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HISTÓRIA DE

PERNAMBUCO
Fala meu aluno, fala minha aluna! Tudo bem? Eu sei
muito bem o que é penar em busca de um material
de qualidade e sem enrolação nesse mundo louco
que é o mundo dos concursos públicos. Pensando
nisso resolvi criar esse E-book com o intuito de lhe
ajudar em sua preparação rumo a tão sonhada
aprovação, de um modo claro e objetivo.

O que desejo para ti é: "Nada menos que a VITÓRIA


(PM Elisama Viana)

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SUMÁRIO

• OCUPAÇÃO PRÉ-HISTÓRICA DE PERNAMBUCO__________________________________________5


• CARACTERÍSTICAS SOCIOCULTURAIS DAS POPULAÇÕES INDÍGENAS QUE HABITAVAM O
TERRITÓRIO DO ATUAL ESTADO DE PERNAMBUCO, ANTES DOS PRIMEIROS CONTATOS
EUROAMERICANOS_______________________________________________________________________5
• A CAPITÂNIA DE PERNAMBUCO: A “GUERRA DOS BÁRBAROS”; A LAVOURA AÇUCAREIRA
E MÃO DE OBRA ESCRAVA. _______________________________________________________________7
• GUERRA DOS MASCATES________________________________________________________________10
• INSTITUIÇÕES ECLESIÁSTICAS E SOCIEDADE COLONIAL________________________________11
• INSURREIÇÃO PERNAMBUCANA_________________________________________________________13
• A PROVÍNCIA DE PERNAMBUCO NO I E II REINADO: PERNAMBUCO NO CONTEXTO DA
INDEPENDÊNCIA DO BRASIL____________________________________________________________ 13
• MOVIMENTOS LIBERAIS: CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR E REVOLUÇÃO PRAIEIRA____ 15
• O TRÁFICO TRANSATLÂNTICO DE ESCRAVOS PARA TERRA PERNAMBUCANAS_________17
• COTIDIANO E FORMAS DE RESISTÊNCIA ESCRAVA EM PERNAMBUCO__________________20
• CRISE DA LAVOURA CANAVIEIRA________________________________________________________21
• A PARTICIPAÇÃO DOS POLÍTICOS PERNAMBUCANOS NO PROCESSO DE
EMANCIPAÇÃO/ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA___________________________________________22
• PERNAMBUCO REPUBLICANO: VOTO DE CABRESTO E
• POLÍTICA DOS GOVERNADORES________________________________________________________26
• PERNAMBUCO SOB A INTERVENTORIA DE AGAMENON MAGALHÃES___________________31
• MOVIMENTOS SOCIAIS E REPRESSÃO DURANTE A DITADURA CIVIL-MILITAR
• (1964-1985) EM PERNAMBUCO._________________________________________________________33
• DITADURA MILITAR E SEUS EFEITOS EM PERNAMBUCO________________________________34
• HERANÇA AFRODESCENDENTE EM PERNAMBUCO______________________________________36
• PROCESSO POLÍTICO EM PERNAMBUCO (2001-2015) __________________________________38
• EXERCÍCIOS_____________________________________________________________________________ 40
• REFERÊNCIAS___________________________________________________________________________ 44
• SOBRE O AUTOR________________________________________________________________________ 45

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OCUPAÇÃO PRÉ HISTÓRICA DO BRASIL

Falar em Pré-História do Brasil é montar um complicado quebra-cabeças com muitas peças


faltando. A dificuldade começa já no título: Pré-História, uma expressão que passa a ideia errada
de ser um período sem História. Os indígenas brasileiros tiveram uma história própria, de milhares
de anos em que suas culturas, técnicas e artes sofreram mudanças e influencias. Entendemos por
Pré-História os períodos da História sem escrita e que, por isso, só pode ser estudado pelos objetos
feitos pelo homem.
A divisão tradicional em Paleolítico, idade da pedra lascada, e neolítico, idade da pedra
polida também é contestada pelos especialistas. Praticamente essas expressões caíram em
desuso no mundo científico.
Atualmente, os cientistas preferem usar termos geológicos:
• Pleistoceno: de 60 mil a 12 mil anos
• Holoceno: 11.500 até a atualidade

POVOAMENTO DO BRASIL

Foi durante do Pleistoceno que ocorreu o povoamento do território que hoje corresponde
ao Brasil. Os primeiros grupos humanos que ocuparam nosso território são chamados de
paleoíndios. Reconstituição do crânio de Luzia datado de 11.500 anos. Reconstituição do crânio
de Luzia realizada na década de 1990 e hoje não mais aceita pelos especialistas. As ossadas mais
antigas de paleoíndios encontradas no Brasil pertencem ao final do Pleistoceno, entre 11 mil e
12 anos. Foram encontradas na região arqueológica de Lagoa Santa, em Minas Gerais. Entre as
ossadas, está Luzia, o esqueleto mais antigo das Américas, de 11.500 anos.

Na década de 1990, a reconstituição facial do crânio de Luzia


pelo especialista britânico Richard Neave surpreendeu o mundo
científico. As formas tiveram como base a teoria do professor Walter
Neves, da USP, segundo o qual o povo de Luzia teria chegado à América
antes dos ancestrais dos povos indígenas atuais (estes de origem
asiática). Os traços de Luzia teriam, então, características africanas ou
dos aborígenes australianos e polinésios. Isso sustentou a hipótese do
povoamento da América teria sido feito por dois tipos humanos com
características físicas distintas: um vindo da Austrália ou das ilhas da
Melanésia e da Polinésia, e outro grupo posterior, de origem asiática que
teria entrado na América pelo estreito de Bering, e que acabou
dominando o continente e dando origem aos indígenas atuais.
No final da década de 2010, novos estudos feitos a partir de DNA fóssil, desmontou aquela
hipótese e confirmou a existência de um único grupo populacional ancestral de todas as etnias
da América. O trabalho foi desenvolvido por 72 pesquisadores de oito países, pertencentes a
instituições como a Universidade de São Paulo (USP), Harvard University, dos Estados Unidos, e
Instituto Max Planck, da Alemanha. Os dados arqueogenéticos – que mesclam conhecimentos de
arqueologia e genética – mostraram que todas as populações da América descendem de uma
única população que chegou à América pelo estreito de Bering há cerca de pelo menos 20 mil
anos. Pelo DNA, é possível confirmar a afinidade dessa corrente migratória com os povos da
Sibéria e do norte da China. Os resultados da pesquisa foram publicados na revista científica Cell
em 8 de novembro de 2018. Foram analisados restos fósseis de 49 indivíduos sendo sete
provenientes de Lapa do Santo, abrigo rochoso em Lagoa Santa, Minas Gerais. Além do Brasil,

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foram utilizados fósseis da Argentina, Belize, Chile e Peru, totalizando 15 sítios arqueológicos.

OCUPAÇÃO PRÉ-HISTÓRICA DE PERNAMBUCO

O Nordeste brasileiro concentra alguns dos mais antigos sítios arqueológicos conhecidos
do país, com datação superior a 40 mil anos antes do presente. Na região que hoje corresponde
ao estado de Pernambuco, foram identificados vestígios seguros de ocupação humana superiores
a 11 mil anos, nas regiões de Chã do Caboclo, em Bom Jardim, e Furna do Estrago, em Brejo da
Madre de Deus. Nesta última região, foi descoberta uma importante necrópole pré-histórica, com
125 metros quadrados de área coberta, de onde foram resgatados 83 esqueletos humanos em
bom estado de conservação.
A ocupação pré-histórica do Brasil é tão complexa e polêmica como é também a ocupação
primitiva de Pernambuco. Há alguns sítios arqueológicos, cujo maior destaque é encontrado no
Parque nacional do Catimbau. Foi criado em 2002 preservação os ecossistemas naturais de grande
relevância ecológica e beleza cênica. Um espaço em que é possível a realização de pesquisas
científicas e exploração turística. O Parque abrange 4 municípios: Buíque, Ibimirim, Sertânia e
Tupanatinga. Seus principais atrativos são os grandes paredões de arenito e formações rochosas
esculpidas pelo vento.
As pinturas rupestres são bastante heterogêneas e podem ser classificadas em dois
grandes grupos culturais: A tradição nordeste e a tradição agreste. São também de idades muito
distintas alguns fósseis sugerem um povoamento certo há 2.000 e outros registros sugerem que
a ocupação é de 10.000 anos.
Os habitantes de Pernambuco no período pré-duartino (antes do Donatário Duarte Coelho
da Costa) eram grupos de caçadores coletores, que não dominavam a cerâmica e viviam em
cavernas.

CARACTERÍSTICAS SOCIOCULTURAIS DAS POPULAÇÕES INDÍGENAS QUE HABITAVAM O


TERRITÓRIO DO ATUAL ESTADO DE PERNAMBUCO, ANTES DOS PRIMEIROS CONTATOS EURO-
AMERICANOS.

Dentre os grupos indígenas que habitaram o estado, identificou-se a tradição cultural


Itaparica, responsável pela confecção de artefatos líticos lascados há mais de 6 mil anos. No
Agreste Pernambucano, conservam-se pinturas rupestres com data aproximada de 2 mil anos
antes do presente, atribuídas à subtradição denominada Cariris velhos. Na época da colonização
portuguesa, habitavam o litoral pernambucano os caetés e os tabajaras, já desaparecidos. Nos
brejos de altitude do estado ainda é possível encontrar grupos indígenas remanescentes das
antigas tradições, como os Pankararu (em Tacaratu) e os Atikum (em Floresta).
Quando os primeiros europeus chegaram ao território brasileiro, no início do século XVI,
vários grupos indígenas ocupavam a região Nordeste. No litoral, predominavam as tribos do
tronco linguístico tupi, como os Tupinambás, Tabajaras e os Caetés, os mais temíveis. No interior,
habitavam grupos dos troncos linguísticos Jê, genericamente denominados Tapuias.
Como em outras regiões brasileiras, a ocupação do território em Pernambuco começou pelo
litoral, nas terras apropriadas para a agroindústria do açúcar, onde os indígenas eram utilizados
pelos portugueses como mão-de-obra escrava nos engenhos e nas lavouras, especialmente por
parte daqueles que não dispunham de capital suficiente para comprar escravos africanos.
Após um período de paz aparente, os índios reagiram a esse regime de trabalho através de
hostilidades, assaltos e devastações de engenhos e propriedades, realizados principalmente
pelos Caetés, que ocupavam a costa de Pernambuco.

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A guerra e a perseguição dos portugueses tornaram-se sistemáticas, fazendo com que os
índios sobreviventes tivessem que emigrar para longe da costa. Porém, a criação de gado levou
os colonizadores a ocupar terras no interior do Estado, continuando assim a haver conflitos.
As relações entre os criadores de gado e os índios, no entanto, eram bem menos hostis do
que com os senhores de engenho, mas a sobrevivência das tribos, que não se refugiavam em
locais remotos, só era possível quando atendia aos interesses dos criadores e não era assegurada
aos indígenas a posse de suas terras.
Durante os dois primeiros séculos do Brasil Colônia, as missões religiosas jesuíticas eram a
única forma de proteção com que os índios contavam. Com a expulsão dos jesuítas, em 1759, os
aldeamentos permaneceram sob a orientação de outras ordens religiosas, sendo entregues,
posteriormente, a órgãos especiais, porém as explorações e injustiças contra o povo indígena
continuaram acontecendo.
Sabe-se, através de algumas fontes, que nos séculos XVIII e XIX uma quantidade
indeterminada de índios foi aldeada no território pernambucano, mas aparentemente não há
registros de sua procedência.
Existiam os aldeamentos dos Garanhuns, próximo à cidade do mesmo nome; dos Carapatós,
Carnijós ou Fulni-ô, em Águas Belas; dos Xucurus, em Cimbres; dos Argus, espalhados da serra do
Araripe até o rio São Francisco; dos Caraíbas, em Boa Vista; do Limoeiro na atual cidade do mesmo
nome; as aldeias de Arataqui, Barreiros ou Umã, Escada, da tribo Arapoá-Assu, nas margens dos rios
Jaboatão e Gurjaú; a aldeia do Brejo dos Padres, dos índios Pankaru ou Pankararu; aldeamentos
em Taquaritinga, Brejo da Madre de Deus, Caruaru e Gravatá.
No século XIX, a região do atual município de Floresta e diversas ilhas do rio São Francisco
se destacavam pelo grande número de aldeias, onde habitavam os índios Pipiães, Avis, Xocós,
Carateus, Vouvês, Tuxás, Aracapás, Caripós, Brancararus e Tamaqueús.
O desaparecimento da maioria das tribos deve-se às diversas formas de alienação de terras
indígenas no Nordeste ou da resolução do Governo de extinguir os aldeamentos existentes.
Dos grupos que povoaram Pernambuco, salvo alguns sobreviventes, pouco se sabe. O fato
dos índios não possuírem uma linguagem escrita, dificultou muito a transmissão das informações.
Existem legalmente em Pernambuco, sete grupos indígenas: os Fulni-ô, em Águas Belas;
os Pankararu, nos municípios de Petrolândia e Tacaratu; os Xucuru, em Pesqueira; os Kambiwá,
em Ibimirim, Inajá e Floresta; os Kapinawá, em Buíque os Atikum, em Carnaubeira da Penha e
os Truká, em Cabrobó. Essestrês últimos grupos foram identificados mais recentemente.
Após terem passado por uma série de mudanças ambientais e culturais, esses índios
conseguiram sobreviver e, apesar de terem estabelecido contato com os não-índios, alguns ainda
conservam, ainda que precariamente, traços da sua tradição.
Todos se auto identificam como indígenas e pouco se diferenciam uns dos outros racial ou
culturalmente. Devido à forte miscigenação com brancos e negros, a sua aparência física perdeu
a identidade.
São índios aculturados, mas que mantêm sua sociedade à parte. As tradicionais figuras
do cacique e do pajé, ainda sobrevivem em todos os grupos, assim como o toré é dançado em
todas as comunidades, não apenas como divertimento, mas também na transmissão de traços
culturais. Com exceção dos Fulni-ô, nenhum dos grupos conservou o idioma tribal.
O índio teve uma grande influência na formação étnica, na cultura, nos costumes e na língua
portuguesa falada no Brasil. Em Pernambuco, palavras como Gravatá, Caruaru, Garanhuns e bairros
do Recife com Parnamirim e Capunga, estão associados a antigos locais de moradia indígena.
Atualmente, os principais problemas enfrentados pelos grupos indígenas pernambucanos
são os conflitos entre facções rivais da tribo Xucuru; a influência do tráfico de drogas entre os
Truká e a invasão de terras pertencentes aos Fulni-ô.
Pernambuco é o quarto Estado do Brasil em número de indígenas.

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A CAPITÂNIA DE PERNAMBUCO: A “GUERRA DOS BÁRBAROS”; A LAVOURA AÇUCAREIRA E
MÃO DE OBRA ESCRAVA.

A exploração do Brasil durante o período de 1500-1533 foi realizada no esquema de


feitorias instaladas em regiões do litoral brasileiro. Elas eram espécies de entrepostos comerciais
onde os portugueses aglomeravam o pau-brasil para ser embarcado. Isso ocorreu porque, nesse
período, o comércio com a Índia era economicamente mais lucrativo para a Coroa e para a alta
nobreza de Portugal.
No entanto, as invasões francesas e o contrabando do pau-brasil levaram os portugueses
a tomar iniciativas para reforçar a colonização do Brasil. A França não aceitava a divisão da
América entre Espanha e Portugal estabelecida pela Igreja Católica. Assim, as capitanias foram
criadas como forma de combater as invasões francesas.
O rei português, João III, instalou o sistema das capitanias hereditárias em 1533. Essa
proposta consistia em dividir o Brasil em quinze grandes faixas de terra, que foram entregues à
responsabilidade dos donatários. A função deles era desenvolver economicamente a região e
promover o desenvolvimento populacional de suas capitanias.
Os donatários escolhidos eram, em geral, membros da baixa nobreza portuguesa, pois a
alta nobreza ainda estava voltada para o comércio de especiarias na Índia (Ásia). Esses donatários
estabelecidos possuíam total autoridade administrativa sobre sua capitania, ou seja, as decisões
da justiça eram responsabilidade deles, bem como a fundação de vilas, criação de defesas,
instalação de colonos etc.
Como obrigações, os donatários deveriam garantir a defesa da sua capitania contra
invasões, sobretudo francesas, protegê-la dos indígenas e repassar para a Coroa os impostos da
exploração do pau-brasil e da produção de açúcar nos engenhos.
No dia 10 de março de 1534, o navegador português Duarte Coelho Pereira era nomeado
governador da Capitania de Pernambuco. O título foi outorgado por Carta de Doação do então rei
de Portugal, Dom João Terceiro.
Naquele ano, retomando o processo de colonização, o rei dividiu o Brasil em quinze
enormes faixas de terra, e concedeu a ocupação e colonização de cada lote a um integrante da
Corte de sua confiança.
As repartições de terras eram chamadas de Capitanias e seus governantes, de capitães
donatários. Eles não podiam vender as terras recebidas, mas tinham o direito de transferir o
domínio aos descendentes. Surgiam, assim, as capitanias hereditárias.
Duarte Coelho chegou ao Brasil um ano depois, em março, acompanhado pela esposa,
Brites de Albuquerque; pelo cunhado, Jerônimo de Albuquerque, e por um grupo de famílias.
A Capitania se estendia entre os rios São Francisco e Igarassu, e foi chamada por Duarte
Coelho de Nova Lusitânia. Tinha a maior área territorial entre todas as capitanias e a produção
de açúcar era o destaque na economia. As primeiras vilas fundadas teriam sido Igarassu, Olinda e
Recife.
Muitos historiadores atribuem a Duarte Coelho o início efetivo da colonização de
Pernambuco. Ele é apontado como bom administrador. Governou por quase vinte anos e estava
perto de completar oitenta de idade quando voltou doente para Portugal, em agosto de 1554,
onde morreu.
A esposa, Brites de Albuquerque, ficou na administração da capitania, ajudada pelo irmão,
Jerônimo. A partir de 1560, os filhos Duarte Coelho de Albuquerque e Jorge de Albuquerque
Coelho, assumiram a administração.

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A capitania de Pernambuco, em seu auge territorial, abrangia os atuais estados federados
de Pernambuco, Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e a porção oeste do atual estado
da Bahia, região à época denominada "Comarca do Rio de São Francisco", que hoje corresponde,
grosso modo, à mesorregião estatística do Extremo Oeste Baiano. O Além São Francisco, outra
denominação da região, em 1824 foi desmembrado de Pernambuco por ordem do imperador Dom
Pedro I como punição pela participação da elite política pernambucana no movimento separatista
da Confederação do Equador. Provisoriamente a administração da região foi passada à
competência de Minas Gerais e em 1827 foi transferida à Bahia, à qual permanece incorporada
provisoriamente até hoje.

GUERRA DOS BÁRBAROS

Genericamente denominado de Guerra aos Bárbaros, esse conflito armado de caráter


genocida também foi chamado de Guerra do Recôncavo (em menção ao Recôncavo Baiano, onde
aconteceram as primeiras lutas armadas), Guerra do Açu (em referência à região do Açu, no Rio
Grande do Norte, onde ocorreram os principais conflitos) e Confederação dos Cariris (por terem
sido esses grupos indígenas os mais combatentes).
Ocorrida entre os anos de 1650 e 1720, a Guerra dos Bárbaros envolveu os colonizadores
e os povos nativos chamados Tapuia e teve como palco uma área que correspondia em termos
atuais a um território que inclui os sertões nordestinos, desde a Bahia até o Maranhão. A
denominação Tapuia foi dada pelos cronistas da época, e perpetuada pela historiografia oficial,
aos grupos indígenas com diversidade linguística e cultural que habitavam o interior, em distinção
aos povos Tupi, que falavam a língua geral e se fixaram no litoral. Estudos atuais demonstram
que esses povos pertenceram aos seguintes grupos culturais: os Jê, os Tarairiu, os Cariri e os
grupos isolados e sem classificação. Entre eles podem ser citados os Sucurú, os Bultrim, os Ariu,
os Pega, os Panati, os Corema, os Paiacu, os Janduí, os Tremembé, os Icó, os Carateú, os Carati, os
Pajok, os Aponorijon, os Gurgueia, que lutaram ora contra ora a favor dos colonizadores de acordo
com as estratégias que visavam à sua sobrevivência. Se, por um lado, a guerra envolveu diversos
povos indígenas, muitos deles inimigos tradicionais, por outro lado, os colonizadores também
entraram em conflito entre si pelas terras e pela mão de obra escrava nativa, atraindo os mais
variados setores da sociedade colonial em formação, tais como: os sesmeiros, os moradores, os
religiosos, os bandeirantes, os foreiros, os vaqueiros, os rendeiros, os capitães-mores, os mestres
de campo.
Embora tenha tido uma longa duração, cerca de setenta anos, e tenha sido contemporânea
à existência do quilombo dos Palmares, a Guerra dos Bárbaros pouco aparece na historiografia,
sendo praticamente desconhecida. A omissão dessa guerra nos livros didáticos e os raros livros
de estudiosos especialistas sobre o episódio revelam o desprezo dado ao tema da resistência
indígena e do violento processo de conquista lusitano no sertão nordestino.

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