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Seminario sítios litorâneos

Boa tarde, colegas e professora. Escolhemos o tema no nosso seminário voltado para as
populações sambaquieras que habitavam a parte litorânea e algumas regiões interioranas do
território brasileiro nos períodos pré-coloniais. onde buscamos discutir diferentes
interpretações que as arqueólogas e arqueólogos desenvolveram com diferentes correntes de
pensamento arqueológico. E vamos dar alguns exemplos.

Bom, o termo sambaqui tem origem tupi– que significaria um monte de conchas.

Eles são resultados de um intenso processo de exploração de ambientes estaurianos-lagunares


por parte de grupos caçadores-coletores que se espalharam pelo litoral brasileiro por volta de
8.000 anos AP.

Os sambaquis de maneira geral, representam as ocupações mais antiga do litoral brasileiro e


também se fazem presentes em outras regiões do pais.

Calippo, define essas populações como Culturas marítimas, como estabelecida por Muckelroy
(1978) e o Adams (2002) a relação dos povos sambaquieros com suas fontes de recursos vai
muito além da exploração de recursos para sua subsistência, ela carrega uma visão especifica
de mundo, que não se limita a questões econômicas e dizem respeito de aspectos políticos,
social, simbólica do meio físico e suas particularidades.

Principal característica: Produção de estruturas monumentais (ou não) baseadas no acumulo


de moluscos bivaldes em associação com lentes de sedimentos argilosos ou arenosos,
sepultamentos, restos alimentares, estruturas de combustão e artefatos

Durante o processo de descobrimento desses sítios várias teses foram alavancadas para
explicar sua formação.

 Tese catastrofista- onde esses sambaquis seriam subproduto de um diluvio –


descartado
 Tese naturalista – onde esses seriam subprodutos da variação do nível do mar –
descartada
 Tese artificialista – onde seriam um subproduto não planejado de dejetos de grupos
pré-coloniais
 E teríamos uma tese antrópica, onde esses seriam subprodutos planejados de
intervenção na paisagem, ou seja, seriam uma materialização idealizada previamente
por esses grupos construtores

Os sítios das ocupações sambaquieras são mais numerosos nos estados de santa Catarina
(região de laguna, Florianópolis e Joinville); Paraná ( baias de Paranaguá e Guaratuba), São
Paulo (cananeia-Iguape e santos), rio de janeiro (baia de Guanabara e região de lagos), no
entanto se fazem presentes em menor escala no Espírito Santo.

Eles se dividiriam entre Sambaquis Fluviais, ou seja, aqueles instalados em beiras de rios e
regiões adjacentes e os Sambaquis litorâneos. As semelhanças e diferenças entre eles tem sido
um tema bastante estudado pelos pesquisadores nos últimos anos.

Atualmente se propõe que teriam havido dois “blocos” maiores e principais, embora não
exclusivos de desenvolvimento da cultura sambaquiera.
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1) O segundo em santa Catarina, onde os sambaquis seriam maiores que 5 metros e


alcançam proporções monumentais, nesses a ocorrência de sepultamentos humanos é
muito maior e conta com presença de zoólitos (Fish el al, 2000; Gaspar 2008 e 1998)
2) O primeiro seria no Rio de janeiro, onde os sambaquis não passariam de 5 mentos, com
associações entre áreas de habitação e sepultamentos. (Gaspar 1991, Barbosa 2001 e
2007)

Alguns autores propõe que esses dois grandes blocos/áreas corresponderiam a dois prováveis
eixos: norte e sul respetivamente, respectivamente, de povoamento do litoral

Uns acreditando que a origem desses povos estaria localizada entre o norte do estado do
Paraná e o sul do estado de São Paulo, (Neves, 1988), ou entre o norte do estado de Santa
Catarina e o sul do Paraná, (Oliveira,2000)

Porém, os sambaquis mais antigos, são datados no início do Holoceno, e não estão localizados
litoral Paranaense, onde as datas mais recuadas alcançam os 6.500 anos AP (Garcia,1979),

mas sim nos estados de São Paulo (Cambriu Grande, datado em 7,800 AP. Calippo, 2004), e
Rio de Janeiro (Sambaqui do Algodão, 8.700 anos AP) e em Santa Catarina (sitio Caipora, que
se localiza a 20Km da costa e tem datação de 7.400)

Sendo que ainda existem sambaquis mais antigos, associados a contextos fluviais, como é o
caso do Sitio Capelinha, com pouco mais de 10.000 anos, no estado de São Paulo. A existência
de sambaquis fluviais datados no inicio do Holoceno levou pesquisadores a acreditarem que
os grupos litorâneos derivariam, geograficamente e culturalmente de pioneiros de coletores
de moluscos vindos do interior do território.

O que levou as surgirem duas hipóteses.

1) Origem no litoral – e de lá se deslocaram ao interior do território nacional seguindo o


fluxo dos rios– modificando assim seus hábitos construtivos, adaptando-se aos novos
ambientes – isso explicaria o habito de construir monumentos com matérias conchiferos,
que são abundantes no litoral e de menor escala nas partes do interior do território.

2) Origem nas partes interiores do território: deslocaram-se continuamente para o litoral


em busca de recursos diferenciados- sustentando por datações mais antigas no sambaquis
fluviais

De qualquer, maneira, nos últimos 20 anos foram intensificadas as pesquisas sobre as relações
de sambaquis fluviais e costeiros e depois das diversas abordagens, os pesquisadores colocam
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essas duas realidades como potencialmente derivadas de um mesmo grupo ou cultura. Esse
grupo teria habitado ao final do pleistoceno, a plataforma continental hoje submersa.

E atualmente, a relação entre sambaquis fluviais e costeiros é explicada como resultado de


intrusões sazonais de grupos litorâneos até o interior.

Bom como vimos nas aulas passadas e em matérias anteriores o povoamento da américa ainda
gera controvérsias e não existe consenso sobre a quantidade de ondas migratórias ou sobre o
caminho que as poupulçoes seguiram no povoamento das américas. De modo que podemos
pensar hipoteticamente que a ocupação da costa brasileira pode estar relacionada a uma
potencial rota atlântica de ocupação da américa do sul. Então os remanescentes estariam
atualmente submersos, devido ao aumento do nível do mar, durante a transição pleistoceno-
holoceno

Dados provenientes da arqueologia subaquática serviram para aumentar o quadro de


pesquisas sobre o litoral brasileiro, onde, por exemplo, o pesquisador Calippo obteve no sitio
Cambriu Grande (cananeia, litoral de SP ) datações de aproximadamente 7870 AP.

E baseando-se na abordagem geoarqueologica de Waters (1992) sobre o dinamismo das


paisagens, afirma que parte dos sítios que compunham o cenário pré-colonial Brasileiro pode
ter sido destruídos e vários desses sítios podem estar, hoje, inseridos em uma paisagem muito
diferente daquelas que eles foram construídos.

De acordo com os dados geológicos e geomorfológicos, a atual linha da costa foi atingida por
volta de 8.000 anos AP, mas passou por diversas transformações ao logo da sua formação.

Com isso o autor classificou os sambaquis de Cananeia em 3 fases distintas.

1) Fase regressiva – sambaquis formados após 5. 100 AP


2) Fase transgressiva II – Sambaquis formados entre 7.000 a 5.100 anos AP
3) Fase transgressiva I – sambaquis formados antes de 7.000 AP anos

Desse modo, os sambaquis com as datações mais recuadas do que as atualmente propostas
estariam, hoje, submersos em uma linha muito mais antiga da costa brasileira

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