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PROFESSOR: Gilberto Luiz Ludwig

DISCIPLINA: HISTÓRIA
TURNO: DIURNO
ANO: 6º TURMA 61 e 62
DATA: ABRIL DE 2023

LEITURA COMPLEMENTAR
PRÉ-HISTÓRIA DO BRASIL: OS PRIMEIROS HABITANTES

Falar em Pré-História do Brasil é montar um complicado quebra-cabeças com muitas peças


faltando. A dificuldade começa já no título: Pré-História, uma expressão que passa a ideia errada
de ser um período sem História. Os indígenas brasileiros tiveram uma história própria, de milhares
de anos em que suas culturas, técnicas e artes sofreram mudanças e influências. Entendemos por
Pré-História os períodos da História sem escrita e que, por isso, só pode ser estudado pelos objetos
feitos pelo homem. A divisão tradicional em Paleolítico, idade da pedra lascada, e neolítico, idade
da pedra polida também é contestada pelos especialistas. Praticamente essas expressões caíram em
desuso no mundo científico. Atualmente, os cientistas preferem usar termos geológicos:
Pleistoceno e Holoceno.
Pleistoceno (de 60 mil a 12 mil anos) - O clima e a vegetação do Brasil durante o
Pleistoceno eram muito diferentes dos atuais. O clima era úmido e mais frio. Uma densa floresta
de grandes árvores, cipós e samambaias cobria o que hoje é o semiárido nordestino. Rios, lagos e
cachoeiras dominavam os campos. Durante o Pleistoceno, uma megafauna, hoje extinta, habitava
as florestas e os campos do território brasileiro. Tatus gigantes, os gliptdontes, com 3 metros de
comprimento e pesando quase uma tonelada e meia. Sua forte carapaça, quando vazia, podia servir
de abrigo aos homens primitivos. Preguiças gigantes, o megatherium, pesando umas 4 toneladas,
tinham o tamanho de um elefante. Passavam o dia todo comendo folhas de árvores e arbustos,
utilizando sua língua comprida para obtê-las. Com suas poderosas garras, vergavam facilmente os
galhos das arvores. Mas o animal mais temido era o tigre dente-de-sabre. Um felino com 3 metros
de comprimento e pesando 900 quilos, ele foi o grande predador de preguiças, gliptdontes e outros
animais da megafauna.
Povoamento do Brasil - Foi durante do Pleistoceno que ocorreu o povoamento do território
que hoje corresponde ao Brasil. Os primeiros grupos humanos que ocuparam nosso território são
chamados de paleoíndios. Reconstituição do crânio de Luzia realizada na década de 1990 e hoje
não mais aceita pelos especialistas. As ossadas mais antigas de paleoíndios encontradas no Brasil
pertencem ao final do Pleistoceno, entre 11 mil e 12 anos. Foram encontradas na região
arqueológica de Lagoa Santa, em Minas Gerais. Entre as ossadas, está Luzia, o esqueleto mais
antigo das Américas, de 11.500 anos. Na década de 1990, a reconstituição facial do crânio de Luzia
pelo especialista britânico Richard Neave surpreendeu o mundo científico. As formas tiveram
como base a teoria do professor Walter Neves, da USP, segundo o qual o povo de Luzia teria
chegado à América antes dos ancestrais dos povos indígenas atuais (estes de origem asiática). Os
traços de Luzia teriam, então, características africanas ou dos aborígenes australianos e polinésios.
Isso sustentou a hipótese do povoamento da América teria sido feito por dois tipos humanos com
características físicas distintas: um vindo da Austrália ou das ilhas da Melanésia e da Polinésia, e
outro grupo posterior, de origem asiática que teria entrado na América pelo estreito de Bering, e
que acabou dominando o continente e dando origem aos indígenas atuais.
Desmontada a hipótese de correntes diferentes de povoamento - No final da década de
2010, novos estudos feitos a partir de DNA fóssil, desmontou aquela hipótese e confirmou a
existência de um único grupo populacional ancestral de todas as etnias da América. O trabalho foi
desenvolvido por 72 pesquisadores de oito países, pertencentes a instituições como a Universidade
de São Paulo (USP), Harvard University, dos Estados Unidos, e Instituto Max Planck, da
Alemanha. Os dados arqueogenéticos – que mesclam conhecimentos de arqueologia e genética –
mostraram que todas as populações da América descendem de uma única população que chegou à
América pelo estreito de Bering há cerca de pelo menos 20 mil anos. Pelo DNA, é possível
confirmar a afinidade dessa corrente migratória com os povos da Sibéria e do norte da China. Os
resultados da pesquisa foram publicados na revista científica Cell em 8 de novembro de 2018.
Foram analisados restos fósseis de 49 indivíduos sendo sete provenientes de Lapa do Santo, abrigo
rochoso em Lagoa Santa, Minas Gerais. Além do Brasil, foram utilizados fósseis da Argentina,
Belize, Chile e Peru, totalizando 15 sítios arqueológicos.
Novo rosto de Luzia e nova hipótese de povoamento - O rosto de Luzia foi redesenhado.
A reconstituição foi feita por Caroline Wilkinson, da Liverpool John Moores University, na
Inglaterra, especialista em reconstrução forense e discípula de Richard Neave. Novo rosto de Luzia
em reconstituição feita em 2018. Os dados genéticos mostraram que os povos de Luzia têm forte
conexão com a cultura Clóvis, uma linhagem de humanos que fez o trajeto do norte da América
para o sul do continente há cerca de 16 mil anos. Não se sabia até então que esse grupo havia
migrado para o sul. O estudo aponta a presença de DNA fóssil das duas migrações em todo
continente sul-americano. Os descendentes da corrente migratória ancestral diversificaram-se em
duas linhagens e uma delas cruzou o istmo do Panamá e povoou a América do Sul em três levas
consecutivas e distintas. A primeira leva ocorreu entre 15 mil e 11 anos atrás, e a segunda se deu
há, no máximo, 9 mil anos. São os ancestrais diretos dos grupos indígenas que habitaram o Brasil
durante o período colonial. A terceira leva é mais recente – cerca de 4,2 mil anos – e se fixou de
forma concentrada nos Andes centrais. Essas datações são contestadas pelas descobertas feitas nas
escavações arqueológicas na Serra da Capivara, no sul do Piauí. Ali foram encontrados esqueletos
de 8.000 anos e vestígios de presença humana ainda mais antigos que Luzia: são pinturas rupestres,
restos de fogueiras e artefatos de 17 mil anos até 48 mil anos! Os resultados das escavações na
Serra da Capivara levaram os cientistas a rever sua hipótese sobre a data do povoamento da
América: ele teria ocorrido há pelo menos 40 mil anos atrás, isto é, muito antes do que se suponha.
Entre tantas descobertas, discussões e novas hipóteses, uma coisa é certa: por volta de 12 mil anos
atrás, o território brasileiro já estava plenamente ocupado por diversos grupos de paleoíndios.

https://ensinarhistoria.com.br/pre-historia-do-brasil-parte-1/ - Blog: Ensinar História - Joelza Ester


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