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Fim
Fonte: João Marcelo da Silva Elias, 7 anos, aluno do Colégio Madre Alix.
LEGENDA:
Tipo narrativo Tipo descritivo Tipo argumentativo Tipo injuntivo Neste capítulo, vamos estudar a referenciação e a progressão referencial.
Como observamos, o estudo dos gêneros constitui-se, sem dúvida, Denomina-se referenciação as diversas formas de introdução, no texto,
numa contribuição das mais importantes para o ensino da leitura e de novas entidades ou referentes. Quando tais referentes são retomados
redação. Para reforçar esse posicionamento, afirmamos que, somente mais adiante ou servem de base para a introdução de novos referentes,
quando dominarem os gêneros mais correntes na vida cotidiana, nossos tem-se o que se denomina progressão referencial.
alunos serão capazes de perceber o jogo que freqüentemente se faz por
meio de manobras discursivas que pressupõem esse domínio. Defende-se, hoje em dia, a posição de que a referenciação; bem
como a progressão referencial, consistem na construção ereconstrução
de objetos-de-discurso: O~ ~eja, os referentes de que falamos nuo
cspelham diretamente o mundo real, não são simples rótulos para
designar as coisas do~undo. Eles são construídos e rec~nstruídos no
interior do próprio discurso, de acordo com nossa percepçao do mundo,
nossos "óculos sociais" (cf. BUKSTEI , 1986), nossas crenças, atitudes l'
propósitos comunicativos. Daí a proposta de substituir LI 110ÇlO til'
referência pela noção de referenciação.
I 11 I'" di,,,,, I "li • V,nd, M,lIId [lia, I,'" """I"" ,,,I,, I '
TI XTO 1
porta e penduram um saco plástico para receber o pãozinho com manteig ('
evitar o suplício de sair da cama.
Nova espécie de ave é descoberta na Grande SP
o Ibama anunciou ontem a descoberta de uma nova ave, o bicudinho-do- A expressão inimigos da aurora só faz sentido no interior desse texto:
brejo-paulista. «-lcre-se aos detentos que não gostam de levantar cedo. Seria muito
O Stymphalornissp.nov (a terminação indica que o animal não recebeu a { I iIicil detectar o referente da expressão fora do contexto: ele é constru ído
denominação definitiva da espécie) foi encontrado pelo professor Luís Fábio I t -xtualmente.
Silveira, do Departamento de Zoologia da USp, em áreas de brejo nos Trata-se de uma construção e reconstrução de referentes bastante
municípios de Paraitinga e Biritiba-Mirim, na Grande São Paulo, em fevereiro.
{'(»nplexa. Nessa construção intervêm não somente o saber construído
O pássaro tem pouco mais de 7O centímetros de comprimento, capacidade
pequena de vôo e penugem escura.
lingüisticamente pelo próprio texto e os conteúdos inferenciais que
1)( xlern ser calculados a partir dos elementos nele presentes (graças aos
Fonte: O Estado de S.Paulo, 6 maio 2005, p. A18. t'( inhecirnentos lexicais, enciclopédicos e culturais e aos lugares-comuns
de uma dada sociedade), como também os saberes, opiniões e juízos
oreferente principal - uma nova ave -, depois de introduzido, ' mobilizados no momento da interação autor - texto - leitor.
retomado por: o bicudinho-do-brejo-paulista, o Stymphalornissp.nov, o É claro que a reação do leitor poderá ser de consenso, se ele se
animal, o pássaro. «nquadrar na imagem dele construída pelo produtor do texto; ou de
discordância, se essa imagem estiver equivocada. Não há dúvida, também,
A referenciação constitui, portanto, uma atividade discursiva. (11..' que, se fossem outros o autor, o veículo, os interlocutores e o projeto
sujeito, por ocasião da interação verbal, opera sobre o material {k dizer do enunciador totalmente diversa seria a (re)construção dos
lingüístico que tem à sua disposição e procede a escolhas significativas objetos-de-discurso, em particular do referente em destaque.
para representar estados de coisas, de modo condizente com a sua
proposta de sentido (KOCH, 1999, 2002). Isto é, as formas d '
referenciação são escolhas do sujeito em interação com outros sujeit s, Estratégias de referenciação
em função de um querer-dizer. Os objetos-de-discurso não s '
confundem com a realidade extralingüística, eles a (re)constroem no Na construção dos referentes textuais, estão envolvidas as seguintes
próprio processo de interação. estratégias de referencíação.
A título de exemplificação do que acabamos de afirmar, vamos ler ()
texto a seguir:
• Introdução (construção): um "objeto" até então não mencionado
é introduzido no texto, de modo que a expressão lingüística q u '
TEXTO 2 o representa é posta em foco, ficando esse "objeto" saliente no
modelo textual. É o caso de uma nova ave, no exemplo I.
O dia começa às cinco para a turma que serve o café da manhã - carregam
• Retomada (manutenção): um "objeto" já presente no t -xto v
os pães e grandes vasilhames com café em carrinhos de ferro. Pelo guichê
rcativado por meio de uma forma refcrcncial, de mo 10 <)11l' ()
do c Ia trancadas surgem canecas e bules amassados, à medida que o
'1/(//)0 paSSe) Os inimigos da urora deixam a vasilha \café no guichê da ohjt't () cll' ti iscu rxo pcrmn nl\':l l'm foco, COI11() : rcont l'n' ('()1l1 .1',
1.'1 f 1 11I1I1I1l 1 1111 I I I
Legenda
entendam).
\
'I~ 111 I li. 1I Vil!. I d t lI( 11 • VdlHlcI Mana Elias
/
I 1(' rn '1''' I d, I I I
N() texto a seguir, vamos prestar atenção nos dois referentes em Retomada ou manutenção no modelo textual
d{·~t:lqLle:
numa rave. Mas o ambiente de Érika é outro. Única católica praticante da (reiteração de itens lexicais, sinônimos, hiperônimos, nomes genéricos,
família, neta de evangélicos, ela freqüenta um grupo de jovens católicos há expressões nominais etc.).
quatro anos e vai à igreja pelo menos duas vezespor semana. As principais estratégias de referenciação textual são, portanto,
Em agosto, pretende realizar um desejo antigo: participar de sua primeira as seguintes:
Jornada Mundial da Juventude. [. ..]
Uso de pronomes ou outras formas de valor pronominal
I onte: Folha de S.Paulo, 10 abro 2005.
Vejamos um exemplo:
..
1 I I' I", 11. I I.· 111011 M. 11 ri 111
Magda,
Desta parte quem cuida é o suporte técnico.
TEXTO 2
Por favor, envie uma mensagem para eles, apresentando, com clareza, a sua
dúvida que prontamente será atendida.
[}s Profa. Vanda
o vizinho:
, lçtàn ue,
~ que
_I
\lOr.
",ir roú'"•
• Uso de expressões nominais definidas ade qU3 '"l.'m:r b.:u:ulh,nh .
As expressões ou descrições nominais definidas, formas lingüísticas
c fu(~dcir.
constituídas, minimamente, de um determinante definido (artigo definido
ou pronome demonstrativo) seguido de um nome, caracterizam-se por
operar uma seleção, dentre as diversas propriedades caracterizadoras
de um referente - reais, co(n)textualmente determinadas ou intencio- com v ê tcntando ver
TEXTO 1
I,..,v l'\t'1l1pIO permite verificar que a escolha das cxpressocs dd'inid:I. ...,
• USO de expressões nominais indefinidas
1'111Il':ill'l' no texto, traz ao leitor/ouvinte informações importamos sohlt'
;\ rcferencíação pode dar-se, também, pelo uso de exprcssoes
,I.'" (ipin icx-s, crenças e atitudes do produtor do texto, auxiliando-o, dcss:1
nomínaís indefinidas, com função anafórica (e não, como t' 111.11.',
1111111:1, na construção do sentido,
«.uuctcrfstico, de introdução de novos referentes textuais). No CXl'Il1plli
Por outro lado, ao usar uma expressão definida, o locutor pode ,I seguir, o referente principal é construído textualmente con: ,I,'"
t.unbém ter o objetivo de dar a conhecer ao interlocutor, com os mais
cxpressões nominais indefinidas: um show, um show em Portugal.
\ :1riados propósitos, propriedades ou fatos relativos ao referente qu '
ucredita desconhecidos do parceiro, com o intuito de caracterízá-lo de
Eu lembro de um show, aliás, isto é uma exceção, não sei se é covardia dizer
determinada maneira, É o que revelam os exemplos a seguir:
isso agora, porque eu nunca disse para ele. Um show em Port~gal que a
gente fez, em Coimbra é tal, aqueles estudantes todos e fOI um tine!
TEXTO 3 apoteótico.
TEXTO 4
I ""ll' <l1"'1I1 matou Toninho do PT? Caros Amigos, n. 78, set. 2003, p. 27.