Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
6
JOVEM ANO
SAPIENS
HISTÓRIA
Povos indígenas do Brasil
Chamamos os primeiros povos que habitaram o território brasileiro de paleoin-
dígenas. Existem diversas pesquisas arqueológicas sobre as datas em que esses
povos teriam se estabelecido na região onde hoje é o Brasil. Atualmente, os indí-
cios mais reconhecidos pelos estudiosos foram datados de 12 mil anos atrás. Na-
quela época, os paleoindígenas viviam da caça, da coleta e da pesca.
Depois deles, outros povos habitaram o Brasil, como os povos dos sambaquis,
os Tupi, os Macro-jê, os Marajoaras e os Tapajoaras. Observe o mapa a seguir.
Equador
0º
OCEANO
PACÍFICO Tronco linguístico Tupi
Tronco linguístico Jê
Cultura Marajoara
Cultura Santarém (Tapajó)
Concentração de sambaquis
Fonte: ATLAS
Histórico do Brasil.
io
icórn FGV/CPDOC.
e Capr OCEANO
ico d Disponível em:
Tróp ATLÂNTICO https://atlas.fgv.br/
mapas/populacoes-
0 400 americanas/terra-
brasileira-antes-da-
Quilômetros conquista. Acesso
50º O em: 14 fev. 2022.
Atividades
1. Compare o mapa desta página com um mapa do Brasil atual. Em que estado
se desenvolveram as culturas ceramistas (Marajó e Tapajó)? E os sambaquis?
2. As regiões onde ficavam os sambaquis eram banhadas por qual oceano?
141
Os povos dos sambaquis
Algumas populações que habitavam o litoral brasileiro ou regiões fluviais há
milhares de anos construíram sambaquis, estruturas que formavam uma espécie
de monte com resquícios diversos: conchas, rochas, mariscos, ostras, ossos, frag-
mentos de cerâmica, entre outros.
Alguns dos mais antigos sambaquis datados pelos arqueólogos são estruturas
construídas há cerca de 10 mil anos. Leia o texto a seguir.
[...]
[...]
[...]
RICARDO, Fany (coord.). Povos indígenas no Brasil Mirim. São Paulo: ISA, 2015. p. 117.
Sambaqui de cerca
de 7 mil anos,
localizado no sítio
arqueológico de
Santa Marta III, em
Laguna (SC), 2021.
142
Os Tupi e os Macro-Jê
Com o passar dos anos, os primeiros povos que habitaram a região do Brasil
foram se diferenciando em grupos com tradições variadas e com costumes cada
vez mais complexos. Teve início então a formação das aldeias, além da prática de
técnicas agrícolas.
Dois grandes grupos indígenas se formaram: os povos Tupi e os Macro-Jê. Esses
grupos tinham algumas características em comum: viviam da caça e da coleta e
praticavam a agricultura. O aspecto que os diferenciava está relacionado princi-
palmente ao idioma.
Observe a ilustração a seguir.
Estátua marajoara em
exposição no Museu do
Forte, em Belém (PA), 2018.
144
Atividades
Cacique Urutau
Guajajara
ensinando a
língua Tupi em
uma aula virtual.
Rio de Janeiro
(RJ), 2021.
145
Hora do tema
O protagonismo indígena
Nas últimas décadas, os povos indígenas têm tido um grande protagonismo
quando o assunto é “contar a sua história”. Por meio de diversos tipos de supor-
tes como livros, sites, palestras, rádio, vídeos, entre outros, alguns grupos indí-
genas têm se destacado na pesquisa e na difusão de sua versão referentes aos
eventos históricos e às origens de suas aldeias e de seus povos.
Existem no Brasil disponíveis on-line podcasts e
REPRODUÇÃO/EDITORA MODERNA
rádios que são geridos pelos próprios indígenas,
muitas vezes dentro das aldeias. Esses canais de
comunicação contam histórias e difundem as cul-
turas indígenas pelo Brasil.
Em livros desenvolvidos pelos próprios mem-
bros das aldeias, os indígenas publicam informa-
ções relacionadas à tradição oral, aos costumes
medicinais, à sua língua nativa, entre outros te-
mas. Daniel Munduruku, por exemplo, é atual-
mente um dos mais conhecidos escritores indí-
genas do Brasil.
REPRODUÇÃO/<HTTP://RADIOYANDE.COM>
Vozes ancestrais: dez contos indígenas, de Rádio Yandê. Disponível em: http://radioyande.com/.
Daniel Munduruku, publicado em 2016. Acesso em: 14 fev. 2022.
146
RENATO SOARES/PULSAR IMAGENS
147
7
Componente curricular: História
Adriana Machado Dias Ensino Fundamental – Anos Finais
Keila Grinberg
Marco Pellegrini
7
JOVEM ANO
SAPIENS
HISTÓRIA
28/07/2022 16:12:02
Cultura
Dizemos que os indivíduos de um grupo têm uma mesma cultura quando com-
partilham ideias semelhantes ou quando têm um modo parecido de agir e de
perceber o mundo. A arte, a língua, os costumes e as leis de um país são exem-
plos de expressões de uma cultura. Porém, mesmo no interior de uma sociedade,
há diferenças que indicam a variedade da produção cultural de cada grupo que
compõe essa sociedade.
ANDRE DIB/PULSAR IMAGENS
Mulher
indígena
Ashaninka da
Aldeia Apiwtxa.
Marechal
Thaumaturgo
(AC), 2021.
A cultura é transmitida de geração em geração por meio dos grupos sociais aos
quais estamos ligados. Geralmente, é a família que nos transmite os primeiros
valores culturais, depois a escola, em seguida nossos círculos de amizade, poste-
riormente, o trabalho e assim por diante. Desse modo, a cultura é adquirida por
meio de um processo de construção e transmissão social.
SERGIO PEDREIRA/PULSAR IMAGENS
Alunos em
sala de aula
na escola.
Santaluz
(BA), 2018.
29
11/08/2022 08:23:49
As diferentes percepções do tempo
O tempo é essencial para o estudo da História, e podemos percebê-lo e medi-lo
de várias maneiras. Existe o tempo da natureza, que não depende da vontade
humana e pode ser percebido, por exemplo, pelo crescimento das árvores ou,
então, pelo envelhecimento das pessoas.
Há também o tempo cronológico, que pode ser contado e também dividido
em diferentes unidades de medida: segundo, minuto, hora, dia, mês, ano, entre
outras. O tempo cronológico obedece a regras humanas e, por isso, é um produto
cultural, podendo variar de uma sociedade para outra.
[...]
Antigamente os Kaiabi só usavam marcadores tradicionais, como por exemplo:
pássaros, flores, lua, peixes, plantas, libélula e sapo. A cigarra marca o tempo da
chuva, a borboleta marca a época de verão, a libélula marca o tempo da primeira
chuva. Quando o mutum canta, época de verão, quando o sapo canta, vai fazer
muito frio naquela região. [...] As plantas marcam o tempo da seca, época da
roçada. Então são esses os marcadores de tempo para o povo
Kaiabi, que são utilizados ainda no Parque Indígena do Xingu.
KAIABI, 2009 apud KAYABI, Dineva Maria. Salto Sagrado do povo Kayabi:
uma história de resistência. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura em
Pedagogia Intercultural) – Universidade do Estado de Mato Grosso, Barra do
Bugres, 2016. p. 17. Disponível em: http://portal.unemat.br/media/files/
DINEVA.pdf. Acesso em: 30 maio 2022.
22
11/08/2022 08:23:45
CAPÍTULO
Povos nativos
2 da América
NIARKRAD/SHUTTERSTOCK.COM
A.
O sítio
arqueológico de
Wiñaywayna contém
vestígios de moradias, Milhares de anos atrás, o continente americano já era
terraços agrícolas e habitado por uma grande diversidade de povos. Neste
caminhos construídos
pelos incas, século XV. capítulo, vamos conhecer alguns deles, como os maias,
Trilha Inca, Peru, 2020. os astecas, os incas, os nazcas e os nativos do Brasil.
34
11/08/2022 08:26:08
JEJIM/SHUTTERSTOCK.COM/MUSEU NACIONAL
DE ANTROPOLOGIA, CIDADE DO MÉXICO, MÉXICO
B.
Calendário asteca
feito entre os anos
1427 e 1479.
RICARDO AZOURY/PULSAR IMAGENS
C.
Pintura rupestre
feita há milhares de
anos por habitantes
nativos do Brasil.
Parque Nacional
Cavernas do Peruaçu,
em Itacarambi (MG).
Ativamente
1. Quais impressões as imagens desta abertura transmitem em relação aos
povos nativos da América?
2. Quais conhecimentos e tradições típicos desses povos você conhece?
35
11/08/2022 08:26:09
Atividades
[...]
[...]
SILVA, Kalina Vanderlei; SILVA, Maciel Henrique.
Dicionário de conceitos históricos. 2. ed.
São Paulo: Contexto, 2006. p. 93-94.
a) Por que autores como Vicente Romano consideram que as palavras desco-
berta e descobrimento têm forte cunho eurocêntrico?
b) Na atualidade, quais termos são utilizados pelos historiadores no lugar de
descobrimento? Quais são as razões para a utilização desses termos?
129
11/08/2022 09:06:41
Impactos da invasão europeia
Quando Cristóvão Colombo chegou à América, em 12 de outubro de 1492, esse
continente era habitado por milhões de pessoas. Essa população era composta
por diferentes sociedades, cada uma com sua língua, sua religião, seus costumes,
enfim, seu modo de vida. Havia desde pequenos grupos habitando as florestas
tropicais até grandes centros urbanos, habitados por milhares de pessoas.
Atividades
2. Com base no que você estudou sobre os povos da América antes da chegada
de Colombo, como você imagina que ocorreu o processo de conquista e de
colonização do continente americano pelos europeus?
3. Analise a imagem a seguir. O que essa fonte histórica indica sobre o contato
entre espanhóis e povos indígenas da América?
166
11/08/2022 09:26:57
O choque entre dois mundos
Para a população nativa da América, a chegada dos europeus representou uma
verdadeira catástrofe. No caminho aberto por Colombo, vieram invasores interes-
sados em riquezas, principalmente no ouro e na prata. Na busca pelo enriqueci-
mento rápido, esses invasores deixaram rastros de devastação e sofrimento.
Os sobreviventes das guerras contra os europeus foram incorporados ao processo
de colonização. Os colonizadores apossaram-se das terras, escravizaram e impuseram
suas leis e sua cultura aos indígenas. Além disso, a fome, a violência e as doenças
causaram a morte de milhares de indígenas e a destruição de povos inteiros.
A conquista e a colonização do continente americano podem ser consideradas
um choque entre dois mundos. Desse encontro, nasceu um continente produtor
de grandes riquezas que, no entanto, foram distribuídas de maneira desigual. As
consequências da conquista, como as desigualdades e as injustiças sociais, deixa-
ram marcas profundas que, até hoje, estão presentes, principalmente, nas so-
ciedades da América Latina.
O genocídio americano
De acordo com os principais estudiosos do assunto, a população da América, na época da
chegada dos europeus, era de, aproximadamente, 55 milhões de pessoas. No entanto, no
decorrer do processo de conquista, milhões de indígenas foram dizimados. Vários estudiosos
consideram que esse foi o maior genocídio da história.
167
11/08/2022 09:26:58
Resistências contra os invasores
No decorrer de todo o processo de colonização, os indígenas resistiram aos
invasores espanhóis. Havia várias formas de resistência, como guerras, rebeliões
e preservação cultural.
Leia o texto a seguir.
Pouca gente sabe, mas existe um povo que nunca foi conquistado pelos
espanhóis aqui na América Latina. [...]
168
11/08/2022 09:26:59
“Não somos índios”
Quando os europeus chegaram ao continente americano, eles desconsidera
ram a imensa diversidade de povos que vivia aqui, chamando a todos de “índios”.
Nas últimas décadas, porém, esse termo vem sendo contestado. Leia a explicação
da educadora Márcia Mura, integrante do povo Mura, de Rondônia.
Atividades
1. De acordo com Márcia Mura, por que o termo “índio” não é adequado para se
referir aos povos indígenas que vivem no Brasil?
2. Márcia Mura afirma que o termo “índio” é eurocêntrico. Com base nos conteú
dos já estudados neste livro, explique o que é eurocentrismo.
190
11/08/2022 09:29:00
Os povos nativos do Brasil
De acordo com vários estudos, no início do século XV havia cerca de 4 a 5 mi-
lhões de indígenas vivendo nas terras que hoje formam o Brasil.
Eles agrupavam-se em
Vestígios arqueológicos
Para estudar os povos indígenas que viviam no Brasil há milhares de anos, os
cientistas costumam analisar os vestígios materiais encontrados nos sítios arqueo
lógicos. Entre esses
GERMANO FELIPE/SHUTTERSTOCK.COM
vestígios estão pin-
turas rupestres, geo
glifos, petróglifos e
objetos do dia a dia
feitos de cerâmica e
pedra, como urnas
funerárias, tigelas,
cuias e cestas.
Petróglifos: gravuras
feitas em rocha.
Petróglifos no Sítio
Arqueológico Pedra
do Ingá (PB).
47
11/08/2022 08:31:36
A organização das aldeias
Além das diferenças nos costumes, na língua e nas pinturas corporais, havia
diferenças nas moradias indígenas. Cada povo organizava a sua aldeia de uma
maneira. Observe.
48
19/04/2023 17:42:29
O Caminho do Peabiru
O Caminho do Peabiru é uma rede de estradas e de trilhas que começou a ser
formada pelos indígenas que viviam no continente americano há mais de 1 200 anos.
Esses caminhos atravessavam o continente e ligavam o litoral sul do atual territó-
rio do Brasil ao Peru, totalizando cerca de três mil quilômetros de extensão.
Atualmente, pesquisas e estudos ainda estão sendo realizados para se saber
quem construiu esses caminhos e quais as suas finalidades.
Algumas hipóteses indicam que indígenas que habitavam o atual território bra-
sileiro teriam aberto parte das vias para se deslocar mais facilmente de um lugar
a outro. Além disso, alguns pesquisadores atribuem aos incas a autoria de tre-
chos do caminho situados mais a oeste do continente, os quais seriam usados
para trocas comerciais ou expansão do império. Nesses trechos, foram utilizados
técnicas e sistemas de construção mais complexos, incluindo pontes, pavimenta-
ção e canaletas para escoamento da água.
Caminho do Peabiru
EDSON BELLUSCI/ARQUIVO DA EDITORA
AM PA PI
AC
TO
RO
PERU BA
MT
Cuzco
15° S DF
GO
BOLÍVIA
Porto Suárez
MG
Potosí
MS
OCEANO Porto SP
PACÍFICO Casado
São Paulo RJ
PARAGUAI Peabiru
córnio
de Capri PR
Trópico Guairá São Vicente
Pitanga
Assunção Curitiba
0 210
Quilômetros ARGENTINA OCEANO
SC
ATLÂNTICO
Peabiru
65° O RS
Ramais
Limite atual dos Fonte: LANGER, Johnni. Caminhos ancestrais. Nossa História,
estados brasileiros São Paulo, Vera Cruz, ano 2, n. 22, ago. 2005. p. 21.
Limite atual dos
países
49
11/08/2022 08:31:38
8
Componente curricular: História
Adriana Machado Dias Ensino Fundamental – Anos Finais
Keila Grinberg
Marco Pellegrini
8
6
JOVEM ANO
SAPIENS
HISTÓRIA
b) Agora, reflita sobre as questões: Como seria a convivência desses grupos
na sociedade colonial? Havia conflitos ou era uma convivência pacífica?
Escreva as suas hipóteses no caderno.
8. Atualmente, apesar de a escravidão ter sido abolida, a população afrodes-
cendente ainda sofre com o racismo, a discriminação e a desigualdade racial.
Sobre a escravidão africana no continente americano, indique em seu cader-
no a afirmativa incorreta. Em seguida, explique por que ela não está correta.
a) O tráfico de africanos escravizados para as Américas constituiu-se em
uma atividade altamente lucrativa, e o grande volume desse comércio
intensificou os conflitos entre as sociedades africanas.
b) Na América, os escravizados eram empregados em todo tipo de tarefas
braçais, como nas lavouras de cana-de-açúcar, na mineração e nos traba-
lhos domésticos.
c ) A violência contra os africanos escravizados começava desde seu aprisio-
namento e transporte, em péssimas condições, até o trabalho nas colô-
nias, permeado por castigos físicos e privações.
d) Embora a escravidão já fosse praticada na África, Europa e Ásia desde a
Antiguidade, foi seu aspecto comercial moderno que a tornou mais in-
tensa e destrutiva contra as sociedades africanas.
e) Os africanos escravizados aceitavam pacificamente sua situação e as
condições de trabalho nas colônias americanas, pois a prática da escravi-
dão já fazia parte de suas culturas originárias.
9. Analise a imagem a seguir e escreva um texto explicando a frase do cartaz.
Para isso, baseie-se na situação dos povos indígenas do Brasil, antes e depois
da chegada dos europeus.
CASSANDRA CURY/PULSAR IMAGENS
Manifestantes
durante a
2» Marcha
Nacional de
Mulheres
Indígenas.
Brasília (DF),
2021.
15
O trabalho
Trabalho é a ação produtiva dos indivíduos, que, para atender às suas necessi-
dades, transformam a natureza. Todos os bens de que dispomos são frutos do
trabalho, desde um alimento até um automóvel ou uma obra de arte.
As formas de trabalho variam de uma sociedade para outra e são influenciadas
pelas técnicas que cada sociedade domina e por aquilo que seus membros consi-
deram importante produzir. O trabalho, de qualquer modo, é fundamental para o
desenvolvimento humano.
Observe as fotografias a seguir.
CADU DE CASTRO/PULSAR IMAGENS
FOTOMUNDO BRASIL/SHUTTERSTOCK.COM
Indígena Macuxi trabalhando na produção de Pescadores trabalhando na praia da Lagoinha.
cerâmica. Normandia (RR), 2021. Florianópolis (SC), 2021.
ADRIANO KIRIHARA/PULSAR IMAGENS
Atividades
31
O genocídio indígena
Outro grupo que não teve garantido o direito à vida e à liberdade individual foi
o dos indígenas. Eles foram os primeiros habitantes da região, mas tiveram suas
terras tomadas no período Colonial e continuaram a perder seus territórios após
a independência. No século XIX, as invasões das terras indígenas e o massacre
desses povos tornaramse uma política incentivada por diversos governos estadu
nidenses. Essa política, conhecida como Marcha para o Oeste, resultou no geno
cídio de várias nações indígenas e na ampliação do território dos Estados Unidos.
Leia o texto a seguir.
[...]
O terrível desse genocídio se vê nos números. Em 1620, a população nativa
era de 18 milhões, foi reduzida a 600 mil em 1800 e chegou a 250 mil em
1900. Em 2008, o censo demográfico dos Estados Unidos mostrou uma popu-
lação de aproximadamente 325 milhões de habitantes. Entre esses, 75,1%
brancos, oriundos de imigrações europeias, enquanto os nativos representavam
0,13% da população, algo como 2,5 milhões, quando no início do século 17
eram 18 milhões. [...]
CANNABRAVA FILHO, Paulo. Maior genocídio da humanidade foi feito por europeus nas Américas: 70 milhões morreram.
Diálogos do Sul, 31 maio 2019. Disponível em: https://dialogosdosul.operamundi.uol.com.br/direitoshumanos/58765/
maiorgenocidiodahumanidadefoifeitoporeuropeusnasamericas70milhoesmorreram. Acesso em: 27 abr. 2022.
A Marcha para o Oeste era fundamentada pelo Destino Manifesto, uma dou
trina que defendia que a expansão territorial, cultural e religiosa dos Estados
Unidos era uma vontade divina. A pintura desta página é uma representação do
Destino Manifesto.
REPRODUÇÃO/MUSEU AUTRY DO OESTE AMERICANO, LOS ANGELES, EUA
Progresso americano, de
John Gast. Óleo sobre tela,
29,2 cm × 40 cm, 1872.
76
Atividades
A diversidade indígena
Desde 1500, com a chegada e a invasão dos portugueses às terras indígenas
que atualmente formam o Brasil, a violência foi usada como meio de exterminar
e controlar os povos nativos. Desse modo, na época da transferência da Corte
portuguesa, o número de etnias indígenas já havia diminuído drasticamente.
Mesmo assim, ainda existia uma grande diversidade. Entre os “botocudos” que
viviam na região dos atuais estados de Minas Gerais e Espírito Santo, por exem-
plo, havia diferentes etnias. Leia o texto.
Armas,
ornamentos e
utensílios de
Puris, Botocudos,
Machacaris e
índios da Costa,
de Maximilian zu
Wied-Neuwied.
Gravura, 1822.
182
O discurso civilizatório
Converse com os colegas sobre as questões a seguir.
Atividades
No século XIX, o modo como os indígenas eram vistos pelos europeus fazia
parte de uma concepção etnocêntrica e racista. Os europeus defendiam o princí-
pio de que eram superiores aos indígenas e que tinham a “missão de civilizá-los”,
ou seja, de impor seus modos de ser, viver e pensar.
O discurso civilizatório foi muito negativo para os indígenas, que tiveram sua
cultura e seus saberes praticamente destruídos pelos europeus.
A resistência indígena
Os indígenas sempre resistiram aos inva-
REPRODUÇÃO/EDITORA GFM
sores europeus e às suas tentativas de exter-
mínio. E resistiam de diferentes modos, co-
mo no confronto direto, na destruição das
vilas e cidades coloniais e com a fuga para o
interior do território como meio de evitar a
morte e preservar seu modo de vida.
Os cerca de 900 mil indígenas que vivem
atualmente no Brasil são os descendentes
desses primeiros povos que sobreviveram
ao genocídio causado pela colonização eu-
ropeia. Segundo estudo dos pesquisadores
Marcelo Grondin e Moema Viezzer, estima-
-se que, em 1500, viviam cerca de 4 a 5 mi-
lhões de indígenas no Brasil.
Capa do livro O maior genocídio da
história da humanidade, de Marcelo
Grondin e Moema Viezzer, 2018.
Etnocentrismo: visão de mundo preconceituosa na qual se considera a própria cultura como superior às
demais culturas.
183
Os indígenas e a Constituição de 1824
Durante o Primeiro Reinado, a legislação indigenista do governo de D. João VI
foi mantida. Os indígenas continuaram a ser considerados incapazes de participar
da vida política do país.
Com a Constituição de 1824, eles não foram considerados “cidadãos ativos”.
Leia o texto a seguir.
[...]
PARAISO, Maria Hilda Baqueiro. Construindo
o Estado da exclusão: os índios brasileiros e a
Constituição de 1824. Revista CLIO, Recife, v. 28,
n. 2, jul./dez. 2010. p. 12-13. Disponível em:
https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaclio/
article/viewFile/24259/19680.
Acesso em: 16 maio 2022.
214
Política indigenista no
Segundo Reinado
Em 1845, D. Pedro II aprovou o Regulamento acerca das Missões de catequese
e civilização dos Índios. Esse documento determinou que os indígenas deveriam
ser “civilizados” nos aldeamentos de acordo com os padrões europeus. Os aldea-
mentos passaram a ser administrados por funcionários públicos, entre eles diretor,
tesoureiro, cirurgião, enfermeiro e missionário.
Foi instituída, dessa maneira, uma política governamental de dominação nos
aldeamentos, formalizando o trabalho compulsório e a dominação cultural dos
povos indígenas.
[...]
Capitão Manoel,
chefe dos índios
coroados do
aldeamento de São
Jerônimo, de Franz
Keller. Grafite e
aquarela, 1865.
241
9
Componente curricular: História
Adriana Machado Dias Ensino Fundamental – Anos Finais
Keila Grinberg
Marco Pellegrini
6
9
JOVEM ANO
ANO
SAPIENS
HISTÓRIA
Ativamente
1. Observe a fotografia a seguir. Que grupo social está representado?
B.
Indígenas botocudos, que viviam no estado do Espírito Santo.
Fotografia de Walter Garbe, 1909.
39
Hora do tema
Os povos indígenas durante a República
Desde o governo de Getúlio Vargas, nas décadas de 1930 e 1940, foram
criadas propostas de ocupação do interior do Brasil, além de iniciativas de
incentivo ao crescimento das redes rodoviária e ferroviária entre as diversas
regiões, buscando promover o povoamento do Norte e do Centro-Oeste. Era
a chamada Marcha para o Oeste.
Nessa época, a urbanização e a industrialização ainda eram marcantes ape-
nas nas regiões litorâneas, enquanto o interior era considerado por muitos
uma região estagnada, atrasada e um “vazio” territorial.
Políticas de integração
Porém, nessas terras viviam muitos povos indígenas com um modo de vida
autônomo e uma cultura própria. No contexto da Marcha, Vargas propôs al-
gumas políticas de integração com essas populações por meio da implanta-
ção de expedições de reconhecimento territorial e de bases de ocupação no
interior do país.
ACERVO UH/FOLHAPRESS
das mais conhecidas é a Expedi-
ção Roncador-Xingu, desenvol-
vida a partir de 1943. Os irmãos
Orlando, Cláudio e Leonardo
Villas Bôas exerceram papel de
liderança nessa expedição, que
alcançou a região do rio Xingu
em 1946. Nesse local, a expedi-
ção entrou em contato com mui-
tos povos indígenas e os irmãos
Villas Bôas passaram a empreen-
der ações para preservar essas
Getúlio Vargas encontra-se com indígenas em
terras da exploração de fazendei- 1954. Orlando Villas Bôas (ao centro) atuou
ros e de políticas colonizadoras como intérprete do diálogo entre o presidente
e os indígenas.
do governo.
249
A criação do Parque Indígena do Xingu
Assim, após estabelecer contato com os diferentes povos da região, os irmãos
Villas Bôas passaram a defender o direito dos indígenas de viver no Xingu.
[...]
Diauarum 11° S
u ua
ing
A
M is
Rio
su
Kayabi Suyá
gena do Xingu, com uma área bem me- Rio
Suy
Kayabi á-M
iss u
nor do que a inicialmente proposta. O Txikão
Trumai
Parque situa-se no nordeste do estado Base Jacaré
do Mato Grosso. Observe no mapa as Kamayurá Nahukwá
u ro Waurá Yawalapiti
m
etnias que o parque abriga atualmente. Rio
Ro Posto Leonardo Matipu
Villas Bôas
vi
Kuikuro
at o
a ri
Aweti
Ri o B
at u
Kalapalo
Mehinako
Rio Tu
Rio Ta
ng u
ru
Ri o Kur is evo
Rio
0 30
ed
https://acervo.socioambiental.org/sites/default/files/ Quilômetros em
et
br
publications/0pd00256.pdf. Acesso em: 30 mar. 2022. 53° O o
Área do Parque
Indígena do Xingu
Aldeias indígenas
Rios
Agora, responda às questões.
1. Como se caracterizaram as relações entre os povos indígenas e o Estado
brasileiro entre as décadas de 1930 e 1950?
2. Que tipo de “integração” o governo estava propondo? Explique.
250
A resistência indígena e quilombola
O governo ditatorial incentivou e financiou políticas de expansão territorial e
desenvolvimento econômico no interior do país. Para isso, empreendeu obras de
construção de rodovias e de usinas hidrelétricas. Além disso, autorizou a explora-
ção de terras por empresas de mineração e o desmatamento para o desenvolvi-
mento da agropecuária.
Entretanto, muitas dessas ações foram realizadas sem nenhuma preocupação
com a população que vivia nos territórios afetados, como os povos indígenas e as
comunidades quilombolas. Esses povos foram amplamente prejudicados com es-
sas políticas expansionistas, sofrendo diversos tipos de violência.
Em meio ao processo de desenvolvimento econômico promovido pelo governo,
houve ocupação irregular de terras indígenas. Muitos povos foram expulsos de
seus territórios e houve perseguição, prisão, tortura e morte de lideranças indíge-
nas que reivindicavam os direitos de sua população.
Uma das lideranças que resistiu à ditadura e lutou pelos direitos indígenas foi
o cacique Xavante Mário Juruna. Em 1983, ele foi o primeiro deputado federal in-
dígena do Brasil.
Leia o texto a seguir.
O deputado
federal Mário
Juruna em
audiência com o
presidente
João Figueiredo.
Brasília (DF), 1983.
270
O massacre de indígenas na ditadura
De acordo com dados da Comissão Nacional da Verdade (CNV), a ditadura foi
responsável direta pela morte de aproximadamente 8 mil indígenas. Como em
muitos casos não foram disponibilizados dados oficiais, acredita-se que esse nú-
mero possa ser ainda maior.
As formas de violência contra as populações indígenas eram variadas, como a
imposição de deslocamentos nas terras, torturas, prisões, mortes em embates e
a propagação de doenças como gripe e sarampo.
[...]
COMISSÃO Nacional da Verdade – relatório – volume II – textos temáticos – dezembro de 2014. p. 217.
Disponível em: https://www.plataformadh.org.br/wp-content/uploads/
2019/08/capitulo_indigena_relatorio_final_cnv_volume_ii.pdf. Acesso em: 19 mar. 2022.
A criação da Funai
Em 1967, para instituir a política indigenista do governo ditatorial, foi criada a
Fundação Nacional do Índio (Funai). Naquele contexto, ela estava alinhada aos
interesses dos militares nos projetos de execução de obras de infraestrutura nos
territórios tradicionais dos indígenas no interior do Brasil, principalmente na re-
gião amazônica.
271
A União das Nações Indígenas
Durante o Seminário de Estudos Indígenas de Mato Grosso do Sul, em 1980,
diversas lideranças indígenas se reuniram para discutir ações de resistência à si-
tuação de violência e descaso sofridos por esses povos na ditadura civil-militar.
Veja o que disse Marçal de Souza, líder da etnia Guarani Ñandeva, durante o
seminário.
[...]
“Caros amigos, para terminar a nossa intenção e a intenção do Mário Juruna,
é que o povo indígena brasileiro se organize. Tenhamos o direito de organizar,
aproveitar aqueles elementos que amam os seus irmãos. Quer a sobrevivência
do seu povo, da sua raça, que aqueles que são responsáveis por nós, nos dê a
liberdade. Tenha a liberdade de se sentar com os caciques indígenas de todo o
Brasil em congresso e simpósio, em seminário, quem quer que seja, para discu-
tir juntos, porque não adianta dizer ao doutor que está doendo o corte que está
no pé. O doutor pode dar remédio, de acordo com a minha queixa, mas a dor ele
não está sentindo, dor ele não sente. O nosso caso, jamais um branco enten-
derá. O sofrimento moral, espiritual do Índio, é nós mesmo estamos diante
dessa impossibilidade dos branco sentir nosso problema, o problema do Índio.”
[...]
SOUZA, 1980 apud DEPARIS, Sidiclei Roque. Uni‹o das Na•›es Ind’genas (UNI): contribuição ao movimento Indígena no
Brasil (1980- 1988). Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, 2007. p. 85.
Disponível em: https://www.ppghufgd.com/wp-content/uploads/2017/06/Sidiclei-Roque-Deparis.pdf. Acesso em: 4 jul. 2022.
REPRODUÇÃO/ARQUIVO EDGARD LEUENROTH/UNICAMP
272
A questão indígena
A história dos indígenas brasileiros é marcada pela luta por suas terras desde a
época em que elas foram invadidas por europeus, a partir do século XVI. Atual-
mente, o desrespeito em relação à demarcação das terras indígenas permanece
um dos problemas mais graves do Brasil.
Art. 231 – São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes,
línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradi-
cionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer res-
peitar todos os seus bens.
[...]
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 1988. Disponível em: https://www.senado.leg.br/
atividade/const/con1988/con1988_08.09.2016/art_231_.asp. Acesso em: 7 abr. 2022.
Apesar do amparo legal, a demarcação das terras indígenas tem enfrentado obje-
ções de fazendeiros, garimpeiros e madeireiros que ocupam algumas dessas terras
e exploram seus recursos, impedindo o prevalecimento do direito dos indígenas.
Sujeito em foco
Ângelo Kretã
348
A luta dos povos indígenas
Com a Constituição de 1988, os povos indígenas conseguiram ter reconhecido
seu direito a terra. Porém, o processo de demarcação e reconhecimento legal das
terras indígenas tem sido demorado, o que dificulta, na prática, a garantia dessa
conquista. Isso ocorre por diversos motivos, entre eles, a ocupação dessas terras
por pessoas que exploram ilegalmente os recursos naturais, como madeireiros e
fazendeiros.
O mapa a seguir mostra os territórios indígenas demarcados, em processo de
demarcação ou aguardando reconhecimento legal. Observe-o.
AM
MA CE
PA RN
PI PB
PE
AC RO AL
TO SE
MT BA
DF OCEANO
GO
ATLÂNTICO
MG
OCEANO MS ES
PACÍFICO
SP
Limite internacional RJ
Trópico
de C
Limite estadual PR apricór
nio
Homologada
SC
Identificada
Declarada RS
Em identificação
0 510
Áreas de pequena
escala Quilômetros
50° O
Cartaz do XVIII
Vestibular dos
Povos Indígenas
no Paraná,
realizado
em 2018.
350