
Você também pode contar com uma pequena lista
4º Parágrafo de frases que podem auxiliá-lo nessa tarefa:

Ainda convém lembrarmos __________ z Em virtude dos fatos mencionados...


_____________________, (que é): _______________. z Por isso tudo...
Esse ____________________________________ para z Levando-se em consideração esses aspectos...
____________________________. Essa(s) _______________ z Dessa forma...
___________________________. z Em vista dos argumentos apresentados...
z Dado o exposto...
z Por todos esses aspectos...
z Pela observação dos aspectos analisados...
94 z Portanto... / logo... / então...
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Após a frase inicial, pode-se continuar a conclusão
com as seguintes frases: MÁSCARA 2

1º Parágrafo
z ...somos levados a acreditar que...
z ...é-se levado a acreditar que... Entre os aspectos referentes a _____________________,
três pontos merecem destaque especial. O primeiro é
z ...entendemos que...
_____________________; o segundo ________________ e, por fim,
z ...entende-se que... ______________.
z ...concluímos que...
z ...conclui-se que... 2º Parágrafo
z ...é necessário que... Alguns argumentam que _______________________
z ...faz-se necessário que... para __________________________. Isso porque
________________________. Dessa forma, _______________.
Observe como fica, então, a soma dos parágrafos e
3º Parágrafo
como se deu a criação da primeira máscara:

Outra preocupação constante é


MÁSCARA 1 _________________________, pois _______________________.
Como se isso não bastasse, ___________________ que
____________________. Daí ______________ que _____________ e
1º Parágrafo que ________________________.

Todos sabem o quanto, em nos- 4º Parágrafo


so país, __________________________________ Também merece destaque _____________ o
____. Verifica-se que _____________________, (a) qual ____________________________. Diante disso,
_______________________________ além de _____________________ para que __________________________.
______________________________ fornecem (ou: re-
sultam, culminam, têm como consequência...)
_______________________. 5º Parágrafo

Tendo em vista os aspectos observa-


2º Parágrafo dos ________________, só nos resta esperar que
______________________, ou quem saiba _________________.
É de fundamental importância o ___________ Consequentemente, _____________.
_________________________ para ____________________.
Podemos mencionar, por exemplo, ________________ Sugerimos a você que faça suas primeiras reda-
que ___________________, por causa de ___________. ções com base em uma das máscaras prontas. Confor-
Esse ____________________. me for avançando nos estudos, você poderá construir
suas próprias máscaras personalizadas.
3º Parágrafo
9
Por fim, preparamos uma máscara de organização
-9

sequencial para seu projeto de redação. Use-a para se


96

Além disso, _______________________________


organizar.
.3

__________. E, somando-se a isso, __________________


93

que ________________________________________. Daí


.0

________________________ e de ______________________. PROJETO DE TEXTO (monte sua dissertação)


06
-1

1º TEMA: ________________________________________________
________________.
a

4º Parágrafo
lv

2º TESE: __________________________________________________
Si

________________.
Ainda convém lembrarmos ________________
da

(que é): __________________________. Esse 3º ARGUMENTOS a) ______________________________.


io

____________________ para ______________________. Es-


v

b) ______________________________.

sa(s) ____________________________.
O

c) ________________________________.
ri

5o Parágrafo
A

(1º parágrafo) Tese + argumentos


Levando-se em consideração esses aspec- ___________________________________________________________
tos ________________, somos levados a acreditar que ___________________________________________________________
__________________________________________________________
_____________, mas também _______________. Sendo as- __________________________________________________________.
sim, ___________________.

Agora que vimos o processo de criação das más- (2º parágrafo) Justificativas (por que isso ocorre?): argu-
mento “a” + provas e exemplos (mostre casos conhecidos
REDAÇÃO

caras, você poderá começar também seu trabalho ou dê exemplos semelhantes ao seu argumento)
de produção. Antes, porém, vamos apresentar mais
dois outros modelos de máscaras de redação que você Construa o parágrafo unindo as informações anterio-
res ao argumento “a” .
poderá usar como base para suas próprias criações.
Observe como as máscaras garantem o encadea- ___________________________________________________________
mento das ideias, a coesão entre as orações e a coe- ___________________________________________________________
rência com as várias possibilidades argumentativas. A __________________________________________________________
__________________________________________________________.
seguir, temos mais um exemplo de máscara: 95
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Preenchendo o modelo, teremos:
Faça o mesmo esquema no 3º e 4º parágrafos É fato notório que a alimentação do brasileiro é
para os argumentos “b” e “c”
boa e tem tudo de que necessitamos para suprir os
____________________________________________________ desgastes de um dia de trabalho. Sabe-se que os car-
____________________________________________________ boidratos do arroz e do feijão, as proteínas do bife e da
____________________________________________________ salada, além da glicose do cafezinho preto com açú-
____________________________________________________ car fornecem um completo abastecimento de energia
____________________________________________________ somada ao prazer.
_________.
____________________________________________________ „ Definição
____________________________________________________
____________________________________________________ O parágrafo por definição é entendido como um
____________________________________________________ método preferencialmente didático, pois busca, por inter-
____________________________________________________
médio de uma explicação clara e breve, a exposição do
_________.
significado de uma ideia, palavra ou de uma expressão.
Elabore sua conclusão: (confirme sua tese dizendo É a forma de exposição dos diversos lados pelos
que, se algum dos argumentos não for considerado, quais se pode encarar um assunto. Pode apresentar
a ideia inicial não poderá ser sustentada, ou que os tanto o significado que o termo carrega no uso geral
resultados propostos não serão atingidos) quanto aquele que o falante pretende determinar
____________________________________________________ para o propósito do seu discurso.
____________________________________________________ Uma definição é um enunciado que descreve um
____________________________________________________ conceito, permitindo diferenciá-lo de outros conceitos
____________________________________________________ associados.
_______________________________________________. Veja como, em nosso parágrafo de exemplo, explo-
ramos o conceito global e generalizado sobre o assun-
APROFUNDAMENTO DA ELABORAÇÃO DO to. Você perceberá como o modelo vazio traz a indução
PARÁGRAFO DISSERTATIVO do assunto a ser definido.
Vale lembrar que, como se trata de uma definição,
Vamos agora aprofundar o nosso trabalho com a estru-
a base dessa informação deve sustentar-se em uma
tura dos textos dissertativos. Para isso, trabalharemos as
verdade consagrada, diferentemente do que vimos
várias modalidades de parágrafos que podem ser utiliza-
no exemplo anterior, já que a declaração inicial pode
dos para a elaboração de uma boa dissertação. Mostrare-
basear-se em uma posição pessoal a ser defendida.
mos aqui a continuidade de nosso projeto de máscaras e
os vários arranjos que são possíveis ao construí-las.
Modelo nº 2:
Parágrafo de Introdução
______________ é a denominação dada a
9
-9

O parágrafo de introdução tem como uma de suas _____________. Essa ________________________, mas a hi-
96

funções mais importantes a de apresentar a tese que pótese mais aceita é a de que _______________________.
.3

será defendida no decorrer da redação. Outra versão afirma que esse ___________________,
93

É também possível e bastante didático que você faça que tem origem ________________. O que se sabe é que
.0

uma prévia dos argumentos que serão trabalhados na _________________.


06

sustentação dessa tese. Assim, o leitor poderá ser orien-


-1

tado, logo de saída, a acompanhar o ritmo do seu pensa- Preenchendo o modelo, teremos:
a

mento e a sequência das suas argumentações.


lv

Arroz com feijão é a denominação dada a um pra-


Si

to típico da América Latina. Essa receita não tem uma


z Tipos Diferentes de Parágrafos de Introdução
da

origem certa, mas a hipótese mais aceita é a de que


seria fruto de uma combinação do arroz (de origem
io

„ Declaração Inicial
oriental) trazido pelos portugueses ao Brasil com o
v

Na declaração, afirma-se ou nega-se algo de iní- feijão, que já seria consumido no Brasil pelos índios.
O

cio para, em seguida, justificar-se e comprovar-se a Outra versão afirma que esse prato foi a união do
ri

arroz com a feijoada, que tem origem africana ou


A

assertiva com exemplos, comparações, testemunhos


de autores etc. portuguesa. O que se sabe é que, ao longo dos sécu-
Vejamos um exemplo desse tipo de parágrafo apli- los, esse prato foi se popularizando por todo o país,
cado à nossa proposta básica, que é o projeto arroz passando a ser uma parte quase que indispensável da
com feijão. Mais uma vez, colocamos a disposição refeição dos brasileiros.
vazia do parágrafo, que poderá ser utilizada por você
sempre que desejar, seguida de um exemplo. „ Divisão

Modelo nº 1: O parágrafo de divisão, processo também qua-


se que exclusivamente didático, por causa das suas
É fato notório que ________________________ características de objetividade e clareza, consiste em
________. Sabe-se que ________________________, além apresentar o tópico frasal (frase que introduz o pará-
da _________________________________________________ grafo) sob a forma de divisão ou discriminação das
_______. ideias a serem desenvolvidas (normalmente, a divisão
vem precedida por uma definição, ambas no mesmo
96 parágrafo ou em parágrafos distintos).
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Usamos aqui como representação desse modelo o „ Interrogação
conceito de silogismo. Silogismo é um termo filosófi-
co com o qual Aristóteles designou a argumentação A ideia núcleo do parágrafo por interrogação é
lógica perfeita, constituída de três proposições decla- colocada por intermédio de uma pergunta a qual ser-
rativas que se conectam de tal modo que, a partir das ve mais como recurso retórico, uma vez que a questão
levantada deve ser respondida pelo próprio autor.
primeiras duas, chamadas premissas, é possível dedu-
Seu desenvolvimento é feito por intermédio da
zir uma conclusão. A teoria do silogismo foi exposta confecção de uma resposta à pergunta.
por Aristóteles em sua obra Analíticos anteriores.
Modelo nº 5:
Modelo nº 3:

_____________ pode ser representado de duas Será possível determinar qual é


maneiras diferentes: _________, que é ___________, _________________ para ___________________? (Respos-
e _____________, que é _______________. Enquanto a ta) _________________________________________________
primeira ______ se apresenta ____________________, ________________________________.
esta, por sua vez, realiza-se por intermédio de
Preenchendo o modelo, teremos:
_____________________. Será possível determinar qual é a melhor com-
binação de alimentos para atender às necessidades
Preenchendo o modelo, teremos: diárias de nossa população? Qualquer nutricionista
O silogismo pode ser representado de duas manei- dirá que sim, pois alimentos ricos em carboidratos e
ras diferentes: silogismo simples, que é formado por proteínas devem compor essa alimentação e não há
um único núcleo argumentativo, e silogismo composto, quase nada mais apropriado do que nosso tradicional
prato de todos os dias. O arroz com feijão tem as pro-
que é formado por diversos núcleos argumentativos de
porções perfeitas para satisfazer essa necessidade que
elaboração complexa. Enquanto a primeira teoria se todos têm de recomposição de força e de energia.
apresenta pela estrutura filosófica básica consagrada
pela antiguidade, esta, por sua vez, realiza-se por inter- Parágrafos de Desenvolvimento
médio de vários silogismos desenvolvidos para atender
às novas perspectivas de sedução e convencimento. Após o primeiro parágrafo, que, como já vimos,
pode apresentar a tese e também os argumentos prin-
„ Alusão Histórica cipais que serão desenvolvidos, chega a hora de abor-
dar os elementos que sustentarão essas afirmações
A elaboração de um parágrafo por alusão histórica é iniciais. Os parágrafos seguintes deverão conter os
recursos argumentativos que articularão o convenci-
um recurso que desperta sempre a curiosidade do leitor
mento do leitor quanto à tese apresentada.
por meio de fatos históricos, lendas, tradições, crendices,
anedotas ou acontecimentos de que o autor tenha sido z Tipos Diferentes de Parágrafos de Desenvolvimento
participante ou testemunha (desenvolve-se geralmente
9
-9

por meio da comparação com o presente ou retorno a ele). As possibilidades de ordenação do parágrafo são
96

A vantagem desse método é o de podermos mos- várias: exploração de aspectos espaciais e temporais,
.3

trar o desenvolvimento cronológico de um assunto, enumeração de pormenores, apresentação de analo-


93

expondo sua evolução no tempo. gia ou contraste, citação de exemplos e apresentação


.0

Ao utilizar um fato histórico para sustentar uma de causas e consequências. Acompanhe a seguir.
06

tese, lembre-se de que a história é a ciência que estuda


-1

„ Desenvolvimento por Exploração Espacial


o homem e sua ação no tempo e no espaço, concomi-
a

tantemente à análise de processos e eventos ocorridos Ao argumentar, você pode se servir da exposição de
lv
Si

no passado, e, como ela é uma ciência, tem, por conse- informações relativas ao lugar em que os fatos ocorreram.
guinte, um grande valor argumentativo.
da

Observe como é simples: Modelo nº 1:


vio

Modelo nº 4: A cidade (ou região) em destaque é


O

____________, que fica localizada em ____________________,


ri

Desde a época da __________, sabe-se região __________ de ____________. É aí onde se localiza


A

que ___________________ para _________________. ________________________ dessa região. Cercada por


Principalmente hoje em dia, reconhece-se que ________________________, foi bem no centro desse ______
___________________________. _________________________________________.

Preenchendo o modelo, temos: Preenchendo o modelo, teremos:


Desde a época da escravidão no Brasil, sabia-se A cidade em destaque é Pindaíba da Serra, que fica
que a alimentação dada a esses novos brasileiros era localizada em Monte Mole, região nobre de Pindora-
boa e tinha tudo de que eles necessitavam para suprir ma. É aí onde se localiza uma das mais belas reservas
REDAÇÃO

os desgastes de um longo dia de trabalho. Hoje em dia, naturais de paioca-rija, um cipó medicinal e afrodisíaco
muito cobiçado pelos moradores dessa região. Cerca-
principalmente, já se reconhece que os carboidratos
da por uma densa floresta de mambutis gigantes, foi
do arroz e do feijão, as proteínas da carne e das verduras bem no centro desse santuário tropical que a próspera
fornecem um completo abastecimento de energia soma- cidadezinha se tornou uma espécie de centro cultural da
da ao prazer, justificando os hábitos do passado como região por preservar até hoje um dos mais tradicionais
responsáveis pela tradição alimentar que preservamos. rituais de nossa história: a sagração da taioba-plus, enti-
dade sagrada e reverenciada pelos devotos naobilicos. 97
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„ Desenvolvimento por Exploração Temporal Ao preenchermos o modelo, teremos:
Muitos acreditam que o cafezinho preto com açúcar
Nesse modelo, o leitor é informado do momento pode causar excitação e ansiedade quando consumido em
em que os fatos ocorreram com a indicação de datas excesso, por causa da cafeína e da glicose presentes nele.
e outros aspectos temporais. Pode-se recorrer nesse Por outro lado, sabe-se também que essas substâncias
momento aos artifícios empregados no próprio pará- fornecem uma carga suplementar de energia nos deixan-
grafo de alusão histórica, já que este também se serve
do despertos logo após o almoço, quando muitas vezes
de referências cronológicas.
somos acometidos por uma sonolência indesejada.
Modelo nº 2:
„ Desenvolvimento por Exploração de Ideias
No passado, quando pensávamos em Analógicas e Comparação
__________, notávamos que ______________ era
______________ comparada à que vemos recentemen- Para organização das ideias, nossos redatores utilizam
te. Hoje, por outro lado, _____________________________ expressões que indicam confronto, valendo-se do artifí-
tornaram-se _______________. O resultado disso é que cio de contrapor ideias, seres, coisas, fatos ou fenômenos.
_____________, na atualidade, tornou-se _______________. Tal confronto tanto pode ser tanto de contrastes
como de semelhanças. Analogia e comparação são
Preenchendo o modelo, teremos: também espécies de confronto:
No passado, quando pensávamos em alimentação,
notávamos que sua relação com a sobrevivência era mui- A analogia é uma semelhança parcial que sugere
to maior comparada à que vemos nos nossos atuais. uma semelhança oculta, mais completa. Na com-
Hoje, por outro lado, a qualidade desses alimentos e a paração, as semelhanças são reais, sensíveis numa
qualidade da saúde que eles proporcionam tornaram-se forma verbal própria, em que entram normalmente
o foco desse pensamento. O resultado disso é que comer, os chamados conectivos de comparação (quanto,
na atualidade, tornou-se um ritual de bem viver. como, do que, tal qual) [...]4.

„ Desenvolvimento por Exploração de Porme- Por exemplo:


nores ou de Enumerações
Modelo nº 5:
Nesse modelo de parágrafo, tem-se por objetivo enu-
merar características, relacionar aspectos importantes
sobre algum assunto. A apresentação das ideias pode ser No caso das _______________, porque cada
ou não ordenada segundo uma ordem de importância. qual tem seus próprios valores ________________. En-
A ordem depende do que se pretende enfatizar. quanto a _________________, as ________, por sua vez,
_____________________.
Modelo nº 3:
Ao preenchermos o modelo, teremos:
No caso das proteínas do bife e da salada que
9
Entre os aspectos referentes a
-9

____________________________, três pontos merecem desta- comemos, seria melhor não generalizar, porque cada
96

que especial. O primeiro é _______________________________; qual tem seus próprios valores para a alimentação.
.3

o segundo diz respeito __________________ e, por fim, ______ Enquanto a carne é rica em proteínas que repõem
93

___________________________. as perdas musculares pelo desgaste do dia a dia, as


.0

verduras, por sua vez, oferecem as fibras que nos


06

Ao preenchermos o modelo, teremos: auxiliam no processamento dos alimentos pelo nosso


-1

Entre os aspectos referentes à alimentação dos bra- organismo ajudando na absorção dos nutrientes.
a

sileiros, três pontos merecem destaque especial. O pri-


lv

meiro é quanto aos carboidratos presentes no arroz com „ Desenvolvimento por Exploração de Causa e
Si

feijão; o segundo diz respeito às proteínas presentes no Consequência


da

bife com salada e, por fim, a glicose somada à cafeína no


io

cafezinho preto com açúcar, que fornecem um completo Dentro de uma perspectiva lógica e simples, deve-
v

abastecimento de energia somada ao prazer. mos compreender causa como um fator gerador de

problemas e consequência como os problemas gera-


O

„ Desenvolvimento por exploração de contraste dos pela causa. Trabalhar com causas e consequências
ri
A

de ideias é apresentar os aspectos que levaram ao problema


discutido e às suas decorrências.
Na ordenação do parágrafo por exposição de con-
trastes entre si, você pode se servir de comparações, Modelo nº 6:
ideias paralelas, ideias diferentes e ideias opostas.
Modelo nº 4:
É de fundamental importância o
__________________ para ___________________. Pode-
Muitos acreditam que mos mencionar, por exemplo, ________________ que
___________________________, por causa da
_____________________. Por outro lado, sabe-se também ________________, por causa _____________.
que ______________________________________, quando mui-
tas vezes _________________________________. Ao preenchermos o modelo, teremos:
É de fundamental importância o consumo de
alimentos ricos no fornecimento de energia para a
98 4 Ibidem, p. 232.
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movimentação do nosso corpo. Podemos mencionar, Modelo nº 2:
por exemplo, o arroz com feijão que diariamente
abastece a nossa mesa, por causa de sua riqueza em O que mais há para ser tomado como
carboidratos. Esse complexo alimentar nos recompõe ____________ (?) ___________ acreditar que ____________,
da energia própria consumida durante o dia. mas também ___________ (?). Certamente que sim,
pois _________________.
Parágrafo de Conclusão
Preenchendo o modelo, teremos:
A conclusão de uma dissertação é o momento de O que mais há para ser tomado como positivo e prá-
se mostrar que o objetivo proposto na introdução foi tico no prato dos brasileiros? O que sabemos nos leva a
atingido. É de fundamental importância que não ocor- acreditar que não é apenas por prazer que somos seduzi-
ra contradição com a tese proposta no início de sua dos pela nossa culinária, mas também por tudo o que ela
redação, o que descaracterizaria toda a argumentação. nos oferece para a manutenção de nossa saúde. E a falta
Nesse momento, deve-se fazer uma síntese geral ou desses ingredientes mudará a saúde de nossa população?
retomar a ideia inicial, reforçando os pontos de par- Certamente que sim, pois a carência de tais ingredientes
tida do raciocínio. Pode-se também demonstrar que nos causará debilidade, além de insatisfação.
uma solução a um problema foi encontrada ou que
uma proposta de solução pode ser alcançada, ou, ain- „ Conclusão por Resposta, Solução ou Proposta
da, que uma resposta a uma pergunta foi encontrada.
Esse momento pode também gerar um questio- Levanta-se uma (ou mais) hipóteses ou sugestões
namento final, desde que não concorra com suas do que se deve fazer para transformar a história mos-
exposições anteriores. A satisfação do leitor deve ser trada durante o desenrolar do texto.
contemplada na conclusão para que ele não se sinta
frustrado pela expectativa criada quanto ao tema. Modelo nº 3:
A volta ao início do texto que a conclusão faz é algo
que chamamos de circularidade. Esse caráter finaliza- Tendo em vista os aspectos observados so-
bre ___________, só nos resta esperar que ___________.
dor da conclusão também colabora para a progressão Ou quem saiba ainda que _______________ para
e continuidade textual. que ______________________. Consequentemente,
___________________________.
z Tipos Diferentes de Parágrafos de Conclusão
Preenchendo o modelo, teremos:
Podemos enumerar alguns exemplos de conclu-
Tendo em vista os aspectos observados sobre
sões satisfatórias que todos poderão usar em seus tex-
nossa alimentação, só nos resta esperar que se
tos dissertativos.
garanta a todo brasileiro o acesso a esse rico cardápio.
Ou quem saiba ainda que se divulgue o sucesso de
„ Conclusão por Síntese ou Resumo
9
nossa combinação alimentar para que o mundo saiba
-9

que no Brasil se come bem. Consequentemente, será


96

O primeiro recurso com que trabalharemos será possível a qualquer um balancear com eficiência e bai-
.3

o do resumo ou da síntese geral. Nesse caso, retoma-


93

xo custo do que se põe na mesa de sua casa.


-se, resumidamente, aquilo que se explorou durante Agora, comece a criar seus próprios arranjos e uti-
.0

o texto:
06

lizar essas técnicas para compor redações eficientes


-1

que garantam seu sucesso em qualquer tipo de con-


Modelo nº 1: curso que peça a você um posicionamento específico
a
lv

sobre qualquer tema.


Si

Levando-se em consideração esses as-


pectos __________ somos levados a acreditar que
da

CONSTRUINDO AS MÁSCARAS DE REDAÇÃO


não é apenas por _______________, mas também
io

________________. Sendo assim, ______________.


v

Vamos agora montar nosso quebra-cabeças? Veja


como arranjamos os modelos de maneiras diferentes.


O

Ao preenchermos o modelo, teremos:


ri

Levando-se em consideração esses aspectos prá-


A

Modelo nº 1 — Introdução (Declaração Inicial)


ticos do prato do brasileiro, somos levados a acredi-
tar que não é apenas por prazer que somos seduzidos É fato notório que __________________________.
pela nossa culinária, mas também por tudo o que ela Sabe-se que ______________________, além da _________
nos oferece para a manutenção de nossa saúde. Sen- _____________________________.
do assim, a falta de qualquer um desses ingredientes
nos causará debilidade, além de insatisfação. Modelo nº 2 — Desenvolvimento (Pormenores
ou de Enumerações)
„ Conclusão por Questionamento
REDAÇÃO

Entre os aspectos referentes a


Nesse modelo, parte-se de um questionamento ______________________, três pontos merecem des-
para encerrar seu raciocínio. Mas não se esqueça de taque especial. O primeiro é _____________________;
que você não deve colocar em dúvida os argumentos o segundo _____________________ e por fim
desenvolvidos em sua redação. _________________________.

99
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Modelo nº 3 — Desenvolvimento (Temporal) Ao mesmo tempo em que eles nos ofereciam diver-
sas alternativas para a estruturação de nosso projeto,
também nos orientavam dando caminhos a seguir na
No passado, quando pensávamos em argumentação. É como se montássemos realmente
____________, notávamos que ________________ era um quebra-cabeça.
_________________ comparada à que vemos recentemente.
Hoje, por outro lado, _____________________________ torna- Escolhemos três modelos diferentes de parágrafos
ram-se ____________. O resultado disso é que __________, na de desenvolvimento para esse projeto: por enumera-
atualidade, tornou-se _____________________. ções, o temporal e o por contraste. Forçamos um pouco
a barra, primeiro criando a máscara para, só depois,
Modelo nº 4 — Desenvolvimento (Contraste de completar nossa redação. Afinal de contas, essa é a
Ideias) vantagem do projeto de máscaras. Veja como ficou:

Muitos acreditam que _____________________, É fato notório que a comida dos brasileiros
por causa da _________________. Por outro lado, sa- é muito boa e tem tudo de que eles necessitam para o
seu longo dia de trabalho. Sabe-se que o arroz com
be-se também que ________________, quando muitas
feijão nos fornece um completo abastecimento de
vezes _______________. energia somado ao prazer.

Entre os aspectos referentes a esse par


Modelo nº 5 — Conclusão (Síntese ou Resumo)
considerado completo que é o arroz com feijão, três
pontos merecem destaque especial. O primeiro
Levando-se em consideração esses aspec- está na riqueza de carboidratos presentes nele e que
tos _______________, somos levados a acreditar que nos reabastece repondo a energia consumida durante
não é apenas por _____________________, mas também o dia; o segundo nos reporta ao sabor exótico e mar-
__________. Sendo assim, _________________. cante que o alimento oferece, tornando-o sempre uma
escolha positiva quanto ao prazer e, por fim, deve-se
levar em conta a vantagem do baixo custo dessa com-
Nova máscara binação se comparado a outros alimentos também
computados como importantes para a composição
É fato notório que de uma alimentação rica.
______________________________. Sabe-se
que ____________________________, além da No passado, quando pensávamos em ali-
__________________. mentação, notávamos que sua relação com sobre-
vivência era muito maior comparada à que vemos
Entre os aspectos referentes a recentemente. Hoje, por outro lado, a qualidade des-
_____________________________, três pontos merecem ses alimentos e a qualidade da saúde que eles proporcio-
destaque especial. O primeiro é ___________________ nam tornaram-se o foco desse pensamento. O resulta-
____________; o segundo __________________________ e, do disso é que comer, na atualidade, tornou-se um
por fim, _____________________________________.
9
ritual de bem viver.
-9
96

No passado, quando pensávamos em


_____________, notávamos que ___________________ era Muitos acreditam que a comida presente
.3
93

________________ comparada à que vemos recentemen- em nossas mesas é uma das mais saudáveis do mun-
te. Hoje, por outro lado, __________________________ do, por causa da sua variedade e equilíbrio. Por
.0

tornaram-se _________________. O resultado dis-


06

outro lado, sabe-se também que poderá engordar,


so é que _________, na atualidade, tornou-se
-1

quando muitas vezes for consumida sem medida,


_________________. com inspiração apenas no sabor e no prazer que ofe-
a
lv

rece.
Si

Muitos acreditam que


__________________________, por causa da Levando-se em consideração esses aspec-
da

tos práticos do prato do brasileiro, somos levados a


______________________. Por outro lado, sabe-se tam-
io

acreditar que não é apenas por prazer que somos se-


bém que ___________________, quando muitas vezes
v

duzidos pela nossa culinária, mas também por tudo o


______________.
que ela nos oferece para a manutenção de nossa saúde.
O

Levando-se em consideração esses aspec- Sendo assim, concluímos que a falta desse ingre-
ri

tos _____________________, somos levados a acredi- diente em nossa mesa nos causará debilidade, além de
A

tar que não é apenas por ________________________, insatisfação.


mas também ______________________. Sendo assim,
________________________. Com esses modelos apresentados, desejamos mos-
trar como é possível programar e treinar nossos tra-
Observe que fizemos a opção por abrir nossa reda- balhos de redação se exercitarmos essas habilidades.
ção com uma declaração inicial. Como abordamos um Porém, é de fundamental importância que você busque
tema geral, sem uma relevância científica notória e ou crie um modelo de máscara com o qual você mais se
que representa na verdade um conhecimento cultural identifique. Isso para que, no momento de produção de
somado às observações de médicos e nutricionistas, sua redação, principalmente se ocorrer durante uma
a declaração foi a melhor alternativa, já que não se prova de concurso, você já esteja organizado.
compromete com a obrigatoriedade de recorrência a Com isso, espera-se que você tenha a vantagem de
uma fonte de conhecimento referencial. partir direto para a elaboração de seu texto sem ter
Em seguida, arranjamos os parágrafos de desen- de ficar parado buscando inspiração em um momento
volvimento mesclando os vários modelos apresenta- em que todo segundo é importante.
100 dos anteriormente.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
PROJETO DE TEXTO — ANÁLISE DE PROPOSTAS E Por fim, vêm as orientações quanto ao erro de gra-
RESPECTIVOS PROJETOS POSSÍVEIS fia, que nem sempre aparecem nesse quadro inicial,
mas que sempre servem como referência para todas
Neste tópico, trabalharemos com a análise de algu- as provas. Lembre-se sempre de que o corretor não
mas propostas de variadas instituições para mostrar as é um perito do serviço de inteligência nacional, que
diferenças entre elas. Veremos também como vêm sendo busca meios científicos e investigativos para decodifi-
apresentados os temas e como agir diante das diferentes car informações relevantes de uma mensagem secre-
exigências feitas nas últimas provas de concursos. ta. Por isso, se seu texto tiver problemas quanto à
Depois passaremos ao trabalho de orientação de legibilidade, mais pontos serão perdidos, ou pior, será
como evitar erros comuns e como buscar soluções para desclassificado caso não se possa ler o que foi escrito.
alguns problemas que venhamos a enfrentar quando Veja como as bancas costumam trabalhar com
estivermos escrevendo a nossa redação durante a prova. o possível erro na transcrição de uma palavra. Você
Veja a proposta a seguir: deve apenas passar um traço sobre a palavra, a frase,
o trecho ou o sinal gráfico e escrever em seguida o res-
pectivo substituto.
PROVA DISCURSIVA Exemplo:
� Nesta folha, faça o que se pede, usando, caso dese- Errou?
je, o espaço para rascunho indicado no presente ca-
derno. Em seguida, transcreva o texto para a folha de Depois de hoje, iremos para nossas caz casas muito
texto definitivo da prova discursiva, no local apropria- felizes.
do, pois não será avaliado fragmento de texto escrito
Corrigiu!
em local indevido
� Qualquer fragmento de texto além da extensão má-
xima de linhas disponibilizadas será desconsiderado Como informação extra, eles alertam para que não
� Na Folha de Texto Definitivo, a presença de qualquer se usem parênteses com essa finalidade. Os parênte-
marca identificadora no espaço destinado à transição ses são elementos gramaticais de pontuação e, como
do texto definitivo acarretará a anulação da sua prova tais, devem ser usados em sua indicação correta, iso-
discursiva lando termos pertinentes ao texto, e é dessa forma
� Ao domínio do conteúdo serão atribuídos até 13,00 que será avaliado seu uso.
pontos, dos quais até 0,60 ponto será atribuído ao que- Observe agora os seguintes textos motivadores e o
sito apresentação (legibilidade, respeito às margens e tema que deve ser abordado obrigatoriamente:
indicação de parágrafos) e estrutura textual (organiza-
ção das ideias em texto estruturado) Direito à Saúde
O direito à saúde é parte do conjunto de direitos cha-
mados de direitos sociais, que têm como inspiração
Inicialmente, o candidato é orientado a usar a o valor da igualdade entre as pessoas. No Brasil, esse
folha de rascunho e depois transcrevê-la para a folha direito apenas foi reconhecido na CF; antes disso, o Esta-
9
definitiva. Por quê? Porque muitos candidatos deixam do apenas oferecia atendimento à saúde para trabalha-
-9

para fazer suas redações ao término da prova objeti-


96

dores com carteira assinada e suas famílias; as outras


va, quando a prova discursiva ocorre concomitante- pessoas tinham acesso a esses serviços como um favor
.3
93

mente a esta, e acabam administrando mal o tempo. e não como um direito. Na Constituinte de 1988, as res-
Quando isso ocorre, acabam fazendo suas redações ponsabilidades do Estado foram repensadas, e promo-
.0
06

diretamente na folha definitiva e têm de assumir os ver a saúde de todos passou a ser seu dever: “A saúde é
direito de todos e dever do Estado, garantido mediante
-1

riscos de cometer erros que não podem ser revertidos.


Ou, ainda, não conseguem passar o texto “a limpo” e políticas sociais e econômicas que visem à redução do
a

risco de doença e de outros agravos e ao acesso univer-


lv

esperam que seja corrigido assim mesmo.


sal e igualitário às ações e serviços para a promoção,
Si

proteção e recuperação” (CF, art. 196).


da

A saúde é um direito de todos porque sem ela não há


Importante!
io

condições de uma vida digna, e é um dever do Estado


v

porque é financiada pelos impostos que são pagos pela


Por determinação apresentada geralmente nos


população. Dessa forma, para que o direito à saúde seja
O

editais, os rascunhos não serão lidos. uma realidade, é preciso que o Estado crie condições
ri
A

de atendimento em postos de saúde, hospitais, progra-


mas de prevenção, medicamentos etc., e, além disso, é
Dessa forma, os candidatos perdem a oportunidade preciso que esse atendimento seja universal (atingindo
de disputar a vaga para esse concurso, pois são desclas- a todos os que precisam) e integral (garantindo tudo de
que a pessoa precise).
sificados como se não houvessem feito sua redação.
A criação do SUS está diretamente relacionada à
Como falam sobre um lugar apropriado para a
tomada de responsabilidade por parte do Esta-
transcrição do texto e declaram que não considera-
do. Organizado com o objetivo de proteger, o SUS
rão fragmentos de textos escritos em lugar indevido, deve promover e recuperar a saúde de todos os
REDAÇÃO

os candidatos deverão ficar atentos às margens e ao brasileiros, independentemente de onde morem,


número de linhas disponibilizado. Ou seja, se ultrapas- de trabalharem ou não e de quais sintomas apre-
sadas as trinta linhas da folha, certamente a conclusão sentem. Infelizmente, esse sistema ainda não está
ficará fragmentada. Se a margem for ultrapassada, completamente organizado e ainda existem muitas
aquela parte da palavra não será lida. O resultado des- falhas, no entanto seus direitos estão garantidos
sas desatenções prejudicará toda a coerência do texto, e devem ser cobrados para que sejam cumpridos.
além de comprometer a estrutura dissertativa.
Internet: nev.incubadora.fapesp.br (com adaptações). 101
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
A humanização é um movimento com crescente e Agora, vamos criar uma tese que se encaixe com
disseminada presença, assumindo diferentes sentidos essas respostas, como, por exemplo:
segundo a proposta de intervenção eleita. Aparece, à Já passou da hora de reconhecer no povo brasilei-
primeira vista, como a busca de um ideal, pois, surgin- ro o valor de homem vivente e não apenas de ver esse
do em distintas frentes de atividades e com significados povo como se fosse um coletivo impessoal; como se
variados, segundo os seus proponentes, tem represen- não respirassem, nem pensassem; como se fossem um
tado uma síntese de aspirações genéricas por uma
número em um gráfico de estatística e não existissem.
perfeição moral das ações e relações entre os sujeitos
humanos envolvidos. Cada uma dessas frentes arrola
Em seguida, vamos buscar, nas respostas que
e classifica um conjunto de questões práticas, teóricas, elaboramos, ações que promovam essa proposta de
comportamentais e afetivas que teriam uma resultante humanização, como, por exemplo:
humanizadora.
Nos serviços de saúde, essa intenção humanizadora se „ Treinar os profissionais de saúde para que
traduz em diferentes proposições: melhorar a relação recepcionem os pacientes com um atendimen-
médico-paciente; organizar atividades de convívio, to mais atencioso nesse momento de carência;
amenizadas e lúdicas, como as brinquedotecas e outras „ Unificar as informações sobre o oferecimen-
ligadas às artes plásticas, à música e ao teatro; garantir to de serviços apropriados aos pacientes, bem
acompanhante na internação da criança; implementar como oferecer meios de locomoção contínua
novos procedimentos na atenção psiquiátrica, na rea- aos que necessitam buscar outras unidades que
lização do parto — parto humanizado — e na atenção possam atendê-los;
ao recém-nascido de baixo peso — programa da mãe-
„ Fiscalizar e avaliar continuamente a qua-
-canguru —; amenizar as condições do atendimento
aos pacientes em regime de terapia intensiva; denun- lidade dos serviços oferecidos, expondo
ciar a “mercantilização” da medicina; criticar a “insti- os resultados à população, além de apresen-
tuição total” e tantas outras proposições. tar cronogramas dos projetos de evolução de
desenvolvimento científico e tecnológico a
Internet: www.scielo.br serem implementados em prol da saúde.

A Necessidade de Humanização dos Serviços Feito isso, vamos usar o processo inverso com as pala-
Públicos de Saúde vras-chave e organizar nosso projeto de texto. Observe:
Já passou da hora de reconhecer no povo brasi-
z Compreendendo a Proposta leiro o valor de homem vivente e não apenas de ver
esse povo como se fosse um coletivo impessoal; como
O primeiro passo, ao analisar os textos propostos, se não respirassem, nem pensassem; como se fossem
é buscar os principais pontos de maior destaque por um número em um gráfico de estatística e não existis-
eles abordados. Destacamos as palavras-chave de cada sem. Para que o homem prevaleça com sua dignidade,
parágrafo para construir uma síntese sobre as princi- deve-se procurar treinar melhor os profissionais
pais ideias. Essa é uma atitude que também pode ser de saúde, unificar as informações sobre o ofereci-
tomada durante a análise das propostas, pois é assim mento de serviços, além de fiscalizar e avaliar con-
que poderá se construir a tese em sintonia com o tema. tinuamente a qualidade dos serviços oferecidos.
9
Daqui para frente, você já sabe: é o arroz com fei-
-9

O próximo passo é organizar essas informações, rela-


96

cionando-as ao tema, como se elas pudessem responder a jão, ou seja, os modelos que apresentamos extensa-
mente ao longo do material.
.3

uma pergunta feita a partir dele. Veja uma possibilidade:


93

Demonstramos aqui algumas formas diferentes de


.0

z Como Humanizar os Serviços Públicos de Saúde? análise de propostas, mas que compreendem pratica-
06

mente a forma básica de trabalho com todas as dife-


-1

Vamos agora produzir algumas possíveis respostas rentes instituições e diferentes propostas, assim como
com as palavras que destacamos no texto: dissemos que faríamos.
a
lv

A seguir, apresentamos alguns temas de redação


Si

„ Cobrar dos governantes condições dignas de extraídos de concursos elaborados por bancas diver-
sas, para que você possa exercitar o conteúdo que foi
da

atendimento por se tratar de um dever do Esta-


do reverter em benefícios à população os valo- visto aqui. Acompanhe!
io

res arrecadados em impostos;


v

„ Responsabilizar o governo pela proteção e TEMAS GERAIS DE REDAÇÃO


O

recuperação da saúde de todos.


ri

Tema 1: PRF (CEBRASPE-CESPE — 2019)


A

z Por que é Necessário Humanizar os Serviços


Públicos? A Lei nº 11.705/2008, conhecida como Lei Seca, por
reduzir a tolerância com motoristas que  dirigem
„ Para garantir a todos o direito à saúde, já que se embriagados, colocou o Brasil entre os países com
legislação mais severa sobre o tema. No  entanto,
trata de uma determinação de nossa Constituição,
a atitude dos motoristas pouco mudou nesses dez
prestando serviços de atendimento ao público;
anos. Um levantamento, por meio da Lei de  Aces-
„ Para destacar que a humanização dos serviços so à Informação, indicou mais de 1,7 milhão de
públicos não é apenas uma aspiração de perfeição autuações, com crescimento contínuo desde 2008.
moral, mas, antes de tudo, um programa de melho- O  avanço das infrações nos últimos cinco anos
ria nas relações de convívio com os agentes de ficou acima do aumento da frota de veículos e de
saúde, promovendo o desenvolvimento de novos pessoas  habilitadas: o número de motoristas fla-
procedimentos de atendimento aos pacientes; grados bêbados continua crescendo, em vez de
„ Para poder denunciar as especulações e a mer- diminuir com o  endurecimento das punições ao
cantilização dos serviços médicos e criticar a longo desses anos.
instituição em sua totalidade e rejeitar proposi-
102 ções que não atendam às aspirações populares. Internet: g1.globo.com (com adaptações).
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Nas estradas federais que cortam o estado de A partir das ideias dos textos precedentes, que têm
Pernambuco, durante o feriadão de Natal, a caráter unicamente motivador, redija um texto dis-
PRF  registrou cento e três acidentes de trânsito, sertativo acerca do seguinte tema:
com cinquenta e dois feridos e sete mortos. Segun- O papel da Polícia Federal no aprimoramento
do a corporação, seis motoristas foram presos por da democracia brasileira
dirigir bêbados e houve oitenta e sete autuações Em seu texto:
pela Lei  Seca. Os números são parte da Operação
Integrada Rodovia, deflagrada pela PRF. Em 2017, z Discorra sobre o papel constitucional e social da
foram  registrados noventa acidentes. No ano pas- Polícia Federal e sua relação com os direitos huma-
sado, a ação da polícia teve um dia a menos. nos; [valor: 4,00 pontos]
z Cite contribuições da Polícia Federal relevantes
Internet: g1.globo.com (com adaptações). para a manutenção do Estado democrático de
direito, especialmente relacionadas aos direitos
Considerando que os fragmentos de texto acima humanos; [valor: 4,00 pontos]
têm caráter unicamente motivador, redija um texto z Apresente sugestões de implantação de ações e(ou)
dissertativo acerca do seguinte tema: projetos que possam contribuir futuramente para
O combate às infrações de trânsito nas rodovias o aprimoramento da democracia brasileira. [valor:
federais brasileiras 4,40 pontos]
Ao elaborar seu texto, aborde os seguintes aspectos:
Tema 3: PF — Papiloscopista (CEBRASPE-CESPE
z Medidas adotadas pela PRF no combate às infra- — 2018)
ções; [valor: 7,00 pontos]
z Ações da sociedade que auxiliem no combate às Sem abrigos, grupos de imigrantes venezuela-
infrações; [valor: 6,00 pontos] nos voltaram a acampar na rodoviária e a ficar
z Atitudes individuais para a diminuição das infrações. nas ruas de Manaus. A crise política, econômica
e social na Venezuela, que desencadeou um fluxo
[valor: 6,00 pontos]
migratório para o Brasil, continua atraindo milha-
res de imigrantes para o país.
Tema 2: PF — Agente (CEBRASPE-CESPE — 2018) Em busca de sobrevivência, indígenas venezuelanos
da etnia Warao começaram a migrar para Manaus
O Preâmbulo da Constituição Federal de 1988 (CF) desde o início de 2017. Adultos, idosos e crianças se
dispõe que o Estado democrático se destina a asse- abrigaram na rodoviária de Manaus e debaixo de
gurar o exercício dos direitos sociais e individuais, um viaduto na Zona Centro-Sul. Enquanto o maior
a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvi- abrigo foi desativado no Amazonas, a chegada dos
mento, a igualdade e a justiça como valores supre- venezuelanos não indígenas só aumentou.
mos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem As condições precárias de vida em solo brasileiro
preconceitos, fundada na harmonia social e com- podem favorecer a ocorrência de situações degra-
prometida, na ordem interna e internacional, com dantes. Órgãos federais e entidades religiosas anun-
a solução pacífica das controvérsias. ciaram medidas para cobrar ações concretas da
9
prefeitura da cidade e dos governos federal e estadual.
-9

A missão das forças policiais é garantir ao cidadão


96

o exercício dos direitos e das garantias fundamen-


Internet: https://g1.globo.com/ (com adaptações).
.3

tais previstos na CF e nos instrumentos internacio-


93

nais subscritos pelo Brasil (art. 5.º, § 2.º, da CF).


Lei nº 13.445, de 2017
.0

O cumprimento dessa missão exige preparo dos


Art. 3º A política migratória brasileira rege-se
06

integrantes das corporações policiais, que devem


pelos seguintes princípios e diretrizes:
-1

perseguir incansavelmente a verdade dos fatos sem


I - universalidade, indivisibilidade e interdependên-
se afastar da estrita observância ao ordenamento
a

cia dos direitos humanos;


lv

jurídico vigente, que deve ser observado por todos, II - repúdio e prevenção à xenofobia, ao racismo e a
Si

em respeito ao Estado democrático de direito. quaisquer formas de discriminação;


da

III - não criminalização da migração; […]


CAMPOS, W. L. M. Polícia Federal e o Estado democrático. Internet: VI - acolhida humanitária; […]
io

www.direitonet.com.br (com adaptações). IX - igualdade de tratamento e de oportunidade ao


v

migrante e a seus familiares;


O

O Brasil se efetivou como um país democrático de X - inclusão social, laboral e produtiva do migrante
direito após a promulgação da CF — também chama-
ri

por meio de políticas públicas;


A

da de Constituição Cidadã, por contar com garantias XI - acesso igualitário e livre do migrante a serviços,
e direitos fundamentais que reforçam a ideia de um programas e benefícios sociais, bens públicos, educa-
país livre e pautado na valorização do ser humano. ção, assistência jurídica integral pública, trabalho,
Com a ruptura do antigo sistema ditatorial, o Esta- moradia, serviço bancário e seguridade social;
do tinha a necessidade de resgatar a importância dos XII - promoção e difusão de direitos, liberdades,
direitos humanos, negligenciados até então, porquan- garantias e obrigações do migrante;
to, desde 1948, havia-se erigido a Declaração Interna- XVII - proteção integral e atenção ao superior inte-
cional dos Direitos Humanos no mundo. resse da criança e do adolescente migrante;
Já no art. 1.º da CF, afirma-se a condição de Estado
REDAÇÃO

democrático de direito fundamentado em cidada- Internet – www.planalto.gov.br


nia e dignidade da pessoa humana. O Brasil, por
ser signatário de tratados internacionais de direi- Considerando que os fragmentos de texto apresen-
tos humanos, tem como princípio, em suas relações tados têm caráter unicamente motivador, redija um
internacionais, a prevalência dos direitos humanos. texto dissertativo acerca da entrada de imigrantes
no Brasil, discutindo estratégias para a prevenção de
BORGES, Y. G. E. A atividade policial e os direitos humanos. Internet: crimes e de violências envolvendo imigrantes no país,
www.ambitojuridico.com.br (com adaptações). tanto na condição de agentes quanto na de vítimas. 103
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Tema 4: ABIN — Agente de Inteligência (CEBRASPE- Tema 6: Polícia Civil do Maranhão — Escrivão
CESPE — 2018) (CEBRASPE-CESPE — 2018)

Denominamos “cooperação descentralizada” as Discorra sobre os princípios penais da reserva


iniciativas de cooperação protagonizadas pelas legal; da anterioridade da lei penal e da intranscen-
administrações locais e regionais, especialmente dência da pena, abordando o conceito de cada um, sua
governos municipais e estaduais. Essa cooperação natureza jurídica e seus objetivos.
descentralizada expressa o surgimento, na Améri-
ca, de uma nova forma de cooperação, a partir do
Tema 7: Superior Tribunal de Justiça — Técnico
envolvimento da sociedade fronteiriça e de atores
Administrativo (CEBRASPE-CESPE — 2018)
políticos locais. Nesse tipo de cooperação, vê-se
alto nível de articulação da comunidade fronteiriça
Declaração Universal dos Direitos Humanos
em detrimento do governo central.
[…]
FURTADO, R. 35 anos da lei da faixa de fronteira: avanços e desafios
Art. 19 Todo ser humano tem direito à liberdade de
à integração sul-americana. In: Revista Brasileira de Inteligência, nº opinião e expressão; esse direito inclui a liberdade
9. ABIN, 2015 (com adaptações). de, sem interferência, ter opiniões e de procurar,
receber e transmitir informações e ideias por quais-
Tendo o fragmento de texto apresentado como quer meios e independentemente de fronteiras.
referência inicial, redija um texto dissertativo a res-
Internet: www.unicef.org
peito do papel dos governos municipal, estadual e
federal nas relações políticas e sociais nas áreas de
Código Civil
fronteira do Brasil.
[…]
Em seu texto, aborde os seguintes tópicos:
Art. 187 Também comete ato ilícito o titular de um
direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
z A fronteira como espaço geopolítico e espaço de limites impostos pelo seu fim econômico ou social,
relações sociais; [valor: 10,00 pontos] pela boa-fé ou pelos bons costumes.
z Distintas relações do Brasil com os países vizinhos Internet: www.planalto.gov.br
e principais problemas presentes nas regiões fron-
teiriças; [valor: 18,00 pontos] “Não podemos confundir liberdade de expressão
z Papel da área de inteligência na análise das ques- nas redes sociais com irresponsabilidade, senão o
tões relacionadas às fronteiras. [valor: 10,00 pontos] exercício dessa liberdade torna-se abuso de direi-
to”, alerta a advogada Patrícia Peck Pinheiro, espe-
Tema 5: ANVISA — Técnico Administrativo cialista em direito digital. “O que mais prejudica
(CEBRASPE-CESPE — 2016) a liberdade de todos é o abuso de alguns, a ofensa
covarde e anônima, isso não é democracia”.
Historicamente, instruir os que não sabem, alimentar Os chamados crimes contra a honra na Internet —
9
-9

os famintos e cuidar dos doentes têm sido algumas que envolvem ameaça, calúnia, difamação, injúria
96

das missões diárias indicadas aos devotos de dife- e falsa identidade — têm gerado cada vez mais pro-
.3

rentes religiões. Em tempos modernos, a essas mis- cessos judiciais. Um levantamento divulgado pelo
93

sões foi acrescentado um novo item: zelar pelo meio Superior Tribunal de Justiça lista sessenta e cinco
.0

ambiente, como revela, por exemplo, uma mensagem julgamentos recentes que resultaram em pagamen-
06

escrita pelo Papa Francisco, exortando as sociedades, to de indenizações, retirada de páginas do ar, res-
-1

independentemente de suas crenças, a tomar medidas ponsabilização de agressores e outras condenações


urgentes para frear as mudanças climáticas. Para o em favor das vítimas.
a
lv

representante máximo do catolicismo, “o cuidado da Na opinião de Patrícia Peck, a falta de educação e a


Si

casa comum requer simples gestos cotidianos, pelos impunidade contribuem para os excessos na Inter-
da

quais quebramos a lógica da violência, da explora- net. Segundo ela, “Sem educação em ética e leis,
ção, do egoísmo, e manifestamos o amor em todas as corremos o risco de a liberdade de expressão e o
io

ações que procuram construir um mundo melhor”. anonimato digital se converterem em verdadeiros
v

entraves à evolução da sociedade digital, pois tor-


O

O Globo, 2/9/2016, p. 29 (com adaptações). narão o ambiente da Internet selvagem e inseguro”.


ri
A

Considerando que o fragmento de texto acima tem Internet: www.cartacapital.com.br (com adaptações)
caráter unicamente motivador, redija um texto dis-
sertativo acerca do seguinte tema: Considerando as ideias precedentes nos fragmen-
Preservação do ecossistema: responsabilidade tos textuais apresentados anteriormente, redija um
do estado, da sociedade e de cada cidadão texto dissertativo a respeito do seguinte tema:
Ao elaborar seu texto, aborde os seguintes aspectos: O anonimato digital e o abuso do direito à liber-
dade de expressão
z Relação entre os cuidados com o meio ambiente e a Ao construir seu texto, apresente um exemplo de
preservação das condições sanitárias; [valor: 12,00 situação em que emissão de opinião no meio digital
pontos] pode significar abuso de direito e discuta maneiras de
z Atitudes individuais que podem reduzir os efeitos da prevenir ou coibir esse tipo de comportamento.
ação humana sobre o planeta; [valor: 13,00 pontos]
z Formas de atuação da sociedade para que os Tema 8: Tribunal Regional do Trabalho (8ª Região)
governos cumpram compromissos relacionados à — Técnico Judiciário — Área Administrativa
104 preservação ambiental. [valor: 13,00 pontos] (CEBRASPE-CESPE — 2016)
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Considerando a integração da gestão da qualidade Considerando essas informações, redija um texto
no cotidiano das organizações, redija um texto disser- dissertativo sobre a introdução do RDC no ordena-
tativo acerca do seguinte tema: mento jurídico brasileiro, abordando, fundamentada-
mente, os seguintes aspectos:
CICLO PDCA 1. A motivação para sua criação; [valor: 2,00 pontos]
2. Exigências aplicáveis ao objeto da licitação; [valor:
Ao elaborar seu texto, faça o que se pede a seguir: 2,00 pontos]
3. Objetivos expressos na Lei do RDC; [valor: 2,50
pontos]
z Conceitue o ciclo PDCA; [valor: 10,00 pontos]
4. Diretrizes relativas às licitações e aos contratos
z Cite e defina as quatro fases do ciclo PDCA; [valor:
administrativos. [valor: 3,00 pontos]
15,00 pontos]
z Apresente o detalhamento das etapas da primeira
Tema 12: Câmara de Vereadores de Piracicaba/SP —
fase do ciclo PDCA. [valor: 13,00 pontos]
Técnico em Contabilidade (VUNESP — 2021)
Tema 9: Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Texto 1
dos Territórios (TJDF) — Analista Judiciário — Área Quem viaja para os Estados Unidos ou Europa e
Judiciária (CEBRASPE-CESPE — 2015) aluga um carro geralmente não sabe muito o que
fazer ao parar para reabastecer pela primeira vez.
Toda conduta dolosa ou culposa pressupõe uma Sem a figura dos frentistas, o próprio motoris-
finalidade. A diferença entre elas reside no fato ta manuseia a bomba e realiza o pagamento pelo
de que, em se tratando de conduta dolosa, como cartão, diferentemente do que ocorre no Brasil,
regra, existe uma finalidade ilícita, ao passo que, onde a profissão de frentista é protegida pela Lei
tratando-se de conduta culposa, a finalidade é qua- nº 9.956/00, que proíbe o funcionamento de bombas
se sempre lícita. Nesse caso, os meios escolhidos e de autosserviço em todo território nacional e aplica
empregados pelo agente para atingir a finalidade multas caso seja descumprida.
lícita é que são inadequados ou mal utilizados. “Pensando só em números, o preço do combustível
poderia baixar com a automação, mas não é pos-
GRECO, R. Curso de direito penal – parte geral. p. 196 (com sível avaliar quanto”, diz o tributarista João Paulo
adaptações). Muntada, que afirma que a mão de obra e os encar-
gos relacionados representam o segundo custo que
Considerando que o fragmento de texto acima tem mais onera a operação de empreendimentos em
caráter unicamente motivador, redija um texto dis- geral no país, atrás apenas do produto em si e dos
sertativo acerca dos crimes culposos. impostos que incidem sobre ele.
Seu texto deve conter, necessariamente:
CARVALHO, I.; NISHIHATA, L. “Todo posto de combustível é obrigado
a ter frentistas no Brasil”. Disponível em: https://quatrorodas.abril.
z Os elementos do crime culposo e a descrição de pelo com.br. Acesso em: 14 set. 2018. Adaptado)
menos dois desses elementos; [valor: 12,00 pontos]
9
z Os conceitos de culpa inconsciente, culpa cons-
-9

Texto 2
96

ciente e dolo eventual e suas diferenças; [valor: O Projeto de Lei nº 2.302, de 2019 permite o fun-
12,00 pontos]
.3

cionamento de bombas de autosserviço – operadas


93

z Os conceitos de culpa imprópria e tentativa. [valor: pelo próprio consumidor – nos postos de abasteci-
.0

14,00 pontos] mento de combustíveis. Em análise na Câmara dos


06

Deputados, o projeto revoga a Lei nº 9.956/00, que


-1

Tema 10: STM — Analista Judiciário — Área hoje proíbe essas bombas. O deputado Vinicius Poit,
Administrativa (CEBRASPE-CESPE — 2018) autor da proposta, diz que a permissão de postos
a
lv

com autosserviço é uma das sugestões constantes


Si

Na trajetória da administração pública brasileira, em estudo do Conselho Administrativo de Defesa


da

destacam-se o modelo burocrático, associado ao poder Econômica (Cade) de 2018 para aumentar a con-
corrência no setor de combustíveis e reduzir os pre-
racional-legal, e o modelo gerencialista, representado
io

ços dos combustíveis. O parlamentar ressalta que o


v

pela nova administração pública. Discorra sobre os


modelo existe nos Estados Unidos desde a década


seguintes tópicos, relacionados a esses dois modelos:
O

de 50 e permite a venda por um preço mais barato,


ri

já que reduz o custo trabalhista do empresário.


A

z Contextos em que esses modelos surgiram; [valor:


9,00 pontos] HAJE, L. “Projeto permite bombas de autosserviço em postos de
z Propósito de cada um desses modelos; [valor: 9,00 combustíveis”. Disponível em: www2.camara.leg.br. Acesso em: 06
pontos] jun. 2019. Adaptado)
z Princípios e práticas norteadores (apresente, ao
menos, três para cada modelo). [valor: 20,00 pontos] Texto 3
Em 2014, o senador Blairo Maggi apresentou Pro-
jeto de Lei do Senado nº 407, de 2014, que previa a
Tema 11: Tribunal Regional Eleitoral Piauí – Analista
instalação de bombas de autosserviço nos postos
Judiciário – Área Judiciária (CEBRASPE-CESPE
REDAÇÃO

de abastecimento de combustíveis. Representantes


— 2016)
dos frentistas, à época, estimaram que cerca de 500
mil frentistas seriam demitidos caso a proposta se
No Brasil, a legislação sobre compras públicas foi tornasse lei.
inovada com a introdução da Lei nº 12.462, de 2011, O presidente da Federação dos Empregados em
conhecida como Lei do Regime Diferenciado de Con- Postos de Combustíveis do Estado de São Paulo
tratações Públicas (RDC), que foi regulamentada pelo (Fepospetro), Luiz de Souza Arraes, afirmou que a
Decreto nº 7.581, de 2011. medida visava “única e exclusivamente aumentar o 105
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
lucro de quem já lucra muito”. O secretário de Rela- Com base nas informações dos textos e em seus
ções Institucionais da União Geral dos Trabalhado- próprios conhecimentos, escreva um texto dissertati-
res (UGT), Miguel Salaberry Filho, pediu a imediata vo, de acordo com a norma-padrão da língua portu-
retirada do projeto. “Para que mudar uma lei e guesa, sobre o tema:
desempregar 500 mil trabalhadores?”, questionou.
A popularização da internet ameaça o poder de
BAPTISTA, R. “Frentistas pedem arquivamento de projeto que libera
influência da televisão?
bombas de autosserviço nos postos”. Disponível em: www12.
senado.leg.br. Acesso em: 07 dez. 2015. Adaptado) Tema 14: PRF — Policial Rodoviário Federal
(CEBRASPE-CESPE — 2019)
Com base nos textos apresentados e em seus pró-
prios conhecimentos, escreva um texto dissertati- A Lei nº 11.705, de 2008, conhecida como Lei Seca,
vo-argumentativo, empregando a norma-padrão da por reduzir a tolerância com motoristas que dirigem
língua portuguesa, sobre o tema: embriagados, colocou o Brasil entre os países com
Bombas de autosserviço: entre a redução do legislação mais severa sobre o tema. No entanto, a
preço do combustível e o risco de desempregar atitude dos motoristas pouco mudou nesses dez anos.
frentistas. Um levantamento, por meio da Lei de Acesso à Infor-
mação, indicou mais de 1,7 milhão de autuações, com
Tema 13: PM-SP — Soldado PM de 2ª Classe crescimento contínuo desde 2008. O avanço das infra-
(VUNESP — 2019) ções nos últimos cinco anos ficou acima do aumento
da frota de veículos e de pessoas habilitadas: o núme-
Texto 01 ro de motoristas flagrados bêbados continua cres-
Pela primeira vez, a população deve consumir mais cendo, em vez de diminuir com o endurecimento das
conteúdo midiático na internet do que pela TV, de punições ao longo desses anos.
acordo com relatório da agência de mídia Zenith.
Conforme a previsão, já em 2019 as pessoas devem Internet: (com adaptações).
passar mais horas navegando pela internet, fazen-
do compras, assistindo a filmes, séries e vídeos, Nas estradas federais que cortam o estado de
conversando ou ouvindo música, do que assistindo Pernambuco, durante o feriadão de Natal, a PRF
à televisão. registrou cento e três acidentes de trânsito, com
cinquenta e dois feridos e sete mortos. Segundo
(“Internet irá ultrapassar TV já em 2019, indica relatório”, 18.06.2018. a corporação, seis motoristas foram presos por
https://epocanegocios.globo.com. Adaptado) dirigir bêbados e houve oitenta e sete autuações
pela Lei Seca. Os números são parte da Operação
Texto 02
Integrada Rodovia, deflagrada pela PRF. Em 2017,
De acordo com estudo divulgado pela empresa
foram registrados noventa acidentes. No ano pas-
Morrison Foster, as pessoas passam, em média,
sete horas por dia nas redes sociais. E é exatamen- sado, a ação da polícia teve um dia a menos.
te esse o local ocupado pelos influenciadores, que
9
Internet: (com adaptações).
-9

também estão conectados e produzindo conteúdos


96

para seus seguidores a todo tempo. Segundo uma


Considerando que os fragmentos de texto acima
.3

outra pesquisa, publicada pela Sprout Social, 74%


93

dos consumidores guiam suas decisões de compra têm caráter unicamente motivador, redija um texto
.0

com base nas redes sociais. Ou seja, o público está dissertativo acerca do seguinte tema:
06

atento às opiniões da internet e, principalmente, aos O combate às infrações de trânsito nas rodovias
-1

depoimentos de canais influentes e de credibilidade. federais brasileiras.


Ao elaborar seu texto, aborde os seguintes aspectos:
a
lv

(“A contribuição dos influenciadores digitais para a decisão de


Si

compra”. 02.02.2018. https://franpress.com.br. Adaptado)


z Medidas adotadas pela PRF no combate às infra-
da

Texto 03 ções; [valor: 7,00 pontos]


io

Nos últimos 10 anos, o tempo médio de consumo z Ações da sociedade que auxiliem no combate às
v

domiciliar de televisão passou de 8h18 para 9h17. infrações; [valor: 6,00 pontos]

Um crescimento de 12%. Vale ressaltar que esse foi z Atitudes individuais para a diminuição das infrações.
O

um período de forte ascensão da internet como pla- [valor: 6,00 pontos]


ri
A

taforma de distribuição de conteúdo. Os conteúdos


da TV, além de entreter e informar, também exer- Tema 15: DETRAN/SP — Agente Estadual de Trânsito
cem um papel importante na dinâmica social.
(FCC — 2019)
Eles influenciam a pauta de conversas tanto com
material que gera engajamento entre os telespec-
1
tadores, como com publicidades criativas. O levan-
tamento da Kantar IBOPE Media aponta que 51% Cidades ativas são aquelas em que a população
das pessoas acham que a propaganda na TV é inte- pode fazer escolhas mais saudáveis e sustentáveis.
ressante e proporciona assunto para conversar. E, Para que isso seja possível, as cidades devem pro-
entre os que acessam a internet enquanto veem TV, porcionar acesso a espaços públicos e ser viços de
23% comentam nas redes sociais o que assistem – qualidade a todas as pessoas, garantindo que pos-
mostrando que a televisão segue marcando presen- sam passear, descansar, brincar e se exercitar em
ça no dia a dia do brasileiro. praças, parques e equipamentos.
REIS, J. P. “Televisão: a abrangência e a influência do meio
(Disponível em: www.archdaily.com.br)
mais presente na vida dos brasileiros”. Disponível em: https://
observatoriodatelevisao.bol.uol.com.br. Acesso em: 24 dez. 2018.
106 Adaptado)
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
2 2
O planejamento da rede de mobilidade não apenas O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) define os
enfrenta desafios, como, por exemplo, a conexão direitos e deveres de toda a população nas vias de
entre espaços públicos e principais destinos, mas circulação e estradas. A regra geral é sempre a mes-
também questões como a integração social de uma ma: o maior cuida do menor.
comunidade.
(Disponível em: www.brasil.gov.br)
Considerando as ideias expostas em 1 e 2, redija um
texto dissertativo-argumentativo a respeito do tema: Considerando as ideias expostas em 1 e 2, redija um
Espaço urbano e qualidade de vida. texto dissertativo-argumentativo a respeito do tema:
Educação para o trânsito — fortalecimento da
Tema 16: SPPREV — Analista em Gestão cidadania.
Previdenciária (FCC — 2019)
Tema 18: TRF 3ª — Técnico Judiciário — Área
I Administrativa (FCC — 2019)
Em visita aos Estados Unidos, em 1970, Margaret
Thatcher fez o seguinte pronunciamento: Foi recentemente publicado no American Journal of Pre-
“Uma das razões por que valorizamos indivíduos não é ventive Medicine um estudo com adultos jovens, de 19 a
porque sejam todos iguais, mas porque são todos dife- 32 anos de idade, apontando que quanto maior o tempo
rentes. Permitamos que nossos filhos cresçam, alguns dispendido em mídias sociais de relacionamento, maior
mais altos que outros, se tiverem neles a capacidade a sensação de solidão das pessoas. Além disso, esse estu-
de fazê-lo. Pois devemos construir uma sociedade na do demonstrou também que quanto maior a frequência
qual cada cidadão possa desenvolver plenamente seu de uso, maior a sensação de isolamento social.
potencial, tanto para seu próprio benefício quanto
para o da comunidade como um todo.” (Adaptado de: ESCOBAR, A. Disponível em: http://g1.globo.com)
A premissa crucial que leva a afirmação de Thatcher
a parecer quase evidente em si mesma — a suposição Com base nas ideias do texto acima, redija uma
de que a “comunidade como um todo” seria adequa- dissertação de caráter argumentativo sobre o tema:
damente servida por todo cidadão dedicado a seu Isolamento social na era da comunicação virtual.
“próprio benefício” — acabou por ser admitida como
ponto pacífico. Assim, no fim do século passado, tor- Tema 19: Banco do Brasil S/A — Escriturário —
nou-se aceita a noção de que, ao agir egoisticamente, Agente de Tecnologia (CESGRANRIO — 2021)
de algum modo as pessoas beneficiariam as outras.
Utilize o texto a seguir apenas como motivador
(Adaptado de: ZYGMUNT, B. A riqueza de poucos beneficia todos
nós? Rio de Janeiro: Zahar, 2015, p. 30) para a produção de sua redação. Nenhum texto des-
ta prova poderá ser copiado.
II
9
Segundo a ortodoxia econômica, uma boa dose de O grave efeito colateral da Covid na educação
-9

desigualdade leva a economias mais eficientes e


96

crescimento mais rápido. Isso se dá porque retornos Há um ano e meio, a pandemia do novo corona-
.3

mais altos e impostos menores no topo da escala — vírus deixa seu rastro na vida de todos nós. Tam-
93

segundo afirmam — fomentariam o empreendedo- bém nos rouba o futuro, ao empurrar milhões de
.0

rismo e engendrariam um bolo econômico maior. crianças e jovens para um prolongado compasso de
06

Assim, terá dado certo a experiência de fomento da espera. Esse é o efeito mais perverso de longo prazo
-1

desigualdade? Os indícios sugerem que não. A dis- da Covid-19, que ceifa o direito ao desenvolvimento
a

paridade de riqueza atingiu dimensões extraordi- pleno e à educação de uma geração inteira.
lv

nárias, mas sem o progresso econômico prometido. O retorno das atividades presenciais tem se dado de
Si

forma arrastada e desigual. Nesse cenário, o ensi-


da

(Adaptado de: LANSEY, S. apud ZYGMUNT, B. A riqueza de poucos no remoto ainda é a única chance para que muitos
beneficia todos nós? Rio de Janeiro: Zahar, 2015, p. 24-25) alunos continuem estudando. No entanto, é preciso
v io

avançar em ritmo acelerado para garantir às escolas


Considerando os textos acima, escreva uma dissertação a conectividade que permita o acesso de qualidade
O

argumentativa em que você discuta a seguinte questão: às atividades. Sem aulas presenciais e sem conexão
ri

adequada, a aprendizagem dos estudantes poderá


A

A realização individual fomentaria maior igual- retroceder até quatro anos, segundo pesquisa.
dade social? As nossas crianças e jovens não podem esperar
mais. É o futuro de cada um deles que está em risco.
Tema 17: DETRAN/SP — Oficial Estadual de Trânsito É o futuro do país que está em jogo.
(FCC — 2019)
MIZNE, D. e SAAD, D. O grave efeito colateral da Covid na educação.
1 Disponível em: https://www.cpp.org.br/informacao/ponto-vista/
O trânsito é um local onde a educação precisa estar item/17096-o-grave-efeito-colateral-da-covid-naeducacao. Acesso
em: 20 jul. 2021. Adaptado.
REDAÇÃO

presente o tempo todo, inclusive, pensando na manu-


tenção da segurança das vidas que estão envolvidas
nele. Portanto, a educação destinada ao trânsito é o No texto, discutem-se as dificuldades do ensino
desenvolvimento das capacidades intelectuais, morais remoto no Brasil e a sua relação com a pandemia de
e físicas das pessoas [...]. Não se trata apenas de circu- Covid-19, pontuando que há um “efeito perverso de
lação de pessoas e veículos, mas de questões de cidada-
longo prazo da Covid-19, que ceifa o direito ao desen-
nia, meio ambiente e cultura de maneira geral.
volvimento pleno e à educação de uma geração inteira.”
(Disponível em: https://www.educamaisbrasil.com.br. Adaptado) 107
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Considerando as informações veiculadas no texto Produza um texto argumentativo, sobre o tema:
motivador, elabore um texto dissertativo-argumenta- O que fazer para as leis funcionarem?
tivo em que você discuta o seguinte tema:
Com base em argumentos convincentes, seu texto
Efeitos negativos da pandemia no futuro da deve ser formulado em língua culta e ter entre 20 e
educação no Brasil. 30 linhas.
Tema 20: IMBEL — Analista Especializado — Analista
Administrativo (FGV — 2021) 20 DICAS COM SÍNTESE DE ALGUNS ASPECTOS DE
GRANDE RELEVÂNCIA
Leia os textos motivadores a seguir, que exploram
a existência e a aplicação de leis no Brasil. Vamos passar agora para o acabamento de nossa
redação, pois alguns aspectos devem ser observados
Texto I — Lei mais que seca antes que fechemos a nossa redação.
Um cidadão honesto e decente, que não mete a mão
Reunimos aqui algumas informações importantes
no dinheiro alheio, não bate na mulher nem cospe no
chão, pode, de repente, transformar-se num perigo para a organização e revisão de seu trabalho. Algumas
para a comunidade e para si mesmo? Todo mundo já foram trabalhadas anteriormente, mas as retomare-
sabe a resposta: pode sim, quando enche a cara e se mos para criar um procedimento de observação geral.
arrisca a voltar para casa pilotando um automóvel.
No Brasil, dirigir embriagado é crime, mas há um 1º Estética: Grafia / Alinhamento / Paragrafação /
problema que reduz consideravelmente a eficácia da Respeito às Margens
legislação: a prova do pileque é atestada pelo bafôme-
tro. E ninguém pode ser obrigado a produzir prova
contra si mesmo. O que é compreensível em muitos Essa serve para qualquer prova de concurso. A
outros casos, mas complica um bocado a eficácia da maioria das bancas exige que os candidatos apresen-
legislação que visa a impedir acidentes nas estradas. tem uma escrita que permita a leitura clara do texto
O problema é sério, como mostram os números sobre sem a preocupação com o tipo de letra, respeitando
a situação nas estradas do Estado do Rio. Nos últimos apenas questões de caixa alta (letra grande marcan-
três anos, mais de 600 mil motoristas foram aborda-
do o início de frases e nomes próprios) e caixa baixa
dos em blitzes da polícia e 47 mil deles se recusaram
a passar pelo bafômetro – e não há punição para isso. (letra pequena compondo o restante da palavra).
A situação pode melhorar com um projeto que está A segunda parte deste item aborda o respeito às
sendo discutido pelo governo e o Congresso. A ideia margens. É de fundamental importância a disposição
é não limitar a prova do pileque ao teste do bafôme- do texto na folha definitiva. O texto deverá respeitar
tro: o estado do motorista seria atestado por filma- os limites impostos pelas margens direita e esquerda,
gens, fotos ou depoimentos de testemunhas. Nada
nunca ultrapassando seus limites nem se distancian-
demais: é o que acontece com muitos outros crimes.
E o castigo será consideravelmente mais pesado, do demasiadamente delas:
com multa maior, mais tempo com a carteira sus-
9
pensa e até três anos de cadeia. Em suma, é uma lei
-9

consideravelmente muito mais seca. margens


96

Luiz Garcia, O Globo, 03/02/2013.


.3
93

Na margem esquerda da folha definitiva de reda-


Texto II
.0

Quinze minutos para ser atendido no banco e um ção, deve-se iniciar a escrita imediatamente ao lado
06

para cancelar o contrato com a operadora de tele- da linha, sem deixar folga alguma entre a primeira
-1

fone. Não ter que ligar para reclamar daquele segu- letra e a demarcação da margem.
a

ro de perda e roubo do cartão de crédito que você


lv

nunca pediu e completar 65 anos com a tranquili-


Si

dade de ser atendido preferencialmente no caixa do margens


da

supermercado. O cenário parece impossível, mas


cada uma das situações acima é amparada por
io

uma lei específica no país. O que não acontece por Na margem direita, a preocupação do candidato
v

aqui é o cumprimento da legislação. Vezes porque aumenta, pois além de se preocupar com as questões
O

não há fiscalização e outras por desconhecimento


de divisão silábica e o correto emprego do hífen para
ri

do brasileiro, que sem saber dos seus direitos, não


essa função, ele também deverá se preocupar em não
A

exerce a devida cobrança e, quando lesado, não


sabe a quem recorrer. ultrapassar a linha demarcatória da margem.
O Estado de Minas, 20/01/2015.
2 cm Parágrafo
Texto III
Contrariando a consagrada frase “faça uma lei ape- margens
nas se estiver disposto a morrer por ela”, o Brasil tem
incríveis mais de 200 mil leis. No entanto, a aplica-
bilidade delas é reduzida, estimulando a criação de O último item deste quesito trata da paragrafação,
novas legislações: um levantamento apontou que, ou seja, a disposição dos parágrafos dentro da reda-
em média, são criadas 18 novas leis por dia no país.
ção. O candidato deverá deixar bem clara a distância
Muitas são inconstitucionais, outras “não pegam” e
em que se iniciará a escritura do parágrafo para que
parcela considerável gera consequências perversas e
destoantes das intenções iniciais. Mas, afinal, por que se faça a diferença com a escrita iniciada junto à mar-
tantas leis e por que elas são tão ruins e “doidas”? gem. Um afastamento de aproximadamente 2 cm já é
suficiente.
108 Instituto Mercado Popular, 22/08/2016.
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Dica
Para marcar o recuo de parágrafo, recorra à velha dica da escola e deixe o espaço de dois dedos antes de
começar a escrever.

2º O Erro

Insira apenas uma linha sobre as palavras erradas. Você deve apenas passar um traço sobre a palavra, a frase,
o trecho ou o sinal gráfico e escrever em seguida o respectivo substituto.
Exemplo: Depois de hoje, iremos para nossas caz casas muito felizes.

3º Faça Períodos Curtos

Componha parágrafos de aproximadamente três períodos cada.


Com os modelos que apresentamos, foi possível observar que, para cada parágrafo de aproximadamente 5
linhas, usamos pelo menos 3 períodos. Com isso, conseguimos algumas vantagens, como a de ser mais objetivos e
diretos ao abordar uma ideia e a de isolar um possível erro dentro de um período sem projetá-lo para o resto do
parágrafo.

(1) É de fundamental importância o __________________________ para_______________. / (2) Podemos men-


cionar, por exemplo, _________________________ que ____________________, por causa ______________________. / (3) Esse
__________________ do que _______________________.

4º A Ordem Direta Facilita na Correta Pontuação

Uma das importantes regras de pontuação que determina o correto emprego da vírgula orienta que, se a ora-
ção estiver em ordem direta (sujeito + verbo + complementos), não se deve usar vírgula para separar termos que
se complementam sintaticamente.
Ou seja, se estiver com alguma dúvida quanto ao uso de vírgula, reorganize a oração para ver se fica mais fácil
a compreensão da estrutura. Exemplo:

z Ordem com termo deslocado:

Termo
deslocado
(Complemento
adverbial)
9
Sujeito Complemento verbal
-9
96

Hoje pela manhã, eu comprei um belo carro novo.


.3
93

Verbo
.0
06

z Ordem direta:
-1

Eu comprei um belo carro novo hoje pela manhã.


a
lv
Si

5º Colocação Pronominal
da

Os pronomes pessoais oblíquos átonos podem ocupar três posições distintas na oração: anteposto ao verbo (prócli-
io

se), posposto ao verbo (ênclise) e entremeio ao verbo (mesóclise). Em regra, a posição que esses pronomes vão ocupar
v

em determinada oração é estabelecida perante a presença ou ausência de palavras atrativas.



O

Advérbios, conjunções subordinativas, termos que exprimem sentido negativo, pronomes relativos, indefini-
ri

dos e demonstrativos são exemplos de palavras capazes de atrair o pronome pessoal oblíquo átono para antes do
A

verbo. Assim, não havendo nenhuma palavra atrativa antes do verbo da oração, subentende-se que a colocação
pronominal dar-se-á pela ênclise ou mesóclise, a depender da construção sintática.

Falaria-se muito sobre este assunto naquele dia. (errado)


Falar-se-ia muito sobre este assunto naquele dia. (certo)
Ou
Muito se falaria sobre este assunto naquele dia. (sempre certo)
REDAÇÃO

6º Impessoalidade

As verdades gerais sempre têm maior valor. As opiniões pessoais pouco contribuem para a sustentação de uma ideia.
Por isso, as afirmações apresentadas terão melhor aceitação se trouxerem representações gerais de valor coletivo:
Acredita-se em vez de Acredito
Sabe-se em vez de Sei
109
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E outras expressões generalizantes como: 17º Evite o Senso Comum
É de conhecimento geral... / Muitos entendem
que... / Muito se tem discutido sobre... Fuja do lugar-comum, de frases feitas e expressões
cristalizadas, como “a pureza das crianças”, “a sabe-
7º Tese doria dos velhos”. A palavra “coisa”, gírias e vícios da
linguagem oral devem ser evitados, bem como o uso
É importante que seja bem fundamentada, pois é de “etc.” e as abreviações.
quando você apresenta seu ponto de vista, seu posi-
cionamento diante do tema. 18º Uso de Aspas

8º Argumentos para seu Texto Não se usam entre aspas palavras estrangeiras
sem correspondência na língua portuguesa: hippie,
É comum a cobrança de temas próprios às funções status, dark, punk, chips etc.
dos cargos disputados, por isso, preste sempre aten-
ção nos assuntos recorrentes dos textos da prova. 19º Atenção às Repetições e Fugas ao Tema

Observe se não há repetição de ideias, falta de cla-


9º Título
reza, construções sem nexo (conjunções mal-empre-
gadas), falta de concatenação (coesão) de ideias nas
Não se põe título nas redações para concursos, a
frases e nos parágrafos entre si, divagação ou fuga ao
menos que isso seja uma exigência do edital.
tema proposto.
10º Evite a repetição das palavras 20º Cumpra o Proposto no Texto

Use sinônimos e outros termos de recuperação. Caso você tenha feito uma pergunta na tese ou no
corpo do texto, verifique se a argumentação responde à
z que = o qual / a qual; pergunta. Se você eventualmente encerrar o texto com
z onde= em que, no qual / na qual. uma interrogação, esta pode estar corretamente empre-
gada desde que a argumentação responda à questão. Se
11º Vocabulário o texto for vago, a interrogação será retórica e vazia.

Procure sempre a clareza na apropriação vocabu-


lar. A linguagem simples torna o texto mais fluente:
pense em explicar seus argumentos como se falasse ANOTAÇÕES
a uma criança de 10 anos. Não use erudições do tipo
“hodiernamente”; diga: atualmente ou hoje em dia.

12º Interferência Positiva


9
-9

Se possível, apresente propostas que deem solução


96

aos problemas levantados na redação. Não fique ape-


.3

nas fazendo constatações óbvias.


93
.0
06

13º Não Faça Críticas ao Governo


-1

Essa postura é pobre e pouco criativa — é o que


a
lv

se chama de lugar comum. É como pedir emprego em


Si

uma empresa e criticar o patrão durante a entrevista.


da

Isso é ser muito ingênuo.


io

14º O Rascunho é Importante


v

O

É a sua garantia de poder fazer uma revisão elimi-


ri

nando erros. Vale sempre a pena caprichar. Lembre-se


A

de que é função de quem escreve seduzir o leitor e o estí-


mulo visual contribui para que haja uma boa impressão.

15º Evite Expressões Vagas

Atente-se para as expressões vagas ou de signifi-


cado amplo e sua adequada contextualização. Exem-
plos: conceitos como “certo”, “errado”, “democracia”,
“justiça”, “liberdade”, “felicidade” etc.

16º Atenção aos Adjetivos

Evite expressões como “belo”, “bom”, “mau”, “incrí-


vel”, “péssimo”, “triste”, “pobre”, “rico” etc., pois são juízos
110 de valor sem carga informativa, imprecisos e subjetivos.
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Importante!
A soma ou subtração de dois números pares tem
resultado par.
Ex.: 12 + 8 = 20; 12 – 8 = 4.
MATEMÁTICA BÁSICA A soma ou subtração de dois números ímpares
tem resultado par.
Ex.: 13 + 7 = 20; 13 – 7 = 6.
A soma ou subtração de um número par com
outro ímpar tem resultado ímpar.
NÚMEROS INTEIROS: OPERAÇÕES E Ex.: 14 + 5 = 19; 14 – 5 = 9.
PROPRIEDADES A multiplicação de números pares tem resultado
par.
Os números construídos com os algarismos de 0 a Ex.: 8 x 6 = 48.
9 são chamados de naturais. O símbolo desse conjun- A multiplicação de números ímpares tem resul-
to é a letra N, e podemos escrever os seus elementos tado ímpar:
entre chaves: Ex.: 3 x 7 = 21.
N = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, A multiplicação de um número par por um núme-
17, …} ro ímpar tem resultado par:
As reticências indicam que este conjunto tem infi- Ex.: 4 x 5 = 20.
nitos números naturais.
O zero não é um número natural propriamente
dito, pois não é um número de “contagem natural”. Números Inteiros
Por isso, utiliza-se o símbolo N* para designar os
números naturais positivos, isto é, excluindo o zero. Os números inteiros são os números naturais e
Vejam: N* = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7…} seus respectivos opostos (negativos). Veja:
Z = {..., -7, -6, -5, -4, -3, -2, -1, 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, ...}
Dica O símbolo desse conjunto é a letra Z. Uma coisa
importante é saber que todos os números naturais
O símbolo do conjunto dos números naturais é são inteiros, mas nem todos os números inteiros são
a letra N e podemos ter ainda, o símbolo N*, que naturais. Logo, podemos representar através de dia-
representa os números naturais positivos, isto é, gramas e afirmar que o conjunto de números naturais
excluindo o zero. está contido no conjunto de números inteiros ou ain-
da que N é um subconjunto de Z. Observe:
Conceitos básicos relacionados aos números
naturais:
9
-9
96

z Sucessor: é o próximo número natural.


.3
93

Exemplo: o sucessor de 4 é 5, e o sucessor de 51 é


N
.0

52. E o sucessor do número “n” é o número “n+1”. Z


06
-1

z Antecessor: é o número natural anterior.


a
lv

Exemplo: o antecessor de 8 é 7, e o antecessor de 77


Si

é 76. E o antecessor do número “n” é o número “n-1”.


da

Podemos destacar alguns subconjuntos de núme-


io

z Números consecutivos: são números em sequência.


v

ros. Veja:

O

Exemplo: 5, 6, 7 são números consecutivos, porém


z Números Inteiros não negativos = {4,5,6...}. Veja
ri

10, 9, 11 não são. Assim, (n-1, n e n+1) são números


A

que são os números naturais.


consecutivos. z Números Inteiros não positivos = {… -3, -2, -1, 0}.
Veja que o zero também faz parte deste conjunto,
z Números naturais pares: são aqueles que, ao pois ele não é positivo nem negativo.
MATEMÁTICA BÁSICA

serem divididos por 2, não deixam resto. Por isso z Números inteiros negativos = {… -3, -2, -1}. O zero
o zero também é par. Logo, todos os números que não faz parte.
terminam em 0, 2, 4, 6 ou 8 são pares. z Números inteiros positivos = {5, 6, 7...}. Novamen-
z Números naturais ímpares: ao serem divididos por te, o zero não faz parte.
2, deixam resto 1. Todos os números que terminam
em 1, 3, 5, 7 ou 9 são ímpares. OPERAÇÕES COM NÚMEROS INTEIROS

Há quatro operações básicas que podemos efetuar


com estes números. São elas: adição, subtração, multi-
plicação e divisão.

111
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Adição Multiplicação

É dada pela soma de dois números. Ou seja, a adi- A multiplicação funciona como se fosse uma repe-
ção de 20 e 5 é: 20 + 5 = 25 tição de adições. Veja:
Veja mais alguns exemplos: A multiplicação 20 x 3 é igual à soma do número 20
Adição de 15 e 3: 15 + 3 = 18 três vezes (20 + 20 + 20), ou à soma do número 3 vinte
Adição de 55 e 30: 55 + 30 = 85 vezes (3 + 3 + 3 + ... + 3).
Algo que é muito importante e você deve lembrar
Principais propriedades da operação de adição: sempre são as regras de sinais na multiplicação de
números.
z Propriedade comutativa: a ordem dos números
não altera a soma.
SINAIS NA MULTIPLICAÇÃO
Ex.: 115 + 35 é igual a 35 + 115. Operações Resultados

z Propriedade associativa: quando é feita a adição + + +


de 3 ou mais números, podemos somar 2 deles, pri- - - +
meiramente, e depois somar o outro, em qualquer
ordem, que vamos obter o mesmo resultado. + - -

- + -
Ex.: 2 + 3 + 5 = (2 + 3) + 5 = 2 + (3 + 5) = 10

z Elemento neutro: o zero é o elemento neutro da Dica


adição, pois qualquer número somado a zero é
igual a ele mesmo. � A multiplicação de números de mesmo sinal
tem resultado positivo.
Ex.: 27 + 0 = 27; 55 + 0 = 55. Ex.: 51 × 2 = 102; (-33) × (-3) = 99
� A multiplicação de números de sinais diferen-
z Propriedade do fechamento: a soma de dois núme- tes tem resultado negativo.
ros inteiros sempre gera outro número inteiro. Ex.: 25 × (-4) = -100; (-15) × 5 = -75

Ex.: A soma dos números inteiros 8 e 2 gera o Principais propriedades da operação de


número inteiro 10 (8 + 2 = 10). multiplicação:

Subtração z Propriedade comutativa: A x B é igual a B x A, ou


9
seja, a ordem não altera o resultado.
-9

Subtrair dois números é o mesmo que diminuir,


96

de um deles, o valor do outro. Ou seja, subtrair 7 de 20


Ex.: 8 x 5 = 5 x 8 = 40.
.3

significa retirar 7 de 20, restando 13: 20 – 7 = 13.


93

Veja mais alguns exemplos:


.0

z Propriedade associativa: (A x B) x C é igual a (C x B)


Subtrair 5 de 16: 16 -5 = 11
06

x A, que é igual a (A x C) x B.
30 subtraído de 10: 30 – 10 = 20
-1

Principais propriedades da operação de


Ex.: (3 x 4) x 2 = 3 x (4 x 2) = (3 x 2) x 4 = 24.
a

subtração:
lv
Si

z Elemento neutro: a unidade (1) é o elemento neu-


z Propriedade comutativa: como a ordem dos núme-
da

ros altera o resultado, a subtração de números não tro da multiplicação, pois ao multiplicar 1 por
io

possui a propriedade comutativa. qualquer número, este número permanecerá


v

inalterado.

O

Ex.: 250 – 120 = 130 e 120 – 250 = -130.


ri

Ex.: 15 x 1 = 15.
A

z Propriedade associativa: não há essa propriedade


na subtração. z Propriedade do fechamento: a multiplicação de
z Elemento neutro: o zero é o elemento neutro da números inteiros sempre gera um número inteiro.
subtração, pois, ao subtrair zero de qualquer
número, este número permanecerá inalterado. Ex.: 9 x 5 = 45

Ex.: 13 – 0 = 13. z Propriedade distributiva: essa propriedade é


exclusiva da multiplicação. Veja como fica: Ax(B+C)
z Propriedade do fechamento: a subtração de dois = (AxB) + (AxC)
números inteiros sempre gera outro número
inteiro. Ex.: 3x(5+7) = 3x(12) = 36
Usando a propriedade:
Ex.: 33 – 10 = 23. 3x(5+7) = 3x5 + 3x7 = 15+21 = 36

112
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Divisão A seguir, revise seus conhecimentos com algumas
questões comentadas.
Quando dividimos A por B, queremos repartir a
quantidade A em partes de mesmo valor, sendo um 1. (VUNESP — 2015) Dividindo-se um determinado
total de B partes. número por 18, obtém-se quociente n e resto 15. Divi-
Ex.: Ao dividirmos 50 por 10, queremos dividir 50 dindo-se o mesmo número por 17, obtém-se quociente
em 10 partes de mesmo valor. Ou seja, nesse caso tere- (n + 2) e resto 1. Desse modo, é correto afirmar que n(n
mos 10 partes de 5 unidades, pois se multiplicarmos 10 + 2) é igual a:
x 5 = 50. Ou ainda podemos somar 5 unidades 10 vezes
consecutivas, ou seja, 5+5+5+5+5+5+5+5+5+5=50. a) 440.
Algo que é muito importante e você deve lembrar b) 420.
sempre são as regras de sinais na divisão de números. c) 400.
d) 380.
e) 340.
SINAIS NA DIVISÃO

Operações Resultados Dividendo = 18 x n + 15


Dividendo = 17 x (n+2) + 1
+ + + 18 x n + 15 = 17 x (n+2) + 1
18n + 15 = 17n + 34 + 1
- - +
18n – 17n = 35 – 15
+ - - n = 20
Logo, n.(n+2) = 20.(20+2) = 20.22 = 440. Resposta:
- + - Letra A.

2. (FGV — 2019) O resultado da operação 2+3×4−1 é:


Dica
a) 13.
� A divisão de números de mesmo sinal tem
b) 15.
resultado positivo. c) 19.
Ex.: 60 ÷ 3 = 20; (-45) ÷ (-15) = 3 d) 22.
� A divisão de números de sinais diferentes tem e) 23.
resultado negativo.
Ex.: 25 ÷ (-5) = -5; (-120) ÷ 5 = -24 Primeiro vamos fazer a multiplicação e depois as
demais operações:
Esquematizando: 2 + 3 × 4 − 1 = 2 + 12 − 1 = 13
Resposta: Letra A
Dividendo
Divisor
9
3. (INSTITUTO AOCP — 2018) O total de números que
-9

estão entre o dobro de 140 e o triplo de 100 é igual a:


96

30 5
.3

0 6
a) 17.
93

b) 19.
.0

Resto Quociente
06

c) 21.
d) 23.
-1

Dividendo = Divisor × Quociente + Resto e) 25.


a

30 = 5 · 6 + 0
lv

Dobro de 140 = 280


Si

Triplo de 100 = 300


da

Principais propriedades da operação de divisão:


Total de números entre 280 e 300:
io

z Propriedade comutativa: a divisão não possui essa 281 até 291 = 10 números
v

291 até 299 = 9 números


propriedade.
O

z Propriedade associativa: a divisão não possui essa 10 + 9 = 19 números.


ri

Resposta: Letra B.
propriedade.
A

z Elemento neutro: a unidade (1) é o elemento neu-


5. (INSTITUTO CONSULPLAN — 2019) Os símbolos das
tro da divisão, pois ao dividir qualquer número
operações que deverão ser inseridos nos quadrados
por 1, o resultado será o próprio número.
MATEMÁTICA BÁSICA

para que o cálculo seja verdadeiro são, respectivamen-


te: 4_3_2_1 = 10
Ex.: 15 / 1 = 15.
a) + / x / +
z Propriedade do fechamento: aqui chegamos em b) x / – / ÷
uma diferença enorme dentro das operações de c) + / ÷ / –
números inteiros, pois a divisão não possui essa d) x / + / +
propriedade, uma vez que ao dividir números
inteiros podemos obter resultados fracionários ou 4 * 3 – 2/1=
decimais. 4 * 3 = 12
–2/1= –2 =
Ex.: 2 / 10 = 0,2 (não pertence ao conjunto dos 12 – 2 = 10
números inteiros). Resposta: Letra B. 113
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z Multiplicação de números decimais: aplicamos o
NÚMEROS RACIONAIS, mesmo procedimento da multiplicação comum.
REPRESENTAÇÃO FRACIONÁRIA
Ex.: 4,6 × 1,75 = 8,05
E DECIMAL: OPERAÇÕES E
PROPRIEDADES z Divisão de números decimais: devemos multipli-
car ambos os números (divisor e dividendo) por
Números Racionais uma potência de 10 (10, 100, 1000, 10000 etc.) de
modo a retirar todas as casas decimais presentes.
São aqueles que podem ser escritos na forma da
Após isso, é só efetuar a operação normalmente.
divisão (fração) de dois números inteiros. Ou seja,
escritos na forma A/B (A dividido por B), onde A e B
são números inteiros. Ex.: 5,7 ÷ 1,3
Exemplos: 7/4 e -15/9 são racionais. Veja, também, 5,7 × 100 = 570
que os números 87, 321 e 1221 são racionais, pois são 1,3 × 100 = 130
divididos pelo número 1. 570 ÷ 130 = 4,38

Dica z Adição e subtração de frações:

Qualquer número natural é também inteiro e todo Para somar ou subtrair frações, é necessário olhar-
número inteiro é também racional. mos para os denominadores, ou seja, para a “base”
das frações. Há duas situações possíveis. Vejamos:
O símbolo desse conjunto é a letra Q e podemos
representar por meio de diagramas a relação entre os
Denominadores iguais (quando acontece essa situa-
conjuntos naturais, inteiros e racionais, veja:
ção, basta repetir as bases e operar os numeradores)

Q 1 3
+ = 1+3 = 4
5 5 5 5

4-2 4-2 2
3 3 = 3 =3
Z N
Denominadores diferentes (quando acontece essa
situação, é necessário achar o denominador comum,
para operar 9 as frações). Veja:
-9

1 3
3+4
96
.3

Representação Fracionária e Decimal


93

O número 12 é o primeiro múltiplo, ao mesmo


.0

tempo, de 3 e 4. Então, dividiremos 12 pelos denomi-


06

Há 3 tipos de números no conjunto dos Números


nadores e, depois, multiplicaremos o resultado pelos
-1

Racionais:
numeradores.
a

z Frações:
lv

4x1 3x3
Si

1 3 4 + 9 13
Ex.: 8 3 7 etc. 3 + 4 = 12÷3 + 12÷4 = 12 = 12
da

3 , 5 , 11
io

Achando o menor denominador comum (mmc):


z Números decimais.
v

O

Ex.: 1,75 3–4 2 (aqui vamos dividir sempre pelo menor número primo possível)
ri
A

z Dízimas periódicas. 3–2 2

Ex.: 0,33333... 3–1 3

Operações e Propriedades dos Números Racionais 1–1 MMC: 2 · 2 · 3 = 12

z Adição de números decimais: segue a mesma lógi-


ca da adição comum. Todo número que é dividido apenas por ele mes-
mo e pelo número 1 é um número primo.
Ex.: 15,25 + 5,15 = 20,4
Exemplo:
z Subtração de números decimais: segue a mesma
lógica da subtração comum. 3 (apenas por ser dividido por 1 e 3)
13 (apenas por ser dividido por 1 e 13)
114 Ex.: 57,3 – 0,12 = 57,18
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z Multiplicação de frações: 5/8 = 0,625
½ = 0,5
Fazer a multiplicação entre frações é muito sim- 1 ¼ = 1 + 0,25 = 1,25
ples! Basta multiplicar o numerador de uma das fra- ¾ = 0,75
ções pelo numerador da outra fração e fazer o mesmo 1 ½ = 1 + 0,5 = 1,5
processo entre os denominadores. Veja: Logo, o maior diâmetro será 1 ½ polegadas, que
2 5 2x5 10 corresponde a 1,5 polegadas. Resposta: Letra D.
3 x 4 = 3x4 = 12
3. (FCC — 2017) Sabendo que o número decimal F é
Ainda não chegamos ao resultado final da opera- 0,8666 . . . , que o número decimal G é 0,7111 . . . e que
ção, pois é necessário simplificar a fração o máximo o número decimal H é 0,4222 . . . , então, o triplo da
possível. Para realizar esse procedimento, devemos soma desses três números decimais, F, G e H, é igual a:
achar um número que divide, ao mesmo tempo, o
denominador e o numerador. No caso apresentado a) 6,111 . . .
anteriormente, sabemos que é o número 2. Aplicando, b) 5,888 . . .
fica assim: c) 6
d) 3
10÷2 5 e) 5,98
12÷2 = 6
Podemos resolver de forma aproximada, somando:
Pronto! Chegamos no resultado final, pois não há 0,8666 + 0,7111 + 0,4222 = 1,9999 (aproximadamen-
mais como simplificar. te 2)
A soma é aproximadamente 3×2 = 6. Resposta: Letra
z Divisão de frações: C.

Vou te ensinar uma maneira bem simples para 4. (FGV — 2016) Durante três dias, o capitão de um navio
resolver esse tipo de operação. Para dividir frações, atracado em um porto anotou a altura das marés alta
deve-se repetir a primeira fração e multiplicar pelo (A) e baixa (B), formando a tabela a seguir.
inverso da segunda fração. Depois, basta realizar a
multiplicação normalmente, da mesma forma que A B A B A B A B A B A
aprendemos.
A seguir, revise seus conhecimentos com algumas 1,0 0,3 1,1 0,2 1,3 0,4 1,4 0,5 1,2 0,4 1,0
questões comentadas.
A maior diferença entre as alturas de duas marés con-
1. (FGV — 2010) Julgue as afirmativas a seguir: secutivas foi: 9
a) 0,555... é um número racional. a) 1,0.
-9

b) 1,1.
96

( ) CERTO  ( ) ERRADO c) 1,2.


.3
93

d) 1,3.
.0

Repare que o número 0,555... é uma dízima periódi- e) 1,4.


06

ca. Vimos na teoria que as dízimas periódicas são


-1

um tipo de número racional. Resposta: Certo. Vamos calcular as diferenças entre os valores da
tabela. Veja:
a
lv

b) Todo número inteiro tem antecessor. 0,3 – 1 = -0,7


Si

1,1 – 0,3 = 0,8


da

( ) CERTO  ( ) ERRADO 0,2 – 1,1 = -0,9


io

1,3 – 0,2 = 1,1


v

Qualquer número inteiro é possível obter o seu ante- 0,4 – 1,3 = -0,9

cessor. Basta subtrair 1 unidade. Veja: o antecessor 1,4 – 0,4 = 1


O

de 35 é o 34. O antecessor de 0 é -1. E o antecessor de 0,5 – 1,4 = -0,9


ri
A

-299 é o -300. Resposta: Certo. 1,2 – 0,5 = 0,7


0,4 – 1,2 = -0,8
2. (FCC — 2018) Os canos de PVC são classificados de 1,0 – 0,4 = 0,6
acordo com a medida de seu diâmetro em polegadas.
MATEMÁTICA BÁSICA

Note que a maior diferença é 1,1. Resposta: Letra D.


Dentre as alternativas, aquela que indica o cano de
maior diâmetro é:

a) 1/2.
b) 1 ¼. MÍNIMO MÚLTIPLO COMUM
c) 3/4.
d) 1 ½. Os múltiplos de um número X são aqueles núme-
e) 5/8. ros que podem ser obtidos multiplicando X por outro
número natural. Agora observe o seguinte os múlti-
Vamos deixar todos na forma decimal. Ou seja, plos dos números 4 e 6:
vamos dividir o numerador pelo denominador da M(4) = 4,8,12,16,20,24,28,32,36,...
fração. Veja: M(6) = 6,12,18,24,30,36,42,... 115
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Quais são os múltiplos iguais (comuns) entre os 15h, ela irá piscar novamente depois de 20 minutos,
números? São eles: 12,24,36. E qual o menor deles? É ou seja, 15h20. Depois às 15h40, 16h, etc.
o número 12. Logo, esse é um tipo clássico de questão sobre
Sendo assim, o número 12 é o menor múltiplo MMC.
comum entre 4 e 6, ou seja, o MMC entre 4 e 6 é igual
a 12. Dica
Cálculo do MMC por Fatoração Simultânea Atente-se para as palavras “a cada”, “em”, “ou”
nos enunciados que elas indicam uma ideia de
Podemos calcular o MMC entre 2 ou mais números, repetição, ciclo e periodicidade.
de maneira mais rápida, fazendo a fatoração simultâ-
nea dos dois números. Veja: A seguir, revise seus conhecimentos com algumas
Ex.: Calcule o MMC entre 6 e 8. questões comentadas.

6 – 8 2 (aqui devemos colocar o menor número primo) 1. (FCC — 2015) Para um evento promovido por uma
3 – 4 2 (nesse caso repetimos o nº 3, pois ele não é dividido pelo 2) determinada empresa, uma equipe de funcionários
preparou uma apresentação de slides que deveria
3–2 2
transcorrer durante um momento de confraternização.
3–1 3 Tal apresentação é composta por 63 slides e cada um
1 – 1 MMC = 2 × 2 × 2 × 3 = 24. será projetado num telão por exatos 10 segundos. Foi
ainda escolhida uma música de fundo, com duração de
4min40s para acompanhar a apresentação dos slides.
Logo, o MMC (6 e 8) = 24.
Eles planejam que a música e a apresentação dos sli-
Com esse método é possível calcular o MMC entre
des comecem simultaneamente e “rodem” ciclicamen-
vários números. Vamos exercitar, dessa vez com mais
te, sem intervalos, até que ambas finalizem juntas. A
números. Ex.: Calcule o MMC entre os números 10, 12, 20.
fim de estudar a viabilidade desse plano, eles calcula-
ram que a quantidade de vezes que a música teria de
10 – 12 – 20 2 (aqui devemos colocar o menor número primo)
tocar até que seu final coincidisse, pela primeira vez
5 – 6 – 10 2 (nesse caso repetimos o nº 3, pois ele não é dividido por 2) depois do início, com final da apresentação seria:
5–3–5 3
5–1–5 5 a) 5.
b) 42.
1–1–1 MMC = 2 × 2 × 3 × 5 = 60.
c) 12.
d) 35.
Logo, o MMC (10, 12 e 20) = 60. e) 9. 9
Dica Slide = 630 segundos (63×10s)
-9

Música = 280 segundos (4x60s+40s)


96

Passos para calcular o MMC (fatoração MMC


.3

simultânea):
93

1 – Montar uma coluna para os fatores primos e


.0

630 280 2
colunas para cada um dos números;
06

2 – Começar a divisão dos números pelo menor


-1

315 140 2
fator primo (2) e só ir aumentando quando
a

315 70 2
lv

nenhum dos números puder ser dividido;


Si

� Se algum dos números não puder ser dividido, 315 35 5


da

basta copiá-lo para a próxima linha;


� O objetivo é fazer com que todos os números  63 7 7
v io

cheguem ao valor 1;   9 1 3


� O MMC será a multiplicação dos fatores pri-


O

mos utilizados.   3 1 3


ri
A

  1 1 2×2×2×5×7×3×3 = 2520


Pensando um pouco além e olhando para os tipos
de questões que aparecem nas provas, devemos ter
em mente que o enunciado relacionado a MMC sem- Logo, após 2520 segundos a música e o slide irão
pre trará uma ideia de periodicidade, repetição, ciclo terminar ao mesmo tempo.
de acontecimentos. Slide: 2520/630 = 4 voltas
Veja um exemplo: Música: 2520/280 = 9 voltas. Resposta: Letra E.
Na linha de montagem de uma fábrica, há duas
luzes de sinalização, sendo que uma delas pisca a cada 2. (VUNESP — 2017) Um comerciante possui uma cai-
20 minutos e a outra pisca a cada 35 minutos. Se às xa com várias canetas e irá colocá-las em pacotinhos,
8 horas da manhã as duas luzes piscaram ao mesmo cada um deles com o mesmo número de canetas. É
tempo, isso irá ocorrer novamente às? possível colocar, em cada pacotinho, ou 6 canetas, ou
Resolução: 8 canetas ou 9 canetas e, em qualquer dessas opções,
Observe “a cada 20 minutos” e “a cada 35 minu- não restará caneta alguma na caixa.
tos”. Aqui temos uma ideia de repetição, pois se por Desse modo, o menor número de canetas que pode
116 exemplo se a luz que pisca a cada 20 minutos picar às haver nessa caixa é:
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a) 70. Propriedade das Proporções
b) 66.
c) 64. z Somas Externas
d) 72.
e) 68. a
=
c
=
a+c
b d b+d
MMC (6,8,9):
Vamos entender um pouco melhor resolvendo
6–8–9 2 uma questão-exemplo:
Suponha que uma fábrica vai distribuir um prê-
3–4–9 2 mio de R$10.000 para seus dois empregados (Carlos
3–2–9 2 e Diego). Esse prêmio vai ser dividido de forma pro-
porcional ao tempo de serviço deles na fábrica. Carlos
3–1–9 3 está há 3 anos na fábrica e Diego está há 2 anos. Quan-
1–1–3 3 to cada um vai receber?
Resolução:
1–1–1 2×2×2×3×3 = 72 canetas. Resposta: Letra D. Primeiro, devemos montar a proporção. Sejam C
a quantia que Carlos vai receber e D a quantia que
Diego vai receber, temos:

RAZÃO E PROPORÇÃO C
=
D
3 2
A razão entre duas grandezas é igual à divisão
entre elas, veja: Utilizando a propriedade das somas externas:

2 C D C+D
= =
5 3 2 3+2

Ou podemos representar por 2 ÷ 5 (lê-se 2 está para Perceba que C + D = 10.000 (as partes somadas),
5). então podemos substituir na proporção:
Já a proporção é a igualdade entre razões, veja:
C D C+D 10.000
= = = = 2.000
2 4 3 2 3+2 5
=
3 6
Aqui cabe uma observação importante!
9
Ou podemos representar por 2 ÷ 3 = 4 ÷ 6 (lê-se 2 Esse valor 2.000, que chamamos de “Constante de
-9

está para 3 assim como 4 está para 6). Proporcionalidade”, é que nos mostra o valor real das
96

Os problemas mais comuns que envolvem razão e partes dentro da proporção. Veja:
.3
93

proporção é quando se aplica uma variável qualquer


.0

dentro da proporcionalidade e se deseja saber o valor C


= 2.000
06

dela. Veja o exemplo: 3


-1

C = 2000 · 3
2 x
a

= ou 2 ÷ 3 = x ÷ 6
lv

3 6 C = 6.000 (esse é o valor de Carlos)


Si

D
da

Para resolvermos esse tipo de problema devemos = 2.000


2
usar a Propriedade Fundamental da razão e propor-
vio

ção: produto dos meios pelos extremos. D = 2.000 · 2


Meio: 3 e x;
O

D = 4.000 (esse é o valor de Diego)


Extremos: 2 e 6.
ri
A

Logo, devemos fazer a multiplicação entre eles


Assim, Carlos vai receber R$6.000 e Diego vai rece-
numa igualdade. Observe:
ber R$4.000.
MATEMÁTICA BÁSICA

3·X=2.6
z Somas Internas
3X = 12
a c a+b c+d
X = 12/3 = = =
b d b d
X=4
É possível, ainda, trocar o numerador pelo deno-
Lembre-se de que a maioria dos problemas envol- minador ao efetuar essa soma interna, desde que
vendo esse tema são resolvidos utilizando essa pro- o mesmo procedimento seja feito do outro lado da
priedade fundamental. Porém, algumas questões proporção.
acabam sendo um pouco mais complexas e pode ser
útil conhecer algumas propriedades para facilitar. a
=
c
=
a+b
=
c+d
Vamos a elas! b d a c 117
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Vejamos um exemplo: Logo,

x 2 2A
= = 1.000
-
14 x 5 4
2A = 4 · 1.000
x + 14 - x 2+5
= 2A = 4.000
x 2
A = 2.000
14 7
=
x 2 Fazendo a mesma resolução em B:

7 · x = 2 · 14 3B
= 1.000
9
14 · 2 3B = 9 · 1.000
x= =4
7
3B = 9.000
Portanto, encontramos que x = 4. B = 3.000

Sendo assim, os funcionários com 2 anos de casa


Importante! receberão R$2.000 de bônus. Já os funcionários com 3
Vale lembrar que essa propriedade também ser- anos de casa receberão R$3.000 de bônus.
O total pago pela empresa será:
ve para subtrações internas.
Total = 2 · 2000 + 3 · 3000 = 4000 + 9000 = 13000.
z Soma com Produto por Escalar
REGRA DA SOCIEDADE
a c a + 2b c + 2d
= = = Diretamente Proporcional
b d b d

Vejamos um exemplo para melhor entendimento: Um dos tópicos mais comuns em questões de pro-
Uma empresa vai dividir o prêmio de R$13.000 va é “dividir uma determinada quantia em partes
proporcionalmente ao número de anos trabalhados. proporcionais a determinados números. Vejamos um
São dois funcionários que trabalham há 2 anos na exemplo para entendermos melhor como esse assun-
empresa e três funcionários que trabalham há 3 anos. to é cobrado:
Resolução: Exemplo:
A quantia de 900 mil reais deve ser dividida em
Seja A o prêmio dos funcionários com 2 anos e B
9
partes proporcionais aos números 4, 5 e 6. A menor
-9

o prêmio dos funcionários com 3 anos de empresa,


96

dessas partes corresponde a:


temos:
.3

A B Primeiro vamos chamar de X, Y e Z as partes propor-


93

2
=
3 cionais, respectivamente a 4, 5 e 6. Sendo assim, X é pro-
.0

porcional a 4, Y é proporcional a 5 e Z é proporcional a


06

6, ou seja, podemos representar na forma de razão. Veja:


Porém, como são 2 funcionários na categoria A e 3
-1

funcionários na categoria B, podemos escrever que a X Y Z


a

soma total dos prêmios é igual a R$13.000. = = = constante de proporcionalidade.


lv

4 5 6
Si

2A + 3B = 13.000
da

Usando uma das propriedades da proporção,


somas externas, temos:
io

Agora multiplicando em cima e embaixo de um


v

lado por 2 e do outro lado por 3, temos: X+Y+Z 900.000


O

= 60.000
4+5+6 15
ri

2A 3B
A

=
4 9
A menor dessas partes é aquela que é proporcional
a 4, logo:
Aplicando a propriedade das somas externas, X
podemos escrever o seguinte: = 60.000
4

2A 3B 2A + 3B X = 60.000 · 4
= =
4 9 4+9 X = 240.000

Substituindo o valor da equação 2A + 3B na pro- Inversamente Proporcional


porção, temos:
É um tipo de questão menos recorrente, mas, não
2A 3B 2A + 3B menos importante. Consiste em distribuir uma quan-
= = = 13.000 = 1.000
4 9 4+9 13 tia X a três pessoas, de modo que cada uma receba um
quinhão inversamente proporcional a três números.
118 Vejamos um exemplo:
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Exemplo: M 5
=
Suponha que queiramos dividir 740 mil em partes T 8
inversamente proporcionais a 4, 5 e 6.
Vamos chamar de X as quantias que devem ser dis- A turma tem 120 alunos, então: T = 120
tribuídas inversamente proporcionais a 4, 5 e 6, res- Fazendo os cálculos:
pectivamente. Devemos somar as razões e igualar ao
M 5
total que dever ser distribuído para facilitar o nosso =
T 8
cálculo, veja:
M 5
=
X X X 120 8
+ + = 740.000
4 5 6
8 · M = 5 · 120
Agora vamos precisar tirar o M.M.C. (mínimo múl- 8M = 600
tiplo comum) entre os denominadores para resolver- 600
mos a fração. M=
8

4–5–6|2 M = 75
2–5–3|2 A quantidade de homens da sala:
1–5–3|3 120 - 75 = 45 homens. Resposta: Letra B.
1–5–1|5
2. (VUNESP — 2020) Em um grupo com somente pessoas
1 – 1 – 1 | 2 · 2 · 3 · 5 = 60 com idades de 20 e 21 anos, a razão entre o número
de pessoas com 20 anos e o número de pessoas com
Assim, dividindo o M.M.C. pelo denominador e 21 anos, atualmente, é 4/5. No próximo mês, duas pes-
multiplicando o resultado pelo numerador temos: soas com 20 anos farão aniversário, assim como uma
pessoa com 21 anos, e a razão em questão passará a
15x 12x 10x ser de 5/8. O número total de pessoas nesse grupo é:
+ + = 740.000
60 60 60
37x a) 30.
= 740.000 b) 29.
60
c) 28.
X = 1.200.000 d) 27.
e) 26.
Agora, basta substituir o valor de X nas razões para
achar cada parte da divisão inversa. A razão entre o número de pessoas com 20 anos e o
9
-9

número de pessoas com 21 anos, atualmente, é 4/5.


96

x 1.200.000
= = 300.000 120 4x Total de 9x
.3

4 4 =
93

121 5x
x 1.200.000
.0

= = 240.000 No próximo mês, duas pessoas com 20 anos farão


06

5 5
aniversário, assim como uma pessoa com 21 anos, e
-1

x
=
1.200.000
= 200.000 a razão em questão passará a ser de 5/8.
a

6 6
lv

120 4x - 2 5
=
Si

=
121 5x + 2 - 1 8
Logo, as partes dividas inversamente propor-
da

cionais aos números 4, 5 e 6 são, respectivamente, 4x - 2 5


io

=
300.000, 240.000 e 200.000. 5x + 1 8
v

Agora vamos treinar o que aprendemos na teoria


8 (4x - 2) = 5 (5x + 1)
O

com exercícios comentados de diversas bancas.


ri

32x – 16 = 25x + 5
A

1. (FAEPESUL — 2016) Em uma turma de graduação


em Matemática Licenciatura, de forma fictícia, temos 7x = 21
que a razão entre o número de mulheres e o número x=3
MATEMÁTICA BÁSICA

total de alunos é de 5/8. Determine a quantidade de


homens desta sala, sabendo que esta turma tem 120 Para sabermos o total de pessoas, basta substituir o
alunos. valor de X na primeira equação:
9x = 9 x 3 = 27 é o número total de pessoas nesse
a) 43 homens. grupo. Resposta: Letra D.
b) 45 homens.
c) 44 homens. 3. (IBADE — 2018) Três agentes penitenciários de um
d) 46 homens. país qualquer, Darlan, Arley e Wanderson, recebem
e) 47 homens. juntos, por dia, R$ 721,00. Arley recebe R$ 36,00 mais
que o Darlan, Wanderson recebe R$ 44,00 menos que
A razão entre o número de mulheres e o número o Arley. Assinale a alternativa que representa a diária
total de alunos é de 5/8: de cada um, em ordem crescente de valores. 119
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
a) R$ 249,00, R$ 213,00 e R$ 169,00. a) 183
b) R$ 169,00, R$ 213,00 e R$ 249,00. b) 225
c) R$ 145,00, R$ 228,00 e R$ 348,00. c) 165
d) R$ 223,00, R$ 231,00 e R$ 267,00 d) 154
e) R$ 267,00, R$ 231,00 e R$ 223,00.
Total de alunos = 396
D + A + W = 721
Meninos = H
A = D + 36
W = A - 44 Meninas = M
Substituímos Arley em Wanderson: H 5x
W= A - 44 Razão: +
M 7x
W= 36+D-44
W= D-8 Agora vamos somar 5x com 7x = 12x
Substituímos na fórmula principal:
12x é igual ao total que é 396
D + A + W = 721
D + 36 + D + D – 8 = 721 12x = 396
3D + 28 = 721
x = 33
3D = 721 - 28
D = 693/3 Portanto o número de meninos será:
D = 231
Meninos = 5X = 5 x 33 = 165.
Substituímos o valor de D nas outras:
A = D + 36 Resposta: Letra C.
A= 231+36= 267
W = A - 44
W= 267-44
W= 223
Logo, os valores em ordem crescente que Wander- PORCENTAGEM
son, Darlan, Arley recebem são, respectivamente,
R$ 223,00, R$ 231,00 e R$ 267,00. A porcentagem é uma medida de razão com base
Resposta: Letra D. 100. Ou seja, corresponde a uma fração cujo denomi-
nador é 100. Vamos observar alguns exemplos e notar
4. (CEBRASPE-CESPE — 2018) A respeito de razões, pro- como podemos representar um número porcentual.
porções e inequações, julgue o item seguinte.
Situação hipotética: Vanda, Sandra e Maura receberam 30% =
30
(forma de fração)
R$ 7.900 do gerente do departamento onde trabalham, 100
para ser divido entre elas, de forma inversamente pro- 30
porcional a 1/6, 2/9 e 3/8, respectivamente. 30% = = 0,3 (forma decimal)
9
100
Assertiva: Nessa situação, Sandra deverá receber
-9

menos de R$ 2.500.
96

30 3
30% = = (forma de fração simplificada)
.3

100 10
93

( ) CERTO  ( ) ERRADO


.0

Sendo assim, a razão 30% pode ser escrita de


06

6x
+
9x
+
8x
= 7.900 várias maneiras:
-1

1 2 3
a

30 3
Tirando o MMC entre 1, 2 e 3 vamos achar 6. Temos: 30% = = 0,3 =
lv

100 10
Si

36x 27x 16x = 7.900


+ +
da

6 6 6 Também é possível fazer a conversão inversa, isto


é, transformar um número qualquer em porcentual.
io

79x
= 7.900
v

Para isso, basta multiplicar por 100. Veja:


6
O

x = 600 25 x 100 = 2500%


ri
A

0,35 x 100 = 35%


Sendo assim, Sandra está inversamente proporcio-
0,586 x 100 = 58,6%
nal a:
9x Número Relativo
2
A porcentagem traz uma relação entre uma parte e
Basta substituirmos o valor de X na proporção.
um todo. Quando dizemos 10% de 1000, o 1000 corres-
9x
=
9 x 600
= 2.700 ponde ao todo. Já o 10% corresponde à fração do todo
2 2 que estamos especificando. Para descobrir a quanto
isso corresponde, basta multiplicar 10% por 1000.
(Valor que Sandra irá receber é maior que 2.500).
Resposta: Errado. 10% de 1000 =
10 x 1000 = 100
100
5. (IESES — 2019) Uma escola possui 396 alunos matri-
culados. Se a razão entre meninos e meninas foi de Dessa maneira, 1000 é todo, enquanto 100 é a parte
120 5/7, determine o número de meninos matriculados. que corresponde a 10% de 1000.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Dica Como o resultado foi negativo, podemos afirmar
que houve uma redução percentual de 10% nas aulas
Quando o todo varia, a porcentagem também ainda não assistidas por Juliano. O enunciado está
varia! errado ao afirmar que essa redução foi de 20%.
Agora vamos treinar o que aprendemos na teoria
Veja um exemplo: com exercícios comentados de diversas bancas.
Roberto assistiu 2 aulas de Matemática Financeira.
Sabendo que o curso que ele comprou possui um total 1. (CEBRASPE-CESPE — 2020) Em determinada loja,
de 8 aulas, qual é o percentual de aulas já assistidas uma bicicleta é vendida por R$ 1.720 à vista ou em
por Roberto? duas vezes, com uma entrada de R$ 920 e uma par-
O todo de aulas é 8. Para descobrir o percentual, cela de R$ 920 com vencimento para o mês seguinte.
devemos dividir a parte pelo todo e obter uma fração. Caso queira antecipar o crédito correspondente ao
valor da parcela, a lojista paga para a financeira uma
2
=
1 taxa de antecipação correspondente a 5% do valor da
8 4 parcela.
Com base nessas informações, julgue o item a seguir.
Precisamos transformar em porcentagem, ou seja, Na compra a prazo, o custo efetivo da operação de finan-
vamos multiplicar a fração por 100: ciamento pago pelo cliente será inferior a 14% ao mês.

1 × 100 = 25% ( ) CERTO  ( ) ERRADO


4
Valor da bicicleta =1720,00
Soma e Subtração de Porcentagem Parcelado = 920,00 (entrada) + 920,00 (parcela)
Na compra a prazo, o agente vai pagar 920,00
As operações de soma e subtração de porcentagem (entrada), logo vai sobrar (1720-920 = 800,00)
são as mais comuns. É o que acontece quando se diz No próximo mês é preciso pagar 920,00 ou seja
que um número excede, reduziu, é inferior ou é supe- 800,00 + 120,00 de juros. Agora é pegar 120,00
rior ao outro em tantos por cento. A grandeza inicial (juros) e dividir por 800,00 resultado:
corresponderá sempre a 100%. Então, basta somar ou 120,00/800,00 = 0,15% ao mês.
subtrair o percentual fornecido dos 100% e multipli- A questão diz que seria inferior a 0,14%, ou seja,
car pelo valor da grandeza. está errada.
Exemplo 1: Resposta: Errado.
Paulinho comprou um curso de 200 horas-aula.
Porém, com a publicação do edital, a escola precisou 2. (CEBRASPE-CESPE — 2019) Na assembleia legislati-
aumentar a carga horária em 15%. Qual o total de va de um estado da Federação, há 50 parlamentares,
horas-aula do curso ao final? entre homens e mulheres. Em determinada sessão
9
-9

Inicialmente, o curso de Paulinho tinha um total plenária estavam presentes somente 20% das deputa-
96

de 200 horas-aula que correspondiam a 100%. Com o das e 10% dos deputados, perfazendo-se um total de 7
.3

aumento porcentual, o novo curso passou a ter 100% + parlamentares presentes à sessão.
93

15% das aulas inicialmente previstas. Portanto, o total Infere-se da situação apresentada que, nessa assem-
.0

de horas-aula do curso será: bleia legislativa, havia:


06

(1 + 0,15) x 200 = 1,15 x 200 = 230 horas-aula


-1

a) 10 deputadas.
a

Dica b) 14 deputadas.
lv
Si

c) 15 deputadas.
A avaliação do crescimento ou da redução per- d) 20 deputadas.
da

centual deve ser feita sempre em relação ao e) 25 deputadas.


io

valor inicial da grandeza.


v

50 parlamentares
O

-
Variação percentual = Final Inicial Deputadas = X
ri

Inicial Deputados = 50-X


A

Veja mais um exemplo para podermos fixar melhor. Compareceram 20% x e 10% (50-x), totalizando 7
Exemplo 2: parlamentares. Não sabemos a quantidade exata de
cada sexo. Vamos montar uma equação e achar o
MATEMÁTICA BÁSICA

Juliano percebeu que ainda não assistiu a 200


aulas do seu curso. Ele deseja reduzir o número de valor de X.
20% x + 10% (50-x) = 7
aulas não assistidas a 180. É correto afirmar que, se
20/100 . x + 10/100 . (50-x) = 7
Juliano chegar às 180 aulas almejadas, o número terá
2/10 . x + 1/10 . (50-x) = 7
caído 20%?
2x/10 + 50 - x/10 = 7 (faz o MMC)
A variação percentual de uma grandeza corres-
2x + 50 - x = 70
ponde ao índice:
2x - x = 70 - 50
x = 20 deputadas fazem parte da Assembleia
Final - Inicial 180 - 200
Variação percentual = = = Legislativa.
Inicial 200
Resposta: Letra D.
20
– = - 0,10
200 121
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
3. (VUNESP — 2016) Um concurso recebeu 1500 ins- e) lucro de R$5.000,00.
crições, porém 12% dos inscritos faltaram no dia da
prova. Dos candidatos que fizeram a prova, 45% eram 3/5 de 20.000,00 = 12.000,00
mulheres. Em relação ao número total de inscritos, o 12.000,00 · 4% = 480,00
número de homens que fizeram a prova corresponde a 480 · 10 (meses) = 4.800 (juros)
uma porcentagem de: O que sobrou 20.000,00 - 12.000,00 = 8.000,00. Apli-
cação que foi investida e gerou prejuízo de 5% ao
a) 45,2%. mês, durante 10 meses:
b) 46,5%. 8.000,00 · 5% = 400,00
c) 47,8%. 400 · 10 meses= 4.000
d) 48,4%. Portanto 20.000,00 + 4.800(juros) = 24,800,00 -
e) 49,3%. 4.000= 20.800,00 /10 meses= 2.080,00 lucros.
Resposta: Letra C.
Veja que se 12% faltaram, então 88% fizeram a
prova.
Pessoas presentes (88%) e dessas 45% eram mulhe-
res e 55% eram homens. Portanto, basta multiplicar REGRA DE TRÊS SIMPLES
o percentual dos homens pelo total:
55% de 88% das pessoas que fizeram a prova; ou A regra de três simples envolve apenas duas gran-
0,55 x 0,88 = 0,484. dezas. São elas:
Transformando em porcentagem
0,484 x 100 = 48,4%. z Grandeza Dependente: é aquela cujo valor se
Resposta: Letra D. deseja calcular a partir da grandeza explicativa;
z Grandeza Explicativa ou Independente: é aque-
4. (FCC — 2018) Em uma pesquisa 60% dos entrevista- la utilizada para calcular a variação da grandeza
dos preferem suco de graviola e 50% suco de açaí. dependente.
Se 15% dos entrevistados gostam dos dois sabores,
então, a porcentagem de entrevistados que não gos- Existem dois tipos principais de proporcionalida-
tam de nenhum dos dois é de: des que aparecem frequentemente em provas de con-
cursos públicos. Veja a seguir:
a) 80%.
b) 61%. z Grandezas diretamente proporcionais: o aumento
c) 20%. de uma grandeza implica o aumento da outra;
d) 10%. z Grandezas inversamente proporcionais: o aumen-
e) 5%. to de uma grandeza implica a redução da outra.

Vamos dispor as informações em forma de conjun- Vamos esquematizar para sabermos quando será
9
-9

tos para facilitar nossa resolução: direta ou inversamente proporcionais:


96
.3

Graviola Açai
93

DIRETAMENTE
PROPORCIONAL + / + OU - / -
.0
06
-1

60% – 15% = 15% 50% – 15% = Aqui, as grandezas aumentam ou diminuem juntas
(sinais iguais)
a
lv

45% 35%
Si
da

Nenhum = X PROPORCIONAL + / - OU - / +
io

Vamos somar todos os valores e igualar ao total que


v

é 100%: 45% + 15% + 35% + X = 100% Aqui, uma grandeza aumenta e a outra diminui
O

95% + X = 100% (sinais diferentes)


ri

X = 5%. Agora, vamos esquematizar a maneira que iremos


A

Resposta: Letra E. resolver os diversos problemas:

5. (FUNCAB — 2015) Adriana e Leonardo investiram R$ DIRETAMENTE


20.000,00, sendo o 3/5 desse valor em uma aplicação PROPORCIONAL
Multiplica cruzado
que gerou lucro mensal de 4% ao mês durante dez
meses. O restante foi investido em uma aplicação, INVERSAMENTE
que gerou um prejuízo mensal de 5% ao mês, durante PROPORCIONAL
Multiplica na horizontal
o mesmo período. Ambas as aplicações foram feitas
no sistema de juros simples.
Pode-se concluir que, no final desses dez meses, eles Vejamos alguns exemplos para fixarmos um pouco
tiveram: mais como funciona:

a) prejuízo de R$2.800,00. z Um muro de 12 metros foi construído utilizando


b) lucro de R$3.200,00. 2.160 tijolos. Caso queira construir um muro de 30
c) lucro de R$2.800,00. metros nas mesmas condições do anterior, quan-
122 d) prejuízo de R$6.000,00 tos tijolos serão necessários?
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Primeiro vamos montar a relação entre as gran-
x1 + x2 + ... + xn
dezas e depois identificar se é direta ou inversamente x=
proporcional. n

12 m -------- 2160 (tijolos) Veja um exemplo: Calcular a média aritmética dos


30 m -------- X (tijolos) números 5, 10, 15, 20, 50.

Veja que de 12m para 30m tivemos um aumento (+)


5+10+15+20+50
e que para fazermos um muro maior vamos precisar X= = 100 = 20.
de mais tijolos, ou seja, também deverá ser aumentado 5 5
(+). Logo, as grandezas são diretamente proporcionais
e vamos resolver multiplicando cruzado. Observe:
A média aritmética é igual a 20.
12 m -------- 2.160 (tijolos)

30 m -------- X (tijolos)
12 · X = 30 . 2160 EQUAÇÕES
12X = 64800 Conceito
X = 5400 tijolos
Uma equação é uma igualdade na qual uma ou
Assim, comprovamos que realmente são necessá- mais variáveis – geralmente são as letras do nosso
rios mais tijolos. alfabeto – denominadas por incógnitas são desconhe-
cidas. O nosso principal objetivo é encontrar o valor
z Uma equipe de 5 professores gastou 12 dias para dessa incógnita.
corrigir as provas de um vestibular. Considerando
a mesma proporção, quantos dias levarão 30 pro- Resolução e Discussão
fessores para corrigir as provas?
z Equação do Primeiro Grau
Do mesmo jeito que no exemplo anterior, vamos
montar a relação e analisar: A forma geral de uma equação do primeiro grau
é: ax + b = 0.
5 (prof.) --------- 12 (dias) O termo “a” é o coeficiente de “x” e o termo “b” é
30 (prof.) -------- X (dias) chamado de termo independente.
Para resolver uma equação do 1°, devemos isolar
Veja que de 5 (prof.) para 30 (prof.) tivemos um todas as partes que possuem incógnitas de um lado
9
igual e do outro os termos independentes. Veja um
-9

aumento (+), mas, como agora estamos com uma equi-


96

exemplo:
pe maior, o trabalho será realizado de forma mais
.3

rápida. Logo, a quantidade de dias deverá diminuir


93

10x = 5x + 20
(-). Desta forma, as grandezas são inversamente pro-
.0

porcionais e vamos resolver multiplicando na hori-


06

zontal. Observe: Vamos achar o valor de “x”:


-1

10x – 5x = 20
a

5 (prof.) 12 (dias)
lv
Si

30 (prof.) X (dias) Passamos o “5x” para o outro lado da igual com o


da

sinal trocado:
30 · X = 5 · 12
io
v

30X = 60 5x = 20

x = 20 / 5
O

X=2
ri
A

Isolamos o “x” transferindo o seu coeficiente “5”


A equipe de 30 professores levará apenas 2 dias
dividindo:
para corrigir as provas.
x = 4.
MATEMÁTICA BÁSICA

O valor de x que torna a igualdade correta é cha-


MÉDIA ARITMÉTICA SIMPLES mado de “raiz da equação”. Uma equação de primeiro
grau sempre tem apenas 1 raiz. Veja que se substituir-
A média aritmética é um valor que pode substituir mos o valor encontrado de “x” na equação ela ficará
todos os elementos de uma lista sem alterar a soma igual a zero em ambos os lados. Observe:
dos elementos da lista. Considere que há uma lista de Para x = 4
n números (x1, x2, x3, ..., xn). A soma dos termos desta
lista é igual a (x1 + x2 + x3 + ... + xn). 10x = 5x + 20
Para calcular a média aritmética de uma lista de 10 . 4 = 5 · 4 + 20
números, basta somar todos os elementos e dividir 40 = 40
pela quantidade de elementos. Ou seja, 40 – 40 = 0 123
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z Equação do Segundo Grau O discriminante fornece importantes informações
de uma equação do 2º grau:
Equações do segundo grau são equações nas quais
o maior expoente de x é igual a 2. z Se Δ > 0 → A equação possui duas raízes reais e
Sua forma geral é expressa por: ax2 + bx + c = 0. distintas;
Onde a, b e c são os coeficientes da equação. z Se Δ = 0 → A equação possui duas raízes reais e
idênticas;
„ a é sempre o coeficiente do termo em x²; z Se Δ < 0 → A equação não possui raízes reais.
„ b é sempre o coeficiente do termo em x;
„ c é sempre o coeficiente ou termo independente. Soma e Produto das Raízes

As equações de segundo grau têm 2 raízes, isto Em uma equação ax2 + bx + c = 0, temos:
é, existem 2 valores de x que tornam a igualdade
verdadeira. z A soma das raízes é dada por –b/a.
z O produto das raízes é dado por c/a.
Cálculo das Raízes da Equação
Calcular as raízes da equação x2 - 3x + 2 = 0.
Vamos achar as raízes por meio da fórmula de Soma: –b/a = -(-3) / 1 = 3
bhaskara. Basta identificar os coeficientes a, b e c e Produto: c/a = 2 / 1 = 2
colocá-los na seguinte expressão: Quais são os dois números que somados resultam
“3” e multiplicados, “2”?
-b ! 2
b - 4ac Soma: 3 = (2 + 1);
x= Produto 2 = (2 ×1);
2a
Logo, 2 e 1 são as raízes dessa equação. Exatamen-
Veja o sinal ± presente na expressão acima. É ele te igual achamos usando a fórmula de bhaskara.
que permitirá obtermos dois valores para as raízes, Agora vamos treinar o que aprendemos na teoria
um valor utilizando o sinal positivo (+) e outro valor com exercícios comentados de diversas bancas.
utilizando o sinal negativo (-).
Vamos aplicar isso em um exemplo: 1. (CEBRASPE-CESPE — 2018) Os indivíduos S1, S2, S3
Calcular as raízes da equação x2 - 3x + 2 = 0. e S4, suspeitos da prática de um ilícito penal, foram
Identificando os valores de a, b e c. interrogados, isoladamente, nessa mesma ordem. No
depoimento, com relação à responsabilização pela
a=1 prática do ilícito, S1 disse que S2 mentiria; S2 disse
b = -3 que S3 mentiria; S3 disse que S4 mentiria.
c=2 A partir dessa situação, julgue o item a seguir.
Caso S3 complete 40 anos de idade em 2020, S1 seja
9
-9

Substituindo na fórmula: 8 anos mais novo que S3 e S2 seja 2 anos mais velho
96

que S4, se em 2020 a soma de suas idades for igual a


.3

140 anos, então é correto afirmar que S2 nasceu antes


93

-b ! 2
b - 4ac de 1984.
x=
.0

2a
06

( ) CERTO  ( ) ERRADO


-1

-(-3) ± √(-3)2 - 4 × 1 × 2
x= S3 tem 40 anos em 2020. S1 é 8 anos mais novo que
a

2×1 S3, ou seja, em 2020 sabemos que S1 terá 32 anos de


lv
Si

idade. Como S2 é 2 anos mais velho que S4, podemos


da

3! 9-8 dizer que:


x=
2 Idade de S2 = Idade de S4 + 2
io

Chamando de X1, X2, X3 e X4 para designar as respec-


v

3!1

x= tivas idades no ano de 2020, podemos escrever que:


O

2
X2 = X4 + 2
ri

3+1 Sabemos que a soma das idades, em 2020, é igual a


A

x1 = =2
2 140 anos:
X1 + X2 + X3 + X4 = 140
3-1
x2 = =1 32 + (X4+2) + 40 + X4 = 140
2
74 + 2.X4 = 140
2.X4 = 66
Na fórmula de bhaskara, podemos usar um discri-
X4 = 33
minante que é representado por “Δ”. Seu valor é igual
Logo, X2 = X4 + 2 = 33 + 2 = 35 anos em 2020. Assim,
a:
S2 deve ter nascido em 2020 – 35 = 1985.
Resposta: Errado.
Δ = b2 - 4ac
2. (CEBRASPE-CESPE — 2017) Em um tanque A, há uma
Assim, podemos escrever a fórmula de bhaskara:
mistura homogênea de 240 L de gasolina e 60 L de
álcool; em outro tanque B, 150 L de gasolina estão
-b ! D misturados homogeneamente com 50 L de álcool.
x=
124 2a A respeito dessas misturas, julgue o item subsequente.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Para que a proporção álcool/gasolina no tanque A fique
igual à do tanque B, é suficiente acrescentar no tanque -(-10) ± √(-10)2 - 4 × 1 × 21
x=
A uma quantidade de álcool que é inferior a 25 L. 2×1

( ) CERTO  ( ) ERRADO 10 ! 100 - 84


x=
2
A proporção álcool/gasolina do tanque B é de 50/150 10 ! 16
= 1/3. x=
2
A quantidade X de álcool precisa ser acrescentada 10 + 4
no tanque A para ele chegar nesta mesma propor- x1 = + =7
2
ção. A quantidade de álcool passará a ser de 60 + 10 - 4
x2 = - =7
X, e a de gasolina será 240, de modo que ficaremos 2
com a razão: O produto das raízes é igual a 7 × 3 = 21 anos.
1/3 = (60+X) / 240 Resposta: Letra B.
240 x 1/3 = 60 + X
80 = 60 + X
60 + X = 80
X = 80 - 60 SISTEMA DE EQUAÇÕES
X = 20 litros.
Resposta: Certo. z Sistemas de equações de primeiro grau (siste-
mas lineares)
3. (FUNDATEC — 2011) Qual deve ser o valor de m para
que a equação x2 + 6x + m = 0 tenha raízes reais iguais? Em alguns casos, pode ser que tenhamos mais de
uma incógnita. Imagine que um exercício diga que: x
a) 3. + y = 10.
b) 9. Perceba que há infinitas possibilidades de x e y
c) 6. que tornam essa igualdade verdadeira: 2 e 8, 5 e 5, 15
d) -9. e –5, etc. Por esse motivo, faz-se necessário obter mais
e) -3. uma equação envolvendo as duas incógnitas para
poder chegar nos seus valores exatos. Veja o exemplo
a seguir:
Para que a equação do segundo grau tenha raízes
iguais, é preciso que o delta (discriminante) seja
*
x + y = 10
igual a zero. Isto é, Δ = b2 - 4ac.
0 = 62 – 4.1.m 4x - y = 5
0 = 36 – 4m
9
-9

4m = 36
A principal forma de resolver esse sistema é usan-
96

m = 9.
do o método da substituição. Este método é muito sim-
.3

Resposta: Letra B.
ples e consiste basicamente em duas etapas:
93
.0

4. (CONSULPLAN — 2016) Julgue a afirmativa:


06

„ isolar uma das variáveis em uma das equações;


A soma das raízes da equação x2 - 5x + 6 = 0 é um
-1

„ substituir esta variável na outra equação pela


número ímpar. expressão achada no item anterior.
a
lv
Si

( ) CERTO  ( ) ERRADO Vamos aplicar no nosso exemplo:


da

Isolando “x” na primeira equação


A soma das raízes é:
io

x = 10 – y
S = -b / a
v

S = -(-5) / 1 = 5.
Substituindo “x” na segunda equação por “10-y”
O

Resposta: Certo.
ri
A

4(10-y) – y = 5 (faz uma distributiva)


5. (IBFC — 2018) José perguntou ao seu avô Pedro, que
é professor de matemática, com que idade ele se for- 40 – 4y – y = 5
mou na faculdade. Pedro disse ao neto que sua idade -5y = 5 – 40
MATEMÁTICA BÁSICA

era o produto entre as raízes da equação x² -10x + 21 = -5y = -35 (multiplica por -1)
0. Nessas condições, assinale a alternativa que apre- 5y = 35
senta a idade que Pedro se formou na faculdade: y=7

a) 18. Logo, voltando na primeira equação, acharemos o


b) 21. valor de “x”
c) 24. x = 10 – y
d) 27. x = 10 – 7
x=3
Achando as raízes da equação:
x² -10x + 21 = 0 Assim, x = 3 e y = 7. 125
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Dica y = -6 / -3

Método da substituição y= 2
1: Isolar uma das variáveis em uma das equações;
2: Substituir essa variável na outra equação pela Substituindo o valor de “y” na primeira equação
expressão achada no item anterior. achamos o valor de “x”:

Há um outro método para resolver um sistema x + y = 10


de equação do 1° grau, que é o método da adição (ou x + 2 = 10
soma) de equações. Veja:
x = 10 – 2
„ multiplicar uma das equações por um número x=8
que seja mais conveniente para eliminar uma
variável; Sistemas de Equações do 2º Grau
„ somar as duas equações, de forma a ficar ape-
nas com uma variável. Vamos usar o mesmo método principal para resol-
vermos os sistemas de equações do 2° grau que utili-
Veja o exemplo a seguir: zamos no sistema de equações do 1° grau, ou seja, o
Método da Substituição. Veja um exemplo:

*
x + y = 10

(
x+y=3
4x - y = 5 2 2
x -y =-3

Nesse exemplo, não vamos precisar fazer uma Isolando x na primeira equação, temos que x =
multiplicação, pois já temos a condição necessária 3 – y. Efetuando a substituição na segunda equação,
para eliminarmos o “y” da equação. Então, devemos temos que:
fazer apenas a soma das equações. Veja:
(3 – y)2 – y2 = -3

*
x + y = 10 9 – 6y + y – y2 = -3
4x - y = 5 y=2
5x = 15
Logo,
x=3
x=3–y=3–2=1
9
-9

Substituindo o valor de “x” na primeira equação


96

achamos o valor de “y”: Agora vamos treinar o que aprendemos na teoria


.3

com exercícios comentados de diversas bancas.


93

x + y = 10
.0

1. (VUNESP — 2018) Em um concurso somente para os


06

3 + y = 10
cargos A e B, cada candidato poderia fazer inscrição
-1

y = 10 – 3 para um desses cargos. Sabendo que o número de


a

candidatos inscritos para o cargo A era 3000 unidades


lv

y=7
Si

menor que o número de candidatos inscritos para o


cargo B, e que a razão entre os respectivos números,
da

Veja um outro exemplo que vamos precisar


nessa ordem, era igual a 0,4, então é verdade que o
io

multiplicar:
número de candidatos inscritos para o cargo B corres-
v

pondeu, do total de candidatos inscritos, a:


*
O

x + y = 10
ri

a) 3/7.
A

x - 2y = 4
b) 5/9.
c) 4/7.
Multiplicando por -1 a primeira equação, temos: d) 2/3.
e) 5/7.

(
- x - y = - 10
A = B – 3000
x - 2y = 4 A/B = 0,4
A = 0,4B
Substituindo essa última equação na primeira,
Fazendo a soma: temos:
0,4B = B – 3000
(
- x - y = - 10
3000 = B – 0,4B
x - 2y = 4 3000 = 0,6B
B = 3000/0,6
126 -3y = -6 B = 5000
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Lembrando que A = 0,4B, podemos obter o valor de Seja “a” a quantidade de pedidos de patentes da
A: indústria alimentícia. Foi dito que este total é igual
A = 0,4 x 5000 à soma dos demais pedidos, que são x e y, ou seja,
A = 2000 a=x+y
Total O total de pedidos é:
A + B = 5000 + 2000 = 7000 T = a + x + y = a + a = 2a
O número de inscritos para o cargo B, em relação Como T = 128, temos
ao total, será: 128 = 2a
5000/7000 = 5/7. a = 64
Resposta: Letra E. Resposta: Certo

2. (FGV — 2017) O número de balas de menta que Júlia 4. (CEBRASPE-CESPE — 2013) Se, em determinado mês,
tinha era o dobro do número de balas de morango. a quantidade de pedidos de patentes do produto X foi
Após dar 5 balas de cada um desses dois sabores igual ao dobro da quantidade de pedidos de patentes
para sua irmã, agora o número de balas de menta que do produto Y, então a quantidade de pedidos de paten-
Júlia tem é o triplo do número de balas de morango. O tes de produtos da indústria alimentícia foi o quádru-
número total de balas que Júlia tinha inicialmente era: plo da quantidade de pedidos de patentes de Y.

a) 42. ( ) CERTO  ( ) ERRADO


b) 36.
Se, em determinado mês, a quantidade de pedidos de
c) 30.
patentes do produto X foi igual ao dobro da quanti-
d) 27.
dade de pedidos de patentes do produto Y, então a
e) 24.
quantidade de pedidos de patentes de produtos da
indústria alimentícia foi o quádruplo da quantidade
Me = 2.Mo
de pedidos de patentes de Y.
Após dar 5 balas = Me – 5 e Mo – 5. Agora, as de
Sendo x o dobro de y, ou seja, x =2y, temos que:
menta são o triplo das de morango: a=x+y
Me – 5 = 3.(Mo – 5) a = 2y + y
Me – 5 = 3.Mo – 15 a=3
Me = 3.Mo – 10 Assim, as patentes da indústria alimentícia (“a”)
Na segunda equação, podemos substituir Me por são o triplo das patentes de Y.
2.Mo. Resposta: Errado
2.Mo = 3.Mo – 10
10 = 3.Mo – 2.Mo 5. (CEBRASPE-CESPE — 2013) Se T = 128 e a quantida-
10 = Mo de x foi 18 unidades a mais do que a quantidade y,
O valor de Me é:
9
então a quantidade y foi superior a 25.
-9

Me = 2.Mo
96

Me = 2.10 ( ) CERTO  ( ) ERRADO


.3

Me = 20
93

Total: 10 + 20 = 30 balas. Se T = 128 e a quantidade x foi 18 unidades a mais do


.0

Resposta: Letra C. que a quantidade y, então a quantidade y foi supe-


06

rior a 25.
-1

A seguir, leia o texto disposto abaixo para respon- Se T = 128, temos que x + y = 64. Foi dito ainda que:
a

der as questões de 3 a 5. x = y + 18
lv
Si

Substituindo x por y + 18, temos:


Considere que em um escritório de patentes, a quanti- x + y = 64
da

dade mensal de pedidos de patentes solicitadas para (y + 18) + y = 64


io

produtos da indústria alimentícia tenha sido igual à y = 23 unidades.


v

soma dos pedidos de patentes mensais solicitadas Resposta: Errado.


O

para produtos de outra natureza. Considere, ainda,


ri

que, em um mês, além dos produtos da indústria ali-


A

mentícia, tenham sido requeridos pedidos de patentes


de mais dois tipos de produtos, X e Y, com quantida-
des dadas por x e y, respectivamente. Supondo que T
SISTEMA MÉTRICO: MEDIDAS DE
MATEMÁTICA BÁSICA

seja a quantidade total de pedidos de patentes reque- TEMPO, COMPRIMENTO, SUPERFÍCIE E


ridos nesse escritório, no referido mês, julgue os itens CAPACIDADE
seguintes.
Sistema de Unidades de Medidas
3. (CEBRASPE-CESPE — 2013) Se T = 128, então as
quantidades x e y são tais que x + y = 64, com 0 ≤ x ≤ Quando estudamos o sistema de medidas nos
64. atentamos ao fato de que ele serve para quantificar
dimensões que podem ter uma variação gigantesca.
( ) CERTO  ( ) ERRADO Todavia existem as conversões entre as unidades para
uma melhor interpretação e leitura.
Se T = 128, então as quantidades x e y são tais que x
+ y = 64, com 0 ≤ x ≤ 64. 127
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Medidas de Comprimento
Km3 hm3 dam3 m3 dm3 cm3 mm3
(quilômetro (hectômetro (decâmetro (metro (decímetro (centímetro (milímetro
cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico)
A unidade principal tomada como referência é o
metro. Além dele, temos outras seis unidades dife-
×1.000 ×1.000 ×1.000 ×1.000 ×1.000 ×1.000
rentes que servem para medir dimensões maiores ou
menores. A conversão de unidades de comprimento
Km3 hm3 dam3 m3 dm3 cm3 mm3
segue potências de 10. Veja o esquema abaixo:

:1.000 :1.000 :1.000 :1.000 :1.000 :1.000


Km hm dam m dm cm mm
(quilômetro) (hectômetro) (decâmetro) (metro) (decímetro) (centímetro) (milímetro)

Exemplo: Converter 5,3 m3 para cm3:


×10 ×10 ×10 ×10 ×10 ×10 Para sair do metro cúbico e chegar no centímetro
cúbico devemos multiplicar por 1000000 (1000x1000),
Km mm pois “andamos” duas casas até chegar em centímetro
hm dam m dm cm
cúbico. Logo,

:10 :10 :10 :10 :10 :10


5,3m3 = 5,3 x 1000000 = 5300000 cm3.

Exemplo: Converter 5,3 metros para centímetros: Veja, agora, algumas relações interessantes e que
Para sair do metro e chegar no centímetro deve- você precisa ter em mente para resolver a diversas
mos multiplicar por 100 (10x10), pois “andamos” duas questões.
casas até chegar em centímetro. Logo,
UNIDADE RELAÇÃO DE UNIDADE
5,3m = 5,3 x 100 = 530 cm. 1 quilograma (kg) 1000 gramas (g)
1 tonelada (t) 1000 quilogramas (kg)
Medidas de Área (Superfície)
1 litro (l) 1 decímetro cúbico (dm3)
A unidade principal tomada como referência é o 1 mililitro (ml) 1centímetro cúbico (cm3)
metro quadrado. Além dele, temos outras seis unidades 1 hectare (ha) 1 hectômetro quadrado (hm2)
diferentes que servem para medir dimensões maiores 1 hectare (ha) 10000 metros quadrados (m2)
ou menores. A conversão de unidades de superfície
segue potências de 100. Veja o esquema a seguir: Medidas de Capacidade
9
As medidas de capacidade constituem uma gran-
-9

Km2 hm2 dam2 m2 dm2 cm2 mm2


96

(quilômetro
quadrado)
(hectômetro
quadrado)
(decâmetro
quadrado)
(metro
quadrado)
(decímetro
quadrado)
(centímetro
quadrado)
(milímetro
quadrado)
deza usada para mensurar o quanto de líquido cabe
.3

dentro de um determinado recipiente, definindo, com


93

×100 ×100 ×100 ×100 ×100 isso, o volume interno ocupado.


×100
.0

No Sistema Internacional de Unidades (SI), o


06

litro é a unidade de medida de capacidade padrão.


-1

Km2 hm2 dam2 m2 dm2 cm2 mm2 No entanto, existem outras unidades, que são múlti-
a

plos e submúltiplos do litro — quando há necessida-


lv

:100 :100 :100 :100 :100 de de expressar volumes pequenos, os submúltiplos


Si

:100
são mais convenientes; para quantidades maiores, é
da

razoável expressar em múltiplos do litro.


io

Exemplo: Converter 5,3 m2 para cm2:


v

Para sair do metro quadrado e chegar no cen-


MEDIDAS DE CAPACIDADE
O

tímetro quadrado devemos multiplicar por 10000


Decalitro (dal)
ri

(100x100), pois “andamos” duas casas até chegar em


A

centímetro quadrado. Logo, 5,3m2 = 5,3 x 10000 = Múltiplo Hectolitro (hl)


53000 cm2. Quilolitro (kl)
Unidade Padrão (SI) Litro (l)
Medidas de Volume Decilitro (dl)
Centilitro (cl)
A unidade principal tomada como referência é o Submúltiplo
metro cúbico. Além dele, temos outras seis unidades Mililitro (ml)
diferentes que servem para medir dimensões maiores Microlitro (µl)
ou menores. A conversão de unidades de superfície
segue potências de 1000. Veja o esquema a seguir As questões de concursos relacionadas a medidas
de capacidade geralmente exigem que o candidato
domine as transformações de unidades. Possuir esse
conhecimento é válido para resolver questões varia-
128 das, inclusive de outros conteúdos e disciplinas. As
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
transformações podem ser feitas, considerando a 1h32min24s é um intervalo de tempo ou um instante do
seguinte relação: dia.

1 quilolitro (kl) = 1.000 litros 1º 32’ 24” é a medida de um ângulo.


1 hectolitro (hl) = 100 litros
1 decalitro (dal) = 10 litros
1 litro = 1.000 mililitros (ml)
1 litro = 100 centilitros (cl) RELAÇÃO ENTRE GRANDEZAS:
1 litro = 10 decilitros (dl)
TABELAS E GRÁFICOS
Unidade maior para menor: multiplica por 10
A apresentação de dados estatísticos por meio de
tabelas e gráficos fazem parte do ramo da Estatística
Descritiva. Esta tem por objetivo descrever um con-
dal hl kl l dl cl ml µl junto de dados, resumindo as suas informações prin-
cipais. Para isso, as tabelas e gráficos estatísticos são
ferramentas muito importantes.
Unidade menor para maior: divide por 10
TABELAS
z Exemplo 1: 80 ml de água corresponde a quantos
litros? Para descrever um conjunto de dados, um recurso
muito utilizado são tabelas, como essa a seguir, refe-
Nesse exemplo, a exigência é sair de uma unidade rente à observação da variável “Sexo dos moradores
menor (ml) para uma unidade maior (l). Então, pre- de São Paulo”:
cisamos voltar três casas (unidades) para chegar em
litro. Logo, temos: VALOR DA VARIÁVEL FREQUÊNCIAS (Fi)
Masculino 34
80 ÷ 1000 = 0,08 litros Feminino 26

z Exemplo 2: 0,001 litro de água corresponde a Observe que na coluna da esquerda colocamos as
quantos microlitros (µl)? categorias de valores que a variável pode assumir, ou
seja, masculino e feminino, e na coluna da direita colo-
Nesse exemplo, a exigência é sair de uma unidade camos o número de Frequências, isto é, o número de
maior (l) para uma unidade menor (µl). Então, preci- observações (ou repetições) relativas a cada um dos
samos andar quatro casas (unidades) para chegar em valores. Veja, ainda, que foi analisada uma amostra de
microlitro. Logo, temos: 60 pessoas, das quais 34 eram homens e 26 mulheres.
9
-9

Estes são os valores de frequências absolutas. Pode-


96

mos, ainda, representar as frequências relativas (per-


0,001 · 104 = 10 µl
.3

centuais): sabemos que 34 em 60 são 56,67%, e 26 em


93

60 são 43,33%. Portanto, teríamos:


Medidas de Tempo
.0
06

Medindo intervalos de tempos temos (hora – minu- VALOR DA VARIÁVEL FREQUÊNCIAS


-1

to – segundo) que são os mais conhecidos. Veja como RELATIVAS (Fri)


a
lv

se faz a relação nessa unidade. Masculino 56,67%


Si

Para transformar de uma unidade maior para a


Feminino 43,33%
da

unidade menor, multiplica-se por 60. Veja:


io

Note que a frequência relativa é dada por Fi / n,


1 hora = 60 minutos
v

onde Fi é o número de frequências de determinado


h = 4 x 60 = 240 minutos valor da variável, e n é o número total de observações.


O

Agora, vamos analisar uma tabela onde a variável


ri
A

Para transformar de uma unidade menor para a pode assumir um grande número de valores distintos.
unidade maior, divide-se por 60. Veja: Vamos representar na tabela a variável “Altura dos
moradores de Campinas”:
MATEMÁTICA BÁSICA

20 minutos = 20 / 60 = 2/6 = 1/3 da hora ou 1/3h.


VALOR DA VARIÁVEL FREQUÊNCIAS (Fi)
Para medir ângulos a unidade básica é o grau.
1,51m 12
Temos as seguintes relações:
1,54m 17
1 grau equivale a 60 minutos (1º = 60’) 1,57m 4
1,60m 2
1 minuto equivale a 60 segundos (1’ = 60”) 1,63m 10
1,67m 5
Aqui vale fazer uma observação que os minutos e
1,75m 13
os segundos dos ângulos não são os mesmos do sistema
(hora – minuto – segundo). Os nomes são semelhantes, 1,81m 15
mas os símbolos que os indicam são diferentes, veja: 1,89m 2 129
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Quando isso acontece, é importante resumir os dados de maneira que fique mais fácil para uma leitura e inter-
pretação da tabela. Na ocasião, vamos criar intervalos que chamaremos de “classes”.

CLASSE FREQUÊNCIAS (FI)


1,50 | - 1,60 33
1,60 | - 1,70 17
1,70 | - 1,80 13
1,80 | - 1,90 17

O símbolo “|” significa que o valor que se encontra ao seu lado está incluído na classe. Por exemplo, 1,50 | -
1,60 nos indica que as pessoas com altura igual a 1,50 são contadas entre as que fazem parte dessa classe, porém
as pessoas com exatamente 1,60 não são contabilizadas.
Veja novamente a última tabela, agora com a coluna de frequências absolutas acumuladas à direita:

FREQUÊNCIAS ABSOLUTAS ACUMULADAS


CLASSE FREQUÊNCIAS (FI)
(FCA)
1,50 | - 1,60 33 33
1,60 | - 1,70 17 50
1,70 | - 1,80 13 63
1,80 | - 1,90 17 80

A coluna da direita exprime o número de indivíduos que se encontram naquela classe ou abaixo dela. Ou seja,
o número acumulado de frequências do valor mais baixo da amostra (1,50m) até o valor superior daquela classe.
Perceba que, para obter o número 50, bastou somar 17 (da classe 1,60| - 1,70) com 33 (da classe 1,50| - 1,60). Isto é,
podemos dizer que 50 pessoas possuem altura inferior a 1,70m (limite superior da última classe). Analogamente,
63 pessoas possuem altura inferior a 1,80m.

GRÁFICOS ESTATÍSTICOS

Uma outra maneira muito utilizada para a Estatística Descritiva são os gráficos. Vejamos abaixo alguns tipos.

Colunas ou Barras Justapostas 9


-9

Utilizamos o gráfico de colunas ou barras justapostas para dados agrupados por valor ou por atributo. Vamos
96

supor que estamos interessados nas idades de alguns alunos. O gráfico relaciona as idades com as respectivas
.3

frequências.
93

Idade × Frequência
.0
06

25
Frequência Absoluta Simples

-1

20
a
lv
Si

15
da

10
io
v

5
O
ri

0
A

20 23 27 30 33
Agora suponha, por exemplo, que queremos saber a cidade natal de alguns alunos. Como algumas cidades
possuem nomes muito grandes, poderíamos optar em usar um gráfico de barras justapostas. Veja:

Cidade Natal × Frequência

Salvador

Florianópolis

Rio de Janeiro

São Paulo

130 0 2 4 6 8 10 12 14

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Gráfico de Setores (ou de Pizza) Esses dados podem ser resumidos com um histo-
grama, como mostra o gráfico a seguir.
Este gráfico tem a vantagem de mostrar rapida-
mente a relação com o total de observações. Vamos Salários dos Funcionários da Empresa de Cosméticos x Em
milhares de reais
supor que analisamos as notas trimestrais de alguns
alunos. Veja como fica a disposição usando o gráfico 18
de pizza. 16
14
Média de Notas Escolares Trimestrais 12
10
8
6
4
2
0
(10 - 15) (15 - 20) (20 - 25) (25 - 30)

É importante destacar que a área de cada retângu-


lo é proporcional à frequência.

NOÇÕES DE GEOMETRIA
FORMAS

A geometria é a área da matemática que estuda


as formas. As formas geométricas, por sua vez, con-
Gráfico de Linha
sistem nos formatos das coisas as quais observamos,
sendo constituídas por um conjunto de pontos.
São mais utilizados nas representações de séries
Podemos classificar as formas geométricas em:
temporais. Vamos analisar a evolução de um ano para
planas e não planas.
o outro, se houve um crescimento ou um decréscimo
no número de alunos dentre as séries que estão em
Formas Planas
evidência para estudo dentro da escola. Observe:
São as formas que, ao serem representadas, ficam
9
Evolução anual no número de alunos do sétimo ao nono ano
-9

totalmente inseridas em um único plano. Apresentam


96

35
duas dimensões: comprimento e largura. Ex.:
.3

30
93

25
.0

20
06
-1

15
10
a
lv

5
Si

0
da

2017 2018 2019 2020


Sétimo ano Oitavo ano Nono ano
v io

As formas planas podem ser classificadas em polí-


Histograma
O

gonos e não polígonos.


ri
A

É muito utilizado na representação gráfica de


z Polígonos
dados agrupados em classes (distribuição de fre-
quências). Imagine que realizamos uma pesquisa
São figuras planas fechadas, delimitadas por seg-
MATEMÁTICA BÁSICA

sobre os salários dos funcionários de uma empresa


de cosméticos e obtivemos a seguinte distribuição de mentos de reta, que são os lados do polígono. Ex.:
frequências.

SALÁRIOS EM
FREQUÊNCIA
MILHARES DE REAIS
10 – 15 15
15 – 20 17
20 – 25 13
25 - 30 7
131
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Os polígonos recebem nomes conforme o número
de lados que apresentam. Veja:

z 3 lados — Triângulo;
z 4 lados — Quadrilátero;
z 5 lados — Pentágono;
z 6 lados — Hexágono;
z 7 lados — Heptágono;
z 8 lados — Octógono;
z 9 lados — Eneágono;
z 10 lados — Decágono;
z 12 lados — Dodecágono;
z 20 lados — Icoságono.

z Não Polígonos
z Não Poliedros
São formas geométricas não delimitadas total-
mente por segmentos de retas. Podem ser abertas ou Os não poliedros, também chamados de corpos
fechadas. Ex.: redondos, apresentam superfícies arredondadas. Esfe-
ras, cones e cilindros são exemplos de corpos redondos.

Formas Não Planas


Esfera, cone e cilindro.
Para representar formas deste tipo é necessário
mais de um plano. São figuras com três dimensões: PERÍMETRO
comprimento, altura e largura. Ex.:
Quando nos referimos ao Perímetro de um Polí-
9
-9

gono, estamos na prática indicando que nosso interes-


96

se diz respeito à soma dos lados deste. Portanto, para


.3

calcular o Perímetro de um Polígono qualquer, basta


93

somar os lados.
.0
06

ÁREA
-1
a

Área de um Quadrado
lv
Si

A área de um Quadrado é dada pelo lado (L) ao


da

quadrado.
vio

B L C

O
ri
A

As formas não planas também são chamadas de


sólidos geométricos. Eles são classificados em polie-
dros e não poliedros.
L
z Poliedros

São formados apenas por polígonos. Cada polígono


representa uma face do poliedro.
A reta de interseção entre duas faces é chamada
de aresta. O ponto de interseção de várias arestas é L D
chamado de vértice do poliedro.
São exemplos de poliedros: pirâmides, cubos e Figura 62. Área de um Quadrado
dodecaedros.
Observação: a área é dada por A = L2

132
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Área de um Retângulo Observação: a área é dada por:

A área de um Retângulo é dada pelo produto das b·h


A=
suas dimensões, comprimento vezes largura, ou seja, 2
base vezes a altura.
A área de um Triângulo Retângulo também é
B C dada pelo produto da base pela altura, dividido por
dois.

b D
Figura 63. Área de um Retângulo

Observação: a área é dada por A = b · h


b
Área de um Paralelogramo Figura 66. Área de um Triângulo Retângulo

Á área de um Paralelogramo é dada pelo produto Observação: a área é dada por:


de uma base, ou seja, um lado, pela altura relativa.
b·h
D A= 2

Área de um Losango

Á área de um Losango é dada pelo semiproduto


h
das diagonais.

B
9
-9

B
96
.3
93

b
.0
06

Figura 64. Área de um Paralelogramo


-1

Observação: a área é dada por A = b · h


a
lv
Si

Área de um Triângulo
da

D
Temos duas situações no caso do cálculo da área
io

do Triângulo.
v

A área de um Triângulo qualquer é dada pelo pro-


O

duto da base pela altura, dividido por dois.


ri
A

MATEMÁTICA BÁSICA

h D

Figura 67. Área de um Losango


B
H Observação 1: D é a diagonal maior e d é a diago-
nal menor.
b Observação 2: a área é dada por:
Figura 65. Área de um Triângulo 133
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D·d Observação: a área é dada por A = π · r2
A= 2
Área do Setor Circular
Área de um Trapézio
Á área do Círculo é dada pelo produto do raio r
Temos duas situações no caso do cálculo da área pelo arco L.
do Trapézio.
A área de um Trapézio Isósceles é dada pela soma
das bases (maior e menor) multiplicada pela altura, A
dividido por dois:
b

D L
O

r
h B

Figura 71. Área de um Setor Circular


B

Observação: a área é dada por A = L · r


Figura 68. Área de um Trapézio Isósceles

FÓRMULA DE HERON (HIERÃO)


Observação: a área é dada por:

(b + B) · h A área um triângulo de lados com medidas a, b e c


A= e semiperímetro p será dada por:
2
A = √ p · (p – a) · (p – b) · (p – c)
A área de um Trapézio Retângulo também é dada
pela soma das bases (maior e menor) multiplicada
pela altura, dividido por dois:

c
9
-9
96

h
.3

B
93

a
.0

B
06

b Figura 72. Triângulo ABC


-1

Figura 69. Área de um Trapézio Retângulo


Observação: o Semiperímetro é dado por p = a +
a
lv

Observação: a área é dada por: b+c


Si
da

(b + B) · h VOLUME
A=
io

2
v

Relação entre Medidas de Capacidade e Volume


Área do Círculo
O

As medidas de capacidade e volume expressam


ri

Á área do Círculo é dada pelo produto de π pelo


A

uma relação de capacidade. Vejamos:


raio ao quadrado.
RELAÇÃO ENTRE MEDIDAS DE VOLUME E
CAPACIDADE
1 m3 1.000 litros
P
1 dm3 1 litro
r 1 cm 3
1 mililitro
1 mm 3
1 microlitro

z Exemplo 1: Um tanque de decantação possui um


volume de 320 m3. Qual a capacidade deste tanque
em litros?

134 Figura 70. Área de um Círculo


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1 m3 corresponde a 1.000 litros. Logo, podemos
estabelecer uma regra de três simples, ou, simples-
mente, acrescentar três zeros:

1 m3 — 1.000 l
320 m3 — x O volume dessa figura é calculado através da área
x = 320.000 litros da base — que é uma figura retangular (produto do
comprimento pela largura) —, vezes altura do sólido.
z Exemplo 2: Um reservatório de distribuição pos-
sui um volume de 6 · 108 cm3. Qual o volume desse Vparalelepípedo = Ab · h = c · l · h
reservatório em metros cúbicos e em litros?
„ Exemplo: Um floculador mecânico possui
Precisamos sair de uma unidade menor para duas formato de um paralelepípedo, medindo 8
unidades maiores. Então, precisamos voltar seis casas m de comprimento, 4 m de largura e volume
decimais. Logo, temos: 0,160 dam3. Qual a altura desse floculador em
metros?
6.108 cm3 ÷ 106
6 · 102 m3 0,160 dam3 = 160 m3
600 m3 = 600.000 litros
Vparalelepípedo = Ab · h
Cálculo de Volume 160 m3 = (8m · 4m) · h
h = 160 ÷ 32
As relações matemáticas estudadas até aqui servi-
h=5m
rão de base para o estudo do cálculo de volume das
principais figuras geométricas regulares comuns nas
estações de tratamento, conteúdo muito cobrado em z Volume do Cilindro
processos seletivos. O cubo, o paralelepípedo e o cilin-
dro, por exemplo, têm seu volume calculado a partir O cilindro é uma figura geométrica presente nas
do produto entre área da base e altura do sólido. unidades de tratamento em estruturas de armazena-
mento, tais como tanques de estoque de produtos quí-
z Volume do Cubo micos, reservatórios, tubulações, adutoras. Ele possui
base circular e lado uniforme, que aberto tem formato
retangular, conforme figura a seguir:
O cubo é uma figura geométrica que possui seis
lados iguais, sendo que cada lado corresponde a um
quadrado, conforme figura a seguir:
9
-9
96
.3
93
.0
06

O volume do cilindro é calculado pelo produto da


-1

A área da base é calculada por lado vezes lado, isto área da base pela altura do sólido. A área da base do
é, o produto numérico entre duas arestas. O volume é cilindro é um círculo.
a
lv

o produto dessa área pela altura do cubo, que também


Si

mede o mesmo valor numérico de quaisquer lados. Vcilindro = π · r2 · h


da

Vcubo = a · a · a
io

„ Exemplo 1: Um reservatório cilíndrico que tem


v

diâmetro de 104 mm e altura de 3 m tem capa-


Vcubo = a3
cidade de armazenar quantos litros? Quantas
O

pessoas podem ser abastecidas diariamente


ri

„ Exemplo: Um tanque possui formato cúbico e


A

com esse volume, sabendo que cada pessoa con-


aresta medindo 3 m. Qual o volume desse tan-
some em média 150 litros/dia?
que em litros?
Dado: considere π igual a 3,14.
MATEMÁTICA BÁSICA

Vcubo = a3 = 33
Vcubo = 3m · 3m · 3m 104 mm = 10 m
Vcubo = 27 m3 raio = diâmetro ÷ 2 = 10 m ÷ 2 = 5 m
Vcilindro = π · r2 · h
Vlitros = 27 m3 = 27.000 litros
Vcilindro = (3,14) · (5 m)2 · 3 m
z Volume do Paralelepípedo Vcilindro = 235,5 m3
235,5 m3 · 1000 = 235.500 litros
O paralelepípedo é uma figura geométrica que
235.500 litros ÷ 150 dias = 1.570 pessoas ÷ dia
possui seis lados, conforme figura a seguir:

135
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
TEOREMA DE PITÁGORAS a) A parte que coube a Adão é igual a R$ 1.935,00.
b) A parte que coube a Bruno é igual a R$ 2.250,00.
O Teorema de Pitágoras diz que em todo triângu- c) A parte que coube a Carlitos é igual a R$ 1.500,00.
lo retângulo, o quadrado da medida da hipotenusa é d) A parte que coube a Carlitos é igual a R$ 1.935,00.
igual a soma dos quadrados das medidas dos catetos. e) A parte que coube a Adão é igual a R$ 2.250,00.

B 4. (EXATUS — 2015) Um aparelho celular é vendido de


duas maneiras: à vista, com 20% de desconto no valor
de etiqueta, ou a prazo, pelo valor de etiqueta, em duas
parcelas iguais, sendo a primeira paga no ato da com-
pra e a segunda paga um mês após a compra. Uma
a pessoa que comprar esse aparelho celular a prazo
estará pagando juros de:
c
a) 20%.
b) 25%.
c) 50%.
d) mais de 65%.

A C 5. (EXATUS — 2013) Leia o texto a seguir:


b

Figura 41. Triângulo Retângulo ABC O Espírito Santo vem presenciando, nos últimos 20
anos, um considerável crescimento nos índices de
Observação 1: a medida dos lados BC, AC e AB são criminalidade e violência. Em 2005, foram 50,6 homi-
dados respectivamente por a, b e c. cídios por 100 mil habitantes, um aumento de 161%
Observação 2: o lado a é chamado de hipotenusa quando comparado à taxa de 19,4 ocorridos duas
e os lados b e c de catetos. décadas antes. Para contrapor esse cenário, o Espíri-
Observação 3: pelo teorema de Pitágoras temos to Santo em Ação criou o CT03 - Comitê Temático de
a seguinte relação entre os lados do triângulo retân- Redução da Violência e da Criminalidade, que possui
gulo: a2 = b2 + c2 o objetivo de contribuir para que, até 2025, o Estado
reduza a taxa de homicídios para valores inferiores a
10 por 100 mil habitantes.
FONTE: http://www.esacao. org.br/index.php?id=/
HORA DE PRATICAR! institucional/estrutura_operacional/com ites_tematicos/_
redu%E7%E3o_da_viol%EAncia_e_da_criminali dade/index.php.
Acessado em 15/11/2013.
1. (EXATUS — 2013) Em determinada localidade, sabe-
9
-se que há 14.000 homens, e que 3/5 dos habitantes
-9

são mulheres. O número total de habitantes dessa A redução da criminalidade aos níveis pretendidos
96

localidade é igual a: pelo CT03 implica que a queda na taxa de homicídios


.3

de 2005 para 2025 deve ser de:


93

a) 18.000.
.0

b) 21.000. a) 400% aproximadamente.


06

c) 25.000. b) 80% aproximadamente.


-1

d) 28.000. c) 40% aproximadamente.


a

e) 35.000. d) 20% aproximadamente.


lv

e) 10% aproximadamente.
Si

2. (EXATUS — 2013) Com 3/5 do seu salário, Jarbas


da

pagou R$ 450,00 no mercado, R$ 120,00 no açougue e 6. (EXATUS — 2013) Sabe-se que a população de deter-
io

R$ 90,00 de condomínio. Jarbas recebeu de salário: minada cidade é de 5.000.000 de habitantes, e que
v

35% dessa população tomou a vacina contra gripe,


sendo que 60% das pessoas vacinadas eram crianças.


O

a) R$ 1100,00.
Portanto, o número de crianças que tomaram a vacina
ri

b) R$ 1250,00.
A

c) R$ 1890,00. contra gripe é igual a:


d) R$ 1980,00.
a) 1,05 x 104.
3. (EXATUS — 2015) Três amigos são sócios em uma b) 1,05 x 105.
empresa de tecnologia. Adão investiu o equivalen- c) 1,05 x 106.
te a 30% do capital da empresa, Bruno investiu 45% d) 1,75 x 105.
e Carlitos investiu o equivalente a 25% do capital da e) 1,75 x 106.
empresa. Por contrato, ao final de cada mês o lucro
ou prejuízo é distribuído entre os sócios e, em caso 7. (EXATUS — 2015) Uma empresa premia seus empre-
de prejuízo, a distribuição deve ser de maneira inver- gados pela assiduidade. A cada mês, a empresa dis-
samente proporcional ao capital aplicado por cada um tribui R$ 930,00 reais entre os três empregados com o
deles. No último mês, a empresa registrou prejuízo de menor número de faltas ao trabalho, em partes inver-
R$ 6.450,00. Sobre a distribuição desse prejuízo entre samente proporcional ao número de faltas de cada
os sócios, é correto afirmar que: um. Diogo, Eder e Fabio foram os premiados do último
mês, com 2, 3 e 5 faltas, respectivamente. Assinale a
136 alternativa correta:
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
a) Diogo recebeu um prêmio de R$ 186,00. verificou que havia consumido 40% do combustível.
b) Eder recebeu um prêmio de R$ 325,00. Para chegar ao seu destino, foi consumido mais 35%
c) Eder recebeu um prêmio de R$ 270,00. do combustível que havia quando ele iniciou a viagem,
d) Diogo recebeu um prêmio equivalente a 3/2 do valor e ainda restaram 15 litros de combustível. A distância
do prêmio de Eder. percorrida por Lucas nessa viagem foi de:
e) Fabio recebeu um prêmio equivalente a 5/3 do valor
do prêmio de Eder. a) 525 km.
b) 505 km.
8. (EXATUS — 2013) Anderson, Brunoro e Caio montaram c) 495 km.
uma empresa de informática. Para abrir a empresa, os d) 480 km.
três investiram, juntos, 80 mil reais. Anderson investiu e) 475 km.
30 mil reais, Brunoro 70% do valor do investimento de
Anderson, e Caio investiu o restante. Após o primeiro 13. (EXATUS — 2013) Altair nasceu quando Tales tinha
ano de operações, a empresa apresentou lucro de 25 7 anos. Hoje, o produto de suas idades é igual a 98.
mil reais, dos quais, 4/5 seriam retirados pelos sócios. Tales tem:
A parte que coube a Caio foi de:
a) 21 anos.
a) R$ 5.250,00. b) 14 anos.
b) R$ 6.250,00. c) 12 anos.
c) R$ 7.250,00. d) 8 anos.
d) R$ 7.500,00. e) 7 anos.
e) R$ 7.750,00.
14. (EXATUS — 2013) Eduardo tinha, há 2 anos atrás, o
9. (EXATUS — 2015) Uma equipe formada por 12 operá- triplo da idade de sua irmã Cláudia. Hoje, o produto de
rios irá realizar determinada obra em, exatamente, 42 suas idades é igual a 84. A diferença de idade entre
dias. Iniciada a obra, após 12 dias de trabalho, outros 3 Eduardo e Cláudia é de:
operários se juntaram à equipe. Portanto, é correto afir-
mar que, considerando-se o mesmo ritmo de trabalho a) 8 anos.
individual dos operários, essa obra foi realizada em: b) 7 anos.
c) 6 anos.
a) 24 dias. d) 5 anos.
b) 32 dias. e) 4 anos.
c) 36 dias.
d) mais de 45 dias. 15. (EXATUS — 2013) O soldado Ryan reside no 13º andar
de um prédio de 15 andares. Sabe-se a distância entre
10. (EXATUS — 2013) Duas torneiras estão instaladas em o piso do andar onde mora o soldado Ryan e o piso tér-
um reservatório com capacidade para 6 m3 de água. reo é de 39 m. Uma pessoa com altura de 1,8 m parada
9
-9

Uma é capaz de encher o reservatório em 2 horas, e a ao lado desse edifício projeta uma sombra de 30 cm.
96

outra o faz em 4 horas. Se abertas simultaneamente, Neste mesmo instante, a sombra projetada pelo edifí-
.3

em uma hora, as duas torneiras terão despejado no cio onde mora o soldado Ryan é igual a:
93

tanque:
.0

a) 7,5 m
06

a) 3500 litros de água. b) 7,75 m


-1

b) 4000 litros de água. c) 8m


c) 4200 litros de água. d) 8,125 m
a
lv

d) 4500 litros de água. e) 8,25 m


Si

e) 5000 litros de água.


da

16.
(EXATUS — 2013) Um triângulo isósceles possui
11. (EXATUS — 2013) Quatro amigos, Abel, Bruno, Caio
io

lados iguais medindo 15 cm e lado diferente medindo


v

e Daniel, são colecionadores de figurinhas. Sabe-se 18 cm. O perímetro e a área desse triângulo medem,

que Abel possui metade da quantidade de figurinhas respectivamente:


O

de Daniel mais um terço da quantidade de figurinhas


ri
A

de Caio; que Bruno possui o dobro da quantidade de a) 54 cm e 48 cm2.


figurinhas de Caio mais a quarta parte da quantidade b) 48 cm e 27 cm2.
de figurinhas de Daniel; que Daniel tem 60 figurinhas, c) 48 cm e 54 cm2.
e que Abel e Bruno possuem a mesma quantidade de d) 48 cm e 108 cm2.
MATEMÁTICA BÁSICA

figurinhas. Os quatro amigos possuem, juntos:


17. (EXATUS — 2013) Para realizar o teste físico em deter-
a) 125 figurinhas. minado concurso da PM, os candidatos devem correr
b) 128 figurinhas. ao redor de uma praça circular cujo diâmetro mede
c) 130 figurinhas. 120 m. Uma pessoa que dá 9 voltas ao redor dessa
d) 132 figurinhas. praça percorre: Dado: π = 3.
e) 135 figurinhas.
a) 1.620 m.
12. (EXATUS — 2013) Lucas possui um veículo que con- b) 3.240 m.
some um litro de combustível a cada 11 km. Ao iniciar c) 4.860 m.
uma viagem, abasteceu o veículo completando o tan- d) 6480 m.
que de combustível e, após a parada para o almoço, e) 8.100 m. 137
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18. (EXATUS — 2013) Adriana planta flores num canteiro
circular de raio 8 m. Ao redor desse canteiro, ela preten- 15 C
de plantar ervas medicinais, formado uma coroa circu- 16 D
lar, de maneira que a parte destinada às flores sofrerá
uma redução de 2 m em seu diâmetro. A área ocupada 17 B
pelas ervas medicinais neste canteiro será igual a:
18 A
a) 15 π m .
2
19 E
b) 18 π m2.
c) 21 π m2. 20 B
d) 28 π m2.
e) 30 π m2.

19. (EXATUS — 2013) Donato, patrulheiro militar, utiliza


uma bicicleta no exercício da sua função, que é patru-
ANOTAÇÕES
lhar uma região turística de Vitória-ES. Sabe-se que o
pneu dessa bicicleta possui formato circular de diâme-
tro medindo 70 cm. Considerando que na última quin-
ta-feira Donato percorreu 21,4 km com essa bicicleta
em serviço de patrulhamento, é correto afirmar que o
pneu dessa bicicleta deu:

Dado: π = 3.

a) menos de 10000 voltas.


b) entre 10000 e 10060 voltas.
c) entre 10060 e 10120 voltas.
d) entre 10120 e 10180 voltas.
e) mais de 10180 voltas.

20. (EXATUS — 2015) O equivalente à terça parte da área


de um triângulo equilátero inscrito em uma circunfe-
rência de raio 6 cm é igual a:

a) 2 3 cm2
b) 9 3 cm2
9
-9

c) 6 3 cm2
96

d) 3 3 cm2
.3

e) 27 3 cm2
93
.0
06

9 GABARITO
-1
a

1 E
lv
Si

2 A
da

3 E
vio

4 D
O

5 B
ri
A

6 C

7 D

8 C

9 C

10 D

11 E

12 C

13 B

14 A
138
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a desequiparação efetuada, como a existência de
assentos reservados para gestantes, idosos e pes-
soas com deficiência nos transportes coletivos.

Art. 5º [...]
NOÇÕES DE DIREITOS I - homens e mulheres são iguais em direitos e
obrigações, nos termos desta Constituição;
HUMANOS O inciso I decorre do direito à igualdade. Trata-se
da igualdade entre homens e mulheres. Inicialmen-
te, há de se esclarecer que os direitos das mulheres são
relativamente recentes, de modo que grande parte da
DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E legislação anterior à CF, de 1988, estabelecia situações
COLETIVOS diferenciadas entre homens e mulheres, como, por
exemplo, a necessidade de autorização marital para
Os direitos individuais e coletivos estão disciplina- que a esposa ocupasse cargo público ou exercesse a
dos no art. 5º, da CF, de 1988. Muito cobrado em provas profissão fora do lar e o fato de o marido ser tido como
de concursos públicos, esse dispositivo é o mais exten- o chefe da sociedade conjugal, competindo a ele, entre
so dessa norma, sendo composto pelo caput (capítulo), outros deveres, a administração dos bens do casal.
Assim sendo, esse inciso foi direcionado tanto
por 78 (setenta e oito) incisos e 4 (quatro) parágrafos.
ao legislador, para que corrigisse tais desigualdades
Vejamos cada uma de suas partes:
legais, como aos operadores do direito, para que não
fossem mais estabelecidos critérios discriminatórios.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distin-
ção de qualquer natureza, garantindo-se aos bra-
Atenção! Existem dois tipos de igualdade: a for-
sileiros e aos estrangeiros residentes no País mal e a material. A igualdade formal consiste em tra-
a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, tar a todos de maneira igual, independentemente de
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos qualquer condição. Já a igualdade material busca a
termos seguintes: igualdade de fato, para que todos tenham os mesmos
direitos e obrigações. Trata-se, portanto, da igualdade
O caput do art. 5º traz os cinco pilares dos direitos efetiva, real, concreta ou situada. Assim, a igualdade
individuais e coletivos, quais sejam: vida, liberdade, nada mais é que tratar igualmente os iguais, com os
igualdade, segurança e propriedade. Deles decor- mesmos direitos e obrigações, e desigualmente os
rem todos os demais direitos estruturados nos seus desiguais, na medida de sua desigualdade.
incisos, como, por exemplo, do direito à vida, decor-
rem o direito à integridade física e moral, a proibição Art. 5º [...]
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
da pena de morte e a proibição de venda de órgãos.
fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
Quando a Constituição fala “brasileiros e estrangei-
9
-9

ros residentes no país”, não significa que o estrangei-


O inciso II decorre do direito à segurança. Trata-se,
96

ro não residente não possua direitos, pois os direitos


portanto, da segurança em matéria pessoal estampa-
.3

fundamentais são destinados a qualquer pessoa que


93

da pelo princípio da legalidade. Em síntese, todas as


se encontre em território nacional.
pessoas estão submetidas ao império da lei, de modo
.0

A CF, de 1988, adota o critério quantitativo para


06

que somente a lei pode obrigar alguém a fazer ou


definir os titulares dos direitos fundamentais, ou seja,
-1

deixar de fazer algo. Assim sendo, somente a lei pode


a população brasileira — todos aqueles que residem
limitar a vontade do indivíduo e obrigá-lo a fazer ou
a

em território brasileiro.
lv

não fazer algo, como, por exemplo, o uso obrigatório


Além disso, o caput traz o princípio da isonomia
Si

de máscaras faciais de proteção.


ou da igualdade (“todos são iguais perante a lei, sem
da

Ressalta-se que o princípio da legalidade possui


distinção de qualquer natureza”). Tal princípio tem, duas facetas, sendo uma delas destinada aos parti-
io

como fundamento, o fato de que todos nascem e vivem culares e a outra destinada à Administração. A lega-
v

com os mesmos direitos e obrigações perante o Estado


lidade aplicada ao particular difere-se da legalidade


O

brasileiro. São destinatários do princípio da igualdade aplicada à Administração, tendo em vista que ao par-
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
ri

tanto o legislador como os aplicadores da lei. ticular tudo pode se não proibido por lei. Já em rela-
A

ção à Administração, seus atos são engessados, sendo


z Igualdade na lei: direcionado ao legislador, de assim, somente pode praticar atos dispostos em lei.
modo a vedar a elaboração de dispositivos que
estabeleçam desigualdades ou privilégio entre as Art. 5º [...]
pessoas; III - ninguém será submetido a tortura nem a tra-
z Igualdade perante a lei: direcionado aos aplica- tamento desumano ou degradante;
dores da lei, uma vez que não é possível utilizar
critérios discriminatórios na aplicação da norma, O inciso III decorre do direito à vida, por decor-
salvo nos casos em que a própria norma consti- rer da violação à integridade humana, tanto física
tucional estabelece a aplicação desigual. Como como psicológica. Torturar1 é causar ao indivíduo
exemplo, podem-se citar o caso da exclusão de sofrimento físico ou mental como forma de intimida-
mulheres e eclesiásticos do serviço militar obriga- ção ou castigo. É, também, utilizar-se de métodos como
tório em tempo de paz, ou os casos de existência forma de anular a personalidade ou diminuir a capa-
de um pressuposto lógico e racional que justifique cidade física ou metal, mesmo que sem dor. Assim, a
1 Conceito em conformidade com o art. 2º, da Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura. 139
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CF, de 1988, veda tanto a tortura como qualquer tipo Importante!
de tratamento desumano ou degradante. Temos como
exemplo prático de tal inciso a Súmula Vinculante nº O inciso V prevê a indenização por dano material,
11, a qual dispõe sobre o uso de algemas, que, se for de moral ou à imagem. De acordo com a Súmula nº
forma arbitrária, pode acarretar em tratamento desu- 37, do Superior Tribunal de Justiça2, esses danos
mano ou degradante. são acumuláveis.

Súmula Vinculante nº 11 Só é lícito o uso de alge- Art. 5º [...]


mas em casos de resistência e de fundado receio de VI - é inviolável a liberdade de consciência e de
fuga ou de perigo à integridade física própria ou crença, sendo assegurado o livre exercício dos
alheia, por parte do preso ou de terceiros, justifi- cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a
cada a excepcionalidade por escrito, sob pena de proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente
ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato A liberdade de consciência abrange a liberdade
processual a que se refere, sem prejuízo da respon- de consciência em sentido estrito, ou seja, a liber-
sabilidade civil do Estado. dade de pensamento de foro íntimo em questões não
religiosas, tais como convicções de ordem ideológica
Art. 5º [...] ou filosófica. Abrange, ainda, a liberdade de crença,
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo isto é, a liberdade de pensamento de foro íntimo em
vedado o anonimato; questões de natureza religiosa. Com relação à religião,
o inciso VI assegura tanto a liberdade de crença (foro
Todas as pessoas possuem direito atinentes à íntimo), ou seja, de ter uma religião, como a liberdade
liberdade de foro íntimo, ou seja, de ter convicções de expressão, isto é, de culto. Além disso, estabelece
religiosas, filosóficas, políticas, entre outras, possuin- a liberdade religiosa, ou seja, de mudar de crença ou
do, portanto, o direito de pensar. Além disso, possuem religião e de manifestação.
direito de expressar livremente esses pensamentos.
Assim, o direito à expressão do pensamento, que Art. 5º [...]
decorre do direito à liberdade de expressão (sendo VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação
este fundamento do Estado Democrático de Direito), de assistência religiosa nas entidades civis e
está disciplinado no inciso IV. militares de internação coletiva;
O pensamento em si é absolutamente livre, por ser
O inciso VII é decorrência do direito à liberdade
uma questão de foro íntimo. O indivíduo pode pen-
de crença e culto, de modo a garantir aos internados
sar em que quiser, sem que o Estado possa interferir.
em estabelecimentos prisionais e de saúde o acesso à
No entanto, quando este pensamento é exteriorizado,
assistência espiritual e religiosa; contudo, lembre-se
passa a ser possível a tutela e proteção do Estado.
de que essa admissão não influi no fato de o Estado
Cumpre mencionar que é da liberdade de expres-
9
ser laico.
-9

são que decorrem a proibição de censura e a vedação


96

do anonimato, por exemplo. Portanto, ao mesmo tem- Art. 5º [...]


.3

po que a Constituição assegura a liberdade de mani- VIII - ninguém será privado de direitos por moti-
93

festação de pensamento, ela obriga que as pessoas vo de crença religiosa ou de convicção filosófi-
.0

assumam a responsabilidade pelo que exteriorizam.


06

ca ou política, salvo se as invocar para eximir-se


Além disso, a vedação ao anonimato é aplicada, de obrigação legal a todos imposta e recusar-se
-1

também, às denúncias. Segundo o STF, é vedado o a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
a
lv

recebimento de denúncias anônimas, contudo, isso


Si

não impede que o Estado apure de forma sumária a O inciso VIII traz a chamada escusa de consciên-
cia ou objeção de consciência. Trata-se do direito de
da

verossimilhança das alegações.


não cumprir um serviço obrigatório por razões rela-
io

cionadas a sua consciência ou crença, de modo a asse-


v

Art. 5º [...]

V - é assegurado o direito de resposta, proporcio- gurar que não ocorrerá a perda dos direitos civis ou
O

nal ao agravo, além da indenização por dano mate- políticos em decorrência de tal recusa. Por exemplo:
ri

rial, moral ou à imagem; a pessoa que, por questão religiosa, seja contrária ao
A

serviço militar poderá alegar tal imperativo de cons-


A expressão do pensamento é livre, porém, não ciência em seu alistamento militar. No entanto, a CF,
é absoluta. Assim, a pessoa é livre para expor sua de 1988, estabelece que, mesmo que dispensada da
prática dessa atividade, ela terá que cumprir serviço
opinião, porém, atingindo-se a honra de alguém,
alternativo.
por exemplo, ela poderá ser responsabilizada civil e
penalmente. Além disso, a CF, de 1988, estabelece o
Art. 5º [...]
direito de resposta, ou seja, o exercício do direito de IX - é livre a expressão da atividade intelectual,
defesa da pessoa que foi ofendida em razão da mani- artística, científica e de comunicação, indepen-
festação do pensamento de outra, como, por exemplo, dentemente de censura ou licença;
no caso de notícia inverídica ou errônea. Salienta-se
por fim que o direito de resposta é aplicado tanto à O inciso IX trata da liberdade de expressão das
pessoa física quanto à jurídica. atividades intelectual, artística, científica e de comu-
nicação. Assim, a CF, de 1988, veda, expressamente,
140 2 Súmula nº 37 (STJ) São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato.
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qualquer atividade de censura ou licença, inclusive a O dispositivo traz três exceções à regra. A primei-
proveniente de atuação jurisdicional. ra exceção é a possibilidade de ingresso no caso de fla-
Cumpre esclarecer os conceitos de censura e grante delito ou desastre, ou seja, é possível ingressar
licença: no local se um crime estiver ocorrendo ou tiver aca-
bado de ocorrer, por exemplo. A segunda exceção per-
z Censura é a verificação da compatibilidade ou não mite a entrada no local para prestar socorro, como,
entre um pensamento que se pretende expressar por exemplo, no caso de o imóvel estar pegando fogo e
com as normas legais vigentes; ter alguém em seu interior. Por fim, é possível ingres-
z Licença é a exigência de autorização para que o sar na casa mediante autorização judicial, como, por
pensamento possa ser exteriorizado. exemplo, quando o juiz expede um mandado judicial
para busca de algum(a) objeto/pessoa no local.
Art. 5º [...] É importante consignar que, mesmo com autoriza-
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, ção judicial, o ingresso deve ocorrer apenas durante
a honra e a imagem das pessoas, assegurado o o dia, ou seja, durante o período noturno, dependerá
direito a indenização pelo dano material ou moral do consentimento do morador. Assim sendo, durante
decorrente de sua violação; o dia, exibindo-se o mandado judicial, a busca pode
ser realizada mesmo sem a concordância do morador,
O inciso X decorre do direito à vida e traz a pro- sendo possível, inclusive, o arrombamento de porta se
teção dos direitos de personalidade, ou seja, o direi- houver necessidade.
to à privacidade. Trata-se dos atributos morais que Atenção! O inciso III, do art. 22, da Lei nº 13.869,
devem ser preservados e respeitados por todos, uma de 2019, estabelece como dia o período compreendido
vez que a vida não deve ser protegida apenas em seus entre as 5h e 21h.
aspectos materiais.
Aqui, torna-se necessário explicar alguns termos: Art. 5º [...]
intimidade é o direito de estar só, ou seja, de não ser XII - é inviolável o sigilo da correspondência e
perturbado em sua vida particular; vida privada refe- das comunicações telegráficas, de dados e das
re-se ao relacionamento de um indivíduo com seus comunicações telefônicas, salvo, no último caso,
familiares e amigos, quer em seu lar quer em locais por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que
fechados; honra é o atributo pessoal que compreende a lei estabelecer para fins de investigação criminal
tanto a autoestima (honra subjetiva) quanto a reputa- ou instrução processual penal;
ção de que goza a pessoa no meio social (honra objeti-
va); imagem é a expressão exterior da pessoa, ou seja, A inviolabilidade das comunicações pessoais
seus aspectos físicos (imagem-retrato), bem como a está disciplinada no inciso XII e também decorre do
exteriorização de sua personalidade no meio social direito à segurança. O dispositivo considera comuni-
(imagem-atributo). cações pessoais: 9
Art. 5º [...] z As correspondências: comunicações recebidas
-9

XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém em casa, como, por exemplo, as cartas, as contas,
96

nela podendo penetrar sem consentimento do os comunicados e avisos comerciais;


.3

morador, salvo em caso de flagrante delito ou z A comunicação telegráfica: comunicados mais


93

desastre, ou para prestar socorro, ou, durante rápidos, que podem ser enviados tanto na forma
.0

o dia, por determinação judicial;


06

escrita como pela internet, tais como o telegrama;


z A comunicação de dados: comunicação feita por
-1

A inviolabilidade do domicílio está prevista no meio de rede de computadores, como, por exem-
a

inciso XI, do art. 5º, e decorre do direito à segurança.


lv

plo, a compra de produtos online ou homebank;


O dispositivo traz a regra de que a casa é inviolável
Si

z As comunicações telefônicas: ligações feitas e


e o ingresso nela deve ser feito com o consentimento
da

recebidas por meio de telefone fixo ou móvel.


do morador. Considera-se casa o lugar, não aberto ao
io

público, em que uma pessoa vive ou trabalha. Trata- Embora não conste do inciso, o sigilo foi estendi-
v

-se, portanto, de um conceito amplo, o qual se refere


do aos dados telemáticos por meio da Lei nº 9.296,


O

ao lugar reservado à intimidade e à vida privada do


NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
de 1996. Assim, estão protegidas as mensagens troca-
ri

indivíduo.
das por meio de Skype, e-mail, WhatsApp, Messenger,
A

O conceito jurídico de casa está previsto nos §§ 4º e


entre outros.
5º, do art. 150, do Código Penal. Vejamos:
É importante mencionar que as violações de cor-
respondência e de comunicação telegráfica são cri-
Art. 150 (Código Penal) [...]
mes previstos no art. 151, do Código Penal, e na Lei nº
§ 4º A expressão «casa» compreende:
6.538, de 1978, a qual dispõe sobre os serviços postais.
I - qualquer compartimento habitado;
II - aposento ocupado de habitação coletiva; Cabe consignar, ainda, que a quebra das comuni-
III - compartimento não aberto ao público, onde cações telefônicas é admitida mediante autorização
alguém exerce profissão ou atividade. judicial (“salvo no último caso”) para fins de investiga-
§ 5º Não se compreendem na expressão «casa»: ção criminal ou instrução processual penal. Portanto,
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habita- somente para fins penais.
ção coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do Atenção! Como não existe direito absoluto, é pos-
n.º II do parágrafo anterior; sível a quebra do sigilo das demais comunicações
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero. mediante autorização judicial.

141
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 5º [...] Art. 5º [...]
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofí- XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem
cio ou profissão, atendidas as qualificações profis- armas, em locais abertos ao público, indepen-
sionais que a lei estabelecer; dentemente de autorização, desde que não
frustrem outra reunião anteriormente convoca-
O direito de exercício de qualquer atividade da para o mesmo local, sendo apenas exigido pré-
profissional decorre do direito à liberdade. Trata-se vio aviso à autoridade competente;
da faculdade de escolher o trabalho que se pretende
exercer. No entanto, é necessário atender às qualifica- O inciso XVI traz outro desdobramento do direito
ções profissionais exigidas pela lei, como, por exem- à liberdade: o direito de reunião. Por reunião, enten-
plo, para ser médico, um dos requisitos é ter feito de-se o agrupamento organizado de pessoas de cará-
faculdade de Medicina em território nacional ou ter ter transitório e voltado para determinada finalidade.
sido aprovado em exame de revalidação no caso de Portanto, é preciso que o evento seja organizado e
faculdade estrangeira. preencha os seguintes requisitos: reunião pacífica e
Essa é uma norma constitucional de eficácia con- sem armas; fins lícitos; aviso prévio à autoridade com-
tida, ou seja, uma norma que produz todos os efeitos. petente e local aberto ao público.
No entanto, cabe destacar que uma norma infracons- O STF, quanto à “Marcha da Maconha”, entendeu
titucional (lei) pode conter o seu alcance ao fixar que a passeata é constitucional, assim, compatível
condições ou requisitos para o pleno exercício da pro- com o direito de reunião. Contudo, é inadmissível a
fissão, como, por exemplo, a regra de que, para advo-
incitação ao uso de entorpecentes.
gar, é necessária a aprovação no exame da Ordem dos
Atenção! Aviso prévio não se confunde com auto-
Advogados do Brasil.
rização. Para se reunir, é preciso, apenas, comunicar
à autoridade local, a fim de evitar, por exemplo, que,
Art. 5º [...]
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação no mesmo local, dia e hora, coincidam agrupamentos
e resguardado o sigilo da fonte, quando necessá- de pessoas com posicionamentos distintos (exemplo:
rio ao exercício profissional; manifestações pró-aborto e contrária ao aborto).

O inciso XIV disciplina o direito de informação, Art. 5º [...]


que é um dos desdobramentos do direito à liberdade. XVII - é plena a liberdade de associação para fins
O direito à informação possui tríplice alcance, por lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
englobar o direito de informar, de se informar e de
ser informado. A liberdade de associação encontra-se disciplina-
da no inciso XVII. Diferentemente da reunião, a asso-
ciação não possui caráter transitório. Portanto, se o
Importante! caráter do agrupamento for permanente, tem-se uma
associação. É importante mencionar que tanto a reu-
A liberdade de informação jornalística está pre-
9
nião como a associação devem possuir fins pacíficos.
-9

vista no § 1º, do art. 220, da CF, de 1988, e é No Brasil, é proibida a associação para fins ilícitos,
96

mais abrangente que a liberdade de imprensa, como, por exemplo, a associação para fins contrários
.3

que assegura o direito de veiculação de impres-


93

à lei penal. Também é vedada a associação de caráter


sos sem qualquer tipo de restrição por parte do
.0

paramilitar, ou seja, a associação civil e desvinculada


Estado.
06

do Estado, que se encontra armada e com estrutura


-1

similar às instituições militares, de modo a se utilizar


de táticas e técnicas policiais ou militares para alcan-
a

Ressalta-se, ainda, que o dispositivo resguarda o


lv

sigilo da fonte quando necessário ao exercício profis- çar os seus objetivos.


Si

sional. Deste modo, por exemplo, nenhum jornalista


da

poderá ser obrigado a revelar o nome de seu infor- Art. 5º [...]


XVIII - a criação de associações e, na forma da lei,
io

mante ou a fonte de suas informações. Além disso, seu


v

a de cooperativas independem de autorização,


silêncio não poderá sofrer qualquer sanção.

sendo vedada a interferência estatal em seu


O

funcionamento;
ri

Art. 5º [...]
A

XV - é livre a locomoção no território nacional


em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos O inciso XVIII disciplina o direito de associação.
termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair Trata-se da possibilidade de criação de sindicatos sem
com seus bens; a interferência do Estado.

A liberdade de ir e vir encontra-se disciplinada no Art. 5º [...]


inciso XV, do art. 5º, da CF, de 1988. Trata-se, portan- XIX - as associações só poderão ser compulso-
to, do direito de locomoção, que é um dos desdobra- riamente dissolvidas ou ter suas atividades
mentos do direito à liberdade. Observa-se, no entanto, suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no
que a liberdade de locomoção é restrita a tempo de primeiro caso, o trânsito em julgado;
paz, ou seja, no caso de decretação de guerra, passa a
viger a lei marcial, de modo que o ir e vir dos indiví- O inciso XIX, que também disciplina o direito de
duos pode sofrer limitações. associação, estabelece que as associações somente
A garantia constitucional que objetiva assegurar o poderão ter suas atividades suspensas ou encerra-
direito de locomoção é o habeas corpus, que será tra- das compulsoriamente (a força) por decisão do Poder
142 tado adiante. Judiciário.
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Salienta-se, por necessário, que, no caso de dissolu- Art. 5º [...]
ção da associação, esta somente poderá ocorrer após o XXIII - a propriedade atenderá a sua função
trânsito em julgado, ou seja, quando não couber mais social;
recursos.
O inciso XXIII traz um limite ao direito de pro-
priedade. Assim, a utilização de um bem deve ser fei-
Importante! ta de acordo com a conveniência social da utilização
da coisa, ou seja, atendendo a sua função social. Por-
� Dissolução das associações: decisão judicial tanto, o direito do dono deve ajustar-se aos interesses
+ trânsito em julgado; da sociedade.
� Suspensão das associações: decisão judicial.
Art. 5º [...]
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para
Art. 5º [...] desapropriação por necessidade ou utilidade
XX - ninguém poderá ser compelido a associar- pública, ou por interesse social, mediante justa
-se ou a permanecer associado; e prévia indenização em dinheiro, ressalvados
os casos previstos nesta Constituição;
O inciso XX, que também disciplina o direito de
associação, estabelece que não é possível obrigar O inciso XXIV trata da hipótese mais drástica do
qualquer pessoa a se associar, ou seja, o indivíduo tem poder de intervenção do Estado na economia: a desa-
liberdade de escolha, podendo optar por fazer parte propriação. A desapropriação é o ato pelo qual o
do grupo ou não. Além disso, uma vez associado, ele Estado toma para si ou para outrem (terceira pessoa)
será livre para decidir se permanece ou não associa- bens de particulares, por meio do pagamento de jus-
do. Portanto, compreende o direito de associar-se a ta e prévia indenização. Portanto, trata-se de uma das
outras pessoas para formação de uma entidade, como hipóteses de aquisição originária da propriedade. É
também de deixar de participar quando for de seu cabível a desapropriação nas seguintes hipóteses:
interesse.
z Por necessidade pública: hipótese na qual o bem
Art. 5º [...] a ser desapropriado é imprescindível para a reali-
XXI - as entidades associativas, quando expressa- zação de uma atividade essencial do Estado;
mente autorizadas, têm legitimidade para repre- z Por utilidade pública: hipótese na qual o bem não
sentar seus filiados judicial ou extrajudicialmente; é imprescindível, mas é conveniente para a reali-
zação de uma atividade estatal;
O inciso XXI é o último dispositivo que trata do z Por interesse social: hipótese na qual a desapro-
direito de associação. Ele se refere à representação priação é conveniente para o desenvolvimento da
do filiado pela associação, quer em âmbito judicial sociedade.
quer em âmbito extrajudicial, isto é, ele se refere à
legitimação da associação para atuar em nome dos
9
Atenção! Não confundir com desapropriação
-9

associados. sancionatória, hipótese em que o bem não respeita a


96

Cabe esclarecer que representante é aquele que função social da propriedade. Nela, a indenização não
.3

age em nome alheio, defendendo direito alheio. No é prévia, sendo o prazo de resgate (Títulos da Dívida
93

caso das associações, para que estas atuem na condi- Pública) de 10 (dez) anos para bens urbanos e de 20
.0

ção de representantes, é preciso autorização expressa (vinte) anos para bens rurais. Ainda, não confunda
06

dos filiados, não bastando que exista autorização em desapropriação com expropriação, que consiste na
-1

estatuto. Assim sendo, só poderão atuar se devida- perda da propriedade no caso de cultivo de substân-
a

mente autorizadas pelos associados. cias entorpecentes ou de trabalho escravo. Nela, não
lv

Além disso, ao contrário da representação, a subs-


Si

há pagamento de indenização.
tituição judicial ou extrajudicial da associação inde-
da

pende de autorização, uma vez que, na substituição, a Art. 5º [...]


io

associação atua em nome próprio, defendendo direito XXV - no caso de iminente perigo público, a auto-
v

alheio (dos associados). ridade competente poderá usar de propriedade



O

particular, assegurada ao proprietário indeniza-


NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Art. 5º [...] ção ulterior, se houver dano;
ri
A

XXII - é garantido o direito de propriedade;


A requisição temporária da propriedade está
O direito de propriedade encontra-se disciplina- disciplinada no inciso XXV. Trata-se da possibilidade
do no inciso XXII, do art. 5º. Tratam-se dos direitos de o Poder Público, em momentos de calamidade (já
pessoais de natureza econômica. ocorrida ou prestes a ocorrer), ingressar na posse de
De acordo com o art. 1.228, do Código Civil, o direi- bem particular, para assegurar a preservação de direi-
to de propriedade consiste na faculdade de usar, gozar tos mais importantes que a propriedade, tais como a
e dispor da coisa, assim como o direito de reavê-la do vida e a integridade das pessoas. Por exemplo, no caso
poder de quem quer que, injustamente, a possua ou a de uma enchente em um determinado local, o Poder
detenha. Público fazer de um imóvel privado, próximo ao local,
Observa-se, no entanto, que, em termos constitu- um hospital de atendimento às vítimas.
cionais, o direito de propriedade é mais amplo que no A requisição temporária é uma exceção ao princí-
direito civil, por abranger qualquer direito de conteú- pio da indenização prévia, uma vez que o pagamento
do patrimonial ou econômico, ou seja, tudo aquilo que está condicionado à existência de danos.
possa ser convertido em dinheiro, alcançando crédi-
tos e direitos pessoais. 143
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 5º [...] de obra coletiva, além de proteger a reprodução da
XXVI - a pequena propriedade rural, assim defi- imagem e voz humanas. Ainda, assegura o direito de
nida em lei, desde que trabalhada pela família, fiscalização do aproveitamento econômico tanto nas
não será objeto de penhora para pagamento de obras individuais como nas coletivas.
débitos decorrentes de sua atividade produtiva,
dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu
Art. 5º [...]
desenvolvimento;
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos
industriais privilégio temporário para sua utili-
O inciso XXVI disciplina a impenhorabilidade zação, bem como proteção às criações industriais,
da pequena propriedade rural, por ser esta consi- à propriedade das marcas, aos nomes de empresas
derada bem de família e, portanto, insuscetível de e a outros signos distintivos, tendo em vista o inte-
penhora, de modo a ficar a salvo de execuções por resse social e o desenvolvimento tecnológico e eco-
dívidas decorrentes da atividade produtiva. Além nômico do País;
disso, a CF, de 1988, estabelece que esta deverá rece-
ber os recursos previstos em lei que financiem o seu O último dispositivo que trata da propriedade
desenvolvimento. intelectual é o inciso XXIX, garantindo aos autores de
Embora o dispositivo não conceitue pequena pro- inventos industriais os privilégios para sua utilização,
priedade rural, o entendimento mais amplo é de que ainda que de forma temporária. Além disso, assegu-
esta possui área entre 1 (um) e 4 (quatro) módulos fis- ra a proteção às criações industriais, à propriedade
cais, na qual a família trabalha, consistindo, pois, na
das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos
sua única fonte de sobrevivência.
distintivos.
Art. 5º [...]
Art. 5º [...]
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo
XXX - é garantido o direito de herança;
de utilização, publicação ou reprodução de suas
obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo
que a lei fixar; O direito de herança, que decorre do direito à
propriedade, está disciplinado no inciso XXX. Trata-
O inciso XXVII disciplina o direito de proprieda- -se da modificação da titularidade do bem em decor-
de intelectual, ou seja, a proteção legal e o reconheci- rência do falecimento (sucessão hereditária). Assim, o
mento de autoria em produções. Existem três tipos de patrimônio do de cujus transmite-se aos seus herdei-
propriedade intelectual, quais sejam: ros, os quais se sub-rogam nas relações jurídicas do
falecido, tanto no ativo como no passivo, até os limites
z Propriedade industrial: criações que movimen- da herança.
tam o mercado e são empregadas para manter a
competitividade. Seu foco é voltado para a área
empresarial. São exemplos: as patentes, marcas, Importante!
9
desenhos, indicações geográficas, entre outros;
-9

O direito de sucessão está regulado no Código


z Direitos autorais: criações artísticas, culturais e
96

científicas, como, por exemplo, as obras intelec-


Civil.
.3

tuais, literárias e artísticas;


93

z Proteção sui generis: são as criações híbridas,


.0

Art. 5º [...]
isto é, aquelas que se encontram em um estado
06

XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situa-


intermediário entre a propriedade industrial e
-1

dos no País será regulada pela lei brasileira em


os direitos autorais. Exemplos: a topografia dos benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sem-
a

circuitos integrados (mask works), a proteção de


lv

pre que não lhes seja mais favorável a lei pes-


Si

Cultivares (obtenções vegetais ou variedades vege- soal do de cujus;


tais) e conhecimentos tradicionais associados aos
da

recursos genéticos. Ainda com relação ao direito de herança, o inci-


io

so XXXI estabelece a lei que deverá ser aplicada caso


v

Neste sentido, a CF, de 1988, garante aos autores o a sucessão envolva bens de estrangeiros situados no
O

direito exclusivo de utilização, publicação ou repro- Brasil. Assim, a regra é que se aplica a lei brasileira
ri

dução de suas obras, sendo esse direito transmitido sempre que esta beneficiar cônjuge ou filho brasilei-
A

aos herdeiros do autor (direitos sucessórios) pelo tem- ro. No entanto, caso a lei estrangeira (lei do país do
po que a lei fixar. de cujus) seja mais benéfica a estas pessoas, ela é que
será aplicada.
Art. 5º [...]
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
Art. 5º [...]
a) a proteção às participações individuais em
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a
obras coletivas e à reprodução da imagem e voz
defesa do consumidor;
humanas, inclusive nas atividades desportivas;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento
econômico das obras que criarem ou de que parti- O inciso XXXII traz a proteção ao consumidor
ciparem aos criadores, aos intérpretes e às respecti- como um dos direitos e deveres individuais e coleti-
vas representações sindicais e associativas; vos. Como consequência, a defesa do consumidor será
promovida por meio do Estado. Vale lembrar que é
O inciso XXVIII também protege a propriedade a Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, conheci-
intelectual. Deste modo, o dispositivo assegura a da como Código de Defesa do Consumidor (CDC), que
144 proteção de tais direitos ao indivíduo que participou estabelece as regras de proteção ao consumidor.
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Art. 5º [...] O princípio da inafastabilidade de jurisdição
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos ou do controle do Poder Judiciário está disciplina-
públicos informações de seu interesse particu- do no inciso XXXV. Tal princípio é um desdobramento
lar, ou de interesse coletivo ou geral, que serão do direito à segurança (garantias jurisdicionais). Esse
prestadas no prazo da lei, sob pena de responsa- princípio garante que todas as pessoas tenham acesso
bilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
ao Poder Judiciário.
imprescindível à segurança da sociedade e do
Estado;
Art. 5º [...]
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido,
O inciso XXXIII decorre do direito de informação.
o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
Trata-se de assegurar aos indivíduos o conhecimento
de informações relativas à sua pessoa, quando cons-
O inciso XXXVI é, também, um desdobramento do
tantes de banco de dados de entidades governamen-
direito à segurança. Trata-se da garantia constitucio-
tais ou abertas ao público, bem como de informação
de interesse da coletividade. Aqui, vale mencionar nal de que as novas leis não retirem das pessoas os
que não óbice à divulgação da remuneração de ser- direitos que elas adquiriram por meio de lei antiga, de
vidor público. modo que as situações disciplinadas por uma norma
devem continuar protegidas por esta mesmo depois de
Art. 5º [...] sua revogação ou substituição por outra em três casos3:
XXXIV - são a todos assegurados, independente-
mente do pagamento de taxas: z Direito Adquirido: é o direito assegurado à pessoa
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em quando esta cumpriu todos os requisitos para a sua
defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso concessão pela norma anterior antes de ocorrer a
de poder; alteração legal. Exemplo: uma pessoa completou o
b) a obtenção de certidões em repartições públi- tempo de contribuição previsto pela lei para apo-
cas, para defesa de direitos e esclarecimento de sentar, mas optou por permanecer trabalhando. Se
situações de interesse pessoal;
nova lei alterar os requisitos para aposentadoria,
de modo a aumentar o tempo de contribuição, essa
O inciso XXXIV disciplina o direito de petição e o
pessoa não será prejudicada, pois adquiriu o direi-
direito de certidão. O dispositivo assegura aos indi-
to pela lei anterior.
víduos o direito de formular pedidos para a Adminis-
tração Pública em defesa de seus direitos e, quando
Atenção! Direito adquirido não se confunde com
cabível, de terceiros, bem como de formular reclama-
expectativa de direito. Se a pessoa não completou
ções contra atos ilegais e abusivos cometidos pelos
todos os requisitos para a concessão do direito, ela
agentes do Estado. Assegura, ainda, o direito de plei-
tear, do Estado, documento expedido por este, que, não tem direito adquirido e, sim, expectativa de direi-
por possuir fé pública, é utilizado para comprovar a to. Exemplo: falta, para o indivíduo, um mês para que
se complete o tempo de contribuição previsto pela lei
9
existência de um fato. Deste modo, assegura ao indi-
-9

víduo a obtenção de certidão para a defesa de direitos para se aposentar. Antes de preencher tal requisito,
96

ou esclarecimento de situações de interesse pessoal. a lei é alterada e o tempo majorado. Esta pessoa não
.3

O exercício de tais direitos é gratuito, ou seja, inde- poderá se aposentar, pois tinha apenas expectativa
93

pendem de qualquer pagamento. Importante men- de direito, uma vez que todos os requisitos não foram
.0

preenchidos para a sua concessão;


06

cionar que, embora o dispositivo empregue o termo


-1

“taxas”, esta foi utilizada em sentido amplo, visto que


proíbe a cobrança de qualquer importância (taxa, z Ato jurídico Perfeito: trata-se do ato realizado
a

validamente sob a vigência de uma lei, mesmo que


lv

tarifa ou preço público). A função da gratuidade é não


Si

obstar ou dificultar o exercício do direito, uma vez esta tenha sido posteriormente revogada ou modi-
da

que pessoas sem recursos financeiros teriam dificul- ficada. Exemplo: adolescente que se casou antes
dades de exercer seu direito se este fosse condiciona- de ter completado a idade núbil nas hipóteses per-
io

do ao pagamento. mitidas pelo Código Civil terá seu casamento como


v

válido mesmo após a alteração da lei civil, pela Lei


O

nº 13.811, de 2019, que proibiu, expressamente, o


NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
ri

Importante! casamento de menor de 16 (dezesseis) anos, pois


A

seus efeitos são protegidos pela lei anterior;


Fique atento ao remédio constitucional aplicado
z Coisa Julgada: é a autoridade dada às decisões
para sanar ilegalidade quanto ao direito de certidão
do Poder Judiciário quando destas não caiba mais
— Mandado de Segurança —, pois as bancas cos-
recurso, de modo a impedir a modificação ou dis-
tumam tentar confundir o candidato, dizendo que
cussão da decisão de mérito. Exemplo: uma ação de
o remédio constitucional cabível é o habeas data.
paternidade foi julgada procedente após o supos-
to pai ter se recusado a realizar o exame de DNA.
Art. 5º [...] Assim, não é possível que, tempos depois, o suposto
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder pai resolva fazer o exame para se eximir da paterni-
Judiciário lesão ou ameaça a direito; dade, pois a decisão não pode ser mais modificada.
3 Em conformidade com o art. 6º, do Decreto Lei nº 4.657, de 1942 (Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro). Veja: “A Lei em vigor terá
efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. § 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consu-
mado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. § 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ale,
possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. § 3º
Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso”. 145
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Importante! deixa de considerar o fato como crime ou diminui a
sua pena.
A coisa julgada divide-se em coisa julgada mate- A retroatividade da lei penal mais benéfica é abso-
rial — quando impede a discussão em qualquer luta, isto é, ela desconstituirá, inclusive, condenações
processo — e coisa julgada formal — quando já transitadas em julgado. Exemplo: sujeito que cum-
impede a discussão no mesmo processo. pre pena por um crime que lei posterior deixou de
considerar respectivo ato como crime (caso de abolitio
criminis) será colocado em liberdade.
Art. 5º [...]
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
Art. 5º [...]
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atenta-
A proibição dos tribunais de exceção, que decor- tória dos direitos e liberdades fundamentais;
re do direito à segurança, encontra-se prevista no inci-
so XXXVII. Busca-se proibir que os tribunais ou juízos
O inciso XLI decorre do direito à igualdade.
sejam criados especialmente para julgar determina-
Trata-se da necessidade de reconhecer que todos os
dos crimes ou pessoas (nos casos concretos).
indivíduos possuem os mesmos direitos e as mesmas
Atenção! Tribunal de exceção não se confunde
proteções. Além disso, a lei não só não poderá ser apli-
com Justiças especializadas e foro privilegiado.
cada de modo discriminatório, como também deverá
punir tais discriminações com base em qualquer con-
Art. 5º [...]
dição pessoal, como sexo, cor, origem, entre outras.
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a
organização que lhe der a lei, assegurados:
Art. 5º [...]
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações; XLII - a prática do racismo constitui crime
c) a soberania dos veredictos; inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de
d) a competência para o julgamento dos crimes reclusão, nos termos da lei;
dolosos contra a vida;
O inciso XLII trata da prática de racismo. Embora
Outro desdobramento do direito à segurança é a a Constituição não tipifique o crime, ela manda crimi-
garantia do julgamento pelo Tribunal do Júri em nalizar a conduta de racismo. Além disso, estabelece
crimes dolosos contra a vida, ou seja, homicídio (art. a não concessão de fiança ao racismo (inafiançável)
121, CP), induzimento, instigação ou auxílio a suicídio e, ainda, que o ato pode ser julgado a qualquer tempo,
ou à automutilação (art. 122, CP), infanticídio (art. 123, independentemente da data em que foi cometido, pois
CP) e aborto (arts. 124 a 128, CP); contudo, salienta-se não se sujeita ao decurso do tempo (imprescritível).
que lei ordinária poderá ampliar a competência do Vale lembrar, aqui, que a Lei nº 7.716, de 1989, é a Lei
Tribunal do Júri, não havendo qualquer ofensa quan- do Racismo, e a Lei nº 12.288, de 2010, estabelece o
to ao disposto na CF. Estatuto da Igualdade Racial.
9
-9

Trata-se de direito do indivíduo de ser julgado por


XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e
96

seus pares e, não, por um juízo de critério eminente-


insuscetíveis de graça ou anistia a prática da
.3

mente técnico.
tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e
93

drogas afins, o terrorismo e os definidos como


.0

Súmula Vinculante nº 45 A competência consti-


06

crimes hediondos, por eles respondendo os man-


tucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro
dantes, os executores e os que, podendo evitá-los,
-1

por prerrogativa de função estabelecido exclusiva-


se omitirem;
mente pela Constituição Estadual.
a
lv
Si

Art. 5º [...] O inciso XLIII estabelece os crimes em que não


cabe fiança nem perdão, ou seja, graça, indulto e
da

XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defi-


na, nem pena sem prévia cominação legal; anistia. Embora o dispositivo não mencione o indulto,
io

ele também não é cabível nos crimes elencados.


v

Os princípios da anterioridade e da reserva


O

da lei penal (nullum crimen, nulla poena, sine lege) Dica: para lembrar dos crimes, memorize: T T T
ri

encontram-se disciplinados no inciso XXXIX. Em sín- H ou 3TH:


A

tese, pelo princípio da reserva legal, não há crime sem


lei que o defina, nem pena sem cominação legal. Já Tortura;
pelo princípio da anterioridade, a lei que estabelece o Tráfico;
crime e a pena deve ser anterior a sua prática. Terrorismo;
Hediondos.
Art. 5º [...]
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para bene- A graça e o indulto são modalidades de perdão
ficiar o réu; concedidas pelo Presidente da República, de modo
a extinguir a punibilidade do agente. Enquanto, na
O princípio da irretroatividade da lei penal graça, o perdão é concedido de forma individual por
mais gravosa está disciplinado no inciso XL. Em ter- meio de decreto e mediante provocação do interes-
mos de direito penal, a regra é a lei do tempo do cri- sado, no indulto, o perdão é coletivo e concedido por
me, ou seja, será aplicada a lei do tempo da ação ou decreto, o qual não possui destinatário certo e inde-
omissão. É possível, no entanto, aplicar lei posterior pende de provocação. O indulto pode ser total ou par-
146 caso esta seja mais benéfica ao réu. Exemplo: nova lei cial (comutação).
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Já a anistia é o perdão concedido pelo Congresso No entanto, refere-se apenas à esfera penal, ou
Nacional, por meio de lei, aos crimes e atos adminis- seja, a obrigação civil de reparar os danos pode ser
trativos. Na anistia, exclui-se o crime, rescinde-se a estendida aos seus sucessores até o limite do valor do
condenação e extingue-se totalmente a punibilidade. patrimônio transferido (herança).
Cabe destacar que a anistia pode ser concedida pelas Atenção! Multa é uma espécie de pena (art. 32, CP)
Assembleias Legislativas, porém se restringe aos atos e, portanto, não pode ser imposta aos herdeiros.
administrativos, como, por exemplo, às transgres-
sões disciplinares de servidores estaduais. Art. 5º [...]
É importante mencionar que esses crimes são XLVI - a lei regulará a individualização da pena
e adotará, entre outras, as seguintes:
prescritíveis, além de ser cabível a liberdade provi-
a) privação ou restrição da liberdade;
sória. Ainda, a Lei nº 9.455, de 1997, trata dos crimes b) perda de bens;
de tortura; a Lei nº 11.343, de 2006, dos crimes de dro- c) multa;
gas; a Lei nº 13.260, de 2016, do terrorismo; a Lei nº d) prestação social alternativa;
8.072, de 1990, cuida dos crimes hediondos. e) suspensão ou interdição de direitos;

Art. 5º [...] Dica: a fim de auxiliá-lo na memorização, guarde o


XLIV - constitui crime inafiançável e imprescri-
mnemônico 3PMS (RI):
tível a ação de grupos armados, civis ou milita-
res, contra a ordem constitucional e o Estado
3P — Privação ou restrição da liberdade (não esque-
Democrático;
ça que no primeiro “p” há, implícito, um “r” da
O inciso XLIV também traz hipóteses de não con- pena de restrição); perda de bens; prestação social
cessão de fiança, cuja ação ou omissão pode ser julga- alternativa;
da a qualquer tempo, independentemente da data em M — Multa;
S — Suspensão ou interdição de direitos (lembre-se de
que foi cometido. Tratam-se dos crimes desenvolvidos
que aqui também há, implícito, um “i” de interdição).
pelas organizações criminosas contra a ordem consti-
tucional e democrática, como, por exemplo, no golpe
O inciso XLVI disciplina o princípio da individua-
de Estado. Cabe lembrar que a Lei nº 12.850, de 2013,
lização da pena, uma vez que as penas devem ser
é que trata das organizações criminosas.
previstas, impostas e executadas, em conformidade
com as condições pessoais de cada réu. Para tanto, a
Dica individualização deve operar-se em três fases distin-
Para auxiliá-lo na memorização do conteúdo tas: legislativa, no momento em que elabora a norma;
dos últimos 3 incisos, leve em consideração o judicial, no momento da dosimetria da pena; executi-
seguinte mnemônico: RAAÇÃO 3TH. va, na execução penal.
RA — racismo
Art. 5º [...]
AÇÃO — ação de grupos armados
9
XLVII - não haverá penas:
-9

3TH — tortura, tráfico, terrorismo, hediondos a) de morte, salvo em caso de guerra declarada,
96

nos termos do art. 84, XIX;


.3

Esquematizando todo o conteúdo relacionado b) de caráter perpétuo;


93

ao mnemônico, temos: c) de trabalhos forçados;


.0

Inafiançáveis  RAAÇÃO 3TH d) de banimento;


06

e) cruéis;
Imprescritíveis  RAAÇÃO
-1

Insuscetíveis de graça ou anistia  3TH


a

O inciso XLVII, que decorre tanto do direito à vida


lv

como do direito à segurança, estabelece a proibição


Si

Art. 5º [...]
de determinadas penas. Assim, é vedada a pena de
da

XLV - nenhuma pena passará da pessoa do


morte em tempos de paz. Isso porque, quando decla-
condenado, podendo a obrigação de reparar
io

rada a guerra pelo Presidente da República após a


o dano e a decretação do perdimento de bens
v

autorização do Congresso Nacional, vigora a parte ati-


ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores


nente aos tempos de guerra4 do Código Penal Militar
O

e contra eles executadas, até o limite do valor do


NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
(CPM) e do Código de Processo Penal Militar (CPPM),
ri

patrimônio transferido;
A

que estabelece, em determinados casos, a pena de


morte. Exemplo: traição (art. 355, CPM)5.
O princípio da intranscendência ou personali-
zação da pena está disciplinado no inciso XLV. Tra- Art. 5º [...]
ta-se da impossibilidade da pena ser aplicada a outra XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimen-
pessoa que não o delinquente, uma vez que somente tos distintos, de acordo com a natureza do deli-
o autor da infração penal pode ser responsabilizado. to, a idade e o sexo do apenado;
Com a morte do condenado, declara-se extinta a puni-
bilidade do crime. Assim, a pena não poderá ser cum- O inciso XLVIII traz um dos princípios relativos
prida, por exemplo, pelos familiares ou herdeiros do à execução da pena privativa de liberdade. Trata-
autor do crime se este houver falecido. -se da exigência de que o cumprimento da pena seja
4 Art. 15 (CPM) O tempo de guerra, para os efeitos da aplicação da lei penal militar, começa com a declaração ou o reconhecimento do estado
de guerra, ou com o decreto de mobilização se nele estiver compreendido aquele reconhecimento; e termina quando ordenada a cessação das
hostilidades.
5 Art. 355 Tomar o nacional armas contra o Brasil ou Estado aliado, ou prestar serviço nas forças armadas de nação em guerra contra o Brasil:
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte anos, grau mínimo. 147
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
feito de acordo com a natureza do crime, a idade e envolver ações ou omissões que prejudicam os inte-
o sexo do apenado. É por essa razão que os adoles- resses do país, do governo ou do sistema político.
centes ficam em estabelecimentos distintos dos adul- O crime político pode ser de dois tipos: próprio e
tos, assim como as mulheres permanecem em local impróprio. Crime político próprio é aquele capaz de
diverso dos homens. Esse dispositivo decorre tanto do ameaçar a ordem institucional ou o sistema vigente.
direito à segurança como do direito à vida. Já o crime político impróprio é aquele crime comum
quando conexo ao crime político, de modo a ter
Art. 5º [...] natureza comum, mas conotação político-ideológica,
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à inte- como, por exemplo, a extorsão mediante sequestro
gridade física e moral; para obter fundos para determinado grupo político.
Ainda há o crime de opinião, que é aquele que se con-
O inciso XLIX estabelece outro princípio relativo figura com o abuso da liberdade de expressão ou de
à execução da pena privativa de liberdade: a pro-
pensamento, como, por exemplo, nos casos dos crimes
teção à integridade física e moral do preso. Busca-se,
contra a honra.
portanto, proteger os indivíduos da força do Estado.
Trata-se, também, de um dos desdobramentos do
Art. 5º [...]
direito à segurança, por envolver garantias proces-
LIII - ninguém será processado nem sentencia-
suais; e do direito à vida, por envolver a integridade
do senão pela autoridade competente;
do indivíduo.
O princípio do juiz natural ou do juiz competen-
Art. 5º [...]
L - às presidiárias serão asseguradas condições te encontra-se disciplinado no inciso LIII. Trata-se da
para que possam permanecer com seus filhos garantia de que nenhuma pessoa será processada ou
durante o período de amamentação; julgada por uma autoridade especialmente designada
para o caso. Deste modo, as regras de competência
O inciso L traz um princípio relativo à execução devem estar restabelecidas no ordenamento jurídico,
da pena privativa de liberdade. Trata-se do direito de forma a assegurar que o julgamento seja realizado
dos filhos de permanecerem com suas mães e serem por um juiz independente e imparcial.
amamentados por elas durante a execução da pena.
Vale destacar que o art. 89, da Lei nº 7.210, de 1984 Art. 5º [...]
(Lei de Execução Penal), estabelece que a penitenciá- LIV - ninguém será privado da liberdade ou de
ria de mulheres terá uma seção para gestantes e par- seus bens sem o devido processo legal;
turientes e uma creche para abrigar crianças entre 6
(seis) meses e 7 (sete) anos. O princípio do devido processo legal está disci-
plinado no inciso LIV. Trata-se do desdobramento do
Art. 5º [...] direito à segurança, de modo a garantir que os indi-
LI - nenhum brasileiro será extraditado, sal- víduos não sejam presos nem percam seus bens por
9
vo o naturalizado, em caso de crime comum, atuação arbitrária do poder do Estado. Assim sendo,
-9

praticado antes da naturalização, ou de com- deverá existir um processo com todas as etapas pre-
96

provado envolvimento em tráfico ilícito de vistas em lei e com todas as garantias constitucionais.
.3

entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;


93

Se tais regras não forem observadas, o processo é pas-


.0

sível de nulidade.
A proibição de extradição de brasileiro encon-
06

tra-se disciplinada no inciso LI. Extradição é uma


-1

Art. 5º [...]
medida de cooperação internacional em que um Esta- LV - aos litigantes, em processo judicial ou admi-
a

do entrega a outro Estado, a pedido deste, indivíduo


lv

nistrativo, e aos acusados em geral são assegu-


que deva responder a processo penal ou cumprir
Si

rados o contraditório e ampla defesa, com os


pena. De acordo com a Norma Constitucional, o Brasil
da

meios e recursos a ela inerentes;


não entrega brasileiro para responder processo penal
io

ou cumprir pena em outro país. O inciso LV traz o princípio do contraditório e da


v

É possível, no entanto, a entrega de brasileiro


ampla defesa. Tal princípio objetiva garantir a igual-


O

naturalizado, ou seja, que tenha adquirido a nacio-


dade das partes de uma relação processual, bem como
ri

nalidade brasileira por outro motivo que não vincu-


a segurança processual. Assim sendo, a parte contrá-
A

lado ao nascimento (filiação ou local do nascimento),


ria necessita ser ouvida (audiatur et altera pars), pois
desde que seja por crime comum e que este tenha
não podem ser atribuídas a uma parte vantagens de
sido praticado antes de sua naturalização e, portanto,
que a outra não disponha.
quando o agente tinha outra nacionalidade. Também
é possível a extradição de brasileiro naturalizado por Como consequência, as partes têm acesso a tudo
comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entor- que consta dos autos, como, por exemplo, todas as
pecentes e drogas afins, praticado antes ou depois da provas produzidas pela outra parte, podendo mani-
naturalização. festar-se ou não. Além disso, a defesa pode ser exerci-
da de forma ampla, como, por exemplo, é possível ao
Art. 5º [...] indivíduo optar pela autodefesa (quando permitido)
LII - não será concedida extradição de estrangei- ou pela defesa técnica. Assim, a ampla defesa garan-
ro por crime político ou de opinião; te ao agente a possibilidade de se defender sem qual-
quer impedimento aos seus direitos constitucionais.
No que se refere à extradição de estrangeiro, o Ademais, destaca-se o conteúdo da Súmula Vincu-
inciso LII veda a entrega por crime político ou de lante nº 14, a qual dispõe sobre o acesso a procedi-
148 opinião. Considera-se um crime como político se ele mento investigatório por defensor do investigado.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Súmula Vinculante nº 14 É direito do defensor, Art. 5º [...]
no interesse do representado, ter acesso amplo aos LVIII - o civilmente identificado não será subme-
elementos de prova que, já documentados em pro- tido a identificação criminal, salvo nas hipóteses
cedimento investigatório realizado por órgão com previstas em lei;
competência de polícia judiciária, digam respeito
ao exercício do direito de defesa. A proibição da identificação criminal da pes-
soa já civilmente identificada encontra-se no inciso
Observe que os documentos referentes às diligên- LVIII. Entende-se, por identificação, o processo utili-
cias em curso não são de apresentação obrigatória, zado para se estabelecer a identidade de pessoas ou
tendo em vista a possibilidade de frustrá-las. coisas. Assim, se o indivíduo apresenta documento de
Imagine, por exemplo, que em determinada inves- identidade civil válido e sem qualquer suspeita funda-
tigação tenha sido deferida, pelo Poder Judiciário, a da de falsidade, ele não poderá ser identificado crimi-
interceptação telefônica de determinado investigado. nalmente, ou seja, por meio do processo datiloscópico.
Ora, é óbvio que o acesso, pelo advogado do investi- O objetivo do dispositivo é evitar o constrangimento
gado, comprometeria a diligência, já que este poderia pessoal de pessoas já identificadas civilmente.
avisar seu cliente da medida. Cumpre esclarecer que a Lei nº 12.037, de 2009,
disciplina o inciso e estabelece quais documentos ser-
Art. 5º [...] vem para a identificação civil. Ainda, a regra da não
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas identificação criminal não é absoluta e abarca exce-
obtidas por meios ilícitos; ções. No entanto, tais exceções devem estar discipli-
nadas em lei.6
A proibição de prova ilícita encontra-se estabele-
cida no inciso LVI. As provas obtidas de forma ilícita Art. 5º [...]
são absolutamente nulas, não podendo gerar qual- LIX - será admitida ação privada nos crimes de
quer efeito no convencimento do juiz. ação pública, se esta não for intentada no prazo
legal;
z Prova ilícita é aquela que viola direito material.
Exemplos: confissão mediante tortura e intercep- O inciso LIX traz a possibilidade de ação penal
tação telefônica sem autorização judicial; privada subsidiária à ação penal pública. Assim,
z Prova ilegítima é aquela que viola direito proces- nos casos em que o representante do Ministério Públi-
sual. Exemplo: confissão do acusado em juízo sem co não ofereceu a denúncia, não requereu diligências
a presença do advogado. ou não ordenou o arquivamento do Inquérito Policial,
no prazo legal, admite-se o oferecimento da queixa
O Supremo Tribunal Federal, adequadamente, crime.
adotou, por maioria de votos, a denominada teoria A CF, de 1988, não estabeleceu hipótese de restri-
fruits of poisonous tree (frutos da árvore envenenada). ção quanto à aplicação da ação penal privada subsi-
9
-9

São nulas tanto as provas produzidas de forma ilícita diária da pública nos processos relativos aos delitos
96

como também as derivadas (surgidas em decorrência previstos na legislação especial, como, por exemplo,
.3

da prova ilícita), ainda que obtidas de forma regular. nas ações em que se apuram crimes eleitorais.
93

Há contaminação do vício original, com exclusão


.0

da prova ilícita, bem como de suas derivações. Art. 5º [...]


06

LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos


-1

Art. 5º [...] atos processuais quando a defesa da intimida-


a

LVII - ninguém será considerado culpado até de ou o interesse social o exigirem;


lv

o trânsito em julgado de sentença penal


Si

condenatória; Como regra, todo processo é público, ou seja, é


da

permitido o acesso aos atos. No entanto, em alguns


io

O inciso LVII traz o princípio da presunção de ino- casos, tais como ações de divórcio, guarda, entre
v

cência ou da presunção de culpabilidade. Assim, antes outros, essa publicidade é restrita às partes e seus pro-

O

da condenação definitiva em um processo criminal, curadores, com o objetivo de resguardar a intimidade


NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
ri

as pessoas ainda não são consideradas culpadas. Isso dos envolvidos.


A

ocorre porque quem possui o ônus de provar a culpa é Também é possível restringir a publicidade quan-
o Ministério Público, como órgão titular da ação penal do o interesse da sociedade exigir, como, por exem-
pública e da vítima, no caso de ação penal privada. Des- plo, em determinados crimes ou atos, envolvendo
te modo, não compete ao acusado provar sua inocência, crianças e adolescentes. É importante mencionar, no
mas ao Ministério Público ou à vítima comprovar a res- entanto, que a restrição da publicidade dos atos pro-
ponsabilidade do réu até a última instância. cessuais não poderá prejudicar o interesse público à
informação.

6 Art. 3º (Lei nº 12.037, de 2009) Embora apresentado documento de identificação, poderá ocorrer identificação criminal quando: I - o docu-
mento apresentar rasura ou tiver indício de falsificação; II - o documento apresentado for insuficiente para identificar cabalmente o indiciado;
III - o indiciado portar documentos de identidade distintos, com informações conflitantes entre si; IV - a identificação criminal for essencial às
investigações policiais, segundo despacho da autoridade judiciária competente, que decidirá de ofício ou mediante representação da autorida-
de policial, do Ministério Público ou da defesa; V - constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualificações; VI - o esta-
do de conservação ou a distância temporal ou da localidade da expedição do documento apresentado impossibilite a completa identificação dos
caracteres essenciais. Parágrafo único. As cópias dos documentos apresentados deverão ser juntadas aos autos do inquérito, ou outra forma
de investigação, ainda que consideradas insuficientes para identificar o indiciado. 149
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Importante! A CF, de 1988, não fixa o prazo da comunicação,
porém o art. 306, do Código de Processo Penal, estabe-
A restrição da publicidade é popularmente lece que a comunicação será imediata e os autos reme-
conhecida como segredo de Justiça. tidos em até 24 (vinte e quatro) horas após a prisão.
Além da comunicação ao juiz, a CF, de 1988, prevê a
comunicação à família do preso ou pessoa por ele indi-
Art. 5º [...]
cada, com o escopo não só de dar notícia de seu para-
LXI - ninguém será preso senão em flagrante
deiro, como também de prestar-lhe a assistência devida.
delito ou por ordem escrita e fundamentada de
autoridade judiciária competente, salvo nos casos
Art. 5º [...]
de transgressão militar ou crime propriamen-
LXIII - o preso será informado de seus direitos,
te militar, definidos em lei;
entre os quais o de permanecer calado, sendo-
-lhe assegurada a assistência da família e de
Pelo inciso LXI, depreende-se que a liberdade é a advogado;
regra e a prisão é a exceção. Por essa razão, o dispo-
sitivo fixa as hipóteses em que o indivíduo será preso. Considerando que a liberdade é a regra e a sua
Assim, a CF, de 1988, protege os indivíduos da força do restrição só é legítima quando efetuada nos estritos
Estado, uma vez que veda a prisão arbitrária ou abu- limites legais, o inciso LXIII estabelece que o preso
siva e estabelece que a restrição da liberdade só será em flagrante deve ser comunicado dos seus direitos.
legítima quando respeitados os parâmetros legais. Entre esses direitos, encontra-se o de permanecer em
Trata-se de um dos desdobramentos do direito à segu- silêncio.
rança, por envolver garantias processuais. O silêncio do preso é apenas silêncio e não poderá
Em termos de processo penal, existem dois tipos ser utilizado de forma contrária. O acusado não é obri-
de prisão. A prisão pena que é aquela decorrente de gado a produzir provas contra si mesmo. Ao se calar,
sentença penal condenatória transitada em julgado, esse silêncio não pode ser considerado como prova.
ou seja, o processo foi finalizado, a pessoa condena- Além disso, o dispositivo também estabelece a
da e não cabe mais recurso, ingressando na fase de assistência da família e do advogado, garantindo tan-
execução penal. Além disso, há a prisão processual, to o apoio pessoal como a assistência técnica que lhe
que tem função acautelatória e é aquela que ocorre é devida.
durante a fase de investigação, instrução e antes do
julgamento definitivo, como a prisão em flagrante, a Art. 5º [...]
prisão temporária e a prisão preventiva. LXIV - o preso tem direito à identificação dos
Portanto, durante o curso do processo, o indiví- responsáveis por sua prisão ou por seu interro-
duo somente será preso se estiver em flagrante delito gatório policial;
(estiver cometendo o delito, acabou de cometê-lo, foi
perseguido logo após ou foi encontrado logo depois, O inciso LXIV também decorre do direito à segu-
com algo que faça presumir ser o autor da infração)7 rança, uma vez que busca prevenir a prisão arbitrária.
9
-9

ou se for determinado pelo juiz nos demais casos das Assim, é assegurada ao indivíduo a identificação dos
96

prisões acautelatórias. responsáveis por sua prisão e interrogatório, uma


.3

Observa-se, ainda, que o inciso traz exceções, quais vez que lhe é garantido questionar a competência ou
93

atribuição dessas autoridades em conformidade com


sejam: transgressão militar ou crime propriamen-
.0

a norma vigente e os princípios constitucionais e de


te militar, definido em lei. Quanto às transgressões,
06

direitos humanos.
estas estão previstas nos regulamentos disciplinares,
-1

tanto das Forças Armadas como das Forças Auxiliares.


Art. 5º [...]
a

A elas é aplicado procedimento de apuração especí-


lv

LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxa-


Si

fico, também garantindo o contraditório e a ampla da pela autoridade judiciária;


da

defesa. Já os crimes militares encontram-se previstos


no Código Penal Militar, porém esse diploma não defi- O inciso LXV traz mais um dos desdobramentos
io

ne quais são os crimes propriamente militares.


v

do direito à segurança ao prever o relaxamento da


prisão ilegal. Assim, se o magistrado constatar que a


O

Art. 5º [...] prisão foi ilegal, ele deverá colocar o preso em liber-
ri

LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se


A

dade de forma imediata e sem condições. Exemplo: o


encontre serão comunicados imediatamente ao indivíduo foi preso em flagrante, porém não se enqua-
juiz competente e à família do preso ou à pessoa drava nas hipóteses de flagrância do art. 302, do CPP.
por ele indicada;
Relaxa-se prisão ilegal e revoga-se as demais pri-
sões cautelares, uma vez que estas necessitam de
Como a prisão em flagrante é a única modalida- requisitos para serem decretadas e não estão estes
de de prisão acautelatória que não conta com ordem presentes. O magistrado deve revogar a prisão ou
judicial prévia, visto que é imposta no momento em substituí-la por medidas cautelares diversas.
que a infração penal é praticada ou em momentos
após, faz-se necessária sua comunicação imediata ao Art. 5º [...]
juiz, para que este possa efetuar o controle de legali- LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela
dade da prisão. mantido, quando a lei admitir a liberdade provi-
sória, com ou sem fiança;

7 Art. 302 (CPP) Considera-se em flagrante delito quem: I -está cometendo a infração penal; II - acaba de cometê-la; III - é perseguido, logo após,
pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração; IV - é encontrado, logo depois, com
150 instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.
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O inciso LXVI reforça que a regra é a liberdade e Não cabe HC nos seguintes casos:
sua supressão é apenas medida excepcional e somen-
te deve ser decretada nos casos em que a norma z Perda de patente;
autorizar. z Perda de cargo;
z Pena de multa;
Art. 5º [...] z Bens apreendidos (Obs.: no caso do passaporte, o
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo STJ diz que caberá o HC. Já o STF diz que não cabe);
a do responsável pelo inadimplemento voluntário z Pena extinta.
e inescusável de obrigação alimentícia e a do
depositário infiel; De acordo com o § 2º, do art. 142, não caberá habeas
corpus em relação a punições disciplinares militares.
O inciso LXVII trata da prisão civil por dívida. Além dos militares das Forças Armadas, essa dispo-
Considera-se prisão civil a medida privativa da liber- sição é estendida aos membros das Polícias Militares
dade que não possui caráter de pena e que tem como e dos Corpos de Bombeiros Militares (art. 42, CF, de
finalidade compelir o devedor a satisfazer uma obri- 1988).
gação. Atualmente, a única hipótese de prisão por No entanto, é cabível o HC se a sanção militar tiver
dívidas é a de caráter alimentar, ou seja, o indivíduo sido aplicada de forma ilegal por autoridade incompe-
deixou de pagar a pensão alimentícia devida. tente ou em desacordo com as formalidades legais ou
Por se tratar de uma norma constitucional de efi- além dos limites fixados em lei.
cácia contida, a prisão do depositário infiel, prevista
na CF, de 1988, embora constitucional, tornou-se ilíci- Art. 5º [...]
ta em razão das seguintes Súmulas: LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para
proteger direito líquido e certo, não amparado
Súmula Vinculante nº 25 (STF) É ilícita a prisão por habeas-corpus ou habeas-data, quando o
civil de depositário infiel, qualquer que seja a moda- responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
lidade do depósito. autoridade pública ou agente de pessoa jurídi-
ca no exercício de atribuições do Poder Público;
Súmula nº 419 (STJ) Descabe a prisão civil do
depositário judicial infiel. O inciso LXIX traz outro remédio constitucional: o
mandado de segurança (MS). Se o HC tutela a liber-
Art. 5º [...] dade de locomoção e o habeas data, o acesso e a retifi-
cação de dados, o MS é cabível para os demais direitos,
LXVIII - conceder-se-á habeas-corpus sempre que sendo que seu objetivo e alcance é feito por exclusão.
alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer Cabe destacar que a lei que disciplina o MS é a Lei nº
violência ou coação em sua liberdade de loco- 12.016, de 2009.
moção, por ilegalidade ou abuso de poder; O MS é cabível quando houver direito líquido e
certo, ou seja, direito que pode ser comprovado de
9
O inciso LXVIII traz um dos remédios constitucio-
-9

plano e que se apresenta de forma manifesta. Deste


96

nais: o habeas corpus (HC). Remédios constitucio- modo, a prova deve ser toda pré-constituída, sendo
nais são as ações constitucionais previstas na própria
.3

que os documentos comprobatórios do direito devem


93

Constituição com a finalidade de reclamar o restabele- acompanhar a própria petição inicial, salvo se estes
.0

cimento de direitos fundamentais violados. estiverem em repartição ou em poder de autoridade


06

O HC é uma dessas ações constitucionais, sendo que se recuse a fornecê-los por certidão. Consequen-
-1

utilizado para a tutela da liberdade de locomoção temente, no MS, não há fase instrutória
sempre que alguém estiver sofrendo ou na iminência O MS pode ser de duas espécies:
a
lv

de sofrer constrangimento ilegal do seu direito de ir


Si

e vir. Tal ação pode ser utilizada tanto em questões z Mandado de segurança repressivo, cuja ordem
da

penais como em questões civis, desde que haja cons- de segurança objetiva cessar constrangimento ile-
trangimento ilegal efetivo ou potencial ao direito de ir
io

gal já existente;
v

e vir. Exemplo: prisão por débitos alimentares. z Mandado de segurança preventivo, cuja ordem

Existem três modalidades de HC, quais sejam: de segurança busca pôr fim à iminência de cons-
O

NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS


trangimento ilegal a direito líquido e certo.
ri
A

z Habeas Corpus liberatório ou repressivo, em


que a ordem é concedida para fazer cessar o cons- Não cabe MS contra:
trangimento à liberdade de locomoção quando já
existente; z Ato do qual caiba recurso com efeito suspensivo,
z Habeas Corpus preventivo, em que a ordem é independentemente de caução;
concedida quando houver ameaça ao direito de ir z Decisão judicial da qual caiba recurso com efeito
e vir, de modo a impedir que uma pessoa venha a suspensivo;
ter restringido seu direito; z Decisão judicial transitada em julgado.
z Habeas Corpus de ofício, em que a ordem é
concedida pela autoridade judicial sem pedido, Por fim, seu prazo (decadencial) de impetração
quando esta verificar, no curso de um proces- é de 120 (cento e vinte) dias, contados da ciência do
so, que alguém está sofrendo ou na iminência de interessado do ato impugnado.
sofrer constrangimento ilegal em sua liberdade de
locomoção. Art. 5º [...]
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser
impetrado por: 151
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a) partido político com representação no Con- b) para a retificação de dados, quando não se
gresso Nacional; prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
b) organização sindical, entidade de classe ou administrativo;
associação legalmente constituída e em funciona-
mento há pelo menos um ano, em defesa dos inte- O habeas data (HD) é o remédio constitucional
resses de seus membros ou associados; para a tutela do direito de informação e de intimida-
de do indivíduo, de modo a garantir ao impetrante
Do mesmo modo que o MS individual, é possível o conhecimento de informações pessoais constantes
ingressar com mandado de segurança coletivo nos de banco de dados de entidades governamentais ou
casos de direitos coletivos, assim entendidos como abertas ao público, bem como o direito de retificação
os transindividuais, cuja natureza for indivisível, ou dessas informações quando errôneas.
seja, de que sejam titulares grupos ou categorias de Cumpre salientar que a lei que disciplina o HD é
pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por a Lei nº 9.507, de 1997. Por essa lei, o HD também é
uma relação jurídica básica, e direitos individuais
cabível no que há registrado no inciso III, art. 7º. Veja:
homogêneos, assim entendidos como aqueles decor-
rentes de origem comum e de atividade ou situação
Art. 7° (Lei nº 9.507, de 1997) [...]
específica da totalidade ou de parte dos associados ou
III - para a anotação nos assentamentos do interes-
membros do impetrante. sado, de contestação ou explicação sobre dado ver-
Trata-se de inovação da CF, de 1988, para a tute- dadeiro mas justificável e que esteja sob pendência
la de direitos coletivos líquidos e certos, também não judicial ou amigável.
amparados por HC ou habeas data, quando o respon-
sável pela ilegalidade for autoridade pública ou agen- Ademais, a informação, a retificação ou a anotação
te de pessoa jurídica no exercício de atribuições do foram negadas pela Administração Pública (entidades
Poder Público.
governamentais da Administração direta ou indireta)
O MS coletivo segue as mesmas regras do individual.
ou particular (pessoas jurídicas de direito privado)
Para partidos políticos, exige-se representação no
que mantenham banco de dados aberto ao público.
Congresso Nacional (pelo menos, um deputado ou
O HD pode ser impetrado por qualquer pessoa,
senador do partido). Para associação, exige-se que ela
física ou jurídica, brasileira ou estrangeira, desde que
tenha sido constituída há, pelo menos, um ano.
as informações solicitadas digam respeito ao próprio
indivíduo. Além disso, o HD não é instrumento jurídi-
Art. 5º [...]
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sem- co adequado para se ter acesso aos autos do processo
pre que a falta de norma regulamentadora tor- administrativo disciplinar (PAD).
ne inviável o exercício dos direitos e liberdades
constitucionais e das prerrogativas inerentes à Art. 5º [...]
nacionalidade, à soberania e à cidadania; LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para
propor ação popular que vise a anular ato lesi-
vo ao patrimônio público ou de entidade de que o
9
O inciso LXXI traz o mandado de injunção (MI),
-9

ação constitucional para a tutela dos direitos previs- Estado participe, à moralidade administrativa,
96

tos na CF, de 1988, inerentes à nacionalidade, à sobe- ao meio ambiente e ao patrimônio histórico
.3

rania e à cidadania, os quais não podem ser exercidos e cultural, ficando o autor, salvo comprovada
93

em razão da falta de norma regulamentadora. Portan- má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
.0

sucumbência;
to, são pressupostos para o MI:
06
-1

z Existência de um direito constitucionalmente pre- O inciso LXXIII traz outro remédio constitucional:
a

visto com relação à nacionalidade, soberania e a ação popular. Trata-se da ação constitucional colo-
lv

cada à disposição de qualquer cidadão para fiscalizar


Si

cidadania;
z A não autoaplicabilidade desse direito; o Poder Público. Cabe esclarecer que cidadão é aque-
da

z Falta de norma infraconstitucional regulamenta- le que possui capacidade eleitoral ativa, ou seja, que
io

dora que inviabilize o exercício do direito previsto pode votar. Portanto, a ação popular é cabível para os
v

maiores de 16 (dezesseis) anos se eleitores.


na CF, de 1988.
Atenção! Não há necessidade de os menores de 18
O

(dezoito) anos serem assistidos, pois consiste em um


ri

Cabe lembrar que a lei que disciplina o MI é a Lei


A

nº 13.300, de 2016. direito político. Ademais, quanto aos estrangeiros, é


A omissão normativa decorrente da não elabora- possível o ajuizamento da ação popular pelo portu-
ção de ato legislativo ou administrativo permite ao guês em situação de equiparação com brasileiro.
indivíduo, ao Ministério Público e à Defensoria públi- Em regra, a ação popular é gratuita. O motivo da
ca ingressarem com o MI. gratuidade é permitir o acesso ao Poder Judiciário de
Atualmente, adota-se a Teoria Concretista, ou todos os cidadãos para a defesa dos atos lesivos do
seja, o magistrado resolve o caso concreto (sentença Poder Público. No entanto, o inciso LXXIII estabele-
normativa) e não mais comunica o Poder Legislativo ce uma exceção: haverá custas e sucumbência caso
para suprir a omissão. o autor ingresse com a ação com má-fé e esta seja
comprovada.
Art. 5º [...]
LXXII - conceder-se-á habeas-data:
a) para assegurar o conhecimento de informa- Importante!
ções relativas à pessoa do impetrante, constan-
tes de registros ou bancos de dados de entidades A má-fé deve ser sempre provada, enquanto a
152 governamentais ou de caráter público; boa-fé é sempre presumida.
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 5º [...] Por fim, em recentíssima alteração constitucional,
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica a Emenda Constitucional nº 115, de 10 de Fevereiro de
integral e gratuita aos que comprovarem insufi- 2022, adicionou o inciso LXXIX ao art. 5º da CF, o qual
ciência de recursos; busca incluir a proteção de dados pessoais entre os
direitos e garantias fundamentais. Ademais, embora
O inciso LXXIV garante o acesso à Justiça a todas não seja objeto de estudo deste tópico, cabe ressaltar
as pessoas. Assim sendo, o Estado brasileiro deve- que a competência para legislar sobre a proteção e
rá prestar a assistência jurídica de forma integral e tratamento de dados pessoais é de privativa da União.
gratuita àqueles que comprovarem insuficiência de
recursos financeiros. Esse direito instrumentaliza-se Art. 5º [...]
por meio da Defensoria Pública ou por meio do convê- § 1º As normas definidoras dos direitos e garantias
nio com a Defensoria Pública/Ordem dos Advogados fundamentais têm aplicação imediata.
do Brasil através da nomeação de advogado dativo.
De acordo com o § 1º, os direitos e garantias indi-
Art. 5º [...] viduais e coletivos previstos no art. 5º estão prontos
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro para serem aplicados e exigidos, uma vez que não
judiciário, assim como o que ficar preso além do dependem da existência de qualquer outra norma
tempo fixado na sentença; para produzir efeitos.
Atenção! Não confundir aplicação imediata com a
O inciso LXXV visa evitar abusos por parte do aplicabilidade da norma constitucional (norma cons-
Poder Público ao prever a responsabilidade civil do titucional de eficácia plena, contida e limitada).
Estado nos casos de erro do Poder Judiciário e prisão
por tempo além do fixado em sentença. Art. 5º [...]
A responsabilidade civil do Estado será estudada § 2º Os direitos e garantias expressos nesta Consti-
posteriormente. tuição não excluem outros decorrentes do regime
e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados
Art. 5º [...] internacionais em que a República Federativa do
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente Brasil seja parte.
pobres, na forma da lei:
a) o registro civil de nascimento; O § 2º estabelece que o rol de direitos e deveres
b) a certidão de óbito; disposto no art. 5º é exemplificativo e não taxativo.
Portanto, podem existir outros direitos em outros dis-
Ao garantir a gratuidade das certidões de nasci- positivos da CF, de 1988, em outros diplomas legais,
mento e óbito, a CF, de 1988, assegura que as pessoas em tratados internacionais, entre outros.
possam ser registradas e possam usufruir dos direitos
personalíssimos decorrentes, como, por exemplo, os Art. 5º [...]
9
direitos de possuir um nome, de poder ser matriculado § 3º Os tratados e convenções internacionais
-9

em uma escola, entre outros. Assim, a CF, de 1988, garan- sobre direitos humanos que forem aprovados,
96

te que a falta de recursos financeiros não seja considera- em cada Casa do Congresso Nacional, em dois
.3

turnos, por três quintos dos votos dos respec-


93

da um obstáculo para o exercício de tais direitos.


tivos membros, serão equivalentes às emendas
.0

constitucionais.
06

Art. 5º [...]
-1

LXXVII - são gratuitas as ações de habeas-cor-


pus e habeas-data, e, na forma da lei, os atos O § 3º estabelece as regras para a incorporação
a

do tratado internacional que verse sobre direi-


lv

necessários ao exercício da cidadania.


Si

tos humanos. Via de regra, o tratado internacional,


após a sua celebração e assinatura pelo Presidente da
da

O inciso LXXVII trata da gratuidade dos remédios


constitucionais de habeas corpus e habeas data. A República, passa por referendo parlamentar para sua
io

incorporação. Assim, o Poder Legislativo o aprova,


v

finalidade do dispositivo é garantir o acesso de todas


as pessoas a esses remédios constitucionais. por meio de um Decreto Legislativo, e o remete ao Pre-
O

sidente da República para sua ratificação, por meio de


NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
ri

Decreto. O Decreto do Executivo é, por sua vez, pro-


A

Art. 5º [...]
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrati- mulgado e publicado em Diário Oficial da União e pas-
vo, são assegurados a razoável duração do pro- sa a ter força de lei.
cesso e os meios que garantam a celeridade de sua No caso de tratado sobre direitos humanos, a CF,
tramitação. de 1988, disciplinou a possibilidade de sua incorpo-
ração, seguindo os mesmos procedimentos cabíveis
Este inciso trata o princípio da celeridade pro- para as Emendas Constitucionais, ou seja, dois turnos
cessual. Desta forma, a CF, de 1988, assegura a todos, em cada Casa do Congresso Nacional e aprovação por
quer no âmbito judicial, quer no âmbito administra-
3
/5 dos votos. Deste modo, o tratado passa a ser incor-
tivo, a duração razoável do processo, bem como dos porado, no ordenamento jurídico, com força de nor-
meios que garantam a celeridade de sua tramitação. ma constitucional.
O § 3º, do art. 5º, da CF, de 1988, foi incluído pela
Art. 5º [...] Emenda Constitucional nº 45, de 2004. Portanto, ape-
LXXIX - é assegurado, nos termos da lei, o direito nas os tratados incorporados após essa Emenda e
à proteção dos dados pessoais, inclusive nos meios seguindo os parâmetros do dispositivo possuem força
digitais. de norma constitucional. 153
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Para os incorporados anteriormente, caso se refi- os direitos humanos são inerentes à condição huma-
ram aos direitos humanos, são considerados suprale- na dos indivíduos. São os chamados direitos naturais.
gais. Para todos os demais tratados, força legal. Quando estes mesmos direitos passam a ser previstos
em uma lei escrita devidamente aprovada por meio
Art. 5º [...] do processo legislativo de cada Estado, dizemos que
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal tais direitos estão positivados.
Penal Internacional a cuja criação tenha mani- Quando se fala em direitos humanos, estamos
festado adesão. mencionando um rol de direitos pertencentes ao indi-
víduo. São reconhecidos internacionalmente, mas
Esse parágrafo também foi incluído pela Emenda também constam nas normas de direito interno dos
Constitucional nº 45, de 2004. O Tribunal Penal Inter- Estados. Dentre estes direitos, temos: o direito à vida;
nacional (TPI) encontra-se disciplinado no Estatuto à liberdade; à educação; à saúde. No Brasil, tais direi-
de Roma e tem como finalidade julgar os crimes de tos estão elencados na Constituição Federal. São os
genocídio, crimes de guerra, crimes contra a humani- direitos fundamentais e sociais.
A questão da nomenclatura é técnica, porém, em
dade e crimes de agressão.
nada interfere ao fato de que estes direitos devem ser
Atenção! Não confundir o TPI com a Corte Inter-
garantidos a todos os cidadãos. Nacionais ou estran-
nacional de Justiça, também conhecida como Tribu-
geiros, que estejam ou não no território de sua terra
nal de Haia, que é o órgão jurídico da Organização das
natal, isto em nada interfere à obrigação dos Estados
Nações Unidas. de respeitarem os direitos humanos de cada um.
Recomendo para aprofundamento sobre a história
da ONU e para informações mais detalhadas, a res-
peito do marco inicial dos direitos humanos, o acesso
CONCEITOS, HISTÓRICO E GERAÇÕES à página da ONU no endereço <https://nacoesunidas.
org/conheca/>.
DOS DIREITOS HUMANOS
CONCEITO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA Importante!
Estabelecer um conceito de direitos humanos, embo- Direitos humanos são os direitos de cada indi-
ra pareça simples, exige que se faça uma análise his- víduo reconhecidos em seu país e em âmbito
tórica para compreensão de como surgiu a definição. internacional.
Embora todos saibam mencionar quais são estes direi-
tos, há que se entender como se chegou a um conceito.
Como dito, o conceito de direitos humanos foi NOÇÕES GERAIS, DIFERENÇAS E CONVERGÊNCIAS
construído ao longo dos tempos, razão pela qual se DAS TRÊS VERTENTES JURÍDICAS DOS DIREITOS
torna necessário abordar alguns aspectos referentes HUMANOS NO PLANO INTERNACIONAL
à sua evolução histórica.
À princípio, é possível dizer que os direitos huma- As vertentes constituem uma divisão dos direitos
9
nos, tamanha sua importância, decorrem da dignida-
-9

humanos relacionada ao âmbito de proteção preten-


de inerente a cada ser humano. Porém, em verdade,
96

dido pelos diversos tratados que foram assinados


estes direitos não foram desde o início efetivamente
.3

previstos e protegidos. pelas nações.


93

A preocupação em se estabelecer um conceito aos A doutrina reconhece a existência de três verten-


.0

direitos humanos decorreu do período pós II Guerra tes: direito internacional dos direitos humanos; direi-
06

Mundial. Tal evento de total relevância para a história to humanitário e o direito dos refugiados.
-1

mundial, encerrou-se em setembro de 1945. Segue abaixo uma tabela importante para sua
a

Em decorrência deste fato histórico, em 24 de memorização, em que são demonstradas as três ver-
lv

outubro de 1945 foi criada a Organização das Nações tentes e suas principais características:
Si

Unidas (ONU) por meio da Carta da ONU. A ONU se


da

estruturou a partir da união de países de diferentes


continentes que tinham um único objetivo: a promo- VERTENTES CARACTERÍSTICAS
io

ção da paz em todo o mundo e a proteção dos Estados,


v

Garantir a todos as pessoas in-


de forma que pudessem se reestruturar no pós-guerra.


dependentemente de sua raça,
O

O ano de 1948 é um marco histórico para a defesa dos


Direito Internacional cor, religião, nacionalidade ou
ri

direitos humanos, tendo em vista ter havido a proclama-


A

ção da Declaração Universal dos Direitos Humanos. dos Direitos gênero, que possa ter uma vida
É válido lembrar de que os dois importantes Humanos digna, em razão de sua condição
momentos para os direitos humanos foram a Carta da humana e que também tenha ga-
ONU e a Declaração Universal dos Direitos Humanos. rantido seu direito de liberdade
Também é importante esclarecer que não se pode Origem no período pós-guerra em
dizer que os direitos humanos surgiram a partir da
que se tornou necessário o cuida-
definição de um conceito. Isto porque, é possível defen-
Direito Humanitário do e respeito com o próximo.
der que se tratam de direitos inerentes à condição
humana, segundo a doutrina, são direitos naturais. Está vinculada à Convenção de
No entanto, seu reconhecimento, porém, decor- Genebra de 1949
re de fato da positivação. A positivação se refere ao Consequência do pós-guerra.
momento em que um direito é reconhecido, sendo Diversas pessoas precisaram
escrito por meio de uma lei que tramita em um pro- Direito dos deslocar-se de suas regiões de
cesso legislativo e a partir de sua aprovação passa a Refugiados origem em virtude da devasta-
ser de observância obrigatória a todos.
ção e destruição resultantes do
Preste atenção na informação a seguir, pois é muito
154 importante para sua aprovação: é possível dizer que conflito bélico mundial
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Como visto, os direitos humanos foram assim con- GERAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
ceituados e entendidos a partir da Declaração Univer-
sal dos Direitos Humanos. Desde então, a garantia de Quando se fala em direitos humanos há sempre
preservação dos direitos humanos é uma preocupa- que se entender em que contexto histórico determina-
ção internacional especialmente das nações que com- do direito foi considerado como indispensável para a
põe a ONU. proteção do homem.
É possível fazer uma breve síntese, de forma que A doutrina ensina que o jurista tcheco chamado
se identifique o Direito Internacional Humanitário Karel Vasak dividiu os direitos humanos de acordo
como o ramo do Direito Internacional Público dedi- com o contexto histórico vivenciado no momento de
cado à proteção do ser humano, civil ou militar, em seu reconhecimento. Esta divisão é conhecida como
contexto de conflito armado e identificado pelo grupo Teoria das Gerações de Direitos Humanos.
das chamadas “quatro correntes”: O “Direito de Gene- Contudo, a doutrina recente entende que o termo
bra”, o “Direito de Haia”, o “Direito de Nova York” e o gerações não se mostra adequado, pois traria uma
“Direito de Roma”8. ideia de superação, sucessão, o que não corresponde
Fica evidente que, nesta vertente, a preocupação à realidade, visto que os direitos humanos, embora
é com o ser humano independentemente de qual- reconhecidos em diferentes períodos, não se suce-
quer condição ou posição em que esteja inserido na dem, mas sim se complementam, formando um
sociedade. todo indispensável para a proteção do ser humano.
Silvio Beltramelli Neto afirma que o Direito dos Neste sentido, Silvio Beltramelli Neto ensina que
existe:
Refugiados: “mira a proteção da pessoa do refugiado”.
Em razão disto, em 28 de julho de 1951, a ONU
[...] uma predileção da doutrina especializada pelo
promulgou a Convenção conhecida como Estatuto
uso da expressão “dimensões” em substituição à
dos Refugiados. O objetivo é que as nações se com- ideia de “gerações”, de modo a escapar às falsas
prometam a auxiliar as pessoas que tenham saído ideias acima mencionadas, buscando-se destacar, a
de seu local em busca de uma vida digna em outra bem da concretização, que os direitos humanos são
região. Assim, o país que receber este refugiado deve- (I) decorrentes de um processo de acumulação; (II)
rá garantir que seus direitos a uma vida digna sejam interrelacionados; (III) interdependentes. (Direitos
respeitados, independentemente de sua raça, origem, Humanos. Coleção Concursos Públicos, p. 89).
nacionalidade, religião ou convicções políticas. Ou
seja, a pessoa em situação de refugiada não poderá Desta forma, são reconhecidas como três as gera-
ser vítima de qualquer discriminação. Por outro lado, ções ou dimensões dos direitos humanos. Ao final,
o refugiado deverá respeitar às leis do país em que atente-se para um esquema que deixo para facilitar
ingressou. seus estudos sobre as gerações e suas características.
Porém, esta Convenção mostrou-se deficiente, pois A primeira delas é caracterizada como a dimen-
trazia limitações aos refugiados de determinados paí- são dos direitos individuais. O contexto histórico
9
-9

ses, destinando-se primordialmente àqueles que pro- desta dimensão decorre do período pós-Revolução
96

vinham dos países europeus e também de conflitos Francesa.


.3

ocorridos antes de 1º de janeiro de 1951. Assim, tratam-se dos direitos que reconhecem ao
93

Assim, como forma de afastar esta lacuna, que cer- indivíduo, a liberdade para poder agir e viver con-
.0

tamente gerava discriminações aos refugiados e afas- forme suas convicções e poder manifestar-se, sem a
06

tar qualquer limite geográfico, foi aprovado, em 1967, influência do Estado.


-1

um Protocolo adicional ao Estatuto, que passou Portanto, aqui consagra-se o valor da liberdade.
a

então a proteger de forma ampla aqueles que preci- Na Constituição Federal Brasileira, mais especifica-
lv

mente no art. 5°, a liberdade é definida como indis-


Si

saram sair de seus territórios em virtude de conflitos


pensável ao indivíduo, como por exemplo:
da

armados.
No ordenamento jurídico brasileiro, o Estatuto dos
io

Art. 5° [...]
Refugiados foi regulamentado pela Lei nº 9.474, de
v

II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de


1997.
O

fazer alguma coisa senão em virtude de lei;


NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
Atualmente, com a situação de alguns países em IV–é livre a manifestação do pensamento, sendo
ri

situação de guerra, diversas pessoas saíram de sua


A

vedado o anonimato;
região de origem em busca de condições dignas em
outros países, especialmente na Europa e também Ademais, o mesmo dispositivo constitucional traz
aqui no Brasil. meios pelos quais o indivíduo poderá buscar a tutela
Houve grande discussão, pois algumas nações estatal caso sofra qualquer interferência indevida em
não se mostraram dispostas a acolher os refugiados, seu direito de liberdade, como o acesso ao Poder Judi-
embora esta seja uma das vertentes dos direitos ciário previsto no XXXV, art. 5º:
humanos.
Art. 5° [...]
Dica XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder
Judiciário lesão ou ameaça a direito;
As vertentes de direitos humanos são: direi-
to internacional dos direitos humanos; direito
humanitário e o direito dos refugiados.
8  Silvio Beltramelli Neto. Silvio Beltramelli Neto. (Direitos Humanos. Coleção Concursos Públicos, p. 211) 155
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Já em relação ao valor da igualdade, podemos rela- Universal dos Direitos Humanos, o Pacto de Direitos
cioná-lo à segunda dimensão dos direitos humanos. Civil e Políticos da ONU e o Pacto dos Direitos Econô-
Após as conquistas decorrentes dos direitos e micos, Sociais e Culturais.
garantias individuais, a igualdade, tornou-se um O direito à vida e a preservação à integridade
anseio social, de forma que todos pudessem ter acesso física e moral, bem como à liberdade e à igualdade,
a direitos sociais, econômicos e culturais. O objeti- à propriedade e à segurança constituem os direitos e
vo, portanto, era a superação de desigualdades e que garantias fundamentais que estão previstos no caput
o Estado pudesse, de fato, oferecer oportunidades e do art. 5º, da Constituição Federal.
garantir direitos iguais para todos. Esses direitos e garantias constitucionais corres-
O contexto histórico da segunda dimensão é a Revo- pondem aos direitos humanos previstos em pactos
lução Industrial e os movimentos populares que eclodi- dos quais o Brasil se tornou signatário. Diante disso,
ram pelo mundo na primeira metade do século XIX. tornou-se necessária a inclusão desses direitos em
Um marco importante também relacionado a esta nosso ordenamento jurídico, o que ocorreu pela Cons-
dimensão é a Constituição de Weimar. Trata-se da tituição Federal de 1988.
Constituição Alemã que trouxe em seu texto direitos É importante dizer que, assim como os direitos
sociais e econômicos, dentre outros. humanos, os direitos fundamentais mencionados pos-
E, finalmente, a terceira dimensão é conhecida suem algumas características:
pela solidariedade. Nesta dimensão, que se verifica é
uma preocupação mundial com o coletivo. Passada a
São direitos garantidos a
fase em que se buscavam as garantias individuais vin-
todos que estejam sob a
culadas à liberdade e os direitos sociais, relacionados
égide, ou seja, vivendo no
à igualdade, nesta fase, a preocupação se volta para UNIVERSALIDADE
território brasileiro e, por-
o todo.
tanto, sob a vigência da
Constituição Federal
PRIMEIRA SEGUNDA TERCEIRA
DIMENSÃO DIMENSÃO DIMENSÃO O titular dos direitos e ga-
rantias fundamentais não
Característica: Característica: pode deles renunciar. Po-
Característica: IRRENUNCIÁVEL
liberdade solidariedade derá, contudo, não exercer
igualdade
Direitos Direitos o direito, mas jamais dele
Direitos sociais
individuais coletivos abrir mão

Ainda como consequência


Após um período em que as pessoas passaram da característica acima,
a viver em busca de seus anseios, sem uma preocu- o titular de um direito fun-
pação com o ambiente que lhes cercava, tornou-se damental também não po-
necessidade urgente voltar-se para o meio ambiente INALIENABILIDADE derá aliená-lo, ou seja, não
9
que sofreu grandes degradações, bem como buscar a pode realizar qualquer tipo
-9

paz depois de terem passado por duas guerras mun- de transação abrindo mão
96

diais, especialmente pela devastação que decorreu da de seu direito, pois não há
.3

Segunda Guerra Mundial.


93

conteúdo econômico
Apenas à título ilustrativo, para complementar
.0

seus estudos, alguns doutrinadores da área dos direi- Esses direitos são impres-
06

tos humanos defendem a existência de uma quarta critíveis. Diante disso, a


-1

geração ou dimensão, que estaria relacionada à glo- qualquer tempo, aquele que
a

balização e às questões políticas, como democracia, sofrer lesão a um de seus


lv

direito à informação e pluralismo político. direitos ou garantias fun-


Si

damentais poderá buscar a


da

IMPRESCRITIBILIDADE
Dica reparação diante do Poder
io

Judiciário. Assim, o lapso


v

Primeira dimensão = direitos de liberdade; temporal não terá o condão


Segunda dimensão = direitos de igualdade;


O

de impedir que a pessoa le-


Terceira dimensão = direitos de solidariedade.
ri

sada busque exigir a prote-


A

ção de seu direito

A NATUREZA JURÍDICA DA INCORPORAÇÃO DE


DIREITOS HUMANOS NA NORMAS INTERNACIONAIS SOBRE DIREITOS
CONSTITUIÇÃO FEDERAL HUMANOS AO DIREITO INTERNO BRASILEIRO

Com a promulgação da Constituição Federal de Diante da grandiosidade e importância dos trata-


1988, o Brasil foi definido como um Estado Democrá- dos que versam sobre direitos humanos, uma impor-
tico de Direito. Em razão disso, é certo que a Constitui- tante inovação foi trazida em 2004, com a Emenda
ção trouxe importantes direitos e garantias. No art. 5º, Constitucional nº 45, inserida na Constituição Federal
os direitos fundamentais; nos arts. 6º ao 11, os direitos brasileira. Este é um assunto muito importante, por
sociais e, nos arts. 14 e 15, os direitos políticos. isso, atente-se à informação a seguir.
A inserção desses direitos em nosso ordenamen- Foi acrescentado ao art. 5º, da Constituição Federal,
to jurídico decorre de o Brasil ter aderido a tratados o § 3º, que passou a prever que os tratados e convenções
156 e convenções internacionais, como a Declaração internacionais que versem sobre direitos humanos
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
e forem votados pelo Congresso Nacional — em cada Há ainda que se mencionar que o Supremo Tribu-
uma das Casas, em dois turnos e que obtivessem três nal Federal firmou jurisprudência no sentido de que os
quintos dos votos dos seus membros — serão aprova- tratados que versem sobre direitos humanos que foram
dos e terão equivalência a uma emenda constitucional. incorporados ao ordenamento jurídico brasileiro antes
Lembre-se: 2; 2; 3/5: ou seja, duas casas, sendo da Emenda Constitucional nº 45, de 2004 (ou seja, sem
necessária a votação em dois turnos com a necessida- observar o disposto no § 3º, do art. 5º, da Constituição
de de três quintos de votos (3/5) para sua aprovação. Federal) terão status supralegal ou infraconstitucional.
Daí, vê-se a importância que se atribuiu aos direi- Importa dizer que a doutrina divergiu sobre o
tos humanos, pois, tendo havido a adesão pelo Brasil assunto. Uma primeira corrente defendeu o que foi
a qualquer convenção ou tratado que trate de uma mencionado acima, ou seja, que embora esses tratados
matéria relativa aos direitos humanos, essa regra pas- tenham sido ratificados antes da Emenda Constitucio-
sa a valer com força de emenda constitucional. nal nº 45, de 2004, deveriam ser recepcionados como
Está claro que, com isso, os tratados e convenções normas equivalentes às emendas constitucionais.
de direitos humanos, quando ratificados pelo Brasil, Por sua vez, uma segunda corrente doutrinária ado-
ganham a mesma relevância das normas previstas na tou posicionamento pelo qual não poderia um tratado
Constituição Federal, razão pela qual devem ser cum- de direitos humanos aprovado por quórum de lei ordi-
pridos e observados por todos. nária ser incorporado como emenda constitucional.
Finalmente, uma última corrente entendeu que
seria possível a transformação dessa lei ordinária em
Dica
norma de status constitucional, podendo ser reapre-
Tratados de direitos humanos ratificados pelo ciado em consonância com o parágrafo 3º, do art. 5º.
Brasil terão valor de norma constitucional, quan- Atualmente, no Brasil, os tratados de direitos humanos
do obedecido o critério previsto no § 3º, do art. que forem aprovados em cada Casa do Congresso Nacio-
5º, da Constituição Federal. nal, em dois turnos, por três quintos dos votos de seus
membros, terão equivalência à emenda constitucional.
POSIÇÕES DOUTRINÁRIAS
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA
A Posição do Supremo Tribunal Federal
Mostra-se necessário verificar a relação entre os
Até então, o que vigorava em relação aos trata- direitos humanos e a cidadania, sendo que ambos
dos era o § 2º, do art. 5º, da Constituição Federal, que devem caminhar de forma harmônica e conjunta. A
determina o seguinte: cidadania é um dos fundamentos da República Fede-
rativa do Brasil, assim como a dignidade da pessoa
Art. 5º [...] humana. Está assim prevista no inciso II, do art. 1º, da
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Cons- Constituição Federal.
tituição não excluem outros decorrentes do regime Mas, afinal, o que é cidadania? Sua origem históri-
9
e dos princípios por ele adotados, ou dos tratados ca remonta à Grécia Antiga. Tratava-se do reconheci-
-9

internacionais em que a República Federativa do mento atribuído àqueles detentores de direitos e que
96

Brasil seja parte. participavam das decisões políticas da polis (palavra


.3

de origem grega que se refere a um modelo de cida-


93

Não restam dúvidas que, a partir desse dispositi- de antiga) em que habitavam. Porém, tratava-se de um
.0

atributo apenas daqueles que possuíam propriedades


06

vo, já estava expresso na Constituição que os tratados


vigoram sem qualquer problema no ordenamento e, portanto, detinham poder para participação política.
-1

jurídico. Mas havia certa discussão se teriam ou não O conceito de cidadania e sua concretização tam-
a

bém é atribuído às Revoluções Inglesas, no século


lv

status de uma norma constitucional ou infraconstitu-


Si

cional, ou seja, que não está prevista no texto constitu- XVII, e à Revolução Francesa, no ano de 1789. Trata-se
do reconhecimento do indivíduo como membro inte-
da

cional. Entretanto, após a emenda acima mencionada,


a questão está pacificada. grante de uma nação, detentor de direitos e deveres
io

Os tratados que tratem de matérias relacionadas aos para a vida em sociedade. É aquele que goza de direi-
v

direitos humanos, quando aprovados nos mesmos trâ- tos políticos.


O

mites das emendas constitucionais, gozam desse status. O exercício da cidadania, portanto, é a vivência
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
ri

Nesse sentido, é importante mencionar a conclu- experimentada por todos nós, cumprindo deveres de
A

são de Ricardo Castilho: respeito às leis e ao próximo, bem como a exigência


de ver nossos direitos efetivados e de participar dos
Em síntese, os tratados internacionais de direitos rumos do país por meio de seus direitos políticos.
humanos, por força do art. 5º, § 2º, possuirão sem- No Brasil, a cidadania apareceu de forma muito
pre status jurídico de norma constitucional. São tímida ao prever o direito de voto universal na Cons-
materialmente constitucionais, não importando se tituição de 1891 — embora com exceções àqueles que
foram ratificados antes ou depois da Emenda Cons- de fato podiam votar — e na de 1934, que trouxe o
titucional n. 45. A inovação trazida pelo § 3º do direito de voto à mulher.
dispositivo mencionado diz respeito apenas à pos- Porém, é de fato pela Constituição Federal (CF) de
sibilidade de atribuição de um status formalmente 1988 que a cidadania passou a ser efetivamente um
constitucional aos tratados, visto que equiparados valor prezado pelo ordenamento jurídico. Ela defi-
em sua formação às emendas constitucionais.9 ne que o Brasil constitui um Estado Democrático de
Direito. Em razão disso, o parágrafo único, do art. 1º,
da CF, define o seguinte:
9 CASTILHO, R. Direitos Humanos. Sinopses Jurídicas. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2015. 157
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 1º [...] É necessário verificar as particularidades e des-
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que dobramentos de alguns destes direitos e garantias
exerce por meio de representantes eleitos ou direta- fundamentais.
mente, nos termos desta Constituição.
z Direito à vida: é possível dizer que o direito à vida
Portanto, se o poder emana do povo, resta claro garante à pessoa o direito de preservação de sua
que, por ser detentor desse poder, cabe a cada um dos vida, bem como o de poder viver de forma digna.
brasileiros o exercício da cidadania. Ou seja, deverá Como desdobramento desse direito, é possível
fazer valer seus direitos, bem como deve agir diaria- mencionar a vedação à pena de morte, exceto em
mente de forma comprometida com sua nação. situação de guerra declarada.
É possível dizer, então, que a relação entre direitos
humanos e cidadania ocorre quando a pessoa age em Inclusive, importa frisar que, por se tratar de uma
observância às leis do país em que vive e também bus- decorrência do direito à vida, referida proibição cons-
ca que seus direitos sejam cumpridos. titui cláusula pétrea, ou seja, assim como os demais
O cidadão é assim definido como aquele que pro- direitos e garantias fundamentais, não poderá ser
tege o meio ambiente em que vive e também exige de objeto de alteração ou supressão.
seus governantes a efetivação de políticas públicas
Além disso, em razão desse direito, é garantido a
por meio de medidas práticas que protejam reservas
todos viver de forma digna, ou seja, ter acesso a ser-
ambientais, promovam a limpeza de rios, proteção da
viços de saúde, saneamento básico, medicamentos
fauna e da flora, por exemplo.
e também a garantia de um valor mínimo para sua
A cidadania também é exercida quando a popula-
sobrevivência (como o benefício decorrente da Lei
ção exerce seu direito ao voto para a escolha dos seus
Orgânica da Assistência Social, conhecido popular-
governantes, e também quando sai às ruas em mani-
mente como LOAS).
festações pacíficas contra corrupção.
Também se relaciona ao direito à vida a previsão
Percebe-se, portanto, que o exercício da cidada-
do aborto como um crime. Assim, é certo que, com
nia está intimamente ligado aos direitos humanos. É
exceção dos casos previstos no Código Penal, a inter-
o meio pelo qual a pessoa dispõe para fazer com que
rupção de uma gestação é considerada um crime. Há
seus direitos fundamentais sejam observados. O cida-
grande controvérsia em torno do assunto atualmente.
dão, portanto, é o sujeito que goza de direitos políticos
Porém, a previsão do aborto como uma conduta cri-
no Estado em que vive.
minosa decorre do direito ora estudado;
Como visto, a cidadania é um dos fundamentos da
República. Dessa forma, todo aquele que vive em territó-
rio brasileiro tem assegurada sua cidadania. Já vimos a z Preservação da integridade física e moral (hon-
origem dela e também como pode ser, de fato, exercida. ra, imagem, nome, intimidade e vida privada):
Quando falamos em direitos da cidadania, podemos o inciso X, do art. 5º, da Constituição Federal, pre-
falar nos direitos fundamentais previstos na Constitui- ceitua o seguinte:
ção Federal e já mencionados, como o direito à igual-
9
Art. 5º [...]
-9

dade, à manifestação do pensamento, à liberdade de


96

consciência e de crença e à inviolabilidade do domicí- X- são invioláveis a intimidade, a vida privada, a


honra, a imagem das pessoas, assegurado o direito
.3

lio. Lembre-se que o rol de direitos é muito mais exten-


93

a indenização pelo dano material ou moral decor-


so e está previsto no art. 5º, da Constituição Federal.
rente de sua violação.
.0

Também de grande importância para a cidada-


06

nia são os direitos políticos. É por meio deles que o


-1

Em razão disso, todos terão a garantia de que sua


cidadão tem em suas mãos o poder para a escolha de
integridade física e moral será respeitada. Porém,
a

seus governantes, bem como o de se manifestar sobre


lv

caso o indivíduo sofra qualquer forma de violação,


questões relevantes para a nação.
Si

poderá buscar reparação, tendo garantido o direito a


Quanto aos deveres do cidadão, incluem-se aí o
da

respeito às leis e também ao próximo. Isso porque, ser indenizado pelo dano material ou moral decorren-
te de sua violação.
io

para que uma pessoa faça parte de uma nação como


Assim, aquele que tenha sua honra, imagem, nome,
v

um cidadão, deverá também respeitar os demais, não


agindo de forma que sua liberdade possa tolher a dos intimidade e vida privada expostos de qualquer for-
O

outros. A cidadania é um fundamento da República ma, sem que tenha havido sua autorização para tanto,
ri

terá direito a buscar, junto ao Poder Judiciário, inde-


A

Federativa do Brasil.
nização pelos danos sofridos. Isso porque tal proteção
CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1988: DOS decorre da garantia fundamental de que todos gozam
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS de ter preservada sua integridade, física ou moral.
Caso ocorra qualquer violação, a pessoa ofendida
Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos terá garantido seu direito a ingressar em juízo e obter
indenização pelos prejuízos materiais (econômicos)
Como já vimos anteriormente, os direitos e garan- que tenham decorrido dessa ofensa, bem como morais.
tias fundamentais estão previstos no art. 5º, da Consti- Por dano moral, entende-se qualquer violação que
tuição Federal, que traz a seguinte redação: uma pessoa sofra que lhe cause mágoa, tristeza, inten-
so sofrimento, desgosto, vergonha, enfim, que seja
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção capaz de gerar sentimentos extremamente negativos.
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei- Portanto, ninguém poderá expor o nome, a honra, a
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviola- imagem, a intimidade e a vida privada do outro, sem
bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, que haja a devida autorização da pessoa envolvida.
158 à segurança e à propriedade, nos seguintes termos.
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Essa situação pode ser exemplificada quando lembra- do preconceito perpetrado na sociedade, encontram,
mos de certos quadros veiculados em programas televi- ainda hoje, diversas barreiras que impedem o acesso
sivos conhecidos popularmente como “pegadinhas”. A aos estudos e, posteriormente, ao mercado de traba-
pessoa exposta àquela situação autorizou a veiculação lho em igualdade de condições com pessoas brancas.
daquelas imagens. Se não o tivesse feito, certamente Trata-se das chamadas ações afirmativas, que
poderia buscar, diante de um juiz, indenização por são medidas pontuais e que serão adotadas por cer-
danos materiais e morais que teriam surgido daquela to período de tempo com o objetivo de amenizar ou
situação. mesmo cessar as diferenças históricas havidas entre
Nos tempos atuais, as redes sociais também se tor- os indivíduos. Vale dizer que as ações afirmativas
nam um importante meio de possíveis violações. Diaria- estão previstas no Estatuto da Igualdade Racial (Lei nº
mente, internautas se envolvem em situações que podem 12.288, de 20 de julho de 2010), em seu inciso VI, pará-
constituir possíveis danos aos direitos fundamentais da grafo único, do art. 1º:
pessoa. É o caso dos chamados haters, pessoas que aces-
sam a rede com o exclusivo intuito de ofender o outro, Art. 1º Esta Lei institui o Estatuto da Igualdade
expondo seu nome, imagem e intimidade. Racial, destinado a garantir à população negra a
Essas situações certamente constituem violações efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa
que serão levadas ao Poder Judiciário para a res- dos direitos étnicos individuais, coletivos e difusos
ponsabilização dos ofensores e reparação de danos e o combate à discriminação e às demais formas de
(indenização por dano material e moral). Lembre-se intolerância étnica. [...]
Parágrafo único. Para efeito deste Estatuto, consi-
sempre de que isso decorre da garantia constitucio-
dera-se: [...]
nal de preservação da integridade física e moral a que
VI - ações afirmativas: os programas e medidas
todos fazem jus; especiais adotados pelo Estado e pela iniciativa pri-
vada para a correção das desigualdades raciais e
z Direito à igualdade: o direito à igualdade está para a promoção da igualdade de oportunidades.
previsto também no caput do art. 5º, da Constitui-
ção Federal. Assim, é definido: Também são previstas nos editais de concursos
públicos vagas destinadas exclusivamente para pes-
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção soas que tenham alguma deficiência. Ou seja, em
de qualquer natureza [...]. razão de uma desigualdade em relação aos demais
ocasionada pela deficiência, aquele que pleitear uma
Trata-se da igualdade formal, ou seja, a garantia, vaga em concurso público deverá concorrer conforme
prevista na lei (Constituição Federal) de que todas as suas condições.
pessoas, independentemente de raça, gênero ou qual- Diante disso, verifica-se que a igualdade está pre-
quer outra característica física ou comportamental, sente ainda que em situações que aparentam uma
são iguais, tendo os mesmos direitos e garantias asse- possível desigualdade, pois, em verdade, deve ser
gurados pela Constituição Federal. observado todo o contexto ao redor desses direitos, de
Porém, a igualdade também é analisada sobre
9
forma a garantir efetivamente que todos sejam trata-
-9

outro aspecto: o material. Por igualdade material, dos da mesma forma perante a lei, consoante prevê o
96

temos que a lei deve tratar os iguais de forma igual art. 5º, da Constituição Federal.
.3

e os desiguais, de forma desigual, na medida de sua


93

desigualdade. z Direito à liberdade: a liberdade também é uma


.0

Em um primeiro momento, isso parece bastante decorrência do direito à vida.


06

confuso. Entretanto, vamos entender como todos são


-1

iguais, mas podem ser tratados de forma desigual O direito à liberdade, previsto no art. 5º, manifes-
a

quando houver uma desigualdade que isso justifique. ta-se em diversos pontos da Constituição Federal, e
lv

A Constituição Federal traz alguns exemplos de situa-


Si

em muitos aspectos: liberdade de locomoção (inciso


ções que são tratadas de forma desigual, pois há uma XV); liberdade de pensamento (inciso IV); liberdade
da

desigualdade que justifique: por exemplo, a licença-ma- de expressão (inciso IX); liberdade de associação (inci-
io

ternidade e licença-paternidade, previstas, respectiva- so XVII); liberdade religiosa (inciso VI), liberdade de
v

mente, nos incisos XVIII e XIX, do art. 7º, da Constituição exercício de trabalho (inciso XIII).

Federal, ou ainda, o serviço militar obrigatório, que isen-


O

Alguns aspectos devem ser destacados em relação


NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
ta as mulheres e os eclesiásticos (§ 2º, art. 143).
ri

à liberdade:
A

Percebe-se assim que, embora esses sejam exem- Pela liberdade de locomoção:
plos de possíveis direitos desiguais, eles se justificam
em razão da desigualdade que envolve os detentores Art. 5º [...]
dos direitos. XV - é livre a locomoção no território nacional em
Também podemos falar sobre o direito à igualdade tempos de paz, podendo qualquer pessoa, nos ter-
no tocante às cotas previstas para ingresso nas uni- mos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair
versidades. Atualmente, os vestibulares para ingresso com seus bens.
nas universidades estabelecem cotas específicas para
pessoas egressas do ensino público. Justifica-se por- Assim, em decorrência da liberdade, também é
que, ao longo dos tempos, verificou-se que os alunos garantido pela Constituição Federal que todos vivam
que frequentaram escolas de ensino público apresen- conforme suas convicções, seguindo a crença religiosa
taram maiores dificuldades para ingresso em univer- que melhor lhe convier, bem como tendo respeitado
sidades públicas do que aqueles que frequentaram o seu pensamento em relação à política ou convicções
ensino privado. Além disso, hoje também é comum que filosóficas. Isso está previsto no inciso VIII, do art. 5º:
existam cotas nos editais de concursos públicos para
negros. Isso se justifica porque os negros, em virtude 159
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 5º [...] z Direito à propriedade: o direito à propriedade,
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo embora previsto na Constituição Federal, não é
de crença religiosa ou convicção filosófica ou políti- absoluto, em primeiro lugar, porque o direito está
ca, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação condicionado ao atendimento da função social.
legal a todos imposta e recusar-se a cumprir pres-
tação alternativa, fixada em lei. A Constituição Federal, em dois dispositivos —§ 2º,
art. 182, e art. 186 —, fala sobre o tema:
Assim, é certo que cabe a cada indivíduo fazer
suas escolhas de vida e manter seus pensamentos, não Art. 182 A política de desenvolvimento urbano,
podendo o Estado criar qualquer óbice ou punir aque- executada pelo Poder Público municipal, confor-
les que pensem de forma diversa. me diretrizes gerais fixadas em lei, tem por obje-
Também merece ser mencionado o inciso IV do tivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções
mesmo artigo: sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus
habitantes. [...]
§ 2º A propriedade urbana cumpre sua função
Art. 5º [...]
social quando atende às exigências fundamentais
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo
da ordenação da cidade expressas no plano diretor.
vedado o anonimato.
Art. 186 A função social é cumprida quando a pro-
priedade rural atende, simultaneamente, segundo
E, ainda, o inciso IX: critérios e graus de exigência estabelecidos em lei,
aos seguintes requisitos:
Art. 5º [...] I- aproveitamento racional e adequado;
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, II- utilização adequada dos recursos naturais dis-
artística, científica e de comunicação, independen- poníveis e preservação do meio ambiente;
temente de censura ou licença; III- observância das disposições que regulam as
relações de trabalho;
Assim, também decorrem da liberdade o direito de IV- exploração que favoreça o bem-estar dos pro-
manifestação do pensamento e de qualquer atividade prietários e dos trabalhadores.
intelectual, artística, científica e de comunicação. Por-
tanto, não pode ser estabelecida qualquer forma de Segundo previsto nesses dois dispositivos, em rela-
censura pelo Poder Público. Ademais, todos os indiví- ção à propriedade urbana, a função social é cumprida
duos podem expor sua atividade intelectual ou artísti- quando as exigências de ordenação da cidade cons-
ca de forma livre, sem necessitar de eventual aval dos tantes no plano diretor estiverem sendo observadas.
governantes. Destaca-se que é em razão disso que são Quanto à propriedade rural, a função social será
livres quaisquer manifestações. preenchida quando os seguintes requisitos estiverem
Ainda sobre o direito à liberdade, cabe mencionar, sendo cumpridos: aproveitamento racional e adequa-
do da área; utilização adequada dos recursos naturais
ainda que brevemente, um fato notório ocorrido há
9
disponíveis e preservação do meio ambiente; obser-
-9

pouco tempo. Atente-se, pois há grande chance deste


vância das disposições que regulam as relações de
96

assunto ser cobrado em sua prova:


trabalho, ou seja, daqueles que estiverem prestando
.3

Uma associação de artistas ingressou com uma ação


93

serviços na propriedade; exploração que favoreça o


no Supremo Tribunal Federal (STF) com o objetivo de
bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.
.0

impedir que fossem publicadas biografias não auto-


06

Assim, embora o direito de propriedade seja


rizadas. A alegação deles era de que essas biografias
-1

garantido na Constituição Federal, ele não é absoluto.


ofendiam a integridade moral dos biografados, visto Como visto, a função social deve ser atendida. Enten-
a

que expunham fatos desconhecidos pelas pessoas ou


lv

de-se por função social, como visto acima, no caso da


Si

mesmo situações que poderiam causar-lhes constran- propriedade urbana, que sejam atendidas e respeita-
gimentos se viessem ao conhecimento público.
da

das as determinações do plano diretor. Em síntese, o


Contudo, a Corte entendeu que eles não tinham plano diretor é um documento que deve ser elaborado
io

razão pois, ao necessitar de autorização para a publi- por cada município para o ordenamento das cidades.
v

cação das biografias, os escritores teriam violado seu No caso da propriedade rural, para que seja efe-
O

direito à liberdade de manifestação e à liberdade inte- tivamente aproveitada, é necessário que sejam uti-
ri

lectual e artística. lizados os recursos naturais de forma consciente e


A

Finalmente, é necessário dizer que, diante da adequada, sem desperdício e depredação ambiental.
garantia de liberdade, o indivíduo apenas poderá ser Ademais, a função social também inclui um impor-
preso em situação de flagrante delito ou por meio de tante elemento subjetivo daqueles que estão relacio-
ordem escrita e fundamentada da autoridade compe- nados à propriedade, qual seja: devem ser respeitadas
tente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime as relações trabalhistas daqueles que trabalham na
propriamente militar, conforme estabelece o inciso propriedade, bem como seu bem-estar, além do bem-
LXI, do art. 5º: -estar do proprietário.
Finalmente, o direito de propriedade pode ser rela-
Art. 5º [...] tivizado pela desapropriação. Prevista no inciso XXIV,
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito do art. 5º, a desapropriação poderá ser ordenada pelo
ou por ordem escrita e fundamentada de autorida- Poder Público em razão de necessidade, utilidade
de judiciária competente, salvo nos casos de trans- pública e interesse social. Nesses casos, será determi-
gressão militar ou crime propriamente militar, nada a perda da propriedade da pessoa em favor do
definidos em lei. Poder Público mediante o pagamento de uma indeni-
160 zação justa e prévia, que deverá ser paga em dinheiro.
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 5º [...] II - referendo;
XXIV- a lei estabelecerá o procedimento para desa- III - iniciativa popular.
propriação por necessidade ou utilidade pública,
ou por interesse social, mediante justa e prévia Assim, dentre os direitos políticos, o mais conhe-
indenização em dinheiro, ressalvados os casos pre- cido deles é o sufrágio universal, que nada mais é do
vistos nesta Constituição. que o voto, estabelecido como direto e secreto e tam-
bém o direito de ser votado.
Dos Direitos Sociais Percebe-se o que o voto de todos tem o mesmo
valor, superada a questão que já permeou em consti-
O art. 6º, da Constituição Federal, preceitua os tuições anteriores em que o voto tinha valor diverso
direitos sociais. dependendo da posição social de seu titular.
Por sua vez, plebiscito e referendo referem-se a
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a formas por meio das quais o cidadão é instado a se
alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, manifestar sobre algum assunto de grande relevância
o lazer, a segurança, a previdência social, a prote-
para o país. Assim, por meio de decretos legislativos,
ção à maternidade e à infância, a assistência aos
as pessoas são convocadas para expressar sua opinião
desamparados, na forma desta Constituição.
sobre determinado tema colocado em pauta. Diver-
gem no seguinte: enquanto o plebiscito é estabelecido
Conforme verifica-se, tratam-se dos direitos míni-
de forma prévia e a população se manifesta a favor ou
mos necessários para que a pessoa viva com dignida-
contrária a um tema que lhe é apresentado, o referen-
de em um Estado de Direito. Esses direitos constituem
do é convocado posteriormente sobre um assunto que
prestações positivas que o Estado deve garantir a
já faz parte do dia a dia dos cidadãos, cabendo a eles
todos os cidadãos. Terão eficácia imediata, à medida
ratificá-lo ou rejeitá-lo.
que não podem depender de outra norma para sua
Na história recente brasileira, houve um plebisci-
implementação pelo Poder Público.
to em 21 de abril de 1993 em que os cidadãos foram
Destaca-se o direito à saúde, por meio do qual o
chamados a manifestarem-se sobre a forma e sistema
Poder Público deverá promover ações de promoção,
de governo. Foram colocadas as opções de forma de
proteção e recuperação da saúde:
governo: monarquia ou república, e sistema de gover-
no: presidencialismo ou parlamentarismo. Prevale-
Art. 196 Constituição Federal. A saúde é direito de
todos e dever do Estado, garantido mediante polí- ceu que a forma deveria ser mantida como república
ticas sociais e econômicas que visem à redução do e o sistema, presidencialista.
risco de doença e de outros agravos e ao acesso Já, como exemplo de referendo, temos o ocorrido em
universal e igualitário às ações e serviços para sua 23 de outubro de 2005, quando a população foi instada
promoção, proteção e recuperação. a posicionar-se sobre a seguinte questão: “O comércio
de armas de fogo e munição deve ser proibido no Bra-
Ou seja, a obrigação do Estado com a população, sil?”. Importa destacar que estava vigente desde 2003 o
9
Estatuto do Desarmamento, no qual já havia sido proi-
-9

em princípio, é de manter políticas públicas que


96

previnam e protejam de doenças. Em um segundo bido o comércio de armas de fogo e munições. Contudo,
.3

momento, se a pessoa já apresenta uma doença, cabe havia previsão legal de que, para entrar em vigor, seria
93

ao Estado prestar-lhe atendimento médico e fornecer necessária a ratificação da população por meio de um
.0

medicamentos para a recuperação de sua saúde. referendo, podendo, é claro, também rejeitar o disposi-
06

É necessário dizer que todos os direitos sociais são tivo que, então, não vigoraria.
-1

universais. Portanto, caberá ao Poder Público imple- A maioria dos cidadãos votou pela ratificação do dis-
positivo, respondendo “não” à questão formulada men-
a

mentá-los sem qualquer distinção. Assim, mesmo que


lv

a pessoa não apresente uma situação de vulnerabili- cionada acima, o que fez com que vigorasse o artigo que
Si

dade econômica, poderá buscar atendimento hospi- proibia o comércio de armas de fogo e munições no Brasil.
da

talar público ou mesmo matricular-se em uma escola Outro direito político que deve ser mencionado é a
io

estadual ou municipal. iniciativa popular. Trata-se da iniciativa que garante a


v

todo cidadão o direito de apresentar um projeto de lei.


Dica Esse direito está regulamentado pelo § 2º, do art. 61,


O

NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS


da Constituição Federal, cabendo, para tanto, serem
ri
A

Direitos sociais são universais. preenchidos os requisitos ali previstos.

Direitos Políticos Art. 61 [...]


§ 2º A iniciativa popular pode ser exercida pela
Os direitos políticos estão previstos nos arts. 14 apresentação à Câmara dos Deputados de projeto
a 16, da Constituição Federal, em seu Capítulo IV, no de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do
Título II. São os meios efetivos pelos quais a pessoa eleitorado nacional, distribuído pelo menos por
exerce sua cidadania, pois é por meio desses direitos cinco Estados, com não menos de três décimos por
que a pessoa vota e também pode ser votada. cento dos eleitores de cada um deles.
O art. 14 preceitua o seguinte:
Importa dizer que os direitos políticos são dividi-
Art. 14 A soberania popular será exercida pelo sufrá- dos entre capacidade eleitoral ativa e capacidade elei-
gio universal e pelo voto direto e secreto, com valor toral passiva. A capacidade eleitoral ativa refere-se ao
igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: direito de votar. Já a capacidade eleitoral passiva refe-
I - plebiscito; re-se ao direito de ser votado. Assim, em regra, todos
os brasileiros podem votar e ser votados. 161
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O art. 15, da Constituição Federal, estabelece que é Nessa última hipótese, mesmo que a pessoa tenha
vedada a cassação de direitos políticos. Porém, é pos- nascido no exterior e lá tenha sido registrada, se seu
sível que uma pessoa sofra a perda ou suspensão de pai ou sua mãe forem brasileiros e o sujeito tenha
seus direitos políticos. Isso pode ocorrer nas seguintes vindo morar no Brasil, poderá, após completar dezoi-
situações previstas no art. 15: to anos, optar pela nacionalidade. Vale ressaltar que
deve-se atingir a maioridade para fazer essa escolha,
z Por meio do cancelamento da naturalização por tendo em vista ser esse o momento em que se alcança
sentença transitada em julgado (inciso I); a capacidade jurídica plena.
z Incapacidade civil absoluta, ou seja, aquele que Ademais, o sujeito poderá ser brasileiro naturali-
tenha sua incapacidade reconhecida terá seus zado. Será naturalizada, conforme determina o inciso
direitos suspensos (inciso II); II, do art. 12:
z Condenação criminal transitada em julgado
z A pessoa nascida em país cujo idioma seja a língua
enquanto durarem seus efeitos (inciso III);
portuguesa, tendo, para tanto, que comprovar a resi-
z Recusa de cumprimento de obrigação a todos
dência em solo brasileiro por um ano ininterrupto e
imposta ou prestação alternativa, nos termos do
idoneidade moral (alínea “a”, inciso II, art. 12);
inciso VIII, art. 5º (vide também inciso IV);
z A pessoa nascida em qualquer país, desde que resi-
z Improbidade administrativa, nos termos do inciso
dente no Brasil há mais de quinze anos ininterruptos
V, § 4º, do art. 37. e sem condenação penal (alínea “b”, inciso III, art. 12).

Dica Assim, a pessoa poderá requerer a naturalização


brasileira, desde que se enquadre em alguma das
Não podem ser cassados os direitos políticos de
situações acima e preencha os requisitos determina-
uma pessoa; porém, poderão ser suspensos em
dos pela Constituição Federal.
situações previstas na lei. Ademais, existe uma situação peculiar em relação
ao cidadão português:
Nacionalidade Conforme preceitua o § 1º, do art. 12, da Consti-
tuição Federal, o português terá os mesmos direitos
Nacionalidade, conforme bem nos define o jurista do brasileiro, desde que tenha residência permanente
Pedro Lenza (2019), no Brasil e se houver reciprocidade de Portugal em
relação aos brasileiros, ou seja, se no país europeu o
[...] pode ser definida como o vínculo jurídico-polí- brasileiro gozar do mesmo privilégio.
tico que liga um indivíduo a determinado Estado, O § 4º, do art. 12, define que o brasileiro perderá a
fazendo com que esse indivíduo passe a integrar o nacionalidade nas seguintes situações:
povo daquele Estado e, por consequência, desfrute
de direitos e submeta-se a obrigações.10 z O inciso I traz a situação daquele que tiver cance-
9
lada sua naturalização por sentença judicial moti-
-9

Diante disso, temos que um sujeito pode ser bra- vada por atividade nociva ao interesse nacional;
96

sileiro nato ou naturalizado. O brasileiro nato, z O inciso II define que deixará de ser brasileiro o
.3

conforme preceitua a alínea “a”, inciso I, art. 12, da sujeito que adquirir outra nacionalidade, exceto se
93

Constituição Federal, é qualquer pessoa cujo nasci- houver o reconhecimento de nacionalidade origi-
.0

mento ocorreu em território brasileiro. Assim, perce- nária (brasileira) pela lei estrangeira ou, ainda, se a
06

be-se que a regra adotada no país é do jus solis. pessoa tiver que se naturalizar, em virtude de nor-
-1

É necessário ressalvar, porém, o caso da pessoa ma estrangeira, como condição para permanência
a

em seu território ou exercício de direitos civis.


lv

que nasceu no Brasil, mas é filha de pais estrangeiros


Si

e que estejam à serviço de seu país. Esse sujeito não


da

será brasileiro. Isso porque a Constituição Federal, Finalmente, é necessário dizer que a lei não pode-
ainda na alínea “a”, inciso I, art. 12, é clara ao dizer rá fazer qualquer distinção entre o brasileiro nato e
io

que também será brasileiro aquele que tiver nascido o naturalizado. A Constituição Federal, no § 2º, do art.
v

aqui, mesmo filho de estrangeiros, desde que os pais 12, porém, determina que alguns cargos são privativos
O

não estejam a serviço do seu país. Também será con- de brasileiros natos, quais sejam: Presidente e Vice-
ri

siderado brasileiro aquele que tem pai ou mãe bra- -Presidente da República; Presidente da Câmara dos
A

sileiros, mas nasceu no estrangeiro quando um deles Deputados; Presidente do Senado Federal; Ministro do
estava no exterior a serviço do Brasil. Supremo Tribunal Federal; carreira diplomática; oficial
É necessário que apenas um dos genitores seja bra- das Forças Armadas e Ministro do Estado de Defesa.
sileiro, situação definida na alínea “b”, inciso I, art. 12.
Finalmente, a alínea “c”, também desse dispositi-
vo, define que será brasileiro nato aquele nascido no DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS
estrangeiro, filho de pai ou mãe brasileiros quando: DIREITOS HUMANOS (DUDH)
z For registrado em repartição brasileira competente, ESTRUTURA DA DUDH
ou seja, quando do nascimento, seus pais o registra-
ram perante consulado brasileiro no exterior; A Declaração Universal dos Direitos Humanos
z Venha a residir no Brasil e, após atingida a maiori- (DUDH) foi adotada e proclamada em 10 de dezem-
dade, opte pela nacionalidade brasileira. bro de 1948, por meio da Resolução nº 217 A III, da
162 10 LENZA, P. Direito constitucional esquematizado. São Paulo: Saraiva Jur, 2019.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas Os arts. 29 e 30 não se enquadram nem em um gru-
(ONU). Ela não é, tecnicamente, um tratado interna- po nem no outro. Eles tratam de deveres e regras de
cional, sendo, apenas, uma declaração política e, não, interpretação, fazendo o fechamento da declaração.
jurídica, que apenas delineia os direitos humanos. Deste modo, há uma combinação de discurso libe-
Isso significa dizer que ela não é obrigatória? Bem, ral com o discurso social da cidadania, ou seja, o valor
temos, aqui, dois posicionamentos doutrinários dife- da liberdade com o valor da igualdade.
rentes. Para parte da doutrina, por não ser a DUDH Explicando melhor: a Declaração combina os direi-
um tratado propriamente dito, ela não possui obri- tos ligados às prerrogativas inerentes ao indivíduo,
gatoriedade legal e, consequentemente, funcionaria como a vida, a liberdade, a propriedade, denominados
como uma espécie de recomendações aos Estados. de direitos civis ou individuais e os direitos de cida-
É por essa razão que quem defende esse caráter dania, que envolve o direito de votar e ser votado, de
de soft law (quase direito ou direito flexível) da DUDH ocupar cargos ou funções políticas e de permanecer nes-
afirma que os direitos humanos previstos na Decla- ses cargos, os denominados direitos políticos, com os
ração somente se tornaram obrigatórios com a trans- direitos ligados à concepção de que é dever do Estado
formação dela em dois pactos, o Pacto Internacional garantir igualdade de oportunidades a todos através de
dos Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional políticas públicas, sendo os denominados direitos eco-
dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, ambos de nômicos, sociais e culturais.
1966, pois apenas quando os Estados firmam o tratado Neste primeiro momento, basta entender que a
DUDH é uma junção de dois tipos de direitos. Quan-
é que eles assumem os compromissos nele contidos.
do nosso estudo adentrar nos artigos propriamente
Em contrapartida, para outra parte da doutrina, a
ditos, as diferenças ficarão mais visíveis e será mais
DUDH é uma norma jus cogens11, ou seja, uma norma de
fácil compreender a proteção e o papel dos Estados.
direito internacional tida como aceita e reconhecida por
Então, guarde essa informação, para que ela possa ser
todos os Estados independentemente de estar positiva-
bem compreendida quando os artigos começarem a
da ou não em tratado, sendo, por essa razão, imperativa
ser analisados:
e vinculante. Deste modo, mesmo sendo uma declaração
política e não ter sido firmada pelos Estados, os direitos
contidos nela independem da aquiescência dos Estados,
7 (sete) Considerandos
por serem inderrogáveis. Por exemplo, nos dias de hoje, (Considerações)
tanto a tortura como a escravidão são tidas como condu-
tas inaceitáveis, de forma que não haveria a necessidade
de ser feito um tratado pelos Estados para transformar
tais condutas em proibidas. Direitos Civis e
Preâmbulo
Políticos

Dica Art.1°
Arts. 21 e 22
Natureza jurídica da DUDH – Duas posições
9
-9

doutrinárias:
96

Direitos Econômicos,
� Recomendação (não é um tratado); Sociais e Culturais
.3

� Norma imperativa (norma jus cogens).


93

Arts. 28, 29 e 30
.0

A DUDH é composta por um preâmbulo e trinta


06

artigos O preâmbulo, que é a parte que precede o tex-


-1

to articulado da Declaração, é composto por sete Con- PREÂMBULO


a
lv

siderandos (considerações).
A DUDH inovou na concepção dos direitos huma-
Si

Diferentemente do que ocorre com o preâmbulo


nos ao introduzir algumas das características ineren-
da

da Constituição, sobre o qual o interesse das bancas


tes aos direitos humanos em seus Considerandos. Na
examinadoras é muito pequeno, por ter a função de
io

realidade, ela reafirmou os conceitos e fundamentos


servir de interpretação e integração da própria norma
v

que baseiam toda a sua formulação. Vejamos cada


constitucional ao reafirmar as intenções do Estado-


O

uma das considerações, com as características e fun-


-membro com a elaboração da Constituição, o preâm-
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
ri

damentos trazidos.
bulo da DUDH traz considerações importantes, como,
A

por exemplo, a característica da indivisibilidade dos


Considerando que o reconhecimento da dignidade
direitos humanos e, por essa razão, é necessário ser inerente a todos os membros da família humana
estudado da mesma forma que seus artigos e de seus direitos iguais e inalienáveis é o funda-
Com relação aos artigos, os trinta, contidos na DUDH, mento da liberdade, da justiça e da paz no mundo,
podem ser divididos em dois grandes grupos: [...].

z Liberdades Civis e Direitos Políticos: arts. 1º ao A primeira consideração traz as características


21; da universalidade e a inalienabilidade dos direi-
z Direitos Econômicos, Sociais e Culturais: arts. 22 tos humanos. Universal no sentido de que se aplica a
ao 28. todos os seres humanos e inalienável na medida em
11  A noção de jus cogens foi elaborada, expressamente, pela primeira vez, no artigo 53 da Convenção de Viena, sobre direito dos tratados de 1969,
que assim estabeleceu “É nulo um tratado que, no momento de sua conclusão, conflite com uma norma imperativa de Direito Internacional geral.
Para os fins da presente Convenção, uma norma imperativa de Direito Internacional geral é uma norma aceita e reconhecida pela comunidade
internacional dos Estados como um todo, como norma da qual nenhuma derrogação é permitida e que só pode ser modificada por norma ulterior
de Direito Internacional geral da mesma natureza”. 163
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
que, por terem como fundamento a liberdade, justi- Considerando que os povos das Nações Unidas
ça e paz no mundo, não podem ser transferidos ou reafirmaram, na Carta, sua fé nos direitos fun-
negociados. damentais do ser humano, na dignidade e no
Os direitos são conferidos a todos os seres humanos, valor da pessoa humana e na igualdade de direitos
do homem e da mulher e que decidiram promover
os quais deles não podem se desfazer, porque são indis-
o progresso social e melhores condições de vida em
poníveis, tendo em vista a proteção da pessoa humana. uma liberdade mais ampla, [...].
Do seu caráter universal decorre a garantia da dig-
nidade da pessoa humana, uma vez que o direito de A quinta consideração remete a um dos propósitos
possuir condições mínimas para ter uma vida plena da Carta da Organização das Nações Unidas (ONU).
e digna é inerente a todos os indivíduos. Observa-se, Com o final da Segunda Guerra Mundial e criação da
ainda, que o reconhecimento da dignidade traz con- ONU, uma organização internacional, com o objetivo de
sigo o fundamento da igualdade, por não comportar manter a paz e a segurança internacional, foi observado
distinções relacionadas à raça, sexo, língua, religião, pelos Estados-membros que não existia, no âmbito inter-
origem social ou nacional, entre outros. nacional, um documento que pudesse tutelar os direitos
inerentes a todos os seres humanos. Assim, a Carta da
Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos ONU deu respaldo à proteção dos direitos humanos.
direitos humanos resultaram em atos bárbaros A Carta da ONU trouxe, pela primeira vez, a expres-
que ultrajaram a consciência da humanidade e que são direitos humanos. No entanto, a Carta prestou-se
o advento de um mundo em que mulheres e homens somente a mencionar a expressão em seus dispositi-
gozem de liberdade de palavra, de crença e da liber- vos, sem dar sentido ou definição a ela.
dade de viverem a salvo do temor e da necessidade Por conseguinte, para dar interpretação à expres-
foi proclamado como a mais alta aspiração do ser são direitos humanos contida na Carta, foi elaborada
humano comum, [...]. a Resolução nº 217 A III, da Assembleia Geral, a qual
proclamou a DUDH.
A segunda consideração traz a historicidade
como uma das características, visto que os direitos Considerando que os Países-Membros se com-
humanos são frutos de um desenvolvimento histó- prometeram a promover, em cooperação com
rico marcado por lutas, barbáries e desrespeitos. Os as Nações Unidas, o respeito universal aos direi-
direitos humanos não surgiram em 1948 com a DUDH. tos e liberdades fundamentais do ser humano e a
observância desses direitos e liberdades, [...].
Eles nasceram aos poucos, quer na Babilônia, quer na
Inglaterra, quer nos Estados Unidos, quer na França,
A essencialidade e a inviolabilidade dos direitos
entre outros países. Foi por meio destes esboços que os
humanos são as características trazidas no sexto Con-
direitos humanos puderam se desenvolver até, final-
siderando. Os direitos humanos, por serem essenciais,
mente, se firmarem na ordem jurídica internacional. devem gozar de status diferenciado perante o ordena-
Entender o contexto histórico é extremamente mento jurídico dos Estados. Da essencialidade decorre a
importante para compreender o porquê da proteção inviolabilidade, destacando que é dever tanto dos Esta-
dada pelos direitos humanos em cada momento da dos como dos indivíduos respeitar os direitos humanos.
9
história mundial. Por conseguinte, os Estados-membros da ONU compro-
-9

metem-se a não violar os direitos humanos.


96

Considerando ser essencial que os direitos huma-


.3

nos sejam protegidos pelo império da lei, para Considerando que uma compreensão comum des-
93

que o ser humano não seja compelido, como último ses direitos e liberdades é da mais alta importância
.0

recurso, à rebelião contra a tirania e a opressão, para o pleno cumprimento desse compromisso, [...].
06

[...].
-1

Por fim, a sétima consideração traz a característica


a

A característica da efetividade dos direitos huma- da indivisibilidade desses direitos. Não existe hierar-
lv

nos é encontrada na terceira consideração, uma vez que quia entre os direitos humanos, pois todos possuem
Si

é dever do Estado a sua tutela. Os direitos humanos o mesmo valor como direito. Consequentemente, eles
da

devem ser protegidos pelo “império da lei”, ou seja, por são indivisíveis na medida em que a garantia dos
io

normas gerais e abstratas aplicáveis a todos. No entan- direitos civis e políticos é condição para a observância
v

to, de nada adianta a mera previsão abstrata do direito dos direitos econômicos, sociais e culturais. Portanto,

quando um deles é violado, os outros também o são.


O

se o Estado não agir para a sua concretização, pois é


Agora, portanto, a Assembleia Geral proclama a
seu dever agir de maneira eficaz, de modo a permitir o
ri

presente Declaração Universal dos Direitos Huma-


A

pleno desenvolvimento e efetividade dos direitos.


nos como o ideal comum a ser atingido por todos os
povos e todas as nações, com o objetivo de que cada
Considerando ser essencial promover o desen- indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre
volvimento de relações amistosas entre as em mente esta Declaração, esforcem-se, por meio do
nações, [...]. ensino e da educação, em promover o respeito a esses
direitos e liberdades e pela adoção de medidas pro-
A quarta consideração não traz uma característica gressivas de caráter nacional e internacional, por
em si, mas uma regra no que tange à resolução dos assegurar o seu reconhecimento e a sua observância
conflitos internacionais. Observa-se que os Estados universais e efetivos, tanto entre os povos dos pró-
são diferentes uns dos outros, seja em termos cultu- prios Países-Membros quanto entre os povos dos ter-
rais, históricos, geográficos, políticos, entre outros. ritórios sob sua jurisdição.
Entretanto, por mais que os países sejam diferentes, Assim sendo, após essas sete considerações, foi pro-
deve-se primar pela resolução pacífica das contro- clamada a DUDH.
vérsias, ou seja, para que os problemas sejam solu- A proclamação da DUDH contém uma das caracte-
cionados pela paz. Para tanto, faz-se necessário que as rísticas dos direitos humanos: a vedação ao retroces-
164 relações amistosas sejam desenvolvidas. so. Os direitos humanos jamais podem regredir, ou
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seja, ser diminuídos ou reduzidos no seu aspecto de Por fim, os terceiros direitos reconhecidos encon-
proteção. Eles devem ser progressivos, o que significa tram-se atrelados ao ideal de fraternidade, por dize-
dizer que os Estados não podem proteger menos do rem respeito à coletividade. O olhar é mais amplo,
que já protegem. visualizando direitos que transcendem os indivíduos,
Passaremos, agora, à análise de seus artigos. ou seja, direitos transindividuais. Esses direitos são
constituídos por interesses indivisíveis, que podem
DUDH abranger um número indeterminado de pessoas,
sujeitos indeterminados e indetermináveis, denomi-
A estrutura bipartite da DUDH decorre da ideia de nados de direitos difusos, como, por exemplo, o direi-
progressividade dos direitos humanos, contida, inclu- to ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
sive, em sua proclamação. o direito à autodeterminação dos povos, o direito à
É importante lembrar de que os direitos não sur- comunicação, entre outros. Podem, também, abran-
giram de uma vez só. Eles são frutos de um desen- ger um grupo ou categoria determinada de pessoas
volvimento histórico. Se, no início, os seres humanos determináveis unidas pelo mesmo interesse jurídico,
não tinham direitos, com o decorrer dos tempos, eles denominados de direito coletivo, como, por exem-
começaram a ser firmados. plo, a proteção de determinados grupos sociais, tidos
Os primeiros direitos reconhecidos foram aque- como vulneráveis.
les ligados ao próprio indivíduo, como, por exemplo, Assim sendo, a DUDH inicia seus dispositivos com
o direito de viver, de possuir bens, de se locomover. os direitos de primeira geração/dimensão, ou seja,
É como se fosse um primeiro olhar do Estado para os direitos civis e políticos, que exigem uma postura
o indivíduo. Um olhar que reconheceu que os seres negativa do Estado (uma não interferência). Depois,
humanos possuem direitos mínimos e que o poder do passa a disciplinar os direitos de segunda geração/
Estado não é ilimitado. Tratou-se, portanto, da defe- dimensão, isto é, os direitos econômicos, sociais e cul-
sa do indivíduo diante do abuso do poder do Esta- turais, que demandam uma postura positiva do Esta-
do. Neste primeiro momento, foram reconhecidas as do (uma prestação).
liberdades dos indivíduos, ou seja, seus direitos civis
e individuais, que abrangem todas as pessoas, sem
qualquer distinção. Também foram reconhecidos os Importante!
direitos de participação popular na administração do
A DUDH não traz os direitos de terceira geração/
Estado, isto é, os direitos políticos. No entanto, esses
direitos de cidadania eram bem limitados, pois esta-
dimensão.
vam restritos a quem detinha a qualidade de cidadão
e, por isso, atingiam somente os eleitores. As mulhe- Vamos, então, estudar cada um desses direitos.
res, por exemplo, não eram consideradas cidadãs,
assim como os estrangeiros e, consequentemente, não Direitos Civis e Políticos
possuíam os direitos políticos, embora fossem titula-
res dos direitos civis mínimos garantidos pelo Estado.
9
Englobam os arts. 1º ao 21 da DUDH. Vejamos cada
-9

A esses direitos dá-se o nome de direitos de primei-


um deles:
96

ra geração/dimensão, por serem os primeiros direitos


.3

tutelados pelo Estado.


Art. 1º Todas as pessoas nascem livres e iguais em
93

Usa-se tanto a expressão geração como dimensão. dignidade e direitos. São dotadas de razão e cons-
.0

Trata-se de uma classificação elaborada por Karel ciência e devem agir em relação umas às outras
06

Vasak para classificar os direitos em categorias, con- com espírito de fraternidade.


-1

forme o contexto histórico do qual surgiram. Dida-


ticamente, o jurista atrelou as três categorias dos
a

Pela leitura desse artigo, depreende-se que os indi-


lv

direitos humanos aos princípios da Revolução Fran- víduos nascem com direitos iguais e com todas as
Si

cesa: liberdade, igualdade e fraternidade. Assim, os liberdades inerentes aos seres humanos. Nascer livre
da

direitos de primeira geração/dimensão são os direitos significa nascer com a possibilidade de fazer escolhas,
de liberdade; os de segunda, igualdade e, os de tercei-
io

de dar rumo à própria vida de acordo com a pró-


v

ra, fraternidade. pria inteligência e consciência e, não, por estipulações


Os segundos direitos reconhecidos foram aqueles alheias.


O

NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS


voltados a estabelecer a igualdade entre os indivíduos. É saber que, por mais que o meio social possa
ri

Depois do olhar inicial para o indivíduo, reconhecendo


A

influenciar nas escolhas, a pessoa é livre para mudar


suas liberdades, o Estado passou a visualizá-lo como o rumo dado a ela por aquela sociedade. Só que de
membro da sociedade. Assim, foi possível reconhecer nada adiantaria nascer com liberdade se os direitos
as diferenças entre as pessoas. Como consequência,
fossem diferentes. Portanto, nascer igual significa
passou-se a exigir um papel mais ativo do Estado para
poder gozar de todos os direitos, independente de ser
garantir direitos de oportunidade iguais aos indiví-
duos, por meio de políticas públicas, como, por exem- homem ou mulher, rico ou pobre, religioso ou não, da
plo, o acesso à educação e à saúde, o voto feminino, a cor da pele, da nacionalidade, entre outros fatores.
regulamentação das regras trabalhistas e previdenciá-
rias, entre outros. Por conseguinte, passa-se a exigir Dica
uma ação e, não mais, uma omissão do Estado12.
A esses direitos dá-se o nome de direitos de segun- A menção “espírito de fraternidade” não guarda
da geração/dimensão, estando ligados ao poder de relação com os direitos de terceira dimensão/
exigir do Estado a consecução dos direitos econô- geração. A expressão é no sentido de evitar con-
micos, sociais e culturais. dutas individualistas.
12  São chamados de liberdades positiva ou prestacional. 165
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 2º 1. Todo ser humano tem capacidade para tiver sua liberdade individual controlada ou restri-
gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta ta de forma ilícita e sistemática, será caracterizado
Declaração, sem distinção de qualquer espécie, o primeiro elemento. O segundo elemento envolve o
seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião polí- exercício de algum dos atributos atinentes ao direito
tica ou de outra natureza, origem nacional ou social, de propriedade, como, por exemplo, o controle que
riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.
restrinja ou prive, significativamente, a pessoa de
2. Não será também feita nenhuma distinção fun-
sua liberdade individual com intenção de exploração.
dada na condição política, jurídica ou inter-
nacional do país ou território a que pertença
Exemplo: execução de trabalho forçado, exploração
uma pessoa, quer se trate de um território inde- sexual, entre outros.
pendente, sob tutela, sem governo próprio, quer É importante considerar que, no Código Penal,
sujeito a qualquer outra limitação de soberania. encontram-se previstos dois crimes relacionados a
essa proibição, a saber:
Esse artigo é composto de dois itens. O primeiro
item estabelece que os direitos e liberdades contidos Art. 149 Reduzir alguém a condição análoga à de
na DUDH podem ser invocados por todos os indiví- escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados
duos independentemente de qualquer condição pes- ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condi-
soal, tais como sexo, raça, nacionalidade, condição ções degradantes de trabalho, quer restringindo,
social, entre outros. Trata-se, portanto, da não distin- por qualquer meio, sua locomoção em razão de
dívida contraída com o empregador ou preposto:
ção fundada em atributo pessoal. Em contrapartida,
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além
o segundo item amplia a abrangência do dispositivo,
da pena correspondente à violência.
para vedar as distinções fundadas em condições polí-
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem:
tica, jurídica ou internacional do país ou território
I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por
a que pertença o indivíduo. Deste modo, os posicio- parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local
namentos políticos e jurídicos adotados pelo Estado, de trabalho;
interna ou externamente, não podem servir de moti- II – mantém vigilância ostensiva no local de traba-
vo para tratamentos diferenciados entre as pessoas. lho ou se apodera de documentos ou objetos pes-
Entenda a diferença: soais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local
Item 1 – tratamento distinto por ser brasileiro de trabalho.
(condição pessoal); § 2º A pena é aumentada de metade, se o crime é
Item 2 – tratamento distinto ao brasileiro, devido a cometido:
uma determinada postura adotada pelo Brasil (condi- I – contra criança ou adolescente;
ção política e jurídica do Estado). II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia,
religião ou origem.
Art. 3º Todo ser humano tem direito à vida, à Art. 149-A Agenciar, aliciar, recrutar, transpor-
liberdade e à segurança pessoal. tar, transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa,
mediante grave ameaça, violência, coação, fraude
9
O art. 3º traz três direitos distintos: vida, liberdade ou abuso, com a finalidade de:
-9

e segurança. O direito à vida engloba não só a garantia I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo;
96

do indivíduo de não ter interrompido o seu processo II - submetê-la a trabalho em condições análogas à
.3

vital, salvo pela morte espontânea e inevitável, como de escravo;


93

também o direito de não ter violada a sua integridade III - submetê-la a qualquer tipo de servidão;
.0

física e moral, o direito de ter uma vida digna, justa, IV - adoção ilegal; ou
06

entre outros. O direito à liberdade é a faculdade de V - exploração sexual.


-1

fazer ou não algo, ou seja, de efetuar escolhas, mes- Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e
a

mo que estas não sejam exteriorizadas. É ter a liber- multa.


lv

§ 1º A pena é aumentada de um terço até a metade


Si

dade tanto para pensar como para exteriorizar esse


se:
pensamento.
da

I - o crime for cometido por funcionário públi-


Por fim, o direito à segurança refere-se à possibili-
io

co no exercício de suas funções ou a pretexto de


dade de exercer com tranquilidade os direitos huma-
v

exercê-las;

nos. Segurança abrange não só os direitos relativos II - o crime for cometido contra criança, adolescen-
O

à segurança do indivíduo, como também os direito à te ou pessoa idosa ou com deficiência;


ri

segurança das relações jurídicas.


A

III - o agente se prevalecer de relações de paren-


tesco, domésticas, de coabitação, de hospitalidade,
Art. 4º Ninguém será mantido em escravidão ou de dependência econômica, de autoridade ou de
servidão; a escravidão e o tráfico de escravos serão superioridade hierárquica inerente ao exercício de
proibidos em todas as suas formas. emprego, cargo ou função; ou
IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do
O art. 4º veda a escravatura e o comércio de escravos. território nacional.
O conceito de escravidão, no direito internacional, § 2º A pena é reduzida de um a dois terços se o
comporta dois elementos fundamentais13. O primeiro agente for primário e não integrar organização
é o estado ou condição do indivíduo, ou seja, basta a criminosa
restrição ou controle sistemático da autonomia indi- Art. 5º Ninguém será submetido à tortura, nem
vidual e liberdade de movimento independentemente a tratamento ou castigo cruel, desumano ou
da condição jurídica. Isso significa dizer que, mesmo degradante.
que a norma do Estado não permita a escravidão ou
que não exista um documento formal, se a pessoa
166 13  Conforme artigo 6º da Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica).
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O art. 5º trata da tortura, que é um dos desdobra- Art. 8º Todo ser humano tem direito a receber dos
mentos do direito à vida, por decorrer da violação à tribunais nacionais competentes remédio efe-
integridade humana, tanto física como psicológica. tivo para os atos que violem os direitos fundamen-
Torturar14 é causar, ao indivíduo, sofrimento físico tais que lhe sejam reconhecidos pela constituição
ou mental como forma de intimidação ou castigo. É, ou pela lei.
também, utilizar-se de métodos como forma de anu-
lar a personalidade ou diminuir a capacidade física O art. 8º estabelece que a prestação jurisdicional
ou mental, mesmo que sem dor (física ou mental). dada pelo Estado aos indivíduos deve ser efetiva. Tra-
ta-se de um dos desdobramentos do direito à seguran-
ça, por trazer a ideia de segurança jurídica. Envolve as
Dica garantias processuais, tais como os princípios da dura-
Embora a Constituição Federal de 1988 pos- ção razoável do processo, do devido processo legal, do
sua um dispositivo semelhante, ela não traz a contraditório e da ampla defesa, entre outros, além de
seu reconhecimento pelas constituições ou pelas leis.
expressão “castigo cruel”. Como é possível que
A expressão “remédio efetivo” não tem relação
seja cobrado a literalidade do artigo, é importan-
direta com os remédios constitucionais previsto na
te perceber a diferença entre os dispositivos: CF, de 1988 (habeas corpos, habeas data, mandado de
segurança, mandado de injunção, e ação popular). O
Art. 5º[...]
sentido dado pelo artigo diz respeito à efetividade da
III, CF/88 Ninguém será submetido a tortura nem a
tutela jurisdicional, para evitar, por exemplo, a justiça
tratamento desumano ou degradante.
tardia ou a não apreciação da demanda por parte do
Art. 6º Todo ser humano tem o direito de ser, em
Estado.
todos os lugares, reconhecido como pessoa
perante a lei.
Art. 9º Ninguém será arbitrariamente preso,
detido ou exilado.
O art. 6º trata do reconhecimento da personali-
dade humana, ou seja, da qualidade de pessoa, inde-
A liberdade é a regra e a sua restrição só é legítima
pendente da análise de condutas praticadas. Significa
quando efetuada nos estritos limites legais. Assim, o
que lei deve reconhecer todos os seres humanos como art. 9º protege os indivíduos da força do Estado, uma
detentores de direitos e deveres sem valorações, pois vez que veda a prisão arbitrária ou abusiva e estabele-
todos são merecedores de proteção. Consequente- ce que a restrição da liberdade só será legítima quan-
mente, não é possível efetuar gradações da dignida- do respeitados os parâmetros da lei. Trata-se, também,
de humana, uma vez que a dignidade da pessoa não de um dos desdobramentos do direito à segurança,
pode ser retirada ou desprezada pela prática de con- por envolver garantias processuais.
dutas tidas como reprováveis pela sociedade. Por essa No Brasil, as garantias processuais relacionadas à
razão, até mesmo os criminosos devem ser considera- prisão estão previstas no art. 5º da CF, de 1988. Abaixo,
dos sujeitos de direito. estão dispostas duas dessas garantias:
9
Em termos simples, ser reconhecido como pessoa
-9

é pressuposto para ter direito a possuir direitos, inde-


96

LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus


pendentemente de qualquer análise de suas condutas. bens sem o devido processo legal;
.3
93

LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito


Art. 7º Todos são iguais perante a lei e têm direi- ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade
.0
06

to, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. judiciária competente, salvo nos casos de transgres-
são militar ou crime propriamente militar, definidos
-1

Todos têm direito a igual proteção contra qualquer


discriminação que viole a presente Declaração e em lei;
a
lv

contra qualquer incitamento a tal discriminação.


Si

Art. 10 Todo ser humano tem direito, em plena


igualdade, a uma justa e pública audiência por
da

O art. 7º traz o direito à igualdade. Trata-se da


parte de um tribunal independente e imparcial,
necessidade da lei reconhecer que todos os seres
io

para decidir seus direitos e deveres ou fundamento


humanos possuem os mesmos direitos e as mesmas
v

de qualquer acusação criminal contra ele.


proteções. Além disso, a lei não pode ser aplicada de


O

modo discriminatório, de modo a negar direitos bási-


NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
O art. 10 também estabelece uma garantia processual,
ri

cos aos indivíduos em razão de qualquer condição


A

ou seja, o direito que todas as pessoas têm de serem julga-


pessoal, como sexo, cor, origem, entre outros. das por um tribunal independente e imparcial. Trata-se,
portanto, do desdobramento do direito à segurança (jurí-
dica) somado ao direito à igualdade. Isso significa dizer
Importante! que a prestação jurisdicional não deve estar atrelada a
outros interesses que não os amparados e tutelados pela
A ideia de igualdade possui duas acepções: lei. E mais além, que ela seja prestada igualmente a todas
Igualdade formal: todos são iguais perante a lei. as pessoas, de forma independente e imparcial.
Tratar a todos de forma igual; Por mais que a interpretação do artigo conduza à
Igualdade material: igualdade, de fato, perante a esfera penal, sua abrangência não pode estar limitada
lei (tratar igualmente os iguais e, desigualmente, a essa área do direito. Isso porque a prestação jurisdi-
os desiguais. cional igualitária não se restringe a questões penais.
Ela pode envolver outros âmbitos do direito, como,
por exemplo, a garantia de acesso de todos os indiví-
duos à Justiça, independentemente de sua condição
14  Conforme art. 2º da Convenção Interamericana, para prevenir e punir a tortura. 167
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
econômica. Assim, a possibilidade de pessoas sem São exemplos de proteção à esfera privada, trazi-
condições econômicas pleitearem a tutela do Estado das pela CF, de 1988, a inviolabilidade do domicílio
por intermédio da Defensoria Pública (Estado pres- (Artigo 5º, XI) e a inviolabilidade do sigilo da corres-
tando assistência jurídica) é um exemplo de prestação pondência e das comunicações telegráficas, de dados
igualitária e das comunicações telefônicas (Artigo 5º, XII), além
do direito de indenização por dano material ou moral
Art. 11 no caso de violação da intimidade, vida privada, hon-
1. Todo ser humano acusado de um ato delituoso ra e imagem (Artigo 5º, X).
tem o direito de ser presumido inocente até que a
sua culpabilidade tenha sido provada de acordo Art. 13
com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham 1. Todo ser humano tem direito à liberdade de loco-
sido asseguradas todas as garantias necessárias à moção e residência dentro das fronteiras de cada
sua defesa. Estado.
2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação 2. Todo ser humano tem o direito de deixar qual-
ou omissão que, no momento, não constituíam quer país, inclusive o próprio e a esse regressar.
delito perante o direito nacional ou interna-
cional. Também não será imposta pena mais forte O art. 13, que decorre do direito à liberdade, é divi-
de que aquela que, no momento da prática, era apli- dido em dois itens. O primeiro item estabelece o direi-
cável ao ato delituoso. to que todas as pessoas têm de se locomoverem em
decorrência da própria vontade, ou seja, o direito de
O art. 11 é composto de dois itens. O primeiro item acesso, de ingresso ou de trânsito dentro dos limites
traz o princípio da presunção de que todos os seres territoriais do seu País. Ressalta-se que o item também
humanos acusados de práticas delituosas são inocen- disciplina a liberdade de residência.
tes até que a culpabilidade tenha sido provada. Isso Embora a Constituição Federal, de 1988, possua
significa dizer que não é o acusado que tem que pro- um dispositivo semelhante, a liberdade de locomoção
var que é inocente, mas o Estado que tem a responsa- da CF, de 1988, é limitada ao tempo de paz, diferente-
bilidade de demonstrar a responsabilidade criminal mente da DUDH, que não estabelece restrição tempo-
deste. Portanto, por essa garantia processual, decor- ral. Como é possível que seja cobrado a literalidade
rente do direito à segurança, compete ao Estado o do artigo, é importante perceber a diferença entre os
ônus de provar a culpa do indivíduo. dispositivos:

z Presunção de inocência = ônus da prova do Estado Art. 5º, XV, CF/88: é livre a locomoção no território
nacional em tempo de paz, podendo qualquer pes-
A inocência é presumida, porque quem deve pro- soa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou
var a culpa do indivíduo é o Estado. dele sair com seus bens;
O segundo item do art. 11 estabelece uma regra de
aplicação da norma penal, trazendo a ideia de ante- Se o primeiro item estabelece a liberdade de loco-
9
moção interna, o segundo item trata da liberdade de
-9

rioridade da lei penal. Trata-se de mais uma garan-


locomoção externa e, portanto, do direito de locomo-
96

tia processual decorrente do direito à segurança, no


ção entre os Estados, ou seja, o direito de entrar, per-
.3

sentido de que é necessário que exista de uma norma


manecer ou sair de um país.
93

penal anterior estabelecendo tanto a conduta (pri-


Assim como qualquer um dos direitos humanos, a
.0

meira parte do item) como a sanção (segunda parte


06

liberdade de locomoção, tanto interna como externa,


do item), para que os indivíduos possam ser condena-
não é ilimitada. Exemplo: mesmo possuindo o direito
-1

dos pela sua prática. Veda-se, portanto, o direito penal


de locomoção, não é possível ingressar em uma pro-
a

retroativo.
priedade alheia fora das hipóteses previstas na CF, de
lv

Neste sentido, a conduta tem que ser considera-


Si

1988 (convite, desastre, flagrante delito, prestar socor-


da crime antes da sua prática (anterioridade da lei
ro ou ordem judicial durante o dia), podendo, inclusi-
da

penal). A pena imposta deve ser aquela prevista pela


ve, caracterizar o crime de invasão de domicílio. Do
io

lei no momento de sua prática, mesmo que a lei a


mesmo modo, a Lei nº 13.445, de 2017 (Lei de Migra-
v

modifique posteriormente (irretroatividade da lei


ção) estabelece as hipóteses de ingresso e permanên-


penal mais grave).
O

cia do estrangeiro no Brasil.


ri
A

Art. 12 Ninguém será sujeito à interferência na sua


Art. 14
vida privada, na sua família, no seu lar ou na sua 1. Todo ser humano, vítima de perseguição, tem
correspondência, nem a ataque à sua honra e repu- o direito de procurar e de gozar asilo em outros
tação. Todo ser humano tem direito à proteção da países.
lei contra tais interferências ou ataques. 2. Esse direito não pode ser invocado em caso de
perseguição legitimamente motivada por cri-
O art. 12 disciplina um dos diretos decorrentes do mes de direito comum ou por atos contrários aos
direito à vida, ou seja, o direito à vida privada. Tra- objetivos e princípios das Nações Unidas.
ta-se da proteção da intimidade como essencial aos
seres humanos, o que significa dizer que as pessoas O art. 14 disciplina o instituto de proteção inter-
têm o poder de decidir quais informações, condutas, nacional denominado de asilo. Asilo é o acolhimento,
escolhas, preferências, entre outros, quer levar ao pelo Estado, do indivíduo que está sendo perseguido
conhecimento público e quais quer manter exclusi- injustamente. Essa proteção pode ser tanto no pró-
vamente em sigilo. Para tanto, cabe à lei garantir a prio território do Estado (asilo territorial) como em
privacidade. órgão de representação em Estado estrangeiro, como
168 embaixada ou consulado (asilo diplomático). Assim,
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
o primeiro item estabelece o direito à proteção terri- competir por estes países em uma Copa do Mundo ou
torial ou diplomática, enquanto o segundo item dis- Olimpíada.
ciplina o caso de não aplicação do instituto, ou seja,
no caso de a perseguição ser legitimamente motivada Art. 161 Os homens e mulheres de maior idade,
por crime comum ou por ato contrário aos propósitos sem qualquer restrição de raça, nacionalidade ou
ou princípios das Nações Unidas. Assim, se uma deter- religião, têm o direito de contrair matrimônio e
minada pessoa comete um crime, tal perseguição não fundar uma família. Gozam de iguais direitos em
relação ao casamento, sua duração e sua dissolução.
pode ser considerada como injusta.
2. O casamento não será válido senão com o livre e
É importante ressaltar que, quando a pessoa come-
pleno consentimento dos nubentes.
te um crime em um Estado e vai para outro, para evi- 3. A família é o núcleo natural e fundamental
tar a punição, o direito internacional estabelece o da sociedade e tem direito à proteção da sociedade
instituto da extradição como forma de os países cola- e do Estado.
borarem uns com os outros. Assim, é possível que um
Estado entregue uma pessoa para à Justiça de outro O art. 16 estabelece o direito de contrair matrimô-
Estado. Aqui, a perseguição (para processar e punir) nio, ou seja, de se casar. Ele é dividido em três itens.
é legítima, diferentemente do asilo, em que a perse- O primeiro item traz duas importantes proteções. A
guição é ilegítima, como nos casos de crimes políticos primeira refere-se à idade núbil, ou seja, que o casa-
e de opinião. mento seja possível somente a partir de uma deter-
minada idade. Observa-se, no entanto, que o item
Art. 15 não estabelece nenhuma idade, mencionando apenas
1. Todo ser humano tem direito a uma “maior idade”. Por conseguinte, a idade núbil pode
nacionalidade. ser fixada a critério da legislação de cada país, não se
2. Ninguém será arbitrariamente privado de podendo admitir casamento de crianças. A outra pro-
sua nacionalidade, nem do direito de mudar de teção importante decorre do princípio da igualdade,
nacionalidade. ou seja, da igualdade entre homens e mulheres nas
relações conjugais.
O art. 15 estabelece o direito à nacionalidade, ou A idade núbil, no Brasil, é 16 (dezesseis) anos e a
seja, ter um vínculo político-jurídico com um país, pois igualdade entre homem e mulher nas relações conju-
todos os seres humanos têm direito de se vincularem gais passou a ser protegida com a CF, de 1988. Como
a um Estado soberano para que este possa lhe assegu- exemplo, pode-se citar a transformação do pátrio
rar proteção aos seus direitos fundamentais. A ausên- poder em poder familiar, em que a vontade do cônju-
cia de vínculo enseja a condição de apátrida e impede ge varão deixou de ser preponderante.
que o indivíduo pleiteie proteção jurídica básica por O segundo item do art. 16 refere-se ao consen-
não estar vinculado a nenhum estatuto pessoal. Deste timento do nubente, que deve ser livre e pleno. O
modo, o primeiro item estabelece o direito à proteção casamento é uma escolha e, por essa razão, não pode
jurídica e política por parte de um Estado, ou seja, o ser imposto. Busca-se, portanto, evitar casamentos
arranjados ou forçados. Por fim, o terceiro item trata
9
direito de ter uma nacionalidade.
-9

A nacionalidade pode ser originária ou derivada. da proteção que deve ser concedida à família, tanto
96

Nacionalidade originária é aquela que decorre do pela sociedade como pelo Estado, pois é da família que
.3

nascimento e, a depender do Estado, pode seguir o cri- advêm os indivíduos, ou seja, é o núcleo natural e fun-
93

tério de vínculo biológico (jus sanguinis) ou o critério damental de onde emana a sociedade.
.0
06

do local do nascimento (jus solis), ou os dois, como no


Art. 17
-1

caso do Brasil. Nesse tipo de nacionalidade (originá-


1. Todo ser humano tem direito à propriedade, só
ria), é possível a coexistência de mais de uma nacio-
a

ou em sociedade com outros.


lv

nalidade. Exemplo: filho de italiano nascido no Brasil


2. Ninguém será arbitrariamente privado de
Si

é italiano por sangue e brasileiro por solo. sua propriedade.


da

Nacionalidade derivada é aquela que decorre de


qualquer outro fator que não o nascimento, como,
io

O art. 17 trata do direito à propriedade. Trata-se


por exemplo, passar a residir em um país ou casar-se
v

do direito que todos os seres humanos têm de usar,


com um estrangeiro e adquirir a nacionalidade deste gozar e dispor da coisa, assim como retomá-la de
O

(essa hipótese não existe no direito brasileiro, pois o


NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
quem, injustamente, a detenha. O primeiro item esta-
ri

casamento com brasileiro, por si só, não dá o direito


A

belece que a propriedade pode ser individual ou em


à nacionalidade brasileira). Para adquirir a naciona- conjunto. Já o segundo item veda a perda arbitrária
lidade derivada é necessário um procedimento cha- da propriedade. Deste modo, para que a pessoa seja
mado de naturalização. Em regra, ao se adquirir uma privada de sua propriedade, deve a lei estabelecer os
nova nacionalidade, por ser esta voluntária, perde-se critérios e as hipóteses. Por exemplo, o direito brasi-
a nacionalidade anterior (direito de opção). leiro autoriza a expropriação de propriedade em que
O segundo item, por sua vez, estabelece que o for encontrado trabalho escravo.
direito à nacionalidade não pode ser retirado arbi- A CF, de 1988, garante o direito à propriedade e
trariamente, assim como não pode ser imposto. Nes- que esta deve atender a sua função social (Artigo 5º,
te sentido, o brasileiro continuará a ser brasileiro, XXII e XXIII).
independente de qualquer conduta praticada, porém,
Art. 18 Todo ser humano tem direito à liberdade
se quiser adquirir outra nacionalidade, como, por de pensamento, consciência e religião; esse direito
exemplo, passar a residir em outro país e tornar-se inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e
nacional deste, não será compelido a continuar como a liberdade de manifestar essa religião ou crença
brasileiro. Essa hipótese é muito comum entre atletas, pelo ensino, pela prática, pelo culto em público ou
que optam por outra nacionalidade, para poderem em particular. 169
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O direito à liberdade está disciplinado no art. 18 O art. 21 encerra o rol dos direitos civis e políticos
da DUDH. De acordo com o dispositivo, os seres huma- previstos na DUDH. Na realidade, o dispositivo é o único
nos têm direito de liberdade de foro íntimo, ou seja, que disciplina os direitos políticos, sendo dividido em
de ter convicções religiosas, filosóficas, políticas, entre três itens. O primeiro item dá ênfase ao regime demo-
outros. Portanto, têm direito de pensar e de expres- crático de governo, ao estabelecer os indivíduos como
sar livremente esses pensamentos. Com relação à titulares da soberania. Desse modo, os seres humanos
religião, assegura tanto a liberdade de crença (foro podem participar diretamente do governo (democracia
íntimo), ou seja, de ter uma religião, como a liberdade direta) ou indiretamente, por meio de seus represen-
de expressão, isto é, de culto. Além disso, estabelece a tantes escolhidos pelo voto (democracia indireta). Tra-
liberdade religiosa, de mudar de crença ou religião e ta-se, também, do direito de votar e ser votado.
de manifestação desta. O segundo item refere-se aos serviços prestados
O pensamento, em si, é absolutamente livre, por
pelo Estado, os quais devem respeitar o direito à igual-
ser uma questão de foro íntimo. O indivíduo pode
dade, ou seja, todos os indivíduos tem acesso aos mes-
pensar em que quiser sem que o Estado possa interfe-
mos serviços prestados.
rir. No entanto, quando esse pensamento é exteriori-
Por fim, o terceiro item trata do direito de voto,
zado, passa a ser possível a tutela e proteção do Estado
que deve ser periódico, legítimo, universal e secreto.
Art. 19 Todo ser humano tem direito à liberdade de É importante frisar que, no Brasil, não é possível
opinião e expressão; esse direito inclui a liberda- alterar as regras com relação ao voto direto, secreto,
de de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, universal e periódico (são cláusulas pétreas). A obri-
receber e transmitir informações e ideias por quais- gatoriedade do voto, por sua vez, pode ser alterada
quer meios e independentemente de fronteiras. (tornar-se facultativo).

Complementando o art. 18, o art. 19 trata do direito Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
à liberdade de opinião e expressão, ou seja, de expres-
sar livremente os pensamentos em qualquer evento ou Conforme visto, esta segunda parte engloba os direi-
área do conhecimento. Cumpre mencionar que é da tos de segunda geração/dimensão, ou seja, aqueles que
liberdade de expressão que decorrem a proibição de demandam a atuação e proteção do Estado para assegu-
censura e a vedação do anonimato por exemplo. rar a todas as pessoas a igualdade. Eles estão previstos
A expressão do pensamento é livre, porém não é nos arts. 22 ao 28 da DUDH. Vejamos cada um deles:
absoluta. Assim, a pessoa é livre para expor sua opi-
nião, mas se esta atingir a honra de alguém, por exem- Art. 22 Todo ser humano, como membro da socie-
plo, ela poderá ser responsabilizada civil e penalmente. dade, tem direito à segurança social, à reali-
zação pelo esforço nacional, pela cooperação
Art. 20 internacional e de acordo com a organização
1. Todo ser humano tem direito à liberdade de e recursos de cada Estado, dos direitos econômi-
reunião e associação pacífica cos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignida-
9
2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma
-9

de e ao livre desenvolvimento da sua personalidade.


associação.
96
.3

O art. 22 assegura aos indivíduos um sistema de


A liberdade de reunião e associação encontram-
93

assistência e proteção econômica em determinados


-se disciplinadas no art. 20 da DUDH. Por reunião
.0

depreende-se o agrupamento organizado de pessoas momentos, tais como incapacidade temporária ou defi-
06

para uma determinada finalidade e com caráter tran- nitiva, velhice, maternidade, entre outros, ou seja, um
-1

sitório. Se o caráter do agrupamento for permanente, programa de proteção social para amparar as pessoas
a

tem-se uma associação. Importante mencionar que em determinados eventos. Também garante a consecu-
lv

ção de esforços nacionais, de cooperação internacional


Si

tanto a reunião como a associação devem servir para


fins pacíficos. Além disso, ninguém poderá ser com- e de organização e gerenciamento dos recursos dispo-
da

pelido a se associar e, uma vez associado, será livre, níveis pelos Estados com o objetivo de garantir as con-
io

também, para decidir se permanece ou não associado. dições indispensáveis a uma vida com dignidade.
v

Desse artigo, advém a ideia de “reserva do possí-



O

vel”, pois o Estado deve garantir os direitos em confor-


Importante!
ri

midade com seus recursos.


A

No Brasil, é proibida a associação para fins ilíci- Art. 23


tos e paramilitares. 1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre
escolha de emprego, a condições justas e favorá-
veis de trabalho e à proteção contra o desemprego.
Art. 21
2. Todo ser humano, sem qualquer distinção, tem
1. Todo ser humano tem o direito de tomar
parte no governo de seu país diretamente ou direito a igual remuneração por igual trabalho.
por intermédio de representantes livremente 3. Todo ser humano que trabalha tem direito a
escolhidos uma remuneração justa e satisfatória que lhe
2. Todo ser humano tem igual direito de acesso assegure, assim como à sua família, uma existên-
ao serviço público do seu país. cia compatível com a dignidade humana e a que se
3. A vontade do povo será a base da autoridade do acrescentarão, se necessário, outros meios de pro-
governo; essa vontade será expressa em eleições teção social.
periódicas e legítimas, por sufrágio universal, 4. Todo ser humano tem direito a organizar sin-
por voto secreto ou processo equivalente que dicatos e a neles ingressar para proteção de seus
170 assegure a liberdade de voto. interesses.
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O art. 23 assegura às pessoas o direito ao trabalho Art. 26
e à livre escolha do emprego, ou seja, a liberdade de 1. Todo ser humano tem direito à instrução. A ins-
escolha profissional. Para tanto, deve o Estado esti- trução será gratuita, pelo menos nos graus elemen-
pular as condições necessárias para a realização do tares e fundamentais. A instrução elementar será
trabalho e adotar medidas de proteção ao trabalhador obrigatória. A instrução técnico-profissional será
acessível a todos, bem como a instrução superior,
contra o desemprego.
esta baseada no mérito.
Considerando-se que todo trabalho tem direito
2. A instrução será orientada no sentido do pleno
a uma contraprestação, essa remuneração deve ser desenvolvimento da personalidade humana e do
pautada pelo princípio da igualdade, evitando que fortalecimento do respeito pelos direitos do ser
pessoas que exerçam as mesmas funções e nos mes- humano e pelas liberdades fundamentais. A ins-
mos locais recebam valores diferentes de acordo com trução promoverá a compreensão, a tolerância e a
suas características pessoais, como sexo, cor, naciona- amizade entre todas as nações e grupos raciais ou
lidade, religião, entre outros. Assim sendo, também é religiosos e coadjuvará as atividades das Nações
dever do Estado adotar medidas de proteção ao traba- Unidas em prol da manutenção da paz.
lhador contra tratamentos discriminatórios. 3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do
O dispositivo garante, ainda, que a remuneração gênero de instrução que será ministrada a seus
seja justa e suficiente para assegurar ao trabalhador filhos.
e à sua família uma vida digna. Por fim, estabelece
o direito à livre criação de sindicatos, para que estes O art. 26 assegura aos seres humanos o direito à
possam garantir os meios de proteção aos direitos dos educação. O dispositivo traz a ideia de que a formação
trabalhadores. integral da pessoa depende de instrução, pois somente
Sobre isso, vale ressaltar que a CF, de 1988, disci- com uma instrução adequada o indivíduo pode exer-
plina os direitos dos trabalhadores urbanos e rurais cer outros direitos, tais como a liberdade de expres-
em seu art. 7º. são, a liberdade de associação, os direitos políticos,
entre outros. Deste modo, cabe ao Estado assegurar o
Art. 24 Todo ser humano tem direito a repouso e
acesso à instrução e garantir sua gratuidade ao menos
lazer, inclusive a limitação razoável das horas nos níveis elementares e fundamentais.
de trabalho e a férias remuneradas periódicas. Quanto à obrigatoriedade, esta deve ser apenas
da instrução elementar, assegurando o acesso nos
O art. 24 também assegura um direito dos traba- demais níveis de instrução. Nesse ponto é importante
observar que, embora o dispositivo estabeleça o direi-
lhadores. Trata-se de duas regras para evitar que o
to prioritário dos pais na escolha do gênero de instru-
trabalhador seja levado à exaustão. A primeira é a
ção, ele também limita sua liberdade de escolha ao
estipulação de períodos de descanso, ou seja, da pro-
estipular caráter obrigatório à instrução elementar,
teção do repouso e do lazer, assim como a garantia de
uma vez que os pais não poderão privar seus filhos do
gozo de férias remuneradas e periódicas. A segunda é
ensino elementar formal.
a limitação da jornada do trabalho. 9
-9

Art. 25
Importante!
96

1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida


.3

capaz de assegurar a si e à sua família saúde, bem- A DUDH não define o que é ensino elementar.
93

-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação,


.0

cuidados médicos e os serviços sociais indispensá-


06

veis e direito à segurança em caso de desemprego, Art. 27


-1

doença invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de 1. Todo ser humano tem o direito de participar
perda dos meios de subsistência em circunstâncias livremente da vida cultural da comunidade, de fruir
a

as artes e de participar do progresso científico e de


lv

fora de seu controle.


Si

2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados seus benefícios.


e assistência especiais. Todas as crianças, nascidas 2. Todo ser humano tem direito à proteção dos
da

dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma interesses morais e materiais decorrentes de qual-
io

proteção social. quer produção científica literária ou artística da


v

qual seja autor.



O

O art. 25 traz a ideia de mínimo existencial, ou


NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

O art. 27 busca assegurar o acesso dos indivíduos


ri

seja, de um padrão mínimo de condições materiais


A

aceitáveis para uma vida com dignidade. Nestes ter- ao direito cultural. O primeiro item do artigo refere-
mos, deve-se assegurar que a quantidade de alimen- -se ao direito de participar, ou seja, de ter acesso aos
tos deve ser suficiente para o indivíduo e sua família, meios de cultura e artes, bem como aos meios cientí-
que ele possa se vestir, ter moradia, acesso aos servi- ficos. Já o segundo item estabelece os meios de prote-
ços médicos, sociais e segurança em caso de imprevis- ção ao direito do autor, quer em seu aspecto material,
tos, tais como desemprego, incapacidade, velhice etc. quer em seu aspecto moral.
Além disso, devem-se assegurar os cuidados e assis-
tência devidos à maternidade e à infância, sem qual- Art. 28 Todo ser humano tem direito a uma ordem
quer distinção entre os filhos. social e internacional em que os direitos e liberda-
É importante saber que, antes da CF, de 1988, a des estabelecidos na presente Declaração possam
proteção aos filhos concebidos no casamento era dife- ser plenamente realizados.
rente dos gerados fora do matrimônio. Por exemplo,
uma pessoa casada não poderia registrar filho havido Finalizando os direitos econômicos, sociais e cul-
fora deste casamento. turais, o art. 28 reafirma os direitos elencados na
DUDH e estabelece que uma ordem social condizente
com os valores da dignidade humana somente poderá 171
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ser efetivada com a consecução de todos os direitos de sua qualidade de Membros, deverão cumprir de
previstos na declaração. Portanto, os Estados devem boa fé as obrigações por eles assumidas de acordo
se comprometer a adotar a Declaração, tanto em seu com a presente Carta.
âmbito interno como em seu âmbito externo. 3. Todos os Membros deverão resolver suas contro-
vérsias internacionais por meios pacíficos, de modo
que não sejam ameaçadas a paz, a segurança e a
Outros Dispositivos
justiça internacionais.
4. Todos os Membros deverão evitar em suas rela-
Os arts. 29 e 30 da DUDH não se enquadram como ções internacionais a ameaça ou o uso da força
direitos civis e políticos nem como direitos econômi- contra a integridade territorial ou a dependência
cos, sociais e culturais. A eles compete fazer o fecha- política de qualquer Estado, ou qualquer outra ação
mento da Declaração. incompatível com os Propósitos das Nações Unidas.
5. Todos os Membros darão às Nações toda assis-
Art. 29 tência em qualquer ação a que elas recorrerem de
1. Todo ser humano tem deveres para com a comu- acordo com a presente Carta e se absterão de dar
nidade, na qual o livre e pleno desenvolvimento auxílio a qual Estado contra o qual as Nações Uni-
de sua personalidade é possível. das agirem de modo preventivo ou coercitivo.
2. No exercício de seus direitos e liberdades, todo 6. A Organização fará com que os Estados que
ser humano estará sujeito apenas às limitações não são Membros das Nações Unidas ajam de
determinadas pela lei, exclusivamente com o fim acordo com esses Princípios em tudo quanto for
de assegurar o devido reconhecimento e respeito necessário à manutenção da paz e da segurança
dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer internacionais.
as justas exigências da moral, da ordem pública e 7. Nenhum dispositivo da presente Carta autori-
zará as Nações Unidas a intervirem em assuntos
do bem-estar de uma sociedade democrática.
que dependam essencialmente da jurisdição de
3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipó-
qualquer Estado ou obrigará os Membros a subme-
tese alguma, ser exercidos contrariamente aos
terem tais assuntos a uma solução, nos termos da
objetivos e princípios das Nações Unidas.
presente Carta; este princípio, porém, não prejudi-
cará a aplicação das medidas coercitivas constan-
Depois de vinte e oito artigos estabelecendo os tes do Capitulo VII.
direitos inerentes aos seres humanos, o art. 29 é o
único que traz os deveres. Assim, cabe ao indivíduo Vejamos, agora, o art. 30, o qual encerra a DUDH.
contribuir para o desenvolvimento da comunidade, o
que significa dizer que, se por um lado a sociedade se Art. 30 Nenhuma disposição da presente Declara-
compromete a garantir a consecução dos direitos das ção poder ser interpretada como o reconhecimento
pessoas, por outro, essas pessoas também se compro- a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de
metem com a sociedade. exercer qualquer atividade ou praticar qualquer
Além disso, o dispositivo estabelece que os direitos ato destinado à destruição de quaisquer dos direi-
e liberdades somente podem ser limitados pela lei, de tos e liberdades aqui estabelecidos.
9
modo a evitar, por exemplo, o abuso do direito. Por
-9

fim, o artigo estabelece a relação entre a DUDH e a O art. 30 traz a regra de interpretação da Decla-
96

Carta das Nações Unidas, de maneira que nenhum ração para garantir a adequação entre os direitos
.3

direito tutelado possa ser exercido contrariando os estabelecidos e a consecução da dignidade da pessoa
93

objetivos e princípios da outra. humana. Consequentemente, não é possível a redu-


.0

A título de conhecimento, os propósitos e princí- ção da proteção, a exclusão do direito, a distorção de


06

pios da ONU são: acesso a algum direito baseado em uma interpretação


-1

errônea do conteúdo e estrutura. Portanto, a interpre-


a

Art. 1º tação deve respeitar a própria DUDH.


lv

1. Manter a paz e a segurança internacionais e,


Si

para esse fim: tomar, coletivamente, medidas efe-


da

tivas para evitar ameaças à paz e reprimir os atos


io

de agressão ou outra qualquer ruptura da paz e


CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE
v

chegar, por meios pacíficos e de conformidade com


os princípios da justiça e do direito internacional, DIREITOS HUMANOS


O

a um ajuste ou solução das controvérsias ou situa-


ri

ções que possam levar a uma perturbação da paz;


A

Instituída no âmbito da Organização dos Estados


2. Desenvolver relações amistosas entre as nações, basea- Americanos (OEA), a Convenção Americana sobre
das no respeito ao princípio de igualdade de direitos e de
Direitos Humanos (CADH), também conhecida como
autodeterminação dos povos, e tomar outras medidas
apropriadas ao fortalecimento da paz universal; Pacto de San José da Costa Rica, é um tratado inter-
3. Conseguir uma cooperação internacional para nacional firmado entre os países-membros que con-
resolver os problemas internacionais de caráter solida um regime de liberdade pessoal e de justiça
econômico, social, cultural ou humanitário, e para social, fundado no respeito aos direitos essenciais do
promover e estimular o respeito aos direitos huma- ser humano.
nos e às liberdades fundamentais para todos, sem A CADH foi elaborada em 22 de novembro de 1969
distinção de raça, sexo, língua ou religião; e durante a Conferência Especializada Interamericana
4. Ser um centro destinado a harmonizar a ação das
de Direitos Humanos, na cidade de San José da Costa
nações para a consecução desses objetivos comuns.
Art. 2º
Rica, entrando em vigor em 18 de julho de 1978. Hoje,
1. A Organização é baseada no princípio da igual- conta com 25 países ratificantes, nas 3 Américas (Esta-
dade de todos os seus Membros. dos Unidos e Canadá não aderiram ao documento).
2. Todos os Membros, a fim de assegurarem para O Brasil ratificou tardiamente, em 9 de novembro de
172 todos em geral os direitos e vantagens resultantes 1992, por meio do Decreto nº 678.
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Essa Convenção é importante porque funda as Anotamos, outrossim, que a Convenção possui
bases do sistema interamericano de proteção dos aplicação imediata, podendo seus direitos serem exi-
Direitos Humanos, que visa a proteção do indivíduo e gidos de plano, logo quando o país ratificar a submis-
o combate às violações dos direitos humanos. são ao seu texto.
O Pacto de San José foi elaborado com inspiração Lembre-se de que a CADH é considerada pela dou-
e influência da Declaração Universal dos Direitos trina internacional como o principal tratado do Sis-
Humanos da ONU de 1948, tanto que, no preâmbulo
tema Interamericano. Apenas os países membros da
da CADH, o documento estabelece que os princípios
OEA podem aderir à CADH. Desse modo, um país asiá-
que foram consagrados são os mesmos previstos na
tico, por exemplo, não pode se submeter às obrigações
Declaração Universal dos Direitos Humanos.
O Pacto de San José estabelece vários direitos contidas no Pacto nem muito menos ser responsabili-
civis e políticos, como o direito ao reconhecimento da zado internacionalmente com base no conteúdo dos
personalidade jurídica, o direito à vida, à integrida- Tratados da OEA.
de pessoal, à liberdade pessoal e garantias judiciais,
à proteção da honra e reconhecimento à dignidade, COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS
à liberdade religiosa e de consciência, à liberdade HUMANOS (CIDH)
de pensamento e de expressão, e o direito de livre
associação. Sediada em Washington-EUA, a CIDH é um órgão
Questões de concurso público costumam questio- autônomo que tem como missão a promoção e pro-
nar sobre a positivação dos Direitos Econômicos, teção dos direitos humanos nas Américas. É conside-
Sociais e Culturais na Convenção Americana. Cabe rada o principal órgão da Organização dos Estados
salientar que a CADH não trouxe um rol detalhado Americanos (OEA).
desses direitos. Em seu art. 26, o Pacto somente prevê A CIDH é composta por 7 membros independen-
que os Estados devem atuar para o desenvolvimento
tes, com mandato de 4 anos e só poderão ser reeleitos
progressivo dos direitos econômicos, sociais e cultu-
uma vez. Eles são chamados de comissários ou comis-
rais contidos na Carta da OEA. Observe:
sionados e atuam de forma pessoal. Não pode fazer
Art. 26 Os Estados Partes comprometem-se a ado- parte da CIDH mais de um nacional de um mesmo
tar providências, tanto no âmbito interno como país. Assim, a composição da CIDH não pode ter, ao
mediante cooperação internacional, especialmente mesmo tempo, dois brasileiros, por exemplo
econômica e técnica, a fim de conseguir progres- A Comissão foi criada em 1959 pela OEA e faz parte
sivamente a plena efetividade dos direitos que do Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos
decorrem das normas econômicas, sociais e sobre Humanos (SIDH), juntamente com a Corte IDH (insta-
educação, ciência e cultura, constantes da Carta lada em 1979).
da Organização dos Estados Americanos, reforma-
Registre-se que o SIDH começou a funcionar for-
da pelo Protocolo de Buenos Aires, na medida dos
recursos disponíveis, por via legislativa ou por malmente com a aprovação da Declaração Americana
9
-9

outros meios apropriados. de Direitos e Deveres do Homem na 9ª Conferência


96

Internacional Americana realizada em Bogotá em


.3

A proteção aos Direitos Econômicos, Sociais e Cul- 1948. Nesse mesmo momento, também foi adotada a
93

turais somente aconteceu efetivamente em 1999, própria Carta da OEA.


.0

quando da elaboração do Protocolo Facultativo de San A Comissão realiza seu trabalho com foco em três
06

Salvador15. pilares:
-1

Para monitorar o cumprimento das obrigações


a

assumidas na CADH, o documento estabeleceu dois � Sistema de Petição Individual;


lv

órgãos: a Comissão Interamericana de Direitos Huma-


Si

� Monitoramento da situação dos direitos humanos


nos e a Corte Interamericana de Direitos Humanos.
da

nos Estados Membros;


O Brasil fez reserva à CADH com relação à necessi-
� Atenção às linhas temáticas prioritárias.
io

dade de anuência expressa sobre as visitas in loco da


v

Comissão Interamericana no Brasil.


Uma pergunta recorrente em provas é sobre quem
O

NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS


pode acionar a Comissão. Lembre-se de que qual-
ri

Dica
A

quer indivíduo, grupo de indivíduos, organizações


A Comissão Interamericana de Direitos Huma- não governamentais e Estado-membro da OEA pode
nos e a Corte Interamericana de Direitos Huma- enviar uma comunicação para provocar a abertura de
nos julgam Estados e não indivíduos, ou seja: um caso na CIDH. Atente-se ao fato de que o indivíduo
quando há uma violação de direitos humanos, não tem legitimidade para levar uma petição para a
quem vai ser responsabilizado não é o indivíduo Corte IDH, uma vez que somente a CIDH ou o Estado
que praticou o delito, mas sim o Estado ao qual membro da OEA podem provocar a Corte.
aquele indivíduo é nacional.
15  O motivo dessa não proteção esmiuçada decorre do fato de que, na época em que a CADH foi elaborada, o mundo estava no período da
Guerra Fria. Havia, então, uma forte polarização e disputa de poder ideológico entre os Estados que defendiam o modelo de Estado Social
(liderados pela União Soviética) e os Estados que pautavam o modelo de Estado Liberal (guiados pelos EUA). O governo americano não queria
que as ideias socialistas/comunistas invadissem o continente americano, e enxergavam nos direitos econômicos, sociais e culturais uma forma
de se implementar a teoria marxista. Desse modo, na construção do texto da CADH, a pressão norte-americana fez com que a proteção aos
direitos socioeconômicos tivesse um texto genérico e sem detalhamento. Só com o fim da Guerra Fria, materializada com a queda do Muro de
Berlim, em 1989, e com o fortalecimento dos EUA como grande potência global, o tema dos direitos socioeconômicos foi abordado no plano da
OEA por meio do Protocolo Facultativo de São Salvado, em 1999. 173
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS (CORTE IDH)

Com sede em São José, capital da Costa Rica, a Corte Interamericana de Direitos Humanos, como abordamos
acima, faz parte do Sistema Interamericano de Direitos Humanos.
A Corte IDH possui 7 juízes, nacionais de Estados-membros da OEA, com mandato de 6 anos, podendo serem
reeleitos uma única vez. Não deve haver dois juízes da mesma nacionalidade. O quórum de deliberação da Corte
é de 5 juízes.
Trata-se de um tribunal típico, que julga Estados em casos contenciosos envolvendo cidadãos e países. Ade-
mais, a Corte supervisiona a aplicação de suas sentenças e dita medidas cautelares.
A Corte tem duas funções: consultiva e contenciosa. É conhecida como o órgão jurisdicional da Convenção
Americana. Em relação à competência consultiva, qualquer membro da OEA pode solicitar o parecer da Corte
relativo à interpretação da CADH ou de qualquer outro tratado referente à proteção dos direitos humanos nos
Estados americanos.
Ao final dos processos no âmbito da Corte, ela produzirá uma sentença que tem caráter definitivo e inapelá-
vel. A sentença da Corte é uma sanção internacional que deve ser cumprida espontaneamente pelo Estado. Caso
contrário, sua execução deve ser feita nos termos da execução contra a Fazenda Pública.
A sentença da Corte não necessita de homologação do STJ (alínea “i” do inciso I do art. 105 da CF), uma vez que
é oriunda de organismo internacional e não de Estado estrangeiro. É considerada título executivo judicial, deven-
do ser executada por juiz federal (inciso I do art. 109 da CF) contra a União (inciso I do art. 21 da CF).
O Estado deve declarar que reconhece como obrigatória, de pleno direito e sem convenção especial, a compe-
tência da Corte. Observe que a Corte IDH tem a faculdade, inerente às suas atribuições, de determinar o alcance
de sua própria competência – compétence de la compétence.
O Estado brasileiro reconheceu a competência jurisdicional da Corte IDH por prazo indeterminado, em dezem-
bro de 1998, por meio do Decreto Legislativo nº 89, de 1998.
É importante lembrar que apenas podem levar um caso ao conhecimento da Corte a Comissão e os Estados-
-partes da OEA (que expressamente reconhecerem a jurisdição da Corte). O indivíduo depende da Comissão para
que seu caso seja apreciado pela Corte.
Para facilitar seu estudo da diferenciação entre os dois órgãos do Sistema Interamericano de Direitos Huma-
nos, acompanhe e memorize o quadro a seguir:

DIFERENÇAS ENTRE A COMISSÃO E A CORTE INTERAMERICANA DE DH


CIDH Corte IDH
Sede Washington, EUA San José, Costa Rica
7 Comissários 7 Juízes
Membros
Mandato: 4 anos Mandato: 6 anos
9
Função Essencialmente política Consultiva e contenciosa
-9
96

Produz ao final do processo Recomendação Sentença


.3

Qualquer indivíduo, grupo de indivíduo, Somente a CIDH e os Estados Partes da


93

Quem pode acionar


Estados e ONGs OEA que aceitaram a jurisdição da Corte
.0
06
-1

COMENTÁRIOS AOS PRINCIPAIS ARTIGOS DA CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS HUMANOS


a
lv

Abordaremos a seguir os artigos mais cobrados pelas provas de concurso em relação à Convenção Americana
Si

de Direitos Humanos.
da

Parte I – Deveres dos Estados e Direitos Protegidos


vio

Art. 1º Obrigação de respeitar os direitos


O

1. Os Estados Partes nesta Convenção comprometem-se a respeitar os direitos e liberdades nela reconhecidos e
ri

a garantir seu livre e pleno exercício a toda pessoa que esteja sujeita à sua jurisdição, sem discriminação alguma
A

por motivo de raça, cor, sexo, idioma, religião, opiniões políticas ou de qualquer outra natureza, origem nacio-
nal ou social, posição econômica, nascimento ou qualquer outra condição social.
2. Para os efeitos desta Convenção, pessoa é todo ser humano.
Art. 2º Dever de adotar disposições de direito interno
Se o exercício dos direitos e liberdades mencionados no artigo 1 ainda não estiver garantido por disposições legis-
lativas ou de outra natureza, os Estados Partes comprometem-se a adotar, de acordo com as suas normas cons-
titucionais e com as disposições desta Convenção, as medidas legislativas ou de outra natureza que forem
necessárias para tornar efetivos tais direitos e liberdades.

Os artigos primeiro e segundo precisam ser analisados em conjunto, pois são cláusulas gerais que trazem a apli-
cação do princípio do pacta sunt servanda previsto no Direito Internacional Público. Esse princípio representa a força
obrigatória da norma internacional e o compromisso dos Estados membros de cumprirem e respeitarem a norma
internacional de forma voluntária.
Observem que essa imposição só deve se aplicar ao país que aceitou se submeter à norma internacional, incor-
porando o Tratado em seu ordenamento jurídico com base no seu trâmite interno. Nesse sentido, um país que não
174 assinou o Tratado não pode ser constrangido a assumir as obrigações contidas nele.
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O compromisso dos Estados não deve ficar só no A CADH adotou a Teoria Concepcionista do con-
ato formal da assinatura e ratificação, mas deve sig- ceito de vida. Segundo essa teoria, a vida começa a
nificar, se preciso for, modificação das suas normas partir da concepção, em outras palavras, quando o
internas, práticas e ações para se adaptarem à CADH. espermatozoide adentra o ovócito e ambos se fundem,
Ademais, destacamos, nos termos do item segundo desenvolvendo, assim, a primeira célula com toda a
do art. 1º, que a CADH restringe o alcance do Pacto às programação genética do indivíduo até a fase adulta.
pessoas físicas, excluindo, desse modo, as pessoas jurí- Com a fecundação, conforme essa teoria, passa a exis-
dicas (empresas, associações, ongs etc.) do espectro de tir um novo ser, uma pessoa individualizada e distinta
proteção da presente norma de direitos humanos. de outro indivíduo.
O Pacto de San José também regulamentou sobre o
Capítulo II – Direitos Civis e Políticos polêmico tema da pena de morte. Nos termos do art. 4.1,
nos países que não houverem abolido a pena de morte,
Art. 3º Direito ao reconhecimento da persona- sete devem ser as regras para aplicação da pena capital:
lidade jurídica
Toda pessoa tem direito ao reconhecimento de sua z Só poderá ser imposta pelos delitos mais graves;
personalidade jurídica. z Só pode ser aplicada em cumprimento de senten-
ça final de tribunal competente;
Os direitos da personalidade são atributos que z Deve ser aplicada em conformidade com a lei que
derivam da dignidade humana e abarcam o sentido da tenha sido promulgada antes de haver o delito
personalidade das pessoas naturais. Logo, tais direitos sido cometido;
são intrínsecos e comuns a todos os seres humanos. z Não poderá se estender sua aplicação a delitos aos
Assim, a pessoa física jamais poderá ser conside- quais não se aplique atualmente;
rada um objeto, como infelizmente já ocorreu na his- z Não se pode restabelecer a pena de morte nos Esta-
tória da humanidade. Esses direitos de personalidade dos que a hajam abolido;
são dotados das seguintes características: z Jamais pode ser aplicada por delitos políticos,
nem por delitos comuns conexos com delitos
z São inatos (inerentes a condição humana); políticos;
z Absolutos (oponíveis contra todos, ou seja, erga z Não se deve impor a pena a menor de 18 anos,
omnes); ou maior de 70 anos, nem a aplicar a mulher em
z Vitalícios (acompanham a pessoa humana em toda estado de gravidez.
sua existência);
z Intransmissíveis (não se transmitem a terceiros); Art. 5º Direito à integridade pessoal
z Irrenunciáveis (não se pode abdicar da sua existência). 1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua
integridade física, psíquica e moral.
Como mencionado, a CADH somente traz um 2. Ninguém deve ser submetido a torturas, nem
detalhamento da proteção dos direitos civis e políti- a penas ou tratos cruéis, desumanos ou degra-
cos (direitos de primeira geração), ficando os direitos dantes. Toda pessoa privada da liberdade deve ser
9
tratada com o respeito devido à dignidade inerente
-9

econômicos, sociais e culturais (direitos de segunda


ao ser humano.
96

geração) para posterior amparo no Protocolo de San


3. A pena não pode passar da pessoa do
.3

Salvador de 1999.
delinquente.
93

4. Os processados devem ficar separados dos


.0

Art. 4º Direito à vida


condenados, salvo em circunstâncias excepcio-
06

1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua


nais, e ser submetidos a tratamento adequado à
-1

vida. Esse direito deve ser protegido pela lei e, em


geral, desde o momento da concepção. Ninguém sua condição de pessoas não condenadas.
a

5. Os menores, quando puderem ser processados,


lv

pode ser privado da vida arbitrariamente.


devem ser separados dos adultos e conduzidos a
Si

2. Nos países que não houverem abolido a pena


tribunal especializado, com a maior rapidez possí-
da

de morte, esta só poderá ser imposta pelos deli-


vel, para seu tratamento.
tos mais graves, em cumprimento de sentença 6. As penas privativas da liberdade devem ter
io

final de tribunal competente e em conformidade


v

por finalidade essencial a reforma e a readap-


com lei que estabeleça tal pena, promulgada antes tação social dos condenados.
O

de haver o delito sido cometido. Tampouco se


NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
ri

estenderá sua aplicação a delitos aos quais não se A norma citada também está prevista na Declaração
A

aplique atualmente. Universal dos Direitos Humanos. Ela é considera, pela


3. Não se pode restabelecer a pena de morte nos doutrina internacional, uma norma jus cogens, que sig-
Estados que a hajam abolido. nifica ser uma norma imperativa, impositiva e obri-
4. Em nenhum caso pode a pena de morte ser gatória para todos os países do mundo. Desse modo,
aplicada por delitos políticos, nem por delitos nenhum país do mundo poderá realizar torturas e tra-
comuns conexos com delitos políticos. tamentos cruéis contra seus indivíduos. Havendo lei
5. Não se deve impor a pena de morte a pessoa interna que traga essa possibilidade, os tribunais inter-
que, no momento da perpetração do delito, for nacionais a considerará norma inválida, pois viola essa
menor de dezoito anos, ou maior de setenta, norma costumeira do Direito Internacional Público.
nem aplicá-la a mulher em estado de gravidez. Regras básicas de execução da pena também foram
6. Toda pessoa condenada à morte tem direito a previstas na Convenção, que dispôs que a pena não
solicitar anistia, indulto ou comutação da pena, pode passar da pessoa do réu e que os processados
os quais podem ser concedidos em todos os casos. devem ficar separados dos condenados, salvo em
Não se pode executar a pena de morte enquanto o circunstâncias excepcionais, e serem submetidos a
pedido estiver pendente de decisão ante a autorida- tratamento adequado à sua condição de pessoas não
de competente. condenadas. 175
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Os menores, quando puderem ser processados, 2. Ninguém pode ser privado de sua liberdade
devem ser separados dos adultos e conduzidos a tri- física, salvo pelas causas e nas condições previa-
bunal especializado, com a maior rapidez possível, mente fixadas pelas constituições políticas dos
para seu tratamento. Nossa Lei de Execuções Penais Estados Partes ou pelas leis de acordo com elas
(Lei nº 7.210, de 1984) regulamentou sobre o tema da promulgadas.
execução da pena. 3. Ninguém pode ser submetido a detenção ou
encarceramento arbitrários.
Art. 6º Proibição da escravidão e da servidão
4. Toda pessoa detida ou retida deve ser informa-
1. Ninguém pode ser submetido a escravidão ou
da das razões da sua detenção e notificada,
a servidão, e tanto estas como o tráfico de escra-
vos e o tráfico de mulheres são proibidos em sem demora, da acusação ou acusações formula-
todas as suas formas. das contra ela.
2. Ninguém deve ser constrangido a executar tra- 5. Toda pessoa detida ou retida deve ser condu-
balho forçado ou obrigatório. Nos países em que zida, sem demora, à presença de um juiz ou
se prescreve, para certos delitos, pena privativa da outra autoridade autorizada pela lei a exercer
liberdade acompanhada de trabalhos forçados, esta funções judiciais e tem direito a ser julgada den-
disposição não pode ser interpretada no sentido de tro de um prazo razoável ou a ser posta em liber-
que proíbe o cumprimento da dita pena, imposta por dade, sem prejuízo de que prossiga o processo. Sua
juiz ou tribunal competente. O trabalho forçado não liberdade pode ser condicionada a garantias que
deve afetar a dignidade nem a capacidade física assegurem o seu comparecimento em juízo.
e intelectual do recluso. 6. Toda pessoa privada da liberdade tem direito a
3. Não constituem trabalhos forçados ou obri- recorrer a um juiz ou tribunal competente, a
gatórios para os efeitos deste artigo: fim de que este decida, sem demora, sobre a lega-
a) os trabalhos ou serviços normalmente exigidos lidade de sua prisão ou detenção e ordene sua
de pessoa reclusa em cumprimento de sentença
soltura se a prisão ou a detenção forem ilegais. Nos
ou resolução formal expedida pela autoridade
Estados Partes cujas leis prevêem que toda pessoa
judiciária competente. Tais trabalhos ou serviços
devem ser executados sob a vigilância e contro- que se vir ameaçada de ser privada de sua liberda-
le das autoridades públicas, e os indivíduos que os de tem direito a recorrer a um juiz ou tribunal com-
executarem não devem ser postos à disposição de petente a fim de que este decida sobre a legalidade
particulares, companhias ou pessoas jurídicas de tal ameaça, tal recurso não pode ser restrin-
de caráter privado; gido nem abolido. O recurso pode ser interposto
b) o serviço militar e, nos países onde se admite a pela própria pessoa ou por outra pessoa.
isenção por motivos de consciência, o serviço nacio- 7. Ninguém deve ser detido por dívidas. Este
nal que a lei estabelecer em lugar daquele. princípio não limita os mandados de autoridade
c) o serviço imposto em casos de perigo ou cala- judiciária competente expedidos em virtude de ina-
midade que ameace a existência ou o bem-estar da dimplemento de obrigação alimentar.
comunidade; e
d) o trabalho ou serviço que faça parte das obriga- Sobre a prisão civil por dívidas, nossa Carta Mag-
ções cívicas normais. na de 1988 estabeleceu no inciso LXVII do art. 5º que
não haverá prisão civil por dívida, salvo a do respon-
9
Outra norma jus cogens prevista na CADH encontra-
-9

sável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de


96

-se no art. 6, que veda a escravidão e a servidão. Segun-


obrigação alimentícia e a do depositário infiel.
do o texto, ninguém pode ser submetido a escravidão
.3

Contudo, como vimos acima, o item 7 do art. 7 da


93

ou a servidão, e tanto estas como o tráfico de escravos


e de mulheres são proibidos em todas as suas formas. CADH veda qualquer prisão por dívida, ressalvada
.0

a hipótese do devedor de alimentos. Nesse sentido,


06

Por isso, um país que venha a celebrar um Trata-


o Pacto de San José só permitiu a prisão civil do deve-
-1

do Internacional com outro país ou crie uma norma


interna que disponha sobre a venda de pessoas huma- dor de alimentos, excluindo qualquer outra hipótese,
a

como no caso do depositário infiel.


lv

nas ou escravidão, mesmo sem ter ratificado a sub-


Essa divergência normativa fez gerar uma avalanche
Si

missão à CADH, terá anulados tais documentos, pois


de habeas corpus junto aos tribunais brasileiros, solici-
da

tais dispositivos carecerão de validade e de eficácia,


sendo nulos de pleno direito. tando a não aplicação da pena de prisão para quem era
io

A CADH traz como regra a vedação ao trabalho depositário infiel, como, por exemplo, quem financiava
v

um automóvel e não pagava a dívida nem entregava o


forçado ou obrigatório. Ocorre que o texto traz exce-


bem, sendo expedido contra ele mandado de prisão.
O

ções à regra e também aponta o que é permitido nos


A grande questão era saber qual é a hierarquia
ri

países em que se prescreve essa medida para certos


A

delitos. De qualquer forma, vale destacar que o tra- jurídica da CADH e se ela tem força jurídica para para-
balho forçado, mesmo nos países que o permite, não lisar a eficácia da prisão civil do depositário infiel pre-
deve afetar a dignidade nem a capacidade física e vista em nossa CF e regulamentada no Código Civil e
intelectual do recluso. no Código de Processo Civil.
Com base na Convenção sobre Trabalho Força- Vale observar que, após a Emenda Constitucional
do ou Obrigatório da OIT (Nº 29, adotada em 1930), nº 45, de 2004 – que acrescentou o parágrafo 3° no
trabalho forçado ou obrigatório é todo trabalho ou art. 5º –, foi conferida aos tratados e às convenções de
serviço exigido de uma pessoa sob a ameaça de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte e que
uma sanção e para o qual a pessoa não se ofereceu forem aprovados pelo Congresso Nacional, em vota-
espontaneamente. A exploração desse tipo de traba- ção de dois turnos, por 3/5 de seus membros, a equi-
lho pode ser realizada por autoridades do Estado, por valência às emendas constitucionais. Ocorre que
empresas ou por pessoas físicas. a Convenção Americana não foi ratificada por esse
quórum, até porque foi incorporada ao ordenamento
Art. 7º Direito à liberdade pessoal jurídico brasileiro em 1992, quando nem existia o § 3º
1. Toda pessoa tem direito à liberdade e à seguran- do art. 5º.
176 ça pessoais.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Então, enfrentando essa celeuma, o STF, nos julga- basilar do Estado Democrático de Direito. Registre-se
dos do RE 466.343 e do RE 349.703, com repercussão que o devido processo, garantia fundamental da pes-
geral, entendeu que os tratados internacionais de soa humana, é também uma garantia de respeito aos
direitos humanos, se não incorporados como emen- demais direitos previstos no Pacto de San José.
da constitucional, como no caso da CADH, têm status A Convenção dispôs que toda pessoa tem direi-
jurídico de normas supralegais, paralisando, assim, to a ser ouvida, com as devidas garantias, dentro de
a eficácia de todo o ordenamento infraconstitucio- um prazo razoável. Observe que o documento não
nal em sentido contrário. traz nenhum prazo específico para o exercício desse
Consoante decidiu a Suprema Corte: o caráter direito, uma vez que cada lei processual do país mem-
especial desses tratados internacionais sobre direitos bro deve estabelecer esse prazo razoável. A ideia aqui
humanos lhes reserva lugar específico no ordenamen- é evitar processos longos e demorados que trazem o
to jurídico, encontrando-se abaixo da Constituição, sentimento de injustiça e impunidade.
mas acima da legislação infraconstitucional com eles No que tange às garantias judiciais, a Convenção
conflitante, seja ela anterior ou posterior ao ato de contemplou o/a:
ratificação.
Desse modo, foi pacificado o entendimento juris- z Juízo natural e imparcial;
prudencial no sentido de que não pode mais ser z Presunção de inocência;
decretada a prisão civil do depositário infiel. Esse z Assistência de um tradutor;
tema foi alvo, inclusive, da Súmula Vinculante nº 25: z Ampla defesa;
z Não autoincriminação;
Súmula Vinculante n° 25 É ilícita a prisão civil de z Possibilidade de recorrer das decisões.
depositário infiel, qualquer que seja a modalidade
de depósito.
Art. 9º Princípio da legalidade e da retroatividade
Art. 8º Garantias judiciais
Ninguém pode ser condenado por ações ou
1. Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as
omissões que, no momento em que forem cometi-
devidas garantias e dentro de um prazo razoável,
das, não sejam delituosas, de acordo com o direi-
por um juiz ou tribunal competente, indepen-
to aplicável. Tampouco se pode impor pena mais
dente e imparcial, estabelecido anteriormente
grave que a aplicável no momento da perpe-
por lei, na apuração de qualquer acusação penal
tração do delito. Se depois da perpetração do
formulada contra ela, ou para que se determinem
seus direitos ou obrigações de natureza civil, traba- delito a lei dispuser a imposição de pena mais
lhista, fiscal ou de qualquer outra natureza. leve, o delinquente será por isso beneficiado.
2. Toda pessoa acusada de delito tem direito a
que se presuma sua inocência enquanto não se A lei, em regra, é feita para valer para no futuro.
comprove legalmente sua culpa. Durante o proces- Assim sendo, a norma não poderá retroagir e macular
so, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa
seguintes garantias mínimas: julgada. Por essa razão, a lei nova não será aplicada
a) direito do acusado de ser assistido gratuita- às situações que ocorreram no passado (princípio da
9
mente por tradutor ou intérprete, se não com- irretroatividade). Esse princípio tem como objetivo
-9

preender ou não falar o idioma do juízo ou tribunal; assegurar a segurança, a certeza e a estabilidade do
96

b) comunicação prévia e pormenorizada ao ordenamento jurídico.


.3

acusado da acusação formulada; Contudo, é importante saber que a regra da irre-


93

c) concessão ao acusado do tempo e dos meios


troatividade não é absoluta: em alguns casos, a lei
.0

adequados para a preparação de sua defesa;


nova poderá retroagir, atingindo os efeitos dos atos
06

d) direito do acusado de defender-se pessoalmen-


jurídicos praticados sob o império da norma antiga.
-1

te ou de ser assistido por um defensor de sua


escolha e de comunicar-se, livremente e em A vedação ao princípio da irretroatividade da lei
a

penal in pejus (para piorar a situação do réu) encon-


lv

particular, com seu defensor;


Si

e) direito irrenunciável de ser assistido por um tra-se prevista no inciso XL do art. 5º da Carta Magna:
a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.
da

defensor proporcionado pelo Estado, remu-


nerado ou não, segundo a legislação interna, se o Nesse passo, a Constituição Federal dispõe apenas que
io

acusado não se defender ele próprio nem nomear a lei penal deve retroagir para beneficiar o réu.
v

defensor dentro do prazo estabelecido pela lei;


Em resumo, a regra é que a lei só pode retroagir


O

f) direito da defesa de inquirir as testemunhas quando não ofender o ato jurídico perfeito, o direito
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
presentes no tribunal e de obter o comparecimen-
ri

adquirido e a coisa julgada, e quando o legislador,


A

to, como testemunhas ou peritos, de outras pessoas expressamente, ordenar sua aplicação a casos passa-
que possam lançar luz sobre os fatos;
dos, como é o caso da retroatividade da lei penal para
g) direito de não ser obrigado a depor contra si
beneficiar o réu (in melius).
mesma, nem a confessar-se culpada; e
h) direito de recorrer da sentença para juiz ou
Os princípios legalidade e da retroatividade são
tribunal superior. também consagrados em nosso ordenamento positivo
3. A confissão do acusado só é válida se feita (incisos XXXIX e XL do art. 5º da CF), e no Pacto Inter-
sem coação de nenhuma natureza. nacional sobre Direitos Civis e Políticos (art. 15).
4. O acusado absolvido por sentença passada em O princípio da legalidade está previsto no inciso
julgado não poderá ser submetido a novo pro- XXXIX do art. 5º da CF, que diz: não há crime sem lei ante-
cesso pelos mesmos fatos. rior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal.
5. O processo penal deve ser público, salvo no
que for necessário para preservar os interesses Art. 10 Direito a indenização
da justiça. Toda pessoa tem direito de ser indenizada con-
forme a lei, no caso de haver sido condenada
A CADH trouxe no seu art. 8º garantias judiciais em sentença passada em julgado, por erro
para se viabilizar o devido processo legal, instituto judiciário. 177
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Seria possível essa indenização em caso de erro Com esse entendimento, o Plenário do STF, na
em processos de qualquer natureza, seja cível, penal, ADPF 811, por nove votos a dois, entendeu ser cons-
trabalhista ou qualquer outro. Entretanto, o STF fir- titucional o Decreto Estadual de São Paulo nº 65.563,
mou entendimento no sentido de que a responsabi- de 2021.
lidade civil do Estado não se aplica a atos judiciais,
salvo no caso de erro judiciário, de prisão além do Art. 13 Liberdade de pensamento e de expressão
tempo fixado na sentença e nas hipóteses legalmente 1. Toda pessoa tem direito à liberdade de pensa-
previstas (STF, RE 505.393). mento e de expressão. Esse direito compreende a
liberdade de buscar, receber e difundir informa-
Art. 11 Proteção da honra e da dignidade ções e ideias de toda natureza, sem consideração
1. Toda pessoa tem direito ao respeito de sua honra de fronteiras, verbalmente ou por escrito, ou em
e ao reconhecimento de sua dignidade. forma impressa ou artística, ou por qualquer outro
2. Ninguém pode ser objeto de ingerências arbi- processo de sua escolha.
trárias ou abusivas em sua vida privada, na de 2. O exercício do direito previsto no inciso prece-
sua família, em seu domicílio ou em sua corres- dente não pode estar sujeito a censura prévia,
pondência, nem de ofensas ilegais à sua honra ou mas a responsabilidades ulteriores, que devem
reputação. ser expressamente fixadas pela lei e ser necessárias
3. Toda pessoa tem direito à proteção da lei con- para assegurar:
tra tais ingerências ou tais ofensas. a) o respeito aos direitos ou à reputação das demais
pessoas; ou
b) a proteção da segurança nacional, da ordem
O STF proibiu recentemente o uso da tese de legí-
pública, ou da saúde ou da moral públicas.
tima defesa da honra em crimes de feminicídio. Em
3. Não se pode restringir o direito de expressão
decisão unânime, o Plenário da Corte, na ADPF 779,
por vias ou meios indiretos, tais como o abuso
entendeu que a tese contribui para a naturalização e a de controles oficiais ou particulares de papel de
perpetuação da cultura de violência contra a mulher, imprensa, de frequências radioelétricas ou de equi-
sendo, desse modo, inconstitucional. pamentos e aparelhos usados na difusão de infor-
mação, nem por quaisquer outros meios destinados
Art. 12 Liberdade de consciência e de religião a obstar a comunicação e a circulação de ideias e
1. Toda pessoa tem direito à liberdade de consciên- opiniões.
cia e de religião. Esse direito implica a liberdade 4. A lei pode submeter os espetáculos públicos
de conservar sua religião ou suas crenças, ou a censura prévia, com o objetivo exclusivo de
de mudar de religião ou de crenças, bem como a regular o acesso a eles, para proteção moral da
liberdade de professar e divulgar sua religião ou infância e da adolescência, sem prejuízo do dis-
suas crenças, individual ou coletivamente, tanto em posto no inciso 2.
público como em privado. 5. A lei deve proibir toda propaganda a favor
2. Ninguém pode ser objeto de medidas restriti- da guerra, bem como toda apologia ao ódio
vas que possam limitar sua liberdade de conser- nacional, racial ou religioso que constitua inci-
9
var sua religião ou suas crenças, ou de mudar de tação à discriminação, à hostilidade, ao crime ou
-9

religião ou de crenças. à violência.


96

3. A liberdade de manifestar a própria religião e as


.3

próprias crenças está sujeita unicamente às limi- Sobre o tema da liberdade de pensamento e de
93

tações prescritas pela lei e que sejam necessárias expressão, o Plenário do STF, por maioria, julgou
.0

para proteger a segurança, a ordem, a saúde ou


06

recentemente que é constitucional a instauração de


a moral públicas ou os direitos ou liberdades
inquérito pelo STF com o intuito de apurar a existên-
-1

das demais pessoas.


cia de notícias fraudulentas (fake news), que podem
a

4. Os pais, e quando for o caso os tutores, têm


lv

direito a que seus filhos ou pupilos recebam a configurar crimes contra a honra e atingir a hono-
Si

educação religiosa e moral que esteja acorde rabilidade e a segurança do STF, de seus membros e
da

com suas próprias convicções. familiares.


A esse respeito, o Supremo decidiu que a restrição
io

à liberdade de expressão pode ocorrer se o agente


v

Um tema muito polêmico, que foi enfrentado


recentemente pelo STF, foi a possibilidade de restrição dela se utilizar para o cometimento de crimes ou para
O

do exercício desse direito da liberdade de consciência a disseminação dolosa de informação falsa. Nesse sen-
ri

tido, são vedados discursos de ódio, racistas, supres-


A

e de religião durante a pandemia do coronavírus.


O Pacto prevê que a liberdade de manifestar a pró- sores de direitos e tendentes a excluir determinadas
pria religião e as próprias crenças está sujeita unica- pessoas da sociedade.
mente às limitações prescritas pela Lei e que sejam
necessárias para proteger a segurança, a ordem, a Art. 14 Direito de retificação ou resposta
saúde ou a moral públicas ou os direitos ou liberda- 1. Toda pessoa atingida por informações inexa-
tas ou ofensivas emitidas em seu prejuízo por
des das demais pessoas.
meios de difusão legalmente regulamentados e que
Ocorre no Brasil que vários Estados e Municípios
se dirijam ao público em geral, tem direito a fazer,
editaram Decretos, e não leis, como o Decreto Esta- pelo mesmo órgão de difusão, sua retificação
dual de São Paulo nº 65.563, de 2021, que proibiu ati- ou resposta, nas condições que estabeleça a lei.
vidades religiosas presenciais no estado para conter a 2. Em nenhum caso a retificação ou a resposta
propagação do coronavírus. eximirão das outras responsabilidades legais
Nossa Suprema Corte decidiu que a liberdade de em que se houver incorrido.
professar religião em cultos não é um direito absoluto 3. Para a efetiva proteção da honra e da reputação,
e pode ser temporariamente restringida para assegu- toda publicação ou empresa jornalística, cine-
178 rar as garantias à vida e à saúde. matográfica, de rádio ou televisão, deve ter uma
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
pessoa responsável que não seja protegida por 1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade.
imunidades nem goze de foro especial. 2. Toda pessoa tem direito à nacionalidade do
Art. 15 Direito de reunião Estado em cujo território houver nascido, se
É reconhecido o direito de reunião pacífica e não tiver direito a outra.
sem armas. O exercício de tal direito só pode estar 3. A ninguém se deve privar arbitrariamente
sujeito às restrições previstas pela Lei e que de sua nacionalidade nem do direito de mudá-la.
sejam necessárias, numa sociedade democrática,
no interesse da segurança nacional, da segurança A nacionalidade é o vínculo jurídico estabelecido
ou da ordem públicas, ou para proteger a saúde entre Estado e indivíduo. Assim, os nacionais man-
ou a moral públicas ou os direitos e liberdades das têm uma relação jurídica com seu Estado onde quer
demais pessoas. que se encontrem. Nossa Constituição Federal, em seu
art. 12, prevê duas modalidades para a concessão da
Nossa Carta Magna, no inciso XVI do art. 5º, vai nacionalidade:
além e diz que o direito de reunião pode ser pratica-
do em locais abertos ao público, independentemente z Primária (originária): adquirida através da ori-
de autorização, desde que não frustrem outra reunião gem do indivíduo, sendo ela por critério sanguí-
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo neo, territorial ou de ambas;
apenas exigido prévio aviso à autoridade competente. z Secundária (adquirida): adquirida pelo indiví-
Saiba que essa exigência de prévio aviso não é condi- duo posteriormente ou naturalizado por vontade
ção de obrigatoriedade para o exercício desse direito. própria.

Art. 16 Liberdade de associação Na presente obra, não iremos detalhar os institu-


1. Todas as pessoas têm o direito de associar-se tos presentes no art. 12 da CF por não ser o foco deste
livremente com fins ideológicos, religiosos, polí- trabalho, mas recomendamos a leitura da norma.
ticos, econômicos, trabalhistas, sociais, cultu- Por fim, a CADH busca evitar que o indivíduo se
rais, desportivos ou de qualquer outra natureza. torne apátrida, ou seja, fique sem nacionalidade, pois
2. O exercício de tal direito só pode estar sujeito às nessa condição ele não consegue exercer os direitos
restrições previstas pela Lei que sejam necessá-
básicos dentro de um Estado.
rias, numa sociedade democrática, no interesse da
segurança nacional, da segurança ou da ordem
Art. 21 Direito à propriedade privada
públicas, ou para proteger a saúde ou a moral
1. Toda pessoa tem direito ao uso e gozo dos seus
públicas ou os direitos e liberdades das demais
bens. A lei pode subordinar esse uso e gozo ao
pessoas.
interesse social.
3. O disposto neste artigo não impede a imposi-
2. Nenhuma pessoa pode ser privada de seus bens,
ção de restrições legais, e mesmo a privação do
salvo mediante o pagamento de indenização jus-
exercício do direito de associação, aos membros
ta, por motivo de utilidade pública ou de interesse
das forças armadas e da polícia.
social e nos casos e na forma estabelecidos pela lei.
Art. 17 Proteção da família
3. Tanto a usura como qualquer outra forma de
9
1. A família é o elemento natural e fundamental
-9

exploração do homem pelo homem devem ser


da sociedade e deve ser protegida pela socieda-
96

reprimidas pela lei.


de e pelo Estado.
.3

Art. 22 Direito de circulação e de residência


2. É reconhecido o direito do homem e da mulher de
93

1. Toda pessoa que se ache legalmente no territó-


contraírem casamento e de fundarem uma famí-
.0

rio de um Estado tem direito de circular nele e de


lia, se tiverem a idade e as condições para isso
06

nele residir em conformidade com as disposições


exigidas pelas leis internas, na medida em que
-1

legais.
não afetem estas o princípio da não-discriminação 2. Toda pessoa tem o direito de sair livremente de
a

estabelecido nesta Convenção.


lv

qualquer país, inclusive do próprio.


3. O casamento não pode ser celebrado sem o
Si

3. O exercício dos direitos acima mencionados não


livre e pleno consentimento dos contraentes. pode ser restringido senão em virtude de Lei, na
da

4. Os Estados Partes devem tomar medidas apro- medida indispensável, numa sociedade democráti-
io

priadas no sentido de assegurar a igualdade de ca, para prevenir infrações penais ou para prote-
v

direitos e a adequada equivalência de respon- ger a segurança nacional, a segurança ou a ordem


sabilidades dos cônjuges quanto ao casamento,


O

públicas, a moral ou a saúde públicas, ou os direi-


NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
durante o casamento e em caso de dissolução do tos e liberdades das demais pessoas.
ri
A

mesmo. Em caso de dissolução, serão adotadas dis- 4. O exercício dos direitos reconhecidos no inciso
posições que assegurem a proteção necessária aos 1 pode também ser restringido pela Lei, em zonas
filhos, com base unicamente no interesse e conve- determinadas, por motivo de interesse público.
niência dos mesmos. 5. Ninguém pode ser expulso do território do
5. A lei deve reconhecer iguais direitos tanto aos Estado do qual for nacional, nem ser privado do
filhos nascidos fora do casamento como aos direito de nele entrar.
nascidos dentro do casamento. 6. O estrangeiro que se ache legalmente no territó-
Art. 18 Direito ao nome rio de um Estado Parte nesta Convenção só pode-
Toda pessoa tem direito a um prenome e aos rá dele ser expulso em cumprimento de decisão
nomes de seus pais ou ao de um destes. A lei deve adotada de acordo com a lei.
regular a forma de assegurar a todos esse direito, 7. Toda pessoa tem o direito de buscar e receber
mediante nomes fictícios, se for necessário. asilo em território estrangeiro, em caso de perse-
Art. 19 Direitos da criança guição por delitos políticos ou comuns conexos
Toda criança tem direito às medidas de proteção com delitos políticos e de acordo com a legislação
que a sua condição de menor requer por parte da de cada Estado e com os convênios internacionais.
sua família, da sociedade e do Estado. 8. Em nenhum caso o estrangeiro pode ser expul-
Art. 20 Direito à nacionalidade so ou entregue a outro país, seja ou não de 179
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origem, onde seu direito à vida ou à liberdade b) a desenvolver as possibilidades de recurso judi-
pessoal esteja em risco de violação por causa da cial; e
sua raça, nacionalidade, religião, condição social c) a assegurar o cumprimento, pelas autoridades
ou de suas opiniões políticas. competentes, de toda decisão em que se tenha con-
9. É proibida a expulsão coletiva de estrangei- siderado procedente o recurso.
ros.
Capítulo III – Direitos Econômicos, Sociais e
Nosso ordenamento jurídico traz uma diferença Culturais
entre refúgio e asilo. No caso do pedido de asilo, aqui
no Brasil, quem o concede é o Presidente da Repúbli- Art. 26 Desenvolvimento progressivo
ca, não havendo segunda instância. Atente-se para Os Estados Partes comprometem-se a adotar pro-
não se confundir em relação ao pedido de refúgio, vidências, tanto no âmbito interno como mediante
pois quem concede é o Comitê Nacional para os Refu- cooperação internacional, especialmente econômi-
giados (CONARE), na primeira instância e, em caso de ca e técnica, a fim de conseguir progressivamen-
recurso do solicitante, o Ministro da Justiça decidirá te a plena efetividade dos direitos que decorrem
na segunda instância. das normas econômicas, sociais e sobre edu-
A Lei de Migração, Lei nº 13.445, de 2017, que cação, ciência e cultura, constantes da Carta da
Organização dos Estados Americanos, reformada
dispõe sobre os direitos do estrangeiro em território
pelo Protocolo de Buenos Aires, na medida dos
nacional, proibiu a deportação, a expulsão e a repa-
recursos disponíveis, por via legislativa ou por
triação coletivas. Ademais, é vedada a deportação,
outros meios apropriados. 
expulsão, repatriação e extradição de brasileiro nato.
O brasileiro naturalizado pode ser extraditado, em
caso de crime comum praticado antes da naturaliza-
ção, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilíci-
to (antes ou após a naturalização) de entorpecentes e
HORA DE PRATICAR!
drogas afins (inciso LI do art. 5º da CF).
1. (EXATUS — 2015) Analise as afirmativas abaixo sobre
os Direitos e Garantias Fundamentais:
Importante!
I. As entidades associativas, quando expressamente
Lembre-se de que é proibida a extradição de autorizadas, têm legitimidade para representar seus
estrangeiro em caso de crime político ou de filiados judicial ou extrajudicialmente.
opinião. II. É livre a locomoção no território nacional em tempo
de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei,
nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens.
Art. 23 Direitos políticos III. A prática do racismo constitui crime inafiançável e
1. Todos os cidadãos devem gozar dos seguintes imprescritível, sujeito à pena de detenção, nos termos
direitos e oportunidades: da lei.
9
a) de participar na direção dos assuntos públicos,
-9
96

diretamente ou por meio de representantes


O número de afirmativas INCORRETAS corresponde a:
livremente eleitos;
.3

b) de votar e ser eleitos em eleições periódicas


93

autênticas, realizadas por sufrágio universal a) Zero.


.0

e igual e por voto secreto que garanta a livre b) Uma.


06

expressão da vontade dos eleitores; e c) Duas.


-1

c) de ter acesso, em condições gerais de igualdade, d) Três.


a

às funções públicas de seu país.


lv

2. A lei pode regular o exercício dos direitos e opor- 2. (EXATUS — 2014) Diz o inciso II do artigo 5º da CF:
Si

tunidades a que se refere o inciso anterior, exclu-


da

sivamente por motivos de idade, nacionalidade, “II. ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer algu-
io

residência, idioma, instrução, capacidade civil ou ma coisa senão em virtude de lei”.


v

mental, ou condenação, por juiz competente, em


processo penal. a) A lei deve prever tudo o que se faz, mas não o que se
O

Art. 24 Igualdade perante a lei deixa de fazer.


ri

Todas as pessoas são iguais perante a lei. Por con-


A

b) Alguém só está obrigado a fazer ou deixar de fazer


seguinte, têm direito, sem discriminação, a igual
alguma coisa apenas se determinado em lei.
proteção da lei.
Art. 25 Proteção judicial
c) Fazer ou deixar de fazer alguma coisa não prevista em
1. Toda pessoa tem direito a um recurso simples lei contraria a Constituição.
e rápido ou a qualquer outro recurso efetivo, d) Tudo o que se faz ou se deixa de fazer tem de ser
perante os juízes ou tribunais competentes, que amparado por lei.
a proteja contra atos que violem seus direitos fun-
damentais reconhecidos pela constituição, pela lei 3. (EXATUS — 2014) Dentre as observações abaixo sobre
ou pela presente Convenção, mesmo quando tal vio- os direitos e garantias individuais NÃO podemos dizer
lação seja cometida por pessoas que estejam atuan- que:
do no exercício de suas funções oficiais.
2. Os Estados Partes comprometem-se: a) É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado
a) a assegurar que a autoridade competente pre- o anonimato.
vista pelo sistema legal do Estado decida sobre os
direitos de toda pessoa que interpuser tal recurso;
180
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
b) Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por Englobam uma gama ilimitada de direitos e deveres
ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciá- do homem para com o homem e por extensão para
ria competente, salvo nos casos de transgressão mili- com a natureza, pois dela depende a humanidade para
tar ou crime propriamente militar, definidos em lei. sua sobrevivência.
c) Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens d) São considerados Direitos Humanos apenas os direi-
sem o devido processo legal. tos civis e políticos.
d) Ninguém será submetido a tortura nem a tratamen-
to desumano ou degradante a não ser os julgados e 8. (EXATUS — 2014) Sobre polícia e os direitos humanos,
condenados nos crimes previstos na lei dos crimes marque a alternativa incorreta:
hediondos. a) A polícia é vista como uma instituição ontológica,
entretanto ela é composta por pessoas, policiais, que
4. (EXATUS — 2014) Quanto às garantias constitucionais antes de tudo são cidadãos, e na cidadania devem
abaixo, qual não corresponde a nossa realidade: nutrir sua razão de ser. Tornando-se iguais a todos os
membros da comunidade, em direitos e deveres.
a) Em toda e qualquer hipótese, o sigilo das correspon- b) O polícia deve ter suas ações fundamentadas em prin-
dências e comunicações telegráficas e dados das cípios éticos, técnicos e legais.
comunicações telefônicas, é uma garantia constitu- c) O policial é o agente público que mais representa a
cional inviolável. manifestação do Estado na preservação da segurança
b) É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou pro- e, mesmo agindo legitimamente, empregando a força,
fissão, desde que sejam atendidas as suas respecti- não pode descurar-se dos direitos fundamentais que
vas qualificações profissionais que a lei estabelecer. decorrem os direitos do ser humano, a sua dignidade.
c) É assegurado o acesso à informação e resguarda- d) Violar as regras especiais de tratamento a crianças e
do o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício adolescentes não é considerado violação dos direitos
profissional. humanos.
d) É livre a locomoção em todo o território nacional em
tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos 9. (EXATUS — 2014) De acordo com o texto “Treze refle-
da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus xões sobre Polícia e Direitos Humanos”, analise as afir-
bens. mativas abaixo:

5. (EXATUS — 2014) Relativamente aos Direitos e Deve- I. Em termos de inconsciente coletivo, o policial exerce
res Individuais e Coletivos, marque logo abaixo a única função educativa arquetípica: deve ser “o mocinho”,
resposta correta: com procedimentos e atitudes coerentes com a “fir-
meza moralmente reta”, oposta radicalmente aos
a) Em casos concretos poderá haver juízo ou tribunal de desvios perversos do outro arquétipo que se lhe con-
exceção. trapõe: o bandido.
b) A lei penal não retroagirá em nenhuma forma. II. O policial, pela natural autoridade moral que porta,
c) As normas definidoras dos direitos e garantias funda- tem o potencial de ser o mais marcante promotor dos
9
-9

mentais têm aplicação imediata. Direitos Humanos, revertendo o quadro de descrédito


96

d) Salvo os casos previstos na Constituição, a lei comple- social e qualificando-se como um personagem central
.3

mentar poderá estabelecer distinção entre brasileiros da democracia.


93

natos e naturalizados. III. O zelo pelo respeito e a decência dos quadros poli-
.0

ciais não cabe apenas ao Estado mas aos próprios


06

6. (EXATUS — 2014) Sobre os Direitos e Deveres Indivi- policiais, os maiores interessados em participarem de
-1

duais e Coletivos, marque a alternativa INCORRETA: instituições livres de -vícios, valorizadas socialmente e
detentoras de credibilidade histórica.
a
lv

a) Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por


Si

ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciá- Estão CORRETAS:


da

ria competente, salvo nos casos de transgressão mili-


a) Apenas as afirmativas I e II.
tar ou crime propriamente militar, definidos em lei.
io

b) Apenas as afirmativas II e III.


v

b) São inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por


c) Apenas as afirmativas I e III.

meios ilícitos.
O

d) Todas as afirmativas estão corretas.


NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
c) O civilmente identificado será submetido a identifica-
ri

ção criminal.
A

10. (EXATUS — 2014) De acordo com o texto “Treze refle-


d) O preso tem direito à identificação dos responsáveis xões sobre Polícia e Direitos Humanos”, é INCORRETO
por sua prisão ou por seu interrogatório policial. afirmar que:

7. (EXATUS — 2014) Considerando o tema “Direitos a) O policial é, antes de tudo um cidadão, e na cidadania
Humanos”, marque a alternativa incorreta: deve nutrir sua razão de ser. Irmana-se, assim, a todos
os membros da comunidade em direitos e deveres.
a) Direitos humanos são os direitos básicos de todos os b) O uso legítimo da força se confunde com truculência.
seres humanos. c) Polícia não funciona sem hierarquia. Há, contudo,
b) É evidente a importância dos Direitos Humanos para clara distinção entre hierarquia e humilhação, entre
a construção de um Estado democrático de direito, ordem e perversidade.
onde as instituições públicas, em particular a polícia, d) A polícia é, portanto, uma espécie de superego social
exercem suas atividades com base nos princípios de indispensável em culturas urbanas, complexas e de
respeito à dignidade humana. interesses conflitantes, contenedora do óbvio caos a
c) Os Direitos Humanos são um conjunto de valores que estaríamos expostos na absurda hipótese de sua
que admite interpretações e conotações diversas. inexistência. 181
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
11. (EXATUS — 2014) A Declaração Universal dos Direitos
Humanos da Organização das Nações Unidas afirma
ANOTAÇÕES
que:

“Todos os seres humanos nascem livres e iguais em


dignidade e em direitos. Dotados de razão e de cons-
ciência, devem agir uns para com os outros em espíri-
to de fraternidade.”

Artigo 1º Declaração Universal dos Direitos do Homem.

Marque V (verdadeiro) ou F (falso). Dentre os direitos


humanos temos:

( ) direitos de liberdade.
( ) direitos econômicos.
( ) direito ao meio ambiente equilibrado.
( ) direito de informação.
( ) direitos de igualdade.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência cor-
reta de cima para baixo:

a) V, F, V, V, V.
b) V, V, V, V, V.
c) V, V, F, V, V.
d) V, V, V, F, V.

12. (EXATUS — 2014) Entre os diversos documentos que


tratam dos direitos humanos e da cidadania, podemos
citar a Declaração Universal dos Direitos do Homem. A
respeito deste documento, é incorreto afirmar que:

a) É uma recomendação da ONU aos países membros,


assinada em 1948.
b) Reconhece que toda pessoa tem direitos ao trabalho e
a escolha de emprego.
c) Seus artigos contemplam, entre outros, o direito à -
9
-9

liberdade, a vida e a segurança pessoal.


96

d) É um documento elaborado pela Assembléia Geral das


.3

Nações Unidas, em 1950.


93
.0

9 GABARITO
06
-1
a

1 B
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Si

2 B
da

3 D
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4 A

O

5 C
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A

6 D

7 D

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12 C

182
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
lei, tanto em sede policial quanto judicial, devendo
o tratamento ser específico e humanizado (art. 28);
z Possibilitou ao juiz o decreto de prisão preventiva
do agressor quando houver riscos à integridade

LEGISLAÇÃO APLICADA À
física ou psicológica da vítima (art. 20);
z Estabeleceu uma série de medidas protetivas de
urgência (art. 22), dentre elas a suspensão da posse
PMERJ ou restrição do porte de armas do agressor, assim
como seu afastamento do lar e a proibição da apro-
ximação e do contato;
z Estabeleceu uma série de medidas protetivas de
urgência à ofendida (art. 23), dentre as quais o
LEI MARIA DA PENHA – LEI Nº 11.340, encaminhamento para programa de proteção, a
DE 2006 recondução ao domicílio após o afastamento do
agressor etc.
A Lei nº 11.340, de 2006, amplamente conhecida
por Lei Maria da Penha, nasceu por força de uma Vamos, então, analisar os pontos mais relevantes
recomendação feita ao Brasil pela Comissão de Direi- da Lei Maria da Penha.
tos Humanos da Organização dos Estados America-
nos (CIDH/OEA). Essa recomendação pedia que o país DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
incluísse em sua legislação mecanismos para coibir a
violência doméstica e familiar contra a mulher. Art. 1º Esta Lei cria mecanismos para coibir e
A Lei Maria da Penha tem essa denominação em prevenir a violência doméstica e familiar contra a
homenagem a Maria da Penha Maia Fernandes, uma mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constitui-
farmacêutica bioquímica cearense, que sobreviveu a ção Federal, da Convenção sobre a Eliminação de
duas tentativas de homicídio por parte de seu então Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da
marido: a primeira, com um tiro nas costas que a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e
deixou paraplégica; e a segunda, por eletrocussão no Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros
chuveiro. Após 20 anos sem que houvesse o julgamen- tratados internacionais ratificados pela República
to do agressor, Maria da Penha recorreu à CIDH/OEA Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos
que entendeu que houve grave omissão no caso e con- Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra
denou o Brasil a indenizar a vítima, a promover com a Mulher; e estabelece medidas de assistência e pro-
teção às mulheres em situação de violência domés-
celeridade o julgamento do agressor e a implementar
tica e familiar.
uma legislação protetiva contra a violência doméstica
Art. 2º Toda mulher, independentemente de classe,
e familiar contra a mulher.
raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível
A Lei Maria da Penha foi inovadora em muitos educacional, idade e religião, goza dos direitos fun-
9
aspectos e influenciou uma série de outras leis.
-9

damentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe


96

asseguradas as oportunidades e facilidades para


INOVAÇÕES TRAZIDAS PELA LEI MARIA DA PENHA
.3

viver sem violência, preservar sua saúde física e


93

mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e


Trata-se de uma lei que tem grande influência
.0

social.
06

sobre outros dispositivos legais, por conta de seu cará- Art. 3º Serão asseguradas às mulheres as condi-
-1

ter inovador, conforme veremos. ções para o exercício efetivo dos direitos à vida, à
segurança, à saúde, à alimentação, à educação, à
a
lv

Principais Inovações da Lei Maria da Penha, Lei nº cultura, à moradia, ao acesso à justiça, ao espor-
Si

11.340, de 2006 te, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade,


da

à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e


z Tipificou e definiu a violência doméstica e familiar comunitária.
io

§ 1º O poder público desenvolverá políticas que


v

contra a mulher (art. 5º);


visem garantir os direitos humanos das mulheres


z Definiu as formas de violência doméstica e fami-
O

no âmbito das relações domésticas e familiares no


LEGISLAÇÃO APLICADA À PMERJ
liar contra a mulher: física, psicológica, sexual,
ri

sentido de resguardá-las de toda forma de negligên-


patrimonial e moral (art. 7º);
A

cia, discriminação, exploração, violência, cruelda-


z Determinou que a violência doméstica contra a
de e opressão.
mulher independe de classe, raça, etnia, orienta- § 2º Cabe à família, à sociedade e ao poder público
ção sexual, renda, cultura, nível educacional, ida- criar as condições necessárias para o efetivo exer-
de e religião (art. 2º e art. 5º); cício dos direitos enunciados no caput.
z Determinou que a renúncia à representação só Art. 4º Na interpretação desta Lei, serão conside-
pode ser feita em audiência especialmente desig- rados os fins sociais a que ela se destina e, especial-
nada para tal finalidade (art. 16); mente, as condições peculiares das mulheres em
z Nos casos de violência doméstica e familiar contra situação de violência doméstica e familiar.
a mulher, proibiu as penas de prestação de cesta
básica ou outra prestação pecuniária, assim como VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A
a possibilidade da substituição da pena pelo paga- MULHER
mento isolado de multa (art. 17);
z Garantiu às mulheres em situação de violência Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violên-
doméstica e familiar o acesso à Defensoria Pública cia doméstica e familiar contra a mulher qual-
ou à Assistência Judiciária Gratuita, nos termos da quer ação ou omissão baseada no gênero que 183
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lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual a aplicação dos dispositivos da Lei nº 11.340, de 2006.
ou psicológico e dano moral ou patrimonial: Em relações homoafetivas masculinas não há previ-
I - no âmbito da unidade doméstica, compreen- são de incidência da Lei Maria da Penha.
dida como o espaço de convívio permanente de Vale ressaltar que o homem pode ser vítima de vio-
pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as
lência doméstica e familiar, porém, não será aplicada
esporadicamente agregadas;
II - no âmbito da família, compreendida como a
a lei Maria da Penha.
comunidade formada por indivíduos que são ou se
consideram aparentados, unidos por laços natu- Art. 6º A violência doméstica e familiar contra a
rais, por afinidade ou por vontade expressa; mulher constitui uma das formas de violação dos
III - em qualquer relação íntima de afeto, na direitos humanos.
qual o agressor conviva ou tenha convivido com a
ofendida, independentemente de coabitação. Conforme o art. 6º, a violência doméstica e fami-
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas liar contra a mulher constitui uma das formas de vio-
neste artigo independem de orientação sexual. lação dos direitos humanos.

De acordo com o art. 5º, a lei não visa a tratar de DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E
qualquer violência contra mulher, mas, sim, a violên- FAMILIAR CONTRA A MULHER
cia contra a mulher ocorrida no âmbito da unidade
doméstica, no âmbito da família, ou ainda em qual- O art. 7º da Lei Maria da Penha apresenta uma
quer relação íntima de afeto.
lista com algumas das formas de violência doméstica
É importante saber que, para que haja a aplica-
e familiar contra a mulher. Note que o caput, do art.
ção da Lei Maria da Penha, você deve observar se a
7º, inclui a expressão “entre outras”, o que deixa cla-
situação se configura em violência doméstica ocor-
ro que se trata de uma lista exemplificativa, podendo
rida nos termos do art. 5º da lei. Assim, no caso de,
por exemplo, ex-namorado que agride a mulher por existir outras hipóteses, mesmo que não previstas nos
causa do fim do namoro, incide a Lei Maria da Penha. incisos.
Entretanto, se a violência ocorreu por motivo que
não envolva o término do relacionamento não inci- Art. 7º São formas de violência doméstica e fami-
dem os dispositivos da Lei Maria da Penha. Ou seja, liar contra a mulher, entre outras:
para que se dê a aplicação da Lei nº 11.340, de 2006, I - a violência física, entendida como qualquer con-
devem estar presentes os seguintes pressupostos de duta que ofenda sua integridade ou saúde corporal;
forma cumulativa: II - a violência psicológica, entendida como
qualquer conduta que lhe cause dano emocional e
z vítima mulher; diminuição da autoestima ou que lhe prejudique
e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise
z violência praticada nos termos do art. 5º, da Lei nº
degradar ou controlar suas ações, comportamen-
11.340, de 2006.
tos, crenças e decisões, mediante ameaça, constran-
9
-9

gimento, humilhação, manipulação, isolamento,


96

vigilância constante, perseguição contumaz, insul-


Importante!
.3

to, chantagem, violação de sua intimidade, ridicu-


93

Em 5 de abril de 2022, a 6ª Turma do Superior larização, exploração e limitação do direito de ir e


.0

Tribunal de Justiça firmou entendimento que a vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à
06

Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340, de 2006) é saúde psicológica e à autodeterminação;


-1

aplicável quando a vítima é mulher trans. No Jul- III - a violência sexual, entendida como qualquer
a

gamento do Resp. 1.977.124, o STJ interpretou conduta que a constranja a presenciar, a manter
lv

que a proteção prevista no art. 5º, da Lei Maria ou a participar de relação sexual não desejada,
Si

mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da


da Penha, se aplica ao gênero feminino (mulhe-
da

força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de


res, crianças, jovens, adultas idosas e, também,
io

qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de


trans) e não se baseia apenas no sexo biológico.
v

usar qualquer método contraceptivo ou que a force


Com tal decisão, portanto, a mulher trans deve ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prosti-
O

ser considerada sujeito passivo para os termos tuição, mediante coação, chantagem, suborno ou
ri

da proteção integral prevista na Lei nº 11.340,


A

manipulação; ou que limite ou anule o exercício de


de 2006. seus direitos sexuais e reprodutivos;
Vale lembrar que este assunto tem relevância IV - a violência patrimonial, entendida como
não só para o estudo da legislação penal espe- qualquer conduta que configure retenção, subtra-
cial, mas, também, para o estudo da criminolo- ção, destruição parcial ou total de seus objetos, ins-
gia, uma vez que se relaciona com a criminologia trumentos de trabalho, documentos pessoais, bens,
queer (teoria que inclui nos estudos criminoló- valores e direitos ou recursos econômicos, incluin-
gicos os diversos tipos de violência cometidos do os destinados a satisfazer suas necessidades;
contra as populações queer — lésbicas, gays, V - a violência moral, entendida como qualquer con-
bissexuais, transexuais, entre outras que não duta que configure calúnia, difamação ou injúria.
sigam o padrão normativo vigente).
Dica
Veja que a incidência da Lei Maria da Penha inde- Em relação às formas de violência, previstas no
pende da orientação sexual dos envolvidos, ou seja, art. 7º, vale uma leitura mais cuidadosa, uma vez
184 também numa relação homoafetiva feminina, haverá que a banca pode exigir a letra da lei.
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Veja abaixo as cinco formas de violência domés- nacionalmente, e a avaliação periódica dos resulta-
tica e familiar contra a mulher, acompanhados de dos das medidas adotadas;
alguns exemplos. III - o respeito, nos meios de comunicação social,
dos valores éticos e sociais da pessoa e da família,
z Violência Física: de forma a coibir os papéis estereotipados que legi-
timem ou exacerbem a violência doméstica e fami-
liar, de acordo com o estabelecido no inciso III do
Qualquer conduta que ofenda a integridade ou
art. 1º , no inciso IV do art. 3º e no inciso IV do art.
a saúde corporal da mulher. Exemplos: tapas, socos, 221 da Constituição Federal ;
espancamento, atirar objetos, apertar os braços, IV - a implementação de atendimento policial espe-
estrangular, lesionar com objetos como facas ou cializado para as mulheres, em particular nas Dele-
armas de fogo, queimar etc. gacias de Atendimento à Mulher;
V - a promoção e a realização de campanhas edu-
z Violência Psicológica cativas de prevenção da violência doméstica e fami-
liar contra a mulher, voltadas ao público escolar e
Qualquer conduta que cause dano emocional e à sociedade em geral, e a difusão desta Lei e dos
diminuição da autoestima, entre outras formas de instrumentos de proteção aos direitos humanos
prejuízo à saúde psicológica. Exemplos: ameaças, das mulheres;
perseguição, constrangimento, humilhação, manipu- VI - a celebração de convênios, protocolos, ajus-
tes, termos ou outros instrumentos de promoção
lação, isolamento (proibir de sair de casa ou de falar
de parceria entre órgãos governamentais ou entre
com outras pessoas, inclusive com parentes), vigilân-
estes e entidades não-governamentais, tendo por
cia constante etc.
objetivo a implementação de programas de erra-
dicação da violência doméstica e familiar contra a
z Violência Sexual mulher;
VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e
Qualquer conduta que atinja os direitos sexuais Militar, da Guarda Municipal, do Corpo de Bombei-
e reprodutivos. Exemplos: estupro (inclusive entre ros e dos profissionais pertencentes aos órgãos e às
marido e mulher), impedir o uso de anticoncepcio- áreas enunciados no inciso I quanto às questões de
nais, forçar a abortar, obrigar a se prostituir etc. gênero e de raça ou etnia;
VIII - a promoção de programas educacionais que
z Violência Patrimonial disseminem valores éticos de irrestrito respeito à
dignidade da pessoa humana com a perspectiva de
gênero e de raça ou etnia;
Qualquer conduta que configure retenção, subtra-
IX - o destaque, nos currículos escolares de todos
ção, destruição parcial ou total de seus objetos, ins-
os níveis de ensino, para os conteúdos relativos aos
trumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, direitos humanos, à eqüidade de gênero e de raça
valores e direitos ou recursos econômicos. Exemplos: ou etnia e ao problema da violência doméstica e
apropriar-se do salário, controlar o dinheiro, destruir
9
familiar contra a mulher.
-9

documentos pessoais, causar danos a objetos dos


96

quais a vítima goste etc. No art. 8º, a Lei Maria da Penha determina ao
.3

poder público que sistematize uma política de ações


93

z Violência Moral integradas em áreas como da saúde, da educação,


.0

da segurança e da justiça visando a dar assistência à


06

Qualquer conduta que configure calúnia, difama- mulher em situação de violência doméstica. Exemplo
-1

ção ou injúria. Exemplos: rebaixar a vítima por meio dessa integração buscada pela Lei Maria da Penha são
a

de xingamentos que atinjam sua índole, tentar man- as Delegacias de Defesa da Mulher, onde a mulher
lv

char a reputação, expor a vida íntima etc.


Si

vítima de violência doméstica, após o registro da ocor-


rência, dependendo da necessidade, é encaminhada
da

DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE para a Defensoria Pública (caso precise de esclareci-


io

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR mento quanto à medida protetiva ou ao divórcio, por


v

exemplo), para a rede de atendimento do Sistema Úni-


O

Das Medidas Integradas de Prevenção co de Saúde ou até mesmo para uma casa de abrigo.
LEGISLAÇÃO APLICADA À PMERJ
ri

Além disso, o art. 8º estabelece que o poder público


A

Art. 8º A política pública que visa coibir a violên- tem o dever de capacitar os profissionais envolvidos
cia doméstica e familiar contra a mulher far-se-á diretamente com o atendimento à violência domésti-
por meio de um conjunto articulado de ações da ca e familiar.
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios e de ações não-governamentais, Art. 9º A assistência à mulher em situação de vio-
tendo por diretrizes: lência doméstica e familiar será prestada de forma
I - a integração operacional do Poder Judiciário, do articulada e conforme os princípios e as diretrizes
Ministério Público e da Defensoria Pública com as previstos na Lei Orgânica da Assistência Social,
áreas de segurança pública, assistência social, saú- no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de
de, educação, trabalho e habitação; Segurança Pública, entre outras normas e políticas
II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas públicas de proteção, e emergencialmente quando
e outras informações relevantes, com a perspecti- for o caso.
va de gênero e de raça ou etnia, concernentes às § 1º O juiz determinará, por prazo certo, a inclu-
causas, às conseqüências e à freqüência da vio- são da mulher em situação de violência doméstica e
lência doméstica e familiar contra a mulher, para familiar no cadastro de programas assistenciais do
a sistematização de dados, a serem unificados governo federal, estadual e municipal. 185
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§ 2º O juiz assegurará à mulher em situação de Merece destaque, ainda, o que consta nos parágra-
violência doméstica e familiar, para preservar sua fos 4º e 5º, ou seja, a previsão de o agressor ser obri-
integridade física e psicológica: gado a ressarcir os custos dos serviços prestados pelo
I - acesso prioritário à remoção quando servido- SUS às vítimas de violência doméstica e familiar, além
ra pública, integrante da administração direta ou dos custos dos dispositivos de segurança eventual-
indireta; mente utilizados (tornozeleiras, braceletes ou chips
II - manutenção do vínculo trabalhista, quando de monitoramento eletrônico, por exemplo).
necessário o afastamento do local de trabalho, por Por fim, vale ressaltar que os parágrafos 7º e 8º,
até seis meses.
incluídos na Lei Maria da Penha em 2019, garantem
III - encaminhamento à assistência judiciária,
a prioridade na matrícula ou na transferência esco-
quando for o caso, inclusive para eventual ajui-
lar dos dependentes da vítima que estejam na educa-
zamento da ação de separação judicial, de divór-
ção básica. Conforme a lei, as informações relativas a
cio, de anulação de casamento ou de dissolução de
união estável perante o juízo competente. esses procedimentos são sigilosas.
§ 3º A assistência à mulher em situação de violên-
cia doméstica e familiar compreenderá o acesso DO ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL
aos benefícios decorrentes do desenvolvimento
científico e tecnológico, incluindo os serviços de Art. 10 Na hipótese da iminência ou da prática
contracepção de emergência, a profilaxia das Doen- de violência doméstica e familiar contra a mulher,
ças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Síndro- a autoridade policial que tomar conhecimento da
me da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e outros ocorrência adotará, de imediato, as providências
procedimentos médicos necessários e cabíveis nos legais cabíveis.
casos de violência sexual. Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput des-
§ 4º Aquele que, por ação ou omissão, causar te artigo ao descumprimento de medida protetiva
lesão, violência física, sexual ou psicológi- de urgência deferida.
ca e dano moral ou patrimonial a mulher fica
obrigado a ressarcir todos os danos causados, Tendo em vista que o primeiro contato da vítima
inclusive ressarcir ao Sistema Único de Saúde de violência doméstica e familiar com uma autorida-
(SUS), de acordo com a tabela SUS, os custos rela- de estatal ocorre na Delegacia de Polícia, os arts. 10
tivos aos serviços de saúde prestados para o total ao 12-C trazem as principais condutas que devem ser
tratamento das vítimas em situação de violência tomadas pelos, entre elas:
doméstica e familiar, recolhidos os recursos assim
arrecadados ao Fundo de Saúde do ente federado z a proteção policial;
responsável pelas unidades de saúde que prestarem z encaminhamento ao hospital/IML;
os serviços. z encaminhamento para assistência jurídica;
§ 5º Os dispositivos de segurança destinados z acompanhamento até o domicílio para eventual
ao uso em caso de perigo iminente e disponibiliza- retirada de bens.
dos para o monitoramento das vítimas de violên-
9
cia doméstica e familiar amparadas por medidas
-9

Destaque para a possibilidade de o delegado de


protetivas terão seus custos ressarcidos pelo
96

polícia afastar o agressor do lar, domicílio ou local de


agressor.
.3

convivência com a vítima, cláusula incluída pela Lei


§ 6º O ressarcimento de que tratam os §§ 4º e 5º
93

deste artigo não poderá importar ônus de qual- nº 13.827, de 2019.


.0

quer natureza ao patrimônio da mulher e dos seus É importante notar que, conforme indica o caput,
06

dependentes, nem configurar atenuante ou ensejar do art. 10, tais medidas podem ser tomadas antes
-1

possibilidade de substituição da pena aplicada. mesmo de a violência ocorrer (na iminência).


a

§ 7º A mulher em situação de violência domésti-


lv

Art. 10-A É direito da mulher em situação de vio-


Si

ca e familiar tem prioridade para matricular


seus dependentes em instituição de educação bási- lência doméstica e familiar o atendimento policial
da

ca mais próxima de seu domicílio, ou transferi-los e pericial especializado, ininterrupto e prestado


io

para essa instituição, mediante a apresentação dos por servidores - preferencialmente do sexo femini-
v

documentos comprobatórios do registro da ocor- no - previamente capacitados.


rência policial ou do processo de violência domésti- § 1º A inquirição de mulher em situação de violên-


O

ca e familiar em curso. cia doméstica e familiar ou de testemunha de vio-


ri

lência doméstica, quando se tratar de crime contra


A

§ 8º Serão sigilosos os dados da ofendida e de


seus dependentes matriculados ou transferi- a mulher, obedecerá às seguintes diretrizes:
dos conforme o disposto no § 7º deste artigo, e o I - salvaguarda da integridade física, psíquica
acesso às informações será reservado ao juiz, ao e emocional da depoente, considerada a sua con-
Ministério Público e aos órgãos competentes do dição peculiar de pessoa em situação de violência
poder público. doméstica e familiar;
II - garantia de que, em nenhuma hipótese, a
mulher em situação de violência doméstica e
O art. 9º disciplina as formas de prestação de assis-
familiar, familiares e testemunhas terão con-
tência à mulher em situação de violência doméstica
tato direto com investigados ou suspeitos e
e familiar, dentre as quais merecem destaque, em pessoas a eles relacionadas;
primeiro lugar, o encaminhamento, feito pelo juiz cri- III - não revitimização da depoente, evitando
minal, da vítima para a assistência judiciária gratuita, sucessivas inquirições sobre o mesmo fato nos
caso seja necessário o ajuizamento de ações no âmbi- âmbitos criminal, cível e administrativo, bem
to civil (uma ação de divórcio, por exemplo), confor- como questionamentos sobre a vida privada.
me estabelece o inciso III, do parágrafo 2º. § 2º Na inquirição de mulher em situação de vio-
186 lência doméstica e familiar ou de testemunha de
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delitos de que trata esta Lei, adotar-se-á, preferen- Procedimentos a Serem Realizados pela Autoridade
cialmente, o seguinte procedimento Policial
I - a inquirição será feita em recinto especialmente
projetado para esse fim, o qual conterá os equipa- Art. 12 Em todos os casos de violência doméstica e
mentos próprios e adequados à idade da mulher em familiar contra a mulher, feito o registro da ocor-
rência, deverá a autoridade policial adotar, de ime-
situação de violência doméstica e familiar ou teste-
diato, os seguintes procedimentos, sem prejuízo
munha e ao tipo e à gravidade da violência sofrida;
daqueles previstos no Código de Processo Penal:
II - quando for o caso, a inquirição será interme- I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência
diada por profissional especializado em violência e tomar a representação a termo, se apresentada;
doméstica e familiar designado pela autoridade II - colher todas as provas que servirem para o
judiciária ou policial; esclarecimento do fato e de suas circunstâncias;
III - o depoimento será registrado em meio eletrôni- III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito)
co ou magnético, devendo a degravação e a mídia horas, expediente apartado ao juiz com o pedido
integrar o inquérito. da ofendida, para a concessão de medidas prote-
tivas de urgência;
O art. 10-A cuida do atendimento da vítima, que IV - determinar que se proceda ao exame de cor-
deve ser feito em local apropriado pelos policiais e po de delito da ofendida e requisitar outros exames
periciais necessários;
peritos especializados. Também deve ser prestado
V - ouvir o agressor e as testemunhas;
de forma ininterrupta e por servidores previamente VI - ordenar a identificação do agressor e fazer jun-
capacitados, preferencialmente do sexo feminino. A tar aos autos sua folha de antecedentes criminais,
mulher vítima de violência doméstica deve ser acolhi- indicando a existência de mandado de prisão ou
da, protegida e respeitada no ambiente policial. registro de outras ocorrências policiais contra ele;
Merece destaque o inciso III, que cuida da revitimiza- VI-A - verificar se o agressor possui registro de
ção, mais especificamente com a vitimização secundária porte ou posse de arma de fogo e, na hipótese de
existência, juntar aos autos essa informação, bem
(também chamada de revitimização ou sobrevitimi-
como notificar a ocorrência à instituição respon-
zação) que ocorre quando o órgão estatal (polícia, MP, sável pela concessão do registro ou da emissão do
Judiciário etc.) fazem o ofendido se tornar vítima nova- porte, nos termos da Lei nº 10.826, de 22 de dezem-
mente (dessa vez, por ação do Estado, que faz a vítima bro de 2003 (Estatuto do Desarmamento);
reviver, desnecessariamente, a violência sofrida). VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito
policial ao juiz e ao Ministério Público.
Art. 11 No atendimento à mulher em situação de § 1º O pedido da ofendida será tomado a termo pela
violência doméstica e familiar, a autoridade poli- autoridade policial e deverá conter:
cial deverá, entre outras providências: I - qualificação da ofendida e do agressor;
I - garantir proteção policial, quando necessário, II - nome e idade dos dependentes;
III - descrição sucinta do fato e das medidas prote-
comunicando de imediato ao Ministério Público e
tivas solicitadas pela ofendida.
ao Poder Judiciário;
9
IV - informação sobre a condição de a ofendida ser
-9

II - encaminhar a ofendida ao hospital ou pos- pessoa com deficiência e se da violência sofrida


96

to de saúde e ao Instituto Médico Legal; resultou deficiência ou agravamento de deficiência


.3

III - fornecer transporte para a ofendida e preexistente.


93

seus dependentes para abrigo ou local seguro, § 2º A autoridade policial deverá anexar ao docu-
.0

quando houver risco de vida; mento referido no § 1º o boletim de ocorrência e


06

IV - se necessário, acompanhar a ofendida cópia de todos os documentos disponíveis em posse


-1

para assegurar a retirada de seus pertences da ofendida.


a

do local da ocorrência ou do domicílio familiar; § 3º Serão admitidos como meios de prova os lau-
lv

V - informar à ofendida os direitos a ela confe- dos ou prontuários médicos fornecidos por hospi-
Si

ridos nesta Lei e os serviços disponíveis, inclu- tais e postos de saúde.


da

sive os de assistência judiciária para o eventual


A maior parte dos procedimentos a serem seguidos
io

ajuizamento perante o juízo competente da ação


pela autoridade policial (especializada no atendimento
v

de separação judicial, de divórcio, de anulação de


à mulher ou não), elencados no art. 12, são comuns na


casamento ou de dissolução de união estável.
O

LEGISLAÇÃO APLICADA À PMERJ


atividade policial: ouvir a vítima, encaminhá-la ao IML
ri

ou serviço de saúde etc. No entanto, merecem destaque:


A

As providências legais cabíveis a que se refere


o art. 10, encontram-se previstas no art. 11, da Lei z a concessão de medidas protetivas de urgência, a
Maria da Penha, e consistem na proteção policial, pedido da vítima, cujo regramento se encontra
encaminhamento para o exame de corpo de delito, disposto nos arts. 18 e seguintes;
fornecimento de transporte (uma vez que a vítima z a verificação da existência de registro de posse ou
normalmente não tem condições de fazê-lo por conta de porte de arma de fogo por parte do agressor.
própria), acompanhamento até a residência e esclare-
cimento à vítima acerca de seus direitos. Art. 12-A Os Estados e o Distrito Federal, na formu-
Ainda em relação à atuação do Delegado de Polí- lação de suas políticas e planos de atendimento à
cia, convém lembrar duas outras medidas possíveis: a mulher em situação de violência doméstica e fami-
liar, darão prioridade, no âmbito da Polícia Civil,
representação pela prisão preventiva e o afastamento
à criação de Delegacias Especializadas de Atendi-
do agressor do lar pela autoridade policial, que serão mento à Mulher (Deams), de Núcleos Investigativos
estudadas mais adiante. de Feminicídio e de equipes especializadas para o
atendimento e a investigação das violências graves
contra a mulher. 187
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O art. 12-A determina que todas as polícias civis O art. 12-C, em seu § 2º, estabelece que não se
do país devem dar prioridade à criação de unidades concede liberdade provisória ao agressor preso em
especializadas para o atendimento à mulher vítima de duas situações:
violência doméstica e familiar.
z quando há risco à integridade física da vítima;
Art. 12-B (VETADO). z quanto há risco à efetividade da medida proteti-
§ 1º (VETADO). va de urgência.
§ 2º (VETADO.
§ 3º A autoridade policial poderá requisitar os ser- DOS PROCEDIMENTOS
viços públicos necessários à defesa da mulher em
situação de violência doméstica e familiar e de seus Disposições Gerais
dependentes.
Art. 13 Ao processo, ao julgamento e à execução
No Projeto de Lei da Câmara 07, de 2016, o texto do das causas cíveis e criminais decorrentes da prática
art. 12-B permitia que a autoridade policial aplicasse de violência doméstica e familiar contra a mulher
provisoriamente medidas protetivas de urgência. Em aplicar-se-ão as normas dos Códigos de Processo
2017, quando o PLC 07, 2016, tornou-se a Lei nº 13.505, Penal e Processo Civil e da legislação específica
de 2017, que alterou a Lei Maria da Penha, o art. 12-B relativa à criança, ao adolescente e ao idoso que
foi vetado, por se entender que as medidas protetivas não conflitarem com o estabelecido nesta Lei.
deveriam somente ser aplicadas por juiz.
Esse entendimento mudou em 2019, quando a Lei O art. 13 estabelece a aplicação subsidiária de
Maria da Penha foi alterada pela Lei nº 13.827, de 2019, outras leis, tais como o CPC e o ECA, no que estas não
que passou a permitir que, em casos excepcionais, a forem conflitantes com as disposições da Lei Maria da
autoridade policial afaste o agressor do domicílio ou Penha. Ou seja, a aplicação da Lei Maria da Penha não
do local de convivência, mesmo sem autorização judi- impede a aplicação de outros diplomas legais, desde
cial prévia. que compatíveis com o que prevê a a Lei nº 11.340,
O § 3º, do art. 12-B, no entanto, foi aprovado e pre- de 2006.
vê a possibilidade de o delegado de polícia requisitar
diretamente serviços públicos necessários à defesa da Art. 14 Os Juizados de Violência Doméstica e Fami-
liar contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária
mulher.
com competência cível e criminal, poderão ser cria-
dos pela União, no Distrito Federal e nos Territó-
Art. 12-C Verificada a existência de risco atual ou
rios, e pelos Estados, para o processo, o julgamento
iminente à vida ou à integridade física ou psicoló-
e a execução das causas decorrentes da prática de
gica da mulher em situação de violência doméstica
violência doméstica e familiar contra a mulher.
e familiar, ou de seus dependentes, o agressor será
Parágrafo único. Os atos processuais poderão rea-
imediatamente afastado do lar, domicílio ou lizar-se em horário noturno, conforme dispuserem
local de convivência com a ofendida:
9
as normas de organização judiciária.
-9

I - pela autoridade judicial;


96

II - pelo delegado de polícia, quando o Município


O art. 14 determina a criação de varas especializa-
.3

não for sede de comarca; ou


93

das (com alguma impropriedade técnica, a lei mencio-


III - pelo policial, quando o Município não for sede
na “juizados”) que serão competentes para processar,
.0

de comarca e não houver delegado disponível no


06

momento da denúncia julgar e executar os casos de violência doméstica e


-1

§ 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste familiar contra a mulher.
a

artigo, o juiz será comunicado no prazo máximo de


lv

24 (vinte e quatro) horas e decidirá, em igual pra- Art. 14-A A ofendida tem a opção de propor ação
Si

zo, sobre a manutenção ou a revogação da medida de divórcio ou de dissolução de união estável no


da

aplicada, devendo dar ciência ao Ministério Público Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra
concomitantemente. a Mulher.
io

§ 1º Exclui-se da competência dos Juizados de Vio-


v

§ 2º Nos casos de risco à integridade física da


ofendida ou à efetividade da medida protetiva lência Doméstica e Familiar contra a Mulher a pre-
O

de urgência, não será concedida liberdade pro- tensão relacionada à partilha de bens.
ri

visória ao preso. § 2º Iniciada a situação de violência doméstica e


A

familiar após o ajuizamento da ação de divórcio ou


de dissolução de união estável, a ação terá prefe-
O art. 12-C cuida da possibilidade do afastamento rência no juízo onde estiver.
do agressor do lar, domicílio ou local de convivência
com a vítima, em caso de risco atual ou iminente.
A ofendida, caso deseje, pode propor a ação de
Como regra, o afastamento é determinado pela divórcio ou de dissolução da união estável nas varas
autoridade judicial; excepcionalmente, quando o especializadas a que se refere o art. 14. Tal “juizado”,
município não for sede de comarca, o afastamento no entanto, não é competente para julgar a partilha de
pode se dar por determinação da autoridade policial bens (divisão dos bens adquiridos durante o casamen-
(delegado de polícia) ou, na falta deste, por policial. to ou união estável).
Se o afastamento se der por ordem de delegado ou
policial, estes devem comunicar o fato ao juiz dentro Art. 15 É competente, por opção da ofendida, para
do prazo máximo de 24 horas e, uma vez que o juiz os processos cíveis regidos por esta Lei, o Juizado:
toma ciência, ele decide pela manutenção ou não da I - do seu domicílio ou de sua residência;
medida e comunica ao Ministério Público. II - do lugar do fato em que se baseou a demanda;
188 III - do domicílio do agressor.
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O art. 15 traz uma regra de competência que se I - conhecer do expediente e do pedido e decidir
aplica somente aos processos cíveis. De acordo com sobre as medidas protetivas de urgência;
o dispositivo, a vítima pode optar por ingressar com II - determinar o encaminhamento da ofendida ao
a ação em um dos três juizados previstos nos incisos órgão de assistência judiciária, quando for o caso,
do art. 15. inclusive para o ajuizamento da ação de separação
judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de
dissolução de união estável perante o juízo competente;
Art. 16 Nas ações penais públicas condicionadas
III - comunicar ao Ministério Público para que ado-
à representação da ofendida de que trata esta Lei,
te as providências cabíveis.
só será admitida a renúncia à representação
IV - determinar a apreensão imediata de arma de
perante o juiz, em audiência especialmente desig-
fogo sob a posse do agressor.
nada com tal finalidade, antes do recebimento da
Art. 19 As medidas protetivas de urgência poderão
denúncia e ouvido o Ministério Público.
ser concedidas pelo juiz, a requerimento do Minis-
tério Público ou a pedido da ofendida.
O art. 16 disciplina a retratação. Os crimes que § 1º As medidas protetivas de urgência poderão
procedem mediante ação pública condicionada à ser concedidas de imediato, independentemente de
representação da vítima (manifestação inequívoca de audiência das partes e de manifestação do Ministério
que tem interesse em ver o autor do crime processa- Público, devendo este ser prontamente comunicado.
do), como ocorre, por exemplo, no crime de ameaça § 2º As medidas protetivas de urgência serão apli-
(art. 147, do CP), a vítima pode renunciar à represen- cadas isolada ou cumulativamente, e poderão ser
tação (ou seja, retratar-se), desde que o faça antes do substituídas a qualquer tempo por outras de maior
oferecimento da denúncia pelo Ministério Público. eficácia, sempre que os direitos reconhecidos nesta
Basta, por exemplo, que a vítima compareça à Dele- Lei forem ameaçados ou violados.
gacia e manifeste sua vontade em não ver o agressor § 3º Poderá o juiz, a requerimento do Ministério
Público ou a pedido da ofendida, conceder novas
processado.
medidas protetivas de urgência ou rever aquelas já
Isso é válido para todo e qualquer crime que se
concedidas, se entender necessário à proteção da
proceda mediante ação penal pública condicionada ofendida, de seus familiares e de seu patrimônio,
à representação. No entanto, no âmbito da violência ouvido o Ministério Público.
doméstica e familiar, a vítima pode, por vários moti-
vos, ser impelida ou coagida a realizar a retratação Os pontos mais relevantes, no que diz respeito às
e, por este motivo, a Lei Maria da Penha prevê que a medidas protetivas, são:
retratação somente pode ser feita perante o juiz, em
audiência especialmente designada para tal fim. z podem ser concedidas pelo juiz, a requerimento
do Ministério Público ou a pedido da vítima;
Art. 17 É vedada a aplicação, nos casos de violên- z têm o prazo de até 48 horas após o recebimento
cia doméstica e familiar contra a mulher, de penas pelo juiz para serem concedidas, mas podem ser
de cesta básica ou outras de prestação pecu- determinadas de imediato;
niária, bem como a substituição de pena que impli-
9
z podem ser aplicadas de forma isolada ou cumulati-
-9

que o pagamento isolado de multa.


va, podendo ser substituídas, caso necessário.
96
.3

Um dos dispositivos da Lei Maria da Penha que Art. 20 Em qualquer fase do inquérito policial ou
93

possuem maior relevância, o art. 17 prevê, de forma da instrução criminal, caberá a prisão preventi-
.0

expressa, nos casos de violência doméstica e familiar, va do agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a
06

a proibição da aplicação de penas de cesta básica ou requerimento do Ministério Público ou mediante


-1

outra prestação pecuniária e, também, pelo pagamen- representação da autoridade policial.


a

to isolado da pena de multa. Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão


lv

Em relação ao que prevê o art. 17, vale mencio- preventiva se, no curso do processo, verificar a fal-
Si

nar que o STJ entende que, no âmbito da Lei Maria ta de motivo para que subsista, bem como de novo
da

da Penha, também não é possível realizar a substitui- decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.
io

ção de pena privativa de liberdade por pena restritiva


v

de direitos. Tal entendimento se encontra disposto na O art. 20 prevê a possibilidade de que o juiz, de ofí-

Súmula 588, do STJ: cio, isto é, sem provocação, decrete a prisão preventiva
O

LEGISLAÇÃO APLICADA À PMERJ


do agressor na fase pré-processual (fase do inquérito
ri
A

Súmula nº 588 (STJ) A prática de crime ou con- policial). No entanto, desde 2011, o Código de Proces-
travenção penal contra a mulher com violência ou so Penal deixou de prever a possibilidade do juiz, de
grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita ofício, decretar essa medida nessa fase, de forma que,
a substituição da pena privativa de liberdade por ainda que expressa no art. 20, não pode mais ser apli-
restritiva de direitos. cada — o juiz somente pode decretar a prisão, de ofício,
depois do oferecimento da denúncia ou, em caso de fla-
Medidas Protetivas de Urgência grante, quando a prisão é convertida em preventiva.

Vistas pela doutrina como a maior conquista trazi- Dica


da pela Lei nº 11.340, de 2006, as medidas protetivas
de urgência se encontram previstas entre os arts. 18 e Se a banca do concurso público questionar se a
24, da Lei Maria da Penha. Lei Maria da Penha prevê a possibilidade do juiz,
de ofício, decretar a prisão preventiva na fase
Art. 18 Recebido o expediente com o pedido da pré-processual, a resposta deve ser afirmativa,
ofendida, caberá ao juiz, no prazo de 48 (quarenta uma vez que, quando da modificação feita no
e oito) horas: CPP, a Lei nº 11.340, de 2006, não foi alterada. 189
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Art. 21 A ofendida deverá ser notificada dos atos dispostas nos arts. 23 e 24 para resguardar a vítima e
processuais relativos ao agressor, especialmente até seu patrimônio.
dos pertinentes ao ingresso e à saída da prisão, sem
prejuízo da intimação do advogado constituído ou Art. 23 Poderá o juiz, quando necessário, sem pre-
do defensor público. juízo de outras medidas:
Parágrafo único. A ofendida não poderá entregar
I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a
intimação ou notificação ao agressor.
programa oficial ou comunitário de proteção ou de
atendimento;
O art. 21 traz duas disposições que visam à prote-
II - determinar a recondução da ofendida e a de
ção da vítima. A primeira delas é o direito de ser noti-
seus dependentes ao respectivo domicílio, após
ficada a respeito dos atos que envolvam o agressor,
afastamento do agressor;
sobretudo aqueles que digam respeito ao ingresso e
III - determinar o afastamento da ofendida do lar,
à saída da prisão. A segunda disposição, trata da inti-
sem prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda
mação ou notificação ao agressor, que não pode mais
dos filhos e alimentos;
ser entregue pela vítima (fato que era muito comum
IV - determinar a separação de corpos.
antes do advento da Lei Maria da Penha), evitando o
V - determinar a matrícula dos dependentes da
contato entre as partes.
ofendida em instituição de educação básica mais
As medidas protetivas de urgência se dividem em
próxima do seu domicílio, ou a transferência deles
duas categorias: as medidas protetivas de urgência
para essa instituição, independentemente da exis-
que obrigam o agressor (art. 22) e as medidas pro-
tência de vaga.
tetivas de urgência direcionadas à ofendida (art.
Art. 24 Para a proteção patrimonial dos bens da
23 e 24).
sociedade conjugal ou daqueles de propriedade
particular da mulher, o juiz poderá determinar,
Das Medidas Protetivas de Urgência que Obrigam o
liminarmente, as seguintes medidas, entre outras:
Agressor
I - restituição de bens indevidamente subtraídos
pelo agressor à ofendida;
Art. 22 Constatada a prática de violência domésti-
II - proibição temporária para a celebração de atos e
ca e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei,
contratos de compra, venda e locação de propriedade
o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em
conjunto ou separadamente, as seguintes medi- em comum, salvo expressa autorização judicial;
das protetivas de urgência, entre outras: III - suspensão das procurações conferidas pela
I - suspensão da posse ou restrição do porte de ofendida ao agressor;
armas, com comunicação ao órgão competente, nos IV - prestação de caução provisória, mediante depó-
termos da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003; sito judicial, por perdas e danos materiais decor-
II - afastamento do lar, domicílio ou local de rentes da prática de violência doméstica e familiar
convivência com a ofendida; contra a ofendida.
III - proibição de determinadas condutas, entre Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório
9
as quais: competente para os fins previstos nos incisos II e
-9

a) aproximação da ofendida, de seus familia-


96

III deste artigo.


res e das testemunhas, fixando o limite mínimo
.3

de distância entre estes e o agressor;


93

O art. 24 cuida especificamente de medidas prote-


b) contato com a ofendida, seus familiares e tes-
.0

tivas relacionadas ao patrimônio da vítima.


temunhas por qualquer meio de comunicação;
06

c) freqüentação de determinados lugares a fim


-1

de preservar a integridade física e psicológica da CRIME DE DESCUMPRIMENTO DE MEDIDAS


a

ofendida; PROTETIVAS DE URGÊNCIA


lv

IV - restrição ou suspensão de visitas aos


Si

dependentes menores, ouvida a equipe de aten- A Lei nº 13.641, de 2018, acrescentou o art. 24-A à
da

dimento multidisciplinar ou serviço similar; Lei Maria da Penha, que passou a tratar do crime de
io

V - prestação de alimentos provisionais ou descumprimento de decisão judicial e deferiu medi-


v

provisórios.

das protetivas, com a seguinte redação:


VI - comparecimento do agressor a programas
O

de recuperação e reeducação; e
ri

Art. 24-A Descumprir decisão judicial que defere


A

VII - acompanhamento psicossocial do agres-


sor, por meio de atendimento individual e/ou em medidas protetivas de urgência previstas nesta Lei:
grupo de apoio. Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos.
§ 1º A configuração do crime independe da competên-
A Lei nº 11.340, de 2006, optou por listar, nos men- cia civil ou criminal do juiz que deferiu as medidas.
cionados artigos, algumas medidas mais comuns, § 2º Na hipótese de prisão em flagrante, apenas
fazendo a ressalva que outras podem ser tomadas. a autoridade judicial poderá conceder fiança.
Veja abaixo quais são as medidas que a lei elenca, § 3º O disposto neste artigo não exclui a aplicação
lembrando que podem ser aplicadas em conjunto ou de outras sanções cabíveis.
separadamente.
A adoção desse dispositivo foi uma forma de
Das Medidas Protetivas de Urgência à Ofendida emprestar maior força à aplicação das medidas prote-
tivas. Merece destaque o fato de esse crime somen-
Ao mesmo tempo que o juiz pode decretar as te ser afiançável pelo juiz, afastando a hipótese de
medidas protetivas de urgência que obrigam o agres- fiança pelo Delegado de Polícia.
190 sor, previstas no art. 22, pode determinar as medidas
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DA ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO A Lei Maria da Penha estabeleceu, no seu art. 29,
que as Varas de Violência Doméstica devem contar
Art. 25 O Ministério Público intervirá, quando não com a assistência de equipes de atendimento multi-
for parte, nas causas cíveis e criminais decorrentes disciplinar, integradas por profissionais das áreas:
da violência doméstica e familiar contra a mulher.
Art. 26 Caberá ao Ministério Público, sem prejuízo z psicossocial (psicólogos e assistentes sociais);
de outras atribuições, nos casos de violência domés- z jurídica (advogados);
tica e familiar contra a mulher, quando necessário: z da saúde (médicos e enfermeiros).
I - requisitar força policial e serviços públicos de
saúde, de educação, de assistência social e de segu-
Art. 30 Compete à equipe de atendimento multi-
rança, entre outros;
disciplinar, entre outras atribuições que lhe forem
II - fiscalizar os estabelecimentos públicos e particu-
reservadas pela legislação local, fornecer subsí-
lares de atendimento à mulher em situação de vio-
dios por escrito ao juiz, ao Ministério Público e à
lência doméstica e familiar, e adotar, de imediato,
Defensoria Pública, mediante laudos ou verbal-
as medidas administrativas ou judiciais cabíveis no
mente em audiência, e desenvolver trabalhos de
tocante a quaisquer irregularidades constatadas;
orientação, encaminhamento, prevenção e outras
III - cadastrar os casos de violência doméstica e
medidas, voltados para a ofendida, o agressor e os
familiar contra a mulher.
familiares, com especial atenção às crianças e aos
adolescentes.
Os arts. 25 e 26 cuidam da atuação do Ministério
Público no âmbito da Lei Maria da Penha. No âmbi- A equipe multidisciplinar é responsável por asses-
to criminal, o art. 25 determina a intervenção do MP sorar tecnicamente o juiz na tomada de decisões, den-
mesmo quando este não for parte, isto é, nos crimes tre as quais, as medidas urgentes de proteção.
de ação penal privada (um crime contra a honra, por
exemplo). Art. 31 Quando a complexidade do caso exigir
Já na esfera cível, o Ministério Público deve atuar, avaliação mais aprofundada, o juiz poderá deter-
por meio do inquérito civil e da ação civil, no sentido minar a manifestação de profissional especializa-
de promover os direitos indisponíveis da vítima (saú- do, mediante a indicação da equipe de atendimento
de, educação etc.) em situação de vulnerabilidade. multidisciplinar.

DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA Havendo necessidade de atendimento mais especia-


lizado, a equipe multidisciplinar pode indicar ao juiz um
Art. 27 Em todos os atos processuais, cíveis e crimi- profissional para que este se manifeste sobre o caso.
nais, a mulher em situação de violência doméstica
e familiar deverá estar acompanhada de advoga- Art. 32 O Poder Judiciário, na elaboração de sua
do, ressalvado o previsto no art. 19 desta Lei. proposta orçamentária, poderá prever recursos
para a criação e manutenção da equipe de atendi-
9
A garantia de que a mulher esteja acompanhada mento multidisciplinar, nos termos da Lei de Dire-
-9

por um advogado, seja na esfera criminal quanto na trizes Orçamentárias.


96

cível, prevista no art. 27, busca minimizar os efeitos


.3

da vitimização secundária, isto é, a possibilidade de a A criação e manutenção das equipes multidiscipli-


93

vítima ser desnecessariamente constrangida na dele- nares compete ao Poder Judiciário.


.0

gacia ou no fórum. O descumprimento do que prevê o


06

artigo pode acarretar nulidade do ato praticado, caso DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS


-1

ocasione prejuízo à vítima.


a

A ressalva feita ao art. 19 tem a finalidade de


lv

Art. 33. Enquanto não estruturados os Juizados de


Si

garantir que a mulher vítima de violência doméstica Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, as
e familiar, independentemente de estar ou não com varas criminais acumularão as competências cível
da

advogado, possa solicitar medida de proteção. e criminal para conhecer e julgar as causas decor-
io

rentes da prática de violência doméstica e familiar


v

Art. 28 É garantido a toda mulher em situação contra a mulher, observadas as previsões do Título
O

de violência doméstica e familiar o acesso aos IV desta Lei, subsidiada pela legislação processual
LEGISLAÇÃO APLICADA À PMERJ
ri

serviços de Defensoria Pública ou de Assistência pertinente.


A

Judiciária Gratuita, nos termos da lei, em sede poli- Parágrafo único. Será garantido o direito de pre-
cial e judicial, mediante atendimento específico e ferência, nas varas criminais, para o processo e o
humanizado. julgamento das causas referidas no caput.

Nos termos do art. 28, a Lei Maria da Penha garan- O art. 33 teve aplicação durante o processo de imple-
te à mulher vítima de violência doméstica e familiar mentação da Lei Maria da Penha, enquanto se insta-
a assistência judiciária, tanto na fase pré processual lavam as varas especializadas. Durante tal as varas
(delegacia de polícia) quanto na judicial. criminais cumulavam as suas causas com as decorren-
tes de violência doméstica e familiar contra a mulher.
DA EQUIPE DE ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 29 Os Juizados de Violência Doméstica e Fami-
liar contra a Mulher que vierem a ser criados poderão Art. 34 A instituição dos Juizados de Violência
contar com uma equipe de atendimento multidiscipli- Doméstica e Familiar contra a Mulher poderá ser
nar, a ser integrada por profissionais especializados acompanhada pela implantação das curadorias
nas áreas psicossocial, jurídica e de saúde. necessárias e do serviço de assistência judiciária. 191
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O art. 34, da Lei Maria da Penha, indica que tan- remeter suas informações criminais para a base de
to o Ministério Público quanto a Defensoria Pública dados do Ministério da Justiça.
devem se estruturar para atuar junto às varas de vio-
lência doméstica e familiar, criando cargos de Promo- Conforme determina o inciso II, art. 8º, da Lei
tores de Justiça e Defensores Públicos. Maria da Penha, uma das diretrizes de enfrentamento
à violência doméstica e familiar contra a mulher é a
Art. 35 A União, o Distrito Federal, os Estados e os produção de estatísticas. Nesse sentido, o art. 38 indi-
Municípios poderão criar e promover, no limite das ca que os Estados e o DF contribuam de forma a ali-
respectivas competências: mentar um sistema nacional de dados e informações
I - centros de atendimento integral e multidiscipli- sobre as mulheres em tal situação. É pela análise das
nar para mulheres e respectivos dependentes em informações que constam em tal banco de dados que
situação de violência doméstica e familiar; o poder público pode orientar e reorientar as medidas
II - casas-abrigos para mulheres e respectivos de enfrentamento contra a violência.
dependentes menores em situação de violência Vale observar que somente recentemente, por
doméstica e familiar; meio da Lei nº 14.232, de 2021, é que foi criada a Polí-
III - delegacias, núcleos de defensoria pública, servi- tica Nacional de Dados e Informações relacionadas à
ços de saúde e centros de perícia médico-legal espe- Violência contra as Mulheres (PNAINFO), com a fina-
cializados no atendimento à mulher em situação de lidade de reunir, organizar, sistematizar e disponibili-
violência doméstica e familiar;
zar dados e informações atinentes a todos os tipos de
IV - programas e campanhas de enfrentamento da
violência contra as mulheres.
violência doméstica e familiar;
V - centros de educação e de reabilitação para os
Art. 38-A O juiz competente providenciará o regis-
agressores.
tro da medida protetiva de urgência.
Art. 36 A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Parágrafo único. As medidas protetivas de urgência
Municípios promoverão a adaptação de seus órgãos
serão, após sua concessão, imediatamente registra-
e de seus programas às diretrizes e aos princípios
das em banco de dados mantido e regulamentado
desta Lei.
pelo Conselho Nacional de Justiça, garantido o
acesso instantâneo do Ministério Público, da Defen-
O poder público tem a obrigação de assegurar efe- soria Pública e dos órgãos de segurança pública e
tiva assistência às mulheres em situação de violência de assistência social, com vistas à fiscalização e à
doméstica e familiar, dentro do que prescrevem os efetividade das medidas protetivas.
princípios da Lei Maria da Penha. Art. 39 A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, no limite de suas competências e nos ter-
Art. 37 A defesa dos interesses e direitos tran- mos das respectivas leis de diretrizes orçamentárias,
sindividuais previstos nesta Lei poderá ser exerci- poderão estabelecer dotações orçamentárias especí-
da, concorrentemente, pelo Ministério Público ficas, em cada exercício financeiro, para a implemen-
e por associação de atuação na área, regular- tação das medidas estabelecidas nesta Lei.
mente constituída há pelo menos um ano, nos
9
-9

termos da legislação civil. Para que se efetivem as políticas públicas previs-


96

Parágrafo único. O requisito da pré constituição tas na Lei Maria da Penha é necessário que os entes
.3

poderá ser dispensado pelo juiz quando entender federativos façam previsão, em seus orçamentos, de
93

que não há outra entidade com representatividade recursos suficientes para o enfrentamento da violên-
.0

adequada para o ajuizamento da demanda coletiva. cia doméstica e familiar contra a mulher.
06
-1

O art. 37 se refere à legitimidade para ajuizamento de Art. 40 As obrigações previstas nesta Lei não
a

ação civil pública. A ação civil pública é regulamentada excluem outras decorrentes dos princípios por ela
lv

pela Lei nº 7.347, de 1985, e tem como objetivo proteger adotados.


Si

os interesses coletivos tais como a honra e a dignidade


da

de determinados grupos, no caso, as mulheres. A Lei Maria da Penha encontra-se em sintonia


io

Nos termos do art. 37, da Lei Maria da Penha, há com a Constituição Federal e com os tratados de direi-
v

legitimidade concorrente entre o Ministério Público tos humanos incorporados ao ordenamento jurídico

e associação devidamente constituída há mais de um nacional. Desse modo, o sistema de proteção à mulher
O

ano, que tenha entre suas finalidades a promoção e vítima de violência doméstica e familiar não se res-
ri
A

a defesa dos direitos humanos para a proposição de tringe à Lei nº 11.340, de 2006, mas inclui obrigações
ação civil pública. Nos termos do parágrafo único, o que constam em tais documentos, como, por exemplo
requisito da pré constituição pode ser excepcional- na Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas
mente dispensado. de Violência contra a Mulher e na Convenção Intera-
Vale mencionar que, além do MP e da mencionada mericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência
associação, também a Defensoria Pública tem legiti- contra a Mulher (Convenção de Belém do Pará).
midade para propor ação civil pública, tendo em vista
a previsão que consta na Lei nº 11.648, de 2007. Art. 41 Aos crimes praticados com violência domés-
tica e familiar contra a mulher, independentemente
Art. 38 As estatísticas sobre a violência doméstica e da pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099, de
familiar contra a mulher serão incluídas nas bases 26 de setembro de 1995.
de dados dos órgãos oficiais do Sistema de Justiça e
Segurança a fim de subsidiar o sistema nacional de O art. 41 é um dos mais importantes da Lei Maria
dados e informações relativo às mulheres. da Penha. Tendo em vista a gravidade dos crimes
Parágrafo único. As Secretarias de Segurança cometidos contra a mulher nas situações da Lei Maria
192 Pública dos Estados e do Distrito Federal poderão da Penha, o legislador optou por afastar a incidência
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
da Lei nº 9.099, de 1995, Lei dos Juizados Especiais, Por fim, o art. 45, da Lei Maria da Penha, acres-
que beneficiaria o agressor em vários aspectos. centou um parágrafo ao art. 152, da Lei de Execução
Por fim, os arts. 42 ao 45 cuidaram de promover Penal, prevendo que, nos casos de violência domés-
alterações em outras leis. tica e familiar contra a mulher, o agressor pode ser
obrigado a participar de programas de recuperação e
Art. 42 O art. 313 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de reeducação durante o cumprimento da limitação de
outubro de 1941 (Código de Processo Penal), passa final de semana.
a vigorar acrescido do seguinte inciso IV:
“Art. 313 .................................................
................................................................
IV - se o crime envolver violência doméstica e fami- ESTATUTO DA PESSOA IDOSA – LEI Nº
liar contra a mulher, nos termos da lei específica, 10.741, DE 2003
para garantir a execução das medidas protetivas
de urgência.” (NR) Embora os direitos fundamentais sejam univer-
sais (por serem inerentes à condição de ser humano),
O art. 42, da Lei Maria da Penha, alterou a redação em alguns casos, levando em conta as dificuldades
do art. 313, do CPP, incluindo o inc. IV, no qual consta enfrentadas por determinadas minorias sociais, tais
a previsão da possibilidade de o juiz decretar a prisão como as mulheres, as crianças, os idosos, houve/há
preventiva em crimes que envolvam violência domés- necessidade de criação de mecanismos de proteção
tica e familiar contra a mulher, com o fim de garantir de alcance especial. Além disso, a fim de enfrentar a
a execução das medidas protetivas de urgência. violência e o preconceito contra determinados grupos
étnicos, também foram criados alguns instrumentos
Art. 43 A alínea f do inciso II do art. 61 do Decre- legais de tutela e acolhimento.
to-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Cumpre esclarecer, no entanto, que o sistema de
Penal), passa a vigorar com a seguinte redação: proteção especial não visa, relativizar as peculiari-
“Art. 61. .................................................. dades sociais e culturais de determinado grupo, mas,
................................................................. sim, aumentar o alcance de proteção dos direitos
II - ............................................................ humanos em razão das particularidades existentes.
................................................................. Nesta ótica, pode-se dizer que o art. 229, da Cons-
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de tituição Federal, de 1988, deu amparo aos direitos da
relações domésticas, de coabitação ou de hospitali- pessoa idosa ao estabelecer que, na velhice, carência ou
dade, ou com violência contra a mulher na forma situações de enfermidade, compete aos filhos o dever
da lei específica;
de prestar auxílio e amparo aos seus pais. Além disso,
........................................................... ” (NR)
ainda de acordo com a CF, é dever da família, da socie-
dade e do Estado prestar assistência às pessoas idosas,
O art. 43 alterou o art. 61, do CP, para incluir, den- garantindo que participem da comunidade de forma
tre as circunstâncias agravantes genéricas, a violência digna, pois, assim como todos os outros indivíduos,
9
doméstica e familiar contra a mulher.
-9

esse grupo social tem direito à vida e ao bem-estar.


96

Em razão dessa proteção constitucional, foi elabo-


Art. 44 O art. 129 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
.3

rada a Política Nacional do Idoso por meio da Lei nº


93

dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar 8.842, de 1994. No entanto, o sistema de proteção da
com as seguintes alterações:
.0

pessoa idosa, no Brasil, somente foi aperfeiçoado com


06

“Art. 129. ..................................................


a Lei nº 10.741, de 2003, também denominada “Estatu-
..................................................................
-1

to da Pessoa Idosa”.
§ 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, des-
Antes de iniciarmos o estudo desse Estatuto, é pre-
a

cendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com


lv

ciso ter em mente que, para melhor compreendê-lo,


Si

quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, pre-


valecendo-se o agente das relações domésticas, de
é primordial entender sua estrutura e identificar as
da

coabitação ou de hospitalidade: ideias mais importantes da legislação, uma vez que as


io

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. bancas tendem a cobrar o que se denomina “literali-
v

.................................................................. dade das ideias”, ou seja, os pontos principais de cada


artigo com base em sua estrutura. Não há, entretanto,


O

§ 11. Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será


LEGISLAÇÃO APLICADA À PMERJ
a necessidade de decorá-los.
ri

aumentada de um terço se o crime for cometido


A

contra pessoa portadora de deficiência.” (NR) O presente material dedica atenção especial à par-
te relativa aos crimes (arts. 93 a 108).
O art. 44, por sua vez, incluiu no CP a violên-
cia doméstica como qualificadora do crime de lesão NOÇÕES GERAIS DO DIREITO DO IDOSO
corporal.
O Estatuto da Pessoa Idosa é dividido em 7 (sete)
Art. 45 O art. 152 da Lei nº 7.210, de 11 de julho de partes:
1984 (Lei de Execução Penal), passa a vigorar com
a seguinte redação: z Disposições Preliminares: estabelece os concei-
“Art. 152. ................................................... tos iniciais e as regras de interpretação;
Parágrafo único. Nos casos de violência doméstica z Direitos Fundamentais: elenca e disciplina os
contra a mulher, o juiz poderá determinar o compa- direitos à vida, à liberdade, ao respeito e à dignida-
recimento obrigatório do agressor a programas de de, aos alimentos, à saúde, à educação, à cultura,
recuperação e reeducação.” (NR) ao esporte e lazer, à profissionalização e ao tra-
balho, à previdência social, à assistência social, à
habitação e ao transporte; 193
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z Medidas de Proteção: cuida dos meios de prote- Neste mesmo sentido, o art. 3º clarifica o caráter
ção sempre que os direitos fundamentais dos ido- complementar do Estatuto ao reafirmar que o idoso
sos forem ameaçados ou violados; possui, além dos direitos intrínsecos a todas as pesso-
z Política de Atendimento ao Idoso: disciplina as, um sistema próprio de proteção.
as linhas de ação da política de atendimento, as
entidades de atendimento ao idoso, os meios de Art. 3º É obrigação da família, da comunidade, da
fiscalização dessas entidades, as infrações admi- sociedade e do poder público assegurar à pessoa
nistrativas, a apuração administrativa de infração idosa, com absoluta prioridade, a efetivação do
às normas de proteção ao idoso e a apuração judi- direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação,
cial de irregularidades das entidades; à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cida-
z Acesso à Justiça: estabelece a tramitação prioritá- dania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à con-
ria, as regras de proteção e o órgão competente por vivência familiar e comunitária.
sua promoção;
z Crimes: tipifica os crimes praticados contra as pes- Ademais, seu parágrafo primeiro apresenta as
soas idosas; diversas garantias deste sistema especial de proteção.
z Disposições Finais e Transitórias: cuida das Vejamos:
regras de transição e demais modificações legisla-
tivas feitas pelo Estatuto em outras leis. § 1º A garantia de prioridade compreende:
I - atendimento preferencial imediato e indi-
Inicialmente, o conceito de pessoa idosa é encon- vidualizado junto aos órgãos públicos e privados
trado no art. 1º, do Estatuto. Considera-se pessoa idosa prestadores de serviços à população;
aquela ‘’com idade igual ou superior a 60 (sessenta) II - preferência na formulação e na execução de
anos.’’ Por levar em consideração apenas a idade bio- políticas sociais públicas específicas;
lógica da pessoa, descartando qualquer outro crité- III - destinação privilegiada de recursos públi-
rio para apuração, como o físico e o psicológico, por cos nas áreas relacionadas com a proteção à
exemplo, estamos diante de um critério cronológico pessoa idosa;
Atenção: embora o Estatuto fixe a idade de 60 anos IV - viabilização de formas alternativas de
ou mais, isso não impede que outras leis fixem idades participação, ocupação e convívio da pessoa
distintas, desde que estas não se refiram, exatamen- idosa com as demais gerações;
te, à pessoa idosa, ou seja, desde que se relacionem V - priorização do atendimento da pessoa ido-
apenas à idade e não ao fato de a pessoa ser idosa. São sa por sua própria família, em detrimento do
exemplos importantes: atendimento asilar, exceto dos que não a possuam
ou careçam de condições de manutenção da pró-
z 65 anos: direito ao benefício do transporte coleti- pria sobrevivência;
vo público gratuito, conforme a Constituição; VI - capacitação e reciclagem dos recursos
z 65 anos: direito ao Benefício de Prestação Conti- humanos nas áreas de geriatria e gerontologia e na
nuada (BPC) da Lei Orgânica da Assistência Social; prestação de serviços às pessoas idosas;
9
-9

z 70 anos, na data da sentença: direito à redução, VII - estabelecimento de mecanismos que favo-
96

pela metade, do prazo prescricional, conforme reçam a divulgação de informações de caráter


.3

o Código Penal. educativo sobre os aspectos biopsicossociais de


93

envelhecimento;
.0

O art. 2º estabelece uma norma de interpretação VIII - garantia de acesso à rede de serviços de
06

extremamente importante, pois, mesmo que o Estatu- saúde e de assistência social locais.
-1

to objetive apresentar um sistema de proteção especí- IX - prioridade no recebimento da restituição do


a

fica para o idoso, ele não exclui a aplicação de outras Imposto de Renda.
lv

regras inerentes a todas as pessoas. Vejamos:


Si

Dica
da

Art. 2º A pessoa idosa goza de todos os direitos


O sistema especial de proteção dos direitos não
io

fundamentais inerentes à pessoa humana, sem


v

prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, exclui o sistema geral de proteção, uma vez que

ambos se complementam.
O

assegurando-se-lhe, por lei ou por outros meios,


todas as oportunidades e facilidades, para preser-
ri
A

vação de sua saúde física e mental e seu aperfei- Outra regra importante apresenta-se no parágrafo
çoamento moral, intelectual, espiritual e social, em segundo, do art. 3º: a pessoa idosa com mais de 80
condições de liberdade e dignidade. (oitenta) anos deve gozar de prioridade especial,
ou seja, suas necessidades devem ser atendidas forma
Para uma melhor compreensão do artigo: os sis- preferencial em relação aos demais. Nos termos:
temas de proteção geral (aplicável a todas as pessoas)
e especial (aplicável a pessoas determinadas em razão § 2º Entre as pessoas idosas, é assegurada prio-
de peculiaridades) não são dicotômicos. Na realida- ridade especial aos maiores de 80 (oitenta) anos,
de, eles se complementam. Como consequência, não atendendo-se suas necessidades sempre preferen-
é porque existe um sistema de proteção próprio ao cialmente em relação às demais pessoas idosas.
idoso que os direitos desse grupo serão excluídos da
proteção trazida pela Constituição Federal. Portanto,
+ Maior —
as pessoas idosas possuem, somados à proteção inte- Prioridade
gral do Estatuto, mais específica, uma vez que leva em prioridade
60 anos ou
consideração suas peculiaridades, a garantia de todos 80 anos ou
mais
194 os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana. mais
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Os arts. 4º e 5º, do Estatuto, afirmam que as pesso- sua dignidade, colocando-a a salvo de qualquer trata-
as idosas não podem sofrer qualquer tipo de negligên- mento tido como desumano, violento, aterrorizante,
cia, discriminação ou violência. Ainda de acordo com vexatório ou constrangedor.
os mesmos dispositivos, a inobservância das normas Nos termos da lei:
de prevenção resulta na responsabilização da pessoa
física ou jurídica. Observemos: Art. 10 É obrigação do Estado e da sociedade asse-
gurar à pessoa idosa a liberdade, o respeito e a dig-
Art. 4º Nenhuma pessoa idosa será objeto de qual- nidade, como pessoa humana e sujeito de direitos
quer tipo de negligência, discriminação, violência, civis, políticos, individuais e sociais, garantidos na
crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus Constituição e nas leis.
direitos, por ação ou omissão, será punido na for-
ma da lei. Conforme o § 1º, do art. 10, o direito de liberdade
§ 1º É dever de todos prevenir a ameaça ou violação compreende os seguintes aspectos:
aos direitos da pessoa idosa.
§ 2º As obrigações previstas nesta Lei não excluem I - faculdade de ir, vir e estar nos logradouros públi-
da prevenção outras decorrentes dos princípios por cos e espaços comunitários, ressalvadas as restri-
ela adotados. ções legais;
Art. 5º A inobservância das normas de prevenção II - opinião e expressão;
importará em responsabilidade à pessoa física ou III - crença e culto religioso;
jurídica nos termos da lei. IV - prática de esportes e de diversões;
V - participação na vida familiar e comunitária;
O art. 6º, por sua vez, apresenta o instituto da VI - participação na vida política, na forma da lei;
delatio criminis (comunicação do crime), que se refe- VII - faculdade de buscar refúgio, auxílio e orientação.
re à possibilidade de todos os indivíduos levarem ao
conhecimento das autoridades públicas qualquer for- O direito ao respeito, de acordo com o § 2º, do
ma de violação ao Estatuto. art. 10, versa sobre a inviolabilidade da integridade
física, psíquica e moral do idoso. Para tanto, considera
Art. 6º Todo cidadão tem o dever de comunicar à a preservação de sua imagem, identidade, autonomia,
autoridade competente qualquer forma de violação valores, ideias, crenças, espaços e objetos pessoais.
a esta Lei que tenha testemunhado ou de que tenha
Nos arts. 11 ao 14, estão disciplinados os direitos
conhecimento.
aos alimentos. Estes dispositivos asseguram, aos idosos,
a concessão de alimentos em casos de necessidade, na
O art. 7º, no que lhe diz respeito, refere-se à Lei
forma estabelecida pelo Código Civil. Trata-se de uma
nº 8.842, de 1994, que trata sobre a Política Nacional
obrigação solidária, podendo a pessoa idosa optar entre
do Idoso, afirmando que a responsabilidade de zelar
os prestadores. Nos casos em que os familiares não pos-
pelo cumprimento dos seus direitos cabe aos Conse-
suem condições econômicas de prover seu sustento, o
lhos Nacionais, Estaduais, Distritais e Municipais da
provimento compete ao Poder (âmbito da Assistência
pessoa idosa.
9
Social). Vejamos os dispositivos na íntegra:
-9
96

Art. 7º Os Conselhos Nacional, Estaduais, do Distri-


.3

to Federal e Municipais da Pessoa Idosa, previstos Art. 11 Os alimentos serão prestados à pessoa ido-
93

na Lei nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994, zelarão pelo sa na forma da lei civil.


.0

cumprimento dos direitos da pessoa idosa, defini- Art. 12 A obrigação alimentar é solidária, podendo
06

dos nesta Lei. a pessoa idosa optar entre os prestadores.


-1

Art. 13 As transações relativas a alimentos pode-


rão ser celebradas perante o Promotor de Justiça
a

Com relação aos Direitos Fundamentais, estes


lv

ou Defensor Público, que as referendará, e passarão


se encontram elencados nos arts. 8º ao 42, do Estatu-
Si

a ter efeito de título executivo extrajudicial nos ter-


to, de modo a estabelecer as diretrizes a respeito dos mos da lei processual civil.
da

direitos à vida, à liberdade, ao respeito, à dignida- Art. 14 Se a pessoa idosa ou seus familiares não
io

de, aos alimentos, à saúde, à educação, cultura, ao possuírem condições econômicas de prover o seu
v

esporte e lazer, à profissionalização e ao trabalho,


sustento, impõe-se ao poder público esse provimen-


à previdência social, à assistência social, à habita-
O

to, no âmbito da assistência social.


LEGISLAÇÃO APLICADA À PMERJ
ção e ao transporte.
ri
A

O direito à vida encontra-se previsto nos arts. 8º e O direito à saúde está previsto nos arts. 15 ao 19,
9º. Trata-se do direito de maior importância, pois, sem do Estatuto. Trata-se de um direito universal, pois é
este, não há possibilidade de existência dos demais. garantido a todos os indivíduos, na Constituição Fede-
Como a vida é inviolável, envelhecer de forma digna ral, como um direito social. Aos idosos, o direito à saú-
é uma consequência e um direito personalíssimo, cuja de é assegurado por meio do Sistema Único de Saúde
proteção é um direito social. Além disso, é dever do (SUS). Vejamos os termos da lei:
Estado garantir aos idosos a proteção não só à vida,
mas, também, à saúde, por meio de efetivações de Art. 15 É assegurada a atenção integral à saúde
políticas sociais públicas que permitam o envelheci- da pessoa idosa, por intermédio do Sistema Único
mento saudável e em condições dignas. de Saúde (SUS), garantindo-lhe o acesso universal
Os direitos à liberdade, ao respeito e à dignida- e igualitário, em conjunto articulado e contínuo
de estão disciplinados no art. 10, do Estatuto, respon- das ações e serviços, para a prevenção, promoção,
sável por estabelecer, como obrigação do Estado e da proteção e recuperação da saúde, incluindo a aten-
sociedade, a garantia de que estes sejam efetivados. ção especial às doenças que afetam preferencial-
A pessoa idosa possui direitos civis, políticos, indivi- mente as pessoas idosas. (Redação dada pela Lei nº
duais e sociais e todos os indivíduos devem zelar por 14.423, de 2022) 195
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Para a prevenção e manutenção da saúde, o Esta- De acordo com o parágrafo único, do art. 17, quan-
tuto estabelece as seguintes medidas (§ 1º, art. 15): do o idoso não puder optar pelo tratamento que lhe
for mais favorável, isso será feito:
I - cadastramento da população idosa em base
territorial; I - pelo curador, quando o idoso for interditado;
II - atendimento geriátrico e gerontológico em II - pelos familiares, quando o idoso não tiver
ambulatórios; curador ou este não puder ser contactado em tem-
III - unidades geriátricas de referência, com pessoal po hábil;
especializado nas áreas de geriatria e gerontologia III - pelo médico, quando ocorrer iminente risco
social; de vida e não houver tempo hábil para consulta a
IV - atendimento domiciliar, incluindo a interna- curador ou familiar;
ção, para a população que dele necessitar e este- IV - pelo próprio médico, quando não houver
ja impossibilitada de se locomover, inclusive para curador ou familiar conhecido, caso em que deverá
comunicar o fato ao Ministério Público.
idosos abrigados e acolhidos por instituições públi-
cas, filantrópicas ou sem fins lucrativos e eventual-
mente conveniadas com o Poder Público, nos meios Ademais, o Estatuto determina que, em casos de
urbano e rural; violência praticada contra o idoso (suspeita ou con-
V - reabilitação orientada pela geriatria e geron- firmação), os serviços de saúde públicos e privados
tologia, para redução das sequelas decorrentes do deverão notificar compulsoriamente à autoridade
agravo da saúde. sanitária e comunicar qualquer um dos seguintes
órgãos:
O Estatuto estabelece, no § 2º, do art. 15, como res-
ponsabilidade do Poder Público, o fornecimento gra- z Autoridade policial;
tuito, aos idosos, de: z Ministério Público;
z Conselho Municipal da Pessoa Idosa;
z Conselho Estadual da Pessoa Idosa; ou
z medicamentos (como os de uso continuado);
z Conselho Nacional da Pessoa Idosa.
z próteses;
z órteses;
Para uma melhor fixação do conteúdo, observe-
z outros recursos relativos ao tratamento, habilita-
mos a tabela abaixo.
ção ou reabilitação.

Além disso, o mesmo dispositivo assegura, aos ido- VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO
sos enfermos, o atendimento domiciliar pelas seguin-
Suspeita ou
tes instituições: Notificar Comunicar
confirmação
z perícia médica do Instituto Nacional do Seguro Autoridade
9
-9

Social (INSS); policial


96

z serviço público de saúde; Ministério


.3

z serviço privado de saúde, contratado ou convenia- Público


93

do, para expedição do laudo de saúde necessário Conselho Muni-


.0

ao exercício de seus direitos sociais e de isenção Serviços de cipal da Pessoa


Autoridade
06

tributária (§ 6º, art. 15). saúde públicos Idosa


sanitária
-1

e privados Conselho Esta-


dual da Pessoa
a

Outrossim, os maiores de oitenta anos têm direi-


lv

Idosa
to a atendimento preferencial, salvo nos casos de
Si

Conselho Nacio-
emergência (§ 7º, art. 15).
da

nal da Pessoa
O Estatuto assegura, também, ao idoso internado, Idosa
io

o direito a acompanhante, devendo o órgão de saúde


v

disponibilizar as condições adequadas a sua perma-


O §1º, do art. 19, determina o que é considerado
O

nência em tempo integral (art. 16).


violência contra pessoa idosa. Vejamos:
ri

Nesse ponto, são estabelecidas algumas vedações,


A

tais como:
§ 1º Para os efeitos desta Lei, considera-se violência
contra a pessoa idosa qualquer ação ou omissão
z a discriminação dos idosos nos planos de saúde praticada em local público ou privado que lhe cau-
(cobrança de valores diferenciados em razão da idade); se morte, dano ou sofrimento físico ou psicológico.
z a exigência de o idoso enfermo comparecer peran-
te os órgãos públicos etc. (§§ 3º e 5º, art. 15). Os arts. 20 a 25 disciplinam o direito à educação,
cultura, esporte e lazer, de modo que sejam respei-
Ainda, a pessoa idosa tem o direito de optar pelo tadas as peculiaridades e condições de idade de cada
tratamento de saúde que considerar mais favorável, indivíduo. Para tanto, cabe ao Poder Público criar
nos termos: as oportunidades de acesso, adequando currículos,
metodologias e material didático aos programas edu-
Art. 17 À pessoa idosa que esteja no domínio de cacionais destinados aos idosos (art. 21).
suas faculdades mentais é assegurado o direito de Para que a participação dos idosos nas atividades
optar pelo tratamento de saúde que lhe for reputa- culturais e de lazer ocorra adequadamente, o Estatuto
196 do mais favorável. estabelece descontos de, pelo menos, 50% (cinquenta
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
por cento) ‘’nos ingressos para eventos artísticos, cul- serviços seletivos e especiais, quando prestados
turais, esportivos e de lazer, bem como o acesso prefe- paralelamente aos serviços regulares.
rencial aos respectivos locais’’ (art. 23). § 1º Para ter acesso à gratuidade, basta que a pes-
O direito à profissionalização e ao trabalho soa idosa apresente qualquer documento pessoal
encontra-se previsto nos arts. 26 a 28 do Estatuto. Este que faça prova de sua idade.
se trata do direito ao exercício de atividade profissio-
nal, em respeito às condições físicas, intelectuais e psí- De acordo com o § 2º, do art. 39, devem ser reser-
quicas do indivíduo, de modo a vedar a discriminação vados 10% (dez por cento) dos assentos para os idosos
e, também, a fixação de um limite de idade ‘‘inclusive (identificados com a placa de reservado, preferen-
para concursos públicos, ressalvados os casos em que a cialmente, para idosos). Aos idosos entre 60 e 65 anos
natureza do cargo o exigir (art. 27)’’. Ressalta-se, inclu- incompletos, ficará a critério da legislação local a con-
sive, que o primeiro critério de desempate em concur- cessão ou não da gratuidade. Veja:
so público é o critério etário, ‘’dando-se preferência ao
de idade mais elevada’’ (§ único, art. 27). § 2º Nos veículos de transporte coletivo de que trata
Os arts. 29 a 32, por sua vez, disciplinam o direi- este artigo, serão reservados 10% (dez por cento)
dos assentos para as pessoas idosas, devidamente
to à Previdência Social, de maneira que, para a con-
identificados com a placa de reservado preferen-
cessão dos benefícios de aposentadoria e pensão do
cialmente para pessoas idosas.
Regime Geral da Previdência Social, deve-se observar § 3º No caso das pessoas compreendidas na faixa etá-
os ‘’critérios de cálculo que preservem o valor real dos ria entre 60 (sessenta) e 65 (sessenta e cinco) anos,
salários sobre os quais incidiram contribuição’’, garan- ficará a critério da legislação local dispor sobre as
tindo-lhes o devido reajuste (art. 29 e § único). condições para exercício da gratuidade nos meios de
O direito à Assistência Social, assim como o transporte previstos no caput deste artigo.
direito à Previdência Social, integra o subsistema
da Seguridade Social e faz parte do rol dos direitos No caso de transporte coletivo interestadual, este
sociais previstos no art. 6º, da Constituição Federal. deve estabelecer (nos termos da legislação específica)
No Estatuto, este se encontra previsto nos arts. 33 a a reserva de 2 vagas gratuitas por veículo para idosos
36, garantindo o direito dos idosos que não possuam com renda igual ou inferior a 2 salários-mínimos. Ade-
meios para prover sua subsistência (diretamente ou mais, deve-se garantir, também, desconto de 50%, no
por familiar), a partir de 65 (sessenta e cinco) anos, ao mínimo, no valor das passagens para as pessoas idosas
benefício mensal de 1 (um) salário mínimo (benefício que excederem as vagas gratuitas com renda igual ou
de prestação continuada, estabelecido na Lei Orgâni- inferior a 2 salários-mínimos, nos termos do art. 40.
ca da Assistência Social, BPC/LOAS). O art. 41, do Estatuto, também assegura, ao ido-
Os arts. 37 e 38 tratam do direito à habitação, ou so, a reserva de 5% das vagas nos estacionamentos
seja, à moradia digna em família, natural ou substi- públicos e privados, posicionadas de forma a garan-
tuta, desacompanhado (quando a pessoa idosa assim tir melhor comodidade à pessoa idosa, nos termos de
desejar) ou, ainda, em instituição pública ou privada. legislação local, além de prioridade à segurança nos
9
Além disso, de acordo com os mesmos dispositi- procedimentos de embarque e desembarque nos veí-
-9

vos, a pessoa idosa goza de prioridade na aquisição de culos do sistema de transporte coletivo.
96

moradia própria nos programas habitacionais (públi- Para ajudar na assimilação do tema, organizamos
.3

cos ou subsidiados com recursos públicos). Vejamos: essa parte do conteúdo em tópicos:
93
.0
06

Art. 38 Nos programas habitacionais, públicos ou z Maior que 65 anos:


subsidiados com recursos públicos, a pessoa idosa
-1

goza de prioridade na aquisição de imóvel para „ Gratuidade dos transportes coletivos públicos
a

moradia própria, observado o seguinte:


lv

urbanos e semiurbanos;
Si

I - reserva de pelo menos 3% (três por cento) das „ Reserva de 10% dos assentos nos transportes
unidades habitacionais residenciais para atendi-
da

coletivos.
mento às pessoas idosas;
io

II – implantação de equipamentos urbanos comuni-


z Entre 60 e 65 anos:
v

tários voltados à pessoa idosa;



O

III – eliminação de barreiras arquitetônicas e urba-


LEGISLAÇÃO APLICADA À PMERJ

nísticas, para garantia de acessibilidade à pessoa „ Legislação local disporá sobre as condições para
ri

exercício da gratuidade nos meios de transporte.


A

idosa;
IV - critérios de financiamento compatíveis com os
rendimentos de aposentadoria e pensão. z Estacionamentos públicos e privados:

Por fim, os arts. 39 e 42 tratam do direito ao trans- „ Reserva de 5% (cinco por cento) das vagas, as
porte. O Estatuto assegura a gratuidade dos trans- quais deverão ser posicionadas de forma a
portes coletivos públicos urbanos e semiurbanos, garantir a melhor comodidade ao idoso.
exceto nos serviços seletivos e especiais prestados
paralelamente aos serviços regulares aos maiores de z Transporte coletivo interestadual:
65 anos. Para o acesso, de acordo com os dispositivos,
basta apresentar qualquer documento pessoal que „ Legislação local disporá sobre as condições para
faça prova de sua idade. Vejamos: exercício da gratuidade nos meios de transporte;
„ Desconto de 50%, no mínimo, no valor das pas-
Art. 39 Aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos sagens para os idosos que excederem as vagas
fica assegurada a gratuidade dos transportes cole- gratuitas, com renda igual ou inferior a 2 (dois)
tivos públicos urbanos e semi-urbanos, exceto nos salários-mínimos. 197
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
As medidas de proteção, disciplinadas nos arts.
43 ao 68, do Estatuto, tratam dos meios aplicáveis INFRAÇÕES
sempre que os direitos dos idosos sofrerem ameaça/ ADMINISTRATIVAS
violação por ação/omissão da sociedade ou do Estado,
Art. 56 Art. 57 Art. 58
falta, omissão ou abuso da família, curador ou entida-
de de atendimento ou, ainda, em razão de sua condi-
ção pessoal. Art. 56 Deixar a entidade de atendimento de cum-
Caso ocorra ameaça ou violação, cabe ao Minis- prir as determinações do art. 50 desta Lei:
tério Público ou ao Poder Judiciário, a requerimento Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$
daquele, determinar algumas medidas, entre as quais 3.000,00 (três mil reais), se o fato não for caracte-
se destacam: rizado como crime, podendo haver a interdição do
estabelecimento até que sejam cumpridas as exi-
Art. 45 […] gências legais.
I - encaminhamento à família ou curador, mediante Parágrafo único. No caso de interdição do estabe-
termo de responsabilidade; lecimento de longa permanência, as pessoas idosas
II - orientação, apoio e acompanhamento temporários; abrigadas serão transferidas para outra institui-
III - requisição para tratamento de sua saúde, em ção, a expensas do estabelecimento interditado,
regime ambulatorial, hospitalar ou domiciliar; enquanto durar a interdição.
IV – inclusão em programa oficial ou comunitá-
rio de auxílio, orientação e tratamento a usuários A primeira infração está prevista no art. 56 e guar-
dependentes de drogas lícitas ou ilícitas, à própria da relação com o descumprimento das seguintes obri-
pessoa idosa ou à pessoa de sua convivência que gações pelas entidades de atendimento:
lhe cause perturbação;
V - abrigo em entidade; Art. 50 Constituem obrigações das entidades de
VI - abrigo temporário. atendimento:
I - celebrar contrato escrito de prestação de serviço
O Estatuto dispõe acerca das medidas específicas com a pessoa idosa, especificando o tipo de aten-
de proteção, que podem ser aplicadas, isolada ou dimento, as obrigações da entidade e prestações
cumulativamente, levando ‘’em conta os fins sociais a decorrentes do contrato, com os respectivos preços,
que se destinam e o fortalecimento dos vínculos fami- se for o caso;
liares e comunitários’’ (art. 44). II - observar os direitos e as garantias de que são
No que se refere à política de atendimento à pes- titulares as pessoas idosas;
soa idosa, de acordo com o art. 46, esta será feita por III - fornecer vestuário adequado, se for pública, e
meio do conjunto articulado de ações governamentais alimentação suficiente;
e não governamentais dos entes federativos (União, IV - oferecer instalações físicas em condições ade-
estados, Distrito Federal e municípios), tendo em vista quadas de habitabilidade;
as seguintes linhas de atendimento: V - oferecer atendimento personalizado;
9
VI - diligenciar no sentido da preservação dos vín-
-9

Art. 47 […] culos familiares;


96

I - políticas sociais básicas, previstas na Lei nº VII - oferecer acomodações apropriadas para rece-
.3
93

8.842, de 4 de janeiro de 1994; bimento de visitas;


II - políticas e programas de assistência social, em VIII - proporcionar cuidados à saúde, conforme a
.0
06

caráter supletivo, para aqueles que necessitarem; necessidade da pessoa idosa;


III - serviços especiais de prevenção e atendimento IX - promover atividades educacionais, esportivas,
-1

às vítimas de negligência, maus-tratos, exploração, culturais e de lazer;


a

abuso, crueldade e opressão; X - propiciar assistência religiosa àqueles que dese-


lv
Si

IV – serviço de identificação e localização de jarem, de acordo com suas crenças;


parentes ou responsáveis por pessoas idosas XI - proceder a estudo social e pessoal de cada caso;
da

abandonados em hospitais e instituições de longa XII - comunicar à autoridade competente de saú-


io

permanência; de toda ocorrência de pessoa idosa com doenças


v

V – proteção jurídico-social por entidades de defesa


infectocontagiosas;
dos direitos das pessoas idosas;
O

XIII - providenciar ou solicitar que o Ministério


VI – mobilização da opinião pública no sentido da
ri

Público requisite os documentos necessários ao


A

participação dos diversos segmentos da sociedade exercício da cidadania àqueles que não os tiverem
no atendimento da pessoa idosa.
na forma da lei;
XIV - fornecer comprovante de depósito dos bens
De acordo com o art. 48, assim como as políticas de móveis que receberem das pessoas idosas;
atendimento, as entidades de atendimento, responsá- XV - manter arquivo de anotações no qual cons-
veis pela manutenção das próprias unidades, deverão tem data e circunstâncias do atendimento, nome
observar as normas de planejamento e execução da Lei da pessoa idosa, responsável, parentes, endere-
nº 8.842, de 1994 (Política Nacional da Pessoa Idosa). ços, cidade, relação de seus pertences, bem como o
Cumpre mencionar que as entidades governamen- valor de contribuições, e suas alterações, se houver,
tais e não governamentais de atendimento ao idoso e demais dados que possibilitem sua identificação e
serão fiscalizadas pelos Conselhos da Pessoa Idosa, a individualização do atendimento;
Ministério Público, Vigilância Sanitária e outros pre- XVI - comunicar ao Ministério Público, para as pro-
vistos em lei (parágrafo único, art. 48). vidências cabíveis, a situação de abandono moral
Para efetivação da proteção, o Estatuto da Pessoa ou material por parte dos familiares;
Idosa estabelece 3 infrações administrativas. Obser- XVII - manter no quadro de pessoal profissionais
198 vemos o fluxograma abaixo. com formação específica.
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Importante!
Se a entidade descumprir as determinações que constam no art. 50, ficará sujeita à pena de multa. Se o
fato constituir em crime, pode haver, ainda, a interdição do estabelecimento até que sejam cumpridas
as exigências legais. Nesse caso, os idosos serão transferidos para outra instituição (os custos serão
arcados pelo estabelecimento interditado).

A segunda infração encontra-se determinada no art. 57 e refere-se ao fato de o profissional de saúde (ou o
responsável por estabelecimento de saúde ou instituição de longa permanência) ter deixado de comunicar, à
autoridade competente, os casos conhecidos de crimes contra idoso. Trata-se de uma infração com pena de multa,
aplicada em dobro no caso de reincidência. Vejamos:

Art. 57 Deixar o profissional de saúde ou o responsável por estabelecimento de saúde ou instituição de longa per-
manência de comunicar à autoridade competente os casos de crimes contra pessoa idosa de que tiver conhecimento:
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais), aplicada em dobro no caso de reincidência.

O art. 58, do Estatuto, traz a terceira e última infração, que ocorre quando se deixa de cumprir as determina-
ções do Estatuto sobre a prioridade no atendimento ao idoso. Esta infração é punida com pena de multa e multa
civil a ser estipulada pelo juiz, conforme o dano sofrido pelo idoso. Nos termos:

Art. 58 Deixar de cumprir as determinações desta Lei sobre a prioridade no atendimento à pessoa idosa:
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 1.000,00 (mil reais) e multa civil a ser estipulada pelo juiz, conforme o
dano sofrido pela pessoa idosa.

As regras atinentes à apuração administrativa de infração às normas de proteção ao idoso estão discipli-
nadas nos arts. 59 a 63, do Estatuto. Nesta parte, são estabelecidas atualizações monetárias anuais dos valores
das multas e o procedimento para a imposição de penalidade administrativa por infração às normas de proteção
ao idoso, tendo início com requisição do Ministério Público ou auto de infração, elaborado por servidor efetivo e
assinado por duas testemunhas (se possível) (art. 60).
O procedimento de apuração tem início com o auto de infração, que deverá ser lavrado dentro de 24 horas da
verificação da infração, salvo motivo justificado. Após a lavratura do auto, o autuado terá prazo de 10 dias, conta-
do da data da intimação, para a apresentação da defesa. De acordo com o art. 64, para a sua apuração, aplicam-se,
subsidiariamente, as disposições das Leis nº 6.437, de 1977, e nº 9.784, de 1999.
Vejamos o fluxograma abaixo.
9
-9

� Auto de infração 10 dias da intimação � Decisão


96

Aplicação subsidiária das


.3

Lavratura � Apresentação de defesa


Leis nº 6.437/77 e 9.784/99
93

24 horas da infração
.0
06
-1

Por fim, o procedimento de apuração judicial da irregularidade, quer em entidade governamental, quer em
entidade não governamental de atendimento ao idoso, iniciará mediante petição fundamentada de pessoa inte-
a
lv

ressada ou iniciativa do Ministério Público (art. 65). É cabível a liminar para afastamento provisório do dirigente
Si

da entidade ou outras medidas julgadas adequadas para evitar lesão aos direitos do idoso, mediante decisão fun-
da

damentada depois de ouvido o Ministério Público (art. 66).


io

O dirigente da entidade deverá ser citado para oferecer resposta escrita no prazo de 10 dias, podendo, inclu-
v

sive, juntar documentos e indicar as provas a produzir (art. 67). Após a apresentação da defesa, o juiz designará

audiência de instrução e julgamento e deliberará sobre a necessidade de produção de outras provas (art. 68). As
O

LEGISLAÇÃO APLICADA À PMERJ


alegações finais deverão ser prestadas pelas partes e pelo Ministério Público em 5 dias, salvo manifestação em
ri
A

audiência. Caso ocorra o afastamento provisório ou definitivo de dirigente de entidade governamental, o juiz
oficiará a autoridade administrativa imediatamente superior ao afastado, dando-lhe prazo de 24 horas para pro-
ceder à substituição (§§ 1º e 2º, art. 68).
No que se refere à parte atinente ao Acesso à Justiça, o Estatuto estabelece que se aplique, subsidia-
riamente, o procedimento sumário, previsto no Código de Processo Civil, naquilo que não contrarie os prazos
previstos no Estatuto (art. 69). A Lei assegura, ainda, prioridade na tramitação dos processos e procedimentos e
na execução dos atos e diligências judiciais em que figure, como parte ou interveniente, pessoa com idade igual
ou superior a 60 anos, em qualquer instância (art. 71). Caso o idoso possua mais de oitenta anos, a ele será dada
prioridade especial (§ 5º, art. 71).

Dica
A prioridade de tramitação não encerra com a morte do idoso, estendendo-se em favor do cônjuge ou companhei-
ro(a) maior de 60 anos.

199
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CRIMES

O Estatuto disciplina os crimes contra os idosos nos arts. 96 a 108. Antes, porém, estabelece três regras impor-
tantes de interpretação, explicitadas na tabela abaixo:

ART. 93 ART. 94 ART. 95

Os crimes trazidos pelo Estatuto são


Aplicação do procedimento previsto de Ação Penal Pública Incondiciona-
Aplicação subsidiária da Lei nº na Lei nº 9.099, de 1995 (Lei dos da, ou seja, compete ao Ministério
7.347, de 1985 (Lei de Ação Civil Juizados Especiais) aos crimes cuja Público promover a ação indepen-
Pública) no que couber pena máxima privativa de liberdade dentemente da vontade da vítima,
não ultrapasse 4 (quatro) anos excluindo a aplicação dos arts. 181 e
182, do Código Penal

Embora o Estatuto da Pessoa Idosa estabeleça o rito sumaríssimo do juizado aos crimes cuja pena máxima
privativa de liberdade não exceda 4 anos, a transação penal, medida despenalizadora, só é cabível aos crimes de
menor potencial ofensivo, ou seja, cuja pena máxima não ultrapasse 2 anos.
Lembre-se: entende-se por transação penal o acordo realizado entre o acusado (autor do fato) e o Ministério Públi-
co por meio do qual o último submete o primeiro ao cumprimento de determinada medida alternativa com o objetivo
de evitar a instauração de um processo, sem, contudo, ocorrer a admissão de culpa.
Os arts. 181 e 182, do Código Penal, tratam de hipóteses de imunidade absoluta (art. 181) e relativa (art. 182).
Vejamos:

Código Penal
Art. 181 É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo:
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.
Art. 182 Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo:
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.

De acordo com o art. 95, do Estatuto, qualquer crime praticado contra o idoso (de caráter patrimonial ou não,
com ou sem violência ou grave ameaça) é de ação pública incondicionada.
À vista disso, salienta-se, por necessário, que o próprio art. 183, do Código Penal, já trazia a previsão do art. 95,
do Estatuto, de forma expressa, ou seja, vedava a aplicação da imunidade trazida pelos arts. 181 e 182, do Código
9
-9

Penal, quando o ‘’crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos’’.
96

Voltando ao Estatuto da Pessoa Idosa, vamos, agora, ao estudo dos crimes em espécie:
.3
93

Art. 96 Discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando seu acesso a operações bancárias, aos meios de
.0

transporte, ao direito de contratar ou por qualquer outro meio ou instrumento necessário ao exercício da cidadania,
06

por motivo de idade:


-1

Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.


a
lv

Um ponto importante, nesse dispositivo, diz respeito ao conceito de discriminar. No Estatuto, entende-se
Si

como discriminação toda distinção, exclusão ou restrição baseada na idade da vítima do delito. No caso do art.
da

96, acima exposto, o agente (autor do fato) cria empecilhos (dificulta ou impede) seu acesso a operações bancárias,
io

aos meios de transporte, ao direito de contratar ou ao exercício de sua cidadania.


v

Cumpre esclarecer que a expressão “meios de transporte”, trazida pelo Estatuto, é bem ampla, uma vez que

envolve todos os meios de transporte aéreos, terrestres, marítimos, sejam eles individuais ou coletivos, públicos
O

ou privados. A definição do “direito de contratar”, por sua vez, refere-se à faculdade legal de celebração dos negó-
ri
A

cios jurídicos. A expressão “exercício da cidadania”, por último, guarda relação com tudo aquilo ligado ao status
de indivíduo, ou seja, ao pleno gozo dos direitos políticos e civis.
O crime tipificado no art. 96, do Estatuto, é um crime comum, isto é, que pode ser praticado por qualquer
pessoa, não exigindo qualidade especial do autor do delito. Porém, exige-se que a prática do crime seja motivada
pela idade (dolo em razão da idade).

§ 1º Na mesma pena incorre quem desdenhar, humilhar, menosprezar ou discriminar pessoa idosa, por qualquer
motivo.

O parágrafo primeiro apresenta uma conduta equiparada à discriminação. Trata-se do tratamento de desdém,
menosprezo ou humilhação contra a pessoa idosa por quaisquer outros motivos que não os disciplinados no caput
(quais sejam: acesso a operações bancárias, aos meios de transporte, ao direito de contratar ou ao exercício de
sua cidadania).

§ 2º A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se a vítima se encontrar sob os cuidados ou responsabilidade do
200 agente.
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O parágrafo segundo afirma que, nos casos em que risco pessoal. Este pode ser cometido de três formas
o agente de uma das condutas elencadas for o respon- distintas:
sável (legal ou não) pelo idoso que sofreu a discrimi-
nação, a pena será aumentada. Portanto, o aumento z A primeira refere-se à conduta omissa quando o
de 1/3 da pena decorre da proximidade e do dever de idoso está em iminente perigo, isto é, o perigo que
cuidado para com a pessoa idosa. São considerados está prestes a ocorrer;
responsáveis: z A segunda forma ocorre quando o agente recusa,
retarda ou dificulta, sem justa causa, a assistên-
z filhos; cia à saúde do idoso, sem que exista qualquer tipo
z netos; de impedimento;
z curadores; z A terceira forma de incriminação é a conduta de
z cuidadores; não pedir socorro à autoridade pública.
z entre outros.
Atenção: o fato de o agente não prestar assistência
Dica ao idoso devido ao risco a sua integridade não o exi-
me de pedir socorro a uma autoridade competente.
Embora a conduta do parágrafo segundo seja Cabe mencionar que, considerando a pena máxima
mais reprovável do que as anteriores, a esta cabível, trata-se de uma infração de menor potencial
também são aplicadas as medidas despenaliza- ofensivo e, portanto, sujeita às medidas despenaliza-
doras da Lei nº 9.099, de 1995, uma vez que se doras da Lei nº 9.099, de 1995.
trata de uma infração de menor potencial ofensi-
vo (pena máxima inferior a dois anos). Parágrafo único. A pena é aumentada de metade,
se da omissão resulta lesão corporal de natureza
É de suma importância ressaltar as recentes alterações grave, e triplicada, se resulta a morte.
realizadas, no Estatuto, pela Lei nº 14.181, de 2021,
conhecida por Lei do Superendividamento. Esta lei O parágrafo único traz uma hipótese de causa de
alterou dispositivos do Estatuto da Pessoa Idosa (Lei aumento de pena devido ao resultado. No caso de a
nº 10.741, de 2003) e do Código de Defesa do Consu- omissão resultar lesão corporal grave, a pena será
midor (Lei nº 8.078, de 1990), objetivando melhor aumentada de metade. Caso resulte em morte, ela
disciplinar a sistemática de crédito ao consumidor e, será triplicada.
também, dispor sobre a prevenção e o tratamento do Observe o que os parágrafos 1º e 2º, do art. 129, do
superendividamento. Código Penal, dispõem sobre a lesão corporal de natu-
Veja o que dispõe o § 3º, do art. 96, do Estatuto: reza grave (sentido amplo):

§ 3º Não constitui crime a negativa de crédito z Lesão corporal grave em sentido estrito:
motivada por superendividamento da pessoa idosa.
Art. 129 […]
9
-9

O caput, do art. 96, do Estatuto da Pessoa Idosa, prevê, § 1º Se resulta:


96

como crime, entre outras condutas, impedir ou dificultar I - incapacidade para as ocupações habituais, por
.3

mais de trinta dias;


o acesso da pessoa idosa a operações bancárias (como,
93

II - perigo de vida;
por exemplo, negar um empréstimo a uma pessoa pelo
.0

III - debilidade permanente de membro, sentido ou


simples fato dela estar com 60 anos ou mais).
06

função;
Antes da alteração, muitas instituições financeiras
-1

IV - aceleração de parto:
acabavam por conceder empréstimos para idosos já Pena - reclusão, de um a cinco anos.
a

endividados e sem capacidade financeira suficiente,


lv
Si

com receio de serem penalizadas por negar o crédito. z Lesão corporal gravíssima:
A inclusão do § 3º traz segurança para que as insti-
da

tuições financeiras neguem crédito a fim de evitar o § 2º Se resulta:


io

superendividamento do idoso. I - incapacidade permanente para o trabalho;


v

Os arts. 97, 98 e 99, do Estatuto, tratam, em síntese, II - enfermidade incurável;


O

da proteção à saúde física e psíquica do idoso. A estes,


LEGISLAÇÃO APLICADA À PMERJ
III perda ou inutilização do membro, sentido ou
ri

portanto, compete disciplinar as formas de violência função;


A

que atentem contra a saúde do idoso, ou seja, aquelas IV - deformidade permanente;


que, por ação ou omissão, lhe cause morte, dano ou V - aborto:
sofrimento físico /psicológico. Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Art. 97 Deixar de prestar assistência à pessoa De volta aos artigos do Estatuto, observe o art. 98:
idosa, quando possível fazê-lo sem risco pessoal,
em situação de iminente perigo, ou recusar, retar- Art. 98 Abandonar a pessoa idosa em hospitais,
dar ou dificultar sua assistência à saúde, sem jus- casas de saúde, entidades de longa permanência,
ta causa, ou não pedir, nesses casos, o socorro de ou congêneres, ou não prover suas necessidades
autoridade pública: básicas, quando obrigado por lei ou mandado:
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e Pena – detenção de 6 (seis) meses a 3 (três) anos e
multa. multa.

O crime do art. 97, do Estatuto, é um crime prati- O art. 98 traz uma modalidade de crime pró-
cado por omissão: deixar de prestar assistência quan- prio, ou seja, aquele que somente será cometido por
do se tem a possibilidade de fazê-lo sem qualquer quem possui dever de cuidado (obrigação legal ou 201
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
convencional), como no caso de filho que abandona a Art. 101 Deixar de cumprir, retardar ou frus-
mãe, privando-a do convívio familiar, de carinho ou trar, sem justo motivo, a execução de ordem
de afeto. Como a pena máxima excede dois anos, não judicial expedida nas ações em que for parte ou
caberá transação penal, mas é cabível a suspensão interveniente a pessoa idosa:
condicional do processo1, já que a pena mínima não Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e
ultrapassa 1 ano. multa.

Art. 99 Expor a perigo a integridade e a saúde, O crime do art. 101 refere-se ao descumprimento
física ou psíquica, da pessoa idosa, submetendo-a da execução de ordem judicial expedida nas ações
a condições desumanas ou degradantes ou privan- em que for parte ou interveniente o idoso, ou seja,
do-a de alimentos e cuidados indispensáveis, quan- qualquer tipo de ação que tenha, como parte ou inter-
do obrigado a fazê-lo, ou sujeitando-a a trabalho veniente, a pessoa idosa. Este se trata, também, de cri-
excessivo ou inadequado: me próprio e sujeito às medidas despenalizadoras, por
Pena – detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano e ser uma infração de menor potencial ofensivo.
multa.
Art. 102 Apropriar-se de ou desviar bens, pro-
O crime do art. 99 também é próprio, ou seja, o ventos, pensão ou qualquer outro rendimento da
acusado necessita ter um vínculo de cuidado com o pessoa idosa, dando-lhes aplicação diversa da de
idoso. A exposição a perigo deve ser concreta, ou sua finalidade:
seja, é preciso provar que o idoso ficou, efetivamente, Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa.
exposto a uma situação de perigo. Trata-se, também,
de infração de menor potencial ofensivo, sendo cabí- O crime tipificado no art. 102 pode ser praticado
vel aplicação das medidas despenalizadoras previstas de dois modos: apropriação ou desvio. Entende-se
na Lei nº 9.099, de 1995. por apropriação qualquer situação na qual o agente
trate coisa alheia como se fosse sua, ou seja, apode-
§ 1º Se do fato resulta lesão corporal de natureza ra-se de bem, proventos, pensões, benefícios ou qual-
grave: quer outro rendimento do idoso. Nos casos de desvio,
Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos. o agente dá um destino diferente a bem, proventos,
pensões, benefícios ou qualquer outro rendimento da
O parágrafo primeiro traz uma hipótese de crime pessoa idosa. As duas condutas são punidas com pena
qualificado pelo resultado, de modo a alterar o pata- de reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos. Trata-se de
mar da pena. No caso de o fato resultar lesão corporal crime comum e, devido à pena mínima ser inferior a
grave, a pena será reclusão de 1 a 4 anos. um ano, cabe suspensão do processo.

§ 2º Se resulta a morte: Art. 103 Negar o acolhimento ou a permanência


Pena – reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos. da pessoa idosa, como abrigada, por recusa desta em
outorgar procuração à entidade de atendimento: Pena
9
O parágrafo segundo disciplina outra qualificado- – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
-9

ra pelo resultado. No caso de o fato resultar morte, a


96

pena será reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos. O art. 103 apresenta, como crime, negar a esta-
.3

dia à pessoa idosa com base no fato de ter o idoso se


93

Art. 100 Constitui crime punível com reclusão de 6 recusado a outorgar procuração para que a entidade
.0

administre seus bens ou valores, com a finalidade de


06

(seis) meses a 1 (um) ano e multa:


I - obstar o acesso de alguém a qualquer cargo custear a estadia do idoso no local. Trata-se de crime
-1

público por motivo de idade; comum e infração de menor potencial ofensivo, sujei-
a

II - negar a alguém, por motivo de idade, emprego to, portanto, às medidas despenalizadoras.
lv

ou trabalho;
Si

III - recusar, retardar ou dificultar atendimen- Art. 104 Reter o cartão magnético de conta ban-
da

to ou deixar de prestar assistência à saúde, sem cária relativa a benefícios, proventos ou pensão da
io

justa causa, a pessoa idosa; pessoa idosa, bem como qualquer outro documento
v

IV - deixar de cumprir, retardar ou frustrar, com objetivo de assegurar recebimento ou ressarci-


sem justo motivo, a execução de ordem judicial mento de dívida:


O

expedida na ação civil a que alude esta Lei; Pena – detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e
ri
A

V - recusar, retardar ou omitir dados técnicos multa.


indispensáveis à propositura da ação civil objeto des-
ta Lei, quando requisitados pelo Ministério Público. O art. 104 traz hipótese de o credor, com o objetivo
de assegurar recebimento ou ressarcimento de dívida,
O art. 100 traz várias formas de cometimento de reter o cartão magnético do idoso. Trata-se de um cri-
crime. Com exceção do inciso III, cujo crime pode ser me próprio (credor do idoso) e sujeito à aplicação das
praticado por qualquer pessoa (crime comum), os medidas despenalizadoras da Lei nº 9.099, de 1995,
demais incisos são hipóteses de crime próprio (I e II por se tratar de infração de menor potencial ofensivo.
pela pessoa responsável pela admissão, IV e V pelas
pessoas que obstarem ordem judicial ou requisição Art. 105 Exibir ou veicular, por qualquer meio de
do Ministério Público). Para todos os delitos previstos comunicação, informações ou imagens depre-
nesse artigo, cabem as medidas despenalizadoras, por ciativas ou injuriosas à pessoa idosa:
se tratarem de infrações de menor potencial ofensivo. Pena – detenção de 1 (um) a 3 (três) anos e multa.

1 Devido à pena da infração penal, ao oferecer a denúncia, poderá o Ministério Público propor a suspensão do processo por até 4 (quatro) anos,
no caso de o acusado não possuir outro processo criminal ou de não ter sido condenado por outros crimes, propondo o cumprimento de determi-
202 nadas condições em troca do benefício.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O crime do art. 105 atinge a honra do idoso, inde- ênfase na relação da pessoa com deficiência e do meio
pendentemente de este se sentir ofendido ou violado. em que ela está inserida.
Trata-se de crime comum ao qual, devido à pena míni- Até mesmo a forma de se referir a estas pessoas é
ma, caberá suspensão condicional do processo. fruto de uma construção histórica. A partir de 1993,
a nomenclatura mudou para portadores de necessi-
Art. 106 Induzir pessoa idosa sem discernimen- dades especiais, pessoas com necessidades especiais,
to de seus atos a outorgar procuração para fins de pessoas especiais, portadores de direitos especiais ou
administração de bens ou deles dispor livremente: pessoas com deficiência.
Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. Como consequência dessas mudanças no modo de
ver/encarar a pessoa com deficiência, surgiu o dever
O crime do art. 106, do Estatuto, exige um especial de eliminar os obstáculos que pudessem impedir o
fim de agir, ou seja, o agente tem a finalidade adminis- pleno exercício de seus direitos, de modo a possibili-
trar ou dispor livremente dos bens do idoso. tar o desenvolvimento de suas potencialidades, com
autonomia e participação.
Art. 107 Coagir, de qualquer modo, a pessoa Neste contexto, iniciou-se um sistema de proteção
idosa a doar, contratar, testar ou outorgar internacional, exigindo dos Estados um tratamento
procuração: especializado para proteção aos direitos das pessoas
Pena – reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. com deficiência. Entre os instrumentos de proteção
realizados, encontra-se a Convenção sobre os Direi-
O art. 107 tipifica a conduta de coação em que a tos das Pessoas com Deficiência de 2006. O texto desta
vítima é pessoa idosa e o agente a coage a doar, con- convenção foi assinado no ano de 2007 e incorporado
tratar, testar ou outorgar procuração. Trata-se de cri- ao ordenamento jurídico brasileiro no ano de 2009
me comum. pelo Decreto nº 6.949.
A importância do Decreto nº 6.949, de 2009 é imen-
Art. 108 Lavrar ato notarial que envolva pessoa sa, uma vez que ele foi o primeiro tratado internacio-
idosa sem discernimento de seus atos, sem a nal de direitos humanos a adotar a norma do artigo
devida representação legal: 5º, § 3º, da Constituição Federal, ou seja, a seguir o
Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. mesmo rito de aprovação cabível para as emendas
constitucionais (aprovação em cada Casa do Congres-
O crime do art. 108 trata de pessoa idosa sem dis- so Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos
cernimento para a prática de seus atos, cuja conduta dos respectivos membros).
(lavratura de ato notarial) é realizada sem o repre- Como resultado, tal decreto passou a ter status de
sentante legal. Trata-se de crime próprio (praticado norma constitucional (mesmo valor normativo das
somente pela pessoa responsável pela lavratura do normas colocadas na Constituição Federal mesmo
ato no cartório). sem fazer parte dela). Por esta razão, o Brasil necessi-
Cumpre mencionar, por fim, que o art. 109, do Esta- tou promover alterações legislativas para “assegurar e
promover o pleno exercício de todos os direitos huma-
9
tuto, embora não esteja disciplinado na parte relativa
-9

aos crimes, trata do crime de atentado ou empreendi- nos e liberdades fundamentais por todas as pessoas
96

mento, que ocorre quando o agente impede ou emba- com deficiência”, em conformidade com o item 1 da
.3

raça ato do representante do Ministério Público ou de Convenção.


93

Assim, foi editada, em 6 de julho de 2015, a Lei


qualquer outro agente fiscalizador.
.0

nº 13.146, com o objetivo de dar cumprimento à


06

Convenção.
-1

Antes de iniciar nosso estudo, é preciso ter em


a

mente que, para melhor compreender a Lei nº 13.146,


lv

ESTATUTO DA INCLUSÃO DA PESSOA de 2015, é primordial entender sua estrutura e iden-


Si

COM DEFICIÊNCIA – LEI Nº 13.146, DE tificar as ideias mais importantes da legislação, uma
da

vez que as bancas tendem a cobrar o que se denomina


2015
io

“literalidade das ideias”, ou seja, os pontos principais


v

de cada artigo com base em sua estrutura, não haven-


A proteção dos direitos das pessoas com deficiên- do, para tanto, a necessidade de decorá-los. Consi-
O

LEGISLAÇÃO APLICADA À PMERJ


cia, tanto no Brasil como no mundo, é algo bem recen- derando os concursos anteriores, o estudo deve ter
ri

te. Na realidade, a preocupação da sociedade com essa


A

especial atenção à parte relativa aos crimes e infra-


parcela da população faz parte de um discurso atual, ções administrativas por ser esse o ponto mais cobra-
resultado da forma como essas pessoas passaram a do pelas bancas examinadoras.
ser percebidas. Feitas essas considerações iniciais, bons estudos!
É possível visualizar, ao longo da história, que as pes-
soas com deficiência foram encaradas de quatro modos NOÇÕES SOBRE O DIREITO DA PESSOA COM
diferentes, conforme cada período temporal. A primeira DEFICIÊNCIA
fase foi a de intolerância em relação às pessoas com defi-
ciência, pois simbolizavam a impureza, o pecado, ou, até A Lei nº 13.146, de 2015 é dividida em duas par-
mesmo, o castigo divino. A segunda foi a fase marcada tes: geral e especial. A parte geral tem, como base, os
pela invisibilidade das pessoas com deficiência. Dela, princípios da Convenção sobre os Direitos das Pes-
decorreu a terceira fase, marcada pelo assistencialismo soas com Deficiência, disciplinando, além desses, os
e pautada na perspectiva médica e biológica de que a direitos fundamentais das pessoas com deficiência.
deficiência era uma patologia e, como tal, deveria ser Já a parte especial é composta dos meios de proteção,
curada. Por fim, a quarta fase voltou-se para os direitos quais sejam: o acesso à Justiça e reconhecimento igual
humanos, despontando os direitos à inclusão social, com perante à lei e aos crimes e infrações administrativas. 203
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O art. 3° apresenta outros conceitos para aplicação
LEI Nº 13.146, DE 2015 e entendimento da legislação. São eles:

z Acessibilidade;
z Desenho universal;
Parte Geral z Tecnologia assistiva ou ajuda técnica;
Parte Especial
Princípios e direitos z Barreiras;
Meio de proteção z Comunicação;
fundamentais
z Adaptações razoáveis;
z Elemento de urbanização;
Iniciando pela parte geral, os artigos de 1º a 3º z Mobiliário urbano;
da mencionada Lei introduzem o tema, estabelecen- z Pessoa com mobilidade reduzida;
do suas disposições gerais. De acordo com o artigo z Residências inclusivas;
1º, o objetivo da legislação é assegurar e promover o z Moradia para a vida independente da pessoa com
exercício dos direitos e das liberdades fundamentais deficiência;
da pessoa com deficiência em iguais condições com z Atendente pessoal; profissional de apoio escolar;
os demais, de modo a garantir sua inclusão social e z Acompanhante.
cidadania. Seu parágrafo único deixa claro que a Lei
nº 13.146, de 2015 decorre da Convenção (juntamente Art. 3° [...]
com seus protocolos), sendo incorporada no ordena- I - Acessibilidade: possibilidade e condição de
mento jurídico brasileiro com status de Emenda Cons- alcance para utilização, com segurança e autono-
titucional, conforme explanado. mia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos,
O artigo 2º preocupou-se em dar o conceito de pes- edificações, transportes, informação e comunicação,
soa com deficiência. Em termos gerais, considera-se inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de
pessoa com deficiência aquela que possui impedi- outros serviços e instalações abertos ao público, de
mento de longo prazo, sendo este de natureza física, uso público ou privados de uso coletivo, tanto na
zona urbana como na rural, por pessoa com defi-
mental, intelectual ou sensorial, que pode, de algu-
ciência ou com mobilidade reduzida.
ma forma, causar barreiras ou obstruir sua partici-
pação plena e efetiva na sociedade em igualdades
Observe que a palavra-chave para entender o con-
de condições com as demais pessoas.
ceito de acessibilidade é autonomia (direito de circu-
lar com autonomia em espaços públicos e privados
z Pessoa com Deficiência de uso coletivo, bem como o direito de ter autonomia
para utilizar a tecnologia).
„ Impedimento de longo prazo;
„ Natureza física, mental, intelectual ou sensorial; Art. 3° [...]
„ Causar barreiras ou obstruir sua participação II - Desenho universal: concepção de produtos,
plena e efetiva na sociedade em igualdades de
9
ambientes, programas e serviços a serem usados
-9

condições com as demais pessoas. por todas as pessoas, sem necessidade de adapta-
96

ção ou de projeto específico, incluindo os recursos


.3

Além de conceituar pessoas com deficiência, o de tecnologia assistiva.


93

art. 2º trouxe, em seus parágrafos, a maneira como


.0

deve ser procedida a avaliação para caracterizar Refere-se ao fato de que o produto ou serviço deve
06

essas pessoas. O parágrafo primeiro estabelece que ser utilizado por todas as pessoas, independentemen-
-1

a avaliação será realizada por uma equipe multipro- te de ter ou não alguma deficiência.
a

fissional e interdisciplinar, de modo a considerar os


lv

Art. 3° [...]
Si

aspectos que permeiam o indivíduo (todo o contexto


social). Para determinar ou não a deficiência, a equi- III - Tecnologia assistiva ou ajuda técnica:
da

produtos, equipamentos, dispositivos, recursos,


pe analisará três enfoques: biológico, psicológico e
io

metodologias, estratégias, práticas e serviços que


social, considerando, para tanto:
v

objetivem promover a funcionalidade, relacio-


nada à atividade e à participação da pessoa com


O

z Os impedimentos nas funções e nas estruturas do deficiência ou com mobilidade reduzida, visando à
ri

corpo; sua autonomia, independência, qualidade de vida e


A

z Os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais; inclusão social.


z A limitação no desempenho de atividades e a
restrição de participação. Trata-se, aqui, da possibilidade de adaptar deter-
minado produto ou serviço às necessidades da pessoa
O parágrafo segundo, por sua vez, estabelece que com deficiência, para que possa exercê-lo de forma
compete ao Poder Executivo a criação dos instrumen- autônoma.
tos normativos para a verificação da deficiência.
Art. 3° [...]
IV - Barreiras: qualquer entrave, obstáculo, ati-
Importante tude ou comportamento que limite ou impeça a
participação social da pessoa, bem como o gozo,
A competência é do Poder Executivo e não do a fruição e o exercício de seus direitos à acessibi-
Poder Legislativo. lidade, à liberdade de movimento e de expressão, à
comunicação, ao acesso à informação, à compreen-
são, à circulação com segurança, entre outros, clas-
204 sificadas em:
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
a) Barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e idoso, gestante, lactante, pessoa com criança de
nos espaços públicos e privados abertos ao público colo e obeso.
ou de uso coletivo; X - Residências inclusivas: unidades de oferta do
b) Barreiras arquitetônicas: as existentes nos edifí- Serviço de Acolhimento do Sistema Único de Assis-
cios públicos e privados; tência Social (SUAS) localizadas em áreas residen-
c) Barreiras nos transportes: as existentes nos sis- ciais da comunidade, com estruturas adequadas,
temas e meios de transportes; que possam contar com apoio psicossocial para o
d) Barreiras nas comunicações e na informação: atendimento das necessidades da pessoa acolhi-
qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comporta- da, destinadas a jovens e adultos com deficiência,
mento que dificulte ou impossibilite a expressão ou em situação de dependência, que não dispõem de
o recebimento de mensagens e de informações por condições de autossustentabilidade e com vínculos
intermédio de sistemas de comunicação e de tecno- familiares fragilizados ou rompidos.
logia da informação;
e) Barreiras atitudinais: atitudes ou comportamen-
As residências inclusivas têm caráter de assis-
tos que impeçam ou prejudiquem a participação
social da pessoa com deficiência em igualdade de tência para aquelas pessoas com deficiência que são
condições e oportunidades com as demais pessoas; dependentes, porém não possuem vínculos familiares
f) Barreiras tecnológicas: as que dificultam ou capazes de lhes dar suporte.
impedem o acesso da pessoa com deficiência às
tecnologias. Art. 3° [...]
XI - Moradia para a vida independente da pes-
Por barreiras entende-se qualquer obstáculo que soa com deficiência: moradia com estruturas
impeça ou limite a participação social da pessoa com adequadas capazes de proporcionar serviços de
deficiência. As barreiras podem estar nos espaços apoio coletivos e individualizados que respeitem e
públicos e privados de uso coletivo (urbanísticas), ampliem o grau de autonomia de jovens e adultos
nas edificações (arquitetônicas), nos transportes, nas com deficiência.
comunicações, nas atitudes (atitudinais) e na dificul-
dade de acesso às tecnologias (tecnológicas). Diferentemente da residência inclusiva, a mora-
dia proporciona serviços de apoio ao deficiente que
Art. 3° [...] ampliarão o seu grau de autonomia.
V - Comunicação: forma de interação dos cidadãos
que abrange, entre outras opções, as línguas, inclu- Art. 3° [...]
sive a Língua Brasileira de Sinais (Libras), a visua- XII - Atendente pessoal: pessoa, membro ou não
lização de textos, o Braille, o sistema de sinalização da família, que, com ou sem remuneração, assiste ou
ou de comunicação tátil, os caracteres ampliados, presta cuidados básicos e essenciais à pessoa com
os dispositivos multimídia, assim como a lingua- deficiência no exercício de suas atividades diárias,
gem simples, escrita e oral, os sistemas auditivos excluídas as técnicas ou os procedimentos identifi-
e os meios de voz digitalizados e os modos, meios cados com profissões legalmente estabelecidas.
e formatos aumentativos e alternativos de comu-
9
XIII - Profissional de apoio escolar: pessoa que
-9

nicação, incluindo as tecnologias da informação e exerce atividades de alimentação, higiene e locomo-


96

das comunicações. ção do estudante com deficiência e atua em todas


.3

VI - Adaptações razoáveis: adaptações, modifi- as atividades escolares nas quais se fizer necessá-
93

cações e ajustes necessários e adequados que não ria, em todos os níveis e modalidades de ensino, em
.0

acarretem ônus desproporcional e indevido, quan- instituições públicas e privadas, excluídas as técni-
06

do requeridos em cada caso, a fim de assegurar que


cas ou os procedimentos identificados com profis-
-1

a pessoa com deficiência possa gozar ou exercer,


sões legalmente estabelecidas.
em igualdade de condições e oportunidades com
a

XIV - Acompanhante: aquele que acompanha a


lv

as demais pessoas, todos os direitos e liberdades


pessoa com deficiência, podendo ou não desempe-
Si

fundamentais.
nhar as funções de atendente pessoal.
VII - Elemento de urbanização: quaisquer compo-
da

nentes de obras de urbanização, tais como os refe-


io

rentes a pavimentação, saneamento, encanamento DA IGUALDADE E DA NÃO DISCRIMINAÇÃO


v

para esgotos, distribuição de energia elétrica e de


Os arts. 4º a 9º tratam do tema igualdade e não


O

gás, iluminação pública, serviços de comunicação,


LEGISLAÇÃO APLICADA À PMERJ

abastecimento e distribuição de água, paisagismo e discriminação, consubstanciados no princípio da


ri
A

os que materializam as indicações do planejamento promoção da igualdade presente na Convenção sobre


urbanístico. Direitos das Pessoas com Deficiência. Para tanto, o §
VIII - Mobiliário urbano: conjunto de objetos 1º, do art. 4º preocupou-se em definir discriminação
existentes nas vias e nos espaços públicos, super-
em razão da deficiência como:
postos ou adicionados aos elementos de urbaniza-
ção ou de edificação, de forma que sua modificação
Art. 4° [...]
ou seu traslado não provoque alterações substan-
ciais nesses elementos, tais como semáforos, pos- § 1° Considera-se discriminação em razão da defi-
tes de sinalização e similares, terminais e pontos ciência toda forma de distinção, restrição ou exclu-
de acesso coletivo às telecomunicações, fontes de são, por ação ou omissão, que tenha o propósito ou
água, lixeiras, toldos, marquises, bancos, quiosques o efeito de prejudicar, impedir ou anular o reconhe-
e quaisquer outros de natureza análoga. cimento ou o exercício dos direitos e das liberdades
IX - Pessoa com mobilidade reduzida: aque- fundamentais de pessoa com deficiência, incluindo
la que tenha, por qualquer motivo, dificuldade de a recusa de adaptações razoáveis e de fornecimen-
movimentação, permanente ou temporária, geran- to de tecnologias assistivas.
do redução efetiva da mobilidade, da flexibilidade,
da coordenação motora ou da percepção, incluindo 205
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Inclui-se, ainda, como forma de discriminação, a se, por causa transitória ou permanente, não pude-
recusa de adaptações razoáveis e de fornecimento rem exprimir sua vontade.
de tecnologias assistivas, tanto pelo próprio Estado, O artigo 7º trouxe o dever de vigilância geral apli-
como pelo particular. cável a todas as pessoas. Em decorrência dele, podem
Para facilitar na fixação desse conceito, vamos comunicar às autoridades qualquer tipo de ameaça
esquematizá-lo para você: ou violação aos direitos da pessoa com deficiência.
Ressalta-se que seu parágrafo único dispõe que, uma
vez verificado pelos juízes e tribunais ofensa à Lei, o
Distinção em razão da deficiência
Ministério Público deve ser informado para que adote
as providências para o devido cumprimento da Lei,
inclusive na forma penal.
Distinção O artigo 8º estabelece que é dever Estado, da
Restrição sociedade e da família assegurar a efetivação dos
Exclusão direitos das pessoas com deficiência.
Encerrando a parte relativa à igualdade, o 9º dis-
põe sobre o atendimento prioritário, com as finali-
Ação Omissão dades de:

z Proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;


z Atendimento em todas as instituições e serviços de
Impedir, prejudicar ou anular o reconhecimento
atendimento ao público;
ou o exercício dos direitos e das liberdades
z Disponibilização de recursos, tanto humanos
fundamentais de pessoa com deficiência.
quanto tecnológicos, que garantam atendimento
em igualdade de condições com as demais pessoas;
z Disponibilização de pontos de parada, estações e
Importante esclarecer que a igualdade trazida pela terminais acessíveis de transporte coletivo de pas-
Lei nº 13.146, de 2015 não é impositiva, ou seja, as ações sageiros e garantia de segurança no embarque e
afirmativas constante da Lei não são obrigatórias às pes- no desembarque;
soas com deficiência, pois, se elas não quiserem se bene- z Acesso a informações e disponibilização de recur-
ficiar dos direitos elencados, não serão obrigadas. Por sos de comunicação acessíveis;
exemplo: a pessoa com deficiência não é obrigada a se z Recebimento de restituição de imposto de renda;
inscrever para as vagas reservadas, podendo concorrer z Tramitação processual e procedimentos judiciais e
às vagas de ampla concorrência se assim desejar. administrativos em que for parte ou interessada,
O artigo 5º, por vez, trata da proteção da pessoa em todos os atos e diligências.
com deficiência, de modo a afastar toda forma de
tortura ou outro mecanismo de redução da dignida- Com exceção da restituição de imposto de renda e
de da pessoa humana ao assegurar a proteção contra
9
da tramitação processual prioritária, todos os demais
-9

negligência, discriminação, exploração, violência, tor- itens relativos ao atendimento prioritário são exten-
96

tura, crueldade, opressão e tratamento desumano ou sivos ao acompanhante da pessoa com deficiência
.3

degradante. Seu parágrafo único traz um importante ou ao seu atendente pessoal. Como consequência,
93

conceito: especialmente vulneráveis. Considerando o acompanhante tem direito à preferência de atendi-


.0

que a pessoa com deficiência já é vulnerável e, por


06

mento, ao socorro, entre outros.


esta razão, merece a proteção especial, maior deve ser
-1

a proteção das crianças, adolescentes, mulheres e DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS


a

idosos quando estes possuem deficiência.


lv
Si

Importante é, também, o artigo 6º da Lei, que con- Os arts. 10 ao 78 traçam os direitos das pessoas com
da

cedeu às pessoas com deficiência plena capacidade deficiência. São eles que estudaremos neste momento.
para o exercício de seus direitos, inclusive para: Veja-os a seguir:
vio

z Casar ou constituir união estável; z Direitos Fundamentais


O

z Exercer direitos sexuais e reprodutivos;


ri

z Exercer o direito de decidir sobre o número de „ Vida;


A

filhos e de ter acesso a informações adequadas „ Habitação e Reabilitação;


sobre reprodução e planejamento familiar; „ Saúde;
z Conservar sua fertilidade, sendo proibida a esteri- „ Educação;
lização compulsória; „ Moradia;
z Exercer o direito à família e à convivência familiar „ Trabalho;
e comunitária; „ Assistente Social;
z Exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à „ Previdência Social;
adoção, como adotante ou adotando, em igualdade „ Cultura, esporte, turismo e lazer;
de oportunidades com as demais pessoas. „ Transporte;
„ Mobilidade;
Até a entrada em vigor da Lei nº 13.146, de 2015, as „ Acessibilidade.
pessoas com deficiência eram tidas, em regra, como
absoluta ou relativamente incapazes pelo Código Civil.
Atualmente, a regra é que elas são plenamente capa-
206 zes, só sendo consideradas relativamente incapazes
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Do Direito à Vida I - organização, serviços, métodos, técnicas e recur-
sos para atender às características de cada pessoa
O direito à vida encontra-se previsto nos arts. 10 ao com deficiência;
13, da Lei nº 13.146, de 2015, e dele decorrem os demais II - acessibilidade em todos os ambientes e serviços;
direitos, pois, sem a vida, não existiria nenhum outro. O III - tecnologia assistiva, tecnologia de reabilitação,
materiais e equipamentos adequados e apoio técni-
direito à vida é inviolável, sendo, inclusive, garantido
co profissional, de acordo com as especificidades de
constitucionalmente a todas as pessoas. Por conseguin-
cada pessoa com deficiência;
te, a pessoa com deficiência tem o direito de lutar pela IV - capacitação continuada de todos os profissio-
sua vida, competindo ao Estado o dever de adotar toda nais que participem dos programas e serviços.
e qualquer medida para assegurar seu pleno exercício. Art. 17 Os serviços do SUS e do Suas deverão pro-
Importante assinalar que a pessoa com deficiência mover ações articuladas para garantir à pessoa
não é obrigada a ser submetida a qualquer espécie com deficiência e sua família a aquisição de infor-
de tratamento ou intervenção forçada, haja vista que mações, orientações e formas de acesso às políticas
é indispensável seu livre consentimento para a rea- públicas disponíveis, com a finalidade de propiciar
lização de qualquer procedimento, exceto nos casos sua plena participação social.
de atendimento de emergência em saúde e risco de Parágrafo único. Os serviços de que trata o caput
morte e nos casos em que se encontra impossibilitada deste artigo podem fornecer informações e orienta-
ções nas áreas de saúde, de educação, de cultura,
de manifestar a sua vontade. Por possui curador, este
de esporte, de lazer, de transporte, de previdência
supre o seu consentimento (aplica-se apenas às pes-
social, de assistência social, de habitação, de tra-
soas submetidas ao instituto da Curatela). balho, de empreendedorismo, de acesso ao crédito,
Verifica-se, ainda, que compete ao Poder Público de promoção, proteção e defesa de direitos e nas
a proteção das pessoas com deficiência em situações demais áreas que possibilitem à pessoa com defi-
de vulnerabilidade, em especial, aquelas em situações ciência exercer sua cidadania.
de risco, como nos casos de estado de emergência ou
calamidade pública. Esse direito relaciona-se, diretamente, com a ques-
tão da saúde, de modo a envolver a atuação do Siste-
Do Direito à Habilitação e à Reabilitação ma Único de Saúde (SUS) e do Serviço de Acolhimento
do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), ambos
O direito à habilitação e reabilitação está disci- responsáveis por prestar informações e orientações
plinado nos arts. 14 ao 17, dizendo respeito à garantia adequadas com relação às políticas públicas dispo-
de se adotar medidas que promovam a recuperação níveis, de modo a favorecer a plena participação das
física, cognitiva e psicológica, bem como a proteção, pessoas com deficiência.
à reabilitação e a reinserção social das pessoas com
deficiência. Do Direito à Saúde

Art. 14 O processo de habilitação e de reabilitação O direito à saúde encontra-se estabelecido nos


9
-9

é um direito da pessoa com deficiência. arts. 18 a 26. Trata-se de um direito universal, pois
96

Parágrafo único. O processo de habilitação e de estabelece garantias às pessoas de modo geral, estan-
.3

reabilitação tem por objetivo o desenvolvimento do, também, arrolado na Constituição Federal como
93

de potencialidades, talentos, habilidades e aptidões um direito social.


.0

físicas, cognitivas, sensoriais, psicossociais, atitudi- Salienta-se que o direito à saúde da pessoa com
06

nais, profissionais e artísticas que contribuam para deficiência contempla o acesso a um atendimento
-1

a conquista da autonomia da pessoa com deficiên- integral, ou seja, em todos os níveis de complexidade,
cia e de sua participação social em igualdade de seja de caráter preventivo ou para fins de tratamento,
a
lv

condições e oportunidades com as demais pessoas. sem qualquer discriminação ou custos adicionais, com
Si

Art. 15 O processo mencionado no art. 14 desta Lei direito ao acompanhante, em ambientes acessíveis,
da

baseia-se em avaliação multidisciplinar das neces- sem se submeter a qualquer tipo de discriminação ou
sidades, habilidades e potencialidades de cada pes-
io

violência, estabelecendo, portanto, o acesso igualitário.


soa, observadas as seguintes diretrizes:
v

I - diagnóstico e intervenção precoces;


Art. 18 É assegurada atenção integral à saúde da
O

LEGISLAÇÃO APLICADA À PMERJ


II - adoção de medidas para compensar perda ou pessoa com deficiência em todos os níveis de com-
ri

limitação funcional, buscando o desenvolvimento


A

plexidade, por intermédio do SUS, garantido acesso


de aptidões; universal e igualitário.
III - atuação permanente, integrada e articulada de § 1º É assegurada a participação da pessoa com
políticas públicas que possibilitem a plena partici- deficiência na elaboração das políticas de saúde a
pação social da pessoa com deficiência; ela destinadas.
IV - oferta de rede de serviços articulados, com § 2º É assegurado atendimento segundo normas
atuação intersetorial, nos diferentes níveis de com- éticas e técnicas, que regulamentarão a atuação
plexidade, para atender às necessidades específicas dos profissionais de saúde e contemplarão aspec-
da pessoa com deficiência; tos relacionados aos direitos e às especificidades da
V - prestação de serviços próximo ao domicílio da pessoa com deficiência, incluindo temas como sua
pessoa com deficiência, inclusive na zona rural, dignidade e autonomia.
respeitadas a organização das Redes de Atenção à § 3º Aos profissionais que prestam assistência à
Saúde (RAS) nos territórios locais e as normas do pessoa com deficiência, especialmente em serviços
Sistema Único de Saúde (SUS). de habilitação e de reabilitação, deve ser garantida
Art. 16 Nos programas e serviços de habilitação e capacitação inicial e continuada.
de reabilitação para a pessoa com deficiência, são § 4º As ações e os serviços de saúde pública destina-
garantidos: dos à pessoa com deficiência devem assegurar: 207
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
I - diagnóstico e intervenção precoces, realizados Art. 23 São vedadas todas as formas de discrimi-
por equipe multidisciplinar; nação contra a pessoa com deficiência, inclusive
II - serviços de habilitação e de reabilitação sempre por meio de cobrança de valores diferenciados por
que necessários, para qualquer tipo de deficiência, planos e seguros privados de saúde, em razão de
inclusive para a manutenção da melhor condição sua condição.
de saúde e qualidade de vida; Art. 24 É assegurado à pessoa com deficiência o
III - atendimento domiciliar multidisciplinar, trata- acesso aos serviços de saúde, tanto públicos como
mento ambulatorial e internação; privados, e às informações prestadas e recebidas,
IV - campanhas de vacinação; por meio de recursos de tecnologia assistiva e de
V - atendimento psicológico, inclusive para seus todas as formas de comunicação previstas no inci-
familiares e atendentes pessoais; so V do art. 3º desta Lei.
VI - respeito à especificidade, à identidade de gêne- Art. 25 Os espaços dos serviços de saúde, tanto
ro e à orientação sexual da pessoa com deficiência; públicos quanto privados, devem assegurar o aces-
VII - atenção sexual e reprodutiva, incluindo o direi- so da pessoa com deficiência, em conformidade
to à fertilização assistida; com a legislação em vigor, mediante a remoção
VIII - informação adequada e acessível à pessoa de barreiras, por meio de projetos arquitetônico,
com deficiência e a seus familiares sobre sua con- de ambientação de interior e de comunicação que
dição de saúde; atendam às especificidades das pessoas com defi-
IX - serviços projetados para prevenir a ocorrência e o ciência física, sensorial, intelectual e mental.
desenvolvimento de deficiências e agravos adicionais; Art. 26 Os casos de suspeita ou de confirmação de
X - promoção de estratégias de capacitação permanen- violência praticada contra a pessoa com deficiên-
te das equipes que atuam no SUS, em todos os níveis cia serão objeto de notificação compulsória pelos
de atenção, no atendimento à pessoa com deficiência, serviços de saúde públicos e privados à autoridade
policial e ao Ministério Público, além dos Conselhos
bem como orientação a seus atendentes pessoais;
dos Direitos da Pessoa com Deficiência.
XI - oferta de órteses, próteses, meios auxiliares
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, consi-
de locomoção, medicamentos, insumos e fórmu-
dera-se violência contra a pessoa com deficiência
las nutricionais, conforme as normas vigentes do
qualquer ação ou omissão, praticada em local
Ministério da Saúde.
público ou privado, que lhe cause morte ou dano ou
§ 5º As diretrizes deste artigo aplicam-se também
sofrimento físico ou psicológico.
às instituições privadas que participem de forma
complementar do SUS ou que recebam recursos
públicos para sua manutenção. Do Direito à Educação
Art. 19 Compete ao SUS desenvolver ações destina-
das à prevenção de deficiências por causas evitá- O direito à educação está previsto nos arts. 27 ao
veis, inclusive por meio de: 30, além de fazer parte do rol dos direitos sociais, pre-
I - acompanhamento da gravidez, do parto e do vistos no art. 6º da Constituição Federal, de 1988.
puerpério, com garantia de parto humanizado e Na Lei nº 13.146, de 2015, o direito à educação
seguro; deve ser garantido por meio de um sistema educa-
cional inclusivo, que deve atender, com qualidade
9
II - promoção de práticas alimentares adequadas e
-9

saudáveis, vigilância alimentar e nutricional, pre- e de modo satisfatório, as pessoas com deficiência. O
96

venção e cuidado integral dos agravos relacionados objetivo desse sistema inclusivo é evitar a segregação
.3

à alimentação e nutrição da mulher e da criança; dessas pessoas, a fim de superar as dificuldades que
93

III - aprimoramento e expansão dos programas de advenham dessa condição e favorecer a sua integra-
.0

imunização e de triagem neonatal; ção na comunidade.


06

IV - identificação e controle da gestante de alto


-1

risco.
Dica
a

Art. 20 As operadoras de planos e seguros privados


lv

de saúde são obrigadas a garantir à pessoa com É a escola que deve se adaptar ao aluno, bus-
Si

deficiência, no mínimo, todos os serviços e produ- cando compreender suas necessidades e carac-
da

tos ofertados aos demais clientes. terísticas e não o contrário.


Art. 21 Quando esgotados os meios de atenção à
vio

saúde da pessoa com deficiência no local de resi- Art. 27 A educação constitui direito da pessoa com

dência, será prestado atendimento fora de domi- deficiência, assegurados sistema educacional inclusi-
O

cílio, para fins de diagnóstico e de tratamento, vo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda
ri

garantidos o transporte e a acomodação da pessoa


A

a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvi-


com deficiência e de seu acompanhante. mento possível de seus talentos e habilidades físicas,
Art. 22 À pessoa com deficiência internada ou em sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas carac-
observação é assegurado o direito a acompanhante terísticas, interesses e necessidades de aprendizagem.
ou a atendente pessoal, devendo o órgão ou a insti- Parágrafo único. É dever do Estado, da família,
tuição de saúde proporcionar condições adequadas da comunidade escolar e da sociedade assegurar
para sua permanência em tempo integral. educação de qualidade à pessoa com deficiência,
§ 1º Na impossibilidade de permanência do acom- colocando-a a salvo de toda forma de violência,
panhante ou do atendente pessoal junto à pessoa negligência e discriminação.
com deficiência, cabe ao profissional de saúde res- Art. 28 Incumbe ao poder público assegurar, criar,
ponsável pelo tratamento justificá-la por escrito. desenvolver, implementar, incentivar, acompanhar
§ 2º Na ocorrência da impossibilidade prevista no e avaliar:
§ 1º deste artigo, o órgão ou a instituição de saúde I - sistema educacional inclusivo em todos os níveis
deve adotar as providências cabíveis para suprir e modalidades, bem como o aprendizado ao longo
a ausência do acompanhante ou do atendente de toda a vida;
pessoal. II - aprimoramento dos sistemas educacionais, visan-
208 do a garantir condições de acesso, permanência,
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
participação e aprendizagem, por meio da oferta de qualquer natureza em suas mensalidades, anuidades
serviços e de recursos de acessibilidade que elimi- e matrículas no cumprimento dessas determinações.
nem as barreiras e promovam a inclusão plena; § 2º Na disponibilização de tradutores e intérpretes
III - projeto pedagógico que institucionalize o aten- da Libras a que se refere o inciso XI do caput deste
dimento educacional especializado, assim como os artigo, deve-se observar o seguinte:
demais serviços e adaptações razoáveis, para aten- I - os tradutores e intérpretes da Libras atuantes na
der às características dos estudantes com deficiên- educação básica devem, no mínimo, possuir ensi-
cia e garantir o seu pleno acesso ao currículo em no médio completo e certificado de proficiência na
condições de igualdade, promovendo a conquista e Libras; (Vigência)
o exercício de sua autonomia; II - os tradutores e intérpretes da Libras, quando
IV - oferta de educação bilíngue, em Libras como direcionados à tarefa de interpretar nas salas de
primeira língua e na modalidade escrita da língua aula dos cursos de graduação e pós-graduação,
portuguesa como segunda língua, em escolas e devem possuir nível superior, com habilitação,
classes bilíngues e em escolas inclusivas; prioritariamente, em Tradução e Interpretação em
V - adoção de medidas individualizadas e coletivas Libras. (Vigência)
em ambientes que maximizem o desenvolvimento Art. 29 (VETADO).
acadêmico e social dos estudantes com deficiência, Art. 30 Nos processos seletivos para ingresso e per-
favorecendo o acesso, a permanência, a participa- manência nos cursos oferecidos pelas instituições
ção e a aprendizagem em instituições de ensino; de ensino superior e de educação profissional e tec-
VI - pesquisas voltadas para o desenvolvimento de nológica, públicas e privadas, devem ser adotadas
novos métodos e técnicas pedagógicas, de mate- as seguintes medidas:
riais didáticos, de equipamentos e de recursos de I - atendimento preferencial à pessoa com deficiên-
tecnologia assistiva; cia nas dependências das Instituições de Ensino
VII - planejamento de estudo de caso, de elabora- Superior (IES) e nos serviços;
ção de plano de atendimento educacional especia- II - disponibilização de formulário de inscrição de
lizado, de organização de recursos e serviços de exames com campos específicos para que o candi-
acessibilidade e de disponibilização e usabilidade dato com deficiência informe os recursos de acessi-
pedagógica de recursos de tecnologia assistiva; bilidade e de tecnologia assistiva necessários para
VIII - participação dos estudantes com deficiência e sua participação;
de suas famílias nas diversas instâncias de atuação III - disponibilização de provas em formatos acessí-
da comunidade escolar; veis para atendimento às necessidades específicas
IX - adoção de medidas de apoio que favoreçam o do candidato com deficiência;
desenvolvimento dos aspectos linguísticos, cultu- IV - disponibilização de recursos de acessibilidade e
rais, vocacionais e profissionais, levando-se em de tecnologia assistiva adequados, previamente soli-
conta o talento, a criatividade, as habilidades e os citados e escolhidos pelo candidato com deficiência;
interesses do estudante com deficiência; V - dilação de tempo, conforme demanda apresen-
X - adoção de práticas pedagógicas inclusivas pelos tada pelo candidato com deficiência, tanto na reali-
programas de formação inicial e continuada de zação de exame para seleção quanto nas atividades
acadêmicas, mediante prévia solicitação e compro-
9
professores e oferta de formação continuada para
-9

o atendimento educacional especializado; vação da necessidade;


96

XI - formação e disponibilização de professores VI - adoção de critérios de avaliação das provas escri-


.3

para o atendimento educacional especializado, de tas, discursivas ou de redação que considerem a sin-
93

tradutores e intérpretes da Libras, de guias intér- gularidade linguística da pessoa com deficiência, no
.0

domínio da modalidade escrita da língua portuguesa;


pretes e de profissionais de apoio;
06

VII - tradução completa do edital e de suas retifica-


XII - oferta de ensino da Libras, do Sistema Braille e
-1

ções em Libras.
de uso de recursos de tecnologia assistiva, de forma
a

a ampliar habilidades funcionais dos estudantes,


lv

promovendo sua autonomia e participação; Do Direito à Moradia


Si

XIII - acesso à educação superior e à educação pro-


da

fissional e tecnológica em igualdade de oportunida- O direito à moradia, cuja previsão encontra-


des e condições com as demais pessoas; -se nos arts. 31 ao 33, tem, como objetivo, garantir o
io

máximo de autonomia e dignidade à pessoa com defi-


v

XIV - inclusão em conteúdos curriculares, em cursos


de nível superior e de educação profissional técnica ciência. Trata-se de um direito contemplado na Decla-
O

LEGISLAÇÃO APLICADA À PMERJ


e tecnológica, de temas relacionados à pessoa com ração Universal de Direitos Humanos, competindo ao
ri

deficiência nos respectivos campos de conhecimento; Poder Público sua promoção e efetiva concretização.
A

XV - acesso da pessoa com deficiência, em igualda-


de de condições, a jogos e a atividades recreativas, Art. 31 A pessoa com deficiência tem direito à moradia
esportivas e de lazer, no sistema escolar; digna, no seio da família natural ou substituta, com
XVI - acessibilidade para todos os estudantes, tra- seu cônjuge ou companheiro ou desacompanhada, ou
balhadores da educação e demais integrantes da em moradia para a vida independente da pessoa com
comunidade escolar às edificações, aos ambientes e deficiência, ou, ainda, em residência inclusiva.
às atividades concernentes a todas as modalidades, § 1º O poder público adotará programas e ações
etapas e níveis de ensino; estratégicas para apoiar a criação e a manutenção
XVII - oferta de profissionais de apoio escolar; de moradia para a vida independente da pessoa
XVIII - articulação intersetorial na implementação com deficiência.
de políticas públicas. § 2º A proteção integral na modalidade de residên-
§ 1º Às instituições privadas, de qualquer nível e cia inclusiva será prestada no âmbito do Suas à
modalidade de ensino, aplica-se obrigatoriamente o pessoa com deficiência em situação de dependência
disposto nos incisos I, II, III, V, VII, VIII, IX, X, XI, XII, que não disponha de condições de autossustenta-
XIII, XIV, XV, XVI, XVII e XVIII do caput deste artigo, bilidade, com vínculos familiares fragilizados ou
sendo vedada a cobrança de valores adicionais de rompidos. 209
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 32 Nos programas habitacionais, públicos ou § 5º É garantida aos trabalhadores com deficiência
subsidiados com recursos públicos, a pessoa com acessibilidade em cursos de formação e de capacitação.
deficiência ou o seu responsável goza de priorida- Art. 35 É finalidade primordial das políticas públi-
de na aquisição de imóvel para moradia própria, cas de trabalho e emprego promover e garantir
observado o seguinte: condições de acesso e de permanência da pessoa
I - reserva de, no mínimo, 3% (três por cento) das com deficiência no campo de trabalho.
unidades habitacionais para pessoa com deficiência; Parágrafo único. Os programas de estímulo ao
II - (VETADO); empreendedorismo e ao trabalho autônomo, incluídos
III - em caso de edificação multifamiliar, garantia o cooperativismo e o associativismo, devem prever a
de acessibilidade nas áreas de uso comum e nas participação da pessoa com deficiência e a disponibili-
unidades habitacionais no piso térreo e de acessibi- zação de linhas de crédito, quando necessárias.
lidade ou de adaptação razoável nos demais pisos;
IV - disponibilização de equipamentos urbanos Do Direito à Assistência Social
comunitários acessíveis;
V - elaboração de especificações técnicas no projeto O direito à assistência social encontra-se con-
que permitam a instalação de elevadores. templado nos arts. 39 e 40, além de fazer parte do rol
§ 1º O direito à prioridade, previsto no caput deste dos direitos sociais previstos no art. 6º da Constituição
artigo, será reconhecido à pessoa com deficiência Federal de 1988.
beneficiária apenas uma vez. A assistência social faz parte do subsistema da
§ 2º Nos programas habitacionais públicos, os cri- Seguridade Social, juntamente com a saúde e a previ-
térios de financiamento devem ser compatíveis com dência social. Por assistência social entende-se o con-
os rendimentos da pessoa com deficiência ou de sua junto de medidas institucionalizadas de assistência
família.
gratuita a ser prestada a quem dela necessitar.
§ 3º Caso não haja pessoa com deficiência interes-
São seus objetivos: habilitar e reabilitar as pessoas
sada nas unidades habitacionais reservadas por
força do disposto no inciso I do caput deste artigo,
com deficiência; reintegrá-las à vida comunitária;
as unidades não utilizadas serão disponibilizadas garantir um benefício mensal àqueles que não têm
às demais pessoas. meios de prover a sua manutenção (hipossuficiente).
Art. 33 Ao poder público compete: Veja os artigos em sua literalidade:
I - adotar as providências necessárias para o cum-
Art. 39 Os serviços, os programas, os projetos e os
primento do disposto nos arts. 31 e 32 desta Lei; e
benefícios no âmbito da política pública de assis-
II - divulgar, para os agentes interessados e benefi-
tência social à pessoa com deficiência e sua família
ciários, a política habitacional prevista nas legisla-
têm como objetivo a garantia da segurança de ren-
ções federal, estaduais, distrital e municipais, com
da, da acolhida, da habilitação e da reabilitação, do
ênfase nos dispositivos sobre acessibilidade.
desenvolvimento da autonomia e da convivência
Do Direito ao Trabalho familiar e comunitária, para a promoção do acesso
a direitos e da plena participação social.
§ 1º A assistência social à pessoa com deficiên-
O direito ao trabalho, disciplinado nos arts. 34
9
cia, nos termos do caput deste artigo, deve envol-
-9

e 35, tem, como característica, o fato de ser incluso.


ver conjunto articulado de serviços do âmbito
96

Como consequência, permite-se que a pessoa com da Proteção Social Básica e da Proteção Social
.3

deficiência tenha efetiva liberdade de escolha quanto Especial, ofertados pelo Suas, para a garantia de
93

à profissão ou ao trabalho que deseja desempenhar. seguranças fundamentais no enfrentamento de situa-


.0

ções de vulnerabilidade e de risco, por fragilização de


06

Disposições Gerais vínculos e ameaça ou violação de direitos.


-1

§ 2º Os serviços socioassistenciais destina-


a

Art. 34 A pessoa com deficiência tem direito ao tra- dos à pessoa com deficiência em situação de
lv

balho de sua livre escolha e aceitação, em ambiente dependência deverão contar com cuidadores
Si

acessível e inclusivo, em igualdade de oportunida- sociais para prestar-lhe cuidados básicos e


da

des com as demais pessoas. instrumentais.


io

§ 1º As pessoas jurídicas de direito público, privado Art. 40 É assegurado à pessoa com deficiência que
v

ou de qualquer natureza são obrigadas a garantir não possua meios para prover sua subsistência

ambientes de trabalho acessíveis e inclusivos. nem de tê-la provida por sua família o benefício
O

§ 2º A pessoa com deficiência tem direito, em igual- mensal de 1 (um) salário-mínimo, nos termos da
ri
A

dade de oportunidades com as demais pessoas, a Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993.


condições justas e favoráveis de trabalho, incluindo
igual remuneração por trabalho de igual valor. Do Direito à Previdência Social
§ 3º É vedada restrição ao trabalho da pessoa com
deficiência e qualquer discriminação em razão O direito à previdência social, também integrante
de sua condição, inclusive nas etapas de recruta- do subsistema da Seguridade Social, encontra-se previs-
mento, seleção, contratação, admissão, exames to no art. 41. Trata de garantir à pessoa com deficiência
admissional e periódico, permanência no emprego, segurada do Regime Geral de Previdência Social (RGPS)
ascensão profissional e reabilitação profissional, o direito à aposentadoria nos termos da Lei Comple-
bem como exigência de aptidão plena. mentar nº 142 de 8 de maio de 2013 — redução de até
§ 4º A pessoa com deficiência tem direito à partici- 10 (dez) anos de contribuição, conforme o grau da defi-
pação e ao acesso a cursos, treinamentos, educação ciência aferido em avaliação médica e social.
continuada, planos de carreira, promoções, bonifi-
cações e incentivos profissionais oferecidos pelo Art. 41 A pessoa com deficiência segurada do Regi-
empregador, em igualdade de oportunidades com me Geral de Previdência Social (RGPS) tem direito à
os demais empregados. aposentadoria nos termos da Lei Complementar nº
210 142, de 8 de maio de 2013.
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Do Direito à Cultura, ao Esporte, ao Turismo e ao emergência acessíveis, conforme padrões das nor-
Lazer mas de acessibilidade, a fim de permitir a saída
segura da pessoa com deficiência ou com mobilida-
O direito à cultura, ao esporte, ao turismo e ao de reduzida, em caso de emergência.
lazer está estabelecido nos arts. 42 ao 45, tendo, como § 5º Todos os espaços das edificações previstas no
caput deste artigo devem atender às normas de
um de seus principais objetivos, a promoção isonômi-
acessibilidade em vigor.
ca à inclusão e participação da pessoa com deficiência § 6º As salas de cinema devem oferecer, em todas
na vida em sociedade em todos os seus aspectos. as sessões, recursos de acessibilidade para a pessoa
Ressalta-se que é proibida a cobrança de valor com deficiência.
maior pelo ingresso de pessoas com deficiência. § 7º O valor do ingresso da pessoa com deficiên-
cia não poderá ser superior ao valor cobrado das
Art. 42 A pessoa com deficiência tem direito à cul- demais pessoas.
tura, ao esporte, ao turismo e ao lazer em igualdade Art. 45 Os hotéis, pousadas e similares devem ser
de oportunidades com as demais pessoas, sendo-lhe construídos observando-se os princípios do dese-
garantido o acesso: nho universal, além de adotar todos os meios de
I - a bens culturais em formato acessível; acessibilidade, conforme legislação em vigor.
II - a programas de televisão, cinema, teatro e § 1º Os estabelecimentos já existentes deverão dis-
outras atividades culturais e desportivas em for- ponibilizar, pelo menos, 10% (dez por cento) de
mato acessível; e seus dormitórios acessíveis, garantida, no mínimo,
III - a monumentos e locais de importância cultural 1 (uma) unidade acessível.
e a espaços que ofereçam serviços ou eventos cultu- § 2º Os dormitórios mencionados no § 1º deste arti-
rais e esportivos. go deverão ser localizados em rotas acessíveis.
§ 1º É vedada a recusa de oferta de obra intelectual
em formato acessível à pessoa com deficiência, sob Do Direito ao Transporte e à Mobilidade
qualquer argumento, inclusive sob a alegação de
proteção dos direitos de propriedade intelectual. O direito ao transporte e à mobilidade está disci-
§ 2º O poder público deve adotar soluções desti- plinado nos arts. 46 ao 52. Tal direito objetiva comba-
nadas à eliminação, à redução ou à superação de ter, de modo concreto, a manifestação de barreiras na
barreiras para a promoção do acesso a todo patri- vida da pessoa com deficiência.
mônio cultural, observadas as normas de acessi-
bilidade, ambientais e de proteção do patrimônio Art. 46 O direito ao transporte e à mobilidade da
histórico e artístico nacional. pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzi-
Art. 43 O poder público deve promover a participa- da será assegurado em igualdade de oportunidades
ção da pessoa com deficiência em atividades artísti- com as demais pessoas, por meio de identificação
cas, intelectuais, culturais, esportivas e recreativas, e de eliminação de todos os obstáculos e barreiras
com vistas ao seu protagonismo, devendo: ao seu acesso.
I - incentivar a provisão de instrução, de treinamen- § 1º Para fins de acessibilidade aos serviços de
to e de recursos adequados, em igualdade de opor- transporte coletivo terrestre, aquaviário e aéreo,
9
tunidades com as demais pessoas; em todas as jurisdições, consideram-se como inte-
-9

II - assegurar acessibilidade nos locais de eventos grantes desses serviços os veículos, os terminais, as
96

e nos serviços prestados por pessoa ou entidade estações, os pontos de parada, o sistema viário e a
.3

envolvida na organização das atividades de que prestação do serviço.


93

trata este artigo; e


§ 2º São sujeitas ao cumprimento das disposições des-
.0

III - assegurar a participação da pessoa com deficiên-


ta Lei, sempre que houver interação com a matéria
06

cia em jogos e atividades recreativas, esportivas, de


nela regulada, a outorga, a concessão, a permissão, a
-1

lazer, culturais e artísticas, inclusive no sistema esco-


lar, em igualdade de condições com as demais pessoas. autorização, a renovação ou a habilitação de linhas e
a

Art. 44 Nos teatros, cinemas, auditórios, estádios, de serviços de transporte coletivo.


lv

§ 3º Para colocação do símbolo internacional de


Si

ginásios de esporte, locais de espetáculos e de con-


ferências e similares, serão reservados espaços acesso nos veículos, as empresas de transporte
da

livres e assentos para a pessoa com deficiência, de coletivo de passageiros dependem da certificação
io

acordo com a capacidade de lotação da edificação, de acessibilidade emitida pelo gestor público res-
v

observado o disposto em regulamento. ponsável pela prestação do serviço.


§ 1º Os espaços e assentos a que se refere este arti- Art. 47 Em todas as áreas de estacionamento aberto
O

LEGISLAÇÃO APLICADA À PMERJ


go devem ser distribuídos pelo recinto em locais ao público, de uso público ou privado de uso coletivo
ri

diversos, de boa visibilidade, em todos os setores, e em vias públicas, devem ser reservadas vagas pró-
A

próximos aos corredores, devidamente sinalizados, ximas aos acessos de circulação de pedestres, devi-
evitando-se áreas segregadas de público e obstru- damente sinalizadas, para veículos que transportem
ção das saídas, em conformidade com as normas pessoa com deficiência com comprometimento de
de acessibilidade. mobilidade, desde que devidamente identificados.
§ 2º No caso de não haver comprovada procura § 1º As vagas a que se refere o caput deste artigo
pelos assentos reservados, esses podem, excepcio- devem equivaler a 2% (dois por cento) do total, garan-
nalmente, ser ocupados por pessoas sem deficiência
tida, no mínimo, 1 (uma) vaga devidamente sinalizada
ou que não tenham mobilidade reduzida, observa-
e com as especificações de desenho e traçado de acordo
do o disposto em regulamento.
§ 3º Os espaços e assentos a que se refere este arti- com as normas técnicas vigentes de acessibilidade.
go devem situar-se em locais que garantam a aco- § 2º Os veículos estacionados nas vagas reservadas
modação de, no mínimo, 1 (um) acompanhante da devem exibir, em local de ampla visibilidade, a cre-
pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzi- dencial de beneficiário, a ser confeccionada e for-
da, resguardado o direito de se acomodar proxima- necida pelos órgãos de trânsito, que disciplinarão
mente a grupo familiar e comunitário. suas características e condições de uso.
§ 4º Nos locais referidos no caput deste artigo, deve § 3º A utilização indevida das vagas de que trata este
haver, obrigatoriamente, rotas de fuga e saídas de artigo sujeita os infratores às sanções previstas no 211
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
inciso XX do art. 181 da Lei nº 9.503, de 23 de setem- de veículos de transporte coletivo, a prestação do
bro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro) . respectivo serviço e a execução de qualquer tipo de
§ 4º A credencial a que se refere o § 2º deste artigo é obra, quando tenham destinação pública ou coletiva;
vinculada à pessoa com deficiência que possui com- II - a outorga ou a renovação de concessão, permissão,
prometimento de mobilidade e é válida em todo o autorização ou habilitação de qualquer natureza;
território nacional. III - a aprovação de financiamento de projeto com
Art. 48 Os veículos de transporte coletivo terrestre, utilização de recursos públicos, por meio de renún-
aquaviário e aéreo, as instalações, as estações, os cia ou de incentivo fiscal, contrato, convênio ou ins-
portos e os terminais em operação no País devem trumento congênere; e
ser acessíveis, de forma a garantir o seu uso por IV - a concessão de aval da União para obtenção de
todas as pessoas. empréstimo e de financiamento internacionais por
§ 1º Os veículos e as estruturas de que trata o caput entes públicos ou privados.
deste artigo devem dispor de sistema de comunica- Art. 55 A concepção e a implantação de projetos
ção acessível que disponibilize informações sobre que tratem do meio físico, de transporte, de infor-
todos os pontos do itinerário. mação e comunicação, inclusive de sistemas e tec-
§ 2º São asseguradas à pessoa com deficiência priori- nologias da informação e comunicação, e de outros
dade e segurança nos procedimentos de embarque e de serviços, equipamentos e instalações abertos ao
público, de uso público ou privado de uso coleti-
desembarque nos veículos de transporte coletivo, de
vo, tanto na zona urbana como na rural, devem
acordo com as normas técnicas.
atender aos princípios do desenho universal, tendo
§ 3º Para colocação do símbolo internacional de
como referência as normas de acessibilidade.
acesso nos veículos, as empresas de transporte
§ 1º O desenho universal será sempre tomado como
coletivo de passageiros dependem da certificação
regra de caráter geral.
de acessibilidade emitida pelo gestor público res-
§ 2º Nas hipóteses em que comprovadamente o
ponsável pela prestação do serviço. desenho universal não possa ser empreendido, deve
Art. 49 As empresas de transporte de fretamento e ser adotada adaptação razoável.
de turismo, na renovação de suas frotas, são obri- § 3º Caberá ao poder público promover a inclu-
gadas ao cumprimento do disposto nos arts. 46 e 48 são de conteúdos temáticos referentes ao desenho
desta Lei. (Vigência) universal nas diretrizes curriculares da educação
Art. 50 O poder público incentivará a fabricação de veí- profissional e tecnológica e do ensino superior e na
culos acessíveis e a sua utilização como táxis e vans, formação das carreiras de Estado.
de forma a garantir o seu uso por todas as pessoas. § 4º Os programas, os projetos e as linhas de pes-
Art. 51 As frotas de empresas de táxi devem reser- quisa a serem desenvolvidos com o apoio de orga-
var 10% (dez por cento) de seus veículos acessíveis nismos públicos de auxílio à pesquisa e de agências
à pessoa com deficiência. (Vide Decreto nº 9.762, de de fomento deverão incluir temas voltados para o
2019) (Vigência) desenho universal.
§ 1º É proibida a cobrança diferenciada de tarifas § 5º Desde a etapa de concepção, as políticas públicas
ou de valores adicionais pelo serviço de táxi presta- deverão considerar a adoção do desenho universal.
do à pessoa com deficiência. Art. 56 A construção, a reforma, a ampliação ou a
§ 2º O poder público é autorizado a instituir incentivos mudança de uso de edificações abertas ao público,
9
fiscais com vistas a possibilitar a acessibilidade dos de uso público ou privadas de uso coletivo deverão
-9

veículos a que se refere o caput deste artigo.


96

ser executadas de modo a serem acessíveis.


Art. 52 As locadoras de veículos são obrigadas a § 1º As entidades de fiscalização profissional das
.3

oferecer 1 (um) veículo adaptado para uso de pes- atividades de Engenharia, de Arquitetura e correla-
93

soa com deficiência, a cada conjunto de 20 (vinte) tas, ao anotarem a responsabilidade técnica de pro-
.0

veículos de sua frota. (Vide Decreto nº 9.762, de jetos, devem exigir a responsabilidade profissional
06

2019) (Vigência) declarada de atendimento às regras de acessibili-


-1

Parágrafo único. O veículo adaptado deverá ter, no dade previstas em legislação e em normas técnicas
a

mínimo, câmbio automático, direção hidráulica, pertinentes.


lv

vidros elétricos e comandos manuais de freio e de § 2º Para a aprovação, o licenciamento ou a emis-


Si

embreagem. são de certificado de projeto executivo arquitetô-


da

nico, urbanístico e de instalações e equipamentos


Da Acessibilidade temporários ou permanentes e para o licenciamen-
io

to ou a emissão de certificado de conclusão de obra


v

O direito à acessibilidade encontra-se previsto ou de serviço, deve ser atestado o atendimento às


O

nos arts. 53 ao 62. Seu objetivo é conceder igualdade regras de acessibilidade.


ri

§ 3º O poder público, após certificar a acessibilidade


A

de condições e acesso, liberdade, autonomia e inde-


de edificação ou de serviço, determinará a coloca-
pendência às pessoas com deficiência, competindo ao
ção, em espaços ou em locais de ampla visibilidade,
Poder Público amoldar e adaptar todas as suas esfe- do símbolo internacional de acesso, na forma pre-
ras com o objetivo de garantir tratamento igualitário vista em legislação e em normas técnicas correlatas.
a todas as pessoas, de modo a eliminar as possíveis Art. 57 As edificações públicas e privadas de uso
barreiras impostas a elas. coletivo já existentes devem garantir acessibilidade
à pessoa com deficiência em todas as suas depen-
Art. 53 A acessibilidade é direito que garante à pes- dências e serviços, tendo como referência as nor-
soa com deficiência ou com mobilidade reduzida mas de acessibilidade vigentes.
viver de forma independente e exercer seus direitos Art. 58 O projeto e a construção de edificação de uso
de cidadania e de participação social. privado multifamiliar devem atender aos preceitos de
Art. 54 São sujeitas ao cumprimento das dispo- acessibilidade, na forma regulamentar (Regulamento)
sições desta Lei e de outras normas relativas à § 1º As construtoras e incorporadoras responsáveis
acessibilidade, sempre que houver interação com a pelo projeto e pela construção das edificações a que
matéria nela regulada: se refere o caput deste artigo devem assegurar
I - a aprovação de projeto arquitetônico e urbanís- percentual mínimo de suas unidades internamente
212 tico ou de comunicação e informação, a fabricação acessíveis, na forma regulamentar.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
§ 2º É vedada a cobrança de valores adicionais para visual, sendo assegurado pelo menos 1 (um) equi-
a aquisição de unidades internamente acessíveis a pamento, quando o resultado percentual for infe-
que se refere o § 1º deste artigo. rior a 1 (um).
Art. 59 Em qualquer intervenção nas vias e nos Art. 64 A acessibilidade nos sítios da internet de
espaços públicos, o poder público e as empresas que trata o art. 63 desta Lei deve ser observada
concessionárias responsáveis pela execução das para obtenção do financiamento de que trata o inci-
obras e dos serviços devem garantir, de forma segu- so III do art. 54 desta Lei.
ra, a fluidez do trânsito e a livre circulação e acessi- Art. 65 As empresas prestadoras de serviços de tele-
bilidade das pessoas, durante e após sua execução. comunicações deverão garantir pleno acesso à pessoa
Art. 60 Orientam-se, no que couber, pelas regras de com deficiência, conforme regulamentação específica.
acessibilidade previstas em legislação e em normas Art. 66 Cabe ao poder público incentivar a oferta de
técnicas, observado o disposto na Lei nº 10.098, de aparelhos de telefonia fixa e móvel celular com aces-
19 de dezembro de 2000 , nº 10.257, de 10 de julho sibilidade que, entre outras tecnologias assistivas,
de 2001 , e nº 12.587, de 3 de janeiro de 2012 : possuam possibilidade de indicação e de ampliação
I - os planos diretores municipais, os planos dire- sonoras de todas as operações e funções disponíveis.
tores de transporte e trânsito, os planos de mobi- Art. 67 Os serviços de radiodifusão de sons e ima-
lidade urbana e os planos de preservação de sítios gens devem permitir o uso dos seguintes recursos,
históricos elaborados ou atualizados a partir da entre outros:
publicação desta Lei; I - subtitulação por meio de legenda oculta;
II - os códigos de obras, os códigos de postura, as leis II - janela com intérprete da Libras;
de uso e ocupação do solo e as leis do sistema viário; III - audiodescrição.
III - os estudos prévios de impacto de vizinhança; Art. 68 O poder público deve adotar mecanis-
IV - as atividades de fiscalização e a imposição de mos de incentivo à produção, à edição, à difusão,
sanções; e à distribuição e à comercialização de livros em
V - a legislação referente à prevenção contra incên- formatos acessíveis, inclusive em publicações da
dio e pânico. administração pública ou financiadas com recur-
§ 1º A concessão e a renovação de alvará de fun- sos públicos, com vistas a garantir à pessoa com
cionamento para qualquer atividade são condicio- deficiência o direito de acesso à leitura, à informa-
nadas à observação e à certificação das regras de ção e à comunicação.
acessibilidade. § 1º Nos editais de compras de livros, inclusive
§ 2º A emissão de carta de habite-se ou de habilita- para o abastecimento ou a atualização de acervos
ção equivalente e sua renovação, quando esta tiver de bibliotecas em todos os níveis e modalidades de
sido emitida anteriormente às exigências de acessi- educação e de bibliotecas públicas, o poder público
bilidade, é condicionada à observação e à certifica- deverá adotar cláusulas de impedimento à partici-
ção das regras de acessibilidade. pação de editoras que não ofertem sua produção
Art. 61 A formulação, a implementação e a manu- também em formatos acessíveis.
tenção das ações de acessibilidade atenderão às § 2º Consideram-se formatos acessíveis os arquivos
seguintes premissas básicas: digitais que possam ser reconhecidos e acessados
I - eleição de prioridades, elaboração de cronograma e por softwares leitores de telas ou outras tecnolo-
9
reserva de recursos para implementação das ações; e gias assistivas que vierem a substituí-los, permitindo
-9

II - planejamento contínuo e articulado entre os leitura com voz sintetizada, ampliação de caracte-
96

setores envolvidos. res, diferentes contrastes e impressão em Braille.


.3

Art. 62 É assegurado à pessoa com deficiência, § 3º O poder público deve estimular e apoiar a
93

mediante solicitação, o recebimento de contas, adaptação e a produção de artigos científicos em


.0

boletos, recibos, extratos e cobranças de tributos formato acessível, inclusive em Libras.


06

em formato acessível. Art. 69 O poder público deve assegurar a disponi-


-1

bilidade de informações corretas e claras sobre os


diferentes produtos e serviços ofertados, por quais-
a

Do Acesso à Informação e à Comunicação


lv

quer meios de comunicação empregados, inclusi-


Si

ve em ambiente virtual, contendo a especificação


O direito ao acesso à informação e à comunica-
da

correta de quantidade, qualidade, características,


ção está disposto nos arts. 63 ao 73 da Lei. Trata-se de composição e preço, bem como sobre os eventuais
io

dispositivos cujo escopo é ampliar a ideia de acessibi- riscos à saúde e à segurança do consumidor com
v

lidade à informação, de maneira a contemplar qual-


deficiência, em caso de sua utilização, aplicando-se,


quer serviço ou produto.
O

no que couber, os arts. 30 a 41 da Lei nº 8.078, de 11


LEGISLAÇÃO APLICADA À PMERJ
ri

de setembro de 1990 .
A

Art. 63 É obrigatória a acessibilidade nos sítios § 1º Os canais de comercialização virtual e os anún-


da internet mantidos por empresas com sede ou cios publicitários veiculados na imprensa escrita,
representação comercial no País ou por órgãos na internet, no rádio, na televisão e nos demais
de governo, para uso da pessoa com deficiência, veículos de comunicação abertos ou por assinatura
garantindo-lhe acesso às informações disponíveis, devem disponibilizar, conforme a compatibilidade
conforme as melhores práticas e diretrizes de aces- do meio, os recursos de acessibilidade de que trata
sibilidade adotadas internacionalmente. o art. 67 desta Lei, a expensas do fornecedor do pro-
§ 1º Os sítios devem conter símbolo de acessibilida- duto ou do serviço, sem prejuízo da observância do
de em destaque. disposto nos arts. 36 a 38 da Lei nº 8.078, de 11 de
§ 2º Telecentros comunitários que receberem setembro de 1990 .
recursos públicos federais para seu custeio ou sua § 2º Os fornecedores devem disponibilizar, median-
instalação e lan houses devem possuir equipamen- te solicitação, exemplares de bulas, prospectos,
tos e instalações acessíveis. textos ou qualquer outro tipo de material de divul-
§ 3º Os telecentros e as lan houses de que trata o gação em formato acessível.
§ 2º deste artigo devem garantir, no mínimo, 10% Art. 70 As instituições promotoras de congressos,
(dez por cento) de seus computadores com recur- seminários, oficinas e demais eventos de natureza
sos de acessibilidade para pessoa com deficiência científico-cultural devem oferecer à pessoa com 213
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
deficiência, no mínimo, os recursos de tecnologia Art. 76 O poder público deve garantir à pessoa com
assistiva previstos no art. 67 desta Lei. deficiência todos os direitos políticos e a oportuni-
Art. 71 Os congressos, os seminários, as oficinas dade de exercê-los em igualdade de condições com
e os demais eventos de natureza científico-cultu- as demais pessoas.
ral promovidos ou financiados pelo poder público § 1º À pessoa com deficiência será assegurado o
devem garantir as condições de acessibilidade e os direito de votar e de ser votada, inclusive por meio
recursos de tecnologia assistiva. das seguintes ações:
Art. 72 Os programas, as linhas de pesquisa e os I - garantia de que os procedimentos, as instala-
projetos a serem desenvolvidos com o apoio de ções, os materiais e os equipamentos para votação
agências de financiamento e de órgãos e entidades sejam apropriados, acessíveis a todas as pessoas e
integrantes da administração pública que atuem no de fácil compreensão e uso, sendo vedada a insta-
auxílio à pesquisa devem contemplar temas volta- lação de seções eleitorais exclusivas para a pessoa
dos à tecnologia assistiva. com deficiência;
Art. 73 Caberá ao poder público, diretamente ou em II - incentivo à pessoa com deficiência a candidatar-
parceria com organizações da sociedade civil, promo- -se e a desempenhar quaisquer funções públicas em
ver a capacitação de tradutores e intérpretes da Libras, todos os níveis de governo, inclusive por meio do uso
de guias intérpretes e de profissionais habilitados em de novas tecnologias assistivas, quando apropriado;
Braille, audiodescrição, estenotipia e legendagem. III - garantia de que os pronunciamentos oficiais, a
propaganda eleitoral obrigatória e os debates trans-
Da Tecnologia Assistiva mitidos pelas emissoras de televisão possuam, pelo
menos, os recursos elencados no art. 67 desta Lei;
Os arts. 74 e 75 referem-se à tecnologia assistiva, IV - garantia do livre exercício do direito ao voto e,
conceituando-a como qualquer forma de apoio neces- para tanto, sempre que necessário e a seu pedido,
permissão para que a pessoa com deficiência seja
sário à promoção da autonomia e independência da
auxiliada na votação por pessoa de sua escolha.
pessoa com deficiência. Cabe ao Poder Público a res-
§ 2º O poder público promoverá a participação da
ponsabilidade de desenvolver um plano específico de
pessoa com deficiência, inclusive quando institucio-
medidas, a ser renovado no período de quatro anos, nalizada, na condução das questões públicas, sem
para facilitar a criação e promoção dessas tecnologias. discriminação e em igualdade de oportunidades,
Além disso, tais procedimentos deverão ser avaliados, observado o seguinte:
pelo menos, a cada dois anos. I - participação em organizações não governamen-
tais relacionadas à vida pública e à política do País e
Art. 74 É garantido à pessoa com deficiência acesso em atividades e administração de partidos políticos;
a produtos, recursos, estratégias, práticas, proces- II - formação de organizações para representar a
sos, métodos e serviços de tecnologia assistiva que pessoa com deficiência em todos os níveis;
maximizem sua autonomia, mobilidade pessoal e III - participação da pessoa com deficiência em
qualidade de vida. organizações que a representem.
Art. 75 O poder público desenvolverá plano especí-
fico de medidas, a ser renovado em cada período de Da Ciência e Tecnologia
9
-9

4 (quatro) anos, com a finalidade de: (Regulamento)


96

I - facilitar o acesso a crédito especializado, inclu-


Por último, também é estabelecido, na Lei nº 13.146,
.3

sive com oferta de linhas de crédito subsidiadas,


de 2015, o direito à ciência e tecnologia. Ele está pre-
93

específicas para aquisição de tecnologia assistiva;


visto nos arts. 77 e 78 e tem, como escopo, estimular a
.0

II - agilizar, simplificar e priorizar procedimentos


criação de cursos de pós-graduação na área de tecno-
06

de importação de tecnologia assistiva, especial-


logia assistiva, bem como o desenvolvimento de outras
-1

mente as questões atinentes a procedimentos alfan-


degários e sanitários; ações com o objetivo de formar recursos humanos
a

qualificados e estruturar as diretrizes dessa área de


lv

III - criar mecanismos de fomento à pesquisa e à pro-


Si

dução nacional de tecnologia assistiva, inclusive por conhecimento.


meio de concessão de linhas de crédito subsidiado e
da

A partir do art. 78, inicia-se a parte especial. Nela,


de parcerias com institutos de pesquisa oficiais; constam disposições acerca do direito de acesso à
io

IV - eliminar ou reduzir a tributação da cadeia pro- Justiça, o reconhecimento igualitário perante a lei e
v

dutiva e de importação de tecnologia assistiva; a tipificação de determinadas condutas, como crimes


O

V - facilitar e agilizar o processo de inclusão de ou infrações. No que tange ao acesso à Justiça, compe-
ri

novos recursos de tecnologia assistiva no rol de


te ao Poder Público realizar as adaptações e propor-
A

produtos distribuídos no âmbito do SUS e por


cionar os recursos de tecnologia assistiva necessários
outros órgãos governamentais.
Parágrafo único. Para fazer cumprir o disposto para a plena participação da pessoa com deficiência
neste artigo, os procedimentos constantes do plano no âmbito do Poder Judiciário.
específico de medidas deverão ser avaliados, pelo Quanto ao reconhecimento igualitário perante a
menos, a cada 2 (dois) anos. lei, é reflexo do que já encontra disciplinado na Cons-
tituição Federal. Por conseguinte, a Lei nº 13.146, de
Do Direito à Participação na Vida Pública e Política 2015, visa garantir à pessoa com deficiência o pleno
exercício de suas capacidades.
O direito à participação na vida pública e políti-
ca, previsto no art. 76, guarda relação com o exercício CRIMES E INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
da cidadania das pessoas com deficiência. A elas são
garantidos os direitos inerentes a sua capacidade elei- Os crimes e as infrações administrativas estão
toral ativa e passiva. Para a promoção de tais medidas dispostos nos art. 88 a 91. Dos crimes elencados, ape-
de acessibilidade, a competência cabe aos Tribunais nas o do art. 91 tem, como pena, a detenção. Todos os
214 Regionais Eleitorais. demais apresentam pena de reclusão.
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z Detenção e reclusão são modalidades de penas proximidade e do dever de cuidado para com a pes-
privativas de liberdade; soa com deficiência. São exemplos: pais, tutores, cura-
z Pena de reclusão é aplicada a condenações mais dores, guardiões, professores, médicos, cuidadores,
severas, por ser a única a admitir o regime inicial entre outros.
de cumprimento fechado. Essa modalidade admite
os três regimes de cumprimento: Art. 88 [...]
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput des-
„ Fechado; te artigo é cometido por intermédio de meios de
„ Semiaberto; comunicação social ou de publicação de qual-
„ Aberto. quer natureza:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
z Pena de detenção é aplicada a condenações mais
leves, uma vez que o regime inicial de cumprimento O parágrafo segundo é uma qualificadora do cri-
será o semiaberto. A detenção admite os regimes de me. Ela diz respeito ao meio utilizado para a prática
cumprimento semiaberto e aberto, não admitindo o da conduta, pois, ao ser cometido por intermédio de
fechado. meios de comunicação social ou de publicação de
qualquer natureza, a conduta atinge mais visibilida-
Vamos ao estudo dos crimes: de, chegando ao conhecimento de um número maior
de pessoas.
Art. 88 Praticar, induzir ou incitar discrimina- Atenção: A qualificadora altera o patamar da pena
ção de pessoa em razão de sua deficiência: (penas mínima e máxima constantes do tipo penal —
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. preceito secundário) em razão de novas elementares
acrescentadas, o que faz com que ele seja um tipo
O crime do art. 88 pode ser praticado de três derivado autônomo ou independente. Por outro lado,
modos: a causa de aumento (majorante) é apenas uma hipóte-
se para que a pena possa ser aumentada.
z Participação direta do agente na conduta deli-
tuosa: Aqui, o agente age de modo a discriminar a Art. 88 [...]
pessoa em razão de sua deficiência. A conduta está § 3º Na hipótese do § 2º deste artigo, o juiz poderá
no verbo praticar; determinar, ouvido o Ministério Público ou a pedi-
z Participação indireta do agente na conduta deli- do deste, ainda antes do inquérito policial, sob pena
tuosa ao criar “na cabeça de outra pessoa” a ideia de desobediência:
de que ela pratique a discriminação: Aqui, temos I – recolhimento ou busca e apreensão dos exempla-
dois agentes, um que desperta a atenção de outro res do material discriminatório;
para a prática do crime e outro que, efetivamente, II – interdição das respectivas mensagens ou pági-
pratica o crime. A conduta está no verbo induzir; nas de informação na internet.
z Participação indireta do agente na conduta delituosa
9
ao reforçar ou encorajar uma pessoa a praticar a dis- O parágrafo terceiro dispõe a consequência do
-9

criminação: Diferentemente da conduta de induzir, crime cometido por intermédio de meios de comu-
96

aqui, a pessoa instigada já tinha a intenção de dis- nicação social ou de publicação de qualquer nature-
.3

criminar, havendo apenas um reforço/encorajamen- za. Trata-se de medida para evitar a propagação da
93

to. Temos, também, dois agentes, um que reforça e discriminação, uma vez que, verificada a ocorrência
.0

de discriminação da pessoa com deficiência por estes


06

outro que pratica. A conduta está no verbo instigar.


meios, é possível, ao juiz, após ouvido o Ministério
-1

Direta : praticar
Público ou a pedido deste, determinar o recolhimento
ART.88 – CONDUTAS

de todo o material em que está descrita a discrimina-


lv
Si

ção. No caso de divulgação em site de internet, pode-se


determinar a retirada do ar da página ou do conteúdo.
da

Indireta : induzir
io

Art. 88 [...]
v

§ 4º Na hipótese do § 2º deste artigo, constitui efeito


Indireta : instigar
O

da condenação, após o trânsito em julgado da deci-


LEGISLAÇÃO APLICADA À PMERJ
ri

são, a destruição do material apreendido.


A

Outro ponto importante neste dispositivo é rela-


tivo ao conceito de discriminar. Entende-se como Por fim, o parágrafo quarto refere-se ao que irá
discriminação toda distinção, exclusão ou restrição acontecer com o material apreendido ou bloqueado.
baseada na deficiência, objetivando impedir ou obs- Após o trânsito em julgado da decisão (quando esgo-
tar o exercício pleno de direitos. tou todos os meios de defesa e não há mais recurso
cabível), todo o material apreendido será destruído.
Art. 88 [...]
§ 1º Aumenta-se a pena em 1/3 (um terço) se a víti- Art. 89 Apropriar-se de ou desviar bens, proven-
ma encontrar-se sob cuidado e responsabilidade tos, pensão, benefícios, remuneração ou qualquer
do agente. outro rendimento de pessoa com deficiência:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
O parágrafo primeiro traz uma hipótese de cau- multa.
sa de aumento de pena. Trata-se do fato de o agente,
que praticou uma das condutas elencadas, ser o res-
ponsável (legal ou não) por aquele que sofreu a dis-
criminação. O aumento de 1/3 da pena decorre da 215
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O crime tipificado no art. 89 pode ser praticado de IV – recusar, retardar ou dificultar internação ou
dois modos: por apropriação ou por desvio. Enten- deixar de prestar assistência médico-hospitalar e
de-se por apropriação quando o agente faz da coisa ambulatorial à pessoa com deficiência;
alheia como se fosse sua, ou seja, apodera-se de bem, V – deixar de cumprir, retardar ou frustrar execu-
proventos, pensões, benefícios ou qualquer outro ren- ção de ordem judicial expedida na ação civil a que
dimento da pessoa com deficiência. alude esta Lei;
Já no desvio, o agente dá um destino diferente VI – recusar, retardar ou omitir dados técnicos
indispensáveis à propositura da ação civil pública
ao bem, proventos, pensões, benefícios ou qualquer
objeto desta Lei, quando requisitados.
outro rendimento da pessoa com deficiência. As duas
§ 1º Se o crime for praticado contra pessoa com
condutas são punidas com pena de reclusão de 1 (um) deficiência menor de 18 (dezoito) anos, a pena é
a 4 (quatro) anos. agravada em 1/3 (um terço).
§ 2º A pena pela adoção deliberada de critérios
Art. 89 [...] subjetivos para indeferimento de inscrição, de
Parágrafo único. Aumenta-se a pena em 1/3 (um aprovação e de cumprimento de estágio probatório
terço) se o crime é cometido: em concursos públicos não exclui a responsabilida-
I – por tutor, curador, síndico, liquidatário, inven- de patrimonial pessoal do administrador público
tariante, testamenteiro ou depositário judicial; ou pelos danos causados.
II – por aquele que se apropriou em razão de ofício § 3º Incorre nas mesmas penas quem impede ou
ou de profissão. dificulta o ingresso de pessoa com deficiência em
planos privados de assistência à saúde, inclusive
O parágrafo único apresenta uma hipótese de cau- com cobrança de valores diferenciados.
sa de aumento de pena de 1/3 no caso de o agente que § 4º Se o crime for praticado em atendimento de
praticou a conduta ser o responsável (legal) da pessoa urgência e emergência, a pena é agravada em 1/3
com deficiência ou ter se aproveitado de ofício ou pro- (um terço).
fissão para o cometimento do crime.
A nova redação dada ao artigo acrescentou ao inci-
Art. 90 Abandonar pessoa com deficiência em so I a conduta de cobrar valores adicionais por parte
hospitais, casas de saúde, entidades de abrigamen- da instituição de ensino. Exemplos clássicos são as
to ou congêneres: mensalidades diferenciadas para alunos autistas
Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e (com valores a mais). O inciso II se refere à discrimi-
multa. nação com relação a emprego, trabalho ou promoção.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem não O inciso III ao atendimento médico e ambulatorial. O
prover as necessidades básicas de pessoa com defi- inciso IV à omissão de dados quando estes são essen-
ciência quando obrigado por lei ou mandado. ciais à propositura de ação civil pública ou quando
houver requisição.
O art. 90 tipifica o crime de abandono de pessoa A Lei nº 13.146, de 2015, acrescentou parágrafos ao
com deficiência, de modo a dar amparo e proteção art. 8º, da Lei nº 7.853, de 1989, estabelecendo causas
a essas pessoas, por vezes incapazes de zelar por sua
9
de aumento de pena ao crime.
-9

vida. Refere-se ao fato de o agente deixar de prestar Por fim, é importante mencionar que todos os cri-
96

assistência, mesmo quando possui o dever de cuidado mes disciplinados pela mencionada Lei são crimes de
.3

e proteção. Ação Penal Pública Incondicionada, ou seja, compete


93

O crime do art. 91 pode ser praticado por duas ao Ministério Público promover a ação independente-
.0

condutas: retenção ou utilização. Ocorre quando o mente da vontade da vítima.


06

agente fica na posse ou utiliza-se de cartão magnéti-


-1

co ou meio eletrônico ou documento pessoal, com a


a

finalidade de obter vantagem indevida para si ou para


lv

outrem. Exemplo: utilização de carteira de passe livre HORA DE PRATICAR!


Si

em transporte coletivo com a intenção de não pagar a


da

passagem. Trata-se de crime mais brando do que o do


1. (FCC — 2017) A garantia de prioridade do idoso com-
io

art. 89, pois, aqui, o objetivo não é prejudicar a pes-


preende, entre outras, atendimento preferencial jun-
v

soa com deficiência, mas aferir vantagem com a sua


to aos órgãos públicos e privados. Entre os idosos,


situação.
O

deve-se observar a prioridade especial, atendendo-se


Cumpre mencionar, por necessário, que a Lei nº
ri

preferencialmente suas necessidades em relação aos


A

13.146, de 2015, alterou o crime previsto no art. 8°, da


demais idosos, assegurando-se esta prioridade espe-
Lei nº 7.853, de 1989, que dispõe sobre o apoio às pes-
cial aos maiores de
soas com deficiência. Vejamos:
a) 73 anos.
Art. 8º Constitui crime punível com reclusão de 2
b) 75 anos.
(dois) a 5 (cinco) anos e multa:
I – recusar, cobrar valores adicionais, suspender,
c) 70 anos.
procrastinar, cancelar ou fazer cessar inscrição de d) 80 anos.
aluno em estabelecimento de ensino de qualquer e) 68 anos.
curso ou grau, público ou privado, em razão de sua
deficiência; 2. (FCC — 2021) Segundo dispõe expressamente o Esta-
II – obstar inscrição em concurso público ou acesso tuto do Idoso, o envelhecimento é
de alguém a qualquer cargo ou emprego público,
em razão de sua deficiência; a) um fenômeno social complexo e o idoso, objeto da
III – negar ou obstar emprego, trabalho ou promo- tutela estatal.
ção à pessoa em razão de sua deficiência;
216
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
b) um fato social que demanda a custódia e a proteção 5. (FCC — 2015) O Estatuto do Idoso estabelece linhas
jurídica do idoso. de ação da política de atendimento para esse segmen-
c) uma condição etária delimitada, geradora dos efeitos to que podem ser compreendidas como:
jurídicos nele expressos.
d) um fator de vulnerabilidade tutelado pelo direito à pro- I. políticas e programas de assistência social, em cará-
teção especial. ter supletivo, para aqueles que necessitarem.
e) um direito personalíssimo e a sua proteção, um direito II. serviços especiais de prevenção e atendimento às víti-
social. mas de negligência, maus-tratos, exploração, abuso,
crueldade e opressão.
3. (FCC — 2022) Ernesto, 82 anos, com bom estado geral III. serviço de identificação e localização de parentes ou
de saúde e no gozo de suas faculdades mentais, sem responsáveis por idosos abandonados em hospitais e
descendentes ou ascendentes vivos, decide vender seu instituições de longa permanência.
patrimônio, constituído de três imóveis bem valoriza-
dos em área nobre da cidade, e viajar pelo mundo até Está correto o que consta em
se cansar. Ao conhecer as intenções de Ernesto, sua
irmã Clotilde, 72 anos, decide contestá-lo na justiça, a) I, apenas.
alegando confusão mental, supostamente evidenciada b) I, II e III.
pela decisão “estapafúrdia” de se desfazer dos bens. c) III, apenas.
d) I e II, apenas.
Quanto à proteção de Ernesto frente à ação de sua e) II, apenas.
irmã, é correto afirmar que o Estatuto do Idoso:
6. (FCC — 2014) Acerca da defesa do idoso em juízo, é
a) assegura proteção, pois condena discriminação de correto afirmar:
qualquer natureza;
b) não assegura proteção, pois direito sucessório é trata- a) O Ministério Público tem legitimidade para atuar na
do no Código Civil; defesa de qualquer direito individual previsto no Esta-
c) não assegura proteção, pois como colateral, Clotilde tuto do Idoso.
pode impedir a venda de metade do patrimônio; b) O Ministério Público deverá atuar como custus legis
d) assegura proteção a ambos pela condição de idosos, apenas nos casos de ações que tenham por objeto
fato que desloca o problema para avaliação na Vara do direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos.
Idoso; c) A União, os Estados e os Municípios têm legitimidade
e) assegura proteção, pois o idoso pode dispor de seus para atuar na defesa dos direitos individuais indisponí-
bens, salvo nos casos de incapacidade judicialmente veis do idoso.
comprovada. d) A Defensoria Pública não tem legitimidade para a tute-
la coletiva do idoso.
4. (FCC — 2022) João, idoso, mora em casa própria em e) O juiz poderá impor multa diária ao réu para garantir o
companhia de seu filho, Arthur, maior e capaz. Con- cumprimento da sentença ou da decisão liminar, que
9
-9

tudo, Arthur pratica constantemente violência verbal será exigível assim que expirado o prazo estabelecido
96

contra o pai, já furtou dinheiro guardado na residência na decisão para o seu cumprimento, revertendo em
.3

e, recentemente, praticou violência física contra este. benefício do idoso.


93

João, que está no gozo de sua capacidade civil plena,


.0

procurou a Defensoria Pública da Paraíba buscando 7. (FCC — 2022) Consiste em causa de incapacidade total,
06

orientação jurídica e providências a respeito da situa- conforme alterações do Código Civil pela Lei Brasileira
-1

ção. O/a defensor/a público/a responsável pelo aten- de Inclusão – Estatuto da Pessoa com Deficiência,
dimento poderá
a
lv

a) os ébrios habituais.
Si

a) requerer medidas protetivas em favor do idoso, que b) os menores de 16 anos.


da

são típicas e taxativas com previsão no Estatuto do c) os viciados em substâncias psicoativas.


Idoso, as quais não contemplam o afastamento do d) os pródigos.
vio

agressor do lar. e) aqueles que, por causa permanente, não puderem


b) requerer medida protetiva para encaminhamento do exprimir sua vontade.


O

LEGISLAÇÃO APLICADA À PMERJ


idoso à entidade de acolhimento, tendo em vista a
ri

ausência de previsão legal de afastamento do agres-


A

8. (FCC — 2020) A concepção e a implantação de proje-


sor do lar no Estatuto do Idoso. tos de uso público ou coletivo, bem como de políticas
c) ajuizar ação de reparação de danos materiais e morais públicas, devem atender aos princípios do desenho
em face do filho agressor, uma vez que, em razão do universal, a fim de garantir o direito à acessibilidade.
princípio da solidariedade familiar e da ausência de
previsão legal, não poderá postular medida protetiva De acordo com a Lei n.º 13.146/2015 (Lei Brasileira de
de afastamento do agressor do lar. Inclusão da Pessoa com Deficiência), pode-se consi-
d) requerer medida protetiva em favor do idoso, inclusive derar desenho universal a concepção de
o afastamento do filho agressor do lar, apesar da ine-
xistência de previsão legal no Estatuto do Idoso, sem a) produtos, ambientes, programas e serviços a serem
prejuízo de outras medidas cíveis e criminais cabíveis. usados por todas as pessoas, sem necessidade de
e) encaminhar o caso para o Ministério Público, o único adaptação ou projeto específico.
legitimado a ajuizar as medidas de proteção em favor b) produtos, ambientes e programas a serem usados somen-
do idoso. te por pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzi-
da, incluindo-se adaptações e projetos específicos.
217
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
c) produtos, equipamentos, dispositivos, recursos e ser- e) apesar de desejável, a fixação da curatela comparti-
viços que promovam a funcionalidade, relacionada lhada só deve ocorrer quando ambos os requerentes
exclusivamente à atividade e à participação da pes- apresentarem interesse no exercício da curatela, reve-
soa com deficiência ou com mobilidade reduzida, sem larem-se aptos ao exercício do munus e as circuns-
adaptações ou projetos específicos. tâncias fáticas evidenciarem que a medida é a que
d) produtos, equipamentos, dispositivos, recursos e ser- melhor resguarda os interesses do curatelado.
viços que promovam a funcionalidade, relacionada à
atividade e à participação de todas as pessoas, sem 11. (FCC — 2019) De acordo com o Censo do IBGE de
adaptações ou projetos específicos. 2010, o Brasil possui 45 milhões de Pessoas com Defi-
e) produtos, equipamentos, dispositivos, recursos e ser- ciência. A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
viços que promovam a inclusão de pessoas com defi- Deficiência – a Lei nº 13.146/2015 – afirma que o pro-
ciência ou mobilidade reduzida, incluindo adaptações cesso de habilitação e de reabilitação é um direito da
e projetos específicos. pessoa com deficiência.

9. (FCC — 2016) A pessoa com deficiência recebeu um De acordo com a lei mencionada, o processo de habili-
novo estatuto que, dentro dos limites legais, destina-se tação e de reabilitação tem por objetivo:
a assegurar e a promover, em condições de igualdade,
o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais a) educar a pessoa com deficiência para que supere as
por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão limitações que a impedem de desenvolver um convívio
social e cidadania. Dentre as novidades introduzidas, social amplo, abrangente e profuso, de modo a produ-
destaca-se o entendimento que zir padrões avançados de socialidade;
b) o desenvolvimento de potencialidades, talentos, habilida-
a) para emissão de documentos oficiais será exigida a des e aptidões físicas, cognitivas, sensoriais, psicosso-
situação de curatela da pessoa com deficiência. ciais, atitudinais, profissionais e artísticas que contribuam
b) a pessoa com deficiência está obrigada à fruição de para a conquista da autonomia da pessoa com deficiên-
benefícios decorrentes de ação afirmativa. cia e de sua participação social em igualdade de condi-
c) a pessoa com deficiência poderá ser obrigada a se ções e oportunidades com as demais pessoas;
submeter à intervenção clínica ou cirúrgica, a trata- c) a implantação e o incremento de ações, programas e pro-
mento ou à institucionalização forçada, sempre com jetos voltados à recuperação da autoestima da pessoa
recomendação médica, independentemente de risco com deficiência, de modo que ela se sinta segura e apta
de morte ou emergência. ao exercício de seus direitos de forma plena;
d) a educação constitui direito da pessoa com defi- d) buscar a volta à condição normal existente anterior à
ciência, a ser exercido em escola especial e direcio- deficiência, recuperando plenamente as funcionalida-
nada, em um local que não se conviva deficientes e des físicas ou mentais;
não- deficientes. e) instituir um plano visual e de locomoção nas institui-
e) a deficiência não afeta a plena capacidade civil da pes- ções públicas e de acesso aberto ao público em geral,
soa, inclusive para casar-se, constituir união estável e tendo em vista a plena acessibilidade de todas as pes-
9
exercer direitos sexuais e reprodutivos.
-9

soas com deficiência.


96
.3

10. (FCC — 2012) O Estatuto da Pessoa com Deficiência, 12. (FCC — 2019) A respeito do acesso à informação e
93

como ficou conhecida a Lei nº 13.146/2015, repre- à comunicação da pessoa com deficiência, é corre-
.0

senta relevante instrumento para a consolidação da to afirmar que, segundo o Estatuto da Pessoa com
06

proteção da dignidade da pessoa portadora de defi- Deficiência,


-1

ciência psíquica, anatômica ou fisiológica, buscando a


inclusão social e a diminuição das barreiras para inte- a) telecentros comunitários que receberem recursos públi-
a
lv

gração à vida social. A curatela passa, assim, a assu- cos federais para seu custeio ou sua instalação devem
Si

mir caráter excepcional, aplicada apenas quando e na possuir equipamentos e instalações acessíveis, não se
da

medida da necessidade. estendendo tal obrigação legal às lan houses.


b) os fornecedores devem disponibilizar, mediante soli-
vio

Sobre a matéria, é correto afirmar que: citação, exemplares de bulas, prospectos, textos ou

qualquer outro tipo de material de divulgação em for-


O

a) com a nova sistemática introduzida pela Lei nº mato acessível.


ri

13.146/2015, não se aplicam os impedimentos matri- c) considera-se barreira atitudinal formato não acessível
A

moniais às pessoas portadoras de deficiência mental; de arquivos digitais, ou seja, que não podem ser reco-
b) o casamento contraído pelo incapaz de consentir ou nhecidos e acessados por softwares leitores de telas
manifestar sua vontade, de modo inequívoco, é nulo ou outras tecnologias assistivas.
por ter assento em razões de ordem pública; d) por expressa disposição legal, cabe à iniciativa priva-
c) o curador, cônjuge do curatelado, tem o dever de pres- da incentivar a oferta de aparelhos de telefonia fixa e
tar contas da administração dos bens do curatelado, móvel com acessibilidade que permita a indicação e
qualquer que seja o regime de bens do casamento; ampliação sonoras de todas as operações e funções
d) a tomada de decisão apoiada introduzida pela Lei nº disponíveis.
13.146/2015 constitui um novo modelo jurídico de e) é obrigatória a acessibilidade nos sítios da internet
índole promocional das pessoas com deficiência, que mantidos por empresas com sede ou representação
reconhece a possibilidade de qualquer pessoa respon- comercial no País ou no exterior ou por órgãos de
sabilizar-se, de acordo com suas possibilidades, por governo, para uso da pessoa com deficiência.
seus atos. Por sua relevância, a medida pode ser insti-
tuída de ofício pelo juiz;
218
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13. (FCC — 2017) Considerando o disposto na Lei n.º 17. (FCC — 2020) Paula foi vítima de ameaça, crime
13.146/2015 — Estatuto da Pessoa com Deficiência esse previsto no Código Penal como de ação penal
(EPD) —, assinale a opção correta. pública condicionada à representação, praticada por
seu ex-companheiro Guilherme em razão de ciúmes.
a) É assegurado à pessoa com deficiência o direito de Inicialmente, Paula compareceu em sede policial e
votar e de ser votada, salvo na hipótese de curatela. narrou o ocorrido para a autoridade policial, demons-
b) O EPD revogou a Lei n.º 7.853/1989, que dispunha trando interesse em ver o autor do fato responsabiliza-
sobre o apoio às pessoas com deficiência. do criminalmente. Após o oferecimento da denúncia,
c) A deficiência não afeta a plena capacidade civil da mas antes do seu recebimento, Paula procurou seu
pessoa, salvo a condição de adotante em processo de advogado e informou não mais ter interesse em ver
adoção. Guilherme responsabilizado. Considerando apenas as
d) Os planos e seguros privados de saúde podem cobrar informações narradas, com base nas previsões da Lei
valores diferenciados das pessoas com deficiência nº 11.340/06 (Lei Maria da Penha), Paula:
em razão da sua deficiência.
e) Com a edição do EPD a incapacidade absoluta previs- a) poderá se retratar da representação oferecida, a
ta no Código Civil restringe-se aos menores de dezes- qualquer momento antes da sentença, já que não se
seis anos de idade. aplicam as previsões da Lei nº 11.340/06, pelo fato
de Guilherme não mais ser companheiro da vítima na
14. (FCC — 2016) Acerca das inovações introduzidas pela data dos fatos;
Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência b) poderá se retratar da representação oferecida, desde
(Estatuto da Pessoa com Deficiência, Lei no 13.146, de que antes do recebimento da denúncia, em audiência
06 de julho de 2015), é correto afirmar: especialmente designada para tal fim, na presença do
magistrado, ouvido o Ministério Público;
a) A interdição da pessoa com deficiência não mais afeta c) não poderá impedir a responsabilização penal de
os atos relacionados aos direitos de natureza patrimonial Guilherme, tendo em vista que, por ser praticado no
e de gestão negocial, que poderão ser realizados com a contexto da violência doméstica e familiar contra a
adoção de processo de tomada de decisão apoiada. mulher, a ação penal se torna pública incondicionada;
b) A declaração de incapacidade absoluta da pessoa d) poderá se retratar da representação através de novas
com deficiência está condicionada à prévia avaliação declarações prestadas em sede policial, desde que
por equipe multiprofissional e interdisciplinar. antes do recebimento da denúncia;
c) Para emissão de documentos oficiais, não será exigi- e) não poderá se retratar da representação ofertada, ten-
da a situação de curatela da pessoa com deficiência. do em vista que já houve oferecimento de denúncia.
d) O Estatuto instituiu em favor da pessoa com deficiên-
cia o benefício da meia entrada em espetáculos artís- 18. (FCC — 2017) Com relação à violência doméstica e
tico-culturais e esportivos. familiar contra a mulher, assinale a opção correta, con-
e) O pedido de tomada de decisão apoiada será formula- forme a Lei n.º 11.340/2006 (Lei Maria da Penha).
do por pelo menos dois apoiadores idôneos, devendo
9
-9

constar os limites do apoio a ser oferecido e o prazo a) Compete à equipe multiprofissional subsidiar o juiz,
96

de vigência do acordo. por meio de laudos ou verbalmente em audiência, e


.3

desenvolver trabalho de orientação à vítima, ao agres-


93

15. (FCC — 2022) Em relação ao sujeito passivo dos deli- sor e aos familiares.
.0

tos de violência doméstica e familiar contra a mulher, b) A mulher vítima de violência tem direito à readaptação
06

é correto afirmar que: e à reversão quando servidora pública, e, em caso de


-1

necessidade, de afastamento do local de trabalho.


a) há necessidade de demonstração de vulnerabilidade c) Nos casos da não localização do agressor pelo poder
a
lv

concreta; judiciário, a intimação poderá ser entregue pela vítima


Si

b) a ausência de demonstração de relação de inferiorida- como forma de agilizar o processo.


da

de inviabiliza a responsabilização criminal; d) Essa lei visa coibir todos os tipos de violência contra a
c) a hipossuficiência e a vulnerabilidade da mulher em mulher, sejam eles no âmbito doméstico, no trabalho
io

ou no trânsito.
v

contexto de violência doméstica e familiar é presumida;


d) em caso de subjugação feminina, a aplicação do siste- e) A violência doméstica está configurada por ação fun-
O

LEGISLAÇÃO APLICADA À PMERJ


ma protetivo depende de demonstração específica; damentada no gênero a qual provoque lesão e morte,
ri

e) a organização social brasileira não é mais um sistema ficando os casos de omissão e dano patrimonial trata-
A

hierárquico de poder baseado no gênero. dos por leis específicas.

16. (FCC — 2022) Em relação ao sistema protetivo da Lei 19. (FCC — 2021) Paula namorou João por onze meses,
Maria da Penha: tendo dado fim ao relacionamento em razão do com-
portamento ciumento e agressivo deste. Três meses
a) o âmbito da unidade doméstica engloba todo espa- após, João, inconformado com o fim do relacionamen-
ço de convívio de pessoas, desde que com vínculo to, abordou Paula na saída do seu trabalho e, após
familiar; desferir um soco em seu rosto, causando-lhe lesão
b) o âmbito familiar é caracterizado por qualquer relação leve, ainda a perseguiu até sua casa, ameaçando-a
íntima de afeto, dependente de coabitação; de morte caso não retomasse o namoro. Temendo a
c) o âmbito da unidade doméstica engloba todo espa- reação de João, Paula registrou o ocorrido, sendo os
ço de convívio de pessoas, exceto as agregadas fatos confirmados por perícia e testemunhas que pre-
esporadicamente; senciaram o evento. João foi denunciado pelos crimes
d) é desnecessária a demonstração específica da subju- de lesão corporal e ameaça.
gação feminina para sua aplicação. 219
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Diante do que foi acima narrado, é correto constatar que:
16 D
a) o fato não se encaixa na Lei Maria da Penha, pois ocor- 17 B
rido após o fim do relacionamento entre João e Paula;
b) caso condenado, João poderá ter sua pena privativa 18 A
de liberdade substituída por restritiva de direitos;
19 E
c) a natureza leve da lesão causada tornou indispensável
a representação da vítima para denúncia do crime de 20 A
lesão;
d) caso condenado, em razão da natureza dos delitos,
João não poderá apelar em liberdade;
e) caso condenado por pena de até dois anos, João
poderá ser beneficiado com a aplicação do sursis da ANOTAÇÕES
pena, não sendo cabível, contudo, a suspensão condi-
cional do processo.

20. (FCC — 2017) Tendo em vista que a violência domés-


tica contra a mulher ainda é um problema social grave
no Brasil, apesar da sua redução com o advento da Lei
Maria da Penha, assinale a opção correta com relação
aos crimes advindos da prática de violência contra a
mulher no âmbito doméstico e familiar.

a) O feminicidio, homicídio praticado contra a mulher em


razão do seu sexo, consiste na violência doméstica e
familiar ou no menosprezo ou discriminação à condi-
ção de mulher, com hipóteses de aumento de pena por
circunstâncias fáticas específicas.
b) O processamento de crimes praticados em situação
de violência doméstica se dá por meio de ação penal
de iniciativa pública incondicionada, segundo entendi-
mento do STF.
c) O crime de estupro é processado por meio de ação
penal de iniciativa pública condicionada à representa-
ção, da qual a vítima pode retratar-se mesmo após o
oferecimento da denúncia.
d) Os crimes de violência doméstica e familiar contra a
9
-9

mulher estão taxativamente elencados na Lei Maria da


96

Penha.
.3
93

9 GABARITO
.0
06
-1

1 D
a

2 E
lv
Si

3 E
da

4 D
vio

5 B
O

6 C
ri
A

7 B

8 A

9 E

10 E

11 B

12 B

13 E

14 C

15 C
220
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Princípios Gerais de Direito Administrativo

Os princípios gerais de direito administrativo são


os princípios basilares desse ramo jurídico, sendo
aplicáveis ante ao fato de a Administração Pública ser
NOÇÕES DE DIREITO considerada pessoa jurídica de direito público.
São princípios implícitos, uma vez que eles não
ADMINISTRATIVO precisam estar expressos na legislação para que a
doutrina aceite sua existência, afinal, sem esses prin-
cípios a Administração não poderia funcionar direi-
to. Esses princípios implícitos são dois: o princípio
da supremacia do interesse público e o princípio da
PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO indisponibilidade do interesse público.
PÚBLICA O princípio da supremacia do interesse público
é o princípio que confere prerrogativas à Administra-
NOÇÃO GERAL DE PRINCÍPIO ção em um patamar de superioridade (supremacia)
em relação ao particular.
Por motivos didáticos, costuma-se dividir as nor- A supremacia do interesse público sobre o pri-
mas cogentes em regras e princípios. Regras são nor- vado é um aspecto fundamental para o exercício da
mas cogentes que traduzem um comando direto, são função administrativa. Podemos citar como exemplo
criadas pelo legislador (portanto, são positivadas), a desapropriação de um imóvel pertencente a um par-
e são utilizadas para a solução de casos concretos e ticular: o particular pode ter interesse em não ter seu
específicos. bem desapropriado, ou achar o valor da indenização
Os princípios, por sua vez, delimitam os valores injusto, mas ele não pode ter interesse em extinguir o
fundamentais de um ramo do direito, possuem con- instituto da expropriação administrativa. Trata-se de
teúdo muito mais abrangente e são considerados mais um instituto que deve existir, independentemente da
importantes, dado o seu caráter geral e abstrato. Os sua vontade.
princípios são descobertos pela doutrina, através da Em se tratando de interesse público, de acordo
análise das regras, retirando os aspectos concretos com a doutrina, podemos dividi-lo em primário e
secundário.
desta. O legislador, dessa forma, tem um papel indire-
to na criação dos princípios.
Apesar das diferenças mencionadas, é indiscutível z Interesse público primário: interesse da coletivi-
dade;
que os princípios e as regras são normas que apresen-
z Interesse público secundário: interesse do Esta-
tam força cogente máxima. Porém, como os princípios
do, usualmente interesses de cunho patrimonial.
possuem valores fundamentais de um ramo jurídico,
são considerados hierarquicamente superiores. Vio-
Mas se o Estado apenas tivesse prerrogativas, com
9
lar uma regra é um erro grave, mas violar um prin-
-9

certeza ele agiria com abuso de autoridade. É por isso


cípio é erro gravíssimo: é cometer ofensa a todo um
96

que ao Estado também incumbe uma série de deve-


ordenamento de comandos.
.3

res, fundados pelo princípio da indisponibilidade


93

É importante mencionar que não há hierarquia


do interesse público. Tal princípio pressupõe que
material entre princípios. Os princípios, independen-
.0

o Poder Público não é dono do interesse público, ele


06

temente da matéria, possuem a mesma relevância


deve manuseá-lo segundo o que a norma lhe impõe.
-1

jurídica.
É por isso que ele não pode se desfazer de patrimô-
Importante: Os princípios, assim como as regras
a

nio público, contratar quem ele quiser, realizar gas-


lv

jurídicas, possuem força cogente.


tos sem prestar contas a seu superior etc. Tais atos
Si

Cabe ressaltar também que, caso ocorra conflito


configuram em desvio de finalidade, uma vez que o
da

entre dois ou mais princípios simultaneamente apli-


objetivo principal deles não é de interesse público,
cáveis a um caso concreto, sua solução deverá recor-
io

mas apenas do próprio agente, ou de algum terceiro


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
rer ao método da ponderação. Em que pese não haver
v

beneficiário.

hierarquia entre princípios, o método da ponderação


O

é o meio pelo qual se faz uma valoração do peso de Princípios Constitucionais da Administração Pública
ri

cada princípio, de acordo com o caso concreto. Lem-


A

bre-se: não há prevalência absoluta (hierarquia) de


São os princípios expressos, previstos no Texto
um princípio sobre o outro. Constitucional, mais especificamente no caput do art.
37. Segundo o referido dispositivo:
DOS PRINCÍPIOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 37 A administração pública direta e indireta
Os princípios de direito administrativo são, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
assim, os princípios que atuam como diretrizes sistê- Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
micas do próprio regime jurídico-administrativo. Os princípios de legalidade, impessoalidade, mora-
princípios que regem a atividade da Administração lidade, publicidade e eficiência […].
Pública são vastos, podendo estar explícitos em nor-
ma positivada, ou até mesmo implícitos, porém deno- Para memorizar os princípios constitucionais da
tados segundo a interpretação das normas jurídicas. Administração Pública, lembre-se do mnemônico
Temos, assim: os princípios gerais de direito adminis- L-I-M-P-E.
trativo, os princípios constitucionais e os princípios
infraconstitucionais. 221
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Legalidade
Impessoalidade
Moralidade
Publicidade
Eficiência

Assim, esquematicamente, temos os princípios constitucionais da:

z Legalidade

Fruto da própria noção de Estado de Direito, as atividades do gestor público estão submissas à forma da lei. A
legalidade promove maior segurança jurídica para os administrados, na medida em que proíbe que a Adminis-
tração Pública pratique atos abusivos. Ao contrário dos particulares, que podem fazer tudo aquilo que a lei não
proíbe, a Administração só pode realizar o que lhe é expressamente autorizado por lei.

O particular pode fazer tudo que


Legalidade
não houver proibição legal

LEGALIDADE
Administração O agente público só pode fazer o
Pública que a lei autoriza

z Impessoalidade

A atividade da Administração Pública deve ser imparcial, de modo que é vedado haver qualquer forma de
tratamento diferenciado entre os administrados. Esse princípio apresenta algumas vertentes que é importante
conhecer:

„ Princípio da finalidade: há uma forte relação entre a impessoalidade e a finalidade pública, pois quem age
por interesse próprio não condiz com a finalidade do interesse público. A atuação administrativa sempre
tem como fim o interesse público, deste modo, é vedado que se busque o interesse próprio ou de terceiros.
O ato que é praticado com finalidade diversa do interesse público será considerado nulo, constatando-se o
desvio de finalidade;
„ Vedação à promoção pessoal: as realizações de Administração Pública não podem ser utilizadas como
9
instrumento para a promoção pessoal dos agentes públicos. A atuação administrativa é realizada em nome
-9

da Administração, sendo vedada a vinculação com a pessoa dos agentes públicos. É importante ressaltar
96

também que é vedado, na publicidade oficial, constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem a pro-
.3

moção pessoal dos agentes públicos. Esse é o fundamento da chamada “Teoria do Órgão”. Por causa disso,
93

é vedada a possibilidade do agente público de utilizar os recursos da Administração Pública para fins de
.0

promoção pessoal, conforme aponta o § 1º, do art. 37, da CF, de 1988.


06
-1

z Moralidade
a
lv
Si

A Administração impõe a seus agentes o dever de zelar por uma “boa administração”, buscando atuar com
base nos valores da moral comum, isto é, pela ética, decoro, boa-fé e lealdade. A moralidade não é somente um
da

princípio, mas também requisito de validade dos atos administrativos, ou seja, um ato administrativo imoral é
io

um ato nulo.
v

É importante também ressaltar que a moralidade administrativa tem conotação objetiva, ou seja, não depende

O

da convicção ou concepção subjetiva do agente público.


ri

Outro importante destaque a ser feito tange a vedação da prática do nepotismo. Sua prática ofende os princí-
A

pios da moralidade, da impessoalidade e da eficiência. Vejamos a Súmula Vinculante nº 13, do STF:

Súmula Vinculante nº 13 A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou


por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica
investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança
ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a
Constituição Federal.

A vedação da Súmula Vinculante nº 13 não alcança a nomeação a cargos políticos em razão das qualidades
técnicas e as nomeações de servidores previamente aprovados em concursos públicos.

z Publicidade

A publicação dos atos da Administração promove maior transparência e garante eficácia erga omnes (para
222 todos). Trata-se de um requisito de eficácia dos atos administrativos.
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Além disso, também diz respeito ao direito fundamental que toda pessoa tem de obter acesso a informações de
seu interesse pelos órgãos estatais, salvo as hipóteses em que esse direito ponha em risco a vida dos particulares
ou o próprio Estado, ou ainda que ponha em risco a vida íntima dos envolvidos.
Em outras palavras, a publicidade (transparência) dos atos administrativos é a regra, porém, há hipóteses em
que a lei poderá estabelecer o sigilo. Vejamos o disposto na Constituição Federal:

Art. 5º […]
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse
coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo
seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social
o exigirem;

Transparência
(publicidade)
PUBLICIDADE
DOS ATOS Segurança da Sociedade e
ADMINISTRATIVOS do Estado
Sigilo

Defesa da intimidade ou
interesse social

z Eficiência

Implementada pela reforma administrativa promovida pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998, a eficiência
traduz-se na tarefa da Administração de alcançar os seus resultados de uma forma célere, promovendo melhor
produtividade e rendimento, evitando gastos desnecessários no exercício de suas funções. A eficiência fez com
que a Administração brasileira adquirisse caráter gerencial, tendo maior preocupação na execução de serviços
com perfeição ao invés de se preocupar com procedimentos e outras burocracias.
Em que pese a adoção da eficiência buscar a produtividade, economicidade e redução dos desperdícios de
dinheiro público, ela não permite à Administração agir fora da lei, ou seja, o princípio da eficiência não se sobre-
põe ao princípio da legalidade.

Princípios Reconhecidos em Legislação Infraconstitucional


9
-9
96

Os princípios administrativos não se esgotam no âmbito constitucional. Existem outros princípios cuja previ-
.3

são não está disposta na Carta Magna, e sim na legislação infraconstitucional, sendo reconhecidos tanto pela
93

doutrina como pela jurisprudência. É o caso do disposto no caput do art. 2º, da Lei nº 9.784, de 1999:
.0
06

Art. 2° A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação,
-1

razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e
a

eficiência.
lv
Si

Princípio da Autotutela
da
io

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO


A autotutela é um dos princípios com maior incidência em provas, e diz respeito ao controle interno que a
v

Administração Pública exerce sobre os seus próprios atos. Isso significa que, havendo algum ato administrativo
O

ilícito ou que seja inconveniente e contrário ao interesse público, não é necessária a intervenção judicial para que
ri

a própria Administração anule ou revogue esses atos.


A

Não havendo necessidade de recorrer ao Poder Judiciário, quis o legislador que a Administração possa, dessa
forma, promover maior celeridade na recomposição da ordem jurídica afetada pelo ato ilícito, e garantir maior
proteção ao interesse público contra os atos inconvenientes.
Segundo o disposto no art. 53, da Lei nº 9.784, de 1999:

Art. 53 A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-
-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos”.

A distinção feita pelo legislador é bastante oportuna: ele enfatiza a natureza vinculada do ato anulatório, e a
discricionariedade do ato revogatório. A Administração pode revogar os atos inconvenientes, mas tem o dever
de anular os atos ilegais.
As formas de desfazimento dos atos administrativos podem se dar por meio do controle de legalidade ou pelo
controle de mérito. O controle de legalidade é quando se identifica e anula o ato ilegal. Já o controle de mérito
ocorre nas hipóteses de inconveniência e inoportunidade do ato administrativo, o qual poderá suceder a revoga-
ção do ato. 223
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
É importante destacar que o Poder Judiciário pode ato (em respeito ao princípio da eficiência). A motiva-
realizar o controle de legalidade do ato administrati- ção intempestiva, isto é, aquela dada em um momen-
vo, mediante provocação. Atente-se para o fato de que to demasiadamente posterior, é causa de nulidade do
este só realiza o controle de legalidade (anulação do ato administrativo.
ato) e não o controle de mérito.
A autotutela também tem previsão em duas súmu- Princípio da Finalidade
las do Supremo Tribunal Federal: Súmula nº 346 e a
Súmula nº 473: Sua previsão encontra-se no inciso II, parágrafo
único, art. 2º, da Lei nº 9.784, de 1999:
Súmula nº 346 (STF) A Administração Pública
pode declarar a nulidade de seus próprios atos. Art. 2° [...]
Súmula nº 473 (STF) A administração pode anu- Parágrafo único. Nos processos administrativos
lar seus próprios atos, quando eivados de vícios serão observados, entre outros, os critérios de:
que os tornam ilegais, porque deles não se origi- […]
nam direitos; ou revogá-los, por motivo de conve- II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a
niência ou oportunidade, respeitados os direitos renúncia total ou parcial de poderes ou competên-
adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apre- cias, salvo autorização em lei.
ciação judicial.
O princípio da finalidade muito se assemelha ao da
Dica primazia do interesse público. O primeiro impõe que
o administrador sempre aja em prol de uma finalida-
Anulação: atos ilegais.
de específica, prevista em lei. Já o princípio da prima-
Revogação: atos inconvenientes ou inoportunos
zia do interesse público diz respeito à sobreposição do
(neste caso, os atos são válidos). interesse da coletividade em relação ao interesse pri-
vado. A finalidade disposta em lei pode, por exemplo,
Princípio da Motivação ser justamente a proteção ao interesse público.
Com isso, fica bastante clara a ideia de que todo
Um princípio implícito, também pode constar em ato, além de ser devidamente motivado, possui um
algumas questões como “princípio da obrigatória fim específico, com a devida previsão legal. O desvio
motivação”. Trata-se de uma técnica de controle dos de finalidade ou o desvio de poder são defeitos que
atos administrativos, o qual impõe à Administração o tornam nulo o ato praticado pelo Poder Público.
dever de indicar os pressupostos de fato e de direi-
to que justificam a prática daquele ato. Princípio da Razoabilidade
A fundamentação da prática dos atos administra-
tivos será sempre por escrito. Possui previsão no art.
Agir com razoabilidade é decorrência da própria
50, da Lei nº 9.784, de 1999:
noção de competência. Todo poder tem suas corres-
pondentes limitações. O Estado deve realizar suas
9
Art. 50 Os atos administrativos deverão ser moti-
-9

funções com coerência, equilíbrio e bom senso. Não


vados, com indicação dos fatos e dos fundamentos
96

basta apenas atender à finalidade prevista na lei, mas


jurídicos [...]”
.3

é de igual importância o como ela será atingida. É uma


93

decorrência lógica do princípio da legalidade.


E também no inciso VII, do parágrafo único, do art.
.0

Dessa forma, os atos imoderados, abusivos, irracio-


2º, da mesma Lei:
06

nais e incoerentes, são incompatíveis com o interesse


-1

público, podendo ser anulados pelo Poder Judiciário


Art. 2° [...]
ou pela própria entidade administrativa que praticou
a

Parágrafo único. Nos processos administrativos


lv

serão observados, entre outros, os critérios de: tal medida.


Si

[…] Em termos práticos, a razoabilidade (ou falta dela)


da

VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito é mais aparente quando tenta coibir o excesso pelo
io

que determinarem a decisão. exercício do poder disciplinar ou poder de polícia.


v

Poder disciplinar traduz-se na prática de atos de con-


A motivação é uma decorrência natural do princí- trole exercidos contra seus próprios agentes, isto é, de
O

pio da legalidade, pois a prática de um ato administra- destinação interna. Poder de polícia é o conjunto de
ri
A

tivo fundamentado, mas que não esteja previsto em atos praticados pelo Estado que tem por escopo limi-
lei, seria algo ilógico. tar e condicionar o exercício de direitos individuais e
Convém estabelecer a diferença entre motivo o direito à propriedade privada.
e motivação. Motivo é o ato que autoriza a prática
da medida administrativa, portanto, antecede o ato Princípio da Proporcionalidade
administrativo. A motivação, por sua vez, é o fun-
damento escrito, de fato ou de direito, que justifica a O princípio da proporcionalidade tem similitudes
prática da referida medida. Exemplo: na hipótese de com o princípio da razoabilidade, sendo implícito
alguém sofrer uma multa por ultrapassar limite de também. Há muitos autores, inclusive, que preferem
velocidade, a infração é o motivo (ultrapassagem do unir os dois princípios em uma nomenclatura só. De
limite máximo de velocidade); já o documento de noti- fato, a Administração Pública deve atentar-se a exage-
ficação da multa é a motivação. A multa seria, então, o ros no exercício de suas funções. A proporcionalidade
ato administrativo em questão. é um aspecto da razoabilidade voltado a controlar a
Quanto ao momento correto para sua apresenta- justa medida na prática de atos administrativos. Bus-
ção, entende-se que a motivação pode ocorrer simul- ca a proporcionalidade entre os meios utilizados e os
224 taneamente, ou em um instante posterior à prática do fins que a Administração Pública pretende alcançar.
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Segundo o inciso VI, parágrafo único, art. 2º, da Lei Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa
nº 9.784, de 1999:
Esse princípio encontra-se explícito tanto no art.
Art. 2° [...] 5º, da Constituição Federal, de 1988, quanto no caput
Parágrafo único [...] do art. 2º, da Lei nº 9.784, de 1999. Vejamos ambas as
VI - Adequação entre meios e fins, vedada a disposições:
imposição de obrigações, restrições e sanções em
medida superior àquelas estritamente necessárias Art. 5º (CF, de 1988) […]
ao atendimento do interesse público; LV - aos litigantes, em processo judicial ou admi-
nistrativo, e aos acusados em geral são assegu-
Na prática, a proporcionalidade também encontra rados o contraditório e ampla defesa, com os
sua aplicação no exercício do poder disciplinar e do meios e recursos a ela inerentes;
Art. 2º (Lei nº 9.784, de 1999) A Administração
poder de polícia.
Pública obedecerá, dentre outros, aos princí-
pios da legalidade, finalidade, motivação, razoa-
Princípio da Presunção de Legitimidade, Legalidade bilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla
e Veracidade defesa, contraditório, segurança jurídica, inte-
resse público e eficiência.
O princípio da presunção de legitimidade, também
conhecido por princípio da legalidade ou veracidade, O contraditório refere-se ao direito que o interes-
afirma que os atos praticados pela Administração Públi- sado possui de se contrapor às alegações feitas pela
ca gozam de presunção de legitimidade, veracidade e parte contrária. Já a ampla defesa confere o direito
legalidade, ou seja, o ato é verdadeiro, praticado com de se defender por todos os meios e recursos juridica-
observância das normas legais e por pessoa legítima. mente válidos.
É importante ressaltar que a presunção de legiti- Esses não são os únicos princípios que regem as
midade é relativa (juris tantum), admitindo prova em relações da Administração Pública. Porém, escolhe-
contrário. Neste caso, ocorre uma inversão do ônus da mos trazer com mais detalhes os princípios que jul-
prova, sendo que quem deverá provar que o ato é ile- gamos ser mais característicos da Administração. Isso
gal, inverídico ou ilegítimo é o particular. não quer dizer que outros princípios não possam ser
Desse princípio decorre a autoexecutoriedade das estudados ou aplicados a esse ramo jurídico.
decisões administrativas, de modo que os atos terão
execução imediata e, caso o particular se sinta lesado,
deverá submeter a decisão administrativa ao Poder ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO
Judiciário.
PÚBLICA
Princípio da Segurança Jurídica
NOÇÕES DE ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA: O
9
DECRETO-LEI Nº 200, DE 1967
-9

O princípio da segurança jurídica, de um modo


96

amplo, busca resguardar a estabilidade das relações O Decreto-Lei nº 200, de 1967, é a legislação que
.3

jurídicas. No que tange a área administrativa, esse dispõe sobre a organização administrativa, além de
93

princípio tem como o objetivo resguardar o particu- estabelecer diretrizes para a Reforma Administrati-
.0

lar sobre mudanças de orientação e interpretação da va. Para executar suas funções e expedir seus atos,
06

atuação administrativa. a Administração dispõe de duas técnicas distintas: a


-1

Neste sentido, Maria Sylvia Zanella Di Pietro leciona: desconcentração e a descentralização.


a
lv

O princípio se justifica pelo fato de ser comum, na


Si

CENTRALIZAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO
esfera administrativa, haver mudança de inter-
da

pretação de determinadas normas legais, com a A centralização dá-se quando o Estado executa
io

conseqüente mudança de orientação, em caráter


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
diretamente suas tarefas por intermédio de órgãos e
v

normativo, afetando situações já reconhecidas e


agentes administrativos subordinados à mesma pes-


consolidadas na vigência de orientação anterior.
O

soa política.2
Essa possibilidade de mudança de orientação é ine-
ri

Descentralização é a técnica por meio da qual a


A

vitável, porém gera insegurança jurídica, pois os Administração Pública atribui suas competências a
interessados nunca sabem quando a sua situação pessoas jurídicas autônomas, criadas por ela própria
será passível de contestação pela própria Adminis- para esse fim. Na descentralização administrativa, o
tração Pública.1 Estado executa indiretamente suas tarefas, que são
delegadas a outras entidades (Administração Indire-
Deste modo, entendemos que a mudança na inter- ta ou particulares prestadores de serviços públicos).
pretação e orientação da Administração Pública é A descentralização é considerada um princípio funda-
inevitável, mas não deve prejudicar e ser aplicada em mental da própria Administração, nos termos do inci-
casos passados. Nesse sentido, a Lei nº 9.784, de 1999, so III, art. 6º, do Decreto-Lei nº 200, de 1967.
no âmbito federal, proíbe a retroatividade da nova Na centralização/descentralização, costuma-se uti-
interpretação de norma administrativa. lizar com bastante frequência o termo entidade. Nos
termos do inciso II, § 2º, do art. 1º, da Lei nº 9.784, de
1999:
1  DI PIETRO, M. S. Z. Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2001, p. 85.
2 FILHO, J. dos S. C. Manual de Direito Administrativo. 27. Ed. São Paulo: Atlas. p. 473. 225
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Art. 1° [...] CONCENTRAÇÃO E DESCONCENTRAÇÃO
§ 2º Para os fins desta Lei, consideram-se: [...]
II - entidade - a unidade de atuação dotada de per- Concentração é o fenômeno em que temos uma
sonalidade jurídica”. absorção ou avocação de competências de um órgão
sobre outro. Difere-se da descentralização justamen-
Entidade da Administração, assim, é qualquer pes- te neste aspecto: os órgãos públicos, ao contrário das
soa jurídica autônoma cujo serviço público foi outor- autarquias, fundações etc., não têm personalidade
gado pela entidade federativa, isto é, pelas pessoas jurídica própria, e, por isso, não possuem a mesma
jurídicas de Direito Público interno (União, estados, autonomia dos entes descentralizados, permanecen-
municípios, Distrito Federal etc.). Os membros fede- do vinculados hierarquicamente ao Estado.
rais, nesses casos, realizam apenas uma tarefa de con- Desconcentração é a técnica utilizada para o
trole e fiscalização do serviço prestado pela entidade exercício de competências administrativas, median-
outorgada. te órgãos públicos despersonalizados e vinculados
A descentralização pode ocorrer de duas manei- hierarquicamente aos entes da Federação. Há a
ras: mediante outorga ou delegação: repartição das atribuições entre os órgãos públicos
pertencentes a uma mesma pessoa jurídica, por isso a
z Descentralização mediante outorga: o Estado, sua vinculação hierárquica. Cabe ressaltar que a des-
mediante lei, cria ou autoriza a criação de uma concentração pode ocorrer tanto na Administração
entidade e atribui a ela determinado serviço públi- Direta (criação de órgãos), quanto na Administração
co por prazo indeterminado. Neste caso, transfere- Indireta (distribuição e subdivisão da entidade em
-se a titularidade e a execução do serviço público. órgãos, departamentos etc.).
Veja os pontos mais importantes quanto à
A descentralização mediante outorga decorre do desconcentração:
princípio da especialidade, de modo que se criam enti-
dades para o desempenho de finalidades específicas. z Atribuição de competência a órgãos sem persona-
Podemos citar como exemplo a criação da Empresa lidade jurídica própria;
Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), em 1969; à z Órgãos vinculados hierarquicamente
época (vigente a Constituição de 1967), era de compe- (subordinação);
tência da União manter os serviços postais e o Correio z Pode ocorrer na Administração Direta e Indireta;
z Segmentação de competências, dentro de uma
Aéreo Nacional. Neste caso, ocorreu a descentraliza-
mesma pessoa jurídica, destinadas a um órgão.
ção mediante outorga, instituindo a ECT, na forma de
empresa pública, com a competência de executar e con-
trolar os serviços postais em todo o território nacional. Dica
Cabe ressaltar que não há que se falar em vín- Lembre-se do jogo de palavras a seguir para dife-
culo de hierarquia e subordinação entre o poder renciar a descentralização da desconcentração:
outorgante e o outorgado. Apenas ocorre uma forma desCEntralização: Cria Entidade
9
de vinculação, na qual impera o controle finalístico
-9

desCOncentração: Cria Órgão


(supervisão ou tutela administrativa), que busca fis-
96

calizar e apurar se os fins objetivados estão sendo


.3

Órgãos Administrativos
93

alcançados;
.0

Muito importante para a desconcentração é a


06

z Descentralização por delegação: o Estado, median- noção de órgão público ou órgão administrativo. Nos
-1

te ato ou contrato, transfere a execução de deter- termos do inciso I, § 2º, do art. 1º, da Lei nº 9.784, de
minado serviço público por prazo determinado.
a

1999, órgão público é


lv

Podemos citar como exemplo a delegação da União


Si

à empresa de telefonia fixa XPTO, mediante contrato, Art. 1° A unidade de atuação integrante da estrutu-
da

da prestação de serviços públicos de telefonia fixa. ra da Administração direta e da estrutura da Admi-


io

nistração indireta.
v

Na descentralização por delegação, também não


existe vínculo de hierarquia e subordinação, mas Assim, podemos definir órgão administrativo (ou
O

o controle é mais amplo e rígido, podendo ser exer- órgão público) como um núcleo de competências do
ri
A

cido pelo poder concedente ao particular de diversas Estado sem personalidade jurídica própria. Por ser
formas. órgão despersonalizado, não pode integrar os polos
Para facilitar seu estudo, veja a tabela a seguir: ativo ou passivo das ações que objetivam a reparação
de danos causados pelo exercício da Administração,
devendo a pessoa jurídica à qual o órgão pertence ser
DESCENTRALIZAÇÃO
acionada em tais hipóteses.
Entidades com personalidade jurídica própria A Teoria do Órgão (também pode aparecer como
Não existe vínculo de hierarquia e subordinação princípio da imputação volitiva) é uma invenção
doutrinária que procura imputar as ações cometidas
Descentralização Descentralização por
pelos agentes e servidores públicos à pessoa jurídica à
mediante outorga delegação
qual ele esteja ligado. Pela Teoria do Órgão, os agentes
Mediante lei Mediante ato ou contrato públicos não podem responder pessoalmente pelos
Transfere a titularidade e a Transfere apenas a atos que praticam no exercício de suas funções, uma
execução execução vez que a responsabilidade pela execução de tais tare-
fas é do Estado, sendo representado por seus órgãos e
226 Prazo indeterminado Prazo determinado entes com personalidade jurídica própria.
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A criação e a extinção dos órgãos públicos dão- „ Órgãos coletivos: aqueles que decidem pela
-se sempre mediante lei, igual ao que ocorre com as manifestação de muitos membros, de forma
autarquias e demais entidades da Administração Indi- conjunta e por maioria, sem manifestação de
reta, com personalidade jurídica de direito público. vontade de um único chefe. A vontade da maio-
Entretanto, as regras quanto ao seu funcionamento, a ria é imposta de forma legal, regimental ou
sua estruturação e outros aspectos secundários são regu- estatutária.
lamentadas pelo Poder Executivo, mediante decreto.
Outra característica interessante dos órgãos públi- Em relação às modalidades de desconcentra-
cos diz respeito a sua capacidade processual. Em ção, a doutrina tende a classificá-la em três espécies
regra, órgãos públicos não podem ingressar em juízo, distintas:
porque eles não têm personalidade jurídica própria.
Entretanto, existem algumas exceções. São os z Desconcentração territorial ou geográfica: é
casos dos órgãos públicos independentes. Por serem aquela em que todos os órgãos recebem as mes-
independentes (e não autônomos), eles não estão mas competências em relação à matéria, a diferen-
vinculados a outro órgão ou entidade, possuindo ça encontra-se apenas nas regiões em que devem
prerrogativas de ordem constitucional, e sendo titu- atuar. É o caso da Delegacias de Polícia;
lares de direitos subjetivos. É o caso da Câmara dos z Desconcentração material ou temática: é a que
Deputados, da Presidência da República, do Senado, distribui as competências administrativas tendo em
do Supremo Tribunal Federal etc. Todos esses órgãos vista a especialização de cada órgão em um assun-
independentes possuem capacidade postulatória to específico. Exemplo: Ministério da Cultura da
para ingressar em juízo, a fim de defender os seus União;
próprios interesses. z Desconcentração hierárquica ou funcional: o ele-
Há, inclusive, uma classificação quanto às diferen- mento diferenciador é a relação de subordinação e
tes espécies de órgãos, que poderá ser: hierarquia entre os órgãos públicos. Exemplo: os
tribunais administrativos possuem subordinação
z Quanto à posição estatal: em relação aos órgãos de primeira instância.

„ Órgãos independentes: como vimos, são os DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA E INDIRETA


que representam o Estado em seus Três Pode-
res, não havendo uma relação de hierarquia Administração Direta, ou Centralizada, é a
entre os mesmos (Congresso Nacional, Câmara parte da Administração Pública que compreende: as
dos Deputados, Tribunais, Varas Judiciais etc.); pessoas jurídicas de direito público interno (União,
„ Órgãos autônomos: órgãos subordinados dire- Estados, Municípios e Distrito Federal), somados a
tamente à cúpula da Administração. Têm grande todos os seus ministérios, ouvidorias, secretarias e
autonomia administrativa, financeira e técnica, outros tantos órgãos despersonalizados.
caracterizando-se como órgãos diretivos (Minis- Já a Administração Indireta ou Descentraliza-
tério Público, Defensoria Pública, AGU, PGR etc.); da é a expressão utilizada para designar o conjunto
9
-9

„ Órgãos superiores: possuem poder de dire- de pessoas jurídicas autônomas criadas pelo próprio
96

ção, controle, decisão e comando dos assuntos Estado para atingir determinada finalidade pública.
.3

de sua competência específica. Representam as Se as entidades são dotadas de personalidade jurídi-


93

primeiras divisões dos órgãos independentes e ca própria, elas têm patrimônio próprio, que não se
.0

autônomos (Gabinetes, Coordenadorias, Depar- confunde com o patrimônio pessoal de seus agentes,
06

tamentos, Divisões etc.); e também têm responsabilidade pelos danos e prejuí-


-1

„ Órgãos subalternos: destinam-se à execução zos causados por seus agentes públicos, podendo res-
dos trabalhos de rotina, cumprem ordens supe-
a

ponder judicialmente pela prática desses atos.


lv

riores (portarias, seções de expediente etc.).


Si

Dica
da

z Quanto à composição:
Estudaremos a fundo os conceitos aqui expos-
io

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO


v

„ Órgãos simples: são aqueles que possuem um tos, mas, de antemão, lembre-se do mnemônico

único centro de competência. Sua característi- “FASE” para memorizar as espécies de entidades
O

ca fundamental é a ausência de outro órgão em descentralizadas: Fundação Pública, Autarquia,


ri
A

sua estrutura para auxiliá-lo no desempenho Sociedade de Economia Mista, Empresa Pública.
de suas funções;
„ Órgãos compostos: possuem em sua estrutu- DOS ENTES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ra outros órgãos menores, seja com o desem- INDIRETA: AUTARQUIAS, FUNDAÇÕES, EMPRESAS
penho de função principal ou com o auxílio PÚBLICAS E SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA
nas atividades. As funções são distribuídas em
vários centros de competência, sob a supervi- As entidades da Administração Indireta podem ter
são do órgão de chefia. personalidade jurídica de direito público ou de direito
privado. Tal diferença é bastante relevante no que diz
z Quanto à forma de atuação funcional: respeito ao procedimento de criação dessas entidades
autônomas.
„ Órgãos singulares: são aqueles que decidem e As pessoas jurídicas de direito público são criadas
atuam por meio de um único agente, o chefe. por lei (XIX, art. 37, da CF, de 1988) e a sua personali-
Possuem agentes auxiliares, mas sua caracte- dade jurídica advém no momento em que tal legisla-
rística de singularidade é desenvolvida pela ção entra em vigor no âmbito jurídico, não havendo
função de um único agente, em geral, o titular; necessidade de registro em cartório. As pessoas 227
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
jurídicas de direito privado, todavia, são autorizadas O regime de pessoal das autarquias é o estatu-
pela lei (XX, art. 37, da CF, de 1988), ou seja, a legis- tário. Significa que a autarquia não pode contratar
lação deve permitir que ela exista para que o Poder quem ela quiser, como se fosse um empregador: seus
Executivo regulamente suas funções mediante a expe- funcionários devem ser servidores públicos, pre-
dição de decretos. Sua personalidade jurídica, dessa viamente aprovados em prova de concurso público.
forma, está condicionada ao seu registro em cartório. Assim, todas as questões referentes ao regime laboral
São pessoas jurídicas de direito público, membros desses servidores devem ser resolvidas tendo como
da Administração Indireta: autarquias, fundações base a Lei nº 8.112, de 1990, conhecida também como
públicas, agências reguladoras e associações públicas. Estatuto dos Servidores Públicos Civis da União.
São pessoas jurídicas de direito privado: empre- O patrimônio das autarquias consiste em bens
sas públicas, sociedades de economia mista, funda- públicos, que gozam da garantia de serem inalie-
ções governamentais com estrutura de pessoa jurídica náveis e impenhoráveis. Se o patrimônio é público,
de direito privado, subsidiárias e consórcios públicos significa que ele é utilizado de forma a atender uma
de direito privado. finalidade pública. Logo, a autarquia não pode abrir
mão desses bens, nem os dar em garantia.
Autarquias As autarquias, por estarem submetidas ao regime
de direito público, praticam, por meio de seus agen-
As autarquias são pessoas jurídicas de direito tes, atos administrativos (declarações unilaterais de
público interno, criadas por legislação própria, que vontade) e somente podem celebrar contratos públi-
têm por escopo exercer as funções típicas da Adminis- cos (contratos administrativos), isto é, são contra-
tração Pública. Trata-se da prestação descentralizada tos típicos da Administração Pública, que a colocam
de serviços públicos. em posição mais vantajosa em relação ao particular
As autarquias possuem um conceito definido interessado.
em lei, mais especificamente no inciso I, art. 5º, do As autarquias possuem imunidade tributária,
Decreto-Lei nº 200, de 1967: para os fins desta lei, com fundamento no § 2º, do art. 150, da CF, que dispõe
considera-se: que é vedada a cobrança de impostos de autarquias,
no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços,
Art. 5° [...] vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas
I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por decorrentes.
lei, com personalidade jurídica, patrimônio e Pode-se afirmar que vigora o princípio da espe-
receita próprios, para executar atividades típicas cialidade no regime das autarquias. Isso significa que
da Administração Pública, que requeiram, para seu cada entidade é criada para atender a uma finalidade
melhor funcionamento, gestão administrativa e individual e específica. Exemplificando: para tratar
financeira descentralizada. de questões do regime de previdência social, temos o
INSS, que é a única autarquia responsável pela con-
Podemos fazer alguns comentários sobre o concei- cessão de benefícios previdenciários. É o próprio INSS
to apresentado. Ao dizer que as autarquias são cria- que responde em juízo, havendo uma ação previden-
9
das “para executar atividades típicas da Administração ciária pleiteada por particular, e não a União/Estado.
-9

Pública”, o texto legal faz referência àquelas ativida- O juízo competente para julgar causas comuns
96

des características do Poder Público e que só podem que envolvem as autarquias federais é a Justiça
.3

ser executadas pelo mesmo, em regra. São atividades


93

Federal. Já no que tange aos processos que envolvem


em que deve haver a prevalência do interesse público as autarquias estaduais e municipais, a competên-
.0

sobre o privado; por isso mesmo, as autarquias gozam


06

cia será da Justiça Estadual.


de diversas prerrogativas para executar tais tarefas. É
-1

A responsabilidade civil das autarquias é objeti-


por isso que as autarquias são pessoas jurídicas de va; elas respondem pelos prejuízos que seus agentes,
a

direito público. Com isso, tais entidades são proibi-


lv

nessa qualidade, causarem a terceiros, nos termos do


Si

das de exercer qualquer atividade econômica, o que § 6º, do art. 37, da CF.
lhes proporciona uma grande vantagem: não pode ser
da

Para facilitar seu estudo, veja as principais infor-


decretada a falência delas e também gozam de imuni- mações e características das autarquias:
io

dade tributária.
v

A sua criação depende de lei específica. Isso signi- z Prestação de serviços e atividades típicas do
O

fica que a sua existência é condicionada apenas pelo Estado;


ri

trabalho realizado pelo legislador; não há outros atos z Não se destinam à exploração de atividade econômica;
A

subsequentes que condicionam sua existência, como z Regime jurídico público;


acontece com as pessoas jurídicas de direito privado. z Criadas por lei, com personalidade jurídica, patri-
De mesmo modo, a extinção de autarquias somente mônio e receita próprios;
pode se dar por lei específica. z Possuem imunidade tributária;
z Celebram contratos administrativos;
CRIAÇÃO DE ENTIDADES DA z Responsabilidade civil objetiva.
ADMINISTRAÇÃO INDIRETA
Devido à multiplicidade de assuntos, temos, con-
sequentemente, uma multiplicidade de autarquias. A
Autarquia Outras entidades doutrina tende a classificar as autarquias nos seguin-
tes grupos:

Lei específica z Administrativas: são as autarquias comuns, apre-


Lei específica cria e
autoriza sentam regime jurídico ordinário. Exemplo: Insti-
extingue
tuto Nacional de Seguridade Social (INSS);
228
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z Especiais: possuem maior autonomia em relação destinado, por lei, ao desempenho de atividades do
às autarquias administrativas devido à presença Estado na ordem social, com capacidade de autoad-
de certas características, como a presença de diri- ministração e mediante controle da Administração
gentes com mandato fixo. Podem subdividir-se em: Pública, nos limites da lei.3

„ Especiais stricto sensu (Banco Central); A Funai, Funasa e o IBGE são alguns exemplos de
„ Agências reguladoras (Anatel, Anvisa). fundações públicas.
Pelo conceito disposto na legislação, percebe-se
z Corporativas: corporações profissionais, que pro- que o referido Decreto-Lei dispõe serem as funda-
movem o controle e a fiscalização de categorias ções entidades com personalidade jurídica de direito
profissionais. Exemplos: CREA, CRO, CRM; privado. Tal conceituação não foi recepcionada pela
z Fundacionais: são as fundações públicas, enti- Constituição Federal, de 1988, que, no inciso XIX, do
dades que arrecadam patrimônio para o cumpri- art. 37, decidiu não fazer tal distinção:
mento de um objetivo específico. Exemplos: Funai,
Procon, Funasa; Art. 37 (CF, de 1988) [...]
z Territoriais: autarquias de controle da União, XIX - somente por lei específica poderá ser criada
também denominadas territórios federais (art. 33, autarquia e autorizada a instituição de empresa
da CF, de 1988). A atual Constituição aboliu os ter- pública, de sociedade de economia mista e de fun-
ritórios federais remanescentes; dação, cabendo à lei complementar, neste último
z Associativas: são as autarquias criadas pelo caso, definir as áreas de sua atuação;
resultado de uma celebração de consórcio públi-
co, também denominadas associações públicas. Dessa forma, concluímos que as fundações podem
Se o contrato de consórcio público envolver múl- ser tanto de Direito Público como de Direito Priva-
tiplos entes da Federação, tais autarquias podem do, dependendo do que a lei instituidora da fundação
ser transfederativas. Exemplo: associação criada delimitar quanto às suas competências. Todavia, é
entre União, estados e municípios para a constru- importante frisar que mesmo as fundações de regime
ção de um teatro. jurídico privado devem obediência às normas públi-
cas, e não à legislação civil.
Sobre esse tema, cabe diferenciar o regime de
Importante! pessoal das fundações públicas de direito público e
Curioso é o caso da Ordem dos Advogados do privado. No âmbito das fundações públicas de direito
Brasil (OAB). A OAB sempre foi considerada uma privado, o regime trabalhista será regido pela CLT. Já
autarquia de regime comum. Todavia, durante o nos casos de fundações de direito público, deverá ser
julgamento da ADI nº 3.026, o STF decidiu mudar aplicado o regime jurídico único (estatutário).
seu entendimento, ao decidir que a OAB é um As fundações de direito privado, para sua criação,
precisam de autorização por lei. São diferentes de
serviço independente e de natureza especial e
9
uma autarquia, que é criada por lei. Aqui, a fundação
-9

que, por isso mesmo, não pode sofrer controle


já existe, mas, para atuar no mercado privado, deve,
96

específico das autarquias. Assim, a OAB seria


além de possuir autorização legislativa, obter registro
.3

considerada uma entidade própria sui generis, e


93

dos atos constitutivos em cartório para adquirir sua


não é mais uma autarquia.
.0

personalidade jurídica, como se fosse uma empresa.


06

Quanto ao patrimônio, quando se tratar de funda-


-1

Fundações Públicas ções públicas de direito público, os bens serão caracte-


rizados como bens públicos. Por conseguinte, quanto
a
lv

As fundações públicas são consideradas espécies às fundações públicas de direito privado, seu patrimô-
Si

de autarquias, possuindo diversas características nio consiste em bens privados, que não gozam das
da

similares. Fundação pública é, nos termos do inciso garantias de inalienabilidade e impenhorabilidade


io

IV, art. 5º, do Decreto-Lei nº 200, de 1967: presentes nos bens públicos.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
v

Como o patrimônio se destaca do seu instituidor, o


Art. 5° [...] controle desse referido patrimônio é feito por órgão


O

IV - Fundação Pública - a entidade dotada de per- especial, denominado curadoria das fundações. No
ri
A

sonalidade jurídica de direito privado, sem fins caso das fundações de direito público, o controle fiscal
lucrativos, criada em virtude de autorização é exercido pelo Ministério Público.
legislativa, para o desenvolvimento de atividades Importante, também, destacar que as fundações
que não exijam execução por órgãos ou entidades
privadas podem celebrar contratos privados, os ins-
de direito público, com autonomia administrativa,
trumentos contratuais típicos da esfera privada, como
patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos
de direção, e funcionamento custeado por recursos compra e venda, locação de imóvel etc.
da União e de outras fontes. Quanto à competência para julgar as causas que
envolvem as fundações, devemos ter ciência de que
Já de acordo com o entendimento da doutrinadora as fundações públicas de direito público, quando na
Maria Sylvia Di Pietro, fundação pública é: esfera federal, submetem-se à Justiça Federal. Por
outro lado, embora isso seja alvo de controvérsia
Instituída pelo Poder Público com o patrimônio, na doutrina, entende-se que as fundações públicas
total ou parcialmente público, dotado de perso- de direito privado, nas causas comuns (inclusive de
nalidade jurídica, de direito público ou privado, e âmbito federal), submetem-se à Justiça Estadual.
3 DI PIETRO, M. S. Z. Direito Administrativo. 31. ed. São Paulo: Ed. GenMétodo, 2018. 229
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A responsabilidade civil das fundações públicas é z Quanto à atividade preponderante:
de ordem objetiva. Respondem objetivamente pelos
prejuízos causados por seus agentes a terceiros. „ Agências de serviço, que exercem as funções
Para facilitar seus estudos, veja na tabela a seguir as típicas;
principais informações e características das fundações: „ Agências de polícia, que exercem fiscalização
das atividades econômicas;
„ Agências de fomento, que ajudam a desenvol-
FUNDAÇÕES PÚBLICAS FUNDAÇÕES PÚBLICAS
ver o setor privado;
DE DIREITO PÚBLICO DE DIREITO PRIVADO
„ Agências de uso de bens públicos.
Lei específica autoriza a Lei específica autoriza a
sua criação sua criação z Quanto à previsão constitucional:
Necessário obter registro Necessário obter registro
dos atos constitutivos dos atos constitutivos „ Agências com referência constitucional (a Anatel
Pessoal regido pelo regi- tem previsão no inciso XI, art. 21, da CF, de 1988);
Pessoal regido pela CLT „ Agências sem referência constitucional — são a
me estatutário
grande maioria.
Competência para julgar: Competência para julgar:
Justiça Federal Justiça Estadual (comum) z Quanto ao momento de sua criação:
Responsabilidade civil Responsabilidade civil
objetiva objetiva „ Agências de primeira geração (1996 a 1999), na
Bens públicos Bens privados época das privatizações;
„ De segunda geração, de 2000 a 2004;
Agências Reguladoras: Características e „ De terceira geração, que adveio com as agên-
Classificação cias pluripotenciárias (2005 em diante), exer-
cendo múltiplas funções simultaneamente.
O surgimento das agências reguladoras possui for-
Associações Públicas: a Criação de Consórcio
tes relações com a época das privatizações na segun-
da metade dos anos 1990. Nesse contexto, as agências
A União, os Estados, o Distrito Federal e os municí-
reguladoras foram introduzidas, sobretudo pelas ECs
pios são os entes responsáveis pela regulamentação dos
nº 8 e 9, ambas de 1995, para atuar como órgãos regu-
consórcios públicos e dos convênios de cooperação,
ladores, fiscalizadores e controladores da iniciativa
autorizando a gestão associada de serviços públicos,
privada, que passaram a desenvolver as tarefas ori-
bem como a transferência total ou parcial de encargos,
ginalmente atribuídas ao Estado. Alguns exemplos
serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos
de agências reguladoras: Aneel, Anatel, Ancine, ANP,
serviços transferidos (art. 241, da CF, de 1988).
entre outros.
Essas pessoas jurídicas autônomas, criadas pelos
As agências reguladoras também são autarquias
9
entes federados, e que têm por objeto medidas de
-9

sob um regime especial, diferenciando-se das autar-


mútua cooperação, denominam-se consórcio públi-
96

quias comuns em dois aspectos:


cos. Os consórcios públicos são disciplinados pela Lei
.3
93

nº 11.107, de 2005. Uma das características mais dis-


z Estabilidade: os dirigentes das agências regula-
.0

tintas dos consórcios é a possibilidade de eles possuí-


doras não podem ser exonerados por qualquer
06

rem natureza de Direito Público ou de Direito Privado.


motivo, ao contrário do que acontece nas autar-
-1

Consórcios de Direito Privado obedecem às nor-


quias, nas quais seus dirigentes atuam em cargos mas da legislação civil, e possuem regime celetista,
a

de comissão. Assim, os dirigentes das agências têm


lv

embora não possam ter fins lucrativos. Por isso, não


Si

maior proteção contra o desligamento forçado, integram a Administração Pública. Já os consórcios de


promovendo maior estabilidade no exercício de
da

direito público são as associações públicas propria-


seu cargo; mente ditas, podendo ser inclusive transfederativas se
io

z Mandato fixo: os dirigentes não possuem cargo integrarem todas as esferas das pessoas consorciadas
v

vitalício. Entretanto, a existência de mandato fixo (federal, estadual, municipal).


O

garante também maior estabilidade no seu cargo,


ri

visto que ele tem prazo determinado para se encer- Empresas do Estado: as Empresas Públicas e
A

rar. A duração dos mandatos pode variar depen- Sociedades de Economia Mista
dendo de cada agência, podendo ser de três anos,
como na Anvisa, quatro anos, como na Aneel, ou Passemos a analisar o grupo de pessoas jurídi-
até cinco anos, como na Anatel. cas denominado Empresas do Estado (ou empresas
estatais). São as pessoas jurídicas de direito privado
As agências reguladoras podem ser classificadas: pertencentes à Administração Indireta e comportam
duas espécies: as empresas públicas e as sociedades
z Quanto à sua origem: de economia mista.
Muitas das características apresentadas pelas
„ Agências federais; fundações privadas aplicam-se às empresas estatais,
„ Estaduais; isto é, sua criação depende de autorização legislati-
„ Municipais; va além do registro em cartório; seu patrimônio se
„ Distritais. constitui de bens privados; sua atividade principal
consiste em exercer uma atividade econômica; e a
230 aptidão para celebrar contratos privados.
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As empresas públicas e as sociedades de economia mista apresentam características em comum:

z Atuação na prestação de serviços públicos ou no desenvolvimento de atividade econômica: as empresas


exploradoras de atividade econômica geralmente recebem menor controle pela Administração, embora tam-
bém apresentem certas desvantagens, como não terem imunidade a impostos e o fato de seus bens não terem
natureza pública, podendo ser penhorados;
z Sofrem controle pelo Tribunal de Contas da União: também podem sofrer controle pelo Poder Judiciário,
no que couber;
z Contratação de bens e serviços mediante prévia licitação: a licitação é o processo utilizado a fim de pro-
mover uma competição justa com as empresas privadas do mesmo setor. Tal imposição não é exigida para as
empresas públicas e sociedades de economia mista exploradoras de atividade econômica;
z Obrigatoriedade de realização de concurso público: trata-se de uma forma de avaliar os melhores funcio-
nários dentro de um grupo seleto de candidatos;
z Contratação de pessoal pelo regime celetista: seus membros são denominados empregados públicos, salvo
nas hipóteses de contratação para cargo comissionado. Todas as controvérsias envolvendo o regime laboral
dos empregados públicos devem ser resolvidas com base na CLT. Apesar disso, a vedação de acumular dois
cargos públicos também se estende aos empregos públicos;
z Impossibilidade de decretar sua falência: no caso das estatais prestadoras de serviços públicos, nos termos do
inciso I, art. 2º, da Lei nº 11.101, de 2005.

As empresas públicas são pessoas jurídicas de Direito Privado cuja criação depende de autorização legal. Sua
personalidade é concedida pelo registro de seus atos constitutivos em cartório, com a totalidade de seu capital
público e regime organizacional livre (II, art. 5º, do Decreto-Lei nº 200, de 1967), podendo ser organizadas como
sociedade anônima, sociedade de responsabilidade limitada ou, ainda, sociedade por comandita de ações. São
empresas públicas: o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Caixa Econômica Fede-
ral (CEF) e a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero).
As sociedades de economia mista têm seu conceito legal previsto no III, art. 5º, do Decreto-Lei nº 200, de 1967.
São pessoas jurídicas de direito privado cuja criação também depende de autorização legal e de registro em cartório.
Possuem a maioria de seu capital público e devem ser obrigatoriamente organizadas como sociedades anôni-
mas. São sociedades de economia mista: Petrobras, Banco do Brasil, Eletrobras.
Percebemos algumas diferenças entre as empresas públicas e as sociedades de economia mista. A primeira
diz respeito ao capital constitutivo: enquanto, nas empresas públicas, todo o seu capital deve ser público (o
Decreto-Lei nº 200, de 1967, dispõe que seu capital deve advir totalmente “da União”, mas se admite também o
capital de origem estadual e municipal), as sociedades de economia mista admitem a presença do capital de
origem privada, mas pelo menos 50% mais uma de suas ações com direito a voto devem pertencer ao Estado.
Além disso, outra diferença relevante é em relação à forma de sua organização: as sociedades de economia
mista devem obrigatoriamente ter a estrutura de sociedade anônima; trata-se de disposição legal do próprio
9
Decreto-Lei nº 200, de 1967. As empresas públicas, por sua vez, não sofrem essa imposição, podendo adotar a
-9
96

estrutura que desejarem.


.3
93

EMPRESA PÚBLICA (EP) SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA (SEM)


.0
06

Personalidade jurídica de direito privado Personalidade jurídica de direito privado


-1

Criação autorizada por lei Criação autorizada por lei


a

Capital social integralmente público (todo o seu capital Capital Social majoritariamente público (50% + 1). Ações
lv

deve ser público) com direito a voto pertencem na maioria ao Estado


Si
da

Forma organizacional livre Forma de Sociedade Anônima (S/A)


io

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO


Outro ponto importante a ser levantado diz respeito às empresas subsidiárias de Empresa Pública (EP) e Socie-
v

dade de Economia Mista (SEM). Isso corre quando as EP ou SEM, visando melhorar a organização das suas opera-
O

ções, criam outras empresas, conhecidas como subsidiárias.


ri

As empresas subsidiárias integram a Administração Indireta e possuem personalidade jurídica própria. De acor-
A

do com o Decreto 8.945, de 2016, as subsidiárias possuem a maioria das ações com direito a voto pertencente direta
ou indiretamente à EP ou SEM.
Cabe destacar também a diferença entre as empresas subsidiárias e as sociedades empresárias que possuem
participação do Estado. A primeira diferença está no fato de que as empresas subsidiárias de EP e SEM integram a
Administração Indireta, diferentemente das sociedades por participação. Outro ponto importante é que o Estado
não possui controle da entidade que possui participação.
Por fim, lembre-se: é possível a participação estatal em sociedades privadas, com o capital minoritário e sob o
regime de direito privado.
Quanto ao regime jurídico aplicável às EP e SEM, é necessário ter uma atenção especial. Em regra, o regime
aplicável é o de direito privado, porém, esse regime mudará a depender da atividade a ser desenvolvida.
Refere-se às EP e SEM exercer atividade econômica em sentido estrito, estará sujeita a normas do direito pri-
vado. Já se prestarem serviços públicos, aplicarão o regime jurídico de direito público. Para facilitar seu estudo,
veja o esquema a seguir:

231
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EMPRESA PÚBLICA OU SOCIEDADE DE
ECONOMIA MISTA

Atuando em atividade Prestando serviços


econômica públicos

Regime jurídico de direito privado Regime jurídico de direito público

Quanto à imunidade tributária, cabe ressaltar que quando a EP ou a SEM explorar atividade econômica em
sentido estrito, não fará jus à imunidade tributária recíproca ou a privilégios fiscais. Por outro lado, caso preste
serviços públicos, sem cunho econômico, fará jus às imunidades e aos privilégios mencionados.
Outro ponto importantíssimo diz respeito à responsabilidade civil por danos que seus agentes, nessa quali-
dade, causarem a terceiros. A responsabilidade será objetiva quando a EM ou a SEM for prestadora de serviços
públicos. Já caso a estatal seja exploradora de atividade econômica, a responsabilidade será subjetiva, ou seja, ela
só será obrigada a indenizar os danos causados por culpa ou dolo.
O juízo competente será a Justiça Estadual quando se tratar de EP ou SEM de nível estadual ou municipal. Em
contrapartida, quando se tratar de estatais da esfera federal, devemos separá-las: EP federais serão julgadas pela
justiça federal; SEM federais serão julgadas pela Justiça Estadual.
São muitos detalhes nos que concerne às EP e SEM. Para sistematizar as informações vistas, acompanhe os
esquemas a seguir:

Pode adotar qualquer


forma admitida

Capital Social
integralmente público Objetiva, quando
prestadora de serviço
público
Responsabilidade civil
Subjetiva, quando
explorar atividade
EMPRESA PÚBLICA econômica
9
-9
96

EP Federal: Justiça
.3

Federal
93
.0

Juízo competente
06

EP Estadual ou
-1

Municipal: Justiça
Estadual
a
lv
Si

Somente poderá ser


da

constituída na forma
de Sociedade Anônima
io

(S/A)
v

O
ri

Capital Social misto


A

Objetiva, quando
prestadora de serviço
público
Responsabilidade civil
Subjetiva, quando
SOCIEDADE DE explorar atividade
ECONOMIA MISTA econômica

SEM Federal: Justiça


Estadual

Juízo competente
SEM Estadual ou
Municipal: Justiça
Estadual
232
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DAS ENTIDADES DE COLABORAÇÃO E SEU REGIME O instrumento de formalização da parceria entre a
JURÍDICO Administração e a organização social é o contrato de
gestão, cuja aprovação deve ser submetida ao Minis-
Por fim, convém explanar sobre algumas pessoas tro de Estado ou a outra autoridade supervisora da
jurídicas às quais, apesar de não integrarem a Admi- área de atuação da entidade.
nistração Pública, seja Direta ou Indireta, são aplicá- As organizações sociais representam uma espécie
veis as normas gerais de Direito Administrativo. Essas de parceria entre a Administração e a iniciativa pri-
são as entidades paraestatais. vada, exercendo atividades que, antes da Emenda 19,
As entidades paraestatais são entidades privadas de 1998, eram desempenhadas por entidades públi-
que realizam atividades de interesse coletivo, sem cas. Por isso, seu surgimento no direito brasileiro está
fins lucrativos, que recebem incentivos de entidades relacionado a um processo de privatização lato sensu,
públicas. Tais empresas privadas, cujo objetivo é a realizado por meio da abertura de atividades públicas
execução de serviços de relevante interesse público, à iniciativa privada.
são denominadas entidades do Terceiro Setor. Tra-
dicionalmente, considera-se “entidade paraestatal” Organização da Sociedade Civil de Interesse Público
sinônimo de entidades da Administração Indireta.
As entidades paraestatais, por serem regidas pelo As Organizações da Sociedade Civil de Interesse
direito privado, não têm os privilégios concedidos Público (OSCIPs) são também pessoas jurídicas de
constitucionalmente às entidades de direito público. direito privado, sem fins lucrativos, instituídas por
Essas entidades paraestatais podem se apresentar sob iniciativa dos particulares e qualificadas pelo Estado,
as seguintes formas: para desempenhar serviços não exclusivos do Estado,
com fiscalização pelo Poder Público, formalizando a
Organização Social parceria com a Administração Pública por meio de
termo de parceria.
A organização social (OS) não é uma pessoa jurí- A lei que disciplina as OSCIPs é a Lei nº 9.790, de
dica especial, mas uma qualificação especial outor- 1999, regulamentada pelo Decreto nº 3.100, de 1999.
gada pelo governo federal a entidades da iniciativa O art. 3º, da Lei, dá uma noção mais ampla e geral
privada, sem fins lucrativos, cuja outorga autoriza a sobre as entidades que podem ser qualificadas como
fruição de vantagens peculiares, como isenções fis- OSCIPs, in verbis:
cais, destinação de recursos orçamentários, repasse
de bens públicos, bem como empréstimo temporário Art. 3º A qualificação instituída por esta Lei, obser-
vado em qualquer caso, o princípio da universaliza-
de servidores governamentais.
ção dos serviços, no respectivo âmbito de atuação
A Lei nº 9.637, de 1998, é a lei que regulamenta
das Organizações, somente será conferida às pes-
essa qualificação das OS, e seu art. 1º é bastante claro soas jurídicas de direito privado, sem fins lucrati-
ao delimitar a área de atuação de tais entidades pri- vos, cujos objetivos sociais tenham pelo menos uma
vadas: de modo geral, a OS será concedida a empre- das seguintes finalidades:
9
sas cujas principais atividades sejam dirigidas ao I - promoção da assistência social;
-9

ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimen-


96

II - promoção da cultura, defesa e conservação do


to tecnológico, à proteção e preservação do meio patrimônio histórico e artístico;
.3
93

ambiente, à cultura e à saúde. Desempenham, por- III - promoção gratuita da educação, observando-se
tanto, atividades de interesse público, mas que não a forma complementar de participação das organi-
.0
06

se caracterizam como serviços públicos stricto sensu, zações de que trata esta Lei;
IV - promoção gratuita da saúde, observando-se a
-1

razão pela qual é incorreto afirmar que as organiza-


ções sociais são concessionárias ou permissionárias. forma complementar de participação das organiza-
a

ções de que trata esta Lei;


lv

O art. 2º, da referida Lei, dispõe sobre os requisitos


Si

V - promoção da segurança alimentar e nutricional;


para a outorga da qualificação como OS. São requisitos
VI - defesa, preservação e conservação do meio
da

específicos para que as entidades privadas referidas no


ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável;
artigo anterior habilitem-se à qualificação como orga-
io

VII - promoção do voluntariado;


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
nização social:
v

VIII - promoção do desenvolvimento econômico e


social e combate à pobreza;


O

z Comprovar o registro de seu ato constitutivo, IX - experimentação, não lucrativa, de novos mode-
ri

incluindo a natureza social de seus objetivos, suas


A

los sócio-produtivos e de sistemas alternativos de


finalidades não lucrativas, a composição dos mem- produção, comércio, emprego e crédito;
bros de sua diretoria etc. (inciso I, art. 2º); X - promoção de direitos estabelecidos, construção
z Haver aprovação, quanto à conveniência e opor- de novos direitos e assessoria jurídica gratuita de
tunidade de sua qualificação como organização interesse suplementar;
social, do Ministro ou titular de órgão supervisor XI - promoção da ética, da paz, da cidadania, dos
ou regulador da área de atividade corresponden- direitos humanos, da democracia e de outros valo-
te ao seu objeto social e do Ministro de Estado da res universais;
XII - estudos e pesquisas, desenvolvimento de tec-
Administração Federal e Reforma do Estado (inciso
nologias alternativas, produção e divulgação de
II, art. 2º). Importante ressaltar que a concessão
informações e conhecimentos técnicos e científicos
de tal qualificação é ato discricionário, ficando a que digam respeito às atividades mencionadas nes-
cargo do agente responsável (Ministro de Estado) te artigo.
— considerando critérios de conveniência e opor- XIII - estudos e pesquisas para o desenvolvimento, a
tunidade — conceder ou não tal qualificação. disponibilização e a implementação de tecnologias
voltadas à mobilidade de pessoas, por qualquer
meio de transporte. 233
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Como já mencionamos, o instrumento que regula essa relação do Poder Público com a OSCIP é o termo de
parceria, que discriminará direitos, responsabilidades e obrigações das partes signatárias (art. 10), prevendo espe-
cialmente metas a serem alcançadas, prazo de duração, direitos e obrigações das partes e formas de fiscalização.
Além disso, outra diferença marcante entre a OSCIP da OS é que sua concessão é ato vinculado (§ 2º, art. 1º, Lei nº
9.790, de 1999), podendo-se falar em um “direito adquirido” da empresa privada em obter a qualificação de OSCIP.
O requerimento deve ser encaminhado ao Ministro da Justiça, na forma do art. 5º da referida Lei.
Esquematicamente, podemos estabelecer as principais diferenças entre a OS e a OSCIP da seguinte forma:

PRINCIPAIS DISTINÇÕES OS OSCIP


Lei nº 9.790, de 1999 + Decreto nº
Quanto à legislação Lei nº 9.637, de 1998
3.100, de 1999
Atividades de interesse público ante- Atividades não exclusivas do Estado,
Quanto ao exercício de funções riormente desempenhadas pelo Esta- mas de relevante interesse público
do (mais restrito) (mais abrangente)
Quanto ao instrumento que formaliza
Contrato de Gestão Termo de Parceria
a relação
Ato discricionário; conveniência e
Quanto à vinculação da qualificação Ato vinculado; disposição legal
oportunidade
Quanto ao ente público outorgante Ministro de Estado Ministro da Justiça
Quanto à possibilidade de direito
Não há tal possibilidade Há direito adquirido sobre a outorga
adquirido

AGENTES PÚBLICOS
ESPÉCIES E DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS APLICÁVEIS

Nas lições de Celso Antônio Bandeira de Mello, são agentes públicos as pessoas que exercem uma função públi-
ca, ainda que em caráter temporário ou sem remuneração. Trata-se de uma expressão ampla e genérica, uma vez
que engloba todos aqueles que, dentro da organização da Administração Pública, exercem determinada função
pública.
Assim, podemos dizer que agente público é gênero, o qual comporta diversas espécies, como os agentes polí-
9
ticos, os agentes militares, os servidores públicos estatutários, os empregados públicos, os agentes honoríficos,
-9

entre outros. Por isso, vamos especificar cada um deles com maiores detalhes.
96
.3

Agentes Políticos
93
.0
06

Os agentes políticos possuem como característica principal o fato de exercerem uma função pública de alta
direção do Estado. Seu ingresso é feito mediante eleições, e atuam em mandatos fixos, os quais têm o condão de
-1

extinguir a relação destes com o Estado de modo automático pelo simples decurso do tempo. Percebe-se, dessa
a
lv

forma, que a sua vinculação com o Estado não é profissional, mas estatutária ou institucional. São agentes políti-
Si

cos os parlamentares, o Presidente da República, os prefeitos, os governadores, bem como seus respectivos vices,
da

ministros de Estado e secretários.


io

Agentes Militares
v

O

Os agentes militares constituem uma categoria à parte dos demais agentes políticos, uma vez que as institui-
ri

ções militares possuem fortes bases fundamentadas na hierarquia e na disciplina. Apesar de também apresenta-
A

rem vinculação estatutária, seu regime jurídico é disciplinado por legislação especial, e não aquela aplicável aos
servidores civis. São agentes militares os membros das Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros militares dos
Estados, Distrito Federal e Territórios, bem como os demais militares ligados ao Exército, Marinha e Aeronáutica.
Algumas características que merecem destaque são: a proibição de sindicalização dos militares, a proibição do
direito de greve e a proibição à filiação partidária.

Servidores Públicos

De modo geral, podemos dizer que a Constituição Federal de 1988 apresenta dois tipos de regimes para os
agentes estatais: o regime estatutário ou de cargos públicos, e o regime celetista ou de empregos públicos.
Os servidores públicos são contratados pelo regime estatutário, enquanto os empregados públicos são contra-
tados pelo regime celetista, que muito se assemelha às regras contidas na CLT.
Atente-se a este conceito: servidor público é o agente contratado pela Administração Pública, direta ou indi-
reta, sob o regime estatutário, sendo selecionado mediante concurso público, para ocupar cargos públicos, pos-
234 suindo vinculação com o Estado de natureza estatutária e não contratual.
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O regime dos cargos públicos é disciplinado pela REGIME DOS SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS: A
Lei Federal nº 8.112, de 1990, também conhecida como LEI N° 8.112, DE 1990
Estatuto do Servidor Público.
Frente a isso, um ponto relevante a ser ressalta- O regime dos servidores públicos possui ampla
do desse regime é o alcance da estabilidade mediante previsão normativa. Além do renomado art. 37, da
o fim do período de estágio probatório. Tal alcance Constituição Federal, no âmbito infraconstitucional
permite que o servidor não seja desligado de suas temos a Lei nº 8.112, de 1990 (Estatuto dos Servido-
funções, salvo pelas hipóteses previstas em lei, como res Públicos Federais), isto é, a legislação que institui
a sentença judicial transitada em julgado, processo o regime jurídico dos servidores públicos da União,
administrativo disciplinar, ou a não aprovação em autarquias, fundações, agências reguladoras e asso-
ciações, todas em âmbito federal. Bastante exigida em
avaliação periódica de desempenho (§ 1º, art. 41, da
concursos públicos, convém salientar as principais
CF, de 1988).
características a respeito do regime dos servidores
Dentre os cargos públicos, ainda, há aqueles que
públicos:
são vitalícios, que se apresentam de forma mais van-
tajosa, uma vez que o estágio probatório possui um
Dos Cargos Públicos: Conceito, Investidura na
tempo menor (2 anos, sendo de 3 anos para os car- Função Pública, Provimento, Vacância
gos não vitalícios), bem como possui a característica
de o desligamento ocorrer apenas mediante sentença z Conceito
condenatória transitada em julgado. São vitalícios os
cargos de: Magistratura, do Tribunal de Contas, e os Para todos os efeitos legais, o servidor público está
cargos dos membros do Ministério Público. intrinsecamente ligado à noção de cargo público. Con-
Além da estabilidade, são também assegurados aos forme dispõe o art. 3° do Estatuto dos Servidores, cargo
servidores estatutários alguns direitos trabalhistas. público é o conjunto de atribuições e responsabilidades
Vejamos aqui os mais importantes, de acordo com o § previstas na estrutura organizacional que devem ser
3º, art. 39, da CF, de 1988: cometidas a um servidor. A expressão “cometida” no
contexto do artigo de lei refere-se às atribuições e res-
z Salário mínimo; ponsabilidades que são atribuídas ao servidor público
z Remuneração de trabalho noturno superior ao em decorrência do cargo público ocupado. Os cargos
diurno; públicos, acessíveis a todos os brasileiros, são criados
z Repouso semanal remunerado; por lei, com denominação própria e vencimento pago
z Férias trabalhadas; pelos cofres públicos, para provimento em caráter
z Licença à gestante. efetivo ou em comissão.
A criação, transformação e extinção de cargos,
Empregado Público empregos ou funções públicas depende sempre de uma
9
lei instituidora (inciso X, art. 48, CF, de 1988). Porém,
-9

havendo um cargo ou função vago, a sua extinção


96

De modo diferente da contratação dos servidores,


pode se dar mediante expedição de decreto pelo Poder
.3

os empregados públicos são contratados mediante


Executivo.
93

regime celetista, isto é, com aplicação das regras pre-


.0

vistas na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).


06

z Investidura na Função
Trata-se de uma vinculação contratual. A contratação
-1

de empregados públicos dá-se, em regra, pelas pes-


Para ocupar um cargo público, é necessário haver
a

soas jurídicas de direito privado integrantes da Admi-


lv

o seu devido provimento, ou seja, deve haver um ato


Si

nistração Indireta (empresas públicas, sociedades de administrativo constitutivo e hábil para a investidu-
economia mista, consórcios etc.). Além disso, o ingres-
da

ra do servidor no respectivo cargo. Com relação aos


so de tais pessoas também depende da sua aprovação requisitos para a investidura em cargo público, dis-
io

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO


em concurso público.
v

põe o art. 5º, da Lei n° 8.112, de 1990:


O regime dos empregados públicos é menos prote-


O

tivo do que o regime estatutário. Isso se deve ao fato de Art. 5º São requisitos básicos para investidura em
ri
A

que os empregados públicos não gozam da estabilida- cargo público:


de que os servidores possuem. Ao serem empossados, I - a nacionalidade brasileira;
os empregados passam por um período de experiên- II - o gozo dos direitos políticos;
cia de 90 dias. Todavia, mesmo após esse período, os III - a quitação com as obrigações militares e
empregados públicos podem ser dispensados. eleitorais;
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício
A diferença dos empregados públicos para com os
do cargo;
demais consiste no fato de que a sua demissão será V - a idade mínima de dezoito anos;
sempre motivada, após regular processo administra- VI - aptidão física e mental.
tivo, mediante contraditório e ampla defesa. Impor-
tante lembrar que, para a Administração Pública, O rol apresentado no art. 5° é meramente exem-
a motivação de seus atos, bem como o tratamento plificativo, pois a depender das atribuições do cargo
impessoal e a finalidade pública, são princípios nor- almejado, podem existir outros requisitos exigidos
teadores de sua atuação. Uma demissão imotivada de para ocupação e posse. Observe, ainda, que tais requi-
um empregado público seria absolutamente inadmis- sitos que forem exigidos devem ser comprovados
sível nessas condições. somente no momento da posse. 235
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Conforme aludido no art. 7º, da Lei n° 8.112, de Art. 25 [...]
1990, a investidura em cargo público ocorrerá com a II - [...]
posse. a) tenha solicitado a reversão;
b) a aposentadoria tenha sido voluntária;
z Provimento c) estável quando na atividade;
d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos
anteriores à solicitação;
Há diversas formas de provimento dos cargos
e) haja cargo vago
públicos, podendo ser classificado em dois grupos:
A reversão far-se-á para o mesmo cargo ou para o
„ Quanto à durabilidade: o provimento pode ser de
cargo resultante de sua transformação. Em termos de
caráter efetivo, capaz de garantir estabilidade e
remuneração, o servidor que retornar à atividade por
até mesmo vitaliciedade para o ocupante; ou em
interesse da Administração perceberá a remuneração
comissão, quando o referido cargo não goza de
estabilidade, podendo o servidor ser destituído ad do cargo que voltar a exercer, em substituição da apo-
nutum, isto é, de forma unilateral, sem a anuência sentadoria que recebia (§ 4º, art. 25, idem);
do servidor;
„ Quanto à preexistência de vínculo: temos o pro- „ Aproveitamento: mais uma forma de pro-
vimento originário, que não depende de vincu- vimento derivado, consistente no retorno de
lação jurídica anterior com o Estado (nomeação); servidor em disponibilidade, sendo seu regresso
ou derivado, se o referido servidor já possuía obrigatório para cargo de atribuições e venci-
algum vínculo com o Estado (promoção, remoção, mentos compatíveis com os do anteriormente
readaptação). ocupados (art. 30, da Lei nº 8.112, de 1990). Será
tornado sem efeito o aproveitamento e cassa-
O art. 8º, da Lei n° 8.112, de 1990, dispõe sobre as da a disponibilidade se o servidor não entrar
formas de provimento em cargos públicos: em exercício no prazo legal, salvo comprovada
doença por junta médica oficial (art. 32, idem);
„ Nomeação: trata-se da única forma de provi- „ Reintegração: é a forma de provimento deri-
mento originário, uma vez que não exige uma vado que ocorre pela reinvestidura do servidor
relação jurídica prévia do servidor para com estável no cargo anteriormente ocupado, ou no
o Estado. A nomeação depende sempre de pré- cargo resultante de sua transformação, na hipó-
via habilitação em concurso público de provas, tese de sua demissão ser invalidada por decisão
ou de provas e títulos. Além disso, a nomeação judicial ou administrativa, tendo direito também
poderá ser promovida não somente em caráter ao ressarcimento de todas as vantagens (caput,
efetivo, como também para os cargos de con- art. 28, Lei nº 8.112, de 1990).
fiança ou em comissão (incisos I e II, dos arts.
9º e 10, da Lei nº 8.112, de 1990); Suponha que, em uma situação anterior, o servi-
„ Promoção: é uma forma de provimento deri- dor Carlos foi demitido por um motivo injusto. Esse
9
-9

vado, haja vista que ela beneficia somente os motivo injusto pode advir de qualquer evento, como
96

servidores que já ingressaram em cargos públi- ter sido erroneamente acusado de ter praticado
.3

cos em caráter efetivo. Os demais requisitos uma transgressão (falaremos das transgressões em
93

para o ingresso e o desenvolvimento do servidor momento posterior). Carlos, então, resolveu ingres-
.0

na carreira, mediante promoção, serão estabele- sar com ação em juízo e por meio de decisão judi-
06

cidos pela lei que fixar as diretrizes do sistema cial (ou administrativa) conseguiu comprovar que a
-1

de carreira na Administração Pública Federal e sua demissão foi injusta, ficando determinada a sua
invalidação. Com isso, ele pode ser reintegrado ao seu
a

seus regulamentos (parágrafo único, art. 10, da


lv

Lei nº 8.112, de 1990); cargo a fim de voltar a desempenhar suas funções na


Si

„ Readaptação: é, também, uma forma de pro- repartição pública.


da

vimento derivado, pois trata-se de hipótese É proibida a criação de cargos excessivos pela
io

de atribuição ao servidor para um cargo com Administração Pública, tendo em vista que em toda
v

funções e responsabilidades distintas e com- repartição existe um número exato de cargos a serem

patíveis com a limitação que tenha sofrido em ocupados pelos servidores.


O

sua capacidade física ou mental, verificada Logo, no exemplo apresentado, o cargo perten-
ri
A

em inspeção médica. Assim, por exemplo, um ce originalmente a Carlos. Assim, o servidor Márcio,
motorista de ônibus que sofre acidente e acaba que estava ocupando o lugar de Carlos durante sua
perdendo algum membro essencial para diri- ausência, deverá ser reconduzido para o seu cargo de
gir poderá ser readaptado para executar uma origem ou, não sendo possível, devido à extinção do
função similar, mas não idêntica à anterior. Na cargo nesse período, poderá ser aproveitado em outro
hipótese do servidor readaptando se mostrar cargo similar.
completamente inválido para exercer qualquer Não havendo outro cargo similar, Márcio será pos-
cargo, ele será compulsoriamente aposentado; to em disponibilidade.
„ Reversão: outra forma de provimento deri- Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual ocu-
vado, em que temos o retorno à atividade de pante será reconduzido ao cargo de origem, sem direito
um servidor aposentado por invalidez, ou por à indenização ou aproveitado em outro cargo, ou, ain-
puro e simples interesse da Administração, da, posto em disponibilidade (§ 2º, art. 28, idem).
desde que (art. 25, do Estatuto dos Servidores A disponibilidade é uma garantia de caráter pro-
Públicos): tecionista atribuída pela Constituição Federal ao ser-
vidor público estável, cuja finalidade é resguardar o
236 vínculo do servidor com a Administração Pública, de
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
maneira a não ser excluído dos quadros de pessoal sede. A remoção não é uma forma de provimento em
quando seu cargo for declarado desnecessário ou cargo público.
extinto. Durante o período em que o servidor perma- O artigo ainda apresenta algumas modalidades de
necer disponível, sua remuneração é mantida. remoção, que podem ser:

„ Recondução: por fim, a recondução é a forma Art. 36 [...]


de provimento derivado consistente no retorno Parágrafo único. [...]
do servidor público estável ao cargo anterior- I - de ofício, no interesse da Administração;
mente ocupado, e decorrerá de inabilitação em II - a pedido, a critério da Administração;
estágio probatório relativo a outro cargo, ou ain- III - a pedido, para outra localidade, independente-
da pela reintegração do anterior ocupante (I e II, mente do interesse da Administração:
art. 29, da Lei nº 8.112, de 1990). Uma situação a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, tam-
excepcional é a da extinção do cargo durante o bém servidor público civil ou militar, de qualquer
período de estágio probatório. Nessas condições, dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
segundo a Súmula n° 22, do STF, inexiste direito Federal e dos Municípios, que foi deslocado no inte-
à recondução, e o servidor será exonerado. resse da Administração;
b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, com-
panheiro ou dependente que viva às suas expensas
É o caso do servidor Márcio, já mencionado duran-
e conste do seu assentamento funcional, condicio-
te a reintegração do servidor Carlos. A recondução
nada à comprovação por junta médica oficial;
tem prioridade em relação a pôr o servidor em dis-
c) em virtude de processo seletivo promovido, na
ponibilidade. Colocar o servidor em disponibilidade
hipótese em que o número de interessados for supe-
é considerada uma última medida, pois o correto é a
rior ao número de vagas, de acordo com normas
Administração fazer com que todos os servidores que preestabelecidas pelo órgão ou entidade em que
contratou estejam efetivamente no exercício de suas aqueles estejam lotados.
atividades, de modo a evitar a oneração dos cofres
públicos com servidores inativos que continuam a A redistribuição é o deslocamento de cargo para
receber remuneração e outros benefícios. provimento efetivo, ocupado ou vago no âmbito do
quadro geral de pessoal, para outro órgão ou entida-
z Vacância
de do mesmo Poder, com prévia apreciação do órgão
central do SIPEC, segundo o que dispõe o art. 37, do
A Lei nº 8.112, de 1990, também faz menção das
referido Estatuto, desde que sejam observados os
hipóteses de vacância, isto é, são hipóteses em que o
seguintes preceitos:
servidor deixa o cargo ocupado anteriormente. Essas
situações podem ser de caráter definitivo, como, por
Art. 37 [...]
exemplo, a extinção do cargo público, ou quando I - interesse da administração;
ocorre a troca do cargo ocupado pelo servidor.
9
II - equivalência de vencimentos;
-9

III - manutenção da essência das atribuições do


96

Art. 33 São formas de vacância dos cargos públicos: cargo;


.3

I - exoneração; IV - vinculação entre os graus de responsabilidade e


93

II - demissão; complexidade das atividades;


.0

III - promoção;
V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou
06

IV (REVOGADO);
habilitação profissional;
-1

V (REVOGADO);
VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e
VI - readaptação;
a

as finalidades institucionais do órgão ou entidade.


lv

VII - aposentadoria;
Si

VIII - posse em outro cargo inacumulável;


A substituição encontra-se disposta no art. 38, do
da

IX - falecimento.
Estatuto. Segundo o caput desse dispositivo, os servi-
io

dores investidos em cargo ou função de direção ou che-


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Observe que algumas das hipóteses de vacância são
v

as mesmas das hipóteses de provimento. Isso ocorre fia e os ocupantes de cargo de Natureza Especial terão
O

porque, como mencionamos, o provimento derivado substitutos indicados no regimento interno ou, no caso
ri

dos cargos públicos pressupõe uma relação jurídica de omissão, previamente designados pelo dirigente
A

anterior entre o servidor e a Administração Pública. máximo do órgão ou entidade.


Nessas hipóteses (readaptação, promoção), o Poder A substituição é uma troca de um servidor por
Público necessita extinguir um cargo público (uma outro, aplicável somente para os cargos de comis-
relação jurídica anterior) para criar um cargo novo. são ou função de direção e chefia, bem como cargos
Dessas hipóteses, a que merece maiores esclareci- de Natureza Especial. O servidor substituto indica-
mentos é a exoneração. Nas linhas do art. 35, a exo- do assume, automaticamente, o exercício do cargo,
neração de cargo efetivo dar-se-á a pedido do servidor, nos casos de afastamentos, impedimentos legais ou
ou de ofício. Quando de ofício, a exoneração será rea- regulamentares do titular, bem como na hipótese de
lizada quando não satisfeitas as condições do estágio vacância do cargo.
probatório; ou ainda quando, tendo tomado posse, o Um direito muito importante do servidor substitu-
servidor não entrar em exercício no prazo estabelecido. to é que ele pode optar, entre o cargo que ocupava
A remoção é elencada no art. 36, da Lei nº 8.112, de antes e o cargo que passa a ocupar pela substituição,
1990. Pelo disposto no caput do referido artigo, remo- pela remuneração mais vantajosa (§ 2º, art. 38). Seria
ção é o deslocamento do servidor, a pedido ou de ofício, injusto o substituto ganhar menos do que recebia
no âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança de antes da substituição. 237
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Das Prerrogativas, dos Direitos, das Vantagens e das II, § 3º, art. 169, da CF, de 1988. Sob o aspecto orça-
Autorizações dos Servidores Públicos mentário e financeiro, não pode a Administração
Pública realizar gastos superiores àqueles previs-
A prerrogativa é qualquer situação de vantagem tos em seu orçamento anual. Com isso, havendo a
obtida pela natureza de um cargo ou de uma função. necessidade, é possível, sim, que um servidor está-
No caso dos agentes públicos, existem algumas prer- vel seja exonerado de seu cargo apenas por moti-
rogativas que são comuns para todo e qualquer car- vos de “balancear” as contas públicas.
go público, e existem algumas prerrogativas que são
mais restritas, exclusivas apenas para alguns cargos. Outra prerrogativa que merece maior destaque é
Geralmente essas prerrogativas mais exclusivas são a vitaliciedade. É um instituto bastante parecido com
aplicáveis para os cargos militares e para os cargos de a estabilidade, mas não pode ser confundido com a
natureza política. mesma. A vitaliciedade não é adquirida por qualquer
No momento, é importante focar nas prerrogativas servidor: ela é somente concedida para alguns cargos
que se aplicam para todos os servidores públicos, que públicos especiais.
ocupam cargos públicos em geral. A primeira grande São considerados cargos vitalícios, segundo a pró-
prerrogativa diz respeito à estabilidade. pria Constituição Federal: os cargos de Magistratura
A estabilidade é a condição que o servidor público
(inciso I, art. 95), os membros do Ministério Público
atinge após completar alguns requisitos. O seu princi-
(“a”, § 5º, art. 128) e os cargos ocupados pelos membros
pal efeito é que, uma vez estável no cargo, o servidor
do Tribunal de Contas da União ou TCU (§ 3º, art. 73).
público não pode ser demitido por razões de conve-
A vitaliciedade é um instituto ainda mais forte do
niência ou oportunidade pela Administração. Ela não
que a estabilidade. Uma vez que a pessoa ocupe um
pode demitir o servidor estável “porque não quer
desses cargos vitalícios, ela somente pode ser exone-
mais” trabalhar com ele.
Segundo o art. 21, do Estatuto dos Servidores Públi- rada mediante sentença judicial transitada em julga-
cos Civis da União, uma vez que o servidor seja habi- do. Essa é a única hipótese de exoneração, motivo pelo
litado em concurso público e empossado em cargo de qual ela garante uma prerrogativa maior do que ape-
provimento efetivo adquirirá estabilidade no serviço nas a estabilidade.
público ao completar 2 (dois) anos de efetivo exercício. Das hipóteses de exoneração, apesar de ser um
Interessante observar que a Constituição Federal aspecto relativo ao Regime de Previdência, é também
de 1988 também prevê a prerrogativa de estabilida- considerada como uma forma de exoneração a apo-
de em seu art. 41. Todavia, os requisitos são distintos: sentadoria compulsória, isto é, a concessão do referido
para o Texto Constitucional, o servidor público só benefício previdenciário quando o servidor estável ou
adquire estabilidade após completar 3 (três) anos de vitalício completar 75 (setenta e cinco) anos de idade.
efetivo exercício. A diferença é que, no caso da aposentadoria compul-
Isso não significa que, uma vez o servidor estando sória, o servidor para de trabalhar, mas continua rece-
estável no seu cargo, ele pode fazer o que quiser e não bendo uma “remuneração”, chamada de provento.
sofrerá nenhuma punição. A estabilidade não lhe dá A Lei nº 8.112, de 1990, em seus arts. 40 e 41, elen-
9
-9

“carta branca” para agir como bem entender. Por isso, ca diversos direitos e gratificações aos servidores
96

o conteúdo do art. 22, da Lei nº 8.112, de 1990: públicos, os quais são de grande importância conhe-
.3

cer. Vejamos os principais direitos:


93

Art. 22 O servidor estável só perderá o cargo em


.0

virtude de sentença judicial transitada em julgado z Vencimentos: vencimentos está para o servidor
06

ou de processo administrativo disciplinar no qual assim como o salário está para o empregado. Con-
-1

lhe seja assegurada ampla defesa.


siste na retribuição pecuniária pelo exercício do
a

cargo público, cujo valor é previamente fixado


lv

O Texto Constitucional vai um pouco além: ele pre-


Si

em lei. Os vencimentos de cargos efetivos são, em


vê ao todo, quatro modalidades de demissão de servi-
regra, irredutíveis;
da

dor estável. São elas:


z Remuneração: é mais abrangente. É o vencimen-
io

to do cargo, somado a todas as outras vantagens


v

z Por sentença judicial transitada em julgado: é


pecuniárias estabelecidas em lei. O menor valor


a forma mais demorada para se demitir um servi-
O

pago ao servidor público, independentemente de


dor, considerando todo o aspecto burocrático exis-
ri

sua vinculação, é o valor do salário mínimo vigen-


A

tente no processo judicial. O trânsito em julgado da


te (§ 3º, art. 39, da CF, de 1988).
sentença somente ocorre quando esgotados todos
os recursos cabíveis;
z Mediante processo administrativo em que lhe
seja assegurada ampla defesa. As regras referentes Importante!
ao Processo Administrativo Disciplinar (ou PAD) O art. 39, da Constituição Federal, apresenta
serão vistas mais adiante; algumas regras gerais sobre o regime dos servi-
z Mediante procedimento de avaliação periódica dores públicos. Dentre as regras constitucionais,
de desempenho, na forma de lei complementar,
o § 1º do referido dispositivo prevê que a fixação
assegurada ampla defesa: quem não for aprovado
na avaliação periódica de desempenho pode ser
dos padrões de vencimento e dos demais com-
exonerado de seu cargo público, independentemen- ponentes do sistema remuneratório observará
te de ter completado o período de efetivo exercício; três aspectos: a natureza, o grau de responsabili-
z Por excesso de gasto com pessoal: as hipóteses 1 dade e a complexidade dos cargos componentes
a 3 estão previstas nos incisos do art. 41. Todavia, de cada carreira; os requisitos para a investidura;
238 essa última hipótese encontra-se disposta no inciso e também as peculiaridades dos cargos.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z Regime de subsídios: trata-se de uma forma espe- z Gratificações, Adicionais e Retribuições
cial de remuneração, feita em uma única parcela.
O regime de subsídios, previsto no § 4º, art. 39, da O art. 61, do Estatuto dos Servidores Públicos, tam-
CF, de 1988, foi introduzido com a finalidade de bém prevê o pagamento das seguintes gratificações:
coibir os “supersalários” comumente existentes no
regime de servidores públicos brasileiros. Impor- Art. 61 [...]
tante ressaltar que recebem por subsídios somen- I - retribuição pelo exercício de função de direção,
chefia e assessoramento;
te os Chefes do Poder Executivo, parlamentares,
II - gratificação natalina;
magistrados, ministros de Estado, secretários esta- III – revogado;
duais, membros do Ministério Público e da Advo- IV - adicional pelo exercício de atividades insalu-
cacia Pública, entre outros. bres, perigosas ou penosas;
V - adicional pela prestação de serviço extraordinário;
Das Vantagens VI - adicional noturno;
VII - adicional de férias;
À luz do disposto no art. 49, do Estatuto, além dos VIII - outros, relativos ao local ou à natureza do
vencimentos, aos funcionários públicos serão pagas trabalho;
IX - gratificação por encargo de curso ou concurso.
as seguintes vantagens: as indenizações, as gratifica-
ções e os adicionais.
Gratificação de encargo por curso o concurso é
decida ao servidor que (art. 76-A):
z Das Indenizações
Art. 76-A [...]
Indenizações são valores pagos aos servidores, I - atuar como instrutor em curso de formação, de
mas que não integram seus vencimentos. O Esta- desenvolvimento ou de treinamento regularmen-
tuto prevê algumas hipóteses de recebimento de te instituído no âmbito da administração pública
indenizações: federal;
II - participar de banca examinadora ou de comis-
„ Ajuda de custo por mudança (art. 53) devida são para exames orais, para análise curricular,
para correção de provas discursivas, para elabora-
como forma de compensar as despesas de ins-
ção de questões de provas ou para julgamento de
talação de servidor que tiver exercício em nova recursos intentados por candidatos;
sede, ocorrendo mudança de seu domicílio; III - participar da logística de preparação e de
„ Ajuda de custo por falecimento (§ 2º, art. 53): realização de concurso público envolvendo ativi-
devido à família do servidor que vier a falecer dades de planejamento, coordenação, supervisão,
na nova sede, sendo devido para custear o execução e avaliação de resultado, quando tais
transporte para a localidade de origem; atividade não tiverem incluídas em suas funções
„ Diárias por deslocamento (art. 58): devida ao permanentes;
9
IV - participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar
servidor que se afastar, por motivos de serviço,
-9

provas de exames de vestibular ou de concurso


96

da sede em caráter transitório, para outro local


público ou supervisionar essas atividades.
dentro ou fora do país, receberá tal indenização
.3
93

como forma de ajuda no custeio de passagens O servidor, em relação às férias, fará jus a trin-
.0

e diárias destinadas a indenizar as parcelas ta dias de licença para cada 12 meses de serviço, que
06

de despesas extraordinárias com pousada, ali- podem ser acumuladas, até o máximo de dois períodos,
-1

mentação e locomoção urbana. O § 3º, do art. no caso de necessidade do serviço (art. 77, Lei nº 8.112,
a

59, prevê que o servidor que receber diárias e de 1990). Poderão ser parceladas em até três períodos,
lv

não se afastar da sede, por qualquer motivo, desde que assim requeridas pelo servidor, e no inte-
Si

fica obrigado a restituí-las integralmente, no resse da administração pública, na forma do § 3º, do


da

prazo de 5 (cinco) dias; mesmo dispositivo legal.


io

„ Transporte (art. 60): será concedida inde-


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
v

nização ao funcionário público que realizar Das Licenças



O

despesas com a utilização de meio próprio de


As licenças são uma espécie de afastamento com
ri

locomoção para a execução de serviços exter-


A

nos, por força das atribuições próprias do car- algumas características próprias. Ou seja, os casos de
go, conforme disposto em regulamento; licença ocorrem, via de regra, por interesse e a pedido
„ Auxílio-moradia (art. 60-A): trata-se de res- do particular. Estão dispostas nos arts. 81 e seguintes,
sarcimento das despesas comprovadamente da Lei dos Servidores Públicos Federais. De acordo
com o art. 81, conceder-se-á licença ao servidor:
realizadas pelo servidor com aluguel de mora-
dia ou com hospedagem realizado por algum
Art. 81 [...]
hotel, dependendo do preenchimento de alguns I - por motivo de doença em pessoa da família;
requisitos, como não ter um imóvel funcional
disponível para uso, seu cônjuge não ser ocu- Essa licença somente poderá ser concedida se for
pante de imóvel funcional, ou que nenhuma indispensável assistência direta do servidor, de forma
outra pessoa que resida com o servidor receba que não possa ser prestada simultaneamente com o
a mesma indenização etc. exercício das funções públicas, pelo que dispõe o § 1º,
do art. 83, da Lei nº 8.112, de 1990.

239
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 83 [...] Dos Afastamentos
II - por motivo de afastamento do cônjuge ou
companheiro; Os afastamentos propriamente ditos não se con-
fundem com as licenças já estudadas. Trata-se de
Trata-se de licença que poderá ser deferida ao ser- hipóteses em que ocorre o afastamento do servidor
vidor para acompanhar cônjuge que foi deslocado de suas funções por determinação da administração
para outro ponto do território nacional, para o exte- pública, e, em regra, o servidor receberá sua remu-
rior ou para exercer mandato eletivo dos poderes neração integral. A previsão legal está elencada nos
executivo e legislativo. Nesse caso, a licença será por arts. 93 e seguintes, da Lei nº 8.666, de 1990. São qua-
prazo indeterminado e sem remuneração, nos temos tro hipóteses:
do caput e § 1º, do art. 84, da nº Lei n° 8.112, de 1990.
z para servir a outro órgão ou entidade;
z para exercício de mandato eletivo;
Art. 84 [...]
z para estudos ou missões no exterior;
III - para o serviço militar (art. 85 da Lei 8.112, de
z para participação em programa de pós-graduação
1990);
stricto sensu dentro do País.
IV - para atividade política;

A hipótese arrolada no inciso I tem sua regulamen-


Segundo o art. 86, da Lei n° 8.112, de 1990, o servi-
tação no art. 93, e será cedida ao servidor nas seguintes
dor terá direito à licença, sem remuneração, durante o condições: para exercício de cargo em comissão ou fun-
período que mediar entre a sua escolha em convenção ção de confiança e em casos previstos em leis específicas.
partidária, como candidato a cargo eletivo, e a véspera O art. 94, da Lei nº 8.112, de 1990, traz as especifi-
do registro de sua candidatura perante a Justiça Eleito- cações necessárias para o afastamento para exercício
ral, e a partir do registro da candidatura e até o décimo de mandato eletivo:
dia seguinte ao da eleição, o servidor fará jus à licença,
assegurados os vencimentos do cargo efetivo, somente Art. 94 Ao servidor investido em mandato eletivo
pelo período de três meses (§ 2º, do mesmo artigo). aplicam-se as seguintes disposições:
I - tratando-se de mandato federal, estadual ou dis-
Art. 86 [...] trital, ficará afastado do cargo;
V - para capacitação; II - investido no mandato de Prefeito, será afasta-
do do cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua
remuneração;
Após cada quinquênio do efetivo exercício públi- III - investido no mandato de vereador:
co, sendo do interesse da Administração, o servidor a) havendo compatibilidade de horário, perceberá
poderá se afastar do cargo com a efetiva remunera- as vantagens de seu cargo, sem prejuízo da remu-
ção, por até três meses, para fazer curso de capacita- neração do cargo eletivo;
ção profissional (art. 87, da Lei nº 8.112, de 1990). b) não havendo compatibilidade de horário, será
9
afastado do cargo, sendo-lhe facultado optar pela
-9

Art. 87 [...] sua remuneração.


96

VI - para tratar de interesses particulares; § 1º No caso de afastamento do cargo, o servidor


.3

contribuirá para a seguridade social como se em


93

exercício estivesse.
.0

A critério da Administração Pública, poderá ser


§ 2º O servidor investido em mandato eletivo ou
06

concedida somente ao servidor público que ocupe classista não poderá ser removido ou redistribuí-
-1

cargo efetivo (desde que não esteja em estágio proba- do de ofício para localidade diversa daquela onde
tório), licença para cuidar de interesse particulares
a

exerce o mandato.
lv

por até três anos consecutivos, sem o recebimento de


Si

remuneração (art. 91, da Lei nº 8.112, de 1990). Para que o servidor público possa se afastar de
da

suas funções para o estudo ou missão no exterior, a


io

Art. 91 [...] Lei nº 8.112, de 1990, também apresenta algumas


v

VII - para desempenho de mandato classista. regras a serem observadas com disposição nos arts.

95 e 96:
O

Nessa situação será concedida licença sem remu-


ri
A

neração ao servidor que for desempenhar mandato Art. 95 O servidor não poderá ausentar-se do País
em confederação, federação, associação de classe de para estudo ou missão oficial, sem autorização do
Presidente da República, Presidente dos Órgãos do
âmbito nacional, sindicato representativo de catego-
Poder Legislativo e Presidente do Supremo Tribu-
ria ou entidade fiscalizadora de profissão (art.92, da nal Federal.
Lei nº 8.112, de 1990). § 1º A ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e
Apesar de haver previsão para concessão de licen- finda a missão ou estudo, somente decorrido igual
ça por prêmio em virtude de assiduidade, tal hipótese período, será permitida nova ausência.
acabou sendo revogada pela Lei nº 9.527, de 1997. § 2º Ao servidor beneficiado pelo disposto neste
As licenças, como se depreende, são hipóteses de artigo não será concedida exoneração ou licença
desligamento temporário do servidor com o seu res- para tratar de interesse particular antes de decor-
rido período igual ao do afastamento, ressalvada a
pectivo cargo, havendo uma expectativa para o seu
hipótese de ressarcimento da despesa havida com
retorno. As licenças poderão ser concedidas com ou seu afastamento.
sem remuneração, a depender de cada situação. § 3º O disposto neste artigo não se aplica aos servi-
dores da carreira diplomática.
240 [...]
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 96 O afastamento de servidor para servir em b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais,
organismo internacional de que o Brasil participe madrasta ou padrasto, filhos, enteados, menor sob
ou com o qual coopere dar-se-á com perda total da guarda ou tutela e irmãos.
remuneração.
Do Direito de Petição
O afastamento do servidor com a finalidade de
participação em programa de pós-graduação stricto É importante ressaltar que ao servidor é conferido
sensu no país, no interesse da Administração Pública, direito de petição, na forma do art. 104 e seguintes,
acontecerá desde que a participação não possa ocor- da Lei nº 8.112, de 1990, para requerer direitos e inte-
rer simultaneamente com o exercício do cargo ou
resses próprios em face do Poder Público.
mediante compensação de horário, art. 96-A, da Lei
O requerimento será dirigido à autoridade compe-
nº 8.112, de 1990. O servidor continuará a receber sua
tente para decidi-lo e na sequência encaminhado por
remuneração no período em que estiver cursando sua
intermédio daquela a qual o servidor estiver imedia-
especialização.
Para compreender melhor a diferença entre licen- tamente subordinado, nos termos do art. 105, da refe-
ças e afastamentos, segue uma tabela explicativa. rida legislação.
Deve ser respeitado o princípio do contraditório e
LICENÇA AFASTAMENTO da ampla defesa, dando espaço para que tanto o servi-
dor público como o Estado possam impugnar todos os
Finalidade é de interesse pontos do requerimento, apresentar sua defesa técni-
Finalidade é de interesse exclu-
do agente e da Adminis-
sivo do agente público ca escrita e interpor recursos (art. 107, Lei nº 8.666, de
tração Pública
1990) das decisões que lhe prejudicarem.
Ex: realização de espe- O direito de requerer decai: em 5 (cinco) anos,
Ex: doença do cônjuge/mem-
cialização; realização de quanto aos atos de demissão e de cassação de apo-
bro da família; para exercer
missão no exterior; para sentadoria ou disponibilidade, ou que afetem interes-
atividade política; para tratar
servir a outro órgão/ se patrimonial e créditos resultantes das relações de
de interesses particulares
entidade trabalho; ou em 120 (cento e vinte) dias, nos demais
Possui prazos mais curtos Possui prazos mais lon- casos, salvo quando outro prazo for fixado em lei.
(dias, semanas) gos (meses, anos)
Do Regime Previdenciário (RPPS)
Uma questão que costuma cair com bastante fre-
quência nas provas de concurso público é sobre a Servidor público não é empregado. Por isso, não se
remuneração de servidor afastado para exercício de aplica a ele o Regime Geral de Previdência, conhecido
mandato eletivo (art. 94, Lei nº 8.112, de 1990). A regra também como RGPS. Os servidores possuem um regi-
geral é que, para exercer um mandato eletivo, o ser- me próprio denominado Regime Próprio de Previdên-
vidor deve se afastar do cargo e deixar de receber a cia dos Servidores (ou RPPS).
remuneração do mesmo. Porém, tratando-se de exer-
9
O regime em questão tem suas políticas elaboradas
-9

cício de mandato de Prefeito, o servidor afastado e executadas pela Secretaria de Previdência do Minis-
96

poderá optar, dentre as duas remunerações, por tério da Fazenda. Esse regime é compulsório para o
.3

aquela que lhe for mais vantajosa (valores maiores, servidor público do ente federativo que o tenha ins-
93

mais benefícios etc.). tituído, com teto e subtetos definidos pela Emenda
.0

Outro aspecto importante: no caso de mandato de


06

Constitucional nº 41, de 2003.


Vereador, o servidor poderá exercer os dois car- Mas o Regime de Previdência dos Servidores tam-
-1

gos e receber ambas as remunerações, desde que bém possui dispositivos previstos na Lei nº 8.112, de
a

comprovada a compatibilidade de horários (atua


lv

1990. Segundo o art. 184, da referida lei,


como Vereador de dia e como agente público de noite,
Si

e vice-versa). Sendo incompatível o horário dos dois


da

Art. 184 O Plano de Seguridade Social visa a dar


cargos, o Vereador pode optar pela remuneração mais
cobertura aos riscos a que estão sujeitos o servidor
io

vantajosa, igual ao Prefeito. Isso é assim porque, mui-


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
e sua família, e compreende um conjunto de benefí-
v

tas vezes, a remuneração dos Prefeitos e Vereadores


cios e ações que atendam às seguintes finalidades:


O

de pequenos Municípios costuma ser menor do que I - garantir meios de subsistência nos eventos de
a remuneração do cargo público anterior, e ele pode
ri

doença, invalidez, velhice, acidente em serviço, ina-


A

facilmente se locomover de um ambiente de trabalho tividade, falecimento e reclusão;


para outro nesse município de porte menor. II - proteção à maternidade, à adoção e à paternidade;
III - assistência à saúde.
Das Concessões

Diz respeito às ocasiões em que o servidor poderá se De modo geral, pode-se dizer que ao servidor é
ausentar do serviço e não deixará de receber remune- garantido os seguintes benefícios previdenciários:
ração, de acordo com o art. 97, da Lei nº 8.112, de 1990.
z Aposentadoria: possui previsão tanto na Cons-
Art. 97 Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor tituição Federal quanto na Lei nº 8.112, de 1990.
ausentar-se do serviço:
O Regime Próprio de Previdência dos Servido-
I - por 1 (um) dia, para doação de sangue;
II - pelo período comprovadamente necessário para
res (RPPS) também sofreu alterações na chama-
alistamento ou recadastramento eleitoral, limita- da “Reforma da Previdência”, promulgada pela
do, em qualquer caso, a 2 (dois) dias; Emenda Constitucional nº 103, de 2019. Com isso,
III - por 8 (oito) dias consecutivos em razão de: temos dois textos normativos que, até o presente
a) casamento; momento, dispõem sobre a aposentadoria. 241
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
À luz da Constituição Federal (art. 40), o servidor z Auxílio-natalidade (art. 196): o auxílio-natalida-
será aposentado: de é devido à servidora por motivo de nascimento
de filho, em quantia equivalente ao menor ven-
z Por incapacidade permanente para o trabalho, no cimento do serviço público, inclusive no caso de
cargo em que estiver investido, quando insuscetí- natimorto;
vel de readaptação. O Texto Constitucional explici- z Salário-Família (caput e § ° único, do art. 197): o
ta que será obrigatória a realização de avaliações salário-família é devido ao servidor segundo o núme-
periódicas para verificação da continuidade das ro de dependentes econômicos deste. Para todos os
condições que ensejaram a concessão da aposenta- efeitos, são considerados dependentes econômicos:
doria, na forma de lei do respectivo ente federativo;
z Compulsoriamente, com proventos proporcionais Art. 197 [...]
ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de Parágrafo único. [...]
idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na I - o cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive
forma da Lei Complementar nº 152, de 2015. Essa os enteados até 21 (vinte e um) anos de idade ou, se
estudante, até 24 (vinte e quatro) anos ou, se inváli-
lei complementar dispõe sobre a aposentadoria
do, de qualquer idade;
compulsória com proventos proporcionais, sendo
II - o menor de 21 (vinte e um) anos que, median-
aplicável aos servidores ocupantes de cargos públi- te autorização judicial, viver na companhia e às
cos da União, Estados, Municípios, Distrito Federal expensas do servidor, ou do inativo;
e suas autarquias e fundações; aos membros do III - a mãe e o pai sem economia própria.
Poder Judiciário; aos membros do Ministério Públi-
co; e aos membros da Defensoria Pública; z Licença para tratamento de saúde (art. 202):
z Voluntariamente, no âmbito da União, aos 62 essa licença dependente de perícia médica, sem
(sessenta e dois) anos de idade, se mulher, e aos 65 prejuízo da remuneração a que fizer jus. O servi-
(sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e, no dor precisa comprovar que realmente está doente
âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni- e não pode trabalhar;
cípios, na idade mínima estabelecida mediante z Licença à gestante, à adotante e licença-pater-
emenda às respectivas Constituições e Leis Orgâ- nidade (art. 207): a licença à gestante/adotante/
nicas, observados o tempo de contribuição e os paternidade será concedida por prazo não supe-
demais requisitos estabelecidos em lei comple- rior a 120 dias, sem prejuízo da remuneração.
mentar do respectivo ente federativo. Todavia, a servidora gestante poderá prorrogar
esse prazo, desde que o requeira até o final do pri-
Com base na Lei n° 8.112, de 1990 (art. 186), ao meiro mês após o parto, e terá duração de sessenta
servidor federal poderá ser concedido aposentadoria: dias. Trata-se de uma inovação trazida pelo Decre-
to nº 6.690, de 2008. Pelo nascimento ou adoção de
z Aposentadoria por invalidez permanente, sendo filhos, o servidor terá direito à licença-paternidade
os proventos integrais quando decorrente de aciden- de 5 (cinco) dias consecutivos;
9
-9

te em serviço, moléstia profissional ou doença grave, z Licença por acidente em serviço (art. 212): o
96

contagiosa ou incurável, especificada em lei, e pro- Estatuto considera como acidente em serviço o
.3

porcionais nos demais casos (inciso I, do art. 186); dano físico ou mental sofrido pelo servidor, que se
93

z Aposentadoria compulsória, aos setenta anos de relacione, mediata ou imediatamente, com as atri-
.0

idade, com proventos proporcionais ao tempo de buições do cargo exercido. O servidor acidente em
06

serviço (inciso II, do art. 186); serviço receberá remuneração integral;


-1

z Aposentadoria voluntária, de acordo com os z Pensão por morte (art. 215): esse é um dos raros
a

seguintes critérios de idade e de contribuições: aos benefícios que não é devido ao servidor (por moti-
lv

vos óbvios), mas a seus dependentes, incluindo nesse


Si

35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem, e aos


30 (trinta) se mulher, com proventos integrais; aos grupo o cônjuge, o cônjuge divorciado ou separado
da

30 (trinta) anos de efetivo exercício em funções judicialmente ou de fato; o companheiro ou compa-


io

de magistério se professor, e 25 (vinte e cinco) se nheira que comprove união estável como entidade
v

familiar; ou ainda o filho de qualquer condição, ou


professora, com proventos integrais; aos 30 (trinta)


seja, todos os entes equiparados a filho (enteado,
O

anos de serviço, se homem, e aos 25 (vinte e cin-


menor tutelado), desde que preencha as seguintes
ri

co) se mulher, com proventos proporcionais a esse


A

condições: a) seja menor de 21 (vinte e um) anos; b)


tempo; aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se
seja inválido; c) tenha deficiência grave; ou ainda d)
homem, e aos 60 (sessenta) se mulher, com pro-
tenha deficiência intelectual ou mental;
ventos proporcionais ao tempo de serviço (alíneas
z Auxílio-funeral: trata-se de benefício devido à
a, b e c, inciso III, do art. 186).
família do servidor falecido na atividade ou aposen-
tado, em valor equivalente a um mês da remunera-
Com a entrada em vigor da Emenda Constitucional
ção ou provento, que será pago à pessoa da família
nº 103, de 2019, as regras para a aposentadoria volun-
que tiver custeado o funeral, segundo o que dispõe
tária dos agentes públicos sofreram algumas altera-
o caput e § 3º, do art. 226, da Lei nº 8.112, de 1990;
ções. As chances de uma questão sobre essas novas
z Auxílio-reclusão (art. 229): outro benefício tam-
regras caírem em uma prova no momento são peque-
bém devido aos dependentes do servidor, cujo
nas, mas é importante se prevenir. Existem também
valor poderá ser:
regras de transição mais específicas, as quais devem
ser conhecidas pelo candidato, ao menos um pouco. Art. 229 [...]
Por isso, uma leitura da emenda constitucional 103, de I - dois terços da remuneração, quando afastado
242 2019, na íntegra, é altamente recomendada. por motivo de prisão, em flagrante ou preventiva,
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determinada pela autoridade competente, enquan- Recusar fé a documentos públicos significa dizer
to perdurar a prisão; que o servidor não pode se recusar a receber qualquer
II - metade da remuneração, durante o afastamen- tipo de documento oficial (documento proveniente de
to, em virtude de condenação, por sentença defini- órgãos públicos), com a exceção dos casos em que exis-
tiva, a pena que não determine a perda de cargo. tir suspeita de fraude ou qualquer outra irregularidade.
DO REGIME DISCIPLINAR
Art. 117 [...]
Dos Deveres dos Servidores Públicos IV - opor resistência injustificada ao andamento de
documento e processo ou execução de serviço;
Apesar da grande quantidade de direitos e van- V - promover manifestação de apreço ou desapreço
tagens, o Estatuto dos Servidores Públicos também no recinto da repartição;
atribui, aos mesmos, diversos deveres, com base no
regime disciplinar o qual, se não for atendido, enseja O serviço nas repartições públicas deve ser execu-
a instauração de processo disciplinar para a apuração tado com imparcialidade dos servidores, sendo regra
de infrações funcionais. que seja evitado a exposição de convicções particula-
Os deveres disciplinados pelo Estatuto Federal res (ideologias políticas, religiosas etc.) que possam
podem ser divididos de duas formas, quais sejam: intervir negativamente no ambiente de trabalho.
deveres que são relacionados ao comportamento fun-
cional (obrigações que devem ser cumpridas pelos Art. 117 [...]
servidores; trata-se do inciso I; das alíneas “a”, “b” e VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora
“c”, do inciso V, e dos incisos VI, VIII e XII, do art. 116) dos casos previstos em lei, o desempenho de atri-
e deveres relativos ao comportamento profissional buição que seja de sua responsabilidade ou de seu
(são aqueles comportamentos inerentes às atividades subordinado;
profissionais desempenhadas pelos particulares; são
os incisos II, III, IV, VII, IX, X e XI, do art. 116). Atribuir serviço à pessoa de repartição, diversa
Nos termos do art. 116, da Lei nº 8.112, de 1990: responsabilidade fora de sua competência de atuação.

Art. 116 São deveres do servidor: Art. 117 [...]


I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de
cargo filiarem-se a associação profissional ou sindical, ou
II - ser leal às instituições a que servir; a partido político;
III - observar as normas legais e regulamentares;
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando
A liberdade de associação sindical é um direi-
manifestamente ilegais;
to fundamental previsto pela Constituição Federal.
V - atender com presteza;
a) ao público em geral, prestando as informações Sendo assim, é vedado ao servidor utilizar-se de sua
requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo; hierarquia funcional como meio de coagir outros ser-
vidores a se filiados a algum sindicato ou associação.
9
b) à expedição de certidões requeridas para defesa
-9

de direito ou esclarecimento de situações de inte-


96

resse pessoal; Art. 117 [...]


.3

c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública; VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo
93

VI - levar as irregularidades de que tiver ciência ou função de confiança, cônjuge, companheiro ou


.0

em razão do cargo ao conhecimento da autoridade parente até o segundo grau civil;


06

superior ou, quando houver suspeita de envolvi-


-1

mento desta, ao conhecimento de outra autoridade Essa proibição tem o fito de evitar a prática do
competente para apuração;
a

nepotismo e garantir a aplicação da garantia constitu-


lv

VII - zelar pela economia do material e a conserva-


cional da impessoalidade administrativa.
Si

ção do patrimônio público;


da

VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição;


Art. 117 [...]
IX - manter conduta compatível com a moralidade
io

IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
administrativa;
v

ou de outrem, em detrimento da dignidade da fun-


X - ser assíduo e pontual ao serviço;


O

XI - tratar com urbanidade as pessoas; ção pública;


X - participar de gerência ou administração de
ri

XII - representar contra ilegalidade, omissão ou


A

abuso de poder. sociedade privada, personificada ou não personifi-


cada, exercer o comércio, exceto na qualidade de
Das Proibições acionista, cotista ou comanditário;
XI - atuar, como procurador ou intermediário,
junto a repartições públicas, salvo quando se tra-
O art. 117, da mesma Lei, impõe aos servidores
tar de benefícios previdenciários ou assistenciais
públicos diversas proibições. Trata-se de uma matéria
de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou
que exige grande capacidade de memorização, ainda
companheiro;
que não necessite de um alongamento muito detalhado.
É proibido ao servidor exercer a chamada advo-
Art. 117 Ao servidor é proibido:
I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem cacia administrativa. Essa é uma situação em que o
prévia autorização do chefe imediato; agente público, aproveitando de sua influência, faz
II - retirar, sem prévia anuência da autoridade uso de sua condição de servidor público para benefi-
competente, qualquer documento ou objeto da ciar as pessoas que estiver representando.
repartição;
III - recusar fé a documentos públicos; 243
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 117 [...] os cargos de que decorram essas remunerações forem
XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem acumuláveis na atividade (§ 3º, do art. 118).
de qualquer espécie, em razão de suas atribuições; Cargos em comissão são os cargos ocupados de
XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de esta- forma transitória por servidores públicos nomeados
do estrangeiro; por autoridade competente. Nos termos do art. 119,
XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas;
ao servidor também não será permitida a ocupação
de mais de um cargo comissionado.
Fica proibido ao servidor público realizar emprés- O servidor vinculado ao regime desta Lei que acu-
timos com taxas de juros excessivos. mular licitamente dois cargos efetivos, quando inves-
tido em cargo de provimento em comissão, ficará
Art. 117 [...]
afastado de ambos os cargos efetivos, salvo na hipóte-
XV - proceder de forma desidiosa;
XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da
se em que houver compatibilidade de horário e local
repartição em serviços ou atividades particulares; com o exercício de um deles, declarada pelas autori-
XVII - cometer a outro servidor atribuições estra- dades máximas dos órgãos ou entidades envolvidos
nhas ao cargo que ocupa, exceto em situações de (art. 120).
emergência e transitórias;
XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam Responsabilidades dos Servidores Públicos
incompatíveis com o exercício do cargo ou função e
com o horário de trabalho; Por fim, em relação à responsabilidade dos ser-
XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais vidores públicos, o art. 121, da Lei nº 8.112, de 1990,
quando solicitado. é bastante claro ao dispor que “O servidor responde
civil, penal e administrativamente pelo exercício irregu-
Acumulação de Cargo, Emprego e Função Pública lar de suas atribuições”. Vemos, então, que uma única
conduta praticada pelo referido servidor pode ensejar
Sobre a acumulação de cargos, emprego e funções em responsabilização em três esferas distintas.
públicas, deve-se salientar que o ordenamento jurídi- A responsabilidade civil do servidor público decor-
co brasileiro, em regra, proíbe a acumulação de car- re da prática de atos comissivos ou omissivos, dolosos
gos e empregos públicos. Tal proibição se estende, ou culposos, que sejam capazes de causar danos mate-
inclusive, para as entidades da Administração Indire- riais ao erário (patrimônio público), ou a terceiros, pelo
ta. O caput do art. 118, da Lei nº 8.112, de 1990, dispõe que dispõe o art. 122, da Lei nº 8.112, de 1990.
no mesmo sentido: Ressalvados os casos previstos na A responsabilidade penal do servidor tem seu
Constituição, é vedada a acumulação remunerada de
fundamento na apuração de uma conduta criminal,
cargos públicos. Apesar de o referido texto legal dis-
isso é, a hipótese em que o servidor público possa pra-
por sobre agentes públicos no âmbito federal, enten-
ticar um ilícito penal, ou crime. A responsabilidade
demos que também possa ser aplicado aos agentes
penal é, definitivamente, a mais grave e perigosa, uma
públicos dos Estados, Municípios e Distrito Federal.
vez que ela pode repercutir nas demais esferas, tanto
A proibição de acumular cargos estende-se tam-
9
pela condenação do servidor condenado, quanto pela
-9

bém a empregos e funções em autarquias, fundações


sua absolvição devido à falta de provas materiais ou
96

públicas, empresas públicas, sociedades de economia


pela negação de sua autoria, sendo essas últimas hipó-
.3

mista da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos


93

teses apenas exceções, segundo aludido pelo art. 123.


Territórios e dos Município (§ 1º, art. 118).
A responsabilidade administrativa resulta de
.0

Pela leitura do dispositivo, percebe-se que a pró-


06

pria Constituição Federal dispõe de um rol de casos ato omissivo ou comissivo praticado pelo servidor
-1

excepcionais em que é permitida a acumulação des- no desempenho de cargo ou função, à luz do art. 124.
Consiste na instauração de processo disciplinar,
a

sas funções. Há entendimento praticamente unânime


lv

de que se trata de um rol taxativo, ou seja, são válidas motivo pelo qual haverá a verificação da conduta deli-
Si

apenas aquelas hipóteses de acumulação de cargos. tuosa do agente, bem como a aplicação da pena mais
da

Assim, as hipóteses de acumulação de cargos cons- adequada. Imprescindível reforçar que a aplicação de
qualquer pena ao servidor público pressupõe um pro-
io

titucionalmente autorizadas são:


cesso administrativo, sendo assegurado ao acusado
v

z Dois cargos de professor (“a”, XVI, art. 37); direito ao contraditório e à ampla defesa, sendo obri-
O

z Um cargo de professor com outro técnico ou cientí- gatória, inclusive, a presença do advogado em todas
ri

as fases do referido processo (Súmula nº 343, do STJ).


A

fico (“b”, XVI, art. 37);


z Dois cargos ou empregos privativos de profissio- Todavia, tal entendimento vem sofrendo alterações,
nais na área da saúde (“c”, XVI, art. 37); pois o STF já reconheceu na Súmula Vinculante nº 5
z Um cargo de vereador com outro cargo, emprego que a falta de defesa técnica no processo administrati-
ou função pública (III, art. 38); vo disciplinar não é inconstitucional.
z Um cargo de magistrado e outro de magistério (I, Em relação às penalidades administrativas apli-
parágrafo único, art. 95); cáveis aos servidores públicos, a Lei nº 8.112, de 1990,
z Um cargo de membro do Ministério Público e outro (art. 127) prevê aplicação das seguintes sanções:
de magistério (“d”, II, § 5º, art. 128).
z Advertência: é a sanção mais branda, aplicável
Segundo o § 2º, do art. 118, da Lei nº 8.112, de 1990, por escrito para o servidor que cometer atos como:
a acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condicio- ausentar-se do serviço injustificadamente; recusar
nada à comprovação da compatibilidade de horários. fé a documento público; retirar qualquer docu-
Considera-se também como acumulação proibida a mento da repartição sem a devida autorização;
percepção de vencimento de cargo ou emprego públi- manter sob sua chefia cônjuge, companheiro ou
244 co efetivo com proventos da inatividade, salvo quando parente até o segundo grau; entre outros;
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z Suspensão: aplicável somente quando o servidor Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao ser-
é reincidente nas faltas puníveis por advertên- viço, sem causa justificada, por sessenta dias, interpola-
cia, desde que não tipifiquem infrações sujeitas a damente, durante o período de doze meses (art. 139).
demissão do cargo. A suspensão não poderá ser
aplicada por prazo maior a noventa dias; Art. 140 Na apuração de abandono de cargo ou
z Demissão: trata-se da penalidade mais grave atri- inassiduidade habitual, também será adotado o
buída ao servidor público, uma vez que tem o con- procedimento sumário a que se refere o art. 133 [...].
dão de exonerá-lo de seu cargo. A demissão será
aplicada nos seguintes casos: O procedimento administrativo sumário é aplicável
somente em situações de verificação de acúmulo ilegal
Art. 132 [...] de cargos, inassiduidade habitual e abandono de cargo e
I - crime contra a administração pública; em todos esses casos é cabível e penalidade de demissão.
II - abandono de cargo; E ainda para que se aplique o procedimento sumá-
III - inassiduidade habitual; rio é importante que se siga os requisitos apresenta-
IV - improbidade administrativa; dos a seguir, indicando a materialidade da infração
V - incontinência pública e conduta escandalosa, na administrativa, ou seja, apresentando provas de que o
repartição; fato ocorreu e deve ser julgado.
VI - insubordinação grave em serviço;
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a parti-
Art. 140 [...]
cular, salvo em legítima defesa própria ou de outrem;
I - a indicação da materialidade dar-se-á:
VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos;
a) na hipótese de abandono de cargo, pela indica-
IX - revelação de segredo do qual se apropriou em
ção precisa do período de ausência intencional do
razão do cargo;
servidor ao serviço superior a trinta dias;
X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patri-
b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação
mônio nacional;
dos dias de falta ao serviço sem causa justificada,
XI - corrupção;
por período igual ou superior a sessenta dias inter-
XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou fun-
poladamente, durante o período de doze meses;
ções públicas;
II - após a apresentação da defesa a comissão ela-
XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117.
borará relatório conclusivo quanto à inocência ou
à responsabilidade do servidor, em que resumirá as
Muitas dessas hipóteses impedem que o infrator peças principais dos autos, indicará o respectivo
retorne ao serviço público federal, por isso trata-se de dispositivo legal, opinará, na hipótese de abandono
uma das penalidades mais gravosas; de cargo, sobre a intencionalidade da ausência ao
serviço superior a trinta dias e remeterá o processo
z Cassação de Aposentadoria ou da Disponibi- à autoridade instauradora para julgamento.
lidade: o servidor inativo que houver praticado
falta punível com a demissão terá a sua aposenta- Os responsáveis pela aplicação das penalidades
doria, ou sua disponibilidade cassada; disciplinares serão (art. 141):
9
-9

z Destituição de Cargo em Comissão ou Função


96

Comissionada: caso o servidor ocupante de car- Art. 141 [...]


.3

go não efetivo cometa uma das faltas passíveis da I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes
93

pena de suspensão e demissão, poderá perder o das Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais
.0

seu cargo de confiança ou função comissionada. Federais e pelo Procurador-Geral da República,


06

quando se tratar de demissão e cassação de apo-


-1

Segundo o art. 136, a demissão ou a destituição de sentadoria ou disponibilidade de servidor vincula-


do ao respectivo Poder, órgão, ou entidade;
a

cargo em comissão em decorrência da prática de atos


lv

contra o erário público, nos casos dos incisos IV, VIII, X II - pelas autoridades administrativas de hierar-
Si

quia imediatamente inferior àquelas mencionadas


e XI, do art. 132, implica a indisponibilidade dos bens
da

no inciso anterior quando se tratar de suspensão


(bens adquiridos pelo servidor em decorrência de
superior a 30 (trinta) dias;
io

atos cometidos contra os cofres públicos utilizando-se


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
III - pelo chefe da repartição e outras autoridades
v

da condição de servidor) e o ressarcimento ao erário,


na forma dos respectivos regimentos ou regula-


sem prejuízo da ação penal cabível.
O

mentos, nos casos de advertência ou de suspensão


A demissão ou a destituição de cargo em comis-
ri

de até 30 (trinta) dias;


A

são, por infringência dos incisos IX e XI, do art. 117, IV - pela autoridade que houver feito a nomea-
incompatibiliza o ex-servidor para nova investidura ção, quando se tratar de destituição de cargo em
em cargo público federal, pelo prazo de 5 (cinco) anos. comissão.
Ou seja, dentro desse prazo estabelecido, ainda que
o ex-servidor público demitido ou destituído preste Mesmo que a administração pública tenha o dever
novo concurso e se classifique, não poderá ser investi- de responsabilizar os seus servidores públicos pelas
do e tomar posse de novo cargo. infrações praticadas de que tiver conhecimento, é
Não poderá retornar ao serviço público federal o importante observar que essas penalidades devem
servidor que for demitido ou destituído do cargo em ser aplicadas a contar da data em que o fato se tornou
comissão por infringência dos incisos I, IV, VIII, X e XI, conhecido. A prescrição da ação disciplinar é regula-
art. 132, (parágrafo único, do art. 137). mentada pelo art. 142.
Configura abandono de cargo a ausência inten-
cional do servidor ao serviço por mais de trinta dias Art. 142 A ação disciplinar prescreverá:
consecutivos (art. 138). Nesse caso, o servidor deixa I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis
de comparecer ao serviço por mera liberalidade por com demissão, cassação de aposentadoria ou dis-
mais de trinta dias seguidos. ponibilidade e destituição de cargo em comissão; 245
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II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão; todas as provas colhidas e todos os fatos devidamente
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência. investigados. Ao todo, são três as fases do processo
§ 1º O prazo de prescrição começa a correr da data administrativo disciplinar (art. 151):
em que o fato se tornou conhecido.
§ 2º Os prazos de prescrição previstos na lei penal Art. 151 [...]
aplicam-se às infrações disciplinares capituladas I - instauração, com a publicação do ato que cons-
também como crime. tituir a comissão;
§ 3º A abertura de sindicância ou a instauração de
II - inquérito administrativo, que compreende ins-
processo disciplinar interrompe a prescrição, até a
trução, defesa e relatório;
decisão final proferida por autoridade competente.
III - julgamento.
§ 4º Interrompido o curso da prescrição, o prazo
Art. 152 O prazo para a conclusão do proces-
começará a correr a partir do dia em que cessar a
so disciplinar não excederá 60 (sessenta) dias,
interrupção.
contados da data de publicação do ato que consti-
tuir a comissão, admitida a sua prorrogação por
Do Processo Administrativo Disciplinar: Conceito, igual prazo, quando as circunstâncias o exigirem.
Princípios, Fases e Modalidades
z Do Inquérito Administrativo
O processo administrativo é o instrumento desti-
nado a apurar as responsabilidades do servidor por
O inquérito administrativo é a fase em que temos
infração praticada no exercício de suas atribuições ou
a apuração da responsabilidade disciplinar do servi-
relacionada ao cargo que ocupa. O processo pode ocor-
dor público. Ela compreende a fase instrutória (colhei-
rer em procedimento ordinário ou em sindicância.
ta de provas), a citação e apresentação da defesa do
A sindicância é definida como uma averiguação
sumária promovida no intuito de obter informações servidor que está sendo acusado, além da produção
ou esclarecimentos necessários à determinação do de um documento chamado relatório.
verdadeiro significado dos fatos denunciados. Compa- Art. 155 Na fase do inquérito, a comissão promoverá
rando com o processo penal, pode-se afirmar que a a tomada de depoimentos, acareações, investigações
sindicância é como se fosse a “fase investigativa”, pois e diligências cabíveis, objetivando a coleta de prova,
o fim dela não resulta em uma sentença ou decisão: recorrendo, quando necessário, a técnicos e peritos,
ela serve primordialmente para apurar o que ocorreu, de modo a permitir a completa elucidação dos fatos.
e se é necessário instaurar o processo posteriormente.
Segundo o art. 145, da sindicância poderá resultar: Importante o conteúdo do art. 156, ao dispor que:

I - arquivamento do processo; Art. 156 É assegurado ao servidor o direito de


II - aplicação de penalidade de advertência ou sus- acompanhar o processo pessoalmente ou por inter-
pensão de até 30 (trinta) dias; médio de procurador, arrolar e reinquirir testemu-
III - instauração de processo disciplinar. nhas, produzir provas e contraprovas e formular
quesitos, quando se tratar de prova pericial.
9
Como forma de impedir que o servidor venha
-9

O art. 156 trata de um conteúdo muito importante,


96

interferir de forma negativa durante a investigação


da apuração de sua conduta, estabelece o art. 147 o ou seja, cuida do direito de defesa do servidor público.
.3
93

afastamento preventivo do mesmo: Como medida Não é porque não estamos em um processo judicial
(com a figura de um membro do Poder Judiciário) que
.0

cautelar e a fim de que o servidor público não venha


06

a influir na apuração da irregularidade ao mesmo não devem ser aplicados os princípios mais básicos e
-1

atribuída, a autoridade instauradora do processo fundamentais do mesmo.


administrativo-disciplinar, verificando a existência de É cabível no processo administrativo a aplicação
a
lv

veementes indícios de responsabilidades, poderá orde- dos princípios do contraditório e ampla defesa, a dis-
Si

nar o seu afastamento do exercício do cargo. paridade de armas, o direito de ter ciência e conheci-
da

mento do processo, o direito de ser representado por


z Do Processo Disciplinar autoridade competente etc.
io

A seguir temos alguns meios de prova que são


v

Uma vez encerrada a sindicância e, constatado


uma conduta irregular, temos o início do processo admitidos no processo administrativo, sendo, pratica-
O

administrativo disciplinar (PAD), ou ordinário. Segun- mente os mesmos meios de prova admitidos em pro-
ri

cesso judicial.
A

do o art. 148, o processo administrativo ordinário é


o instrumento destinado a apurar responsabilidade do As testemunhas estão dispostas no art. 157, e serão
servidor público pela infração praticada no exercício de intimadas a depor mediante mandado expedido pelo
suas atribuições ou que tenha relação com as atribui- presidente da comissão, devendo a segunda via, com
ções do cargo em que se encontre investido. o ciente do interessado, ser anexado aos autos. Quem
Segundo o art. 149, o processo será conduzido por convoca as testemunhas para colher seus respectivos
Comissão composta de três servidores estáveis desig- depoimentos, e quem faz toda a colheita de todos os
nados pela autoridade competente, observado o dis- meios de prova, é a Comissão e não a autoridade jul-
posto no § 3º, do art. 143, que indicará, dentre eles, gadora que, por sua vez, somente vai atuar no PAD
o seu presidente, que deverá ser ocupante de cargo quando todo o trabalho da Comissão tiver encerrado.
efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de Se a testemunha for servidor público, a expedição
escolaridade igual ou superior ao do indiciado. do mandado tem que ser imediatamente comunicada
Não temos a figura de um Juiz de Direito no proces- ao chefe da repartição onde serve, com a indicação do
so administrativo, e sim uma “autoridade julgadora”. dia e hora marcados para inquirição. (parágrafo único,
A Comissão não faz parte da autoridade julgadora, ela art. 157). O servidor não pode se ausentar de seu servi-
246 fica encarregada de realizar um relatório contendo ço sem apresentar uma justificativa válida para tanto.
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Concluída a inquirição das testemunhas, a comis- No processo revisional, o ônus da prova recai sem-
são promoverá o interrogatório do acusado, observa- pre ao requerente, correndo em apenso ao processo
dos os procedimentos previstos nos arts. 158 e 159. original (arts. 175 e 178).
No caso de mais de um acusado, cada um deles será A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias para a
ouvido separadamente e, sempre que divergirem em conclusão dos trabalhos de revisão (art. 179). O prazo
suas declarações sobre fatos ou circunstâncias, será para julgamento será de 20 (vinte) dias, contados do
promovida a acareação entre eles. recebimento do processo, no curso do qual a autorida-
A citação do indiciado está disposta no art. 161. de julgadora poderá determinar diligências (parágra-
Tipificada a infração disciplinar, será formulada a fo único, do art. 181).
indiciação do servidor, com a especificação dos fatos a Lembrando que, se da revisão do processo resultar a
ele imputados e das respectivas provas. inocência do servidor, ele tem direito de ser reintegrado
O indiciado será citado por mandado expedido ao cargo que antigamente ocupava, exceto em relação ao
pelo presidente da comissão para apresentar defesa cargo em comissão, que será convertido em exoneração.
escrita, no prazo de 10 (dez) dias, sendo assegurado A revisão do processo não admite a reformatio in
dar vista do processo na repartição, isso é, olhar pági- pejus, o que significa que não poderá resultar agrava-
na por página, parágrafo por parágrafo, tudo o que já mento da penalidade já aplicada (parágrafo único, do
foi produzido no PAD (§ 1º, do art. 161). art. 182).
Considerar-se-á revel o indiciado que, regular-
mente citado, não apresentar defesa no prazo legal.
A revelia será declarada, por termo, nos autos do pro-
cesso e devolverá o prazo para a defesa (caput e § 1º,
ATOS ADMINISTRATIVOS
do art. 164).
Uma vez apuradas todas as provas, a Comissão ela-
CONCEITO DE ATO ADMINISTRATIVO
borará um relatório de tudo que foi constado no pro-
cesso. Não é ainda uma decisão, pois o relatório será
Tudo que praticamos em nossas vidas pode ser
encaminhado para a autoridade julgadora.
considerado atos. Mas, para o Direito, os atos são aque-
les capazes de motivar efeitos jurídicos. E, assim como
z Do Julgamento
as pessoas na vida privada, a Administração Pública
também pratica atos, os quais possuem potencial de
A fase do julgamento tem início com o recebimen-
produzir efeitos jurídicos diversos.
to do relatório da Comissão, e terá prazo máximo de 20
Para Hely Lopes Meirelles, atos administrativos
dias para decidir se acata o relatório ou não (art. 167).
são as manifestações de vontade da Administração
O caput e parágrafo único, art. 168, dispõe, de modo
Pública que objetivam adquirir, resguardar, transfe-
geral, que a autoridade julgadora não está subordina-
rir, modificar, extinguir e declarar direitos ou impor
da ao que foi dito no relatório da Comissão. O julga-
obrigações aos particulares ou a si própria. Isso signi-
mento acatará o relatório da comissão, salvo quando
fica que a Administração, antes mesmo de iniciar sua
9
contrário às provas dos autos. Quando o relatório da
-9

atuação, deve expedir uma declaração que exprime a


comissão contrariar as provas dos autos, a autorida-
96

sua vontade de realizar o referido ato.


de julgadora poderá, motivadamente, agravar a pena-
.3

Importante frisar o caráter infralegal dos atos admi-


93

lidade proposta, abrandá-la ou isentar o servidor de


nistrativos, pois imprescindível é a submissão da Admi-
responsabilidade.
.0

nistração Pública, seus agentes e órgãos à soberania


06

À luz do disposto no art. 172, o servidor que res-


popular.
-1

ponder a processo disciplinar só poderá ser exone-


rado a pedido, ou aposentado voluntariamente, após
a
lv

a conclusão do processo e o cumprimento da penali-


Importante!
Si

dade, acaso aplicada. Ocorrida a exoneração de que


da

trata o inciso I, parágrafo único, do art. 34, o ato será É imprescindível, assim, que o ato administrativo
convertido em demissão, se for o caso. esteja previsto em lei, sendo que seu conteúdo
io

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO


v

não pode ser contrário a ela (contra legem), mas


z Da Revisão do Processo Administrativo Disciplinar deve complementá-la, apresentando, então, uma


O

conformidade (secundum legem).


ri

A qualquer tempo poderá ser requerida a revisão


A

do procedimento administrativo, a pedido ou de ofí-


cio, quando se aduzirem fatos novos ou circunstân- REQUISITOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
cias suscetíveis de justificar a inocência do punido ou
a inadequação da penalidade aplicada (art. 174). Os requisitos ou elementos dos atos administrati-
A revisão é uma forma de defesa utilizada pelo vos são assuntos com imensa divergência doutrinária.
acusado ou seu representante, para que a autoridade A maioria dos concursos públicos ainda adota a con-
possa realizar um novo julgamento do PAD, porque cepção mais clássica dos requisitos dos atos adminis-
apareceu um fato ou circunstância nova que compro- trativos e, por isso, daremos maior destaque a ela.
vem a inocência do requerente. De modo geral, a corrente clássica, defendida por
A revisão de que trata este artigo poderá ser reque- autores, como Hely Lopes Meirelles, tende a dispor
rida em caso de falecimento, ausência ou desapare- cinco requisitos dos atos administrativos para a sua
cimento do servidor público, por qualquer pessoa da formação, utilizando, como inspiração, o preceito legal
família, ou ainda em caso de incapacidade mental do disposto no art. 2º da Lei nº 4.717, de 1965. São eles:
servidor público, pelo respectivo curador (§ § 1º e 2º,
art. 174). 247
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z competência; Forma
z objeto;
z forma; A forma é o modo por meio do qual se exterioriza
z motivo; o ato administrativo, é seu revestimento. O desrespeito
z finalidade. à forma do ato acarreta na sua nulidade. Trata-se de
ato vinculado, quando exigida por Lei, e discricionário
Competência quando a sua escolha couber ao próprio agente público.
Em regra, os atos administrativos são sempre exte-
Competência diz respeito à capacidade do agente riorizados por escrito, mas podem também ser orais,
público para o exercício dos atos administrativos. É gestuais, ou até mesmo expedidos por máquinas. O
requisito de validade, haja vista que, no Direito Admi- art. 22 da Lei nº 9.784, de 1999 determina que:
nistrativo, a lei é quem estabelece as competências
atribuídas a seus agentes para o desempenho de suas Art. 22 Os atos do processo administrativo não
funções. Quando o agente atua fora dos limites da lei, dependem de forma determinada senão quando a
diz-se que cometeu ato nulo por excesso de poder. É, lei expressamente a exigir.
por isso, sempre um ato vinculado.
A competência possui certas características próprias, Motivo
a saber: obrigatória, intransferível, irrenunciável,
imodificável, imprescritível e improrrogável. Vere- O motivo é a circunstância de fato ou de direito que
mos de modo mais específico cada uma delas a seguir: determina ou autoriza a prática do ato, isso é, a situa-
ção fática que justifica a realização do ato. Situação
z Obrigatória, porque representa um dever do agen- de fato é o conjunto de circunstâncias que motivam
te público; a realização do ato; questões de direito é a previsão
z Intransferível significa que, de modo geral, a com- legal que leva à realização do ato.
petência é um quesito personalíssimo, não pode O motivo pode ser tanto requisito vinculado como
ser transferido para terceiros; discricionário, dependendo do comando legal impos-
z Irrenunciável, porque o agente público não pode to aos agentes. Assim, o motivo será vinculado quando
abrir mão de sua competência; a lei expressamente obrigar o agente a agir de um cer-
z Imodificável significa que a competência, uma vez to modo, como na hipótese de lançamento tributário
estabelecida, não pode sofrer alterações posteriores. (o fiscal da Receita não tem direito de escolha, se deve
z Imprescritível, porque a competência perdura ao ou não fazer o lançamento).
longo do tempo, ela não caduca; Situação diversa é a do pedido de demissão de ser-
z Improrrogável significa dizer que se é competente vidor público no caso de incontinência pública (art.
hoje, continuará sendo sempre, exceto por previ- 132, V, da Lei nº 8.112, de 1990), hipótese em que a
são legal expressa em sentido contrário. autoridade competente tem maior liberdade para
avaliar se a demissão é realmente ato necessário ou
No entanto, essas características não vedam a pos-
9
não, dependendo do caso concreto.
-9

sibilidade de delegação, quando prevista em lei. Por Não se confunde motivo com motivação, essa é a
96

isso, pode-se dizer também que a delegabilidade é justificativa para a realização de determinado ato. O
.3

outra característica da competência. Porém, atente-se motivo ocorre em momento anterior à prática do ato,
93

ao disposto no art. 13 da Lei nº 9.784, de 1999: enquanto a motivação, por ser uma série de explica-
.0

Não podem ser objeto de delegação:


06

ções que justificam a expedição do ato, ocorre sem-


-1

pre em momento posterior. Assim, todo o ato tem seu


Art. 13 [...] motivo (Teoria dos Motivos Determinantes), mas nem
a

I - a edição de atos de caráter normativo;


lv

sempre é expedido adjunto com a motivação, que


II - a decisão de recursos administrativos;
Si

nada mais é do que a exteriorização dos motivos.


III - as matérias de competência exclusiva do órgão
da

ou autoridade. Alguns atos, então, não podem ser


Finalidade
io

delegados a outras autoridades, principalmente se


v

tais atos são de competência exclusiva do agente


público. Finalidade é o objetivo a ser almejado pela prática


O

daquele ato administrativo. Em muitos casos, o obje-


ri

tivo almejado é a proteção do interesse público. Sem-


A

Objeto
pre que o ato for praticado, tendo em vista o interesse
Objeto é o conteúdo do ato, ou o resultado que alheio, será nulo por desvio de finalidade.
pretende ser almejado pela prática do ato administra- Por exemplo: o trancamento de um estabelecimen-
tivo. Todo ato administrativo tem por objeto a cria- to, após constatação de falta de cuidados higiênicos
ção, modificação, ou comprovação de situações com os alimentos, visa a proteção da vida e da saúde
jurídicas concernentes a pessoas, bens, ou atividades dos cidadãos que frequentam aquele local. Pode-se
sujeitas ao exercício do Poder Público. É por meio dele afirmar, de modo geral, que a finalidade de um ato
que a Administração exerce seu poder, concede um administrativo sempre será a proteção dos direitos e
benefício, aplica uma sanção, declara sua vontade, garantias fundamentais da pessoa humana.
estabelece um direito do administrado etc. Além dessa concepção clássica, há também uma
O objeto pode não estar previsto expressamente classificação mais moderna dos requisitos dos atos
na legislação, cabendo ao agente competente a opção administrativos, elaborada por autores como Celso
que seja mais oportuna e conveniente ao interesse Antônio Bandeira de Mello. Por ser pouco utilizada
público. A definição de objeto do ato administrativo em concursos públicos, observaremos apenas os pon-
248 trata-se, por isso, de ato discricionário. tos essenciais e didáticos da referida classificação.
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Para essa concepção moderna, são requisitos dos consequências perante terceiros. O Estado somente con-
atos administrativos: segue alcançar seus objetivos de forma eficiente se ele
se encontrar em posição superior aos seus governados.
a) sujeito; A justificativa da criação unilateral, ainda que contra
b) motivo; a vontade dos administrados, dos atos administrativos
c) requisitos procedimentais; é o Poder coercitivo do Estado, também denominado
d) finalidade; Poder Extroverso ou Poder de Império. Esse não é um
e) causa e atributo comum a todos os atos, mas tão somente aos
f) formalização. que impõem obrigações aos administrados. Assim, não
têm essa característica os atos que outorgam direitos
Sujeito, requisitos procedimentais e causa são os (autorização, permissão, licença), bem como aqueles
requisitos vinculados, enquanto o motivo, a finalida- meramente administrativos (certidão, parecer).
de e a formalização são requisitos discricionários.
Exigibilidade
ATRIBUTOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
Consiste no atributo que permite à Administração
Atributos são as características dos atos adminis- Pública aplicar sanções aos particulares por violação
trativos, que os distinguem dos demais atos jurídicos, da ordem jurídica, sem a necessidade de recorrer ao
pois estão submetidos ao regime jurídico administrativo. processo judicial, que é demasiado longo e repleto
Essas características traduzem em prerrogativas concedi- de solenidades. A exigibilidade permite ao Adminis-
das à Administração Pública para que ela possa atender trador aplicar as sanções administrativas, como mul-
de maneira adequada as necessidades da população. tas, advertências e interdição de estabelecimentos
A doutrina mais moderna4 faz referência a cinco comerciais.
atributos distintos:
Autoexecutoriedade
a) presunção de legitimidade e veracidade;
b) imperatividade; A autoexecutoriedade permite que a Administra-
c) exigibilidade; ção Pública possa realizar a execução material de
d) auto executoriedade; seus atos. A expressão “auto” advém do fato de que
e) tipicidade. o Poder Público não necessita de autorização judicial
para desconstituir a situação irregular e violadora da
Veremos cada um desses atributos de modo mais ordem jurídica, o que a difere da exigibilidade, que
específico a seguir: não tem o condão de, por si só, desconstituir a irre-
Presunção de legitimidade e veracidade. gularidade do ato, apenas pune o infrator. Para tanto,
Também pode ser denominado presunção de necessita da presença de dois requisitos: a previsão
legalidade. Significa que todo ato administrativo legal, como nos casos de Poder de Polícia; e o caráter
9
é considerado válido no âmbito jurídico até surgir
-9

de urgência, a fim de preservar o interesse coletivo.


prova em contrário. Se, pelo princípio da legalidade,
96

Assim, não há necessidade de intervenção judicial


ao Administrador só cabe fazer o que a lei permite,
.3

nas hipóteses de: apreensão de mercadorias contra-


93

então, presume-se que o fez respeitando a lei. bandeadas, na demolição de construção irregular,
Nosso Direito admite duas formas de presunção:
.0

na interdição de estabelecimento comercial irregu-


06

lar, entre outros. Todavia, afirmar que a execução


-1

z Presunção juris et de jure que significa “de direito e independe de manifestação do Judiciário não signifi-
por direito”, é presunção absoluta, que não admite
a

ca dizer que escapa do controle judicial. Poderá ser


lv

prova em contrário; levado ao crivo, mas somente a posteriori, depois


Si

z Presunção juris tantum, resultante do próprio de seu cumprimento, se houver provocação da par-
da

direito e, embora por ele estabelecida como verda- te interessada. As medidas judiciais mais adequadas
deira, admite prova em contrário.
io

para contestar a força coercitiva administrativa são o


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
v

mandado de segurança e o habeas data (art. 5º, LXIX e


A presunção dos atos administrativos é juris tan- LXVIII, da CF, de 1988).


O

tum. Trata-se, então, de presunção relativa. Cabe ao Importante ressaltar ainda que os princípios da
ri
A

particular que alegou a ilegalidade do ato administra- razoabilidade e proporcionalidade impõem limites
tivo provar a carência de legitimidade do mesmo. na atuação coercitiva dos agentes públicos. A autoe-
A presunção atinge todos os atos, inclusive aqueles xecutoriedade (leia-se o uso de força física) deve ser
praticados pela Administração com base no direito priva- utilizada com bom senso e moderação.
do. Qualquer que seja o ato, se praticado pela Administra-
ção Pública, será presumidamente legítimo e verdadeiro. Tipicidade

Imperatividade A tipicidade diz respeito à necessidade de respei-


tar as finalidades específicas delimitadas pela lei, para
Compreendida também como coercibilidade, os cada espécie de ato administrativo. Dependendo da
atos administrativos se impõem aos destinatários, inde- finalidade que o Poder Público almeja, existe um ato
pendentemente de sua concordância, outorgando-lhes definido em lei. A lei deve sempre estabelecer os tipos
deveres e obrigações. A imperatividade garante ao de atos e suas consequências, promovendo ao particu-
Poder Público a capacidade de produzir atos que geram lar a garantia de que a Administração Pública não fará
4 MAZZA, A. Manual de direito administrativo. 8ª Edição. São Paulo: Saraiva, 2018. 249
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uso de atos inominados, sem tipificação, que impõe z Atos compostos: é aquele que advém de mani-
obrigações cuja previsão legal não existe. É um atri- festação de apenas um órgão. Porém, para que
buto que deriva do próprio princípio da legalidade. produza efeitos, depende da aprovação, visto,
ou anuência de outro ato, que o homologa, como
Dica condição para a executoriedade daquele ato. Cos-
tuma-se afirmar que o ato posterior é acessório
A tipicidade é uma característica marcante da do anterior, pois a manifestação do segundo ato
expropriação de bens particulares pelo Poder não possui a mesma matéria do primeiro: ele ape-
Público. É o caso de desapropriação adminis- nas complementa a aplicação deste. Exemplo: a
trativa, hipótese em que o Poder Público tem a nomeação de servidor público, que deve sempre
prerrogativa de tirar da esfera de alguma pessoa anteceder a sua aprovação em concurso público.
física a titularidade sobre bem imóvel, trans-
formando-o em bem público. Para tanto, deve Quanto aos Destinatários
realizar um procedimento envolvendo aspectos
mais complexos, como a declaração de utili- z Atos gerais: são o conjunto de regras de caráter
dade ou necessidade pública (art. 5º, XXIV, da abstrato e impessoal. Seus destinatários são mui-
CF, de 1998), bem como a necessidade de pré- tos, mas unidos por características em comum, que
via indenização ao particular que teve seu bem os faz destinatários do mesmo ato. Para produzi-
expropriado, em pecúnia (art. 182, § 3º, da CF, rem seus efeitos, já que externos, devem ser publi-
de 1988). cados na imprensa oficial. Exemplos: os editais de
concurso público, as instruções normativas;
CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS z Atos coletivos: são aqueles expedidos a um grupo
definido de destinatários. É o caso, por exemplo,
Atos administrativos existem dos mais variados tipos. de alteração de horário de funcionamento de uma
Para efeitos didáticos, costuma-se dividir e agrupá-los, repartição pública. Tal ato, evidentemente, somen-
formando-se uma verdadeira classificação desses atos. te é do interesse daqueles funcionários. A publici-
Portanto, passemos a analisar as diversas modalidades de dade é atendida apenas com a comunicação dos
atos administrativos, observando os seguintes critérios: interessados, visto que é um ato interno da Admi-
nistração Pública;
Quanto ao Grau de Liberdade z Atos individuais: são aqueles destinados a ape-
nas um único destinatário. Exemplo: a promoção
z Atos vinculados: são aqueles praticados pela de um determinado servidor público. A exigência
Administração Pública sem nenhuma liberdade da publicidade depende somente da comunicação
de atuação. A lei define todas as margens de sua do interessado, não há necessidade de publicação
conduta. Havendo vício no ato vinculado, pode-se pelo Diário Oficial.
pleitear a sua anulação, pois trata-se de vício de
9
Quanto aos Efeitos
-9

legalidade. É o caso, por exemplo, da concessão de


96

aposentadoria para o contribuinte beneficiário;


z Atos constitutivos: são aqueles que geram uma
.3

z Atos discricionários: a lei também estabelece


93

uma série de regras para a prática de um ato, mas nova situação jurídica aos destinatários. Pode ser
pela outorga de um novo direito, como permissão de
.0

deixa certo grau de liberdade ao agente público,


06

que poderá optar por um entre vários caminhos uso de bem público, ou a imposição de uma obriga-
-1

igualmente válidos. Há uma avaliação subjetiva ção, como estabelecer um período de suspensão;
prévia à edição do ato. É o caso das permissões z Atos declaratórios: são aqueles que afirmam uma
a
lv

para o uso de bem público. No caso de o ato dis- situação já existente, seja de fato ou de direito. Não
Si

cricionário não ser mais conveniente e oportuno cria, transfere ou extingue situação jurídica, ape-
da

para a Administração Pública, a solução mais cor- nas a reconhece. É o caso da expedição de uma cer-
reta para sua extinção é a revogação; tidão de tempo de serviço;
io

z Atos modificativos: são os que tem capacidade de


v

Quanto à Formação de Vontade alterar a situação já existente, sem que seja extin-
O

ta. Todavia, não tem o condão de criar direitos e


ri

obrigações. Exemplo: a alteração do horário de


A

z Atos simples: são aqueles que nascem da manifes-


tação de vontade de apenas um órgão, seja ele uni- atendimento da repartição;
pessoal (formado só por uma pessoa) ou colegiado z Atos extintivos: também denominados atos des-
(composto por várias pessoas). O ato que altera constitutivos, são aqueles que põem termo a um
o horário de atendimento da repartição pública, direito ou dever preexistentes. Exemplo: a demis-
emitido por uma única pessoa, bem como a deci- são de servidor público.
são administrativa do Conselho de Contribuintes
do Ministério da Fazenda, que expressa vontade Quanto ao Objeto
única apesar de ser órgão colegiado, são exemplos
de atos simples; z Atos de império: são aqueles praticados pela
z Atos complexos: são aqueles que se formam pela Administração em posição de superioridade
união de várias vontades, isso é, que necessitam da perante os particulares, como na imposição de
manifestação de vontade de dois ou mais órgãos multa por infração administrativa;
diferentes para a sua formação. Enquanto todos os z Atos de gestão: são expedidos pela Administração,
órgãos competentes não se manifestarem da for- em posição de igualdade em relação aos administra-
250 ma devida, o ato não estará perfeito; dos. É o caso da alienação de bem público;
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z Atos de expediente: são atos internos, elaborados z Atos ordinatórios: correspondem a manifesta-
por autoridade subalterna, que não tem capacida- ções internas da Administração Pública decorren-
de decisória. Exemplo: numeração dos autos no tes do poder hierárquico, estabelecendo regras de
processo judicial. funcionamento de seus órgãos internos e regras
de conduta de seus agentes. Tais atos não podem
Quanto à Exequibilidade disciplinar as condutas dos particulares. São atos
ordinatórios: as instruções; as circulares; os avi-
z Atos perfeitos ou imperfeitos: a perfeição diz sos; as portarias; os ofícios; as ordens de serviço;
respeito aos atos que completaram seu processo de os despachos; entre outros;
formação, isso é, que já apresentam todos os cinco z Atos negociais: são aqueles que manifestam a
elementos do ato administrativo (agente, forma, vontade da Administração em consonância com
finalidade, objeto e motivo). Por outro lado, atos o interesse dos particulares. Exemplos: a licença,
imperfeitos são os que ainda não completaram seu a autorização, a permissão, a concessão, a apro-
processo de formação, seja porque carecem de um vação, a homologação, a renúncia, etc. Os atos
dos cinco elementos, seja porque recai uma condição negociais podem ser vinculados (licença) ou discri-
suspensiva que impede que o ato se torne perfeito; cionários (autorização), definitivos ou precários,
z Atos válidos ou inválidos: a validade não é sinô- sendo passíveis de revogação pelo Poder Público
nimo de perfeição, uma vez que possui relação a qualquer tempo. A característica especial desses
com o ordenamento jurídico, e não com os elemen- atos é que eles não disciplinam direitos, e sim inte-
tos constitutivos. Todo ato administrativo válido resses dos particulares;
deve ter uma norma jurídica como fundamento, z Atos enunciativos: também denominados “atos
caso contrário, é considerado um ato ilícito (inváli- de pronúncia”, são aqueles que certificam, ou ates-
do), podendo ser anulado; tam a existência de uma situação jurídica peculiar.
z Atos eficazes ou ineficazes: o critério analisado Tais atos possuem caráter predominantemente
aqui é a eficácia dos atos administrativos. Ato efi- declaratório. São atos enunciativos: as certidões;
caz é aquele que já está produzindo efeitos concre- os atestados; os pareceres etc.;
tos. São considerados eficazes porque sobre eles z Atos punitivos: como o próprio nome supõe, são
não recai nenhum prazo ou condição suspensiva. os atos que aplicam sanções aos particulares, ou
Já os atos ineficazes são aqueles que não podem aos servidores que pratiquem condutas irregula-
produzir seus efeitos, seja por motivos de perfeição, res, nos termos da lei. São atos punitivos: as mul-
seja pela ausência de um outro ato administrativo tas, as interdições; e a destruição de coisas.
que o homologue. É o caso, por exemplo, da investi-
dura de candidato em um cargo público. Tal ato por INVALIDAÇÃO E EXTINÇÃO DOS ATOS
si só é ineficaz, se o candidato não tiver, além de ser
ADMINISTRATIVOS
aprovado em concurso público, realizado outro ato
que é a assinatura do termo de posse.
Os atos administrativos possuem um ciclo de
9
vida. Eles são criados, começam a produzir efeitos e,
-9

Alguns autores como, Celso Antônio Bandeira de


depois de um tempo, desaparecem. Vamos analisar
96

Mello salientam que há uma mescla dessa última


com mais detalhes justamente o desaparecimento
.3

classificação, o que significa que o ato administrativo


93

dos atos administrativos, embora seja preferível uti-


pode se encontrar de diversas formas, tais como:
lizar o termo “extinção” (ou “invalidação”) dos atos
.0
06

administrativos.
a) perfeito, válido e eficaz;
-1

b) perfeito, válido e ineficaz; Para melhor compreensão do tema, a doutrina


utiliza-se de uma sistematização das formas de extin-
a

c) perfeito, inválido e ineficaz; ou ainda


lv

d) imperfeito, inválido e ineficaz. ção dos atos administrativos. A principal divisão que
Si

deve ser feita é em relação à produção de efeitos: exis-


da

Os critérios apresentados não são exaustivos: há tem atos administrativos eficazes e atos ineficazes.
Quando ineficaz, o ato pode ser extinto pela retirada,
io

outras formas de classificação dos atos administrati-


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
ou pela sua recusa pelo beneficiário. Tratando-se de
v

vos adotadas por diversos autores. Escolhemos apre-


sentar aqueles que têm mais chances de aparecer em atos eficazes, há quatro formas de extinção dos atos
O

uma questão de prova. administrativos:


ri
A

ESPÉCIES DE ATOS ADMINISTRATIVOS z Extinção ipsu iure pelo cumprimento dos efei-
tos: é a extinção que ocorre pelo cumprimento
Os atos administrativos tipificados pela legislação integral dos efeitos do ato administrativo. É a
brasileira são diversos. Por isso, também é utilizado, extinção natural esperada por todo ato adminis-
para fins didáticos, uma sistematização dos atos admi- trativo. Pode ocorrer mediante:
nistrativos. A doutrina divide os atos administrativos
previstos da legislação em cinco espécies distintas: „ Esgotamento do conteúdo, como a vacina-
ção de enfermos após expedição de ordem de
z Atos normativos: são aqueles que apresentam entrega das vacinas;
comandos gerais e abstratos para o cumprimento „ Execução da ordem, como o guinchamento de
da lei. Alguns autores, inclusive, chegam a consi- veículo;
derar tais atos “leis em sentido material”. São atos „ Implemento de condição resolutiva ou termo
normativos: os decretos e regulamentos; as instru- final, como o prazo final para renovação da CNH;
ções normativas; os regimentos; as resoluções; e as
deliberações; 251
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z Extinção ipsu iure pelo desaparecimento da retroativos, ou ex nunc. Há a possibilidade do particu-
pessoa ou objeto: os atos administrativos podem lar, que se sentiu prejudicado com a referida medida,
tratar das pessoas ou coisas. Desaparecendo um ingressar em juízo com pedido de indenização contra
desses elementos, o ato extingue-se automatica- a Administração.
mente, pois perdeu a sua utilidade. As pessoas
“desaparecem” com seu falecimento, como a mor- Anulação
te de servidor público que receberia promoção; e É a extinção de ato administrativo defeituoso, pois
as coisas com a sua ruína ou destruição, como o carece de legalidade, podendo ser expedido pela Admi-
desabamento de prédio que recebeu licença para nistração Pública, ou até mesmo pelo Poder Judiciário. A
a sua reforma; anulação deriva do próprio princípio da legalidade e auto-
z Extinção por renúncia: ocorre quando o próprio tutela. Também possui fundamento no art. 53 da Lei nº
beneficiário abre mão da situação proporcionada 9.784, de 1999, bem como na Súmula nº 473, do STF.
pelo ato administrativo. É o caso da exoneração de A anulação realizada pela própria Administração
cargo público a pedido do seu ocupante; ocorre mediante a expedição de ato anulatório. Suas
z Retirada do ato: é a forma mais importante de
características principais são: é ato secundário, consti-
extinção dos atos administrativos, para os concursos
tutivo e vinculado. Tanto a Administração como o Poder
públicos. É a extinção que se dá pela expedição de um
Judiciário podem decretar a anulação de ato administra-
segundo ato, elaborado para extinguir ato adminis-
tivo. Outra característica importante é o prazo definido
trativo anterior a ele. Comporta cinco modalidades,
pelo caput do art. 54 da Lei nº 9.784, de 1999:
que serão vistas com maiores detalhes: revogação,
anulação, cassação, caducidade e contraposição.
Art. 54 O direito da Administração de anular os
atos administrativos de que decorram efeitos favo-
Revogação
ráveis para os destinatários decai em cinco anos,
contados da data em que foram praticados, salvo
Revogação é a extinção de ato administrativo que comprovada má-fé.
se encontra perfeito e apto a produzir seus efeitos,
praticado pela própria Administração Pública. Essa
O prazo decadencial de cinco anos é atributo exclu-
remoção é fundada em razões de conveniência e opor-
sivo da anulação.
tunidade, sempre almejando a proteção do interesse
Por fim, em relação a seus efeitos, é importante fri-
público. Nessa hipótese, ocorre uma causa superve-
sar que o ato nulo (aquele que carece de legalidade)
niente, que altera o juízo de conveniência e oportu-
tem o seu defeito constatado desde a sua concepção.
nidade sobre a permanência de ato discricionário,
Por isso, a anulação deve desconstituir os efeitos des-
obrigando a Administração a expedir um segundo ato
capaz de revogar esse ato anterior. de a data da prática daquele ato. Podemos afirmar,
O conceito de revogação tem previsão no art. 53 da então, que a anulação possui efeito retroativo, ou ex
Lei nº 9.784, de 1999: tunc. Em regra, não gera ao particular direito à inde-
nização pela anulação de ato ilegal, salvo se compro-
9
-9

Art. 53 A Administração deve anular seus próprios var ter sofrido dano anormal para ocorrência, do qual
96

atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode não tenha participado.


.3

revogá-los por motivo de conveniência ou oportuni-


93

dade, respeitados os direitos adquiridos. Cassação


.0
06

Sobre o mesmo assunto, a Súmula nº 473, do STF: São hipóteses em que o administrado deixa de
-1

preencher condição necessária para a permanência


a

Súmula nº 473 A administração pode anular seus da referida vantagem. Exemplo: habilitação da CNH
lv

próprios atos, quando eivados de vícios que os tor- cassada por ser pessoa enferma.
Si

nam ilegais, porque deles não se originam direitos;


da

ou revogá-los, por motivo de conveniência ou opor- Caducidade


io

tunidade, respeitados os direitos adquiridos, e res-


v

salvada, em todos os casos, a apreciação judicial.


Também denominada decaimento, consiste na


O

modalidade de extinção de ato administrativo em con-


Por tratar-se de questão de mérito, a revogação
ri

sequência de norma jurídica superveniente, a qual


A

somente pode ser decretada pela própria Administra-


impede a permanência da situação anteriormente
ção Pública. É, também, decorrência do princípio da
autotutela: a Administração Pública tem competência consentida. Como não pode produzir efeitos automati-
para anular e revogar seus atos, sendo descabida a camente, é necessária a prática de um ato secundário,
manifestação do Poder Judiciário nos atos adminis- determinando a extinção do ato decaído. Exemplo:
trativos discricionários. A revogação é elaborada pela perda do direito de comercializar em área que passa a
mesma autoridade que praticou o ato principal. ser considerada exclusivamente residencial.
O ato revocatório é sempre secundário, consti-
tutivo e discricionário. Seu objeto será sempre o ato Contraposição
administrativo ou a relação jurídica anterior perfei-
ta e eficaz, destituído de qualquer vício. A revogação É o modo de extinção que ocorre com a expedição
atinge somente os atos discricionários: para os atos de um segundo ato, fundado em competência diversa,
vinculados, a medida cabível é a anulação. cujos efeitos são contrapostos aos do ato inicial. É uma
Por fim, em relação a seus efeitos, a revogação não espécie de revogação praticada por autoridade distinta
pode atingir as situações jurídicas do passado. Isso da que expediu o ato inicial. Exemplo: nomeação de um
252 significa que a revogação produz efeitos futuros, não funcionário anteriormente exonerado de seu cargo.
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CONVALIDAÇÃO, PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA DO prerrogativas, ou Poderes, conferidos pela legislação.
ATO ADMINISTRATIVO Esses poderes são considerados instrumentos de traba-
lho. Significa dizer que esses poderes-deveres são instru-
Apesar de termos visto diversas formas de extin- mentais, utilizados pela Administração com o objetivo
ção dos atos administrativos, isso não significa que maior de promover a supremacia do interesse público.
qualquer vício é capaz de retirar tal ato do seu campo O fundamento jurídico para que a Administração
de atuação. Existe a possibilidade desses atos serem possua tantos poderes e prerrogativas está contido no
corrigidos, terem seus vícios sanados, para que vol- princípio basilar da supremacia do interesse público
tem a surtir seus efeitos benéficos em toda a socieda- sobre o privado. Para que o interesse público possa
de. Essa é a hipótese da convalidação (ratificação) dos prevalecer, sempre, sobre os interesses individuais
atos administrativos. de cada cidadão, é imprescindível que a Administra-
A convalidação está prevista no art. 55 da Lei nº ção permaneça em uma posição de superioridade em
9.784, de 1999, que assim expõe: relação aos demais.
Antes de adentrarmos nos poderes administrati-
Art. 55 Em decisão que esteja evidente que não acar- vos em espécie, convém fazer um estudo maior sobre
retare lesão ao interesse público nem prejuízo a ter- as hipóteses de abuso de poder.
ceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis
poderão ser convalidados pela própria Administração. DO USO E ABUSO DE PODER

Assim, todo ato que contém algum vício, estando apto Quando o agente público exerce adequadamente
a produzir efeitos, e desde que esse vício não seja insa- suas competências, atuando em conformidade com a
nável, podem ser convalidados. Somente os elementos legislação, sem excessos ou desvios, diz-se que ele faz
da forma e da competência podem sofrer convalidação. uso regular do poder. Entretanto, havendo hipóteses
Mas a Administração não pode extinguir seus pró- de exercício de competências fora dos limites legais,
prios atos a qualquer tempo. Ela tem um prazo para visando apenas interesses alheios, trata-se de clara
tanto, o qual denomina-se prescrição (no sentido de hipótese de uso irregular do poder, também denomi-
decadência) administrativa. Essa nomenclatura pode nado abuso de poder. O abuso de poder, além de cau-
ser um pouco confusa, pois, na verdade, a prescrição sar a invalidade do ato, constitui em ilícito ensejador
e a decadência tratam de duas coisas distintas. O cor- de responsabilidade pela autoridade competente que
reto seria dizer que há um prazo decadencial para a causou danos com seu uso irregular.
Administração exercer o seu direito de revisar os seus Abuso de poder pode se manifestar no exercício
próprios atos. Ocorre que, para exercer esse direito, das funções administrativas sob duas formas: pelo
deve a mesma ingressar com uma ação no Judiciá- excesso de poder e pelo desvio de finalidade.
rio e, sobre essa ação, recai um prazo prescricional. Excesso de poder é a hipótese de uso irregular dos
Assim, a prescrição atinge somente o direito de poderes administrativos pela qual a autoridade pra-
exercício da ação cabível, enquanto a decadência tica algum ato desrespeitando os limites impostos,
atinge o direito em si. Em suma, não é porque ocor- exorbitando o uso de suas faculdades administrativas.
9
reu a decadência do direito da Administração de anu-
-9

Ao exceder sua competência legal, o agente respon-


96

lar o próprio ato que ela mesma criou, que esse ato sável age com exageros e desproporcionalidade, o que
.3

não possa ser anulado pelo Poder Judiciário, dentro torna o ato praticado por ele absolutamente inválido.
93

do processo judicial. Mas o excesso de poder admite convalidação, ou seja,


.0

A decadência existe para proteger os vínculos e há hipóteses em que se pode corrigir vício cometido
06

relações jurídicas travados entre a Administração no ato preservando sua eficácia, dependendo do caso
-1

Pública e os particulares, garantindo maior segurança concreto.


jurídica, impedindo que o particular seja surpreendi-
a

Desvio de finalidade, por sua vez, é vício do ato


lv

do por uma situação que ficou no passado. administrativo, praticado sempre por autoridade
Si

E qual é esse prazo da decadência administrativa? competente, que tem fim diverso daquele previs-
da

Segundo o caput do art. 54 da Lei nº 9.784, de 1999, to, explícita ou implicitamente, nas regras de compe-
io

tência da legislação (alínea “e”, parágrafo único, art.


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
v

Art. 54 O direito da Administração de anular os 2º, da Lei nº 4.717, de 1965). A finalidade diversa não

atos administrativos de que decorram efeitos favo- macula os requisitos essenciais dos atos administrati-
O

ráveis para os destinatários decai em cinco anos, vos (competência, objeto, forma, motivo), mas tende a
ri

contados da data em que foram praticados, salvo


A

macular o ato, tornando-o nulo. O único caminho pos-


comprovada má-fé.
sível para esse ato é a anulação, ou seja, não há pos-
sibilidade de convalidação. O desvio de finalidade
Sobre o prazo da prescrição do processo adminis-
pode ocorrer tanto nas condutas comissivas, em seu
trativo, não há um dispositivo legal que trata sobre o
campo de atuação, quanto nas condutas omissivas,
tema. Porém, é entendimento preponderante da juris-
isto é, quando o agente público se abstém de realizar
prudência que ocorre a prescrição quando o processo
tarefa legalmente imposta.
administrativo fica paralisado por mais de 3 (três) anos.
Exemplos de desvio de finalidade são bastante
comuns na Administração Pública brasileira:

PODERES DA ADMINISTRAÇÃO z A construção de estrada cujo trajeto foi elaborado


PÚBLICA com objetivo de valorizar a propriedade rural de
um governador;
A Administração Pública deve cumprir suas atri- z A transferência de servidor público para outro
buições constitucionais por imposição legal. Para Estado apenas para ficar longe da filha do delega-
tanto, o exercício de suas funções depende de certas do de polícia da cidade; 253
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z A nomeação de réu em ação penal a cargo público Atualmente muito se questiona sobre a legalidade
para obter foro privilegiado e transferir seu pro- administrativa, que fundamenta a vinculação de seus
cesso para o STF etc. atos. Dizer que a vinculação é uma simples obediên-
cia a legislação é uma noção muito restrita e aquém
Percebe-se que, em todos os casos, há a sobrepo- da realidade social. A legalidade, enquanto vazia ou
sição de um interesse particular sobre o interesse da formal (noção de fazer um checklist do ato), desvincu-
coletividade: os agentes estatais, dessa forma, pra- lada do cumprimento de direitos fundamentais, não
ticam atos visando obter alguma vantagem pessoal, se sustenta. Doutrinariamente, sustenta-se uma revi-
para eles mesmos ou para outrem, concretizando, são da legalidade, de modo que os administradores,
assim, o desvio de finalidade. agora, vinculam-se não somente à Lei, e sim à Cons-
tituição (constitucionalidade administrativa). Assim,
um comando oriundo de uma lei manifestamente
Vício de
competência inconstitucional pode não ser cumprida pelos agentes
públicos.
Excesso de poder
Admite PODER REGULAMENTAR
convalidação

ABUSO DE PODER O poder regulamentar consiste na possibilidade do


Vício de Chefe do Poder Executivo de cada entidade da Federa-
finalidade ção de editar atos administrativos gerais, abstratos ou
Desvio de concretos, expedidos para dar fiel cumprimento à lei.
finalidade Seu fundamento legal encontra-se disposto no inciso
Não admite
convalidação IV, art. 84, da CF, de 1988:

Art. 84 Compete privativamente ao Presidente da


O estudo dos poderes da Administração Pública, República: [...]
assim, é de extrema importância para verificar quais IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis,
são os seus limites de atuação. Para tanto, a doutrina bem como expedir decretos e regulamentos para
costuma dividir esse poder conferido à Administração sua fiel execução.
em seis vertentes:
O artigo afirma que tal ato é de competência exclu-
z Poder vinculado; siva do Presidente, o que significa que seria inde-
z Poder discricionário; legável a qualquer subordinado. Porém, isso não é
z Poder disciplinar; totalmente correto: o parágrafo único, do mesmo
z Poder hierárquico; dispositivo constitucional, diz que há a possibilidade
z Poder de polícia; de o Presidente delegar algumas de suas atribuições
para os Ministros de Estado, o Procurador-Geral da
9
z Poder regulamentar.
-9

República ou ainda para o Advogado-Geral da União.


96

Além disso, este poder pode ser exercido, por sime-


PODER VINCULADO E PODER DISCRICIONÁRIO
.3

tria, pelos Governadores e Prefeitos. Assim, para fins


93

didáticos, costuma-se dizer que o poder regulamentar


Poder vinculado é aquele em que a lei atribui
.0

só pode ser delegado excepcionalmente, com algumas


06

determinada competência ao administrador, delimi-


restrições.
tando todos os aspectos de sua conduta, o qual deve
-1

Afinal, quais competências do Presidente da Repú-


compulsoriamente seguir a forma prevista na lei, não
a

blica podem ser delegadas? O art. 84 pode ser um tan-


lv

havendo qualquer margem de liberdade para que


to confuso nesse sentido, mas a interpretação correta
Si

o agente público escolha a melhor forma de cum-


é a de que, em regra, as competências do Presidente
da

prir suas funções. Os atos praticados no exercício do são exclusivas e indelegáveis. Excepcionalmente,
poder vinculado são denominados atos vinculados.
io

a matéria disposta no inciso VI (dispor mediante


Poder discricionário, por sua vez, é o poder por
v

decreto sobre a organização e funcionamento da admi-


meio do qual o legislador, ao delimitar a competên- nistração federal quando não implicar aumento de
O

cia da Administração Pública, confere também uma despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;
ri

margem de liberdade para que o agente público


A

e a extinção de funções ou cargos públicos, quando


possa escolher, diante da situação jurídica, qual o vagos), XII (conceder indulto e comutar penas, com
caminho mais adequado, ou qual a melhor forma de audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei),
solução daquela desavença. e na primeira parte, do inciso XXV (prover os car-
A lei não impõe um único comportamento como gos públicos federais, na forma da lei) são competên-
no poder vinculado: ela delega ao administrador a cias que podem ser transferidas para as pessoas
faculdade de avaliar a melhor solução para cada caso. públicas previstas no parágrafo único, do referido
Garantir margem de liberdade não significa que o art. 84. Observe que a competência para extinguir o
administrador deve agir fora da lei, pois a discricio- cargo público enquanto ainda ocupado não pode ser
nariedade não o permite estar acima da legislação. delegada.
Além disso, o poder discricionário também pode Uma das palavras-chave do poder regulamen-
sofrer controle pelo Poder Judiciário, exceto quan- tar é “regulamento”. Trata-se de ato administrativo
do a questão for referente ao mérito dos atos discri- que tem por escopo estabelecer detalhes e diretrizes
cionários, cuja competência é exclusiva da própria quanto ao modo de aplicação dos dispositivos legais,
Administração. dando maior concretude aos comandos gerais e abs-
254 tratos presentes na legislação. Não se confunde com
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
o decreto, que é outro ato administrativo o qual intro- Pela hierarquia, há a imposição ao subalterno da
duz o regulamento em si. Decreto representa a forma estrita obediência às ordens e instruções legais supe-
do ato administrativo, enquanto o regulamento repre- riores, além de definir a responsabilidade de cada um
senta seu conteúdo. de seus agentes e órgãos públicos.
Ambos os decretos e regulamentos são atos em Quanto às suas características, diz-se que o poder
posição de inferioridade em relação as leis e, por hierárquico é interno e permanente. Interno é o
isso, não são capazes de criar direitos e obrigações poder que atinge apenas os próprios membros da
aos particulares sem fundamento legal. Suas funções Administração, não tem o condão de atingir as rela-
primordiais, no entanto, são a redução da margem de ções dos particulares. É também um poder perma-
interpretação das normas, pois se um decreto dispõe nente, porque não é exercido de modo esporádico e
qual é a forma mais correta de aplicação da lei, esta episódico, como o que acontece no poder disciplinar.
perde um pouco de seu caráter geral e abstrato, seu Do poder hierárquico são decorrentes certas facul-
campo de discricionariedade é reduzido a uma úni- dades implícitas ao superior, tais como dar ordens e
ca forma válida de aplicação no âmbito jurídico. Por fiscalizar o seu cumprimento, delegar e avocar atri-
isso, o poder regulamentar apresenta natureza buições, bem como rever atos de seus inferiores.
vinculada. A delegação é a transferência temporária de com-
Existem diversas espécies de regulamentos petência administrativa de seu titular, a outro órgão
administrativos: ou agente público. A delegação poderá ser vertical,
quando a matéria for outorgada a um outro órgão ou
z Regulamentos administrativos ou de orga- agente público subordinado à autoridade outorgante,
nização: são aqueles que disciplinam questões permanecendo na mesma linha hierárquica. Mas a
internas de estruturação e funcionamento da delegação também poderá ser feita para outro órgão
Administração Pública, bem como as relações ou agente que esteja fora da sua linha hierárquica,
jurídicas de sujeição especial do Poder Público hipótese que denominamos de delegação horizontal.
perante particulares. Exemplo: regulamento que O art. 12, da Lei nº 9.784, de 1999, dispõe do mesmo
disciplina organização e funcionamento da admi- modo:
nistração federal (alínea “a”, inciso VI, art. 84, da
CF, de 1988); Art. 12 Um órgão administrativo e seu titular pode-
z Regulamentos habilitados ou delegados: em rão, se não houver impedimento legal, delegar par-
alguns países, há a possibilidade de o Poder Legis- te da sua competência a outros órgãos ou titulares,
lativo delegar ao Executivo a disciplina de maté- ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente
rias reservadas privativamente à lei, havendo subordinados, quando for conveniente, em razão de
uma transferência de competência legislativa. circunstâncias de índole técnica, social, econômica,
Tais regulamentos não são admitidos no direito jurídica ou territorial.
administrativo brasileiro;
z Regulamentos executivos: são os regulamentos Essa transferência de competência é sempre pro-
comuns, expedidos sobre matéria disciplinada visória, o que significa que pode ser revogada a qual-
9
pela legislação, permitindo a fiel execução da nor- quer tempo.
-9

A regra geral é sempre a delegabilidade das compe-


96

ma legal. É a hipótese do inciso IV, art. 84, da CF,


de 1988; tências. Todavia, a própria legislação (art. 13, da Lei nº
.3

9.784, de 1999) assevera três matérias que não podem


93

z Regulamentos autônomos: são os que dispõem


ser delegadas. Assim, são indelegáveis: a edição de ato
.0

sobre tema não disciplinado pela legislação. Há


de caráter normativo, pois constituem-se em regras
06

um conjunto de temas que a norma constitucio-


gerais aplicáveis a todos os órgãos, incompatível com
-1

nal retirou da competência do Poder Legislativo e


atribuiu sua disciplina ao Poder Executivo. A EC nº a delegação; a decisão em recursos administrativos,
a

para evitar que a mesma autoridade possa julgar o


lv

32, de 2001, elenca dois temas que só podem ser


mesmo processo mais de uma vez pela delegação; e
Si

disciplinados por decreto expedido pelo Presiden-


as matérias que forem consideradas de competência
da

te da República: a organização da administração


federal; e a extinção de funções e cargos vagos e exclusiva do órgão ou autoridade.
io

A avocação encontra-se disposta no art. 15, da Lei


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
não ocupados.
v

nº 9.784, de 1999. Consiste na possibilidade da autori-



O

PODER HIERÁRQUICO dade competente de chamar para si a competência de


ri

um agente ou órgão subordinado. Trata-se de medida


A

excepcional e temporária, e somente pode ser realiza-


Poder hierárquico é o poder que dispõe o Execu-
da dentro da mesma linha hierárquica, o que significa
tivo para organizar e distribuir as funções de seus
que a avocação só pode ser vertical, não se admite a
órgãos, bem como ordenar e rever a atuação de seus
avocação horizontal. Esquematicamente, temos:
agentes, estabelecendo uma relação de subordinação
entre os servidores do seu quadro de pessoas. As rela-
ções de hierarquia são características únicas, existem DELEGAÇÃO AVOCAÇÃO
somente no âmbito do Poder Executivo, isto é, não
existe hierarquia entre órgãos do Poder Legislativo e Distribuição de Absorção de
do Judiciário. competências competências
Além disso, é importante frisar que não existe
Admite horizontal e Admite apenas
poder hierárquico entre membros da Administração
vertical horizontal
Indireta, pois estes são entidades autônomas, que não
se subordinam aos entes que o criaram.

255
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Por fim, a revisão é a capacidade de rever os atos de funções e a conduta de seus servidores, responsa-
dos inferiores hierárquicos, apreciando todos os seus bilizando-os pelas faltas porventura cometidas.
aspectos para a análise de sua manutenção ou inva- Em relação às suas características, o poder disci-
lidação. É possível somente a revisão de atos prati- plinar é interno, não permanente ou temporário,
cados pelos órgãos públicos e agentes subordinados e discricionário. Assim como o poder hierárquico, a
hierarquicamente. imposição de sanções pela Administração não se apli-
Para as entidades da Administração Indireta, real- ca aos particulares, somente a seus próprios servido-
mente, não há como aplicar o poder hierárquico, uma res, salvo as hipóteses de estes serem contratados pela
vez que, por definição, elas não integram a mesma Administração Pública. Todavia, distingue-se do poder
linha de hierarquia. São entes diferentes do seu cria- hierárquico na medida em que é não permanente, isto
dor, com personalidade jurídica própria, com patri- é, será aplicado apenas se e quando o servidor come-
mônio exclusivo e podendo se responsabilizar em ter infração funcional.
juízo sem o auxílio da Administração Direta. Percebe-se, então, que o poder disciplinar apresen-
O que existe para as entidades da Administração ta caráter punitivo e sancionador, enquanto o poder
Indireta é uma forma de controle fiscalizatório e fina-
hierárquico advém da simples obediência dos subal-
lístico de seus atos, o qual se denomina supervisão
ternos para com a entidade detentora deste poder. A
ministerial. A supervisão é feita pelo ente controla-
discricionariedade do poder disciplinar traduz-se na
dor, geralmente são os entes da Administração Direta
possibilidade de a Administração em poder escolher
(União, Estados, Municípios, Distrito Federal e os seus
qual a punição mais apropriada para cada caso, isto
órgãos, ministérios e secretarias). A supervisão não se
é, ela possui certa margem de liberdade para o seu
confunde com subordinação, pois entende-se que na
supervisão o ente controlado possui uma maior mar- exercício.
gem de liberdade do que os órgãos hierarquicamente Os servidores públicos que cometerem qualquer
subordinados. A supervisão ministerial não admite, infração no exercício de suas funções estão sujeitos
por exemplo, a possibilidade de revisão dos atos pra- às seguintes penalidades, dispostas no art. 127, da Lei
ticados pela entidade controlada, pois a revisão é uma nº 8.112, de 1990: advertência; suspensão; demissão;
forma de controle de mérito dos atos administrativos. cassação de aposentadoria ou disponibilidade; desti-
Isso infere na autonomia garantida constitucional- tuição de cargo em comissão; e destituição de função
mente a essas entidades. comissionada. A aplicação de qualquer uma dessas
penalidades depende de prévio processo administra-
tivo, respeitada a garantia de contraditório e ampla
Importante! defesa, sob pena de nulidade da sanção.

Cuidado para não confundir alguns conceitos. PODER DE POLÍCIA


Quando um ato administrativo é ilícito (contrário à
Lei), a hipótese de controle recai sobre a legalida- A expressão “poder de polícia” pode ser interpre-
de do ato. Se o vício for insanável, a hipótese é de tada de duas maneiras: em um sentido amplo, cor-
9
anulação, e pode ser realizada tanto pela Adminis-
-9

responde a qualquer limitação estatal à liberdade e


tração Pública quanto pelo Poder Judiciário. Por
96

propriedade privada, de origem administrativa ou


outro lado, quando o ato for considerado inconve-
.3

legislativa. Há também o poder de polícia em senti-


93

niente e inoportuno, discricionário, o Poder Judi- do restrito, mais utilizado pela doutrina, que engloba
.0

ciário não pode exercer controle de mérito, pois apenas as restrições impostas pelas limitações admi-
06

essa é uma tarefa exclusiva da Administração, nistrativas, excluindo as limitações de ordem legal.
-1

dentro da sua linha hierárquica. O método mais Em sentido restrito, envolve atividades administrati-
correto para o ato inconveniente, neste caso, é o
a

vas de fiscalização e condicionamento da esfera priva-


lv

da revogação. Esquematicamente, temos: da de interesses, em prol da coletividade.


Si

Ato ilícito → controle de legalidade (vinculação) O poder de polícia tem grande destaque no exercí-
da

Administração ou Poder Judiciário → Anulação cio das funções da Administração moderna, junto com
io

Ato inconveniente/inoportuno controle de méri- a prestação de serviços públicos e o fomento à inicia-


v

to (discricionariedade) → somente a Adminis- tiva privada. Porém, essas duas funções representam

tração Pública, dentro da linha hierárquica


O

uma atuação estatal ampliativa, enquanto o poder de


ri

Revogação. polícia representa uma atuação restritiva do Estado,


A

limitando a liberdade e a propriedade individual em


favor do interesse público.
Lembrando que são considerados entes da Admi- O art. 78, do Código Tributário Nacional (CTN), tem
nistração Indireta: as autarquias, as fundações, as seu conceito legal de poder de polícia:
empresas públicas e as sociedades de economia mista.
Art. 78 Considera-se poder de polícia atividade
PODER DISCIPLINAR da administração pública que, limitando ou dis-
ciplinando direito, interesse ou liberdade, regula
O poder disciplinar consiste na faculdade da Admi- a prática de ato ou abstenção de fato, em razão
nistração de punir seus agentes, nas hipóteses em que de interesse público concernente à segurança, à
estes tenham cometido alguma infração de ordem higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da
funcional. Correlato com o poder hierárquico, mas produção e do mercado, ao exercício de atividades
não se confunde com o mesmo. No poder hierárquico, econômicas dependentes de concessão ou autoriza-
a Administração Pública distribui e escalona as suas ção do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao
funções executivas. Já no uso do poder disciplinar, a respeito à propriedade e aos direitos individuais ou
256 Administração simplesmente controla o desempenho coletivos.
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Diante de tudo que foi exposto, podemos concei- poder de polícia pode ocorrer mediante a expedição
tuar poder de polícia como a atividade da Administra- de atos no exercício da competência discricionária da
ção Pública, com fundamento na lei e na supremacia Administração, ou por meio de atos vinculados, com a
geral, que consiste na imposição de limites à liberdade devida previsão legal.
e à propriedade dos particulares, regulando a prática O poder de polícia também é em regra indelegá-
desses atos, ou a abstenção dos mesmos, manifestan- vel, uma vez que pressupõe a posição de superiori-
do-se por meio de atos normativos ou concretos, tudo dade de quem o exerce, não podendo ser transferido
isso em benefício do interesse público. a particulares (inciso III, art. 4º, da Lei nº 11.079, de
Ao dizer que se trata de atividade da Administra- 2004). Obviamente, o poder de império é único e
ção Pública, procuramos enfatizar a concepção stric- exclusivo do Estado; se ele transferisse a particulares,
to sensu do poder de polícia, que não se confunde com seria um atentado contra a paz social.
as limitações à liberdade e ao direito de propriedade Todavia, isso não impede que o Poder Público
impostas pelo legislador. Por ser atividade da Admi- possa delegar, ao menos, as atividades consideradas
nistração, deve ser exercida respeitando os princípios preparatórias ou sucessivas do poder de polícia. Essa
da razoabilidade e proporcionalidade. delegação é possível, desde que esses entes que rece-
A fundamentação legal é outro aspecto importan- bem essa delegação (entes da Administração Indireta,
te do poder de polícia, uma vez que a lei condiciona o pessoas jurídicas de direito privado, particulares etc.)
exercício de determinadas atividades à obtenção de tenham um vínculo com a própria Administração.
licenças ou concessões pelo Poder Público. O legisla-
dor deve, então, elaborar os requisitos necessários Polícia Administrativa e Polícia Judiciária
para o exercício do poder de polícia pelo Estado.
O poder de polícia tem por objeto a imposição de A concepção do poder de polícia abrange muito
limitações à liberdade e propriedade dos particu- mais do que a simples promoção de segurança públi-
lares, instituindo condições capazes de compatibili- ca. Todavia, imprescindível destacar as atividades
zar seu exercício às necessidades de interesse público. estatais de prevenção e repressão da criminalidade
Tais imposições também podem ser aplicadas ao Esta- sob a ótica do poder de polícia. Assim, costuma-se
do. Isso significa que até mesmo o Poder Público pode dividir a atuação do Estado para promoção da segu-
ter suas liberdades e propriedades sofrendo limita- rança pública em duas categorias de “polícias” distin-
ções em face das necessidades do interesse público. tas: a polícia administrativa e a polícia judicial.
Para o seu exercício, a Administração Pública deve A polícia administrativa tem um caráter pre-
regular a prática dos atos ou a abstenção de fatos. ventivo. Isso significa que a sua atuação deve ocorrer
Em regra, o poder de polícia manifesta-se em obrigações antes da prática do crime, tendo por finalidade evitar a
negativas, ou de não fazer, impostas aos particulares, sua ocorrência. Submete-se às regras de direito admi-
limitando a esfera de atuação dos seus direitos. Excep- nistrativo. No Brasil, a polícia administrativa é exer-
cionalmente, pode também se manifestar mediante cida por diversos órgãos de fiscalização de diversas
obrigações positivas ou de fazer, como é o caso da impo- áreas, como saúde, educação, trabalho, previdência e
sição da função social da propriedade ao dono do imó- assistência social. A polícia administrativa protege os
9
-9

vel, disposta no inciso XXII, art. 5º, da CF, de 1988. interesses primordiais da sociedade ao impedir com-
96

O poder de polícia manifesta-se pela expedição de portamentos individuais que possam causar prejuízos
.3

atos normativos, como é o caso das regras sobre o maiores à coletividade.


93

direito de construir, ou por meio de atos concretos, A polícia judiciária, por sua vez, apresenta cará-
.0

como a obtenção de licença para a reforma de um ter repressivo. Sua atuação ocorre após a constata-
06

imóvel, cujo interesse é exclusivo do particular (pro- ção do crime. Após a ocorrência do crime, a polícia
-1

prietário do imóvel, no caso). judiciária deve abrir um processo de investigação em


busca da autoria e materialidade do crime. Sua razão
a

Por fim, convém ressaltar a finalidade do poder de


lv

polícia, qual seja, agir em prol do interesse público. de ser é a punição dos infratores. Rege-se pelas regras
Si

Por isso, o Estado deve conciliar os direitos individuais de direito processual penal. Ela incide sobre pessoas,
da

com o interesse da coletividade. Tal finalidade é típica ao contrário da polícia administrativa, que age sobre
a atividade das pessoas. A polícia judiciária é exercida
io

da Administração Pública, pois tem como fundamento


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
v

o princípio sistêmico da primazia do interesse público pelas corporações especializadas, denominadas Polí-

sobre o privado. cia Civil e Polícia Federal.


O
ri
A

Natureza Jurídica do Poder de Polícia


CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO
Quanto a sua natureza jurídica, é entendimento
majoritário que o poder de polícia é discricionário.
PÚBLICA
Na doutrina, muitos autores costumam definir poder
“Controle” é um conceito atrelado à ideia de fis-
de polícia, utilizando-se a expressão “faculdade que o
calização. Logo, quem exerce controle sobre algo ou
Estado possui de impor limites...”. Isso quer dizer que alguém é geralmente alguém que tem o poder de fis-
não apresenta características de obrigação legal, mas calizar os seus atos. Tais noções podem ser aplicadas
de uma permissão. A escolha sobre qual método utili- ao Poder Público, pois o legislador, ao determinar a
zar para o exercício do referido poder, e quando, com- sua esfera de competência, acabou também impondo
pete somente à própria Administração Pública. limites para a sua área de atuação. Assim, é de gran-
Porém, vale ressaltar as hipóteses de obtenção de de importância estudar os instrumentos jurídicos de
licença. A licença é ato administrativo relacionado ao fiscalização sobre a atuação dos agentes, órgãos, e
poder de polícia, que apresenta previsão legal para a entidades componentes da Administração Pública.
sua obtenção, tratando-se por isso, de ato vinculado. O enfoque, por isso, será sobre o controle dos atos
Com isso, podemos afirmar que a manifestação do administrativos. 257
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Tais mecanismos de fiscalização possuem natureza jurídica de princípio fundamental, conforme dispõe os
incisos do art. 6º, do Dec-Lei nº 200, de 1967:

Art. 6° As atividades da Administração Federal obedecerão aos seguintes princípios fundamentais:


I – Planejamento,
II – Coordenação,
III – Descentralização,
IV - Delegação de Competência, e
V – Controle.

CLASSIFICAÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE CONTROLE

A doutrina não é unânime em relação ao tema. Todavia, boa parte dos autores costumam dividir os diversos
tipos de instrumentos de controle dos atos administrativos, com base nos seguintes critérios:

Quanto ao Órgão Controlador

z Controle legislativo: é o controle realizado pelo Poder Legislativo, mais especificamente pelo parlamento,
no exercício da sua função fiscalizadora. O controle no âmbito federal, é diretamente exercido pelas Casas
do Congresso nacional e indiretamente pelo Tribunal de Contas. Exemplo: as Comissões Parlamentares de
Inquérito (CPIs);
z Controle administrativo: é o controle dos atos administrativos feito pelos órgãos e entidades da própria
Administração Pública. É a manifestação do princípio da autotutela. É, por isso, uma modalidade de controle
interno, podendo ser feito de ofício, ou mediante provocação. Exemplo: revogação de ato administrativo, anu-
lação de um ato pela própria administração etc.;
z Controle judicial: é o controle feito pelos integrantes do Poder Judiciário no exercício da função típica, qual
seja, a função julgadora. Devido ao princípio da inércia da jurisdição, jamais poderá atuar de ofício, apenas
mediante provocação. Exemplo: mandado de injunção e as ações sobre controle de constitucionalidade.

Realizado pelo Poder


Controle
Legislativo, no exercício da sua
Legislativo
função fiscalizadora.

Controle dos atos


9
ÓRGÃO Controle administrativos feito pelos
-9

CONTROLADOR Administrativo órgãos e entidades da própria


96

Administração Pública
.3
93
.0

Controle feito pelos integrantes


06

Controle do Poder Judiciário no exercício


Judicial da função típica (função
-1

julgadora)
a
lv
Si

Quanto à Extensão (Origem)


da
io

z Controle interno: é o controle realizado por um Poder sobre os seus próprios órgãos, agentes e atos. É o caso
v

do controle de chefia sobre os seus subordinados;



O

z Controle externo: é o tipo de controle exercido por autoridade que se situa fora do âmbito do órgão a ser
ri

controlado, ou seja, é o controle realizado entre autoridades de diferentes estruturas organizacionais. É o caso
A

da anulação do ato administrativo por decisão judicial.

Quanto ao controle externo devemos ficar atentos pois quando usamos o termo em sentido amplo, podemos
dividi-lo em controle externo judicial e legislativo:

z Controle externo judicial: realizado mediante provocação e atua somente sobre os aspectos legais da atuação
administrativa (controle de legalidade);
z Controle externo legislativo: realizado mediante provocação ou de ofício, atua tanto em relação aos aspectos
legais quanto de mérito da atuação administrativa (controle de legalidade e de mérito).

Por outro lado, quando utilizamos controle externo em sentido estrito, ficaremos adstritos aos termos da Cons-
tituição Federal, que dispõe apenas do controle externo legislativo, o qual será exercido com o auxílio do Tribunal
de Contas.

258
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Quanto à Natureza DO CONTROLE ADMINISTRATIVO

z Controle de legalidade: é o tipo de controle em Denomina-se controle administrativo o controle


que o ato a ser analisado deve estar de acordo com que o Poder Executivo e os órgãos da Administração
o ordenamento jurídico. Pode ser exercido tanto dos demais Poderes exercem sobre as suas atividades,
pela Administração Pública como pelo Judiciário; com a finalidade de mantê-las dentro da lei, segundo
z Controle de mérito: é o controle em que há a aná- as necessidades do serviço e as exigências técnicas e
lise do ato administrativo, baseado em critérios da econômicas de sua realização, uma vez que envolve
conveniência e da oportunidade. É o caso da revo- o controle de legalidade e o controle de mérito dos
gação dos atos administrativos. atos administrativos. Com isso, pode-se afirmar que o
controle administrativo não é restrito apenas à Admi-
Quanto à Iniciativa nistração Pública, haja vista que os órgãos adminis-
trativos dos Poderes Legislativo e Judiciário também
z Controle de ofício: é o controle feito sem a neces- podem exercer controle administrativo sobre seus
sidade de provocação de alguém. Exemplo: ins- próprios atos.
tauração de falta do servidor público mediante
O fundamento do controle administrativo está no
processo disciplinar;
poder de autotutela que a Administração possui para
z Controle mediante provocação: é o controle em
rever, anular ou revogar os atos que seus órgãos e
que só pode ser feito mediante requerimento da
parte. É o caso do controle judicial. agentes praticam, independentemente de autorização
judicial.
Quanto ao Momento Nos termos da Súmula nº 473 do STF:

Súmula nº 473 (STF) A administração pode anu-


z Controle prévio: é o controle feito antes do ato pro-
lar seus próprios atos, quando eivados de vícios
duzir seus efeitos no mundo concreto. Busca impedir
que os tornam ilegais, porque deles não se originam
a prática de atos ilegais ou contrários ao interesse
direitos; ou revogá-los, por motivo de conve-
público. Exemplo: mandado de segurança preventivo;
niência ou oportunidade, respeitados os direi-
z Controle concomitante: é aquele promovido con-
tos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a
comitantemente à execução do referido ato, ou
apreciação judicial.
seja, acompanha a atuação administrativa;
z Controle posterior: é o controle realizado após
o ato produzir seus efeitos no mundo concreto. Dica
Exemplo: ações constitucionais para controle de
atos da Administração.
Anular: atos eivados de vícios;
Revogar: por motivo de conveniência ou
Quanto ao Vínculo oportunidade.

z Controle hierárquico: é o controle que se funda- O controle administrativo se instrumentaliza


por meio de recursos administrativos, destinados a
9
menta nas relações de subordinação. O controle
-9

hierárquico é feito por autoridade superior em proporcionar o reexame dos atos da Administração
96

relação a seus subordinados. Trata-se de um esca- Pública. São eles: a representação, a reclamação admi-
.3

lonamento vertical; nistrativa, o pedido de reconsideração, e os recursos


93

z Controle finalístico: é aquele que se materializa hierárquicos próprio e impróprio.


.0

no poder de tutela que a Administração Direta tem


06

em relação aos entes da Administração Indireta. DO CONTROLE LEGISLATIVO


-1

Este controle não se fundamenta na hierarquia


a

dos órgãos administrativos. Em regra, é necessário Embora nos dias atuais não vemos tal atuação com
lv

que haja a expressa previsão legal para que o con- tamanha frequência, o Poder Legislativo tem como
Si

trole finalístico possa existir. uma de suas funções típicas o exercício do controle,
da

isto é, a fiscalização dos atos do Executivo. As hipóteses


io

de controle legislativo estão todas previstas na Consti-


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Importante!
v

tuição Federal, e se divide em dois grandes grupos.


O controle político que tem por finalidade a pro-


O

Cuidado para não confundir alguns conceitos. A


teção dos interesses superiores do Estado e da socieda-
ri

autotutela é o que fundamenta o controle interno


A

que a Administração Pública faz sobre os seus de, abrangendo a fiscalização dos atos do Executivo,
próprios atos. A tutela, por sua vez, é caracterís- quanto à legalidade e quanto ao mérito, questio-
tica da Administração Direta, que o exerce em nando a conveniência e oportunidade dos atos à luz
face da Administração Indireta. A grande maio- do interesse público. É o caso das autorizações dentro
ria da doutrina entende que a tutela é uma espé- das competências das Casas parlamentares, dispostas
cie de controle externo, pois embora estejamos nos arts. 49 a 52 da CF, de 1988.
falando de entes pertencentes à Administração A atuação do Congresso no controle político é bas-
Pública, os entes da Administração Indireta pos- tante ampla e geral, seja na apuração de condutas
suem personalidade jurídica própria e distinta do irregulares, com o auxílio das Comissões Parlamenta-
ente federativo que os criou. res de Inquérito (CPIs), seja para manejar o processo
de impeachment do Presidente da República etc.
Não vemos o Congresso exercer seu controle polí-
Convém fazer breves considerações sobre os con- tico com muita frequência, sob o argumento de que
troles administrativo, legislativo e judicial, haja vis- o controle em demasia poderia demonstrar uma rup-
ta que o critério da extensão acaba abrangendo todos tura com o sistema de Separação dos Três Poderes.
os demais. Todavia, ele tem previsão constitucional, e deve ser 259
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
utilizado sempre que possível, independentemente z Legitimidade e Economicidade: são parâme-
dos interesses políticos por trás do mesmo. tros que atuam de forma conjunta. A legalidade
O controle financeiro, por sua vez, ocorre com procura verificar se o gasto alcançou a finalidade
muito mais frequência e corresponde à avaliação da almejada, analisando a Lei Orçamentária. Já a eco-
legalidade e da qualidade dos gastos públicos. Tem nomicidade verifica a relação de custo-benefício
relação com a fiscalização (se o gasto ocorre de acordo daqueles gastos, isso é, se foi o menor possível e,
com as normas legais) contábil e financeira, prevista com isso, o mais eficiente possível.
no art. 70 da CF, de 1988.
A parte final do referido art. 70 preceitua a possi-
bilidade de um controle interno, isto é, órgãos dentro
Importante! dos Três Poderes com funções que seriam para exer-
cer a fiscalização de seus próprios atos, com a finali-
Embora o Poder Legislativo avalie e questione
dade de:
o mérito da atuação administrativa, ele não é
capaz de revogar os atos administrativos.
Art. 74 […]
I - avaliar o cumprimento das metas previstas no
Dispõe o art. 70 que: plano plurianual, a execução dos programas de
governo e dos orçamentos da União;
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados,
Art. 70 A fiscalização contábil, financeira, orça-
quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentá-
mentária, operacional e patrimonial da União
ria, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades
e das entidades da administração direta e indireta,
da administração federal, bem como da aplica-
quanto à legalidade, legitimidade, economicida-
ção de recursos públicos por entidades de direito
de, aplicação das subvenções e renúncia de recei-
tas, será exercida pelo Congresso Nacional, privado;
mediante controle externo, e pelo sistema de III - exercer o controle das operações de crédito,
controle interno de cada Poder. avais e garantias, bem como dos direitos e haveres
da União;
IV - apoiar o controle externo no exercício de sua
O controle realizado pelo Congresso Nacional é um
missão institucional (art. 74, CF, de 1988).
controle parlamentar direto e eminentemente políti-
co. Da leitura do dispositivo constitucional, podemos
Por fim, é importante ressaltar o papel do Tribu-
destacar quais são as modalidades de controle exerci-
nal de Contas da União (TCU) no exercício do contro-
do pelo Congresso Nacional:
le legislativo externo (parte final do art. 70).
O TCU é um órgão colegiado responsável em auxi-
z Controle contábil: é aquele que parte da ideia de
liar o exercício do controle externo, sendo disci-
contabilidade. Contabilidade é a técnica que possi-
plinado tanto pela Constituição (arts. 71 e seguintes),
bilita o controle das receitas e despesas públicas,
como por legislação específica (Lei nº 8.443, de 1992). É
por meio do registro numérico. O art. 77 do Dec-
9
composto por nove Ministros, sendo três deles convo-
-9

-Lei nº 200 indica que “todo ato de gestão financei-


cados pelo Presidente da República, sendo dois alter-
96

ra deve ser realizado por força do documento que


nadamente dentre auditores e membros do Ministério
.3

comprove a operação e registrado na contabilidade,


93

mediante classificação em conta adequada”; Público junto ao Tribunal, indicados em lista tríplice
.0

z Controle operacional e financeiro: é o respeito pelo Tribunal, segundo os critérios de antiguidade e


06

aos procedimentos legais de entrada e saída de merecimento. Os seis remanescentes são nomeados
-1

verbas. Pode-se afirmar que todas as verbas públi- pelo próprio Congresso Nacional. O regime jurídico
desses Ministros se assemelha ao regime dos minis-
a

cas tem procedimento específico para que entrem


lv

e saiam dos cofres públicos; tros do STJ, sobretudo no que diz respeito a vitalicie-
Si

z Controle patrimonial: o patrimônio público não dade no cargo, regras de aposentadoria, vantagens
da

envolve apenas valores financeiros (dinheiro), mas pecuniárias etc.


Quanto a sua competência, cabe ao Tribunal de
io

também bens móveis, imóveis, direitos reais de


Contas, nos termos do art. 71, in verbis:
v

garantia etc. As alterações patrimoniais do Estado


também estão sujeitas ao controle do Legislativo;


O

z Controle orçamentário: trata-se, pura e sim- Art. 71 O controle externo, a cargo do Congres-
ri

so Nacional, será exercido com o auxílio do Tri-


A

plesmente, do cumprimento das regras previstas


nas leis orçamentárias. As leis orçamentárias são bunal de Contas da União, ao qual compete:
aquelas que, de modo geral, dispõe sobre o que
será gasto pela Administração Pública, bem como
quanto será gasto em cada setor. Importante!
Como se depreende do caput do art. 71, os Tribu-
Mas o art. 70 também apresenta outro aspecto nais de Contas são órgãos auxiliares das Casas
importante: além de expor as espécies de controle, Legislativas. Porém, apesar de ser um órgão
dispõe, também, sobre os parâmetros de fiscalização.
auxiliar, não é subordinado à respectiva Casa.
São dois:

z Legalidade: os gastos públicos devem estar com- Art. 71 [...]


patíveis, primeiramente, com a lei orçamentária, I - apreciar as contas prestadas anualmente
e sobretudo, com a própria Constituição Federal. pelo Presidente da República, mediante parecer
Temos, aqui, a vinculação do dinheiro público com prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias
260 a legislação; a contar de seu recebimento;
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Neste aspecto cabe ressaltar que é de competên- Art. 71 [...]
cia exclusiva do Congresso Nacional julgar as contas V - fiscalizar as contas nacionais das empresas
prestadas pelo Presidente da República, já ao TCU supranacionais de cujo capital social a União par-
cabe apreciar as contas e apresentar parecer prévio ticipe, de forma direta ou indireta, nos termos do
em 60 dias. As bancas examinadoras podem induzir o tratado constitutivo;
candidato a erro. VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recur-
sos repassados pela União mediante convênio,
acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres,
Art. 71 [...]
a Estado, ao Distrito Federal ou a Município;
II - julgar as contas dos administradores e demais
VII - prestar as informações solicitadas pelo
responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos
Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas,
da administração direta e indireta, incluídas as
ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre
fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo
a fiscalização contábil, financeira, orçamentária,
Poder Público federal, e as contas daqueles que
operacional e patrimonial e sobre resultados de
derem causa a perda, extravio ou outra irregulari-
auditorias e inspeções realizadas;
dade de que resulte prejuízo ao erário público;

Como vimos, o TCU é órgão auxiliar do controle


Quanto as contas dos demais administradores e
externo, deste modo, embora não seja subordinado
responsáveis da administração direta e as entida-
às Casas, é necessário que esteja à disposição do Con-
des da administração indireta, o TCU irá julgá-las.
gresso Nacional para prestar informações relaciona-
Relembrando que, quanto as contas do Presidente, o
das às fiscalizações que lhe forem solicitadas.
TCU apenas irá apreciar e emitir parecer prévio. Não
confunda!
Art. 71 [...]
Para facilitar seu entendimento, veja a tabela a
VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilega-
seguir:
lidade de despesa ou irregularidade de contas,
as sanções previstas em lei, que estabelecerá,
TCU CONGRESSO NACIONAL entre outras cominações, multa proporcional ao
Apreciar e emitir parecer dano causado ao erário;
prévio quanto as contas
do Presidente Julgar as contas presta- O TCU poderá, quando presentes ilegalidades de
despesas ou irregularidade de contas, aplicar penali-
Julgar as contas dos de- das pelo Presidente
mais administradores e dades aos agentes responsáveis.
entidades da adm. indireta
Art. 71 [...]
IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade
Art. 71 [...] adote as providências necessárias ao exato cumpri-
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade mento da lei, se verificada ilegalidade;
dos atos de admissão de pessoal, a qualquer
9
-9

título, na administração direta e indireta, incluí- Verificada uma ilegalidade, o TCU poderá fixar um
96

das as fundações instituídas e mantidas pelo Poder prazo para que o órgão ou entidade adote as provi-
.3

Público, excetuadas as nomeações para cargo de dencias necessárias para corrigir o ato e dar fiel cum-
93

provimento em comissão, bem como a das conces-


primento à lei.
.0

sões de aposentadorias, reformas e pensões,


06

ressalvadas as melhorias posteriores que não alte-


Art. 71 [...]
-1

rem o fundamento legal do ato concessório;


X - sustar, se não atendido, a execução do ato
a

impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos


lv

Este inciso diz respeito ao fato de que quando se Deputados e ao Senado Federal;
Si

admitirem servidores e empregados públicos, o órgão XI - representar ao Poder competente sobre irre-
da

que realizou a contratação irá encaminhar o ato de gularidades ou abusos apurados.


admissão para o TCU que, para fins de registro, deverá
io

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO


apreciar a legalidade do ato.
v

Podem ocorrer situações em que o TCU se depare


Sobre esse assunto o STF entendeu que os Tribunais com alguma irregularidade ou abusos que não sejam
O

de Contas possuem um prazo de 5 anos para que exa- de sua competência. Nestes casos, o TCU deve repre-
ri

minem o ato de admissão, sob pena de registro tácito.5


A

sentar (dar ciência) ao Poder competente sobre a irre-


gularidade constatada.
Art. 71 [...]
IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Art. 71 [...]
Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica § 1º No caso de contrato, o ato de sustação será
ou de inquérito, inspeções e auditorias de nature- adotado diretamente pelo Congresso Nacional, que
za contábil, financeira, orçamentária, operacional solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medi-
e patrimonial, nas unidades administrativas dos das cabíveis.
Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e § 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo,
demais entidades referidas no inciso II; no prazo de noventa dias, não efetivar as medidas
previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidi-
O TCU possui também a competência de fiscaliza- rá a respeito.
ção nos órgãos e entidades da Administração Pública. § 3º As decisões do Tribunal de que resulte impu-
tação de débito ou multa terão eficácia de título
executivo.

5  RE 636553. Repercussão Geral – Mérito (Tema 445). Relator(a): Min. GILMAR MENDES. Julgamento: 19/02/2020. 261
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§ 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacio- Cabe ressaltar também que o Controle Judicial rea-
nal, trimestral e anualmente, relatório de suas liza apenas o controle da legalidade dos atos e nun-
atividades. ca de mérito. Em outras palavras, o controle judicial
pode apenas resultar na anulação dos atos adminis-
Dica trativos e nunca na sua revogação.
O titular do controle externo é o Poder Legisla- O controle judicial pode versar sobre os aspectos
tivo, mas este é exercido pelo Tribunal de Con- de legalidade tanto em atos vinculados quanto em
tas. Para lembrar da atuação do TCU, por meio atos discricionários. Nos atos discricionários (liberda-
do controle externo, lembre-se do mnemônico de de atuar dentro do previsto em lei), o Poder Judiciá-
“C-O-F-O-P”. O TCU atua nos aspectos: rio pode avaliar se a atuação se deu dentro ou fora dos
Contábil limites da autonomia do gestor. Lembre-se: o controle
Orçamentário é somente quanto a legalidade e não sobre o mérito.
Financeiro Parte da doutrina admite a hipótese de controle de
Operacional mérito dos atos administrativos pelo Poder Judiciário,
Patrimonial apreciando critérios de conveniência e oportunidade,
isso é, as razões que justificaram a prática daquele ato.
Do dispositivo apresentado, deve-se fazer duas É o caso, por exemplo, da implementação de políticas
ponderações: públicas, pleiteadas pelos cidadãos que passam neces-
Observe que o TCU possui uma função consulti- sidade, mas que não são cumpridas dada a inércia
va, ao emitir parecer prévio a prestação de contas do do Executivo em implementá-las. Apesar de ser uma
Presidente da República. Isso porque o TCU não julga posição crescente, ela é minoritária, pois a atuação do
as contas do Presidente, essa é uma tarefa exclusiva Judiciário é voltada para anular os atos administrati-
da Câmara dos Deputados. Mas o TCU também apre- vos, e não os revogar.
senta função judicante, isso é, de julgar as contas dos Para facilitar seu estudo, veja a tabela comparati-
administradores e demais responsáveis por dinhei- va dos principais pontos divergentes entre o controle
ros, bens e valores públicos da administração direta administrativo e o controle judicial:
e indireta. Lembre-se que, para os servidores públi-
cos, qualquer ato que enseje em prejuízos financeiros
CONTROLE
ao erário é caracterizado como ato de improbidade CONTROLE JUDICIAL
ADMINISTRATIVO
administrativa, nos termos da Lei nº 8.429, de 1992.
A decisão do Tribunal de Contas poderá julgar as Somente se inicia median-
Pode iniciar de ofício ou
contas dos administradores como: te provocação. Nunca de
por provocação
ofício.
z Regulares: se apresentarem com exatidão aquilo Controle de legalidade ou
expresso nos demonstrativos contábeis; Controle de Legalidade
de mérito
z Regulares com ressalvas: significa que há uma
Anula ou revoga os atos Somente anula os atos
9
impropriedade formal, mas que não é suficiente
-9

para causar prejuízo ao erário (questões de proce-


96

dimento, mera solenidade);


.3

z Irregulares: quando as contas apresentam algum


93

erro material capaz de ensejar prejuízos ao erário. BENS PÚBLICOS


.0

Se houve prejuízo de fato, o Tribunal condena ao


06

pagamento do débito, acrescido de juros, correção REGIME JURÍDICO DE BENS PÚBLICOS MÓVEIS E
-1

monetária, podendo inclusive aplicar multa san- IMÓVEIS


a

cionatória de 100% do valor atualizado do dano.


lv
Si

Conceitos Iniciais
DO CONTROLE JUDICIAL
da

Denomina-se domínio público o conjunto de


io

O Poder Judiciário também possui competência bens, móveis e imóveis, corpóreos e incorpóreos,
v

para exercer controle de atos do Executivo, o que não pertencentes ao Estado. Bens públicos, na verdade, é
O

deve ser de grande surpresa, uma vez que devido ao uma expressão mais abrangente, uma vez que exis-
ri

sistema de jurisdição una e o princípio da inafasta- tem bens constituintes do patrimônio público que são
A

bilidade da jurisdição, todos os atos administrativos regidos pelas regras de Direito Privado.
podem ser apreciados pelo Judiciário. Conceituar bens públicos é uma tarefa árdua. O
É um tipo de controle exercido sempre median-
direito brasileiro não apresenta uma concepção satisfa-
te provocação e que abrange apenas o aspecto da
tória na visão dos autores administrativos. No mínimo,
legalidade do ato administrativo (anulação judicial
utilizam o excerto do art. 98 do Código Civil, que dispõe:
do ato). Os instrumentos de controle judicial dos atos
do Executivo são todas as ações admissíveis que tra-
tem sobre ilegalidade. Art. 98 São públicos os bens do domínio nacional
É o caso, por exemplo, do mandado de segurança, pertencentes às pessoas jurídicas de direito público
do habeas data, do mandado de injunção, e das ações interno; todos os outros são particulares, seja qual
de controle de constitucionalidade. for a pessoa a que pertencerem”.
Dentre as características, podemos destacar a
necessidade de provocação, decorrente do princípio Tal conceito, todavia, não é aceito de maneira
da inércia da jurisdição. O Judiciário não age de ofício, unânime pelos doutrinadores administrativistas, que
é necessário que seja provocado por legitimados para dividem seu posicionamento a partir das seguintes
262 que inicie o controle judicial. correntes:
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z Corrente exclusivista: é a ideologia dos autores bens públicos são inalienáveis, pela lógica, conclui-
como José dos Santos Carvalho Filho, que enten- -se que eles também não podem ser penhorados. É
dem estar absolutamente correto o dispositivo a impenhorabilidade, inclusive, que justifica a exis-
legal do Código Civil, e que o conceito de bens tência de execução especial contra a Fazenda Públi-
públicos deve abranger somente os bens que ca e da ordem dos precatórios disposto no art. 100 da
compõem o patrimônio das pessoas jurídicas CF, de 1988, sendo impossível promover a execução
de Direito Público. Embora esta seja a corrente normal dos bens da Administração pelas regras do
mais aceita para os concursos públicos, enten- Código de Processo Civil. A impenhorabilidade tam-
demos que ela peca em não incluir na concepção bém atinge os bens públicos das empresas públicas,
de bem público os bens das empresas públicas e sociedades de economia mista e concessionárias,
sociedades de economia mista; que são afetados à prestação de um serviço público;
z Corrente inclusivista: defendida por autores z Imprescritibilidade: no caso dos bens públicos,
como Maria Sylvia Zanella Di Pietro e Hely Lopes a imprescritibilidade é na forma aquisitiva. Isso
Meirelles, consideram bens públicos todos os bens significa que os bens públicos não são passíveis de
pertencentes à Administração Pública Direta e usucapião, que é a forma de aquisição da proprie-
Indireta. Apesar de tal abrangência, essa corren- dade com a posse contínua de imóvel ao longo do
te não deixa clara a diferença de regime jurídico tempo (art. 183, § 3º, da CF, de 1988, e art. 102 do CC).
entre os bens utilizados para a prestação de um Trata-se de uma característica atribuída a todos os
serviço público, e os bens destinados à exploração bens públicos, inclusive os bens dominicais;
de atividade econômica; z Não onerabilidade: é uma consequência natural da
z Corrente mista: tal corrente nos parece ser a mais impenhorabilidade. Se o bem público não pode ser
correta, pois define bens públicos não só aque- alienado, nem penhorado, também não pode sofrer
les pertencentes às pessoas jurídicas de Direito qualquer tipo de encargo ou outra oneração, porque
Público, como também os bens afetados a uma são bens que não possuem valor patrimonial.
prestação de um serviço público. Os bens afeta-
dos às prestações de serviços públicos, mesmo que CLASSIFICAÇÃO DOS BENS PÚBLICOS MÓVEIS E
não pertencentes às pessoas jurídicas de Direito IMÓVEIS
Público, possuem atributos específicos dos demais
bens públicos, tais como a impenhorabilidade. O Código Civil brasileiro apresenta uma seção espe-
Essa é a corrente defendida por Celso Antônio Ban- cial para disciplinar a matéria dos bens públicos, esta-
deira de Mello. belecendo o seu conceito (art. 98), classificação (art.
99), a inalienabilidade dos bens de uso comum e uso
Com base no conceito disposto, podemos incluir especial (art. 100), a admissão de alienação dos bens
como bens públicos: os bens da Administração dominicais (art. 101), a imprescritibilidade dos bens
Pública Direta, isso é, bens da União (art. 20 da CF, de públicos (art. 102), e sua forma de utilização (art. 103).
1988), dos Estados (art. 26, idem), dos Municípios (pelo Em relação a classificação dos bens públicos, a
critério residual, são todos aqueles não pertencentes doutrina costuma agrupá-los em três grupos:
9
-9

à União e aos Estados, como ruas, praças, parques),


96

e dos Territórios Federais (art. 33, idem), bem como z Quanto à titularidade: é o critério que estabelece
.3

os bens da Administração Pública Indireta, inclu- os bens públicos de acordo com o nível federativo
93

sive os bens particulares, pertencentes às pessoas da pessoa jurídica a que pertençam, podendo ser:
.0

jurídicas de Direito Privado, mas que são afetados à federais, estaduais, municipais ou distritais;
06

prestação de um serviço público, como os bens das z Quanto à disponibilidade: os bens podem ser:
-1

empresas públicas, sociedades de economia mista, indisponíveis por natureza, que não possuem
a

concessionárias e permissionárias. natureza patrimonial e insuscetíveis a qualquer


lv

alienação ou oneração. São os bens de uso comum


Si

CARACTERÍSTICAS DOS BENS PÚBLICOS MÓVEIS do povo, como os mares, o meio ambiente, paisa-
da

E IMÓVEIS gens naturais etc.; patrimoniais indisponíveis, que


io

apesar de terem valor de mercado, por estarem


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
v

Os bens públicos, em regra, pertencem à Adminis- destinados a um interesse público, não podem ser

tração Pública. Por esse motivo, são dotados de um alienados. São os bens de uso especial, como as
O

regime jurídico especial que os diferenciam dos bens repartições públicas, mercados municipais, veícu-
ri
A

particulares. De modo geral, podemos identificar três los da Administração etc.; patrimoniais disponíveis,
atributos essenciais dos bens públicos: são os bens que podem ser onerados e legalmente
passíveis de alienação. É o caso dos bens dominicais
z Inalienabilidade: os bens públicos, em regra, não ou dominiais, como as terras devolutas;
podem ser vendidos livremente como os bens par- z Quanto à destinação: os bens, sob esse critério,
ticulares, pois a legislação impõe certas condições poderão ser de três tipos: bens de uso comum do
específicas para a venda de tais bens. Por não ser povo; bens de uso especial; bens dominicais.
uma proibição absoluta, há autores que preferem
a denominação alienação condicionada. Pela ina- DOS MEIOS DE UTILIZAÇÃO DOS BENS PÚBLICOS
lienabilidade, também podemos afirmar que os PELO PARTICULAR
bens públicos não podem ser embargados, hipote-
cados, desapropriados, penhorados, reivindicados, Antes de determinar as modalidades diferentes do
nem poderão ser objeto de servidão; uso de bens públicos pelo administrado, é importante
z Impenhorabilidade: a penhora é uma constrição fazer uma breve consideração. Quanto a sua destina-
judicial dos bens de alguma pessoa, para satisfazer ção, os bens públicos poderão ser de uso comum do
a execução promovida por outra. Ao dizer que os povo, de uso especial, ou ainda dominicais. 263
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Bens de Uso Comum O referido dispositivo, dessa forma, acrescenta ao
grupo dos bens disponíveis do Estado os bens perten-
São os bens do domínio público, abertos a utilização centes às fundações governamentais de Direito Pri-
universal, por todos os cidadãos. São os mares, os rios, vado que não possuem destinação específica para a
o meio ambiente, as florestas, as paisagens naturais, execução de um serviço público.
entre outros. Nesse mesmo sentido, o art. 99, I, do CC O Superior Tribunal de Justiça (STJ), no julgamento
prescreve que são bens públicos “os de uso comum do do RESP n° 1.296.964 no dia 7 de dezembro de 2016,
povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças”. firmou entendimento de ser possível que particulares
Pela sua característica de utilização universal, os possam discutir a posse de imóvel localizado em área
bens de uso comum são inalienáveis. Isso significa pública sem destinação específica, por meio da tutela
que, enquanto mantiverem esse status de utilização judicial possessória. Apesar de não haver a possibili-
geral por toda a população, não poderá ser vendido dade de transferência da propriedade do Estado ao
ou onerado (art. 100 do CC). Para que possam ser devi- particular, é possível que este seja possuidor de refe-
damente alienados, precisam passar pelo processo rido imóvel dominical, tendo por fundamento valores
de desafetação, hipótese em que se transformam em constitucionais como a função social da propriedade
bens dominicais. Apesar de a utilização ser comum a e o máximo aproveitamento do solo. Assim, podemos
todos, nada impede que a utilização desses bens seja resumir o entendimento do STJ na possibilidade do
remunerada, ou seja, os bens de uso comum não são particular adquiri posse ad interdicta de imóvel públi-
obrigatoriamente gratuitos (art. 103, CC). co, isso é, admite proteção da posse pela via judicial,
mas a referida posse não enseja a usucapião, ou ad
Bens de Uso Especial usucapionem.
Sobre as formas de uso dos bens públicos, temos
Também denominados bens do patrimônio quatro possibilidade: uso comum; uso especial; uso
administrativo, são os bens que apresentam uma compartilhado; e uso privativo. Observe que algumas
destinação (finalidade) específica, e por isso, são con- formas de uso tem o mesmo nome do que umas espé-
siderados instrumentos para a execução de serviços cies de bens públicos. Porém, elas significam coisas
públicos. São os prédios das repartições públicas, os diferentes. Pode ocorrer, por exemplo que um bem de
cemitérios, os mercados municipais, os matadou- uso comum do povo (espécie), acabe sendo utilizado
ros etc. O art. 99, II, do CC assim dispõe que são bens de forma privativa.
públicos: “os de uso especial, tais como edifícios ou Dessa forma, as modalidades de uso dos bens públi-
terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da cos são:
administração federal, estadual, territorial ou munici-
pal, inclusive os de suas autarquias” z Uso comum: é a forma de uso de bem público
Assim como os bens de uso comum, os bens espe-
aberto, indiscriminadamente, para toda a coletivi-
ciais também são, em regra, inalienáveis, dado a sua
dade. Não há a necessidade de uma autorização,
utilização específica e essencial para a prestação de
por parte do Estado, para o seu uso. É o caso das
9
um serviço público, compondo o patrimônio indis-
-9

praças, das praias e dos parques. Sua utilização


96

ponível da Administração Pública. A sua alienação


pode ser gratuita ou onerosa, ou seja, pode-se exi-
somente será possível também pela sua transforma-
.3

gir uma contraprestação;


93

ção em bens dominicais pela desafetação.


z Uso especial: para a utilização desses bens, é
.0

necessário um regramento específico, sendo igual-


06

Bens Dominicais
mente importante que o Poder Público autorize
-1

a sua utilização pelas pessoas. Também pode ser


São também denominados bens do patrimônio
a

gratuita ou onerosa. É o caso da estrada submeti-


lv

fiscal da Administração. Não possuem uma destina-


Si

da a pedágio: o particular só pode dela utilizar se


ção específica, podendo ser utilizado sem qualquer
estiver autorizado, e também se estiver disposto a
da

finalidade pela Administração. São as terras devolu-


pagar uma quantia para atravessá-la;
tas, terrenos baldios, carteiras de escolas públicas,
io

z Uso compartilhado: como o próprio nome aduz, a


v

títulos da dívida pública etc.


utilização do bem público deve ser compartilhada


A grande distinção entre os bens dominicais sobre
O

entre o ente estatal e a pessoa jurídica de direito


os demais é a ausência de interesse público na sua uti-
ri

público ou privado. É o caso da instalação de fios elé-


A

lização: os bens dominicais possuem apenas interesse


patrimonial e secundário do Estado. Nesse sentido, o tricos, por iniciativa do Estado, em uma área munici-
art. 99, III, do CC assim prescreve serem dominicais os pal. Precisa de autorização para o uso compartilhado;
bens “que constituem patrimônio das pessoas jurídi- z Uso privativo: é a forma de uso de bem público
cas de direito público, como objeto de direito pessoal, para uma pessoa ou um grupo específico de pes-
ou real, de cada uma destas entidades”. soas. Há uma outorga do bem, mediante instru-
Mas os bens dominicais não precisam pertencer mento jurídico específico (autorização), e que
somente à Administração Direta. Segundo o parágrafo exclui a sua utilização pelas demais pessoas. Algu-
único do art. 99 do referido Código: mas características importantes do uso privativo:
a) privatividade, c) discricionariedade, d) preca-
Art. 99 Não dispondo a lei em contrário, conside- riedade, e e) regulamentada pelo regime de direito
ram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas público. Um exemplo bem comum de uso privativo
jurídicas de direito público a que se tenha dado é a utilização de uma praça pública para uma fei-
estrutura de direito privado. ra, ou uma quermesse.

264
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Da Outorga dos Bens Públicos: Concessão, concessionário direito de indenização, desde que
Permissão, Autorização a rescisão não tenha sido sua culpa. O art. 176 da
CF, de 1988 prevê, por exemplo, a concessão de uso
Os bens públicos, sejam de uso comum, de uso de jazidas de minérios. O traço mais característico
especial ou dominicais, podem ser outorgados a deter- da concessão de uso é o fato de que o concessioná-
minados particulares. Essa outorga, como já vimos, ria pode utilizar do bem público o quanto quiser
tem algumas características importantes, como o fato (posse ad interdicta), mas nunca poderá ser o
de ser uma outorga precária (que pode ser revogada proprietário do bem, pois sua posse lhe carece do
a qualquer tempo), envolvendo juízo de discriciona- direito de usucapião (posse ad usucapionem);
riedade por parte da Administração (razões de conve- z Concessão de direito real de uso: esse é um caso
niência e oportunidade), devendo se dar mediante ato em que a concessão recai sobre direito real, ao
administrativo formal (não se admite a forma verbal contrário da hipótese anterior, que recai sobre um
de outorga), entre outras. direito pessoal. A concessão de direito real de uso
É importante, dessa forma, conhecer quais são os recai, sobretudo, sobre terrenos públicos e espa-
instrumentos de outorga do uso privativo de bens ços aéreos. Ela possui finalidades bem específicas,
públicos. São eles:
todas elas de interesse público, como a regulariza-
ção fundiária, a urbanização e industrialização, o
z Autorização de uso de bem público: autorização
cultivo da terra, a preservação de comunidades, o
é o ato administrativo unilateral, discricionário e
aproveitamento de várzeas etc. Por ser direito real,
precário, por meio do qual a Administração faculta
essa concessão pode ser transferida por ato inter
o uso do bem de forma privativa, para um deter-
vivos, ou por herança legítima ou testamentária.
minado particular, com a finalidade de atender
a interesses predominantemente privados. A
autorização não depende de prévia licitação, mas Um destaque especial deve ser feito para a conces-
também apresenta um certo risco, uma vez que ela são de uso especial para fins de moradia, prevista
não tem prazo determinado, podendo ser revogada na Medida Provisória nº 2.220, de 2002, cujos requisi-
a qualquer tempo, sem qualquer indenização para tos estão previstos no art. 1º da MP: “Aquele que, até
o particular. Também não depende de previsão 30 de junho de 2001, possuiu como seu, por cinco anos,
legal, pois da autorização não decorrem direitos ininterruptamente e sem oposição, até duzentos e cin-
conexos, apenas o direito de exercitar a referida quenta metros quadrados de imóvel público situado
atividade. É o caso do fechamento de ruas para as em área urbana, utilizando-o para sua moradia ou de
quermesses ou feiras, o interesse é predominan- sua família, tem o direito à concessão de uso especial
temente privado porque só o dono das barracas é para fins de moradia em relação ao bem objeto da
que ganha com a utilização temporária desse bem; posse, desde que não seja proprietário ou concessio-
z Permissão de uso de bem público: é também um nário, a qualquer título, de outro imóvel urbano ou
ato administrativo unilateral, discricionário e pre- rural”. Vemos, assim, que é uma modalidade especial
cário. Mas difere-se da autorização pelo fato de que de concessão de uso, uma vez que é a única em que se
9
-9

a Administração outorga o bem com uma finalida- admite a usucapião.


96

de de atender a um interesse predominantemen-


.3

te público. Com isso, a utilização do bem público é FORMAS DE AQUISIÇÃO E ALIENAÇÃO DE BENS
93

obrigatória e, por isso, deve ser precedida de licita- PÚBLICOS


.0

ção. Qualquer modalidade de licitação serve para


06

a permissão de uso de bem público. Outra diferen- Como já vimos, os bens estatais, em regra, são
-1

ça importante é que a revogação antecipada da inalienáveis. Porém, tal regra comporta exceções. O
a

permissão pode gerar indenização, quando hou- legislador, para proteger o interesse público, impôs
lv

ver menção de um prazo determinado no ato de


Si

que a alienação dos bens públicos devesse seguir uma


permissão. Isso porque a permissão se assemelha série de requisitos especiais, que variam dependendo
da

um pouco mais com um contrato de adesão, e aca- da pessoa a quem esses bens pertençam. Tais requisi-
io

ba perdendo a característica da precariedade. Por


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
tos encontram-se dispostos no art. 17 da Lei nº 8.666,
v

isso, entende-se que o permissionário, nessas con-


de 1993, os quais agrupamos dessa forma para fins


dições, pode exigir uma indenização. Um exemplo
O

didáticos:
de permissão de uso de bem público é a utilização
ri
A

de área de domínio da União para a realização de


z Bens imóveis pertencentes às entidades da
eventos de curta duração, de natureza recreativa,
esportiva, cultural, religiosa ou educacional (art. Administração Direta e autarquias e funda-
22, Lei nº 9.636, de 1998); ções necessitam de interesse público devidamente
z Concessão de uso de bem público: a concessão motivado, autorização legislativa, prévia avalia-
é um instrumento mais rígido pois é um contrato ção, e procedimento de licitação na modalidade
administrativo (pressupõe um acordo de vontades concorrência;
distintas), pelo qual o Poder Público outorga o uso z Bens imóveis pertencentes às empresas públi-
de bem, mediante prévia licitação, a um particu- cas, sociedades de economia mista e paraesta-
lar, por prazo determinado. A sua finalidade é tais necessitam de interesse público motivado,
também para atender interesses predominante- prévia avaliação e procedimento de licitação na
mente públicos, o que significa que o concessioná- modalidade concorrência;
rio deve respeitar a destinação específica daquele z Bens móveis, independentemente de a quem
bem, não podendo alterar sua natureza, podendo pertençam, necessitam de interesse público moti-
a utilização ser gratuita ou onerosa. Por ter prazo vado, avaliação prévia, e procedimento de licita-
determinado, a sua revogação antecipada gera ao ção em qualquer modalidade. 265
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Para os bens imóveis pertencentes à União, a Lei paisagens naturais de uso comum a todos, e o prédio
nº 9.636, de 1998 disciplina sobre os requisitos para a de uma unidade hospitalar, cuja finalidade pública é
venda de tais bens em seu art. 24, in verbis: a promoção da saúde. O Poder Público, assim, pode
transformar um bem patrimonial em um bem de uso
Art. 24 A venda de bens imóveis da União será feita comum, ou de uso especial, pelo processo de afetação,
mediante concorrência ou leilão público, observa- conferindo à referida coisa uma destinação pública.
das as seguintes condições: Por outro lado, desafetação é a situação de bem
I - na venda por leilão público, a publicação do edi- público que não se encontra servido a nenhuma uti-
tal observará as mesmas disposições legais aplicá- lidade pública em específico. São os bens dominicais,
veis à concorrência pública; como o terreno baldio pertencente ao Estado, ou um
II - os licitantes apresentarão propostas ou lances
imóvel que deveria servir para uma repartição públi-
distintos para cada imóvel;
ca, mas que no momento encontra-se abandonado.
III - REVOGADO
IV - no caso de leilão público, o arrematante pagará, Dessa forma, pode a Administração, mediante pro-
no ato do pregão, sinal correspondente a, no míni- cesso de desafetação, “remover” a destinação pública
mo, 10% (dez por cento) do valor da arrematação, daquele bem, transformando-o em bem patrimonial.
complementando o preço no prazo e nas condições Já sabemos qual a principal característica dos bens
previstas no edital, sob pena de perder, em favor da patrimoniais do Estado: ele pode dispor livremen-
União, o valor correspondente ao sinal e, em favor te sobre tais bens, mediante alienação ou penhora.
do leiloeiro, se for o caso, a respectiva comissão; Porém, por se tratar de um processo em que um bem
V - o leilão público será realizado por leiloeiro ofi- público perde a sua destinação específica, a desafeta-
cial ou por servidor especialmente designado; ção sempre ocorre mediante redação de lei específica,
VI - quando o leilão público for realizado por lei- nunca poderá ser tácita, isso é, não pode ser promovi-
loeiro oficial, a respectiva comissão será, na forma da pelo simples desuso do referido bem.
do regulamento, de até 5% (cinco por cento) do
valor da arrematação e será paga pelo arrematan-
te, juntamente com o sinal;
VII - o preço mínimo de venda será fixado com base
no valor de mercado do imóvel, estabelecido em SERVIÇOS PÚBLICOS
avaliação de precisão feita pela SPU, cuja validade
será de doze meses; DOS SERVIÇOS PÚBLICOS: CONCEITO, PRINCÍPIOS
VIII - demais condições previstas no regulamento e E ELEMENTOS
no edital de licitação.
A atuação do Estado pode ser dividida em dois seto-
De modo geral, pode-se afirmar que os bens públi- res: o setor do domínio público e o setor dos serviços
cos são adquiridos mediante alguns modos: contra- públicos. O domínio econômico tem natureza eminen-
to, usucapião, desapropriação, acessão, aquisição por temente privada, é o campo de atuação primordial dos
causa mortis, adjudicação, ou ainda por força de lei. particulares e possui regulamentação nos arts. 170 e
Por outro lado, as formas de alienação de bens
9
seguintes da Constituição Federal. Não é o ponto de
-9

públicos, ou ao menos aqueles que podem ser aliena- enfoque, mas é importante ressaltar que o Estado pode
96

dos, são, de modo geral, as seguintes: por venda, por atuar no domínio econômico, seja como agente norma-
.3

doação a outro órgão/ente da Administração Pública, tivo e regulador, seja na exploração direta de ativida-
93

por permuta, por concessão do domínio, por dação em des econômicas.


.0

pagamento, por incorporação, entre outras formas. O setor dos serviços públicos, por outro lado, é o
06

campo de atuação predominante do Estado. Este é


-1

DA AFETAÇÃO E DESAFETAÇÃO encarregado de, dentre outras funções, o exercício da


a

função administrativa, que é a atividade concreta e


lv

Pela lógica, pode-se concluir que o patrimônio do imediata desenvolvida sob regime de direito público,
Si

Estado possui um certo desequilíbrio muito grande, para a consecução dos interesses coletivos. Dentre as
da

pois a quantidade de bens públicos, com destina- funções administrativas, temos a prestação de servi-
io

ção específica, é muito maior do que a quantidade ços públicos em sentido estrito.
v

de bens que o Poder Público pode livremente se dis- Considerando o que foi exposto, cumpre esclare-

O

por. Isso pode gerar alguns problemas financeiros. O cer o que vem a ser serviço público e o que o diferen-
Estado não pode entrar em insolvência (ter o passivo cia das atividades de fomento, do exercício do poder
ri
A

maior do que o ativo) pelo fato de constituir em um de polícia e da intervenção no domínio econômico.
maior patrimônio indisponível do que o patrimônio
disponível. Conceito de Serviço Público, Elementos Constitutivos
Ele não pode carecer de recursos enquanto apre-
senta alguns bens com destinação específica, mas A matéria dos serviços públicos está contida, de
que no momento não se encontram em uso. Por modo geral, na Constituição Federal e na Lei nº 8.987,
isso, é muito importante que a Administração Públi- de 1995, que disciplina o regime de concessão e per-
ca possua meios para reequilibrar o seu patrimônio, missão dos serviços públicos.
transformando-os de acordo com a sua vontade. Os O serviço público em sentido amplo (lato sensu)
processos de transformação desse patrimônio deno- tem sua origem com a denominada Escola do Serviço
minam-se afetação e desafetação. Público, uma corrente doutrinária do século XX. Na
Afetação é um termo que apresenta várias acep- época, a doutrina começava a analisar com detalhes
ções distintas. A acepção aceita pela maioria dos auto- aquilo que ficou decidido no caso Agnes Blanco, na
res é a condição estática e atual de um bem público, França. Esse foi o caso primordial para decretar, de
que está servindo a alguma finalidade pública. São modo geral, que ao Estado era vedado a utilização do
266 os bens de uso comum e de uso especial, como as Código Civil para a apuração de sua responsabilidade,
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
quando causava danos na execução de serviços com Por isso, houve a necessidade de delegar tais servi-
fundamento de direito público. Para Roger Bennard, ços, mediante concessão ou permissão, como também
serviço público seria “a atividade ou organização que a criação de pessoas jurídicas próprias para controlar
abrange todas as funções de Estado”. A noção de serviço tais atividades. Há assim, uma mitigação dos elemen-
público muito se confunde com a de Direito Público. tos identificadores do serviço público. Atualmente,
A Escola do Serviço Público também influencia os admite-se que a execução dos serviços públicos seja
autores brasileiros. Para José Cretella Junior, serviço realizada por particulares (elemento subjetivo). Há
público é: uma delegação da execução do serviço, o qual poderá
ocorrer mediante concessão ou permissão do serviço
“Toda atividade que o Estado exerce, direta ou público, nos termos da Lei nº 8.987, de 1995.
indiretamente, para satisfação das necessidades
Também temos certas atividades que, embora
públicas, mediante procedimento típico de direito
sejam consideradas de serviço público, há serviços
público”.
que satisfazem interesses particulares (elemento
Podemos observar o caráter amplo e abrangen- objetivo), como no caso do serviço de distribuição de
te do instituto, ao considerar também como serviço alimentos em prisões.
público as atividades legislativa e judiciária, que pos- Por fim, o regime do serviço público pode ser de
suem um rol difuso de destinatários (uti universe). Direito Privado (elemento formal), seguindo as nor-
Com o passar do tempo, surge uma nova corren- mas da CLT para o regime de contratação de funcio-
te doutrinária, que busca delimitar um pouco essa nários, e os bens podem ser alienados ou penhorados,
abrangência da noção de serviço público. Essa cor- pois não estão afetados a uma utilidade pública.
rente é defendida pela grande maioria dos autores Assim, pode-se concluir que a noção de serviço
da atualidade, como Hely Lopes Meirelles e Celso público está intrinsecamente ligada a forma de atua-
Antônio Bandeira de Mello. Serviço público stricto ção do Estado. Uma das principais dificuldades de
sensu, então, seria todo aquele prestado pela Admi- buscar um conceito de serviço público reside justa-
nistração ou por seus delegados, sob regime de direito mente nesse fato: a depender do modelo de Estado,
público, e fruível individualmente por cada um dos sua forma de atuação poderá ser mais liberal ou mais
destinatários, para satisfazer necessidades essenciais intervencionista. Dessa forma, o conceito de serviço
ou secundárias da coletividade, ou simples conve- público também poderá ser mais ou menos abrangen-
niências do Estado. te para cada País.
A grande diferença dessa nova noção de servi- José dos Santos Carvalho Filho é o autor jurista que
ço público diz respeito a sua abrangência. Somen- apresenta muito bem essa dificuldade, ao definir ser-
te abrange as atividades da Administração Pública, viço público como:
não se incluindo as funções legislativa e judiciária.
Também não deve ser considerado serviço público “Toda atividade prestada pelo Estado ou por seus
a exploração de atividade econômica, porque nesses delegados, basicamente sob regime de direito públi-
casos o Estado age em regime privado; bem como as co, com vistas à satisfação de necessidades essen-
atividades de fomento, porque trata-se de um subsídio
9
ciais e secundárias da coletividade”.
-9

que se dá ao particular para que exerça certas ativida-


96

des com interesse coletivo. Os Princípios Aplicáveis aos Servidores Públicos


.3

Outro traço característico dessa nova corrente


93

sobre serviço público é a restrição da matéria para Por estar submetido a um regime especial, que
.0

apenas os serviços que possam ser fruídos singular-


06

pode ser total ou parcialmente de direito público,


mente por cada particular (uti singuli). Tais serviços
-1

os princípios de direito administrativo, previstos no


são custeados pelos próprios usuários, mediante o
caput do art. 37 da CF, de 1988, são aplicáveis à pres-
a

pagamento de taxas.
lv

tação dos serviços públicos. Porém, há ainda alguns


Assim, para o serviço público stricto sensu, pode-
Si

princípios específicos aos serviços públicos, que


mos elencar, dentre todos os conceitos, alguns ele-
da

devem ser melhor analisados. São eles:


mentos identificadores que estão presentes em todas
io

as definições. São eles:


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
z Princípio da continuidade do serviço público: é
v

z Elemento Subjetivo: a titularidade do serviço o princípio que diz respeito a obrigação do Estado
O

público é exclusiva do Estado; de prestar o serviço público, que não pode parar,
ri

dada a sua relevante finalidade pública. É dizer


A

z Elemento Objetivo: a atividade caracterizada


como serviço público (geralmente, atendem a um que o Estado tem um poder-dever (obrigatorie-
interesse público); dade) de prestar tal atividade. O serviço deve ser
z Elemento Formal: qual o regime em que o serviço ininterrupto, porém, o art. 6º, § 3º, da Lei nº 8.987,
é prestado. A maioria dos casos, trata-se do regime de 1995 admite que, nos casos de serviços conces-
de Direito Público. sionados a entidades privadas, não se caracteriza
descontinuidade do serviço a paralisação quando
O fenômeno conhecido como a “crise do serviço motivada por razões de ordem técnica ou de segu-
público” se deu com o advento do Estado Regulador, rança das instalações; e por inadimplemento do
na primeira metade do século XX. Ele traz a ideia de usuário, considerado o interesse da coletividade.
um Estado que procura regular as atividades consi- A jurisprudência apresenta diversos julgados que
deradas serviços públicos. Se antes a execução dessas acabam contestando referido legal, sobretudo no
tarefa era exclusiva do regime público, atualmente que diz respeito aos serviços de fornecimento de
a execução desses serviços pode ser feita sob regime água e de energia elétrica;
privado. O Estado carece de recursos para cuidar de
tantos setores, simultaneamente. 267
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z Princípio da mutabilidade do regime jurídico: império, que é único do Estado. O Estado exer-
o interesse público não é estanque, mas variável ce tais serviços em relação de supremacia,
ao longo do tempo. A instauração de serviço públi- sobrepondo a sua vontade a dos particulares.
co mediante certo regime jurídico não gera um É o caso dos serviços de segurança, saúde, do
“direito adquirido” ao mesmo, o que significa que poder de polícia etc.;
o Poder Público pode alterar um estatuto ou con- „ Serviços impróprios do Estado: são, como o
trato administrativo para promover maior ade- nome sugere, aqueles serviços que o Estado, ao
quação na prestação do referido serviço; exercê-lo, não necessita do seu poder de impé-
z Princípio da isonomia dos usuários: trata-se rio para se sobrepor. São os que não afetam
de uma decorrência direta do princípio constitu- substancialmente as necessidades da comu-
cional da impessoalidade. O serviço público deve nidade, mas satisfazem interesses comuns de
atender a todos, geralmente de forma individuali- seus membros, e, por isso, a Administração os
zada, sem discriminações e privilégios; presta remuneradamente por seus órgãos ou
z Princípio da modicidade das tarifas: as tarifas entidades descentralizadas, ou até mesmo para
não devem ser exorbitantes, pois o serviço deve particulares mediante regime de concessão e
ser aproveitado pelo maior número de usuários permissão.
possível, independentemente de sua classe eco-
nômica. O valor a ser exigido dos usuários deve z Quanto à finalidade:
ser o menor possível para, também, remunerar o
prestador do serviço, com uma pequena margem „ Serviços administrativos: são os serviços
de lucro. Com o objetivo de reduzir ao máximo que a Administração executa para atender às
o valor da tarifa cobrada, a legislação brasileira suas necessidades internas ou preparar outros
prevê alguns mecanismos especiais, que se apre- serviços que serão prestados ao público. São,
sentam como fontes alternativas de remunera- assim, os serviços característicos da Adminis-
ção do prestador do serviço público. É o caso, por tração Pública. Um exemplo diferente e que
exemplo, de espaços publicitários utilizados nos não mencionamos até agora é o caso do servi-
arredores de uma rodovia. A menor tarifa é tam- ço da imprensa oficial, que tem como função
bém critério essencial para avaliação de proposta divulgar todos os atos prestados pelo Poder
numa licitação do tipo concorrência pública. Público, promovendo maior transparência e
fiscalização de seus atos;
Da Classificação dos Serviços Públicos „ Serviços industriais: são os serviços que pro-
duzem renda para quem os presta, mediante a
Os serviços públicos podem ser dos mais variados remuneração da utilidade usada ou consumida.
tipos. É uma tarefa difícil de estabelecer uma classifi- Essa remuneração se denomina tarifa ou preço
cação dos serviços públicos. O professor Hely Lopes público e será fixada pelo Poder Público, quer
Meirelles6 apresenta uma boa classificação para os quando o serviço é prestado por seus órgãos ou
serviços públicos, que podem ser agrupados com base entidades, quer quando por concessionários,
9
-9

nos seguintes critérios: permissionários ou autoritários. Os serviços de


96

energia elétrica, água, telefonia, são serviços


.3

z Quanto à essencialidade dessa modalidade.


93
.0

„ Serviços públicos propriamente ditos: tam- z Quanto aos destinatários:


06

bém são denominados de serviços essenciais,


-1

são aqueles imprescindíveis à sobrevivência da


„ Serviços gerais ou uti universi: já menciona-
sociedade. Por isso, tais serviços não admitem
a

mos um pouco sobre essa classificação. São os


lv

delegação ou outorga. É o caso, por exemplo, do


serviços públicos que não possuem usuários
Si

poder de polícia, da saúde, da defesa nacional


ou destinatários específicos e são remunerados
da

etc. Observe que não são somente as funções


ligadas ao Poder de Império que caracterizam por tributos. Os serviços de iluminação públi-
io

um serviço público essencial propriamente ca e calçamento são remunerados por essa


v

maneira;

dito. O uso do poder de império é relevante


O

para o critério da adequação; „ Serviços individuais ou uti singuli: são os


ri

„ Serviços de utilidade pública: são serviços que possuem de antemão usuários conhecidos
A

úteis, mas não são considerados essenciais. e predeterminados, e o Estado já sabe, antes,
Por isso, eles podem ser prestados pelo Estado, quais são os beneficiados pela prestação do
ou por terceiros, mediante remuneração paga referido serviço. Por isso, esses serviços são
pelos usuários e sob constante fiscalização. É remunerados por tarifa. É o caso do serviço
o caso dos serviços de transporte coletivo, de de água e esgoto, de iluminação domiciliar, de
telefonia etc. telefonia etc.

z Quanto à adequação: Da Competência para Prestar Serviços Públicos

„ Serviços próprios do Estado: são os serviços A atual Constituição Federal de 1988 atribuiu
característicos do Estado brasileiro. Constituem diversos serviços públicos aos entes da Federação.
aqueles serviços que se relacionam intimamen- Em relação a União, os serviços públicos federais
te com as atribuições do Poder Público, isso é, estão inclusos nos incisos X a XII do art. 21 da CF, de
que possuem alguma relação com o poder de 1988. São, de modo geral:
268 6 MEIRELLES, H. L. Direito Administrativo Brasileiro. 44ª Edição. Editora Malheiros: 2020.
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 21 [...] Das Formas de Prestação e Meios de Execução
a) serviço postal e o correio aéreo nacional;
b) os serviços de telecomunicações; Formas de prestação do serviços públicos diz
c) os serviços de radiodifusão sonora e de sons e respeito ao titular do referido serviço público. Como
imagens; foi visto em competências, são várias as entidades
d) os serviços e instalações de energia elétrica e
que podem prestar serviços públicos. Essas formas de
o aproveitamento energético dos cursos de água,
prestação variam para cada tipo de serviço:
em articulação com os Estados onde se situam os
potenciais hidroenergéticos;
e) serviços de navegação aérea, aeroespacial e a z Serviços centralizados: são os serviços presta-
infraestrutura aeroportuária; dos diretamente pelo Poder Público, em seu pró-
f) serviços de transporte ferroviário e aquaviário prio nome e sob sua exclusiva responsabilidade. A
entre portos brasileiros e fronteiras nacionais; etc. União, os Estados, os Municípios e o Distrito Fede-
ral são os titulares desses serviços;
Aos Estados, por outro lado, a Constituição mencio- z Serviços desconcentrados: são os serviços públi-
na que compete a eles explorar diretamente, ou median- cos prestados pelo Estado, mas não por ele pró-
te concessão, os serviços locais de gás canalizado (art. prio, e sim por seus órgãos, mantendo para si
25, § 2º, CF, de 1988). Isso não significa que os Estados apenas a responsabilidade pela execução. Exem-
somente podem explorar serviços locais de gás canali- plos: o Ministério da Saúde, o Ministério da Eco-
zado, uma vez que existem as competências comuns a nomia, as Secretarias de Justiça, as Ouvidorias,
todos os entes da Federação, atribuídas de forma rema- as Auditorias, todas essas pessoas que não são o
nescente. Alguns exemplos de competências comuns Estado, mas que “fazem parte” dele e não possuem
estão dispostos no art. 23 da CF, de 1988, como: personalidade jurídica própria, realizam serviços
desconcentrados;
Art. 23 [...] z Serviços descentralizados: são os serviços públi-
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das cos que não são prestados pelo Estado, e sim por
instituições democráticas e conservar o patrimônio terceiros, com personalidade jurídica própria,
público; podendo arcar com os riscos do negócio por con-
II - cuidar da saúde e assistência pública, da prote- ta própria. Exemplos: o Procon, o Cadin, o INSS,
ção e garantia das pessoas portadoras de deficiên- o Detran etc. Aqui a titularidade do serviço não é
cia; e mais do Estado, e sim dessa entidade terceira. Com
III - proteger os documentos, as obras e outros bens isso, a responsabilidade pela execução do servi-
de valor histórico, artístico e cultural, os monu-
ço público recai primeiramente sobre o terceiro,
mentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios
mas é possível que o Estado se responsabilize tam-
arqueológicos; entre outros.
bém, mas somente de forma subsidiária (se o ente
demonstrar não haver patrimônio suficiente para
Compete aos Municípios, na forma do art. 30 da
fins de indenização).
CF, de 1988, a prestação de serviços públicos de inte-
resse local, incluindo o serviço de transporte coletivo;
9
As formas de execução, que não se confundem
-9

bem como prestar serviços de atendimento à saúde


96

da população, em cooperação com os demais entes com as formas de prestação, são apenas duas: execu-
.3

federativos. Evidente que aos Municípios também se ção direta e execução indireta.
93

aplicam as competências comuns previstas no art. 23. A execução direta ocorre sempre que o Poder
.0

Ao Distrito Federal compete, além das competên- Público emprega meios próprios para a sua prestação.
06

cias comuns, a prestação de todos os serviços estaduais Aqui engloba tanto a Administração Direta como a
-1

e municipais, uma vez que tal ente possui as mesmas Administração Indireta, isso é, a execução por intermé-
dio de pessoas jurídicas de direito público ou de direito
a

competências legislativas dos Estados e Municípios.


lv

Por fim, em relação aos particulares, os mesmos privado que foram instituídas para tal fim. Relembran-
Si

poderão prestar os serviços notariais e de registro, do que são pessoas jurídicas de direito público inte-
da

na forma do art. 236 da CF, de 1988. Tais serviços grantes da Administração Indireta: as autarquias e as
fundações públicas. E são pessoas de direito privado
io

envolvem a organização técnica e administrativa


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
v

destinados a garantir a publicidade, autenticidade, a integrantes da Administração Indireta: as empresas


segurança e a eficácia dos atos jurídicos, nos termos públicas e as sociedades de economia mista.
O

do art. 1º da Lei nº 8.985, de 1994. Os serviços de notas A execução indireta, por sua vez, ocorre sempre
ri
A

e registros é regulamentado pela referida lei. que o Poder Público concede a pessoas jurídicas ou pes-
soas físicas estranhas à entidade estatal a possibilidade
Dica de virem a executar os serviços, mediante o regime de
concessão e permissão. A execução indireta caracteri-
As parcerias público-privadas (PPPs) são con- za-se pelo fato de que tais serviços são prestados pela
tratos administrativos de concessão, podendo esfera privada, isso é, são empresas que não possuem
apresentar-se na modalidade de concessão qualquer tipo de vínculo com a Administração Pública
patrocinada ou concessão administrativa, na for- (Direta ou Indireta), não fazem parte da mesma.
ma do caput do art. 2º da Lei nº 11.079, de 2004.
É uma hipótese que apresenta-se muito mais Da Delegação dos Serviços Públicos
viável e atraente para o particular, uma vez que
ele recebe uma contraprestação pecuniária do Como vimos, os serviços públicos podem ser exe-
ente público, o que diminui o valor a ser cobrado cutados diretamente pelo Poder Público, ou indireta-
como taxa para os usuários do serviço. mente por terceiros, que podem ser pessoas jurídicas
de direito público ou de direito privado. Aqui há uma
delegação da competência administrativa. 269
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Resta saber quais são as principais formas de dele- Essa modalidade de contrato tem por objeto a pres-
gação dos serviços públicos, são três: concessão, per- tação de serviço público. A delegação ocorre apenas
missão e autorização sobre a execução do serviço, nunca sobre sua titulari-
O termo “concessão” é empregado para designar a dade, que continua sendo do poder concedente.
atividade da Administração Pública de delegar ao par- Apesar de a execução do serviço público não ser
ticular a prestação de um serviço, ou a execução de feita pelo poder concedente, a legislação (art. 29 da Lei
obra pública, ou ainda o uso de bem público. nº 8.987, de 1995) prevê outras obrigações para o Esta-
Concessão de serviço público é o contrato pelo do. São deveres do poder concedente:
qual a Administração promove a prestação indire-
ta de um serviço, delegando-o a particulares. Exem- Art. 29 [...]
I - Regulamentar e fiscalizar a execução do serviço
plos: a construção de linha ferroviária ou metrô para
concedido. A fiscalização é uma forma de exercício
transporte de passageiros, transmissão áudio sonora
de controle da execução do serviço público, pois por
(rádio) ou por imagens e sons (televisão), etc. Possui mais que o Estado não esteja realizando a execução
previsão legal na Lei nº 8.987, de 1995 (Lei de Conces- do serviço per si, nada impede que ele possa fiscali-
sões dos Serviços Públicos), bem como previsão cons- zar se a execução está ocorrendo de forma correta.
titucional no art. 175 da CF, de 1988: Ele pode mandar um agente vinculado à Adminis-
tração, ou um terceiro contratado justamente para
Constituição Federal de 1988 esse fim.
Art. 175 Incumbe ao poder público, na forma da II - Intervir na execução do serviço, nos casos
lei, diretamente ou sob regime de concessão ou per- previstos em lei. A intervenção advém do próprio
missão, sempre através de licitação, a prestação de ato de fiscalização: se a execução do serviço não
serviços públicos. se mostrar adequada ou estiver conforme o que
Parágrafo único. A lei disporá sobre: foi explícito no contrato, o poder concedente pode
I - o regime das empresas concessionárias e permis- requisitar a paralisação da execução, por exemplo.
sionárias de serviços públicos, o caráter especial de III - Aplicar as penalidades previstas na lei e/ou
seu contrato e de sua prorrogação, bem como as no contrato. As penalidades pela inexecução do
condições de caducidade, fiscalização e rescisão da serviço público estão previstas no artigo 87 da Lei
concessão ou permissão; nº 8.666, de 1993, podendo variar de uma simples
advertência, multa, ou até mesmo uma declara-
ção de inidoneidade para licitar ou contratar com
Lei nº 8.987, de 1995
a Administração Pública enquanto perdurarem os
Art. 2º Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se:
motivos determinantes da punição ou até que seja
[...]
promovida a reabilitação.
II - concessão de serviço público: a delegação de sua
IV - Possibilitar reajustes e a revisão das tarifas
prestação, feita pelo poder concedente, mediante cobradas. A revisão é uma ferramenta que pode ser
licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa utilizada tanto na fase de estipulação do contrato,
jurídica ou consórcio de empresas que demonstre como na fase de execução do serviço público. Se res-
capacidade para seu desempenho, por sua conta e
9
tar comprovado que a tarifa de um serviço público
-9

risco e por prazo determinado; se tornou demasiadamente alta, é possível realizar


96

alguns ajustes. Contudo, esses ajustes geralmente


.3

Dessa forma, podemos concluir que a prestação do são muito pequenos, e geralmente costumam ser
93

serviço público pode ocorrer diretamente pela Admi- para elevar o preço da tarifa, e não para diminuí-la.
.0

nistração Pública, ou indiretamente, mediante dele- V - Atender as reclamações e outras queixas advin-
06

gação do serviço a concessionários e permissionários das dos usuários, zelando pela boa qualidade
-1

que, por expressa determinação legal, necessita de do serviço. Não faria muito sentido os usuários
a

prévio procedimento de licitação. mandarem suas reclamações pela má qualidade


lv

do serviço prestado para justamente a concessio-


Si

A concessão de serviço público é contrato admi-


nária que está executando o referido serviço. Tais
nistrativo bilateral, o que significa que depende,
da

reclamações são recebidas pelo superior na linha


para a sua formação, além dos requisitos essenciais a hierárquica, para que ele possa tomar as medidas
io

todo negócio jurídico dispostos no art. 104 do Código cabíveis.


v

Civil (agente capaz, objeto lícito, forma prescrita ou VI - Declarar os bens necessários à execução do
O

não defesa em lei), a convergência de vontades distin- serviço de necessidade ou utilidade pública. Pode
ri

tas. Temos de um lado o poder concedente, que tem ocorrer que a concessionária, para equilibrar o seu
A

por objetivo a execução do serviço público em prol patrimônio, pretenda promover a alienação de um
da coletividade; e do outro, a entidade concessionária ou mais bens. Porém, o poder concedente pode atri-
que deve executar o serviço, com o objetivo de lucrar buir alguns limites, declarando esses bens como de
mediante a arrecadação de tarifas dos usuários bene- necessidade, ou de utilidade pública. Dessa forma,
esses bens tornam-se inalienáveis, e também impe-
ficiados com aquele serviço. O contrato deve ser obri-
nhoráveis, o que significa que a concessionária não
gatoriamente por escrito e rege-se pelas regras de
pode se dispor deles livremente.
Direito Administrativo.
Ao mencionar a transferência para pessoa jurí- Por outro lado, incumbe à concessionária do servi-
dica privada, quis o legislador que a delegação do ço público as seguintes tarefas: (art. 31 da Lei nº 8.987,
serviço não pudesse, em regra, ser feita a pessoas de 1995):
físicas, mas somente à empresa ou a um consórcio
de empresas. É o caso, por exemplo, da Sabesp, que é Art. 29 [...]
sociedade de economia mista, na prestação do serviço I - Prestar o serviço de maneira adequada, utilizan-
de abastecimento de água no Estado de São Paulo. do-se de técnicas específicas de seu conhecimento,
270 nos casos previstos na lei ou no contrato. Essa é
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
a tarefa primordial, óbvio, pois a concessionária z Rescisão por culpa do poder concedente: Caso
é a responsável pela execução do serviço público. o poder concedente descumpra com alguma regra
II - Prestar contas da gestão do serviço ao poder estabelecida no instrumento contratual, a conces-
concedente e aos usuários. É formada uma rela- sionária tem direito a ingressar em juízo, objeti-
ção de hierarquia entre o poder concedente e o vando à indenização dos danos decorrentes da
concessionário. Por isso, este deve prestar contas extinção contratual. A indenização, neste caso,
de seus atos ao seu superior, devendo informar se abrange somente os danos emergentes (o que efe-
a gestão do serviço público está ocorrendo corre- tivamente perdeu), e não os lucros cessantes (o
tamente, se não há nenhuma falha ou defeito, etc.
que ele poderia ter ganhado);
III - Cumprir e fazer cumprir as normas do serviço
z Anulação: é a modalidade de extinção em que
e as cláusulas contratuais, havendo possibilidade
consta vício de legalidade no contrato. O contrato
de pedir indenização pela inexecução do contrato.
perde sua eficácia desde a sua concepção (ex tunc),
É tarefa do concessionário exigir que tudo aquilo
avençado no contrato se torne realidade. Assim, se o que significa que a concessionária não faz jus à
o poder concedente se recusar a lhe outorgar algo indenização, exceto quanto a parte já executada
estabelecido em contrato, ou se o valor da remu- do contrato;
neração não for igual a aquele avençado, poderá o z Decretação de falência: como a concessão é con-
concessionário pedir a rescisão do contrato, com trato personalíssimo, ou seja, as partes contra-
pagamento de indenização pelo Poder Público. tantes têm grande relevância para a execução do
IV - Promover desapropriações e construir servi- serviço, havendo o desaparecimento da empresa
dões administrativas, mediante autorização do concessionária mediante falência, ou o falecimen-
poder concedente. Essas são formas de intervenção to de empresário individual, o vínculo contratual
do Estado na propriedade privada. Pode ocorrer também desaparece.
que o concessionário, para a melhor execução de
um serviço, precise ocupar um espaço de proprie- A permissão é outra forma da Administração
dade de um particular, seja para fins de desapro- Pública de delegar a execução de serviço público para
priação, ou uma outra forma de intervenção mais os particulares, também possui previsão no art. 175
branda, como construir uma servidão. Todas essas da CF, de 1988 e na Lei nº 8.987, de 1995. A permis-
hipóteses são possíveis, desde que mediante prévia são é unilateral, discricionária, precária e intuitu
autorização, e também desde que haja uma indeni-
personae (personalíssima), promove a delegação
zação do particular, que teve sua propriedade pri-
do serviço público mediante prévia licitação para um
vada obstruída.
particular denominado permissionário.
V - Captar, aplicar e gerir os recursos financeiros
necessários à prestação do serviço. Todos os encar-
Questão controvertida é a natureza jurídica da per-
gos do serviço público ficam a cargo do concessio- missão. Após a Constituição de 1988, o direito brasileiro
nário. Logo, faz parte dessa lógica que ele deve ter passou a tratar a permissão como se fosse um contrato
poder de decisão sobre os recursos econômicos e de adesão, como se depreende da leitura do inciso I do
financeiros relacionados com a prestação do servi- parágrafo único do art. 175 da Carta Magna: “
ço público.
9
Art. 175 [...]
-9
96

Por fim, o art. 35 da Lei nº 8.987, de 1995 dispõe I - o regime das empresas concessionárias e permis-
sionárias de serviços públicos, o caráter especial de
.3

sobre as modalidades de extinção da concessão do


seu contrato e de sua prorrogação, bem como as con-
93

serviço público. São seis ao todo:


dições de caducidade, fiscalização e rescisão da con-
.0

cessão ou permissão”.
06

z Advento do termo contratual: trata-se da extin-


-1

ção do contrato pelo encerramento de seu prazo Todavia, contrato de adesão é remetente aos contra-
a

de vigência. É a extinção natural do contrato, haja tos de Direito Privado, principalmente nas relações de
lv

vista que nosso direito não admite contrato de con-


Si

consumo. Tal modalidade de contrato é elaborado unila-


cessão por prazo indeterminado; teralmente pelo fornecedor, obrigando a parte aderente
da

z Encampação ou resgate: nos termos do art. 37 apenas a manifestar o seu aceite. Trata-se de uma carac-
io

da Lei nº 8.987, de 1995, é “a retomada do serviço


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
terística presente também nos contratos administrati-
v

pelo poder concedente durante o prazo da conces-


vos: as regras enclausuradas no contrato administrativo


são, por motivo de interesse público, mediante lei
O

são unilateralmente elaboradas pelo poder concedente,


autorizativa específica e após prévio pagamento da
ri

antes mesmo do processo de licitação.


A

indenização (...)”. Aqui, não ocorreu nenhum tipo A confusão se estende ainda mais no âmbito legis-
de infração de algum termo do contrato, o conces- lativo, como ocorre no art. 40 da Lei nº 8.987, de 1995,
sionário simplesmente abandonou a execução do ao dispor que a permissão
contrato (é muito comum algumas dessas empre-
sas “desaparecerem” no meio da prestação do ser- Art. 40 será formalizada mediante contrato de ade-
viço). Por isso, não é possível aplicar sanções ao são, que observará os termos desta Lei, das demais
contratado; normas pertinentes e do edital de licitação, inclusi-
z Caducidade: é a modalidade em que a execução ve quanto à precariedade e à revogabilidade unila-
do serviço não é realizada, no todo ou em parte, teral do contrato pelo poder concedente”.
ou pelo descumprimento de encargos atribuídos à
concessionária. A caducidade deve ser declarada, Esse dispositivo não faz o menor sentido, uma vez
havendo a ocorrência de um dos eventos descri- que dispõe que a permissão é uma espécie de “contra-
tos no § 1º do art. 38 da Lei nº 8.987, de 1995, tais to precário”.
como: a concessionária paralisar o serviço, des- Não parece correto admitir que a permissão seja
cumprir cláusula contratual, não cumprir com as uma espécie de contrato regulado por normas de Direi-
penalidades impostas etc.; to Privado, com princípios completamente distintos 271
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
dos princípios administrativos. Todavia, há diversos PROTEÇÃO E DEFESA DOS DIREITOS DO USUÁRIO
autores que admitem tal possibilidade, inclusive o DOS SERVIÇOS PÚBLICOS (LEI Nº 13.460, DE 2017)
próprio Supremo Tribunal Federal, no julgamento da
ADI nº 1.491, de 1998 0. A ação de inconstitucionalida- A prestação de serviços públicos não pode alcan-
de foi ajuizada pelo Partido Democrático Trabalhista çar sua finalidade se ela não servir para o seu público
(PDT) e pelo Partido dos Trabalhadores (PT) contra alvo, que são os seus próprios usuários. Assim, como
dispositivos da Lei n° 9.295, de 1996, que dispõe sobre uma forma de promover maior excelência e qualidade
os serviços de telecomunicações e sua organização. na prestação dos serviços públicos, deve ser assegura-
O relator à época, ministro Carlos Velloso, votou pelo do aos usuários a defesa de seus direitos, bem como
deferimento da liminar para suspender os efeitos do § permitir que eles tenham sua participação garantida.
2° do art. 8°. Esse dispositivo determina que: Nesse sentido, a Lei Federal nº 13.460, de 26 de
junho de 2017, é a lei que dispõe sobre a participação,
Art. 8° [...] a proteção e defesa dos direitos do usuário dos ser-
§ 2° As entidades que, na data de vigência desta
viços públicos da administração pública. É importan-
Lei, estejam explorando o Serviço de Transporte de
Sinais de Telecomunicações por Satélite, median-
te analisar os principais dispositivos dessa Lei, bem
te o uso de satélites que ocupem posições orbitais como as alterações mais recentes, introduzidas pela
notificadas pelo Brasil, têm assegurado o direito à Lei nº 14.015, de 2020.
concessão desta exploração. Preliminarmente, cumpre ressaltar que os dis-
positivos apresentados pela referida Lei se aplicam
O fundamento da ADI é que, no entendimento dos à administração pública direta e indireta da União,
referidos Partidos Políticos, tal dispositivo viola a exi- dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, nos
gência constitucional de licitação prévia à realização termos do inciso I do § 3º do art. 37 da Constituição
da concessão ou permissão de serviços públicos e ao Federal. Porém, não são somente as pessoas jurídicas
princípio da livre concorrência e defesa do consumi- de direito público: o § 3º do art. 1º dispõe também que
dor. É um tanto surpreendente afirmar que a permis- o regime dessa lei é aplicável, subsidiariamente, nos
são de serviço público deve seguir normas e regras de serviços públicos prestados por particulares.
Direito do Consumidor (ramo de Direito Privado). O art. 2º da Lei Federal nº 13.460 traz alguns concei-
Por isso, para todos os efeitos, vamos nos alinhar tos iniciais que são importantes para o entendimento
com a posição da maioria das bancas costuma e defi- da matéria. Para os efeitos dessa Lei, considera-se:
nir a permissão como um contrato de adesão.
Importante destacar as diferenças entre permis- Art. 2° [...]
são e a concessão de serviço público, que podem ser I - usuário - pessoa física ou jurídica que se benefi-
determinadas com base nos seguintes requisitos: cia ou utiliza, efetiva ou potencialmente, de serviço
público;
z Quanto à natureza jurídica: a permissão é uni- II - serviço público - atividade administrativa ou
lateral, enquanto a concessão é contrato bilateral; de prestação direta ou indireta de bens ou serviços
9
z Quanto aos beneficiários: qualquer pessoa pode à população, exercida por órgão ou entidade da
-9

ser permissionária, mas somente as pessoas jurídi- administração pública;


96

cas (empresas) podem ser concessionárias; III - administração pública - órgão ou entidade
.3

z Quanto ao aporte de capital: a concessão exige integrante da administração pública de qualquer


93

maior aporte de capital, a permissão admite inves- dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
.0

timentos de pequeno ou médio porte; Federal e dos Municípios, a Advocacia Pública e a


06

z Quanto à licitação: a concessão deve ser prece- Defensoria Pública;


-1

dida de licitação na modalidade de concorrência. IV - agente público - quem exerce cargo, empre-
a

Não há essa exigência para a permissão; go ou função pública, de natureza civil ou militar,
lv

ainda que transitoriamente ou sem remuneração; e


Si

z Quanto à forma da outorga: a concessão se dá


mediante promulgação de lei específica. A permis- V - manifestações - reclamações, denúncias, suges-
da

são necessita apenas de autorização legislativa. tões, elogios e demais pronunciamentos de usuários
io

que tenham como objeto a prestação de serviços


v

públicos e a conduta de agentes públicos na presta-


A autorização, por sua vez, é um ato administrativo


ção e fiscalização de tais serviços.
O

por meio do qual a administração pública possibilita ao


ri

particular a realização de alguma atividade de predomi-


A

nante interesse deste, ou a utilização de um bem público; Com periodicidade mínima anual, cada Poder e
Assim como a permissão, a autorização é um ato esfera de Governo publicará quadro geral dos servi-
unilateral, discricionário, precário e independente ços públicos prestados, que especificará os órgãos ou
de licitação. Todavia, se difere da permissão ante o entidades responsáveis por sua realização e a autori-
fato de que o interesse da autorização é predominan- dade administrativa a quem estão subordinados ou
temente privado. Um exemplo disso é a autorização vinculados (art. 3°).
para o porte de arma: apenas o particular tem interes-
se de ter em sua posse arma de fogo Dos Direitos Básicos e Deveres dos Usuários
Parte da doutrina entende que é incabível a uti-
lização de autorização para a prestação de serviços O art. 5º dispõe que o usuário de serviço público
públicos, por força do art. 175 da CF, de 1988: tem direito à adequada prestação dos serviços. Para
que isso ocorra, é imputado aos prestadores do ser-
Art. 175 Incumbe ao Poder Público, na forma da viço público uma série de deveres e diretrizes que
lei, diretamente ou sob regime de concessão ou per- devem ser seguidas para garantir essa prestação do
missão, sempre através de licitação, a prestação de serviço público com excelência. Essas diretrizes são,
272 serviços públicos. in verbis:
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 5° [...] VI - obtenção de informações precisas e de fácil
I - urbanidade, respeito, acessibilidade e cortesia no acesso nos locais de prestação do serviço, assim
atendimento aos usuários; como sua disponibilização na internet, especial-
II - presunção de boa-fé do usuário; mente sobre:
III - atendimento por ordem de chegada, ressal- a) horário de funcionamento das unidades
vados casos de urgência e aqueles em que hou- administrativas;
ver possibilidade de agendamento, asseguradas b) serviços prestados pelo órgão ou entidade, sua
as prioridades legais às pessoas com deficiência, localização exata e a indicação do setor responsá-
aos idosos, às gestantes, às lactantes e às pessoas vel pelo atendimento ao público;
acompanhadas por crianças de colo; c) acesso ao agente público ou ao órgão encarrega-
IV - adequação entre meios e fins, vedada a imposi-
do de receber manifestações;
ção de exigências, obrigações, restrições e sanções
d) situação da tramitação dos processos adminis-
não previstas na legislação;
trativos em que figure como interessado; e
V - igualdade no tratamento aos usuários, vedado
qualquer tipo de discriminação; e) valor das taxas e tarifas cobradas pela prestação
VI - cumprimento de prazos e normas dos serviços, contendo informações para a com-
procedimentais; preensão exata da extensão do serviço prestado.
VII - definição, publicidade e observância de horá- VII - comunicação prévia da suspensão da presta-
rios e normas compatíveis com o bom atendimento ção de serviço.
ao usuário;
VIII - adoção de medidas visando a proteção à saú-
de e a segurança dos usuários; Importante!
IX - autenticação de documentos pelo próprio agen-
te público, à vista dos originais apresentados pelo Pela leitura dos direitos básicos do usuário, per-
usuário, vedada a exigência de reconhecimento de cebe-se que o serviço público pode ser suspen-
firma, salvo em caso de dúvida de autenticidade; so quando o usuário deixa de pagar a respectiva
X - manutenção de instalações salubres, seguras, tarifa. O que a lei protege é a comunicação prévia
sinalizadas, acessíveis e adequadas ao serviço e ao
dessa suspensão. Todavia, é vedada a suspen-
atendimento;
XI - eliminação de formalidades e de exigências cujo são da prestação de serviço em virtude de ina-
custo econômico ou social seja superior ao risco dimplemento por parte do usuário que se inicie
envolvido; na sexta-feira, no sábado ou no domingo, bem
XII - observância dos códigos de ética ou de conduta como em feriado ou no dia anterior a feriado.
aplicáveis às várias categorias de agentes públicos; Esse é uma exceção introduzida recentemente
XIII - aplicação de soluções tecnológicas que visem pela Lei nº 14.015, de 2020.
a simplificar processos e procedimentos de atendi-
mento ao usuário e a propiciar melhores condições
para o compartilhamento das informações; O art. 7º trata da Carta de Serviços ao Usuário, que
XIV - utilização de linguagem simples e compreen-
tem por objetivo informar o usuário sobre os serviços
9
sível, evitando o uso de siglas, jargões e estrangei-
-9

rismos; e prestados pelo órgão ou entidade, as formas de aces-


96

XV - vedação da exigência de nova prova sobre so a esses serviços e seus compromissos e padrões de
.3

fato já comprovado em documentação válida qualidade de atendimento ao público (art. 7º, § 1º).
93

apresentada. A Carta de Serviços ao Usuário deverá trazer infor-


.0

XVI - comunicação prévia ao consumidor de que mações claras e precisas em relação a cada um dos
06

o serviço será desligado em virtude de inadimple- serviços prestados, apresentando, no mínimo, infor-
-1

mento, bem como do dia a partir do qual será rea- mações relacionadas a:
lizado o desligamento, necessariamente durante
a
lv

horário comercial. Art. 7° [...]


Si

I - serviços oferecidos;
da

É o art. 6º, todavia, que apresenta os direitos dos II - requisitos, documentos, formas e informações
usuários do serviço público. São uma série de prer-
io

necessárias para acessar o serviço;


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
v

rogativas que devem ser respeitadas pelo Estado ou III - principais etapas para processamento do

daquele cujo serviço público foi outorgado. Assim, são serviço;


O

direitos básicos dos usuários, in verbis: IV - previsão do prazo máximo para a prestação do
ri
A

serviço;
Art. 6° [...] V - forma de prestação do serviço; e
I - participação no acompanhamento da prestação VI - locais e formas para o usuário apresentar even-
e na avaliação dos serviços; tual manifestação sobre a prestação do serviço
II - obtenção e utilização dos serviços com liber- (art. 7º, § 2º).
dade de escolha entre os meios oferecidos e sem
discriminação; Por fim, o art. 8º apresenta os deveres dos usuá-
III - acesso e obtenção de informações relativas à rios, quando usufruem do serviço público. Assim, são
sua pessoa constantes de registros ou bancos de obrigações dos usuários:
dados, observado o disposto no inciso X do caput do
art. 5º da Constituição Federal e na Lei nº 12.527, de Art. 8° [...]
18 de novembro de 2011 ; I - utilizar adequadamente os serviços, procedendo
IV - proteção de suas informações pessoais, nos ter- com urbanidade e boa-fé;
mos da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011; II - prestar as informações pertinentes ao serviço
V - atuação integrada e sistêmica na expedição de prestado quando solicitadas;
atestados, certidões e documentos comprobatórios III - colaborar para a adequada prestação do ser-
de regularidade; e viço; e 273
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
IV - preservar as condições dos bens públicos por Público na esfera privada. Por isso, é importante ana-
meio dos quais lhe são prestados os serviços de que lisar a evolução histórica da responsabilidade esta-
trata esta Lei. tal, tendo como foco os países ocidentais, sobretudo o
Brasil.
Manifestação dos Usuários
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS TEORIAS DE
A Lei nº 13.460, de 2017 permite que, para garan- RESPONSABILIDADE
tir seus direitos, o usuário possa apresentar mani-
festações perante a administração pública acerca da De modo geral, pode-se afirmar que a responsabi-
prestação de serviços públicos. A manifestação será lidade civil da Administração passou por três grandes
dirigida à ouvidoria do órgão ou entidade responsável fases. A primeira, denominada Teoria da Irresponsa-
e conterá a identificação do requerente (art. 9º e 10). bilidade, adveio na época dos Estados Absolutistas, em
A manifestação poderá ser feita por meio eletrô- que havia uma concentração do poder político nas mãos
nico, ou correspondência convencional, ou verbal- de uma única pessoa. O Monarca, assim, praticava atos
mente, hipótese em que deverá ser reduzida a termo.
que jamais poderiam ensejar a reparação pelos danos,
Nesse caso, poderá a administração pública ou sua
uma vez que ele fazia a sua vontade ter força de lei.
ouvidoria requerer meio de certificação da identidade
A fundamentação dessa soberania dos reis absolu-
do usuário (art. 10, parágrafos).
tistas era baseada na teoria político-teológica de que
Os procedimentos administrativos relativos à aná-
eles eram representantes de Deus na terra, investidos
lise das manifestações observarão os princípios da
desse Poder por obra divina. Tal teoria seria superada
eficiência e da celeridade, visando a sua efetiva reso-
com o advento do Estado de Direito francês, sobretudo
lução, que compreende:
do julgamento pelo Tribunal de Conflitos da França,
Art. 12 [...] denominado Aresto Blanco, no ano de 1873. O julga-
I - recepção da manifestação no canal de atendi- mento consistia na imputação ao Estado do dever de
mento adequado; reparar danos causados por um vagão da Companhia
II - emissão de comprovante de recebimento da Nacional de Manufatura do Fumo, que havia atropela-
manifestação; do uma menina enquanto brincava na rua.
III - análise e obtenção de informações, quando A Teoria da Responsabilidade Subjetiva foi a
necessário; primeira tentativa de explicar a imputação ao Estado
IV - decisão administrativa final; e do dever de reparar os danos patrimoniais e demais
V - ciência ao usuário. prejuízos causados pela conduta de seus agentes. Por
essa corrente teórica, o Estado passaria a adquirir
Por fim, o art. 23 dispõe sobre a avaliação dos uma segunda personalidade denominada “fisco”, sen-
serviços públicos, que deverá ser feita com base nos do esta uma personalidade patrimonial, capaz de res-
seguintes aspectos: sarcir os particulares pela prática de atos de gestão.
No caso apresentado, o Estado acabou se tornando
9
Art. 23 [...]
-9

o ente responsável por reparar a família pela morte da


96

I - satisfação do usuário com o serviço prestado;


menina. Ocorre que a grande inovação se deu quan-
II - qualidade do atendimento prestado ao usuário;
.3

do a corte julgadora decidiu que a responsabilidade


93

III - cumprimento dos compromissos e prazos defi-


nidos para a prestação dos serviços; do Estado não poderia ter o seu fundamento retira-
.0

do do Direito Civil. Assim, a responsabilidade estatal


06

IV - quantidade de manifestações de usuários; e


V - medidas adotadas pela administração pública tem seu fundamento ligado às noções de responsabi-
-1

para melhoria e aperfeiçoamento da prestação do lidade mais amplas do que o âmbito de Direito Civil,
a

serviço. o que significa que, para o Estado ser considerado


lv
Si

responsável, deve haver a comprovação de que este


A avaliação será realizada por pesquisa de satisfa- agiu com culpa lato sensu, abrangendo as hipóteses de
da

ção feita, no mínimo, a cada um ano, ou por qualquer dolo (intenção de lesar), bem como as de negligência,
io

outro meio que garanta significância estatística aos imprudência e imperícia (culpa stricto sensu). Essa
v

resultados. O resultado da avaliação deverá ser inte- era a grande dificuldade dessa teoria: pelo fato de a
O

gralmente publicado no sítio do órgão ou entidade, relação entre a Administração Pública e o particular
ri

incluindo o ranking das entidades com maior incidên- ser desigual, a vítima muitas vezes não possuía meios
A

cia de reclamação dos usuários. suficientes para comprovar a conduta dolosa ou cul-
posa do Estado. No Brasil, adotamos a teoria subjeti-
va no Direito Público, excepcionalmente, nos casos
de omissão da Administração, ou na possibilidade
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO de ação regressiva desta perante seus agentes.
A terceira teoria, denominada Teoria da Respon-
Nos dias atuais, temos a total compreensão da ideia sabilidade Objetiva, surge nos meados de 1946 e
de responsabilidade civil e extracontratual do Estado. consiste no afastamento da necessidade de compro-
Significa dizer que ao Estado é imputado o dever de vação de dolo ou culpa do agente público, tendo por
ressarcir particulares pelos prejuízos praticados na fundamento o dever de indenizar a concepção de
conduta de seus agentes, independentemente de qual- risco administrativo. Quem presta um serviço públi-
quer acordo ou pacto estabelecido. co, assume o risco dos prejuízos que, eventualmente,
Todavia, essa concepção que temos atualmente poderá causar a outrem. Não cabe, dessa forma, a dis-
não surgiu do nada: ela foi o resultado de uma longa cussão sobre aspectos subjetivos da responsabilidade
274 evolução histórica sobre a forma de atuação do Poder estatal, exceto nas hipóteses de ação regressiva.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO NO z Dano específico: é aquele que atinge uma certa
DIREITO BRASILEIRO: RESPONSABILIDADE POR pessoa, ou uma certa categoria de pessoas. Dessa
AÇÃO E POR OMISSÃO forma, se o ato da Administração é capaz de causar
danos de modo geral, para toda a coletividade, não
A Constituição Federal, de 1988, adotou a teoria da se caracteriza dano indenizável. Por exemplo: não
responsabilidade objetiva, na variação de risco admi- é considerado dano indenizável o aumento da tari-
nistrativo, que admite algumas excludentes ao dever fa do transporte público, haja vista que todos as
de indenizar, conforme se depreende da leitura do § pessoas daquela cidade sofrerão com tal medida.
6º, art. 37, da CF, de 1988:
RESPONSABILIDADE POR AÇÃO E
Art. 37 [...] RESPONSABILIDADE POR OMISSÃO
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direi-
to privado prestadoras de serviços públicos responde-
A responsabilidade por ação é aquela que se carac-
rão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
teriza pelo ato comissivo. O Estado pode causar danos
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso
aos particulares tanto por ação ou por omissão. Quan-
contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
do o ato é comissivo, não há questionamento acerca
Observe que o texto constitucional imputa às pes- da culpa do Estado em sua conduta. Nesse caso, a
soas jurídicas de direito privado, como sociedades de responsabilidade objetiva do Estado se dará pela pre-
economia mista e empresas públicas, o dever de repa- sença dos seus pressupostos: o fato administrativo, o
rar na mesma modalidade que as pessoas da Adminis- dano e o nexo causal existente entre os dois.
tração Direta. A Lei nº 8.112, de 1990, que dispõe sobre Todavia, quando a conduta estatal for omissiva,
o regime dos servidores públicos, apresenta uma será preciso distinguir se a omissão constitui ou não
seção sobre responsabilidades dos agentes públicos, fato gerador da responsabilidade civil do Estado. Isso
colocando em destaque a responsabilidade objetiva. significa que nem toda conduta omissiva caracteriza-se
Temos no art. 112, da referida Lei: em um dever de indenizar, configurando-se na respon-
sabilização do ente estatal. Somente quando o Estado
Art. 112 A responsabilidade civil decorre de ato se omitir diante do dever legal de impedir a ocor-
omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que rência do dano é que será civilmente responsável.
resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros. Ainda sobre a omissão, há uma discussão doutriná-
ria a respeito da responsabilidade omissiva ser objetiva
O dever estatal de indenizar os particulares possui ou subjetiva. A primeira corrente, defendida por juris-
dois fundamentos distintos: a legalidade e a igualdade. tas como Hely Lopes Meirelles, diz que se a Constitui-
Na hipótese de o Poder Público praticar um ato ilícito, ção Federal não distinguiu a responsabilidade por ação
causador de danos patrimoniais para a coletividade, o e omissão, então não deve o intérprete fazê-lo também.
dever de indenizar advém do princípio da legalidade, Porém, a corrente majoritária, defendida por
uma vez que a atuação do agente público deve ser feita juristas como Celso Antônio Bandeira de Mello, diz
sempre de acordo com a lei (secundum legem). que a responsabilidade civil por omissão é sempre
9
Há casos, ainda, em que a Administração pratica subjetiva. Nesses casos, o Estado raramente é o autor
-9

atos lícitos, mas que também podem causar prejuízos


96

do ato danoso. Por isso, só responderá se restar com-


especiais ao particular. Nessas hipóteses, o dever de
.3

provado que ele tinha o dever legal de agir para impe-


indenizar advém do princípio da isonomia, que pres-
93

dir o resultado, e não o faz. Há uma análise subjetiva


supõe a igual repartição dos encargos sociais.
.0

da conduta do Poder Público. Assim, o entendimento


06

mais correto é de que a responsabilidade civil do Esta-


REQUISITOS PARA DEMONSTRAÇÃO DE
-1

do, no caso de conduta omissiva, só ocorrerá quan-


RESPONSABILIDADE ESTATAL
do presentes os elementos que caracterizam a culpa
a
lv

em sentido amplo, logo, responsabilidade subjetiva.


Para que haja a configuração da responsabilida-
Si

Sobre esse tema, vejamos alguns julgados:


de civil do Estado, é importante a presença de três
da

elementos:
RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO DE INDE-
io

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO


v

NIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS.


z um ato do agente público (conduta estatal);

z dano; ERRO MÉDICO EM HOSPITAL PÚBLICO. REALI-


O

z nexo de casualidade entre o dano e o ato praticado. ZAÇÃO DE PROVA PERICIAL. CULPA DA EQUIPE
ri

MÉDICA VERIFICADA. IMPERÍCIA E OMISSÃO.


A

Em relação ao segundo elemento, a doutrina cos- NEXO DE CAUSALIDADE


tuma apontar quais são os danos que ensejam o dever “2. Em se tratando de suposto erro médico por
de indenizar, isto é, quais são os denominados danos faute du service ou falha do serviço, respalda-
indenizáveis. Assim, considera-se dano indenizável: da pela omissão administrativa, a responsabi-
lidade civil do Estado passa a ser subjetiva,
z Dano anormal: é o dano que ultrapassa os incon- hipótese em que, a par dos demais pressupostos, é
venientes naturais e esperados da vida em socie- necessária a comprovação de negligência, imperí-
dade. A vida em sociedade é caracterizada pelo cia ou imprudência do agente estatal, ou seja, deve
advento de certos incômodos normais e toleráveis a parte ofendida demonstrar que o dano é conse-
a todos os cidadãos. Tais desconfortos só ensejam quência direta da culpa no mau funcionamento ou
o dever de indenizar se forem considerados into- inexistência de um serviço afeto à Administração
leráveis. Assim, por exemplo, a feira colocada em Pública. Precedentes.7
rua residencial não enseja dever de indenizar;
7 Acórdão 1248963, 00342086220158070018, Relator: ARQUIBALDO CARNEIRO PORTELA, Sexta Turma Cível, data de julgamento: 13/5/2020,
publicado no PJe: 2/6/2020. 275
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Acidente fatal por choque elétrico em ligações z Culpa exclusiva da vítima: são hipóteses em que
clandestinas - ausência de culpa da CEB Distri- o prejuízo é consequência da intenção delibera-
buição S.A.. da da própria vítima. O prejudicado, ao utilizar
“1. A responsabilidade civil do Estado e das o referido serviço público, acaba sofrendo danos
concessionárias de serviço público por omis- por uma ação tomada por ela mesma, não haven-
são genérica é subjetiva e exige a comprova- do qualquer relação com as condutas do Poder
ção do dano, o nexo de causalidade entre este Público. É o caso, por exemplo, de pessoa que se
e a negligência, imperícia ou imprudência do Poder joga na frente de viatura policial para ser atrope-
Público.8 lada. Não se confunde com a culpa concorrente,
que se traduz no dano causado pela conduta recí-
Omissão de informação - utilização de cateter proca do Estado e da própria vítima. Neste caso,
na cirurgia de transplante de rim - negligência há uma análise pericial para determinar os dife-
da equipe médica rentes graus de culpa de cada agente, ensejando
“I - A responsabilidade do Estado por omissão reparação;
é subjetiva, por isso exige, além da prova do z Força maior: é o evento imprevisível e involuntá-
dano e do nexo de causalidade, a comprovação rio que rompe o nexo de casualidade entre o ato
da conduta culposa ou dolosa. II - Na deman- da Administração e o prejuízo sofrido pela vítima.
da, a negligência está demonstrada, pois, a equipe Geralmente são causados pela força da natureza.
médica que atuou no transplante de rim da autora É o caso, por exemplo, do desabamento de terras
não registrou informação importante em seu pron- que arruínam as casas de um bairro, devido às for-
tuário médico, bem como não a comunicou sobre tes chuvas. Não se confunde com o caso fortuito,
a utilização de cateter na cirurgia de transplante em que o dano decorre de ato humano, ou da pró-
de rim.”9 pria Administração, como o desabamento de uma
estrada. O caso fortuito enseja o dever de respon-
Podemos sintetizar as informações estudadas na sabilidade somente se tal evento for causado pelo
tabela a seguir: agente público;
z Culpa de terceiro: é a hipótese em que o prejuízo
é atribuído a uma pessoa estranha aos quadros da
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO Administração Pública. Dessa forma, não há como
Responsabilidade Responsabilidade o Estado ser imputado responsável por atos pra-
Objetiva Subjetiva ticados por pessoas que não fazem parte de sua
composição.
Atos omissivos
Atos comissivos (ação)
(omissão) Dica
Elementos: Curioso é o caso dos danos causados pelas
Elementos:
� Conduta omissiva enchentes, sobretudo em cidades onde o escoa-
� Conduta
9
� Dano mento das águas é precário, como ocorre em
-9

� Dano
� Nexo causal
96

� Nexo causal algumas regiões da cidade de São Paulo. Como


� Culpa/Dolo
.3

regra geral, o Estado não se responsabiliza por


93

prejuízos causados pelas enchentes.


.0

DAS CAUSAS EXCLUDENTES E ATENUANTES DA A 3ª Câmara de Direito Público do TJ/SP negou


06

RESPONSABILIDADE provimento à AC nº 0170440220058260602,


-1

interposta por três proprietários de imóveis afe-


Dentro do âmbito da teoria objetiva da responsa-
a

tados pelas fortes chuvas do início do ano de


lv

bilidade estatal, existem duas vertentes distintas. A 2012, que pleiteavam pedido de indenização
Si

primeira, denominada risco integral, dispõe que o pelos danos causados pelas chuvas, pois as
da

Estado possui o dever de indenizar todo e qualquer galerias pluviais de seu bairro não eram suficien-
io

dano causado pela prática de seus atos, não admitindo tes para escoar toda a água, caracterizando fal-
v

nenhuma excludente. Trata-se de uma variação radi-


ta no serviço público. Segundo voto do relator,


cal, em que a Administração se transforma em um
O

porém, não havia provas que definiam a ocor-


indenizador universal. O direito brasileiro adotou a
ri

rência de qualquer falta de serviço atribuída ao


A

teoria do risco integral somente em casos excepcio- Município e que tenha sido causa concorrente
nais, como nos acidentes de trabalho e na indeniza- para o evento.
ção coberta pelo seguro obrigatório para automóveis
(DPVAT) etc. Todo aquele que se sentir prejudicado por con-
A segunda vertente, denominada teoria do ris- duta comissiva ou omissiva de agente público pode
co administrativo, é a adotada como regra geral no pleitear, pela via administrativa ou judicial, a devi-
direito brasileiro. Tal teoria reconhece algumas exclu- da reparação pelos danos causados. Na via adminis-
dentes da responsabilidade do Estado. Excludentes trativa, basta que o prejudicado formule o pedido
são circunstâncias que, como o próprio nome diz, a autoridade competente, que instaurará processo
afastam o dever de indenizar durante a sua ocorrên- administrativo para apurar a responsabilidade e o
cia. São, ao todo, três modalidades: pagamento de indenização.
8 Acórdão 1261320, 07100482420188070018, Relator: DIAULAS COSTA RIBEIRO, Oitava Turma Cível, data de julgamento: 1/7/2020, publicado no
DJE: 14/7/2020.
9 Acórdão 1246165, 00039732020128070018, Relatora: VERA ANDRIGHI, Sexta Turma Cível, data de julgamento: 29/4/2020, publicado no DJE:
276 14/5/2020.
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Porém, é preferível que a vítima utilize a via judi- 2. (EXATUS — 2013) Os entes públicos utilizam como
cial, hipótese mais comum, haja vista o direito de peti- base para tomada de decisões, os Princípios da Admi-
ção, que se caracteriza no dever do Poder Judiciário nistração, que norteiam todo o processo de gestão do
de atender todas as demandas feitas pelos cidadãos. patrimônio público. Assinale a alternativa que NÃO
O direito à indenização da vítima se instrumentaliza apresenta um Princípio da Administração Pública, nos
pela ação indenizatória. A ação indenizatória, dessa termos da Constituição Federal da República do Brasil:
forma, é aquela proposta pela vítima contra a pessoa
jurídica que o agente público causador do dano per- a) Moralidade.
tence. Conforme dispõe o inc. V, § 3º, art. 206, do Códi- b) Pessoalidade.
go Civil, o prazo prescricional para a propositura de c) Legalidade.
ação indenizatória é de três anos, contados da ocor- d) Eficiência.
rência do evento danoso.
Lembrando também que sempre há a possibilida- 3. (EXATUS — 2017) O Poder conferido por lei ao admi-
de de direito de regresso, por parte do ente público, nistrador público para que, nos limites nela previstos
contra o agente que, de fato, praticou a conduta dano- e com certa parcela de liberdade, adote, no caso con-
sa. Óbvio, quando a culpa recair totalmente sobre um creto, a solução mais adequada satisfazer o interesse
agente ou um pequeno grupo de agentes públicos, o público, permitindo uma margem de escolha segundo
Estado não pode ser o único a arcar com os prejuí- os elementos de conveniência e oportunidade, é cha-
zos da reparação; ele possui direito de regresso. Ain- mado de:
da que os agentes não indenizem a vítima, sobre eles
pode recair a ação regressiva com essa finalidade a) Poder vinculado.
específica. Significa dizer que os agentes públicos só b) Poder arbitrário.
podem responder de forma subjetiva, devendo inde- c) Poder discricionário.
nizar o Poder Público pela prática de seus atos. d) Poder centralizado.
O direito de regresso está previsto no § 6º, art. 37,
da Constituição Federal. Vejamos: 4. (EXATUS — 2013) Os órgãos da administração direta
que compõem a estrutura administrativa da Prefeitura
Art. 37 […] se organizam e se coordenam, atendendo aos princí-
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de pios técnicos recomendáveis ao bom desempenho de
direito privado prestadoras de serviços públicos suas atribuições. Sobre as entidades dotadas de per-
responderão pelos danos que seus agentes, nessa sonalidade jurídica da administração pública, analise
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
as afirmativas abaixo:
direito de regresso contra o responsável nos
casos de dolo ou culpa.
I. Autarquia: Serviço autônomo, criado por lei, com per-
sonalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para
executar atividades típicas da administração pública,
HORA DE PRATICAR! que requeiram, para seu melhor funcionamento, ges-
9
-9

tão administrativa e financeira descentralizadas.


96

II. Empresa Pública: Entidade dotada de personalidade


1. (EXATUS — 2017) A Administração Pública deve ser
.3

jurídica de direito privado, com patrimônio e capital do


regida por Princípios previstos na Constituição Fede-
93

Município, criada por lei, para exploração de atividades


ral da República Federativa do Brasil e na legislação
.0

econômicas que o Município seja levado a exercer, por


suplementar. A obrigatoriedade da obediência aos
06

força de contingência ou conveniência administrativa,


Princípios de Administração Pública faz com que os
-1

podendo revestir-se de qualquer das formas admitidas


atos e decisões alcancem sua finalidade principal: o
em direito.
a

interesse da sociedade em supremacia ao interesse


lv

III. Sociedade de Economia Mista: Entidade dotada de


Si

comum. Sobre os Princípios da Administração Públi-


personalidade jurídica de direito público, criada por
ca, analise as afirmativas abaixo:
da

lei, para exploração de atividades sociais, sob a forma


de sociedade limitada, cujas ações com direito a voto
io

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO


I. O Princípio da Publicidade exige ampla divulgação dos
v

pertençam, em sua maioria, ao Município ou a entida-


atos da Administração Pública, ressalvadas as hipóte-


des da administração direta.
O

ses de sigilo previstas em Lei.


ri

II. O Princípio da Eficiência é aquele que impõe à Admi-


Estão corretas as afirmativas:
A

nistração Pública a persecução do bem comum, por


meio do exercício das suas competências, de forma
a) Apenas as afirmativas I e II.
imparcial, neutra, transparente, participativa, sem
b) Apenas as afirmativas I e III.
burocracia e sempre em busca da qualidade.
c) Apenas as afirmativas II e III.
III. Segundo o Princípio da Legalidade, os agentes públi-
d) Todas as afirmativas estão corretas.
cos, quando estiverem atuando nesta condição,
podem fazer tudo aquilo que não é vedado pela Lei.
5. (EXATUS — 2013) A administração direta e indireta
possui requisitos e procedimentos indispensáveis no
Estão corretas as afirmativas:
que se refere ao ingresso de servidores e empregados
públicos. Sobre o tema citado, assinale a alternativa
a) Somente I e II.
que está de acordo com a legislação municipal:
b) Somente I e III.
c) Somente II e III.
d) I, II e III.

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a) Os cargos, empregos e funções públicas são acessí- 9. (EXATUS — 2016) Considerando a Lei n.º 8.112/1990,
veis somente aos brasileiros natos que preencham os que dispõe sobre o regime jurídico dos servidores
requisitos estabelecidos em lei e, em casos específi- públicos civis da União, das autarquias e das funda-
cos, aos brasileiros naturalizados. ções públicas federais, assinale a opção CORRETA:
b) O prazo de validade do concurso público será de até
um ano, prorrogável uma vez por igual período. a) A investidura em cargo público ocorrerá com a
c) A lei reservará percentual dos cargos e empregos readaptação.
públicos para a pessoa portadora de deficiência e defi- b) A nomeação para cargo de carreira ou cargo isolado
nirá os critérios de sua admissão. de provimento efetivo depende de prévia habilitação
d) Os vencimentos dos cargos do Poder Executivo não em concurso público de provas ou de provas e títulos,
poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Legislativo. obedecidos a ordem de classificação e o prazo de sua
validade.
6. (EXATUS — 2013) A legislação prevê que nenhuma c) A nomeação não é uma forma de provimento de cargo
obra, serviço ou melhoramento, salvo nos casos de público.
extrema urgência, serão executados sem prévio orça- d) O servidor habilitado em concurso público em cargo
mento de seu custo. Sobre o tema serviços públicos, de provimento efetivo adquirirá imediatamente estabi-
assinale a alternativa que está de acordo com a legis- lidade no serviço público.
lação municipal de Ibiraçu:
10. (EXATUS — 2016) A passagem do servidor de um últi-
a) As tarifas dos serviços públicos deverão ser fixadas mo padrão de uma classe ou categoria para o primeiro
pelo Poder Legislativo, tendo-se em vista o menor pre- padrão da classe ou categoria que se encontra ime-
ço para o serviço público. diatamente superior a sua Carreira Funcional, median-
b) O Município só poderá retomar os serviços permiti- te avaliação de desempenho, observado o interstício
dos ou concedidos, após indenizar mesmo que não mínimo de dois anos de efetivo exercício no cargo em
tenham sido executados em conformidade com o ato relação à progressão imediatamente anterior é carac-
ou contrato. terizado como:
c) Os serviços permitidos ou concedidos ficarão sempre
sujeitos à regulamentação e à fiscalização do permis- a) Reversão.
sionário ou contratado, incumbindo, ao poder público, b) Reintegração.
sua permanente atualização e adequação às necessi- c) Aproveitamento.
dades dos usuários. d) Promoção.
d) A permissão de serviço público, a título precário será
outorgada por decreto do Prefeito, após edital de chama- 11. (EXATUS — 2016) De acordo ao disposto na Lei n.º
mento de interessados para escolha do melhor pretenden- 8.112/90, a reintegração é:
te, sendo que a concessão só será feita com autorização
legislativa, mediante contrato precedido de licitação. a) o retorno do servidor estável ao cargo anteriormente
ocupado depois de finda a pena de indisponibilidade.
9
-9

7. (EXATUS — 2017) Sobre o controle da Administração b) a reinvestidura do servidor estável no cargo anterior-
96

Pública, analise as afirmativas abaixo como sendo mente ocupado, ou no cargo resultante de sua trans-
.3

Verdadeiras (V) OU Falsas (F): formação, quando invalidada a sua demissão por
93

decisão administrativa ou judicial, com ressarcimento


.0

( ) O controle administrativo deriva do poderdever de de todas as vantagens.


06

autotutela que a Administração tem sobre seus pró- c) a investidura do servidor em cargo de atribuições e
-1

prios atos e agentes. responsabilidades compatíveis com a limitação que


( ) Controle de legalidade ou legitimidade é todo aquele tenha sofrido em sua capacidade física ou mental veri-
a
lv

que visa á comprovação da eficiência, do resultado, da ficada em inspeção médica.


Si

conveniência ou oportunidade do ato controlado. d) o deslocamento do servidor, a pedido ou de ofício, no


da

( ) Através do controle administrativo a Administração âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança de sede.
pode anular, revogar ou alterar seus próprios atos e
vio

punir seus agentes com as penalidades estatutárias. A 12. (EXATUS — 2016) Nos termos da Lei nº 8.112/90,

sequência CORRETA de cima para baixo corresponde a: cabe exoneração quando:


O
ri

a) V, V, F.
A

I. Não satisfeitas às condições do estágio probatório.


b) V, F, V. II. O servidor não entrar em exercício no prazo
c) F, F, V. estabelecido.
d) F, V, F. III. A pedido do próprio servidor.
IV. O servidor é punido pela administração.
8. (EXATUS — 2016) Para a investidura em cargo público
é necessário, EXCETO: Assinale a alternativa correta:

a) A quitação com as obrigações militares. a) Apenas as afirmativas III e IV.


b) A idade mínima de dezoito anos. b) Apenas as afirmativas I, II e III.
c) O nível médio de escolaridade. c) Apenas as afirmativas I e II.
d) A quitação com as obrigações eleitorais d) Apenas as afirmativas I, II e IV.

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9 GABARITO

1 A

2 B

3 C

4 A

5 C

6 D

7 B

8 C

9 B

10 D

11 B

12 B

ANOTAÇÕES

9
-9
96
.3
93
.0
06
-1
a
lv
Si
da
io

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO


v

O
ri
A

279
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ANOTAÇÕES

9
-9
96
.3
93
.0
06
-1
a
lv
Si
da
vio

O
ri
A

280
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Dica
Súmula n° 707 do STF: “Constitui nulidade a
falta de intimação do denunciado para oferecer

NOÇÕES DE DIREITO contrarrazões ao recurso interposto da rejeição


da denúncia, não a suprindo a nomeação de

PROCESSUAL PENAL defensor dativo”.

z Ampla defesa: o direito de defesa complementa


o contraditório, pois, após se contrapor (exercer
o contraditório), o acusado precisa se defender. A
APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL
ampla defesa proporciona ao acusado a possibili-
PENAL E PRINCÍPIOS DO PROCESSO dade de influenciar na decisão judicial. Ex.: Produ-
PENAL zindo provas.
Título I – Disposições Preliminares
DEFESA TÉCNICA AUTODEFESA
As normas se dividem em regras e princípios. As Exercida pelo advogado. É obri- Exercida pela própria parte
regras podem ou não serem cumpridas, conforme a gatória na fase processual. no interrogatório.
técnica do tudo ou nada, já os princípios podem ser Súmula n° 523 do STF: “No Compreende o direito de au-
ponderados, sem que haja a exclusão de um princípio processo penal, a falta da defe- diência (se apresentar ao juiz
para prevalecer o outro, ocorrendo uma mera flexi- sa constitui nulidade absoluta, para defender-se pessoal-
bilização, para que ocorra o encaixe perfeito no caso mas a sua deficiência só o anu- mente); direito de presença
concreto. Por exemplo, nas decisões dos tribunais, lará se houver prova de prejuízo (acompanhar os atos de ins-
muitas vezes temos a disputa liberdade de expres- para o réu” trução ao lado do seu defen-
são x privacidade, e os julgadores tentam conciliar sor); capacidade postulatória
entre ambos os princípios. autônoma (impetrar habeas
Os princípios são mais abstratos do que as regras, corpus, ajuizar revisão crimi-
nal, formular pedidos relati-
e, muitas vezes, as embasam. Por exemplo, o princí-
vos à execução da pena)
pio da dignidade da pessoa humana inspirou várias
regras protetivas de direitos do preso (direito a saúde,
trabalho, estudo). z Publicidade: acesso de todos os cidadãos ao pro-
A Constituição Federal, de 1988, se preocupou com cesso, com vistas à transparência da atividade
as garantias processuais penais em diversos dispo- jurisdicional, oportunizando a fiscalização de toda
sitivos, instituindo um amplo rol de princípios cons- a sociedade.
titucionais protetivos do processo penal, como, por
exemplo, a presunção de inocência, que é um princípio Art. 5º[...]
9
-9

basilar extraído diretamente do texto constitucional. IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judi-
96

O Código de Processo Penal, inspirado nas garantias ciário serão públicos, e fundamentadas todas as
.3

constitucionais, forma um complexo de regras e prin- decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limi-
93

cípios que conduzem a marcha processual. tar a presença, em determinados atos, às próprias
.0

Entenda os princípios processuais mais importantes: partes e a seus advogados, ou somente a estes, em
06

casos nos quais a preservação do direito à intimi-


-1

z Presunção de Inocência: consiste no direito de dade do interessado no sigilo não prejudique o inte-
a

não ser declarado culpado, senão após o devido resse público à informação;
lv

processo legal. A consequência deste princípio é


Si

que a parte acusadora fica com o ônus de demons- z Princípio da busca da verdade: com o passar
da

trar a culpabilidade do acusado. Ex.: Para a impo-

NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


dos anos, verificou-se que, no âmbito do processo
io

sição de uma sentença condenatória, é necessário penal, é impossível atingir a verdade absoluta. O
v

provar, eliminando qualquer dúvida razoável (in que se busca, então, é a maior exatidão possível

dubio pro reo).


O

na reconstituição do fato controverso, mas sem a


ri

pretensão de chegar na verdade real. Assim, são


A

Art. 5º [...] inadmissíveis provas obtidas por meios ilícitos,


LVII - ninguém será considerado culpado até o trân-
para que seja evitado provar a qualquer custo, por
sito em julgado de sentença penal condenatória;
meio de ilegalidades e violações de direitos.
Em 2019, o STF fixou entendimento no sentido de
Art. 5º [...]
que o início do cumprimento da pena precisa do trân-
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obti-
sito em julgado da condenação. Assim, apenas pode
das por meios ilícitos;
ocorrer prisão cautelar (provisória, temporária) antes
do esgotamento da via recursal.
z Princípio do juiz natural: significa que é veda-
z Contraditório: consiste no direito à informação, do o Tribunal de Exceção, ou seja, escolher quem
somado ao direito de participação. Quanto ao vai julgar o acusado após o fato, sem que existam
direito de informação, destacam-se as citações e regras pré-fixadas de competência. O sentido desta
intimações. Quanto ao direito de participação, o violação é manter a imparcialidade do juízo que
acusado precisa ter a oportunidade de reagir. Ex.: trabalha em nome do Estado, e não pelo desejo de
Contestar, recorrer. vingança. 281
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z Ninguém é obrigado a produzir prova contra si preservada a validade dos atos realizados sob a vigên-
mesmo: esse princípio exemplifica-se pelo direito cia da lei anterior.
ao silêncio, não ser constrangido a confessar, ine- Todavia, o prazo já iniciado, inclusive o estabeleci-
xigibilidade de dizer a verdade, não praticar qual- do para a interposição de recurso, será regulado pela
quer comportamento ativo que possa incriminá-lo, lei anterior, se esta não prescrever prazo menor do
não produzir nenhuma prova incriminadora inva- que o fixado no CPP.
siva. Ou seja, o acusado tem o direito de autopre- De acordo com o art. 3º do CPP, em matéria pro-
servar-se, o que faz parte da natureza humana, e, cessual é admitida interpretação extensiva, aplicação
com isso, não produzir provas que vão levar à sua analógica e dos princípios gerais de direito.
condenação. Os sistemas processuais penais dividem-se em
inquisitivo e acusatório. O Pacote Anticrime ratificou
O STF já decidiu que a consideração de que o acu- uma ideia que vinha sendo desenvolvida pela doutri-
sado não demonstrou interesse em colaborar com a na e pela jurisprudência no decorrer dos anos: o pro-
cesso penal segue o sistema acusatório.
justiça não constitui fundamento idôneo para decre-
tar a prisão preventiva.
Art. 3º O Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de
Agora que já entendemos o conceito de cada prin-
1941 (Código de Processo Penal), passa a vigorar
cípio, para finalizar esse tópico com chave de ouro, com as seguintes alterações:
vale a memorização da literalidade dos artigos:
Juiz das Garantias
PRINCÍPIO DA LVII - ninguém será considerado
PRESUNÇÃO DE culpado até o trânsito em julgado Art. 3º-A O processo penal terá estrutura acusató-
INOCÊNCIA de sentença penal condenatória ria, vedadas a iniciativa do juiz na fase de inves-
tigação e a substituição da atuação probatória do
PRINCÍPIO DO LV - aos litigantes, em processo órgão de acusação.
CONTRADITÓRIO E judicial ou administrativo, e aos
DA AMPLA acusados em geral são assegurados A nova legislação, após dispor que o processo
o contraditório e ampla defesa, com penal terá estrutura acusatória, veda a iniciativa do
DEFESA
os meios e recursos a ela inerentes
juiz na fase de investigação e a substituição da atua-
IX - todos os julgamentos dos ção probatória do órgão de acusação. Ademais, passa
órgãos do Poder Judiciário serão a prever a figura do juiz das garantias, que fica res-
públicos, e fundamentadas todas ponsável pelo controle da investigação criminal e pela
as decisões, sob pena de nulidade, proteção dos direitos fundamentais.
podendo a lei limitar a presença, Vale lembrar que no sistema acusatório, a figura
PRINCÍPIO DA em determinados atos, às pró- de acusação e a de julgamento são completamente dis-
PUBLICIDADE prias partes e a seus advogados, tintas e separadas. Assim, o Art. 3º-A trouxe a seguinte
ou somente a estes, em casos nos redação:
9
quais a preservação do direito à
-9

intimidade do interessado no sigilo


96

Art. 3º-A O processo penal terá estrutura acusató-


não prejudique o interesse público
.3

ria, vedadas a iniciativa do juiz na fase de inves-


à informação
93

tigação e a substituição da atuação probatória do


.0

PRINCÍPIO DA LVI - são inadmissíveis, no proces- órgão de acusação.


06

VEDAÇÃO ÀS so, as provas obtidas por meios


-1

PROVAS ILÍCITAS ilícitos Anteriormente, não tinha um dispositivo expresso


a

PRINCÍPIO DO que tratava do sistema acusatório, a doutrina e a juris-


lv

XXXVII - não haverá juízo ou tri-


prudência foi quem construiu tal conceito, a partir da
Si

JUIZ NATURAL bunal de exceção


interpretação do ordenamento processual penal.
da

LXIII - o preso será informado A partir da nova lei, o juiz das garantias foi coloca-
PRINCÍPIO DO
io

de seus direitos, entre os quais o do como o responsável pelo controle da legalidade da


NEMO TENETUR SE
v

de permanecer calado, sendo-lhe investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos


DETEGERE assegurada a assistência da famí- individuais.


O

lia e de advogado
ri
A

A regra do CPP é seguir o princípio da territoriali- SISTEMA INQUISITÓRIO SISTEMA ACUSATÓRIO


dade, isto é, dentro do Brasil é aplicado o Código. No Típico de sistemas Típico de sistemas
entanto, tal princípio é mitigado, com ressalva aos ditatoriais democráticos
pactos internacionais, crimes de responsabilidade, O acusar, o defender e Separação das funções
competência militar, leis especiais, lei eleitoral, e o o julgar encontra-se nas de acusar, defender e
Tribunal Penal Internacional (TPI). mãos do juiz inquisidor julgar
Parcialidade Imparcialidade
Art. 2º A lei processual penal aplicar-se-á desde
logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados Sem contraditório Com contraditório
sob a vigência da lei anterior. O processo pode começar O juiz precisa ser
de ofício provocado
Aplica-se o princípio do efeito imediato, também
conhecido como tempus regit actum, que funciona Ampla liberdade probató- Restrições probatórias.
como um sistema do isolamento dos atos pratica- ria. Ex.: Possibilidade de Ex.: Vedação de tortura e
282 dos: lei nova entra em vigor imediatamente, sendo tortura provas ilícitas
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circunstâncias que envolveram a prática da infração
SISTEMA INQUISITÓRIO SISTEMA ACUSATÓRIO
(modo de agir, motivos), uma vez que estas podem ser-
Acusado como sujeito de vir como qualificadora, privilégio, causa de aumento
Acusado mero objeto
direitos ou diminuição de pena.
Escrito e sigiloso Oral e público Dica: o inquérito policial é instaurado para apu-
rar infrações penais cuja pena seja superior a 2 anos.
As infrações penais de menor potencial ofensivo (cri-
mes cuja pena máxima não seja superior a 2 anos e
contravenções penais) são apuradas por meio de ter-
INQUÉRITO POLICIAL mo circunstanciado, conforme determina o art. 69,
da Lei dos Juizados Especiais (Lei nº 9.099, de 1995).
O Título II, do Código de Processo Penal, cuida, Excepcionalmente, em duas hipóteses as infrações de
entre os seus arts. 4º e 23, do inquérito policial (IP). menor potencial ofensivo são apuradas por meio de
De forma simples, o inquérito policial consiste em IP: quando revestirem-se de alguma complexidade e
uma investigação formal e devidamente documenta- quando envolverem violência doméstica ou familiar
da que tem a finalidade de colher elementos para a contra a mulher.
futura proposição de uma ação penal, seja por meio
de denúncia oferecida pelo Ministério Público ou por Natureza Jurídica
meio de queixa-crime nos casos de ação penal privada.
Quando se pergunta a natureza jurídica de um ins-
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS tituído jurídico, busca-se conhecer sua essência. Nesse
sentido, o inquérito policial tem natureza jurídica de
Origem e Significado do Termo procedimento administrativo preparatório para a
ação penal.
Não se sabe exatamente quando surgiu um pro- O inquérito policial é um procedimento e não
cedimento que, de alguma forma, visava apurar as um processo administrativo. O que caracteriza um
infrações penais; no entanto, os primeiros relatos processo é a presença de partes e a possibilidade de
que se tem dando conta de uma forma organizada gerar sanção; no inquérito policial, não existem par-
de investigação remontam à época da Roma Antiga. tes, mas sim a figura do Delegado de Polícia (auto-
É de lá que se origina o termo inquérito, que vem da ridade policial), que é o responsável por apurar os
expressão em latim in + quaerere e quer dizer buscar fatos que constituam infrações penais, bem como sua
alguma coisa em uma determinada direção, procu- autoria (o indicado não é parte, mas objeto da inves-
rar, perguntar.
tigação); além disso, no inquérito não há aplicação de
Muito embora tenham existido outras normas
qualquer tipo de sanção.
anteriores que estabeleceram procedimentos destina-
dos a apurar a autoria e a materialidade de um crime,
Finalidade e Destinatário
no Brasil, o primeiro diploma legal a trazer expressa-
9
mente o termo e a definição de inquérito policial, com
-9

A finalidade do inquérito policial é colher elemen-


96

esse nome, foi o Decreto nº 4.824, de 22 de novembro


tos de informação a respeito da autoria, materialida-
de 1871, que regulamentou a Lei nº 2.033, de 20 de
.3

de e das circunstâncias do crime a fim de formar a


93

setembro de 1871:
convicção do titular da ação penal.
.0

A convicção do titular da ação penal de que hou-


06

Art. 42 (Decreto nº 4.824, de 1871) O inquérito


ve um crime e sobre quem é seu autor é chamada de
-1

policial consiste em todas as diligencias necessá-


rias para o descobrimento dos factos criminosos, opinio delicti.
a

O destinatário do inquérito policial é o Ministé-


lv

de suas circunstancias e dos seus autores e cômpli-


Si

ces; e deve ser reduzido a instrumento escrito [...]. rio Público, que é titular da ação penal pública, ou o
ofendido, que é o titular da ação penal de iniciativa
da

NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


Com a publicação do atual Código de Processo privada.
io

Penal, em 3 de outubro de 1941, o inquérito policial


v

consolidou-se como o procedimento administrativo Valor Probatório


O

adequado para realizar a apuração da autoria e mate-


ri

rialidade das infrações penais, sendo realizado pela Como regra, não são produzidas provas durante
A

Polícia Judiciária, sob a presidência do Delegado de o inquérito policial, mas sim são colhidos elementos
Polícia (de acordo com o § 4º, art. 144, da Constituição de informação. Para que se configure em prova, o ele-
Federal). mento deve ser colhido observando-se o contraditó-
rio e a ampla defesa, o que não ocorre no inquérito.
Conceito de Inquérito Policial Assim sendo, o valor probatório do inquérito é rela-
tivo, isto é, deve ser confirmado por outros elementos
Inquérito policial pode ser definido como um colhidos no curso da ação penal.
procedimento administrativo, conduzido pelo
Delegado de Polícia, que objetiva a apuração da Dica
materialidade e autoria de uma infração penal,
visando a que o titular da ação penal (Ministério Eventuais nulidades ocorridas durante a investi-
Público ou ofendido) possa ingressar em juízo. gação não contaminam a ação penal.1
Além de identificar a autoria e materialidade, o
inquérito policial presta-se, também, a identificar as
1  (STJ - AgRg no HC 235840/SP). 283
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Excepcionalmente, ocorre a produção de provas discricionariedade reflete a liberdade da autoridade
durante o inquérito policial, como no caso da pro- em realizar as diligências necessárias de acordo com
dução de provas urgentes (provas, por exemplo, que cada caso concreto.
podem vir a se perder se não forem produzidas); no A discricionariedade do Inquérito Policial não se
entanto, durante o processo, as partes podem se mani- confunde com arbitrariedade. A discricionariedade
festar sobre essas provas (é o que se denomina contra- diz respeito à liberdade de atuação da autoridade
ditório diferido). policial nos limites estabelecidos em lei. Quando a
autoridade policial ultrapassa tais limites, ela passa a
CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL atuar de forma arbitrária (contrária à lei).

O inquérito policial possui algumas característi- Oficial


cas próprias. Algumas estão previstas na própria lei;
outras têm origem na doutrina e nas jurisprudências. Incumbe ao delegado de polícia (civil ou federal) a
O IP é: presidência do inquérito policial.

Escrito Oficioso

Todos os atos que forem produzidos durante o Ao tomar conhecimento de notícia de crime de
inquérito policial devem ser escritos ou, quando ação penal pública incondicionada, a autoridade poli-
forem realizados de forma oral, reduzidos a termo. cial é sempre obrigada a agir de ofício.
Tal previsão encontra-se no art. 9º, do CPP, que será
estudado mais adiante. Sigiloso

Segundo o art. 20, do CPP, o inquérito policial, em


Inquisitivo
regra, será sigiloso às pessoas em geral. No que con-
cerne aos envolvidos (ofendido, indiciado, advogados
O IP é um procedimento administrativo destinado
etc.), esta regra não será aplicável.
a reunir as mínimas informações necessárias para a
Nesse sentido, vale observar o que diz a Súmula
propositura da ação penal; nele, não se aplica o prin-
Vinculante nº 14:
cípio do contraditório.
Súmula Vinculante nº 14 É direito do defensor,
Indisponível no interesse do representado, ter acesso amplo
aos elementos de prova que, já documenta-
De acordo com o art. 17, do CPP, uma vez instaura- dos em procedimento investigatório realizado por
do o inquérito policial, a autoridade policial não pode- órgão com competência de polícia judiciária, digam
rá mais arquivá-lo. respeito ao exercício do direito de defesa.

Dispensável
9
Assim, não poderá ser negado ao defensor do
-9

investigado o acesso aos elementos de prova que já


96

O inquérito policial não é obrigatório. Como já men- constem nos autos do inquérito policial. Esse acesso
.3

cionado, o IP possui um caráter meramente informa- aos autos não abrange aquelas diligências investiga-
93

tivo e busca reunir informações a respeito do crime. tórias que ainda estão em andamento, tendo em vista
.0

Deste modo, quando o titular da ação já possui os ele- que o acesso por parte do defensor pode gerar pre-
06

mento necessários para o oferecimento da ação penal, juízos à investigação. Por exemplo, caso o advogado
-1

o inquérito será dispensável. Quanto a este tema, dis- tivesse acesso à interceptação telefônica de seu cliente
a

põe o § 5º, do art. 39, do Código de Processo Penal: que ainda está em curso, poderia instruí-lo a não falar
lv

a respeito do crime investigado, o que geraria grandes


Si

Art. 39 […] prejuízos à investigação.


da

§ 5º O órgão do Ministério Público dispensará o


io

inquérito, se com a representação forem ofereci- Dica


v

dos elementos que o habilitem a promover a ação


penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo Utilize o mnemônico É ID²OSO para se lembrar
O

de quinze dias. das características do inquérito policial:


ri

Escrito
A

Existe uma pequena parcela da doutrina que defen- Inquisitorial (inquisitivo)


de ser o inquérito policial indispensável; no entanto, Indisponível
para fins de prova, adote a posição da dispensabilidade. Dispensável
Discricionário
Discricionário Oficioso
Sigiloso
A autoridade policial pode conduzir e determinar Oficial
o rumo das diligências da maneira que entender ser
mais adequada. Trata-se da inexistência de um padrão POLÍCIA JUDICIÁRIA E TITULARIDADE DO
(formalidade) a seguir. INQUÉRITO POLICIAL
É importante destacar que a discricionariedade
não está relacionada à instauração ou não do inquéri- Art. 4º (CPP) A polícia judiciária será exercida
to policial, mas sim está ligada à condução das inves- pelas autoridades policiais no território de suas
tigações. Deste modo, caso haja elementos suficientes respectivas circunscrições e terá por fim a apura-
284 para a instauração do IP, este deve ser instaurado. A ção das infrações penais e da sua autoria.
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Parágrafo único. A competência definida neste arti- b) a individualização do indiciado ou seus sinais
go não excluirá a de autoridades administrativas, a característicos e as razões de convicção ou de pre-
quem por lei seja cometida a mesma função. sunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos
de impossibilidade de o fazer;
O inquérito policial é realizado pela polícia judi- c) a nomeação das testemunhas, com indicação de
ciária (Polícia Civil ou Polícia Federal). A instauração sua profissão e residência.
e a presidência do IP ficam a cargo da autorida- § 2º Do despacho que indeferir o requerimento de
de policial (delegado da Polícia Civil ou da Polícia abertura de inquérito caberá recurso para o chefe
Federal). de Polícia.
Nesse sentido, assim dispõe o § 1º, art. 2º, da Lei nº § 3º Qualquer pessoa do povo que tiver conheci-
12.830, de 2013: mento da existência de infração penal em que caiba
ação pública poderá, verbalmente ou por escrito,
comunicá-la à autoridade policial, e esta, verifi-
Art. 2º (Lei nº 12.830, de 2013) [...]
cada a procedência das informações, mandará ins-
§ 1º Ao delegado de polícia, na qualidade de auto-
taurar inquérito.
ridade policial, cabe a condução da investigação
§ 4º O inquérito, nos crimes em que a ação pública
criminal por meio de inquérito policial ou outro
depender de representação, não poderá sem ela ser
procedimento previsto em lei, que tem como objeti-
iniciado.
vo a apuração das circunstâncias, da materiali-
§ 5º Nos crimes de ação privada, a autorida-
dade e da autoria das infrações penais.
de policial somente poderá proceder a inquérito
a requerimento de quem tenha qualidade para
Do art. 4º, do CPP, é possível identificar a caracte-
intentá-la.
rística do inquérito de ser oficial (oficialidade), uma
vez que se encontra sob o encargo de autoridades
Como visto, o art. 5º, do CPP, estabelece cinco for-
públicas (delegado de polícia).
mas pelas quais pode se instaurar um IP. O fluxogra-
O cargo de delegado (Civil ou Federal) é de carreira
ma a seguir sistematiza as informações trazidas pelo
(concursado) e é auxiliado em suas funções por inves-
artigo:
tigadores de polícia, escrivães e agentes policiais,
entre outros.
O fundamento constitucional do exercício das fun- Ofício
ções de polícia judiciária pela Polícia Federal encon-
Autoridade
tra-se no § 1º, art. 144, da CF; por sua vez, a previsão judiciária
do exercício pelas Polícias Civis dos estados e do Dis- Requisição
trito Federal encontra-se no § 4º, art. 144, da CF. De INSTAURAÇÃO Ministério
acordo com tais dispositivos, cabe aos órgãos da Polí- DO INQUÉRITO Público
cia Federal e da Polícia Civil realizar as investigações POLICIAL
necessárias, colhendo provas e formando o inquérito
Ministério
policial, que servirá de base para futura ação penal. Requerimento
Público
9
O parágrafo único, do art. 4º, do CPP, deixa claro
-9

que, além do inquérito policial, admitem-se outros


96

meios de produzir provas com a finalidade de funda- APF — Auto


.3

mentar a ação penal, como, por exemplo, o inquérito de Prisão em


93

Flagrante
policial militar, as sindicâncias e os processos admi-
.0
06

nistrativos e as Comissões Parlamentares de Inquérito.


-1

Instauração de Ofício
FORMAS DE INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO
a
lv

POLICIAL A instauração de ofício (I, art. 5º, do CPP) ocorre


Si

por ato voluntário da autoridade policial, sem que


da

As formas de instauração (início) do inquérito poli- alguém tenha feito um pedido expresso. Sempre que

NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


cial dependem da natureza da ação penal correspon- a autoridade policial tomar conhecimento da ocorrên-
io

dente ao crime que se apura.


v

cia de um crime de ação pública, dentro de sua área


Vale lembrar que, de acordo com o art. 100, do Códi- de atuação, deve obrigatoriamente instaurar inqué-
O

go Penal, ação pública é aquela cuja iniciativa cabe ao rito policial, mediante a produção de um documento
ri

MP. A ação pública subdivide-se em incondicionada


A

denominado portaria (é usual que se utilize a expres-


(que não exige manifestação da vítima solicitando, de são “baixar portaria”).
forma expressa, a atuação do Estado) e condicionada A informação (chamada de notitia criminis) pode
(que exige a manifestação do ofendido no sentido de chegar ao conhecimento do delegado de polícia, por
querer ver o fato apurado). Como regra, quando a lei exemplo, mediante a lavratura de um boletim de
nada fala em contrário, a ação é pública. ocorrência na delegacia, por uma matéria publica-
da na imprensa ou, ainda, por meio de fatos trazidos
Art. 5º Nos crimes de ação pública o inquérito
por outros policiais ou pessoas do povo. Veja que,
policial será iniciado:
conforme dispõe o § 3º, art. 5º, do CPP, qualquer pes-
I - de ofício;
II - mediante requisição da autoridade judiciá-
soa — não necessariamente a vítima — pode levar ao
ria ou do Ministério Público, ou a requerimen- conhecimento do delegado a ocorrência de um fato
to do ofendido ou de quem tiver qualidade para que consiste em infração penal (é o que se chama de
representá-lo. delatio criminis).
§ 1º O requerimento a que se refere o no II conterá Notitia criminis é o nome que se dá ao conheci-
sempre que possível: mento pela autoridade policial de um fato criminoso.
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias; A notitia crimininis de cognição imediata, direta ou 285
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espontânea é aquela em que a autoridade toma conhe- Dica
cimento do fato por meio de suas atividades rotinei-
ras (como, por exemplo, por informações trazidas por Nem o juiz nem o representante do Ministério
outros policiais ou pela imprensa). Já a notitia criminis Público são superiores hierárquicos do dele-
de cognição mediata, indireta ou provocada é que se gado; por tal motivo, não podem dar ordens à
dá de forma indireta (como quando há requerimento autoridade policial. Nesse sentido, ao requisitar
do ofendido). Por sua vez, a notitia criminis de cog- a instauração do IP, o MP ou o juiz estão apenas
nição obrigatória ou compulsória ocorre quando o fazendo com que o delegado cumpra a lei.
delegado toma conhecimento sobre o crime no caso
da prisão em flagrante delito. Por fim, a delatio cri- Requerimento do Ofendido (2ª Parte, Inciso II, Art.
minis é uma espécie de notitia criminis que ocorre 5º, do CPP)
quando a comunicação do crime se dá por terceiro (e
não pela vítima). A denúncia anônima, que pode dar Muito embora, como prevê o § 3º, art. 5º, qualquer
origem às investigações, mas que não autoriza por si pessoa possa levar ao conhecimento do delegado a
só a instauração do IP, é chamada de notitia criminis
ocorrência de um crime (normalmente por meio da
inqualificável ou apócrifa.
lavratura de um boletim de ocorrência), o legislador
Para facilitar a compreensão das espécies de noti-
optou por possibilitar que a vítima possa solicitar for-
tia criminis, veja o esquema a seguir:
malmente à autoridade policial o início do inquérito.
De acordo com o § 1º, art. 5º, do CPP, o requeri-
Autoridade toma
conhecimento do fato por mento do ofendido deve conter a indicação detalhada
Imediata ou
direta meio de suas atividades da ocorrência e do objeto da investigação (não cabe
rotineiras uma petição genérica, simplesmente requerendo a
instauração de inquérito). Muito embora o § 1º faça
É provocada referência somente ao requerimento do ofendido,
NOTITIA Mediata ou Autoridade toma que não pode ser genérico, o entendimento é que se
CRIMINIS indireta conhecimento de forma
aplica tal regra também à requisição feita pelo juiz ou
indireta (requerimento)
promotor.
A autoridade policial pode indeferir o reque-
Casos em que autoridade rimento, conforme determina o § 3º, art. 5º, do CPP.
Coercitiva ou
toma conhecimento por Neste caso, o ofendido pode recorrer ao chefe de polí-
obrigatória
meio do APF
cia (parte da doutrina entende ser o Delegado-Geral;
outro entendem ser o Secretário de Segurança Públi-
Vale mencionar que o STF, ao analisar o Inqué- ca). Caso o recurso seja deferido, o IP é instaurado sem
rito 1.957/PR, decidiu que a autoridade policial não a necessidade de a autoridade baixar portaria.
9
pode instaurar um IP de imediato quando a notícia
-9

da prática de um crime vier de fonte anônima e desa-


96

companhada de qualquer elemento de prova. Nessa Importante!


.3
93

hipótese, a autoridade policial deve determinar a rea-


O requerimento para instauração de IP pode ser
.0

lização de diligências preliminares e, somente caso


feito tanto em crimes de ação pública quando
06

se confirme a possibilidade da ocorrência do delito, é


-1

que pode dar início ao inquérito. em crimes de ação privada (§ 5º, art. 5º, do CP).
a
lv

Espécie de Notitia
Si

Auto de Prisão em Flagrante


Criminis
da

O auto de prisão em flagrante consiste no docu-


io

Simples: comunicação
mento que contém as informações relativas à prisão
v

por qualquer do povo


DELATIO em flagrante. Uma vez lavrado o auto de prisão em


O

CRIMINIS Postulatória: flagrante, o inquérito já está instaurado (não requer


ri
A

comunicação feita pelo que se baixe portaria).


ofendido
Representação do Ofendido nos Crimes de Ação
Denúncia
Inqualificável ou Penal Pública Condicionada
anônima (não
Apócrifa autoriza por si
só a instauração Conforme dispõe o § 5º, art. 5º, do CPP, nos crime
do IP) de ação privada, o IP só pode ser instaurando median-
te a apresentação de requerimento do titular da ação
(ofendido ou seu representante legal, ou, no caso de
Requisição do Juiz ou do Ministério Público (1ª Parte,
morte, o cônjuge, ascendente, descendente ou irmão).
Inciso II, Art. 5º, do CPP)
Veja que não se exige que seja feito por intermédio de
A requisição, tanto do juiz quanto do MP, é sinô- advogado.
nimo de ordem. Ou seja, a autoridade policial está Por fim, para facilitar a memorização, o fluxogra-
obrigada a dar início ao IP, baixando portaria, quando ma a seguir reúne as formas de instauração do inqué-
286 recebe requisição de um juiz ou promotor de justiça. rito policial:
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Ofício

Requisição do
Crimes de ação Ministério Público
penal pública
incondicionada Requerimento da
vítima

FORMAS DE APF
INSTAURAÇÃO
DO INQUÉRITO
POLICIAL

Crimes de ação Necessária a


penal pública representação da
condicionada à vítima
representação

Necessário o
Crimes de ação
requerimento da
privada
vítima
DILIGÊNCIAS

Assim que a notitia criminis chegar ao conhecimento da autoridade policial, o delegado deve observar o que
determinam os arts. 6º e 7º, do CPP. A seguir, analisaremos esses dispositivos.

Art. 6º Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá:
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada
dos peritos criminais;

O inciso I, art. 6º, cuida da preservação do local de crime, que visa impedir que se altere o local dos fatos que
possam prejudicar a realização da perícia.

Dica
9
-9
96

A modificação dolosa de local de crime, com a finalidade de induzir a erro o juiz ou perito, configura o delito
.3

de fraude processual, previsto no art. 347, do CP. Por sua vez, o art. 312, do Código de Trânsito Brasileiro,
93

define como crime a conduta de inovar artificiosamente, em caso de acidente automobilístico com vítima, na
.0

pendência do respectivo procedimento policial ou processo penal, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa,
06

a fim de induzir a erro o agente policial, o perito ou juiz.


-1
a

Art. 6° [...]
lv

II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais;
Si
da

Os objetos relacionados ao fato podem ser os mais variados, de armas de fogo até objetos de uso comum, mas

NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


io

que podem contribuir para a busca da verdade sobre os fatos. Veja que tais objetos destinam-se, em primeiro
v

lugar, à análise por parte dos peritos e, somente após liberados por estes, passam para a guarda da autoridade

policial. Posteriormente, os objetos que puderem ser restituídos são devolvidos aos legítimos proprietários, exce-
O

to se consistirem em coisas cujo uso, fabrico, alienação, porte ou detenção são proibidos, conforme estabelece a
ri
A

alínea “a”, inciso II, do art. 91, do CP.

Art. 6° [...]
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias;

O inciso III traz uma permissão genérica para que a autoridade policial colha (produza) qualquer tipo de prova
que entenda necessária para a investigação, ainda que tal não esteja expressamente prevista nos demais incisos
do art. 6º, como, por exemplo, a oitiva de testemunhas e a representação ao juiz para decretação de quebra de
sigilo telefônico.

Art. 6° [...]
IV - ouvir o ofendido;

Ouvir a vítima do delito é uma das mais importantes providências a serem tomadas pela autoridade policial,
uma vez que o ofendido pode fornecer dados essenciais para a descoberta da autoria e para a convicção sobre a
materialidade. 287
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 6° [...] ação, conforme determina a alínea “b”, inciso III, do
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for art. 564, do CPP).
aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, São algumas perícias que devem ser realizadas,
deste Livro, devendo o respectivo termo ser assina- dentre outras: exame químico-toxicológico nos cri-
do por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido mes de tráfico ou porte de droga; exame da arma de
a leitura;
fogo nos crimes previstos no Estatuto do Desarma-
mento; exame no documento para apurar a falsidade
O inciso V cuida do interrogatório do indiciado, documental.
que é a pessoa a quem se aponta, na fase do inquéri-
to, como autor da infração penal (indiciar é verificar Art. 6° [...]
que existe a probabilidade do até então suspeito ser o VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo
agente). processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar
O § 6º, art. 2º, da Lei nº 12.830, de 2013, exige que aos autos sua folha de antecedentes;
a autoridade policial, ao indiciar o suspeito, aponte
nos autos do IP os motivos que levaram a proceder Apesar de o inciso VIII, art. 6º, mencionar apenas
ao indiciamento, bem como justifique a classificação o processo datiloscópico, a identificação criminal con-
feita em determinado tipo penal. siste na coleta de dados físicos (fotografia, impressão
Ao interrogatório do indiciado aplicam-se as datiloscópica e material genético) com a finalidade de
regras do interrogatório judicial, previstas nos arts.
individualizar o indiciado.
185 a 196, do CPP, com as devidas adaptações (uma
Atualmente, a Lei nº 12.037, de 2009, dispõe sobre
vez que o indiciado ainda não é réu. Nesse sentido,
o assunto e regulamenta a regra constitucional previs-
não é necessária a presença do defensor no inter-
ta no inciso LVIII, art. 5º, de que a pessoa civilmente
rogatório feito na delegacia, assim como o advogado
identificada não será submetida à identificação crimi-
não tem direito de interferir no interrogatório a
nal, salvo nas hipóteses previstas em lei.
fim de fazer perguntas. No entanto, o delegado não
pode proibir o advogado de acompanhar o interroga-
tório. Vale lembrar que o inciso LXIII, art. 5º, da CF, Dica
assegura ao indiciado o direito de permanecer calado Folha de antecedentes (FA) é o documento no
durante o interrogatório.
qual consta a vida pregressa criminal de todas
Voltando ao art. 6º, do CP, o inciso V cuida, ainda,
as pessoas que já possuem identificação civil.
da chamadas testemunhas instrumentárias. A auto-
ridade policial deve assegurar que o termo de inter-
Nessa ficha, constam, por exemplo, os indicia-
rogatório seja assinado por duas testemunhas que mentos e as ações penais às quais o indivíduo
presenciaram a leitura da peça para o indiciado. respondeu.

Art. 6° [...] Art. 6° [...]


VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coi- IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob
9
o ponto de vista individual, familiar e social, sua
-9

sas e a acareações;
96

condição econômica, sua atitude e estado de ânimo


antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer
.3

O reconhecimento de pessoa busca indicar o


93

autor do crime e é realizado pela vítima e pelas tes- outros elementos que contribuírem para a aprecia-
ção do seu temperamento e caráter.
.0

temunhas que tenham presenciado a prática do cri-


06

me. O procedimento adotado pela autoridade policial


-1

é o que consta nos arts. 226 a 228, do CPP. O indiciado Conforme visto acima, a FA traz informações sobre
a vida pregressa criminal do indivíduo (indiciamento
a

não pode se recusar a participar do reconhecimento.


lv

O direito de não ser obrigado a produzir prova contra e processos criminais aos quais respondeu). O inciso
Si

si mesmo não se aplica a atos passivos, como é o caso IX cuida da vida pregressa e diz respeito aos dados
da

do reconhecimento, mas somente a procedimentos relevantes sobre o passado da pessoa em seu contexto
individual, familiar, social e econômico. Além disso,
io

ativos ou invasivos (como o fornecimento de material


v

grafotécnico e de amostra de sangue). cuida de colher seu estado de espírito antes, duran-

O reconhecimento de objetos, por sua vez, recai te e depois da prática criminosa e também de outros
O

sobre os instrumentos utilizados do crime (uma arma elementos que possibilitem traçar a personalidade do
ri
A

de fogo, por exemplo) e sobre os objetos materiais do indiciado.


crime (como os objetos furtados).
Já a acareação consiste no ato de colocar frente Art. 6° [...]
a frente duas pessoas que prestaram depoimentos X - colher informações sobre a existência de filhos,
divergentes sobre pontos relevantes para a investiga- respectivas idades e se possuem alguma deficiência
ção. A acareação segue as regras previstas nos arts. e o nome e o contato de eventual responsável pelos
229 e 230, do CPP. cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa.

Art. 6° [...] O inciso X foi incluído no art. 6º pela Lei nº 13.257,


VII - determinar, se for caso, que se proceda a de 2016, denominada Lei da Primeira Infância. O dis-
exame de corpo de delito e a quaisquer outras positivo visa à proteção das crianças de até 6 anos de
perícias; idade que podem sofrer consequências decorrentes
da prática de crimes por seus pais. Com base em tal
O exame de corpo de delito está previsto no art. 158 conhecimento, a autoridade policial pode, por exem-
e seguintes do CPP, e é indispensável nos crimes que plo, solicitar apoio de órgãos de assistência social ou
288 deixam vestígios (sua não realização gera nulidade da de proteção da criança.
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 7º Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de determinado modo, a autoridade policial
poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública.

O art. 7º trata da reconstituição do crime, que consiste em uma simulação dos fatos, muito comum principal-
mente em homicídios.
Não é permitida a reconstituição que contrariar a moral e a ordem pública, como, por exemplo, a reprodução de
crimes sexuais utilizando a vítima e o indiciado.
Além das atividades que constam nos arts. 6º e 7º, do CPP, a autoridade policial tem outras funções durante o
IP, que se encontram elencadas no art. 13, do CPP, que será estudado mais adiante.

INVESTIGAÇÃO POLICIAL INICIADA POR PRISÃO EM FLAGRANTE

Art. 8º Havendo prisão em flagrante, será observado o disposto no Capítulo II do Título IX deste Livro.

No caso da lavratura de auto de prisão em flagrante, devem ser seguidas as disposições constantes nos arts.
301 e seguintes, do CPP.

FORMALISMO DO INQUÉRITO POLICIAL

Art. 9º Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste
caso, rubricadas pela autoridade.

O IP é um procedimento formal, que exige peças escritas e datilografadas, rubricadas pelo delegado de polícia.
O art. 9º expressa a característica de ser o inquérito escrito.

PRAZO DO INQUÉRITO

Art. 10 O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver
preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no
prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.

O art. 10, do CPP, estabelece prazo para a conclusão do inquérito. A regra geral é que o prazo de conclusão é
de 10 dias, caso o indivíduo esteja preso, e de 30 dias, se estiver solto (para fins de memorização, utilize o famoso
10:30).
A Lei nº 13.964, de 2019, denominada Lei Anticrime, trouxe a possibilidade de o juiz das garantias prorrogar
o prazo de conclusão no caso do inquérito com investigado preso por 15 dias, uma única vez. Para tanto, o dele-
9
gado deve representar ao juiz e o MP deve ser ouvido:
-9
96
.3

Art. 3-B […]


93

§ 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, mediante representação da autoridade policial e
.0

ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma única vez, a duração do inquérito por até 15 (quinze) dias, após o que,
06

se ainda assim a investigação não for concluída, a prisão será imediatamente relaxada.
-1

Em que pese haver a previsão de prorrogação do prazo do inquérito, esse artigo está suspenso por prazo inde-
a
lv

terminado; embora não aplicável, ainda está previsto no texto do CPP.


Si

Deste modo, a regra prevista no CPP é que o prazo do inquérito policial é de 10 dias (preso) e 30 dias (solto),
da

com possibilidade de prorrogação de 15 dias (preso) por uma única vez (lembre-se: esta possibilidade está suspen-

NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


io

sa). Porém, existem outros prazos, conforme se vê na tabela a seguir:


v

O

PRESO SOLTO
ri
A

10 dias (prorrogável por mais


JUSTIÇA ESTADUAL 30 dias
15 dias)

15 dias (prorrogável por mais


JUSTIÇA FEDERAL 30 dias
15 dias)

90 dias (pode ser


CRIMES DA LEI DE DROGAS 30 dias (pode ser duplicada)
duplicada)

CRIMES CONTRA A ECONOMIA POPULAR 10 dias 10 dias

40 dias (prorrogável por


CRIMES MILITARES 20 dias
mais 20 dias)

PRISÃO TEMPORÁRIA DECRETADA EM INQUÉRI-


30 dias (prorrogável por mais
TO POLICIAL RELATIVO A CRIMES HEDIONDO E
30 dias) -
EQUIPARADOS
289
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
É de suma importância destacar que, estando o com o art. 12, do CPP, quando o IP servir de base para
indiciado solto, a violação do limite estabelecido no a denúncia ou queixa, deve obrigatoriamente acom-
art. 10, do CPP, não possui repercussão, pois não gera panhar uma ou outra.
prejuízos ao insidiado. O STJ entende que tal prazo é
considerado como prazo impróprio (seu desatendi- OUTRAS INCUMBÊNCIAS DA AUTORIDADE
mento não gera consequências). POLICIAL

RELATÓRIO FINAL Art. 13 Incumbirá ainda à autoridade policial:


I - fornecer às autoridades judiciárias as infor-
Art. 10 [...] mações necessárias à instrução e julgamento
§ 1º A autoridade fará minucioso relatório do dos processos;
que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz II - realizar as diligências requisitadas pelo juiz
competente. ou pelo Ministério Público;
§ 2º No relatório poderá a autoridade indicar tes- III - cumprir os mandados de prisão expedidos
temunhas que não tiverem sido inquiridas, mencio- pelas autoridades judiciárias;
nando o lugar onde possam ser encontradas. IV - representar acerca da prisão preventiva.
§ 3º Quando o fato for de difícil elucidação, e
o indiciado estiver solto, a autoridade poderá
O art. 13, do CPP, elenca uma série de atribuições
requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulte-
riores diligências, que serão realizadas no prazo do delegado de polícia. Vale lembrar que o delegado
marcado pelo juiz. exerce atividade de polícia judiciária, que é auxiliar
do Poder Judiciário em sua atividade investigatória.
O inquérito deve encerrado por minucioso rela- No inciso IV, “representar” significa dar razões
tório dando conta de tudo o que foi apurado (mate- para que alguém seja preso cautelarmente pela auto-
rialidade e autoria da infração ou sua ausência), ridade judiciária.
relatando as diligências efetuadas, como regra, em Além das funções previstas no art. 13, o delegado
ordem cronológica. de polícia possui outras funções previstas no CPP e
Uma vez relatado, o IP é remetido ao juiz com- em outras leis e que são ligadas, de forma direta ou
petente, que é identificado segundo os critérios de indireta, à instrução do processo, como, por exemplo,
competência jurisdicional estabelecidos nos arts. 69 e o arbitramento de fiança nos crimes cuja pena comi-
seguintes, do CPP. nada não seja superior a 4 anos, de acordo com o art.
O § 2º, art. 10, do CPP, menciona a hipótese de indi- 322, do CPP, e a representação para instauração de
cação de testemunhas não inquiridas, o que deve ser incidente de insanidade mental, conforme prevê o §
excepcional, cabível somente no caso de investigado 1º, art. 149, entre outras atividades.
preso cujo prazo para terminar o inquérito é de 10
dias. No caso de investigado solto, o delegado pode PODER DE REQUISIÇÃO DE DADOS E
pedir a dilação do prazo do IP, prevista no § 3º. INFORMAÇÕES CADASTRAIS PELO MINISTÉRIO
PÚBLICO E AUTORIDADE POLICIAL
9
-9

INSTRUMENTOS DO CRIME E OBJETOS DE PROVA


96

Art. 13-A Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e


.3

Art. 11 Os instrumentos do crime, bem como os 149-A, no § 3º do art. 158 e no art. 159 do Decreto-Lei
93

objetos que interessarem à prova, acompanha- no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal),
.0

rão os autos do inquérito. e no art. 239 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990


06

(Estatuto da Criança e do Adolescente), o membro do


-1

Ministério Público ou o delegado de polícia pode-


Os instrumentos do crime, assim como os objetos
rá requisitar, de quaisquer órgãos do poder público
a

de interesse da prova, devem ser encaminhados ao


lv

ou de empresas da iniciativa privada, dados e infor-


fórum, juntamente com o IP, para apreciação pelo juiz
Si

mações cadastrais da vítima ou de suspeitos


ou pelos jurados ou, ainda, para que neles possa ser
da

Parágrafo único. A requisição, que será atendida no


feita contraprova caso haja contestação pela defesa.
prazo de 24 (vinte e quatro) horas, conterá:
io

Instrumentos do crime são os objetos usados pelo


I - o nome da autoridade requisitante
v

agente para cometer crime, tais como armas e docu-


II - o número do inquérito policial; e


mentos falsos. Objetos de interesse da prova, por sua
O

III - a identificação da unidade de polícia judiciária


vez, são coisas que servem para demonstrar a verda-
ri

responsável pela investigação


A

de do ocorrido, tais como telefone celular, computa- Art. 13-B Se necessário à prevenção e à repressão
dor, objeto da vítima com marcas de violência, entre dos crimes relacionados ao tráfico de pessoas,
outros. o membro do Ministério Público ou o delegado de
polícia poderão requisitar, mediante autorização
INQUÉRITO COMO BASE DA DENÚNCIA OU QUEIXA judicial, às empresas prestadoras de serviço de tele-
comunicações e/ou telemática que disponibilizem
Art. 12 O inquérito policial acompanhará a denún- imediatamente os meios técnicos adequados – como
cia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou sinais, informações e outros – que permitam a locali-
outra. zação da vítima ou dos suspeitos do delito em curso.
§ 1º Para os efeitos deste artigo, sinal significa posi-
O inquérito não é imprescindível para o ofereci- cionamento da estação de cobertura, setorização e
mento da denúncia (peça acusatória inicial apresen- intensidade de radiofrequência.
tada pelo Ministério Público nos casos de ação penal § 2º Na hipótese de que trata o caput, o sinal:
pública) nem da queixa (peça acusatória inicial apre- I - não permitirá acesso ao conteúdo da comunica-
sentada por meio do advogado do ofendido quando a ção de qualquer natureza, que dependerá de autori-
290 ação for de iniciativa privada). No entanto, de acordo zação judicial, conforme disposto em lei;
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
II - deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia A vítima, pessoalmente ou por meio de seu repre-
móvel celular por período não superior a 30 (trinta) sentante legal, assim como o indiciado, podem reque-
dias, renovável por uma única vez, por igual período; rer ao delegado a realização de alguma diligência
III - para períodos superiores àquele de que trata o (como a oitiva de uma testemunha, por exemplo) que
inciso II, será necessária a apresentação de ordem considerem útil para a elucidação dos fatos.
judicial. A autoridade policial pode deferir ou indeferir tal
§ 3º Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito pedido, sem necessidade de fundamentação.
policial deverá ser instaurado no prazo máximo de
72 (setenta e duas) horas, contado do registro da
PRESENÇA DO DEFENSOR TÉCNICO DO
respectiva ocorrência policial
INVESTIGADO NOS CASOS DE LETALIDADE
§ 4º Não havendo manifestação judicial no pra-
zo de 12 (doze) horas, a autoridade competente
POLICIAL
requisitará às empresas prestadoras de serviço de
telecomunicações e/ou telemática que disponibili- Art. 14-A Nos casos em que servidores vinculados
zem imediatamente os meios técnicos adequados – às instituições dispostas no art. 144 da Consti-
como sinais, informações e outros – que permitam tuição Federal figurarem como investigados em
a localização da vítima ou dos suspeitos do delito inquéritos policiais, inquéritos policiais militares e
em curso, com imediata comunicação ao juiz. demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto
for a investigação de fatos relacionados ao uso
da força letal praticados no exercício profis-
A Lei nº 13.444, de 2016, Lei de Prevenção e Repres-
sional, de forma consumada ou tentada, incluindo
são ao Tráfico de Pessoas, acrescentou ao Código de as situações dispostas no art. 23 do Decreto-Lei nº
Processo Penal os arts. 13-A e 13-B. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), o
O art. 13-A, do CPP, passou a permitir ao repre- indiciado poderá constituir defensor.
sentante do MP ou à autoridade policial, em certos § 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o
crimes, tais como sequestro e cárcere privado e trá- investigado deverá ser citado da instauração do
fico de pessoas, requisitarem diretamente a órgãos procedimento investigatório, podendo constituir
públicos ou empresas privadas informações e dados defensor no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas
cadastrais de vítimas e de suspeitos. Veja que se tra- a contar do recebimento da citação.
ta da inovação (antes, tanto o MP quanto o delegado § 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo
de polícia tinham que pedir ao juiz) da solicitação de com ausência de nomeação de defensor pelo inves-
dados cadastrais para fins de investigação. Os dados e tigado, a autoridade responsável pela investigação
informações devem ser meramente cadastrais, como deverá intimar a instituição a que estava vincula-
nome e endereço de um correntista de banco ou clien- do o investigado à época da ocorrência dos fatos,
te de uma operadora de telefonia: nunca poderá ser para que essa, no prazo de 48 (quarenta e oito)
horas, indique defensor para a representação do
solicitada diretamente por eles a quebra de sigilo ban-
investigado.
cário ou telefônico (estas, sim, somente o juiz pode
§ 3º Havendo necessidade de indicação de defen-
determinar). O prazo para cumprimento da requisi- sor nos termos do § 2º deste artigo, a defesa cabe-
9
ção é curto: 24 horas (parágrafo único, art. 11, da Lei
-9

rá preferencialmente à Defensoria Pública, e, nos


96

nº 13.444, de 2016). locais em que ela não estiver instalada, a União ou a


Por sua vez, o art. 13-B passou a tratar do que se
.3

Unidade da Federação correspondente à respectiva


93

chama genericamente de informação ERB — Estações competência territorial do procedimento instaurado


.0

de Rádio Base. De acordo com o que dispõe o art. 13-B, deverá disponibilizar profissional para acompanha-
06

o membro do MP ou o delegado de polícia podem mento e realização de todos os atos relacionados à


-1

requisitar, mediante autorização judicial, às empre- defesa administrativa do investigado.


sas de telefonia/telemática que disponibilizem ime- § 4º A indicação do profissional a que se refere o §
a
lv

diatamente os meios técnicos que possam permitir 3º deste artigo deverá ser precedida de manifestação
Si

a localização da vítima ou dos suspeitos de crime de de que não existe defensor público lotado na área
da

tráfico de pessoas. Dentre esses meios, um de grande territorial onde tramita o inquérito e com atribuição

NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


eficácia é o que utiliza as informações das Estações de para nele atuar, hipótese em que poderá ser indicado
io

profissional que não integre os quadros próprios da


v

Rádio Base (ERB), que são os equipamentos (antenas)


Administração.
que fazem a conexão entre os telefones celulares e a
O

§ 5º Na hipótese de não atuação da Defensoria


companhia telefônica; por meio desses equipamentos,
ri

Pública, os custos com o patrocínio dos interesses


A

é feita a localização das coordenadas de GPS dos apa- dos investigados nos procedimentos de que trata
relhos de celular da vítima ou dos autores do crime. este artigo correrão por conta do orçamento pró-
Veja que não se trata de realizar a interceptação prio da instituição a que este esteja vinculado à
das comunicações (que é tratada por lei específica) época da ocorrência dos fatos investigados.
mas sim de acesso a dados de coordenadas. Observe, § 6º As disposições constantes deste artigo se apli-
também, a diferença entre o disposto no art. 13-A, do cam aos servidores militares vinculados às institui-
CPP, situação que não requer autorização judicial, ções dispostas no art. 142 da Constituição Federal,
para o que prevê o art. 13-B, opção que só pode ser desde que os fatos investigados digam respeito a
feita com ordem do juiz. missões para a Garantia da Lei e da Ordem.

REQUERIMENTO DE DILIGÊNCIAS DURANTE O A Lei nº 13.964, de 2019 (Lei Anticrime), acrescen-


INQUÉRITO POLICIAL tou ao CPP o art. 14-A, que prevê procedimento a ser
adotado sempre que o objeto do inquérito policial for
Art. 14 O ofendido, ou seu representante legal, e o a apuração de fatos relacionados ao uso de força legal
indiciado poderão requerer qualquer diligência, praticados no exercício profissional por integrantes
que será realizada, ou não, a juízo da autoridade. das forças de segurança pública. 291
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
A partir de tal alteração, o integrante das forças ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL
de segurança pública que figurar como investigado
Art. 17 A autoridade policial não poderá man-
em caso de letalidade policial (morte de civil causa-
dar arquivar autos de inquérito.
da por ação das forças de segurança) deve ser cien-
tificado (a lei usa a expressão “citado”, que, apesar O arquivamento do inquérito policial é tratado
de impropriamente utilizada, deve ser observada no art. 28, do CPP, e será estudado com detalhes mais
para fins de prova) da existência de procedimento adiante. Desde já vale alertar, no entanto, que a Lei
investigatório (entre os quais, o IP) e poderá nomear Anticrime promoveu importante alteração nas regras
defensor técnico. Vale mencionar que o mesmo pro- de arquivamento do IP.
cedimento foi incluído no Código de Processo Penal O art. 17, por sua vez, indica que o inquérito é
Militar, no art. 16-A. indisponível, isto é, uma vez instaurado, não pode ser
arquivado pelo delegado de polícia.
A citação prevista no art. 14-A deve ser observada
tanto nos casos consumados quanto nos tentados e, Desarquivamento do Inquérito
também, nas hipóteses em que se configura excluden-
te de ilicitude. Art. 18 Depois de ordenado o arquivamento do
A Garantia da Lei e da Ordem (GLO) a que se refere inquérito pela autoridade judiciária, por falta de
base para a denúncia, a autoridade policial poderá
o § 6º consiste em autorização para que as Forças Arma-
proceder a novas pesquisas, se de outras provas
das atuem em situações de grave perturbação da ordem tiver notícia.
ou em eventos de grandes proporções (como a Copa do
Mundo). As operações de GLO são previstas no art. 142, O art. 18 dispõe que, uma vez arquivado o IP, é pos-
da Constituição Federal, e regulamentadas pela Lei Com- sível seu desarquivamento caso surjam novas pro-
plementar nº 97, de 1999, e pelo Decreto nº 3.897, de 2001. vas (novas pesquisas).
Nesse sentido, vale trazer o teor da Súmula n° 524,
CURADOR do STF: Arquivado o inquérito policial, por despacho
do juiz, a requerimento do promotor de justiça, não
Art. 15 Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas.
curador pela autoridade policial.

O curador é a pessoa que, tanto no interrogatório Importante!


prestado na fase policial, quanto no interrogatório em De acordo com o art. 18, do CPP, e com o teor
juízo, tem a função de proteger ou orientar o menor da Súmula n° 524, do STF, somente é possível
de 21 anos, suprindo-lhe a imaturidade. No entan- o desarquivamento do IP pelo surgimento de
to, após a redução da maioridade civil de 21 para 18 provas novas quando o fundamento do arquiva-
anos, trazida pelo Código Civil de 2002, não se deve mento foi a insuficiência de provas (indícios de
mais considerar que a pessoa menor de 21 necessite autoria e prova do crime). Assim sendo, inquéri-
9
de curador, uma vez que alguém que atingiu a maiori-
-9

tos arquivados por atipicidade (não constituir o


96

dade aos 18 anos é plenamente capaz de exercer qual- fato um crime), excludente de ilicitude, excluden-
.3

quer atividade pública. te de culpabilidade ou extinção da punibilidade


93

Vale sempre lembrar que os menores de 18 não não podem ser desarquivados.
.0

podem ser indiciados em inquérito, tendo em vista


06

sua inimputabilidade penal. Por fim, vale mencionar que, em relação ao arqui-
-1

Muito embora não tenha mais aplicação, é interes- vamento fundamentado em excludente da ilicitude,
a

sante mencionar que não é qualquer pessoa que pode- existe certa polêmica tendo em vista alguns julgados
lv
Si

ria ser nomeada como curador: a pessoa deveria ser do próprio STF (por exemplo, o HC 87395). Para o STJ,
maior de 21 anos, em pleno gozo da capacidade civil, o desarquivamento somente é possível no caso de
da

alfabetizada e não poderia ser subordinada adminis- insuficiência de provas. Para fins de concurso, vale o
io

trativamente ao juiz, promotor ou delegado. entendimento da Súmula n° 524, do STF.


v

O

DEVOLUÇÃO DO INQUÉRITO PARA AUTORIDADE INQUÉRITO POLICIAL NOS CRIMES DE AÇÃO


ri

PRIVADA
POLICIAL
A

Art. 16 O Ministério Público não poderá requerer a Art. 19 Nos crimes em que não couber ação públi-
devolução do inquérito à autoridade policial, senão ca, os autos do inquérito serão remetidos ao juízo
competente, onde aguardarão a iniciativa do ofen-
para novas diligências, imprescindíveis ao ofereci-
dido ou de seu representante legal, ou serão entre-
mento da denúncia.
gues ao requerente, se o pedir, mediante traslado.
O art. 16 cuida de situação em que o promotor, ao
O art. 19, do CPP, indica que, uma vez concluído o
receber o IP devidamente concluído e relatado, por
inquérito que apurou crime que se procede mediante
entender que falta alguma diligência fundamental
ação penal privada, este deve ser remetido ao juízo
para a formação de sua convicção, requer ao juiz que competente, aguardando em cartório o ajuizamento
os autos retornem à autoridade policial para que esta da queixa-crime por parte do ofendido, ou, caso este
dê continuidade às investigações. Fora de tal hipótese, deseje melhor analisar os autos, poderá levar consi-
o MP não pode requerer a devolução do IP ao delegado. go (o que se denomina “fazer carga”) o IP, devendo
ficar cópia integral no cartório (a cópia é chamada
292 traslado).
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
SIGILO DO INQUÉRITO Circunscrição policial é a divisão territorial que
existe em determinadas cidades e no DF na qual o
Art. 20 A autoridade assegurará no inquérito o delegado de polícia exerce suas funções (equivale à
sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido competência do juiz).
pelo interesse da sociedade. O art. 22 autoriza que um delegado que preside
Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes um IP ou seus policiais subordinados ingressem na
que lhe forem solicitados, a autoridade policial não circunscrição de outra autoridade policial para efe-
poderá mencionar quaisquer anotações referentes tuar diligências, sem que haja necessidade de expedir
a instauração de inquérito contra os requerentes. ofícios ou requisições para a realização do ato.

O inquérito é sigiloso, conforme indica o art. 20, COMUNICAÇÃO AO INSTITUTO DE IDENTIFICAÇÃO


do CPP. Isso significa que o acesso aos autos do IP E ESTATÍSTICA
não é livre a qualquer pessoa do povo, nem mesmo
ao indiciado, pessoalmente. No entanto, tal restrição Art. 23 Ao fazer a remessa dos autos do inquérito
não se aplica ao advogado, tendo em vista o que o ao juiz competente, a autoridade policial oficiará
inciso XIV, art. 7º, da Lei nº 8.906, de 1994 (Estatuto da ao Instituto de Identificação e Estatística, ou
Advocacia), estabelece que: repartição congênere, mencionando o juízo a que
tiverem sido distribuídos, e os dados relativos à
Art. 7º (Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994) São infração penal e à pessoa do indiciado.
direitos do advogado:
[...] Atualmente, por conta da informatização, tais
XIV - examinar em qualquer repartição policial, mes- dados são lançados em sistemas e acessados direta-
mo sem procuração,autos de flagrante e de inquérito, mente pelos institutos de identificação e estatística.
findos ou em andamento, ainda que conclusos à auto-
Em cada Estado, o instituto tem uma nomenclatura
ridade, podendo copiar peças e tomar apontamento
diferente; em São Paulo, por exemplo, é o Instituto de
Identificação Ricardo Gumbleton Daunt o responsável
Nesse sentido, já decidiu o STF, no julgamento do
por concentrar todas as informações criminais sobre
HC 82.354, que o advogado do indiciado tem pleno
qualquer indivíduo.
acessos aos autos do inquérito policial.

INCOMUNICABILIDADE DO INDICIADO

Art. 21 A incomunicabilidade do indiciado depen- AÇÃO PENAL


derá sempre de despacho nos autos e somente será
permitida quando o interesse da sociedade ou a HISTÓRICO
conveniência da investigação o exigir.
Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não Na Roma Antiga havia apenas duas infrações que
excederá de três dias, será decretada por despacho instigavam a perseguição pública (criminal): perduel-
9
-9

fundamentado do Juiz, a requerimento da autorida- lio (traição e atentado contra a segurança do Estado)
96

de policial, ou do órgão do Ministério Público, res- e parricidium (morte do pater familis, chefe do núcleo
.3

peitado, em qualquer hipótese, o disposto no artigo


familiar) e, ambas atingiam o governo. As demais
93

89, inciso III, do Estatuto da Ordem dos Advoga-


infrações, entre as quais o furto e as ofensas físicas ou
.0

dos do Brasil (Lei n° 4.215, de 27 de abril de 1963)


morais, eram punidas pela própria vítima que então
06

(Redação dada pela Lei nº 5.010, de 30.5.1966)


assumia a vingança.
-1

Na Idade Média não havia aplicação centralizada


O art. 21, do CPP, não foi recepcionado pela Cons-
a

da justiça, só com o direito canônico e, mais tarde,


lv

tituição de 1988, não tendo, pois, aplicação. A inco-


com o Estado absoluto cristalizou-se o monopólio dos
Si

municabilidade consiste na hipótese de se prender


meios de coerção.
da

alguém sem que se permita a comunicação externa e

NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


O Brasil enquanto colônia lusitana herdou um sis-
o direito de contato com o advogado e com a família.
io

tema jurídico já estabelecido em Portugal onde vigiam


De acordo com o inciso LXII, art. 5º, da CF, a pri-
v

inicialmente em 1521 as Ordenações Afonsinas, mas


são de qualquer pessoa e o local onde ela se encon-


aplicadas efetivamente foram as Ordenações Filipi-
O

tra devem ser imediatamente comunicados ao juiz


nas a partir de 1603. As Ordenações do Reino eram
ri

competente e à família do preso ou à pessoa por ele


A

compilações das leis de Portugal e fundamentavam a


indicada. Por sua vez, o inciso IV, § 3º, do art. 136, da
estrutura judiciária do regime, reproduziam as regras
CF, veda a incomunicabilidade do preso até mesmo
do direito canônico (relacionado à igreja).
na vigência do estado de defesa, que é uma situação
Por muito tempo coexistiram as normas canônicas
excepcional de crise.
ao lado das normas do poder secular. Com a vinda
da família real para o Brasil após 1808, a edição das
CIRCUNSCRIÇÃO POLICIAL
normas passou a ser feita aqui, os alvarás e decretos
foram constituídos, e era também o local que se con-
Art. 22 No Distrito Federal e nas comarcas em
que houver mais de uma circunscrição policial,
cedia perdão e se comutavam as penas. Somente após
a autoridade com exercício em uma delas poderá, a Independência do Brasil ocorrida em 1822, houve a
nos inquéritos a que esteja procedendo, ordenar possibilidade de o Brasil formar ordenamento penal e
diligências em circunscrição de outra, independen- processual penal próprio.
temente de precatórias ou requisições, e bem assim O primeiro Código de Processo Penal brasileiro foi
providenciará, até que compareça a autoridade o de 1832 e denominava-se Código de Processo Crimi-
competente, sobre qualquer fato que ocorra em sua nal de Primeira Instância, foi liberal e oferecia mui-
presença, noutra circunscrição. tas garantias de defesa aos acusados. O atual Código 293
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
de Processo Penal foi confeccionado em 1941, mas no FUNDAMENTO
final de 2019 passou pela atualização do Pacote Anti-
crime, uma vez que vários dos seus institutos já se A ação penal possui tanto fundamento constitucio-
encontravam defasados. nal, no art. 5º da CF, bem como existe um título inteiro
do CPP direcionado ao tema, disciplinando o passo a
REFERÊNCIA passo da marcha processual.

LIMA, R. B. de. Manual de Processo Penal: Volu- Art. 5º [...]


ma Único – 8 ed. rev. ampl. e atual. Salvador: Ed. LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus
JusPodivm, 2020. bens sem o devido processo legal;
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder
NATUREZA Judiciário lesão ou ameaça a direito;

A ação penal possui natureza de direito público TITULARIDADE


processual, autônomo e distinto do direito material. Ou
seja, o titular da ação penal exige do Estado a prestação De acordo com a Constituição Federal:
jurisdicional, independente da efetiva existência do
direito material. Ex.: O MP pode ajuizar a ação penal e Art. 129 São funções institucionais do Ministério
o juiz julgar improcedente, absolvendo o acusado. Público:
I - promover, privativamente, a ação penal pública,
CONCEITO na forma da lei;

A doutrina e a jurisprudência definem a ação O titular da ação penal pública é o Ministério Públi-
penal como direito de exigir do Estado a aplicação do co, todavia, a ação penal pode ser privada, tendo por
direito penal (lei penal) em face do indivíduo envolvi- sujeito ativo o ofendido ou o seu representante legal.
do em fato tipificado como infração penal (crime ou Ademais, mesmo a ação penal de titularidade do MP
contravenção penal). (pública), divide-se em:

FINALIDADE AÇÃO PENAL PÚBLICA AÇÃO PENAL PÚBLICA


INCONDICIONADA CONDICIONADA
A finalidade da ação penal é a pacificação social,
uma vez que, não cabe em um Estado democrático de Atuação do Ministério
Direito a justiça pelas próprias mãos. A Constituição Público condicionada a
Federal assegura o devido processo legal, respeitado Atuação apenas do representação da vítima/
o contraditório e ampla defesa para punir alguém, Ministério Público representante legal ou
ainda mais quando se trata em possível restrição da requisição do Ministro da
liberdade. Justiça
9
-9

Veja que por um lado, o acusado merece um pro-


96

cesso pautado em todas as regras legais e procedimen- CONDIÇÕES GERAIS DA AÇÃO


.3

tais adequadas, e do outro, o órgão acusador tem o


93

poder de exigir do Poder Judiciário uma decisão judi- A ação penal precisa respeitar quatro condições:
.0

cial frente a violação de um bem jurídico penalmente


06

tutelado. z possibilidade jurídica do pedido;


-1

z legitimidade para agir;


a

Art. 5º [...]
lv

z interesse processual;
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus
Si

z justa causa.
bens sem o devido processo legal;
da

XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder


A possibilidade jurídica do pedido significa que os
io

Judiciário lesão ou ameaça a direito;


v

fatos narrados na inicial acusatória encontram pre-


CARACTERÍSTICAS visão dentro da lei penal incriminadora. Ex.: o fato


O

narrado é típico. Para o possível exercício do direito


ri
A

A doutrina e a jurisprudência entendem que a de ação, o fato descrito na denúncia ou queixa-crime


ação penal é pública – faz parte do Direito Público, deve encontrar subsunção na lei penal incriminadora.
pois a atividade jurisdicional é atribuição do Poder A legitimidade para agir consiste na pertinência
Judiciário; subjetiva, uma vez que o titular da ação subjetiva para a ação.
exige do Estado uma decisão; autônoma, em relação
ao direito material; abstrata, visto que é independen- LEGITIMIDADE ATIVA LEGITIMIDADE PASSIVA
te do resultado da postulação em juízo; instrumental,
Apenas a pessoa cuja ti- Somente o responsável
pois serve de ferramenta para a composição da lide.
tularidade da ação penal pelo fato definido como
é garantida pela lei tem o infração penal pode figurar
z Pública: atribuição do Poder Judiciário; poder de ajuizar a ação no polo passivo da ação
z Subjetiva: o titular da ação exige do Estado uma
decisão;
z Autônoma: em relação ao direito material; A ação penal pública é proposta pelo Ministério
z Abstrata: independe do resultado da postulação Público, enquanto a ação penal privada é ajuizada
em juízo; pelo ofendido ou seu representante legal.
294 z Instrumental: ferramenta.
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O interesse processual divide-se em: o processo penal pode ser desmembrado. O ofereci-
mento da denúncia contra um acusado não exclui
z utilidade; a possibilidade futura de ação penal contra outros
z necessidade; envolvidos. Ex.: O MP adita a denúncia.
z adequação. De acordo com o princípio da intranscendência, a
ação penal somente pode ser ajuizada contra os res-
A ação penal é pressuposta para a aplicação da ponsáveis pela infração penal, excluindo sucessores e
pena, de maneira que estará preenchido o requisito responsáveis civis pelo criminoso.
necessidade caso realmente se verifique que o pro- Por fim, a ação penal pública obriga que os órgãos
cesso tem potencial para aplicar a pena cominada ao encarregados pela persecução penal atuem de ofício
delito. Ex.: Um processo conduzido no Tribunal do Júri (princípio da oficiosidade). Essa regra, todavia, não se
é necessário para aplicar a pena cominada ao homicí- aplica à ação penal pública condicionada, pois consis-
dio. A utilidade consiste na eficácia da decisão judicial te em condição de procedibilidade a representação do
para a satisfação do interesse pleiteado pelo titular da ofendido ou de quem tiver qualidade para represen-
ação. Ex.: Não há utilidade caso ocorra uma causa de tá-lo, bem como, requisição do ministro da justiça, nos
extinção da punibilidade. A adequação desponta na casos expressamente exigidos por lei.
compatibilidade entre o meio empregado (ação) e a O direito de representação pode ser exercido no
pretensão do titular do direito (Ex.: Condenação). prazo decadencial de 6 meses, contados do conhe-
Por fim, a justa causa é a condição geral da ação cimento da autoria. Decorrido esse prazo ocorre a
que obriga a existência de um lastro mínimo de prova extinção da punibilidade. Ademais, uma vez ofereci-
capaz de fornecer base à pretensão acusatória. Inclu- da a representação, a retratação pode ocorrer até o
sive, cabe HC em caso de coação ilegal com ausência oferecimento da denúncia.
de justa causa na ação penal. A requisição do ministro da justiça cuida-se de
Existem condições específicas estabelecidas em lei, condição de procedibilidade consistente em ato de
cuja ausência impede o regular exercício do direito de natureza administrativa e política, revestido de dis-
ação. Ex.: Representação do ofendido ou requisição do cricionariedade. Diferente da representação, a requi-
ministro da justiça na ação penal pública condiciona- sição não tem prazo decadencial. Dessa forma, pode
da; entrada do agente em território nacional em caso ser lançada a qualquer tempo, enquanto não extinta a
de crime praticado no exterior. punibilidade pela prescrição.

AÇÃO PENAL PÚBLICA AÇÃO PENAL PRIVADA

De acordo com o I, art. 129, da Constituição Fede- A legitimidade para a propositura da ação penal
ral, é função do Ministério Público promover a ação privada pertence ao ofendido ou a quem legalmente o
penal pública. Consiste em uma função privativa. A represente. Ex.: Se o ofendido for menor de 18 anos ou
ação penal é iniciada por denúncia ajuizada pelo MP. mentalmente enfermo.
A ação penal pública pode ser: A ação penal será privada nos casos expressa-
9
mente indicados pela lei. Quando a lei se cala sobre
-9
96

z Incondicionada: exige apenas atuação do MP; a espécie de ação a ser utilizada é caso de ação penal
pública.
.3

z Condicionada à representação da vítima ou seu


93

representante legal; Assim como na representação, o prazo da quei-


.0

z Condicionada à requisição do ministro da justiça, xa-crime é de 6 meses, contados do conhecimento da


06

ex.: casos de crime cometido por estrangeiro con- autoria.


-1

tra brasileiro fora do território nacional, crimes Os princípios da ação penal privada são:
contra a honra do Presidente da República e con-
a
lv

tra chefe de governo estrangeiro. z Oportunidade: o ofendido tem discricionariedade


Si

para iniciar ou não a ação penal;


da

De acordo com o STF, a representação independe z Disponibilidade: o ofendido pode desistir da ação

NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


penal, bem como de eventual recurso;
io

de forma especial. Ex.: É suficiente a demonstração


v

inequívoca da intenção do ofendido ou de quem tiver z Indivisibilidade: a queixa-crime contra qualquer


dos autores do crime obrigará ao processo de


O

qualidade para representá-lo. todos, e o MP zelará pela indivisibilidade;


ri

A ação penal pública é regida pelo princípio da


z Intranscendência: a ação penal somente pode
A

oficialidade, uma vez que os órgãos responsáveis pela


ser ajuizada contra os responsáveis pela infração
persecução penal são públicos/oficiais. Isso se funda-
penal, não abrangendo sucessores, nem responsá-
menta porque o Estado detém a titularidade exclusiva
veis civil.
do direito de punir. Ademais, na ação penal pública
incide o princípio da obrigatoriedade, também conhe-
cido por legalidade, de maneira que estando presen- Dica
tes elementos suficientes para a propositura da ação De acordo com o LIX, art. 5º, da Constituição
penal o MP é obrigado a oferecer a denúncia. Todavia,
Federal, em caso de inércia do MP, o ofendido
esse princípio é mitigado pela transação penal, por
pode oferecer ação penal privada subsidiária da
exemplo. E, decorre da obrigatoriedade o princípio
da indisponibilidade da ação penal, uma vez que, o pública, no prazo de 6 meses, contados do termo
MP não pode desistir da ação penal nem de eventual final do prazo para oferecimento da denúncia.
recurso interposto. Após o prazo de 6 meses cessa a possibilidade
A doutrina divide-se sobre a (in)divisibilidade da de queixa subsidiária, mas o MP ainda pode-
ação penal pública. Todavia, o STF, no caso mensa- rá oferecer a denúncia enquanto não extinta a
lão, entendeu pela divisibilidade, no sentido de que punibilidade. 295
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ADITAMENTO À DENUNCIA E À QUEIXA Portanto, a prova permite a formação da convic-
ção do órgão julgador no curso processual quanto à
Na ação penal privada subsidiária da pública, o existência de determinada situação fática. Para isso,
MP pode aditar a queixa: existem instrumentos idôneos, lícitos e legítimos des-
critos na legislação processual penal.
Art. 29 Será admitida ação privada nos crimes de
ação pública, se esta não for intentada no prazo Art. 155 O juiz formará sua convicção pela livre
legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, apreciação da prova produzida em contraditório
repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir judicial, não podendo fundamentar sua decisão
em todos os termos do processo, fornecer elementos exclusivamente nos elementos informativos colhi-
de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso dos na investigação, ressalvadas as provas cautela-
de negligência do querelante, retomar a ação como res, não repetíveis e antecipadas.
parte principal.
Nulidade da Prova
Isso ocorre porque a essência da ação ainda é
pública, a inércia do MP que conduziu ao ajuizamento O ato processual deve ser praticado em conso-
da queixa. nância com a Constituição Federal, com as Conven-
Outra situação de aditamento é a mutatio libeli: ções Internacionais sobre Direitos Humanos e com
as leis processuais penais, assegurando-se, assim, não
z Emendatio Libeli somente às partes, como a toda a coletividade, a exis-
tência de um processo penal justo e em consonância
O juiz não muda os fatos da peça de acusação, ape- com o princípio do devido processo legal.
nas atribui definição jurídica diversa (desclassifica um Assim, a nulidade é compreendida como espécie
crime para outro crime), ainda que isso ocasione apli- de sanção aplicada ao ato processual defeituoso, do
cação de pena mais grave. que deriva a inaptidão para a produção de seus efei-
Se com essa desclassificação houver possibilidade de tos regulares. Apenas os atos processuais realizados
suspensão condicional do processo, o juiz suspenderá. em consonância com o ordenamento jurídico serão
Se com a desclassificação a competência começar a considerados válidos e idôneos a produzir os efeitos
ser de outro juízo, a este serão encaminhados os autos. almejados.
Todavia, existem irregularidades/defeitos sem
z Mutatio Libeli consequência, isto é, apesar de o ato processual não
ter sido praticado em fiel observância do modelo
Se depois da instrução, o juiz percebe mudança nos legal, esta irregularidade não tem o condão de acar-
fatos da peça acusatória, o Ministério Público deverá retar qualquer consequência. Outras irregularidades/
aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias. defeitos acarretam tão somente sanções extraproces-
Se o MP se recusa, o órgão do MP encaminhará os suais, ex.: multa. Mas também existem irregularida-
autos para a instância de revisão ministerial para fins
9
des/defeitos que podem acarretar a invalidação do ato
-9

de homologação.
processual. Neste caso, a irregularidade atenta contra
96

Ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 (cinco)


o interesse público ou contra interesse preponderante
.3

dias e admitido o aditamento, o juiz, a requerimento de


das partes.
93

qualquer das partes, designará dia e hora para conti-


.0

nuação da audiência, com inquirição de testemunhas,


06

novo interrogatório do acusado, realização de debates Dica


-1

e julgamento. Irregularidades ou defeitos que acarretam a ine-


a

Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até xistência jurídica: a violação ao devido processo
lv

3 (três) testemunhas, no prazo de 5 (cinco) dias, ficando


Si

legal é tão absurda que acarreta a própria ine-


o juiz, na sentença, adstrito aos termos do aditamento.
da

xistência do ato jurídico. É o que ocorre com


Obs.: se não for recebido o aditamento, o processo
uma sentença prolatada por juiz impedido, tida
io

prosseguirá.
como inexistente, haja visto a gravidade do pre-
v

O juiz pode fazer de ofício e cabe na 2ª instância.


juízo causado à imparcialidade da autoridade


O

Necessita que o MP adite e não cabe em 2ª instância.


jurisdicional.
ri
A

Portanto, os atos podem ser:

DA PROVA z Perfeitos. Ex.: Sentença que reúna todos os requisitos;


z Meramente irregulares. Ex.: Uma palavra errada;
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS z Nulos. Ex.: Falta de defesa técnica;
z Inexistentes. Ex.: Falta de sentença.
Provar significa demonstrar a veracidade de um
fato, por meio de inspeção/verificação/exame. Ou No campo das provas, a lei estabelece a obriga-
seja, provar exige atividade intelectual para conhecer toriedade da realização do exame de corpo de delito
o verdadeiro. quando a infração penal deixar vestígios:
Existe um conjunto de atividades que visam obter
a verdade dos fatos relevantes para o julgamento. Um Art.158 Quando a infração deixar vestígios, será
exemplo é a produção dos meios e atos praticados no indispensável o exame de corpo de delito, direto
processo que buscam o convencimento do juiz (perí- ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do
296 cia, testemunhas etc.) acusado.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização No sistema processual penal existe distribuição do
do exame de corpo de delito quando se tratar de ônus da prova entre acusação e defesa:
crime que envolva: Incumbe à acusação somente a prova da existên-
I - violência doméstica e familiar contra mulher; cia do fato típico;
II - violência contra criança, adolescente, idoso ou Comprovada a existência do fato típico existe uma
pessoa com deficiência. presunção de que o fato também é ilícito e culpável,
cabe ao acusado informar tal presunção. Portanto,
Se era possível a realização do exame direto, ou, compete ao réu o ônus da prova quanto às excluden-
ainda, se a ausência do exame direto não foi supri- tes da ilicitude, da culpabilidade, ou acerca da presen-
da pelo exame de corpo de delito indireto, deverá o ça de causa extintiva da punibilidade.
processo ser anulado, a partir do momento em que o Sendo assim, se o acusado apontar a existência de
laudo deveria ter sido juntado ao processo. um álibi, caberá a ele fazer prova de sua alegação.
Em virtude da regra probatória que deriva do
Requisitos e Ônus da Prova princípio da presunção de inocência, tem-se que
somente é possível um decreto condenatório quando
Antes de tudo, deve-se saber o conceito de ônus: o magistrado estiver convencido da prática do delito
um imperativo do próprio interesse, estando situa- por parte do acusado. Já para a defesa, basta que pro-
dos no campo da liberdade. Ainda que haja seu des- duza um estado de dúvida para que o acusado possa
cumprimento, não haverá qualquer ilicitude, pois o ser absolvido.
cumprimento do ônus interessa ao próprio sujeito Outro ponto interessante é que para a acusação,
onerado. exige-se prova além de qualquer dúvida razoável;
para a defesa, basta criar um estado de dúvida.
ÔNUS PERFEITO ÔNUS MENOS PERFEITO Da regra de julgamento do in dubio pro reo decor-
rente do princípio da presunção de inocência, tem-se
O ônus é perfeito quando Um ônus é tido como me-
que o ônus da prova recai precipuamente sobre o
o prejuízo, que é o resul- nos perfeito quando os
Ministério Público ou sobre o querelante.
tado de seu descumpri- prejuízos que derivam de
A inversão do ônus da prova significaria, portanto,
mento, ocorre necessária seu descumprimento se
adotar a regra contrária: in dubio pro societate ou in
e inevitavelmente produzem de acordo com
a avaliação judicial dubio contra reum. Diante da hierarquia constitucio-
nal do princípio da presunção de inocência, forçoso
é concluir que nenhuma lei poderá, então, inverter
O ônus da prova funciona como uma regra de o ônus da prova com relação à condenação penal,
julgamento a ser aplicada pelo juiz quando perma- sob pena de ser considerada inconstitucional.
necer em dúvida no momento do julgamento. Em A intervenção do juiz das garantias na fase inves-
outras palavras, o ônus funciona como uma regra de tigatória deve ser contingente e excepcional: Art. 3º-A.
julgamento destinada ao juiz acerca do conteúdo da O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a
9
sentença que deve proferir, caso não tenha sido com- iniciativa do juiz na fase de investigação e a substitui-
-9

provada a verdade de uma afirmação feita no curso ção da atuação probatória do órgão de acusação.
96

do processo.
.3
93

Em seu aspecto subjetivo, o ônus da prova deve ser CAPÍTULO II – DO EXAME DO CORPO DE DELITO,
compreendido como o encargo que recai sobre as par- DA CADEIA DE CUSTÓDIA E DAS PERÍCIAS EM
.0
06

tes de buscar as fontes de prova capazes de compro- GERAL


-1

var as afirmações por elas feitas ao longo do processo,


introduzindo-as no processo utilizando-se dos meios O Pacote Anticrime trouxe dentro da perícia a
a
lv

de prova legalmente admissíveis. cadeia de custódia como garantidora da autenticidade


Si

Vale lembrar que no âmbito processual penal, o das evidências coletadas e examinadas, sem que haja
da

ônus da prova subjetivo é atenuado por força da regra espaço para adulteração. Assim, documenta-se de

NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


da comunhão da prova e dos poderes instrutórios do maneira formal um procedimento destinado a manter
io

a história cronológica de uma evidência.


v

juiz.

Conforme o princípio do livre convencimento A consequência da quebra da cadeia de custódia


O

motivado, o juiz poderá formar seu convencimento a (break on the chain of custody) é a proibição de valora-
ri

ção probatória com a consequente exclusão dela e de


A

partir de todas as provas constantes do processo, quer


tenham sido elas produzidas pela parte que se bene- toda a derivada. Em suma, preservar a fonte de prova
ficiou com tal prova, quer por iniciativa da parte con- garante a validade da prova.
trária, quer pela própria iniciativa probatória do juiz. O período da cadeia de custódia vai do reconheci-
mento do elemento de prova até o seu descarte. São
Art. 156 A prova da alegação incumbirá a quem a etapas do rastreamento do vestígio:
fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício:
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, z Reconhecimento como elemento potencial para a
a produção antecipada de provas consideradas produção de prova;
urgentes e relevantes, observando a necessidade, z Isolamento para evitar que se altere;
adequação e proporcionalidade da medida; � Fixação (descrição detalhada do vestígio como se
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de encontra no local do crime ou no corpo de delito);
proferir sentença, a realização de diligências para � Coleta para análise pericial;
dirimir dúvida sobre ponto relevante z Acondicionamento (o vestígio é embalado de for-
ma individualizada, com anotação da data, hora e
nome de quem fez a coleta e o acondicionamento); 297
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z Transporte, garantindo a manutenção das caracte-
rísticas originais e o controle da posse; PERITOS E INTÉRPRETES
z Recebimento (com informações);
Art. 159 O exame de corpo de delito e outras perícias
z Processamento (exame pericial com laudo do
serão realizados por perito oficial, portador de diploma
perito); de curso superior.
z Armazenamento para realização de contra perícia, § 1º Na falta de perito oficial, o exame será realizado
ser descartado ou transportado; por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma
z Descarte, liberação do vestígio, com ou sem autori- de curso superior preferencialmente na área específica,
zação judicial, a depender do caso. dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada
com a natureza do exame.
Lembre-se que em uma mera coleta de sangue No processo penal, diferente do que acontece no proces-
para exames de rotina já existe uma sistemática rígi- so civil, as partes não intervêm na nomeação do perito.
da para evitar erros no resultado, imagine agora todos Quem não pode ser perito? Se antes prestou depoimen-
os cuidados que precisam ser adotados para não ser to/opinou sobre o objeto da perícia; analfabetos; meno-
cometida nenhuma injustiça em âmbito penal. Logo, res de 21 anos.
todos os procedimentos elencados na lei precisam ser Atenção: Os intérpretes são equiparados a peritos para
obedecidos para a valoração de uma prova. fins penais
A coleta dos vestígios deverá ser realizada pre-
ferencialmente por perito oficial, que dará o enca-
minhamento necessário para a central de custódia. Por fim, vale lembrar que sempre que a infração
É proibida a entrada em locais isolados bem como a deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo
remoção de quaisquer vestígios de locais de crime de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a
antes da liberação por parte do perito responsável, confissão do acusado. Ex.: Uma pessoa apanha, deve
sendo tipificada como fraude processual a sua reali- ser feito o exame de corpo de delito para que seja ana-
zação (art. 158-C). lisada a lesão corporal.
No acondicionamento para transporte, o reci-
piente precisa estar selado com lacre e numeração CAPÍTULO III – DO INTERROGATÓRIO DO
individualizada, para garantir a inviolabilidade e a ACUSADO
idoneidade do vestígio durante o transporte. O reci-
piente precisa individualizar o vestígio e preservá-lo. O interrogatório exige entrevista prévia e reserva-
Após cada rompimento de lacre, deve-se fazer da com defensor, qualificação do acusado e cientifica-
constar na ficha de acompanhamento de vestígio o ção do inteiro teor da acusação. O acusado deve ser
nome e a matrícula do responsável, a data, o local, a informado sobre o direito ao silêncio e interrogado na
finalidade, bem como as informações referentes ao presença de seu defensor.
novo lacre utilizado. O lacre rompido deverá ser acon- É nula a “entrevista” realizada pela autoridade
dicionado no interior do novo recipiente (art. 158-D). policial com o investigado, durante a busca e apreen-
Todos os Institutos de Criminalística deverão ter são em sua residência, sem que tenha sido assegurado
9
uma central de custódia destinada à guarda e controle ao investigado o direito à prévia consulta a seu advo-
-9

gado e sem que ele tenha sido comunicado sobre seu


96

dos vestígios. Toda central de custódia deve possuir


os serviços de protocolo. Na central de custódia, a direito ao silêncio e de não produzir provas contra si
.3

mesmo. Isso consiste em violação do direito ao silên-


93

entrada e a saída de vestígio deverão ser protocola-


cio e à não autoincriminação.
.0

das, consignando-se informações sobre a ocorrência


Como é feito o interrogatório do réu preso? Em
06

no inquérito que a eles se relacionam (art. 158-E).


sala própria, no estabelecimento em que estiver reco-
-1

Após a realização da perícia, o material deverá ser


devolvido à central de custódia, devendo nela perma- lhido. Precisa ser garantida a segurança de todos, a
a

publicidade do ato e a presença do advogado. Exce-


lv

necer. Caso a central de custódia não possua espaço ou


Si

condições de armazenar determinado material, deverá ção: interrogatório por videoconferência. Requisitos:
Decisão fundamentada do juiz (de ofício ou a
da

a autoridade policial ou judiciária determinar as condi-


ções de depósito do referido material em local diverso, requerimento das partes);
io

mediante requerimento do diretor do órgão central de


v

perícia oficial de natureza criminal (art. 158-F). z Prevenir risco à segurança pública, pois existe fun-
O

A preocupação com a audiência de custódia ini- dada suspeita que o preso integre organização cri-
ri

ciou-se nos Estados Unidos, na década de 90, quando minosa ou irá fugir durante o deslocamento;
A

o ex-jogador de futebol americano e então ator O. J. z Dificuldade de comparecimento do preso. Ex.:


Simpson foi acusado de ser o executor do homicídio Enfermidade;
de sua ex-esposa e de um amigo dela, e absolvido. A z Para o réu não influenciar testemunhas ou víti-
defesa conseguiu absolvição justamente porque a pre- mas (obs.: primeiro se busca a videoconferência
servação do local foi inadequada. A partir de então a destas);
cadeia de custódia passou a ser pensada e desenvolvi- z Gravíssima questão de ordem pública.
da pela maioria dos países.
CAPÍTULO IV – DA CONFISSÃO

A confissão já foi vista no passado como a rainha


das provas, todavia, muitas pessoas já assumiram
uma culpa que não é delas, assim o ato de confessar o
crime passou a exigir a verificação de outras provas.

298
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
A confissão é divisível e retratável, de maneira que A inobservância das formalidades legais para o
o juiz analisará de acordo com o exame das provas em reconhecimento pessoal do acusado não enseja nuli-
seu conjunto. dade, pois é uma recomendação. O mesmo vale para
o reconhecimento de coisas. Ex.: Arma, faca, estilete.
Art. 197 O valor da confissão se aferirá pelos crité-
rios adotados para os outros elementos de prova, CAPÍTULO VIII – DA ACAREAÇÃO
e para a sua apreciação o juiz deverá confrontá-
-la com as demais provas do processo, verifican- Acarear é colocar em presença uma da outra, face
do se entre ela e estas existem compatibilidade ou a face, pessoas cujas declarações são divergentes. A
concordância. acareação é, portanto, o ato processual consistente na
confrontação das declarações de dois ou mais acusa-
CAPÍTULO V – DO OFENDIDO dos, testemunhas ou ofendidos, já ouvidos, e destina-
do a obter o convencimento do juiz sobre a verdade
O ofendido será qualificado e perguntado sobre as de algum fato em que as declarações dessas pessoas
circunstâncias da infração. A jurisprudência, inclusi- forem divergentes.
ve, admite a condução coercitiva do ofendido.
Para a sua proteção, o ofendido é comunicado Art. 229 A acareação será admitida entre acusados,
sobre o ingresso e saída do acusado da prisão, dia da entre acusado e testemunha, entre testemunhas,
audiência, resultado da sentença/acórdão etc. Inclusi- entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, e
ve, na audiência o ofendido tem um espaço separado entre as pessoas ofendidas, sempre que divergirem,
dos demais. O juiz sempre busca tomar as providên- em suas declarações, sobre fatos ou circunstâncias
cias necessárias para a preservação da intimidade do relevantes.
ofendido. Parágrafo único. Os acareados serão repergunta-
dos, para que expliquem os pontos de divergências,
CAPÍTULO VI – DAS TESTEMUNHAS reduzindo-se a termo o ato de acareação.

A testemunha deve ser qualificada e prometer Então, diante desse artigo temos que a acareação
dizer a verdade. O depoimento deve ser prestado oral- pode ser realizada tanto na fase investigatória como
mente, com exceção a consulta a breves apontamen- no curso da instrução criminal, nada impedindo que
tos escritos. Ex.: Para lembrar data etc. as partes requeiram a prática do ato.
O CPP adota o cross examination, ou seja, as per- O deferimento de provas submete-se ao prudente
guntas são feitas diretamente para as testemunhas. arbítrio do magistrado, cuja decisão, sempre funda-
Todavia, o juiz não permitirá que a testemunha mani- mentada, há de levar em conta o conjunto probató-
feste suas apreciações pessoais, salvo quando insepa- rio. É lícito ao juiz indeferir diligências que reputar
ráveis da narrativa do fato. impertinentes, desnecessárias ou protelatórias. Inde-
O cônjuge, ascendentes, descendente e irmão do ferimento de pedido de acareação de testemunhas, no
9
caso, devidamente fundamentado. Inocorrência de
-9

acusado (CADI) podem se recusar a testemunhar, sal-


96

vo quando não for possível por outro modo obter a afronta aos princípios da ampla defesa e do contradi-
.3

prova do fato e suas circunstâncias. Ademais, deter- tório ou às regras do sistema acusatório.
93

minadas pessoas são proibidas de depor, em razão do Durante o procedimento, os acareados poderão
.0

sigilo profissional (Ex.: Padre). confirmar as declarações anteriormente prestadas, o


06

Exceção: Se forem desobrigadas pela parte interes- que geralmente acontece, ou modificá-las.
-1

sada e quiserem dar o seu testemunho. Então, o ato de acareação é reproduzido em um


a

termo onde ficam consignadas as perguntas feitas a


lv

cada um dos acareados e suas respectivas respostas,


Dica
Si

auto este a ser subscrito pelo escrevente e assinado


da

Quem não presta o compromisso de dizer a por todos.

NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


io

verdade?
v

� Doentes mentais; É possível que um dos acareados se encontre fora



O

� Menores de 14 anos; da comarca do juízo perante o qual tramita o processo:


ri

� CADI.
A

Art. 230 Se ausente alguma testemunha, cujas decla-


CAPÍTULO VII – DO RECONHECIMENTO DE PESSOAS rações divirjam das de outra, que esteja presente, a
esta se darão a conhecer os pontos da divergência,
E COISAS
consignando-se no auto o que explicar ou observar.
Se subsistir a discordância, expedir-se-á precatória
Quem fará o reconhecimento descreve a pessoa a ser
à autoridade do lugar onde resida a testemunha
reconhecida; essa pessoa será colocada se possível ao lado ausente, transcrevendo-se as declarações desta e as
de outras pessoas que com ela são semelhantes; quem da testemunha presente, nos pontos em que diver-
fará o reconhecimento aponta a pessoa que descreveu. girem, bem como o texto do referido auto, a fim de
Para evitar intimidação ou influência a autoridade que se complete a diligência, ouvindo-se a testemu-
providenciará para que uma não veja a outra (só se nha ausente, pela mesma forma estabelecida para a
aplica na investigação – não se aplica em instrução nem testemunha presente. Esta diligência só se realizará
em plenário de julgamento). Do ato de reconhecimento quando não importe demora prejudicial ao processo
lavra-se auto pormenorizado subscrito pela autorida- e o juiz a entenda conveniente.
de, quem fez o reconhecimento e 2 (duas) testemunhas.
299
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
É possível que o magistrado, ao invés de expedir CAPÍTULO XI – DA BUSCA E DA APREENSÃO
carta precatória para a oitiva da testemunha peran-
te o juízo deprecado, realize a acareação por meio da BUSCA DOMICILIAR BUSCA PESSOAL
videoconferência. Razões que autorizam uma Quando há fundada suspeita
busca domiciliar: prender de que alguém oculte consi-
CAPÍTULO IX – DOS DOCUMENTOS criminosos, apreender coi- go arma, coisas obtidas por
sas achadas ou obtidas por meios criminosos, cartas,
Em regra, as partes podem apresentar documentos meios criminosos, apreen- elementos de convicção. No
der instrumentos de falsifi- caso de prisão ou quando
durante todo o processo penal, salvo exista lei em con-
cação/objetos falsificados, houver fundada suspeita de
trário, como acontece no Tribunal do Júri, que exige a apreender armas e muni- que a pessoa esteja na pos-
juntada do documento com 3 dias de antecedência da ções/instrumentos do cri- se de arma proibida ou de
audiência. me, provas, cartas, vítimas, objetos ou papéis que cons-
Os documentos são escritos, instrumentos ou elementos de convicção no tituam corpo de delito, ou
papeis, podendo ser públicos ou particulares. Inclusi- geral quando a medida for deter-
ve, a cópia autenticada possui valor de original. minada no curso de busca
domiciliar
z Cartas que não são admitidas em juízo: intercepta-
das, obtidas por meios criminosos; PRECEDIDA DE DISPENSA MANDADO
z Cartas que são admitidas em juízo: sem consenti- MANDADO JUDICIAL JUDICIAL
mento do signatário, mas com o consentimento do
As buscas domiciliares se- A busca em mulher será fei-
destinatário.
rão executadas de dia, salvo ta por outra mulher, se não
se o morador consentir que importar retardamento ou
Quanto aos documentos em língua estrangeira, se realizem à noite, e, antes prejuízo da diligência
temos que os documentos em língua estrangeira, sem de penetrarem na casa, os
prejuízo de sua juntada imediata, serão, se necessário, executores mostrarão e le-
traduzidos por tradutor público, ou, na falta, por pes- rão o mandado ao morador,
soa idônea nomeada pela autoridade (art. 236). ou a quem o represente,
intimando-o, em seguida,
a abrir a porta. Em caso de
CAPÍTULO X – DOS INDÍCIOS desobediência, será arrom-
bada a porta e forçada a
A palavra indício é usada no Código de Processo entrada. Quando ausentes
Penal em dois sentidos, ora como prova semiplena, os moradores, deve, neste
ora como prova indireta: caso, ser intimado a as-
Como prova semiplena, indício significa elemento sistir à diligência qualquer
de prova mais tênue, com menor valor persuasivo. vizinho, se houver e estiver
9
presente
-9

Ex.: No tocante à autoria delitiva, não se exige que


96

o juiz tenha certeza desta, bastando que haja elemen-


.3

tos probatórios que permitam afirmar a existência de


93

indício suficiente, isto é, probabilidade de autoria, no DA PRISÃO, DAS MEDIDAS


.0
06

momento da decisão.
CAUTELARES E DA LIBERDADE
-1

Como prova indireta, a palavra indício deve ser com-


preendida como uma das espécies do gênero prova, ao PROVISÓRIA
a
lv

lado da prova direta, funcionando como um dado obje-


Si

tivo que serve para confirmar ou negar uma asserção a CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
da

respeito de um fato que interessa à decisão judicial.


As medidas cautelares devem ser aplicadas com
io

vistas a dois pontos importantes:


v

Art. 239 Considera-se indício a circunstância conhe-


cida e provada, que, tendo relação com o fato, auto-


O

z Necessidade: se é realmente necessária à sua aplica-


rize, por indução, concluir-se a existência de outra
ri

ção para assegurar a imposição da lei penal, ou para


A

ou outras circunstâncias.
a investigação do crime, ou até mesmo para a produ-
ção de provas. Inclusive, a necessidade pode vir do
Frente ao artigo acima, lembre-se sempre que: temor da prática de novas infrações pelo agente. Ex.:
O acusado compra passagens para o exterior;
[...] não se pode confundir o indício, que é sempre z Adequação: proporção entre a medida e a gravi-
um dado objetivo, em qualquer de suas acepções dade do crime, circunstâncias do fato e condições
(prova indireta ou prova semiplena), com a simples pessoais do acusado. Ex.: O acusado cometeu um
suspeita, que não passa de um estado de ânimo. O crime violento e é uma pessoa perigosa.
indício é constituído por um fato demonstrado que
autoriza a indução sobre outro fato ou, pelo menos, DA RESTITUIÇÃO DE COISAS APREENDIDAS
constitui um elemento de menor valor; a suspeita
é uma pura intuição, que pode gerar desconfiança, Art. 118 Antes de transitar em julgado a sentença
dúvida, mas também conduzir a engano.2 final, as coisas apreendidas não poderão ser resti-
tuídas enquanto interessarem ao processo.

300 2 - LIMA, R. B. de. Manual de Processo Penal: Volume Único – 8 ed. rev. ampl. e atual. Salvador: Ed. JusPodivm, 2020
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Ex.: A arma usada no crime. Inclusive, não pode- o trânsito em julgado da condenação. Nesse tipo de
rão ser restituídas, mesmo depois de transitar em jul- prisão o procedimento passa a ser aplicado pelo juiz
gado a sentença final, salvo se pertencerem ao lesado das execuções, de acordo com a Lei de Execução Penal
ou a terceiro de boa-fé. (LEP). A outra espécie de prisão consiste na prisão
Extrai-se do texto da lei as seguintes etapas: como medida cautelar, que visa assegurar o regular
trâmite do processo, para no final vir a ser aplicada a
z Primeira etapa: pena e esta ser cumprida.

Art. 120 A restituição, quando cabível, poderá ser DA PRISÃO


ordenada pela autoridade policial ou juiz, mediante
termo nos autos, desde que não exista dúvida quan-
O sistema processual penal permite durante o
to ao direito do reclamante.
trâmite processual a imposição de restrições tanto à
§ 1º Se duvidoso esse direito, o pedido de restituição
autuar-se-á em apartado, assinando-se ao reque-
liberdade do indivíduo (Ex.: Prisão cautelar), como
rente o prazo de 5 (cinco) dias para a prova. Em tal medidas cautelares diversas da prisão, ex.: monitora-
caso, só o juiz criminal poderá decidir o incidente. ção eletrônica. Isso acontece para a proteção do pro-
cesso. Ex.: Imagine que haja risco de o acusado fugir
Ex.: o juiz ordena a restituição, em caso incontro- do país, o juiz pode reter o passaporte do indivíduo,
verso, ou, o requerente produz prova em 5 dias, em ou, a requerimento do Ministério Público impor uma
caso controverso. prisão cautelar.
Segunda etapa: A prisão preventiva somente será determinada
quando não for cabível a sua substituição por outra
Art. 120 [...] medida cautelar. Ademais, o não cabimento da substi-
§ 2º O incidente autuar-se-á também em apartado tuição por outra medida cautelar deverá ser justificado
e só a autoridade judicial o resolverá, se as coisas de forma fundamentada nos elementos presentes do
forem apreendidas em poder de terceiro de boa-fé, caso concreto, de forma individualizada (art. 282, § 6º).
que será intimado para alegar e provar o seu direi- As medidas cautelares não se aplicam à infração
to, em prazo igual e sucessivo ao do reclamante, que não for cominada pena privativa de liberdade,
tendo um e outro dois dias para arrazoar. pois a intensidade da medida não faz sentido se a pró-
pria lei comina um resultado mais brando para aque-
Ex.: Terceiro de boa-fé, verdadeiro dono da coisa le determinado crime.
pode alegar e provar o seu direito.
Terceira etapa:
CAPÍTULO II – DA PRISÃO EM FLAGRANTE
Art. 120 [...]
§ 3º Sobre o pedido de restituição será sempre ouvi- Ninguém poderá ser preso senão:
do o Ministério Público. Em caso de dúvida sobre
z Em flagrante delito;
9
quem seja o verdadeiro dono, o juiz remeterá as
-9

partes para o juízo cível. z Ordem escrita e fundamentada da autoridade judi-


96

ciária competente;
.3

Ex.: O MP é ouvido sobre o pedido de restituição. z Prisão cautelar (prisão temporária, prisão preven-
93

Caso se trate de dúvida possessória os autos são dirigi- tiva etc.);


.0

dos ao juízo cível.


06

z Condenação criminal transitada em julgado.


-1

Qualquer do povo poderá (flagrante facultativo)


a
lv

Importante! prender em flagrante delito; as autoridades poli-


Si

ciais deverão (flagrante compulsório) prender em


Na hipótese de decretação de perdimento de
da

flagrante delito.

NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


obras de arte ou de outros bens de relevante
io

valor cultural ou artístico, se o crime não tiver


v

vítima determinada, poderá haver destinação FLAGRANTE Está cometendo ou acaba de


O

dos bens a museus públicos. PRÓPRIO cometer


ri

FLAGRANTE É perseguido logo após, em si-


A

IMPRÓPRIO, tuação que faça presumir ser


PRISÃO COMO MEIO DE PROVA
IRREAL, QUASE autor da infração
FLAGRANTE
A prisão não pode ser vista como meio de prova
(ex. tortura), inclusive, a prisão exige fundamentação É encontrado, logo depois, com
idônea para a sua concessão. FLAGRANTE instrumentos, armas e objetos
PRESUMIDO, FICTO que façam presumir ser ele au-
Art. 315 A decisão que decretar, substituir ou dene- tor da infração
gar a prisão preventiva será sempre motivada e FLAGRANTE A autoridade policial espera o
fundamentada. ESPERADO início da execução delitiva

CONCEITO E ESPÉCIES O agente é induzido a cometer


FLAGRANTE o delito S145/STF: Não há crime
PREPARADO/ quando a preparação do flagran-
A prisão, como privação da liberdade de locomo-
PROVOCADO te pela polícia torna impossível
ção, é dividida em duas espécies. A primeira espécie
sua consumação 301
de prisão é a prisão como cumprimento de pena, após
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Na audiência de custódia, o juiz decide fundamen-
A autoridade policial tem a fa-
tadamente (art. 310):
culdade de aguardar o momen-
to mais adequado para realizar
FLAGRANTE a prisão, ainda que sua atitude z Relaxar a prisão ilegal;
PRORROGADO/ implique na postergação da z Converter a prisão em flagrante em preventiva,
DIFERIDO intervenção. quando presentes os requisitos, e se revelarem
Obs.: só na lei de organização cri- inadequadas ou insuficientes as medidas cautela-
minosa basta a comunicação pré- res diversas da prisão;
via do juiz (e não a autorização) z Conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.

Antes do Pacote Anticrime


Se a infração for inafiançável, a falta de exibição
do mandado não impede a prisão. O preso será ime-
Art. 310 Ao receber o auto de prisão em flagrante,
diatamente apresentado ao juiz que tiver expedido o o juiz deverá fundamentadamente:
mandado, para a realização de audiência de custódia. I - relaxar a prisão ilegal; ou
A audiência de custódia serve, por exemplo, para o juiz II - converter a prisão em flagrante em preventiva,
identificar eventuais maus tratos sofridos pelo preso. quando presentes os requisitos constantes do art. 312
deste Código, e se revelarem inadequadas ou insufi-
cientes as medidas cautelares diversas da prisão; ou
ANTES DO PACOTE APÓS O PACOTE III - conceder liberdade provisória, com ou sem
ANTICRIME ANTICRIME fiança.
Art. 283 Ninguém poderá Art. 283 Ninguém poderá Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de pri-
ser preso senão em fla- ser preso senão em fla- são em flagrante, que o agente praticou o fato nas
grante delito ou por ordem grante delito ou por ordem condições constantes dos incisos I a III do caput do
escrita e fundamentada da escrita e fundamentada da art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro
autoridade judiciária com- autoridade judiciária com- de 1940 - Código Penal, poderá, fundamentada-
petente, em decorrência petente, em decorrência de mente, conceder ao acusado liberdade provisória,
de sentença condenatória prisão cautelar ou em virtu- mediante termo de comparecimento a todos os atos
transitada em julgado ou, de de condenação criminal processuais, sob pena de revogação.
no curso da investigação transitada em julgado
ou do processo, em virtude Após o Pacote Anticrime
de prisão temporária ou pri-
são preventiva Art. 310 Após receber o auto de prisão em flagran-
te, no prazo máximo de até 24 (vinte e quatro) horas
Art. 287 Se a infração for Art. 287 Se a infração for após a realização da prisão, o juiz deverá promover
inafiançável, a falta de inafiançável, a falta de exi- audiência de custódia com a presença do acusado,
exibição do mandado não bição do mandado não obs- seu advogado constituído ou membro da Defensoria
obstará à prisão, e o preso, tará a prisão, e o preso, em Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa
9
em tal caso, será imedia- tal caso, será imediatamen-
-9

audiência, o juiz deverá, fundamentadamente:


96

tamente apresentado ao te apresentado ao juiz que I - relaxar a prisão ilegal; ou


.3

juiz que tiver expedido o tiver expedido o mandado, II - converter a prisão em flagrante em preventiva,
93

mandado para a realização de audiên- quando presentes os requisitos constantes do art. 312
.0

cia de custódia deste Código, e se revelarem inadequadas ou insufi-


06

cientes as medidas cautelares diversas da prisão; ou


-1

III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.


Perceba que o Pacote Anticrime dividiu a prisão
§ 1º Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em fla-
a

em duas espécies: prisão cautelar e prisão execução


grante, que o agente praticou o fato em qualquer
lv

de pena. Ademais, a nova legislação impôs a realiza-


Si

das condições constantes dos incisos I, II ou III do


ção da audiência de custódia seguida da prisão. caput do art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
da

Após receber o auto de prisão em flagrante, no pra- dezembro de 1940 (Código Penal), poderá, fun-
io

zo máximo de 24 horas (contadas da realização da pri- damentadamente, conceder ao acusado liberdade


v

são), o juiz deverá promover Audiência de custódia, provisória, mediante termo de comparecimento

obrigatório a todos os atos processuais, sob pena


O

com a presença do acusado, seu advogado constituí-


de revogação.
ri

do ou membro da Defensoria Pública e o membro do


A

§ 2º Se o juiz verificar que o agente é reincidente


Ministério Público.
ou que integra organização criminosa armada ou
Se transcorridas as vinte e quatro horas, a não rea-
milícia, ou que porta arma de fogo de uso restrito,
lização da audiência de custódia (sem motivação idô- deverá denegar a liberdade provisória, com ou sem
nea) ensejará a Ilegalidade da prisão, a ser relaxada medidas cautelares.
pela autoridade competente, sem prejuízo da possibi- § 3º A autoridade que deu causa, sem motivação
lidade de imediata decretação de prisão preventiva. idônea, à não realização da audiência de custódia
Ademais, a autoridade que deu causa, sem motivação no prazo estabelecido no caput deste artigo res-
idônea, à não realização da audiência de custódia no ponderá administrativa, civil e penalmente pela
prazo estabelecido responderá administrativa, civil e omissão.
§ 4º Transcorridas 24 (vinte e quatro) horas após o
penalmente pela omissão.
decurso do prazo estabelecido no caput deste arti-
Todavia, no dia 22/01/2020, o Ministro Luiz Fux
go, a não realização de audiência de custódia sem
suspendeu a eficácia da liberação da prisão pela não motivação idônea ensejará também a ilegalidade
realização da audiência de custódia no prazo de 24 da prisão, a ser relaxada pela autoridade compe-
horas. tente, sem prejuízo da possibilidade de imediata
302 decretação de prisão preventiva.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Ademais, de acordo com a jurisprudência, a deci- I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa
são proferida na audiência de custódia reconhecendo de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos;
a atipicidade do fato não faz coisa julgada. A decisão II - se tiver sido condenado por outro crime doloso,
não vincula o titular da ação penal, que poderá ofere- em sentença transitada em julgado, ressalvado o
cer acusação contra o indivíduo, narrando os mesmos disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decre-
fatos, e o juiz poderá receber a denúncia. to-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código
Penal;
De acordo com o art. 310 do CPP, se o juiz verifi-
III - se o crime envolver violência doméstica e fami-
car, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente
liar contra a mulher, criança, adolescente, idoso,
praticou o fato em legítima defesa, o juiz pode, de
enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a
maneira fundamentada, conceder ao acusado liber- execução das medidas protetivas de urgência;
dade provisória, mediante termo de comparecimen- Parágrafo Único. Também será admitida a prisão
to obrigatório a todos os atos processuais, sob pena de preventiva quando houver dúvida sobre a identi-
revogação. dade civil da pessoa ou quando esta não fornecer
Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou elementos suficientes para esclarecê-la, devendo
que integra organização criminosa armada ou milí- o preso ser colocado imediatamente em liberdade
cia, ou que porta arma de fogo de uso restrito, deverá após a identificação, salvo se outra hipótese reco-
denegar a liberdade provisória, com ou sem medi- mendar a manutenção da medida.
das cautelares. § 1º Também será admitida a prisão preventiva
quando houver dúvida sobre a identidade civil da
CAPÍTULO III – DA PRISÃO PREVENTIVA pessoa ou quando esta não fornecer elementos
suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser
colocado imediatamente em liberdade após a iden-
Em qualquer fase da investigação policial ou do
tificação, salvo se outra hipótese recomendar a
processo penal, caberá a prisão preventiva decreta-
manutenção da medida.
da pelo juiz, a requerimento do ministério público, do
Art. 316 O juiz poderá revogar a prisão preven-
querelante ou do assistente, ou por representação da
tiva se, no correr do processo, verificar a fal-
autoridade policial. ta de motivo para que subsista, bem como de
A prisão preventiva poderá ser decretada como: novo decretá-la, se sobrevierem razões que a
justifiquem.
z garantia da ordem pública;
z garantia da ordem econômica; Após o Pacote Anticrime
z por conveniência da instrução criminal;
z assegurar a aplicação da lei penal (risco de fuga). Art. 311 Em qualquer fase da investigação policial
ou do processo penal, caberá a prisão preventiva
Todavia, a prisão preventiva só pode ser decretada decretada pelo juiz, a requerimento do Ministério
desde que haja prova da existência do crime e indício Público, do querelante ou do assistente, ou por
suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado representação da autoridade policial.
de liberdade do imputado (ex. risco de fuga). A deci- Art. 312 A prisão preventiva poderá ser decretada
9
-9

são precisa ser motivada e fundamentada mostrando como garantia da ordem pública, da ordem econô-
96

receio de perigo e existência concreta de fatos novos mica, por conveniência da instrução criminal ou
.3

ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da para assegurar a aplicação da lei penal, quando
93

medida adotada. houver prova da existência do crime e indício sufi-


.0

Vale lembrar que as prisões cautelares não devem ciente de autoria e de perigo gerado pelo estado de
06

ser confundidas com a prisão-pena, pois as primeiras liberdade do imputado.


-1

§ 1º A prisão preventiva também poderá ser decre-


buscam assegurar a boa aplicação do Direito Penal
tada em caso de descumprimento de qualquer das
a

em casos que exigem tal medida de urgência, já a


lv

obrigações impostas por força de outras medidas


segunda advém do trânsito em julgado da condena-
Si

cautelares (art. 282, § 4o).


ção criminal. § 2º A decisão que decretar a prisão preventiva
da

NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


deve ser motivada e fundamentada em receio de
io

Antes do Pacote Anticrime perigo e existência concreta de fatos novos ou con-


v

temporâneos que justifiquem a aplicação da medi-


Art. 311 Em qualquer fase da investigação policial


O

da adotada.
ou do processo penal, caberá a prisão preventiva Art. 313 Nos termos do art. 312 deste Código, será
ri
A

decretada pelo juiz, de ofício, se no curso da ação admitida a decretação da prisão preventiva:
penal, ou a requerimento do Ministério Público, do I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa
querelante ou do assistente, ou por representação de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos;
da autoridade policial. II - se tiver sido condenado por outro crime doloso,
Art. 312 A prisão preventiva poderá ser decretada em sentença transitada em julgado, ressalvado o
como garantia da ordem pública, da ordem econô- disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decre-
mica, por conveniência da instrução criminal, ou to-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código
para assegurar a aplicação da lei penal, quando Penal;
houver prova da existência do crime e indício sufi- III - se o crime envolver violência doméstica e fami-
ciente de autoria. liar contra a mulher, criança, adolescente, idoso,
Parágrafo Único.A prisão preventiva também enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a
poderá ser decretada em caso de descumprimento execução das medidas protetivas de urgência;
de qualquer das obrigações impostas por força de § 1º Também será admitida a prisão preventiva
outras medidas cautelares (art. 282, § 4o). quando houver dúvida sobre a identidade civil
Art. 313 Nos termos do art. 312 deste Código, será da pessoa ou quando esta não fornecer elemen-
admitida a decretação da prisão preventiva: (Reda- tos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso
ção dada pela Lei nº 12.403, de 2011). ser colocado imediatamente em liberdade após a 303
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
identificação, salvo se outra hipótese recomendar o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer
a manutenção da medida. elementos necessários ao esclarecimento de sua iden-
§ 2º Não será admitida a decretação da prisão pre- tidade. São necessárias fundadas razões de autoria ou
ventiva com a finalidade de antecipação de cumpri- participação do indiciado nos seguintes crimes:
mento de pena ou como decorrência imediata de
investigação criminal ou da apresentação ou rece- z Homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2º);
bimento de denúncia. z Sequestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e
Art. 316 O juiz poderá, de ofício ou a pedido das
seus §§ 1º e 2º);
partes, revogar a prisão preventiva se, no correr
z Roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1º, 2º e 3º);
da investigação ou do processo, verificar a falta de
motivo para que ela subsista, bem como novamente
z Extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1º e 2º);
decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. z Extorsão mediante sequestro (art. 159, caput, e
Parágrafo único. Decretada a prisão preventi- seus §§ 1º, 2º e 3º);
va, deverá o órgão emissor da decisão revisar z Estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o
a necessidade de sua manutenção a cada 90 art. 223, caput, e parágrafo único);
(noventa) dias, mediante decisão fundamentada, z Atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua
de ofício, sob pena de tornar a prisão ilegal. combinação com o art. 223, caput, e parágrafo
único);
z Rapto violento (art. 219, e sua combinação com o
Perceba que com o Pacote Anticrime o juiz não
art. 223 caput, e parágrafo único);
pode mais decretar de ofício a prisão preventiva,
z Epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1º);
para que seja preservado o sistema acusatório, no
z Envenenamento de água potável ou substância ali-
qual as funções de acusar e julgar são extremamente
mentícia ou medicinal qualificado pela morte (art.
separadas. Ademais, a nova lei ressaltou que a prisão
270, caput, combinado com art. 285);
preventiva exige demonstração do perigo que cau-
z Quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código
sa a liberdade do acusado. Por fim, como espelho do
Penal;
Código de Processo Civil de 2015, alguns requisitos são
z Genocídio (arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 2.889, de 1º
estabelecidos quanto a motivação da prisão.
de outubro de 1956), em qualquer de suas formas
Não se considera fundamentada qualquer deci-
típicas;
são judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acór-
z Tráfico de drogas (art. 12 da Lei nº 6.368, de 21 de
dão, que:
outubro de 1976);
z Crimes contra o sistema financeiro (Lei nº 7.492,
z Limitar-se à indicação, à reprodução ou à paráfra-
de 16 de junho de 1986);
se de ato normativo, sem explicar sua relação com
z Crimes previstos na Lei de Terrorismo (Lei nº
a causa ou a questão decidida;
13.260, de 16 de março de 2016).
z Empregar conceitos jurídicos indeterminados,
sem explicar o motivo concreto de sua incidência
A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em
no caso;
face da representação da autoridade policial ou de
9
z Invocar motivos que se prestariam a justificar
requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de
-9

qualquer outra decisão;


96

5 (cinco) dias, prorrogável por igual período em caso


z Não enfrentar todos os argumentos deduzidos no
.3

de extrema e comprovada necessidade.


processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão
93

Decorrido o prazo contido no mandado de prisão,


adotada pelo julgador;
.0

a autoridade responsável pela custódia deverá, inde-


z Limitar-se a invocar precedente ou enunciado de
06

pendentemente de nova ordem da autoridade judi-


súmula, sem identificar seus fundamentos deter-
-1

cial, pôr imediatamente o preso em liberdade, salvo


minantes nem demonstrar que o caso sob julga-
se já tiver sido comunicada da prorrogação da prisão
a

mento se ajusta àqueles fundamentos;


lv

temporária ou da decretação da prisão preventiva.


z Deixar de seguir enunciado de súmula, jurispru-
Si

Lembre-se que os presos temporários devem ficar


dência ou precedente invocado pela parte, sem
da

separados dos demais detentos.


demonstrar a existência de distinção no caso em
io

julgamento ou a superação do entendimento.


CAPÍTULO IV – DA PRISÃO DOMICILIAR
v

O

A prisão domiciliar pode ser obtida durante o pro-


Importante!
ri

cesso ou na execução pena. Perceba a diferença:


A

O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes,


revogar a prisão preventiva se, no correr da z Prisão domiciliar antes do trânsito em julgado:
investigação ou do processo, verificar a falta de
motivo para que ela subsista, bem como nova- Art. 318 Poderá o juiz substituir a prisão preventiva
mente decretá-la, se sobrevierem razões que a pela domiciliar quando o agente for:
I - maior de 80 (oitenta) anos;
justifiquem. Decretada, deve-se revisar a neces-
II - extremamente debilitado por motivo de doença
sidade de sua manutenção a cada 90 (noventa) grave;
dias. III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa
menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência;
IV - gestante;
LEI Nº 7.960, DE 1989 - PRISÃO TEMPORÁRIA V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade
incompletos;
A prisão temporária só cabe no caso de determi- VI - homem, caso seja o único responsável pelos
nados crimes taxados pela lei, quando imprescindível cuidados do filho de até 12 (doze) anos de idade
304 para as investigações do inquérito policial; ou quando incompletos.
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Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigi- IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a
rá prova idônea dos requisitos estabelecidos neste permanência seja conveniente ou necessária para
artigo. a investigação ou instrução; (Incluído pela Lei nº
Art. 318-A A prisão preventiva imposta à mulher 12.403, de 2011).
gestante ou que for mãe ou responsável por crian- V - recolhimento domiciliar no período noturno e
ças ou pessoas com deficiência será substituída por nos dias de folga quando o investigado ou acusado
prisão domiciliar, desde que: tenha residência e trabalho fixos; (Incluído pela Lei
I - não tenha cometido crime com violência ou gra- nº 12.403, de 2011).
ve ameaça a pessoa; VI - suspensão do exercício de função pública ou
II - não tenha cometido o crime contra seu filho ou de atividade de natureza econômica ou financeira
dependente. quando houver justo receio de sua utilização para
a prática de infrações penais; (Incluído pela Lei nº
z Prisão domiciliar após o trânsito em julgado 12.403, de 2011).
(cumprimento de pena): VII - internação provisória do acusado nas hipó-
teses de crimes praticados com violência ou grave
Art. 117 Somente se admitirá o recolhimento do ameaça, quando os peritos concluírem ser inimpu-
beneficiário de regime aberto em residência parti- tável ou semi-imputável (art. 26 do Código Penal)
cular quando se tratar de: e houver risco de reiteração; (Incluído pela Lei nº
I - condenado maior de 70 (setenta) anos; 12.403, de 2011).
II - condenado acometido de doença grave; VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para
III - condenada com filho menor ou deficiente físico assegurar o comparecimento a atos do processo,
ou mental; evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de
IV - condenada gestante. resistência injustificada à ordem judicial; (Incluído
pela Lei nº 12.403, de 2011).
CAPÍTULO V – DAS OUTRAS MEDIDAS IX - monitoração eletrônica.
CAUTELARES
Novidade no Art. 282 do CPP
De acordo com a inovação no Pacote Anticrime, o
juiz não poderá mais decretar as medidas cautelares Art. 282 [...]
de ofício, isto é, somente serão decretadas pelo juiz § 2º As medidas cautelares serão decretadas pelo
a requerimento das partes ou, quando no curso juiz a requerimento das partes ou, quando no cur-
da investigação criminal, por representação da so da investigação criminal, por representação
autoridade policial ou mediante requerimento do da autoridade policial ou mediante requerimento
Ministério Público. do Ministério Público. (Redação dada pela Lei nº
Ao receber o pedido de medida cautelar, o juiz 13.964, de 2019).
deverá intimar a parte contrária, para se manifestar § 3º Ressalvados os casos de urgência ou de perigo
no prazo de cinco dias. Os casos de urgência ou de de ineficácia da medida, o juiz, ao receber o pedido
9
perigo deverão ser justificados e fundamentados em de medida cautelar, determinará a intimação da
-9

decisão. parte contrária, para se manifestar no prazo de 5


96

No caso de descumprimento de qualquer das obri- (cinco) dias, acompanhada de cópia do requerimen-
.3

to e das peças necessárias, permanecendo os autos


93

gações impostas, o juiz, mediante requerimento do


Ministério Público, de seu assistente ou do querelante, em juízo, e os casos de urgência ou de perigo deve-
.0
06

poderá substituir a medida, impor outra em cumula- rão ser justificados e fundamentados em decisão
que contenha elementos do caso concreto que jus-
-1

ção, ou, em último caso, decretar a prisão preventiva.


O juiz não poderá mais, de ofício, substituir a medi- tifiquem essa medida excepcional. (Redação dada
a

pela Lei nº 13.964, de 2019).


lv

da, impor outra em cumulação ou decretar a prisão


Si

preventiva, nos casos de descumprimento. Todavia, § 4º No caso de descumprimento de qualquer das


obrigações impostas, o juiz, mediante requeri-
da

quando faltar motivo para que subsista a medida cau-

NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


telar imposta ou quando sobrevierem razões que a mento do Ministério Público, de seu assistente ou
io

justifique, o juiz poderá, de ofício, revogá-la ou subs- do querelante, poderá substituir a medida, impor
v

tituí-la, respectivamente. outra em cumulação, ou, em último caso, decretar


O

a prisão preventiva, nos termos do parágrafo único


ri

do art. 312 deste Código. (Redação dada pela Lei nº


Art. 319 São medidas cautelares diversas da pri-
A

13.964, de 2019).
são: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
I - comparecimento periódico em juízo, no prazo § 5º O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes,
e nas condições fixadas pelo juiz, para informar revogar a medida cautelar ou substituí-la quando
e justificar atividades; (Redação dada pela Lei nº verificar a falta de motivo para que subsista, bem
12.403, de 2011). como voltar a decretá-la, se sobrevierem razões que
II - proibição de acesso ou frequência a determi- a justifiquem. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de
nados lugares quando, por circunstâncias rela- 2019).
cionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado § 6º A prisão preventiva somente será determinada
permanecer distante desses locais para evitar o quando não for cabível a sua substituição por outra
risco de novas infrações; (Redação dada pela Lei medida cautelar, observado o art. 319 deste Código,
nº 12.403, de 2011). e o não cabimento da substituição por outra medi-
III - proibição de manter contato com pessoa deter- da cautelar deverá ser justificado de forma funda-
minada quando, por circunstâncias relacionadas mentada nos elementos presentes do caso concreto,
ao fato, deva o indiciado ou acusado dela perma- de forma individualizada.
necer distante; (Redação dada pela Lei nº 12.403,
de 2011). 305
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CAPÍTULO VI – DA LIBERDADE PROVISÓRIA, COM Se a prisão foi em flagrante, quem concede a fiança
OU SEM FIANÇA é a autoridade que preside o auto. Se a prisão foi por
mandado, quem concede a fiança é o juiz que expediu
A prisão é relaxada quando for constatada alguma o mandado ou a autoridade que requisitou a prisão. A
irregularidade. fiança será concedida independentemente de audiên-
Ex. 1: Transcorridas 24 (vinte e quatro) horas da cia do Ministério Público, até o trânsito em julgado.
apreensão a não realização de audiência de custódia O valor da fiança serve para pagar custas, danos,
sem motivação idônea ensejará a ilegalidade da pri- prestação pecuniária, multa, em caso de condenação
são, a ser relaxada pela autoridade competente, sem do réu ou prescrição da sentença condenatória. O res-
prejuízo da possibilidade de imediata decretação de tante que sobrar vai para o fundo penitenciário, em
prisão preventiva. caso de perda da fiança (perde tudo) ou quebra (perde
Ex. 2: Se o investigado estiver preso, o juiz das metade).
garantias poderá, mediante representação da autori- O valor da fiança é restituído caso seja declarada
dade policial e ouvido o Ministério Público, prorro- sem efeito, em caso de absolvição transitada em jul-
gar, uma única vez, a duração do inquérito por até 15 gado ou extinção da ação penal. A fiança é cassada
(quinze) dias, após o que, se ainda assim a investiga- quando não é cabível fiança, ex.: desclassificou o deli-
ção não for concluída, a prisão será imediatamente to para delito inafiançável.
relaxada.
Em até 24h da prisão o juiz deve realizar a audiên- HIPÓTESES DE HIPÓTESES DE QUEBRA
cia de custódia, com a presença do acusado, seu advo- REFORÇO DA FIANÇA DA FIANÇA
gado e o MP. Então o juiz pode optar por: relaxar a
prisão ilegal, converter a prisão em flagrante em pre- A autoridade pegou por Deixar de comparecer à inti-
ventiva, conceder liberdade provisória (com ou sem engano valor insuficiente, mação, obstruir o andamen-
fiança). depreciação/perecimento to do processo, descumprir
Se o juiz verificar que o agente praticou o fato dos bens, desclassificação outra medida cautelar, resis-
mediante alguma excludente de ilicitude, pode conce- do delito que exija um va- tir à ordem judicial, praticar
der liberdade provisória, mediante termo de compa- lor maior. Se o réu não re- nova infração penal dolosa.
recimento obrigatório a todos os atos processuais, sob força a fiança, a fiança fica Como consequência perde
pena de revogação. sem efeito (é devolvida) e metade do valor e o juiz
A liberdade provisória deve ser denegada quando o réu é recolhido à prisão decide se vai impor outras
o agente for reincidente, integrar organização cri- medidas cautelares ou de-
minosa armada, integrar milícia ou portar arma de cretar a prisão preventiva
fogo de uso restrito. Inclusive, se não é caso de prisão
preventiva, o juiz deve conceder liberdade provisória Obs.: Apenas o valor total da fiança se for condena-
(com ou sem medidas cautelares diversas da prisão). do + não se apresentar para o início do cumprimento
da pena.
z A autoridade policial pode conceder fiança se é Por fim, quanto à fiança, não devemos nos esque-
9
uma infração com pena máxima não superior a 4 cer de que ela não é concedida nos seguintes casos:
-9
96

anos de prisão, seja de detenção ou reclusão;


� Superado o limite de pena máxima superior a z Racismo;
.3
93

4 anos de prisão, a fiança deve ser requerida ao z TTT (crimes de tortura, tráfico ilícito e terrorismo)
e hediondos;
.0

JUIZ (tem 48h para decidir). Em outras palavras,


06

a autoridade policial somente poderá conceder z Crimes cometidos por grupos armados civis ou
-1

fiança nos casos de infração cuja pena privativa de militares contra a ordem constitucional e o Estado
liberdade máxima não seja superior a 4 anos. Nos Democrático;
a
lv

demais casos, a fiança será requerida ao juiz, que z Se a fiança já foi quebrada no mesmo processo;
Si

decidirá em 48 horas. z Prisão Civil;


da

z Prisão Militar;
z Se há motivos para decretar a prisão preventiva.
io

VALOR DA FIANÇA PENA z Obs.: Se cabe fiança, o juiz vendo a situação eco-
v

1 a 100 salários mínimos Não passa de 4 anos nômica do réu pode lhe dar a liberdade provisó-
O

ria com medidas cautelares diversas da prisão,


ri

10 a 200 salários mínimos É superior a 4 anos sem que precise pagar a fiança. Se o beneficiário
A

descumprir as medidas impostas o juiz, mediante


A situação econômica do preso pode orientar que requerimento do Ministério Público, de seu assis-
a fiança seja dispensada, reduzida até 2/3 ou aumen- tente ou do querelante, poderá substituir a medi-
tada em 1000x. da, impor outra em cumulação, ou, em último
caso, decretar a prisão preventiva;
z Ao aceitar pagar a fiança, o réu se torna obrigado z Obs.: O crime do art. 24-A da Lei Maria da Penha
a comparecer sempre que intimado, do contrário a tem pena máxima de 2 anos, mas não admite fian-
fiança fica quebrada; ça concedida pela autoridade policial.
z Ao aceitar a fiança, o réu se torna obrigado a não
mudar de residência sem permissão da autorida-
de, nem se ausentar por mais de 8 dias da sua resi-
dência, sem comunicar à autoridade. Do contrário,
a fiança fica quebrada.

306
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Considerando essa situação hipotética, assinale a
HORA DE PRATICAR! opção correta, acerca de crime que se apura mediante
ação penal privada.
1. (FCC — 2021) O princípio da individualização da pena
a) Em face do princípio da oficiosidade, o delegado de
a) fundamentou o posicionamento do Superior Tribunal polícia deverá instaurar o procedimento investigatório,
de Justiça que vedou a regressão de regime de cum- independentemente da formalização do requerimento
primento de pena por salto. de João.
b) garante legitimidade ao exame criminológico diante b) A instauração do inquérito policial suspende a fluência
de sua capacidade de previsão de comportamento do prazo decadencial para o ingresso da ação penal
criminoso futuro e com isso impedir o funcionamento em juízo até a completa apuração dos fatos.
indevido do sistema progressivo. c) Caso João venha a falecer após a instauração do
c) é incompatível com um sistema progressivo de cum- inquérito policial e antes da ação penal, o direito de
primento de pena, já que os benefícios prisionais oferecer queixa-crime passará ao cônjuge, ascenden-
devem ser concedidos objetivamente para garantia do te, descendente ou irmão.
indivíduo em face do Estado. d) Por ser João menor de 21 anos de idade, o direito de
d) permite, por meio do exercício de direitos subjetivos queixa poderá ser exercido por ele ou por seu repre-
na execução penal, que duas pessoas iniciem no mes- sentante legal.
mo dia uma pena idêntica, mas um tenha a pena extin- e) Instaurada a ação penal competente e havendo inér-
ta antes do outro. cia de João, o Ministério Público poderá dar prossegui-
e) confere um caráter misto ao direito de execução penal, mento à referida ação.
composto por normas penitenciárias e administrati-
vas, como as que regulam o agravo em execução. 6. (FCC — 2019) Acerca de ação penal de natureza priva-
da, assinale a opção correta.
2. (FCC — 2019) Em razão da sucessão de leis genuina-
mente processuais penais, será observado, nos pro- a) O perdão do ofendido somente opera os seus efeitos
cessos em andamento, o com a anuência do querelado.
b) O recebimento de indenização por reparação de dano
a) sistema das fases processuais. causado pelo crime, em acordo homologado judicial-
b) sistema do isolamento dos atos processuais. mente, não afasta o direito de queixa-crime.
c) princípio do tempus delicti. c) A ausência do querelante na audiência de instrução
d) princípio da ultratividade da norma, em regra. enseja sua condução coercitiva, desde que este seja
e) sistema da unidade processual. regularmente notificado.
d) A renúncia ao direito de queixa em relação a apenas
3. (FCC — 2022) Considere que, após receber a conclu- um dos autores de um crime não se estenderá aos
são do inquérito policial, o Ministério Público tenha demais.
perdido o prazo para o oferecimento da denúncia. e) Não é cabível aditamento de queixa-crime pelo Minis-
9
tério Público.
-9
96

Nesse caso,
.3

7. (FCC — 2021) Sobre as provas no processo penal:


93

a) não será possível a propositura de ação penal, por fal-


.0

ta de legitimidade. a) Vige, no Processo Penal brasileiro, o sistema tarifado


06

b) o delegado deverá arquivar o inquérito policial, pela de provas, prevalecendo a confissão do réu em detri-
-1

inércia da acusação. mento das demais provas colhidas em contraditório.


c) é cabível ação penal privada subsidiária da pública b) O juiz poderá fundamentar sentença condenatória em
a
lv

proposta pelo ofendido. elementos de prova ilícitos colhidos durante o inquéri-


Si

d) o juiz deverá arquivar o inquérito policial, que somente to policial, desde que corroborados por outras provas.
da

poderá ser desarquivado se surgirem novas provas. c) Há prioridade na realização do exame de corpo de

NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


e) o delegado poderá oferecer a denúncia junto ao juízo delito quando o crime envolver violência doméstica e
vio

competente, iniciando a ação penal. familiar contra mulher.


d) O ônus da prova acerca da ocorrência de alguma


O

4. (FCC — 2022) O inquérito policial, nos crimes em que a excludente de ilicitude cabe ao réu, em obediência à
ri

repartição da responsabilidade probatória.


A

ação pública depender de representação


e) Inexiste o sistema da íntima convicção do julgador na
a) não poderá ser instaurado sem a queixa. valoração das provas, em respeito ao princípio consti-
b) depende da iniciativa do Ministério Público. tucional da motivação das decisões.
c) não poderá sem ela ser iniciado.
d) exige a manifestação prévia do Ministério Público. 8. (FCC — 2022) De acordo com as regras do Código de Pro-
e) não poderá ser arquivado pelo Ministério Público. cesso Penal pertinentes ao interrogatório do acusado,

5. (FCC — 2019) João, de 19 anos de idade, foi vítima de a) compete à defesa iniciar a inquirição do acusado em
crime de calúnia praticado por Maria. Ciente da autoria seu interrogatório.
do ato delituoso, João relatou os fatos informalmente b) constituem ônus da defesa o ato de orientar o acusa-
ao delegado de polícia e solicitou orientação sobre as do antes de seu interrogatório e o de dar ciência a este
providências a serem adotadas. da acusação que lhe é feita.

307
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
c) o interrogando deverá responder às perguntas que lhe e) A prova testemunhal deverá ser colhida obrigatoria-
forem feitas, porém não será admitida a indicação de mente de forma oral, quando envolver presidente ou
provas, por se tratar de faculdade já alcançada pela vice-presidente da República, presidentes do Senado
preclusão. Federal e da Câmara dos Deputados.
d) o interrogatório do réu preso deverá ser necessaria-
mente feito por videoconferência. 12. (FCC — 2022) A acareação como instrumento de
e) antes de proferir a sentença, o juiz poderá determinar, provas
de ofício, a realização de novo interrogatório.
a) é destinada a elucidar provas técnicas.
9. (FCC — 2021) Relativamente às regras sobre a prova b) não é admissível na fase policial.
confessional, é correto afirmar que: c) é exclusiva do Ministério Público.
d) pode ser determinada de ofício pelo juízo.
a) a confissão é divisível e retratável; e) é admitida exclusivamente nos crimes dolosos contra
b) o silêncio do acusado implicará a confissão das con- a vida.
dutas que lhe são imputadas;
c) o silêncio do acusado não importará em confissão das 13. (FCC — 2019) Ao tratar da prova, o Código de Proces-
condutas que lhe são imputadas, mas poderá ser inter- so Penal estabelece que serão considerados docu-
pretado em prejuízo da defesa; mentos quaisquer escritos, instrumentos ou papéis,
d) durante o interrogatório judicial de réu preso, não há públicos ou particulares. Em relação aos documentos
obrigação de que a autoridade judicial informe o acu- em língua estrangeira, eles
sado de seu direito de permanecer calado e de não
responder às perguntas que lhe forem formuladas; a) só poderão ser juntados aos autos, traduzidos ou não,
e) a confissão do acusado possui valor intrínseco supe- mediante requerimento das partes.
rior às demais provas documentais, periciais ou tes- b) sendo originários de órgãos públicos não necessitam
temunhais, devendo ser aferida pelo magistrado por de tradução, enquanto que os particulares deverão
critérios diferenciados em relação ao restante do con- sempre ser traduzidos.
junto probatório. c) só poderão ser juntados aos autos após necessaria-
mente traduzidos por tradutor público ou pessoa idô-
10. (FCC — 2022) A vítima, segundo disposição expressa nea nomeada pela autoridade.
do Código de Processo Penal, d) poderão ser juntados aos autos, mas deverão ser pos-
teriormente traduzidos por tradutor público ou pessoa
a) por ser considerada testemunha principal dos fatos, idônea nomeada pela autoridade.
comete crime de falso testemunho, se falsear a verda- e) poderão ser juntados aos autos, mesmo sem tradu-
de fática. ção, se a crivo do julgador esta se revele desnecessá-
b) por meio de seu advogado habilitado como assistente ria e não cause prejuízo às partes.
de acusação, não poderá interpor apelação quando o
Ministério Público assim não o fizer. 14. (FCC — 2021) Após instauração de inquérito policial
9
-9

c) deverá ser comunicada dos atos processuais relativos para apurar a prática de crime de homicídio, foi obtida
96

ao ingresso e à saída do acusado da prisão, à designa- a informação de que o veículo identificado por teste-
.3

ção de data para audiência e à sentença e respectivos munhas como tendo sido utilizado pelo autor do delito
93

acórdãos que a mantenham ou modifiquem. encontrava-se estacionado na garagem de determina-


.0

d) nos casos de ajuizamento de exclusiva ação privada, da residência.


06

poderá preferir o foro de domicílio ou da residência do


-1

réu, salvo quando conhecido o lugar da infração. Sobre a busca e apreensão domiciliar do veículo, é cor-
e) nos crimes de ação privada, deverá ser intimada a mani- reto afirmar que:
a
lv

festar seu desejo de proceder a inquérito policial, no pra-


Si

zo único de 120 (cento e vinte) dias após os fatos. a) exige prévia deflagração de ação penal;
da

b) a presença física do morador é indispensável, ainda


11. (FCC — 2022) Acerca das regras referentes à prova que exista ordem judicial;
vio

testemunhal dispostas no Código de Processo Penal, c) a medida poderá ser realizada no período noturno,

assinale a opção correta. caso haja consentimento do morador;


O

d) a coisa apreendida ficará sob custódia do seu dono,


ri

a) O juiz poderá impor à testemunha faltosa prisão até


A

que deverá apresentá-la à autoridade policial quando


dez dias, sem prejuízo do processo penal por crime de solicitada;
desobediência, e condená-la ao pagamento das cus- e) o mandado, que é indispensável diante da ausência de
tas da diligência. flagrante, deverá mencionar o local da diligência, não
b) A testemunha que morar fora da jurisdição do juiz será sendo necessária a indicação do seu motivo.
inquirida pelo juiz do lugar de sua residência, expe-
dindo-se, para esse fim, carta precatória, a qual terá o 15. (FCC — 2022) Assinale a opção correta no que concer-
condão de suspender a instrução criminal até conclu- ne a prisão e medidas cautelares.
são dessa diligência.
c) O juiz não permitirá que a testemunha manifeste suas a) Por ser a prisão medida urgente, admite-se que ela seja
apreciações pessoais, salvo quando inseparáveis da efetuada em qualquer lugar e dia, e a qualquer hora.
narrativa do fato. b) Dispensa-se a assinatura no mandado de prisão quan-
d) Os menores de dezesseis anos e os doentes mentais do a autoridade judiciária responsável por sua expedi-
não prestam compromisso. ção se fizer presente em seu cumprimento.
c) A falta de exibição de mandado não obsta a prisão se
308 a infração for inafiançável.
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d) Tanto o ato de prisão quanto a aplicação de medidas 19. (FCC — 2022) Acerca das medidas cautelares diversas
cautelares requerem que sejam observados a necessi- da prisão, assinale a opção correta.
dade, a adequação, a regulamentação, os usos e cos-
tumes e os princípios gerais de direito. a) Em razão do sistema acusatório e do princípio do
e) Ao juiz é proibido dispensar a manifestação da parte contraditório, por previsão expressa do Código de
contrária antes de decidir sobre o pedido de medida Processo Penal, o juiz não poderá revogar de ofício a
cautelar. medida cautelar ou substitui-la quando verificar a fal-
ta de motivo para que ela subsista, tampouco voltar a
16. (FCC — 2022) No curso de inquérito que investigava decretá-la se sobrevierem razões que a justifiquem.
uma organização criminosa especializada na prática b) A prática de nova infração penal pelo sujeito que esti-
do crime de contrabando, policiais federais obtiveram ver em liberdade provisória pelo pagamento de fiança
informações sobre a importação clandestina de mer- resultará na perda total do valor depositado a título
cadoria por membros da organização em data futura. da fiança, podendo o juiz estabelecer outras medidas
Antes de se dirigir ao local de recebimento do mate- cautelares que entender adequadas.
rial contrabandeado, a autoridade comunicou ao juízo c) Segundo o Código de Processo Penal, o réu afiança-
competente o retardamento da intervenção policial, do não pode se ausentar de sua residência por mais
com a finalidade de acompanhar toda a ação e obter de cinco dias sem comunicar o local onde poderá ser
maiores informações sobre a organização, inclusive encontrado, sob pena de quebramento da fiança.
com a identificação de outros membros. d) Se, na delegacia, a autoridade policial conceder a liber-
dade provisória mediante o pagamento de fiança e o
Assim, os policiais observaram a prática delitiva, deixan- preso tiver o dinheiro em mãos, mas não puder efe-
do de prender os agentes imediatamente, para efetuar tuar o depósito de pronto, constando em termo, o valor
a prisão dos envolvidos apenas em momento posterior, poderá ser entregue ao escrivão, que, dentro de três
quando obtiveram informações mais relevantes. dias, deverá dar o destino correto à quantia.
e) O indiciado que seja maior de oitenta anos ou porta-
Assim sendo, houve, no caso, flagrante dor de doença grave, assim como a indiciada gestante,
poderá ficar em prisão domiciliar, sendo-lhe permitido
a) provocado. ausentar-se de casa se houver anuência da autoridade
b) presumido. policial ou judicial.
c) forjado.
d) preparado. 20. (FCC — 2022) A fiança, medida cautelar diversa da pri-
e) diferido. são, será cabível no caso da suposta prática do crime de

17. (FCC — 2022) Sobre a prisão preventiva, é correto afir- a) furto qualificado pelo emprego de explosivo.
mar que: b) posse de arma de fogo de uso proibido.
c) roubo majorado pelo concurso de agentes.
a) a gravidade em abstrato do crime constitui uma das d) roubo majorado pela restrição de liberdade da vítima.
9
-9

fundamentações idôneas para a decretação ou manu- e) favorecimento da prostituição de criança ou adoles-


96

tenção da custódia cautelar; cente vulnerável.


.3

b) a periculosidade do agente não constitui uma das fun-


93

damentações idôneas para a decretação ou manuten- 9 GABARITO


.0

ção da custódia cautelar;


06

c) a necessidade de interromper a atuação de organiza-


-1

ção criminosa não constitui uma das fundamentações 1 D


idôneas para a decretação ou manutenção da custó-
a

2 B
lv

dia cautelar;
Si

d) a inobservância do prazo nonagesimal previsto no 3 C


da

parágrafo único do Art. 316 do Código de Processo

NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


Penal não implica automática revogação da prisão 4 C
vio

preventiva, devendo o juiz ser instado a reavaliar a


5 C
legalidade e a atualidade de seus fundamentos;
O

e) a inobservância do prazo nonagesimal previsto no 6 A


ri

parágrafo único do Art. 316 do Código de Processo


A

Penal não implica automática revogação da prisão 7 C


preventiva, desde que o Ministério Público se manifes-
8 E
te pela manutenção da custódia cautelar.
9 A
18. (FCC — 2022) A prisão domiciliar é cabível
10 C
a) em substituição à prisão preventiva.
11 C
b) para gestantes a partir do 7.º mês de gestação, nos
termos da lei. 12 D
c) em substituição à prisão temporária.
d) para os inimputáveis, assim declarados por perícia 13 E
médica.
14 C
e) para o homem, quando ele for o único responsável pelos
cuidados de filho de até 18 anos de idade incompletos. 15 C
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
16 E

17 D

18 A

19 D

20 C

ANOTAÇÕES

9
-9
96
.3
93
.0
06
-1
a
lv
Si
da
vio

O
ri
A

310
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