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CONGRESSO PRO-IMPLANTACAO PARQUE MARUMBI. RELATORIO GERAL CONSIDERACBES BASICAS: 0 Parque Marumbi é a luta-s{mbolo do Movimento Conservacio nista Paranaense. Foi em torno do Parque Marumbi e@ da Ilha do Melyque nasceu @ primeira Associacgao Conservacionista do Parané3,a ADEA (Asso ciaga’o de Defesa e Educagao Ambiental), e podesse dizer que 6 em tor- no da Serra do Mar que evoluiu o Movimento Ecoldgico em nosso Estado. 0 contacto direto com a natureza primitiva da Serra do Mar, pela intensidade de seu impacto emocional sobre o visitante e por seu papel em nossa economia e formacao histérica, marcou e marca profunda mente a cultura popular do paranaense. Além deste aspecto, mais do que em qualquer outro lugar do territério estadual, os custos de degrada - ao da Serra do Mar, sao sociais, incidem sobre todos, oneram a cada um dos contribuintes. A protecao da serra, direte ou indiretamente, é quest@o que afeta e vida de toda a comunidade. OBIETIVOS DO CONGRESSO: 0 principal objetivo do Congresso foi o resgate da meméria dos lutos populares pela preservacao da Serra do Mar e pela implanta- ¢ao do Parque Marumbi. 0 Congresso foi um encontro onde informagoes, idéi © opi nil amigos, puderam ser trocados, comparados e compatibilizados conferéncia entre todos os interessados na preservacao da Serra, onde sobre a questao da Serra do Mar, dispersos entre seus numerosos Foi uma um discurso minimo comum a todos. procurouss deste discurso minimo, do ideal de preserva ® 8 expressao e organizagao A consolida gao da Serra na consciéncie das pesso: deste dese jo, gera’uma forge social, poder que nos faré alcanger tal objetivo quando este for o pensamento dominante. A propaganda do Parque e da protecao da Serra foi outro grande objetivo do Congresso. A publicidade na televisao, radio e jor nais, passeata fixa na Praca Osério (ver po. ), o Festival em Por- to de Anna (ver pos grande publico. pan) tiberam o papel de divuloar o Parque junto ao 0 Congresse procurou também avivantar as informagoes re s de administragao rentes @ Serra do Mar dispersos em diferentes érq oh we stadual ou municipal, bem como, os dados relativos ciéncias nature publica, federal, aos diferentes ramos d RESULTADOS: Montado’ através de colaboragao de associagées populares vin culadas & questao ambiental, clubes de recreacao por contato direto / a natureza e associacgces ecolégicas (ver pg. ), Wconoresso foi ta bém um importante marco no fortalecimento e entrosamento destas enti- dades. Da exposicao mais completa e poss{vel das informagoes di poniveis,nasceu a consciéncia no Parandy. de que cinco estados brasi - leiros: Santa Catarina, Par S80 Paulo, Rio de Janeiro, espacos po lfticos em que esté dividida a Serra do Mar, elém de centros fortes no Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Bahia terao que agir em con junto na solugao desta questao. A campanha pela protecao da Serra do Mar deverd ser conec- tada aos movimentos jd existentes nos outros estados bresileiros. Em danta Catarina o Parque da Serze do Tabuleiro e o simi- lar ao nosso Parque do Marumbi; em Sao Paulo e no Rio de Janeiro a tuacgao 6 mais complexa, mais parques, mais problem Sobre o Espiri to Santo, Bahia, Rio Grande do Sul care&cemos ainda mais de informa - goes. Assim como a Floresta Amazénica,é uma das grandes questces nacionais neste sentido a similaridade das propostas aprovadas no 19° ro de Montanhismo e Conservacéo da Natureza realiza- Encontro Brasil do em Teresdpolis em 17 e 18 de Setembro de 1983 (ver bg. ) eo IIT Encontro de Entidades Conservacionistas nao govérnamentais realizado em 22 e 23 de Setembro no Rio de Janeiro (ver Ag. ) demonstram cle- ramente as bases comuns para um movimento nacional. Por certo a melhor estratégia 6 o apoio e a participagao no Pronatura 84, a ser realizado em‘ulho, que teré a caracter{stica de II Conferéncia Brasileira de Protecao anos da primeira iniciativa realizada em 1934 ( anaia publicados no Boletim do Museu Nacional de 1934), $ A partir deste encontro poderd ser ampliado o movimento na Natureza comemorative dos 50 cional através de novas ade: & Convengao Pro Protecao Serra do Mar (ved bo.) Finalmente, o posicionamento dos Agentes do Poder constitus do, Secretarias de Estado e Autoridades responséveis por organismos da administragao indireta,possibilitarao a cobranga e a vigilancia civil Sar sobre a politica do Governo do Estado em relagao @ Serra do Mar. MON TAGEM —E PREPARACAD po cONGRESSO 0 Congresso foi organizado por iniciativa e sob total res- ponsabilidade, inclusive financeira, pelas associagées ambientalistas @ clubes de recreagao por contacto direto com a natureza (ver Py, ). Foi realizado 4s pressas, pressionado pela caducidade de um dos dispositivos legais que protegiam a érea D, 5590 de 4 de Dytu- bro de 1978, 0 Congresso iniciou-se a partir de uma reuniao preliminar, convocada por integrantes do Movimento “ Sete Quedas Viverd", reeliza da no dia 21 de Yulho. Assinaram a lista de presenca cerce de quarenta e duas pes soas que passaram a constituir a comissao organizadora do Congresso, (ver fy, ) Ficendo e comissao aberta a novas adesces, devendodtodos principais questoes serem aprovadas em reunioes gerais. Neste reuniao preliminar, deliberou-se a realizagao de um Congresso apoiado basicamente em associagées populares envolvidas na questo da qualidade de vida. Discutiu-se também, em linhas gerais, o xtemfario, a programagao do encontro,e definiu-se a reslizagao de um Festival na cidade de Porto de Cima a ser realizado sdbado e domingo, data da criagdo do Parque e da caducidade do D. 5590 que declarou os iméveis de itulidade publica para fins de desapropriacao. geral realizede no dia 11 de Agosto foi Na segunda reun aprovada a proposta bdsica do Congresso, e a comissao subdividiu - se em equipes com tarefas espec{ficas: Organizecao do Festival, Debates e Divulgagao. Os trabalhos de organizegao do Congresso ocorreram de for- ma aparentemente desordenada) tanto pela natureze colegiada da coorde- nagao como pela autonomia dos grupos de trabalho. A quest@o principal foi a procura de patrocfnio que viabilizassem a realizagao do evento. Neste sentido 6 de ce frizar a colaboragao da Rédio Stidio 96 que colaborou com cartezes, selos, auto-edesivos, posters e camise tas; do Café Merumbi,que viabilizou a divulgacdo do Congresso e do Festival através de veiculagao de V.T. na Rede Globo de televisao, Mo tos IKA,e por parte da administragao publice,o ITC, que propiciou a ~ poio log{stico: espago f{sico, telefone,xerox e demais infra-estrutu- ra$& comissdo orgenizadora do Congresso. Uma das maiores dificuldades foi o levantamento e o contac da administragao publica federal, estaduais e to com todas as regi municipais com alguma vinculacao com a questao da Serra do Mar. Apés muitos debat! of{cios, convites informais e formais @ programagao definitiva,foi aprovada (ver pq. ) Fazem parte destes anais o regulamento do congresso (ver ‘fg & ), 08 principais pronunciamentos e debates, recomendagoes , docu - mento final (ver pg. ), @ 0 texto da convencgao constitufde durente a realizac@o do evento (ver pg. ). As fitas com a integral gravacao do pronunciamento encontrdsse em poder da Convengao e & disposigao de interessados. ™ ROBERTO RIBAS LANGE cretério Execativo Provisério RELACAO DAGENTIDADES PROMOTORAS =~ 268. CONGRESSO PRO-IMPLANTACAD DO PARQUE MARUMBT Iniciado sob a convocagao do Movimento"SEte Quedes Viverd§ ao longo do processo mais e mais entidades eludiram, destacendo-se s¢ bretudo a participagao do: = ACUCA: Associagao Curitibana de Canoagem ~ Grupo Morumbi = ADEA: Associagao de Defesa e Educegao Ambiental ERA = e da. = APREFA: Associagao de Protegao a Flora e Fauna Preservarao da - Clube de VOo Livre Marumbi - COA; Cube de Observaedores de Aves - CPM: Clube Paranaense de Mgntanhismo. COMISSAO ORGANIZADORA PRO-IMPLANTACAO DO PARQUE MARUMBI = ALCEU FRANGISCO TABALIPA C ADELIMIR AZEVEDO DE MOURA ANDRE LUIZ DE LIMA ANA DALVA JUAZERO DOS SANTOS AIMARA RIVA DE ALMEIDA A uy = } Ay? ASTRID CRISTINA RICHTER Aven Yan ALVARO MIGUEL ROYCHER = Z ADEMIR A.M. CORDEIRO ARLINDO R. DE SOUZA ALIR DOUGLAS WELLNER CELIA CONCALVES GOUVETA CLOES RICARDO SCHRAPPE BORGES CRISTIANE R. LIMA CAMILO ANTONTO SOMMOVILLA CELSO ROBERTO RAVA CARLOS BANCO BERNERRD CLAUDIO CAMARGO NIELSEM CARLOS ALBERTO MACHADO DINO JOSE A, CAMARGO DALIO ZIPPIN NETO DALIO ZIPPIN FILHO DULCINDO ILDANHA MUNIZ ELADIO DEL ROSAL EUGENTO AEXXSCEZAR EDSON ITRUMINSKI ESTELA JULIANA SHUTOSKI $44 -Jio ui EDUARDO FELIPE GEUCHT FRANCISCO C, SABENA FRANCISCO KAVA SOBRINHO GILBERTO HARTMANN GUSTAVA ADOLEO GOMES SEHOMA HAMAKO HOSHINO eer HARVEY SCHENKER- = cA evvidOlv HENRIQUE P. SCHMIDLIN IVOM OTAVIO VERTSSIMO RIBEIRO IRENE P, LETTE JAMIL RIECHT FILHO JUSSARA VALENTIM = JANE: VuUA LCOUL nas 1 1 ‘ ww on JULIO CESAR NOGUEIRA DA LUZ 3OKO OZORIO BRZEZINSKI JOSE DAHER J0%0 BSTISTA CAMPOS JOSE ALCIDEZ DE LIMA JR. JULIO CESAR NOGUEIRA DA LUZ JUAREZ CORDEIRO DE OLIVEIRA LUIZA JANE ROSS LUIZ ALBERTO MACEDO 0. ROSA LuIZ DOS ANJOS LUIZ CAMPRECHEM LILI MIN LIDIANE DOITZER ROBERTO RIBAS LANGE LUIZ CARLOS = WUIZI MUKO HOSHINO MARTA DAS GRACAS SIMAO MIGUEL ANTONIO LEONI GAISSLER MARTLENA RODRIGUES SANT! ANA MARTA DA CONCEICAO Lass MARMANN CONESTRARO NADOLNY MARCIO LUIS BITTENCOURT MARCO ANTONIO DE SOUZA LETTE MARCELO CALDARTT = -MARTA-EUGENTA_ NELSO PENTEADO OSVALDO NAVARO ALVES OZIR LARA PAULO CHIESA PAULO DRABIK POSSIDEO BRESOLIN PATRIMONTO HISTORICO ARTISTICO; RUY FEUERSCHUETTE = ROSANA MARTA RODRIGUES - ROSEMAR C,. FERREIRA = ROBERTO RIBAS LANCE = RICARDO KOCH CAVALCANTO 1 1 = RUT TAS - RONALDO FRAZEN JR. - ROBERTO CARLOS PAUSSOLO = SERGIO VIANNA = TIARAJU DE MESQUITA FIALHO = RICARDO KOK Y.-J.) CONGRESSO PRO-IMPLANTACAD DO PARQUE MARUMBI PROPOSTA INTRODUGAO A Serra do Mar molda nossa geoprafia, separando a plengcie litoranea dos planaltps do interior, e também nosea identidede para- naense, nao tendo sido apenas um substrato sobre o qual\éesenrolou-de nosso passado, tal qual tela cinematooréfica onde surgem projecgoes de imagens de um filme. 0 conjunto de caracter{sticas de um territério(clima, na u reza do terreno, topografia, vegetacao e fauna, rios e recursos natu- rais) determinam as atividades econdmicas, condicionando hébitos de vida, comunicagéo, intercambio entre pessoas, agrupamentos e comindda des. 0 de nossa formacao his © territério 6 forga viva no proc térica. £ o principal elemento do processo produtivo, ponto de parti- da para organizagao da comunidade. A acao do homem sobre a natureza, a exploragao de recursos naturais, 6 uma atividade coletiva, social por exce. principais elos que caracterizam as nagoes das demais comunidades hu- cia eum dos ' manas. Cada pessoa tem identidade propria e os povos e as nagoes - e@ mesmo comunidades menores - também se individualizam em entidades bem definidas, com tracos e caracter{sticas peculiares definidos no pro - cesso histérico de ocupacgao e uso de seu territério especifico. e mais Somos latinosamericanos, brasileiros, paranaen ainda curitibanos, parnanguanos, londrinenses... PAPEL HISTORICO DA SERRA No infeio da conquista, os colonizadores avancavam para o em troncos de drvores, dificulda interior através dos rios, em canoas escavad até encontrar a serra do mar,obstéculo superado com imens: des. Ao léngo de toda nossa historia, a serra nao perdeu este caréter peculiar. A estrada da Graciosa, primeiro caminhp carrocavel ligando Curitiba a Antonina, porto de mar mais préximo e vidvel, foi construfda apenas na segunda metade do século XIX (19%3). 33 a ze 73) A Estrada de Ferro, obfa que marcou profundamente a econé- mia, vida cultural, social e pol{tica, das comunidades mais importan- tes da época, Curitiba e Paranagué, teve sue construcaéo iniciada em e , ARRE em 1880 e foi concluida em 1885, A estrada nova de Paranagua foi inaugurada em 1967, quandc aada Graciosay congestionava o trénsito e a economia do Parané. Sen - pre a Serra representou um obstéculo @ ser vencido entee o mar, o por to @ os mercados do interior através de grendes investimentos na cons trugao e manutencao de estrada Este 6 o papel histérico da Serra: barreira entre o mar, c porto, o interior (os planaltos, Curitiba e cidades mais novas) e os Nos demais aspectos da e: grandes mercados produtores e consumidor conomia, sempre foi uma regiao marginal, produzindo alguma banana na vertente oriental @ milho e feijao na vertente ocidental. A extracao de madeira sempre foi diffeil, sendo retirados apenas dormentes, alou madeiras mais nobres,e grandes 4rvores para construcao de canoas, pero da indéstrie madeireira devido & es - cassez da matéria~prima levando & destruigao de nosses florestas As tentativas de colonizagao na regiao sempre fracassaram, Recentemente porém, o de Os colonos da Coldénia Nova Itélia, junto ao Rio Cubetao(atual Brafnhe pertiram & procure de ambiente mais favorével, tendo fundado Santa Felieidade; as Colénias da Serra do Prate e todos os empreendimentos' ios mais recentes t: m nao atingiram seus ob jetivos. A frente de ocupagéo agropecuéria, j4 totalmente desprovi- aoropect da de drea de expansao no interior do estado, em seus estertore: 8 sabidamente inviéeeis: no litoral e na Serre vol tou a investir em ér do Mar, A situacao dominial 6 confuse. Alguma eas possuem trés ou quatro donos com escrituras e registros. Outras aparentemente, ain da sao devolutas(terras piblécas). A situagao legal é conseqténcia da marginalidade econdmica, que levou ao descaso pela terra, digo posse da terra, e & desatencao da administragao publice. 0 desenvolvimento das forcas produtiv: © esgotamento das jas de expansao das fronteiras agricolas e pressao pela terra, ame: gam o ambiente ainda primitivo da serra do mar, Esta 6 uma ameaga 2 identidade de comunidade paranaense e uma ameaca ao nosso futuro. A destruicgao da cobdrtura vegetal 6 a propria destruicao do equilfbrio io tem fungao de prote natural ¢@ ecolégico de ger Bs {noremes encostas de serre, assequrando a estabilidade dos ta ludes, o transito nas estradas, @ viabilidade de nossos manenciais,a rra do mar. A vegeta: navegacao de nossas bafas e 0 acesso aos portos. As conseqUéncias de destruicao da vegetacao da serra, lite ralmente cairao sobre nés, sobre nossas estradas, cidades, manancieis sobre a bafa e sobre o porto de Paranagué, sobre nos %o condicionada a mercados exteriores, Toda uma cidade jé a'éou econo- mie sempre Ayofan~ emerge o essoreanento da bafa: Antonina, Temos tristes exemplos: Tubs ra0(1974), Caraguatuba(1967), Serre das Araras(1966). Sobre quem caiu 0 custo de episdédios tao lastiméveis? 0 movimento ecolégico 6 a luta pelo futuro. f a lutea pele @o de nossa identidade social e pessoal. A lutea pela preser- vacao da Serra do Mar consolidaré o cardéter e @ consciéncia do povo paranaense 4 muito a preserva to técnico, Jé ha consenso sobre isto. A serra deve ser preservada, E irreparéveis perd: da serra deixou de ser apenas assun uma questao de vontade popular, que minimizara j& sofridas. PAR QUES A GRANDE META DO MOVIMENTO CONSERVACIONISTA A grande, @ maior, a mais importante e imediata bandeira ' conservacionista é a lutea por parques e reservas, Unica forma de pr servar a natureza seluagem. pouquissimos serta no sentido de lugares, onde ainda o homem nao marcou a paisagi primitive de forma indelével e definitiva,..Regides muito agreste*co- mo a Serre de Capivari, que se poderia supor ainda primitiva, jé es - nga humana. Aquela regiao esté sen- mesmo 0 pico Parané foi utijiz: de gado. 0 pé do Marumbi jé abri jo as regides ainda desertas. De - t&o fortemente marcadas pela pri do explorada hé mais de 100 ano: \y do durante muito tempo para pastor gou uma grande pedreira; a ilha do Mel foi um dos primeiros lugares de nosso territério ocupado pelo colonizador brando; Guafra, as Catera ~ tas do Iguacu, foram descobertas uns 20 anos depois de descoberto o Bresil. Os Gltimos 50 anos forem,entreyanto, os anos em que as pa: sagens naturais de nosso eshado foram profundamente altered Paisagens naturais sao dreas que, por suas caracter{sticas prdrpias e pelo inter-relacionamento de seus componentes, individuali zam uma unidade particular; uma "regido de paisagem natural" 6 aquela onde o clima, a vegetacao e a topografia constituem uma seqtiéncia ' mais ou menos homogénea. A meta ideal para um programa de parques e reservas bio-lé CO seo 22fow gicas serie a preservacao de no minimo uma amostra, um testemunho, um parque em cada uma das paisagens naturais primitivas existentes quan- do da chegada do homem branco, A situagao é tao dréstica, que os Cam- ntados no Parané.0 pos Gerais correm o ‘rsico de nao mais serem repr: mesmo j& aconteceu com o cerrado, com 4rea de ocorréncia muito menor, em nosso Estado}, @ o que esté ocorrendo com toda a regiao outrora co berta de matas do Norte, Noroette, Oeste e Sudoeste do Estado. PRIMEIROS PARQUES NACTONAIS A idéia de Parque Nacional nasceu nos Estados Unidos. 9 primeiro dos parques americanos, Yosemite Valley, um pequeno vale da Serra da Nevada foi criado por influéncia dé paisagista Frederick Olmetead, desenhista do Central Park de Nova York que,encabecando um \ movimento popular, Convenceu o Congresso a aprovar uma lei destinadad. @ preservar “para uso publico, repouso e recreacao” um dos locais mais bonitos do territério norte-amertéano. A lei da criagéo do Par - que foi assinada pelo Presidente Lincoln, em 1864, A érea ficou sob os cuidados da Caligérnia, obedecendo & organizagao palitica nort jericana de autonomia de seus membros, Alguns anos mais garde, em 1878, o movimento pela preserva ao de Yelloystone iniciousse & luz de um fogo de acampamento de uma expedicao que explorava os rios, "geysers", "canyons" e queda d'équas da regiao, Organizava-se um movimento de apoio e, dois anos depois, o Presidente Grant assinou a lei do Yelloystone Park, designendo que mais de 2.000 acres (8.094,000,000 m*) fossem dedicads! como parques piblicos ou lugares de recreagao para ber zer do povo..." Yelloystone, por ser o Wyming na época, ainda um territé - e reservada: ef{cio e pra = rio @ nao Estado independente, ficava sob custédia do Ministério do Interior dos Estados Unidos. Isto foi decisivo para consolidar o card mericanos, ultrapondo ter "Nacional" dos parques norte: aos "Esta- dos" em um pais onde as unidades de federacao preservam grande autono mia. A idéia do Parque Nacional consolidousse nos anos sequin - - tes através de movimentos populares que lutevem pela preservacgao das terras vizinhas e Yosemite Valley d Serra Nevada em Geral. John Muir, 0 1fder deste movimento do qual surgiu o “Sierra Club", importante as conservacionista do mundo. As vitérias dos conservacionistas foram suce! gressivas: - 0 parque das Sequoias ivas e pro - = 0 parque General Grant telus - lutea pela federalizagao do Yosemite Valley, num movimen- to profundamente ligado a questées bésicas da nagao norte-americana, ¢ federagao, autonomia dos Estados e sobretudo direitos individuais di cidadao. Hoje, parque nacional 6 a regiao natural que o governo dé um pafs coloca sobre a prdecao do Estado a fim de conservar e flora ¢ Contra as devastacies eites pelo homem, @ fauna, em defi A origem dos parques nacionais esté ligada & preservagao ' pura e simples da natureza primitiva e selvagem do deserto: faz parts do movimento transcendentalista que dominou o pensamento norte - am ricano no final do sécluo passado. Foi um movimento romantico, m{sti- cp e idealista, mas que nos deixou um grande legada: o conceito dé parque nacional, encarado como um"templo", um }ocal sagrado de pre vagao da natureza primitiva, Embora animistas e panteistas invoquem razoes de ordem r ligiosa para instituigdes dos parques nacionais, descrentes também d: fendem esta idéia. Nem um artificio ainda 6 capaz de tao grande vari dade de est{mulos sobre o esp{rito humano como alguns amb rais. Nestes locais alguns fatores nos sao favoréveis e cativentes, © as sensagces de tal forma estimulantes e varia dos. A natureza selvagem,por certo,propicia ao homem as mais notéveis Por tudo isso,os locais mais marcantes do territério de rvados. ntes natu- que ficamos facina- experiénei vem ser pr Nossos parques nacionais criados & imagem e semelhanca dos norée-americanos encontram-se legal e juridicamente bem protegidos. Sua fragilidade situa. a nivel administrativo, sendo que 6 dificil a realizac3o de uma pesquisa céent{fica em parques nacionsis, por exigir autorizacces especiais, do que o exercécio da caga clandes tina. PARQUES NO BRASIL A histérie de nossos parques nacioneis ainda é assunto a ser elucidade. A meméria nacional, nesse aspecto de nossa histéria,fo ge totalmente ao alcance do cidadao comom. A meméria nacional é o principal elo de uniao do povo, é a consciéncia de um passado compartilhado em comum, 6 0 conhecimento da histéria,é @ esséncie da identidade nacional histéricoss a situacdo atual 6 o resultado de Somos set fatos passados. 0 conhecimento do passado é a base de nossa identida- de e consciéncia. Paralelos & meméria nacional, que que 6 0 conhecimento pessoal de cada um dos cidadaos ativos, de cada a 2 subjetivo, que é viva, 2 e autodeterminag’ um dos milhares de eleitores deste pafs, e: tos, objetos histéricos, relfquias materiais do passado; e os regis - tros, escritos, relatos e not{cias constantes nos livros“periédicos.A partir desses elementos,evidéncias histéricas, nosso passado, pode ser pesquisado, interpretedo e assimilado & memoria nacional. Afa a importéncie das bibliotecas, arquivos ptblicos, museus. Af a importan cia dos monumentos histéricos, dos parques qge por sua imponéncia,man tém viva a meméria de nosso passado. 0 movimento conservacionista paranaense esté indissoluvel- mente ligado ao Parque Marumbi, pois nasceu dessa luta, @0 0s documentos, monumen Sem divida nenhuma, sao os Marumbinistas,que constantemen- te levam mais pessoas @ serra, os principais difusores da idéia de sua preservacao. Cada visitante 6 um novo adepto a luta pelo Parque. A ADEA ~ Associagao de Defesa e Educacao Ambiental - > a principal associagao conservacionista do Parané, nasceu da manifesta- Bioarella, em favor da preservacap ¢@o pessoal do professor Joao Jo: da Serra do Mar. 0 prfessor Bigarella encontrou resposta por parte de marum binistas, orquidéfilos, excursinistas e numerosos outros que incorpo- raram a Serra do Mar & sua vida pessoal. 0 imapcto do contato direto com a natureza selvagem da Ser re do Mar & uma experiéncia pessoal tao notével que marca profundemen te o conjunto de caracteres e exclusivos de uma pessoa. MOVIMENTO ECOLOGICO 0 movimento ecolégico é)antes de mais nada,um movimento po 1{tieo diretamente vinculado & conquista, & consolidacao dos direitos pessoais, Trata-se do direito de autodeterminagao dos povos e das pes soas, no que existe de mais bésico e elementar: decidir qué tipo de| da eo ambiente em que queremos viver onsolidagao do direito Q paisagem,os pontos mais marcantes do ter ‘auna,os monumentos histéricos, a produgao mate- ritério, a flora e a rial e espiritual das geragoes passadas e atualy ‘Uma memoria nacional visa BE rcpectos que definem a consciéncia e o caréter nacional.” £ esse conjunto que afirma a existéncia da naco constituindo-se em seus principais "documentos" de identidade. A subsisténcia destes elemen - tos comprova melhor do que qualquer outra coisa nosso direito de pro- priedade sobre o territério que habitemos. A preservagao do ambiente natural,ga paisagem e dos monu - mentos histéricos possibilitam um contato direto com nosses reizes As Lows do drut de arctedetsn muna > Perea ois 2 pune oracles da 1 det. 7. Cade macenel t ptrroal - ey, 0 ambiente geogr4fico Joao José Bigarella € A Serra do Mar constitui um sistema montanhos que se es tende desde o Espirito Santo até o sul de Santa Catarina e seque grosseiramente @ linha da costa, ora afastando-se delay ore aproxi-~ Inando-se, chegando mesmo em contacto com o mar. A extremidade Sul ida Serra da Prata mergulhe no oceano junto @ enseada situada ao lar go da desembocadura da Safa de Guaratuba. Wo Brasil Meridional, a Serra do Mar constitui a borda oriental do planalto sul-brasileiro. No Parand, possui um desenvol- vimento notavel formando e@ fachada atlantica do Estado. Representa © limite entre o Primeiro Planalto paranaense ou Planalto de Curiti ba e a planfcie costeira. A paisagem montanhosa bastante acidentada consiste em parte de grande escarpa de planalto e em parte de macicos regionais que se elevam ecima do nivel geral do planalto. Entre as serras mar ginais destacam-se a do Capivari, dos Orgaos e do Marumbi, entre ou tras. As altitudes vao desde cerca de 850 2 950m. na testa da es- carpa eté mais de 1400m.,nas serras marginais onde a altitude maxi ma|encontra-se no Pico do Parand (1922m.). = A serra do Mar paranaense constitui um conjunto de mon- tanhas em blocos, escarnas e restos de planaltos profundamente dis- aecedan; Sue configueagao geral @ de um orende asdo@ com = concavi- dade voltede para leste, sub-paralelamente @ linha da costa.Ao nor te seque o rumo ENE; ao sul da Serra Capiveri Grande orienta-se -no rumo NE e na parte mais meridional sua diregao 6 NNW. Conjuntos me- nores destacam-se, como ramificacoes, ora paralelas, ora obl{quas ou perpendiculares 4 escarpa principal ( Serras da Prata, Ioqreja e Ca navieiras). Os vérios blocos elevados diminuem de altitude de NE pa re SW. SO Na toponimia regional estes blocos ou macicos receberam denominagoes diversas. No limite N e NE do conjunto principal temos a Serra da Virgem Maria, onde aparece o Morro dos Trés Pontdes com 1565-1575m. A Serra do Capivari Grande tem picos culminantes de 1640 a 1676m.Ma is ao sul o conjunto da Serre dos Orgaos ou Ibitiraquire. encontram -se as maiores elevagoes da Serra do Mar, no Brasil Meridional, (Pi- ico Parand, 1922m.). Salientam-se ainda os picos de Ferraria (1835m.(, Caratuba (1898m.), Citkica (1781m.) @ Aquiha da Cotia (15030. )_ Ao Sul do conjunto da Serra dos Orgaos encontra-se o ma cico da Serra da Graciosa (1472m.). A partir deste serra as monta- nhas perdem sucessivemente altitude para Sy até atingir de 1181 a3 1123m, na Serra da Farinha Seca. Pouco mais ao sul, encontra-se o macigo do Marumbi com altitudes de 1547m. (pico homdnimo) © 1564my no Morro do Leas. Ao sul,a escarpa de Serre do Mar ramifica-se para leste nas serres da Joreja, Canavieiras e Prata, A escarpa principal desaparece sendo ~ substituida por um planalto profundamente dissecado pelos veles dos rios Sao Joao, Cubatao e Arraial. No nivel geral do planalto destac se um conjunto de blocos eleva- dos conhecidos como serras dos Castelhanos, Cubatéo, Araraquara e Aragatuba. 2 Na divisa com Santa Catarina encontra-se a Serra do Iqe rérim com 1450m. de altitude. = / Aspectos geolégico-geomorfologicos A Serra do Mary representa uma serra marginal de borda- de-planalto, mais escarpada do lado @tlantico que do lado continen- tal, porém dotada de taludes ingremes e vertentes vigorosas tanto om relagao a0 primeiro planalto como em relagao @ zona pré-Serra do Mar e a planfcie costeira @tlantica. A distribuicdo qeogréfica da Serra do Mar nao 6 unifor- me, constituindo-se na realidade num conjunto altamente complexo de montanhas em blocos, originados pelo rejuvenescimento de antigas li nhas tectonicas e realgadgs consideravelmente pela agao de ciclos @ rosivos sucessivos, A tecténica rigida que afetou a regiao oriental do Pa- rané 6 direta ou indiretamente responsavel pela fisionomia do relé- vo de blocos,acentuado pelos processos erosivos polic{clicos. 0 aspecto atual é de uma paisagem de erosao, na qual, n contram-s@ varios n{veis ou extensos patamares, estes comuns no so pé ou nos baixos contrafortes. Foi esculpida principalmente por pro cessos erosivos, embora tenha heranga importante de episédios tec ténicos mais antigos. Sua histéria morfolégica 6 mais recente do que o Oligoceno (ca. de 30 milhdes de anos). Neste perfodo geoldgico o Parana era formado por terras baixas muito bem aplainadas, referidaScomo pediplano. Movimentos ~ teatSntcan defaraktearwate auperniete alieando-a a altitudes conside réveis. A superficie inicial foi “quebrada e deformada". Vest{9ios- desta superficie primitiva, embora bastante erodidos podem ser vis tos nitidamente nas serras do Iqueririm, do Marumbi e da Graciosa, 0 inicio do desenvolvimento da morfologia atual origi- nou-se nos fins do Plioceno e principalmente no Pleistoceno. A Serra do Mar é constituida por rochas antigas (pré- -cambriana), do complexo cristalino brasileiro, S80 rochas metamdr~ ficas (migmatitos)gnaisses, entre outras) e principalmente granitos que formam o corpo das serras principais mais elevadas. Entre elas destaca-se o granito do Marumbi. Na Serra do Mar sao encontradas grandes linhas estruturais, princi palmente linhas de falhas pré-cambrianas, reativadas no final do Me zozdico e@ no Cenozdico. pectos climdticos e revestimento flor{stico Atualmente a Serra do Mar possui um clima extremamente- Gmicb. A precipitagdo média anual 6 da ordem de 3.600mm., 2 m{nima de 2.200 mm. e a maxima de cerca de 5.500 mm.. As chuvas distri buem-se no ano, sem que se verifiquem meses secos. Com clima dmidox que varia desde tropical nas partes mais baixas a subtropical, até pouco mais frios nas maiores elevacgoes. Nestas condigoes desenvol- vem-se florestas pluviais diferenciades e nas altitudes maiores,cam pos sujos. De acordo com a altitude verifica-se um zoneamento dife renciado da vegetacao. 0 revestimento flor{stico diferencia-se conforme a natu reza das vérias zones geograficas. De acordo com(Klein (1975) nas florestas pluviais do Brasil Meridional crescem cerca de 500 espé- cies de érvores e arbustos. Nas vertentes onde as propriedades f{sicas dos solos varidveis, a distribuicao das cas. Nos vales profundos e nas plan{cies de inundagdes predominam a espécies higrof{ticas. Nas vertentes médias as espécies indiferentes vores depende das variagoes edafi- ou mesof{ticas sao mais frequentes; enquanto que, nas partes superb res, ou nas vertentes mais {ngremes,predominam espécies com um care ter mais xerofitico. A floresta que se encontra na parte inferior das vertents 6 constituida predominantemente por Sloanea Wianensis (leranjeira do-mato) associada a Euterpe edulis (palmito). A medida que se so- be a encosta a Slonea Guianensis @ substituida por Hyeronima al- chorneoides (licurana). Nas partes inferiores e suaves das encostas encontram-se Schizolobrium,parahybum (quarapyvi) Cryptocarya,mosche ae Online gt As A mata pluvial tropical e subtropical, que reveste a Sa ra do Mar, passa acima da altitude de 1150m. a uma mata de "neblina” constituida por arbustos raquiticos cobertos por ep{fitas, peque nas bromélias, musgos, pteridéfitas e orquideas. Este mata desenvol ve-se até a altitude de 1350m. onde de campos limpos com arbustos isolados de compostes, ericaceas e melastomaceas. 0 campo 6 composto de ciperéceas, oraminees e bambu- eas (Klein, 1975). (Liglduuito Rabo substituida por uma formagao- O_manto de alteracao 0 subsolo é formado por um manto de detritos derivados- da alteragao quimica das rochas sob condigoes de clima Umido. 0 manto de altrag3o, também conhecido como manto de intemperismo na porgao inferior das vertentes,possui espessura de mais de 10m. até mesmo além de 30m. £ formado por eltivio e coldvio. 0 primeiro repre senta a rocha alterada in situ. £ a parte mais resistente a erosao- dentro do manto. 0 coldvio por sua vez compreende materiais que fo- ram mobilizedos nas vertentes pelos processos de solifluxao. 2 Dentro do coldvio encontram-se seixos, blocos e mata- cdes de rochas nao alteradg arrastadaé de montante pelo movimento- descendente nas vertentes, 0 coldvio constitui a parte menos esté vel do manto de alteragoes. Nas vertentes mais elevadas e mais {ngremes verifica-se progressivamente a diminuigao da espessura do manto de intemperismo. Devemos acentuar que nas partes énferiores da Serra, on de as temperaturas sao mais altas,a alteragao das rachas também mais intensa, Nas partes mais elevadas onde a temperatura média de vérios graus a menos (até 8°C ne Serra dos Groaos) o intemperis- mo quimico 6 menos efetivo. 0 manto de intemperismo 6 mais espesso onde as declivi- dades do terreno sao menores e praticamente inesistente nos alcan~ tilados mais ingremes. A partir de altitudes acima de 1000m. principalmente a- cima de 1200m., as vertentes tornam-se mais ingremes ey neles encon tramos uma fina cobertura de detritos minerais © vegetais. Esta co bertura via de reora 6 inferior a 1m. e muitas vezes de poucos cen- timetros. Nas vertentes mais ingremes, @ preponderante a presencga e@ 0 efeito do diaclasamento de descompressao, o qual. é responsdvel =por intimeros deslizamentos ocorridos nos setores mais elevados das encostas. 4a0 Do ponto de vista ceotecnico a naturezea e @ estrutura Naas vertentes 6 de suma importancia afim de serem evitedos os sé- rios erros praticados nos projetos de engenharia rodovidria. Para melhores detalhes vide Sigarella et allii (1978). O_papel da Floresta Nem sempre a Serra do Mar esteve recoberta por flores- tas. Nas idades do gelo, isto é nas épocas glaciais, a regiao da Se ra do Mar estava desprovide das luxuriantes florestas pluviais, as quais se isolavam onde existia alguma 4qua numa paisagem semi de- sertica. Nestas ocasiées a erosad era intense ey as depressces do terreno eram entulhades com detritos levados pelas torrentes, rra abaixo em diregao aos vales,entulhando-os. No chao de uma floresta forma-se um tapete de detritos- florestais, conhecido pela designagao cléssica de serrapilheira e hoje sem razdo alguma chamado de "litter", como se nao houvesse d signagao portuguesa apropriada. A serrapilheira forma uma camada de 10 a 30 cm. de restos vegetais recoberto$com musgos e outros vege - tais rasteirosftesempenha um papel extremamente importante no que concerne’@ equilfbrio hidrico e a protegao contra erosao. A serrapilheira funciona como um regulador da infiltra- Gao, fazendo que a agua se infiltre de forma mais lenta no subsolo, onde‘absorvida pelo sistema radicular e intensamente evapotranspire da pelos estdmatos das plantas. Uma Floresta tem capacidade de eva- potranspirar mais de 80%das precipitacoes, assim reduzindo conside ravelmente o efeito das chuvas. Por outro lado, por ocasiado do excesso de precipitagao, a serrapilheira desempenha um papel de "telhado" protegends o solo da erosao mecanica. As éguas correm limpidas carreando um minimo de detritos sdlidos. Com a retirada de cobertura florestal,a serrapilheira ¢ destruida e o solo passa a ficar exposto & agao das 4qua pluviais. No inicio verifica-se ume selagem com coléides argilosos dos poros} dasparte superficial do solo. Em consequéncia a infiltregao das 4- guas é altamente restringida e 0 escoamento superficial incremente- do com ravinamento do terreno. As Squas superficiais concentram-se acentuando 0 processo erosivo. Entretanto, em virtude da alte pluviosidade desenvolve- -se inicialmente uma vegetacao baixa que passa a romper a selagem i nicial do terreno, facultando novemente uma infiltragao mais acen - tuada. A vegetagao evolue para tiqueta e posteriormente atinge c io da capeeira. 0 novo sistema radicular que se forma, nao se compara & forma alguma Squele existente sob a floresta. Na vegetacgao baixa 6 muito menos eficiente, no processo de evapotranspiragao. Apenas pe quena parte da dqua infiltrada retorna & atmosfera por evanspiragaa A maior parte acumula-se no subsolo Monde vai abastecer as fontes.- Nos perfodos chuvosos o solo tende a ficar saturado de problemas de solifluxao. Numa floresta mais de 80%,das precipitacoes § eva- potranspiraday o que nao ocorre nas regides desmatadas. Movimento de mi Ds movimentos de massa desempenharam e desempenham um- papel importante no desenvolvimento des vertentes da Serrm do Mar. Encontram-se principalmente ligados 4s condigoes climaticas Umidas, ao intemperismo quimico profundo, e, 4 inclinaga@o e altura des ver- tentes. Eles ocorrem freqUentemente nas éreas montanhosas, sendo ca racteristicos dos terrenos degradados pelo homem. 0 maior niimero de deslizamento ocorre nas éreas de "capoeiras", isto 6 nas dreas onde hpuve remogao da floreste primitiva. Atualmente os movimentos de massa constituem sérios pro blemas em dreas que foram ov degradades pelas atividades irracionab: do homem, ou nas quais os projetos de engenharia nao consideraram > problemas de seguranca ambiental. 0 homem vem favorecendo a eros&o acelerada do terreno, da vez que ele rompe o equilibrio das vertentes, seja abrindo estra das, rodovias, oleodutos, seja efetuando agricultura ou pecuéria em declivedacentuadosysem obedecer pratica alguma de protegao das en- costas. 0 desmatamento constitui um dos fatores condicionantes- do desencadeamento do movimento de massa das vertentes. Como sabemos, a Floresta controla o escoamento superfis cial e a infiltracao das aguas no manto de intemperismo, diminuindo @ excessiva penetragao de aque no subsolo mais profundo. A Floresta diminu@ @ energia da alta pluviosidade da Serre do Mar. A retirada do recobrimento florfstico favorece a for- magao de um ambiente de alte energia e, conseqiientemente o perigo des catéstrofes e da erosao acelerada. A taxa de erosao aumente con aidlesevalasate Bee me tenento.

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