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BEIER, J, R.

Caminhos para o Atlântico Sul: a reconfiguração do sistema de comunicações e de transportes em São


Paulo durante a consolidação da economia açucareira (1788-1840). 2022. Tese (Doutorado em História Econômica) -
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2022.
doi:10.11606/T.8.2022.tde-30092022-135002. Acesso em: 2022-11-10.

Discentes: Lucas cunha santos, Dércio Cardoso, Priscyla Viana


“A calçada do Lorena: O caminho de açúcar em direção ao mar”

A calçada do Lorena, encontra-se situada na parte sudeste do atual Estado de São


Paulo, no município de Cubatão, e atualmente está inserida em áreas que pertencem ao
Governo do Estado e a Petrobras. A calçada foi construída no final do século XVIII, em 1792
e faz parte do trajeto percorrido por D. Pedro 1° em 1822 em direção a São Paulo, quando foi
proclamada a independência do Brasil. Este grande empreendimento foi realizado a mando do
então governador da província de São Paulo, Bernardo Jose de Lorena, cujo objetivo era
construção de um trecho calçado de pedras que ligasse o porto de Santos na Serra do Cubatão
e São Paulo, dando assim, origem ao nome “calçada do Lorena” como uma homenagem e
demonstração de grandeza. anteriormente também conhecida como Caminho do Mar. Foi no
Governo de Lorena, que se estabeleceu uma divisão de engenheiros, matemáticos e
astrônomos na capitania de São Paulo, de modo, a atuaram tanto no mapeamento das porções
que compunha a Capitania, como também, no planejamento e execução de obras públicas
realizadas, como é o caso da “Calçada do Lorena”, que teve com principal executor do
projeto, o engenheiro João da Costa Ferreira, e seu ajudante, Antônio Rodrigues Mortezinhos,
enviados pela Coroa Portuguesa em 1788. (BIER, 2022, p.151-152)
Inicialmente ele foi enviado com o intuito de se apresentar ao Vice-Rei Luís
Vasconcelos e Souza, na Província do Rio de janeiro, com o objetivo de serem aproveitados
na divisão de demarcações de limites decorrentes do Tratado de Santo Ildefonso, assinado em
1 de Outubro de 1777, entre Portugal e Espanha. Foi escolhido devido ao seu valoroso
trabalho prestado na reconstrução de Lisboa, em 1755, por um terremoto. Porem
posteriormente, ambos foram cooptados pelos Governador Lorena, com a liberação do Vice-
Rei e da Coroa. Onde vieram executar todos os levantamento topográficos na Serra do
Cubatão, que posteriormente deu origem ao projeto de construção da calçada do Lorena
(BIER, 2022, p.151-152)
O calçamento do caminho do mar ou calçada do Lorena, foi traçada desde do início
com o objetivo claro solucionar o grande problema de trafego, e consequentemente, favorecer
o aumento de comercio, e principalmente com a arrecadação de pedágio com uma maior
circulação de pessoas, mercadorias e animais pela passagem. De modo, que os caminhos
utilizados anteriormente não solucionavam o problema da província e se encontrarem em
condições precárias, como é o caso do caminho do Padre Jose de Anchieta. (BIER, 2022, p.
152)
Este grande empreendimento realizado na província de São Paulo, permitiu uma
otimização do escoamento do açúcar produzido na província, uma vez que permitia que mulas
fizessem o transporte do açúcar e outras mercadorias entre as porções do interior do território
até sua parte litorânea, no Porto de Santos, em tempo mais hábil e com maior segurança,
como também facilitava a circulação de viajantes e pessoas escravizadas a serviço de seus
“senhores”. O calçamento do mar, embora tivesse um trafego apertando em meio a mata
densa, representa um dos primeiros grandes feitos técnicos, pois transformava a natureza e
acrescentava a ela “um sistema de engenharia” único até então na América do Sul, segundo
Rogerio Bier (BIER, 2022, p. 159)
A calçada do Lorena, começou a ser construída em 1790 e contava com mais de 8.000
metros de extensão, tendo entre 3,5 e 4 metro de largura em alguns trechos, e foi
completamente calçada com pedras e foi desenhada em ziguezague propositalmente desde do
princípio com o intuito de driblar o desnível de mais de 800 metros da Serra do Mar,
corrigindo assim a declive e ultrapassando uma dificuldade imposta pelo ambiente onde a
calçada está inserida. Então, seu traçado leva em conta a própria topografia do terreno, o que
tornava a subida menos íngreme, e facilitava o acesso e circulação de pessoas e mercadorias.
Em alguns partes era/é possível encontrar alguns muros feitos de arrimo com o intuito de
tornar locais anteriormente mais íngremes e perigosos de fácil acesso e seguros, de modo, a
também restringir o espaço para que as mulas não caíssem e se apoiassem umas nas outras,
consequentemente também o peso e facilitando a subida.
Atualmente os restos remanentes da calçada do Lorena encontram-se preservados e
abertos ao público em alguns trechos, ela está inserida no Parque caminhos do mar, que por
sua vez está localizado no Parque estadual do mar e conta como um importante acervo
cultural e histórico, devido a sua grande importância arquitetônica e ambiental.

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