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Apostila de Língua Portuguesa 1

Língua , Linguagem e o Texto


Maryanne Silva

Olá, pessoal!
A Língua Portuguesa é considerada por muitos como difícil e muito, mais muito
“ruim”, seja pela quantidade de regras que a gramática normativa exige, seja pelo famoso
“falar certo e falar errado” que sempre ouvimos dentro e fora da sala de aula. Concordam
comigo?
O importante aqui é, antes de tudo, quebrarmos este mito de que “não sabemos falar
português”, somos falantes nativos da nossa língua, assim, conseguimos compreender
uns aos outros, correto? Todavia, esta apostila tem o objetivo de contribuir no processo
de ensino e aprendizagem de vocês, por isso, é de suma importância expandirmos os
nossos conhecimentos acerca de alguns princípios fundamentais de nossa língua.
Acredito que tudo fica menos complexo quando encontramos o motivo pela qual
estamos estudando e aprendendo algo.

Vamos lá?
Bons estudos!

O QUE É A LÍNGUA?

1. A língua é um sistema de sinais usados para


comunicação entre pessoas;
2. Ela varia ao longo do tempo e em diferentes lugares;
3. A língua é influenciada pela cultura, história e contexto social;
4. Ela é uma parte importante do patrimônio cultural de uma sociedade;
5. A língua é dinâmica e evolui com o tempo, refletindo as mudanças na
sociedade.

O QUE É A LINGUAGEM?

1. A linguagem é um sistema de comunicação usado pelos seres humanos


para expressar pensamentos, sentimentos e ideias;
2. Ela é composta por diferentes formas, como a linguagem verbal (falada
e escrita) e não verbal (gestos, expressões faciais, etc.);
3. A linguagem permite a transmissão de informações e a interação entre
as pessoas;
4. Ela é uma parte essencial da cultura e da identidade de uma sociedade.
5. A linguagem é dinâmica e está em constante evolução, adaptando-se às
mudanças sociais e culturais;
6. Ela desempenha um papel crucial no desenvolvimento cognitivo e
social dos indivíduos.
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Maryanne Silva

O QUE É O TEXTO?

Um texto é algo que alguém escreve em uma situação específica com algum propósito. É
completo e possui sete fatores que o tornam um texto e não apenas um conjunto de
frases juntas. Esses fatores influenciam na forma como usamos a linguagem ao nos
comunicarmos e ajudam a dar sentido ao texto, por isso, são chamados de fatores
pragmáticos, visto que envolvem as situações reais de uso na comunicação.

1. Intencionalidade: é a manifestação da intenção, do objetivo do emissor numa


determinada situação sociocomunicativa;
2. Aceitabilidade: é a expectativa que o leitor manifesta de que o texto com que se
defronta seja coerente, coeso, útil, relevante;
3. Situacionalidade: pertinência e relevância do texto quanto ao contexto em que
ocorre. Ela orienta tanto a produção quanto a recepção de textos;
4. Informatividade: diz respeito à taxa de informação do texto. Ela depende da
situação, do público, das intenções;
5. Intertextualidade: refere-se ao diálogo entre textos. A produção e compreensão
de textos dependem do conhecimento de outros textos.

Há outros dois outros fatores importantes em um texto.

1. Semântico conceitual: está relacionado com a clareza e o significado


das ideias, garantindo que elas façam sentido juntas.

COERÊNCIA: refere-se à consistência e compreensão de um texto, resultante de


processos mentais, conexões de significado e conhecimentos compartilhados entre o
autor e o leitor.

💡 Um texto coerente mantém um tema consistente ao longo de sua extensão;

💡 Ele evita contradições internas e apresenta informações que são percebidas


e aceitas como verdadeiras com base na organização do texto;

💡 Além disso, um texto coerente geralmente introduz informações novas para


manter o interesse do leitor .

“Veja este exemplo: Os leões subiram as montanhas geladas e puseram-se a perseguir a foca. Os
esquimós os chamavam por seus nomes. As feras corriam sobre o gelo, protegendo-se com suas
garras para não cair. Quando estavam prestes a alcançá-la, a foca alçou voo. (In: GUIMARÃES,
Elisa. A articulação do texto. São Paulo: Ática, 1990. p. 39)”
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Se considerarmos o “mundo normal”, a incoerência do texto decorre da incompatibilidade


entre aquilo que ele descreve e os fatos da realidade: os leões não habitam territórios
gelados, os esquimós não se utilizam desses animais para caçadas, nem as focas voam.
No entanto, inserido num contexto 4 ficcional fantástico, o mesmo texto teria a coerência
própria (o valor de verdade) desse tipo de contexto. Como se trata do “mundo normal”, teria de
haver a consonância entre os referentes textual e externo (situacional) em que repousa a
coerência. A coerência também é representada pela organização linear das sequências e pela
ordenação temporal relativa aos fatos descritos.

Nas seguintes frases, só a primeira é coerente:

A menina despediu-se da mãe, disse o dia da sua volta, tomou o táxi e partiu.
A menina partiu, despediu-se da mãe, tomou o táxi e disse o dia da sua volta.

2. Fator formal, que se concentra na forma como as palavras e frases


estão organizadas para criar fluidez e coesão. Estes fatores mostram
que um texto não é apenas sobre as palavras que vemos , mas
também sobre como elas se conectam e são compreendidas.

Coesão (ou fator formal) é a forma como as partes de um texto estão


ligadas entre si, para que ele faça sentido.

 Usamos mecanismos gramaticais para criar coesão, como por


exemplo, pronomes, conjunções, pontuação e outros recurso s que
ajudam a conectar ideias.

 Usamos Mecanismos lexicais que incluem reiteração (repetição de


palavras), substituição (usando sinônimos ou palavras relacionadas) e
expansão lexical (adicionando mais detalhes).

💡 Esses mecanismos garantem que o texto seja coeso e que as ideias sejam
entendidas de forma clara e fluida.

Há alguns tempos de elementos coesivos que ajudam na estruturação do texto,


veja a tabela a seguir.

Tipo de Coesão Definição Exemplos


Retoma um termo ou “Marcela obteve uma ótima colocação no
Anáfora expressão já mencionado concurso. Tal resultado demonstra
anteriormente no texto. que ela se esforçou bastante para alcançar o
objetivo que tanto almejava.”
Catáfora Antecipa o referente, surgindo “Há três coisas que não podem ser
antes do termo coesivo. escondidas por muito tempo: o sol, a
lua e a verdade.”
Elipse Omissão de um ou mais “Eu canto porque o instante existe e a
termos da frase para evitar minha vida está completa. Não sou alegre
repetições desnecessárias nem sou triste: sou poeta.”
Reiteração Repetição de elementos “Cada um é responsável por todos. Cada
referenciais no texto. um é o único responsável. Cada um é o
único responsável por todos.”
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Exercícios
1.Indique as relações semânticas estabelecidas pelos conectivos em destaque:

I. Como a chuva estava muito forte, não foi possível continuar o show.
II. Eu não consegui apresentar o trabalho porque estava muito nervosa!
III. Os manifestantes terão suas reivindicações atendidas, exceto se usarem de violência.
IV. Estava doente, mas foi trabalhar.
V. Os brasileiros são tão trabalhadores quanto os norte-americanos.

a. causa, causa, condição, oposição, comparação.


b. comparação, condição, finalidade, oposição, tempo.
c. causa, causa, conformidade, oposição, condição.
d. finalidade, comparação, tempo, condição, causa.
e. causa, causa, condição, condição, causa.
2. (Enem - 2013)

Gripado, penso entre espirros em como a palavra gripe nos chegou após uma série de contágios
entre línguas. Partiu da Itália em 1743 a epidemia de gripe que disseminou pela Europa, além do
vírus propriamente dito, dois vocábulos virais: o italiano influenza e o francês grippe. O primeiro
era um termo derivado do latim medieval influentia, que significava “influência dos astros sobre
os homens”. O segundo era apenas a forma nominal do verbo gripper, isto é, “agarrar”. Supõe-se
que fizesse referência ao modo violento como o vírus se apossa do organismo infectado.
RODRIGUES. S. Sobre palavras. Veja, São Paulo, 30 nov. 2011.

Para se entender o trecho como uma unidade de sentido, é preciso que o leitor reconheça a
ligação entre seus elementos. Nesse texto, a coesão é construída predominantemente pela
retomada de um termo por outro e pelo uso da elipse. O fragmento do texto em que há coesão
por elipse do sujeito é:

a. “[...] a palavra gripe nos chegou após uma série de contágios entre línguas.”
b. “Partiu da Itália em 1743 a epidemia de gripe [...]”.
c. “O primeiro era um termo derivado do latim medieval influentia, que significava
‘influência dos astros sobre os homens’.”
d. “O segundo era apenas a forma nominal do verbo gripper [...]”.
e. “Supõe-se que fizesse referência ao modo violento como o vírus se apossa do
organismo infectado.”
3. (Enem – 2011)
Cultivar um estilo de vida saudável é extremamente importante para diminuir o risco de infarto,
mas também de problemas como morte súbita e derrame. Significa que manter uma alimentação
saudável e praticar atividade física regularmente já reduz, por si só, as chances de desenvolver
vários problemas. Além disso, é importante para o controle da pressão arterial, dos níveis de
colesterol e de glicose no sangue. Também ajuda a diminuir o estresse e aumentar a capacidade
física, fatores que, somados, reduzem as chances de infarto. Exercitar-se, nesses casos, com
acompanhamento médico e moderação, é altamente recomendável.
ATALIA, M. Nossa vida. Época. 23 mar. 2009.
As ideias veiculadas no texto se organizam estabelecendo relações que atuam na construção do
sentido. A esse respeito, identifica-se, no fragmento, que

a. a expressão “Além disso” marca uma sequenciação de ideias.


b. o conectivo “mas também” inicia oração que exprime ideia de contraste.
c. o termo “como”, em “como morte súbita e derrame”, introduz uma generalização.
d. o termo “Também” exprime uma justificativa.
e. o termo “fatores” retoma coesivamente “níveis de colesterol e de glicose no
sangue”.
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4. Sobre a coesão textual, estão corretas as seguintes proposições:

I. A coesão textual está relacionada com os componentes da superfície textual, ou seja, as palavras
e frases que compõem um texto. Esses componentes devem estar conectados entre si em uma
sequência linear por meio de dependências de ordem gramatical.
II. A coesão é imaterial e não está na superfície textual. Compreender aquilo que está escrito
dependerá dos níveis de interação entre o leitor, o autor e o texto. Por esse motivo, um mesmo
texto pode apresentar múltiplas interpretações.
III. Por meio do uso adequado dos conectivos e dos mecanismos de coesão, podemos evitar erros
que prejudicam a sintaxe e a construção de sentidos do texto.
IV. A coesão obedece a três princípios: o princípio da não contradição; princípio da não tautologia
e o princípio da relevância.
V. Entre os mecanismos de coesão estão a referência, a substituição, a elipse, a conjunção e a
coesão lexical.
a. Apenas V está correta.
b. II e IV estão corretas.
c. I, III e V estão corretas.
d. I e III estão corretas.
e. II, IV e V estão corretas.

5.Indique a frase em que NÃO há quebra de coerência.

a. O preço da gasolina está em constante aumento, por isso, a venda de carros


disparou.
b. Fui à feira comprar frutas, portanto não encontrei laranjas nem maçãs.
c. Devido ao constante aumento no preço da gasolina, a preferência dos brasileiros
por carro têm aumentado.
d. Devido ao constante aumento no preço da gasolina, as pessoas têm usado mais os
transportes públicos.

6. Qual das seguintes alternativas contém um mecanismo de coesão?

a. referência pessoal
b. inferência
c. contextualização
d. conhecimento de mundo

7. (ENEM 2009)

Manuel Bandeira
Filho de engenheiro, Manuel Bandeira foi obrigado abandonar os estudos de arquitetura
por causa da tuberculose. Mas a iminência da morte não marcou de forma lúgubre sua
obra, embora em seu humor lírico haja sempre um toque de funda melancolia, e na sua
poesia haja sempre um certo toque de morbidez, até no erotismo.
Tradutor de autores como Marcel Proust e William Shakespeare, esse nosso Manuel
traduziu mesmo foi a nostalgia do paraíso cotidiano mal idealizado por nós, brasileiros,
órfãos de um país imaginário, nossa Cocanha perdida, Pasárgada. Descrever seu retrato
em palavras é uma tarefa impossível, depois que ele mesmo já o fez tão bem em versos.
Revista Língua Portuguesa, n° 40, fev. 20.

A coesão do texto é construída principalmente a partir do (a)


a) repetição de palavras e expressões que entrelaçam as informações apresentadas no
texto.
b) substituição de palavras por sinônimos como “lúgubre” e “morbidez”, “melancolia” e
“nostalgia”.
c) emprego de pronomes pessoais, possessivos e demonstrativos: “sua”, “seu”,
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“esse”, “nosso”, “ele”.


d) emprego de diversas conjunções subordinativas que articulam as orações e períodos
que compõem o texto.
e) emprego de expressões que indicam sequência, progressividade, como “iminência”,
“sempre”, “depois

Leia o texto abaixo e responda.

Livro faz justiça a Evaldo Braga, astro desconhecido de nossa música popular
André Barcinski
Evaldo Braga teve uma carreira breve e trágica: em quatro anos, gravou apenas 38 canções.
Morreu num acidente de automóvel, em 1973, aos 27 anos de idade, no auge da fama.
Suas músicas — “Eu Não Sou Lixo”, “A Cruz que Carrego”, e seu maior hit, “Sorria, Sorria” —
foram rechaçadas pela crítica como produtos bregas de quinta categoria, mas capturaram a
imaginação popular com suas narrativas cheias de drama e tristeza.
O livro de Gonçalo Júnior faz justiça a um dos astros mais desconhecidos de nossa música
popular.
(https://www1.folha.uol.com.br/colunas/andrebarcinski/2017/12/1939718-
livro-faz-justica-a-evaldo-brago-astro-desconhecido-de-nossa-musicapopular.
shtml. Acesso em 16/9/2018)

8.Assinale a alternativa cujo comentário acerca do trecho citado faz uma afirmação errada
quanto aos aspectos linguísticos e discursivos do texto em análise.

A) “Evaldo Braga teve uma carreira breve e trágica” / Se se inserisse o artigo “o” antes do nome
próprio, o enunciado ganharia um tom mais informal, familiar.
B) “em quatro anos, gravou apenas 38 canções” / A palavra grifada traz o pressuposto de que o
artista poderia ter gravado mais músicas no período mencionado.
C) “como produtos bregas de quinta categoria” / Os vocábulos grifados exercem, juntos, função
adjetiva, embora, sozinhos, pertençam a classes gramaticais diversas do adjetivo.
D) “Morreu num acidente de automóvel, em 1973, aos 27 anos de idade, no auge da fama” / Os
termos grifados exercem a mesma função que o advérbio; neste caso, indicam as circunstâncias
em que se dá o evento.
E) “faz justiça a um dos astros mais desconhecidos de nossa música popular” / Nesse trecho, a
palavra em destaque pertence à classe gramatical adjetivo.

9. Leia o poema abaixo.

Assinale a alternativa falsa quanto às relações de coerência textual estabelecidas no


poema.
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A) Os numerais “três” e “duas”, no primeiro verso, concordam, respectivamente, com os


substantivos que acompanham, funcionando como quantificadores destes; entretanto, no que
toca à flexão de gênero, apenas o segundo é variável.
B) No poema, a articulação entre as palavras, com predominância de substantivos, estabelece uma
coerência que o torna inteligível e constrói um significado para o título “Família”, definindo a em
moldes patriarcais.
C) Considerando-se, não apenas a questão sintática, mas principalmente o contexto, a conjunção
“e”, no último verso de cada estrofe, pode sugerir outras relações semânticas que não a de mera
adição.
D) O adjetivo “contentes”, que modifica o substantivo “dentes”, na segunda estrofe,
traduz a felicidade do homem, satisfeito em suas necessidades pessoais, como o descanso, o
erotismo, o prazer do fumo, o trabalho, a religiosidade e o alimento.
E) A conjunção “mas”, na terceira estrofe, é um conectivo que estabelece uma oposição entre “o
bilhete todas as semanas branco” e “a esperança sempre verde”, ligando os substantivos “bilhete” e
“esperança”, que se opõem entre si.

10. O mundo é grande


O mundo é grande e cabe Nesta janela sobre o mar. O mar é grande e cabe Na cama e no
colchão de amar. O amor é grande e cabe No breve espaço de beijar.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983)
Neste poema, o poeta realizou uma opção estilística: a reiteração de determinadas construções e
expressões linguísticas, como o uso da mesma conjunção para estabelecer a relação entre as
frases.

Essa conjunção estabelece, entre as ideias relacionadas, um sentido de: a) comparação b)


conclusão. c) oposição. d) alternância. e) finalidade

11.
Arrumar o homem
(Dom Lucas Moreira Neves Jornal do Brasil, Jan. 1997)
Não boto a mão no fogo pela autenticidade da estória que estou para contar. Não posso,
porém, duvidar da veracidade da pessoa de quem a escutei e, por isso, tenho-a como verdadeira.
Salva-me, de qualquer modo, o provérbio italiano: "Se não é verdadeira... é muito graciosa!"
Estava, pois, aquele pai carioca, engenheiro de profissão, posto em sossego, admitido que, para
um engenheiro, é sossego andar mergulhado em cálculos de estrutura. Ao lado, o filho, de 7 ou 8
anos, não cessava de atormentá-lo com perguntas de todo jaez, tentando conquistar um
companheiro de lazer. A ideia mais luminosa que ocorreu ao pai, depois de dez a quinze convites
a ficar quieto e a deixá-lo trabalhar, foi a de pôr nas mãos do moleque um belo quebra-cabeça
trazido da última viagem à Europa. "Vá brincando enquanto eu termino esta conta". Sentencia
entre dentes, prelibando pelo menos uma hora, hora e meia de trégua.
O peralta não levará menos do que isso para armar o mapa do mundo com os cinco
continentes, arquipélagos, mares e oceanos, comemora o pai-engenheiro. Quem foi que disse
hora e meia? Dez minutos depois, dez minutos cravados, e o menino já o puxava 11 triunfante:
"Pai, vem ver!" No chão, completinho, sem defeito, o mapa do mundo. Como fez, como não fez?
Em menos de uma hora era impossível. O próprio herói deu a chave da proeza: "Pai, você não
percebeu que, atrás do mundo, o quebra-cabeça tinha um homem? Era mais fácil. E quando eu
arrumei o homem, o mundo ficou arrumado!" "Mas esse garoto é um sábio!", sobressaltei, ouvindo
a palavra final. Nunca ouvi verdade tão cristalina: "Basta arrumar o homem (tão desarrumado
quase sempre) e o mundo fica arrumado!” Arrumar o homem é a tarefa das tarefas, se é que se
quer arrumar o mundo.

11. Assinale o item cuja afirmativa está de acordo com o primeiro parágrafo do texto:
(A) embora o autor do texto não confie na veracidade da estória narrada, conta-a por seu valor
moral;
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(B) como o autor do texto confia na pessoa que lhe narrou a estória, ele a transfere para o leitor,
mesmo sabendo que não é autêntica;
(C) A despeito de ser bastante graciosa a história narrada, o autor do texto tem certeza de sua
inautenticidade ;
(D) O autor do texto nos narra uma história de cuja autenticidade não está certo, apesar de ter
sido contada por pessoa digna de confiança;
(E) a estória narrada possui autenticidade, veracidade e, além disso, certa graça.

12. O título dado ao texto: (A) representa a tarefa que deveria ser executada pelo menino; (B)
indica a verdadeira finalidade do jogo de quebra- cabeça; (C) mostra a desorganização reinante
na família moderna; (D) assinala a tarefa básica inicial para a organização do mundo; (E)
demonstra a sabedoria precoce do menino da estória narrada.

13. Na continuidade de um texto, algumas palavras referem-se a outras anteriormente


expressas; assinale o item em que a palavra destacada tem sua referência corretamente
indicada: (A) Não boto a mão no fogo pela autenticidade da estória que estou para contar -
refere-se à autenticidade da estória narrada; (B) Não posso, porém, duvidar da veracidade da
pessoa de quem a escutei... - refere-se à veracidade da estória narrada;
(C) ...e, por isso tenho-a como verdadeira. - refere-se a não poder duvidar da veracidade da
pessoa que lhe narrou a estória;
(D) ...tenho-a como verdadeira. - refere-se à pessoa que lhe narrou a estória do texto;
(E) Salva-me de qualquer modo, o provérbio italiano. - refere-se à pessoa de cuja veracidade o
autor do texto não pode duvidar

14. O item em que o vocábulo sublinhado está tomado em sentido não figurado é: (A) Não
boto a mão no fogo pela autenticidade da estória... (B) Estava, pois, aquele pai carioca ...
(C) ...não cessava de atormentá-lo com perguntas... (D) O próprio herói deu a chave da proeza.
(E) Mas esse garoto é um sábio!

Compreender e interpretar textos é essencial para que o objetivo de comunicação seja alcançado
satisfatoriamente. Com isso, é importante saber diferenciar os dois conceitos. Vale lem- brar que o texto
pode ser verbal ou não-verbal, desde que tenha um sentido completo.
A compreensão se relaciona ao entendimento de um texto e de sua proposta comunicativa,
decodificando a mensagem ex- plícita. Só depois de compreender o texto que é possível fazer a sua
interpretação.
A interpretação são as conclusões que chegamos a partir do conteúdo do texto, isto é, ela se encontra
para além daquilo que está escrito ou mostrado. Assim, podemos dizer que a interpre- tação é subjetiva,
contando com o conhecimento prévio e do re- pertório do leitor.
Dessa maneira, para compreender e interpretar bem um tex- to, é necessário fazer a decodificação de
códigos linguísticos e/ou visuais, isto é, identificar figuras de linguagem, reconhecer o sen- tido de
conjunções e preposições, por exemplo, bem como iden- tificar expressões, gestos e cores quando se trata
de imagens.

Dicas práticas
1. Faça um resumo (pode ser uma palavra, uma frase, um conceito) sobre o assunto e os argumentos
apresentados em cada parágrafo, tentando traçar a linha de raciocínio do texto. Se possível, adicione
também pensamentos e inferências próprias às anotações.
2. Tenha sempre um dicionário ou uma ferramenta de busca por perto, para poder procurar o
significado de palavras desco- nhecidas.
3. Fique atento aos detalhes oferecidos pelo texto: dados, fonte de referências e datas.
4. Sublinhe as informações importantes, separando fatos de opiniões.
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5. Perceba o enunciado das questões. De um modo geral, questões que esperam compreensão do
texto aparecem com as seguintes expressões: o autor afirma/sugere que...; segundo o texto...; de
acordo com o autor... Já as questões que esperam interpretação do texto aparecem com as seguintes
expressões: conclui-se do texto que...; o texto permite deduzir que...; qual é a intenção do autor quando
afirma que...

RECONHECIMENTO DE TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS

TIPOLOGIA E GÊNEROS TEXTUAIS


A partir da estrutura linguística, da função social e da finali- dade de um texto, é possível identificar a
qual tipo e gênero ele pertence. Antes, é preciso entender a diferença entre essas duas classificações.

Tipos textuais
A tipologia textual se classifica a partir da estrutura e da fina- lidade do texto, ou seja, está relacionada
ao modo como o texto se apresenta. A partir de sua função, é possível estabelecer um padrão específico
para se fazer a enunciação.
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Veja, no quadro abaixo, os principais tipos e suas características:

Apresenta um enredo, com ações


e relações entre personagens, que
ocorre em determinados espaço e
TEXTO NARRATIVO tempo. É contado por um narrador,
e se estrutura da seguinte maneira:
apresentação > desenvolvimento >
clímax > desfecho
Tem o objetivo de defender
determi- nado ponto de vista,
TEXTO DISSERTATIVO- persuadindo o leitor a partir do uso
-ARGUMENTATIVO de argumentos sólidos. Sua
estrutura comum é: in- trodução >
desenvolvimento > con- clusão.
Procura expor ideias, sem a neces-
sidade de defender algum ponto de
vista. Para isso, usa-se comparações,
TEXTO EXPOSITIVO
informações, definições, conceitua-
lizações etc. A estrutura segue a do
texto dissertativo-argumentativo.
Expõe acontecimentos, lugares, pes-
soas, de modo que sua finalidade é
TEXTO DESCRITIVO descrever, ou seja, caracterizar algo
ou alguém. Com isso, é um texto
rico em adjetivos e em verbos de
ligação.
Oferece instruções, com o objetivo
de orientar o leitor. Sua maior carac-
TEXTO INJUNTIVO
terística são os verbos no modo im-
perativo.

Gêneros textuais
A classificação dos gêneros textuais se dá a partir do reconhe- cimento de certos padrões estruturais
que se constituem a partir da função social do texto. No entanto, sua estrutura e seu estilo não são tão
limitados e definidos como ocorre na tipologia textual, podendo se apresentar com uma grande
diversidade. Além disso, o padrão também pode sofrer modificações ao longo do tempo, assim como a
própria língua e a comunicação, no geral.
Alguns exemplos de gêneros textuais:
• Artigo
• Bilhete
• Bula
• Carta
• Conto
• Crônica
• E-mail
• Lista
• Manual
• Notícia
• Poema
• Propaganda
• Receita culinária
• Resenha
• Seminário

Vale lembrar que é comum enquadrar os gêneros textuais em determinados tipos textuais. No
entanto, nada impede que um texto literário seja feito com a estruturação de uma receita culinária, por
exemplo. Então, fique atento quanto às caracterís- ticas, à finalidade e à função social de cada texto
analisado.
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