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Gramática do Português

Gláucia do Carmo Xavier


Kelly Cesário de Oliveira

Formação Inicial e
Continuada

+
IFMG
Gláucia do Carmo Xavier
Kelly Cesário de Oliveira

Gramática do Português
1ª Edição

Belo Horizonte
Instituto Federal de Minas Gerais
2021
© 2021 by Instituto Federal de Minas Gerais
Todos os direitos autorais reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser
reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico
ou mecânico. Incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de
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Instituto Federal de Minas Gerais.

Pró-reitor de Extensão Carlos Bernardes Rosa Júnior


Diretor de Programas de Extensão Niltom Vieira Junior
Coordenação do curso Gláucia do Carmo Xavier
Arte gráfica Ângela Bacon
Diagramação Eduardo dos Santos Oliveira

FICHA CATALOGRÁFICA
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

X2g Xavier, Gláucia do Carmo.


Gramática do português [recurso eletrônico]. / Gláucia do
Carmo Xavier, Kelly Cesário de Oliveira. – Belo Horizonte:
Instituto Federal de Minas Gerais, 2021.
66 p. : il.

E-book, no formato PDF.


Material didático para Formação Inicial e Continuada.
ISBN 978-65-5876-134-1

1. Língua portuguesa - gramática. I. Oliveira, Kelly Cesário. II.


Título.
CDU 81'36(81)

Catalogação: Aline M. Sima - CRB-6/2645


Índice para catálogo sistemático:
1. Língua portuguesa – gramática: 81'36(81)

2021
Direitos exclusivos cedidos à
Instituto Federal de Minas Gerais
Avenida Mário Werneck, 2590,
CEP: 30575-180, Buritis, Belo Horizonte – MG,
Telefone: (31) 2513-5157
Sobre o material

Este curso é autoexplicativo e não possui tutoria. O material didático,


incluindo suas videoaulas, foi projetado para que você consiga evoluir de forma
autônoma e suficiente.
Caso opte por imprimir este e-book, você não perderá a possiblidade de
acessar os materiais multimídia e complementares. Os links podem ser
acessados usando o seu celular, por meio do glossário de Códigos QR
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Palavra das autoras

Quando pensamos em gramática, uma imagem específica é construída


em nossa mente: um livro extenso, condenado a ficar num canto sem destaque
em prateleiras devido a sua condição de portador de inúmeras regras
construídas em cima de vastas nomenclaturas. Encontrar esse manual e abri-
lo justamente em uma página que promete explicar o que é uma oração
subordinada substantiva predicativa reduzida de infinitivo é uma das causas
para os mais justificados pesadelos.
Esse receio se deve à Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB), um
documento elaborado por professores e gramáticos, como Carlos Henrique da
Rocha Lima e Celso Ferreira da Cunha, com o intuito de simplificar e unificar o
ensino da gramática brasileira. No entanto, no documento oficial, aprovado pelo
Ministério da Educação, encontramos uma série de incoerências sistemáticas
por trás das assombrosas e extensas nomenclaturas, quando poderíamos
encontrar um texto que explicasse termos da gramática a partir de suas
funções. Ou seja, na prática, não há uma simplificação.
Pensando nisso, esta apostila tem como objetivo principal facilitar o
ensino da gramática do Português Brasileiro, tratando das funções exercidas
por um determinado termo, seja ele essencial (o predicador e os termos
exigidos pelo próprio predicador de uma frase) ou acessório (o “intruso”, que
não aparece por razões sintáticas, mas, sim, por razões informacionais). O
destaque desta apostila é a forma com a qual trataremos a linguagem: a partir
de um tratamento com ênfase em sintaxe, privilegiamos a área da Linguística
que trata da ordenação de sintagmas em uma estrutura formal, isto é, uma
frase.
Aqui, então, faz-se necessário apresentar uma breve explicação sobre o
que chamamos de sintaxe. A sintaxe é o campo dos Estudos Linguísticos que
estuda a relação formal entre sintagmas (conjunto de palavras)1 que compõem
uma frase, quer dizer, como os sintagmas de uma estrutura se conectam para
satisfazer às exigências de um predicador, seja ele um verbo, seja ele um
predicativo do sujeito.
De início, como exemplo, tomemos o verbo construir, apresentado na
imagem a seguir como verbo pleno e, também, com uma perífrase (verbo
auxiliar + verbo principal).

1É possível constituir sintagmas com apenas uma palavra, que pode ser produzida com ou sem nenhum tipo
de representação sonora. Veremos isso mais adiante.
Figura 1: O verbo construir como predicador
Fonte: elaborada pelas autoras

O verbo em questão exige algo ou alguém para construir e algo para ser
construído, como nas frases:
a) A empreiteira construiu um prédio.
b) Bárbara construirá sua loja.
c) Bruno está construindo uma vida melhor.

Bárbara, por exemplo, constrói algo e algo é uma loja. Bárbara é o sujeito
da ação exigida pelo verbo enquanto sua loja é o complemento que conclui as
demandas impostas por construir. Isso é sintaxe. É desta forma que você irá
entender conosco que a frase somente é uma estrutura completa quando o
predicador tem suas exigências concretizadas, a partir de uma relação
estabelecida entre sintagmas.
Dando sequência à apresentação de nossa proposta para o ensino
simplificado de gramática, como objetivos específicos, esta apostila pretende
apresentar uma base para que estudantes compreendam:
(i) a diferença entre frases, orações, enunciados, períodos e sintagmas.
(ii) as regras de estruturas frasais;
(iii) a organização e a constituição das frases do Português Brasileiro.

Esta apostila, também, servirá como suporte para que estudantes, de


maneira intuitiva e sem ênfase em nomenclaturas demasiadamente extensas,
consigam:
(iv) caracterizar e classificar orações coordenadas e subordinadas de forma
simplificada; e
(v) construir períodos complexos corretamente.

Para atingir os objetivos propostos, a apostila foi pensada em três


módulos (cada módulo equivale a 10 horas semanais de estudo, totalizando 30
horas de curso). No primeiro módulo, intitulado Estrutura Sintática do
Português Brasileiro, trabalharemos com as noções de sintaxe, sintagmas,
frases, predicação e tipos de sujeito. No segundo módulo, intitulado Uma visão
sobre termos essenciais e acessórios, trabalharemos com as noções de
complemento nominal, adjuntos (adnominais e adverbiais), aposto, vocativo e,
ainda, o uso da vírgula. No terceiro e último módulo, intitulado Período
composto: coordenação e subordinação, trabalharemos com as frases que
contam com mais de um verbo em sua composição.
Agora que a apresentação de nosso material foi devidamente feita,
podemos, finalmente, começar a trabalhar com uma perspectiva mais simples
e objetiva da sintaxe. Vamos começar?

Bons estudos!
Gláucia do Carmo Xavier
Kelly Cesário de Oliveira
Apresentação do curso

Este curso está dividido em três semanas, cujos objetivos de cada uma são
apresentados, sucintamente, a seguir.

Neste módulo, você entenderá, formalmente, o que é:


SEMANA 1 sintaxe, sintagmas, frases (diferente de orações e
enunciados), predicação e, por fim, tipos de sujeito.

Neste módulo, você avançará nos estudos sobre os termos


essenciais (selecionados pelo predicador), sobre os
SEMANA 2 termos acessórios (estão nas frases, mas não são
selecionados pelo predicador) e sobre o papel das vírgulas
na estrutura sintática.
Neste módulo, retomaremos alguns conceitos tratados
anteriormente para estudarmos, especificamente, o
SEMANA 3
período composto e o que esta classificação comporta:
orações coordenadas e orações subordinadas.

Carga horária: 30 horas.


Estudo proposto: 2h por dia em cinco dias por semana (10 horas semanais).
Apresentação dos Ícones

Os ícones são elementos gráficos para facilitar os estudos, fique atento quando
eles aparecem no texto. Veja aqui o seu significado:

Atenção: indica pontos de maior importância


no texto.

Dica do professor: novas informações ou


curiosidades relacionadas ao tema em estudo.

Atividade: sugestão de tarefas e atividades


para o desenvolvimento da aprendizagem.

Mídia digital: sugestão de recursos


audiovisuais para enriquecer a aprendizagem.
Sumário

Semana 1 – Estrutura Sintática do Português Brasileiro ............................... 15


1.1 Introdução à Sintaxe, aos sintagmas e à diferença entre frases, orações e
enunciados .................................................................................................... 15
1.2 Predicação e tipos de Predicado ............................................................. 18
1.2.1 O Verbo Monoargumental .................................................................... 21
1.2.2 O Verbo Biargumental não Preposicionado .......................................... 23
1.2.3 O Verbo Biargumental Preposicionado ................................................. 25
1.2.4 O Verbo Biargumental com Argumentos Internos................................. 26
1.2.5 O Verbo de Ligação.............................................................................. 27
1.3 Tipos de Sujeitos ..................................................................................... 28
1.3.1 Sujeito Determinado ............................................................................. 28
1.3.2 Sujeito Indeterminado........................................................................... 29
1.3.3 Frases sem Sujeito ............................................................................... 30
Semana 2 – Uma visão sobre Termos Essenciais e Termos Acessórios ...... 33
2.1 Termos Essenciais e Acessórios: contextos ............................................ 33
2.1.1 Termos Essenciais ............................................................................... 33
2.1.2 Termos Acessórios ............................................................................... 34
2.2 Complemento Nominal X Adjunto Adnominal .......................................... 35
2.3 Adjuntos Adverbiais e Adnominais .......................................................... 37
2.3.1 Adjunto Adverbial – algumas especificidades ....................................... 37
2.3.2 Adjunto Adnominal – algumas considerações ...................................... 38
2.4 Aposto e Vocativo ................................................................................... 38
2.4.1 Aposto .................................................................................................. 38
2.4.2 Vocativo ............................................................................................... 39
2.5 A Vírgula e a Estrutura Sintática .............................................................. 40
2.5.1 Inversão ............................................................................................... 40
2.5.2 Coordenação em Enumeração ............................................................. 40
2.5.3 Elipse Verbal ........................................................................................ 41
2.5.4 Separação do Aposto ........................................................................... 41
2.5.5 Isolamento do Vocativo ........................................................................ 41
Semana 3 – Período Composto: Coordenação e Subordinação ................... 43
3.1 O que é um Período Composto? ............................................................. 43
3.2 Coordenação e Subordinação ................................................................. 43
3.2.1 Coordenação ........................................................................................ 44
3.2.2 Subordinação ....................................................................................... 46
Referências ................................................................................................... 53
Currículo das autoras .................................................................................... 55
56
Glossário de códigos QR (Quick Response) ................................................. 57
Semana 1 – Estrutura Sintática do Português Brasileiro
Plataforma +IFMG

Objetivos
Neste módulo, você entenderá, formalmente, o que é: sintaxe,
sintagmas, frases (diferente de orações e enunciados),
predicação e, por fim, tipos de sujeito.

Mídia digital: Antes de iniciar os estudos, vá até a sala


virtual e assista ao vídeo “Aula 1”.

1.1 Introdução à Sintaxe, aos sintagmas e à diferença entre frases, orações


e enunciados

Como apontado na introdução desta apostila, existe uma imagem quase consensual
sobre a gramática do Português Brasileiro (PB) ser um pesadelo e, ainda pior, inacessível
para os próprios falantes da Língua Portuguesa. Neste módulo, trabalhamos com a Estrutura
Sintática do PB, ou seja, como uma frase é composta e estruturada por falantes da nossa
língua materna. Antes de trabalhar com questões específicas da sintaxe formal, como
predicados, predicadores e tipos de sujeito, vamos pensar nas noções de frases e
sintagmas, já anunciadas anteriormente.

Uma dúvida recorrentemente relatada pelos estudantes é a dificuldade para


compreender a diferença entre frases, orações e enunciados. De imediato, podemos dizer
que frase é toda estrutura realizada na língua, como aquelas construídas sem a utilização
de um verbo,

Olá! Bom dia! Cada macaco no seu galho!

e como aquelas construídas com um ou mais verbos - estruturas que contêm verbos
são também chamadas de orações:

Aquele presidente
equivocou-se
O Ministro da Educação não
Você comprou arroz hoje? publicamente ao falar sobre
compareceu ao evento.
um assunto que não
domina.

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Aqui, além de compreender que frases englobam estruturas construídas com ou sem
a presença de verbos, entendemos que orações são estruturas que contêm,
obrigatoriamente, pelo menos um verbo.

Nos resta, então, entender o que são os enunciados. Para tanto, recorremos a Bakhtin
(1997, p. 293), importante filósofo e estudioso sobre as questões sociais e identitárias da
língua, que define o enunciado como “a unidade real da comunicação verbal”. Araújo (2014,
p. 186), refletindo sobre esta definição, afirma que “todo o processo de interação e,
consequentemente, comunicação verbal, só se dará por enunciados. Sendo assim, só há
comunicação verbal se houver enunciados”.

Nesse sentido, o enunciado não é um termo utilizado nos estudos sintáticos, uma vez
que ele se trata de questões discursivas, interativas (pensemos, aqui, em comandos de
exercícios - há uma orientação por parte de algo/alguém e há alguém para realizar as
atividades) e comunicativas, enquanto a sintaxe busca compreender a relação estrutural
entre sintagmas dentro de uma frase.

Agora, podemos passar para a noção de sintagma. Vejamos, pois, as frases a seguir:

(1) O Ministro da Economia vendeu nossas estatais. Ao encontrar asterisco no início de uma frase,
(2) Nossas estatais o Ministro da Economia vendeu. entenda-o como:
(3) *Ministro da Economia vendeu estatais o nossas. - agramaticalidade;
- frase mal formada na Língua Portuguesa;
- pouco comum para os falantes.

Na tríade acima, com o exemplo (1), observamos uma frase cuja ordem é o que
chamamos de estrutura canônica da Língua Portuguesa, ou ordem Sujeito - Verbo - Objeto
(complemento), construção mais recorrente em nossa língua: o sujeito [o ministro da
economia] aparece na primeira posição da frase, seguido do verbo [vendeu] e do
complemento [nossas estatais]. Em (2), percebemos que o verbo (predicador da oração em
pauta) ainda mantém suas exigências satisfeitas mesmo com a estrutura elaborada na
ordem OSV (objeto - sujeito - verbo). Já na letra C, com a construção de uma estrutura
desordenada, temos uma frase mal formada. Aqui, é importante observar que a ordem da
estrutura não é o suficiente para construirmos uma frase gramatical. Vejamos mais um
exemplo:

(4) *Ministro da Economia o vendeu nossas estatais ontem.

Mesmo acrescentando o grupo [ontem] na frase, percebemos que a ordem sozinha


não é um problema. Com (3) e (4), vimos que [ministro da economia] está acompanhado do
artigo [o] e isso causa um estranhamento e, é claro, a agramaticalidade da frase. Esse
estranhamento é visto porque, até mesmo de forma intuitiva, sabemos que [o] deve vir antes
de [ministro da economia].

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Neste momento, podemos considerar o seguinte questionamento: devemos sempre


apenas considerar a ordem artigo + substantivo nas frases? A resposta é NÃO. Mesmo que
façamos um exercício para ordenar as palavras, ainda teríamos exemplos agramaticais caso
o sintagma [ontem] estivesse disposto aleatoriamente nas estruturas:

(5) *O Ministro da Economia vendeu nossas [ontem] estatais.


(6) *O Ministro ontem da Economia vendeu nossas estatais.

Observe que a palavra [ontem], nas posições em (5) e (6), está causando a
agramaticalidade das frases. Isso acontece porque [ontem] não pertence aos sintagmas
[nossas estatais] ou [o ministro da economia]. [ontem], na verdade, é um sintagma de uma
única palavra. Aqui, estamos começando a entender a noção de sintagma como um grupo
de palavras afins que não podem ser separadas.

Se alguns sintagmas2 da frase são [o ministro da economia], [vendeu], [nossas


estatais] e [ontem], havendo a necessidade de mudar a ordem de uma inteira frase, é preciso
mover um grupo inteiro, o SINTAGMA completo, para que não haja agramaticalidades nas
frases. Vejamos:

(7) [o ministro da economia] [ontem] [vendeu] [nossas estatais]


(8) [ontem], [nossas estatais] [o ministro da economia] [vendeu]
(9) [nossas estatais] [o ministro da economia] [vendeu] [ontem]
(10) *[vendeu] nossas ontem estatais [o ministro da economia]

Então, com esses exemplos, podemos definir sintagma como um grupo indivisível de
palavras. Um sintagma pode ser movido para mais de uma posição na frase, desde que ele
esteja completo, como nos exemplos (7), (8) e (9). Quando um sintagma, ou até mesmo uma
palavra, invade o sintagma a qual não pertence, como na frase (10), temos uma má formação
frasal que resulta numa agramaticalidade estrutural. Podemos, então, compreender que
frases não são compostas por palavras aleatórias, mas, são compostas por sintagmas
organizados de forma coerente entre si.

O exercício que fizemos até o momento, de mover os sintagmas para mais de uma
possibilidade de posição na frase, recebe o nome de deslocamento sintático. Esse
exercício é uma forma bastante útil para que sejamos capazes de identificar um sintagma,
pois, se um determinado grupo se move junto e a frase não se torna agramatical,
encontramos um sintagma. No entanto, se um conjunto se move com um intruso em sua
composição, sabemos que aquela organização não pode ser considerada um sintagma.

2 [comprou muitos pacotes de arroz ontem] e [de arroz] também são sintagmas.

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Além do deslocamento sintático, há uma série de testes3 que podemos, e devemos,


fazer para identificar os sintagmas. Consideremos, então, os testes de pronominalização e
de topicalização:

Pronominalização Topicalização

Inserção de um determinado sintagma na


Substituição de um determinado sintagma por posição de tópico - posição inicial de uma frase
um pronome. para ser o destaque, a ênfase da proposta da
sentença.

O Ministro da Economia vendeu nossas O Ministro da Economia vendeu nossas


estatais. estatais.

Nossas estatais o Ministro da Economia


Ele vendeu nossas estatais.
vendeu.

*Nossas, O Ministro da Economia vendeu


*O ele vendeu nossas estatais.
estatais.
Tabela 1: Testes de pronominalização e topicalização
Fonte: elaborada pelas autoras

Com o teste de pronominalização, a partir dos exemplos, foi válido substituir [o


ministro da economia] por [ele], mas não foi possível substituir apenas [ministro da
economia] por [ele]. Nesse sentido, atestamos, mais uma vez, que o sintagma é [o ministro
da economia] e não apenas [ministro da economia]. Com o teste de topicalização, inserir o
sintagma [nossas estatais] no início da frase se mostrou gramatical e, ainda, coloca em
ênfase o tópico da sentença produzida. Entretanto, inserir a palavra [nossas] no início da
frase, sem a presença de [estatais], foi necessário para entender que [nossas] não é um
sintagma. Ela sozinha em posição de tópico não é possível, muitos menos gramatical.

1.2 Predicação e tipos de Predicado


Pensar em predicação é pensar, imediatamente, nas exigências - ou seleções - feitas
pelo predicador (verbo ou predicativo do sujeito, o predicador em frases com verbos de
ligação). Nesse sentido, torna-se relevante, no primeiro momento de uma análise sintática,
identificar o verbo - se de ligação ou não - e, então, verificar o que ele seleciona para que a
estrutura a qual ele pertence esteja completa. Nesta apostila, com o intuito de apresentar
estruturas arbóreas, ou simplesmente árvores sintáticas, como um suporte visual-
explicativo, conceitos como sujeito e objeto também serão referenciados como argumento
externo (ao sintagma verbal) e argumento interno (ao sintagma verbal), respectivamente.

É preciso, neste momento do curso, expandir o conceito de sintagma e postular que


cada um tem um núcleo, ou seja, dentro de cada sintagma há um item central que domina,
de certa forma, os outros. Dentro de uma frase, muitas vezes, temos dois principais

3Há, ainda, outros testes que podem ser realizados para a identificação de sintagmas, como a clivagem, a
apassivação e a elipse. Para tanto, conferir Kenedy e Othero (2018).

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sintagmas, sendo eles o sintagma nominal, cujo núcleo é um nome (pronome ou


substantivo) e o sintagma verbal, cujo núcleo é um verbo. Vejamos como esses conceitos
funcionam em uma árvore sintática que ilustra a frase [Ele comprou arroz]:

S = sentença
SN = sintagma nominal
N = nome
SV = sintagma verbal
V = verbo

Figura 2: Sintagmas nominal e verbal


Fonte: elaborada pelas autoras

O verbo comprar é o predicador da frase. Ele seleciona [arroz] como seu argumento
interno (repare em como comprar e arroz estão no mesmo “ramo” do sintagma verbal).
Assim, temos o sintagma nominal [arroz], dentro do sintagma verbal [comprou arroz]. O
verbo comprar, além disso, seleciona [Ele] como argumento externo (observe, novamente,
o sintagma verbal). Dessa forma, na frase [ele comprou arroz], o verbo comprar seleciona
dois argumentos, um interno [arroz - objeto direto] e um externo [ele - sujeito].

Para dar continuidade a nossa análise sintática, é preciso conhecer melhor as


características específicas de cada um dos verbos predicadores e, também, dos verbos de
ligação. A primeira tabela mostra com o sinal de (+) a necessidade de os verbos precisarem
de termos para completarem a estrutura sintática. O sinal de (-) demonstrar a não
obrigatoriedade de termos e classes gramaticais. Vejamos as tabelas a seguir:

Verbos monoargumentais

Argumento externo (sujeito) +

Argumento interno (objeto) -

Preposição -

Tipo de predicado Verbal


Tabela 2: Estrutura sintática de verbos monoargumentais
Fonte: elaborada pelas autoras

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Ao interpretar as tabelas, compreendemos que verbos monoargumentais selecionam


apenas argumento externo para ter seu sentido completo. Verbos biargumentais, no entanto,
selecionam argumento externo e argumento interno para que o sentido das frases que fazem
parte esteja completo. Alguns verbos biargumentais selecionam um argumento não
preposicionado, outros selecionam um argumento preposicionados. Alguns, ainda, podem
selecionar mais de um argumento interno, com ou sem a presença de preposições.

Verbos biargumentais

Argumento externo (sujeito) +

Argumento interno (objeto) +

Preposição +/-

Tipo de predicado Verbal


Tabela 3: Estrutura sintática de verbos biargumentais
Fonte: elaborada pelas autoras

Verbos de Ligação

Predicador Predicativo do sujeito

Tipo de predicado Nominal

Ser, estar, continuar, virar, andar, ficar, parecer, permanecer, viver,


Exemplos
tornar-se e encontrar-se
Tabela 4: Estrutura sintática de verbo de ligação
Fonte: elaborada pelas autoras

Em relação aos verbos de ligação, entendemos que estes não predicam. Os verbos
de ligação selecionam o que chamamos de minioração, um sintagma composto pelo sujeito
e pelo predicativo do sujeito (KATO; NASCIMENTO, 2015). Essa tipologia verbal, então,
aparece para (i) ligar o sujeito e o predicativo e, principalmente, (ii) para atribuir traços
(características) semânticas ao sujeito. Para Castilho (2014), ser e estar, assumem a carga
de denotar certas propriedades ao sujeito, propriedades como [+] ou [-] dinâmicas, [+] ou [-]
transitórias e [+] ou [-] permanente, por exemplo (XAVIER; OLIVEIRA, 2020). Vejamos como
essas características podem ser vistas nos exemplos a seguir:

(11) Guilherme é inabalável


(12) Guilherme está inabalável.

Observamos, primeiro, que o sujeito e o predicativo do sujeito são repetidos nas duas
frases, mas as características atribuídas, pelos verbos, ao sujeito, são diferentes. Em (11),
as características [-] dinâmico e [+] permanente são atribuídas, pelo verbo ser, ao sujeito
[Guilherme], revelando peculiaridades fixas do sujeito. Já em (12), as características [+]

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dinâmico e [+] transitório são atribuídas ao sujeito, revelando outros tipos de peculiaridades
do sujeito. Ademais, o predicativo do sujeito é um predicador nominal, pois é este elemento
que que diz algo sobre o sujeito.

Antes de passarmos para uma análise mais detalhada de cada uma dessas tipologias
verbais, falemos sobre os predicados verbo-nominal. Essa tipologia é significativa quando,
na frase, temos mais de um núcleo predicador, justamente um verbo e um nome, como na
frase [Dulce estudou despreocupada]. Estudar é o predicador que seleciona os argumentos
da frase e [despreocupada] predica, isto é, atribui uma característica à Dulce.

1.2.1 O Verbo Monoargumental


Como vimos anteriormente, o verbo monoargumental não seleciona um argumento
interno para integrar frases. Entendemos, dessa maneira, que esse verbo é um predicador
verbal, núcleo de frases, e apenas seleciona um argumento externo, ou seja, um sujeito, na
maioria das vezes. Consideremos, agora, a estrutura arbórea dessa tipologia verbal:

Figura 3: Estrutura sintática de verbos monoargumentais


Fonte: elaborada pelas autoras

Formando a frase, temos o sintagma verbal, composto por um verbo monoargumental


(núcleo do sintagma), e temos um sintagma nominal, composto por um argumento externo,
em que o nome é o núcleo do sintagma.

A título de exemplo, consideremos os seguintes verbos:


(13) X pescou.
(14) X viajou.
(15) X dançou.
(16) X acordou.

Embora não tenhamos um argumento externo especificado para cada uma das frases
anteriores, sabemos que os verbos em pauta precisam ter essa posição preenchida por um
sintagma condizente com a ação verbal. Pescar é um verbo que pede um argumento
externo, como um ser com habilidades específicas. Viajar é um verbo que pede algo ou
alguém capaz de exercer tal ação, como um estudante brasileiro participante de um

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intercâmbio no Canadá. Dançar é um verbo que pede alguém para realizar uma ação.
Acordar é um verbo que pede um ser, literalmente, para realizar tal ação, ou algo inanimado
para realizar construções metafóricas, como em [o céu acordou triste]. Esses são alguns
exemplos, mas poderíamos acrescentar uma série de possibilidades condizentes para o
preenchimento da posição do argumento externo.

Podemos, em paralelo, acrescentar sintagmas que oferecem mais informações sobre


as frases, como:

(17) X pescou ontem.


(18) X viajou de carro.
(19) X dançou na rua.
(20) X acordou pensativo.

Nas frases (17), (18) e (19), os itens destacados fazem parte do que chamamos de
termos acessórios. De forma mais específica, estes são adjuntos adverbiais de tempo, modo
e lugar, respectivamente. Compreenderemos melhor os termos acessórios na seção
seguinte, mas, aqui, é importante enfatizar que adjuntos adverbiais (e adnominais!) não são
selecionados pelo predicador, ou seja, a presença de um em frases não é sintaticamente
obrigatória, é opcional. Em (20), a situação é um pouco diferente. O sintagma “pensativo”
caracteriza o argumento externo. Nesse caso, não temos mais uma frase de predicação
verbal, temos uma frase de predicação verbo-nominal, em que o verbo seleciona os
argumentos e um deles é uma característica a respeito de X.

Vejamos, a seguir, a representação arbórea de verbos monoargumentais com alguns


dos exemplos trabalhados:

Figura 4: verbos monoargumentais


Fonte: elaborada pelas autoras

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1.2.2 O Verbo Biargumental não Preposicionado

Verbos biargumentais são aqueles que selecionam um argumento externo e pelo


menos um argumento interno (com e/ou sem preposição) para compor estruturas frasais.
Esses verbos fazem parte do grupo de predicados verbais. Para compreender a organização
frasal desses verbos, vejamos as árvores a seguir:

Figura 5: estrutura argumental do verbo biargumental não preposicionado


Fonte: elaborada pelas autoras

Essa primeira árvore representa um verbo biargumental que apenas seleciona um


argumento interno não preposicionado. O argumento externo, como esperado, encontra-se
fora do sintagma verbal e tem um nome como núcleo. O sintagma verbal, como visível na
árvore, comporta o verbo, núcleo da frase, e o sintagma nominal, argumento interno do
predicador. Verbos como dizer e encontrar são enquadrados nesta categoria.
Consideremos, a seguir, algumas frases.

(21) João encontrará seu eleitorado.


(22) Aquele Ministro disse asneiras.
(23) Paulo não encontrou bom senso.

Em (21), [seu eleitorado] é argumento interno não preposicionado, um sintagma


nominal, selecionado pelo predicador encontrar, flexionado no futuro do indicativo. O verbo,
além disso, seleciona [João] como argumento externo.

Em (22), o verbo dizer seleciona [asneiras] como seu argumento interno e, também,
seleciona [aquele ministro] como argumento externo. Vejamos na imagem.

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Figura 6:argumentos do verbo dizer


Fonte: elaborada pelas autoras

Aqui, é indispensável pensar em [aquele], o Como postulado por Kenedy e Othero (2018),
determinante da frase, ou seja, o termo que postula a classe dos determinantes é de extrema
importância para marcar o plural em
que há um Ministro específico falando asneiras. Não sintagmas nominais na oralidade: "Os
é UM Ministro ou O Ministro, é AQUELE menino", por exemplo, são produções
Ministro. Vejamos, agora, a representação arbórea recorrentes enquanto "O meninos" não.
deste exemplo.

Figura 7: estrutura argumental do verbo dizer


Fonte: elaborada pelas autoras

Por fim, na frase (23), o predicador, encontrar, ainda que venha acompanhado da
negativa, seleciona [bom senso] como seu argumento interno e [Paulo] como seu argumento
externo, completando o sentido do verbo e deixando a frase gramatical.

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1.2.3 O Verbo Biargumental Preposicionado

Verbos biargumentais preposicionados são aqueles que selecionam um argumento


externo e um argumento interno com preposição para compor estruturas frasais. Esses
verbos fazem parte do grupo de predicados verbais. Para compreender a organização frasal
desses verbos, consideremos a árvore a seguir:

Figura 8: estrutura do verbo biargumental preposicionado


Fonte: elaborada pelas autoras

O argumento externo encontra-se fora do sintagma verbal. Por haver uma preposição
na frase, o argumento interno tem uma preposição como núcleo, ou seja, há um sintagma
preposicional pertencendo ao sintagma verbal. Dentro do sintagma preposicionado, há um
sintagma nominal para finalizar nossa árvore sintática. Exemplificando essa tipologia verbal,
consideremos os verbos assistir, concordar e confiar.

(24) Victória assistiu ao filme.


(25) Muitos eleitores concordam com Guilherme.
(26) Nós confiamos em você.

Em (24), o predicador assistir, seleciona o argumento externo [Victória] e o argumento


interno [ao filme], formado pela preposição [a], mais o artigo [o] e nome [filme]. Na frase (25),
[muitos eleitores] é o argumento externo selecionado pelo verbo concordar e [com
Guilherme] é o argumento interno, formado pela preposição [com] e o nome [Guilherme].
Vejamos como essa sentença é estruturada em uma árvore sintática:

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Figura 9: estrutura argumental do verbo concordar


Fonte: elaborada pelas autoras

Em (26), uma frase não muito diferente das últimas, o verbo confiar seleciona [em
você] como argumento interno, cujo sintagma é formado pela preposição [em] e o nome
[você].

1.2.4 O Verbo Biargumental com Argumentos Internos

O verbo biargumental, como vimos, seleciona mais de um argumento para compor


sua estrutura. O verbo biargumental com mais de um argumento interno é um predicador
que seleciona um argumento externo e, pelo menos, dois argumentos internos, com e/ou
sem a presença de uma preposição. Como há mais de uma possibilidade de representar a
estrutura arbórea dessa tipologia verbal, trouxemos a seguinte:

Figura 10: estrutura argumental do verbo biargumental com mais de um argumento interno
Fonte: elaborada pelas autoras

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Abordando essa tipologia verbal, consideremos os verbos informar e ensinar nas


seguintes frases.

(27) [A comunidade médica] informou [os riscos] [aos pacientes].


(28) [O professor de Geografia] ensinou [a importância das matas] [aos alunos].

Em (27), o verbo informar seleciona [os riscos do remédio] como argumento interno
sem preposição e [aos pacientes] como outro argumento interno, no entanto, este está
preposicionado. O predicador ainda seleciona [a comunidade médica] como seu argumento
externo.

Figura 11: estrutura argumental do verbo informar


Fonte: elaborada pelas autoras

Em (28), o predicador ensinar seleciona como argumentos internos os sintagmas [a


importância das matas], sem preposição, e [aos alunos], com preposição. Além disso, o
verbo predicador seleciona o sintagma nominal [o professor de geografia] como seu
argumento externo.

1.2.5 O Verbo de Ligação


O verbo de ligação não pode ser considerado predicador de frases. Anteriormente,
apontamos que essa tipologia verbal seleciona uma minioração – um sintagma constituído
pelo sujeito e pelo predicativo do sujeito, geralmente um adjetivo –. O predicador em frases
com verbos de ligação é o predicativo do sujeito. Vejamos, pois, alguns exemplos.

(29) Guilherme (sujeito) [é] impaciente (predicativo do sujeito).


(30) Guilherme (sujeito) [está] impaciente (predicativo do sujeito).

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A ausência do verbo de ligação não resultou numa agramaticalidade. Nesse sentido,


além de selecionar uma minioração, verbos de ligação atribuem certas características ao
sujeito. Se usarmos o verbo ser flexionado em é (presente do indicativo) na frase (29), por
exemplo, as características [+] permanente e [-] dinâmico são atribuídas ao sujeito. Se
utilizarmos o verbo estar, também no presente do indicativo em (39), está, as características
atribuídas ao sujeito serão [+] dinâmico e [+] transitório. Agora, consideremos outros
exemplos:

(31) *Guilherme é
(32) *Guilherme está

Em (31) e (32), mesmo com a presença dos verbos ser ou estar, a agramaticalidade
das frases é causada pela ausência do predicativo do sujeito, ou seja, pela ausência do
núcleo predicador dessas estruturas.

1.3 Tipos de Sujeitos


Na sintaxe, de forma geral, o sujeito é o termo que determina a flexão verbal e é uma
posição, geralmente, ocupada pelo argumento externo dos verbos. Definições como “aquele
que pratica a ação”; “aquele que sofre a ação”, entre outras, são semânticas e não serão
considerados nesta seção. Consideramos, nesse sentido, sujeitos determinados, sujeitos
indeterminados e, também, sujeitos inexistentes para falar sobre as especificidades da
categoria aqui em questão, resumidas na tabela a seguir.

Determinado Indeterminado Inexistente

O sujeito é explícito ou pode O sujeito não é explícito e nem


O sujeito não existe na frase.
ser recuperado na frase por pode ser recuperado na frase
Há apenas o sintagma verbal
meio de elementos por meio de elementos
com verbos impessoais.
morfológicos. morfológicos.

Ocorre com o verbo: Os verbos exprimem ou


O sujeito pode ser:
- na 3ª pessoa do plural; indicam:
- simples;
- na 3ª pessoa do singular, - fenômenos da natureza;
- composto;
acompanhado por “se”; - tempo
- oculto ou desinencial.
- no infinitivo impessoal. - fenômenos meteorológicos.
Tabela 5: tipos de sujeitos
Fonte: elaborada pelas autoras

1.3.1 Sujeito Determinado

Com o sujeito simples, consideramos um único núcleo pertencente ao sintagma


nominal na posição de argumento externo. Aqui, o sujeito pode aparecer tanto no singular
quanto no plural. Vejamos:

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(33) [A comunidade médica] informou os pacientes.


(34) [Ele] considera o remédio inapropriado para o tratamento.
(35) [Os professores] falaram sobre a importância das matas.
(36) [Pesquisadores] combatem a desinformação em nome da ciência.

Em (33), temos um sintagma nominal contemplando um sujeito simples. Embora este


sintagma seja mais extenso do que o comumente associado aos sujeitos simples, como o
exemplo em (34), [ele], [a comunidade médica] conta com um núcleo flexionado no singular,
como indicado pelo determinante [A]. Nesse caso, assim como em (34), o sujeito está
flexionado no singular e determina que o verbo (sublinhado) deve, também, estar flexionado
no singular.

Nas frases (35) e (36), temos, ainda, exemplos de sujeitos simples, isto é, com um
único núcleo no sintagma nominal, mas flexionados no plural. Nesse segmento, os verbos
devem acompanhar o sujeito e concordar em gênero e número. Os determinantes [os],
explícito em (35) e oculto em (36) (Ø), designam a relação de plural entre sujeito e verbo.

Com o sujeito composto, consideramos dois núcleos pertencentes ao sintagma


nominal. O sujeito e o verbo, então, devem aparecer no plural. Vejamos:

(37) [Bombeiros e população] lutam contra as queimadas criminosas.


(38) [Liza e João] são irmãos.
(39) [Os pesquisadores e os alunos] publicaram suas descobertas.

Na tríade anterior, as frases demonstram a existência de mais de um núcleo nominal


dentro do argumento externo. Em (37), [bombeiros] e [população] formam o sujeito
composto, isto é, dois núcleos com determinantes Ø designam a relação de plural entre
sujeito e verbo. Encontramos a mesma situação em (38) e (39). Como diferença, (39) abarca
determinantes explícitos e pronunciados.

Em relação ao sujeito oculto ou desinencial, consideramos que este pode ser


recuperado em frases por meio da morfologia. Vejamos:

(40) Lutamos contra as queimadas.

O morfema -mos é uma partícula da morfologia flexional e recupera o pronome de


primeira pessoa do singular, nós.

1.3.2 Sujeito Indeterminado


O sujeito indeterminado é aquele que não pode ser determinado pelo contexto ou pela
morfologia. Esta categoria ocorre em pelo menos três cenários: (i) com o verbo na terceira

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pessoa do plural; (ii) com o verbo na terceira pessoa do singular acompanhado pelo pronome
“se” e (iii) com o verbo no infinitivo impessoal.

• Verbo na terceira pessoa do plural

Verbos flexionados na terceira pessoa do plural, como roubaram (roubar), procuram


(procurar) e comeram (comer), entre outros, são verbos que indeterminam o sujeito. Não há
nenhuma partícula que recupere o sujeito e nenhum elemento no contexto que indique quem
ocupa a posição de argumento externo das seguintes frases:

(41) Roubaram o carro na esquina floresta queimada.


(42) Procuram por sobreviventes.
(43) Comeram todo o doce da festa.

• Verbo na terceira pessoa do singular acompanhado por “se”

Verbos flexionados na terceira pessoa do singular, como come (comer), precisa


(precisar) e fica (ficar), acompanhados pelo pronome “se”, abarcam o que chamamos de
Índice de Indeterminação do Sujeito. Frases com essas características podem ser
acompanhadas por verbos monoargumentais, que não selecionam argumento interno, por
verbos biargumentais preposicionados, que selecionam um argumento interno
preposicionado, e por verbos de ligação, que não selecionam argumentos. Vejamos, a
seguir, um exemplo para cada um dos contextos:

(44) Pesca-se melhor em rios.


(45) Precisa-se de políticos com experiência.
(46) Na apresentação, nunca se fica tranquilo.

• Verbo no infinitivo impessoal

Verbos no infinitivo impessoal, isto é, verbos sem nenhum tipo de flexão, porém em
um estado genérico, também são responsáveis pela indeterminação do sujeito, como
atestado pelas seguintes frases:

(47) Foi intenso apagar todo fogo do Pantanal.


(48) É indignante acompanhar o cenário político atual.

1.3.3 Frases sem Sujeito


Talvez você esteja se perguntando o motivo de analisarmos frases sem a presença
de um sujeito em um tópico intitulado “tipos de sujeito”. No entanto, abordar essa
classificação é importante para desmistificar mais de uma possibilidade para a construção
de frases sem a presença de um argumento externo. Nessa perspectiva, as frases sem

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sujeito são importantes para ilustrar a composição de frases apenas com o sintagma verbal,
considerando o verbo impessoal. Isso pode ser feito de duas formas: (i) quando o verbo
exprime fenômenos da natureza ou (ii) quando os verbos ser, estar, fazer e haver indicam
tempo ou fenômenos meteorológicos. Vejamos um exemplo para cada.

(49) Choveu esta semana.


(50) São 15h em Belo Horizonte e 13h em Rio Branco.
(51) Está muito quente hoje.
(52) Fez calor no Rio de Janeiro.
(53) Havia poucos políticos no parlamento.

Nos encontramos na próxima semana.


Bons estudos!

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Semana 2 – Uma visão sobre Termos Essenciais e Termos
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Acessórios

Objetivos
Neste módulo, você avançará nos estudos sobre os termos
essenciais (selecionados pelo predicador), sobre os termos
acessórios (estão nas frases, mas não são selecionados pelo
predicador) e sobre o papel das vírgulas na estrutura sintática.

Mídia digital: Antes de iniciar os estudos, vá até a sala


virtual e assista ao vídeo “Aula 2”.

2.1 Termos Essenciais e Acessórios: contextos

Neste módulo, você irá estudar os chamados termos essenciais e acessórios de uma
frase. É verdade que já trabalhamos com os termos essenciais anteriormente, no entanto,
neste módulo, trabalharemos com estes em contraste com os termos acessórios, o que nos
permitirá uma visão mais crítica e, principalmente, mais simplista desses termos.

Vamos lá?

2.1.1 Termos Essenciais

Os termos essenciais são os argumentos selecionados pelo predicador. Numa frase


em que o predicador é um verbo, temos, evidentemente, um predicado verbal. Cada tipo
predicado verbal seleciona argumentos específicos. Vamos relembrar!

• Verbos monoargumentais - selecionam apenas um argumento externo.


• Verbos biargumentais não preposicionados - selecionam um argumento externo e
um argumento interno sem preposição.
• Verbos biargumentais preposicionados - selecionam um argumento externo e um
argumento interno com preposição.
• Verbos biargumentais com mais de um argumento interno - selecionam um
argumento externo e dois ou mais argumentos internos com e/ou sem preposição.

Numa frase em que o predicador é um nome, temos, evidentemente, um predicado


nominal. O verbo de ligação é um predicado nominal, uma vez que seu núcleo é um
predicativo do sujeito e este elemento seleciona o sujeito (um nome) para estruturar a frase.

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Com predicados verbo-nominais, temos frases com mais de um predicador: um verbo


selecionando seus argumentos interno e externo e um nome predicando, atribuindo uma
característica, a um nome, seja ele sujeito ou complemento.

Convém, neste momento, sintetizar o que classificamos como termos essenciais.

Argumento Externo Sujeito

Argumento Interno (-P) Objeto Direto

Argumento Interno (+P) Objeto Indireto

Predicativo do Sujeito Predicativo do Sujeito

Complemento Nominal Complemento Nominal

2.1.2 Termos Acessórios

Produzimos na oralidade, na escrita, escutamos e lemos frases com informações para


além do que o predicador verbal ou predicativo do sujeito exige. Aqui, estamos falando sobre
os termos acessórios, aqueles que aparecem em frases para especificar alguns sintagmas,
inteiros argumentos ou, até mesmo, frases completas, para fornecer um nível maior de
informação, algo recorrente em textos jornalísticos, por exemplo. Os termos acessórios não
mudam a estrutura sintática de frases, estas estão completas quando seus predicadores já
fizeram suas devidas seleções. Os termos acessórios fornecem um nível maior de
informação em prol de um discurso mais rico. Vejamos as seguintes frases:

(54) Nesta manhã, a comunidade médica informou aos pacientes sobre os riscos da COVID-
19.
(55) O bolo do aluno estava delicioso.
(56) Guilherme, um grande amigo, considera o remédio inapropriado para o tratamento.
(57) Paulo, invista mais em sua saúde.

Vejamos bem. Em (54), a partir de reflexões já realizadas nesta apostila, sabemos


que [a comunidade médica] é o argumento externo selecionado pelo verbo predicador
informar, que também seleciona os argumentos internos [aos pacientes] e [sobre os riscos

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da COVID-19] para completar o sentido da frase. No entanto, o que temos a dizer sobre o
item em negrito, [nesta manhã]?

Podemos dizer que [nesta manhã] é um adjunto adverbial de tempo, termo que
modifica e especifica a ação verbal, informando que foi em uma manhã específica que houve
um pronunciamento informativo da comunidade médica, sobre os riscos trazidos pela
COVID-19. Sabemos, ademais, que [nesta manhã] não é selecionado pelo verbo informar,
portanto, ele só pode ser um termo acessório.

Em (55), [do aluno] está apontando uma característica acessória para o sintagma [o
bolo]. A frase não perderia o sentido caso [do aluno] seja retirado da estrutura. Nesse
sentido, entendemos que o adjunto adnominal, termo capaz de caracterizar outro, não é
selecionado como pelo predicativo do sujeito, mas aparece, mesmo assim, para dizer algo
sobre o argumento externo, nesse caso.

Na frase (56), entendemos que considerar é o predicador que seleciona [Guilherme]


como argumento externo e os sintagmas [o remédio inapropriado] e [para o tratamento]
como argumentos internos. Já o aposto, [um grande amigo], uma informação a mais sobre
[Guilherme], não é selecionado pelo verbo, portanto, é um termo acessório.

Em (57), [Paulo] está em posição de tópico (como vimos por meio dos testes de
topicalização) e é acompanhado, mesmo que separado por vírgula, do verbo investir no
imperativo. A ideia de que uma ordem está sendo dada a Paulo, melhor, a ideia de que
chamamos a atenção de Paulo para que ele se cuide, coloca [Paulo] como o vocativo da
frase. Outro termo acessório, já que não é selecionado por nenhum predicador.

A partir dos exemplos, entendemos que adjuntos adverbiais, adjuntos adnominais,


apostos e vocativos são termos que podem aparecer em frases para especificar, qualificar,
acrescentar, chamar, entre outras funções, sem que sejam selecionados pelo predicador.

2.2 Complemento Nominal X Adjunto Adnominal

Nesta seção, trabalharemos com dois termos que entram em conflito em exercícios
classificatórios: o complemento nominal, termo essencial, é constantemente confundido
com o adjunto adnominal, termo acessório. Os nomes destes termos parecem mais
complexos do que sua caracterização.

Consideremos, inicialmente, uma tabela a respeito do complemento nominal.

Marina age igual a mim. *Marina age igual _____ a quem?

Este livro é inadequado para sensíveis à


*Este livro é impróprio _____ para quem?
violência gráfica.

Vivo próximo a meus tios. *Vivo próximo _____ a quem?


Tabela 6: o complemento nominal

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Fonte: elaborada pelas autoras

Na primeira coluna, com o complemento nominal em negrito, entendemos que ele


vem acompanhado de uma preposição e completa o sentido dos adjetivos igual, inadequado
e próximo. Na segunda coluna, ao retirar o complemento nominal, as frases tornam-se
agramaticais, pois o sentido desses adjetivos está incompleto e as frases parecem não
finalizadas.

Vejamos o mesmo exercício com adjuntos adnominais.

Dois políticos faltaram à sessão. ___ políticos faltaram à sessão.

Aqueles políticos faltaram à sessão. ___ políticos faltaram à sessão.

Os políticos cariocas faltaram à sessão. ___ políticos ___ faltaram à sessão.

Os políticos do Rio de Janeiro faltaram à sessão. ___ políticos ___ faltaram à sessão.
Tabela 7: o adjunto adnominal
Fonte: elaborada pelas autoras

Na primeira coluna, entendemos que os adjuntos adnominais podem ser


determinantes, como dois, aqueles e os, do nome, especificando os políticos em questão.
Entendemos, também, que ele pode aparecer com ou sem preposição. Na segunda coluna,
entendemos que a retirada dos adjuntos adnominais das frases não resulta em uma
agramaticalidade. Pelo contrário, o sentido completo das estruturas está presente, embora
sem nenhum tipo de especificação.

Nesse sentido, assimilamos que o complemento nominal é um termo essencial de


uma frase, selecionado por algum predicador nominal, não pode ser retirado de estruturas,
pois sua ausência causa agramaticalidade. Assimilamos, ademais, que o adjunto
adnominal é um termo acessório de uma frase, não é selecionado por um predicador, pode
ser retirado de estruturas, pois sua ausência não causa agramaticalidade.

Dessa forma, reforçamos a ideia de que um exercício de reflexão é mais relevante do


que o bruto exercício de decorar nomes e funções para classificar complementos nominais
e adjuntos adnominais: se entendemos que o primeiro é selecionado por um predicador e o
segundo não, sabemos o que pode ou não ser considerado essencial ou acessório.

Para finalizar, podemos recapitular algumas características desses termos:

Complemento Nominal Adjunto Adnominal

É um termo essencial; É um termo acessório;


É sempre acompanhado de uma preposição; Pode aparecer acompanhado de uma
Não pode ser retirado das frases; preposição ou não;
Nunca indica posse. Pode ser retirado das frases;
Pode indicar posse.
Tabela 8: Diferenças entre complemento nominal e adjunto adnominal
Fonte: elaborada pelas autoras

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2.3 Adjuntos Adverbiais e Adnominais

Os adjuntos são termos acessórios com o poder de modificar muitos aspectos de uma
frase. Por exemplo, um adjunto adverbial pode modificar, intensificar, especificar, entre
outros, o sentido de um verbo, um adjetivo, um advérbio e, também, uma frase inteira. Um
adjunto adnominal acompanha um nome para exercer funções semelhantes ao adjunto
adverbial. A ideia central destes dois termos é que eles vêm juntos, acoplados, a outro
termo.

2.3.1 Adjunto Adverbial – algumas especificidades

Em manuais educacionais, ao estudar termos acessórios, especificamente adjuntos


adverbiais, nos deparamos com uma lista infinita de classificações para este termo. Há,
ainda por cima, divergências em relação a essas classificações: alguns manuais apontam
mais classificações, outros menos. Pensando nisso, optamos por não trazer uma extensa
lista de possibilidades do adjunto em questão, trazemos, entretanto, 3 frases que podem
funcionar como porta de entrada para a compreensão de todos, ou quase, adjuntos
adverbiais.

Muitas (intensidade) queimadas criminosas ocorreram no pantanal (lugar) nesta semana (tempo).

A corrupção no Brasil não acabou e, na verdade, está longe de acabar.

Como o arroz está caro (condição), não o compraremos hoje.

A partir dos exemplos, compreendemos que o mesmo adjunto adverbial pode abarcar
uma série de classificações, bem como uma mesma frase acolher diversos adjuntos e
demais termos não selecionados pelo predicador. Nesse sentido, defendemos que não
existe a necessidade de decorar as classificações assumidas pelos adjuntos: além de ser
um exercício cansativo e demorado, é, acima de tudo, um exercício inútil.

Defendemos, novamente, a compreensão acerca do selecionado pelo predicador.


Após a identificação e isolamento dos termos essenciais, encontramos os termos acessórios
oferecendo informações e enriquecimento contextual para as frases. Ao colocar o adjunto
adverbial como destaque de nossa análise, devemos compreender o que ele está
modificando e como essa modificação ocorre.

Com a frase [como o arroz está caro, não o compraremos hoje], muito antes de
compreender que [como o arroz está caro] é um adjunto de classificação X, entendemos,
intuitivamente, que essa é uma condição para a não obtenção de um produto. Formalmente,
a frase conta com um adjunto adverbial dando uma condição para a ação verbal, isto é, um
adjunto adverbial de condição.

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Outra forma de compreender o adjunto adverbial dentro de frases é considerar que


ele pode ser composto por um advérbio (classe gramatical de uma palavra), uma locução
adverbial (duas palavras que formam, juntas, um único significado), por uma expressão
adverbial (três palavras que formam um único sentido) ou pela frase inteira.

Ao olhar para alguns advérbios, como muito, pouco, aqui, ali, ontem, hoje, etc., é
possível, intuitivamente, eleger o seu sentido. Muito pode indicar quantidade e/ou
intensidade - possivelmente outro significado também - e, então, temos um adjunto adverbial
de quantidade e/ou intensidade na frase. Se temos uma locução adverbial de modo
modificando, justamente, o modo de um verbo… Vocês entenderam a ideia, certo?

2.3.2 Adjunto Adnominal – algumas considerações

Em frases, o aposto, como veremos de forma mais detalhada na seção seguinte, vem
para explicar algum outro termo. O adjunto adnominal, ao contrário, acompanha e qualifica,
por meio da adjetivação, algum nome. Mesmo com características tão distintas, estes dois
termos são, comumente, confundidos quando o aposto aparece preposicionado em certas
sentenças. Para dissociar estes termos, convém ilustrarmos suas diferenças nos exemplos
a seguir:

(58) Ilha de Marajó.


(59) Casa do Pedro.

Em (58), [de Marajó], adjunto adnominal, acompanha o nome [Ilha] para qualificar e
especificar o tema do assunto, por exemplo. Em (59), no entanto, temos um aposto
preposicionado, [do Pedro]. Embora este aposto não apareça separado por pontuação -
característica elementar do termo em questão -, expandir a frase pode ser um exercício
esclarecedor:

(60) Aquela casa, do Pedro, é muito bonita!

2.4 Aposto e Vocativo

Dando continuidade ao estudo sobre os termos acessórios, neste momento,


compreenderemos um pouco mais sobre o aposto e o vocativo.

2.4.1 Aposto

O aposto, conforme apresenta Cegalla (2008, p. 365), é “uma palavra ou expressão


que explica ou esclarece, desenvolve ou resume outro termo da oração” (grifo nosso).
Bechara (2009), completando a apresentação anterior, postula que o aposto também tem
função enumerativa, distributiva e circunstancial. Ademais, entendemos o aposto como

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capaz de ampliar, recapitular e comparar. Ainda podemos apresentar mais algumas


especificações do aposto, como: esta categoria é separada dos outros termos da oração por
pausas marcadas por pontuação (vírgulas, dois-pontos ou travessões) e, por fim, o aposto
não é um termo essencial de frases, mas, sim, um termo acessório. Visando a uma melhor
visualização deste termo, consideremos alguns exemplos:

(61) Bruno, diretor geral da escola, alertou os pais à importância de acompanhar as


crianças durante o ano letivo.
(62) Então, falando com nervosismo, o advogado, recém formado em direito, argumentou
frente ao juiz.
(63) A apresentadora do programa da noite, favorita de toda a audiência brasileira,
chegou alguns minutos atrasada e perdeu a abertura.
(64) Argumentar, justificar, esclarecer e explicar, nada foi capaz de resolver o problema
com os vizinhos.
(65) Os brunches de domingo contam sempre com comidas deliciosas: patês, pães,
geleias, frutas e tortas doces.
(66) E, assim, proferiu o juiz toda a sentença aos dois grupos presentes, uns cumpririam
15 anos, outros, 18.
(67) Nossos sonhos, imbróglios de desejos jamais concretizados e de questões não
resolvidas, falam mais de nós do que imaginamos.
(68) Assim, todos os artistas do canal, estrelas vitoriosas do Troféu Imprensa 2020, foram
convidados à festa de fim de ano da emissora.
(69) Risadas, abraços, carinhos e trocas de afetos, tudo foi visto na festa.
(70) Minha cabeça, confusão de sentimentos e ansiedades, não estava funcionando bem
quando tomei a decisão.

A partir dos exemplos, é possível observar que muitos apostos parecem exercer o
mesmo sentido, embora nossa intenção tenha sido acompanhar a lista de especificações
apontada anteriormente. Dessa forma, para realizar a classificação de um aposto, é preciso
considerar o contexto da frase inteira.

2.4.2 Vocativo

O vocativo é o termo acessório que, de certa forma, assume a segunda pessoa do


discurso (tu/você), pois é a partir dela que invocamos, chamamos e ordenamos, entre outras
ações, um interlocutor, seja ele uma pessoa, animal ou alguma personificação. Cabe dizer
que o vocativo é um termo que não está ligado ao argumento externo, ao predicador e nem
ao argumento interno. Este é um termo a parte na frase. Vejamos, pois, alguns exemplos:

(71) João, você pode vir aqui?


(72) Senhor presidente, cuide melhor de nosso país!
(73) Sol, diminua a intensidade, por favor!

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Uma importante característica desses dois termos é que verbos não fazem parte de
sua composição. Ao inserir verbo em um aposto, temos, então, uma oração apositiva. Este
será o tópico do Módulo III de nossa apostila: períodos compostos, isto é, frases com mais
de um verbo, e como eles são formados.

2.5 A Vírgula e a Estrutura Sintática

A vírgula é um sinal de pontuação que pode assumir uma série de funções dentro de
frases. Inicialmente, convém mencionar que há três funções que merecem destaque:

- Nunca devemos considerar a pausa feita ao respirar para inserir vírgulas em frases. Esse
costume não passa de uma representação no imaginário das pessoas.

- Não devemos separar, por vírgulas, argumento externo do verbo predicador. Essa função
pode ser “quebrada” por termos acessórios que se encontram intercalados. Vejamos:

(74) A comunidade médica, nesta manhã, informou os pacientes sobre os impactos da


COVID-19 (intercalação do adjunto adverbial).
(75) Pesquisadores, conforme combinado, combatem a desinformação em nome da
ciência (intercalação de conjunções).
(76) Os professores falaram sobre a importância das matas, ou seja, sobre como devemos
evitar queimadas acidentais (intercalação de termos explicativos ou corretivos).

- Não devemos separar o verbo predicador de seu argumento interno.

Vejamos, a seguir, outras funções para o uso da vírgula.

2.5.1 Inversão

• Do adjunto adverbial: Nesta manhã, a comunidade médica informou os pacientes


sobre os impactos da doença.

• Dos objetos pleonásticos antepostos: À ciência, todo respeito lhe deve ser
oferecido.

• Do nome do lugar antes da data: Belo Horizonte, 10 de outubro de 2020.

2.5.2 Coordenação em Enumeração

Foi ao supermercado comprar frutas, verduras e vegetais, menos arroz.

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2.5.3 Elipse Verbal

Liza leu terror e João, drama. (Aqui, a vírgula evitou a repetição do verbo)

2.5.4 Separação do Aposto

O professor, preocupado com a situação do país, falou sobre a importância das matas

2.5.5 Isolamento do Vocativo

Guilherme, continue fazendo um bom trabalho.

Nos encontramos na próxima semana.


Bons estudos!

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Semana 3 – Período Composto: Coordenação e Subordinação

Objetivos
Neste módulo, retomaremos alguns conceitos tratados
anteriormente para estudarmos, especificamente, o período
composto e o que esta classificação comporta: orações
coordenadas e orações subordinadas.

Mídia digital: Antes de iniciar os estudos, vá até a sala


virtual e assista ao vídeo “Aula 3”.

3.1 O que é um Período Composto?

No primeiro módulo desta apostila, vimos que frases são toda e qualquer estrutura
produzida na língua, e agora as tomamos como uma ideia completa finalizada com ponto,
que pode ser estruturada, por exemplo, da seguinte maneira:

(77) Olá!
(78) O presidente equivocou-se publicamente ao falar sobre um assunto que não domina.

Assim, entendemos que frases podem ser estruturas produzidas sem a presença de
verbo (frases nominais) e podem ser estruturas produzidas com um ou mais verbos (período
simples e período composto). No entanto, ao lidarmos com o termo orações, entendemos
que (78) pode ser considerada uma, mas (77) não. Orações, nesse sentido, são toda e
qualquer estrutura produzida na língua com a presença de pelo menos um verbo. Se há
apenas um verbo na estrutura, temos um período simples, conforme já estudamos. Se há
dois verbos na estrutura, temos um período composto.

Neste módulo, trabalharemos especificamente com o período composto. Este pode


abarcar as chamadas orações coordenadas (assindéticas e sindéticas) e orações
subordinadas (extensa lista de classificações). Vejamos, agora, como pode ser possível
compreender melhor essas orações sem contar, é claro, com a necessidade de memorizar
amplas nomenclaturas.

3.2 Coordenação e Subordinação

De início, apontamos que em orações subordinadas, como o próprio nome antecipa,


há uma relação de subordinação e dependência entre a oração matriz (principal) e a oração
subordinada. Aqui, a subordinada se apoia na matriz, para completar e estabelecer o sentido

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completo da frase, já que não há sentido nas frases isoladas. Em relação às orações
coordenadas, com estas não existe uma relação de dependência, mas, sim, de
independência entre as orações.

3.2.1 Coordenação

Para Bechara (2009), o que caracteriza a coordenação é

“a circunstância de que unidades combinadas são equivalentes do ponto de


vista gramatical, isto é, uma não determina a outra, de modo que a unidade
resultante da combinação é também gramaticalmente equivalente às unidades
combinadas” (grifo nosso)

Compreendemos, então, que as orações coordenadas compõem o período composto


de forma autônoma, isto é, não precisamos da primeira para inferir o sentido da segunda ou
vice versa. Mais importante do que estabelecer sentido, na sintaxe, a independência das
orações coordenadas é pautada no que estamos postulando ao longo de nossa apostila:
uma oração coordenada não é termo essencial da outra, não é selecionada pelo predicador.

Agora, veremos mais sobre a estrutura das orações coordenadas, que se dividem em
dois grupos: orações assindéticas, que não contam com a presença de uma conjunção para
ligar as orações, e orações sindéticas, marcadas pela união das orações por meio da
conjunção. Basta pensarmos na palavra sindetos, que significa, grosso modo, presença de
conjunções, e no prefixo de negação "a". Assindéticas, então, são orações que negam a
presença de conjunções. Comecemos por elas.

• Orações Assindéticas

Orações assindéticas são orações coordenadas que não são combinadas por meio
de um elemento de ligação, como conjunções. Observe, agora, algumas orações
assindéticas:

(79) Eu corri pela manhã, ele correu pela tarde.


(80) O preço do arroz subiu, o salário do povo não.
(81) Um Ministro defende o Sistema de Saúde, Paulo não tem este costume.

Em (79), a oração [eu corri pela manhã] é equivalente a [ele correu pela tarde]. Se
tivéssemos apenas uma das orações, teríamos, de toda forma, um contexto completo. No
caso de (79), o que pode causar estranhamento é o mesmo verbo repetido nas duas
orações, ainda que com flexões distintas. Uma estratégia para evitar esse estranhamento
seria lançar mão da elipse, que, como já sabemos, é uma artimanha para que o verbo não
seja repetido, como ocorre em (80). Em (81), temos uma oração com dois verbos distintos,
defender e ter, coordenados no período.

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• Orações Sindéticas

Apostos, advérbios e locuções adverbiais devem ganhar mais espaço no ensino como
possíveis colaboradores de uma compreensão mais intuitiva e menos “decorável”. De fato,
como todos esses termos, as conjunções, itens de ligação em orações sindéticas, também
podem assumir mais de uma função a depender do contexto. No entanto, se observamos,
de forma atenta, ao que as conjunções estão ligando, conseguimos entender o sentido da
oração sindética sem decorar termos como orações sindéticas adversativas. Observe as
frases a seguir para comprar nossa posição anti-memorização.

(82) Corri e cansei.


(83) Corri, entretanto não me cansei hoje.
(84) Ora assisto a um filme, ora faço as atividades domésticas.
(85) O preço do arroz aumentou, portanto não o compraremos.
(86) O ar das cidades está seco, pois há diversas queimadas pelo Brasil.

Em (82), o período composto foi formado por dois verbos unidos pela conjunção [e].
Correr e cansar são dois eventos independentes naturalmente não conectados. No entanto,
a conjunção contabiliza a ação de cansar como efeito de correr e, então, temos uma soma
de eventos.

Diferentemente de (82), a conjunção do exemplo (83) aponta para uma ideia


completamente oposta do construído anteriormente: [entretanto] não soma eventos, cria um
distanciamento entre eles: apesar de ter corrido, o sujeito das ações propostas no período
não se cansou. Temos, aqui, a ideia de contraste.

Em (84), a conjunção [ora...ora] aponta uma alternativa para a realização da ação de


assistir a um filme ou fazer uma tarefa doméstica. De forma semelhante, a conjunção
[portanto], em (85), estabelece uma relação de consequência - o aumento do preço do arroz
fez com que seu consumo fosse reduzido.

No período composto ilustrado em (86), a conjunção [pois] justifica e explica a


postulação do verbo de ligação estar. A partir dela, entendemos [diversas queimadas pelo
Brasil] como a causa de [o ar das cidades está seco], consequência das queimadas.

Agora, é importante considerar que essas conjunções nem sempre construirão a


mesma ideia. Observe.

(87) Vejamos, pois, os exemplos tratados a seguir.

Em (87), a conjunção [pois] não está justificando ou explicando algum contexto, mas,
sim, exercendo a função de chamar a atenção do leitor para o que será tratado em seguida.
Então, estudante, agora que temos sua atenção: invista em entender o sentido da conjunção
que está ligando as orações e busque compreender como ela auxilia, de modo geral, a
construir o processo de significação do período inteiro.

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3.2.2 Subordinação

Na apresentação de nossa apostila, deixamos claro que a Nomenclatura Gramatical


Brasileira (NGB), há alguns anos, forneceu ao mundo uma receita extensa de nomenclaturas
extensas e ambíguas para o estudo do período composto, principalmente para a
subordinação.

Aqui, seguimos defendendo que não é preciso memorizar títulos para compreender
um período. Evidentemente, provas e muitos exercícios classificatórios cobram que
saibamos todas as nomenclaturas e que saibamos, imediatamente, como fornecer exemplos
para explicá-las. Nossa proposta para esta seção é que a partir dos períodos compostos e
da retomada da compreensão de termos que aprendemos, seja possível inferir e classificar
a função sintática da oração subordinada. Então, à luz de Bechara (2009), trataremos a
oração subordinada como aquela que

“consiste na possibilidade de uma unidade correspondente a um estrato superior


poder funcionar num estrato inferior, ou em estratos inferiores. É o caso de uma
oração passar a funcionar como “membro” de outra oração (...)”

Nesse sentido, a oração subordinada é aquela que completa o sentido da oração


matriz (principal) ao auxiliar na produção de sentido de todo o período (orações adjetivas e
adverbiais). A oração subordinada substantiva, no entanto, atua como termo essencial. Ao
contrário das orações coordenadas, a oração matriz é dependente da subordinada
(substantiva, adjetiva e adverbial) e vice versa.

Ainda, a subordinação exerce uma função sintática dentro do período composto, isto
é, uma oração subordinada substantiva, por exemplo, assume uma das funções que já
conhecemos: sujeito, objeto direto, objeto indireto, aposto, complemento nominal e
predicativo do sujeito. A oração subordinada adjetiva assume a função de adjunto
adnominal ao restringir, caracterizar e reduzir termos. Por fim, a oração subordinada
adverbial acomoda advérbios de causa, comparação, concessão, entre outros, para explicar
o sentido dos verbos presentes no período.

Todas essas funções aparecem em períodos simples sem a presença de um verbo.


Ao inserir o verbo, há, então uma subordinação. Nesse sentido, estudante, tudo que você
viu até o momento, nesta seção, será utilizado com o intuito de formar períodos compostos
ao inserir um verbo que é capaz de exercer as supracitadas funções sintáticas.

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• Orações subordinadas substantivas

As orações subordinadas substantivas são aquelas que exercem a função sintática


de sujeito, objeto direto, objeto indireto, aposto, complemento nominal e predicativo
do sujeito. Observemos, a seguir, algumas delas.

que ele assuma o poder Oração Subordinada


(88) Não é possível
novamente Substantiva Subjetiva

Neste período, a oração subordinada [que ele assuma o poder novamente] atua como
o sujeito da oração matriz [não é possível], isto é, como termo essencial. Há, nesse
segmento, uma relação de dependência entre as orações para que o todo o período faça
sentido e complete as exigências dos predicadores.

que não saíram asneiras da sua Oração Subordinada


(89) O Ministro disse
boca Substantiva Objetiva Direta

Em (89), a oração matriz [O Ministro disse] tem o verbo biargumental não


preposicionado, e, por isso, nos perguntamos “o que o Ministro disse?”. A oração
subordinada, selecionada pelo verbo dizer, responde, sem contar com uma preposição em
sua estrutura, à pergunta: [que não saíram asneiras da sua boca]. Toda a oração
subordinada funciona como um objeto direto para completar o sentido do verbo dizer.

Oração Subordinada
(90) O povo necessita de que Guilherme mude a cidade.
Substantiva Objetiva Indireta

Em (90), o verbo necessitar exige algo. Neste caso, a oração subordinada [de que
Guilherme mude a cidade] atende a exigência do predicador na condição de objeto indireto.
Veja bem: [de que guilherme mude a cidade] é o algo que o povo necessita. Então, temos
uma oração com preposição completando o sentido do verbo predicador da oração matriz.
Aqui, não preciso saber que esta é uma oração subordinada substantiva objetiva indireta.
Precisamos, de fato, entender que há uma oração completando o sentido da outra ao exercer
a função de objeto indireto.

O homem revelou à
que lutassem pelo mesmo coletivo Oração Subordinada
(91) sua namorada seu
socialista. Substantiva Apositiva
maior sonho:

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Lembrando que o aposto é um termo acessório que fornece mais informações sobre
um determinado termo ou contexto e, acima de tudo, é marcado pela presença de
pontuação, seja por vírgulas, travessões ou dois pontos, entendemos que [que lutassem
pelo mesmo coletivo socialista] tem a função sintática de aposto. No entanto, também
afirmamos que um aposto, na verdade, se torna uma oração ao acomodar um verbo em sua
estrutura, como é o caso de (91). O verbo fez com que o aposto se tornasse uma oração
apositiva, isto é, uma oração que exerce a função sintática de aposto.

Oração Subordinada
Este livro despertou que nós pesquisemos sobre
(92) Substantiva Completiva
interesse para sensibilidade à violência doméstica
Nominal

Em (92), [este livro despertou interesse para] é a oração matriz e [que nós
pesquisemos sobre a sensibilidade à violência doméstica] é a oração subordinada que
complementa o nome [interesse].

Oração Subordinada
(93) O problema é que a paciência do povo acabou.
Substantiva Predicativa

Neste exemplo, o verbo de ligação [é] compõe a oração matriz com o sujeito [o
problema]. A oração subordinada, [que a paciência do povo acabou], exerce a função
sintática de predicativo do sujeito (com o acréscimo do verbo acabar), completando o sentido
do período.

Para finalizar esta subseção, trazemos um quadro com o tratamento da NGB para
com as orações subordinadas substantivas seguido do que consideramos necessário
durante uma análise sintática: perceber a função sintática de uma oração e como essa
função contribui para o sentido do período é compreender as exigências feitas pelo
predicador. Esse exercício auxilia no entendimento e caracterização da oração subordinada
substantiva sem que haja a necessidade de memorizar extensas nomenclaturas.

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Pró-Reitoria de Extensão 48
Frase Como é para a NGB? O que é preciso?

Oração Subordinada Entender que a subordinada exerce a função de sujeito


(88)
Substantiva Subjetiva selecionado pelo predicador.

Oração Subordinada Entender que a subordinada exerce a função de objeto direto


(89) Substantiva Objetiva selecionado pelo predicador (verbo biargumental não
Direta preposicionado).

Oração Subordinada Entender que a subordinada exerce a função de objeto indireto


(90) Substantiva Objetiva selecionado pelo predicador (verbo biargumental
Indireta preposicionado).

Oração Subordinada Entender que a subordinada exerce a função de aposto, um


(91)
Substantiva Apositiva termo acessório, não selecionado por um predicador.

Oração Subordinada Entender que a subordinada exerce a função de complemento


(92) Substantiva Completiva nominal, um termo essencial, selecionado por um predicador
Nominal nominal (predicativo do sujeito ou predicado verbo-nominal)

Oração Subordinada Entender que a subordinada exerce a função de predicativo do


(93)
Substantiva Predicativa sujeito, termo essencial.
Tabela 9: NGB X o que é preciso para entender uma coordenada substantiva
Fonte: elaborada pelas autoras

• Orações subordinadas adjetivas


Orações subordinadas adjetivas são aquelas que exercem a função de adjetivar - de
alguma maneira - a oração matriz do período composto. Elas podem restringir, caracterizar
(explicar) e reduzir com o uso de infinitivo, gerúndio e particípio. Vejamos como isso ocorre
a partir das seguintes frases:

(94) Os hospitais que têm leito são do governo.


(95) Os hospitais, que têm leito, são do governo.
(96) É vergonhoso não votar.
(97) Vi uma moça correndo.
(98) Aprovadas as alterações, o trabalho pode ser publicado.

Repare, aqui, na diferença entre os exemplos (94) e (95). [que têm leito], na primeira,
delimita um grupo “somente os hospitais que têm leito”. Na segunda, a mesma expressão,
isolada por vírgulas, caracteriza/explica a condição de um grupo. Temos, dessa forma, uma
oração adjetiva restritiva e uma oração explicativa, respectivamente.

De (96) a (98), encontramos as chamadas orações reduzidas: de infinitivo (verbo sem


nenhum tipo de flexão), de gerúndio (verbo terminado em -NDO) e de particípio (verbo
terminado em -ADO e -IDO).

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Frase Como é para a NGB? O que é preciso?

Orações Subordinadas Adjetivas Entender que a subordinada delimita um


(94)
Restritivas determinado grupo.

Orações Subordinadas Adjetivas Entender que a subordinada explica ou


(95)
Explicativas caracteriza um determinado grupo.

Orações Subordinadas Adjetivas Entender que a subordinada possui um infinitivo


(96)
Reduzidas de Infinitivo em sua composição.

Orações Subordinadas Adjetivas Entender que a subordinada possui um


(97)
Reduzidas de Gerúndio gerúndio em sua composição.

Orações Subordinadas Adjetivas Entender que a subordinada possui um


(98)
Reduzidas de Particípio particípio em sua composição.
Tabela 10: o que é preciso para entender uma coordenada adjetiva
Fonte: elaborada pelas autoras

• Orações subordinadas adverbiais


Estas orações podem ser compreendidas da mesma forma que explicamos o adjunto
adverbial, porém, com o acréscimo do verbo na estrutura: se temos um advérbio, uma
locução adverbial ou uma expressão adverbial acompanhada pelo verbo temos, então,
uma oração subordinada adverbial completando o sentido da oração matriz.

Uma outra forma para entender essas orações é fazer uma descrição do que estamos
observando:

Advérbios de causa, comparação, concessão,


condição, conformidade, consequência,
finalidade, proporção e tempo são recorrentes
na formação dessas orações.

Oração subordinada adverbial de causa

período se une a presença caracte-


com oração de um rística
verbo matriz para advérbio do
completar modifi- advérbio
as seleções cando
do um
predicador e verbo
o sentido da
união

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(99) Não saímos porque estava frio.

elemento verbo da advérbio verbo da predicati-


de oração indicando oração vo do
negação matriz causa da subordi- sujeito
ação (ou nada
falta dela)

Nesse sentido, em (99), [porque] é o advérbio da oração subordinada que modifica o


verbo estar flexionado e indica a causa da situação.

Vejamos, agora, alguns outros exemplos:


(100) Se chover, ficarei em casa com a companhia de um bom livro.
(101) Estou tão ansioso como você já esteve.

Em (100), um pouco diferente do que vimos até então, temos uma oração
subordinada no início da frase. Nela, o advérbio [se] aponta para uma condição da ação de
[ficar em casa]. No período estipulado em (101), o par [tão] e [como] atuam, paralelamente,
para apontar uma comparação entre os sujeitos das ações verbais.

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Parabéns pela conclusão do curso. Foi um prazer tê-lo conosco!

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Referências

ARAÚJO, Annyelle de Santana. AS NOÇÕES DE ENUNCIADO PARA BAKHTIN,


FOUCAULT E PÊCHEUX DOI: 10.5216/lep.v18i1.35042. Linguagem: Estudos e
Pesquisas, v. 18, n. 1, 17 abr. 2015.

BAKHTIN, Mikhail (Volochinov). Estética da criação verbal. Tradução de Maria Ermantina


Galvão G. Pereira. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 37.ed. revista, ampliada e


atualizada conforme o novo Acordo Ortográfico. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.

CASTILHO, Ataliba de. Nova gramática do português brasileiro. São Paulo: Contexto,
2014.

CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. 48.ed.


revisada. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2008.

KATO, Mary A.; NASCIMENTO, Milton do. Gramática do Português Culto Falado no
Brasil: a Construção da Sentença. São Paulo: Contexto, 2015.

KENEDY, Eduardo; OTHERO, Gabriel de Ávila. Para Conhecer Sintaxe. São Paulo:
Contexto, 2018

XAVIER, Gláucia do Carmo; OLIVEIRA, Kelly Cesário de. Marcação de aspecto gramatical
nos verbos de ligação: uma análise morfológica. Scripta, v. 24, n. 51, p. 210-237, 23 set.
2020.

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Currículo das autoras

Gláucia do Carmo Xavier é doutora em Linguística e Língua Portuguesa pela


PUC Minas (2016) e mestre em Educação também pela PUC Minas (2008).
Realizou estágio de pós-doutorado na área de Sintaxe Gerativa, sobre
gramática mental, pelo Programa de Pós-graduação em Estudos da
Linguagem da UFF (2019). Possui duas especializações: Psicopedagogia
Clínica pela UVA (2006) e Psicopedagogia Institucional pela Universidade
Grande Rio (2007). É licenciada em Letras pelo UNI-BH (2002) e desde 2010,
é professora, em regime de dedicação exclusiva, no Instituto Federal de Minas
Gerais (IFMG). Atualmente, compõe o corpo docente do Programa de Pós-
graduação Strictu-Sensu em Educação Profissional e Tecnológica
(PROFEPT), além de lecionar Língua Portuguesa e disciplinas afins para o Ensino Médio Técnico Integrado
e cursos superiores do IFMG. Ao longo dos vinte e dois anos como professora, atuou em todos os
segmentos, desde a Educação Infantil à Pós-graduação. É líder do grupo de estudos GEPET (Grupo de
Estudos e Pesquisas em Educação Profissional e Tecnológica), coordena dois projetos de pesquisa sobre
estudos gramaticais e um projeto de ensino sobre escrita da redação do Enem, ambos com apoio do
Programa Institucional de Bolsas do IFMG. É organizadora e autora de seis obras, sendo duas sobre
gramática mental, além da autoria em vários capítulos de livros e artigos em revistas científicas.
Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/7280286769320051

Kelly Cesário de Oliveira possui Licenciatura Plena em Letras -


Português/Inglês - pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
(2019) e Bacharelado em Letras (2020) pela mesma instituição. Atualmente,
é mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos da
Universidade Federal de Minas Gerais (POSLIN/UFMG), bolsista da
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG),
estudante no grupo de pesquisa Estudos em Linguagem e Cognição (eLinC)
e, também, estudante no grupo de pesquisa Cognição, Processamento e
Aquisição de Linguagem (CogProA), vinculado ao laboratório de
Psicolinguística da UFMG.

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/5118749027628608

Feito por (professora-autora) Data Revisão de layout Data Versão

Gláucia do Carmo Xavier


15/10/2020 Viviane Lima Martins 09/02/2021 1.0
Kelly Cesário de Oliveira

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Glossário de códigos QR (Quick Response)

Mídia digital Mídia digital


Aula 1 / Semana 1 Aula 2 / Semana 2

Mídia digital
Aula 3 / Semana 3

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Plataforma +IFMG
Formação Inicial e Continuada EaD

A Pró-Reitoria de Extensão (Proex), neste ano de


2020 concentrou seus esforços na criação do Programa
+IFMG. Esta iniciativa consiste em uma plataforma de cursos
online, cujo objetivo, além de multiplicar o conhecimento
institucional em Educação à Distância (EaD), é aumentar a
abrangência social do IFMG, incentivando a qualificação
profissional. Assim, o programa contribui para o IFMG cumprir
seu papel na oferta de uma educação pública, de qualidade e
cada vez mais acessível.
Para essa realização, a Proex constituiu uma equipe
multidisciplinar, contando com especialistas em educação,
web design, design instrucional, programação, revisão de
texto, locução, produção e edição de vídeos e muito mais.
Além disso, contamos com o apoio sinérgico de diversos
setores institucionais e também com a imprescindível
contribuição de muitos servidores (professores e técnico-
administrativos) que trabalharam como autores dos materiais
didáticos, compartilhando conhecimento em suas áreas de
atuação.
A fim de assegurar a mais alta qualidade na produção destes cursos, a Proex adquiriu
estúdios de EaD, equipados com câmeras de vídeo, microfones, sistemas de iluminação e
isolação acústica, para todos os 18 campi do IFMG.
Somando à nossa plataforma de cursos online, o Programa +IFMG disponibilizará
também, para toda a comunidade, uma Rádio Web Educativa, um aplicativo móvel para
Android e IOS, um canal no Youtube com a finalidade de promover a divulgação cultural e
científica e cursos preparatórios para nosso processo seletivo, bem como para o Enem,
considerando os saberes contemplados por todos os nossos cursos.
Parafraseando Freire, acreditamos que a educação muda as pessoas e estas, por
sua vez, transformam o mundo. Foi assim que o +IFMG foi criado.

O +IFMG significa um IFMG cada vez mais perto de você!

Professor Carlos Bernardes Rosa Jr.


Pró-Reitor de Extensão do IFMG
Características deste livro:
Formato: A4
Tipologia: Arial e Capriola.
E-book:
1ª. Edição
Formato digital

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