Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
(PR)
Categoria: História
13/07/2012 - 22:23
A Serra da Prata, se constitui num divisor de águas com drenagem paras as baías de
Paranaguá e Guaratuba..
O Paraná deve tudo ao seu litoral, apesar de ser o segundo de menor extensão do Brasil
(80 quilômetros).
Desde sua fase pioneira no século XVII, com incursões vicentinas para o sul de
Cananéia, na busca de ouro de aluvião. Esses mineradores e faiscadores perlustraram à
exaustão, todos os rios do complexo lagunar estuarino entre Iguape e a baía de
Paranaguá. Explorações que foram bem sucedidas e levaram para Portugal, noticias do
primeiro achamento de ouro no país (1548). Informação que se espalhou fácil e
provocou uma onda de aventureiros , entre eles o futuro fundador de Paranaguá: Gabriel
de Lara.
Esse primeiro ouro aconteceu na região de Serra Negra, nas minas denominadas de
Peruna, Piruna ou Ibituruna. razão que nessa época, as buscas restringiram-se para
aquele território no entorno da baía das Laranjeiras e ocupada pelos Carijós.
Breve os moradores da Cotinga sentindo-se mais seguros transferem dois anos depois,
suas moradias para o continente, as margens do Taguaré hoje Itiberê.
Em 1674 o capitão Manuel de Lemos Conde, com as noticias de minas em Paranaguá,
solicitou e conseguiu em 1660, carta de data de um terreno para alí fixar sua residência.
Lote devidamente marcado pelas autoridades públicas, e que quando de sua efetiva
posse, alterou propositalmente a posição dos piquetes, cuja atitude ensejou violenta
reação do governador e, ante a ameaça de prisão, restabeleceu os marcos nas posições
originais.
Este mesmo Conde, teve outros problemas relacionados à Ilha da Cotinga com a
arrecadação de fundos para erguer a ermida na Cotinga, e questões sobre as áreas de uso
público naquele território insular. .
Conde conseguiu em 1674, ser nomeado provedor mor dos quintos reais das minas de
Prata de Paranaguá.
Existiam dois cargos distintos de provedor: o do ouro e o da prata. Este último, pela sua
importância e estimulo, recebia um estipêndio maior. Conde conseguiu amostras de
prata que garantiu ter encontrado na serra do mar mais precisamente na Serra da Prata e
o encaminhou à governadoria e garantindo o importante e disputado cargo.
Este topônimo Prata nos remete a um passado distante, lembrando de imediato a saga
lusitana na busca do ouro e prata, acirrada quando chegam noticias no Brasil
meridional,confirmando a existência de um império da prata, e posteriormente ratificada
com a descoberta das minas de Potosi pelos espanhóis.
Essa região de Guaratuba possivelmente desde 1656 já vinha sendo ocupada e talvez a
razão do ato de fundação de uma vila ali, ordenado pelo Morgado de Mateus
(objetivando opor-se aos espanhóis) a 14 léguas de Santos entre Paranaguá e São
Francisco do Sul, na Enseada de Guaratuba e uma outra na freguezia de São José da
Marinha de Ararapira . Incluiu, nas suas ordens, a construção da Fortaleza da Ilha do
Mel e uma vila na serra catarinense: Lages., núcleo fundado por Antonio Correia Pinto
em 1765ou 1766!
Guaratuba estava inicialmente sob jurisdição de São Francisco do Sul e não foi fácil
definir suas fronteiras. Após muita resistência foi finalmente assentado o marco
divisório na Ilha do Saí, cujo Termo foi assinado em 1771, e no mês de abril aconteceu
a fundação da Nova Vila de São Luiz de Guaratuba da Marinha (hoje simplesmente
Guaratuba) e nesse mesmo dia, procedeu-se as primeiras eleições para compor a
Câmara, a escolha do Promotor e do Juiz e dias depois ergueu-se o Pelourinho e a
demarcação do local para as futuras instalações da Cadeia e do Paço Municipal.
Voltando à baía de Paranaguá, esclarecer que no fundo,em direção oeste, ficava a de
Guarapirocaba (atual Antonina), onde desaguam o Graciosa e o Cubatão importantes
braços fluviais que contribuíram nas entradas dos faiscadores por suas barras e remar
até onde fosse possível, para depois, prosseguirem a pé nas suas explorações pelo ouro.
Buscas facilitadas pela existência intrincada rede de trilhas indígenas e que lhes ensejou
alcançarem o planalto curitibano.
O outro curso de água importante e antes referido, era o Cubatão, hoje Nhundiaquara,
que os levava até o Cubatão dos Três Morretes (Morretes) ou se as condições de
navegabilidade permitissem, remar até o outro porto mais acima’’, depois batizado de
Vila Real do Porto de Cima. Desembarcavam e continuavam pela picada do Itupava,
que alcançava o planalto curitbano pela Borda do Campo, próximo a Quatro Barras.
Acontece que esse marco referencial tornou-se emblemática para defini-lo, pois as Ilhas
de Cabo Verde se constituem de várias ilhas ou tecnicamente denominadas de
arquipélago (reunião de várias ilhas). Os dois rivais, divergiam na sua interpretação.
Para os espanhóis a contagem dessas léguas, deveria ser a partir da primeira ilha mais
próxima da costa africana. Já aos lusitanos, começaria no extremo oposto.
Aparentemente um insignificante problema geográfico que na prática para o Brasil de
profundo significado. Vejamos. A linha portuguesa e a espanhola, entravam no norte do
Brasil mais ou menos juntas pela Ilha de Marajó, contudo em latitudes maiores (para
baixo do Rio de Janeiro), os espanhóis declaravam que ela passava em Cananéia,
enquanto Portugal sustentava que seria Laguna. Fácil percebermos que no Paraná, toda
terra atrás da Serra do Mar (a oeste) , eram territórios legitimamente espanholas.
Basta atentar de que a faina diária de um tropa, consistia em uma marcha na ordem de
20 a 30 quilômetros, sempre com os pernoites nos mesmos pousos, que com o correr do
tempo se transformaram em núcleos fixos , que vieram se constituir em freguezias,
depois vilas e finalmente sedes municipais.
Portugal prevendo possíveis ataques dos espanhóis para recuperar seus territórios,
planejou e executou vários atos preparatórios de defesa, entre eles o de erguer as três
vilas antes referidas na possível rota castelista.
Como esclarecemos antes, as duas Vilas em nossa costa eram ao norte, a de Ararapira e
a outra na enseada de Guaratuba, e uma terceira, mais para o interior que era Lages, atos
ocorridos simultaneamente em 1771.
Além disso executaram uma manobra “diversionista” sob inspirado nome de Empresa
Iguatemi (nas bordas bacia do Ivaí em 1765) e logo a seguir veio a Expedição Tibagí
(1768 a 1774)
Como o esperado, a Espanha em 1777 armou e zarpou com uma frota de invasão
constituída de 116 navios, e audaciosa navegação com uma única parada na distante Ilha
da Trindade, com o objetivo de recuperar territórios usurpados pelos portugueses. No
comando estava Don Pedro Cevallos, competente e experimentado militar, que em
fevereiro levantou ferros dessa ilha em direitura à Ilha de Santa Catarina., conquistando-
a e complementando com a tomada do porto do Rio Grande e da Fortaleza da Colônia
Sacramento.
Enquanto não existia uma ligação terrestre que ligasse Paranaguá com Guaratuba ou
mesmo ir para o sul do país, a única solução consistia em sair em canoas com 3 horas de
remo, alcançar o atual Pontal do Paraná, e dependendo das condições do mar, navegar
até aquela vila.
Se o objetivo era o sul do Brasil, bastava continuar de Guaratuba, pela extensa praia
(hoje Itapoá) e atravessar a baia de Babitonga (São Francisco) e prosseguir pela costa
Em 1865 ou 1869 ocorreu nessa praia dos Miranda,, o naufrágio da escuna ACCACIA
de propriedade do capitão Fernando Antonio de Miranda possivelmente parente da
família Miranda antes referida.
As 15 horas do dia 26 de novembro de 1868 por causa de forte nevoeiro, e intenso vento
sul,, acontece o encalhe do vapor São Paulo na baía de Guaratuba, na praia das Caieiras.
Lotado com feridos da Guerra do Paraguai sob o comando de Jacintho Ribeiro Amaral,
naquela época marido da compositora Chiquinha Gonzaga (que não estava a bordo). Do
acidente só ocorreu uma única morte.
Tendo a Serra da Prata como nosso tema central, lembrar que na sua face oeste, corria a
trilha do telegrafo, perfeitamente identificada pela sucessão dos postes de ferro
especialmente fabricados na Inglaterra, para suportar , fixar e conduzir os fios do
telegrafo instalado depois de 1866 em substituição ao telegrafo por cabo submarino
construído para ligar a Corte (RJ) com o Rio Grande do Sul face a guerra do Paraguai .
A sua difícil manutenção, estimulou uma linha terrestre, paralela ao modelo anterior..
Até recentemente era possível encontrar esses preciosos postes ingleses perdidos na
selva atlântica., as margens da atual estrada da Limeira. Vinha do Rio de Janeiro e
passava por São Paulo, Santos, Iguape ,Cananeia, Guaraqueçaba, Antonina,
Morretes,Guaratuba, Joinvile e alcançar a cidade de Rio Grande.
Nesse mesma borda do Prata, foi recentemente criado o Parque Estadual do Parado,
representativo e exclusivo bioma. No lado oposto, juntinho a Matinhos temos o Parque
Estadual Rio da Onça com 1660 hectares.\
Havia a necessidade premente para o Paraná em abrir uma estrada de ligação entre a
capital e a marinha. Feitas as prospecções, estudos e avaliações, optou-se pelo mesmo
vale utilizado pelo caminho do Graciosa. Estrada inaugurada em 1873, doze anos antes
da ferrovia. Seu traçado alcançava Porto de Cima, Morretes, Passa Sete , Alexandra e
Paranaguá
Com essas ocupações no imenso vazio entre Paranaguá e as faldas da Prata, permitiu a
abertura de um picadão que levava ao porto fluvial do Paratí e Barreiros com destino
final para Guaratuba. Oportunidade do abandono do caminho pela praia. . Por bom
espaço de tempo esse foi único caminho para Guaratuba, razão que no governo de
Afonso Camargo, em 1916 transformou esse picadão na estrada do Alboit, passando nas
localidades de Colônia Maria Luiza, São Luiz, Colônia Pereira, Cambará, e depois
esticado até o Morro do Aí Jesus e porto Paratí.
Foi montado nesse percurso, o serviço regular de diligências a cada cinco dias,
composta de uma carroça com parelha de 6 cavalos e marcha de 8 horas , com retorno
no dia seguinte.
Em 1891 deparamos com uma curiosa solicitação de Augusto Pereira Nunes, pela
concessão de ferrovia que pretendia construir ligando Paranaguá com a foz do Paraty.e,
no mesmo ano,o pedido de Joaquim Candido da Rocha e um tal de Adriano, com a
proposta de um “bonde” que sairia da Praça Pires Pardinho (antigo Campo Grande) e
chegar no Cabaraquara.
Este novo caminho, foi responsável pela solidificação de Matinhos e o aparecimento das
primeiras casas dos banhistas. e o dealbar de Caiobá.
Dois anos depois é construída a ponte sobre o rio Caraguassu , na Estrada do Mar,
substituindo a precária balsa..
Em 1929 é erguido o trapiche da Praia dos Amores para as obras do hotel de Caiobá e
desembarque da tubulação da primeira canalização da água na região. Hotel inaugurado
em 1932.
Em 1942 para eliminar o trânsito pela praia, foi construída a estrada Matinhos –Caiobá
com as suas três pontes.
Na década de 1953 a Empresa Balneario Pontal do Sul S/A abriu a ligação terrestre
entre o rio Caraguaçu até o Olho d’`água.
Lembrar da figura do capitão Manuel de Lemos Conde, Provedor dos Quintos Reais em
Paranaguá, que comunicara o achado de prata naquela serra e origem de seu nome.
O Ouvidor Geral do Brasil, Pedro de Unhão Castelo Branco, que já se indispusera com
o Conde por causa dos piquetes que mudou de posição nas divisas do seu terreno e o
obrigando aviventa-las, percebeu outra irregularidade. O governo fixara rendimentos
maiores às provedorias dos minerais de prata do que as provedorias de ouro.Apesar de
não existir prova da presença da prata, Conde conseguia receber o salário de Provedor
das Minas de Prata
Este Ouvidor tentou caçar este título, mas Conde tinha amigos influentes junto a
governadoria e conseguiu se manter no cargo, até que pela larga demora de mostrar a
Prata, provocou a paciência do governador Dom Rodrigo de Castelo Branco que ordena
uma bandeira exploratória junto com o Lemos Conde para que mostrasse as minas de
prata .Obviamente que nada foi encontrado por se tratar de uma farsa bem urdida e a
conseqüência imediata resultou na sua demissão, confisco de seus bens e enviado preso
para São Paulo onde acabou por suicidar-se no calabouço. Da Prata só restou o
topônimo!
CHEGAM OS MONTANHISTAS
Na década de 38/40 surge uma nova geração de escaladores que não satisfeitos com um
único pico, principiam a conquistar outras cumiadas no entorno do pico Marumbi.
Investem para outras pontos ao norte da extensa Serra do Mar, provocados pela
constatação em 1940 do geólogo e geógrafo Reinhard Maack , de um ponto mais alto do
que o Marumbí e que veio o denominar de Paraná, desencadeando forte movimento
marumbinista na busca dos louros de sua conquista alcançado em julho do ano seguinte.
Em 23 de maio de 2001 foi criado o Parque Nacional Saint Hilaire/Lange através da Lei
10.221, com área aproximada de 25.000 hectares, portanto uma Um idade de Proteção
Integral
Augusto de Saint’Hilaire, botânico francês que esteve no Brasil entre 1816 a 1822 e
percorreu os estados do sul,( Rio de Janeiro, Espirito Santo, Minas Gerais, Goiaz, São
Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do S,ul. relatados em vários volumes..Em
suas andanças fez preciosas e minuciosas anotações sobre geografia, meio ambiente
físico, fauna e flora, hábitos sociais e alimentares, costumes,política, economia, historia,
religiões e técnicas construtivas. Além da coleta de material botânico e zoologia.
Felizmente a editora da Universidade de São Paulo tem reeditado essas obras. No caso
do Paraná deve ser procurado o livro intitulado “Viagem a Curitiba e Província de Santa
Catarina..”