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CURSO DE FORMAÇÃO CONTINUADA EM

REDAÇÃO ACADÊMICA E PROFISSIONAL

DISCIPLINA: TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS

PROFESSORA: Tatiana Jardim

MÓDULO 1

APOSTILA
SUMÁRIO

PRIMEIRAS PALAVRAS... ......................................................................................... 2


1. O QUE É UMA LÍNGUA? ....................................................................................... 4
2. O QUE É UM TEXTO? ............................................................................................ 6
3. O QUE É UM GÊNERO TEXTUAL? ....................................................................... 7
3.1 Como se organizam os gêneros textuais? ............................................................ 8
3.2 Alguns gêneros ................................................................................................... 10
3.2.1. Resumo ........................................................................................................... 10
3.2.2 Fichamento....................................................................................................... 10
3.2.3 Relatório ........................................................................................................... 11
3.2.4 Redação escolar dissertativa-argumentativa.................................................... 11
3.2.5 Resenha ........................................................................................................... 11
3.2.6 Artigo científico ................................................................................................. 12
4. ATIVIDADE AUTOAVALIATIVA .......................................................................... 13
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 15
PRIMEIRAS PALAVRAS

Nesta disciplina, vamos tratar de textos escritos e de gêneros textuais


escritos. Vamos tratar das noções de texto e dos diferentes formatos que os mesmos
assumem em função das esferas a que pertencem, em função das atividades e das
ações dos seus produtores e dos seus leitores. Ao realizarmos tal estudo, faremos um
percurso que nos levará a refletir sobre a língua, sobre a nossa posição no mundo,
sobre o posicionamento do outro, das instituições e dos meios em que estamos
inseridos no momento das produções textuais.
Nesse sentido, entendo que, quando vocês pensaram em fazer este curso estavam
centrados na qualificação, na melhoria de suas competências relacionadas à escrita,
mas entendo também que este objetivo, esta procura vem acompanhada de um
desejo pela autonomia enquanto sujeito que está no mundo e precisa se movimentar
através da linguagem.
Sendo assim, podemos, desde já, afirmar um texto é uma forma de atuação da
língua e do ser humano na sociedade. Seguindo esta linha de pensamento, vamos
dar início ao módulo 1 do curso em conformidade com o plano de ensino
disponibilizado no ambiente virtual.

ANTES DE PROSSEGUIRMOS ... O QUE SIGNIFICA ESCREVER?

A escrita é uma modalidade de uso da língua em que é realizado um


TRABALHO no qual o sujeito diz algo, mas sempre em relação ao outro, com um
certo propósito e em dado momento. É uma ação que mobiliza, movimenta
conhecimentos diferenciados, tais como: o conhecimento sobre os componentes da
situação comunicativa, interlocutores (produtor e leitor do texto), o gênero de texto tipo
a ser produzido, tema a ser desenvolvido, seleção e organização das ideias, o uso da
variedade da língua (formal, informal e revisão da escrita ao longo de todo o processo,
guiada pelo objeto de produção).
O sentido de um texto escrito, portanto, está ligado ao processamento e à
interação desses fatores. Cabe ressaltar que isso também é um requisito para os
nossos textos orais, mas estamos ressaltando isso aqui, porque o recebimento e a
compreensão de um texto escrito nem sempre são instantâneos, por isso, quem

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escreve precisa alinhar os elementos para que o texto faça sentido. Portanto, é preciso
encarar a escrita como um TRABALHO.

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1. O QUE É UMA LÍNGUA?

É impossível tratarmos dos fatores textuais sem considerarmos uma concepção,


uma ideia de língua. Por mais breve que seja a exposição que será feita aqui, é
fundamental que vocês, enquanto sujeitos inseridos na sociedade, compreendam o
que é uma língua, o que representa uma língua para que possam prosseguir.
É comum observarmos a associação da língua à gramática normativa, às listas
de regras, ao dicionário. É muito comum lermos ou ouvirmos os sujeitos afirmarem
que o conhecimento de uma língua está associado ao conhecimento de todas as
regras colocadas pela norma padrão. É preciso, no entanto, atentarmos para algumas
questões.
Em primeiro lugar, como já exposto acima, somos sujeitos, e isso implica uma
posição no mundo. Só isso já nos coloca como agentes. Em segundo lugar, ao
colocarmos a língua em ação, o fazemos de acordo com diferentes situações, sujeitos
e ambientes. Em terceiro lugar, o uso da língua pressupõe sempre mundos, realidades.
Isso significa que todo uso implica visões de mundo, verdades, relações poder e de
saber. Sendo assim, não é possível admitirmos que uma língua seja somente um
aparato de regras.
Para o filósofo da linguagem Émile Benveniste (2006), “bem antes de servir
para comunicar, a linguagem serve para viver” (p.222). Isso mostra que a língua não
se movimenta em torno da sua estrutura, mas em torno das ações necessárias para
que o homem se movimente. Mikhail Bakhtin (2011), outro filósofo da linguagem,
compreende que a língua que a língua está carregada de significados construídos na
interação social. Sendo assim, já podemos concluir que uma língua é um espaço de
ação. O home age na língua e pela língua. É possível compreender isso a partir de
um exemplo simples. Suponhamos que uma aula do Ensino Médio começa às 07:00h
e um aluno chega às 09:00h. Supondo que a entrada do mesmo tenha sido liberada
pela direção da escola, o mesmo sobe e abre a porta da sala. Neste momento,
cumprimenta a todos com um bom dia, mas algum colega responde: - Boa noite! Esta
resposta não é um cumprimento. Além da pitada de sarcasmo, é um enunciado que
indica o modo como este colega viu a chegada do outro, é um enunciado que deixa
implícita uma visão sobre a chegada do outro e pode gerar desdobramentos como
risos, advertência do professor etc.

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Desse modo, podemos concluir que pela língua o homem age no mundo. Há
regras instituídas pela gramática normativa e não há dúvidas de que precisamos
utilizá-las nas situações necessárias, mas jamais podemos deixar de ver que cada
produção linguística diz respeito às necessidades de comunicação e de interação que
temos. Assim, a compreensão da língua como ação não diz respeito ao seu uso
sempre condicionado a uma necessidade, por isso não usamos palavra isoladas, por
isso nos comunicamos através de textos. Falaremos disso na próxima seção.

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2. O QUE É UM TEXTO?

Tendo em vista que a língua é ação, que produzimos sentidos na língua e pela
língua, vamos compreender como operamos dessa forma. A comunicação humana
não se dá por meio de palavras isoladas. Nós nos comunicamos através de textos.
Talvez alguns de vocês estejam se perguntando: Então quando usamos uma palavra
ou uma expressão “isoladamente” não estamos nos comunicando? Ocorre que até
mesmo o que consideramos como palavras isoladas são textos. Expliquemos.
Como já afirmei antes, somos sujeitos e temos uma posição no mundo. Além
disso, transitamos por algumas esferas e exercemos atividades distintas. Tudo isso é
atravessado pela língua, pois nos movimentamos por meio dela. É nesse sentido que
podemos afirmar que produzimos textos, pois a língua se relaciona a outros fatores
quando colocada em ação. Nós, em hipótese alguma, produzimos um enunciado de
forma aleatória, sempre há um objetivo, interlocutores (leitores ou ouvintes), um dado
espaço, um dado momento, em suma, sempre há condições que permitem e amparam
a produção de determinado texto.
Ingedore Koch (2009) compreende o texto como “resultado da atividade verbal
de indivíduos socialmente atuantes, na qual esses coordenam suas ações no intuito
de alcançar um fim social, de conformidade com as condições sob as quais a atividade
verbal se realiza.” (p.26). Logo, não é possível compreendermos uma produção textual
de qualquer natureza como um ajuntamento de palavras, mas como uma construção
alicerçada por diferentes elementos que atuam para algo maior que é o sentido.
Não se pode esquecer, portanto, que um texto só o é porque faz sentido devido
ao espaço, ao contexto, aos sujeitos envolvidos, à temática, à esfera de atividade. Um
texto, nesse sentido, é a manifestação linguística por excelência. Mesmo quando
usamos enunciados de uma ou de poucas palavras, estamos produzindo e
compreendendo textos, pois os elementos citados anteriormente sempre estarão
atravessando as produções.
Posto isso, talvez surja a seguinte inquietação: os textos que produzimos têm
o formato que têm, a regularidade de palavras que têm, o “modelo” que têm por quais
motivos? Responderemos isso na próxima seção.

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3. O QUE É UM GÊNERO TEXTUAL?

Sendo um texto uma produção atravessada por alguns fatores e inserida em


atividades distintas, podemos compreender que seus formatos dizem respeito às
necessidades exigidas pelos percursos que fazemos no mundo e nos meios em que
estamos. Então, um texto se apresenta para nós ou é apresentado por nós não só
pelas palavras que usamos, não só pelos componentes estruturais, mas pela relação
que estabelecem como seu exterior. É nesse sentido que podemos falar em gênero
textual ou em gênero discursivo.
Um gênero textual ou gênero discursivo é um texto que apresenta dado formato,
determinada configuração em função da esfera em que é produzido e dos objetivos
sociocomunicativos que têm. Charles Bazerman (2006) nos fala em tipificação. Para
o autor, um gênero textual é uma forma típica de texto porque nós os reconhecemos
como modos específicos de comunicação em determinadas circunstâncias. Por
exemplo, ao nos depararmos com uma bula, sabemos que aquele é um gênero de
texto que se destina a instruir um paciente sobre a administração, a composição, os
efeitos adversos e outras questões relacionadas a um medicamento. Ao encontrarmos
uma notícia, reconhecemos que as funções comunicativas predominantes desse
gênero de texto são contar e informar acontecimentos. Um gênero textual, então,
responde a uma demanda, a uma necessidade de trânsito social.
É preciso ter em mente que um gênero textual tem uma configuração específica,
mas isso, na maioria deles, não significa uma rigidez intransponível. Isso significa que
o projeto de dizer, o propósito comunicativo precisa de certos elementos e de certa
estruturação para acontecer.
Saber o que é um gênero textual e compreender a sua estruturação é parte do
caminho para o aprimoramento das competências e das habilidades com a língua e
com a escrita, pois uma produção textual que não considere as particularidades de
um gênero está fadada ao insucesso tendo em vista que é impossível separar o que
é dito do modo como é dito. Um gênero textual, portanto, tem as suas funcionalidades,
mas não se trata de um modelo de texto engessado e sim de um modelo de texto que
precisa ter determinada configuração para não deixar de cumprir seus propósitos
comunicativos e sociais. Um gênero textual é, em últimas palavras, uma forma de vida
linguística na sociedade, pois por meio deles conseguimos nos movimentar e

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movimentar fatos e pessoas, conseguimos resolver questões, adotar atitudes, mostrar
posicionamentos, instruir e muitas outras coisas.

3.1 Como se organizam os gêneros textuais?

Se um gênero textual é um texto que tem um formato determinado, significa


que o mesmo precisa apresentar elementos linguísticos que confirmem suas funções
sociais e comunicativas. Os gêneros textuais, portanto, são organizados em termos
linguísticos para atenderem a certos fins. É nesse sentido que podemos falar em tipos
textuais ou em modos de organização do discurso.
As duas expressões, em sentido amplo, fazem referência ao modo como os
elementos linguísticos são organizados para darem ao gênero o formato que têm. Isso
quer dizer que a organização de um dado gênero corresponde ao que é regular,
constante em termos linguísticos e estruturais. Observe o exemplo.

Nova Zelândia abre urnas com duas mulheres na disputa para


comandar o país
Os neozelandeses vão às urnas neste sábado em uma eleição geral que
pode ver a primeira-ministra, Jacinda Ardern, fortalecer seu controle de centro-
esquerda sobre o governo ou a vitória da desafiante Judith Collins, dos
conservadores.
Ardern, de 40 anos, líder do Partido Trabalhista, e Collins, 61, chefe do
Partido Nacional, são os rostos da eleição para formar o 53º Parlamento do país,
em um referendo sobre os três anos de mandato de Ardern com foco na pandemia.

(Fonte: https://www.terra.com.br/noticias/mundo/nova-zelandia-abre-urnas-com-duas-mulheres-
na-disputa-para-comandar-o-pais,adfc2ed76a5b80fe130ddef2a23ef9d4jmj96qdi.html)

O gênero acima é uma notícia. Como sua função é relatar, narrar fatos, há
necessidade de situar as coisas no tempo e no espaço; por isso a presença de verbos
que indiquem o momento da ação, mas também as ações do outro, como os verbos
em destaque; a presença de elementos que marquem o tempo como o adjunto
adverbial neste sábado. Sem esses elementos, o leitor não se situaria a fim de
estabelecer o sentido que o fato narrado tem. Sendo assim, cada gênero vai ter em
sua organização elementos recorrentes predominantes para cumprir a sua função.
Observe o quadro abaixo.
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TIPO TEXTUAL OU MODO DE ORGANIZAÇÃO GÊNEROS
DO DISCURSO EM QUE O MODO DE
ORGANIZAÇÃO PREDOMINA
Narrativo – predomina em gêneros em que há Notícia, carta, romance, crônica,
necessidade de relatar ações em dado tempo e fábula, história em quadrinhos,
espaço. É um modo de organização que diz carta de reclamação,
respeito aos percursos realizados. Há depoimento, memorial etc.
predominância de verbos no presente, no passado
ou no futuro, palavras ou expressões que
marquem o tempo ou espaço dos acontecimentos.
Descritivo – predomina em gêneros em que o Relatório, guia turístico, relato de
objeto é enumerar características, detalhar experiência, classificado de
objetos, pessoas, lugares, situações, animais etc. imóveis etc.
É um modo de organização que diz respeito à
observação. Há predominância de adjetivos, de
verbos que indicam estados (ser, estar, parecer,
permanecer)
Dissertativo ou expositivo – predomina em Artigo de divulgação científica,
gêneros em que há o objetivo de expor ideias sem relatório, textos didáticos etc.
necessariamente defendê-las. Há predominância
de expressões impessoais (é possível, observa-
se, fala-se...), verbos na primeira pessoa do plural,
verbos na terceira pessoa do plural
Argumentativo – predomina em gêneros cuja Carta de leitor, artigo de opinião,
função sociocomunicativa seja a defesa de ideias, dissertação argumentativa
os posicionamentos diante das questões. Há (gênero solicitado no ENEM e
predominância de conectivos, de marcas em muitos concursos), carta
linguísticas de opinião (eu penso, na minha argumentativa, editorial, defesa
opinião, é fundamental, é necessário), de palavras de réu etc.
que indiquem certos sentidos e o direcionamento
do raciocínio etc.
Injuntivo – predomina em gêneros que têm a Receita, bula, manual de
função sociocomunicativa de instruir os sujeitos a instrução, orientações em geral,
realizarem uma tarefa: jogar, manusear um regras de jogo etc.
instrumento, montar um aparelho, preparar um
alimento, usar um medicamento etc. É um modo
de organização em que predominam verbos no
imperativo (faça, coloque, acenda, ligue...), verbos
no infinitivo (fazer, colocar, acender, ligar...)
Preditivo - predomina em gêneros que têm a Horóscopo, previsão do tempo,
função de mostrar previsões, projeções. Os aconselhamentos em geral etc.
recursos linguísticos inerentes a este modo de
organização são: expressões que indiquem
suposição (é possível, é provável...), verbos que
indiquem suposição (pode, supõe-se...) , verbos
no infinitivo e no imperativo para indicar
sugestões.

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Vale destacar que os itens linguísticos presentes em cada modo de
organização dizem respeito às regularidades, dizem respeito, como já dito, ao
propósito central da comunicação. Se um manual de instruções, por exemplo, não
tiver verbos que direcionem a realização de ações, dificilmente será captado pelos
sujeitos ou, ainda, os mesmos receberão o texto de forma menos objetiva. Por isso, é
fundamental que se reconheça e saiba a função dos gêneros, pois assim você saberá
os itens que deverão ser usados para cumprir o seu objetivo, mas saberá também que
esses recursos não são os únicos. Lembre-se: predominar não é dominar.

3.2 Alguns gêneros

Tendo visto que um gênero é uma forma de comunicação relativamente fixa, é


preciso conhecermos alguns deles. Em termos gerais, podemos dizer que os gêneros
são os nomes que nós damos aos textos que têm formatos e objetivos específicos.
Neste curso, conheceremos e trabalharemos com alguns. Vejam abaixo.

3.2.1. Resumo

Diferentemente do que se possa pensar, um resumo não é uma cópia do texto


original, mas uma explanação, com as palavras do próprio autor, acerca do conteúdo
do texto original. O objetivo deste gênero, que é expositivo, é mostrar de forma sucinta
os principais pontos do texto original. É um gênero muito usado para fins de
aprendizado. Vale destacar, ainda, que a produção de resumos permite a ampliação
do vocabulário, já que o sujeito necessita movimentar seu conhecimento linguístico
para expor o conteúdo do texto original.

3.2.2 Fichamento

O fichamento está no mesmo segmento do resumo, pois é um gênero que


também auxilia o aprendizado, a pesquisa, o estudo. No fichamento, o autor pode ou
não usar as palavras do texto. A estruturação deste gênero é feita em tópicos. É
possível afirmar que o fichamento é um gênero que permite que tenhamos o texto
original sempre à mão, já que trechos originais são destacados em tópicos no gênero.

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3.2.3 Relatório

É um gênero textual usado por profissionais e estudantes para relatar


resultados ou fato relativos a pesquisas, atividades, participações em cursos,
congressos, experiências, demandas de trabalho etc. É um gênero da ordem do narrar,
por isso há bastante incidência de verbos. Dependendo do tipo de relatório (relatório
de uma pesquisa do campo da biologia marinha, por exemplo), pode haver também a
incidência do modo de organização descritivo.

3.2.4 Redação escolar dissertativa-argumentativa

Este gênero também é conhecido como texto dissertativo-argumentativo ou


simplesmente redação. Sua função sociocomunicativa é a de apresentar uma tese
(ponto de vista) sobre dado tema e a defesa desta por meio de argumentos. Nesse
sentido, é um gênero atravessado pelos modos de organização expositivo e
argumentativo. É um gênero solicitado nos vestibulares e concursos porque mostra a
capacidade de posicionamento do candidato.

OBSERVAÇÃO: No módulo 2, será apresentado um estudo orientado referente ao


gênero redação dissertativa-argumentativa.

3.2.5 Resenha

Segundo Pereira e Neves (2017), a organização da resenha é a mesma


apresentada no resumo, acrescida da avaliação daquele que resenhou o texto. É um
gênero que apresenta os pontos positivos e negativos de uma obra (filme, livro, peça,
série) e, ao mesmo tempo, as intervenções do autor. É um gênero que mescla
exposição e argumentação, mas pertence à ordem do argumentar devido às esferas
em que circula: revistas especializadas das áreas das artísticas e científicas, sites
especializados em avaliações etc.

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3.2.6 Artigo científico

É um gênero textual que tem a função de expor e debater reflexões,


argumentos, métodos e resultados de um processo de pesquisa. Ancora-se em fontes
confiáveis e apresenta linguagem formal e impessoal. Há incidência de marcas
linguísticas de impessoalidade, para dar a impressão de objetividade, e de marcas
linguísticas de argumentação, pois muitas ideias precisam ser justificadas e
defendidas.

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4. ATIVIDADE AUTOAVALIATIVA

Cabe agora exercitarmos um pouco do que foi visto até aqui!


A atividade proposta é autoavaliativa. Com isso, serão cumpridos dois
objetivos: o primeiro deles é o reconhecimento do gênero e de sua organização
através da leitura e o segundo é o exercício de suas competências linguísticas através
do gênero.

PROPOSTA
O gênero textual abaixo é uma carta de leitor. É um texto publicado em jornais
e revistas e mostra, em sentido amplo, o posicionamento do cidadão acerca de algum
fato da sociedade, do bairro, da política etc. Como não é um gênero que tem uma
estrutura fixa, é possível observarmos a presença de diferentes modos de
organização. Observe o texto e realize a leitura conforme os comandos.

Nomes absurdos
A quantidade de nomes idiotas colocados por pessoas ignorantes em seus filhos é
absurda! Nomes que não existem, criados por pais que imaginam estar dando um
significado maior aos filhos. E as pessoas ficam expostas a vida inteira ao ridículo.
Deve-se impor aos cartórios a proibição de registro de nomes esdrúxulos. Isso deve
ser lei federal, imposta a todo o país. Os nomes normais deverão ser escolhidos em
um cadastro, sob pena de sanção ao registro e aos pais. (Rio/ oglobo 21/08/18)

1.É possível afirmar que o modo de organização predominante neste texto é


a) o descritivo b) o narrativo c) o argumentativo d) o injuntivo

2.Identifique o ponto de vista do produtor do texto.


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3. Identifique um argumento, uma justificativa que sustente este ponto de vista.


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4.O modo como usamos a língua revela nossos posicionamentos diante do mundo. É
possível observar, neste texto, um tom de rigidez. Algumas marcas linguísticas
responsáveis por isso são:
a) é absurda e pessoas
b) expostas e deve ser
c) é absurda e esdrúxulos
d) esdrúxulos e deve ser

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REFERÊNCIAS1
BAKHTIN, Mikhail. Os gêneros do discurso. In: Estética da criação verbal. São
Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2011, p.262-306.

BAZERMAN, Charles. Gêneros textuais, tipificação e interação. Angela Paiva


Dionísio, Judith Chambliss Hoffnagel (orgs.). São Paulo: Cortez, 2006.

BENVENISTE, Émile. Problemas de linguística geral II. Trad. Eduardo


Guimarães. Campinas: Pontes, 2006.

CABRAL, Ana Lúcia Tinoco. A força das palavras: dizer e argumentar. São Paulo:
Contexto, 2010.

KOCH, Ingedore Gruinfield Villaça. O texto e a construção dos sentidos. São Paulo:
Contexto 2009.

REFERÊNCIAS2
KÖCHE, Vanilda Salton; BOFF, Odete Maria Benetti; MARINELLO, Adiane Fogali.
Leitura e produção textual: gêneros textuais do argumentar e expor. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2010.

PEREIRA, Cilene da Cunha; NEVES, Janete dos Santos Bessa. Ler, falar, escrever.
Práticas discursivas no ensino médio: uma proposta teórico-metodológica. Rio de
Janeiro: Lexikon, 2012.

1Estas referências são teóricas. Isso não quer dizer que não possam consulta-las,
somente que são específicas.

2 Estas referências são básicas. Isso quer dizer que a linguagem e a temática são
trabalhadas de forma não específica.
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[...] BEM ANTES DE SERVIR PARA
COMUNICAR, A LINGUAGEM SERVE
PARA VIVER.”

(ÉMILE BENVENISTE)

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