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LÍNGUA PORTUGUESA
Formação Inicial e
Continuada
+ IFMG
Bruno de Assis Freire de Lima
Débora Marques Ferreira Araújo
Viviane Lima Martins
Belo Horizonte
Instituto Federal de Minas Gerais
2021
FICHA CATALOGRÁFICA
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
CDD 410
Catalogação: Rejane Valéria Santos- CRB-6/2907
2021
Direitos exclusivos cedidos ao
Instituto Federal de Minas Gerais
Avenida Mário Werneck, 2590,
CEP: 30575-180, Buritis, Belo Horizonte – MG,
Telefone: (31) 2513-5157
Sobre o material
Formulário de
Sugestões
http://mais.ifmg.edu.br
Palavra dos autores
Bons estudos!
Os autores.
Apresentação do curso
Este curso está dividido em doze semanas, cujos objetivos de cada uma são
apresentados, sucintamente, a seguir.
Objetivos
Nesta primeira semana apresentaremos o conceito de
gêneros textuais e discursivos e sua importância nos estudos
de linguagem. Você também conhecerá alguns dos gêneros
textuais mais comuns.
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Se sua resposta foi, sim, isso seu deve ao seu conhecimento implícito sobre
gêneros textuais. Ainda que não saiba ler japonês ou inglês, você pôde perceber que se
trata de um cardápio de restaurante, haja vista que há imagens de pratos prontos, valores
representando o preço, disposição em forma de lista, separada por “categorias”, elementos
comuns a maioria dos cardápios que você já deve ter visto. Da forma como está
constituído, o cardápio acima cumpre sua função social.
Assim, as diferentes formas de linguagem nas diversas relações humanas
caracterizam o que chamamos de gêneros textuais, ou seja, textos que possuem
características em comum para cumprir suas funções sociais.
Como bem coloca o professor Luiz Antônio Marcuschi ,
Em outras palavras, o professor nos mostra que, diante das mudanças sociais,
novas necessidades, em relação à forma de nos comunicarmos e interagirmos,
impulsionaram o aparecimento de muitos gêneros diferentes, e esse é um processo
contínuo.
Agora que você começou a conhecer o que são gêneros textuais, pode ser que se
questione sobre os textos que lê e produz, como as histórias que narra, as redações que
escreve etc. Seriam estas produções algum tipo de gênero? A resposta é sim e não.
Evidentemente tudo que você produz pode ser classificado de acordo com um determinado
gênero, porém, em Língua Portuguesa, há uma esfera que antecede a classificação dos
gêneros textuais, chamada de tipos textuais.
Formando um grupo bem menor, os tipos textuais apresentam propriedades
linguísticas intrínsecas, como o vocabulário, relações lógicas, tempos verbais, construções
frasais e outras características que os definem.
Desde muito cedo, na escola, temos contato com esses tipos e você logo os
reconhecerá. São cinco: Descrição, Narração, Dissertação, Injunção e Exposição.
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Narração
Relata algo
Predominam verbos de ação
Cronologia dos fatos
Personagens, enredo
Tempo, Espaço
Exposição Descrição
Discute, explica algo Descreve algo
Conceitua, define, explica Predominímio de adjetivos
Texto estático
algo
Tipos Verbos de ligação
Textuais
Injunção Dissertação
Ensina algo, instrui Argumenta sobre algo
Uso de verbos imperativos Posicionamento de ideias
Persuasão do leitor
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1.2.1 Escritos
Com o advento da internet, muitos gêneros que antes estavam em material físico,
de papel, ganharam um novo meio, o digital, mas mantiveram a mesma forma escrita que
já tinham.
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1.2.2 Orais
Dentro os incontáveis, que vão desde uma simples conversa, até os gêneros
orais formais públicos percebemos que todos apresentam sempre uma natureza
multissemiótica, isto é, unem texto verbal, prosódia, modulação da voz, gestualidade,
movimentação corporal, expressões faciais etc.
1.2.3 Digitais
Gêneros digitais é o nome dado a uma nova modalidade de gêneros textuais, que
surgiu com a era da Internet, o que viabilizou a criação de novos espaços para a escrita.
Esses gêneros, que ganharam destaque a partir dos anos 90, são derivados de
outros gêneros escritos e orais já existentes, o que evidencia a natureza evolutiva e infinita
dos gêneros textuais. Entretanto, eles foram configurados para um discurso eletrônico e,
desta forma, apresentam características particulares e próprias presentes na mídia virtual.
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Alguns dos mais comuns são: e-mails, chats, blogs que, embora possuam estreita
relação com gêneros textuais já existentes em outros ambientes, como e-mail/carta,
blog/diário, chat/conversa, estão dispostos em meio eletrônico e, portanto, apresentam
características próprias presentes nesses ambientes, como o uso de várias linguagens, por
exemplo.
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Semana 2 – Texto e Textualidade Plataforma +IFMG
Objetivos
Nesta semana trabalharemos a definição de texto e de
textualidade, além de algumas pistas para trabalhar a
interpretação textual.
Figura 4: Textus
Fonte: https://zellacoracao.files.wordpress.com/2009/06/words.jpg. Acesso em: 25 maio 2021.
A palavra texto, do latim textere (construir, tecer), cujo particípio passado textus
também era usado como substantivo, e significava 'maneira de tecer', ou 'coisa tecida', e
ainda mais tarde, 'estrutura'. Foi só lá pelo século 14 que a evolução semântica da palavra
atingiu o sentido de "tecelagem ou estruturação de palavras", ou 'composição literária‘.
Hoje, define-se bem texto como uma unidade de sentido, seja verbal ou não-verbal,
isso é, composto de palavras ou apenas composto de imagens, sons, gestos, podendo
ainda ser híbrido, tendo de os dois tipos de linguagem.
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Para que você conheça um pouco mais sobre a tipologia textual, separamos dois
tipos dos mais comuns: o Texto Dissertativo e o Texto Narrativo, também chamados de
Textos Temático e Texto Figurativo, justamente por possuírem características bem
distintas. Vamos conhecê-los um pouco mais?
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Trecho figurativo:
“Nasce o Sol e não dura mais que um dia, Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura, Em contínuas tristezas, a alegria”. (Gregório
de Matos)
Como se vê, monta-se um espetáculo para demonstrar que as coisas concretas
como o Sol e a Luz são efêmeras, breves, para passar o tema do caráter finito das coisas
do mundo.
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Com certeza você já ouviu as frases “Quanto mais você lê, melhor você escreve”,
“Não importa o que você lê, ler amplia seu conhecimento de mundo”, ou alguma variação
semelhante. De fato, ler é uma prática necessária, pois quanto mais proficientes em leitura
de diversos gêneros de textos ficamos, melhor fica nossa interpretação, comunicação,
visão das coisas e realidades que nos cercam.
“Ler” é muito mais que decodificar as letras, pois implica diretamente no processo
de compreensão daquilo que foi lido. Ou seja, não basta apenas conhecer o alfabeto, ou
saber identificar um código não-verbal: se não há compreensão não houve leitura.
Façamos uma breve análise textual, apenas para mostrar como um texto é muito
mais que decodificar. Cabe justificar que a escolha por uma história em quadrinhos (HQ) é
intencional, para mostrar como os textos híbridos (palavra e imagem) podem ser “lidos”.
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O texto acima é conhecido teoricamente como texto híbrido, por ser composto
simultaneamente por imagens e escrita. Ambos os recursos são fundamentais para o
entendimento do significado. Por ser uma tirinha, encontrada, geralmente, em jornais, é
comum não trazer um título, porém o balão inicial, composto pelo enunciado “MÃÃE!! EI,
MÃE!”, escrito em caixa alta, bem como a expressão facial da personagem, já nos
sinalizam um pouco sobre o possível contexto: o menino grita, pois está em uma situação
de apuros.
Observe que no primeiro quadrinho o fato de Calvin gritar pela mãe é composto por
um detalhe primordial que não podemos deixar de observar: ele está com os pés do lado
de fora da casa.
No segundo quadrinho, a resposta da mãe o coloca pensativo, e esse momento de
“suspensão” reflete no fundo branco, que segue no terceiro quadrinho, também. O menino
decide obedecer a mãe e sua fala final “Pisei no cocô do cachorro... onde limpo os pés”,
está em total consonância com a reação da mãe, que leva às mãos à cabeça, como forma
de “desespero”.
Embora de maneira simples, notamos que só é possível depreender o significado de
todo o texto somando a parte escrita da fala de Calvin com a imagem de desespero da
mãe, ou seja, observando-se todos os elementos.
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Semana 3 – Coesão e Coerência Textuais Plataforma +IFMG
Objetivos
Nesta semana conheceremos um pouco mais sobre os
pilares do texto: a coesão e a coerência textuais.
O significado desses elementos só se define por confronto com outras palavras que vêm
antes (caso dos anafóricos) ou depois deles (caso dos catafóricos).
Anáfora: quando a referência é feita a algum elemento que está na porção anterior do
texto. A anáfora tem por objetivo recuperar (atualizar) semanticamente um elemento que já
estava no texto, com todas as informações de que ele já se revestia.
Exemplo:
Observando o trecho acima, temos uma primeira oração, em que o sujeito é “Os
sistemas de busca”. Na segunda oração, a palavra “tais” recupera esse mesmo sujeito,
sem a necessidade de repeti-lo expressamente.
Catáfora: quando a referência aponta para frente, no texto. A catáfora tem a função de
sinalizar um termo que ainda vai aparecer no texto.
Exemplo:
Nesta noite, elas pareciam brilhar mais do que o costume, as estrelas estão incríveis.
b) Elipse
Exemplo:
Observe, na sequência acima, que a primeira oração tem como sujeito “As
crianças”. No período que segue, não há sujeito explícito, mas os verbos “brincam” e
“saem” se referem ao mesmo sujeito “As crianças”. A ocultação desse termo é uma elipse.
c) Expansão lexical
Por outro lado, se temos a situação “não coma o pão que está velho”, é muito mais
comum utilizarmos como antônimo o vocábulo “fresco”, por exemplo, “hoje comprei um pão
fresco”. Percebemos assim que os vocábulos devem ser utilizados de forma adequada ao
contexto em que se inserem, pois, se na primeira situação, nós utilizássemos o termo
“fresco” em vez de “novo”, não estaríamos apresentando um antônimo apropriado.
Animal Hiperônimo
Cão
Cachorro Hipônimo
Observe que tanto “cachorro” quanto “animal” são termos que funcionam como
sinônimos do termo “cão”. Entretanto, “cachorro” substitui “cão” de forma mais específica
do que o termo “animal”, que poderia substituir outros bichos como gato, pássaro e peixe.
Assim, reforçamos que hiperônimos são termos que substituem de forma mais
genérica vocábulos que estão no mesmo campo semântico, enquanto que os hipônimos
substituem de forma mais específica. Veja outros exemplos:
HIPERÔNIMO HIPÔNIMO
Louça Garfo, faca, colher
Profissional Professor, médico, engenheiro
Esporte Futebol, vôlei, basquete
Flor Rosa, margarida, violeta
Quadro 2: Alguns Hiperônimos e Hipônimos
Fonte: Autoral
Castro Alves é autor de uma vastíssima obra literária. Não é por acaso que o “Poeta
dos Escravos” é considerado o mais importante da geração a qual representou.
A expressão “Poeta dos escravos” serve para substituir o nome “Castro Alves”, isso
evita que o nome seja repetido e garante a manutenção da coesão textual.
d) Conectores
São palavras cuja função é estabelecer conexões entre duas partes do texto,
servindo para:
Este ano a chuva não foi abundante, mas as colheitas foram boas.
Perceba que houve uma escolha adequada do conector “mas”, mantendo uma
relação de adversidade. Seria descabido trocar o “mas” por “portanto ou porque”, que
indicam, respectivamente, conclusão ou causa, porque, com esses conectores, os
a) Coerência narrativa
É a que ocorre quando se respeitam as implicações lógicas existentes entre as
partes da narrativa. Assim, por exemplo, para que uma personagem realize uma ação, é
preciso que ela tenha capacidade, ou seja, saiba e possa fazê-la. Isso quer dizer que a
realização de uma ação implica, pressupõe um poder e um saber. Na narrativa, o que é
posterior depende do que é anterior. Constitui, portanto, incoerência narrativa relatar uma
ação realizada por um sujeito que não tem condições de executá-la. Veja um exemplo:
João Carlos vivia em uma pequena casa construída no alto de uma colina, cuja
frente dava para leste. Desde o pé da colina se espalhava em todas as direções, até
o horizonte, uma planície coberta de areia. Na noite em que completava trinta anos,
João, sentado nos degraus da escada colocada à frente de sua casa, olhava o sol
poente e observava como a sua sombra ia diminuindo no caminho coberto de
grama. De repente, viu um cavalo que descia para sua casa. As árvores e as
folhagens não o permitiam ver distintamente; entretanto observou que o cavalo era
manco. Ao olhar de mais perto verificou que o visitante era seu filho Guilherme, que
há vinte anos tinha partido para alistar-se no exército, e, em todo esse tempo, não
havia dado sinal de vida. Guilherme, ao ver seu pai, desmontou imediatamente,
correu até ele, lançando-se nos seus braços e começando a chorar.
b) Coerência argumentativa
Diz respeito às relações de implicação ou de adequação que se estabelecem entre
certos pressupostos ou afirmações explícitas colocadas no texto e as conclusões que se
tira deles, as consequências que se fazem deles decorrer.
Se, por exemplo, um texto disser que o descontrole orçamentário é a causa da
inflação e que esta é o problema mais grave do país, será contraditório se concluir que o
governo deve aumentar os gastos públicos para reaquecer a economia. Há também
inadequação quando um segmento do texto não tem nenhuma relação com o que vem
anteriormente. Observe o diálogo:
- O senhor é contra ou a favor da legalização do jogo no Brasil?
- O Brasil tem muitos problemas sociais que é preciso resolver. Nosso empenho é
dar melhores condições de vida ao povo brasileiro.
Podemos notar que foi perguntado uma coisa e respondida outra, configurando falta
de coerência argumentativa.
c) Coerência figurativa
Refere-se à combinatória de figuras para manifestar um dado tema ou à
compatibilidade de figuras entre si. Sabemos que as figuras se encadeiam num percurso,
para manifestar um determinado tema e, para isso, têm que ser compatíveis umas com as
outras, senão o leitor não percebe o tema que se deseja veicular.
Por outro lado, há figuras que são claramente incompatíveis entre si. Na frase “Os
peixes durante a gravidez ficam agressivos”, há uma incompatibilidade flagrante entre
as figuras “peixe” e “gravidez”, pois sabemos que peixes não engravidam.
d) Coerência temporal
É aquela que respeita as leis da sucessividade dos eventos ou apresenta uma
compatibilidade entre os enunciados do texto, do ponto de vista da localização no tempo.
O período “Maria pôs o arroz no fogo, depois escolheu-o” é incoerente, pois subverte a
sucessividade dos eventos do processo de preparo do arroz: primeiro, escolher; depois,
pôr no fogo.
Agora que você já conhece os níveis de coerência, é preciso saber que estes níveis
também devem estar de acordo com o tipo de coerência de um texto em relação ao fato
enunciado. Assim, podemos dizer que há, em cada um desses níveis, dois tipos de
coerência: interna e externa.
Assim, concluímos nossa terceira semana de estudos. Não deixe de ler o material
complementar sugerido e participar do fórum. Se necessário, releia o material.
Objetivos
Objetivos
Nesta semana o assunto é intertextualidade, ou seja, as
Nesta semana
relações o assunto
que alguns textos étêm
intertextualidade, ou seja,
com outros, ainda as
que de
relações que
naturezas alguns textos têm com outros, ainda que de
diversas.
naturezas diversas.
Quem não passou pela experiência de estar lendo um texto e defrontar-se com
certas passagens já lidas em algum outro lugar? Umas vezes se trata da citação de uma
personagem; outras, de um episódio; outras ainda de frases inteiras transcritas de textos já
conhecidos.
É que, na verdade, os textos dialogam entre si: a personagem de uma novela cita a
fala de uma personagem de romance; num romance aparecem trechos da mitologia grega,
da Bíblia ou do Alcorão; um orador pode fazer referência a pensadores famosos; um poeta
cita versos inteiros de outro poeta; um texto científico não raro alude a passagens inteiras
da teoria de outro cientista; e assim por diante.
Essas alusões e referências podem ser feitas explicitamente, como é o caso das
teses acadêmicas e dos trabalhos científicos em geral, em que, segundo a praxe, deve-se
indicar a fonte de onde se extraiu a citação. Mas, às vezes, não se menciona
explicitamente a fonte e nem se transcreve literalmente a citação. Esse último
procedimento é muito comum nos textos literários, em que o autor joga com o pressuposto
de que o leitor conhece os fragmentos citados.
Existe ainda a possibilidade de um texto lembrar outro apenas pelo estilo. Quantas
vezes não se lê um texto e imediatamente se reconhece a sua feição romântica,
parnasiana ou simbolista? Essa semelhança, muitas vezes, não se explica pela identidade
de temas ou de assunto, e sim pela aproximação de estilo.
Esse diálogo entre textos, chamado de intertextualidade na linguagem
especializada, não ocorre como simples recurso de ornamentação. Trata-se da instauração
de um verdadeiro diálogo entre os vários textos circulantes no espaço cultural. Um texto,
em princípio, retoma outro, ou para confirmá-lo, ou para desdizê- lo.
Quem lê textos com intenção de interpretá-los com profundidade deve estar atento
para esses aspectos da intertextualidade. A leitura proficiente pressupõe não só a
Minha Pátria É Minha Língua, Mangueira Meu Grande Amor. Meu Samba Vai Ao Lácio
e Colhe a Última Flor
Cantando eu vou
Do Oiapoque ao Chuí ouvir
A minha pátria é minha língua
Idolatrada obra-prima te faço imortal
Salve... poetas e compositores
Salve também os escritores
Que enriqueceram a tua história
Ó meu Brasil...
Dos filhos deste solo és mãe gentil
Hoje a herança portuguesa nos conduz
A Estação da Luz!
Roberto Leal
Uma curiosidade sobre a letra do Hino Nacional Brasileiro é que a própria possui
referências intertextuais, como o trecho do hino que cita os versos da Canção do Exílio, de
Gonçalves Dias, que já vimos nesta semana.
[...]
Do que a terra mais garrida
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores,
"Nossos bosques têm mais vida",
"Nossa vida" no teu seio "mais amores".
(Canção do Exílio)
O último verso da quarta estrofe, a letra se encerra fazendo uma referência direta ao
Museu da Língua Portuguesa, localizado na Estação da Luz, região central da cidade de
São Paulo, Fechado desde dezembro de 2015, após um grande incêndio, mas que foi
totalmente restaurado e com pretnsão de reabertura em junho de 2021.
Figura 22: Entrada do Museu da Língua Portuguesa, na Estação da Luz, São Paulo-SP.
Fonte: https://ckturistando.com.br/museu-da-lingua-portuguesa/ . Acesso em: 17 ago. 2021.
Assim, concluímos nossa quarta semana de estudos. Não deixe de ler o material
complementar sugerido e participar do fórum. Se necessário, releia o material.
Objetivos
Nesta semana, vamos estudar os conceitos de linguagem,
língua e comunicação, ou seja, vamos conhecer os
mecanismos que as pessoas dispõem para interagir
socialmente.
5.1 Linguagem
Se você perguntar para uma pessoa o que é texto, possivelmente terá como
resposta que texto é um conjunto de palavras e frases que possuem sentido, não é
verdade? Vimos nas semanas anteriores que esse conceito de texto é ultrapassado, pois
pode envolver outros fatores, como a presença de imagens, sons ou de outros elementos
semióticos. Nessa perspectiva, o texto equivale a algo – seja escrito, falado ou não – cujo
objetivo seja comunicar. Certo, mas o que é comunicação? Antes de responder a essa
pergunta, vamos voltar um pouco atrás. Aliás, muito atrás, na época em que você ainda
não tinha nascido.
Você certamente não se lembra, mas durante a sua gestação, quando você ainda
estava no ventre da sua mãe, você já ouvia histórias. As interações de sua mãe com
outras pessoas, ou mesmo como você, já faziam parte do seu relacionamento com o
mundo. No seu primeiro contato com o mundo, no dia do seu nascimento, você chorou. Os
cientistas dizem que esse choro é motivado pela “dor” causada pelo ar que entre em seus
pulmões, pela primeira vez. Emitir o choro, foi sua forma de dizer “estou vivo, e está
doendo”. Isso vale para todos os bebês. Nesse momento da vida, o bebê ainda não
articula seu pensamento, seu raciocínio, mas conta com o choro como forma de interagir
com o mundo.
O tempo passa, o bebê cresce, e o choro continua sendo seu modo de interagir. Ao
longo do seu desenvolvimento, ele percebe chorar significa “Olha, há algo de errado e
você precisa me ajudar”. Ele chora quando tem fome, quando tem medo, quando se sente
inseguro, e em diversas outras situações. Quem está a seu redor deve perceber esses
sinais, de modo a “atender” à necessidade dessa criança. E assim tem sido, ao longo dos
tempos, até que a criança começa a aprender a falar. O choro dá lugar à articulação dos
primeiros fonemas ou sons, os quais vão se organizar em palavras, em frases e em textos
verbais falados cada vez maiores e mais complexos.
Funciona assim: ao aprender a falar, a pessoa utiliza o ar que vem de dentro dos
pulmões. Esse ar passa pelas cordas vocais, podendo fazê-las vibrar e é articulado em
outras partes da boca. Talvez você não saiba, mas durante sua fala você está fazendo uso
dos seus dentes, dos seus lábios e até mesmo do seu céu da boca. Tudo é acionado para
que os sons sejam produzidos para formar as palavras. A fala faz parte da linguagem, mas
mesmo antes do aprendizado da fala, a linguagem já está sendo usada pelos bebês. Mas,
se a linguagem é fala, mas também não é só fala, o que é a linguagem? Para responder
essa pergunta, vamos observar atentamente esta tirinha:
falados e/ou escritos; b) a linguagem não-verbal, a qual é composta por imagens, gravuras,
desenhos e demais símbolos, e c) a linguagem mista, a qual mescla as duas classes
anteriores. Uma conversa ao telefone seria um exemplo de uso da linguagem verbal. Uma
fotografia exemplifica a linguagem não-verbal. Já a linguagem mista pode ser
exemplificada por uma tirinha ou uma história em quadrinhos. Para aprender mais sobre a
linguagem, a seguir você encontra algumas manifestações de linguagem.
Linguagem do teatro
Observe com atenção esta imagem, para compreender a linguagem do teatro:
A linguagem do teatro está relacionada não apenas aos textos escritos para serem
representados (chamados de textos teatrais do dramáticos), mas também aos diferentes
aspectos da representação de cena, como cenário, iluminação, figurino e até mesmo a
expressão corporal dos atores. Na imagem, vemos um exemplo de pantomima, técnica
teatral que consiste em comunicar, por meio de gestos e/ou expressões faciais,
sentimentos, pensamentos e ideias sem utilizar palavras. Embora a gesticulação e as
expressões faciais sejam primordialmente utilizadas, outros aspectos são relevantes nessa
linguagem, como o local onde se apresenta e as roupas que usam.
No caso da pantomima, predomina o uso da linguagem não-verbal, mas isso não
quer dizer que não haja linguagem do teatro construída com base na linguagem verbal.
Esse tipo está presente nos textos escritos para serem encenados, e na própria
encenação, quando os personagens de uma peça verbalizam as suas falas. No que diz
respeito aos textos escritos para o teatro, o inglês William Shakespeare (1564-1616) é
considerado o maior dramaturgo de todos os tempos. O Brasil também conta com grandes
autores de textos teatrais, como Martins Pena (1815-1848), Nelson Rodrigues (1912-
Linguagem da dança
demanda o conhecimento de técnicas do balé clássico. O funk, o forró, o axé e até mesmo
as danças encontradas nas festas de junho, chamadas de quadrilhas, são exemplos de
manifestação da linguagem de danças motivada por aspectos sociais e culturais.
O norte-americano Fred Astaire (1899-1987) é considerado um dos maiores
dançarinos de todos os tempos. No Brasil, nomes como Ivaldo Bertazzo (1949), Carlinhos
de Jesus (1953) e Ana Botafogo (1957) também figuram entre os maiores dançarinos do
mundo.
Linguagem visual
Você certamente já viu esta imagem em outras ocasiões. Trata-se de uma obra que
explora a linguagem visual.
Linguagem da escrita
Você consegue imaginar alguém escrevendo deste modo, como na imagem? Note
como a linguagem da escrita é curiosa:
5.2 Língua
O termo “língua” costuma ser definido sob três pontos de vista: o técnico-científico, o
sociocultural e o pragmático-discursivo.
TÉCNICO-CIENTÍFICO
De acordo com o professor Marcos Bagno (s/d), pelo ponto de vista técnico-
científico, a língua é considerada um sistema formado por diferentes módulos: o fonético, o
morfossintático e o semântico. O módulo fonético estuda os sons relevantes para a fala.
Por exemplo, a distinção entre as palavras “carro” e “caro” só é possível porque existe a
distinção entre os sons representados por “rr” e “r”. Já o módulo morfossintático estuda as
unidades significativas e seus arranjos em frases e textos. É o que ocorre quando se
observa que da palavra “ferro” podemos derivar as palavras “ferreiro”, “ferrugem”,
“ferradura”, ou ainda quando usamos qualquer uma dessas palavras para formar uma frase
ou um texto. Quanto ao módulo semântico, seu estudo está voltado às relações de
significados e sentidos.
Note como a tirinha explora o aspecto técnico-científico como tema:
SOCIOCULTURAL
Quanto ao ponto de vista sociocultural para a definição do termo “língua”, o
professor Marcos Bagno (s/d) afirma que se trata do aspecto assumido pela maioria das
pessoas, ou seja, “as que não são especializadas nos estudos científicos da linguagem”.
Nessa perspectiva, encontram-se as concepções do senso comum, relacionadas às ideias
sobre a língua, mais ou menos cristalizadas, e que circulam na sociedade e no universo
cultural. Segundo Bagno (s/d), “essa definição de língua é vaga e imprecisa, impregnada
de mitos culturais e preconceitos sociais, decorrentes de longos processos históricos,
específicos a determinado povo, nação ou grupo social”. Um exemplo disso está no
prestígio da gramática normativa como um ideal para “língua correta”. A gramática
normativa normalmente reflete um modelo idealizado de escrita literária, geralmente
obsoleta. Logo, reflete padrões que funcionavam para os usos linguísticos que eram feitos
por grandes escritores, do passado, mas que não corresponde aos usos que são feitos na
nossa sociedade atual (incluindo os grandes escritores da atualidade).
Observe agora como a próxima tirinha explora o aspecto sociocultural como tema:
PRAGMÁTICO-DISCURSIVO
O ponto de vista pragmático-discursivo defende que a língua só existe quando se
observam as interações sociais. Assim, é necessário observar e compreender os
processos que envolvem a produção de sentido, todas as vezes que se fala e/ou se
escreve. Ainda de acordo com Bagno (s/d), por esse ponto de vista a língua é vista como
uso concreto, que se faz cotidianamente e de modo inevitável. Logo, é possível dizer que a
língua se molda de acordo com convenções dos diferentes gêneros que circulam
socialmente.
Assim, a língua é percebida como textos que devem ser observados em função a)
da semântica, que analisa o sentido em cada um dos usos particulares; b) da pragmática,
que investiga as intenções contidas nos usos específicos e c) discursiva, que busca
perceber crenças sociais, valores culturais e ideologias que compõem esses os usos
linguísticos concretos.
Note que o humor desta tirinha ocorre justamente por causa de um uso muito
específico da palavra “parafusos”.
5.3 Comunicação
Assim, concluímos nossa quinta semana de estudos. Não deixe de ler o material
complementar sugerido e participar do fórum. Se necessário, releia o material.
Objetivos
Nesta semana, vamos tratar de variação linguística. Vamos
estudar os conceitos de linguagem coloquial e linguagem
padrão, além dos tipos de variação linguística.
Você já deve ter percebido que quando assistimos a um filme em espanhol temos
alguma dificuldade em compreender o que é dito, a não ser, é claro, que você seja um
estudioso de línguas estrangeiras. Mesmo tendo dificuldades em compreender as falas do
filme, você já deve ter percebido também que é possível compreender muito do que é dito.
O mesmo acontece quando tentamos ler um texto em espanhol. Você sabe por que isso
acontece? Tente ler esta notícia:
Isso quer dizer que essas diferenças lexicais não acontecem apenas na
comparação do português falado no Brasil com o português falado em Portugal ou em
qualquer outro país de Língua Portuguesa. No próprio Brasil, muitos objetos são
denominados de maneira diferente, dependendo da região ou de outros fatores, como
idade do falante ou seu nível de escolaridade. Se você já viajou para outras regiões do
Brasil, certamente já percebeu algumas dessas diferenças. “Aipim”, “mandioca”,
“macaxeira” são alguns exemplos. “Tangerina”, “mexerica” e “bergamota” também.
“Sacolé”, “chup-chup”, “geladinho”; “pão de sal”, “pão francês”, “cacetinho” e muitas outras
possibilidades.
Essas diferenças no português tratadas até aqui estão no nível lexical, mas elas
também podem ser observadas em outros níveis, como o fonológico (sons) e o sintático
(frases). Possivelmente você já foi testemunha dessas outras diferenças. Por exemplo,
quem sai do seu local de origem e viaja para alguma outra região normalmente se depara
com jeitos de falar diferentes do seu, um fenômeno que caracteriza os sotaques, ou seja, a
maneira como as palavras são pronunciadas (nível fonológico). Esta tirinha aborda, com
humor, esse fenômeno:
Saudosa Maloca
(Adoniran Barbosa)
É claro que a palavra “tipo” também pode ser usada em situações formais. O que
define que ela está ou não em uma situação informal de uso é exatamente a análise de
outros elementos, como o contexto, o gênero textual, as características dos personagens
entre outros.
O uso de “gols” como plural de “gol” já está tão naturalizado entre os falantes de
português, que são poucas as pessoas que reconhecem esse uso como um desvio da
norma padrão. Você sabia disso? Para a gramática tradicional, não existe a forma “gols”.
Considerando a norma padrão, o plural de “gol” é “goles” ou “gois”. Estranho, não é? Esse
exemplo comprova que muitos usos até podem não ser previstos na norma padrão, mas
fazem parte da norma culta, são aceitos e utilizados na parcela socialmente culta da
sociedade. Assim, a norma padrão pode ser considerada como sinônimo de norma
gramatical (aquela que se encontra nas gramáticas). A norma padrão, por sua vez, mesmo
se aproximando bastante da norma culta, possui características próprias.
Essa forma de comunicação é típica desse grupo social. É por isso que
reconhecemos a variação diastrática nesse uso. Isso também ocorre com a linguagem
típica de grupos profissionais. Por serem socialmente delimitados, os grupos profissionais
utilizam uma linguagem marcada pela variação social.
Basta observar médicos – ou qualquer outra categoria profissional – conversando
entre si e essas mesmas pessoas conversando com outras, leigas. Você certamente
notará diferenças. Entre os fatores que influenciam nesse tipo de variação linguística
estão: a faixa etária, o grau de escolaridade e até mesmo a sexualidade e a identidade de
gênero.
No que diz respeito à idade dos participantes do processo comunicativo, cada faixa
etária fará escolhas linguísticas diferentes, relacionados com o momento de vida em que
estão. Uma comparação entre as falas de pessoas mais jovens – mesmo as crianças – e
as mais velhas, facilmente se percebe que esses grupos usam palavras mais comuns à
sua geração.
Carlos Drummond Andrade, na crônica “Antigamente” mostra alguma dessas
variações relacionadas à idade. Leia um trecho:
Antigamente
Drummond, em seu texto, usa palavras e expressões que, ainda que possam ser
compreendidas por gerações mais jovens, são usadas por pessoas mais velhas. Não é
que “completar primaveras”, “mimosas”, “prendadas”, “janotas”, “jogar verde para colher
maduro” deixaram de fazer parte do português (como ocorreu com muitas palavras e
expressões). Elas apenas são usadas por uma parcela específica da sociedade. O oposto
também ocorre, com palavras e expressões usadas apenas por gerações mais jovens,
como mostra a tirinha apresentada no início dessa subseção.
A escolaridade também é um fator observado na variação diastrática. Na escola,
aprende-se a usar a língua em diversas situações, entre elas a linguagem formal de acordo
com a “norma padrão” ou “norma culta”. Esta norma está ligada ao conjunto de usos e
linguísticos de prestígio social, e é tão indispensável e importante quanto as demais
variações linguísticas: se em alguns gêneros é possível optar por um vocabulário coloquial,
menos preocupado com as regras gramaticais, em outros, é necessário optar pela
linguagem formal. Textos que deveriam ser produzidos em um padrão formal de
linguagem, mas que não são, marcam a variação diastrática motivada pela baixa
escolaridade.
Neste trecho de uma redação do ENEM é possível identificar marcas dessa
variação:
O texto, embora seja de difícil decodificação, devido à caligrafia (ou falta dela),
permite identificar as variações “precão” (em vez de “pregam”), “acapo” (“acabou”),
“dúvias” (“dúvidas”), “irlegal” (“ilegal”), “fazelidade” (“facilidade”), “avanso” (“avanço”) entre
outras. É sempre importante ter uma atitude respeitosa diante de todos os casos de
variação, mas principalmente desse. Uma pessoa que comete variações porque não teve
escolarização adequada reflete nada menos que um país de grandes desigualdades, no
qual pessoas acessam a uma educação precária e excludente. É triste e não há
absolutamente nada de engraçado em casos como esses.
Ninguém espera que uma pessoa, quando vai à praia ou à piscina, faça isso
vestindo um terno, ou um vestido de baile, não é mesmo? Isso porque a situação não é
adequada para aquela vestimenta. Da mesma forma, não se deve ir a um casamento
usando short e camiseta, simplesmente porque não está de acordo com a ocasião. Com a
língua ocorre algo semelhante: não podemos simplesmente falar (ou escrever) de acordo
com a nossa vontade; pelo contrário, devemos moldar nossas ações de linguagem de
acordo com a situação em que estamos. Esse tipo de variação é chamado de diafásica ou
situacional.
Observe, na tirinha seguinte, como a linguagem usada pelos ratos se altera a partir
do momento em que eles percebem que nenhum irá ceder a goiabada ou o queijo para o
outro:
relacionada com a situação. A linguagem formal durou até os ratinhos perceberem que a
situação mudou: seria necessário brigar pelo queijo e pela goiabada.
Assim, concluímos nossa sexta semana de estudos. Não deixe de ler o material
complementar sugerido e participar do fórum. Se necessário, releia o material.
Objetivos
Nesta semana, vamos tratar de alguns tópicos de norma
culta, especificamente as vozes verbais e um tipo específico
de oração: as subordinadas adjetivas.
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movimento, como escovar, mastigar, escrever, cantar, pular, fritar, molhar, cortar, correr,
sorrir e muitos outros.
O falante do português, possivelmente, reconhece que existe algo em comum entre
esses verbos, ou em grande parte deles. Todos eles, por exemplo, são desencadeados a
partir da vontade de quem executa o conteúdo associado a cada um deles. Mesmo assim,
o falante também reconhece que existem diferenças importantes entre eles: correr exige
muito mais esforço, movimentação, agitação do que o verbo escrever. E o que dizer de
verbos como dormir, repousar e descansar, que também fazem parte da grande categoria
de verbos de ação e não pressupõem nenhuma movimentação? Ou de verbos como
pensar, imaginar e planejar, que também possuem suas diferenças com outros verbos
dessa classe? Como mostram esses exemplos, a classe de verbos de ação é bastante
heterogênea, incluindo verbos que não parecem ser de ação.
As outras duas categorias (estado e fenômeno) possuem uma quantidade menos
expressiva de verbos. Na categoria de verbos de estado, estão os verbos que indicam
situações não dinâmicas. Normalmente ligam uma característica a um sujeito, como:
Alguns autores incluem nessa categoria verbos como amar, achar (no sentido de ter
opinião), sentir, morar, ter, por considerar que exprimem condições circunstanciais, não
dinâmicas e até mesmo passageiras:
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Na frase “Essa chuva não para!”, o verbo é parar. O fenômeno está indicado pelo
substantivo chuva. Em outras palavras, os fenômenos podem estar relacionados com
outras classes de palavras, como os substantivos neve, chuva, geada, vento, trovão entre
outros. Assim, muito mais do que saber se um verbo pertence a essa ou àquela classe, é
mais importante que você tenha um olhar crítico sobre eles. Pensar no conteúdo de cada
verbo, comparar seus significados, analisar os contextos em que foram utilizados é a
melhor maneira de compreender seu funcionamento.
No que diz respeito aos verbos de ação, ainda há uma peculiaridade, as chamadas
vozes verbais. As vozes verbais dizem respeito à condição que o sujeito assume na
oração. Tradicionalmente, o sujeito é compreendido como o elemento que pratica, recebe
ou pratica e recebe a ação verbal. Cada um desses entendimentos corresponde a uma voz
verbal:
VOZ ATIVA
A voz ativa é uma das que mais ocorre na linguagem cotidiana, seja na linguagem
formal ou na informal. Ela é verificada nos casos em que o sujeito pratica a ação expressa
pelo verbo, como em:
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VOZ PASSIVA
A voz passiva é verificada nos casos em que o sujeito recebe a ação desencadeada
pelo verbo. Tradicionalmente, a voz passiva é dividida em dois tipos: a) a voz passiva
sintética e a voz passiva analítica. O primeiro caso, corresponderia a frases como: “Vende-
se essa casa” e o segundo caso, a frases como “Essa casa foi vendida”. A tradição
gramatical vai nos dizer que no primeiro caso, “essa casa” é o sujeito que sofre a ação de
“ser vendida”. No entanto, o falante do português percebe (e existem alguns estudos que
tratam disso, como o de Ali (1908) – veja como é espantoso! Em 1908, já havia estudos de
que na frase “Vende-se essa casa” parece existir um “sujeito no mundo”, alguém que
desempenha a ação de “vender a casa”.
Quanto ao segundo caso, “Essa casa foi vendida”, o sujeito é gramaticalmente
expresso na frase “essa casa” e de fato sofre a ação de “ser vendida”. Ainda de acordo
com a tradição gramatical, as vozes passiva sintética e passiva analítica possuem o
mesmo sentido, mas isso já foi comprovado pelo próprio Ali (1908) que os sentidos são
diferentes. Imagine que uma pessoa esteja andando por uma rua e aviste uma casa. Se na
frente dessa casa houver uma placa com os dizeres: “Vende-se essa casa”, ela certamente
entenderá que a casa está vazia e poderá ser adquirida por alguém que tenha uma
quantidade de dinheiro. Se, no entanto, diante da mesma casa houver uma placa com os
dizeres “Essa casa foi vendida”, o entendimento será exatamente o oposto: a casa em
breve estará ocupada.
Você precisa saber, então, que mesmo a tradição gramatical tentando mostrar que a
voz passiva sintética é equivalente à voz passiva analítica, existem muitas diferenças entre
elas. Além disso, na norma padrão notada hoje no português, é possível identificar casos
muito próximos à voz passiva (o sujeito sofrendo uma ação) sem que ocorram as
estruturas que são tradicionalmente atribuídas à voz passiva. Vamos ver alguns exemplos:
Isso quer dizer que você precisa novamente estar atento a casa situação em
particular. Muitas o mesmo verbo usado em estruturas oracionais muito próximas ou
mesmo idênticas, pode variar quanto à voz verbal assumida. Note:
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No primeiro caso, o arroz passa por um processo. Ele não desencadeia a ação de
cozinhar, mas é resultado dela. Diferente do segundo caso, em que minha mãe claramente
é o agente da ação de cozinhar.
VOZ REFLEXIVA
Os pronomes oblíquos que são empregados nessa voz verbal também são
chamados de pronomes reflexivos. Nas charges a seguir, a voz reflexiva foi empregada
com o pronome “se”, no primeiro caso, e com o pronome “me” no segundo caso.
Texto I Texto II
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E mesmo os casos:
a) O menino molhou com o balde. (O menino pegou o balde e jogou a água em si mesmo)
b) Eu furei com a ponta da tesoura. (Eu fiz um pequeno ferimento em mim mesmo)
c) Carlos queimou na tampa da panela. (Carlos encostou a tampa quente em si mesmo)
Note que o fenômeno é complexo. No exemplo c), a ideia da voz reflexiva só seria
confirmada se a pessoa conhecesse o Felipe e soubesse que ele pegou a tesoura e ele
mesmo usou a tesoura para cortar o seu próprio cabelo. Do contrário, a mesma frase
poderá ser interpretada como voz passiva: “Felipe cortou o cabelo”, ou seja, ele foi até o
barbeiro e ele – o barbeiro – foi quem cortou o cabelo de Felipe.
VOZ RECÍPROCA
A tradição reconhece ainda a existência da voz recíproca, que ocorre nos casos de
sujeito composto (ou sujeito simples no plural). Nesse caso, compreende-se que cada
participante da interação exerce a ação sobre o outro, como:
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Essa definição de “adjetivo” como “qualidade” precisa ser repensada. Uma definição
que ajuda a explicar essa classe está relacionada ao papel que o adjetivo desempenha
sobre os substantivos. Em outras palavras, os adjetivos sempre vão se referir a um
substantivo. Preste atenção nisso, pois reconhecer essa propriedade é essencial para
identificar as orações subordinadas adjetivas. Você deve saber que o substantivo é a
classe de palavras que nomeiam seres, como “cavalo”, “casa”, “funcionário público” entre
outros. Mas vamos pensar no “cavalo”.
Se alguém pedir para um grupo de pessoas imaginar um cavalo, todos irão pensar
em animais com muitas semelhanças, a ponto de serem reconhecidos como cavalo,
correto? Há quem possa pensar em um filhote de cavalo, o outro poderá pensar em um
cavalo marrom, mas todos irão pensar em um animal quadrúpede, mamifero e com outras
características em comum. No entanto, se a esse mesmo grupo for pedido que se imagine
um “cavalo azul”, as imagens mentais mudam. Não pode ser qualquer cavalo: todos
precisam pensar em um cavalo com a cor azul. Isso quer dizer que o sentido que damos a
“cavalo” é diferente do sentido que atribuímos a “cavalo azul”. Em outras palavras, “azul”
está modificando o sentido primário da palavra “cavalo”, ou seja, “azul” é um adjetivo.
Assim, é possível concluir que “casa” é diferente de “casa bonita”, “minha mãe” é
diferente de “minha mãe cheirosa”, “lua” é diferente de “lua brilhante”, “poço” é diferente de
“poço fedido” e assim por diante. Com a oração subordinada adjetiva, o processo de
compreensão é exatamente o mesmo. Voltando ao trecho principal da campanha da
TJDFJ: “Ofender um funcionário público que está exercendo seu trabalho é crime de
desacato”, deve-se concluir que “funcionário público” é diferente de “funcionário público
que está exercendo seu trabalho”.
O trecho que está em itálico tem exatamente a função de modificar o sentido do
substantivo “funcionário público”. Observe que não temos aí um adjetivo, mas uma oração
– porque tem verbo – com a função de adjetivo. Assim, “que está exercendo seu trabalho”
é uma oração adjetiva. Dizemos ainda que essa oração é subordinada. Não é difícil
compreender esse conceito. Basta pensar que ao lermos essa oração “que está exercendo
seu trabalho” não conseguimos compreender satisfatoriamente o seu conteúdo, a não ser
que se faça a correlação adequada com o restante do período. Em outras palavras, para
compreender inteiramente a mensagem uma oração subordinada, é necessário considerá-
la em um contexto maior: o período.
Dessa forma, é possível dizer que:
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Plataforma +IFMG
1. O trecho “Ofender um funcionário público que está exercendo seu trabalho é crime
de desacato” é um período composto, pois é inteligível (possui sentido e mais de um
verbo);
2. A oração “que está exercendo seu trabalho” é subordinada (depende do restante do
período na construção do significado);
3. A oração subordinada é adjetiva (refere-se a um substantivo (funcionário público),
modificando o seu significado).
Mais do que reconhecer a vírgula como elemento que distingue os tipos de oração,
é importante perceber a diferença de sentido. Por qual motivo há restrição e explicação? O
que isso significa em termos práticos? Para compreender essa diferença, você precisa ser
os dois períodos, de preferência em voz alta, marcando com a entonação a ausência da
vírgula em a) e a presença da vírgula em b). Faça isso, prestando atenção no sentido
obtivo. Você deve perceber que, em a), apenas os cachorros que latem alto sentem
saudade dos donos, ou seja, em um conjunto de cachorros, alguns latem alto (um grupo
restrito), e exatamente esse grupo restrito é que sente saudade dos donos. Por outro lado,
a leitura feita em b) deve indicar que os cachorros latem alto, todos eles, e que todos eles
sentem saudade dos donos. Veja outro caso:
Em a), a relação de restrição indica que nem todos os japoneses são trabalhadores,
mas apenas aqueles que acordam cedo. Os que acordam cedo são trabalhadores (relação
de restrição). Há um grupo que não acorda cedo. Esses não são trabalhadores. Já em b),
todos os japoneses são trabalhadores e por isso acordam cedo (relação de explicação)
Veja como essa relação de restrição e de explicação nas orações subordinadas adjetivas é
aplicada em outros textos:
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Plataforma +IFMG
Essa campanha comunitária não afirma que todos os homens têm atitude, mas
apenas aqueles que se cuidam. Note mais uma vez que “que se cuida” é uma oração, pois
tem verbo; é adjetiva, pois modifica o sentido básico do substantivo “homem”; é
subordinada, pois depende do período e é restritiva, pois indica que apenas um grupo de
homens tem atitude, ou seja, os homens que se cuidam. Observe como o sentido é
construído nesta propaganda:
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Plataforma +IFMG
Note que não é qualquer relógio que é especial, mas somente aquele que o
personagem vai desenhar no braço da menina. Novamente, aqui há uma oração
subordinada adjetiva restritiva. O uso das orações subordinadas adjetivas, sejam elas
restritivas ou explicativas, é uma realidade nos diferentes gêneros textuais. Observe
sempre os efeitos de sentido dessas orações, considerando seus contextos de uso.
Assim, concluímos nossa sétima semana de estudos. Não deixe de ler o material
complementar sugerido e participar do fórum. Se necessário, releia o material.
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Semana 8 – Semântica Plataforma +IFMG
Objetivos
Nesta semana, o assunto é Semântica, ou seja,
vamos falar sobre a produção de sentido nos
diversos textos com os quais convivemos.
Falar em semântica não é uma tarefa tão simples. Isso porque, ainda há muito para
se estudar sobre esse assunto tão variado. São muitas teorias que envolvem a Semântica,
mas aqui, vamos tomá-la como o estudo do sentido produzido ou percebido nos diversos
textos com os quais temos contato, quer na função de emissores (locutores/enunciadores)
quer na função de destinatários (alocutário/enunciatário).
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Plataforma +IFMG
Como você observou nas imagens I e II, a maneira como produzimos e como
percebemos os textos que lemos e vemos é influenciada por quem somos e para quem
escrevemos.
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Plataforma +IFMG
Tendo como base a expressão “carta na manga”, NÃO podemos dizer que na frase
e na imagem ela tem o mesmo significado, não é? Isso acontece porque as palavras
podem ter sentidos denotativos ou conotativos. Na frase “João venceu o jogo facilmente,
pois ele tinha uma carta na manga”, o fragmento destacado está sendo empregado em
sentido conotativo ou figurado. Na imagem, porém, o fragmento “carta na manga” está
sendo empregado em seu sentido denotativo ou literal. Realmente, há uma carta na
manga.
Quando vamos produzir ou ler algum texto, devemos observar sobre o uso do
sentido denotativo e conotativo das palavras. Como vimos na Semana 1, nem todos os
gêneros textuais admitem palavras em sentido conotativo, assim como, encontramos mais
palavras em sentido denotativo em determinados gêneros.
Vamos observar alguns gêneros em que aparecem as palavras em sentido
denotativo.
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TEXTO I
TEXTO II
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TEXTO III
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TEXTO IV
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8.3 Polissemia
Até aqui, vimos que a Semântica estuda o sentido das palavras e dos textos que
produzimos e lemos. Também aprendemos que o emissor é aquele que produz o texto,
seja ele verbal ou não-verbal – e que o destinatário é o público-alvo ou aquele para quem
o texto é dirigido. Depois, compreendemos que as palavras podem ter sentido denotativo
(básico, de dicionário) ou conotativo (figurado, moldável conforme o texto e o contexto).
Agora, vamos entender que as palavras também podem ser polissêmicas. A palavra
polissemia vem do grego (poli = muitos + sema = sentido) e indica que uma mesma
palavra (UMA só forma – significante) tem vários sentidos (significados). Nesse caso, para
que saibamos qual é o significado da palavra, precisaremos observar o contexto.
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Plataforma +IFMG
que dizer vagabundo, não é mesmo? A palavra vagabundo tem uma carga semântica
mais complexa. Ela exprime um sentido mais carregado.
Agora observe as próximas frases.
Ex.: Eu estou feliz hoje.
Eu estou alegre hoje.
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(Gregório de Matos)
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Semana 9 – Semântica e Multissemiose Plataforma +IFMG
9.1 Multissemiose
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TEXTO I
TEXTO II
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TEXTO V TEXTO VI
Como você observou, os textos acima variam entre verbais e não-verbais. Eles
podem vir acompanhados de som ou, até mesmo, com todos esses elementos juntos.
Você deve ter notado que é necessário associarmos vários elementos para
compreendermos esses textos. Precisamos observar as imagens, os textos verbais, as
expressões faciais, os gestos, a linguagem (que, por vezes, é o “internetês”), entre outros.
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Esses textos são muito comuns em nossa sociedade e já fazem parte do nosso repertório
cotidiano.
Agora que você já conhece um pouco mais sobre os textos multissemióticos, vamos
aprender um pouco mais sobre alguns efeitos de sentido recorrentes em vários gêneros.
9.2 Ironia
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No exemplo 2, percebemos outro caso de ironia. O juiz toma as palavras ditas pelo
ladrão e as ressignifica. Na verdade, o que ele pretendia dizer era que o ladrão seria preso,
mas o disse de forma irônica. Foi uma forma de debochar do ladrão.
Ex. 3:
Como você observou, a charge acima utiliza a ironia para fazer uma crítica aos
hábitos das famílias modernas. Para compreender esse texto é de fundamental
importância a conexão entre a imagem (texto não-verbal) e o texto verbal. Reflita um
pouco: se a imagem fosse de uma família participando de um almoço, a charge teria outro
sentido, não é? Já não veríamos a ironia. Da mesma forma, se mudássemos o texto verbal
para “odeio esses nossos momentos em família”, teríamos a percepção da crítica ao uso
abusivo da tecnologia pelos membros da família, mas não encontraríamos a ironia.
Portanto, nesse caso, a ironia se apoia, exatamente, no conflito entre a imagem e o
texto verbal. Esses dois textos são antagônicos. O que se diz é o contrário do que se
mostra.
Em nosso último exemplo, o 4, veremos como personagem Helga utiliza a ironia
para censurar a atitude de Hagar, que permanece comodamente sentado enquanto a
esposa faz o trabalho pesado da casa. Obviamente, ao dizer “É isso aí! Fica sentado aí...”,
Helga estava falando exatamente o contrário do que queria. Com isso, ela esperava que o
marido percebesse a ironia presente na declaração e se movimentasse para ajudá-la. Note
que, novamente, precisamos dos textos verbal e não-verbal para que consigamos perceber
a ironia e, principalmente, o humor (falaremos sobre esse tema ainda nessa semana).
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Plataforma +IFMG
Ex.4:
Você já deve ter observado que em alguns textos as palavras nem sempre têm um
único sentido, uma única interpretação. Isso ocorre, muitas vezes, pelo uso intencional de
um recurso expressivo chamado duplo sentido.
O duplo sentido explora as diferentes interpretações e significados das palavras
dentro de algum contexto. O Objetivo, geralmente, é provocar humor, mas também pode
ser empregado para provocar outras impressões: conscientização, crítica, etc.
Alguns linguistas modernos defendem que a ambiguidade também pode ser
considerada como uma forma de duplo sentido quando é utilizada de forma intencional.
Então, para que você não confunda, vamos entender o seguinte: a ambiguidade e o duplo
sentido são muito semelhantes, mas a ambiguidade, quando empregada sem intenção,
pode causar um problema no entendimento da mensagem e não pode aparecer em uma
série de gêneros textuais que exigem clareza e objetividade na transmissão da mensagem.
O duplo sentido, por outro lado, é uma figura de linguagem ou um efeito estilístico
sempre intencional. Vamos a alguns exemplos:
Ex.1:
114
Plataforma +IFMG
Ex.2:
Ao ler os textos acima, você percebe algo de estranho neles? Você conseguiu
compreender claramente as mensagens transmitidas? No caso do exemplo 1, as irmãs
foram encontradas no Lago Paranoá ou elas desapareceram lá e foram encontradas em
outro local? No exemplo 2, que não tem alvará, o município ou o vendedor?
Note que os dois textos acima – o título de uma notícia e uma placa de sinalização
viária – são, predominantemente, informativos, ou seja, o objetivo principal é o de transmitir
uma informação, um conhecimento.
Agora, reflita um pouco. Nesse caso, a dupla interpretação prejudicou o
entendimento dos textos? Se sua resposta foi sim, estamos diante de um caso de
ambiguidade. Agora, observe os exemplos abaixo.
Ex. 3:
115
Plataforma +IFMG
Ex.4:
9.4 Humor
Como você observou nos temas que estudamos nesse tópico, em muitos efeitos de
sentido, como o duplo sentido e a ironia, o objetivo principal é o de provocar humor.
Mas o que é humor afinal?
Segundo o dicionário Houaiss, humor é uma comicidade em geral; graça,
jocosidade; expressão irônica e engenhosamente elaborada da realidade; faculdade de
perceber ou expressar tal comicidade.
116
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Ex.1:
Ex. 2:
117
Plataforma +IFMG
Ex. 3:
118
Semana 10 – Figuras de Linguagem
Você já ouviu falar em figuras de linguagem? Elas são recursos estilísticos muito
importantes em nosso cotidiano, pois elas nos ajudam a dar mais ênfase e expressão ao
que falamos e, ainda, a percebermos de diferentes formas os textos que lemos.
Elas atuam em vários níveis e podemos encontrá-las em diferentes gêneros
textuais. Através delas, obtemos diferentes efeitos de sentido e damos novos significados
às palavras. Nesse âmbito, as palavras são significadas a partir do sentido conotativo ou
figurado.
Podemos dividir as figuras de linguagem em quatro categorias: sonoras, de
palavras, de sintaxe e de pensamento. Há muitas figuras de linguagem diferentes, mas
vamos nos concentrar em cinco delas. Antes, porém, observe o quadro abaixo e conheça o
nome de algumas delas e como estão divididas.
119
Nível de atuação Figura de Linguagem
Aliteração
Sonoro (exploração dos Assonância
sons para produzir efeitos Onomatopeia
de sentido) Paronomásia
Antonomásia
Catacrese
Palavra (emprego das Comparação
palavras em contexto Metáfora
diferente do esperado) Metonímia
Sinédoque
Sinestesia
Anacoluto
Anáfora
Sintaxe ou Construção Elipse
(alteração intencional das Hipérbato
estruturas sintáticas) Polissíndeto
Pleonasmo
Antítese
Apóstrofe
Eufemismo
Pensamento Gradação
(manipulação semântica) Hipérbole
Paradoxo
Prosopopeia
Quadro 1: Figuras de linguagem
Fonte: autoral
Como dito acima, por agora, vamos nos dedicar ao estudo de cinco figuras de
linguagem: Metáfora, Metonímia, Comparação, Pleonasmo e Eufemismo.
10.2 Metáfora
A metáfora ocorre quando um termo é usado para substituir outro, considerando que
haja uma relação de semelhança entre os termos. É uma espécie de comparação leve,
mas sem o uso de conectivos. Observe:
120
Figura 76: Tirinha Fernando Gonsales
Fonte: https://centrodemidias.am.gov.br/storage/lessons_content/19F9LIP019P2.pdf. Acesso em: 24 mar.
2021.
10.3 Metonímia
121
Figura 77: Durex Figura 78: Pedido de casamento
Fonte: https://www.topimagens.com.br/ Fonte: https://comunidade.casamentos.com.br/
engracadas/15550-amor-da-minha-vida.html forum/quero-pedir-a-tua-mao-em-casamento--t67178
Acesso em: 24 mar. 2021. Acesso em: 24 mar. 2021.
10.5 Pleonasmo
122
O pleonasmo ocorre quando repetimos desnecessariamente um termo ou seu
significado.
Ex.: Eu vou subir para cima.
Vamos descer para baixo?
Menino, entrar pra dentro.
Cachorro, sair pra fora agora.
10.6 Eufemismo
b)
123
Figura 82: Charge Fofoqueira
Fonte: https://www.facebook.com/afofoqueiradetere/
124
Atividade Final: Para concluir o curso e gerar o
seu certificado, vá até a sala virtual e responda
ao Questionário “Avaliação geral”.
Este teste é constituído por 10 perguntas de
múltipla escolha, que se baseiam em todo o
material.
Assim, leia com atenção nosso material, assista
os vídeos e se atente para as sugestões de
leitura e, somente após isso, faça essa atividade.
125
Instituto Federal de Minas Gerais
Pró-Reitoria de Extensão
126
Referências
ABURRE, Maria Luiza M. at al. Português, Interlocução e Sentido. Volume 1. São Paulo,
Moderna, 2016.
BAGNO, Marcos. Língua. In. CEALE. Termos de alfabetização, leitura e escrita para
educadores. Disponível em:
http://www.ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/lingua. Acesso em:
05/04/2021.
BORBA, Francisco. Dicionário gramatical de verbos do português contemporâneo.
São Paulo: Editora da Unesp, 1990.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: Educação Infantil e Ensino Fundamental.
Brasília: MEC/Secretaria de Educação Básica, 2017.
FÁVERO, Leonor Lopes. Coerência e coesão textuais. São Paulo, Ática, 2002.
FIORIN, José Luiz; SAVIOLI, Francisco Platão. Para entender o texto: leitura e redação.
16. ed. São Paulo Ática, 2009.
KOCH, Ingedore Vilaça e ELIAS, Vanda Maria. Ler e compreender: os sentidos do texto.
São Paulo: Contexto, 2006.
KOCH, I. V. Desvendando os segredos do texto. São Paulo, Cortez, 2002.
INEP. Material de Leitura: Módulo 2 – Situações que levam à nota zero. Disponível em:
https://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/downloads/2020/Situacoes_nota_zero
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MACHADO, A. R.; BEZERRA, M. A. (Orgs.). Gêneros textuais & ensino. Rio de Janeiro:
Lucerna, 2002, p. 19-36.
MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais e ensino. Rio de Janeiro, Lucerna, 2008.
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS. Currículo Referência
de Minas Gerais. Belo Horizonte: SEE MG, 2019. Disponível em:
https://curriculoreferencia.educacao.mg.gov.br/. Acesso em: 18/12/2020.
SAID ALI, Manuel. (1908) Dificuldades da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Francisco
Alves Editores, 1930.
SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. 6. Ed. Porto Alegre: Artmed, 1998.
SOARES, M. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 1998.
127
Instituto Federal de Minas Gerais
Pró-Reitoria de Extensão
128
Currículos dos autores
129
Viviane Lima Martins é Doutora em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo, com a titulação de Mestre pela mesma
instituição. Graduada em Letras pela Universidade de São Paulo, e especialista em
Língua Portuguesa pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, e em
Língua Inglesa pela Loyola University Chicago, possui, também, segunda
licenciatura em Pedagogia pela FAPAN - Paraná, e especializações em Gestão
Escolar e em Tecnologias Digitais e Inovação em Educação, ambas pela
UNICSUL, Especialização em Educação Inclusiva e AEE, pela Faculdade São Luis
de Jabuticabal, além de aperfeiçoamento em Docência na Educação a Distância -
Aprendizagem Baseada em Problemas / Projetos, pela Universidade Virtual do
Estado de São Paulo - UNIVESP. Com experiência, tanto em cursos presenciais quanto em Educação a
Distância (EaD), nas áreas de Letras, Linguística e Educação, atua principalmente nos segmentos de
Língua Portuguesa e Língua Inglesa, Comunicação e Semiótica, Educação e Projetos (a partir de
Metodologias Ativas, como PBL e Design Thinking) e Formação Docente. Possui experiência nas
disciplinas de Escrita Acadêmica e Metodologia Científica, Linguística Aplicada e Análise do Discurso,
Mídia e Educação, Ensino de Língua e Literatura (Brasileira, Portuguesa, Inglesa e Norte-Americana),
Orientação de TCC, Linguagens e Mediações Tecnológicas (TIC), Análise das Mídias, Semiótica e
Teorias da Comunicação. Atualmente é professora efetiva de Língua Portuguesa e Língua Inglesa EBTT
no Instituto Federal de Ciência e Tecnologia de Minas Gerais, no campus Arcos.
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Glossário de códigos QR (Quick Response)
Dica do professor
Comédias para se ler Mídia digital
na escola Videoaula sobre
(download), de Luiz Texto e Textualidade
Fernando Veríssimo.
131
Mídia digital Mídia digital
“Capela Sistina” A história da escrita
Mídia digital
Documentário do Mídia digital
professor Leandro Videoaula sobre
Karnal sobre história Variação Linguística
das Fake News.
132
Mídia digital Mídia digital
Videoaula sobre Videoaula sobre
Multissemiose Figuras de
Linguagem
Dica do professor
A importância das
Figuras de
Linguagem, de Ayeda
Sanches
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Instituto Federal de Minas Gerais
Pró-Reitoria de Extensão
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Plataforma +IFMG
Formação Inicial e Continuada EaD