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Uma "nova via" na velha rede viária romana

de Mangualde
António Luís Marques Tavares

Resumo
Cruciais no desenvolvimento da economia e decisivas na eficaz ocupação e colonização
de novos territórios, garantindo a circulação e o trânsito de pessoas e bens, aproximando
as villae, vicus e castella, enfim o mundo rural do urbano, em todas as suas dimensões, as
vias de comunicação do império romano – ou o que resta delas – constituem hoje um
património que urge preservar.
Não é, todavia, fácil distinguir se determinados troços de calçada são exactamente
romanos ou de épocas posteriores, graças à utilização que estas vias tiveram ao longo dos
séculos, submetidas, necessariamente a intervenções de manutenção e ao abandono, por
desuso ou alternativa. Traçar os percursos viários que serviam os territórios romanos é
como construir um puzzle onde faltam várias peças. Apresentamos aqui um troço inédito
e aventamos a sua inserção na malha viária da Mangualde romana.

Abstract
Crucial to economic development and decisive in the successful occupation and colo-
nization of new territories, ensuring the circulation and movement of people and goods,
bringing the villae, vicus and castella, indeed, approaching the rural world to the urban
world, in all its dimensions, the routes of communication of the Roman Empire – or what
remains of them – are now an heritage which needs to be preserved urgently .
It is not, however, easy to distinguish whether certain sections of sidewalk are exac-
tly from the roman time or from later times, thanks to the use that these roads have had
over the centuries, necessarily submitted to maintenance work and to abandonment, per
disuse or alternative. Charting road routes that served the roman territories is like buil-
ding a puzzle where many pieces are missing. We present here an unprecedented way and
we suggest its insertion into the Mangualde roman roads.

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António Luís Marques Tavares

1. Introdução
As vias de comunicação sempre desempenharam um papel fundamental no desenvolvi-
mento das sociedades.
Desde sempre o homem utilizou diversas vias de comunicação para a sua desloca-
ção, para a deslocação de bens, para fomentar a s trocas comerciais ou, numa lógica de
expansão e ocupação territorial, para se estabelecer noutros sítios, muitas vezes extraor-
dinariamente distantes dos pontos de origem. Os diversos cursos de água, os mares e oce-
anos desde cedo constituíram um meio privilegiado de movimentação de pessoas e bens.
No entanto, foi por terra que as comunicações mais se fizeram sentir.
As vias terrestres de comunicação terão existido, não só na Europa como noutros
continentes, desde os tempos pré-históricos e sem que roda tivesse já sido descoberta ou
conhecida por algumas sociedades. Isaac Moreno Gallo (2006, p. 4) refere precisamente
esta questão para os territórios da América do Sul.
Naturalmente que os caminhos mais antigos seriam simples carreiros de passagem
de homens e animais, em terra e posteriormente compostos por pedras, para melhor con-
solidação dos mesmos. Todavia, nada se conhece dos caminhos utilizados na Europa ou
no território que hoje é Portugal antes da chegada dos romanos. É certo que existiam,
pois os diversos castros dos povos indígenas, quer da Idade do bronze quer da Idade do
ferro, tinham ligação entre si e a cultura material exumada é pródiga e inequívoca quanto
ao atestar das trocas comerciais entre os diversos povos, indígenas ou de paragens muito
distantes.
Os romanos, ao chegarem às diversas regiões que ocuparam, encontraram formas
estruturadas de ocupação do solo, de organização territorial e, claro está, servida por uma
rede de caminhos, por vias que permitiam as movimentações de pessoas e bens. Numa pri-
meira fase os romanos terão utilizado esses caminhos, terão avançado e construído o seu
império através desses caminhos, adaptando-os ao mesmo tempo que construíam outros
– seguindo o mesmo traçado ou não – de acordo com as suas necessidades na ocupação
dos territórios. Gérard Chouquer, ao longo da sua vastíssima obra, aponta neste sentido.
Jorge de Alarcão reflecte que as paisagens, ao longo da História, vão-se sucedendo, não
havendo cortes abruptos, mas antes uma continuidade e uma transformação gradual.
As vias que os romanos foram construindo por todo o império foram surgindo na pai-
sagem como algo de novo, algo de verdadeiramente revolucionário, quer sob o ponto de
vista tecnológico e de construção quer sob o ponto de vista da celeridade das comunica-
ções, no fortalecimento das relações comerciais e da instalação fácil de soldados e colonos
nos novos territórios conquistados. Porém, e tendo como referência os pensamentos dos
dois mestres acima citados, é natural aceitar-se que as vias romanas terão coexistido com os
caminhos antigos dos indígenas e, sobretudo na malha secundária, uma via seria composta
por troços antigos alternando com troços construídos pelos engenheiros vindo de Roma.

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Segundo Gallo (2006, p. 4) as vias terrestres de comunicação, como qualquer


outra obra humana, devem ser estudadas e interpretadas, uma vez que apresentam dife-
renças entre si, em função dos diversos usos e necessidades, dos meios e da tecnologia
empregues.
De uma forma geral podem estabelecer-se vários tipos de revede viária, de acordo com
a importância que estas tinham na ligação entre os vários locais. Para o território em análise
interessa sobretudo falar numa rede principal e uma secundária e na rede vicinal que servia
de ligação e complemento às duas citadas. É esta rede vicinal que, na maioria dos casos não
apresenta qualquer tipo de calçada ou de pavimento a não ser a terra batida e muitas vezes
a própria rocha natural, fazendo a ligação das vias, sobretudo das secundárias, pode ter
origem nos períodos pré-romanos e com a romanização passaram a fazer parte da malha
viária, tendo sofrido as devidas alterações e adaptações às novas exigências romanas.
Os factores que contribuem com maior preponderância para a distinção entre as vias
principais e secundárias são o tipo de pavimento, a largura, a existência ou não de marcos
miliários e a continuação destas como estradas ao longo dos tempos (Vaz, 1997, p. 373).
Resumidamente pode-se afirmar que as vias principais são mais largas que as secundárias
e nesta região, à semelhança da rede viária que se encontra na Península Ibérica, a largura
das principais ultrapassam os 4 metros e por seu lado as vias secundárias oscila entre os
3,50m e os 3,60m, ou mesmo menos. A rede vicinal apresenta uma largura de 2 a 2,50 m.
A presença de miliários é uma característica das vias principais. João Vaz elucida que na
região de Viseu não encontrou nenhum miliário em vias consideradas secundárias, mas
apenas nas consideradas principais (Vaz, 1997, p. 373-374). Relativamente ao pavimento
as vias romanas apresentam o lajeado sobretudo nas zonas de encosta e em baixios acen-
tuados, bem como nas curvas mais acentuadas. Objectivamente a implantação do lajeado
nestes pontos distintos contribuía para que os carros tivessem melhor tracção e que nos
baixios não se atolassem. Assim, o resto do trajecto das vias era em terra batida. Esta con-
cepção e solução técnica servia quer para as vias principais quer para as vias secundárias.

2. Objectivos da Comunicação
A nossa intenção em trazer a este Congresso uma "nova via" da velha rede viária romana no
actual concelho de Mangualde tem a ver, em primeiro lugar, com a descoberta de um troço
de calçada romana, em 2006, naquele território, precisamente na zona dos Barreiros, em
Pinheiro de Baixo. Em segundo lugar, porque a localização deste lajeado não encaixa com
facilidade nas propostas de interpretação e de percurso da rede viária romana apresentada
até agora para aquela área da antiga civitas interanienses, cuja cidade principal teve o nome,
sabe-se hoje, de Vissaium (Carvalho e Fernandes, 2009, p. 27). Por fim, porque interessa

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abordar a questão das vias romanas à luz das novas propostas de reflexão induzidas pelos
autores supracitados e que fomos colhendo na sua bibliografia.
Sabemos que estudar a viação romana nesta área – e noutras – é tarefa difícil, para não
dizer ciclópica, porquanto os autores romanos não fazem qualquer referência às estradas
que por aqui passariam (Vaz, 1997, p. 371). Para além disso é grande a dificuldade na dis-
tinção entre o que é originalmente romano e as alterações que estas vias foram sofrendo,
posteriormente (Vaz, 1997, p. 371).

3. Historiografia
Historiograficamente foram vários os autores que se debruçaram sobre o tema da viação
romana para a região de Viseu e actuais concelhos limítrofes. No século XVII foi Pereira
Botelho quem se referiu pela primeira vez às estradas romanas da zona (Pereira, 1955, p. 120-
126). Segue-se Pinho Leal, já no século XIX e que faz a transcrição das estradas enumeradas
por Baptista de Castro (Castro, 1748). Este autor afirma que a rede viária romana nesta região
permaneceu inalterada até ao século XVIII (Leal, 1886, p. 1773). Não estamos certos que
assim seja em absoluto, concordando com aposição de João Luís Inês Vaz que refere: "se existe
alguma coincidência nesses caminhos ela não é, porém, absoluta” (Vaz, 1997, p. 372).
Em 1925 é Amorim Girão quem, de uma forma científica, se debruça sobre esta maté-
ria e coloca Viseu como centro de uma apertada rede viária (Girão, 1925, p. 14-20).
O ilustre arqueólogo viseense José Coelho, em 1942 estuda o tema (Coelho, 1943).
No ano de 1953 Moreira de Figueiredo aborda a questão das vias romanas na revista Beira
Alta (Figueiredo, 1953) e nos anos de 1959 e 1960, Mário Saa identifica a cidade de Viseu
como Talabriga, fazendo sair daqui e em todas as direcções uma série de vias (Saa, 1959,
pp. 282-350).
O traçado que hoje é tido como certo, no que concerne às grandes vias ou às vias
principais, que atravessam a região de Viseu e em particular o território de Mangualde foi
desenhado por João Luís Inês Vaz, em 1983 (Vaz, 1983) e mais recentemente por Jorge de
Alarcão (Alarcão, 1989ª, p. 20-23; p. 81-82; 1988, p. 101-104; Alarcão, 1992) e que, segundo
Inês Vaz, traça e define os eixos fundamentais da viação romana com origem em Viseu.

Metodologia seguida
Após a descoberta do troço de calçada romana, por João Ferreira, e a sua divulgação, quer
nos órgãos de comunicação social quer junto do IPA, pelo autor desta comunicação,
seguiu-se todo um trabalho que ainda se encontra em realização. Refira-se que desta acção

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surgiu o nascer de um projecto de estudo que tem por finalidade a localização e georre-
ferenciação das vias romanas conhecidas e a descobrir no concelho de Mangualde. Este
projecto foi apresentado ao IGESPAR, extensão de Viseu, sob a forma de Plano Nacional
de Trabalhos Arqueológicos.
Assim, a metodologia seguida para a realização dos trabalhos consistiu na pesquisa
bibliográfica, percurso a pé com o intuito de verificar e identificar as ligações dos diversos
troços, identificar novos troços, fazer o registo fotográfico e metrológico, fazer a descrição
e a georreferenciação dos mesmos, e detectar a existência de obras de arte: pontes, pon-
tões e outras. Esboçar um provável trajecto das diversas vias – principais e secundárias
– validando os já existentes (apresentados sobretudo por João Inês Vaz) ou apresentando
novas hipóteses de trajectos.
A batida de campo, complementada com a consulta à diversa bibliografia, no sentido
de verificar da existência de estações romanas ou outras, que fossem servidas por essas
vias, foi e continua a ser de uma importância capital.
Desenhar-se na carta militar 1:25 000 todos os troços existentes e a descobrir.
Refira-se que para a elaboração do estudo foi utilizada a nomenclatura de João Inês Vaz,
que consiste em atribuir às vias principais uma numeração romana; para as secundárias
o critério foi o de atribuir a mesma numeração romana seguida de numeração árabe a
partir do cruzamento ou bifurcações para a nova estrada que ali se originava (Vaz, 1997,
p. 374).
Uma vez que esta apresentação é uma pequena parte de um trabalho que ainda está
em curso – e longe de se considerar concluído, pelo menos à data do presente congresso
– optámos por não classificar ou atribuir qualquer denominação às hipóteses de vias que
acabámos por descobrir ou considerar.

Enquadramento Geográfico e Histórico


Em pleno Planalto Beirão, o actual território do concelho de Mangualde confina-se entre
os rios Mondego e Dão e a sua fronteira terrestre estabelece-se com o concelho de Nelas.
Os restantes concelhos que o rodeiam, Viseu, Penalva do castelo, Fornos de Algodres,
Gouveia e Seia estabelecem contacto através dos rios referidos e de outros de menor
importância.
Os solos são predominantemente compostos por granitos calco-alcalinos e alcalinos,
porfiróides e equigranulares, de grão médio e fino, biotíticos ou de duas micas, apresen-
tando também pequenas manchas de xistos grauvaques e rochas do complexo xisto-mig-
matítico (Ferreira, 1978). Faz parte da "Civilização do Granito", como refere Orlando
Ribeiro para caracterizar toda esta vasta área que compõe a região de Viseu e Guarda
(Ribeiro, 1992; Tavares, 2007, p. 9).

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Caracteriza-se por um relevo cujos acidentes topográficos não são significativos,


exceptuando o Monte do Bom Sucesso e da Senhora do Castelo e os vales mais profun-
dos e cavados das linhas de àgua referidas, e naturalmente povoado por rios e ribeiros que
as alimentam.
A presença do homem atesta-se neste território desde a Pré-História, com princi-
pal incidência na época do Neolítico e idade dos metais. A anta de Cunha Baixa, dos
Padrões, e outras já destruídas, bem como o castro do Bom Sucesso, com ocupação na
Idade do bronze e ferro, o castro da Senhora do Castelo são os principais testemunhos
(Vasconcellos, 1895; 1897; 1913; 1917; Moita, 1965; Silva, 1978; Gomes e Tavares,
1985; Senna-Martinez, 1989; Vilaça e Cruz, 1990; Gomes e Carvalho, 1992; 1997;
Vaz, 2009).
É, contudo, a presença romana que maior destaque tem no concelho de Mangualde.
Efectivamente são inúmeras as estações romanas que povoam este território. Inúmeros
são os achados avulsos de materiais arqueológicos atribuídos àquele período civilizacio-
nal (Vasconcellos, 1895; 1897; 1913; 1917; Castro, 1889; Silva, 1978; Gomes e Tavares,
1985; Portas, 1986; 1987; Alarcão, 1988; 1989; 1996; Gomes e Carvalho, 1992; Vaz,
1997; Nóbrega, 2003). Na antiguidade romana Mangualde inseria-se no território dos
Interanienses.

Viação romana principal e o trajecto da Via VIII


No âmbito desta comunicação referimos a penas a viação principal que atravessava o ter-
ritório de Mangualde e utilizamos a nomenclatura proposta por João Vaz (Vaz, 1997).
Assim, temos três vias principais a passar no território em apreço.
A Via I que saindo de Viseu, derivando do decumanus maximus da cidade, passaria
em Ranhados, Coimbrões, conforme afiram José Coelho (Coelho, 1943). Daqui o tra-
jecto seguia para Espadanal, Termas de Alcafache, galgando o rio Dão para o território
de Mangualde. Uma vez na margem esquerda do rio a via subia a Casal Sandinho onde
bifurcava a Ocidente dirigindo-se a Santar, Canas de Senhorim em direcção à civitas de
Bobadela e a Oriente para Mosteirinho, Pedreles e Mangualde (Vaz, 1997). Ao longo
deste percurso são ainda visíveis alguns troços lajeados mais ou menos bem conservados
(Gomes e Tavares, 1985; Alarcão, 1988; Gomes e Carvalho, 1992, Vaz, 1997). Além disso
a presença de estações romanas verifica-se. A travessia do rio Dão faz-se actualmente por
uma ponte requalificada no século XVIII, mas que ainda apresenta pedras almofadas no
talhamar do lado do concelho de Mangualde.
A Via IV saía de Viseu e dirigia-se no sentido do Oriente para ligar à Serra da Estrela.
O seu percurso seguia pelo Viso, Carreira do Tiro, Fragosela de Baixo, sul de Prime e, trans-
pondo o rio Dão entrava no território de Mangualde passando na zona de Fagilde, Roda,

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Mangualde, e daqui seguia para Almeidinha, serra da Baralha, Cassurrães e daqui flectiria
a Abrunhosa-a-Velha, atravessando o Mondego pela ponte da Barca, entrando nas terras
de Gouveia. Os vestígios de lajeados são também ainda frequentes quer no território de
Viseu quer no de Mangualde. Em Fagilde foi encontrado um marco miliário anepígrafo
(Gomes e Carvalho, 1992) e outro na Roda. Nesta aldeia o troço de calçada é bastante
longo e bem conservado. Em Almeidinha é visível um troço de calçada e vestígios de uma
provável villa (Gomes e Tavares, 1985), bem como junto à Capela da Nossa Senhora de
Cervães, em Cassurrães. Na zona de Cassurrães existem pelo menos duas estações que
seriam servidas por esta estrada (Gomes e Tavares, 1985; Gomes e Carvalho, 1992; Vaz,
1997). Na zona de Abrunhosa-a-Velha, mais concretamente no caminho branco, foram
descobertos três marcos miliários, um deles indicando a milha XVIII, que equivale a cerca
de 26 km. O trajecto referido até ao ponto referido como local de descoberta do miliá-
rio são 26 km, facto que ajuda a validar este trajecto. O travessia far-se-ia através de uma
ponte, da qual ainda restam hoje vestígios, pese embora já com alterações e sem o tabu-
leiro. Não podemos, todavia, garantir absolutamente que esta ponte tenha na sua génese
nos tempos romanos.
Via VIII. Esta via, durante muito tempo, foi alvo de alguma controvérsia. Dada como
saindo de Viseu, no seu percurso aparecem três marcos miliários: um apareceu na Quinta
da Ponte, na zona de Outeiro de Espinho e que apresentava a milha VII. Outro, anepígrafo
está bastante próximo deste. Um outro, marcando a milha XI, é dado como certo no lugar
de Chãos, junto a Santa Luzia, Mangualde.
A controvérsia nasce precisamente com o marco de Tibério, ostentando a milha VII.
Efectivamente, José Coelho não hesita em afirmar que este marco assinala a distância
desde Viseu até Outeiro de Espinho. Assim, e seguindo o trajecto mais rápido de Viseu até
ao sítio da descoberta deste miliário, que seria pela via I (trajecto já descrito acima) a dis-
tância é de cerca de 18 Km. À milha romana VII correspondem cerca de 10, 360 metros.
Desta forma não é possível aceitar a tese de José Coelho, a não ser que se considere e aceite
que o marco está deslocado do sítio original, como sugere João Inês Vaz (Vaz, 1997, p.
384). Em 1989, Jorge de Alarcão, esclarece a situação. Diz aquele insigne professor que
o marco deveria pertencer a uma via que não tinha o seu início em Viseu, mas sim em
Bobadela e que se dirigia a Mangualde. Assim, o extremo da civitas de Bobadela termina
no rio Mondego e é na zona das Caldas da Felgueira que a travessia do rio se faria, cerca de
um km a montante da actual ponte, num sítio denominado por "Ponte Velha" onde, para
além da garganta estreita, existe perto uma estação romana (Vaz, 1997). É a partir daí que
Jorge de Alarcão sugere que se faça a contagem das milhas (Alarcão, 1989, p. 310, nota 2).
De facto, desde as Caldas da Felgueira, seguindo por Folhadal, Nelas, Senhorim, Igreja,
Carvalhas, Quinta da Ponte (Outeiro de Espinho) são VII milhas. Estava assim resolvido
o problema do marco de Tibério e apontado um novo percurso de uma via principal até
então muito mal esclarecida.

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O percurso entretanto apontado por João Inês Vaz é conduzido de Outeiro de


Espinho a Abadia de Espinho, Espinho, Póvoa de Espinho, Santa Luzia e Mangualde.
Neste trajecto aparecem os restantes marcos miliários acima referidos: um anepígrafo,
numa bifurcação da estrada que segue da Abadia de Espinho para Espinho e para Água
Levada (Vaz, 1988). O outro marco é o do Imperador Licínio, que marca a milha XI, e
é dado como encontrado em Chãos. De facto António Marques Marcelino refere que
este marco foi encontrado durante uma lavra de terrenos em Chãos, entre o Km 126 e
127 da linha da Beira Alta, a cerca de 3 Km de Mangualde (Gomes e Carvalho, 1992,
p. 93).
Mais uma vez este marco durante muito tempo não esclareceu a malha viária romana
do concelho, tendo, pelo contrário, contribuído para estabelecer novas confusões.
Vejamos: Untermann em 1965 (Untermann, 1965, p. 23-25) diz que o marco é trazido
de Mangualde para este local. Gomes e Carvalho aceitam esta hipótese e referindo que
a distância que liga Viseu a Mangualde é, em linha recta, sensivelmente a mesma que a
marcada no marco (Gomes e Carvalho, 1992, p. p 93). Assim, estes autores apontam
o Marco como pertencendo à via que Vaz classifica como IV. No entanto, e segundo
o trajecto do percurso que Vaz estabelece para esta via a distância que se percorre de
Viseu a Mangualde é de 14 Km, o que equivale a 9 milhas, grosso modo. Acrescenta este
autor que o marco tinha obrigatoriamente que pertencer a uma via principal e não a
uma secundária. Deste modo, só poderia estar na via IV ou na via VIII. Aceitando que
pertenceria á via IV, a contagem de onze milhas desde Viseu colocaria o marco na zona
de Almeidinha, que ao que se vê é bastante desviado do sítio onde foi encontrado. Este
autor propõe então que esta marco foi encontrado in situ, mas pertence á via VIII, uma
vez que se se fizer a contagem das milhas a partir das Caldas da Felgueira a distância que
obtemos – seguindo o trajecto proposto para esta via – é precisamente de onze milhas
(Vaz, 1997, p. 385-386).
Desta maneira, temos a via VIII que, pese embora não se conheça nenhum lajeado
apresenta dois miliários até Espinho e ao longo do seu percurso verifica-se a existência
de algumas estações romanas, não só no território actual do concelho de Nelas como
no actual concelho de Mangualde, em particular na zona de Espinho. Trata-se, então de
uma via principal que partindo de Bobadela vai a Mangualde, conforme sugere Jorge de
Alarcão, na obra já referida, e seguindo por Passos alcança terras de Penalva do Castelo
em direcção ao território dos Arabrigenses e dos Meidubriguenses, conforme propõe
João Vaz.
O mesmo autor faz seguir o trajecto de Chãos, onde acredita ser o sítio original da
implantação do Marco do Imperador Licínio, e faz seguir esse trajecto por Santa Luzia até
entroncar com a via IV, em Mangualde (Vaz, 1997, p. 384).

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Problema
Na nossa perspectiva é aqui que começam alguns problemas quanto ao trajecto da via VIII,
uma das vias fundamentais que atravessava este territorium (Vaz, 1997, p. 404) Na realidade,
aceitamos o percurso proposto por este autor, baseado que está na existência de dois marcos
miliários – Tibério (milha VII) e o anepígrafo de Abadia de Espinho – desde as Caldas da
Felgueira até ao Marco anepígrafo referido. A partir deste ponto são várias as questões que
colocamos, graças à descoberta da calçada dos Barreiros, em Pinheiro de Baixo.
Analisemos então a questão segundo as descobertas que fomos fazendo ao longo do
trabalho.
1. Como se justifica o trajecto de Chãos para Mangualde via Santa Luzia, conforme
sugere Inês Vaz?
De Chãos a Santa Luzia existe um caminho sem lajeado. Apesar de não ser condi-
ção absolutamente necessária a existência de calçada para se dizer que estamos perante
uma via romana o facto é que neste trajecto e desta aldeia até à cidade não há vestígios
de lajeados. Pode dar-se o caso de ter sido decalcada pela estrada municipal que liga esta
aldeia, passando por Santo Amaro, à cidade de Mangualde. Também não há referências a
estações arqueológicas romanas. Santa Luzia chamava-se até meados do século passado
Cães de Baixo. Tal topónimo deriva do termo latino canales, que vem a dar caes, cães. São
condutas agrícolas de rega. Porém, nada mais nos leva a crer neste trajecto.
A primeira alternativa que apresentamos em contrapartida é a seguinte: a partir de
Chãos e seguindo ligeiramente à direita, entra-se num caminho em terra batida que tem
ligação directa com o caminho denominado de Fonte do Vale. Este último apresenta um
longo troço de lajeado e com características romanas: terreno em declive com alguma
acentuação, lajes cujas dimensões e colocação intrincada atestam romanidade, largura
de cerca de 3,5 e 4 metros, uso prolongado no tempo, pois apresenta em alguns pontos
sulcos vincados das rodas de carros. Esta calçada é inédita e foi-nos comunicada por João
Ferreira em 2006. A Fonte do Vale vai passar junto ao muro da Mata dos Condes e entrona
me Mangualde na zona da Cruz da Mata.
Não podemos, obviamente, atestar incondicionalmente a romanidade desta via sem
procedermos a sondagens arqueológicas, mas todos os sinais técnicos levam a que o seja.
Esta alternativa é, para nós, o traçado mais correcto da Via VIII, validando o sítio de Chãos
como local original de aparecimento do Marco de Licínio. Tem a condição, no entanto, de
pôr em causa a proposta de Santa Luzia/Mangualde, de Inês Vaz.
A segunda alternativa que apontamos é a Calçada dos Barreiros, inédita e foi-nos
comunicada por João Ferreira em 2006. Esta via é romana. Implanta-se em curva, numa
zona de declive acentuado. A tecnologia de construção e as lajes da summa crusta para isso
apontam, sem qualquer margem para dúvida.

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Fig. 1 – Mapa ????

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Fig. 2 – Mapa ????

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Fig. 3 – Mapa ????

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Esta calçada, como afirmámos no início da comunicação, é que coloca vários cenários
e fez-nos olhar para a viação romana do concelho com mais interrogações que certezas.
Há a considerar, para já, duas situações:

1. A calçada dos Barreiros pertence á via VIII;


2. A calçada dos Barreiros não pertence à via VIII.

1.1. A calçada dos Barreiros pertence à via VIII. Partindo deste pressuposto, o traçado
de Inês Vaz altera-se alguns km antes, bem como a calçada da Fonte do Vale é colocada em
questão como pertencente à via VIII.
Assim, o traçado da via ao chegar ao marco anepígrafo de Espinho e em vez de seguir
por Espinho, Póvoa de Espinho, Fonte do Vale, Mangualde, corta à esquerda na direcção
de Água Levada, Pinheiro de Baixo, Ançada indo dar a Mangualde na mesma zona da
Cruz da Mata. A favor desta hipótese temos a abundância de estações romanas ao longo
deste trajecto: capela de São João, A Cerca, Bôcha, Olival do Mendes (Vasconcellos, 1895.
P, 218-219; id., 1917; Gomes e Tavares, 1985; Alarcão, 1988, p. 88; Gomes e Carvalho,
1992, p. 61), em contraponto ao trajecto anterior que de Espinho à calçada da Fonte do
Vale não se conhecem estações.

Fig. ? – Calçada dos Barreiros.

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Fig. 4 – Mapa ????

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No entanto, este traçado implica que o Miliário de Licínio "mude" de sítio. Assim, já
não se pode aceitar Chãos como local original da colocação do referido marco. Onde se
pode então colocar o marco das XI milhas que vários problemas já levantou?
Estamos em crer que, considerando esta hipótese de traçado, o miliário poderia estar
cerca de 1 km a Oeste, perto da estação A Cerca. Como se terá deslocado? Provavelmente
durante as obras de construção da Linha da Beira Alta, que o poderão ter empurrado em
linha recta cerca de 1 km. De qualquer das formas este deslocar do marco não faz alterar as
XI milhas, o que a nosso ver só vem complicar o problema.
Seguindo o trajecto da via I, junto a Casal Sandinho, esta bifurca para Oriente e para
Ocidente. Neste último sentido segue para Santar e Canas de Senhorim até atingir o ter-
minus da civitas (Vaz, 1997, p. 375). Uma vez chegados a Santar, podemos rumar a Vilar
Seco e daqui até Gandufe e entrar nesta aldeia passando pela Ponte do Tinto. O caminho
alterna entre terra batida e lajeado, na maior parte dos casos feito por adaptação da rocha
viva, fortemente sulcado pelos rodados dos carros. Trata-se de um trajecto em planalto,
que não necessitaria de ser lajeado na sua maior porção, pertencendo assim às denomi-
nadas viae terrenae. A Ponte do Tinto, que nos parece romana, bem como a calçada que a
reveste em ambos os lados, é inédita do ponto de vista da sua inclusão nalgum traçado de

Fig. ? – Fonte do Vale.

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Fig. 5 – Mapa ????

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Uma “nova via” na velha rede viária romana de Mangualde

Fig. ? – Ponte do Tinto.

viação. Daqui o trajecto segue em direcção a Espinho descendo para Bobadela e subindo
a Água Levada, Pinheiro de Baixo (Calçada dos Barreiros), Ançada e Mangualde.
Este trajecto, agora apontado, leva-nos a acreditar que seja uma via secundária que
ligaria a Via I à via VIII e pode ajudar-nos a colocar a calçada dos Barreiros na Via VIII.
Esperamos confirmar este trajecto com futuras investigações (a decorrer, na altura da
publicação em acta desta comunicação).
Na obra de (Gomes e Carvalho, 1992), é apresentada uma via secundária que deriva
da via IV de Vaz. Aqueles autores, uma vez chegados a Fagilde, fazem derivar uma via em
direcção a Tabosa e Fornos de Maceira Dão. Também por este trajecto existem algumas
estações romanas que seriam por certo servidas por esta via. Refira-se a existência de
alguns troços lajeados entre Fornos e Tabosa, passando pelo sítio onde se situa um Castro
(Silva, 1978).
Nós pegamos neste traçado e fazemo-lo seguir para Pedreles, Pinheiro de Cima e
Pinheiro de Baixo (calçada dos Barreiros). Este trajecto é uma via romana secundária,
pois calcorreando a pé este caminho até à calçada dos Barreiros verifica-se uma vez mais a
existência de troços lajeados, à maneira romana. Ressalvamos que não podemos catego-
ricamente afirmar da sua romanidade por falta de sondagens arqueológicas nos troços. A

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António Luís Marques Tavares

junção desta via, por entrocamento directo na via da calçada dos Barreiros, permite assim
uma ligação mais curta entre a via IV e a via VIII.
Neste entroncamento, que bifurca no sentido de Mangualde e no sentido Espinho até
Bobadela, é onde está um pedestal cujas dimensões não nos parece terem sido calculadas
para suportar um alminha, ali colocada e já bastante antiga, mas sim e com alguma proba-
bilidade um marco miliário. Talvez, o marco de Licínio, pois mesmo aqui a distância em
milhas não é alterada de forma significativa, até porque há autores que apontam leituras
de XII e não XI milhas (Gomes e Carvalho, 1992, p. 93). Assim, temos a calçada dos
Barreiros como parte integrante da Via VIII.

2.1. A calçada dos Barreiros não pertence à via VIII. Tendo em consideração esta
hipótese somos obrigados a procurar a via à qual pertence e a tentar definir um possível
trajecto.
Se recordarmos o percurso da via principal I, segundo Inês Vaz (Vaz, 1997, p. 375),
damos conta que esta via, depois de atravessar o Dão em Alcafache, bifurcava em Casal
Sandinho. Daqui seguia para Ocidente e para Oriente. Neste último rumo a via iria ter a
Mangualde, passando por Mosteirinho e Pedreles. Não há referência a Pinheiro de Baixo
nem a esta calçada, não encaixando neste percurso. Assim, a calçada não pertence à bifur-
cação secundária da via I, com direcção a Mangualde.
Em 1992, Gomes e Carvalho (Gomes e Carvalho, 1992) traçam alguns trajectos de
viação romana secundária para Mangualde. Aquela abordagem os autores referidos apro-
veitam a bifurcação de Casal Sandinho e fazem seguir uma via dirigida a Lobelhe do Mato,
Moimenta do Dão e Água Levada entroncando na via de Espinho que seguiria por Vila
Nova de Espinho, Abrunhosa do Mato, Contenças até ao Mondego. Somos de opinião
que esta via poderá ter existido, dada a existência de estações romanas ao longo de todo
o seu percurso. Porém, é importante salientar que estes autores não fazem passar esta via
pela calçada dos Barreiros, até porque o trajecto não vai nesse sentido, e não identificam o
trajecto de Abadia de Espinho /Quinta da Ponte como pertencente à via VIII (mais tarde
identificado e traçado por Inês Vaz). Assim, a calçada não pertence a esta via secundária.

Conclusão
Pelo que atrás ficou dito, verifica-se que não é tarefa fácil definir e reconstituir a malha
viária romana do concelho de Mangualde. Apontar a malha viária anterior à chega dos
romanos é por certo mais difícil, porventura impossível. Talvez que para tal seja possível
dizer que muitas das estradas romanas – aquelas onde existem calçadas – já existiam antes
e foram reaproveitadas e adaptadas por estes.

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Uma “nova via” na velha rede viária romana de Mangualde

A calçada da Fonte do Vale, bem como a Calçada dos Barreiros foram determinan-
tes para repensar o traçado de uma das vias fundamentais que passava pelo território de
Mangualde, a via VIII. Determinantes foi também a calçada dos Barreiros, pois na tenta-
tiva de a fazer encaixar numa das vias conhecidas detectámos a existência de vias secundá-
rias que tinham, cuja finalidade era a de facilitar as ligações e encurtar distâncias e tempo
na deslocação de pessoas e bens.
Por altura da publicação desta comunicação na presente acta estaremos provavel-
mente na posse de mais elementos que permitam lançar mais luz, ou não, sobre esta maté-
ria, pois iniciámos junto do IGESPAR um Plano Nacional de Trabalhos Arqueológicos
para identificação e georreferenciação da malha viária do concelho de Mangualde.

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