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EM BUSCA

DAS ORIGENS
HUMANAS
NA AMÉRICA
OBJETIVO DA AULA

Investigar as origens dos seres


humanos no continente americano,
levando em consideração as três
principais perspectivas de
povoamento:
 Discurso religioso cristão
fundamentalista;
 Discurso acerca dos povos da
antiguidade;
 Discurso científico fundamentado
em dados e vestígios
arqueológicos.

HISTORIA DA AMÉRICA – UNIMES 2


O DISCURSO DE
ORIGEM BÍBLICA
 O discurso de origem bíblica do povoamento
do continente americano estava baseado na
possibilidade de os netos de Noé terem seus
descendentes espalhados pelo mundo.
 Em 1537 o papa Paulo III editou a Bula
Veritas Ipsa na tentativa de resolver essa
questão da natureza dos índios americanos,
concedendo aos ameríndios natureza
humana.
 Outra tentativa de buscar as origens bíblicas
foi associar os habitantes do Novo Mundo
com as Tribos Perdidas de Israel e assim
mantendo uma origem bíblica desses povos.
 Paul Rivet (1960) cita outro mito hebraico,
na possibilidade de os cananeus expulsos por
Josué de Canaã terem empreendido uma
marcha para oeste em direção a África,
cruzando o oceano Atlântico e chegando ao
continente americano.

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O DISCURSO DOS POVOS DA
ANTIGUIDADE
 Duas origens lendárias dos habitantes da América.
 A primeira diz respeito à possibilidade da existência de um continente chamado
Atlântida entre Europa e América, que em um determinado período foi submerso pelo
oceano Atlântico, obrigando seus habitantes a migrarem e desembarcando no
continente americano. Esse discurso tem por fundamento básico informações recolhidas
por Platão e expostas no diálogo Timeu e Critias ou a Atlântida (Timaeus 24e–25a) .
 A segunda lenda, seria a do continente perdido de Lemúria, que estaria localizado entre
o continente asiático e americano, inserido no oceano Pacífico e sendo submerso pelo
mesmo, obrigando seus habitantes a migrarem para o continente americano. Tendo
como principal pesquisador o zoólogo alemão Ernest Heinrich Philipp August Haeckel
(1834-1917) suas ideias foram retomadas pelo inglês James Churchward (1851-1936),
na década de 30 do século XX.
 .

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O DISCURSO
CIENTÍFICO

O discurso cientifico está


baseado na
fundamentação em dados
factuais, em particular, a
cultura material
encontrada no continente
americano pelos
pesquisadores, no período
histórico do final do
século XIX ao século XX.
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LINHA EVOLUTIVA DA ESPÉCIA HUMANA

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A ORIGEM HUMANA NA AMÉRICA

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TEORIA AUTÓCTONE DA ORIGEM DO SER
HUMANO NA AMÉRICA
 O paleontólogo argentino Florentino Ameghino (1854-1911) que defendeu a
possibilidade de seres humanos terem evoluído nos pampas argentinos, baseado em
estudo de fósseis.
 Florentino Ameghino distinguiu-se por suas investigações sobre mamíferos fósseis
da região do Prata. Dedicou-se desde cedo à paleontologia e à antropologia,
iniciando suas explorações em Luján, onde abundavam restos de mamíferos e
outros fósseis.
 Ameghino reuniu, estudou e classificou uma vasta coleção de espécimes da fauna
extinta da América do Sul, especialmente do norte da Argentina.
 Suas investigações, contudo, tenderam a demonstrar que o berço da humanidade
fora a Argentina, onde o homem teria vivido no Mioceno e Plioceno.
 Mas tanto essa teoria, como a cronologia dos terrenos geológicos da Argentina,
apresentadas por Ameghino, não encontraram apoio entre os pesquisadores
subsequentes..

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ALES HRDLICKA E A ORIGEM DO SER
HUMANO NA AMÉRICA
 Aleš Hrdlička (1869-1943), era um antropólogo checo que viveu nos Estados
Unidos depois que sua família se mudou para lá em 1881. Ele nasceu em
Humpolec, Boêmia.
 O antropólogo tcheco Ales Hrdlicka como precursor do discurso do
povoamento do continente americano pelo norte, em especial, no sentido de
derrubar as teses de Ameghino, por meio de estudos antropológicos e assim
buscando as origens dos índios ameríndios.
 Os estudos de Hrdlicka estavam baseados nos traços físicos – pele, cabelo,
pilosidade e craniometria – no intuito de demonstrar que os índios
americanos fariam parte de um único grupo mongoloide e sendo vindo de um
ponto comum, da Ásia, passando pelo estreito de Bering, em um período do
Holoceno.

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TEORIA DE CLÓVIS –
POVOAMENTO TARDIO

 A Cultura Clóvis é uma cultura pré-histórica da América que surgiu


há cerca de 13 mil AP.
 Chama-se assim por causa dos artefatos encontrados perto da cidade
americana de Clovis (Novo México).
 Em 1929, James Ridgley Whiteman descobriu o principal sítio
arqueológico da cultura Clóvis.
 Contudo, a primeira evidência da cultura foi aceita em 1932, em
escavações em Clovis (Novo México).
 O homem chegou a América através do Estreito de Bering e povoou
todo o continente.

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A OCUPAÇÃO DA AMÉRICA
PELO NORTE DO
CONTINENTE
Essa corrente que situa o
povoamento das Américas entre
10 mil a 12 mil Antes do Presente
(AP) é defendida por grupos da
Arqueologia norte-americana, em
especial o Bureau American
Ethnology, da Smithosian
Institution of América (onde
Hrdlicka foi diretor), seguindo
muito dessa das idéias de
Hrdlicka, sendo principais
pesquisadores, Thomas Lynch,
Dena Dinacauze e Betty Meggers
(em um momento de sua carreira
acadêmica e é interessante por ter
influenciado a Arqueologia
brasileira).
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A TEORIA DE WALTER NEVES
 Dentro da Arqueologia brasileira essa visão da primeira migração humana
via Beríngia e depois, espalhando-se pela as demais partes do continente,
vem sendo defendida pelo bioantropólogo Walter Neves, da USP, mas com
algumas modificações nos momentos migratórios.
 Neves estudou um crânio achado pela Missão Francesa (1974- 1975) em
Lagoa Santa, de características negroides e sendo considerado o crânio mais
antigo do continente sul americano, batizada de Luzia e com
aproximadamente 11 a 11,5 mil anos atrás.
 Neves propôs o “modelo dos dois componentes biológicos principais.
 A primeira onda de migração se acredita ter chegado há cerca de 18 mil
anos e tinha sido composta por indivíduos com morfologia não mongoloide,
semelhante à dos Aborígenes e aos africanos, de morfologia negroide. Esta
primeira onda não deixou qualquer descendente.
 A segunda onda migratória se acredita ter chegado no continente há cerca de
12 mil anos, e os membros deste grupo tinham as características físicas dos
asiáticos, de quem os modernos povos indígenas possivelmente derivam.
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O POVO DE LUZIA
 O esqueleto de Luzia foi
encontrado em 1975 em um sítio
arqueológico no município de
Pedro Leopoldo, pela missão
arqueológica chefiada pela
arqueóloga francesa Annette
Laming-Emperaire. Além de
fósseis animais, descobriram em
uma das cavernas o crânio mais
famoso no Brasil.
 Sítio Arqueológico Lapa do
Santo, Lagoa Santa
 Estima-se que o crânio de Luzia
tenha cerca de 11.000 a 11.500
AP.

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O POVO DE LUZIA E O
ANCESTRAL COMUM
DOS POVOS DA
AMÉRICA
Novos dados genéticos mudam a
forma como imaginamos o povo
de Lagoa Santa. À esq., a nova
reconstrução facial do povo de
Luzia, feita a partir do crânio de
um homem sepultado na Lapa do
Santo. À dir., a reconstrução de
Luzia, famosa por sua marcante
feição africana.
Fonte:
https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-biolog
icas/dna-antigo-conta-nova-historia-sobre-o
-povo-de-luzia/

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UMA VISÃO SOBRE O POVOAMENTO PELO SUL DO
CONTINENTE
AMERICANO: TEORIA MALAIO-POLINÉSIA

Sustenta que uma das rotas de entrada dos primeiros humanos na América, foi
no sul do continente vindos da Polinésia.
Essa ideia foi defendida por Paul Rivet (1876-1958), baseando-se na
semelhança craniana dos antigos habitantes do Equador, de Lagoa Santa e da
Polinésia.
Aspectos tecnológicos parecem não ter sido um empecilho para uma travessia
oceânica, uma vez que, em 1947, Thor Heyerdahl construiu uma jangada e
conseguiu navegar do Peru até as ilhas da Polinésia, sem recursos tecnológicos
sofisticados.
Porém, evidências arqueológicas de ocupação da Polinésia datam de, no
máximo, 3 mil anos atrás, mostrando que essa não é uma rota viável para as
ocupações mais antigas da América do Sul.
Uma rota direta da África para a América do Sul pelo oceano Atlântico também
tem sido aventada por alguns pesquisadores brasileiros, porém não há evidências
biológicas nem arqueológicas para ela.
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UMA VISÃO SOBRE O POVOAMENTO PELO SUL DO
CONTINENTE
AMERICANO: TEORIA MALAIO POLINÉSIA

 Annette e Josef Laming-Emperarie vieram ao Brasil em 1954-56, no intuito de pesquisar


acerca das teorias de Paul Rivet, buscando uma possível validação, criando o primeiro
curso de lítico na Universidade Federal do Paraná década de 1950 e depois uma missão
arqueológica sob o comando de Laming-Emperaie em Lagoa Santa, Minas Gerais
estendendo-se para o Piauí na década de 1970, sob o comando de Niède Guidon.
 Annette Laming-Emperaire ao longo de suas pesquisas chegou uma não validação das
ideias do povoamento da América de Paul Rivet.
 Laming-Emperaire afirma que o período inicial do povoamento da América pode ter
ocorrido por volta 60 mil anos atrás, mas não excluindo a possibilidade de um povoamento
de 80 a 100 mil anos atrás, sendo a passagem do estreito de Bering a via principal de
acesso e mais antiga desses primeiros migrantes.
 Annette Laming-Emperaire (1980) propondo três vagas populacionais: a primeira vaga
migrou por volta de 70 mil a.c; a segunda vaga, por volta de 28,5 a 25 mil anos atrás;
terceira vaga, por volta de 13 a 11 mil anos atrás e; a partir de 10 mil atrás, a região não
apresentava mais obstáculos para a migração de outros povos, recebendo outros fluxos
populacionais (Funari e Noelli 2002).

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NIÈDE GUIDON E A TEORIA DE MIGRAÇÃO
TRANSOCEÂNICA
 Niède Guidon, arqueóloga e presidente do Museu do
Homem Americano e coadministradora do Parque
Nacional da Serra da Capivara.
 Defende a teoria segundo a qual o homem habita a
região há aproximadamente 50.000 anos.
 Segundo Niède Guidon os vestígios encontrados nesses
sítios (acúmulo de carvões, conjunto de pedras
queimadas, e pinturas rupestres, datam de pelo menos
48 mil anos, o que representaria os vestígios mais
antigos da presença humana na América.

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CONSIDERAÇÕES
FINAIS

 As pesquisas atuais já têm


evidências muitas evidências que
sugerem que a chegada do homem
na América ocorreu milhares de
anos antes do que propunha a Teoria
de Clóvis, por volta de 30 mil anos
atrás.
 O homem chegou e povoou a
América a partir do Estreito de
Bering.
 Os povos da América têm um
ancestral comum.

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REFERÊNCIAS

FUNARI, Pedro Paulo Funari, et al. EM BUSCA DAS ORIGENS DOS SERES
HUMANOS NO CONTINENTE
AMERICANO: UM ESTUDO DE CASO. In: Revista de Estudos Amazônicos – UFAM.
FUNARI, P.P.A. & NOELLI, F.S. Pré-História do Brasil. São Paulo, Contexto, 2002.
NEVES, Walter. Origens do homem nas Américas: fósseis versus moléculas. In: SILVA;
Hilton P.; RODRIGUES-CARVALHO, Claudia. Nossa origem: o povoamento das
Américas, visões interdisciplinares. Rio de Janeiro: Vieira & Lent, 2006.
RIVET, Paul. As Origens do Homem Americano. São Paulo: Editora Ahembi, 1960.

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