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Assuntos Indispensáveis

para a sua Preparação


DNIT
Língua Portuguesa
Professor: Bruno Pilastre
FICHA TÉCNICA DO MATERIAL
grancursosonline.com.br

CÓDIGO:
2072023390

TIPO DE MATERIAL:
E-book

TÍTULO:
Língua Portuguesa – Assuntos indispensáveis
para a sua preparação – DNIT

PROFESSOR:
Bruno Pilastre

ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO:
7/2023
LÍNGUA PORTUGUESA – ASSUNTOS INDISPENSÁVEIS
PARA A SUA PREPARAÇÃO – DNIT
Prof. Bruno Pilastre

Sumário
APRESENTAÇÃO...............................................................................................................4

LÍNGUA PORTUGUESA – DNIT 2023...............................................................................5

Compreensão e interpretação de textos e Sentidos do texto.........................................5

Coesão............................................................................................................................7

Coerência........................................................................................................................10

Semântica; sinonímia e antonímia..................................................................................10

Tipologias e gêneros textuais..........................................................................................11

Crase...............................................................................................................................18

Concordância..................................................................................................................19

Pontuação.......................................................................................................................22

Tópicos recorrentes em questões de reescrita...............................................................26

EXERCÍCIOS......................................................................................................................28

GABARITO COMENTADO.................................................................................................38

GABARITO.........................................................................................................................54

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PARA A SUA PREPARAÇÃO – DNIT
Prof. Bruno Pilastre

APRESENTAÇÃO

Olá! Tudo bem? Espero que sim.


Sou o professor Bruno Pilastre e tenho uma missão: tornar a sua preparação para o (tão
esperado!) concurso do DNIT mais eficiente. Em específico, trabalharemos os principais con-
teúdos de Língua Portuguesa (texto e gramática).
Para extrair os tópicos fundamentais, direcionando a sua preparação para o que é mais
importante, considerarei o que está sendo cobrado pelas principais bancas examinadoras
nos últimos 4 anos. A análise será qualitativa, sempre priorizando o modo como o examina-
dor avalia os conteúdos.
Considerando a proporção média de questões de Língua Portuguesa por prova nas prin-
cipais bancas, sinto segurança em afirmar que, em uma prova padrão de concurso, a por-
centagem de questões relativas aos conteúdos de Língua Portuguesa fica em torno de 15%
a 20%. Isso nos diz que essa disciplina é de extrema importância em sua preparação.
Mas calma! Esse peso não pode causar preocupação ou medo. Sempre é importante lembrar
que os conteúdos de Língua Portuguesa que você já estudou, está estudando e vai estudar serão
sempre aproveitados em diversos concursos (e, em especial, neste, para o DNIT). Os conhe-
cimentos sobre a nossa língua são cumulativos e, à medida que você segue os seus estudos
(desistir nunca!), a familiaridade e a facilidade no trato com os assuntos são cada vez maiores.
Nesta aula, destacarei os seguintes conteúdos, os quais considero indispensáveis para
o concurso do DNIT:
• Interpretação de textos;
• Coesão e coerência;
• Semântica;
• Tipologias textuais;
• Morfossintaxe do período simples e do período composto;
• Pontuação;
• Reescrita.
• Pronto. Resta-nos apenas ir ao conteúdo!

Ah, muito importante: não se esqueça de praticar os conteúdos resolvendo a lista de


exercícios proposta ao final da aula.
Bons estudos!

Bruno Pilastre
Doutor em Linguística pela Universidade de Brasília. É autor de obras didáticas de Língua Portuguesa
(Gramática, Texto, Redação Oficial e Redação Discursiva). Pela Editora Gran Cursos, publicou o “Guia
Prático de Língua Portuguesa” e o “Guia de Redação Discursiva para Concursos”. No Gran Cursos Online,
atua na área de desenvolvimento de materiais didáticos (educação e popularização de C&T/CNPq: http://
lattes.cnpq.br/1396654209681297).

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LÍNGUA PORTUGUESA – DNIT 2023

COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS E SENTIDOS DO TEXTO

Em questões de Compreensão e interpretação de textos, a banca explora os pressu-


postos e subentendidos do texto.
A operação de pressuposição ocorre quando uma marca linguística nos permite inferir
uma informação não expressa verbalmente no texto.

Essa marca linguística pode ser realizada mediante:

• o uso de pontuação expressiva, como aspas, reticências, exclamação, interrogação


(perguntas retóricas);
• o uso de formatação especial (itálico, negrito, caixa-alta, maiúscula, minúscula);
• o uso de vocabulário específico (jargões técnicos, coloquialismos, gírias);
• o uso de recursos morfológicos expressivos, como diminutivo, aumentativo etc.; ou
• o uso de padrões sintáticos, como voz passiva, impessoalizações e inversões
sintáticas.

Diferentemente da pressuposição, um subentendido de um texto não pode ser iden-


tificado por marcas linguísticas. Subentender algo é realizar uma espécie de “cálculo” de
sentidos, o qual nos leva a um “resultado” (desse resultado, extraímos uma informação não
explícita). Um exemplo de cálculo é a comparação entre ideias. O autor apresenta uma ideia
(que possui uma relação de causa e consequência, por exemplo) e, em seguida, aplica essa
mesma relação a outra ideia.
Nas questões analisadas por mim (conferir sequência da aula), você verificará a banca
trabalhando com essas duas operações (pressuposição, com marcas linguísticas; subenten-
didos, sem marcas linguísticas).

Professor, como eu posso aperfeiçoar minha capacidade de realizar essas opera-


ções (isto é, conseguir ler os “pressupostos” e os “subentendidos” de um texto)?

A resposta é uma só: PRÁTICA, MUITA PRÁTICA. Somente lendo textos e resolvendo
questões será possível realizar essas operações com rapidez e eficiência. À medida que
você for praticando (resolvendo questões lá no Gran Cursos Questões), a identificação de
marcas linguísticas vai se tornando mais e mais automática, bem como as operações de infe-
rência acerca das informações de um texto.

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Professor, e quando a banca avalia o conteúdo denominado “sentidos do texto”?


Isso aparece em alguns comandos de questões...

É verdade! Quando se avaliam os “sentidos do texto”, a abordagem é direcionada para


a noção de “manutenção dos sentidos do texto”. Vamos analisar a ideia por trás de sentido.
No léxico (isto é, no nível das palavras), sentido é a relação que se estabelece entre um
significante e um significado. Traduzindo: quando eu digo “celular”, esse registro (oral ou
escrito, um significante) faz referência a uma entidade (um aparelho para estabelecer comu-
nicação, o significado).
Bom, essa mesma relação ocorre no âmbito textual. Um texto também possui um sentido:
estabelece-se uma relação entre o que está registrado (na escrita) e o que esse registro sig-
nifica. Se eu digo: “A Ana doou apenas um brinquedo para a creche”, essa sequência de pala-
vras forma um enunciado, o qual diz algo sobre o mundo. Se eu realizar alguma modificação
nessa sequência de palavras, o que é dito sobre o mundo pode ou não continuar o mesmo:

(i) “A Ana doou apenas um brinquedo para a creche”

(ii) “Apenas a Ana doou um brinquedo para a creche”

A mudança de posição da palavra “apenas” altera o sentido original do enunciado, porque


agora a restrição (o “apenas”) é aplicada a quem doou para a creche (originalmente, restrin-
ge-se a coisa doada).
Então, isso é o sentido do texto. Em questões, é preciso ficar atento(a) ao que se afirma:
se se disser, por exemplo, “ao se substituir X por Y, são preservadas a correção gramatical e
a coerência textual”, NÃO HÁ QUE SE CONSIDERAR O SENTIDO ORIGINAL DO TEXTO,
porque o comando fala apenas em correção gramatical e coerência textual. Coerência está
ligada a outros fatores, como violações às relações de causa e consequência, de premissa
e conclusão, de existência no mundo etc. Agora, se se disser “ao se substituir X por Y, pre-
servam-se a correção gramatical e os sentidos originais do texto”, estamos diante de uma
questão que avalia OS SENTIDOS DO TEXTO.

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COESÃO

Dois tipos de coesão são avaliados em questões de concurso: (i) coesão sequencial; (ii)
coesão referencial.
A coesão sequencial é aquela que permite que o texto progrida, que o texto avance –
além, é claro, de estabelecer as relações lógicas entre as partes (conclusão, oposição, con-
cessão etc.).
A coesão referencial é aquela que permite a referenciação interna (elementos linguísti-
cos) e externa (enunciativos, biossociais etc.).

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As questões sobre coesão sequencial trabalham dois pontos centrais:

• (i) os valores semântico-discursivos dos conectores (subordinativos e coordenativos); e


• (ii) a possibilidade de substituição de um conector por outro. O mapa a seguir sintetiza
os conectores:

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As questões sobre coesão referencial abordam dois mecanismos: a anáfora e a catá-


fora. A anáfora ocorre quando uma forma pronominal (ou uma elipse) é capaz de RETOMAR
um referente interno ao texto. A catáfora, por sua vez, é uma forma pronominal capaz de
ANTECIPAR um referente interno ao texto.
Na anáfora, o conhecimento das formas pronominais é muito relevante, principalmente
o papel dos pronomes pessoais retos de terceira pessoa (ele(a)(s)), os pronomes oblíquos,
os pronomes possessivos (meu, minha, seu, sua) e os pronomes demonstrativos (este, isso,
aquilo). Outro conhecimento importante é o da flexão verbal: por meio dela, é possível recu-
perar o referente da predicação (em estruturas de sujeito desinencial/elíptico/oculto).
Uma outra forma de se realizar a referenciação em um texto é por meio de sinôni-
mos, hipônimos e hiperônimos. Nesse caso, a retomada não é feita pronominalmente, mas
semanticamente.

COERÊNCIA

A noção de coerência textual, por sua vez, está ligada à ideia de integração:

Integração é o conjunto de procedimentos necessários à articulação sig-


nificativa das unidades de informação do texto em função de seu signifi-
cado global.
(Azeredo, 2008)

É a partir da integração que as frases que compõem o texto se distribuem e se concate-


nam a fim de realizar uma combinação aceitável (possível, plausível) de conteúdo. Quando a
articulação significativa depende de algum conhecimento externo (por exemplo, a cultura dos
interlocutores e a situação comunicativa), a integração recebe o nome de coerência.
Isso quer dizer que, em um nível intratextual (nível interno ao texto), as partes do texto
(frases, períodos, parágrafos etc.) devem ser solidárias entre si (isto é, estar integradas),
para assim se chegar ao significado global do texto.

SEMÂNTICA; SINONÍMIA E ANTONÍMIA

Em provas de concurso, a identificação de sinonímia deve ser realizada com base na


ideia de que os termos são intercambiáveis: tanto o termo X quanto o termo Y podem ocor-
rer naquele contexto – e essa substituição não compromete o significado global do texto/
trecho. Caso os termos não sejam intercambiáveis, não temos mais uma relação de sinoní-
mia. Fique atento(a), então, a essa possibilidade de substituir uma forma por outra (sempre
considerando o contexto morfossintático de ocorrência e a preservação (ou não) dos senti-
dos originais).

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A relação semântica de antonímia, por sua vez, é a de oposição de sentido. Essa opo-
sição pode ser do tipo “gradação” (grande/pequeno; velho/novo) ou do tipo “reciprocidade”
(comprar/vender; perguntar/responder). A ideia é que, na antonímia, os termos sejam opos-
tos dentro de um universo semântico.

TIPOLOGIAS E GÊNEROS TEXTUAIS

As questões de tipologia textual (e gêneros) são formuladas de forma muito semelhante:


a banca afirma que o texto em análise possui características de uma das tipologias: disserta-
tiva, argumentativa, descritiva, narrativa ou injuntiva. Na afirmativa, por vezes, aparece a jus-
tificativa para a classificação proposta. Em questões de múltipla escolha, a dinâmica é mais
simples: apresenta-se o enunciado central e, na sequência, as tipologias nas alternativas.
Na síntese a seguir, registro as principais características das tipologias textuais:

TIPOLOGIA PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS


Na narração, há seres que participam de eventos em determinado
tempo e espaço. Os participantes desses eventos são os persona-
gens, os quais podem ser reais ou fictícios. O evento (uma espécie
de ação) é denotado por verbos nocionais, como cantar, correr,
NARRATIVA beijar, nadar, ouvir etc. O tempo da narrativa é tipicamente o pas-
sado, mas pode ser o presente (a narração de um jogo de futebol)
ou o futuro (obras proféticas, por exemplo). Em uma narrativa, o
espaço pode ser físico (uma cidade, uma casa, uma escola) ou
psicológico (mente do personagem ou do narrador).
Em uma descrição, apresentamos uma série de características
de determinado ser/objeto/espaço, formando na mente do leitor/
ouvinte a imagem do que está sendo descrito.
DESCRITIVA Na descrição, essa apresentação de características é verbal (oral
ou escrita). Linguisticamente, a descrição é tipicamente formada
por predicações nominais (sujeito + verbo de ligação + predica-
tivo) ou por adjetivação (substantivo + adjetivo (atributivo)).
No tipo textual dissertativo-expositivo, o autor do texto expõe/
DISSERTATIVA- apresenta ideias, fatos, fenômenos. Por ser de caráter expositivo,
EXPOSITIVA não se busca convencer o leitor em relação ao ponto de vista –
(EXPOSITIVA) pressupõe-se, assim, que a dissertação expositiva apenas apre-
senta a ideia, o fato ou o fenômeno.
No tipo textual dissertação argumentativa, diferentemente da
DISSERTATIVA– dissertação expositiva, procura-se formar a opinião do leitor ou
ARGUMENTATIVA ouvinte, objetivando convencê-lo de que a razão (o discernimento,
(ARGUMENTATIVA) o bom senso, o juízo) está com o enunciador, de que quem enun-
cia é que está de posse da verdade.
A propriedade básica do tipo textual injuntivo é: ensinar/orientar/
instruir o leitor/ouvinte/espectador a realizar uma tarefa. Os textos
INJUNTIVA
injuntivos são tipicamente estruturados por formas verbais no
infinitivo ou no modo imperativo.

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Principais características das tipologias textuais

As questões sobre tipologia são, então, do tipo classificatórias. Você deve observar o
texto, identificar as propriedades textuais (em termos de tipologia) e realizar o “enquadro” em
determinada classificação.

Os textos são predominantemente de um tipo textual (o examinador pode usar o termo


“essencialmente”). Isso porque pode haver, em um mesmo texto, uma narração, uma des-
crição e uma argumentação. O que determina a predominância é a função do texto: se a
função é argumentar (defender um ponto de vista) e, para isso, faz-se uso de uma narra-
ção, o texto será predominantemente argumentativo.

Para encerrar este assunto (e nossa síntese dos conteúdos mais relevantes), vejamos as
características dos gêneros discursivos mais recorrentes em provas:

• Editorial: nesse gênero, discute-se uma questão, apresentando o ponto de vista do


jornal, da empresa jornalística ou do redator-chefe. É um gênero pertencente ao tipo
textual dissertativo-argumentativo.
• Artigo de opinião: neste gênero, busca-se convencer o leitor em relação a uma deter-
minada ideia. O autor do artigo de opinião não representa o ponto de vista do veículo
que publica o texto. Esse também é um gênero pertencente ao tipo textual disserta-
tivo-argumentativo. Pode ocorrer o uso da primeira pessoa do singular, marcando o
posicionamento individual do articulista (aquele que escreve o artigo de opinião).

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Análise das estruturas linguísticas do texto/Morfossintaxe do período simples

A seguir, você pode relembrar os principais termos do período simples:

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Nas provas, duas noções são fundamentais: a tipologia do sujeito (isto é, os tipos de
sujeito) e a tipologia do predicado verbal (isto é, os tipos de predicado verbal).
Sobre os tipos de sujeito, é necessário conhecer a técnica para identificá-los: pergunte ao
predicado “quem é que [predicado]?”. Essa técnica funciona para sujeitos em posição canô-
nica (tipo S-V) e para sujeitos em posição pós-verbal. Destaque para o fato de que a banca
exige recorrentemente a identificação de sujeitos pospostos.
Eu também destaco a indeterminação do sujeito, que ocorre de duas maneiras:

- terceira pessoa do plural (sem referente anterior);


- terceira pessoa do singular com I. I. DO SUJEITO (SE). Essa estrutura é comum
em verbos transitivos indiretos e intransitivos.

Nos predicados verbais, é preciso identificar os tipos de complemento dos verbos transi-
tivos (direto, indireto; oracional). Essa identificação pode ser feita pela fórmula:

quem [verbo], [verbo] COMPLEMENTO.

- Verbo “comprar”: quem compra, compra ALGO;


- Verbo “entregar”: quem entrega, entrega ALGO a ALGUÉM

Quando o verbo é transitivo indireto, é preciso atenção se a preposição exigida for “a”,
como em “entregou o medicamento a [alguém]”. Nesse caso, se o objeto indireto (regido
pela preposição “a”) tiver como núcleo um termo determinado por artigo definido feminino, a
crase ocorre:

Entregou o medicamento à paciente do leito 38.

Nesse caso, “a paciente do leito 38” é termo feminino de natureza definida, e por isso o
artigo “a” o antecede.
Lembre-se: não ocorre crase (SEMPRE se avalia esse tipo de conhecimento) quando o
termo introduzido pela preposição “a” é um verbo, um pronome pessoal ou qualquer forma
que não aceite artigo definido feminino (por exemplo, todo e qualquer termo masculino).
Outro ponto de destaque ligado à transitividade verbal é a transposição voz ativa<>voz
passiva. Nesse caso, APENAS verbos que selecionem objeto direto na ativa podem apassi-
var. Além disso, é bom destacar que, na passiva sintética (aquela com a partícula apassiva-
dora “se”), o verbo flexiona de acordo com o sujeito (que tipicamente está posposto).
Na morfossintaxe do período composto, lembre-se de diferenciar as orações subordina-
das adjetivas restritivas das explicativas: estas sempre ocorrem separadas por vírgula.

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CRASE

Vejamos a síntese sobre o fenômeno de crase: casos facultativos, casos proibitivos e


casos obrigatórios.

CRASE: casos facultativos, casos proibitivos e casos obrigatórios

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CONCORDÂNCIA

Vejamos o conteúdo sobre concordância. Nos mapas mentais a seguir, você pode obser-
var os principais casos de concordância verbal e concordância nominal:

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Casos de concordância verbal

Casos de concordância nominal

Morfossintaxe do período composto

Na morfossintaxe do período composto (sintetizada no mapa mental a seguir), lembre-


-se de diferenciar as orações subordinadas adjetivas restritivas das explicativas: estas
sempre ocorrem separadas por vírgula. Outra função subordinada sempre recorrente é a
substantiva subjetiva (função de sujeito). Por fim, destaco as subordinadas adverbiais,
as quais são quase sempre abordadas sob a perspectiva dos valores semântico-discursivos
das conjunções subordinativas.

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Morfossintaxe do período composto

Funções do “que” e do “se”

As funções das formas “que” e “se” (nos períodos simples e composto) também são
importantes. Confira o mapa mental a seguir:

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Funções do “que” e do “se”

PONTUAÇÃO

Avalia-se de duas maneiras o emprego dos sinais de pontuação:

• (i) valor expressivo da pontuação (como uso das aspas); e


• (ii) correção gramatical.

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A pontuação de um texto é capaz de trazer diversos matizes discursivos, além de ampliar


consideravelmente a expressividade. Por exemplo, a pontuação (juntamente com o desloca-
mento) é capaz de dar destaque a certos itens da frase:

a) Fabiano caminhava com extrema dificuldade.

b) Com extrema dificuldade, Fabiano caminhava.

Na frase em (b), o adjunto adverbial “com extrema dificuldade” foi deslocado de sua posi-
ção final (canônica) para o início do período. A posição inicial é mais privilegiada em termos
informacionais (o leitor presta mais atenção nesse comecinho), por isso o deslocamento é
um recurso de destaque (juntamente com a pontuação, que marca o deslocamento).
Trabalharei dois sinais, os quais são muito recorrentes em provas: as aspas e a vírgula.
O uso mais comum das aspas é o de delimitar uma citação textual. Também se utilizam
as aspas para identificar, dentro de um texto, títulos (de obras, textos, capítulos e mídias em
geral), palavras estrangeiras e metalinguagem.
Outro uso muito comum das aspas é do tipo subjetivo, em que o autor, ao adotar as
aspas em determinado texto, indica ironia, descrença, malícia, imprecisão etc. Para que a
interpretação do valor semântico-discursivo das aspas torne-se mais clara, sugiro realizar a
leitura global do texto. Nessa leitura, é possível depreender o “tom” adotado pelos enuncia-
dores (e, consequentemente, qual valor é veiculado pelo emprego das aspas).
No emprego da vírgula, importa saber o seguinte:

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Casos em que o emprego da vírgula é PROIBIDO

Casos em que o emprego da vírgula é OBRIGATÓRIO

Casos de emprego opcional da vírgula

Equivalência, substituição, reorganização e transformação de palavras ou trechos


do texto/Reescrita

Em questões de “Equivalência, substituição, reorganização e transformação de palavras


ou trechos do texto”, a banca pode avaliar:

• a preservação de estrutura gramatical (norma culta);


• a preservação de sentido original do texto;

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• a preservação da estrutura gramatical E do sentido original do texto;


• a preservação de organização textual (períodos, parágrafos etc.) (no âmbito da coe-
rência e da coesão).

Professor, então nas questões de reescrita a banca pode avaliar qualquer conte-
údo de Língua Portuguesa?

EXATAMENTE! Eu costumo chamar a denominação “reescrita” como termo coringa para


se cobrar todo e qualquer conteúdo de gramática, semântica ou texto. É um desafio, eu sei.
Você precisa articular bem seus conhecimentos de gramática aos conhecimentos de texto
(tipologia, gêneros, níveis de formalidade, coesão, coerência, estrutura do parágrafo etc.).
Em relação à estrutura gramatical, os principais tópicos avaliados em questões de rees-
crita são estes:

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TÓPICOS RECORRENTES EM QUESTÕES DE REESCRITA

Na Interpretação de Textos, a reescrita é tratada como um fenômeno de paráfrase, defi-


nida como “diferentes formas de dizer a mesma coisa; frase sinônima”. Assim, a paráfrase é
o recurso linguístico de dizer a mesma coisa de diferentes formas. A frase declarativa a seguir
pode ter diversas paráfrases:

O João Gabriel comprou aquela guitarra na Amazon.

Paráfrases:

(i) Foi na Amazon que o João Gabriel comprou aquela guitarra. [clivagem]
(ii) Aquela guitarra foi comprada na Amazon pelo João Gabriel. [apassivação]
(iii) O João Gabriel comprou, na Amazon, aquela guitarra. [deslocamento]
(iv) Ele a comprou lá. [pronominalização]

Há diversas formas de se realizar paráfrases. As principais são estas:

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Tipos de paráfrases mais recorrentes

Professor, e quando a banca usa o termo “correção”?

Por correção gramatical, entende-se apenas a estrutura morfossintática do período (e


sua pontuação). Em uma questão que trata apenas a correção gramatical, não se considera
a manutenção de sentidos originais. Por correção gramatical, então, devemos considerar as
regras da gramática normativa, aquelas que enunciam, por exemplo, que “não se separa com
vírgula o sujeito de seu predicado”.
São raras as questões que trabalham apenas a correção gramatical. O mais comum é a
questão que avalia a “correção gramatical” e “os sentidos originais do texto”.

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EXERCÍCIOS

1. (INÉDITA/2022) Assinale a opção que apresenta uma falácia argumentativa caracteri-


zada adequadamente.
a. O Pelé foi o maior jogador de futebol de todos os tempos, pois não houve alguém
melhor que ele. / generalização excessiva.
b. Doe para a nossa instituição de caridade. Quando você deixa de doar, muitas crian-
ças passam fome e podem até morrer. / apelo à emoção
c. Quem lê livros deve ser considerado um bom cidadão por seu alto nível intelectual. /
simplificação exagerada.
d. Existe apenas um bem, o saber, e apenas um mal, a ignorância. / argumento em cír-
culo vicioso.
e. A carreira de um artista é muito exigente. É por isso que todos fazem uso de drogas.
/ apelo ao absurdo.

2. (INÉDITA/2022) Assinale a frase que usa o processo de reificação (considerar algo abs-
trato como coisa material).
a. A Joana abraçou a causa dos protetores de animais.
b. A polícia fechou os ouvidos ao apelo do comerciante.
c. Os viajantes protestaram sobre a falta de transporte.
d. Havia muitos manifestantes na praça.
e. Toda a esperança dos manifestantes virou pó.

3. (INÉDITA/2022) Uma marca dos textos é a intertextualidade.


Assinale a frase abaixo que não mostra intertextualidade.
a. “Horta de Elite. Se não for Hortifruti, pede pra sair.”
b. “Não só de fé vive o homem, mas também de pão e seus compostos e similares.”
c. “Brasil? Fraude explica.”
d. “O inferno são os outros.”
e. “Depois da impunidade vem a bonança.”

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4. (INÉDITA/2022) Uma marca da textualidade é a coesão, a ligação formal entre termos.


Assinale a frase abaixo em que os termos destacados não estão ligados por coesão.
a. A malária é uma doença infecciosa causada por protozoários que são transmitidos
pela picada das fêmeas.
b. Em período chuvoso, quando a terra desliza, são carregadas com ela as casas cons-
truídas nos morros.
c. Há uma famosa observação do primeiro-ministro Chou En-Lai, muito citada, que
traduz essa noção singular do que seja o tempo.
d. A paciência é uma virtude que é baseada no autocontrole emocional.
e. O que me parece mais relevante é discutir os fatores estruturais, que de certa
forma impelem nessas conjunturas à tensão inflacionária incidir dessa forma.

5. (INÉDITA/2022) Observe os conectores lógicos que unem os segmentos das fra-


ses abaixo.
Assinale o conector que mostra seu valor semântico corretamente identificado.
a. De acordo com o professor Adilson Lombardo, especialista em segurança no trân-
sito, a direção defensiva passa por uma série de comportamentos ligados à inteligên-
cia emocional e ao raciocínio lógico / finalidade
b. A subnotificação é um dos maiores entraves na luta contra a intolerância religiosa. / oposição
c. Evidentemente, políticas sociais, educação, prevenção, assistência social são medi-
das que, se aplicadas no universo da população jovem, terão o condão, efetivamente,
de reduzir a violência. / causa
d. Para os futuristas, o fascismo era a realização mínima do seu programa político que
pretendia transformar o senso estético de uma sociedade “anacrônica”. / intenção
e. As culturas orais são integrais, porquanto seus membros agem e reagem ao mesmo
tempo. / concessão

6. (INÉDITA/2022) Assinale a frase a seguir que está isenta de ambiguidade.


a. A nomeação do Ministro foi surpreendente.
b. O médico descartou os aparelhos velhos.
c. Pedro encontrou Maria andando pela orla da praia
d. A descrição de Saramago foi bem-feita.
e. Os operadores não atendiam ninguém de roupa suja.

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7. (INÉDITA/2022) O ato de descrever corresponde a atribuir ao objeto da descrição infor-


mações, qualificações, estados, caracterizações ou relações.
A opção abaixo em que o adjetivo indica uma caracterização objetiva é:
a. mulher refinada.
b. carro velho.
c. porão soturno.
d. restaurante chique.
e. sapato preto.

8. (INÉDITA/2022) “Democracia é quando eu mando em você, ditadura é quando você


manda em mim.”
Com essa frase, Millôr Fernandes quer dizer que:
a. os valores da democracia são moral e eticamente superiores em relação aos valores
da ditadura.
b. em essência, democracia e ditadura se equivalem em relação ao exercício do poder.
c. tanto na democracia quanto na ditadura, o controle do poder é exercido por grandes
corporações financeiras.
d. os conceitos de democracia e de ditadura são relativos e dependem da posição que
se ocupa nas relações de poder.
e. em uma democracia, é possível reclamar; em uma ditadura, não é possível se queixar.

9. (INÉDITA/2022) “Rexona não te abandona, nunca.”


Nesse caso, a melhor qualidade do produto seria a(o):
a. embalagem prática.
b. efeito duradouro.
c. sustentabilidade ambiental.
d. valor da tradição.
e. preço reduzido.

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10. (INÉDITA/2022) Assinale a frase a seguir que se apoia em um raciocínio indutivo.


a. Os jogos da Champions League já deveriam ser abertos ao público, pois, assim, have-
ria mais emoção e incentivo; no jogo Real Madrid x Celtic, por exemplo, o Real Madrid
poderia ter obtido melhor resultado ontem, se a torcida estivesse na arquibancada.
b. Diversos Institutos Federais estão apresentando mais sucesso nos exames vestibula-
res, daí que os processos seletivos do Instituto Federal de Goiás sejam tão disputados.
c. Durante a pandemia, o Hospital de Base, em Brasília, atendeu a um número exces-
sivo de casos de COVID-19 e enfrentou as dificuldades oriundas da falta de profis-
sionais, mas, na verdade, os hospitais públicos, em todas as grandes cidades, estão
passando por isso.
d. Observando alguns turistas estrangeiros, deduzimos que os norte-americanos são
mais ricos que os sul-americanos, pois aqueles gastam mais.
e. São pagos todos os que compõem o tribunal do júri. O presidente, o procurador da
justiça, os advogados, os porteiros, possivelmente as testemunhas; a que título só os
jurados, que deixam seus negócios, hão de trabalhar de graça?

11. (INÉDITA/2022) Assinale a frase abaixo que se encontra na voz passiva sintética ou
pronominal, com o pronome SE.
a. A partir de Sócrates, o ser humano voltou-se para si mesmo.
b. Após ser ofendida pelo adversário, a candidata foi-se embora, chorando.
c. O afastamento ocorreria precisamente se a universidade servisse imediatamente a
determinados interesses.
d. Após análise das faturas de um dos contratos, constatou-se que os consultores apre-
sentaram regime de trabalho incompatível com a realidade
e. Importa destacar que a violência intrafamiliar pode se dar de forma omissiva ou
comissiva.

12. (INÉDITA/2022) Assinale a opção que mostra uma modificação adequada da frase de
voz ativa para a voz passiva com auxiliar.
a. Aplicarei a metáfora a uma situação do nosso cotidiano. / A metáfora seria aplicada a
uma situação do nosso cotidiano.
b. A orientação do nosso ensino deveria contemplar nossa fecundidade indisciplinada. /
Nossa fecundidade indisciplinada deve ser contemplada pela orientação do nosso ensino.
c. A maioria dos professores considera tão somente uma solução para cada problema. / Uma
solução para cada problema é tão somente considerado pela maioria dos professores.
d. O método dialético estimula a valorização das contradições. / A valorização das con-
tradições é estimulada pelo método dialético.
e. As leis do mercado favorecem esse culto da juventude. / Esse culto da juventude é
favorecido por leis do mercado.

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13. (INÉDITA/2022) Entre as opções abaixo, assinale aquela em que o aumentativo desta-
cado perdeu o valor de aumentativo, designando uma outra realidade.
a. O prefeito causou indignação ao chegar em seu carrão blindado.
b. O corpanzil do policial assustou o ladrão.
c. O aluno tomou um pescoção do colega.
d. O paredão foi derrubado após a área de conflito ser pacificada.
e. Ele tomou um copão de refrigerante.

14. (INÉDITA/2022) Um executivo de uma empresa recebeu a seguinte mensagem eletrônica:


“Benjamim participou da reunião dos gestores com Edgar, na filial de Trindade, na qual
ele voltou a pedir unidade na empresa.”
Assinale a opção que indica o problema de escritura dessa mensagem.
a. Uso inadequado de pontuação.
b. Desvios de ortografia.
c. Ambiguidade referencial.
d. Redundâncias desnecessárias.
e. Erro de regência verbal.

15. (INÉDITA/2022) “Segundo os pesquisadores da UFBA, o vírus da febre Zika chegou ao


país, provavelmente, durante a Copa do Mundo de Futebol em 2014, uma vez que não
havia registros da doença na América Latina”
A forma verbal destacada no excerto precedente poderia ser substituída, mantendo-se
a correção gramatical e o significado original, por
a. tinham.
b. haviam.
c. existia.
d. tinha.
e. existiam.

16. (INÉDITA/2022) Assinale a frase que se estrutura com base em uma comparação.
a. A ferocidade da competição pela subsistência converteria toda pequena variação for-
tuita, desde que benéfica a seu possuidor, numa vantagem apreciável.
b. Quanto mais uma pessoa trabalha, mais rica ela fica.
c. À medida que crescia o uso de internet durante as aulas, o rendimento dos alunos caía.
d. É comum afirmarem que a música é tão velha quanto o homem.
e. Os barulhos produzidos por nós mesmos não são percebidos como incômodo: eles
têm um sentido.

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17. (INÉDITA/2022) Assinale a frase em que há um erro gramatical.


a. Aos que me perguntam o motivo de minhas viagens, geralmente lhes respondo que
sei bem do que fujo, mas não o que busco.
b. Três coisas existem de que sempre gostei muito e que mais consegui compreender:
a música, a pintura e as mulheres.
c. Não contesto que a medicina seja útil à alguns homens, mas digo que ela é funesta
ao gênero humano.
d. A polícia é uma instituição necessária à ordem e à vida da cidade.
e. Quem come do fruto da árvore da sabedoria sempre é arrojado de algum paraíso.

18. (INÉDITA/2022) Assinale a opção que apresenta a frase construída com todos os ter-
mos e em ordem direta.
a. Sai mais barato para a nação sustentar a família imperial.
b. O grande inimigo da raça humana é o egoísmo.
c. Por sete anos Jacob serviu Labão, pai de Raquel.
d. Estudiosos demonstram a importância do ato de ler.
e. A cada minuto nasce mais um otário.

19. (INÉDITA/2022) Assinale a opção abaixo que mostra uma relação inadequada entre
verbo e substantivo.
a. divertir / divertimento
b. melhorar / melhora
c. resolver / resposta
d. prover / provisão
e. anabolizar / anabolização

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20. (INÉDITA/2022)
“Por conseguinte, e ao contrário do que comumente (e lamentavelmente) se lê em
textos assinados por sociolinguistas – num discurso que se repete também nos livros
didáticos de português, supostamente “atualizados” com os avanços da ciência linguís-
tica –, a norma-padrão definitivamente não é uma das muitas variedades linguísticas
que existem na sociedade. Não existe uma variedade padrão (aliás, uma contradição
em termos, pois se é padrão, isto é, uniforme e invariante, como pode ser uma “varieda-
de”?), nem um dialeto-padrão, nem uma língua padrão, embora esses termos pululem
na bibliografia dedicada ao tema. O que existe é uma norma-padrão, língua materna
de ninguém, língua paterna por excelência, língua da Lei, uma norma no sentido mais
jurídico do termo.”

(“O que é uma língua? Imaginário, ciência e hipóstase.” In: LAGARES, X. C.; BAGNO, M. Políti-
cas da norma e conflitos linguísticos. São Paulo: Parábola, 2011. Adaptado).

Nesse segmento textual, as duas ocorrências dos parênteses têm a finalidade de:
a. Confrontar a afirmativa anterior.
b. Demarcar o ponto de vista do autor em relação à temática abordada.
c. Retificar da afirmativa precedente.
d. Esclarecer o significado de um termo anterior.
e. Acrescentar fatos adicionais ao conteúdo central do texto.

 Eu deveria cantar.
 Rolar de rir ou chorar, eu deveria, mas tinha desaprendido essas coisas. Talvez então
pudesse acender uma vela, correr até a igreja da Consolação, rezar um Pai Nosso, uma
Ave Maria e uma Glória ao Pai, tudo que eu lembrava, depois enfiar algum trocado, se
tivesse, e nos últimos meses nunca, na caixa de metal “Para as Almas do Purgatório”.
Agradecer, pedir luz, como nos tempos em que tinha fé.
 Bons tempos aqueles, pensei. Acendi um cigarro. E não tomei nenhuma dessas ati-
tudes, dramáticas como se em algum canto houvesse sempre uma câmera cinemato-
gráfica à minha espreita. Ou Deus. Sem juiz nem plateia, sem close nem zoom, fiquei
ali parado no começo da tarde escaldante de fevereiro, olhando o telefone que acabara
de desligar. Nem sequer fiz o sinal da cruz ou levantei os olhos para o céu. O mínimo,
suponho, que um sujeito tem a obrigação de fazer nesses casos, mesmo sem nenhuma
fé, como se reagisse a uma espécie de reflexo condicionado místico.
 Acontecera um milagre. Um milagre à toa, mas básico para quem, como eu, não ti-
nha pais ricos, dinheiro aplicado, imóveis, nem herança e apenas tentava viver sozinho
numa cidade infernal como aquela que trepidava lá fora, além da janela ainda fechada
do apartamento. Nada muito sensacional, tipo recuperar de súbito a visão ou erguer-

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-se da cadeira de rodas com o semblante beatificado e a leveza de quem pisa sobre
as águas. Embora a miopia ficasse cada vez mais aguda e os joelhos tremessem com
frequência, não sabia se fome crônica ou pura tristeza, meus olhos e pernas ainda fun-
cionavam razoavelmente. Outros órgãos, verdade, bem menos.
 Toquei o pescoço. E o cérebro, por exemplo.
 Já chega, disse para mim mesmo, parado nu no meio da penumbra gosmenta do
meio-dia. Pense nesse milagre, homem. Singelo, quase insignificante na sua simplici-
dade, o pequeno milagre capaz de trazer alguma paz àquela série de solavancos sem
rumo nem ritmo que eu, com certa complacência e nenhuma originalidade, estava habi-
tuado a chamar de minha vida, tinha um nome. Chamava-se – um emprego.

(ABREU, Caio Fernando. Onde andará Dulce Veiga? São Paulo: Planeta De Agostini, 2003, p.11-12).

Em relação ao texto precedente e aos sentidos nele expressos, julgue os itens a seguir.

21. (INÉDITA/2022) O texto poderia ser classificado corretamente como descritivo ou narrativo,
não sendo possível afirmar qual desses tipos textuais nele predomina.

22. (INÉDITA/2022) Depreende-se do segundo parágrafo que o narrador permanece fiel à


sua religião, praticando-a.

23. (INÉDITA/2022) Com o emprego da expressão “olhando o telefone que acabara de des-
ligar” (quinto período do terceiro parágrafo), é possível inferir que o evento de desligar
o telefone situa-se em um tempo anterior a outro evento passado, o de ficar parado.

24. (INÉDITA/2022) Os trechos “Bons tempos aqueles” (primeiro período do terceiro pará-
grafo) e “Pense nesse milagre” (segundo período do sexto parágrafo) evidenciam que o
narrador se dirige a um interlocutor específico: o leitor do texto.

25. (INÉDITA/2022) As emoções do narrador expressas no texto demonstram pasmo diante


da notícia recebida.

26. (INÉDITA/2022) No terceiro período do quarto parágrafo, o vocábulo “erguer-se” tem o


mesmo sentido de levantar-se.

27. (INÉDITA/2022) O pronome “sua” (terceiro período do sexto parágrafo) retoma “ho-
mem” (segundo período do sexto parágrafo).

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28. (INÉDITA/2022) A substituição do trecho “tipo recuperar de súbito a visão ou erguer-se


da cadeira de rodas com o semblante beatificado e a leveza de quem pisa sobre as
águas” (terceiro período do quarto parágrafo) por “como recuperar subitamente a visão
ou erguer-se da cadeira de rodas com o semblante bem-aventurado e a leveza de quem
caminha sobre as águas” manteria os sentidos e a coerência do texto.

29. (INÉDITA/2022) No sexto período do terceiro parágrafo, a substituição de “Nem sequer”


por Nem ao menos prejudicaria a coerência e a correção gramatical do texto.

30. (INÉDITA/2022) O vocábulo “E”, em “E não tomei nenhuma dessas atitudes, dramáticas
como se em algum canto houvesse sempre uma câmera cinematográfica à minha es-
preita” (terceiro período do terceiro parágrafo), exerce função de termo adversativo em
relação ao conteúdo do segundo parágrafo.

 Os dados revelam realidade alarmante: conforme o IPEA, 63% das pessoas envolvi-
das em conflito não aciona o sistema de justiça; a prática de tortura é sistêmica, segun-
do as Nações Unidas; o sistema carcerário, cuja população aumentou 67% nos últimos
10 anos, é medieval e dá em oferenda nossos jovens (negros em sua maioria) à rede
de facções criminosas. A violência contra os segmentos mais vulneráveis (idosos, crian-
ças, negros, mulheres, deficientes, população indígena e LGBT) ecoa na sociedade
pelas vozes que incitam o ódio sob o manto de pretensa imunidade.
 No cenário de exclusão e violência, é preciso radicalizar a política de ampliação do
acesso à justiça. Para tanto, não basta a inclusão no sistema da maioria excluída. Há
consenso de que o acesso à justiça não se limita ao direito de acessar o Judiciário.
Para que a promoção da justiça seja tarefa de todos, é necessário romper os limites das
liturgias forenses e levar a justiça onde o conflito está, ou seja, na vida, na casa e na
rua. Nesse sentido, a política de universalização do acesso à justiça deve contemplar
dois eixos de atuação: o de proteção dos direitos violados (inclusive quando o órgão
violador é o próprio Estado) e o de prevenção da violência, por meio do envolvimento
da sociedade na formulação de uma política que assegure direitos e promova a paz.
 No primeiro eixo, é preciso coragem para a adoção de políticas públicas no âmbito
penal com franco apelo popular: firmeza no combate à tortura e à violência policial, re-
estruturação da política penitenciária e fortalecimento da defensoria pública para asse-
gurar a proteção dos direitos humanos. Não é aceitável que o Brasil pretenda consolidar
sua democracia praticando um direito penal patrimonialista e revanchista que olha para
o passado, julga e pune, sob a pretensão de que a privação da liberdade vai “reeducar”
o indivíduo a viver em sociedade.

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 Os estatutos penais devem absorver as práticas restaurativas que recuperam as


relações afetadas pela violência. São inúmeras as alternativas penais possíveis que,
por sua efetividade, afastam a impunidade: as prestações de serviços comunitários;
os círculos restaurativos nos moldes da Resolução n. 2.002/2012 da Organização das
Nações Unidas; a mediação de conflitos no âmbito penal, civil e familiar. No eixo da
prevenção da violência, a sociedade pode promover a justiça comunitária antes da
judicialização dos conflitos, por meio da mediação, da educação para os direitos e da
articulação de uma rede de participação na gestão da comunidade.
 A política de acesso à justiça deve mobilizar todos os segmentos sociais contra a vio-
lência que emerge no cotidiano, dentro e fora do Estado. Para além das múltiplas portas
que o sistema de justiça deve abrir, é necessária a adoção de espaços livres de coerção
para a construção de uma justiça acessível, mas, sobretudo, realizada por todos.

Glaúcia Falsarella Foley. Nova política de acesso à justiça é possível. In: Correio Braziliense,
22/12/2014 (com adaptações).

Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto anterior, julgue os itens a seguir.

31. (INÉDITA/2022) No segmento “à rede de facções criminosas” (primeiro parágrafo do


texto), a retirada do sinal indicativo de crase no vocábulo “a” comprometeria a correção
gramatical do texto.

32. (INÉDITA/2022) Estaria mantida a correção gramatical do texto caso o termo “onde”, em
“levar a justiça onde o conflito está” (segundo parágrafo), fosse substituído por aonde.

33. (INÉDITA/2022) No segundo período do primeiro parágrafo, a palavra “vulneráveis” é


um adjetivo que qualifica “segmentos”.

34. (INÉDITA/2022) Em “para assegurar a proteção dos direitos humanos” (terceiro pará-
grafo), a preposição “para” veicula uma ideia de finalidade.

35. (INÉDITA/2022) No último período do último parágrafo, o pronome “que” funciona sinta-
ticamente como complemento da forma verbal “deve”.

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GABARITO COMENTADO

1. (INÉDITA/2022) Assinale a opção que apresenta uma falácia argumentativa caracteri-


zada adequadamente.
a. O Pelé foi o maior jogador de futebol de todos os tempos, pois não houve alguém
melhor que ele. / generalização excessiva.
b. Doe para a nossa instituição de caridade. Quando você deixa de doar, muitas crian-
ças passam fome e podem até morrer. / apelo à emoção
c. Quem lê livros deve ser considerado um bom cidadão por seu alto nível intelectual. /
simplificação exagerada.
d. Existe apenas um bem, o saber, e apenas um mal, a ignorância. / argumento em cír-
culo vicioso.
e. A carreira de um artista é muito exigente. É por isso que todos fazem uso de drogas.
/ apelo ao absurdo.

Em (B), observamos um argumento que apela à emoção (em específico, a dó e a culpa) –


e por isso, a classificação está correta. As classificações adequadas para os argumentos
em (A), (C), (D) e (E) são estas: (A) círculo vicioso; (D) simplificação exagerada; (C) e (E)
generalização excessiva.

2. (INÉDITA/2022) Assinale a frase que usa o processo de reificação (considerar algo abs-
trato como coisa material).
a. A Joana abraçou a causa dos protetores de animais.
b. A polícia fechou os ouvidos ao apelo do comerciante.
c. Os viajantes protestaram sobre a falta de transporte.
d. Havia muitos manifestantes na praça.
e. Toda a esperança dos manifestantes virou pó.

A reificação está presente em (E): uma noção abstrata (a esperança) transformou-se em


algo considerado concreto (o pó). Nas demais alternativas, não há processo de reificação.
Em (A), observamos o processo de polissemia do verbo “abraçar”, mas não uma reificação
(a causa continua sendo perspectivada como algo abstrato). Do mesmo modo, em (B), “fe-
char os ouvidos” não é um exemplo de reificação (na verdade, é uma expressão figurada).
Em (C) e (D), também não há reificação.

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3. (INÉDITA/2022) Uma marca dos textos é a intertextualidade.


Assinale a frase abaixo que não mostra intertextualidade.
a. “Horta de Elite. Se não for Hortifruti, pede pra sair.”
b. “Não só de fé vive o homem, mas também de pão e seus compostos e similares.”
c. “Brasil? Fraude explica.”
d. “O inferno são os outros.”
e. “Depois da impunidade vem a bonança.”

Em (D), observamos uma frase do filósofo francês Sartre. Nela, não há especificamente
uma referência a outro texto. Por isso, não podemos considerar haver nela intertextualida-
de explícita. Em (A), (B), (C) e (E), os referentes a partir dos quais as frases se apoiam são
estes: obra cinematográfica “Tropa de Elite” (José Padilha), Evangelho Segundo Mateus
(4:4), “Freud explica”; e “Depois da tempestade vem a bonança”.

4. (INÉDITA/2022) Uma marca da textualidade é a coesão, a ligação formal entre termos.


Assinale a frase abaixo em que os termos destacados não estão ligados por coesão.
a. A malária é uma doença infecciosa causada por protozoários que são transmitidos
pela picada das fêmeas.
b. Em período chuvoso, quando a terra desliza, são carregadas com ela as casas cons-
truídas nos morros.
c. Há uma famosa observação do primeiro-ministro Chou En-Lai, muito citada, que
traduz essa noção singular do que seja o tempo.
d. A paciência é uma virtude que é baseada no autocontrole emocional.
e. O que me parece mais relevante é discutir os fatores estruturais, que de certa
forma impelem nessas conjunturas à tensão inflacionária incidir dessa forma.

Em (A), (B), (C) e (E), os termos destacados formam pares coesivos (são anáforas: o
segundo termo do par retoma o primeiro): protozoários<que; a terra<ela; uma famosa ob-
servação do primeiro-ministro Chou En-Lai<que; os fatores estruturais<que. Em (D), di-
ferentemente, a coesão não ocorre entre o segundo termo do par (“que”) e o primeiro (“A
paciência”). Na verdade, a referência ocorre entre o pronome relativo “que” e “uma virtude”.

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5. (INÉDITA/2022) Observe os conectores lógicos que unem os segmentos das fra-


ses abaixo.
Assinale o conector que mostra seu valor semântico corretamente identificado.
a. De acordo com o professor Adilson Lombardo, especialista em segurança no trânsito,
a direção defensiva passa por uma série de comportamentos ligados à inteligência
emocional e ao raciocínio lógico / finalidade
b. A subnotificação é um dos maiores entraves na luta contra a intolerância religiosa.
/ oposição
c. Evidentemente, políticas sociais, educação, prevenção, assistência social são medi-
das que, se aplicadas no universo da população jovem, terão o condão, efetivamente,
de reduzir a violência. / causa
d. Para os futuristas, o fascismo era a realização mínima do seu programa político que
pretendia transformar o senso estético de uma sociedade “anacrônica”. / intenção
e. As culturas orais são integrais, porquanto seus membros agem e reagem ao mesmo
tempo. / concessão

A única classificação correta está em (B): a preposição “contra” denota oposição (movi-
mento em oposição direta). Nas demais alternativas (A), (C), (D) e (E), os termos “De acor-
do com”, “se”, “Para” e “porquanto” significam, respectivamente, conformidade, hipótese,
conformidade e explicação.

6. (INÉDITA/2022) Assinale a frase a seguir que está isenta de ambiguidade.


a. A nomeação do Ministro foi surpreendente.
b. O médico descartou os aparelhos velhos.
c. Pedro encontrou Maria andando pela orla da praia
d. A descrição de Saramago foi bem-feita.
e. Os operadores não atendiam ninguém de roupa suja.

Em (B), não há ambiguidade: os sentidos veiculados pela frase são um só: alguém (o mé-
dico) fez algo (descartou os aparelhos que eram velhos). Em (A), (C), (D) e (E), há mais de
um sentido para cada frase: (A) Ministro foi nomeado ou nomeou; (C) Pedro estava andan-
do quando encontrou a Maria/Maria estava andando quando foi encontrada; (D) Saramago
descreveu bem ou foi bem descrito (por outra pessoa); (E) os operadores não atendiam
de roupa suja; ninguém era atendido se (o público a ser atendido) estivesse de roupa suja.

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7. (INÉDITA/2022) O ato de descrever corresponde a atribuir ao objeto da descrição infor-


mações, qualificações, estados, caracterizações ou relações.
A opção abaixo em que o adjetivo indica uma caracterização objetiva é:
a. mulher refinada.
b. carro velho.
c. porão soturno.
d. restaurante chique.
e. sapato preto.

Em (A), (B), (C) e (D), temos qualidades subjetivas: refinada, velho, soturno (escuro, som-
brio) e chique. Por “subjetiva”, devemos entender o seguinte: há a possibilidade de relati-
vizar a caracterização em (A), (B), (C) e (D): você pode achar a mulher refinada, mas eu
não acho. Para mim, o carro é antigo, uma raridade, não “velho”. O porão é apenas sem
iluminação, não tem nada de “soturno”. E o restaurante apenas é limpo e novo: não tem
nada de “chique”. Em (E), temos uma característica objetiva: o preto caracteriza a cor do
sapato e ninguém pode discordar disso (não é algo “subjetivo”, passível de ser perspecti-
vado a partir de diferentes pontos de vista).

8. (INÉDITA/2022) “Democracia é quando eu mando em você, ditadura é quando você


manda em mim.”
Com essa frase, Millôr Fernandes quer dizer que:
a. os valores da democracia são moral e eticamente superiores em relação aos valores
da ditadura.
b. em essência, democracia e ditadura se equivalem em relação ao exercício do poder.
c. tanto na democracia quanto na ditadura, o controle do poder é exercido por grandes
corporações financeiras.
d. os conceitos de democracia e de ditadura são relativos e dependem da posição que
se ocupa nas relações de poder.
e. em uma democracia, é possível reclamar; em uma ditadura, não é possível se queixar.

As alternativas (A), (B), (C) e (E) não traduzem adequadamente os sentidos da frase de
Millôr Fernandes, seja por extrapolação (a alternativa diz algo que não está presente no
enunciado em análise), seja por incompatibilidade semântico-discursiva (o conteúdo ori-
ginal é diferente do explicitado no enunciado da questão). Em (D), observamos a análise
correta. Em sua frase, Millôr quer dizer que os conceitos de democracia e de ditadura são
relativos e dependem da posição que se ocupa nas relações de poder: dominando, é de-
mocracia; sendo dominado, é ditadura.

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9. (INÉDITA/2022) “Rexona não te abandona, nunca.”


Nesse caso, a melhor qualidade do produto seria a(o):
a. embalagem prática.
b. efeito duradouro.
c. sustentabilidade ambiental.
d. valor da tradição.
e. preço reduzido.

Por “não te abandona, nunca”, transmite-se a qualidade da durabilidade: o efeito do deso-


dorante dura muito e, por isso, não te deixa na mão, não te abandona. Não se trata, então,
de uma qualidade relativa à embalagem, à sustentabilidade, ao valor da tradição ou ao
preço do produto.

10. (INÉDITA/2022) Assinale a frase a seguir que se apoia em um raciocínio indutivo.


a. Os jogos da Champions League já deveriam ser abertos ao público, pois, assim, have-
ria mais emoção e incentivo; no jogo Real Madrid x Celtic, por exemplo, o Real Madrid
poderia ter obtido melhor resultado ontem, se a torcida estivesse na arquibancada.
b. Diversos Institutos Federais estão apresentando mais sucesso nos exames vestibula-
res, daí que os processos seletivos do Instituto Federal de Goiás sejam tão disputados.
c. Durante a pandemia, o Hospital de Base, em Brasília, atendeu a um número exces-
sivo de casos de COVID-19 e enfrentou as dificuldades oriundas da falta de profis-
sionais, mas, na verdade, os hospitais públicos, em todas as grandes cidades, estão
passando por isso.
d. Observando alguns turistas estrangeiros, deduzimos que os norte-americanos são
mais ricos que os sul-americanos, pois aqueles gastam mais.
e. São pagos todos os que compõem o tribunal do júri. O presidente, o procurador da
justiça, os advogados, os porteiros, possivelmente as testemunhas; a que título só os
jurados, que deixam seus negócios, hão de trabalhar de graça?

O raciocínio indutivo parte do particular para o geral. Isso ocorre em (C), tendo em vista
abordar um hospital em específico, particular (o Hospital de Base, em Brasília) para, em
seguida, falar de todos os hospitais (geral). Em (A), (B), (D) e (E), parte-se do geral (jogos
da Champions League; Institutos Federais; turistas estrangeiros; tribunal do júri) para se
chegar ao particular (Real Madrid x Celtic; Instituto Federal de Goiás; turistas norte-ameri-
canos/sul-americanos; presidente/procurador/advogados etc.).

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11. (INÉDITA/2022) Assinale a frase abaixo que se encontra na voz passiva sintética ou
pronominal, com o pronome SE.
a. A partir de Sócrates, o ser humano voltou-se para si mesmo.
b. Após ser ofendida pelo adversário, a candidata foi-se embora, chorando.
c. O afastamento ocorreria precisamente se a universidade servisse imediatamente a
determinados interesses.
d. Após análise das faturas de um dos contratos, constatou-se que os consultores apre-
sentaram regime de trabalho incompatível com a realidade
e. Importa destacar que a violência intrafamiliar pode se dar de forma omissiva ou
comissiva.

Para ser passiva sintética (com pronome “se”), o verbo deve ser transitivo direto e o sujeito
paciente. Em (D), a estrutura subordinada “que os consultores [...]” é o sujeito paciente do
verbo “constatar” (transitivo direto na ativa). Por ser um sujeito oracional, o verbo é flexio-
nado na terceira pessoa do singular. Por essa razão, a alternativa (D) é a correta. Em (A),
(B), (C) e (E), o “se” é classificado como, respectivamente, pronome reflexivo, partícula
expletiva, conjunção condicional e parte integrante do verbo.

12. (INÉDITA/2022) Assinale a opção que mostra uma modificação adequada da frase de
voz ativa para a voz passiva com auxiliar.
a. Aplicarei a metáfora a uma situação do nosso cotidiano. / A metáfora seria aplicada a
uma situação do nosso cotidiano.
b. A orientação do nosso ensino deveria contemplar nossa fecundidade indiscipli-
nada. / Nossa fecundidade indisciplinada deve ser contemplada pela orientação do
nosso ensino.
c. A maioria dos professores considera tão somente uma solução para cada problema. / Uma
solução para cada problema é tão somente considerado pela maioria dos professores.
d. O método dialético estimula a valorização das contradições. / A valorização das con-
tradições é estimulada pelo método dialético.
e. As leis do mercado favorecem esse culto da juventude. / Esse culto da juventude é
favorecido por leis do mercado.

Em (D), a conversão ativa>passiva ocorre adequadamente: o sujeito da ativa passa a


agente da passiva e o objeto da ativa passa a sujeito sintático da passiva. Há manutenção
do tempo-modo e o particípio concorda em gênero e número com o sujeito. Nas demais al-
ternativas (A, B, C e E), as formas adequadas seriam estas: a metáfora será aplicada; de-
veria ser contemplada; é tão somente considerada; é favorecido pelas leis do mercado.

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13. (INÉDITA/2022) Entre as opções abaixo, assinale aquela em que o aumentativo destacado per-
deu o valor de aumentativo, designando uma outra realidade.
a. O prefeito causou indignação ao chegar em seu carrão blindado.
b. O corpanzil do policial assustou o ladrão.
c. O aluno tomou um pescoção do colega.
d. O paredão foi derrubado após a área de conflito ser pacificada.
e. Ele tomou um copão de refrigerante.

Os vocábulos “carrão”, “corpanzil”, “paredão” e “copão” (A, B, D e E) são aumentativos de


carro, corpo, parede e copo. A semântica é apenas uma: cada um dos termos está sendo
caracterizado como grande. Em (C), diferentemente, “pescoção” não designa um pescoço
grande. Na verdade, designa uma pancada no pescoço, desferida geralmente com a mão
(equivale a “pescoçada” ou “pescotapa”) (segundo a definição do Houaiss, 2009).

14. (INÉDITA/2022) Um executivo de uma empresa recebeu a seguinte mensagem eletrônica:


“Benjamim participou da reunião dos gestores com Edgar, na filial de Trindade, na qual
ele voltou a pedir unidade na empresa.”
Assinale a opção que indica o problema de escritura dessa mensagem.
a. Uso inadequado de pontuação.
b. Desvios de ortografia.
c. Ambiguidade referencial.
d. Redundâncias desnecessárias.
e. Erro de regência verbal.

Ao lermos a mensagem eletrônica, não sabemos ao certo quem é o referente da forma


pronominal “ele” (e, consequentemente, não sabemos quem voltou a pedir unidade na em-
presa): pode ser o Benjamim ou pode ser o Edgar. O problema de escritura da mensagem,
então, é a ambiguidade referencial (alternativa (C)). Não se trata de (A) uso inadequado
de pontuação, (B) desvios de ortografia, (D) redundâncias desnecessárias ou (E) erro de
regência verbal.

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15. (INÉDITA/2022) “Segundo os pesquisadores da UFBA, o vírus da febre Zika chegou ao


país, provavelmente, durante a Copa do Mundo de Futebol em 2014, uma vez que não
havia registros da doença na América Latina”
A forma verbal destacada no excerto precedente poderia ser substituída, mantendo-se
a correção gramatical e o significado original, por
a. tinham.
b. haviam.
c. existia.
d. tinha.
e. existiam.

O verbo “haver” destacado no trecho em análise é existencial (sendo, por isso, impessoal,
sempre flexionado na terceira pessoa do singular – e com isso eliminamos a alternativa
(B)). Nessa acepção, não pode ser substituído por “ter”, o que nos leva à eliminação de (A)
e (D). Sendo existencial, pode ser substituído por “existir”. Como o verbo “existir” é pessoal
e concorda com o sujeito (no caso, “registros da doença na América Latina”), a concordân-
cia adequada é “existiam”, como nos aponta a alternativa (E). Descartamos a alternativa
(C) pela inadequação na concordância.

16. (INÉDITA/2022) Assinale a frase que se estrutura com base em uma comparação.
a. A ferocidade da competição pela subsistência converteria toda pequena variação for-
tuita, desde que benéfica a seu possuidor, numa vantagem apreciável.
b. Quanto mais uma pessoa trabalha, mais rica ela fica.
c. À medida que crescia o uso de internet durante as aulas, o rendimento dos alunos caía.
d. É comum afirmarem que a música é tão velha quanto o homem.
e. Os barulhos produzidos por nós mesmos não são percebidos como incômodo: eles
têm um sentido.

A comparação está presente apenas em (D): estabelece-se uma comparação entre a idade
da música e a idade do homem (ser humano). Nas demais alternativas, predominam outras
relações lógico-semânticas: (A) condicional, (B) proporcional, (C) proporcional e (E) causa.

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17. (INÉDITA/2022) Assinale a frase em que há um erro gramatical.


a. Aos que me perguntam o motivo de minhas viagens, geralmente lhes respondo que
sei bem do que fujo, mas não o que busco.
b. Três coisas existem de que sempre gostei muito e que mais consegui compreender:
a música, a pintura e as mulheres.
c. Não contesto que a medicina seja útil à alguns homens, mas digo que ela é funesta
ao gênero humano.
d. A polícia é uma instituição necessária à ordem e à vida da cidade.
e. Quem come do fruto da árvore da sabedoria sempre é arrojado de algum paraíso.

Em (A), (B), (D) e (E), não há desvios. As relações morfossintáticas estão adequadas. Em
(C), diferentemente, há desvio gramatical: o registro do sinal indicativo de crase em “à al-
guns homens” é inadequado (não se emprega artigo antes de pronomes indefinidos).

18. (INÉDITA/2022) Assinale a opção que apresenta a frase construída com todos os ter-
mos e em ordem direta.
a. Sai mais barato para a nação sustentar a família imperial.
b. O grande inimigo da raça humana é o egoísmo.
c. Por sete anos Jacob serviu Labão, pai de Raquel.
d. Estudiosos demonstram a importância do ato de ler.
e. A cada minuto nasce mais um otário.

Em (D), os termos estão em ordem direta: SUJEITO – VERBO – OBJETO. No objeto, cada
um dos termos associados ao substantivo “importância” estão preposicionados e à direita.
Nas demais alternativas, o sujeito está posposto ao verbo em (A) “sustentar a família im-
perial sai mais barato”, (B) “o egoísmo é o grande inimigo da raça humana” e (E) “mais um
otário nasce a cada minuto”. Em (C), o adjunto “por sete anos” está em posição pré-verbal
(deslocado de sua posição original, pós-verbal: Jacob serviu Labão por sete anos).

19. (INÉDITA/2022) Assinale a opção abaixo que mostra uma relação inadequada entre
verbo e substantivo.
a. divertir / divertimento
b. melhorar / melhora
c. resolver / resposta
d. prover / provisão
e. anabolizar / anabolização

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Em (A), (B), (D) e (E), os pares divertir/divertimento, melhorar/melhora, prover/provisão e


anabolizar/anabolização estão adequados (o primeiro item do par é o verbo e o segundo é
o substantivo a ele relacionado). Em (C), no entanto, a contraparte adequada para o verbo
“resolver” é “resolução”, não “resposta” (que é, por sua vez, a contraparte substantiva para
o verbo “responder”).

20. (INÉDITA/2022)

“Por conseguinte, e ao contrário do que comumente (e lamentavelmente) se lê em


textos assinados por sociolinguistas – num discurso que se repete também nos livros
didáticos de português, supostamente “atualizados” com os avanços da ciência linguís-
tica –, a norma-padrão definitivamente não é uma das muitas variedades linguísticas
que existem na sociedade. Não existe uma variedade padrão (aliás, uma contradição
em termos, pois se é padrão, isto é, uniforme e invariante, como pode ser uma “varieda-
de”?), nem um dialeto-padrão, nem uma língua padrão, embora esses termos pululem
na bibliografia dedicada ao tema. O que existe é uma norma-padrão, língua materna
de ninguém, língua paterna por excelência, língua da Lei, uma norma no sentido mais
jurídico do termo.”

(“O que é uma língua? Imaginário, ciência e hipóstase.” In: LAGARES, X. C.; BAGNO, M. Políti-
cas da norma e conflitos linguísticos. São Paulo: Parábola, 2011. Adaptado).

Nesse segmento textual, as duas ocorrências dos parênteses têm a finalidade de:
a. Confrontar a afirmativa anterior.
b. Demarcar o ponto de vista do autor em relação à temática abordada.
c. Retificar da afirmativa precedente.
d. Esclarecer o significado de um termo anterior.
e. Acrescentar fatos adicionais ao conteúdo central do texto.

Nos trechos “(e lamentavelmente) e (aliás, uma contradição em termos, pois se é padrão,
isto é, uniforme e invariante, como pode ser uma “variedade”?)”, os parênteses demarcam
o ponto de vista do autor em relação à temática abordada (alternativa (B)). Nessas ocor-
rências, os parênteses não estão sendo utilizados para (A) confrontar a afirmativa anterior,
(C) retificar da afirmativa precedente, (D) esclarecer o significado de um termo anterior ou
(E) acrescentar fatos adicionais ao conteúdo central do texto.


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 Eu deveria cantar.
 Rolar de rir ou chorar, eu deveria, mas tinha desaprendido essas coisas. Talvez então
pudesse acender uma vela, correr até a igreja da Consolação, rezar um Pai Nosso, uma
Ave Maria e uma Glória ao Pai, tudo que eu lembrava, depois enfiar algum trocado, se
tivesse, e nos últimos meses nunca, na caixa de metal “Para as Almas do Purgatório”.
Agradecer, pedir luz, como nos tempos em que tinha fé.
 Bons tempos aqueles, pensei. Acendi um cigarro. E não tomei nenhuma dessas atitu-
des, dramáticas como se em algum canto houvesse sempre uma câmera cinematográfica
à minha espreita. Ou Deus. Sem juiz nem plateia, sem close nem zoom, fiquei ali parado
no começo da tarde escaldante de fevereiro, olhando o telefone que acabara de desligar.
Nem sequer fiz o sinal da cruz ou levantei os olhos para o céu. O mínimo, suponho, que
um sujeito tem a obrigação de fazer nesses casos, mesmo sem nenhuma fé, como se
reagisse a uma espécie de reflexo condicionado místico.
 Acontecera um milagre. Um milagre à toa, mas básico para quem, como eu, não ti-
nha pais ricos, dinheiro aplicado, imóveis, nem herança e apenas tentava viver sozinho
numa cidade infernal como aquela que trepidava lá fora, além da janela ainda fechada do
apartamento. Nada muito sensacional, tipo recuperar de súbito a visão ou erguer-se da
cadeira de rodas com o semblante beatificado e a leveza de quem pisa sobre as águas.
Embora a miopia ficasse cada vez mais aguda e os joelhos tremessem com frequência,
não sabia se fome crônica ou pura tristeza, meus olhos e pernas ainda funcionavam ra-
zoavelmente. Outros órgãos, verdade, bem menos.
 Toquei o pescoço. E o cérebro, por exemplo.
 Já chega, disse para mim mesmo, parado nu no meio da penumbra gosmenta do
meio-dia. Pense nesse milagre, homem. Singelo, quase insignificante na sua simplicida-
de, o pequeno milagre capaz de trazer alguma paz àquela série de solavancos sem rumo
nem ritmo que eu, com certa complacência e nenhuma originalidade, estava habituado a
chamar de minha vida, tinha um nome. Chamava-se – um emprego.
(ABREU, Caio Fernando. Onde andará Dulce Veiga? São Paulo: Planeta De Agostini, 2003, p.11-12).

Em relação ao texto precedente e aos sentidos nele expressos, julgue os itens a seguir.

21. (INÉDITA/2022) O texto poderia ser classificado corretamente como descritivo ou narrativo,
não sendo possível afirmar qual desses tipos textuais nele predomina.

O texto é predominantemente narrativo. O narrador em primeira pessoa relata as suas im-


pressões (subjetivas e em âmbito predominantemente psicológico) após receber uma notí-
cia a partir de uma ligação telefônica. Os traços descritivos são pontuais e de forma alguma
predominam no texto. Por essa razão, é possível, sim, afirmar que predomina a narração.

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22. (INÉDITA/2022) Depreende-se do segundo parágrafo que o narrador permanece fiel à


sua religião, praticando-a.

Pela leitura do trecho “como nos tempos em que tinha fé”, podemos depreender que o
narrador não pratica a fé (pois não a tem), não permanecendo fiel a ela. Por essa razão, a
afirmativa no item está errada.

23. (INÉDITA/2022) Com o emprego da expressão “olhando o telefone que acabara de des-
ligar” (quinto período do terceiro parágrafo), é possível inferir que o evento de desligar
o telefone situa-se em um tempo anterior a outro evento passado, o de ficar parado.

A forma verbal “acabara” está flexionada no pretérito mais-que-perfeito do indicativo. Como


corretamente analisado no item, esse tempo é anterior a outro tempo passado (o de “fi-
car parado”).

24. (INÉDITA/2022) Os trechos “Bons tempos aqueles” (primeiro período do terceiro pará-
grafo) e “Pense nesse milagre” (segundo período do sexto parágrafo) evidenciam que o
narrador se dirige a um interlocutor específico: o leitor do texto.

Nesses trechos, o narrador não se dirige ao leitor do texto. Na verdade, os trechos “Bons
tempos aqueles” e “Pense nesse milagre” são falas dirigidas pelo narrador a ele mesmo,
em uma espécie de reflexão interna.

25. (INÉDITA/2022) As emoções do narrador expressas no texto demonstram pasmo diante


da notícia recebida.

A palavra “pasmo” define o “sentimento de espanto, surpresa diante de algo que não se
espera; admiração, assombro” (Dicionário Houaiss, 2009). Pela leitura do texto, observa-
mos que, de fato, o narrador está espantado, surpreso diante de algo que não se esperava
(a conquista da vaga de emprego). Por essa razão, as emoções do narrador expressas no
texto demonstram, sim, pasmo diante da notícia recebida.

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26. (INÉDITA/2022) No terceiro período do quarto parágrafo, o vocábulo “erguer-se” tem o


mesmo sentido de levantar-se.

Os termos são sinônimos: “levantar-se” e “erguer-se” partilham o mesmo sentido de “pôr(-


-se) em posição vertical; pôr(-se) de pé” (Dicionário Houaiss, 2009).

27. (INÉDITA/2022) O pronome “sua” (terceiro período do sexto parágrafo) retoma “ho-
mem” (segundo período do sexto parágrafo).

Observando a cadeia coesiva do texto, confirmamos que o pronome “sua” retoma, na ver-
dade, “(n)esse milagre” (segundo período do sexto parágrafo). Como o referente apontado
pelo item é incorreto, a afirmativa está errada.

28. (INÉDITA/2022) A substituição do trecho “tipo recuperar de súbito a visão ou erguer-se


da cadeira de rodas com o semblante beatificado e a leveza de quem pisa sobre as
águas” (terceiro período do quarto parágrafo) por “como recuperar subitamente a visão
ou erguer-se da cadeira de rodas com o semblante bem-aventurado e a leveza de quem
caminha sobre as águas” manteria os sentidos e a coerência do texto.

Todas as substituições estão adequadas, pois mantêm os sentidos originais e a coerência


do texto: “tipo” e “como”; “de súbito” e “subitamente”; “beatificado” e “bem-aventurado”; e
“pisa sobre” e “caminha sobre”.

29. (INÉDITA/2022) No sexto período do terceiro parágrafo, a substituição de “Nem sequer”


por Nem ao menos prejudicaria a coerência e a correção gramatical do texto.

A substituição, na verdade, é adequada e não prejudicaria a coerência e a correção grama-


tical do texto. As duas formas expressam negação, introduzindo algo não realizado.

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30. (INÉDITA/2022) O vocábulo “E”, em “E não tomei nenhuma dessas atitudes, dramáticas
como se em algum canto houvesse sempre uma câmera cinematográfica à minha es-
preita” (terceiro período do terceiro parágrafo), exerce função de termo adversativo em
relação ao conteúdo do segundo parágrafo.

No contexto em análise, o vocábulo “E” equivale a “Mas”, possuindo sentido adversativo


em relação ao conteúdo do segundo parágrafo: “Mas não tomei nenhuma dessas atitudes,
dramáticas como se em algum canto houvesse sempre uma câmera cinematográfica à
minha espreita.” Note que “essas atitudes” é justamente o termo anafórico que retoma o
conteúdo do segundo parágrafo.

 Os dados revelam realidade alarmante: conforme o IPEA, 63% das pessoas en-
volvidas em conflito não aciona o sistema de justiça; a prática de tortura é sistêmica,
segundo as Nações Unidas; o sistema carcerário, cuja população aumentou 67% nos
últimos 10 anos, é medieval e dá em oferenda nossos jovens (negros em sua maioria) à
rede de facções criminosas. A violência contra os segmentos mais vulneráveis (idosos,
crianças, negros, mulheres, deficientes, população indígena e LGBT) ecoa na socieda-
de pelas vozes que incitam o ódio sob o manto de pretensa imunidade.
 No cenário de exclusão e violência, é preciso radicalizar a política de ampliação do
acesso à justiça. Para tanto, não basta a inclusão no sistema da maioria excluída. Há
consenso de que o acesso à justiça não se limita ao direito de acessar o Judiciário.
Para que a promoção da justiça seja tarefa de todos, é necessário romper os limites das
liturgias forenses e levar a justiça onde o conflito está, ou seja, na vida, na casa e na
rua. Nesse sentido, a política de universalização do acesso à justiça deve contemplar
dois eixos de atuação: o de proteção dos direitos violados (inclusive quando o órgão
violador é o próprio Estado) e o de prevenção da violência, por meio do envolvimento
da sociedade na formulação de uma política que assegure direitos e promova a paz.
 No primeiro eixo, é preciso coragem para a adoção de políticas públicas no âmbito
penal com franco apelo popular: firmeza no combate à tortura e à violência policial, re-
estruturação da política penitenciária e fortalecimento da defensoria pública para asse-
gurar a proteção dos direitos humanos. Não é aceitável que o Brasil pretenda consolidar
sua democracia praticando um direito penal patrimonialista e revanchista que olha para
o passado, julga e pune, sob a pretensão de que a privação da liberdade vai “reeducar”
o indivíduo a viver em sociedade.
 Os estatutos penais devem absorver as práticas restaurativas que recuperam as
relações afetadas pela violência. São inúmeras as alternativas penais possíveis que,
por sua efetividade, afastam a impunidade: as prestações de serviços comunitários;

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os círculos restaurativos nos moldes da Resolução n. 2.002/2012 da Organização das


Nações Unidas; a mediação de conflitos no âmbito penal, civil e familiar. No eixo da
prevenção da violência, a sociedade pode promover a justiça comunitária antes da
judicialização dos conflitos, por meio da mediação, da educação para os direitos e da
articulação de uma rede de participação na gestão da comunidade.
 A política de acesso à justiça deve mobilizar todos os segmentos sociais contra a vio-
lência que emerge no cotidiano, dentro e fora do Estado. Para além das múltiplas portas
que o sistema de justiça deve abrir, é necessária a adoção de espaços livres de coerção
para a construção de uma justiça acessível, mas, sobretudo, realizada por todos.

Glaúcia Falsarella Foley. Nova política de acesso à justiça é possível. In: Correio Braziliense,
22/12/2014 (com adaptações).

Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto anterior, julgue os itens a seguir.

31. (INÉDITA/2022) No segmento “à rede de facções criminosas” (primeiro parágrafo do


texto), a retirada do sinal indicativo de crase no vocábulo “a” comprometeria a correção
gramatical do texto.

Com a retirada do sinal indicativo de crase, faltaria ou a preposição (obrigatória, tendo em


vista a regência transitiva indireta do verbo “dar”) ou o artigo definido feminino (tendo em
vista a semântica particular do termo “rede”). Assim, a retirada do sinal indicativo de crase
comprometeria a correção gramatical do texto.

32. (INÉDITA/2022) Estaria mantida a correção gramatical do texto caso o termo “onde”, em
“levar a justiça onde o conflito está” (segundo parágrafo), fosse substituído por aonde.

O termo “aonde” é a combinação da preposição “a” e do advérbio locativo “onde”. A pre-


posição deve ser regida por algum termo (por verbos que denotam deslocamento, como
“ir”). No entanto, o termo “onde” está relacionado ao verbo “está”, o qual não seleciona a
preposição “a”. Não estaria mantida, então, a correção gramatical ao se registrar “aonde”.

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33. (INÉDITA/2022) No segundo período do primeiro parágrafo, a palavra “vulneráveis” é


um adjetivo que qualifica “segmentos”.

O trecho em análise é este: “A violência contra os segmentos mais vulneráveis”. Nele, ob-
servamos que, de fato, o termo “vulneráveis” qualifica o termo segmentos, estabelecendo
com ele uma relação de concordância nominal.

34. (INÉDITA/2022) Em “para assegurar a proteção dos direitos humanos” (terceiro pará-
grafo), a preposição “para” veicula uma ideia de finalidade.

Observe que a preposição “para” pode ser substituída por uma locução final: “fortalecimen-
to da defensoria pública com a finalidade de assegurar a proteção dos direitos humanos”.
Isso comprova o fato de a preposição “para”, no trecho em análise, denotar finalidade.

35. (INÉDITA/2022) No último período do último parágrafo, o pronome “que” funciona sinta-
ticamente como complemento da forma verbal “deve”.

O trecho em análise é este: “Para além das múltiplas portas que o sistema de justiça deve
abrir, é necessária a adoção de espaços livres de coerção para a construção de uma jus-
tiça acessível, mas, sobretudo, realizada por todos.” A análise sintática nos mostra que a
subordinada adjetiva é formada pela oração “que o sistema de justiça deve abrir”, em que
“o sistema de justiça” é sujeito o predicado é “deve abrir [que]”. Nesse predicado, o verbo
transitivo direto “deve” seleciona um complemento oracional: “abrir [que]”. Nesse com-
plemento oracional, a forma infinitiva “abrir” seleciona o complemento direto “que”, o qual
retoma “portas”. Assim, a função sintática é a de complemento da forma verbal “abrir”, não
da forma verbal “deve”.

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GABARITO

1. b 13. c 25. C
2. e 14. c 26. C
3. d 15. e 27. E
4. d 16. d 28. C
5. b 17. c 29. E
6. b 18. d 30. C
7. e 19. c 31. C
8. d 20. b 32. E
9. b 21. E 33. C
10. c 22. E 34. C
11. d 23. C 35. E
12. d 24. E

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