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Osvaldo Pilotto
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Estudos análogos aos feitos com o rio Ivaí, os Irmãos Keller
realizaram, prosseguindo a expedição, com os rios Tibagi e
Paranapanema, e concluíram que "a diferença de altura entre as
águas baixas e altas, a qual depende do volume das águas das
enchentes, declive e secção transversal, é no Paranapanema
menor do que no Tibagi e neste ainda menor do que no Ivaí.
Quanto à profundidade encontraram para o Tibagi uma
variação de 0,20m, a 9,10m. no tempo das aguas baixas e ainda
nesta época para variação de largura, 100 a 900rn,
Não esqueceram os engenheiros Keller o item lhes proposto,
da comunicação por terra, entre Antonina e Colônia Tereza. Em o
ultimo tópico do aludido relatório assim se expressam: "Como V,
Excia. sabe, a estrada nova da serra da Graciosa está em
construção e ficará concluída em poucos anos; a que segue de
Curitiba para Ponta Grossa requer, em diferentes logares,
re-construções, sobre cuja importância e extensão, quando
tornarmos a Curitiba, reuniremos as informações necessárias''.
"Infelizmente a direção geral da picada nova entre Ponta
Grossa e a Colônia Tereza é inteiramente errada. Em vez de
acompanhar o curso dos ribeirões até o alto da vertente que divide
as aguas do Ivaí das do Tibagí, ou de descer do mesmo modo
para a Colonia Tereza no lado oposto, com o que só uma vez
galgaria a cordilheira, ela corta transversalmente grande numero
de pequenos vales dos tributarios dos dois rios, subindo e
descendo, sem necessidade e com declive de 15 a 20%, as
eminências importantes, que formam as suas vertentes
secundárias. Uma picada em semelhantes condições, apenas
poderá servir de caminho de tropas mas nunca para uma estrada
de rodagem."
Foram dos primeiros os estudos procedidos pelos
engenheiros Keller.
A essa época, com os acontecimentos do Paraguai, o
problema avultou e os técnicos tomaram interesse pela sua
solução. Foram assim surgindo os planos de ligação do Atlântico
ao Paraguai.
Quanto às finalidades ou conforme os vales julgados mais
convenientes, os projetos tomaram aspectos variados, nascendo
desta circunstância o calor na discussão do problema, mui
justamente considerado um grande problema de viação para a
nossa Pátria.
Em 1876 escrevia Monteiro Tourinho:
"Nascida, ou antes energicamente resuscitada, das dolorosas
impressões da guerra e da necessidade de premunirmo-nos
contra assaltos futuros dos nossos inquietos e belicosos visinhos,
a ideia da estrada para Mato Grosso, nos diversos planos
concebidos, fitava exclusivamente intentos militares e
estratégicos. Mas, não obstante semelhantes fins exigirem os
mais rápidos e aperfeiçoados meios de locomoção a pobreza do
país para grandes cometimentos contentava-se apenas com a
construção de uma modesta estrada de rodagem, entremeiada
com o aproveitamento da precária navegação de alguns rios''.
Este aspecto da questão fez com que fosse mandado dar
início à construção da estrada de Mato Grosso como o
prolongamento da Graciosa. O rumo visado era o Ivaí que seria
aproveitado para a navegação.
Em fins do mesmo ano em que se deram início aos trabalhos
da estrada de Mato Grosso, 1871, ao Visconde de Mauá era feita
concessão para estudos de uma linha ferroviária a Miranda e
visando aproveitar a navegação nos rios Ivaí, Paraná, Ivinheima,
Brilhante e Mondego.
5 r
O engenheiro Cristiano Palm logo após essa concessão,
idealiza um plano de viação ligando o Atlântico à Bolívia e propõe
tal medida ao governo desse paiz nosso visinho.
Monteiro Tourinho observa que "nesse notável documento
carta dirigida ao presidente da Bolívia — o capitão Palm,
alheando-se completamente de considerações estratégicas, para
só atender a vastos e transcendentes fins comerciais de interesse
internacional, pedia ao presidente da Bolívia autorização para
proceder, nesse país às explorações de uma linha férrea que,
como prolongamento da de Miranda concedida pelo governo
brasileiro, ligasse a majestosa baía de Paranaguá, no Atlântico, ao
porto peruano de May no Pacífico"'
Um verdadeiro sonho o plano Palm firmado na ideia de uma
via férrea transcontinental. Linha que, partindo do Atlântico, de
porto paranaense atravessaria as