Sintaxe da Frase ao
Texto
Profª. Iara de Oliveira
2013
Copyright © UNIASSELVI 2013
Elaboração:
Profª. Iara de Oliveira
469
04821 Oliveira, Iara de
Língua portuguesa: sintaxe da frase ao texto / Iara de Oliveira.
Indaial:Uniasselvi, 2013
216 p. : il
ISBN 978-85-7830-704-2
Impresso por:
Apresentação
Há muito tempo escutamos estudantes e não estudantes dizerem que
nossa língua é difícil (o que é um grande erro: não há uma língua mais difícil
que a outra!), não segue uma lógica, porque para cada regra existem várias
exceções, a gramática atrapalha porque há muitas informações que não servem
para nada e outros tantos equívocos que, pouco a pouco, vão se consolidando
entre nós. Talvez a origem destas afirmações se deva, em boa parte, ao ensino
falho de língua portuguesa que tivemos no Ensino Fundamental e Médio,
baseado em manuais descontextualizados e ministrado por professores
desmotivados ou com formação deficitária. O fato é que, hoje, as pessoas
“detestam” o português e os profissionais desta área são desvalorizados ou
alvos de constantes questionamentos.
III
A segunda unidade é dedicada aos períodos compostos.
Exploraremos sua estrutura e como se estabelecem as relações coordenativas
e subordinativas. Assim como na primeira unidade, traremos as bases teóricas
encontradas nas gramáticas de nossa língua e tentaremos traçar algumas
linhas reflexivas que nos permitam entender o funcionamento do sistema e
sua lógica. Também aqui exporemos exemplos, apresentaremos atividades
e leituras complementares que permitam a consolidação do conhecimento.
IV
Iara de Oliveira
NOTA
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
V
VI
Sumário
UNIDADE 1 – ESTRUTURAS LINGUÍSTICAS DA LÍNGUA PORTUGUESA...................... 1
VII
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 91
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 92
VIII
UNIDADE 1
ESTRUTURAS LINGUÍSTICAS DA
LÍNGUA PORTUGUESA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final desta unidade você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está divida em dois tópicos e no final de cada um deles você
encontrará atividades que reforçarão o seu aprendizado.
1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
Você vem estudando a Língua Portuguesa ao longo deste curso e,
certamente, já aprendeu a forma como está estruturada e os elementos que a
constituem. Na morfologia, as estruturas foram vistas isoladamente, para que se
pudessem identificar seus processos de formação e suas significações individuais.
A partir de agora, estudaremos essas estruturas e as relações que estabelecem
entre si com o intuito de estabelecer comunicação, ou seja, estudaremos as
relações sintáticas.
2 O ESTUDO DA SINTAXE
Observe as seguintes estruturas:
1. De gosto eu chocolate.
2. Ed osgot ue ctehoolca.
3
UNIDADE 1 | ESTRUTURAS LINGUÍSTICAS DA LÍNGUA PORTUGUESA
E
IMPORTANT
1. De chocolate, eu gosto.
2. Eu, de chocolate, gosto.
3. Eu gosto de chocolate.
E
IMPORTANT
Mas não é apenas isso. Azeredo (1990, p. 10) traz uma contribuição
importante para nosso estudo:
4
TÓPICO 1 | ESTRUTURA, RELAÇÕES E FUNÇÕES SINTÁTICAS
Ainda sobre essa questão, Bechara (2009) menciona que alguns usam
o termo morfossintaxe por julgarem que os enunciados podem ser vistos por
sua forma (as palavras e sua estrutura individual) e por suas relações, mas, de
acordo com sua concepção, a pura gramática se baseia na sintaxe, porque ela
já traz consigo a concepção de forma. “Ocorre que, a rigor, tudo na língua se
refere sempre a combinações de ‘formas’, ainda que seja combinação com zero
ou ausência de ‘forma’; assim toda essa pura gramática é na realidade sintaxe, já
que a própria oração não deixa de ser uma ‘forma’ [...].” (BECHARA, 2009, p. 54,
grifos do autor).
DICAS
Considerando o que Bechara (2009) afirma sobre sintaxe e sua relação direta
com a forma, lembre-se, acadêmico(a): para aproveitar melhor os estudos sobre sintaxe, é
importante que você também conheça os aspectos morfológicos de nossa língua. Caso
seja necessário repassar estes conhecimentos, volte ao Caderno de Morfologia da Língua
Portuguesa.
5
UNIDADE 1 | ESTRUTURAS LINGUÍSTICAS DA LÍNGUA PORTUGUESA
DICAS
Vejamos:
para a de
Maria estudou prova matemática.
6
TÓPICO 1 | ESTRUTURA, RELAÇÕES E FUNÇÕES SINTÁTICAS
Agora, observemos:
7
UNIDADE 1 | ESTRUTURAS LINGUÍSTICAS DA LÍNGUA PORTUGUESA
4 ENUNCIADOS DA LÍNGUA
Existem três unidades, com características estruturais próprias,
identificadas quando se estudam os enunciados da língua, que precisamos
conhecer: frase, oração, período. Como forma de tornar nossa reflexão mais
didática, analisaremos cada uma dessas unidades separadamente.
4.1 FRASE
A primeira unidade sintática apresentada pelas gramáticas é a frase. A
frase é definida por Cegalla (2008, p. 319), como “[...] todo enunciado capaz de
transmitir, a quem nos ouve ou lê, tudo o que pensamos, queremos ou sentimos.
Pode revestir as mais variadas formas, desde a simples palavra até o período mais
complexo, elaborado segundo os padrões sintáticos da língua”.
Observe:
Socorro!
O que será de nós?
Pare!
Há muito tempo o homem luta por reconhecimento social e, para isso, é
capaz de chegar aos limites de sua condição física e psicológica.
Sobre a frase ainda é possível afirmar que ela se define não pela extensão que
possui, mas por seu propósito de comunicação. Ela se caracteriza por apresentar
uma entonação inicial e final, na oralidade, e pelo uso da pontuação, na escrita,
facilitando a leitura e, consequentemente, a ampliação de conhecimento. Algumas
frases são tidas como situacionais, porque só podem ser compreendidas dentro do
contexto do qual fazem parte (o escrito ou a situação em que o falante está).
Veja um exemplo:
- Eu...
- Queria me dizer uma coisa?
- É. Acho que...
- Esta nossa relação não vai dar certo?
- Isso. Eu simplesmente não...
- Aguenta mais?
- Exato. Esse seu hábito de...
- Terminar as frases dos outros?
- É. É! Eu tentei, mas...
- Não consegue?
- Não consigo. Não é nada...
- Contra mim? É só porque eu termino as suas frases?
- É. Porque você...
- Faço isso...
- É. Sempre termina a...
- Frase dos outros? Porque eu já sei o que vão dizer. Você é o quinto ou
sexto namorado que me diz a mesma coisa.
- Quer dizer que nós nos tornamos...
- Previsíveis? Se tornaram.
- Todos reclamam...
- Da mesma coisa? Reclamam.
- Bom, então é...
- Tchau?
- É.
9
UNIDADE 1 | ESTRUTURAS LINGUÍSTICAS DA LÍNGUA PORTUGUESA
Frases declarativas: são aquelas que têm por objetivo afirmar algo,
apresentar um juízo sobre alguém ou alguma coisa, fazer uma declaração. As
frases declarativas podem ser afirmativas, quando encerram uma ideia positiva;
ou negativas, quando encerram uma ideia de negação.
Exemplo:
UNI
Qualquer um dos tipos de frases apresentados acima pode exibir uma forma
positiva ou negativa, encerrando afirmações ou negações em sua estrutura.
Exemplo:
Exemplos:
10
TÓPICO 1 | ESTRUTURA, RELAÇÕES E FUNÇÕES SINTÁTICAS
As frases interrogativas indiretas são, por sua vez, aquelas cujo “sentido
interrogativo depende de um verbo principal que indique desconhecimento ou
desejo de informação” (ALMEIDA, 2005, p. 408).
Exemplos:
Perceba que as orações por que não poderia ir ao baile e por que saiu
indicam uma interrogação, um questionamento, mas aparecem de forma indireta,
auxiliadas pelo verbo saber.
Exemplo:
FIGURA 1 – TIRINHA
As frases Pegue aquele rato!, Espere um minuto, Deixe-me colocar meu tênis de
corrida são imperativas, pois expressam ordem (na primeira e segunda) e pedido
(terceira).
Exemplo:
11
UNIDADE 1 | ESTRUTURAS LINGUÍSTICAS DA LÍNGUA PORTUGUESA
FIGURA 2 – TIRINHA
Exemplo:
Exemplo:
E
IMPORTANT
4.2 ORAÇÃO
Na seção anterior, vimos que a frase tem propriedades discursivas, ou
seja, é caracterizada pela relação que estabelece com o contexto comunicativo. Na
frase, o enunciado é analisado por suas ligações com a situação de comunicação.
No entanto, é possível estudar os enunciados levando-se em consideração as
relações entre as palavras e a função que cada uma desempenha. Por isso, sob
esta perspectiva, uma unidade sintática importante é a oração.
Exemplo:
FIGURA 3 – CHARGE
Podemos afirmar que o primeiro balão, Que beleza a cidade de vocês! é uma
frase, pois apresenta um sentido completo na situação em que está inserida,
13
UNIDADE 1 | ESTRUTURAS LINGUÍSTICAS DA LÍNGUA PORTUGUESA
E
IMPORTANT
4.3 PERÍODO
Existe, ainda, uma terceira unidade sintática prevista pela gramática: o
período. “Período é um enunciado de sentido completo constituído por uma ou
mais orações” (ABAURRE; ABAURRE; PONTARA, 2010, p. 509).
Exemplos:
Fomos à sua casa, mas não havia ninguém. (duas orações: fomos é o
núcleo da primeira, havia é o núcleo da segunda).
Período simples é aquele constituído por uma única oração, ou seja, que
apresenta um só verbo ou locução verbal.
Exemplo:
14
TÓPICO 1 | ESTRUTURA, RELAÇÕES E FUNÇÕES SINTÁTICAS
Exemplo:
O povo anseia que haja uma eleição justa. (dois verbos = anseia, haja =
dois períodos)
E
IMPORTANT
FONTE: A autora.
15
UNIDADE 1 | ESTRUTURAS LINGUÍSTICAS DA LÍNGUA PORTUGUESA
DICAS
O professor Fábio Alves tem vários vídeos nos quais ensina os aspectos da nossa
gramática. Indicamos o link do vídeo em que ele expõe as questões de sintaxe que vimos neste
tópico <http://www.youtube.com/watch?v=6R-OYnIvzlQ>.
Além dele, o livro Iniciação à sintaxe do português, de José Carlos de Azeredo, de 1990, publicado
pela Editora Zahar, também traz contribuições significativas para o estudo deste tema.
Para descontrair:
FONTE: LEMINSKI, Paulo. Caprichos e relaxos. São Paulo: Brasiliense, 1983. p. 144.
16
TÓPICO 1 | ESTRUTURA, RELAÇÕES E FUNÇÕES SINTÁTICAS
LEITURA COMPLEMENTAR
1. Frase e oração
2. A hierarquia gramatical
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UNIDADE 1 | ESTRUTURAS LINGUÍSTICAS DA LÍNGUA PORTUGUESA
Período.
Oração.
Sintagma.
Vocábulo.
Morfema.
E exemplificando:
Nível do período ........ os meninos brincavam com uma pazinha.
Nível de oração ......... os meninos brincavam com uma pazinha.
Nível dos sintagmas .. os meninos/ brincavam com uma pazinha.
Nível dos vocábulos .. os/ meninos/ brincavam/ com/ uma/ pazinha.
Nível dos morfemas .. o/s/ menin/o/s brinc/a/va/m com/ um/a pa/zinh/a.
18
TÓPICO 1 | ESTRUTURA, RELAÇÕES E FUNÇÕES SINTÁTICAS
Agora que sabemos por que a divisão inicial e as três são compatíveis,
conclui-se que uma unidade de nível mais baixo pode combinar com uma unidade
de nível imediatamente superior para compor outra unidade neste mesmo nível.
É o que se dá em ‘desatou o nó das cordas com os dentes’: ‘desatou’, que é um
vocábulo, combina-se com os dois sintagmas – ‘o nó das cordas’ e ‘com os dentes’
– para formar um sintagma mais complexo: verbo + sintagma + sintagma.
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UNIDADE 1 | ESTRUTURAS LINGUÍSTICAS DA LÍNGUA PORTUGUESA
Em diagramas, teremos:
A questão (a) já foi objeto dos itens citados. Recordemos apenas que o
léxico é o conjunto das palavras (no sentido de lexemas) de uma língua, geralmente
listadas no dicionário. O léxico fornece os elementos com que se estruturam os
sintagmas. À segunda questão vamos responder mediante o exame de um trecho
de língua escrita:
segmentação correta: temos três períodos, cujos limites coincidem com os pontos,
vejamos:
21
UNIDADE 1 | ESTRUTURAS LINGUÍSTICAS DA LÍNGUA PORTUGUESA
22
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico você viu que:
23
AUTOATIVIDADE
24
a) Destaque três frases no texto.
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
(1) Frase.
(2) Período simples.
(3) Período composto.
25
( ) Pedro chegou estressado em casa.
( ) Razão e emoção... as duas vértices da vida.
( ) Caso você venha amanhã, traga-me aquele seu vestido vermelho.
( ) Não concordo com suas atitudes, pois elas vão de encontro aos meus
princípios.
( ) Nossa! Pare com tantos comentários indesejáveis.
( ) Silêncio! Hospital!
( ) Vim, vi e venci.
26
7 Leia os seguintes enunciados:
I. Brasil vence EUA e conquista ouro inédito. (Site UOL, 23 ago. 2003).
II. Workshop a distância discute tecnologia na educação. (Revista Ensino
Superior, 10 mar. 2008).
III. Ciência supera limites do corpo. (Revista Problemas brasileiros, jul./ago.
2008).
27
28
UNIDADE 1
TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
Como já vimos anteriormente, os enunciados são constituídos por
estruturas que apresentam relações e funções sintáticas. As funções sintáticas,
relembrando, são o papel desempenhado pelas palavras ou expressões de acordo
com as regras da sintaxe. Portanto, neste tópico estudaremos as funções sintáticas
exercidas pelas estruturas em um período simples.
FIGURA 4 – CHARGE
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UNIDADE 1 | ESTRUTURAS LINGUÍSTICAS DA LÍNGUA PORTUGUESA
E
IMPORTANT
2.1 SUJEITO
O sujeito é definido como o ser sobre o qual se afirma algo. Normalmente
é formado por um nome, pronome ou um termo que assuma a função de
substantivo, ou seja, um termo substantivado. Possui um núcleo, formado por
uma das classes de palavras já mencionadas, e elementos secundários que o
complementam, como artigos e adjetivos.
30
TÓPICO 2 | ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS ESTRUTURAS SIMPLES
Observe a charge:
FIGURA 5 – CHARGE
Agora, leia:
31
UNIDADE 1 | ESTRUTURAS LINGUÍSTICAS DA LÍNGUA PORTUGUESA
FIGURA 6 – CHARGE
Perceba que na frase “Esses aqui tão limpos”, esses é um pronome, mas
no período funciona como núcleo do sujeito e, portanto, torna-se um substantivo
virtual, como afirmou Almeida (2005).
E, ainda:
A oração “que todos defendam essa causa” atua como o sujeito e, desse
modo, ganha status de substantivo ou nome.
a) Sujeito simples:
32
TÓPICO 2 | ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS ESTRUTURAS SIMPLES
E
IMPORTANT
No período “Todo sujeito é livre para conjugar o verbo que quiser” temos
um sujeito simples, pois há apenas um núcleo formado pela palavra “sujeito”.
sujeito
Todo é livre para conjugar o verbo que quiser.
núcleo
33
UNIDADE 1 | ESTRUTURAS LINGUÍSTICAS DA LÍNGUA PORTUGUESA
b) Sujeito composto:
Observe a frase:
Ele e eu somos torcedores do mesmo time.
eu
Ele e Somos torcedores do mesmo time.
núcleo
[...]
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TÓPICO 2 | ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS ESTRUTURAS SIMPLES
UNI
Para que se configure como sujeito composto, é preciso que tenha mais de um
núcleo. O fato de o núcleo ser uma palavra no plural não altera sua condição de sujeito simples.
Observe:
Os torcedores foram ao estádio.
Núcleo = torcedores
Sujeito = simples.
É aquele que não está expresso no período, mas pode ser facilmente
identificado pelo contexto ou pela flexão de número-pessoa do verbo.
[...]
Quais os homens que você mais admira e por quê?
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UNIDADE 1 | ESTRUTURAS LINGUÍSTICAS DA LÍNGUA PORTUGUESA
d) Sujeito indeterminado
a) Com o verbo em 3ª pessoa do plural, desde que não faça referência a qualquer
sujeito já expresso em períodos anteriores.
Exemplo:
??
Sujeito Trocaram as tabuletas e não avisaram a
Indeterminado ninguém.
Exemplo:
36
TÓPICO 2 | ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS ESTRUTURAS SIMPLES
ATENCAO
Exemplo:
DICAS
Exemplo:
Exemplo:
37
UNIDADE 1 | ESTRUTURAS LINGUÍSTICAS DA LÍNGUA PORTUGUESA
Exemplos:
ATENCAO
ATENCAO
A questão do sujeito já foi muito discutida por alguns estudiosos da área, pois
consideram uma incoerência definir o sujeito como um termo essencial da oração, uma
vez que todas as gramáticas aceitam que existem orações desprovidas de sujeito. Outros,
no entanto, afirmam que o fato de que se construam orações sem sujeito não invalida
sua condição de essencial às orações das quais faz parte. E você, professor(a) ou futuro(a)
professor(a) de nossa língua, o que pensa sobre isso?
2.2 PREDICADO
Observe a seguinte situação:
38
TÓPICO 2 | ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS ESTRUTURAS SIMPLES
- Não. Estou dizendo que não posso existir sem você, mas um predicado
pode existir sem sujeito.
FONTE: A autora
a) Predicado verbal
Predicado verbal é aquele que tem como núcleo um verbo. Note estas
duas situações:
O jogador saiu.
2. Predicado verbal, cujo verbo não seja de ligação com seu complemento.
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UNIDADE 1 | ESTRUTURAS LINGUÍSTICAS DA LÍNGUA PORTUGUESA
b) Predicado nominal
FIGURA 8 – TIRINHA
Raul estudioso.
é
(predicativo do sujeito)
(Sujeito) (verbo de ligação)
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TÓPICO 2 | ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS ESTRUTURAS SIMPLES
FIGURA 9 – TIRINHA
Ainda em relação ao predicativo, vale ressaltar que ele pode ser do sujeito
e do objeto. O predicativo do sujeito é o termo que expressa um estado, modo
ou atributo do ser do sujeito, como vimos nos exemplos anteriores referentes ao
predicado nominal. Já o predicativo do objeto é o termo que se refere ao objeto de
um verbo transitivo. Veja:
o réu inocente
O juiz declarou (VTD) (predicativo
(Sujeito) (objeto direto)
do objeto).
41
UNIDADE 1 | ESTRUTURAS LINGUÍSTICAS DA LÍNGUA PORTUGUESA
Você lembra o que são verbos de ligação, não é? É muito importante saber
o que são verbos de ligação, já que têm “ligação direta” com o predicado nominal.
Sobre a definição de verbo de ligação, como já dissemos anteriormente, podemos
afirmar que é aquele verbo que não possui um significado no sentido mais amplo
do termo. Serve apenas para “ligar” o sujeito da oração e sua predicação. Os mais
usados são: andar, continuar, estar, ficar, parecer, permanecer, ser, tornar-se, virar.
DICAS
c) Predicado verbo-nominal
Leia:
Meu pai ficou muito feliz com o resultado. (com o resultado = adjunto
adnominal)
O padre reuniu os familiares rapidamente. (rapidamente = adjunto
adverbial)
O poeta ofereceu a poesia a uma bela moça do teatro.
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TÓPICO 2 | ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS ESTRUTURAS SIMPLES
Exemplos:
O tempo passa.
Ela viajou.
Antônio saiu.
É aquele que tem seu sentido completado por um objeto direto, ou seja,
por um complemento sem preposição.
Observe o seguinte texto que servirá para ilustrar vários conceitos deste
tópico:
O VENDEDOR DE PALAVRAS
Fábio Reynol
Comerciante de tino que era, não perdeu tempo em ter uma ideia
fantástica. Pegou dicionário, mesa, cartolina e saiu ao mercado para cavar
espaço entre os camelôs. Entre uma banca de relógios e outra de lingerie
instalou a sua: a mesa, o dicionário e a cartolina na qual se lia:
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TÓPICO 2 | ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS ESTRUTURAS SIMPLES
- O senhor não pode vender palavras. Elas não são suas. Palavras são
de todos.
- O senhor sabe o significado de “histriônico”?
- Não.
- Então o senhor não a tem. Não vendo algo que as pessoas já têm ou
coisas de que elas não precisem.
- Mas eu posso pegar essa palavra de graça no dicionário.
- O senhor tem dicionário em casa?
- Não. Mas eu poderia muito bem ir à biblioteca pública e consultar um.
- O senhor estava indo à biblioteca?
- Não. Na verdade, eu estou a caminho do supermercado.
- Então veio ao lugar certo. O senhor está para comprar o feijão e a
alface, pode muito bem levar para casa uma palavra por apenas cinquenta
centavos de real!
- Eu não vou usar essa palavra. Vou pagar para depois esquecê-la?
- Se o senhor não comer a alface ela acaba apodrecendo na geladeira e
terá de jogá-la fora. O feijão caruncha.
- O que pretende com isto? Vai ficar rico vendendo palavras?
- O senhor conhece Nélida Piñon?
- Não.
- É uma escritora. Esta manhã, ela disse na televisão que o país sofre com
a falta de palavras, pois os livros são pouco lidos por aqui.
- E por que o senhor não vende livros?
- Justamente por isso. As pessoas não compram as palavras no atacado,
portanto, eu as vendo no varejo.
- E o que as pessoas vão fazer com as palavras? Palavras são palavras,
não enchem a barriga.
- A escritora também disse que cada palavra corresponde a um
pensamento. Se temos poucas palavras, pensamos pouco. Se eu vender uma
palavra por dia, trabalhando duzentos dias por ano, serão duzentos novos
pensamentos cem por cento brasileiros. Isso sem contar os que furtam o meu
produto. São como trombadinhas que saem correndo com os relógios do meu
colega aqui do lado. Olhe aquela senhora com o carrinho de feira dobrando
a esquina. Com aquela carinha de dona de casa, ela nunca me enganou.
Passou por aqui sorrateira. Olhou minha placa e deu um sorrisinho maroto se
mordendo de curiosidade. Mas nem parou para perguntar. Eu tenho certeza
de que ela tem um dicionário em casa. Assim que chegar lá, vai abri-lo e me
roubar a carga. Suponho que para cada pessoa que se dispõe a comprar uma
palavra, pelo menos cinco a roubarão. Então, eu provocarei mil pensamentos
novos em um ano de trabalho.
- O senhor não acha muita pretensão? Pegar um...
- Jactância.
- Pegar um livro velho...
- Alfarrábio.
- O senhor me interrompe!
- Profaço.
45
UNIDADE 1 | ESTRUTURAS LINGUÍSTICAS DA LÍNGUA PORTUGUESA
No período “[...] viu uma escritora lamentando [...]”, o verbo “ver” não
precisa de uma preposição para unir-se ao seu complemento (“uma escritora”).
A mesma situação é verificada no período “O senhor não pode vender palavras.”
Para este tipo de verbo Cegalla (2008, p. 337, grifos do autor) também faz
observações importantes:
Os verbos transitivos diretos, em geral, podem ser usados também na
voz passiva.
Outra característica desses verbos é a de poderem receber, como objeto
direto, os pronomes o, a, os, as: convido-o, encontro-os, incomodo-a,
conheço-as.
Verbos transitivos diretos podem ser construídos, acidentalmente,
com preposição, a qual lhes acrescenta novo matiz semântico: arrancar
de espada; puxar de faca; pegar de uma ferramenta; tomar do lápis; cumprir
com o dever. [...]
É aquele que tem seu sentido completado por um objeto indireto, isto é,
por um complemento com preposição. Voltando ao texto de Fábio Reynol, no
período “[...] Brasil sofria de uma grave falta de palavras”, o verbo “sofria” precisa
da preposição “de” para unir-se aos termos que irão completar seu sentido (“uma
grave falta de palavras”). A mesma situação se verifica com a oração “[...] cada
palavra corresponde a um pensamento [...]”.
46
TÓPICO 2 | ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS ESTRUTURAS SIMPLES
É aquele que tem seu sentido completado por um objeto direto e por
um objeto indireto, quer dizer, por um complemento sem preposição e um
complemento com preposição.
Exemplo:
Note que o verbo precisa de algo que complete seu sentido. Neste caso,
“mil pensamentos novos” faz com que o verbo “provocar” tenha sentido pleno.
Exemplo:
48
TÓPICO 2 | ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS ESTRUTURAS SIMPLES
FIGURA 10 – CHARGE
Há ainda dois outros tipos de objeto direto que merecem nossa atenção: o
objeto direto pleonástico e o objeto direto preposicionado.
Esse tipo de objeto direto é definido por Cegalla (2008, p. 352) da seguinte
forma:
Quando queremos dar destaque ou ênfase à ideia contida no objeto
direto, colocamo-lo no início da frase e depois o repetimos ou
reforçamos por meio do pronome oblíquo. A esse objeto repetido sob
forma pronominal chama-se pleonástico, enfático ou redundante.
Exemplo:
Houve, neste caso, uma retomada do referente (os livros) para enfatizar
a ideia.
49
UNIDADE 1 | ESTRUTURAS LINGUÍSTICAS DA LÍNGUA PORTUGUESA
Exemplo:
Exemplo:
3. Objeto direto constituído pelas formas pronominais mim, ti, si, ele, ela, nós,
vós, eles, elas.
Exemplo:
Exemplo:
Amar a Deus.
Exemplo:
50
TÓPICO 2 | ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS ESTRUTURAS SIMPLES
Exemplo:
Exemplo:
Veja que o uso de “te” e “a ti” são utilizados para enfatizar a ideia,
destacando-a.
Exemplo:
51
UNIDADE 1 | ESTRUTURAS LINGUÍSTICAS DA LÍNGUA PORTUGUESA
52
TÓPICO 2 | ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS ESTRUTURAS SIMPLES
E
IMPORTANT
Lembre-se:
Voz ativa ocorre quando a ação expressa pelo verbo é praticada pelo sujeito.
Voz passiva ocorre quando a ação expressa pelo verbo é recebida pelo sujeito.
Observe:
a) substantivos:
b) pronomes:
53
UNIDADE 1 | ESTRUTURAS LINGUÍSTICAS DA LÍNGUA PORTUGUESA
c) numerais:
d) oração substantiva:
Contornou-se a situação.
(verbo + se) (sujeito paciente)
54
TÓPICO 2 | ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS ESTRUTURAS SIMPLES
DICAS
Caso queira saber mais sobre este assunto, indicamos o livro Dramática da
língua portuguesa: tradição gramatical, mídia e exclusão social, de Marcos Bagno, publicado
em 2000 pela Editora Loyola.
55
UNIDADE 1 | ESTRUTURAS LINGUÍSTICAS DA LÍNGUA PORTUGUESA
FIGURA 13 – ACESSÓRIOS
Tanto mulheres quanto homens sabem que elementos como: joias, óculos
de sol, bolsas, cintos etc. não são essenciais em uma vestimenta, mas são peças que
valorizam o visual, que fazem com que nosso estilo seja mais bem identificado.
Tais objetos são acessórios que ajudam a completar nosso look.
56
TÓPICO 2 | ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS ESTRUTURAS SIMPLES
FIGURA 15 – TIRINHA
a) Adjetivos:
b) Artigos:
c) Pronomes adjetivos:
57
UNIDADE 1 | ESTRUTURAS LINGUÍSTICAS DA LÍNGUA PORTUGUESA
d) Locuções adjetivas:
e) Numerais:
f) Orações adjetivas:
No segundo quadrinho da tirinha, temos “Deus não fez o sol pra você se
enfiar dentro da biblioteca, Marcie”. Perceba que “da biblioteca” tem agregada a si
a informação “dentro”. Assim conseguimos identificar em que lugar da biblioteca
Marcie está (ou estará). “Dentro”, portanto, funciona como um adjunto adverbial.
a) Advérbios:
Chegamos cedo.
b) Locuções adverbiais:
c) Oração adverbial:
58
TÓPICO 2 | ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS ESTRUTURAS SIMPLES
4.3 APOSTO
Leia o poema de Vinícius de Moraes que já se tornou um clássico:
Soneto de fidelidade
FONTE: MORAES, Vinícius de. Antologia Poética. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1960. p. 96.
Lya Luft, autora de vários livros, escreve crônicas para a revista Veja.
d) Comparativo:
Dona Elvira, que parece uma bruxa por causa da verruga no nariz, teve
alta do hospital.
Por fim, resta-nos saber um pouco sobre o vocativo, um termo que não faz
parte dos estudados até aqui.
5 VOCATIVO
Observe a seguinte charge:
FIGURA 16 – CHARGE
60
TÓPICO 2 | ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS ESTRUTURAS SIMPLES
Veja, ainda:
FIGURA 17 – TIRINHA
61
UNIDADE 1 | ESTRUTURAS LINGUÍSTICAS DA LÍNGUA PORTUGUESA
Para descontrair:
62
TÓPICO 2 | ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS ESTRUTURAS SIMPLES
63
UNIDADE 1 | ESTRUTURAS LINGUÍSTICAS DA LÍNGUA PORTUGUESA
LEITURA COMPLEMENTAR
64
TÓPICO 2 | ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS ESTRUTURAS SIMPLES
5) Precisa-se de empregados.
6) Vive-se bem aqui.
7) Espera-se para breve a retirada dos militares indonésios do Timor Leste.
8) Note-se como eles são semelhantes.
65
UNIDADE 1 | ESTRUTURAS LINGUÍSTICAS DA LÍNGUA PORTUGUESA
66
TÓPICO 2 | ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS ESTRUTURAS SIMPLES
16) Hoje em dia, com o desemprego, você não sabe o dia de amanhã!
17) Você se esforça, se esforça, e nada!
18) Nêgo não quer trabalhar, só quer ficar zoando.
19) Neguinho vem pra escola só pra ficar de gracinha.
20) Vagabundo mau!
Nos exemplos 16 e 17, o uso da palavra você tanto pode indicar você como
qualquer outra pessoa, inclusive, muitas vezes, o próprio falante.
67
UNIDADE 1 | ESTRUTURAS LINGUÍSTICAS DA LÍNGUA PORTUGUESA
As sentenças a seguir servem como exemplo para cada uma dessas funções
do sujeito indeterminado:
68
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico você viu que:
• O sujeito é aquele que exerce a ação do verbo. Pode ser classificado em:
• Simples: apresenta um único núcleo.
• Composto: apresenta mais de um núcleo.
• Oculto, desinencial, subentendido, implícito: não está exposto na
oração, mas pode ser identificado pela desinência número-pessoal do
verbo.
• Sujeito indeterminado: é aquele que não pode ser identificado na
oração. É formado por verbos na terceira pessoa do plural; verbos na
terceira pessoa do singular + indicativo de indeterminação se ouverbos
no infinitivo pessoal.
• Oração sem sujeito: na oração não há sujeito.
69
• Os termos acessórios são aqueles que trazem informações adicionais aos
demais termos da oração.
70
AUTOATIVIDADE
71
3 Na oração “Não foi aceita por mim a recompensa oferecida”, os termos “por
mim” e “recompensa oferecida” são, respectivamente:
a) ( ) Objeto direto.
b) ( ) Objeto indireto.
c) ( ) Agente da passiva.
d) ( ) Complemento nominal.
e) ( ) Adjunto adverbial.
a) ( ) Objeto direto.
b) ( ) Sujeito.
c) ( ) Objeto indireto.
d) ( ) Complemento nominal.
e) ( ) Agente da passiva.
a) ( ) Sujeito.
b) ( ) Adjunto adnominal.
c) ( ) Adjunto adverbial de tempo.
d) ( ) Adjunto adverbial de modo.
e) ( ) Complemento nominal.
7 Na oração: “O alvo foi atingido por uma bomba formidável”, a locução “por
uma bomba formidável” tem a função de:
a) ( ) Objeto indireto.
b) ( ) Agente da passiva.
c) ( ) Adjunto adverbial.
d) ( ) Complemento nominal.
e) ( ) Adjunto adnominal.
8 Na oração: “Sem dúvida, esta menina toca piano muito bem”, as palavras
“piano” e “menina” são, respectivamente:
72
a) ( ) Sujeito e agente da passiva.
b) ( ) Agente da passiva e sujeito.
c) ( ) Adjunto adverbial de instrumento e sujeito.
d) ( ) Objeto direto e sujeito.
e) ( ) Adjunto adverbial de modo e sujeito.
a) ( ) Complemento nominal.
b) ( ) Objeto direto.
c) ( ) Objeto direto preposicionado.
d) ( ) Objeto indireto.
e) ( ) Sujeito.
10 Observe a seguinte frase: “A rainha era aclamada pela multidão”. O termo
em destaque pode ser classificado como:
a) ( ) Objeto direto.
b) ( ) Objeto indireto.
c) ( ) Complemento nominal.
d) ( ) Sujeito.
e) ( ) Agente da passiva.
11“De resto, a evolução histórica delineada na última década sugere que tanto
os Estados Unidos como os países árabes terão peso geopolítico declinante
nos tempos que estão por vir.”
73
13 A historinha transcrita a seguir foi publicada na seção humor de uma revista:
A professora passou a lição de casa: fazer uma redação com o tema “Mãe só
tem uma”.
No dia seguinte, cada aluno leu a sua redação. Todas mais ou menos dizendo as
mesmas coisas: a mãe amamenta, é carinhosa conosco, é a rosa mais linda no nosso
jardim etc., etc., etc. Portanto, mãe só tem uma...
Aí chegou a vez de Juquinha ler a sua redação:
Domingo foi visita lá em casa. As visitas ficaram na sala. Elas ficaram com sede e
minha mãe pediu para mim (sic) ir buscar Coca-Cola na cozinha. Eu abri a geladeira
e só tinha uma Coca-Cola. Aí, eu gritei pra minha mãe: “Mãe, só tem uma!”
Essa piada baseia-se nas interpretações diferentes de (I) “Mãe só tem uma” e
(II) “Mãe, só tem uma!”
Compare esses dois enunciados, e, com base na análise das relações sintáticas
que se estabelecem entre as palavras, em cada um dos casos, identifique e
explique a diferença de significado entre (I) e (II), responsável pelo efeito
engraçado do texto.
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
74
UNIDADE 2
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos e no final de cada um deles você
encontrará atividades que reforçarão o seu aprendizado.
75
76
UNIDADE 2
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
Já sabemos o que são frases, orações e períodos, bem como nos dedicamos
a estudar como se estrutura sintaticamente um período simples. Agora,
conheceremos o período composto e as formas como está constituído.
2 O PERÍODO COMPOSTO
Vimos na Unidade 1 que o período é a estrutura sintática de sentido completo
que pode ser composta por uma ou mais orações. No período simples encontramos
apenas uma oração, no período composto encontraremos mais orações.
FIGURA 18 – TIRINHA
77
UNIDADE 2 | A SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA: ESTRUTURAS FRASAIS COORDENADAS E SUBORDINADAS
A situação é insuportável.
(Sujeito) (verbo de ligação) (Predicativo do sujeito)
E
IMPORTANT
Veja o exemplo:
ATENCAO
Observe:
FIGURA 19 - CHARGE
79
UNIDADE 2 | A SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA: ESTRUTURAS FRASAIS COORDENADAS E SUBORDINADAS
ATENCAO
Vale lembrar que uma oração subordinada depende de outra oração, que
pode ser a oração principal ou outra oração subordinada.
80
TÓPICO 1 | ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS ESTRUTURAS LINGUÍSTICAS COMPOSTAS
NOTA
Semântica – é o estudo dos significados, dos sentidos que uma palavra pode
adquirir.
Observe:
Será uma vida nova, começará hoje, não haverá nada para trás. (A. Abelaira).
não haverá
Será uma começará
nada para
vida nova hoje
trás
Agora veja:
81
UNIDADE 2 | A SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA: ESTRUTURAS FRASAIS COORDENADAS E SUBORDINADAS
Tentamos os ingressos
assistir ao mas estavam
espetáculo, esgotados.
Veja:
É muito
importante
que venhas
urgente.
Repare que há uma oração que “lidera” (É muito importante) e outra que
se subordina a ela, que a obedece (que venhas urgente), completando seu sentido.
82
TÓPICO 1 | ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS ESTRUTURAS LINGUÍSTICAS COMPOSTAS
ATENCAO
DICAS
83
UNIDADE 2 | A SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA: ESTRUTURAS FRASAIS COORDENADAS E SUBORDINADAS
LEITURA COMPLEMENTAR
[...]
[...]
Já Cunha, em Gramática do Português Contemporâneo (1970), considera que
é a oração principal que “contém a declaração principal do período”. Além desse
enfoque semântico, Cunha (1970) analisa também as principais sob a perspectiva
sintática quando declara que a “oração principal serve sempre de suporte a uma
ORAÇÃO SUBORDINADA”.
84
TÓPICO 1 | ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS ESTRUTURAS LINGUÍSTICAS COMPOSTAS
[...]
85
UNIDADE 2 | A SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA: ESTRUTURAS FRASAIS COORDENADAS E SUBORDINADAS
Nessa categoria, Koch (1987) não inclui todas as principais, mas somente
aquelas que têm presas a si orações subordinadas substantivas.
[...]
86
TÓPICO 1 | ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS ESTRUTURAS LINGUÍSTICAS COMPOSTAS
Voltando ao nosso exemplo, (1) Titia disse que nós desarrumamos a casa.
Vamos admitir a posição tradicional que segmenta titia disse como oração
principal; tentarei mostrar que essa segmentação contradiz a definição de
“subordinada”. Em primeiro lugar, observemos que um termo de uma
oração é parte dela; assim em (20) Titia fez a salada, a salada é um termo
da oração e é parte da oração. Ninguém teria a ideia de dizer que a oração
acima é apenas titia fez; essa sequência não é mais que um pedaço de
oração – uma oração da qual se extraiu o objeto direto.
Tudo isso parece insuportavelmente óbvio; mas deixa de ser quando
se analisa (1). Se que nós desarrumamos a casa é um termo da principal (o
OD), então que nós desarrumamos a casa deve fazer parte da principal. Se
isso não acontecer, teremos que: (a) a principal, que então seria titia disse,
não teria objeto direto (já que o OD precisa fazer parte da sua oração);
ou então (b) o que chamamos de “oração principal”, titia disse, não seria
na verdade uma oração, mas apenas um pedaço de oração (amputada
do OD). A única saída seria postular um princípio segundo o qual o OD
(assim como os demais termos) de uma oração só faz parte dela se não
contiver uma oração; se contiver uma oração, o OD e os outros termos
serão externos a essa oração. Esse princípio é tacitamente admitido na
prática e é a única base para a afirmação de que titia disse é a oração
principal de (1), mas introduz complicações enormes e desnecessárias
em toda a concepção da sintaxe (PERINI, 1995, p.131).
87
UNIDADE 2 | A SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA: ESTRUTURAS FRASAIS COORDENADAS E SUBORDINADAS
[...]
Já Sautchuk, em Prática de Morfossintaxe (2004), apresenta uma definição
sintático-semântica das orações principais. A autora, no entanto, dá destaque ao
papel semântico dessas construções, como se percebe no trecho a seguir:
Estabelecer subordinação entre as orações significa, portanto, não só
tornar uma sintaticamente dependente da outra, como eleger qual ou
quais delas irão conter a ideia relevante do período. Em geral, é à chamada
oração principal que cabe esse papel. Porém, como veremos, dependendo
da natureza morfossintática das outras orações que acompanham essa
oração principal, esse papel de relevância semântica será mais ou menos
preponderante no conjunto (SAUTCHUK, 2004, p.116).
Sautchuk (2004, p. 116, grifo nosso) parece, pois, reconhecer dois tipos
de orações principais: uma que é capaz de, sozinha, conter a ideia relevante do
período e outra que contém parte dessa ideia:
Num período composto por orações apenas subordinadas ou em um
período misto, em que haja coordenadas e subordinadas, é na oração
principal (não iniciada por qualquer conectivo) que deve estar, ou
convém que esteja, a ideia principal, ou parte dela.
88
TÓPICO 1 | ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS ESTRUTURAS LINGUÍSTICAS COMPOSTAS
Além disso, acreditamos que essas estruturas não tenham como único
papel semântico o de carregar a ideia relevante do período ou apenas parte dela.
Da mesma forma, cremos que o problema não está no termo em si, mas em
uma definição imprecisa que não permite identificar as reais funções da oração
principal.
89
UNIDADE 2 | A SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA: ESTRUTURAS FRASAIS COORDENADAS E SUBORDINADAS
[...]
E, na perspectiva de Azeredo (2006) é justamente a oração base, ou até a
ausência dela, que será responsável pela caracterização do dictum em uma dessas
três categorias. O autor, na Gramática Houaiss, lembra também que “a unidade
subordinada vem contida numa unidade maior, que lhe é superior na hierarquia
gramatical interna da oração” (AZEREDO, 2008, p. 294).
90
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico você viu que:
91
AUTOATIVIDADE
(1) Coordenação.
(2) Subordinação.
(3) Coordenação e subordinação.
( ) O matuto respondeu que a onça só ataca homem nas fitas de cinema.
( ) Eu tinha pressa e precisava de alguém que me ajudasse.
( ) Acolheremos essas crianças ou as deixaremos na rua.
( ) O cão fica acorrentado salta de alegria, quando é posto em liberdade.
( ) O jornal é torrente que desliza e passa, o livro é lago que recolhe e guarda.
( ) Vão-se os anéis, mas fiquem os dedos.
1- Frase.
2- Período composto por coordenação.
3- Período composto por subordinação.
4- Período simples.
( ) Pedro chegou estressado em casa.
( ) Nossa! Pare com tantos comentários indesejáveis.
( ) Razão e emoção... as duas vértices da vida.
( ) Caso você venha amanhã, traga-me aquele seu vestido vermelho.
( ) Não concordo com suas atitudes, pois elas vão de encontro aos meus
princípios.
Em todo caso, a empresa gostaria que o jogo fosse refeito, que a trapaça
não tivesse acontecido. Na impossibilidade, refez o que está ao seu alcance, sua
publicidade.
92
Segundo lista da revista Forbes, Thierry Henry é o terceiro jogador de
futebol que mais lucra com a publicidade – seus contratos somam 28 milhões
de dólares anuais. [...]
FONTE: RIBEIRO, Antonio. Gillette corta a bola da mão de Henry. Veja. São Paulo, 28 nov.
2009. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/blog/de-paris/futebol/gillette-corta-a-bola-da-
-mao-de-henry/>. Acesso em: 6 maio 2013.
No trecho – [...] a empresa gostaria que o jogo fosse refeito, que a trapaça não
tivesse acontecido. – têm-se, além de uma oração principal,
a) ( ) Duas orações coordenadas e três subordinadas.
b) ( ) Três orações coordenadas e uma subordinada.
c) ( ) Três orações subordinadas.
d) ( ) Três orações coordenadas.
e) ( ) Duas orações subordinadas coordenadas entre si.
93
94
UNIDADE 2 TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
Como já vimos no tópico anterior, os períodos podem ser formados por
coordenação ou por subordinação. Ou seja, “[...] as orações se relacionam (duas
a duas) por dependência ou independência sintática. São independentes as
coordenadas e dependentes as subordinadas.” (HENRIQUES, 2008, p. 99).
FIGURA 20 – CHARGE
95
UNIDADE 2 | A SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA: ESTRUTURAS FRASAIS COORDENADAS E SUBORDINADAS
Note:
FIGURA 21 – TIRINHA
96
TÓPICO 2 | ESTRUTURAS FRASAIS COORDENADAS
A gente queria
e a polícia não deixou.
fumar maconha
97
UNIDADE 2 | A SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA: ESTRUTURAS FRASAIS COORDENADAS E SUBORDINADAS
Entre as orações “Se as coisas são feitas para serem usadas” e “as pessoas
[são feitas] para serem amadas” há a conjunção e com peso aditivo, ou seja, ela
coloca as duas ideias em uma sequência, uma somando-se à outra para que juntas
indiquem uma situação comunicativa. O mesmo podemos observar em: “amamos
as coisas” e “usamos as pessoas?”.
E:
98
TÓPICO 2 | ESTRUTURAS FRASAIS COORDENADAS
d) Entra em frases, unindo dois nomes, para indicar grande quantidade: “Levei
horas e horas” – “Apareceram homens e homens”.
NEM:
TAMBÉM:
99
UNIDADE 2 | A SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA: ESTRUTURAS FRASAIS COORDENADAS E SUBORDINADAS
A oração “mas faz gol” (na capa do jornal) e “mas algumas coisas nunca
mudam...” dão uma ideia de oposição, de sentido contrário ao que foi exposto em
“Essa galera não joga” e “O tempo passa”, respectivamente.
Exemplos:
O fracasso de um amigo constrange. Mas sempre se pode confortá-lo.
O fracasso de um amigo constrange; contudo, sempre se pode confortá-lo.
O fracasso de um amigo constrange. Todavia, sempre se pode confortá-lo.
Embora o fracasso de um amigo constranja, sempre se pode confortá-lo.
100
TÓPICO 2 | ESTRUTURAS FRASAIS COORDENADAS
DICAS
101
UNIDADE 2 | A SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA: ESTRUTURAS FRASAIS COORDENADAS E SUBORDINADAS
Ou isto ou aquilo
DICAS
Napoleão, mais uma vez, faz alguns comentários pertinentes acerca do uso
das conjunções alternativas. Leia-os em: ALMEIDA, Napoleão M. de. Gramática metódica da
língua portuguesa. 45. ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 351-352.
102
TÓPICO 2 | ESTRUTURAS FRASAIS COORDENADAS
Leia:
FIGURA 24 – TIRINHA
Exemplo:
103
UNIDADE 2 | A SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA: ESTRUTURAS FRASAIS COORDENADAS E SUBORDINADAS
104
TÓPICO 2 | ESTRUTURAS FRASAIS COORDENADAS
UNI
DICAS
HENRIQUES, Claudio Cezar. Sintaxe: estudos descritivos da frase para o texto. Rio de Janeiro:
Campus/Elsevier, 2010.
SAUTCHUK, Inez. Prática de morfossintaxe: como e por que aprender análise (morfo)
sintática. Barueri, SP: Manole, 2004.
105
UNIDADE 2 | A SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA: ESTRUTURAS FRASAIS COORDENADAS E SUBORDINADAS
DICAS
<http://www.youtube.com/watch?v=FqC4W0WCVAA>
<http://www.youtube.com/watch?v=bc-aKG-73Hw>
<http://www.youtube.com/watch?v=o-MwbXzbBj0>
LEITURA COMPLEMENTAR
Jaqueline Souza
Maria Jaceni Soares1
1 INTRODUÇÃO
1
Graduandas do curso de Letras Vernáculas da UNEB Campus IV.
106
TÓPICO 2 | ESTRUTURAS FRASAIS COORDENADAS
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2
Esse processo é também denominado de parataxe.
107
UNIDADE 2 | A SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA: ESTRUTURAS FRASAIS COORDENADAS E SUBORDINADAS
Para explicar, o autor usa o seguinte exemplo: (1) Mário lê muitos livros e
(2) aumenta sua cultura (BECHARA, 2006, p. 476). Percebe-se que essas orações
são sintaticamente independentes, porque os termos sintáticos esperados na
relação predicativa estão completos, ou seja, há sujeito “Mário”, verbo “lê” e
complemento “muitos livros”, o mesmo ocorre na oração dois, sujeito elíptico,
verbo “aumenta” e complemento “sua cultura”.
Bechara (2006, p. 476) entende que as conjunções são meros conectores. Desse
modo, a função semântica desse é conectar um conteúdo de pensamento a outro.
Sendo assim, o que se deve considerar no momento de categorização é a relação
significativa estabelecida entre as orações e não o conectivo. Ainda considerando
o exemplo de Bechara, Mário lê muitos livros e aumenta sua cultura, percebemos
que a conjunção coordenativa “e” que conecta as duas orações é caracterizada
ortodoxamente como aditiva, pois possui valor semântico de adição. No entanto,
nesse caso, a relação significativa estabelecida é de consequência e não de adição.
Devido a fatos como esses, Andrade (2005, p. 78) afirma que “[...] é
necessário examinar as conexões de sentido que as orações apresentam entre si
no período, considerando a conjunção apenas como conector”.
108
TÓPICO 2 | ESTRUTURAS FRASAIS COORDENADAS
Exemplo 2: (1) Não chore, filha, (2) que eu volto (KOCH, 1989, p. 125).
3
Processo típico nas chamadas “Orações Subordinadas”.
4
Abreviatura de Gramática Tradicional.
109
UNIDADE 2 | A SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA: ESTRUTURAS FRASAIS COORDENADAS E SUBORDINADAS
fora desse contexto, perderão tal sentido: Você vai comigo ao teatro? Prefere ficar
em casa? Nesse caso, não há correspondência nenhuma entre elas.
Outro argumento usado por tal linguista para comprovar seu postulado
concerne à oração coordenada assindética, ou seja, não introduzidas por
conjunções. Nessas ocorrências, não há conectivos ligando as orações, mas o fato
de se encontrarem conciliadas produz um efeito semântico (KOCH, 1989).
Por exemplo: (1) Foi a minha grande oportunidade; (2) não deveria ter perdido
(KOCH, 1989, p. 126). Interpretando esse período à luz da pragmática, imaginemos
que um falante produzisse essa construção. Será que a intenção seria produzir
ideias independentes? Está claro que não. O objetivo, nesse caso, seria produzir
uma vinculação de significado entre a primeira e a segunda afirmação. Assim, a
segunda oração se apresentaria como a conclusão retirada a partir da primeira.
Outro fato que se observa com esse exemplo é que a conexão semântica
não é estabelecida pelo conectivo, visto que a ausência dele não impediu o elo de
significado entre as duas orações. Desse modo, no que toca à noção de conectivo
podemos afirmar que Koch, Andrade e Bechara convergem.
110
TÓPICO 2 | ESTRUTURAS FRASAIS COORDENADAS
Irei quer chova quer faça sol (GARCIA, 1995, p. 22). Em situações como essa,
onde o par conjuntivo ‘quer… quer’ é seguido por verbos no modo subjuntivo,
se produz um valor subordinativo – concessivo na construção. Assim, o período
exposto corresponde a Irei mesmo que chova, mesmo que faça sol. A vírgula é outro
indício da subordinação.
Vários outros exemplos como esses são apresentados por Garcia (1995).
Desse modo, fica claro que ao considerar o aspecto semântico, a característica de
“independência” das orações coordenadas é insuficiente.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para Basílio (1989, p.54), “uma questão que às vezes se coloca em relação às
classes de palavras é a da multiplicidade de critérios de classificação [...] um item
lexical é um complexo de propriedades semânticas, morfológicas e sintáticas. Assim,
sua pertinência a classes deve ser estabelecida considerando esses três eixos”.
112
AUTOATIVIDADE
113
d) ( ) Sua promoção, no entanto, sairia em breve.
e) ( ) Nosso time quase foi rebaixado; safou-se por pouco.
a) ( ) Conclusivo.
b) ( ) Adversativo.
c) ( ) Concessivo.
d) ( ) Explicativo.
e) ( ) Alternativo.
a) ( ) Coordenada explicativa.
b) ( ) Coordenada adversativa.
c) ( ) Coordenada aditiva.
d) ( ) Coordenada conclusiva.
e) ( ) Coordenada alternativa.
114
“E o homem trouxesse sua mulher, e os dois ficassem entre os amigos
e amigas do vizinho entoando canções para agradecer a Deus o brilho das
estrelas e o murmúrio da brisa nas árvores, e o dom da vida, e a amizade entre
os humanos, e o amor e a paz.”
9 “Deus não fala comigo, e eu sei que Ele me escuta.” O conectivo “e” pode ser
substituído, sem contrariar o sentido, por:
a) ( ) Ou.
b) ( ) No entanto.
c) ( ) Porém.
d) ( ) Porquanto.
e) ( ) Nem.
115
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje
não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser
ignorado quando precisava tanto ser visto.
116
UNIDADE 2 TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
As orações subordinadas são as que ocorrem em maior número em nossa
comunicação falada e escrita diária, por isso, há um número maior de classificações.
Isso se explica pelo fato de que elas sempre funcionam como os termos essenciais,
integrantes ou acessórios de outra oração, denominada principal.
Observe o exemplo:
FIGURA 26 – TIRINHA
117
UNIDADE 2 | A SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA: ESTRUTURAS FRASAIS COORDENADAS E SUBORDINADAS
Espero
ATENCAO
ATENCAO
Observe:
118
TÓPICO 3 | ESTRUTURAS FRASAIS SUBORDINADAS
ATENCAO
Caso você não se lembre mais das conjunções, releia o capítulo do Caderno
de Estudos de Morfologia que aborda este tema. De qualquer forma, durante a apresentação
das orações subordinadas mostraremos algumas das conjunções subordinativas para que
você não se perca durante a exposição.
Durante muito tempo se ensinou nas escolas que toda oração contém
obrigatoriamente um verbo. Também se ensinava que uma oração principal
pode ter como dependente uma oração subordinada, ou seja, que uma oração
subordinada era “parte de outra oração”, sua principal (e isso tudo era mesmo
muito óbvio).
119
UNIDADE 2 | A SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA: ESTRUTURAS FRASAIS COORDENADAS E SUBORDINADAS
A menina disse
que o cachorro está doente
O aluno mostrou
UNI
Exemplos:
É preciso que você tome juízo.
É bom que venha logo!
Foi decidido que não haveria festa.
Todas as orações destacadas funcionam como o sujeito das orações “É
preciso”, “É bom”, “Foi decidido”, respectivamente.
Veja, ainda:
FIGURA 27 – TIRINHA
Exemplo:
122
TÓPICO 3 | ESTRUTURAS FRASAIS SUBORDINADAS
Observe, também:
FIGURA 28 – TIRINHA
Exemplos:
Aconselhei-o a que trabalhasse mais.
Daremos o prêmio a quem o merecer.
Exemplos:
Não sou quem você pensa.
Meu desejo era que ele desistisse dessa ideia.
Perceba que ambas as orações destacadas (“que você pensa”, “que ele
desistisse dessa ideia”) completam o sentido do verbo ser (“sou”, “era”) contido
na oração principal.
Exemplos:
Somos favoráveis a que o soltem.
Seja grato a quem o ensina.
FIGURA 29 – TIRINHA
124
TÓPICO 3 | ESTRUTURAS FRASAIS SUBORDINADAS
ATENCAO
Exemplos:
Só lhe peço uma coisa: volte logo.
E
IMPORTANT
125
UNIDADE 2 | A SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA: ESTRUTURAS FRASAIS COORDENADAS E SUBORDINADAS
126
TÓPICO 3 | ESTRUTURAS FRASAIS SUBORDINADAS
DICAS
Faça uma visita ao Youtube, lá há vários vídeos, alguns bem divertidos, sobre
as orações subordinadas substantivas. Indicamos alguns deles:
<http://www.youtube.com/watch?v=RJEZg_apzYc>
<http://www.youtube.com/watch?v=fBKGPpZloyM>
<http://www.youtube.com/watch?v=NyrvK42OEao>
Exemplos:
Há situações que nos comovem.
Os professores gostam de alunos que estudam.
Este é o motivo pelo qual abandonei tudo.
Veja, ainda:
127
UNIDADE 2 | A SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA: ESTRUTURAS FRASAIS COORDENADAS E SUBORDINADAS
Desse modo, “que você cortou” funciona como uma espécie de adjetivo,
atribuindo uma característica ao substantivo “árvores” da oração principal. Por
isso, este tipo de oração é chamado de oração adjetiva.
ATENCAO
Exemplo:
Ele, que trabalhou muito, não ganhou nada.
Há, também, casos em que a oração adjetiva pode ser introduzida por:
Exemplo:
Antônio, que é um excelente carpinteiro, fez esta cômoda.
128
TÓPICO 3 | ESTRUTURAS FRASAIS SUBORDINADAS
ATENCAO
Exemplo:
Os animais que se alimentam de carne chamam-se de carnívoros.
Observe, ainda:
FIGURA 31 – TIRINHA
ATENCAO
É importante frisar que não se utilizam vírgulas para separar a oração restritiva
da oração principal.
129
UNIDADE 2 | A SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA: ESTRUTURAS FRASAIS COORDENADAS E SUBORDINADAS
Exemplo:
Este é um título a que toda moça bonita aspira.
DICAS
Exemplo:
FIGURA 32 – TIRINHA
Exemplo:
Todos ficaram em casa porque estava chovendo.
A oração “porque estava chovendo” é o motivo que faz com que “todos
fiquem em casa”.
Hierarquia
Diz que um leão enorme ia andando chateado, não muito rei dos animais,
porque tinha acabado de brigar com a mulher e esta lhe dissera poucas e boas (1).
O rato correu o mais que pôde, mas, quando já estava a salvo, gritou pro leão:
“Será que V. Excelência poderia escrever isso pra mim? Vou me encontrar com
uma lesma que eu conheço e quero repetir isso pra ela com as mesmas palavras!”
Exemplo:
Seus olhos brilham como as estrelas.
131
UNIDADE 2 | A SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA: ESTRUTURAS FRASAIS COORDENADAS E SUBORDINADAS
Exemplo:
Há elementos estranhos nessa história, embora seja verdade.
A oração “embora seja verdade” abre uma concessão ao fato de que “há
elementos estranhos nessa história”.
Exemplo:
Caso vá embora, ficarei muito triste.
Observe, ainda:
FIGURA 33 – TIRINHA
132
TÓPICO 3 | ESTRUTURAS FRASAIS SUBORDINADAS
No 1º quadrinho “se eu fizer uma piada” é a condição para “esse cara vai
rir”, sendo, portanto, um exemplo de oração subordinada adverbial condicional.
Exemplo:
Conforme contato telefônico, enviamos os formulários.
Exemplo:
g) Finais: são aquelas que dão ideia de finalidade, objetivo. São iniciadas por: a
fim de que, para que, porque.
Exemplo:
Saiu de casa para que pudessem fazer a reforma.
Veja, ainda:
FIGURA 34 – TIRINHA
133
UNIDADE 2 | A SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA: ESTRUTURAS FRASAIS COORDENADAS E SUBORDINADAS
Exemplo:
À proporção que envelhece, fica mais charmoso.
Veja, também:
FIGURA 35 – TIRINHA
Exemplo:
Quando cheguei, ela não estava mais.
Assim que eu voltar, telefono.
j) Modais: são aquelas que dão ideia de modo. Esse tipo de oração adverbial é
mencionado por Cegalla (2008), que indica que tal perspectiva não consta na
Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB).
134
TÓPICO 3 | ESTRUTURAS FRASAIS SUBORDINADAS
Exemplo:
O homem entrou na sala dando empurrões.
Exemplos:
Moro numa rua deserta. X Moro onde não mora ninguém.
No período “Quero ir aonde você está”, a oração “aonde você está” indica
lugar, configurando-se em uma oração locativa, segundo o autor.
Observe:
135
UNIDADE 2 | A SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA: ESTRUTURAS FRASAIS COORDENADAS E SUBORDINADAS
E
IMPORTANT
Observe:
136
TÓPICO 3 | ESTRUTURAS FRASAIS SUBORDINADAS
Exemplo:
Vale a pena estudar sintaxe. (Oração reduzida substantiva subjetiva).
Observe:
FIGURA 36 – TIRINHA
ATENCAO
137
UNIDADE 2 | A SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA: ESTRUTURAS FRASAIS COORDENADAS E SUBORDINADAS
Exemplo:
Ele não era homem de se entregar facilmente.
Exemplo:
Maria não veio por estar doente.
ATENCAO
a) Adjetivas:
Exemplo:
Havia ali uma criança pedindo esmola.
138
TÓPICO 3 | ESTRUTURAS FRASAIS SUBORDINADAS
b) Adverbiais:
Exemplo:
Chegando lá, avise-me.
UNI
a) Adjetivas:
Exemplo:
Esta é a notícia divulgada pela imprensa.
b) Adverbiais:
Exemplo:
Terminada a prova, os alunos voltaram para casa.
139
UNIDADE 2 | A SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA: ESTRUTURAS FRASAIS COORDENADAS E SUBORDINADAS
ATENCAO
DICAS
Indicamos as seguintes leituras que contribuirão para que você construa mais
conhecimentos sobre o assunto que abordamos neste capítulo:
ANDRADE, Tadeu Luciano Siqueira. Sintaxe do português: da norma para o uso. Salvador:
Empresa Gráfica da Bahia, 2005.
CARONE, Flávia Barros. Subordinação e coordenação: confrontos e contrastes. São Paulo:
Ática, 1988.
140
TÓPICO 3 | ESTRUTURAS FRASAIS SUBORDINADAS
LEITURA COMPLEMENTAR
Marcela Moura
Resumo:
1 INTRODUÇÃO
141
UNIDADE 2 | A SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA: ESTRUTURAS FRASAIS COORDENADAS E SUBORDINADAS
142
TÓPICO 3 | ESTRUTURAS FRASAIS SUBORDINADAS
autor Rocha Lima é o único, dos gramáticos normativos selecionados para esta
pesquisa, que coloca a possibilidade de as orações adjetivas converterem-se em
reduzidas de particípio presente, de particípio passado, de gerúndio (em um caso
particular) e de infinitivo.
Para inserir uma outra visão sobre as orações subordinadas adjetivas, foi
escolhida a Gramática Descritiva do Português (PERINI, 1996). Perini nomeia de
construção relativa o que os tradicionais designam “oração adjetiva” e apresenta
os traços que são suficientemente específicos para tornar fácil a identificação
desta construção:
143
UNIDADE 2 | A SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA: ESTRUTURAS FRASAIS COORDENADAS E SUBORDINADAS
O barroco em ruínas
144
TÓPICO 3 | ESTRUTURAS FRASAIS SUBORDINADAS
mais afetadas – padecem o efeito das chuvas que, há quarenta dias, castigam
o Estado (4.1). Das treze igrejas de Ouro Preto, cidade que é considerada pela
UNESCO “Patrimônio Cultural da Humanidade“ (4.2) desde 1981, oito têm
graves problemas de infiltrações e goteiras, quatro estão interditadas e nenhuma
se encontra integralmente recuperada. O balanço em Mariana é igualmente
desolador. A cidade tem cinco de suas oito igrejas seriamente danificadas.
Altares roídos por cupins, infiltrações que estragam as obras de arte contidas
em seu interior (4.3) – entre elas, peças formidáveis de Antônio Francisco Lisboa,
o Aleijadinho, ou de Manuel da Costa Athayde, o maior pintor do barroco
brasileiro – já são comuns no interior das igrejas de Minas Gerais. Do lado de fora,
o panorama também não é nada agradável: deslizamentos ameaçam algumas
igrejas até de desabamento (PIMENTA, 1992).
145
UNIDADE 2 | A SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA: ESTRUTURAS FRASAIS COORDENADAS E SUBORDINADAS
CONCLUSÃO
146
TÓPICO 3 | ESTRUTURAS FRASAIS SUBORDINADAS
147
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico você viu que:
148
AUTOATIVIDADE
149
6 A única alternativa que contém exemplo de oração reduzida é:
150
c) ( ) Objetiva direta, adverbial temporal.
d) ( ) Subjetiva, predicativa.
e) ( ) Predicativa, objetiva direta.
O único animal
O homem é o único animal que ri dos outros. O homem é o único animal que
passa por outro e finge que não vê.
É o único que fala mais do que papagaio.
É o único que gosta de escargots (fora, claro, o escargot).
É o único que acha que Deus é parecido com ele. E é o único...
...que se veste
...que veste os outros
...que despe os outros
...que faz o que gosta escondido
...que muda de cor quando se envergonha
...que se senta e cruza as pernas
...que sabe que vai morrer
...que pensa que é eterno
...que não tem uma linguagem comum a toda espécie
...que se tosa voluntariamente
...que lucra com os ovos dos outros
...que pensa que é anfíbio e morre afogado
...que tem bichos
...que joga no bicho
...que aposta nos outros
...que compra antenas
...que se compara com os outros
O homem não é o único animal que alimenta e cuida das suas crias, mas é o
único que depois usa isso para fazer chantagem emocional.
Não é o único que mata, mas é o único que vende a pele.
Não é o único que mata, mas é o único que manda matar.
E não é o único...
que voa, mas é o único que paga para isso
que constrói casa, mas é o único que precisa de fechadura
151
que foge dos outros, mas é o único que chama isso de retirada estratégica
que trai, polui e aterroriza, mas é o único que se justifica
que engole sapo, mas é o único que não faz isso pelo valor nutritivo
que faz sexo, mas é o único que faz um boneco inflamável da fêmea
que faz sexo, mas é o único que precisa de manual de instrução.
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
152
UNIDADE 3
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
Essa Unidade está organizada em três tópicos, sendo que em cada qual há o
desafio de aprofundamento através da pesquisa, conforme proposição nas au-
toatividades, auxiliando para uma maior compreensão dos temas abordados.
153
154
UNIDADE 3
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
Com o advento dos estudos linguísticos houve uma transformação
no modo de conceber a língua e, consequentemente, sua gramática. O ensino
tradicional, pautado na gramática normativa, no qual se decoravam regras e se
tentava aplicá-las em exemplos isolados, descontextualizados e, muitas vezes,
fabricados para atender à regra, foi duramente criticado por sua ineficácia.
A sintaxe, por sua vez, apresenta certa autonomia, uma vez que trabalha
justamente no âmbito das relações. No entanto, tem sido tratada por uma
perspectiva metalinguística, ou seja, o código procurando explicar-se a si mesmo.
Essa dimensão faz com que a sintaxe se torne um objeto à parte da língua, como
se ela não pertencesse ao processo discursivo e comunicativo. Vista dessa forma, a
sintaxe gera aversão entre os estudantes, anula neles o gosto pelo conhecimento da
própria língua e, erroneamente, incute neles a ideia de que “não sabem gramática”.
155
UNIDADE 3 | MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO DA SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA
FIGURA 37 – TIRINHA
Essa tirinha reflete muito do que ainda ocorre hoje nas aulas de gramática,
especificamente nas aulas de sintaxe. Baseados na visão metalinguística, muito
presente ainda em nosso ensino de língua, os professores “metem” na cabeça
de seus alunos uma série de regras, conceitos e exercícios que fazem com que
pensem que não sabem gramática, que ela é muito difícil, chata e que não serve
para nada aquilo que o(a) professor(a) de Língua Portuguesa ensinou.
156
TÓPICO 1 | A SINTAXE E A SALA DE AULA
Mafalda, uma vez mais, com sua ironia fina, mostra-nos um ensino de
língua descontextualizado e totalmente desvinculado da prática comunicativa.
Por que isso ocorre? Talvez a trajetória da gramática, vista aqui de forma
perigosamente sucinta, possa trazer algumas respostas. Vamos a elas?!
157
UNIDADE 3 | MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO DA SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA
158
TÓPICO 1 | A SINTAXE E A SALA DE AULA
159
UNIDADE 3 | MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO DA SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA
DICAS
FIGURA 39 - CHARGE
160
TÓPICO 1 | A SINTAXE E A SALA DE AULA
161
UNIDADE 3 | MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO DA SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA
DICAS
Para conhecer melhor a proposta apresentada nos Parâmetros Curriculares Nacionais para a
Educação Fundamental, sugerimos a leitura na íntegra do documento.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais – Ensino Fundamental. Brasília: MEC, 1997.
Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id
=12624%3Aensino-fundamental&Itemid=859>.
162
TÓPICO 1 | A SINTAXE E A SALA DE AULA
Portanto, o(a) professor(a) precisa fazer com que o estudo da língua seja
tão vivo e dinâmico quanto ela. Já não é mais aceitável que nas salas de aula sejam
decorados conceitos e regras gramaticais isoladas e sem sentido aparente, aplicados
às frases prontas, para serem esquecidos tão logo se obtenha a nota necessária.
163
UNIDADE 3 | MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO DA SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA
“Mude para a Tim e ganhe mais créditos no seu pré-pago” (Época, 20-
04/2006).
s
e
Note que o sentido do anúncio “Mude para a Tim e ganhe mais créditos
no seu pré-pago” é aquele que apresentamos no esquema acima, ou seja, há uma
clara ideia de condição na sentença: você só ganha se mudar.
164
TÓPICO 1 | A SINTAXE E A SALA DE AULA
DICAS
Se você ficou interessado(a) na análise proposta por Dias (2011), leia o artigo
na íntegra.
DIAS, Luís Antônio Xavier. A sintaxe em foco: confrontos entre as visões funcionalista e
tradicionalista acerca dos processos de subordinação e coordenação. In: CONGRESSO DE
EDUCAÇÃO DO NORTE PIONEIRO. 11. Jacarezinho. 2011. Anais... Jacarezinho: Universidade
do Norte do Paraná, 2011, p. 88-95. Disponível em:
<http://www.cj.uenp.edu.br/congressodeeducacao/images/stories/anais_2011/
Congresso_2011 /A_SINTAXE_EM_FOCO_CONFRONTOS_ENTRE_AS_VISOES_
FUNCIONALISTA_%20TRADICIONAL.pdf >. Acesso em: 23 dez. 2012.
ATENCAO
165
UNIDADE 3 | MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO DA SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA
LEITURA COMPLEMENTAR
166
TÓPICO 1 | A SINTAXE E A SALA DE AULA
3
Competência discursiva refere-se a um sistema de contratos semânticos responsável por
uma espécie de filtragem que opera os conteúdos em dois domínios interligados que
caracterizam o dizível: o universo intertextual e os dispositivos estilísticos acessíveis à
enunciação dos diversos discursos.
167
UNIDADE 3 | MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO DA SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA
Deve-se ter em mente que tal ampliação não pode ficar reduzida apenas
ao trabalho sistemático com a matéria gramatical. Aprender a pensar e falar
sobre a própria linguagem, realizar uma atividade de natureza reflexiva, uma
atividade de análise linguística supõe o planejamento de situações didáticas
que possibilitem a reflexão não apenas sobre os diferentes recursos expressivos
utilizados pelo autor do texto, mas também sobre a forma pela qual a seleção de
4
Competência linguística refere-se aos saberes que o falante/intérprete possui sobre a
língua de sua comunidade e utiliza para construção das expressões que compõem os
seus textos, orais e escritos, formais ou informais, independentemente de norma padrão,
escolar ou culta.
5
Competência estilística é a capacidade de o sujeito escolher, dentre os recursos expres-
sivos da língua, os que mais convêm às condições de produção, à destinação, finalidades
e objetivos do texto e ao gênero e suporte.
168
TÓPICO 1 | A SINTAXE E A SALA DE AULA
6
Por refacção se entendem, mais do que o ajuste do texto aos padrões normativos, os mo-
vimentos do sujeito para reelaborar o próprio texto: apagando, acrescentando, excluindo,
redigindo outra vez determinadas passagens de seu texto original, para ajustá-lo à sua
finalidade.
7
Por atividade epilinguística se entendem processos e operações que o sujeito faz so-
bre a própria linguagem (em uma complexa relação de exterioridade e interioridade).
A atividade epilinguística está fortemente inserida no processo mesmo da aquisição e
desenvolvimento da linguagem. Ela se observa muito cedo na aquisição, como primeira
manifestação de um trabalho sobre a língua e sobre suas propriedades (fonológicas, mor-
fológicas, lexicais, sintáticas, semânticas) relativamente independentes do espelhamento
na linguagem do adulto. Ela prossegue indefinidamente na linguagem madura: está, por
exemplo, nas transformações conscientes que o falante faz de seus textos e, particular-
mente, se manifesta no trocadilho, nas anedotas, na busca de efeitos de sentido que se
expressam pela ressignificação das expressões e pela reconstrução da linguagem, visíveis
em muitos textos literários.
8
Por atividade metalinguística se entendem aquelas que se relacionam à análise e refle-
xão voltada para a descrição, por meio da categorização e sistematização dos conheci-
mentos, formulando um quadro nocional intuitivo que pode ser remetido a construções
de especialistas.
169
UNIDADE 3 | MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO DA SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA
170
TÓPICO 1 | A SINTAXE E A SALA DE AULA
Em primeiro lugar, está o fato de que ninguém escreve como fala, ainda
que em certas circunstâncias se possa falar um texto previamente escrito (é o que
ocorre, por exemplo, no caso de uma conferência, de um discurso formal, dos
telejornais) ou mesmo falar tendo por referência padrões próprios da escrita, como
em uma exposição de um tema para auditório desconhecido, em uma entrevista,
em uma solicitação de serviço junto a pessoas estranhas. Há casos ainda em que a
fala ganha contornos ritualizados, como nas cerimônias religiosas, comunicados
formais, casamentos, velórios etc. No dia a dia, contudo, a organização da fala,
incluindo a escolha de palavras e a organização sintática do discurso, segue
padrões significativamente diferentes daqueles que se usam na produção de
textos escritos.
171
UNIDADE 3 | MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO DA SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA
172
RESUMO DO TÓPICO 1
• Diante desta nova concepção de língua e seu ensino, incluindo-se neste item a
sintaxe, surgem as gramáticas de uso, funcionais e reflexivas.
173
AUTOATIVIDADE
a)Tradicional:
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
b) Gerativa:
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
c) Funcional:
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
174
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
175
176
UNIDADE 3
TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
Todo(a) professor(a) sabe que não existem fórmulas mágicas para ensinar.
Cada um a seu modo procura produzir materiais e adaptar métodos para que
suas aulas se tornem dinâmicas, interessantes e promovam a construção de
conhecimento.
Assim, não temos aqui a pretensão de dizer como devem ser suas aulas de
sintaxe, futuro(a) professor(a), mas fazê-lo(a) refletir e encontrar as formas mais
apropriadas para trabalhar a língua em sua plenitude. E, para que isso se torne uma
realidade, é preciso despir-se de preconceitos linguísticos, entendendo que todo texto
merece seu lugar em sala de aula. Pronto(a) para seguir adiante? Então, vamos lá!
Boa parte dos professores de Língua Portuguesa que hoje atua nas redes
pública e particular de Ensino Fundamental e Médio teve sua formação acadêmica
baseada na gramática tradicional. Ou seja, estudou as regras gramaticais, fez um
enorme esforço para entender como se aplicavam aos textos e tiveram exemplos
delas em frases isoladas, descontextualizadas e preparadas para encaixar-se
perfeitamente ao conceito apresentado. Você certamente passou por isso quando
teve aulas de Língua Portuguesa no Ensino Fundamental ou Médio, não é?
177
UNIDADE 3 | MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO DA SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA
Tal situação reforçou ideias como: “eu não sei gramática”, “português é
muito complicado”, “nossa língua é a mais difícil de todas”, “eu odeio português”,
e outras tantas falas que você já deve ter ouvido. Muitas delas equivocadas,
porque sabemos que uma língua não é mais difícil ou mais fácil do que a outra, já
que cada uma tem suas próprias especificidades; que todos temos uma gramática
internalizada que nos permite perceber que “Eu acho que vai chover” é uma frase
de nosso idioma com sentido em uma situação comunicativa, ao contrário de
“Chover eu que vai acho”, que qualquer falante da língua portuguesa identifica
como um “amontoado sem sentido” de palavras.
DICAS
GRIBEL, Christiane. Minhas férias, pula uma linha, parágrafo. Rio de Janeiro: Salamandra,
1999.
178
TÓPICO 2 | MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO DA SINTAXE
179
UNIDADE 3 | MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO DA SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA
Apelo
Dalton Trevisan
Amanhã faz um mês que a Senhora está longe de casa. Primeiros dias,
para dizer a verdade, não senti falta, bom chegar tarde, esquecido na conversa
de esquina. Não foi ausência por uma semana: o batom ainda no lenço, o prato
na mesa por engano, a imagem de relance no espelho.
Para fechar sua primeira proposta de trabalho com o texto, Neves (2008)
indica que o(a) professor(a) poderia, ainda, levar os(as) alunos(as) a identificar
a recorrência de determinadas estruturas textuais (expressões, palavras, termos,
construções sintáticas) e suas implicações para o sentido que o autor quer dar a
essa produção. Ou seja, a análise sintática priorizaria o sentido que as estruturas
sintáticas dão ao texto.
Sujeito oculto
Josias de Souza
São Paulo – Nos últimos dias, o brasileiro vem tendo uma aula sobre a
anatomia do tráfico de drogas. Busca-se o cérebro do narcotráfico. Diz-se que
o crime já tem o pé fincado em pelo menos 14 Estados. Seus braços, autênticos
tentáculos, enfeixam delitos variados – do assassinato ao roubo de carga.
181
UNIDADE 3 | MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO DA SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA
O grande nariz não está na favela do Rio nem na periferia de São Paulo.
Ele trafega em ambientes mais sofisticados: coxias de shows, camarins de
desfiles, corredores do Congresso, redações de jornal...
Nas festas onde há drogas, entre uma cafungada e outra, ternos Armani
e decotes Versace se dizem chocados com o noticiário sobre as atrocidades
praticadas por Hildebrando Pascoal. Deseja-se declarar guerra ao narcotráfico?
Pois antes é preciso que a sociedade comece a enxergar o nariz invisível que
cheira na grande metrópole como cúmplice da mão que segura a motosserra
no Acre.
Para este texto, Neves (2008) igualmente propõe que, em primeiro lugar,
seja discutida a questão de gênero textual, identificando a qual gênero esta
produção pertence e, em virtude dessa classificação, quais estruturas ou elementos
a caracterizam. Nesse caso, o gênero é um artigo de opinião, destacando-
se a impessoalidade como uma de suas marcas. Esses aspectos (marcas de
impessoalidade) podem servir para que o(a) aluno(a) perceba quais são as formas
de tornar um texto impessoal para aplicá-las em uma possível produção textual.
Além dessas vantagens, o trabalho com a estrutura utilizada nesse
recurso pode dar conta de dois aspectos no trabalho com a sintaxe:
o próprio reconhecimento da estrutura, no seu contexto natural de
aparecimento, e o entendimento de algumas possibilidades de seu
funcionamento. Observe a análise de alguns desses recursos no texto
em questão: a frequência com a qual o autor se utiliza de verbos na
terceira pessoa do singular, no presente do indicativo, resulta num
texto em que é marcada a impessoalidade. Como forma para persuadir
o leitor do seu ponto de vista, a linguagem empregada no texto é clara
e objetiva. Estão presentes muitas frases curtas e os enunciados são
encadeados predominantemente por coordenação (tanto sindética
quanto assindética) (NEVES, 2008, p. 81-82).
182
TÓPICO 2 | MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO DA SINTAXE
Sempre é bom reforçar o que afirmamos no início deste item, essa é apenas
uma perspectiva para se trabalhar o texto e seus aspectos sintáticos, semânticos,
pragmáticos. Há muitas outras possibilidades. Cabe ao(à) professor(a) buscá-las
e adaptá-las ao seu contexto de ensino.
DICAS
Para saber mais sobre esse assunto, recomendamos a leitura dos seguintes
artigos:
Ensino de sintaxe: da língua ao discurso – um percurso possível, de Milena Borges de Moraes,
disponível em: <http://www.unemat.br/revistas/ecos/docs/v_11/269_Pag_Revista_Ecos_V-
11_N-02_A-2011.pdf>.
A sintaxe nas aulas de língua portuguesa: a necessidade de uma reanálise à luz da linguística
moderna, de Tadeu Luciano Siqueira Andrade, disponível em: <http://www.filologia.org.br/
viicnlf/anais/caderno03-01.html>.
Reflexão sobre a sintaxe em dois livros didáticos de língua portuguesa, de Suzana Cortez,
disponível em: <http://www.revistaaopedaletra.net/volumes/vol%201/Suzana_Cortez--
Reflexao_sobre_a_sintaxe_em_dois_livros_didaticos_de_lingua_portuguesa.pdf>.
183
UNIDADE 3 | MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO DA SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA
FIGURA 41 – TIRINHA
185
UNIDADE 3 | MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO DA SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA
FIGURA 42 – TIRINHA
186
TÓPICO 2 | MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO DA SINTAXE
FIGURA 43 – TIRINHA
187
UNIDADE 3 | MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO DA SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA
DICAS
Se quiser aprofundar um pouco mais seu conhecimento sobre o uso das HQs
em sala de aula, leia:
SILVA, Enedina Cristine da. As tiras humorísticas nos livros didáticos do ensino médio:
uma abordagem sociolinguística variacionista, Disponível em: <http://www.gelne.org.br/
Site/arquivostrab/91-AS%20TIRAS%20HUMOR%C3%8DSTICAS%20NOS%20LIVROS%20
DID%C3%81TICOS%20DO%20ENSINO%20M%C3%89DIO.pdf>.
TEIXEIRA NETO, José. Escolhas linguísticas na construção do humor em tirinhas: uma
proposta para o ensino de língua materna. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/xvi_
cnlf/tomo_1/048.pdf>.
No caso das tirinhas, estas podem ser uma ferramenta de trabalho bastante
significativa para o aprendizado da língua portuguesa, basta que o professor não
se detenha ao estudo apenas da metalinguagem, mas à função social do gênero e
à reflexão sobre os recursos linguísticos a serviço desse gênero. Para isso, faz-se
necessário mostrar as características das tirinhas e analisá-las em seus aspectos
linguístico-discursivos.
Tomemos um exemplo:
188
TÓPICO 2 | MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO DA SINTAXE
FIGURA 44 – TIRINHA
Outra produção que agrada aos leitores de modo geral é a charge. Ela
se diferencia da tirinha porque aborda temas contemporâneos (recentes e/
ou polêmicos) em uma perspectiva mais política. Também aqui destacamos
a importância de o(a) professor(a) selecionar charges mais apropriadas à faixa
etária para a qual se destinam e levar em consideração outros critérios e cuidados,
como os apresentados por Pessoa (2011, p. 7):
189
UNIDADE 3 | MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO DA SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA
FIGURA 45 – CHARGE
190
TÓPICO 2 | MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO DA SINTAXE
DICAS
Indicamos um site muito legal que apresenta várias tirinhas para o trabalho com
as estruturas de nossa língua. O endereço é: <http://www.saladeatividades.com.br/tirinhas/>.
2.3 AS PROPAGANDAS
Outro gênero textual bastante conhecido de nosso dia a dia e que tem
frequentado os livros didáticos e as salas de aula é a propaganda. Diariamente
nos deparamos com a propaganda nos mais variados suportes, seja o impresso:
jornal, revista, cartazes, outdoor, prospectos, panfletos etc.; seja o eletrônico:
cinema, televisão, internet etc.
191
UNIDADE 3 | MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO DA SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA
Com base nesses aspectos, Lara e Souza (2009) apresentam uma proposta
de trabalho com propaganda que, aplicada a uma turma de 2ª série, trouxe ótimos
resultados.
192
TÓPICO 2 | MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO DA SINTAXE
FIGURA 46 – PROPAGANDA
destacar que, inicialmente, temos alguns períodos compostos, cuja relação pode
indicar coordenação ou subordinação, e aos poucos há uma mudança para período
simples, estruturado em ordem direta (sujeito + verbo + complemento).
FIGURA 47 - PROPAGANDA
Como foi possível perceber nas propostas que trouxemos neste item do
caderno, a propaganda é mais um gênero textual que pode contribuir para tornar
nossas aulas de Língua Portuguesa, mais especificamente nossas aulas se sintaxe,
momentos agradáveis de construção efetiva de conhecimento.
DICAS
2.4 AS MÚSICAS
As letras de músicas também se configuram como um gênero textual
muito interessante para o trabalho com a sintaxe em sala de aula. Desse modo,
é possível encontrá-las em propostas de ensino e nos livros didáticos. Solange
Fonseca (2011) afirma que:
Por isso, ela não pode estar afastada das aulas de língua portuguesa, de
sintaxe. No entanto, o trabalho com música precisa ser cauteloso e planejado, para
que ela não se torne um pretexto para trabalhar pura e simplesmente a gramática
tradicional:
Para o professor fazer um bom uso das músicas em sala de aula é
necessário conhecer o contexto em que foram escritas. Deve-se ter
em mente que todas as composições estão inseridas numa atmosfera
ideológica, a qual deve ser compreendida e trabalhada em sala de
aula. Além disso, as letras e melodias musicais expressam reações,
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UNIDADE 3 | MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO DA SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA
SINTAXE À VONTADE
A partir de sempre
Toda cura pertence a nós.
Toda resposta e dúvida.
Todo sujeito é livre para conjugar o verbo que quiser,
Todo verbo é livre para ser direto ou indireto.
Nenhum predicado será prejudicado,
Nem tampouco a frase, nem a crase, nem a vírgula e ponto final!
Afinal, a má gramática da vida nos põe entre pausas, entre vírgulas,
E estar entre vírgulas pode ser aposto,
E eu aposto o oposto: que vou cativar a todos
Sendo apenas um sujeito simples.
Um sujeito e sua oração,
Sua pressa, e sua verdade, sua fé,
Que a regência da paz sirva a todos nós.
Cegos ou não,
Que enxerguemos o fato
De termos acessórios para nossa oração.
Separados ou adjuntos, nominais ou não,
Façamos parte do contexto da crônica
E de todas as capas de edição especial.
Sejamos também o anúncio da contracapa,
Pois ser a capa e ser contra a capa
É a beleza da contradição.
É negar a si mesmo.
E negar a si mesmo é muitas vezes
Encontrar-se com Deus.
Com o teu Deus.
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TÓPICO 2 | MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO DA SINTAXE
DICAS
Por fim, vale, ainda, discutir a perspectiva de que este texto se constitui
em uma espécie de manifesto, remetendo, portanto, a outro gênero textual. Isso
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UNIDADE 3 | MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO DA SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA
Vejamos mais uma proposta, apresentada por Darcilia Simões (2006), para
a música A cura, interpretada por Lulu Santos.
A CURA
Existirá
Em todo porto tremulará
A velha bandeira da vida
Acenderá
Todo farol iluminará
Uma ponta de esperança
E se virá
Será quando menos se esperar
Da onde ninguém imagina
Demolirá
Toda certeza vã
Não sobrará
Pedra sobre pedra
Enquanto isso
Não nos custa insistir
Na questão do desejo
Não deixar se extinguir
Desafiando de vez a noção
Na qual se crê
Que o inferno é aqui
Existirá
E toda raça então experimentará
Para todo mal
A cura
Existirá
Em todo porto se hasteará
A velha bandeira da vida
Acenderá
Todo farol iluminará
Uma ponta de esperança
E se virá
Será quando menos se esperar
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TÓPICO 2 | MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO DA SINTAXE
Enquanto isso
Não nos custa insistir
Na questão do desejo
Não deixar se extinguir
Desafiando de vez a noção
Na qual se crê
Que o inferno é aqui
Existirá
E toda raça então experimentará
Para todo mal
A cura
Além disso, Simões (2006, p. 10) apresenta um quadro com temas que
podem, também, ser explorados durante a análise da letra:
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ATENCAO
Não se esqueça de que a música tem uma função lúdica em nossa vida,
por isso, quando for trabalhar com ela em suas aulas, não reprima seus alunos. Deixe que
cantem em voz alta, acompanhando a execução e que dancem, se assim o quiserem. Esse
é um momento de descontração também, afinal, estudar a língua não pode e não deve ser
algo penoso. Pense nisso!
DICAS
Para saber mais sobre o trabalho com a música em aulas de Língua Portuguesa,
leia:
MALANSKI, Elizabet Padilha; COSTA-HÜBES Terezinha da Conceição. Trabalho com o
gênero textual “música”: sequência didática na exploração do tema. Disponível em: <http://
www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2001-8.pdf>.
200
TÓPICO 2 | MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO DA SINTAXE
LEITURA COMPLEMENTAR
[...]
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UNIDADE 3 | MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO DA SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA
Sob essa perspectiva, a análise discursiva que tenha como ponto de partida
a sintaxe deve permitir a análise das unidades segmentáveis nas sequências
discursivas, o que é permitido pela manipulação sintática dos enunciados. Contudo,
uma dificuldade aí reside: o fato de essa análise não se voltar ao meramente
linguístico. Então, como fazer com que isso não ocorra? Um dos caminhos que
possibilita uma análise discursiva é o fato de a sintaxe ser tomada como mediadora
dos processos discursivos e não como a fonte em si dos mesmos, já que a língua
(sistema dotado de autonomia relativa) seria a base (Linguística), ou seja, o pré-
requisito indispensável, comum a qualquer processo discursivo (e ideológico).
[...]
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TÓPICO 2 | MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO DA SINTAXE
Foi feita nas seções 4.0 e 5.0 toda uma discussão acerca da questão
linguística e discursiva. Nessa perspectiva, como critério analítico da parte verbal da
propaganda, adota-se verificar as possibilidades inerentes aos aspectos puramente
linguísticos em um primeiro momento, para só então partir para a perspectiva
linguístico-discursiva (cf. seção 3.0). Essa divisão justifica-se pelo fato de que, em
linhas gerais, o que é feito em âmbito linguístico é o que, tradicionalmente, a escola
faz, ao passo que o que é empreendido pela via discursiva seria a possibilidade
de movimento em relação à primeira e uma busca pelos efeitos de sentido que os
discursos possibilitam ao funcionar nos textos. Dado isso, não se deixará de lado os
aspectos relacionados às condições de produção do discurso.
a. Se o cara que inventou o sutiã bebesse Skol, ele não seria assim.
a1. Se bebesse skol
a2. que inventou o sutiã
a3. ele não seria assim
b. Seria assim.
c. Se beber, não dirija.
c.1 Se beber
c.2 não dirija
d. Com Skol, tudo fica redondo.
Além dessas duas sequências, uma terceira se faz presente. Nela, a saber
(c), tal como em (a), há um período composto também por subordinação. Esse,
por sua vez, é segmentável em (b1) e (b2), sendo que esta seria a oração principal
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UNIDADE 3 | MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO DA SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA
e. Se o cara que inventou o sutiã bebesse Skol, ele não seria assim. Seria assim.
Com Skol, tudo fica redondo.
f. Se beber, não dirija.
e1. Se o cara que inventou o sutiã bebesse Skol, ele não seria assim. Seria assim.
e.2 Com Skol, tudo fica redondo.
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TÓPICO 2 | MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO DA SINTAXE
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UNIDADE 3 | MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO DA SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA
8 CONSIDERAÇÕES (IN)CONCLUSIVAS
FINALIZANDO...
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RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico você viu que:
• Não existem fórmulas mágicas para o ensino de sintaxe, mas propostas que,
adaptadas aos contextos em que forem aplicadas, podem contribuir para a
formação de um conhecimento sólido sobre nossa língua.
• Alguns gêneros textuais que podem ser trabalhados nas aulas de sintaxe:
• Textos verbais escritos: contos curtos, crônicas, textos jornalísticos.
• Tirinhas.
• Charges.
• Propagandas.
• Músicas, entre outros.
a) Tirinha:
b) Charge:
208
c) Propaganda:
Joze M. S. A. Toniolo
209
Brasil não garante que esta seja respeitada e valorizada. Sabe-se que muitas
crianças e adolescentes sofrem diariamente diferentes formas de violência
(física, psicológica, social, sexual) e a legislação, na maioria das vezes, pouco
contribui para amenizar este quadro.
[...]
e) Música:
Me Adora
210
Não importa se eu não sou o que você quer
Não é minha culpa a sua projeção
Aceito a apatia, se vier
Mas não desonre o meu nome
Será que eu já posso enlouquecer?
Ou devo apenas sorrir?
Não sei mais o que eu tenho que fazer
Pra você admitir
Que você me adora
Que me acha foda
Não espere eu ir embora pra perceber
Que você me adora
Que me acha foda
Não espere eu ir embora pra perceber 1x
Gênero escolhido:
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Objetivos da aula:
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Metodologia (passos a serem seguidos):
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Bibliografia consultada:
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REFERÊNCIAS
ABAURRE, Maria Luiza M.; ABAURRE, Maria Bernadete M.; PONTARA,
Marcela. Português: contexto, interlocução e sentido. Vol. 2. São Paulo:
Moderna, 2010.
213
CEREJA, William; COCHAR, Thereza. Gramática reflexiva: texto, semântica e
interação. 3. ed. reform. São Paulo: Atual, 2009.
214
OLIVEIRA, Alyne Renata de et al. A música no ensino de língua portuguesa.
PUBLICATIO UEPG – Humanities, Applied Social Sciencies, Linguistcs,
Letters and Arts. [S.l.], v. 10, n. 1, p. 73-84, 2002. Disponível em: <http://www.
revistas2.uepg.br/index.php/humanas/article/viewFile/16/13>. Acesso em: 30
dez. 2012.
PONTES, Leila Silvana. O trabalho com a sintaxe no ensino médio. 2005. 220f.
Dissertação (Mestrado em Letras) – Universidade Estadual de Maringá, Paraná,
2005. Disponível em: <http://www.ple.uem.br/defesas/pdf/lspontes.pdf>. Acesso
em: 23 dez. 2012.
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ANOTAÇÕES
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