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Um pouco de história do litoral e da Serra da Prata

(PR)

Categoria: História

13/07/2012 - 22:23

A Serra do Mar na porção paranaense é uma barreira natural entre os planaltos e a


planície costeira. Escarpada do lado leste, território totalmente coberto pela floresta
Atlântica abrigando complexo sistema hídrico, e que se estende desde a BR-277 até a
baía de Guaratuba e desenvolve-se paralelo á linha da costa..

Por Henrique Paulo Schmidlin (Vitamina)

A Serra do Mar na porção paranaense é uma barreira natural entre os planaltos e a


planície costeira. Escarpada do lado leste, território totalmente coberto pela floresta
Atlântica abrigando complexo sistema hídrico, e que se estende desde a BR-277 até a
baía de Guaratuba e desenvolve-se paralelo á linha da costa..

A Serra da Prata, se constitui num divisor de águas com drenagem paras as baías de
Paranaguá e Guaratuba..

O Paraná deve tudo ao seu litoral, apesar de ser o segundo de menor extensão do Brasil
(80 quilômetros).

Desde sua fase pioneira no século XVII, com incursões vicentinas para o sul de
Cananéia, na busca de ouro de aluvião. Esses mineradores e faiscadores perlustraram à
exaustão, todos os rios do complexo lagunar estuarino entre Iguape e a baía de
Paranaguá. Explorações que foram bem sucedidas e levaram para Portugal, noticias do
primeiro achamento de ouro no país (1548). Informação que se espalhou fácil e
provocou uma onda de aventureiros , entre eles o futuro fundador de Paranaguá: Gabriel
de Lara.

Esse primeiro ouro aconteceu na região de Serra Negra, nas minas denominadas de
Peruna, Piruna ou Ibituruna. razão que nessa época, as buscas restringiram-se para
aquele território no entorno da baía das Laranjeiras e ocupada pelos Carijós.

Diante da possível hostilidades com esses selvícolas, o primeiro assentamento humano


europeu na vasta baía de Paranaguá, aconteceu na porção nordeste da Ilha da Cotinga,
fronteiro à Ilha Rasa e que lhes permitia observar qualquer forasteiro ou indios que o
adentrasse.

A parte oeste da Cotinga é constituída de um grupo de morrotes e em seu plano mais


elevado foi erguida em 1667, a ermida em louvor a Nossa Senhora das Mercês.

Breve os moradores da Cotinga sentindo-se mais seguros transferem dois anos depois,
suas moradias para o continente, as margens do Taguaré hoje Itiberê.
Em 1674 o capitão Manuel de Lemos Conde, com as noticias de minas em Paranaguá,
solicitou e conseguiu em 1660, carta de data de um terreno para alí fixar sua residência.
Lote devidamente marcado pelas autoridades públicas, e que quando de sua efetiva
posse, alterou propositalmente a posição dos piquetes, cuja atitude ensejou violenta
reação do governador e, ante a ameaça de prisão, restabeleceu os marcos nas posições
originais.

Este mesmo Conde, teve outros problemas relacionados à Ilha da Cotinga com a
arrecadação de fundos para erguer a ermida na Cotinga, e questões sobre as áreas de uso
público naquele território insular. .

Conde conseguiu em 1674, ser nomeado provedor mor dos quintos reais das minas de
Prata de Paranaguá.

Existiam dois cargos distintos de provedor: o do ouro e o da prata. Este último, pela sua
importância e estimulo, recebia um estipêndio maior. Conde conseguiu amostras de
prata que garantiu ter encontrado na serra do mar mais precisamente na Serra da Prata e
o encaminhou à governadoria e garantindo o importante e disputado cargo.

Este topônimo Prata nos remete a um passado distante, lembrando de imediato a saga
lusitana na busca do ouro e prata, acirrada quando chegam noticias no Brasil
meridional,confirmando a existência de um império da prata, e posteriormente ratificada
com a descoberta das minas de Potosi pelos espanhóis.

Interrompemos por um momento a questão no desvendar a historia da nossa Serra da


Prata, exclusivamente produto do referido Lemos Conde, cujo epílogo deixaremos
propositalmente para o final deste relato , e abordarmos todo o entorno dessa serra ,que
deve incluir a linde da baía de Guaratuba.

Essa região de Guaratuba possivelmente desde 1656 já vinha sendo ocupada e talvez a
razão do ato de fundação de uma vila ali, ordenado pelo Morgado de Mateus
(objetivando opor-se aos espanhóis) a 14 léguas de Santos entre Paranaguá e São
Francisco do Sul, na Enseada de Guaratuba e uma outra na freguezia de São José da
Marinha de Ararapira . Incluiu, nas suas ordens, a construção da Fortaleza da Ilha do
Mel e uma vila na serra catarinense: Lages., núcleo fundado por Antonio Correia Pinto
em 1765ou 1766!

Como confirmação da existência de moradores em Guaratuba, encontramos o pedido


dessa gente em 1768, pela construção de uma igreja e logo atendidos e concluída no ano
seguinte.

Guaratuba estava inicialmente sob jurisdição de São Francisco do Sul e não foi fácil
definir suas fronteiras. Após muita resistência foi finalmente assentado o marco
divisório na Ilha do Saí, cujo Termo foi assinado em 1771, e no mês de abril aconteceu
a fundação da Nova Vila de São Luiz de Guaratuba da Marinha (hoje simplesmente
Guaratuba) e nesse mesmo dia, procedeu-se as primeiras eleições para compor a
Câmara, a escolha do Promotor e do Juiz e dias depois ergueu-se o Pelourinho e a
demarcação do local para as futuras instalações da Cadeia e do Paço Municipal.
Voltando à baía de Paranaguá, esclarecer que no fundo,em direção oeste, ficava a de
Guarapirocaba (atual Antonina), onde desaguam o Graciosa e o Cubatão importantes
braços fluviais que contribuíram nas entradas dos faiscadores por suas barras e remar
até onde fosse possível, para depois, prosseguirem a pé nas suas explorações pelo ouro.
Buscas facilitadas pela existência intrincada rede de trilhas indígenas e que lhes ensejou
alcançarem o planalto curitibano.

No caso da bacia do Graciosa, os faiscadores vasculharam todos os afluentes ,


adentraram pelo enorme vale homônimo, cujo topônimo se manteve para identificar a
primeira estrada de rodagem construída ligando o planalto de Curitiba com a marinha.
Quanto ao primitivo rio Graciosa , por onde se iniciou as explorações, foi rebatizado de
Curitibaíba..

O outro curso de água importante e antes referido, era o Cubatão, hoje Nhundiaquara,
que os levava até o Cubatão dos Três Morretes (Morretes) ou se as condições de
navegabilidade permitissem, remar até o outro porto mais acima’’, depois batizado de
Vila Real do Porto de Cima. Desembarcavam e continuavam pela picada do Itupava,
que alcançava o planalto curitbano pela Borda do Campo, próximo a Quatro Barras.

Interessante observar que na busca do melhor passagem da serra do mar para a


construção da uma ferrovia que ligasse Curitiba com o porto de Paranaguá , ö seu
traçado recaiu sobre a mesma canhada utilizada pela trilha do Itupava.

Subindo nesse mesmo rio Nhundiaquara, e um pouco antes de Morretes, desaguava em


sua margem direita, o afluente do Rio do Pinto , também buscado pelos faiscadores que
desembarcavam no futuro porto do Padre Veiga e dali, a pé pelo enorme vale , permitia
o acesso ao planalto curitibano, vía São José dos Pinhais.. Este era o caminho do
Arraial.

Novamente curiosa coincidência construtiva. Na procura de uma estrada mais moderna


em substituição ao da Graciosa, a única opção possível encontrada, foi sobre esse
roteiro e quando concluída em 1968, foi batizada de BR 277.

Na oportunidade do Paraná aurífero ,contávamos com os portos de Paranaguá e


Antonina e um imenso vazio litorâneo. Para o sul, só havia São Francisco do Sul e a
Ilha de Santa Catarina.

A Portugal não interessava abrir ou incentivar aberturas de vias ou estradas. Nada


menos que três séculos de atraso intencional.

Desde a implantação da linha de Tordesilhas, dividindo o globo terrestre em duas


partes, e determinando o domínio de Portugal e Espanha quando foi acordado de
que :todo achado de terras ou ilhas a oeste do referido meridiano, pertenceriam à
Espanha e as situadas no leste, seriam portuguesas. . Aparentemente uma solução
simples, contudo de difícil aplicação, e dois graves problemas geográficos.A primeira
divergência se relacionava na dimensão exata para a légua uma vez que havia diferenças
entre as duas potências. A légua marítima espanhola media 5.555 metros e a portuguesa
equivalente a 6.349. .
Outro fator de discórdia, se relacionava no ponto de partida dessa contagem de milhas
para definir o traçado da linha de Tordesilhas. Convencionou-se entre essas duas
potências, de que essa linha traçada entre os pólos passaria a 370 léguas a oeste das
Ilhas de Cabo Verde, recém descobertas pelos portugueses.

Acontece que esse marco referencial tornou-se emblemática para defini-lo, pois as Ilhas
de Cabo Verde se constituem de várias ilhas ou tecnicamente denominadas de
arquipélago (reunião de várias ilhas). Os dois rivais, divergiam na sua interpretação.
Para os espanhóis a contagem dessas léguas, deveria ser a partir da primeira ilha mais
próxima da costa africana. Já aos lusitanos, começaria no extremo oposto.
Aparentemente um insignificante problema geográfico que na prática para o Brasil de
profundo significado. Vejamos. A linha portuguesa e a espanhola, entravam no norte do
Brasil mais ou menos juntas pela Ilha de Marajó, contudo em latitudes maiores (para
baixo do Rio de Janeiro), os espanhóis declaravam que ela passava em Cananéia,
enquanto Portugal sustentava que seria Laguna. Fácil percebermos que no Paraná, toda
terra atrás da Serra do Mar (a oeste) , eram territórios legitimamente espanholas.

Na oportunidade do ciclo tropeiro, que consistia na condução de mulas capturadas ou


compradas dos criatórios da região de Missiones e conduzidas até Sorocaba , de onde
tomavam vários destinos, em especial para as Minas Gerais, cujo ouro foi descoberto
em 1690. As mulas representavam o melhor meio de transporte em terrenos acidentados
como é a região mineira. . Esse tropear dessa animália, feitos sobre território espanhol ,
representou uma lenta, silente e gradual ocupação dessas terras.

Basta atentar de que a faina diária de um tropa, consistia em uma marcha na ordem de
20 a 30 quilômetros, sempre com os pernoites nos mesmos pousos, que com o correr do
tempo se transformaram em núcleos fixos , que vieram se constituir em freguezias,
depois vilas e finalmente sedes municipais.

Fácil atentarmos a extensão geográfica alcançado pelo simples gesto do tropear.


Atualmente este primitivo percurso e seus pousos representam hoje nada menos do que
42 municípios, ocupando toda extensão dos estados sulinos no sentido norte-sul,
paralelos a costa atlântica, que ligava Viamão à Sorocaba(SP).

Portugal prevendo possíveis ataques dos espanhóis para recuperar seus territórios,
planejou e executou vários atos preparatórios de defesa, entre eles o de erguer as três
vilas antes referidas na possível rota castelista.

Como esclarecemos antes, as duas Vilas em nossa costa eram ao norte, a de Ararapira e
a outra na enseada de Guaratuba, e uma terceira, mais para o interior que era Lages, atos
ocorridos simultaneamente em 1771.

Além disso executaram uma manobra “diversionista” sob inspirado nome de Empresa
Iguatemi (nas bordas bacia do Ivaí em 1765) e logo a seguir veio a Expedição Tibagí
(1768 a 1774)

Como o esperado, a Espanha em 1777 armou e zarpou com uma frota de invasão
constituída de 116 navios, e audaciosa navegação com uma única parada na distante Ilha
da Trindade, com o objetivo de recuperar territórios usurpados pelos portugueses. No
comando estava Don Pedro Cevallos, competente e experimentado militar, que em
fevereiro levantou ferros dessa ilha em direitura à Ilha de Santa Catarina., conquistando-
a e complementando com a tomada do porto do Rio Grande e da Fortaleza da Colônia
Sacramento.

Um ano depois Portugal conseguiu suas devoluções, oportunidade que se pactuou as


novas fronteiras brasileiras, incorporando vasto território espanhol, representados pelos
atuais Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná..

Nesse litoral do Paraná só existiam duas importante e únicas cidades portuárias:


Paranaguá e Antonina, e as vilas de Ararapira e Guaratuba.

Enquanto não existia uma ligação terrestre que ligasse Paranaguá com Guaratuba ou
mesmo ir para o sul do país, a única solução consistia em sair em canoas com 3 horas de
remo, alcançar o atual Pontal do Paraná, e dependendo das condições do mar, navegar
até aquela vila.

Com o aumento do fluxo de caminhantes e da imprevisibilidade das condições do mar


recorreu-se ao transporte misto. De canoa até Pontal e prosseguir pela praia, com
utilização de carroção puxado por 4 bois, coberto com um toldo improvisado com folhas
de bananeiras. O deslocamento era preferencialmente a noite por causa dos bois que
andavam mais rápidos nesse horário. Em 7 a 8 horas, alcançar o rio de Matinho (hoje
Matinhos) tentar atravessá-lo com a maré favorável , e continuar até a ponta de Caiuvá
(hoje Caioba) e ali conseguir uma canoa de remo para atravessar a baia de Guaratuba
ou, se as condições não fossem favoráveis, ir a pé por uma estreito carreiro, atravessar o
morro de Caiobá, alcançar a Esprainha (hoje Prainhas), que no seu final tinha o porto do
Mendanha,e dalí atravessar em canoa até outra borda da baía.

Se o objetivo era o sul do Brasil, bastava continuar de Guaratuba, pela extensa praia
(hoje Itapoá) e atravessar a baia de Babitonga (São Francisco) e prosseguir pela costa

Sobre os topônimos locais originais nessa região, elucidativa é a leitura da escritura de


venda datado de 20 de maio de 1787 sobre as terras de propriedade do Capitão Miguel
de Miranda Coutinho e sua mulher Isabel da Silva, que vendem ao próprio filho
Joaquim Miranda Coutinho, por 25$ , na barra do rio Guaratuba denominado CAIOVA
que principiam no cume do morro da estrada que vem para a Esprainha correndo a
mesma para a parte do norte em passagem chamada o Matinho”.

Em 1865 ou 1869 ocorreu nessa praia dos Miranda,, o naufrágio da escuna ACCACIA
de propriedade do capitão Fernando Antonio de Miranda possivelmente parente da
família Miranda antes referida.

As 15 horas do dia 26 de novembro de 1868 por causa de forte nevoeiro, e intenso vento
sul,, acontece o encalhe do vapor São Paulo na baía de Guaratuba, na praia das Caieiras.
Lotado com feridos da Guerra do Paraguai sob o comando de Jacintho Ribeiro Amaral,
naquela época marido da compositora Chiquinha Gonzaga (que não estava a bordo). Do
acidente só ocorreu uma única morte.

1908 Pelo grande movimentação marítima com Guaratuba, o capitão de marinha


Henrique .Boiteux manda construir o farol na ponta de Caiobá
No ano de 1912 a chegada em Guaratuba,de um importante californiano Réo Bennet,
engenheiro e que construiu sua moradia na ponta das Caieiras, que posteriormente veio
pertencer à família Jonscher.

Introdutor da rizicultura e bananicultura na região, e ainda, a instalação de vários


engenhos de açúcar, aguardente e arroz e outros ousados empreendimentos, inclusive
trouxe a primeira embarcação motorizada que utilizava para conduzir seus produtos aos
portos Santos, São Francisco do Sul, Itajaí e Florianópolis, além de ter projetado um
porto para Guaratuba.. Proprietário da Fazenda Estrela, cujo acesso era pelo Rio
Canasvieira ou pela trilha do telegrafo. Ali construiu uma residência nas mesmas
dimensões e estilo da que ergueu na Ponta da Caieiras. Guaratuba muito deve a esse
incrível visionário que está a merecer um profundo resgate histórico.

Tendo a Serra da Prata como nosso tema central, lembrar que na sua face oeste, corria a
trilha do telegrafo, perfeitamente identificada pela sucessão dos postes de ferro
especialmente fabricados na Inglaterra, para suportar , fixar e conduzir os fios do
telegrafo instalado depois de 1866 em substituição ao telegrafo por cabo submarino
construído para ligar a Corte (RJ) com o Rio Grande do Sul face a guerra do Paraguai .
A sua difícil manutenção, estimulou uma linha terrestre, paralela ao modelo anterior..

Até recentemente era possível encontrar esses preciosos postes ingleses perdidos na
selva atlântica., as margens da atual estrada da Limeira. Vinha do Rio de Janeiro e
passava por São Paulo, Santos, Iguape ,Cananeia, Guaraqueçaba, Antonina,
Morretes,Guaratuba, Joinvile e alcançar a cidade de Rio Grande.

Esses postes mereciam ser resgatados e exibidos em locais protegidos Infelizmente


costumeiros depredadores do patrimônio público estão retirando esses testemunhos e
levando-os ao ferro velho.

Nesse mesma borda do Prata, foi recentemente criado o Parque Estadual do Parado,
representativo e exclusivo bioma. No lado oposto, juntinho a Matinhos temos o Parque
Estadual Rio da Onça com 1660 hectares.\

Em 1871 acontece a fundação da Colônia Alexandre, constituída de italianos de


Abruzzo, Basilkicata, Ponte Recanate, Matova e Terrano, trazidos por Sabino Tripodi
(Savino de Tripoli, segundo outros) conforme acordo de imigração assinado com o
governo imperial estabelecendo 200 famílias, cuja sede do empreendimento inaugurado
em 22 abril de 1877, ficava na junção dos rios Toral e Ribeirão, distante 14 quilômetros
de Paranaguá e com um porto para embarcações miúdas, frente à baía de Paranaguá.

No projeto do assentamento foram demarcados 610 lotes com 12 núcleos.

Com a fundação de Alexandra acelerou a ocupação territorial em direitura à Serra da


Prata com a constituição dos seguintes núcleos já assentados: Morro Inglês (ex Barão de
Taunay), Torál, São Luiz e Piedade

Empreendimento imigratório vitima dos percalços de uma natureza geográfica hostil,


enorme região de restinga e terras baixas, provocou conflitos internos e que resultou na
saída de seus pioneiros em várias direções e novos assentamentos que aconteceram em
Paranaguá, Morretes, Antonina, Piraquara e Curitiba, apesar do empreendimento contar
com estradas internas, fabrica de cerveja, duas olarias, um moinho acionado à vapor,
soque de arroz. Moendas para milho e cana de açúcar e regular produção de café, batata,
feijão hortaliças e cana de açúcar..

Na oportunidade das obras pela ferrovia Paranaguá-Curitba, inaugurada em 1885, foi


inicialmente construída em Alexandra, uma simples plataforma coberta, para o
embarque e desembarque de mercadorias. Posteriormente substituída por uma estação
em alvenaria esse constitui no presente, o único exemplar remanescente desse
período.Todas as demais foram demolidas na década de quarenta e erguidas edificações
de um mesmo estilo arquitetônico.

Havia a necessidade premente para o Paraná em abrir uma estrada de ligação entre a
capital e a marinha. Feitas as prospecções, estudos e avaliações, optou-se pelo mesmo
vale utilizado pelo caminho do Graciosa. Estrada inaugurada em 1873, doze anos antes
da ferrovia. Seu traçado alcançava Porto de Cima, Morretes, Passa Sete , Alexandra e
Paranaguá

Com essas ocupações no imenso vazio entre Paranaguá e as faldas da Prata, permitiu a
abertura de um picadão que levava ao porto fluvial do Paratí e Barreiros com destino
final para Guaratuba. Oportunidade do abandono do caminho pela praia. . Por bom
espaço de tempo esse foi único caminho para Guaratuba, razão que no governo de
Afonso Camargo, em 1916 transformou esse picadão na estrada do Alboit, passando nas
localidades de Colônia Maria Luiza, São Luiz, Colônia Pereira, Cambará, e depois
esticado até o Morro do Aí Jesus e porto Paratí.

Foi montado nesse percurso, o serviço regular de diligências a cada cinco dias,
composta de uma carroça com parelha de 6 cavalos e marcha de 8 horas , com retorno
no dia seguinte.

Em 1891 deparamos com uma curiosa solicitação de Augusto Pereira Nunes, pela
concessão de ferrovia que pretendia construir ligando Paranaguá com a foz do Paraty.e,
no mesmo ano,o pedido de Joaquim Candido da Rocha e um tal de Adriano, com a
proposta de um “bonde” que sairia da Praça Pires Pardinho (antigo Campo Grande) e
chegar no Cabaraquara.

No mapa do governo Caetano Munhoz da Rocha, editado em 1922, aparece um ramal


que parte da estrada do Alboit, na altura de Cambará, ligando com Matinhos, que veio
contribuir e acelerar o sua ocupação e e facilitando a ligação com Guaratuba e motivo
que esta prefeitura ano de 1924 construiu a ponte sobre o rio Matinhos e abre a estrada
Caiobá- Prainhas e ao porto da Passagem.

Sob o governo de Caetano Munhoz da Rocha, foi inaugurado em 1927 a Estrada do


Mar”, ligando Paranaguá com a Praia de Leste, ao mesmo tempo que lançavam a pedra
fundamental do futuro Balneário e o abandono da estrada do Alboit

Este novo caminho, foi responsável pela solidificação de Matinhos e o aparecimento das
primeiras casas dos banhistas. e o dealbar de Caiobá.

Dois anos depois é construída a ponte sobre o rio Caraguassu , na Estrada do Mar,
substituindo a precária balsa..
Em 1929 é erguido o trapiche da Praia dos Amores para as obras do hotel de Caiobá e
desembarque da tubulação da primeira canalização da água na região. Hotel inaugurado
em 1932.

Em 1942 para eliminar o trânsito pela praia, foi construída a estrada Matinhos –Caiobá
com as suas três pontes.

Na década de 1953 a Empresa Balneario Pontal do Sul S/A abriu a ligação terrestre
entre o rio Caraguaçu até o Olho d’`água.

Em 1968, foi aberta a estrada Alexandra-Matinhos, por iniciativa do governador João


Elizio Ferraz Campos.

Não podemos olvidar a existência de grandes numero de sambaquis catalogados pelo


professor BIgarella encontrados no Cabaraquara, rio das Pombas, Colonia Pereira,
Cambará, Mamote e Goiabeira

Como prometemos no inicio deste trabalho, retornamos aos acontecimentos


relacionados a Serra da Prata e relatar seu inesperado epílogo.

Lembrar da figura do capitão Manuel de Lemos Conde, Provedor dos Quintos Reais em
Paranaguá, que comunicara o achado de prata naquela serra e origem de seu nome.

O governador Salvador Correia de Sá por diversas vezes reclamava da falta de prova da


existência dessa prata.

O Ouvidor Geral do Brasil, Pedro de Unhão Castelo Branco, que já se indispusera com
o Conde por causa dos piquetes que mudou de posição nas divisas do seu terreno e o
obrigando aviventa-las, percebeu outra irregularidade. O governo fixara rendimentos
maiores às provedorias dos minerais de prata do que as provedorias de ouro.Apesar de
não existir prova da presença da prata, Conde conseguia receber o salário de Provedor
das Minas de Prata

Este Ouvidor tentou caçar este título, mas Conde tinha amigos influentes junto a
governadoria e conseguiu se manter no cargo, até que pela larga demora de mostrar a
Prata, provocou a paciência do governador Dom Rodrigo de Castelo Branco que ordena
uma bandeira exploratória junto com o Lemos Conde para que mostrasse as minas de
prata .Obviamente que nada foi encontrado por se tratar de uma farsa bem urdida e a
conseqüência imediata resultou na sua demissão, confisco de seus bens e enviado preso
para São Paulo onde acabou por suicidar-se no calabouço. Da Prata só restou o
topônimo!

CHEGAM OS MONTANHISTAS

A história do montanhismo esportivo começou no Paraná, no ano de 1879 quando um


grupo de morreteanos dirigidos por Joaquim Olimpio de Miranda, conhecido por
Carmeliano, conseguiu alcançar o então considerado ponto culminante do Paraná: o
pico do Marumbí.
A partir dessa data, não cessaram as subidas ao referido pico e que trouxe a baila o
neologismo “marumbinista”que identificava esses escaladores.

Na década de 38/40 surge uma nova geração de escaladores que não satisfeitos com um
único pico, principiam a conquistar outras cumiadas no entorno do pico Marumbi.

Investem para outras pontos ao norte da extensa Serra do Mar, provocados pela
constatação em 1940 do geólogo e geógrafo Reinhard Maack , de um ponto mais alto do
que o Marumbí e que veio o denominar de Paraná, desencadeando forte movimento
marumbinista na busca dos louros de sua conquista alcançado em julho do ano seguinte.

Com a conquista do ponto culminante do estado, a seguir, os montanhistas se espalham


para outras serras como o da Graciosa, Farinha Seca, Guaricana, Feiticeiros,
Araraquara, Araçatuba e finalmente em 1944 é a vez da belíssima serra da Prata.

Única possibilidade de aproximação, era o ferroviário com desembarque na estação de


Alexandra e procurar caminhos que levassem para suas encostas, com única marcha de
aproximação por esse lado leste. Waldemar Buecken (Gavião) e Antonio Pedro
Stenghel Cavalcanti (Canguru) tornam-se seus primeiros escaladores .em uma investida
que durou três longos dias e concluídas em 8 de abril de 1944.

A necessidade de um mínimo de 02 dias e muito esforço por ser um percurso pela


extensa crista,, estimulou a busca de outra rota mais direta e de menor tempo que
aconteceu em 10 julho 1966 pelo grupo do constituído por Henrique P. Schmidlin
(Vitamina), Fernando Jose Andrzejewski (Cipó) Ronaldo Cruz (Bigode) e Arlindo
Renato Toso.que alteraram totalmente o rumo da subida. Optaram pela face oeste com
investida partindo da estrada da Limeira. Escalada feita em poucas horas,com presença
de àgua e, ainda sem a necessidade do pernoite..

Interessante constatação nessas encostas: a presença endêmica de carrapatos e a densa


floresta de palmáceas (Tucum) e praticamente eliminada .Pela grande quantidade dessa
espécie,, os caboclos derrubavam a arvore para apanhar os cachos de sementes e vender
aos passageiros na estação ferroviária de Alexandra .

Desde da década de trinta os montanhistas insistiam na criação do Parque da Serra do


Mar que chegou a ser decretado mas não efetivado em seu prazo legal .Diante da
voracidade dos madereiros pelo abate das espécies nobres, veio a reação das
organizações não governamentais, e que acelerou a tomada de posição por parte do
governo do estado que optou pelo imediato tombamento da Serra do Mar, que veio
acontecer em 1985.

Diante eminente perigo de ser construída a BR 101 na porção paranaense especialmente


na que corresponde ao trecho Limeira-Garuva, houve forte movimentação ambientalista
em todas as instâncias do IBAMA para a salvaguarda dessa serra e criar um forte
obstáculo na consecução de uma possível rodovia litorânea, e assim nasceu o Parque
Nacional Saint’ Hilaire/Lange.

Imediatamente criou-se o Conselho Gestor incluindo representantes da população de seu


entorno, constituindo-se em uma experiência estimulante e cheia de aprendizado mútuo,
em saudável e necessária compartilhânça na tomada das decisões e proteção.
SANT’HILAIRE

Em 23 de maio de 2001 foi criado o Parque Nacional Saint Hilaire/Lange através da Lei
10.221, com área aproximada de 25.000 hectares, portanto uma Um idade de Proteção
Integral

Augusto de Saint’Hilaire, botânico francês que esteve no Brasil entre 1816 a 1822 e
percorreu os estados do sul,( Rio de Janeiro, Espirito Santo, Minas Gerais, Goiaz, São
Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do S,ul. relatados em vários volumes..Em
suas andanças fez preciosas e minuciosas anotações sobre geografia, meio ambiente
físico, fauna e flora, hábitos sociais e alimentares, costumes,política, economia, historia,
religiões e técnicas construtivas. Além da coleta de material botânico e zoologia.

Felizmente a editora da Universidade de São Paulo tem reeditado essas obras. No caso
do Paraná deve ser procurado o livro intitulado “Viagem a Curitiba e Província de Santa
Catarina..”

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