Os habitantes do brasil
Os vestígios mais antigos
Em 1975, a Missão Arqueológica Franco-Brasileira,
encontrou um crânio humano em Lagoa Santa,no
estado de Minas Gerais. Com a continuidade dos es-
tudos, os cientistas descobriram que se tratava da
mais antiga evidência de presença humana na Améri-
ca do Sul. Esse fóssil tinha entre 11 mil e 13 mil anos de
idade e, segundo as pesquisas, era uma mulher, que
foi batizada pelos arqueólogos de Luzia.
Além da Lagoa Santa, destaca-se o Parque Nacional
da Serra da Capivara, no interior do Piauí. A pesquisa
da arqueóloga Niède Guidon deu origem ao parque e
representou ainda mais avanços nos estudos sobre
os primeiros povoadores do território brasileiro. Na
região, foram encontradas mais de 30 mil pinturas e
inscrições rupestres.
Mitos
O mito é um relato fantástico da tradição oral. São
fontes históricas sobre os hábitos, os costumes e as
crenças dos povos que revelam as estruturas da so-
ciedade em que são construídos. Nas sociedades que
habitaram o território brasileiro, desde o início do seu
povoamento até os dias atuais, há predominância da
cultura oral. Isso significa que os principais registros da
vida em sociedade têm sido transmitidos oralmente,
geração após geração, por meio de histórias conta-
das pelos mais velhos aos mais novos.
Caçadores e coletores
Os primeiros habitantes do continente eram caçado-
res e coletores e fabricavam instrumentos de pedra
lascada. Escavações feitas na América do Norte en-
contraram pontas de flecha produzidas com um tipo
de rocha lisa chamada sílex, com aproximadamente 11
mil anos. Também os primeiros povos que habitavam
o território brasileiro usavam o sílex como matéria-
prima. Os artefatos encontrados nas pesquisas arque-
ológicas no Brasil evidenciam que esses grupos têm
mais de 11 mil anos e viveram na mesma época que o
fóssil de Luzia.
Os contemporâneos de Luzia eram nômades. Habita-
vam os campos das regiões centrais do Brasil, do Sul,
do Sudeste e do Nordeste e viviam da caça e da co-
leta. Tinham de se deslocar com certa frequência em
virtude do esgotamento dos recursos. Assim, torna-
ram-se produtores de ferramentas de caça, como as
lanças e as pontas de flechas feitas de pedras lasca-
das ou ossos. Não construíam moradias nem tam-
pouco enterravam seus mortos.
Sambaquieiros (civilização Das Conchas)
Alguns descendentes dos caçadores e coletores co-
meçaram a se fixar no litoral. Nos sambaquis em
meio a todo o material orgânico acumulado, é possí-
vel encontrar vestígios de atividades humanas, como
restos de fogueiras, cacos de cerâmica, ferramentas
de pedra ou osso, entre outros e fósseis(humanos
ou de animais.)
No Brasil, os mais antigos sítios arqueológicos de
sambaquis já pesquisados datam de cerca de 6 mil
a.C. Os mais conhecidos ficam na região Sul, no litoral
de Santa Catarina.
Os sambaquieiros marcam o início do processo de
sedentarização(viviam da coleta e da pesca e havia
fartura na alimentação) dos povoadores do nosso
território.
Para eles, os sambaquis eram o centro da vida, local
dos rituais e da vida cotidiana.
Os Tupis E Os Tapuia
LOCALIZAÇÃO
 Todo o Litoral e bacia do Paraná-Paraguai.Al-
guns exemplos de povos tupis são: Tupinambá, Gu
Caeté, Tamoio..
Viviam da caça, pesca e agricultura. Cultivavam, prin-
cipalmente, hortaliças e a raiz da mandioca, uma fon-
te de sustento muito importante para esses povos. A
caça e a pesca eram atividades praticadas pelos ho-
mens, e o plantio e a colheita eram realizados pelas
mulheres. A divisão do trabalho por sexo se estendia
às outras atividades. O artesanato e o preparo das
comidas geralmente ficavam a cargo das mulheres.
Aos homens cabia produzir os instrumentos para a
guerra e para o trabalho, como lanças, arcos, flechas
e machados, feitos de madeira, ossos e pedra lascada
ou polida. Atualmente, a divisão de tarefas não é mais
tão rígida.
Guerreavam entre si e contra outros considerados
estrangeiros, chamados por eles de tapuias(povos
não Tupi). Como parte do contexto da guerra, havia
a prática da antropofagia, um tipo de canibalismo ritu-
al.
Muitos aspectos da cultura brasileira foram influencia-
dos pelos povos Tupi. O hábito de dormir em redes
e do uso da mandioca – e seus derivados – na culi-
nária. Mas há muitos outros exemplos: o chocalho e
algumas flautas são de origem indígena; o uso de er-
vas no tratamento de doenças; o consumo de vege-
tais, como guaraná, erva-mate, amendoim, etc. Além
disso, diversas palavras da língua portuguesa falada
no Brasil têm origem no Tupi: os radicais - tinga, - ty-
ba, - panema e mirim, entre outros, são de origem
indígena.
Os povos que habitavam a América – e o atual Brasil
– tiveram de lidar com o grande choque provocado
pela chegada dos europeus e pelo processo de colo-
nização que se seguiu a partir de então. Nesse en-
contro, prevaleceu, pela força, o europeu; os nativos
foram massacrados física e culturalmente no proces-
so de dominação. Mas, ao mesmo tempo, resistiram
e encontraram formas de sobrevivência em meio a
tudo isso.
O etnocentrismo representa o modo pelo qual de-
terminado grupo constrói uma imagem do Universo
que favorece a si mesmo. Essa imagem valoriza posi-
tivamente o próprio grupo, mas não apenas isso:
permite aplicar suas normas e suas percepções a
outros grupos, omitindo ou reconhecendo aconteci-
mentos, valorizando ou desvalorizando comporta-
mentos e práticas, de acordo com seus interesses.
Assim, o primeiro grupo se coloca como centro de
todas as coisas e acaba negando a possibilidade de o
outro ser diferente