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Pré-IFMG

LÍNGUA PORTUGUESA

Bruno de Assis Freire de Lima


Débora Marques Ferreira Araújo
Viviane Lima Martins

Viviane Lima Martins (org.)

Formação Inicial e
Continuada

+ IFMG
Bruno de Assis Freire de Lima
Débora Marques Ferreira Araújo
Viviane Lima Martins

Viviane Lima Martins (Org.)

Pré-IFMG: Língua Portuguesa


1ª Edição

Belo Horizonte
Instituto Federal de Minas Gerais
2021

© 2021 by Instituto Federal de Minas Gerais


Todos os direitos autorais reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser
reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico
ou mecânico. Incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de
armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização por escrito do
Instituto Federal de Minas Gerais.

Pró-reitor de Extensão Carlos Bernardes Rosa Júnior


Diretor de Programas de Extensão Niltom Vieira Junior
Coordenação do curso Bruno de Assis Freire de Lima, Débora Marques
Ferreira Araújo e Viviane Lima Martins
Arte gráfica Ângela Bacon
Diagramação Eduardo dos Santos Oliveira

FICHA CATALOGRÁFICA
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

M298p Martins, Viviane Lima.


Pré- IFMG Língua Portuguesa [recurso eletrônico] / Bruno
de Assis Freire de Lima...[et al]. – Belo Horizonte : Instituto
Federal de Minas Gerais, 2021.
145p. : il. color.

E-book, no formato PDF.


Material didático para Formação Inicial e Continuada.
ISBN 978-65-5876-077-1

1. Gêneros textuais. 2. Coesão. 3.Línguagem. 4.


Semântica. I. Título.

CDD 410
Catalogação: Rejane Valéria Santos- CRB-6/2907

Índice para catálogo sistemático


Linguística -410

2021
Direitos exclusivos cedidos ao
Instituto Federal de Minas Gerais
Avenida Mário Werneck, 2590,
CEP: 30575-180, Buritis, Belo Horizonte – MG,
Telefone: (31) 2513-5157
Sobre o material

Este curso é autoexplicativo e não possui tutoria. O material didático,


incluindo suas videoaulas, foi projetado para que você consiga evoluir de
forma autônoma e suficiente.
Caso opte por imprimir este e-book, você não perderá a possiblidade
de acessar os materiais multimídia e complementares. Os links podem ser
acessados usando o seu celular, por meio do glossário de Códigos QR
disponível no fim deste livro.
Embora o material passe por revisão, somos gratos em receber suas
sugestões para possíveis correções (erros ortográficos, conceituais, links
inativos etc.). A sua participação é muito importante para a nossa constante
melhoria. Acesse, a qualquer momento, o Formulário “Sugestões para
Correção do Material Didático” clicando nesse link ou acessando o QR Code
a seguir:

Formulário de
Sugestões

Para saber mais sobre a Plataforma +IFMG acesse

http://mais.ifmg.edu.br
Palavra dos autores

Caro aluno, seja bem-vindo ao curso Pré-IFMG Língua Portuguesa!

Na elaboração deste material, trabalhamos com a dedicação que se


concede a tarefas relevantes. Foi um trabalho extremamente prazeroso, pois
nos uniu, em objetivo comum: levar até você um curso que o prepare para
ingressar em um de nossos campi.

O curso tem como objetivo proporcionar a você um mergulho não apenas


na nossa língua materna, como também a outras manifestações da
linguagem. Esperamos que essa seja uma experiência empolgante e
diferente, que proporcione contato com textos que circulam em nossas redes
sociais, jornais, revistas e mídias diversas, preparando você também para a
vida em diversos contextos sociais.

Assim, neste material você vai conhecer e recordar conteúdos


importantes para o aperfeiçoamento de sua competência linguística. Esses
tópicos foram selecionados para que tivessem uma dupla função: auxiliar
você tanto na preparação para o ingresso no IFMG quanto em sua
comunicação cotidiana.

O curso é composto por dez semanas de estudos. Em cada uma dessas


semanas foram abordados os assuntos mais relevantes da matriz curricular
de Língua Portuguesa, em linguagem acessível, mas sem perda de
profundidade, os elementos essenciais da teoria, reforçados por exemplos e
atividades de fixação.

Desejamos que o uso deste material seja proveitoso.

Bons estudos!
Os autores.
Apresentação do curso

Este curso está dividido em doze semanas, cujos objetivos de cada uma são
apresentados, sucintamente, a seguir.

Nesta primeira semana apresentaremos o conceito de


gêneros textuais e sua importância nos estudos de
SEMANA 1
linguagem. Você também conhecerá alguns dos gêneros
textuais mais comuns.

Nesta semana trabalharemos a definição de texto e de


SEMANA 2 textualidade, além de algumas pistas para trabalhar a
interpretação textual.

Nesta semana conheceremos um pouco mais sobre os


SEMANA 3
pilares do texto: a coesão e a coerência textuais.

Nesta semana o assunto é intertextualidade, ou seja, as


SEMANA 4 relações que alguns textos têm com outros, ainda que de
naturezas diversas.

Nesta semana, o enfoque está na distinção entre os


conceitos de língua e linguagem, bastante necessários
SEMANA 5 para compreender o dinamismo da comunicação cotidiana.
Vamos abordar também a diferença entre a norma culta e a
norma padrão.
Nesta semana, serão discutidos alguns aspectos
relacionados à variação linguística, linguagem coloquial e
SEMANA 6
língua padrão, ou seja, trataremos da diversidade da
linguagem.
Nesta semana, vamos estudar dois tópicos para análise
linguística: as vozes verbais e as orações subordinadas
SEMANA 7 adjetivas. Esses são recursos muito utilizados na
comunicação cotidiana, por isso devemos dominar esses
assuntos.
Nesta semana, o assunto é semântica, ou seja, vamos falar
SEMANA 8 sobre a produção de sentido nos diversos textos com os
quais convivemos.

Nesta semana, vamos continuar com tópico semântica,


porém, vamos trabalhar com textos multissemióticos, ou
SEMANA 9
seja, textos que mesclam informações verbais, não-
verbais, gestos, entonação, entre outros.

Nesta semana, vamos aprender sobre algumas figuras de


SEMANA 10
linguagem.

Carga horária: 72 horas.


Estudo proposto: 7h 12min por semana.
Apresentação dos Ícones

Os ícones são elementos gráficos para facilitar os estudos, fique atento


quando eles aparecem no texto. Veja aqui o seu significado:

Atenção: indica pontos de maior importância


no texto.

Dica do professor: novas informações ou


curiosidades relacionadas ao tema em estudo.

Atividade: sugestão de tarefas e atividades


para o desenvolvimento da aprendizagem.

Mídia digital: sugestão de recursos


audiovisuais para enriquecer a aprendizagem.
Sumário

Carga horária: 72 horas.


Estudo proposto: 7h 12min por semana.
Semana 1 – Os gêneros textuais .................................................................. 15
1.1. É tudo uma questão de gênero .......................................................... 15
1.2. Alguns gêneros mais comuns ............................................................ 18
1.2.1 Escritos .............................................................................................. 18
Semana 2 – Texto e Textualidade ................................................................. 21
2.1 Texto e Textualidade .......................................................................... 21
2.2 Tipologia Textual ................................................................................ 23
2.2.1 Texto Temático e Texto Figurativo ...................................................... 24
Semana 3 – Coesão e Coerência Textuais ................................................... 33
3.1 A Coesão Textual ............................................................................... 33
3.2 A Coerência Textual ........................................................................... 39
Semana 4 – Intertextualidade ........................................................................ 43
4.1 Textos dentro de textos ...................................................................... 43
Semana 5 – Linguagem, Língua e Comunicação .......................................... 55
5.1 Linguagem ........................................................................................... 55
5.2 Língua ................................................................................................. 62
5.3 Comunicação ....................................................................................... 66
Semana 6 – Variação linguística ................................................................... 71
6.1 Variação e mudança linguística ............................................................. 71
6.2 Linguagem informal e Linguagem formal ................................................ 76
6.3 Norma culta e norma padrão ................................................................ 77
6.4 Tipos de variação linguística .................................................................. 78
Semana 7 – Tópicos de norma culta ............................................................. 85
7.1 As vozes verbais ................................................................................ 85
7.2 As orações subordinadas adjetivas .................................................... 91
Semana 8 – Semântica ................................................................................. 97
8.1 Emissor e Destinatário ....................................................................... 97
8.2 Sentido Conotativo e Denotativo ............................................................. 99
8.3 Polissemia ............................................................................................. 104
8.4 Sinonímia e antonímia...................................................................... 105
Semana 9 – Semântica e Multissemiose ..................................................... 109
9.1 Multissemiose .................................................................................. 109
9.2 Ironia ................................................................................................ 112
9.3 Duplo sentido ................................................................................... 114
9.4 Humor .............................................................................................. 116
Semana 10 – Figuras de Linguagem ........................................................... 119
10.1 O que são as figuras de linguagem? ................................................ 119
10.2 Metáfora ........................................................................................... 120
10.3 Metonímia ........................................................................................ 121
10.4 Comparação ou Símile ..................................................................... 122
10.5 Pleonasmo ....................................................................................... 122
10.6 Eufemismo ....................................................................................... 123
Referências ................................................................................................. 127
Currículos dos autores ................................................................................ 129
Glossário de códigos QR (Quick Response) ............................................... 131
Semana 1 – Os gêneros textuais Plataforma +IFMG

Objetivos
Nesta primeira semana apresentaremos o conceito de
gêneros textuais e discursivos e sua importância nos estudos
de linguagem. Você também conhecerá alguns dos gêneros
textuais mais comuns.

Mídia digital: Antes de iniciar os estudos, vá até a sala


virtual e assista ao vídeo “Apresentação do curso”.

1.1. É tudo uma questão de gênero

Figura 1: Menu de um restaurante no Havai, EUA.


Fonte: http://www.chickenfactoryhawaii.com/menu/0005.jpg (Acesso em: 17 ago. 2021).

Em uma primeira olhada, você consegue entender o que a imagem acima


representa e nos comunica?

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Plataforma +IFMG

Se sua resposta foi, sim, isso seu deve ao seu conhecimento implícito sobre
gêneros textuais. Ainda que não saiba ler japonês ou inglês, você pôde perceber que se
trata de um cardápio de restaurante, haja vista que há imagens de pratos prontos, valores
representando o preço, disposição em forma de lista, separada por “categorias”, elementos
comuns a maioria dos cardápios que você já deve ter visto. Da forma como está
constituído, o cardápio acima cumpre sua função social.
Assim, as diferentes formas de linguagem nas diversas relações humanas
caracterizam o que chamamos de gêneros textuais, ou seja, textos que possuem
características em comum para cumprir suas funções sociais.
Como bem coloca o professor Luiz Antônio Marcuschi ,

Fruto de trabalho coletivo, os gêneros contribuem para ordenar e estabilizar as


atividades comunicativas do dia a dia. São entidades sociodiscursivas e formas de
ação social incontornáveis em qualquer situação comunicativa. [...] Caracterizam-se
como eventos textuais altamente maleáveis, dinâmicos e plásticos. Surgem
emparelhados a necessidades e atividades socioculturais, bem como na relação
com inovações tecnológicas, o que é facilmente perceptível ao se considerar a
quantidade de gêneros textuais hoje existentes em relação a sociedades anteriores
à comunicação escrita. (MARCUSCHI, 2008, p. 10)

Em outras palavras, o professor nos mostra que, diante das mudanças sociais,
novas necessidades, em relação à forma de nos comunicarmos e interagirmos,
impulsionaram o aparecimento de muitos gêneros diferentes, e esse é um processo
contínuo.
Agora que você começou a conhecer o que são gêneros textuais, pode ser que se
questione sobre os textos que lê e produz, como as histórias que narra, as redações que
escreve etc. Seriam estas produções algum tipo de gênero? A resposta é sim e não.
Evidentemente tudo que você produz pode ser classificado de acordo com um determinado
gênero, porém, em Língua Portuguesa, há uma esfera que antecede a classificação dos
gêneros textuais, chamada de tipos textuais.
Formando um grupo bem menor, os tipos textuais apresentam propriedades
linguísticas intrínsecas, como o vocabulário, relações lógicas, tempos verbais, construções
frasais e outras características que os definem.
Desde muito cedo, na escola, temos contato com esses tipos e você logo os
reconhecerá. São cinco: Descrição, Narração, Dissertação, Injunção e Exposição.

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Plataforma +IFMG

Narração
Relata algo
Predominam verbos de ação
Cronologia dos fatos
Personagens, enredo
Tempo, Espaço

Exposição Descrição
Discute, explica algo Descreve algo
Conceitua, define, explica Predominímio de adjetivos
Texto estático
algo
Tipos Verbos de ligação

Textuais

Injunção Dissertação
Ensina algo, instrui Argumenta sobre algo
Uso de verbos imperativos Posicionamento de ideias
Persuasão do leitor

Figura 2: Tipos textuais


Fonte: autoral

Assim, classificação segundo a relação entre a função do texto na sociedade e as


características interna desse texto, os gêneros textuais são uma infinidade, derivados dos
tipos textuais que acabamos de relembrar.
Há inúmeros exemplos de gênero textual: bula de remédio, lista telefônica, bilhete,
carta pessoal, carta comercial, telefonema, notícia, e-mail, cardápio, chat, instruções
técnicas, outdoor, reportagem, aula, reunião, inquérito, boletim de ocorrência, resenha,
aula virtual, resumo, biografia, relatório, edital de concurso, piada, charge, conversação
comum, conferência, sermão, romance, horóscopo, receita culinária, etc.
Observe, como exemplo, as possibilidades de tipos textuais que podem estar
presentes em alguns gêneros bem comuns:

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Plataforma +IFMG

Gêneros textuais Tipologia textuais

Conto Narrativo, Descritivo

Receita Culinária Injuntivo, Descritivo, Expositivo

Entrevista Narrativo, Dissertativo, Expositivo

Bula de remédio Injuntivo, Descritivo

Reportagem Narrativo, Descritivo, Dissertativo

Quadro 1: Gêneros e Tipos textuais


Fonte: autoral

Mídia digital: Para ampliar seus conhecimentos, vá até


a sala virtual e assista à videoaula sobre Gêneros
Textuais.

1.2. Alguns gêneros mais comuns

1.2.1 Escritos

São classificados como gêneros escritos aquelas produções que se utilizam da


palavra grafada, ou seja, os textos escritos, das mais diversas naturezas, que circulam em
livros, jornais e outros suportes.
Alguns gêneros escritos mais comuns, são:

Romances, Contos, Novelas, Crônicas, Fábulas, Artigos de opinião, Manifestos, Editorial,


Cartas, Diários, Relatório, Classificados de jornais, Cardápios de lanchonetes e
restaurantes, Reportagens, Resumos, Artigo científico, Receitas, Bula de Remédio,
Manuais de instruções.

Com o advento da internet, muitos gêneros que antes estavam em material físico,
de papel, ganharam um novo meio, o digital, mas mantiveram a mesma forma escrita que
já tinham.

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Plataforma +IFMG

Dica do professor: Leia algumas crônicas do livro


Comédias para se ler na escola (download), de Luiz
Fernando Veríssimo. Além de se divertir e ampliar seu
vocabulário, também terá contato com o gênero
crônica, tão usado em provas vestibulares.

1.2.2 Orais

De maneira bem simplificada, os gêneros orais são aqueles que se manifestam


através da fala, da oralidade, ou seja, da língua oral.

Dentro os incontáveis, que vão desde uma simples conversa, até os gêneros
orais formais públicos percebemos que todos apresentam sempre uma natureza
multissemiótica, isto é, unem texto verbal, prosódia, modulação da voz, gestualidade,
movimentação corporal, expressões faciais etc.

Os gêneros orais formais públicos, tais como a palestra apresentam muitos


formatos, ou seja, são variáveis, de acordo com sua esfera de circulação, por
exemplo, mesmo uma palestra, que é um gênero oral formal público, pode apresentar
uma linguagem informal, dependendo do público para o qual está direcionada.

Entretanto, embora tenhamos muitos gêneros orais que se articulam de maneira


espontânea, uma palestra, um debate são gêneros orais formais públicos porque
serem previamente planejados, pensados, sendo que cada um dos recursos que os
compõem e que parecem ser tão naturais e espontâneos resultam, na verdade, de um
trabalho sobre as diferentes linguagens para um fim específico.
Os gêneros orais realizados em público mais comuns são: conto oral, palestra,
debate, quadros (radiofônicos ou televisivos) etc. Eles são diferentes linguística e
discursivamente e seus graus de formalidade dependem do lugar social de
comunicação no interior dos quais os gêneros se realizam (rádio, televisão, igreja,
escola, universidade, administração etc.).

1.2.3 Digitais

Gêneros digitais é o nome dado a uma nova modalidade de gêneros textuais, que
surgiu com a era da Internet, o que viabilizou a criação de novos espaços para a escrita.
Esses gêneros, que ganharam destaque a partir dos anos 90, são derivados de
outros gêneros escritos e orais já existentes, o que evidencia a natureza evolutiva e infinita
dos gêneros textuais. Entretanto, eles foram configurados para um discurso eletrônico e,
desta forma, apresentam características particulares e próprias presentes na mídia virtual.

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Plataforma +IFMG

Alguns dos mais comuns são: e-mails, chats, blogs que, embora possuam estreita
relação com gêneros textuais já existentes em outros ambientes, como e-mail/carta,
blog/diário, chat/conversa, estão dispostos em meio eletrônico e, portanto, apresentam
características próprias presentes nesses ambientes, como o uso de várias linguagens, por
exemplo.

Figura 3: Conversa no WhatApp


Fonte: autoral

Observando o exemplo acima, retirado de uma conversa simples no aplicativo


WhatsApp, que é um chat, notamos a presença de uma linguagem híbrida, que mistura
palavras com emojis (pequenas figuras que representam palavras).

Resumindo, após conhecer alguns dos principais gêneros textuais hoje em


circulação, seja ele escrito, oral ou digital, você pode perceber que são elementos que
realmente fazem parte de nossas vidas, que possuem linguagens variadas, dependendo
da situação, e que se misturam entre si, podendo conter traços de um em outro e vice-
versa.

Atividade: Para concluir a primeira semana de estudos,


vá até a sala virtual e faça as atividades do questionário
“Semana 1”, sobre gêneros textuais.

Assim, concluímos nossa Semana 1 de estudos. Não deixe de assistir à


videoaula, fazer as atividades e, se necessário, releia o material da semana. Até a
próxima semana e bons estudos!

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Semana 2 – Texto e Textualidade Plataforma +IFMG

Objetivos
Nesta semana trabalharemos a definição de texto e de
textualidade, além de algumas pistas para trabalhar a
interpretação textual.

Mídia digital: Vá até a sala virtual e assista à videoaula


“Texto e Textualidade” para conhecer o tópico da
semana.

2.1 Texto e Textualidade

Figura 4: Textus
Fonte: https://zellacoracao.files.wordpress.com/2009/06/words.jpg. Acesso em: 25 maio 2021.

A palavra texto, do latim textere (construir, tecer), cujo particípio passado textus
também era usado como substantivo, e significava 'maneira de tecer', ou 'coisa tecida', e
ainda mais tarde, 'estrutura'. Foi só lá pelo século 14 que a evolução semântica da palavra
atingiu o sentido de "tecelagem ou estruturação de palavras", ou 'composição literária‘.
Hoje, define-se bem texto como uma unidade de sentido, seja verbal ou não-verbal,
isso é, composto de palavras ou apenas composto de imagens, sons, gestos, podendo
ainda ser híbrido, tendo de os dois tipos de linguagem.

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Plataforma +IFMG

A textualidade é definida como o conjunto de características capaz de garantir que


algo seja percebido como texto.
Assim, ao contrário do que muitos possam pensar, um texto não é um amontoado
de palavras, dispostas lado a lado, sem conexões. Pelo contrário: em um texto, o
significado de uma parte não é autônomo, mas depende das outras com que se relaciona.
Além disso, o significado global de um texto não é o resultado de mera soma de suas
partes, mas de uma certa combinação geradora de sentidos.
Em síntese, conforme Platão (2006, p. 12) “em um texto o sentido de cada parte é
definido pela relação que mantém com as demais constituintes do todo; o sentido do todo
não é mera soma das partes, mas é dado pelas múltiplas relações que se estabelecem
entre elas”. Assim, um texto não é uma unidade construída por uma soma de sentenças,
mas pelo encadeamento semântico delas, criando, assim, uma trama semântica a que
damos o nome de textualidade.
Interpretar um texto não é simplesmente saber o que se passa na cabeça do autor o
momento em que ele escreve seu texto. É antes inferir. Se eu disser: “Levei minha filha
caçula ao parque”, pode-se inferir que tenho mais de uma filha. Ou seja, inferir é retirar
informações implícitas e explícitas do texto.
Porém, há de se tomar cuidado, entretanto, como o que chamamos de
“conhecimento de mundo”, que nada mais é do que aquilo que todos carregamos conosco,
fruto do que aprendemos na escola, com os amigos, vendo televisão, enfim, vivendo.
Para compreender melhor a articulação dos elementos de textualidade, é
necessário conhecer a estrutura textual e por quais processos se passa um texto até seu
formato final. Em linguística, tudo o que dizemos ou escrevemos em uma situação
comunicativa é chamado de enunciado. Na fala, os enunciados são delimitados pela
entonação e, na escrita, pela pontuação. Assim, podemos identificar três tipos de
enunciados: a frase, a oração e o período.

Figura 5: Estrutura do Texto


Fonte: autoral

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Plataforma +IFMG

Assim que os períodos são estruturados, passam a ser construídos e organizados


os parágrafos, os quais, diferente do período, não são uma organização essencialmente
sintática, mas possuem, também uma função estética e estrutural.
O parágrafo é identificado no texto pelo seu início afastado da margem do papel, o
que facilita tanto ao escritor como ao leitor, percebê-lo de forma isolada para que de modo
analítico, capte as ideias principais do texto e posteriormente, sintetizá-las compreendendo
então o texto num todo.
Ele avisa o leitor de que está começando outro bloco de ideias, relacionado com o
anterior e o posterior, se houver. Assim, o parágrafo é um recurso visual, muito necessário
na hora de redigir, organizando o texto em uma linguagem comum a nós e ao nosso leitor.
Diante de tudo que foi visto, podemos concluir que um texto, para ser um texto, não
depende de tamanho, só depende de como os seus produtores o delimita para que
possam exercer as funções que lhe são atribuídas.
Além disso, os textos são objetos que podem ser recortados/decompostos e
recontextualizados/recompostos em outros contextos, o que nos mostra, mais uma vez,
que seus limites são extremamente flexíveis e maleáveis. Nos apronfundaremos mais
nessa questão na Semana 5, quando falaremos das relações intertextuais.

2.2 Tipologia Textual

Conforme abordamos na Semana 1, os tipos textuais são enunciados que se


organizam e se agrupam de acordo com a finalidade da comunicação. Para recordar, em
Língua Portuguesa temos cinco tipos textuais, os quais apresentam características
próprias, são eles:

Figura 6: Tipos Textuais Síntese


Fonte: autoral.

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Plataforma +IFMG

Para que você conheça um pouco mais sobre a tipologia textual, separamos dois
tipos dos mais comuns: o Texto Dissertativo e o Texto Narrativo, também chamados de
Textos Temático e Texto Figurativo, justamente por possuírem características bem
distintas. Vamos conhecê-los um pouco mais?

2.2.1 Texto Temático e Texto Figurativo

Os textos dissertativos são também chamados de textos temáticos, considerando-se


como temas palavras de natureza abstrata, conceitos que não representam elementos do
mundo natural. Tais palavras abstratas servem para traduzir interpretações sobre
acontecimentos ou para organizar genericamente um conjunto de dados particulares.
Exemplos disso são palavras como: energia, inflação, poder, progresso, evolução,
privacidade, retrocesso, descontentamento, situação, etc. É claro que um texto temático
(ou dissertativo) não pode ser constituído exclusivamente de palavras abstratas, mas elas
são predominantes.
Em síntese, o texto dissertativo ou temático é aquele em que o autor manifesta suas
concepções de maneira direta, dizendo, predominantemente por meio de conceitos
abstratos, a sua opinião sobre qualquer questão posta em debate. Esse tipo de texto
contém interpretações genéricas sobre dados concretos da realidade.
Em contraposição, temos o texto narrativo, em que o autor escolhe outro caminho
para manifestar suas opiniões. Ele usa palavras concretas, que remetem a elementos do
mundo natural, e constrói com elas um simulacro (uma representação simulada) do
universo natural. Cria um mundo do “faz de conta”, inventa uma história (“Era uma vez”).
Por meio desse espetáculo montado é que o autor do texto narrativo manifesta suas
opiniões sobre as questões postas em debate ao seu redor. Se quer, por exemplo,
ridicularizar a monarquia, o narrador constrói um espetáculo com a figura de um rei
caricato, injusto, indolente. Se quer elogiar o regime monárquico, constrói um espetáculo
em que o rei assume a figura de um homem justo, forte, generoso, humano, preocupado
com seu povo. Como o texto narrativo opera com figuras concretas, ele costuma também
ser chamado de texto figurativo por contraste com o texto temático, que opera com
conceitos abstratos.
É importante ressaltar que tanto o texto temático quanto o figurativo contêm
opiniões dos autores que os escreveram: o modo de opinar é que se faz de maneira
diferente, como mostram os exemplos a seguir:

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Proposta de tema: A transitoriedade das coisas.


Trecho temático:
“A eternidade dos bens materiais é uma ilusão: tudo o que é matéria se dissolve no
tempo. A vida, a beleza, a alegria, tudo se dissolve na brevidade do tempo”.
Como se pode notar, o autor diz sua opinião de maneira direta, operando
basicamente com conceitos abstratos: eternidade, ilusão, tempo, vida, beleza, alegria.
A mesma opinião poderia ser dada por meio de um texto figurativo. Bastaria criar
um simulacro do mundo, onde as coisas todas perecem, chegam ao fim.

Trecho figurativo:
“Nasce o Sol e não dura mais que um dia, Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura, Em contínuas tristezas, a alegria”. (Gregório
de Matos)
Como se vê, monta-se um espetáculo para demonstrar que as coisas concretas
como o Sol e a Luz são efêmeras, breves, para passar o tema do caráter finito das coisas
do mundo.

Atenção: Para detectar o tema central de um


texto temático é preciso percorrer o texto todo e
tentar encontrar uma ideia genérica disseminada
através dos temas parciais.

2.3 A natureza multissemiótica do texto

Por multissemiose entende-se as várias formas de significação de um elemento. Um


texto permite múltiplas linguagens e, consequentemente, múltiplas interpretações, por isso
possui uma natureza multissemiótica,
Ao considerarmos que os textos podem se apresentar de maneira temática ou
figurativa, nos cabe, agora, entender que também o modo como se apresentam e o
suporte em que estão ancorados influem muito para a composição e interpretação destes
textos.
De maneira ampla, os textos são sempre produzidos na relação com diferentes
linguagens. Por exemplo, quando falamos, produzimos textos orais que são, por assim
dizer, "emoldurados" pelos gestos que fazemos, pela nossa expressão facial, pelo
direcionamento do olhar, pela postura corporal e assim por diante.

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Plataforma +IFMG

Também quando entramos no processo de produção/composição de textos escritos


mobilizamos outras linguagens para organizar nossos textos. Por exemplo, podemos
trabalhar com diferentes tipos de letra (que se constituem em um sistema à parte), com o
tamanho das letras, com a disposição de nosso texto no papel (ou na tela do computador),
com as cores das letras e das páginas/telas de computador, com imagens estáticas (fotos,
desenhos, ilustrações etc.) e, hoje em dia, em função do uso do computador, com imagens
em movimento (por exemplo, os vídeos, os emojis).
Os textos escritos, dispostos em diferentes contextos/suportes (impresso ou digital),
vão sempre nos mostrar a relação de grande proximidade, mas também de grande tensão
(e até mesmo de disputa) entre o verbal e o não-verbal.
Um poema concreto, o título da capa de um CD musical, um página de texto
científico, uma manchete de jornal, um título de capa de revista, são textos que, muitas
vezes, resultam da manipulação das outras linguagens e dos signos linguísticos, de forma
a provocar determinados efeitos no leitor.

Figura 7: Composição a partir do poema concreto “Lixo”, de Augusto de Campos (1966),


Fonte: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra33431/luxo. Acesso em: 17 ago. 2021.

Observe que no poema acima, de Augusto de Campos, intitulado Lixo, a palavra


“lixo” se forma a partir da escrita, em grande quantidade, da palavra “luxo”, sugerindo uma
relação de complementariedade, ou seja, “lixo é luxo”, ou ainda, “luxo produz lixo”, e etc. A
interpretação, neste caso, é subjetiva, ou seja, dependerá do “olhar do leitor”.
Agora, para ilustrar, mais uma vez, o que dissêmos acima, observe a capa da
revista Supertinteressante, de janeiro de 2021.

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Figura 8: capa da revista Superinteressante de janeiro de 2021.


Fonte: https://super.abril.com.br/superarquivo/423/. Acesso em: 17 ago. 2021.

A manchete principal “A reinvenção do açúcar” não é isolada. A capa, enquanto


composição textual, utiliza-se de recursos verbais e visuais para compor o texto que
pretende criar. Observe que se destacam, com letras mais expressivas, as palavras
“reinvenção” e “açúcar”. A escolha pela fonte branca faz alusão à cor do produto. As duas
palavras em destaque também ganham correlação na imagem: “reinvinção” é ilustrada
pela vidraria de laboratório, como se fosse resultado de um experiemento químico,
enquanto “açuçar” tem referência direta com o produto colocado em uma das vidrarias,
uma espécie de sobremesa bem doce. Evidentemente, a provocação na capa é
intencional, pois visa a instigar o leitor a, inferindo brevemente sobre o assunto, querer
saber bem mais lendo a reportagem.
Comparar a capa de um jornal impresso com sua versão digital, no mesmo dia,
também revela os recursos usados por estas duas formas distintas de divulgação, as quais
mesclam linguagem verbal e não-verbal, links para textos e vídeos (usados para expandir
a leitura em meios digitais), compondo um sistema multissemiótico.
Observe as duas formas em se apresenta o jornal Folha de S. Paulo:

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Figura 9: Capa do jornal impresso Folha de S. Paulo.


Fonte: autoral (Acesso em: 10 fev. 2021)

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Figura 10: Página inicial do portal Folha de S. Paulo em 10/02/2021.


Fonte: https://www.folha.uol.com.br. Acesso em 10 fev. 2021.

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Temos a primeira página da edição impressa e a página do portal online, ambas


referentes ao mesmo dia. Se observarmos manchete e demais notícias, veremos que,
embora os todos os fatos tenham ocorrido no mesmo dia em questão, são duas páginas
diferentes. Com exceção do mapa (em cor rosa), que aparece em ambas, a escolha por o
que colocar na primeiro foi distinta. Tal fato se explica pela dinâmica de ambos os veículos
(impresso e digital), haja vista que no jornalismo impresso a pauta é feita no dia anterior,
enquanto que o online pode ir mudando a página inicial ao longo do dia.
Porém, independente do conteúdo, que é uma questão de direcionamento e
intencionalidade do próprio jornal, é importante notar que ambos contituiem um espaço de
multissemiose, ou seja, são articuladas imagens, letras, cores, gráficos, etc., todos
dispostos sem linearidade, o que nos permite “ler” em várias direções.

2.4 Ler e interpretar textos: uma prática necessária

Com certeza você já ouviu as frases “Quanto mais você lê, melhor você escreve”,
“Não importa o que você lê, ler amplia seu conhecimento de mundo”, ou alguma variação
semelhante. De fato, ler é uma prática necessária, pois quanto mais proficientes em leitura
de diversos gêneros de textos ficamos, melhor fica nossa interpretação, comunicação,
visão das coisas e realidades que nos cercam.
“Ler” é muito mais que decodificar as letras, pois implica diretamente no processo
de compreensão daquilo que foi lido. Ou seja, não basta apenas conhecer o alfabeto, ou
saber identificar um código não-verbal: se não há compreensão não houve leitura.
Façamos uma breve análise textual, apenas para mostrar como um texto é muito
mais que decodificar. Cabe justificar que a escolha por uma história em quadrinhos (HQ) é
intencional, para mostrar como os textos híbridos (palavra e imagem) podem ser “lidos”.

Atenção: Independente do gênero ao qual pertença,


para uma leitura plena, é preciso saber que tudo é
importante, assim, toda leitura de texto se inicia em
seu título e termina na referência.

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Figura 11: Calvin e Hobbes


Fonte:https://streetsmartbrazil.com/wp-content/uploads/drupal-files/userfiles/image/CALVIN-
onde%20coco.JPG. Acesso em: 26 maio 2021.

O texto acima é conhecido teoricamente como texto híbrido, por ser composto
simultaneamente por imagens e escrita. Ambos os recursos são fundamentais para o
entendimento do significado. Por ser uma tirinha, encontrada, geralmente, em jornais, é
comum não trazer um título, porém o balão inicial, composto pelo enunciado “MÃÃE!! EI,
MÃE!”, escrito em caixa alta, bem como a expressão facial da personagem, já nos
sinalizam um pouco sobre o possível contexto: o menino grita, pois está em uma situação
de apuros.
Observe que no primeiro quadrinho o fato de Calvin gritar pela mãe é composto por
um detalhe primordial que não podemos deixar de observar: ele está com os pés do lado
de fora da casa.
No segundo quadrinho, a resposta da mãe o coloca pensativo, e esse momento de
“suspensão” reflete no fundo branco, que segue no terceiro quadrinho, também. O menino
decide obedecer a mãe e sua fala final “Pisei no cocô do cachorro... onde limpo os pés”,
está em total consonância com a reação da mãe, que leva às mãos à cabeça, como forma
de “desespero”.
Embora de maneira simples, notamos que só é possível depreender o significado de
todo o texto somando a parte escrita da fala de Calvin com a imagem de desespero da
mãe, ou seja, observando-se todos os elementos.

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Resumindo o que aprendemos sobre textos, temos que:


 Um texto sempre apresenta uma natureza multissemiótica, porque resulta da
articulação e manipulação de variados recursos semióticos para a obtenção de
efeitos de sentido.
 Ele é resultado de ações sociais específicas do produtor, ações estas que
estabelecem os seus limites sempre provisórios.
 Um texto é uma forma de interação entre um produtor e um interlocutor, ambos
imersos em domínios sociais de comunicação que restringem, mas que também
conferem uma natureza altamente dinâmica aos textos e aos seus contextos.

Atividade: Para concluir os estudos da semana, vá até a


sala virtual e responda ao Questionário “Texto e
Textualidade”. Este teste é constituído por atividades de
múltipla escolha, que se baseiam nos conceitos que
estudamos.

Assim, concluímos nossa Semana 2 de estudos. Não deixe de assistir à


videoaula, fazer as atividades e, se necessário, releia o material da semana.

Até a próxima semana e bons estudos!

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Semana 3 – Coesão e Coerência Textuais Plataforma +IFMG

Objetivos
Nesta semana conheceremos um pouco mais sobre os
pilares do texto: a coesão e a coerência textuais.

Mídia digital: Antes de iniciar esta semana, vá até a


sala virtual e assista ao vídeo “Coesão e Coerência
Textuais”.

3.1 A Coesão Textual

Conforme vimos anteriormente, um texto não é um aglomerado de frases, ou seja,


nele, as frases não se posicionam uma atrás da outra, apenas: há entre elas uma relação
solidária, de modo que o sentido de uma se explica pelo sentido das demais. Por isso, para
entender o significado global de um texto, não basta entender o sentido isolado de cada
frase; é preciso compreender as conexões existentes entre as várias passagens.
Esse encadeamento sintático/semântico que produz a textualidade chama-se
coesão, definida por Fiorin e Platão (2009, p. 78) como “A ligação, a relação, a conexão
entre as palavras, expressões ou frases do texto chama-se coesão textual. Ela é
manifestada por elementos formais, que assinalam o vínculo entre os componentes do
texto”.
A coesão textual é marcada, sobretudo, por:

a) Palavras que retomam ou antecipam outras (os anafóricos e catafóricos).

O significado desses elementos só se define por confronto com outras palavras que vêm
antes (caso dos anafóricos) ou depois deles (caso dos catafóricos).

Anáfora: quando a referência é feita a algum elemento que está na porção anterior do
texto. A anáfora tem por objetivo recuperar (atualizar) semanticamente um elemento que já
estava no texto, com todas as informações de que ele já se revestia.

Exemplo:

Os sistemas de busca estão atualizados. Em tais sistemas, é possível selecionar o


idioma de preferência.

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Observando o trecho acima, temos uma primeira oração, em que o sujeito é “Os
sistemas de busca”. Na segunda oração, a palavra “tais” recupera esse mesmo sujeito,
sem a necessidade de repeti-lo expressamente.

Catáfora: quando a referência aponta para frente, no texto. A catáfora tem a função de
sinalizar um termo que ainda vai aparecer no texto.

Exemplo:

Nesta noite, elas pareciam brilhar mais do que o costume, as estrelas estão incríveis.

No exemplo acima, observamos o pronome “elas”, que, embora apareça primeiro,


refere-se à palavra “estrelas”.

b) Elipse

Elipse ou “apagamento” de certas palavras, é uma maneira de ocultar termos que


ficam subentendidos no enunciado. Para preencher o espaço vazio com a palavra
adequada, é preciso ter noção do todo.

Exemplo:

As crianças nunca se cansam. Brincam o dia inteiro e saem a toda hora.

Observe, na sequência acima, que a primeira oração tem como sujeito “As
crianças”. No período que segue, não há sujeito explícito, mas os verbos “brincam” e
“saem” se referem ao mesmo sujeito “As crianças”. A ocultação desse termo é uma elipse.

c) Expansão lexical

A disseminação de palavras ou expressões que remetem a relações de sinonímia


seja por hiperonímia ou hiponímia) e antonímia, ao longo do texto, é classificada como
expansão lexical, e serve para:

 Evitar repetições enfadonhas de palavras;


 Acrescentar informações sobre o termo que vem expandido.
 Definir a orientação argumentativa do texto.

Dica do professor: Cabe lembrar que:


Antônimo: uso de palavras com sentido oposto.
Sinônimo: uso de palavras com sentido igual, sejam elas
Hiperônimo (que se refere a todos os seres de uma “espécie”,
termo genérico) ou Hipônimo (de sentido mais específico em
relação ao de um outro mais geral).

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Para funcionar como elemento de coesão, precisamos saber identificar determinado


vocábulo no texto e não apenas substituí-lo como um sinônimo ou antônimo. Por exemplo,
é natural que consideremos que o vocábulo “velho” seja um antônimo perfeito para “novo”,
por isso, podemos entender que o antônimo de “encontrei um homem velho” é “encontrei
um homem novo”.

Por outro lado, se temos a situação “não coma o pão que está velho”, é muito mais
comum utilizarmos como antônimo o vocábulo “fresco”, por exemplo, “hoje comprei um pão
fresco”. Percebemos assim que os vocábulos devem ser utilizados de forma adequada ao
contexto em que se inserem, pois, se na primeira situação, nós utilizássemos o termo
“fresco” em vez de “novo”, não estaríamos apresentando um antônimo apropriado.

Conforme sabemos, a sinonímia nos textos acontece nas relações de hiperonímia e


de hiponímia. Observe a situação a seguir:

Animal Hiperônimo
Cão
Cachorro Hipônimo

Figura 12: Relações de sinonímia


Fonte: Autoral

Observe que tanto “cachorro” quanto “animal” são termos que funcionam como
sinônimos do termo “cão”. Entretanto, “cachorro” substitui “cão” de forma mais específica
do que o termo “animal”, que poderia substituir outros bichos como gato, pássaro e peixe.

Assim, reforçamos que hiperônimos são termos que substituem de forma mais
genérica vocábulos que estão no mesmo campo semântico, enquanto que os hipônimos
substituem de forma mais específica. Veja outros exemplos:

HIPERÔNIMO HIPÔNIMO
Louça Garfo, faca, colher
Profissional Professor, médico, engenheiro
Esporte Futebol, vôlei, basquete
Flor Rosa, margarida, violeta
Quadro 2: Alguns Hiperônimos e Hipônimos
Fonte: Autoral

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Além das possibilidades de substituição acima, devemos considerar a coesão


estabelecida por meio das perífrases. As expressões também servem para substituir
termos antecedentes, mas não são de fato sinônimos perfeitos, como, por exemplo, no
trecho:

Castro Alves é autor de uma vastíssima obra literária. Não é por acaso que o “Poeta
dos Escravos” é considerado o mais importante da geração a qual representou.

A expressão “Poeta dos escravos” serve para substituir o nome “Castro Alves”, isso
evita que o nome seja repetido e garante a manutenção da coesão textual.

d) Conectores

São palavras cuja função é estabelecer conexões entre duas partes do texto,
servindo para:

 Estabelecer conexão entre duas partes do texto;


 Criar certas relações argumentativas;
 Assinalar as várias intenções com que certas partes são encaixadas no texto.

Atenção: Na coesão trabalhamos, sobretudo com


elementos de sintaxe, ou seja, gramaticais que
estruturam e tecem o texto.

Os conectores ou operadores discursivos, que são palavras ou expressões


responsáveis pela concatenação, pela criação de relações entre os segmentos do texto.
São exemplos de operadores: então, portanto, já que, com efeito, porque, ora, mas, assim,
daí, dessa forma, isto é.
Para que tenha o efeito desejado, é preciso levar em conta que cada um desses
conectores, além de ligar as partes do texto, estabelece uma certa relação semântica
(causa, finalidade, conclusão, contradição, condição etc.), que possui uma dada função
argumentativa no texto.
Quando se escreve, é preciso usar o conector adequado ao tipo de relação que se
quer exprimir, com vistas à elaboração da argumentação. Observe a frase:

Este ano a chuva não foi abundante, mas as colheitas foram boas.

Perceba que houve uma escolha adequada do conector “mas”, mantendo uma
relação de adversidade. Seria descabido trocar o “mas” por “portanto ou porque”, que
indicam, respectivamente, conclusão ou causa, porque, com esses conectores, os

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elementos relacionados devem apresentar, do ponto de vista argumentativo, a mesma


orientação.
Geralmente os conectores pertencem às classes gramaticais preposições e
conjunções.
As preposições são responsáveis por estabelecer o nexo entre os vocábulos de
uma oração e entre as orações, períodos e parágrafos em um texto.
Ex.: a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, perante, por, sem, sob,
sobre, trás.
Já as conjunções são utilizadas para relacionar duas orações ou dois termos
semelhantes da mesma oração. As relações que as conjunções estabelecem são um dos
fatores responsáveis pela textualidade, ou seja, elas contribuem para que um texto seja
não só coeso, mas coerente também, e não uma sequência de palavras ou frases soltas,
sem conexão entre elas. Geralmente, as conjunções se dividem em dois blocos, as
conjunções coordenativas, que conectam orações independentes, e as conjunções
subordinativas, que conectam oração com relação de dependência.
Algumas conjunções coordenativas gramaticais mais comuns são:

Quadro 3: Conjunções Coordenativas


Fonte: Autoral

Já entre as conjunções subordinativas, as mais comuns são:

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Quadro 4: Conjunções Subordinativas


Fonte: Autoral

Dica do professor: Para saber mais sobre preposições e


conjunções, vale a pena revisar, em seu material do 6º ao 9º
ano as Classes de palavras e Orações Coordenadas e
Subordinadas.

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3.2 A Coerência Textual

Chamamos de coerência textual a relação que se estabelece entre as partes do


texto, permitindo que todas sejam interpretadas dentro de um único sentido. Assim, a
coerência implica compatibilidade entre todos os significados de um texto e, por
consequência, ausência de contradição entre eles.
Quando se fala em coerência, pensa-se na não contradição de sentidos entre
passagens do texto, na existência de uma continuidade semântica. Ela é um fator de
interpretabilidade do texto, pois é ela que possibilita a atribuição de um sentido unitário ao
texto. Está relacionada, portanto, a sua organização subjacente. Num texto, uma ideia
ajuda a compreender outra, para criar um sentido global. Cada uma das partes do texto
deve estar relacionada a essa unidade semântica. A incoerência seria, pois, a violação das
articulações de conteúdo de cada um dos níveis de organização do texto.

Atenção: A coerência opera na área do sentido,


ou seja, está relacionada diretamente ao caráter
semântico do texto.

A partir do conceito de coerência textual, temos, por conseguinte, os diferentes


níveis de coerência:

a) Coerência narrativa
É a que ocorre quando se respeitam as implicações lógicas existentes entre as
partes da narrativa. Assim, por exemplo, para que uma personagem realize uma ação, é
preciso que ela tenha capacidade, ou seja, saiba e possa fazê-la. Isso quer dizer que a
realização de uma ação implica, pressupõe um poder e um saber. Na narrativa, o que é
posterior depende do que é anterior. Constitui, portanto, incoerência narrativa relatar uma
ação realizada por um sujeito que não tem condições de executá-la. Veja um exemplo:

João Carlos vivia em uma pequena casa construída no alto de uma colina, cuja
frente dava para leste. Desde o pé da colina se espalhava em todas as direções, até
o horizonte, uma planície coberta de areia. Na noite em que completava trinta anos,
João, sentado nos degraus da escada colocada à frente de sua casa, olhava o sol
poente e observava como a sua sombra ia diminuindo no caminho coberto de
grama. De repente, viu um cavalo que descia para sua casa. As árvores e as
folhagens não o permitiam ver distintamente; entretanto observou que o cavalo era
manco. Ao olhar de mais perto verificou que o visitante era seu filho Guilherme, que
há vinte anos tinha partido para alistar-se no exército, e, em todo esse tempo, não
havia dado sinal de vida. Guilherme, ao ver seu pai, desmontou imediatamente,
correu até ele, lançando-se nos seus braços e começando a chorar.

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Como podemos observar, no trecho narrativo acima, há várias incoerências sobre


tempo, descrição local e informações geográficas, o que compromete por completo a
lógica narrativa.

b) Coerência argumentativa
Diz respeito às relações de implicação ou de adequação que se estabelecem entre
certos pressupostos ou afirmações explícitas colocadas no texto e as conclusões que se
tira deles, as consequências que se fazem deles decorrer.
Se, por exemplo, um texto disser que o descontrole orçamentário é a causa da
inflação e que esta é o problema mais grave do país, será contraditório se concluir que o
governo deve aumentar os gastos públicos para reaquecer a economia. Há também
inadequação quando um segmento do texto não tem nenhuma relação com o que vem
anteriormente. Observe o diálogo:
- O senhor é contra ou a favor da legalização do jogo no Brasil?
- O Brasil tem muitos problemas sociais que é preciso resolver. Nosso empenho é
dar melhores condições de vida ao povo brasileiro.
Podemos notar que foi perguntado uma coisa e respondida outra, configurando falta
de coerência argumentativa.

c) Coerência figurativa
Refere-se à combinatória de figuras para manifestar um dado tema ou à
compatibilidade de figuras entre si. Sabemos que as figuras se encadeiam num percurso,
para manifestar um determinado tema e, para isso, têm que ser compatíveis umas com as
outras, senão o leitor não percebe o tema que se deseja veicular.
Por outro lado, há figuras que são claramente incompatíveis entre si. Na frase “Os
peixes durante a gravidez ficam agressivos”, há uma incompatibilidade flagrante entre
as figuras “peixe” e “gravidez”, pois sabemos que peixes não engravidam.

d) Coerência temporal
É aquela que respeita as leis da sucessividade dos eventos ou apresenta uma
compatibilidade entre os enunciados do texto, do ponto de vista da localização no tempo.
O período “Maria pôs o arroz no fogo, depois escolheu-o” é incoerente, pois subverte a
sucessividade dos eventos do processo de preparo do arroz: primeiro, escolher; depois,
pôr no fogo.

e) Coerência espacial diz respeito à compatibilidade entre os enunciados do ponto de


vista da localização no espaço. Observe a sequência incoerente, em relação ao espaço:

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Embaixo do único lustre, colocado bem no meio do teto, um grupo de pessoas


conversava animadamente. Quando ela entrou, todos pararam de falar e olharam
para ela. Ela não se importou e foi também postar-se embaixo do lustre num dos
cantos do salão, pois, se o único lustre era no meio do salão, não poderia ser num
dos cantos.

f) Coerência linguística é a compatibilidade, do ponto de vista da variante linguística


escolhida, no nível do léxico e das estruturas sintáticas utilizados no texto. Assim, é
incoerente colocar expressões chulas ou da linguagem informal num texto caracterizado
pela norma culta formal, a menos que seja sinalizado este desvio pelo enunciador, como
mostra a situação a seguir.

Figura 13: Incoerência na linguagem.


Fonte:https://linkliterario.blogspot.com/search?updated-max=2011-05-24T16:55:00-03:00&max-
results=50&start=27&by-date=false. Acesso em: 26 maio 2021.

Agora que você já conhece os níveis de coerência, é preciso saber que estes níveis
também devem estar de acordo com o tipo de coerência de um texto em relação ao fato
enunciado. Assim, podemos dizer que há, em cada um desses níveis, dois tipos de
coerência: interna e externa.

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Figura 14: Tipos de Coerência


Fonte: da autora.

Perceba que ambos os exemplos acima reportam incoerência: “autobiografia” já é


de si mesmo, impossível outra pessoa fazer por você; “Portugal” não é banhado pelo
Pacífico.
Desta forma, fica evidente que a falta de coerência pode trazer resultados
desagradáveis e negativos ao texto, como falta de credibilidade ao autor ou ridicularização
de um modo geral.

Dica do professor: Para exercitar sua percepção de


coerência textual e se divertir, leia a seleção das 101
Pérolas do ENEM, de Fernando Bragança
(download).

Atividade: Vá a sala virtual e faça os exercícios de


fixação sobre o conteúdo da Semana 3.

Assim, concluímos nossa terceira semana de estudos. Não deixe de ler o material
complementar sugerido e participar do fórum. Se necessário, releia o material.

Até a próxima semana e bons estudos!

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Semana 4 – Intertextualidade Plataforma +IFMG

Objetivos
Objetivos
Nesta semana o assunto é intertextualidade, ou seja, as
Nesta semana
relações o assunto
que alguns textos étêm
intertextualidade, ou seja,
com outros, ainda as
que de
relações que
naturezas alguns textos têm com outros, ainda que de
diversas.
naturezas diversas.

Mídia digital: Antes de iniciar esta semana, vá até a


sala virtual e assista ao vídeo “Intertextualidade”.

4.1 Textos dentro de textos

Quem não passou pela experiência de estar lendo um texto e defrontar-se com
certas passagens já lidas em algum outro lugar? Umas vezes se trata da citação de uma
personagem; outras, de um episódio; outras ainda de frases inteiras transcritas de textos já
conhecidos.
É que, na verdade, os textos dialogam entre si: a personagem de uma novela cita a
fala de uma personagem de romance; num romance aparecem trechos da mitologia grega,
da Bíblia ou do Alcorão; um orador pode fazer referência a pensadores famosos; um poeta
cita versos inteiros de outro poeta; um texto científico não raro alude a passagens inteiras
da teoria de outro cientista; e assim por diante.
Essas alusões e referências podem ser feitas explicitamente, como é o caso das
teses acadêmicas e dos trabalhos científicos em geral, em que, segundo a praxe, deve-se
indicar a fonte de onde se extraiu a citação. Mas, às vezes, não se menciona
explicitamente a fonte e nem se transcreve literalmente a citação. Esse último
procedimento é muito comum nos textos literários, em que o autor joga com o pressuposto
de que o leitor conhece os fragmentos citados.
Existe ainda a possibilidade de um texto lembrar outro apenas pelo estilo. Quantas
vezes não se lê um texto e imediatamente se reconhece a sua feição romântica,
parnasiana ou simbolista? Essa semelhança, muitas vezes, não se explica pela identidade
de temas ou de assunto, e sim pela aproximação de estilo.
Esse diálogo entre textos, chamado de intertextualidade na linguagem
especializada, não ocorre como simples recurso de ornamentação. Trata-se da instauração
de um verdadeiro diálogo entre os vários textos circulantes no espaço cultural. Um texto,
em princípio, retoma outro, ou para confirmá-lo, ou para desdizê- lo.
Quem lê textos com intenção de interpretá-los com profundidade deve estar atento
para esses aspectos da intertextualidade. A leitura proficiente pressupõe não só a

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competência de detectar as referências a outros textos, como também a de interpretar com


que intenção se fez a referência: para polemizar, ironizar, desqualificar ou para pactuar,
celebrar, enaltecer.
Vejamos alguns exemplos de intertextualidade, em propaganda e na literatura:

Figura 15: Propaganda do Van Gogh Museum Café


Fonte: https://hyperallergic.com/63709/this-van-gogh-museum-cafe-ad-is-hilarious/ . Acesso em: 17
ago. 2021.

A intertextualidade na propaganda do Van Gogh Museum Café acontece por


analogia entre a asa quebrada da xícara, como referência à Van Gogh, cuja orelha foi
cortada por ele mesmo.
Agora veja este exemplo na poesia:

Meus oito anos Meus oito anos


Oh! Que saudade que tenho Oh! Que saudade que tenho
Da aurora da minha vida, Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais Que os anos não trazem mais
Que amor, que sonhos, que flores Naquele quintal de terra
Naquelas tardes fagueiras Da rua São Antônio
À sombra das bananeiras Debaixo da bananeira
Debaixo dos laranjais! Sem nenhum laranjais!
(Casimiro de Abreu) (Oswald de Andrade)

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Observemos, acima, que a relação intertextual é estabelecida no texto de Oswald de


Andrade, escrito no século XX, "Meus oito anos", quando este cita o poema do século XIX,
de Casimiro de Abreu, de mesmo nome.

Por perceber, assim, que textos diferentes e diversos possuem o poder de se


relacionarem e articularem-se entre si, dependendo da intencionalidade de quem dele se
apropria, neste sentido surgem novos textos, fenômeno conhecido como a
intertextualidade.
É importante reforçar que a intertextualidade está ligada ao “conhecimento de
mundo”, que deve ser compartilhado, ou seja, comum ao produtor e ao receptor de textos.
Assim, pressupõe um universo cultura muito amplo, e complexo, pois implica a
identificação / o reconhecimento de remissões a obras ou textos / trechos mais, ou menos
conhecidos, além de exigir do interlocutor a capacidade de interpretação e função daquela
citação ou alusão em questão. Ou seja, para perceber a intertextualidade em um
determinado texto, é preciso conhecer e identificar, também, o texto a que se refere.

Figura 16: Na HQ a poesia de Gonçalves Dias.


Fonte: https://2.bp.blogspot.com/-
JxM0QHEt1D0/V0iWo27RmxI/AAAAAAAAKpo/2hGjqStF8acUqLHnIxGnPuRGtCguE7LLwCLcB/w1200-h630-
p-k-no-nu/digitalizar0008.jpg. Acesso em: 25 maio 2021.

Observe que no quadrinho há uma relação intertextual com o primeiro verso do


poema de Gonçalves Dias, Canção do Exílio, escrito em 1843:

Minha terra tem palmeiras,


Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,

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Nossas várzeas têm mais flores,


Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar – sozinho – à noite –


Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras;
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,


Que tais não encontro eu cá;
Em cismar – sozinho – à noite –
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,


Sem que eu volte para lá;
Sem que eu desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Porém, se o leitor não conhece a referência, a HQ perde seu efeito de humor.

Atenção: Há muitas maneiras de realizar a


intertextualidade e algumas das formas mais comuns
são a paródia, de cunho humorístico, e a paráfrase,
que consiste em mencionar algo, de maneira indireta.

Como podemos perceber até aqui, muitos textos, independentemente de sua


natureza e gênero, mantêm relações intertextuais. Tal fato nos permite, muitas vezes,
enxergar as referências e correlações, sejam elas bem diretas ou ainda sutis, dentro de
alguma obra escrita, cinematográfica, musical, publicitária etc.
E o interessante é que a intertextualidade é algo que transita entre os diferentes
gêneros. Podemos encontrar referências de obras escritas em textos publicitários, obras
originalmente musicais em textos escritos, obras audiovisuais em fotografias, etc. O campo
a se explorar é muito vasto.

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Figura 17: Capa da revista Mundo Estranho, abril de 2014.


Fonte: https://i.pinimg.com/736x/f4/d3/06/f4d30638f252cadb746f78b0402e43ee.jpg. Acesso em: 25 maio
2021.

Um exemplo desta relação intertextual é a capa da revista Mundo Estranho, acima, a


qual tem sua manchete “Bichos Psicopatas”. Esta capa é uma referência ao filme “O
Iluminado” (The Shining), um filme de terror psicológico de 1980 produzido e dirigido por
Stanley Kubrick, baseado no romance homônimo de Stephen King, de 1977, e estrelado
por Jack Nicholson.
Aqueles que nunca ouviram falar de “O Iluminado”, certamente, não perceberão a
relação intertextual presente na capa. Porém, como a obra é considerada um clássico do
terror, a correlação acaba sendo instantânea ao primeiro olhar.

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Figura 18 Capa do filme O Iluminado, 1980.


Fonte: https://www.estantediagonal.com.br/wp-content/uploads/2019/01/Iluminado-285x412.jpg. Acesso em:
17 ago. 2021.

Para finalizar nossos estudos sobre intertextualidade, vamos trabalhar um exemplo


que traz muitas referências intertextuais, de natureza escrita, sonora e até mesmo visual.
Você, como certeza, alguma vez, já assistiu a um desfile de escola de samba, tão
tradicionais e grandiosos em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo.
Nosso exemplo está ancorado em um samba-enredo, de 2007, da G.R.E.S. Estação
Primeira de Mangueira, que ficou com o terceiro lugar na classificação geral neste ano. O
samba, composto por Amendoim, Aníbal, Jr. Fionda e Lequinho, faz uma homenagem à
Língua Portuguesa do Brasil, reportando desde sua origem.

Figura 19: Comissão de frente com roupa portuguesa.


Fonte: https://1.bp.blogspot.com/-
Imw8ucJYtS0/T3ERkqeBVzI/AAAAAAAAAsU/mxQThSQLLNQ/s1600/mangueira+7.jpg. Acesso em: 25 maio
2021.

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O desfile em si é um espetáculo intertextual, porém, observemos a letra do samba-


enredo:

Minha Pátria É Minha Língua, Mangueira Meu Grande Amor. Meu Samba Vai Ao Lácio
e Colhe a Última Flor

Autoria: Amendoim, Aníbal, Jr. Fionda e Lequinho

Samba Enredo 2007 - G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira (RJ)

Vem no vira da Mangueira vem sambar


Meu idioma tem o dom de transformar
Faz do palácio do samba uma Casa Portuguesa
É uma Casa Portuguesa com certeza!

Quem sou eu?


Tenho a mais bela maneira de expressar
Sou Mangueira... uma poesia singular
Fui ao Lácio e nos meus versos canto a última flor
Que espalhou por vários continentes
Um manancial de amor
Caravelas ao mar partiram
Por destino encontraram o Brasil...
Nos trazendo a maior riqueza
A nossa Língua Portuguesa
Se misturou com tupi tupinambrasileirou
Mais tarde o canto do negro ecoou
Assim a língua se modificou

Eu vou dos versos de Camões


Às folhas secas caídas de Mangueira
É chama eterna dom da criação
Que fala ao pulsar do coração

Cantando eu vou
Do Oiapoque ao Chuí ouvir
A minha pátria é minha língua
Idolatrada obra-prima te faço imortal
Salve... poetas e compositores
Salve também os escritores
Que enriqueceram a tua história
Ó meu Brasil...
Dos filhos deste solo és mãe gentil
Hoje a herança portuguesa nos conduz
A Estação da Luz!

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Seria possível, em uma primeira leitura, observar todas as relações intertextuais


presentes nestes versos? Evidentemente, isso dependerá do grau de “leitura de mundo” do
leitor, porém, vamos a elas!
Logo a primeira estrofe, em seu quarto verso, “É uma Casa Portuguesa com
certeza!” temos uma referência direta à música de mesmo nome, do cantor e compositor
Roberto Leal, sucesso nas décadas de 70 e 80 com suas composições que misturavam
letras e ritmos bem lusitanos, mas cantados em um português do Brasil.

Casa Portuguesa (refrão)


Roberto Leal
[...]
É uma casa portuguesa com certeza
É com certeza uma casa portuguesa
É uma casa portuguesa com certeza
É com certeza uma casa portuguesa

Roberto Leal

Nome artístico de António Joaquim Fernandes, (Macedo de Cavaleiros, 27 de novembro


de 1951 – São Paulo, 15 de setembro de 2019) foi um cantor, compositor e ator português
radicado no Brasil. Era considerado embaixador da cultura
portuguesa no Brasil. Ao longo da carreira de mais de 45
anos, ganhou trinta discos de ouro, além de cinco de
platina e quinhentos troféus e de acordo com diferentes
fontes suas vendas totais somam 15 milhões ou até 25
milhões. Dentre suas centenas de músicas estão “Casa
Portuguesa”, “Roda roda vira” “Bate o pé”

Figura 20: Cantor português Roberto Leal.


Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Roberto_Leal. Acesso em: 17 ago. 2021.

O cantor é considerado um ícone da cultura luso-brasileira e a referência a sua obra


musical também aparece no samba-enredo tocado, com os acordes que lembram outras
famosas canções dele, “Bate o pé” e “Roda roda vira”, tanto que esta última é citada logo
no prinero verso “Vem no vira da Mangueira”. “Vira” é um género músico-coreográfico do
folclore português, ou seja, um tipo de música e dança folclórica, presente em muitas
regiões de Portugal.
Outra presença intertextual é percebida no quarto verso da segunda estrofe, “Fui ao
Lácio e nos meus versos canto a última flor”. Aqui, a referência é ao soneto Língua
Portuguesa, do peta brasileiro Olavo Bilac, publicado no livro Tarde, em 1919. Segundo
estudiosos, Bilac acreditava verdadeiramente que a língua desempenhava importante
papel na identidade de um povo, mencionando certa vez em um de seus comentários que
só por meio da sua difusão é que poderemos evitar a morte da nossa nacionalidade, e o

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que constitui a nacionalidade é propriamente a língua nacional.


Língua Portuguesa
Olavo Bilac

Última flor do Lácio, inculta e bela,


És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura,


Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma


De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: "meu filho!"


E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

A terceira estrofe começa com referência a Luis de Camões, poeta português


considerado um dos maiores autores do movimento literário Clássico, que viveu em Lisboa
entre os anos 1524 – 1580.

Figura 21: Poeta Luis Vaz de Camões, século XVI.


Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Lu%C3%ADs_de_Cam%C3%B5es. Acesso em: 25 maio 2021.

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Finalmente, a quarta estrofe nos traz as duas últimas referências intextuais,


presentes em seus três últimos versos: “Dos filhos deste solo és mãe gentil / Hoje a
herança portuguesa nos conduz / A Estação da Luz!”

Primeiramente temos a citação direta do verso presente no Hino Nacional Brasileiro,


escrito por Joaquim Osório Duque Estrada e Francisco Manuel da Silva, em 1831, mas
oficializado como Hino Nacional em 1922.

Hino Nacional Brasileiro (trechos)


Poema: Joaquim Osório Duque Estrada / Música: Francisco Manoel da Silva
[...]
Entre outras mil
És tu, Brasil
Ó, Pátria amada!
Dos filhos deste solo, és mãe gentil
Pátria amada
Brasil!

Uma curiosidade sobre a letra do Hino Nacional Brasileiro é que a própria possui
referências intertextuais, como o trecho do hino que cita os versos da Canção do Exílio, de
Gonçalves Dias, que já vimos nesta semana.

[...]
Do que a terra mais garrida
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores,
"Nossos bosques têm mais vida",
"Nossa vida" no teu seio "mais amores".

(Hino Nacional Brasileiro)


[...]
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

(Canção do Exílio)

O último verso da quarta estrofe, a letra se encerra fazendo uma referência direta ao
Museu da Língua Portuguesa, localizado na Estação da Luz, região central da cidade de
São Paulo, Fechado desde dezembro de 2015, após um grande incêndio, mas que foi
totalmente restaurado e com pretnsão de reabertura em junho de 2021.

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O lugar é o primeiro museu totalmente dedicado a um idioma, e em seus dez anos


de funcionamento (2005 a 2015) recebeu cerca de quatro milhões de visitantes. De acordo
com seus curadores, a conceção celebra a língua como elemento fundador e fundamental
da cultura de todos os países que adotam o idioma de forma oficial e as experiências
interativas, conteúdo audiovisual e ambientação conduzem os visitantes a um mergulho na
história da língua portuguesa.

Figura 22: Entrada do Museu da Língua Portuguesa, na Estação da Luz, São Paulo-SP.
Fonte: https://ckturistando.com.br/museu-da-lingua-portuguesa/ . Acesso em: 17 ago. 2021.

Mídia digital: Ouça o samba-enredo da Mangueira


2007 (link) e observe a relação intertextual sonora
presente nele, com uma das tradicionais canções
portuguesas (link).

Se olharmos de longe, um texto é um todo, no entanto, se começarmos a olhar mais


de perto, um texto é sempre composto por muitos outros textos. É neste jogo intertextual
que se dá a produção textual. É por meio dele que conseguimos perceber a natureza
dinâmica e processual dos textos.

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Atividade: Vá a sala virtual e faça os exercícios de


fixação sobre o conteúdo da Semana 4.

Assim, concluímos nossa quarta semana de estudos. Não deixe de ler o material
complementar sugerido e participar do fórum. Se necessário, releia o material.

Até a próxima semana e bons estudos!

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Semana 5 – Linguagem, Língua e Comunicação Plataforma +IFMG

Objetivos
Nesta semana, vamos estudar os conceitos de linguagem,
língua e comunicação, ou seja, vamos conhecer os
mecanismos que as pessoas dispõem para interagir
socialmente.

Mídia digital: Antes de iniciar esta semana, vá até a


sala virtual e assista ao vídeo “Interação social”.

5.1 Linguagem

Se você perguntar para uma pessoa o que é texto, possivelmente terá como
resposta que texto é um conjunto de palavras e frases que possuem sentido, não é
verdade? Vimos nas semanas anteriores que esse conceito de texto é ultrapassado, pois
pode envolver outros fatores, como a presença de imagens, sons ou de outros elementos
semióticos. Nessa perspectiva, o texto equivale a algo – seja escrito, falado ou não – cujo
objetivo seja comunicar. Certo, mas o que é comunicação? Antes de responder a essa
pergunta, vamos voltar um pouco atrás. Aliás, muito atrás, na época em que você ainda
não tinha nascido.
Você certamente não se lembra, mas durante a sua gestação, quando você ainda
estava no ventre da sua mãe, você já ouvia histórias. As interações de sua mãe com
outras pessoas, ou mesmo como você, já faziam parte do seu relacionamento com o
mundo. No seu primeiro contato com o mundo, no dia do seu nascimento, você chorou. Os
cientistas dizem que esse choro é motivado pela “dor” causada pelo ar que entre em seus
pulmões, pela primeira vez. Emitir o choro, foi sua forma de dizer “estou vivo, e está
doendo”. Isso vale para todos os bebês. Nesse momento da vida, o bebê ainda não
articula seu pensamento, seu raciocínio, mas conta com o choro como forma de interagir
com o mundo.
O tempo passa, o bebê cresce, e o choro continua sendo seu modo de interagir. Ao
longo do seu desenvolvimento, ele percebe chorar significa “Olha, há algo de errado e
você precisa me ajudar”. Ele chora quando tem fome, quando tem medo, quando se sente
inseguro, e em diversas outras situações. Quem está a seu redor deve perceber esses
sinais, de modo a “atender” à necessidade dessa criança. E assim tem sido, ao longo dos
tempos, até que a criança começa a aprender a falar. O choro dá lugar à articulação dos
primeiros fonemas ou sons, os quais vão se organizar em palavras, em frases e em textos
verbais falados cada vez maiores e mais complexos.
Funciona assim: ao aprender a falar, a pessoa utiliza o ar que vem de dentro dos
pulmões. Esse ar passa pelas cordas vocais, podendo fazê-las vibrar e é articulado em
outras partes da boca. Talvez você não saiba, mas durante sua fala você está fazendo uso

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dos seus dentes, dos seus lábios e até mesmo do seu céu da boca. Tudo é acionado para
que os sons sejam produzidos para formar as palavras. A fala faz parte da linguagem, mas
mesmo antes do aprendizado da fala, a linguagem já está sendo usada pelos bebês. Mas,
se a linguagem é fala, mas também não é só fala, o que é a linguagem? Para responder
essa pergunta, vamos observar atentamente esta tirinha:

Figura 23: Linguagem


Fonte: https://i.pinimg.com/736x/fc/15/c9/fc15c980de951794701158af0b4ce104.jpg. Acesso em: 17 ago
2021.

Quem observa a tirinha certamente consegue compreendê-la. Isso porque as


informações que compõem a tirinha fazem parte do nosso conhecimento partilhado. Os
desenhos rementem a pessoas, objetos e ações que conhecemos. Notamos um navio, um
marinheiro, fumaça rosa e assim por diante. Indo além, é possível achar inclusive alguma
graça no texto: a fumaça rosa remete ao sexo do bebê que a grávida espera. Pai e mãe
estão em uma ilha deserta, mas “revelam” o sexo da criança com fumaça colorida, prática
que tem sido comum nos dias atuais.
Conseguimos fazer essa leitura, porque todas essas informações foram
representadas por meio de recursos de linguagem que são partilhados, ou seja: todos os
desenhos que compõem a tirinha, além da informação linguística “É menina!” escrita no
cartaz do último quadrinho. Diante disso, podemos dizer que a linguagem é o conjunto de
todos os recursos – verbais e não verbais – que dispomos para interagir com o mundo.
Músicas, quadros, danças, sons, cheiros, mensagens no celular, textos falados e escritos
entre outros, tudo compreende o que chamamos de linguagem.

Atenção: A linguagem corresponde ao conjunto


de recursos que as pessoas dispõem para
interagir e comunicar em sociedade.

Esses recursos da linguagem costumam ser categorizados em três classes: a) a


linguagem verbal, a qual utiliza elementos linguísticos, como palavras, frases ou textos

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falados e/ou escritos; b) a linguagem não-verbal, a qual é composta por imagens, gravuras,
desenhos e demais símbolos, e c) a linguagem mista, a qual mescla as duas classes
anteriores. Uma conversa ao telefone seria um exemplo de uso da linguagem verbal. Uma
fotografia exemplifica a linguagem não-verbal. Já a linguagem mista pode ser
exemplificada por uma tirinha ou uma história em quadrinhos. Para aprender mais sobre a
linguagem, a seguir você encontra algumas manifestações de linguagem.

Linguagem do teatro
Observe com atenção esta imagem, para compreender a linguagem do teatro:

Figura 24. Pantomima.


Fonte: https://cdn.pixabay.com/photo/2016/12/18/13/52/pantomime-1915765_960_720.jpg. Acesso em: 17
ago. 2021.

A linguagem do teatro está relacionada não apenas aos textos escritos para serem
representados (chamados de textos teatrais do dramáticos), mas também aos diferentes
aspectos da representação de cena, como cenário, iluminação, figurino e até mesmo a
expressão corporal dos atores. Na imagem, vemos um exemplo de pantomima, técnica
teatral que consiste em comunicar, por meio de gestos e/ou expressões faciais,
sentimentos, pensamentos e ideias sem utilizar palavras. Embora a gesticulação e as
expressões faciais sejam primordialmente utilizadas, outros aspectos são relevantes nessa
linguagem, como o local onde se apresenta e as roupas que usam.
No caso da pantomima, predomina o uso da linguagem não-verbal, mas isso não
quer dizer que não haja linguagem do teatro construída com base na linguagem verbal.
Esse tipo está presente nos textos escritos para serem encenados, e na própria
encenação, quando os personagens de uma peça verbalizam as suas falas. No que diz
respeito aos textos escritos para o teatro, o inglês William Shakespeare (1564-1616) é
considerado o maior dramaturgo de todos os tempos. O Brasil também conta com grandes
autores de textos teatrais, como Martins Pena (1815-1848), Nelson Rodrigues (1912-

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1980), Dias Gomes (1922-1999), Augusto Boal (1931-2009), Ariano Suassuna


(192702014), Chico Buarque (1944), entre outros.

Dica do professor: Você sabia que a origem do teatro


está relacionada às primeiras sociedades primitivas? O
homem primitivo acreditava que a representação era
necessária para controlar aspectos essenciais para sua
sobrevivência. Assim surge o teatro como imitação e
representação.

Mídia digital: “O Auto da Compadecida” é um texto


teatral de Ariano Suassuna que foi adaptado para as
linguagens do cinema e da televisão, você conhece?
Assista o making-off da adaptação dos palcos para as
telas (link).

Linguagem da dança

Observe agora que existem movimentos ensaiados, necessários à execução desta


dança.

Figura 25. Balé clássico.


Fonte: https://cdn.pixabay.com/photo/2017/03/07/17/05/ballet-2124647_960_720.jpg . Acesso em: 17 ago.
2021.

A linguagem da dança é constituída por uma sequência de movimentos corporais


com objetivos e significados. As danças são intencionalmente rítmicas e são cultural e
socialmente influenciadas. Na imagem, vemos um exemplo de dança ensaiada, a qual

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demanda o conhecimento de técnicas do balé clássico. O funk, o forró, o axé e até mesmo
as danças encontradas nas festas de junho, chamadas de quadrilhas, são exemplos de
manifestação da linguagem de danças motivada por aspectos sociais e culturais.
O norte-americano Fred Astaire (1899-1987) é considerado um dos maiores
dançarinos de todos os tempos. No Brasil, nomes como Ivaldo Bertazzo (1949), Carlinhos
de Jesus (1953) e Ana Botafogo (1957) também figuram entre os maiores dançarinos do
mundo.

Dica do professor: A origem da dança também está nas


sociedades primitivas, quando os homens batiam os pés
no chão, para emitir sons. Aos poucos, foram descobrindo
outros ritmos com essas batidas, além de desenvolverem
outros movimentos e gestos, como bater as mãos.

Mídia digital: Você sabia que “O Lago dos Cisnes”, balé


dramático composto pelo russo Tchaikovski foi adaptado
para o cinema? Neste link você pode assistir a um dos
momentos mais aclamados do filme, quando o Cisne
Branco se transforma em Cisne Negro. Note como as
linguagens da dança, da música e do cinema se
misturam.

Linguagem visual

Você certamente já viu esta imagem em outras ocasiões. Trata-se de uma obra que
explora a linguagem visual.

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Figura 26: Monalisa, de Leonardo Da Vinci


Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/arte-pintura-mona-lisa-cl%C3%A1ssico-74050/. Acesso em 27 jun.
2021.

A linguagem visual relaciona-se a criações de imagens para comunicar. Acredita-se


que, ao criar uma imagem, as pessoas conseguem “verbalizar” o pensamento, por meio de
linhas, formas, cores, movimentos, textura, padrão, direção, orientação, escala, ângulo,
espaço e proporção. Ao tratar de linguagem visual, inevitavelmente nos remetemos a
grandes artistas plásticos da história. A obra mais conhecida do mundo talvez seja a Mona
lisa, criada em 1507, por Leonardo da Vinci (1452-1519), reproduzida na imagem acima.
A linguagem visual é essencialmente não-verbal. Além das pinturas, encontram-se
nessa categoria desenhos e gravuras, além de esculturas e todas as demais
manifestações que estimulam a apreciação visual. Entre os grandes artistas plásticos de
todos os tempos, destacam-se Michelangelo (1475-1564), Auguste Rodin (1840-1917),
Claude Monet (1840-1926), Vicent van Gogh (1853-1890), Pablo Picasso (1881-1973),
Marcel Duchamp (1887-1968), Frida Kahlo (1907-1954) entre outros. No Brasil, destacam-
se nomes como Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1738-1814), Tarsila do Amaral
(1886-1973), Di Cacalcanti (1897-1976), Candido Portinari (1903-1962), Iberê Camargo
(1914-1994) entre outros.

Dica do professor: As primeiras manifestações das artes


plásticas também ocorreram nas sociedades primitivas.
As chamadas “pinturas rupestres”, encontradas dentro de
cavernas, são reveladoras da necessidade de expressão
artística do homem.

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Mídia digital: Você sabia que a chamada “Capela Sistina”


está situada no Palácio Apostólico, residência oficial do
Papa, no Vaticano? Seu interior foi totalmente pintado por
artistas do período do Renascimento, entre eles
Michelangelo. Clique no link e faça um passeio virtual por
essa sensacional linguagem visual.

Linguagem da escrita

Você consegue imaginar alguém escrevendo deste modo, como na imagem? Note
como a linguagem da escrita é curiosa:

Figura 27: Hieróglifos.


Fonte: https://cdn.pixabay.com/photo/2018/11/26/10/44/hieroglyphic-3839141_960_720.jpg. Acesso em 27
jun. 2021.

A linguagem da escrita está relacionada à linguagem falada. Ambas pressupõem


conhecimentos linguísticos, de modo que uma pessoa, antes de desenvolver a linguagem
escrita, deve desenvolver a linguagem falada. Tanto a linguagem escrita quanto a falada
estão relacionadas aos conceitos de língua, um dos recursos de linguagem que
conhecemos e sobre o qual vamos tratar na próxima seção.
Antes, é importante saber que linguagem escrita consiste na utilização de sinais
convencionados (letras, na cultura ocidental) para exprimir ideias e pensamentos. Esses
sinais gráficos foram desenvolvidos ao longo da história, e são registrados em algum
suporte, como uma folha de papel, ou a interface de um programa de computador.
As primeiras tentativas de desenvolvimento de um sistema de escrita surgiram por
volta de 4000 a. C. De lá para cá, esse sistema foi se aperfeiçoando, de tal modo que hoje
conhecemos o alfabeto grego, o alfabeto latino ou romano (que utilizamos na língua
portuguesa), o alfabeto árabe, a escrita chinesa, o alfabeto fonético internacional, entre

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outros. Na imagem, vemos um hieróglifo, um dos sistemas de escrita mais antigos da


história.

Dica do professor: Você sabia que, nas línguas


orientais, a escrita se inicia a partir do lado direito de uma
página e continua em direção à esquerda? Isso ocorre
com o árabe, o hebraico, o persa, entre outras. Já as
línguas ocidentais, como o inglês, o português, o alemão,
entre outras, a escrita se inicia a partir do lado esquerdo,
e vai em direção ao lado direito de uma página.

Atenção: A linguagem é percebida em diferentes


situações. Vimos alguns casos aqui, mas é importante
que você saiba que existem outros usos. A linguagem do
cinema, do esporte, das histórias em quadrinhos, entre
outras.

Mídia digital: Vamos conhecer mais sobre a história da


escrita? Veja como se deu a origem e o desenvolvimento
da escrita (link).

5.2 Língua

Vamos iniciar esta seção observando este cartum:

Figura 28: Língua


Fonte: https://cdn.pixabay.com/photo/2016/12/18/13/52/pantomime-1915765_960_720.jpg. Acesso em 27
jun. 2021.

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No cartum, vemos dois personagens interagindo. Chegamos a essa conclusão


porque os personagens estão dispostos um em frente ao outro, como fazemos em
momento de interação. Além disso, há balões de fala saindo de cada um deles. Esses
balões indicam que os personagens estão interagindo pela fala. Esses balões não
apresentam o formato tradicional, geralmente encontrados nas histórias em quadrinhos,
mas têm formato de peças de um quebra-cabeça.
Se fosse preciso escrever falas nesses balões, certamente iríamos escrever um
diálogo no qual a fala de um personagem teria relação de sentido com a fala do outro.
Assim funciona a língua. Entendemos o cartum, porque compreendemos a sua linguagem.
Somos capazes de criar falas para os balões porque dispomos de conhecimentos sobre a
língua e seu funcionamento. Com as informações do cartum, podemos até concluir que a
língua (considerando as possíveis falas dos personagens) funciona como um “quebra-
cabeça”, não é mesmo?

Atenção: Vale lembrar que “cartum” não é o mesmo que


“charge”. Os temas abordados nos cartuns são
atemporais, diferente das charges, cujo temática explora
fatos recentes, geralmente ligados à crítica a questões
políticas, sociais, econômicas etc.

O termo “língua” costuma ser definido sob três pontos de vista: o técnico-científico, o
sociocultural e o pragmático-discursivo.

TÉCNICO-CIENTÍFICO
De acordo com o professor Marcos Bagno (s/d), pelo ponto de vista técnico-
científico, a língua é considerada um sistema formado por diferentes módulos: o fonético, o
morfossintático e o semântico. O módulo fonético estuda os sons relevantes para a fala.
Por exemplo, a distinção entre as palavras “carro” e “caro” só é possível porque existe a
distinção entre os sons representados por “rr” e “r”. Já o módulo morfossintático estuda as
unidades significativas e seus arranjos em frases e textos. É o que ocorre quando se
observa que da palavra “ferro” podemos derivar as palavras “ferreiro”, “ferrugem”,
“ferradura”, ou ainda quando usamos qualquer uma dessas palavras para formar uma frase
ou um texto. Quanto ao módulo semântico, seu estudo está voltado às relações de
significados e sentidos.
Note como a tirinha explora o aspecto técnico-científico como tema:

Acesso em 27 jun. 2021.

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Figura 29: Mas e Mais


Fonte: https://i0.wp.com/www.depositodowes.com/tiras/0832.png?resize=654%2C204. Acesso em 27 jun.
2021.

Atenção: Esta tirinha aborda um aspecto da língua pela


perspectiva técnica-científica: a distinção entre as
palavras “mas” e “mais”, considerando seus aspectos
fonéticos (pronúncia ou não do “i”), além dos aspectos
semânticos (significados próprios).

SOCIOCULTURAL
Quanto ao ponto de vista sociocultural para a definição do termo “língua”, o
professor Marcos Bagno (s/d) afirma que se trata do aspecto assumido pela maioria das
pessoas, ou seja, “as que não são especializadas nos estudos científicos da linguagem”.
Nessa perspectiva, encontram-se as concepções do senso comum, relacionadas às ideias
sobre a língua, mais ou menos cristalizadas, e que circulam na sociedade e no universo
cultural. Segundo Bagno (s/d), “essa definição de língua é vaga e imprecisa, impregnada
de mitos culturais e preconceitos sociais, decorrentes de longos processos históricos,
específicos a determinado povo, nação ou grupo social”. Um exemplo disso está no
prestígio da gramática normativa como um ideal para “língua correta”. A gramática
normativa normalmente reflete um modelo idealizado de escrita literária, geralmente
obsoleta. Logo, reflete padrões que funcionavam para os usos linguísticos que eram feitos
por grandes escritores, do passado, mas que não corresponde aos usos que são feitos na
nossa sociedade atual (incluindo os grandes escritores da atualidade).
Observe agora como a próxima tirinha explora o aspecto sociocultural como tema:

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Figura 30: HQ pronomes


Fonte: https://tiroletas.files.wordpress.com/2014/08/pronome.jpg?w=474&h=159. Acesso em 27 jun. 2021.

Atenção: Nesta tirinha, a personagem fica indignada


porque seu pretendente utilizou um pronome de forma
inadequada, de acordo com os parâmetros da gramática
normativa. Será que alguém pode ser desprezado
apenas porque diz “Nunca deixe-me” em vez de dizer
“Nunca me deixe”?

PRAGMÁTICO-DISCURSIVO
O ponto de vista pragmático-discursivo defende que a língua só existe quando se
observam as interações sociais. Assim, é necessário observar e compreender os
processos que envolvem a produção de sentido, todas as vezes que se fala e/ou se
escreve. Ainda de acordo com Bagno (s/d), por esse ponto de vista a língua é vista como
uso concreto, que se faz cotidianamente e de modo inevitável. Logo, é possível dizer que a
língua se molda de acordo com convenções dos diferentes gêneros que circulam
socialmente.
Assim, a língua é percebida como textos que devem ser observados em função a)
da semântica, que analisa o sentido em cada um dos usos particulares; b) da pragmática,
que investiga as intenções contidas nos usos específicos e c) discursiva, que busca
perceber crenças sociais, valores culturais e ideologias que compõem esses os usos
linguísticos concretos.
Note que o humor desta tirinha ocorre justamente por causa de um uso muito
específico da palavra “parafusos”.

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Figura 31: HQ Porcas e Parafusos


Fonte: https://tiroletas.files.wordpress.com/2019/10/e9003bbd-a37b-4293-92d7-e72f57b86f42.png. Acesso
em 27 jun. 2021.

Atenção: O humor dessa tira se dá por causa dos


sentidos que a palavra “porca” assume. Em um contexto
de criação na fazenda, “porca” está relacionado com o
animal, suíno, e não com uma peça à qual se acopla um
parafuso.

5.3 Comunicação

Como vimos anteriormente, a linguagem é formada por diferentes mecanismos


verbais, não-verbais e mistos. Esses mecanismos são acionados sempre que alguém
pretende transmitir uma informação. Esse processo de transmissão de informação é
chamado de comunicação, que pode ser individual ou coletiva (também chamada de
comunicação de massa). A comunicação individual é aquela que se dá entre duas
pessoas ou pequenos grupos. Ocorre por meio de gêneros como bate papo oral, cartas,
mensagens eletrônicas, conversas telefônicas, entre outros. Já a comunicação coletiva
abrange uma maior quantidade de pessoas, e está relacionada aos gêneros veiculados por
meios de comunicação de massa, como revista, rádio, TV e a internet.
A comunicação de massa costuma ser unilateral. Uma fonte principal transmite uma
mensagem massivamente a uma grande quantidade de pessoas. As pessoas que recebem
essas informações não costumam responder ou não podem responder, algo que em
condições normais não ocorre na comunicação individual. Aliás, a comunicação individual
surgiu bem antes da comunicação de massa, que dependeu dos avanços tecnológicos
para se constituir e se expandir. Antes de o rádio, a tv e mesmo a imprensa serem criados,
só restava à humanidade usar a comunicação individual. Com o progresso tecnológico, os
meios de comunicação foram se desenvolvendo, modificando os modos de se comunicar.

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Os meios de comunicação possibilitam a interação social. Como se pode perceber


na imagem, os recursos tecnológicos influenciam diretamente os meios de comunicação,
possibilitando a criação de novos gêneros textuais e transformando a forma como a
humanidade interage.

Figura 32: A evolução da comunicação


Fonte: https://pt-static.z-dn.net/files/da6/e82a7ef8a774b68c2fca91e38c6fb729.jpg. Acesso em 27 jun. 2021.

Os meios de comunicação correspondem aos instrumentos utilizados na circulação


de informações e transmissão de mensagens. O rádio, a televisão, o jornal, a revista, a
internet, o cinema são alguns exemplos.
Atualmente, os jornais e as revistas – que até então eram publicações impressas –
estão passando por adequações, com suas versões digitais, acessíveis por aparelhos
eletrônicos. Isso confirma novamente a influência da tecnologia nos meios de
comunicação. Leia este artigo, e veja como o desenvolvimento da tecnologia pode
impactar também de modo negativo a comunicação:

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Desenvolvimento da comunicação versus Fake News: dicas para checar


se a informação é real
Juliano Schimiguel*
Um fato inegável é que a comunicação mudou e evoluiu bastante nos últimos 30
anos. Já houve uma época em que, se quiséssemos mandar notícias para alguém
distante, por exemplo, era necessário escrever uma carta com a própria mão, ou com a
ajuda de uma máquina de escrever, colocar em um envelope e levar até os Correios para
enviá-la.
A agência também dava a opção de correspondência rápida, os chamados
telegramas, que tinham um custo relativamente mais alto, mas era uma chance de
transmitir textos curtos, que chegavam para o destinatário muitas vezes no mesmo dia, ou
no máximo no dia seguinte.
Com a popularização do acesso à internet no Brasil, por volta da segunda metade
da década de 1990, também surgiram os e-mails pessoais. Quem tem mais de 30 anos de
idade muito possivelmente vai se lembrar dos provedores Zipmail, Bol e Aol, bastante
populares naquela época.
Esse formato de mensagem foi uma grande revolução na comunicação interpessoal,
impulsionando o surgimento de redes sociais importantes anos mais tarde, como o extinto
Orkut e o próprio Facebook. E como esse processo nunca para, atualmente redes sociais
como Instagram e TikTok já vêm ganhando seu espaço.
PAU PRA TODA OBRA
Neste ponto, precisamos falar dos telefones móveis. O que antes apenas uma
opção para fazer ligações de voz, acessar a calculadora ou passar tempo com joguinhos
básicos, tornou-se um verdadeiro aparelho multitarefas tamanha é a convergência
tecnológica.
Atualmente, o celular pode substituir muitos dispositivos importantes para o nosso
dia a dia, como o despertador, o rádio, a TV, a calculadora, a máquina fotográfica e,
dependendo do modelo, até mesmo um computador de mesa (desktop) na realização de
tarefas cotidianas, como a digitação de um texto por exemplo.
E a troca de mensagens? Essa ficou cada vez mais instantânea. O WhatsApp,
especialmente, revolucionou por completo a comunicação. Ele é usado tanto para a troca
de mensagens, quanto para compartilhamento de imagens, figuras, fotos e vídeos.
Também dá para realizar ligações telefônicas e ligações por web conferência. Exatamente
por isso, existem muitas pessoas que usam o aplicativo como uma ferramenta efetiva de
trabalho.
DOIS LADOS
Apesar de tantas qualidades, o aplicativo também tem o seu lado "vilão" por conta
da possibilidade de ser um disseminador de fake news, que nada mais são do que notícias

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falsas, ou seja, informações sem comprovação técnica, científica ou documental.


Obviamente que isso não é culpa apenas do Whatsapp, mas sim de seus usuários.
Por isso, todo cuidado é pouco na hora de compartilhar uma informação. O ideal é
verificar sua procedência antes de passar para frente, pois isso pode trazer consequências
graves para terceiros, sejam eles pessoas, empresas ou organizações. De tão sérias que
são, as fake news podem até mesmo prejudicar ou beneficiar um determinado candidato
às eleições, virando até assunto de comissão parlamentar.
COMO CHECAR?
Existem alguns projetos e iniciativas para verificar se a notícia é ou não uma fake
news. Podemos destacar a “Agência Lupa”, que é a primeira do Brasil a realizar esse tipo
de checagem. Foi criada pelo jornal Folha de S.Paulo, e está diretamente vinculada a fatos
relacionados às Eleições.
Já o projeto “Fato ou Fake” foi criado pelo Grupo Globo de Comunicações e faz a
apuração de notícias falsas sob a visão de uma equipe composta de jornalistas que
trabalham nos veículos G1, CBN, Época, TV Globo, Globo News, Valor Econômico, entre
outros.
Outra opção, o projeto “Fake Check” foi criado pela Universidade de São Paulo
(USP) e Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). O mesmo utiliza inteligência
artificial para avaliar se um determinado texto é verdadeiro ou falso. Aproveite essas
ferramentas e nunca mais passe notícia falsa adiante!

*JULIANO SCHIMIGUEL é pesquisador, professor universitário e escreve sobre


tecnologias da informação e comunicação (TICs), além de seu impacto na sociedade e no
ensino. Para encontrá-lo, basta acessar seu perfil no Linkedin ou mandar um e-mail:
schimiguel@gmail.com
SCHIMIGUEL, Juliano. Desenvolvimento da comunicação versus Fake News: dicas para checar se a
informação é real. Disponível em: https://anamaria.uol.com.br/noticias/descomplica/fake-news-dicas-para-
checar-se-a-informacao-e-verdade.phtml. Acesso em: 03 abr. 2021.

Mídia digital: Que tal ampliar seus conhecimentos sobre


a comunicação e as fake news?. Assista a um
documentário do professor Leandro Karnal sobre história
das fake news, que surgiram bem antes da internet (link).

Atividade: Vá a sala virtual e faça os exercícios de fixação


sobre o conteúdo da Semana 5.

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Assim, concluímos nossa quinta semana de estudos. Não deixe de ler o material
complementar sugerido e participar do fórum. Se necessário, releia o material.

Até a próxima semana e bons estudos!

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Semana 6 – Variação linguística Plataforma +IFMG

Objetivos
Nesta semana, vamos tratar de variação linguística. Vamos
estudar os conceitos de linguagem coloquial e linguagem
padrão, além dos tipos de variação linguística.

Mídia digital: Antes de iniciar esta semana, vá até a


sala virtual e assista ao vídeo “Língua e variação”.

6.1 Variação e mudança linguística

Você já deve ter percebido que quando assistimos a um filme em espanhol temos
alguma dificuldade em compreender o que é dito, a não ser, é claro, que você seja um
estudioso de línguas estrangeiras. Mesmo tendo dificuldades em compreender as falas do
filme, você já deve ter percebido também que é possível compreender muito do que é dito.
O mesmo acontece quando tentamos ler um texto em espanhol. Você sabe por que isso
acontece? Tente ler esta notícia:

Figura 33: Texto Nace en el zoológico de Miami un rinoceronte negro.


Fonte: https://www.practicaespanol.com/nace-en-el-zoologico-de-miami-un-rinoceronte-negro/. Acesso em 27
jun. 2021.

É claro que a figura do rinoceronte, ao lado do texto escrito, oferece informações


relevantes para a compreensão do texto. No entanto, ao se considerar somente o texto
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escrito – desprezando a imagem – também é possível perceber o assunto do texto. As


palavras ou expressões “nace”, “zoológico”, “rinoceronte negro”, “reproducción”, “peligro de
extinción”, “24 de febreiro” não estão em língua portuguesa, mesmo assim é perfeitamente
possível compreender seu conteúdo. Isso acontece também com outras línguas, como o
italiano e o francês. Mas você saberia dizer por qual motivo os falantes do português são
capazes de compreender algumas palavras ou expressões dessas línguas?
A resposta está na origem do nosso idioma. Você já parou para pensar em qual é a
origem da Língua Portuguesa? O português é o resultado das mudanças ocorridas na
língua latina e no galego. Ao longo do tempo, essas línguas sofreram muitas
transformações, motivadas por diferentes razões. As transformações foram tantas, que
novas línguas foram surgindo. Foi assim com o português, e foi assim com outras línguas
que também se originaram do latim e do galego. Essa também é a história do espanhol, do
francês, do galego, do italiano e de outras línguas. É por esse motivo que conseguimos
compreender filmes e textos escritos nesses idiomas: existem muitos elementos em
comum entre eles, apesar das grandes diferenças que fazem com que cada uma seja uma
língua em particular. Em outras palavras, podemos dizer que as línguas que se originaram
o latim são “línguas irmãs”. São diferentes, mas possuem a mesma origem, por isso têm
semelhanças.
Com o passar do tempo, as línguas vão passando por variações, ou seja, alterações
nas suas estruturas. É assim com o português, foi assim com o latim. No português, a
palavra “você” tem como origem remota as formas “vossa mercê”, que mudou para
“vossemecê”, que mudou para “vomecê”, que mudou para “vomcê”, até chegar à palavra
que conhecemos hoje. Note que, ao falar, muitas vezes pronunciamos “ocê” e “cê”, sinal
de que a palavra continua em processo de mudança. No caso do latim, as variações
acarretaram mudanças tão significativas, que novas línguas foram surgindo. Isso também
ocorreu com o anglo-saxão, que originou o inglês, o alemão e o holandês. Isso quer dizer
que as línguas variam e passam por mudanças.
Vamos tomar agora como exemplo uma única língua: o português. Você já deve ter
lido algum texto, ou ter ouvido alguma piada que trata das diferenças entre o português
falado no Brasil e o português falado em Portugal. Nas redes sociais, é comum a
circulação de postagens que tratam dessas diferenças:

Brasil Portugal Brasil Portugal

Aeromoça hospedeira de bordo gramado Relvado

Alô estou grampeador Agrafador

apostila sebenta jaqueta Blusão

Asfalto alcatrão lanchonete Café

Bala rebuçado legal Fixe

Banheiro casa de banho maravilhoso, joia Papaia

Banho duche marrom Castanho


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boteco tasca meia Seis

café da manhã pequeno-almoço moleque Miúdo

Calcinha cueca ônibus Autocarro

Celular telemóvel pão francês Carcaça

concreto betão Patricinha Betinha

Conversível descapotável pedágio Portagem

delegacia esquadra ponto de ônibus Paragem

Diesel gasóleo resfriado Constipado

Dirigir conduzir sanduíche Sandes

escanteio (futebol) pontapé de canto sorvete Gelado

Esmalte Verniz suco Sumo

Favela bairro de lata tela Ecrã

Fazenda Quinta vaso Sanita

fusca carocha xerox fotocópia

geladeira frigorífico xícara chávena


Quadro 5: variação do português Brasil e Portugal
Fonte: Como estudar em Portugal.Disponível em: https://www.comoestudaremportugal.com.br/single-
post/sera-que-voce-conhece-e-sabe-falar-o-portugues-de-portugal. Acesso em 27 jun. 2021.

Essas diferenças apresentadas na tabela estão no nível da palavra (nível lexical).


São palavras diferentes, que nomeiam os mesmos objetos. Atualmente, a Língua
Portuguesa está entre os dez idiomas mais falados no mundo, com cerca de 300 milhões
de pessoas. Além de Brasil e Portugal, esse idioma também é falado na Angola, Cabo
Verde, Guiné-Bissau, Guiné-Equatorial, Moçambique, São Tomé e Príncipe (países
africanos) e no Timor-Leste (país asiático).
Você deve estar se perguntando se alguns objetos nomeados da tabela podem
receber outra denominação em alguns desses países, correto? A resposta é: com certeza.
Fatores culturais, regionais, econômicos, sociais, entre outros, podem intervir na
denominação. No caso do português brasileiro, por exemplo, houve a influência dos
idiomas falados pelos povos e nações que formaram a sociedade brasileira. É o caso de
idiomas indígenas, africanos e de outros colonizadores europeus.

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Dica do professor: Conheça um pouco mais sobre a


influência de idiomas africanos (download) e indígenas
(download) no português falado no Brasil.

Isso quer dizer que essas diferenças lexicais não acontecem apenas na
comparação do português falado no Brasil com o português falado em Portugal ou em
qualquer outro país de Língua Portuguesa. No próprio Brasil, muitos objetos são
denominados de maneira diferente, dependendo da região ou de outros fatores, como
idade do falante ou seu nível de escolaridade. Se você já viajou para outras regiões do
Brasil, certamente já percebeu algumas dessas diferenças. “Aipim”, “mandioca”,
“macaxeira” são alguns exemplos. “Tangerina”, “mexerica” e “bergamota” também.
“Sacolé”, “chup-chup”, “geladinho”; “pão de sal”, “pão francês”, “cacetinho” e muitas outras
possibilidades.

Dica do professor: Amplie seus conhecimentos sobre


as diferenças vocabulares no Brasil (download). Neste
texto, você tem a oportunidade de conhecer mais sobre
os nomes que o pãozinho recebe no país. Vamos
conhecer?

Essas diferenças no português tratadas até aqui estão no nível lexical, mas elas
também podem ser observadas em outros níveis, como o fonológico (sons) e o sintático
(frases). Possivelmente você já foi testemunha dessas outras diferenças. Por exemplo,
quem sai do seu local de origem e viaja para alguma outra região normalmente se depara
com jeitos de falar diferentes do seu, um fenômeno que caracteriza os sotaques, ou seja, a
maneira como as palavras são pronunciadas (nível fonológico). Esta tirinha aborda, com
humor, esse fenômeno:

Figura 34: HQ Sotaque caipira


Disponível em: https://pt-static.z-dn.net/files/d60/526602096d5510afbcf2cbad0e6e9939.png. Acesso em 27
jun. 2021.

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Mídia digital: Assista a uma vídeo-reportagem da Revista


Superinteressante sobre os “Sotaques do Brasil”. (link)

Quanto ao nível sintático, essas diferenças estão relacionadas a usos que se


diferem de determinados padrões, como a concordância verbal, concordância nominal,
entre outros. É muito comum que essas variações no nível sintático sejam consideradas
“erros” por muitas pessoas. Mas existem outros fatores que precisam ser considerados na
análise da variação sintática. Reduzir sua discussão ao conceito de “certo” e “errado”
significa desconsiderar o caráter heterogénico e dinâmico das línguas. Quer um exemplo?
É capaz de você não conhecer a música “Saudosa maloca”, que foi escrita por um
compositor chamado Adoniran Barbosa (1910-1982). Nessa música, há outras marcas de
variação, além da variação sintática, propositalmente empregada para mostrar a condição
social da voz presente no texto. Leia o texto da música, observando as expressões
negritadas.

Saudosa Maloca
(Adoniran Barbosa)

Se o sinhô não está alembrado Que tristeza que nós sentia


Dá licença de contá Cada táuba que caía
Que aqui onde agora está Doía no coração
Esse adifício arto
Era uma casa velha Mato Grosso quis gritá
Um palacete assobradado Mas em cima eu falei
Os homis tão cá razão
Foi aqui seu moço Nós arranja outro lugar
Que eu, Mato Grosso e o Joca Só se conformemo quando o Joca falou
Construímo nossa maloca “Deus dá o frio conforme o cobertor”
Mas um dia, eu nem quero me alembrá
Veio os homis c'oas ferramenta E hoje nós pega páia nas gramas do jardim
Que o dono mandô derrubá E pra esquecê, nós cantemo assim
Saudosa maloca, maloca querida
Peguemo tudo as nossas coisa Dim-dim donde nós passemo os dias feliz de
E fumos pro meio da rua nossa vida
Apreciá a demolição

BARBOSA, Adoniran. Saudosa Maloca.


Disponível em: https://www.letras.mus.br/adoniran-barbosa/43969/. Acesso em: 10 maio 2021.

Mídia digital: Aproveite para ouvir a versão da cantora


Elis Regina para a música “Saudosa Maloca” (link).

No texto da música, as expressões “peguemo”, “nossas coisa”, “nós sentia”, “se


conformemo” e “nós pega” são variações de “pegamos”, “nossas coisas”, “nós sentíamos”
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e “nos conformamos”. Considerando o contexto da música, em que pessoas humildes


foram despejadas de onde moravam e assistiram à demolição de sua “maloca”, as
variações apresentadas servem para confirmar ainda mais sua condição social. Isso ocorre
porque as variações sintáticas são reveladoras de certo desconhecimento dos padrões
linguísticos, em grande parte ocasionado pelo pouco ou nenhum acesso aos bens culturais
e intelectuais. O olhar preconceituoso sobre esses casos de variação precisa e deve ser
combatido. Mais que isso, é necessário refletir sobre as causas dessas variações,
buscando compreender como e por qual motivo elas ocorrem.

Dica do professor: O preconceito linguístico é todo


posicionamento negativo (de reprovação, de repulsa ou
mesmo de desrespeito) às variações linguísticas de
menor prestígio social. Leia mais sobre , clicando no link.

6.2 Linguagem informal e Linguagem formal

Conforme estudado nas últimas semanas, a comunicação se dá essencialmente por


meio de gêneros textuais, tanto orais quanto escritos. Os gêneros são escolhidos, mesmo
que de maneira não intencional, de acordo com as diferentes situações sociais e
comunicativas. Quando você está com seus amigos, por exemplo, você possivelmente
utiliza gêneros que permitem usos descontraídos e até mais íntimos da linguagem.
Mensagens instantâneas de celular e bate-papo informal são exemplos de gêneros usados
nessa situação. Porém, se você estiver em uma situação escolar, apresentando um
trabalho, outros gêneros serão selecionados, como relatórios e seminários.
Essas situações sociais costumam ser divididas entre “informais” e “formais”. Apesar
disso, é necessário reconhecer que existem diversos estágios entre uma e outra. Há
situações informais, pouco informais, formais, muito formais, entre outras. A dinâmica das
relações sociais é que molda essas características. Uma situação de apresentação de
trabalho escolar, citada no parágrafo anterior, é formal, se comparada a uma situação de
encontro entre amigos, em um clube, considerada informal. No entanto, essa mesma
situação escolar será menos formal que a situação de uma formatura na universidade ou
um julgamento, diante de um juiz.
Em situações informais, é utilizada uma linguagem informal, também chamada de
linguagem coloquial. Trata-se de uma linguagem mais descontraída, popular, cotidiana.
São utilizados gêneros textuais mais simples, nos quais se observam palavras que
mostram proximidade entre os participantes do ato comunicativo, como gírias, expressões
idiomáticas, apelidos e outras variações. Já nas situações formais, predomina a
linguagem formal, ou linguagem padrão, mais rígida e atenta a padrões linguísticos. Os
gêneros textuais são mais complexos e elaborados (geralmente exigindo algum
aprendizado formalizado), e há menos espaço para variações linguísticas. Prevalece, na
linguagem formal, a língua padrão. Esta tirinha traz um uso informal da linguagem.
Observe o emprego da palavra “tipo”:

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Figura 35: HQ linguagem informal


Fonte: http://www.redacao.org/wp-content/uploads/2016/10/linguagem-coloquial-768x210.jpg. Acesso em:
04 abri. 2021.

É claro que a palavra “tipo” também pode ser usada em situações formais. O que
define que ela está ou não em uma situação informal de uso é exatamente a análise de
outros elementos, como o contexto, o gênero textual, as características dos personagens
entre outros.

Mídia digital: Há alguns anos, um telejornal brasileiro fez


uma série de reportagens sobre a linguagem informal no
português brasileiro. Assista e aprenda mais sobre o
assunto no link.

6.3 Norma culta e norma padrão

A linguagem formal está relacionada a dois conceitos que, apesar de serem


complementares, apresentam algumas diferenças. Trata-se de norma culta e da norma
padrão. De modo simplificado, como atesta o professor Faraco (2008), a norma culta é o
conjunto de regras usadas pelos falantes cultos. Essas regras nem sempre corresponde
àquelas regras que são encontradas nas gramáticas tradicionais. Quanto à norma padrão,
essa sim está relacionada com as prescrições gramaticais.
A norma culta é verificada, portanto, em usos feitos por pessoas cultas, que não
necessariamente são estudiosos de gramática. O português usado na apresentação de um
telejornal, por exemplo, não está totalmente de acordo com as gramáticas, mas é usado
por jornalistas, considerados pessoas cultas. Na linguagem dos jornalistas, é possível
encontrar construções como:

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Figura 36: Portal Terra


Fonte: https://www.terra.com.br/esportes/lance/ha-cinco-anos-calleri-marcava-quatro-gols-na-maior-goleada-
do-sao-paulo-na-historia-da-libertadores,dc252944aed5466c9bbe4c0a673038d3sazr8jym.html. Acesso em:
04 abri. 2021.

O uso de “gols” como plural de “gol” já está tão naturalizado entre os falantes de
português, que são poucas as pessoas que reconhecem esse uso como um desvio da
norma padrão. Você sabia disso? Para a gramática tradicional, não existe a forma “gols”.
Considerando a norma padrão, o plural de “gol” é “goles” ou “gois”. Estranho, não é? Esse
exemplo comprova que muitos usos até podem não ser previstos na norma padrão, mas
fazem parte da norma culta, são aceitos e utilizados na parcela socialmente culta da
sociedade. Assim, a norma padrão pode ser considerada como sinônimo de norma
gramatical (aquela que se encontra nas gramáticas). A norma padrão, por sua vez, mesmo
se aproximando bastante da norma culta, possui características próprias.

6.4 Tipos de variação linguística

A variação linguística é uma realidade e reflete a nossa diversidade social. Todas as


línguas do mundo variam, sofrem mudanças. Há línguas que deixam de existir (como o
latim ou o grego antigo, que não são mais usadas). É como se as línguas fossem um
organismo vivo: nascem, passam por transformações, reproduzem e morrem. No Brasil,
muitas línguas indígenas, por exemplo, simplesmente desapareceram, motivadas por
questões políticas e sociais. Outras se expandiram, como o inglês, influenciada por
questões econômicas. Em outras palavras, a variação linguística sempre será influenciada
por alguma razão. Assim, podemos falar de tipos de variação linguística.

Dica do professor: Antes de passar adiante, que tal


conhecer um pouco sobre o idioma indígena Pirahã,
falado no Brasil (download). Você sabia que essa é a
única língua do mundo que não se enquadra em uma
consagrada teoria linguística? Por exemplo, nesse idioma
não existem nem números nem cores. Diferente, não é?

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Variação diastrática ou social

A variação diastrática ou social é motivada por razões sociais. A linguagem


utilizada por um grupo de jovens como na tirinha abaixo, exemplifica esse tipo de variação:

Figura 37: HQ variante social.


Fonte: http://www.piadasengracadas.noradar.com/angeli/orelha-e-cabeca.jpg. Acesso em: 04 abri. 2021.

Essa forma de comunicação é típica desse grupo social. É por isso que
reconhecemos a variação diastrática nesse uso. Isso também ocorre com a linguagem
típica de grupos profissionais. Por serem socialmente delimitados, os grupos profissionais
utilizam uma linguagem marcada pela variação social.
Basta observar médicos – ou qualquer outra categoria profissional – conversando
entre si e essas mesmas pessoas conversando com outras, leigas. Você certamente
notará diferenças. Entre os fatores que influenciam nesse tipo de variação linguística
estão: a faixa etária, o grau de escolaridade e até mesmo a sexualidade e a identidade de
gênero.
No que diz respeito à idade dos participantes do processo comunicativo, cada faixa
etária fará escolhas linguísticas diferentes, relacionados com o momento de vida em que
estão. Uma comparação entre as falas de pessoas mais jovens – mesmo as crianças – e
as mais velhas, facilmente se percebe que esses grupos usam palavras mais comuns à
sua geração.
Carlos Drummond Andrade, na crônica “Antigamente” mostra alguma dessas
variações relacionadas à idade. Leia um trecho:

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Antigamente

ANTIGAMENTE, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e


muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os
janotas, mesmo não sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas
ficavam longos meses debaixo do balaio. E se levavam tábua, o remédio era tirar o cavalo
da chuva e ir pregar em outra freguesia. As pessoas, quando corriam, antigamente, era
para tirar o pai da forca e não caíam de cavalo magro. Algumas jogavam verde para colher
maduro, e sabiam com quantos paus se faz uma canoa. O que não impedia que, nesse
entrementes, esse ou aquele embarcasse em canoa furada. Os mais idosos, depois da
janta, faziam o quilo, saindo para tomar fresca; e também tomavam cautela de não
apanhar sereno. Os mais jovens, esses iam ao animatógrafo, e mais tarde ao
cinematógrafo, chupando balas de alteia.
ANDRADE, Carlos Drumond de. Antigaente.
Disponível em: http://www.algumapoesia.com.br/drummond/drummond07.htm . Acesso em: 03 abr. 2021.

Drummond, em seu texto, usa palavras e expressões que, ainda que possam ser
compreendidas por gerações mais jovens, são usadas por pessoas mais velhas. Não é
que “completar primaveras”, “mimosas”, “prendadas”, “janotas”, “jogar verde para colher
maduro” deixaram de fazer parte do português (como ocorreu com muitas palavras e
expressões). Elas apenas são usadas por uma parcela específica da sociedade. O oposto
também ocorre, com palavras e expressões usadas apenas por gerações mais jovens,
como mostra a tirinha apresentada no início dessa subseção.
A escolaridade também é um fator observado na variação diastrática. Na escola,
aprende-se a usar a língua em diversas situações, entre elas a linguagem formal de acordo
com a “norma padrão” ou “norma culta”. Esta norma está ligada ao conjunto de usos e
linguísticos de prestígio social, e é tão indispensável e importante quanto as demais
variações linguísticas: se em alguns gêneros é possível optar por um vocabulário coloquial,
menos preocupado com as regras gramaticais, em outros, é necessário optar pela
linguagem formal. Textos que deveriam ser produzidos em um padrão formal de
linguagem, mas que não são, marcam a variação diastrática motivada pela baixa
escolaridade.
Neste trecho de uma redação do ENEM é possível identificar marcas dessa
variação:

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Figura 38: Redação ENEM


Fonte: https://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/downloads/2020/Situacoes_nota_zero.pdf.
Acesso em: 21 abri. 2021.

O texto, embora seja de difícil decodificação, devido à caligrafia (ou falta dela),
permite identificar as variações “precão” (em vez de “pregam”), “acapo” (“acabou”),
“dúvias” (“dúvidas”), “irlegal” (“ilegal”), “fazelidade” (“facilidade”), “avanso” (“avanço”) entre
outras. É sempre importante ter uma atitude respeitosa diante de todos os casos de
variação, mas principalmente desse. Uma pessoa que comete variações porque não teve
escolarização adequada reflete nada menos que um país de grandes desigualdades, no
qual pessoas acessam a uma educação precária e excludente. É triste e não há
absolutamente nada de engraçado em casos como esses.

Variação diatópica ou geográfica

A variação diatópica ou geográfica, como o próprio nome sugere, está relacionada


com os regionalismos. Esta tirinha do Armandinho explora bem esse tipo de variação.

Figura 39: HQ variante geográfica


Fonte: https://64.media.tumblr.com/706a1ae3115c94fd54a13768dd86d256/tumblr_otgtxpo6331u1iysqo1_1280.png.
Acesso em: 21 abri. 2021.

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A tirinha trata de um alimento muito consumido no Norte e no Nordeste, a


macaxeira. Esse alimento, que é uma raiz, é chamado de aipim ou mandioca em outras
regiões do Brasil. Há diversos exemplos como esse. No Rio Grande do Sul, há a
bergamota, chamada de tangerina ou mexerica em outras regiões do país. Em Minas
Gerais, a margem das ruas onde as pessoas andam a pé é chamada de passeio. Em
outras regiões, é chamada de calçada. Essa variação diatópica não ocorre somente no
nível lexical, mas também está relacionada a questões fonéticas – como os sotaques – e
mesmo com questões sintáticas. Casos como os das expressões “vou não”, em vez de
“não vou” e “é não”, em vez de “não é” também ilustram esse tipo de variação, assim como
o “r” de palavras como porta, carta e corta, que é pronunciado de diferentes modos pelo
Brasil afora.

Variação diafásica ou situacional

Ninguém espera que uma pessoa, quando vai à praia ou à piscina, faça isso
vestindo um terno, ou um vestido de baile, não é mesmo? Isso porque a situação não é
adequada para aquela vestimenta. Da mesma forma, não se deve ir a um casamento
usando short e camiseta, simplesmente porque não está de acordo com a ocasião. Com a
língua ocorre algo semelhante: não podemos simplesmente falar (ou escrever) de acordo
com a nossa vontade; pelo contrário, devemos moldar nossas ações de linguagem de
acordo com a situação em que estamos. Esse tipo de variação é chamado de diafásica ou
situacional.
Observe, na tirinha seguinte, como a linguagem usada pelos ratos se altera a partir
do momento em que eles percebem que nenhum irá ceder a goiabada ou o queijo para o
outro:

Figura 40: HQ variante situacional


Fonte: https://brainly.com.br/tarefa/13965167. Acesso em: 21 abri. 2021.

Nos dois primeiros quadros da tira, os ratos usam expressões próprias da


linguagem formal, como “nobre companheiro” e “distinto rapaz”, que dão lugar às
expressões cotidianas, e até de baixo calão, como “cretino” e “bundão”. Essa variação está

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relacionada com a situação. A linguagem formal durou até os ratinhos perceberem que a
situação mudou: seria necessário brigar pelo queijo e pela goiabada.

Variação diacrônica ou histórica

A variação diacrônica ou histórica está relacionada às transformações ocorridas


na língua com o passar do tempo. Você vai fazer a leitura de um pequeno trecho da carta
que Pero Vaz de Caminha escreveu ao rei de Portugal em 1500, quando os portugueses
chegaram ao Brasil. Observe que existem diferenças com a língua portuguesa que usamos
hoje.

“E em tal maneira he graciosa que querendo a aproueitar dar se a neela tudo


per bem das agoas que tem, pero o mjlhor fruito que neela se pode fazer me pareçe
que sera saluar esta Jemte E esta deue seer a principal semente que vosa alteza em
ela deue lamçar”
Carta a el-rey dom Manuel sobre o achamento do Brasil. Disponível em: https://sites.google.com/site/hlpufrj/textos-
antigos/carta-de-pro-vaz-de-caminha-1500. Acesso em: 21 maio 2021.

Essas diferenças são evidências de que a língua se transformou. É o que ocorre


com a grafia das palavras no texto. Por exemplo, é possível compreender “fruito” como
“fruto”, “saluar” como “salvar” e muitas outras. Além dessa transformação ortográfica (que
também está relacionada aos modos de fala – oralidade – do português de 1500), a língua
portuguesa no Brasil passou a receber influência de outros idiomas, como os indígenas,
africanos e demais colonizadores europeus. Com a evolução da ciência e da tecnologia,
novas palavras vão sendo incorporadas ao português. Todos esses fatores, além de
comprovarem novamente o caráter dinâmico da(s) língua(s), comprovam também que a
língua é um fenômeno sócio-histórico.

Atividade: Para fixar ainda mais os tópicos abordados


nesta semana, vá até a sala virtual e responda os
exercícios propostos.

Assim, concluímos nossa sexta semana de estudos. Não deixe de ler o material
complementar sugerido e participar do fórum. Se necessário, releia o material.

Até a próxima semana e bons estudos!

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Semana 7 – Tópicos de norma culta Plataforma +IFMG

Objetivos
Nesta semana, vamos tratar de alguns tópicos de norma
culta, especificamente as vozes verbais e um tipo específico
de oração: as subordinadas adjetivas.

Conforme você estudou nas semanas anteriores, língua e linguagem são


fenômenos complexos. Elas podem ser estudadas por diferentes perspectivas de análise,
entre elas a norma culta. Lembre-se: norma culta é diferente de norma padrão. Como não
é possível abordar todos os tópicos relacionados à norma culta nesta apostila, foram
escolhidos dos tópicos: as vozes verbais e as orações subordinadas adjetivas.
Lembre-se: a norma culta é utilizada em situações formais de linguagem. Relatórios,
resenhas, artigos de opinião, redações de vestibulares e ENEM são exemplos de gêneros
escritos geralmente produzido por estudantes e que devem ser escritos em norma culta.
Aproveite essa semana para desenvolver suas habilidades de análise linguística.

Mídia digital: Antes de iniciar esta semana, vá até a


sala virtual e assista ao vídeo “Tópicos de norma
culta”.

7.1 As vozes verbais

Os verbos pertencem a uma numerosa classe de palavras da língua portuguesa. De


acordo com Borba (1990), existem mais de doze mil verbos no nosso idioma. Essa
quantidade, como visto na semana passada, está sujeita a variações. Há novos verbos
sendo incorporados ao português, como “stalkear” e “hitar”, e outros já estão
desaparecendo, como “datilografar” (você sabe o que significa?), os verbos “cozer” e
“coser” entre outros. Nesse movimento de variação linguística, há também verbos que
perdem ou adquirem significados. Por exemplo, há alguns anos ou décadas, o verbo
“deitar” era usado entre os profissionais das ciências da natureza significando “descartar /
jogar fora”. Hoje em dia, o verbo não é mais empregado com esse sentido. Outro exemplo
é o verbo “ficar”, que não significava namorar por um curto período.
Tradicionalmente, os verbos costumam ser divididos em três classes pelo ponto de
vista semântico: verbos de ação, verbos de estado e verbos de fenômeno. Alguns estudos
questionam essa divisão em três categorias, mostrando que essas categorias insuficientes
para classificar os verbos quanto ao significado que assumem. A classe de “verbo de ação”
seria a mais numerosa, e nela entrariam todos os verbos possuem alguma ideia de

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movimento, como escovar, mastigar, escrever, cantar, pular, fritar, molhar, cortar, correr,
sorrir e muitos outros.
O falante do português, possivelmente, reconhece que existe algo em comum entre
esses verbos, ou em grande parte deles. Todos eles, por exemplo, são desencadeados a
partir da vontade de quem executa o conteúdo associado a cada um deles. Mesmo assim,
o falante também reconhece que existem diferenças importantes entre eles: correr exige
muito mais esforço, movimentação, agitação do que o verbo escrever. E o que dizer de
verbos como dormir, repousar e descansar, que também fazem parte da grande categoria
de verbos de ação e não pressupõem nenhuma movimentação? Ou de verbos como
pensar, imaginar e planejar, que também possuem suas diferenças com outros verbos
dessa classe? Como mostram esses exemplos, a classe de verbos de ação é bastante
heterogênea, incluindo verbos que não parecem ser de ação.
As outras duas categorias (estado e fenômeno) possuem uma quantidade menos
expressiva de verbos. Na categoria de verbos de estado, estão os verbos que indicam
situações não dinâmicas. Normalmente ligam uma característica a um sujeito, como:

a) Maria continua cansada. (Maria = sujeito; cansada = característica)


b) João está gripado. (João = sujeito; gripado = característica)
c) Renato é meu professor. (Renato = sujeito; meu professor = característica)

Alguns autores incluem nessa categoria verbos como amar, achar (no sentido de ter
opinião), sentir, morar, ter, por considerar que exprimem condições circunstanciais, não
dinâmicas e até mesmo passageiras:

a) Maria ama chocolate amargo.


b) João acha que me engana.
c) Carlos mora em apartamento.

Quanto à categoria dos verbos de fenômeno, estão os verbos relacionados aos


eventos naturais, como nevar, chover, ventar, gear, trovejar, amanhecer, anoitecer entre
outros. É importante que você tenha cuidado. Em muitos contextos, como na tirinha que
segue, é possível perceber a ocorrência do fenômeno da natureza sem que haja a
ocorrência de verbos de fenômeno:

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Figura 41: HQ Cascão


Fonte: http://www.fumarc.com.br/imgDB/concursos/01_fun_incompl_olegario-20111220-151024.pdf. Acesso
em: 21 abri. 2021.

Na frase “Essa chuva não para!”, o verbo é parar. O fenômeno está indicado pelo
substantivo chuva. Em outras palavras, os fenômenos podem estar relacionados com
outras classes de palavras, como os substantivos neve, chuva, geada, vento, trovão entre
outros. Assim, muito mais do que saber se um verbo pertence a essa ou àquela classe, é
mais importante que você tenha um olhar crítico sobre eles. Pensar no conteúdo de cada
verbo, comparar seus significados, analisar os contextos em que foram utilizados é a
melhor maneira de compreender seu funcionamento.
No que diz respeito aos verbos de ação, ainda há uma peculiaridade, as chamadas
vozes verbais. As vozes verbais dizem respeito à condição que o sujeito assume na
oração. Tradicionalmente, o sujeito é compreendido como o elemento que pratica, recebe
ou pratica e recebe a ação verbal. Cada um desses entendimentos corresponde a uma voz
verbal:

VOZ ATIVA

A voz ativa é uma das que mais ocorre na linguagem cotidiana, seja na linguagem
formal ou na informal. Ela é verificada nos casos em que o sujeito pratica a ação expressa
pelo verbo, como em:

A) Carlos fatiou a carne. (Carlos faz a ação de transformar a carne em fatias)


B) Maria enviou a encomenda. (Maria faz a ação de enviar a encomenda)
C) O cachorro latiu. (O cachorro faz a ação de emitir sons chamados de latido)

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VOZ PASSIVA

A voz passiva é verificada nos casos em que o sujeito recebe a ação desencadeada
pelo verbo. Tradicionalmente, a voz passiva é dividida em dois tipos: a) a voz passiva
sintética e a voz passiva analítica. O primeiro caso, corresponderia a frases como: “Vende-
se essa casa” e o segundo caso, a frases como “Essa casa foi vendida”. A tradição
gramatical vai nos dizer que no primeiro caso, “essa casa” é o sujeito que sofre a ação de
“ser vendida”. No entanto, o falante do português percebe (e existem alguns estudos que
tratam disso, como o de Ali (1908) – veja como é espantoso! Em 1908, já havia estudos de
que na frase “Vende-se essa casa” parece existir um “sujeito no mundo”, alguém que
desempenha a ação de “vender a casa”.
Quanto ao segundo caso, “Essa casa foi vendida”, o sujeito é gramaticalmente
expresso na frase “essa casa” e de fato sofre a ação de “ser vendida”. Ainda de acordo
com a tradição gramatical, as vozes passiva sintética e passiva analítica possuem o
mesmo sentido, mas isso já foi comprovado pelo próprio Ali (1908) que os sentidos são
diferentes. Imagine que uma pessoa esteja andando por uma rua e aviste uma casa. Se na
frente dessa casa houver uma placa com os dizeres: “Vende-se essa casa”, ela certamente
entenderá que a casa está vazia e poderá ser adquirida por alguém que tenha uma
quantidade de dinheiro. Se, no entanto, diante da mesma casa houver uma placa com os
dizeres “Essa casa foi vendida”, o entendimento será exatamente o oposto: a casa em
breve estará ocupada.
Você precisa saber, então, que mesmo a tradição gramatical tentando mostrar que a
voz passiva sintética é equivalente à voz passiva analítica, existem muitas diferenças entre
elas. Além disso, na norma padrão notada hoje no português, é possível identificar casos
muito próximos à voz passiva (o sujeito sofrendo uma ação) sem que ocorram as
estruturas que são tradicionalmente atribuídas à voz passiva. Vamos ver alguns exemplos:

a) Aluga-se um apartamento no centro. (Voz passiva sintética = verbo + se)


b) Esse bolo foi feito por mim. (Voz passiva analítica = verbo “ser” + verbo
particípio)
c) O frango assou antes de meio dia. (“O frango” = sujeito que sofreu uma ação)

Isso quer dizer que você precisa novamente estar atento a casa situação em
particular. Muitas o mesmo verbo usado em estruturas oracionais muito próximas ou
mesmo idênticas, pode variar quanto à voz verbal assumida. Note:

a) O arroz cozinhou. (O arroz passou por um processo: de cru para cozido)


b) Minha mãe cozinhou. (Minha mãe preparou quitutes)

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No primeiro caso, o arroz passa por um processo. Ele não desencadeia a ação de
cozinhar, mas é resultado dela. Diferente do segundo caso, em que minha mãe claramente
é o agente da ação de cozinhar.

VOZ REFLEXIVA

A voz reflexiva é percebida nos casos em que o sujeito simultaneamente é o agente


e o paciente da ação verbal. Tradicionalmente, ocorre diante de verbos transitivos diretos,
seguidos de pronome oblíquo, como em:

a) O menino molhou-se com o balde. (O menino molha a si mesmo com o balde)


b) Eu me furei com a ponta da tesoura. (Eu furei a mim mesmo com a ponta da
tesoura)
c) Carlos se queimou na tampa da panela. (Carlos queimou ele mesmo com a
tampa)

Os pronomes oblíquos que são empregados nessa voz verbal também são
chamados de pronomes reflexivos. Nas charges a seguir, a voz reflexiva foi empregada
com o pronome “se”, no primeiro caso, e com o pronome “me” no segundo caso.

Texto I Texto II

Figura 42: Texto I


Fonte: https://s3.amazonaws.com/qcon-assets-production/images/provas/59202/93448b97fc3addf0632f.png.
Acesso em: 21 abri. 2021.
Figura 43: Texto II
Fonte: https://www.otempo.com.br/image/contentid/policy:1.2150519:1552786721/CHARGE-O-TEMPO.jpg.
Acesso em: 21 abri. 2021.

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Atenção: Na variação linguística diastrática, é


comum o emprego do pronome reflexivo “se” diante
de sujeito plural de primeira pessoa, como no verso
“Só se conformemo quando o Joca falou”, da música
“Saudosa Maloca” que você conheceu na semana
passada.
Atualmente, em muitas regiões do país, o pronome reflexivo é apagado nas
situações cotidianas de fala e escrita. Em Minas Gerais, por exemplo, é comum a
ocorrência de casos como:

a) Eu formei na Universidade Federal de Viçosa. (Em vez de “Eu me formei...”)


b) Maria ajoelhou durante a missa de hoje. (Em vez de “Maria se ajoelhou...”)
c) Zenaide casou com mais de 60 anos. (Em vez de “Zenaide se casou...”)

E mesmo os casos:

a) O menino molhou com o balde. (O menino pegou o balde e jogou a água em si mesmo)
b) Eu furei com a ponta da tesoura. (Eu fiz um pequeno ferimento em mim mesmo)
c) Carlos queimou na tampa da panela. (Carlos encostou a tampa quente em si mesmo)

Como já orientado anteriormente, mais importante que identificar esses casos, é


pensar sobre cada um deles, interpretando seus sentidos, considerando os contextos em
que são utilizados. Em alguns casos é possível identificar o sentido próprio da voz
reflexiva, mesmo sem haver possibilidade de usar a construção com o pronome reflexivo:

a) O menino cortou o pé. (Ele cortou seu próprio pé)


b) O cachorro mordeu a ponta do rabo. (Ele mordeu o próprio rabo)
c) Felipe cortou o cabelo. (Ele cortou o próprio cabelo)

Note que o fenômeno é complexo. No exemplo c), a ideia da voz reflexiva só seria
confirmada se a pessoa conhecesse o Felipe e soubesse que ele pegou a tesoura e ele
mesmo usou a tesoura para cortar o seu próprio cabelo. Do contrário, a mesma frase
poderá ser interpretada como voz passiva: “Felipe cortou o cabelo”, ou seja, ele foi até o
barbeiro e ele – o barbeiro – foi quem cortou o cabelo de Felipe.

VOZ RECÍPROCA

A tradição reconhece ainda a existência da voz recíproca, que ocorre nos casos de
sujeito composto (ou sujeito simples no plural). Nesse caso, compreende-se que cada
participante da interação exerce a ação sobre o outro, como:

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a) Joana e Carlos se encontraram na escola. (Sujeito composto + se)


b) Eles se cumprimentaram na saída do mercado. (Sujeito simples plural)

Nos dois casos, há a ideia de reflexividade. No primeiro exemplo, entende-se que


ao mesmo tempo em que Joana encontrou Carlos, Carlos encontrou Joana. Já no segundo
exemplo, embora não se saiba, pelo contexto da frase, quem são “eles”, entende-se que
seria mais de uma pessoa. Nessa interação, uma pessoa encontrou outra (ou outras) que
também encontrou/encontraram a outra.

Atenção: As vozes verbais são um fenômeno da


língua e, exatamente por isso, está sujeita a
diferentes variações. É importante analisar caso a
caso, observando diferentes fatores que podem
influenciar na variação e na construção do significado.

7.2 As orações subordinadas adjetivas

Nesta campanha publicitária do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios,


ocorre a chamada “oração subordinada adjetiva”.

Figura 44: Charge TJDFT


Fonte: https://pbs.twimg.com/media/Bsgl9-HIAAAYQDJ?format=jpg&name=small. Acesso em: 21 abri. 2021.

Há uninimidade entre os estudiosos da língua portuguesa que o trecho “que está


exercendo seu trabalho” é uma oração subordinada adjetiva. Mas por qual razão esse

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trecho recebe essa denominação? Primeiro, é necessário você recordar o conceito de


oração. Na Semana 2, você estudou os conceitos de frase, oração e período, e viu que
“oração” é um enunciado que possui um ou mais verbos. Isso quer dizer que ao observar
que “está exercendo” é uma locução verbal, você está reconhecendo que o trecho contém
o ingrediente fundamental das orações: a presença de verbo.
Retomando todo texto da campanha sobre desacato, você deve ter notado a
existência de outros verbos: ofender, está exercendo e é, correto? Isso significa que há
três orações formando esse período. Conforme você estudou na Semana 2, o período é o
conjunto de uma ou mais orações, quando há informaçõe suficientes para construir sentido
a essas orações (ou oração). Agora que você já recordou o que é oração, é necessário
lembrar o que vem a ser um adjetivo, afinal de contas, essa é uma oração subordinada
adjetiva, por isso possui relação de sentido com esse classe de palavras.
Quando somos mais jovens e estamos nos primeiros anos escolares, é comum
ensinarem que “adjetivo é uma qualidade”. Essa pode ser uma boa estratégia para ensinar
crianças, mas ela não é tão condizente assim com os fatos da língua. Nos exemplos que
são dados às crianças, como “A casa é bonita”, “Minha mãe é cheirosa”, “A lua é brilhante”,
não há dúvidas de que bonita, cheirosa e brilhante sejam qualidades. Mas o que dizer de
“O poço é fedido”, “O crime é vergonhoso” e “Meu tio é cachaceiro”? Nesses casos, fedido,
vergonhoso e cachaceiro não são qualidades, mas, mesmo assim, são adjetivos. Note os
adjetivos atribuídos ao gato nesta história em quadrinhos:

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Figura 45: Charge gatos


Fonte: https://imgv2-2-f.scribdassets.com/img/document/423788495/original/d42bad4ee7/1609442631?v=1
Acesso em: 21 abri. 2021.

Essa definição de “adjetivo” como “qualidade” precisa ser repensada. Uma definição
que ajuda a explicar essa classe está relacionada ao papel que o adjetivo desempenha
sobre os substantivos. Em outras palavras, os adjetivos sempre vão se referir a um
substantivo. Preste atenção nisso, pois reconhecer essa propriedade é essencial para
identificar as orações subordinadas adjetivas. Você deve saber que o substantivo é a
classe de palavras que nomeiam seres, como “cavalo”, “casa”, “funcionário público” entre
outros. Mas vamos pensar no “cavalo”.
Se alguém pedir para um grupo de pessoas imaginar um cavalo, todos irão pensar
em animais com muitas semelhanças, a ponto de serem reconhecidos como cavalo,
correto? Há quem possa pensar em um filhote de cavalo, o outro poderá pensar em um
cavalo marrom, mas todos irão pensar em um animal quadrúpede, mamifero e com outras
características em comum. No entanto, se a esse mesmo grupo for pedido que se imagine
um “cavalo azul”, as imagens mentais mudam. Não pode ser qualquer cavalo: todos
precisam pensar em um cavalo com a cor azul. Isso quer dizer que o sentido que damos a
“cavalo” é diferente do sentido que atribuímos a “cavalo azul”. Em outras palavras, “azul”
está modificando o sentido primário da palavra “cavalo”, ou seja, “azul” é um adjetivo.

Atenção: O adjetivo é a classe de palavras que


sempre se refere a um substantivo, modificando o seu
sentido primário, o seu sentido original.

Assim, é possível concluir que “casa” é diferente de “casa bonita”, “minha mãe” é
diferente de “minha mãe cheirosa”, “lua” é diferente de “lua brilhante”, “poço” é diferente de
“poço fedido” e assim por diante. Com a oração subordinada adjetiva, o processo de
compreensão é exatamente o mesmo. Voltando ao trecho principal da campanha da
TJDFJ: “Ofender um funcionário público que está exercendo seu trabalho é crime de
desacato”, deve-se concluir que “funcionário público” é diferente de “funcionário público
que está exercendo seu trabalho”.
O trecho que está em itálico tem exatamente a função de modificar o sentido do
substantivo “funcionário público”. Observe que não temos aí um adjetivo, mas uma oração
– porque tem verbo – com a função de adjetivo. Assim, “que está exercendo seu trabalho”
é uma oração adjetiva. Dizemos ainda que essa oração é subordinada. Não é difícil
compreender esse conceito. Basta pensar que ao lermos essa oração “que está exercendo
seu trabalho” não conseguimos compreender satisfatoriamente o seu conteúdo, a não ser
que se faça a correlação adequada com o restante do período. Em outras palavras, para
compreender inteiramente a mensagem uma oração subordinada, é necessário considerá-
la em um contexto maior: o período.
Dessa forma, é possível dizer que:

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1. O trecho “Ofender um funcionário público que está exercendo seu trabalho é crime
de desacato” é um período composto, pois é inteligível (possui sentido e mais de um
verbo);
2. A oração “que está exercendo seu trabalho” é subordinada (depende do restante do
período na construção do significado);
3. A oração subordinada é adjetiva (refere-se a um substantivo (funcionário público),
modificando o seu significado).

Tradicionalmente, as orações subordinadas adjetivas são divididas em duas


categorias: orações subordinadas adjetivas explicativas e orações subordinadas adjetivas
restritivas. Existem diferenças de significado entre elas, embora seja comum distingui-las
apenas por meio da presença ou ausência de vírgulas, como nestes casos:

a) Os cachorros que latem alto sentem saudade dos donos. (restritiva)


b) Os cachorros, que latem alto, sentem saudade dos donos. (explicativa)

Mais do que reconhecer a vírgula como elemento que distingue os tipos de oração,
é importante perceber a diferença de sentido. Por qual motivo há restrição e explicação? O
que isso significa em termos práticos? Para compreender essa diferença, você precisa ser
os dois períodos, de preferência em voz alta, marcando com a entonação a ausência da
vírgula em a) e a presença da vírgula em b). Faça isso, prestando atenção no sentido
obtivo. Você deve perceber que, em a), apenas os cachorros que latem alto sentem
saudade dos donos, ou seja, em um conjunto de cachorros, alguns latem alto (um grupo
restrito), e exatamente esse grupo restrito é que sente saudade dos donos. Por outro lado,
a leitura feita em b) deve indicar que os cachorros latem alto, todos eles, e que todos eles
sentem saudade dos donos. Veja outro caso:

a) Os japoneses que acordam cedo são trabalhadores. (restritiva)


b) Os japoneses, que acordam cedo, são trabalhadores. (explicativa)

Em a), a relação de restrição indica que nem todos os japoneses são trabalhadores,
mas apenas aqueles que acordam cedo. Os que acordam cedo são trabalhadores (relação
de restrição). Há um grupo que não acorda cedo. Esses não são trabalhadores. Já em b),
todos os japoneses são trabalhadores e por isso acordam cedo (relação de explicação)
Veja como essa relação de restrição e de explicação nas orações subordinadas adjetivas é
aplicada em outros textos:

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Figura 46: Novembro Azul


Fonte: https://www.camarabracodotrombudo.sc.gov.br/media/noticia/novembro-azul-o-homem-tambem-
precisa-se-cuidar-36.jpg. Acesso em: 21 abri. 2021.

Essa campanha comunitária não afirma que todos os homens têm atitude, mas
apenas aqueles que se cuidam. Note mais uma vez que “que se cuida” é uma oração, pois
tem verbo; é adjetiva, pois modifica o sentido básico do substantivo “homem”; é
subordinada, pois depende do período e é restritiva, pois indica que apenas um grupo de
homens tem atitude, ou seja, os homens que se cuidam. Observe como o sentido é
construído nesta propaganda:

Figura 47: Propaganda Parati


Fonte: https://grandesnomesdapropaganda.com.br/wp-content/uploads/2019/02/Parati.jpg. Acesso em: 21
abri. 2021.

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Não é “qualquer sabor” que recompensa, mas um específico (restrito). Trata-se do


sabor dos “biscoitos Parati”. A oração subordinada adjetiva restringe o sabor à marca.
Trata-se de um excelente recurso da propaganda. Veja agora o uso no gênero tirinha:

Figura 48: HQ gênero


Fonte: https://pt-static.z-dn.net/files/d31/82032f75eb19216798ba6bdebeea3662.jpg. Acesso em: 21 abri.
2021.

Note que não é qualquer relógio que é especial, mas somente aquele que o
personagem vai desenhar no braço da menina. Novamente, aqui há uma oração
subordinada adjetiva restritiva. O uso das orações subordinadas adjetivas, sejam elas
restritivas ou explicativas, é uma realidade nos diferentes gêneros textuais. Observe
sempre os efeitos de sentido dessas orações, considerando seus contextos de uso.

Atividade: Para fixar ainda mais os tópicos desta


semana, vá até a sala virtual e responda os exercícios.
Bom trabalho!

Assim, concluímos nossa sétima semana de estudos. Não deixe de ler o material
complementar sugerido e participar do fórum. Se necessário, releia o material.

Até a próxima semana e bons estudos!

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Semana 8 – Semântica Plataforma +IFMG

Objetivos
Nesta semana, o assunto é Semântica, ou seja,
vamos falar sobre a produção de sentido nos
diversos textos com os quais convivemos.

8.1 Emissor e Destinatário

Falar em semântica não é uma tarefa tão simples. Isso porque, ainda há muito para
se estudar sobre esse assunto tão variado. São muitas teorias que envolvem a Semântica,
mas aqui, vamos tomá-la como o estudo do sentido produzido ou percebido nos diversos
textos com os quais temos contato, quer na função de emissores (locutores/enunciadores)
quer na função de destinatários (alocutário/enunciatário).

Atenção: Há muitas abordagens para analisarmos a


semântica (linguística, histórica, cognitiva, etc.) de um
texto, mas em todos os casos, o ponto comum é o
sentido.

Para continuarmos nosso estudo, é muito importante que você compreenda a


diferença entre ser emissor (locutor / enunciador) ou destinatário (alocutário /
enunciatário). Você já pensou nisso?
Reflita um pouco a respeito: quando você escreve um texto, faz um desenho, dança ou
se expressa, de alguma forma, você tem em mente alguém para ser seu leitor, seu
público? Pois bem, esse é o destinatário (alocutário / enunciatário)
E o contrário, alguma vez você já leu um texto que te pareceu estranho? Você não
entendeu a mensagem ou não se identificou com conteúdo? Parecia que aquele texto não
era feito para você?
Isso é exatamente o que ocorre quando produzimos ou quando lemos um texto.
Quando nos expressamos, precisamos ter em mente o público-alvo provável. Isso vai
direcionar nossas palavras, nossas escolhas por cores, formas, tipo de linguagem, dentre
outras coisas.
Observe as imagens a seguir:

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Figura 49: Campanha Outubro Rosa IFMG


Fonte: http://www2.ouropreto.ifmg.edu.br/news/outubro-rosa-mes-d-aluta-contra-o-cancer-de-mama. Acesso
em: 21 abri. 2021.

Figura 50: Campanha Novembro Azul IFMG


Fonte: https://www.ifmg.edu.br/ouropreto/noticias/novembro-azul-conscientizacao-da-prevencao-do-cancer-
de-prostata. Acesso em: 21 abri. 2021.

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Após observar as imagens I e II, o que podemos dizer sobre os destinatários


desses textos? Eles são os mesmos? Por quê? Quais elementos te ajudaram em sua
resposta?

As imagens I e II NÃO tem o mesmo destinatário, não é? Na imagem I,


temos as mulheres como público-alvo e na imagem II, temos os homens.
Muitos elementos (verbais e não-verbais) nos ajudam a perceber isso. Vejamos
alguns não-verbais: as cores – rosa para as mulheres e azul para os homens; o laço que
indica as campanhas contra o câncer de mama e o de próstata; a forma redonda – que
reproduz a mama feminina (imagem I) e o laço rosa puxando o laço azul – representando
a mulher levando o homem para a consulta (imagem II). Agora, vejamos alguns elementos
verbais: as palavras rosa e azul; as palavras “câncer de mama”, “Homens” e a reprodução
da “fala” do laço rosa – “Ah! Mas você vai sim!”

Como você observou nas imagens I e II, a maneira como produzimos e como
percebemos os textos que lemos e vemos é influenciada por quem somos e para quem
escrevemos.

8.2 Sentido Conotativo e Denotativo

Agora que já entendemos quem são os emissores e os destinatários dos textos,


podemos passar para um ponto importantíssimo da semântica: a relação de sentido entre
as palavras.
Leia a seguinte frase:
João venceu o jogo facilmente, pois ele tinha uma carta na manga.
Você sabe o que significa essa expressão idiomática?

Atenção: EXPRESSÃO IDIOMÁTICA é a locução ou


frase cuja estrutura se fixou na língua e cujo
significado não corresponde à soma dos significados
isolados das palavras que a compõem, motivo pelo
qual não é interpretada à letra
Ex.: a expressão idiomática “bater as botas” significa
“morrer”.
Fonte: https://dicionario.priberam.org/ .

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Agora, observe a imagem abaixo.

Figura 51: Propaganda Carta na Manga


Fonte: https://www.osvigaristas.com.br/imagens/carta-na-manga-5409.hml. Acesso em: 21 abri. 2021.

Tendo como base a expressão “carta na manga”, NÃO podemos dizer que na frase
e na imagem ela tem o mesmo significado, não é? Isso acontece porque as palavras
podem ter sentidos denotativos ou conotativos. Na frase “João venceu o jogo facilmente,
pois ele tinha uma carta na manga”, o fragmento destacado está sendo empregado em
sentido conotativo ou figurado. Na imagem, porém, o fragmento “carta na manga” está
sendo empregado em seu sentido denotativo ou literal. Realmente, há uma carta na
manga.

O sentido denotativo é o sentido literal, ou seja, o sentido que contém o significado


básico das palavras, expressões e enunciados da língua, ou seja, o sentido denotativo é
o sentido dicionarizado das palavras. É o sentido real.

O sentido conotativo é o sentido figurado. Nesse caso, as palavras assumem


significados particulares e específicos, que NÃO correspondem ao sentido básico das
palavras.

Quando vamos produzir ou ler algum texto, devemos observar sobre o uso do
sentido denotativo e conotativo das palavras. Como vimos na Semana 1, nem todos os
gêneros textuais admitem palavras em sentido conotativo, assim como, encontramos mais
palavras em sentido denotativo em determinados gêneros.
Vamos observar alguns gêneros em que aparecem as palavras em sentido
denotativo.

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TEXTO I

Figura 52: Medicamento ANVISA


Fonte: https://noticias.uol.com.br/ultnot/cienciaesaude/ultnot/2009/09/09/ult4477u2022.jhtm. Acesso em: 21
abri. 2021.

TEXTO II

Figura 53: Manual de Montagem


Fonte: https://www.galinhachoca.com.br/manual. Acesso em: 21 abri. 2021.

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TEXTO III

Figura 54: Jornal O Tempo.


Fonte: https://www.vercapas.com.br/capa/o-tempo. Acesso em: 21 abri. 2021.

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TEXTO IV

Figura 55: Normas Gerais de Processo Seletivo


Fonte: https://processoseletivo.ifmg.edu.br/. Acesso em: 21 abri. 2021.

Agora, vamos observar alguns gêneros em que aparecem as palavras em sentido


conotativo.

Figura 56: HQ Recruta Zero


Fonte: http://figuradoeproprio.blogspot.com/2012/10/charges.html. Acesso em: 21 abri. 2021.

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Soneto de Luís Vaz de Camões Letra da música de Almir Sater

Amor é fogo que arde sem se ver Tocando em frente

Ando devagar porque já tive pressa


Amor é fogo que arde sem se ver, E levo esse sorriso
é ferida que dói, e não se sente; Porque já chorei demais
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer. Hoje me sinto mais forte
Mais feliz, quem sabe
É um não querer mais que bem querer; Só levo a certeza
é um andar solitário entre a gente; De que muito pouco sei
é nunca contentar-se de contente; Ou nada sei
é um cuidar que ganha em se perder.
Conhecer as manhas e as manhãs
É querer estar preso por vontade; O sabor das massas e das maçãs
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade. É preciso amor pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
Mas como causar pode seu favor É preciso a chuva para florir
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor? Penso que cumprir a vida
Seja simplesmente
Disponível em: https://www.escritas.org/pt/t/2512/amor- Compreender a marcha
e-fogo-que-arde-sem-se-ver. Acesso em: 21 jun. 2021.
E ir tocando em frente

Disponível em: https://www.letras.mus.br/almir-


sater/44082. Acesso em: 21 jun. 2021.

8.3 Polissemia

Até aqui, vimos que a Semântica estuda o sentido das palavras e dos textos que
produzimos e lemos. Também aprendemos que o emissor é aquele que produz o texto,
seja ele verbal ou não-verbal – e que o destinatário é o público-alvo ou aquele para quem
o texto é dirigido. Depois, compreendemos que as palavras podem ter sentido denotativo
(básico, de dicionário) ou conotativo (figurado, moldável conforme o texto e o contexto).
Agora, vamos entender que as palavras também podem ser polissêmicas. A palavra
polissemia vem do grego (poli = muitos + sema = sentido) e indica que uma mesma
palavra (UMA só forma – significante) tem vários sentidos (significados). Nesse caso, para
que saibamos qual é o significado da palavra, precisaremos observar o contexto.

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Significante BANCO ???


Significado

Figura 57: Signo linguístico.


Fonte: autoral

8.4 Sinonímia e antonímia

Antes de concluirmos essa semana, vamos conversar sobre um assunto muito


importante: a função dos sinônimos e antônimos na língua.
Veja qual é a definição de sinônimo de acordo com o dicionário Houaiss da Língua
Portuguesa.

Sinônimo: Linguística semântica – diz-se da palavra de significado semelhante a


outra e que pode, em alguns contextos, ser usada em seu lugar sem alterar o
significado da sentença.

Se você observou bem, estamos falando de palavras com sentidos semelhantes,


não iguais. Então, para começar, é preciso termos em mente que não existe sinonímia
perfeita, ou seja, quando empregamos uma palavra sinônima, nunca teremos exatamente
o mesmo sentido, pois cada palavra tem sua própria carga semântica, ou seja, dentro de
um contexto, cada palavra expressa um sentido único e particular. Vamos analisar o
exemplo abaixo:
Ex.: João é um ocioso.
João é um vagabundo.

Observe as palavras que estão destacadas em negrito. Segundo o dicionário de


sinônimos, elas são sinônimas. No entanto, observe como a carga semântica das palavras
é diferente. Da primeira para a segunda frase, progressivamente, observamos um peso,
um sentido mais pejorativo. Dizer que alguém é ocioso não é, semanticamente, o mesmo

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que dizer vagabundo, não é mesmo? A palavra vagabundo tem uma carga semântica
mais complexa. Ela exprime um sentido mais carregado.
Agora observe as próximas frases.
Ex.: Eu estou feliz hoje.
Eu estou alegre hoje.

Como dito anteriormente, não há sinônimos que, perfeitamente, substituam outras


palavras, mas, em alguns contextos, o significado pode ser preservado. Observe como
feliz e alegre conferem, praticamente, o mesmo sentido às frases acima. São duas
palavras com carga semântica semelhante.
Mas afinal de contas, qual é a aplicação prática dos sinônimos?
Os sinônimos nos ajudam a produzir textos mais agradáveis, evitando a repetição e
promovendo a gradação de ideias e sentidos. Então, a partir de agora, sempre que você
for ler ou escrever algum texto, pense nas escolhas dos sinônimos que foram ou que serão
feitas. Lembre-se: a simples mudança de uma palavra por outra pode afetar todo o
entendimento de uma frase ou um texto.
Agora, vamos conferir qual é a definição de antônimo segundo o dicionário Houaiss
da Língua Portuguesa.

Antônimo: Linguística – diz-se de ou unidade significativa da língua (morfema,


palavra, locução, frase) cujo sentido é contrário ou incompatível com o de outra.

Como vimos, os antônimos são unidades da língua contrárias, opostas a outras.


Há muitas formas para criarmos opostos, como através de palavras contrárias, ou a partir
da adição de palavras negativas em frases afirmativas, dentre outros. Vejamos alguns
exemplos.
Ex.: Maria é bonita. Nós saímos hoje. Isso é possível.
Maria é feia. Nós não saímos hoje. Isso é impossível.

Assim como os sinônimos, os antônimos são recursos estilísticos muito importantes


na elaboração de textos e na comunicação em geral. Eles aumentam o repertório
linguístico do texto, trazendo elegância, proporcionando jogos de palavras, reforçando ou
suavizando algum trecho, entre outros.
Na semana 2, você leu o trecho de um poema de Gregório de Matos que explora o
uso dos antônimos. Releia-o abaixo e observe como é interessante o contraste criado
pelos opostos.

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“Nasce o Sol e não dura mais que um dia,


Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas, a alegria”.

(Gregório de Matos)

Mídia digital: Para ampliar seus conhecimentos, vá até


a sala virtual e assista à videoaula sobre Semântica.

Atividade: Vá a sala virtual e faça os exercícios sobre o


conteúdo da Semana 8

Assim, concluímos nossa oitava semana de estudos. Não deixe de participar da


videoaula e de fazer os exercícios de fixação.

Até próxima semana e bons estudos!

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Plataforma +IFMG

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Semana 9 – Semântica e Multissemiose Plataforma +IFMG

Objetivos Nesta semana, vamos continuar com o


tópico Semântica, porém, vamos trabalhar com textos
multissemióticos, ou seja, textos que mesclam
informações verbais e não-verbais (gestos, entonação,
dentre outros).

9.1 Multissemiose

Na Semana 2, nós aprendemos um pouco sobre os textos multissemióticos.


Vamos relembrar?

“Por multissemiose entende-se as várias formas de significação de um elemento.


Um texto permite múltiplas linguagens e, consequentemente, múltiplas
interpretações, por isso possui uma natureza multissemiótica” (Pág. 32)

Mídia digital: Veja algumas publicidades


multissemióticas: link 1, link 2 e link 3.

Em outras palavras, podemos dizer que os textos multissemióticos congregam


palavra, imagem e/ou outros recursos gráficos, visuais e auditivos na produção do
sentido. Com a internet e as mídias sociais, a cada dia, convivemos mais com esses
textos, não é?

Vamos a alguns exemplos a seguir.

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TEXTO I

Figura 58: infográfico Campus IFMG Formiga


Fonte: https://www.formiga.ifmg.edu.br/documents/images/noticias/2020/corona_3.jpg. Acesso em: 24 ago.
2021

TEXTO II

Figura 59: Mensagem de WhatsApp


Fonte: autoral

TEXTO III TEXTO IV

Figura 60: Meme


Fonte:
https://i.pinimg.com/originals/b0/9d/aa/b09daa82348e Figura 61: Foto com texto
44e03c95449b7ca62d03.jpg. Acesso em: 23 Fonte:
ago.2021. https://www.topimagens.com.br/img/imagens60/cas
as-paquerando-16706Wdja67GkDq.jpg Acesso em:
24 mar. 2021.

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TEXTO V TEXTO VI

Figura 62: “Boca Fechada” Figura 63: Silêncio


https://www.cvv.org.br/blog/o-que-diz-o-silencio/ . https://br.depositphotos.com/stock-photos/silencio-
Acesso em: 25 mar. 2021. hospital.html. Acesso em: 25 mar. 2021.

TEXTO VII TEXTO VIII

Figura 65: Meme do gato orando


Figura 64: Figurinha de Whatsapp Fonte:
Fonte: Autoral. https://i.pinimg.com/originals/db/0f/2e/db0f2eda82e9
589e15d1eb738cb501b1.jpg. Acesso em: 23 ago.
2021.

Como você observou, os textos acima variam entre verbais e não-verbais. Eles
podem vir acompanhados de som ou, até mesmo, com todos esses elementos juntos.

Dica do professor: insira o termo “memes


engraçados” na barra de busca do “Google imagens” e
veja vários memes interessantes.

Você deve ter notado que é necessário associarmos vários elementos para
compreendermos esses textos. Precisamos observar as imagens, os textos verbais, as
expressões faciais, os gestos, a linguagem (que, por vezes, é o “internetês”), entre outros.

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Esses textos são muito comuns em nossa sociedade e já fazem parte do nosso repertório
cotidiano.

Atenção: O internetês é uma linguagem surgida no


ambiente da internet, baseada na simplificação
informal da escrita, com o objetivo principal de tornar
mais ágil e rápida a comunicação, fazendo dela uma
linguagem taquigráfica, fonética e visual.
Abreviações, simplificações, símbolos criados por
combinação de caracteres, símbolos gráficos
próprios, e uma diversidade de recursos de
comunicação por imagens utilizados na internet são
as principais características encontradas nas
mensagens que utilizam esta linguagem. Alguns
exemplos dessa linguagem são: kd, vc, pq, td de
bom, bjo, c, q, etc

Agora que você já conhece um pouco mais sobre os textos multissemióticos, vamos
aprender um pouco mais sobre alguns efeitos de sentido recorrentes em vários gêneros.

9.2 Ironia

A ironia é um recurso de linguagem empregado quando desejamos afirmar algo


contrário ao que se pensa. O objetivo pode ser o de fazer uma crítica, uma sátira, um
deboche. Esse recurso é muito usado para transmitir a mensagem de forma implícita e
com efeito contrário. Esse efeito na mensagem é construído de várias formas, como a
partir do tom de voz, da postura corporal, de um sorriso sarcástico (na oralidade), uma
pontuação (na escrita), entre outros. Através da ironia podemos denunciar, insinuar,
reprimir, criticar, censurar, etc.
Vamos a alguns exemplos de textos cuja ironia está presente.
Ex. 1: Parabéns, gênio! Você tirou zero na prova.
Observe a incompatibilidade entre os termos que estão em negrito. Foram utilizadas
as palavras “Parabéns, gênio” quando, na verdade, o esperado era “Burro”, “Incompetente”
ou coisas do tipo. Note que houve uma inversão no dito. Foi um “elogio” com efeito
contrário.
Ex. 2: O ladrão explica ao juiz:
- Eu roubei porque não tinha o que comer, lugar para dormir e nenhum amigo.
- Vou levar isso em conta. O senhor terá alimentação de graça por cinco anos,
alojamento e muitos companheiros.

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No exemplo 2, percebemos outro caso de ironia. O juiz toma as palavras ditas pelo
ladrão e as ressignifica. Na verdade, o que ele pretendia dizer era que o ladrão seria preso,
mas o disse de forma irônica. Foi uma forma de debochar do ladrão.

Ex. 3:

Figura 66: Charge


Fonte: https://www.qconcursos.com/questoes-militares/questoes/9fb340ff-a4. Acesso em: 24 mar. 2021.

Como você observou, a charge acima utiliza a ironia para fazer uma crítica aos
hábitos das famílias modernas. Para compreender esse texto é de fundamental
importância a conexão entre a imagem (texto não-verbal) e o texto verbal. Reflita um
pouco: se a imagem fosse de uma família participando de um almoço, a charge teria outro
sentido, não é? Já não veríamos a ironia. Da mesma forma, se mudássemos o texto verbal
para “odeio esses nossos momentos em família”, teríamos a percepção da crítica ao uso
abusivo da tecnologia pelos membros da família, mas não encontraríamos a ironia.
Portanto, nesse caso, a ironia se apoia, exatamente, no conflito entre a imagem e o
texto verbal. Esses dois textos são antagônicos. O que se diz é o contrário do que se
mostra.
Em nosso último exemplo, o 4, veremos como personagem Helga utiliza a ironia
para censurar a atitude de Hagar, que permanece comodamente sentado enquanto a
esposa faz o trabalho pesado da casa. Obviamente, ao dizer “É isso aí! Fica sentado aí...”,
Helga estava falando exatamente o contrário do que queria. Com isso, ela esperava que o
marido percebesse a ironia presente na declaração e se movimentasse para ajudá-la. Note
que, novamente, precisamos dos textos verbal e não-verbal para que consigamos perceber
a ironia e, principalmente, o humor (falaremos sobre esse tema ainda nessa semana).

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Ex.4:

Figura 67: Tirinha Hagar


Fonte: http://ueadsl.textolivre.pro.br/2017.2/papers/upload/37.pdf. Acesso em: 24 mar. 2021.

9.3 Duplo sentido

Você já deve ter observado que em alguns textos as palavras nem sempre têm um
único sentido, uma única interpretação. Isso ocorre, muitas vezes, pelo uso intencional de
um recurso expressivo chamado duplo sentido.
O duplo sentido explora as diferentes interpretações e significados das palavras
dentro de algum contexto. O Objetivo, geralmente, é provocar humor, mas também pode
ser empregado para provocar outras impressões: conscientização, crítica, etc.
Alguns linguistas modernos defendem que a ambiguidade também pode ser
considerada como uma forma de duplo sentido quando é utilizada de forma intencional.
Então, para que você não confunda, vamos entender o seguinte: a ambiguidade e o duplo
sentido são muito semelhantes, mas a ambiguidade, quando empregada sem intenção,
pode causar um problema no entendimento da mensagem e não pode aparecer em uma
série de gêneros textuais que exigem clareza e objetividade na transmissão da mensagem.
O duplo sentido, por outro lado, é uma figura de linguagem ou um efeito estilístico
sempre intencional. Vamos a alguns exemplos:

Ex.1:

Figura 68: Título de notícia


Fonte: https://arquivo.correiodobrasil.com.br/encontrados-corpos-das-irmas-desaparecidas-no-lago-paranoa/.
Acesso em: 24 mar. 2021.

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Ex.2:

Figura 69: Placa


Fonte: https://brainly.com.br/tarefa/12774389. Acesso em: 24 mar. 2021.

Ao ler os textos acima, você percebe algo de estranho neles? Você conseguiu
compreender claramente as mensagens transmitidas? No caso do exemplo 1, as irmãs
foram encontradas no Lago Paranoá ou elas desapareceram lá e foram encontradas em
outro local? No exemplo 2, que não tem alvará, o município ou o vendedor?
Note que os dois textos acima – o título de uma notícia e uma placa de sinalização
viária – são, predominantemente, informativos, ou seja, o objetivo principal é o de transmitir
uma informação, um conhecimento.
Agora, reflita um pouco. Nesse caso, a dupla interpretação prejudicou o
entendimento dos textos? Se sua resposta foi sim, estamos diante de um caso de
ambiguidade. Agora, observe os exemplos abaixo.

Ex. 3:

Figura 70: Publicidade SINAF 1


Fonte:https://www.proenem.com.br/enem/lingua-portuguesa/linguagem-verbal-e-nao-verbal-signo-
significante-e-significado/. Acesso em: 24 mar. 2021.

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Ex.4:

Figura 72: Publicidade SINAF 2


Fonte: https://www.researchgate.net/figure/Figura-412-Anuncio-em-comemoracao-aos-25-anos-da-empresa-
SINAF-Fonte-45_fig2_260059225. Acesso em: 24 mar. 2021.

No exemplo 3, vemos a imagem do idoso e a palavra “coroa” como elementos


cruciais para a compreensão do enunciado. Ali, percebe-se que a palavra “coroa” poderia
assumir dois sentidos: uma mulher idosa ou uma coroa de flores. Como a publicidade é de
uma agência funerária, rapidamente, percebemos que o significado efetivo é o segundo.
No entanto, o trocadilho feito entre os textos verbal e não-verbal conferem humor ao
anúncio.
O mesmo ocorre no exemplo 4. O fragmento “perdendo um cliente atrás do outro”
somado à imagem das pessoas permite uma dupla significação: perder (porque o cliente
está insatisfeito) ou perder (porque o cliente morreu). Novamente, como a publicidade é de
uma agência funerária, notamos que o significado inferido é o segundo. Porém, assim
como no exemplo 3, foi feita uma brincadeira linguística.
Nesses casos, considerando que esses textos são publicidades, você diria que a
dupla interpretação foi meramente casual? Se sua resposta foi não, estamos diante de um
duplo sentido. Ou seja, intencionalmente, foi utilizado esse recurso para trazer mais humor
e leveza a uma publicidade que trata de um assunto pouco agradável: a morte.
Assim, o duplo sentido, como dissemos antes, é um recurso muito utilizado,
principalmente, em textos multissemióticos (publicidades, charges, tirinhas) e, em muitos
casos, o objetivo é o de provocar humor.

9.4 Humor

Como você observou nos temas que estudamos nesse tópico, em muitos efeitos de
sentido, como o duplo sentido e a ironia, o objetivo principal é o de provocar humor.
Mas o que é humor afinal?
Segundo o dicionário Houaiss, humor é uma comicidade em geral; graça,
jocosidade; expressão irônica e engenhosamente elaborada da realidade; faculdade de
perceber ou expressar tal comicidade.

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Geralmente, o humor advém de um efeito surpresa, ou seja, ocorre um desfecho ou


um fato inusitado, inesperado no texto em questão. Dentre os textos que lemos nessa
semana, muitos tinham o humor como ponto chave, não é? Vamos a mais alguns
exemplos?

Ex.1:

Figura 73: Tirinha Ciça


Fonte: https://centrodemidias.am.gov.br/storage/dmdocuments/18J4LIP004P2.pdf. Acesso em: 24 mar. 2021.

Ex. 2:

Figura 74: Charge Duke


Fonte:https://jornaloexpresso.wordpress.com/2020/03/28/novos-tempos-vai-faltar-alcool-para-fraudar-a-
gasolina/. Acesso em: 24 mar. 2021.

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Ex. 3:

Figura 75: Charge Gazo


Fonte: https://blogdoaftm.com.br/charge-medo/. Acesso em: 24 mar. 2021.

Dica do professor: insira o endereço


https://chargeonline.com.br/ em sua barra de
navegação e veja muitas charges humorísticas.

Mídia digital: Para ampliar seus conhecimentos,


assista à videoaula sobre Semântica e Multissemiose.

Atividade: Vá a sala virtual e faça os exercícios sobre o


conteúdo da Semana 9.

Assim, concluímos nossa nona semana de estudos. Não deixe de participar da


videoaula e de fazer os exercícios.

Até a próxima semana e bons estudos!

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118
Semana 10 – Figuras de Linguagem

Objetivos: Nesta semana, vamos aprender sobre


algumas figuras de linguagem: metáfora,
metonímia, eufemismo, comparação e pleonasmo.

Mídia digital: Para ampliar seus conhecimentos, vá até a


sala virtual e assista à videoaula “Figuras de Linguagem”.

10.1 O que são as figuras de linguagem?

Você já ouviu falar em figuras de linguagem? Elas são recursos estilísticos muito
importantes em nosso cotidiano, pois elas nos ajudam a dar mais ênfase e expressão ao
que falamos e, ainda, a percebermos de diferentes formas os textos que lemos.
Elas atuam em vários níveis e podemos encontrá-las em diferentes gêneros
textuais. Através delas, obtemos diferentes efeitos de sentido e damos novos significados
às palavras. Nesse âmbito, as palavras são significadas a partir do sentido conotativo ou
figurado.
Podemos dividir as figuras de linguagem em quatro categorias: sonoras, de
palavras, de sintaxe e de pensamento. Há muitas figuras de linguagem diferentes, mas
vamos nos concentrar em cinco delas. Antes, porém, observe o quadro abaixo e conheça o
nome de algumas delas e como estão divididas.

Atenção: As figuras de linguagem são recursos


estilísticos utilizados no nível dos sons, das
palavras, das estruturas sintáticas ou do significado
para dar maior valor expressivo à linguagem
(ABURRE, 2016).

Observe o quadro a seguir com as principais figuras de linguagem de cada


categoria mencionada:

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119
Nível de atuação Figura de Linguagem

Aliteração
Sonoro (exploração dos Assonância
sons para produzir efeitos Onomatopeia
de sentido) Paronomásia
Antonomásia
Catacrese
Palavra (emprego das Comparação
palavras em contexto Metáfora
diferente do esperado) Metonímia
Sinédoque
Sinestesia
Anacoluto
Anáfora
Sintaxe ou Construção Elipse
(alteração intencional das Hipérbato
estruturas sintáticas) Polissíndeto
Pleonasmo
Antítese
Apóstrofe
Eufemismo
Pensamento Gradação
(manipulação semântica) Hipérbole
Paradoxo
Prosopopeia
Quadro 1: Figuras de linguagem
Fonte: autoral

Como dito acima, por agora, vamos nos dedicar ao estudo de cinco figuras de
linguagem: Metáfora, Metonímia, Comparação, Pleonasmo e Eufemismo.

10.2 Metáfora

A metáfora ocorre quando um termo é usado para substituir outro, considerando que
haja uma relação de semelhança entre os termos. É uma espécie de comparação leve,
mas sem o uso de conectivos. Observe:

Ex.1: Meu marido é um gato!


Você é a minha luz!
Essa aluna é um anjo!
Meu amigo é uma mula!

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120
Figura 76: Tirinha Fernando Gonsales
Fonte: https://centrodemidias.am.gov.br/storage/lessons_content/19F9LIP019P2.pdf. Acesso em: 24 mar.
2021.

10.3 Metonímia

A metonímia ocorre quando uma palavra é usada em substituição a outra,


existindo uma relação de proximidade, de sentido ou uma relação lógica entre elas. Essa
figura de linguagem pode se manifestar de várias formas:
a) O autor em substituição à obra.
Ex.: Leio Machado de Assis toda semana. (Leio a obra de Machado de Assis)

b) O recipiente (continente) pelo conteúdo.


Ex.: Eu comi um prato de macarrão. (Não foi o prato, mas o macarrão que foi consumido)

c) A marca pelo produto.


Ex.: Vou usar durex para prender essa cartolina. (Durex é uma marca. O produto é fita
adesiva)

d) A parte pelo todo.


Ex.: Felipe pediu a mão de Jéssica em casamento. (A pessoa é que foi pedida em
casamento)

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Figura 77: Durex Figura 78: Pedido de casamento
Fonte: https://www.topimagens.com.br/ Fonte: https://comunidade.casamentos.com.br/
engracadas/15550-amor-da-minha-vida.html forum/quero-pedir-a-tua-mao-em-casamento--t67178
Acesso em: 24 mar. 2021. Acesso em: 24 mar. 2021.

10.4 Comparação ou Símile

A comparação ocorre quando aproximamos, comparamos dois termos ou ideias


através de um conectivo, geralmente como, tal qual, igual.
Ex.: O amor é como uma flor.
O mundo é como um espelho que devolve a cada pessoa o reflexo de seus próprios
pensamentos. (Luís Fernando Veríssimo)

Figura 79: Tirinha Hagar.


Fonte: https://meandros.wordpress.com/2008/08/03/meandros-macarronicos/. Acesso em: 24 mar. 2021.

10.5 Pleonasmo

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O pleonasmo ocorre quando repetimos desnecessariamente um termo ou seu
significado.
Ex.: Eu vou subir para cima.
Vamos descer para baixo?
Menino, entrar pra dentro.
Cachorro, sair pra fora agora.

Figura 80: Meme pleonasmo Figura 81: Placa pleonasmo


Fonte: https://hu.pinterest.com/pin/ Fonte: http://solinguagem.blogspot.com/
700802391988222104/ 2010/11/pleonasmos-viciosos.html
Acesso em: 24 mar. 2021. Acesso em: 24 mar. 2021.

10.6 Eufemismo

O eufemismo é o abrandamento de expressões fortes ou desagradáveis,


substituindo-as por termos mais suaves.
Exemplos:
a) Gustavo faltou com a verdade na presença do juiz.

b)

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Figura 82: Charge Fofoqueira
Fonte: https://www.facebook.com/afofoqueiradetere/

Figura 83: Publicidade Sinaf Finados


Fonte: https://www.blogdoadonis.com.br/2018/11/01/finados-sem-tristeza/. Acesso em: 24 mar. 2021.

Dica do professor: para ampliar seu


conhecimento, leia a reportagem de Ayeda
Sanches sobre a importância das Figuras de
Linguagem (download).

Atividade: Vá a sala virtual e faça os exercícios


sobre o conteúdo da Semana 10.

Assim, concluímos nossa décima semana de estudos e, também, o conteúdo de


nosso curso.

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Atividade Final: Para concluir o curso e gerar o
seu certificado, vá até a sala virtual e responda
ao Questionário “Avaliação geral”.
Este teste é constituído por 10 perguntas de
múltipla escolha, que se baseiam em todo o
material.
Assim, leia com atenção nosso material, assista
os vídeos e se atente para as sugestões de
leitura e, somente após isso, faça essa atividade.

Esperamos ter contribuído para seus estudos de Língua Portuguesa e desejamos


muita sorte nos concursos vestibulares do IFMG!

Parabéns pela conclusão do curso. Foi um prazer tê-lo conosco!

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Referências

ABURRE, Maria Luiza M. at al. Português, Interlocução e Sentido. Volume 1. São Paulo,
Moderna, 2016.
BAGNO, Marcos. Língua. In. CEALE. Termos de alfabetização, leitura e escrita para
educadores. Disponível em:
http://www.ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/lingua. Acesso em:
05/04/2021.
BORBA, Francisco. Dicionário gramatical de verbos do português contemporâneo.
São Paulo: Editora da Unesp, 1990.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: Educação Infantil e Ensino Fundamental.
Brasília: MEC/Secretaria de Educação Básica, 2017.
FÁVERO, Leonor Lopes. Coerência e coesão textuais. São Paulo, Ática, 2002.
FIORIN, José Luiz; SAVIOLI, Francisco Platão. Para entender o texto: leitura e redação.
16. ed. São Paulo Ática, 2009.
KOCH, Ingedore Vilaça e ELIAS, Vanda Maria. Ler e compreender: os sentidos do texto.
São Paulo: Contexto, 2006.
KOCH, I. V. Desvendando os segredos do texto. São Paulo, Cortez, 2002.
INEP. Material de Leitura: Módulo 2 – Situações que levam à nota zero. Disponível em:
https://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/downloads/2020/Situacoes_nota_zero
.pdf.
MACHADO, A. R.; BEZERRA, M. A. (Orgs.). Gêneros textuais & ensino. Rio de Janeiro:
Lucerna, 2002, p. 19-36.
MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais e ensino. Rio de Janeiro, Lucerna, 2008.
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS. Currículo Referência
de Minas Gerais. Belo Horizonte: SEE MG, 2019. Disponível em:
https://curriculoreferencia.educacao.mg.gov.br/. Acesso em: 18/12/2020.
SAID ALI, Manuel. (1908) Dificuldades da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Francisco
Alves Editores, 1930.
SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. 6. Ed. Porto Alegre: Artmed, 1998.
SOARES, M. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 1998.

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Currículos dos autores

Bruno de Assis Freire de Lima é Doutor em Estudos Linguísticos pela Universidade


Federal de Minas Gerais, com tese defendida em 2018 na área de Linguística das
Linguagens Especializadas. Mestre em Linguística e Língua Portuguesa, pela
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, com dissertação defendida em 2007,
na área de Sintaxe e Semântica do Português. Especialista em Língua Portuguesa,
2004, pela Universidade Federal de Viçosa, onde também é Licenciado em Letras
(2002). Atualmente, é residente de Pós-doutorado na Universidade Federal de Minas
Gerais, desenvolvendo pesquisas na área de Avaliação da Aprendizagem Escolar na
perspectiva das Linguagens Especializadas. Possui experiência nas áreas de Ensino e
Descrição da Língua Portuguesa, Avaliação e Produção de Instrumentos de Avaliação
da Aprendizagem Escolar, Avaliação e Produção de Material Didático e Pedagógico para o Ensino de Língua
Portuguesa, Estudos Lexicais e Terminológicos e Linguística das Linguagens Especializadas. Atualmente é
professor da área de Letras – Língua Portuguesa – no campus Sabará do Instituto Federal de Ciência e
Tecnologia de Minas Gerais.

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/2112404561973083

Débora Marques Ferreira Araújo é Mestranda em Linguística do Texto e do Discurso


– Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); Especialista em Leitura e Produção
de Textos – Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH); e em Educação
Especial e Inclusiva – Faculdade de Educação São Luís; Extensionista em
Psicopedagogia. Graduada em Letras com habilitação em Língua Portuguesa e
Língua Espanhola – Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH). Atuou como
docente do Ensino Infantil ao Superior, como mediadora para alunos da Educação
Especial e Inclusiva, como orientadora de Projeto Integrador de Pesquisa, como
Coordenadora e revisora de revistas, como Presidente de Banca de Seleção de
Professores e de Seleção e Vestibular, como elaboradora de questões para
concursos, como Coordenadora de Língua Portuguesa, como Revisora de Textos,
como Crítica do Currículo de Referência da Secretaria de Estado e Educação de Minas Gerais e como
elaboradora de material didático para Curso Livre de Espanhol. Possui experiência nas disciplinas de
Metodologia Científica, Redação Técnica, Inglês Instrumental, Língua Portuguesa e Língua Espanhola.
Atualmente, é professora efetiva de Língua Portuguesa e Língua Espanhola EBTT no Instituto Federal de
Ciência e Tecnologia de Minas Gerais, no campus São João Evangelista.

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/5282298239672373

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Viviane Lima Martins é Doutora em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo, com a titulação de Mestre pela mesma
instituição. Graduada em Letras pela Universidade de São Paulo, e especialista em
Língua Portuguesa pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, e em
Língua Inglesa pela Loyola University Chicago, possui, também, segunda
licenciatura em Pedagogia pela FAPAN - Paraná, e especializações em Gestão
Escolar e em Tecnologias Digitais e Inovação em Educação, ambas pela
UNICSUL, Especialização em Educação Inclusiva e AEE, pela Faculdade São Luis
de Jabuticabal, além de aperfeiçoamento em Docência na Educação a Distância -
Aprendizagem Baseada em Problemas / Projetos, pela Universidade Virtual do
Estado de São Paulo - UNIVESP. Com experiência, tanto em cursos presenciais quanto em Educação a
Distância (EaD), nas áreas de Letras, Linguística e Educação, atua principalmente nos segmentos de
Língua Portuguesa e Língua Inglesa, Comunicação e Semiótica, Educação e Projetos (a partir de
Metodologias Ativas, como PBL e Design Thinking) e Formação Docente. Possui experiência nas
disciplinas de Escrita Acadêmica e Metodologia Científica, Linguística Aplicada e Análise do Discurso,
Mídia e Educação, Ensino de Língua e Literatura (Brasileira, Portuguesa, Inglesa e Norte-Americana),
Orientação de TCC, Linguagens e Mediações Tecnológicas (TIC), Análise das Mídias, Semiótica e
Teorias da Comunicação. Atualmente é professora efetiva de Língua Portuguesa e Língua Inglesa EBTT
no Instituto Federal de Ciência e Tecnologia de Minas Gerais, no campus Arcos.

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/8515218182235575

Feito por (professor-autor) Data Revisão de layout Data Versão

Bruno de Assis Freire de Lima


Débora Marques Ferreira Araújo 26/05/2021 Viviane Lima Martins 26/05/2021 1.0
Viviane Lima Martins

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Glossário de códigos QR (Quick Response)

Mídia digital Mídia digital:


Apresentação do Videoaula sobre
curso Gêneros Textuais

Dica do professor
Comédias para se ler Mídia digital
na escola Videoaula sobre
(download), de Luiz Texto e Textualidade
Fernando Veríssimo.

Mídia digital Dica do professor


Videoaula sobre 101 Pérolas do
Coesão e Coerência ENEM, de Fernando
Textuais Bragança

Mídia digital Mídia digital


Videoaula sobre Samba-enredo da
Intertextualidade Mangueira 2007

Mídia digital Mídia digital


Videoaula sobre
Tradicional canção
Linguagem, Língua e
portuguesa
Comunicação

Mídia digital Mídia digital


Making-off do
Balé “O Lago dos
filme “O auto da
Cisnes”
Compadecida”

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Mídia digital Mídia digital
“Capela Sistina” A história da escrita

Mídia digital
Documentário do Mídia digital
professor Leandro Videoaula sobre
Karnal sobre história Variação Linguística
das Fake News.

Dica do professor Dica do professor


A influência de A influência de
idiomas africanos no idiomas indígenas no
português falado no português falado no
Brasil Brasil

Dica do professor Mídia digital


Diferenças Revista
vocabulares no Brasil Superinteressante,
os “Sotaques do
Brasil”

Dica do professor Mídia digital


Idioma indígena Videoaula sobre
Pirahã, falado no Tópicos de norma
Brasil culta

Mídia digital Mídia digital


Videoaula sobre Publicidades
Semântica multissemióticas:
Publicidade 1

Mídia digital Mídia digital


Publicidades Publicidades
multissemióticas: multissemióticas:
Publicidade 2 Publicidade 3

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Mídia digital Mídia digital
Videoaula sobre Videoaula sobre
Multissemiose Figuras de
Linguagem

Dica do professor
A importância das
Figuras de
Linguagem, de Ayeda
Sanches

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Plataforma +IFMG
Formação Inicial e Continuada EaD

A Pró-Reitoria de Extensão (Proex), neste ano de


2020 concentrou seus esforços na criação do Programa
+IFMG. Esta iniciativa consiste em uma plataforma de cursos
online, cujo objetivo, além de multiplicar o conhecimento
institucional em Educação à Distância (EaD), é aumentar a
abrangência social do IFMG, incentivando a qualificação
profissional. Assim, o programa contribui para o IFMG
cumprir seu papel na oferta de uma educação pública, de
qualidade e cada vez mais acessível.
Para essa realização, a Proex constituiu uma equipe
multidisciplinar, contando com especialistas em educação,
web design, design instrucional, programação, revisão de
texto, locução, produção e edição de vídeos e muito mais.
Além disso, contamos com o apoio sinérgico de diversos
setores institucionais e também com a imprescindível
contribuição de muitos servidores (professores e técnico-
administrativos) que trabalharam como autores dos materiais
didáticos, compartilhando conhecimento em suas áreas de
atuação.
A fim de assegurar a mais alta qualidade na produção destes cursos, a Proex
adquiriu estúdios de EaD, equipados com câmeras de vídeo, microfones, sistemas de
iluminação e isolação acústica, para todos os 18 campi do IFMG.
Somando à nossa plataforma de cursos online, o Programa +IFMG disponibilizará
também, para toda a comunidade, uma Rádio Web Educativa, um aplicativo móvel para
Android e IOS, um canal no Youtube com a finalidade de promover a divulgação cultural e
científica e cursos preparatórios para nosso processo seletivo, bem como para o Enem,
considerando os saberes contemplados por todos os nossos cursos.
Parafraseando Freire, acreditamos que a educação muda as pessoas e estas, por
sua vez, transformam o mundo. Foi assim que o +IFMG foi criado.

O +IFMG significa um IFMG cada vez mais perto de você!

Professor Carlos Bernardes Rosa Jr.


Pró-Reitor de Extensão do IFMG
Características deste livro:
Formato: A4
Tipologia: Arial e Capriola.
E-book:
1ª. Edição
Formato digital

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