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PROJETO DE LEITURA
Coordenação: Maria José Nóbrega
Elaboração: Rosane Pamplona e Wagner Ribeiro Soares
Árvores e tempo de leitura
MARIA JOSÉ NÓBREGA
O que é, o que é,
Uma árvore bem frondosa
Doze galhos, simplesmente
Cada galho, trinta frutas
Com vinte e quatro sementes?1
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Há o tempo das escrituras e o tempo da interpessoais e, progressivamente, como re-
memória, e a leitura está no meio, no inter- sultado de uma série de experiências, se trans-
valo, no diálogo. Prática enraizada na expe- forma em um processo interno.
riência humana com a linguagem, a leitura é
uma arte a ser compartilhada. Somente com uma rica convivência com ob-
jetos culturais — em ações socioculturalmente
A compreensão de um texto resulta do res- determinadas e abertas à multiplicidade dos
gate de muitos outros discursos por meio da modos de ler, presentes nas diversas situações
memória. É preciso que os acontecimentos comunicativas — é que a leitura se converte
ou os saberes saiam do limbo e interajam com em uma experiência significativa para os alu-
as palavras. Mas a memória não funciona nos. Porque ser leitor é inscrever-se em uma
como o disco rígido de um computador em comunidade de leitores que discute os textos
que se salvam arquivos; é um espaço move- lidos, troca impressões e apresenta sugestões
diço, cheio de conflitos e deslocamentos. para novas leituras.
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1
In Meu livro de folclore, Ricardo Azevedo, Editora Ática.
2
A Bíblia de Jerusalém, Gênesis, capítulo 2, versículos 9 e 10, 16 e 17.
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✦ nas tramas do texto
Gênero:
Palavras-chave: • Compreensão global do texto a partir de
Áreas envolvidas: reprodução oral ou escrita do que foi lido ou
Temas transversais: de respostas a questões formuladas pelo pro-
Público-alvo: fessor em situação de leitura compartilhada.
• Apreciação dos recursos expressivos empre-
gados na obra.
PROPOSTAS DE ATIVIDADES • Identificação e avaliação dos pontos de vis-
ta sustentados pelo autor.
a) antes da leitura • Discussão de diferentes pontos de vista e
opiniões diante de questões polêmicas.
Os sentidos que atribuímos ao que se lê de- • Produção de outros textos verbais ou ainda
pendem, e muito, de nossas experiências an- de trabalhos que contemplem as diferentes lin-
teriores em relação à temática explorada guagens artísticas: teatro, música, artes plásti-
pelo texto, bem como de nossa familiarida- cas, etc.
de com a prática leitora. As atividades
sugeridas neste item favorecem a ativação ✦ nas telas do cinema
dos conhecimentos prévios necessários à
compreensão e interpretação do escrito. • Indicação de filmes, disponíveis em VHS ou
DVD, que tenham alguma articulação com a
• Explicitação dos conhecimentos prévios obra analisada, tanto em relação à temática
necessários à compreensão do texto. como à estrutura composicional.
• Antecipação de conteúdos tratados no tex-
to a partir da observação de indicadores como ✦ nas ondas do som
título da obra ou dos capítulos, capa, ilustra-
ção, informações presentes na quarta capa, etc. • Indicação de obras musicais que tenham
• Explicitação dos conteúdos da obra a par- alguma relação com a temática ou estrutura
tir dos indicadores observados. da obra analisada.
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JOEL RUFINO DOS SANTOS
O soldado que não era
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el dos oficiais portugueses, o Trinta Dia- QUADRO-SÍNTESE
bos. Sua generosidade não é menor: junto
com o novo companheiro José Luís, com- Gênero: romance histórico
pra — sem ter dinheiro, mas assinando um
compromisso — um jovem escravo, Lucas, Palavras-chave: independência do Bra-
que estava sendo castigado no tronco. Os sil, lutas do povo brasileiro, o papel da
três se tornam inseparáveis. Um dia o ve- mulher
lho Gonçalo aparece procurando a filha
que fugira há tempos; descobre que ela é, Áreas envolvidas: Língua Portuguesa,
na verdade, Medeiros. Quer levá-la embo- História, Geografia
ra, mas ela se recusa e continua lutando
ao lado daquele que agora se tornou seu Temas transversais: Ética, Pluralidade
namorado. Num combate decisivo, José cultural
Luís desaparece. A guerra vai chegando ao
fim. Maria Quitéria lidera um grupo de Público-alvo: alunos de 7a e 8a séries
mulheres que consegue afugentar os sol- do Ensino Fundamental
dados portugueses. No dia 2 de julho de
1823, desmoralizados, os portugueses dei-
xam a Bahia para sempre. A heroína Ma- PROPOSTAS DE ATIVIDADES
ria recebe das mãos do imperador D. Pedro
a insígnia da Ordem Imperial do Cruzeiro Antes da leitura
e a graça da alforria para o escravo Lucas.
Só não consegue o perdão do pai. Esse é o 1. Pouca gente sabe que o Brasil tem duas
relato que faz o homem, que revela ser o datas de independência: 7 de setembro e
corneteiro da tropa em que lutou o solda- 2 de julho, comemorado com festas ainda
do que não era... soldado. Trinta anos se hoje na Bahia. Instigue a curiosidade dos
passaram desde então. Todos vão procu- alunos perguntando se alguém sabe dis-
rar a velhinha, mas a encontram morta, so. Pergunte também se acham que a in-
ajoelhada aos pés do monumento da In- dependência do Brasil foi feita simples-
dependência. mente com um grito de D. Pedro. Recapi-
tulem juntos o quadro geral dos fatos re-
lacionados a essa data.
COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA
2. Apresente o livro à classe. Pergunte se
O autor narra, de forma romanceada, uma
conhecem o autor. Leia para eles alguns
história verídica, com personagens que
dados de sua biografia.
passaram para História do Brasil, mas que
poucos conhecem. É uma oportunidade de
3. O título do livro é instigante: o soldado
conhecer ou relembrar fatos ligados à In-
que não era... o quê? Proponha que fa-
dependência do Brasil, mas a trama, dinâ-
çam hipóteses.
mica e instigante, pode ser lida, como diz
o próprio autor, apenas como diversão. Ou,
4. Analise as imagens que compõem a capa
melhor ainda, pode fazer refletir sobre
de Marina Nakada: o corpo de uma arma
valores como a coragem, a generosidade,
de fogo antiga e uma flor. Metoni-
o sacrifício, o amor pela pátria e o apreço
micamente, a arma remete ao campo se-
à liberdade.
mântico da guerra, articulando-se à pala-
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vra “soldado” que integra o título. E a 5. Castro Alves, poeta baiano, escreveu um
flor? Provavelmente, se relaciona ao que poema intitulado “Ao dous de julho” em
parece ser, mas não é, ao “que não era”. Espumas Flutuantes, Porto Alegre, L&PM.
Verifique se entre as hipóteses surgem re- Leia-o para a classe e relacione-o ao livro
ferências ao feminino sugerido pela flor. de Joel Rufino dos Santos.
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ções sobre os motivos que levam a pouca ou Crônica de indomáveis delírios — Rio de Ja-
a nenhuma abordagem desse tema. neiro, Rocco
Gosto de África — São Paulo,Global
4. Promova uma discussão com os alunos
sobre a participação popular no processo Afinal, quem fez a República — São Paulo,
de independência do Brasil. Para que o FTD
debate possa ocorrer será preciso uma or-
ganização prévia com a busca das seguin- ◗ sobre o mesmo gênero e assunto
tes informações:
* Além do episódio da Bahia com Maria Café, suor e lágrimas — Luiz Galdino, São
Quitéria, quais outros movimentos popu- Paulo, Moderna
lares colaboraram para a independência do Cidadela de Deus: A saga de Canudos —
Brasil? Gilberto Martins, São Paulo, Moderna
* Que mudanças econômicas, sociais e po-
A última tropa — Domingos Pellegrini, São
líticas ocorreram após a independência de
Paulo, Moderna
1822?
* Quais grupos sociais se beneficiaram com O ciclo da soja — Fernando Vaz, São Paulo,
a independência? Saraiva
* Como foi o processo de independência
de outros países da América Latina, espe- ◗ leitura de desafio
cialmente o do Haiti?
Não são as Iutas pela independência do
DICAS DE LEITURA Brasil, mas do Rio Grande do Sul, que am-
bientam A casa das sete mulheres, épico
◗ do mesmo autor que serviu de base para a minissérie da Rede
Globo. Escrito por Letícia Wierzchowsky, foi
Quando voltei tive uma surpresa — Rio de editado pela Record.
Janeiro, Rocco