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NV-014NB-22
Cód.: 7908428803704
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Obra
Autores
LÍNGUA PORTUGUESA • Ana Cátia Collares, Giselli Neves, Isabella Ramiro e Monalisa Costa
MATEMÁTICA BÁSICA • Ivanilson Junior, Kairton Batista (Prof. Kaká) e Sérgio Mendes
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ISBN: 978-85-93690-96-9
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Edição: Novembro/2022
com pena de até um ano de prisão, além de multa (art. 180 do CP).
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com você!
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disponível em videoaulas.
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SUMÁRIO
LÍNGUA PORTUGUESA.......................................................................................................9
INTERPRETAÇÃO E COMPREENSÃO DE TEXTOS............................................................................. 9
INTERTEXTUALIDADE........................................................................................................................ 14
GÊNEROS TEXTUAIS........................................................................................................................... 16
TIPOLOGIA TEXTUAL......................................................................................................................... 21
FUNÇÕES DA LINGUAGEM................................................................................................................. 25
VARIEDADES LINGUÍSTICAS............................................................................................................. 26
TIPOS DE DISCURSO.......................................................................................................................... 27
ACENTUAÇÃO GRÁFICA.................................................................................................................... 28
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ORTOGRAFIA....................................................................................................................................... 29
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SINTAXE............................................................................................................................................... 55
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COLOCAÇÃO PRONOMINAL.............................................................................................................. 72
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COESÃO E COERÊNCIA....................................................................................................................... 72
PONTUAÇÃO....................................................................................................................................... 76
REDAÇÃO...............................................................................................................................85
INTRODUÇÃO À REDAÇÃO................................................................................................................. 85
RAZÃO E PROPORÇÃO.....................................................................................................................117
PORCENTAGEM.................................................................................................................................120
EQUAÇÕES.........................................................................................................................................123
SISTEMA DE EQUAÇÕES..................................................................................................................125
NOÇÕES DE GEOMETRIA.................................................................................................................131
FORMA.............................................................................................................................................................131
PERÍMETRO......................................................................................................................................................132
ÁREA.................................................................................................................................................................132
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VOLUME...........................................................................................................................................................134
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TEOREMA DE PITÁGORAS..............................................................................................................................136
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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO.............................................................. 221
PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.................................................................................221
AGENTES PÚBLICOS........................................................................................................................234
ATOS ADMINISTRATIVOS................................................................................................................247
BENS PÚBLICOS................................................................................................................................262
SERVIÇOS PÚBLICOS.......................................................................................................................266
AÇÃO PENAL.....................................................................................................................................293
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DA PROVA..........................................................................................................................................296
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INFERÊNCIA – ESTRATÉGIAS DE INTERPRETAÇÃO
breve diferença entre os termos compreensão e expressão “minha chefe”) e a terceira é que o marido
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entre palavras do nosso vocabulário, a opção do autor de inferência, sejam por dedução ou por indução, par-
por um termo ao invés de outro reflete um sentido
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das ideias que o leitor pode concluir com a leitura. das pelo leitor do texto.
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Já a compreensão busca a análise de algo exposto no A seguir, apresentamos um fluxograma que repre-
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A propriedade vocabular leva o cérebro cimento de vocabulário e regras da língua, chegando até o
PROCURE
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a aproximar as palavras que têm maior conhecimento sobre o uso da língua” (2016, p. 15).
SINÔNIMOS
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localizadores textuais
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A DEDUÇÃO
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fiou valentemente todos os risos desdenhosos que Quando escolhemos determinadas palavras ou
tentaram dissuadi-lo de seu plano. “Os olhos enga- expressões dentro de um conjunto de possibilidades
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nam” disse ele, “um ovo e não uma mesa tipificam de uso, estamos levando em conta o contexto que
Si
três irmãs fortes e resolutas saíram à procura de relações de sentido. Essas relações podem se dar por
provas, abrindo caminho, às vezes através de imen- meio de: sinonímia, antonímia, homonímia, paroní-
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sidões tranquilas, mas amiúde através de picos e mia, polissemia, hiponímia e hiperonímia.
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sobre o texto:
Léxico: conjunto de todas as palavras e expres-
Quem é o herói de que trata o texto?
sões de um idioma.
Quem são as três irmãs?
LÍNGUA PORTUGUESA
Parônimos
z Absorver/absolver
9
Fonte: https://bit.ly/3kETkpl. Acesso em: 16 out. 2020.
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esponjas (sorver).
A relação de sentido estabelecida na tirinha é
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construída a partir dos sentidos opostos das palavras de seus pecados (inocentar).
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se contexto. z Aferir/auferir
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Homônimos são palavras que têm a mesma pro- O empresário consegue sempre auferir lucros
da
Multiplicidade de sentidos encontradas em algu- Os infográficos são uma forma moderna de apre-
mas palavras, dependendo do contexto. As palavras sentar o sentido. Essa palavra une os termos info
polissêmicas guardam uma relação de sentido entre (informação) e gráfico (desenho, imagem, representa-
si, diferenciando-as das palavras homônimas. A polis- ção visual), ou seja, um desenho ou imagem que, com o
semia é encontrada no exemplo a seguir: apoio de um texto, informa sobre um assunto que não
seria muito bem compreendido somente com um texto.
Para interpretar os dados informativos em um
infográfico, é preciso boa leitura e esta requer atenção
aos detalhes. As representações neste formato aliam
ao texto uma série de atrativos visuais, cabendo ao
leitor ser extremamente observador. Ter atenção ao
título, ao tema e a fonte das informações é vital para
Fonte: https://bit.ly/3jynvgs. Acesso em: 17 out. 2020. uma boa análise e interpretação.
Hipônimo e Hiperônimo
Gráfico
LÍNGUA PORTUGUESA
Componentes de um gráfico:
INTERTEXTUALIDADE PARÓDIA
Existem diversos mecanismos que são meios A paródia é um tipo de intertextualidade estilística
importantes e, muitas vezes, imprescindíveis à cons- em que o autor recupera o estilo de outro texto, seja
trução de sentido dos gêneros textuais, dentre eles, verbal ou não verbal. É muito comum tanto em tex-
a intertextualidade. Ao nos referirmos à ideia de tos musicais, nos quais são recuperados a melodia e o
construção dos sentidos mediante o uso de gêneros estilo do intérprete original, quanto em textos visuais,
textuais destacamos a estrutura, o propósito comu- como no exemplo a seguir:
nicativo e a função dos gêneros. Um outro elemento
importante para a compreensão textual é a intertex-
tualidade, que diz respeito à propriedade de um texto
se relacionar com outros.
Para se entender melhor a estrutura e a função
do termo intertextualidade, pode-se separar a pala-
vra em partes: “inter” é de origem latina e refere-se
à noção de dentro, ou seja, o que está dentro do texto,
e “textualidade” tem a noção de conteúdo, palavras.
Unindo as duas, forma-se a intertextualidade, a partir
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da qual podemos dar origem a um outro texto.
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tamos esse exemplo que resume a ideia de intertex- Uma das caraterísticas da paródia é o tom irônico e
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tualidade que iremos trabalhar neste material: humorístico que pode variar, dependendo da sua fina-
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lidade textual.
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PARÁFRASE
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1 Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos “A confiabilidade das fontes citadas confere rele-
anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que vância ao trabalho acadêmico, cabendo, portan-
soa ou como o sino que tine. 2 E ainda que tivesse to, ao produtor do texto, selecioná-las com rigor”
(BOAVENTURA, 2004, p. 81).
o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios
e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de
z Citação indireta:
maneira tal que transportasse os montes, e não
tivesse amor, nada seria [...] Segundo Boaventura (2004, p. 81), o respeito ao
trabalho acadêmico é diretamente proporcional à
11 Soneto – Luis Vaz de Camões credibilidade das fontes utilizadas, por isso é neces-
sário atentar-se para os diversos tipos de citação
Amor é um fogo que arde sem se ver, aqui mencionados.
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente, Dica
é dor que desatina sem doer. A citação indireta é um tipo de paráfrase.
mos seguir as regras da Associação Brasileira de Nor- Ex.: No início deste capítulo, poderíamos ter colo-
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mas Técnicas – ABNT. A seguir, disponibilizamos um cado a epígrafe: “Sei que às vezes uso palavras repe-
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exemplo de referência com a indicação de uma das tidas, mas quais são as palavras que nunca são ditas”
.0
obras citadas neste material: (trecho da música Quase sem querer da banda Legião
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KOCH, I. G. V.; ELIAS, V. M. Ler e compreender: os pletamente inédito em nosso contexto atual.
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Bricolagem
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Tradução
outras línguas. É o caso do mineiro de Cordisburgo, Gui- O QUE SÃO OS GÊNEROS TEXTUAIS?
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repleta de neologismos, como os destacados a seguir: Quando pensamos em uma definição para gêne-
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Taurophtongo: Significa mugido, sendo a palavra remeter aos conceitos de Tragédia e Comédia, refe-
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uma junção de dois termos gregos, relativos a touro rentes aos clássicos da literatura grega. Afinal, quem
O
(táuros) e ao som da sala (phtoggos). nunca ouviu falar das histórias de Ilíada ou A Odis-
ri
Embriagatinhar: A mistura de “embriagado” e seia, ambas de Homero? Mas o que esses textos têm
A
“(en)gatinhar” serve para designar uma pessoa que, em comum? Inicialmente, você pode ser levado a pen-
de tão bêbada, chega a engatinhar. sar que nada, além do fato de terem sido escritos pelo
Velvo: Adaptação do inglês velvet, que significa
mesmo autor; porém, a estrutura dessas histórias res-
“veludo”. Na linguagem de Guimarães Rosa, é o
nome dado para uma planta de folhas aveludadas. peita um padrão textual estabelecido e reconhecido
Circuntristeza: Como a própria palavra sugere, na época em que foram escritas.
refere-se à “tristeza circundante”. De maneira análoga, quando pensamos em gêne-
ros textuais, devemos identificar os elementos que
Fonte: https://bit.ly/34DFj5D. Acesso em: 16 out. 2020.
caracterizam textos, aparentemente, tão diferentes.
Logo, da mesma forma que comparamos as estruturas
Diante desse complexo léxico, como traduzir
expressões que até para um brasileiro podem ser de Ilíada e Odisseia, é preciso buscar as semelhanças
difíceis compreender? Por isso, a tradução é um texto entre uma notícia e um artigo de opinião, por exem-
intertextual, pois cabe ao tradutor adaptar e parafra- plo, e também é fundamental identificar as razões que
sear trechos cuja complexidade só poderia ser alcan- nos levam a classificar cada um desses gêneros com
16 çada por falantes nativos. termos diferentes.
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Além disso, um gênero textual, para ser identifica-
Importante! do como tal, é amparado por um protótipo textual, o
qual também pode ser reconhecido como estereótipo
Esse ponto de interseção é o que podemos esta-
textual, que resguarda características básicas do gêne-
belecer como os principais aspectos de classifi-
ro. Por exemplo, ao olharmos para o anúncio mencio-
cação de um gênero textual.
nado acima, identificamos traços do gênero contos de
fada tanto na porção textual do anúncio que começa
Dessa forma, conforme Maingueneau (2018, p. com a frase: “era uma vez...” quanto pelas imagens
71), o ponto de interseção que estabelece sobre qual que remetem ao conto da “Branca de Neve”.
gênero estamos tratando é indicado por “rotinas de Tais marcas, sobretudo as linguísticas, auxiliam os
comportamentos estereotipados e anônimos que se falantes de uma comunidade a reconhecer o gênero e
estabilizaram pouco a pouco, mas que continuam sujei-
também a escrever esse gênero quando necessitam.
tos a uma variação contínua”. Logo, o primeiro ele-
mento que precisamos identificar para classificar um Isso é o que torna a característica da prototipicidade
gênero é o papel social, marcado pelos comportamen- tão importante no reconhecimento e na classificação
tos e pelas “rotinas” humanas típicas de quem vive em de um gênero. Ademais, os traços estereotipados de
sociedade e, portanto, precisa se fazer compreender um gênero devem ser reconhecidos por uma comu-
tão bem quanto ser compreendido. nidade, reafirmando o teor social desses elementos e
Esse é sem dúvidas o elemento que melhor dife- estabelecendo a importância de um indivíduo adqui-
rencia tipos e gêneros textuais, uma vez que os tipos rir o hábito da leitura, pois quanto mais se lê, a mais
textuais não têm apelo ao ambiente social e são mui-
gêneros se é exposto.
to mais identificáveis por suas marcas linguísticas. O
fator social dos gêneros textuais também irá direcio- Portanto, a partir de todas essas informações sobre
nar outros aspectos importantes na classificação des- os gêneros textuais, podemos afirmar que, de maneira
ses elementos, justamente devido à dinâmica social resumida, os gêneros textuais são ações linguísti-
em que estão inseridos, os gêneros são passíveis de cas situadas socialmente que servem a propósitos
alterações em sua estrutura. específicos e são reconhecidos pelos seus traços
Tais alterações podem ocorrer ao longo do tempo, em comum. A seguir, demonstramos uma tabela com
tornando o gênero completamente modificado, como se
as características básicas para a correta identificação
deu com as cartas pessoais e os e-mails, por exemplo; ou
podem ser alterações pontuais que se prestam a uma fina- dos gêneros textuais:
lidade específica e momentânea, como aconteceu com o GÊNEROS TEXTUAIS SÃO:
anúncio, apresentado a seguir, da loja “O Boticário”:
z Ações sociais
z Ações com configuração prototípica
z Reconhecidos pelos membros de uma comunidade
z O propósito de uma ação social
z Divididos em classes
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Fonte: https://bit.ly/34yptsR. Acesso em: 12 set. 2020. GÊNEROS TEXTUAIS TIPOS TEXTUAIS
da
O gênero anúncio apresenta uma clara referên- Relação com aspectos Associação a aspectos
io
modificada para que o propósito do anúncio fosse Podem ser alterados ção, sob pena de serem
ri
reclassificados
rir os produtos da marca. No caso do gênero anún-
cio publicitário, usar outros gêneros e modificar sua Estabelecem uma função Organizam os gêneros
estrutura básica é uma estratégia que é estabelecida a social textuais
LÍNGUA PORTUGUESA
Um casal suspeito de realizar assaltos foi argumentativo é organizado em três macro partes:
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preso após capotar um carro ao dirigir na tese, desenvolvimento e conclusão. Por manter esse
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Uma das vítimas, que preferiu não se iden- Corpo não é o foco da notícia, tendo em vista que a notícia
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tificar, disse que os assaltantes dirigiam da notícia busca apenas a divulgação da informação.
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em alta velocidade pelas ruas após abor- Diante disso, o suporte de veiculação das repor-
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dar de forma fria os pertences. “A mulher tagens é, quase sempre, aquele que faz uso do vídeo,
Si
Fonte: https://glo.bo/35KM591. Acesso em: 14 set. 2020. podem ser veiculadas em suportes escritos, como
O
Na formulação de uma notícia, para que ela atinja redes sociais, estas são os principais meios de divulga-
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seu propósito de informar, é fundamental que o autor ção desse gênero atualmente.
do texto seja guiado por essas perguntas a fim de tor- Conforme a Academia Jornalística (2019), a repor-
nar seu texto imparcial e objetivo: tagem apresenta informações mais detalhadas sobre
O quê? um fato e/ou fenômeno de grande relevância social.
Isso significa que o repórter deve demonstrar os lados
Onde? MANCHETE
que compõem a matéria, a fim de que o leitor cons-
trua sua própria opinião sobre o tema.
Quando? A despeito dessas diferenças na construção dos
gêneros mencionados, a reportagem e a notícia guar-
CORPO DA Como? dam semelhanças, como a busca pelas respostas às
NOTÍCIA
Por quê? perguntas O quê? Como? Por quê? Onde? Quando?
Quem? Essas perguntas norteiam a escrita tanto da
reportagem quanto da notícia, que se diferencia da
18 primeira por seu caráter essencialmente informativo.
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NOTÍCIA REPORTAGEM
Apresenta um fato de forma simples e objetiva Questiona fatos e efeitos de um fato determinado
Objetivo é informar Apresenta argumentos sobre um mesmo fato
Apuração dos fatos objetiva Apuração extensa
Conteúdo sem ordem determinada, pode apresentar en-
Conteúdo de curto prazo
trevistas, dados, imagens, etc.
Conteúdo segue o modelo da pirâmide invertida (conf. acima)
É importante ressaltar que nenhum gênero é composto apenas por uma única sequência textual e que, portan-
to, a reportagem também apresentará esse paradigma, pois esse gênero é essencialmente argumentativo, porém
pode apresentar outras sequências textuais a fim de alcançar seu objetivo final.
A seguir, daremos continuidade aos nossos estudos sobre os principais gêneros textuais objeto de provas de
concurso com um dos gêneros mais comuns em provas de seleções: o artigo de opinião.
ARTIGO DE OPINIÃO
O artigo de opinião faz parte da ordem de textos que buscam argumentar. Esse gênero usa a argumentação
para analisar, avaliar e responder a uma questão controversa. Esse instrumento textual situa-se no âmbito do
discurso jornalístico, pois é um gênero que circula, principalmente, em jornais e revistas impressos ou virtuais.
Com o artigo de opinião, temos a discussão de um problema de âmbito social. E, por meio dessa discussão, pode-
mos defender nossa opinião, como também refutar opiniões contrárias às nossas, ou ainda, propor soluções para
a questão controversa.
A intenção do escritor ao escolher o artigo de opinião é a de convencer seu interlocutor; para isso, ele terá que
usar de informações, fatos, opiniões que serão seus argumentos. Bräkling apud Ohuschi e Barbosa aponta:
O artigo de opinião é um gênero de discurso em que se busca convencer o outro de uma determinada ideia, influen-
ciá-lo, transformar os seus valores por meio de um processo de argumentação a favor de uma determinada posição
assumida pelo produtor e de refutação de possíveis opiniões divergentes. É um processo que prevê uma operação
constante de sustentação das afirmações realizadas, por meio da apresentação de dados consistentes que possam
convencer o interlocutor (2011, p. 305).
Dessa forma, para alcançar o objetivo do gênero, o escritor deverá usar diversos conhecimentos, como: enci-
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-9
clopédicos, interacionais, textuais e linguísticos. É por meio da escolha de determinados recursos linguísticos que
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percebemos que nada é por acaso, pois, a cada escolha há uma intenção: “[...] toda atividade de interpretação pre-
.3
sente no cotidiano da linguagem fundamenta-se na suposição de quem fala tem certas intenções ao comunicar-se”
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Quando queremos dar uma opinião sobre determinado tema, é necessário que tenhamos conhecimento sobre
06
ele. Por isso, normalmente, os autores de artigos de opinião são especialistas no assunto por eles abordado. Ao
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escolherem um assunto, os autores devem considerar as diversas “vozes” já existentes sobre mesmo assunto. E,
a
Por isso, a linguagem utilizada pelo articulista de um texto de opinião deve ser simples, direta, convincente.
Si
Utiliza-se a terceira pessoa, apesar de a primeira ser adequada para um artigo de opinião pessoal; porém, ao esco-
da
lher a terceira pessoa do singular, o articulista consegue dar um tom impessoal ao seu texto, fazendo com que sua
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Quanto à composição estrutural, Kaufman e Rodriguez (1995) apud Pereira (2008) propõem a seguinte
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estruturação:
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A
z Identificação do tema, acompanhada de seus antecedentes e alcance para situar a questão polêmica;
z Tomada de posição, exposição de argumentos de modo a justificar a tese;
z Reafirmação da posição adotada no início da produção, ao mesmo tempo em que as ideias são articuladas e o
LÍNGUA PORTUGUESA
texto é concluído.
No processo de escrita de qualquer texto, é preciso estar atento aos elementos de coesão que ligam as ideias do
autor aos seus argumentos, porém, nos textos argumentativos, é fundamental prestar ainda mais atenção a esse
processo; por isso, muito cuidado com a coesão na escrita e na leitura de textos opinativos. 19
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A fim de mantermos a linha de pensamento nos estudos de textos argumentativos, seguimos nossa abordagem
apresentando outro gênero sempre presente nas provas de língua portuguesa em concursos públicos: o editorial.
EDITORIAL
Até aqui, estudamos dois gêneros com predominância de sequência argumentativa. O terceiro será o editorial,
gênero muito marcante no âmbito jornalístico e que expressa a opinião de um veículo de comunicação.
Como já debatemos muito sobre a estrutura dos textos argumentativos de uma forma geral, iremos nos aten-
tar aqui para as principais características do gênero editorial e no que ele se diferencia do artigo de opinião, por
exemplo.
EDITORIAL - CARACTERÍSTICAS
z Expressa opinião de um jornal ou revista a respeito de um tema atual
z O objetivo desse gênero é esclarecer ou alertar os leitores sobre alguma temática importante
z Busca persuadir os leitores, mobilizando-os a favor de uma causa de interesse coletivo
z Sua estrutura também é baseada em: Introdução, Desenvolvimento e Conclusão
O início de um editorial é bem semelhante ao de um artigo de opinião: apresenta-se a ideia central ou proble-
ma social a ser debatido no texto, posteriormente segue-se a apresentação do ponto de vista defendido e conclui-
-se com a retomada da opinião apresentada inicialmente. A principal diferença entre editorial e artigo de opinião
é que aquele representa a opinião de uma corporação, empresa ou instituição.
O editorial, além de ser um gênero muito comum nas provas de interpretação textual em concursos públicos,
também é, recorrentemente, cobrado por muitas bancas em provas de redação. Por isso, a seguir, apresentamos
um breve esquema para facilitar a escrita desse gênero, especialmente em certames que cobrem redação.
Análise e as possíveis motivações que tornam o tema polêmico (ou justificativas de especialista da
93
Parágrafo 3
área). É preciso trazer dados factuais, exemplos concretos que ilustram a argumentação
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Parágrafo 4 Conclusivo, com o posicionamento crítico final, retomando o posicionamento inicial sem se repetir
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A seguir, apresentamos nosso último gênero textual abordado neste material. Lembramos que o universo de
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gêneros textuais é imenso, por isso, é impossível apresentar uma compilação de estudos com todos os gêneros;
Si
apesar disso, trazemos aqui os principais gêneros cobrados em avaliações de língua portuguesa. Seguindo esse
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CRÔNICA
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O gênero crônica é muito conhecido no meio literário no Brasil. Podemos citar ilustres autores que se tornaram
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famosos pelo uso do gênero, como Luís Fernando Veríssimo e Marina Colasanti. Também por ser um gênero curto
de cunho social voltado para temas atuais, é muito usado em provas de concurso para ilustrar questões de inter-
pretação textual e também para contextualizar questões que avaliam a competência gramatical dos candidatos.
As crônicas apresentam uma abordagem cotidiana sobre um assunto atual e podem ser narrativas ou
argumentativas.
Apesar de as formas de texto verbais serem o formato mais comum na construção de uma crônica, atualmen-
20 te, podemos encontrar crônicas veiculadas em outros formatos, como vídeo, muito divulgados nas redes sociais.
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No tocante ao estilo da crônica argumentativa, trata-se de um texto com estrutura argumentativa padrão
(introdução, desenvolvimento, conclusão), muito veiculado em jornais e revistas, e, por isso, é um gênero que
passeia pelos ambientes literários e jornalísticos; apresenta um teor opinativo forte, com observação dos fatos
sociais mais atuais. Outra característica presente nesse gênero é o uso de figuras de linguagem, como a ironia e a
metáfora, que auxiliam na presença do tom sarcástico que a crônica pode ter.
A seguir, apresentamos um trecho da crônica “O que é um livro?” da escritora Marina Colasanti em que pode-
mos identificar as principais características desse gênero:
O que é um livro?
O que é um livro? A pergunta se impõe neste momento em que a isenção de impostos sobre o objeto primeiro da
cultura e do conhecimento está em risco. Uma contribuição tributária de 12% afastaria ainda mais a leitura de quem
tanto precisa dela.
Um livro é:
– A casa das palavras. Acabei de gravar um vídeo para jovens estudantes e disse a eles que o ofício de um
escritor é cuidar dessa casa, varrê-la, fazer a cama das palavras, providenciar sua comida, vesti-las com harmonia.
– A nave espacial que nos permite viajar no tempo para a frente e para trás. Habitar o passado ao tempo em que
foi escrito. Ou revisitá-lo de outro ponto de vista, inalcançável quando o passado aconteceu: o do presente, com
todos os conhecimentos adquiridos e as novas maneiras de viver. […]
- Ao mesmo tempo, espelho da realidade e ponte que nos liga aos sonhos. Crítica e fantasia. Palavra e música,
prosa e poesia. Luz e sombra. Metáfora da vida e dos sentimentos. Lugar de preservação do alheio e ponto de
encontro com nosso núcleo mais profundo. Onde muitas portas estão disponíveis, para que cada um possa abrir a
sua.
– A selva na qual, entre rugidos e labaredas, dragões enfrentam centauros. O pântano onde as hidras agitam
suas múltiplas cabeças.
– Todas as palavras do sagrado, todas elas foram postas nos livros que deram origem às religiões e neles
conservadas.
Fonte: https://bit.ly/2HIecxi. Acesso em:17 set. 2020. Adaptado.
Como podemos notar, a crônica trata de um assunto bem atual: o aumento da carga tributária que incide sobre
o preço dos livros. A autora apresenta sua opinião e segue argumentando sobre a importância dos livros na socie-
dade com um ponto de vista ladeado pela literatura, o que fortalece sua argumentação.
Para finalizar nossos estudos sobre gêneros textuais, é importante deixarmos uma informação relevante sobre
esse assunto. Para muitos autores, os gêneros não apenas moldam formas de texto, mas formas de dizer marcadas
pelo discurso; por isso, em algumas metodologias (e também em alguns editais de concurso), os gêneros serão tra-
tados como do discurso.
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Dica
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.3
Gêneros do discurso marcam o processo de interação verbal; como todo discurso materializa-se por meio de
93
textos, a nomenclatura gêneros textuais torna-se mais adequada para essa perspectiva de estudos. Podemos
.0
distinguir as duas variantes vocabulares de acordo com as demandas sociais e culturais de estudo dos gêneros.
06
-1
a
lv
Si
TIPOLOGIA TEXTUAL
da
Tipos ou sequências textuais são unidades que estruturam o texto. Para Bronckart1, “são unidades estruturais, rela-
O
Os tipos textuais marcam uma forma de organização da estrutura do texto, que se molda a depender do gênero
discursivo e da necessidade comunicativa. Por exemplo, há gêneros que apresentam a predominância de narra-
ções (contos, fábulas, romances, história em quadrinhos etc.). Já em outros, predomina a argumentação (redação
do Enem, teses, dissertações, artigos de opinião etc.).
LÍNGUA PORTUGUESA
Uma última informação muito importante sobre tipos Cabelos longos não usa mais
Não toca a sua guitarra e sim
textuais que devemos considerar é que nenhum texto é
Um instrumento que sempre dá
composto apenas por um tipo textual; o que ocorre é a A mesma nota,
existência de predominância de algumas sequências em Situação final /
ra-tá-tá-tá
detrimento de outras, de acordo com o texto. Avaliação
Não tem amigos, não vê garotas
A seguir, aprenderemos a diferenciar cada classe Só gente morta caindo ao chão
de tipos textuais, reconhecendo suas principais carac- Ao seu país não voltará
terísticas e marcas linguísticas. Pois está morto no Vietnã [...]
No peito, um coração não há
Moral
CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS TEXTUAIS E SUAS Mas duas medalhas sim
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
Disponível em: https://www.letras.mus.br/engenheiros-do-
Narrativo hawaii/12886/. Acesso em: 30 ago. 2021.
Os textos compostos predominantemente por Essas sete marcas que definem o tipo textual nar-
sequências narrativas cumprem o objetivo de contar rativo podem ser resumidas em marcas de organiza-
uma história, narrar um fato. Por isso, precisam man- ção linguística que são caracterizadas por:
9
-9
de algumas estratégias, como a organização dos fatos a z Presença de marcadores temporais e espaciais;
.3
desfecho que poderá ou não apresentar uma moral. z Presença de narrador e personagens.
06
brio, o que demanda uma situação conflituosa; Os gêneros textuais que são predominantemen-
da
z Resolução: momento de solução da tensão; pre identificar as marcas linguísticas que são pre-
ri
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Outro indicador do texto narrativo é a presença do Considerando as emergências comunicativas do
narrador da história. Por isso, é importante apren- mundo moderno, a carta tornou-se um gênero menos
dermos a identificar os principais tipos de narrador usual e, aos poucos, substituído por outros gêneros,
de um texto: como, por exemplo, o e-mail.
A sequência descritiva também pode se apresentar
Narrador: também conhecido como foco narrativo, é o de forma esquemática em alguns gêneros, como pode-
responsável por contar os fatos que compõem o texto mos ver no cardápio a seguir:
Narrador personagem: verbos flexionados em 1ª pes-
soa. O narrador participa dos fatos
Narrador observador: verbos flexionados em 3ª pessoa.
O narrador tem propriedade dos fatos contados, porém,
não participa das ações
Narrador onisciente: os fatos podem ser contados na 3ª
ou 1ª pessoa verbal. O narrador conhece os fatos e não
participa das ações, porém, o fluxo de consciência do nar-
rador pode ser exposto, levando o texto para a 1ª pessoa
Descritivo
São exemplos de textos cujo tipo textual predominan- Disponível em: https://g1.globo.com/sp/sorocaba-jundiai/
.3
noticia/2020/07/12/filha-de-dono-de-cantina-faz-desenhos-para-
te é a descrição: relato de viagem, currículo, anúncio,
93
30 ago. 2021.
Veja um trecho da Carta de Pero Vaz de Caminha,
06
do de Brasil.
lv
tanta inocência assim descobertas, que não havia fim de deixar claro o tema principal do texto. Nesse tipo
nisso desvergonha nenhuma. textual, é muito comum a presença de dados, informa-
Disponível em: https://www.todamateria.com.br/carta-de-pero-vaz-
ções científicas, citações diretas e indiretas, que servem
de-caminha/. Acesso em: 30 ago. 2021. para embasar o assunto do qual o texto trata. Para ilus-
trar essa explicação, veja o exemplo a seguir:
Note que apesar da presença pontual da sequência
narrativa, há predominância da descrição do cenário
e dos personagens, evidenciada pela presença de adje-
tivos (galantes, preto, vermelho, nuas, tingida, desco-
bertas etc.). A carta de Pero Vaz constitui uma espécie
de relato descritivo utilizado para manter a comuni-
cação entre a Corte Portuguesa e os navegadores. 23
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Os textos expositivos são comuns em gêneros cien-
tíficos ou que desencadeiam algum aspecto de curiosi-
dade nos leitores, como o exemplo a seguir:
Instrucional ou Injuntivo
guagem clara e objetiva, de recursos visuais para atin- ro textual que apresente esse tipo de texto, como o
96
nem de longe compensam o dinheiro gasto com portamento do receptor da mensagem. Essa função
essas doenças. Além disso, as empresas têm gran- caracteriza-se pela presença das formas tu, você, vocês
.0
06
des prejuízos por causa de afastamentos de tra- (explícitas ou subtendidas no texto), de vocativos e de
balhadores devido aos males causados pelo fumo.
-1
Essas estruturas, quando utilizadas adequadamen- te nos noticiários, jornais, artigos, nas revistas, nos
ri
A
te no texto argumentativo, expõem a opinião do autor, livros instrucionais, contratos etc. A linguagem, nes-
ajudando na defesa de seu ponto de vista e construin- se caso, transmite uma mensagem direta, objetiva e
do a estrutura argumentativa desse tipo textual. impessoal, que pode ser entendida pelo leitor em um
sentindo específico.
LÍNGUA PORTUGUESA
FUNÇÃO FÁTICA
LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL Essa função serve para estabelecer ou interromper a
comunicação com o interlocutor. Pode ser encontrada em
Quando falamos sobre a linguagem, vemos que ela expressões de cumprimento, saudações, discursos etc.
abrange muito mais que a língua, pois compreende,
também, cores, gestos e entonação. Neste sentido, em FUNÇÃO METALINGUÍSTICA OU METALINGUAGEM
se tratando de texto escrito, podemos falar em lingua-
gem verbal e não verbal. Acontece quando a linguagem é usada para explicar
A linguagem verbal diz respeito a tudo o que usa a própria linguagem. Dessa maneira, o emissor explica o
letras e palavras para passar uma informação, como, código utilizando o próprio código. Na categoria de tex-
por exemplo, artigo de opinião, romance, notícia, textos tos, merecem destaque as gramáticas e os dicionários. 25
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FUNÇÃO POÉTICA PADRÃO INFORMAL
A língua não é uma, ou seja, não é indivisível; ela A variação diatópica pode ocorrer com sons dife-
pode ser considerada um conjunto de dialetos. Alguém rentes. Quando isso acontece, dizemos que ocorreu
já disse que em país algum se fala uma língua só, há uma variação diatópica fonética, já que fonética sig-
várias línguas dentro da língua oficial. E no Brasil não nifica aquilo que diz respeito aos sons da fala. Temos
é diferente: pode-se até afirmar que cada cidadão tem também o exemplo das variações que ocorrem em
a sua. A essa característica da língua damos o nome diversas partes do país. Em Curitiba, PR, os jovens cha-
de variação linguística. De forma sintética, podemos mam de penal o estojo escolar para guardar canetas e
dividir de duas formas a língua “brasileira”: padrão for- lápis; no Nordeste, é comum usarem a palavra cheiro
mal e padrão informal; cada um desses tipos apresenta para representar um carinho feito em alguém. O que
suas peculiaridades e espécies derivadas. Vejamos: em outras regiões se chamaria de beijinho. Macaxeira,
9
no Norte e no Nordeste, é a mandioca ou o aipim. Essa
-9
PADRÃO FORMAL
96
Norma Culta
.0
pelos padrões definidos conforme a classe social mais A variação diastrática, como também ocorre com
abastada, detentora de poder político e cultural. As
a
pessoas cujo padrão social lhe permite gozar de pri- dependendo do que seja modificado pelo falar do indi-
Si
vilégios na sociedade têm o poder de ditar, inclusive, víduo: falar adevogado, pineu, bicicreta, é exemplo de
da
as regras da língua, direcionando o que é considerado variação diastrática fonética. Usar “presunto” no
io
permitido e aquilo que não é. lugar de corpo de pessoa assassinada é variação dias-
v
Norma Padrão
O
ca sintática.
A
no dia seguinte.
96
Discurso Direto
As mudanças ocorrem em diversos aspectos, como
.3
93
comum em muitos textos exatamente por transcrever z Mudança das pessoas do discurso
-1
DISCURSO DISCURSO
lv
Características: MUDANÇA
DIRETO INDIRETO
Si
da voz do narrador para a voz da personagem; pronomes (me, ela, eles, elas,
ri
A
z O discurso em si está na primeira pessoa do discur- mim, comigo, nos, passam para lhe, lhes, se, si,
so (eu/nós). conosco) consigo, o, os, a,
as)
LÍNGUA PORTUGUESA
pronomes (meu,
Importante! meus, minha,
pronomes (seu,
Cabe relembrar aqui o que são e quais são os ver- minhas, nosso, passam para
seus, sua e suas)
bos de elocução. nossos, nossa,
Os verbos de elocução são aqueles que introdu- nossas)
zem as falas dos personagens.
Os principais são:
Falar, contar, destacar, ressaltar, dizer, afirmar,
perguntar, declarar, indagar e questionar.
2 NEVES, F. Discurso direto e indireto. Norma Culta, 2022. Disponível em: https://www.normaculta.com.br/discurso-direto-e-indireto/. Acesso em:
28 mar. 2022. 27
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z Mudança nos tempos verbais Exemplo de Discurso Indireto Livre
Não se separam:
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DISCURSO DISCURSO z Dígrafos (CH, LH, NH, GU, QU): cha-ve; ga-lho;
.0
MUDANÇA
06
aqui, aí, cá passam para ali, lá monossílabas (átonas e tônicas), oxítonas, paroxítonas
v
tá
ACENTUAÇÃO GRÁFICA
93
respeitar a divisão das sílabas. guesa, é importante estarmos atentos ao uso de letras
Si
labos tônicos terminados em: A, E, O. Ex.: Pá, vá, Ex.: Ameixa, frouxo, trouxe.
O
nas que não terminam em: A, E, O, EM/ENS. Ex.: vada de palavras inicia- palavras iniciadas por
Bíceps, fórceps; júri, táxis, lápis; vírus, úteis, lótus; das por CH: enxerido, CH: encher, encharcar
abdômen, hímen. enxada � Em palavras derivadas
� Depois de ditongo: cai- de vocábulos que são
xa, faixa grafados com CH: re-
Importante! � Depois da sílaba inicial cauchutar, fechadura
me se a palavra não for
Acentuam-se as paroxítonas terminadas em derivada de vocábulo
ditongo. iniciado por CH: mexer,
Ex.: Imóveis, bromélia, história, cenário, Brasília, mexilhão
rádio etc.
Fonte: instagram/academiadotexto. Acesso em: 10 out. 2020. 29
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z É com G ou com J? Usamos G em substantivos termi- a, as”, para os definidos, e “uns, uma, umas”, para os
nados em: -agem; igem; -ugem. Ex.: Viagem, ferrugem; indefinidos. Assim, temos:
Palavras terminadas em: ágio, -égio, -ígio, -ógio,
-úgio. Ex.: Sacrilégio, pedágio. z Artigos definidos: o, os; a, as;
Verbos terminados em -ger e -gir. Ex.: Proteger, fugir; z Artigos indefinidos: um, uns; uma, umas.
Usamos J em formas verbais terminadas em -jar ou
-jer. Ex.: Viajar, lisonjear. Os artigos podem ser combinados às preposições.
Termos derivados do latim escritos com j; São as chamadas contrações. Algumas contrações
z É com Ç ou S? Após ditongos, usamos, geralmente, comuns na língua são:
Ç quando houver som de S, e escrevemos S quando
houver som de Z. Ex.: Eleição; Neusa; coisa; z em + a = na;
z É com S ou com Z? Palavras que designam nacio- z a + o = ao;
nalidade ou títulos de nobreza e terminam em -ês z a + a = à;
e -esa devem ser grafadas com S. Ex.: Norueguesa; z de + a = da.
inglês; marquesa; duquesa.
Palavras que designam qualidade, cuja termina- Dica
ção seja -ez ou -eza, são grafadas com Z:
Embriaguez; lucidez; acidez. Toda palavra determinada por um artigo torna-
-se um substantivo. Ex.: o não, o porquê, o cuidar
Essas regras para correção ortográfica das pala- etc.
vras, em geral, apresentam muitas exceções; por isso é
importante ficar atento e manter uma rotina de leitu- NUMERAIS
ra, pois esse aprendizado é consolidado com a prática.
Sua capacidade ortográfica ficará melhor a partir da São palavras que se relacionam diretamente ao
leitura e da escrita de textos, por isso, recomendamos substantivo, inferindo ideia de quantidade ou posi-
que se mantenha atualizado e leia fontes confiáveis de ção. Os numerais podem ser:
informação, pois além de contribuir para seu conhe-
cimento geral, sua habilidade em língua portuguesa z Cardinais: indicam quantidade em si. Ex.: Dois
também aumentará. potes de sorvete; zero coisas a comprar; ambos os
meninos eram bons em português;
z Ordinais: indicam a ordem de sucessão de uma
série. Ex.: Foi o segundo colocado do concurso; che-
gou em último/penúltimo/antepenúltimo lugar;
CLASSE DE PALAVRAS (SUBSTANTIVO, z Multiplicativos: indicam o número de vezes pelo
ARTIGO, ADJETIVO, NUMERAL, qual determinada quantidade é multiplicada. Ex.:
PRONOME, VERBO, ADVÉRBIO, Ele ganha o triplo no novo emprego;
z Fracionários: indicam frações, divisões ou dimi-
PREPOSIÇÃO, CONJUNÇÃO,
9
-9
INTRODUÇÃO
.0
A palavra morfologia refere-se ao estudo das for- isto é, designam um conjunto, porém expressam uma
-1
mas. Por isso, o termo é utilizado por linguistas e tam- quantidade exata de seres/conceitos. Veja:
bém por médicos, que estudam as formas dos órgãos
a
de uma forma, seja ela uma palavra, seja um órgão, Século: período de cem anos;
io
precisamos conhecer como essa forma se classifica e Bimestre: período de dois meses.
v
como se organiza.
tá
das palavras em dez categorias. A seguir, estudaremos A forma um pode assumir na língua a função de
detalhadamente cada uma delas e também veremos um artigo indefinido ou de numeral cardinal; então, como
“bônus” para seus estudos: as palavras denotativas, podemos reconhecer cada função? É preciso observar
atualmente, muito cobradas por bancas exigentes. o contexto em uso. Observe:
z Derivado: formados a partir dos derivados. Ex.: Alguns substantivos uniformes podem aparecer
.0
z Concreto: designam seres com independência modificação no sentido. Veja, por exemplo:
-1
real. Ex.: Maria, gato, Deus, fada, carro; z O testemunho: Relato de experiência, associado a
da
depende de uma pessoa, um substantivo concreto a pequena alteração no gênero do artigo interfere no
O
z Próprio: designam uma determinada espécie. Ex.: z O rádio: aparelho / a rádio: estação de transmissão.
Pedro, Fortaleza;
z Coletivo: usados no singular, designam um conjun- Além disso, algumas palavras na língua causam
to de uma mesma espécie. Ex: Pinacoteca, manada. dificuldade na identificação do gênero, pois são usa-
das em contextos informais com gêneros diferentes.
É importante destacar que a classificação de um Alguns exemplos são: a alface; a cal; a derme; a libido;
substantivo depende do contexto em que ele está inse- a gênese; a omoplata / o guaraná; o formicida; o tele-
rido. Vejamos: fonema; o trema.
Judas foi um apóstolo. (Judas como nome de uma Algumas formas que não apresentam, necessaria-
pessoa = Próprio); mente, relação com o gênero, são admitidas tanto no
O amigo mostrou-se um judas (judas significando masculino quanto no feminino: O personagem / a per-
traidor = comum). sonagem; O laringe / a laringe; O xerox / a xerox. 31
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Flexão de Número z Grau aumentativo: quando o acréscimo de sufixos
aos substantivos indicar um aumento de tamanho.
Os substantivos flexionam-se em número, de Ex.: bocarra, homenzarrão, gatarrão, cabeçorra,
maneira geral, pelo acréscimo do morfema -s. Ex.: fogaréu, boqueirão, poetastro;
Casa / casas. z Grau diminutivo: exprime, ao contrário do
Porém, podem apresentar outras terminações: aumentativo, a diminuição do tamanho/proporção
males, reais, animais, projéteis etc. do ser.
Geralmente, devemos acrescentar -es ao singular
Ex.: fontinha, lobacho, casebre, vilarejo, saleta,
das formas terminadas em R ou Z, como: flor / flores;
pequenina, papelucho.
paz / pazes. Porém, há exceções, como a palavra mal,
terminada em L e que tem como plural “males”.
Já os substantivos terminados em AL, EL, OL, UL Dica
fazem plural trocando-se o L final por -is. Ex.: coral /
O emprego do grau aumentativo ou diminutivo
corais; papel / papéis; anzol / anzóis.
Entretanto, também há exceções. Ex.: A forma dos substantivos pode alterar o sentido das pala-
mel apresenta duas formas de plural aceitas: meles vras, podendo assumir um valor:
e méis. Afetivo: filhinha / mãezona;
Geralmente, as palavras terminadas em -ão fazem Pejorativo: mulherzinha / porcalhão.
plural com o acréscimo do -s ou pelo acréscimo de -es.
Ex.: capelães, capitães, escrivães. O Novo Acordo Ortográfico e o Uso de Maiúsculas
Contudo, há substantivos que admitem até três
formas de plural, como os seguintes: O novo acordo ortográfico estabelece novas regras
para o uso de substantivos próprios, exigindo o uso da
z Ermitão: ermitãos, ermitões, ermitães;
inicial maiúscula.
z Ancião: anciãos, anciões, anciães;
Dessa forma, devemos usar com letra maiúscula as
z Vilão: vilãos, vilões, vilães.
inicias das palavras que designam:
Podemos, ainda, associar às palavras paroxítonas
que terminam em -ão o acréscimo do -s. Ex.: órgão / z Nomes, sobrenomes e apelidos de pessoas
órgãos; órfão / órfãos. reais ou imaginárias. Ex.: Gabriela, Silva, Xuxa,
Cinderela;
Plural dos Substantivos Compostos z Nomes de cidades, países, estados, continentes
etc., reais ou imaginários. Ex.: Belo Horizonte,
Os substantivos compostos são aqueles formados Ceará, Nárnia, Londres;
por justaposição. O plural dessas formas obedece às z Nomes de festividades. Ex.: Carnaval, Natal, Dia
seguintes regras: das Crianças;
z Nomes de instituições e entidades. Ex.: Embai-
9
-9
das -noturnos;
nome próprio, como no exemplo dado, este tam-
-1
Substantivo + preposição + substantivo. Ex.: z Nome dos pontos cardeais e equivalentes. Ex.:
tá
Substantivo + substantivo com função adjetiva. Ocidente. Importante: os pontos cardeais são gra-
ri
A
sição “de”, pode ser confundida com a locução adver- elemento como superior ao outro. Mais do que,
.3
bial. Nesse caso, para diferenciá-las, é importante melhor do que. Ex.: O amor é mais suficiente
93
porta. Além disso, a locução destacada está caracteri- pior do que. Ex.: Homens são menos engajados
a
do que mulheres.
lv
bial, pois quem sofre a “ação” de ser aberta é a “con- z Grau superlativo: em relação ao grau superlati-
ta”, o que indica o valor de passividade da locução, vo, é importante considerar que o valor semântico
io
demonstrando seu caráter adverbial. desse grau apresenta variações, podendo indicar:
v
tá
numerais e orações substantivas. grau: superlativo absoluto, que pode ser analí-
A
Ex.: Amor de mãe; Café com açúcar. tico (associado ao advérbio) ou sintético (asso-
Subst. — loc. adj. / subst. — loc. adj. ciação de prefixo ou sufixo ao adjetivo).
Já as locuções adverbiais desempenham função de Ex.: O candidato é muito humilde (Superlativo
LÍNGUA PORTUGUESA
z Primitivos: adjetivos que não derivam de outras palavras. A partir deles, é possível formar novos termos. Ex.:
Útil, forte, bom, triste, mau etc.;
z Derivados: são palavras que derivam de verbos ou substantivos. Ex.: Bondade, lealdade, mulherengo etc.;
z Simples: apresentam um único radical. Ex.: Português, escuro, honesto etc.;
z Compostos: formados a partir da união de dois ou mais radicais. Ex.: Verde-escuro, luso-brasileiro, amarelo-
-ouro etc.
Dica
O plural dos adjetivos simples é realizado da mesma forma que o plural dos substantivos.
z Invariável:
Adjetivos Pátrios
96
.3
Os adjetivos pátrios, também conhecidos como gentílicos, designam a naturalidade ou nacionalidade de seres
93
e objetos.
.0
O sufixo -ense, geralmente, designa a origem de um ser relacionada a um estado brasileiro. Ex.: amazonense,
06
fluminense, cearense.
-1
a
z Curiosidade: o adjetivo pátrio “brasileiro” é formado com o sufixo -eiro, que é costumeiramente usado para
lv
designar profissões. O gentílico que designa nossa nacionalidade teve origem com as pessoas que comercia-
Si
lizavam o pau-brasil; esse ofício dava-lhes a alcunha de “brasileiros”, termo que passou a indicar os nascidos
da
em nosso país.
vio
tá
O
ri
A
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Veja a seguir alguns dos adjetivos pátrios de nosso país:
9
-9
96
.3
93
.0
06
-1
a
ADVÉRBIOS
lv
Si
Advérbios são palavras invariáveis que modificam um verbo, adjetivo ou outro advérbio. Em alguns casos, os
da
As gramáticas da língua portuguesa apresentam listas extensas com as funções dos advérbios. Porém, decorar
v
as funções dos advérbios, além de desgastante, pode não ter o resultado esperado na resolução de questões de
tá
concurso.
O
Dessa forma, sugerimos que você fique atento às principais funções designadas aos advérbios para, a partir
ri
A
delas, conseguir interpretar a função exercida nos enunciados das questões que tratem dessa classe de palavras.
Ainda assim, julgamos pertinente apresentar algumas funções basilares exercidas pelo advérbio:
LÍNGUA PORTUGUESA
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Novamente, chamamos sua atenção para a função que o advérbio deve exercer na oração. Como dissemos,
essas palavras modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio, por isso, para identificar com mais pro-
priedade a função denotada pelos advérbios, é preciso perguntar: Como? Onde? Por quê?
As respostas sempre irão indicar circunstâncias adverbiais expressas por advérbios, locuções adverbiais ou
orações adverbiais.
Vejamos como podemos identificar a classificação/função adequada dos advérbios:
z O homem morreu... de fome (causa) com sua família (companhia) em casa (lugar) envergonhado (modo);
z A criança comeu... demais (intensidade) ontem (tempo) com garfo e faca (instrumento) às claras (modo).
Locuções Adverbiais
Conjunto de duas ou mais palavras que pode desempenhar a função de advérbio, alterando o sentido de um
verbo, adjetivo ou advérbio.
A maioria das locuções adverbiais é formada por uma preposição e um substantivo. Há também as que são
formadas por preposição + adjetivos ou advérbios. Veja alguns exemplos:
z Preposição + substantivo: de novo. Ex.: Você poderia me explicar de novo? (de novo = novamente);
z Preposição + adjetivo: em breve. Ex.: Em breve, o filme estará em cartaz (em breve = brevemente);
z Preposição + advérbio: por ali. Ex.: Acho que ele foi por ali.
As locuções adverbiais são bem semelhantes às locuções adjetivas. É importante saber que as locuções adver-
biais apresentam um valor passivo.
Ex.: Ameaça de colapso.
Nesse exemplo, o termo em negrito é uma locução adverbial, pois o valor é de passividade, ou seja, se inver-
temos a ordem e inserirmos um verbo na voz passiva, a frase manterá seu sentido. Veja:
Ex.: Colapso foi ameaçado.
Essa frase faz sentido e apresenta valor passivo, logo, sem o verbo, a locução destacada anteriormente é
adverbial.
Ainda sobre esse assunto, perceba que em locuções como esta: “Característica da nação”, o termo destacado
não terá o mesmo valor passivo, pois não aceitará a inserção de um verbo com essa função:
Nação foi característica*. Essa frase quebra a estrutura gramatical da língua portuguesa, que não admite voz
passiva em termos com função de posse (caso das locuções adjetivas). Isso torna tal estrutura agramatical; por
isso, inserimos um asterisco para indicar essa característica.
Dica
9
Locuções adverbiais apresentam valor passivo
-9
96
Com essas dicas, esperamos que você seja capaz de diferenciar essas locuções em questões. Buscamos desen-
.0
volver seu aprendizado para que não seja preciso gastar seu tempo decorando listas de locuções adverbiais.
06
Advérbios Interrogativos
a
lv
Si
Os advérbios interrogativos são, muitas vezes, confundidos com pronomes interrogativos. Para evitar essa
da
confusão, devemos saber que os advérbios interrogativos introduzem uma pergunta, exprimindo ideia de tempo,
modo ou causa.
vio
De maneira geral, as palavras como, onde, quando e por que são advérbios interrogativos, pois não substi-
tuem nenhum nome de ser (vivo), exprimindo ideia de modo, lugar, tempo e causa.
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Grau do Advérbio
Assim como os adjetivos, os advérbios podem ser flexionados nos graus comparativo e superlativo.
Vejamos as principais mudanças sofridas pelos advérbios quando flexionados em grau:
Obs.: As formas “mais bem” e “mais mal” são aceitas quando acompanham o particípio verbal.
ABSOLUTO ABSOLUTO
NORMAL RELATIVO
SINTÉTICO ANALÍTICO
Inferioridade
Bem Otimamente Muito bem
-
GRAU SUPERLATIVO
Superioridade
Mal Pessimamente Muito mal
-
Muito Muitíssimo - Superioridade: o mais
Pouco Pouquíssimo - Superioridade: o menos
Advérbios e Adjetivos
O adjetivo é uma classe de palavras variável. Porém, quando se refere a um verbo, ele fica invariável, confun-
dindo-se com o advérbio.
Nesses casos, para ter certeza de qual é a classe da palavra, basta tentar colocá-la no feminino ou no plural;
caso a palavra aceite uma dessas flexões, será adjetivo.
Ex.: O homem respondeu feliz à esposa.
Os homens responderam felizes às esposas.
Como “feliz” aceitou a flexão para o plural, trata-se de um adjetivo.
9
Agora, acompanhe o seguinte exemplo:
-9
Palavras Denotativas
-1
São termos que apresentam semelhança com os advérbios; em alguns casos, são até classificados como tal, mas
a
lv
Sobre as palavras denotativas, é fundamental saber identificar o sentido a elas atribuído, pois, geralmente, é
da
Além dessas expressões, há, ainda, as partículas expletivas ou de realce, geralmente formadas pela forma
LÍNGUA PORTUGUESA
ser + que (é que). A principal característica dessas palavras é que elas podem ser retiradas sem causar prejuízo
sintático ou semântico à frase.
Ex.: Eu é que faço as regras / Eu faço as regras.
Outras palavras denotativas expletivas são: lá, cá, não, é porque etc.
z O adjunto adverbial sempre deve vir posicionado após o verbo ou complemento verbal. Caso venha deslocado,
em geral, separamos por vírgulas. Ex.: Na reunião de ontem, o pedido foi aprovado (O pedido foi aprovado
na reunião de ontem);
z Em uma sequência de advérbios terminados com o sufixo -mente, apenas o último elemento recebe a termi-
nação destacada. Ex.: A questão precisa ser pensada política e socialmente. 37
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PRONOMES
Pronomes são palavras que representam ou acompanham um termo substantivo. Dessa forma, a função dos
pronomes é substituir ou determinar uma palavra. Eles indicam pessoas, relações de posse, indefinição, quanti-
dade, localização no tempo, no espaço e no meio textual, entre outras funções.
Os pronomes exercem papel importante na análise sintática e também na interpretação textual, pois colabo-
ram para a complementação de sentido de termos essenciais da oração, além de estruturar a organização textual,
contribuindo para a coesão e também para a coerência de um texto.
Pronomes Pessoais
Os pronomes pessoais designam as pessoas do discurso. Acompanhe a tabela a seguir, com mais informações
sobre eles:
z Os pronomes que estarão relacionados ao objeto direto são: o, a, os, as, me, te, se, nos, vos. Ex.: Informei-o
sobre todas as questões;
z Já os que se relacionam com o objeto indireto são: lhe, lhes, (me, te, se, nos, vos – complementados por prepo-
sição). Ex.: Já lhe disse tudo (disse tudo a ele). 9
Lembre-se de que todos os pronomes pessoais são pronomes substantivos.
-9
96
Além disso, é importante saber que “eu” e “tu” não podem ser regidos por preposição e que os pronomes
.3
“ele(s)”, “ela(s)”, “nós” e “vós” podem ser retos ou oblíquos, dependendo da função que exercem.
93
Os pronomes oblíquos tônicos são precedidos de preposição e costumam ter função de complemento:
.0
06
Não devemos usar pronomes do caso reto como objeto ou complemento verbal, como em “mate ele”. Contudo,
da
o gramático Celso Cunha destaca que é possível usar os pronomes do caso reto como complemento verbal, desde
que antecedidos pelos vocábulos “todos”, “só”, “apenas” ou “numeral”.
vio
Após a preposição “entre”, em estrutura de reciprocidade, devemos usar os pronomes oblíquos tônicos.
O
Pronomes de Tratamento
Os pronomes de tratamento são formas que expressam uma hierarquia social institucionalizada linguistica-
mente. As formas de pronomes de tratamento apresentam algumas peculiaridades importantes:
z Vossa: designa a pessoa a quem se fala (relativo à 2ª pessoa). Apesar disso, os verbos relacionados a esse pro-
nome devem ser flexionados na 3ª pessoa do singular.
Ex.: Vossa Excelência deve conhecer a Constituição;
z Sua: designa a pessoa de quem se fala (relativo à 3ª pessoa).
Ex.: Sua Excelência, o presidente do Supremo Tribunal, fará um pronunciamento hoje à noite.
Os pronomes de tratamento estabelecem uma hierarquia social na linguagem, ou seja, a partir das formas
usadas, podemos reconhecer o nível de discurso e o tipo de poder instituídos pelos falantes.
Por isso, alguns pronomes de tratamento só devem ser utilizados em contextos cujos interlocutores sejam
38 reconhecidos socialmente por suas funções, como juízes, reis, clérigos, entre outras.
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Dessa forma, apresentamos alguns pronomes de As palavras certo e bastante serão pronomes
tratamento, seguidos de sua abreviatura e das funções indefinidos quando vierem antes do substantivo, e
sociais que designam: serão adjetivos quando vierem depois.
Ex.: Busco certo modelo de carro (pronome
z Vossa Alteza (V. A.): príncipes, duques, arquidu- indefinido).
ques e seus respectivos femininos; Busco o modelo de carro certo (adjetivo).
z Vossa Eminência (V. Ema.): cardeais; A palavra bastante frequentemente gera dúvida
z Vossa Excelência (V. Exa.): autoridades do gover-
quanto a ser advérbio, adjetivo ou pronome indefini-
no e das Forças Armadas membros do alto escalão;
z Vossa Majestade (V. M.): reis, imperadores e seus do. Por isso, atente-se ao seguinte:
respectivos femininos;
z Vossa Reverendíssima (V. Rev. Ma.): sacerdotes; z Bastante (advérbio): será invariável e equivalen-
z Vossa Senhoria (V. Sa.): funcionários públicos gra- te ao termo “muito”.
duados, oficiais até o posto de coronel, tratamento Ex.: Elas são bastante famosas.
cerimonioso a comerciantes importantes; z Bastante (adjetivo): será variável e equivalente
z Vossa Santidade (V. S.): papa; ao termo “suficiente”.
z Vossa Excelência Reverendíssima (V. Exa. Rev- Ex.: A comida e a bebida não foram bastantes para
ma.): Bispos. a festa.
Os exemplos apresentados fazem referência a pro- z Bastante (pronome indefinido): concorda com
nomes de tratamento e suas respectivas designações o substantivo, indicando grande, porém incerta,
sociais conforme indica o Manual de Redação oficial quantidade de algo.
da Presidência da República. Portanto, essas designa- Ex.: Bastantes bancos aumentaram os juros.
ções devem ser seguidas com atenção quando o gêne-
ro textual abordado for um gênero oficial. Pronomes Demonstrativos
Ainda sobre o assunto, veja algumas observações:
Os pronomes demonstrativos indicam a posição e
z Sobre o uso das abreviaturas das formas de tra- apontam elementos a que se referem as pessoas do
tamento é importante destacar que o plural de discurso (1ª, 2ª e 3ª). Essa posição pode ser designa-
algumas abreviaturas é feito com letras dobradas, da por eles no tempo, no espaço físico ou no espaço
como: V. M. / VV. MM.; V. A. / VV. AA. Porém, na textual.
maioria das abreviaturas terminadas com a letra
a, o plural é feito com o acréscimo do s: V. Exa. / V. z 1ª pessoa: Este, estes / Esta, estas;
Exas.; V. Ema. / V.Emas.; z 2ª pessoa: Esse, esses / Essa, essas;
z O tratamento adequado a Juízes de Direito é Meri- z 3ª pessoa: Aquele, aqueles / Aquela, aquelas;
tíssimo Juiz; z Invariáveis: Isto, isso, aquilo.
z O tratamento dispensado ao Presidente da Repú-
blica nunca deve ser abreviado. Usamos este, esta, isto para indicar:
9
-9
Os pronomes indefinidos indicam quantidade de Ex.: Esta caneta aqui é minha. Entreguei-lhe isto
93
e podem ser invariáveis. Observe a seguinte tabela: Ex.: Esta semana começarei a dieta. Neste mês,
-1
Todo, toda, todos, todas Quem Usamos esse, essa, isso para indicar:
ri
A
Certo, certa, certos, certas Nada z Indicar distância que se deseja manter.
Ex.: Não me fale mais nisso. A população não con-
Vários, várias Cada fia nesses políticos.
Quanto, quanta, quantos, quantas Que z Referência ao tempo passado.
Tanto, tanta, tantos, tantas Ex.: Nessa semana, eu estava doente. Esses dias
estive em São Paulo.
Qualquer, quaisquer z Referência a algo já mencionado no texto/ na fala.
Qual, quais Ex.: Continuo sem entender o porquê de você ter
falado sobre isso. Sinto uma energia negativa nes-
Um, uma, uns, umas sa expressão utilizada.
3 Disponível em: https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/pronomes-indefinidos-e-interrogativos-nenhum-outro-qualquer-quem-
quanto-qual.htm. Acesso em: 14 jul. 2020. 39
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Usamos aquele, aquela, aquilo para indicar: Ex.: A matéria cuja aula faltei foi Língua portugue-
sa — o relativo cuja está ligando aula (possuidor) à
� Referência ao espaço físico, indicando afastamen- matéria (coisa possuída).
to de quem fala e de quem ouve.
Ex.: Margarete, quem é aquele ali perto da porta? O relativo cujo deve concordar em gênero e núme-
� Referência a um tempo muito remoto, um passa- ro com a coisa possuída.
do muito distante. Jamais devemos inserir um artigo após o pronome
Ex.: Naquele tempo, podíamos dormir com as por- cujo: Cujo o, cuja a
tas abertas. Bons tempos aqueles! Não podemos substituir cujo por outro pronome
� Referência a um afastamento afetivo. relativo.
Ex.: Não conheço mais aquela mulher. O pronome relativo cujo pode ser preposicionado.
� Referência ao espaço textual, indicando o pri- Ex.: Esse é o vilarejo por cujos caminhos percorri.
meiro termo de uma relação expositiva. Para encontrar o possuidor, faça-se a seguinte per-
Ex.: Saí para lanchar com Ana e Beatriz. Esta prefe- gunta: “de quem/do que?”
riu beber chá; aquela, refrigerante. Ex.: Vi o filme cujo diretor ganhou o Óscar (Diretor
do que? Do filme).
Dica Vi o rapaz cujas pernas você se referiu (Pernas de
quem? Do rapaz).
O pronome “mesmo” não pode ser usado em fun-
ção demonstrativa referencial. Veja: � Emprego do pronome relativo onde: Empregado
Errado: O candidato fez a prova, porém o mesmo para indicar locais físicos.
esqueceu de preencher o gabarito. Ex.: Conheci a cidade onde meu pai nasceu.
Correto: O candidato fez a prova, porém esque- � Em alguns casos, pode ser preposicionado, assu-
ceu de preencher o gabarito. mindo as formas aonde e donde.
Ex.: Irei aonde você for.
Pronomes Relativos � O relativo “onde” pode ser empregado sem antecedente.
Ex.: O carro atolou onde não havia ninguém.
Uma das classes de pronomes mais complexas, os � Emprego de o qual: O pronome relativo “o qual”
pronomes relativos têm função muito importante na e suas variações (os quais, a qual, as quais) é usa-
língua, refletida em assuntos de grande relevância do em substituição a outros pronomes relativos,
sobretudo o “que”, a fim de evitar fenômenos lin-
em concursos, como a análise sintática. Dessa forma,
guísticos, como o “queísmo”.
é essencial conhecer adequadamente a função desses
Ex.: O Brasil tem um passado do qual (que) nin-
elementos, a fim de saber utilizá-los corretamente.
guém se lembra.
Os pronomes relativos referem-se a um substantivo
ou a um pronome substantivo mencionado anterior- O pronome “o qual” pode auxiliar na compreensão
mente. A esse nome (substantivo ou pronome mencio- textual, desfazendo estruturas ambíguas.
9
nado anteriormente) chamamos de antecedente.
-9
cachorro que estava doente morreu. A caneta que tivas diretas. Nas indiretas, aparece apenas a intenção
interrogativa, indicada por verbos como perguntar,
da
relativo “que”.
tá
ser uma pessoa ou objeto personificado. realização da atividade (O tempo não permitiu a reali-
Ex.: Fomos nós quem fizemos o bolo. zação da atividade. O tempo estava instável)4.
� O pronome relativo quem pode fazer referência
a algo subentendido: Quem cala consente (aquele Pronomes Possessivos
que cala).
Os pronomes possessivos referem-se às pessoas do
� Emprego do relativo quanto: seu antecedente
discurso e indicam posse. Observe a tabela a seguir:
deve ser um pronome indefinido ou demonstrati-
vo; pode sofrer flexões.
1ª pessoa Meu, minha / meus, minhas
Ex.: Esqueci-me de tudo quanto foi me ensinado.
SINGULAR 2ª pessoa Teu, tua / teus, tuas
Perdi tudo quanto poupei a vida inteira. 3ª pessoa Seu, sua / seus, suas
� Emprego do relativo cujo: deve ser empregado
para indicar posse e aparecer relacionando dois 1ª pessoa Nosso, nossa / nossos, nossas
termos que devem ser um possuidor e uma coisa PLURAL 2ª pessoa Vosso, vossa / vossos, vossas
possuída. 3ª pessoa Seu, sua / seus, suas
VERBOS
Certamente, a classe de palavras mais complexa e importante dentre as palavras da língua portuguesa é o
verbo. A partir dos verbos, são estruturados as ações e os agentes desses atos, além de ser uma importante classe
sempre abordada nos editais de concursos; por isso, atente-se às nossas dicas.
Os verbos são palavras variáveis que se flexionam em número, pessoa, modo e tempo, além da designação da
voz que exprime uma ação, um estado ou um fato.
As flexões verbais são marcadas por desinências, que podem ser:
z Número-pessoal: indicando se o verbo está no singular ou plural, bem como em qual pessoa verbal foi flexio-
nado (1ª, 2ª ou 3ª);
z Modo-temporal: indica em qual modo e tempo verbais a ação foi realizada.
Iremos apresentar essas desinências a seguir. Antes, porém, de abordarmos as desinências modo-temporais,
precisamos explicar o que são modo e tempo verbais.
Modos
Indica a atitude da ação/do sujeito frente a uma relação enunciada pelo verbo.
Tempos
.0
06
O tempo designa o recorte temporal em que a ação verbal foi realizada. Basicamente, podemos indicar o tem-
-1
po dessa ação no passado, presente ou futuro. Existem, entretanto, ramificações específicas. Observe a seguir:
a
lv
z Presente:
Si
da
Pode expressar não apenas um fato atual, como também uma ação habitual. Ex.: Estudo todos os dias no
io
mesmo horário.
v
tá
Uma ação passada. Ex.: Vargas assume o cargo e instala uma ditadura.
O
z Passado:
z Futuro:
Futuro do presente: indica um fato que deve ser realizado em um momento vindouro.
Ex.: Estudarei bastante ano que vem.
Futuro do pretérito: expressa um fato posterior em relação a outro fato já passado.
Ex.: Estudaria muito, se tivesse me planejado. 41
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A partir dessas informações, podemos também identificar os verbos conjugados nos tempos simples e nos
tempos compostos. Os tempos verbais simples são formados por uma única palavra, ou verbo, conjugado no
presente, passado ou futuro.
Já os tempos compostos são formados por dois verbos, um auxiliar e um principal; nesse caso, o verbo auxiliar
é o único a sofrer flexões.
Agora, vamos conhecer as desinências modo-temporais dos tempos simples e compostos, respectivamente:
z Pretérito perfeito composto: verbo auxiliar: Ter (presente do indicativo) + verbo principal particípio.
Ex.: Tenho estudado.
� Pretérito mais-que-perfeito composto: verbo auxiliar: Ter (pretérito imperfeito do indicativo) + verbo prin-
cipal no particípio.
Ex.: Tinha passado.
� Futuro composto: verbo auxiliar: Ter (futuro do indicativo) + verbo principal no particípio.
Ex.: Terei saído.
� Futuro do pretérito composto: verbo auxiliar: Ter (futuro do pretérito simples) + verbo principal no
particípio.
Ex.: Teria estudado.
� Pretérito mais-que-perfeito composto: verbo auxiliar: Ter (pretérito imperfeito do subjuntivo) + verbo prin-
.3
cipal no particípio.
93
� Futuro composto: verbo auxiliar: Ter (futuro simples do subjuntivo) + verbo principal no particípio.
Ex.: (quando eu) Tiver estudado.
-1
a
lv
As formas nominais do verbo são as formas no infinitivo, particípio e gerúndio que eles assumem em determi-
nados contextos. São chamadas nominais pois funcionam como substantivos, adjetivo ou advérbios.
vio
tá
z Gerúndio: marcado pela terminação -ndo. Seu valor indica duração de uma ação e, por vezes, pode funcionar
O
z Particípio: marcado pelas terminações mais comuns -ado, -ido, podendo terminar também em -do, -to, -go,
-so, -gue. Corresponde nominalmente ao adjetivo; pode flexionar-se, em alguns casos, em número e gênero.
Ex.: A Índia foi colonizada pelos ingleses.
Quando cheguei, ela já tinha partido.
Ele tinha aberto a janela.
Ela tinha pago a conta.
z Infinitivo: forma verbal que indica a própria ação do verbo, ou o estado, ou, ainda, o fenômeno designado.
Pode ser pessoal ou impessoal:
Pessoal: o infinitivo pessoal é passível de conjugação, pois está ligado às pessoas do discurso. É usado na
formação de orações reduzidas. Ex.: Comer eu. Comermos nós. É para aprenderem que ele ensina;
Impessoal: não é passível de flexão. É o nome do verbo, servindo para indicar apenas a conjugação. Ex.:
Estudar - 1ª conjugação; Comer - 2ª conjugação; Partir - 3ª conjugação.
42
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O infinitivo impessoal forma locuções verbais ou orações reduzidas.
Locuções verbais: sequência de dois ou mais verbos que funcionam como um verbo.
Ex.: Ter de + verbo principal no infinitivo: Ter de trabalhar para pagar as contas.
Haver de + verbo principal no infinitivo: Havemos de encontrar uma solução.
Dica
Não confunda locuções verbais com tempos compostos. O particípio formador de tempo composto na voz
ativa não se flexiona. Ex.: O homem teria realizado sua missão.
Os verbos são classificados quanto a sua forma de conjugação e podem ser divididos em: regulares, irregula-
res, anômalos, abundantes, defectivos, pronominais, reflexivos, impessoais e auxiliares, além das formas nomi-
nais. Vamos conhecer as particularidades de cada um a seguir:
z Regulares: os verbos regulares são os mais fáceis de compreender, pois apresentam regularidade no uso das
desinências, ou seja, das terminações verbais. Da mesma forma, os verbos regulares mantêm o paradigma
morfológico com o radical, que permanece inalterado. Ex.: Verbo cantar:
z Irregulares: os verbos irregulares apresentam alteração no radical e nas desinências verbais. Por isso, rece-
bem esse nome, pois sua conjugação ocorre irregularmente, seguindo um paradigma próprio para cada grupo
verbal.
Perceba a seguir como ocorre uma sutil diferença na conjugação do verbo estar, que utilizamos como exem-
plo. Isso é importante para não confundir os verbos irregulares com os verbos anômalos. Ex.: Verbo estar:
9
-9
Eu estou Estive
93
Tu estás Estiveste
.0
06
z Anômalos: esses verbos apresentam profundas alterações no radical e nas desinências verbais, consideradas
v
anomalias morfológicas; por isso, recebem essa classificação. Um exemplo bem usual de verbo dessa categoria
tá
é o verbo “ser”. Na língua portuguesa, apenas dois verbos são classificados dessa forma: os verbos ser e ir.
O
ri
A
Eu sou Fui
Tu és Foste
Ele / você é Foi
Nós somos Fomos
Vós sois Fostes
Eles / vocês são Foram
Os verbos ser e ir são irregulares, porém, apresentam uma forma específica de irregularidade que ocasiona
uma anomalia em sua conjugação. Por isso, são classificados como anômalos.
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z Abundantes: são formas verbais abundantes os verbos que apresentam mais de uma forma de particípio acei-
tas pela norma culta gramatical. Geralmente, apresentam uma forma de particípio regular e outra irregular.
Vejamos alguns verbos abundantes:
Omitir Dados importantes tinham sido omitidos por ela Informações estavam omissas
z Defectivos: são verbos que não apresentam algumas pessoas conjugadas em suas formas, gerando um “defei-
to” na conjugação (por isso, o nome). Alguns exemplos de defectivos são os verbos colorir, precaver, reaver etc.
Esses verbos não são conjugados na primeira pessoa do singular do presente do indicativo, bem como: aturdir,
exaurir, explodir, esculpir, extorquir, feder, fulgir, delinquir, demolir, puir, ruir, computar, colorir, carpir, banir,
brandir, bramir, soer.
Verbos que expressam onomatopeias ou fenômenos temporais também apresentam essa característica, como
latir, bramir, chover.
z Pronominais: esses verbos apresentam um pronome oblíquo átono integrando sua forma verbal. É importan-
te lembrar que esses pronomes não apresentam função sintática. Predominantemente, os verbos pronominas
apresentam transitividade indireta, ou seja, são VTI. Ex.: Sentar-se.
z Reflexivos: verbos que apresentam pronome oblíquo átono reflexivo, funcionando sintaticamente como obje-
to direto ou indireto. Nesses verbos, o sujeito sofre e pratica a ação verbal ao mesmo tempo. Ex.: Ela se veste
mal. Nós nos cumprimentamos friamente;
9
z Impessoais: verbos que designam fenômenos da natureza, como chover, trovejar, nevar etc.
-9
96
O verbo haver, com sentido de existir ou marcando tempo decorrido, também será impessoal. Ex.: Havia
.3
93
muitos candidatos e poucas vagas. Há dois anos, fui aprovado em concurso público.
.0
Os verbos ser e estar também são verbos impessoais quando designam fenômeno climático ou tempo. Ex.:
06
O verbo ser para indicar hora, distância ou data concorda com esses elementos.
O verbo fazer também poderá ser impessoal, quando indicar tempo decorrido ou tempo climático. Ex.: Faz
a
lv
Os verbos impessoais não apresentam sujeito; sintaticamente, classifica-se como sujeito inexistente.
da
O verbo ser será impessoal quando o espaço sintático ocupado pelo sujeito não estiver preenchido: “Já é
natal”. Segue o mesmo paradigma do verbo fazer, podendo ser impessoal, também, o verbo ir: “Vai uns
vio
z Auxiliares: os verbos auxiliares são empregados nas formas compostas dos verbos e também nas locuções
ri
verbais. Os principais verbos auxiliares dos tempos compostos são ter e haver.
A
Nas locuções, os verbos auxiliares determinam a concordância verbal; porém, o verbo principal determina a
regência estabelecida na oração.
LÍNGUA PORTUGUESA
Apresentam forte carga semântica que indica modo e aspecto da oração. São importantes na formação da voz
passiva analítica.
z Formas Nominais: na língua portuguesa, usamos três formas nominais dos verbos:
Gerúndio: terminação -ndo. Apresenta valor durativo da ação e equivale a um advérbio ou adjetivo. Ex.:
Minha mãe está rezando;
Particípio: terminações -ado, -ido, -do, -to, -go, -so. Apresenta valor adjetivo e pode ser classificado em par-
ticípio regular e irregular, sendo as formas regulares finalizadas em -ado e -ido.
A norma culta gramatical recomenda o uso do particípio regular com os verbos “ter” e “haver”. Já com os
verbos “ser” e “estar”, recomenda-se o uso do particípio irregular. 45
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Ex.: Os policiais haviam expulsado os bandidos / O “se” exercerá essa função apenas:
Os traficantes foram expulsos pelos policiais.
com verbos cuja transitividade seja TD ou TDI;
Infinitivo: marca as conjugações verbais. com verbos que concordam com o sujeito;
com a voz passiva sintética.
AR: verbos que compõem a 1ª conjugação (Amar,
passear); Atenção: na voz passiva nunca haverá objeto dire-
ER: verbos que compõem a 2ª conjugação (Comer, to (OD), pois ele se transforma em sujeito paciente.
pôr);
IR: verbos que compõem a 3ª conjugação (Partir, z Índice de indeterminação do sujeito: o “se” fun-
sair). cionará nessa condição quando não for possível
identificar o sujeito explícito ou subentendido.
Dica Além disso, não podemos confundir essa função
do “se” com a de apassivador, já que, para ser índi-
O verbo “pôr” corresponde à segunda conjuga- ce de indeterminação do sujeito, a oração precisa
ção, pois origina-se do verbo “poer”. estar na voz ativa.
O mesmo acontece com verbos que deste
derivam. Outra importante característica do “se” como índi-
ce de indeterminação do sujeito é que isso ocorre em
Vozes Verbais verbos transitivos indiretos, verbos intransitivos ou
verbos de ligação. Além disso, o verbo sempre deverá
As vozes verbais definem o papel do sujeito na estar na 3ª pessoa do singular.
oração, demonstrando se o sujeito é o agente da ação Ex.: Acredita-se em Deus.
verbal ou se ele recebe a ação verbal. Dividem-se em:
z Pronome reflexivo: na função de pronome refle-
� Ativa: o sujeito é o agente, praticando a ação
xivo, a partícula “se” indicará reflexão ou reci-
verbal.
Ex.: O policial deteve os bandidos. procidade, auxiliando a construção dessas vozes
� Passiva: o sujeito é paciente, ou seja, sofre a ação verbais, respectivamente. Nessa função, suas prin-
verbal. cipais características são:
Ex.: Os bandidos foram detidos pelo policial —
passiva analítica; sujeito recebe e pratica a ação;
� Detiveram-se os criminosos — passiva sintética. funcionará, sintaticamente, como objeto direto
� Reflexiva: o sujeito é agente e paciente ao mesmo ou indireto;
tempo, pois pratica e recebe a ação verbal. o sujeito da frase poderá estar explícito ou
Ex.: Os bandidos se entregaram à polícia. / O implícito.
menino se agrediu.
� Recíproca: o sujeito é agente e paciente ao mes- Ex.: Ele se via no espelho (explícito). Deu-se um
mo tempo, porém há uma ação compartilhada presente de aniversário (implícito).
9
-9
lhada entre dois ou mais indivíduos que praticam z Parte integrante do verbo: nesses casos, o “se”
e sofrem a ação.
.3
Ex.: Os bandidos se olharam antes do julga- acompanhando-o em todas as suas flexões. Quan-
mento. / Apesar do ódio mútuo, os candidatos se
.0
cumprimentaram.
ção sintática. Além disso, o sujeito da frase poderá
-1
ções entre sujeito e objeto da voz ativa. Só podemos Ex.: (Ele/a) Lembrou-se da mãe, quando olhou a
lv
se o verbo for transitivo direto ou transitivo direto e z Partícula de realce: será partícula de realce o “se”
da
indireto. Logo, só há voz passiva com a presença do que puder ser retirado do contexto sem prejuízo
objeto direto.
io
Importante! Não confunda os verbos pronomi- partícula de realce não exerce função sintática,
tá
que indicam sentimentos, como arrepender-se, quei- Ex.: Vão-se os anéis, ficam-se os dedos.
ri
verbos irregulares importantes, que sempre são obje- z Meio: Voltarei a andar a cavalo;
-1
Ele/Você Adere
z Proximidade: Estar à janela.
ri
Nós Aderimos
A
5 Palavras deverbais são substantivos que expressam, de forma nominal e abstrata, o sentido de um verbo com o qual mantêm relação.
Exemplo: a filmagem, o pagamento, a falência etc. Geralmente, os nomes deverbais são acompanhados por preposições e, sintaticamente, o
termo que completa o sentido desses nomes é conhecido como complemento nominal. 47
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z Instrumento: Abrir a porta com a chave; “Para”
z Matéria: Vinho se faz com uva;
z Modo: Andar com elegância; z Consequência: Você deve ser muito esperto para
z Referência: Com sua irmã aconteceu diferente; não cair em armadilhas;
comigo sempre é assim. z Fim ou finalidade: Chegou cedo para a conferência;
z Lugar: Em 2011, ele foi para Portugal;
“Contra” z Proporção: As baleias estão para os peixes assim
como nós estamos para as galinhas;
z Oposição: Jogar contra a seleção brasileira; z Referência: Para mim, ela está mentindo;
z Direção: Olhar contra o sol; z Tempo: Para o ano irei à praia;
z Proximidade ou contiguidade: Apertou o filho z Destino ou direção: Olhe para frente!
contra o peito.
“Perante”
“De”
z Lugar: Ele negou o crime perante o júri.
z Causa: Chorar de saudade;
z Assunto: Falar de religião; “Por”
z Matéria: Material feito de plástico;
z Conteúdo: Maço de cigarro; z Modo ou conformidade: Vamos escolher por
z Origem: Você descende de família humilde; sorteio;
z Posse: Este é o carro de João; z Causa: Encontrar alguém por coincidência;
z Autoria: Esta música é de Chopin; z Conformidade: Copiar por original;
z Tempo: Ela dorme de dia; z Favor: Lutar por seus ideais;
z Lugar: Veio de São Paulo; z Medida: Vendia banana por quilo;
z Definição: Pessoa de coragem; z Meio: Ir por terra;
z Dimensão: Sala de vinte metros quadrados; z Modo: Saber por alto o que ocorreu;
z Fim ou finalidade: Carro de passeio; z Preço: Comprar um livro por vinte reais;
z Instrumento: Comer de garfo e faca; z Quantidade: Chocar por três vezes;
z Meio: Viver de ilusões; z Substituição: Comprar gato por lebre;
z Medida ou extensão: Régua de 30 cm; z Tempo: Viver por muitos anos.
z Modo: Olhar alguém de frente;
z Preço: Caderno de 10 reais; “Sem”
z Qualidade: Vender artigo de primeira;
z Semelhança ou comparação: Atitudes de pessoa z Ausência ou desacompanhamento: Estava sem
corajosa. dinheiro. 9
-9
“Desde” “Sob”
96
.3
z Distância: Dormiu desde o acampamento até aqui; z Tempo: Houve muito progresso no Brasil sob D.
93
dólares;
z Meio: Pagou a dívida em cheque; z Assunto: Não gosto de falar sobre política;
da
z Lugar: Ele ficou entre os aprovados; z Apesar de. Ex.: Apesar de terem sumido, volta-
z Meio social: Entre as elites, este é o comportamento; ram logo;
z Reciprocidade: Entre mim e ele sempre houve z A respeito de. Ex.: Nossa reunião foi a respeito
48 discórdia. de finanças;
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z Graças a. Ex.: Graças ao bom Deus, não aconteceu z Preposição “de”:
nada grave;
z De acordo com. Ex.: De acordo com W. Hamboldt, Com artigo definido masculino e feminino:
a língua é indispensável para que possamos pen- de + o/os = do/dos
sar, mesmo que estivéssemos sempre sozinhos; de + a/as = da/das
z Por causa de. Ex.: Por causa de poucos pontos, � Com artigo indefinido:
não passei no exame; de + um= dum
z Para com. Ex.: Minha mãe me ensinou ter respeito de + uns = duns
para com os mais velhos; de + uma = duma
z Por baixo de. Ex.: Por baixo do vestido, ela usa de + umas = dumas
um short. � Com pronome demonstrativo:
de + este(s)= deste, destes
Outros exemplos de locuções prepositivas: de + esta(s)= desta, destas
Abaixo de; acerca de; acima de; devido a; a despeito de + isto= disto
de; adiante de; defronte de; embaixo de; em frente de; de + esse(s) = desse, desses
junto de; perto de; por entre; por trás de; quanto a; a de + essa(s)= dessa, dessas
fim de; por meio de; em virtude de. de + isso = disso
de + aquele(s) = daquele, daqueles
de + aquela(s) = daquela, daquelas
Importante! de + aquilo= daquilo
Algumas locuções prepositivas apresentam � Com o pronome pessoal:
semelhanças morfológicas, mas significa- de + ele(s) = dele, deles
dos completamente diferentes. Observe estes de + ela(s) = dela, delas
� Com o pronome indefinido:
exemplos6:
de + outro(s)= doutro, doutros
A opinião dos diretores vai ao encontro do plane-
de + outra(s) = doutra, doutras
jamento inicial = Concordância.
� Com advérbio:
As decisões do público foram de encontro à pro-
de + aqui= daqui
posta do programa = Discordância. de + aí= daí
Em vez de comer lanches gordurosos, coma fru- de + ali= dali
tas = Substituição.
Ao invés de chegar molhado, chegou cedo = z Preposição “em”:
Oposição.
Com artigo definido:
Combinações e Contrações em + a(s)= na, nas
em + o(s)= no, nos
� Com pronome demonstrativo:
As preposições podem se ligar a outras palavras de
9
em + esse(s)= nesse, nesses
-9
em + isso = nisso
93
em + isto = nisto
a + o = ao
-1
a + as= às
Com o pronome demonstrativo:
a + aquele = àquele z Preposição “para” (pra):
a + aqueles = àqueles
a + aquela = àquela Com artigo definido:
a + aquelas = àquelas para (pra) + o(s) = pro, pros
a + aquilo = àquilo para (pra) + a(s)= pra, pras
Causa Preso por agressão z Conclusivas: ligam duas ideias, de forma que a
-1
Assunto Falar sobre política segunda conclui o que foi dito na primeira. Logo,
portanto, então, por isso, assim, por conseguinte,
a
lv
a Paris
v
-se.
tá
O
CONJUNÇÕES
Dica
ri
A
Assim como as preposições, as conjunções também As conjunções “e”, “nem” não devem ser empre-
são invariáveis e também auxiliam na organização gadas juntas (“e nem”). Tendo em vista que
das orações, ligando termos e, em alguns casos, ora- ambas indicam a mesma relação aditiva, o uso
ções. Por manterem relação direta com a organização concomitante acarreta em redundância.
das orações nas sentenças, as conjunções podem ser
coordenativas ou subordinativas.
Conjunções Subordinativas
Conjunções Coordenativas
Tais quais as conjunções coordenativas, as subor-
dinativas estabelecem uma ligação entre as ideias
As conjunções coordenativas são aquelas que apresentadas em um texto. Porém, diferentemente
ligam orações coordenadas, ou seja, orações que não daquelas, estas ligam ideias apresentadas em orações
fazem parte de uma outra; em alguns casos, ainda, subordinadas, ou seja, orações que precisam de outra
essas conjunções ligam núcleos de um mesmo termo para terem o sentido apreendido.
da oração. As conjunções coordenadas podem ser:
50
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� Causal: iniciam a oração dando ideia de causa. Conjunções Integrantes
Haja vista, que, porque, pois, porquanto, visto que,
uma vez que, como (equivale a porque) etc. As conjunções integrantes fazem parte das orações
Ex.: Como não choveu, a represa secou. subordinadas; na realidade, elas apenas integram uma
� Consecutiva: iniciam a oração expressando ideia oração principal à outra, subordinada. Existem apenas
de consequência. Que (depois de tal, tanto, tão), de dois tipos de conjunções integrantes: “que” e “se”.
modo que, de forma que, de sorte que etc.
Ex.: Estudei tanto que fiquei com dor de cabeça. � Quando é possível substituir o “que” pelo pro-
� Comparativa: iniciam orações comparando ações nome “isso”, estamos diante de uma conjunção
e, em geral, o verbo fica subtendido. Como, que integrante.
nem, que (depois de mais, menos, melhor, pior, Ex.: Quero que a prova esteja fácil. (Quero. O quê?
maior), tanto... quanto etc. Isso).
Ex.: Corria como um touro. � Sempre haverá conjunção integrante em orações
Ela dança tanto quanto Carlos. substantivas e, consequentemente, em períodos
� Conformativa: expressam a conformidade de compostos.
uma ideia com a da oração principal. Conforme, Ex.: Perguntei se ele estava em casa. (Perguntei. O
como, segundo, de acordo com, consoante etc. quê? Isso).
Ex.: Tudo ocorreu conforme o planejado. � Nunca devemos inserir uma vírgula entre um ver-
Amanhã chove, segundo informa a previsão do bo e uma conjunção integrante.
tempo. Ex.: Sabe-se, que o Brasil é um país desigual
� Concessiva: iniciam uma oração com uma ideia (errado).
contrária à da oração principal. Embora, conquan- Sabe-se que o Brasil é um país desigual (certo).
to, ainda que, mesmo que, em que pese, posto que
etc. INTERJEIÇÕES
Ex.: Teve que aceitar a crítica, conquanto não
tivesse gostado. As interjeições também fazem parte do grupo de
Trabalhava, por mais que a perna doesse. palavras invariáveis, tal como as preposições e as
� Condicional: iniciam uma oração com ideia de conjunções. Sua função é expressar estado de espíri-
hipótese, condição. Se, caso, desde que, contanto to e emoções; por isso, apresentam forte conotação
que, a menos que, somente se etc. semântica. Uma interjeição sozinha pode equivaler a
Ex.: Se eu quisesse falar com você, teria respondi- uma frase. Ex.: Tchau!
do sua mensagem. As interjeições indicam relações de sentido diversas.
Posso lhe ajudar, caso necessite. A seguir, apresentamos um quadro com os sentimentos
� Proporcional: ideia de proporcionalidade. À pro- e sensações mais expressos pelo uso de interjeições:
porção que, à medida que, quanto mais...mais,
quanto menos...menos etc. VALOR SEMÂNTICO INTERJEIÇÃO
Ex.: Quanto mais estudo, mais chances tenho de
Advertência Cuidado! Devagar! Calma!
9
ser aprovado.
-9
Ia aprendendo, à medida que convivia com ela. Alívio Arre! Ufa! Ah!
96
tempo. Quando, enquanto, assim que, até que, mal, Saudação Salve! Viva! Adeus! Tchau!
da
do Futuro.
v
tá
Mal cheguei à cidade, fui assaltado. É salutar lembrar que o sentido exato de cada
O
prendem às formas morfológicas desses elemen- Isso acontece pois qualquer expressão exclamati-
tos. O valor das conjunções é construído contex- va que expresse sentimento ou emoção pode funcionar
tualmente, por isso, é fundamental estar atento como uma interjeição. Lembre-se dos palavrões, por
aos sentidos estabelecidos no texto. exemplo, que são interjeições por excelência, mas que,
Ex.: Se Mariana gosta de você, por que você não a dependendo do contexto, podem ter seu sentido alterado.
procura? (Se = causal = já que) Antes de concluirmos, é importante ressaltar o
Por que ficar preso na cidade, quando existe tanto papel das locuções interjetivas, conjunto de palavras
ar puro no campo? (Quando = causal = já que). que funciona como uma interjeição, como: Meu Deus!
Ora bolas! Valha-me Deus!
51
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Alguns exemplos de radicais:
ESTRUTURA E FORMAÇÃO DE Ex.: pastel – pastelaria – pasteleiro;
PALAVRAS pedra – pedreiro - pedregulho;
Terra – aterrado – enterrado - terreiro.
INTRODUÇÃO
deve se lembrar que não podemos unir as peças arbi- dade: Lealdade.
.0
partir das regras que o sistema linguístico nos oferece. É importante destacar que essa pequena amostra,
Si
Tornou-se comum, sobretudo nas redes sociais, o listando alguns sufixos e prefixos da língua portugue-
surgimento de novos vocábulos a partir de “peças”
da
outras línguas com morfemas da língua portuguesa formação de palavras por afixos.
v
z Prefixal ou prefixação;
Tema
a
z Sufixal ou sufixação;
lv
Si
z Prefixal e sufixal;
O tema é a união do radical com a vogal temática.
z Parassintética ou parassíntese;
da
z Imprópria ou conversão.
v
cada uma.
Vendesse – tema: vende;
Mares – tema: mare.
Derivação Prefixal
LÍNGUA PORTUGUESA
8 O morfema flexional nulo é mais conhecido como morfema zero nas gramáticas; sua marcação é feita com a presença do numeral 0 (zero). 53
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Refazer: prefixo re-. z Particípio do verbo - substantivo: Teria passado
- O passado;
Derivação Sufixal z Verbos - substantivos: Almoçar - O almoço;
z Substantivos - adjetivos: o gato - mulher gato;
De maneira comparativa, podemos afirmar que z Substantivos comuns - substantivos próprios:
a formação de palavras por derivação sufixal refere- leão - Nara Leão;
-se ao acréscimo de um sufixo à estrutura primitiva, z Substantivos próprios - comuns: Gillete - gilete;
como em:
Judas - ele é o judas do programa.
Lealdade; francesa; belíssimo; inquietude; sofri-
mento; harmonizar; gentileza; lotação; assessoria.
Lealdade: sufixo -dade; Sufixos e formação de palavras: Alguns sufixos
Francesa: sufixo -esa; são mais comuns no processo de formação de deter-
Belíssimo: sufixo -íssimo; minadas classes gramaticais, vejamos:
Inquietude: sufixo -tude;
Sofrimento: sufixo -mento; z Sufixos nominais: originam substantivos, adjeti-
Harmonizar: sufixo -izar; vos. Ex.: -dor, -ada, -eiro, -oso, -ão, -aço;
Gentileza: sufixo -eza; z Sufixos verbais: originam verbos. Ex.: -ear, -ecer,
Lotação: sufixo -ção; -izar, -ar;
Assessoria: sufixo -ria. z Sufixos adverbiais: originam advérbios. Ex.:
-mente.
Derivação Prefixal e Sufixal
LISTA DE RADICAIS E PREFIXOS
Nesse caso, juntam-se à palavra primitiva tanto
um sufixo quanto um prefixo; vejamos alguns casos:
Apresentamos alguns radicais e prefixos na lista a
Inquietude (prefiro in- com sufixo -tude); infeliz-
seguir que podem auxiliar na compreensão do proces-
mente (prefixo in- com sufixo -mente); ultrapassagem
(prefixo ultra- com sufixo -agem); reconsideração so de formação de palavras. Novamente, alertamos que
(prefixo -re com sufixo -ção). essa lista não deve ser encarada como uma “tabuada” a
ser decorada, mas como um método para apreender o
Derivação Parassintética sentido de alguns desses radicais e prefixos.
gro-” não existe), basta fazer o seguinte exercício para Algia Dor Nevralgia
.3
estabelecer por qual processo a palavra foi formada: Bio Vida Biologia
93
xal; caso contrário, a palavra terá sido formada por Caco Mau cacofonia
a
derivação parassintética.
lv
prefixos latinos.
formada pela subtração de um elemento da estrutura
ri
A
anexar afixos (sufixos e prefixos), formando as pala- todas as palavras justapostas que foram atin-
96
vras derivadas, assim chamadas pois derivam de um gidas pela reforma; palavras justapostas que
.3
dos seis processos derivacionais. designam plantas ou bichos ainda são escritas
93
cia semântica e ortográfica, unindo-se a outras pala- no; castanha-do-Pará; João-de-barro; bem-te-vi;
06
ORTOGRÁFICO
Si
da
A reforma uniformizou o uso do hífen em muitos FRASE, ORAÇÃO, PERÍODO, TERMOS ESSENCIAIS,
O
contextos, o que podemos ver como uma facilitação INTEGRANTES E ACESSÓRIOS DA ORAÇÃO;
ri
z Palavras com final em vogais iguais: Usa-se hífen. Conceitos Básicos da Sintaxe
Ex.: Micro-ondas, anti-inflamatório.
Ao selecionar palavras, nós as escolhemos entre
Porém, é preciso ficar atento às exceções a essa os grandes grupos de palavras existentes na língua,
regra geral. Por isso, iremos apresentar alguns exem- como verbos, substantivos ou adjetivos. Esses são gru-
plos para organizar o uso desse diacrítico e facilitar
pos morfológicos. Ao combinar as palavras em frases,
seu aprendizado.
nós construímos um painel morfológico.
z Exceções: os prefixos Pre, Pro, Co, Re não serão As palavras normalmente recebem uma dupla
unidos por hífen quando o segundo termo apre- classificação: a morfológica, que está relacionada à
sentar vogal, seja igual seja diferente. Ex.: Coo- classe gramatical a que pertence, e a sintática, rela-
rientador, coautor, preenchimento, reeleição, cionada à função específica que assumem em deter-
reeducação, preestabelecer; minada frase. 55
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Frase No exemplo anterior a população é:
Frase é todo enunciado com sentido completo. z O elemento sobre o qual se declarou algo (implo-
Pode ser formada por apenas uma palavra ou por um rou pela compra da vacina);
conjunto de palavras. z O elemento que pratica a ação de implorar;
Ex.: Fogo! z O termo com o qual o verbo concorda (o verbo
Silêncio! implorar está flexionado na 3ª pessoa do singular);
“A igreja, com este calor, é fornalha...” (Graciliano z O termo que pode ser substituído por um pronome
Ramos). do caso reto.
(Ela implorou pela compra da vacina da COVID-19.)
Oração
Núcleo do Sujeito
Enunciado que se estrutura em torno de um verbo
(explícito, implícito ou subentendido) ou de uma locu- O núcleo é a palavra base do sujeito. É a principal
ção verbal. Quanto ao sentido, a oração pode apresen- porque é a respeito dela que o predicado diz algo. O
tá-lo completo ou incompleto. núcleo indica a palavra que realmente está exercen-
Ex.: Você é um dos que se preocupam com a do determinada função sintática, que atua ou sofre
poluição. a ação. O núcleo do sujeito apresentará um substan-
“A roda de samba acabou” (Chico Buarque). tivo, ou uma palavra com valor de substantivo, ou
pronome.
Período
z O sujeito simples contém apenas um núcleo.
Período é o enunciado constituído de uma ou mais Ex.: O povo pediu providências ao governador.
orações. Sujeito: O povo
Classifica-se em: Núcleo do sujeito: povo
z Já no sujeito composto, o núcleo será constituído
� Simples: possui apenas uma oração. de dois ou mais termos.
Ex.: O sol surgiu radiante. As luzes e as cores são bem visíveis.
Ninguém viu o acidente. Sujeito: As luzes e as cores
� Composto: possui duas ou mais orações. Núcleo do sujeito: luzes/cores
Ex.: “Amou daquela vez como se fosse a última.”
(Chico Buarque) Dica
Chegou em casa e tomou banho.
Para determinar o sujeito da oração, colocam-se
PERÍODO SIMPLES – TERMOS DA ORAÇÃO as expressões interrogativas quem? Ou o quê?
Antes do verbo.
Os termos que formam o período simples são dis- Ex.: A população pediu uma providência ao
9
-9
grantes (complemento verbal, complemento nominal Quem pediu uma providência ao governador?
.3
outro.
06
leiro constituído basicamente de arroz e feijão, por Quanto à função na oração, o sujeito classifica-se em:
io
Simples
O
Elíptico
É o elemento que faz ou sofre a ação determinada Com verbos flexionados na 3ª
pelo verbo. pessoa do plural
O sujeito pode ser:
INDETERMINADO Com verbos acompanhados do
� O termo sobre o qual o restante da oração diz algo; se (índice de indeterminação do
� O elemento que pratica ou recebe a ação expressa sujeito)
pelo verbo; Usado para fenômenos da
� O termo que pode ser substituído por um pronome INEXISTENTE natureza ou com verbos
do caso reto; impessoais
� O termo com o qual o verbo concorda.
Ex.: A população implorou pela compra da vacina
z Determinado: quando se identifica a pessoa, o
da COVID-19.
lugar ou o objeto na oração. Classifica-se em:
56
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Simples: quando há apenas um núcleo. z Voz passiva analítica (sujeito paciente)
Ex.: O [aluguel] da casa é caro. Ex.: A minha saia azul está rasgada.
Núcleo: aluguel O sujeito está sofrendo uma ação, e não há presen-
Sujeito simples: O aluguel da casa; ça da partícula -se.
Composto: quando há dois núcleos ou mais.
Ex.: Os [sons] e as [cores] ficaram perfeitos. Predicado
Núcleos: sons, cores.
Sujeito composto: Os sons e as cores; É o termo que contém o verbo e informa algo sobre
Elíptico, oculto ou desinencial: quando não o sujeito. Apesar de o sujeito e o predicado serem ter-
aparece na oração, mas é possível de ser identifi- mos essenciais na oração, há casos em que a oração
cado devido à flexão do verbo ao qual se refere. não possui sujeito. Mas, se a oração é estruturada em
Ex.: Vi o noticiário hoje de manhã. Sujeito: (Eu) torno de um verbo e ele está contido no predicado, é
impossível existir uma oração sem sujeito.
z Indeterminado: quando não é possível identificar O predicado pode ser:
o sujeito na oração, mas ainda sim está presente.
Encontra-se na 3ª pessoa do plural ou representa- z Aquilo que se declara a respeito do sujeito.
do por um índice de indeterminação do sujeito, a Ex.: “A esposa e o amigo seguem sua marcha.”
partícula “se”. (José de Alencar);
Predicado: seguem sua marcha;
Colocando-se o verbo na 3ª pessoa do plural, z Uma declaração que não se refere a nenhum sujei-
não se referindo a nenhuma palavra determi- to (oração sem sujeito):
nada no contexto. Ex.: Chove pouco nesta época do ano;
Ex.: Passaram cedo por aqui, hoje. Predicado: Chove pouco nesta época do ano.
Entende-se que alguém passou cedo;
Colocando-se verbos (intransitivos, transitivos Para determinar o predicado, basta separar o
diretos ou de ligação) sem complemento dire- sujeito. Ocorrendo uma oração sem sujeito, o predica-
to na 3ª pessoa do singular acompanhados do do abrangerá toda a declaração. A presença do verbo
pronome se, pronome que atua como índice de é obrigatória, seja de forma explícita ou implícita:
indeterminação do sujeito. Ex.: “Nossos bosques têm mais vidas.” (Gonçalves
Ex.: Não se vê com a neblina. Dias)
Entende-se que ninguém consegue ver nessa Sujeito: Nossos bosques. Predicado: têm mais vida.
condição. Ex.: “Nossa vida mais amores”. (Gonçalves Dias)
Sujeito: Nossa vida. Predicado: mais amores.
Sujeito Inexistente ou Oração sem Sujeito
Classificação do Predicado
Esse tipo de situação ocorre quando uma oração
não tem sujeito mas tem sentido completo. Os verbos A classificação do predicado depende do significa-
9
-9
Há dois anos esse restaurante abriu. O predicado nominal tem por núcleo um nome
(substantivo, adjetivo ou pronome).
a
lv
Classificação do Sujeito Quanto à Voz Ex.: “Nossas flores são mais bonitas.” (Murilo
Si
Mendes)
da
Ex.: “Ela contava-lhe anedotas, e pedia-lhe ou- a gramática da língua portuguesa, esses termos são
96
z Verbo intransitivo (VI): É aquele capaz de cons- z Objeto direto: revela o alvo da ação. Não é acom-
da
Ex.: Escrevia tanto que os dedos adormeciam. O técnico convocou somente os do Brasil. (os =
O
Ocorre quando há dois núcleos significativos: Além dos pronomes oblíquos o(s), a(s) e suas
um verbo nocional (intransitivo ou transitivo) e um variações lo(s), la(s), no(s), na(s), que quase sempre
nome (predicativo do sujeito ou, em caso de verbo exercem função de objeto direto, os pronomes oblí-
transitivo, predicativo do objeto). quos me, te, se, nos, vos também podem exercer essa
Ex.: “O homem parou atento.” (Murilo Mendes) função sintática.
Verbo intransitivo: parou Ex.: Levou-me à sabedoria esta aula. (= “Levaram
Predicativo do sujeito: atento quem? A minha pessoa”)
Repare que no primeiro exemplo o termo “atento” Nunca vos tomeis como grandes personalidades.
está caracterizando o sujeito “O homem” e, por isso, é (= “Nunca tomeis quem? Vós”)
considerado predicativo do sujeito. Convidaram-na para o almoço de despedida. (=
Ex.: “Fabiano marchou desorientado.” (Olavo Bilac) “Convidaram quem? Ela”)
Verbo intransitivo: marchou Depois de terem nos recebido, abriram a caixa. (=
58 Predicativo do sujeito: desorientado “Receberam quem? Nós”)
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Os pronomes demonstrativos o, a, os, as podem z Objeto indireto e o uso de pronomes pessoais
ser objetos diretos. Normalmente, aparecem antes do
pronome relativo que. Pode ser representado pelos seguintes pronomes
Ex.: Escuta o que eu tenho a dizer. (Escuta algo: oblíquos átonos: me, te, se, no, vos, lhe, lhes. Os pro-
esse algo é o objeto direto) nomes o, a, os, as não exercerão essa função.
Observe bem a que ele mostrar. (a = pronome Ex.: Mostre-lhe onde fica o banheiro, por favor.
feminino definido) Todos os pronomes oblíquos tônicos (me, mim,
comigo, te, ti, contigo) podem funcionar como objeto
z Objeto direto preposicionado indireto, já que sempre ocorrem com preposição.
Ex.: Você escreveu esta carta para mim?
Mesmo que o verbo transitivo direto não exija
preposição no seu complemento, algumas palavras z Objeto indireto pleonástico: ocorrência repetida
requerem o uso da preposição para não perder o sen- dessa função sintática com o objetivo de enfatizar
tido de “alvo” do sujeito. uma mensagem.
Além disso, há alguns casos obrigatórios e outros Ex.: A ele, sem reservas, supliquei-lhe ajuda.
facultativos.
Exemplos com Ocorrência Obrigatória de Complemento Nominal
Preposição:
Não entendo nem a ele nem a ti. Completa o sentido de substantivos, adjetivos e
Respeitava-se aos mais antigos. advérbios. É uma função sintática regida de preposi-
Ali estava o artista a quem nosso amigo idolatrava. ção e com objetivo de completar o sentido de nomes. A
Amavam-se um ao outro. presença de um complemento nominal nos contextos
“Olho Gabriela como a uma criança, e não mulher de uso é fundamental para o esclarecimento do senti-
feita.” (Ciro dos Anjos). do do nome.
Exemplos com Ocorrência Facultativa de Ex.: Tenho certeza de que tu serás aprovado.
Preposição: Estou longe de casa e tão perto do paraíso.
Eles amam a Deus, assim diziam as pessoas daque- Para melhor identificar um complemento nomi-
le templo. nal, siga a instrução:
A escultura atrai a todos os visitantes. Nome + preposição + quem ou quê
Não admito que coloquem a Sua Excelência num Como diferenciar complemento nominal de com-
pedestal. plemento verbal?
Ao povo ninguém engana. Ex.: Naquela época, só obedecia ao meu coração.
Eu detesto mais a estes filmes do que àqueles. (complemento verbal, pois “ao meu coração” liga-se
No caso “Você bebeu dessa água?”, a forma “des-
diretamente ao verbo “obedecia”)
sa” (preposição de + pronome essa) precisa estar pre-
Naquela época, a obediência ao meu coração pre-
sente para indicar parte de um todo, quando assim
valecia. (complemento nominal, pois “ao meu cora-
9
for o contexto de uso. Logo, a pergunta é se a pessoa
-9
Agente da Passiva
93
que tem o mesmo radical do verbo ou apresenta ser, estar, viver, andar, ficar.
da
mesmo significado.
Ex.: Riu um riso aterrador. TERMOS ACESSÓRIOS DA ORAÇÃO
io
Como diferenciar objeto direto de sujeito? ra básica da oração, são importantes para compreen-
ri
Já começaram os jogos da seleção. (sujeito) são do enunciado porque trazem informações novas.
A
Ignoraram os jogos da seleção. (objeto direto) Esses termos são chamados acessórios da oração.
O objeto direto pode ser passado para a voz passi-
va analítica e se transforma em sujeito. Adjunto Adnominal
LÍNGUA PORTUGUESA
rumo;
06
z Modo: O dia começou alegremente. Ex.: No inverno, busquemos sair com roupas
Si
roupas.
O
substantivos próprios.
z Dúvida: Talvez ele chegue mais cedo.
ri
sintática com outro termo dentro da oração. Não per- As orações são sintaticamente independentes. Isso
tence nem ao sujeito, nem ao predicado. É usado para
.0
chamar ou interpelar a pessoa que o enunciador dese- verbos, nomes ou pronomes das demais orações no
-1
Ela te diz isso desde ontem, Fábio. Oração coordenada 2: o homem sonha
Oração coordenada 3: a obra nasce.
io
vo não se relaciona sintaticamente com nenhum sala de Damasceno, mas nada ouvi.” (M. de Assis)
O
Formado por orações sintaticamente dependentes, Ex.: Só quero uma coisa: a sua volta imediata. (aposto)
.3
considerando a função sintática em relação a um ver- Só quero uma coisa: que você volte imediata-
93
bo, nome ou pronome de outra oração. mente. (aposto oracional) (or. sub. aposi.);
.0
z Substantivas;
a
z Adverbiais.
Si
Orações Subordinadas Substantivas qual, os quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas etc.)
io
explicativas e restritivas.
O
ri
Ex.: A garota riu tanto, que se engasgou; Temos uma missão: subir aquela escada. (O. S.
O
“Achei as rosas mais belas do que nunca, e tão per- substantiva apositiva reduzida de infinitivo);
ri
2ª oração: oração coordenada sindética aditiva em e pessoa que ocorre entre o verbo e seu respectivo
lv
3ª oração: coordenada substantiva objetiva direta Ex.: De todos os povos mais plurais culturalmen-
da
Resumindo: período composto por coordenação e quais insistem em desmentir que nosso país é cheio
v
singular
96
Quando se aplica a nomes de obras artísticas, o Ex.: Seu cheiro, seu toque bastou/bastaram para
06
de um, cerca de, perto de, menos de, coisa de, � Sujeito constituído pelas expressões um e outro,
io
obra de etc., o verbo concorda com o numeral. Ex.: nem um nem outro
v
Ex.: Eles é que sempre chegam cedo. Ex.: Ainda vale a pena investir nos estudos.
96
São eles que sempre chegam cedo. Sabe-se que dois alunos nossos foram aprovados.
.3
(construção inadequada)
Casos mais Frequentes em Provas
a
lv
Concordância do Infinitivo
io
Nós lutaremos até vós serdes bem tratados. (sujei- Ex.: Viviam no meio de uma grande floresta tropi-
O
implícito “nós”) Ex.: Faz dois meses que não pratico esporte.
Falei sobre o desejo de aprontarmos logo o site. Havia problemas no setor.
Obs.: Existiam problemas no setor. (verbo existir
(dois pronomes implícitos: eu, nós)
vai ter sujeito “problemas”, e vai ser variável);
Até me encontrarem, vocês terão de procurar
� Verbo na voz passiva sintética
muito. (preposição no início da oração)
Ex.: Criaram-se muitas expectativas para a luta;
Para nós nos precavermos, precisaremos de luz.
� Verbo concordando com o antecedente correto
(verbos pronominais)
do pronome relativo ao qual se liga
Visto serem dez horas, deixei o local. (verbo ser
Ex.: Contratei duas pessoas para a empresa, que
indicando tempo)
tinham experiência;
Estudo para me considerarem capaz de aprova-
� Sujeito coletivo com especificador plural
ção. (pretensão de indeterminar o sujeito)
Ex.: A multidão de torcedores vibrou/vibraram;
Para vocês terem adquirido esse conhecimento,
foi muito tempo de estudo. (infinitivo pessoal com- � Sujeito oracional
posto: locução verbal de verbo auxiliar + verbo no Ex.: Convém a eles alterar a voz. (verbo no
66 particípio); singular);
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
� Núcleo do sujeito no singular seguido de adjun- Quando o adjetivo funcionar como adjunto adno-
to ou complemento no plural minal e estiver antes dos substantivos, poderá con-
Ex.: Conversa breve nos corredores pode gerar cordar apenas com o elemento mais próximo. Ex.:
atrito. (verbo no singular). Existem complicadas regras e conceitos.
Quando houver apenas um substantivo qualifica-
Casos Facultativos do por dois ou mais adjetivos pode-se:
Colocar o substantivo no plural e enumerar o ad-
z A multidão de pessoas invadiu/invadiram o jetivo no singular. Ex.: Ele estuda as línguas inglesa,
estádio; francesa e alemã.
z Aquele comediante foi um dos que mais me fez/ Colocar o substantivo no singular e, ao enumerar
fizeram rir; os adjetivos (também no singular), antepor um artigo
z Fui eu quem faltou/faltei à aula; a cada um, menos no primeiro deles. Ex.: Ele estuda a
z Quais de vós me ajudarão/ajudareis?; língua inglesa, a francesa e a alemã.
z “Os Sertões” marcou/marcaram a literatura
brasileira; z Com função de predicativo do sujeito
z Somente 1,5% das pessoas domina/dominam a
ciência. (1,5% corresponde ao singular); Com o verbo após o sujeito, o adjetivo concordará
z Chegaram/Chegou João e Maria; com a soma dos elementos.
z Um e outro / Nem um nem outro já veio/vieram Ex.: A casa e o quintal estavam abandonados.
aqui; Com o verbo antes do sujeito o predicativo do su-
z Eu, assim como você, odeio/odiamos a política jeito acompanhará a concordância do verbo, que por
brasileira; sua vez concordará tanto com a soma dos elementos
z O problema do sistema é/são os impostos; quanto com o nome mais próximo.
z Hoje é/são 22 de agosto;
Ex.: Estava abandonada a casa e o quintal. / Esta-
z Devemos estudar muito para atingir/atingirmos
vam abandonados a casa e o quintal.
a aprovação;
Como saber quando o adjetivo tem valor de adjun-
z Deixei os rapazes falar/falarem tudo.
to adnominal ou predicativo do sujeito? Substitua os
substantivos por um pronome:
Silepse de Número e de Pessoa
Ex.: Existem conceitos e regras complicados.
(substitui-se por “eles”)
Conhecida também como “concordância irregular,
Fazendo a troca, fica “Eles existem”, e não “Eles
ideológica ou figurada”. Vejamos os casos:
existem complicados”.
Como o adjetivo desapareceu com a substituição,
z Silepse de número: usa-se um termo discordando
então é um adjunto adnominal.
do número da palavra referente, para concordar
com o sentido semântico que ela tem. Ex.: Flor tem
z Com função de predicativo do objeto
vida muito curta, logo murcham. (ideia de plurali-
9
-9
ral. Ex.: Os brasileiros, enquanto advindos de dância com o termo mais próximo.
.0
adjetivos, numerais).
v
gênero e número com o nome a que se referem. Elas mesmas conversaram conosco.
O
z Com função de adjunto adnominal: quando o Ex.: Os alunos resolveram mesmo a situação.
adjetivo funcionar como adjunto adnominal e esti-
ver após os substantivos, poderá concordar com z Só / sós
as somas desses ou com o elemento mais próximo. Variáveis quando significarem “sozinho” /
Ex.: Encontrei colégios e faculdades ótimas. / “sozinhos”.
Encontrei colégios e faculdades ótimos. Invariáveis quando significarem “apenas,
somente”.
Há casos em que o adjetivo concordará apenas Ex.: As garotas só queriam ficar sós. (As garotas
com o nome mais próximo, quando a qualidade per- apenas queriam ficar sozinhas.)
tencer somente a este. A locução “a sós” é invariável.
Ex.: Saudaram todo o povo e a gente brasileira. Ex.: Ela gostava de ficar a sós. / Eles gostavam de
Foi um olhar, uma piscadela, um gesto estranho ficar a sós; 67
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� Quite / anexo / incluso PLURAL DE COMPOSTOS
Concordam com os elementos a que se referem.
Ex.: Estamos quites com o banco. Substantivos
Seguem anexas as certidões negativas.
Inclusos, enviamos os documentos solicitados; O adjetivo concorda com o substantivo referen-
� Meio te em gênero e número. Se o termo que funciona
Quando significar “metade”: concordará com o como adjetivo for originalmente um substantivo fica
elemento referente. invariável.
Ex.: Rosas vermelhas e jasmins pérola. (pérola
Ex.: Ela estava meio (um pouco) nervosa.
também é um substantivo; mantém-se no singular)
Quando significar “um pouco”: será invariável.
Ternos cinza e camisas amarelas. (cinza também é
Ex.: Já era meio-dia e meia (metade da hora); um substantivo; mantém-se no singular)
� Grama
Quando significar “vegetação”, é feminino; quan- Adjetivos
do significar unidade de medida, é masculino.
Ex.: Comprei duzentos gramas de farinha. Quando houver adjetivo composto, apenas o últi-
“A grama do vizinho sempre é mais verde.”; mo elemento concordará com o substantivo referente.
� É proibido entrada / É proibida a entrada Os demais ficarão na forma masculina singular.
Se o sujeito vier determinado, a concordância do Se um dos elementos for originalmente um subs-
verbo e do predicativo do sujeito será regular, ou tantivo, todo o adjetivo composto ficará invariável.
seja, tanto o verbo quanto o predicativo concorda- Ex.: Violetas azul-claras com folhas verde-musgo.
rão com o determinante. No termo “azul-claras”, apenas “claras” segue o
Ex.: Caminhada é bom para a saúde. / Esta cami- plural, pois ambos são adjetivos.
nhada está boa. No termo “verde-musgo”, “musgo” permanece no
singular, assim como “verde”, por ser substantivo.
É proibido entrada de crianças. / É proibida a
Nesse caso, o termo composto não concorda com o
entrada de crianças.
plural do substantivo referente, “folhas”.
Pimenta é bom? / A pimenta é boa?;
Ex.: Calças rosa-claro e camisas verde-mar.
� Menos / pseudo O termo “claro” fica invariável porque “rosa” tam-
São invariáveis. bém pode ser um substantivo.
Ex.: Havia menos violência antigamente. O termo “mar” fica invariável por seguir a mesma
Aquelas garotas são pseudoatletas. / Seu argumen- lógica de “musgo” do exemplo anterior.
to é pseudo-objetivo;
� Muito / bastante Dica
Quando modificam o substantivo: concordam com
ele. Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qual-
Quando modificam o verbo: invariáveis. quer adjetivo composto iniciado por “cor-de” são
9
-9
Bastantes alunos vieram. / Os alunos ficaram bas- mentos flexionados no plural (peles-vermelhas).
93
tante irritados.
.0
couve-flor – couves-flores;
v
Os filhos são tais qual o pai. / Os filhos são tais primeira-dama – primeiras-damas;
O
bel-prazer – bel-prazeres.
Ex.: Agradeceu a joia. (transitivo direto: objeto não
96
e objeto indireto.
Ajudou o filho a fazer as atividades. (transitivo direto)
io
indireto)
O
relacionam com seus complementos, com ou sem pre- rege apenas objeto direto:
A
Mamãe sempre implicou com meus hábitos. Alguns nomes regem preposições semelhantes a
06
inerente em/a
Si
desiludido de/com
Ex.: Referente à pessoa: objeto direto; referente à
desesperançado de
io
sentada.
de justiça;
-1
de:
Si
de sair.
ri
férias.
Nestes casos, podemos escrever as palavras das
Casos Proibitivos duas formas: utilizando ou não a crase. Para entender
LÍNGUA PORTUGUESA
acompanhados de determinantes. Ex.: Estou à dis- (errado) / Tinha se lembrado do fato (correto).
.0
Nessa ocasião, usa-se a forma “Lavando a mão”, Ao elaborarmos um texto, devemos buscar organi-
da
pois “a mão” é o objeto direto, e, portanto, não exi- zar as ideias apresentadas de modo a torná-lo coeso e
io
[...] Não está no texto em si; não nos é possível Utilizar pronomes para manter a coesão de um
texto é essencial, evitando-se repetições desnecessá-
9
apontá-la, destacá-la ou sublinhá-la. Ela se constrói
-9
[...] numa dada situação comunicativa, na qual o rias que tornam o texto cansativo para o leitor. Como
96
leitor, com base em seus conhecimentos sociocogni- a classe de pronomes é vasta, vamos enfatizar neste
.3
A seguir iremos nos deter aos processos de coesão ricos que recuperam porções textuais ou ainda um
nome específico a que o autor faz referência no texto.
-1
de sentidos implícita no processo de organização da O primeiro debate entre Donald Trump e Joe Biden
da
coerência. No entanto, como nossa finalidade é tornar foi quente, com diversas interrupções e acusações
seu aprendizado mais fácil, separamos esses conceitos pesadas. […] O primeiro ponto discutido foi a indica-
io
com fins estritamente didáticos. ção de Trump da juíza conservadora Amy Barrett para
v
tá
COESÃO REFERENCIAL burg. O presidente defendeu que tem esse direito, pois
ri
A coesão é marcada por processos referenciais ca essa escolha] e criticou os democratas, dizendo “que
relaciona termos e ideias a partir de mecanismos que eles ainda não aceitaram que perderam a eleição”. […].
inserem ou retomam uma porção textual. Os pro- O segundo ponto discutido foi a covid-19. Os EUA
LÍNGUA PORTUGUESA
cessos marcados pela referenciação caracterizam-se são o país mais atingido pela pandemia - são 7 milhões
pela construção de referentes em um texto, os quais de casos e mais de 200 mil mortos. O âncora Chris Wal-
se relacionam com as ideias defendidas no texto. Esse lace perguntou aos dois o que eles fariam até que uma
processo é marcado por vocábulos gramaticais e pode
vacina aparecesse. Biden atacou o republicano dizendo
ser reconhecido pelo uso de algumas classes de pala-
que Trump “não tem um plano para essa tragédia”. Já
vras, das quais falaremos a seguir.
Trump começou sua resposta atacando a China - “deve-
Antes, porém, faz-se mister reconhecer os proces-
riam ter fechado suas fronteiras no começo” -, colocou
sos referenciais que envolvem o uso de expressões
em dúvida as estatísticas da Rússia e da própria China
anafóricas e catafóricas. Conforme Cavalcante (2013),
e, com pouca modéstia, disse que fez um “excelente tra-
“as expressões que retomam referentes já apresentados
balho” nesse momento dos EUA.
no texto por outras expressões são chamadas de anáfo-
ras”. Vejamos o exemplo a seguir: Fonte: https://br.noticias.yahoo.com/eleicoes-eua-
debate-025314998.html. Acesso em: 30 set. 2020. Adaptado. 73
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Após a leitura do texto, é possível notar que a recu- Uso de Nominalização
peração da informação apresentada é feita a partir de
muitos processos de coesão, porém, o uso dos prono- As expressões que retomam ideias e nomes, já apre-
mes destacados recupera o assunto informado e ajuda sentados no texto, mediante outras formas de expressão,
o leitor a construir seu posicionamento. É importante podem ser analisadas como processos nominalizadores,
buscar sempre o elemento a que o pronome faz refe- incluindo substantivos, adjetivos e outras classes nominais.
Essas expressões recuperam informações median-
rência; por exemplo, o primeiro pronome pessoal
te novos nomes inseridos no texto, ou ainda, com o
destacado no texto refere-se ao termo “democratas”,
uso de pronomes, conforme vimos anteriormente.
já o segundo, faz referência aos presidenciáveis que Vejamos um exemplo:
participavam do debate. Nota-se, com isso, que esses
pronomes apontam para uma parcela objetiva do tex-
to, diferente do pronome “essa”, associado ao subs- Antonio Carlos Belchior, mais conhecido como Belchior
tantivo “tragédia”, que recupera uma parcela textual foi um cantor, compositor, músico, produtor, artista plásti-
maior, fazendo referência ao momento de pandemia co e professor brasileiro. Um dos membros do chamado
pelo qual o mundo passa. Pessoal do Ceará, que inclui Fagner, Ednardo, Amelinha e
outros. Bel foi um dos primeiros cantores de MPB do nor-
O uso de pronomes pode ser um aliado na construção
deste brasileiro a fazer sucesso internacional, em meados
da coesão, porém, o uso inadequado pode gerar ambi-
da década de 1970.
guidades, ocasionando o efeito oposto e prejudicando a
coesão. Ex.: Encontrei Matheus, Pedro e sua mulher. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Belchior. Acesso em: 30 set.
2020. Adaptado.
Não é possível saber qual dos homens estava
acompanhado.
Todas as marcações em negrito fazem referência ao
Por fim, destacamos que as classes de palavras
nome inicial Antônio Carlos Belchior; os termos que se
relacionadas neste capítulo com os processos de coe- referem a esse nome inicial são expressões nominaliza-
são não podem ser vistas apenas sob a ótica descriti- doras que servem para ligar ideias e construir o texto.
va-normativa, amplamente estudada nas gramáticas
escolares. O interesse das principais bancas de con- Uso de Adjetivos
cursos públicos é avaliar a capacidade interpreta-
tiva e racional dos candidatos, dessa feita, a análise Os adjetivos também são considerados expressões
de processos coesivos visa analisar a capacidade do nominalizadoras que fazem referência a uma porção
candidato de reconhecer a que e qual elemento está textual ou a uma ideia referida no texto. No exemplo
construindo as referências textuais. acima, a oração “Belchior foi um cantor, compositor,
músico, produtor, artista plástico e professor” apre-
Uso de Numerais senta seis nomes que funcionam como adjetivos de
Belchior e, ao mesmo tempo, acrescentam informações
Conforme mencionamos anteriormente, o uso de sobre essa personalidade, referida anteriormente.
categorias gramaticais concorre para a progressão tex- É importante recordar que não podemos identifi-
9
tual; uma das classes gramaticais que auxilia esse pro- car uma classe de palavra sem avaliar o contexto em
-9
meiro era para os professores, o segundo para os alunos. O vocábulo vicário é oriundo do latim vicarius e
Si
As formas destacadas são numerais ordinais que significa “fazer as vezes”; assim, os verbos vicários
recuperam informação no texto, evitando a repetição são verbos usados em substituição de outros que já
da
esperávamos.
tá
Uso de Advérbios
O
ligam orações coordenadas, ou seja, orações de valor Estudava sempre com afinco, a
FINAL
06
na coesão:
da
Importante!
io
Não confundir:
tá
ADVERSATIVA rém ninguém concordou com A fim de – Relativo a ter finalidade, ter como obje-
elas tivo, com desejo de: “Estou a fim de comer pastel”.
Superou o estigma que pregava
LÍNGUA PORTUGUESA
75
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Quando é possível substituir Além dessa função, a paráfrase pode ser marcada pelo
Quero que a prova uso de expressões textuais bem características, como: em
o que pelo pronome isso, es-
esteja fácil. outras palavras, em outros termos, isto é, quer dizer, em
tamos diante de uma conjun-
Quero. O quê? Isso resumo, em suma, em síntese etc. Essas expressões indi-
ção integrante
cam que algo foi dito e passará a ser ressignificado, garan-
Sempre haverá conjunção tindo a informatividade do texto.
Perguntei se ele estava
integrante em orações subs-
em casa.
tantivas e, consequentemen- Uso de Paralelismo
Perguntei. O quê? Isso
te, em períodos compostos
As ideias similares devem fazer a correspondência
COESÃO RECORRENCIAL entre si; a essa organização de ideias no texto, dá-se o
nome de paralelismo. Quando as construções de frases
Uso de Repetições e orações são semelhantes, ocorre o paralelismo sintá-
tico. Quando há sequência de expressões simétricas no
As recorrências de repetições em textos são comu- plano das ideias e coerência entre as informações, ocor-
mente recusadas pelos mestres da língua portuguesa. re o paralelismo semântico ou paralelismo de sentido.
Sobretudo, quando o assunto é redação, muitos pro-
fessores recomendam em uníssono: evite repetir pala- ESTRUTURAS QUE SEMPRE DEVEM SER USADAS
vras e expressões! JUNTAS
No entanto, a repetição é um recurso coesivo
essencial para manter a progressão temática do texto, Não só..., mas também; não apenas..., mas ainda; não
isto é, para que o tema debatido no texto não seja per- tanto...quanto; ora...ora; seja...seja etc.
dido, levando o escritor a fugir da temática.
Embora também não recomendemos as repetições Além disso, é preciso respeitar a estrutura sintáti-
exageradas no texto, sabemos valorizar seu uso ade- ca a qual a frase está inserida; vejamos um exemplo
quado em um texto; por isso, apresentamos, a seguir, em que houve quebra de paralelismo:
alguns usos comuns dessa estratégia coesiva. “É necessário estudar e que vocês se ajudem”
— Errado.
CONTEXTOS DE USO ADEQUADO DE REPETIÇÕES “É necessário que vocês se ajudem e que estudem”
— Correto.
O candidato foi encontra- Devemos manter a organização das orações, pois
do com duzentos milhões não podemos coordenar orações reduzidas com ora-
Marcar ênfase
de reais na mala, duzen- ções desenvolvidas, é preciso manter o paralelismo
tos milhões! e deixá-las ou somente desenvolvida ou somente
reduzidas.
Marcar contraste Existem Políticos e políticos No tocante ao paralelismo semântico, a ideia é
a mesma, porém deixamos de analisar os pares no
9
“Agora que sentei na minha
-9
o desmatamento florestal”
foi sua irmã e a outra estava bem” — Incorreto.
Millôr Fernandes
da
Uso de Paráfrase
v
tá
O
homem culto.
Muitas coisas que quebraram meu coração, con-
96
cautela;
93
ção. (errado)
Os alunos precisam de, que os professores os aju-
a
TRAVESSÃO
lv
dem. (errado)
Si
(errado);
discurso de interlocutor: Ex.:
� Entre um substantivo e seu complemento nominal
io
Ex.: Jogaremos comida fora à toa? (Ou seja: “Claro Representam uma variante dos parênteses, porém
96
que não jogaremos comida fora à toa”). têm uso mais restrito.
.3
PONTO DE EXCLAMAÇÃO
.0
Coitada dessa criança!; � Para isolar o termo latino sic (que significa “assim”),
Si
� Aparece após uma interjeição: a fim de indicar que, por mais estranho ou errado
da
Ex.: Nossa! Isso é fantástico; que pareça, o texto original é assim mesmo:
io
� Usado para substituir vírgulas em vocativos enfáticos: Ex.: “Era peior [sic] do que fazer-me esbirro aluga-
v
Ex.: “Fernando José! Onde estava até esta hora?”; do.” (Machado de Assis);
tá
A barra oblíqua [ / ] é um sinal gráfico usado: 3. (EXATUS — 2019) Leia com atenção a charge a seguir:
barras para indicar a separação das estrofes: Marque a alternativa que apresenta o uso correto do
96
te, desço monte.//Eu ando sozinha/ao longo da noi- a) Está explicado o por quê querem cortar a aposentadoria!
.0
te./Mas a estrela é minha.” Cecília Meireles; b) Está explicado porque querem cortar a aposentadoria!
06
� Na escrita abreviada, para indicar que a palavra c) Querem cortar a aposentadoria, por que?
-1
não foi escrita na sua totalidade: d) Está explicado por que querem cortar a aposentadoria!
e) Por quê querem cortar a aposentadoria?
a
s/ = sem;
Si
� Para separar o numerador do denominador nos 4. (EXATUS — 2017) Observe com atenção a colocação
da
números fracionários, substituindo a barra da dos pronomes oblíquos átonos nas afirmativas abaixo e,
io
Ex.: 1/3 = um terço; está CORRETA, de acordo com o padrão culto da língua:
tá
� Nas datas:
O
pelo Novo Acordo Ortográfico, é correto afirmar que o PODE DEPENDER DE ONDE VOCÊ VIVE.
.3
beu acentuação, por obedecer a uma dessas regras. Estudo aponta que há uma lacuna de 30 anos
.0
Assinale a alternativa que apresenta a regra que justi- entre os países com as maiores e menores
06
Época - 17/03/2019
Si
c) Exemplificação.
96
e) Condição.
93
1.000 adultos, o que colocava o país em 53º lugar, 9. (EXATUS — 2019) Analise as afirmativas a seguir:
-1
Usando a média global de pessoas de 65 anos como população aos 60 ou 65 anos é um fenômeno mundial.
Si
grupo de referência, Chang e outros pesquisadores II - Os pesquisadores apontaram alguns países com a
da
também estimaram as idades em que a população em menor carga de doenças associadas ao envelheci-
cada país experimentou a mesma taxa de carga rela- mento nos continentes asiático e europeu.
io
cionada. Eles encontraram grande variação em quão III - Um dos motivos apontados como causa do envelhe-
v
tá
anos enfrentam a mesma carga de envelhecimento De acordo com o texto, estão incorretas as afirmativas:
A
68,5 anos, ficaram em 54º lugar, entre o Irã (69 anos), c) I e II, apenas.
Antígua e Barbuda (68,4 anos). Por trás das gran- d) I e III, apenas.
des variações no padrão de envelhecimento entre e) II e III, apenas.
os países, com discrepância quanto ao impacto das
doenças e incapacidades, há muitos determinantes 10. (EXATUS — 2019) São causas citadas no texto que
sociais envolvidos, como explica a geriatra Ana Cris- impactam na forma como se envelhece, exceto:
tina Canêdo Speranza, presidente da seção estadual
do Rio de Janeiro da Sociedade Brasileira de Geriatria a) Estilo de vida.
e Gerontologia: b) Baixa renda.
“Questões socioeconômicas, culturais e ambientais c) Questões ambientais.
têm forte impacto na forma como um país enve- d) Políticas públicas ineficientes.
lhece. Desigualdades sociais e políticas públicas e) Perda da capacidade física e mental.
81
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Leia o texto a seguir para responder às questões 11 e 12. c) “...nos relacionamentos a dois elas parecem ecoar por
todos os cantos.”
Felizes para sempre? Quem dera... d) “...a criatura amada parece funcionar como bálsamo
às nossas dores...”
Em tempos de tão pouca tolerância consigo mesmo
e com os outros, manter relacionamentos amorosos 12. (EXATUS — 2016) De acordo com as ideias do texto,
duradouros e felizes parece um dos objetivos mais marque a alternativa incorreta:
almejados entre pessoas de variadas classes sociais
e faixas etárias. Fazer boas escolhas, entretanto não a) A autora defende a tese de que a manutenção dos
é fácil - _____ o grande número de relações que termi- relacionamentos amorosos não é fácil, embora seja
na, não raro, de maneira dolorosa - pelo menos para algo intensamente desejado pelas pessoas.
um dos envolvidos. Para nossos avós o casamento e b) A descoberta, passado o período de intensa paixão,
sua manutenção, quaisquer que fossem as penas e de que o outro é diferente de nós, e à necessidade de
os sacrifícios atrelados a eles, era um destino quase reconhecer e aceitar essa diferença é um fator que
certo e com pouca possibilidade de manobra. Hoje, pode levar as pessoas a decidirem se querem manter
entretanto, convivemos com a dádiva (que por vezes se ou romper um relacionamento amoroso.
torna ônus) e escolher se queremos ou não estar com c) Para a autora, escolher se queremos ou não estar com
alguém. alguém é uma decisão individual e tranquila.
Um dos pesos que nos impõe a vida líquida (repleta de d) A autora expõe a maneira de as pessoas estabelece-
relações igualmente líquidas, efêmeras), como escre- rem relações afetivas e como essas relações podem
ve o sociólogo Zygmunt Bauman, é a possibilidade de ter desdobramentos em suas vidas.
tomarmos decisões (e arcar com elas). Filhos ou depen-
dência econômica já não prendem homens e mulheres 13. (EXATUS — 2019)
uns aos outros, e cada vez mais nos resta descobrir
______ moram, de fato, nossos desejos. E não falo aqui Comunicado aos gordos
do desejo sexual, embora este seja um aspecto a ser
considerado, mas do que realmente _______, aspiramos Jô Soares
para nossa vida. Mas para isso é preciso, primeiro, loca-
lizar quais são as nossas faltas. E nos relacionamentos Desde que perdi alguns quilinhos, não se passa um
a dois elas parecem ecoar por todos os cantos. dia sem que alguém me pergunte o que eu fiz para
Dividir corpos, planos, sonhos, experiências, espaços emagrecer. A resposta é fácil: “Coma menos, guloso!”
físicos e talvez o mais precioso, o próprio tempo, acor- Sinceramente, o excesso de peso se transformou no
da nos seres humanos sentimentos complexos e con- inimigo número 1 da população. Gente que nunca fez
traditórios. Passados os primeiros 18 ou 24 meses da exercício está malhando. Compram o vídeo da Jane
paixão intensa (um período de _____ projeções), nos Fonda ou de outra beldade e ficam repetindo os exercí-
quais a criatura amada parece funcionar como bál- cios em frente à televisão. Aliás, por que é que nesses
samo às nossas dores mais inusitadas, passamos a vídeos só mostram as mulheres lindas e maravilho-
9
ver o parceiro como ele realmente é: um outro. E essa
-9
alteridade ______ vezes agride, como se ele (ela) fosse Deviam mostrar as gordas que estão estourando lá no
.3
diferente de nós apenas para nos irritar. Surge então a fundo da fila, coitadas, suando e sofrendo para perder
93
dúvida, nem sempre formulada: Continuar ou desistir? alguns gramas, e não aparecem nunca.
.0
Especialistas recorrem ______ inúmeros estudos sobre Vejo pessoas tão desengonçadas correndo na rua,
06
relacionamento afetivo para confirmar algo que, intui- que me pergunto: se correndo elas são assim, como
-1
tivamente a maioria de nós já sabe: 1-Nada melhor seriam paradas? E a comida? Já notaram que agora
do que dividir alegrias com quem amamos (afinal de tudo é light, diet ou sem gordura? Descobriram que a
a
lv
que adianta estar junto se não é para ser bom?) 2-Edu- gordura pode ser tirada com facilidade de praticamen-
Si
cação e aquelas palavrinhas mágicas (obrigado, por te tudo, menos da cintura da gente. Hoje, já temos leite
da
favor, desculpe) fazem bem em qualquer circunstân- sem gordura, margarina sem gordura, manteiga sem
cia, principalmente se acompanhadas da verdadeira gordura, queijo sem gordura, sorvete sem gordura e
io
gratidão pelos pequenos gestos da pessoa com quem até gordura sem gordura.
v
tá
convivemos. 3- Intimidade não vem pronta, é conquis- Já existem panelas que cozinham sem gordura. Só
O
tada a cada dia, quando partilhamos nossos medos, falta inventar a panela que cozinha sem panela. Morte
ri
segredos e dúvidas. 4-É possível aprender _____ agir à banha! Abaixo o toucinho! Viva a raiz de gengibre e
A
de forma mais generosa consigo mesmo e com nos- a semente seca! É a mania de emagrecer que tomou
so companheiro, e essa postura ajuda a preservar o conta de todos.
carinho, a admiração e o amor. Óbvio? Nem tanto... Se Essa mania não deixa de ter o seu lado cruel e curioso,
fosse, não haveria tanta gente em busca da felicidade porque, se estudarmos atentamente o mundo, existe
conjugal... mais ou menos um quinto das pessoas cuja princi-
pal preocupação é a de não engordar, e o resto, que
Gláucia Leal (Revista Mente e Cérebro) gostaria simplesmente de comer. Quando é possível.
Mesmo que engorde. Aliás, engordar seria um raro pri-
11. (EXATUS — 2016) De acordo com o texto, o registro vilégio. Acho que fariam até o supremo sacrifício de
coloquial ou figurado da língua não pode ser identifi- tomar leite com gordura. A gordura pode não ser mais
cado em: formosura, como já se disse antigamente, porém ali-
menta e esquenta. Seus organismos, não acostuma-
a) “Em tempos de tão pouca tolerância consigo mesmo e dos, poderiam estranhar um pouco no início.
com os outros...” Manda a etiqueta que as pessoas se desejem bom
b) “Um dos pesos que nos impõe a vida líquida...” apetite. É uma coisa que nunca entendi:
82
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- Bom apetite. 17. (EXATUS — 2017) Observe a regência verbal e assina-
- Obrigado, bom apetite. le a alternativa que contraria a norma culta:
Para que desejar bom apetite? Quando dizem a frase
lapidar, a comida já está no prato. Ora, se está ali, e a) Desobedecia com frequência a meus pais.
se sentaram à mesa, é porque certamente estão com b) Informe os clientes sobre o novo horário de funciona-
fome. Mesmo assim paira a dúvida cruel: mento do restaurante.
- Vou ter apetite? Meu Deus, e se eu não tiver apetite? c) Prefiro rock a MPB.
Só por isso, um encoraja o outro: d) Naquela caminhada, parecia que aspirávamos ao pó
- Bom apetite! da estrada.
- Bom apetite!
Tudo por medo de não ter no jantar a mesma vontade 18. (EXATUS — 2017) Considere as frases a seguir, quanto
de comer que já tiveram no café da manhã, no almoço à ocorrência ou não do acento indicativo de crase, de
e no lanche. Será que sobrou apetite para o jantar? acordo com as regras gramaticais.
O que mais deixa a nós, gordos, indignados, é que
quanto mais a pessoa é rica menos ela come. É uma I. As vendas à prazo aumentam muito na época do
questão de classe social. Não é chique comer. Comer Natal.
não é de bom-tom. Comer é cafonérrimo. II. Os manifestantes ficaram frente à frente com os
Assim, chegamos ironicamente ao estranho limite em policiais.
que dois extremos se encontram: o mais rico e o mais III. Fumar faz mal à saúde.
miserável acabam, os dois, passando fome. IV. Toda a família foi à sala receber os convidados.
V. A decisão fica à critério da banca examinadora.
A palavra destacada não está corretamente interpreta-
da, de acordo com o seu sentido no texto, em: Estão CORRETAS:
d) A sua fala no entanto causou, sérias complicações, preenchimento da lacuna com a forma verbal entre
.0
indispensável quando se trata de textos oficiais. Sobre b) _____________ decisões e responsabilidades com o
da
o uso da - vírgula ( , ) é correto afirmar: homem, a mulher que trabalha fora. (Dividem)
io
1 E
16. (EXATUS — 2019) A única frase que apresenta desvio
de regência verbal recomendada pela norma culta é: 2 A
3 D
a) Ela não se lembrou de tomar a vacina.
b) Os especialistas informam os benefícios das vacinas 4 B
aos pais.
c) A vacina contra o sarampo chegou nas unidades de 5 C
saúde. 6 A
d) Eles obedecem à política regional de saúde.
e) Custa-me acreditar nessa realidade das vacinas. 7 A
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8 D
9 D
10 E
11 A
12 C
13 B
14 B
15 A
16 C
17 D
18 C
19 C
20 B
ANOTAÇÕES
9
-9
96
.3
93
.0
06
-1
a
lv
Si
da
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tá
O
ri
A
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Também é mostrado como podem ser os parágrafos
que introduzem, desenvolvem e concluem um texto dis-
sertativo. E só depois de exercitar esses primeiros pro-
cedimentos é que se passa à produção de um trabalho
completo, buscando a eficiência do todo por intermédio
REDAÇÃO do agrupamento de cada uma das partes estudadas até a
formação de um bloco contínuo e completo.
O truncamento desse trabalho ocorrerá certamen-
te se o aprendiz não se dispuser a praticar esses con-
ceitos. É aí que começa a frustração dos potenciais
INTRODUÇÃO À REDAÇÃO autores, pois muitas vezes só vão tentar praticar a
escritura da sua redação após terem terminado o estu-
Neste material, vamos trabalhar a redação discur- do do livro didático e sentem muita dificuldade no
siva. Você estudará algumas características inovado- momento do agrupamento, isto é, de fazer virar o todo
ras no conceito de produção de textos para quem quer aquilo que aprendeu a fazer por partes. Se o resultado
atingir um melhor resultado em provas que exijam do não for satisfatório, eles simplesmente assumirão a
candidato a habilidade de produzir um texto. dificuldade como uma inabilidade pessoal.
Aqui, serão apresentados os aspectos gerais da reda- Como proposta de solução para essa dificulda-
ção discursiva em sua estrutura textual, bem como todos de, vamos partir de um princípio inverso em que se
os passos para a sua produção com eficiência. Porém, começa da materialização do texto eficiente, satisfa-
antes de iniciarmos, é importante dar atenção às dúvidas zendo os anseios dos nossos alunos: começamos pelo
que geralmente são apresentadas pelos alunos para que todo para depois estudarmos as partes.
se possa dar solução aos principais problemas que eles Esse trabalho consiste na elaboração de máscaras
de redação, o que proporciona um ponto de partida
relatam.
concreto na produção de redações eficientes a partir
de modelos prontos e que poderão ser reproduzidos
DÚVIDAS FREQUENTES QUANTO À REDAÇÃO PARA
e adaptados para qualquer tema proposto pela banca
CONCURSOS PÚBLICOS organizadora do concurso, respeitando ainda o cará-
ter da originalidade e da criatividade de cada autor.
Por Que é Tão Difícil Produzir um Texto Eficiente? As máscaras de redação garantem a eficácia sobre
os principais quesitos exigidos pelas bancas organiza-
Sempre se ouvem os temores de alunos quanto às pro- doras dos critérios de correção dos textos, tais como
vas que cobram dos candidatos habilidades na produção progressão textual e sequencialização, coesão e, con-
de questões discursivas. Alguns dizem se sentirem tão sequentemente, coerência, além de atender natural-
despreparados que terminam por desistir dos concursos mente à estrutura própria dos textos dissertativos.
que trazem a redação como critério de classificação. Outro ponto importante é o de permitir ao candi-
Tem de se reconhecer que o hábito de escrever não dato uma projeção bem aproximada da extensão do
está na prática do cotidiano da maioria das pessoas e seu texto em número de linhas.
9
Essa proposta também tem a finalidade de desen-
-9
citam essa habilidade normalmente em ambientes volver uma maior agilidade na projeção e na constru-
ção da redação, otimizando o tempo de sua elaboração
.3
ser cobrado por ele da mesma forma quando errar”. O peso da redação é muito grande, por isso, ela
Si
Usam-se imagens, símbolos gráficos, abreviações que faz a diferença na aprovação. Nos concursos atuais,
da
mais se assemelham a códigos criptografados do que a redação tornou-se o passaporte para o ingresso em
à própria língua portuguesa. grande parte das carreiras públicas, pois de nada vale
io
produção de textos, começa-se pela apresentação de Em verdade, os dois aspectos são equivalentes em
exemplos de textos bem escritos, mostra-se sua estru- importância. No que diz respeito aos conhecimentos de
tura, apresentam-se as partes que o compõem. língua portuguesa, estamos referindo-nos à estrutura e
Depois disso, inicia-se a identificação dessas partes à linguagem do texto dissertativo. Subentende-se que
e de como elaborá-las separadamente: como se cons- quem domina esses dois aspectos não tenha dificulda-
trói um parágrafo; quais são as fases de sua elabora- des com a ortografia e outros aspectos gramaticais que,
ção; quais são os diferentes tipos de parágrafos. em prova, inclusive, pouco peso têm. 85
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Qual é a Diferença entre Tema e Título? É contrária ao verso, que exige uma elaboração estru-
tural e demonstra preocupação com rimas e arranjos
z Tema é o assunto proposto pela instituição. Tem cará- vocabulares alheios à sintaxe. Veja um exemplo de texto
ter geral e abrangente e propõe questões que devem em verso:
ser abordadas obrigatoriamente com objetividade pelo
candidato. Essa objetividade é um fator determinante A rosa de Hiroxima
para que sua composição fique delimitada àquilo que é
possível desenvolver em sua redação. Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
E o que é a delimitação do tema? É simples. É a Pensem nas meninas
elaboração de sua tese que, por sua vez, é seu posi- Cegas inexatas
cionamento sobre esse tema. Na maioria das vezes, o Pensem nas mulheres
número de linhas que é proposto para se desenvolver Rotas alteradas
o tema é limitado. Geralmente, não passa de 30 linhas, Pensem nas feridas
por isso, é preciso ser claro e direto no desenvolvi- Como rosas cálidas
mento da argumentação; Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
z Título é o nome que você dá à sua redação. Ele tem Da rosa de Hiroxima
a função de apresentar e chamar a atenção sobre A rosa hereditária
o assunto desenvolvido. Porém, é importante lem- A rosa radioativa
brar que são poucas as instituições que solicitam Estúpida e inválida
que o candidato dê um título ao texto. Se ele não A rosa com cirrose
for pedido, não é para colocá-lo. A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Se Tiver de Pôr Título, qual Palavra Dele Deve-se Pôr Sem rosa sem nada. 1
em Maiúscula?
Agora um exemplo de texto em prosa:
Há duas possibilidades:
Hiroshima ou Hiroxima (広島市 ‘Hiroshima-shi’)
z A primeira forma convencionada diz que só a pri- é a capital da prefeitura de Hiroshima, no Japão. É
meira palavra do título deve ser iniciada por letra cortada pelo rio Ota (Ota-gawa), cujos seis canais
maiúscula, como em: dividem a cidade em ilhas. Cresceu em torno de um
castelo feudal do século XVI. Recebeu o estatuto de
É bom fazer redação com o Nélson! cidade em 1589. Serviu de quartel-general durante
a Primeira Guerra Sino-Japonesa (1894–95).
z A segunda forma permite que você coloque todas Em 6 de agosto de 1945, foi a primeira cidade do
as palavras com iniciais maiúsculas, com exceção mundo arrasada pela bomba atômica de fissão deno-
dos vocábulos monossilábicos e átonos (sem senti-
9
minada Little Boy, lançada pelo governo dos Estados
-9
do próprio), como preposições e artigos: Unidos, resultando em 250 000 mortos e feridos.2
96
.3
É Bom Fazer Redação com o Nélson! É importante notar que redação para concurso é
93
em prosa.
.0
06
Nomes próprios são sempre com iniciais maiúsculas. Passando a Limpo minha Redação?
a
como interrogação e exclamação. O ponto final Erro é erro, não dá para voltar no tempo. Porém,
muitas instituições orientam os candidatos a passar um
da
é dispensável.
traço simples sobre a palavra e continuar escrevendo
io
A letra cursiva (letra de mão) só será necessária se Vamos começar nossa redassão redação agora.
A
z Os inocentes dormiam.
O que vemos nesse texto? Observe:
96
.3
z Os cabelos são castanhos; diferença entre a descrição, que não apresenta movimen-
06
z O jovem tem aproximadamente 20 anos; to, pois nela não há sucessão de fatos, e, por isso, o tempo
-1
z Os cabelos estão embebidos; não passa: sem progressão temporal; e a narração, que
apresenta sucessão de fatos: com progressão temporal.
a
z O líquido é grosso;
lv
dos a imaginar o cenário estático. Observe que o todo do leiteiro estava vivo, trabalhando, e agora está morto.
tá
texto compõe uma imagem que nós, leitores, consegui- Para completar a análise desse texto, a partir do
O
mos criar em nosso raciocínio, como se fosse uma foto. levantamento das características da narração, vamos
ri
Vamos agora à narração. Assim como fizemos com dos outros tipos de texto é a progressão temporal.
a descrição, podemos também ilustrar como um fil- Dissertação
me a elaboração do texto narrativo, pois aqui ocorre
a passagem do tempo registrando a ação apresenta- A dissertação é o tipo de texto mais comum de ser
da no texto, por isso, sempre apresentará progressão cobrado em provas de concurso, tanto na argumenta-
temporal, pois sempre haverá uma mudança, uma ção geral sobre temas diversos, quanto na exposição de
transformação do fato apresentado inicialmente. seus conhecimentos em questões discursivas. 87
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Na dissertação, propõe-se uma tese sobre uma Por ora, vamos retomar o esquema anterior e
suposta verdade. Tal verdade deve ter existência aprofundá-lo para que não se esqueça de como dife-
substancial, por isso, é representada por uma pala- renciar os três tipos de texto:
vra substantiva. A sustentação dessa verdade, por sua
vez, pode ser ilustrada por outras palavras substanti- descrição imagem — não há progressão temporal
vas. Veja o texto a seguir: narração fato — há progressão temporal
dissertação ideia — progressão discursiva
Dissertação é um trabalho baseado em estudo teó-
rico de natureza reflexiva, que consiste na ordenação ESTRUTURA DISSERTATIVA E PROGRESSÃO
de ideias sobre um determinado tema. A característi- DISCURSIVA
ca básica da dissertação é o cunho reflexivo-teórico.
Dissertar é debater, discutir, questionar, expressar Neste assunto, trabalharemos alguns elementos
ponto de vista, qualquer que seja. É desenvolver um importantes para iniciarmos nossa produção de textos.
raciocínio, desenvolver argumentos que fundamen-
A dissertação é um tipo de texto que se caracteriza
tem posições. É polemizar, inclusive, com opiniões e
pela exposição e defesa de uma ideia que será anali-
com argumentos contrários aos nossos. É estabelecer
relações de causa e consequência, é dar exemplos, é
sada e discutida a partir de um ponto de vista. Para
tirar conclusões, é apresentar um texto com organiza- tal defesa, o autor do texto dissertativo trabalha com
ção lógica das ideias. Basicamente um texto em que o argumentos, fatos, dados, os quais utiliza para refor-
autor mostra as suas ideias. çar ou justificar o desenvolvimento de suas ideias.
Para atender a esse propósito, a dissertação deve
Assim, podemos entender a dissertação, diferen- apresentar uma organização estrutural que conduza
ciando-a dos dois tipos anteriores, como um texto que as informações ao leitor de forma a seduzi-lo quanto
apresenta a análise do autor sobre algo, revelando um ao reconhecimento da verdade proposta como tese.
entendimento lógico sobre o assunto que ele analisou. Compreende-se como estrutura básica de uma disser-
Por isso, dissemos inicialmente que é um texto que tação a divisão da exposição da argumentação em três
apresenta uma ideia, ao que chamamos de tese, isto é, partes distintas: a introdução, o desenvolvimento e a con-
esse tipo de texto revela a ideia que o autor desenvol- clusão. Acompanhe cada uma dessas partes a seguir.
veu sobre um determinado assunto.
Além disso, todas as informações que forem apre- Introdução
sentadas sobre o assunto analisado serão os argu-
mentos que representarão a análise feita pelo autor. A introdução do texto dissertativo é a apresenta-
Note que os argumentos são os motivos que levaram ção de seu projeto. Ela deve conter a tese de sua dis-
o autor a ter um posicionamento, uma ideia, uma tese sertação, ou seja, deve apresentar seu posicionamento
sobre o assunto. sobre o tema proposto pela banca.
Ex.: Não se pode mais tratar a vida humana como Esse momento é muito importante para o leitor,
um simples exemplo de existência biológica. Já está na pois é aí que será mostrada a identificação de suas
hora de se entender que é preciso ter respeito à vida ideias com o tema. É um bom momento para apresen-
9
como uma atitude existencial que deve ser encarada
-9
(progressão textual).
Atente-se para o que se pode destacar agora:
93
z A verdade geral defendida, o nome do assunto = dois itens básicos: os objetivos do texto e o plano do
06
z Argumentos que sustentam essa verdade: respei- previsibilidade de seu projeto, você, autor, deve expor
a
quanto à verdade defendida na tese do autor de que mais o impressionará nesse momento. Por isso, não
“Não se pode mais tratar a vida humana como um sim-
io
ples exemplo de existência biológica”. Essa verdade é quanto aos seus propósitos de trabalho.
tá
dessa tese: o respeito à vida e a vida como essência Todos sabem o quanto a tecnologia vem imple-
ri
de nossa natureza.
A
sas entidades.
06
Ex.: Apresentação do terceiro argumento sobre “as z Elementos catafóricos: este, esta, isto, tal como,
-1
Preposições e suas locuções: em, para, de, Elementos Importantes de Coesão e Coerência
por, sem, com...
Conjunções e suas locuções: e, que, quando, Para continuarmos o estudo de coesão e coerên-
para que, mas... cia, devemos relembrar alguns elementos gramaticais
Pronomes relativos, demonstrativos, pos- importantes. Acompanhe a seguir.
sessivos, pessoais: onde, que, cujo, seu, este,
esse, ele... z Pronomes Demonstrativos
Ex.: Os programas de TV, em que nós podemos ver Indicam posição dos seres em relação às pessoas
muitas mulheres nuas, são imorais. Desde seu iní- do discurso, situando-os no tempo e/ou no espaço
cio, a televisão foi usada para facilitar o domínio da (função dêitica destes pronomes). Podem também ser
sociedade. Como exemplo, podemos citar a chegada empregados fazendo referência aos elementos do tex-
do homem à Lua, quando os EUA conseguiram, com to (função anafórica ou catafórica). São eles:
sua propaganda capitalista frente a uma Guerra Fria,
a simpatia de grande parte da população do planeta.
ESTE (A/S), ESSE (A/S), Têm função de pronome
Coerência AQUELE (A/S) adjetivo
ISSO, ISTO, AQUILO, O Têm função de pronome
Coerência textual é uma relação harmônica que se (A/S) substantivo
estabelece entre as partes de um texto, em um contex- MESMO, PRÓPRIO, Quando são demons-
to específico, e que é responsável pela percepção de SEMELHANTE, TAL (E trativos, são pronomes
uma unidade de sentido. Sendo assim, os principais FLEXÕES) adjetivos
9
aspectos envolvidos nessa questão são:
-9
96
da frase (local) ou entre os elementos do texto como um Este (aqui): pronome de 1ª pessoa: o falante o empre-
-1
todo: ga para referir-se ao ser que está junto dele. Ex.: Este é
Ex.: Paulo e Maria queriam chegar ao centro da
a
questão.
Esse (aí): pronome de 2ª pessoa: o falante o empre-
Si
para expressar a coerência semântica: de, quem seria aquele moço na esquina?
“A felicidade, para cuja obtenção não existem
técnicas científicas, faz-se de pequenos fragmentos...” Indicando localização temporal:
Como leitor do texto, você deve entender que o
pronome cuja foi empregado para estabelecer posse Este (presente): Neste ano, haverá Copa do Mundo.
entre obtenção e felicidade. Esse (passado próximo): Nesse ano que passou,
É nesse caso que entra o estudo da coesão com o não tivemos Copa do Mundo.
emprego dos conectivos. Esse (passado futuro): A próxima copa será em
2014. Nesse ano, poderemos ver todos os jogos acon-
z Coerência Estilística tecerem aqui em nosso país.
Aquele (passado distante ou bastante vago):
Refere-se ao estilo do autor, à linguagem que ele Naquela época, não havia iluminação elétrica.
emprega para redigir. O leitor atento a isso consegue
facilmente entender a estrutura do texto e relacionar Fazendo referências contextuais (funções ana-
90 bem as informações textuais. fórica e catafórica):
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Este: refere-se a um elemento sobre o qual ainda se vai falar no texto (referência catafórica). Ex.: Este é o proble-
ma: estou dura. Pode também fazer uma referência de especificação a um elemento já expresso (referência anafórica).
Ex.: Ana e Bia saíram, esta foi ao cinema.
Esse: refere-se a um elemento já mencionado no texto (referência anafórica). Ex.: Comprei aspirina. Esse
remédio é ótimo.
Este: refere-se à última informação antecedente a ele no texto;
Aquele: refere-se à informação mais distante dele no texto. Ex.: Ana, João e Cris são irmãos; esta é quieta, esse
fala pouco e aquela fala muito.
z Período Composto
Que, o/a (s) qual (s): referem-se à coisa ou pessoa. Ex.: O livro que li é ótimo. / O livro o qual li é ótimo;
Quem: refere-se à pessoa, sempre preposicionado. Ex.: Esta é a aluna de quem falei;
Cujo (parecido com o possessivo): estabelece posse. Ex.: Este é o autor com cujas ideias concordo;
Onde (= em que): refere-se a lugar. Ex.: A rua onde (em que) moro é movimentada.
Atenção!
Observar a palavra a que se refere o pronome relativo para evitar erros de concordância verbal. Ex.: Lemos
os livros que foram indicados pelo professor (que = os quais → livros);
Respeitar a regência do verbo ou do nome, usando a preposição exigida quando necessário. Ex.: Este é o
livro a que me refiro.
O verbo “referir-se” pede a preposição “a”; por isso, ela aparece antes do “que”. Ex.: Esta é a obra por que
tenho admiração. A preposição “por” foi exigida pelo substantivo “admiração”;
As orações adjetivas são iniciadas sempre por pronomes relativos e podem ser de dois tipos:
9
Explicativa: O homem, que é racional, mata. A oração adjetiva deste caso não tem sentido restritivo,
-9
estritiva: O homem que fuma morre mais cedo. A oração adjetiva deste caso reporta-se apenas ao
.3
homem fumante.
93
.0
Esta é a jovem de
da
Adição: e, nem, (não só...) mas também, mas ainda, tampouco, (não só...) como também. Ex.: A água crista-
lina brota da terra e busca seu caminho por entre as pedras;
Adversidade/oposição: mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto, não obstante. Ex.: Este can-
didato não estudou muito, mas foi aprovado;
REDAÇÃO
Alternância: ou... ou, ora... ora, quer... quer, seja... seja. Ex.: Ou estude, ou aguente a reprova;
Conclusão: logo, portanto, pois (depois de verbo), por isso, então. Ex.: Bebida alcoólica pode causar vício,
portanto sua venda deve ser considerada ilícita;
Explicação: que, porque, pois (antes do verbo), porquanto. Ex.: Não se preocupe, que eu arrumarei toda
esta bagunça.
91
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z Conjunções Subordinativas Adverbiais Vejamos agora alguns exemplos de construções
que apresentam erros de paralelismo:
Causa: porque, como (somente no início do
período), que, já que, visto que, por (+ infinitivo), Paralelismo semântico: Em sua última via-
graças a, na medida em que, em virtude de (+ infi- gem pela América Latina como representan-
nitivo), em face de, desde que, uma vez que. Ex.: te do governo brasileiro, o presidente visitou
Como estava muito doente, foi ao médico; Havana, a República Dominicana, Washington
Comparação: mais... que, menos... que, tão/ e o Presidente Barack Obama.
tanto... como, assim como, como. Ex.: Ele sem-
pre se posicionou como um líder; Observe que nesse caso o verbo “visitou” está sen-
Concessão: embora, conquanto, ainda que, do empregado de maneira a sugerir que se pode visitar
mesmo que, se bem que, apesar de (+ infini- uma cidade da mesma forma como se visita uma pessoa,
tivo), em que pese a (+ infinitivo), posto que, ou seja, está empregado de forma errada, já que ocorre
malgrado. Ex.: Embora não esteja me sentindo um duplo sentido a esse verbo com essa construção.
bem, assistirei à aula até o final; Uma forma correta de representar a ideia pretendida
Condição: se (às vezes prevalece a ideia de cau- pelo texto é: Em sua última viagem pela América Latina
sa, outras vezes, de tempo, ou, ainda, de oposi- como representante do governo brasileiro, o presidente
ção), caso, desde que, a não ser que, a menos visitou Havana, a República Dominicana, Washington e
que (a ideia pode ser desdobrada em de conces- nesta última cidade foi ver o Presidente Barack Obama.
são), contanto que, uma vez que. Ex.: Eles não
conseguirão vaga para este ano letivo, a menos
Paralelismo sintático: Nosso time se esforçou
que haja alguma desistência;
bastante em todos os jogos, mas conseguiram
Conformidade: conforme, como, segundo,
se tornar os campeões este ano.
consoante. Ex.: Tudo aconteceu como eles
imaginaram;
Consequência: (tão/tanto...) que, de modo que, Veja como a conjunção adversativa “mas” foi inde-
de maneira que, de sorte que. Ex.: Tanto lutou, vidamente empregada, dando uma ideia de que ser
que progrediu muito na vida; campeão é oposto ao fato de se esforçar para vencer.
Finalidade: a fim de que, a fim de (+ infinitivo), O correto nesse caso seria empregar uma conjunção
que, porque, para que, para (+ infinitivo). Ex.: que conduzisse logicamente a primeira oração à ideia
Faça bem a sua parte do projeto para que não da vitória apresentada na segunda oração, como em:
haja reclamações; Nosso time se esforçou bastante em todos os jogos, por
Proporcionalidade: à proporção que, à medi- isso (e, dessa forma, logo, consequentemente...) conse-
da que, na medida em que, quanto mais, quanto guiu se tornar o campeão este ano.
menos, conforme. Ex.: À medida que o progres-
so avança, o romantismo diminui; Progressão Textual
Tempo: quando (a ideia pode ser desdobrada
em ideia de condição), enquanto, mal, logo que, A progressão textual é o processo pelo qual o texto
9
assim que, sempre que, desde que, conforme.
-9
Ex.: Mal ele chegou, todas o rodearam. ticais. Novas informações devem ser somadas e liga-
.3
Paralelismo pode ser entendido como equilíbrio intermédio dos elementos de coesão.
-1
da organização textual, promovendo no texto coe- Veja uma simulação do projeto de máscaras de
rência em sua elaboração e, portanto, em seu sentido. redação e observe na prática como a progressão tex-
a
lv
Esse mesmo equilíbrio deve assim ser entendido nos tual ocorre:
Si
períodos, pois sua redação também deve apresentar Muito se tem discutido ultimamente sobre (blá,
da
uma sequência lógica para que ele tenha sentido cla- blá, blá) por causa de (blá, blá, blá). Sabe-se que
ro e realmente dê a informação pretendida pelo seu alguns fatores como (blá, blá, blá), (blá, blá, blá) e
io
Veja, como exemplo, o que diz o professor Othon problema. As consequências imediatas de (blá, blá,
O
Marques Garcia em seu livro Comunicação em Prosa blá) só poderão ser avaliadas quando (blá, blá, blá).
ri
92 3 GARCIA, O. M. Comunicação em prosa moderna. Rio de Janeiro, Editora FGV: 2010, p. 52-53.
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TEORIA DAS MÁSCARAS Observe o texto apresentado e sua estrutura.
Imaginemos que o tema proposto a nós fosse “A ali-
Depois de observar as dificuldades que as pessoas mentação do brasileiro” e que, a partir desse tema,
têm de se expressarem por meio da escrita, colocamos tivéssemos que produzir uma dissertação sobre ele.
aqui soluções definitivas para esses problemas, sem a A primeira coisa a fazer seria a delimitação do
pretensão de criar fórmulas mágicas, mas sim de criar tema, ou seja, deveríamos buscar com objetividade
um referencial mais concreto e imediato. uma tese, dentro desse tema, sobre a qual fôssemos
Leia inicialmente o texto piloto de nosso projeto: capazes de argumentar, como esta:
“A comida dos brasileiros é muito saudável e tem tudo
z Projeto de dissertação: Exemplos arroz com feijão; de que ele necessita para seu longo dia de trabalho”.
z Tema: A alimentação do brasileiro; O próximo passo seria o de levantar alguns argu-
z Tese: A comida dos brasileiros é muito saudável e mentos que sustentassem a tese proposta com valor
tem tudo de que ele necessita para seu longo dia de verdade. Veja como fizemos:
de trabalho; Já que estávamos falando da alimentação dos
z Argumentos: carboidratos no arroz com feijão; brasileiros, nada melhor do que falarmos sobre seus
proteínas no bife com salada; glicose e cafeína do pontos positivos, pontos estes reconhecidos até por
cafezinho preto com açúcar. especialistas em alimentação mundial: o valor nutri-
cional que compõe o nosso prato mais popular — isso
1° Parágrafo mesmo, o “PF”, “prato feito”, que encontramos em
bares, pequenos restaurantes e, principalmente, na
Todos sabem o quanto, em nosso país, a comida maioria das mesas do povo brasileiro: o arroz com fei-
é saudável e tem tudo de que os brasileiros necessi-
jão, bife e salada, finalizado com um cafezinho preto.
tam para seu longo dia de trabalho. Verifica-se que
Decompomos esse prato e identificamos seus prin-
os carboidratos no arroz com feijão, as proteínas no
cipais ingredientes, aqueles merecedores de destaque
bife com salada, além da glicose no cafezinho preto
como boa argumentação a favor de nossa tese. Marcamos
com açúcar, fornecem um completo abastecimento de
o “carboidrato”, presente no arroz e no feijão, como nosso
energia somada ao prazer.
primeiro ponto positivo. Depois foi a vez das “proteínas”
presentes no bife com salada e chegamos, finalmente, à
2° Parágrafo
“cafeína” e ao “açúcar” presentes no cafezinho. Pronto, já
temos a primeira parte de nosso projeto organizado.
É de fundamental importância o consumo de
alimentos ricos no fornecimento de energia para a O próximo passo é juntar tudo no primeiro pará-
movimentação do nosso corpo. Podemos mencionar, grafo, de maneira organizada, de forma que as ideias
por exemplo, o arroz com feijão que diariamente sejam apresentadas em uma sequência que deixe cla-
abastece a nossa mesa, por causa de sua riqueza em ro ao leitor sobre o que será falado e também qual
carboidratos. Esse complexo alimentar nos recompõe será a sequência de argumentos que será apresentada
da energia própria consumida durante o dia. para dar credibilidade a nossa tese.
Veja o modelo do primeiro parágrafo:
9
-9
3° Parágrafo
96
Além disso, as proteínas da carne no bife que come- _______________________________________. Verifica-se que
93
________________________, __________________________,
mos servem para repor a massa muscular perdida
.0
4° Parágrafo
v
cardápio (que é): o de tomarmos um cafezinho após com açúcar, fornecem um completo abastecimento
as refeições. Esse conjunto da cafeína mais o açúcar de energia somada ao prazer.
reabastece nosso cérebro de energia desviada para A partir daí, fizemos o mesmo para os parágrafos
os órgãos processadores da digestão no momento em seguintes, impondo a eles estruturas programadas
que comemos. Essas substâncias reprimem a sonolên- com relação lógica de coerência e coesão. Você perce-
cia típica da hora do almoço, mantendo-nos despertos. berá que a continuidade e a progressão textual foram
sendo procuradas e construídas para dar evolução ao
5° Parágrafo texto e aos argumentos.
No segundo parágrafo, iniciamos com uma frase
REDAÇÃO
Levando-se em consideração esses aspectos prá- de apresentação que valoriza o primeiro argumento,
ticos do prato do brasileiro, somos levados a acreditar depois fomos completando os espaços em branco que
que não é apenas por prazer que somos seduzidos ligavam os argumentos entre si com relações preesta-
pela nossa culinária, mas também por tudo o que ela belecidas de: finalidade ― com a conjunção “para” ―;
nos oferece para a manutenção de nossa saúde. Sendo explicação ― com o “que” ― causa ― com a locução
assim, a falta de qualquer um desses ingredientes nos “por causa de”.
causará debilidade, além de insatisfação. 93
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Veja que, para manter a continuidade textual Ainda convém lembrarmos outro hábito
recuperando sempre a ideia central do parágrafo, que contribui para o sucesso do nosso bem elabo-
preocupamo-nos em acrescentar o pronome demons- rado cardápio, que é o de tomarmos um cafezinho
trativo “Esse”, fechando com uma conclusão sobre após as refeições. Esse conjunto da cafeína mais o
esse argumento. açúcar reabastece nosso cérebro de energia des-
viada para os órgãos processadores da digestão
É de fundamental importância o __________________ no momento em que comemos. Essas substâncias
_______________ para _______________. Podemos men- reprimem a sonolência típica da hora do almoço,
cionar, por exemplo, ___________ que _______________, mantendo-nos despertos.
por causa de ____________. Esse _____________________
____________________________________. Para os parágrafos de desenvolvimento, também
podemos relacionar frases que você poderá escolher
Observe como ficou a sequência completa do para dar originalidade ao seu texto:
segundo parágrafo:
É de fundamental importância o consumo de z Ao se examinarem alguns..., verifica-se que...
alimentos ricos no fornecimento de energia para a z Pode-se mencionar, por exemplo, ...
movimentação do nosso corpo. Podemos mencionar, z Em consequência disso, vê-se, a todo instante, ...
por exemplo, o arroz com feijão que diariamente z Alguns argumentam que...
abastece a nossa mesa, por causa de sua riqueza em z Além disso...
carboidratos. Esse complexo alimentar nos recompõe z Outro fator existente...
da energia própria consumida durante o dia. z Outra preocupação constante...
Veja agora uma coletânea de frases que podem z Ainda convém lembrar...
auxiliá-lo na introdução de seus parágrafos iniciais: z Por outro lado...
z Porém, mas, contudo, todavia, no entanto, entretanto...
z É de conhecimento geral que...
z Todos sabem que, em nosso país, há tempos, Lembramos que esses exemplos são apenas suges-
observa-se... tões e que você poderá desenvolver construções que
z Cogita-se, com muita frequência, que... atendam sua necessidade a partir de quando for
z Muito se tem discutido, recentemente, acerca de... adquirindo experiência com a produção de textos.
z É de fundamental importância o (a).... Tanto quanto podemos criar padrões para a introdu-
z Ao fazer uma análise da sociedade, busca-se desco- ção e para o desenvolvimento de nossas redações, também
brir as causas de....
podemos criá-los para a conclusão de nossa dissertação.
z Talvez seja difícil dizer o motivo pelo qual...
Acompanhe a organização de nosso último parágrafo:
Assim como no segundo parágrafo, o terceiro e o Levando-se em consideração esses as-
quarto também seguiram o mesmo princípio quanto pectos _________________, somos levados a acredi-
às relações de coesão. As conjunções foram posiciona- tar que __________________________, mas também
9
das para dar coerência a quase qualquer tipo de argu- _____________________. Sendo assim, ________________
-9
parágrafos completos:
.3
3º Parágrafo
.0
06
que ________________________________________________
lv
_. Daí _______________________ e de _________________ pela nossa culinária, mas também por tudo o que ela
Si
1º Parágrafo
z ...somos levados a acreditar que...
z ...é-se levado a acreditar que... Entre os aspectos referentes a _____________________,
três pontos merecem destaque especial. O primeiro é
z ...entendemos que...
_____________________; o segundo ________________ e, por fim,
z ...entende-se que... ______________.
z ...concluímos que...
z ...conclui-se que... 2º Parágrafo
z ...é necessário que... Alguns argumentam que _______________________
z ...faz-se necessário que... para __________________________. Isso porque
________________________. Dessa forma, _______________.
Observe como fica, então, a soma dos parágrafos e
3º Parágrafo
como se deu a criação da primeira máscara:
1º TEMA: ________________________________________________
________________.
a
4º Parágrafo
lv
2º TESE: __________________________________________________
Si
________________.
Ainda convém lembrarmos ________________
da
b) ______________________________.
tá
sa(s) ____________________________.
O
c) ________________________________.
ri
5o Parágrafo
A
Agora que vimos o processo de criação das más- (2º parágrafo) Justificativas (por que isso ocorre?): argu-
mento “a” + provas e exemplos (mostre casos conhecidos
REDAÇÃO
caras, você poderá começar também seu trabalho ou dê exemplos semelhantes ao seu argumento)
de produção. Antes, porém, vamos apresentar mais
dois outros modelos de máscaras de redação que você Construa o parágrafo unindo as informações anterio-
res ao argumento “a” .
poderá usar como base para suas próprias criações.
Observe como as máscaras garantem o encadea- ___________________________________________________________
mento das ideias, a coesão entre as orações e a coe- ___________________________________________________________
rência com as várias possibilidades argumentativas. A __________________________________________________________
__________________________________________________________.
seguir, temos mais um exemplo de máscara: 95
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Preenchendo o modelo, teremos:
Faça o mesmo esquema no 3º e 4º parágrafos É fato notório que a alimentação do brasileiro é
para os argumentos “b” e “c”
boa e tem tudo de que necessitamos para suprir os
____________________________________________________ desgastes de um dia de trabalho. Sabe-se que os car-
____________________________________________________ boidratos do arroz e do feijão, as proteínas do bife e da
____________________________________________________ salada, além da glicose do cafezinho preto com açú-
____________________________________________________ car fornecem um completo abastecimento de energia
____________________________________________________ somada ao prazer.
_________.
____________________________________________________ Definição
____________________________________________________
____________________________________________________ O parágrafo por definição é entendido como um
____________________________________________________ método preferencialmente didático, pois busca, por inter-
____________________________________________________
médio de uma explicação clara e breve, a exposição do
_________.
significado de uma ideia, palavra ou de uma expressão.
Elabore sua conclusão: (confirme sua tese dizendo É a forma de exposição dos diversos lados pelos
que, se algum dos argumentos não for considerado, quais se pode encarar um assunto. Pode apresentar
a ideia inicial não poderá ser sustentada, ou que os tanto o significado que o termo carrega no uso geral
resultados propostos não serão atingidos) quanto aquele que o falante pretende determinar
____________________________________________________ para o propósito do seu discurso.
____________________________________________________ Uma definição é um enunciado que descreve um
____________________________________________________ conceito, permitindo diferenciá-lo de outros conceitos
____________________________________________________ associados.
_______________________________________________. Veja como, em nosso parágrafo de exemplo, explo-
ramos o conceito global e generalizado sobre o assun-
APROFUNDAMENTO DA ELABORAÇÃO DO to. Você perceberá como o modelo vazio traz a indução
PARÁGRAFO DISSERTATIVO do assunto a ser definido.
Vale lembrar que, como se trata de uma definição,
Vamos agora aprofundar o nosso trabalho com a estru-
a base dessa informação deve sustentar-se em uma
tura dos textos dissertativos. Para isso, trabalharemos as
verdade consagrada, diferentemente do que vimos
várias modalidades de parágrafos que podem ser utiliza-
no exemplo anterior, já que a declaração inicial pode
dos para a elaboração de uma boa dissertação. Mostrare-
basear-se em uma posição pessoal a ser defendida.
mos aqui a continuidade de nosso projeto de máscaras e
os vários arranjos que são possíveis ao construí-las.
Modelo nº 2:
Parágrafo de Introdução
______________ é a denominação dada a
9
-9
O parágrafo de introdução tem como uma de suas _____________. Essa ________________________, mas a hi-
96
funções mais importantes a de apresentar a tese que pótese mais aceita é a de que _______________________.
.3
será defendida no decorrer da redação. Outra versão afirma que esse ___________________,
93
É também possível e bastante didático que você faça que tem origem ________________. O que se sabe é que
.0
tado, logo de saída, a acompanhar o ritmo do seu pensa- Preenchendo o modelo, teremos:
a
Declaração Inicial
oriental) trazido pelos portugueses ao Brasil com o
v
tá
Na declaração, afirma-se ou nega-se algo de iní- feijão, que já seria consumido no Brasil pelos índios.
O
cio para, em seguida, justificar-se e comprovar-se a Outra versão afirma que esse prato foi a união do
ri
por meio da comparação com o presente ou retorno a ele). As possibilidades de ordenação do parágrafo são
96
A vantagem desse método é o de podermos mos- várias: exploração de aspectos espaciais e temporais,
.3
Ao utilizar um fato histórico para sustentar uma de causas e consequências. Acompanhe a seguir.
06
tantemente à análise de processos e eventos ocorridos Ao argumentar, você pode se servir da exposição de
lv
Si
no passado, e, como ela é uma ciência, tem, por conse- informações relativas ao lugar em que os fatos ocorreram.
guinte, um grande valor argumentativo.
da
os desgastes de um longo dia de trabalho. Hoje em dia, naturais de paioca-rija, um cipó medicinal e afrodisíaco
muito cobiçado pelos moradores dessa região. Cerca-
principalmente, já se reconhece que os carboidratos
da por uma densa floresta de mambutis gigantes, foi
do arroz e do feijão, as proteínas da carne e das verduras bem no centro desse santuário tropical que a próspera
fornecem um completo abastecimento de energia soma- cidadezinha se tornou uma espécie de centro cultural da
da ao prazer, justificando os hábitos do passado como região por preservar até hoje um dos mais tradicionais
responsáveis pela tradição alimentar que preservamos. rituais de nossa história: a sagração da taioba-plus, enti-
dade sagrada e reverenciada pelos devotos naobilicos. 97
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Desenvolvimento por Exploração Temporal Ao preenchermos o modelo, teremos:
Muitos acreditam que o cafezinho preto com açúcar
Nesse modelo, o leitor é informado do momento pode causar excitação e ansiedade quando consumido em
em que os fatos ocorreram com a indicação de datas excesso, por causa da cafeína e da glicose presentes nele.
e outros aspectos temporais. Pode-se recorrer nesse Por outro lado, sabe-se também que essas substâncias
momento aos artifícios empregados no próprio pará- fornecem uma carga suplementar de energia nos deixan-
grafo de alusão histórica, já que este também se serve
do despertos logo após o almoço, quando muitas vezes
de referências cronológicas.
somos acometidos por uma sonolência indesejada.
Modelo nº 2:
Desenvolvimento por Exploração de Ideias
No passado, quando pensávamos em Analógicas e Comparação
__________, notávamos que ______________ era
______________ comparada à que vemos recentemen- Para organização das ideias, nossos redatores utilizam
te. Hoje, por outro lado, _____________________________ expressões que indicam confronto, valendo-se do artifí-
tornaram-se _______________. O resultado disso é que cio de contrapor ideias, seres, coisas, fatos ou fenômenos.
_____________, na atualidade, tornou-se _______________. Tal confronto tanto pode ser tanto de contrastes
como de semelhanças. Analogia e comparação são
Preenchendo o modelo, teremos: também espécies de confronto:
No passado, quando pensávamos em alimentação,
notávamos que sua relação com a sobrevivência era mui- A analogia é uma semelhança parcial que sugere
to maior comparada à que vemos nos nossos atuais. uma semelhança oculta, mais completa. Na com-
Hoje, por outro lado, a qualidade desses alimentos e a paração, as semelhanças são reais, sensíveis numa
qualidade da saúde que eles proporcionam tornaram-se forma verbal própria, em que entram normalmente
o foco desse pensamento. O resultado disso é que comer, os chamados conectivos de comparação (quanto,
na atualidade, tornou-se um ritual de bem viver. como, do que, tal qual) [...]4.
____________________________, três pontos merecem desta- comemos, seria melhor não generalizar, porque cada
96
que especial. O primeiro é _______________________________; qual tem seus próprios valores para a alimentação.
.3
o segundo diz respeito __________________ e, por fim, ______ Enquanto a carne é rica em proteínas que repõem
93
Entre os aspectos referentes à alimentação dos bra- organismo ajudando na absorção dos nutrientes.
a
meiro é quanto aos carboidratos presentes no arroz com Desenvolvimento por Exploração de Causa e
Si
cafezinho preto com açúcar, que fornecem um completo Dentro de uma perspectiva lógica e simples, deve-
v
abastecimento de energia somada ao prazer. mos compreender causa como um fator gerador de
tá
Desenvolvimento por exploração de contraste dos pela causa. Trabalhar com causas e consequências
ri
A
O primeiro recurso com que trabalharemos será possível a qualquer um balancear com eficiência e bai-
.3
o texto:
06
99
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Modelo nº 3 — Desenvolvimento (Temporal) Ao mesmo tempo em que eles nos ofereciam diver-
sas alternativas para a estruturação de nosso projeto,
também nos orientavam dando caminhos a seguir na
No passado, quando pensávamos em argumentação. É como se montássemos realmente
____________, notávamos que ________________ era um quebra-cabeça.
_________________ comparada à que vemos recentemente.
Hoje, por outro lado, _____________________________ torna- Escolhemos três modelos diferentes de parágrafos
ram-se ____________. O resultado disso é que __________, na de desenvolvimento para esse projeto: por enumera-
atualidade, tornou-se _____________________. ções, o temporal e o por contraste. Forçamos um pouco
a barra, primeiro criando a máscara para, só depois,
Modelo nº 4 — Desenvolvimento (Contraste de completar nossa redação. Afinal de contas, essa é a
Ideias) vantagem do projeto de máscaras. Veja como ficou:
Muitos acreditam que _____________________, É fato notório que a comida dos brasileiros
por causa da _________________. Por outro lado, sa- é muito boa e tem tudo de que eles necessitam para o
seu longo dia de trabalho. Sabe-se que o arroz com
be-se também que ________________, quando muitas
feijão nos fornece um completo abastecimento de
vezes _______________. energia somado ao prazer.
________________ comparada à que vemos recentemen- em nossas mesas é uma das mais saudáveis do mun-
te. Hoje, por outro lado, __________________________ do, por causa da sua variedade e equilíbrio. Por
.0
rece.
Si
______________.
que ela nos oferece para a manutenção de nossa saúde.
O
Levando-se em consideração esses aspec- Sendo assim, concluímos que a falta desse ingre-
ri
tos _____________________, somos levados a acredi- diente em nossa mesa nos causará debilidade, além de
A
mente a esta, e acabam administrando mal o tempo. e não como um direito. Na Constituinte de 1988, as res-
Quando isso ocorre, acabam fazendo suas redações ponsabilidades do Estado foram repensadas, e promo-
.0
06
diretamente na folha definitiva e têm de assumir os ver a saúde de todos passou a ser seu dever: “A saúde é
direito de todos e dever do Estado, garantido mediante
-1
editais, os rascunhos não serão lidos. uma realidade, é preciso que o Estado crie condições
ri
A
A Necessidade de Humanização dos Serviços Feito isso, vamos usar o processo inverso com as pala-
Públicos de Saúde vras-chave e organizar nosso projeto de texto. Observe:
Já passou da hora de reconhecer no povo brasi-
z Compreendendo a Proposta leiro o valor de homem vivente e não apenas de ver
esse povo como se fosse um coletivo impessoal; como
O primeiro passo, ao analisar os textos propostos, se não respirassem, nem pensassem; como se fossem
é buscar os principais pontos de maior destaque por um número em um gráfico de estatística e não existis-
eles abordados. Destacamos as palavras-chave de cada sem. Para que o homem prevaleça com sua dignidade,
parágrafo para construir uma síntese sobre as princi- deve-se procurar treinar melhor os profissionais
pais ideias. Essa é uma atitude que também pode ser de saúde, unificar as informações sobre o ofereci-
tomada durante a análise das propostas, pois é assim mento de serviços, além de fiscalizar e avaliar con-
que poderá se construir a tese em sintonia com o tema. tinuamente a qualidade dos serviços oferecidos.
9
Daqui para frente, você já sabe: é o arroz com fei-
-9
cionando-as ao tema, como se elas pudessem responder a jão, ou seja, os modelos que apresentamos extensa-
mente ao longo do material.
.3
z Como Humanizar os Serviços Públicos de Saúde? análise de propostas, mas que compreendem pratica-
06
Vamos agora produzir algumas possíveis respostas rentes instituições e diferentes propostas, assim como
com as palavras que destacamos no texto: dissemos que faríamos.
a
lv
Cobrar dos governantes condições dignas de extraídos de concursos elaborados por bancas diver-
sas, para que você possa exercitar o conteúdo que foi
da
jurídico vigente, que deve ser observado por todos, II - repúdio e prevenção à xenofobia, ao racismo e a
Si
O Brasil se efetivou como um país democrático de X - inclusão social, laboral e produtiva do migrante
direito após a promulgação da CF — também chama-
ri
da de Constituição Cidadã, por contar com garantias XI - acesso igualitário e livre do migrante a serviços,
e direitos fundamentais que reforçam a ideia de um programas e benefícios sociais, bens públicos, educa-
país livre e pautado na valorização do ser humano. ção, assistência jurídica integral pública, trabalho,
Com a ruptura do antigo sistema ditatorial, o Esta- moradia, serviço bancário e seguridade social;
do tinha a necessidade de resgatar a importância dos XII - promoção e difusão de direitos, liberdades,
direitos humanos, negligenciados até então, porquan- garantias e obrigações do migrante;
to, desde 1948, havia-se erigido a Declaração Interna- XVII - proteção integral e atenção ao superior inte-
cional dos Direitos Humanos no mundo. resse da criança e do adolescente migrante;
Já no art. 1.º da CF, afirma-se a condição de Estado
REDAÇÃO
os famintos e cuidar dos doentes têm sido algumas que envolvem ameaça, calúnia, difamação, injúria
96
das missões diárias indicadas aos devotos de dife- e falsa identidade — têm gerado cada vez mais pro-
.3
rentes religiões. Em tempos modernos, a essas mis- cessos judiciais. Um levantamento divulgado pelo
93
sões foi acrescentado um novo item: zelar pelo meio Superior Tribunal de Justiça lista sessenta e cinco
.0
ambiente, como revela, por exemplo, uma mensagem julgamentos recentes que resultaram em pagamen-
06
escrita pelo Papa Francisco, exortando as sociedades, to de indenizações, retirada de páginas do ar, res-
-1
casa comum requer simples gestos cotidianos, pelos impunidade contribuem para os excessos na Inter-
da
quais quebramos a lógica da violência, da explora- net. Segundo ela, “Sem educação em ética e leis,
ção, do egoísmo, e manifestamos o amor em todas as corremos o risco de a liberdade de expressão e o
io
ações que procuram construir um mundo melhor”. anonimato digital se converterem em verdadeiros
v
tá
Considerando que o fragmento de texto acima tem Internet: www.cartacapital.com.br (com adaptações)
caráter unicamente motivador, redija um texto dis-
sertativo acerca do seguinte tema: Considerando as ideias precedentes nos fragmen-
Preservação do ecossistema: responsabilidade tos textuais apresentados anteriormente, redija um
do estado, da sociedade e de cada cidadão texto dissertativo a respeito do seguinte tema:
Ao elaborar seu texto, aborde os seguintes aspectos: O anonimato digital e o abuso do direito à liber-
dade de expressão
z Relação entre os cuidados com o meio ambiente e a Ao construir seu texto, apresente um exemplo de
preservação das condições sanitárias; [valor: 12,00 situação em que emissão de opinião no meio digital
pontos] pode significar abuso de direito e discuta maneiras de
z Atitudes individuais que podem reduzir os efeitos da prevenir ou coibir esse tipo de comportamento.
ação humana sobre o planeta; [valor: 13,00 pontos]
z Formas de atuação da sociedade para que os Tema 8: Tribunal Regional do Trabalho (8ª Região)
governos cumpram compromissos relacionados à — Técnico Judiciário — Área Administrativa
104 preservação ambiental. [valor: 13,00 pontos] (CEBRASPE-CESPE — 2016)
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Considerando a integração da gestão da qualidade Considerando essas informações, redija um texto
no cotidiano das organizações, redija um texto disser- dissertativo sobre a introdução do RDC no ordena-
tativo acerca do seguinte tema: mento jurídico brasileiro, abordando, fundamentada-
mente, os seguintes aspectos:
CICLO PDCA 1. A motivação para sua criação; [valor: 2,00 pontos]
2. Exigências aplicáveis ao objeto da licitação; [valor:
Ao elaborar seu texto, faça o que se pede a seguir: 2,00 pontos]
3. Objetivos expressos na Lei do RDC; [valor: 2,50
pontos]
z Conceitue o ciclo PDCA; [valor: 10,00 pontos]
4. Diretrizes relativas às licitações e aos contratos
z Cite e defina as quatro fases do ciclo PDCA; [valor:
administrativos. [valor: 3,00 pontos]
15,00 pontos]
z Apresente o detalhamento das etapas da primeira
Tema 12: Câmara de Vereadores de Piracicaba/SP —
fase do ciclo PDCA. [valor: 13,00 pontos]
Técnico em Contabilidade (VUNESP — 2021)
Tema 9: Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Texto 1
dos Territórios (TJDF) — Analista Judiciário — Área Quem viaja para os Estados Unidos ou Europa e
Judiciária (CEBRASPE-CESPE — 2015) aluga um carro geralmente não sabe muito o que
fazer ao parar para reabastecer pela primeira vez.
Toda conduta dolosa ou culposa pressupõe uma Sem a figura dos frentistas, o próprio motoris-
finalidade. A diferença entre elas reside no fato ta manuseia a bomba e realiza o pagamento pelo
de que, em se tratando de conduta dolosa, como cartão, diferentemente do que ocorre no Brasil,
regra, existe uma finalidade ilícita, ao passo que, onde a profissão de frentista é protegida pela Lei
tratando-se de conduta culposa, a finalidade é qua- nº 9.956/00, que proíbe o funcionamento de bombas
se sempre lícita. Nesse caso, os meios escolhidos e de autosserviço em todo território nacional e aplica
empregados pelo agente para atingir a finalidade multas caso seja descumprida.
lícita é que são inadequados ou mal utilizados. “Pensando só em números, o preço do combustível
poderia baixar com a automação, mas não é pos-
GRECO, R. Curso de direito penal – parte geral. p. 196 (com sível avaliar quanto”, diz o tributarista João Paulo
adaptações). Muntada, que afirma que a mão de obra e os encar-
gos relacionados representam o segundo custo que
Considerando que o fragmento de texto acima tem mais onera a operação de empreendimentos em
caráter unicamente motivador, redija um texto dis- geral no país, atrás apenas do produto em si e dos
sertativo acerca dos crimes culposos. impostos que incidem sobre ele.
Seu texto deve conter, necessariamente:
CARVALHO, I.; NISHIHATA, L. “Todo posto de combustível é obrigado
a ter frentistas no Brasil”. Disponível em: https://quatrorodas.abril.
z Os elementos do crime culposo e a descrição de pelo com.br. Acesso em: 14 set. 2018. Adaptado)
menos dois desses elementos; [valor: 12,00 pontos]
9
z Os conceitos de culpa inconsciente, culpa cons-
-9
Texto 2
96
ciente e dolo eventual e suas diferenças; [valor: O Projeto de Lei nº 2.302, de 2019 permite o fun-
12,00 pontos]
.3
z Os conceitos de culpa imprópria e tentativa. [valor: pelo próprio consumidor – nos postos de abasteci-
.0
Tema 10: STM — Analista Judiciário — Área hoje proíbe essas bombas. O deputado Vinicius Poit,
Administrativa (CEBRASPE-CESPE — 2018) autor da proposta, diz que a permissão de postos
a
lv
destacam-se o modelo burocrático, associado ao poder Econômica (Cade) de 2018 para aumentar a con-
corrência no setor de combustíveis e reduzir os pre-
racional-legal, e o modelo gerencialista, representado
io
dos consumidores guiam suas decisões de compra têm caráter unicamente motivador, redija um texto
.0
com base nas redes sociais. Ou seja, o público está dissertativo acerca do seguinte tema:
06
atento às opiniões da internet e, principalmente, aos O combate às infrações de trânsito nas rodovias
-1
Nos últimos 10 anos, o tempo médio de consumo z Ações da sociedade que auxiliem no combate às
v
domiciliar de televisão passou de 8h18 para 9h17. infrações; [valor: 6,00 pontos]
tá
Um crescimento de 12%. Vale ressaltar que esse foi z Atitudes individuais para a diminuição das infrações.
O
crescimento mais rápido. Isso se dá porque retornos Há um ano e meio, a pandemia do novo corona-
.3
mais altos e impostos menores no topo da escala — vírus deixa seu rastro na vida de todos nós. Tam-
93
segundo afirmam — fomentariam o empreendedo- bém nos rouba o futuro, ao empurrar milhões de
.0
rismo e engendrariam um bolo econômico maior. crianças e jovens para um prolongado compasso de
06
Assim, terá dado certo a experiência de fomento da espera. Esse é o efeito mais perverso de longo prazo
-1
desigualdade? Os indícios sugerem que não. A dis- da Covid-19, que ceifa o direito ao desenvolvimento
a
paridade de riqueza atingiu dimensões extraordi- pleno e à educação de uma geração inteira.
lv
nárias, mas sem o progresso econômico prometido. O retorno das atividades presenciais tem se dado de
Si
(Adaptado de: LANSEY, S. apud ZYGMUNT, B. A riqueza de poucos no remoto ainda é a única chance para que muitos
beneficia todos nós? Rio de Janeiro: Zahar, 2015, p. 24-25) alunos continuem estudando. No entanto, é preciso
v io
Considerando os textos acima, escreva uma dissertação a conectividade que permita o acesso de qualidade
O
argumentativa em que você discuta a seguinte questão: às atividades. Sem aulas presenciais e sem conexão
ri
A realização individual fomentaria maior igual- retroceder até quatro anos, segundo pesquisa.
dade social? As nossas crianças e jovens não podem esperar
mais. É o futuro de cada um deles que está em risco.
Tema 17: DETRAN/SP — Oficial Estadual de Trânsito É o futuro do país que está em jogo.
(FCC — 2019)
MIZNE, D. e SAAD, D. O grave efeito colateral da Covid na educação.
1 Disponível em: https://www.cpp.org.br/informacao/ponto-vista/
O trânsito é um local onde a educação precisa estar item/17096-o-grave-efeito-colateral-da-covid-naeducacao. Acesso
em: 20 jul. 2021. Adaptado.
REDAÇÃO
Quinze minutos para ser atendido no banco e um ção, deve-se iniciar a escrita imediatamente ao lado
06
para cancelar o contrato com a operadora de tele- da linha, sem deixar folga alguma entre a primeira
-1
fone. Não ter que ligar para reclamar daquele segu- letra e a demarcação da margem.
a
uma lei específica no país. O que não acontece por Na margem direita, a preocupação do candidato
v
tá
aqui é o cumprimento da legislação. Vezes porque aumenta, pois além de se preocupar com as questões
O
2º O Erro
Insira apenas uma linha sobre as palavras erradas. Você deve apenas passar um traço sobre a palavra, a frase,
o trecho ou o sinal gráfico e escrever em seguida o respectivo substituto.
Exemplo: Depois de hoje, iremos para nossas caz casas muito felizes.
Uma das importantes regras de pontuação que determina o correto emprego da vírgula orienta que, se a ora-
ção estiver em ordem direta (sujeito + verbo + complementos), não se deve usar vírgula para separar termos que
se complementam sintaticamente.
Ou seja, se estiver com alguma dúvida quanto ao uso de vírgula, reorganize a oração para ver se fica mais fácil
a compreensão da estrutura. Exemplo:
Termo
deslocado
(Complemento
adverbial)
9
Sujeito Complemento verbal
-9
96
Verbo
.0
06
z Ordem direta:
-1
5º Colocação Pronominal
da
Os pronomes pessoais oblíquos átonos podem ocupar três posições distintas na oração: anteposto ao verbo (prócli-
io
se), posposto ao verbo (ênclise) e entremeio ao verbo (mesóclise). Em regra, a posição que esses pronomes vão ocupar
v
Advérbios, conjunções subordinativas, termos que exprimem sentido negativo, pronomes relativos, indefini-
ri
dos e demonstrativos são exemplos de palavras capazes de atrair o pronome pessoal oblíquo átono para antes do
A
verbo. Assim, não havendo nenhuma palavra atrativa antes do verbo da oração, subentende-se que a colocação
pronominal dar-se-á pela ênclise ou mesóclise, a depender da construção sintática.
6º Impessoalidade
As verdades gerais sempre têm maior valor. As opiniões pessoais pouco contribuem para a sustentação de uma ideia.
Por isso, as afirmações apresentadas terão melhor aceitação se trouxerem representações gerais de valor coletivo:
Acredita-se em vez de Acredito
Sabe-se em vez de Sei
109
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E outras expressões generalizantes como: 17º Evite o Senso Comum
É de conhecimento geral... / Muitos entendem
que... / Muito se tem discutido sobre... Fuja do lugar-comum, de frases feitas e expressões
cristalizadas, como “a pureza das crianças”, “a sabe-
7º Tese doria dos velhos”. A palavra “coisa”, gírias e vícios da
linguagem oral devem ser evitados, bem como o uso
É importante que seja bem fundamentada, pois é de “etc.” e as abreviações.
quando você apresenta seu ponto de vista, seu posi-
cionamento diante do tema. 18º Uso de Aspas
8º Argumentos para seu Texto Não se usam entre aspas palavras estrangeiras
sem correspondência na língua portuguesa: hippie,
É comum a cobrança de temas próprios às funções status, dark, punk, chips etc.
dos cargos disputados, por isso, preste sempre aten-
ção nos assuntos recorrentes dos textos da prova. 19º Atenção às Repetições e Fugas ao Tema
Use sinônimos e outros termos de recuperação. Caso você tenha feito uma pergunta na tese ou no
corpo do texto, verifique se a argumentação responde à
z que = o qual / a qual; pergunta. Se você eventualmente encerrar o texto com
z onde= em que, no qual / na qual. uma interrogação, esta pode estar corretamente empre-
gada desde que a argumentação responda à questão. Se
11º Vocabulário o texto for vago, a interrogação será retórica e vazia.
ros. Veja:
tá
O
serem divididos por 2, não deixam resto. Por isso z Números inteiros negativos = {… -3, -2, -1}. O zero
o zero também é par. Logo, todos os números que não faz parte.
terminam em 0, 2, 4, 6 ou 8 são pares. z Números inteiros positivos = {5, 6, 7...}. Novamen-
z Números naturais ímpares: ao serem divididos por te, o zero não faz parte.
2, deixam resto 1. Todos os números que terminam
em 1, 3, 5, 7 ou 9 são ímpares. OPERAÇÕES COM NÚMEROS INTEIROS
111
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Adição Multiplicação
É dada pela soma de dois números. Ou seja, a adi- A multiplicação funciona como se fosse uma repe-
ção de 20 e 5 é: 20 + 5 = 25 tição de adições. Veja:
Veja mais alguns exemplos: A multiplicação 20 x 3 é igual à soma do número 20
Adição de 15 e 3: 15 + 3 = 18 três vezes (20 + 20 + 20), ou à soma do número 3 vinte
Adição de 55 e 30: 55 + 30 = 85 vezes (3 + 3 + 3 + ... + 3).
Algo que é muito importante e você deve lembrar
Principais propriedades da operação de adição: sempre são as regras de sinais na multiplicação de
números.
z Propriedade comutativa: a ordem dos números
não altera a soma.
SINAIS NA MULTIPLICAÇÃO
Ex.: 115 + 35 é igual a 35 + 115. Operações Resultados
- + -
Ex.: 2 + 3 + 5 = (2 + 3) + 5 = 2 + (3 + 5) = 10
x A, que é igual a (A x C) x B.
30 subtraído de 10: 30 – 10 = 20
-1
subtração:
lv
Si
ros altera o resultado, a subtração de números não tro da multiplicação, pois ao multiplicar 1 por
io
inalterado.
tá
O
Ex.: 15 x 1 = 15.
A
112
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Divisão A seguir, revise seus conhecimentos com algumas
questões comentadas.
Quando dividimos A por B, queremos repartir a
quantidade A em partes de mesmo valor, sendo um 1. (VUNESP — 2015) Dividindo-se um determinado
total de B partes. número por 18, obtém-se quociente n e resto 15. Divi-
Ex.: Ao dividirmos 50 por 10, queremos dividir 50 dindo-se o mesmo número por 17, obtém-se quociente
em 10 partes de mesmo valor. Ou seja, nesse caso tere- (n + 2) e resto 1. Desse modo, é correto afirmar que n(n
mos 10 partes de 5 unidades, pois se multiplicarmos 10 + 2) é igual a:
x 5 = 50. Ou ainda podemos somar 5 unidades 10 vezes
consecutivas, ou seja, 5+5+5+5+5+5+5+5+5+5=50. a) 440.
Algo que é muito importante e você deve lembrar b) 420.
sempre são as regras de sinais na divisão de números. c) 400.
d) 380.
e) 340.
SINAIS NA DIVISÃO
30 5
.3
0 6
a) 17.
93
b) 19.
.0
Resto Quociente
06
c) 21.
d) 23.
-1
30 = 5 · 6 + 0
lv
z Propriedade comutativa: a divisão não possui essa 281 até 291 = 10 números
v
propriedade.
O
Resposta: Letra B.
propriedade.
A
Qualquer número natural é também inteiro e todo Para somar ou subtrair frações, é necessário olhar-
número inteiro é também racional. mos para os denominadores, ou seja, para a “base”
das frações. Há duas situações possíveis. Vejamos:
O símbolo desse conjunto é a letra Q e podemos
representar por meio de diagramas a relação entre os
Denominadores iguais (quando acontece essa situa-
conjuntos naturais, inteiros e racionais, veja:
ção, basta repetir as bases e operar os numeradores)
Q 1 3
+ = 1+3 = 4
5 5 5 5
4-2 4-2 2
3 3 = 3 =3
Z N
Denominadores diferentes (quando acontece essa
situação, é necessário achar o denominador comum,
para operar 9 as frações). Veja:
-9
1 3
3+4
96
.3
Racionais:
numeradores.
a
z Frações:
lv
4x1 3x3
Si
1 3 4 + 9 13
Ex.: 8 3 7 etc. 3 + 4 = 12÷3 + 12÷4 = 12 = 12
da
3 , 5 , 11
io
Ex.: 1,75 3–4 2 (aqui vamos dividir sempre pelo menor número primo possível)
ri
A
Vou te ensinar uma maneira bem simples para 4. (FGV — 2016) Durante três dias, o capitão de um navio
resolver esse tipo de operação. Para dividir frações, atracado em um porto anotou a altura das marés alta
deve-se repetir a primeira fração e multiplicar pelo (A) e baixa (B), formando a tabela a seguir.
inverso da segunda fração. Depois, basta realizar a
multiplicação normalmente, da mesma forma que A B A B A B A B A B A
aprendemos.
A seguir, revise seus conhecimentos com algumas 1,0 0,3 1,1 0,2 1,3 0,4 1,4 0,5 1,2 0,4 1,0
questões comentadas.
A maior diferença entre as alturas de duas marés con-
1. (FGV — 2010) Julgue as afirmativas a seguir: secutivas foi: 9
a) 0,555... é um número racional. a) 1,0.
-9
b) 1,1.
96
d) 1,3.
.0
um tipo de número racional. Resposta: Certo. Vamos calcular as diferenças entre os valores da
tabela. Veja:
a
lv
Qualquer número inteiro é possível obter o seu ante- 0,4 – 1,3 = -0,9
tá
a) 1/2.
b) 1 ¼. MÍNIMO MÚLTIPLO COMUM
c) 3/4.
d) 1 ½. Os múltiplos de um número X são aqueles núme-
e) 5/8. ros que podem ser obtidos multiplicando X por outro
número natural. Agora observe o seguinte os múlti-
Vamos deixar todos na forma decimal. Ou seja, plos dos números 4 e 6:
vamos dividir o numerador pelo denominador da M(4) = 4,8,12,16,20,24,28,32,36,...
fração. Veja: M(6) = 6,12,18,24,30,36,42,... 115
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Quais são os múltiplos iguais (comuns) entre os 15h, ela irá piscar novamente depois de 20 minutos,
números? São eles: 12,24,36. E qual o menor deles? É ou seja, 15h20. Depois às 15h40, 16h, etc.
o número 12. Logo, esse é um tipo clássico de questão sobre
Sendo assim, o número 12 é o menor múltiplo MMC.
comum entre 4 e 6, ou seja, o MMC entre 4 e 6 é igual
a 12. Dica
Cálculo do MMC por Fatoração Simultânea Atente-se para as palavras “a cada”, “em”, “ou”
nos enunciados que elas indicam uma ideia de
Podemos calcular o MMC entre 2 ou mais números, repetição, ciclo e periodicidade.
de maneira mais rápida, fazendo a fatoração simultâ-
nea dos dois números. Veja: A seguir, revise seus conhecimentos com algumas
Ex.: Calcule o MMC entre 6 e 8. questões comentadas.
6 – 8 2 (aqui devemos colocar o menor número primo) 1. (FCC — 2015) Para um evento promovido por uma
3 – 4 2 (nesse caso repetimos o nº 3, pois ele não é dividido pelo 2) determinada empresa, uma equipe de funcionários
preparou uma apresentação de slides que deveria
3–2 2
transcorrer durante um momento de confraternização.
3–1 3 Tal apresentação é composta por 63 slides e cada um
1 – 1 MMC = 2 × 2 × 2 × 3 = 24. será projetado num telão por exatos 10 segundos. Foi
ainda escolhida uma música de fundo, com duração de
4min40s para acompanhar a apresentação dos slides.
Logo, o MMC (6 e 8) = 24.
Eles planejam que a música e a apresentação dos sli-
Com esse método é possível calcular o MMC entre
des comecem simultaneamente e “rodem” ciclicamen-
vários números. Vamos exercitar, dessa vez com mais
te, sem intervalos, até que ambas finalizem juntas. A
números. Ex.: Calcule o MMC entre os números 10, 12, 20.
fim de estudar a viabilidade desse plano, eles calcula-
ram que a quantidade de vezes que a música teria de
10 – 12 – 20 2 (aqui devemos colocar o menor número primo)
tocar até que seu final coincidisse, pela primeira vez
5 – 6 – 10 2 (nesse caso repetimos o nº 3, pois ele não é dividido por 2) depois do início, com final da apresentação seria:
5–3–5 3
5–1–5 5 a) 5.
b) 42.
1–1–1 MMC = 2 × 2 × 3 × 5 = 60.
c) 12.
d) 35.
Logo, o MMC (10, 12 e 20) = 60. e) 9. 9
Dica Slide = 630 segundos (63×10s)
-9
simultânea):
93
630 280 2
colunas para cada um dos números;
06
315 140 2
fator primo (2) e só ir aumentando quando
a
315 70 2
lv
RAZÃO E PROPORÇÃO C
=
D
3 2
A razão entre duas grandezas é igual à divisão
entre elas, veja: Utilizando a propriedade das somas externas:
2 C D C+D
= =
5 3 2 3+2
Ou podemos representar por 2 ÷ 5 (lê-se 2 está para Perceba que C + D = 10.000 (as partes somadas),
5). então podemos substituir na proporção:
Já a proporção é a igualdade entre razões, veja:
C D C+D 10.000
= = = = 2.000
2 4 3 2 3+2 5
=
3 6
Aqui cabe uma observação importante!
9
Ou podemos representar por 2 ÷ 3 = 4 ÷ 6 (lê-se 2 Esse valor 2.000, que chamamos de “Constante de
-9
está para 3 assim como 4 está para 6). Proporcionalidade”, é que nos mostra o valor real das
96
Os problemas mais comuns que envolvem razão e partes dentro da proporção. Veja:
.3
93
C = 2000 · 3
2 x
a
= ou 2 ÷ 3 = x ÷ 6
lv
D
da
Meio: 3 e x;
O
3·X=2.6
z Somas Internas
3X = 12
a c a+b c+d
X = 12/3 = = =
b d b d
X=4
É possível, ainda, trocar o numerador pelo deno-
Lembre-se de que a maioria dos problemas envol- minador ao efetuar essa soma interna, desde que
vendo esse tema são resolvidos utilizando essa pro- o mesmo procedimento seja feito do outro lado da
priedade fundamental. Porém, algumas questões proporção.
acabam sendo um pouco mais complexas e pode ser
útil conhecer algumas propriedades para facilitar. a
=
c
=
a+b
=
c+d
Vamos a elas! b d a c 117
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Vejamos um exemplo: Logo,
x 2 2A
= = 1.000
-
14 x 5 4
2A = 4 · 1.000
x + 14 - x 2+5
= 2A = 4.000
x 2
A = 2.000
14 7
=
x 2 Fazendo a mesma resolução em B:
7 · x = 2 · 14 3B
= 1.000
9
14 · 2 3B = 9 · 1.000
x= =4
7
3B = 9.000
Portanto, encontramos que x = 4. B = 3.000
Vejamos um exemplo para melhor entendimento: Um dos tópicos mais comuns em questões de pro-
Uma empresa vai dividir o prêmio de R$13.000 va é “dividir uma determinada quantia em partes
proporcionalmente ao número de anos trabalhados. proporcionais a determinados números. Vejamos um
São dois funcionários que trabalham há 2 anos na exemplo para entendermos melhor como esse assun-
empresa e três funcionários que trabalham há 3 anos. to é cobrado:
Resolução: Exemplo:
A quantia de 900 mil reais deve ser dividida em
Seja A o prêmio dos funcionários com 2 anos e B
9
partes proporcionais aos números 4, 5 e 6. A menor
-9
2
=
3 cionais, respectivamente a 4, 5 e 6. Sendo assim, X é pro-
.0
4 5 6
Si
2A + 3B = 13.000
da
= 60.000
4+5+6 15
ri
2A 3B
A
=
4 9
A menor dessas partes é aquela que é proporcional
a 4, logo:
Aplicando a propriedade das somas externas, X
podemos escrever o seguinte: = 60.000
4
2A 3B 2A + 3B X = 60.000 · 4
= =
4 9 4+9 X = 240.000
4–5–6|2 M = 75
2–5–3|2 A quantidade de homens da sala:
1–5–3|3 120 - 75 = 45 homens. Resposta: Letra B.
1–5–1|5
2. (VUNESP — 2020) Em um grupo com somente pessoas
1 – 1 – 1 | 2 · 2 · 3 · 5 = 60 com idades de 20 e 21 anos, a razão entre o número
de pessoas com 20 anos e o número de pessoas com
Assim, dividindo o M.M.C. pelo denominador e 21 anos, atualmente, é 4/5. No próximo mês, duas pes-
multiplicando o resultado pelo numerador temos: soas com 20 anos farão aniversário, assim como uma
pessoa com 21 anos, e a razão em questão passará a
15x 12x 10x ser de 5/8. O número total de pessoas nesse grupo é:
+ + = 740.000
60 60 60
37x a) 30.
= 740.000 b) 29.
60
c) 28.
X = 1.200.000 d) 27.
e) 26.
Agora, basta substituir o valor de X nas razões para
achar cada parte da divisão inversa. A razão entre o número de pessoas com 20 anos e o
9
-9
x 1.200.000
= = 300.000 120 4x Total de 9x
.3
4 4 =
93
121 5x
x 1.200.000
.0
5 5
aniversário, assim como uma pessoa com 21 anos, e
-1
x
=
1.200.000
= 200.000 a razão em questão passará a ser de 5/8.
a
6 6
lv
120 4x - 2 5
=
Si
=
121 5x + 2 - 1 8
Logo, as partes dividas inversamente propor-
da
=
300.000, 240.000 e 200.000. 5x + 1 8
v
8 (4x - 2) = 5 (5x + 1)
O
32x – 16 = 25x + 5
A
menos de R$ 2.500.
96
30 3
30% = = (forma de fração simplificada)
.3
100 10
93
6x
+
9x
+
8x
= 7.900 várias maneiras:
-1
1 2 3
a
30 3
Tirando o MMC entre 1, 2 e 3 vamos achar 6. Temos: 30% = = 0,3 =
lv
100 10
Si
79x
= 7.900
v
6
O
Inicialmente, o curso de Paulinho tinha um total plenária estavam presentes somente 20% das deputa-
96
de 200 horas-aula que correspondiam a 100%. Com o das e 10% dos deputados, perfazendo-se um total de 7
.3
aumento porcentual, o novo curso passou a ter 100% + parlamentares presentes à sessão.
93
15% das aulas inicialmente previstas. Portanto, o total Infere-se da situação apresentada que, nessa assem-
.0
a) 10 deputadas.
a
Dica b) 14 deputadas.
lv
Si
c) 15 deputadas.
A avaliação do crescimento ou da redução per- d) 20 deputadas.
da
50 parlamentares
O
-
Variação percentual = Final Inicial Deputadas = X
ri
Veja mais um exemplo para podermos fixar melhor. Compareceram 20% x e 10% (50-x), totalizando 7
Exemplo 2: parlamentares. Não sabemos a quantidade exata de
cada sexo. Vamos montar uma equação e achar o
MATEMÁTICA BÁSICA
Vamos dispor as informações em forma de conjun- Vamos esquematizar para sabermos quando será
9
-9
Graviola Açai
93
DIRETAMENTE
PROPORCIONAL + / + OU - / -
.0
06
-1
60% – 15% = 15% 50% – 15% = Aqui, as grandezas aumentam ou diminuem juntas
(sinais iguais)
a
lv
45% 35%
Si
da
Nenhum = X PROPORCIONAL + / - OU - / +
io
é 100%: 45% + 15% + 35% + X = 100% Aqui, uma grandeza aumenta e a outra diminui
O
30 m -------- X (tijolos)
12 · X = 30 . 2160 EQUAÇÕES
12X = 64800 Conceito
X = 5400 tijolos
Uma equação é uma igualdade na qual uma ou
Assim, comprovamos que realmente são necessá- mais variáveis – geralmente são as letras do nosso
rios mais tijolos. alfabeto – denominadas por incógnitas são desconhe-
cidas. O nosso principal objetivo é encontrar o valor
z Uma equipe de 5 professores gastou 12 dias para dessa incógnita.
corrigir as provas de um vestibular. Considerando
a mesma proporção, quantos dias levarão 30 pro- Resolução e Discussão
fessores para corrigir as provas?
z Equação do Primeiro Grau
Do mesmo jeito que no exemplo anterior, vamos
montar a relação e analisar: A forma geral de uma equação do primeiro grau
é: ax + b = 0.
5 (prof.) --------- 12 (dias) O termo “a” é o coeficiente de “x” e o termo “b” é
30 (prof.) -------- X (dias) chamado de termo independente.
Para resolver uma equação do 1°, devemos isolar
Veja que de 5 (prof.) para 30 (prof.) tivemos um todas as partes que possuem incógnitas de um lado
9
igual e do outro os termos independentes. Veja um
-9
exemplo:
pe maior, o trabalho será realizado de forma mais
.3
10x = 5x + 20
(-). Desta forma, as grandezas são inversamente pro-
.0
10x – 5x = 20
a
5 (prof.) 12 (dias)
lv
Si
sinal trocado:
30 · X = 5 · 12
io
v
30X = 60 5x = 20
tá
x = 20 / 5
O
X=2
ri
A
As equações de segundo grau têm 2 raízes, isto Em uma equação ax2 + bx + c = 0, temos:
é, existem 2 valores de x que tornam a igualdade
verdadeira. z A soma das raízes é dada por –b/a.
z O produto das raízes é dado por c/a.
Cálculo das Raízes da Equação
Calcular as raízes da equação x2 - 3x + 2 = 0.
Vamos achar as raízes por meio da fórmula de Soma: –b/a = -(-3) / 1 = 3
bhaskara. Basta identificar os coeficientes a, b e c e Produto: c/a = 2 / 1 = 2
colocá-los na seguinte expressão: Quais são os dois números que somados resultam
“3” e multiplicados, “2”?
-b ! 2
b - 4ac Soma: 3 = (2 + 1);
x= Produto 2 = (2 ×1);
2a
Logo, 2 e 1 são as raízes dessa equação. Exatamen-
Veja o sinal ± presente na expressão acima. É ele te igual achamos usando a fórmula de bhaskara.
que permitirá obtermos dois valores para as raízes, Agora vamos treinar o que aprendemos na teoria
um valor utilizando o sinal positivo (+) e outro valor com exercícios comentados de diversas bancas.
utilizando o sinal negativo (-).
Vamos aplicar isso em um exemplo: 1. (CEBRASPE-CESPE — 2018) Os indivíduos S1, S2, S3
Calcular as raízes da equação x2 - 3x + 2 = 0. e S4, suspeitos da prática de um ilícito penal, foram
Identificando os valores de a, b e c. interrogados, isoladamente, nessa mesma ordem. No
depoimento, com relação à responsabilização pela
a=1 prática do ilícito, S1 disse que S2 mentiria; S2 disse
b = -3 que S3 mentiria; S3 disse que S4 mentiria.
c=2 A partir dessa situação, julgue o item a seguir.
Caso S3 complete 40 anos de idade em 2020, S1 seja
9
-9
Substituindo na fórmula: 8 anos mais novo que S3 e S2 seja 2 anos mais velho
96
-b ! 2
b - 4ac de 1984.
x=
.0
2a
06
-(-3) ± √(-3)2 - 4 × 1 × 2
x= S3 tem 40 anos em 2020. S1 é 8 anos mais novo que
a
3!1
tá
2
X2 = X4 + 2
ri
x1 = =2
2 140 anos:
X1 + X2 + X3 + X4 = 140
3-1
x2 = =1 32 + (X4+2) + 40 + X4 = 140
2
74 + 2.X4 = 140
2.X4 = 66
Na fórmula de bhaskara, podemos usar um discri-
X4 = 33
minante que é representado por “Δ”. Seu valor é igual
Logo, X2 = X4 + 2 = 33 + 2 = 35 anos em 2020. Assim,
a:
S2 deve ter nascido em 2020 – 35 = 1985.
Resposta: Errado.
Δ = b2 - 4ac
2. (CEBRASPE-CESPE — 2017) Em um tanque A, há uma
Assim, podemos escrever a fórmula de bhaskara:
mistura homogênea de 240 L de gasolina e 60 L de
álcool; em outro tanque B, 150 L de gasolina estão
-b ! D misturados homogeneamente com 50 L de álcool.
x=
124 2a A respeito dessas misturas, julgue o item subsequente.
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Para que a proporção álcool/gasolina no tanque A fique
igual à do tanque B, é suficiente acrescentar no tanque -(-10) ± √(-10)2 - 4 × 1 × 21
x=
A uma quantidade de álcool que é inferior a 25 L. 2×1
4m = 36
A principal forma de resolver esse sistema é usan-
96
m = 9.
do o método da substituição. Este método é muito sim-
.3
Resposta: Letra B.
ples e consiste basicamente em duas etapas:
93
.0
x = 10 – y
S = -b / a
v
tá
S = -(-5) / 1 = 5.
Substituindo “x” na segunda equação por “10-y”
O
Resposta: Certo.
ri
A
era o produto entre as raízes da equação x² -10x + 21 = -5y = -35 (multiplica por -1)
0. Nessas condições, assinale a alternativa que apre- 5y = 35
senta a idade que Pedro se formou na faculdade: y=7
Método da substituição y= 2
1: Isolar uma das variáveis em uma das equações;
2: Substituir essa variável na outra equação pela Substituindo o valor de “y” na primeira equação
expressão achada no item anterior. achamos o valor de “x”:
*
x + y = 10
(
x+y=3
4x - y = 5 2 2
x -y =-3
Nesse exemplo, não vamos precisar fazer uma Isolando x na primeira equação, temos que x =
multiplicação, pois já temos a condição necessária 3 – y. Efetuando a substituição na segunda equação,
para eliminarmos o “y” da equação. Então, devemos temos que:
fazer apenas a soma das equações. Veja:
(3 – y)2 – y2 = -3
*
x + y = 10 9 – 6y + y – y2 = -3
4x - y = 5 y=2
5x = 15
Logo,
x=3
x=3–y=3–2=1
9
-9
x + y = 10
.0
3 + y = 10
cargos A e B, cada candidato poderia fazer inscrição
-1
y=7
Si
multiplicar:
número de candidatos inscritos para o cargo B corres-
v
tá
x + y = 10
ri
a) 3/7.
A
x - 2y = 4
b) 5/9.
c) 4/7.
Multiplicando por -1 a primeira equação, temos: d) 2/3.
e) 5/7.
(
- x - y = - 10
A = B – 3000
x - 2y = 4 A/B = 0,4
A = 0,4B
Substituindo essa última equação na primeira,
Fazendo a soma: temos:
0,4B = B – 3000
(
- x - y = - 10
3000 = B – 0,4B
x - 2y = 4 3000 = 0,6B
B = 3000/0,6
126 -3y = -6 B = 5000
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Lembrando que A = 0,4B, podemos obter o valor de Seja “a” a quantidade de pedidos de patentes da
A: indústria alimentícia. Foi dito que este total é igual
A = 0,4 x 5000 à soma dos demais pedidos, que são x e y, ou seja,
A = 2000 a=x+y
Total O total de pedidos é:
A + B = 5000 + 2000 = 7000 T = a + x + y = a + a = 2a
O número de inscritos para o cargo B, em relação Como T = 128, temos
ao total, será: 128 = 2a
5000/7000 = 5/7. a = 64
Resposta: Letra E. Resposta: Certo
2. (FGV — 2017) O número de balas de menta que Júlia 4. (CEBRASPE-CESPE — 2013) Se, em determinado mês,
tinha era o dobro do número de balas de morango. a quantidade de pedidos de patentes do produto X foi
Após dar 5 balas de cada um desses dois sabores igual ao dobro da quantidade de pedidos de patentes
para sua irmã, agora o número de balas de menta que do produto Y, então a quantidade de pedidos de paten-
Júlia tem é o triplo do número de balas de morango. O tes de produtos da indústria alimentícia foi o quádru-
número total de balas que Júlia tinha inicialmente era: plo da quantidade de pedidos de patentes de Y.
Me = 2.Mo
96
Me = 20
93
rior a 25.
-1
A seguir, leia o texto disposto abaixo para respon- Se T = 128, temos que x + y = 64. Foi dito ainda que:
a
der as questões de 3 a 5. x = y + 18
lv
Si
Exemplo: Converter 5,3 metros para centímetros: Veja, agora, algumas relações interessantes e que
Para sair do metro e chegar no centímetro deve- você precisa ter em mente para resolver a diversas
mos multiplicar por 100 (10x10), pois “andamos” duas questões.
casas até chegar em centímetro. Logo,
UNIDADE RELAÇÃO DE UNIDADE
5,3m = 5,3 x 100 = 530 cm. 1 quilograma (kg) 1000 gramas (g)
1 tonelada (t) 1000 quilogramas (kg)
Medidas de Área (Superfície)
1 litro (l) 1 decímetro cúbico (dm3)
A unidade principal tomada como referência é o 1 mililitro (ml) 1centímetro cúbico (cm3)
metro quadrado. Além dele, temos outras seis unidades 1 hectare (ha) 1 hectômetro quadrado (hm2)
diferentes que servem para medir dimensões maiores 1 hectare (ha) 10000 metros quadrados (m2)
ou menores. A conversão de unidades de superfície
segue potências de 100. Veja o esquema a seguir: Medidas de Capacidade
9
As medidas de capacidade constituem uma gran-
-9
(quilômetro
quadrado)
(hectômetro
quadrado)
(decâmetro
quadrado)
(metro
quadrado)
(decímetro
quadrado)
(centímetro
quadrado)
(milímetro
quadrado)
deza usada para mensurar o quanto de líquido cabe
.3
Km2 hm2 dam2 m2 dm2 cm2 mm2 No entanto, existem outras unidades, que são múlti-
a
:100
são mais convenientes; para quantidades maiores, é
da
MEDIDAS DE CAPACIDADE
O
z Exemplo 2: 0,001 litro de água corresponde a Observe que na coluna da esquerda colocamos as
quantos microlitros (µl)? categorias de valores que a variável pode assumir, ou
seja, masculino e feminino, e na coluna da direita colo-
Nesse exemplo, a exigência é sair de uma unidade camos o número de Frequências, isto é, o número de
maior (l) para uma unidade menor (µl). Então, preci- observações (ou repetições) relativas a cada um dos
samos andar quatro casas (unidades) para chegar em valores. Veja, ainda, que foi analisada uma amostra de
microlitro. Logo, temos: 60 pessoas, das quais 34 eram homens e 26 mulheres.
9
-9
Para transformar de uma unidade menor para a pode assumir um grande número de valores distintos.
unidade maior, divide-se por 60. Veja: Vamos representar na tabela a variável “Altura dos
moradores de Campinas”:
MATEMÁTICA BÁSICA
O símbolo “|” significa que o valor que se encontra ao seu lado está incluído na classe. Por exemplo, 1,50 | -
1,60 nos indica que as pessoas com altura igual a 1,50 são contadas entre as que fazem parte dessa classe, porém
as pessoas com exatamente 1,60 não são contabilizadas.
Veja novamente a última tabela, agora com a coluna de frequências absolutas acumuladas à direita:
A coluna da direita exprime o número de indivíduos que se encontram naquela classe ou abaixo dela. Ou seja,
o número acumulado de frequências do valor mais baixo da amostra (1,50m) até o valor superior daquela classe.
Perceba que, para obter o número 50, bastou somar 17 (da classe 1,60| - 1,70) com 33 (da classe 1,50| - 1,60). Isto é,
podemos dizer que 50 pessoas possuem altura inferior a 1,70m (limite superior da última classe). Analogamente,
63 pessoas possuem altura inferior a 1,80m.
GRÁFICOS ESTATÍSTICOS
Uma outra maneira muito utilizada para a Estatística Descritiva são os gráficos. Vejamos abaixo alguns tipos.
Utilizamos o gráfico de colunas ou barras justapostas para dados agrupados por valor ou por atributo. Vamos
96
supor que estamos interessados nas idades de alguns alunos. O gráfico relaciona as idades com as respectivas
.3
frequências.
93
Idade × Frequência
.0
06
25
Frequência Absoluta Simples
-1
20
a
lv
Si
15
da
10
io
v
tá
5
O
ri
0
A
20 23 27 30 33
Agora suponha, por exemplo, que queremos saber a cidade natal de alguns alunos. Como algumas cidades
possuem nomes muito grandes, poderíamos optar em usar um gráfico de barras justapostas. Veja:
Salvador
Florianópolis
Rio de Janeiro
São Paulo
130 0 2 4 6 8 10 12 14
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Gráfico de Setores (ou de Pizza) Esses dados podem ser resumidos com um histo-
grama, como mostra o gráfico a seguir.
Este gráfico tem a vantagem de mostrar rapida-
mente a relação com o total de observações. Vamos Salários dos Funcionários da Empresa de Cosméticos x Em
milhares de reais
supor que analisamos as notas trimestrais de alguns
alunos. Veja como fica a disposição usando o gráfico 18
de pizza. 16
14
Média de Notas Escolares Trimestrais 12
10
8
6
4
2
0
(10 - 15) (15 - 20) (20 - 25) (25 - 30)
NOÇÕES DE GEOMETRIA
FORMAS
35
duas dimensões: comprimento e largura. Ex.:
.3
30
93
25
.0
20
06
-1
15
10
a
lv
5
Si
0
da
SALÁRIOS EM
FREQUÊNCIA
MILHARES DE REAIS
10 – 15 15
15 – 20 17
20 – 25 13
25 - 30 7
131
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Os polígonos recebem nomes conforme o número
de lados que apresentam. Veja:
z 3 lados — Triângulo;
z 4 lados — Quadrilátero;
z 5 lados — Pentágono;
z 6 lados — Hexágono;
z 7 lados — Heptágono;
z 8 lados — Octógono;
z 9 lados — Eneágono;
z 10 lados — Decágono;
z 12 lados — Dodecágono;
z 20 lados — Icoságono.
z Não Polígonos
z Não Poliedros
São formas geométricas não delimitadas total-
mente por segmentos de retas. Podem ser abertas ou Os não poliedros, também chamados de corpos
fechadas. Ex.: redondos, apresentam superfícies arredondadas. Esfe-
ras, cones e cilindros são exemplos de corpos redondos.
somar os lados.
.0
06
ÁREA
-1
a
Área de um Quadrado
lv
Si
quadrado.
vio
B L C
tá
O
ri
A
132
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Área de um Retângulo Observação: a área é dada por:
b D
Figura 63. Área de um Retângulo
Área de um Losango
B
9
-9
B
96
.3
93
b
.0
06
Área de um Triângulo
da
D
Temos duas situações no caso do cálculo da área
io
do Triângulo.
v
tá
MATEMÁTICA BÁSICA
h D
D L
O
r
h B
c
9
-9
96
h
.3
B
93
a
.0
B
06
(b + B) · h VOLUME
A=
io
2
v
Área do Círculo
O
1 m3 — 1.000 l
320 m3 — x O volume dessa figura é calculado através da área
x = 320.000 litros da base — que é uma figura retangular (produto do
comprimento pela largura) —, vezes altura do sólido.
z Exemplo 2: Um reservatório de distribuição pos-
sui um volume de 6 · 108 cm3. Qual o volume desse Vparalelepípedo = Ab · h = c · l · h
reservatório em metros cúbicos e em litros?
Exemplo: Um floculador mecânico possui
Precisamos sair de uma unidade menor para duas formato de um paralelepípedo, medindo 8
unidades maiores. Então, precisamos voltar seis casas m de comprimento, 4 m de largura e volume
decimais. Logo, temos: 0,160 dam3. Qual a altura desse floculador em
metros?
6.108 cm3 ÷ 106
6 · 102 m3 0,160 dam3 = 160 m3
600 m3 = 600.000 litros
Vparalelepípedo = Ab · h
Cálculo de Volume 160 m3 = (8m · 4m) · h
h = 160 ÷ 32
As relações matemáticas estudadas até aqui servi-
h=5m
rão de base para o estudo do cálculo de volume das
principais figuras geométricas regulares comuns nas
estações de tratamento, conteúdo muito cobrado em z Volume do Cilindro
processos seletivos. O cubo, o paralelepípedo e o cilin-
dro, por exemplo, têm seu volume calculado a partir O cilindro é uma figura geométrica presente nas
do produto entre área da base e altura do sólido. unidades de tratamento em estruturas de armazena-
mento, tais como tanques de estoque de produtos quí-
z Volume do Cubo micos, reservatórios, tubulações, adutoras. Ele possui
base circular e lado uniforme, que aberto tem formato
retangular, conforme figura a seguir:
O cubo é uma figura geométrica que possui seis
lados iguais, sendo que cada lado corresponde a um
quadrado, conforme figura a seguir:
9
-9
96
.3
93
.0
06
A área da base é calculada por lado vezes lado, isto área da base pela altura do sólido. A área da base do
é, o produto numérico entre duas arestas. O volume é cilindro é um círculo.
a
lv
Vcubo = a · a · a
io
Vcubo = a3
cidade de armazenar quantos litros? Quantas
O
Vcubo = a3 = 33
Vcubo = 3m · 3m · 3m 104 mm = 10 m
Vcubo = 27 m3 raio = diâmetro ÷ 2 = 10 m ÷ 2 = 5 m
Vcilindro = π · r2 · h
Vlitros = 27 m3 = 27.000 litros
Vcilindro = (3,14) · (5 m)2 · 3 m
z Volume do Paralelepípedo Vcilindro = 235,5 m3
235,5 m3 · 1000 = 235.500 litros
O paralelepípedo é uma figura geométrica que
235.500 litros ÷ 150 dias = 1.570 pessoas ÷ dia
possui seis lados, conforme figura a seguir:
135
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
TEOREMA DE PITÁGORAS a) A parte que coube a Adão é igual a R$ 1.935,00.
b) A parte que coube a Bruno é igual a R$ 2.250,00.
O Teorema de Pitágoras diz que em todo triângu- c) A parte que coube a Carlitos é igual a R$ 1.500,00.
lo retângulo, o quadrado da medida da hipotenusa é d) A parte que coube a Carlitos é igual a R$ 1.935,00.
igual a soma dos quadrados das medidas dos catetos. e) A parte que coube a Adão é igual a R$ 2.250,00.
Figura 41. Triângulo Retângulo ABC O Espírito Santo vem presenciando, nos últimos 20
anos, um considerável crescimento nos índices de
Observação 1: a medida dos lados BC, AC e AB são criminalidade e violência. Em 2005, foram 50,6 homi-
dados respectivamente por a, b e c. cídios por 100 mil habitantes, um aumento de 161%
Observação 2: o lado a é chamado de hipotenusa quando comparado à taxa de 19,4 ocorridos duas
e os lados b e c de catetos. décadas antes. Para contrapor esse cenário, o Espíri-
Observação 3: pelo teorema de Pitágoras temos to Santo em Ação criou o CT03 - Comitê Temático de
a seguinte relação entre os lados do triângulo retân- Redução da Violência e da Criminalidade, que possui
gulo: a2 = b2 + c2 o objetivo de contribuir para que, até 2025, o Estado
reduza a taxa de homicídios para valores inferiores a
10 por 100 mil habitantes.
FONTE: http://www.esacao. org.br/index.php?id=/
HORA DE PRATICAR! institucional/estrutura_operacional/com ites_tematicos/_
redu%E7%E3o_da_viol%EAncia_e_da_criminali dade/index.php.
Acessado em 15/11/2013.
1. (EXATUS — 2013) Em determinada localidade, sabe-
9
-se que há 14.000 homens, e que 3/5 dos habitantes
-9
são mulheres. O número total de habitantes dessa A redução da criminalidade aos níveis pretendidos
96
a) 18.000.
.0
e) 10% aproximadamente.
Si
pagou R$ 450,00 no mercado, R$ 120,00 no açougue e 6. (EXATUS — 2013) Sabe-se que a população de deter-
io
R$ 90,00 de condomínio. Jarbas recebeu de salário: minada cidade é de 5.000.000 de habitantes, e que
v
a) R$ 1100,00.
Portanto, o número de crianças que tomaram a vacina
ri
b) R$ 1250,00.
A
Uma é capaz de encher o reservatório em 2 horas, e a ao lado desse edifício projeta uma sombra de 30 cm.
96
outra o faz em 4 horas. Se abertas simultaneamente, Neste mesmo instante, a sombra projetada pelo edifí-
.3
em uma hora, as duas torneiras terão despejado no cio onde mora o soldado Ryan é igual a:
93
tanque:
.0
a) 7,5 m
06
16.
(EXATUS — 2013) Um triângulo isósceles possui
11. (EXATUS — 2013) Quatro amigos, Abel, Bruno, Caio
io
e Daniel, são colecionadores de figurinhas. Sabe-se 18 cm. O perímetro e a área desse triângulo medem,
tá
Dado: π = 3.
a) 2 3 cm2
b) 9 3 cm2
9
-9
c) 6 3 cm2
96
d) 3 3 cm2
.3
e) 27 3 cm2
93
.0
06
9 GABARITO
-1
a
1 E
lv
Si
2 A
da
3 E
vio
tá
4 D
O
5 B
ri
A
6 C
7 D
8 C
9 C
10 D
11 E
12 C
13 B
14 A
138
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
a desequiparação efetuada, como a existência de
assentos reservados para gestantes, idosos e pes-
soas com deficiência nos transportes coletivos.
Art. 5º [...]
NOÇÕES DE DIREITOS I - homens e mulheres são iguais em direitos e
obrigações, nos termos desta Constituição;
HUMANOS O inciso I decorre do direito à igualdade. Trata-se
da igualdade entre homens e mulheres. Inicialmen-
te, há de se esclarecer que os direitos das mulheres são
relativamente recentes, de modo que grande parte da
DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E legislação anterior à CF, de 1988, estabelecia situações
COLETIVOS diferenciadas entre homens e mulheres, como, por
exemplo, a necessidade de autorização marital para
Os direitos individuais e coletivos estão disciplina- que a esposa ocupasse cargo público ou exercesse a
dos no art. 5º, da CF, de 1988. Muito cobrado em provas profissão fora do lar e o fato de o marido ser tido como
de concursos públicos, esse dispositivo é o mais exten- o chefe da sociedade conjugal, competindo a ele, entre
so dessa norma, sendo composto pelo caput (capítulo), outros deveres, a administração dos bens do casal.
Assim sendo, esse inciso foi direcionado tanto
por 78 (setenta e oito) incisos e 4 (quatro) parágrafos.
ao legislador, para que corrigisse tais desigualdades
Vejamos cada uma de suas partes:
legais, como aos operadores do direito, para que não
fossem mais estabelecidos critérios discriminatórios.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distin-
ção de qualquer natureza, garantindo-se aos bra-
Atenção! Existem dois tipos de igualdade: a for-
sileiros e aos estrangeiros residentes no País mal e a material. A igualdade formal consiste em tra-
a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, tar a todos de maneira igual, independentemente de
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos qualquer condição. Já a igualdade material busca a
termos seguintes: igualdade de fato, para que todos tenham os mesmos
direitos e obrigações. Trata-se, portanto, da igualdade
O caput do art. 5º traz os cinco pilares dos direitos efetiva, real, concreta ou situada. Assim, a igualdade
individuais e coletivos, quais sejam: vida, liberdade, nada mais é que tratar igualmente os iguais, com os
igualdade, segurança e propriedade. Deles decor- mesmos direitos e obrigações, e desigualmente os
rem todos os demais direitos estruturados nos seus desiguais, na medida de sua desigualdade.
incisos, como, por exemplo, do direito à vida, decor-
rem o direito à integridade física e moral, a proibição Art. 5º [...]
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
da pena de morte e a proibição de venda de órgãos.
fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
Quando a Constituição fala “brasileiros e estrangei-
9
-9
em território brasileiro.
lv
como fundamento, o fato de que todos nascem e vivem culares e a outra destinada à Administração. A lega-
v
brasileiro. São destinatários do princípio da igualdade aplicada à Administração, tendo em vista que ao par-
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
ri
tanto o legislador como os aplicadores da lei. ticular tudo pode se não proibido por lei. Já em rela-
A
po que a Constituição assegura a liberdade de mani- VIII - ninguém será privado de direitos por moti-
93
festação de pensamento, ela obriga que as pessoas vo de crença religiosa ou de convicção filosófi-
.0
também, às denúncias. Segundo o STF, é vedado o a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
a
lv
não impede que o Estado apure de forma sumária a O inciso VIII traz a chamada escusa de consciên-
cia ou objeção de consciência. Trata-se do direito de
da
Art. 5º [...]
tá
V - é assegurado o direito de resposta, proporcio- gurar que não ocorrerá a perda dos direitos civis ou
O
nal ao agravo, além da indenização por dano mate- políticos em decorrência de tal recusa. Por exemplo:
ri
rial, moral ou à imagem; a pessoa que, por questão religiosa, seja contrária ao
A
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém em casa, como, por exemplo, as cartas, as contas,
96
desastre, ou para prestar socorro, ou, durante rápidos, que podem ser enviados tanto na forma
.0
A inviolabilidade do domicílio está prevista no meio de rede de computadores, como, por exem-
a
público, em que uma pessoa vive ou trabalha. Trata- Embora não conste do inciso, o sigilo foi estendi-
v
indivíduo.
das por meio de Skype, e-mail, WhatsApp, Messenger,
A
141
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 5º [...] Art. 5º [...]
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofí- XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem
cio ou profissão, atendidas as qualificações profis- armas, em locais abertos ao público, indepen-
sionais que a lei estabelecer; dentemente de autorização, desde que não
frustrem outra reunião anteriormente convoca-
O direito de exercício de qualquer atividade da para o mesmo local, sendo apenas exigido pré-
profissional decorre do direito à liberdade. Trata-se vio aviso à autoridade competente;
da faculdade de escolher o trabalho que se pretende
exercer. No entanto, é necessário atender às qualifica- O inciso XVI traz outro desdobramento do direito
ções profissionais exigidas pela lei, como, por exem- à liberdade: o direito de reunião. Por reunião, enten-
plo, para ser médico, um dos requisitos é ter feito de-se o agrupamento organizado de pessoas de cará-
faculdade de Medicina em território nacional ou ter ter transitório e voltado para determinada finalidade.
sido aprovado em exame de revalidação no caso de Portanto, é preciso que o evento seja organizado e
faculdade estrangeira. preencha os seguintes requisitos: reunião pacífica e
Essa é uma norma constitucional de eficácia con- sem armas; fins lícitos; aviso prévio à autoridade com-
tida, ou seja, uma norma que produz todos os efeitos. petente e local aberto ao público.
No entanto, cabe destacar que uma norma infracons- O STF, quanto à “Marcha da Maconha”, entendeu
titucional (lei) pode conter o seu alcance ao fixar que a passeata é constitucional, assim, compatível
condições ou requisitos para o pleno exercício da pro- com o direito de reunião. Contudo, é inadmissível a
fissão, como, por exemplo, a regra de que, para advo-
incitação ao uso de entorpecentes.
gar, é necessária a aprovação no exame da Ordem dos
Atenção! Aviso prévio não se confunde com auto-
Advogados do Brasil.
rização. Para se reunir, é preciso, apenas, comunicar
à autoridade local, a fim de evitar, por exemplo, que,
Art. 5º [...]
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação no mesmo local, dia e hora, coincidam agrupamentos
e resguardado o sigilo da fonte, quando necessá- de pessoas com posicionamentos distintos (exemplo:
rio ao exercício profissional; manifestações pró-aborto e contrária ao aborto).
vista no § 1º, do art. 220, da CF, de 1988, e é No Brasil, é proibida a associação para fins ilícitos,
96
mais abrangente que a liberdade de imprensa, como, por exemplo, a associação para fins contrários
.3
funcionamento;
ri
Art. 5º [...]
A
Cabe esclarecer que representante é aquele que função social da propriedade. Nela, a indenização não
.3
age em nome alheio, defendendo direito alheio. No é prévia, sendo o prazo de resgate (Títulos da Dívida
93
caso das associações, para que estas atuem na condi- Pública) de 10 (dez) anos para bens urbanos e de 20
.0
ção de representantes, é preciso autorização expressa (vinte) anos para bens rurais. Ainda, não confunda
06
dos filiados, não bastando que exista autorização em desapropriação com expropriação, que consiste na
-1
estatuto. Assim sendo, só poderão atuar se devida- perda da propriedade no caso de cultivo de substân-
a
mente autorizadas pelos associados. cias entorpecentes ou de trabalho escravo. Nela, não
lv
há pagamento de indenização.
tituição judicial ou extrajudicial da associação inde-
da
associação atua em nome próprio, defendendo direito XXV - no caso de iminente perigo público, a auto-
v
Art. 5º [...]
isto é, aquelas que se encontram em um estado
06
Neste sentido, a CF, de 1988, garante aos autores o a sucessão envolva bens de estrangeiros situados no
O
direito exclusivo de utilização, publicação ou repro- Brasil. Assim, a regra é que se aplica a lei brasileira
ri
dução de suas obras, sendo esse direito transmitido sempre que esta beneficiar cônjuge ou filho brasilei-
A
aos herdeiros do autor (direitos sucessórios) pelo tem- ro. No entanto, caso a lei estrangeira (lei do país do
po que a lei fixar. de cujus) seja mais benéfica a estas pessoas, ela é que
será aplicada.
Art. 5º [...]
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
Art. 5º [...]
a) a proteção às participações individuais em
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a
obras coletivas e à reprodução da imagem e voz
defesa do consumidor;
humanas, inclusive nas atividades desportivas;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento
econômico das obras que criarem ou de que parti- O inciso XXXII traz a proteção ao consumidor
ciparem aos criadores, aos intérpretes e às respecti- como um dos direitos e deveres individuais e coleti-
vas representações sindicais e associativas; vos. Como consequência, a defesa do consumidor será
promovida por meio do Estado. Vale lembrar que é
O inciso XXVIII também protege a propriedade a Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, conheci-
intelectual. Deste modo, o dispositivo assegura a da como Código de Defesa do Consumidor (CDC), que
144 proteção de tais direitos ao indivíduo que participou estabelece as regras de proteção ao consumidor.
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Art. 5º [...] O princípio da inafastabilidade de jurisdição
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos ou do controle do Poder Judiciário está disciplina-
públicos informações de seu interesse particu- do no inciso XXXV. Tal princípio é um desdobramento
lar, ou de interesse coletivo ou geral, que serão do direito à segurança (garantias jurisdicionais). Esse
prestadas no prazo da lei, sob pena de responsa- princípio garante que todas as pessoas tenham acesso
bilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
ao Poder Judiciário.
imprescindível à segurança da sociedade e do
Estado;
Art. 5º [...]
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido,
O inciso XXXIII decorre do direito de informação.
o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
Trata-se de assegurar aos indivíduos o conhecimento
de informações relativas à sua pessoa, quando cons-
O inciso XXXVI é, também, um desdobramento do
tantes de banco de dados de entidades governamen-
direito à segurança. Trata-se da garantia constitucio-
tais ou abertas ao público, bem como de informação
de interesse da coletividade. Aqui, vale mencionar nal de que as novas leis não retirem das pessoas os
que não óbice à divulgação da remuneração de ser- direitos que elas adquiriram por meio de lei antiga, de
vidor público. modo que as situações disciplinadas por uma norma
devem continuar protegidas por esta mesmo depois de
Art. 5º [...] sua revogação ou substituição por outra em três casos3:
XXXIV - são a todos assegurados, independente-
mente do pagamento de taxas: z Direito Adquirido: é o direito assegurado à pessoa
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em quando esta cumpriu todos os requisitos para a sua
defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso concessão pela norma anterior antes de ocorrer a
de poder; alteração legal. Exemplo: uma pessoa completou o
b) a obtenção de certidões em repartições públi- tempo de contribuição previsto pela lei para apo-
cas, para defesa de direitos e esclarecimento de sentar, mas optou por permanecer trabalhando. Se
situações de interesse pessoal;
nova lei alterar os requisitos para aposentadoria,
de modo a aumentar o tempo de contribuição, essa
O inciso XXXIV disciplina o direito de petição e o
pessoa não será prejudicada, pois adquiriu o direi-
direito de certidão. O dispositivo assegura aos indi-
to pela lei anterior.
víduos o direito de formular pedidos para a Adminis-
tração Pública em defesa de seus direitos e, quando
Atenção! Direito adquirido não se confunde com
cabível, de terceiros, bem como de formular reclama-
expectativa de direito. Se a pessoa não completou
ções contra atos ilegais e abusivos cometidos pelos
todos os requisitos para a concessão do direito, ela
agentes do Estado. Assegura, ainda, o direito de plei-
tear, do Estado, documento expedido por este, que, não tem direito adquirido e, sim, expectativa de direi-
por possuir fé pública, é utilizado para comprovar a to. Exemplo: falta, para o indivíduo, um mês para que
se complete o tempo de contribuição previsto pela lei
9
existência de um fato. Deste modo, assegura ao indi-
-9
víduo a obtenção de certidão para a defesa de direitos para se aposentar. Antes de preencher tal requisito,
96
ou esclarecimento de situações de interesse pessoal. a lei é alterada e o tempo majorado. Esta pessoa não
.3
O exercício de tais direitos é gratuito, ou seja, inde- poderá se aposentar, pois tinha apenas expectativa
93
pendem de qualquer pagamento. Importante men- de direito, uma vez que todos os requisitos não foram
.0
obstar ou dificultar o exercício do direito, uma vez esta tenha sido posteriormente revogada ou modi-
da
que pessoas sem recursos financeiros teriam dificul- ficada. Exemplo: adolescente que se casou antes
dades de exercer seu direito se este fosse condiciona- de ter completado a idade núbil nas hipóteses per-
io
mente técnico.
tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e
93
da lei penal (nullum crimen, nulla poena, sine lege) Dica: para lembrar dos crimes, memorize: T T T
ri
3TH — tortura, tráfico, terrorismo, hediondos a) de morte, salvo em caso de guerra declarada,
96
e) cruéis;
Imprescritíveis RAAÇÃO
-1
Art. 5º [...]
de determinadas penas. Assim, é vedada a pena de
da
patrimônio transferido;
A
praticado antes da naturalização, ou de com- deverá existir um processo com todas as etapas pre-
96
provado envolvimento em tráfico ilícito de vistas em lei e com todas as garantias constitucionais.
.3
sível de nulidade.
A proibição de extradição de brasileiro encon-
06
Art. 5º [...]
medida de cooperação internacional em que um Esta- LV - aos litigantes, em processo judicial ou admi-
a
São nulas tanto as provas produzidas de forma ilícita diária da pública nos processos relativos aos delitos
96
como também as derivadas (surgidas em decorrência previstos na legislação especial, como, por exemplo,
.3
da prova ilícita), ainda que obtidas de forma regular. nas ações em que se apuram crimes eleitorais.
93
O inciso LVII traz o princípio da presunção de ino- casos, tais como ações de divórcio, guarda, entre
v
cência ou da presunção de culpabilidade. Assim, antes outros, essa publicidade é restrita às partes e seus pro-
tá
O
ocorre porque quem possui o ônus de provar a culpa é Também é possível restringir a publicidade quan-
o Ministério Público, como órgão titular da ação penal do o interesse da sociedade exigir, como, por exem-
pública e da vítima, no caso de ação penal privada. Des- plo, em determinados crimes ou atos, envolvendo
te modo, não compete ao acusado provar sua inocência, crianças e adolescentes. É importante mencionar, no
mas ao Ministério Público ou à vítima comprovar a res- entanto, que a restrição da publicidade dos atos pro-
ponsabilidade do réu até a última instância. cessuais não poderá prejudicar o interesse público à
informação.
6 Art. 3º (Lei nº 12.037, de 2009) Embora apresentado documento de identificação, poderá ocorrer identificação criminal quando: I - o docu-
mento apresentar rasura ou tiver indício de falsificação; II - o documento apresentado for insuficiente para identificar cabalmente o indiciado;
III - o indiciado portar documentos de identidade distintos, com informações conflitantes entre si; IV - a identificação criminal for essencial às
investigações policiais, segundo despacho da autoridade judiciária competente, que decidirá de ofício ou mediante representação da autorida-
de policial, do Ministério Público ou da defesa; V - constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualificações; VI - o esta-
do de conservação ou a distância temporal ou da localidade da expedição do documento apresentado impossibilite a completa identificação dos
caracteres essenciais. Parágrafo único. As cópias dos documentos apresentados deverão ser juntadas aos autos do inquérito, ou outra forma
de investigação, ainda que consideradas insuficientes para identificar o indiciado. 149
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Importante! A CF, de 1988, não fixa o prazo da comunicação,
porém o art. 306, do Código de Processo Penal, estabe-
A restrição da publicidade é popularmente lece que a comunicação será imediata e os autos reme-
conhecida como segredo de Justiça. tidos em até 24 (vinte e quatro) horas após a prisão.
Além da comunicação ao juiz, a CF, de 1988, prevê a
comunicação à família do preso ou pessoa por ele indi-
Art. 5º [...]
cada, com o escopo não só de dar notícia de seu para-
LXI - ninguém será preso senão em flagrante
deiro, como também de prestar-lhe a assistência devida.
delito ou por ordem escrita e fundamentada de
autoridade judiciária competente, salvo nos casos
Art. 5º [...]
de transgressão militar ou crime propriamen-
LXIII - o preso será informado de seus direitos,
te militar, definidos em lei;
entre os quais o de permanecer calado, sendo-
-lhe assegurada a assistência da família e de
Pelo inciso LXI, depreende-se que a liberdade é a advogado;
regra e a prisão é a exceção. Por essa razão, o dispo-
sitivo fixa as hipóteses em que o indivíduo será preso. Considerando que a liberdade é a regra e a sua
Assim, a CF, de 1988, protege os indivíduos da força do restrição só é legítima quando efetuada nos estritos
Estado, uma vez que veda a prisão arbitrária ou abu- limites legais, o inciso LXIII estabelece que o preso
siva e estabelece que a restrição da liberdade só será em flagrante deve ser comunicado dos seus direitos.
legítima quando respeitados os parâmetros legais. Entre esses direitos, encontra-se o de permanecer em
Trata-se de um dos desdobramentos do direito à segu- silêncio.
rança, por envolver garantias processuais. O silêncio do preso é apenas silêncio e não poderá
Em termos de processo penal, existem dois tipos ser utilizado de forma contrária. O acusado não é obri-
de prisão. A prisão pena que é aquela decorrente de gado a produzir provas contra si mesmo. Ao se calar,
sentença penal condenatória transitada em julgado, esse silêncio não pode ser considerado como prova.
ou seja, o processo foi finalizado, a pessoa condena- Além disso, o dispositivo também estabelece a
da e não cabe mais recurso, ingressando na fase de assistência da família e do advogado, garantindo tan-
execução penal. Além disso, há a prisão processual, to o apoio pessoal como a assistência técnica que lhe
que tem função acautelatória e é aquela que ocorre é devida.
durante a fase de investigação, instrução e antes do
julgamento definitivo, como a prisão em flagrante, a Art. 5º [...]
prisão temporária e a prisão preventiva. LXIV - o preso tem direito à identificação dos
Portanto, durante o curso do processo, o indiví- responsáveis por sua prisão ou por seu interro-
duo somente será preso se estiver em flagrante delito gatório policial;
(estiver cometendo o delito, acabou de cometê-lo, foi
perseguido logo após ou foi encontrado logo depois, O inciso LXIV também decorre do direito à segu-
com algo que faça presumir ser o autor da infração)7 rança, uma vez que busca prevenir a prisão arbitrária.
9
-9
ou se for determinado pelo juiz nos demais casos das Assim, é assegurada ao indivíduo a identificação dos
96
Observa-se, ainda, que o inciso traz exceções, quais vez que lhe é garantido questionar a competência ou
93
direitos humanos.
estas estão previstas nos regulamentos disciplinares,
-1
Art. 5º [...] prisão foi ilegal, ele deverá colocar o preso em liber-
ri
7 Art. 302 (CPP) Considera-se em flagrante delito quem: I -está cometendo a infração penal; II - acaba de cometê-la; III - é perseguido, logo após,
pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração; IV - é encontrado, logo depois, com
150 instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.
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O inciso LXVI reforça que a regra é a liberdade e Não cabe HC nos seguintes casos:
sua supressão é apenas medida excepcional e somen-
te deve ser decretada nos casos em que a norma z Perda de patente;
autorizar. z Perda de cargo;
z Pena de multa;
Art. 5º [...] z Bens apreendidos (Obs.: no caso do passaporte, o
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo STJ diz que caberá o HC. Já o STF diz que não cabe);
a do responsável pelo inadimplemento voluntário z Pena extinta.
e inescusável de obrigação alimentícia e a do
depositário infiel; De acordo com o § 2º, do art. 142, não caberá habeas
corpus em relação a punições disciplinares militares.
O inciso LXVII trata da prisão civil por dívida. Além dos militares das Forças Armadas, essa dispo-
Considera-se prisão civil a medida privativa da liber- sição é estendida aos membros das Polícias Militares
dade que não possui caráter de pena e que tem como e dos Corpos de Bombeiros Militares (art. 42, CF, de
finalidade compelir o devedor a satisfazer uma obri- 1988).
gação. Atualmente, a única hipótese de prisão por No entanto, é cabível o HC se a sanção militar tiver
dívidas é a de caráter alimentar, ou seja, o indivíduo sido aplicada de forma ilegal por autoridade incompe-
deixou de pagar a pensão alimentícia devida. tente ou em desacordo com as formalidades legais ou
Por se tratar de uma norma constitucional de efi- além dos limites fixados em lei.
cácia contida, a prisão do depositário infiel, prevista
na CF, de 1988, embora constitucional, tornou-se ilíci- Art. 5º [...]
ta em razão das seguintes Súmulas: LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para
proteger direito líquido e certo, não amparado
Súmula Vinculante nº 25 (STF) É ilícita a prisão por habeas-corpus ou habeas-data, quando o
civil de depositário infiel, qualquer que seja a moda- responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
lidade do depósito. autoridade pública ou agente de pessoa jurídi-
ca no exercício de atribuições do Poder Público;
Súmula nº 419 (STJ) Descabe a prisão civil do
depositário judicial infiel. O inciso LXIX traz outro remédio constitucional: o
mandado de segurança (MS). Se o HC tutela a liber-
Art. 5º [...] dade de locomoção e o habeas data, o acesso e a retifi-
cação de dados, o MS é cabível para os demais direitos,
LXVIII - conceder-se-á habeas-corpus sempre que sendo que seu objetivo e alcance é feito por exclusão.
alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer Cabe destacar que a lei que disciplina o MS é a Lei nº
violência ou coação em sua liberdade de loco- 12.016, de 2009.
moção, por ilegalidade ou abuso de poder; O MS é cabível quando houver direito líquido e
certo, ou seja, direito que pode ser comprovado de
9
O inciso LXVIII traz um dos remédios constitucio-
-9
nais: o habeas corpus (HC). Remédios constitucio- modo, a prova deve ser toda pré-constituída, sendo
nais são as ações constitucionais previstas na própria
.3
Constituição com a finalidade de reclamar o restabele- acompanhar a própria petição inicial, salvo se estes
.0
O HC é uma dessas ações constitucionais, sendo que se recuse a fornecê-los por certidão. Consequen-
-1
utilizado para a tutela da liberdade de locomoção temente, no MS, não há fase instrutória
sempre que alguém estiver sofrendo ou na iminência O MS pode ser de duas espécies:
a
lv
e vir. Tal ação pode ser utilizada tanto em questões z Mandado de segurança repressivo, cuja ordem
da
penais como em questões civis, desde que haja cons- de segurança objetiva cessar constrangimento ile-
trangimento ilegal efetivo ou potencial ao direito de ir
io
gal já existente;
v
e vir. Exemplo: prisão por débitos alimentares. z Mandado de segurança preventivo, cuja ordem
tá
Existem três modalidades de HC, quais sejam: de segurança busca pôr fim à iminência de cons-
O
ação constitucional para a tutela dos direitos previs- Estado participe, à moralidade administrativa,
96
tos na CF, de 1988, inerentes à nacionalidade, à sobe- ao meio ambiente e ao patrimônio histórico
.3
rania e à cidadania, os quais não podem ser exercidos e cultural, ficando o autor, salvo comprovada
93
em razão da falta de norma regulamentadora. Portan- má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
.0
sucumbência;
to, são pressupostos para o MI:
06
-1
z Existência de um direito constitucionalmente pre- O inciso LXXIII traz outro remédio constitucional:
a
visto com relação à nacionalidade, soberania e a ação popular. Trata-se da ação constitucional colo-
lv
cidadania;
z A não autoaplicabilidade desse direito; o Poder Público. Cabe esclarecer que cidadão é aque-
da
z Falta de norma infraconstitucional regulamenta- le que possui capacidade eleitoral ativa, ou seja, que
io
dora que inviabilize o exercício do direito previsto pode votar. Portanto, a ação popular é cabível para os
v
na CF, de 1988.
Atenção! Não há necessidade de os menores de 18
O
em uma escola, entre outros. Assim, a CF, de 1988, garan- sobre direitos humanos que forem aprovados,
96
te que a falta de recursos financeiros não seja considera- em cada Casa do Congresso Nacional, em dois
.3
constitucionais.
06
Art. 5º [...]
-1
as pessoas a esses remédios constitucionais. por meio de um Decreto Legislativo, e o remete ao Pre-
O
Art. 5º [...]
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrati- mulgado e publicado em Diário Oficial da União e pas-
vo, são assegurados a razoável duração do pro- sa a ter força de lei.
cesso e os meios que garantam a celeridade de sua No caso de tratado sobre direitos humanos, a CF,
tramitação. de 1988, disciplinou a possibilidade de sua incorpo-
ração, seguindo os mesmos procedimentos cabíveis
Este inciso trata o princípio da celeridade pro- para as Emendas Constitucionais, ou seja, dois turnos
cessual. Desta forma, a CF, de 1988, assegura a todos, em cada Casa do Congresso Nacional e aprovação por
quer no âmbito judicial, quer no âmbito administra-
3
/5 dos votos. Deste modo, o tratado passa a ser incor-
tivo, a duração razoável do processo, bem como dos porado, no ordenamento jurídico, com força de nor-
meios que garantam a celeridade de sua tramitação. ma constitucional.
O § 3º, do art. 5º, da CF, de 1988, foi incluído pela
Art. 5º [...] Emenda Constitucional nº 45, de 2004. Portanto, ape-
LXXIX - é assegurado, nos termos da lei, o direito nas os tratados incorporados após essa Emenda e
à proteção dos dados pessoais, inclusive nos meios seguindo os parâmetros do dispositivo possuem força
digitais. de norma constitucional. 153
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Para os incorporados anteriormente, caso se refi- os direitos humanos são inerentes à condição huma-
ram aos direitos humanos, são considerados suprale- na dos indivíduos. São os chamados direitos naturais.
gais. Para todos os demais tratados, força legal. Quando estes mesmos direitos passam a ser previstos
em uma lei escrita devidamente aprovada por meio
Art. 5º [...] do processo legislativo de cada Estado, dizemos que
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal tais direitos estão positivados.
Penal Internacional a cuja criação tenha mani- Quando se fala em direitos humanos, estamos
festado adesão. mencionando um rol de direitos pertencentes ao indi-
víduo. São reconhecidos internacionalmente, mas
Esse parágrafo também foi incluído pela Emenda também constam nas normas de direito interno dos
Constitucional nº 45, de 2004. O Tribunal Penal Inter- Estados. Dentre estes direitos, temos: o direito à vida;
nacional (TPI) encontra-se disciplinado no Estatuto à liberdade; à educação; à saúde. No Brasil, tais direi-
de Roma e tem como finalidade julgar os crimes de tos estão elencados na Constituição Federal. São os
genocídio, crimes de guerra, crimes contra a humani- direitos fundamentais e sociais.
A questão da nomenclatura é técnica, porém, em
dade e crimes de agressão.
nada interfere ao fato de que estes direitos devem ser
Atenção! Não confundir o TPI com a Corte Inter-
garantidos a todos os cidadãos. Nacionais ou estran-
nacional de Justiça, também conhecida como Tribu-
geiros, que estejam ou não no território de sua terra
nal de Haia, que é o órgão jurídico da Organização das
natal, isto em nada interfere à obrigação dos Estados
Nações Unidas. de respeitarem os direitos humanos de cada um.
Recomendo para aprofundamento sobre a história
da ONU e para informações mais detalhadas, a res-
peito do marco inicial dos direitos humanos, o acesso
CONCEITOS, HISTÓRICO E GERAÇÕES à página da ONU no endereço <https://nacoesunidas.
org/conheca/>.
DOS DIREITOS HUMANOS
CONCEITO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA Importante!
Estabelecer um conceito de direitos humanos, embo- Direitos humanos são os direitos de cada indi-
ra pareça simples, exige que se faça uma análise his- víduo reconhecidos em seu país e em âmbito
tórica para compreensão de como surgiu a definição. internacional.
Embora todos saibam mencionar quais são estes direi-
tos, há que se entender como se chegou a um conceito.
Como dito, o conceito de direitos humanos foi NOÇÕES GERAIS, DIFERENÇAS E CONVERGÊNCIAS
construído ao longo dos tempos, razão pela qual se DAS TRÊS VERTENTES JURÍDICAS DOS DIREITOS
torna necessário abordar alguns aspectos referentes HUMANOS NO PLANO INTERNACIONAL
à sua evolução histórica.
À princípio, é possível dizer que os direitos huma- As vertentes constituem uma divisão dos direitos
9
nos, tamanha sua importância, decorrem da dignida-
-9
direitos humanos decorreu do período pós II Guerra tes: direito internacional dos direitos humanos; direi-
06
Mundial. Tal evento de total relevância para a história to humanitário e o direito dos refugiados.
-1
mundial, encerrou-se em setembro de 1945. Segue abaixo uma tabela importante para sua
a
Em decorrência deste fato histórico, em 24 de memorização, em que são demonstradas as três ver-
lv
outubro de 1945 foi criada a Organização das Nações tentes e suas principais características:
Si
ção da Declaração Universal dos Direitos Humanos. dos Direitos gênero, que possa ter uma vida
É válido lembrar de que os dois importantes Humanos digna, em razão de sua condição
momentos para os direitos humanos foram a Carta da humana e que também tenha ga-
ONU e a Declaração Universal dos Direitos Humanos. rantido seu direito de liberdade
Também é importante esclarecer que não se pode Origem no período pós-guerra em
dizer que os direitos humanos surgiram a partir da
que se tornou necessário o cuida-
definição de um conceito. Isto porque, é possível defen-
Direito Humanitário do e respeito com o próximo.
der que se tratam de direitos inerentes à condição
humana, segundo a doutrina, são direitos naturais. Está vinculada à Convenção de
No entanto, seu reconhecimento, porém, decor- Genebra de 1949
re de fato da positivação. A positivação se refere ao Consequência do pós-guerra.
momento em que um direito é reconhecido, sendo Diversas pessoas precisaram
escrito por meio de uma lei que tramita em um pro- Direito dos deslocar-se de suas regiões de
cesso legislativo e a partir de sua aprovação passa a Refugiados origem em virtude da devasta-
ser de observância obrigatória a todos.
ção e destruição resultantes do
Preste atenção na informação a seguir, pois é muito
154 importante para sua aprovação: é possível dizer que conflito bélico mundial
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Como visto, os direitos humanos foram assim con- GERAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
ceituados e entendidos a partir da Declaração Univer-
sal dos Direitos Humanos. Desde então, a garantia de Quando se fala em direitos humanos há sempre
preservação dos direitos humanos é uma preocupa- que se entender em que contexto histórico determina-
ção internacional especialmente das nações que com- do direito foi considerado como indispensável para a
põe a ONU. proteção do homem.
É possível fazer uma breve síntese, de forma que A doutrina ensina que o jurista tcheco chamado
se identifique o Direito Internacional Humanitário Karel Vasak dividiu os direitos humanos de acordo
como o ramo do Direito Internacional Público dedi- com o contexto histórico vivenciado no momento de
cado à proteção do ser humano, civil ou militar, em seu reconhecimento. Esta divisão é conhecida como
contexto de conflito armado e identificado pelo grupo Teoria das Gerações de Direitos Humanos.
das chamadas “quatro correntes”: O “Direito de Gene- Contudo, a doutrina recente entende que o termo
bra”, o “Direito de Haia”, o “Direito de Nova York” e o gerações não se mostra adequado, pois traria uma
“Direito de Roma”8. ideia de superação, sucessão, o que não corresponde
Fica evidente que, nesta vertente, a preocupação à realidade, visto que os direitos humanos, embora
é com o ser humano independentemente de qual- reconhecidos em diferentes períodos, não se suce-
quer condição ou posição em que esteja inserido na dem, mas sim se complementam, formando um
sociedade. todo indispensável para a proteção do ser humano.
Silvio Beltramelli Neto afirma que o Direito dos Neste sentido, Silvio Beltramelli Neto ensina que
existe:
Refugiados: “mira a proteção da pessoa do refugiado”.
Em razão disto, em 28 de julho de 1951, a ONU
[...] uma predileção da doutrina especializada pelo
promulgou a Convenção conhecida como Estatuto
uso da expressão “dimensões” em substituição à
dos Refugiados. O objetivo é que as nações se com- ideia de “gerações”, de modo a escapar às falsas
prometam a auxiliar as pessoas que tenham saído ideias acima mencionadas, buscando-se destacar, a
de seu local em busca de uma vida digna em outra bem da concretização, que os direitos humanos são
região. Assim, o país que receber este refugiado deve- (I) decorrentes de um processo de acumulação; (II)
rá garantir que seus direitos a uma vida digna sejam interrelacionados; (III) interdependentes. (Direitos
respeitados, independentemente de sua raça, origem, Humanos. Coleção Concursos Públicos, p. 89).
nacionalidade, religião ou convicções políticas. Ou
seja, a pessoa em situação de refugiada não poderá Desta forma, são reconhecidas como três as gera-
ser vítima de qualquer discriminação. Por outro lado, ções ou dimensões dos direitos humanos. Ao final,
o refugiado deverá respeitar às leis do país em que atente-se para um esquema que deixo para facilitar
ingressou. seus estudos sobre as gerações e suas características.
Porém, esta Convenção mostrou-se deficiente, pois A primeira delas é caracterizada como a dimen-
trazia limitações aos refugiados de determinados paí- são dos direitos individuais. O contexto histórico
9
-9
ses, destinando-se primordialmente àqueles que pro- desta dimensão decorre do período pós-Revolução
96
ocorridos antes de 1º de janeiro de 1951. Assim, tratam-se dos direitos que reconhecem ao
93
Assim, como forma de afastar esta lacuna, que cer- indivíduo, a liberdade para poder agir e viver con-
.0
tamente gerava discriminações aos refugiados e afas- forme suas convicções e poder manifestar-se, sem a
06
um Protocolo adicional ao Estatuto, que passou Portanto, aqui consagra-se o valor da liberdade.
a
então a proteger de forma ampla aqueles que preci- Na Constituição Federal Brasileira, mais especifica-
lv
armados.
No ordenamento jurídico brasileiro, o Estatuto dos
io
Art. 5° [...]
Refugiados foi regulamentado pela Lei nº 9.474, de
v
1997.
O
vedado o anonimato;
região de origem em busca de condições dignas em
outros países, especialmente na Europa e também Ademais, o mesmo dispositivo constitucional traz
aqui no Brasil. meios pelos quais o indivíduo poderá buscar a tutela
Houve grande discussão, pois algumas nações estatal caso sofra qualquer interferência indevida em
não se mostraram dispostas a acolher os refugiados, seu direito de liberdade, como o acesso ao Poder Judi-
embora esta seja uma das vertentes dos direitos ciário previsto no XXXV, art. 5º:
humanos.
Art. 5° [...]
Dica XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder
Judiciário lesão ou ameaça a direito;
As vertentes de direitos humanos são: direi-
to internacional dos direitos humanos; direito
humanitário e o direito dos refugiados.
8 Silvio Beltramelli Neto. Silvio Beltramelli Neto. (Direitos Humanos. Coleção Concursos Públicos, p. 211) 155
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Já em relação ao valor da igualdade, podemos rela- Universal dos Direitos Humanos, o Pacto de Direitos
cioná-lo à segunda dimensão dos direitos humanos. Civil e Políticos da ONU e o Pacto dos Direitos Econô-
Após as conquistas decorrentes dos direitos e micos, Sociais e Culturais.
garantias individuais, a igualdade, tornou-se um O direito à vida e a preservação à integridade
anseio social, de forma que todos pudessem ter acesso física e moral, bem como à liberdade e à igualdade,
a direitos sociais, econômicos e culturais. O objeti- à propriedade e à segurança constituem os direitos e
vo, portanto, era a superação de desigualdades e que garantias fundamentais que estão previstos no caput
o Estado pudesse, de fato, oferecer oportunidades e do art. 5º, da Constituição Federal.
garantir direitos iguais para todos. Esses direitos e garantias constitucionais corres-
O contexto histórico da segunda dimensão é a Revo- pondem aos direitos humanos previstos em pactos
lução Industrial e os movimentos populares que eclodi- dos quais o Brasil se tornou signatário. Diante disso,
ram pelo mundo na primeira metade do século XIX. tornou-se necessária a inclusão desses direitos em
Um marco importante também relacionado a esta nosso ordenamento jurídico, o que ocorreu pela Cons-
dimensão é a Constituição de Weimar. Trata-se da tituição Federal de 1988.
Constituição Alemã que trouxe em seu texto direitos É importante dizer que, assim como os direitos
sociais e econômicos, dentre outros. humanos, os direitos fundamentais mencionados pos-
E, finalmente, a terceira dimensão é conhecida suem algumas características:
pela solidariedade. Nesta dimensão, que se verifica é
uma preocupação mundial com o coletivo. Passada a
São direitos garantidos a
fase em que se buscavam as garantias individuais vin-
todos que estejam sob a
culadas à liberdade e os direitos sociais, relacionados
égide, ou seja, vivendo no
à igualdade, nesta fase, a preocupação se volta para UNIVERSALIDADE
território brasileiro e, por-
o todo.
tanto, sob a vigência da
Constituição Federal
PRIMEIRA SEGUNDA TERCEIRA
DIMENSÃO DIMENSÃO DIMENSÃO O titular dos direitos e ga-
rantias fundamentais não
Característica: Característica: pode deles renunciar. Po-
Característica: IRRENUNCIÁVEL
liberdade solidariedade derá, contudo, não exercer
igualdade
Direitos Direitos o direito, mas jamais dele
Direitos sociais
individuais coletivos abrir mão
paz depois de terem passado por duas guerras mun- de transação abrindo mão
96
diais, especialmente pela devastação que decorreu da de seu direito, pois não há
.3
conteúdo econômico
Apenas à título ilustrativo, para complementar
.0
seus estudos, alguns doutrinadores da área dos direi- Esses direitos são impres-
06
geração ou dimensão, que estaria relacionada à glo- qualquer tempo, aquele que
a
IMPRESCRITIBILIDADE
Dica reparação diante do Poder
io
internacionais em que a República Federativa do mento atribuído àqueles detentores de direitos e que
96
Não restam dúvidas que, a partir desse dispositi- de antiga) em que habitavam. Porém, tratava-se de um
.0
jurídico. Mas havia certa discussão se teriam ou não O conceito de cidadania e sua concretização tam-
a
cional, ou seja, que não está prevista no texto constitu- XVII, e à Revolução Francesa, no ano de 1789. Trata-se
do reconhecimento do indivíduo como membro inte-
da
Os tratados que tratem de matérias relacionadas aos para a vida em sociedade. É aquele que goza de direi-
v
tá
mites das emendas constitucionais, gozam desse status. O exercício da cidadania, portanto, é a vivência
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
ri
Nesse sentido, é importante mencionar a conclu- experimentada por todos nós, cumprindo deveres de
A
respeito às leis e também ao próximo. Isso porque, ser indenizado pelo dano material ou moral decorren-
te de sua violação.
io
agindo de forma que sua liberdade possa tolher a dos intimidade e vida privada expostos de qualquer for-
O
outros. A cidadania é um fundamento da República ma, sem que tenha havido sua autorização para tanto,
ri
Federativa do Brasil.
nização pelos danos sofridos. Isso porque tal proteção
CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1988: DOS decorre da garantia fundamental de que todos gozam
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS de ter preservada sua integridade, física ou moral.
Caso ocorra qualquer violação, a pessoa ofendida
Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos terá garantido seu direito a ingressar em juízo e obter
indenização pelos prejuízos materiais (econômicos)
Como já vimos anteriormente, os direitos e garan- que tenham decorrido dessa ofensa, bem como morais.
tias fundamentais estão previstos no art. 5º, da Consti- Por dano moral, entende-se qualquer violação que
tuição Federal, que traz a seguinte redação: uma pessoa sofra que lhe cause mágoa, tristeza, inten-
so sofrimento, desgosto, vergonha, enfim, que seja
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção capaz de gerar sentimentos extremamente negativos.
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei- Portanto, ninguém poderá expor o nome, a honra, a
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviola- imagem, a intimidade e a vida privada do outro, sem
bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, que haja a devida autorização da pessoa envolvida.
158 à segurança e à propriedade, nos seguintes termos.
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Essa situação pode ser exemplificada quando lembra- do preconceito perpetrado na sociedade, encontram,
mos de certos quadros veiculados em programas televi- ainda hoje, diversas barreiras que impedem o acesso
sivos conhecidos popularmente como “pegadinhas”. A aos estudos e, posteriormente, ao mercado de traba-
pessoa exposta àquela situação autorizou a veiculação lho em igualdade de condições com pessoas brancas.
daquelas imagens. Se não o tivesse feito, certamente Trata-se das chamadas ações afirmativas, que
poderia buscar, diante de um juiz, indenização por são medidas pontuais e que serão adotadas por cer-
danos materiais e morais que teriam surgido daquela to período de tempo com o objetivo de amenizar ou
situação. mesmo cessar as diferenças históricas havidas entre
Nos tempos atuais, as redes sociais também se tor- os indivíduos. Vale dizer que as ações afirmativas
nam um importante meio de possíveis violações. Diaria- estão previstas no Estatuto da Igualdade Racial (Lei nº
mente, internautas se envolvem em situações que podem 12.288, de 20 de julho de 2010), em seu inciso VI, pará-
constituir possíveis danos aos direitos fundamentais da grafo único, do art. 1º:
pessoa. É o caso dos chamados haters, pessoas que aces-
sam a rede com o exclusivo intuito de ofender o outro, Art. 1º Esta Lei institui o Estatuto da Igualdade
expondo seu nome, imagem e intimidade. Racial, destinado a garantir à população negra a
Essas situações certamente constituem violações efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa
que serão levadas ao Poder Judiciário para a res- dos direitos étnicos individuais, coletivos e difusos
ponsabilização dos ofensores e reparação de danos e o combate à discriminação e às demais formas de
(indenização por dano material e moral). Lembre-se intolerância étnica. [...]
Parágrafo único. Para efeito deste Estatuto, consi-
sempre de que isso decorre da garantia constitucio-
dera-se: [...]
nal de preservação da integridade física e moral a que
VI - ações afirmativas: os programas e medidas
todos fazem jus; especiais adotados pelo Estado e pela iniciativa pri-
vada para a correção das desigualdades raciais e
z Direito à igualdade: o direito à igualdade está para a promoção da igualdade de oportunidades.
previsto também no caput do art. 5º, da Constitui-
ção Federal. Assim, é definido: Também são previstas nos editais de concursos
públicos vagas destinadas exclusivamente para pes-
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção soas que tenham alguma deficiência. Ou seja, em
de qualquer natureza [...]. razão de uma desigualdade em relação aos demais
ocasionada pela deficiência, aquele que pleitear uma
Trata-se da igualdade formal, ou seja, a garantia, vaga em concurso público deverá concorrer conforme
prevista na lei (Constituição Federal) de que todas as suas condições.
pessoas, independentemente de raça, gênero ou qual- Diante disso, verifica-se que a igualdade está pre-
quer outra característica física ou comportamental, sente ainda que em situações que aparentam uma
são iguais, tendo os mesmos direitos e garantias asse- possível desigualdade, pois, em verdade, deve ser
gurados pela Constituição Federal. observado todo o contexto ao redor desses direitos, de
Porém, a igualdade também é analisada sobre
9
forma a garantir efetivamente que todos sejam trata-
-9
outro aspecto: o material. Por igualdade material, dos da mesma forma perante a lei, consoante prevê o
96
temos que a lei deve tratar os iguais de forma igual art. 5º, da Constituição Federal.
.3
iguais, mas podem ser tratados de forma desigual O direito à liberdade, previsto no art. 5º, manifes-
a
quando houver uma desigualdade que isso justifique. ta-se em diversos pontos da Constituição Federal, e
lv
desigualdade que justifique: por exemplo, a licença-ma- de expressão (inciso IX); liberdade de associação (inci-
io
ternidade e licença-paternidade, previstas, respectiva- so XVII); liberdade religiosa (inciso VI), liberdade de
v
mente, nos incisos XVIII e XIX, do art. 7º, da Constituição exercício de trabalho (inciso XIII).
tá
à liberdade:
A
Percebe-se assim que, embora esses sejam exem- Pela liberdade de locomoção:
plos de possíveis direitos desiguais, eles se justificam
em razão da desigualdade que envolve os detentores Art. 5º [...]
dos direitos. XV - é livre a locomoção no território nacional em
Também podemos falar sobre o direito à igualdade tempos de paz, podendo qualquer pessoa, nos ter-
no tocante às cotas previstas para ingresso nas uni- mos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair
versidades. Atualmente, os vestibulares para ingresso com seus bens.
nas universidades estabelecem cotas específicas para
pessoas egressas do ensino público. Justifica-se por- Assim, em decorrência da liberdade, também é
que, ao longo dos tempos, verificou-se que os alunos garantido pela Constituição Federal que todos vivam
que frequentaram escolas de ensino público apresen- conforme suas convicções, seguindo a crença religiosa
taram maiores dificuldades para ingresso em univer- que melhor lhe convier, bem como tendo respeitado
sidades públicas do que aqueles que frequentaram o seu pensamento em relação à política ou convicções
ensino privado. Além disso, hoje também é comum que filosóficas. Isso está previsto no inciso VIII, do art. 5º:
existam cotas nos editais de concursos públicos para
negros. Isso se justifica porque os negros, em virtude 159
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Art. 5º [...] z Direito à propriedade: o direito à propriedade,
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo embora previsto na Constituição Federal, não é
de crença religiosa ou convicção filosófica ou políti- absoluto, em primeiro lugar, porque o direito está
ca, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação condicionado ao atendimento da função social.
legal a todos imposta e recusar-se a cumprir pres-
tação alternativa, fixada em lei. A Constituição Federal, em dois dispositivos —§ 2º,
art. 182, e art. 186 —, fala sobre o tema:
Assim, é certo que cabe a cada indivíduo fazer
suas escolhas de vida e manter seus pensamentos, não Art. 182 A política de desenvolvimento urbano,
podendo o Estado criar qualquer óbice ou punir aque- executada pelo Poder Público municipal, confor-
les que pensem de forma diversa. me diretrizes gerais fixadas em lei, tem por obje-
Também merece ser mencionado o inciso IV do tivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções
mesmo artigo: sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus
habitantes. [...]
§ 2º A propriedade urbana cumpre sua função
Art. 5º [...]
social quando atende às exigências fundamentais
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo
da ordenação da cidade expressas no plano diretor.
vedado o anonimato.
Art. 186 A função social é cumprida quando a pro-
priedade rural atende, simultaneamente, segundo
E, ainda, o inciso IX: critérios e graus de exigência estabelecidos em lei,
aos seguintes requisitos:
Art. 5º [...] I- aproveitamento racional e adequado;
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, II- utilização adequada dos recursos naturais dis-
artística, científica e de comunicação, independen- poníveis e preservação do meio ambiente;
temente de censura ou licença; III- observância das disposições que regulam as
relações de trabalho;
Assim, também decorrem da liberdade o direito de IV- exploração que favoreça o bem-estar dos pro-
manifestação do pensamento e de qualquer atividade prietários e dos trabalhadores.
intelectual, artística, científica e de comunicação. Por-
tanto, não pode ser estabelecida qualquer forma de Segundo previsto nesses dois dispositivos, em rela-
censura pelo Poder Público. Ademais, todos os indiví- ção à propriedade urbana, a função social é cumprida
duos podem expor sua atividade intelectual ou artísti- quando as exigências de ordenação da cidade cons-
ca de forma livre, sem necessitar de eventual aval dos tantes no plano diretor estiverem sendo observadas.
governantes. Destaca-se que é em razão disso que são Quanto à propriedade rural, a função social será
livres quaisquer manifestações. preenchida quando os seguintes requisitos estiverem
Ainda sobre o direito à liberdade, cabe mencionar, sendo cumpridos: aproveitamento racional e adequa-
do da área; utilização adequada dos recursos naturais
ainda que brevemente, um fato notório ocorrido há
9
disponíveis e preservação do meio ambiente; obser-
-9
mesmo situações que poderiam causar-lhes constran- propriedade urbana, que sejam atendidas e respeita-
gimentos se viessem ao conhecimento público.
da
razão pois, ao necessitar de autorização para a publi- por cada município para o ordenamento das cidades.
v
tá
cação das biografias, os escritores teriam violado seu No caso da propriedade rural, para que seja efe-
O
direito à liberdade de manifestação e à liberdade inte- tivamente aproveitada, é necessário que sejam uti-
ri
Finalmente, é necessário dizer que, diante da adequada, sem desperdício e depredação ambiental.
garantia de liberdade, o indivíduo apenas poderá ser Ademais, a função social também inclui um impor-
preso em situação de flagrante delito ou por meio de tante elemento subjetivo daqueles que estão relacio-
ordem escrita e fundamentada da autoridade compe- nados à propriedade, qual seja: devem ser respeitadas
tente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime as relações trabalhistas daqueles que trabalham na
propriamente militar, conforme estabelece o inciso propriedade, bem como seu bem-estar, além do bem-
LXI, do art. 5º: -estar do proprietário.
Finalmente, o direito de propriedade pode ser rela-
Art. 5º [...] tivizado pela desapropriação. Prevista no inciso XXIV,
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito do art. 5º, a desapropriação poderá ser ordenada pelo
ou por ordem escrita e fundamentada de autorida- Poder Público em razão de necessidade, utilidade
de judiciária competente, salvo nos casos de trans- pública e interesse social. Nesses casos, será determi-
gressão militar ou crime propriamente militar, nada a perda da propriedade da pessoa em favor do
definidos em lei. Poder Público mediante o pagamento de uma indeni-
160 zação justa e prévia, que deverá ser paga em dinheiro.
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Art. 5º [...] II - referendo;
XXIV- a lei estabelecerá o procedimento para desa- III - iniciativa popular.
propriação por necessidade ou utilidade pública,
ou por interesse social, mediante justa e prévia Assim, dentre os direitos políticos, o mais conhe-
indenização em dinheiro, ressalvados os casos pre- cido deles é o sufrágio universal, que nada mais é do
vistos nesta Constituição. que o voto, estabelecido como direto e secreto e tam-
bém o direito de ser votado.
Dos Direitos Sociais Percebe-se o que o voto de todos tem o mesmo
valor, superada a questão que já permeou em consti-
O art. 6º, da Constituição Federal, preceitua os tuições anteriores em que o voto tinha valor diverso
direitos sociais. dependendo da posição social de seu titular.
Por sua vez, plebiscito e referendo referem-se a
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a formas por meio das quais o cidadão é instado a se
alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, manifestar sobre algum assunto de grande relevância
o lazer, a segurança, a previdência social, a prote-
para o país. Assim, por meio de decretos legislativos,
ção à maternidade e à infância, a assistência aos
as pessoas são convocadas para expressar sua opinião
desamparados, na forma desta Constituição.
sobre determinado tema colocado em pauta. Diver-
gem no seguinte: enquanto o plebiscito é estabelecido
Conforme verifica-se, tratam-se dos direitos míni-
de forma prévia e a população se manifesta a favor ou
mos necessários para que a pessoa viva com dignida-
contrária a um tema que lhe é apresentado, o referen-
de em um Estado de Direito. Esses direitos constituem
do é convocado posteriormente sobre um assunto que
prestações positivas que o Estado deve garantir a
já faz parte do dia a dia dos cidadãos, cabendo a eles
todos os cidadãos. Terão eficácia imediata, à medida
ratificá-lo ou rejeitá-lo.
que não podem depender de outra norma para sua
Na história recente brasileira, houve um plebisci-
implementação pelo Poder Público.
to em 21 de abril de 1993 em que os cidadãos foram
Destaca-se o direito à saúde, por meio do qual o
chamados a manifestarem-se sobre a forma e sistema
Poder Público deverá promover ações de promoção,
de governo. Foram colocadas as opções de forma de
proteção e recuperação da saúde:
governo: monarquia ou república, e sistema de gover-
no: presidencialismo ou parlamentarismo. Prevale-
Art. 196 Constituição Federal. A saúde é direito de
todos e dever do Estado, garantido mediante polí- ceu que a forma deveria ser mantida como república
ticas sociais e econômicas que visem à redução do e o sistema, presidencialista.
risco de doença e de outros agravos e ao acesso Já, como exemplo de referendo, temos o ocorrido em
universal e igualitário às ações e serviços para sua 23 de outubro de 2005, quando a população foi instada
promoção, proteção e recuperação. a posicionar-se sobre a seguinte questão: “O comércio
de armas de fogo e munição deve ser proibido no Bra-
Ou seja, a obrigação do Estado com a população, sil?”. Importa destacar que estava vigente desde 2003 o
9
Estatuto do Desarmamento, no qual já havia sido proi-
-9
previnam e protejam de doenças. Em um segundo bido o comércio de armas de fogo e munições. Contudo,
.3
momento, se a pessoa já apresenta uma doença, cabe havia previsão legal de que, para entrar em vigor, seria
93
ao Estado prestar-lhe atendimento médico e fornecer necessária a ratificação da população por meio de um
.0
medicamentos para a recuperação de sua saúde. referendo, podendo, é claro, também rejeitar o disposi-
06
É necessário dizer que todos os direitos sociais são tivo que, então, não vigoraria.
-1
universais. Portanto, caberá ao Poder Público imple- A maioria dos cidadãos votou pela ratificação do dis-
positivo, respondendo “não” à questão formulada men-
a
a pessoa não apresente uma situação de vulnerabili- cionada acima, o que fez com que vigorasse o artigo que
Si
dade econômica, poderá buscar atendimento hospi- proibia o comércio de armas de fogo e munições no Brasil.
da
talar público ou mesmo matricular-se em uma escola Outro direito político que deve ser mencionado é a
io
Diante disso, temos que um sujeito pode ser bra- vada por atividade nociva ao interesse nacional;
96
sileiro nato ou naturalizado. O brasileiro nato, z O inciso II define que deixará de ser brasileiro o
.3
conforme preceitua a alínea “a”, inciso I, art. 12, da sujeito que adquirir outra nacionalidade, exceto se
93
Constituição Federal, é qualquer pessoa cujo nasci- houver o reconhecimento de nacionalidade origi-
.0
mento ocorreu em território brasileiro. Assim, perce- nária (brasileira) pela lei estrangeira ou, ainda, se a
06
be-se que a regra adotada no país é do jus solis. pessoa tiver que se naturalizar, em virtude de nor-
-1
É necessário ressalvar, porém, o caso da pessoa ma estrangeira, como condição para permanência
a
será brasileiro. Isso porque a Constituição Federal, Finalmente, é necessário dizer que a lei não pode-
ainda na alínea “a”, inciso I, art. 12, é clara ao dizer rá fazer qualquer distinção entre o brasileiro nato e
io
que também será brasileiro aquele que tiver nascido o naturalizado. A Constituição Federal, no § 2º, do art.
v
tá
aqui, mesmo filho de estrangeiros, desde que os pais 12, porém, determina que alguns cargos são privativos
O
não estejam a serviço do seu país. Também será con- de brasileiros natos, quais sejam: Presidente e Vice-
ri
siderado brasileiro aquele que tem pai ou mãe bra- -Presidente da República; Presidente da Câmara dos
A
sileiros, mas nasceu no estrangeiro quando um deles Deputados; Presidente do Senado Federal; Ministro do
estava no exterior a serviço do Brasil. Supremo Tribunal Federal; carreira diplomática; oficial
É necessário que apenas um dos genitores seja bra- das Forças Armadas e Ministro do Estado de Defesa.
sileiro, situação definida na alínea “b”, inciso I, art. 12.
Finalmente, a alínea “c”, também desse dispositi-
vo, define que será brasileiro nato aquele nascido no DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS
estrangeiro, filho de pai ou mãe brasileiros quando: DIREITOS HUMANOS (DUDH)
z For registrado em repartição brasileira competente, ESTRUTURA DA DUDH
ou seja, quando do nascimento, seus pais o registra-
ram perante consulado brasileiro no exterior; A Declaração Universal dos Direitos Humanos
z Venha a residir no Brasil e, após atingida a maiori- (DUDH) foi adotada e proclamada em 10 de dezem-
dade, opte pela nacionalidade brasileira. bro de 1948, por meio da Resolução nº 217 A III, da
162 10 LENZA, P. Direito constitucional esquematizado. São Paulo: Saraiva Jur, 2019.
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Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas Os arts. 29 e 30 não se enquadram nem em um gru-
(ONU). Ela não é, tecnicamente, um tratado interna- po nem no outro. Eles tratam de deveres e regras de
cional, sendo, apenas, uma declaração política e, não, interpretação, fazendo o fechamento da declaração.
jurídica, que apenas delineia os direitos humanos. Deste modo, há uma combinação de discurso libe-
Isso significa dizer que ela não é obrigatória? Bem, ral com o discurso social da cidadania, ou seja, o valor
temos, aqui, dois posicionamentos doutrinários dife- da liberdade com o valor da igualdade.
rentes. Para parte da doutrina, por não ser a DUDH Explicando melhor: a Declaração combina os direi-
um tratado propriamente dito, ela não possui obri- tos ligados às prerrogativas inerentes ao indivíduo,
gatoriedade legal e, consequentemente, funcionaria como a vida, a liberdade, a propriedade, denominados
como uma espécie de recomendações aos Estados. de direitos civis ou individuais e os direitos de cida-
É por essa razão que quem defende esse caráter dania, que envolve o direito de votar e ser votado, de
de soft law (quase direito ou direito flexível) da DUDH ocupar cargos ou funções políticas e de permanecer nes-
afirma que os direitos humanos previstos na Decla- ses cargos, os denominados direitos políticos, com os
ração somente se tornaram obrigatórios com a trans- direitos ligados à concepção de que é dever do Estado
formação dela em dois pactos, o Pacto Internacional garantir igualdade de oportunidades a todos através de
dos Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional políticas públicas, sendo os denominados direitos eco-
dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, ambos de nômicos, sociais e culturais.
1966, pois apenas quando os Estados firmam o tratado Neste primeiro momento, basta entender que a
DUDH é uma junção de dois tipos de direitos. Quan-
é que eles assumem os compromissos nele contidos.
do nosso estudo adentrar nos artigos propriamente
Em contrapartida, para outra parte da doutrina, a
ditos, as diferenças ficarão mais visíveis e será mais
DUDH é uma norma jus cogens11, ou seja, uma norma de
fácil compreender a proteção e o papel dos Estados.
direito internacional tida como aceita e reconhecida por
Então, guarde essa informação, para que ela possa ser
todos os Estados independentemente de estar positiva-
bem compreendida quando os artigos começarem a
da ou não em tratado, sendo, por essa razão, imperativa
ser analisados:
e vinculante. Deste modo, mesmo sendo uma declaração
política e não ter sido firmada pelos Estados, os direitos
contidos nela independem da aquiescência dos Estados,
7 (sete) Considerandos
por serem inderrogáveis. Por exemplo, nos dias de hoje, (Considerações)
tanto a tortura como a escravidão são tidas como condu-
tas inaceitáveis, de forma que não haveria a necessidade
de ser feito um tratado pelos Estados para transformar
tais condutas em proibidas. Direitos Civis e
Preâmbulo
Políticos
Dica Art.1°
Arts. 21 e 22
Natureza jurídica da DUDH – Duas posições
9
-9
doutrinárias:
96
Direitos Econômicos,
� Recomendação (não é um tratado); Sociais e Culturais
.3
Arts. 28, 29 e 30
.0
siderandos (considerações).
A DUDH inovou na concepção dos direitos huma-
Si
damentos trazidos.
bulo da DUDH traz considerações importantes, como,
A
nos sejam protegidos pelo império da lei, para Considerando que uma compreensão comum des-
93
que o ser humano não seja compelido, como último ses direitos e liberdades é da mais alta importância
.0
recurso, à rebelião contra a tirania e a opressão, para o pleno cumprimento desse compromisso, [...].
06
[...].
-1
A característica da efetividade dos direitos huma- da indivisibilidade desses direitos. Não existe hierar-
lv
nos é encontrada na terceira consideração, uma vez que quia entre os direitos humanos, pois todos possuem
Si
é dever do Estado a sua tutela. Os direitos humanos o mesmo valor como direito. Consequentemente, eles
da
devem ser protegidos pelo “império da lei”, ou seja, por são indivisíveis na medida em que a garantia dos
io
normas gerais e abstratas aplicáveis a todos. No entan- direitos civis e políticos é condição para a observância
v
to, de nada adianta a mera previsão abstrata do direito dos direitos econômicos, sociais e culturais. Portanto,
tá
Usa-se tanto a expressão geração como dimensão. dignidade e direitos. São dotadas de razão e cons-
.0
Trata-se de uma classificação elaborada por Karel ciência e devem agir em relação umas às outras
06
direitos humanos aos princípios da Revolução Fran- víduos nascem com direitos iguais e com todas as
Si
cesa: liberdade, igualdade e fraternidade. Assim, os liberdades inerentes aos seres humanos. Nascer livre
da
direitos de primeira geração/dimensão são os direitos significa nascer com a possibilidade de fazer escolhas,
de liberdade; os de segunda, igualdade e, os de tercei-
io
e segurança. O direito à vida engloba não só a garantia I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo;
96
do indivíduo de não ter interrompido o seu processo II - submetê-la a trabalho em condições análogas à
.3
também o direito de não ter violada a sua integridade III - submetê-la a qualquer tipo de servidão;
.0
física e moral, o direito de ter uma vida digna, justa, IV - adoção ilegal; ou
06
fazer ou não algo, ou seja, de efetuar escolhas, mes- Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e
a
exercê-las;
tá
nos. Segurança abrange não só os direitos relativos II - o crime for cometido contra criança, adolescen-
O
to, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. judiciária competente, salvo nos casos de transgres-
são militar ou crime propriamente militar, definidos
-1
z Presunção de inocência = ônus da prova do Estado Art. 5º, XV, CF/88: é livre a locomoção no território
nacional em tempo de paz, podendo qualquer pes-
A inocência é presumida, porque quem deve pro- soa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou
var a culpa do indivíduo é o Estado. dele sair com seus bens;
O segundo item do art. 11 estabelece uma regra de
aplicação da norma penal, trazendo a ideia de ante- Se o primeiro item estabelece a liberdade de loco-
9
moção interna, o segundo item trata da liberdade de
-9
retroativo.
priedade alheia fora das hipóteses previstas na CF, de
lv
A nacionalidade pode ser originária ou derivada. da proteção que deve ser concedida à família, tanto
96
Nacionalidade originária é aquela que decorre do pela sociedade como pelo Estado, pois é da família que
.3
nascimento e, a depender do Estado, pode seguir o cri- advêm os indivíduos, ou seja, é o núcleo natural e fun-
93
tério de vínculo biológico (jus sanguinis) ou o critério damental de onde emana a sociedade.
.0
06
com um estrangeiro e adquirir a nacionalidade deste gozar e dispor da coisa, assim como retomá-la de
O
Complementando o art. 18, o art. 19 trata do direito Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
à liberdade de opinião e expressão, ou seja, de expres-
sar livremente os pensamentos em qualquer evento ou Conforme visto, esta segunda parte engloba os direi-
área do conhecimento. Cumpre mencionar que é da tos de segunda geração/dimensão, ou seja, aqueles que
liberdade de expressão que decorrem a proibição de demandam a atuação e proteção do Estado para assegu-
censura e a vedação do anonimato por exemplo. rar a todas as pessoas a igualdade. Eles estão previstos
A expressão do pensamento é livre, porém não é nos arts. 22 ao 28 da DUDH. Vejamos cada um deles:
absoluta. Assim, a pessoa é livre para expor sua opi-
nião, mas se esta atingir a honra de alguém, por exem- Art. 22 Todo ser humano, como membro da socie-
plo, ela poderá ser responsabilizada civil e penalmente. dade, tem direito à segurança social, à reali-
zação pelo esforço nacional, pela cooperação
Art. 20 internacional e de acordo com a organização
1. Todo ser humano tem direito à liberdade de e recursos de cada Estado, dos direitos econômi-
reunião e associação pacífica cos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignida-
9
2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma
-9
depreende-se o agrupamento organizado de pessoas momentos, tais como incapacidade temporária ou defi-
06
para uma determinada finalidade e com caráter tran- nitiva, velhice, maternidade, entre outros, ou seja, um
-1
sitório. Se o caráter do agrupamento for permanente, programa de proteção social para amparar as pessoas
a
tem-se uma associação. Importante mencionar que em determinados eventos. Também garante a consecu-
lv
pelido a se associar e, uma vez associado, será livre, níveis pelos Estados com o objetivo de garantir as con-
io
também, para decidir se permanece ou não associado. dições indispensáveis a uma vida com dignidade.
v
Art. 25
Importante!
96
capaz de assegurar a si e à sua família saúde, bem- A DUDH não define o que é ensino elementar.
93
doença invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de 1. Todo ser humano tem o direito de participar
perda dos meios de subsistência em circunstâncias livremente da vida cultural da comunidade, de fruir
a
dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma interesses morais e materiais decorrentes de qual-
io
aceitáveis para uma vida com dignidade. Nestes ter- ao direito cultural. O primeiro item do artigo refere-
mos, deve-se assegurar que a quantidade de alimen- -se ao direito de participar, ou seja, de ter acesso aos
tos deve ser suficiente para o indivíduo e sua família, meios de cultura e artes, bem como aos meios cientí-
que ele possa se vestir, ter moradia, acesso aos servi- ficos. Já o segundo item estabelece os meios de prote-
ços médicos, sociais e segurança em caso de imprevis- ção ao direito do autor, quer em seu aspecto material,
tos, tais como desemprego, incapacidade, velhice etc. quer em seu aspecto moral.
Além disso, devem-se assegurar os cuidados e assis-
tência devidos à maternidade e à infância, sem qual- Art. 28 Todo ser humano tem direito a uma ordem
quer distinção entre os filhos. social e internacional em que os direitos e liberda-
É importante saber que, antes da CF, de 1988, a des estabelecidos na presente Declaração possam
proteção aos filhos concebidos no casamento era dife- ser plenamente realizados.
rente dos gerados fora do matrimônio. Por exemplo,
uma pessoa casada não poderia registrar filho havido Finalizando os direitos econômicos, sociais e cul-
fora deste casamento. turais, o art. 28 reafirma os direitos elencados na
DUDH e estabelece que uma ordem social condizente
com os valores da dignidade humana somente poderá 171
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
ser efetivada com a consecução de todos os direitos de sua qualidade de Membros, deverão cumprir de
previstos na declaração. Portanto, os Estados devem boa fé as obrigações por eles assumidas de acordo
se comprometer a adotar a Declaração, tanto em seu com a presente Carta.
âmbito interno como em seu âmbito externo. 3. Todos os Membros deverão resolver suas contro-
vérsias internacionais por meios pacíficos, de modo
que não sejam ameaçadas a paz, a segurança e a
Outros Dispositivos
justiça internacionais.
4. Todos os Membros deverão evitar em suas rela-
Os arts. 29 e 30 da DUDH não se enquadram como ções internacionais a ameaça ou o uso da força
direitos civis e políticos nem como direitos econômi- contra a integridade territorial ou a dependência
cos, sociais e culturais. A eles compete fazer o fecha- política de qualquer Estado, ou qualquer outra ação
mento da Declaração. incompatível com os Propósitos das Nações Unidas.
5. Todos os Membros darão às Nações toda assis-
Art. 29 tência em qualquer ação a que elas recorrerem de
1. Todo ser humano tem deveres para com a comu- acordo com a presente Carta e se absterão de dar
nidade, na qual o livre e pleno desenvolvimento auxílio a qual Estado contra o qual as Nações Uni-
de sua personalidade é possível. das agirem de modo preventivo ou coercitivo.
2. No exercício de seus direitos e liberdades, todo 6. A Organização fará com que os Estados que
ser humano estará sujeito apenas às limitações não são Membros das Nações Unidas ajam de
determinadas pela lei, exclusivamente com o fim acordo com esses Princípios em tudo quanto for
de assegurar o devido reconhecimento e respeito necessário à manutenção da paz e da segurança
dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer internacionais.
as justas exigências da moral, da ordem pública e 7. Nenhum dispositivo da presente Carta autori-
zará as Nações Unidas a intervirem em assuntos
do bem-estar de uma sociedade democrática.
que dependam essencialmente da jurisdição de
3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipó-
qualquer Estado ou obrigará os Membros a subme-
tese alguma, ser exercidos contrariamente aos
terem tais assuntos a uma solução, nos termos da
objetivos e princípios das Nações Unidas.
presente Carta; este princípio, porém, não prejudi-
cará a aplicação das medidas coercitivas constan-
Depois de vinte e oito artigos estabelecendo os tes do Capitulo VII.
direitos inerentes aos seres humanos, o art. 29 é o
único que traz os deveres. Assim, cabe ao indivíduo Vejamos, agora, o art. 30, o qual encerra a DUDH.
contribuir para o desenvolvimento da comunidade, o
que significa dizer que, se por um lado a sociedade se Art. 30 Nenhuma disposição da presente Declara-
compromete a garantir a consecução dos direitos das ção poder ser interpretada como o reconhecimento
pessoas, por outro, essas pessoas também se compro- a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de
metem com a sociedade. exercer qualquer atividade ou praticar qualquer
Além disso, o dispositivo estabelece que os direitos ato destinado à destruição de quaisquer dos direi-
e liberdades somente podem ser limitados pela lei, de tos e liberdades aqui estabelecidos.
9
modo a evitar, por exemplo, o abuso do direito. Por
-9
fim, o artigo estabelece a relação entre a DUDH e a O art. 30 traz a regra de interpretação da Decla-
96
Carta das Nações Unidas, de maneira que nenhum ração para garantir a adequação entre os direitos
.3
direito tutelado possa ser exercido contrariando os estabelecidos e a consecução da dignidade da pessoa
93
A proteção aos Direitos Econômicos, Sociais e Cul- 1948. Nesse mesmo momento, também foi adotada a
93
quando da elaboração do Protocolo Facultativo de San A Comissão realiza seu trabalho com foco em três
06
Salvador15. pilares:
-1
Dica
A
Com sede em São José, capital da Costa Rica, a Corte Interamericana de Direitos Humanos, como abordamos
acima, faz parte do Sistema Interamericano de Direitos Humanos.
A Corte IDH possui 7 juízes, nacionais de Estados-membros da OEA, com mandato de 6 anos, podendo serem
reeleitos uma única vez. Não deve haver dois juízes da mesma nacionalidade. O quórum de deliberação da Corte
é de 5 juízes.
Trata-se de um tribunal típico, que julga Estados em casos contenciosos envolvendo cidadãos e países. Ade-
mais, a Corte supervisiona a aplicação de suas sentenças e dita medidas cautelares.
A Corte tem duas funções: consultiva e contenciosa. É conhecida como o órgão jurisdicional da Convenção
Americana. Em relação à competência consultiva, qualquer membro da OEA pode solicitar o parecer da Corte
relativo à interpretação da CADH ou de qualquer outro tratado referente à proteção dos direitos humanos nos
Estados americanos.
Ao final dos processos no âmbito da Corte, ela produzirá uma sentença que tem caráter definitivo e inapelá-
vel. A sentença da Corte é uma sanção internacional que deve ser cumprida espontaneamente pelo Estado. Caso
contrário, sua execução deve ser feita nos termos da execução contra a Fazenda Pública.
A sentença da Corte não necessita de homologação do STJ (alínea “i” do inciso I do art. 105 da CF), uma vez que
é oriunda de organismo internacional e não de Estado estrangeiro. É considerada título executivo judicial, deven-
do ser executada por juiz federal (inciso I do art. 109 da CF) contra a União (inciso I do art. 21 da CF).
O Estado deve declarar que reconhece como obrigatória, de pleno direito e sem convenção especial, a compe-
tência da Corte. Observe que a Corte IDH tem a faculdade, inerente às suas atribuições, de determinar o alcance
de sua própria competência – compétence de la compétence.
O Estado brasileiro reconheceu a competência jurisdicional da Corte IDH por prazo indeterminado, em dezem-
bro de 1998, por meio do Decreto Legislativo nº 89, de 1998.
É importante lembrar que apenas podem levar um caso ao conhecimento da Corte a Comissão e os Estados-
-partes da OEA (que expressamente reconhecerem a jurisdição da Corte). O indivíduo depende da Comissão para
que seu caso seja apreciado pela Corte.
Para facilitar seu estudo da diferenciação entre os dois órgãos do Sistema Interamericano de Direitos Huma-
nos, acompanhe e memorize o quadro a seguir:
Abordaremos a seguir os artigos mais cobrados pelas provas de concurso em relação à Convenção Americana
Si
de Direitos Humanos.
da
1. Os Estados Partes nesta Convenção comprometem-se a respeitar os direitos e liberdades nela reconhecidos e
ri
a garantir seu livre e pleno exercício a toda pessoa que esteja sujeita à sua jurisdição, sem discriminação alguma
A
por motivo de raça, cor, sexo, idioma, religião, opiniões políticas ou de qualquer outra natureza, origem nacio-
nal ou social, posição econômica, nascimento ou qualquer outra condição social.
2. Para os efeitos desta Convenção, pessoa é todo ser humano.
Art. 2º Dever de adotar disposições de direito interno
Se o exercício dos direitos e liberdades mencionados no artigo 1 ainda não estiver garantido por disposições legis-
lativas ou de outra natureza, os Estados Partes comprometem-se a adotar, de acordo com as suas normas cons-
titucionais e com as disposições desta Convenção, as medidas legislativas ou de outra natureza que forem
necessárias para tornar efetivos tais direitos e liberdades.
Os artigos primeiro e segundo precisam ser analisados em conjunto, pois são cláusulas gerais que trazem a apli-
cação do princípio do pacta sunt servanda previsto no Direito Internacional Público. Esse princípio representa a força
obrigatória da norma internacional e o compromisso dos Estados membros de cumprirem e respeitarem a norma
internacional de forma voluntária.
Observem que essa imposição só deve se aplicar ao país que aceitou se submeter à norma internacional, incor-
porando o Tratado em seu ordenamento jurídico com base no seu trâmite interno. Nesse sentido, um país que não
174 assinou o Tratado não pode ser constrangido a assumir as obrigações contidas nele.
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O compromisso dos Estados não deve ficar só no A CADH adotou a Teoria Concepcionista do con-
ato formal da assinatura e ratificação, mas deve sig- ceito de vida. Segundo essa teoria, a vida começa a
nificar, se preciso for, modificação das suas normas partir da concepção, em outras palavras, quando o
internas, práticas e ações para se adaptarem à CADH. espermatozoide adentra o ovócito e ambos se fundem,
Ademais, destacamos, nos termos do item segundo desenvolvendo, assim, a primeira célula com toda a
do art. 1º, que a CADH restringe o alcance do Pacto às programação genética do indivíduo até a fase adulta.
pessoas físicas, excluindo, desse modo, as pessoas jurí- Com a fecundação, conforme essa teoria, passa a exis-
dicas (empresas, associações, ongs etc.) do espectro de tir um novo ser, uma pessoa individualizada e distinta
proteção da presente norma de direitos humanos. de outro indivíduo.
O Pacto de San José também regulamentou sobre o
Capítulo II – Direitos Civis e Políticos polêmico tema da pena de morte. Nos termos do art. 4.1,
nos países que não houverem abolido a pena de morte,
Art. 3º Direito ao reconhecimento da persona- sete devem ser as regras para aplicação da pena capital:
lidade jurídica
Toda pessoa tem direito ao reconhecimento de sua z Só poderá ser imposta pelos delitos mais graves;
personalidade jurídica. z Só pode ser aplicada em cumprimento de senten-
ça final de tribunal competente;
Os direitos da personalidade são atributos que z Deve ser aplicada em conformidade com a lei que
derivam da dignidade humana e abarcam o sentido da tenha sido promulgada antes de haver o delito
personalidade das pessoas naturais. Logo, tais direitos sido cometido;
são intrínsecos e comuns a todos os seres humanos. z Não poderá se estender sua aplicação a delitos aos
Assim, a pessoa física jamais poderá ser conside- quais não se aplique atualmente;
rada um objeto, como infelizmente já ocorreu na his- z Não se pode restabelecer a pena de morte nos Esta-
tória da humanidade. Esses direitos de personalidade dos que a hajam abolido;
são dotados das seguintes características: z Jamais pode ser aplicada por delitos políticos,
nem por delitos comuns conexos com delitos
z São inatos (inerentes a condição humana); políticos;
z Absolutos (oponíveis contra todos, ou seja, erga z Não se deve impor a pena a menor de 18 anos,
omnes); ou maior de 70 anos, nem a aplicar a mulher em
z Vitalícios (acompanham a pessoa humana em toda estado de gravidez.
sua existência);
z Intransmissíveis (não se transmitem a terceiros); Art. 5º Direito à integridade pessoal
z Irrenunciáveis (não se pode abdicar da sua existência). 1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua
integridade física, psíquica e moral.
Como mencionado, a CADH somente traz um 2. Ninguém deve ser submetido a torturas, nem
detalhamento da proteção dos direitos civis e políti- a penas ou tratos cruéis, desumanos ou degra-
cos (direitos de primeira geração), ficando os direitos dantes. Toda pessoa privada da liberdade deve ser
9
tratada com o respeito devido à dignidade inerente
-9
Salvador de 1999.
delinquente.
93
com lei que estabeleça tal pena, promulgada antes tação social dos condenados.
O
estenderá sua aplicação a delitos aos quais não se A norma citada também está prevista na Declaração
A
A CADH traz como regra a vedação ao trabalho depositário infiel, como, por exemplo, quem financiava
v
delitos. De qualquer forma, vale destacar que o tra- jurídica da CADH e se ela tem força jurídica para para-
balho forçado, mesmo nos países que o permite, não lisar a eficácia da prisão civil do depositário infiel pre-
deve afetar a dignidade nem a capacidade física e vista em nossa CF e regulamentada no Código Civil e
intelectual do recluso. no Código de Processo Civil.
Com base na Convenção sobre Trabalho Força- Vale observar que, após a Emenda Constitucional
do ou Obrigatório da OIT (Nº 29, adotada em 1930), nº 45, de 2004 – que acrescentou o parágrafo 3° no
trabalho forçado ou obrigatório é todo trabalho ou art. 5º –, foi conferida aos tratados e às convenções de
serviço exigido de uma pessoa sob a ameaça de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte e que
uma sanção e para o qual a pessoa não se ofereceu forem aprovados pelo Congresso Nacional, em vota-
espontaneamente. A exploração desse tipo de traba- ção de dois turnos, por 3/5 de seus membros, a equi-
lho pode ser realizada por autoridades do Estado, por valência às emendas constitucionais. Ocorre que
empresas ou por pessoas físicas. a Convenção Americana não foi ratificada por esse
quórum, até porque foi incorporada ao ordenamento
Art. 7º Direito à liberdade pessoal jurídico brasileiro em 1992, quando nem existia o § 3º
1. Toda pessoa tem direito à liberdade e à seguran- do art. 5º.
176 ça pessoais.
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Então, enfrentando essa celeuma, o STF, nos julga- basilar do Estado Democrático de Direito. Registre-se
dos do RE 466.343 e do RE 349.703, com repercussão que o devido processo, garantia fundamental da pes-
geral, entendeu que os tratados internacionais de soa humana, é também uma garantia de respeito aos
direitos humanos, se não incorporados como emen- demais direitos previstos no Pacto de San José.
da constitucional, como no caso da CADH, têm status A Convenção dispôs que toda pessoa tem direi-
jurídico de normas supralegais, paralisando, assim, to a ser ouvida, com as devidas garantias, dentro de
a eficácia de todo o ordenamento infraconstitucio- um prazo razoável. Observe que o documento não
nal em sentido contrário. traz nenhum prazo específico para o exercício desse
Consoante decidiu a Suprema Corte: o caráter direito, uma vez que cada lei processual do país mem-
especial desses tratados internacionais sobre direitos bro deve estabelecer esse prazo razoável. A ideia aqui
humanos lhes reserva lugar específico no ordenamen- é evitar processos longos e demorados que trazem o
to jurídico, encontrando-se abaixo da Constituição, sentimento de injustiça e impunidade.
mas acima da legislação infraconstitucional com eles No que tange às garantias judiciais, a Convenção
conflitante, seja ela anterior ou posterior ao ato de contemplou o/a:
ratificação.
Desse modo, foi pacificado o entendimento juris- z Juízo natural e imparcial;
prudencial no sentido de que não pode mais ser z Presunção de inocência;
decretada a prisão civil do depositário infiel. Esse z Assistência de um tradutor;
tema foi alvo, inclusive, da Súmula Vinculante nº 25: z Ampla defesa;
z Não autoincriminação;
Súmula Vinculante n° 25 É ilícita a prisão civil de z Possibilidade de recorrer das decisões.
depositário infiel, qualquer que seja a modalidade
de depósito.
Art. 9º Princípio da legalidade e da retroatividade
Art. 8º Garantias judiciais
Ninguém pode ser condenado por ações ou
1. Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as
omissões que, no momento em que forem cometi-
devidas garantias e dentro de um prazo razoável,
das, não sejam delituosas, de acordo com o direi-
por um juiz ou tribunal competente, indepen-
to aplicável. Tampouco se pode impor pena mais
dente e imparcial, estabelecido anteriormente
grave que a aplicável no momento da perpe-
por lei, na apuração de qualquer acusação penal
tração do delito. Se depois da perpetração do
formulada contra ela, ou para que se determinem
seus direitos ou obrigações de natureza civil, traba- delito a lei dispuser a imposição de pena mais
lhista, fiscal ou de qualquer outra natureza. leve, o delinquente será por isso beneficiado.
2. Toda pessoa acusada de delito tem direito a
que se presuma sua inocência enquanto não se A lei, em regra, é feita para valer para no futuro.
comprove legalmente sua culpa. Durante o proces- Assim sendo, a norma não poderá retroagir e macular
so, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa
seguintes garantias mínimas: julgada. Por essa razão, a lei nova não será aplicada
a) direito do acusado de ser assistido gratuita- às situações que ocorreram no passado (princípio da
9
mente por tradutor ou intérprete, se não com- irretroatividade). Esse princípio tem como objetivo
-9
preender ou não falar o idioma do juízo ou tribunal; assegurar a segurança, a certeza e a estabilidade do
96
e) direito irrenunciável de ser assistido por um tra-se prevista no inciso XL do art. 5º da Carta Magna:
a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.
da
acusado não se defender ele próprio nem nomear a lei penal deve retroagir para beneficiar o réu.
v
f) direito da defesa de inquirir as testemunhas quando não ofender o ato jurídico perfeito, o direito
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
presentes no tribunal e de obter o comparecimen-
ri
to, como testemunhas ou peritos, de outras pessoas expressamente, ordenar sua aplicação a casos passa-
que possam lançar luz sobre os fatos;
dos, como é o caso da retroatividade da lei penal para
g) direito de não ser obrigado a depor contra si
beneficiar o réu (in melius).
mesma, nem a confessar-se culpada; e
h) direito de recorrer da sentença para juiz ou
Os princípios legalidade e da retroatividade são
tribunal superior. também consagrados em nosso ordenamento positivo
3. A confissão do acusado só é válida se feita (incisos XXXIX e XL do art. 5º da CF), e no Pacto Inter-
sem coação de nenhuma natureza. nacional sobre Direitos Civis e Políticos (art. 15).
4. O acusado absolvido por sentença passada em O princípio da legalidade está previsto no inciso
julgado não poderá ser submetido a novo pro- XXXIX do art. 5º da CF, que diz: não há crime sem lei ante-
cesso pelos mesmos fatos. rior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal.
5. O processo penal deve ser público, salvo no
que for necessário para preservar os interesses Art. 10 Direito a indenização
da justiça. Toda pessoa tem direito de ser indenizada con-
forme a lei, no caso de haver sido condenada
A CADH trouxe no seu art. 8º garantias judiciais em sentença passada em julgado, por erro
para se viabilizar o devido processo legal, instituto judiciário. 177
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Seria possível essa indenização em caso de erro Com esse entendimento, o Plenário do STF, na
em processos de qualquer natureza, seja cível, penal, ADPF 811, por nove votos a dois, entendeu ser cons-
trabalhista ou qualquer outro. Entretanto, o STF fir- titucional o Decreto Estadual de São Paulo nº 65.563,
mou entendimento no sentido de que a responsabi- de 2021.
lidade civil do Estado não se aplica a atos judiciais,
salvo no caso de erro judiciário, de prisão além do Art. 13 Liberdade de pensamento e de expressão
tempo fixado na sentença e nas hipóteses legalmente 1. Toda pessoa tem direito à liberdade de pensa-
previstas (STF, RE 505.393). mento e de expressão. Esse direito compreende a
liberdade de buscar, receber e difundir informa-
Art. 11 Proteção da honra e da dignidade ções e ideias de toda natureza, sem consideração
1. Toda pessoa tem direito ao respeito de sua honra de fronteiras, verbalmente ou por escrito, ou em
e ao reconhecimento de sua dignidade. forma impressa ou artística, ou por qualquer outro
2. Ninguém pode ser objeto de ingerências arbi- processo de sua escolha.
trárias ou abusivas em sua vida privada, na de 2. O exercício do direito previsto no inciso prece-
sua família, em seu domicílio ou em sua corres- dente não pode estar sujeito a censura prévia,
pondência, nem de ofensas ilegais à sua honra ou mas a responsabilidades ulteriores, que devem
reputação. ser expressamente fixadas pela lei e ser necessárias
3. Toda pessoa tem direito à proteção da lei con- para assegurar:
tra tais ingerências ou tais ofensas. a) o respeito aos direitos ou à reputação das demais
pessoas; ou
b) a proteção da segurança nacional, da ordem
O STF proibiu recentemente o uso da tese de legí-
pública, ou da saúde ou da moral públicas.
tima defesa da honra em crimes de feminicídio. Em
3. Não se pode restringir o direito de expressão
decisão unânime, o Plenário da Corte, na ADPF 779,
por vias ou meios indiretos, tais como o abuso
entendeu que a tese contribui para a naturalização e a de controles oficiais ou particulares de papel de
perpetuação da cultura de violência contra a mulher, imprensa, de frequências radioelétricas ou de equi-
sendo, desse modo, inconstitucional. pamentos e aparelhos usados na difusão de infor-
mação, nem por quaisquer outros meios destinados
Art. 12 Liberdade de consciência e de religião a obstar a comunicação e a circulação de ideias e
1. Toda pessoa tem direito à liberdade de consciên- opiniões.
cia e de religião. Esse direito implica a liberdade 4. A lei pode submeter os espetáculos públicos
de conservar sua religião ou suas crenças, ou a censura prévia, com o objetivo exclusivo de
de mudar de religião ou de crenças, bem como a regular o acesso a eles, para proteção moral da
liberdade de professar e divulgar sua religião ou infância e da adolescência, sem prejuízo do dis-
suas crenças, individual ou coletivamente, tanto em posto no inciso 2.
público como em privado. 5. A lei deve proibir toda propaganda a favor
2. Ninguém pode ser objeto de medidas restriti- da guerra, bem como toda apologia ao ódio
vas que possam limitar sua liberdade de conser- nacional, racial ou religioso que constitua inci-
9
var sua religião ou suas crenças, ou de mudar de tação à discriminação, à hostilidade, ao crime ou
-9
próprias crenças está sujeita unicamente às limi- Sobre o tema da liberdade de pensamento e de
93
tações prescritas pela lei e que sejam necessárias expressão, o Plenário do STF, por maioria, julgou
.0
direito a que seus filhos ou pupilos recebam a configurar crimes contra a honra e atingir a hono-
Si
educação religiosa e moral que esteja acorde rabilidade e a segurança do STF, de seus membros e
da
recentemente pelo STF, foi a possibilidade de restrição dela se utilizar para o cometimento de crimes ou para
O
do exercício desse direito da liberdade de consciência a disseminação dolosa de informação falsa. Nesse sen-
ri
legais.
não afetem estas o princípio da não-discriminação 2. Toda pessoa tem o direito de sair livremente de
a
4. Os Estados Partes devem tomar medidas apro- medida indispensável, numa sociedade democráti-
io
priadas no sentido de assegurar a igualdade de ca, para prevenir infrações penais ou para prote-
v
mesmo. Em caso de dissolução, serão adotadas dis- 4. O exercício dos direitos reconhecidos no inciso
posições que assegurem a proteção necessária aos 1 pode também ser restringido pela Lei, em zonas
filhos, com base unicamente no interesse e conve- determinadas, por motivo de interesse público.
niência dos mesmos. 5. Ninguém pode ser expulso do território do
5. A lei deve reconhecer iguais direitos tanto aos Estado do qual for nacional, nem ser privado do
filhos nascidos fora do casamento como aos direito de nele entrar.
nascidos dentro do casamento. 6. O estrangeiro que se ache legalmente no territó-
Art. 18 Direito ao nome rio de um Estado Parte nesta Convenção só pode-
Toda pessoa tem direito a um prenome e aos rá dele ser expulso em cumprimento de decisão
nomes de seus pais ou ao de um destes. A lei deve adotada de acordo com a lei.
regular a forma de assegurar a todos esse direito, 7. Toda pessoa tem o direito de buscar e receber
mediante nomes fictícios, se for necessário. asilo em território estrangeiro, em caso de perse-
Art. 19 Direitos da criança guição por delitos políticos ou comuns conexos
Toda criança tem direito às medidas de proteção com delitos políticos e de acordo com a legislação
que a sua condição de menor requer por parte da de cada Estado e com os convênios internacionais.
sua família, da sociedade e do Estado. 8. Em nenhum caso o estrangeiro pode ser expul-
Art. 20 Direito à nacionalidade so ou entregue a outro país, seja ou não de 179
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
origem, onde seu direito à vida ou à liberdade b) a desenvolver as possibilidades de recurso judi-
pessoal esteja em risco de violação por causa da cial; e
sua raça, nacionalidade, religião, condição social c) a assegurar o cumprimento, pelas autoridades
ou de suas opiniões políticas. competentes, de toda decisão em que se tenha con-
9. É proibida a expulsão coletiva de estrangei- siderado procedente o recurso.
ros.
Capítulo III – Direitos Econômicos, Sociais e
Nosso ordenamento jurídico traz uma diferença Culturais
entre refúgio e asilo. No caso do pedido de asilo, aqui
no Brasil, quem o concede é o Presidente da Repúbli- Art. 26 Desenvolvimento progressivo
ca, não havendo segunda instância. Atente-se para Os Estados Partes comprometem-se a adotar pro-
não se confundir em relação ao pedido de refúgio, vidências, tanto no âmbito interno como mediante
pois quem concede é o Comitê Nacional para os Refu- cooperação internacional, especialmente econômi-
giados (CONARE), na primeira instância e, em caso de ca e técnica, a fim de conseguir progressivamen-
recurso do solicitante, o Ministro da Justiça decidirá te a plena efetividade dos direitos que decorrem
na segunda instância. das normas econômicas, sociais e sobre edu-
A Lei de Migração, Lei nº 13.445, de 2017, que cação, ciência e cultura, constantes da Carta da
Organização dos Estados Americanos, reformada
dispõe sobre os direitos do estrangeiro em território
pelo Protocolo de Buenos Aires, na medida dos
nacional, proibiu a deportação, a expulsão e a repa-
recursos disponíveis, por via legislativa ou por
triação coletivas. Ademais, é vedada a deportação,
outros meios apropriados.
expulsão, repatriação e extradição de brasileiro nato.
O brasileiro naturalizado pode ser extraditado, em
caso de crime comum praticado antes da naturaliza-
ção, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilíci-
to (antes ou após a naturalização) de entorpecentes e
HORA DE PRATICAR!
drogas afins (inciso LI do art. 5º da CF).
1. (EXATUS — 2015) Analise as afirmativas abaixo sobre
os Direitos e Garantias Fundamentais:
Importante!
I. As entidades associativas, quando expressamente
Lembre-se de que é proibida a extradição de autorizadas, têm legitimidade para representar seus
estrangeiro em caso de crime político ou de filiados judicial ou extrajudicialmente.
opinião. II. É livre a locomoção no território nacional em tempo
de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei,
nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens.
Art. 23 Direitos políticos III. A prática do racismo constitui crime inafiançável e
1. Todos os cidadãos devem gozar dos seguintes imprescritível, sujeito à pena de detenção, nos termos
direitos e oportunidades: da lei.
9
a) de participar na direção dos assuntos públicos,
-9
96
2. A lei pode regular o exercício dos direitos e opor- 2. (EXATUS — 2014) Diz o inciso II do artigo 5º da CF:
Si
sivamente por motivos de idade, nacionalidade, “II. ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer algu-
io
processo penal. a) A lei deve prever tudo o que se faz, mas não o que se
O
5. (EXATUS — 2014) Relativamente aos Direitos e Deve- I. Em termos de inconsciente coletivo, o policial exerce
res Individuais e Coletivos, marque logo abaixo a única função educativa arquetípica: deve ser “o mocinho”,
resposta correta: com procedimentos e atitudes coerentes com a “fir-
meza moralmente reta”, oposta radicalmente aos
a) Em casos concretos poderá haver juízo ou tribunal de desvios perversos do outro arquétipo que se lhe con-
exceção. trapõe: o bandido.
b) A lei penal não retroagirá em nenhuma forma. II. O policial, pela natural autoridade moral que porta,
c) As normas definidoras dos direitos e garantias funda- tem o potencial de ser o mais marcante promotor dos
9
-9
d) Salvo os casos previstos na Constituição, a lei comple- social e qualificando-se como um personagem central
.3
natos e naturalizados. III. O zelo pelo respeito e a decência dos quadros poli-
.0
6. (EXATUS — 2014) Sobre os Direitos e Deveres Indivi- policiais, os maiores interessados em participarem de
-1
duais e Coletivos, marque a alternativa INCORRETA: instituições livres de -vícios, valorizadas socialmente e
detentoras de credibilidade histórica.
a
lv
meios ilícitos.
O
ção criminal.
A
7. (EXATUS — 2014) Considerando o tema “Direitos a) O policial é, antes de tudo um cidadão, e na cidadania
Humanos”, marque a alternativa incorreta: deve nutrir sua razão de ser. Irmana-se, assim, a todos
os membros da comunidade em direitos e deveres.
a) Direitos humanos são os direitos básicos de todos os b) O uso legítimo da força se confunde com truculência.
seres humanos. c) Polícia não funciona sem hierarquia. Há, contudo,
b) É evidente a importância dos Direitos Humanos para clara distinção entre hierarquia e humilhação, entre
a construção de um Estado democrático de direito, ordem e perversidade.
onde as instituições públicas, em particular a polícia, d) A polícia é, portanto, uma espécie de superego social
exercem suas atividades com base nos princípios de indispensável em culturas urbanas, complexas e de
respeito à dignidade humana. interesses conflitantes, contenedora do óbvio caos a
c) Os Direitos Humanos são um conjunto de valores que estaríamos expostos na absurda hipótese de sua
que admite interpretações e conotações diversas. inexistência. 181
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11. (EXATUS — 2014) A Declaração Universal dos Direitos
Humanos da Organização das Nações Unidas afirma
ANOTAÇÕES
que:
( ) direitos de liberdade.
( ) direitos econômicos.
( ) direito ao meio ambiente equilibrado.
( ) direito de informação.
( ) direitos de igualdade.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência cor-
reta de cima para baixo:
a) V, F, V, V, V.
b) V, V, V, V, V.
c) V, V, F, V, V.
d) V, V, V, F, V.
9 GABARITO
06
-1
a
1 B
lv
Si
2 B
da
3 D
vio
4 A
tá
O
5 C
ri
A
6 D
7 D
8 D
9 A
10 C
11 B
12 C
182
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lei, tanto em sede policial quanto judicial, devendo
o tratamento ser específico e humanizado (art. 28);
z Possibilitou ao juiz o decreto de prisão preventiva
do agressor quando houver riscos à integridade
LEGISLAÇÃO APLICADA À
física ou psicológica da vítima (art. 20);
z Estabeleceu uma série de medidas protetivas de
urgência (art. 22), dentre elas a suspensão da posse
PMERJ ou restrição do porte de armas do agressor, assim
como seu afastamento do lar e a proibição da apro-
ximação e do contato;
z Estabeleceu uma série de medidas protetivas de
urgência à ofendida (art. 23), dentre as quais o
LEI MARIA DA PENHA – LEI Nº 11.340, encaminhamento para programa de proteção, a
DE 2006 recondução ao domicílio após o afastamento do
agressor etc.
A Lei nº 11.340, de 2006, amplamente conhecida
por Lei Maria da Penha, nasceu por força de uma Vamos, então, analisar os pontos mais relevantes
recomendação feita ao Brasil pela Comissão de Direi- da Lei Maria da Penha.
tos Humanos da Organização dos Estados America-
nos (CIDH/OEA). Essa recomendação pedia que o país DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
incluísse em sua legislação mecanismos para coibir a
violência doméstica e familiar contra a mulher. Art. 1º Esta Lei cria mecanismos para coibir e
A Lei Maria da Penha tem essa denominação em prevenir a violência doméstica e familiar contra a
homenagem a Maria da Penha Maia Fernandes, uma mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constitui-
farmacêutica bioquímica cearense, que sobreviveu a ção Federal, da Convenção sobre a Eliminação de
duas tentativas de homicídio por parte de seu então Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da
marido: a primeira, com um tiro nas costas que a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e
deixou paraplégica; e a segunda, por eletrocussão no Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros
chuveiro. Após 20 anos sem que houvesse o julgamen- tratados internacionais ratificados pela República
to do agressor, Maria da Penha recorreu à CIDH/OEA Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos
que entendeu que houve grave omissão no caso e con- Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra
denou o Brasil a indenizar a vítima, a promover com a Mulher; e estabelece medidas de assistência e pro-
teção às mulheres em situação de violência domés-
celeridade o julgamento do agressor e a implementar
tica e familiar.
uma legislação protetiva contra a violência doméstica
Art. 2º Toda mulher, independentemente de classe,
e familiar contra a mulher.
raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível
A Lei Maria da Penha foi inovadora em muitos educacional, idade e religião, goza dos direitos fun-
9
aspectos e influenciou uma série de outras leis.
-9
social.
06
sobre outros dispositivos legais, por conta de seu cará- Art. 3º Serão asseguradas às mulheres as condi-
-1
ter inovador, conforme veremos. ções para o exercício efetivo dos direitos à vida, à
segurança, à saúde, à alimentação, à educação, à
a
lv
Principais Inovações da Lei Maria da Penha, Lei nº cultura, à moradia, ao acesso à justiça, ao espor-
Si
De acordo com o art. 5º, a lei não visa a tratar de DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E
qualquer violência contra mulher, mas, sim, a violên- FAMILIAR CONTRA A MULHER
cia contra a mulher ocorrida no âmbito da unidade
doméstica, no âmbito da família, ou ainda em qual- O art. 7º da Lei Maria da Penha apresenta uma
quer relação íntima de afeto.
lista com algumas das formas de violência doméstica
É importante saber que, para que haja a aplica-
e familiar contra a mulher. Note que o caput, do art.
ção da Lei Maria da Penha, você deve observar se a
7º, inclui a expressão “entre outras”, o que deixa cla-
situação se configura em violência doméstica ocor-
ro que se trata de uma lista exemplificativa, podendo
rida nos termos do art. 5º da lei. Assim, no caso de,
por exemplo, ex-namorado que agride a mulher por existir outras hipóteses, mesmo que não previstas nos
causa do fim do namoro, incide a Lei Maria da Penha. incisos.
Entretanto, se a violência ocorreu por motivo que
não envolva o término do relacionamento não inci- Art. 7º São formas de violência doméstica e fami-
dem os dispositivos da Lei Maria da Penha. Ou seja, liar contra a mulher, entre outras:
para que se dê a aplicação da Lei nº 11.340, de 2006, I - a violência física, entendida como qualquer con-
devem estar presentes os seguintes pressupostos de duta que ofenda sua integridade ou saúde corporal;
forma cumulativa: II - a violência psicológica, entendida como
qualquer conduta que lhe cause dano emocional e
z vítima mulher; diminuição da autoestima ou que lhe prejudique
e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise
z violência praticada nos termos do art. 5º, da Lei nº
degradar ou controlar suas ações, comportamen-
11.340, de 2006.
tos, crenças e decisões, mediante ameaça, constran-
9
-9
Tribunal de Justiça firmou entendimento que a vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à
06
aplicável quando a vítima é mulher trans. No Jul- III - a violência sexual, entendida como qualquer
a
gamento do Resp. 1.977.124, o STJ interpretou conduta que a constranja a presenciar, a manter
lv
que a proteção prevista no art. 5º, da Lei Maria ou a participar de relação sexual não desejada,
Si
Com tal decisão, portanto, a mulher trans deve ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prosti-
O
ser considerada sujeito passivo para os termos tuição, mediante coação, chantagem, suborno ou
ri
quais a vítima goste etc. No art. 8º, a Lei Maria da Penha determina ao
.3
Qualquer conduta que configure calúnia, difama- mulher em situação de violência doméstica. Exemplo
-1
ção ou injúria. Exemplos: rebaixar a vítima por meio dessa integração buscada pela Lei Maria da Penha são
a
de xingamentos que atinjam sua índole, tentar man- as Delegacias de Defesa da Mulher, onde a mulher
lv
Das Medidas Integradas de Prevenção co de Saúde ou até mesmo para uma casa de abrigo.
LEGISLAÇÃO APLICADA À PMERJ
ri
Art. 8º A política pública que visa coibir a violên- tem o dever de capacitar os profissionais envolvidos
cia doméstica e familiar contra a mulher far-se-á diretamente com o atendimento à violência domésti-
por meio de um conjunto articulado de ações da ca e familiar.
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios e de ações não-governamentais, Art. 9º A assistência à mulher em situação de vio-
tendo por diretrizes: lência doméstica e familiar será prestada de forma
I - a integração operacional do Poder Judiciário, do articulada e conforme os princípios e as diretrizes
Ministério Público e da Defensoria Pública com as previstos na Lei Orgânica da Assistência Social,
áreas de segurança pública, assistência social, saú- no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de
de, educação, trabalho e habitação; Segurança Pública, entre outras normas e políticas
II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas públicas de proteção, e emergencialmente quando
e outras informações relevantes, com a perspecti- for o caso.
va de gênero e de raça ou etnia, concernentes às § 1º O juiz determinará, por prazo certo, a inclu-
causas, às conseqüências e à freqüência da vio- são da mulher em situação de violência doméstica e
lência doméstica e familiar contra a mulher, para familiar no cadastro de programas assistenciais do
a sistematização de dados, a serem unificados governo federal, estadual e municipal. 185
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§ 2º O juiz assegurará à mulher em situação de Merece destaque, ainda, o que consta nos parágra-
violência doméstica e familiar, para preservar sua fos 4º e 5º, ou seja, a previsão de o agressor ser obri-
integridade física e psicológica: gado a ressarcir os custos dos serviços prestados pelo
I - acesso prioritário à remoção quando servido- SUS às vítimas de violência doméstica e familiar, além
ra pública, integrante da administração direta ou dos custos dos dispositivos de segurança eventual-
indireta; mente utilizados (tornozeleiras, braceletes ou chips
II - manutenção do vínculo trabalhista, quando de monitoramento eletrônico, por exemplo).
necessário o afastamento do local de trabalho, por Por fim, vale ressaltar que os parágrafos 7º e 8º,
até seis meses.
incluídos na Lei Maria da Penha em 2019, garantem
III - encaminhamento à assistência judiciária,
a prioridade na matrícula ou na transferência esco-
quando for o caso, inclusive para eventual ajui-
lar dos dependentes da vítima que estejam na educa-
zamento da ação de separação judicial, de divór-
ção básica. Conforme a lei, as informações relativas a
cio, de anulação de casamento ou de dissolução de
união estável perante o juízo competente. esses procedimentos são sigilosas.
§ 3º A assistência à mulher em situação de violên-
cia doméstica e familiar compreenderá o acesso DO ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL
aos benefícios decorrentes do desenvolvimento
científico e tecnológico, incluindo os serviços de Art. 10 Na hipótese da iminência ou da prática
contracepção de emergência, a profilaxia das Doen- de violência doméstica e familiar contra a mulher,
ças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Síndro- a autoridade policial que tomar conhecimento da
me da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e outros ocorrência adotará, de imediato, as providências
procedimentos médicos necessários e cabíveis nos legais cabíveis.
casos de violência sexual. Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput des-
§ 4º Aquele que, por ação ou omissão, causar te artigo ao descumprimento de medida protetiva
lesão, violência física, sexual ou psicológi- de urgência deferida.
ca e dano moral ou patrimonial a mulher fica
obrigado a ressarcir todos os danos causados, Tendo em vista que o primeiro contato da vítima
inclusive ressarcir ao Sistema Único de Saúde de violência doméstica e familiar com uma autorida-
(SUS), de acordo com a tabela SUS, os custos rela- de estatal ocorre na Delegacia de Polícia, os arts. 10
tivos aos serviços de saúde prestados para o total ao 12-C trazem as principais condutas que devem ser
tratamento das vítimas em situação de violência tomadas pelos, entre elas:
doméstica e familiar, recolhidos os recursos assim
arrecadados ao Fundo de Saúde do ente federado z a proteção policial;
responsável pelas unidades de saúde que prestarem z encaminhamento ao hospital/IML;
os serviços. z encaminhamento para assistência jurídica;
§ 5º Os dispositivos de segurança destinados z acompanhamento até o domicílio para eventual
ao uso em caso de perigo iminente e disponibiliza- retirada de bens.
dos para o monitoramento das vítimas de violên-
9
cia doméstica e familiar amparadas por medidas
-9
quer natureza ao patrimônio da mulher e dos seus É importante notar que, conforme indica o caput,
06
dependentes, nem configurar atenuante ou ensejar do art. 10, tais medidas podem ser tomadas antes
-1
para essa instituição, mediante a apresentação dos por servidores - preferencialmente do sexo femini-
v
seus dependentes para abrigo ou local seguro, § 2º A autoridade policial deverá anexar ao docu-
.0
do local da ocorrência ou do domicílio familiar; § 3º Serão admitidos como meios de prova os lau-
lv
V - informar à ofendida os direitos a ela confe- dos ou prontuários médicos fornecidos por hospi-
Si
§ 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste familiar contra a mulher.
a
24 (vinte e quatro) horas e decidirá, em igual pra- Art. 14-A A ofendida tem a opção de propor ação
Si
aplicada, devendo dar ciência ao Ministério Público Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra
concomitantemente. a Mulher.
io
ofendida ou à efetividade da medida protetiva lência Doméstica e Familiar contra a Mulher a pre-
O
de urgência, não será concedida liberdade pro- tensão relacionada à partilha de bens.
ri
Um dos dispositivos da Lei Maria da Penha que Art. 20 Em qualquer fase do inquérito policial ou
93
possuem maior relevância, o art. 17 prevê, de forma da instrução criminal, caberá a prisão preventi-
.0
expressa, nos casos de violência doméstica e familiar, va do agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a
06
Em relação ao que prevê o art. 17, vale mencio- preventiva se, no curso do processo, verificar a fal-
Si
nar que o STJ entende que, no âmbito da Lei Maria ta de motivo para que subsista, bem como de novo
da
da Penha, também não é possível realizar a substitui- decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.
io
de direitos. Tal entendimento se encontra disposto na O art. 20 prevê a possibilidade de que o juiz, de ofí-
tá
Súmula 588, do STJ: cio, isto é, sem provocação, decrete a prisão preventiva
O
Súmula nº 588 (STJ) A prática de crime ou con- policial). No entanto, desde 2011, o Código de Proces-
travenção penal contra a mulher com violência ou so Penal deixou de prever a possibilidade do juiz, de
grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita ofício, decretar essa medida nessa fase, de forma que,
a substituição da pena privativa de liberdade por ainda que expressa no art. 20, não pode mais ser apli-
restritiva de direitos. cada — o juiz somente pode decretar a prisão, de ofício,
depois do oferecimento da denúncia ou, em caso de fla-
Medidas Protetivas de Urgência grante, quando a prisão é convertida em preventiva.
dependentes menores, ouvida a equipe de aten- A Lei nº 13.641, de 2018, acrescentou o art. 24-A à
da
dimento multidisciplinar ou serviço similar; Lei Maria da Penha, que passou a tratar do crime de
io
provisórios.
tá
de recuperação e reeducação; e
ri
garantir que a mulher vítima de violência doméstica Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, as
e familiar, independentemente de estar ou não com varas criminais acumularão as competências cível
da
advogado, possa solicitar medida de proteção. e criminal para conhecer e julgar as causas decor-
io
Art. 28 É garantido a toda mulher em situação contra a mulher, observadas as previsões do Título
O
de violência doméstica e familiar o acesso aos IV desta Lei, subsidiada pela legislação processual
LEGISLAÇÃO APLICADA À PMERJ
ri
Judiciária Gratuita, nos termos da lei, em sede poli- Parágrafo único. Será garantido o direito de pre-
cial e judicial, mediante atendimento específico e ferência, nas varas criminais, para o processo e o
humanizado. julgamento das causas referidas no caput.
Nos termos do art. 28, a Lei Maria da Penha garan- O art. 33 teve aplicação durante o processo de imple-
te à mulher vítima de violência doméstica e familiar mentação da Lei Maria da Penha, enquanto se insta-
a assistência judiciária, tanto na fase pré processual lavam as varas especializadas. Durante tal as varas
(delegacia de polícia) quanto na judicial. criminais cumulavam as suas causas com as decorren-
tes de violência doméstica e familiar contra a mulher.
DA EQUIPE DE ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 29 Os Juizados de Violência Doméstica e Fami-
liar contra a Mulher que vierem a ser criados poderão Art. 34 A instituição dos Juizados de Violência
contar com uma equipe de atendimento multidiscipli- Doméstica e Familiar contra a Mulher poderá ser
nar, a ser integrada por profissionais especializados acompanhada pela implantação das curadorias
nas áreas psicossocial, jurídica e de saúde. necessárias e do serviço de assistência judiciária. 191
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O art. 34, da Lei Maria da Penha, indica que tan- remeter suas informações criminais para a base de
to o Ministério Público quanto a Defensoria Pública dados do Ministério da Justiça.
devem se estruturar para atuar junto às varas de vio-
lência doméstica e familiar, criando cargos de Promo- Conforme determina o inciso II, art. 8º, da Lei
tores de Justiça e Defensores Públicos. Maria da Penha, uma das diretrizes de enfrentamento
à violência doméstica e familiar contra a mulher é a
Art. 35 A União, o Distrito Federal, os Estados e os produção de estatísticas. Nesse sentido, o art. 38 indi-
Municípios poderão criar e promover, no limite das ca que os Estados e o DF contribuam de forma a ali-
respectivas competências: mentar um sistema nacional de dados e informações
I - centros de atendimento integral e multidiscipli- sobre as mulheres em tal situação. É pela análise das
nar para mulheres e respectivos dependentes em informações que constam em tal banco de dados que
situação de violência doméstica e familiar; o poder público pode orientar e reorientar as medidas
II - casas-abrigos para mulheres e respectivos de enfrentamento contra a violência.
dependentes menores em situação de violência Vale observar que somente recentemente, por
doméstica e familiar; meio da Lei nº 14.232, de 2021, é que foi criada a Polí-
III - delegacias, núcleos de defensoria pública, servi- tica Nacional de Dados e Informações relacionadas à
ços de saúde e centros de perícia médico-legal espe- Violência contra as Mulheres (PNAINFO), com a fina-
cializados no atendimento à mulher em situação de lidade de reunir, organizar, sistematizar e disponibili-
violência doméstica e familiar;
zar dados e informações atinentes a todos os tipos de
IV - programas e campanhas de enfrentamento da
violência contra as mulheres.
violência doméstica e familiar;
V - centros de educação e de reabilitação para os
Art. 38-A O juiz competente providenciará o regis-
agressores.
tro da medida protetiva de urgência.
Art. 36 A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Parágrafo único. As medidas protetivas de urgência
Municípios promoverão a adaptação de seus órgãos
serão, após sua concessão, imediatamente registra-
e de seus programas às diretrizes e aos princípios
das em banco de dados mantido e regulamentado
desta Lei.
pelo Conselho Nacional de Justiça, garantido o
acesso instantâneo do Ministério Público, da Defen-
O poder público tem a obrigação de assegurar efe- soria Pública e dos órgãos de segurança pública e
tiva assistência às mulheres em situação de violência de assistência social, com vistas à fiscalização e à
doméstica e familiar, dentro do que prescrevem os efetividade das medidas protetivas.
princípios da Lei Maria da Penha. Art. 39 A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, no limite de suas competências e nos ter-
Art. 37 A defesa dos interesses e direitos tran- mos das respectivas leis de diretrizes orçamentárias,
sindividuais previstos nesta Lei poderá ser exerci- poderão estabelecer dotações orçamentárias especí-
da, concorrentemente, pelo Ministério Público ficas, em cada exercício financeiro, para a implemen-
e por associação de atuação na área, regular- tação das medidas estabelecidas nesta Lei.
mente constituída há pelo menos um ano, nos
9
-9
Parágrafo único. O requisito da pré constituição tas na Lei Maria da Penha é necessário que os entes
.3
poderá ser dispensado pelo juiz quando entender federativos façam previsão, em seus orçamentos, de
93
que não há outra entidade com representatividade recursos suficientes para o enfrentamento da violên-
.0
adequada para o ajuizamento da demanda coletiva. cia doméstica e familiar contra a mulher.
06
-1
O art. 37 se refere à legitimidade para ajuizamento de Art. 40 As obrigações previstas nesta Lei não
a
ação civil pública. A ação civil pública é regulamentada excluem outras decorrentes dos princípios por ela
lv
Nos termos do art. 37, da Lei Maria da Penha, há com a Constituição Federal e com os tratados de direi-
v
legitimidade concorrente entre o Ministério Público tos humanos incorporados ao ordenamento jurídico
tá
e associação devidamente constituída há mais de um nacional. Desse modo, o sistema de proteção à mulher
O
ano, que tenha entre suas finalidades a promoção e vítima de violência doméstica e familiar não se res-
ri
A
a defesa dos direitos humanos para a proposição de tringe à Lei nº 11.340, de 2006, mas inclui obrigações
ação civil pública. Nos termos do parágrafo único, o que constam em tais documentos, como, por exemplo
requisito da pré constituição pode ser excepcional- na Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas
mente dispensado. de Violência contra a Mulher e na Convenção Intera-
Vale mencionar que, além do MP e da mencionada mericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência
associação, também a Defensoria Pública tem legiti- contra a Mulher (Convenção de Belém do Pará).
midade para propor ação civil pública, tendo em vista
a previsão que consta na Lei nº 11.648, de 2007. Art. 41 Aos crimes praticados com violência domés-
tica e familiar contra a mulher, independentemente
Art. 38 As estatísticas sobre a violência doméstica e da pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099, de
familiar contra a mulher serão incluídas nas bases 26 de setembro de 1995.
de dados dos órgãos oficiais do Sistema de Justiça e
Segurança a fim de subsidiar o sistema nacional de O art. 41 é um dos mais importantes da Lei Maria
dados e informações relativo às mulheres. da Penha. Tendo em vista a gravidade dos crimes
Parágrafo único. As Secretarias de Segurança cometidos contra a mulher nas situações da Lei Maria
192 Pública dos Estados e do Distrito Federal poderão da Penha, o legislador optou por afastar a incidência
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da Lei nº 9.099, de 1995, Lei dos Juizados Especiais, Por fim, o art. 45, da Lei Maria da Penha, acres-
que beneficiaria o agressor em vários aspectos. centou um parágrafo ao art. 152, da Lei de Execução
Por fim, os arts. 42 ao 45 cuidaram de promover Penal, prevendo que, nos casos de violência domés-
alterações em outras leis. tica e familiar contra a mulher, o agressor pode ser
obrigado a participar de programas de recuperação e
Art. 42 O art. 313 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de reeducação durante o cumprimento da limitação de
outubro de 1941 (Código de Processo Penal), passa final de semana.
a vigorar acrescido do seguinte inciso IV:
“Art. 313 .................................................
................................................................
IV - se o crime envolver violência doméstica e fami- ESTATUTO DA PESSOA IDOSA – LEI Nº
liar contra a mulher, nos termos da lei específica, 10.741, DE 2003
para garantir a execução das medidas protetivas
de urgência.” (NR) Embora os direitos fundamentais sejam univer-
sais (por serem inerentes à condição de ser humano),
O art. 42, da Lei Maria da Penha, alterou a redação em alguns casos, levando em conta as dificuldades
do art. 313, do CPP, incluindo o inc. IV, no qual consta enfrentadas por determinadas minorias sociais, tais
a previsão da possibilidade de o juiz decretar a prisão como as mulheres, as crianças, os idosos, houve/há
preventiva em crimes que envolvam violência domés- necessidade de criação de mecanismos de proteção
tica e familiar contra a mulher, com o fim de garantir de alcance especial. Além disso, a fim de enfrentar a
a execução das medidas protetivas de urgência. violência e o preconceito contra determinados grupos
étnicos, também foram criados alguns instrumentos
Art. 43 A alínea f do inciso II do art. 61 do Decre- legais de tutela e acolhimento.
to-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Cumpre esclarecer, no entanto, que o sistema de
Penal), passa a vigorar com a seguinte redação: proteção especial não visa, relativizar as peculiari-
“Art. 61. .................................................. dades sociais e culturais de determinado grupo, mas,
................................................................. sim, aumentar o alcance de proteção dos direitos
II - ............................................................ humanos em razão das particularidades existentes.
................................................................. Nesta ótica, pode-se dizer que o art. 229, da Cons-
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de tituição Federal, de 1988, deu amparo aos direitos da
relações domésticas, de coabitação ou de hospitali- pessoa idosa ao estabelecer que, na velhice, carência ou
dade, ou com violência contra a mulher na forma situações de enfermidade, compete aos filhos o dever
da lei específica;
de prestar auxílio e amparo aos seus pais. Além disso,
........................................................... ” (NR)
ainda de acordo com a CF, é dever da família, da socie-
dade e do Estado prestar assistência às pessoas idosas,
O art. 43 alterou o art. 61, do CP, para incluir, den- garantindo que participem da comunidade de forma
tre as circunstâncias agravantes genéricas, a violência digna, pois, assim como todos os outros indivíduos,
9
doméstica e familiar contra a mulher.
-9
dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar 8.842, de 1994. No entanto, o sistema de proteção da
com as seguintes alterações:
.0
to da Pessoa Idosa”.
§ 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, des-
Antes de iniciarmos o estudo desse Estatuto, é pre-
a
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. bancas tendem a cobrar o que se denomina “literali-
v
contra pessoa portadora de deficiência.” (NR) O presente material dedica atenção especial à par-
te relativa aos crimes (arts. 93 a 108).
O art. 44, por sua vez, incluiu no CP a violên-
cia doméstica como qualificadora do crime de lesão NOÇÕES GERAIS DO DIREITO DO IDOSO
corporal.
O Estatuto da Pessoa Idosa é dividido em 7 (sete)
Art. 45 O art. 152 da Lei nº 7.210, de 11 de julho de partes:
1984 (Lei de Execução Penal), passa a vigorar com
a seguinte redação: z Disposições Preliminares: estabelece os concei-
“Art. 152. ................................................... tos iniciais e as regras de interpretação;
Parágrafo único. Nos casos de violência doméstica z Direitos Fundamentais: elenca e disciplina os
contra a mulher, o juiz poderá determinar o compa- direitos à vida, à liberdade, ao respeito e à dignida-
recimento obrigatório do agressor a programas de de, aos alimentos, à saúde, à educação, à cultura,
recuperação e reeducação.” (NR) ao esporte e lazer, à profissionalização e ao tra-
balho, à previdência social, à assistência social, à
habitação e ao transporte; 193
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z Medidas de Proteção: cuida dos meios de prote- Neste mesmo sentido, o art. 3º clarifica o caráter
ção sempre que os direitos fundamentais dos ido- complementar do Estatuto ao reafirmar que o idoso
sos forem ameaçados ou violados; possui, além dos direitos intrínsecos a todas as pesso-
z Política de Atendimento ao Idoso: disciplina as, um sistema próprio de proteção.
as linhas de ação da política de atendimento, as
entidades de atendimento ao idoso, os meios de Art. 3º É obrigação da família, da comunidade, da
fiscalização dessas entidades, as infrações admi- sociedade e do poder público assegurar à pessoa
nistrativas, a apuração administrativa de infração idosa, com absoluta prioridade, a efetivação do
às normas de proteção ao idoso e a apuração judi- direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação,
cial de irregularidades das entidades; à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cida-
z Acesso à Justiça: estabelece a tramitação prioritá- dania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à con-
ria, as regras de proteção e o órgão competente por vivência familiar e comunitária.
sua promoção;
z Crimes: tipifica os crimes praticados contra as pes- Ademais, seu parágrafo primeiro apresenta as
soas idosas; diversas garantias deste sistema especial de proteção.
z Disposições Finais e Transitórias: cuida das Vejamos:
regras de transição e demais modificações legisla-
tivas feitas pelo Estatuto em outras leis. § 1º A garantia de prioridade compreende:
I - atendimento preferencial imediato e indi-
Inicialmente, o conceito de pessoa idosa é encon- vidualizado junto aos órgãos públicos e privados
trado no art. 1º, do Estatuto. Considera-se pessoa idosa prestadores de serviços à população;
aquela ‘’com idade igual ou superior a 60 (sessenta) II - preferência na formulação e na execução de
anos.’’ Por levar em consideração apenas a idade bio- políticas sociais públicas específicas;
lógica da pessoa, descartando qualquer outro crité- III - destinação privilegiada de recursos públi-
rio para apuração, como o físico e o psicológico, por cos nas áreas relacionadas com a proteção à
exemplo, estamos diante de um critério cronológico pessoa idosa;
Atenção: embora o Estatuto fixe a idade de 60 anos IV - viabilização de formas alternativas de
ou mais, isso não impede que outras leis fixem idades participação, ocupação e convívio da pessoa
distintas, desde que estas não se refiram, exatamen- idosa com as demais gerações;
te, à pessoa idosa, ou seja, desde que se relacionem V - priorização do atendimento da pessoa ido-
apenas à idade e não ao fato de a pessoa ser idosa. São sa por sua própria família, em detrimento do
exemplos importantes: atendimento asilar, exceto dos que não a possuam
ou careçam de condições de manutenção da pró-
z 65 anos: direito ao benefício do transporte coleti- pria sobrevivência;
vo público gratuito, conforme a Constituição; VI - capacitação e reciclagem dos recursos
z 65 anos: direito ao Benefício de Prestação Conti- humanos nas áreas de geriatria e gerontologia e na
nuada (BPC) da Lei Orgânica da Assistência Social; prestação de serviços às pessoas idosas;
9
-9
z 70 anos, na data da sentença: direito à redução, VII - estabelecimento de mecanismos que favo-
96
envelhecimento;
.0
O art. 2º estabelece uma norma de interpretação VIII - garantia de acesso à rede de serviços de
06
extremamente importante, pois, mesmo que o Estatu- saúde e de assistência social locais.
-1
fica para o idoso, ele não exclui a aplicação de outras Imposto de Renda.
lv
Dica
da
prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, exclui o sistema geral de proteção, uma vez que
tá
ambos se complementam.
O
vação de sua saúde física e mental e seu aperfei- Outra regra importante apresenta-se no parágrafo
çoamento moral, intelectual, espiritual e social, em segundo, do art. 3º: a pessoa idosa com mais de 80
condições de liberdade e dignidade. (oitenta) anos deve gozar de prioridade especial,
ou seja, suas necessidades devem ser atendidas forma
Para uma melhor compreensão do artigo: os sis- preferencial em relação aos demais. Nos termos:
temas de proteção geral (aplicável a todas as pessoas)
e especial (aplicável a pessoas determinadas em razão § 2º Entre as pessoas idosas, é assegurada prio-
de peculiaridades) não são dicotômicos. Na realida- ridade especial aos maiores de 80 (oitenta) anos,
de, eles se complementam. Como consequência, não atendendo-se suas necessidades sempre preferen-
é porque existe um sistema de proteção próprio ao cialmente em relação às demais pessoas idosas.
idoso que os direitos desse grupo serão excluídos da
proteção trazida pela Constituição Federal. Portanto,
+ Maior —
as pessoas idosas possuem, somados à proteção inte- Prioridade
gral do Estatuto, mais específica, uma vez que leva em prioridade
60 anos ou
consideração suas peculiaridades, a garantia de todos 80 anos ou
mais
194 os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana. mais
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Os arts. 4º e 5º, do Estatuto, afirmam que as pesso- sua dignidade, colocando-a a salvo de qualquer trata-
as idosas não podem sofrer qualquer tipo de negligên- mento tido como desumano, violento, aterrorizante,
cia, discriminação ou violência. Ainda de acordo com vexatório ou constrangedor.
os mesmos dispositivos, a inobservância das normas Nos termos da lei:
de prevenção resulta na responsabilização da pessoa
física ou jurídica. Observemos: Art. 10 É obrigação do Estado e da sociedade asse-
gurar à pessoa idosa a liberdade, o respeito e a dig-
Art. 4º Nenhuma pessoa idosa será objeto de qual- nidade, como pessoa humana e sujeito de direitos
quer tipo de negligência, discriminação, violência, civis, políticos, individuais e sociais, garantidos na
crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus Constituição e nas leis.
direitos, por ação ou omissão, será punido na for-
ma da lei. Conforme o § 1º, do art. 10, o direito de liberdade
§ 1º É dever de todos prevenir a ameaça ou violação compreende os seguintes aspectos:
aos direitos da pessoa idosa.
§ 2º As obrigações previstas nesta Lei não excluem I - faculdade de ir, vir e estar nos logradouros públi-
da prevenção outras decorrentes dos princípios por cos e espaços comunitários, ressalvadas as restri-
ela adotados. ções legais;
Art. 5º A inobservância das normas de prevenção II - opinião e expressão;
importará em responsabilidade à pessoa física ou III - crença e culto religioso;
jurídica nos termos da lei. IV - prática de esportes e de diversões;
V - participação na vida familiar e comunitária;
O art. 6º, por sua vez, apresenta o instituto da VI - participação na vida política, na forma da lei;
delatio criminis (comunicação do crime), que se refe- VII - faculdade de buscar refúgio, auxílio e orientação.
re à possibilidade de todos os indivíduos levarem ao
conhecimento das autoridades públicas qualquer for- O direito ao respeito, de acordo com o § 2º, do
ma de violação ao Estatuto. art. 10, versa sobre a inviolabilidade da integridade
física, psíquica e moral do idoso. Para tanto, considera
Art. 6º Todo cidadão tem o dever de comunicar à a preservação de sua imagem, identidade, autonomia,
autoridade competente qualquer forma de violação valores, ideias, crenças, espaços e objetos pessoais.
a esta Lei que tenha testemunhado ou de que tenha
Nos arts. 11 ao 14, estão disciplinados os direitos
conhecimento.
aos alimentos. Estes dispositivos asseguram, aos idosos,
a concessão de alimentos em casos de necessidade, na
O art. 7º, no que lhe diz respeito, refere-se à Lei
forma estabelecida pelo Código Civil. Trata-se de uma
nº 8.842, de 1994, que trata sobre a Política Nacional
obrigação solidária, podendo a pessoa idosa optar entre
do Idoso, afirmando que a responsabilidade de zelar
os prestadores. Nos casos em que os familiares não pos-
pelo cumprimento dos seus direitos cabe aos Conse-
suem condições econômicas de prover seu sustento, o
lhos Nacionais, Estaduais, Distritais e Municipais da
provimento compete ao Poder (âmbito da Assistência
pessoa idosa.
9
Social). Vejamos os dispositivos na íntegra:
-9
96
to Federal e Municipais da Pessoa Idosa, previstos Art. 11 Os alimentos serão prestados à pessoa ido-
93
cumprimento dos direitos da pessoa idosa, defini- Art. 12 A obrigação alimentar é solidária, podendo
06
direitos à vida, à liberdade, ao respeito, à dignida- Art. 14 Se a pessoa idosa ou seus familiares não
io
de, aos alimentos, à saúde, à educação, cultura, ao possuírem condições econômicas de prover o seu
v
O direito à vida encontra-se previsto nos arts. 8º e O direito à saúde está previsto nos arts. 15 ao 19,
9º. Trata-se do direito de maior importância, pois, sem do Estatuto. Trata-se de um direito universal, pois é
este, não há possibilidade de existência dos demais. garantido a todos os indivíduos, na Constituição Fede-
Como a vida é inviolável, envelhecer de forma digna ral, como um direito social. Aos idosos, o direito à saú-
é uma consequência e um direito personalíssimo, cuja de é assegurado por meio do Sistema Único de Saúde
proteção é um direito social. Além disso, é dever do (SUS). Vejamos os termos da lei:
Estado garantir aos idosos a proteção não só à vida,
mas, também, à saúde, por meio de efetivações de Art. 15 É assegurada a atenção integral à saúde
políticas sociais públicas que permitam o envelheci- da pessoa idosa, por intermédio do Sistema Único
mento saudável e em condições dignas. de Saúde (SUS), garantindo-lhe o acesso universal
Os direitos à liberdade, ao respeito e à dignida- e igualitário, em conjunto articulado e contínuo
de estão disciplinados no art. 10, do Estatuto, respon- das ações e serviços, para a prevenção, promoção,
sável por estabelecer, como obrigação do Estado e da proteção e recuperação da saúde, incluindo a aten-
sociedade, a garantia de que estes sejam efetivados. ção especial às doenças que afetam preferencial-
A pessoa idosa possui direitos civis, políticos, indivi- mente as pessoas idosas. (Redação dada pela Lei nº
duais e sociais e todos os indivíduos devem zelar por 14.423, de 2022) 195
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Para a prevenção e manutenção da saúde, o Esta- De acordo com o parágrafo único, do art. 17, quan-
tuto estabelece as seguintes medidas (§ 1º, art. 15): do o idoso não puder optar pelo tratamento que lhe
for mais favorável, isso será feito:
I - cadastramento da população idosa em base
territorial; I - pelo curador, quando o idoso for interditado;
II - atendimento geriátrico e gerontológico em II - pelos familiares, quando o idoso não tiver
ambulatórios; curador ou este não puder ser contactado em tem-
III - unidades geriátricas de referência, com pessoal po hábil;
especializado nas áreas de geriatria e gerontologia III - pelo médico, quando ocorrer iminente risco
social; de vida e não houver tempo hábil para consulta a
IV - atendimento domiciliar, incluindo a interna- curador ou familiar;
ção, para a população que dele necessitar e este- IV - pelo próprio médico, quando não houver
ja impossibilitada de se locomover, inclusive para curador ou familiar conhecido, caso em que deverá
comunicar o fato ao Ministério Público.
idosos abrigados e acolhidos por instituições públi-
cas, filantrópicas ou sem fins lucrativos e eventual-
mente conveniadas com o Poder Público, nos meios Ademais, o Estatuto determina que, em casos de
urbano e rural; violência praticada contra o idoso (suspeita ou con-
V - reabilitação orientada pela geriatria e geron- firmação), os serviços de saúde públicos e privados
tologia, para redução das sequelas decorrentes do deverão notificar compulsoriamente à autoridade
agravo da saúde. sanitária e comunicar qualquer um dos seguintes
órgãos:
O Estatuto estabelece, no § 2º, do art. 15, como res-
ponsabilidade do Poder Público, o fornecimento gra- z Autoridade policial;
tuito, aos idosos, de: z Ministério Público;
z Conselho Municipal da Pessoa Idosa;
z Conselho Estadual da Pessoa Idosa; ou
z medicamentos (como os de uso continuado);
z Conselho Nacional da Pessoa Idosa.
z próteses;
z órteses;
Para uma melhor fixação do conteúdo, observe-
z outros recursos relativos ao tratamento, habilita-
mos a tabela abaixo.
ção ou reabilitação.
Além disso, o mesmo dispositivo assegura, aos ido- VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO
sos enfermos, o atendimento domiciliar pelas seguin-
Suspeita ou
tes instituições: Notificar Comunicar
confirmação
z perícia médica do Instituto Nacional do Seguro Autoridade
9
-9
Idosa
to a atendimento preferencial, salvo nos casos de
Si
Conselho Nacio-
emergência (§ 7º, art. 15).
da
nal da Pessoa
O Estatuto assegura, também, ao idoso internado, Idosa
io
tais como:
§ 1º Para os efeitos desta Lei, considera-se violência
contra a pessoa idosa qualquer ação ou omissão
z a discriminação dos idosos nos planos de saúde praticada em local público ou privado que lhe cau-
(cobrança de valores diferenciados em razão da idade); se morte, dano ou sofrimento físico ou psicológico.
z a exigência de o idoso enfermo comparecer peran-
te os órgãos públicos etc. (§§ 3º e 5º, art. 15). Os arts. 20 a 25 disciplinam o direito à educação,
cultura, esporte e lazer, de modo que sejam respei-
Ainda, a pessoa idosa tem o direito de optar pelo tadas as peculiaridades e condições de idade de cada
tratamento de saúde que considerar mais favorável, indivíduo. Para tanto, cabe ao Poder Público criar
nos termos: as oportunidades de acesso, adequando currículos,
metodologias e material didático aos programas edu-
Art. 17 À pessoa idosa que esteja no domínio de cacionais destinados aos idosos (art. 21).
suas faculdades mentais é assegurado o direito de Para que a participação dos idosos nas atividades
optar pelo tratamento de saúde que lhe for reputa- culturais e de lazer ocorra adequadamente, o Estatuto
196 do mais favorável. estabelece descontos de, pelo menos, 50% (cinquenta
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
por cento) ‘’nos ingressos para eventos artísticos, cul- serviços seletivos e especiais, quando prestados
turais, esportivos e de lazer, bem como o acesso prefe- paralelamente aos serviços regulares.
rencial aos respectivos locais’’ (art. 23). § 1º Para ter acesso à gratuidade, basta que a pes-
O direito à profissionalização e ao trabalho soa idosa apresente qualquer documento pessoal
encontra-se previsto nos arts. 26 a 28 do Estatuto. Este que faça prova de sua idade.
se trata do direito ao exercício de atividade profissio-
nal, em respeito às condições físicas, intelectuais e psí- De acordo com o § 2º, do art. 39, devem ser reser-
quicas do indivíduo, de modo a vedar a discriminação vados 10% (dez por cento) dos assentos para os idosos
e, também, a fixação de um limite de idade ‘‘inclusive (identificados com a placa de reservado, preferen-
para concursos públicos, ressalvados os casos em que a cialmente, para idosos). Aos idosos entre 60 e 65 anos
natureza do cargo o exigir (art. 27)’’. Ressalta-se, inclu- incompletos, ficará a critério da legislação local a con-
sive, que o primeiro critério de desempate em concur- cessão ou não da gratuidade. Veja:
so público é o critério etário, ‘’dando-se preferência ao
de idade mais elevada’’ (§ único, art. 27). § 2º Nos veículos de transporte coletivo de que trata
Os arts. 29 a 32, por sua vez, disciplinam o direi- este artigo, serão reservados 10% (dez por cento)
dos assentos para as pessoas idosas, devidamente
to à Previdência Social, de maneira que, para a con-
identificados com a placa de reservado preferen-
cessão dos benefícios de aposentadoria e pensão do
cialmente para pessoas idosas.
Regime Geral da Previdência Social, deve-se observar § 3º No caso das pessoas compreendidas na faixa etá-
os ‘’critérios de cálculo que preservem o valor real dos ria entre 60 (sessenta) e 65 (sessenta e cinco) anos,
salários sobre os quais incidiram contribuição’’, garan- ficará a critério da legislação local dispor sobre as
tindo-lhes o devido reajuste (art. 29 e § único). condições para exercício da gratuidade nos meios de
O direito à Assistência Social, assim como o transporte previstos no caput deste artigo.
direito à Previdência Social, integra o subsistema
da Seguridade Social e faz parte do rol dos direitos No caso de transporte coletivo interestadual, este
sociais previstos no art. 6º, da Constituição Federal. deve estabelecer (nos termos da legislação específica)
No Estatuto, este se encontra previsto nos arts. 33 a a reserva de 2 vagas gratuitas por veículo para idosos
36, garantindo o direito dos idosos que não possuam com renda igual ou inferior a 2 salários-mínimos. Ade-
meios para prover sua subsistência (diretamente ou mais, deve-se garantir, também, desconto de 50%, no
por familiar), a partir de 65 (sessenta e cinco) anos, ao mínimo, no valor das passagens para as pessoas idosas
benefício mensal de 1 (um) salário mínimo (benefício que excederem as vagas gratuitas com renda igual ou
de prestação continuada, estabelecido na Lei Orgâni- inferior a 2 salários-mínimos, nos termos do art. 40.
ca da Assistência Social, BPC/LOAS). O art. 41, do Estatuto, também assegura, ao ido-
Os arts. 37 e 38 tratam do direito à habitação, ou so, a reserva de 5% das vagas nos estacionamentos
seja, à moradia digna em família, natural ou substi- públicos e privados, posicionadas de forma a garan-
tuta, desacompanhado (quando a pessoa idosa assim tir melhor comodidade à pessoa idosa, nos termos de
desejar) ou, ainda, em instituição pública ou privada. legislação local, além de prioridade à segurança nos
9
Além disso, de acordo com os mesmos dispositi- procedimentos de embarque e desembarque nos veí-
-9
vos, a pessoa idosa goza de prioridade na aquisição de culos do sistema de transporte coletivo.
96
moradia própria nos programas habitacionais (públi- Para ajudar na assimilação do tema, organizamos
.3
cos ou subsidiados com recursos públicos). Vejamos: essa parte do conteúdo em tópicos:
93
.0
06
goza de prioridade na aquisição de imóvel para Gratuidade dos transportes coletivos públicos
a
urbanos e semiurbanos;
Si
I - reserva de pelo menos 3% (três por cento) das Reserva de 10% dos assentos nos transportes
unidades habitacionais residenciais para atendi-
da
coletivos.
mento às pessoas idosas;
io
nísticas, para garantia de acessibilidade à pessoa Legislação local disporá sobre as condições para
ri
idosa;
IV - critérios de financiamento compatíveis com os
rendimentos de aposentadoria e pensão. z Estacionamentos públicos e privados:
Por fim, os arts. 39 e 42 tratam do direito ao trans- Reserva de 5% (cinco por cento) das vagas, as
porte. O Estatuto assegura a gratuidade dos trans- quais deverão ser posicionadas de forma a
portes coletivos públicos urbanos e semiurbanos, garantir a melhor comodidade ao idoso.
exceto nos serviços seletivos e especiais prestados
paralelamente aos serviços regulares aos maiores de z Transporte coletivo interestadual:
65 anos. Para o acesso, de acordo com os dispositivos,
basta apresentar qualquer documento pessoal que Legislação local disporá sobre as condições para
faça prova de sua idade. Vejamos: exercício da gratuidade nos meios de transporte;
Desconto de 50%, no mínimo, no valor das pas-
Art. 39 Aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos sagens para os idosos que excederem as vagas
fica assegurada a gratuidade dos transportes cole- gratuitas, com renda igual ou inferior a 2 (dois)
tivos públicos urbanos e semi-urbanos, exceto nos salários-mínimos. 197
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
As medidas de proteção, disciplinadas nos arts.
43 ao 68, do Estatuto, tratam dos meios aplicáveis INFRAÇÕES
sempre que os direitos dos idosos sofrerem ameaça/ ADMINISTRATIVAS
violação por ação/omissão da sociedade ou do Estado,
Art. 56 Art. 57 Art. 58
falta, omissão ou abuso da família, curador ou entida-
de de atendimento ou, ainda, em razão de sua condi-
ção pessoal. Art. 56 Deixar a entidade de atendimento de cum-
Caso ocorra ameaça ou violação, cabe ao Minis- prir as determinações do art. 50 desta Lei:
tério Público ou ao Poder Judiciário, a requerimento Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$
daquele, determinar algumas medidas, entre as quais 3.000,00 (três mil reais), se o fato não for caracte-
se destacam: rizado como crime, podendo haver a interdição do
estabelecimento até que sejam cumpridas as exi-
Art. 45 […] gências legais.
I - encaminhamento à família ou curador, mediante Parágrafo único. No caso de interdição do estabe-
termo de responsabilidade; lecimento de longa permanência, as pessoas idosas
II - orientação, apoio e acompanhamento temporários; abrigadas serão transferidas para outra institui-
III - requisição para tratamento de sua saúde, em ção, a expensas do estabelecimento interditado,
regime ambulatorial, hospitalar ou domiciliar; enquanto durar a interdição.
IV – inclusão em programa oficial ou comunitá-
rio de auxílio, orientação e tratamento a usuários A primeira infração está prevista no art. 56 e guar-
dependentes de drogas lícitas ou ilícitas, à própria da relação com o descumprimento das seguintes obri-
pessoa idosa ou à pessoa de sua convivência que gações pelas entidades de atendimento:
lhe cause perturbação;
V - abrigo em entidade; Art. 50 Constituem obrigações das entidades de
VI - abrigo temporário. atendimento:
I - celebrar contrato escrito de prestação de serviço
O Estatuto dispõe acerca das medidas específicas com a pessoa idosa, especificando o tipo de aten-
de proteção, que podem ser aplicadas, isolada ou dimento, as obrigações da entidade e prestações
cumulativamente, levando ‘’em conta os fins sociais a decorrentes do contrato, com os respectivos preços,
que se destinam e o fortalecimento dos vínculos fami- se for o caso;
liares e comunitários’’ (art. 44). II - observar os direitos e as garantias de que são
No que se refere à política de atendimento à pes- titulares as pessoas idosas;
soa idosa, de acordo com o art. 46, esta será feita por III - fornecer vestuário adequado, se for pública, e
meio do conjunto articulado de ações governamentais alimentação suficiente;
e não governamentais dos entes federativos (União, IV - oferecer instalações físicas em condições ade-
estados, Distrito Federal e municípios), tendo em vista quadas de habitabilidade;
as seguintes linhas de atendimento: V - oferecer atendimento personalizado;
9
VI - diligenciar no sentido da preservação dos vín-
-9
I - políticas sociais básicas, previstas na Lei nº VII - oferecer acomodações apropriadas para rece-
.3
93
infectocontagiosas;
dos direitos das pessoas idosas;
O
participação dos diversos segmentos da sociedade exercício da cidadania àqueles que não os tiverem
no atendimento da pessoa idosa.
na forma da lei;
XIV - fornecer comprovante de depósito dos bens
De acordo com o art. 48, assim como as políticas de móveis que receberem das pessoas idosas;
atendimento, as entidades de atendimento, responsá- XV - manter arquivo de anotações no qual cons-
veis pela manutenção das próprias unidades, deverão tem data e circunstâncias do atendimento, nome
observar as normas de planejamento e execução da Lei da pessoa idosa, responsável, parentes, endere-
nº 8.842, de 1994 (Política Nacional da Pessoa Idosa). ços, cidade, relação de seus pertences, bem como o
Cumpre mencionar que as entidades governamen- valor de contribuições, e suas alterações, se houver,
tais e não governamentais de atendimento ao idoso e demais dados que possibilitem sua identificação e
serão fiscalizadas pelos Conselhos da Pessoa Idosa, a individualização do atendimento;
Ministério Público, Vigilância Sanitária e outros pre- XVI - comunicar ao Ministério Público, para as pro-
vistos em lei (parágrafo único, art. 48). vidências cabíveis, a situação de abandono moral
Para efetivação da proteção, o Estatuto da Pessoa ou material por parte dos familiares;
Idosa estabelece 3 infrações administrativas. Obser- XVII - manter no quadro de pessoal profissionais
198 vemos o fluxograma abaixo. com formação específica.
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Importante!
Se a entidade descumprir as determinações que constam no art. 50, ficará sujeita à pena de multa. Se o
fato constituir em crime, pode haver, ainda, a interdição do estabelecimento até que sejam cumpridas
as exigências legais. Nesse caso, os idosos serão transferidos para outra instituição (os custos serão
arcados pelo estabelecimento interditado).
A segunda infração encontra-se determinada no art. 57 e refere-se ao fato de o profissional de saúde (ou o
responsável por estabelecimento de saúde ou instituição de longa permanência) ter deixado de comunicar, à
autoridade competente, os casos conhecidos de crimes contra idoso. Trata-se de uma infração com pena de multa,
aplicada em dobro no caso de reincidência. Vejamos:
Art. 57 Deixar o profissional de saúde ou o responsável por estabelecimento de saúde ou instituição de longa per-
manência de comunicar à autoridade competente os casos de crimes contra pessoa idosa de que tiver conhecimento:
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais), aplicada em dobro no caso de reincidência.
O art. 58, do Estatuto, traz a terceira e última infração, que ocorre quando se deixa de cumprir as determina-
ções do Estatuto sobre a prioridade no atendimento ao idoso. Esta infração é punida com pena de multa e multa
civil a ser estipulada pelo juiz, conforme o dano sofrido pelo idoso. Nos termos:
Art. 58 Deixar de cumprir as determinações desta Lei sobre a prioridade no atendimento à pessoa idosa:
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 1.000,00 (mil reais) e multa civil a ser estipulada pelo juiz, conforme o
dano sofrido pela pessoa idosa.
As regras atinentes à apuração administrativa de infração às normas de proteção ao idoso estão discipli-
nadas nos arts. 59 a 63, do Estatuto. Nesta parte, são estabelecidas atualizações monetárias anuais dos valores
das multas e o procedimento para a imposição de penalidade administrativa por infração às normas de proteção
ao idoso, tendo início com requisição do Ministério Público ou auto de infração, elaborado por servidor efetivo e
assinado por duas testemunhas (se possível) (art. 60).
O procedimento de apuração tem início com o auto de infração, que deverá ser lavrado dentro de 24 horas da
verificação da infração, salvo motivo justificado. Após a lavratura do auto, o autuado terá prazo de 10 dias, conta-
do da data da intimação, para a apresentação da defesa. De acordo com o art. 64, para a sua apuração, aplicam-se,
subsidiariamente, as disposições das Leis nº 6.437, de 1977, e nº 9.784, de 1999.
Vejamos o fluxograma abaixo.
9
-9
24 horas da infração
.0
06
-1
Por fim, o procedimento de apuração judicial da irregularidade, quer em entidade governamental, quer em
entidade não governamental de atendimento ao idoso, iniciará mediante petição fundamentada de pessoa inte-
a
lv
ressada ou iniciativa do Ministério Público (art. 65). É cabível a liminar para afastamento provisório do dirigente
Si
da entidade ou outras medidas julgadas adequadas para evitar lesão aos direitos do idoso, mediante decisão fun-
da
O dirigente da entidade deverá ser citado para oferecer resposta escrita no prazo de 10 dias, podendo, inclu-
v
sive, juntar documentos e indicar as provas a produzir (art. 67). Após a apresentação da defesa, o juiz designará
tá
audiência de instrução e julgamento e deliberará sobre a necessidade de produção de outras provas (art. 68). As
O
audiência. Caso ocorra o afastamento provisório ou definitivo de dirigente de entidade governamental, o juiz
oficiará a autoridade administrativa imediatamente superior ao afastado, dando-lhe prazo de 24 horas para pro-
ceder à substituição (§§ 1º e 2º, art. 68).
No que se refere à parte atinente ao Acesso à Justiça, o Estatuto estabelece que se aplique, subsidia-
riamente, o procedimento sumário, previsto no Código de Processo Civil, naquilo que não contrarie os prazos
previstos no Estatuto (art. 69). A Lei assegura, ainda, prioridade na tramitação dos processos e procedimentos e
na execução dos atos e diligências judiciais em que figure, como parte ou interveniente, pessoa com idade igual
ou superior a 60 anos, em qualquer instância (art. 71). Caso o idoso possua mais de oitenta anos, a ele será dada
prioridade especial (§ 5º, art. 71).
Dica
A prioridade de tramitação não encerra com a morte do idoso, estendendo-se em favor do cônjuge ou companhei-
ro(a) maior de 60 anos.
199
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CRIMES
O Estatuto disciplina os crimes contra os idosos nos arts. 96 a 108. Antes, porém, estabelece três regras impor-
tantes de interpretação, explicitadas na tabela abaixo:
Embora o Estatuto da Pessoa Idosa estabeleça o rito sumaríssimo do juizado aos crimes cuja pena máxima
privativa de liberdade não exceda 4 anos, a transação penal, medida despenalizadora, só é cabível aos crimes de
menor potencial ofensivo, ou seja, cuja pena máxima não ultrapasse 2 anos.
Lembre-se: entende-se por transação penal o acordo realizado entre o acusado (autor do fato) e o Ministério Públi-
co por meio do qual o último submete o primeiro ao cumprimento de determinada medida alternativa com o objetivo
de evitar a instauração de um processo, sem, contudo, ocorrer a admissão de culpa.
Os arts. 181 e 182, do Código Penal, tratam de hipóteses de imunidade absoluta (art. 181) e relativa (art. 182).
Vejamos:
Código Penal
Art. 181 É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo:
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.
Art. 182 Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo:
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
De acordo com o art. 95, do Estatuto, qualquer crime praticado contra o idoso (de caráter patrimonial ou não,
com ou sem violência ou grave ameaça) é de ação pública incondicionada.
À vista disso, salienta-se, por necessário, que o próprio art. 183, do Código Penal, já trazia a previsão do art. 95,
do Estatuto, de forma expressa, ou seja, vedava a aplicação da imunidade trazida pelos arts. 181 e 182, do Código
9
-9
Penal, quando o ‘’crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos’’.
96
Voltando ao Estatuto da Pessoa Idosa, vamos, agora, ao estudo dos crimes em espécie:
.3
93
Art. 96 Discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando seu acesso a operações bancárias, aos meios de
.0
transporte, ao direito de contratar ou por qualquer outro meio ou instrumento necessário ao exercício da cidadania,
06
Um ponto importante, nesse dispositivo, diz respeito ao conceito de discriminar. No Estatuto, entende-se
Si
como discriminação toda distinção, exclusão ou restrição baseada na idade da vítima do delito. No caso do art.
da
96, acima exposto, o agente (autor do fato) cria empecilhos (dificulta ou impede) seu acesso a operações bancárias,
io
Cumpre esclarecer que a expressão “meios de transporte”, trazida pelo Estatuto, é bem ampla, uma vez que
tá
envolve todos os meios de transporte aéreos, terrestres, marítimos, sejam eles individuais ou coletivos, públicos
O
ou privados. A definição do “direito de contratar”, por sua vez, refere-se à faculdade legal de celebração dos negó-
ri
A
cios jurídicos. A expressão “exercício da cidadania”, por último, guarda relação com tudo aquilo ligado ao status
de indivíduo, ou seja, ao pleno gozo dos direitos políticos e civis.
O crime tipificado no art. 96, do Estatuto, é um crime comum, isto é, que pode ser praticado por qualquer
pessoa, não exigindo qualidade especial do autor do delito. Porém, exige-se que a prática do crime seja motivada
pela idade (dolo em razão da idade).
§ 1º Na mesma pena incorre quem desdenhar, humilhar, menosprezar ou discriminar pessoa idosa, por qualquer
motivo.
O parágrafo primeiro apresenta uma conduta equiparada à discriminação. Trata-se do tratamento de desdém,
menosprezo ou humilhação contra a pessoa idosa por quaisquer outros motivos que não os disciplinados no caput
(quais sejam: acesso a operações bancárias, aos meios de transporte, ao direito de contratar ou ao exercício de
sua cidadania).
§ 2º A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se a vítima se encontrar sob os cuidados ou responsabilidade do
200 agente.
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O parágrafo segundo afirma que, nos casos em que risco pessoal. Este pode ser cometido de três formas
o agente de uma das condutas elencadas for o respon- distintas:
sável (legal ou não) pelo idoso que sofreu a discrimi-
nação, a pena será aumentada. Portanto, o aumento z A primeira refere-se à conduta omissa quando o
de 1/3 da pena decorre da proximidade e do dever de idoso está em iminente perigo, isto é, o perigo que
cuidado para com a pessoa idosa. São considerados está prestes a ocorrer;
responsáveis: z A segunda forma ocorre quando o agente recusa,
retarda ou dificulta, sem justa causa, a assistên-
z filhos; cia à saúde do idoso, sem que exista qualquer tipo
z netos; de impedimento;
z curadores; z A terceira forma de incriminação é a conduta de
z cuidadores; não pedir socorro à autoridade pública.
z entre outros.
Atenção: o fato de o agente não prestar assistência
Dica ao idoso devido ao risco a sua integridade não o exi-
me de pedir socorro a uma autoridade competente.
Embora a conduta do parágrafo segundo seja Cabe mencionar que, considerando a pena máxima
mais reprovável do que as anteriores, a esta cabível, trata-se de uma infração de menor potencial
também são aplicadas as medidas despenaliza- ofensivo e, portanto, sujeita às medidas despenaliza-
doras da Lei nº 9.099, de 1995, uma vez que se doras da Lei nº 9.099, de 1995.
trata de uma infração de menor potencial ofensi-
vo (pena máxima inferior a dois anos). Parágrafo único. A pena é aumentada de metade,
se da omissão resulta lesão corporal de natureza
É de suma importância ressaltar as recentes alterações grave, e triplicada, se resulta a morte.
realizadas, no Estatuto, pela Lei nº 14.181, de 2021,
conhecida por Lei do Superendividamento. Esta lei O parágrafo único traz uma hipótese de causa de
alterou dispositivos do Estatuto da Pessoa Idosa (Lei aumento de pena devido ao resultado. No caso de a
nº 10.741, de 2003) e do Código de Defesa do Consu- omissão resultar lesão corporal grave, a pena será
midor (Lei nº 8.078, de 1990), objetivando melhor aumentada de metade. Caso resulte em morte, ela
disciplinar a sistemática de crédito ao consumidor e, será triplicada.
também, dispor sobre a prevenção e o tratamento do Observe o que os parágrafos 1º e 2º, do art. 129, do
superendividamento. Código Penal, dispõem sobre a lesão corporal de natu-
Veja o que dispõe o § 3º, do art. 96, do Estatuto: reza grave (sentido amplo):
§ 3º Não constitui crime a negativa de crédito z Lesão corporal grave em sentido estrito:
motivada por superendividamento da pessoa idosa.
Art. 129 […]
9
-9
como crime, entre outras condutas, impedir ou dificultar I - incapacidade para as ocupações habituais, por
.3
II - perigo de vida;
por exemplo, negar um empréstimo a uma pessoa pelo
.0
função;
Antes da alteração, muitas instituições financeiras
-1
IV - aceleração de parto:
acabavam por conceder empréstimos para idosos já Pena - reclusão, de um a cinco anos.
a
com receio de serem penalizadas por negar o crédito. z Lesão corporal gravíssima:
A inclusão do § 3º traz segurança para que as insti-
da
Art. 97 Deixar de prestar assistência à pessoa De volta aos artigos do Estatuto, observe o art. 98:
idosa, quando possível fazê-lo sem risco pessoal,
em situação de iminente perigo, ou recusar, retar- Art. 98 Abandonar a pessoa idosa em hospitais,
dar ou dificultar sua assistência à saúde, sem jus- casas de saúde, entidades de longa permanência,
ta causa, ou não pedir, nesses casos, o socorro de ou congêneres, ou não prover suas necessidades
autoridade pública: básicas, quando obrigado por lei ou mandado:
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e Pena – detenção de 6 (seis) meses a 3 (três) anos e
multa. multa.
O crime do art. 97, do Estatuto, é um crime prati- O art. 98 traz uma modalidade de crime pró-
cado por omissão: deixar de prestar assistência quan- prio, ou seja, aquele que somente será cometido por
do se tem a possibilidade de fazê-lo sem qualquer quem possui dever de cuidado (obrigação legal ou 201
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convencional), como no caso de filho que abandona a Art. 101 Deixar de cumprir, retardar ou frus-
mãe, privando-a do convívio familiar, de carinho ou trar, sem justo motivo, a execução de ordem
de afeto. Como a pena máxima excede dois anos, não judicial expedida nas ações em que for parte ou
caberá transação penal, mas é cabível a suspensão interveniente a pessoa idosa:
condicional do processo1, já que a pena mínima não Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e
ultrapassa 1 ano. multa.
Art. 99 Expor a perigo a integridade e a saúde, O crime do art. 101 refere-se ao descumprimento
física ou psíquica, da pessoa idosa, submetendo-a da execução de ordem judicial expedida nas ações
a condições desumanas ou degradantes ou privan- em que for parte ou interveniente o idoso, ou seja,
do-a de alimentos e cuidados indispensáveis, quan- qualquer tipo de ação que tenha, como parte ou inter-
do obrigado a fazê-lo, ou sujeitando-a a trabalho veniente, a pessoa idosa. Este se trata, também, de cri-
excessivo ou inadequado: me próprio e sujeito às medidas despenalizadoras, por
Pena – detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano e ser uma infração de menor potencial ofensivo.
multa.
Art. 102 Apropriar-se de ou desviar bens, pro-
O crime do art. 99 também é próprio, ou seja, o ventos, pensão ou qualquer outro rendimento da
acusado necessita ter um vínculo de cuidado com o pessoa idosa, dando-lhes aplicação diversa da de
idoso. A exposição a perigo deve ser concreta, ou sua finalidade:
seja, é preciso provar que o idoso ficou, efetivamente, Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa.
exposto a uma situação de perigo. Trata-se, também,
de infração de menor potencial ofensivo, sendo cabí- O crime tipificado no art. 102 pode ser praticado
vel aplicação das medidas despenalizadoras previstas de dois modos: apropriação ou desvio. Entende-se
na Lei nº 9.099, de 1995. por apropriação qualquer situação na qual o agente
trate coisa alheia como se fosse sua, ou seja, apode-
§ 1º Se do fato resulta lesão corporal de natureza ra-se de bem, proventos, pensões, benefícios ou qual-
grave: quer outro rendimento do idoso. Nos casos de desvio,
Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos. o agente dá um destino diferente a bem, proventos,
pensões, benefícios ou qualquer outro rendimento da
O parágrafo primeiro traz uma hipótese de crime pessoa idosa. As duas condutas são punidas com pena
qualificado pelo resultado, de modo a alterar o pata- de reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos. Trata-se de
mar da pena. No caso de o fato resultar lesão corporal crime comum e, devido à pena mínima ser inferior a
grave, a pena será reclusão de 1 a 4 anos. um ano, cabe suspensão do processo.
pena será reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos. O art. 103 apresenta, como crime, negar a esta-
.3
Art. 100 Constitui crime punível com reclusão de 6 recusado a outorgar procuração para que a entidade
.0
público por motivo de idade; comum e infração de menor potencial ofensivo, sujei-
a
II - negar a alguém, por motivo de idade, emprego to, portanto, às medidas despenalizadoras.
lv
ou trabalho;
Si
III - recusar, retardar ou dificultar atendimen- Art. 104 Reter o cartão magnético de conta ban-
da
to ou deixar de prestar assistência à saúde, sem cária relativa a benefícios, proventos ou pensão da
io
justa causa, a pessoa idosa; pessoa idosa, bem como qualquer outro documento
v
expedida na ação civil a que alude esta Lei; Pena – detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e
ri
A
1 Devido à pena da infração penal, ao oferecer a denúncia, poderá o Ministério Público propor a suspensão do processo por até 4 (quatro) anos,
no caso de o acusado não possuir outro processo criminal ou de não ter sido condenado por outros crimes, propondo o cumprimento de determi-
202 nadas condições em troca do benefício.
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
O crime do art. 105 atinge a honra do idoso, inde- ênfase na relação da pessoa com deficiência e do meio
pendentemente de este se sentir ofendido ou violado. em que ela está inserida.
Trata-se de crime comum ao qual, devido à pena míni- Até mesmo a forma de se referir a estas pessoas é
ma, caberá suspensão condicional do processo. fruto de uma construção histórica. A partir de 1993,
a nomenclatura mudou para portadores de necessi-
Art. 106 Induzir pessoa idosa sem discernimen- dades especiais, pessoas com necessidades especiais,
to de seus atos a outorgar procuração para fins de pessoas especiais, portadores de direitos especiais ou
administração de bens ou deles dispor livremente: pessoas com deficiência.
Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. Como consequência dessas mudanças no modo de
ver/encarar a pessoa com deficiência, surgiu o dever
O crime do art. 106, do Estatuto, exige um especial de eliminar os obstáculos que pudessem impedir o
fim de agir, ou seja, o agente tem a finalidade adminis- pleno exercício de seus direitos, de modo a possibili-
trar ou dispor livremente dos bens do idoso. tar o desenvolvimento de suas potencialidades, com
autonomia e participação.
Art. 107 Coagir, de qualquer modo, a pessoa Neste contexto, iniciou-se um sistema de proteção
idosa a doar, contratar, testar ou outorgar internacional, exigindo dos Estados um tratamento
procuração: especializado para proteção aos direitos das pessoas
Pena – reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. com deficiência. Entre os instrumentos de proteção
realizados, encontra-se a Convenção sobre os Direi-
O art. 107 tipifica a conduta de coação em que a tos das Pessoas com Deficiência de 2006. O texto desta
vítima é pessoa idosa e o agente a coage a doar, con- convenção foi assinado no ano de 2007 e incorporado
tratar, testar ou outorgar procuração. Trata-se de cri- ao ordenamento jurídico brasileiro no ano de 2009
me comum. pelo Decreto nº 6.949.
A importância do Decreto nº 6.949, de 2009 é imen-
Art. 108 Lavrar ato notarial que envolva pessoa sa, uma vez que ele foi o primeiro tratado internacio-
idosa sem discernimento de seus atos, sem a nal de direitos humanos a adotar a norma do artigo
devida representação legal: 5º, § 3º, da Constituição Federal, ou seja, a seguir o
Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. mesmo rito de aprovação cabível para as emendas
constitucionais (aprovação em cada Casa do Congres-
O crime do art. 108 trata de pessoa idosa sem dis- so Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos
cernimento para a prática de seus atos, cuja conduta dos respectivos membros).
(lavratura de ato notarial) é realizada sem o repre- Como resultado, tal decreto passou a ter status de
sentante legal. Trata-se de crime próprio (praticado norma constitucional (mesmo valor normativo das
somente pela pessoa responsável pela lavratura do normas colocadas na Constituição Federal mesmo
ato no cartório). sem fazer parte dela). Por esta razão, o Brasil necessi-
Cumpre mencionar, por fim, que o art. 109, do Esta- tou promover alterações legislativas para “assegurar e
promover o pleno exercício de todos os direitos huma-
9
tuto, embora não esteja disciplinado na parte relativa
-9
aos crimes, trata do crime de atentado ou empreendi- nos e liberdades fundamentais por todas as pessoas
96
mento, que ocorre quando o agente impede ou emba- com deficiência”, em conformidade com o item 1 da
.3
Convenção.
-1
COM DEFICIÊNCIA – LEI Nº 13.146, DE tificar as ideias mais importantes da legislação, uma
da
A proteção dos direitos das pessoas com deficiên- do, para tanto, a necessidade de decorá-los. Consi-
O
z Acessibilidade;
z Desenho universal;
Parte Geral z Tecnologia assistiva ou ajuda técnica;
Parte Especial
Princípios e direitos z Barreiras;
Meio de proteção z Comunicação;
fundamentais
z Adaptações razoáveis;
z Elemento de urbanização;
Iniciando pela parte geral, os artigos de 1º a 3º z Mobiliário urbano;
da mencionada Lei introduzem o tema, estabelecen- z Pessoa com mobilidade reduzida;
do suas disposições gerais. De acordo com o artigo z Residências inclusivas;
1º, o objetivo da legislação é assegurar e promover o z Moradia para a vida independente da pessoa com
exercício dos direitos e das liberdades fundamentais deficiência;
da pessoa com deficiência em iguais condições com z Atendente pessoal; profissional de apoio escolar;
os demais, de modo a garantir sua inclusão social e z Acompanhante.
cidadania. Seu parágrafo único deixa claro que a Lei
nº 13.146, de 2015 decorre da Convenção (juntamente Art. 3° [...]
com seus protocolos), sendo incorporada no ordena- I - Acessibilidade: possibilidade e condição de
mento jurídico brasileiro com status de Emenda Cons- alcance para utilização, com segurança e autono-
titucional, conforme explanado. mia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos,
O artigo 2º preocupou-se em dar o conceito de pes- edificações, transportes, informação e comunicação,
soa com deficiência. Em termos gerais, considera-se inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de
pessoa com deficiência aquela que possui impedi- outros serviços e instalações abertos ao público, de
mento de longo prazo, sendo este de natureza física, uso público ou privados de uso coletivo, tanto na
zona urbana como na rural, por pessoa com defi-
mental, intelectual ou sensorial, que pode, de algu-
ciência ou com mobilidade reduzida.
ma forma, causar barreiras ou obstruir sua partici-
pação plena e efetiva na sociedade em igualdades
Observe que a palavra-chave para entender o con-
de condições com as demais pessoas.
ceito de acessibilidade é autonomia (direito de circu-
lar com autonomia em espaços públicos e privados
z Pessoa com Deficiência de uso coletivo, bem como o direito de ter autonomia
para utilizar a tecnologia).
Impedimento de longo prazo;
Natureza física, mental, intelectual ou sensorial; Art. 3° [...]
Causar barreiras ou obstruir sua participação II - Desenho universal: concepção de produtos,
plena e efetiva na sociedade em igualdades de
9
ambientes, programas e serviços a serem usados
-9
condições com as demais pessoas. por todas as pessoas, sem necessidade de adapta-
96
deve ser procedida a avaliação para caracterizar Refere-se ao fato de que o produto ou serviço deve
06
essas pessoas. O parágrafo primeiro estabelece que ser utilizado por todas as pessoas, independentemen-
-1
a avaliação será realizada por uma equipe multipro- te de ter ou não alguma deficiência.
a
Art. 3° [...]
Si
z Os impedimentos nas funções e nas estruturas do deficiência ou com mobilidade reduzida, visando à
ri
VI - Adaptações razoáveis: adaptações, modifi- as atividades escolares nas quais se fizer necessá-
93
cações e ajustes necessários e adequados que não ria, em todos os níveis e modalidades de ensino, em
.0
acarretem ônus desproporcional e indevido, quan- instituições públicas e privadas, excluídas as técni-
06
fundamentais.
nhar as funções de atendente pessoal.
VII - Elemento de urbanização: quaisquer compo-
da
negligência, discriminação, exploração, violência, tor- itens relativos ao atendimento prioritário são exten-
96
tura, crueldade, opressão e tratamento desumano ou sivos ao acompanhante da pessoa com deficiência
.3
degradante. Seu parágrafo único traz um importante ou ao seu atendente pessoal. Como consequência,
93
Importante é, também, o artigo 6º da Lei, que con- Os arts. 10 ao 78 traçam os direitos das pessoas com
da
cedeu às pessoas com deficiência plena capacidade deficiência. São eles que estudaremos neste momento.
para o exercício de seus direitos, inclusive para: Veja-os a seguir:
vio
tá
é um direito da pessoa com deficiência. arts. 18 a 26. Trata-se de um direito universal, pois
96
Parágrafo único. O processo de habilitação e de estabelece garantias às pessoas de modo geral, estan-
.3
reabilitação tem por objetivo o desenvolvimento do, também, arrolado na Constituição Federal como
93
físicas, cognitivas, sensoriais, psicossociais, atitudi- Salienta-se que o direito à saúde da pessoa com
06
nais, profissionais e artísticas que contribuam para deficiência contempla o acesso a um atendimento
-1
a conquista da autonomia da pessoa com deficiên- integral, ou seja, em todos os níveis de complexidade,
cia e de sua participação social em igualdade de seja de caráter preventivo ou para fins de tratamento,
a
lv
condições e oportunidades com as demais pessoas. sem qualquer discriminação ou custos adicionais, com
Si
Art. 15 O processo mencionado no art. 14 desta Lei direito ao acompanhante, em ambientes acessíveis,
da
baseia-se em avaliação multidisciplinar das neces- sem se submeter a qualquer tipo de discriminação ou
sidades, habilidades e potencialidades de cada pes-
io
saudáveis, vigilância alimentar e nutricional, pre- e de modo satisfatório, as pessoas com deficiência. O
96
venção e cuidado integral dos agravos relacionados objetivo desse sistema inclusivo é evitar a segregação
.3
à alimentação e nutrição da mulher e da criança; dessas pessoas, a fim de superar as dificuldades que
93
III - aprimoramento e expansão dos programas de advenham dessa condição e favorecer a sua integra-
.0
risco.
Dica
a
de saúde são obrigadas a garantir à pessoa com É a escola que deve se adaptar ao aluno, bus-
Si
deficiência, no mínimo, todos os serviços e produ- cando compreender suas necessidades e carac-
da
saúde da pessoa com deficiência no local de resi- Art. 27 A educação constitui direito da pessoa com
tá
dência, será prestado atendimento fora de domi- deficiência, assegurados sistema educacional inclusi-
O
cílio, para fins de diagnóstico e de tratamento, vo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda
ri
para o atendimento educacional especializado, de tas, discursivas ou de redação que considerem a sin-
93
tradutores e intérpretes da Libras, de guias intér- gularidade linguística da pessoa com deficiência, no
.0
ções em Libras.
de uso de recursos de tecnologia assistiva, de forma
a
de nível superior e de educação profissional técnica ciência. Trata-se de um direito contemplado na Decla-
O
deficiência nos respectivos campos de conhecimento; Poder Público sua promoção e efetiva concretização.
A
Como consequência, permite-se que a pessoa com da Proteção Social Básica e da Proteção Social
.3
deficiência tenha efetiva liberdade de escolha quanto Especial, ofertados pelo Suas, para a garantia de
93
Art. 34 A pessoa com deficiência tem direito ao tra- dos à pessoa com deficiência em situação de
lv
balho de sua livre escolha e aceitação, em ambiente dependência deverão contar com cuidadores
Si
§ 1º As pessoas jurídicas de direito público, privado Art. 40 É assegurado à pessoa com deficiência que
v
ou de qualquer natureza são obrigadas a garantir não possua meios para prover sua subsistência
tá
ambientes de trabalho acessíveis e inclusivos. nem de tê-la provida por sua família o benefício
O
§ 2º A pessoa com deficiência tem direito, em igual- mensal de 1 (um) salário-mínimo, nos termos da
ri
A
II - assegurar acessibilidade nos locais de eventos grantes desses serviços os veículos, os terminais, as
96
e nos serviços prestados por pessoa ou entidade estações, os pontos de parada, o sistema viário e a
.3
livres e assentos para a pessoa com deficiência, de coletivo de passageiros dependem da certificação
io
acordo com a capacidade de lotação da edificação, de acessibilidade emitida pelo gestor público res-
v
§ 1º Os espaços e assentos a que se refere este arti- Art. 47 Em todas as áreas de estacionamento aberto
O
diversos, de boa visibilidade, em todos os setores, e em vias públicas, devem ser reservadas vagas pró-
A
próximos aos corredores, devidamente sinalizados, ximas aos acessos de circulação de pedestres, devi-
evitando-se áreas segregadas de público e obstru- damente sinalizadas, para veículos que transportem
ção das saídas, em conformidade com as normas pessoa com deficiência com comprometimento de
de acessibilidade. mobilidade, desde que devidamente identificados.
§ 2º No caso de não haver comprovada procura § 1º As vagas a que se refere o caput deste artigo
pelos assentos reservados, esses podem, excepcio- devem equivaler a 2% (dois por cento) do total, garan-
nalmente, ser ocupados por pessoas sem deficiência
tida, no mínimo, 1 (uma) vaga devidamente sinalizada
ou que não tenham mobilidade reduzida, observa-
e com as especificações de desenho e traçado de acordo
do o disposto em regulamento.
§ 3º Os espaços e assentos a que se refere este arti- com as normas técnicas vigentes de acessibilidade.
go devem situar-se em locais que garantam a aco- § 2º Os veículos estacionados nas vagas reservadas
modação de, no mínimo, 1 (um) acompanhante da devem exibir, em local de ampla visibilidade, a cre-
pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzi- dencial de beneficiário, a ser confeccionada e for-
da, resguardado o direito de se acomodar proxima- necida pelos órgãos de trânsito, que disciplinarão
mente a grupo familiar e comunitário. suas características e condições de uso.
§ 4º Nos locais referidos no caput deste artigo, deve § 3º A utilização indevida das vagas de que trata este
haver, obrigatoriamente, rotas de fuga e saídas de artigo sujeita os infratores às sanções previstas no 211
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
inciso XX do art. 181 da Lei nº 9.503, de 23 de setem- de veículos de transporte coletivo, a prestação do
bro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro) . respectivo serviço e a execução de qualquer tipo de
§ 4º A credencial a que se refere o § 2º deste artigo é obra, quando tenham destinação pública ou coletiva;
vinculada à pessoa com deficiência que possui com- II - a outorga ou a renovação de concessão, permissão,
prometimento de mobilidade e é válida em todo o autorização ou habilitação de qualquer natureza;
território nacional. III - a aprovação de financiamento de projeto com
Art. 48 Os veículos de transporte coletivo terrestre, utilização de recursos públicos, por meio de renún-
aquaviário e aéreo, as instalações, as estações, os cia ou de incentivo fiscal, contrato, convênio ou ins-
portos e os terminais em operação no País devem trumento congênere; e
ser acessíveis, de forma a garantir o seu uso por IV - a concessão de aval da União para obtenção de
todas as pessoas. empréstimo e de financiamento internacionais por
§ 1º Os veículos e as estruturas de que trata o caput entes públicos ou privados.
deste artigo devem dispor de sistema de comunica- Art. 55 A concepção e a implantação de projetos
ção acessível que disponibilize informações sobre que tratem do meio físico, de transporte, de infor-
todos os pontos do itinerário. mação e comunicação, inclusive de sistemas e tec-
§ 2º São asseguradas à pessoa com deficiência priori- nologias da informação e comunicação, e de outros
dade e segurança nos procedimentos de embarque e de serviços, equipamentos e instalações abertos ao
público, de uso público ou privado de uso coleti-
desembarque nos veículos de transporte coletivo, de
vo, tanto na zona urbana como na rural, devem
acordo com as normas técnicas.
atender aos princípios do desenho universal, tendo
§ 3º Para colocação do símbolo internacional de
como referência as normas de acessibilidade.
acesso nos veículos, as empresas de transporte
§ 1º O desenho universal será sempre tomado como
coletivo de passageiros dependem da certificação
regra de caráter geral.
de acessibilidade emitida pelo gestor público res-
§ 2º Nas hipóteses em que comprovadamente o
ponsável pela prestação do serviço. desenho universal não possa ser empreendido, deve
Art. 49 As empresas de transporte de fretamento e ser adotada adaptação razoável.
de turismo, na renovação de suas frotas, são obri- § 3º Caberá ao poder público promover a inclu-
gadas ao cumprimento do disposto nos arts. 46 e 48 são de conteúdos temáticos referentes ao desenho
desta Lei. (Vigência) universal nas diretrizes curriculares da educação
Art. 50 O poder público incentivará a fabricação de veí- profissional e tecnológica e do ensino superior e na
culos acessíveis e a sua utilização como táxis e vans, formação das carreiras de Estado.
de forma a garantir o seu uso por todas as pessoas. § 4º Os programas, os projetos e as linhas de pes-
Art. 51 As frotas de empresas de táxi devem reser- quisa a serem desenvolvidos com o apoio de orga-
var 10% (dez por cento) de seus veículos acessíveis nismos públicos de auxílio à pesquisa e de agências
à pessoa com deficiência. (Vide Decreto nº 9.762, de de fomento deverão incluir temas voltados para o
2019) (Vigência) desenho universal.
§ 1º É proibida a cobrança diferenciada de tarifas § 5º Desde a etapa de concepção, as políticas públicas
ou de valores adicionais pelo serviço de táxi presta- deverão considerar a adoção do desenho universal.
do à pessoa com deficiência. Art. 56 A construção, a reforma, a ampliação ou a
§ 2º O poder público é autorizado a instituir incentivos mudança de uso de edificações abertas ao público,
9
fiscais com vistas a possibilitar a acessibilidade dos de uso público ou privadas de uso coletivo deverão
-9
oferecer 1 (um) veículo adaptado para uso de pes- atividades de Engenharia, de Arquitetura e correla-
93
soa com deficiência, a cada conjunto de 20 (vinte) tas, ao anotarem a responsabilidade técnica de pro-
.0
veículos de sua frota. (Vide Decreto nº 9.762, de jetos, devem exigir a responsabilidade profissional
06
Parágrafo único. O veículo adaptado deverá ter, no dade previstas em legislação e em normas técnicas
a
II - planejamento contínuo e articulado entre os leitura com voz sintetizada, ampliação de caracte-
96
Art. 62 É assegurado à pessoa com deficiência, § 3º O poder público deve estimular e apoiar a
93
dispositivos cujo escopo é ampliar a ideia de acessibi- riscos à saúde e à segurança do consumidor com
v
de setembro de 1990 .
A
IV - eliminar ou reduzir a tributação da cadeia pro- Justiça, o reconhecimento igualitário perante a lei e
v
tá
V - facilitar e agilizar o processo de inclusão de ou infrações. No que tange ao acesso à Justiça, compe-
ri
criminação: Diferentemente da conduta de induzir, crime cometido por intermédio de meios de comu-
96
aqui, a pessoa instigada já tinha a intenção de dis- nicação social ou de publicação de qualquer nature-
.3
criminar, havendo apenas um reforço/encorajamen- za. Trata-se de medida para evitar a propagação da
93
to. Temos, também, dois agentes, um que reforça e discriminação, uma vez que, verificada a ocorrência
.0
Direta : praticar
Público ou a pedido deste, determinar o recolhimento
ART.88 – CONDUTAS
Indireta : induzir
io
Art. 88 [...]
v
tá
vida. Refere-se ao fato de o agente deixar de prestar Por fim, é importante mencionar que todos os cri-
96
assistência, mesmo quando possui o dever de cuidado mes disciplinados pela mencionada Lei são crimes de
.3
O crime do art. 91 pode ser praticado por duas ao Ministério Público promover a ação independente-
.0
tudo, Arthur pratica constantemente violência verbal será exigível assim que expirado o prazo estabelecido
96
contra o pai, já furtou dinheiro guardado na residência na decisão para o seu cumprimento, revertendo em
.3
procurou a Defensoria Pública da Paraíba buscando 7. (FCC — 2022) Consiste em causa de incapacidade total,
06
orientação jurídica e providências a respeito da situa- conforme alterações do Código Civil pela Lei Brasileira
-1
ção. O/a defensor/a público/a responsável pelo aten- de Inclusão – Estatuto da Pessoa com Deficiência,
dimento poderá
a
lv
a) os ébrios habituais.
Si
9. (FCC — 2016) A pessoa com deficiência recebeu um De acordo com a lei mencionada, o processo de habili-
novo estatuto que, dentro dos limites legais, destina-se tação e de reabilitação tem por objetivo:
a assegurar e a promover, em condições de igualdade,
o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais a) educar a pessoa com deficiência para que supere as
por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão limitações que a impedem de desenvolver um convívio
social e cidadania. Dentre as novidades introduzidas, social amplo, abrangente e profuso, de modo a produ-
destaca-se o entendimento que zir padrões avançados de socialidade;
b) o desenvolvimento de potencialidades, talentos, habilida-
a) para emissão de documentos oficiais será exigida a des e aptidões físicas, cognitivas, sensoriais, psicosso-
situação de curatela da pessoa com deficiência. ciais, atitudinais, profissionais e artísticas que contribuam
b) a pessoa com deficiência está obrigada à fruição de para a conquista da autonomia da pessoa com deficiên-
benefícios decorrentes de ação afirmativa. cia e de sua participação social em igualdade de condi-
c) a pessoa com deficiência poderá ser obrigada a se ções e oportunidades com as demais pessoas;
submeter à intervenção clínica ou cirúrgica, a trata- c) a implantação e o incremento de ações, programas e pro-
mento ou à institucionalização forçada, sempre com jetos voltados à recuperação da autoestima da pessoa
recomendação médica, independentemente de risco com deficiência, de modo que ela se sinta segura e apta
de morte ou emergência. ao exercício de seus direitos de forma plena;
d) a educação constitui direito da pessoa com defi- d) buscar a volta à condição normal existente anterior à
ciência, a ser exercido em escola especial e direcio- deficiência, recuperando plenamente as funcionalida-
nada, em um local que não se conviva deficientes e des físicas ou mentais;
não- deficientes. e) instituir um plano visual e de locomoção nas institui-
e) a deficiência não afeta a plena capacidade civil da pes- ções públicas e de acesso aberto ao público em geral,
soa, inclusive para casar-se, constituir união estável e tendo em vista a plena acessibilidade de todas as pes-
9
exercer direitos sexuais e reprodutivos.
-9
10. (FCC — 2012) O Estatuto da Pessoa com Deficiência, 12. (FCC — 2019) A respeito do acesso à informação e
93
como ficou conhecida a Lei nº 13.146/2015, repre- à comunicação da pessoa com deficiência, é corre-
.0
senta relevante instrumento para a consolidação da to afirmar que, segundo o Estatuto da Pessoa com
06
gração à vida social. A curatela passa, assim, a assu- cos federais para seu custeio ou sua instalação devem
Si
mir caráter excepcional, aplicada apenas quando e na possuir equipamentos e instalações acessíveis, não se
da
Sobre a matéria, é correto afirmar que: citação, exemplares de bulas, prospectos, textos ou
tá
13.146/2015, não se aplicam os impedimentos matri- c) considera-se barreira atitudinal formato não acessível
A
moniais às pessoas portadoras de deficiência mental; de arquivos digitais, ou seja, que não podem ser reco-
b) o casamento contraído pelo incapaz de consentir ou nhecidos e acessados por softwares leitores de telas
manifestar sua vontade, de modo inequívoco, é nulo ou outras tecnologias assistivas.
por ter assento em razões de ordem pública; d) por expressa disposição legal, cabe à iniciativa priva-
c) o curador, cônjuge do curatelado, tem o dever de pres- da incentivar a oferta de aparelhos de telefonia fixa e
tar contas da administração dos bens do curatelado, móvel com acessibilidade que permita a indicação e
qualquer que seja o regime de bens do casamento; ampliação sonoras de todas as operações e funções
d) a tomada de decisão apoiada introduzida pela Lei nº disponíveis.
13.146/2015 constitui um novo modelo jurídico de e) é obrigatória a acessibilidade nos sítios da internet
índole promocional das pessoas com deficiência, que mantidos por empresas com sede ou representação
reconhece a possibilidade de qualquer pessoa respon- comercial no País ou no exterior ou por órgãos de
sabilizar-se, de acordo com suas possibilidades, por governo, para uso da pessoa com deficiência.
seus atos. Por sua relevância, a medida pode ser insti-
tuída de ofício pelo juiz;
218
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13. (FCC — 2017) Considerando o disposto na Lei n.º 17. (FCC — 2020) Paula foi vítima de ameaça, crime
13.146/2015 — Estatuto da Pessoa com Deficiência esse previsto no Código Penal como de ação penal
(EPD) —, assinale a opção correta. pública condicionada à representação, praticada por
seu ex-companheiro Guilherme em razão de ciúmes.
a) É assegurado à pessoa com deficiência o direito de Inicialmente, Paula compareceu em sede policial e
votar e de ser votada, salvo na hipótese de curatela. narrou o ocorrido para a autoridade policial, demons-
b) O EPD revogou a Lei n.º 7.853/1989, que dispunha trando interesse em ver o autor do fato responsabiliza-
sobre o apoio às pessoas com deficiência. do criminalmente. Após o oferecimento da denúncia,
c) A deficiência não afeta a plena capacidade civil da mas antes do seu recebimento, Paula procurou seu
pessoa, salvo a condição de adotante em processo de advogado e informou não mais ter interesse em ver
adoção. Guilherme responsabilizado. Considerando apenas as
d) Os planos e seguros privados de saúde podem cobrar informações narradas, com base nas previsões da Lei
valores diferenciados das pessoas com deficiência nº 11.340/06 (Lei Maria da Penha), Paula:
em razão da sua deficiência.
e) Com a edição do EPD a incapacidade absoluta previs- a) poderá se retratar da representação oferecida, a
ta no Código Civil restringe-se aos menores de dezes- qualquer momento antes da sentença, já que não se
seis anos de idade. aplicam as previsões da Lei nº 11.340/06, pelo fato
de Guilherme não mais ser companheiro da vítima na
14. (FCC — 2016) Acerca das inovações introduzidas pela data dos fatos;
Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência b) poderá se retratar da representação oferecida, desde
(Estatuto da Pessoa com Deficiência, Lei no 13.146, de que antes do recebimento da denúncia, em audiência
06 de julho de 2015), é correto afirmar: especialmente designada para tal fim, na presença do
magistrado, ouvido o Ministério Público;
a) A interdição da pessoa com deficiência não mais afeta c) não poderá impedir a responsabilização penal de
os atos relacionados aos direitos de natureza patrimonial Guilherme, tendo em vista que, por ser praticado no
e de gestão negocial, que poderão ser realizados com a contexto da violência doméstica e familiar contra a
adoção de processo de tomada de decisão apoiada. mulher, a ação penal se torna pública incondicionada;
b) A declaração de incapacidade absoluta da pessoa d) poderá se retratar da representação através de novas
com deficiência está condicionada à prévia avaliação declarações prestadas em sede policial, desde que
por equipe multiprofissional e interdisciplinar. antes do recebimento da denúncia;
c) Para emissão de documentos oficiais, não será exigi- e) não poderá se retratar da representação ofertada, ten-
da a situação de curatela da pessoa com deficiência. do em vista que já houve oferecimento de denúncia.
d) O Estatuto instituiu em favor da pessoa com deficiên-
cia o benefício da meia entrada em espetáculos artís- 18. (FCC — 2017) Com relação à violência doméstica e
tico-culturais e esportivos. familiar contra a mulher, assinale a opção correta, con-
e) O pedido de tomada de decisão apoiada será formula- forme a Lei n.º 11.340/2006 (Lei Maria da Penha).
do por pelo menos dois apoiadores idôneos, devendo
9
-9
constar os limites do apoio a ser oferecido e o prazo a) Compete à equipe multiprofissional subsidiar o juiz,
96
15. (FCC — 2022) Em relação ao sujeito passivo dos deli- sor e aos familiares.
.0
tos de violência doméstica e familiar contra a mulher, b) A mulher vítima de violência tem direito à readaptação
06
de inviabiliza a responsabilização criminal; d) Essa lei visa coibir todos os tipos de violência contra a
c) a hipossuficiência e a vulnerabilidade da mulher em mulher, sejam eles no âmbito doméstico, no trabalho
io
ou no trânsito.
v
d) em caso de subjugação feminina, a aplicação do siste- e) A violência doméstica está configurada por ação fun-
O
e) a organização social brasileira não é mais um sistema ficando os casos de omissão e dano patrimonial trata-
A
16. (FCC — 2022) Em relação ao sistema protetivo da Lei 19. (FCC — 2021) Paula namorou João por onze meses,
Maria da Penha: tendo dado fim ao relacionamento em razão do com-
portamento ciumento e agressivo deste. Três meses
a) o âmbito da unidade doméstica engloba todo espa- após, João, inconformado com o fim do relacionamen-
ço de convívio de pessoas, desde que com vínculo to, abordou Paula na saída do seu trabalho e, após
familiar; desferir um soco em seu rosto, causando-lhe lesão
b) o âmbito familiar é caracterizado por qualquer relação leve, ainda a perseguiu até sua casa, ameaçando-a
íntima de afeto, dependente de coabitação; de morte caso não retomasse o namoro. Temendo a
c) o âmbito da unidade doméstica engloba todo espa- reação de João, Paula registrou o ocorrido, sendo os
ço de convívio de pessoas, exceto as agregadas fatos confirmados por perícia e testemunhas que pre-
esporadicamente; senciaram o evento. João foi denunciado pelos crimes
d) é desnecessária a demonstração específica da subju- de lesão corporal e ameaça.
gação feminina para sua aplicação. 219
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Diante do que foi acima narrado, é correto constatar que:
16 D
a) o fato não se encaixa na Lei Maria da Penha, pois ocor- 17 B
rido após o fim do relacionamento entre João e Paula;
b) caso condenado, João poderá ter sua pena privativa 18 A
de liberdade substituída por restritiva de direitos;
19 E
c) a natureza leve da lesão causada tornou indispensável
a representação da vítima para denúncia do crime de 20 A
lesão;
d) caso condenado, em razão da natureza dos delitos,
João não poderá apelar em liberdade;
e) caso condenado por pena de até dois anos, João
poderá ser beneficiado com a aplicação do sursis da ANOTAÇÕES
pena, não sendo cabível, contudo, a suspensão condi-
cional do processo.
Penha.
.3
93
9 GABARITO
.0
06
-1
1 D
a
2 E
lv
Si
3 E
da
4 D
vio
tá
5 B
O
6 C
ri
A
7 B
8 A
9 E
10 E
11 B
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13 E
14 C
15 C
220
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Princípios Gerais de Direito Administrativo
jurídica.
É por isso que ele não pode se desfazer de patrimô-
Importante: Os princípios, assim como as regras
a
beneficiário.
tá
é o meio pelo qual se faz uma valoração do peso de Princípios Constitucionais da Administração Pública
ri
z Legalidade
Fruto da própria noção de Estado de Direito, as atividades do gestor público estão submissas à forma da lei. A
legalidade promove maior segurança jurídica para os administrados, na medida em que proíbe que a Adminis-
tração Pública pratique atos abusivos. Ao contrário dos particulares, que podem fazer tudo aquilo que a lei não
proíbe, a Administração só pode realizar o que lhe é expressamente autorizado por lei.
LEGALIDADE
Administração O agente público só pode fazer o
Pública que a lei autoriza
z Impessoalidade
A atividade da Administração Pública deve ser imparcial, de modo que é vedado haver qualquer forma de
tratamento diferenciado entre os administrados. Esse princípio apresenta algumas vertentes que é importante
conhecer:
Princípio da finalidade: há uma forte relação entre a impessoalidade e a finalidade pública, pois quem age
por interesse próprio não condiz com a finalidade do interesse público. A atuação administrativa sempre
tem como fim o interesse público, deste modo, é vedado que se busque o interesse próprio ou de terceiros.
O ato que é praticado com finalidade diversa do interesse público será considerado nulo, constatando-se o
desvio de finalidade;
Vedação à promoção pessoal: as realizações de Administração Pública não podem ser utilizadas como
9
instrumento para a promoção pessoal dos agentes públicos. A atuação administrativa é realizada em nome
-9
da Administração, sendo vedada a vinculação com a pessoa dos agentes públicos. É importante ressaltar
96
também que é vedado, na publicidade oficial, constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem a pro-
.3
moção pessoal dos agentes públicos. Esse é o fundamento da chamada “Teoria do Órgão”. Por causa disso,
93
é vedada a possibilidade do agente público de utilizar os recursos da Administração Pública para fins de
.0
z Moralidade
a
lv
Si
A Administração impõe a seus agentes o dever de zelar por uma “boa administração”, buscando atuar com
base nos valores da moral comum, isto é, pela ética, decoro, boa-fé e lealdade. A moralidade não é somente um
da
princípio, mas também requisito de validade dos atos administrativos, ou seja, um ato administrativo imoral é
io
um ato nulo.
v
É importante também ressaltar que a moralidade administrativa tem conotação objetiva, ou seja, não depende
tá
O
Outro importante destaque a ser feito tange a vedação da prática do nepotismo. Sua prática ofende os princí-
A
A vedação da Súmula Vinculante nº 13 não alcança a nomeação a cargos políticos em razão das qualidades
técnicas e as nomeações de servidores previamente aprovados em concursos públicos.
z Publicidade
A publicação dos atos da Administração promove maior transparência e garante eficácia erga omnes (para
222 todos). Trata-se de um requisito de eficácia dos atos administrativos.
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Além disso, também diz respeito ao direito fundamental que toda pessoa tem de obter acesso a informações de
seu interesse pelos órgãos estatais, salvo as hipóteses em que esse direito ponha em risco a vida dos particulares
ou o próprio Estado, ou ainda que ponha em risco a vida íntima dos envolvidos.
Em outras palavras, a publicidade (transparência) dos atos administrativos é a regra, porém, há hipóteses em
que a lei poderá estabelecer o sigilo. Vejamos o disposto na Constituição Federal:
Art. 5º […]
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse
coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo
seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social
o exigirem;
Transparência
(publicidade)
PUBLICIDADE
DOS ATOS Segurança da Sociedade e
ADMINISTRATIVOS do Estado
Sigilo
Defesa da intimidade ou
interesse social
z Eficiência
Implementada pela reforma administrativa promovida pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998, a eficiência
traduz-se na tarefa da Administração de alcançar os seus resultados de uma forma célere, promovendo melhor
produtividade e rendimento, evitando gastos desnecessários no exercício de suas funções. A eficiência fez com
que a Administração brasileira adquirisse caráter gerencial, tendo maior preocupação na execução de serviços
com perfeição ao invés de se preocupar com procedimentos e outras burocracias.
Em que pese a adoção da eficiência buscar a produtividade, economicidade e redução dos desperdícios de
dinheiro público, ela não permite à Administração agir fora da lei, ou seja, o princípio da eficiência não se sobre-
põe ao princípio da legalidade.
Os princípios administrativos não se esgotam no âmbito constitucional. Existem outros princípios cuja previ-
.3
são não está disposta na Carta Magna, e sim na legislação infraconstitucional, sendo reconhecidos tanto pela
93
doutrina como pela jurisprudência. É o caso do disposto no caput do art. 2º, da Lei nº 9.784, de 1999:
.0
06
Art. 2° A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação,
-1
razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e
a
eficiência.
lv
Si
Princípio da Autotutela
da
io
Administração Pública exerce sobre os seus próprios atos. Isso significa que, havendo algum ato administrativo
O
ilícito ou que seja inconveniente e contrário ao interesse público, não é necessária a intervenção judicial para que
ri
Não havendo necessidade de recorrer ao Poder Judiciário, quis o legislador que a Administração possa, dessa
forma, promover maior celeridade na recomposição da ordem jurídica afetada pelo ato ilícito, e garantir maior
proteção ao interesse público contra os atos inconvenientes.
Segundo o disposto no art. 53, da Lei nº 9.784, de 1999:
Art. 53 A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-
-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos”.
A distinção feita pelo legislador é bastante oportuna: ele enfatiza a natureza vinculada do ato anulatório, e a
discricionariedade do ato revogatório. A Administração pode revogar os atos inconvenientes, mas tem o dever
de anular os atos ilegais.
As formas de desfazimento dos atos administrativos podem se dar por meio do controle de legalidade ou pelo
controle de mérito. O controle de legalidade é quando se identifica e anula o ato ilegal. Já o controle de mérito
ocorre nas hipóteses de inconveniência e inoportunidade do ato administrativo, o qual poderá suceder a revoga-
ção do ato. 223
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
É importante destacar que o Poder Judiciário pode ato (em respeito ao princípio da eficiência). A motiva-
realizar o controle de legalidade do ato administrati- ção intempestiva, isto é, aquela dada em um momen-
vo, mediante provocação. Atente-se para o fato de que to demasiadamente posterior, é causa de nulidade do
este só realiza o controle de legalidade (anulação do ato administrativo.
ato) e não o controle de mérito.
A autotutela também tem previsão em duas súmu- Princípio da Finalidade
las do Supremo Tribunal Federal: Súmula nº 346 e a
Súmula nº 473: Sua previsão encontra-se no inciso II, parágrafo
único, art. 2º, da Lei nº 9.784, de 1999:
Súmula nº 346 (STF) A Administração Pública
pode declarar a nulidade de seus próprios atos. Art. 2° [...]
Súmula nº 473 (STF) A administração pode anu- Parágrafo único. Nos processos administrativos
lar seus próprios atos, quando eivados de vícios serão observados, entre outros, os critérios de:
que os tornam ilegais, porque deles não se origi- […]
nam direitos; ou revogá-los, por motivo de conve- II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a
niência ou oportunidade, respeitados os direitos renúncia total ou parcial de poderes ou competên-
adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apre- cias, salvo autorização em lei.
ciação judicial.
O princípio da finalidade muito se assemelha ao da
Dica primazia do interesse público. O primeiro impõe que
o administrador sempre aja em prol de uma finalida-
Anulação: atos ilegais.
de específica, prevista em lei. Já o princípio da prima-
Revogação: atos inconvenientes ou inoportunos
zia do interesse público diz respeito à sobreposição do
(neste caso, os atos são válidos). interesse da coletividade em relação ao interesse pri-
vado. A finalidade disposta em lei pode, por exemplo,
Princípio da Motivação ser justamente a proteção ao interesse público.
Com isso, fica bastante clara a ideia de que todo
Um princípio implícito, também pode constar em ato, além de ser devidamente motivado, possui um
algumas questões como “princípio da obrigatória fim específico, com a devida previsão legal. O desvio
motivação”. Trata-se de uma técnica de controle dos de finalidade ou o desvio de poder são defeitos que
atos administrativos, o qual impõe à Administração o tornam nulo o ato praticado pelo Poder Público.
dever de indicar os pressupostos de fato e de direi-
to que justificam a prática daquele ato. Princípio da Razoabilidade
A fundamentação da prática dos atos administra-
tivos será sempre por escrito. Possui previsão no art.
Agir com razoabilidade é decorrência da própria
50, da Lei nº 9.784, de 1999:
noção de competência. Todo poder tem suas corres-
pondentes limitações. O Estado deve realizar suas
9
Art. 50 Os atos administrativos deverão ser moti-
-9
VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito é mais aparente quando tenta coibir o excesso pelo
io
A motivação é uma decorrência natural do princí- trole exercidos contra seus próprios agentes, isto é, de
O
pio da legalidade, pois a prática de um ato administra- destinação interna. Poder de polícia é o conjunto de
ri
A
tivo fundamentado, mas que não esteja previsto em atos praticados pelo Estado que tem por escopo limi-
lei, seria algo ilógico. tar e condicionar o exercício de direitos individuais e
Convém estabelecer a diferença entre motivo o direito à propriedade privada.
e motivação. Motivo é o ato que autoriza a prática
da medida administrativa, portanto, antecede o ato Princípio da Proporcionalidade
administrativo. A motivação, por sua vez, é o fun-
damento escrito, de fato ou de direito, que justifica a O princípio da proporcionalidade tem similitudes
prática da referida medida. Exemplo: na hipótese de com o princípio da razoabilidade, sendo implícito
alguém sofrer uma multa por ultrapassar limite de também. Há muitos autores, inclusive, que preferem
velocidade, a infração é o motivo (ultrapassagem do unir os dois princípios em uma nomenclatura só. De
limite máximo de velocidade); já o documento de noti- fato, a Administração Pública deve atentar-se a exage-
ficação da multa é a motivação. A multa seria, então, o ros no exercício de suas funções. A proporcionalidade
ato administrativo em questão. é um aspecto da razoabilidade voltado a controlar a
Quanto ao momento correto para sua apresenta- justa medida na prática de atos administrativos. Bus-
ção, entende-se que a motivação pode ocorrer simul- ca a proporcionalidade entre os meios utilizados e os
224 taneamente, ou em um instante posterior à prática do fins que a Administração Pública pretende alcançar.
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Segundo o inciso VI, parágrafo único, art. 2º, da Lei Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa
nº 9.784, de 1999:
Esse princípio encontra-se explícito tanto no art.
Art. 2° [...] 5º, da Constituição Federal, de 1988, quanto no caput
Parágrafo único [...] do art. 2º, da Lei nº 9.784, de 1999. Vejamos ambas as
VI - Adequação entre meios e fins, vedada a disposições:
imposição de obrigações, restrições e sanções em
medida superior àquelas estritamente necessárias Art. 5º (CF, de 1988) […]
ao atendimento do interesse público; LV - aos litigantes, em processo judicial ou admi-
nistrativo, e aos acusados em geral são assegu-
Na prática, a proporcionalidade também encontra rados o contraditório e ampla defesa, com os
sua aplicação no exercício do poder disciplinar e do meios e recursos a ela inerentes;
Art. 2º (Lei nº 9.784, de 1999) A Administração
poder de polícia.
Pública obedecerá, dentre outros, aos princí-
pios da legalidade, finalidade, motivação, razoa-
Princípio da Presunção de Legitimidade, Legalidade bilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla
e Veracidade defesa, contraditório, segurança jurídica, inte-
resse público e eficiência.
O princípio da presunção de legitimidade, também
conhecido por princípio da legalidade ou veracidade, O contraditório refere-se ao direito que o interes-
afirma que os atos praticados pela Administração Públi- sado possui de se contrapor às alegações feitas pela
ca gozam de presunção de legitimidade, veracidade e parte contrária. Já a ampla defesa confere o direito
legalidade, ou seja, o ato é verdadeiro, praticado com de se defender por todos os meios e recursos juridica-
observância das normas legais e por pessoa legítima. mente válidos.
É importante ressaltar que a presunção de legiti- Esses não são os únicos princípios que regem as
midade é relativa (juris tantum), admitindo prova em relações da Administração Pública. Porém, escolhe-
contrário. Neste caso, ocorre uma inversão do ônus da mos trazer com mais detalhes os princípios que jul-
prova, sendo que quem deverá provar que o ato é ile- gamos ser mais característicos da Administração. Isso
gal, inverídico ou ilegítimo é o particular. não quer dizer que outros princípios não possam ser
Desse princípio decorre a autoexecutoriedade das estudados ou aplicados a esse ramo jurídico.
decisões administrativas, de modo que os atos terão
execução imediata e, caso o particular se sinta lesado,
deverá submeter a decisão administrativa ao Poder ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO
Judiciário.
PÚBLICA
Princípio da Segurança Jurídica
NOÇÕES DE ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA: O
9
DECRETO-LEI Nº 200, DE 1967
-9
amplo, busca resguardar a estabilidade das relações O Decreto-Lei nº 200, de 1967, é a legislação que
.3
jurídicas. No que tange a área administrativa, esse dispõe sobre a organização administrativa, além de
93
princípio tem como o objetivo resguardar o particu- estabelecer diretrizes para a Reforma Administrati-
.0
lar sobre mudanças de orientação e interpretação da va. Para executar suas funções e expedir seus atos,
06
CENTRALIZAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO
esfera administrativa, haver mudança de inter-
da
pretação de determinadas normas legais, com a A centralização dá-se quando o Estado executa
io
soa política.2
Essa possibilidade de mudança de orientação é ine-
ri
vitável, porém gera insegurança jurídica, pois os Administração Pública atribui suas competências a
interessados nunca sabem quando a sua situação pessoas jurídicas autônomas, criadas por ela própria
será passível de contestação pela própria Adminis- para esse fim. Na descentralização administrativa, o
tração Pública.1 Estado executa indiretamente suas tarefas, que são
delegadas a outras entidades (Administração Indire-
Deste modo, entendemos que a mudança na inter- ta ou particulares prestadores de serviços públicos).
pretação e orientação da Administração Pública é A descentralização é considerada um princípio funda-
inevitável, mas não deve prejudicar e ser aplicada em mental da própria Administração, nos termos do inci-
casos passados. Nesse sentido, a Lei nº 9.784, de 1999, so III, art. 6º, do Decreto-Lei nº 200, de 1967.
no âmbito federal, proíbe a retroatividade da nova Na centralização/descentralização, costuma-se uti-
interpretação de norma administrativa. lizar com bastante frequência o termo entidade. Nos
termos do inciso II, § 2º, do art. 1º, da Lei nº 9.784, de
1999:
1 DI PIETRO, M. S. Z. Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2001, p. 85.
2 FILHO, J. dos S. C. Manual de Direito Administrativo. 27. Ed. São Paulo: Atlas. p. 473. 225
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Art. 1° [...] CONCENTRAÇÃO E DESCONCENTRAÇÃO
§ 2º Para os fins desta Lei, consideram-se: [...]
II - entidade - a unidade de atuação dotada de per- Concentração é o fenômeno em que temos uma
sonalidade jurídica”. absorção ou avocação de competências de um órgão
sobre outro. Difere-se da descentralização justamen-
Entidade da Administração, assim, é qualquer pes- te neste aspecto: os órgãos públicos, ao contrário das
soa jurídica autônoma cujo serviço público foi outor- autarquias, fundações etc., não têm personalidade
gado pela entidade federativa, isto é, pelas pessoas jurídica própria, e, por isso, não possuem a mesma
jurídicas de Direito Público interno (União, estados, autonomia dos entes descentralizados, permanecen-
municípios, Distrito Federal etc.). Os membros fede- do vinculados hierarquicamente ao Estado.
rais, nesses casos, realizam apenas uma tarefa de con- Desconcentração é a técnica utilizada para o
trole e fiscalização do serviço prestado pela entidade exercício de competências administrativas, median-
outorgada. te órgãos públicos despersonalizados e vinculados
A descentralização pode ocorrer de duas manei- hierarquicamente aos entes da Federação. Há a
ras: mediante outorga ou delegação: repartição das atribuições entre os órgãos públicos
pertencentes a uma mesma pessoa jurídica, por isso a
z Descentralização mediante outorga: o Estado, sua vinculação hierárquica. Cabe ressaltar que a des-
mediante lei, cria ou autoriza a criação de uma concentração pode ocorrer tanto na Administração
entidade e atribui a ela determinado serviço públi- Direta (criação de órgãos), quanto na Administração
co por prazo indeterminado. Neste caso, transfere- Indireta (distribuição e subdivisão da entidade em
-se a titularidade e a execução do serviço público. órgãos, departamentos etc.).
Veja os pontos mais importantes quanto à
A descentralização mediante outorga decorre do desconcentração:
princípio da especialidade, de modo que se criam enti-
dades para o desempenho de finalidades específicas. z Atribuição de competência a órgãos sem persona-
Podemos citar como exemplo a criação da Empresa lidade jurídica própria;
Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), em 1969; à z Órgãos vinculados hierarquicamente
época (vigente a Constituição de 1967), era de compe- (subordinação);
tência da União manter os serviços postais e o Correio z Pode ocorrer na Administração Direta e Indireta;
z Segmentação de competências, dentro de uma
Aéreo Nacional. Neste caso, ocorreu a descentraliza-
mesma pessoa jurídica, destinadas a um órgão.
ção mediante outorga, instituindo a ECT, na forma de
empresa pública, com a competência de executar e con-
trolar os serviços postais em todo o território nacional. Dica
Cabe ressaltar que não há que se falar em vín- Lembre-se do jogo de palavras a seguir para dife-
culo de hierarquia e subordinação entre o poder renciar a descentralização da desconcentração:
outorgante e o outorgado. Apenas ocorre uma forma desCEntralização: Cria Entidade
9
de vinculação, na qual impera o controle finalístico
-9
Órgãos Administrativos
93
alcançados;
.0
z Descentralização por delegação: o Estado, median- noção de órgão público ou órgão administrativo. Nos
-1
te ato ou contrato, transfere a execução de deter- termos do inciso I, § 2º, do art. 1º, da Lei nº 9.784, de
minado serviço público por prazo determinado.
a
à empresa de telefonia fixa XPTO, mediante contrato, Art. 1° A unidade de atuação integrante da estrutu-
da
nistração indireta.
v
existe vínculo de hierarquia e subordinação, mas Assim, podemos definir órgão administrativo (ou
O
o controle é mais amplo e rígido, podendo ser exer- órgão público) como um núcleo de competências do
ri
A
cido pelo poder concedente ao particular de diversas Estado sem personalidade jurídica própria. Por ser
formas. órgão despersonalizado, não pode integrar os polos
Para facilitar seu estudo, veja a tabela a seguir: ativo ou passivo das ações que objetivam a reparação
de danos causados pelo exercício da Administração,
devendo a pessoa jurídica à qual o órgão pertence ser
DESCENTRALIZAÇÃO
acionada em tais hipóteses.
Entidades com personalidade jurídica própria A Teoria do Órgão (também pode aparecer como
Não existe vínculo de hierarquia e subordinação princípio da imputação volitiva) é uma invenção
doutrinária que procura imputar as ações cometidas
Descentralização Descentralização por
pelos agentes e servidores públicos à pessoa jurídica à
mediante outorga delegação
qual ele esteja ligado. Pela Teoria do Órgão, os agentes
Mediante lei Mediante ato ou contrato públicos não podem responder pessoalmente pelos
Transfere a titularidade e a Transfere apenas a atos que praticam no exercício de suas funções, uma
execução execução vez que a responsabilidade pela execução de tais tare-
fas é do Estado, sendo representado por seus órgãos e
226 Prazo indeterminado Prazo determinado entes com personalidade jurídica própria.
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A criação e a extinção dos órgãos públicos dão- Órgãos coletivos: aqueles que decidem pela
-se sempre mediante lei, igual ao que ocorre com as manifestação de muitos membros, de forma
autarquias e demais entidades da Administração Indi- conjunta e por maioria, sem manifestação de
reta, com personalidade jurídica de direito público. vontade de um único chefe. A vontade da maio-
Entretanto, as regras quanto ao seu funcionamento, a ria é imposta de forma legal, regimental ou
sua estruturação e outros aspectos secundários são regu- estatutária.
lamentadas pelo Poder Executivo, mediante decreto.
Outra característica interessante dos órgãos públi- Em relação às modalidades de desconcentra-
cos diz respeito a sua capacidade processual. Em ção, a doutrina tende a classificá-la em três espécies
regra, órgãos públicos não podem ingressar em juízo, distintas:
porque eles não têm personalidade jurídica própria.
Entretanto, existem algumas exceções. São os z Desconcentração territorial ou geográfica: é
casos dos órgãos públicos independentes. Por serem aquela em que todos os órgãos recebem as mes-
independentes (e não autônomos), eles não estão mas competências em relação à matéria, a diferen-
vinculados a outro órgão ou entidade, possuindo ça encontra-se apenas nas regiões em que devem
prerrogativas de ordem constitucional, e sendo titu- atuar. É o caso da Delegacias de Polícia;
lares de direitos subjetivos. É o caso da Câmara dos z Desconcentração material ou temática: é a que
Deputados, da Presidência da República, do Senado, distribui as competências administrativas tendo em
do Supremo Tribunal Federal etc. Todos esses órgãos vista a especialização de cada órgão em um assun-
independentes possuem capacidade postulatória to específico. Exemplo: Ministério da Cultura da
para ingressar em juízo, a fim de defender os seus União;
próprios interesses. z Desconcentração hierárquica ou funcional: o ele-
Há, inclusive, uma classificação quanto às diferen- mento diferenciador é a relação de subordinação e
tes espécies de órgãos, que poderá ser: hierarquia entre os órgãos públicos. Exemplo: os
tribunais administrativos possuem subordinação
z Quanto à posição estatal: em relação aos órgãos de primeira instância.
Órgãos superiores: possuem poder de dire- de pessoas jurídicas autônomas criadas pelo próprio
96
ção, controle, decisão e comando dos assuntos Estado para atingir determinada finalidade pública.
.3
primeiras divisões dos órgãos independentes e ca própria, elas têm patrimônio próprio, que não se
.0
autônomos (Gabinetes, Coordenadorias, Depar- confunde com o patrimônio pessoal de seus agentes,
06
Órgãos subalternos: destinam-se à execução zos causados por seus agentes públicos, podendo res-
dos trabalhos de rotina, cumprem ordens supe-
a
Dica
da
z Quanto à composição:
Estudaremos a fundo os conceitos aqui expos-
io
Órgãos simples: são aqueles que possuem um tos, mas, de antemão, lembre-se do mnemônico
tá
único centro de competência. Sua característi- “FASE” para memorizar as espécies de entidades
O
sua estrutura para auxiliá-lo no desempenho Sociedade de Economia Mista, Empresa Pública.
de suas funções;
Órgãos compostos: possuem em sua estrutu- DOS ENTES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ra outros órgãos menores, seja com o desem- INDIRETA: AUTARQUIAS, FUNDAÇÕES, EMPRESAS
penho de função principal ou com o auxílio PÚBLICAS E SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA
nas atividades. As funções são distribuídas em
vários centros de competência, sob a supervi- As entidades da Administração Indireta podem ter
são do órgão de chefia. personalidade jurídica de direito público ou de direito
privado. Tal diferença é bastante relevante no que diz
z Quanto à forma de atuação funcional: respeito ao procedimento de criação dessas entidades
autônomas.
Órgãos singulares: são aqueles que decidem e As pessoas jurídicas de direito público são criadas
atuam por meio de um único agente, o chefe. por lei (XIX, art. 37, da CF, de 1988) e a sua personali-
Possuem agentes auxiliares, mas sua caracte- dade jurídica advém no momento em que tal legisla-
rística de singularidade é desenvolvida pela ção entra em vigor no âmbito jurídico, não havendo
função de um único agente, em geral, o titular; necessidade de registro em cartório. As pessoas 227
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
jurídicas de direito privado, todavia, são autorizadas O regime de pessoal das autarquias é o estatu-
pela lei (XX, art. 37, da CF, de 1988), ou seja, a legis- tário. Significa que a autarquia não pode contratar
lação deve permitir que ela exista para que o Poder quem ela quiser, como se fosse um empregador: seus
Executivo regulamente suas funções mediante a expe- funcionários devem ser servidores públicos, pre-
dição de decretos. Sua personalidade jurídica, dessa viamente aprovados em prova de concurso público.
forma, está condicionada ao seu registro em cartório. Assim, todas as questões referentes ao regime laboral
São pessoas jurídicas de direito público, membros desses servidores devem ser resolvidas tendo como
da Administração Indireta: autarquias, fundações base a Lei nº 8.112, de 1990, conhecida também como
públicas, agências reguladoras e associações públicas. Estatuto dos Servidores Públicos Civis da União.
São pessoas jurídicas de direito privado: empre- O patrimônio das autarquias consiste em bens
sas públicas, sociedades de economia mista, funda- públicos, que gozam da garantia de serem inalie-
ções governamentais com estrutura de pessoa jurídica náveis e impenhoráveis. Se o patrimônio é público,
de direito privado, subsidiárias e consórcios públicos significa que ele é utilizado de forma a atender uma
de direito privado. finalidade pública. Logo, a autarquia não pode abrir
mão desses bens, nem os dar em garantia.
Autarquias As autarquias, por estarem submetidas ao regime
de direito público, praticam, por meio de seus agen-
As autarquias são pessoas jurídicas de direito tes, atos administrativos (declarações unilaterais de
público interno, criadas por legislação própria, que vontade) e somente podem celebrar contratos públi-
têm por escopo exercer as funções típicas da Adminis- cos (contratos administrativos), isto é, são contra-
tração Pública. Trata-se da prestação descentralizada tos típicos da Administração Pública, que a colocam
de serviços públicos. em posição mais vantajosa em relação ao particular
As autarquias possuem um conceito definido interessado.
em lei, mais especificamente no inciso I, art. 5º, do As autarquias possuem imunidade tributária,
Decreto-Lei nº 200, de 1967: para os fins desta lei, com fundamento no § 2º, do art. 150, da CF, que dispõe
considera-se: que é vedada a cobrança de impostos de autarquias,
no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços,
Art. 5° [...] vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas
I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por decorrentes.
lei, com personalidade jurídica, patrimônio e Pode-se afirmar que vigora o princípio da espe-
receita próprios, para executar atividades típicas cialidade no regime das autarquias. Isso significa que
da Administração Pública, que requeiram, para seu cada entidade é criada para atender a uma finalidade
melhor funcionamento, gestão administrativa e individual e específica. Exemplificando: para tratar
financeira descentralizada. de questões do regime de previdência social, temos o
INSS, que é a única autarquia responsável pela con-
Podemos fazer alguns comentários sobre o concei- cessão de benefícios previdenciários. É o próprio INSS
to apresentado. Ao dizer que as autarquias são cria- que responde em juízo, havendo uma ação previden-
9
das “para executar atividades típicas da Administração ciária pleiteada por particular, e não a União/Estado.
-9
Pública”, o texto legal faz referência àquelas ativida- O juízo competente para julgar causas comuns
96
des características do Poder Público e que só podem que envolvem as autarquias federais é a Justiça
.3
das de exercer qualquer atividade econômica, o que § 6º, do art. 37, da CF.
lhes proporciona uma grande vantagem: não pode ser
da
dade tributária.
v
tá
A sua criação depende de lei específica. Isso signi- z Prestação de serviços e atividades típicas do
O
trabalho realizado pelo legislador; não há outros atos z Não se destinam à exploração de atividade econômica;
A
Especiais stricto sensu (Banco Central); A Funai, Funasa e o IBGE são alguns exemplos de
Agências reguladoras (Anatel, Anvisa). fundações públicas.
Pelo conceito disposto na legislação, percebe-se
z Corporativas: corporações profissionais, que pro- que o referido Decreto-Lei dispõe serem as funda-
movem o controle e a fiscalização de categorias ções entidades com personalidade jurídica de direito
profissionais. Exemplos: CREA, CRO, CRM; privado. Tal conceituação não foi recepcionada pela
z Fundacionais: são as fundações públicas, enti- Constituição Federal, de 1988, que, no inciso XIX, do
dades que arrecadam patrimônio para o cumpri- art. 37, decidiu não fazer tal distinção:
mento de um objetivo específico. Exemplos: Funai,
Procon, Funasa; Art. 37 (CF, de 1988) [...]
z Territoriais: autarquias de controle da União, XIX - somente por lei específica poderá ser criada
também denominadas territórios federais (art. 33, autarquia e autorizada a instituição de empresa
da CF, de 1988). A atual Constituição aboliu os ter- pública, de sociedade de economia mista e de fun-
ritórios federais remanescentes; dação, cabendo à lei complementar, neste último
z Associativas: são as autarquias criadas pelo caso, definir as áreas de sua atuação;
resultado de uma celebração de consórcio públi-
co, também denominadas associações públicas. Dessa forma, concluímos que as fundações podem
Se o contrato de consórcio público envolver múl- ser tanto de Direito Público como de Direito Priva-
tiplos entes da Federação, tais autarquias podem do, dependendo do que a lei instituidora da fundação
ser transfederativas. Exemplo: associação criada delimitar quanto às suas competências. Todavia, é
entre União, estados e municípios para a constru- importante frisar que mesmo as fundações de regime
ção de um teatro. jurídico privado devem obediência às normas públi-
cas, e não à legislação civil.
Sobre esse tema, cabe diferenciar o regime de
Importante! pessoal das fundações públicas de direito público e
Curioso é o caso da Ordem dos Advogados do privado. No âmbito das fundações públicas de direito
Brasil (OAB). A OAB sempre foi considerada uma privado, o regime trabalhista será regido pela CLT. Já
autarquia de regime comum. Todavia, durante o nos casos de fundações de direito público, deverá ser
julgamento da ADI nº 3.026, o STF decidiu mudar aplicado o regime jurídico único (estatutário).
seu entendimento, ao decidir que a OAB é um As fundações de direito privado, para sua criação,
precisam de autorização por lei. São diferentes de
serviço independente e de natureza especial e
9
uma autarquia, que é criada por lei. Aqui, a fundação
-9
As fundações públicas são consideradas espécies às fundações públicas de direito privado, seu patrimô-
Si
de autarquias, possuindo diversas características nio consiste em bens privados, que não gozam das
da
IV, art. 5º, do Decreto-Lei nº 200, de 1967: presentes nos bens públicos.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
v
IV - Fundação Pública - a entidade dotada de per- especial, denominado curadoria das fundações. No
ri
A
sonalidade jurídica de direito privado, sem fins caso das fundações de direito público, o controle fiscal
lucrativos, criada em virtude de autorização é exercido pelo Ministério Público.
legislativa, para o desenvolvimento de atividades Importante, também, destacar que as fundações
que não exijam execução por órgãos ou entidades
privadas podem celebrar contratos privados, os ins-
de direito público, com autonomia administrativa,
trumentos contratuais típicos da esfera privada, como
patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos
de direção, e funcionamento custeado por recursos compra e venda, locação de imóvel etc.
da União e de outras fontes. Quanto à competência para julgar as causas que
envolvem as fundações, devemos ter ciência de que
Já de acordo com o entendimento da doutrinadora as fundações públicas de direito público, quando na
Maria Sylvia Di Pietro, fundação pública é: esfera federal, submetem-se à Justiça Federal. Por
outro lado, embora isso seja alvo de controvérsia
Instituída pelo Poder Público com o patrimônio, na doutrina, entende-se que as fundações públicas
total ou parcialmente público, dotado de perso- de direito privado, nas causas comuns (inclusive de
nalidade jurídica, de direito público ou privado, e âmbito federal), submetem-se à Justiça Estadual.
3 DI PIETRO, M. S. Z. Direito Administrativo. 31. ed. São Paulo: Ed. GenMétodo, 2018. 229
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Ari Otávio da Silva - 106.093.396-99, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a
sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
A responsabilidade civil das fundações públicas é z Quanto à atividade preponderante:
de ordem objetiva. Respondem objetivamente pelos
prejuízos causados por seus agentes a terceiros. Agências de serviço, que exercem as funções
Para facilitar seus estudos, veja na tabela a seguir as típicas;
principais informações e características das fundações: Agências de polícia, que exercem fiscalização
das atividades econômicas;
Agências de fomento, que ajudam a desenvol-
FUNDAÇÕES PÚBLICAS FUNDAÇÕES PÚBLICAS
ver o setor privado;
DE DIREITO PÚBLICO DE DIREITO PRIVADO
Agências de uso de bens públicos.
Lei específica autoriza a Lei específica autoriza a
sua criação sua criação z Quanto à previsão constitucional:
Necessário obter registro Necessário obter registro
dos atos constitutivos dos atos constitutivos Agências com referência constitucional (a Anatel
Pessoal regido pelo regi- tem previsão no inciso XI, art. 21, da CF, de 1988);
Pessoal regido pela CLT Agências sem referência constitucional — são a
me estatutário
grande maioria.
Competência para julgar: Competência para julgar:
Justiça Federal Justiça Estadual (comum) z Quanto ao momento de sua criação:
Responsabilidade civil Responsabilidade civil
objetiva objetiva Agências de primeira geração (1996 a 1999), na
Bens públicos Bens privados época das privatizações;
De segunda geração, de 2000 a 2004;
Agências Reguladoras: Características e De terceira geração, que adveio com as agên-
Classificação cias pluripotenciárias (2005 em diante), exer-
cendo múltiplas funções simultaneamente.
O surgimento das agências reguladoras possui for-
Associações Públicas: a Criação de Consórcio
tes relações com a época das privatizações na segun-
da metade dos anos 1990. Nesse contexto, as agências
A União, os Estados, o Distrito Federal e os municí-
reguladoras foram introduzidas, sobretudo pelas ECs
pios são os entes responsáveis pela regulamentação dos
nº 8 e 9, ambas de 1995, para atuar como órgãos regu-
consórcios públicos e dos convênios de cooperação,
ladores, fiscalizadores e controladores da iniciativa
autorizando a gestão associada de serviços públicos,
privada, que passaram a desenvolver as tarefas ori-
bem como a transferência total ou parcial de encargos,
ginalmente atribuídas ao Estado. Alguns exemplos
serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos
de agências reguladoras: Aneel, Anatel, Ancine, ANP,
serviços transferidos (art. 241, da CF, de 1988).
entre outros.
Essas pessoas jurídicas autônomas, criadas pelos
As agências reguladoras também são autarquias
9
entes federados, e que têm por objeto medidas de
-9
z Mandato fixo: os dirigentes não possuem cargo integrarem todas as esferas das pessoas consorciadas
v
tá
visto que ele tem prazo determinado para se encer- Empresas do Estado: as Empresas Públicas e
A
rar. A duração dos mandatos pode variar depen- Sociedades de Economia Mista
dendo de cada agência, podendo ser de três anos,
como na Anvisa, quatro anos, como na Aneel, ou Passemos a analisar o grupo de pessoas jurídi-
até cinco anos, como na Anatel. cas denominado Empresas do Estado (ou empresas
estatais). São as pessoas jurídicas de direito privado
As agências reguladoras podem ser classificadas: pertencentes à Administração Indireta e comportam
duas espécies: as empresas públicas e as sociedades
z Quanto à sua origem: de economia mista.
Muitas das características apresentadas pelas
Agências federais; fundações privadas aplicam-se às empresas estatais,
Estaduais; isto é, sua criação depende de autorização legislati-
Municipais; va além do registro em cartório; seu patrimônio se
Distritais. constitui de bens privados; sua atividade principal
consiste em exercer uma atividade econômica; e a
230 aptidão para celebrar contratos privados.
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
As empresas públicas e as sociedades de economia mista apresentam características em comum:
As empresas públicas são pessoas jurídicas de Direito Privado cuja criação depende de autorização legal. Sua
personalidade é concedida pelo registro de seus atos constitutivos em cartório, com a totalidade de seu capital
público e regime organizacional livre (II, art. 5º, do Decreto-Lei nº 200, de 1967), podendo ser organizadas como
sociedade anônima, sociedade de responsabilidade limitada ou, ainda, sociedade por comandita de ações. São
empresas públicas: o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Caixa Econômica Fede-
ral (CEF) e a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero).
As sociedades de economia mista têm seu conceito legal previsto no III, art. 5º, do Decreto-Lei nº 200, de 1967.
São pessoas jurídicas de direito privado cuja criação também depende de autorização legal e de registro em cartório.
Possuem a maioria de seu capital público e devem ser obrigatoriamente organizadas como sociedades anôni-
mas. São sociedades de economia mista: Petrobras, Banco do Brasil, Eletrobras.
Percebemos algumas diferenças entre as empresas públicas e as sociedades de economia mista. A primeira
diz respeito ao capital constitutivo: enquanto, nas empresas públicas, todo o seu capital deve ser público (o
Decreto-Lei nº 200, de 1967, dispõe que seu capital deve advir totalmente “da União”, mas se admite também o
capital de origem estadual e municipal), as sociedades de economia mista admitem a presença do capital de
origem privada, mas pelo menos 50% mais uma de suas ações com direito a voto devem pertencer ao Estado.
Além disso, outra diferença relevante é em relação à forma de sua organização: as sociedades de economia
mista devem obrigatoriamente ter a estrutura de sociedade anônima; trata-se de disposição legal do próprio
9
Decreto-Lei nº 200, de 1967. As empresas públicas, por sua vez, não sofrem essa imposição, podendo adotar a
-9
96
Capital social integralmente público (todo o seu capital Capital Social majoritariamente público (50% + 1). Ações
lv
dade de Economia Mista (SEM). Isso corre quando as EP ou SEM, visando melhorar a organização das suas opera-
O
As empresas subsidiárias integram a Administração Indireta e possuem personalidade jurídica própria. De acor-
A
do com o Decreto 8.945, de 2016, as subsidiárias possuem a maioria das ações com direito a voto pertencente direta
ou indiretamente à EP ou SEM.
Cabe destacar também a diferença entre as empresas subsidiárias e as sociedades empresárias que possuem
participação do Estado. A primeira diferença está no fato de que as empresas subsidiárias de EP e SEM integram a
Administração Indireta, diferentemente das sociedades por participação. Outro ponto importante é que o Estado
não possui controle da entidade que possui participação.
Por fim, lembre-se: é possível a participação estatal em sociedades privadas, com o capital minoritário e sob o
regime de direito privado.
Quanto ao regime jurídico aplicável às EP e SEM, é necessário ter uma atenção especial. Em regra, o regime
aplicável é o de direito privado, porém, esse regime mudará a depender da atividade a ser desenvolvida.
Refere-se às EP e SEM exercer atividade econômica em sentido estrito, estará sujeita a normas do direito pri-
vado. Já se prestarem serviços públicos, aplicarão o regime jurídico de direito público. Para facilitar seu estudo,
veja o esquema a seguir:
231
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
EMPRESA PÚBLICA OU SOCIEDADE DE
ECONOMIA MISTA
Quanto à imunidade tributária, cabe ressaltar que quando a EP ou a SEM explorar atividade econômica em
sentido estrito, não fará jus à imunidade tributária recíproca ou a privilégios fiscais. Por outro lado, caso preste
serviços públicos, sem cunho econômico, fará jus às imunidades e aos privilégios mencionados.
Outro ponto importantíssimo diz respeito à responsabilidade civil por danos que seus agentes, nessa quali-
dade, causarem a terceiros. A responsabilidade será objetiva quando a EM ou a SEM for prestadora de serviços
públicos. Já caso a estatal seja exploradora de atividade econômica, a responsabilidade será subjetiva, ou seja, ela
só será obrigada a indenizar os danos causados por culpa ou dolo.
O juízo competente será a Justiça Estadual quando se tratar de EP ou SEM de nível estadual ou municipal. Em
contrapartida, quando se tratar de estatais da esfera federal, devemos separá-las: EP federais serão julgadas pela
justiça federal; SEM federais serão julgadas pela Justiça Estadual.
São muitos detalhes nos que concerne às EP e SEM. Para sistematizar as informações vistas, acompanhe os
esquemas a seguir:
Capital Social
integralmente público Objetiva, quando
prestadora de serviço
público
Responsabilidade civil
Subjetiva, quando
explorar atividade
EMPRESA PÚBLICA econômica
9
-9
96
EP Federal: Justiça
.3
Federal
93
.0
Juízo competente
06
EP Estadual ou
-1
Municipal: Justiça
Estadual
a
lv
Si
constituída na forma
de Sociedade Anônima
io
(S/A)
v
tá
O
ri
Objetiva, quando
prestadora de serviço
público
Responsabilidade civil
Subjetiva, quando
SOCIEDADE DE explorar atividade
ECONOMIA MISTA econômica
Juízo competente
SEM Estadual ou
Municipal: Justiça
Estadual
232
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DAS ENTIDADES DE COLABORAÇÃO E SEU REGIME O instrumento de formalização da parceria entre a
JURÍDICO Administração e a organização social é o contrato de
gestão, cuja aprovação deve ser submetida ao Minis-
Por fim, convém explanar sobre algumas pessoas tro de Estado ou a outra autoridade supervisora da
jurídicas às quais, apesar de não integrarem a Admi- área de atuação da entidade.
nistração Pública, seja Direta ou Indireta, são aplicá- As organizações sociais representam uma espécie
veis as normas gerais de Direito Administrativo. Essas de parceria entre a Administração e a iniciativa pri-
são as entidades paraestatais. vada, exercendo atividades que, antes da Emenda 19,
As entidades paraestatais são entidades privadas de 1998, eram desempenhadas por entidades públi-
que realizam atividades de interesse coletivo, sem cas. Por isso, seu surgimento no direito brasileiro está
fins lucrativos, que recebem incentivos de entidades relacionado a um processo de privatização lato sensu,
públicas. Tais empresas privadas, cujo objetivo é a realizado por meio da abertura de atividades públicas
execução de serviços de relevante interesse público, à iniciativa privada.
são denominadas entidades do Terceiro Setor. Tra-
dicionalmente, considera-se “entidade paraestatal” Organização da Sociedade Civil de Interesse Público
sinônimo de entidades da Administração Indireta.
As entidades paraestatais, por serem regidas pelo As Organizações da Sociedade Civil de Interesse
direito privado, não têm os privilégios concedidos Público (OSCIPs) são também pessoas jurídicas de
constitucionalmente às entidades de direito público. direito privado, sem fins lucrativos, instituídas por
Essas entidades paraestatais podem se apresentar sob iniciativa dos particulares e qualificadas pelo Estado,
as seguintes formas: para desempenhar serviços não exclusivos do Estado,
com fiscalização pelo Poder Público, formalizando a
Organização Social parceria com a Administração Pública por meio de
termo de parceria.
A organização social (OS) não é uma pessoa jurí- A lei que disciplina as OSCIPs é a Lei nº 9.790, de
dica especial, mas uma qualificação especial outor- 1999, regulamentada pelo Decreto nº 3.100, de 1999.
gada pelo governo federal a entidades da iniciativa O art. 3º, da Lei, dá uma noção mais ampla e geral
privada, sem fins lucrativos, cuja outorga autoriza a sobre as entidades que podem ser qualificadas como
fruição de vantagens peculiares, como isenções fis- OSCIPs, in verbis:
cais, destinação de recursos orçamentários, repasse
de bens públicos, bem como empréstimo temporário Art. 3º A qualificação instituída por esta Lei, obser-
vado em qualquer caso, o princípio da universaliza-
de servidores governamentais.
ção dos serviços, no respectivo âmbito de atuação
A Lei nº 9.637, de 1998, é a lei que regulamenta
das Organizações, somente será conferida às pes-
essa qualificação das OS, e seu art. 1º é bastante claro soas jurídicas de direito privado, sem fins lucrati-
ao delimitar a área de atuação de tais entidades pri- vos, cujos objetivos sociais tenham pelo menos uma
vadas: de modo geral, a OS será concedida a empre- das seguintes finalidades:
9
sas cujas principais atividades sejam dirigidas ao I - promoção da assistência social;
-9
ambiente, à cultura e à saúde. Desempenham, por- III - promoção gratuita da educação, observando-se
tanto, atividades de interesse público, mas que não a forma complementar de participação das organi-
.0
06
se caracterizam como serviços públicos stricto sensu, zações de que trata esta Lei;
IV - promoção gratuita da saúde, observando-se a
-1
z Comprovar o registro de seu ato constitutivo, IX - experimentação, não lucrativa, de novos mode-
ri
AGENTES PÚBLICOS
ESPÉCIES E DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS APLICÁVEIS
Nas lições de Celso Antônio Bandeira de Mello, são agentes públicos as pessoas que exercem uma função públi-
ca, ainda que em caráter temporário ou sem remuneração. Trata-se de uma expressão ampla e genérica, uma vez
que engloba todos aqueles que, dentro da organização da Administração Pública, exercem determinada função
pública.
Assim, podemos dizer que agente público é gênero, o qual comporta diversas espécies, como os agentes polí-
9
ticos, os agentes militares, os servidores públicos estatutários, os empregados públicos, os agentes honoríficos,
-9
entre outros. Por isso, vamos especificar cada um deles com maiores detalhes.
96
.3
Agentes Políticos
93
.0
06
Os agentes políticos possuem como característica principal o fato de exercerem uma função pública de alta
direção do Estado. Seu ingresso é feito mediante eleições, e atuam em mandatos fixos, os quais têm o condão de
-1
extinguir a relação destes com o Estado de modo automático pelo simples decurso do tempo. Percebe-se, dessa
a
lv
forma, que a sua vinculação com o Estado não é profissional, mas estatutária ou institucional. São agentes políti-
Si
cos os parlamentares, o Presidente da República, os prefeitos, os governadores, bem como seus respectivos vices,
da
Agentes Militares
v
tá
O
Os agentes militares constituem uma categoria à parte dos demais agentes políticos, uma vez que as institui-
ri
ções militares possuem fortes bases fundamentadas na hierarquia e na disciplina. Apesar de também apresenta-
A
rem vinculação estatutária, seu regime jurídico é disciplinado por legislação especial, e não aquela aplicável aos
servidores civis. São agentes militares os membros das Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros militares dos
Estados, Distrito Federal e Territórios, bem como os demais militares ligados ao Exército, Marinha e Aeronáutica.
Algumas características que merecem destaque são: a proibição de sindicalização dos militares, a proibição do
direito de greve e a proibição à filiação partidária.
Servidores Públicos
De modo geral, podemos dizer que a Constituição Federal de 1988 apresenta dois tipos de regimes para os
agentes estatais: o regime estatutário ou de cargos públicos, e o regime celetista ou de empregos públicos.
Os servidores públicos são contratados pelo regime estatutário, enquanto os empregados públicos são contra-
tados pelo regime celetista, que muito se assemelha às regras contidas na CLT.
Atente-se a este conceito: servidor público é o agente contratado pela Administração Pública, direta ou indi-
reta, sob o regime estatutário, sendo selecionado mediante concurso público, para ocupar cargos públicos, pos-
234 suindo vinculação com o Estado de natureza estatutária e não contratual.
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O regime dos cargos públicos é disciplinado pela REGIME DOS SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS: A
Lei Federal nº 8.112, de 1990, também conhecida como LEI N° 8.112, DE 1990
Estatuto do Servidor Público.
Frente a isso, um ponto relevante a ser ressalta- O regime dos servidores públicos possui ampla
do desse regime é o alcance da estabilidade mediante previsão normativa. Além do renomado art. 37, da
o fim do período de estágio probatório. Tal alcance Constituição Federal, no âmbito infraconstitucional
permite que o servidor não seja desligado de suas temos a Lei nº 8.112, de 1990 (Estatuto dos Servido-
funções, salvo pelas hipóteses previstas em lei, como res Públicos Federais), isto é, a legislação que institui
a sentença judicial transitada em julgado, processo o regime jurídico dos servidores públicos da União,
administrativo disciplinar, ou a não aprovação em autarquias, fundações, agências reguladoras e asso-
ciações, todas em âmbito federal. Bastante exigida em
avaliação periódica de desempenho (§ 1º, art. 41, da
concursos públicos, convém salientar as principais
CF, de 1988).
características a respeito do regime dos servidores
Dentre os cargos públicos, ainda, há aqueles que
públicos:
são vitalícios, que se apresentam de forma mais van-
tajosa, uma vez que o estágio probatório possui um
Dos Cargos Públicos: Conceito, Investidura na
tempo menor (2 anos, sendo de 3 anos para os car- Função Pública, Provimento, Vacância
gos não vitalícios), bem como possui a característica
de o desligamento ocorrer apenas mediante sentença z Conceito
condenatória transitada em julgado. São vitalícios os
cargos de: Magistratura, do Tribunal de Contas, e os Para todos os efeitos legais, o servidor público está
cargos dos membros do Ministério Público. intrinsecamente ligado à noção de cargo público. Con-
Além da estabilidade, são também assegurados aos forme dispõe o art. 3° do Estatuto dos Servidores, cargo
servidores estatutários alguns direitos trabalhistas. público é o conjunto de atribuições e responsabilidades
Vejamos aqui os mais importantes, de acordo com o § previstas na estrutura organizacional que devem ser
3º, art. 39, da CF, de 1988: cometidas a um servidor. A expressão “cometida” no
contexto do artigo de lei refere-se às atribuições e res-
z Salário mínimo; ponsabilidades que são atribuídas ao servidor público
z Remuneração de trabalho noturno superior ao em decorrência do cargo público ocupado. Os cargos
diurno; públicos, acessíveis a todos os brasileiros, são criados
z Repouso semanal remunerado; por lei, com denominação própria e vencimento pago
z Férias trabalhadas; pelos cofres públicos, para provimento em caráter
z Licença à gestante. efetivo ou em comissão.
A criação, transformação e extinção de cargos,
Empregado Público empregos ou funções públicas depende sempre de uma
9
lei instituidora (inciso X, art. 48, CF, de 1988). Porém,
-9
z Investidura na Função
Trata-se de uma vinculação contratual. A contratação
-1
nistração Indireta (empresas públicas, sociedades de administrativo constitutivo e hábil para a investidu-
economia mista, consórcios etc.). Além disso, o ingres-
da
tivo do que o regime estatutário. Isso se deve ao fato de Art. 5º São requisitos básicos para investidura em
ri
A
vado, haja vista que ela beneficia somente os motivo injusto pode advir de qualquer evento, como
96
servidores que já ingressaram em cargos públi- ter sido erroneamente acusado de ter praticado
.3
cos em caráter efetivo. Os demais requisitos uma transgressão (falaremos das transgressões em
93
para o ingresso e o desenvolvimento do servidor momento posterior). Carlos, então, resolveu ingres-
.0
na carreira, mediante promoção, serão estabele- sar com ação em juízo e por meio de decisão judi-
06
cidos pela lei que fixar as diretrizes do sistema cial (ou administrativa) conseguiu comprovar que a
-1
de carreira na Administração Pública Federal e sua demissão foi injusta, ficando determinada a sua
invalidação. Com isso, ele pode ser reintegrado ao seu
a
vimento derivado, pois trata-se de hipótese É proibida a criação de cargos excessivos pela
io
de atribuição ao servidor para um cargo com Administração Pública, tendo em vista que em toda
v
funções e responsabilidades distintas e com- repartição existe um número exato de cargos a serem
tá
sua capacidade física ou mental, verificada Logo, no exemplo apresentado, o cargo perten-
ri
A
em inspeção médica. Assim, por exemplo, um ce originalmente a Carlos. Assim, o servidor Márcio,
motorista de ônibus que sofre acidente e acaba que estava ocupando o lugar de Carlos durante sua
perdendo algum membro essencial para diri- ausência, deverá ser reconduzido para o seu cargo de
gir poderá ser readaptado para executar uma origem ou, não sendo possível, devido à extinção do
função similar, mas não idêntica à anterior. Na cargo nesse período, poderá ser aproveitado em outro
hipótese do servidor readaptando se mostrar cargo similar.
completamente inválido para exercer qualquer Não havendo outro cargo similar, Márcio será pos-
cargo, ele será compulsoriamente aposentado; to em disponibilidade.
Reversão: outra forma de provimento deri- Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual ocu-
vado, em que temos o retorno à atividade de pante será reconduzido ao cargo de origem, sem direito
um servidor aposentado por invalidez, ou por à indenização ou aproveitado em outro cargo, ou, ain-
puro e simples interesse da Administração, da, posto em disponibilidade (§ 2º, art. 28, idem).
desde que (art. 25, do Estatuto dos Servidores A disponibilidade é uma garantia de caráter pro-
Públicos): tecionista atribuída pela Constituição Federal ao ser-
vidor público estável, cuja finalidade é resguardar o
236 vínculo do servidor com a Administração Pública, de
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maneira a não ser excluído dos quadros de pessoal sede. A remoção não é uma forma de provimento em
quando seu cargo for declarado desnecessário ou cargo público.
extinto. Durante o período em que o servidor perma- O artigo ainda apresenta algumas modalidades de
necer disponível, sua remuneração é mantida. remoção, que podem ser:
III - promoção;
V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou
06
IV (REVOGADO);
habilitação profissional;
-1
V (REVOGADO);
VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e
VI - readaptação;
a
VII - aposentadoria;
Si
IX - falecimento.
Estatuto. Segundo o caput desse dispositivo, os servi-
io
as mesmas das hipóteses de provimento. Isso ocorre fia e os ocupantes de cargo de Natureza Especial terão
O
porque, como mencionamos, o provimento derivado substitutos indicados no regimento interno ou, no caso
ri
dos cargos públicos pressupõe uma relação jurídica de omissão, previamente designados pelo dirigente
A
“carta branca” para agir como bem entender. Por isso, ca diversos direitos e gratificações aos servidores
96
o conteúdo do art. 22, da Lei nº 8.112, de 1990: públicos, os quais são de grande importância conhe-
.3
virtude de sentença judicial transitada em julgado z Vencimentos: vencimentos está para o servidor
06
ou de processo administrativo disciplinar no qual assim como o salário está para o empregado. Con-
-1
como forma de ajuda no custeio de passagens O servidor, em relação às férias, fará jus a trin-
.0
e diárias destinadas a indenizar as parcelas ta dias de licença para cada 12 meses de serviço, que
06
de despesas extraordinárias com pousada, ali- podem ser acumuladas, até o máximo de dois períodos,
-1
mentação e locomoção urbana. O § 3º, do art. no caso de necessidade do serviço (art. 77, Lei nº 8.112,
a
59, prevê que o servidor que receber diárias e de 1990). Poderão ser parceladas em até três períodos,
lv
não se afastar da sede, por qualquer motivo, desde que assim requeridas pelo servidor, e no inte-
Si
nos, por força das atribuições próprias do car- algumas características próprias. Ou seja, os casos de
go, conforme disposto em regulamento; licença ocorrem, via de regra, por interesse e a pedido
Auxílio-moradia (art. 60-A): trata-se de res- do particular. Estão dispostas nos arts. 81 e seguintes,
sarcimento das despesas comprovadamente da Lei dos Servidores Públicos Federais. De acordo
com o art. 81, conceder-se-á licença ao servidor:
realizadas pelo servidor com aluguel de mora-
dia ou com hospedagem realizado por algum
Art. 81 [...]
hotel, dependendo do preenchimento de alguns I - por motivo de doença em pessoa da família;
requisitos, como não ter um imóvel funcional
disponível para uso, seu cônjuge não ser ocu- Essa licença somente poderá ser concedida se for
pante de imóvel funcional, ou que nenhuma indispensável assistência direta do servidor, de forma
outra pessoa que resida com o servidor receba que não possa ser prestada simultaneamente com o
a mesma indenização etc. exercício das funções públicas, pelo que dispõe o § 1º,
do art. 83, da Lei nº 8.112, de 1990.
239
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Art. 83 [...] Dos Afastamentos
II - por motivo de afastamento do cônjuge ou
companheiro; Os afastamentos propriamente ditos não se con-
fundem com as licenças já estudadas. Trata-se de
Trata-se de licença que poderá ser deferida ao ser- hipóteses em que ocorre o afastamento do servidor
vidor para acompanhar cônjuge que foi deslocado de suas funções por determinação da administração
para outro ponto do território nacional, para o exte- pública, e, em regra, o servidor receberá sua remu-
rior ou para exercer mandato eletivo dos poderes neração integral. A previsão legal está elencada nos
executivo e legislativo. Nesse caso, a licença será por arts. 93 e seguintes, da Lei nº 8.666, de 1990. São qua-
prazo indeterminado e sem remuneração, nos temos tro hipóteses:
do caput e § 1º, do art. 84, da nº Lei n° 8.112, de 1990.
z para servir a outro órgão ou entidade;
z para exercício de mandato eletivo;
Art. 84 [...]
z para estudos ou missões no exterior;
III - para o serviço militar (art. 85 da Lei 8.112, de
z para participação em programa de pós-graduação
1990);
stricto sensu dentro do País.
IV - para atividade política;
exercício estivesse.
.0
concedida somente ao servidor público que ocupe classista não poderá ser removido ou redistribuí-
-1
cargo efetivo (desde que não esteja em estágio proba- do de ofício para localidade diversa daquela onde
tório), licença para cuidar de interesse particulares
a
exerce o mandato.
lv
remuneração (art. 91, da Lei nº 8.112, de 1990). Para que o servidor público possa se afastar de
da
VII - para desempenho de mandato classista. regras a serem observadas com disposição nos arts.
tá
95 e 96:
O
neração ao servidor que for desempenhar mandato Art. 95 O servidor não poderá ausentar-se do País
em confederação, federação, associação de classe de para estudo ou missão oficial, sem autorização do
Presidente da República, Presidente dos Órgãos do
âmbito nacional, sindicato representativo de catego-
Poder Legislativo e Presidente do Supremo Tribu-
ria ou entidade fiscalizadora de profissão (art.92, da nal Federal.
Lei nº 8.112, de 1990). § 1º A ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e
Apesar de haver previsão para concessão de licen- finda a missão ou estudo, somente decorrido igual
ça por prêmio em virtude de assiduidade, tal hipótese período, será permitida nova ausência.
acabou sendo revogada pela Lei nº 9.527, de 1997. § 2º Ao servidor beneficiado pelo disposto neste
As licenças, como se depreende, são hipóteses de artigo não será concedida exoneração ou licença
desligamento temporário do servidor com o seu res- para tratar de interesse particular antes de decor-
rido período igual ao do afastamento, ressalvada a
pectivo cargo, havendo uma expectativa para o seu
hipótese de ressarcimento da despesa havida com
retorno. As licenças poderão ser concedidas com ou seu afastamento.
sem remuneração, a depender de cada situação. § 3º O disposto neste artigo não se aplica aos servi-
dores da carreira diplomática.
240 [...]
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Art. 96 O afastamento de servidor para servir em b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais,
organismo internacional de que o Brasil participe madrasta ou padrasto, filhos, enteados, menor sob
ou com o qual coopere dar-se-á com perda total da guarda ou tutela e irmãos.
remuneração.
Do Direito de Petição
O afastamento do servidor com a finalidade de
participação em programa de pós-graduação stricto É importante ressaltar que ao servidor é conferido
sensu no país, no interesse da Administração Pública, direito de petição, na forma do art. 104 e seguintes,
acontecerá desde que a participação não possa ocor- da Lei nº 8.112, de 1990, para requerer direitos e inte-
rer simultaneamente com o exercício do cargo ou
resses próprios em face do Poder Público.
mediante compensação de horário, art. 96-A, da Lei
O requerimento será dirigido à autoridade compe-
nº 8.112, de 1990. O servidor continuará a receber sua
tente para decidi-lo e na sequência encaminhado por
remuneração no período em que estiver cursando sua
intermédio daquela a qual o servidor estiver imedia-
especialização.
Para compreender melhor a diferença entre licen- tamente subordinado, nos termos do art. 105, da refe-
ças e afastamentos, segue uma tabela explicativa. rida legislação.
Deve ser respeitado o princípio do contraditório e
LICENÇA AFASTAMENTO da ampla defesa, dando espaço para que tanto o servi-
dor público como o Estado possam impugnar todos os
Finalidade é de interesse pontos do requerimento, apresentar sua defesa técni-
Finalidade é de interesse exclu-
do agente e da Adminis-
sivo do agente público ca escrita e interpor recursos (art. 107, Lei nº 8.666, de
tração Pública
1990) das decisões que lhe prejudicarem.
Ex: realização de espe- O direito de requerer decai: em 5 (cinco) anos,
Ex: doença do cônjuge/mem-
cialização; realização de quanto aos atos de demissão e de cassação de apo-
bro da família; para exercer
missão no exterior; para sentadoria ou disponibilidade, ou que afetem interes-
atividade política; para tratar
servir a outro órgão/ se patrimonial e créditos resultantes das relações de
de interesses particulares
entidade trabalho; ou em 120 (cento e vinte) dias, nos demais
Possui prazos mais curtos Possui prazos mais lon- casos, salvo quando outro prazo for fixado em lei.
(dias, semanas) gos (meses, anos)
Do Regime Previdenciário (RPPS)
Uma questão que costuma cair com bastante fre-
quência nas provas de concurso público é sobre a Servidor público não é empregado. Por isso, não se
remuneração de servidor afastado para exercício de aplica a ele o Regime Geral de Previdência, conhecido
mandato eletivo (art. 94, Lei nº 8.112, de 1990). A regra também como RGPS. Os servidores possuem um regi-
geral é que, para exercer um mandato eletivo, o ser- me próprio denominado Regime Próprio de Previdên-
vidor deve se afastar do cargo e deixar de receber a cia dos Servidores (ou RPPS).
remuneração do mesmo. Porém, tratando-se de exer-
9
O regime em questão tem suas políticas elaboradas
-9
cício de mandato de Prefeito, o servidor afastado e executadas pela Secretaria de Previdência do Minis-
96
poderá optar, dentre as duas remunerações, por tério da Fazenda. Esse regime é compulsório para o
.3
aquela que lhe for mais vantajosa (valores maiores, servidor público do ente federativo que o tenha ins-
93
mais benefícios etc.). tituído, com teto e subtetos definidos pela Emenda
.0
gos e receber ambas as remunerações, desde que bém possui dispositivos previstos na Lei nº 8.112, de
a
de pequenos Municípios costuma ser menor do que I - garantir meios de subsistência nos eventos de
a remuneração do cargo público anterior, e ele pode
ri
Diz respeito às ocasiões em que o servidor poderá se De modo geral, pode-se dizer que ao servidor é
ausentar do serviço e não deixará de receber remune- garantido os seguintes benefícios previdenciários:
ração, de acordo com o art. 97, da Lei nº 8.112, de 1990.
z Aposentadoria: possui previsão tanto na Cons-
Art. 97 Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor tituição Federal quanto na Lei nº 8.112, de 1990.
ausentar-se do serviço:
O Regime Próprio de Previdência dos Servido-
I - por 1 (um) dia, para doação de sangue;
II - pelo período comprovadamente necessário para
res (RPPS) também sofreu alterações na chama-
alistamento ou recadastramento eleitoral, limita- da “Reforma da Previdência”, promulgada pela
do, em qualquer caso, a 2 (dois) dias; Emenda Constitucional nº 103, de 2019. Com isso,
III - por 8 (oito) dias consecutivos em razão de: temos dois textos normativos que, até o presente
a) casamento; momento, dispõem sobre a aposentadoria. 241
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
À luz da Constituição Federal (art. 40), o servidor z Auxílio-natalidade (art. 196): o auxílio-natalida-
será aposentado: de é devido à servidora por motivo de nascimento
de filho, em quantia equivalente ao menor ven-
z Por incapacidade permanente para o trabalho, no cimento do serviço público, inclusive no caso de
cargo em que estiver investido, quando insuscetí- natimorto;
vel de readaptação. O Texto Constitucional explici- z Salário-Família (caput e § ° único, do art. 197): o
ta que será obrigatória a realização de avaliações salário-família é devido ao servidor segundo o núme-
periódicas para verificação da continuidade das ro de dependentes econômicos deste. Para todos os
condições que ensejaram a concessão da aposenta- efeitos, são considerados dependentes econômicos:
doria, na forma de lei do respectivo ente federativo;
z Compulsoriamente, com proventos proporcionais Art. 197 [...]
ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de Parágrafo único. [...]
idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na I - o cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive
forma da Lei Complementar nº 152, de 2015. Essa os enteados até 21 (vinte e um) anos de idade ou, se
estudante, até 24 (vinte e quatro) anos ou, se inváli-
lei complementar dispõe sobre a aposentadoria
do, de qualquer idade;
compulsória com proventos proporcionais, sendo
II - o menor de 21 (vinte e um) anos que, median-
aplicável aos servidores ocupantes de cargos públi- te autorização judicial, viver na companhia e às
cos da União, Estados, Municípios, Distrito Federal expensas do servidor, ou do inativo;
e suas autarquias e fundações; aos membros do III - a mãe e o pai sem economia própria.
Poder Judiciário; aos membros do Ministério Públi-
co; e aos membros da Defensoria Pública; z Licença para tratamento de saúde (art. 202):
z Voluntariamente, no âmbito da União, aos 62 essa licença dependente de perícia médica, sem
(sessenta e dois) anos de idade, se mulher, e aos 65 prejuízo da remuneração a que fizer jus. O servi-
(sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e, no dor precisa comprovar que realmente está doente
âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni- e não pode trabalhar;
cípios, na idade mínima estabelecida mediante z Licença à gestante, à adotante e licença-pater-
emenda às respectivas Constituições e Leis Orgâ- nidade (art. 207): a licença à gestante/adotante/
nicas, observados o tempo de contribuição e os paternidade será concedida por prazo não supe-
demais requisitos estabelecidos em lei comple- rior a 120 dias, sem prejuízo da remuneração.
mentar do respectivo ente federativo. Todavia, a servidora gestante poderá prorrogar
esse prazo, desde que o requeira até o final do pri-
Com base na Lei n° 8.112, de 1990 (art. 186), ao meiro mês após o parto, e terá duração de sessenta
servidor federal poderá ser concedido aposentadoria: dias. Trata-se de uma inovação trazida pelo Decre-
to nº 6.690, de 2008. Pelo nascimento ou adoção de
z Aposentadoria por invalidez permanente, sendo filhos, o servidor terá direito à licença-paternidade
os proventos integrais quando decorrente de aciden- de 5 (cinco) dias consecutivos;
9
-9
te em serviço, moléstia profissional ou doença grave, z Licença por acidente em serviço (art. 212): o
96
contagiosa ou incurável, especificada em lei, e pro- Estatuto considera como acidente em serviço o
.3
porcionais nos demais casos (inciso I, do art. 186); dano físico ou mental sofrido pelo servidor, que se
93
z Aposentadoria compulsória, aos setenta anos de relacione, mediata ou imediatamente, com as atri-
.0
idade, com proventos proporcionais ao tempo de buições do cargo exercido. O servidor acidente em
06
z Aposentadoria voluntária, de acordo com os z Pensão por morte (art. 215): esse é um dos raros
a
seguintes critérios de idade e de contribuições: aos benefícios que não é devido ao servidor (por moti-
lv
de magistério se professor, e 25 (vinte e cinco) se nheira que comprove união estável como entidade
v
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública; VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo
93
mento desta, ao conhecimento de outra autoridade Essa proibição tem o fito de evitar a prática do
competente para apuração;
a
pria Constituição Federal dispõe de um rol de casos ato omissivo ou comissivo praticado pelo servidor
-1
excepcionais em que é permitida a acumulação des- no desempenho de cargo ou função, à luz do art. 124.
Consiste na instauração de processo disciplinar,
a
de que se trata de um rol taxativo, ou seja, são válidas motivo pelo qual haverá a verificação da conduta deli-
Si
apenas aquelas hipóteses de acumulação de cargos. tuosa do agente, bem como a aplicação da pena mais
da
Assim, as hipóteses de acumulação de cargos cons- adequada. Imprescindível reforçar que a aplicação de
qualquer pena ao servidor público pressupõe um pro-
io
z Dois cargos de professor (“a”, XVI, art. 37); direito ao contraditório e à ampla defesa, sendo obri-
O
z Um cargo de professor com outro técnico ou cientí- gatória, inclusive, a presença do advogado em todas
ri
go não efetivo cometa uma das faltas passíveis da I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes
93
pena de suspensão e demissão, poderá perder o das Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais
.0
contra o erário público, nos casos dos incisos IV, VIII, X II - pelas autoridades administrativas de hierar-
Si
são, por infringência dos incisos IX e XI, do art. 117, IV - pela autoridade que houver feito a nomea-
incompatibiliza o ex-servidor para nova investidura ção, quando se tratar de destituição de cargo em
em cargo público federal, pelo prazo de 5 (cinco) anos. comissão.
Ou seja, dentro desse prazo estabelecido, ainda que
o ex-servidor público demitido ou destituído preste Mesmo que a administração pública tenha o dever
novo concurso e se classifique, não poderá ser investi- de responsabilizar os seus servidores públicos pelas
do e tomar posse de novo cargo. infrações praticadas de que tiver conhecimento, é
Não poderá retornar ao serviço público federal o importante observar que essas penalidades devem
servidor que for demitido ou destituído do cargo em ser aplicadas a contar da data em que o fato se tornou
comissão por infringência dos incisos I, IV, VIII, X e XI, conhecido. A prescrição da ação disciplinar é regula-
art. 132, (parágrafo único, do art. 137). mentada pelo art. 142.
Configura abandono de cargo a ausência inten-
cional do servidor ao serviço por mais de trinta dias Art. 142 A ação disciplinar prescreverá:
consecutivos (art. 138). Nesse caso, o servidor deixa I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis
de comparecer ao serviço por mera liberalidade por com demissão, cassação de aposentadoria ou dis-
mais de trinta dias seguidos. ponibilidade e destituição de cargo em comissão; 245
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II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão; todas as provas colhidas e todos os fatos devidamente
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência. investigados. Ao todo, são três as fases do processo
§ 1º O prazo de prescrição começa a correr da data administrativo disciplinar (art. 151):
em que o fato se tornou conhecido.
§ 2º Os prazos de prescrição previstos na lei penal Art. 151 [...]
aplicam-se às infrações disciplinares capituladas I - instauração, com a publicação do ato que cons-
também como crime. tituir a comissão;
§ 3º A abertura de sindicância ou a instauração de
II - inquérito administrativo, que compreende ins-
processo disciplinar interrompe a prescrição, até a
trução, defesa e relatório;
decisão final proferida por autoridade competente.
III - julgamento.
§ 4º Interrompido o curso da prescrição, o prazo
Art. 152 O prazo para a conclusão do proces-
começará a correr a partir do dia em que cessar a
so disciplinar não excederá 60 (sessenta) dias,
interrupção.
contados da data de publicação do ato que consti-
tuir a comissão, admitida a sua prorrogação por
Do Processo Administrativo Disciplinar: Conceito, igual prazo, quando as circunstâncias o exigirem.
Princípios, Fases e Modalidades
z Do Inquérito Administrativo
O processo administrativo é o instrumento desti-
nado a apurar as responsabilidades do servidor por
O inquérito administrativo é a fase em que temos
infração praticada no exercício de suas atribuições ou
a apuração da responsabilidade disciplinar do servi-
relacionada ao cargo que ocupa. O processo pode ocor-
dor público. Ela compreende a fase instrutória (colhei-
rer em procedimento ordinário ou em sindicância.
ta de provas), a citação e apresentação da defesa do
A sindicância é definida como uma averiguação
sumária promovida no intuito de obter informações servidor que está sendo acusado, além da produção
ou esclarecimentos necessários à determinação do de um documento chamado relatório.
verdadeiro significado dos fatos denunciados. Compa- Art. 155 Na fase do inquérito, a comissão promoverá
rando com o processo penal, pode-se afirmar que a a tomada de depoimentos, acareações, investigações
sindicância é como se fosse a “fase investigativa”, pois e diligências cabíveis, objetivando a coleta de prova,
o fim dela não resulta em uma sentença ou decisão: recorrendo, quando necessário, a técnicos e peritos,
ela serve primordialmente para apurar o que ocorreu, de modo a permitir a completa elucidação dos fatos.
e se é necessário instaurar o processo posteriormente.
Segundo o art. 145, da sindicância poderá resultar: Importante o conteúdo do art. 156, ao dispor que:
afastamento preventivo do mesmo: Como medida Não é porque não estamos em um processo judicial
(com a figura de um membro do Poder Judiciário) que
.0
a influir na apuração da irregularidade ao mesmo não devem ser aplicados os princípios mais básicos e
-1
veementes indícios de responsabilidades, poderá orde- dos princípios do contraditório e ampla defesa, a dis-
Si
nar o seu afastamento do exercício do cargo. paridade de armas, o direito de ter ciência e conheci-
da
uma conduta irregular, temos o início do processo admitidos no processo administrativo, sendo, pratica-
O
administrativo disciplinar (PAD), ou ordinário. Segun- mente os mesmos meios de prova admitidos em pro-
ri
cesso judicial.
A
trata o inciso I, parágrafo único, do art. 34, o ato será É imprescindível, assim, que o ato administrativo
convertido em demissão, se for o caso. esteja previsto em lei, sendo que seu conteúdo
io
sibilidade de delegação, quando prevista em lei. Por Não se confunde motivo com motivação, essa é a
96
isso, pode-se dizer também que a delegabilidade é justificativa para a realização de determinado ato. O
.3
outra característica da competência. Porém, atente-se motivo ocorre em momento anterior à prática do ato,
93
ao disposto no art. 13 da Lei nº 9.784, de 1999: enquanto a motivação, por ser uma série de explica-
.0
Objeto
pre que o ato for praticado, tendo em vista o interesse
Objeto é o conteúdo do ato, ou o resultado que alheio, será nulo por desvio de finalidade.
pretende ser almejado pela prática do ato administra- Por exemplo: o trancamento de um estabelecimen-
tivo. Todo ato administrativo tem por objeto a cria- to, após constatação de falta de cuidados higiênicos
ção, modificação, ou comprovação de situações com os alimentos, visa a proteção da vida e da saúde
jurídicas concernentes a pessoas, bens, ou atividades dos cidadãos que frequentam aquele local. Pode-se
sujeitas ao exercício do Poder Público. É por meio dele afirmar, de modo geral, que a finalidade de um ato
que a Administração exerce seu poder, concede um administrativo sempre será a proteção dos direitos e
benefício, aplica uma sanção, declara sua vontade, garantias fundamentais da pessoa humana.
estabelece um direito do administrado etc. Além dessa concepção clássica, há também uma
O objeto pode não estar previsto expressamente classificação mais moderna dos requisitos dos atos
na legislação, cabendo ao agente competente a opção administrativos, elaborada por autores como Celso
que seja mais oportuna e conveniente ao interesse Antônio Bandeira de Mello. Por ser pouco utilizada
público. A definição de objeto do ato administrativo em concursos públicos, observaremos apenas os pon-
248 trata-se, por isso, de ato discricionário. tos essenciais e didáticos da referida classificação.
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Para essa concepção moderna, são requisitos dos consequências perante terceiros. O Estado somente con-
atos administrativos: segue alcançar seus objetivos de forma eficiente se ele
se encontrar em posição superior aos seus governados.
a) sujeito; A justificativa da criação unilateral, ainda que contra
b) motivo; a vontade dos administrados, dos atos administrativos
c) requisitos procedimentais; é o Poder coercitivo do Estado, também denominado
d) finalidade; Poder Extroverso ou Poder de Império. Esse não é um
e) causa e atributo comum a todos os atos, mas tão somente aos
f) formalização. que impõem obrigações aos administrados. Assim, não
têm essa característica os atos que outorgam direitos
Sujeito, requisitos procedimentais e causa são os (autorização, permissão, licença), bem como aqueles
requisitos vinculados, enquanto o motivo, a finalida- meramente administrativos (certidão, parecer).
de e a formalização são requisitos discricionários.
Exigibilidade
ATRIBUTOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
Consiste no atributo que permite à Administração
Atributos são as características dos atos adminis- Pública aplicar sanções aos particulares por violação
trativos, que os distinguem dos demais atos jurídicos, da ordem jurídica, sem a necessidade de recorrer ao
pois estão submetidos ao regime jurídico administrativo. processo judicial, que é demasiado longo e repleto
Essas características traduzem em prerrogativas concedi- de solenidades. A exigibilidade permite ao Adminis-
das à Administração Pública para que ela possa atender trador aplicar as sanções administrativas, como mul-
de maneira adequada as necessidades da população. tas, advertências e interdição de estabelecimentos
A doutrina mais moderna4 faz referência a cinco comerciais.
atributos distintos:
Autoexecutoriedade
a) presunção de legitimidade e veracidade;
b) imperatividade; A autoexecutoriedade permite que a Administra-
c) exigibilidade; ção Pública possa realizar a execução material de
d) auto executoriedade; seus atos. A expressão “auto” advém do fato de que
e) tipicidade. o Poder Público não necessita de autorização judicial
para desconstituir a situação irregular e violadora da
Veremos cada um desses atributos de modo mais ordem jurídica, o que a difere da exigibilidade, que
específico a seguir: não tem o condão de, por si só, desconstituir a irre-
Presunção de legitimidade e veracidade. gularidade do ato, apenas pune o infrator. Para tanto,
Também pode ser denominado presunção de necessita da presença de dois requisitos: a previsão
legalidade. Significa que todo ato administrativo legal, como nos casos de Poder de Polícia; e o caráter
9
é considerado válido no âmbito jurídico até surgir
-9
então, presume-se que o fez respeitando a lei. bandeadas, na demolição de construção irregular,
Nosso Direito admite duas formas de presunção:
.0
z Presunção juris et de jure que significa “de direito e independe de manifestação do Judiciário não signifi-
por direito”, é presunção absoluta, que não admite
a
z Presunção juris tantum, resultante do próprio de seu cumprimento, se houver provocação da par-
da
direito e, embora por ele estabelecida como verda- te interessada. As medidas judiciais mais adequadas
deira, admite prova em contrário.
io
tum. Trata-se, então, de presunção relativa. Cabe ao Importante ressaltar ainda que os princípios da
ri
A
particular que alegou a ilegalidade do ato administra- razoabilidade e proporcionalidade impõem limites
tivo provar a carência de legitimidade do mesmo. na atuação coercitiva dos agentes públicos. A autoe-
A presunção atinge todos os atos, inclusive aqueles xecutoriedade (leia-se o uso de força física) deve ser
praticados pela Administração com base no direito priva- utilizada com bom senso e moderação.
do. Qualquer que seja o ato, se praticado pela Administra-
ção Pública, será presumidamente legítimo e verdadeiro. Tipicidade
uma série de regras para a prática de um ato, mas nova situação jurídica aos destinatários. Pode ser
pela outorga de um novo direito, como permissão de
.0
que poderá optar por um entre vários caminhos uso de bem público, ou a imposição de uma obriga-
-1
igualmente válidos. Há uma avaliação subjetiva ção, como estabelecer um período de suspensão;
prévia à edição do ato. É o caso das permissões z Atos declaratórios: são aqueles que afirmam uma
a
lv
para o uso de bem público. No caso de o ato dis- situação já existente, seja de fato ou de direito. Não
Si
cricionário não ser mais conveniente e oportuno cria, transfere ou extingue situação jurídica, ape-
da
para a Administração Pública, a solução mais cor- nas a reconhece. É o caso da expedição de uma cer-
reta para sua extinção é a revogação; tidão de tempo de serviço;
io
Quanto à Formação de Vontade alterar a situação já existente, sem que seja extin-
O
administrativos.
a) perfeito, válido e eficaz;
-1
d) imperfeito, inválido e ineficaz. ção dos atos administrativos. A principal divisão que
Si
Os critérios apresentados não são exaustivos: há tem atos administrativos eficazes e atos ineficazes.
Quando ineficaz, o ato pode ser extinto pela retirada,
io
sentar aqueles que têm mais chances de aparecer em atos eficazes, há quatro formas de extinção dos atos
O
ESPÉCIES DE ATOS ADMINISTRATIVOS z Extinção ipsu iure pelo cumprimento dos efei-
tos: é a extinção que ocorre pelo cumprimento
Os atos administrativos tipificados pela legislação integral dos efeitos do ato administrativo. É a
brasileira são diversos. Por isso, também é utilizado, extinção natural esperada por todo ato adminis-
para fins didáticos, uma sistematização dos atos admi- trativo. Pode ocorrer mediante:
nistrativos. A doutrina divide os atos administrativos
previstos da legislação em cinco espécies distintas: Esgotamento do conteúdo, como a vacina-
ção de enfermos após expedição de ordem de
z Atos normativos: são aqueles que apresentam entrega das vacinas;
comandos gerais e abstratos para o cumprimento Execução da ordem, como o guinchamento de
da lei. Alguns autores, inclusive, chegam a consi- veículo;
derar tais atos “leis em sentido material”. São atos Implemento de condição resolutiva ou termo
normativos: os decretos e regulamentos; as instru- final, como o prazo final para renovação da CNH;
ções normativas; os regimentos; as resoluções; e as
deliberações; 251
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z Extinção ipsu iure pelo desaparecimento da retroativos, ou ex nunc. Há a possibilidade do particu-
pessoa ou objeto: os atos administrativos podem lar, que se sentiu prejudicado com a referida medida,
tratar das pessoas ou coisas. Desaparecendo um ingressar em juízo com pedido de indenização contra
desses elementos, o ato extingue-se automatica- a Administração.
mente, pois perdeu a sua utilidade. As pessoas
“desaparecem” com seu falecimento, como a mor- Anulação
te de servidor público que receberia promoção; e É a extinção de ato administrativo defeituoso, pois
as coisas com a sua ruína ou destruição, como o carece de legalidade, podendo ser expedido pela Admi-
desabamento de prédio que recebeu licença para nistração Pública, ou até mesmo pelo Poder Judiciário. A
a sua reforma; anulação deriva do próprio princípio da legalidade e auto-
z Extinção por renúncia: ocorre quando o próprio tutela. Também possui fundamento no art. 53 da Lei nº
beneficiário abre mão da situação proporcionada 9.784, de 1999, bem como na Súmula nº 473, do STF.
pelo ato administrativo. É o caso da exoneração de A anulação realizada pela própria Administração
cargo público a pedido do seu ocupante; ocorre mediante a expedição de ato anulatório. Suas
z Retirada do ato: é a forma mais importante de
características principais são: é ato secundário, consti-
extinção dos atos administrativos, para os concursos
tutivo e vinculado. Tanto a Administração como o Poder
públicos. É a extinção que se dá pela expedição de um
Judiciário podem decretar a anulação de ato administra-
segundo ato, elaborado para extinguir ato adminis-
tivo. Outra característica importante é o prazo definido
trativo anterior a ele. Comporta cinco modalidades,
pelo caput do art. 54 da Lei nº 9.784, de 1999:
que serão vistas com maiores detalhes: revogação,
anulação, cassação, caducidade e contraposição.
Art. 54 O direito da Administração de anular os
atos administrativos de que decorram efeitos favo-
Revogação
ráveis para os destinatários decai em cinco anos,
contados da data em que foram praticados, salvo
Revogação é a extinção de ato administrativo que comprovada má-fé.
se encontra perfeito e apto a produzir seus efeitos,
praticado pela própria Administração Pública. Essa
O prazo decadencial de cinco anos é atributo exclu-
remoção é fundada em razões de conveniência e opor-
sivo da anulação.
tunidade, sempre almejando a proteção do interesse
Por fim, em relação a seus efeitos, é importante fri-
público. Nessa hipótese, ocorre uma causa superve-
sar que o ato nulo (aquele que carece de legalidade)
niente, que altera o juízo de conveniência e oportu-
tem o seu defeito constatado desde a sua concepção.
nidade sobre a permanência de ato discricionário,
Por isso, a anulação deve desconstituir os efeitos des-
obrigando a Administração a expedir um segundo ato
capaz de revogar esse ato anterior. de a data da prática daquele ato. Podemos afirmar,
O conceito de revogação tem previsão no art. 53 da então, que a anulação possui efeito retroativo, ou ex
Lei nº 9.784, de 1999: tunc. Em regra, não gera ao particular direito à inde-
nização pela anulação de ato ilegal, salvo se compro-
9
-9
Art. 53 A Administração deve anular seus próprios var ter sofrido dano anormal para ocorrência, do qual
96
Sobre o mesmo assunto, a Súmula nº 473, do STF: São hipóteses em que o administrado deixa de
-1
Súmula nº 473 A administração pode anular seus da referida vantagem. Exemplo: habilitação da CNH
lv
próprios atos, quando eivados de vícios que os tor- cassada por ser pessoa enferma.
Si
Assim, todo ato que contém algum vício, estando apto Quando o agente público exerce adequadamente
a produzir efeitos, e desde que esse vício não seja insa- suas competências, atuando em conformidade com a
nável, podem ser convalidados. Somente os elementos legislação, sem excessos ou desvios, diz-se que ele faz
da forma e da competência podem sofrer convalidação. uso regular do poder. Entretanto, havendo hipóteses
Mas a Administração não pode extinguir seus pró- de exercício de competências fora dos limites legais,
prios atos a qualquer tempo. Ela tem um prazo para visando apenas interesses alheios, trata-se de clara
tanto, o qual denomina-se prescrição (no sentido de hipótese de uso irregular do poder, também denomi-
decadência) administrativa. Essa nomenclatura pode nado abuso de poder. O abuso de poder, além de cau-
ser um pouco confusa, pois, na verdade, a prescrição sar a invalidade do ato, constitui em ilícito ensejador
e a decadência tratam de duas coisas distintas. O cor- de responsabilidade pela autoridade competente que
reto seria dizer que há um prazo decadencial para a causou danos com seu uso irregular.
Administração exercer o seu direito de revisar os seus Abuso de poder pode se manifestar no exercício
próprios atos. Ocorre que, para exercer esse direito, das funções administrativas sob duas formas: pelo
deve a mesma ingressar com uma ação no Judiciá- excesso de poder e pelo desvio de finalidade.
rio e, sobre essa ação, recai um prazo prescricional. Excesso de poder é a hipótese de uso irregular dos
Assim, a prescrição atinge somente o direito de poderes administrativos pela qual a autoridade pra-
exercício da ação cabível, enquanto a decadência tica algum ato desrespeitando os limites impostos,
atinge o direito em si. Em suma, não é porque ocor- exorbitando o uso de suas faculdades administrativas.
9
reu a decadência do direito da Administração de anu-
-9
lar o próprio ato que ela mesma criou, que esse ato sável age com exageros e desproporcionalidade, o que
.3
não possa ser anulado pelo Poder Judiciário, dentro torna o ato praticado por ele absolutamente inválido.
93
A decadência existe para proteger os vínculos e há hipóteses em que se pode corrigir vício cometido
06
relações jurídicas travados entre a Administração no ato preservando sua eficácia, dependendo do caso
-1
do por uma situação que ficou no passado. administrativo, praticado sempre por autoridade
Si
E qual é esse prazo da decadência administrativa? competente, que tem fim diverso daquele previs-
da
Segundo o caput do art. 54 da Lei nº 9.784, de 1999, to, explícita ou implicitamente, nas regras de compe-
io
Art. 54 O direito da Administração de anular os 2º, da Lei nº 4.717, de 1965). A finalidade diversa não
tá
atos administrativos de que decorram efeitos favo- macula os requisitos essenciais dos atos administrati-
O
ráveis para os destinatários decai em cinco anos, vos (competência, objeto, forma, motivo), mas tende a
ri
prir suas funções. Os atos praticados no exercício do são exclusivas e indelegáveis. Excepcionalmente,
poder vinculado são denominados atos vinculados.
io
meio do qual o legislador, ao delimitar a competên- nistração federal quando não implicar aumento de
O
cia da Administração Pública, confere também uma despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;
ri
255
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Por fim, a revisão é a capacidade de rever os atos de funções e a conduta de seus servidores, responsa-
dos inferiores hierárquicos, apreciando todos os seus bilizando-os pelas faltas porventura cometidas.
aspectos para a análise de sua manutenção ou inva- Em relação às suas características, o poder disci-
lidação. É possível somente a revisão de atos prati- plinar é interno, não permanente ou temporário,
cados pelos órgãos públicos e agentes subordinados e discricionário. Assim como o poder hierárquico, a
hierarquicamente. imposição de sanções pela Administração não se apli-
Para as entidades da Administração Indireta, real- ca aos particulares, somente a seus próprios servido-
mente, não há como aplicar o poder hierárquico, uma res, salvo as hipóteses de estes serem contratados pela
vez que, por definição, elas não integram a mesma Administração Pública. Todavia, distingue-se do poder
linha de hierarquia. São entes diferentes do seu cria- hierárquico na medida em que é não permanente, isto
dor, com personalidade jurídica própria, com patri- é, será aplicado apenas se e quando o servidor come-
mônio exclusivo e podendo se responsabilizar em ter infração funcional.
juízo sem o auxílio da Administração Direta. Percebe-se, então, que o poder disciplinar apresen-
O que existe para as entidades da Administração ta caráter punitivo e sancionador, enquanto o poder
Indireta é uma forma de controle fiscalizatório e fina-
hierárquico advém da simples obediência dos subal-
lístico de seus atos, o qual se denomina supervisão
ternos para com a entidade detentora deste poder. A
ministerial. A supervisão é feita pelo ente controla-
discricionariedade do poder disciplinar traduz-se na
dor, geralmente são os entes da Administração Direta
possibilidade de a Administração em poder escolher
(União, Estados, Municípios, Distrito Federal e os seus
qual a punição mais apropriada para cada caso, isto
órgãos, ministérios e secretarias). A supervisão não se
é, ela possui certa margem de liberdade para o seu
confunde com subordinação, pois entende-se que na
supervisão o ente controlado possui uma maior mar- exercício.
gem de liberdade do que os órgãos hierarquicamente Os servidores públicos que cometerem qualquer
subordinados. A supervisão ministerial não admite, infração no exercício de suas funções estão sujeitos
por exemplo, a possibilidade de revisão dos atos pra- às seguintes penalidades, dispostas no art. 127, da Lei
ticados pela entidade controlada, pois a revisão é uma nº 8.112, de 1990: advertência; suspensão; demissão;
forma de controle de mérito dos atos administrativos. cassação de aposentadoria ou disponibilidade; desti-
Isso infere na autonomia garantida constitucional- tuição de cargo em comissão; e destituição de função
mente a essas entidades. comissionada. A aplicação de qualquer uma dessas
penalidades depende de prévio processo administra-
tivo, respeitada a garantia de contraditório e ampla
Importante! defesa, sob pena de nulidade da sanção.
niente e inoportuno, discricionário, o Poder Judi- do restrito, mais utilizado pela doutrina, que engloba
.0
ciário não pode exercer controle de mérito, pois apenas as restrições impostas pelas limitações admi-
06
essa é uma tarefa exclusiva da Administração, nistrativas, excluindo as limitações de ordem legal.
-1
dentro da sua linha hierárquica. O método mais Em sentido restrito, envolve atividades administrati-
correto para o ato inconveniente, neste caso, é o
a
Ato ilícito → controle de legalidade (vinculação) O poder de polícia tem grande destaque no exercí-
da
Administração ou Poder Judiciário → Anulação cio das funções da Administração moderna, junto com
io
to (discricionariedade) → somente a Adminis- tiva privada. Porém, essas duas funções representam
tá
vel, disposta no inciso XXII, art. 5º, da CF, de 1988. interesses primordiais da sociedade ao impedir com-
96
O poder de polícia manifesta-se pela expedição de portamentos individuais que possam causar prejuízos
.3
direito de construir, ou por meio de atos concretos, A polícia judiciária, por sua vez, apresenta cará-
.0
como a obtenção de licença para a reforma de um ter repressivo. Sua atuação ocorre após a constata-
06
imóvel, cujo interesse é exclusivo do particular (pro- ção do crime. Após a ocorrência do crime, a polícia
-1
polícia, qual seja, agir em prol do interesse público. de ser é a punição dos infratores. Rege-se pelas regras
Si
Por isso, o Estado deve conciliar os direitos individuais de direito processual penal. Ela incide sobre pessoas,
da
com o interesse da coletividade. Tal finalidade é típica ao contrário da polícia administrativa, que age sobre
a atividade das pessoas. A polícia judiciária é exercida
io
o princípio sistêmico da primazia do interesse público pelas corporações especializadas, denominadas Polí-
tá
A doutrina não é unânime em relação ao tema. Todavia, boa parte dos autores costumam dividir os diversos
tipos de instrumentos de controle dos atos administrativos, com base nos seguintes critérios:
z Controle legislativo: é o controle realizado pelo Poder Legislativo, mais especificamente pelo parlamento,
no exercício da sua função fiscalizadora. O controle no âmbito federal, é diretamente exercido pelas Casas
do Congresso nacional e indiretamente pelo Tribunal de Contas. Exemplo: as Comissões Parlamentares de
Inquérito (CPIs);
z Controle administrativo: é o controle dos atos administrativos feito pelos órgãos e entidades da própria
Administração Pública. É a manifestação do princípio da autotutela. É, por isso, uma modalidade de controle
interno, podendo ser feito de ofício, ou mediante provocação. Exemplo: revogação de ato administrativo, anu-
lação de um ato pela própria administração etc.;
z Controle judicial: é o controle feito pelos integrantes do Poder Judiciário no exercício da função típica, qual
seja, a função julgadora. Devido ao princípio da inércia da jurisdição, jamais poderá atuar de ofício, apenas
mediante provocação. Exemplo: mandado de injunção e as ações sobre controle de constitucionalidade.
Administração Pública
.3
93
.0
julgadora)
a
lv
Si
z Controle interno: é o controle realizado por um Poder sobre os seus próprios órgãos, agentes e atos. É o caso
v
z Controle externo: é o tipo de controle exercido por autoridade que se situa fora do âmbito do órgão a ser
ri
controlado, ou seja, é o controle realizado entre autoridades de diferentes estruturas organizacionais. É o caso
A
Quanto ao controle externo devemos ficar atentos pois quando usamos o termo em sentido amplo, podemos
dividi-lo em controle externo judicial e legislativo:
z Controle externo judicial: realizado mediante provocação e atua somente sobre os aspectos legais da atuação
administrativa (controle de legalidade);
z Controle externo legislativo: realizado mediante provocação ou de ofício, atua tanto em relação aos aspectos
legais quanto de mérito da atuação administrativa (controle de legalidade e de mérito).
Por outro lado, quando utilizamos controle externo em sentido estrito, ficaremos adstritos aos termos da Cons-
tituição Federal, que dispõe apenas do controle externo legislativo, o qual será exercido com o auxílio do Tribunal
de Contas.
258
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Quanto à Natureza DO CONTROLE ADMINISTRATIVO
hierárquico é feito por autoridade superior em proporcionar o reexame dos atos da Administração
96
relação a seus subordinados. Trata-se de um esca- Pública. São eles: a representação, a reclamação admi-
.3
dos órgãos administrativos. Em regra, é necessário Embora nos dias atuais não vemos tal atuação com
lv
que haja a expressa previsão legal para que o con- tamanha frequência, o Poder Legislativo tem como
Si
trole finalístico possa existir. uma de suas funções típicas o exercício do controle,
da
que a Administração Pública faz sobre os seus de, abrangendo a fiscalização dos atos do Executivo,
próprios atos. A tutela, por sua vez, é caracterís- quanto à legalidade e quanto ao mérito, questio-
tica da Administração Direta, que o exerce em nando a conveniência e oportunidade dos atos à luz
face da Administração Indireta. A grande maio- do interesse público. É o caso das autorizações dentro
ria da doutrina entende que a tutela é uma espé- das competências das Casas parlamentares, dispostas
cie de controle externo, pois embora estejamos nos arts. 49 a 52 da CF, de 1988.
falando de entes pertencentes à Administração A atuação do Congresso no controle político é bas-
Pública, os entes da Administração Indireta pos- tante ampla e geral, seja na apuração de condutas
suem personalidade jurídica própria e distinta do irregulares, com o auxílio das Comissões Parlamenta-
ente federativo que os criou. res de Inquérito (CPIs), seja para manejar o processo
de impeachment do Presidente da República etc.
Não vemos o Congresso exercer seu controle polí-
Convém fazer breves considerações sobre os con- tico com muita frequência, sob o argumento de que
troles administrativo, legislativo e judicial, haja vis- o controle em demasia poderia demonstrar uma rup-
ta que o critério da extensão acaba abrangendo todos tura com o sistema de Separação dos Três Poderes.
os demais. Todavia, ele tem previsão constitucional, e deve ser 259
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utilizado sempre que possível, independentemente z Legitimidade e Economicidade: são parâme-
dos interesses políticos por trás do mesmo. tros que atuam de forma conjunta. A legalidade
O controle financeiro, por sua vez, ocorre com procura verificar se o gasto alcançou a finalidade
muito mais frequência e corresponde à avaliação da almejada, analisando a Lei Orçamentária. Já a eco-
legalidade e da qualidade dos gastos públicos. Tem nomicidade verifica a relação de custo-benefício
relação com a fiscalização (se o gasto ocorre de acordo daqueles gastos, isso é, se foi o menor possível e,
com as normas legais) contábil e financeira, prevista com isso, o mais eficiente possível.
no art. 70 da CF, de 1988.
A parte final do referido art. 70 preceitua a possi-
bilidade de um controle interno, isto é, órgãos dentro
Importante! dos Três Poderes com funções que seriam para exer-
cer a fiscalização de seus próprios atos, com a finali-
Embora o Poder Legislativo avalie e questione
dade de:
o mérito da atuação administrativa, ele não é
capaz de revogar os atos administrativos.
Art. 74 […]
I - avaliar o cumprimento das metas previstas no
Dispõe o art. 70 que: plano plurianual, a execução dos programas de
governo e dos orçamentos da União;
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados,
Art. 70 A fiscalização contábil, financeira, orça-
quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentá-
mentária, operacional e patrimonial da União
ria, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades
e das entidades da administração direta e indireta,
da administração federal, bem como da aplica-
quanto à legalidade, legitimidade, economicida-
ção de recursos públicos por entidades de direito
de, aplicação das subvenções e renúncia de recei-
tas, será exercida pelo Congresso Nacional, privado;
mediante controle externo, e pelo sistema de III - exercer o controle das operações de crédito,
controle interno de cada Poder. avais e garantias, bem como dos direitos e haveres
da União;
IV - apoiar o controle externo no exercício de sua
O controle realizado pelo Congresso Nacional é um
missão institucional (art. 74, CF, de 1988).
controle parlamentar direto e eminentemente políti-
co. Da leitura do dispositivo constitucional, podemos
Por fim, é importante ressaltar o papel do Tribu-
destacar quais são as modalidades de controle exerci-
nal de Contas da União (TCU) no exercício do contro-
do pelo Congresso Nacional:
le legislativo externo (parte final do art. 70).
O TCU é um órgão colegiado responsável em auxi-
z Controle contábil: é aquele que parte da ideia de
liar o exercício do controle externo, sendo disci-
contabilidade. Contabilidade é a técnica que possi-
plinado tanto pela Constituição (arts. 71 e seguintes),
bilita o controle das receitas e despesas públicas,
como por legislação específica (Lei nº 8.443, de 1992). É
por meio do registro numérico. O art. 77 do Dec-
9
composto por nove Ministros, sendo três deles convo-
-9
mediante classificação em conta adequada”; Público junto ao Tribunal, indicados em lista tríplice
.0
aos procedimentos legais de entrada e saída de merecimento. Os seis remanescentes são nomeados
-1
verbas. Pode-se afirmar que todas as verbas públi- pelo próprio Congresso Nacional. O regime jurídico
desses Ministros se assemelha ao regime dos minis-
a
e saiam dos cofres públicos; tros do STJ, sobretudo no que diz respeito a vitalicie-
Si
z Controle patrimonial: o patrimônio público não dade no cargo, regras de aposentadoria, vantagens
da
z Controle orçamentário: trata-se, pura e sim- Art. 71 O controle externo, a cargo do Congres-
ri
título, na administração direta e indireta, incluí- Verificada uma ilegalidade, o TCU poderá fixar um
96
das as fundações instituídas e mantidas pelo Poder prazo para que o órgão ou entidade adote as provi-
.3
Público, excetuadas as nomeações para cargo de dencias necessárias para corrigir o ato e dar fiel cum-
93
Este inciso diz respeito ao fato de que quando se Deputados e ao Senado Federal;
Si
admitirem servidores e empregados públicos, o órgão XI - representar ao Poder competente sobre irre-
da
Sobre esse assunto o STF entendeu que os Tribunais com alguma irregularidade ou abusos que não sejam
O
de Contas possuem um prazo de 5 anos para que exa- de sua competência. Nestes casos, o TCU deve repre-
ri
5 RE 636553. Repercussão Geral – Mérito (Tema 445). Relator(a): Min. GILMAR MENDES. Julgamento: 19/02/2020. 261
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
§ 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacio- Cabe ressaltar também que o Controle Judicial rea-
nal, trimestral e anualmente, relatório de suas liza apenas o controle da legalidade dos atos e nun-
atividades. ca de mérito. Em outras palavras, o controle judicial
pode apenas resultar na anulação dos atos adminis-
Dica trativos e nunca na sua revogação.
O titular do controle externo é o Poder Legisla- O controle judicial pode versar sobre os aspectos
tivo, mas este é exercido pelo Tribunal de Con- de legalidade tanto em atos vinculados quanto em
tas. Para lembrar da atuação do TCU, por meio atos discricionários. Nos atos discricionários (liberda-
do controle externo, lembre-se do mnemônico de de atuar dentro do previsto em lei), o Poder Judiciá-
“C-O-F-O-P”. O TCU atua nos aspectos: rio pode avaliar se a atuação se deu dentro ou fora dos
Contábil limites da autonomia do gestor. Lembre-se: o controle
Orçamentário é somente quanto a legalidade e não sobre o mérito.
Financeiro Parte da doutrina admite a hipótese de controle de
Operacional mérito dos atos administrativos pelo Poder Judiciário,
Patrimonial apreciando critérios de conveniência e oportunidade,
isso é, as razões que justificaram a prática daquele ato.
Do dispositivo apresentado, deve-se fazer duas É o caso, por exemplo, da implementação de políticas
ponderações: públicas, pleiteadas pelos cidadãos que passam neces-
Observe que o TCU possui uma função consulti- sidade, mas que não são cumpridas dada a inércia
va, ao emitir parecer prévio a prestação de contas do do Executivo em implementá-las. Apesar de ser uma
Presidente da República. Isso porque o TCU não julga posição crescente, ela é minoritária, pois a atuação do
as contas do Presidente, essa é uma tarefa exclusiva Judiciário é voltada para anular os atos administrati-
da Câmara dos Deputados. Mas o TCU também apre- vos, e não os revogar.
senta função judicante, isso é, de julgar as contas dos Para facilitar seu estudo, veja a tabela comparati-
administradores e demais responsáveis por dinhei- va dos principais pontos divergentes entre o controle
ros, bens e valores públicos da administração direta administrativo e o controle judicial:
e indireta. Lembre-se que, para os servidores públi-
cos, qualquer ato que enseje em prejuízos financeiros
CONTROLE
ao erário é caracterizado como ato de improbidade CONTROLE JUDICIAL
ADMINISTRATIVO
administrativa, nos termos da Lei nº 8.429, de 1992.
A decisão do Tribunal de Contas poderá julgar as Somente se inicia median-
Pode iniciar de ofício ou
contas dos administradores como: te provocação. Nunca de
por provocação
ofício.
z Regulares: se apresentarem com exatidão aquilo Controle de legalidade ou
expresso nos demonstrativos contábeis; Controle de Legalidade
de mérito
z Regulares com ressalvas: significa que há uma
Anula ou revoga os atos Somente anula os atos
9
impropriedade formal, mas que não é suficiente
-9
pagamento do débito, acrescido de juros, correção REGIME JURÍDICO DE BENS PÚBLICOS MÓVEIS E
-1
Conceitos Iniciais
DO CONTROLE JUDICIAL
da
O Poder Judiciário também possui competência bens, móveis e imóveis, corpóreos e incorpóreos,
v
tá
para exercer controle de atos do Executivo, o que não pertencentes ao Estado. Bens públicos, na verdade, é
O
deve ser de grande surpresa, uma vez que devido ao uma expressão mais abrangente, uma vez que exis-
ri
sistema de jurisdição una e o princípio da inafasta- tem bens constituintes do patrimônio público que são
A
bilidade da jurisdição, todos os atos administrativos regidos pelas regras de Direito Privado.
podem ser apreciados pelo Judiciário. Conceituar bens públicos é uma tarefa árdua. O
É um tipo de controle exercido sempre median-
direito brasileiro não apresenta uma concepção satisfa-
te provocação e que abrange apenas o aspecto da
tória na visão dos autores administrativos. No mínimo,
legalidade do ato administrativo (anulação judicial
utilizam o excerto do art. 98 do Código Civil, que dispõe:
do ato). Os instrumentos de controle judicial dos atos
do Executivo são todas as ações admissíveis que tra-
tem sobre ilegalidade. Art. 98 São públicos os bens do domínio nacional
É o caso, por exemplo, do mandado de segurança, pertencentes às pessoas jurídicas de direito público
do habeas data, do mandado de injunção, e das ações interno; todos os outros são particulares, seja qual
de controle de constitucionalidade. for a pessoa a que pertencerem”.
Dentre as características, podemos destacar a
necessidade de provocação, decorrente do princípio Tal conceito, todavia, não é aceito de maneira
da inércia da jurisdição. O Judiciário não age de ofício, unânime pelos doutrinadores administrativistas, que
é necessário que seja provocado por legitimados para dividem seu posicionamento a partir das seguintes
262 que inicie o controle judicial. correntes:
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
z Corrente exclusivista: é a ideologia dos autores bens públicos são inalienáveis, pela lógica, conclui-
como José dos Santos Carvalho Filho, que enten- -se que eles também não podem ser penhorados. É
dem estar absolutamente correto o dispositivo a impenhorabilidade, inclusive, que justifica a exis-
legal do Código Civil, e que o conceito de bens tência de execução especial contra a Fazenda Públi-
públicos deve abranger somente os bens que ca e da ordem dos precatórios disposto no art. 100 da
compõem o patrimônio das pessoas jurídicas CF, de 1988, sendo impossível promover a execução
de Direito Público. Embora esta seja a corrente normal dos bens da Administração pelas regras do
mais aceita para os concursos públicos, enten- Código de Processo Civil. A impenhorabilidade tam-
demos que ela peca em não incluir na concepção bém atinge os bens públicos das empresas públicas,
de bem público os bens das empresas públicas e sociedades de economia mista e concessionárias,
sociedades de economia mista; que são afetados à prestação de um serviço público;
z Corrente inclusivista: defendida por autores z Imprescritibilidade: no caso dos bens públicos,
como Maria Sylvia Zanella Di Pietro e Hely Lopes a imprescritibilidade é na forma aquisitiva. Isso
Meirelles, consideram bens públicos todos os bens significa que os bens públicos não são passíveis de
pertencentes à Administração Pública Direta e usucapião, que é a forma de aquisição da proprie-
Indireta. Apesar de tal abrangência, essa corren- dade com a posse contínua de imóvel ao longo do
te não deixa clara a diferença de regime jurídico tempo (art. 183, § 3º, da CF, de 1988, e art. 102 do CC).
entre os bens utilizados para a prestação de um Trata-se de uma característica atribuída a todos os
serviço público, e os bens destinados à exploração bens públicos, inclusive os bens dominicais;
de atividade econômica; z Não onerabilidade: é uma consequência natural da
z Corrente mista: tal corrente nos parece ser a mais impenhorabilidade. Se o bem público não pode ser
correta, pois define bens públicos não só aque- alienado, nem penhorado, também não pode sofrer
les pertencentes às pessoas jurídicas de Direito qualquer tipo de encargo ou outra oneração, porque
Público, como também os bens afetados a uma são bens que não possuem valor patrimonial.
prestação de um serviço público. Os bens afeta-
dos às prestações de serviços públicos, mesmo que CLASSIFICAÇÃO DOS BENS PÚBLICOS MÓVEIS E
não pertencentes às pessoas jurídicas de Direito IMÓVEIS
Público, possuem atributos específicos dos demais
bens públicos, tais como a impenhorabilidade. O Código Civil brasileiro apresenta uma seção espe-
Essa é a corrente defendida por Celso Antônio Ban- cial para disciplinar a matéria dos bens públicos, esta-
deira de Mello. belecendo o seu conceito (art. 98), classificação (art.
99), a inalienabilidade dos bens de uso comum e uso
Com base no conceito disposto, podemos incluir especial (art. 100), a admissão de alienação dos bens
como bens públicos: os bens da Administração dominicais (art. 101), a imprescritibilidade dos bens
Pública Direta, isso é, bens da União (art. 20 da CF, de públicos (art. 102), e sua forma de utilização (art. 103).
1988), dos Estados (art. 26, idem), dos Municípios (pelo Em relação a classificação dos bens públicos, a
critério residual, são todos aqueles não pertencentes doutrina costuma agrupá-los em três grupos:
9
-9
e dos Territórios Federais (art. 33, idem), bem como z Quanto à titularidade: é o critério que estabelece
.3
os bens da Administração Pública Indireta, inclu- os bens públicos de acordo com o nível federativo
93
sive os bens particulares, pertencentes às pessoas da pessoa jurídica a que pertençam, podendo ser:
.0
jurídicas de Direito Privado, mas que são afetados à federais, estaduais, municipais ou distritais;
06
prestação de um serviço público, como os bens das z Quanto à disponibilidade: os bens podem ser:
-1
empresas públicas, sociedades de economia mista, indisponíveis por natureza, que não possuem
a
CARACTERÍSTICAS DOS BENS PÚBLICOS MÓVEIS do povo, como os mares, o meio ambiente, paisa-
da
Os bens públicos, em regra, pertencem à Adminis- destinados a um interesse público, não podem ser
tá
tração Pública. Por esse motivo, são dotados de um alienados. São os bens de uso especial, como as
O
regime jurídico especial que os diferenciam dos bens repartições públicas, mercados municipais, veícu-
ri
A
particulares. De modo geral, podemos identificar três los da Administração etc.; patrimoniais disponíveis,
atributos essenciais dos bens públicos: são os bens que podem ser onerados e legalmente
passíveis de alienação. É o caso dos bens dominicais
z Inalienabilidade: os bens públicos, em regra, não ou dominiais, como as terras devolutas;
podem ser vendidos livremente como os bens par- z Quanto à destinação: os bens, sob esse critério,
ticulares, pois a legislação impõe certas condições poderão ser de três tipos: bens de uso comum do
específicas para a venda de tais bens. Por não ser povo; bens de uso especial; bens dominicais.
uma proibição absoluta, há autores que preferem
a denominação alienação condicionada. Pela ina- DOS MEIOS DE UTILIZAÇÃO DOS BENS PÚBLICOS
lienabilidade, também podemos afirmar que os PELO PARTICULAR
bens públicos não podem ser embargados, hipote-
cados, desapropriados, penhorados, reivindicados, Antes de determinar as modalidades diferentes do
nem poderão ser objeto de servidão; uso de bens públicos pelo administrado, é importante
z Impenhorabilidade: a penhora é uma constrição fazer uma breve consideração. Quanto a sua destina-
judicial dos bens de alguma pessoa, para satisfazer ção, os bens públicos poderão ser de uso comum do
a execução promovida por outra. Ao dizer que os povo, de uso especial, ou ainda dominicais. 263
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Bens de Uso Comum O referido dispositivo, dessa forma, acrescenta ao
grupo dos bens disponíveis do Estado os bens perten-
São os bens do domínio público, abertos a utilização centes às fundações governamentais de Direito Pri-
universal, por todos os cidadãos. São os mares, os rios, vado que não possuem destinação específica para a
o meio ambiente, as florestas, as paisagens naturais, execução de um serviço público.
entre outros. Nesse mesmo sentido, o art. 99, I, do CC O Superior Tribunal de Justiça (STJ), no julgamento
prescreve que são bens públicos “os de uso comum do do RESP n° 1.296.964 no dia 7 de dezembro de 2016,
povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças”. firmou entendimento de ser possível que particulares
Pela sua característica de utilização universal, os possam discutir a posse de imóvel localizado em área
bens de uso comum são inalienáveis. Isso significa pública sem destinação específica, por meio da tutela
que, enquanto mantiverem esse status de utilização judicial possessória. Apesar de não haver a possibili-
geral por toda a população, não poderá ser vendido dade de transferência da propriedade do Estado ao
ou onerado (art. 100 do CC). Para que possam ser devi- particular, é possível que este seja possuidor de refe-
damente alienados, precisam passar pelo processo rido imóvel dominical, tendo por fundamento valores
de desafetação, hipótese em que se transformam em constitucionais como a função social da propriedade
bens dominicais. Apesar de a utilização ser comum a e o máximo aproveitamento do solo. Assim, podemos
todos, nada impede que a utilização desses bens seja resumir o entendimento do STJ na possibilidade do
remunerada, ou seja, os bens de uso comum não são particular adquiri posse ad interdicta de imóvel públi-
obrigatoriamente gratuitos (art. 103, CC). co, isso é, admite proteção da posse pela via judicial,
mas a referida posse não enseja a usucapião, ou ad
Bens de Uso Especial usucapionem.
Sobre as formas de uso dos bens públicos, temos
Também denominados bens do patrimônio quatro possibilidade: uso comum; uso especial; uso
administrativo, são os bens que apresentam uma compartilhado; e uso privativo. Observe que algumas
destinação (finalidade) específica, e por isso, são con- formas de uso tem o mesmo nome do que umas espé-
siderados instrumentos para a execução de serviços cies de bens públicos. Porém, elas significam coisas
públicos. São os prédios das repartições públicas, os diferentes. Pode ocorrer, por exemplo que um bem de
cemitérios, os mercados municipais, os matadou- uso comum do povo (espécie), acabe sendo utilizado
ros etc. O art. 99, II, do CC assim dispõe que são bens de forma privativa.
públicos: “os de uso especial, tais como edifícios ou Dessa forma, as modalidades de uso dos bens públi-
terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da cos são:
administração federal, estadual, territorial ou munici-
pal, inclusive os de suas autarquias” z Uso comum: é a forma de uso de bem público
Assim como os bens de uso comum, os bens espe-
aberto, indiscriminadamente, para toda a coletivi-
ciais também são, em regra, inalienáveis, dado a sua
dade. Não há a necessidade de uma autorização,
utilização específica e essencial para a prestação de
por parte do Estado, para o seu uso. É o caso das
9
um serviço público, compondo o patrimônio indis-
-9
Bens Dominicais
mente importante que o Poder Público autorize
-1
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Da Outorga dos Bens Públicos: Concessão, concessionário direito de indenização, desde que
Permissão, Autorização a rescisão não tenha sido sua culpa. O art. 176 da
CF, de 1988 prevê, por exemplo, a concessão de uso
Os bens públicos, sejam de uso comum, de uso de jazidas de minérios. O traço mais característico
especial ou dominicais, podem ser outorgados a deter- da concessão de uso é o fato de que o concessioná-
minados particulares. Essa outorga, como já vimos, ria pode utilizar do bem público o quanto quiser
tem algumas características importantes, como o fato (posse ad interdicta), mas nunca poderá ser o
de ser uma outorga precária (que pode ser revogada proprietário do bem, pois sua posse lhe carece do
a qualquer tempo), envolvendo juízo de discriciona- direito de usucapião (posse ad usucapionem);
riedade por parte da Administração (razões de conve- z Concessão de direito real de uso: esse é um caso
niência e oportunidade), devendo se dar mediante ato em que a concessão recai sobre direito real, ao
administrativo formal (não se admite a forma verbal contrário da hipótese anterior, que recai sobre um
de outorga), entre outras. direito pessoal. A concessão de direito real de uso
É importante, dessa forma, conhecer quais são os recai, sobretudo, sobre terrenos públicos e espa-
instrumentos de outorga do uso privativo de bens ços aéreos. Ela possui finalidades bem específicas,
públicos. São eles:
todas elas de interesse público, como a regulariza-
ção fundiária, a urbanização e industrialização, o
z Autorização de uso de bem público: autorização
cultivo da terra, a preservação de comunidades, o
é o ato administrativo unilateral, discricionário e
aproveitamento de várzeas etc. Por ser direito real,
precário, por meio do qual a Administração faculta
essa concessão pode ser transferida por ato inter
o uso do bem de forma privativa, para um deter-
vivos, ou por herança legítima ou testamentária.
minado particular, com a finalidade de atender
a interesses predominantemente privados. A
autorização não depende de prévia licitação, mas Um destaque especial deve ser feito para a conces-
também apresenta um certo risco, uma vez que ela são de uso especial para fins de moradia, prevista
não tem prazo determinado, podendo ser revogada na Medida Provisória nº 2.220, de 2002, cujos requisi-
a qualquer tempo, sem qualquer indenização para tos estão previstos no art. 1º da MP: “Aquele que, até
o particular. Também não depende de previsão 30 de junho de 2001, possuiu como seu, por cinco anos,
legal, pois da autorização não decorrem direitos ininterruptamente e sem oposição, até duzentos e cin-
conexos, apenas o direito de exercitar a referida quenta metros quadrados de imóvel público situado
atividade. É o caso do fechamento de ruas para as em área urbana, utilizando-o para sua moradia ou de
quermesses ou feiras, o interesse é predominan- sua família, tem o direito à concessão de uso especial
temente privado porque só o dono das barracas é para fins de moradia em relação ao bem objeto da
que ganha com a utilização temporária desse bem; posse, desde que não seja proprietário ou concessio-
z Permissão de uso de bem público: é também um nário, a qualquer título, de outro imóvel urbano ou
ato administrativo unilateral, discricionário e pre- rural”. Vemos, assim, que é uma modalidade especial
cário. Mas difere-se da autorização pelo fato de que de concessão de uso, uma vez que é a única em que se
9
-9
te público. Com isso, a utilização do bem público é FORMAS DE AQUISIÇÃO E ALIENAÇÃO DE BENS
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a permissão de uso de bem público. Outra diferen- Como já vimos, os bens estatais, em regra, são
-1
ça importante é que a revogação antecipada da inalienáveis. Porém, tal regra comporta exceções. O
a
permissão pode gerar indenização, quando hou- legislador, para proteger o interesse público, impôs
lv
um pouco mais com um contrato de adesão, e aca- da pessoa a quem esses bens pertençam. Tais requisi-
io
didáticos:
de permissão de uso de bem público é a utilização
ri
A
públicos, ou ao menos aqueles que podem ser aliena- enfoque, mas é importante ressaltar que o Estado pode
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dos, são, de modo geral, as seguintes: por venda, por atuar no domínio econômico, seja como agente norma-
.3
doação a outro órgão/ente da Administração Pública, tivo e regulador, seja na exploração direta de ativida-
93
pagamento, por incorporação, entre outras formas. O setor dos serviços públicos, por outro lado, é o
06
Pela lógica, pode-se concluir que o patrimônio do imediata desenvolvida sob regime de direito público,
Si
Estado possui um certo desequilíbrio muito grande, para a consecução dos interesses coletivos. Dentre as
da
pois a quantidade de bens públicos, com destina- funções administrativas, temos a prestação de servi-
io
ção específica, é muito maior do que a quantidade ços públicos em sentido estrito.
v
de bens que o Poder Público pode livremente se dis- Considerando o que foi exposto, cumpre esclare-
tá
O
por. Isso pode gerar alguns problemas financeiros. O cer o que vem a ser serviço público e o que o diferen-
Estado não pode entrar em insolvência (ter o passivo cia das atividades de fomento, do exercício do poder
ri
A
maior do que o ativo) pelo fato de constituir em um de polícia e da intervenção no domínio econômico.
maior patrimônio indisponível do que o patrimônio
disponível. Conceito de Serviço Público, Elementos Constitutivos
Ele não pode carecer de recursos enquanto apre-
senta alguns bens com destinação específica, mas A matéria dos serviços públicos está contida, de
que no momento não se encontram em uso. Por modo geral, na Constituição Federal e na Lei nº 8.987,
isso, é muito importante que a Administração Públi- de 1995, que disciplina o regime de concessão e per-
ca possua meios para reequilibrar o seu patrimônio, missão dos serviços públicos.
transformando-os de acordo com a sua vontade. Os O serviço público em sentido amplo (lato sensu)
processos de transformação desse patrimônio deno- tem sua origem com a denominada Escola do Serviço
minam-se afetação e desafetação. Público, uma corrente doutrinária do século XX. Na
Afetação é um termo que apresenta várias acep- época, a doutrina começava a analisar com detalhes
ções distintas. A acepção aceita pela maioria dos auto- aquilo que ficou decidido no caso Agnes Blanco, na
res é a condição estática e atual de um bem público, França. Esse foi o caso primordial para decretar, de
que está servindo a alguma finalidade pública. São modo geral, que ao Estado era vedado a utilização do
266 os bens de uso comum e de uso especial, como as Código Civil para a apuração de sua responsabilidade,
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quando causava danos na execução de serviços com Por isso, houve a necessidade de delegar tais servi-
fundamento de direito público. Para Roger Bennard, ços, mediante concessão ou permissão, como também
serviço público seria “a atividade ou organização que a criação de pessoas jurídicas próprias para controlar
abrange todas as funções de Estado”. A noção de serviço tais atividades. Há assim, uma mitigação dos elemen-
público muito se confunde com a de Direito Público. tos identificadores do serviço público. Atualmente,
A Escola do Serviço Público também influencia os admite-se que a execução dos serviços públicos seja
autores brasileiros. Para José Cretella Junior, serviço realizada por particulares (elemento subjetivo). Há
público é: uma delegação da execução do serviço, o qual poderá
ocorrer mediante concessão ou permissão do serviço
“Toda atividade que o Estado exerce, direta ou público, nos termos da Lei nº 8.987, de 1995.
indiretamente, para satisfação das necessidades
Também temos certas atividades que, embora
públicas, mediante procedimento típico de direito
sejam consideradas de serviço público, há serviços
público”.
que satisfazem interesses particulares (elemento
Podemos observar o caráter amplo e abrangen- objetivo), como no caso do serviço de distribuição de
te do instituto, ao considerar também como serviço alimentos em prisões.
público as atividades legislativa e judiciária, que pos- Por fim, o regime do serviço público pode ser de
suem um rol difuso de destinatários (uti universe). Direito Privado (elemento formal), seguindo as nor-
Com o passar do tempo, surge uma nova corren- mas da CLT para o regime de contratação de funcio-
te doutrinária, que busca delimitar um pouco essa nários, e os bens podem ser alienados ou penhorados,
abrangência da noção de serviço público. Essa cor- pois não estão afetados a uma utilidade pública.
rente é defendida pela grande maioria dos autores Assim, pode-se concluir que a noção de serviço
da atualidade, como Hely Lopes Meirelles e Celso público está intrinsecamente ligada a forma de atua-
Antônio Bandeira de Mello. Serviço público stricto ção do Estado. Uma das principais dificuldades de
sensu, então, seria todo aquele prestado pela Admi- buscar um conceito de serviço público reside justa-
nistração ou por seus delegados, sob regime de direito mente nesse fato: a depender do modelo de Estado,
público, e fruível individualmente por cada um dos sua forma de atuação poderá ser mais liberal ou mais
destinatários, para satisfazer necessidades essenciais intervencionista. Dessa forma, o conceito de serviço
ou secundárias da coletividade, ou simples conve- público também poderá ser mais ou menos abrangen-
niências do Estado. te para cada País.
A grande diferença dessa nova noção de servi- José dos Santos Carvalho Filho é o autor jurista que
ço público diz respeito a sua abrangência. Somen- apresenta muito bem essa dificuldade, ao definir ser-
te abrange as atividades da Administração Pública, viço público como:
não se incluindo as funções legislativa e judiciária.
Também não deve ser considerado serviço público “Toda atividade prestada pelo Estado ou por seus
a exploração de atividade econômica, porque nesses delegados, basicamente sob regime de direito públi-
casos o Estado age em regime privado; bem como as co, com vistas à satisfação de necessidades essen-
atividades de fomento, porque trata-se de um subsídio
9
ciais e secundárias da coletividade”.
-9
sobre serviço público é a restrição da matéria para Por estar submetido a um regime especial, que
.0
pagamento de taxas.
lv
z Elemento Subjetivo: a titularidade do serviço o princípio que diz respeito a obrigação do Estado
O
público é exclusiva do Estado; de prestar o serviço público, que não pode parar,
ri
maneira;
tá
Serviços de utilidade pública: são serviços que possuem de antemão usuários conhecidos
A
úteis, mas não são considerados essenciais. e predeterminados, e o Estado já sabe, antes,
Por isso, eles podem ser prestados pelo Estado, quais são os beneficiados pela prestação do
ou por terceiros, mediante remuneração paga referido serviço. Por isso, esses serviços são
pelos usuários e sob constante fiscalização. É remunerados por tarifa. É o caso do serviço
o caso dos serviços de transporte coletivo, de de água e esgoto, de iluminação domiciliar, de
telefonia etc. telefonia etc.
Serviços próprios do Estado: são os serviços A atual Constituição Federal de 1988 atribuiu
característicos do Estado brasileiro. Constituem diversos serviços públicos aos entes da Federação.
aqueles serviços que se relacionam intimamen- Em relação a União, os serviços públicos federais
te com as atribuições do Poder Público, isso é, estão inclusos nos incisos X a XII do art. 21 da CF, de
que possuem alguma relação com o poder de 1988. São, de modo geral:
268 6 MEIRELLES, H. L. Direito Administrativo Brasileiro. 44ª Edição. Editora Malheiros: 2020.
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Art. 21 [...] Das Formas de Prestação e Meios de Execução
a) serviço postal e o correio aéreo nacional;
b) os serviços de telecomunicações; Formas de prestação do serviços públicos diz
c) os serviços de radiodifusão sonora e de sons e respeito ao titular do referido serviço público. Como
imagens; foi visto em competências, são várias as entidades
d) os serviços e instalações de energia elétrica e
que podem prestar serviços públicos. Essas formas de
o aproveitamento energético dos cursos de água,
prestação variam para cada tipo de serviço:
em articulação com os Estados onde se situam os
potenciais hidroenergéticos;
e) serviços de navegação aérea, aeroespacial e a z Serviços centralizados: são os serviços presta-
infraestrutura aeroportuária; dos diretamente pelo Poder Público, em seu pró-
f) serviços de transporte ferroviário e aquaviário prio nome e sob sua exclusiva responsabilidade. A
entre portos brasileiros e fronteiras nacionais; etc. União, os Estados, os Municípios e o Distrito Fede-
ral são os titulares desses serviços;
Aos Estados, por outro lado, a Constituição mencio- z Serviços desconcentrados: são os serviços públi-
na que compete a eles explorar diretamente, ou median- cos prestados pelo Estado, mas não por ele pró-
te concessão, os serviços locais de gás canalizado (art. prio, e sim por seus órgãos, mantendo para si
25, § 2º, CF, de 1988). Isso não significa que os Estados apenas a responsabilidade pela execução. Exem-
somente podem explorar serviços locais de gás canali- plos: o Ministério da Saúde, o Ministério da Eco-
zado, uma vez que existem as competências comuns a nomia, as Secretarias de Justiça, as Ouvidorias,
todos os entes da Federação, atribuídas de forma rema- as Auditorias, todas essas pessoas que não são o
nescente. Alguns exemplos de competências comuns Estado, mas que “fazem parte” dele e não possuem
estão dispostos no art. 23 da CF, de 1988, como: personalidade jurídica própria, realizam serviços
desconcentrados;
Art. 23 [...] z Serviços descentralizados: são os serviços públi-
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das cos que não são prestados pelo Estado, e sim por
instituições democráticas e conservar o patrimônio terceiros, com personalidade jurídica própria,
público; podendo arcar com os riscos do negócio por con-
II - cuidar da saúde e assistência pública, da prote- ta própria. Exemplos: o Procon, o Cadin, o INSS,
ção e garantia das pessoas portadoras de deficiên- o Detran etc. Aqui a titularidade do serviço não é
cia; e mais do Estado, e sim dessa entidade terceira. Com
III - proteger os documentos, as obras e outros bens isso, a responsabilidade pela execução do servi-
de valor histórico, artístico e cultural, os monu-
ço público recai primeiramente sobre o terceiro,
mentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios
mas é possível que o Estado se responsabilize tam-
arqueológicos; entre outros.
bém, mas somente de forma subsidiária (se o ente
demonstrar não haver patrimônio suficiente para
Compete aos Municípios, na forma do art. 30 da
fins de indenização).
CF, de 1988, a prestação de serviços públicos de inte-
resse local, incluindo o serviço de transporte coletivo;
9
As formas de execução, que não se confundem
-9
da população, em cooperação com os demais entes com as formas de prestação, são apenas duas: execu-
.3
federativos. Evidente que aos Municípios também se ção direta e execução indireta.
93
aplicam as competências comuns previstas no art. 23. A execução direta ocorre sempre que o Poder
.0
Ao Distrito Federal compete, além das competên- Público emprega meios próprios para a sua prestação.
06
cias comuns, a prestação de todos os serviços estaduais Aqui engloba tanto a Administração Direta como a
-1
e municipais, uma vez que tal ente possui as mesmas Administração Indireta, isso é, a execução por intermé-
dio de pessoas jurídicas de direito público ou de direito
a
Por fim, em relação aos particulares, os mesmos privado que foram instituídas para tal fim. Relembran-
Si
poderão prestar os serviços notariais e de registro, do que são pessoas jurídicas de direito público inte-
da
na forma do art. 236 da CF, de 1988. Tais serviços grantes da Administração Indireta: as autarquias e as
fundações públicas. E são pessoas de direito privado
io
segurança e a eficácia dos atos jurídicos, nos termos públicas e as sociedades de economia mista.
O
do art. 1º da Lei nº 8.985, de 1994. Os serviços de notas A execução indireta, por sua vez, ocorre sempre
ri
A
e registros é regulamentado pela referida lei. que o Poder Público concede a pessoas jurídicas ou pes-
soas físicas estranhas à entidade estatal a possibilidade
Dica de virem a executar os serviços, mediante o regime de
concessão e permissão. A execução indireta caracteri-
As parcerias público-privadas (PPPs) são con- za-se pelo fato de que tais serviços são prestados pela
tratos administrativos de concessão, podendo esfera privada, isso é, são empresas que não possuem
apresentar-se na modalidade de concessão qualquer tipo de vínculo com a Administração Pública
patrocinada ou concessão administrativa, na for- (Direta ou Indireta), não fazem parte da mesma.
ma do caput do art. 2º da Lei nº 11.079, de 2004.
É uma hipótese que apresenta-se muito mais Da Delegação dos Serviços Públicos
viável e atraente para o particular, uma vez que
ele recebe uma contraprestação pecuniária do Como vimos, os serviços públicos podem ser exe-
ente público, o que diminui o valor a ser cobrado cutados diretamente pelo Poder Público, ou indireta-
como taxa para os usuários do serviço. mente por terceiros, que podem ser pessoas jurídicas
de direito público ou de direito privado. Aqui há uma
delegação da competência administrativa. 269
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Resta saber quais são as principais formas de dele- Essa modalidade de contrato tem por objeto a pres-
gação dos serviços públicos, são três: concessão, per- tação de serviço público. A delegação ocorre apenas
missão e autorização sobre a execução do serviço, nunca sobre sua titulari-
O termo “concessão” é empregado para designar a dade, que continua sendo do poder concedente.
atividade da Administração Pública de delegar ao par- Apesar de a execução do serviço público não ser
ticular a prestação de um serviço, ou a execução de feita pelo poder concedente, a legislação (art. 29 da Lei
obra pública, ou ainda o uso de bem público. nº 8.987, de 1995) prevê outras obrigações para o Esta-
Concessão de serviço público é o contrato pelo do. São deveres do poder concedente:
qual a Administração promove a prestação indire-
ta de um serviço, delegando-o a particulares. Exem- Art. 29 [...]
I - Regulamentar e fiscalizar a execução do serviço
plos: a construção de linha ferroviária ou metrô para
concedido. A fiscalização é uma forma de exercício
transporte de passageiros, transmissão áudio sonora
de controle da execução do serviço público, pois por
(rádio) ou por imagens e sons (televisão), etc. Possui mais que o Estado não esteja realizando a execução
previsão legal na Lei nº 8.987, de 1995 (Lei de Conces- do serviço per si, nada impede que ele possa fiscali-
sões dos Serviços Públicos), bem como previsão cons- zar se a execução está ocorrendo de forma correta.
titucional no art. 175 da CF, de 1988: Ele pode mandar um agente vinculado à Adminis-
tração, ou um terceiro contratado justamente para
Constituição Federal de 1988 esse fim.
Art. 175 Incumbe ao poder público, na forma da II - Intervir na execução do serviço, nos casos
lei, diretamente ou sob regime de concessão ou per- previstos em lei. A intervenção advém do próprio
missão, sempre através de licitação, a prestação de ato de fiscalização: se a execução do serviço não
serviços públicos. se mostrar adequada ou estiver conforme o que
Parágrafo único. A lei disporá sobre: foi explícito no contrato, o poder concedente pode
I - o regime das empresas concessionárias e permis- requisitar a paralisação da execução, por exemplo.
sionárias de serviços públicos, o caráter especial de III - Aplicar as penalidades previstas na lei e/ou
seu contrato e de sua prorrogação, bem como as no contrato. As penalidades pela inexecução do
condições de caducidade, fiscalização e rescisão da serviço público estão previstas no artigo 87 da Lei
concessão ou permissão; nº 8.666, de 1993, podendo variar de uma simples
advertência, multa, ou até mesmo uma declara-
ção de inidoneidade para licitar ou contratar com
Lei nº 8.987, de 1995
a Administração Pública enquanto perdurarem os
Art. 2º Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se:
motivos determinantes da punição ou até que seja
[...]
promovida a reabilitação.
II - concessão de serviço público: a delegação de sua
IV - Possibilitar reajustes e a revisão das tarifas
prestação, feita pelo poder concedente, mediante cobradas. A revisão é uma ferramenta que pode ser
licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa utilizada tanto na fase de estipulação do contrato,
jurídica ou consórcio de empresas que demonstre como na fase de execução do serviço público. Se res-
capacidade para seu desempenho, por sua conta e
9
tar comprovado que a tarifa de um serviço público
-9
Dessa forma, podemos concluir que a prestação do são muito pequenos, e geralmente costumam ser
93
serviço público pode ocorrer diretamente pela Admi- para elevar o preço da tarifa, e não para diminuí-la.
.0
nistração Pública, ou indiretamente, mediante dele- V - Atender as reclamações e outras queixas advin-
06
gação do serviço a concessionários e permissionários das dos usuários, zelando pela boa qualidade
-1
que, por expressa determinação legal, necessita de do serviço. Não faria muito sentido os usuários
a
Civil (agente capaz, objeto lícito, forma prescrita ou VI - Declarar os bens necessários à execução do
O
não defesa em lei), a convergência de vontades distin- serviço de necessidade ou utilidade pública. Pode
ri
tas. Temos de um lado o poder concedente, que tem ocorrer que a concessionária, para equilibrar o seu
A
por objetivo a execução do serviço público em prol patrimônio, pretenda promover a alienação de um
da coletividade; e do outro, a entidade concessionária ou mais bens. Porém, o poder concedente pode atri-
que deve executar o serviço, com o objetivo de lucrar buir alguns limites, declarando esses bens como de
mediante a arrecadação de tarifas dos usuários bene- necessidade, ou de utilidade pública. Dessa forma,
esses bens tornam-se inalienáveis, e também impe-
ficiados com aquele serviço. O contrato deve ser obri-
nhoráveis, o que significa que a concessionária não
gatoriamente por escrito e rege-se pelas regras de
pode se dispor deles livremente.
Direito Administrativo.
Ao mencionar a transferência para pessoa jurí- Por outro lado, incumbe à concessionária do servi-
dica privada, quis o legislador que a delegação do ço público as seguintes tarefas: (art. 31 da Lei nº 8.987,
serviço não pudesse, em regra, ser feita a pessoas de 1995):
físicas, mas somente à empresa ou a um consórcio
de empresas. É o caso, por exemplo, da Sabesp, que é Art. 29 [...]
sociedade de economia mista, na prestação do serviço I - Prestar o serviço de maneira adequada, utilizan-
de abastecimento de água no Estado de São Paulo. do-se de técnicas específicas de seu conhecimento,
270 nos casos previstos na lei ou no contrato. Essa é
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
a tarefa primordial, óbvio, pois a concessionária z Rescisão por culpa do poder concedente: Caso
é a responsável pela execução do serviço público. o poder concedente descumpra com alguma regra
II - Prestar contas da gestão do serviço ao poder estabelecida no instrumento contratual, a conces-
concedente e aos usuários. É formada uma rela- sionária tem direito a ingressar em juízo, objeti-
ção de hierarquia entre o poder concedente e o vando à indenização dos danos decorrentes da
concessionário. Por isso, este deve prestar contas extinção contratual. A indenização, neste caso,
de seus atos ao seu superior, devendo informar se abrange somente os danos emergentes (o que efe-
a gestão do serviço público está ocorrendo corre- tivamente perdeu), e não os lucros cessantes (o
tamente, se não há nenhuma falha ou defeito, etc.
que ele poderia ter ganhado);
III - Cumprir e fazer cumprir as normas do serviço
z Anulação: é a modalidade de extinção em que
e as cláusulas contratuais, havendo possibilidade
consta vício de legalidade no contrato. O contrato
de pedir indenização pela inexecução do contrato.
perde sua eficácia desde a sua concepção (ex tunc),
É tarefa do concessionário exigir que tudo aquilo
avençado no contrato se torne realidade. Assim, se o que significa que a concessionária não faz jus à
o poder concedente se recusar a lhe outorgar algo indenização, exceto quanto a parte já executada
estabelecido em contrato, ou se o valor da remu- do contrato;
neração não for igual a aquele avençado, poderá o z Decretação de falência: como a concessão é con-
concessionário pedir a rescisão do contrato, com trato personalíssimo, ou seja, as partes contra-
pagamento de indenização pelo Poder Público. tantes têm grande relevância para a execução do
IV - Promover desapropriações e construir servi- serviço, havendo o desaparecimento da empresa
dões administrativas, mediante autorização do concessionária mediante falência, ou o falecimen-
poder concedente. Essas são formas de intervenção to de empresário individual, o vínculo contratual
do Estado na propriedade privada. Pode ocorrer também desaparece.
que o concessionário, para a melhor execução de
um serviço, precise ocupar um espaço de proprie- A permissão é outra forma da Administração
dade de um particular, seja para fins de desapro- Pública de delegar a execução de serviço público para
priação, ou uma outra forma de intervenção mais os particulares, também possui previsão no art. 175
branda, como construir uma servidão. Todas essas da CF, de 1988 e na Lei nº 8.987, de 1995. A permis-
hipóteses são possíveis, desde que mediante prévia são é unilateral, discricionária, precária e intuitu
autorização, e também desde que haja uma indeni-
personae (personalíssima), promove a delegação
zação do particular, que teve sua propriedade pri-
do serviço público mediante prévia licitação para um
vada obstruída.
particular denominado permissionário.
V - Captar, aplicar e gerir os recursos financeiros
necessários à prestação do serviço. Todos os encar-
Questão controvertida é a natureza jurídica da per-
gos do serviço público ficam a cargo do concessio- missão. Após a Constituição de 1988, o direito brasileiro
nário. Logo, faz parte dessa lógica que ele deve ter passou a tratar a permissão como se fosse um contrato
poder de decisão sobre os recursos econômicos e de adesão, como se depreende da leitura do inciso I do
financeiros relacionados com a prestação do servi- parágrafo único do art. 175 da Carta Magna: “
ço público.
9
Art. 175 [...]
-9
96
Por fim, o art. 35 da Lei nº 8.987, de 1995 dispõe I - o regime das empresas concessionárias e permis-
sionárias de serviços públicos, o caráter especial de
.3
cessão ou permissão”.
06
ção do contrato pelo encerramento de seu prazo Todavia, contrato de adesão é remetente aos contra-
a
de vigência. É a extinção natural do contrato, haja tos de Direito Privado, principalmente nas relações de
lv
z Encampação ou resgate: nos termos do art. 37 apenas a manifestar o seu aceite. Trata-se de uma carac-
io
indenização (...)”. Aqui, não ocorreu nenhum tipo A confusão se estende ainda mais no âmbito legis-
de infração de algum termo do contrato, o conces- lativo, como ocorre no art. 40 da Lei nº 8.987, de 1995,
sionário simplesmente abandonou a execução do ao dispor que a permissão
contrato (é muito comum algumas dessas empre-
sas “desaparecerem” no meio da prestação do ser- Art. 40 será formalizada mediante contrato de ade-
viço). Por isso, não é possível aplicar sanções ao são, que observará os termos desta Lei, das demais
contratado; normas pertinentes e do edital de licitação, inclusi-
z Caducidade: é a modalidade em que a execução ve quanto à precariedade e à revogabilidade unila-
do serviço não é realizada, no todo ou em parte, teral do contrato pelo poder concedente”.
ou pelo descumprimento de encargos atribuídos à
concessionária. A caducidade deve ser declarada, Esse dispositivo não faz o menor sentido, uma vez
havendo a ocorrência de um dos eventos descri- que dispõe que a permissão é uma espécie de “contra-
tos no § 1º do art. 38 da Lei nº 8.987, de 1995, tais to precário”.
como: a concessionária paralisar o serviço, des- Não parece correto admitir que a permissão seja
cumprir cláusula contratual, não cumprir com as uma espécie de contrato regulado por normas de Direi-
penalidades impostas etc.; to Privado, com princípios completamente distintos 271
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
dos princípios administrativos. Todavia, há diversos PROTEÇÃO E DEFESA DOS DIREITOS DO USUÁRIO
autores que admitem tal possibilidade, inclusive o DOS SERVIÇOS PÚBLICOS (LEI Nº 13.460, DE 2017)
próprio Supremo Tribunal Federal, no julgamento da
ADI nº 1.491, de 1998 0. A ação de inconstitucionalida- A prestação de serviços públicos não pode alcan-
de foi ajuizada pelo Partido Democrático Trabalhista çar sua finalidade se ela não servir para o seu público
(PDT) e pelo Partido dos Trabalhadores (PT) contra alvo, que são os seus próprios usuários. Assim, como
dispositivos da Lei n° 9.295, de 1996, que dispõe sobre uma forma de promover maior excelência e qualidade
os serviços de telecomunicações e sua organização. na prestação dos serviços públicos, deve ser assegura-
O relator à época, ministro Carlos Velloso, votou pelo do aos usuários a defesa de seus direitos, bem como
deferimento da liminar para suspender os efeitos do § permitir que eles tenham sua participação garantida.
2° do art. 8°. Esse dispositivo determina que: Nesse sentido, a Lei Federal nº 13.460, de 26 de
junho de 2017, é a lei que dispõe sobre a participação,
Art. 8° [...] a proteção e defesa dos direitos do usuário dos ser-
§ 2° As entidades que, na data de vigência desta
viços públicos da administração pública. É importan-
Lei, estejam explorando o Serviço de Transporte de
Sinais de Telecomunicações por Satélite, median-
te analisar os principais dispositivos dessa Lei, bem
te o uso de satélites que ocupem posições orbitais como as alterações mais recentes, introduzidas pela
notificadas pelo Brasil, têm assegurado o direito à Lei nº 14.015, de 2020.
concessão desta exploração. Preliminarmente, cumpre ressaltar que os dis-
positivos apresentados pela referida Lei se aplicam
O fundamento da ADI é que, no entendimento dos à administração pública direta e indireta da União,
referidos Partidos Políticos, tal dispositivo viola a exi- dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, nos
gência constitucional de licitação prévia à realização termos do inciso I do § 3º do art. 37 da Constituição
da concessão ou permissão de serviços públicos e ao Federal. Porém, não são somente as pessoas jurídicas
princípio da livre concorrência e defesa do consumi- de direito público: o § 3º do art. 1º dispõe também que
dor. É um tanto surpreendente afirmar que a permis- o regime dessa lei é aplicável, subsidiariamente, nos
são de serviço público deve seguir normas e regras de serviços públicos prestados por particulares.
Direito do Consumidor (ramo de Direito Privado). O art. 2º da Lei Federal nº 13.460 traz alguns concei-
Por isso, para todos os efeitos, vamos nos alinhar tos iniciais que são importantes para o entendimento
com a posição da maioria das bancas costuma e defi- da matéria. Para os efeitos dessa Lei, considera-se:
nir a permissão como um contrato de adesão.
Importante destacar as diferenças entre permis- Art. 2° [...]
são e a concessão de serviço público, que podem ser I - usuário - pessoa física ou jurídica que se benefi-
determinadas com base nos seguintes requisitos: cia ou utiliza, efetiva ou potencialmente, de serviço
público;
z Quanto à natureza jurídica: a permissão é uni- II - serviço público - atividade administrativa ou
lateral, enquanto a concessão é contrato bilateral; de prestação direta ou indireta de bens ou serviços
9
z Quanto aos beneficiários: qualquer pessoa pode à população, exercida por órgão ou entidade da
-9
cas (empresas) podem ser concessionárias; III - administração pública - órgão ou entidade
.3
maior aporte de capital, a permissão admite inves- dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
.0
dida de licitação na modalidade de concorrência. IV - agente público - quem exerce cargo, empre-
a
Não há essa exigência para a permissão; go ou função pública, de natureza civil ou militar,
lv
são necessita apenas de autorização legislativa. tões, elogios e demais pronunciamentos de usuários
io
nante interesse deste, ou a utilização de um bem público; Com periodicidade mínima anual, cada Poder e
Assim como a permissão, a autorização é um ato esfera de Governo publicará quadro geral dos servi-
unilateral, discricionário, precário e independente ços públicos prestados, que especificará os órgãos ou
de licitação. Todavia, se difere da permissão ante o entidades responsáveis por sua realização e a autori-
fato de que o interesse da autorização é predominan- dade administrativa a quem estão subordinados ou
temente privado. Um exemplo disso é a autorização vinculados (art. 3°).
para o porte de arma: apenas o particular tem interes-
se de ter em sua posse arma de fogo Dos Direitos Básicos e Deveres dos Usuários
Parte da doutrina entende que é incabível a uti-
lização de autorização para a prestação de serviços O art. 5º dispõe que o usuário de serviço público
públicos, por força do art. 175 da CF, de 1988: tem direito à adequada prestação dos serviços. Para
que isso ocorra, é imputado aos prestadores do ser-
Art. 175 Incumbe ao Poder Público, na forma da viço público uma série de deveres e diretrizes que
lei, diretamente ou sob regime de concessão ou per- devem ser seguidas para garantir essa prestação do
missão, sempre através de licitação, a prestação de serviço público com excelência. Essas diretrizes são,
272 serviços públicos. in verbis:
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 5° [...] VI - obtenção de informações precisas e de fácil
I - urbanidade, respeito, acessibilidade e cortesia no acesso nos locais de prestação do serviço, assim
atendimento aos usuários; como sua disponibilização na internet, especial-
II - presunção de boa-fé do usuário; mente sobre:
III - atendimento por ordem de chegada, ressal- a) horário de funcionamento das unidades
vados casos de urgência e aqueles em que hou- administrativas;
ver possibilidade de agendamento, asseguradas b) serviços prestados pelo órgão ou entidade, sua
as prioridades legais às pessoas com deficiência, localização exata e a indicação do setor responsá-
aos idosos, às gestantes, às lactantes e às pessoas vel pelo atendimento ao público;
acompanhadas por crianças de colo; c) acesso ao agente público ou ao órgão encarrega-
IV - adequação entre meios e fins, vedada a imposi-
do de receber manifestações;
ção de exigências, obrigações, restrições e sanções
d) situação da tramitação dos processos adminis-
não previstas na legislação;
trativos em que figure como interessado; e
V - igualdade no tratamento aos usuários, vedado
qualquer tipo de discriminação; e) valor das taxas e tarifas cobradas pela prestação
VI - cumprimento de prazos e normas dos serviços, contendo informações para a com-
procedimentais; preensão exata da extensão do serviço prestado.
VII - definição, publicidade e observância de horá- VII - comunicação prévia da suspensão da presta-
rios e normas compatíveis com o bom atendimento ção de serviço.
ao usuário;
VIII - adoção de medidas visando a proteção à saú-
de e a segurança dos usuários; Importante!
IX - autenticação de documentos pelo próprio agen-
te público, à vista dos originais apresentados pelo Pela leitura dos direitos básicos do usuário, per-
usuário, vedada a exigência de reconhecimento de cebe-se que o serviço público pode ser suspen-
firma, salvo em caso de dúvida de autenticidade; so quando o usuário deixa de pagar a respectiva
X - manutenção de instalações salubres, seguras, tarifa. O que a lei protege é a comunicação prévia
sinalizadas, acessíveis e adequadas ao serviço e ao
dessa suspensão. Todavia, é vedada a suspen-
atendimento;
XI - eliminação de formalidades e de exigências cujo são da prestação de serviço em virtude de ina-
custo econômico ou social seja superior ao risco dimplemento por parte do usuário que se inicie
envolvido; na sexta-feira, no sábado ou no domingo, bem
XII - observância dos códigos de ética ou de conduta como em feriado ou no dia anterior a feriado.
aplicáveis às várias categorias de agentes públicos; Esse é uma exceção introduzida recentemente
XIII - aplicação de soluções tecnológicas que visem pela Lei nº 14.015, de 2020.
a simplificar processos e procedimentos de atendi-
mento ao usuário e a propiciar melhores condições
para o compartilhamento das informações; O art. 7º trata da Carta de Serviços ao Usuário, que
XIV - utilização de linguagem simples e compreen-
tem por objetivo informar o usuário sobre os serviços
9
sível, evitando o uso de siglas, jargões e estrangei-
-9
XV - vedação da exigência de nova prova sobre so a esses serviços e seus compromissos e padrões de
.3
fato já comprovado em documentação válida qualidade de atendimento ao público (art. 7º, § 1º).
93
XVI - comunicação prévia ao consumidor de que mações claras e precisas em relação a cada um dos
06
o serviço será desligado em virtude de inadimple- serviços prestados, apresentando, no mínimo, infor-
-1
mento, bem como do dia a partir do qual será rea- mações relacionadas a:
lizado o desligamento, necessariamente durante
a
lv
I - serviços oferecidos;
da
É o art. 6º, todavia, que apresenta os direitos dos II - requisitos, documentos, formas e informações
usuários do serviço público. São uma série de prer-
io
rogativas que devem ser respeitadas pelo Estado ou III - principais etapas para processamento do
tá
direitos básicos dos usuários, in verbis: IV - previsão do prazo máximo para a prestação do
ri
A
serviço;
Art. 6° [...] V - forma de prestação do serviço; e
I - participação no acompanhamento da prestação VI - locais e formas para o usuário apresentar even-
e na avaliação dos serviços; tual manifestação sobre a prestação do serviço
II - obtenção e utilização dos serviços com liber- (art. 7º, § 2º).
dade de escolha entre os meios oferecidos e sem
discriminação; Por fim, o art. 8º apresenta os deveres dos usuá-
III - acesso e obtenção de informações relativas à rios, quando usufruem do serviço público. Assim, são
sua pessoa constantes de registros ou bancos de obrigações dos usuários:
dados, observado o disposto no inciso X do caput do
art. 5º da Constituição Federal e na Lei nº 12.527, de Art. 8° [...]
18 de novembro de 2011 ; I - utilizar adequadamente os serviços, procedendo
IV - proteção de suas informações pessoais, nos ter- com urbanidade e boa-fé;
mos da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011; II - prestar as informações pertinentes ao serviço
V - atuação integrada e sistêmica na expedição de prestado quando solicitadas;
atestados, certidões e documentos comprobatórios III - colaborar para a adequada prestação do ser-
de regularidade; e viço; e 273
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
IV - preservar as condições dos bens públicos por Público na esfera privada. Por isso, é importante ana-
meio dos quais lhe são prestados os serviços de que lisar a evolução histórica da responsabilidade esta-
trata esta Lei. tal, tendo como foco os países ocidentais, sobretudo o
Brasil.
Manifestação dos Usuários
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS TEORIAS DE
A Lei nº 13.460, de 2017 permite que, para garan- RESPONSABILIDADE
tir seus direitos, o usuário possa apresentar mani-
festações perante a administração pública acerca da De modo geral, pode-se afirmar que a responsabi-
prestação de serviços públicos. A manifestação será lidade civil da Administração passou por três grandes
dirigida à ouvidoria do órgão ou entidade responsável fases. A primeira, denominada Teoria da Irresponsa-
e conterá a identificação do requerente (art. 9º e 10). bilidade, adveio na época dos Estados Absolutistas, em
A manifestação poderá ser feita por meio eletrô- que havia uma concentração do poder político nas mãos
nico, ou correspondência convencional, ou verbal- de uma única pessoa. O Monarca, assim, praticava atos
mente, hipótese em que deverá ser reduzida a termo.
que jamais poderiam ensejar a reparação pelos danos,
Nesse caso, poderá a administração pública ou sua
uma vez que ele fazia a sua vontade ter força de lei.
ouvidoria requerer meio de certificação da identidade
A fundamentação dessa soberania dos reis absolu-
do usuário (art. 10, parágrafos).
tistas era baseada na teoria político-teológica de que
Os procedimentos administrativos relativos à aná-
eles eram representantes de Deus na terra, investidos
lise das manifestações observarão os princípios da
desse Poder por obra divina. Tal teoria seria superada
eficiência e da celeridade, visando a sua efetiva reso-
com o advento do Estado de Direito francês, sobretudo
lução, que compreende:
do julgamento pelo Tribunal de Conflitos da França,
Art. 12 [...] denominado Aresto Blanco, no ano de 1873. O julga-
I - recepção da manifestação no canal de atendi- mento consistia na imputação ao Estado do dever de
mento adequado; reparar danos causados por um vagão da Companhia
II - emissão de comprovante de recebimento da Nacional de Manufatura do Fumo, que havia atropela-
manifestação; do uma menina enquanto brincava na rua.
III - análise e obtenção de informações, quando A Teoria da Responsabilidade Subjetiva foi a
necessário; primeira tentativa de explicar a imputação ao Estado
IV - decisão administrativa final; e do dever de reparar os danos patrimoniais e demais
V - ciência ao usuário. prejuízos causados pela conduta de seus agentes. Por
essa corrente teórica, o Estado passaria a adquirir
Por fim, o art. 23 dispõe sobre a avaliação dos uma segunda personalidade denominada “fisco”, sen-
serviços públicos, que deverá ser feita com base nos do esta uma personalidade patrimonial, capaz de res-
seguintes aspectos: sarcir os particulares pela prática de atos de gestão.
No caso apresentado, o Estado acabou se tornando
9
Art. 23 [...]
-9
para melhoria e aperfeiçoamento da prestação do lidade mais amplas do que o âmbito de Direito Civil,
a
ção feita, no mínimo, a cada um ano, ou por qualquer dolo (intenção de lesar), bem como as de negligência,
io
outro meio que garanta significância estatística aos imprudência e imperícia (culpa stricto sensu). Essa
v
tá
resultados. O resultado da avaliação deverá ser inte- era a grande dificuldade dessa teoria: pelo fato de a
O
gralmente publicado no sítio do órgão ou entidade, relação entre a Administração Pública e o particular
ri
incluindo o ranking das entidades com maior incidên- ser desigual, a vítima muitas vezes não possuía meios
A
cia de reclamação dos usuários. suficientes para comprovar a conduta dolosa ou cul-
posa do Estado. No Brasil, adotamos a teoria subjeti-
va no Direito Público, excepcionalmente, nos casos
de omissão da Administração, ou na possibilidade
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO de ação regressiva desta perante seus agentes.
A terceira teoria, denominada Teoria da Respon-
Nos dias atuais, temos a total compreensão da ideia sabilidade Objetiva, surge nos meados de 1946 e
de responsabilidade civil e extracontratual do Estado. consiste no afastamento da necessidade de compro-
Significa dizer que ao Estado é imputado o dever de vação de dolo ou culpa do agente público, tendo por
ressarcir particulares pelos prejuízos praticados na fundamento o dever de indenizar a concepção de
conduta de seus agentes, independentemente de qual- risco administrativo. Quem presta um serviço públi-
quer acordo ou pacto estabelecido. co, assume o risco dos prejuízos que, eventualmente,
Todavia, essa concepção que temos atualmente poderá causar a outrem. Não cabe, dessa forma, a dis-
não surgiu do nada: ela foi o resultado de uma longa cussão sobre aspectos subjetivos da responsabilidade
274 evolução histórica sobre a forma de atuação do Poder estatal, exceto nas hipóteses de ação regressiva.
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RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO NO z Dano específico: é aquele que atinge uma certa
DIREITO BRASILEIRO: RESPONSABILIDADE POR pessoa, ou uma certa categoria de pessoas. Dessa
AÇÃO E POR OMISSÃO forma, se o ato da Administração é capaz de causar
danos de modo geral, para toda a coletividade, não
A Constituição Federal, de 1988, adotou a teoria da se caracteriza dano indenizável. Por exemplo: não
responsabilidade objetiva, na variação de risco admi- é considerado dano indenizável o aumento da tari-
nistrativo, que admite algumas excludentes ao dever fa do transporte público, haja vista que todos as
de indenizar, conforme se depreende da leitura do § pessoas daquela cidade sofrerão com tal medida.
6º, art. 37, da CF, de 1988:
RESPONSABILIDADE POR AÇÃO E
Art. 37 [...] RESPONSABILIDADE POR OMISSÃO
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direi-
to privado prestadoras de serviços públicos responde-
A responsabilidade por ação é aquela que se carac-
rão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
teriza pelo ato comissivo. O Estado pode causar danos
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso
aos particulares tanto por ação ou por omissão. Quan-
contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
do o ato é comissivo, não há questionamento acerca
Observe que o texto constitucional imputa às pes- da culpa do Estado em sua conduta. Nesse caso, a
soas jurídicas de direito privado, como sociedades de responsabilidade objetiva do Estado se dará pela pre-
economia mista e empresas públicas, o dever de repa- sença dos seus pressupostos: o fato administrativo, o
rar na mesma modalidade que as pessoas da Adminis- dano e o nexo causal existente entre os dois.
tração Direta. A Lei nº 8.112, de 1990, que dispõe sobre Todavia, quando a conduta estatal for omissiva,
o regime dos servidores públicos, apresenta uma será preciso distinguir se a omissão constitui ou não
seção sobre responsabilidades dos agentes públicos, fato gerador da responsabilidade civil do Estado. Isso
colocando em destaque a responsabilidade objetiva. significa que nem toda conduta omissiva caracteriza-se
Temos no art. 112, da referida Lei: em um dever de indenizar, configurando-se na respon-
sabilização do ente estatal. Somente quando o Estado
Art. 112 A responsabilidade civil decorre de ato se omitir diante do dever legal de impedir a ocor-
omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que rência do dano é que será civilmente responsável.
resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros. Ainda sobre a omissão, há uma discussão doutriná-
ria a respeito da responsabilidade omissiva ser objetiva
O dever estatal de indenizar os particulares possui ou subjetiva. A primeira corrente, defendida por juris-
dois fundamentos distintos: a legalidade e a igualdade. tas como Hely Lopes Meirelles, diz que se a Constitui-
Na hipótese de o Poder Público praticar um ato ilícito, ção Federal não distinguiu a responsabilidade por ação
causador de danos patrimoniais para a coletividade, o e omissão, então não deve o intérprete fazê-lo também.
dever de indenizar advém do princípio da legalidade, Porém, a corrente majoritária, defendida por
uma vez que a atuação do agente público deve ser feita juristas como Celso Antônio Bandeira de Mello, diz
sempre de acordo com a lei (secundum legem). que a responsabilidade civil por omissão é sempre
9
Há casos, ainda, em que a Administração pratica subjetiva. Nesses casos, o Estado raramente é o autor
-9
elementos:
RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO DE INDE-
io
z nexo de casualidade entre o dano e o ato praticado. ZAÇÃO DE PROVA PERICIAL. CULPA DA EQUIPE
ri
� Dano
� Nexo causal
96
bilidade estatal, existem duas vertentes distintas. A 2012, que pleiteavam pedido de indenização
Si
primeira, denominada risco integral, dispõe que o pelos danos causados pelas chuvas, pois as
da
Estado possui o dever de indenizar todo e qualquer galerias pluviais de seu bairro não eram suficien-
io
dano causado pela prática de seus atos, não admitindo tes para escoar toda a água, caracterizando fal-
v
teoria do risco integral somente em casos excepcio- Município e que tenha sido causa concorrente
nais, como nos acidentes de trabalho e na indeniza- para o evento.
ção coberta pelo seguro obrigatório para automóveis
(DPVAT) etc. Todo aquele que se sentir prejudicado por con-
A segunda vertente, denominada teoria do ris- duta comissiva ou omissiva de agente público pode
co administrativo, é a adotada como regra geral no pleitear, pela via administrativa ou judicial, a devi-
direito brasileiro. Tal teoria reconhece algumas exclu- da reparação pelos danos causados. Na via adminis-
dentes da responsabilidade do Estado. Excludentes trativa, basta que o prejudicado formule o pedido
são circunstâncias que, como o próprio nome diz, a autoridade competente, que instaurará processo
afastam o dever de indenizar durante a sua ocorrên- administrativo para apurar a responsabilidade e o
cia. São, ao todo, três modalidades: pagamento de indenização.
8 Acórdão 1261320, 07100482420188070018, Relator: DIAULAS COSTA RIBEIRO, Oitava Turma Cível, data de julgamento: 1/7/2020, publicado no
DJE: 14/7/2020.
9 Acórdão 1246165, 00039732020128070018, Relatora: VERA ANDRIGHI, Sexta Turma Cível, data de julgamento: 29/4/2020, publicado no DJE:
276 14/5/2020.
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Porém, é preferível que a vítima utilize a via judi- 2. (EXATUS — 2013) Os entes públicos utilizam como
cial, hipótese mais comum, haja vista o direito de peti- base para tomada de decisões, os Princípios da Admi-
ção, que se caracteriza no dever do Poder Judiciário nistração, que norteiam todo o processo de gestão do
de atender todas as demandas feitas pelos cidadãos. patrimônio público. Assinale a alternativa que NÃO
O direito à indenização da vítima se instrumentaliza apresenta um Princípio da Administração Pública, nos
pela ação indenizatória. A ação indenizatória, dessa termos da Constituição Federal da República do Brasil:
forma, é aquela proposta pela vítima contra a pessoa
jurídica que o agente público causador do dano per- a) Moralidade.
tence. Conforme dispõe o inc. V, § 3º, art. 206, do Códi- b) Pessoalidade.
go Civil, o prazo prescricional para a propositura de c) Legalidade.
ação indenizatória é de três anos, contados da ocor- d) Eficiência.
rência do evento danoso.
Lembrando também que sempre há a possibilida- 3. (EXATUS — 2017) O Poder conferido por lei ao admi-
de de direito de regresso, por parte do ente público, nistrador público para que, nos limites nela previstos
contra o agente que, de fato, praticou a conduta dano- e com certa parcela de liberdade, adote, no caso con-
sa. Óbvio, quando a culpa recair totalmente sobre um creto, a solução mais adequada satisfazer o interesse
agente ou um pequeno grupo de agentes públicos, o público, permitindo uma margem de escolha segundo
Estado não pode ser o único a arcar com os prejuí- os elementos de conveniência e oportunidade, é cha-
zos da reparação; ele possui direito de regresso. Ain- mado de:
da que os agentes não indenizem a vítima, sobre eles
pode recair a ação regressiva com essa finalidade a) Poder vinculado.
específica. Significa dizer que os agentes públicos só b) Poder arbitrário.
podem responder de forma subjetiva, devendo inde- c) Poder discricionário.
nizar o Poder Público pela prática de seus atos. d) Poder centralizado.
O direito de regresso está previsto no § 6º, art. 37,
da Constituição Federal. Vejamos: 4. (EXATUS — 2013) Os órgãos da administração direta
que compõem a estrutura administrativa da Prefeitura
Art. 37 […] se organizam e se coordenam, atendendo aos princí-
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de pios técnicos recomendáveis ao bom desempenho de
direito privado prestadoras de serviços públicos suas atribuições. Sobre as entidades dotadas de per-
responderão pelos danos que seus agentes, nessa sonalidade jurídica da administração pública, analise
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
as afirmativas abaixo:
direito de regresso contra o responsável nos
casos de dolo ou culpa.
I. Autarquia: Serviço autônomo, criado por lei, com per-
sonalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para
executar atividades típicas da administração pública,
HORA DE PRATICAR! que requeiram, para seu melhor funcionamento, ges-
9
-9
277
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a) Os cargos, empregos e funções públicas são acessí- 9. (EXATUS — 2016) Considerando a Lei n.º 8.112/1990,
veis somente aos brasileiros natos que preencham os que dispõe sobre o regime jurídico dos servidores
requisitos estabelecidos em lei e, em casos específi- públicos civis da União, das autarquias e das funda-
cos, aos brasileiros naturalizados. ções públicas federais, assinale a opção CORRETA:
b) O prazo de validade do concurso público será de até
um ano, prorrogável uma vez por igual período. a) A investidura em cargo público ocorrerá com a
c) A lei reservará percentual dos cargos e empregos readaptação.
públicos para a pessoa portadora de deficiência e defi- b) A nomeação para cargo de carreira ou cargo isolado
nirá os critérios de sua admissão. de provimento efetivo depende de prévia habilitação
d) Os vencimentos dos cargos do Poder Executivo não em concurso público de provas ou de provas e títulos,
poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Legislativo. obedecidos a ordem de classificação e o prazo de sua
validade.
6. (EXATUS — 2013) A legislação prevê que nenhuma c) A nomeação não é uma forma de provimento de cargo
obra, serviço ou melhoramento, salvo nos casos de público.
extrema urgência, serão executados sem prévio orça- d) O servidor habilitado em concurso público em cargo
mento de seu custo. Sobre o tema serviços públicos, de provimento efetivo adquirirá imediatamente estabi-
assinale a alternativa que está de acordo com a legis- lidade no serviço público.
lação municipal de Ibiraçu:
10. (EXATUS — 2016) A passagem do servidor de um últi-
a) As tarifas dos serviços públicos deverão ser fixadas mo padrão de uma classe ou categoria para o primeiro
pelo Poder Legislativo, tendo-se em vista o menor pre- padrão da classe ou categoria que se encontra ime-
ço para o serviço público. diatamente superior a sua Carreira Funcional, median-
b) O Município só poderá retomar os serviços permiti- te avaliação de desempenho, observado o interstício
dos ou concedidos, após indenizar mesmo que não mínimo de dois anos de efetivo exercício no cargo em
tenham sido executados em conformidade com o ato relação à progressão imediatamente anterior é carac-
ou contrato. terizado como:
c) Os serviços permitidos ou concedidos ficarão sempre
sujeitos à regulamentação e à fiscalização do permis- a) Reversão.
sionário ou contratado, incumbindo, ao poder público, b) Reintegração.
sua permanente atualização e adequação às necessi- c) Aproveitamento.
dades dos usuários. d) Promoção.
d) A permissão de serviço público, a título precário será
outorgada por decreto do Prefeito, após edital de chama- 11. (EXATUS — 2016) De acordo ao disposto na Lei n.º
mento de interessados para escolha do melhor pretenden- 8.112/90, a reintegração é:
te, sendo que a concessão só será feita com autorização
legislativa, mediante contrato precedido de licitação. a) o retorno do servidor estável ao cargo anteriormente
ocupado depois de finda a pena de indisponibilidade.
9
-9
7. (EXATUS — 2017) Sobre o controle da Administração b) a reinvestidura do servidor estável no cargo anterior-
96
Pública, analise as afirmativas abaixo como sendo mente ocupado, ou no cargo resultante de sua trans-
.3
Verdadeiras (V) OU Falsas (F): formação, quando invalidada a sua demissão por
93
autotutela que a Administração tem sobre seus pró- c) a investidura do servidor em cargo de atribuições e
-1
( ) Através do controle administrativo a Administração âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança de sede.
pode anular, revogar ou alterar seus próprios atos e
vio
punir seus agentes com as penalidades estatutárias. A 12. (EXATUS — 2016) Nos termos da Lei nº 8.112/90,
tá
a) V, V, F.
A
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9 GABARITO
1 A
2 B
3 C
4 A
5 C
6 D
7 B
8 C
9 B
10 D
11 B
12 B
ANOTAÇÕES
9
-9
96
.3
93
.0
06
-1
a
lv
Si
da
io
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ANOTAÇÕES
9
-9
96
.3
93
.0
06
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Dica
Súmula n° 707 do STF: “Constitui nulidade a
falta de intimação do denunciado para oferecer
basilar extraído diretamente do texto constitucional. IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judi-
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O Código de Processo Penal, inspirado nas garantias ciário serão públicos, e fundamentadas todas as
.3
constitucionais, forma um complexo de regras e prin- decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limi-
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cípios que conduzem a marcha processual. tar a presença, em determinados atos, às próprias
.0
Entenda os princípios processuais mais importantes: partes e a seus advogados, ou somente a estes, em
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z Presunção de Inocência: consiste no direito de dade do interessado no sigilo não prejudique o inte-
a
não ser declarado culpado, senão após o devido resse público à informação;
lv
que a parte acusadora fica com o ônus de demons- z Princípio da busca da verdade: com o passar
da
sição de uma sentença condenatória, é necessário penal, é impossível atingir a verdade absoluta. O
v
provar, eliminando qualquer dúvida razoável (in que se busca, então, é a maior exatidão possível
tá
LXIII - o preso será informado A partir da nova lei, o juiz das garantias foi coloca-
PRINCÍPIO DO
io
lia e de advogado
ri
A
setembro de 1871:
convicção do titular da ação penal.
.0
ces; e deve ser reduzido a instrumento escrito [...]. rio Público, que é titular da ação penal pública, ou o
ofendido, que é o titular da ação penal de iniciativa
da
rialidade das infrações penais, sendo realizado pela Como regra, não são produzidas provas durante
A
Polícia Judiciária, sob a presidência do Delegado de o inquérito policial, mas sim são colhidos elementos
Polícia (de acordo com o § 4º, art. 144, da Constituição de informação. Para que se configure em prova, o ele-
Federal). mento deve ser colhido observando-se o contraditó-
rio e a ampla defesa, o que não ocorre no inquérito.
Conceito de Inquérito Policial Assim sendo, o valor probatório do inquérito é rela-
tivo, isto é, deve ser confirmado por outros elementos
Inquérito policial pode ser definido como um colhidos no curso da ação penal.
procedimento administrativo, conduzido pelo
Delegado de Polícia, que objetiva a apuração da Dica
materialidade e autoria de uma infração penal,
visando a que o titular da ação penal (Ministério Eventuais nulidades ocorridas durante a investi-
Público ou ofendido) possa ingressar em juízo. gação não contaminam a ação penal.1
Além de identificar a autoria e materialidade, o
inquérito policial presta-se, também, a identificar as
1 (STJ - AgRg no HC 235840/SP). 283
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Excepcionalmente, ocorre a produção de provas discricionariedade reflete a liberdade da autoridade
durante o inquérito policial, como no caso da pro- em realizar as diligências necessárias de acordo com
dução de provas urgentes (provas, por exemplo, que cada caso concreto.
podem vir a se perder se não forem produzidas); no A discricionariedade do Inquérito Policial não se
entanto, durante o processo, as partes podem se mani- confunde com arbitrariedade. A discricionariedade
festar sobre essas provas (é o que se denomina contra- diz respeito à liberdade de atuação da autoridade
ditório diferido). policial nos limites estabelecidos em lei. Quando a
autoridade policial ultrapassa tais limites, ela passa a
CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL atuar de forma arbitrária (contrária à lei).
Escrito Oficioso
Todos os atos que forem produzidos durante o Ao tomar conhecimento de notícia de crime de
inquérito policial devem ser escritos ou, quando ação penal pública incondicionada, a autoridade poli-
forem realizados de forma oral, reduzidos a termo. cial é sempre obrigada a agir de ofício.
Tal previsão encontra-se no art. 9º, do CPP, que será
estudado mais adiante. Sigiloso
Dispensável
9
Assim, não poderá ser negado ao defensor do
-9
O inquérito policial não é obrigatório. Como já men- constem nos autos do inquérito policial. Esse acesso
.3
cionado, o IP possui um caráter meramente informa- aos autos não abrange aquelas diligências investiga-
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tivo e busca reunir informações a respeito do crime. tórias que ainda estão em andamento, tendo em vista
.0
Deste modo, quando o titular da ação já possui os ele- que o acesso por parte do defensor pode gerar pre-
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mento necessários para o oferecimento da ação penal, juízos à investigação. Por exemplo, caso o advogado
-1
o inquérito será dispensável. Quanto a este tema, dis- tivesse acesso à interceptação telefônica de seu cliente
a
põe o § 5º, do art. 39, do Código de Processo Penal: que ainda está em curso, poderia instruí-lo a não falar
lv
penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo Utilize o mnemônico É ID²OSO para se lembrar
O
Escrito
A
Flagrante
policial militar, as sindicâncias e os processos admi-
.0
06
Instauração de Ofício
FORMAS DE INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO
a
lv
As formas de instauração (início) do inquérito poli- alguém tenha feito um pedido expresso. Sempre que
Vale lembrar que, de acordo com o art. 100, do Códi- de atuação, deve obrigatoriamente instaurar inqué-
O
go Penal, ação pública é aquela cuja iniciativa cabe ao rito policial, mediante a produção de um documento
ri
que pode dar início ao inquérito. em crimes de ação privada (§ 5º, art. 5º, do CP).
a
lv
Espécie de Notitia
Si
Simples: comunicação
mento que contém as informações relativas à prisão
v
Requisição do
Crimes de ação Ministério Público
penal pública
incondicionada Requerimento da
vítima
FORMAS DE APF
INSTAURAÇÃO
DO INQUÉRITO
POLICIAL
Necessário o
Crimes de ação
requerimento da
privada
vítima
DILIGÊNCIAS
Assim que a notitia criminis chegar ao conhecimento da autoridade policial, o delegado deve observar o que
determinam os arts. 6º e 7º, do CPP. A seguir, analisaremos esses dispositivos.
Art. 6º Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá:
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada
dos peritos criminais;
O inciso I, art. 6º, cuida da preservação do local de crime, que visa impedir que se altere o local dos fatos que
possam prejudicar a realização da perícia.
Dica
9
-9
96
A modificação dolosa de local de crime, com a finalidade de induzir a erro o juiz ou perito, configura o delito
.3
de fraude processual, previsto no art. 347, do CP. Por sua vez, o art. 312, do Código de Trânsito Brasileiro,
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define como crime a conduta de inovar artificiosamente, em caso de acidente automobilístico com vítima, na
.0
pendência do respectivo procedimento policial ou processo penal, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa,
06
Art. 6° [...]
lv
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais;
Si
da
Os objetos relacionados ao fato podem ser os mais variados, de armas de fogo até objetos de uso comum, mas
que podem contribuir para a busca da verdade sobre os fatos. Veja que tais objetos destinam-se, em primeiro
v
lugar, à análise por parte dos peritos e, somente após liberados por estes, passam para a guarda da autoridade
tá
policial. Posteriormente, os objetos que puderem ser restituídos são devolvidos aos legítimos proprietários, exce-
O
to se consistirem em coisas cujo uso, fabrico, alienação, porte ou detenção são proibidos, conforme estabelece a
ri
A
Art. 6° [...]
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias;
O inciso III traz uma permissão genérica para que a autoridade policial colha (produza) qualquer tipo de prova
que entenda necessária para a investigação, ainda que tal não esteja expressamente prevista nos demais incisos
do art. 6º, como, por exemplo, a oitiva de testemunhas e a representação ao juiz para decretação de quebra de
sigilo telefônico.
Art. 6° [...]
IV - ouvir o ofendido;
Ouvir a vítima do delito é uma das mais importantes providências a serem tomadas pela autoridade policial,
uma vez que o ofendido pode fornecer dados essenciais para a descoberta da autoria e para a convicção sobre a
materialidade. 287
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Art. 6° [...] ação, conforme determina a alínea “b”, inciso III, do
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for art. 564, do CPP).
aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, São algumas perícias que devem ser realizadas,
deste Livro, devendo o respectivo termo ser assina- dentre outras: exame químico-toxicológico nos cri-
do por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido mes de tráfico ou porte de droga; exame da arma de
a leitura;
fogo nos crimes previstos no Estatuto do Desarma-
mento; exame no documento para apurar a falsidade
O inciso V cuida do interrogatório do indiciado, documental.
que é a pessoa a quem se aponta, na fase do inquéri-
to, como autor da infração penal (indiciar é verificar Art. 6° [...]
que existe a probabilidade do até então suspeito ser o VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo
agente). processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar
O § 6º, art. 2º, da Lei nº 12.830, de 2013, exige que aos autos sua folha de antecedentes;
a autoridade policial, ao indiciar o suspeito, aponte
nos autos do IP os motivos que levaram a proceder Apesar de o inciso VIII, art. 6º, mencionar apenas
ao indiciamento, bem como justifique a classificação o processo datiloscópico, a identificação criminal con-
feita em determinado tipo penal. siste na coleta de dados físicos (fotografia, impressão
Ao interrogatório do indiciado aplicam-se as datiloscópica e material genético) com a finalidade de
regras do interrogatório judicial, previstas nos arts.
individualizar o indiciado.
185 a 196, do CPP, com as devidas adaptações (uma
Atualmente, a Lei nº 12.037, de 2009, dispõe sobre
vez que o indiciado ainda não é réu. Nesse sentido,
o assunto e regulamenta a regra constitucional previs-
não é necessária a presença do defensor no inter-
ta no inciso LVIII, art. 5º, de que a pessoa civilmente
rogatório feito na delegacia, assim como o advogado
identificada não será submetida à identificação crimi-
não tem direito de interferir no interrogatório a
nal, salvo nas hipóteses previstas em lei.
fim de fazer perguntas. No entanto, o delegado não
pode proibir o advogado de acompanhar o interroga-
tório. Vale lembrar que o inciso LXIII, art. 5º, da CF, Dica
assegura ao indiciado o direito de permanecer calado Folha de antecedentes (FA) é o documento no
durante o interrogatório.
qual consta a vida pregressa criminal de todas
Voltando ao art. 6º, do CP, o inciso V cuida, ainda,
as pessoas que já possuem identificação civil.
da chamadas testemunhas instrumentárias. A auto-
ridade policial deve assegurar que o termo de inter-
Nessa ficha, constam, por exemplo, os indicia-
rogatório seja assinado por duas testemunhas que mentos e as ações penais às quais o indivíduo
presenciaram a leitura da peça para o indiciado. respondeu.
sas e a acareações;
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autor do crime e é realizado pela vítima e pelas tes- outros elementos que contribuírem para a aprecia-
ção do seu temperamento e caráter.
.0
é o que consta nos arts. 226 a 228, do CPP. O indiciado Conforme visto acima, a FA traz informações sobre
a vida pregressa criminal do indivíduo (indiciamento
a
O direito de não ser obrigado a produzir prova contra e processos criminais aos quais respondeu). O inciso
Si
si mesmo não se aplica a atos passivos, como é o caso IX cuida da vida pregressa e diz respeito aos dados
da
do reconhecimento, mas somente a procedimentos relevantes sobre o passado da pessoa em seu contexto
individual, familiar, social e econômico. Além disso,
io
grafotécnico e de amostra de sangue). cuida de colher seu estado de espírito antes, duran-
tá
O reconhecimento de objetos, por sua vez, recai te e depois da prática criminosa e também de outros
O
sobre os instrumentos utilizados do crime (uma arma elementos que possibilitem traçar a personalidade do
ri
A
O art. 7º trata da reconstituição do crime, que consiste em uma simulação dos fatos, muito comum principal-
mente em homicídios.
Não é permitida a reconstituição que contrariar a moral e a ordem pública, como, por exemplo, a reprodução de
crimes sexuais utilizando a vítima e o indiciado.
Além das atividades que constam nos arts. 6º e 7º, do CPP, a autoridade policial tem outras funções durante o
IP, que se encontram elencadas no art. 13, do CPP, que será estudado mais adiante.
Art. 8º Havendo prisão em flagrante, será observado o disposto no Capítulo II do Título IX deste Livro.
No caso da lavratura de auto de prisão em flagrante, devem ser seguidas as disposições constantes nos arts.
301 e seguintes, do CPP.
Art. 9º Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste
caso, rubricadas pela autoridade.
O IP é um procedimento formal, que exige peças escritas e datilografadas, rubricadas pelo delegado de polícia.
O art. 9º expressa a característica de ser o inquérito escrito.
PRAZO DO INQUÉRITO
Art. 10 O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver
preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no
prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.
O art. 10, do CPP, estabelece prazo para a conclusão do inquérito. A regra geral é que o prazo de conclusão é
de 10 dias, caso o indivíduo esteja preso, e de 30 dias, se estiver solto (para fins de memorização, utilize o famoso
10:30).
A Lei nº 13.964, de 2019, denominada Lei Anticrime, trouxe a possibilidade de o juiz das garantias prorrogar
o prazo de conclusão no caso do inquérito com investigado preso por 15 dias, uma única vez. Para tanto, o dele-
9
gado deve representar ao juiz e o MP deve ser ouvido:
-9
96
.3
§ 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, mediante representação da autoridade policial e
.0
ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma única vez, a duração do inquérito por até 15 (quinze) dias, após o que,
06
se ainda assim a investigação não for concluída, a prisão será imediatamente relaxada.
-1
Em que pese haver a previsão de prorrogação do prazo do inquérito, esse artigo está suspenso por prazo inde-
a
lv
Deste modo, a regra prevista no CPP é que o prazo do inquérito policial é de 10 dias (preso) e 30 dias (solto),
da
com possibilidade de prorrogação de 15 dias (preso) por uma única vez (lembre-se: esta possibilidade está suspen-
PRESO SOLTO
ri
A
Art. 11 Os instrumentos do crime, bem como os 149-A, no § 3º do art. 158 e no art. 159 do Decreto-Lei
93
objetos que interessarem à prova, acompanha- no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal),
.0
de do ocorrido, tais como telefone celular, computa- Art. 13-B Se necessário à prevenção e à repressão
dor, objeto da vítima com marcas de violência, entre dos crimes relacionados ao tráfico de pessoas,
outros. o membro do Ministério Público ou o delegado de
polícia poderão requisitar, mediante autorização
INQUÉRITO COMO BASE DA DENÚNCIA OU QUEIXA judicial, às empresas prestadoras de serviço de tele-
comunicações e/ou telemática que disponibilizem
Art. 12 O inquérito policial acompanhará a denún- imediatamente os meios técnicos adequados – como
cia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou sinais, informações e outros – que permitam a locali-
outra. zação da vítima ou dos suspeitos do delito em curso.
§ 1º Para os efeitos deste artigo, sinal significa posi-
O inquérito não é imprescindível para o ofereci- cionamento da estação de cobertura, setorização e
mento da denúncia (peça acusatória inicial apresen- intensidade de radiofrequência.
tada pelo Ministério Público nos casos de ação penal § 2º Na hipótese de que trata o caput, o sinal:
pública) nem da queixa (peça acusatória inicial apre- I - não permitirá acesso ao conteúdo da comunica-
sentada por meio do advogado do ofendido quando a ção de qualquer natureza, que dependerá de autori-
290 ação for de iniciativa privada). No entanto, de acordo zação judicial, conforme disposto em lei;
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II - deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia A vítima, pessoalmente ou por meio de seu repre-
móvel celular por período não superior a 30 (trinta) sentante legal, assim como o indiciado, podem reque-
dias, renovável por uma única vez, por igual período; rer ao delegado a realização de alguma diligência
III - para períodos superiores àquele de que trata o (como a oitiva de uma testemunha, por exemplo) que
inciso II, será necessária a apresentação de ordem considerem útil para a elucidação dos fatos.
judicial. A autoridade policial pode deferir ou indeferir tal
§ 3º Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito pedido, sem necessidade de fundamentação.
policial deverá ser instaurado no prazo máximo de
72 (setenta e duas) horas, contado do registro da
PRESENÇA DO DEFENSOR TÉCNICO DO
respectiva ocorrência policial
INVESTIGADO NOS CASOS DE LETALIDADE
§ 4º Não havendo manifestação judicial no pra-
zo de 12 (doze) horas, a autoridade competente
POLICIAL
requisitará às empresas prestadoras de serviço de
telecomunicações e/ou telemática que disponibili- Art. 14-A Nos casos em que servidores vinculados
zem imediatamente os meios técnicos adequados – às instituições dispostas no art. 144 da Consti-
como sinais, informações e outros – que permitam tuição Federal figurarem como investigados em
a localização da vítima ou dos suspeitos do delito inquéritos policiais, inquéritos policiais militares e
em curso, com imediata comunicação ao juiz. demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto
for a investigação de fatos relacionados ao uso
da força letal praticados no exercício profis-
A Lei nº 13.444, de 2016, Lei de Prevenção e Repres-
sional, de forma consumada ou tentada, incluindo
são ao Tráfico de Pessoas, acrescentou ao Código de as situações dispostas no art. 23 do Decreto-Lei nº
Processo Penal os arts. 13-A e 13-B. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), o
O art. 13-A, do CPP, passou a permitir ao repre- indiciado poderá constituir defensor.
sentante do MP ou à autoridade policial, em certos § 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o
crimes, tais como sequestro e cárcere privado e trá- investigado deverá ser citado da instauração do
fico de pessoas, requisitarem diretamente a órgãos procedimento investigatório, podendo constituir
públicos ou empresas privadas informações e dados defensor no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas
cadastrais de vítimas e de suspeitos. Veja que se tra- a contar do recebimento da citação.
ta da inovação (antes, tanto o MP quanto o delegado § 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo
de polícia tinham que pedir ao juiz) da solicitação de com ausência de nomeação de defensor pelo inves-
dados cadastrais para fins de investigação. Os dados e tigado, a autoridade responsável pela investigação
informações devem ser meramente cadastrais, como deverá intimar a instituição a que estava vincula-
nome e endereço de um correntista de banco ou clien- do o investigado à época da ocorrência dos fatos,
te de uma operadora de telefonia: nunca poderá ser para que essa, no prazo de 48 (quarenta e oito)
horas, indique defensor para a representação do
solicitada diretamente por eles a quebra de sigilo ban-
investigado.
cário ou telefônico (estas, sim, somente o juiz pode
§ 3º Havendo necessidade de indicação de defen-
determinar). O prazo para cumprimento da requisi- sor nos termos do § 2º deste artigo, a defesa cabe-
9
ção é curto: 24 horas (parágrafo único, art. 11, da Lei
-9
de Rádio Base. De acordo com o que dispõe o art. 13-B, deverá disponibilizar profissional para acompanha-
06
diatamente os meios técnicos que possam permitir 3º deste artigo deverá ser precedida de manifestação
Si
a localização da vítima ou dos suspeitos de crime de de que não existe defensor público lotado na área
da
tráfico de pessoas. Dentre esses meios, um de grande territorial onde tramita o inquérito e com atribuição
Administração.
que fazem a conexão entre os telefones celulares e a
O
é feita a localização das coordenadas de GPS dos apa- dos investigados nos procedimentos de que trata
relhos de celular da vítima ou dos autores do crime. este artigo correrão por conta do orçamento pró-
Veja que não se trata de realizar a interceptação prio da instituição a que este esteja vinculado à
das comunicações (que é tratada por lei específica) época da ocorrência dos fatos investigados.
mas sim de acesso a dados de coordenadas. Observe, § 6º As disposições constantes deste artigo se apli-
também, a diferença entre o disposto no art. 13-A, do cam aos servidores militares vinculados às institui-
CPP, situação que não requer autorização judicial, ções dispostas no art. 142 da Constituição Federal,
para o que prevê o art. 13-B, opção que só pode ser desde que os fatos investigados digam respeito a
feita com ordem do juiz. missões para a Garantia da Lei e da Ordem.
dade aos 18 anos é plenamente capaz de exercer qual- fato um crime), excludente de ilicitude, excluden-
.3
Vale sempre lembrar que os menores de 18 não não podem ser desarquivados.
.0
sua inimputabilidade penal. Por fim, vale mencionar que, em relação ao arqui-
-1
Muito embora não tenha mais aplicação, é interes- vamento fundamentado em excludente da ilicitude,
a
sante mencionar que não é qualquer pessoa que pode- existe certa polêmica tendo em vista alguns julgados
lv
Si
ria ser nomeada como curador: a pessoa deveria ser do próprio STF (por exemplo, o HC 87395). Para o STJ,
maior de 21 anos, em pleno gozo da capacidade civil, o desarquivamento somente é possível no caso de
da
alfabetizada e não poderia ser subordinada adminis- insuficiência de provas. Para fins de concurso, vale o
io
PRIVADA
POLICIAL
A
Art. 16 O Ministério Público não poderá requerer a Art. 19 Nos crimes em que não couber ação públi-
devolução do inquérito à autoridade policial, senão ca, os autos do inquérito serão remetidos ao juízo
competente, onde aguardarão a iniciativa do ofen-
para novas diligências, imprescindíveis ao ofereci-
dido ou de seu representante legal, ou serão entre-
mento da denúncia.
gues ao requerente, se o pedir, mediante traslado.
O art. 16 cuida de situação em que o promotor, ao
O art. 19, do CPP, indica que, uma vez concluído o
receber o IP devidamente concluído e relatado, por
inquérito que apurou crime que se procede mediante
entender que falta alguma diligência fundamental
ação penal privada, este deve ser remetido ao juízo
para a formação de sua convicção, requer ao juiz que competente, aguardando em cartório o ajuizamento
os autos retornem à autoridade policial para que esta da queixa-crime por parte do ofendido, ou, caso este
dê continuidade às investigações. Fora de tal hipótese, deseje melhor analisar os autos, poderá levar consi-
o MP não pode requerer a devolução do IP ao delegado. go (o que se denomina “fazer carga”) o IP, devendo
ficar cópia integral no cartório (a cópia é chamada
292 traslado).
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SIGILO DO INQUÉRITO Circunscrição policial é a divisão territorial que
existe em determinadas cidades e no DF na qual o
Art. 20 A autoridade assegurará no inquérito o delegado de polícia exerce suas funções (equivale à
sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido competência do juiz).
pelo interesse da sociedade. O art. 22 autoriza que um delegado que preside
Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes um IP ou seus policiais subordinados ingressem na
que lhe forem solicitados, a autoridade policial não circunscrição de outra autoridade policial para efe-
poderá mencionar quaisquer anotações referentes tuar diligências, sem que haja necessidade de expedir
a instauração de inquérito contra os requerentes. ofícios ou requisições para a realização do ato.
INCOMUNICABILIDADE DO INDICIADO
fundamentado do Juiz, a requerimento da autorida- lio (traição e atentado contra a segurança do Estado)
96
de policial, ou do órgão do Ministério Público, res- e parricidium (morte do pater familis, chefe do núcleo
.3
A doutrina e a jurisprudência definem a ação O titular da ação penal pública é o Ministério Públi-
penal como direito de exigir do Estado a aplicação do co, todavia, a ação penal pode ser privada, tendo por
direito penal (lei penal) em face do indivíduo envolvi- sujeito ativo o ofendido ou o seu representante legal.
do em fato tipificado como infração penal (crime ou Ademais, mesmo a ação penal de titularidade do MP
contravenção penal). (pública), divide-se em:
poder de exigir do Poder Judiciário uma decisão judi- A ação penal precisa respeitar quatro condições:
.0
Art. 5º [...]
lv
z interesse processual;
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus
Si
z justa causa.
bens sem o devido processo legal;
da
De acordo com o I, art. 129, da Constituição Fede- A legitimidade para a propositura da ação penal
ral, é função do Ministério Público promover a ação privada pertence ao ofendido ou a quem legalmente o
penal pública. Consiste em uma função privativa. A represente. Ex.: Se o ofendido for menor de 18 anos ou
ação penal é iniciada por denúncia ajuizada pelo MP. mentalmente enfermo.
A ação penal pública pode ser: A ação penal será privada nos casos expressa-
9
mente indicados pela lei. Quando a lei se cala sobre
-9
96
z Incondicionada: exige apenas atuação do MP; a espécie de ação a ser utilizada é caso de ação penal
pública.
.3
tra brasileiro fora do território nacional, crimes Os princípios da ação penal privada são:
contra a honra do Presidente da República e con-
a
lv
De acordo com o STF, a representação independe z Disponibilidade: o ofendido pode desistir da ação
de homologação.
processual. Neste caso, a irregularidade atenta contra
96
Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até xistência jurídica: a violação ao devido processo
lv
prosseguirá.
como inexistente, haja visto a gravidade do pre-
v
provada a verdade de uma afirmação feita no curso ção da atuação probatória do órgão de acusação.
96
do processo.
.3
93
Em seu aspecto subjetivo, o ônus da prova deve ser CAPÍTULO II – DO EXAME DO CORPO DE DELITO,
compreendido como o encargo que recai sobre as par- DA CADEIA DE CUSTÓDIA E DAS PERÍCIAS EM
.0
06
Vale lembrar que no âmbito processual penal, o das evidências coletadas e examinadas, sem que haja
da
ônus da prova subjetivo é atenuado por força da regra espaço para adulteração. Assim, documenta-se de
juiz.
tá
motivado, o juiz poderá formar seu convencimento a (break on the chain of custody) é a proibição de valora-
ri
condições de armazenar determinado material, deverá ção: interrogatório por videoconferência. Requisitos:
Decisão fundamentada do juiz (de ofício ou a
da
perícia oficial de natureza criminal (art. 158-F). z Prevenir risco à segurança pública, pois existe fun-
O
A preocupação com a audiência de custódia ini- dada suspeita que o preso integre organização cri-
ri
ciou-se nos Estados Unidos, na década de 90, quando minosa ou irá fugir durante o deslocamento;
A
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sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
A confissão é divisível e retratável, de maneira que A inobservância das formalidades legais para o
o juiz analisará de acordo com o exame das provas em reconhecimento pessoal do acusado não enseja nuli-
seu conjunto. dade, pois é uma recomendação. O mesmo vale para
o reconhecimento de coisas. Ex.: Arma, faca, estilete.
Art. 197 O valor da confissão se aferirá pelos crité-
rios adotados para os outros elementos de prova, CAPÍTULO VIII – DA ACAREAÇÃO
e para a sua apreciação o juiz deverá confrontá-
-la com as demais provas do processo, verifican- Acarear é colocar em presença uma da outra, face
do se entre ela e estas existem compatibilidade ou a face, pessoas cujas declarações são divergentes. A
concordância. acareação é, portanto, o ato processual consistente na
confrontação das declarações de dois ou mais acusa-
CAPÍTULO V – DO OFENDIDO dos, testemunhas ou ofendidos, já ouvidos, e destina-
do a obter o convencimento do juiz sobre a verdade
O ofendido será qualificado e perguntado sobre as de algum fato em que as declarações dessas pessoas
circunstâncias da infração. A jurisprudência, inclusi- forem divergentes.
ve, admite a condução coercitiva do ofendido.
Para a sua proteção, o ofendido é comunicado Art. 229 A acareação será admitida entre acusados,
sobre o ingresso e saída do acusado da prisão, dia da entre acusado e testemunha, entre testemunhas,
audiência, resultado da sentença/acórdão etc. Inclusi- entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, e
ve, na audiência o ofendido tem um espaço separado entre as pessoas ofendidas, sempre que divergirem,
dos demais. O juiz sempre busca tomar as providên- em suas declarações, sobre fatos ou circunstâncias
cias necessárias para a preservação da intimidade do relevantes.
ofendido. Parágrafo único. Os acareados serão repergunta-
dos, para que expliquem os pontos de divergências,
CAPÍTULO VI – DAS TESTEMUNHAS reduzindo-se a termo o ato de acareação.
A testemunha deve ser qualificada e prometer Então, diante desse artigo temos que a acareação
dizer a verdade. O depoimento deve ser prestado oral- pode ser realizada tanto na fase investigatória como
mente, com exceção a consulta a breves apontamen- no curso da instrução criminal, nada impedindo que
tos escritos. Ex.: Para lembrar data etc. as partes requeiram a prática do ato.
O CPP adota o cross examination, ou seja, as per- O deferimento de provas submete-se ao prudente
guntas são feitas diretamente para as testemunhas. arbítrio do magistrado, cuja decisão, sempre funda-
Todavia, o juiz não permitirá que a testemunha mani- mentada, há de levar em conta o conjunto probató-
feste suas apreciações pessoais, salvo quando insepa- rio. É lícito ao juiz indeferir diligências que reputar
ráveis da narrativa do fato. impertinentes, desnecessárias ou protelatórias. Inde-
O cônjuge, ascendentes, descendente e irmão do ferimento de pedido de acareação de testemunhas, no
9
caso, devidamente fundamentado. Inocorrência de
-9
vo quando não for possível por outro modo obter a afronta aos princípios da ampla defesa e do contradi-
.3
prova do fato e suas circunstâncias. Ademais, deter- tório ou às regras do sistema acusatório.
93
minadas pessoas são proibidas de depor, em razão do Durante o procedimento, os acareados poderão
.0
Exceção: Se forem desobrigadas pela parte interes- que geralmente acontece, ou modificá-las.
-1
verdade?
v
� CADI.
A
momento da decisão.
CAUTELARES E DA LIBERDADE
-1
tivo que serve para confirmar ou negar uma asserção a CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
da
ou outras circunstâncias.
a investigação do crime, ou até mesmo para a produ-
ção de provas. Inclusive, a necessidade pode vir do
Frente ao artigo acima, lembre-se sempre que: temor da prática de novas infrações pelo agente. Ex.:
O acusado compra passagens para o exterior;
[...] não se pode confundir o indício, que é sempre z Adequação: proporção entre a medida e a gravi-
um dado objetivo, em qualquer de suas acepções dade do crime, circunstâncias do fato e condições
(prova indireta ou prova semiplena), com a simples pessoais do acusado. Ex.: O acusado cometeu um
suspeita, que não passa de um estado de ânimo. O crime violento e é uma pessoa perigosa.
indício é constituído por um fato demonstrado que
autoriza a indução sobre outro fato ou, pelo menos, DA RESTITUIÇÃO DE COISAS APREENDIDAS
constitui um elemento de menor valor; a suspeita
é uma pura intuição, que pode gerar desconfiança, Art. 118 Antes de transitar em julgado a sentença
dúvida, mas também conduzir a engano.2 final, as coisas apreendidas não poderão ser resti-
tuídas enquanto interessarem ao processo.
300 2 - LIMA, R. B. de. Manual de Processo Penal: Volume Único – 8 ed. rev. ampl. e atual. Salvador: Ed. JusPodivm, 2020
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Ex.: A arma usada no crime. Inclusive, não pode- o trânsito em julgado da condenação. Nesse tipo de
rão ser restituídas, mesmo depois de transitar em jul- prisão o procedimento passa a ser aplicado pelo juiz
gado a sentença final, salvo se pertencerem ao lesado das execuções, de acordo com a Lei de Execução Penal
ou a terceiro de boa-fé. (LEP). A outra espécie de prisão consiste na prisão
Extrai-se do texto da lei as seguintes etapas: como medida cautelar, que visa assegurar o regular
trâmite do processo, para no final vir a ser aplicada a
z Primeira etapa: pena e esta ser cumprida.
ciária competente;
.3
Ex.: O MP é ouvido sobre o pedido de restituição. z Prisão cautelar (prisão temporária, prisão preven-
93
flagrante delito.
juiz que tiver expedido o tiver expedido o mandado, II - converter a prisão em flagrante em preventiva,
93
mandado para a realização de audiên- quando presentes os requisitos constantes do art. 312
.0
Após receber o auto de prisão em flagrante, no pra- dezembro de 1940 (Código Penal), poderá, fun-
io
são), o juiz deverá promover Audiência de custódia, provisória, mediante termo de comparecimento
tá
são precisa ser motivada e fundamentada mostrando como garantia da ordem pública, da ordem econô-
96
receio de perigo e existência concreta de fatos novos mica, por conveniência da instrução criminal ou
.3
ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da para assegurar a aplicação da lei penal, quando
93
Vale lembrar que as prisões cautelares não devem ciente de autoria e de perigo gerado pelo estado de
06
da adotada.
ou do processo penal, caberá a prisão preventiva Art. 313 Nos termos do art. 312 deste Código, será
ri
A
decretada pelo juiz, de ofício, se no curso da ação admitida a decretação da prisão preventiva:
penal, ou a requerimento do Ministério Público, do I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa
querelante ou do assistente, ou por representação de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos;
da autoridade policial. II - se tiver sido condenado por outro crime doloso,
Art. 312 A prisão preventiva poderá ser decretada em sentença transitada em julgado, ressalvado o
como garantia da ordem pública, da ordem econô- disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decre-
mica, por conveniência da instrução criminal, ou to-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código
para assegurar a aplicação da lei penal, quando Penal;
houver prova da existência do crime e indício sufi- III - se o crime envolver violência doméstica e fami-
ciente de autoria. liar contra a mulher, criança, adolescente, idoso,
Parágrafo Único.A prisão preventiva também enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a
poderá ser decretada em caso de descumprimento execução das medidas protetivas de urgência;
de qualquer das obrigações impostas por força de § 1º Também será admitida a prisão preventiva
outras medidas cautelares (art. 282, § 4o). quando houver dúvida sobre a identidade civil
Art. 313 Nos termos do art. 312 deste Código, será da pessoa ou quando esta não fornecer elemen-
admitida a decretação da prisão preventiva: (Reda- tos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso
ção dada pela Lei nº 12.403, de 2011). ser colocado imediatamente em liberdade após a 303
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identificação, salvo se outra hipótese recomendar o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer
a manutenção da medida. elementos necessários ao esclarecimento de sua iden-
§ 2º Não será admitida a decretação da prisão pre- tidade. São necessárias fundadas razões de autoria ou
ventiva com a finalidade de antecipação de cumpri- participação do indiciado nos seguintes crimes:
mento de pena ou como decorrência imediata de
investigação criminal ou da apresentação ou rece- z Homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2º);
bimento de denúncia. z Sequestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e
Art. 316 O juiz poderá, de ofício ou a pedido das
seus §§ 1º e 2º);
partes, revogar a prisão preventiva se, no correr
z Roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1º, 2º e 3º);
da investigação ou do processo, verificar a falta de
motivo para que ela subsista, bem como novamente
z Extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1º e 2º);
decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. z Extorsão mediante sequestro (art. 159, caput, e
Parágrafo único. Decretada a prisão preventi- seus §§ 1º, 2º e 3º);
va, deverá o órgão emissor da decisão revisar z Estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o
a necessidade de sua manutenção a cada 90 art. 223, caput, e parágrafo único);
(noventa) dias, mediante decisão fundamentada, z Atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua
de ofício, sob pena de tornar a prisão ilegal. combinação com o art. 223, caput, e parágrafo
único);
z Rapto violento (art. 219, e sua combinação com o
Perceba que com o Pacote Anticrime o juiz não
art. 223 caput, e parágrafo único);
pode mais decretar de ofício a prisão preventiva,
z Epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1º);
para que seja preservado o sistema acusatório, no
z Envenenamento de água potável ou substância ali-
qual as funções de acusar e julgar são extremamente
mentícia ou medicinal qualificado pela morte (art.
separadas. Ademais, a nova lei ressaltou que a prisão
270, caput, combinado com art. 285);
preventiva exige demonstração do perigo que cau-
z Quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código
sa a liberdade do acusado. Por fim, como espelho do
Penal;
Código de Processo Civil de 2015, alguns requisitos são
z Genocídio (arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 2.889, de 1º
estabelecidos quanto a motivação da prisão.
de outubro de 1956), em qualquer de suas formas
Não se considera fundamentada qualquer deci-
típicas;
são judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acór-
z Tráfico de drogas (art. 12 da Lei nº 6.368, de 21 de
dão, que:
outubro de 1976);
z Crimes contra o sistema financeiro (Lei nº 7.492,
z Limitar-se à indicação, à reprodução ou à paráfra-
de 16 de junho de 1986);
se de ato normativo, sem explicar sua relação com
z Crimes previstos na Lei de Terrorismo (Lei nº
a causa ou a questão decidida;
13.260, de 16 de março de 2016).
z Empregar conceitos jurídicos indeterminados,
sem explicar o motivo concreto de sua incidência
A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em
no caso;
face da representação da autoridade policial ou de
9
z Invocar motivos que se prestariam a justificar
requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de
-9
No caso de descumprimento de qualquer das obri- (cinco) dias, acompanhada de cópia do requerimen-
.3
poderá substituir a medida, impor outra em cumula- rão ser justificados e fundamentados em decisão
que contenha elementos do caso concreto que jus-
-1
justifique, o juiz poderá, de ofício, revogá-la ou subs- do querelante, poderá substituir a medida, impor
v
tá
13.964, de 2019).
são: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
I - comparecimento periódico em juízo, no prazo § 5º O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes,
e nas condições fixadas pelo juiz, para informar revogar a medida cautelar ou substituí-la quando
e justificar atividades; (Redação dada pela Lei nº verificar a falta de motivo para que subsista, bem
12.403, de 2011). como voltar a decretá-la, se sobrevierem razões que
II - proibição de acesso ou frequência a determi- a justifiquem. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de
nados lugares quando, por circunstâncias rela- 2019).
cionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado § 6º A prisão preventiva somente será determinada
permanecer distante desses locais para evitar o quando não for cabível a sua substituição por outra
risco de novas infrações; (Redação dada pela Lei medida cautelar, observado o art. 319 deste Código,
nº 12.403, de 2011). e o não cabimento da substituição por outra medi-
III - proibição de manter contato com pessoa deter- da cautelar deverá ser justificado de forma funda-
minada quando, por circunstâncias relacionadas mentada nos elementos presentes do caso concreto,
ao fato, deva o indiciado ou acusado dela perma- de forma individualizada.
necer distante; (Redação dada pela Lei nº 12.403,
de 2011). 305
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CAPÍTULO VI – DA LIBERDADE PROVISÓRIA, COM Se a prisão foi em flagrante, quem concede a fiança
OU SEM FIANÇA é a autoridade que preside o auto. Se a prisão foi por
mandado, quem concede a fiança é o juiz que expediu
A prisão é relaxada quando for constatada alguma o mandado ou a autoridade que requisitou a prisão. A
irregularidade. fiança será concedida independentemente de audiên-
Ex. 1: Transcorridas 24 (vinte e quatro) horas da cia do Ministério Público, até o trânsito em julgado.
apreensão a não realização de audiência de custódia O valor da fiança serve para pagar custas, danos,
sem motivação idônea ensejará a ilegalidade da pri- prestação pecuniária, multa, em caso de condenação
são, a ser relaxada pela autoridade competente, sem do réu ou prescrição da sentença condenatória. O res-
prejuízo da possibilidade de imediata decretação de tante que sobrar vai para o fundo penitenciário, em
prisão preventiva. caso de perda da fiança (perde tudo) ou quebra (perde
Ex. 2: Se o investigado estiver preso, o juiz das metade).
garantias poderá, mediante representação da autori- O valor da fiança é restituído caso seja declarada
dade policial e ouvido o Ministério Público, prorro- sem efeito, em caso de absolvição transitada em jul-
gar, uma única vez, a duração do inquérito por até 15 gado ou extinção da ação penal. A fiança é cassada
(quinze) dias, após o que, se ainda assim a investiga- quando não é cabível fiança, ex.: desclassificou o deli-
ção não for concluída, a prisão será imediatamente to para delito inafiançável.
relaxada.
Em até 24h da prisão o juiz deve realizar a audiên- HIPÓTESES DE HIPÓTESES DE QUEBRA
cia de custódia, com a presença do acusado, seu advo- REFORÇO DA FIANÇA DA FIANÇA
gado e o MP. Então o juiz pode optar por: relaxar a
prisão ilegal, converter a prisão em flagrante em pre- A autoridade pegou por Deixar de comparecer à inti-
ventiva, conceder liberdade provisória (com ou sem engano valor insuficiente, mação, obstruir o andamen-
fiança). depreciação/perecimento to do processo, descumprir
Se o juiz verificar que o agente praticou o fato dos bens, desclassificação outra medida cautelar, resis-
mediante alguma excludente de ilicitude, pode conce- do delito que exija um va- tir à ordem judicial, praticar
der liberdade provisória, mediante termo de compa- lor maior. Se o réu não re- nova infração penal dolosa.
recimento obrigatório a todos os atos processuais, sob força a fiança, a fiança fica Como consequência perde
pena de revogação. sem efeito (é devolvida) e metade do valor e o juiz
A liberdade provisória deve ser denegada quando o réu é recolhido à prisão decide se vai impor outras
o agente for reincidente, integrar organização cri- medidas cautelares ou de-
minosa armada, integrar milícia ou portar arma de cretar a prisão preventiva
fogo de uso restrito. Inclusive, se não é caso de prisão
preventiva, o juiz deve conceder liberdade provisória Obs.: Apenas o valor total da fiança se for condena-
(com ou sem medidas cautelares diversas da prisão). do + não se apresentar para o início do cumprimento
da pena.
z A autoridade policial pode conceder fiança se é Por fim, quanto à fiança, não devemos nos esque-
9
uma infração com pena máxima não superior a 4 cer de que ela não é concedida nos seguintes casos:
-9
96
4 anos de prisão, a fiança deve ser requerida ao z TTT (crimes de tortura, tráfico ilícito e terrorismo)
e hediondos;
.0
a autoridade policial somente poderá conceder z Crimes cometidos por grupos armados civis ou
-1
fiança nos casos de infração cuja pena privativa de militares contra a ordem constitucional e o Estado
liberdade máxima não seja superior a 4 anos. Nos Democrático;
a
lv
demais casos, a fiança será requerida ao juiz, que z Se a fiança já foi quebrada no mesmo processo;
Si
z Prisão Militar;
z Se há motivos para decretar a prisão preventiva.
io
VALOR DA FIANÇA PENA z Obs.: Se cabe fiança, o juiz vendo a situação eco-
v
tá
1 a 100 salários mínimos Não passa de 4 anos nômica do réu pode lhe dar a liberdade provisó-
O
10 a 200 salários mínimos É superior a 4 anos sem que precise pagar a fiança. Se o beneficiário
A
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Considerando essa situação hipotética, assinale a
HORA DE PRATICAR! opção correta, acerca de crime que se apura mediante
ação penal privada.
1. (FCC — 2021) O princípio da individualização da pena
a) Em face do princípio da oficiosidade, o delegado de
a) fundamentou o posicionamento do Superior Tribunal polícia deverá instaurar o procedimento investigatório,
de Justiça que vedou a regressão de regime de cum- independentemente da formalização do requerimento
primento de pena por salto. de João.
b) garante legitimidade ao exame criminológico diante b) A instauração do inquérito policial suspende a fluência
de sua capacidade de previsão de comportamento do prazo decadencial para o ingresso da ação penal
criminoso futuro e com isso impedir o funcionamento em juízo até a completa apuração dos fatos.
indevido do sistema progressivo. c) Caso João venha a falecer após a instauração do
c) é incompatível com um sistema progressivo de cum- inquérito policial e antes da ação penal, o direito de
primento de pena, já que os benefícios prisionais oferecer queixa-crime passará ao cônjuge, ascenden-
devem ser concedidos objetivamente para garantia do te, descendente ou irmão.
indivíduo em face do Estado. d) Por ser João menor de 21 anos de idade, o direito de
d) permite, por meio do exercício de direitos subjetivos queixa poderá ser exercido por ele ou por seu repre-
na execução penal, que duas pessoas iniciem no mes- sentante legal.
mo dia uma pena idêntica, mas um tenha a pena extin- e) Instaurada a ação penal competente e havendo inér-
ta antes do outro. cia de João, o Ministério Público poderá dar prossegui-
e) confere um caráter misto ao direito de execução penal, mento à referida ação.
composto por normas penitenciárias e administrati-
vas, como as que regulam o agravo em execução. 6. (FCC — 2019) Acerca de ação penal de natureza priva-
da, assinale a opção correta.
2. (FCC — 2019) Em razão da sucessão de leis genuina-
mente processuais penais, será observado, nos pro- a) O perdão do ofendido somente opera os seus efeitos
cessos em andamento, o com a anuência do querelado.
b) O recebimento de indenização por reparação de dano
a) sistema das fases processuais. causado pelo crime, em acordo homologado judicial-
b) sistema do isolamento dos atos processuais. mente, não afasta o direito de queixa-crime.
c) princípio do tempus delicti. c) A ausência do querelante na audiência de instrução
d) princípio da ultratividade da norma, em regra. enseja sua condução coercitiva, desde que este seja
e) sistema da unidade processual. regularmente notificado.
d) A renúncia ao direito de queixa em relação a apenas
3. (FCC — 2022) Considere que, após receber a conclu- um dos autores de um crime não se estenderá aos
são do inquérito policial, o Ministério Público tenha demais.
perdido o prazo para o oferecimento da denúncia. e) Não é cabível aditamento de queixa-crime pelo Minis-
9
tério Público.
-9
96
Nesse caso,
.3
b) o delegado deverá arquivar o inquérito policial, pela de provas, prevalecendo a confissão do réu em detri-
-1
d) o juiz deverá arquivar o inquérito policial, que somente to policial, desde que corroborados por outras provas.
da
poderá ser desarquivado se surgirem novas provas. c) Há prioridade na realização do exame de corpo de
4. (FCC — 2022) O inquérito policial, nos crimes em que a excludente de ilicitude cabe ao réu, em obediência à
ri
5. (FCC — 2019) João, de 19 anos de idade, foi vítima de a) compete à defesa iniciar a inquirição do acusado em
crime de calúnia praticado por Maria. Ciente da autoria seu interrogatório.
do ato delituoso, João relatou os fatos informalmente b) constituem ônus da defesa o ato de orientar o acusa-
ao delegado de polícia e solicitou orientação sobre as do antes de seu interrogatório e o de dar ciência a este
providências a serem adotadas. da acusação que lhe é feita.
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c) o interrogando deverá responder às perguntas que lhe e) A prova testemunhal deverá ser colhida obrigatoria-
forem feitas, porém não será admitida a indicação de mente de forma oral, quando envolver presidente ou
provas, por se tratar de faculdade já alcançada pela vice-presidente da República, presidentes do Senado
preclusão. Federal e da Câmara dos Deputados.
d) o interrogatório do réu preso deverá ser necessaria-
mente feito por videoconferência. 12. (FCC — 2022) A acareação como instrumento de
e) antes de proferir a sentença, o juiz poderá determinar, provas
de ofício, a realização de novo interrogatório.
a) é destinada a elucidar provas técnicas.
9. (FCC — 2021) Relativamente às regras sobre a prova b) não é admissível na fase policial.
confessional, é correto afirmar que: c) é exclusiva do Ministério Público.
d) pode ser determinada de ofício pelo juízo.
a) a confissão é divisível e retratável; e) é admitida exclusivamente nos crimes dolosos contra
b) o silêncio do acusado implicará a confissão das con- a vida.
dutas que lhe são imputadas;
c) o silêncio do acusado não importará em confissão das 13. (FCC — 2019) Ao tratar da prova, o Código de Proces-
condutas que lhe são imputadas, mas poderá ser inter- so Penal estabelece que serão considerados docu-
pretado em prejuízo da defesa; mentos quaisquer escritos, instrumentos ou papéis,
d) durante o interrogatório judicial de réu preso, não há públicos ou particulares. Em relação aos documentos
obrigação de que a autoridade judicial informe o acu- em língua estrangeira, eles
sado de seu direito de permanecer calado e de não
responder às perguntas que lhe forem formuladas; a) só poderão ser juntados aos autos, traduzidos ou não,
e) a confissão do acusado possui valor intrínseco supe- mediante requerimento das partes.
rior às demais provas documentais, periciais ou tes- b) sendo originários de órgãos públicos não necessitam
temunhais, devendo ser aferida pelo magistrado por de tradução, enquanto que os particulares deverão
critérios diferenciados em relação ao restante do con- sempre ser traduzidos.
junto probatório. c) só poderão ser juntados aos autos após necessaria-
mente traduzidos por tradutor público ou pessoa idô-
10. (FCC — 2022) A vítima, segundo disposição expressa nea nomeada pela autoridade.
do Código de Processo Penal, d) poderão ser juntados aos autos, mas deverão ser pos-
teriormente traduzidos por tradutor público ou pessoa
a) por ser considerada testemunha principal dos fatos, idônea nomeada pela autoridade.
comete crime de falso testemunho, se falsear a verda- e) poderão ser juntados aos autos, mesmo sem tradu-
de fática. ção, se a crivo do julgador esta se revele desnecessá-
b) por meio de seu advogado habilitado como assistente ria e não cause prejuízo às partes.
de acusação, não poderá interpor apelação quando o
Ministério Público assim não o fizer. 14. (FCC — 2021) Após instauração de inquérito policial
9
-9
c) deverá ser comunicada dos atos processuais relativos para apurar a prática de crime de homicídio, foi obtida
96
ao ingresso e à saída do acusado da prisão, à designa- a informação de que o veículo identificado por teste-
.3
ção de data para audiência e à sentença e respectivos munhas como tendo sido utilizado pelo autor do delito
93
réu, salvo quando conhecido o lugar da infração. Sobre a busca e apreensão domiciliar do veículo, é cor-
e) nos crimes de ação privada, deverá ser intimada a mani- reto afirmar que:
a
lv
zo único de 120 (cento e vinte) dias após os fatos. a) exige prévia deflagração de ação penal;
da
testemunhal dispostas no Código de Processo Penal, c) a medida poderá ser realizada no período noturno,
tá
17. (FCC — 2022) Sobre a prisão preventiva, é correto afir- a) furto qualificado pelo emprego de explosivo.
mar que: b) posse de arma de fogo de uso proibido.
c) roubo majorado pelo concurso de agentes.
a) a gravidade em abstrato do crime constitui uma das d) roubo majorado pela restrição de liberdade da vítima.
9
-9
2 B
lv
dia cautelar;
Si
5 C
legalidade e a atualidade de seus fundamentos;
O
17 D
18 A
19 D
20 C
ANOTAÇÕES
9
-9
96
.3
93
.0
06
-1
a
lv
Si
da
vio
tá
O
ri
A
310
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