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HISTÓRIA DE PERNAMBUCO

CAPÍTULO 1:

OCUPAÇÃO "PRÉ-HISTÓRICA" E OS SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS EM PERNAMBUCO


Para entender melhor as mudanças ocorridas com o ser humano e as sociedades no decorrer do tempo, costuma-se
fragmentar a História em partes ou períodos, elegendo-se alguns acontecimentos como referências de cada uma destas etapas.
Vale salientar que os critérios para delimitar essas fases podem ser políticos, sociais, econômicos ou culturais. É a partir dessa
divisão do objeto do estudo que começa a atividade do historiador.
Tradicionalmente, a História é dividida em dois grandes períodos: “Pré-História” e História propriamente dita. O critério para
essa divisão baseia-se no fato de os povos terem domínio ou não da escrita. Dessa forma, a Pré-História compreende entre o
surgimento do homem até as primeiras manifestações da escrita, por volta de 3500 a.C. Já a História engloba os seguintes
períodos: Antigo, Medieval, Moderno e Contemporâneo.
O termo “Pré-História” consiste numa convenção e só o usamos nesta obra porque essa denominação sobre a qual ela
se assenta é um elemento puramente didático, sendo assim, facilitador dos estudos históricos.

➢ As hipóteses da chegada do homem à América


Diversas pesquisas arqueológicas indicam que a América começou a ser povoada, por volta, de 20 mil anos atrás, no
entanto, alguns arqueólogos e geólogos estipulam que essa ocupação possa ter ocorrida há 20 mil, 30 mil ou até 50 mil anos.
Os primeiros habitantes da América, incluindo os que estavam fixados no atual território brasileiro, pertencem à espécie
Homo sapiens Moderno, originário da África. Mesmo com essas contradições quanto às datas, os arqueólogos têm acessos
a uma série de registros dos primitivos habitantes do Novo Mundo: restos de fogueiras, pinturas rupestres, fósseis. Além
disso, os maias, os astecas e os incas, deixaram pirâmides, templos e estátuas.

PERIODIZAÇÃO DA “PRÉ-HISTÓRIA” AMERICANA

Paleolítico ou Paleoíndio Neolítico ou Neoíndio


• Produção de instrumentos feitos de pedras e • Coleta sistemática de vegetais: milho, batata, cacau,
ossos; abóbora, mandioca;
• Caça e pesca; • Sedentarização e urbanismo;
• Pinturas rupestres; • Confecção de cerâmica, cestaria, tecidos e artefatos de
• Desconhecimento da escrita; pedra;
• Terras comunitárias; • Criação de animais: lhamas e alpacas;
• Grupos heterogêneos; • Regiões que apresentaram vestígios dessa fase:
• Regiões que apresentaram vestígios dessa México, América Central e Andes.
fase: Chile; Argentina; Brasil.

Há diversas hipóteses que buscam provar como ocorreu a chegada do homem ao continente americano.
I. Hipótese do autoctonismo: Os especialistas, atualmente, rejeitam a ideia de que o homem americano surgiu no próprio
continente, uma vez que não foi encontrado na América nenhum fóssil anterior ao Homem Sapiens Moderno.
II. Hipótese da chegada pelo Pacífico: Segundo os defensores dessa teoria, o homem chegou à América através de
deslocamentos espontâneos navegando pelo Pacífico, saindo da Ásia, Polinésia ou Oceania.
III. Hipótese da chegada pela Ásia: modelo Clóvis: De acordo com essa hipótese, os grupos humanos migraram da Ásia
(Sibéria) e chegou ao solo americano através do Estreito de Bering (região que separa a América do Norte da Ásia) há
aproximadamente 12 mil ou 13 mil anos, segundo as escavações realizadas pelos arqueólogos dos Estados Unidos.
➢ Os Sítios Arqueológicos
O Parque Nacional da Serra da Capivara foi criado em 1979 e
tombado pela Unesco como Patrimônio Mundial da Humanidade em 1991.
Esse Parque está situado no Piauí, no município de São Raimundo Nonato.
Nessa região estão sendo realizados vários estudos coordenados pelos
arqueólogos Niède Guidon e Fábio Parente. Essas pesquisas revelaram
a existência de um conjunto de mais de 25 mil pinturas rupestres, além
de 250 sítios arqueológicos. Por causa do clima, os objetos e figuras estão
bem conservados. Para Niède Guidon, os achados arqueológicos de São
Raimundo Nonato datam de pelo menos de 20 mil anos, sendo que os
restos das fogueiras encontradas têm mais de 30 mil anos.
Além desses Sítios Arqueológicos apresentados, há outros importantes
no Brasil, tais como: Santana do Riacho, Marcelândia e Santa Elina (Mato
Grosso), Palmito (Rio Grande do Sul), Rio Parati (Santa Catarina). Nesses
locais, têm sido encontrados potes de barro, objetos de pedra lascada e
polida, pinturas rupestres e restos de fósseis.

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➢ Principais Sítios Arqueológicos em Pernambuco
A região nordeste possui diversos sítios arqueológicos com objetos que datam de aproximadamente 40 mil anos antes
de Cristo. No território que corresponde atualmente o estado de Pernambuco, os pesquisadores encontraram vestígios que
levam a concluir que a ocupação humana nesta região deve ter ocorrido por volta de 11 mil anos. Vários artefatos foram
encontrados nas cidades de Bom Jardim (Chã do Caboclo) e Brejo da Madre de Deus (Furna do Estrago). Em Brejo da
Madre de Deus, por exemplo, arqueólogos descobriram uma necrópole de 125 metros quadrados. Neste local, foram
resgatados 83 esqueletos humanos em razoável estado para estudos.
Os grupos étnicos que habitavam no estado antes da chegada dos portugueses, foram identificados pela tradição cultural
itaparica, destacando-se na produção de artefatos do período da Idade da Pedra Lascada há mais de 6 mil anos. Em algumas
áreas do agreste é possível encontrar pinturas rupestres desenvolvidas pelos Cariris de pelo menos 2 mil anos. No período da
chegada dos portugueses, o litoral pernambucano era ocupado pelos Caetés e Tabajaras. Atualmente, ainda pode-se encontrar
grupos remanescentes como os Pankararu (Tacaratu) e os Atikum (Floresta).

IMAGEM 1

IMAGEM 2

Semelhante aos demais europeus, os lusitanos, ao desembarcarem na América, estranharam bastante os primeiros povos
que habitavam o atual Brasil. Os costumes, as tradições, a língua, a nudez e a organização social das comunidades indígenas
não eram compatíveis com a realidade conhecida pelos portugueses.

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Em relação aos sítios arqueológicos de Pernambuco, assinale a
alternativa CORRETA.
A) O Brejo da Madre de Deus não possui sítios arqueoló-gicos
com a presença de enterramentos primário e/ou
secundário. Todavia, foram encontradas figuras rupestres
em mais de cem sítios espalhados pelo distrito de São
Domingos. Dentre eles, podemos citar a Furna do estrago,
QUESTÃO 1 / (UPE 2015) a Pedra da Lua e a Pedra do Letreiro.
O período mais longo considerado a mais antiga Era da Pré- B) No município de Bom Jardim, encontram-se os sítios Pedra
história é chamado de Paleolítico. Ele iniciou-se há pelo menos da Lourdes, Pedra do Mocozeiro e Pedra do Urubu, todos
2,5 milhões de anos, como atestam os instrumentos simples de com a presença de figuras rupestres. Nessa cidade,
pedra encontrados no sítio de Hadar, Etiópia, e se estendeu até também se encontra o sítio do Chã de Caboclo, que se
10 000 anos aproximadamente. O modo de produção de sua caracteriza por inscrições da tradição Itacoatiara.
população hominídea pode ser descrito como o de carniceiros, C) Em Jataúba, em algumas das nascentes do Capibaribe,
caçadores, coletores e pescadores. encontram-se sítios arqueológicos com figuras rupestres,
(GUGLIELMO, Antonio Roberto. A Pré-História: Uma abordagem ecológica. como a furna dos Negros e a Pedra do Muquém. Neles
São Paulo: Brasiliense, 1999. p. 35. Adaptado)
foram encontradas as datações da ocupação pré-colonial
mais antigas do Nordeste.
Sobre o período descrito no texto, assinale a alternativa D) Na ilha de Itamaracá, está localizada a maior concentração
CORRETA. de sambaquis do litoral brasileiro. Essas formações eram
A) Não havia a domesticação de plantas ou animais, com compostas por restos de conchas e utilizadas para enterrar
exceção dos cães e, talvez, cavalos, que surgiram só mais os mortos, o que sinaliza uma densa ocupação humana na
para o fim do período. região.
B) Os grupos humanos se organizavam socialmente em tribos, E) No município de Venturosa, localizado no agreste pernam-
dado o recente processo de sedentarização. bucano, está localizado o Sítio da Pedra Furada. Em ambos
C) A economia não se limitava às atividades predatórias, os lados do arco da Pedra Furada, existem registros de
considerando uma larga experiência com a agricultura. pinturas rupestres. Em seu lado sul, foi encontrado “o
D) O Homo sapiens sapiens não pertence a esse período, flautista”, homem enterrado com um objeto semelhante a
tendo surgido só no Neolítico. uma flauta de osso.
E) Os instrumentos de pedra confeccionados pelos hominídeos
desse período já passavam por um processo manual de QUESTÃO 4 / (IAUPE PMPE 2018)
polimento. “...não se pode ignorar o NE na hora de se discutir a antiguidade
do homem na América e as vias de dispersão por ele percorridas,
QUESTÃO 2 / (UPE) não importando se foi há 20, 30 ou 40 mil anos... É conhecida
A cultura material estudada pelo arqueólogo insere-se, sempre, de todos a longa sequência estratigráfica lograda no Sítio do
em um contexto histórico muito preciso e, portanto, o conheci- Boqueirão da Pedra Furada, que pode significar a permanência
mento da história constitui aspecto inelutável da pesquisa do homem pré-histórico nesse sítio, a partir de 48 mil anos. Mas
arqueológica. Assim, só se pode compreender a cerâmica grega a Pedra furada não é um caso único.”
se conhecermos a história da sociedade grega, as diferenças (MARTIM, G. Pré-História do Nordeste: pesquisas e pesquisadores.
entre as cidades antigas, as transformações por que passaram. Clio Arqueológica, Recife: UFPE, n° 12, p. 7-15. ano 1997. p.11. Adaptado.
(FUNARI, Pedro Paulo. Arqueologia. São Paulo: Contexto, 2003. p. 85.)
Em Pernambuco, por exemplo, localizado no município de
Com base nas afirmações acima, assinale a alternativa Buíque, o sítio de “Alcobaça” possui um dos maiores e mais
CORRETA. representativos painéis de figura rupestre do estado, que, por
A) A Arqueologia, diferentemente da História, concentra seus seu tamanho e complexidade, é de grande relevância para o
estudos na análise da cultura material, negligenciando entendimento da pré-história local e nacional. Em relação ao
fontes escritas e orais. estudo do período pré-colonial sobre o atual estado de Pernam-
B) A relação interdisciplinar entre a Arqueologia e a História é buco, assinale a alternativa INCORRETA.
apresentada no texto como um fator essencial na análise A) O sítio “Furna do Estrago”, localizado no município do Brejo
da cultura material. da Madre de Deus, é de grande importância para o
C) Os estudos arqueológicos pouco retratam as sociedades entendimento dos grupos que habitaram o atual agreste
pré-históricas tendo em vista a ausência de fontes não nordestino, uma vez que permite se entender um pouco mais
materiais sobre esses povos. sobre os rituais funerários da época.
D) A arqueologia não contribuiu para o estudo de regiões B) O material arqueológico, encontrado nos sítios que remontam
africanas como o Sudão e o Egito, tendo em vista a exclusi- ao período pré-colonial do estado, é fundamental para se
vidade da análise das tradições orais no estudo dessas entender o povoamento da região, bem como parte das
sociedades. características socioculturais daqueles que os utilizaram.
E) História e Arqueologia só constroem uma relação interdis- C) As figuras rupestres, encontradas em vários sítios de
ciplinar nos estudos sobre a pré-história e a antiguidade, Pernambuco, são de grande relevância para a compreensão
em que a análise da cultura material é o cerne das pesqui- das populações que habitaram as terras pertencentes hoje a
sas. esse estado.
D) Embora a região da Zona da Mata também possua vestígios
QUESTÃO 3 / (IAUPE PMPE 2018) da presença dos Homo Sapiens Sapiens, o Agreste e o Sertão
No território do Estado de Pernambuco, ainda hoje é possível pernambucano, durante o longo período pré-colonial, são os
encontrar diversos sítios arqueológicos que datam do período locais onde pode ser encontrado o maior número de sítios
pré-colonial. Neles, foram encontrados objetos líticos, figuras arqueológicos do Estado.
rupestres, restos de fogueiras e alimentos, urnas funerárias e E) Embora “Alcobaça” possua grande representatividade entre
mais uma série de outros materiais que contribui para se os arqueólogos, o estado de Pernambuco, como um todo,
entender a ocupação territorial desse Estado, antes das tem pouca importância para o entendimento do período pré-
primeiras invasões europeias. colonial. Isso se deve, dentre outras coisas, ao pequeno
número de sítios encontrados em seu território.

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QUESTÃO 5 / (UPE 2022) QUESTÃO 7 / (UPE 2020)
Observe a imagem a seguir: O Parque Nacional do Catimbau está localizado em Buíque,
Pernambuco, e sobre ele escreveu Ricardo José Neves
Barbosa: “é duplamente importante para a composição parcial
do quadro das migrações pré-históricas nordestinas. No plano
macro, permite visualizar a região como área de passagem (...)
aceitando-se o deslocamento de grupos humanos da calha do
São Francisco para o Seridó (...). No plano micro, possibilita a
identificação das ‘fronteiras gráficas de passagem’, resultantes
do fluxo de grupos culturalmente distintos para a região (...).”
(BARBOSA. As pinturas rupestres da área arqueológica Vale do Catimbau
Buíque, Pernambuco: estudo das fronteiras gráficas de passagem, p. 24
(adaptado). Disponível em: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/728
Acesso em: mai., 2019.

Conforme as informações presentes no texto sobre as popu-


lações pré-históricas nordestinas, é CORRETO afirmar que
A) eram sedentárias, evitando deslocamentos.
Ela retrata um dos paredões do Vale do Catimbau em Buíque, B) desconheciam a estrutura geográfica da região.
agreste pernambucano, repleto de pinturas com até 6000 anos C) utilizavam os cursos fluviais como importantes vias de
de idade. Essa expressão artística testemunha a deslocamento.
A) superioridade da população do Catimbau sobre as demais. D) se deslocavam, mais ou menos, conforme os atuais
B) obrigação da expressão escrita para a existência da cultura. territórios dos estados.
C) importância da pecuária de pequeno porte para essa E) compreendê-las é impossível, pois não deixaram quaisquer
população. registros escritos.
D) arte como atividade, cuja origem remete à colonização
portuguesa. QUESTÃO 8 / (UPE 2020)
E) existência de sofisticada vida cultural/espiritual na pré-
história brasileira.

QUESTÃO 6 / (UPE 2021)


Analise a imagem e leia o texto a seguir:

Observando os grafismos, assinale a alternativa CORRETA.


A) Não havia animais nesse período específico.
B) Essas manifestações culturais não podem ser consideradas
arte.
C) Nada sabemos sobre essas populações humanas.
D) Inexistiam técnicas para produção de pigmentos.
E) Há grande relevância histórica e artística.

“Em uma de suas Aulas-Espetáculo, o escritor Ariano Suassuna QUESTÃO 9 / (EP QUESTÕES)
apresentou o cartaz de uma exposição comemorativa que dizia: Leia o texto a seguir sobre a ocupação “pré-histórica” em
"Arte no Brasil: uma história de cinco séculos". Em sua opinião, Pernambuco.
a frase é preconceituosa por só considerar arte brasileira o que Vestígios da pré-história à mostra no
foi feito depois da chegada dos portugueses. E para mostrar o Museu de Arqueologia da Unicap
equívoco da mensagem, exibiu uma foto da Pedra do Ingá –
considerada por ele o primeiro documento de comunicação do
Nordeste e uma das esculturas mais importantes do país”.
LEITE, Sylvia. Pedra do Ingá: arte brasileira com muito mais de 500 anos.
Disponível em: https://www.fundaj.gov.br/index.php/educacao-
contextualizada/9795-pedra-do-inga-arte-brasileiracom-muito-mais-de-500-
anos. Acesso em: 07 ago. 2020

Sob a perspectiva historiográfica acerca do Brasil pré-cabralino,


a imagem e o texto representam
A) obras de antigos sacerdotes euroasiáticos.
B) relatos orais da comunicação na pré-história brasileira.
C) signos que são estudados exclusivamente por ufólogos e
místicos.
D) inscrições abstratas que atestam a cultura de povos
paleolíticos no Brasil.
E) símbolos pictográficos de fácil identificação por arqueólogos Localizado no Centro do Recife, o museu expõe material
e historiadores. encontrado num cemitério indígena da pré-história, em Brejo
da Madre de Deus

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À primeira vista, a ideia até pode parecer macabra: entrar num
museu para ver esqueletos humanos, alguns deles ainda com
restos de cabelos no crânio. Acontece que as ossadas expostas
no Museu de Arqueologia da Universidade Católica de
Pernambuco (Unicap) têm pedigree e muita história para
contar aos visitantes. Encontrados num cemitério indígena pré-
histórico na Furna do Estrago, no município de Brejo da Madre
de Deus, agreste do Estado, os esqueletos pertenceram a
povos caçadores coletores que habitaram aquela área dois mil
anos atrás. Nossos ancestrais, a partir das informações
recuperadas nos esqueletos, tinham cabeça chata, o corpo
robusto e eram baixinhos. Os homens mediam de 1,57 metro
a 1,63 de altura. As mulheres variavam de 1,49 metro a 1,59
metro. Um dos esqueletos em exibição, de uma mulher adulta,
mostra o padrão de sepultamento primário (corpo com carne
na Furna do Estrago.
Fonte: NE10/2016.

A reportagem faz alusão a ocupação pré-histórica do atual


estado de Pernambuco.
A partir destas informações, pode-se afirmar que:
A) A partir das investigações arqueológicas é possível construir
uma história de Pernambuco bem antes da chegada dos
europeus.
B) A arqueologia desempenha um tímido papel na construção
de narrativas sobre a presença do homem em Pernambuco
antes do século XVI.
C) Há um número muito insignificativo de sítios arqueológicos
no atual estado de Pernambuco.
D) A Furna do Estrago não apresenta indícios ou evidências da
presença humana no estado. A história de Pernambuco
começa com a chegada dos colonizadores no século XVI.
E) A reportagem elege a cidade de Brejo da Madre de Deus
como a única que apresenta vestígios da presença humana
antes da chegada dos europeus.

QUESTÃO 10 / (EP QUESTÕES)


De acordo com Gabriela Martin (1999): “Chamamos de
áreas arqueológicas as divisões geográficas que compartem
das mesmas condições ecológicas e nas quais está delimitado
um número expressivo de sítios pré-históricos. Estes
correspondem a assentamentos humanos onde se tenham
observado condições de ocupação suficientes para se poder
estudar os grupos étnicos que os povoavam.”
Em relação aos sítios arqueológicos existentes em Pernam-
buco, qual destes não está localizado em nosso estado?
A) Furna do Estrago (Brejo da Madre de Deus).
B) Sambaquis (Arcoverde).
C) Peri-Peri (Venturosa).
D) Pedra do Tubarão (Venturosa).
E) Alcobaça (Buíque).

GABARITO

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
A B NULA E E D C E A B

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CAPÍTULO 2:

CARACTERÍSTICAS SOCIOCULTURAIS DAS POPULAÇÕES INDÍGENAS QUE HABITAVAM O TERRITÓRIO DO ATUAL


ESTADO DE PERNAMBUCO, ANTES DOS PRIMEIROS CONTATOS EURO-AMERICANOS.

➢ O Brasil “pré-cabralino”: características socioculturais das populações indígenas

Quando os portugueses chegaram ao atual estado de Pernambuco se assustaram com os povos que aqui habitavam.
Isso se deu devido às disparidades encontradas entre os costumes dos povos indígenas (maneira de vestir, de encarar os
trabalhos e de pensar e ver o mundo) em relação aos europeus. A organização social dos ameríndios foi classificada pelos
invasores como ‘primitivas’, ‘incompletas’ e ‘infantilizadas’. Essa visão preconceituosa gerou algumas contradições, a
saber, o índio era visto como uma pessoa ‘sem maldade’, ‘pura’ e ao mesmo tempo ‘selvagem’. Essas concepções
favoreceram uma política dúbia, a maioria dos índios foram vítimas de massacres, já outros, ficaram protegidos pela
catequização coordenada pelas missões religiosas.

Pouco se sabe da história dos índios brasileiros no período colonial ou até mesmo antes dele. Segundo estimativas, a
população que ocupava o território brasileiro girava em torno de 5 a 6 milhões de habitantes. Boa parte das informações
que se tem sobre os primeiros habitantes do território brasileiro foi disponibilizada por missionários, náufragos e viajantes
que conviveram entre os grupos Tupis. De acordo com essas fontes, havia uma forte diversidade cultural entre os índios.
Cada qual com suas crenças, seus costumes, suas línguas e seu modo de lidar com os recursos naturais. Entretanto, é
possível citar algumas semelhanças entre eles.

Confira abaixo alguns aspectos.


• Não conheciam a escrita;
• Havia uma divisão de trabalho por sexo e por idade: os homens pescavam e caçavam; construíam casas; fabricavam
canoas e armas; preparavam o solo para o plantio; protegiam a tribo e guerreavam. Já as mulheres cultivavam o milho, a
batata-doce, a mandioca; fiavam e teciam. Além disso, executavam os serviços domésticos e cuidavam das crianças;
• Casamento endógamo, ou seja, entre os membros da mesma tribo; em algumas tribos era permissível a poligamia;
• Executavam a queimada da vegetação para o plantio, essa prática chama-se de coivara;
• Não possuíam um Estado organizado;
• As terras eram comunitárias, mas os objetos de trabalho eram individuais;
• Alguns grupos faziam migrações quando os alimentos estavam próximos de terminarem; já outros, mais sedentários,
utilizavam a cerâmica;
• Sociedade de guerreiros: conflitos entre os grupos indígenas;
• Religião baseada em mitos e espíritos;

Com base na semelhança linguística, houve inicialmente, uma divisão dos índios brasileiros em Tupis-Guaranis e os
Tapuias (todo aquele que falava tupi). Os Tupis-guaranis estavam localizados em todo litoral brasileiro, do norte ao sul e
como tiveram relações amistosas com os portugueses foram vistos de forma positiva. Já os Tapuias, habitavam em algumas
áreas litorâneas e parte interiorana do Brasil. Eles foram hostis à presença dos portugueses, por isso, foram classificados
negativamente.

A língua usada pelos colonizadores para manter os primeiros contatos com os índios foi o tupi ou tupinambá. Porém,
existia uma outra língua que era resultado da mistura entre o tupi e o latim, conhecida como língua geral ou nheegatu.
Segundo pesquisadores, na época da chegada dos europeus existia uma diversidade enorme de grupos indígenas, classificados
em centenas de línguas diferentes. Para os especialistas essa quantidade de famílias linguísticas podem ser organizadas em
quatro troncos: Tupi, Macro-Jê, Karib e Arwak.

Os grupos indígenas conheciam muito bem os fenômenos naturais. Por exemplo, os Tupinambás sabiam fazer a relação
entre as fases da lua e as marés. Os povos indígenas praticavam fitoterapia, ou seja, faziam tratamentos médicos através do
uso de várias plantas. Havia a aplicação de venenos na captura de peixes e na caça em geral. Uma das substâncias mais
utilizadas entre eles era o curare. Ele era colocado na ponta da flecha. Ao atingir a presa, seu efeito era imediato, pois os
animais eram paralisados e chegavam a morrer por asfixia.

As peças feitas pelos índios eram voltadas para o uso cotidiano, tais como potes e urnas. Os enfeites plumários, os adornos
e as pinturas eram usados em ritos ou festas, eventos considerados por eles muito especiais.

As plumas possuíam uma diversidade de cores, que depois de maravilhosas combinações serviam como matérias-primas
na fabricação de braceletes, toucas, mantas, colares, diademas. Além disso, havia a produção de redes, esteiras e cestos de
vários estilos.

As tatuagens, que são usadas por muitas pessoas nos dias atuais, também eram comuns entre os índios. Nessas pinturas
corporais eram empregados vários tipos de corantes, principalmente o azul-escuro do jenipapo, o vermelho do urucum, o
branco do calcário e o preto do carvão.

Segundo os antropólogos, essas pinturas tinham relações com a função social da pessoa ou ao cerimonial a ser realizado.
Os diversos saberes sobre a natureza foram altamente necessários para a sobrevivência dos europeus no período colonial, e
tais conhecimentos foram absorvidos no decorrer do século e são perceptíveis na cultura brasileira contemporânea. Enfim,
não se pode negar as inúmeras contribuições dos índios para a formação étnica e cultural da sociedade brasileira.

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➢ Pernambuco “pré-cabralino”: características socioculturais das populações indígenas que habitavam no atual
estado

Antes da chegada dos primeiros europeus ao território brasileiro, vários grupos indígenas povoavam a região nordeste.
Na região litorânea, os principais grupos que se destacaram foram os Tupinambás, Tabajaras e os Caetés. Estes últimos
eram bastante temidos. Estas tribos pertenciam ao tronco linguístico tupi. No interior, havia a dominação dos Tapuias que
pertenciam ao tronco linguístico Jê. Diante deste contexto, similar a outras regiões brasileiras, a ocupação no estado de
Pernambuco teve início pelo litoral. Durante o período colonial, as terras pernambucanas foram destinadas a produção
açucareira, a qual usava a mão de obra indígena nos engenhos. Esta prática de escravizar os índios era muito comum entre
os proprietários de engenhos que não dispunham de recursos suficientes para adquirir escravos oriundos do continente
africano.

Apesar de um curto período de pacifismo, os nativos resistiram a presença dos portugueses o que estimulou a migração
para o interior da capitania de Pernambuco. Esse fato também estimulou os dominadores a ocuparem as terras
interioranas. Diante disso, os conflitos e tensões permaneceram entre índios e colonizadores.

Ao longo dos dois primeiros séculos do período colonial, as missões religiosas eram as únicas instituições que
desenvolveram uma política de proteção dos índios. No governo pombalino, em 1759, os jesuítas foram expulsos e outras
ordens ficaram responsáveis pelas orientações. Posteriormente, porém, outras entidades passaram a explorar os índios e as
injustiças tornavam-se intensas contra os povos “pré-cabralinos”.

Já em Águas Belas, era ocupada pelos Carapatós, Carnijós ou Fulni-ô. Na cidade de Cimbres, destacaram-se os
Xucurus. Entre a serra do Araripe até o rio São Francisco viviam os Argus. Em Boa Vista, os Caraíbas eram as referências.
No município de Limoeiro, se destacaram tribos do mesmo nome da cidade. Em Escada, houve aldeias dos Arataqui,
Barreiros ou Umã, da tribo Arapoá-Assu. Os Pankaru ou Pankararu firmaram aldeia no Brejo dos Padres. Os
Taquaritinga povoaram as atuais cidades de Caruaru, Gravatá e Brejo da Madre de Deus.

No século XIX, a região que corresponde atualmente Floresta era povoada pelos índios Pipiães, Avis, Xocós, Carateus,
Vouvês, Tuxás, Aracapás, caripós, Brancararus e Tamaqueús.

Segundo estudiosos, o desaparecimento de boa parte das aldeias deve-se às múltiplas formas de apropriação das terras
indígenas. O fato dos índios não deterem o domínio da escrita criou obstáculos para a transmissão de informações sobre a
posse de várias áreas territoriais. Atualmente, há em Pernambuco sete grupos indígenas: os Fulni-ô (Águas Belas), os
Pankararu (Petrolândia, Tacaratu), os Kapinawá (Buíque), os Atikum (Carnaubeira da Penha) e os Truká (Cabrobó).

Após um longo processo de mudanças culturais e ambientais, estes grupos indígenas conseguiram preservar tradições
importantes. Apesar dos contatos com os não-índios, esses povos muitas práticas e ritos ainda são praticados. Esta
aproximação com os não-índios, porém, provocou uma miscigenação com brancos e negros, o que implicou numa modificação
física e na identidade como um todo.

Antropologicamente falando, os índios foram aculturados, mas ainda consegue manter sua sociedade à parte. As figuras
do cacique e do pajé ainda é presente. Pratica-se também a tradicional dança Toré. Excetuando-se os Fulni-ô, nenhum
grupo conservou a língua tribal.
Os índios tiveram importância elevada na formação étnica e cultural no estado de Pernambuco. Muitos hábitos e
costumes atuais foram herdados de múltiplos grupos indígenas.

Pode-se exemplificar as palavras Gravatá, Caruaru, Garanhuns e bairros recifenses como Capunga e Parnamarim. Todas
essas nomenclaturas têm origem indígena. Segundo dados recentes fornecidos pela Fundação Joaquim Nabuco, Pernambuco
é o quarto Estado do Brasil em número de indígenas.

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QUESTÃO 5 / (UPE)
Os povos indígenas tiveram participação essencial nos proces-
sos de conquista e na colonização em todas as regiões da
América. Na condição de aliados ou inimigos, eles desem-
penharam importantes e variados papéis na construção das
sociedades coloniais e pós-coloniais.
ALMEIDA, Maria Regina Celestino de. Os índios na História do Brasil.
Rio de Janeiro: FGV, 2010. p. 9.
QUESTÃO 1 / (UPE)
As relações entre ameríndios e europeus na América Portu-
Sobre a temática e a realidade apresentadas no texto, assinale
guesa, desde o século XVI, se caracterizaram como um dos
a alternativa CORRETA.
elementos de formação da organização social do Brasil. Sobre
A) Os maias organizaram, durante o século XVI, uma violenta
esta realidade, é CORRETO afirmar que:
reação à conquista espanhola.
A) as relações pautadas no escambo, tão características dos
B) Os povos tapuia, diferentemente dos povos tupi, fizeram
anos iniciais da presença europeia na América Portuguesa
alianças com os colonizadores portugueses.
perdurou, de forma sistêmica, nas relações entre europeus
C) A ausência de povos indígenas no litoral da América
e indígenas, até o século XIX.
Portuguesa facilitou o processo de conquista e colonização
B) os movimentos de resistência indígena nunca se
lusa na região.
configuraram como ameaça para os europeus.
D) Os incas só foram conquistados pelos espanhóis no final do
C) a mão de obra indígena não foi utilizada sistematicamente
século XVIII.
no processo de colonização da América Portuguesa, tendo
E) Os tupis do litoral da América Portuguesa se dividiram: uns
em vista a utilização em massa dos africanos como mão-
se aliaram aos portugueses enquanto outros se tornaram
de-obra desde a primeira metade do século XVI.
seus inimigos.
D) a Guerra dos Bárbaros, ocorrida entre os séculos XVII e
XVIII, foi um dos capítulos das tensões entre os índios e a
QUESTÃO 6 / (UPE)
coroa portuguesa no período colonial.
O que é atualmente o território brasileiro está repleto de teste-
E) diferentemente do que se deu na América Espanhola, não
munhos arqueológicos, que guardam importantes evidências
há registros de movimentos de resistência indígena na
da história da colonização humana em nosso continente.
América Portuguesa. GASPAR, Madu. A arte rupestre no Brasil.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2003, p. 7.
QUESTÃO 2 / (UPE)
Sobre os índios do Brasil, analise as afirmações abaixo. Sobre essa realidade, analise as afirmações seguintes:
I. Os indígenas viviam em tribos, unidos por laços de paren- I. A presença do homem na América do Sul só se deu com a
tescos e interesses em comum. chegada dos europeus, no século XVI.
II. As relações sociais eram norteadas por normas de convi- II. Uma das marcas da presença humana no Brasil pré-
vência rígidas, e a educação baseava-se no exemplo que os cabralino são os monumentais sambaquis do litoral.
mais velhos davam aos mais moços. III. Os sítios arqueológicos com vestígios dos caçadores que
III. Apesar de terem conhecimento rudimentar de escrita, a iniciaram a ocupação da América do Sul inexistem na faixa
transmissão da cultura era feita por meio de relatos orais. litorânea brasileira.
IV. Não havia, no Brasil, diversidade de tribos, quando os IV. Há sítios arqueológicos de inúmeras aldeias de grupos
portugueses chegaram, o que explica o aspecto pacífico dos ceramistas dispersos por todo o país.
primeiros contatos. V. A arte rupestre é um dos grandes legados culturais dos
povos pré-cabralinos.
Estão corretas
A) I e II. Estão corretas:
B) I e III. A) I, III e V.
C) II e III. B) II, IV e V.
D) I e IV. C) II, III e IV.
E) II e IV. D) I, III e IV.
E) III, IV e V.
QUESTÃO 3 / (UPE)
Dos grandes grupos pré-cabralinos que habitavam o atual QUESTÃO 7 / (EP QUESTÕES)
estado de Pernambuco, um estabeleceu alguns contatos amis- Sobre os povos indígenas em Pernambuco, pode-se afirmar
tosos com os portugueses. que:
Assinale a alternativa que a indica. A) Os grupos locais não tinham domínio da escrita.
A) Incas. B) O modelo de propriedade privada era comum entre os
B) Tupi. grupos locais.
C) Maias. C) Havia uma plena homogeneização entre os grupos
D) Astecas. indígenas.
E) Tapuias. D) Não há nenhuma expressão cultural em destaque dos
grupos que habitavam o atual território de Pernambuco.
QUESTÃO 4 / (COVEST) E) Todos os grupos foram exterminados, sendo assim, não há
Atualmente no Brasil estão registrados diversos grupos indíge- nenhuma etnia remanescente.
nas. Assinale a alternativa em que TODOS os nomes indicados
se referem a grupos que habitam a Região de Pernambuco.
A) Xocó; Tikuna; Pataxó; Kiriri.
B) Tabepa; Kayapó; Truká; Munduruku.
C) Kaingang; Guarani; Xucuru; Kiriri.
D) Pankararu; Fulniô; Truká; Xucuru.
E) Fulniô; Waurá; Xocó; Pataxó.

156
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QUESTÃO 8 / (EP QUESTÕES) B) A maioria dos grupos indígenas que habitava a atual costa
Sobre os Pankararu, assinale a alternativa incorreta. de Pernambuco no período da conquista era de língua Tupi,
A) A Terra Indígena Pankararu, homologada em 1987, está organizava-se em aldeias de milhares de indivíduos, cujos
localizada entre os atuais municípios de Petrolândia, laços sociais principais eram firmados em linhagens e
Itaparica e Tacaratu, no sertão pernambucano, próximo ao parentescos, e onde a divisão de trabalho baseava-se,
rio São Francisco. principalmente, em quesitos de gênero e idade.
B) A instituição do Toré como expressão obrigatória da C) Os grupos tupi que ocupavam o território do atual estado
indianidade cria um nexo de outra natureza entre os dois de Pernambuco no momento da conquista se organizavam
circuitos de viagens de que já tratamos. em tribos de caçadores nômades que cultuavam divindades
C) Os Pankararu descrevem como um golpe dado pelos representando espíritos da natureza, como Tupã.
poderes locais a repartição das melhores terras, isto é, as D) Todos os grupos indígenas que ocupavam o atual estado
terras do "Brejo", em linhas de lotes distribuídos entre não- do Pernambuco no momento da conquista praticavam
índios, que por isso passaram a ser conhecidos como rituais antropofágicos, associados com o culto às divin-
"linheiros". dades bélicas.
D) Os Pankararu se distribuem basicamente segundo duas E) Os grupos indígenas tapuia que ocupavam todo o litoral do
classificações, os troncos e as aldeias, ambas relacionadas atual estado de Pernambuco durante o processo de con-
à organização das famílias, histórica no caso da primeira e quista tinham suas estruturas sociais baseadas em linha-
espacial no caso da segunda. gens e parentescos, divisão de trabalho por gênero e idade,
E) A dança do Toré é regida por uma música fortemente praticavam a agricultura sazonal e possuíam uma cultura
compassada, o Toante, cantado por apenas um “cantador” na qual os principais valores sociais giravam em torno da
ou “cantadora” e que encontra respostas periódicas nos guerra.
gritos uníssonos e sem a participação de integrantes do
grupo.

QUESTÃO 9 / (EP QUESTÕES)


Analise a seguinte imagem:

A educação prepara as gerações mais novas para o desenvol-


vimento de suas atividades ao longo da vida em grupo e, na
imagem, a transmissão do conhecimento é classificada como
A) pragmática.
B) formal.
C) difusa.cujos raios, por se refletirem confusamente, não projetam sombras definidas
D) sistemática.
E) acadêmica.

QUESTÃO 10 / (IAUPE PMPE 2016)


Com relação ao tipo de organização social predominante entre
os grupos indígenas que habitavam o litoral do atual estado de
Pernambuco no momento dos primeiros contatos com os
europeus, assinale a alternativa CORRETA.
A) As tribos tupi do litoral de Pernambuco pré-colonial pos-
suíam uma população de algumas centenas de indivíduos,
divididos em pequenas aldeias espalhadas pelos quilôme-
tros da costa entre o Rio São Francisco e o Canal de Santa GABARITO
Cruz.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
D A B D E B A E C B

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CAPÍTULO 3:

A FORMAÇÃO DA AMÉRICA PORTUGUESA E A CAPITANIA DE PERNAMBUCO

➢ O encontro entre dois mundos

Ao chegarem ao “Novo Mundo”, os exploradores europeus encontraram uma diversidade de etnias que povoavam o
continente. Essa incrível variação cultural reunia desde grandes impérios até populações em estágio de nomadismo. A região
da América do Norte era ocupada por grupos indígenas bem diferentes, alguns urbanizados e sedentarizados, como, por
exemplo, os iroqueses. Já nas planícies havia povos que praticavam a agricultura com técnicas avançadas. Enquanto isso, no
extremo do continente, os esquimós garantiam a sua sobrevivência por intermédio da coleta, da pesca e da caça.

Boa parte dos nativos americanos residia nas florestas tropicais localizadas na América do Sul. A coleta de frutos e raízes,
a caça e a pesca serviam como elementos essenciais para a sua alimentação. Havia também etnias que praticava a agricultura
de subsistência, cultivando plantas como, a mandioca. A vivência nas florestas e o cultivo de alguns desses produtos
implicaram em hábitos e costumes desconhecidos, até então, pelos europeus. Essa diferente realidade provocou várias reações
entre os conquistares, entre as quais o paternalismo, a rejeição e a curiosidade. As descrições dos cronistas, dos viajantes e
dos colonizadores sobre a fauna, a flora, os costumes e as etnias retratavam a forma exótica do que se observava. Tudo
indica que o encontro entre dois mundos diferentes deliberou um espanto geral em ambas as partes. Os hábitos e costumes
percebidos no outro eram bem diferentes das pessoas estavam acostumadas a perceber nos seus

A conquista e a ocupação do “Novo Mundo” foram estruturadas nos interesses metropolitanos, ou seja, a colonização foi
utilizada como instrumento para atender os anseios da monarquia e da burguesia comercial. Nesse sentido, a principal função
das colônias era produzir riquezas por intermédio da extração dos recursos naturais (ouro, prata, madeira) e das atividades
agrárias (plantação de cana-de-açúcar, algodão). Essa exploração colonial era decorrente da prática do mercantilismo e ficou
conhecida como sistema colonial.

Segundo os princípios desse sistema, a colônia deveria fornecer seus bens naturais e produzir matérias-primas para as
metrópoles. Somado a isso, a colônia era obrigada a limitar suas atividades manufatureiras, pois só poderia consumir
produtos manufaturados vindos direto da metrópole. Desse modo, a colônia só existia para atender os interesses
metropolitanos.

Nessa estrutura, não havia espaço para acordo ou parcerias, apenas a subordinação da colônia à metrópole, o que
consolidava o pacto colonial. Cada metrópole (país colonizador) tinha posse total de sua colônia, e apenas ela detinha a
‘legalidade’ para desenvolver atividades comerciais no território colonial (exclusivismo econômico).

Assim, a metrópole possuía a monopolização dos negócios coloniais, uma vez que não era permitido o surgimento de
competição e concorrência. Esse ‘exclusivismo comercial’ permitia à burguesia mercantil metropolitana a aquisição da
maioria do lucro produzida na colônia.

Os principais desdobramentos do expansionismo europeu foram a montagem do sistema colonial nas Américas que
possibilitou a acumulação primitiva de capitais na Europa, o que acelerou ainda mais a passagem do feudalismo para o
capitalismo. Além dessas ressonâncias econômicas, é importante destacar que a as grandes navegações contribuiu
decisivamente para o fortalecimento do Estado Moderno, além de intensificar o tráfico negreiro da África para a América e o
extermínio de diversos povos, culturas e etnias do continente americano.

➢ O início da ocupação

O processo de colonização alterou toda a realidade cultural e étnica da população local. Assim, as comunidades indígenas
foram fortemente impactadas pelo projeto colonizador de Portugal. A princípio, as relações entre os habitantes do litoral
foram pacíficas, porém, com o transcorrer dos anos a violência e a catequização foram os principais instrumentos para dominar
os ameríndios.

Nos primeiros 30 anos da colonização, a corte portuguesa tinha maior interesse com os empreendimentos comerciais
orientais, os quais lhe rendiam elevados lucros. Isso porque nas terras do atual Brasil não havia sinal da existência de metais
preciosos, assim, as regiões da América Portuguesa ficaram em segundo plano. As terras descobertas, entretanto, precisavam
ser ocupadas pelos portugueses, pois outros países também desejavam participar das atividades comerciais e rejeitavam o
Tratado de Tordesilhas. Nesse momento, Portugal precisava colonizar e dominar as colônias do “novo” continente, mas a
conquista era muito dispendiosa.

No começo de 1500, Pedro Álvares Cabral realizou uma estimulante viagem que tinha como objetivo consolidar as relações
mercantis com as Índias e confirmar as vantagens territoriais estabelecidas pelo Tratado de Tordesilhas. Com uma grandiosa
frota composta por treze naus e aproximadamente mil e duzentos homens, Cabral aportou em Porto Seguro, região litorânea,
da terra que ele nomeou de Ilha de Vera Cruz, posteriormente, Terra de Santa Cruz. A “descoberta” cabralina não foi obra do
acaso, segundo alguns historiadores, o ocorrido estava dentro de suas previsões.

158
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➢ A colonização e a organização administrativa da colônia

A partir do início da década de 1530, a Coroa portuguesa passou a encontrar dificuldades em manter o extenso império
colonial tanto no Oriente quanto no Ocidente. Além disso, o governo também enfrentava outro problema, sustentar a luxuosa
e dispendiosa corte metropolitana. Diante dessa situação, tornou-se obrigado a contrair empréstimos e a procurar prováveis
riquezas nas terras da América. Assim, podemos afirmar que as principais razões que contribuíram para o processo de
colonização foram:
1. declínio das atividades comerciais de especiarias no Oriente;
2. incursões de estrangeiros no litoral da colônia portuguesa;
3. conclusão de que a montagem das feitorias em pontos estratégicos eram insuficientes para efetivar a conquista do
território;
4. descoberta de metais preciosos nas regiões do México e Peru.

Diante das ameaças estrangeiras e concebendo o Brasil como alternativa para diminuir a recessão, o governo português
começa definitivamente a colonização em 1530, quando foi realizada a grandiosa expedição (com mais de quatrocentos
homens, entre eles espanhóis e holandeses) colonizadora sob o comando de Martin Afonso de Sousa. O representante da
Coroa tinha como principal compromisso reconhecer e colonizar as regiões, tornando-as rentáveis, proteger o litoral colonial,
fundar vilas e fortificações. Ele também visava encontrar uma passagem terrestre ou fluvial que ligasse o Atlântico às minas
de prata peruanas.

Com Martin Afonso de Sousa foi iniciada a plantação de cana-de-açúcar nas terras lusitanas, atividade que transformaria
a colônia numa região potencialmente geradora de grandes lucros para a metrópole. Com amplos poderes repassados pela
Coroa, Martin Afonso, como tinha que ocupar as terras da colônia, passou a distribuir sesmarias (lotes de terras desocupadas)
às pessoas que tinham interesses em explorá-las com os recursos próprios. Esse mecanismo de distribuição já havia sido
praticado com êxito nas colônias portuguesas de Madeira e Açores.
A expedição empreendida por Martin Afonso foi fundamental para o desenvolvimento do projeto de colonização desejado
pela coroa portuguesa. Como meio de concretizar os planos colonizadores, em 1534, a Coroa instituiu o sistema de
capitanias hereditárias ou donatárias, praticado anteriormente nas ilhas litorâneas da África. Com o estabelecimento do
sistema de capitanias, o território foi fragmentado em 15 faixas lineares de terras que se estendiam do litoral ao meridiano
de Tordesilhas.
Para a efetivação, o governo português contou com o auxílio de particulares, aos quais eram concedidos lotes de terras
por intermédio da carta de doação. Essa concessão era intransferível, ou seja, a capitania não podia nem ser vendida nem
doada, pois cabia exclusivamente ao monarca português esse direito. O sistema, todavia, transferia privilégios aos capitães
donatários, geralmente integrantes da pequena nobreza, burocratas e comerciantes com mínimos recursos para empreender.
Vale destacar, que as doações também eram utilizadas como meio de recompensa pelos serviços prestados ao governo
português.
Os direitos e deveres dos capitães donatários estavam inseridos num documento chamado de Foral. Em relação à
administração, possuíam o direito de fundar vilas, doar sesmarias, responsável pelo monopólio da justiça e da liderança militar.
No âmbito econômico, detinham o domínio das moendas de água, dos engenhos e das marinhas de sal. Além dessas
vantagens, os capitães podiam a cada ano escravizar e mandar vender em Portugal 24 índios apresados. Tinham também o
direito de vintena (vigésima parte) do valor da extração do pau-brasil, 50% do dízimo do pescado, a redízima (um centésimo)
dos lucros da coroa, a décima parte dos metais preciosos e, por fim, detinham os direitos de passagens em portos, rios e
“outras águas”.

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➢ A Capitania de Pernambuco

Os principais objetivos desejados com o estabelecimento das capitanias hereditárias, no geral, malograram. As razões para
esse fracasso podem ser atribuídas à escassez de recursos financeiros, a distância da Europa, a falta de terras férteis em
algumas capitanias, as precárias condições de transportes e comunicação, a falta de experiência, e desinteresses de alguns
donatários e, ainda, as hostilidades entre portugueses e os habitantes locais. As únicas capitanias bem-sucedidas foram as de
Pernambuco e São Vicente, que se desenvolveram devido à instalação da agroindústria açucareira. Vale salientar, que Martin
Afonso, concessionário da Capitania de São Vicente, não se interessou em administrá-la pessoalmente, optando pela ocupação
do cargo de capitão-mor da Armada da Índia. Para o historiador Sérgio Buarque de Holanda, a família de colonos Schetz,
oriundos dos países baixos, foram os responsáveis pela prosperidade de São Vicente. Entretanto, mesmo com os investimentos
feitos na produção de cana-de-açúcar e na criação de gado, o desenvolvimento dessa capitania não se aproximou da
prosperidade de Pernambuco.

Sob a administração de Duarte Coelho, Pernambuco, mesmo sem o auxílio da Coroa portuguesa, se desenvolveu. Ele
fundou a vila de Olinda, enfrentou conflitos com os habitantes locais, importou escravos da África, que passaram a ser
utilizadas como principal mão de obra da lavoura canavieira. Duarte Coelho reclamava da falta de apoio do Estado Português,
que não conseguia coibir a presença dos contrabandistas do pau-brasil. Apesar das queixas, o governo português não atendeu
o seu pedido.

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QUESTÃO 4 / (UNIRIO)
A colonização brasileira no século XVI foi organizada sob duas
formas administrativas, Capitanias Hereditárias e Governo
Geral. Assinale a afirmativa que expressa corretamente uma
característica desse período.
A) As capitanias, mesmo havendo um processo de exploração
econômica na maior parte delas, garantiram a presença
QUESTÃO 1 / (UPE) portuguesa na América, apesar das dificuldades financeiras
As relações entre ameríndios e europeus na América da Coroa.
Portuguesa, desde o século XVI, se caracterizaram como um B) As capitanias representavam a transposição para as áreas
dos elementos de formação da organização social de coloniais das estruturas feudais e aristocráticas europeias.
Pernambuco. Sobre esta realidade, é CORRETO afirmar que: C) As capitanias, sendo empreendimentos privados, favore-
A) as relações pautadas no escambo, tão características dos cem a transferência de colonos europeus, assegurando a
anos iniciais da presença europeia na América Portuguesa mão de obra necessária à lavoura.
perdurou, de forma sistêmica, nas relações entre europeus D) O Governo Geral permitiu a direção da Coroa na produção
e indígenas, até o século XIX. do açúcar, o que assegurou o rápido povoamento do
B) os movimentos de resistência indígena nunca se configu- território.
raram como ameaça para os europeus. E) O Governo Geral extinguiu as Donatárias, interrompendo o
C) a mão de obra indígena não foi utilizada sistematicamente fluxo de capitais privados para a economia do açúcar.
no processo de colonização da América Portuguesa, tendo
QUESTÃO 5 / (IAUPE PMPE 2018)
em vista a utilização em massa dos africanos como mão-
“Curiosamente, a modalidade inicial que o sentimento nativista
de-obra desde a primeira metade do século XVI.
assume nas crônicas do primeiro século de colonização (1532-
D) a Guerra dos Bárbaros, ocorrida entre os séculos XVII e
1630) não consiste, como ocorrerá adiante, na afirmação da
XVIII, foi um dos capítulos das tensões entre os índios e a
originalidade da nova terra, mas ao contrário no orgulho pela
coroa portuguesa no período colonial.
lusitanidade que já caracterizaria a vida cotidiana nos principais
E) diferentemente do que se deu na América Espanhola, não
núcleos de povoamento.”
há registros de movimentos de resistência indígena na (MELLO, Evaldo Cabral. “Uma Nova Lusitânia. In: MOTA, Carlos Guilherme.
América Portuguesa. Viagem Incompleta: a experiência brasileira (1500-2000).

QUESTÃO 2 / (UPE) Em relação ao primeiro século de colonização, assinale a


Conquistar a terra era uma grande aventura que envolvia alternativa CORRETA.
muitas surpresas e frustrações. A expedição de Martim Afonso A) A expansão territorial da capitania de Pernambuco se deveu
não foge desse quadro. mais ao seu primeiro donatário, Duarte Coelho, que a seus
Sobre ela, pode-se afirmar que: filhos e cunhado, Jerônimo de Albuquerque. Estes se
A) foi uma iniciativa independente da metrópole, sem ajuda detiveram a consolidar a região habitada.
de particulares, visando expulsar os rivais estrangeiros. B) A conquista da porção interiorana da capitania de Pernam-
B) deu início ao bem sucedido sistema de capitanias heredi- buco, principalmente a região designada por sertões, foi
tárias, centralizando a administração e descobrindo as facilitada pela docilidade dos grupos indígenas que ali
minas de ouro do Sudeste. habitavam.
C) introduziu o sistema de “plantation” na colônia, com a C) Em Igarassu, ainda na primeira metade do século XVI, os
importação de escravos e o comércio com a Holanda e com colonos portugueses enfrentaram a resistência dos nativos,
a Espanha. que cercaram essa vila por muitos dias, tendo que contar
D) se preocupou apenas com a lavoura açucareira em São com o apoio dos que habitavam em Itamaracá para romper
Vicente, não se interessando com a descoberta do ouro no o cerco indígena.
Oeste de Minas. D) Os franceses foram grandes aliados dos portugueses na
E) foi importante para começar a fixar as bases da coloni- defesa do norte do Brasil e da Guiana Francesa. Em
zação, embora não tenha concretizado alguns objetivos Pernambuco, por exemplo, as tropas dessas duas nações
planejados. repeliram os caetés.
E) Como a sociedade era extremamente patriarcal, o comando
QUESTÃO 3 / (UPE) da capitania de Pernambuco, quando da ausência de
Descobrir terras foi uma aventura cercada por grandes Duarte Coelho, ficava sob a responsabilidade do seu
interesses. Havia ambições econômicas, desejos de enriqueci- cunhado, uma vez que D. Beatriz de Albuquerque, sua
mento rápido, pessoas que buscavam na aventura da coloni- esposa, era considerada inapta à tarefa.
zação mudar suas vidas e, se possível, fixar residência nas
terras conquistadas. No início, Portugal teve dificuldades de QUESTÃO 6 / (IAUPE CBPE 2017)
encontrar uma riqueza que estimulasse a colonização. A “São tão grandes as riquezas deste novo mundo e da mesma
exploração do pau-brasil: maneira sua fertilidade e abundância, que não sei por qual das
A) foi precária e de pouca rentabilidade com a participação cousas comece primeiramente: mas, pois todas elas de muita
exclusiva do Estado português. consideração, farei uma salada na melhor forma que souber,
B) trouxe lucros com a participação do comerciante Fernão de para que fiquem claras e deem gosto”.
Noronha. (Ambrósio Fernandes Brandão – séc. XVII. Apud BRANDÃO, Ambrósio
Fernandes. Diálogos das grandezas do Brasil. 3. ed. Recife: FUNDAJ, Ed.
C) não atraiu interesses de particulares, além de esse produto Massangana, 1997. p. 85.)
ser desconhecido na Europa.
D) abrangeu boa parte do território brasileiro com a atuação Em relação à colonização da Capitania de Pernambuco no
de comerciantes franceses aliados com a Corte portuguesa. século XVI, assinale a alternativa CORRETA.
E) contou com a hostilidade das tribos indígenas que não se A) Diferente do que ocorrera nas outras capitanias, Duarte
interessavam em ajudar Portugal e respondiam, com Coelho fora o único donatário a receber da Coroa Lusitana
violência, às tentativas dos exploradores. vultosas doações para o desenvolvimento das suas terras,
bem como um corpo de milícia para garantir a sua defesa,
uma vez que se achava sob constante ataque dos índios
caetés.

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B) Com o passar dos anos e as investidas de outros navega- QUESTÃO 8 / (IAUPE)
dores, especialmente franceses, o governo de Portugal “No seu conjunto, tal movimento de ocupação de terras ditas
decidiu promover a colonização da América Portuguesa por “virgens” ou innabitadas, erroneamente, levado a efeito por
meio da instituição do Governo Geral. Essa atitude sergipanos, alagoanos e paulistas, não se enquadra na versão
favoreceu sobremaneira Pernambuco, uma vez que se idealizada que canta a marcha heroica de bravos indômitos
beneficiou da administração direta da Corte. bandeirantes investindo sobre os sertões, como paladinos da
C) Além do trabalho na agricultura, a presença africana era construção territorial do país. E, menos ainda, confirma a
necessária para aberturas de novas áreas no território, versão que vê no índio o recurso de mão-de-obra voluntária e
dominado, muitas vezes, por índios que faziam guerra aos “culturalmente” adequada ao trabalho.”
portugueses e impediam o avanço, principalmente em (Pecuária, Alimentos e Sistemas Agrários no Brasil (Séculos XVII E XVIII)
LINHARES, Maria Yedda Leite Linhares, 2000.)
direção ao sertão.
D) A questão de povoamento não enfrentava contratempos,
Em relação à ocupação do Brasil Colonial, assinale a alternativa
especialmente devido aos condenados pela justiça reinol
CORRETA.
que eram punidos com o degredo para o Brasil. Estes, além
A) As fazendas de gado se caracterizavam pela natureza livre
de resolverem o problema da falta de cidadãos portugueses
do trabalho nelas realizado por negros alforriados e índios.
dispostos a colonizar o novo mundo, colaboravam para o
B) A escravidão não teve curso na liberdade que seria o
bom serviço que o Capitão Donatário pretendia prestar à
apanágio do trabalho de vaqueiros e peões, sendo esta uma
Coroa.
das razões dos poucos escravos encontrados nos sertões.
E) As alianças estabelecidas com os indígenas permitiram a
C) Os índios, inadaptados ao trabalho sedentário da agricul-
Duarte Coelho o estabelecimento de duas vilas nas terras
tura da cana-de-açúcar, teriam aceitado facilmente viver no
de Pernambuco, sem a necessidade de conflitos com os
latifúndio da pecuária.
naturais da terra. A primeira delas, fundada logo na che-
D) A ocupação dos sertões sanfranciscano e pernambucano,
gada do Capitão Donatário à sua Capitania, foi denominada
possibilitando a formação de vastos e sucessivos latifún-
de Igaraçu. A segunda, chamada de Olinda, distante cinco
dios, se deveu exclusivamente à monocultura do algodão.
léguas da primeira, logo passou a ser a sede da capitania.
E) A ocupação das vastas áreas identificadas como sertões se
deu com o extermínio das populações indígenas, com
QUESTÃO 7 / (IAUPE CBPE 2017)
dimensões de genocídio, na medida em que avançavam as
"Rebentou, então, por culpa dos portugueses, uma revolta dos
fazendas de gado.
índios, que anteriormente se mostravam pacíficos, e o chefe da
terra pediu-nos pelo amor de Deus, que fôssemos às pressas
QUESTÃO 9 / (IUAPE)
auxiliar o lugar... do qual os indígenas queriam se apoderar.
Coube ao empreendimento açucareiro a ocupação do litoral da
[...] O número dos defensores montava, incluindo-nos, cerca
América Portuguesa, ao menos em parte considerável da área
de 90 cristãos. Acrescente-se a esse número 30 negros e
compreendida entre as Capitanias de Pernambuco e São
escravos brasileiros, a saber, selvagens que pertenciam a
Vicente. Já a ocupação dos sertões, durante o período colonial,
colonos."
(SATDEN, Hans. Duas viagens ao Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia, 1974. p. 46.) da atual Região Nordeste, está ligada
A) às Fazendas de Gado.
Sobre a relação estabelecida entre os chamados índios B) à Exploração do Café.
pernambucanos e os colonizadores portugueses, é CORRETO C) ao Desenvolvimento Industrial.
afirmar que D) à Extração do Látex.
A) as constantes solicitações feitas por Duarte Coelho à coroa E) à Cultura do Algodão.
portuguesa, no sentido de permitir que ele pudesse impor-
tar para a Capitania negros escravizados da Guiné, faziam QUESTÃO 10 / (IAUPE)
sentido em face ao pendor natural à preguiça, apresentado O início da colonização lusa em terras da América portuguesa
pelos índios. ficou restrito às áreas litorâneas onde se construíram
B) ao contrário do que ocorria na maior parte do território da entrepostos comerciais, geralmente fortificados, cujo objetivo
América Portuguesa, não existia, nas terras da Capitania de era o de centralizar o comércio dos produtos locais para o reino.
Pernambuco, diversidade de povos indígenas. Pelo A questão se refere
contrário, a dispersão dos caetés por todo o território A) às Alfândegas.
pernambucano foi um dos fatores para sua rápida conquista B) às Feitorias.
e colonização. C) aos Faróis.
C) na capitania de Pernambuco, os ataques indígenas foram D) à Zona Comercial.
constantes às vilas e plantações de açúcar. Apesar de as E) aos Mercados.
tropas coloniais repelirem as investidas, esses ataques não
eram cessados. Esse foi um dos motivos que levaram a
Coroa portuguesa a enviar ao Brasil levas de missionários,
para que pudessem atuar entre os índios e ajudar na sua
"domesticação".
D) os inúmeros contatos que os europeus-cristãos estabele-
ceram com os povos indígenas, a partir de um determinado
momento da colonização, foram mediados por uma lógica
colonizadora de opressão, imposição, negação, impostas
pela superioridade dos colonos Portugueses. Essa era
tamanha, que não permitiu o desenvolvimento de qualquer
forma de resistência indígena.
E) a história das relações sociais entre os missionários francis-
canos e indígenas na Capitania de Pernambuco revela a GABARITO
existência de inúmeros contatos ao longo do período
colonial. Mais preocupados com a catequese dos povos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
indígenas, não exerceram nenhuma influência na política D E B C C C C E A B
indigenista adotada pela metrópole.

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CAPÍTULO 4:

A LAVOURA CANAVIEIRA E A MÃO DE OBRA ESCRAVA

➢ A situação econômica de Portugal


A Coroa Portuguesa, a partir da década de 1530, enfrentou algumas dificuldades para administrar ou sustentar, ao mesmo
tempo, suas posses no Oriente e na África, além de manter a dispendiosa corte metropolitana. Como vimos no capítulo
anterior, os problemas econômicos impulsionaram os portugueses a procurar novos meios, entre eles, consolidar a conquista
e ocupação das terras americanas. Essa alternativa surgida, não consistia numa tarefa fácil, uma vez que implicava no
povoamento da colônia, na geração sistemática de atividades lucrativas e na organização administrativa da região.

Para montar todo esse aparato administrativo na América Portuguesa, tornava-se necessário a disponibilidade de recursos
financeiros que serviriam para custear o povoamento e a mão de obra, além de outros pontos. O primeiro passo dado para
consolidar tais objetivos, foi à implantação e desenvolvimento da produção açucareira. Como a colônia apresentava
características geográficas favoráveis ao cultivo da cana-de-açúcar, esse empreendimento propiciou bastante lucro para
Portugal.

Em síntese, a economia da América Portuguesa foi caracterizada pela utilização da mão de obra escrava, pela grande
propriedade (latifúndio), pelo cultivo de produtos tropicais e pela extração de metais e pedras preciosa. Outras atividades
econômicas também tiveram importante participação na economia colonial, mesmo sendo colocada em segundo plano pela
política mercantilista metropolitana. O eixo econômico que recebeu mais atenção do governo português foi evidentemente, a
lavoura canavieira. A implantação da agroindústria açucareira articulou a exploração da América e da África (fornecedora de
escravos) e ajudou a Coroa Portuguesa a superar ou amenizar a crise dos negócios orientais.

➢ A lavoura canavieira

De acordo com o Tratado de Tordesilhas, uma parte da região brasileira já pertencia a Portugal antes mesmo de 1500,
porém outros países europeus rejeitavam as determinações da divisão realizada em 1494. Para efetivar a ocupação das terras
americanas, o governo português, a partir de 1530, iniciou a organização de um empreendimento agrícola bastante lucrativo
para a metrópole. De grande aceitação no mercado europeu, o açúcar foi o produto escolhido. A opção pelo cultivo da cana-
de-açúcar pode ser explicada, pois os portugueses tinham grandes experiências na produção e comercialização do açúcar
desenvolvido nas ilhas do Atlântico. No final do século XV, na ilha da Madeira já existiam cerca de 150 engenhos de açúcar,
movimentados pelo trabalho escravo.

O açúcar era considerado pelos europeus como uma especiaria. Até o período medieval, ele era usado, exclusivamente,
para fins medicinais. Com o decorrer do tempo, o açúcar foi sendo substancialmente valorizado, tornando-se um produto de
primeira necessidade nas refeições da burguesia e aos poucos se popularizou, tornando presente na vida cotidiana de muitos
europeus.

Nas regiões da Espanha árabe e na Sicília, desde o século VIII, já se dedicavam ao cultivo da cana, sendo consideradas
as principais produtoras açucareira na Europa. Até os judeus, instalados em Portugal no início do século XVI, estabeleceram-
se na ilha de São Tomé, litoral africano, para se dedicar ao plantio da cana-de-açúcar.

A produção açucareira na colônia portuguesa foi estruturada, essencialmente, no Nordeste em sistema de Plantation:
estruturas agrícolas caracterizadas pelas grandes propriedades rurais, monoculturas, produção voltada para o mercado
externo e a utilização do trabalho escravo. As unidades de produção, denominadas de engenhos, ocuparam diversas regiões
da colônia. Os engenhos foram instalados no Nordeste e nos atuais estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e
São Paulo. Nesses locais foram produzidos os açúcares mascavo e semirrefinado mais aguardentes de cana (cachaça).

As boas relações entre holandeses e portugueses favoreceram ao financiamento da empresa do açúcar, além da
distribuição do produto no mercado europeu. Por volta de 1590, já havia aproximadamente 36 engenhos na Bahia e 66
em Pernambuco. Cada engenho possuía em torno de 80 a 100 trabalhadores.

Capela do Engenho, Angicos, Pernambuco. As


unidades de produção, denominadas de engenhos,
ocuparam diversas regiões da colônia. Os engenhos
foram instalados no Nordeste e nos atuais estados
de Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São
Paulo.

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Em linhas gerais, a implementação da agromanufatura do açúcar na América Portuguesa foram impulsionados pelos seguintes
fatores:
1. Extensa margem de lucro que poderia ser alcançada com a comercialização do produto no mercado da Europa;
2. A falta de concorrência e a experiência dos portugueses na produção açucareira nas ilhas do atlântico (Madeira e Cabo
Verde);
3. A participação de créditos holandeses, atuante no financiamento da montagem dos engenhos, no transporte, no
refinamento e na distribuição do açúcar no mercado europeu;
4. As condições geográficas favoráveis, principalmente no Nordeste, que apresentava excelente qualidade do solo (massapê)
e ótimas condições climáticas (quente e úmido) para o cultivo do produto, além da disponibilidade de enormes áreas
territoriais.

A produção da cana-de-açúcar demandava grandes propriedades, elevado número de escravos, pastos para os animais,
meios de transportes e áreas florestais que pudessem fornecer lenha e madeira. A preocupação em atrelar a produção
açucareira a uma atividade rentável gerou uma indispensável necessidade de instalações de elevado custo e também da
utilização de grande quantidade de trabalhadores especializados. Para financiar tal empreendimento, houve a necessidade de
contrair empréstimos concedidos, principalmente, pelos banqueiros flamengos.

➢ Os engenhos açucareiros

A montagem de um engenho de açúcar demandava altos custos financeiros, o que provocou frustração nos pequenos
produtores, obrigando inicialmente os donatários a solicitarem empréstimos aos holandeses e italianos.

Os engenhos consistiam num conjunto de construções, localizadas nas fazendas canavieiras, normalmente interligadas,
constituídos pela casa-grande (habitação do dono ou senhor de engenho), a senzala (dormitório dos escravos), a capela
(celebração de missas), a plantação canavieira e o espaço destinado à manufatura do açúcar. Assim, o engenho tornou-se,
durante o período colonial, a mais importante unidade de produção açucareiro no Brasil.

Boa parte das atividades econômicas se concentravam ao redor dos engenhos. A grande propriedade era destinada
especialmente para o cultivo da cana-de-açúcar através da prática da monocultura, sobrando pouquíssimo espaço para o
desenvolvimento da agricultura de subsistência e a pecuária. Depois da colheita, o açúcar era manufaturado nas instalações
dos engenhos formados pela moenda, a casa das caldeiras, a fornalha e casa de purgar.

A cana era esmagada na moenda, onde se extraía o caldo chamado de garapa. Existiam duas modalidades de engenhos,
os movidos por tração animal (trapiche) e os de roda d’água (reais). Os mais comuns eram os trapiche, pois a construção dos
reais eram dispendiosos e também dependiam da regularidade dos fluxos fluviais. O cozimento da cana se processava na
casa das caldeiras e fornalhas, grandes tachos, comumente feito de cobre. Por fim, eram retiradas as impurezas do açúcar
na casa de purgar.

Em Pernambuco eram produzidos o açúcar branco, voltado para a exportação, e o açúcar mascavo (grosso e escuro). A
utilização das técnicas de purgar nas unidades produtoras brasileiras ocorreu, pois não havia refinarias em Portugal. Após o
branqueamento, o açúcar era embalado em caixas e transportado para a Lisboa, que por sua vez seria enviado para Antuérpia,
onde ocorria a distribuição. A partir do século XVII, a cidade de Amsterdã tornou-se a distribuidora, além de possuir instalações
apropriadas para o refinamento do açúcar.

À margem das grandes propriedades agrícolas e do complexo do engenho, existiam os lavradores pobres (brancos e
mestiços), os quais produziam como meeiros. Nesses locais, desenvolveram a agricultura de subsistência e o cultivo da cana.
Entretanto, eram obrigados a utilizar a moenda dos senhores de engenhos, por esse motivo ficaram denominadas de
fazendas obrigadas. Em algumas situações, os latifundiários concentravam suas atividades no processamento do açúcar,
deixando a produção sob a responsabilidade dos lavradores.

➢ A mão de obra escrava

O governo português encontrou muitas dificuldades em empregar a mão de obra europeia em sua colônia. Devido aos
problemas provocados no final do período medieval, Portugal e outras nações da Europa apresentavam baixo índice
populacional. Somado a isso, livres da servidão feudal, os camponeses não desejavam se deslocar para a América, onde
tinham que enfrentar a difícil tarefa de aventurar-se nas matas tropicais, além de enfrentar os nativos e árduos trabalhos
rurais.

Segundo a lógica econômica estabelecida pela Coroa metropolitana, que visava à obtenção de elevados lucros com a
negociação de produtos tropicais, o dispêndio com a mão de obra deveria ser reduzido. Esse dilema foi solucionado com a
inserção de um modo árduo de trabalho, a escravidão.

No início da produção açucareira, os senhores de engenhos encontraram muitas dificuldades, devido à escassez de
trabalhadores. Para resolver esse problema, os índios foram amplamente usados como escravos nas grandes lavouras
canavieiras.

Mesmo com os impedimentos do Estado português por meio de leis e decretos, além do combate dos jesuítas, os índios
foram escravizados até aproximadamente a década de 1570. A Igreja Católica, em especial, os jesuítas condenavam a
escravização indígena, porém, não tinham a mesma postura em relação ao trabalho compulsório dos escravos africanos.

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Escravos trabalhando na produção do açúcar. Gravura do livro Travels in Brazil, de Henry Koster, publicado em 1816.
Domínio público, John Carter Brown Library, Rhode Island

Em fins do século XVI, houve uma substituição nas regiões açucareiras da mão de obra indígena pelos escravos oriundos
da África. Porém, nas regiões periféricas ou regiões econômicas secundárias, tais como o vale amazônico, o sertão nordestino,
São Paulo e o extremo sul, o trabalho compulsório indígena durou um pouco mais, até por volta do século XVIII, quando foi
estabelecida, em 1755, uma lei de combate a escravidão dos ameríndios.

Por muito tempo, alguns historiadores defendiam a tese de que a substituição da mão de obra indígena pela escrava
africana se deu em decorrência da falta de costume do nativo ao trabalho, sendo, assim, classificado como preguiçosos,
enquanto que o negro tinha aptidões ao serviço pesado. Entretanto, tal teoria, atualmente, não tem crédito algum.

Há outra teoria que tenta compreender os motivos que impulsionaram a alteração do trabalho indígena pelos negros
africanos. Essa se pauta em conceitos econômicos, afirmando que o tráfico negreiro constituía numa lucrativa atividade
mercantil. Muitos historiadores contemporâneos afirmam que se torna mais prudente analisar o caso por meio de diversas
determinantes, ou seja, houve vários fatores que provocaram a substituição do trabalho indígena pelo negro.

Em resumo, a escravidão indígena se tornou inviável nas lavouras canavieiras, segundo as perspectivas dos
colonizadores, pelos seguintes fatores:
1. a permanente resistência das populações indígenas;
2. a fuga em grande escala de tribos das regiões litorâneas para locais de difícil acesso no interior e área amazônica;
3. devido a resistência dos índios nativos e por se localizarem em regiões cada vez mais distantes das unidades produtoras,
houve um aumento nos preços dos escravos;
4. a falta de adaptação dos índios ao regime de trabalho agrícola típico das atividades da plantação canavieira, ou seja,
caracterizada por processos repetitivos, rigorosa disciplina, uso de método humilhantes e opressivos, além da
comercialização das relações humanas;
5. os interesses mercantis da burguesia metropolitana mais interessada pelo lucrativo tráfico negreiro, o que devido à grande
demanda do trabalho africano nas regiões açucareiras garantiu um elevado acúmulo de capitais nas mãos desses
empreendedores.

Nessa perspectiva, o trabalho escravo africano foi instalado no Brasil para atender a demanda da empresa de monocultura
canavieira. Antes mesmo de colonizar o Brasil, o governo português já lucrava com o tráfico negreiro, que se realizava com a
captura de africanos e sua comercialização na Europa. Além dos portugueses, os ingleses, os holandeses e os franceses
também obtiveram bons lucros com a venda de escravos.

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QUESTÃO 3 / (UFPI)
“A grande lavoura açucareira na colônia brasileira iniciou-se
com o uso extensivo da mão de obra indígena. Retrospec-
tivamente, a escravidão dos aborígines parece ter sido – e de
fato foi – um momento fugaz na história da agricultura colonial
de exportação do Nordeste. Contudo, dedicar a essa etapa de
formação tão-somente um relato sistemático de sua posição no
QUESTÃO 1 / (UPE) processo de expansão europeia, ou considerá-la simplesmente
Observe a imagem a seguir: um preâmbulo do que estava para suceder, é contar apenas
uma parte da história.”
(SCHWARTZ, Stuart B. Segredos internos.
São Paulo: Companhia das letras, 1988. p. 57).

O texto acima trata do uso da mão de obra indígena na lavoura


açucareira. Sobre essa problemática, é correto afirmar que:
A) os indígenas foram a principal mão de obra da lavoura
açucareira até meados do século XVIII, quando o fluxo de
africanos para o Brasil foi viabilizado pela entrada de
comerciantes ingleses no tráfico negreiro.
B) o período compreendido entre 1540 e 1570 marcou o
apogeu do uso da mão de obra indígena nos engenhos de
açúcar no Brasil.
C) os indígenas nunca foram utilizados em larga escala na
(Disponível em: lavoura de cana-de-açúcar, mas apenas para o extrativismo
http://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Engenho_de_acucar_1816.jpg) vegetal.
D) o uso da mão de obra indígena na lavoura foi impossi-
Ela ilustra um engenho de açúcar, típica unidade de produção bilitado na segunda metade do século XVIII, período em
do nordeste colonial. Com base na imagem e na realidade que os Jesuítas conseguiram aprovar leis que proibiam o
histórica por ela ilustrada, assinale a alternativa CORRETA. uso dos silvícolas no trabalho agrícola.
A) Esse engenho movido por força hidráulica é uma realidade E) a utilização da mão de obra indígena na lavoura de açúcar
do século XVIII, embora anteriormente fosse utilizada a foi inviabilizada unicamente pelo alto índice de mortalidade
força humana ou a força animal para fazê-lo funcionar. dos nativos, provocado principalmente por doenças
B) A presença exclusiva de mão de obra escrava negra, na transmitidas no contato com os europeus.
imagem, denota a exclusão dos indígenas como trabalha-
dores, escravos ou livres, da indústria açucareira. QUESTÃO 4 / (POLI)
C) Engenhos de grande porte, como o da ilustração, só foram “Ser senhor de engenho é uma honra a que muitos aspiram;
introduzidos na América Portuguesa em meados do século porque este título traz consigo os serviços, a obediência e o
XVII, pelos holandeses que ocupavam a capitania de respeito de muita gente. E se ele for, como devia ser, um
Pernambuco. homem rico e com capacidade administrativa, o prestígio
D) A mão de obra utilizada nos engenhos, escrava ou livre, concedido a um senhor de engenho no Brasil pode ser compa-
muitas vezes, era formada por trabalhadores especial- rado à honra com que os nobres titulares são tidos entres os
zados. fidalgos de Portugal.”
E) A mão de obra indígena só foi utilizada, no período colonial, Charles Boxer, O império marítimo português (1451-1825), p. 321.
em regiões como São Paulo e Rio de Janeiro, não se fazen-
do presente nos engenhos do nordeste colonial. A partir do texto e dos seus conhecimentos sobre a sociedade
colonial, assinale a alternativa CORRETA:
QUESTÃO 2 / (COVEST) A) O patrimonialismo, no caso colonial, resumia-se à neces-
No final do século XVI, o Brasil já se tornara o maior produtor sidade de adquirir bens materiais já que os não materiais,
e fornecedor mundial de açúcar, com um artigo de melhor como títulos e postos eclesiásticos, eram desvalorizados.
qualidade que o procedente da Índia. Cerca de 90% da B) A sociedade colonial herdou concepções europeias e lhes
produção era exportada para Portugal e distribuída na Europa. acrescentou novos critérios de diferenciação baseados na
"Ser senhor de engenho é título a que muitos aspiram, porque escravidão.
traz consigo o ser servido, obedecido e respeitado de muitos". C) Valores aristocráticos, como o monopólio dos poderes nas
O comentário de um autor do século XVIII, pode ser conside- mãos de um pequeno grupo de origem fidalga, não se
rado característico da sociedade colonial brasileira. Com consolidaram na colônia.
relação ao senhor de engenho, podemos afirmar que: D) A falta de mulheres brancas fez com que as poucas que
A) o senhor de engenho tinha o respeito apenas de seus para a colônia se destinaram gozassem condições sociais
empregados e escravos. paritárias à dos homens, amenizando o patriarcalismo.
B) apesar da imagem de que ele sentava na varanda e só dava E) O histórico português de colonizadores da África e da Ásia
ordens, o senhor de engenho tinha diversas obrigações a amainou o racismo e a discriminação contra os ameríndios
cumprir como: sair atrás de escravos fugidos; policiar suas e os negros de origem africana.
terras; pagar impostos sobre a produção, entre outras.
C) a riqueza do senhor de engenho estava alicerçada na QUESTÃO 5 / (UFPE)
aparência e não nos ganhos com o açúcar: “um véu de Através dos engenhos de produção de açúcar, Portugal
opulência que encobria a miséria geral”. conseguiu acumular riqueza e ampliar os investimentos no
D) a Coroa portuguesa deu todos os poderes ao senhor de Brasil. Contou ainda com financiamento dos holandeses. As
engenho, inclusive o de determinar quanto de imposto condições de vida, nos engenhos de cana-de-açúcar:
sobre a produção do açúcar seria pago. A) eram de muito luxo e ostentação para aqueles que
E) a sua família era minimamente composta, não aceitando o trabalhavam como assalariados.
senhor de engenho a convivência de qualquer tipo de B) eram muito precárias nas senzalas, onde habitava a maior
parente ou agregado nas dependências do engenho. parcela dos escravos.

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C) dependiam apenas dos senhores, que algumas vezes D) se optou pela implantação do escravismo negro, devido a
construíam pequenas moradias para seus escravos. um empreendimento de alta rentabilidade: o tráfico
D) não privilegiavam nem mesmo os senhores, devido à sua negreiro.
falta de estrutura. E) se incentivava minifúndio, isto é, o trabalho livre de peque-
E) eram de luxo apenas para os representantes oficiais da nos agricultores.
Igreja Católica.
QUESTÃO 9 / (COMVEST)
“O mulato, em diversas ocasiões, foi no Brasil escravocrata o
QUESTÃO 6 / (UFPE)
produto de relações por vezes espontâneas entre o colonizador
As razões que fizeram com que no Brasil colonial e mesmo
português e a escrava vinda da África. Às vezes estas relações
durante o império a escravidão africana predominasse em lugar
terminavam por envolver afetividade, companheirismo, privilé-
da escravidão dos povos indígenas, podem ser atribuídas a:
gios para as negras escravas que fossem mães de mulatos
A) setores da Igreja e da Coroa se opunham à escravização
filhos do senhor. Outras vezes despertavam ciúmes doentios e
indígena; fugas, epidemias e a legislação antiescravista
de resultados funestos com vinganças ou hostilidades das
indígena tornou-a menos atraente e lucrativa.
esposas brancas.”
B) religião dos povos indígenas, que, proibia o trabalho (José D’Assunção Barros. A construção social da cor. RJ. Vozes. 2009. p. 104)
escravo. Preferiam morrer a ter que se submeterem às
agruras da escravidão que lhes era imposta nos engenhos Assinale a alternativa correta:
de açúcar ou mesmo em outros trabalhos. A) Mulatos e negros sempre e em todas as situações ocupa-
C) Reação dos povos indígenas, que por serem bastante vam o mesmo espaço na hierarquia social da colônia.
organizados e unidos, toda vez que se tentou capturá-los, B) A mulher negra raramente sofria a sujeição amorosa ou
eles encontravam alguma forma de escapar ao cerco dos sexual do branco colonizador.
portugueses. C) O mulato não podia ser criado na casa do senhor branco
D) a ausência de comunicação entre os portugueses e os nem receber nenhuma instrução.
povos indígenas e a dificuldade de acesso ao interior do D) Os mulatos não tinham as suas fraternidades próprias,
continente, face ao pouco conhecimento que se tinha do participavam exclusivamente das irmandades dos negros.
território e das línguas indígenas. E) O mulato frequentemente expressava o desejo de se
E) um enorme preconceito que existia do europeu em relação afirmar como diferença nova, em separado da diferença
ao indígena, e não em relação ao africano, o que dificultava negra, vestiam-se de um outro modo, afastavam-se dos
enormemente o aproveitamento do indígena em qualquer marcadores étnicos que poderiam lembrar etnias e nações
atividade. africanas.

QUESTÃO 7 / (UNESP) QUESTÃO 10 / (IAUPE PMPE 2018)


O açúcar e o ouro, cada qual em sua época de predomínio, Para Celso Furtado, “Cada um dos problemas referidos –
garantiram para Portugal a posse e a ocupação de vasto terri- técnica de produção, criação de mercado, financiamento, mão-
tório, alimentaram sonhos e cobiças, estimularam o povoa- de-obra – pôde ser resolvido no tempo oportuno, independen-
mento e o fluxo expressivo de negros escravos, subsidiaram e temente da existência de um plano geral preestabelecido. O
induziram atividades intermediárias; foram fatores decisivos que importa ter em conta é que houve um conjunto de
para o relativo progresso material e certa opulência barroca, circunstâncias favoráveis sem o qual a empresa não teria
além de contribuírem para o razoável florescimento das artes conhecido o enorme êxito que alcançou.”
e das letras no período colonial. Apesar desta ação comum ou (FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil.)

semelhante, a economia aurífera colonial avançou em direção Em relação à economia açucareira no período colonial, assinale
própria e se diferenciou das demais atividades, principalmente a alternativa CORRETA.
porque: A) Sem possuir uma experiência concreta no cultivo e
A) não teve efeito multiplicador no desenvolvimento de produção do açúcar, Portugal, inicialmente, teve dificulda-
atividades econômicas secundárias junto às minas e nas des em implementar o empreendimento açucareiro no ter-
pradarias do Rio Grande. ritório da Capitania de Pernambuco.
B) interiorizou a formação de um mercado consumidor e B) A mentalidade da colonização portuguesa fez com que os
propiciou surto urbano considerável. recursos obtidos no comércio do açúcar fossem transferidos
C) o ouro brasileiro, sendo dependente do mercado externo, para a metrópole, não permitindo o desenvolvimento da
não resistiu à influência exercida pela prata das minas de Capitania de Pernambuco nem altos investimentos na
Potosi. produção açucareira.
D) representou forte obstáculo às relações favoráveis à C) Muito importante para a comercialização do açúcar durante
Metrópole e não educou o colonizado para a luta contra a o “Período holandês”, os cristãos novos de origem judaica
opressão do colonizador. praticamente não tiveram acesso ao tráfico do açúcar no
E) as bandeiras não foram além dos limites territoriais estabe- período colonial em Pernambuco, pois a Santa Inquisição
lecidos em Tordesilhas, apesar dos conflitos com os jesuítas proibia a participação destes.
e da ação cruel contra os indígenas do sertão sul- D) Os escravos africanos, ao contrário dos indígenas da
americano. América Portuguesa, não estavam habituados a manejar
lavouras destinadas à produção capitalista, o que dificultou,
QUESTÃO 8 / (UPE) mas não impossibilitou, a introdução daqueles no
Sobre a cana-de-açúcar no Brasil colonial, não é correto afirmar empreendimento do açúcar.
que: E) Duarte Coelho assumiu um papel agressivo no lançamento
A) as zonas produtoras coloniais dedicavam-se à elaboração do empreendimento açucareiro na Capitania de
de um só produto (monocultura). Pernambuco, trazendo para esta artesãos e especialistas
B) a produção, que tinha a finalidade de complementar as das ilhas do Atlântico.
economias da metrópole, estava voltada para os mercados
europeus. GABARITO
C) os simples plantadores acabaram subordinando-se aos
senhores de engenho. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
D B B B B A B E E E

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CAPÍTULO 5:

O TRÁFICO TRANSATLÂNTICO DE ESCRAVOS PARA TERRAS PERNAMBUCANAS

➢ Escravidão no período colonial em Pernambuco

Antes da chegada dos conquistadores europeus, os povos africanos eram fragmentados em diversas etnias e se
organizavam em clãs, tribos, reinos e unidades políticas variadas. A multiplicidade cultural, espiritual e linguística era imensa.
Essa diversidade étnica provocava com grande frequência vários conflitos intertribais, onde o grupo dos perdedores tornavam-
se prisioneiros dos vencedores. Assim, a escravidão era uma relação social conhecida na África, porém de maneira
diferenciada. Tradicionalmente, os cativos eram presos de guerras, propriedade comunitária, não podendo ser vendido. De
acordo com alguns historiadores, tratava-se de uma escravidão semi-patriarcal, ou seja, os escravos não tinham valor
econômico. Posteriormente, no contexto do colonialismo da América, os europeus aproveitaram-se desse fato para adquirir
escravos, que foram transformados em mercadorias e negociados para vários locais do continente americano.

A partir do século XVI, vários negros são retirados de sua terra natal e trazidos para o Brasil, tornando-se essenciais para
o funcionamento da economia colonial. Os escravos africanos transformaram-se em força de trabalho básico nas atividades
açucareira, mineira e outros setores. Os negócios envolvendo escravos geraram grande rentabilidade para os senhores de
engenhos, poderosos mineradores e demais proprietários.

Os escravos eram transportados da África à América através dos tumbeiros (alusão às tumbas) que não oferecia nenhuma
condição higiênico-sanitária. Cada navio negreiro transportavam, cerca de 400 a 600 pessoas (homens, mulheres e crianças)
em compartimentos sem ventilação.

Os navios tumbeiros que traziam os negros eram caracterizados por precárias condições higiênicas. Entre 1560 e 1570,
houve uma substancial entrada de escravos no Brasil, boa parte deles eram destinados às plantações canavieiras do Nordeste,
principalmente com destino à Bahia e Pernambuco.

As principais regiões de aquisição de escravos no território africano no decorrer o período colonial foram: Guiné (século
XVI), Congo e Angola (séculos XVII e XVIII) e Moçambique (séculos XVIII e XIX). Os dois grupos étnicos de negros vindos da
África, tradicionalmente identificados, são dos bantos e dos sudaneses.

A probabilidade de sobrevivência das pessoas trazidas ao Brasil pelos tumbeiros estava condicionada a alguns fatores:
longa e desgastantes viagens (duração de 35 a 50 dias aproximadamente, ou de 5 a 6 meses, quando se enfrentava péssimas
condições de navegação); condições climáticas; alimentação e água. De qualquer forma, as condições de viagens vivenciadas
pelos africanos eram precárias e insalubres. Alguns historiadores acreditam que as perdas humanas atingiram, no século XVI,
a taxa média de 25%. Na época, os percentuais aceitáveis giravam entre 5% e 15%. Estimativas aproximadas sinalizam que,
ente os séculos XVI e XIX, quase 400 mil morreram no trajeto África-América.

➢ O tráfico negreiro

Os traficantes adquiriam os escravos africanos por meio de valores irrisórios, ou melhor, em troca de fumo; caixas, barris
e amarrados de açúcar; aguardente; búzios; fardos e caixões de tecidos de algodão; mosquetes (arma similar a espingarda);
pólvora; espelhos e contas de vidro. Após a aquisição dos escravos, os colonos vendiam nas colônias, conseguindo expressos
lucros. A aquisição dessa força de trabalho envolvia um detalhado e minucioso exame das condições de saúde e habilidades
do cativo.

Os colonos viam no trabalho escravo africano algumas vantagens. Uma delas, se dava pelo desconhecimento por parte
dos negros do território, o que dificultava as fugas. Outra vantagem consistia na aquisição de escravos oriundos de
diversificados grupos étnicos e, portanto, de costumes diferentes, de modo a prejudicar a comunicação e a unidade entre
eles. No entanto, isso não impediu o surgimento de grupos de resistências que foram articulados por grupos de escravos
africanos.

A escravidão moderna se tornou um dos pilares para o desenvolvimento econômico e para o dinamismo dos negócios
mercantis que consolidaram o domínio dos países europeus. Nas grandes fazendas coloniais, os escravos foram vítimas de
maus-tratos e preconceitos. A mentalidade dos colonizadores se pautava em desvalorizar a raça negra, desprezando seus
padrões culturais e seus costumes, incentivando as disputas internas entre grupos africanos, como maneira de justificar a
escravidão. Assim, o escravo era visto com mera força de trabalho e como uma mercadoria de precioso valor mercantil.

A partir da década de 1550, desembarcaram no Brasil os primeiros negros, oriundos de dois grandes grupos étnicos: os
bantos (África equatorial e tropical) e os sudaneses (ocidente africano).

Ao desembarcar nos principais portos brasileiros (Recife, Salvador e Rio de Janeiro), os mercadores de escravos
esperavam certo tempo para que as “peças” (expressão utilizada para os escravos destinados ao mercado) pudessem se
recuperarem da extensa viagem. Além da qualificação, a idade e o sexo determinavam o valor do cativo. A aparência saudável
era determinante para o preço final do escravo. Mesmo havendo muita oscilação nos preços, os lucros gerados pelo tráfico
negreiro foram significativos.

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Após negociados, os escravos eram tratados com extrema violência. Além do trabalho compulsório, os castigos eram
usados com o objetivo de reprimir e controlar os cativos nos engenhos. Nesse sentido, foram aplicados variados instrumentos
de tortura: troncos, chicotes, gargalheiras, máscaras de flandres, correntes, mordaça, libambo, algemas, palmatória.
Geralmente, quando algum escravo fugitivo era recapturado, obrigava-o a utilizar a gargalheira ou marcava-o com a letra F,
com ferro quente.

Navio Negreiro, Rugendas.


Os escravos eram transportados da
África à América através dos
tumbeiros (alusão às tumbas) que
não oferecia nenhuma condição
higiênico-sanitária.

Em Pernambuco eram produzidos o açúcar branco, voltado para a exportação, e o açúcar mascavo (grosso e escuro). A
utilização das técnicas de purgar nas unidades produtoras brasileiras ocorreu, pois não havia refinarias em Portugal. Após o
branqueamento, o açúcar era embalado em caixas e transportado para a Lisboa, que por sua vez seria enviado para Antuérpia,
onde ocorria a distribuição. A partir do século XVII, a cidade de Amsterdã tornou-se a distribuidora, além de possuir instalações
apropriadas para o refinamento do açúcar.

À margem das grandes propriedades agrícolas e do complexo do engenho, existiam os lavradores pobres (brancos e
mestiços), os quais produziam como meeiros. Nesses locais, desenvolveram a agricultura de subsistência e o cultivo da cana.
Entretanto, eram obrigados a utilizar a moenda dos senhores de engenhos, por esse motivo ficaram denominadas de
fazendas obrigadas. Em algumas situações, os latifundiários concentravam suas atividades no processamento do açúcar,
deixando a produção sob a responsabilidade dos lavradores.

➢ A distinção de escravos

O uso da mão de obra escrava africana foi um dos pilares fundamentais da sociedade colonial. Os “negros da terra” (índios)
e os “negros da guiné” (africanos) foram utilizados no Brasil em todos os setores da economia rural e urbana, nas atividades
domésticas e artesanais. O trabalho manual tornou-se sinônimo de escravidão. No universo colonial, os escravos eram tratados
como simples “coisas”, “mercadoria”, “bens semoventes”. Nas zonas urbanas, havia os escravos domésticos (dedicados a
tarefas caseiras), de ganho e de aluguel.

Os escravos de ganho atuavam em variadas atividades remuneradas: transporte de cargas e pessoas, barbearia,
prostituição, comércio ambulante, entre outras. Parcela do dinheiro adquirido nessas funções era repassada aos senhores,
entretanto alguns escravos guardavam uma parte, usada em vestuário, alimentação, aquisição de ferramentas e,
possivelmente, da alforria (compra da liberdade). Já os escravos de aluguel eram alugados por particulares para a execução
de múltiplas e diversificadas tarefas.

➢ Hierarquização dos cativos

Dentro do processo de escravização foi estabelecido uma classificação entre os cativos. Os escravos africanos recém-
chegados que tinham dificuldades em se adaptar aos costumes do colonizador eram denominados de boçais. Estes eram
considerados inferiores e se ocupavam de atividades cansativas e repetitivas. Já os ladinos eram tidos como os mais aptos
e capazes, pois estavam integrados ao universo da escravidão. Eles manuseavam equipamentos e tinham domínios de
algumas técnicas.

Por isso, trabalhavam nas moendas, nas caldeiras, na casa de purgar, na casa-grande e nas oficinas (olarias, carpintarias,
ferrarias). Finalmente, essa hierarquia era completada com o crioulo, negro ou mestiço nascido e criado na colônia.

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Assinale a alternativa correta sobre as formas de resistência
cultural e identitária dos escravos:

QUESTÃO 1 / (COVEST)

Fotógrafo não identificado. Mulher negra com criança branca presa às costas.
Bahia, 1870. (http://blogdoims.uol.com.br/)
Fonte: blog do Instituto Moreira Salles

A escravidão trouxe violências e promoveu preconceitos para a


construção da história brasileira. A sua prática no período A) os escravos negros após a Lei da Abolição, adentraram ao
colonial: universo cultural estabelecido pela sociedade branca e se
A) teve a condenação radical da Igreja Católica, cumprindo tornaram independentes dos mecanismos de controle social
princípios da ética e da solidariedade. dos antigos senhores;
B) foi importante para firmar a economia açucareira, apesar B) como forma de resistência, os escravos negros que esta-
das injustiças e dos descontroles. vam em território brasileiro, construíram cultura, religião e
C) contou com a ajuda de potências estrangeiras, sobretudo costumes unificados, já que eram todos provenientes de
com a colaboração da Holanda e da Espanha. Angola.
D) ficou restrita aos primeiros séculos da dominação C) condição do escravo negro como simples instrumento de
portuguesa, sendo extinta no século XVIII. trabalho para lavrar a terra impossibilitou a construção de
E) atendeu às necessidades da exploração do ouro em Minas relações sociais diferenciadas, como, por exemplo, o apren-
Gerais, sem contudo, provocar rebeliões. dizado de outros ofícios e a prática de suas atividades
culturais.
QUESTÃO 2 / (FATEC-SP) D) os escravos negros marcaram a história do Brasil pela
"Os escravos são as mãos e os pés do senhor de engenho, resistência. São exemplos dessa rebeldia as diversas fugas,
porque sem eles no Brasil não é possível fazer, conservar e a prática de valores culturais, assassinatos de feitores,
aumentar fazenda." formação de quilombos, rebeliões diversas, destacando-se
(Antonil, André João. Cultura e opulência do Brasil. entre elas a Revolta dos Malês, na Bahia, em 1835.
Belo horizonte: itatiaia, 1982, p. 89.) E) entre os escravos negros, formas de comunicação e
sociabilidade alternativas foram, totalmente, eliminadas
No trecho citado, parte de uma obra publicada em 1711, o pelo uso constante da violência e vigilância dos senhores.
jesuíta Antonil:
A) torna evidente que o trabalho escravo constituiu a base da QUESTÃO 4 / (UPE)
exploração econômica em setores essenciais da economia O trabalho cria riquezas sociais que, nem sempre, são dividi-
colonial. das e servem para efetivar sociedades equilibradas. O uso da
B) fornece argumentos para o combate movido pela igreja escravidão mostra a existência da exploração, mesmo nos
contra a escravização de indígenas e africanos nos domínios tempos modernos.
coloniais portugueses. A escravidão:
C) explica por que a escravidão foi importante no empre- A) foi utilizada nas colônias europeias até o século XVIII, na
endimento açucareiro, mas teve papel secundário e mar- agricultura, apresentando grande lucratividade nos negó-
ginal na exploração mineradora. cios agrícolas.
D) justifica a brandura da escravidão no Brasil e sugere uma B) tinha lugar no trabalho doméstico, apenas nas colônias
explicação para a “democracia racial” predominante na portuguesas e inglesas, sendo ineficaz no comércio.
sociedade colonial brasileira. C) conseguiu se firmar nas colônias espanholas; sem êxitos
E) condena as tentativas de introduzir trabalhadores livres, expressivos, nas colônias inglesas, devido aos preconceitos
trazidos da Europa, para substituir a mão de obra escrava raciais.
nas lavouras de café. D) deu condições para favorecer o crescimento da burguesia,
que lucrava com o comércio da época e firmava seus
QUESTÃO 3 / (UFRR) interesses.
A fotografia a seguir mostra um interessante retrato do Brasil E) inexistiu no trabalho, nas minas de ouro da América, sendo
Colônia: uma mucama carregando um bebê branco preso em utilizada na agricultura latifundiária e nos serviços urbanos.
suas costas com um tecido, técnica presente na cultura
materna de muitos povos.

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QUESTÃO 5 / (VUNESP)
Considere a obra Navio negreiro de Johann Moritz Rugendas.

(http://www.miniweb.com.br/historia/artigos/i_moderna/pdf/escravidao
_negra_brasil.pdf)

Apesar de a obra datar do século XIX, o Navio negreiro de


Rugendas mostra uma situação que se repetiu desde meados
do século XVI.
Trata-se
A) do monopólio comercial que garantia à metrópole portu-
guesa domínio absoluto sobre a economia e a sociedade da
colônia.
B) da base da produção colonial no Brasil, que atendia aos
interesses da metrópole que obtinha altos lucros com o
tráfico negreiro.
C) da desorganização da metrópole que era responsável pela
administração colonial considerada caótica e pouco
humanitária.
D) do poder do rei de Portugal que, preocupado com o desen-
volvimento da colônia, importava mão de obra africana para
a agricultura.
E) da relação amistosa que havia sempre entre os traficantes
e os escravos.

QUESTÃO 6 / (UNIRIO)
“Os escravos são as mãos e os pés do senhor de engenho,
porque sem eles no Brasil não é possível fazer, conservar e
aumentar a fazenda...” André João Antonil. Cultura e Opulência
no Brasil por suas drogas e minas... “O Brasil foi uma sociedade
escravista... devido às distinções jurídicas baseadas na escra-
vidão e na raça, às atitudes senhoriais dos proprietários...”.
Stuart Schwartz. Segredos Internos.

Da leitura dos textos escritos pelo jesuíta Antonil, no século


XVII, e pelo historiador Stuart Schwartz, no século XX, é
possível concluir que a escravidão foi o principal eixo estru-
turante da sociedade brasileira. Dos traços característicos,
aquele que reflete até os nossos dias está contemplado em:
A) A relevância do escravo na formação da sociedade
brasileira está restrita à condição de mão de obra exclusiva
na economia colonial.
B) A permanente abundância da oferta de escravos até a
Abolição limitou a introdução de trabalhadores livres.
C) As atitudes senhorial dos grandes fazendeiros era uma
herança medieval sem ligação com a prática da escravidão.
D) As hierarquias criadas na economia escravista como a raça
sobreviveram ao final da escravidão.
E) A integração entre escravos, índios e homens pobres livres
amenizou as reações dos setores excluídos da sociedade
colonial.

GABARITO

1 2 3 4 5 6
B A D D B D

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CAPÍTULO 6:

ESCRAVIDÃO E FORMAS DE RESISTÊNCIA ESCRAVA EM PERNAMBUCO

➢ Escravidão e famílias
Há poucas informações relacionadas às famílias escravas. A escassez de documentações explica esse reduzido
conhecimento sobre os núcleos familiares africanos desenvolvidos no Brasil. Por muito tempo acreditava-se que não existia
essa organização social, em razão dos impedimentos estabelecidos pelo sistema escravocrata.

A lógica do sistema demandava mais força de trabalho masculina que feminino o que servia como empecilho para os laços
familiares. Os trabalhadores braçais sofriam maus-tratos e humilhações, o que possivelmente, gerou, em alguns deles, uma
perda de desejo em formar um agrupamento permanente como de uma família. Outro obstáculo se dava pela baixa taxa de
natalidade entre as mulheres escravas. Essa reduzida redução acontecia devido violência contra as escravas, mas também
muitas delas decidiam não ter filhos como uma forma de resistência à escravidão. A troca de parceiros, voluntária ou imposta,
as promiscuidades no cotidiano das senzalas, os abusos sexuais dos senhores dificultaram também a constituição de grupos
familiares.

Mesmo com esses impedimentos incontestes para a formação dos núcleos familiares, pesquisas recentes apontam para o
estabelecimento de núcleos, principalmente a partir do século XIX, buscaram formar uniões familiares (afetivas e culturais)
mais estáveis e sólidas. As possibilidades da formação de famílias mostraram-se mais intensas nos centros urbanos, uma vez
que os escravos mantinham contatos próximos com a vida doméstica e costumes dos senhores. Entretanto, há muito o que
se pesquisar sobre o cotidiano familiar entre os escravos.

➢ A “brecha camponesa”

A “brecha camponesa” consiste na concessão de pequenos lotes concedidos pelos grandes proprietários aos escravos.
Essas terras eram cedidas com o propósito de realizar uma produção agrícola voltada para o mercado interno. As terras não
se tornavam posses dos escravos, prevalecia sempre à vontade dos seus senhores.

Nessas porções de terras, os escravos cultivavam milho, mandioca, batata, feijão, cará e hortaliças. A produção agrícola
também estava ligada à criação de pequenos animais (porcos, galinhas), equinos e gado bovino.

Segundo alguns historiadores, a “brecha camponesa” consistia num instrumento de controle da ordem escravocrata,
cumprindo a função de reduzir os dispêndios e manutenção da força de trabalho por parte dos grandes proprietários. Além
disso, através desse modelo os cativos adquiriam suplementos de acordo com suas necessidades, como roupas, tabaco,
bebidas, inclusive, a sua liberdade e de seus parentes. Alguns negros repassavam o gerenciamento de suas rendas a pessoas
brancas, com a finalidade de formar uma poupança. No final do século XVII, diversos alvarás e ordens reais sancionaram a
“brecha camponesa” no Brasil.

➢ Resistência negra: meios individuais e coletivos

Os africanos resistiram bravamente contra a humilhação e violência vivenciados por eles. No decorrer do período colonial,
muitos deles manifestando sua revolta e desespero cometeram suicídios, abortos voluntários, promoveram sabotagens na
produção de açúcar, incendiaram propriedades, assassinaram senhores e feitores, insuflaram revoltas nas fazendas e nas
povoações, fizeram automutilações e organizaram fugas coletivas ou individuais. Muitas fugas fracassavam, pois os capitães-
do-mato sempre estavam à procura dos escravos fugitivos. Outros sentiram o banzo, atitude de recolhimento, tristeza e
apatia, que os deixavam ineficazes na execução de suas respectivas tarefas. Abatidos, muitos chegaram a morrer.

➢ Os Quilombos

Os quilombos ou mocambos se tornaram o símbolo maior de resistência escrava no Brasil Colônia. Após as fugas
coletivas, estes se organizaram em acampamentos em regiões pouco povoadas, matas fechadas e áreas de difícil acesso,
estabelecendo importantes núcleos de resistência negra. Essas aldeias eram bastante protegidas. Os quilombolas procuraram
restabelecer costumes e hábitos tipicamente da África. Para tanto, havia vários obstáculos, pois muitos negros fugidos eram
originários de diferentes grupos étnicos. Porém, prevalecia um espírito de comunidade e sobrevivência.

Os quilombos tornaram-se mecanismo de resistência e meios pelos quais os africanos e os afro-descendentes resgataram,
simplificadamente, sua identidade cultural e espiritual, pois estas eram fortemente reprimidas e rejeitadas pelos senhores e
autoridades civis e religiosas do Brasil colonial. Escondiam-se também nos quilombos, índios e criminosos procurados pela
justiça. Os quilombolas praticavam a caça, a pesca, a coleta de frutos, o comércio, o banditismo, a agricultura e a pecuária.

Durante os mais de três séculos de escravidão surgiram em diversas regiões do Brasil centenas de quilombos, com
tamanhos e repercussões diferenciadas. Entre os mais expressivos podemos citar: Quilombo do Buraco do Tatu, Quilombo
do Ambrósio e o mais conhecido Quilombo de Palmares.

O Quilombo do Buraco do Tatu (século XVIII) foi organizado nas proximidades de Salvador, na Bahia. Buscando
garantir a sobrevivência, os refugiados obtiveram armas, munições e alimentos, além disso, assaltavam fazendas e viajantes.
Em 1763, foi reprimido e destruído.

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O Quilombo do Ambrósio (século XVIII) foi estabelecido próximo às atuais cidades mineiras de Ibiá e Campos Altos.
Esse quilombo chegou a ter mais de duas mil pessoas, sendo destruído em 1759. Já o Quilombo dos Palmares (1630 e
1694) ocupou uma vasta área, conhecida como Serra da Barriga, localizada entre os atuais estados de Pernambuco e Alagoas.
Esse quilombo reunia diversas aldeias (os mocambos), chegando a ter, na época de sua destruição, um número aproximado
de 20. Essa região recebia fugitivos de várias partes da colônia. Pela sua estrutura social e militar, esse quilombo é considerado
por muitos historiadores como o mais importante do Brasil Colônia.

Havia em Palmares uma rica atividade agrícola e um forte comércio entre as várias aldeias. As práticas religiosas eram
resultado da fusão entre ritos católicos e africanos presentes no quilombo. A liderança política era exercida por um guerreiro.
O primeiro líder político, provavelmente, foi Ganga-Zumba, sendo Zumbi, o último. Após ter sobrevivido por quase 65 anos,
Palmares foi destruído por sucessivas expedições militares e repressivas. Em 1695, o bandeirante Domingos Jorge Velho
organizou uma expedição com cerca de 9 mil homens que conseguiu destruir o Quilombo de Palmares. Zumbi tornou-se um
símbolo de resistência negra. A data de sua morte, 20 de novembro, é considerada, hoje, como o Dia da Consciência
Negra.

As formas de resistências não eram só realizadas através da rebeldia, assassinato de feitores, fugas, suicídios ou
quilombolas. Uma imensa e inovadora historiografia brasileira traz à discussão outras maneiras de luta e negociação dos
cativos por condições de vida mais digna.

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A respeito dos quilombos, pode-se dizer que:
A) não representavam ameaça à ordem colonial, na medida
em que não visavam pôr em questão o poder metropoli-
tano.
B) sua duração efêmera revela a pequena adesão dos escra-
vos às tentativas de contestação violenta ao regime
escravista.
QUESTÃO 1 / (COVEST) C) o combate violento à organização quilombola era uma
prioridade, por esta representar a negação da estrutura
social e produtiva escravista.
D) mantinham relação permanentemente hostil com a popula-
ção vizinha, constantemente ameaçada pelos raptos de
mulheres brancas.
E) sua organização interna priorizava os aspectos militares, o
que acabava por inviabilizar a realização de outras
atividades.

QUESTÃO 4 / (UFPE)
A vinda dos europeus para a América modificou as relações aí
existentes em muitos aspectos. Por exemplo, no Brasil, os
indígenas:
A) passaram a viver como povos sedentários, socialmente em
A escravidão trouxe violências e promoveu preconceitos para a harmonia, sem conflitos entre eles.
construção da história brasileira. A sua prática no período B) sofreram com o impacto da colonização, devido às pressões
colonial: dos colonizadores e à sua política agressiva.
A) teve a condenação radical da Igreja Católica, cumprindo C) adaptaram-se, sem problemas, aos rituais da religião
princípios da ética e da solidariedade. católica, favorecendo as estratégias de dominação dos
B) foi importante para firmar a economia açucareira, apesar jesuítas.
das injustiças e dos descontroles. D) resistiram com êxito aos ataques portugueses, evitando a
C) contou com a ajuda de potências estrangeiras, sobretudo perda de áreas de cultivo da mandioca e do milho.
com a colaboração da Holanda e da Espanha. E) trabalharam na exploração da cana-de-açúcar, mostrando
D) ficou restrita aos primeiros séculos da dominação grande conhecimento da técnica de cultivo da terra.
portuguesa, sendo extinta no século XVIII.
E) atendeu às necessidades da exploração do ouro em Minas QUESTÃO 5 / (UEL)
Gerais, sem contudo, provocar rebeliões. Sobre a escravidão e demais formas de trabalho compulsório
no Brasil e na América, é correto afirmar:
QUESTÃO 2 / (FATEC-SP) A) O sucesso da colonização do território brasileiro deu-se em
"Os escravos são as mãos e os pés do senhor de engenho, função das Capitanias Hereditárias e o consequente comer-
porque sem eles no Brasil não é possível fazer, conservar e cio de terras empreendido pelos seus proprietários,
aumentar fazenda." conhecidos como donatários.
(Antonil, André João. Cultura e opulência do Brasil.
Belo horizonte: itatiaia, 1982, p. 89.)
B) Como estratégia de conquista e dominação dos espaços e
povos pertencentes ao Novo Mundo, os espanhóis destruí-
No trecho citado, parte de uma obra publicada em 1711, o ram civilizações nativas e reduziram os sobreviventes à
jesuíta Antonil: servidão.
A) torna evidente que o trabalho escravo constituiu a base da C) A mão de obra escrava africana, utilizada nas colônias
exploração econômica em setores essenciais da economia espanholas, constituiu-se numa grande fonte de renda por
colonial. oferecer aos proprietários de terras uma forma mais eficaz
B) fornece argumentos para o combate movido pela igreja e ágil de exploração das terras coloniais.
contra a escravização de indígenas e africanos nos domínios D) Na América espanhola, a mineração contou com a mão de
coloniais portugueses. obra nativa e, os que não colaboravam recusando-se ao
C) explica por que a escravidão foi importante no empre- trabalho eram enviados à Espanha, transformados em
endimento açucareiro, mas teve papel secundário e margi- escravos da Coroa.
nal na exploração mineradora. E) Nas colônias do oeste dos EUA, devido à ausência de mão
D) justifica a brandura da escravidão no Brasil e sugere uma de obra escrava de origem africana, recrutou-se para
explicação para a “democracia racial” predominante na trabalho compulsório nas minas e em outros serviços as
sociedade colonial brasileira. civilizações nativas.
E) condena as tentativas de introduzir trabalhadores livres,
trazidos da Europa, para substituir a mão-de-obra escrava QUESTÃO 6 / (UNIFESP)
nas lavouras de café. Analise o texto.
E escravidão foi o regime de trabalho preponderante na coloni-
QUESTÃO 3 / (UNESP) zação do Novo Mundo; o tráfico que a alimentou, um dos
Esse quilombo [Quariterê, em 1769, próximo a Cuiabá], liderado setores mais rentáveis do comércio colonial. (...) A colonização
pela Rainha Tereza, vivia não apenas de suas lavouras, mas da do Antigo Regime foi o universo paradisíaco do trabalho não-
produção de algodão que servia para vestir os negros e, segundo livre; o eldorado enriquecedor da Europa.
(Fernando A. Novais. Portugal e Brasil na crise do Antigo Sistema Colonial)
alguns autores, até mesmo para funcionar como produto de
troca com a região. Possuía ainda duas tendas de ferreiro para
O texto comprova a ideia de que:
transformar os ferros utilizados contra os negros em instru-
A) a exploração do trabalho escravo representou um obstáculo
mentos de trabalho. Sua destruição foi festejada como ato de
ao desenvolvimento do comércio europeu.
heroísmo, em Portugal. (...)
(Jaime Pinsky, A escravidão no Brasil)
B) os europeus exploravam os assalariados, enquanto os
colonos exploravam os escravos na América.

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C) O tráfico de escravos tornou-se uma atividade pouco rentá- C) apesar de a capoeira ser vista hoje como uma luta, ela não
vel, por isso os escravos foram substituídos por assala- era praticada pelos escravos como forma de resistência.
riados. Nessa época, estava muito mais ligada ao lado lúdico e de
D) a exploração do trabalhador livre proporcionou grande diversão.
rentabilidade para os colonizadores europeus. D) o processo de catequese pelos quais passavam os escravos
E) Os colonizadores europeus beneficiaram-se economica- africanos permitiu que a religião africana praticamente
mente da exploração do tráfico e do trabalho escravo. desaparecesse do Brasil, no período imperial. Poucos eram
os escravos que resistiam e continuavam a homenagear os
QUESTÃO 7 / (IAUPE PMPE 2018) orixás.
Ao sair da província de Pernambuco, Darwin, cientista inglês, E) ao contrário do medo existente entre os habitantes da
escreveu em diário, que posteriormente daria origem ao livro Bahia e do Rio de Janeiro, a população de Pernambuco não
“A Origem das Espécies”: “No dia 19 de agosto, finalmente estava assombrada por um grande levante de escravos, aos
deixamos a costa do Brasil. Eu agradeço a Deus, nunca mais moldes do que ocorreu no Haiti. Isso se justificava pela
ter que visitar um país escravista.” (Charles Darwin). A história enorme repressão exercida contra os escravos rebeldes na
do Brasil está marcada pela presença da mão de obra escrava capitania de Pernambuco.
e de tudo o que ela representou para seu desenvolvimento
econômico e cultural. QUESTÃO 9 / (IAUPE PMPE 2016)
Em relação ao tráfico de escravos para as terras pernam- Durante os três séculos, nos quais vigorou a escravidão no
bucanas, é CORRETO afirmar que Brasil, a resistência de escravos tanto de origem africana
A) na primeira metade do século XIX, a dinâmica do tráfico quanto de origem indígena foi constante e tomou as mais
atlântico de escravos envolvia uma série de produtos, que diversas formas. No século XIX, quando a escravidão brasileira
eram levados pelos navios saídos da província de Pernam- viveu seu apogeu com o maior afluxo de escravos africanos, o
buco, rumo aos portos africanos. Dentre esses produtos, crescimento das cidades fez multiplicar nelas não apenas o
havia, inclusive, artigos das manufaturas europeias e norte- número de escravos mas também as formas de resistência, que
americana. se diversificavam cada vez mais. E, se as fugas sempre foram
B) a Lei de 7 de novembro de 1831, que declarava livre todos as mais famosas e emblemáticas dessas formas de resistência,
os escravos vindos de fora a partir daquela data, não nunca foram as únicas. Sobre elas, diz o historiador Marcus
impactou o comércio escravista de Pernambuco, pois estes Carvalho: “Nunca faltaram fugas de escravos no Recife. Alguns
continuaram sendo desembarcados nos portos desta se aproveitavam dos cortes que o Capibaribe fazia entre os
província, sem qualquer fiscalização. bairros para se evadirem dentro da própria cidade em busca de
C) os dados sobre a importação de escravos entre os anos de dias melhores. Existem ainda casos mostrando o outro lado da
1815 e 1824 sugerem que tanto a Insurreição Pernam- história: fugas do Recife para o interior, ou até para fora da
bucana de 1817 como a Confederação do Equador (1824) Província, buscando a distância do senhor ou a proximidade de
diminuíram consideravelmente a entrada da mão de obra parentes, amores, amigos e pessoas da mesma etnia ou
escrava. Em 1817, por exemplo, houve uma queda de nação.”
cinquenta por cento em relação a 1815. (CARVALHO, M. J. M. Liberdade: Rotinas e Rupturas do Escravismo no Recife,
1822-1850. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2010. P. 176)
D) os tratados de 1826 assinados entre Brasil e Inglaterra
previam o fim do comércio atlântico de escravos em três
Tendo em vista esse cenário, assinale a alternativa INCORRETA.
anos. A partir daí, o número de importações cairia até não
A) O quilombo do Catucá, situado nas margens do Recife, na
se registrar mais a entrada de africanos escravizados pós
primeira metade do século XIX, caracterizou-se por ser um
1850.
espaço de resistência contra a escravidão, que cresceu
E) após várias revisões historiográficas, hoje é possível se
beneficiando-se dos muitos conflitos internos das próprias
afirmar que, ao menos na capitania de Pernambuco, o único
elites escravistas, principalmente nas chamadas insurreições
fator que contribuiu para o fim do tráfico atlântico de
liberais.
escravos foi a pressão internacional.
B) O quilombo do Catucá, situado nas margens do Recife, na
primeira metade do século XIX, cresceu associado a esse
QUESTÃO 8 / (IAUPE PMPE 2018)
centro urbano, beneficiado das fugas de escravos do Recife e
“Embora não tivessem sido as únicas formas de resistência
canaviais da região, chegando também a se expandir sobre
coletiva sob a escravidão, a revolta e a formação de quilombos
toda a região antes dominada por seu predecessor, o quilombo
foram das mais importantes. Apesar de muitos quilombos
de Palmares.
terem se formado aos poucos, através da adesão de fugitivos
C) Com o crescimento da escravidão urbana no Recife do século
individuais ou agrupados, outros tantos resultaram de fugas
XIX, começaram a se desenvolver novas formas de fugas, como
coletivas iniciadas em revoltas. Tal parece ter sido, por
as chamadas „fugas de portas a dentro‟, quando um escravo
exemplo, o caso de Palmares.”
(REIS, João José. Quilombos e revoltas escravas no Brasil.) urbano fugia de seu dono, mas permanecia na mesma cidade,
Certamente o quilombo do Palmares foi e ainda é considerado agora servindo a um novo senhor com o qual havia
um marco da resistência escrava em Pernambuco, por todo estabelecido um processo de negociação.
significado e simbologia que existe em relação a ele. Todavia, D) Construções culturais, como a capoeira, o maracatu, e mesmo
ele não foi a única forma de resistência que os escravos o culto a determinados santos católicos, como São Benedito e
africanos desenvolveram em solo pernambucano. Sobre esse Nossa Senhora do Rosário, foram importantes formas de
assunto, é CORRETO afirmar que resistência cotidiana, elaboradas por escravos e exescravos nas
A) as atividades atribuídas a alguns escravos acabavam por margens da sociedade escravista e mesmo em suas instituições
facilitar uma possível fuga. Um escravo que trabalhava mais importantes, como a Igreja Católica
vendendo mercadorias precisava de maior mobilidade e E) O trabalho escravo nos canaviais também gerava resistência,
flexibilidade em relação ao horário, possuindo maiores fosse na forma de revoltas e assassinatos de feitores, fosse na
chances de se distanciar, antes que o dono soubesse o que, forma de sabotagens da produção.
de fato, havia acontecido.
B) o quilombo do Catucá, que se localizava nas proximidades
das cidades do Recife e Olinda, foi um dos maiores
problemas para as autoridades provinciais durante quase
toda a segunda metade do século XIX.

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QUESTÃO 10 / (IAUPE PMPE 2016) C) A escassez de documentos que versem a respeito dos
O “desembarque de Sirinhaém”, em 1855, em Pernambuco, quilombos de modo geral torna toda a literatura existente
teria sido apenas mais um dos vários episódios de contrabando sobre Palmares e Catucá ilações dos historiadores. Não
de escravos, caso não tivesse dado errado. Tudo começou existem, assim, informações precisas e verídicas que
quando o comandante do palhabote (espécie de embarcação possibilitem se conhecerem esses locais de resistência
também utilizada para o tráfico atlântico de escravos), invés de escrava.
ancorar no engenho de João Manuel de Barros Wanderley, D) Ao contrário do observado em Palmares, o Catucá não era
acabou parando nas terras do seu vizinho. Este, por sua vez, um quilombo dividido em vários grupos no meio da floresta.
prontamente denunciou o caso às autoridades. A notícia Além disso, o único meio de vida dos quilombolas era a
acabou ganhando grande destaque na imprensa, por ter sido o agricultura de subsistência, não praticando furtos nos
último negreiro apreendido na costa brasileira com cativos engenhos e assaltos nas estradas.
africanos a bordo. E) Quando finalmente os holandeses conseguiram vencer a
(CARVALHO, M.J.M de. O desembarque nas praias: o funcionamento do tráfico resistência luso-brasileira, eles encontraram várias planta-
de escravos depois de 1831. Revista de História, São Paulo, n° 167,
julho/dezembro 2012. pp. 223-260).
ções queimadas, engenhos destruídos e escravos fugidos.
Foi justamente nesse contexto de batalha que foram
Em relação ao tráfico de escravos em Pernambuco, assinale a criadas as condições necessárias para o aparecimento do
alternativa CORRETA. Quilombo dos Palmares.
A) O desembarque de cativos africanos nos portos naturais
das diversas praias que ficavam na Província de Pernam-
buco, mas distante o suficiente para dificultar a vistoria das
autoridades imperiais, foi uma estratégia desenvolvida
pelos atores que participavam do contrabando de africanos,
para continuar fornecendo cativos para a capitania.
B) Embora conhecida como “Lei para Inglês ver”, a Lei de 1831
contribuiu bastante para frear o ímpeto dos traficantes.
Exemplo disso é que, em finais da década de 1830 e
durante a década de 1840, o número de escravos que
ingressaram na Província de Pernambuco diminuiu de
forma vertiginosa.
C) Embora a lei antitráfico tenha entrado em vigor desde 1831,
as autoridades imperiais nada fizeram para deter o
comércio ilegal nos portos das capitais provinciais. Exemplo
disso foi o porto do Recife, que não teve seu cotidiano
alterado, no que tange ao comércio atlântico de escravos.
D) Embora muito alarmado pela imprensa provincial e
nacional, o “Desembarque de Sirinháem” pode ser
considerado uma exceção, pois a forte fiscalização da coroa
impedia que fatos como este fossem corriqueiros.
E) Por ser, à época do “Desembarque de Sirinhaém”, uma
província com forte tendência abolicionista, Pernambuco
quase não recebia mais escravos. Além disso, os políticos e
as elites latifundiárias estavam mais interessados em
fomentar a vinda de mão de obra livre do exterior,
principalmente a dos chineses.

QUESTÃO 11 / (IAUPE CBPE 2017)


"O quilombo constitui questão relevante desde os primeiros
focos de resistência dos africanos ao escravismo colonial,
reaparece no Brasil/república com a Frente Negra Brasileira
(1930/40) e retorna à cena política no final dos anos 70,
durante a redemocratização do país. Trata-se, portanto, de
uma questão persistente, tendo na atualidade importante
dimensão na luta dos afro-descendentes."
(LEITE, Ilka Boaventura. Os quilombos no Brasil: questões conceituais e
normativas. Etnográfica, Vol. IV (2), 2000, pp. 333-354).

Em relação aos Quilombos dos Palmares e do Catucá, assinale


a alternativa CORRETA.
A) A proximidade que o Quilombo do Catucá tinha do Recife,
localizado entre as freguesias do Recife, Paratibe e Paulista,
permitiu aos seus moradores elaborarem uma série de
táticas de sobrevivência, que perpassavam pela cooperação
da população negra livre e dos escravos dos engenhos
próximos.
B) Segundo os historiadores, os quilombos dos Palmares e do
Catucá não possuíam elementos que os pudessem GABARITO
distinguir, até por que tanto as condições socioculturais que
os formaram como a estrutura da Província de Pernambuco 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
permaneciam as mesmas. B A D B B E A A B A A

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CAPÍTULO 7:

AS INVASÕES HOLANDESAS

➢ A Holanda nos séculos XVI e XVII


Por volta da primeira metade do século XVII, a região produtora de açúcar de Pernambuco foi ocupada pelos holandeses.
A presença holandesa no Brasil, para melhor compreender essa ocupação, torna-se necessário levar em consideração os
acontecimentos internacionais e os interesses econômicos holandeses em relação ao tráfico de negros e a empresa açucareira.
Bem antes da ocupação, os holandeses já vinham investindo no comércio de açúcar brasileiro, sendo responsáveis pela
distribuição do produto no mercado europeu. Assim, havia bons vínculos estabelecidos entre os empreendedores holandeses
e os portugueses. A principal cidade mercantil da província da Holanda era Amsterdã que fornecia aos países ibéricos madeiras,
pescados e trigo da região do Mar Báltico e do Mar do Norte. Em contrapartida, os portugueses enviavam sal, especiarias,
vinho e açúcar de Lisboa.

A Holanda integrava, como outras províncias dos Países Baixos, os denominados Netherlands (Terras do Norte). Na época,
juntamente com a atual Bélgica, essas regiões pertenciam aos domínios espanhóis governados por Filipe II, da dinastia
Habsburgos. A burguesia comercial holandesa era bastante próspera e ocupava uma posição privilegiada nos negócios
desenvolvidos na Europa. Esse grupo mercantil era adepto as ideias calvinistas que estimulavam a ética do trabalho e à
aquisição de lucros.

As tensões entre espanhóis e holandeses são iniciadas quando o rei Filipe II decide aumentar ainda mais os tributos aos
burgueses da região. Contrária a essa atitude, houve uma revolta generalizada contra o monarca. Na época, a economia
espanhola vivia uma fase esplendorosa e intensificava a cobrança de impostos como meio de garantir o sustento dos
dispêndios da corte de suas forças militares. Somado a isso, havia também a rivalidade que envolvia católicos espanhóis e os
protestantes calvinistas.

Em 1556 foi criado um movimento de combate à dominação ao Império espanhol. Esse grupo de resistência foi duramente
reprimido pelo exército de Filipe II. Porém, mesmo com essa repressão, os rebeldes permaneceram lutando em favor da
formação de um país livre, chegando até a formar, em 1579, uma organização de combate aos espanhóis, chamada de União
de Utrech. A independência é alcançada em 1581, quando há formação das Províncias Unidas. A Bélgica e Luxemburgo
permaneceram sob a tutela da Espanha. Desse modo, após sua emancipação, a Holanda adquire uma posição ainda mais
privilegiada no comércio europeu. O governo holandês era exercido por uma associação de poderosos comerciantes.

No princípio do século XVII, os Países Baixos se tornaram uma grande potência econômica, possuidora de uma excelente
esquadra mercantil, responsável pela comercialização de produtos coloniais na Europa. Além disso, os holandeses ocuparam
importantes centros comerciais na África e na Índia. Entre 1609 e 1621, houve um período de trégua (Trégua dos Doze
Anos) entre holandeses e espanhóis, o que facilitou, no âmbito geral, o desenvolvimento comercial dos flamengos. Todavia,
no comércio açucareiro, os holandeses encontraram algumas barreiras.

➢ A União das coroas Espanhola e portuguesa

Com a morte de D. Sebastião, rei de Portugal, em 1578, o trono lusitano é repassado para o seu tio-avô, o cardeal D.
Henrique, que falece dois anos depois sem deixar sucessor. Assim, foi iniciada uma crise dinástica que propiciou à
conjunção, em 1580, dos tronos português e espanhol. Alegando ser neto de D. Manuel I de Portugal, Filipe II da Espanha
foi proclamado o novo monarca da coroa portuguesa, formando-se, desse modo, a União Ibérica, que perdurou até 1640.
Com a unificação das coroas ibéricas, consequentemente, todas as posses do império português, inclusive o Brasil, foi
transferido ao domínio espanhol.

O governo espanhol tinha grande intenção em dar continuidade à exploração no Brasil. Nessa perspectiva, visando não
provocar problemas, ao assinar o Juramento de Tomar, acordo diplomático que tornou oficial a união das duas Coroas,
ficou acertado que a administração colonial e o controle sobre as atividades mercantis deveriam permanecer sob a gerência
dos portugueses. A principal intenção da Espanha consistia em arrecadar tributos.

Para garantir um bom fluxo de impostos, ampliou-se a autoridade do provedor-mor para coibir as fraudes nas esferas
administrativas da colônia. Outra medida tomada na administração filipina foi a criação de dois estados na colônia: Estado
do Maranhão e o Estado do Brasil. O primeiro abrangia as regiões do Grão-Pará, Maranhão e Ceará. Já o segundo era
formada pelo restante do território da colônia portuguesa. Essa divisão administrativa foi estabelecida com o objetivo de
manter um maior controle sobre a região norte e preservar a costa brasileira dos ingleses, franceses e holandeses.

➢ A Presença Holandesa no Brasil

A unificação das coroas ibéricas gerou importantes consequências para o Brasil. A União Ibérica tornou praticamente sem
validade o Tratado de Tordesilhas, o que impulsionou a interiorização colonial, conduzindo os portugueses às regiões sul e
amazônica. Outro desdobramento consistiu na Invasão Holandesa ao Brasil.

O motivo principal que estimulou a ocupação foi o rompimento dos laços comerciais entre portugueses e holandeses
provocado pela União Ibérica, uma vez que a Holanda era inimiga da Espanha.

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A partir de então, os investidores flamengos foram afastados dos lucrativos negócios açucareiros que mantinham com os
lusitanos. Eles foram os primeiros a se envolverem nas agromanufaturas açucareiras, sendo responsáveis pelo financiamento,
transporte, refino e comercialização do produto na Europa. Por essa razão, a burguesia mercantil holandesa decidiu recuperar
esse rentável comércio, ocupando boa parte do Nordeste brasileiro, principal região produtora de açúcar no período colonial.

Durante o período em que dominaram o Nordeste açucareiro, os


holandeses tiveram o controle do tráfico negreiro na região.
Detalhe do quadro Mercado de escravos de Recife, de Zacharias
Wagner, século XVII.

Os embargos estabelecidos em função da União Ibérica também motivaram os holandeses a criarem a Companhia de
Comércio das Índias Orientais (1609), que atuava em áreas asiáticas, e a Companhia de Comércio das Índias
Ocidentais (1621). Esta última tinha como objetivo atuar na América e regiões do Atlântico, devendo preservar os interesses
mercantis dos holandeses. As companhias constituíam em sociedades, onde seus acionistas visavam através de expedições
militares, garantir elevados lucros em seus empreendimentos comerciais.

Nesse sentido, os holandeses invadiram o Nordeste na primeira metade do século XVII. Em 1624, a Bahia e, em 1630,
Pernambuco. A primeira investida fracassou, pois os flamengos foram expulsos, em 1625. Já a segunda tentativa teve êxito,
uma vez que houve a posse de enormes extensões territoriais produtoras de açúcar.

➢ Invasão à Bahia

Em 1624, a Companhia das Índias Ocidentais, detentora do monopólio comercial das terras americanas e africanas,
organizou e financiou uma campanha que invadiu a Bahia. De acordo com o historiador Gonsalves de Mello, essa expedição
foi cuidadosamente planejada, chegando os holandeses a obterem informações sobre a situação do Brasil, com a ajuda de
judeus simpatizantes dos flamengos. Por outro lado, os espanhóis tomaram conhecimento, intermédio de seus espiões, dos
planos para a ocupação, porém não manifestaram muita preocupação com tal possibilidade. A escolha pela invasão a Salvador
se deu pela sua posição geográfica e estratégica, o que futuramente facilitaria outras campanhas coordenadas pela
Companhia, além disso, a Bahia possuía também um grande centro produtor açucareiro.

No dia 09 de maio, os holandeses aportaram em Salvador, surpreendendo seus habitantes com uma poderosa frota
composta de 26 navios, centenas de canhões e mais de três mil homens sob o comando de Jacob Willekens e Piet Heyn. Após
um dia de luta, Salvador foi fulminantemente dominada. A maioria da população fugiu para locais próximos à capital. Assim,
inicialmente, os portugueses apresentaram pouca resistência, principalmente quando o governador, Diogo de Mendonça, foi
preso e enviado para a Holanda. Nessa ocasião, o governador de Pernambuco, Matias de Albuquerque, foi indicado pela
Câmara dos Homens bons para administrar a Bahia. A resistência foi organizada pelo bispo de Salvador, D. Marcos Teixeira,
que contou com a participação de grupos de guerrilheiros.

A contraofensiva teve sucesso. Grupos de resistências, com a aproximadamente 25 a 30 homens, se organizaram e


atacaram de surpresas (táticas de guerrilhas) as tropas holandesas que sofreram perdas significativas.

Nesse instante, a Companhia das Índias Ocidentais envia mais duas tropas armadas reforçadas com mais de 1500 canhões,
9346 homens e 62 navios de grande porte. Entretanto, uma esquadra luso-espanhola formada por 52 navios e 12 mil homens,
comandados por Fradique de Toledo Osório, chega ao Brasil em março de 1625. Em maio do mesmo ano, após sangrentos
combates, os holandeses se renderam.

➢ A invasão a Pernambuco

Mesmo frustrados com a inesperada derrota, os holandeses retornaram ao litoral baiano, em 1627, dedicando-se aos
lucrativos atos de pirataria contra os navios espanhóis e portugueses. A intenção era fortalecer o caixa da Companhia das
Índias Ocidentais. As ações empreendidas pelos holandeses no atlântico estavam provocando vários prejuízos ao governo da
Espanha, que publicou um alvará régio que coibia o comércio com os flamengos. Todavia, permaneceu o clima tenso, uma
vez que havia grandes expectativas para a realização de novas incursões holandesas.

A região escolhida dessa vez para ocupação foi Pernambuco, capitania mais próspera e mais povoada da colônia, com 140
engenhos na ativa e produzindo aproximadamente mais de 10 mil toneladas de açúcar. Nesse contexto, Pernambuco se
configurava como principal núcleo de produção agroaçucareira colonial.

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Em 6 de fevereiro de 1630, uma poderosa esquadra, sob os comandos de Hendrick Loncq e Diedrich van Waedenburgh,
composta por 67 navios, 7 mil homens e mais de mil canhões, desembarcaram na Praia de Pau Amarelo, litoral pernambucano.

O governador Matias de Albuquerque, responsável pela defesa, retirou-se para o Arraial do Bom Jesus, de onde foram
organizados constantes ofensivas e emboscadas contra os invasores. Assim, os colonos portugueses utilizaram novamente a
tática de guerrilhas como meio de paralisar a expansão holandesa, que pretendia atingir o interior para garantir o domínio
das unidades produtoras de açúcar, além do controle sobre os suprimentos alimentares.

A resistência comandada por Matias de Albuquerque dificultou por cinco anos o avanço dos inimigos. Entretanto, não foi
suficiente para conter a conquista holandesa. Os holandeses contaram com a ajuda dos cristão-novos (judeus convertidos),
de alguns mestiços, indígenas e até mesmo senhores de engenho, cansados da exploração lusitana. As contribuições desses
aliados foram fundamentais para a permanência dos holandeses no Brasil.

Assim, entre 1632 e 1635, com novos e significativos reforços vindos da Europa e com apoio dos colonos, os holandeses
conquistaram pontos estratégicos como as capitanias de Itamaracá, Paraíba, Rio Grande do Norte e, finalmente, o Arraial de
Bom Jesus – principal núcleo de resistência dos colonos portugueses – que consolida a dominação de Pernambuco.

Dentre os importantes aliados dos holandeses, destacou-se o mulato Domingos Fernandes Calabar. Contrabandista nascido
em Porto Calvo (Alagoas) foi um dos que prestou serviços preciosos aos invasores. Conhecedor das regiões onde ocorriam a
guerra basílica (ataques guerrilheiros), Calabar se transformou num eficaz colaborador das tropas holandesas. Inicialmente,
lutou em favor das tropas que visavam impedir a conquista de Pernambuco, ou seja, ao lado dos portugueses. Porém, por ter
auxiliado os holandeses, foi acusado de ‘traidor’, sendo preso, executado e esquartejado pelos luso-brasileiros. Essa acusação
não tinha nenhum fundamento, uma vez que os portugueses e espanhóis também eram invasores.

A conquista holandesa e a manutenção das tropas holandesas geraram grandiosos gastos para a Companhia das Índias
Ocidentais que esperava recuperar esses dispêndios rapidamente. Apesar de provocar sérios prejuízos à Espanha, a
Companhia atingiu um considerável déficit em 1636. Por outro lado, a Espanha estava envolvida num conflito contra a França,
chamada de Guerra de Trinta Anos (1618-1648), não tendo condições, nesse momento, de enfrentar os holandeses. Assim,
a falta de ajuda metropolitana tornou cada vez mais difícil a resistência. Com o passar dos tempos, a convivência turbulenta
e hostil entre os colonos e os invasores se modificaram e caminhou em direção a um entendimento. Os senhores de engenhos
desejavam retomar a produção de açúcar e evitar mais perdas provocadas, principalmente, pelos permanentes incêndios nos
canaviais e pela fuga de escravos. Da mesma forma, a Companhia das Índias buscava outros meios para evitarem ou livrar-
se dos constantes prejuízos.

➢ A administração de Nassau (1637-1644)

O conde João Maurício de Nassau-Siegen foi escolhido pela Companhia das Índias Ocidentais para administrar as
terras conquistadas no Brasil. Com uma sólida formação humanista e com muito prestígio na Holanda, devido suas realizações
militares, Nassau chegou ao Recife no início de 1637. Ele assumiu o comando das posses holandesas com intensos poderes,
ocupando o cargo de governador-geral e sendo auxiliado por três integrantes da Companhia das Índias Ocidentais.

Os primeiros anos da administração nassoviana foram dedicados a reorganização da produção açucareira. Para atingir
esse propósito, procurou estabelecer boas relações com os grandes proprietários rurais, fornecendo-os escravos e créditos
para reativarem a produção açucareira. Alguns engenhos abandonados foram vendidos, o que gerou bons lucros para a
Companhia. Já outros, graças aos empréstimos, foram reconstruídos. Essas atitudes contribuíram para que muitos senhores
de engenho estabelecessem boas vinculações com os flamengos. Diante disso, em pouco tempo, houve o restabelecimento
do fornecimento da produção do açúcar e a Holanda voltou a distribuir o produto no mercado europeu.

Durante o seu governo, Nassau obteve um excelente desempenho militar, ocupando Alagoas e tomando o forte que
protegia o litoral cearense. Entretanto, seu ataque a Salvador, em 1638, fracassou. Como administrador, Nassau se tornou
uma figura memorável. As melhorias econômicas trazidas por ele geraram boas receitas para a Companhia.

Mameluca, Eckout. Entre os primeiros artistas holandeses que desembarcaram no


Brasil durante o governo nassoviano temos Albert Eckout (1610-1666). A tela de
Eckout mostra a Mameluca, fruto da misciginação do período colonial, descalça, com
um cesto de flores. Esse pintor retrata um tipo humano, colocando a natureza como
discreta moldura. Assim, o elemento humano ganha destaque nas obras de Eckout.
O foco é a ação do ser humano sobre a natureza do mundo colonial.

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Pretendendo entender o Brasil, Nassau trouxe da Europa diversos estudiosos, cientistas e pintores para retratar e analisar
as belezas encantadoras da fauna e da flora da terra. Esses estudiosos estavam imbuídos do espírito renascentista. Os
flamengos foram os primeiros a desenvolver esse tipo de estudos sobre as belezas naturais brasileiras.

Os principais intelectuais que aportaram no Brasil Holandês foram o naturalista alemão Macgraf, os pintores Franz Post
e Albert Eckout e o médico Willem Piso. Os cientistas pesquisaram sobre as doenças tropicais e suas prováveis curas. No
Recife, foi construído o primeiro observatório astronômico do continente americano.

➢ A insurreição pernambucana

A saída de Nassau do governo simbolizou o fim do período de expansão holandesa na colônia portuguesa. Os
representantes da Companhia não possuíam as mesmas habilidades administrativas e políticas do conde Nassau. Por isso,
elevaram substancialmente as taxas de juros dos empréstimos e exigiram seus pagamentos dentro do prazo estabelecido.
Essas ações provocaram a saturação das relações entre luso-brasileiros e os holandeses. Nesse cenário, aconteceu a
Insurreição Pernambucana. Os boatos do possível movimento se propagavam com muita intensidade, e existiam muitas
pessoas interessadas em torná-lo verdade, principalmente, os senhores de engenhos endividados. Para os proprietários rurais
derrotar os holandeses significava livrar-se das onerosas dívidas que os afligiam.

Nesse cenário de tensão, no dia 13 de junho de 1645, teve início a insurreição. Lideradas por André Vidal de Negreiros,
Fernandes Vieira, Henrique Dias e Felipe Camarão, as forças de combate às tropas holandesas travaram diversas batalhas.
Em agosto os colonos luso-brasileiros conseguiram importante vitória sobre os flamengos no monte das Tabocas (atual
Vitória de Santo Antão). Os rebeldes foram auxiliados pelo governador da Bahia Antônio Teles da Silva, que enviou tropas
para ajudá-los. Por outro lado, os holandeses receberam mais reforços e estavam bem guarnecidos pelo mar.

➢ As mulheres de Tejucupapo

Nessa fase de expulsão dos holandeses, em 1646, ocorreu um fato inusitado na região de Tejucupapo (atual Goiana).
Após algumas derrotas e praticamente cercados, os holandeses tentaram ocupar essa localidade com o objetivo de conseguir
víveres. Tejucupapo se destacava na produção de mandioca, que desde o governo nassoviano se tornara escassa na capitania.
A falta de alimentos assolava os habitantes do Recife, onde os batavos estavam confinados.

De acordo com os historiadores, os holandeses planejaram o ataque num domingo, pois nesse dia os homens do vilarejo,
segundo os costumes, iam ao Recife para negociar os caranguejos e outros moluscos. Dessa forma, com o distrito
‘desprotegido’, o ataque seria mais fácil, assim, acreditava os invasores. Porém, quando o exército holandês se aproximava,
quatro mulheres (Maria Camarão, Maria Quitéria, Maria Clara e Joaquina), ao saber do ataque, se organizaram e
planejaram uma reação.

MEMÓRIA. Na foto, várias mulheres encenam a emblemática


batalha de Tejucupapo, Goiana/Pernambuco.

➢ A derrota holandesa

No final de 1648, ocorreram duas batalhas decisivas no monte dos Guararapes, onde os holandeses sofreram grandes
derrotas. Apesar dessas perdas, Recife permanecia nas mãos da Companhia das Índias Ocidentais. A situação holandesa
estava muito difícil. No final de 1653, uma armada portuguesa cercou o Recife via marítima, enquanto que as forças locais
atacaram por terra. Cercado por todos os lados e praticamente sem alternativas, no dia 26 de janeiro de 1654, os holandeses
se renderam na Campina da Taborda. No dia posterior, João Fernandes Vieira e as tropas vitoriosas tomaram o Recife. Vieira
recebeu diversas homenagens e recompensas, sendo nomeado conselheiro de guerra, capitão-geral e governador de Angola.
Além disso, recebeu o título de Restaurador da Igreja na América. Na concepção da Igreja, a insurreição representou uma
luta travada entre católicos e protestantes.

Segundo o historiador Evaldo Cabral de Mello, em seu livro O Negócio do Brasil: Portugal, os Países Baixos e o Nordeste
(1641-1649), a derrota holandesa deve ser entendida por um outro olhar. De acordo com ele, a expulsão dos flamengos não
foi resultado, especificamente, da insurreição, mas fruto de um acordo firmado com Portugal, conhecido como Paz de Haia,
que pagou 4 milhões de florins aos holandeses, os quais passaram a reconhecer a perda do nordeste brasileiro.

Em relação à Holanda, além dos problemas enfrentados no Brasil, também vivia um impasse contra a Inglaterra, que havia
declarado guerra aos holandeses. Esse conflito foi provocado pela disputa da hegemonia nos mares. Devido a esses sucessivos
enfraquecimentos a Companhia das Índias Ocidentais entra em falência em 1764.

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C) suprimiu a liberdade política de Portugal, sem, contudo,
interferir no poder administrativo sobre as colônias mais
ricas.
D) não alterou as formas de administração do Brasil não
repercutindo, portanto, nas relações de Portugal com as
demais nações.
E) contribuiu para a modernização da colônia, aumentando
QUESTÃO 1 / (MACKENZIE) significativamente a sua produção econômica.
“(...) o número de refinarias, na Holanda, passara de 3 ou 4
(1595) para 29 (1622), das quais 25 encontravam-se em QUESTÃO 4 / (PUC-RS)
Amsterdã, que se transformara no grande centro de refino e Em 1640, com o fim da União Ibérica, Portugal se defronta com
distribuição do açúcar na Europa”. vários problemas e desafios para administrar o Brasil Colonial
Elza Nadai e Joana Neves e desenvolver a sua economia.
Entre esses problemas, não pode ser citado:
A respeito do aumento de interesse, por parte dos holandeses, A) a expulsão dos holandeses da região açucareira do
não apenas na refinação do açúcar brasileiro, mas também no Nordeste.
transporte e distribuição desse produto nos mercados B) a destruição do Quilombo de Palmares, que desafiava a
europeus, acentuadamente no século XVII, é correto afirmar ordem escravista.
que: C) a escassez de metais preciosos e a queda dos preços do
A) com a União Ibérica (1580-1640), os holandeses desejavam açúcar.
conquistar militarmente o litoral nordestino para obter D) a expulsão dos jesuítas que dificultavam a escravização dos
postos estratégicos na luta contra a Espanha. indígenas no estado do Grão-Pará.
B) a ocupação de Salvador, em 1624, por tropas flamengas, E) a reorganização administrativa da colônia e de sua defesa.
foi um sucesso, do ponto de vista militar, para diminuir o
poderio de Filipe II, rei da Espanha. QUESTÃO 5 / (IPAD)
C) a criação da Companhia das Índias Ocidentais foi respon- A presença holandesa atingiu Pernambuco no século XVII,
sável pela conquista do litoral ocidental da África, do trazendo modificações na sua cultura e na vida social. Na época
nordeste brasileiro e das Antilhas, visando obter mão de da administração de Maurício da Nassau:
obra para as lavouras antilhanas. A) Olinda e Recife se modernizaram, com a constante constru-
D) o domínio holandês, no nordeste brasileiro, buscava ção de obras urbanas e ampliação da população estran-
garantir o abastecimento de açúcar, controlando a principal geira.
região produtora, pois foi graças ao capital flamengo, que B) muitos engenhos de açúcar recuperaram sua produção,
a empresa açucareira pode ser instalada na colônia. apesar de permanecerem algumas dificuldades.
E) a Companhia das Índias Ocidentais, em 1634, na luta pela C) o Recife foi remodelado e sua população cresceu com
conquista do litoral nordestino, propõe a proteção das rapidez, mesmo com a proibição da entrada de judeus.
propriedades brasileiras submetidas à custódia holandesa, D) a economia se fortaleceu embora tivesse sido proibida a
porém, em troca, os brasileiros não poderiam manter sua importação de escravos.
liberdade religiosa. E) as reformas urbanas favoreceram apenas os lugares
habitados pelos holandeses.
QUESTÃO 2 / (UFPE)
A presença holandesa no Brasil colonial é tema que se destaca QUESTÃO 6 / (UFPE)
nos estudos historiográficos. Sobre o governo de Nassau A União Ibérica durou 60 anos e teve influência na colonização
(1637-44) e sua época, sempre surgem comentários e debates; portuguesa do Brasil. Durante o período da união entre
porém, podemos afirmar que: Portugal e Espanha, o Brasil:
A) a recuperação da autonomia política de Portugal, nesse A) atingiu o auge da sua produção açucareira com ajuda de
período, deu mais condições para este país desenvolver capitais espanhóis.
relações com os holandeses no Brasil. B) foi invadido pela Holanda, interessada na produção do
B) Nassau não teve qualquer conflito com os nativos; apenas açúcar.
se desentendeu com o comando europeu da Companhia C) conviveu com muitas rebeliões dos colonos contra o
das Índias. domínio espanhol.
C) a atuação de Nassau em nada modificou as relações dos D) registrou conflitos entre suas capitanias, insatisfeitas com a
holandeses com os senhores de engenho, fracassando, instabilidade econômica.
porém, na expansão militar e na exportação de açúcar. E) conseguiu ficar mais livre da pressão dos colonizadores
D) sua administração se restringiu a fazer benefícios à parte europeus.
central do Recife, onde habitava com a sua família e onde
construiu as obras mais importantes. QUESTÃO 7 / (UFPE) A colonização portuguesa teve um
E) não houve na sua administração nenhuma preocupação momento importante, politicamente, quando ocorreu a União
com as conquistas militares; seus interesses se voltavam Ibérica, tornando-se Portugal ligado à Espanha. Nesse período,
sobretudo para a arte renascentista. houve as invasões holandesas nas terras brasileiras.
Essas invasões:
QUESTÃO 3 / (UFAL) A) tiveram um grande êxito militar, pois os holandeses só
A União Ibérica estabeleceu-se entre Portugal e Espanha, no foram expulsos no final do século XVII.
final do século XVI, com repercussões para a administração B) enfraqueceram o império espanhol, que perdeu suas terras
portuguesa no Brasil colonial. Essa União: para Portugal e para a França.
A) transformou a sociedade brasileira da época, devido à C) mostraram a existência de rivalidades políticas entre
presença constante de navegantes espanhóis trazendo Espanha e Holanda, e interesses pela produção do açúcar.
migrantes pobres para aqui tentarem a sorte. D) contribuíram para o desmantelamento do império espanhol,
B) deu mais flexibilidade às normas consagradas pelo Tratado já em crise devido às suas guerras com a Inglaterra.
de Tordesilhas e criou mais condições para a expansão E) definiram a ascensão política da Holanda como a nação
territorial do Brasil. mais rica e poderosa da Europa moderna.

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QUESTÃO 8 / (UPE)
Em Pernambuco, a presença dos holandeses, apesar de ter
fornecido várias contribuições, sobretudo na administração de
Nassau, provocou também divergências e conflitos. Com a
saída dos holandeses,
A) os engenhos recuperam sua capacidade de produção e
autonomia nos lucros.
B) a concorrência do açúcar antilhano diminui, ajudando a
economia portuguesa.
C) o algodão passou, de imediato, a ser o produto mais
importante da colônia.
D) a escravidão negra diminui, acentuadamente, com a ruína
dos engenhos.
E) a crise nos preços do açúcar atinge a economia colonial no
Brasil.

QUESTÃO 9 / (UPE)
O período da dominação holandesa, no Brasil, trouxe benefícios
evidentes, sobretudo, para a capitania de Pernambuco. O
governo de Nassau representou um marco político nas relações
entre os nativos e os holandeses, além de haver ajudado os
senhores de engenho a superarem definitivamente a crise de
produção do açúcar.
Sobre o que foi dito acima, pode-se afirmar que:
A) os holandeses mostraram-se excelentes colonizadores,
merecendo historicamente elogios, pois modernizaram a
produção do açúcar e tinham planos de se fixarem no Brasil.
B) há um exagero nas considerações feitas, pois os senhores
de engenho não se aproximaram politicamente de Nassau.
C) é correto destacar a atuação dos holandeses diante do
amplo fracasso que representou o governo colonizador
português e da capacidade administrativa de Nassau.
D) Portugal e Holanda eram colonizadores com interesses
claros de explorar, de acordo com suas possibilidades, as
riquezas aqui existentes.
E) a análise histórica atual não considera a importância de
Nassau e desmistifica sua atuação como administrador,
sendo o texto acima impreciso e exagerado.

QUESTÃO 10 / (IPAD)
A historiografia tende a valorizar as ações e a memória oficial,
sobretudo no que diz respeito a eventos de grande porte, como
as guerras ou as revoluções. Em alguns casos, entretanto, a
memória popular lembra-se de cenas e acontecimentos
diferentes. A este respeito, em Tejucupapo, a memória local
preservou a história:
A) dos padres doceiros que preparavam barras de rapadura.
B) dos índios bravios que ajudaram os portugueses contra os
franceses.
C) das mulheres que expulsaram os holandeses com paus,
pedras, panelas, água e pimenta.
D) dos gêmeos taumaturgos que realizam milagres na praça
pública.
E) dos cavaleiros e das cavalhadas medievais, revividas
durante o carnaval.

GABARITO

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
D A B D B B C E D C

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CAPÍTULO 8:

A GUERRA DOS “BÁRBAROS”

➢ As tensões entre colonizadores e colonizados

A maioria dos conquistadores conceituava os nativos como primitivos, irracionais, sem almas, brutos, selvagens, obscenos.
Segundo os europeus, as nações indígenas viviam num estágio atrasado e numa sociedade sem regras e sem religião. Essa
postura etnocêntrica serviu como discurso para dominar, ou seja, tais concepções foram alicerces para justificar a exploração
e o violento processo de colonização instituído nas terras americanas.

As descobertas europeias não podem de maneira alguma ser concebidas como ponto de partida da história americana.
Isso porque, há aproximadamente 50 mil anos a.C., iniciaram as primeiras migrações dos povos asiáticos para a América.
Distribuindo-se por todas as terras americanas, formaram ao longo dos tempos sociedades complexas, as quais anos depois
seriam achadas pelos invasores europeus.

Essas variedades culturais influenciaram as relações estabelecidas entre os conquistadores e os conquistados. Por exemplo,
os tupis que habitavam o Brasil tinham hábitos e procedimentos culturais da fase do Paleolítico, ou seja, desconheciam a
escrita e sobreviviam da coleta, da caça e da pesca. Enquanto isso, os astecas, maias e incas praticavam a agricultura,
ergueram grandes monumentos arquitetônicos e possuíam uma sofisticada organização social.

Entretanto, uma cultura não deve ser analisada pela quantidade de obras elaboradas. Cada civilização tem seus hábitos e
costumes próprios de viver, sua forma original de procurar o equilíbrio nas relações culturais estabelecidas entre os homens
e a natureza. Os preconceitos são estabelecidos quando se afirma que há culturas melhores que outras. A partir de então,
são criadas justificativas para a dominação e injustiças. Foi dessa maneira que os europeus pretenderam legalizar a conquista,
se auto elegendo superiores, possuidores de verdades e enviados de Deus.

• Violência e dominação cultural nas relações políticas entre colonizados e colonizadores

O processo de colonização da América foi marcado pela tensão e violência, o que resultou em perdas irreversíveis para os
habitantes americanos. Todavia, os invasores buscaram elaborar uma memória histórica favorável a eles, como meio de anular
ou neutralizar a história dos vencidos.

Os conquistadores ocuparam o território recém-invadido como se fossem os donos legítimos de todos e de tudo. A partir
de então, a história do continente americano será marcada por milhares de mortes e um intenso processo de exploração. Os
fatores principais que impulsionaram essa brutalidade foram o sonho do Eldorado, a pretensão do rápido enriquecimento
com ouro e a prata existentes em grande quantidade no continente e, por fim, o incentivo às inimizades entre os povos
americanos.

Em relação aos nativos, os europeus possuíam várias vantagens. Seus desejos eram explícitos e necessitavam de uma
ação cruel: exterminar para conquistar. Os invasores conheciam melhor as técnicas e estratégias militares, detinham
armas de fogo e também se valiam das constantes rivalidades entre as diversas etnias.

A injustiça e intolerância foram as principais marcas usadas pelos conquistadores. Eles atuaram como os verdadeiros
donos do mundo, se comportando como os grandes protetores da civilização em combate aos perigos da selvageria

Os europeus misturaram interesses econômicos com o projeto civilizatório e ainda contavam com a proteção religiosa.
Proclamavam-se os escolhidos de Deus, protetores da verdadeira e genuína religião. Nessa perspectiva, passaram a impor a
fé cristã aos habitantes do “Novo Mundo”, obrigando-os, dessa maneira, a abandonar suas crenças religiosas.

• Espada, cruz e fome: Mecanismos da conquista espanhola

Em benefício a “humanidade civilizada”, com o auxílio e apoio da Igreja Católica, os portugueses exterminaram diversos
povos e culturas. A catequização foi uma maneira suave de legitimar a dominação, de divulgar a superioridade dos cristãos
sobre as nações indígenas conquistadas. Nesse sentido, os africanos escravizados e os nativos sofreram cruelmente. Na
concepção dos colonizadores, eles sequer eram vistos como seres humanos. Eram concebidos como ‘uma coisa’,’ um objeto’,
‘algo sem alma’.

De acordo com as pesquisas realizadas por professores da Universidade de Berkeley, nos Estados, a população indígena
americana na época da chegada dos europeus era de, aproximadamente, 80 milhões. Buscando compreender como puderam
algumas centenas de europeus dominarem e vencer populações tão grandes, sociólogos, historiadores, antropólogos e poetas
elaboraram diversas respostas.

O escritor chileno Pablo Neruda (1904-1973), ao analisar os mecanismos de conquistas usadas pelos espanhóis afirmou:
“A espada, a cruz e a fome dizimaram a família selvagem”. Ao utilizar a palavra espada, o poeta fazia referência à
superioridade das armas dos conquistadores (canhões, arcabuzes, lanças, pistolas, espadas, armaduras e escudos centrais),
às quais os nativos podiam combatê-las com seus arcos, flechas, lanças de madeira e tacapes. Além disso, os cavalos usados
pelos espanhóis deixaram os índios assustados, pois os nativos desconheciam esses animais. Os cavalos garantiram aos
invasores uma enorme agilidade nos campos de batalha. Ao referir-se à cruz, Neruda faz alusão à função desempenhada
pela Igreja Católica, vista como o “suporte espiritual” do projeto da conquista e, posteriormente, da colonização.

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➢ A resistência indígena no Brasil

Os povos indígenas da América Portuguesa tiveram seu universo cultural, material e espiritual destruído pelos
colonizadores. Existiam no Brasil, no início do século XVI, uma população de aproximadamente de 5 a 6 milhões de índios,
agrupada em diversas nações e tribos.

A resistência indígena permanece até os dias de hoje. Atualmente, a principal luta dos cerca de 300 mil índios em favor
da preservação de suas terras e identidade cultural, constantemente ameaçadas pelos garimpeiros, madeireiros, posseiros e
empresas ligadas ao agronegócio.

Vários grupos indígenas resistiram à escravidão e lutaram pela posse de suas terras. Os principais movimentos de
resistência foram:
• Guerra ou Confederação dos Tamoios: primeiro movimento de resistência que agrupou vários nativos contra os
lusitanos. Organizados na metade do século XVI, essa guerra colocou em risco a dominação dos portugueses no Rio de
Janeiro e em São Vicente. Foi formada uma coligação que contou com a participação dos tupinambás, goitacazes e aimorés
que lutaram contra a escravização e pela posse de suas terras. O conflito se encerrou em 1563. Após as mediações dos
padres jesuítas Manoel de Nóbrega e José de Anchieta e do estabelecimento de um acordo de paz. Esse tratado não foi
cumprido pelos portugueses, que posteriormente, assassinaram mais de 2 mil índios, escravizando mais de 4 mil.
• Guerra Guaranítica: conflito ocorrido no extremo-sul, em meados do século XVIII, impulsionado pela recusa dos
ameríndios em abandonar o território dos Sete Povos das Missões.
• Guerra dos Bárbaros, Guerra do Açu ou Guerra do Recôncavo: o terrível genocídio que a história oficial não pode
esquecer
A Guerra dos Bárbaros consistiu numa série de conflitos ou rebeliões que envolveram os colonizadores portugueses
e os grupos indígenas tapuias. Estes confrontos ocorreram em diversas capitanias do nordeste do Brasil a partir da
segunda metade do século XVII (1683).
Após a expulsão dos holandeses (1654), os lusitanos retomaram o controle do território brasileiro e iniciaram um processo
de interiorização no Nordeste. Neste contexto, houve a expansão das atividades relacionadas à pecuária e uma
consequente ampliação das perseguições indígenas. Segundo os historiadores, os índios se tornaram empecilho para as
pretensões dos colonizadores. As autoridades reais usaram medidas violentas contra os indígenas. Os grupos locais,
todavia, resistiram intensamente à dominação dos colonizadores.
Os portugueses desejavam ocupar grandes extensões territoriais dos indígenas e passaram a utilizar a tática do extermínio
dos grupos locais. Neste cenário, os índios eram encurralados para irem cada vez mais para o interior. Visando justificar
os ataques violentos, os colonos provocavam os grupos locais para que atacassem, criando, assim, a guerra justa que
resultava na escravização dos índios.
Com o propósito de fortalecer o quadro militar, a Coroa Portuguesa contratou os serviços dos bandeirantes de São Vicente
e São Paulo tais como Domingos Jorge Velho. Em contrapartida, os tapuias (janduís, paiacus, caripus, icós, caratiús e
cariris) se organizaram através de uma aliança e enfrentaram os portugueses. Este elo entre as tribos tapuias recebeu o
nome de Guerra dos Bárbaros, Confederação dos Cariris ou Confederação dos Bárbaros.
As disputas foram realizadas em três etapas: a primeira teve início na região do Assú (Rio Grande do Norte); a
segunda se desenvolveu na Paraíba; e a terceira teve como cenário principal a região do Ceará.
Os indígenas utilizaram armas de origem europeia, incendiaram fazendas, mataram vaqueiros e gados. A resistência
indígena surpreendeu a Coroa Portuguesa e até mesmo os bandeirantes, que foram eficientes na repressão a quilombo
de Palmares, não conseguiram sufocar a revolta. Ao contrário, o conflito se propagou por diversos locais. Os combates
entre confederados e colonos ocorreram entre 1683 e 1713.

A designação “bárbaros” era dada pelos


colonizadores e cronistas da época aos povos
nativos que habitavam à região e ofereciam
resistência à ocupação do território pelos portu-
gueses. Essa terminologia etnocêntrica convinha
ao discurso colonizador que propagava a cate-
quese e a “civilização” dos povos indígenas nos
moldes culturais do europeu ocidental. Eram
descritos como povos selvagens, bestiais, infiéis,
traiçoeiros, audaciosos, intrépidos, canibais,
poligâmicos, enfim, “índios-problema”, pois não
se deixavam evangelizar e civilizar. Eram, por-
tanto, considerados os principais obstáculos à
efetiva colonização. A resistência indígena foi a
A Guerra dos Bárbaros foi marcada por sangrentas lutas que maior barreira à expansão da pecuária, pois ela
dizimaram e desestabilizou diversas tribos indígenas. Este só se desenvolveu, ampliando o seu mercado,
evento possui um rico significado histórico no contexto da após o final do conflito, quando as terras estavam
expansão das fronteiras dos sertões do Nordeste no período “limpas” dos indígenas.
PIRES, Maria Idalina.
colonial. Sem dúvida, este evento tornou-se um dos mais Dicionário de Datas da História do Brasil.
terríveis genocídios que as narrativas oficiais da História do
Brasil não conseguiram omitir.

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A autora do texto faz referência a que trágico episódio da
história do Brasil?
A) Guerra Justa.
B) Guerra dos Bandeirantes.
C) Guerra dos Bárbaros.
D) Guerra dos Colonos.
E) Guerra de Reconquista.
QUESTÃO 1 / (IAUPE PMPE 2016)
Segundo o historiador Pedro Puntoni, no livro „A Guerra dos QUESTÃO 3 / (EP QUESTÕES)
Bárbaros’, “Sem dúvida alguma, a compreensão dos povos Segundo Maria Idalina, “A partir do século XVII, a pecuária foi
ditos tapuias como uma unidade histórica e cultural, em oposi- paulatinamente sendo levada para o interior da região,
ção não só ao mundo cristão europeu mas aos povos tupis, espalhando-se pelo agreste e alcançando o sertão. A criação
habitantes do litoral, foi um dos elementos mais importantes de gado permitiu a ascensão econômica e social de alguns
na caracterização coeva da unicidade dos conflitos ocorridos no habitantes do local, e a Guerra dos Bárbaros tornou-se um
Nordeste, ao longo das décadas finais dos Seiscentos e início meio para alcançar esse fim, pois, por seu intermédio, conquis-
dos Setecentos, no contexto específico do processo de expan- tava-se o direito a sesmarias, condição essencial para a
são da pecuária e, portanto, da fronteira. De fato, a extensa montagem de uma fazenda de gado. A resistência indígena foi
documentação colonial refere-se ao conjunto de confrontos e a maior barreira à expansão da pecuária, pois ela só se
sublevações dos grupos tapuias do sertão nordestino como desenvolveu, ampliando o seu mercado, após o final do
uma „Guerra dos Bárbaros‟, unificando, dessa maneira, situa- conflito, quando as terras estavam “limpas” dos indígenas”.
ções e contextos peculiares. Por isso, tal como no episódio da A Guerra dos Bárbaros representou um emblemático episódio
chamada Confederação dos Tamoios, inventada pela intuição na História do Brasil, uma vez que
de Gonçalves de Magalhães, a Guerra dos Bárbaros foi A) Essas sangrentas lutas da chamada Guerra dos Bárbaros,
igualmente tomada pela historiografia como uma confederação que dizimaram e organizaram muitas tribos indígenas.
das tribos hostis ao império português, um genuíno movimento B) têm um rico significado histórico no quadro da ocupação
organizado de resistência ao colonizador. (...) Câmara dos sertões nordestinos na época colonial, representando
Cascudo, que conhecia bem a documentação colonial do Rio um dos mais terríveis genocídios que a História oficial
Grande, criticou em sua História aqueles que, „lembrando a dos conseguiu esconder.
tamoios‟, chamavam a Guerra dos Bárbaros, „romanticamen- C) O resultado foi a criação de dispositivos legais que
te‟, de confederação dos cariris „Não houve plano comum nem legitimavam uma guerra de extermínio.
unidade de chefia.” D) A designação “bárbaros” era dada pelos colonizadores e
(PUNTONI, Pedro. A Guerra dos Bárbaros - Povos Indígenas e a Colonização do cronistas da época aos povos nativos que habitavam à
Sertão Nordeste do Brasil, 1650-1720. São Paulo, Hucitec, 2002, p. 77;79).
região e não ofereciam resistência à ocupação do território
pelos portugueses.
A partir do texto acima, assinale a alternativa CORRETA.
E) Se por um lado a guerra envolveu diversos povos indígenas,
A) O autor defende que a existência de uma confederação dos
muitos deles inimigos tradicionais, por outro lado os
cariris, ou mesmo, de uma Guerra dos Bárbaros genera-
colonizadores não entraram em conflito entre si pelas terras
lizada são criações dos historiadores que mal interpretaram
e mão de obra escrava nativa.
a documentação colonial.
B) O autor associa a Guerra dos Bárbaros à Confederação dos
1. QUESTÃO 4 / (COVEST) No período colonial brasileiro, as
Tamoios, defendendo que ambas foram movimentos sociais
ações dos portugueses objetivando a ocupação do território e
indígenas contra a colonização.
a consequente perseguição aos povos indígenas, geraram
C) O autor defende a existência de um confronto entre as
várias formas de reação destes, uma delas, ocorrida no
forças da colonização e as populações indígenas sertanejas,
Nordeste, que ficou conhecida como:
organizadas em uma frente comum.
A) Guerrilha do Nordeste.
D) O texto defende que nunca existiu um levante indígena
B) Guerra do Ipiabapa.
sertanejo contra a colonização, tendo sido a Guerra dos
C) Luta dos Tapuias.
Bárbaros apenas uma invenção da historiografia.
D) Guerra dos Bárbaros.
E) Segundo o autor, por não haver unidade na resistência
E) Batalha dos Índios.
indígena contra a colonização, essa resistência não teria
existido. QUESTÃO 5 / (EsFCEx) A “guerra dos bárbaros” representou
uma ruptura na história da América Portuguesa, pois prefaciou
QUESTÃO 2 / (EP QUESTÕES) um ciclo de hostilidades que dizimou uma diversidade de povos
“Embora o resultado dessa guerra tenha sido catastrófica para indígenas que habitavam o sertão. Sobre isso, analise as
os povos nativos da região, é importante destacar a sua tenaz alternativas e assinale a resposta correta.
resistência, que retardou o processo de conquista da terra A) A “guerra dos bárbaros” patrocinada pela Coroa para forçar
pelos colonos nos sertões nordestinos por quase dois séculos. os descimentos indígenas só chegou ao fim após a
Os Tapuia desenvolveram uma forma de luta singular na histó- implementação do Diretório Pombalino em 1758.
ria da resistência indígena no Brasil. Apesar de um passado B) A “guerra dos bárbaros” atingiu as populações indígenas
caracterizado por conflitos internos entre as diversas tribos, não aldeadas. Não se verifica a extensão da guerra para os
esses povos conseguiram, através de uma série de alianças, aldeamentos comandados por Jesuítas.
alcançar um certo grau de coesão na sua luta contra o coloni- C) O único intuito dos paulistas ao se envolverem na guerra
zador que desejava remover os habitantes indígenas da região como bugreiros, era o de garantir que os índios preados no
para povoá-la de gado (foi o pastoreio que permitiu a ocupação conflito, tomassem seus escravos.
econômica, pelos colonizadores, em todo o interior do Nordes- D) Para os colonos, desejosos em obter terras, os índios
te).” representavam um entrave à expansão das fazendas de
PIRES, Maria Idalina. Dicionário de Datas da História do Brasil.
gado, por isso, deveriam ser exterminados.
E) Por parte dos indígenas confederados, os processos de
resistência e sobrevivência se deram de maneira violenta.
Não se observa na história da guerra dos bárbaros,
resistências pacíficas.

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QUESTÃO 6 / (CEBRASPE) A Guerra dos Bárbaros, também
cunhada como Guerra da Confederação dos Cariris, foi
A) o primeiro conflito pela autonomia política do Ceará e pela
separação de Pernambuco e ocorreu no século XVIII.
B) uma revolta regional do período regencial cujo conflito
ocorreu no Ceará.
C) a insurreição de bandeirantes paulistas contra o governo da
Capitania do Ceará que os havia contratado.
D) a revolta jesuítica ocorrida no Ceará, similar à ocorrida na
região das Missões no século XVIII.
E) grande foco de resistência indígena no Nordeste brasileiro
durante o período colonial e perdurou por quase cinquenta
anos.

GABARITO

1 2 3 4 5 6
A C C D D E

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CAPÍTULO 9:

A GUERRA DOS MASCATES

➢ As rivalidades entre Olinda e Recife: A Guerra dos Mascates

A presença dos holandeses no Nordeste brasileiro causou sérios transtornos para a economia açucareira. Nem mesmo
após a expulsão dos invasores, os problemas foram resolvidos, pois a aristocracia olindense sofreu grandes perdas. A cidade
foi muito danificada, precisando de uma reconstrução. No começo do século XVIII, os senhores de engenho de Olinda estavam
cheios de dívidas. Para se ter uma dimensão da crise açucareira na região, enquanto a Bahia com seus 146 engenhos produzia
14.500 caixas de açúcar, Pernambuco fabricava 12.300, com as suas 245 unidades produtoras. Como foi visto anteriormente,
a concorrência com açúcar antilhano agravou ainda mais a crise, pois impulsionou a queda do preço do açúcar no mercado
europeu.

Enquanto isso, o Recife se desenvolvia. Com um comércio dinâmico e uma crescente população, chegando a diversos
comerciantes acumularem bons lucros. Alguns desses negociantes, como estavam interessados no controle econômico
regional, concederam empréstimos aos proprietários rurais de Olinda. Essa situação desagradou intensamente a aristocracia
olindense, que se sentia humilhada e contrariada como a posição privilegiada dos recifenses.

Como forma de vingança, denominava os credores de Recife de mascates. Esse termo é utilizado até os dias atuais e se
refere ao comerciante ambulante que circulava negociando seus produtos. Na época, os aristocratas olindenses usavam a
expressão com um sentido depreciativo. Além disso, os recifenses eram acusados de representar na colônia os interesses de
Portugal.

Durante o domínio holandês (1630-1654), o Recife foi escolhido para ser a sede da administração flamenga, e, por isso,
recebeu várias melhorias urbanísticas. Por outro lado, Olinda, sede da Capitania, abrigava as principais instituições
administrativas como a Câmara e os tribunais. Para diminuir os transtornos provocados pela guerra de expulsão holandesa,
os administradores elevaram a cobrança de impostos. Porém, os comerciantes recifenses rejeitaram, passando a reivindicar
a elevação do seu povoado à categoria de vila, o que lhes permitiriam ter direito a uma Câmara e outros órgãos
governamentais.

Em 1709, no governo de Sebastião Castro Caldas, a Coroa mandou erguer um pelourinho no Recife, a partir de então, a
cidade foi elevada ao posto de vila autônoma, com a instalação da administração municipal. Tal medida acirrou mais ainda as
rivalidades entre olindenses e recifenses. Os latifundiários de Olinda rejeitaram a atitude, pois ficaram temerosos que ao
alcançarem a independência, os recifenses poderiam exigi-los o pagamento dos débitos. O governador, Castro e Caldas, foi
vítima de um atentado, mas não sofreu danos, indo refugiar-se na Bahia. Esses acontecimentos só ampliaram a tensão.

O confronto entre as duas regiões foi iniciado, em 1710, quando os olindenses ocuparam o Recife, destruindo o pelourinho
e instituindo o bispo Manuel Álvares como o novo governador, que contou com o apoio da metrópole. Entretanto, os
“mascates” não se conformaram com a perda e planejaram uma contraofensiva. Contado com a ajuda do capitão-mor da
Paraíba, João da Mata, e com os recursos financeiros que possuíam, os recifenses articularam forças para enfrentar os
olindenses.

Os combates permaneceram, porém, os recifenses conseguiram aprisionar o bispo Manuel da Costa, obrigando-o a
renunciar ao cargo. As negociações de paz ficaram sob a responsabilidade do novo governador, Félix José Mendonça, que
aportou em Pernambuco em 1711. Assim que assumiu a administração, Félix Mendonça mandou prender mais de 150
membros da aristocracia de Olinda. Não houve a concessão de perdão para os olindenses. Após o encerramento dos conflitos,
os maiores beneficiados foram os recifenses que passaram a sediar a administração da capitania. Desse modo, os “mascates”
se consolidaram política e economicamente.

Imagens atuais de Olinda (1) e Recife (2). Durante o domínio holandês (1630-1654), o Recife foi escolhido para ser
a sede da administração flamenga, e, por isso, recebeu várias melhorias urbanísticas. Por outro lado, Olinda, sede da
Capitania, abrigava as principais instituições administrativas como a Câmara e os tribunais.

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QUESTÃO 5 / (FGV)
"A confrontação entre a loja e o engenho tendeu princi-
palmente a assumir a forma de uma contenda municipal, de
escopo jurídico-institucional, entre um Recife florescente que
aspirava à emancipação e uma Olinda decadente que procu-
rava mantê-lo numa sujeição irrealista. Essa ingênua fachada
municipalista não podia, contudo, resistir ao embate dos
QUESTÃO 1 / (AOCP)
interesses em choque. Logo revelou-se o que realmente era, o
A Guerra dos Mascates, nos primórdios do século XVIII, marcou
jogo de cena a esconder uma luta pelo poder entre o credor
o processo de decadência política de Olinda dentro da
urbano e o devedor rural."
conjuntura do Pernambuco colonial. (Evaldo Cabral de Mello."A fronda dos mazombos",
Esse evento se insere dentro do contexto de: São Paulo, Cia. das Letras, 1995, p. 123).
A) afirmação política do Recife após os benefícios econômicos O autor refere-se:
e estruturais, advindos da presença holandesa durante o A) ao episódio conhecido como a Aclamação de Amador
século XVII. Bueno.
B) migração em massa da nobreza açucareira olindense para B) à chamada Guerra dos Mascates.
o Recife nassoviano. C) aos acontecimentos que precederam a invasão holandesa
C) colapso da indústria açucareira no fim do século XVII, de Pernambuco.
provocado pelo fim do financiamento batavo após a D) às consequências da criação, por Pombal, da Companhia
Restauração Pernambucana. Geral de Comércio de Pernambuco.
D) perda de prestígio político de Olinda frente à coroa E) às guerras de Independência em Pernambuco.
portuguesa, em consequência do apoio prestado aos holan-
deses durante a guerra de Restauração. QUESTÃO 6 / (IAUPE PMPE 2018)
E) desestruturação da nobreza açucareira olindense, provoca- “O ponto alto sobre as tensões entre a açucarocracia de Olinda
da pelo desgaste militar das sucessivas derrotas para os e a Coroa se dá quando esta resolve em 1709 criar uma nova
holandeses. municipalidade vizinha à olindense: a Câmara Municipal do
Recife. Desde a segunda metade do século XVII, havia uma
QUESTÃO 2 / (UPE)
clara oposição entre os comerciantes reinóis do Recife e os
A dominação portuguesa, no Brasil, não trouxe os lucros
senhores de engenho de Olinda, estes representantes da
esperados, entretanto alguns investimentos apresentaram
nobreza das terras...”
maior rendimento econômico. (https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/7578/1/arquivo6576_1.pdf)
A Guerra dos Mascates em Pernambuco, no Brasil colonial:
A) representou uma disputa entre Olinda e Recife pelo O texto acima faz referência à “Guerra dos Mascates”, conflito,
monopólio da exportação do açúcar e do pau-brasil. que colocou, em lados opostos, os senhores de engenho e os
B) foi uma revolta contra Portugal, em busca de maior comerciantes reinóis. Em relação a esse episódio, é CORRETO
liberdade política e religiosa. afirmar que
C) definiu a supremacia política de Olinda, quebrando os A) a criação de uma nova municipalidade em atendimento às
avanços comerciais do Recife. demandas dos comerciantes reinóis gerou grande insatis-
D) resultou da rivalidade entre Olinda e Recife, beneficiando, fação à açucarocracia olindense, que queria reservar a si
em alguns aspectos, o Recife. não apenas honrarias e privilégios especiais como também
E) transformou o Recife em grande centro comercial do o controle político da capitania.
Nordeste e capital da província de Pernambuco. B) mesmo tendo saído derrotados na “Guerra dos Mascates”,
QUESTÃO 3 / (UPE) os senhores de engenho de Olinda não se abateram, pois
Assinale a alternativa que apresenta uma das consequências não perderam o controle sobre a recém criada Câmara do
da Guerra dos Mascates. Recife.
A) Olinda recebeu autonomia municipal com a construção, em C) com seu fim, as elites comerciais de Recife e as latifundiá-
seu território, de um pelourinho. rias de Olinda restabeleceram os laços graças à ativa
B) Os produtores de açúcar de Pernambuco entraram em influência da administração lusa, a quem não interessava
decadência por causa da concorrência do açúcar antilhano. financeiramente a desunião de comerciantes e produtores
C) Bernardo Vieira de Melo que defendia os interesses da de açúcar.
Coroa Portuguesa foi nomeado governador da província. D) influenciados pelas ideias revolucionárias que circulavam
D) O Recife passou a ser a capital da capitania. pela Europa, os senhores de engenho de Olinda defen-
E) Os mascates, mesmo vitoriosos, foram submetidos ao deram os interesses da capitania, reafirmando o sentimento
domínio da aristocracia olindense, por não possuírem de identidade nacional do Brasil.
autonomia econômica. E) considerado pela historiografia como um movimento liberal,
buscava conservar a maior autonomia da Câmara de Olinda
QUESTÃO 4 / (FUVEST) em relação à administração lusitana, algo que os pernam-
A chamada Guerra dos Mascates, ocorrida em Pernambuco em bucanos conservavam desde o período duartino.
1710, deveu-se:
A) ao surgimento de um sentimento nativista brasileiro, em QUESTÃO 7 / (IAUPE PMPE 2018)
oposição aos colonizadores portugueses. A chamada Guerra dos Mascates, episódio ocorrido em Per-
B) ao orgulho ferido dos habitantes da vila de Olinda, nambuco, entre 1710 e 1711, foi um conflito entre diferentes
menosprezados pelos portugueses. elites político-econômicas, localizadas em Olinda e Recife,
C) ao choque entre comerciantes portugueses do Recife e a resultando na ascensão da elite mercantil de Recife.
aristocracia rural de Olinda pelo controle da mão de obra Sobre isso, assinale a alternativa CORRETA.
escrava. A) Em 1711, as autoridades coloniais puseram fim ao conflito,
D) ao choque entre comerciantes portugueses do Recife e a reafirmando o status de Recife enquanto vila, o que
aristocracia rural de Olinda cujas relações comerciais eram, conferiu à elite dessa povoação os meios para consolidar
respectivamente, de credores e devedores. seu poder político na capitania, mediante cargos na câmara
E) a uma disputa interna entre grupos de comerciantes, que municipal da nova vila.
eram chamados depreciativamente de mascates.

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B) Os mercadores do Recife foram politicamente apoiados, em
sua revolta contra o poderio dos senhores olindenses, por
diversos grupos sociais livres de Recife e Olinda assim como
por um pequeno número de escravos.
C) A Guerra dos Mascates foi um conflito político entre
senhores de engenho e mercadores de grande porte em
Pernambuco do início do século XVIII que se estendeu por
outras províncias do atual Nordeste, como o Ceará e o Rio
Grande do Norte.
D) Os mercadores do Recife, em sua ânsia por liberdade,
proclamaram a República em 1711, proclamação,
entretanto, revogada pelas autoridades coloniais.
E) Em 1711, as autoridades coloniais puseram fim ao conflito,
elevando o Recife à categoria de vila, mas dando à elite
olindense a primazia sobre os cargos da nova câmara
municipal do Recife.

QUESTÃO 8 / (AVANÇA-SP)
No que se refere à Guerra dos Mascates, ocorrida em Pernam-
buco, no ano de 1710, analise os itens a seguir e, ao final,
assinale a alternativa correta:
I. Deveu-se ao choque entre comerciantes portugueses do
Recife e a aristocracia rural de Olinda, cujas relações
comerciais eram, respectivamente, de credores e deve-
dores.
II. Deveu-se ao conflito principal entre árabes e holandeses.
III. Deveu-se a uma disputa interna entre escravos e índios na
região norte do Recife.
A) Apenas o item I é verdadeiro.
B) Apenas o item II é verdadeiro.
C) Apenas o item III é verdadeiro.
D) Todos os itens são verdadeiros.
E) Nenhum dos itens é verdadeiro.

QUESTÃO 9 / (AVANÇA-SP)
Movimento nativista que ocorreu na capitania de Pernambuco
durante o período colonial, entre 1710 e 1712. Tal movimento
aconteceu por conta de rivalidades locais e não visava o
rompimento com a metrópole, isto é, não era emancipacio-
nista. O conflito se deu entre os senhores de engenho de Olinda
e os comerciantes portugueses de Recife, em uma disputa pelo
poder local. Assinale a alternativa que apresente o nome como
este acontecimento ficou marcado na História.
A) Cerco de Piratininga. B) Guerra dos Palmares.
C) Guerra dos Mascates. D) Revolta dos Alfaiates.
E) Guerra dos Manaus.

QUESTÃO 10 / (FEC)
“Que se destrua a criação da vila do Recife, para nunca mais
haver. Que sejam desterrados e tidos e havidos por traidores à
pátria Cristóvão de Barros e outros. Que todos os contratos
serão arrematados na cidade de Olinda, como cabeça que é de
Pernambuco. Que não se consentirá haver mais tributos, nem
contratos dos que há. Que se conservará sempre um juiz do
povo, feita a cada ano a sua eleição por vinte e quatros
misteres (...). Que todos os governadores, ouvidores e juízes
com seus oficiais de justiça morarão na cidade, e só dois ou
três meses no Recife(...).”
O texto acima, extraído de um requerimento escrito em 1710,
está relacionado ao seguinte conflito:
A) Guerra dos Emboabas; B) Guerra dos Farrapos;
C) Guerra dos Mascates; D) Revolta de Beckman;
E) Revolta de Filipe dos Santos.

GABARITO

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
A D D D B A A A C C

189
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CAPÍTULO 10:

AS INSTITUIÇÕES ECLESIÁSTICAS E A SOCIEDADE COLONIAL


➢ A sociedade pernambucana: ontem e hoje

A sociedade pernambucana atual pode ser analisada pela combinação e entrelaçamento de distintos grupos culturais e
étnicos, cujos alicerces remontam ao período colonial. A sociedade colonial era constituída, essencialmente, por três grupos
étnicos: brancos, índios e negros. Cada uma dessas etnias gerou contribuições culturais originais que foram se concretizando
de modos diferenciados nas diversas regiões do Brasil.

A sociedade colonial fundamentou-se, basicamente, no trabalho escravo, o que contribuiu para os distanciamentos sociais
e os preconceitos gerados pelo trabalho manual. A escravidão colonial era institucionalizada. Alastrou-se por toda a sociedade,
influenciando nas formas de pensar e agir. Desse modo, o preconceito racial, iniciado no período colonial, perpassou a abolição
e chegou até os nossos dias.

No decorrer dos seus trezentos anos, a sociedade colonial do Brasil sofreu poucas alterações estruturais. Nesse extenso
período, as atividades produtivas estiveram, no âmbito geral, sustentadas pelos trabalhadores escravos. Podemos afirmar que
as condições sociais foram moldadas pelas práticas trabalhistas, que permaneceram praticamente inalteráveis até o final do
século XIX.

As relações sociais estabelecidas durante o período colonial foram bastante diversificadas. Pequenos lavradores,
comerciantes, artesãos, burocratas, roceiros, cativos libertos, religiosos, senhores de engenhos, escravos, mestiços, negros,
índios e brancos promoveram um importante dinamismo nas relações de poder na sociedade colonial.

➢ A casa-grande e a dominação na sociedade açucareira

As características das atividades econômicas foram determinantes para a heterogeneidade da formação da sociedade
brasileira colonial. Localizados na zona litorânea, os engenhos se tornaram os centros das relações sociais. Nessas áreas, onde
prevaleceram a agromanufatura açucareira, foram desenvolvidas boa parte da vida social da colônia. Nessa sociedade
preponderou patriarcalismo, ruralismo e escravismo.

O complexo de produção açucareira era caracterizado pela rígida estrutura social e pelo seu perfil aristocrático. A grande
propriedade agrária, genericamente denominada de engenho, era formada pela casa-grande, moradia do senhor e de sua
família; pela senzala, local que abrigava os negros escravizados; pela capela, usada para a celebração de missas. Além
disso, tinham as dependências de agregados e de homens livres que viviam nos engenhos e prestavam vários serviços, como
anotações contábeis e fiscalização do trabalho escravo.

O senhor de engenho era a principal autoridade das grandes propriedades açucareiras. Em seu cotidiano, ocupava-se
com os negócios do açúcar, venda, controle e compra de escravos, administração de suas terras e o pagamento dos salários
aos trabalhadores livres. .

A autoridade dos senhores de engenho não se limitava aos seus familiares. Detentores de muito poder e prestígio, tinham
domínio sobre praticamente todos os habitantes de suas propriedades, a saber, agregados e massas de escravos. Nem mesmo
alguns homens livres (comerciantes) escapavam, uma vez que o engenho era o mais importante comprador de mercadorias.

As relações de dependência estabelecidas entre o senhor com os integrantes ligados à grande propriedade, determinaram
à formação de uma sociedade patriarcal. Nessa perspectiva, os senhores detinham o pátrio poder, ou seja, plenos poderes
sobre os seus dependentes (familiares e demais moradores do engenho).

Tudo deveria passar pelas mãos do senhor. Através dele, eram garantidos os recursos financeiros para a construção e
reforma de igrejas, além da prestação de serviços na área de saúde. Essa estrita relação de dominação/ subordinação
contribuiu para a formação de fortes laços de proteção e de favores. Esse clientelismo, desenvolvido principalmente nas
diversas regiões rurais brasileiras, permaneceu por muito tempo, chegando, mesmo em outros formatos, até os dias atuais.
Pode-se perceber isso, claramente, em algumas práticas políticas contemporâneas.

A estrutura patriarcal tinha sua reprodução garantida através do direito de primogenitura, ou seja, a herança do senhor
de engenho cabia exclusivamente ao seu filho mais velho. Os senhores ostentavam luxo, grandeza e autoridade.

O sociólogo Gilberto Freyre (1900-1984) analisou de maneira inovada e ousada, a estrutura social desenvolvida nos
engenhos. De acordo com Freyre, o patriarcalismo, a dominação e a violência que marcaram as relações sociais durante o
período colonial brasileiro foram atenuadas pelo processo de mistura de raças (miscigenação), pela “cordialidade” e pela
tolerância moral.

Em seu livro Casa-Grande e Senzala, lançado em 1933, Freyre buscou entender o dinamismo da sociedade patriarcal
através do estudo das festas, crenças, tradições e dos costumes praticados pelos diferentes grupos étnicos da época. Em sua
opinião, a miscigenação deu a sociedade colonial um caráter único e diversificado.

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Os escravos nas regiões açucareiras desempenhavam múltiplas atividades: preparo da terra, plantio e corte da cana,
transporte do produto e serviços domésticos (mucamas, criados, moleques de recado). Estes últimos viviam em dependências
secundárias da casa-grande. Dada a necessidade e relevância do trabalho escravo para a economia colonial, Antonil afirmou:
“Os escravos são as mãos e os pés do senhor de engenho porque sem eles no Brasil não é possível fazer, conservar e aumentar
fazendas nem ter engenho corrente.”

➢ As instituições eclesiásticas

A Igreja Católica cumpriu uma importante função no decorrer de todas as etapas do processo de colonização. A atuação
dos religiosos católicos estava relacionada diretamente aos interesses mercantilistas, favorecendo decisivamente o projeto
colonizador. Desde a metade do século XVI, os jesuítas tinham o monopólio da educação em Portugal, a qual lhes foi
transferido a administração do Real Colégio de Artes de Coimbra, cuja pretensão era formar e capacitar religiosos para atuarem
no processo de catequização na América Portuguesa. O monopólio também se estendeu ao Brasil. Os primeiros grupos de
jesuítas da Companhia de Jesus chegaram ao Brasil, em 1549, sob liderança de Manuel de Nóbrega.

Os jesuítas tinham como objetivo principal na Europa recuperar os fiéis perdidos para os movimentos protestantes. Na
colônia, eles pretendiam se antecipar ao protestantismo, buscando, dessa forma, conter seu avanço em regiões fora do
continente europeu. Os religiosos desejavam impedir que os protestantes fizessem seguidores entre os habitantes do Novo
Mundo. Essa “missão” provocou intensos conflitos entre os jesuítas e os colonizadores, que aproveitavam os índios nas
atividades produtivas, escravizando-os. Os jesuítas visavam transformar os nativos em bons cristãos e fiéis súditos do Governo
português.

As ações da Companhia de Jesus protegiam os indígenas dos ataques e da violência dos colonos. Os religiosos através das
conversões religiosas subjugaram os nativos aos seus interesses, dominando culturalmente e ideologicamente diversas
comunidades indígenas. O processo de educação religiosa acontecia nos aldeamentos jesuíticos, conhecidos como missões
ou reduções. Nessas comunidades os jesuítas impunham aos nativos os costumes e os modos de vida dos europeus,
buscando integrá-los e orientá-los segundo os preceitos cristãos.

Além de educar os índios, os jesuítas também passaram a administrar escolas que ofereciam ensino aos filhos da elite
colonial. Os primeiros colégios foram fundados em São Vicente e em Salvador por Manuel de Nóbrega. Em 1554, o padre José
de Anchieta fundou o Colégio de São Paulo. Posteriormente, foram fundadas outras instituições educacionais no Rio de Janeiro
(1568), em Olinda (1576), em Ilhéus (1604) e no Recife (1655). Dessa maneira, todas as atividades pedagógicas e
evangelizadoras praticadas na colônia eram controladas pelos jesuítas.

➢ O Tribunal da Inquisição

O poder que os jesuítas detinham em Portugal, através do intermédio do Tribunal do Santo Ofício da Inquisição, foi
estabelecido também no Brasil. Esse tribunal tinha como principal finalidade combater as denominadas “seitas heréticas”,
conter o avanço das ideias protestantes, os saberes eruditos que se manifestavam contrários aos princípios católicos e
combater as manifestações culturais e religiosas de diversos segmentos populares rebeldes aos dogmas eclesiásticos,
principalmente, os praticantes de mágicas e feitiçarias.

A prática da Inquisição no período colonial foi efetivamente iniciada, em 1591. Pernambuco e Bahia foram os locais
visitados por agentes inquisidores, uma vez que essas localidades chamaram a atenção da coroa portuguesa devido as suas
prosperidades.

➢ Religiosidade popular

A sociedade colonial apresentava uma série de manifestações sincréticas, ou seja, havia uma fusão de elementos culturais
distintos ou até mesmo antagônicos. O sincretismo afro-católico se tornou peculiar no Brasil colonial.

O catolicismo popular teve como exemplo maior as irmandades leigas, que foram, simultaneamente, centros de devoção
(práticas religiosas) e de assistencialismo social (auxílio aos associados e seus familiares). Era muito relevante ser integrante
de uma irmandade no período colonial, especialmente, nas regiões das Minas, uma vez que isso poderia denotar a saída da
marginalização. Outra importância das irmandades se dava após a morte, pois aos seus confrades havia a garantia dos seus
sepultamentos dentro das igrejas ou locais próximos.

Segundo alguns historiadores, indiretamente, as irmandades foram fundamentais para a construção de igrejas de estilo
rococó ou Barroco mineiro. Esse estilo alcançou seu apogeu com as igrejas e esculturas de Antônio Francisco Lisboa, o
Aleijadinho (1738-1814), e nas pinturas de Manuel da Costa Ataíde (1762-1830).

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III. Os primeiros escravos foram os Tupis e os Guaranis do
litoral, porém, à medida que se desenvolveu a colonização
e se criaram missões jesuíticas, no final do século XVI, a
escravização indígena extinguiu-se.
IV. Os homens livres pobres (lavradores, vaqueiros, pequenos
comerciantes, artesãos) podiam concorrer às Câmaras
Municipais, pois não havia no Brasil critérios de nobreza ou
QUESTÃO 1 / (UFPI)
de propriedade como os que vigoravam na metrópole
“Nos primeiros séculos o Brasil foi essencialmente açúcar e o
portuguesa.
Nordeste, o espaço colonial por excelência. Pois embora ao
tempo de Martim Afonso de Sousa já se houvessem erguido
Estão corretas as afirmativas
engenhos em São Vicente, o centro de produção açucareira
A) I e II.
não ficaria no Sul. (...) A denominação engenho, específica
B) I, II e IV.
daquela “máquina e fábrica incrível” de fazer açúcar, passou,
C) I e IV.
com o tempo, a toda propriedade açucareira, com suas terras
D) II e III.
e lavouras. O Engenho era o coração da produção, somente ele
E) III e IV.
dava sentido ao mar de canaviais do litoral nordestino.”
(FERLINI, Vera Lúcia Amaral. Terra, trabalho e poder. São Paulo:
Brasiliense, 1988). QUESTÃO 4 / (FURG)
“A casa-grande venceu no Brasil a Igreja, nos impulsos que
Sobre a sociedade açucareira no Brasil colonial, é incorreto esta a princípio manifestou para ser a dona da terra. Vencido
afirmar que: o jesuíta, o senhor de engenho ficou dominando a colônia
A) a sociedade colonial era extremamente simples: de um quase sozinho. O verdadeiro dono do Brasil. Mais do que os
lado, os proprietários de terras e escravos, senhores da vice-reis e os bispos.”
produção; do outro, os trabalhadores do campo, escraviza- Gilberto Freyre – Casa Grande e Senzala.
Rio de Janeiro: Editora José Olympio.)
dos ou semi-livres.
B) os grupos de elite se dividiam internamente: senhores de
No texto acima, são citadas características da:
engenho, que produziam a cana e fabricavam o açúcar, e
A) sociedade mineira.
lavradores de cana, que apenas produziam a matéria-prima
B) sociedade cafeeira.
para o fabrico do açúcar.
C) sociedade urbana.
C) o grupo conhecido como “lavradores de cana” era formado
D) sociedade açucareira.
por uma gama variada de colonos, desde grandes proprie-
E) sociedade algodoeira.
tários de terras e escravos até pequenos roceiros que se
aventuravam no negócio do açúcar.
QUESTÃO 5 / (UFAL/COVEST)
D) alguns trabalhadores eram livres nos engenhos de açúcar,
A sociedade brasileira, no período colonial, caracterizava-se
principalmente os mais qualificados; no entanto, trabalhar
por ser:
próximo a escravos, mesmo sendo uma atividade bem
A) escravagista e patriarcal.
remunerada e qualificada, era sempre considerado algo
B) burguesa e industrial.
aviltante.
C) urbana e industrial.
E) as funções especializadas, como a de mestre-de-açúcar e
D) agrária e de trabalhadores assalariados.
purgador, perdem prestígio, no Brasil colônia, à medida que
E) burguesa e democrática.
mulatos e negros passam a ocupá-las.
QUESTÃO 6 / (METTAC)
QUESTÃO 2 / (UPE)
Com relação a formação da sociedade brasileira marque a
No Brasil, a sociedade colonial foi marcada pela dominação de
alternativa INCORRETA:
preconceitos e pelo poder do Catolicismo. Essa sociedade
I. A produção colonial, que formou a evolução da Idade
A) era sustentada pelo trabalho escravo, não havendo mão de
Moderna, desde os primeiros descobrimentos, visava a
obra livre em nenhum setor da economia.
abertura de novos mercados para o mercantilismo europeu.
B) dependia de investimentos europeus, com destaque para
II. Os descobrimentos na formação da sociedade brasileira não
os holandeses em relação ao açúcar.
vieram como fator preponderante para o abastecimento
C) aceitava o trabalho escravo como base de produção até o
das metrópoles europeias, que buscavam manter seu nível
começo do século XIX.
estável de crescimento.
D) submetia-se às ordens da metrópole, sem haver rebeliões
III. O negro trouxe para o Brasil muitas contribuições. Como a
políticas ou movimentos sociais.
música, a cultura, e contribuiu para formação do povo
E) tinha autonomia econômica, negociando com as grandes
Brasileiro.
potências europeias.
IV. Os primeiros descobrimentos na formação da sociedade
brasileira não visava a abertura de novos mercados para o
QUESTÃO 3 / (PUC-RS)
mercantilismo europeu e sim a expansão oligárquica do
Responder à questão seguinte, sobre a sociedade brasileira no
império nos países da América.
período colonial, com base nas afirmativas abaixo.
I. A oposição senhor-escravo é uma das formas de explicar a
Está INCORRETA a alternativa:
ordenação social no período colonial, embora tenha existido
A) Apenas a afirmativa II.
o trabalho livre (assalariado ou não) mesmo nas grandes
B) Apenas as afirmativas I e III.
propriedades açucareiras e fazendas de gado.
C) Apenas as afirmativas II e IV.
II. Os escravos trazidos da África pelos traficantes pertenciam
D) As afirmativas I, II e IV.
a diferentes etnias e foram transformados em trabalha-
E) Apenas as afirmativas II, III e IV.
dores cativos empregados tanto nas atividades econômicas
mais rentáveis (cana-de-açúcar e mineração) quanto nas
QUESTÃO 7 / (UNIRIO)
atividades domésticas e urbanas.
Assinale, entre as opções a seguir, a que apresenta uma
característica da organização da sociedade colonial brasileira:

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A) Predomínio de uma ampla camada de pequenos proprie-
tários ligados à economia de abastecimento.
B) Escravidão, que constituía seu principal elemento e na qual II.
se baseava todo o funcionamento da economia colonial. III.
C) Servidão indígena, largamente difundida no interior, princi- IV.
palmente após a expansão paulista. V.
D) Ausência de um setor social ligado ao comércio, que era VI.
controlado pelos estrangeiros. VII.
E) Crescente ampliação das camadas de homens livres, VIII.
ocupados em todos os setores da economia colonial. IX.
X.
QUESTÃO 8 / (FEPESE) XI.
Sobre a sociedade colonial dos séculos XVI e XVII, é correto XII.
afirmar: XIII.
A) Havia grupos intermediários constituídos por escravos ricos, XIV.
agregados e funcionários públicos. XV.
B) Os padres, funcionários públicos e escravos, quando XVI.
detentores de propriedades, adquiriam o direito ao voto e XVII.
de participação na administração das Câmaras. XVIII.
C) Pelo direito de Padroado, os clérigos recebiam os privilégios XIX.
próprios dos magistrados e de constituir família nas regiões XX.
das minas. XXI.
D) A atitude das autoridades eclesiásticas era de tolerância XXII.
com a presença de Cristãos Novos, Judeus e Calvinistas XXIII.
holandeses na colônia. XXIV.
E) A aristocracia rural era constituída pelos colonos, deten- XXV.
tores de grandes propriedades rurais. XXVI.
XXVII.
QUESTÃO 9 / (CEBRASPE) XXVIII.
A sociedade colonial brasileira assentou-se, entre outras XXIX.
instituições, no latifúndio e na escravidão. No que tange a esse XXX.
assunto, assinale a opção correta. XXXI.
A) Empregando trabalhadores escravizados, a sociedade XXXII.
colonial deu início à produção de mercadorias no Brasil. XXXIII.
B) As sociedades indígenas anteriores aos descobrimentos XXXIV.
valorizavam a propriedade privada sobre terra, a qual foi XXXV.
aproveitada para a formação dos latifúndios na sociedade XXXVI.
colonial. XXXVII.
C) As famílias seguiam fielmente os valores católicos de então XXXVIII.
quanto ao casamento e à sexualidade, sendo raras as XXXIX.
certidões de batismos em que o pai não era declarado. XL.
D) Na sociedade colonial, homens e mulheres eram conside- XLI.
rados iguais em direitos e deveres. XLII.
E) A Igreja Católica opôs-se oficialmente à escravidão, favore- XLIII.
cendo o abolicionismo. XLIV.
XLV.
QUESTÃO 10 / (CE-URCA) XLVI.
Marque a opção correta sobre a sociedade escravista colonial XLVII.
na América Portuguesa: XLVIII.
A) Como os índios tinham realizado grande resistência contra XLIX.
a presença dos portugueses, chegando a se deslocar para L.
o interior, abandonando o litoral, os colonizadores já LI.
iniciaram a organização do trabalho com a escravização de LII.
povos africanos; LIII.
B) O trabalho com a atividade açucareira já era conhecido LIV.
pelos indígenas, o que levou os colonizadores a utilizar a LV.
mão de obra indígena escravizada no empreendimento das LVI.
plantações, processamento e produção final do açúcar; LVII.
C) A mão de obra tentada no início da organização do trabalho LVIII.
na América Portuguesa foi do uso do trabalho indígena; LIX.
D) Frente ao encarecimento do tráfico negreiro, os coloniza- LX.
dores portugueses abandonaram a mão de obra africana e LXI.
estabeleceram o trabalho utilizando os escravos indígenas; LXII.
E) Os ameríndios apresentaram facilidades de adaptação à LXIII.
rotina do trabalho agrícola na produção açucareira. LXIV.
LXV.
GABARITO LXVI.
LXVII.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 LXVIII.
A B A D A D B E A C

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CAPÍTULO 11:

HERANÇA AFRODESCENDENTE EM PERNAMBUCO


➢ As heranças dos povos africanos em Pernambuco

Durante o período colonial e imperial, milhões de negros e negras foram trazidas para o Brasil através do tráfico
transatlântico. Esses grupos eram caracterizados pela enorme diversidade étnica o que fez com que o Brasil tornasse o
território com maior população de negros do mundo fora do continente africano. Diante de condições insalubres e
desfavoráveis, os africanos ao longo da história do Brasil criaram uma série de mecanismos a fim de resistir à opressão, que
mesmo após um século de abolição, os afrodescendentes ainda usam muitos instrumentos para combater os estigmas e
preconceitos. Essa herança de resistência é representada através de particulares manifestações culturais, religiosas e
artísticas.

O desejo pela dignidade foi expresso em singulares marcas culturais como a música, a dança, as artes plásticas,
culinária e, particularmente, a religião do Candomblé, que colaborou na preservação da memória dos antepassados da
população afro-brasileira.

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Texto III
“O preconceito racial a que são submetidos não só os
maracatuzeiros e maracatuzeiras mas toda a população negra
desta cidade está oculto nas falas, nos procedimentos, nos
gestos...”.
LIMA, I. M. de F.; GUILLEN, I. C. M. Cultura afrodescendente no Recife:
maracatus, valentes e catimbós. Recife: Bagaço, 2007. p. 11.
QUESTÃO 1 / (IAUPE PMPE 2018)
Com base nos textos, analise aspectos das manifestações
Segundo a historiadora Isabel Guillen ao se caminhar “...pelas
culturais Afro-Brasileiras em Pernambuco e assinale a alterna-
ruas do Recife lembramos que a cidade foi palco de mais de
tiva CORRETA.
trezentos anos de escravidão de populações africanas e seus
A) O livre exercício dos cultos religiosos bem como a proteção
descendentes... [Mas], parece que a história da escravidão e
dos locais onde são realizados, garantidos pela Constituição
da cultura negra, herança da diáspora, permanece invisibilizada
de 1988, foram decisivos para que não houvesse, nos
na cidade. Qualquer pessoa que transita pela cidade, seja um
últimos anos, casos de intolerância religiosa em Pernam-
jovem estudante ou turista, encontrará parcas referências à
buco.
história da escravidão e da cultura negra na região metro-
B) A permanência da cultura Afro-brasileira em Pernambuco
politana do Recife: o busto de Zumbi na praça do Carmo, a
demonstra que os afrodescendentes, após a abolição da
estátua de Solano Lopes no Pátio de São Pedro; Dona Santa na
escravatura, tiveram suas condições sociais alteradas,
praça defronte à rua Vidal de Negreiros, a Igreja de Nossa
sendo reconhecidos e respeitados pelo Estado brasileiro
Senhora do Rosários dos Homens Pretos, alguns baobás
bem como por sua sociedade.
plantados em praças na cidade... E pouco nada mais do que
C) Embora muito praticada em Pernambuco nos tempos de
isso.”
http://www.encontro2018.historiaoral.org.br/resources/anais/8/1524268689_A hoje, a capoeira só chegou a esse Estado graças ao
RQUIVO_Lugaresdememoriadaculturanegraguillen.pdf) desenvolvimento da capoeira regional e capoeira de angola
na Bahia.
Em relação às manifestações culturais afrodescendentes do D) A permanência da herança cultural afrodescendente no
Recife, assinale a alternativa CORRETA. estado de Pernambuco só foi possível devido às táticas
A) As práticas religiosas que foram elaboradas e (re)elabora- estabelecidas pelos sujeitos históricos, que partilhavam e
das pelos africanos escravizados e libertos e pelos seus partilham esses códigos culturais, constituindo-se em uma
descendentes ficaram conhecidas pela designação de atitude de resistência em defesa da identidade e do respeito
religiões afro-brasileiras. Em Pernambuco, de uma maneira à diversidade cultural.
geral, essas práticas receberam o nome de xangô. E) A herança cultural afrodescendente em Pernambuco, como
B) O maracatu, segundo os historiadores, surgiu na capitania o maracatu, são verdadeiras reproduções dos costumes
de Pernambuco, ainda no século XVI, como uma forma de africanos. No caso, o maracatu era a antiga coroação dos
dança ritual na qual os homens definiam suas futuras reis e rainhas do congo.
esposas.
C) Ao contrário de outras manifestações culturais, o maracatu, QUESTÃO 3 / (ENEM)
graças à atuação da liga carnavalesca e de alguns Torna-se claro que quem descobriu a África no Brasil, muito
folcloristas, pôde conservar sua forma de expressão. Assim, antes do europeus, foram os próprios africanos trazidos como
os atuais grupos de maracatus são praticamente idênticos escravos. E esta descoberta não se restringia apenas ao reino
aos que existiram ao longo do século XIX. linguístico, estendia-se também a outras áreas culturais, inclu-
D) A capoeira, apesar de ter surgido na África, teve, no Brasil, sive à da religião. Há razões para pensar que os africanos,
uma grande disseminação entre os escravos, que a prati- quando misturados e transportados ao Brasil, não demoraram
cavam como forma de luta. Após seus primeiros registros em perceber a existência entre si de elos culturais mais profun-
terem sido feitos na Bahia, chegou ao estado de dos.
Pernambuco possivelmente em finais do século XIX. SLENES, R. Malungu, ngoma vem! África coberta e descoberta do Brasil.
Revista USP, n o 12, dez./jan./fev. 1991-92 (adaptado).
E) As religiões africanas, introduzidas pelos escravos em
Pernambuco, tiveram relativa liberdade, o que justifica, em Com base no texto, ao favorecer o contato de indivíduos de
certa medida, a sua existência até os dias de hoje. diferentes partes da África, a experiência da escravidão no
Brasil tornou possível a
QUESTÃO 2 / (IAUPE PMPE 2018) A) formação de uma identidade cultural afro-brasileira.
Leia os textos a seguir: B) superação de aspectos culturais africanos por antigas
tradições europeias.
Texto I C) reprodução de conflitos entre grupos étnicos africanos.
“A cultura Afrodescendente tem sido muitas vezes reificada, D) manutenção das características culturais específicas de
apresentada como um repertório inerte de tradições, como se cada etnia.
não estivesse enraizada em processos culturais dinâmicos e em E) resistência à incorporação de elementos culturais indíge-
ambientes sociais desiguais...”. nas.
LIMA, I. M. de F.; GUILLEN, I. C. M. Cultura afro-descendente no Recife:
maracatus, valentes e catimbós. Recife: Bagaço, 2007. p. 39 QUESTÃO 4 / (ENEM)
Em um engenho sois imitadores de Cristo crucificado porque
Texto II padeceis em um modo muito semelhante o que o mesmo
“A cultura e o folclore são meus / Mas os livros foi você quem Senhor padeceu na sua cruz e em toda a sua paixão. A sua
escreveu... / Perseguidos sem direito nem escolas / Como cruz foi composta de dois madeiros, e a vossa em um engenho
podiam registrar as suas glórias / Nossa memória foi contada é de três. Também ali não faltaram as canas, porque duas
por vocês / E é julgada verdadeira como a própria lei / Por isso, vezes entraram na Paixão: uma vez servindo para o cetro de
temos registrado em toda a história / Uma mísera parte de escárnio, e outra vez para a esponja em que lhe deram o fel.
nossas vitórias / Por isso, não temos sopa na colher / E sim, A Paixão de Cristo parte foi de noite sem dormir, parte foi de
anjinhos para dizer que o lado mau é o Candomblé...”. dia sem descansar, e tais são as vossas noites e os vossos dias.
Cristo despido, e vós despidos; Cristo sem comer, e vós
famintos; Cristo em tudo maltratado, e vós maltrados em tudo.

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Os ferros, as prisões, os açoites, as chagas, os nomes afron- 3. No Brasil a cultura africana sofreu a influência de culturas
tosos, de tudo isto se compõe a vossa imitação, que, se for europeia – principalmente a portuguesa – e indígena, de
acompanhada de paciência, também terá merecimento de forma que essas culturas encontram-se mescladas a outras
martírio. referências culturais.
VIEIRA, A. Sermões. Tomo XI. Porto: Lello & Irmão, 1951 (adaptado).
4. Encontramos traços fortes da cultura africana em vários
aspectos da cultura brasileira, como por exemplo, o
O trecho do sermão do Padre Antônio Vieira estabelece uma folclore, a culinária, a música popular e até mesmo a
relação entre a Paixão de Cristo e religião.
A) a atividade dos comerciantes de açúcar nos portos 5. O Estado da Bahia é um dos Estados que foram muito
brasileiros. influenciados pela cultura de origem africana, tanto pela
B) a função dos mestres de açúcar durante a safra de cana. quantidade de escravos trazidos quanto pela migração
C) o sofrimento dos jesuítas na conversão dos ameríndios. interna dos escravos após o ciclo da cana-de-açúcar na
D) o papel dos senhores na administração dos engenhos. região do nordeste brasileiro.
E) o trabalho dos escravos na produção de açúcar. 6. Tradicionalmente desvalorizadas durante a época colonial,
atualmente a cultura brasileira de origem africana passa por
QUESTÃO 5 / (ENEM) uma revalorização a partir do século XX que continua até
Seguiam-se vinte criados custosamente vestidos e montados os dias de hoje.
em soberbos cavalos; depois destes, marchava o Embaixador
do Rei do Congo magnificamente ornado de seda azul para Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
anunciar ao Senado que a vinda do Rei estava destinada para A) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 4.
o dia dezesseis. Em resposta obteve repetidas vivas do povo B) São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 5.
que concorreu alegre e admirado de tanta grandeza. C) São corretas apenas as afirmativas 2, 4, 5 e 6.
Coroação do Rei do Congo em Santo Amaro, Bahia apud DEL PRIORE, M.
Festas e utopias no Brasil colonial. In: CATELLI JR., R. Um olhar sobre as
D) São corretas apenas as afirmativas 1, 2, 3, 4 e 5.
festas populares brasileiras. São Paulo: Brasiliense, 1994 (adaptado). E) São corretas as afirmativas 1, 2, 3, 4, 5 e 6.

Originária dos tempos coloniais, a festa da Coroação do Rei do QUESTÃO 9 / (IDCAP)


Congo evidencia um processo de Atualmente, ensinar História e Cultura Afro-brasileiras e africa-
A) exclusão social. nas não é mais uma questão de vontade própria dos profes-
B) imposição religiosa. sores. Embasado pela Lei nº 10.639/03 – História e Cultura
C) acomodação política. Afro Brasileira e Africana, o ensino deste tema tornou-se
D) supressão simbólica. obrigatório nas escolas.
E) ressignificação cultural. A respeito dessa lei, marque a alternativa correta:
A) Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira
QUESTÃO 6 / (CESGRANRIO) serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em
As manifestações culturais brasileiras expressam características especial nas áreas de Educação Artística e de Ciências.
herdadas, principalmente, dos indígenas nativos, dos coloni- B) O calendário escolar incluirá o dia 21 de novembro como
zadores europeus e dos negros africanos trazidos como ‘Dia Nacional da Consciência Negra’.
escravos. Identifique a manifestação popular mais diretamente C) O conteúdo programático deve incluir, a luta dos negros no
vinculada à herança cultural dos negros africanos. Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da
A) Bonecos Gigantes, em Pernambuco. sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo
B) Farra do Boi, em Santa Catarina. indígena nas áreas social, econômica e política pertinentes
C) Afoxé Filhos de Gandhi, na Bahia. à História do Brasil.
D) Folia de Reis, em Minas Gerais. D) Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio,
E) Círio de Nazaré, no Pará. oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre
História e Cultura Afro-Brasileira.
QUESTÃO 7 / (IPAD) E) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.
A formação da identidade e da cultura do povo brasileiro
recebeu contribuição de três diferentes etnias, o branco QUESTÃO 10 / (IFTO) A influência africana no processo de
europeu, o negro africano e o indígena, originário da própria formação da cultura afro-brasileira começou a ser delineada a
América. Atualmente, a sociedade brasileira tem reconhecido partir do tráfico negreiro, quando milhões de africanos "deixa-
cada vez mais as contribuições dos africanos e indígenas para ram" forçadamente o continente africano e despontaram no
a formação do Brasil. Em Goiana, é um exemplo de cultura Brasil para exercer o trabalho compulsório. Sobre esta temática
negra e popular o(a) é correto afirmar que:
A) Daruê Malungo. (1) ANTONIL, André João. Cultura e Opulência do Brasil. Belo Horizonte:
Itatiaia: São Paulo: EDUSP, 1982.
B) Alafiá. (2) VAINFAS, Ronaldo. Dicionário do Brasil Colonial (1500-1808). Rio de
C) Conceição das crioulas. Janeiro: Objetiva, 2001.
D) Vodu.
E) Xangô do Nordeste. A) Houve uma homogeneidade cultural praticada pelos negros
africanos, visto que esta homogeneidade era de certa forma
QUESTÃO 8 / (FEPESE) favorecida pelas origens similares dos africanos, que
As culturas africanas, afro-brasileiras e indígenas encontram- oriundos do continente africano, acabavam por apresen-
se inseridas no nosso cotidiano. Acerca do tema, é correto tava uma prática cultural muito semelhante em alguns
afirmar: aspectos devido à região que pertenciam.
1. A cultura afro-brasileira é o conjunto de manifestações B) Além da prática cultural similar ressaltada, os africanos
culturais do Brasil que sofreram algum grau de influência incorporaram práticas europeias e indígenas, além de
da cultura africana desde os tempos do Brasil colônia até influenciá-los culturalmente. O intercâmbio cultural entre os
os nossos dias. elementos citados contribuiu para uma formação cultural
2. A cultura africana chegou ao Brasil, em sua maior parte, afro-brasileira pouco híbrida e peculiar.
trazida pelos escravos negros na época do tráfico dos
escravos.

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C) Ao longo dos períodos pré-colonial, colonial, monárquico e
republicano brasileiro, foi grande o contingente de escravos
africanos no Brasil, visto que o país constituía o maior I.
mercado consumidor do período. A contribuição desses II.
escravos foi além da participação econômica, uma vez que III.
foram inserindo suas práticas, seus costumes e seus rituais IV.
religiosos na sociedade brasileira, contribuindo, dessa V.
forma, para uma formação cultural peculiar no Brasil. VI.
D) Importante ressaltar que as práticas desses escravos VII.
africanos eram muito semelhantes entre si, pois eles eram VIII.
oriundos do continente africano. De acordo com VAINFAS IX.
(2001 p.66) (2), durante o período pré-colonial e colonial, X.
quase nada se sabia sobre a origem étnica dos africanos XI.
traficados para o Brasil. Porém, ao longo do período, XII.
passou-se a designá-los a partir da região ou porto de XIII.
embarque, ou seja, das áreas de procedência. XIV.
E) O escravo africano era um elemento de suma importância XV.
no campo econômico do período colonial sendo consi- XVI.
derado "as mãos e os pés dos senhores de engenho porque XVII.
sem eles no Brasil não é possível fazer, conservar e XVIII.
aumentar fazenda, nem ter engenho corrente" (ANTONIL, XIX.
1982, p.89) (1). Contudo, a contribuição africana no XX.
período colonial foi muito além do campo econômico, uma XXI.
vez que os escravos souberem reviver suas culturas de XXII.
origem e recriaram novas práticas culturais através do XXIII.
contato com outras culturas. XXIV.
XXV.
XXVI.
XXVII.
XXVIII.
XXIX.
XXX.
XXXI.
XXXII.
XXXIII.
XXXIV.
XXXV.
XXXVI.
XXXVII.
XXXVIII.
XXXIX.
XL.
XLI.
XLII.
XLIII.
XLIV.
XLV.
XLVI.
XLVII.
XLVIII.
XLIX.
L.
LI.
LII.
LIII.
LIV.
LV.
LVI.
LVII.
LVIII.
LIX.
LX.
LXI.
LXII.
LXIII.
LXIV.
GABARITO LXV.
LXVI.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 LXVII.
A D A E E C B E D E

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CAPÍTULO 12:

A PROVÍNCIA DE PERNAMBUCO NO CONTEXTO DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL: A REVOLUÇÃO DE 1817

➢ A transferência da família real

No final do século XVIII e início do XIX, houve transformações políticas, econômicas e sociais decorrentes da Revolução
Francesa, um dos eventos principais que compõe a chamada “Era das Revoluções”, a qual foi essencial para a superação dos
entraves feudais e para o desenvolvimento do capitalismo, abalando em definitivo as bases do Antigo Regime.

O governo napoleônico (1799-1815) encerrou o processo revolucionário francês. O grande sonho de Napoleão era garantir
a hegemonia francesa no continente europeu. Entretanto, as pretensões hegemônicas francesas entraram em choque com os
interesses britânicos, uma vez que a Inglaterra buscava ampliar mercados e consolidar a ordem capitalista, iniciada desde o
final do século XVIII, na denominada Revolução Industrial. Em razão da grande força francesa, a Inglaterra, preocupada,
firmou uma aliança com a Áustria, Rússia e Prússia para derrotar as tropas napoleônicas.

Após derrotar o exército austro-russo em Austerlitz (1805) e as tropas prussianas em Iena, Bonaparte invadiu Berlim e
decretou o Bloqueio Continental, em 1806, cujo objetivo era asfixiar a economia inglesa. De acordo com esse decreto,
todos os países europeus deveriam anular qualquer tipo de relação comercial com a Inglaterra. Nesse contexto, a Coroa
Portuguesa ficou neutra.

O príncipe regente, D. João, pretendia manter uma equidistância diplomática entre as duas potências, porém, isso não foi
possível. Em 1807, o exército napoleônico ocupou a Espanha. Em seguida foi decretada a invasão a Portugal caso este não
respeitasse os princípios do Bloqueio Continental. Napoleão também projetava controlar a esquadra portuguesa, o que
possibilitava o domínio do Atlântico Sul.

Por outro lado, a Inglaterra, aliada tradicional dos portugueses, pressionava D. João, ameaçando-o bombardear a sua
esquadra caso aderisse ao decreto francês. Diante desse impasse, D. João, aconselhado pelo Lord Strangford, optou em
transferir a Família Real para o Brasil, que no momento, apresentou-se como a única alternativa de preservar o próprio
governo joanino.

Embarque do príncipe
regente de Portugal, Dom
João, para o Brasil, em 27
de novembro de 1807.
Representação de
Nicolas-Louis-Albert
Delerive, 1807-1818.

Após uma rápida passagem pela Bahia, a corte desembarca no Rio de Janeiro, que se tornou a capital de todo o império
lusitano. A transferência da Corte para o Brasil, em 1808, gerou uma série de mudanças na sociedade brasileira. Segundo
alguns historiadores, esse fato representou o começo das transformações no campo político da colônia, que passa a ser
centralizado eixo Centro-Sul. Além disso, associam o processo de independência do Brasil a esse acontecimento, uma vez que
o Rio de Janeiro, sede metropolitana, passou a concentrar todas as medidas governamentais da Coroa portuguesa. Os
principais cargos burocráticos foram confiados aos portugueses (nepotismo e apadrinhamento). O funcionalismo e a corte
tinham despesas elevadíssimas, o que provocou progressivos déficits aos cofres do governo.

Durante o período que a Família Real permaneceu no Rio de Janeiro, foram verificadas várias mudanças sob os aspectos
urbanos e culturais. No período joanino foram instaladas instituições científicas, colégios, bibliotecas e o desenvolvimento da
imprensa. É bom enfatizar que, com exceção do Rio de Janeiro, outras regiões do país não tiveram reformas ou tiveram
medidas governamentais expressivas.

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Em linhas gerais, as principais medidas tomadas pela Coroa foram: a abertura dos portos brasileiros às nações amigas
(Carta Régia de 1808), o que na prática pôs fim ao “pacto colonial”, viabilizando a inserção da economia brasileira no contexto
da ordem capitalista; Revogação do Alvará de 1785 que até o momento não permitia a instalação de manufaturas na Colônia;
Tratados de Paz e Amizade e Comércio e Navegação (1810) assinados com a Inglaterra e que estabelecia uma taxa
alfandegária de 24% ad valorem sobre as importações internacionais e de 16% sobre as mercadorias advindas de Portugal
(vinagre, azeite, vinhos), já aos produtos ingleses foram outorgados a tarifa de 15%; Criação do Supremo Conselho Militar e
de Justiça do Rio de Janeiro; Criação do Conselho de Estado; Criação da Imprensa Régia e do Real Erário; Fundação do Banco
do Brasil; Criação da fábrica de pólvora e da Junta de Comércio, Agricultura, Fábrica e Navegação do Brasil; Criação do Real
Hospital Militar do Rio de Janeiro, de uma escola de anatomia, de cirurgia e de clínica médica; Decreto sobre a liberdade de
imprensa e suspensão da censura prévia; Criação da Escola de Ciências, Artes e Ofícios; autorização para a contratação de
professores estrangeiros e vinda da Missão Artística Francesa; decreto que liberou a doação de sesmarias a estrangeiros e a
facilitação da entrada destes, dando condições para a fundação da primeira colônia de imigrantes em Nova Friburgo (colonos
suíços), no Rio de Janeiro.

➢ A Revolução de 1817

Durante a permanência da Família Real no Brasil, os portugueses receberam uma série de regalias. Essas benesses foram
conquistadas em detrimento dos habitantes da colônia. O processo de confluência de interesses e privilégios entre a elite
colonial e a portuguesa foram um dos principais motivos que contribuíram para a eclosão da Revolução Pernambucana
de 1817, também conhecida como Revolução dos Padres, dada a importante participação nessa insurreição de alguns
membros do clero. O movimento contou com a participação de vários setores da sociedade (grandes proprietários, juízes,
militares, artesãos e religiosos) e se expandiu por outras regiões nordestinas, como Rio Grande do Norte, Paraíba e Alagoas.

Somado a transferência de rendas das elites coloniais para os comerciantes portugueses que viviam no Brasil e o
desenvolvimento limitado ao Rio de Janeiro, pode-se acrescentar a recessão econômica do Nordeste, causada pelas oscilações
dos valores do açúcar e do algodão e pela queda de produção em razão da seca que assolava a região desde 1816. Outro
fator que contribuiu para a eclosão do movimento foram cobranças de impostos classificadas abusivas pela população do
Nordeste. Vale salientar, que os interesses dos participantes dessa insurreição não foram uniformes. Os grandes proprietários
questionavam a forte centralização administrativa e política do governo metropolitano sediado no Rio de Janeiro, chegando a
defender a autonomia do Nordeste. Em contrapartida, segmentos de outras camadas sociais pregavam a instauração de uma
república, a liberdade e a igualdade. Entretanto, os motivos que os uniam eram as críticas contra as desigualdades regionais,
o antilusitanismo e a libertação da colônia.

A atual bandeira de Pernambuco foi inspirada no


pavilhão criado pelo movimento revolucionário de
1817.

Cerimônia de bênção das bandeiras da Revolução de


1817, de Antônio Parreiras, início do século XX.

Do ponto de vista ideológico, a Revolução de 1817 foi influenciada pelos ideais do iluminismo. A natureza liberal do
movimento tornou-se evidente com a tomada da cidade do Recife e o estabelecimento de um governo provisório que seguiu
o modelo do Diretório francês de 1795, instaurado na Revolução Francesa. Durante setenta e cinco dias, os revoltosos
resistiram às pressões da Coroa e conseguiram expandir o movimento para outras províncias. Entretanto, os antagonismos
internos do movimento e forte repressão do governo foram determinantes para o fim da revolta. Os insurretos foram punidos
rigorosamente, com diversas prisões e execuções dos principais líderes.

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QUESTÃO 4 / (UPE)
Muitas revoltas tornavam claras as insatisfações dos colonos
contra os desmandos de Portugal. Havia também a divulgação
das ideias liberais, importantes para aprofundar a crise do
sistema colonial. Nesse contexto, a Conspiração dos Suassunas
em Pernambuco:
A) destacou-se pela sua organização militar e seu ideário
iluminista.
QUESTÃO 1 / (COVEST)
B) estimulou o debate político contra o sistema colonial
Um dos desdobramentos provocados pela expansão do Império
português.
Napoleônico na Europa, com relação ao Brasil, foi:
C) firmou a existência de núcleos politicamente conserva-
A) o distanciamento político e econômico entre as nações
dores.
portuguesa e inglesa.
D) foi sem importância para o movimento libertário de
B) a vinda da Missão Artística Francesa para a cidade do
Pernambuco.
Recife, no século XIX.
E) era um movimento restrito aos intelectuais do Seminário de
C) a transferência da Corte portuguesa para o Rio de Janeiro,
Olinda.
em 1808.
D) o incentivo à industrialização de produtos têxteis no Brasil,
QUESTÃO 5 / (IPAD)
pelo alvará de D. Maria I.
O Brasil lutou pela sua independência através de revoltas
E) a eclosão de revoltas como a Revolução Pernambucana de
políticas que marcaram as primeiras décadas do século XIX. A
1817 e a Confederação do Equador, de 1824.
rebelião política de 1817 em Pernambuco:
A) teve a participação de membros do clero local, cujo
QUESTÃO 2 / (FUVEST)
pensamento inspirava-se em ideias liberais da Europa.
“Eis que uma revolução, proclamando um governo absoluta-
B) conseguiu vitória expressiva contra Portugal, tornando o
mente independente da sujeição à corte do Rio de Janeiro,
Nordeste de colônia em uma região autônoma.
rebentou em Pernambuco, em março de 1817. É um assunto
C) foi vitoriosa devido ao seu poderio militar e à ajuda de
para o nosso ânimo tão pouco simpático que, se nos fora
algumas nações estrangeiras.
permitido [colocar] sobre ele um véu, o deixaríamos fora do
D) fracassou na sua luta, não oferecendo ameaça ao governo
quadro que nos propusemos tratar.”
F. A. Varnhagen. História geral do Brasil, 1854.
português e facilitando sua política repressiva.
E) articulou uma rebelião nacional, com participação do
O texto trata da Revolução pernambucana de 1817. Com rela- Sudeste, ameaçando Portugal com sua força política e
ção a esse acontecimento é possível afirmar que os insurgen- militar.
tes:
A) pretendiam a separação de Pernambuco do restante do QUESTÃO 6 / (UFPE)
reino, impondo a expulsão dos portugueses desse território. Atribuiu-se aos revolucionários de 1817 a defesa da soberania
B) contaram com a ativa participação de homens negros, popular, a separação entre os poderes (legislativo, executivo e
pondo em risco a manutenção da escravidão na região. judiciário), a liberdade de culto e de expressão e a igualdade
C) dominaram Pernambuco e o norte da colônia, decretando o de direitos. Sobre esse movimento é correto afirmar:
fim dos privilégios da Companhia do Grão-Pará e Maranhão. A) A revolta civil e militar, de 1817 em Pernambuco, destituiu
D) propuseram a independência e a república, congregando o governo e estabeleceu pela força das armas um governo
proprietários, comerciantes e pessoas das camadas republicano, dando mostras de uma verdadeira revolução
populares. popular.
E) implantaram um governo de terror, ameaçando o direito B) O governo republicano que se instalou em Pernambuco em
dos pequenos proprietários à livre exploração da terra. 1817, encontrou a estratégia militar que lhe garantiu a
permanência no poder até abril de 1822.
QUESTÃO 3 / (IFSC) C) A ajuda do governo português aos revoltosos de 1817 em
Sobre a vinda da Família Real Portuguesa no começo do século Pernambuco veio através de forças navais e terrestres,
XIX e sua permanência no Brasil assinale a incompatível com consolidando-se, então, o governo republicano revolucioná-
os feitos que ocorreram no período joanino: rio de Pernambuco.
A) A Insurreição Pernambucana de 1817 foi um movimento D) A origem de classe dos líderes do movimento republicano
organizado pelos portugueses donos de terras e comer- de 1817 não permitiu a radicalização das mudanças nas
ciantes de Pernambuco em apoio a D. João VI, frente aos estruturas econômicas e sociais existentes.
movimentos separatistas da região. E) Em razão da ampla repressão do governo português ao
B) A província Cisplatina, motivo de guerra no Primeiro movimento de 1817, os líderes foram presos e executados,
Império, foi anexada por D. João VI durante o período que inclusive o Frei Joaquim do Amor Divino Rabelo e Caneca.
esteve no Brasil.
C) A ideia de transferir a Corte Portuguesa para sua colônia QUESTÃO 7 / (MPE-GO)
americana não era novidade, já havia sido vista como Assinale a alternativa que traduz CORRETAMENTE o significado
possibilidade por algumas vezes durante o período de da Revolução de 1817 no Brasil:
dominação portuguesa no Brasil. Um dos defensores da A) A revolução de 1817 ocorreu no estado de Minas Gerais,
possibilidade foi o Padre Antônio Vieira. também conhecida como Inconfidência Mineira, e resultou
D) No campo dos estudos superiores, durante o período em do descontentamento da população com o aumento dos
que D. João VI permaneceu no Brasil, foram criados alguns impostos e com os privilégios concedidos aos comerciantes
cursos e academias, como a Escola de Anatomia e Cirurgia, portugueses.
Aula de Comércio, Academia Real da Marinha e Aula de B) A revolução de 1817 ocorreu no estado de Pernambuco,
Botânica. também conhecida como Insurreição Pernambucana, e
E) O estabelecimento da sede da monarquia portuguesa na objetivava a independência e a instituição da república.
colônia e a substituição da engrenagem administrativa C) A revolução de 1817 ocorreu no estado de Minas Gerais,
colonial ficaram conhecidos como “inversão brasileira”. também conhecida como Inconfidência Mineira, e implan-
tou um governo que ameaçou o direito dos pequenos
proprietários à livre exploração da terra.

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D) A revolução de 1817 ocorreu no estado de Pernambuco,
também conhecida como Insurreição Pernambucana, e
contou com a participação as pessoas das camadas I.
populares, inclusive, os negros. II.
E) A revolução de 1817 ocorreu no estado de Pernambuco, III.
também conhecida como Insurreição Pernambucana, e IV.
objetivava instaurar uma nova monarquia. V.
VI.
QUESTÃO 8 / (CEPROS) VII.
No Brasil Colônia, as rebeliões nativistas foram importantes VIII.
para o enfraquecimento do governo português. No século XIX, IX.
a Revolução de 1817 se destacou, pois: X.
A) conseguiu a autonomia da província por muitas décadas. XI.
B) defendeu a democracia e a libertação imediata dos XII.
escravos. XIII.
C) articulou-se com forças militares do Rio e da Bahia. XIV.
D) contou com a participação decisiva de forças militares XV.
estrangeiras. XVI.
E) trouxe a circulação de ideias renovadoras de libertação XVII.
nacional. XVIII.
XIX.
QUESTÃO 9 / (CEBRASPE) XX.
A respeito da Revolução Pernambucana de 1817, assinale a XXI.
opção correta. XXII.
A) Preocupado em evitar ressentimentos futuros, o governo XXIII.
português agiu de maneira conciliatória, perdoando os XXIV.
líderes da Revolução Pernambucana de 1817. XXV.
B) A Revolução Pernambucana de 1817 foi um movimento de XXVI.
libertação colonial cujo objetivo era a libertação de parte do XXVII.
território Nordestino do domínio português. XXVIII.
C) O Ceará foi o principal polo revolucionário da Revolução XXIX.
Pernambucana de 1817, porque não era um estado XXX.
emancipado, mas integrante da Capitania de Pernambuco. XXXI.
D) A base da Revolução Pernambucana de 1817 era conser- XXXII.
vadora e autoritária e insurgiu-se contra as ideias moder- XXXIII.
nizantes de Portugal. XXXIV.
E) A elite econômica pernambucana ressentia-se pelo fato de XXXV.
não receber a atenção da metrópole portuguesa, apesar de XXXVI.
estar, no momento da Revolução Pernambucana de 1817, XXXVII.
em fase de grande prosperidade. XXXVIII.
XXXIX.
QUESTÃO 10 / (IPAD) XL.
A Revolução Pernambucana de 1817 representou grandes XLI.
mudanças para Pernambuco e para o Brasil, ao contestar traços XLII.
negativos do governo português no Brasil, defendendo ideais XLIII.
libertários semelhantes aos das revoluções burguesas do XLIV.
século anterior. XLV.
A participação de Goiana na Revolução Pernambucana deu-se, XLVI.
principalmente, através do (a) XLVII.
A) atuação dos fazendeiros goianenses, que ajudaram a XLVIII.
financiar os rebeldes. XLIX.
B) atuação de goianenses que foram morar em Recife. L.
C) abastecimento dos centros revolucionários. LI.
D) apoio ao governo do Rio de Janeiro. LII.
E) treinamento de rebeldes recifenses nos campos goianen- LIII.
ses. LIV.
LV.
LVI.
LVII.
LVIII.
LIX.
LX.
LXI.
LXII.
LXIII.
LXIV.
GABARITO LXV.
LXVI.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 LXVII.
C A D B A D B E B B

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CAPÍTULO 13:

A PROVÍNCIA DE PERNAMBUCO NO CONTEXTO DO PRIMEIRO REINADO: A CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR (1824)

O processo de formação do Estado Nacional Brasileiro se deu de maneira bastante peculiar. Segundo o historiador Evaldo
Cabral de Mello, a emancipação política do Brasil não foi resultado de movimentos nacionalistas. Para ele, o Estado exerceu
função central na formação social e politica do país. Diferentemente do dinamismo contemporâneo, o surgimento do Estado
Brasileiro ocorreu antes do aparecimento dos movimentos nacionalistas e, particularmente, precedendo a sociedade brasileira.
Portanto, Evaldo Cabral concluiu que “o Brasil fez-se império antes de se fazer nação”.

➢ O reconhecimento da independência

Os Estados Unidos, em 1824, foram os primeiros a reconhecerem a independência brasileira. Os norte-americanos seguiam
os princípios da Doutrina Monroe e pregavam o critério da não-intervenção das potências europeias na América. Segundo
alguns historiadores, tratava-se de uma resposta às medidas da Santa Aliança de intervenção no continente americano
apoiando a Espanha e Portugal em suas pretensões de manter seus domínios coloniais. Em contrapartida, a Doutrina Monroe
também foi avaliada por muitos historiadores como uma medida inicial para o futuro imperialismo dos Estados Unidos em
relação aos países americanos.

Em 1825, com mediação da Inglaterra, Portugal reconheceu a emancipação do Brasil por intermédio de uma série de
exigências, aceitas por D. Pedro I. Nesse contexto, os ingleses também fizeram várias reivindicações, entre elas a renovação
dos Tratados de 1810 e o comprometimento do governo brasileiro de extinguir o tráfico de escravos em curto prazo. Em
seguida, outros países passaram a reconhecer a independência do Brasil.

➢ A constituição de 1824

A organização do Estado brasileiro foi acompanhada de intensos debates na Assembleia Constituinte reunida em maio
de 1823 (convocada antes mesmo da independência). O objetivo dessas reuniões era elaborar e promulgar, pautado no
ideário liberal, a primeira Constituição do Brasil. Para alguns historiadores, o projeto constitucional de 1823 representava as
aspirações e os interesses das classes dominantes.

Nesse momento, torna-se fundamental analisar os limites evidentes do liberalismo no Brasil, pois de acordo com a teoria
liberal “todos os homens nascem livres e iguais”, porém, a escravidão foi mantida até 1888. Sob os aspectos gerais, o projeto
de 1823, composto por 272 artigos, ficou conhecido como a “Constituição da Mandioca”, em referência ao seu caráter
censitário que concedia direitos políticos somente aqueles que possuíssem determinada renda líquida anual, tendo como base
a produção de mandioca. As principais características dessa carta foram: existência de três poderes (executivo, judiciário e
legislativo), eleições censitárias, ampliação das funções atribuídas ao poder legislativo e limitação do poder do Imperador.

D. Pedro I ficou insatisfeito com o projeto constitucional, uma vez que lhe limitava poderes e numa ação autoritária e
absolutista, ele dissolveu a Assembleia Constituinte em novembro de 1823. Após a dissolução da Constituinte, o imperador
outorgou, em 1824, a primeira Constituição do Brasil. Composto por 179 artigos, o documento possuía as seguintes
características: monarquia constitucional hereditária; unitarismo, que provocou a subordinação das províncias às decisões do
poder central; sufrágio censitário masculino para maiores de 25 anos; eleições indiretas; liberalismo moderado, que pretendia
conciliar o ideal liberal com o absolutismo; estabelecimento do catolicismo como religião oficial do Estado ; Igreja submetida
ao Estado (regime de Padroado – os clérigos eram pagos pelo Estado e o imperador nomeava os sacerdotes aos diversos
cargos clericais); o direito do Beneplácito que dava autonomia ao imperador para aprovar previamente os decretos papais;
estabelecimento de quatro poderes: Executivo (exercido pelo Conselho de Ministros chefiados e escolhidos pelos
Imperadores), Legislativo (bicameral, com senado vitalício e pela Câmara dos Deputados), Judiciário (exercido pelo Supremo
Tribunal, sendo os magistrados nomeados pelo Imperador) e Moderador (exercido exclusivamente pelo Imperador). De acordo
com o artigo 98 da Constituição de 1824: “o poder moderador é a chave de toda a organização política, e é delegado
privativamente ao Imperador (...) para que incessantemente vale sobre a manutenção da independência, equilíbrio e harmonia
dos demais poderes políticos”.

A Constituição outorgada de 1824 concentrava plenos poderes nas mãos de D. Pedro I, o que torna evidente as limitações
do liberalismo político e o problema de inserção das camadas populares nas decisões políticas.

➢ A Confederação do Equador

A dissolução da Constituinte e a Carta constitucional outorgada contribuíram para a eclosão, em 1824, no nordeste da
Confederação do Equador de caráter liberal, republicano, federalista, antilusitano e separatista que, de certo modo,
resgatava os ideais e o projeto da Revolução Pernambucana de 1817. Os confederados combatiam o centralismo monárquico
e as ações autoritárias do Imperador.

O movimento contou com a participação de amplos setores da aristocracia agrária nordestina, de perfil “liberal”, que sofria
também com a crise da agricultura canavieira exportadora. O estopim para a deflagração do movimento foi à nomeação de
um presidente para Pernambuco, que era indesejado pelos habitantes da província. Para alguns historiadores, a Confederação
do Equador é tida como a extensão da Revolução de 1817, pois as propostas liberais influenciaram fortemente os insurretos.
Um de seus principais líderes, Manuel de Carvalho, ex-revolucionário de 1817, devido à repressão exilou-se nos Estados
Unidos, onde foi impactado ainda mais pelos ideais federalistas, republicanos e liberais. O fervor revolucionário dos
pernambucanos atraiu a adesão das províncias da Paraíba, do Ceará e do Rio Grande do Norte.

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Os principais pontos propostos pelos confederados foram: união de diversas províncias do Nordeste (Ceará, Paraíba, Rio
Grande do Norte e Pernambuco) num sistema representativo; criação de um novo Estado sem ligação com o Império brasileiro;
adoção momentânea da Constituição da Colômbia até a convocação de uma Constituinte; criação de uma Junta Provisória
sob a presidência de Manuel de Carvalho; implantação de um governo republicano, representativo e federativo, visando
garantir a autonomia das províncias confederadas.

A imprensa teve um papel de extrema importância na difusão dos ideais revolucionários. O jornal Liberdade na Guarita de
Pernambuco, dirigido por Cipriano Barata, desempenhou um exímio papel na propagação das ideias revolucionárias do
movimento em Pernambuco.

A inserção das camadas populares e a proibição de tráfico de escravos para o Recife levaram o afastamento da elite
agrária. Enfraquecidos, os insurretos não conseguiram resistir à violenta repressão do governo imperial, contando, inclusive,
com o aparato de mercenários ingleses. Além disso, o governo central contraiu empréstimos com os banqueiros da Inglaterra
para reprimir o movimento nordestino. Os últimos focos de resistência foram derrotados no final de 1824. Os principais líderes
foram presos, julgados e condenados à morte, entre eles o frei do Joaquim do Amor Divino Rabelo, o frei Caneca. Entretanto,
a repressão imperial não pôs fim ao sentimento de autonomia das elites locais. Eles foram manifestados em outras situações,
como a Revolução Praieira, em 1848.

Reunião da Junta Revolucionária


da Confederação do Equador.
Gravura de Joham Moritz
Rugendas, Biblioteca Mário de
Andrade, São Paulo.

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QUESTÃO 4 / (ENEM)
Constituição de 1824:
“Art. 98. O Poder Moderador é a chave de toda a organização
política, e é delegado privativamente ao Imperador (...) para
que incessantemente vele sobre a manutenção da Indepen-
dência, equilíbrio, e harmonia dos demais poderes políticos (...)
dissolvendo a Câmara dos Deputados nos casos em que o exigir
a salvação do Estado.”
QUESTÃO 1 / (UPE)
No Pernambuco da primeira metade do século XIX, ocorreram
Frei Caneca:
algumas revoltas políticas que conturbaram os anos finais da
“O Poder Moderador da nova invenção maquiavélica é a chave
colonização portuguesa na América e as décadas iniciais do
mestra da opressão da nação brasileira e o garrote mais forte
período imperial.
da liberdade dos povos. Por ele, o imperador pode dissolver a
Sobre esse contexto, assinale a alternativa CORRETA.
Câmara dos Deputados, que é a representante do povo,
A) A Revolução Praieira exigiu, em 1817, o retorno da família
ficando sempre no gozo de seus direitos o Senado, que é o
real para Portugal e a Independência do Brasil.
representante dos apaniguados do imperador.”
B) A Revolução Pernambucana de 1817, liderada por escravos
Voto sobre o juramento do projeto de Constituição.
e ex‐escravos, pregou a abolição da escravatura logo após
a independência política do Brasil.
Para Frei Caneca, o Poder Moderador definido pela Constituição
C) A Revolução Praieira contestou o regime monarquista
outorgada pelo imperador em 1824 era:
adotado após a independência, pregando a necessidade de
A) Adequado ao funcionamento de uma monarquia consti-
a jovem nação aderir ao sistema político republicano.
tucional, pois os senadores eram escolhidos pelo Impera-
D) A Confederação do Equador, ocorrida em 1824, contestou
dor.
o projeto político de D. Pedro I para o Brasil independente,
B) Eficaz e responsável pela liberdade dos povos porque
exigindo a implantação do federalismo político.
garantia a representação da sociedade nas duas esferas do
E) A Guerra dos Mascates foi um conflito liderado pela elite de
poder legislativo.
Olinda que questionou a abdicação de D. Pedro I e a
C) Arbitrário, porque permitia ao Imperador dissolver a
implantação de uma regência política no país.
Câmara dos Deputados, o poder representativo da
QUESTÃO 2 / (UFPE) sociedade.
Apesar da conquista da Independência do Brasil, não havia a D) Neutro e fraco, especialmente nos momentos de crise, pois
liberdade política que grupos mais radicais desejavam. A era incapaz de controlar os deputados representantes da
administração de D. Pedro I provocava rebeldias e constantes Nação.
inquietações. Na Confederação do Equador, em 1824, os E) Capaz de responder ás exigências políticas da nação, pois
rebeldes: supria as deficiências da representação política.
A) consideravam a Constituição de 1824 como autoritária e
conservadora, combatendo as medidas políticas do governo QUESTÃO 5 / (IAUPE PMPE 2016)
central. As primeiras décadas do século XIX foram marcadas pelo
B) conseguiram ajudas expressivas das províncias do sul do chamado ciclo das insurreições liberais em Pernambuco, com a
Brasil, interessadas em afirmar o domínio do liberalismo Insurreição de 1817, a Confederação do Equador e a Revolução
radical. Praieira. Essas insurreições se constituíram em movimentos
C) adotaram ideias socialistas, embora seguissem o modelo da federalistas e, com exceção da Insurreição Pernambucana, se
Constituição norte-americana no seu conteúdo maior. contrapunham ao projeto de independência implantado em
D) fizeram alianças com as províncias do Norte, mas se 1822 por José Bonifácio e D. Pedro I, a partir do Rio de Janeiro.
limitaram à assinatura de um manifesto político contra a No que concerne especificamente à Confederação do Equador,
escravidão. assinale a alternativa CORRETA.
E) defenderam o liberalismo, propondo mudanças na Consti- A) Diferindo da Revolução Praieira, que defendia a bandeira
tuição de 1824, sem, contudo, almejar a radicalização da abolição, os principais líderes da Confederação do
política. Equador eram antiabolicionistas.
B) Os líderes da Confederação do Equador, liberais e republi-
QUESTÃO 3 / (PUC-RS) canos, contestavam o poder centralizado e autoritário de D.
A Confederação do Equador (Pernambuco, 1824) foi um Pedro I e propunham a abolição da escravidão assim como
movimento regional de grande relevância na crise política do a República Federalista.
Primeiro Reinado. O movimento pernambucano radicalizou-se C) Frei Caneca, um dos intelectuais responsáveis pelas ideias
de forma notável, incluindo reivindicações de caráter popular basilares da Confederação do Equador, era um veterano de
no confronto com o poder imperial. É correto afirmar que esse outras insurreições liberais, como a Praieira.
processo de radicalização foi condicionado: D) Apesar da derrota das forças da Confederação do Equador
A) pela influência do movimento operário europeu, que para as forças do Império, a Província de Pernambuco que,
começava a organizar-se segundo a perspectiva revolucio- a partir dessa revolta, consolidaria uma imagem de
nária do socialismo científico. província rebelde, conseguiu assegurar um novo território,
B) pelo fortalecimento do movimento abolicionista na região, a comarca do São Francisco, agregada a partir da Bahia.
devido ao processo de modernização da lavoura canavieira, E) A Confederação do Equador foi um movimento republicano
que então se verificava. e federalista, proposto por integrantes da elite pernam-
C) pelo apoio material dos comerciantes portugueses às fra- bucana, entre os quais se destacavam intelectuais, militares
ções radicais do movimento, objetivando o não-reconhe- e políticos liberais, que se espalhou pelas províncias da
cimento internacional da independência. Paraíba, do Rio Grande do Norte e Ceará.
D) pela liderança de imigrantes europeus, que pretendiam
alterar a estrutura fundiária da região, baseada no latifún- QUESTÃO 6 / (CEBRASPE)
dio. Assinale a opção correta acerca da Confederação do Equador.
E) pela necessidade dos grupos dominantes locais de mobilizar A) A punição aos revoltosos derrotados na Confederação do
o apoio das camadas populares para sustentar o confronto Equador foi bastante dura, tendo sido enforcados e
com o poder central. fuzilados diversos líderes.

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B) Os revoltosos da Confederação do Equador defendiam a QUESTÃO 9 / (APRENDER-SC)
separação do Sul do Brasil e o restabelecimento do vínculo A Confederação do Equador foi um movimento de caráter
com Portugal. separatista e republicano ocorrido na região Nordeste do Brasil
C) A Confederação do Equador consistiu em um movimento de em 1824. Com início em Pernambuco, o movimento teve
crítica à excessiva descentralização política iniciada por D. participação das camadas urbanas, elites regionais e intelec-
Pedro I e que acirrava as disputas locais. tuais, porém, contou com grande participação popular que foi
D) As reivindicações que compunham a Confederação do um dos principais diferenciais deste movimento. Um conflito
Equador contrariavam as ideias nacionalistas, liberais e político foi o estopim da revolta, pois a elite de Pernambuco
antiportuguesas que fundamentavam o pensamento de D. havia escolhido um governador para a referida província.
Pedro I. Porém, em 1824, Dom Pedro I indicou um governador de sua
E) Dos estados vizinhos a Pernambuco, Ceará foi o único que confiança. Diante dos fatos, qual das alternativas abaixo,
não aderiu à Confederação do Equador. contempla o nome do governador indicado pela elite
pernambucana e na sequencia o nome do governador indicado
QUESTÃO 7 / (FCC) por Dom Pedro I?
As principais motivações para a proclamação da Confederação A) Thomas Cochrane | Manuel Carvalho Pais de Andrade.
do Equador, que ocorreu entre julho e novembro de 1824, B) Manuel Carvalho Pais de Andrade | Francisco Paes Barreto.
foram a C) Francisco Paes Barreto | Duarte Coelho de Albuquerque.
A) difusão da recém promulgada Doutrina Monroe, que D) Duarte Coelho de Albuquerque | Thomas Cochrane.
alimentava o sentimento antieuropeu, e a popularidade de
Frei Caneca junto às massas, fator responsável pela grande
adesão popular e pela absolvição desse clérigo após o fim
da Confederação.
B) insatisfação das províncias do Norte e do Nordeste com a
forte exploração econômica exercida pelo Sudeste, e a
abdicação de D. Pedro I em favor de seu filho, ato que
fragilizou a centralização política.
C) continuidade dos ideais e propósitos defendidos pela
Revolução de 1817, e a ameaça de dominação política por
parte do governo da Bahia, que encabeçava uma luta pela
emancipação do Nordeste brasileiro, defendendo a
instauração de outra monarquia.
D) reação ao autoritarismo de D. Pedro I, que outorgou uma
constituição nesse mesmo ano, e a tentativa de formar uma
república composta por unidades federativas, fundamental-
mente: Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.
E) influência direta do processo de independência vivido pelo
Equador, o qual inspirou o nome do movimento, e a busca
por autonomia política, administrativa e econômica por
parte das províncias que eram as maiores produtoras de
gado e cana- de-açúcar.

QUESTÃO 8 / (IDECAN)
Constituição de 1824
“Art. 10. Os Poderes políticos reconhecidos pela Constituição
do Império do Brasil são quatro: o Poder Legislativo, o Poder
Moderador, o Poder Executivo e o Poder Judicial. Art. 11. Os
representantes da Nação brasileira são o Imperador e a
Assembléia Geral.
Art. 12. Todos estes Poderes no Império do Brasil são delega-
ções da Nação. [...]”
(Disponível em: http://www.monarquia.org.br/pdfs/constituicaodoimperio.pdf.)

Em 1824, eclodiu no Nordeste um movimento revolucionário –


Confederação do Equador, de tendência liberal, separatista e
republicana, reagindo contra o centralismo monárquico
consubstanciado na Constituição outorgada de 1824. Em linhas
gerais, o programa da Confederação do Equador preconizava
A) A implantação de um governo representativo, que
garantisse a autonomia das províncias confederadas.
B) A censura e reforma da Constituição de 1824 e o
estabelecimento de um governo interino no lugar de D.
Pedro I.
C) A ruptura do comércio interprovincial e internacional das
províncias confederadas, que estabeleceriam uniões
aduaneiras.
D) A independência jurídica e política de cada província
envolvida no conflito, que estabeleceria, cada uma, o seu GABARITO
governo próprio.
1 2 3 4 5 6 7 8 9
D A E C E A D A B

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CAPÍTULO 14:

A PROVÍNCIA DE PERNAMBUCO NO CONTEXTO DO SEGUNDO REINADO A REVOLUÇÃO PRAIEIRA (1848)

O Segundo Reinado (1840-1889) teve início com o Golpe Parlamentar da Maioridade, que encerrou o governo das
Regências. Como foi visto no capítulo anterior, a chegada ao poder de D. Pedro II, tinha como pretensão acabar com tensões e
as revoltas regências. Todavia, o Golpe não conseguiu produzir os resultados desejados e o começo desse período foi
caracterizado também por grandes turbulências. As dificuldades apresentadas no decorrer do Segundo Reinado foram
solucionadas à custa das forças repressivas e negociações políticas.

➢ O Golpe da Maioridade

Após a saída de Feijó, em 1837, assumiu o governo interino Araújo Lima que conseguiu expressiva vitória nas eleições
realizadas em 1838. O seu governo tinha o apoio do Partido Conservador. A principal meta do novo regente uno era conter
as convulsões sociais e as revoltas provinciais. Os regressistas acreditavam que tal desordem foi resultado das prerrogativas
do Ato Adicional de 1834 e o Código de Processo Criminal. Nesse sentido, o governo central publicou um documento
denominado de Lei de Interpretação do Ato Adicional, que anulava a autonomia legislativa cedida às províncias em 1834,
devolvendo à Câmara e ao Senado, no Rio de Janeiro, os atributos de legislar.

A aproximação do poder Executivo e Legislativo foi fundamental para reprimir as revoltas provinciais. Porém, as
dificuldades políticas conduziram a uma nova configuração política. Em 1840, surgiram os partidos Conservador e Liberal, os
dois representavam os interesses aristocráticos.

➢ Liberais e conservadores

O chamado Gabinete da Maioridade era constituído, em sua maior parte, por liberais, liderados pelas famílias Cavalcanti e
Andrada. Antônio Holanda de Cavalcanti ocupava o ministério da Marinha, seu irmão Francisco de Paula Cavalcanti, a pasta
da Guerra, e os irmãos Antônio Carlos e Martim Francisco de Andrada, as do Império e da Fazenda, na ordem. Por esse fato,
ficou conhecido como “Ministério dos Irmãos”.

A Câmara dos Deputados, na maioria de tendência conservadora, não apoiava o gabinete. Os atritos políticos tornaram-
se intensos, principalmente após os conservadores rejeitarem as nomeações dos presidentes provinciais indicados pelo
ministério. Atendendo ao pedido dos liberais, o imperador dissolveu o Congresso.

Visando garantir as aprovações das medidas políticas e garantir a maior quantidade de parlamentares, o governo imperial
usou de vários instrumentos fraudulentos e repressivos. O uso desses expedientes abusivos transformaram essas eleições em
uma das mais violentas de todo o Segundo Reinado. Devido a esse fato, elas ficaram conhecidas como as “eleições do
cacete”. Conservadores e Liberais contratavam grupos armados para violentar os adversários políticos. Após fraudes e
pancadarias os liberais saíram vitoriosos.

Em 1841, D. Pedro II dissolveu novamente o Congresso, antes mesmos das atividades iniciarem. O imperador organizou
outro ministério que tinha como maioria conservadores. Nesse mesmo ano, o Conselho de Estado, extinto em 1834, foi
restabelecido. Outros projetos constitucionais foram aprovados: reforma da Lei do Processo Criminal (1841), pela qual
centralizou as decisões nas mãos do governo central, tirando poder dos juízes de paz; e, restauração do Poder Moderador.
Essas reformas contribuíram para o fortalecimento da autoridade política do imperador.

As normas para recrutamento de pessoas para a Guarda Nacional também foram alteradas. A partir de então, o imperador
escolhia os oficiais. Além disso, com o objetivo de evitar atritos envolvendo jurisdição e Exército, as atribuições de ambos os
órgãos foram estabelecidas pelo imperador: o Exército ficaria responsável pelas questões externas, a preservação das
fronteiras e a manutenção da ordem social no país; enquanto que a Guarda Nacional defenderia os anseios das elites locais.

Charge de Ângelo Agostini publicada no jornal Cabrião em fevereiro


de 1867. Nela Agostini satiriza as fraudes nas eleições. Agostini teve
participação ativa na imprensa humorística e crítica do século XIX,
favorável aos ideais abolicionistas e republicanos.

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➢ A Revolta da Praieira (1848)

Em 1848, ocorreu em Pernambuco um movimento liberal, denominado de Revolta da Praieira. O termo que resigna
revolta é originário de um jornal que divulgava o pensamento liberal ( Diário Novo), localizado na Rua da Praia. Essa rebelião
retoma as concepções já vistas na Revolução Pernambucana de 1817 e na Confederação do Equador de 1824.

No plano das ideias, os praieiros foram influenciados pelas concepções dos socialistas utópicos Proudhon, Robert Owen e
Charles Fourier. No entanto, essa rebelião não pode ser analisada como um movimento socialista, e sim, num confronto
armado entre facções políticas que pertenciam ao mesmo quadro aristocrático. Esses proprietários pernambucanos estavam
organizados no Partido Conservador (Guabiru) e no Partido da Praia.

A revolta contou também com a participação de mestiços, escravos libertos e índios. No entanto, a revolta teve como
principais líderes (tendências liberais) senhores de engenho, militares e intelectuais, que não faziam alusão a abolição da
escravidão. Os pontos básicos do programa dos praieiros foram: liberdade de imprensa, abolição do recrutamento militar
obrigatório, sufrágio universal, fim do Poder Moderador, expulsão dos portugueses, autonomia provincial por meio da adoção
do federalismo e nacionalização do comércio local. Essas reivindicações estavam contidas num documento escrito em 1849,
chamado de “Manifesto ao Mundo”.

O começo da revolta está relacionado com as insatisfações das elites locais devido a política de benefícios para o centro-
sul e a crise econômica regional, provocada, principalmente, em decorrência do declínio da produção açucareira. Outro
objetivo dos praieiros era proibir a atuação dos comerciantes estrangeiros (portugueses) na área.

Os praieiros assumiram o poder, em 1845, quando Antônio Pinto Chichorro da Gama foi nomeado presidente da província.
Porém, em 1847, o governo central determinou o afastamento do cargo do líder praieiro, o que provocou muitas insatisfações.
Todavia, os enfretamentos armados iniciaram-se em Olinda, quando teve a nomeação do mineiro Herculano Ferreira Pena
para presidir a província, em 7 de novembro de 1848. Esse novo presidente era avesso aos praieiros. Além disso, os militantes
do Partido da Praia foram progressivamente sendo afastados de cargos administrativos.

No início de 1849, os rebeldes invadiram Recife, mas as forças imperiais com o apoio da Guarda Nacional reprimiram o
movimento. Os combates se estenderam até 1850, quando os praieiros foram definitivamente derrotados. Entre governistas
e insurretos, a Revolta da praieira deixou mais de 800 mortos. As principais lideranças da Praia, que conseguiram sobreviver
ao conflito e não fugiram para o exterior, foram condenados à prisão perpétua no arquipélago de Fernando de Noronha.
Porém, em 1851, o governo central anistiou todos os participantes. Após esse acontecimento, o Império viveu um período de
relativa estabilidade política e social, estremecidas, posteriormente, pelas questões abolicionistas, militares, religiosas e
republicanas.

EXTENSÃO DOS CONFLITOS DA REVOLUÇÃO PRAIEIRA

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D) A Praieira lutava pela Convenção Nacional, uma espécie de
Assembleia Constituinte, que soberanamente tomaria
decisões como substituir o sistema monárquico pelo
republicano.
E) Ao longo da década de 1840, os radicais do Partido Liberal
Recifense usavam o Jornal Diário Novo, localizado na Rua
da Praia, para veicularem suas ideias liberais e a
necessidade de um ato revolucionário. Em pouco tempo,
QUESTÃO 1 / (UFPE)
passaram a ser chamados de “praieiros”.
O segundo reinado no Brasil ocorreu sem as muitas insta-
bilidades políticas que marcaram os primeiros anos da
QUESTÃO 4 / (COTEC)
independência. Pernambuco, que mantinha uma tradição
“(...) à medida que avançamos na evolução do Império, vai a
liberal, decorrente de movimentos, como a Revolução de 1817
agitação democrática e popular perdendo em intensidade.
e a Confederação do Equador, mostrou seu descontentamento
Como as demais revoltas que se seguem à abdicação de Dom
com o governo central na Revolução Praieira de 1848.
Pedro I, não passou a revolta da Praia [Praieira] de um impulso
Com relação ao movimento praieiro, podemos afirmar que:
dado pela revolução da Independência. Mas, então, já era
A) tinha a liderança das elites políticas liberais e expressava
vigorosa a contramarcha. Tinha cessado aquele impulso, e era
também o radicalismo político dos grupos socialistas
agora a reação que dominava.”
pernambucanos. (PRADO JÚNIOR, Caio. Evolução Política do Brasil. Citado por FERREIRA, Olavo
B) foi cenário de confrontos militares, que obrigaram o Leonel. História do Brasil. 17ª. ed. São Paulo: Ática, 1995, p. 241)
governo a reforçar suas tropas e a julgar os rebeldes presos
com rigor. Assinale a alternativa historicamente correta à qual o texto se
C) foi um movimento político socialista, que expressou ideais refere.
de liberdade e de socialização das riquezas. A) Ao fim da Revolução Praieira, o mais radical movimento
D) ameaçou o governo central, pois contou com o apoio militar popular imperial, que pregava, entre outras medidas, a
de várias províncias do Norte e do Nordeste. supressão do trabalho escravo.
E) não passou de uma rebelião local, sem grandes reper- B) À centralização política, durante o chamado Segundo
cussões políticas, restringindo-se a uma disputa por cargos Reinado, período em que a “União” se fortaleceu em
administrativos. detrimento da autonomia das províncias e municípios.
C) À vitória do Partido Conservador, que assumiu o poder após
QUESTÃO 2 / (UFAL/COVEST) a abdicação de D. Pedro I, aniquilando as chances de uma
As instabilidades políticas não cessaram com a instalação do descentralização democrática.
Segundo Reinado no Brasil. Apesar do maior controle do Estado D) À indiferenciação ideológica dos Partidos Conservador e
sobre as províncias, as insatisfações e as inquietudes políticas Liberal, aspecto que permitiu ao Governo Central reprimir,
continuavam com menos intensidade, mas a Rebelião Praieira indistintamente, as revoltas do período.
de 1848 marcou politicamente a época de D. Pedro II. E) À forma pela qual os revoltosos firmaram uma alienação
Os rebeldes tiveram: com os conservadores para se manterem conjuntamente
A) um apoio militar de todas as províncias situadas no Norte e no poder.
no Sul.
B) um ideário político influenciado pelas obras de Marx e Saint- QUESTÃO 5 / (IPAD)
Simon. A Rebelião Praieira trouxe inquietações políticas para o governo
C) um forte sentimento antilusitano, com conflitos chamados imperial e agitou a província de Pernambuco. Os praieiros
“mata-marinheiros”. defendiam:
D) uma organização militar exemplar, com ajuda de A) a existência de um governo republicano e descentralizado.
mercenários ingleses. B) a autonomia de Pernambuco e o fim da monarquia.
E) uma propaganda política bem organizada, liderada por uma C) a divulgação do socialismo nas escolas da época.
elite socialista. D) a expulsão dos portugueses da província de Pernambuco.
E) o combate à administração dos governos do Partido
QUESTÃO 3 / (COMVEST) Conservador.
A Revolução Praieira foi um levante armado, autonomista e
federalista e, para muitos, republicano. Acontecido entre 1848 QUESTÃO 6 / (IAUPE CBPE 2017)
e 1849 na província de Pernambuco, foi um movimento com Segundo o historiador Marcus Carvalho, alguns aspectos
objetivos claros que ameaçavam a ordem social do Império chamam a atenção na história social do Recife, na primeira
brasileiro. Assinale a única alternativa incorreta. metade dos oitocentos. Um deles é, sem dúvida, o ciclo das
A) Mesmo irrompendo no reinado de Pedro II, a Praieira insurreições liberais, que se inicia com a Insurreição de 1817,
pertence ao ciclo das agitações da minoridade e reflete passa pela Confederação do Equador em 1824 e termina com
inquietações sentidas em outros Estados, onde, em geral a Praieira em 1848.
pelas armas, se buscavam soluções não monárquicas para (CARVALHO, Marcus Joaquim Maciel de. Rumores e rebeliões: estratégias de
resistência escrava no Recife de 1817-1848.Tempo,Vol. 3 - n° 6, dezembro de
problemas institucionais do país. 1998).
B) Longe das influências dos movimentos de 1817 e 1824, os
praieiros descartavam a mobilização das massas, Sobre esses movimentos, é CORRETO afirmar que
preferindo as operações de assalto ao poder. Foi assim que A) alguns dos participantes da Insurreição Pernambucana de
conseguiram sublevar várias províncias pernambucanas e 1817 foram plantadores de algodão e cana, que circun-
invadir e tomar a capital, Recife. davam o quilombo do Catucá. Ali também viveram muitos
C) A Praieira repercutiu, no Brasil, ideias de revoluções dos plantadores, que estiveram envolvidos na Confede-
acontecidas na Europa em 1848. No “Manifesto ao Mundo”, ração do Equador. Dessa forma, uma das consequências
se reivindica o voto livre e universal, a liberdade de dessas insurreições foi a fuga de escravos para o referido
imprensa, a autonomia dos poderes constituídos, além da quilombo.
extinção do Poder Moderador.

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B) por serem insurreições liberais e essa doutrina não admitir QUESTÃO 10
a prática da escravidão, a abolição da escravatura e o fim “E eu piso onde quiser, você está girando melhor, garota Na
do tráfico atlântico de escravos foram uma das bandeiras areia onde o mar chegou, a ciranda acabou de começar, e ela
defendidas por todos os seus líderes. Essa medida fez com é!
que os cativos pegassem em armas e lutassem contra as E é praieira!!!
tropas reais. Segura bem forte a mão
C) na década de 1840, havia duas facções competindo pelo E é praieira !!!
poder na província de Pernambuco. O levante dos praieiros Vou lembrando a revolução, vou lembrando a Revolução
está relacionado com as disputas entre esses dois grupos Mas há fronteiras nos jardins da razão”
das elites locais pelo governo de Pernambuco, não
existindo, assim, nenhuma conexão com as disputas O trecho acima da música Praieira, de Chico Sciense, remete
parlamentares na Corte. brevemente à Revolução Praieira de 1842-1849, ocorrida em
D) os descontentamentos resultantes da outorga da Consti- Pernambuco. Essa revolução de caráter liberal tinha uma série
tuição de 1817 pela corte foram claramente manifestados de reivindicações, exceto:
em Pernambuco. Esse fato acabou insuflando as elites A) a liberdade de imprensa.
pernambucanas que proclamaram a república, adotando, B) a instituição do voto universal.
provisoriamente, a constituição estadunidense. C) o fim do monopólio comercial dos portugueses.
E) entre mortos e feridos, o saldo da Revolução Praieira foi de D) o fim da propriedade privada dos meios de produção.
quase novecentas pessoas. Mas diferente das Insurreições E) a extinção do poder moderador.
1817 e 1824, a Praieira não contou com a participação da
"populaça". A presença das "classes perigosas" nas duas QUESTÃO 11
primeiras insurreições liberais fez com que a repressão Durante os anos finais da década de 1840, Pernambuco viveu
fosse muito maior. Os rebeldes de 1817 foram esmagados uma verdadeira guerra civil em decorrência da eclosão da
de tal forma que até padres foram executados, algo Revolução Praieira, que tinha dentre seus objetivos colocar fim
inusitado no mundo colonial lusitano e que se repetiria em ao poder moderador exercido pelo Imperador e garantir a
1824. liberdade de imprensa.
A Revolução recebeu esse nome pelo fato:
QUESTÃO 7 / (AMEOSC) A) de o jornal Diário Novo, órgão de divulgação dos revolu-
No ano de 1848 diversas revoluções ocorreram na Europa, tais cionários, localizar-se na Rua da Praia, em Recife.
como na França e na Itália, por exemplo. Tais revoluções B) de as ações dos revolucionários restringirem-se à faixa
tiveram cunho liberal, em consequência de governos centrali- litorânea do estado de Pernambuco.
zados com uma política engessada que não permitia renovação C) de o movimento alastrar-se por todo o litoral nordestino,
no plano econômico. Em paralelo, um movimento com criando inúmeras dificuldades para a repressão das forças
características semelhantes ocorreu no Brasil, tendo início no imperiais.
mesmo ano, este foi: D) de a sede do novo governo revolucionário localizar-se na
A) A Inconfidência Mineira. Rua da Praia, em Recife.
B) A Revolução Praieira.
C) A Revolta da Vacina.
D) A Guerra dos Emboabas.

QUESTÃO 8 / (UFMG)
Qual a afirmação CERTA em relação à Revolução Praieira, ocor-
rida na província de Pernambuco (1842-1849)?
A) Foi um movimento antilusitano que procurava a derrubada
da Regência através do Partido da Ordem.
B) Defendia primordialmente o comércio a nível nacional para
desenvolver a economia de trocas da província.
C) Pretendia a expropriação dos senhores da terra para a
proclamação de uma república independente.
D) Foi um movimento popular que visava a reformas sociais,
principalmente a nacionalização do comércio e a desapro-
priação dos engenhos. Tinha um cunho nitidamente repu-
blicano como os demais movimentos de oposição à ordem
imperial.

QUESTÃO 9
A Revolução Praieira de 1842-1849 foi também inspirada por
acontecimentos que estavam ocorrendo em solo europeu
contra as forças conservadoras do Antigo Regime. Qual era
essa inspiração?
A) Guerras Napoleônicas
B) Primavera dos Povos
C) Comuna de Paris
D) Revolução Francesa
E) Revolução Industrial Inglesa.
GABARITO

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
B C B D A A B D B D A

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CAPÍTULO 15:

A PARTICIPAÇÃO DE POLÍTICOS PERNAMBUCANOS NA ABOLIÇÃO DA ESCRAVIDÃO


➢ A sociedade imperial

A organização social do período imperial era estruturada basicamente por três segmentos diferentes: os homens brancos
(integrantes das “boas famílias”, proprietários de terras), os escravos (impulsionavam a economia imperial) e o povo
(brancos, mestiços e negros libertos). Paulatinamente, houve o crescimento de um novo setor social, o das “camadas
médias” que era composta por dentistas, jornalistas, advogados, médicos e outros profissionais. A sociedade
imperial era marcada pela violência contra os escravos (castigos físicos, torturas). Outro elemento característico era o
abandono das crianças, a exploração infanto-juvenil, a fome e a miséria de grupos excluídos.

➢ O fim do tráfico negreiro e a Lei das Terras

No ano de 1845, a Inglaterra conseguiu impor uma lei que tinha como pretensão prender toda embarcação que estivesse
transportando escravos pelo Oceano Atlântico. Esta lei recebeu o nome de Bill Aberdeen. A partir de então, a marinha
britânica poderia realizar o apresamento de navios negreiros. Essa medida colaborou para a diminuição considerável de
escravos no Brasil e significou uma ofensiva à implementação do aumento de impostos sobre produtos importados, a chamada
Tarifa Alves Branco (medida decretada, em 1844, pelo ministro da Fazenda Manuel Alves Branco). Ao mesmo tempo houve
uma elevação no preço os escravos. A produção cafeeira no Vale Fluminense gerou uma elevada demanda pelo trabalho
escravo.

A pressão da Inglaterra pelo fim do tráfico negreiro teve início desde o desembarque da Família Real no Brasil. Em 1810,
d. João já havia entrado em acordo com os ingleses a abolir a escravidão nas possessões lusitanas. Este compromisso, no
entanto, não foi executado imediatamente. Após longos 35 anos de pressões britânicas, negociações e retratações por parte
do governo de d. Pedro II, a promulgação da lei Bill Aberdeen gerou tensões nas relações diplomáticas entre Brasil e a
Inglaterra.

Em 1850, o governo imperial aprovou a Lei Eusébio de Queiroz. O objetivo da lei era proibir definitivamente a entrada
de escravos no país. Com a aprovação desta lei, a entrada de escravos diminuiu consideravelmente, gerando, também, o
aumento no preço dos escravos. Diante deste cenário, além de desumana e cruel, a escravidão tornou-se economicamente
insustentável.

Com o fim do tráfico de escravos, os recursos foram investidos em outros setores da economia nos principais centros do
país. O Rio de Janeiro, por exemplo, recebeu várias melhorias como iluminação a gás, água canalizada, transporte urbano
(bondes elétricos) e serviços bancários.

No mesmo ano da aprovação da lei que extinguia o tráfico de escravos, o Parlamento brasileiro aprovou a Lei das Terras.
Esta medida proibia a aquisição de terras públicas por qualquer mecanismo que não fosse a compra, sendo as despesas para
adquirir e registrar a propriedade eram elevadas. A lei requeria que todas as terras foram cadastradas nos Registros Paroquiais.
Assim, não é pura coincidência a aprovação desta lei no mesmo ano da Lei Eusébio de Queiroz. Os grandes proprietários
conceberam o fim tráfico negreiro como uma ameaça a estrutura latifundiária. Isso justifica a reação visando restringir o
acesso à terra (mercadoria de elevado preço). Outra intenção dos latifundiários era evitar que os imigrantes tornassem
proprietários.

➢ As leis abolicionistas

No contexto das mudanças que marcaram o Brasil do final do século XIX, um tema gerou intensas discussões: a abolição
da escravidão. No bojo da situação político-econômica mundial e diante das pressões existentes dentro do país, várias
medidas foram aprovadas a fim de limitar gradualmente o escravismo.

Pode-se mencionar alguns movimentos que já defendiam a extinção da escravidão. Intelectuais consideravam que o
trabalho compulsório representava abuso e um grande entrave para o desenvolvimento econômico. A partir de 1850, a luta
abolicionista adquiriu mais fôlego com medidas estatais que colaboram para a extinção paulatina da escravidão no Brasil.

A fim de suprir a escassez de escravos, os proprietários de terras criaram situações para atrair a mão de obra europeia.
Os imigrantes seriam utilizados na produção agrícola. Alguns historiadores apontam que esta vinda colaborou para reforçar a
ideia de que era preciso "embranquecer" nossa sociedade. A cultura europeia contribuiria, portanto, para o "branqueamento"
da população, uma vez que havia quem defendesse que os negros pertenciam a um grupo racial inferior. Após a Lei Eusébio
de Queiroz (1850), outras medidas foram criadas a fim de extinguir a escravidão de forma lenta e gradual.

Em 1871, a Lei do Ventre Livre assegurava a liberdade aos filhos de escravas que houvesse nascido após a promulgação
da lei. A vigência desta medida conseguiu aliviar, por um curto período, as pressões internacionais contra a escravatura no
Brasil. No ano de 1883, José do Patrocínio e outros militantes criaram a Confederação Abolicionista, a qual agregou as
diversas associações que combatiam a escravidão.

Em 1885, as elites imperiais fizeram novas concessões com o propósito reter o movimento abolicionista. Neste contexto,
foi assina a Lei Saraiva-Cotegipe ou Lei dos Sexagenários (libertava o escravo com a idade acima dos 60 anos)

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Em 13 de maio de 1888, a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea que abolia a escravidão no Brasil. Esta medida
relativamente ajudou um razoável contingente de escravos. Se por um lado, a medida imperial resultou na libertação dos
escravos, por outro gerou insatisfação nos proprietários de terras que ainda utilizam a mão de obra escrava nas atividades
agrícolas. Vale salientar, porém, que a escravidão no Brasil não foi resultado de um projeto humanitário.

➢ A participação dos políticos pernambucanos

No ano de 1880, o pernambucano Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo e outros abolicionistas criaram a
Sociedade Brasileira contra a Escravidão. Nascido no Recife, em 1849, Joaquim Nabuco exerceu atividades relacionadas
à diplomacia, ao conhecimento histórico, ao jornalismo e ao direito. Escreveu a obra O Abolicionismo, Minha formação. De
família escravocrata, Nabuco escolheu lutar contra a escravidão. Além de Nabuco, é possível mencionar outros
pernambucanos combateram o modelo escravocrata no Brasil, tais como: José Mariano, Barros Sobrinho, João Ramos,
Alfredo Pinto, Phaelante da Câmara, Vicente do Café e Leonor Porto. Em Pernambuco existia o a associação
emancipatória Clube do Cupim, criado em 1884, que alforriava e dava proteção aos cativos. Após a assinatura da Lei Áurea,
os políticos e intelectuais pernambucanos se destacam como os líderes da campanha abolicionista no Brasil.

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Foram seu fundadores: João Ramos, presidente (“Ceará”);
Guilherme Ferreira Pinto, tesoureiro (“Goiás”); Alfredo Pinto
Vieira de Melo, secretário (“Minas Gerais”); Fernando de Paes
Barreto, o orador do Clube (“Maranhão”); Numa Pompílio
(“Mato Grosso”), João José da Cunha Lajes (“Amazonas”);
Barros Sobrinho (“São Paulo”), Antônio Faria (“Rio Grande do
Sul”); Gaspar da Costa (“Rio de Janeiro”); Nuno Alves da
Fonseca (“Alagoas”); Alfredo Ferreira Pinto (“Bahia”); Manoel
QUESTÃO 1 / (UPE)
Joaquim Pessoa (“Rio Grande do Norte”) e Luís Gonzaga do
A década de 1870 marcou o começo da crise do Segundo
Amaral e Silva (“Pernambuco”).”
Reinado. Os fatores que contribuíram para essa crise são: Disponível no site da Fundaj. Acesso em 29 de julho de 2018.
I. A contratação de serviços militares de mercenários ingle-
ses. Diversos políticos pernambucanos participaram ativamente na
II. O movimento republicano. luta contra a escravidão e criando associações que se
III. Os conflitos do Governo Imperial com a Igreja e o Exército. engajavam na campanha abolicionista. O texto acima refere-se
IV. O processo abolicionista, a uma importante sociedade criada por João Ramos. Qual o
V. A indenização de dois milhões de libras que o Brasil pagou nome dela?
a Portugal em troca do reconhecimento da sua indepen- A) Seminário de Olinda.
dência. B) Areópago de Itambé.
C) Conspiração dos Suassunas.
Estão corretas D) Clube do Cupim.
A) apenas I, II e IV. E) Conjuração do Nosso Pai.
B) apenas I, III e V.
C) apenas II, III e IV. QUESTÃO 5 / (EP QUESTÕES)
D) apenas II, III, IV e V. “Para evitar a aglomeração, a comissão executiva se reúne em
E) I, II, III, IV e V. vários locais: sob as árvores da Rua do Imperador, no meio de
pontes, nas traseiras de armazéns ou atacadistas, na Praça da
QUESTÃO 2 / (UPE) República e até na Rua da Aurora., em frente à sede da
Aprovada em 1850, a lei de terras polícia. Eles discutiram, deliberaram e deram suas ordens aos
A) “Estabelecia que o meio normal de adquirir a propriedade capitães que se reuniram nas proximidades, e os passaram
da terra era a posse (ocupação produtiva) da área” para seus companheiros, que os levaram a cabo com
B) “Contribuiu para preservar o domínio patrimonial dos velhos brevidade, lealdade e na íntegra. Todo o trabalho foi facilitado
fazendeiros, impedindo que a propriedade da terra se porque eles tinham adeptos e simpatizantes por toda
desconcentrasse (precisamente no momento de transição parte. Havia um grande número de “panelas” (panelas), como
do trabalho escravo para o trabalho livre)”. os esconderijos dos escravos que a sociedade ajudava a libertar
C) “Extinguia a aquisição da propriedade pela posse prolon- eram chamados.”
gada, por tempo e condições definidos em lei (usucapião)”. Fonte: Fundaj.
D) “Limitava os latifúndios e possibilitava aos mais pobres a
compra de pequenas áreas, aumentando, significativa- O texto faz alusão à sociedade de combate à escravidão que
mente, os minifúndios”. atuava em Pernambuco no contexto da campanha abolicionista
E) “Promoveu o crescimento industrial e do setor de serviço, do Brasil. Este movimento recebeu o nome de:
ampliando o mercado interno brasileiro”. A) Conspiração dos Suassunas.
B) Clube do Cupim.
QUESTÃO 3 C) Insurreição Pernambucana.
As Leis Abolicionistas, a partir de 1850, podem ser consi- D) Confrarias religiosas.
deradas como o nível político da crise geral da escravidão no E) Confederação dos Cariris.
Brasil, porque:
A) a Lei Eusébio de Queiroz (1850) proibiu o tráfico quando a QUESTÃO 6 / (EP QUESTÕES)
necessidade de escravos já era declinante, face à crise da No contexto das mudanças que marcaram o Brasil do final do
lavoura. século XIX, um tema gerou intensas discussões: a abolição da
B) o sucesso das experiências de parceria acelerou a emanci- escravidão. No bojo da situação político-econômica mundial e
pação dos escravos, crescendo um mercado de mão-de- diante das pressões existentes dentro do país, várias medidas
obra livre no país. foram aprovadas a fim de limitar gradualmente o escravismo.
C) a Lei do Ventre Livre (1871) representou uma vitória Pode-se mencionar alguns movimentos que já defendiam a
expressiva do movimento abolicionista, tornando irrever- extinção da escravidão. Intelectuais consideravam que o
sível o fim da escravidão. trabalho compulsório representava abuso e um grande entrave
D) as sucessivas leis emancipacionistas foram paralelas à para o desenvolvimento econômico. A partir de 1850, a luta
progressiva substituição do trabalho escravo por homens abolicionista adquiriu mais fôlego com medidas estatais que
livres. colaboram para a extinção paulatina da escravidão no Brasil.
E) a Lei Áurea, iniciativa da própria Coroa, visava a garantir a
estabilidade e o apoio dos setores rurais ao Império. Neste contexto, diversos políticos Pernambuco participaram do
processo de abolição/emancipação dos escravos. Assinale a
QUESTÃO 4 / (EP QUESTÕES) alternativa INCORRETA.
”A sociedade não tinha estatuto e seu único lema era a A) No ano de 1880, o pernambucano Joaquim Aurélio Barreto
libertação dos escravos por todos os meios. Como era uma Nabuco de Araújo e outros abolicionistas criaram a
sociedade secreta, seus sócios adotavam um “nome de Sociedade Brasileira contra a Escravidão. Nascido no Recife,
guerra”, utilizando-se dos nomes das províncias brasileiras da em 1849, Joaquim Nabuco exerceu atividades relacionadas
época (atuais estados). à diplomacia, ao conhecimento histórico, ao jornalismo e ao
direito. Escreveu a obra O Abolicionismo, Minha formação.

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B) De família escravocrata, Nabuco escolheu lutar contra a
escravidão. Além de Nabuco, é possível mencionar outros
pernambucanos combateram o modelo escravocrata no I.
Brasil, tais como: José Mariano, Barros Sobrinho, João II.
Ramos, Alfredo Pinto, Phaelante da Câmara, Vicente do III.
Café e Leonor Porto. IV.
C) Em Pernambuco existia o a associação emancipatória Clube V.
do Cupim, criado em 1884, que alforriava e dava proteção VI.
aos cativos. VII.
D) Após a assinatura da Lei Áurea, os políticos e intelectuais VIII.
pernambucanos se destacam como os líderes da campanha IX.
abolicionista local e não tiveram notoriedade nacional. X.
E) Em Recife, os carregamentos e envios de escravos clandes- XI.
tinos para outros locais, passaram a ser mais numerosos e XII.
frequentes. Os escravos eram enviados também para XIII.
Camocim, Natal, Macau, Macaíba, Belém, Manaus, Rio de XIV.
Janeiro, Rio Grande do Sul e até Montevidéu, no Uruguai. XV.
XVI.
XVII.
XVIII.
XIX.
XX.
XXI.
XXII.
XXIII.
XXIV.
XXV.
XXVI.
XXVII.
XXVIII.
XXIX.
XXX.
XXXI.
XXXII.
XXXIII.
XXXIV.
XXXV.
XXXVI.
XXXVII.
XXXVIII.
XXXIX.
XL.
XLI.
XLII.
XLIII.
XLIV.
XLV.
XLVI.
XLVII.
XLVIII.
XLIX.
L.
LI.
LII.
LIII.
LIV.
LV.
LVI.
LVII.
LVIII.
LIX.
LX.
LXI.
LXII.
LXIII.
LXIV.
GABARITO LXV.
LXVI.
1 2 3 4 5 6 LXVII.
C B D D B D

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CAPÍTULO 16:

PERNAMBUCO REPUBLICANO (1889-1930)

➢ A Proclamação da República

Os setores mais conservadores da sociedade reagiram e resistiram à abolição da escravidão no Brasil. Esta oposição seguia
uma lógica simples: a base de sustentação do Império era a permanência do modelo escravocrata, uma vez que houve uma
associação entre os movimentos abolicionistas e ascensão dos movimentos republicanos. Deste modo, quando a escravidão
foi extinta, as ideias de República tiveram expansão considerável.

A partir de 1860, houve a divisão do Partido Liberal dando origem ao Partido Liberal Radical. A nova entidade
reivindicava reformas econômicas e políticas, como o fim da escravidão, extinção do Poder Moderador e autonomia
administrativa para as províncias. Na década de 1870, este grupo cria o Partido Republicano.

Os últimos anos do governo de D. Pedro II foram caracterizados por intensas campanhas republicanas e abolicionistas.
Elas se ajudavam mutuamente. Os seguidores das ideias republicanas buscavam o apoio dos militares, pois muitos
acreditavam que não tinham poderes suficientes para derrubar o regime imperial. Na época, a monarquia brasileira sofria
duras críticas. A impopularidade do Imperador aumentava cada vez mais.

Influenciados pela corrente filosófica positivista, o exército passou a ter destaque na sociedade brasileira. A difusão das
ideias republicanas, as críticas à família imperial e o aumento do prestígio dos militares motivaram a criação do Clube Militar
(1887). Segundo historiadores, após a sua fundação, o Clube Militar passou a conspirar contra o Imperador.

Diante deste cenário, o marechal Deodoro da Fonseca foi escolhido para liderar o golpe militar. Assim, após a dissolução
do gabinete imperial, o marechal proclamou a República no dia 15 de novembro de 1889. Sem a participação de populares
e sem radicalismos, a República brasileira surgia com um projeto elitista. Este ponto peculiar levou o ministro do interior
Aristides Lobo afirmar que “o povo assistiu a tudo bestializado”.

➢ Os primeiros anos da República

A República nasceu sem provocar grandes alterações nas bases sociais. Na economia, por exemplo, o país continuou com
o perfil de agroexportador. Não houve, também, a inclusão de projetos de inclusão social o que gerou insatisfações nas alas
mais radicais.

Os dois primeiros governos, no entanto, foram formados por militares: os marechais Deodoro da Fonseca e Floriano
Peixoto. Era a fase da República da Espada (1889-1894). Após este curto período, uma nova ordem política foi instalada
no país, fundamentando-se no federalismo e na predominância das elites de Minas Gerais e São Paulo se revezando no poder.
Surgia, deste modo, a República Velha ou Café com leite (1894-1930).

➢ A República das Oligarquias e a política dos governadores

Enquanto os militares esmagavam os focos de resistência ao governo, as oligarquias cafeeiras organizavam-se para
assumir o poder. Após a saída de Floriano Peixoto, o paulista Prudente de Morais (PRP) foi eleito presidente da república. A
partir de então, inicia-se um revezamento governamental entre as elites mineiras e paulistas.

Com o objetivo de permanecer no poder, a aristocracia rural desenvolveu instrumentos políticos como a política dos
governadores. Iniciada no governo de Campos Sales (1898-1902), a política dos governadores possibilitava que o
presidente da república firmasse um acordo com os presidentes dos estados (atuais governadores) a fim de apoiar os
senadores e deputados, leais ao governo central.

O “pacto” entre o governo federal e os presidentes dos estados colaborou para a perduração no poder de representantes
de dois estados: Minas Gerais e São Paulo. Além de uma economia forte, estados garantiram a supremacia no Congresso
Nacional. A política café com leite consistiu, justamente, no revezamento ou alternância entre mineiros e paulistas no governo
federal.

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A fórmula democrática, charge de Alfredo Sotrni sobre a política do café com leite,
publicada na Revista Careta, agosto de 1925.

➢ O voto do cabresto e o coronelismo

O coronelismo é um dos fenômenos essenciais para entender os jogos de poder na Repúblicas Oligárquica. A titulação
de coronel remonta o período regencial. Era geralmente cedido às elites rurais que apoiavam a Guarda Nacional que reprimia
as revoltas coloniais espalhadas pelo país.

As ações coercitivas eram facilitadas pelo modelo eleitoral em vigência que não possuía a obrigatoriedade do voto secreto.
Para votar, o eleitor ia à mesa eleitoral, assinava o seu nome e escrevia o nome do candidato. Este sistema facilitava as
fraudes eleitorais e manipulações na contagem dos votos, permitindo que as oligarquias se perpetuassem no poder.

➢ A República e as elites pernambucanas

As elites políticas e econômicas pernambucanas ficaram surpresos com o desfecho da Proclamação da República, uma vez
que o partido republicano não tinha tanta força na província. No contexto do final do século XIX, os monarquistas liberais
(José Mariano e José Maria de Albuquerque) e frente conservadora (Conselheiro João Alfredo e Barão de Lucena) tinham
maior espaço em Pernambuco. Com a inserção do republicanismo, muitos políticos mudaram de grupo, exceto o conselheiro
João Alfredo que manteve-se leal aos elementos monárquicos.

Com a chegada de Deodoro da Fonseca ao poder, Lucena foi uma das referências nos anos iniciais da república, no
entanto, com o contra-golpe de Floriano Peixoto, ele ficou fragilizado politicamente. Com a chegada a chegada de Floriano,
Barbosa Lima torna-se governador do Estado de Pernambuco. A gestão de Barbosa Lima foi tensa devido à agitação política
que caracterizou o período de governo de Floriano Peixoto.

Em 1894, chega ao poder o 3º presidente da República, o paulista Prudente de Morais. A partir de então, o controle político
de Pernambuco vai para o Conselheiro Rosa e Silva que colaborou para a eleição de quatro governadores seguidamente:
Correia da Silva, Sigismundo Gonçalves, Gonçalves Ferreira e Herculano Bandeira. O monopólio político só foi rompido, em
1911, quando Dantas Barreto chega ao poder.

A política em Pernambuco era controlada pela oligarquia que desenvolvia manobras para atender interesses particulares,
entre eles, o protecionismo aos senhores de engenho que almejavam montar suas usinas para produzir açúcar e construir
estradas de ferro para o escoamento da mercadoria. Entre 1890 e 1930, foram fundadas 76 usinas de açúcar. O crescimento
destas usinas colaborou para o surgimento de fortes lideranças, tais como: Costa de Azevedo (Catende), José Pessoa de
Queiroz (Santa Terezinha) e Estácio Coimbra (Barreiros). Este último, foi governado do estado, ministro da agricultura e
vice-presidente da república).

No ramo industrial (fiação e tecelagem), destacaram-se Batista da Silva (Recife), Oton Bezerra de Melo (Goiana),
Manuel Borba (Moreno, Escada e Camaragibe). Outro destaque foi o sueco Hermann Lundgren que investiu no setor
têxtil, criando um sistema de vendas que ia diretamente nas comunidades. Ele fundou as Lojas Paulistas, denominadas,
posteriormente, de Casas Pernambucanas.

Pernambuco recebe muitos imigrantes italianos e alemães. Nas cidades de Palmares, Nazaré da Mata e Garanhuns
formaram se comunidades de imigrantes. Após a instalação da empresa britânica ( Great Western of Brazil Railway Company
Limited), que construiu a estrada de ferro de Recife a Limoeiro, muitos ingleses passaram a se estabelecerem no estado.

Rosa e Silva foi um dos O vice-presidente da República


ícones políticos na e Governador do Estado de
primeira República. Pernambuco Estácio Coimbra.

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A ação dos militares comandados por Deodoro da Fonseca, em
15 de novembro de 1889, no Rio de Janeiro, deu origem ao
período histórico conhecido como Brasil República. Era uma
corrente filosófica defendida pelo exército à época
A) Caudilhismo.
B) Marxismo.
C) Positivismo.
D) Liberalismo.
QUESTÃO 1 / (UPE)
E) Pan-americanismo
Na noite de 15 novembro de 1889, formou-se o governo
provisório republicano para dirigir o país. As principais medidas
QUESTÃO 7 / (EP QUESTÕES)
do governo provisório foram, exceto.
A Proclamação da República foi, em certa medida, o resultado
A) Instituição do federalismo.
da convergência de ideias entre parte dos militares e
B) Separação entre a Igreja e o Estado.
cafeicultores. Esses dois grupos, porém, divergiam quanto à
C) Criação do registro civil de nascimento e o casamento civil.
forma de governar o país, sendo possível a identificação de dois
D) Organização, através do Ato adicional, da Guarda Nacional.
projetos republicanos de governo. Assinale a alternativa
E) Criação de novos símbolos nacionais.
CORRETA quanto à característica desses projetos.
A) Projeto republicano liberal - tinha ampla aceitação entre os
QUESTÃO 2 / (UPE)
membros do exército.
A chamada política do café com leite
B) Projeto republicano liberal - visava à promoção do
A) promoveu o desenvolvimento agropecuário do Nordeste.
progresso dentro do pensamento da industrialização, de
B) tornou inviável o “voto de cabresto”.
espírito ordeiro e com forte intervenção do estado.
C) impossibilitou a usurpação política dos coronéis na Primeira
C) Projeto republicano liberal - baseava-se nas ideias do
República.
filósofo francês Augusto Comte.
D) só influenciou a população urbana, porque era desconhe-
D) Projeto republicano positivista - pregava a descentralização
cida pela população rural.
política e a autonomia dos estados.
E) terminou em 1930, com a ascensão de Getúlio Vargas ao
E) Projeto republicano positivista - defendia a não participação
poder político.
dos setores mais pobres da população nas decisões
políticas.
QUESTÃO 3 / (UPE)
Um elemento típico das relações de poder na Primeira
QUESTÃO 8 / (EP QUESTÕES)
República foi o(a)
Analise a charge abaixo:
A) anarquismo. B) sindicalismo.
C) voto de cabresto. D) imigração.
E) messianismo.

QUESTÃO 4 / (UPE)
Ao longo da primeira República, algumas figuras políticas
pernambucanas se destacam no cenário nacional, assumindo
cargos importantes. Assinale a alternativa do político Pernam-
buco que se tornou vice-presidente do Brasil:
A) Carlos Alberto Menezes. B) Estácio Coimbra.
C) Dantas Barreto. D) Manoel Borba.
Sobre ela, assinale a alternativa CORRETA.
E) Sérgio Loreto.
A) Faz referência à política do café-com-leite na qual uma de
suas características foi a “política dos governadores”, que
QUESTÃO 5
consistia em um acordo firmado entre o presidente e os
Durante a República Velha (1889 -1930), desenvolveu-se a
governadores estaduais, no qual se previa, dentre outras
chamada "política dos governadores", cujas características
coisas, o apoio mútuo.
eram:
B) Refere-se à política do café-com-leite na qual os de são Paulo
A) a articulação do coronelismo à política nacional, através da
e Minas Gerais ditavam sozinhos os rumos da república
ideologia do favor, assegurando a hegemonia das oligar-
devido ao grande poder econômico dos dois estados.
quias paulistas e mineiras sobre o poder central.
C) Demonstra a grande rivalidade entre os Estados de Minas
B) a organização constitucional republicana em função do
Gerais e São Paulo durante a República Velha, o que
predomínio dos interesses agroexportadores do café,
ocasionava uma verdadeira gangorra no exercício da
representados por São Paulo.
Presidência da República.
C) a representação majoritária dos Estados, cujos governa-
D) Está vinculada ao período da Nova República na qual dois
dores eram solidários com o poder central, tanto no Senado
blocos rivais foram constituídos. De um lado, o Bloco Paulista,
quanto na direção dos órgãos federais.
grande incentivador da industrialização nacional, do outro, o
D) a participação de todos os governadores estaduais na
mineiro, que defendia o investimento no agronegócio.
definição da política externa do país e a garantia da União
E) A Nova República permitiu que os estados de São Paulo e
aos empréstimos externos dos Estados.
Minas Gerais se revezassem no exercício do poder, com
E) a distribuição dos recursos federais entre os municípios,
consentimento e participação de outros estados da
segundo a influência dos coronéis, favoráveis aos respec-
federação, como Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio
tivos governadores estaduais.
Grande do Sul.
QUESTÃO 6 / (EP QUESTÕES)
O fim da monarquia foi resultado, dentre outras coisas, da crise
GABARITO
deflagrada com a abolição da escravidão, da insatisfação de
parte das elites agrárias, do crescimento de um sentimento
1 2 3 4 5 6 7 8
republicano e da perca de prestígio junto com uma parcela
importante das forças armadas. D E C B E C E A

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CAPÍTULO 17:

PERNAMBUCO SOB A INTERVENTORIA DE AGAMENON MAGALHÃES (1937-1945)


➢ A Era Vargas (1930-1945)

A partir de 1930, o Brasil se preparava para eleições presidenciais. Seguindo o esquema “café com leite”, os líderes
republicanos dos estados apoiavam ora um presidente de São Paulo, ora um candidato de Minas Gerais. De forma inesperada,
o presidente Washington Luís (PRP), tomou a decisão de apoiar seu sucessor, o paulista, Júlio Prestes.

Esta situação gerou tensões, uma vez que Washington deveria indicar um mineiro. Insatisfeitos, as elites mineiras quebram
laços políticos com o governo e se articulam para promove a candidatura de oposição. Constituiu-se, dessa forma, a Aliança
Liberal (aliança com políticos do Rio Grande do Sul, da Paraíba e Pernambuco).

A Aliança Liberal lançou a chapa com o gaúcho Getúlio Vargas (presidente) e o paraibano João Pessoa (vice-presidente).
A chapa contou com o poio do movimento tenentista, as classes dos trabalhadores e os membros da classe média urbana. O
projeto da Aliança incluía que iam de encontro aos interesses dos setores da oligarquia paulista, além disso, o programa
fazia menção aos direitos trabalhistas, ao combate à corrupção dos órgãos públicos e a instauração do voto secreto.

A campanha aconteceu com muitas tensões, porém, o poderio econômico da máquina do governo federal garantiu a vitória
de Júlio Prestes. A chapa Vargas e João Pessoa denunciaram supostas fraudes eleitorais. O clima ficou mais dramático após
o assassinato de João Pessoa por João Dantas. O crime serviu como elemento final para a eclosão de uma rebelião. No dia
24 de outubro, a vitória dos revoltosos estava praticamente assegurada. Diante da deposição de Washington Luís, em 3 de
novembro, Getúlio Vargas assumiu, provisoriamente, o poder.

1. O Governo Provisório (1930-1934): Ao chegar ao poder, Vargas buscou atender interesses dos grupos que lhes deram
apoio. Porém, os impasses e divergências ficaram evidentes: de um lado, os banqueiros, os industriais e latifundiários
(visavam à democratização do país); e do outro os tenentes, que defendiam a centralização do poder. Neste período,
Vargas coloca no lugar dos antigos presidentes de estado, interventores federais. Geralmente, as pessoas que
assumiam este cargo eram militares. Estas medidas varguistas geraram críticas e tensões, como o movimento
constitucionalista de 1932.

2. O Governo Constitucionalista (1934-1937): Em 15 de julho de 1934 foi aprovada a nova Constituição que continha
187 artigos. A nova carta magna mesclava elementos jurídicos calcados no corporativismo, liberalismo e autoritarismo.
Entre os pontos principais, podem-se destacar: a inclusão de direitos sociais (saúde, educação, trabalho e família),
manutenção do federalismo e do presidencialismo. Em 17 de julho de 1934, Getúlio Vargas foi eleito, indiretamente, pela
Assembleia Constituinte. Seu mandato terminaria em 1938.

3. O Estado Novo (1937-1945): Com o pretexto de permanecer no poder, Vargas denunciou um possível plano comunista,
em 1937. Denominado de Plano Cohen (suposto militante judeu), um certo documento trazia informações que os
comunistas pretendiam assumir o poder. Neste cenário, Vargas deu um golpe de estado em novembro de 1937. Ao
instaurar o Estado Novo, o presidente cancelou os direitos constitucionais e extinguiu os partidos políticos, dando início a
uma fase marcada pela censura, perseguições e autoritarismo. No decorrer de 8 anos, houve o desenvolvimento de
mecanismos estatais de controle, como foi o caso da criação do Departamento Administrativo do Serviço Público
(Dasp) e o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP).

➢ A Interventoria de Agamenon Magalhães em Pernambuco

A década de 1920 foi reflexo do quadro político no Brasil. A situação de Pernambuco estava complexa em consequência
dos movimentos grevistas (1917) que atingiram setores importantes da economia. Eleito governador, em 1922, o juiz federal
Sérgio Loreto enfrentou dificuldades, pois houve tentativa de intervenção política realizada pelo presidente Epitácio Pessoa
que pretendia eleger seu sobrinho. Este ato gerou inquietações em lideranças estaduais como Manuel Borba que passou a
comandar um movimento contra o governo federal denominado de política do autonomismo.

Em Pernambuco, agitação política será agravada a partir do momento que Estácio de Albuquerque Coimbra (eleito,
em 1926) tentou eleger José Maria Belo nas eleições de 1930. Ao afastar a candidatura de Eurico Chaves e apoiar a campanha
de Júlio Prestes, Estácio se indispôs com João Pessoa. Com a vitória de Júlio Prestes, os membros da Aliança Liberal
pernambucana passaram a conspirar contra Júlio Prestes. Entre os opositores estava o ex-deputado Carlos de Lima Cavalcanti.

Carlos de Lima Cavalcanti governou Pernambuco entre1930 / 1935

217
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Com a conquista de Recife, Juarez Távora, considerado um dos líderes da “revolução de 1930”, chegou à capital
pernambucana e colocando no poder Carlos de Lima Cavalcanti. Um contraponto a esta nomeação é que, geralmente os
interventores eram jovens oficiais do exército, porém, em Pernambuco designou-se um político com perfil tradicional e
proprietário de usina.

Após a promulgação da Constituição de 1934, Getúlio Vargas foi eleito presidente e Carlos Cavalcanti continuou no poder.
A situação política no país e no estado foi alterada com a revolta promovida pela Aliança Nacional Libertadora (ANL), em 1935.
Este pretexto deu origem ao denominado Estado Novo.

Fundamento nos princípios corporativistas e no fascismo italiano, o Estado Novo consolidou Vargas no poder e, em
Pernambuco, o governo de Agamenon Sérgio de Godoy Magalhães.

Agamenon Magalhães tornou-se, em Pernambuco, a figura principal no contexto da implantação do Estado Novo.
Considerado discípulo de Manuel Borba, Agamenon era advogado, geógrafo e jurista. Empossa como interventor, em 1937,
Agamenon reuniu um grupo de jovens marianos (jovens recém-formados e católicos praticantes), destinando-os às várias
secretarias.

O período de governo de Agamenon (1937-1945) foi caracterizado pelo centralismo e pela busca de apoio dos
sindicatos, dos aparelhos policiais e da imprensa. Comandada com mão de ferro pelo coronel Etelvino Lins e Malvino Reis, a
polícia pernambucana reprimiu de modo autoritário os movimentos estudantis, o movimento operário e o movimento negro.
Assim, a repressão é uma das marcas da interventoria de Agamenon Magalhães.

No aspecto das comunicações, Agamenon fundou o jornal Folha da Manhã que teve edição matutina e a Folha da Tarde
de circulação vespertina. Outra medida tomada pelo interventor consistiu em buscar desenvolver o sistema de cooperativa,
coagindo os prefeitos a criarem e controlarem em suas circunscrições.

Agamenon Magalhães governou Pernambuco entre1937/1945

➢ Agamenon e o combate aos mocambos

O interventor Agamenon Magalhães desenvolveu uma política de combate aos mocambos (habitações simples; palafitas).
Gilberto Freyre e Josué de Castro estudaram, na década de 1930, o problema destas habitações precárias. Mesmo sem
realizar quaisquer estudos, Agamenon decidiu construir casas populares na periferia com o propósito de transferir as
populações (de forma compulsória) que moravam nos manguezais.

Entre os principais aliados do interventor Agamenon, pode-se citar: o coronel Chico Heráclio (Limoeiro), o advogado
Oswaldo Lima (Bom Jardim), o padre Arruda Câmara (Pesqueira), o coronel Chico Romão (Serrita) e o coronel José Abílio
(Bom Conselho). Em contrapartida, Agamenon entrou em choque com os intelectuais pernambucanos, como Joaquim Bandeira
(Ipojuca) e Costa Azevedo (Catende).

Recife na década de 1940.

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QUESTÃO 6 / (IAUPE PMPE 2018)
“Ciente da importância política de Pernambuco, Vargas
apontou como interventor no estado precisamente o maior
desafeto do governador deposto, Agamenon, figura de sua
maior confiança, empossado no dia 2 de dezembro de 1937...”.
(SOUZA NETO, José Maria. Sonhos de Nabucodonosor: um ensaio sobre Estado
Novo e propaganda em Pernambuco).

QUESTÃO 1 / (UPE) (UPE) Sobre o período da Interventoria de Agamenon Magalhães em


É característica do Estado Novo: Pernambuco, é CORRETO afirmar que
A) Ditadura instalada por Getúlio Vargas, de feições corpo- A) seguindo o que ocorria nacionalmente, a interventoria de
rativas. Agamenon fazia do primeiro de maio uma das datas mais
B) Plano de Governo de Floriano Peixoto. comemoradas, instando trabalhadores e donos de fábricas
C) Política café-com-leite, fortalecendo a aliança entre São a marcharem juntos, como forma de demonstrar o
Paulo e Minas Gerais. sentimento cooperativista.
D) Instituição do beneplácito, reforçando a cooperação entre B) o Recife já em finais da década de 30 havia praticamente
a Igreja, o Estado e o Exército, depois da Guerra do erradicado a pobreza; era agora a “Veneza americana”,
Paraguai. onde seus habitantes podiam usufruir das comodidades e
E) Conflito entre o Estado e o Exército depois da Guerra do facilidades de uma cidade moderna.
Paraguai. C) durante o período que Magalhães esteve à frente do
governo estadual, uma verdadeira expulsão da pobreza
QUESTÃO 2 / (UPE)
teve lugar nas áreas centrais da cidade. Os moradores dos
Analise as seguintes afirmativas referentes à Era Vargas.
famosos mocambos foram remetidos para casas doadas
I. A centralização implantada com o Estado Novo se fez
pelo Estado. A mentalidade é que tanto ricos como pobres
presente também na gestão da economia.
deveriam ser beneficiados igualmente pelo governo.
II. Os sindicatos, inseridos na política da ordem e do progresso
D) apesar da censura que existia nos meios de comunicação
e limitados em sua atuação, tornaram-se órgãos mais
nacional, em Pernambuco, os jornais praticamente não
assistenciais do que reivindicativos.
sofreram com tais medidas. Existia uma verdadeira admira-
III. Para promover a imagem do governo e fazer propaganda
ção pela administração de Agamenon, o que resultava em
do regime, foi criado o Departamento de Imprensa e
poucas críticas ao seu governo.
Propaganda, o DIP, grande responsável pela popularização
E) nesse período, houve um esforço por parte do governo para
de Getúlio Vargas como “Pai dos Pobres”.
introduzir a cultura popular como traço característico do
IV. Com a instituição do Estado Novo, o país passou a ter uma
povo de Pernambuco. Para isso, foram criadas exposições
outra constituição, inspirada no modelo da Itália.
artísticas, em que se apresentavam a arte popular, bem
Estão CORRETAS
como a Liga Carnavalesca, visando incluir as camadas
A) somente I, II e III.
médias e as elites no “brinquedo” do povo.
B) somente I, II e IV.
C) somente I, III e IV.
QUESTÃO 7 / (IAUPE PMPE 2018)
D) somente II, III e IV.
Segundo a historiadora Graça Ataíde, no seu livro A construção
E) I, II, III e IV.
da Verdade Autoritária, a “...vigilância e o controle sobre a
imprensa em Pernambuco garantiam ao Estado a propaganda
QUESTÃO 3 / (UPE)
e o doutrinamento político... utilizandose da persuasão e do
O Estado Novo foi a(o)
doutrinamento diário, a Folha da Manhã, veiculava, por meio
A) ditadura instaurada por Getúlio Vargas, que possuía feições
de suas mensagens, valores que compunham a ideologia
corporativas.
estadonovista”.
B) Plano de Governo de Jânio Quadros em parceria com os (ALMEIDA, M. das G. A. A., A construção da Verdade Autoritária.
udenistas. São Paulo: Humanitas/FFLCH/USP, 2001. p. 181.)
C) período da História do Brasil iniciado com a abertura do
governo Geisel. Em relação aos valores e à ideologia defendidos pelo Estado
D) renovação política iniciada com a eleição de Tancredo Novo, do qual Agamenon Magalhães, em nível estadual, era
Neves. um de seus maiores representantes, assinale a alternativa
E) estratégia socioeconômica do Governo Goulart formalizada CORRETA.
através do Plano Trienal criado por Celso Furtado. A) Igualdade, Liberdade Política, Xenofobismo, Anticomu-
nismo.
QUESTÃO 4 B) Liberdade Política, Igualdade, Estado Mínimo, Descentra-
No seu primeiro mandato, anunciou que trazia consigo a lização Política.
“emoção do Estado Novo”. Misto de populismo social com C) Anticomunismo, Educação Libertária, Xenofilismo, Naciona-
centralização política, o estilo de governo de lismo.
A) Estácio Coimbra. D) Estado Mínimo, Educação Libertária, Xenofilismo, Antisse-
B) Carlos de Lima Cavalcanti. mitismo.
C) Agamenon Magalhães. E) Nacionalismo, Xenofobismo, Anticomunismo, Antissemi-
D) Amaro de Azambuja. tismo.
E) Sérgio Loreto.
QUESTÃO 8 / (EP QUESTÕES)
QUESTÃO 5
”Embora afirmasse que a situação do estado era tranquila,
No governo de Agamenon de Magalhães, houve a fundação de
pouco depois de sua posse Agamenon telegrafou sigilosamente
um jornal. Qual o nome?
a Vargas para informar a existência de 269 presos políticos
A) Jornal do Commercio.
considerados comunistas. Recebeu em seguida 40% dos cinco
B) Folha da Manhã.
mil contos de linha especial de crédito aberta pelo governo
C) Diario de Pernambuco.
federal para a repressão ao comunismo em todos os estados,
D) Folha de Pernambuco.
deflagrando um cerrado combate à oposição, inclusive às
E) O Dia.

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antigas forças situacionistas, que foram completamente C) A questão da habitação popular mereceu especial atenção
marginalizadas de todos os centros de poder. A consolidação do governo de Agamenon que criou, em 12 de julho de
do novo esquema político dominante ocorreu através da 1939, a Liga Social contra o Mocambo, hoje Serviço Social
nomeação, em todos os níveis, de funcionários comprometidos contra o Mocambo, com o objetivo de construir casas que
com o regime recém-implantado.” seriam compradas a prazo pela população nobre de Recife,
de acordo com o nível de renda de cada família
Sobre a Interventoria de Agamenon Magalhães em Pernam- D) Agamenon afirmava que todo cidadão deveria ser
buco, pode-se afirma que está INCORRETO. proprietário de sua moradia e deu prioridade na aquisição
A) Ao contrário de Lima Cavalcanti, que valorizava o caráter de casas aos trabalhadores sindicalizados e contribuintes
técnico da atuação das diversas secretarias, Agamenon dos institutos de previdência e pensões do Ministério do
ressaltava a função política desses órgãos, bem como das Trabalho, procurando assim fortalecer a sindicalização
entidades classistas, buscando reforçar sua lealdade ao operária.
Estado Novo. E) Para superar as resistências dos proprietários de terrenos
B) Em dezembro de 1937, criou o Conselho Legislativo e de em que as novas habitações seriam construídas, Agamenon
Economia do Estado. O processo de centralização das propôs que eles construíssem as casas com financiamento
decisões governamentais, no entanto, provocou em pouco da Caixa Econômica e depois as vendessem aos habitantes
tempo o esvaziamento desse órgão, que veio a assumir um dos mocambos. Depois de uma ampla campanha de
papel decorativo. propaganda, o Departamento de Saúde Pública iniciou a
C) A máquina administrativa pernambucana tornou-se autori- interdição e, em seguida, a expropriação de milhares de
tária, repressiva e excessivamente voltada para a doutri- barracos, buscando sempre o apoio da opinião pública e
nação político-ideológica da população. Com efeito, a das próprias famílias desapropriadas.
divulgação das obras e realizações do Estado Novo em
Pernambuco foi considerada pelo governo federal um QUESTÃO 10 / (UPE)
exemplo para os demais estados. No ano de 1930, ocorrem grandes transformações no Brasil. O
D) Com o objetivo de reforçar o caráter democrático dos meios presidente Washington Luís foi deposto pondo fim à República
de comunicação, Agamenon fundou em 1938 o jornal Folha Velha e dando início à chamada
da Manhã, que saía em duas edições diárias e tinha uma A) Intentona Comunista.
coluna permanente intitulada “Agamenon Magalhães B) Era Vargas.
escreve”, reproduzida também em diversos órgãos de C) Revolução Constitucionalista.
imprensa nos principais estados da Federação. D) Aliança Liberal.
E) O interventor mantinha assim um contato permanente com E) República Velha.
a opinião pública, respondendo a indagações que os leitores
lhe enviavam por correspondência sobre diversos temas:
cultura, política, problemas administrativos.

QUESTÃO 9 / (EP QUESTÕES)


Detentor da confiança de Vargas e consciente de que podia
contar com a liberação de recursos federais significativos para
seu estado, Agamenon costumava usar a expressão:
“Pernambuco cose-se com as próprias linhas.” Seu programa
de governo considerava prioritárias a urbanização da capital e
a recuperação do mundo rural, destacando também os
problemas de habitação popular, educação, saúde pública e o
setor rodoviário. Preocupado em ampliar sua base social entre
os trabalhadores, aproximou-se rapidamente dos centros
educativos operários, criados por um grupo católico pouco
antes da implantação do Estado Novo, coordenados por Milton
de Pontes. O projeto desses centros era dar aos operários
instrução primária e profissional, educação trabalhista e cívica,
e assistência médica e odontológica, desenvolvendo intensa
propaganda anticomunista e ressaltando a necessidade de
cooperação entre os órgãos de representação classista e o
poder público.

Assinale a alternativa INCORRETA sobre a Interventoria de


Agamenon Magalhães em Pernambuco (1937-1945):
A) O governo de Agamenon incentivou sistematicamente a
população, através dos meios de comunicação, a cultivar
gêneros alimentícios e estabeleceu um acordo com os
usineiros do estado segundo o qual 5% da área ocupada
pelos canaviais seriam destinados à plantação de culturas
de subsistência.
B) Outra iniciativa nesse setor foi o incentivo à criação de
cooperativas de pequenos produtores, que começaram a se
multiplicar em 1938, atingiram o número de 52 em maio de
1939 (com nove mil filiados) e chegaram a cem em 1941 GABARITO
(com 20 mil filiados).
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
A E A C B A E D D B

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CAPÍTULO 18:

MOVIMENTOS SOCIAIS E REPRESSÃO DURANTE A DITADURA CIVIL-MILITAR EM PERNAMBUCO (1964-1985)

➢ O golpe civil-militar de 1964

Em 1961, João Goulart assume a presidência da República após a renúncia de Jânio Quadros que havia governado o
Brasil por sete meses. Goulart propunha as reformas de base (reforma agrária, reforma bancária, reforma urbana, reforma
eleitoral e reforma educacional). Este projeto gerou insatisfações nas alas mais conservadoras da sociedade. Os meses finais
da gestão de Jango foram marcados por problemas econômicos, tais como aumento da inflação, diminuição do poder aquisitivo
dos salários e greves.

Após a mobilização de vários setores sociais, o governo de Jango foi desestabilizado e derrubado no dia 31 de março de
1964. No dia 09 de abril, os comandantes do exército, da marinha e da aeronáutica instituíram o Ato Institucional nº 1.
Por meio do AI-1, os direitos políticos ficariam suspensos por um período de 10 anos e os mandatos legislativos (municipais,
estaduais, federais) seriam anulados.

➢ Os presidentes militares
• O governo Castello Branco (1964-1967): Eleito em abril de 1964, o general chegou afirmando em implantar uma
“democracia restringida”. Castello Branco criou órgãos de controle e repressão como o Serviço Nacional de
Informações (SNI), realizou prisões arbitrárias, torturou opositores e cassou o mandato de muitos governadores. Na
lista de cassados, pode-se citar: Luís Carlos Prestes, Celso Furtado, Darcy Ribeiro, Jânio Quadros, Leonel Brizola e Miguel
Arraes. Neste período, houve a edição do Ato Institucional nº 2 que extinguia os partidos políticos, permitindo a
existência de apenas duas siglas: a Arena (Aliança Renovadora Nacional) e o MDB (Movimento Democrático Brasileiro).
Diante deste cenário, a população reagiu contra os abusos do governo. Houve manifestações nos principais centros
urbanos. Estas passeatas eram organizadas pelo movimento estudantil. O governo reagiu com violência e repressão. A
Constituição de 1946 sofreu alterações através do Ato Institucional nº 3.
• O governo de Costa e Silva (1967-1969): Este presidente fazia parte da “linha dura” dos militares e defendia um
projeto nacionalista. No governo de Costa e Silva ocorreu a Passeata dos Cem Mil, em 1968. Esta manifestação tornou-
se uma das maiores de repúdio ao regime civil-militar. Em 13 de dezembro de 1968, houve a publicação de um dos
instrumentos mais arbitrário do período: o Ato Institucional nº 5.
• O governo Médici (1969-1974): Durante o seu governo, o país viveu um dos momentos mais truculento e violento da
ditadura. Censura, tortura e perseguições tornaram-se comuns. Houve, porém, resistência através de guerrilhas e de
práticas culturais. O governo de Médici tentou encobrir as torturas a partir da propaganda com slogans ufanistas, do tipo
“Brasil, ame-o ou deixe-o” e “Ninguém segura este país”.
• O Governo Geisel (1974-1979): Durante a sua gestão houve o processo de abertura lenta e gradual do regime militar.
Em 1974, ocorreram eleições parlamentares. Entre as principais medidas de Geisel, pode-se apontar: o Pacote de Abril
(1977) e a Lei Falcão (1976).
• O governo Figueiredo (1979-1985): Último presidente do regime, João Baptista de Oliveira Figueiredo deu
continuidade a abertura política. Em junho de 1979, a Lei da Anistia absolveu os torturadores. Em 15 de janeiro de 1985,
foram eleitos Tancredo Neves (presidente) e José Sarney (vice-presidente).

Comício das Diretas Já na Praça da Sé, na cidade de São Paulo, em janeiro de 1984.

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➢ Os reflexos da Ditadura Militar em Pernambuco

No começo da década de 1960, o cenário político pernambucano apresentava divergências ideológicas entre grupos da
direita e esquerda. Entre os principais integrantes da esquerda de Pernambuco, pode-se citar Gregório Bezerra, Davi
Capistrano e Francisco Julião.

Em 1962, Miguel Arraes foi eleito governador do Estado. Nesta época, os movimentos reivindicavam reformas sociais.
O Movimento de Cultura Popular (MCP) defendi reforma agrária, bancária, tributária e educacional. Paulo Freire, por
exemplo, desejava implantar inovadores métodos de alfabetização.

As Ligas Camponesas, diante da expansão da produção canavieira, eram constituídas por parceleiros e produtores rurais.
Os principais líderes foram Clodomir Morais, Carlos Luís de Andrade e Francisco Julião. O governador Miguel Arraes tentou
desenvolver políticas em apoio aos trabalhadores rurais.

Após a instauração do Golpe, Pernambuco se torna um dos estados mais visados pelos militares. Por ser favorável às
reformas de base, Miguel Arraes foi um dos alvos dos golpistas. Diante de um cenário marcado por tensões, Arraes recusou-
se a aderir ao golpe e modificar a sua equipe, sendo preso e conduzido à Vila Militar de Socorro. Em seguida, foi enviado para
Fernando de Noronha, Rio de Janeiro (obtém um habeas corpus), exilando-se na embaixada da Argélia, África.

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A) O golpe civil-militar e suas consequências se inserem no
contexto mais amplo da Guerra Fria e suas repercussões na
América Latina.
B) As tensões sociais que marcaram o Brasil nesse período se
restringiam ao espaço urbano, especialmente ao
movimento operário.
C) A aproximação política do governo de Jânio Quadros com a
QUESTÃO 1 / (UPE) União Soviética desgastou politicamente o governo
Com a deposição de João Goulart, foi eleito para Presidência brasileiro.
da República, em nome do movimento militar de 1964, D) O fortalecimento do exército após a participação brasileira
A) Ranieri Mazilli. na Segunda Guerra Mundial provocou um desequilíbrio no
B) Carlos Lacerda. jogo interno de poderes.
C) Carlos Marighella. E) O apoio militar brasileiro à Revolução Cubana inquietou a
D) Castelo Branco. elite local, que retirou sua adesão política ao presidente
E) Carlos Lamarca. Jânio Quadros.

QUESTÃO 1 / (UPE) 2. QUESTÃO 7 / (IAUPE PMPE 2016)


O Ato Institucional número 5, que se tornou verdadeiro símbolo3. “Pena! Com tudo isso de 1964, matou a nossa liderança
da legislação ditatorial do regime militar, foi editado durante o camponesa toda. O que foi encontrado de cadáveres, de corpos
governo de na estrada entre Caruaru e Campina Grande, inclusive
A) Geisel. mutilados para ninguém conhecer quem era […] pouca gente
B) Médici. sobrou daquele tempo no campo, pouquíssima gente. Sobrou
C) Costa e Silva. quem a gente escondeu, uma parte, uns que resistiram porque
D) Figueiredo. eram fortes, como Joaquim Camilo, que eu te falei, mas Zé
E) Sarney. Eduardo e Gessino tiveram que se ausentar, mas o resto...
Manoelzinho sumiu, ninguém sabe aonde foi que acabou
QUESTÃO 3 / (UPE) Manoelzinho. Ele era aqui da Mirueira, trabalhava aqui nesse
Sobre os governos militares no Brasil, considere as proposições Litoral Norte todo; Igarassu, Goiana, Paulista.”
abaixo: 4. O personagem que relata a história acima era médico, membro
I. A política econômica dos governos militares seguiu a linha do Partido Comunista e das Ligas Camponesas e concedeu
desenvolvimentista. entrevista no ano de 2011 à equipe de Pesquisadores da
II. Para diminuir as tensões da área rural, os militares criaram Universidade Federal de Pernambuco, integrantes do Projeto
as Ligas Camponesas. Marcas da Memória.
III. O golpe militar contou com o apoio dos Estados Unidos. 5. Em relação aos movimentos sociais e à repressão durante a
IV. Uma forma de contraposição ao regime foi a luta armada Ditadura Civil-Militar em Pernambuco, assinale a alternativa
empreendida por grupos de guerrilha, como a Aliança CORRETA.
Libertadora Nacional (ALN), fundada por Carlos Marighela. A) Além dos camponeses, que estavam integrados em
algumas associações classistas, trabalhadores urbanos,
Estão CORRETAS profissionais liberais e até membros da igreja católica
A) somente I, II e III. também participaram da resistência contra as tropas
B) somente I, II e IV. governamentais.
C) somente I, III e IV. B) Por mais que haja depoimentos versando sobre a violência
D) somente II, III e IV. empregada pelo governo, quase nada foi provado contra os
E) I, II, III e IV. militares. A falta de um número maior de provas acaba
ratificando a versão de que, em Pernambuco, o regime civil-
QUESTÃO 4 / (UPE) militar foi moderado.
O Ato Institucional nº 5 conferia ao presidente da república C) A resistência ao golpe e à ditadura civil-militar ficou restrita
amplos poderes para reprimir as oposições. O AI-5 foi ao meio rural, não sendo possível se verificarem focos de
decretado no Governo do Presidente resistência nas zonas urbanas. Dentre as suas principais
A) Humberto de Alencar Castelo Branco. causas, destaca-se a pouca influência que o Partido
B) João Goulart. Comunista possuía no Recife e em sua região metropolitana
C) Artur da Costa e Silva. bem como a falta de organização da sociedade para ações
D) Emílio Garrastazu Médici. de resistência, fossem elas individuais ou coletivas.
E) Fernando Henrique Cardoso. D) Ao contrário do que aconteceu no restante do país, em
Pernambuco, não houve qualquer ingerência do regime
QUESTÃO 5 / (UPE) civil-militar no sistema educacional recém-modificado pelo
De 1964 a 1985, o comando das forças armadas controlou o então governador Miguel Arraes. Pelo contrário,
poder político no país. Uma das características dos Governos percebendo a importância das transformações realizadas
foi o(a) por Arraes e Paulo Freire, os militares deram continuidade
A) Coronelismo. ao trabalho, percebendo as estratégias do Movimento de
B) Populismo. Cultura Popular como benéficas para o senso crítico dos
C) Autoritarismo. cidadãos.
D) Democracia. B) Um dos personagens mais destacados das Ligas Campo-
E) Socialismo Utópico. nesas foi Francisco Julião, personagem fulcral para a
repressão dos militares contra os camponeses, uma vez que
QUESTÃO 6 / (UPE) ele acabou traindo seus companheiros em troca da sua
A ditadura civil-militar brasileira foi um dos capítulos mais liberdade e permanência no Brasil, após 1964.
tristes da história nacional. Sobre o contexto de eclosão do
Golpe em 1964, assinale a alternativa CORRETA.

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QUESTÃO 8 / (IAUPE PMPE 2016) D) O Ato Institucional nº 5, AI-5, baixado em 13 de dezembro
No dia 1 de abril de 1964, o Brasil começava a vivenciar uma de 1965, foi o último Decreto baixado pelo governo do
história que se estenderia até 1985, período esse denominado general Castelo Branco. Considerado como a expressão
de ditadura, ditatorial ou ainda anos de “chumbo”; desse mais acabada da ditadura militar brasileira (1964-1985),
modo, desenvolver-se-ia, assim, uma história de lutas de vigorou até dezembro de 1984 e produziu um elenco de
confrontos diretos e indiretos. Essas lutas se davam no intuito ações arbitrárias de efeitos duradouros.
de sobrepor o poder que o Estado exercia sobre a população E) A Marcha da Família com Deus pela Liberdade aconteceu
através de um governo opressor, evidenciando os constantes em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba,
combates urbanos, que se davam na forma explícita de tendo sido uma contribuição para o início do Governo
repressão. Militar. Essas manifestações foram vistas pelos militares
(http://www.sul2013.historiaoral.org.br/resources/anais/2/1267925985_ARQUI como uma ameaça, pois defendiam o direito das minorias,
VO_ArtigocompletoaserenviadoaoXEncontroNacionaldeHistoriaOral.pdf).
o respeito à Declaração dos Direitos Humanos e a
Em relação a esse tema, assinale a alternativa CORRETA. democracia.
A) Dom Hélder Câmara, à frente da Arquidiocese de Recife e
Olinda, adotou uma postura imparcial em relação ao regime QUESTÃO 10 / (EP QUESTÕES)
civil-militar instaurado em 1964. Ele fazia parte de setores Em 1961, João Goulart assume a presidência da República após
da Igreja Católica que buscavam se aproximar do regime, a renúncia de Jânio Quadros que havia governado o Brasil por
já que este defendia os ideais cristãos. sete meses. Goulart propunha as reformas de base (reforma
B) Durante muito tempo relacionada aos militares, a morte agrária, reforma bancária, reforma urbana, reforma eleitoral e
obscura do padre Henrique foi investigada pela Comissão reforma educacional). Este projeto gerou insatisfações nas alas
da Verdade e por alguns historiadores. Foi concluído, mais conservadoras da sociedade. Os meses finais da gestão
entretanto, que os militares não tiveram envolvimento de Jango foram marcados por problemas econômicos, tais
nesse episódio, contrariando, assim, a historiografia como aumento da inflação, diminuição do poder aquisitivo dos
marxista. salários e greves. Após a mobilização de vários setores sociais,
C) Politicamente alheia às transformações e perturbações o governo de Jango foi desestabilizado e derrubado no dia 31
políticas que aconteciam, as camadas populares, assim de março de 1964. No dia 09 de abril, os comandantes do
como ocorreu no episódio da proclamação da república, exército, da marinha e da aeronáutica instituíram o Ato
assistiram atônita à ruptura democrática. Institucional nº 1. Por meio do AI-1, os direitos políticos
D) Francisco Julião (1965-1969), considerado por muitos como ficariam suspensos por um período de 10 anos e os mandatos
um dos mais radicais líderes de esquerda no período legislativos (municipais, estaduais, federais) seriam anulados.
pré1964, no Brasil, dirigente das Ligas Camponesas e Em relação a Pernambuco durante a ditadura civil-militar,
deputado socialista, foi exilado para o México em 1965. pode-se afirmar, EXCETO:
E) Após as investigações iniciadas pela inteligência das forças A) No começo da década de 1960, o cenário político
armadas, vários ex-integrantes das ligas camponesas foram pernambucano apresentava divergências ideológicas entre
presos sob a acusação de serem guerrilheiros. De fato, grupos da direita e esquerda. Entre os principais integram-
documentos da época comprovam a ida de vários deles tes da esquerda de Pernambuco, pode-se citar Gregório
para Cuba, onde receberam treinamento militar Bezerra, Davi Capistrano e Francisco Julião.
B) Em 1962, Miguel Arraes foi eleito governador do Estado.
QUESTÃO 9 / (EP QUESTÕES) Nesta época, os movimentos reivindicavam reformas
“Em 31 de março de 1964, militares contrários ao governo de sociais.
João Goulart (PTB) destituíram o então presidente e assumiram C) O Movimento de Cultura Popular (MCP) defendi reforma
o poder por meio de um golpe. O governo comandado pelas agrária, bancária, tributária e educacional. Paulo Freire, por
Forças Armadas durou 21 anos e implantou um regime exemplo, desejava implantar inovadores métodos de
ditatorial. A ditadura restringiu o direito do voto, a participação alfabetização.
popular e reprimiu com violência todos os movimentos de D) As Ligas Camponesas, diante da expansão da produção
oposição” canavieira, eram constituídas por parceleiros e produtores
rurais. Os principais líderes foram Clodomir Morais, Carlos
Sobre os 21 anos de ditadura militar no Brasil, assinale a Luís de Andrade e Francisco Julião. O governador Miguel
alternativa CORRETA. Arraes tentou desenvolver políticas em apoio aos
A) O regime ditatorial adotou uma política econômica que trabalhadores rurais.
produziu resultados bastante contraditórios, pois o país E) Após a instauração do Golpe, Pernambuco se torna um dos
ingressou numa fase de crescimento econômico e indústria- estados menos visados pelos militares. Por ser favorável às
lização acelerada, beneficiando toda a população, em reformas de base, Miguel Arraes foi um dos alvos dos
particular a classe trabalhadora. golpistas. Diante de um cenário marcado por tensões,
B) Em fins de 1966, o Regime Militar fechou o Congresso Arraes recusou-se a aderir ao golpe e modificar a sua
Nacional e foi decretada uma nova Constituição, que entrou equipe, sendo preso e conduzido à Vila Militar de Socorro.
em vigor em janeiro de 1967. Na esfera econômica, os
militares revogaram a Lei de Remessa de Lucros, a Lei de
Estabilidade no Emprego, além de proibir as greves e impor
um severo controle dos salários.
C) Cada vez mais paira uma dúvida em relação a esse período
da história nacional. Considerado, durante muito tempo,
um “regime ditatorial”, novos estudos demonstram que
essa tese é cada vez menos aceita, pois, nesse período, os
brasileiros foram às urnas cinco vezes para eleger cargos
legislativos, embora eleições para cargos executivos fossem GABARITO
indiretas.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
D C C C C A A D B E

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CAPÍTULO 19:

PROCESSO POLÍTICO EM PERNAMBUCO (2001 A 2022)

➢ Os governadores de Pernambuco desde 2001

Concernente ao processo político nos últimos 15 anos, seis políticos governaram Pernambuco: Jarbas de Andrade
Vasconcelos (PMDB/1999-2006), José Mendonça Bezerra Filho (DEM/2006-2007), Eduardo Henrique Acciolly
Campos (PSB/2007-2014), João Soares Lyra Neto (PSB/2014-2015) e Paulo Henrique Saraiva Câmara (PSB/assumiu
em 1º de janeiro de 2015 e concluiu o primeiro mandato em 2018; sendo reeleito já no primeiro turno das Eleições de 2018
com 50,70% dos votos válidos).

• Jarbas Vasconcelos (1999-2006)


Jarbas Vasconcelos governou Pernambuco entre 1º de janeiro de 1999 a 31 de março
de 2006, quando afastou-se do cargo para concorrer a uma vaga no Senado Federal.
Entre as principais realizações da gestão de Jarbas, pode-se apontar os investimentos
no Complexo Portuário de Suape e no Porto Digital.
A base do governo de Jarbas foi a gestão descentralizada, atingindo todo o Estado
por meio do programa "Governo nos Municípios" e do projeto Renascer (combate à
pobreza no campo). O peemedebista viabilizou os investimentos na Refinaria de Abreu
e Lima, Estaleiro Hemisfério Sul e Polo de Poliéster foram encaminhados.
Em 2010, Jarbas disputou da eleição para o governo de Pernambuco, porém foi
derrotado no primeiro turno para o Eduardo Campos que postulava a reeleição. Foi eleito
deputado federal em 2014.

• Mendonça Filho (2006-2007)


No ano de 1998, Mendonça filho participou das eleições na condição de vice-governador
da chapa encabeçada por Jarbas Vasconcelos (PMDB). Os dois conseguiram a reeleição em
2002. Mendonça foi uma das principais figuras no processo de privatização da Celpe. Com
a saída de Jarbas, Mendonça torna-se governador e realiza ações importantes: o projeto
Universidade Democrática; Jovem Campeão (construções de quadras poliesportiva e Ação
Integrada pela segurança.

• Eduardo Campos (2007-2014)


Eleito no ano de 2006, Eduardo Campos conseguiu a reeleição em 2010 para
o segundo mandato. As plataformas relevantes da gestão de Campos foi o discurso
do desenvolvimento econômico, segurança pública e investimentos na qualificação
profissional e saúde. A gestão empreendeu diferentes ações como: obras hídricas,
recuperação de centenas de escolas, redução de taxa da energia elétrica, obras
públicas (auxílio do PAC - Programa de Aceleração do Crescimento), entrega de
moradia, implementação do Programa Chapéu de Palha e entrega de unidades
hospitalares (Paulista, Cabo e Olinda). Eduardo Campos morreu em 13 de agosto de
2014, vítima de um trágico acidente aéreo.

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• João Lyra (2014/2015)
Nascido em Caruaru, Agreste pernambucano, João Lyra chegou ao poder estadual ao lado de Eduardo Campos. Na
Vice-Governadoria, Lyra coordenou áreas importantes: Educação, Saúde e Segurança. Com a desicompatibilização de
Campos para disputar as eleições de 2014, Lyra assume a governadoria.

• Paulo Câmara (2015-2022)


Paulo Henrique Saraiva Câmara nasceu em recife em 1972. Formado em economia pela Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE), Paulo participou ativamente na gestão de Eduardo Campos. Além de Secretário de Administração
(2007-2010) e Secretário de Turismo (2010), Câmara assumiu a Secretaria da Fazenda entre 2011 a 2014. Com 68%
dos votos válidos, Paulo Câmara venceu as eleições de 2014. Na ocasião, Paulo foi o candidato a governador com
maior percentual de votos do país.

Em 2018, Paulo Câmara, do PSB, foi reeleito Governador de Pernambuco com 1.918.219 votos, que representaram
50,70% dos válidos. Armando Monteiro obteve 1.361.588, ou 35,99% do total.

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I.
II.
III.
IV.
V.
QUESTÃO 1 / (EP QUESTÕES) VI.
O processo político em Pernambuco apresentou vários aspectos VII.
importantes, entre eles, a chegada ao poder do neto de Miguel VIII.
Arraes. IX.
Assinale a alternativa que contém o nome do governado X.
vitorioso nas eleições de 2006: XI.
A) Jarbas Vasconcelos. XII.
B) João Lyra. XIII.
C) Joaquim Francisco. XIV.
D) Eduardo Campos. XV.
E) Paulo Câmara. XVI.
XVII.
QUESTÃO 2 / (EP QUESTÕES) XVIII.
A recente história política de Pernambuco é marcada por alguns XIX.
feitos importantes, entre eles a reforma do Aeroporto dos XX.
Guararapes. Qual foi o governador responsável por esta XXI.
reforma? XXII.
XXIII.
XXIV.
XXV.
XXVI.
XXVII.
XXVIII.
XXIX.
XXX.
XXXI.
XXXII.
XXXIII.
XXXIV.
XXXV.
XXXVI.
XXXVII.
XXXVIII.
XXXIX.
XL.
XLI.
XLII.
XLIII.
XLIV.
XLV.
A) Jarbas Vasconcelos. XLVI.
B) Marco Maciel. XLVII.
C) Eduardo Campos. XLVIII.
D) Paulo Câmara. XLIX.
E) João Lyra. L.
LI.
LII.
LIII.
LIV.
LV.
LVI.
LVII.
LVIII.
LIX.
LX.
LXI.
LXII.
LXIII.
LXIV.
GABARITO LXV.
LXVI.
1 2 LXVII.
D A

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SOLDADO
POLÍ
CIA MI
LITAR
PERNAMBUCO

NGUA PORTUGUESA.DI
REI
TO CONSTI
TUCI
ONAL.MATEMÁTI
CA.HI
STÓRI
A DEPERNANBUCO.
GEOGRAFI
A DEPERNAMBUCO

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