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Professor: João Paulo Valle Rafael Barreto Ramos

Curso SUPREMO 2017

CURSO PROCURADOR DA CÂMARA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE


Interpretação de texto

Professor: João Paulo Valle

04/08/17
 Introdução

O processamento da linguagem escrita é linear. Para se ter noção da ideia central do texto,
assunto, divisão, tipologia a qual pertence e afins, deve-se ler a integralidade do mesmo por
mais de uma vez.

Ler as perguntas para, somente então, ler o texto, a depender da pessoa e das questões, pode
auxiliar.

Contudo, não se recomenda a leitura de todas as questões, pois consome muito tempo e, não
muito provavelmente, se lembrará de tudo.

 Estratégias de leitura

1. Avaliar a enunciação;
Enunciação é já perceber, na primeira leitura do texto, se o autor escreveu em primeira pessoa ou terceira,
por exemplo. Isto faz diferença.

Em primeira pessoa, traz-se uma visão subjetiva do autor.

Ex. Em Dom Casmurro, Captu, em momento nenhum, diz que traiu Bentinho.

2. Pensar no receptor do texto;


Nenhum texto é escrito para o nada, para ninguém. Toda vez que se escreve um texto, escreve-se com
um leitor ideal em mente.

Ex. Apostila de português voltada para concursos (qual concurso, qual banca) ou escolas ou universidades.

3. Criar expectativas a partir do tipo e do gênero do texto;


Serão estudados os tipos textuais. Significa falar da estrutura abstrata do texto.

Tipos são em menor quantidade. A maioria dos autores falam em descrição, narração, dissertação e
injunção.

Gêneros são as manifestações concretas do texto. São milhares. Não como estudar todos. Em alguns
gêneros, misturam-se os tipos textuais (Ex. Petição inicial – narração e argumentação).

Ex. Crônica (texto narrativo, curto, geralmente tem ironia, humor, linguagem informal), horário de aula,
bula de remédio (informações sobre dosagem, como utilizar o remédio, etc.), petição inicial, contos.

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4. Analisar o registro linguístico;


Registro linguístico é verificar se a linguagem é mais formal ou menos formal.

Deve-se analisar se a linguagem está adequada ou inadequada em razão da situação comunicativa.

Nos editais, fala-se muito em variação/variantes linguísticas.

5. Analisar a significação das palavras;


Deve-se analisar, especialmente, naquele ponto, se a palavra/expressão foi utilizada no sentido literal
(denotativo) ou figurado (conotativo).

Tem a ver com a capacidade humana de criar símbolos. Às vezes é feito sem perceber, até mesmo em
provas.

Ex. Chá – no sentido literal, uma bebida; (denotativo)

Cadeira – no sentido literal, um móvel para sentar; (denotativo)

Já a expressão “chá de cadeira” significa ficar muito tempo esperando (conotativo)

6. Verificar se há intertextualidade;
Intertextualidade é um fator de textualidade que parte do pressuposto de que os textos se comunicam.

Pode aparecer de duas formas:

Mais ampla – nada que você fala, escreve é independente, pois fazemos parte de um conjunto, sociedade,
história (não utilizada na prova).

Intencional – de propósito, um autor de um texto resgata outro na produção do seu (paródias – há uma
mudança no sentido do texto, paráfrases, citação, alusão – “esse cara perece Dom Quixote”).

“Quando a banca pede para marcar a alternativa que reescreve o texto no mesmo sentido –
intertextualidade (paráfrase).”

7. Além de compreender, fazer inferências possíveis (interpretar)


É muito frequente haver no edital compreensão e interpretação de textos. São diferentes, sendo que
estas serão vistas no próximo bloco.

Quando o edital fala em compreensão do texto, refere-se à decodificação/entendimento do mesmo.


Deve-se fazer inferência, ou seja, a partir das informações dadas, deve-se concluir, fundamentadamente.
Não pode ser livre demais.

Ex. Interpretar uma tabela num texto linear.

Ex2. Para que a violência diminua, será preciso fazer investimentos na área social.

Deve-se dizer que os períodos da oração são ligados por uma finalidade (Para que) .

Pode-se haver, também, uma inferência, ou seja, que há uma relação de condição.

Não se pode dizer que há uma oração condicional, mas sim final. Conquanto, pode-se inferir/concluir que
existe, sim, uma condição.

Depende da questão da prova.

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Nota:
Para interpretar o gênero charge, deve-se contextualizá-lo. Somente fará sentido de acordo com
a situação.

A charge é temporal1.

“Época em que o FMI emprestou dinheiro para a Grécia. Contudo, receber dinheiro do FMI,
em muitas vezes, pode ser um presente de grego, pois, parece ótimo, mas pode trazer mais
ônus. (vide baixo)”
(1) Temporal: Alguns textos são temporais, ao passo que outros são atemporais.

Ex. Notícias de jornal (temporais), crônicas (atemporais – podem ser renovadas com novas interpretações).

Charge em forma de previsão de tempo (vide charge abaixo). O autor utilizou-se da


polissemia/plurissignificação.

“Utilizou-se de expressões que podem significar situações climáticas ao se retratar das


manifestações realizadas no País quando da realização da Copa das Confederações.”

“Situação que a presidente começa a reconhecer que sua situação estava ficando difícil,
através de uma estrutura de previsão do tempo.”

“Uma charge que ‘faz a brincadeira’ com previsão do tempo.”

Houve uma questão referente a esta charge que perguntou se deveria ter conhecimento de
mundo1 para interpretá-la.

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(1) Conhecimento de mundo: O conhecimento de mundo não resolve as ambiguidades infra.

O leão matou o lobo./Matou o leão o lobo.

Apesar de menos comum, pode-se interpretar que o lobo matou o leão.

O mal venceu o remédio/Venceu o mal o remédio.

Apesar de menos comum, pode-se interpretar que o remédio matou o leão.

Para não se deixar as frases supra ambíguas, basta preposicionar aquele que será o objeto.

“Ao leão matou o lobo.”

“O leão matou ao lobo.”

“Ao mal venceu o remédio.”

“Venceu ao mal o remédio.”

“Matou o leão ao lobo.”

Contudo, neste caso, o conhecimento de mundo resolve. Vejamos: Chutou a bola o menino (sabe-se que
a bola não pode chutar o menino).

Noutro passo, antítese é uma figura de linguagem feita no âmbito das palavras com a
aproximação de antônimos.

 Tipologia textual

Tem a ver com a organização do texto em abstrato.

1. Descrição

O texto descritivo tem como intenção central criar uma “retrato” do seu objeto, que pode ser
uma pessoa, um animal, um objeto, um lugar etc. Pode-se dizer que o texto descritivo é uma
fotografia feita por meio de palavras.

É possível que um texto seja totalmente descritivo, mas, no geral, textos de outras tipologias,
especialmente os narrativos, possuem trechos descritivos.

“A ideia da descrição é transmitir uma imagem, uma visualização. É estático.”

“Pode ser comparado com uma fotografia.”

Ex. Meu quarto tem uma janela, uma cama, dois armários e afins (não estou mudando nada).

Ex2. Calisto Elói, naquele tempo, orçava por quarenta e quatro anos. Não era desajeitado de sua
pessoa. Tinha poucas carnes e compleição, como dizem, afidalgada. A sensível e dissimétrica
saliência do abdómen devia-se ao uso destemperado da carne de porcos e outros alimentos
intumescentes. Pés e mãos justificavam a raça que as gerações vieram adelgaçando de carnes.
Tinha o nariz algum tanto estragado das invasões do rapé e torceduras do lenço de algodão

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vermelho. A dilatação das ventas e o escarlate das cartilagens não eram assim mesmo coisa de
repulsão. (Camilo Castelo Branco. A queda dum anjo)

“Trata-se de uma forma mais trabalhada a informar que Calisto tinha quarenta e quatro anos e
‘não era muito feio’, apesar de ser magro, era barrigudo em razão dos hábitos alimentares, pés
e mãos de pessoas trabalhadoras braçais, usava rapé e seu nariz era meio ‘detonado’, contudo
não chegava a dar nojo.”

Não se mostra uma sucessão de acontecimentos, mas sim a descrição de uma pessoa.

COMUMENTE, TEXTOS DESCRITIVOS TÊM PREDOMINÂNCIA DE VERBOS NO PRESENTE


INDICATIVO OU PRETÉRITO PERFEITO.

IMPORTANTE:

- Escrever texto em prosa é escrever texto assim como escrevemos todos os dias.

- Nível de informatividade:

Aquilo que o texto traz de novo. Deve-se adequá-lo ao objetivo.

A informatividade do texto literário vem da forma de escrita do texto (grau de informatividade maior,
informações menos acessíveis).

Amar é...

Noite de chuva

Debaixo das cobertas

As descobertas

Amar no sentido de fazer sexo. Descobertas com duplo sentido, quais sejam, a) pessoas nuas ou b)
novidades.

2. Narração

O texto narrativo é aquele que conta uma história. Apresenta os seguintes elementos:

Narrador: entidade que conta a história contida em uma narrativa. Há os seguintes focos
narrativos:

1a pessoa (narrador-personagem): o narrador participa da história e narra acontecimentos que


vivência (uso de “eu” e “nós”);


3a pessoa: neste caso, o narrador pode ser

Observador: o narrador tem um grau de conhecimentos das personagens e de suas histórias


mais limitado.
Onisciente: o narrador conhece tudo o que se relaciona à história e às
personagens, como os pensamentos destas.

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Tempo
Personagens
Espaço
Enredo: formado pela atuação das personagens, que se


prolonga no tempo, em determinados espaços e contada pelo narrador.

Na análise de textos narrativos, é importante analisar os tipos de discurso presentes. Conheça-


os:

Há três tipos de discurso: direto, indireto e direto livre. A diferenciação dos tipos de discurso
importa mais, em geral, em textos da tipologia narrativa.

• Discurso direto: é a estratégia usada para dar voz às personagens em diálogos ou


monólogos. É importante que se reproduza a fala exatamente da forma como a personagem
falaria (reprodução fiel). Marca-se o discurso direto pelo uso do travessão e das aspas.

Antes que a filha saísse, Maria fez-lhe um pedido:
-- Chegue cedo hoje, menina! É aniversário
de seu pai! -- Pode deixar, mamãe!

• Discurso indireto: ocorre quando o narrador enuncia a fala da personagem com suas
próprias palavras.

Antes que a filha saísse, Maria pediu-lhe que chegasse cedo aquele dia, pois era aniversário
do pai da menina.

• Discurso indireto livre: ocorre quando o texto, escrito em terceira pessoa, mescla a narração
com a fala da personagem como se esta representasse discurso direto, mas sem nenhuma
marcação gráfica que deixe claro se a fala é do narrador ou da personagem (há fusão das vozes
do narrador e da personagem).

“A mãe, coitada, com a pia cheia de louça, perguntou que história é essa de ser todas as moças
que ela pudesse ser, como assim a partir dos nomes que ela mesma escolhesse, que ideia é
essa, minha filha. “
(Rezende, Stella Maris. A mocinha do Mercado Central)

“Há uma mudança de estado das coisas. Pode focar em coisa real ou não.”

“Há a presença de falas dos personagens – podem ser marcadas por aspas.”

Ex. Posso narrar o meu dia (real).

Ex2. Johnny tinha seis anos de idade e estava em companhia do pai quando este foi flagrado ao
dirigir em excesso de velocidade. O pai entregou ao guarda, junto à sua carteira de motorista,
uma nota de vinte dólares. “Está tudo bem, filho”, disse ele quando voltaram à estrada. “Todo
mundo faz isso!”

Quando Johnny tinha oito anos, deixaram que assistisse a uma reunião de família, dirigida pelo
tio George, a respeito das maneiras mais seguras de sonegar o imposto de renda. “Está tudo
bem, garoto”, disse o tio. “Todo mundo faz isso!”

Aos nove anos, a mãe levou-o, pela primeira vez, ao teatro. O bilheteiro não conseguia arranjar
lugares até que a mãe de Johnny lhe deu, por fora, cinco dólares. “Tudo bem, filho”, disse ela.
“Todo mundo faz isso!”

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Aos dezesseis anos, Johnny arranjou seu primeiro emprego. Nas férias de verão, trabalhou em
um supermercado. Seu trabalho: pôr os morangos maduros demais no fundo das caixas e os
bons em cima, para ludibriar o freguês. “Tudo bem, garoto”, disse o gerente. “Todo mundo faz
isso!”

Quando Johnny tinha 19 anos, um dos colegas mais adiantados lhe ofereceu, por cinquenta
dólares, as questões que iam cair na prova. “ Tudo bem garoto”, disse ele. “Todo mundo faz
isso!”

Flagrado colando, Johnny foi expulso da sala e voltou para casa com o rabo entre as pernas.
“Como você pôde fazer isso com sua mãe e comigo?”, disse o pai. “Você nunca aprendeu estas
coisas em casa!”. Se há uma coisa que o mundo adulto não pode tolerar é um garoto que cola
nos exames...

Kenneth Blanchard e Norman Vincent Peale. O poder da administração ética. Rio de Janeiro:
Record, 1988 (com adaptações).

O texto retrorreferido, apesar de ser narrativo, traz uma argumentação implícita.

Questão de prova: Com qual dito popular mais se adequa – “Faça o que eu digo, faça o que eu
faço.”

Ademais, destaca-se que são pequenos trechos sobre uma mesma situação. In casu, estes
mostram o menino, por numerosas vezes, exposto a uma conduta.

Outra coisa, todos os fatos são fatos que podemos nos relacionar (quem nunca ouviu falar de
alguém que tenha sonegado imposto de renda, “passado a perna em alguém”, etc.)

Ex3. “Uma noite dessas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei no trem da Central um
rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-me, sentou-se ao pé
de mim, falou da lua e dos ministros, e acabou recitando-me versos. A viagem era curta, e os
versos pode ser que não fossem inteiramente maus. Sucedeu, porém, que como estava cansado,
fechei os olhos três ou quatro vezes; tanto bastou para que ele interrompesse a leitura e metesse
os versos no bolso.” (Machado de Assis. Dom Casmurro)

Neste caso, quem narra é parte da estória.

3. Dissertação

O texto dissertativo visa a expor ideias, criar uma tese e defendê-la com argumentos.

A dissertação caracteriza-se por apresentar linguagem clara e objetiva, com predominância do


uso da norma-padrão.

A dissertação pode ser expositiva ou argumentativa.

“Pode ser entendido, considerando o posicionamento majoritário, como expor de forma


sistematizada um conhecimento, ou de defender uma tese.”

Ex1. Texto definindo os tipos de habeas corpus.

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3.1. Expositiva/exposição

Tem a intenção de conceituar ou de explicar algo.

3.2. Argumentativa/argumentação

Apresenta uma tese e argumentos para defendê-la. Tem a intenção de convencer o leitor de
que a tese é plausível.

Não necessariamente tem que ser em terceira pessoa. Também pode ser em primeira pessoa.

“Nem todo texto argumentativo é vinculado a um gênero.”

4. Injunção (MENOS CAI EM PROVA)

O texto injuntivo é aquele que visa a moldar o comportamento do leitor, a influenciar como o
leitor vai agir. São injuntivos os textos que trazem ordens, pedidos ou instruções. A forma verbal
predominante é o imperativo, que serve, justamente, para mandar ou pedir.

São exemplos de textos injuntivos: receitas, manuais de instrução, bulas de remédio, avisos
exigindo “silencio”, “Proibido fumar”, etc.

“É aquele que traz comando ou instrução.”

“Comum que tenhamos verbos no imperativos ou equivalentes.”

“Uns tem uma coercitividade maior, ao passo que, outros, menor.”

Ex1. Os dez mandamentos. (usa o futuro como imperativo).

Nota:

É muito comum que textos tenham mais de um tipo.

Ex1. Dissertação (expositiva) + injunção

A natureza é capaz de produzir materiais preciosos, como o outro e o cobre – condutor de energia
elétrica. O ouro já é escasso. A energia elétrica caminha para isso (Dissertativo expositivo).
Enquanto cientistas e governos busca, novas fontes de energia sustentáveis, faça sua parte aqui
no TJDFT: - Desligue as luzes... (etc.)

A natureza cobra o preço do desperdício (Injuntivo).

Ex2. Harry Potter (texto predominantemente narrativo que possui partes descritivas necessárias à
compreensão).

Numa questão, após pedir a análise do texto como um todo, a palavra predominantemente é
importante.

“Se a narração é utilizada para defender um ponto de vista, será um texto


predominantemente argumentativo.”

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Verbos de situação são verbos que não representam ações.

Geralmente estão presentes em descrições.

Ex. Verbos de ligação (era).

IMPORTANTE:

O verbo dissertar, utilizado isoladamente, pode significar expor/argumentar.

Função conativa/apelativa: aqueles que visam influenciar/afetar comportamentos.

 Significação das palavras (semântica)

Denotação (literal) vs. Conotação (figurado)

(1) Denotação (Dicionário): Corresponde a utilização da palavra fora de um contexto específico,


significando exatamente aquilo que ela nasceu para significar.

(2) Conotação: Sentido figurado, criado contextualmente por meio de uma capacidade humana de
estender o significado das palavras.

Ex. Ler é destrinchar as palavras/o texto.

É conotativo ou denotativo? Conotativo, pois destrinchar, no sentido literal, significa separar as fibras.

1. Metáfora (IMPORTANTE)

Metáfora significa mudança, transformação. Ocorre quando se retira a palavra do sentido


denotativo, passando-a para o sentido conotativo com base em uma comparação implícita.

É subjetiva, de difícil interpretação. Muito ligada à visão do autor.

“Elementos que, por alguma razão, são aproximados, porque o autor enxerga uma
semelhança.”

“Transmite subjetividade para o texto, pois é o autor que cria.”

“O grau de informatividade do texto aumenta.”

Ex1. Ela é uma flor. (Considerando que ela é uma pessoa, fica fácil de entender. Há uma
semelhança entre a pessoa e a flor).

Ex2. Se eu pudesse roubar

As gotas de luar

Que vi brilhar nos olhos teus

Guardava...

“Gotas de luar que vi brilhar nos olhos teus – trata-se de uma metáfora, pois no luar não há
gotas e dificilmente, estaria brilhando nos olhos da pessoa.”

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01/09/17
 Figuras de linguagem (Estilística)

1. Conceito

Figura de linguagem faz parte do domínio da estilística que, por sua vez, estuda o estilo do autor,
a maneira como ele usa a linguagem.

A estilística não está presente apenas em texto literário, mas sim na liberdade que a língua traz.

Ex. Utilização de vírgulas facultativas é estilo de linguística.

2. Comparação

Ocorre quando se estabelece um paralelo, geralmente apontando semelhanças e existe um


conector que é explícito.

Ex. Ser como (elemento de comparação – compara algo com o rio) o rio que deflui

Silencioso dentro da noite.

Não temer as trevas da noite.

Se há estrelas no céu, refleti-las.

E se os céus se pejam de nuvens,

Como o rio as nuvens são água,

Refleti-las também sem mágoa

Nas profundidades tranquilas.

Ex2. A vida é como uma estrada sinuosa. Compara-se o termo vida com a expressão estrada
sinuosa.

3. Metáfora

Traz uma comparação implícita.

Utilizam-se palavras pertencentes a um campo semântico (uma área do conhecimento) para


falar de elementos pertencentes a outro campo semântico. Faz-se uma comparação das
características que vemos próximas desses elementos sem evidenciar isso.

Uma característica essencial da metáfora é a da subjetividade, pois, o autor, ao compor a


metáfora, faz o processo de comparação e, nesse processo, tira a palavra do sentido denotativo
deslocando-a para o sentido conotativo. Inova a língua, traz um aspecto original, uma vez que
inclui sua subjetiva.

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Ex. A vida é uma estrada sinuosa. Descreve-se a vida que pertence a um campo semântica
usando termos pertencentes a outro campo semântico (transporte, geografia, etc.). De alguma
forma, foi encontrada semelhança entre esses termos, sendo que a comparação não foi
transferida para o texto. É como se, na vida, também houvesse as mesmas incertezas que
existentes nas estradas sinuosas, etc.

Ex2. O pavão é um arco-íris de plumas. (Rubem Braga)

Ex3. Lá fora, a noite é um pulmão ofegante (Fernando Namora)

Ex4. O enorme rio é uma serpente no meio da floresta.

Ex5. Os medos são o porão da alma.

Contraexemplo. Hitler foi cruel como uma fera selvagem. Trata-se de comparação, pois essa foi
expressa no texto.

Nem sempre a metáfora será feita a partir do uso de linguagem verbal. Pode
ser feita por linguagem não verbal.
Ex. Há o prédio do congresso e, no lugar das estruturas laterais, há panelas de pressão. Trata-se
de metáfora porque o autor fez uma comparação do que estava acontecendo no Congresso e no
Senado com o que ocorre dentro de uma panela de pressão.

4. Catacrese

É bastante próxima da metáfora. Perdeu sua subjetividade em razão de ser largamente utilizada.

Trata-se de uma metáfora desgastada pelo uso geral que, por sua vez, torna-se
comum.

Ex. Cuidado para não esbarrar no pé da mesa.

Ex2. Braço do sofá, embarcar no avião, batata da perna.

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Ex3. O cavaleiro enterrou a espada no dragão.

5. Metonímia

Metáfora Metonímia

Tem-se a aproximação de dois elementos em Ocorre quando se aproximam dois elementos


razão de uma semelhança subjetivamente em virtude de uma
percebida pelo autor. contiguidade/proximidade. É baseada em
algo objetivo, são coisas características
pertencentes aos elementos aproximados.

Há uma estratégia de substituição (utiliza-se


um termo no lugar do outro, porque o termo
utilizado é próximo do outro).

Ex. Usar a marca no lugar do produto –


Bombril (palha de aço), tirar um xerox (tirar
uma fotocópia).

Ex. Agora compreendo o entusiasmo de gente como Millôr Fernandes e Fernando Sabido, que
dividem a sua vida profissional em antes dele e depois dele [computador]. Sinto falta do papel e
da fiel Bic (utilizou-se da marca para se referir à caneta), sempre pronta a inserir entre uma
linha e outra a palavra que faltou na hora, e que nele foi substituída por um botão, que, além de
mais rápido, jamais nos sujará os dedos, mas acho que estou sucumbindo.

Ex2. Ao ler o jornal, meus olhos não receberam bem a notícia. Não foram os olhos que
receberam, mas sim a pessoa inteira. Trata-se de metonímia.

Ex3. Pedir a mão em casamento.

Ex4. Receber as chaves do apartamento.

Ex5. Ler Machado de Assis (não se lê Machado de Assis, mas sim as obras por ele escritas).

Ex6. Tomar um copo de cerveja.

Ex7. Comer o prato todo.

6. Perífrase

Também há substituição, mas não pela semelhança, não pela proximidade/contiguidade.

Faz a substituição de um termo por outro que seja equivalente (equivalência de sentido).

“Utiliza-se de uma característica, um fato, algo que uma pessoa, uma cidade célebre, por
exemplo, e troca pelo termo original.”

Ex. Trocar Silvio Santos por homem do baú por ter ficado famoso por ser dono do baú.

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Ex2. Ir a Nova Iorque e dizer que vai visitar a grande maçã.

Ex3. Esse homenzinho pequeno, magro, franzino, nascido em um dos países mais pobres do
mundo, assombrou o público na maratona de 1960, em Roma, porque correu pelas ruas da
cidade eterna (perífrase de Roma) descalço.

Perífrase de nome de pessoa pode ser chamada de ANTONOMÁSIA.


Ex. Rainha dos baixinhos (perífrase e antonomásia, pois substitui nome de pessoa).

Contraexemplo. Cidade luz (perífrase, mas não antonomásia, pois substitui nome de cidade -
Paris).

Contraexemplo. Rei da Selva (perífrase, mas não antonomásia, pois substitui leão).

Perífrase é uma forma de se dizer a mesma coisa de forma mais longa.

“Caso se depare com uma situação em que se utilizam mais palavras para dizer o mesmo,
pode-se dizer que se está diante de uma perífrase.”

Ex. Quando saí de casa, meu irmão estava cozinhando (perífrase verbal, pois se poderia dizer:
“meu irmão cozinhava”).

Ex2. “Você vai estudar hoje?” é perífrase de “Você estudará hoje?”

7. Sinestesia

“Lembrar de anestesia. Quando se recebe anestesia, perdem-se os sentidos.”

Na sinestesia, há uma MISTURA de sentidos.

Ocorre quando se faz o uso concomitante de dois sentidos humanos (Ex. Olfato, visão, audição,
etc.)

Ex. Uma fruta uma flor

Um odor que relume...

Como dizer o sabor,

Seu clarão seu perfume?

Relumir é brilhar. Não há como um odor brilhar. Entende-se o odor pelo olfato, ao passo que o
brilho é percebido pela visão.

Ex2. Perfume doce/cítrico.

Ex3. Voz áspera.

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8. Antítese

Existe a antítese quando se aproxima termos de sentido oposto para que se consiga enfatizar a
mensagem a ser passada.

“Ocorre no plano das palavras. Aproximam-se palavras/expressões.”

Ex. Entre o bem e o mal a linha é tênue, meu bem.

Entre o amor e o ódio a linha é tênue também.

Ex2. Ele entra e sai o tempo todo.

AS FRASES NÃO SÃO CONTRADITÓRIAS.

“APENAS FAZ A APROXIMAÇÃO DE TERMOS ANTÔNIMOS”.

9. Paradoxo

Ocorre no plano das ideias.

Existirá quando a ideia apresentada for, ao menos aparentemente, contraditória.

“Fala-se algo que, aparentemente, não faz sentido, pois as ideias são incompatíveis, mas,
considerando todo o contexto, começa-se a ter sentido.”

Ex. Sons que confortam

(...)

A música de que você mais gosta tocando no rádio do carro. Aumente o volume.

O aplauso depois que você, nervoso, falou em público para dezenas de conhecidos.

O primeiro eu te amo dito por quem você também começou a amar.

E, em tempo de irritantes vuvuzelas, o som mais raro de todos: o silêncio absoluto.

Paradoxo, pois silêncio não tem som. Contudo, faz sentido, pois o texto se utiliza do sentido
figurado das palavras.

A ideia é contraditória, mas faz sentido num contexto.

Ex2. Bom, se o e-book é uma espécie de duplo ou sósia do livro de papel, então este viajante
imóvel prefere o original.

Paradoxal, uma vez que, se está viajando, está se movendo. Conquanto, no contexto, faz sentido
a expressão, porque fala do sentido figurado, da viagem que se faz quando se está lendo.

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10. Eufemismo

Corresponde à necessidade de se atenuar o que se vai dizer.

É a atenuação, “falar de um modo mais suave/politicamente correto/mais agradável”.

Sempre para melhor.


Ex. Ele candidamente entregou a alma ao Criador. (Forma agradável de se dizer que morreu)

Ex2. Ao dar o último suspiro (morrer), ele arrependeu-se de atos pretéritos.

Ex3. Ele disse adeus ao mundo sem remorsos. (morreu)

Ex4. Deus proverá para que sua luz se apague mansamente. (para que ele morra mansamente)

Ex5. Ao invés de se utilizar favela, utiliza aglomerado e, após, utiliza comunidade.

Contraexemplo. Deus não permitirá que eu morra longe dos meus.

Nota:

O contrário do eufemismo é o disfemismo. Nesse caso, ao invés de melhora, pior.

Não cai em prova.

Ex. Ele dormiu no terno de madeira. Ele pendurou as chuteiras. (para falar de morte)

11. Ironia

Ocorre quando se diz algo com a intenção e se dizer outra, geralmente com a intenção de se
fazer uma crítica.

Sempre dependerá do contexto. A mesma frase pode ser irônica ou não.

Ex. Dizer “parabéns” quando se bateu o carro.

Contraexemplo. Dizer “parabéns” quando se passou num concurso.

Ex2.

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QUESTÃO DE PROVA:

- Figuras de linguagem contidas no termo em negrito abaixo.

Aquele par de brasas espiava aqui e ali.

Par de brasas representava os olhos, tratando-se de uma metáfora.

Ademais, os olhos (representados por “par de brasas”) representavam o lobisomem inteiro, tendo-se,
portanto, a metonímia.

No “aqui e ali”, há também a antítese.

12. Hipérbole

Corresponde a um exagero intencional quando se quer enfatizar uma mensagem.

“Existe hipérbole quando se aumenta demais. Contudo, há situações em que se aumentam,


mas não se configura como hipérbole.”

Contraexemplo. No ano XXX, a empresa YYY deixou de emitir 2 milhões de toneladas de gás
carbônico na atmosfera. Se de fato tiver ocorrido, não é hipérbole.

Ex1. Tinha um mundo de planos na cabeça.

Ex2.

A hipérbole está no exagero de se mostrar que, por meio da redução da maioridade penal, uma
pessoa que nem nasceu seria considerada imputável para se dizer que não traz resultados.

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13. Prosopopeia/personificação

Ocorre quando se trata um objeto/ser que não humano como humano ou um objeto inanimado
com características de um ser vivo.

“Tratar como gente o que não é gente; tratar como vivo aquilo que não é vivo”.

Ex. Fábula – personificação dos animais (revestidos com características inerentes ao ser
humano).

Ex2. Mas um dos fatores dessa situação [situação atual do Brasil] é a quebra da autoridade, e
de seu irmão, o respeito: isso se conquista.

A prosopopeia existe porque se diz que o respeito é irmão da autoridade.

14. Apóstrofe

Existe quando se tem uma interpelação de alguém.

“Aquilo que se faz com o vocativo recebe o nome de apóstrofe quando tratado como figura de
linguagem.”

Ex. Nesse instante, por exemplo, o fotógrafo da natureza, no sozinho da sua alma, poderá dizer:
“Translúcida inspiração”, eu a vejo em brilho com seu sorriso pintado em azul.

Ele está conversando com a inspiração. Nem sempre o elemento interpelado/chamado poderá
responder.

15. Gradação

Sempre pressupõe uma sequência que, por sua vez, deve estar organizada de modo a chegar a
um clímax (subindo aos poucos) ou a um anticlímax (descendo aos poucos).

Ex. Uma hora, um dia, uma semana não serão suficientes para terminar este trabalho.

Ex2. ... o futuro da palavra escrita que começou a ser impressa na pedra das cavernas, passou
pelos blocos de argila, pela pele dos animas e pelo caule dos papiros, até ganhar mobilidade e
universalidade com o papel dos chineses e com os tipo móveis de Gutenberg.

Tem-se a sequência dos fatos que representam a evolução da escrita.

16. Elipse

Trata-se, além de uma figura de linguagem, de um mecanismo de coesão textual.

Corresponde à omissão de um termo.

Ex. Saí cedo (omissão do sujeito “eu”).

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Ex2. A proteção e a promoção da diversidade das expressões culturas pressupõem o


reconhecimento da igual dignidade e o respeito por todas as culturas, incluindo-se (houve a
elipse do termo “culturas”) as das pessoas pertencentes a minorias e as dos povos indígenas.

17. Zeugma

Irmão da elipse.

Nada mais é do que a elipse de um verbo que já apareceu, isto é, a omissão de um verbo já
utilizado.

PODE SER CHAMADO DE ELIPSE.

Ex. Para a castanha e sua linda plantinha seremos dois deuses contrários, mas igualmente
ignaros: eu (elipse do verbo “ser”), o deus da vida; ela (elipse do verbo “ser”), o (“Deus” está
elíptico, mas, como não é verbo, é apenas elipse) da morte.

18. Silepse/concordância ideológica

Pode ser vista como “concordância ideológica”.

Ocorre quando se faz uma concordância não com algo que esteja presente na frase, mas com a
ideia que aquele termo transmite.

Ex. A gente vamos ao shopping (concordância ideológica, pois o verbo está concordando com
“nós”, uma vez que tem o mesmo sentido “gente”).

Ex1. A gente é feito daquele tipo de talento capaz de fazer a diferença. (Se fosse concordância
lógica, seria “a gente é feita”, pois gente é palavra no feminino – concorda-se com a ideia de que
há um grupo masculino ou misto sendo representado por “a gente”)

Ex2. Todos sabemos que a solução não é fácil. (“Todos” está na terceira pessoa do plural
“sabemos” está na primeira pessoa do plural, para indicar que o interlocutor também está
incluído)

Ex3. Essa gente trabalhadora merecia mais, pois acordam às cinco horas para chegar ao
trabalho às oito da manhã.

Ex4. Senhor diretor, espero que Vossa Senhoria seja mais compreensivo.

Contraexemplo. Todos os brasileiros sabem que esse problema vem de longe. (apesar de Vossa
Senhoria “ter cara de feminino”, não flexiona em gênero. O seu gênero será determinado pelo
contexto).

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19. Polissíndeto

Corresponde à repetição da conjunção.

“Repetição da mesma conjunção. Se forem conjunções diferentes, não será polissíndeto.”

Ex. E para onde vai

E donde ele vem

E por isso, porque pertence a menos gente,

É mais livre e maior o reio de minha aldeia.

Repetição da conjunção “e” para enfatizar.

20. Assíndeto

É o oposto do polissíndeto.

Trata-se de uma sequência de orações sem conjunção.

Ex. Trabalho muito duro. Sou perfeccionista. Escrevo minhas músicas, tenho minhas próprias
ideias, ajudo com minhas roupas.

Não há nenhuma conjunção. Geralmente, coloca-se a conjunção “e” ao fim (... e ajudo com
minhas roupas).

21. Pleonasmo

Corresponde à redundância, à repetição de ideias.

Muitas vezes desnecessário, mas nem sempre.

Ex. Houve uma mulher que amou um amor de verdade. Por mais estranho que pareça, foi isso
que me contam exatamente.

Pode-se dizer apenas “...uma mulher que amou de verdade”.

Ex2. Ele viveu uma vida de sonhos.

Ex3. Morreu uma morte sofrida.

Existe o pleonasmo que é figura de linguagem e aquele que é vício de linguagem1.

(1) Pleonasmo como vício de linguagem

Simplesmente atrapalha a frase, não acrescenta nada ao sentido ou à expressão.

Ex. Subir pra cima, entrar pra dentro, sair pra fora, goteira no teto.

Ex2. Há dez anos atrás. (Tanto o “há” quanto o “atrás” indicam passado. Desnecessário utilizar os dois
termos)

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22. Anáfora

Sinônimo de “começar igual”.

Faz-se uma retomada do início de, por exemplo, cada verso.

Ex. Profecia

Cada gesto de ódio

Cada gesto de prepotência

Cada gesto para amordaçar a verdade

Cada gesto para amparar a mentira

Cada gesto que suprime outro gesto

Cada gesto – indigesto

- Voltará implacável como um “boomerang”

E ninguém escapará a essa lei.

Há também comparação (implacável com “boomerang”) e aliteração (vide abaixo) (gesto –


indigesto).

22. Anacoluto

Existe anacoluto quando se rompe a estrutura sintática de uma frase de modo que um termo
fique solto, sem função, sem conexão a outro.

Ex. O preconceito, é em muitos de nós que ele existe. (Da forma como a frase está estruturada,
a palavra “preconceito” está sem função, uma vez que a frase “é em muitos de nós que ele existe”
já está completa).

23. Hipérbato

Corresponde à inversão sintática.

Ocorre quando se desloca termos da frase do seu lugar de origem.

Ex. Ouviram do Ipiranga as margens plácidas

De um povo heroico o brado retumbante.

Ordem correta: As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo


heroico.

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24. Aliteração

Figura que trabalha com sons, especificamente sons consonantais.

Ex. Capim. Foi isso que apareceu depois dos primeiros pontos. Um capim alto, com as pontas
dobradas.

Repetição do som da letra “p”.

Não precisa ser a mesma letra, mas sim o mesmo som.

Ex. Morena de Angola que leva o chocalho na canela. Será que ela mexe o chocalho ou chocalho
que mexe com ela.

25. Assonância

Repetição de sons vocálicos.

Ex. E no dia lindo vi que vinhas vindo, minha vida.

Há a assonância do som da vogal “i” e a aliteração da consoante “v” (uma não impede a outra).

26. Paronomásia

Corresponde à aproximação de parônimos que, por usa vez, são palavras parecidas, próximas.
Parônimas não têm nem a grafia nem a pronúncia coincidentes, mas tanto grafia quanto
pronúncia parecidas.

Ex. Conhecer as manhas e as manhãs.

Ex - parônimos. Flagrante e fragrante (fragrância).

27. Onomatopeia

Representação gráfica de sons.

Ex. A agulha, vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. Era tudo
silêncio na sala de costura; não se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano.

Também há a personificação/prosopopeia (a agulha é tida como um ser vivo, que pode se calar
e andar)

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 Coesão e coerência

1. Conceito

1.1. Coerência textual

Está ligada às relações de sentido que as partes do texto estabelecem entre si.

O mínimo que o texto não pode ter é a contradição.

Contraexemplo. Quer chegar longe? Vá sozinho. Se quer chegar longe, vá em equipe.

Falta coerência.

1.2. Coesão textual

Fenômeno de superfície textual.

Corresponde às estratégias que se têm para conectar as partes do texto.

2. Espécies de coesão

2.1. Coesão referencial

Trabalha-se com a menção a referentes1 no texto.

Um termo do texto aponta para outro termo.

(1) Referente: No caso do substantivo, referente será aquilo que a palavra evoca do mundo.

Ex. Caneta foi criada para representar o referente que, por sua vez, é o objeto que ela representa.

Ex. Maria (referente – uma pessoa) ligou. Ela (referente – Maria) quer falar com você.

Pode-se falar que há o fenômeno da correferência (Mais de um termo que se refere ao mesmo elemento).

2.1.1. Exofórica

O termo faz referência a algo que está fora do texto.

Ex. Vamos sair hoje? Somente se sabe que dia é hoje se souber a data em que a frase foi escrita.

Exerce a função dêitica. O termo é um dêitico (dêixes).


2.1.2. Endofórica (NÃO CAI NA CONSULPLAN)

O termo faz referência a algo que está dentro do texto.

a) Anáfora
Representa a coesão “para trás”. A retomada de algo que já foi mencionado.

Ex. Passar no concurso: esse (refere-se a passar no concurso – oração anterior) é o meu sonho.

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b) Catáfora
Representa a coesão “para frente”. Refere-se a um termo que ainda virá.

Coesão por antecipação.

Ex. Meu sonho é este (antecipa a oração “passar no concurso”): passar no concurso.

QUESTÃO DE PROVA:

Resposta: Letra “B”.

2.2. Coesão sequencial

Serve para dar sequência para o texto, ligando os seus trechos, estabelecendo relações
semânticas.

A principal, mas não única estratégia é a do uso de:

2.2.1. Conjunções e Locuções conjuntivas

Espécie de orações coordenadas e subordinadas.

Para a interpretação de texto, somente importa o sentido empregado.

Contraexemplo – coesão referencial. Perdi o livro que comprei. (O “que”, na frase, é um pronome relativo
e, como pronome relativo, retoma um termo de valor substantivo que apareceu anteriormente, realizando
uma anáfora. O pronome relativo é anafórico por natureza. O “que” corresponde ao “livro”).

Ex – coesão sequencial. Ele disse que perdeu o livro. (O “que”, na frase, é uma conjunção integrante – NÃO
É PRONOME RELATIVO. A conjunção não faz referência. A conjunção conecta orações, no caso, ligando
“disse” a “perdeu”).

Outros exemplos. Conjunções adversativas (mas, porém, todavia, etc.), conjunções conclusivas (portanto,
por conseguinte, assim sendo, etc.), conjunções subordinativas adverbiais concessivas (ainda que, posto
que, por mais que, etc.)

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QUESTÃO DE PROVA:

Resposta: letra “d” – concessão (espécie de ressalva que não invalida a outra informação com
a qual contrasta).

Ex – concessão. Embora faça dieta, não emagreço. (a ressalva – dieta – é incapaz de invalidar a
informação principal – não emagrecer).

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