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Leitor crítico — Jovem Adulto

Leitor crítico — 7ª e 8ª séries


Leitor fluente — 5ª e 6ª séries

STANISLAW PONTE PRETA


Dois amigos e um chato

PROJETO DE LEITURA
Coordenação: Maria José Nóbrega
Elaboração: Alfredina Nery
Árvores e tempo de leitura
MARIA JOSÉ NÓBREGA

O que é, o que é,
Uma árvore bem frondosa
Doze galhos, simplesmente
Cada galho, trinta frutas
Com vinte e quatro sementes?1

Enigmas e adivinhas convidam à decifra- Alegórica árvore do tempo…


ção: “trouxeste a chave?”.
A adivinha que lemos, como todo e qual-
Encaremos o desafio: trata-se de uma ár- quer texto, inscreve-se, necessariamente, em
vore bem frondosa, que tem doze galhos, um gênero socialmente construído e tem,
que têm trinta frutas, que têm vinte e qua- portanto, uma relação com a exterioridade
tro sementes: cada verso introduz uma nova que determina as leituras possíveis. O espa-
informação que se encaixa na anterior. ço da interpretação é regulado tanto pela
organização do próprio texto quanto pela
Quantos galhos tem a árvore frondosa? memória interdiscursiva, que é social, histó-
Quantas frutas tem cada galho? Quantas se- rica e cultural. Em lugar de pensar que a
mentes tem cada fruta? A resposta a cada uma cada texto corresponde uma única leitura,
dessas questões não revela o enigma. Se for é preferível pensar que há tensão entre uma
familiarizado com charadas, o leitor sabe que leitura unívoca e outra dialógica.
nem sempre uma árvore é uma árvore, um Um texto sempre se relaciona com outros
galho é um galho, uma fruta é uma fruta, uma produzidos antes ou depois dele: não há como
semente é uma semente… Traiçoeira, a árvo- ler fora de uma perspectiva interdiscursiva.
re frondosa agita seus galhos, entorpece-nos
com o aroma das frutas, intriga-nos com as Retornemos à sombra da frondosa árvore
possibilidades ocultas nas sementes. — a árvore do tempo — e contemplemos ou-
tras árvores:
O que é, o que é?
Deus fez crescer do solo toda es-
Apegar-se apenas às palavras, às vezes, é
pécie de árvores formosas de ver e
deixar escapar o sentido que se insinua nas
boas de comer, e a árvore da vida
ramagens, mas que não está ali.
no meio do jardim, e a árvore do
Que árvore é essa? Símbolo da vida, ao
conhecimento do bem e do mal. (…)
mesmo tempo que se alonga num percurso
E Deus deu ao homem este manda-
vertical rumo ao céu, mergulha suas raízes
mento: “Podes comer de todas as
na terra. Cíclica, despe-se das folhas, abre-se
árvores do jardim. Mas da árvore do
em flores, que escondem frutos, que prote-
conhecimento do bem e do mal não
gem sementes, que ocultam coisas futuras.
comerás, porque no dia em que dela
“Decifra-me ou te devoro.” comeres terás de morrer”.2
Qual a resposta? Vamos a ela: os anos, que Ah, essas árvores e esses frutos, o de-
se desdobram em meses, que se aceleram em sejo de conhecer, tão caro ao ser huma-
dias, que escorrem em horas. no…

2
Há o tempo das escrituras e o tempo da interpessoais e, progressivamente, como re-
memória, e a leitura está no meio, no inter- sultado de uma série de experiências, se trans-
valo, no diálogo. Prática enraizada na expe- forma em um processo interno.
riência humana com a linguagem, a leitura é
uma arte a ser compartilhada. Somente com uma rica convivência com ob-
jetos culturais — em ações socioculturalmente
A compreensão de um texto resulta do res- determinadas e abertas à multiplicidade dos
gate de muitos outros discursos por meio da modos de ler, presentes nas diversas situações
memória. É preciso que os acontecimentos comunicativas — é que a leitura se converte
ou os saberes saiam do limbo e interajam com em uma experiência significativa para os alu-
as palavras. Mas a memória não funciona nos. Porque ser leitor é inscrever-se em uma
como o disco rígido de um computador em comunidade de leitores que discute os textos
que se salvam arquivos; é um espaço move- lidos, troca impressões e apresenta sugestões
diço, cheio de conflitos e deslocamentos. para novas leituras.

Empregar estratégias de leitura e desco- Trilhar novas veredas é o desafio; transfor-


brir quais são as mais adequadas para uma mar a escola numa comunidade de leitores é
determinada situação constituem um proces- o horizonte que vislumbramos.
so que, inicialmente, se produz como ativi-
dade externa. Depois, no plano das relações Depende de nós.

__________
1
In Meu livro de folclore, Ricardo Azevedo, Editora Ática.
2
A Bíblia de Jerusalém, Gênesis, capítulo 2, versículos 9 e 10, 16 e 17.

DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA pertence, analisando a temática, a perspec-


tiva com que é abordada, sua organização
UM POUCO SOBRE O AUTOR estrutural e certos recursos expressivos em-
pregados pelo autor.
Procuramos contextualizar o autor e sua obra Com esses elementos, o professor irá identi-
no panorama da literatura brasileira para jo- ficar os conteúdos das diferentes áreas do co-
vens e adultos. nhecimento que poderão ser abordados, os
temas que poderão ser discutidos e os recur-
RESENHA sos lingüísticos que poderão ser explorados
para ampliar a competência leitora e escri-
Apresentamos uma síntese da obra para que tora dos alunos.
o professor, antecipando a temática, o en-
redo e seu desenvolvimento, possa avaliar QUADRO-SÍNTESE
a pertinência da adoção, levando em conta
as possibilidades e necessidades de seus O quadro-síntese permite uma visualização
alunos. rápida de alguns dados a respeito da obra e
de seu tratamento didático: a indicação do
COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA gênero, das palavras-chave, das áreas e te-
mas transversais envolvidos nas atividades
Apontamos alguns aspectos da obra, consi- propostas; sugestão de leitor presumido para
derando as características do gênero a que a obra em questão.

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✦ nas tramas do texto
Gênero:
Palavras-chave: • Compreensão global do texto a partir de
Áreas envolvidas: reprodução oral ou escrita do que foi lido ou
Temas transversais: de respostas a questões formuladas pelo pro-
Público-alvo: fessor em situação de leitura compartilhada.
• Apreciação dos recursos expressivos empre-
gados na obra.
PROPOSTAS DE ATIVIDADES • Identificação e avaliação dos pontos de vis-
ta sustentados pelo autor.
a) antes da leitura • Discussão de diferentes pontos de vista e
opiniões diante de questões polêmicas.
Os sentidos que atribuímos ao que se lê de- • Produção de outros textos verbais ou ainda
pendem, e muito, de nossas experiências an- de trabalhos que contemplem as diferentes lin-
teriores em relação à temática explorada guagens artísticas: teatro, música, artes plásti-
pelo texto, bem como de nossa familiarida- cas, etc.
de com a prática leitora. As atividades
sugeridas neste item favorecem a ativação ✦ nas telas do cinema
dos conhecimentos prévios necessários à
compreensão e interpretação do escrito. • Indicação de filmes, disponíveis em VHS ou
DVD, que tenham alguma articulação com a
• Explicitação dos conhecimentos prévios obra analisada, tanto em relação à temática
necessários à compreensão do texto. como à estrutura composicional.
• Antecipação de conteúdos tratados no tex-
to a partir da observação de indicadores como ✦ nas ondas do som
título da obra ou dos capítulos, capa, ilustra-
ção, informações presentes na quarta capa, etc. • Indicação de obras musicais que tenham
• Explicitação dos conteúdos da obra a par- alguma relação com a temática ou estrutura
tir dos indicadores observados. da obra analisada.

b) durante a leitura ✦ nos enredos do real


São apresentados alguns objetivos orienta- • Ampliação do trabalho para a pesquisa de
dores para a leitura, focalizando aspectos que informações complementares numa dimen-
auxiliem a construção dos sentidos do texto são interdisciplinar.
pelo leitor.
DICAS DE LEITURA
• Leitura global do texto.
• Caracterização da estrutura do texto.
Sugestões de outros livros relacionados de
• Identificação das articulações temporais e
alguma maneira ao que está sendo lido, es-
lógicas responsáveis pela coesão textual.
timulando o desejo de enredar-se nas vere-
• Apreciação de recursos expressivos empre-
das literárias e ler mais:
gados pelo autor.
◗ do mesmo autor;
c) depois da leitura
◗ sobre o mesmo assunto e gênero;
São propostas atividades para permitir melhor ◗ leitura de desafio.
compreensão e interpretação da obra, indican-
do, quando for o caso, a pesquisa de assuntos Indicação de título que se imagina além do
relacionados aos conteúdos das diversas áreas grau de autonomia do leitor virtual da obra
curriculares, bem como a reflexão a respeito analisada, com a finalidade de ampliar o ho-
de temas que permitam a inserção do aluno rizonte de expectativas do aluno-leitor, en-
no debate de questões contemporâneas. caminhando-o para a literatura adulta.

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STANISLAW PONTE PRETA
Dois amigos e um chato

UM POUCO SOBRE O AUTOR

Sérgio Porto usou o pseudônimo Stanislaw que várias se incorporam ao repertório das
Ponte Preta, emprestado a Oswald de piadas, como Inferno Nacional, A velha con-
Andrade de Memórias de Serafim Ponte trabandista, À beira-mar, etc. Os temas das
Grande. Dizem seus estudiosos que, no livro crônicas são diversos, porém há um fio co-
de Oswald, teria encontrado também seu mum a todas: o descortinar de um cotidiano
grande filão: a irreverência. Produziu uma rico, contraditório, complexo, disfarçado na
obra carioquíssima, até hoje insuperável, aparente simplicidade, retratado pela obje-
transpondo para jornais, revistas e livros o sa- tiva de um narrador astuto e sensível às pe-
boroso coloquial do Rio de Janeiro. Criador quenas grandes mazelas do viver em socie-
de Tia Zulmira, Rosamundo e Primo dade. Tudo isso encorpado por um trabalho
Altamirando, foi com Festival de Besteira que singular de linguagem em que “o que é dito”
Assola o País — FEBEAPÁ, lançado em plena se entrelaça ao “como é dito”, transbordan-
vigência do regime militar de 1964, que ele do humor por todos os lados.
alcançou seu grande sucesso. Irreverente,
Stanislaw afirmava ser difícil precisar o dia COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA
em que as besteiras começaram a assolar o
Brasil. Era um mestre das comparações enfá- Stanislaw faz desfilar aos olhos do leitor uma
ticas: Mais inchada do que cabeça de série de tipos humanos da vida urbana cari-
botafoguense, Mais suado do que o marcador oca (e brasileira) desvelando, com perspicá-
de Pelé, Mais feia do que mudança de pobre, cia e fino humor, as contradições, os anacrô-
Mais murcho do que boca de velha. nicos costumes sociais, as pequenas perver-
sidades cotidianas, as tensas relações do in-
RESENHA divíduo comum, do governo com seus esque-
mas burocráticos.
O livro reúne 39 crônicas que foram, origi- Ler os textos do autor é sempre conhecer um
nalmente, publicadas na imprensa entre pouco mais a alma humana, em geral, e a do
1950 e 1960. Muitas delas são verdadeiros brasileiro, em particular. Em Dois amigos e um
clássicos da crônica de humor, de tal forma chato, Stanislaw mostra uma espécie de cum-

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plicidade com suas personagens, pois sua pers- • Localize os títulos que dão indicadores mais
pectiva é tão comprometida com o outro, que precisos do que será tratado, por exemplo:
é possível dizer que há nele uma crítica que O menino que chupou a bala errada, em que
compreende e uma compreensão que critica. o autor brinca com duas acepções da pala-
vra “bala”: um doce e munição de arma de
QUADRO-SÍNTESE fogo. Questionar o grupo, antes da leitura
da crônica propriamente dita, procurando
Gênero: crônica de humor saber: Em que circunstâncias seria possível um
garoto chupar uma bala errada?
Palavras-chave: cotidiano, vida urbana, • Ainda trabalhando com o sumário, esco-
crítica política lha títulos mais difíceis para a criação de ex-
pectativas sobre o conteúdo da obra, por
Áreas envolvidas: Língua Portuguesa exemplo, a crônica Divisão. Pode ser um tex-
to sobre matemática? Uma divisória de pa-
Temas transversais: Pluralidade cultural rede? Um objeto que vai ser dividido? Um
testamento de alguém para seus herdeiros?
Público-alvo: jovem adulto Faça com que os alunos soltem a imaginação
e façam suas “apostas”.

PROPOSTAS DE ATIVIDADES Durante a leitura


1. Peça aos alunos que confrontem as hipó-
Antes da leitura teses levantadas para as crônicas com a se-
1. A ilustração da capa do livro, que emprega qüência narrativa elaborada por Stanislaw.
o traço próprio dos cartuns, já é um indicador Comente que comparar as hipóteses
do humor existente nas crônicas do volume. sugeridas pelo título com as escolhas do au-
Verifique se seus alunos estabelecem essa re- tor não é determinar o “certo” ou o “erra-
do”, mas é trabalhar com possibilidades. O
lação.
leitor lê, tendo em vista seus conhecimentos
de mundo e sua experiência leitora, mas sua
2. O conhecimento das características da pro- leitura apóia-se também nas pistas presen-
dução literária de um autor também ajuda a tes no texto.
construir expectativas a respeito da temática de
um livro. Stanislaw Ponte Preta notabilizou-se 2. Proponha que todos leiam a crônica que
pela produção de crônicas de humor irreverente. dá título ao livro Dois amigos e um chato.
Verifique se os alunos conhecem o autor e se Antecipe que a escolha dos nomes das per-
apóiam nesse conhecimento para construir ex- sonagens não é aleatória, para que obser-
pectativas a respeito da temática do livro. vem como esse recurso concorre para a cons-
trução do humor.
3. Proponha que os alunos folheiem o livro.
Analisem a página de rosto e o sumário. Lei- 3. Sugira que cada aluno leia as crônicas que
am as referências bibliográficas ao final e o quiser e que, depois, escolha uma para falar
item Autor e Obra. Discuta sobre a impor- dela aos colegas.
tância de se conhecer o contexto em que a
obra foi produzida para ampliar a compre- 4. Comente que é comum em livros que reú-
ensão do texto. nem crônicas, contos, poemas adotar o título
de um dos textos que integram o volume
4. Leia o sumário com os alunos e levantem como título geral da obra. Peça que selecio-
hipóteses sobre os assuntos das crônicas, a nem uma outra crônica que, na opinião de-
partir da análise dos títulos. les, mereceria ser o título do livro.

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Depois da leitura 4. Cada profissão tem seu jeito próprio de
usar a língua. Aproveite a crônica Repórter
✦ nas tramas do texto
policial para discutir com os alunos este as-
1. Faça uma “roda da leitura” com toda a pecto da variação lingüística. De acordo com
turma para conversar sobre as crônicas o texto, o locutor esportivo tem uma língua
selecionadas. Sabemos que ampliamos nos- especial, assim como o repórter policial. Ana-
so repertório textual também com a contri- lisar com os alunos o vocabulário específico
buição de outros leitores. Provavelmente, em da crônica policial, como “nosocômio” (hos-
outro momento, os alunos vão querer ler pital), “diligência” (investigação), “Mister X”
algumas crônicas do livro escolhidas pelos (suspeito), “causídico” (advogado), etc.
colegas.
5. A maneira como uma pessoa fala, permite
2. Organize a turma em duplas ou trios e que se construam algumas hipóteses sobre ela,
peça que escolham: por exemplo, de onde ela é, a que segmento
• uma das crônicas para explicar como o social pertence, idade aproximada, etc. Na crô-
humor é construído. É possível que os alu- nica Latricério, Latricério, porteiro do prédio
nos levantem como recurso: a quebra de do narrador-personagem, tinha um linguajar
expectativa, como em Testemunha tranqüi- difícil. Ao longo do texto, o leitor vai conhe-
la; o inusitado da situação, como em Vai cendo a forma muito singular que caracteriza
descer?!; o jogo de palavras, como em O lei- a linguagem deste personagem, o que torna o
lão de Santo Antônio; as escolhas lexicais, texto engraçado, de um lado, e, de outro, per-
com em Repórter policial, etc. mite perceber a profunda simpatia do narrador
• uma das seguintes crônicas: Brasil, 2063, Do por Latricério: conviver com ele era um puro
teatro de Mirinho, O milagre, Ladrões exercício de compreensão de linguagem. Re-
estilistas, Fábula de dois leões, Vamos acabar fletir com os alunos como a questão das varie-
com esta folga, A ignorância ao alcance de dades lingüísticas é repleta de estereótipos e
todos, Panacéia indígena, para explicitar sob pode gerar muito preconceito.
qual perspectiva é feita a sátira social, a críti-
ca ao governo ou à burocracia. 6. A crônica A garota-propaganda, coitadi-
• uma das seguintes crônicas: Pedro — o ho- nha! é uma sátira ao mundo da propagan-
mem da flor, Zezinho e o Coronel, O sabiá do da. Nesse texto há uma estreita relação en-
Almirante, O psicanalisado, Levantadores de tre o plano do conteúdo e o plano da ex-
copo, para descrever alguns tipos humanos. pressão, ou seja, o tema e a linguagem estão
• uma das três crônicas: À beira-mar, A velha imbricados num mesmo tecido textual. Soli-
contrabandista, Inferno Nacional, para contá- citar que os alunos levantem slogans e ex-
la oralmente em forma de piada. pressões relativas à publicidade para perce-
ber os efeitos de sentidos obtidos com esses
3. Discuta com a turma as crônicas O suicí- recursos.
dio de Rosamundo e Vai descer?!, que têm
como protagonista Rosamundo, um dos mais 7. As crônicas Cartãozinho de Natal e Ano-
queridos personagem de Stanislaw. Prova- Bom subvertem alguns costumes sociais,
velmente, na primeira crônica, os alunos se olhando-os sob outra perspectiva: a primei-
dividirão ao avaliar o comportamento de ra questiona o Natal como evento comerci-
Rosamundo em relação à mulher amada. al, e a segunda critica a idéia de que o Ano
Muitos vão perceber a quebra de expectati- Novo seja realmente renovador e não ape-
va do final do texto e a sutil crítica ao go- nas mais um ano como os outros. Elabore
verno. No segundo texto, a situação inusita- uma lista com outras datas comemorativas e
da em que se mete Rosamundo é responsá- desafie os alunos a escrever uma crônica in-
vel pelo humor da crônica. vertendo a lógica da comemoração. Organi-

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ze depois uma publicação com estas produ- ✦ nas telas do cinema
ções cujo título poderia ser “Revisitação”.
Sábado, de Ugo Giorgetti, é uma crônica da
cidade grande, em linguagem cinematográ-
8. Pesquisar em revistas e jornais charges ou
fica. A ação acontece em apenas um sábado,
tirinhas que façam crítica social. Trazer para a
num velho edifício de São Paulo, e investiga
classe e chamar a atenção dos alunos para a
o conflito entre classes sociais.
força da imagem e do poder de síntese destes
gêneros textuais. Organizar os alunos em gru-
DICAS DE LEITURA
pos para que cada um escolha uma crônica
do livro, transformando-a em outra lingua-
◗ do mesmo autor
gem: charge ou tirinha. Fazer um varal com
estas produções. Tia Zulmira e eu — Rio de Janeiro, Civiliza-
ção Brasileira
9. Na crônica Cartãozinho de Natal, o narrador FEBEAPA vol. 1 — Rio de Janeiro, Civilização
usa o provérbio Malandro prevenido dorme de Brasileira
botina, para finalizar o texto. Solicitar que os FEBEAPA vol. 2 — Rio de Janeiro, Civilização
alunos leiam as crônicas A vontade do faleci- Brasileira
do, Testemunha ocular, O boateiro e atribuam
possíveis provérbios a cada uma. Uma suges- ◗ sobre o mesmo gênero
tão poderia ser: Para esperto, esperteza e meia,
A Borboleta Amarela — Rubem Braga, Rio
para a primeira; Gato escaldado tem medo de
de Janeiro, Record
água fria, para a segunda; Pau que nasce tor-
As melhores crônicas — Fernando Sabino, Rio
to, morre torto, para a terceira. Trabalhar com
de Janeiro, Record
provérbios é uma boa oportunidade de recu-
As comédias para se ler na escola — Luís
perar parte do nosso patrimônio cultural.
Fernando Veríssimo, Rio de Janeiro, Objetiva
10. A crônica é composta de apenas uma cena
◗ leitura de desafio
ou flash do cotidiano. Em geral, é usado o dis-
curso direto, como forma de dar agilidade à A carta de Pero Vaz de Caminha — São Pau-
narrativa. Assim, este gênero pode propiciar lo, Moderna
um bom trabalho de leitura em voz alta. Or-
ganize os alunos em grupos, para que façam A crônica, na sua origem, designava uma re-
leituras dramáticas das crônicas. Dê tempo para lação de acontecimentos numa seqüência cro-
que haja ensaios, na busca de uma melhor nológica. Assim, esteve relacionada aos regis-
expressividade, tendo em vista a audiência. tros dos feitos da humanidade, em especial
da nobreza. É nesse sentido que se pode di-
11. A crônica, como gênero híbrido entre zer que Pero Vaz de Caminha foi o primeiro
jornalismo e literatura, tem seu espaço nos cronista do Brasil, pois na carta para o rei D.
jornais e revistas, a partir de fatos noticia- Manuel retratou tanto o modo de vida dos
dos ou de episódios do dia-a-dia. Organizar índios como o cenário da nova terra.
um mural com crônicas publicadas recente- Escolha trechos desta carta para ler com os
mente em jornais e revistas e estabelecer as alunos, selecionando os detalhes que regis-
conexões com o noticiário ou com o cotidi- tram os primeiros contatos entre indígenas
ano. e europeus.

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