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Pensamento e Linguagem:

Uma Visão Interacionista

Conteudista
Prof. Me. Pascoal Fernando Ferrari

Revisão Textual
Prof.ª Aline de Fátima Camargo da Silva
Sumário

Objetivos da Unidade.............................................................................................................3

Contextualização................................................................................................................... 4

Introdução............................................................................................................................... 5

Pensamento, Linguagem e os Interacionistas................................................................. 9

Pensamento, Linguagem e a Palavra Escrita...................................................................17

A Integração Social no Desenvolvimento do Pensamento e da Linguagem............21

Atividades de Fixação.........................................................................................................24

Material Complementar..................................................................................................... 25

Referências............................................................................................................................ 26

Gabarito................................................................................................................................. 27
Objetivos da Unidade

• Conhecer a visão interacionista a respeito do desenvolvimento do pensamen-


to e da linguagem humana;

• Compreender de que forma a visão interacionista contribuiu para a área de


conhecimento na qual você pretende se graduar;

• Estabelecer um contato inicial com as obras de Vygotsky e Piaget.

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VOCÊ SABE RESPONDER?

Observe a interação entre uma criança e sua família durante situações cotidianas,
tais como refeições, brincadeiras ou momentos de leitura. Como você percebe que
essas interações influenciam o desenvolvimento da linguagem da criança? Quais es-
tratégias e práticas da família você identifica como promotoras do enriquecimento
do vocabulário e da fluência verbal da criança?

Contextualização
A ideia de correlacionarmos os conceitos Pensamento, Linguagem e Desenvolvi-
mento Humano, suscita diversos questionamentos. Sendo assim, iremos fazer, a
princípio, uma breve revisão histórica a respeito do surgimento da linguagem falada
e da língua escrita. Em seguida, estudaremos o pensamento e a linguagem dentro da
dimensão interacionista com base nas contribuições de Vygotsky e Piaget. E, finali-
zaremos a unidade buscando entender e refletindo sobre a importância da interação
social no desenvolvimento do pensamento e da linguagem.

Quanto às atividades propostas na unidade, é importante que você realize todas


com afinco e determinação. Teste seus conhecimentos respondendo às questões
propostas, observe o que você já sabe, bem como o que precisa ainda saber e am-
plie seus conhecimentos lendo o material complementar.

Leitura
Para o momento de contextualização, suge-
rimos que leia o breve artigo, da revista Nova
Escola, “O que ensinar em Língua Portuguesa”,
disponível no QR Code ao lado. A leitura do tre-
cho “Concepções de linguagem alteram modo
de ensinar” é importante para que você enten-
da por que a prática diária da leitura e da escri-
ta, em atividades mediadas pelo professor, é
fundamental quando se considera a linguagem
uma forma de interação social.

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Introdução
Nesta unidade, estudaremos a construção do pensamento e da linguagem humana
com base em uma perspectiva interacionista. A matriz do conhecimento interacio-
nista, na Psicologia, está associada principalmente à teoria de Lev Vygotsky e Jean
Piaget, além de outros autores.

Reflita
A ideia de correlacionarmos os conceitos Pensamento, Lingua-
gem e Desenvolvimento Humano suscita diversos questiona-
mentos. Pensamos em forma de palavras ou imagens? Como a
linguagem e o pensamento podem influenciar o nosso desen-
volvimento? Qual a importância da linguagem e do pensamento
para o processo de comunicação humana? Qual a relação entre
linguagem, pensamento e a educação?

São tantos questionamentos possíveis que poderíamos nos perder no meio de tan-
tas palavras e interrogações. Todavia, para podermos trocar ideias e chegarmos a
alguma conclusão ou construirmos conhecimento a respeito do tema, teremos que
nos comunicar mediante uma linguagem. A Língua ou o sistema de comunicação
e expressão verbal ou não verbal permite que os indivíduos expressem suas ideias,
seus pensamentos, suas emoções e desejos. Esse sistema de comunicação, que se
manifesta por diferentes maneiras de falar ou escrever, está intimamente ligado à
sua época e ao local do acontecimento. Para ressaltarmos a importância da comuni-
cação entre as pessoas, vamos fazer referência à história bíblica da “Torre de Babel”.
Você se lembra dessa história?

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Figura 1 – A Torre de Babel, por Pieter Bruegel
Fonte: Wikimedia Commons
#ParaTodosVerem: a imagem mostra uma pintura clássica intitulada “A Torre de Babel”, criada por Pieter Brue-
gel. A cena retratada é uma representação da famosa narrativa bíblica sobre a sua construção. A pintura apre-
senta uma cena movimentada e detalhada, repleta de personagens e elementos arquitetônicos. No centro da
composição, vemos a enorme estrutura da torre, que se ergue majestosamente ao longo de toda a imagem. A
torre é representada como uma construção maciça, com múltiplos andares. Fim da descrição.

A história é encontrada em Gênesis e, segundo sua narrativa, em toda a Terra, havia


somente uma língua. E, na planície entre os rios Tigre e Eufrates, na antiga Mesopo-
tâmia, foi construída uma grande torre chamada Babel. O objetivo dessa construção
era erigir uma torre cujo cume chegasse até o céu, para que os homens ficassem em
igualdade com Deus. Essa intenção aparece como uma afronta dos homens a Deus.

Desse modo, Deus parou a construção com uma grande ventania e depois
castigou os homens, fazendo com que eles falassem várias línguas, a fim
de que não se entendessem mais e não pudessem voltar a construir uma
torre com esse propósito. Essa história é usada para explicar a existência de
muitas línguas entre os homens.

A partir dessa narrativa, podemos ponderar a respeito da importância da comuni-


cação entre os indivíduos e entre as diversas etnias. Certamente, qualquer relação
interpessoal é capaz de “ruir”, caso não haja algo que a mantenha, e a linguagem
pode ser o elemento de união ou, então, de separação.

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Reflita
Agora, pense na relação professor aluno e observe o quanto é
importante falarmos a mesma “língua” na escola. Para construir-
mos conhecimento a respeito de determinado tema, é necessá-
rio estabelecer um processo de comunicação entre o professor
e o aluno e também entre os próprios alunos.

Nesse processo, devemos considerar que a língua a qual usamos para nos comuni-
car é, em certo sentido, volátil e muda dependendo do tempo e do lugar. É o caso da
internet, que, paulatinamente, vem incluindo novas palavras e expressões ao nosso
vocabulário cotidiano, ou, o caso das gírias, que também acrescentam palavras ao
nosso repertório, ocasionando, assim, uma mudança constante em nossa forma de
expressão e comunicação, em nossa forma de falar e escrever. Sendo assim, a esco-
la e o professor devem ficar atentos às mudanças ocorridas em nossa língua.

Quando o homem apareceu no


reino animal, surgiu a necessidade
de comunicação entre os seme-
lhantes. Essa comunicação se ini-
ciou com gestos, movimentos e
expressões que simbolizavam uma
ideia e, posteriormente, associou-
-se a ideia a um respectivo som.
Assim, a ideia foi transformada em
um som ou em uma palavra falada,
mesmo que de forma rudimentar.
Ao longo do tempo, o homem foi
criando palavras, frases, transmi-
tindo oralmente suas impressões,
sentimentos, desejos e também
suas histórias. Nasceu, então, a lín-
gua e, com ela, podemos inferir que
nasceu também a cultura humana.

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Durante esse processo, surgiu a necessidade de grafar essas ideias e o homem pas-
sou a fazer registros em suas cavernas, os quais são encontrados, até hoje, na Arte
Rupestre. Arte Rupestre é a denominação dada a desenhos e registros iconográficos
feitos pelos homens pré-históricos nas cavernas onde moravam; são representa-
ções artísticas realizadas há mais de 40.000 anos a.C., ainda no período Paleolítico.
É a fase da História que precede a escrita. Veja a imagem:

Figura 2 – Arte Rupestre


Fonte: Reprodução
#ParaTodosVerem: a imagem retrata uma parede de rocha coberta com diversas pinturas, conhecidas como arte
rupestre. A composição mostra uma variedade de figuras e símbolos representados nas pinturas. Alguns dos dese-
nhos incluem animais como bisões, cavalos, mamutes e cervos, retratados de forma estilizada. Também são visí-
veis figuras humanas, algumas em atividades como caça ou dança, e outras em formas abstratas. Fim da descrição.

Paulatinamente, os homens foram vinculando esses símbolos entre si e construíram


um sistema de códigos, pelo qual se comunicavam. As diferentes etnias construíram
códigos próprios, tais como os sumérios, povo ao qual se atribui o advento da escrita.

Das paredes das cavernas, os homens começaram a escrever em pergaminhos de


couro e, mais tarde, os egípcios inventaram um “papel”, feito de uma planta chama-
da papiro, o qual continha a escrita grafada e era armazenado em forma de rolos. Em
1456, Hans Gutemberg inventou a imprensa e, assim, a língua escrita foi difundida
em passo acelerado. A educação apropriou-se, amplamente, dessa forma de comu-
nicação, construindo-se sobre ela.

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Pensamento, Linguagem e os
Interacionistas
Iniciaremos nossos estudos a partir do pensamento de Lev Semenovich Vygotsky,
que nasceu em 1896, na Bielorrússia, e morreu em 1934, e desenvolveu seus estudos
na Universidade de Moscou. Com o fim da chamada “Guerra Fria”, nos anos 1980, en-
tre os Estados Unidos e a União Soviética, seu trabalho se expandiu para todo o mun-
do e suas ideias se propagaram com força na educação contemporânea mundial.

Vygotsky e seus colaboradores investigaram, em profundidade, o universo do pen-


samento e da linguagem, temática que, por diversas vezes, é abordada pela Psicolo-
gia e que se revela como um importante componente na formação de professores
das séries iniciais. Compreender as relações entre o pensamento e a linguagem é
fundamental para entendermos o desenvolvimento afetivo e cognitivo da criança e,
consequentemente, melhorarmos a prática educativa.

Figura 3 – Vygotsky
Fonte: Wikimedia Commons
#ParaTodosVerem: a imagem mostra um retrato de Lev Vygotsky. Ele é representado como um homem de
meia-idade, com cabelos escuros e olhos penetrantes. Ele está vestindo um terno formal e está posicionado de
frente para a câmera. Seu rosto transmite uma expressão séria. Fim da descrição.

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Com base na abordagem interacionista, partiremos da premissa de que pensamento
e linguagem se inter-relacionam de forma complexa e sofrem influências recíprocas,
apesar de serem fenômenos humanos distintos.

Com diferentes procedências, pensamento e linguagem são, inicialmente, diferen-


ciados. O pensamento não nasce com as palavras e a linguagem não nasce dentro
de uma lógica racional, porém, nos indivíduos, por volta de dois anos de idade, o
pensamento e a linguagem encontram-se e modificam-se. O pensamento amplia-
-se para a forma verbal (em palavras) e a linguagem começa a se tornar racional e
intelectualmente compreendida, permitindo o aparecimento da comunicação entre
os indivíduos por meio de palavras e frases.

Com relação às crianças, veja o que Vygotsky diz a respeito do desenvolvimento do


pensamento e da linguagem:

[...] Também no estágio inicial do desenvolvimento da criança, podería-


mos, sem dúvida, constatar a existência de um estágio pré-intelectual no
processo de formação da linguagem e de um estágio pré linguagem no
desenvolvimento do pensamento. O pensamento e a palavra não estão
ligados entre si por um vínculo primário. Este surge, modifica-se no pro-
cesso do próprio desenvolvimento do pensamento e da palavra.
VYGOTSKY, 2001, p. 369

Observe que Vygotsky defende a ideia de que pensamento e linguagem são fe-
nômenos distintos e de que o desenvolvimento de ambos é modificado por sua
própria influência.

Quanto à palavra, não podemos pensá-la destituída de significado. A palavra e seu


significado devem estar associados, todavia devemos considerar a mutabilidade do
significado da palavra. Por exemplo, quando crianças, muitas vezes, nomeamos as
coisas de forma particular e, com o decorrer do tempo, vamos atribuindo novos
significados às coisas e às próprias palavras. Segundo Vygotsky (2001, p. 399): “O
significado da palavra, uma vez estabelecido, não pode deixar de desenvolver-se e
sofrer modificações”.

Embasados pela teoria interacionista, podemos dizer que, apesar de objeto


e palavra formarem uma estrutura única, não podemos conceber essa re-
lação como um simples vínculo associativo entre palavra e seu significado.
Essa é uma relação complexa e compõe uma mutabilidade em seu desen-
volvimento singular.

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Vygotsky (2001) estudou com profundidade o tema, criticou os estudos anteriores
aos dele por não considerarem a questão da mutabilidade no desenvolvimento do
pensamento e da linguagem. Com muito respeito, faz observações sobre a obra
de Piaget, principalmente no que tange às questões do egocentrismo na infância.
Igualmente, levanta questionamentos acerca da teoria da Gestalt por não considerar
a transformação do significado das palavras.

Glossário
A Semântica, que é o estudo do significado das palavras de uma
língua, dedica-se a verificar as relações entre os signos e aquilo
que eles significam.

A visão interacionista nos convida a pensar no âmbito histórico-cultural; as determi-


nações que a cultura apresenta no desenvolvimento da linguagem e do pensamento
humano são inegáveis. Luria, um dos colaboradores de Vygotsky, relata sua pesquisa
a respeito das diferenças culturais de pensamento. Durante a pesquisa foram mos-
trados alguns símbolos, círculos ou quadrados, aos participantes e foi-lhes solicitado
que associassem esses símbolos a algo e os agrupassem. Como exemplo, um círculo
foi categorizado como um prato.

A referida pesquisa, feita com um grupo de indivíduos analfabetos e um grupo de


indivíduos com certo grau de instrução, demonstrou diferenças entre eles. O grupo
de analfabetos, os quais viviam em aldeias remotas, tendia a um pensamento mais
concreto, advindo de uma experiência prática, enquanto o grupo de estudantes e
trabalhadores, advindos de vilas modernas, tendia a um pensamento conceitual mais
abstrato, já que essas pessoas tinham a capacidade de generalização mais acentu-
ada (VYGOTSKY; LURIA; LEONTIEV, 2005). A seguir, observe algumas conclusões
apontadas por Luria em sua pesquisa:

Esta tendência em contar com operações usadas na vida prática foi o


fator controlador no caso de pessoas analfabetas e que não tinham re-
cebido qualquer educação. [...] Pessoas que, de alguma forma, eram mais
educadas empregavam a classificação categórica, como método de
agrupar os objetos, ainda que tivessem recebido apenas um ou dois anos
de escolaridade.
VYGOTSKY; LURIA; LEONTIEV, 2005, p. 50

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Quando nossos sujeitos adquiriram alguma educação e tiveram partici-
pação em discussões coletivas de questões sociais importantes, rapida-
mente fizeram a transição para o pensamento abstrato.
VYGOTSKY; LURIA; LEONTIEV, 2005, p. 52

As conclusões de Luria nos fazem


refletir a respeito do quanto a cul-
tura é presente no desenvolvimen-
to do pensamento e da linguagem
humana. O ambiente cultural em
que vivemos age sobre nossa
forma de pensar e, consequente-
mente, sobre nossa forma de agir,
influenciando o ambiente cultural
que nos rodeia, compondo uma
via de mão dupla, em um processo
constante e dialético.

Outro importante pensador que investigou o desenvolvimento infantil e sua relação


com o pensamento e a linguagem foi Piaget, autor que estudaremos a seguir.

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Figura 4 – Piaget
Fonte: Filosofando, 2023
#ParaTodosVerem: a imagem retrata Jean Piaget. Ele é representado em uma fotografia em preto e branco.
Piaget é um homem de meia-idade, com cabelos brancos e usa óculos. Ele está vestindo uma roupa formal, com
uma gravata. Sua postura é ereta e sua expressão é séria. Fim da descrição.

Jean Piaget foi um psicólogo suíço que nasceu em 1896 e morreu em 1980. Desenvol-
veu sua pesquisa na Universidade de Genebra, na qual foi professor. Foi o precursor
da ciência denominada Epistemologia Genética, teoria do conhecimento embasada
no estudo da gênese psicológica do pensamento infantil. Sua teoria aponta para o
desenvolvimento humano por estágios, o que o destacou na educação mundial.

A Epistemologia Genética subordina o desenvolvimento do indivíduo a questões


sensório-motoras de fundo genético, o que acontece também em relação à lingua-
gem e ao pensamento. Para Piaget, o pensamento antecede a linguagem, que é
definida apenas como uma forma de expressão do pensamento, mas não a única.

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Figura 5 – Desenvolvimento humano
Fonte: Freepik

Para Piaget, o que caracteriza o pensamento infantil é o egocentrismo. Dessa pro-


priedade é que irão derivar todas as outras características do pensamento da crian-
ça. A marca egocêntrica que distingue o pensamento infantil é entendida como uma
forma intermediária ou de transição entre o pensamento autístico e o pensamento
racional e intencional.

Adrián Montoya, pesquisador brasileiro, fez alguns estudos a respeito da teoria pia-
getiana e muito contribuiu para o entendimento dessa teoria. Veja, a seguir, o que
ele diz a respeito dos estudos de Jean Piaget:

É nesse contexto de preocupação teórica que se realizam os primeiros


estudos sobre o desenvolvimento do pensamento e da linguagem da
criança. A passagem do egocentrismo infantil para a objetividade e para
o pensamento lógico encontra-se, segundo esse autor, estreitamente
relacionada à linguagem socializada, isto é, à linguagem cujos termos e
conceitos são compartilhados por todos os membros do grupo, a qual
possui uma estrutura lógica.
MONTOYA, 2006, p.120

Observamos questões importantes nesse pequeno trecho. A passagem do pensa-


mento egocêntrico para o pensamento lógico acontece mediante a linguagem so-
cializada. É por meio das trocas ou interações sociais, verbalmente definidas, que a
criança consegue passar do estágio pré-operatório para o estágio operatório con-
creto, que se estabelece aos sete anos. Por intermédio da linguagem socializada é
que poderemos compartilhar nossa cultura, nossos pensamentos e afirmações.

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Figura 6 – A socialização
Fonte: Freepik

Podemos deduzir que o desenvolvimento humano está intimamente ligado ao pro-


cesso de socialização daquilo que pensamos por meio de uma linguagem verbal,
que une o pensamento às palavras. Podemos pensar por imagens, sentimentos, as-
sociando coisas, mas a comunicação desses pensamentos, para que haja as trocas
sociais, têm, nas palavras, um forte veículo de difusão desses pensamentos.

Montoya continua, ainda, com seus argumentos a respeito da teoria de Jean Piaget
ou da Epistemologia Genética:

Na perspectiva da explicação do progresso, nessa fase, as pesquisas de


Piaget (1923, 1924) mostram que os fatores sociais e culturais são aque-
les que promovem o desenvolvimento do pensamento. Assim, quando
ele se refere à sucessão evolutiva do pensamento “autístico” (individual e
incomunicável) para o pensamento “dirigido” (socializada, orientada pela
adaptação progressiva dos indivíduos uns aos outros), o progresso é atri-
buído à ação do meio social e da linguagem.
MONTOYA, 2006, p. 120

Neste momento, entendemos que Montoya ressalta a importância do meio social e


da linguagem na transformação do pensamento egocêntrico (autístico) em pensa-
mento lógico (dirigido), que compreende códigos e significados socializados.

No período, que se refere ao pensamento lógico, a criança consegue estabelecer


corretamente as relações de causa e efeito e de meio e fim; por conseguinte, ela

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é capaz de sequenciar ideias ou eventos. É o período das construções lógicas, em
que ela estabelece relações entre as coisas e com pontos de vista diferentes. Piaget
aponta, em sua pesquisa, para uma transição dos esquemas sensório-motores para
os esquemas conceituais da mente.

Outro aspecto interessante da teoria piagetiana é a questão da investigação


feita sobre a origem do pensamento. No período sensório-motor, que vai do
nascimento aos dois anos de idade, iniciamos com imagens mentais para-
das, sem muita definição – inclusive pela maturação gradual de nosso olho
– que vão, aos poucos, ganhando movimento. Posteriormente, palavras são
aprendidas e já se misturam às imagens; com as palavras nomeamos coisas
e eventos que presenciamos, em um crescendo infinito e complexo.

Fazemos um movimento interno de passarmos de uma inteligência sensório-moto-


ra para uma inteligência conceitual. A função simbólica da palavra também é consi-
derada na teoria piagetiana e engloba outros temas. Para aclararmos mais a questão,
vejamos o que Piaget diz a esse respeito:

Podemos, então, admitir que exista uma função simbólica mais ampla que a
linguagem, englobando, além do sistema de signos verbais, o do símbolo no
sentido restrito. Pode-se dizer, então, que a origem do pensamento deve ser
procurada na função simbólica. Mas também se pode, legitimamente, susten-
tar que a função simbólica se explica pela formação das representações [...].
PIAGET, 1972, p. 85

Figura 7 – Linguagem
Fonte: Freepik

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Mas como a linguagem só é uma forma particular da função simbólica
e, como símbolo individual é, certamente, mais simples que o signo co-
letivo, conclui-se que o pensamento precede a linguagem e que esta se
limita a transformá-lo, profundamente, ajudando-o a atingir suas formas
de equilíbrio através de uma esquematização mais desenvolvida e de uma
abstração mais móvel.
PIAGET, 1972, p. 86

Esses dois trechos nos remetem a pensar acerca da natureza construtiva da aqui-
sição tanto do pensamento quanto da linguagem. Entretanto, Piaget alerta que o
pensamento antecede a linguagem, a qual interfere na construção do pensamento.
A representação e a simbologia que criamos sobre coisas e acontecimentos mere-
cem destaque em sua teoria.

Pensamento, Linguagem e a
Palavra Escrita
Escrever é triste. Impede a conjugação de tantos outros verbos.
Carlos Drummond de Andrade

Reflita
Você pode imaginar a diversidade linguística que a humanida-
de criou? Imagine a quantidade de línguas e dialetos falados no
mundo? E as variações de sotaques, que são tipos de pronúncias
relativas a uma determinada região, quantas existem no Brasil e
no mundo? Se possuímos inúmeras formas de falar uma mesma
língua, como, então, grafamos ou registramos essas formas de
falar? Assim nasce a necessidade da língua escrita. Vamos pen-
sar um pouco na história da escrita.

A escrita apareceu em várias culturas: nas dos Sumérios, no Oriente Médio; nas dos
povos Maias, nas Américas, ou ainda nas dos povos Orientais, como os chineses.
Provavelmente, a necessidade da escrita surgiu como imperativo do desenvolvi-
mento da economia e da sociedade. A primeira forma de escrita registrada é a escri-
ta denominada Cuneiforme, que surgiu por volta do ano 3500 a.C., na Mesopotâmia,
desenvolvida pelo povo Sumério.

Escrita Cuneiforme, feita em argila e muito usada no comércio pelo povo Sumério,
na antiga Mesopotâmia.

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Figura 8 – Escrita Cuneiforme
Fonte: Reprodução
#ParaTodosVerem: a imagem retrata uma tabuleta de argila com escrita cuneiforme, uma das primeiras formas
de escrita conhecidas na história da humanidade. A tabuleta é plana e retangular, com linhas de escrita incisas
em sua superfície. Fim da descrição.

Vale ressaltar que, nesse mesmo período, houve o surgimento da escrita Hieroglífi-
ca, no Egito Antigo.

A escrita Hieroglífica era feita em papiro, precursor do papel, feito pelos egípcios.

Figura 9 – Escrita Hieroglífica


Fonte: Reprodução
#ParaTodosVerem: a imagem retrata um trecho de escrita hieroglífica, um sistema de escrita usado no antigo
Egito. A escrita hieroglífica é composta por uma série de símbolos e imagens que representam palavras, sons e
conceitos. Na imagem, vemos uma parede ou um bloco de pedra contendo uma série de hieróglifos esculpidos.
Nela, há desenhos estilizados de animais, objetos e outros elementos da natureza, além de símbolos abstratos.
Eles são organizados em colunas ou linhas, formando uma sequência de escrita. Fim da descrição.

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Não podemos nos esquecer do povo Maia, na América, e do povo oriental, como os
chineses e indianos, os quais, também, desenvolveram uma forma de representar e
registrar as palavras.

Atualmente, escrevemos em tablets e, de forma virtual, registramos nossas


palavras; ao mesmo tempo, alguns povos ameríndios e africanos ainda não
possuem uma língua escrita, o que mostra a complexidade das sociedades
atuais que ocupam o planeta. Aqui, não há juízo de valor ou afirmação de
que um povo é mais evoluído que outros por ter um sistema de escrita;
trata-se apenas de uma observação.

Saliente-se que a língua de um povo se revela como identidade, visto que construí-
mos uma identidade linguística e, apesar da diversidade de sotaques, reconhecemos
nosso idioma imediatamente, quando o ouvimos em qualquer lugar do mundo em
que possamos estar.

Reflita
O fato de grafar uma palavra não significa que ela passa a ad-
quirir uma precisão terminológica. Claro que um bom dicionário
dará esclarecimentos sobre o significado da palavra, mas, em
nosso cotidiano, quando usamos a linguagem para uma comu-
nicação entre pessoas, será que temos o significado linguístico
de cada palavra que falamos? E a pessoa que ouve essas pala-
vras, será que atribui o mesmo significado a elas? Será que a en-
tonação que damos à palavra não modifica o seu significado? E
a palavra escrita, garante um entendimento único? Nesse caso,
como a escola faz para equacionar essas questões?

Na sociedade contemporânea, o papel de ensinar a escrita e a leitura da palavra fica


a cargo da instituição escolar. A alfabetização pressupõe, além da decifração dos
códigos da escrita, da aprendizagem das letras e das palavras, a necessidade do uso
social da alfabetização. A esse uso social da escrita chamamos de letramento. Veja
como o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (RCNEI) conceitua o
que é letramento:

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Letramento: produto da participação em práticas sociais que usam a es-
crita como sistema simbólico e tecnologia. São práticas discursivas que
precisam da escrita para torná-las significativas. Dessa concepção decor-
re o entendimento de que, nas sociedades urbanas modernas não existe
grau zero de letramento, pois nelas é impossível não participar, de alguma
forma, de algumas dessas práticas.
BRASIL, 1998, p. 121

O texto se refere às práticas discursivas tanto do ponto de vista oral quanto escrito.
Uma pessoa alfabetizada e letrada significa uma pessoa que, além de decifrar os
códigos escritos da linguagem, também é capaz de discernir os diversos usos da
escrita, podendo diferenciar um texto jornalístico ou informativo de uma poesia, ou,
uma escrita escolar de um bilhete caseiro, compreendendo a comunicação dessa
escrita. E ainda, conforme pontua Paulo Freire, acerca da dinâmica da leitura das
palavras e do contexto:

A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura


desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem
e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser
alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o
texto e o contexto.
FREIRE, 1989, p. 9

Então, podemos concluir que a alfabetização, razão primeira da escola, não pode
prescindir também do letramento, pois o uso social da escrita deve considerar a
realidade na qual ela acontece, ou seja, podemos deduzir que a palavra lida interfere
na compreensão do mundo e vice-versa.

A apropriação da escrita e da leitura das


palavras não se resume a um ato me-
cânico ou a um mero treino; é, antes
de tudo, uma forma de construção de
conhecimento. Requer uma compreen-
são conceitual da palavra lida, como um
passaporte para o mundo letrado. Alfa-
betização e letramento são processos
distintos, que podem, ou não, aconte-
cer simultaneamente, mas, certamente,
são complementares entre si.

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Portanto, Freire (1989) vê a alfabetização como um ato político que enfrenta e supe-
ra a ingenuidade de uma leitura não crítica da palavra. É a dimensão social do pen-
samento e da linguagem, natural do ser humano. É a opção democrática da escola.

Assim, ler uma palavra e compreendê-la é quase uma magia; apropriar-se do sentido
da palavra é como reinventá-la dentro da própria mente. Todavia, lembremos Drum-
mond: talvez a determinação de escrever a palavra nos impeça de conjugarmos tan-
tos outros verbos.

A Integração Social no
Desenvolvimento do Pensamento
e da Linguagem
A criança, após o domínio da fala, utiliza a linguagem oral – mesmo que, no início, de
forma singular – para brincar, comunicar-se e expressar sentimentos e desejos; é por
meio dela que a criança pode relatar suas vivências mais significativas e comparti-
lhá-las com outras pessoas.

Importante
Como já mencionado, pensamento e linguagem são fenômenos
distintos, mas que se encontram e se modificam mutuamente.
O desenvolvimento dos dois fenômenos só é possível nas inte-
rações sociais. É na interação social que surge a necessidade de
comunicação e de trocas de ideias, impulsionando-nos a utilizar
a linguagem para a realização dessa necessidade.

São as interações construídas por nossas vivências que nos permitem o incremento
da linguagem e do pensamento humano. Nesse sentido, a escola é lugar privilegiado
para desenvolvermos e incentivarmos a oralidade do educando, já que ele ainda não
domina os códigos da linguagem escrita ou a leitura das palavras.

Ademais, no processo de aquisição da oralidade, a criança passa por momentos dife-


rentes: o da fala e o da escuta. Ao docente, de forma interativa, cabe escutá-la com
atenção, atribuindo sentido ao que é falado e reconhecendo que ela necessita dizer
algo. Além do professor, a criança e seus pares também devem exercitar a escuta,
para que haja um processo de comunicação pleno e adequado. Assim, proporcionar
uma escuta atenta pode gerar novos pensamentos, novas formas de pensar.

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Em resumo, podemos caracterizar quatro competências linguísticas básicas. Veja o
fluxograma a seguir:

Competências
linguísticas

Escutar Falar Escrever Ler

Figura 10 – Fluxograma competências linguísticas


Fonte: Acervo do conteudista
#ParaTodosVerem: a imagem retrata um fluxograma que representa as diferentes competências linguísticas. O
fluxograma é composto por uma série de caixas azuis e setas, organizadas de forma lógica e sequencial. Na caixa
que fica ao topo da imagem, está escrita a palavra “Competência linguística” e dela sai um traço que se divide
nas demais que estão abaixo e seguem a seguinte sequência: “Escutar – Falar – Escrever – Ler”. Fim da descrição.

Desse modo, sendo a língua um sistema de signos histórica e socialmente construí-


do, ela possibilita aos indivíduos significar o mundo e a realidade que está à sua volta
e requer quatro competências básicas para seu domínio, as quais são: saber falar,
escutar, ler e escrever esse sistema de signos. Afinal, compreender e dominar uma
língua não é tarefa fácil, como descreve o RCNEI em seu volume 3:

Aprender uma língua não é somente aprender as palavras, mas também os


seus significados culturais, e, com eles, os modos pelos quais as pessoas do
seu meio sociocultural entendem, interpretam e representam a realidade.
BRASIL, 1989, p. 117

Com isso, ao lermos a passagem anterior, percebemos a importância da cultura e


das interações sociais na construção e no aprendizado de uma língua. A forma como
interpretamos a realidade na qual estamos inseridos é condição primordial para a
construção e o uso da linguagem.

Importante
Considerando as mudanças sofridas pela palavra, tanto do pon-
to de vista gramatical quanto semântico, podemos dizer que a
língua, sob os pontos de vista histórico e cultural, carrega certa
identidade que incorporamos, uma identidade linguística que
construímos com base na língua que falamos.

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Reafirmamos, aqui, que a instituição escolar é um espaço privilegiado para o exercí-
cio e o desenvolvimento da linguagem, no qual o trabalho com a linguagem oral e a
linguagem escrita se traduz na possibilidade de ampliação das capacidades de co-
municação e expressão e de acesso ao mundo das letras e conceitos pelas crianças.

Além disso, a prerrogativa de ser um espaço privilegiado faz dela, também, um espa-
ço de natureza democrática. A livre expressão da palavra deve estar no seu currículo,
anunciando, em primeira página, sua opção política. Essa opção político/profissional,
no entanto, apenas se valida em sua prática cotidiana, uma prática democrática na
escola, a qual como indica Freire (1989, p. 16): “Nem sempre, infelizmente, muitos de
nós, educadoras e educadores, que proclamamos uma opção democrática, temos
uma prática em coerência com o nosso discurso avançado”.

Em Síntese
Para finalizar a unidade, vamos poetizar o texto, lembrando que,
talvez, o melhor das palavras faladas ou escritas, como nos ensi-
nam as crianças, é que podemos delas nos apropriar e com elas
brincar como fazem os poetas e compositores, entre eles Chico
Buarque na música “Tantas Palavras”:

Tantas palavras
Que eu conhecia
E já não falo mais, jamais
Quantas palavras
Que ela adorava
Saíram de cartaz

Nós aprendemos
Palavras duras
Como dizer perdi, perdi
Palavras tontas
Nossas palavras
Quem falou não está mais aqui

Chico Buarque de Holanda

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Atividades de Fixação

1 – Complete a lacuna com as alternativas a seguir.


A primeira forma de escrita registrada é a escrita denominada _________. Ela surgiu
por volta do ano 3500 a.C., na Mesopotâmia, com o povo _________.

SUMÉRIO – ESCRITA CUNEIFORME

2 – Ao lermos o RCNEI, vol. 3, na sessão Linguagem Oral e Escrita, e o conteúdo te-


órico da disciplina, observamos quatro competências linguísticas básicas a serem
trabalhadas na escola. Quais são elas?
a. Ler, escrever, falar e brincar.
b. Falar, escrever, ler e jogar.
c. Brincar, jogar, escrever e ler.
d. Escutar, falar, ler e escrever.
e. Escutar, falar, brincar e jogar.

3 – Segundo a teoria de Piaget, um dos mais importantes interacionista no campo


da Psicologia e que muito influencia as práticas pedagógicas da atualidade, o de-
senvolvimento do pensamento da criança é caracterizado como:
a. Egocêntrico.
b. Excêntrico.
c. Epicêntrico.
d. Centralizado.
e. Caótico.

4 – Complete a lacuna com as alternativas a seguir.


Paulo Freire (1989) vê a _________ como um ato político, que enfrenta e supera a
_________ de uma leitura não crítica da palavra. É a dimensão social do pensamento e
da linguagem, natural do ser humano.

INGENUIDADE – ALFABETIZAÇÃO

Atenção, estudante! Veja o gabarito desta atividade de fixação no fim


deste conteúdo.

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Material Complementar

Sugerimos, para complementar seus estudos, quatro músicas, para que você, ao
ouvi-las, possa refletir a respeito da palavra e da linguagem. As músicas e as letras
poderão ser encontradas nos sites indicados abaixo. Clique no link e acompanhe a
música e a letra de cada canção. Observe que, nas letras, são inventadas algumas
palavras; outras aparecem, mas com sentido figurado. Ouça com atenção e pense
sobre as palavras e os seus significados.

Leituras
Uma Palavra
https://bit.ly/3q5qupU

Mama Palavra
https://bit.ly/44ZHPiU

Tantas Palavras
https://bit.ly/4753gRs

Outras Palavras
https://bit.ly/3rNMiXL

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Referências

BRASIL. Ministério da educação e do desporto. Referencial Curricular Nacional Para


a Educação Infantil: Conhecimento de Mundo. v. 3. Brasília: MEC/SEF, 1998.

FREIRE, P. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. Coleção


Polêmicas do nosso tempo. São Paulo: Cortez, 1989.

MONTOYA, A. O. D. Pensamento e linguagem: percurso piagetiano de investigação.


Psicologia em Estudo, Maringá, v. 11, n. 1, p. 119-127, jan./abr. 2006. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/pe/v11n1/v11n1a14.pdf>. Acesso em: 06/07/2012.

PIAGET J. Seis estudos de Psicologia. Trad. Maria Alice M. D’Amorim e Paulo Sérgio
L. Silva. Coleção culturas em debate. Rio de Janeiro: Editora Forense, 1972.

VYGOTSKY, L. S. A construção do Pensamento e da Linguagem. Trad. Paulo Bezerra.


São Paulo: Editora Martins Fontes, 2001.

VYGOTSKY, L. S.; LURIA, R.; LEONTIEV, A. N. Linguagem, Desenvolvimento e Apren-


dizagem. Trad. Maria da Penha Villalobos. São Paulo: Editora Ícone, 2005.

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Gabarito

Questão 1
A primeira forma de escrita registrada é a escrita denominada ESCRITA CUNEIFORME.
Ela surgiu por volta do ano 3500 a.C., na Mesopotâmia, com o povo SUMÉRIO.

Questão 2
d) Escutar, falar, ler e escrever.

Questão 3
a) Egocêntrico.

Questão 4
Paulo Freire (1989) vê a ALFABETIZAÇÃO como um ato político, que enfrenta e
supera a INGENUIDADE de uma leitura não crítica da palavra. É a dimensão social do
pensamento e da linguagem, natural do ser humano.

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