04/08/17
Introdução
O processamento da linguagem escrita é linear. Para se ter noção da ideia central do texto,
assunto, divisão, tipologia a qual pertence e afins, deve-se ler a integralidade do mesmo por
mais de uma vez.
Ler as perguntas para, somente então, ler o texto, a depender da pessoa e das questões, pode
auxiliar.
Contudo, não se recomenda a leitura de todas as questões, pois consome muito tempo e, não
muito provavelmente, se lembrará de tudo.
Estratégias de leitura
1. Avaliar a enunciação;
Enunciação é já perceber, na primeira leitura do texto, se o autor escreveu em primeira pessoa ou terceira,
por exemplo. Isto faz diferença.
Ex. Em Dom Casmurro, Captu, em momento nenhum, diz que traiu Bentinho.
Ex. Apostila de português voltada para concursos (qual concurso, qual banca) ou escolas ou universidades.
Tipos são em menor quantidade. A maioria dos autores falam em descrição, narração, dissertação e
injunção.
Gêneros são as manifestações concretas do texto. São milhares. Não como estudar todos. Em alguns
gêneros, misturam-se os tipos textuais (Ex. Petição inicial – narração e argumentação).
Ex. Crônica (texto narrativo, curto, geralmente tem ironia, humor, linguagem informal), horário de aula,
bula de remédio (informações sobre dosagem, como utilizar o remédio, etc.), petição inicial, contos.
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Tem a ver com a capacidade humana de criar símbolos. Às vezes é feito sem perceber, até mesmo em
provas.
6. Verificar se há intertextualidade;
Intertextualidade é um fator de textualidade que parte do pressuposto de que os textos se comunicam.
Mais ampla – nada que você fala, escreve é independente, pois fazemos parte de um conjunto, sociedade,
história (não utilizada na prova).
Intencional – de propósito, um autor de um texto resgata outro na produção do seu (paródias – há uma
mudança no sentido do texto, paráfrases, citação, alusão – “esse cara perece Dom Quixote”).
“Quando a banca pede para marcar a alternativa que reescreve o texto no mesmo sentido –
intertextualidade (paráfrase).”
Ex2. Para que a violência diminua, será preciso fazer investimentos na área social.
Deve-se dizer que os períodos da oração são ligados por uma finalidade (Para que) .
Pode-se haver, também, uma inferência, ou seja, que há uma relação de condição.
Não se pode dizer que há uma oração condicional, mas sim final. Conquanto, pode-se inferir/concluir que
existe, sim, uma condição.
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Nota:
Para interpretar o gênero charge, deve-se contextualizá-lo. Somente fará sentido de acordo com
a situação.
A charge é temporal1.
“Época em que o FMI emprestou dinheiro para a Grécia. Contudo, receber dinheiro do FMI,
em muitas vezes, pode ser um presente de grego, pois, parece ótimo, mas pode trazer mais
ônus. (vide baixo)”
(1) Temporal: Alguns textos são temporais, ao passo que outros são atemporais.
Ex. Notícias de jornal (temporais), crônicas (atemporais – podem ser renovadas com novas interpretações).
“Situação que a presidente começa a reconhecer que sua situação estava ficando difícil,
através de uma estrutura de previsão do tempo.”
Houve uma questão referente a esta charge que perguntou se deveria ter conhecimento de
mundo1 para interpretá-la.
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Para não se deixar as frases supra ambíguas, basta preposicionar aquele que será o objeto.
Contudo, neste caso, o conhecimento de mundo resolve. Vejamos: Chutou a bola o menino (sabe-se que
a bola não pode chutar o menino).
Noutro passo, antítese é uma figura de linguagem feita no âmbito das palavras com a
aproximação de antônimos.
Tipologia textual
1. Descrição
O texto descritivo tem como intenção central criar uma “retrato” do seu objeto, que pode ser
uma pessoa, um animal, um objeto, um lugar etc. Pode-se dizer que o texto descritivo é uma
fotografia feita por meio de palavras.
É possível que um texto seja totalmente descritivo, mas, no geral, textos de outras tipologias,
especialmente os narrativos, possuem trechos descritivos.
Ex. Meu quarto tem uma janela, uma cama, dois armários e afins (não estou mudando nada).
Ex2. Calisto Elói, naquele tempo, orçava por quarenta e quatro anos. Não era desajeitado de sua
pessoa. Tinha poucas carnes e compleição, como dizem, afidalgada. A sensível e dissimétrica
saliência do abdómen devia-se ao uso destemperado da carne de porcos e outros alimentos
intumescentes. Pés e mãos justificavam a raça que as gerações vieram adelgaçando de carnes.
Tinha o nariz algum tanto estragado das invasões do rapé e torceduras do lenço de algodão
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vermelho. A dilatação das ventas e o escarlate das cartilagens não eram assim mesmo coisa de
repulsão. (Camilo Castelo Branco. A queda dum anjo)
“Trata-se de uma forma mais trabalhada a informar que Calisto tinha quarenta e quatro anos e
‘não era muito feio’, apesar de ser magro, era barrigudo em razão dos hábitos alimentares, pés
e mãos de pessoas trabalhadoras braçais, usava rapé e seu nariz era meio ‘detonado’, contudo
não chegava a dar nojo.”
Não se mostra uma sucessão de acontecimentos, mas sim a descrição de uma pessoa.
IMPORTANTE:
- Escrever texto em prosa é escrever texto assim como escrevemos todos os dias.
- Nível de informatividade:
A informatividade do texto literário vem da forma de escrita do texto (grau de informatividade maior,
informações menos acessíveis).
Amar é...
Noite de chuva
As descobertas
Amar no sentido de fazer sexo. Descobertas com duplo sentido, quais sejam, a) pessoas nuas ou b)
novidades.
2. Narração
O texto narrativo é aquele que conta uma história. Apresenta os seguintes elementos:
Narrador: entidade que conta a história contida em uma narrativa. Há os seguintes focos
narrativos:
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Há três tipos de discurso: direto, indireto e direto livre. A diferenciação dos tipos de discurso
importa mais, em geral, em textos da tipologia narrativa.
Antes que a filha saísse, Maria fez-lhe um pedido:
-- Chegue cedo hoje, menina! É aniversário
de seu pai! -- Pode deixar, mamãe!
• Discurso indireto: ocorre quando o narrador enuncia a fala da personagem com suas
próprias palavras.
Antes que a filha saísse, Maria pediu-lhe que chegasse cedo aquele dia, pois era aniversário
do pai da menina.
• Discurso indireto livre: ocorre quando o texto, escrito em terceira pessoa, mescla a narração
com a fala da personagem como se esta representasse discurso direto, mas sem nenhuma
marcação gráfica que deixe claro se a fala é do narrador ou da personagem (há fusão das vozes
do narrador e da personagem).
“A mãe, coitada, com a pia cheia de louça, perguntou que história é essa de ser todas as moças
que ela pudesse ser, como assim a partir dos nomes que ela mesma escolhesse, que ideia é
essa, minha filha. “
(Rezende, Stella Maris. A mocinha do Mercado Central)
“Há uma mudança de estado das coisas. Pode focar em coisa real ou não.”
“Há a presença de falas dos personagens – podem ser marcadas por aspas.”
Ex2. Johnny tinha seis anos de idade e estava em companhia do pai quando este foi flagrado ao
dirigir em excesso de velocidade. O pai entregou ao guarda, junto à sua carteira de motorista,
uma nota de vinte dólares. “Está tudo bem, filho”, disse ele quando voltaram à estrada. “Todo
mundo faz isso!”
Quando Johnny tinha oito anos, deixaram que assistisse a uma reunião de família, dirigida pelo
tio George, a respeito das maneiras mais seguras de sonegar o imposto de renda. “Está tudo
bem, garoto”, disse o tio. “Todo mundo faz isso!”
Aos nove anos, a mãe levou-o, pela primeira vez, ao teatro. O bilheteiro não conseguia arranjar
lugares até que a mãe de Johnny lhe deu, por fora, cinco dólares. “Tudo bem, filho”, disse ela.
“Todo mundo faz isso!”
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Aos dezesseis anos, Johnny arranjou seu primeiro emprego. Nas férias de verão, trabalhou em
um supermercado. Seu trabalho: pôr os morangos maduros demais no fundo das caixas e os
bons em cima, para ludibriar o freguês. “Tudo bem, garoto”, disse o gerente. “Todo mundo faz
isso!”
Quando Johnny tinha 19 anos, um dos colegas mais adiantados lhe ofereceu, por cinquenta
dólares, as questões que iam cair na prova. “ Tudo bem garoto”, disse ele. “Todo mundo faz
isso!”
Flagrado colando, Johnny foi expulso da sala e voltou para casa com o rabo entre as pernas.
“Como você pôde fazer isso com sua mãe e comigo?”, disse o pai. “Você nunca aprendeu estas
coisas em casa!”. Se há uma coisa que o mundo adulto não pode tolerar é um garoto que cola
nos exames...
Kenneth Blanchard e Norman Vincent Peale. O poder da administração ética. Rio de Janeiro:
Record, 1988 (com adaptações).
Questão de prova: Com qual dito popular mais se adequa – “Faça o que eu digo, faça o que eu
faço.”
Ademais, destaca-se que são pequenos trechos sobre uma mesma situação. In casu, estes
mostram o menino, por numerosas vezes, exposto a uma conduta.
Outra coisa, todos os fatos são fatos que podemos nos relacionar (quem nunca ouviu falar de
alguém que tenha sonegado imposto de renda, “passado a perna em alguém”, etc.)
Ex3. “Uma noite dessas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei no trem da Central um
rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-me, sentou-se ao pé
de mim, falou da lua e dos ministros, e acabou recitando-me versos. A viagem era curta, e os
versos pode ser que não fossem inteiramente maus. Sucedeu, porém, que como estava cansado,
fechei os olhos três ou quatro vezes; tanto bastou para que ele interrompesse a leitura e metesse
os versos no bolso.” (Machado de Assis. Dom Casmurro)
3. Dissertação
O texto dissertativo visa a expor ideias, criar uma tese e defendê-la com argumentos.
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3.1. Expositiva/exposição
3.2. Argumentativa/argumentação
Apresenta uma tese e argumentos para defendê-la. Tem a intenção de convencer o leitor de
que a tese é plausível.
Não necessariamente tem que ser em terceira pessoa. Também pode ser em primeira pessoa.
O texto injuntivo é aquele que visa a moldar o comportamento do leitor, a influenciar como o
leitor vai agir. São injuntivos os textos que trazem ordens, pedidos ou instruções. A forma verbal
predominante é o imperativo, que serve, justamente, para mandar ou pedir.
São exemplos de textos injuntivos: receitas, manuais de instrução, bulas de remédio, avisos
exigindo “silencio”, “Proibido fumar”, etc.
Nota:
A natureza é capaz de produzir materiais preciosos, como o outro e o cobre – condutor de energia
elétrica. O ouro já é escasso. A energia elétrica caminha para isso (Dissertativo expositivo).
Enquanto cientistas e governos busca, novas fontes de energia sustentáveis, faça sua parte aqui
no TJDFT: - Desligue as luzes... (etc.)
Ex2. Harry Potter (texto predominantemente narrativo que possui partes descritivas necessárias à
compreensão).
Numa questão, após pedir a análise do texto como um todo, a palavra predominantemente é
importante.
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IMPORTANTE:
(2) Conotação: Sentido figurado, criado contextualmente por meio de uma capacidade humana de
estender o significado das palavras.
É conotativo ou denotativo? Conotativo, pois destrinchar, no sentido literal, significa separar as fibras.
1. Metáfora (IMPORTANTE)
“Elementos que, por alguma razão, são aproximados, porque o autor enxerga uma
semelhança.”
Ex1. Ela é uma flor. (Considerando que ela é uma pessoa, fica fácil de entender. Há uma
semelhança entre a pessoa e a flor).
As gotas de luar
Guardava...
“Gotas de luar que vi brilhar nos olhos teus – trata-se de uma metáfora, pois no luar não há
gotas e dificilmente, estaria brilhando nos olhos da pessoa.”
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01/09/17
Figuras de linguagem (Estilística)
1. Conceito
Figura de linguagem faz parte do domínio da estilística que, por sua vez, estuda o estilo do autor,
a maneira como ele usa a linguagem.
A estilística não está presente apenas em texto literário, mas sim na liberdade que a língua traz.
2. Comparação
Ex. Ser como (elemento de comparação – compara algo com o rio) o rio que deflui
Ex2. A vida é como uma estrada sinuosa. Compara-se o termo vida com a expressão estrada
sinuosa.
3. Metáfora
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Ex. A vida é uma estrada sinuosa. Descreve-se a vida que pertence a um campo semântica
usando termos pertencentes a outro campo semântico (transporte, geografia, etc.). De alguma
forma, foi encontrada semelhança entre esses termos, sendo que a comparação não foi
transferida para o texto. É como se, na vida, também houvesse as mesmas incertezas que
existentes nas estradas sinuosas, etc.
Contraexemplo. Hitler foi cruel como uma fera selvagem. Trata-se de comparação, pois essa foi
expressa no texto.
Nem sempre a metáfora será feita a partir do uso de linguagem verbal. Pode
ser feita por linguagem não verbal.
Ex. Há o prédio do congresso e, no lugar das estruturas laterais, há panelas de pressão. Trata-se
de metáfora porque o autor fez uma comparação do que estava acontecendo no Congresso e no
Senado com o que ocorre dentro de uma panela de pressão.
4. Catacrese
É bastante próxima da metáfora. Perdeu sua subjetividade em razão de ser largamente utilizada.
Trata-se de uma metáfora desgastada pelo uso geral que, por sua vez, torna-se
comum.
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5. Metonímia
Metáfora Metonímia
Ex. Agora compreendo o entusiasmo de gente como Millôr Fernandes e Fernando Sabido, que
dividem a sua vida profissional em antes dele e depois dele [computador]. Sinto falta do papel e
da fiel Bic (utilizou-se da marca para se referir à caneta), sempre pronta a inserir entre uma
linha e outra a palavra que faltou na hora, e que nele foi substituída por um botão, que, além de
mais rápido, jamais nos sujará os dedos, mas acho que estou sucumbindo.
Ex2. Ao ler o jornal, meus olhos não receberam bem a notícia. Não foram os olhos que
receberam, mas sim a pessoa inteira. Trata-se de metonímia.
Ex5. Ler Machado de Assis (não se lê Machado de Assis, mas sim as obras por ele escritas).
6. Perífrase
Faz a substituição de um termo por outro que seja equivalente (equivalência de sentido).
“Utiliza-se de uma característica, um fato, algo que uma pessoa, uma cidade célebre, por
exemplo, e troca pelo termo original.”
Ex. Trocar Silvio Santos por homem do baú por ter ficado famoso por ser dono do baú.
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Ex3. Esse homenzinho pequeno, magro, franzino, nascido em um dos países mais pobres do
mundo, assombrou o público na maratona de 1960, em Roma, porque correu pelas ruas da
cidade eterna (perífrase de Roma) descalço.
Contraexemplo. Cidade luz (perífrase, mas não antonomásia, pois substitui nome de cidade -
Paris).
Contraexemplo. Rei da Selva (perífrase, mas não antonomásia, pois substitui leão).
“Caso se depare com uma situação em que se utilizam mais palavras para dizer o mesmo,
pode-se dizer que se está diante de uma perífrase.”
Ex. Quando saí de casa, meu irmão estava cozinhando (perífrase verbal, pois se poderia dizer:
“meu irmão cozinhava”).
7. Sinestesia
Ocorre quando se faz o uso concomitante de dois sentidos humanos (Ex. Olfato, visão, audição,
etc.)
Relumir é brilhar. Não há como um odor brilhar. Entende-se o odor pelo olfato, ao passo que o
brilho é percebido pela visão.
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8. Antítese
Existe a antítese quando se aproxima termos de sentido oposto para que se consiga enfatizar a
mensagem a ser passada.
9. Paradoxo
“Fala-se algo que, aparentemente, não faz sentido, pois as ideias são incompatíveis, mas,
considerando todo o contexto, começa-se a ter sentido.”
(...)
A música de que você mais gosta tocando no rádio do carro. Aumente o volume.
O aplauso depois que você, nervoso, falou em público para dezenas de conhecidos.
Paradoxo, pois silêncio não tem som. Contudo, faz sentido, pois o texto se utiliza do sentido
figurado das palavras.
Ex2. Bom, se o e-book é uma espécie de duplo ou sósia do livro de papel, então este viajante
imóvel prefere o original.
Paradoxal, uma vez que, se está viajando, está se movendo. Conquanto, no contexto, faz sentido
a expressão, porque fala do sentido figurado, da viagem que se faz quando se está lendo.
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10. Eufemismo
Ex4. Deus proverá para que sua luz se apague mansamente. (para que ele morra mansamente)
Nota:
Ex. Ele dormiu no terno de madeira. Ele pendurou as chuteiras. (para falar de morte)
11. Ironia
Ocorre quando se diz algo com a intenção e se dizer outra, geralmente com a intenção de se
fazer uma crítica.
Ex2.
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QUESTÃO DE PROVA:
Ademais, os olhos (representados por “par de brasas”) representavam o lobisomem inteiro, tendo-se,
portanto, a metonímia.
12. Hipérbole
Contraexemplo. No ano XXX, a empresa YYY deixou de emitir 2 milhões de toneladas de gás
carbônico na atmosfera. Se de fato tiver ocorrido, não é hipérbole.
Ex2.
A hipérbole está no exagero de se mostrar que, por meio da redução da maioridade penal, uma
pessoa que nem nasceu seria considerada imputável para se dizer que não traz resultados.
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13. Prosopopeia/personificação
Ocorre quando se trata um objeto/ser que não humano como humano ou um objeto inanimado
com características de um ser vivo.
“Tratar como gente o que não é gente; tratar como vivo aquilo que não é vivo”.
Ex. Fábula – personificação dos animais (revestidos com características inerentes ao ser
humano).
Ex2. Mas um dos fatores dessa situação [situação atual do Brasil] é a quebra da autoridade, e
de seu irmão, o respeito: isso se conquista.
14. Apóstrofe
“Aquilo que se faz com o vocativo recebe o nome de apóstrofe quando tratado como figura de
linguagem.”
Ex. Nesse instante, por exemplo, o fotógrafo da natureza, no sozinho da sua alma, poderá dizer:
“Translúcida inspiração”, eu a vejo em brilho com seu sorriso pintado em azul.
Ele está conversando com a inspiração. Nem sempre o elemento interpelado/chamado poderá
responder.
15. Gradação
Sempre pressupõe uma sequência que, por sua vez, deve estar organizada de modo a chegar a
um clímax (subindo aos poucos) ou a um anticlímax (descendo aos poucos).
Ex. Uma hora, um dia, uma semana não serão suficientes para terminar este trabalho.
Ex2. ... o futuro da palavra escrita que começou a ser impressa na pedra das cavernas, passou
pelos blocos de argila, pela pele dos animas e pelo caule dos papiros, até ganhar mobilidade e
universalidade com o papel dos chineses e com os tipo móveis de Gutenberg.
16. Elipse
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17. Zeugma
Irmão da elipse.
Nada mais é do que a elipse de um verbo que já apareceu, isto é, a omissão de um verbo já
utilizado.
Ex. Para a castanha e sua linda plantinha seremos dois deuses contrários, mas igualmente
ignaros: eu (elipse do verbo “ser”), o deus da vida; ela (elipse do verbo “ser”), o (“Deus” está
elíptico, mas, como não é verbo, é apenas elipse) da morte.
Ocorre quando se faz uma concordância não com algo que esteja presente na frase, mas com a
ideia que aquele termo transmite.
Ex. A gente vamos ao shopping (concordância ideológica, pois o verbo está concordando com
“nós”, uma vez que tem o mesmo sentido “gente”).
Ex1. A gente é feito daquele tipo de talento capaz de fazer a diferença. (Se fosse concordância
lógica, seria “a gente é feita”, pois gente é palavra no feminino – concorda-se com a ideia de que
há um grupo masculino ou misto sendo representado por “a gente”)
Ex2. Todos sabemos que a solução não é fácil. (“Todos” está na terceira pessoa do plural
“sabemos” está na primeira pessoa do plural, para indicar que o interlocutor também está
incluído)
Ex3. Essa gente trabalhadora merecia mais, pois acordam às cinco horas para chegar ao
trabalho às oito da manhã.
Ex4. Senhor diretor, espero que Vossa Senhoria seja mais compreensivo.
Contraexemplo. Todos os brasileiros sabem que esse problema vem de longe. (apesar de Vossa
Senhoria “ter cara de feminino”, não flexiona em gênero. O seu gênero será determinado pelo
contexto).
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19. Polissíndeto
20. Assíndeto
É o oposto do polissíndeto.
Ex. Trabalho muito duro. Sou perfeccionista. Escrevo minhas músicas, tenho minhas próprias
ideias, ajudo com minhas roupas.
Não há nenhuma conjunção. Geralmente, coloca-se a conjunção “e” ao fim (... e ajudo com
minhas roupas).
21. Pleonasmo
Ex. Houve uma mulher que amou um amor de verdade. Por mais estranho que pareça, foi isso
que me contam exatamente.
Ex. Subir pra cima, entrar pra dentro, sair pra fora, goteira no teto.
Ex2. Há dez anos atrás. (Tanto o “há” quanto o “atrás” indicam passado. Desnecessário utilizar os dois
termos)
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22. Anáfora
Ex. Profecia
22. Anacoluto
Existe anacoluto quando se rompe a estrutura sintática de uma frase de modo que um termo
fique solto, sem função, sem conexão a outro.
Ex. O preconceito, é em muitos de nós que ele existe. (Da forma como a frase está estruturada,
a palavra “preconceito” está sem função, uma vez que a frase “é em muitos de nós que ele existe”
já está completa).
23. Hipérbato
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24. Aliteração
Ex. Capim. Foi isso que apareceu depois dos primeiros pontos. Um capim alto, com as pontas
dobradas.
Ex. Morena de Angola que leva o chocalho na canela. Será que ela mexe o chocalho ou chocalho
que mexe com ela.
25. Assonância
Há a assonância do som da vogal “i” e a aliteração da consoante “v” (uma não impede a outra).
26. Paronomásia
Corresponde à aproximação de parônimos que, por usa vez, são palavras parecidas, próximas.
Parônimas não têm nem a grafia nem a pronúncia coincidentes, mas tanto grafia quanto
pronúncia parecidas.
27. Onomatopeia
Ex. A agulha, vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. Era tudo
silêncio na sala de costura; não se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano.
Também há a personificação/prosopopeia (a agulha é tida como um ser vivo, que pode se calar
e andar)
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Coesão e coerência
1. Conceito
Está ligada às relações de sentido que as partes do texto estabelecem entre si.
Falta coerência.
2. Espécies de coesão
(1) Referente: No caso do substantivo, referente será aquilo que a palavra evoca do mundo.
Ex. Caneta foi criada para representar o referente que, por sua vez, é o objeto que ela representa.
Ex. Maria (referente – uma pessoa) ligou. Ela (referente – Maria) quer falar com você.
Pode-se falar que há o fenômeno da correferência (Mais de um termo que se refere ao mesmo elemento).
2.1.1. Exofórica
Ex. Vamos sair hoje? Somente se sabe que dia é hoje se souber a data em que a frase foi escrita.
a) Anáfora
Representa a coesão “para trás”. A retomada de algo que já foi mencionado.
Ex. Passar no concurso: esse (refere-se a passar no concurso – oração anterior) é o meu sonho.
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b) Catáfora
Representa a coesão “para frente”. Refere-se a um termo que ainda virá.
Ex. Meu sonho é este (antecipa a oração “passar no concurso”): passar no concurso.
QUESTÃO DE PROVA:
Serve para dar sequência para o texto, ligando os seus trechos, estabelecendo relações
semânticas.
Contraexemplo – coesão referencial. Perdi o livro que comprei. (O “que”, na frase, é um pronome relativo
e, como pronome relativo, retoma um termo de valor substantivo que apareceu anteriormente, realizando
uma anáfora. O pronome relativo é anafórico por natureza. O “que” corresponde ao “livro”).
Ex – coesão sequencial. Ele disse que perdeu o livro. (O “que”, na frase, é uma conjunção integrante – NÃO
É PRONOME RELATIVO. A conjunção não faz referência. A conjunção conecta orações, no caso, ligando
“disse” a “perdeu”).
Outros exemplos. Conjunções adversativas (mas, porém, todavia, etc.), conjunções conclusivas (portanto,
por conseguinte, assim sendo, etc.), conjunções subordinativas adverbiais concessivas (ainda que, posto
que, por mais que, etc.)
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QUESTÃO DE PROVA:
Resposta: letra “d” – concessão (espécie de ressalva que não invalida a outra informação com
a qual contrasta).
Ex – concessão. Embora faça dieta, não emagreço. (a ressalva – dieta – é incapaz de invalidar a
informação principal – não emagrecer).
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