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UNIDADE

04 Tipologias e Gêneros

OBJETIVOS

Ao fim desta unidade, você deve:


8 Reconhecer a tipologia em que se enquadra um texto lido.
8 Reconhecer o objetivo comunicativo de um texto.
8 Saber classificar os gêneros do texto a partir de características marcantes.

TIPOLOGIAS

https://www.parabolablog.com.br/index.php/blogs/luiz-antonio-marcuschi

D
e acordo com Luiz Antônio Marcuschi, renomado linguista brasileiro, tipo textual ou tipologia textual é
“uma espécie de construção teórica definida pela natureza linguística de sua composição (aspectos lexi-
cais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas)”. Porém, sobretudo, as tipologias se vinculam intima-
mente com os objetivos comunicativos a serem atingidos através de um texto.
LINGUAGENS I

o)

GÊNEROS

Gênero textual é um conceito que busca compreender e explicar a materializa-


ção dos inúmeros textos que utilizamos na vida diária, desde mensagens telefôni-
cas e posts em redes sociais até entrevistas de emprego, artigos científicos e outros.

Os gêneros textuais são de suma relevância para a vida em sociedade, uma vez
que estão inseridos em toda forma de comunicação. Segundo Marcuschi (2002), os
gêneros são concebidos como fenômenos históricos profundamente ligados à vida
social e cultural dos sujeitos. Dessa forma, a comunicação social só se dá por meio
dos gêneros. Bakhtin (1979), precursor da base teórica utilizada por Marcuschi, de- https://oficina-de-filosofia.
fine gênero textual como um tipo relativamente estável de enunciado e aborda suas blogspot.com/2016/09/o-
conceito-de-linguagem-em-
esferas de conteúdo, forma e estilo. -bakhtin.html

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TIPOS, GÊNEROS, OBJETIVOS, CARACTERÍSTICAS

EXEMPLOS DE GÊNEROS
TIPO TEXTUAL OBJETIVO CARACTERÍSTICAS
NOS QUAIS PREDOMINA

– Verbos de ação: "Eu vinha andando e vi


a mulher".
– Verbos no passado: pareceu, refugiou-se, Anedota, diário, romance,
Narrar fatos, buscavam, vendiam, enriqueciam. conto, crônica, notícia, lenda,
Narrativo reais ou – Marcadores temporais: logo, depois, an- fábula, conto de fadas, relato
fictícios. tes, em seguida, certo dia, ontem. pessoal, relato histórico, bio-
grafia, autobiografia.
– Presença de um conflito, isto é, um acon-
tecimento que complica a situação inicial da
história.

– Verbos de estado: ser, estar, parecer.


– Presente do indicativo: "está lá no alto",
"não há árvores". Anúncio classificado, cardá-
Descrever
pio, laudo técnico. (Sequên-
seres, – Formas nominais do verbo: "posta à jane- cias descritivas são muito co-
Descritivo
paisagens e la" (particípio), "espiando o mundo" (gerúndio). muns em todos os gêneros
conceitos.
– Adjetivações ("cabeça branca, braços pá- narrativos.)
lidos") e comparações ("uma mulher como as
de antigamente").

– Linguagem objetiva.
Expor Seminário, verbete de enci-
Expositivo – Verbos no presente.
informações clopédia, reportagem.
– Predomínio da 3ª pessoa.

Defender um
ponto de vista – Estabelecimento de relações de causa e
– efeito. Debate, editorial, artigo de
Apresentação opinião, manifesto, carta
Argumentativo – Estrutura formada por introdução, desen-
de argumentos aberta, carta de solicitação,
volvimento e conclusão.
segundo uma carta de reclamação.
organização – Verbos no presente.
lógica.

Fazer com
Anúncio publicitário, regras
Injuntivo que o
de jogo, receita manual de
(persuasivo ou interlocutor – Verbos no imperativo: faça, beba, coma.
instruções, regulamento, livro
instrucional) tome alguma
de autoajuda.
atitude.

MAIS ALGUNS GÊNEROS


LINGUAGENS I

Tipos de texto Gêneros orais e escritos

Narração Conto, fábula, lenda, mito, biografia, romance, novela, piada, crônica, notícia, relato...

Argumentação Editorial, carta de leitor, assembleia, debate, resenha, ensaio, texto de opinião...

Exposição Artigo científico, seminário, palestra, verbete, reportagem, resumo, fichamento...

Injunção Manual de instruções, receita de bolo, regulamento, regras de jogo, receita médica...

Descrição Laudo, guia de viagem, perfil em comunidade virtual, relatório, texto publicitário...

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CARACTERÍSTICAS DA NARRAÇÃO: UMA GRAMÁTICA A PENSAR

VERBOS NA NARRAÇÃO
Nas narrativas, os tempos verbais predominantes são os tempos do passado ou tempos do pretérito
(imperfeito, mais-que-perfeito, perfeito), pois, ao narrar, falamos de fatos já acontecidos, e, portanto, ante-
riores ao momento da fala. Porém, é comum usar o presente do indicativo na modalidade chamada presente
histórico, ou seja, é como se o narrador voltasse ao momento dos acontecimentos e narra como se presen-
ciasse as cenas. Dessa forma, é perfeitamente possível o uso do presente em contos. Esse recurso torna o
texto mais dinâmico e causa maior expectativa ao leitor.
[...] Desce o menino a montanha, atravessa o mundo todo, chega ao grande rio, com as mãos recolhe
quanta de água lá cabia, volta o mundo atravessar, pelo monte se arrasta, três gotas que lá chegaram, be-
beu-as a flor com sede. Vinte vezes cá e lá...[...]
José Saramago. A maior flor do mundo.
Disponível em ww.avvl.pt/images/stories/Biblioteca/historias/a-maior-flor-do-mundo.pdf.
Acesso em 04/03/2014: 23:30.
RETOMANDO REFLEXÕES VERBAIS – PARA LEMBRAR

MODO TEMPO EMPREGO EXEMPLO

Indica ação simultânea ao


Presente Agora sonho com uma viagem.
momento da fala.

simples Indica ação concluída no passado. Ontem sonhei com vocè.


perfeito
composto Indica ação que se estende até o presente. Tenho sonhado menos.

Durante seu afastamento pela


Indica ação passada não concluída ou que
imperfeito lesão, o jogador sonhava com a
perdurou antes de ser concluída.
Pretérito volta aos campos.
I
N
Sonhara na infância com o lugar
D simples
que visitei ontem.
I indica ação passada anterior a outra também
mais-que-perfeito
C passada.
Tinha sonhado na infância com o
A composto
lugar que visitei ontem.
T
I
V Indica ação futura, sem estabelecer relação com
simples Sonharei com a festa.
O outro fato.
do presente
Quando acordar amanhã, terei so-
composto Indica ação futura, anterior a outra futura.
nhado novamente a mesma coisa.
Futuro
Naquele dia, passou a manhã
simples Indica ação posterior a outra passada. tranquilo porque só sonharia com
o acidente à tarde.
do pretérito
Indica posterioridade de uma ação incerta em Garantiram que ela teria sonha-
composto
relação a um ato anterior. do durante mais tempo.
LINGUAGENS I

Indica simultaneidade associada à noção de


Presente Convém que você pense melhor.
incerteza, possibilidade, desejo.

S Indica anterioridade de uma ação incerta concluí- Torço que. ao amanhecer, você
perfeito
U da antes de outra. tenha pensado em uma solução.
B
J Indica anterioridade associada à noção de incer- Com uma preocupação como a mi-
Pretérito imperfeito
U teza, possibilidade, desejo. nha, você talvez pensasse mais.
N
T mais- Indica anterioridade remota, associada à noção Talvez tivesse pensado na saída
I que-perfeito de incerteza, possibilidade, desejo. mais fácil.
V
O simples Ele só vai responder se pensar.
Indica anterioridade associada à noção de incer-
Futuro
teza, possibilidade, em sentenças subordinadas. Ele só vai responder se tiver pen-
composto
sado antes.

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DISCURSOS NA NARRAÇÃO

DISCURSO DIRETO DISCURSO INDIRETO

Emprego da 1ª pessoa. Emprego da 3ª pessoa.


– Perdi a bolsa - disse-nos a vizinha. A vizinha disse-nos que perdera a bolsa.

Verbo no presente do indicativo. Verbo no pretérito imperfeito do indicativo.


– Eu não sei onde está a bolsa - disse-nos a vizinha. A vizinha disse que não sabia onde estava a bolsa.

Verbo no pretérito perfeito do indicativo. Verbo no pretérito mais-que-perfeito do indicativo (simples ou composto).
– Eu não almocei ainda - comentou a moça. A moça comentou que não almoçara (não tinha almoçado) ainda.

Verbo no imperativo. Verbo no pretérito imperfeito do subjuntivo.


Chegue cedo, por favor! - pediu a mãe. A mãe pediu que chegasse cedo.

Pronomes demonstrativos (maior proximidade) Pronomes demonstrativos (menor proximidade)


Este é um grande dia! - afirmou o diretor da empresa. O diretor da empresa afirmou que aquele era um grande dia.

CARACTERÍSTICAS DA INJUNÇÃO: UMA GRAMÁTICA A PENSAR

Também conhecido como texto instrucional, o texto injuntivo apresenta as seguintes características:

→ Instrui ou induz o leitor a proceder de determinada forma;

→ Utiliza uma linguagem simples e objetiva;

→ Permite a liberdade de ação do leitor;

→ Emprega verbos no infinitivo, imperativo ou presente do indicativo, sempre indeterminando o sujeito.

VERBO NO IMPERATIVO
LINGUAGENS I

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ATIVIDADES

1. longo da obra.
d) oferecer ao leitor uma avaliação do livro por
meio de uma síntese crítica objetiva.
e) divulgar para o leitor a obra, retomando alguns
pontos fundamentais.

2.

Dormi na praça
Canção de Bruno & Marrone

Eu caminhei sozinho pela rua


Falei com as estrelas e com a lua
Deitei no banco da praça
Tentando te esquecer
Adormeci e sonhei com você

No sonho, você veio provocante


Me deu um beijo doce e me abraçou
E bem na hora H no ponto alto do amor
Já era dia o guarda me abordou

Seu guarda eu não sou vagabundo


Eu não sou delinquente, sou um cara carente
Uma história de amor em Eu dormi na praça pensando nela
um livro sem final Seu guarda seja meu amigo
Me bata, me prenda, faça tudo comigo
A princípio a ideia era de escrever um diário Mas não me deixe ficar sem ela
para registrarmos a história da Flora, nossa Gol-
den Retriever, para que meu filho não pudesse le- No sonho você veio provocante
var com ele para toda vida a lembrança de sua Me deu um beijo doce e me abraçou
melhor amiga. Mas quando comecei a escrever, E bem na hora H no ponto alto do amor
o diário foi ficando grande, as lembranças ain- Já era dia o guarda me acordou
da maiores, e resolvi colocar em formato de li-
vro para poder compartilhar com vocês. Vivemos Seu guarda eu não sou vagabundo
momentos de tensão nos dias atuais e essa histó- Eu não sou delinquente, sou um cara carente
ria nos faz fugir e esquecer um pouco do monte Eu dormi na praça pensando nela
de coisas ruins que estão em nossa volta. Este li- Seu guarda seja meu amigo
vro não foi editado, não busquei nenhuma edito- Me bata, me prenda, faça tudo comigo
ra. Queria uma história pura e simples. Escrita do Mas não me deixe ficar sem ela
jeito que minhas lembranças alimentavam mi- https://m.letras.mus.br/bruno-e-marrone/44670/
nhas palavras. Foi uma experiência que me aju-
LINGUAGENS I

dou muito a ser uma melhor pessoa. Um melhor


pai e um melhor amigo. A respeito da tipologia textual e da linguagem
https://www.amazon.com.br/
utilizadas nesse fragmento, é correto afirmar
Uma-hist%C3%B3ria-amor-livro-final/dp/1671854195 que se trata de um texto

a) descritivo, em que a variante linguística ocorre


Nesse texto, os elementos constitutivos do gê- no nível sintático.
nero – considerando o ambiente em que ele foi b) injuntivo, destacando o uso de linguagem in-
publicado, são utilizados para atender à fun- formal.
ção de c) descritivo, com realce ao uso da linguagem co-
a) explicar para o leitor os acontecimentos da notativa.
narrativa. d) narrativo, com predomínio de linguagem colo-
b) informar o leitor sobre o conteúdo do livro de quial.
modo impessoal. e) expositivo, em que ressai uma variedade de lin-
c) convencer o leitor sobre a tese defendida ao guagem regionalista.

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3.
tripulantes pereceram instantaneamente. Salvou-
-se apenas um marinheiro, projetado à distância
no momento do desastre. Meio afogado, pois não
era bom nadador, o marinheiro orava e despedia-
-se da vida, quando viu a seu lado, nadando com
presteza e vigor, a vaca Carola. A vaca Carola ti-
nha sido embarcada em Amsterdam. Excelente
ventre, fora destinada a uma fazenda na América
do Sul. Agarrado ao chifre da vaca, o marinhei-
ro deixou-se conduzir, e, assim, ao romper do
dia, chegaram a uma ilhota arenosa, onde a va-
Manoel Wenceslau Leite Barros nasceu em Cuiabá,
Mato Grosso, dia 19 de dezembro de 1916. ca depositou o infeliz rapaz, lambendo-lhe o ros-
to até que ele acordasse. Notando que estava nu-
Passou a infância em sua cidade natal onde ma ilha deserta, o marinheiro rompeu em pran-
seu pai, João Venceslau Barros, tinha uma fazen- tos: “Ai de mim! Esta ilha está fora de todas as ro-
da no Pantanal. tas! Nunca mais verei um ser humano!”. Chorou
Já na adolescência, mudou-se para Campo muito, prostrado na areia, enquanto a vaca Caro-
Grande onde estudou num Colégio Interno. la fitava-o com seus grandes olhos castanhos. Fi-
Formou-se em Direito no Rio de Janeiro. Lá se nalmente, o jovem enxugou as lágrimas e pôs-se
filiou ao partido Comunista e por conta do apoio de pé. [...]
de Luís Carlos Prestes a Getúlio Vargas, ficou de- SCLIAR, Moacyr. O carnaval dos animais.
Editora Movimento. Rio Grande: 1968.
siludido com a política abandonando o partido.
Embora desde pequeno escrevesse poemas,
foi em 1937 que Manoel publicou sua primeira O fragmento do texto “A vaca”, de Moacyr
obra: Poemas concebidos sem pecado. Scliar, é narrativo porque
Chegou a morar em outros países: Bolívia, Pe- a) a trama explora, entre seus elementos de com-
ru e Nova York. Nos Estados Unidos, fez um cur- posição, problemas do cotidiano.
so de artes plásticas e de cinema. b) nele predomina o discurso direto, com conse-
Viveu um ano por lá e ao retornar conheceu quente apagamento da figura do narrador.
sua futura esposa, Stella. Casaram-se em 1947 e c) os eventos se sucedem em progressão
com ela teve três filhos: Pedro, João e Marta. temporal, com espaço e personagens bem de-
Seu filho João morreu num acidente de avião limitados.
em 2008. Em 2013, seu primogênito Pedro foi ví- d) utiliza elemento fantástico, como o fato de os
tima de um AVC e também faleceu. animais falarem.
Manoel de Barros faleceu em Campo Grande, e) caracteriza espaço e tempo com detalhes mi-
dia 13 de novembro de 2014, aos 97 anos. nuciosos que promovem o envolvimento dos
https://www.todamateria.com.br/manoel-de-barros/amp/ leitores.

5.
A análise dos elementos constitutivos desse
texto, como forma de composição, tema e es- Distúrbios psiquiátricos têm base
tilo de linguagem, permite identificá-lo como
a) científico, pois investiga informações sobre a
genética diferente
vida de Manoel de Barros. de doenças neurológicas
b) jornalístico, pois dá a conhecer fatos relacio-
nados ao autor brasileiro. De modo geral, pessoas que sofrem de dife-
c) didático, já que explica a importância das con- rentes transtornos psiquiátricos ou neurológicos
LINGUAGENS I

tribuições de Manoel de Barros. podem apresentar sintomas e características pa-


d) ensaístico, já que discute fatos da vida do es- recidos entre si, às vezes até iguais ‒ alucinações,
critor. por exemplo, são um traço comum tanto em pa-
e) biográfico, pois narra a trajetória de vida de cientes com esquizofrenia quanto em quem tem
Manoel de Barros. Alzheimer. Por esse motivo, a possibilidade de
tais doenças possuírem as mesmas bases biológi-
cas sempre foi levantada por cientistas. Pesquisa
4. recente, publicada em artigo na revista Science,
traz resultados que ajudam a esclarecer a questão.
A vaca Pode-se concluir, por exemplo, que grande par-
te das doenças psiquiátricas, como ansiedade, de-
Numa noite de temporal, um navio naufragou pressão e transtorno obsessivo-compulsivo, pos-
ao largo da costa africana. Partiu-se ao meio, e foi suem alto índice de correlação genética entre si,
ao fundo em menos de um minuto. Passageiros e ou seja, compartilham genes parecidos. Por ou-

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Com o propósito de realizar uma intervenção
tro lado, as doenças neurológicas, dentre elas Al-
artística, o poeta Bruno Félix desperta o inte-
zheimer, Parkinson e epilepsia, apresentam cor-
resse de leitores a partir de uma nova forma de
relação genética pouco significativa comparadas
apresentar o gênero textual poema. Sobre es-
umas com as outras. Quando cruzadas as infor- se texto, pode-se afirmar que
mações dos transtornos psiquiátricos com dos a) o autor brinca com a linguagem a partir de uma
neurológicos, descobriu-se que a correlação ge- variação coloquial urbana.
nética entre ambos também é baixa, sugerindo b) o título explora a ambiguidade da expressão
que sejam causados por fatores diferentes, mes- “vendo imóvel”, desfeita pelo uso da vírgula no
mo que compartilhem algumas características. último verso.
Conforme explica Helena Brentani, professora c) o autor inova o gênero poético ao vincular o
da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e texto a um meio de comunicação por qual os
uma das autoras, de forma simplificada, pode-se leitores são desinteressados.
dizer que a neurologia estuda a relação do cére- d) há rimas organizadas de forma simétrica,
bro com os demais órgãos do corpo, enquanto a respeitando as características de poesias tra-
psiquiatria considera também o relacionamento dicionais.
do indivíduo com o ambiente externo, inclusive e) a quebra de expectativa descaracteriza o gê-
as outras pessoas. A conclusão do estudo reforça nero poesia, que deveria se estruturar de
a compreensão destes transtornos em categorias forma harmoniosa.
separadas: já que possuem origens diversas, faz
sentido que sejam analisados de modo distinto. 7.
Disponível em: <https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-
da-saude/doencas-psiquiatricas-e-neurologicas-
tiveram-base-genetica-comparada/>. Cores do Brasil
Acesso em 23 jul. 2021.

Ganhou nova versão, revista e ampliada, o li-


vro lançado em 1988 pelo galerista Jacques Ar-
Os gêneros textuais podem ser caracteriza-
dos, dentre outros fatores, por seus objetivos. dies, cuja proposta é ser publicação informativa
Esse fragmento é um(a) sobre nomes do “movimento arte naïf do Bra-
a) notícia, pois registra um fato cotidiano de sil”, como define o autor. Trata-se de um cami-
interesse popular e apresenta um caráter pro- nho estético fundamental na arte brasileira, asse-
pagandístico. gura Ardies. O termo em francês foi adotado por
b) resenha, pois sintetiza as principais informa- designar internacionalmente a produção que no
ções de um objeto analisado e reproduz as Brasil é chamada de arte popular ou primitivis-
percepções do autor. mo, esclarece Ardies. O organizador do livro ex-
c) texto de divulgação científica, pois tem o plica que a obra não tem a pretensão de ser um
objetivo de tornar público o conhecimento dicionário. “Falta muita gente. São muitos artis-
produzido pelo segmento científico por meio tas”, observa. A nova edição veio da vontade de
da pesquisa. atualizar informações publicadas há 26 anos. Ela
d) relatório, pois enumera as atividades exerci- incluiu artistas em atividade atualmente e vetera-
das no meio científico e informa os resultados nos que ficaram de fora do primeiro livro. A ar-
alcançados com elas. te naif no Brasil 2 traz 79 autores de várias regi-
e) artigo de opinião, pois predomina uma avalia- ões do Brasil.
ção pessoal do autor do texto sobre o objeto WALTER SEBASTIÃO. Estado de Minas.
analisado.

6. O fragmento do texto jornalístico aborda o lan-


çamento de um livro sobre arte naïf no Brasil.
LINGUAGENS I

Na organização desse trecho predomina o uso


VENDO IMÓVEL da sequência
a) injuntiva, sugerida pelo destaque dado à fala
Em ótima localização do organizador do livro.
Te vi passando b) argumentativa, caracterizada pelo uso de ad-
Pela primeira vez jetivos sobre o livro.
E à primeira vista c) narrativa, construída pelo uso de discurso dire-
Fiquei assim, sem reação: to e indireto.
Vendo, imóvel. d) descritiva, formada com base em dados edito-
riais da obra.
BRUNO FÉLIX. “Poemas Classificados”.
e) expositiva, composta por informações sobre a
arte naïf.
Disponível em: <https://www.recantodasletras.com.br/
microcontos/6795875>. Acesso em 23 jul. 2021.

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8.
nar os filhos contra doenças que deixaram de ser
comuns, como o sarampo e a difteria. Alguns por
acreditar em teorias exóticas e fraudulentas, ou-
Caminhando contra o vento,
tros por medo de que a vacina prejudique a saúde
Sem lenço e sem documento
da criança. Por um motivo ou outro, a irrespon-
No sol de quase dezembro
sabilidade pode colocar em risco não só a saúde
Eu vou
da criança, mas a de todos à sua volta.
Veja, n. 2 260, 14 mar. 2012 (adaptado).
O sol se reparte em crimes
Espaçonaves, guerrilhas
Em cardinales bonitas
O argumento que fundamenta a obrigatorieda-
Eu vou de da vacinação infantil é o de que
a) o médico inglês Edward Jenner foi o homem
Em caras de presidentes que criou as vacinas.
Em grandes beijos de amor b) alguns pais optam por não vacinar seus filhos
Em dentes, pernas, bandeiras contra doenças incomuns.
Bombas e Brigitte Bardot c) o uso de vacinas pode evitar a ocorrência de
O sol nas bancas de revista doenças letais e contagiosas.
Me enche de alegria e preguiça d) as teorias assinalam que as vacinas podem
Quem lê tanta notícia prejudicar a saúde das crianças.
Eu vou e) o uso de vacinas exóticas contribui com a ma-
VELOSO, C. Alegria, alegria. nutenção da saúde das crianças.
In: Caetano Veloso.
São Paulo: Phillips, 1967 (fragmento). 10.

É comum coexistirem sequências tipológicas


em um mesmo gênero textual. Nesse fragmen-
to, os tipos textuais que se destacam na orga-
nização temática são
a) descritivo e argumentativo, pois o enunciador
detalha cada lugar por onde passa, argumen-
tando contra a violência urbana.
b) dissertativo e argumentativo, pois o enuncia-
dor apresenta seu ponto de vista sobre as
notícias relativas à cidade.
c) expositivo e injuntivo, pois o enunciador fala
de seus estados físicos e psicológicos e inte-
rage com a mulher amada.
d) narrativo e descritivo, pois o enunciador conta
sobre suas andanças pelas ruas da cidade ao
mesmo tempo que a descreve.
e) narrativo e injuntivo, pois o enunciador ensina
o interlocutor como andar pelas ruas da cida-
de contando sobre sua própria experiência.

9.
LINGUAGENS I

Vacina não é opção

Antes de ser erradicada com o uso maciço de


vacinas, no final dos anos 1970, a varíola matou
500 milhões de pessoas. Os casos de poliomielite,
doença que pode causar paralisia infantil, apre-
sentaram uma queda de 99% desde 1988, graças,
mais uma vez, à vacinação. Criadas em 1796, pelo
https://tirasarmandinho.tumblr.com/post/
médico britânico Edward Jenner, as vacinas de- 114708728414/tirinha-original
ram início a uma revolução – tornando possível
evitar a ocorrência de doenças letais e contagio- Armandinho é um personagem do ilustrador
sas. Na contramão da ciência, contudo, há pais, Alexandre Beck. Nesta tirinha, a quebra de ex-
no Brasil e no exterior, que optam por não vaci- pectativa que gera o humor pretendido reside
no fato de que o menino

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a) coloca em xeque a existência de Jesus.
b) não acredita na opinião autônoma dos cris-
tãos.
c) resiste à ideia de Theo que conjectura acerca
da opinião de Jesus.
d) prende-se a um sentido distinto daquele pre-
tendido por Theo.
e) ironiza o amigo porque ele acredita que pode-
ria compreender Jesus.

11.

A BNCC sugere que novos gêneros sejam in-


corporados às aulas. O professor pode apresentar
conteúdos com os quais os jovens já estejam fa-
miliarizados, sugerindo um debate sobre dimen-
sões como a maneira como são elaborados e os
princípios éticos envolvidos, além de analisar a
linguagem em si.
Trailer honesto
Assim como o trailer convencional, é um vi-
deoclipe criado para anunciar um filme. No en-
tanto, é geralmente produzido por leigos ou fãs
de cinema e não pela indústria, o que faz com que
os aspectos negativos prevaleçam nos comentá-
rios e cenas.
(...) https://discutindoaredacao.wordpress.com/2010/11/08/
https://novaescola.org.br/bncc/conteudo/24/ o-publicitario-e-poeta-quem-nao-acredita-e-pateta/
conheca-seis-generos-digitais-sugeridos-pela-bncc

12.O texto é resultante do hibridismo de dois gê-


Cada gênero textual apresenta uma série de neros textuais. A respeito desse hibridismo,
padrões de composição que o caracteriza e o observa-se que a
individualiza, permitindo que se cumpra sua a) poesia mistura-se ao gênero anúncio publicitá-
função. Pela leitura do trecho apresentado, re- rio com a finalidade de entreter o leitor.
conhece-se que a função desse texto é b) poesia é utilizada no gênero anúncio publicitá-
a) convencer sobre a necessidade de mudar os rio a fim de divulgar um exemplo de vida.
conteúdos apresentados aos jovens na sala c) anúncio publicitário assume a forma do gênero
de aula. poesia para divulgar um espaço.
b) refletir sobre o distanciamento da linguagem d) anúncio publicitário perde poder de persuasão
da escola em relação aos jovens que a fre- ao assumir a forma de poesia.
quentam. e) poesia está a serviço do gênero publicitário ao
c) informar sobre uma possível flexibilização de solicitar que o leitor compre livros.
conteúdos a serem apresentados no universo
escolar.
d) divulgar a mudança no paradigma de aprender Argumento
gêneros textuais imposto pelos alunos mais jo-
LINGUAGENS I

vens. Mas se todos fazem


e) conscientizar sobre a importância de a escola
ALVIM, Francisco. In: MORICONI, Ítalo (organizador).
adequar o conteúdo ao que o jovem precisa e Os cem melhores poemas brasileiros do século.
quer aprender. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

13.Os gêneros textuais são diferentes em seus


modos de composição e nas funções sociais
que desempenham. Assim, o leitor acaba re-
conhecendo o gênero por suas características

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específicas, além da situação comunicativa de Ao abordar a temática da violência contra a
sua produção. Dessa forma, o texto de Fran- mulher, o cartaz conjuga as linguagens verbal
cisco Alvim e não verbal para
a) é um exemplo de artigo de opinião extrema- a) apresentar políticas públicas de combate à dis-
mente sintético. criminação de gênero.
b) surpreende o leitor pelo seu caráter poético. b) mobilizar a vítima para denunciar as agressões
c) relata um argumento válido baseado em expe- sofridas.
riência pessoal. c) expressar a reação da sociedade em relação
d) possui, ao mesmo tempo, caráter descritivo, ao crime.
argumentativo e lírico. d) analisar as consequências resultantes do so-
e) defende um ponto de vista objetivo e claro, frimento.
pautado em evidências implícitas. e) discutir o comportamento psicológico do agres-
sor.
14.Preconceito: do latim prae, antes, e concep-
tus, conceito, esse termo pode ser definido 16.
como o conjunto de crenças e valores apren-
didos, que levam um indivíduo ou um grupo a O lobo que não é mau
nutrir opiniões a favor ou contra os membros
de determinados grupos, antes de uma efeti-
A primeira coisa a saber é que o guará não é,
va experiência com eles. Tecnicamente, por-
na verdade, um lobo. Embora seja o maior ca-
tanto, existe um preconceito positivo e um ne-
nídeo silvestre da América do Sul, sua espécie
gativo, embora, nas relações raciais e étnicas,
o termo costume se referir ao aspecto negati- (Chrysocyon brachyurus) é de difícil classifica-
vo de um grupo herdar ou gerar visões hostis ção. Alguns cientistas dizem que é parente das
a respeito de um outro, distinguível com base raposas, outros, que é parente do cachorro-vi-
em generalizações. Essas generalizações de- nagre sul-americano. Mas, de lobo mesmo, ele
rivam invariavelmente da informação incorre- não tem nada. Além disso, é um animal onívo-
ta ou incompleta a respeito do outro grupo. ro. Porém, em algumas regiões, a sua dieta che-
CASHMORE, E. Dicionário de relações étnicas e raciais. ga a quase 70% de frutas, especialmente da lo-
São Paulo: Selo Negro, 2000 (adaptado). beira, uma árvore típica das savanas brasileiras,
que contribui para a saúde do animal, prevenin-
Nesse verbete de dicionário, a apropriação do um tipo de verminose que ataca os rins do
adequada do uso padrão da língua auxilia no guará.
estabelecimento O lobo-guará não é um animal perigoso ao
a) da precisão das informações veiculadas. homem. Não existe nenhum registro, em toda a
b) da linguagem conotativa característica desse história, de um guará que tenha atacado uma pes-
gênero.
soa, mas, ainda assim, são vistos como “maléfi-
c) das marcas do interlocutor como uma exigência
cos”. Por quê? Porque, em ambientes degrada-
para a validade das ideias.
d) das sequências narrativas como recurso de
dos, o lobo, para sobreviver, acaba atacando gali-
progressão textual. nheiros ou comendo aves que são criadas soltas.
e) do processo de contraposição argumentativa Com a desculpa de “proteger sua criação”, pesso-
para conseguir a adesão do leitor. as com baixo nível de consciência ecológica aca-
bam matando os animais.
15. Se não bastassem a matança e a destruição
de ambientes naturais, o lobo-guará ainda apre-
senta grande índice de morte por atropelamento
em estradas.
O fato é que o lobo-guará precisa de nós
LINGUAGENS I

mais do que nunca na história.


FERRAREZI JR., C. Revista QShow,
n. 20, nov. 2015 (adaptado).

Esse texto de divulgação científica utiliza co-


mo principal estratégia argumentativa a
a) sedução, mostrando o lado delicado e afetu-
oso do animal por meio da negação de seu
nome popular.
b) comoção, relatando a perseguição que o ani-
mal sofre constantemente pelos fazendeiros
com baixo grau de instrução.
c) intertextualidade, buscando contraponto numa
famosa história infantil, confrontada com da-
Disponível em: http://aindaexisteluz.blogspot.com. dos concretos e fatos históricos.
Acesso em: 10 maio 2013.
84
d) chantagem, modificando a verdadeira índo-
le do lobo-guará para proteger as criações de cia de classe contingente, expressando, desse mo-
animais domésticos em áreas degradadas. do, a fragmentação das perspectivas de vida e tra-
e) intimidação, explorando os efeitos de sentido jetórias das domésticas (quase como um destino,
desencadeados pelo uso de palavras como como observa na palavra final a doméstica Ro-
“matança”, “perigoso”, “degradados” e “ata- xane). Do mesmo modo, ao retratar Zé Pequeno
cando”. (em Cidade de Deus), Meirelles tratou sua sina de
bandido quase como destino. É baseado na peça
17. de teatro de Renata Melo (2005).
Disponível em: www.telacritica.org.
Acesso em: 25 ago. 2017 (adaptado).

A sinopse, para convencer o leitor a assistir ao


filme Domésticas, lança mão da seguinte es-
tratégia de linguagem:
a) Reflexão sobre a língua utilizada pelas perso-
nagens do filme.
b) Avaliação positiva do filme disfarçada de com-
paração.
c) Referência à mídia cinematográfica.
PENETT. Disponível em: www.gazetadopovo.com.br. d) Descrição de cenas do filme.
Acesso em: 10 dez. 2017. e) Apelação ao leitor.

No cartum, o confronto entre primatas produz 19.


um efeito de humor que se vincula à função
social de Em nenhum outro tipo de literatura a fan-
a) criticar a postura humana de fazer piada com tasia desempenha papel tão importante. Sapos
assuntos sérios. se transformam em príncipes, animais conver-
b) acentuar a necessidade de respeito entre as sam com humanos, mesas se põem sozinhas e
diferentes espécies. contratempos insolúveis se resolvem de um pa-
c) questionar a indiferença do homem em rela- rágrafo para outro. Essa falta de verossimilhan-
ção ao meio ambiente. ça não afasta o leitor. Pelo contrário, juntamente
d) alertar a população para a conveniência do de-
com o anonimato dos príncipes e princesas, que
senvolvimento tecnológico.
não têm personalidade definida e vivem em ter-
e) destacar a limitação humana para a percepção
ras distantes sem localização exata, ela facilita a
da realidade da vida animal.
identificação com os personagens. O mundo da
18. fantasia abre espaço para que coisas desagradá-
veis, que não seriam toleradas em outros tipos de
história, passem incólumes, como bruxas come-
Domésticas, de Fernando Meirelles e
doras de criancinha e anões cruéis que roubam
Nando Olival (2001) bebês. Boa parte do fascínio dos contos tem ori-
gem justamente nesse mundo sombrio. Contos
Drama de trabalhadoras domésticas na cida- de fadas não constituem sempre histórias agra-
de de São Paulo, mostradas a partir do cotidia- dáveis polvilhadas com açúcar, como a casa de
no de Cida, Roxane, Quitéria, Raimunda e Créo. pão de ló de João e Maria. Pelo contrário, as tra-
Uma quer se casar; a outra é casada, mas sonha mas são recheadas de malvadezas que sobrevi-
com um marido melhor; uma sonha em ser artis- vem às dezenas de adaptações. Podem passar
ta de novela e a outra acredita que tem por missão
LINGUAGENS I

despercebidas, mas estão lá. Ou é inofensiva a


na Terra servir a Deus e à sua patroa. Todas têm história de uma menina e sua avó que são devo-
sonhos distintos, mas vivem a mesma realidade: radas vivas por um lobo? Ou é inocente o conto
trabalhar como empregada doméstica. Conduzi- da menina que é sequestrada e obrigada a pas-
do com humor (e uma trilha musical dos hits po- sar a juventude trancada no alto de uma torre?
pulares do Brasil brega dos anos 1970), o filme E o que dizer do bebê condenado à morte no dia
de Meirelles e Olival retrata o universo particu- do seu batizado?
lar dessa categoria de trabalhadoras domésticas. Disponível em: https://super.abril.com.br.
É curioso que, em nenhum momento, aparecem Acesso em: 20 jun. 2019 (adaptado).
patrões ou patroas. A narrativa de Domésticas se
desenvolve segundo a ótica contingente das clas-
ses subalternas, dos de baixo, com seus anseios e As perguntas ao final do texto estão relaciona-
sonhos, expectativas e frustrações. Não aparecem das ao argumento segundo o qual contos de
situações de luta social por direitos, o que suge- fadas
re que o filme se detém na epiderme da consciên- a) manifestam aspectos obscuros da condição
humana.
85
b) estimulam a fantasia e a imaginação dos leito-
res. antes de começar a escrever para o Jornal do Bra-
c) favorecem a identificação com os persona- sil, eu só tinha escrito romances e contos.
gens. E também sem perceber, à medida que es-
d) são inadequados para a maioria das crianças. crevia para aqui, ia me tornando pessoal demais,
e) são adaptados aos valores de cada época. correndo o risco de em breve publicar minha vi-
da passada e presente, o que não pretendo. Ou-
20. tra coisa notei: basta eu saber que estou escreven-
do para jornal, isto é, para algo aberto facilmen-
Tiranos de nós mesmos: a servidão te por todo o mundo, e não para um livro, que só
voluntária na era da sociedade do é aberto por quem realmente quer, para que, sem
desempenho mesmo sentir, o modo de escrever se transforme.
Não é que me desagrade mudar, pelo contrário.
Byung-Chul Han, no opúsculo Sociedade do Mas queria que fossem mudanças mais profun-
cansaço, discute a ascensão de um novo paradig- das e interiores que não viessem a se refletir no
ma social, em que a sociedade disciplinar de Fou- escrever. Mas mudar só porque isso é uma coluna
cault é substituída pela sociedade do desempe- ou uma crônica? Ser mais leve só porque o leitor
nho. Esse novo modelo social é movido por um assim o quer? Divertir? Fazer passar uns minutos
imperativo de maximizar a produção. Nós, sujei- de leitura? E outra coisa: nos meus livros quero
tos de desempenho, somos constante e sistemati- profundamente a comunicação profunda comi-
camente pressionados a aperfeiçoar nossa perfor- go e com o leitor. Aqui no Jornal apenas falo com
mance e a aumentar nossa produção. o leitor e agrada-me que ele fique agradado. Vou
A crença subjacente, segundo Han, é a de que dizer a verdade: não estou contente.
nada é impossível. Nós podemos fazer tudo. Esta-
mos constantemente pressionados por um poder
No texto, ao refletir sobre a atividade de cro-
fazer ilimitado. É um excesso de positividade, que
nista, a autora questiona características do
se constitui em verdadeira violência neuronal.
gênero crônica, como
E por isso produzimos. Produzimos até a
a) relação distanciada entre os interlocutores.
exaustão. E, mesmo cansados, continuamos pro- b) articulação de vários núcleos narrativos.
duzindo. Uma meta é sempre substituída por ou- c) brevidade no tratamento da temática.
tra. A tarefa nunca acaba. É frustrante e esgotan- d) descrição minuciosa dos personagens.
te. O resultado é uma sociedade que gera fracas- e) público leitor exclusivo.
sados e depressivos, a quem só resta recorrer a
medicamentos para continuar produzindo mais 22.
eficientemente.
Disponível em: http://justificando.cartacapital.com.br. Projeto na Câmara de BH quer a
Acesso em: 24 ago. 2017 (adaptado).
vacinação gratuita de cães contra a
leishmaniose
Com base nessa reflexão acerca do livro So-
ciedade do cansaço, que discute o novo mo- A doença é grave e vem causando preocupação
delo da sociedade do desempenho, o rese- na região metropolitana da capital mineira
nhista a
a) conceitua, apresenta seus fundamentos e con- Ela é uma doença grave, transmitida pela pi-
clui com suas consequências. cada do mosquito-palha, e afeta tanto os seres
b) fundamenta com argumentos, apresenta sua humanos quanto os cachorros: a leishmaniose.
conclusão e oferece exemplos. Por ser um problema de saúde pública, a doen-
c) descreve, apresenta suas consequências e ça pode ganhar uma ação preventiva importan-
LINGUAGENS I

conclui com sua conceituação. te, caso um projeto de lei seja aprovado na Câma-
d) exemplifica, apresenta sua fundamentação e ra Municipal de Belo Horizonte (CMBH). Dian-
avalia seus resultados. te do alto número de casos da doença na Grande
e) discute, apresenta seu conceito e promove
BH, a Comissão de Saúde e Saneamento da CM-
uma discussão.
BH aprovou a proposta de realização de campa-
nhas públicas de vacinação gratuita de cães con-
21.
tra a leishmaniose, tema do PL 404/17, aprecia-
do pelo colegiado em reunião ordinária, no dia 6
Ser cronista
de dezembro.
Disponível em: https://www.revistaencontro.com.br/.
Sei que não sou, mas tenho meditado ligeira- Acesso em: 11 dez. 2017.
mente no assunto.
Crônica é um relato? É uma conversa? É um
resumo de um estado de espírito? Não sei, pois Essa notícia, além de cumprir sua função in-
formativa, assume o papel de
86
a) fiscalizar as ações de saúde e saneamento da 24.
cidade.
b) defender os serviços gratuitos de atendimento
à população.
c) conscientizar a população sobre grave proble-
ma de saúde pública.
d) propor campanhas para a ampliação de aces-
so aos serviços públicos.
e) responsabilizar os agentes públicos pela de-
mora na tomada de decisões.

23.

Disponível em: midianinja.org. Acesso em: 22 abr. 2021.

Pelo modo como seleciona e organiza as infor-


mações, esse infográfico cumpre a função de
a) questionar o processo de enfraquecimento da
identidade indígena.
b) apresentar dados sobre a atual configuração
da realidade indígena no país.
c) defender políticas de preservação da cultura
indígena.
d) divulgar as etnias indígenas mais representati-
vas do Brasil.
e) criticar a distribuição geográfica desigual das
Disponível em: www.nadaver.com.
Acesso em: 20 jul. 2012. comunidades indígenas.

Esse cartaz tem como função social conquis- 25.


tar clientes para um evento turístico, e, por is-
so, seria recomendável que fosse escrito na
norma-padrão da língua portuguesa.
O comentário acrescentado por um interlocu-
tor sugere que a grafia incorreta da palavra
“excursão”
a) interfere na pronúncia do vocábulo.
b) reflete uma interferência da fala na escrita.
c) caracteriza uma violação proposital para cha-
LINGUAGENS I

mar a atenção dos clientes.


d) diminui a confiabilidade nos serviços ofereci-
dos pela prestadora.
e) compromete o entendimento do conteúdo da
mensagem.

Disponível em: www.cnbbsul1.org.br.


Acesso em: 2 ago. 2019.

87
As informações contidas no texto dessa cam- de uma política pública como incentivo à parti-
panha têm o objetivo de cipação social.
a) avaliar as políticas públicas para melhorar a qua- d) fazer a distinção entre as políticas de governo
lidade dos serviços prestados ao povo brasileiro. e as políticas de Estado a fim de incentivar a
b) apresentar os canais de participação social, busca por direitos.
como os Conselhos previstos na Constituição e) estimular a participação da sociedade civil em
Federal de 1988. políticas públicas para fortalecer a cidadania e
c) descrever o ciclo e as etapas de organização o bem comum.

TAREFAS

1. 2.

Ariano Suassuna (1927- 2014) foi um escritor Receita Para Se Fazer um Herói
brasileiro. “O Auto da Compadecida”, sua obra- (Ira!)
-prima, foi adaptada para a televisão e para o ci-
nema. Sua obra reúne, além da capacidade imagi- Toma-se um homem
nativa, seus conhecimentos sobre o folclore nor- Feito de nada como nós
destino. Em tamanho natural
Foi poeta, romancista, ensaísta, dramatur- Toma-se um homem
go, professor e advogado. Em 1989, foi eleito pa- Feito de nada como nós
ra a cadeira n.º 32 da Academia Brasileira de Le- Em tamanho natural
tras. Em 1993, foi eleito para a cadeira n.º 18 da Embebece-lhe a carne
Academia Pernambucana de Letras e em 2000, De um jeito irracional
ocupou a cadeira n.º 35 da Academia Paraibana Como a fome, como o ódio
de Letras. (...) Embebece-lhe a carne
Em 2007, Ariano Suassuna assumiu a Secre- De um jeito irracional
taria Especial de Cultura do Estado de Pernam- Como a fome, como o ódio
buco, convidado por Eduardo Campos. No se- Depois, perto do fim
gundo mandato do governador, Ariano passou a Levanta-se o pendão
integrar a Assessoria Especial do governo do Es- E toca-se o clarim
tado. E toca-se o clarim
Além de dar aulas-espetáculo, Ariano vinha Serve-se morto
trabalhando na obra “O Jumento Sedutor”, que Serve-se morto
começou a escrever em 1981. Também fazia as Serve-se morto
ilustrações do livro e dizia que estava tentando Morto!
pela primeira vez, fundir seu romance com teatro https://www.google.com.brsearch?q=ira!+receita+
e poesia. para+se+fazer+um+he
Ariano Suassuna faleceu no Recife, no dia
23 de julho de 2014, decorrente das complicações
de um AVC hemorrágico. Todo gênero apresenta elementos constitu-
https://www.ebiografia.com/ariano_suassuna/amp/ tivos que condicionam seu uso em socieda-
de. A letra de canção identifica-se, essencial-
mente, pela utilização da sequência textual,
A análise dos elementos constitutivos des- como
se texto, como forma de composição, tema a) expositiva, por discorrer sobre um dado tema.
LINGUAGENS I

e estilo de linguagem, permite identificá-lo b) narrativa, por apresentar uma cadeia de ações.
como c) injuntiva, por chamar o interlocutor à partici-
a) científico, pois investiga informações sobre a pação.
vida de Ariano Suassuna. d) descritiva, por enumerar características de um
b) jornalístico, pois dá a conhecer fatos relacio- personagem.
nados ao autor brasileiro. e) argumentativa, por incitar o leitor a uma toma-
c) didático, já que explica a importância das con- da de atitude.
tribuições de Ariano Suassuna.
d) ensaístico, já que discute fatos da vida do es-
critor.
e) biográfico, pois narra trajetória de vida de Aria-
no Suassuna.

88
3.
É o caso das aranhas-macho, que usam a rede
Quantos há que os telhados têm vidrosos tecida por uma fêmea para perguntar se podem
E deixam de atirar sua pedrada, se aproximar dela, já que se, dependendo do rit-
De sua mesma telha receiosos. mo como andam pelos fios, podem ser confundi-
dos com uma presa.”
Adeus, praia, adeus, ribeira,
https://brasilescola.uol.com.br/redacao/texto
De regatões tabaquista,
Que vende gato por lebre
Querendo enganar a vista.
Os gêneros textuais podem ser caracteriza-
Nenhum modo de desculpa dos, dentre outros fatores, por seus objetivos.
Tendes, que valer-vos possa: Esse fragmento é um(a)
Que se o cão entra na igreja, a) notícia, pois registra um fato cotidiano de
É porque acha aberta a porta. interesse popular e apresenta um caráter pro-
GUERRA, G. M. In: LIMA, R. T. Abecê de folclore. pagandístico.
São Paulo: Martins Fontes, 2003 (fragmento). b) resenha, pois sintetiza as principais informa-
ções de um objeto analisado e reproduz as
percepções do autor.
Ao organizar as informações, no processo de
c) texto de divulgação científica, pois tem o obje-
construção do texto, o autor estabelece sua
tivo de tornar público conhecimento produzido
intenção comunicativa. Nesse poema, Gre-
gório de Matos explora os ditados populares por segmento científico.
com o objetivo de d) relatório, pois enumera as atividades exerci-
a) enumerar atitudes. das no meio científico e informa os resultados
b) descrever costumes. alcançados com elas.
c) demonstrar sabedoria. e) artigo de opinião, pois predomina uma avalia-
d) recomendar precaução. ção pessoal do autor do texto sobre o objeto
e) criticar comportamentos. analisado.

4. 5.

“Cientistas descobrem que animais


usam dialetos para se comunicar

Alguns animais utilizam “dialetos” para se co-


municar, como as baleias, os golfinhos, as abelhas
e as aves, afirmou a revista alemã de divulgação
científica “P.M. Magazin” em sua edição de se-
tembro.
Este é outro aspecto mais em comum entre a
forma de comunicação humana e dos animais,
descoberta recentemente pela comunidade cien-
tífica. Os golfinhos inventam diferentes assobios
para se comunicar, segundo cientistas.
Um exemplo dos diferentes dialetos ocorre Em 1980, o artista suíço Giuseppe Reichmu-
com o estrelinha-de-poupa (Regulus regulus), um th recebeu uma encomenda de um amigo, Al-
pássaro de pequeno porte caracterizado por ter bert Ernst, dono de uma galeria de arte em Zu-
uma mancha amarela na cabeça, e cujo piar dife-
LINGUAGENS I

rique. Ele preparava a curadoria da exposi-


re no tom de seus congêneres da China. ção “Green 80”, na cidade de Basileia, e que-
No caso dos golfinhos, animais que teriam ria algo inédito de Reichmuth. A ideia inicial
uma inteligência parecida com a dos homens, os foi fazer a figura de um dinossauro numa mon-
cientistas comprovaram que inventam diferentes tanha. Mas o galerista insistiu em pedir algo
assobios para se comunicar. mais pitoresco. Foi assim que surgiu “Dino-
Um grupo de pesquisadores da Universida-
saurier auf der Autobahn” (Dinossauro na Ro-
de de St. Andrews, na Escócia, demonstrou que
dovia), um quadro que ficaria célebre nos Es-
os golfinhos têm a capacidade de conversar sobre
tados Unidos e depois no Brasil no começo da
um terceiro animal que não está presente.
década de 1990. Ele estampou camisetas, ca-
O corvo ou o tuim-da-colômbia (Forpus cons-
necas, posters. A tela original tem 90 x 120 cm
picillatus), por exemplo, usam nomes persona-
e uma das placas mostra a direção justamente
lizados para se chamar entre si. Além dos acús-
ticos, alguns animais também utilizam outros da Basileia.
meios de comunicação. Acontece que o quadro não deixou Reichmu-
th, hoje com 76 anos, rico. Ele e Ernst vende-
89
ram todos os direitos da obra pelo equivalen- a) a língua portuguesa atual valoriza muito os
te a 4 mil francos suíços. Não há nem mesmo desvios de norma culta nas poesias e nas
o nome do pintor na obra. canções.
https://www.guiadoscuriosos.com.br/ b) o português brasileiro se constitui em registros
cultura-e-entretenimento/ que se diferenciam a partir de situações so-
quem-criou-o-quadro-dinossauro-na-estrada/ ciais de uso.
c) a heterogeneidade do português leva a uma
Predomina no texto a função da linguagem: estabilidade do seu léxico no eixo social.
a) emotiva, porque o autor expressa seu senti- d) o português brasileiro apoia-se na defesa do
mento em relação a um quadro. preconceito linguístico.
b) fática, porque o texto testa o funcionamento do e) o léxico do português representa uma realida-
canal de comunicação. de linguística invariável e não diversificada.
c) poética, porque o texto chama a atenção para
recursos de linguagem, 7.
d) conativa, porque o texto procura orientar com-
portamentos. Reclame
e) referencial, porque o texto trata de informa-
ções.
se o mundo não vai bem
a seus olhos, use lentes
6.
... ou transforme o mundo.
ótica olho vivo
‘Tá de novo com essa pessoa
agradece a preferência.
Não ‘to acreditando
CHACAL. Disponível em: www.escritas.org.
Vai fazer papel de trouxa outra vez Acesso em: 14 ago. 2014.
‘Cê não aprende mesmo
Pra você isso é amor
Mas pra ele isso não passa de um plano B Os gêneros podem ser híbridos, mesclan-
Se não pegar ninguém da lista, liga pra você do características de diferentes composições
Te usa e joga fora textuais que circulam socialmente. Nesse poe-
Para de insistir, chega de se iludir ma, o autor preservou, do gênero publicitário,
O que ‘cê ‘tá passando, eu já passei e eu so- a seguinte característica:
brevivi a) Extensão do texto.
Se ele não te quer, supera b) Emprego da injunção.
Se ele não te quer, supera c) Apresentação do título.
Ele ‘tá fazendo de tapete o seu coração d) Disposição das palavras.
Promete pra mim que dessa vez você vai fa- e) Pontuação dos períodos.
lar não
De mulher pra mulher, supera 8.
De mulher pra mulher, supera
NÍQUEL NÁUSEA - Fernando Gonsales
Pra você isso é amor
Mas pra ele isso não passa de um plano B
Se não pegar ninguém da lista, liga pra você
Te usa e joga fora
Para de insistir, chega de se iludir
O que ‘cê ‘tá passando, eu já passei e eu so-
brevivi
Se ele não te quer, supera
Se ele não te quer, supera
LINGUAGENS I

Ele ‘tá fazendo de tapete o seu coração


Promete pra mim que dessa vez você vai fa-
lar não
De mulher pra mulher, supera
De mulher pra mulher, supera
Se ele não te quer, supera
De mulher pra mulher, supera
https://www.google.com.br/search?q=marilia+
mendonca+supera+&client

Na leitura do fragmento da canção, constata-


-se, pelo emprego de marcas de coloquiali-
dade e de oralidade, características do portu-
guês brasileiro atual. Esse fenômeno eviden- (Fernando Gonsales. Níquel Náusea.
Folha de S.Paulo, 05.09.2017)
cia que
90
O efeito de humor na tira decorre, entre outros c) os processos mentais são em tudo equivalen-
fatores, tes aos procedimentos lógicos que operam
a) do emprego figurado do termo “magníficos”, na linguagem artificial e na programação dos
para reforçar o entusiasmo do homem diante computadores.
de sua descoberta. d) o desenvolvimento das linguagens artificiais
b) do fato de o homem expressar seu desconhe- fará com que num futuro próximo as ativida-
cimento em relação aos ossos por meio de des humanas poderão ser realizadas de forma
uma frase interrogativa. independente pelas máquinas, sem qualquer
c) do fato de o homem empregar a palavra relação com um programador humano.
“animal” diante da ossada, sem saber se, real- e) os computadores podem ser o dispositivo que
mente, ela era parte de algum. num futuro próximo evidencie para toda a hu-
d) da agressividade do cão, cujo rosnar não é manidade a essência do homem apenas como
compreendido, embora represente uma ame- uma máquina.
aça à segurança dos dois homens.
e) do duplo sentido do verbo “pertencer”, revela- 10.
do pela reação do cão ao gesto de apropriação
do osso pelo homem. Rolézim
9. Acordei tava ligado o maçarico! Sem neurose,
não era nem nove da manhã e a minha caxanga
1 Mesmo que o homem conseguisse construir um parecia que tava derretendo. Não dava nem mais
2 computador que fizesse tudo o que é normalmente pra ver as infiltração na sala, tava tudo seco. Só fi-
3 atribuído a processos mentais quando feito pelo cou as mancha: a santa, a pistola e o dinossauro.
4 homem, isso não implicaria que o homem nada Já tava dado que o dia ia ser daqueles que tu anda
5 mais é do que uma máquina. Sem o programa na rua e vê o céu todo embaçado, tudo se mexen-
6 correspondente um computador nada pode fazer do que nem alucinação. Pra tu ter uma ideia, até
7 em relação à linguagem. E o programa, e não as o vento que vinha do ventilador era quente, que
8 ferragens, que é responsável pela habilidade do nem o bafo do capeta.
9 computador de simular um comportamento Tinha dois conto em cima da mesa, que mi-
10 inteligente. Há aqueles que sustentariam que o nha coroa deixou pro pão. Arrumasse mais um e
oitenta, já garantia pelo menos uma passagem, só
11 programa está para o computador como a mente
precisava meter o calote na ida, que é mais tran-
12 está para o cérebro, e que considerando o cérebro
quilo. Foda é que já tinha revirado a casa toda an-
13 humano vivo como um computador programado,
tes de dormir, catando moeda pra comprar um
14 de finalidades especiais, podemos contornar, se varejo. Bagulho era investir os dois conto no pão,
15 não resolver, o problema tradicional mente-corpo. divulgar um café e partir pra praia de barriga for-
16 Seja como for, temos que enfatizar que a rada. O que não dava era pra ficar fritando den-
17 inteligência artificial é em si neutra e não agride tro de casa. Calote pra nós é lixo, tu tá ligado, o
18 nem a dignidade humana nem a liberdade da desenrolo é forte.
19 vontade. MARTINS, Geovani. O sol na cabeça. 2018. p.9.
20 Muito da importância que damos à ciência
21 cognitiva e à inteligência artificial dependerá de
22 nossa atitude face ao papel explanatório dos No conto “Rolézim”, de Geovani Martins, é
23 modelos em ciência natural e social. Qualquer possível inferir que a linguagem
24 sucesso obtido na simulação do processamento a) é predominantemente coloquial, permitindo,
assim, compreender as marcas da violência
25 linguístico por computador tende a aumentar a
exercida pela polícia no plano linguístico;
26 nossa compreensão da linguagem e da mente. Não b) apresenta coloquialismo de caráter regiona-
LINGUAGENS I

27 é certo, no entanto, se um dia será possível simular lista, tendo em vista que apresentam registros
28 por computador todos os processos mentais envol- próprios à flora e à fauna de determinada re-
29 vidos na produção e compreensão da linguagem. gião do Brasil;
Adaptado de John Lyons, c) transcreve traços de oralidade a fim de permitir
em Lingua(gem) e Linguística, 1981. que o leitor sinta as mesmas experiências en-
frentadas pelo narrador;
d) busca transcrever traços de oralidade, per-
Depreende-se corretamente do texto que:
mitindo ao leitor deduzir, em certa medida, a
a) num futuro próximo será possível observar
classe social e o extrato cultural a que perten-
computadores se comportando exatamente
ce o narrador;
como os humanos.
e) oscila entre o culto e o coloquial, deixando
b) os estudos sobre linguagem artificial podem
transparecer, assim, o sólido repertório lin-
auxiliar a humanidade na resolução de várias
guístico do autor em face do coloquialismo do
questões e também contribuir para que saiba-
narrador.
mos mais sobre a própria linguagem e a mente
humana.

91
11.
na adoção de um estilo de vida menos sedentário,
com efeitos positivos sobre a saúde. Tem-se de-
A história do futebol brasileiro contém, ao
fendido que os exergames podem contribuir pa-
longo de um século, registros de episódios racis-
ra a prática regular de atividade física moderada,
tas. Eis o paradoxo: se, de um lado, a atividade fu-
bem como promover a interação entre jogadores,
tebolística era depreciada aos olhos da “boa so-
reduzindo o sentimento de isolamento social. Por
ciedade” como profissão destinada aos pobres,
outro lado, argumenta-se que os exergames não
negros e marginais, de outro, achava-se investi-
podem substituir a experiência real das práticas
da do poder de representar e projetar a nação em
corporais, pois não motivam a longo prazo a prá-
escala mundial. A Copa do Mundo no Brasil, em
tica permanente de atividades físicas.
1950, viria a se constituir, nesse sentido, em uma
FINCO, M. D.: REATEGUI. E. B.; ZARO, M.A.
rara oportunidade. Contudo, na decisão contra o Laboratório de exorgames: um espaço complementar
Uruguai sobreveio o inesperado revés. As crôni- para as aulas de educação física. Movimento.
cas esportivas elegiam o goleiro Barbosa e o de- n. 3, 2015 (adaptado).
fensor Bigode como bodes expiatórios, “descar-
regando nas costas” dos jogadores os “prejuízos”
da derrota. Uma chibata moral, eis a a senten- Pela sua interatividade, os exergames apre-
ça proferida no tribunal dos brancos. Nos anos sentam-se como possibilidade para estimular
o(a)
1970, por não atender às expectativas normati-
a) Exercitação física, promovendo a saúde.
vas suscitadas pelo estereótipo do “bom negro”,
b) Vivência de exercícios físicos sistemáticos.
Paulo César Lima foi classificado como “joga-
c) Envolvimento com atividades físicas ao longo
dor – problema”. Ele esboçava a revolta da chiba- da vida.
ta no futebol brasileiro. Enquanto Barbosa e Bi- d) Jogo por meio de comandos fornecidos pelo
gode, sem alternativa suportaram o linchamento video-game.
moral na derrota 1950, Paulo César contra-ata- e) Disputa entre jogadores, contribuindo para o
cava os que pretendiam condená-lo pelo insuces- individualismo.
so de 1974. O jogador assumia as cores e as cau-
sas defendidas pela esquadra dos pretos em to- 13.
das as esferas da vida social. “Sinto na pele esse
racismo subjacente” revelou a imprensa francesa: TEXTO I
“Isto é, ninguém ousa pronunciar a palavra ‘ra-
cismo’. Mas posso garantir que ele existe, mesmo
na seleção Brasileira”. Sua ousadia constituiu em
pronunciar a palavra interdita no espaço simbó-
lico do discurso oficial para reafirmar o mito da
democracia racial.
Disponível em: https://observatorioracialfutebol.com.br.
Acesso em: 22 jun. 2019 (adaptado)

O texto atribui o enfraquecimento do mito da


democracia racial no futebol à
a) Responsabilização dos jogadores negros pela
derrota na final da Copa de 1950. Disponível em: http://iasdcentralcampinas.org.br
Acesso em: 5 de jun. 2018.
b) Projeção mundial da nação por um esporte an-
tes destinados aos pobres.
c) Depreciação de um esporte associado a mar-
TEXTO II
LINGUAGENS I

ginalidade.
d) Interdição da palavra “racismo” no contexto
esportivo.
e) Atitude contestadora de um “jogador-proble-
ma”.

12.

Atualmente os jovens estão imersos numa so-


ciedade permeada pela tecnologia. Nesse contex-
to, os jogos digitais são artefatos muito empre-
gados. Video-games ativos ou exergames foram Disponível em: http://listaoficialcom.br
introduzidos como forma de permitir que o cor- Acesso em: 5 de jun. 2018.
po controlasse tais jogos. Como resultado, pas-
saram a ser vistos como uma ferramenta auxiliar

92
TEXTO III só, com aparência e costumes que não corres-
pondem ao poder, ao dinheiro e à capacidade
de influenciar o consumo de outras gerações.
Analisemos o conceito de saúde formulado na
b) os millennials, uma vez que a forma obcecada
histórica VIII Conferência Nacional de Saúde, no como os representa faz com que os jovens se
ano de 1986. Também conhecido como “concei- tornem caricaturas e deixem de ter reconheci-
to ampliado” de saúde, foi fruto de intensa mo- do o seu papel efetivo, como o de influenciar o
bilização, que se estabeleceu em diversos países comportamento de outras gerações.
da América Latina, como resposta à crise dos sis- c) a geração X, uma vez que ela está sendo
temas públicos de saúde. Recordemos seu enun- representada a partir dos valores que deter-
ciado: em sentido amplo, a saúde é resultante das minam os millennials, estes sem ter de fato
condições de alimentação, habitação, educação, poder, dinheiro e capacidade para influenciar
renda, meio ambiente, trabalho, transporte, em- o consumo de outras gerações.
prego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e d) a geração X, cujos valores são representa-
acesso aos serviços de saúde. Sendo assim, é prin- dos em consonância com os dos millennials,
cipalmente resultado das formas de organização embora sejam estes que exibem potencial
social, de produção, as quais podem gerar gran- financeiro e, com isso, podem exercer influên-
des desigualdades nos níveis de vida. cia sobre o consumo de outras gerações.
BATISTELLA, C. Abordagens contemporâneas e) os millennials, uma vez que esse grupo tem si-
do conceito de saúde. do representado como o grande influenciador
Disponível em: www.epsjv.fiocruz.br. do comportamento social, em razão de poder
Acesso em: 5 jun. 2018 (adaptado).
e dinheiro, ainda que de forma caricatural e
bastante obcecada.
Com base no conceito ampliado de saúde, po- 15.
demos interpretar que as imagens dos textos I
e II
a) Convidam a pensar sobre o conceito ampliado
O Brasil (descrição física e política)
de saúde.
b) Criticam a relação entre a prática de exercícios O Brasil é um país maior do que os menores
e a saúde. e menor do que os maiores. É um país grande,
c) Coadunam-se com o conceito de saúde cons- porque, medida sua extensão, verifica-se que não
truído na Conferência. é pequeno. Divide-se em três zonas climatéricas
d) Exemplificam a conquista do estado de saúde absolutamente distintas: a primeira, a segunda e
em um sentido amplo. a terceira. Sendo que a segunda fica entre a pri-
e) Reproduzem a relação de causalidade entre meira e a terceira. Há muitas diferenças entre as
fazer exercício e ter saúde. várias regiões geográficas do país, mas a mais im-
portante é a principal. Na agricultura faz-se ex-
14. Leia o texto para responder à questão 14. clusivamente o cultivo de produtos vegetais, en-
quanto a pecuária especializa-se na criação de ga-
Basta ligar a TV ou abrir uma revista para do. A população é toda baseada no elemento hu-
ver quanto a publicidade é obcecada pelos mil- mano, sendo que as pessoas não nascidas no pa-
lennials, a geração que tem entre 20 e 34 anos. ís são, sem exceção, estrangeiras. Tão privilegia-
Os atores são jovens, usam barba, andam de bi- da é hoje, enfim, a situação do país que os cien-
cicleta, lambreta ou Kombi. Os filmes são edita- tistas procuram apenas descobrir o que não está
dos com cortes bruscos, e a trilha sonora é reche- descoberto, deixando para a indústria tudo o que
ada de bandas hipsters. A obsessão é tão grande já foi aprovado como industrializável e para o co-
que os resultados chegam a formar uma carica- mércio tudo o que é vendável. É, enfim, o país do
tura dos jovens. futuro, e este se aproxima a cada dia que passa.
LINGUAGENS I

FERNANDES, M. In: ANTUNES, I. Língua,


Enquanto isso, a geração X, que tem de fato texto e ensino: outra escola possível. São Paulo:
poder e dinheiro e influencia o consumo de ou- Parábola, 2009 (adaptado).
tras gerações, vê-se sub-representada. No máxi-
mo, as pessoas que têm entre 35 e 54 anos são re-
presentadas... com barbas e andando de bicicle- Em relação ao propósito comunicativo anun-
ta, lambreta ou Kombi. Duas pesquisas inéditas ciado no título do texto, esse gênero promove
comprovam este fato: a publicidade não está con- uma quebra de expectativa ao
versando com seu melhor público. a) abordar aspectos físicos e políticos do país de
(Exame, 02.08.2017) maneira impessoal.
b) apresentar argumentos plausíveis sobre a es-
trutura geopolítica do Brasil.
De acordo com o texto, a publicidade tem dei- c) tratar aspectos físicos e políticos do país por
xado de interagir com meio de abordagem cômica.
a) os millennials e a geração X, uma vez que es- d) trazer informações relevantes sobre os aspec-
ses grupos são tratados como se fossem um tos físicos e políticos do Brasil.
93
e) propor uma descrição sucinta sobre a organi- c) confronto corporal em que os vencedores são
zação física e política do Brasil. previamente identificados.
d) combate corporal intencional com ações regu-
16. lamentadas entre os oponentes.
e) conflito resolvido pelos alunos por meio de re-
Examine a frase abaixo, referente a uma recei- gras previamente estabelecidas.
ta culinária.
18.

A Em Forma é uma revista destinada às mu-


lheres, às expectativas de consumo que podem
ser produzidas ou que se encontram no horizon-
te de uma feminilidade urbana contemporânea
impelida à disputa no mercado afetivo masculino
(as mulheres da Em Forma são jovens e heteros-
sexuais). A Em Forma tem como conteúdo cen-
tral de suas reportagens dietas e séries de exercí-
cios, fármacos para a pele e o cabelo, com fins de
embelezamento do corpo e cuidados com a saú-
de, e reportagens com temas de autoajuda. Ela or-
ganiza-se em seções específicas: 1. Fitness; 2. Be-
leza; 3. Dieta e nutrição; 4. Bem-estar; e 5. Espe-
Além do erro de concordância, contribui para cial. Além dessas seções, apresenta sempre uma
a ambiguidade presente na frase o seguinte fa- reportagem com a “Garota da capa” e outras mi-
to linguístico: nisseções que veiculam conteúdos similares aos
a) hiperonímia (diz-se de um vocábulo de sentido
das seções fixas.
mais geral em relação a outro de sentido espe-
ALBINO, B. S.; VAZ, A. F. O corpo e as técnicas
cífico). para o embelezamento feminino. Movimento,
b) hipônimo (diz-se de um vocábulo de sentido n. 1, 2008 (adaptado).
específico em relação a outro de sentido mais
geral).
c) homonímia (propriedade que duas palavras de Considerando-se as expectativas sobre as fe-
sentidos e origens diferentes têm de apresen- minilidades produzidas pela mídia, na revista
tar uma mesma forma). mencionada a prática de exercícios tem corro-
d) antonímia (propriedade de duas formas lin- borado para a construção de uma feminilidade
guísticas estabelecerem relação de oposição a) Plural, que prioriza a saúde, o bem-estar e a
de sentido). beleza.
e) paronímia (semelhança na pronúncia ou na b) Hegemônica, que normatiza a heterossexuali-
escrita entre palavras com significados dife- dade e a jovialidade.
rentes). c) Heterogênea, prevendo a existência de corpos
com diferentes formas.
17. d) Padronizada, que privilegia a autonomia das
mulheres sobre seu estilo de vida.
e) Cristalizada, desconsiderando as expectativas
LUTA: prática corporal imprevisível, caracte-
de consumo na contemporaneidade.
rizada por determinado estado de contato propo-
sital, que possibilita a duas ou mais pessoas se en-
19.Examine a tira do cartunista Will Leite, publica-
frentarem numa constante troca de ações ofensi- da em sua conta no Instagram, em 27.10.2021.
vas e/ou defensivas, regida por regras, com o ob-
LINGUAGENS I

jetivo mútuo sobre um alvo móvel personificado


no oponente.
GOMES, M. S. P. et al.
Ensino das lutas: dos princípios condicionais aos
grupos situacionais. Movimento, n. 2,
abr.-jun. 2010 (adaptado).

De acordo com o texto, podemos identificar


uma abordagem das lutas nas aulas de educa-
ção física quando o professor realiza uma pro-
posta envolvendo
a) contato corporal intenso entre o aluno e seu
oponente.
b) contenda entre os alunos que se agridem fisi-
camente.
94
Na construção de seu sentido, a tira mobiliza
fundamentalmente o seguinte recurso expres- 21 para fazer “casas”, pois sua máquina de costura
sivo: 22 está ruim, entendemos que ela está com problemas
a) paradoxo. 23 para dar acabamento naqueles buraquinhos da
b) personificação. 24 roupa por onde passamos os botões (e não que ela
c) hipérbole. 25 não está conseguindo construir uma residência).
d) metalinguagem. 26 Ou seja, podemos afirmar que as palavras pos-
e) eufemismo. 27 suem sentidos costumeiros em determinados am-
28 bientes de fala, em relação a determinados temas e
20.Examine o cartum de Will Santino, publicado
em sua conta do Instagram, em 13.04.2022. 29 em função dos hábitos comunicativos de quem as
30 usa. E isso ocorre apenas no momento de uso, mo-
31 mento em que associamos esses sentidos às palavras.
Adaptado de Celso Ferrarezi Jr.

Assinale a alternativa correta.


a) O texto é sincrético, pois apresenta informa-
ções aos leitores por meio da articulação entre
palavras escritas e imagens ilustrativas.
b) O uso de linguagem referencial reforça o tom
didático a partir do qual se discorre teorica-
mente sobre uma visão teórica a respeito da
linguagem.
c) Palavras e elementos gramaticais predomi-
nantemente em 1ª. pessoa do singular deixam
clara a natureza subjetiva da organização tex-
tual.
d) A natureza essencialmente descritiva do texto
“Straw1 is actually very popular right now.” pode ser evidenciada pela linguagem perme-
1
straw: palha. ada de adjetivos que constroem um objeto
referencial concreto do mundo.
Mostra-se decisivo para o efeito de humor do e) O texto é principalmente narrativo, em que de
cartum o recurso uma situação inicial com questionamentos sur-
a) ao eufemismo. gem personagens envolvidos em um enredo.
b) à metalinguagem.
c) à intertextualidade. 22.
d) ao pleonasmo.
e) à hipérbole.

21.

1 Atualmente, entendemos que o sentido mais


2 comum de uma palavra para determinado grupo de
3 falantes não é inerente à palavra, mas apenas o
4 sentido que aquele grupo de falantes costumei-
5 ramente associa a ela. Por isso mesmo, esse sentido
6 mais comum é chamado de “sentido costumeiro”,
7 definido por nosso hábito ao usar a língua. Vamos
LINGUAGENS I

8 imaginar que uma pessoa seja construtora de casas.


9 Ao falar a palavra “casa” ou ao falar da “casa 6”
10 da rua tal, é mais habitual que essa pessoa esteja
11 falando de construções para as pessoas morarem,
12 as “residências”. Quando ela fala de “fazer uma
13 casa”, portanto, a gente entende que ela vai (Laerte. Manual do Minotauro, 2021. Adaptado.)
14 construir uma residência. Mas se estamos falando
Contribui para o efeito de humor da tirinha o
15 sobre o jogo de xadrez, e alguém começa a falar em
contraste entre
16 como explorar o potencial da “casa 6”, já vamos
a) a linguagem hermética do pai e a linguagem
17 entender que se está falando de um daqueles pedante do filho.
18 quadradinhos do tabuleiro de xadrez. E se, por b) a linguagem coloquial do pai e a linguagem
19 outro lado, estamos conversando com uma concisa do filho.
20 costureira e ela nos conta que está com dificuldades c) a linguagem erudita do pai e a linguagem enig-
mática do filho.
95
d) a linguagem formal do pai e a linguagem colo- Com a descrição que faz dos pensamentos e
quial do filho. dos sentimentos do personagem, o narrador
e) a linguagem informal do pai e a linguagem mostra, em Amaro,
desleixada do filho. a) a admiração pelo fervor religioso de outros pa-
dres.
23.Leia o poema “A menina e a cantiga”, de Mário b) o gosto pelo cotidiano confortável da carreira
de Andrade. religiosa.
c) a relutância em aceitar o caminho religioso.
d) a indiferença em relação às figuras femininas.
... trarilarára... traríla...
e) o medo de descumprir suas obrigações religio-
A meninota esganiçada magriça com a saia sas.
voejando por cima dos joelhos em nó vinha meia
dançando cantando no crepúsculo escuro. Batia 25.Considere o trecho da reportagem para res-
ponder a questão abaixo:
compasso com a varinha na poeira da calçada.

... trarilarára... traríla... “Como vou abandonar a pessoa que eu mais


De repente voltou-se pra negra velha que vi- amo?” Foi pensando nisso que Fátima Pereira,
nha trôpega atrás, enorme trouxa de roupas na 56, criou forças para sair de casa com os poucos
cabeça; itens que ela e o marido conseguiam levar nas
mãos. Sem dinheiro para pagar o aluguel, o casal
- Qué mi dá, vó? precisou deixar a casa em que vivia quando o de-
semprego bateu à porta.
- Naão. Durante alguns dias, o novo endereço da fa-
... trarilarára... traríla... mília foi a sede do Poupatempo Taboão da Serra,
na Grande São Paulo, onde dormiram sob uma
(Mário de Andrade. Poesias completas, 2005.)
marquise. Depois, o casal fez morada na Praça do
Campo Limpo, zona sul da capital paulista, com
a ajuda de Fábio Gouveia, 36.
O poema, em seu conjunto, tem característi-
cas que permitem classificá-lo como
Em situação de rua há três anos, Fábio perce-
a) uma narração. beu que os dois não tinham abrigo e se ofereceu
b) uma dissertação argumentativa. para ajudá-los a construir uma barraca ao lado
c) uma descrição. da sua. Por ali, dezenas de barracas estão mon-
d) um texto prescritivo. tadas como abrigo para pessoas que foram para
e) um artigo de opinião. a região. “A gente que está na rua não tem nada.
A gente sabe o que o pessoal passa”, conta o am-
24.Leia o excerto do romance “O crime do padre bulante.
Amaro”, de Eça de Queirós. Entre 2019 e 2021 o número de pessoas em si-
tuação de rua em São Paulo teve um aumento de
31%, segundo o Censo da População em Situa-
Nunca ninguém consultara as suas tendências
ção de Rua. Nesse período, a concentração que
ou a sua vocação. Impunham-lhe uma so-
ainda é grande na região central se ampliou em
brepeliz1; a sua natureza passiva, facilmente
várias periferias da cidade, onde a alta chegou a
dominável, aceitava-a, como aceitaria uma far-
seis vezes, dependendo da subprefeitura. Nesses
da. De resto não lhe desagradava ser padre. Des-
bairros, contudo, o número de serviços de acolhi-
de que saíra das rezas perpétuas de Carcavelos
mento é menor do que no centro.
conservara o seu medo do Inferno, mas perdera
(https//jornal.unesp.br. 01.07.2022.)
o fervor dos santos; lembravam-lhe porém os pa-
dres que vira em casa da senhora marquesa, pes-
LINGUAGENS I

soas brancas e bem tratadas, que comiam ao lado “onde dormiram sob uma marquise” (2º. parágrafo)
das fidalgas e tomavam rapé em caixas de ouro; e “onde a alta chegou a seis vezes” (4°. parágrafo)
convinha-lhe aquela profissão em que se fala bai-
xo com as mulheres, — vivendo entre elas, cochi- No texto, as expressões sublinhadas referem-
chando, sentindo-lhes o calor penetrante, — e se -se, respectivamente, a
recebem presentes em bandejas de prata. Recor- a) “sede do Poupatempo Taboão da Serra” e “pe-
dava o padre Liset com um anel de rubi no dedo riferias”.
mínimo; monsenhor Savedra com os seus belos b) “Grande São Paulo” e “cidade”.
óculos de ouro, bebendo aos goles o seu copo de c) “Grande São Paulo” e “região central”.
Madeira. As filhas da senhora marquesa borda- d) “casa” e “periferias”.
vam-lhes chinelas. e) “sede do Poupatempo Taboão da Serra” e “ci-
(O crime do padre Amaro, 1994.) dade”.

96
G ABARI TO
1. E 10.D 19.D

2. C 11. E 20.C

3. E 12.A 21.B

4. C 13.E 22.D

5. E 14.C 23.A

6. B 15.C 24.B

7. B 16.C 25.A

8. E 17.D

9. B 18.B

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