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MIDE – MÉTODO DE INFORMAÇÕES DE EXCURSÕES

http://montanasegura.com/el-mide/

(Tradução: Getulio Rainer Vogetta)

MIDE é um método para valorar e expressar a dificuldade das excursões a partir de uma escala
de graduação das exigências técnicas e físicas dos percursos, permitindo classificá-los para
uma melhor informação dos usuários.

Se trata de uma ferramenta destinada aos excursionistas, para que possam escolher o
itinerário que melhor se adapte à sua motivação e preparação. Deste modo, o MIDE não é
unicamente um meio de informação, mas também um instrumento de prevenção de acidentes
em montanha, uma vez que quanto maior o nível de informação, maior a segurança.

O MIDE é recomendado pela Federação Espanhola de Desportos de Montanha e Escalada


(FEDME), pela Federação Aragonesa de Montanhismo (FAM) e pela Defesa Civil do Governo de
Aragón, dentre outras entidades, é de uso livre tanto pelo informador (que o complementa
com suas informações e recomendações que considere oportunas) como para os informados
(que devem que a natureza é mais complexa do que um sistema de informação pode valorar).

INFORMAÇÕES DE AVALIAÇÃO E REFERÊNCIA

O MIDE é composto por informações de duas classes. De um lado há a informação de


valoração, ou avaliação de dificuldade, que é graduada de 1 a 5 pontos (menor para maior) de
quatro aspectos (ou dimensões) de dificuldade distintos: severidade do meio natural,
orientação no itinerário, dificuldade de deslocamento e quantidade de esforço físico
necessário.

De outro lado temos as informações de referência para cada percurso: tempo médio de
conclusão, desnível positivo acumulado, desnível negativo acumulado, distância horizontal
percorrida e tipo de itinerário (se ida e volta, trajeto circular ou travessia)

HISTÓRIA

O MIDE nasceu como um inovador método de prevenção de acidentes em atividades no meio


natural, especialmente de montanha. Desenvolvido por um grupo de 12 especialistas em
montanha e na divulgação de excursões neste meio, foi apresentado em 2003 pelos
promotores da Campanha Montanhas para Viver Seguro. A Federação Espanhola de Desportos
de Montanha e Escalada aderiu imediatamente ao projeto, recomendando seu uso por todas
as federações autônomas, ao mesmo tempo em que o método se tornou conhecido nas
Federações Francesa e Portuguesa de Montanha.

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Em 2008 se reeditou o Manual de Procedimentos do MIDE e, desde a sua página na internet
ou através de seu endereço de correio eletrônico: info@montanasegura.com a Campanha
Montanha Segura segue prestando assessoramento e ferramentas para o uso e difusão deste
método.

Seu uso se popularizou nos últimos tempos e são muitas as entidades e particulares que o
utilizam para classificar seus percursos em folhetos, revistas, livros, páginas da web e outros.
Este uso crescente demonstra sua utilidade como ferramenta para a prevenção de acidentes
em montanha.

A seguir, um exemplo de indicação pelo método MIDE do trajeto de ascensão ao Pico Posets
(ou Llardana), segunda montanha mais alta dos Pirineus, com 3.375m:

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MIDE – MÉTODO DE INFORMAÇÃO DE EXCURSÕES

MANUAL DE PROCEDIMENTOS

O MIDE é um sistema de comunicação entre excursionistas para valorar e expressar as


exigências técnicas e físicas de percursos em trilhas. Seu objetivo é unificar, sob critérios
objetivos, as avaliações sobre a dificuldade de uma excursão para permitir a cada praticante
compreender as dificuldades que encontrará num percurso, de forma que possa interpretar
facilmente e fazer a melhor escolha, de acordo com suas capacidades e gostos.

Para avaliar uma excursão com o MIDE deve-se utilizar o presente manual de procedimentos,
tendo em conta que:

 A graduação de uma excursão se faz sempre para determinadas condições estacionais


(clima) e de terreno. Assim, uma excursão poderá ter diferentes graus de dificuldade
segundo as diferentes estações do ano.
 A graduação deve ser realizada por pessoas experimentadas em montanhismo e que
conheçam bem o percurso, assim como as condições geográficas da região.
 Utilizar corretamente o presente manual do MIDE requer estudo, atenção e interesse.

COMO FUNCIONA

Como já delineado antes, são duas classes de informação abordadas no MIDE:

informação de referência e informação de valoração.

Informação de referência Informação de valoração


Se valorarão de 1 a 5 pontos, respeitando os critérios
Se detalharão, seguindo as orientações deste manual
deste manual de procedimentos, os seguintes
de procedimentos, os seguintes aspectos:
aspectos:
 Excursão que se descreve (título)
Meio – severidade do meio natural
 Tipo de percurso (ida e volta, circular ou travessia)
 Tempo de duração
Itinerário – orientação no itinerário
 Desnível positivo (subida total)
 Desnível negativo (descida total) Deslocamento – dificuldade no
 Distância horizontal percorrida deslocamento
 Época/condições em que se aplicam as valorações
Esforço – quantidade de esforço necessário
 Dificuldades técnicas específicas, se houverem

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A informação de valoração para cada dimensão de dificuldade vai de 1 a 5 pontos, em ordem
crescente de dificuldade para a graduação das quatro dimensões de dificuldade avaliadas no
percurso. Estas, por sua vez, levam em consideração os seguintes critérios como base da
pontuação atribuída, pensando no excursionista informado:

MEIO: Severidade do meio natural:

1. O meio não está isento de riscos


2. Existe mais de um fator de risco
3. Existem vários fatores de risco
4. Existem bastantes fatores de risco
5. Existem muitos fatores de risco

ITINERÁRIO: Orientação no itinerário:

1. Caminhos e cruzamentos bem definidos


2. Trilhas ou sinalizações que indicam a continuidade
3. Exige a identificação precisa de acidentes geográficos e pontos cardeais
4. Exige técnicas de orientação e navegação fora de rastros
5. A navegação é interrompida por obstáculos que precisam ser bordeados

DESLOCAMENTO: Dificuldade no deslocamento:

1. Marcha em superfície lisa


2. Marcha em caminhos batidos
3. Marcha por trilhas escalonadas e irregulares
4. É preciso o uso das mãos para manter o equilíbrio
5. Requer técnicas de escalada para progressão

ESFORÇO: Quantidade de esforço físico necessário:

1. Até uma hora de marcha efetiva


2. De 1 a 3 horas de marcha efetiva
3. De 3 a 6 horas de marcha efetiva
4. De 6 a 10 horas de marcha efetiva
5. Mais de 10 horas de marcha efetiva

Para definir a valoração atribuída (pontos) a cada aspecto de dificuldade avaliado, o


excursionista avaliador (informante), ao definir as informações sobre o percurso observará os
seguintes critérios:

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Informação de Valoração: Severidade do MEIO

Para o excursionista informado Para o excursionista informante: critérios para a graduação


 Exposição no itinerário a desprendimentos espontâneos de rochas
 Exposição no itinerário a desprendimentos espontâneos de neve ou gelo
 Exposição no itinerário a desprendimentos de pedras provocadas pelo próprio
1 O meio não está isento de riscos Se considera muito provável 1 fator da lista
grupo ou outro grupo
 Eventualidade de que uma queda do excursionista sobre o próprio caminho lhe
provoque uma queda ao vazio ou um deslizamento pela encosta
 Existência de passagens em que é necessário o uso das mãos para se equilibrar
ou segurar
Consideram-se muito prováveis 2 ou 3 fatores da  Passagem de rio sem ponte
2 Há mais de um fator de risco
lista  Passagem de glaciares ou pântanos
 Passagem provável por terreno coberto por neve ou glaciares,
independentemente de sua inclinação
 Alta probabilidade de que à noite a temperatura baixe de 0ºC
 Alta probabilidade de à noite a temperatura desça de 5ºC e a umidade relativa
do ar supere 90%
Consideram-se muito prováveis de 4 a 6 fatores da
3 Há vários fatores de risco
lista
 Alta probabilidade de que à noite a temperatura baixe de -10ºC
 Passagem por lugares distantes a mais de 1 hora de marcha (horário MIDE) de
um lugar habitado, um telefone de socorro ou uma estrada aberta
 Passagem por lugares distantes a mais de 3 horas de marcha (horário MIDE) de
um lugar habitado, um telefone de socorro ou uma estrada aberta
 A diferença entre a duração do dia (na época considerada) e o tempo total de
Consideram-se muito prováveis de 7 a 10 fatores duração do trajeto é menor do que 3 horas
4 Há bastantes fatores de risco
da lista  Em algum trecho do percurso, a existência de fenômenos atmosféricos que não
se julguem raros aumentaria consideravelmente a dificuldade do itinerário
(neblina, vento, chuva, calor ou frio extremos, etc)
 O itinerário da excursão, em algum de seus ramos, transcorre fora de caminhos
batidos ou com rastros visíveis, por terreno irregular e/ou encoberto por
vegetações que dificultem a localização de pessoas
Consideram-se muito prováveis 11 ou mais fatores
5 Há muitos fatores de risco
da lista  Há exposição a picadas de serpentes ou outros animais perigosos
 Em algum trecho do itinerário existe algum outro fator de risco, próprio, que
não tenha sido contado ou listado nos itens anteriores

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Informação de Valoração: Orientação no ITINERÁRIO

Para o excursionista informado Para o excursionista informante: critérios para a graduação

Caminhos principais bem delimitados ou sinalizados com cruzamentos claros e com


indicação explícita ou implícita das direções a seguir. Manter-se no caminho não exige
1 Caminhos e cruzamentos bem definidos esforço de identificação da direção a seguir. Eventualmente implica no seguimento de
uma linha marcada por um acidente geográfico inconfundível (como uma praia, a costa
de um lago, etc)

Existe o rastro claro de uma trilha sobre o terreno ou alguma sinalização de


continuidade. Se requer atenção para a continuidade e os cruzamentos com outras
trilhas, porém sem necessidade de uma interpretação precisa de acidentes geográficos.
2 Trilhas ou sinalização que indicam a continuidade do percurso
Esta graduação se aplica à maioria das trilhas e caminhos sinalizados que possuem
numerosos cruzamentos e bifurcações, desde que a sinalização seja bem localizada e
mantida.

3 Exige a identificação precisa de acidentes geográficos e pontos cardeais Ainda que o itinerário se desenvolva

4 Exige o emprego de técnicas de orientação e navegação fora de trilhas

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5 A navegação é interrompida por obstáculos que se necessita bordear

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