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Celso Ferrarezi lunior

Renato Basso

S eÍnantr ^

Ao
seÍnârrtrcas
umo introdução

@f
editoracontexto
CopJright @ 20 13 dos Organizadores

Todos os direitos desta ediçáo reservados à


Editora Contexto (Editora Pinsky Ltda.)

Foto de capa
Jaime Pins§
Montdgem de capa e diagramação
Gustavo S. Vilas Boas
Preparação de textos
Daniela Marini Iwamoto
Rruisão
Ala Paula Luccisano

Dados Internacionais de Catalogação na Publicaçáo (crr,)


(Câmara Brasileira do Livro, sr, Brasil)

Junior e Renato Basso. - São Paulo : Contexto, 2013.

Vários autores.
Bibliografia.
ISBN 978-85-72 44-801-7

1. Linguístia 2. Semântica I. Ferrarezi Junior, Celso. II. Basso,


Renato.

13-05037 CDD-401.43
Índices para catálogo sistemático:
1. Estudos semânticos : Linguística 401.43
2. Semântica : Estudos 401.43

2013

Eorronn Cournxro
Diretor editorial: Jaime Pinshy

Rua Dr. José Elias, 520 * Alto da Lapa


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Peax: (11) 38325838
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uagem anoção
Itro emrnciado, Semônticq Cognitivq
uagem náo faz
sofreu tiveram
Paula Lenz
igem.
produzida por
l para a expli-
ponto de vista
rto de vista da
surgimento do
rcutário.

O que é o Semônticq Cognitivq?


Nossa experiência com a lingua que falamos é tão intensa e íntima que
a em andamento na
tudo nos parece normal. Geralmente, não nos damos conta de uma série de
a Marion Carel e o
fenômenos que ocoffem no nosso processo de comunicação cotidiano. Por
exemplo, não atentamos que fazemos escolhas de palavras, de estrufuras de
frase e de entonações quando verbalizamos nossas ideias, nem que reconhe-
cemos todos esses elementos quando entendemos nossos interlocutores; não
s?
notamos que sistematicamente estruturamos conceitos em termos de outros;
;. foram tradu- nem percebemos que crenças subjazem à maioria dos nossos conceitos.
trabalhos, que Da mesma forma que, geralmente, não paramos para observar a forma
como falamos eparapensar por que falamos como falamos, tomamos como
ría de los bloques
verdadeiros certos conceitos e pressupostos que nos são passados tradicional-
mente sem questioná-los. É com o questionamento de alguns desses conceitos
an./mar.2008.
e pressupostos que iniciamos a apresentação do que é a Semântica Cognitiva.
As visões tradicionais mantêm que a linguagem (assim como o pensa-
mento) é inerentemente literal: conseguimos nos comunicar e entenderuns
aos outros porque usamos no nosso dia a dia uma linguagem literal. Em
an. mar.2009.
consequência dessa tradição, enraizada nos nossos conceitos, aceitamos
RL. LOU1S Oe. como verdades incontestáveis, por exemplo, que a linguagem usada para
falar de coisas comuns e corriqueiras é essencialmente literal; a linguagem
técnica ou científ,rca é e deve ser literal; a linguagem figurada só é encon-
trada em textos literários; a habilidade de falar metaforicamente requeÍ
habilidades cognitivas e linguísticas especiais, diferentes das empregadas
32 Semântico,semônticos

na vida cotidiana; as asserções Íigurativas ou poéticas são distintas


do da fala, e isso exp
conhecimento verdadeiro, por isso devem ser evitadas em ceftos tipos
de linguísticas. Ness
linguagem. Naturalmente, essas "verdades incontestáveis,, não vieram
do conceito, o nível r
nada. A ideia de que a metáfora deve ser evitada, por exemplo,
advém da em letras maiúscr
crença de que a linguagem é independente da cognição e de que a linguagem
"expressão metafi
figurativa é apenas um embelezamento da linguagem literal, .o* pú.o
"metáfora conceit
valor cognitivo. Tais crenças têm repercussões na forma como a linguagem
foras conceituais
é entendida. A Semântica, por exemplo, é vista na Linguís tica, niLógica
Diante da presenc
e na Filosofia como o estudo do sentido literal. Dessa forma, o
sentido que a linguagem (
metafórico está, digamos assim, relegado à pragmática.
Pensar que a t
Entretanto, muitos estudos têm mostrado que grande parte da linguagem
sequência de outro
é estruturada metaforicamente. o uso da metáfora na linguagem
cotidiana, e visões filosóficas
ou mesmo em uma linguagem especializada, e tào comum e rotineiro
que, Um desses pressu[
segundo alguns pesquisadores (pollio et al., lg77), chegamos proferir,
a mental para que p
em média, quatro f,rguras de linguagem a cada minuto à.
num no que está sendr-'
discurso livre. De modo geral, não identif,rcamos isto porque "orrr"rra
fomos ensi- visão da Lógica rr:
nados a pensar em metáfora como algo em destaque, .Àlucionudo
à poesia da Semântica. as c
e à retórica, ou como um recurso para suprir lacunas de vocabulário,
não porreferência a alg
como parte da nossa linguagem convencional.
entanto, não dá con
Em 1980, Lakoff e Johnson publicam o livro Metaphors we Live
by, no não metaforicas. C
qual argumentam que a metáfora não é apenas um modo
de fazerpo.riu o, de sua costureira: '
um recurso da retóríca, mas faz parte da forma como pensamos
e raciocina_ que recebeu o rür.-i
mos. As evidências, segundo os autores, estão na estrutura
linguística que ela entenda, entre
usamos parafalar sobre uma infinidade de conceitos com os quais
lidamos mundo extemo ob-ir
no nosso dia a dia. Por exemplo, falamos de reupo em termos
de orxserno segmentação do te:
(Economize seu tempo; knho muito íempo, posso gastá-ro
como e com definido pelo mor:
quem quiser; Poupe meu tempo; preciso recuperar o tempo
perdido; Não um dia e início de
vale a pena investir tanto tempo para aprender programiçao;
Não sobrou calendário de 7. -1r,
tempo pra fazer o bolo; vou separar parte do meu tempo),
de enon em em uma sequência
termos de vracEu (veja só aonde chegamos; Não da mais pra continuar
é dia. Note-se, ponsj
melhor você seguir o seu caminho e eu o meu; Temos percirrido uma
longa uma convenção i,jc
estrada juntos), de TDETAS em termos de preNras (Finalmente
suas ideias mos de Lakofftlg'
frutificaram; Aquela ideia morreu na videira; Esta brotando uma nova semana, fica eviden
teoria; Ele tem uma mentefertil).t E isto independe do tema e gênero
dis- dos significados.
cursivo. ou seja, o que Lakoff e Johnson defendem, como tese geral,
é que Além disso. cr.n
as metáforas são sistêmicas e não meras elocuções
elaboradas no momento situações, a condi"-.
Semônlico Cognirivo 33

eticas são distintas do da fala, e isso explica por que usamos e compreendemos essas expressões
.das em cerlos tipos de linguísticas. Nesse sentido, os autores aplicam o termo "metâfora" para o
itár'eis" não vieram do conceito, o nível mental (ou seja, a metáfora conceitual), que representam
or exemplo, advém da em letras maiúsculas, enquanto sua realização linguística e tratada como
it-r e de que a linguagem "expressão metafórica" - Lakoff e Johnson denominam esse fenômeno de
em literal, com pouco "metáfora conceitual". Nos exemplos anteriores, estão presentes as metá-
rrna como alinguagem foras conceituais rErrapo E DINHETRo, o AMoR E uMA vIAGEM, IDEIAS sÂo pr-rNtes.
Linguística, na Lógica Diante da presença de tantas metáforas na língua, questiona-se a ideia de
)essa forma, o sentido que a linguagem convencional seja literal.
rtica. Pensar que a base da linguagem nâo é literal, no entanto, levanta uma
nde parte da linguagem sequência de outros questionamentos, que quebram paradigmas estabelecidos
r I in,euagem cotidiana, e visões filosóficas arraigadas na nossa forma de ver e compreender o mundo.
'omum e rotineiro que, Um desses pressupostos diz respeito à noção de verdade, um aspecto funda-
. chegamos a proferir, mental para que possamos funcionar no mundo. Se cremos ou não cremos
nuto de conversa num no que está sendo dito tem implicação direta na forma como agimos. Na
,to porque fomos ensi- visão da Lógica tradicional, assumida pelas vertentes clássicas dos estudos
:. relacionado à poesia da semântica, as condições de verdade daquilo que é dito são estabelecidas
rs de vocabulário, não por referência a algo que existe no mundo extemo. Essa noção de verdade, no
entanto, não dá conta nem mesmo dos fenômenos linguísticos com expressões
tLtphors We Live by,no não metaforicas. Consideremos que alguém receba a seguinte comunicação
trdo de fazer poesia ou de sua costureira: "o vestido ficarâpronto na terça-feiÍa".PaÍa que a pessoa
pensamos e raciocina- que recebeu o recado vá buscar o vestido na terça-feira, pressupõe-se que
,truflrra linguística que ela entenda, entre outros, o conceito rERÇA-FErRA, que não tem referente no
i com os quais lidamos mundo externo objetivo. Como nos mostra Lakoff(l987: 68-9), embora nossa
3m terÍnos de onqHErno segmentação do tempo se baseie em um evento danattreza (o ciclo natural
gasta-lo como e com deÍinido pelo movimento do sol), o padrão que caracterizamos como fim de
o tempo perdido; Não um dia e início de ouho e idealizadq assim como os ciclos maiores de um
arLtmaÇão; Não sobrou calendário de 7, 30 ou 3l dias. Nossa semana contém 7 partes, organizadas
t len\po), de auon em em uma sequência linear, sendo cadapafte um dia; "terça-feira" é o terceiro
; mais pra continuar é dia. Note-se, portanto, que "semana" náo existe no mundo, mas trata-se de
percorrido uma longa uma convenção idealizada, um modelo cognitivo idealizado (rvrcr), nos ter-
'

irtalmente suas ideicts mos de Lakoff(1987). Como nem toda cultura adota este nosso modelo de
.i hrotando umq nova semana, fica eviderÍe que os aspectos culturais são importantes na construção
do tema e gênero dis- dos significados.
como tese geral, é que Além disso, como argumentam Lakoff e Johnson (2002:268), em muitas
aboradas no momento situações, a condição de verdade de uma frase está associada às intenções e
34 Semôntico,semônticos

percepções humanas. Para uma dona de casa brasileira, por exemplo, a frase A insatisfação de
"o tomate é um legume" é verdadeira e plenamente coerente com o local onde ção da Linguística C
ela encontra tomates no supeÍnercado ou na feira, junto abatatas, cebolas, como uma teoria úni,
cenouras e pimentões, e não a outras frutas como bananas, úacaxis, laran- compartilhâIn oS ffie :
jas. Para um taxonomista, porém, a frase é falsa. Como descrevem Croft e tigar o sistema intes
Cruse (2004),Fillmore demonstra que uma série de fenômenos linguísticos, Dada a sua preocun:
como os apresentados anteriomente, não consegue ser explicada nem pela considera-se parte ü.
semântica Esfiutural, nem pela semântica de Traços nem pela Semântica de a necessidade de n:e
Condição de Verdade. A proposta de Fillmore, adotada por Lakoff e outros cientistas cognitir r,.
semanticistas cognitivos, é de uma semânttcadacompreensão ou Semântica ASemântica Cr,r_::
de Frames, que contemple toda airquLeza do entendimento que o falante da Linguística Cos-..'
deseja transmitir e do entendimento que o ouvinte constrói a partr fala de dores com focos e i::.
seu interlocutor. Note-se que, nesse contexto, questiona-se a separação en- central,asaber.ai.e
tre semântica e Pragmática, que considera alingua e seu uso como coisas representada na esr..
dissociáveis, conforme argumenta Kempson (1997:561) na abeftura de seu uma área da Lingu:.:
capítulo emThe Handbook of Contemporaty Semantic Theory: ficados e inferênci: -
A Semântica como o estudo do significado em línguas naturais e a prag- básicos pod€rn SeÍ :l... :
mática como o estudo de como a fala e interpretada poderiam ser um e o é corpórea, a estnir-:
mesmo estudo. Dado que o significado de uma expressão é a informação significado (sentid.
que tal expressão traz e q.ue a interpretação pelos usuários da língua é are- é a conceitualizaçàc
cuperação da informação das expressões, é dificil visualizar essa separação. O movimefltr]. -_

Não há como alcançar uma análise semântica dessa natureza apenas Cognitiva no fina. ;
com o conhecimento linguístico conforme o entendem as teorias clássicas,
do estudiosos inle:.,
pois cada palavra é compreendida em termos deumframe (ou r,rcr), onde essencialmente s.:'
tendências vigenre. :
se incluem conhecimento de mundo, experiências, percepções, culturas,
Gerativa. de explr;=:
comportamentos sociais, convenções etc. Assim, "um conceito como vs-
dades estruturais ::.:.
cErARrANo só faz sentido no frame de uma cultura na qual comer carne é
menciona Kemme:
comum" (Croft e Cruse, 2004:11); uma expressão como "tive um semestre
muito pesado" fazparle do nosso vocabulário porque constantemente des- Ao inr e. -,
locamos objetos e, ao fazer isto, percebemos que a facilidade ou dificul- ponente : l
dade de deslocá-los está associada a seus pesos (metáfora orrculoaors sÃo especític,- .
rrsos); uma resposta à pergunta de Pedro (George é um bom cozinheiro?) examina:., -

como a de Maria (Ele é francés) só pode ser compreendida por pessoas princípirr>; '
princípitr: *:
que compartilhem o mesmo conhecimento de que, estereotipicamente, os
nais: e pr,:.- -
franceses são excelentes cozinheiros.
Semôntico Cognirivo 35

Lra, por exemplo, a frase A insatisfação de semanticistas sobre tópicos como estes levou à cria-
rerente com o local onde ção da Linguística cognitiva, :uma ârea que não se configura exatamente
unto a batatas, cebolas, como uma teoria única, mas como uma conjunção de várias abordagens que
:Inanas, abacaxis, laran- compartilham os mesmos princípios básicos, com o objetivo geral de inves-
.rmo descrevem Croft e tigar o sistema integrado global de estruturação conceitual da linguagem.
I'enômenos linguísticos, Dada a sua preocupação com a estrutura da mente, a Linguística cognitiva
ser explicada nem pela considera-se parte das ciências cognitivas. Isto é important e para entender
nem pela Semântica de a necessidade de métodos de investigação na ârea que sejam aceitos pelos
:da por Lakoffe outros cientistas cognitivos em geral (Gibbs, 2007), como veremos adiante.
:rreensào ou Semântica A Semârúica Cognitiva, que pode ser compreendida como uma das súareas
:drmento que o falante da Linguística Cognitiva, também se configura como um gÍupo de pesquisa-
;,-)nstrói apartir fala de dores com focos e interesses diversos, que comungam da mesma preocupação
-trr1â-so a separação en- central, a saber, a de estabelecer de que maneira a eshutura linguística está
e seu uso como coisas representada na eslutura conceitual (Talmy, 20rl). Pode ser definida como
i61 I na abertura de seu uma ârea da Linguística Cognitiva que estuda os sistemas conceituais, signi-
.:it Theory'.
I Íicados e inferência humanos (Lakoffe Johnson, 1999: 496), cujos princípios
básicos podem ser assim sintetizados @vans etal.,20o7): a estrutura conceitual
.:rguas naturais e a Prag-
.:iia poderiam ser um e o é corpórea, a estrutura semântica é a estrutura conceitual, a representação do

-.\rressào é a informação significado (sentido) é enciclopédica e a conskução do significado (sentido)


-..uários da língua é are- é a conceitualizaçáo.
. ::ualizar essa separação. O movimento, que se transformou na área denominada Linguística
Cognitiva no final dos anos 1980, iniciou ainda na década de 1970, quan-
:essa natureza apenas
do estudiosos interessados nessa relação entre linguagem e pensamento,
3rr as teorias clássicas,
-'. t)'ome (ou ucr), onde essencialmente semanticistas gerativistas, começaram a discordar das
tendências vigentes na época, dominadas principalmente pela Linguística
. percepções, culturas,
'-:m conceito como vs- Gerativa, de explicar os padrões linguísticos por meio de apelos às proprie-
dades estruturais intemas e específicas da língua (Kemmer, 2012). Como
ra qual comer carrre é
menciona Kemmer (2012):
L]mo "tive um semestre
:e constantemente des- Ao invés de tentar separar a sintaxe do resto da linguagem em um "com-
, tàcilidade ou dificul- ponente sintático" regulado por um conjunto de princípios e elementos
:táfora or nrcu loaors sÀo específicos a esse componente, a linha de pesquisa que se seguiu foi de
examinar a relação da estrutura da língua com coisas externas à linguagem:
: um bom cozinheiro?)
princípios e mecanismos cognitivos não específicos à língua, incluindo os
preendida por pessoas
princípios de categorização humana; princípios pragmáticos e interacio-
estereotipicamente, os nais; e princípios funcionais em geral, tais como iconicidade e economia.
3ó Semôntico,semônlicos

Anova área surgiu, poftanto, em franca oposição às ideias chomskyanas está preocupada
de que o significado é periférico ao estudo da língua porque as estruturas conceitos estão ,
linguísticas são govemadas por princípios essencialmente independentes (conceitualtzaçà<
do significado. Como vimos anteriormente, na visão da Linguística Cog- tanto para a inr e
nitiva, as estruturas linguísticas têm a função de expressar significados, da mente human
pofianto, os mapeamentos entre forma e significado são o principal objeto modelar o sistem
da análise linguística. Em outras palavras, o signiÍicado, e não a sintaxe, é resultados obtidt'
o elemento central dos estudos linguísticos, sendo este um dos pressupostos
tinção, no entant
mais importantes da area, compartilhado pelas várias abordagens. marcador de abo
Entre os iniciadores do movimento da Linguística Cognitiva destacam-
de terem os mesn
se Wallace Chafe, Charles Fillmore, George Lakoff, Ronald Langacker,
a semântica con
Leonard Talmy e Gilles Fauconnier. Apublicação de Metaphors We Live
tais como a sinc
by, de Lakoff e Johnson, em 1980, pode ser vista como um dos marcos
(2007:6), "a mai
da nova orientação, que ganhou corpo ao longo da decada com os tra-
investigara semá
balhos de Lakoff (1987), Langacker (1987) e outros, culminando com a
No cenário e
r Conferência em Linguística Cognitiva, em 1989, organizada por René
para a investigac
Dirven, na Alemanha, que estabeleceu definitivamente a área. Naquela
como um todo. a
conferência, foi criada aAssociação Internacional de Linguística Cogniti-
e explorando qu,
va (Icla), com reuniões bienais, e o periódi co Cognitive Linguistics, cujo
primeiro número foi lançado já em 1990. Além disso, foi aprovada a pro- Pode-se concord
posta de uma série de livros sobre o tema Cognitive Linguistics Research, tam que isto se
cujos primeiros volumes - Concept, Image and Symbol e Foundations Gramática Gerar
of Cognitive Grammar -, ambos de autoria de Ronald Langacker, foram hoje vigorosos. (
publicados em 1990 e 1991, respectivamente. a todas as abord:

A linguag
hipótese t
O que q Semônticq Cognilivq estudq? uma facul,
não lingui
Os autores, de modo geral, tendem a classif,rcar os trabalhos da Linguística A Grarnán
Cognitiva em duas grandes linhas de estudo, conhecidas como Semântica de Verdad,
Cognitiva e Gramática Cognitiva. Entretanto, como a semântica é central de r,erdad
para os estudos da Linguística Cognitiva, essa divisão nem sempre é facil um model,
de ser mantida.2 Além disso, como acentua Feltes (2001), essa centralidade O conhecir
da semântica leva a própria Linguística Cognitiva a ser confrrndida com os cias reduc
estudos de Semântica Cognitiva, em uma relação, em geral, de superposição. Condiçõe:
Entretanto uma distinção entre a Semântica Cognitiva e a Gramática abstratas e

periférico:
Cognitiva, discutida por Evans et al. (20A7), é que a Semântica Cognitiva
2004: l).
Semôntico €ognirivo 37

o às ideias chomssanas
está preocupada com a natureza da mente, ou seja, com a forma como
ua porque as estruturas os
conceitos estão estruturados na mente e como
ialmente independentes construímos o significado
(conceitualização). portanto, os estudos
rào da Linguística Cog- em semântica cognitiva voltam_se
tanto para a investigação da semântica ringuística
e\pressar signifi cados, quanto {uru umoderagem
da mente humana. A Gramática cognitivã, po.
tr sào o principal objeto oooo radà, preocupa-se em
modelar o sistema da ringuagem (a "gram ática"
i.-ado. e não a sintaxe, é mental), e o faza partir dos
resultados obtidos pela Semântica Cognitiva.
:13 urrl dos pressupostos Embora interessante, essa dis-
tinção, no entanto, não nos parece reÉvante
rrs abordagens. em si mesm a, a nãoser como
marcador de abordagens na área, que diferem
,-a C o_tnitiva destacam- no foco e no método (apesar
,ü Ronald Langacker, de terem os mesmos princípios básicos),
mas que essencialmente consideram
de lÍetaphors We Live a semântica como pano de fundo para os
demais fenômenos linguísticos,
s'rrtTlo um dos malcos tais como a sintaxe e a fonologia. Arém disso,
como afirmam Evans et al.
;a decada com os tra- (2007:6), "a maioria dos estudos em Linguística
Cognitiva acha necessário
't'rs. culminando investigar a semântica lexicar e as organizações
com a gramaticais conjuntamente,,.
. rrrganizada por René No cenário grobal da Semântica cognitiva, muitos
estudos voltam_se
:lente a área. Naquela para a investigação dos princípios fundamentais
compartilhados pela área
ie Lin_suística Cogniti- como um todo, apresentando ainda argumentos
para suas hipóteses básicas
: ; t irc L i n gtt is tics, cujo e explorando questões empíricas mais
específicas de sintaxe e semântica.
sr-r. tbi aprovada a pro- Pode-se concordar em parte com croft
e cruse (2004) quando argumen-
Linguistics Research, tam que isto se deve ao fato de os paradigmas
a que'se opõem, como a
i'. ntbol e FoundaÍions Gramática Gerativa e a semântica dà condições
de verdade, serem ainda
::ld Langacker, foram hoje vigorosos. os autores discutem três grandes
hipóteses que subjazem
a todas as abordagens da Linguística
Cognitiva:
A linguagem não é uma facurdade cognitiva autônoma.
hipótese bem conhecida da Gramática Gerativa
[...] opõe-se à
udo? de que a linguagem é
uma faculdade ou módulo cognitivo autônomo
."puruào das habilidades
não linguísticas [....1
=balhos daLinguística A Gramática é conceituarizaçã,o.
:idas como Semântica [...] opõe-se à semântica de condições
cle verdade, na qual uma metaringuagem
semântica e avaliadaem temos
e semântica é central de verdade e farsidade com reração ao mundo (ou
mais precisamente a
it-r l1Êrl sempre é facil um modelo de mundo) [...]
t(l- ). essa centralidade o conhecimento da língua emerge do uso da língua.
[...] opõe-se às tendên-
'er confundida com os cias reducionistas, tanto da Linguística Gerativa
quanio da Semântica de
reral. de superposição. condições de verdade, nas quais se buscam o máximo
de representaçôes
nitiva e a Gramática abstratas e gerais da forma gramaticar e do
significado e considerarn_se
Sernântica Cognitiva periféricos muitos fenômenos gramaticais
e semânticos (croft e cruse.
2004: t).
38 Semônricq,semônticos

Esses princípios levam a discutir a linguagem de forma multidisciplinar,


pois obrigam a considerar ao mesmo tempo aspectos linguísticos (desde o
léxico e conceito até a construção destes em formas expressivas que nos
fazemsentido, incluindo estruturas maiores como o discurso), psicológicos e
neurológicos (desde nossas percepções sensório-motoras, memória, atenção
e categorizaçáo ate as estruturas mentais ou redes neurais), socioculturais,
antropológicos, para citar alguns dos mais evidentes, pois a cognição hu-
mana está intrinsecamente ligada à experiência corpórea, social, cultural e
histórica do homem (Lakoff, 1987).
Retomemos os princípios básicos apresentados por Croft e Cruse (2004)
para entender melhor os estudos na área. Tomemos o primeiro item: "a
linguagem não é uma faculdade cognitiva autônoma". Conforme Lakoff e
Johnson (1999), a Linguística Cognitiva (e, portanto, a Semântica Cognitiva
e a Gramática Cognitiva tambem) busca usar as descoberlas das ciências
cognitivas para explicar a linguagem da forma mais abrangente possível,
sem incotporar os pressupostos de nenhuma teoria filosófica estabelecida.
Três dos grandes achados das ciências cognitivas com grandes repercussões
para os estudos linguísticos e filosóficos, segundo os autores, são: a mente
é inerentemente corpórea, o pensamento é de modo geral inconsciente e os
conceitos abstratos são em grande parte metafóricos.
Dizer que a mente é corpórea significa quebrar com a visão cartesiana concerto§
de umamente transcendental, separada do corpo físico. Em seu llro o eruo
cultura- s
de Descarte.§, o neurologista António Damásio (1996) mostra que razáo e
emoção não são formas distintas de racionar e agtr mas são complementares
e essenciais para atomada de decisões, por exemplo. Estudos computa-
cionais conexionistas realizados pelo grupo da teoria neural da linguagem
(Nrr), coordenados por Lakoff e Feldman em Berkeley, mostram que as
capacidades neuronais que usamos para o controle motor podem também
ser usadas para efefuar raciocínios abstratos.
Compreender que a mente é corpórea implica compreender que nossos
conceitos não são exatamente reflexos de uma realidade exterrla, 'omas fun-
damentalmente moldados pelos nossos corpos e cérebros, especialmente pelo
nosso sistema sensório-motor" (Lakoff e Johnson, 1999 : 22-3). por exemplo,
o que de verdade existe quando dizemos que o céu e azul? Atribuir ao céu a
propriedade inerente de ter cor azul confaria os conhecimentos da Física. A cor
que vemos é resultante do comprimento de onda da luz refletida pela superficie
Semôntico Cognitivo 39

rrma multidisciplinar, de um objeto, nas condições de iluminação em que se encontra o tal objeto,
lineuísticos (desde o da percepção desse comprimento de onda nessas condições de iluminação
por
' erpressivas que nos três tipos de cones de cor que temos em nossas retinas e do complexo circuito
.r-urSo ).psicológicos e neural em nossos cérebros conectado a esses cones. No caso do céu, a cor azul
:.::. memória, atenção percebidapelo olho humano é uma consequência do espalhamento da luz solar
:rais ). socioculturais, na atmosfera terrestre devido às partículas existentes no ar.
. nrris a cognição hu- Amaioria de nossos conceitos espaciais deriva da forma como é o nosso
.:ea. social, cultural e
colpo e como ele funciona no mundo. compreendemos o corpo como um
recipiente, que tem dentro-fora, frente-atrás-lado, centro-periferia etc.,
: Croft e Cruse (2004) conceitos gerados por termos um colpo longilíneo, com olhos na extremi-
, ,,-r primeiro item: "a
dade superior de um dos lados (frente) e pés na extremidade inferior com a
'.
Conforme Lakoff e mesma direção e sentido dos olhos, ficarmos de pé da forma que ficamos e
Semântica Cognitiva nos movimentarmos como nos movimentamos (para frente,paratrâs,para
.-t-rbertas das ciências cima, para baixo etc.). como sustentam Lakoff e Johnson (2002: l2g),
:brangente possível, se tivéssemos outra estrutura, redonda, por exemplo, e habitássemos um
tit'i ca e stabelecida.
.'' s
planeta com força gravitacional bem menor que a Terra, certamente nossos
_rrandes repercussões conceitos seriam diferentes. Entretanto, a forma como interpretamos a nossa
-rutores. são: a mente relação e experiência com o mundo pode ser culturalmente determinada.
:rei inconsciente e os Por exemplo, a percepção de uma casa situada entre a posição em que nos
encontramos e uma montanha depende da forma como projetamos esses
,:l a risào cartesiana conceitos de frente e atrás e do referente que estabelecemos. Em nossa
'. Em seu livro O erro cultura, somos o ponto de referência e tudo o mais está de frente para nós,
'' mostra que razão e assim, na nossa percepção, a casa está "na frente da montanh a,' e amonta-
. sarr comPlementares
nha está "atras da casa", mas na cultura dos háussas3 a casa está,,atrás da
-. Esrudos computa- montanha" e a montanha está "na frente da casa,,.
aeuralda linguagem os estudos para compreensão da mente corpórea, portanto, incluem
,er. mostram que as descrições e explicações em pelo menos três níveis de corporificação dos
:r1lor podem também conceitos (Lakoff e Johnson, 1999): 1 ) no nível neural, que coffesponde às
estruturas que caracterizam conceitos e operações cognitivas; 2) no nível
rreender que nossos da experiência consciente fenomenológica, que inclui tudo aquilo de que
ie e.rtema, "mas fun- nos damos conta, especialmente nossos próprios estados mentais, corpo,
's. especialmente pelo ambiente físico e interações fisicas e sociais; 3) no nível do inconsciente
: ll-3).Por exemplo, cognitivo, que consiste em todas as operações mentais que estruturam e
zul'l .{tribuir ao céu a tomam possível qualquer experiência consciente, inclusive a compreensão
rentos da Física. A cor e uso da linguagem. Esses níveis não são construtos independentes, mas
'fl etida pela superfície
estão imbricados um no outro.
40 §emônrico,semônÍicos

o segundo princípio, "a gramática é conceitu arização,,,é o fenômeno


semântico fundamental da Linguística cognitiva. Tal princípio "necessárias e sul
contesta a Aristóteles, mas e
noção de que a semântica é puramente condicionadaà
verdade (croft e membros deuma f
cruse, 2004). como vimos na primeira parte deste capítulo,
toda unidade os mesmos traços
linguística evoca umframe semântico, que é em última
instância a forma
como conceitualizamos : "terça-feira" evoca um ou outras caracter
framede semana;,.vegeta-
riano" evoca umframe de tipos de arimento;"tomate,,
evoca umJiame de
categorias populares e científicas de frutas e verduras; ,,pesado,,
evoca um
frame de experiências com o peso de objetos; ..francêsl, evocaumJiame de Como estud
experÍise culinária. Essesframes ou rracr podem coÍresponder
à compreensão usondo o Sr
do mundo de uma pessoa ou grupo de pessoas de
forma perfeita, muito boa,
boa, mais ou menos, não muito, em quase nada, Os estudos err
ou emnada.
o terceiro princípio é que as categorias e estruturas semânticas, Semântica Co_rniti
sintáticas
e morfológicas não são preestabelecidas, cionalmente fazem
mas construídas a cada elocução
específica de acordo com a ocasião. Nossos raciocínios, metodologia usada
nossa compreensão
do mundo e das experiências no mundo, bem teórica. Entretanto
como amaneiracomo vive_
mos e agimos no mundo, estão inerentemente relacionadas perspectivas psicoL
à forma como
categorizamos. categorizar é uma condição básica unificada da estrut
paru a sobrevivência
de qualquer animal (Lakoffl rggT). perceber perigos, interesse tanto na :
saber o que se pode
comer, escolher uma roupa para vestir passam pela essas metodologia:
forma como categori-
zamos perigo, alimento e adequação de vestuário fenômenos envolr'
a certos eventos. Este é
um processo natural, na maioria das vezes automático gias que permitam
e inconsciente, que
inclui nossas capacidades cognitivas de identificar, classiÍicar de investigação e c
e nomear
coisas, eventos e entidades como sendo ou não quanto nas ciências
membros de uma mesma
categoria. Embora tenhamos algumas categorias relativamente foi a geração de ur
estáveis,
herdadas socioculturalmente (ex.: a categoriá de obstante, por ser u
tipo de alimento paracada
refeição), a categorizaçáo é um processo dinâmico, sobre formas de bu
no sentido à* qr. u
cada novo momento podemos formar novas categorias A preocupaçào
ou reformular as
categorias existentes (ex.: a categoria de coisas tudiosos em torno
a serem retiradas de casa
no caso de uma ameaça de desabamento). metodologias em I
A visão de categorizaçã,o assumida pela Semântica descofiinar os fenr
cognitiva baseia_
se nos resultados de Eleanor Rosch soúre prototipicidade]que desses workshops
mostram
existirem membros das categorias mais prototípicos de Gonzalez-Marq
que outros (ex.: no
Brasil, um pardal é uma ave mais prototípica q,r. sobre a relevância r
o prrrguim), e nos estudos
de wittgenstein sobre a parecência de famílà, crescimento da árei
or, ,"iu, q"á os membros
de uma categoria não precisam compartilhar dos linguistas co_en
das mesmas características
ressante reflexão s«
§emôntico Cognitivo 4l

zação", é o fenômeno "necessárias e suficientes", como tem sido assumido pela ciência desde
al princípio contesta a Aristóteles, mas estes se relacionam pela aparência de forma análoga aos
da à verdade (Croft e membros de uma família, que podem se assemelhar uns aos outros por terem
:apítulo, toda unidade os mesmos traços faciais, a mesma cor de olhos, o mesmo temperamento
ima instância a forma ou outras características (Lakoff, 1987: 16).
a de semana; "vegeta-
e" evoca umframe de
s: "pesado" evoca um
's evoca :um.frame de
Como estudor olgum desses Íenômenos
ronder à compreensão usqndo q Semônticq Cognitivq?
ra perfeita, muito boa,
Os estudos em Linguística Cognitiva em geral, e particularmente em
:m nada.
Semântica Cognitiva, usambasicamente as mesmas metodologias que tradi-
semânticas, sintáticas
cionalment e fazem parte dos estudos linguístico A introspecção é a principal
s.
-ridas a cada elocução
metodologia usada, que geralmente se faz acotnpanhar por outra, a análise
,s. nossa compreensão
teórica. Entretanto, para uma área que pretende "integrar a Linguística e as
r maneira como vive-
perspectivas psicológicas sobre a organização cognitiva em uma compreensão
rnadas à forma como
unificada da estrutura conceitual humana" (Talmy, 20ll), ou seja, que tem
para a sobrevivência
interesse tanto na semântica da língua quanto na estrufura mental humana,
. saber o que se pode
essas metodologias sozinhas não são por si sós suficientes para atingir os
irrma como categori-
fenômenos envolvidos. A área precisa, portanto, usar diferentes metodolo-
)enos eventos. Este é
gias que permitam obter resultados adequados para cada aspecto do objeto
r'r e inconsciente, que
de investigação e capazes de satisfazer o que se espera tanto na Linguística
;lassificar e nomear
quanto nas ciências cognitivas. Uma consequência natural dessa necessidade
rbros de uma mesma
foi a geração de uma grande quantidade de estudos multidisciplinares; não
iativamente estáveis,
obstante, por ser uma área relativamente nova, há muito ainda a aprender
ie alimento paracada
sobre formas de buscar respostas mais adequadas às suas inquisições.
no sentido em que a
A preocupação com este tema tem mobilizado recentemente os es-
ias ou reformular as
tudiosos em tomo de workshops e seminários destinados a discutir as
em retiradas de casa
metodologias em prática e o acréscimo de novas técnicas que venham a
descofiinar os fenômenos de interesse. Um resultado importante de um
ca Cognitiva baseia-
desses workshops recentes foi o livro MeÍhods in Cognitive LinguisÍics,
:idade, que mostram
de Gonzalez-Marquez et al. (2007), Que, além de contemplar discussões
que outros (ex.: no
sobre a relevância de diferentes metodologias para promover o avanço e o
Lguim), e nos estudos
crescimento da área, apresenta estudos de casos em várias áreas de atuação
:ja. que os membros
dos linguistas cognitivos. No prefacio do livro, Talmy apresenta uma inte-
:strras características
ressante reflexão sobre as várias metodologias utilizadas pela Linguística
42 Semônrico,semônticos

cognitiva, destacando dois pontos importantes: o primeiro é que precisa-


sua própria co_en
mos ter clareza de que "cadametodologia tem capacidades e limilações,,
que a introspecçi
e o segundo, consequência do primeiro, é que "nenhuma
metodologia tem dos de forma cor
privilégio sobre as demais ou é consideradao padrão ouro da investigação,,
desse corpus é tn
(Talmy, 2007: xii). Em outras palavras, nenhuma metodologia
.orr.gré du. estruturas lingui:
conta do fenômeno da linguagem como um todo e todas são necessárias
nossas intuições,
para que se alcance o pleno conhecimento da estrutura conceitual
humana. língua como um t
A investigação sobre a estrutura conceitual da ringuagem, portanto,
Otermo"coqr
exige várias metodologias, entre as quais Talmy cita: introspecção
de nas ciências cogni
significados e estrufuras das formas linguísticas e expressões, isoladas
ou que possa ser esü
em contextos, bem como a compaÍação da introspecção
de alguém com porém grande par
a reportada por outros; comparaçáo de características linguísticas
entre e tão automaticar
línguas tipologicamente distintas e entre diferentes modalidades
das lín- Lakoff e Johnsor
guas (ex.: língua falada e língua de sinais); exame
de como os eventos de
ser ilustrado em L
fala interagem com elementos do contexto, tais como o
ambiente Íisico, questão de seeuÍ
o conhecimento prévio dos participantes ou padrões culturais;
análise de bemos, tais comt
gravações audiovisuais de eventos comunicativos de
ocorrên cia naítral, fonemas, agupal
incluindo seus textos, dinâmicas vocais, gestos e linguagem
do corpo; exa- estruturas que e\
me (com ajuda do computador) de corpora,gerarmente
anotados; exame ao contexto. faze
de observações cumulativamente gravadas de comportamento
linguístico, movimentos do il
como os de aquisição da linguagem por crianças; técnicas experimentais
de ticos têm [lostrÍlr
Psicolinguística; testes instrumentais sobre o funcionamento
linguístico
do também não tem
cérebro em neurociência; simulação do comportamento linguístico
humano não queremos ou
em inteligência artiÍicial.
que ele fale, tapar
o autor sintetizaessa lista em quatro métodos: a introspecção linguísti_
vez tendo our-ido
ca,na qual inclui a metodologia de pensamento analítico (entendido
como Aparte conscl
manipulação sistemática de ideias, abstração, comparação
e raciocínio), a no entanto, é mu
análise audiovideográfrca, a análise de corpus e o método
experimental. Linguística e em
Poderíamos, no entanto, entender que basicamente utilizamos
metodologias intuições de ling
que envolvem nosso próprio conhecimento consciente
da e sobre a lingua-
gem (ex.: introspecção, pensamento analítico), ferramentas detalhados de po
que comple- como fonte de hi
mentam nossas limitações de memória e atenção (ex.: audiovideograÀas,
corpora anotados) e ferramentas que descortinam processos ciente cognitivo"
cognitivos O significado
inconscientes (ex. : métodos experimentais, simulações
computacionais). idiomáticas isolac
A introspecção linguística e "a atençào consciente de um usuário
da linguísticos consc
línguapara determinados aspectos dessa língua conforme
se manifestam em
entanto, essa facil
Semônlico Cognitivo 43

imeiro é que precisa- sua própria cognição" (Talmy, 2001 xii). Nesse sentido, podemos pensar
:idades e limitações" que a introspecção é a extração e análise de dados, que podem ser acessa-
rma metodologia tem
dos de forma consciente, do nosso "corpus linguístico pessoal". A riqueza
ruro da investigação" desse corpus é incomparâvel a qualquer outro tipo de fonte, pois além das
dologia consegue dar estruturas linguísticas (ex.: gramaticais, semânticas, fonológicas) contém
odas são necessárias nossas intuições e sentimentos sobre essas estruturas e o funcionamento da
a conceifual humana.
língua como um todo. Aquestão é que ele não está totalmente "disponível".
inguagem, portanto, O termo "cognitivo" usado na Linguística Cogniúva segue o conceito usado
ita: introspecção de nas ciências cognitivas, ou seja, "qualquer tipo de operação ou estrutura mental
rressões, isoladas ou que possa ser estudado em termos precisos" (Lakoff e Johnson, 1999: ll),
:çào de alguém com porém grande pafte dessas operações e estruturas ocoÍre em milissegundos
as linguísticas entre e tão automaticamente que não conseguimos ter consciência delas. E o que
nodalidades das lín- Lakoff e Johnson (1999) chamam de "inconsciente cognitivo", que pode
como os eventos de ser ilustrado em uma situação na qual ouvimos uma determinada frase. Em
tr o ambiente físico. questão de segundos, realizamos uma série de operações que não perce-
culrurais; análise de bemos, tais como dividir sons em traços fonéticos distintivos, identificar
: ocorrência natural, fonemas, agrupar morfemas, checar a estrutura da frase com as diversas
agem do corpo; exa- estruturas que existem na língua, identificar os significados apropriados
ite anotados; exame ao contexto , fazer inferências a partir do que está sendo dito, interpretar os
umento linguístico, movimentos do interlocutor, planejar o que dizer, Os estudos psicolinguís-
:as experimentais de ticos têm mostrado que além de não termos consciência dessas operações
mento linguístico do também não temos controle sobre elas. Assim, podemos até decidir que
r linguistico humano
não queremos ouvir algo que alguém quer nos contar (ex.: não deixando
que ele fale, tapando os ouvidos ou nos afastando desse alguém), mas, uma
rrrspecção linguísti- vez tendo ouvido uma palavra, o processamento é inevitável.
crr (entendido como Aparte consciente, que tem sido depreendidapormeio da introspecção,
lçào e raciocínio), a no entanto, é muito importante e tem sido insumo para as pesquisas em
ltodo experimental. Linguística e em outras áreas, pois, conforme aponta Gibbs (2007:3), "as
.amos metodologias intuições de linguistas cognitivos treinados têm proporcionado insights
daesobrealingua- detalhados de possíveis interações entre língua-mente-corpo que servem
lentas que comple- como fonte de hipóteses experimentais para os trabalhos sobre o incons-
audiovideografias, ciente cognitivo".
'ocessos cognitivos
O significado quer de palavras, frases e orações, quer de expressões
s computacionais). idiomáticas isoladas, conforme enfatizaTalmy (2007),é entre os fenômenos
: de um usuário da linguísticos conscientes aquele mais bem trabalhado pela introspecção. No
e se manifestam em entanto, essa facilidade de acesso não ocorre quando se pretende escrutinar
44 Semônrico,semônticos

seus significados em contexto, ou mesmo quando se tenta elencar todos os com mais de 2 bil
diferentes sentidos associados a uma única palavra. Por exemplo, é pouco dades dalíngua p
provável que alguém consiga lembrartodos os sentidos de "escapar" apenas uma palavra ou e
pela introspecção, embora cada um desses sentidos lhe seja plenamente falante nativo terr
conhecido. Se conseguimos pensar em n estruturas sintáticas de dizer a Finalmente. o:
mesma coisa (se é que isto é possível), não é incomum termos dúvidas so- propõem-se a pri
bre a aceitabilidade de algumas delas. Além disso, as variações regionais, aos processos co
a experiência de vida e áreas de interesse do falante, entre outros fatores, apresentam grand
interferem nas avaliações que faz. Pot exemplo, a expressão "cabeça do pode-se dizer qut
dedo", de uso corrente no Cearâ, não é reconhecida por muitos falantes do os de estímulos c
Sudeste como uma expressão do porluguês. Casos como esses levantam a um único fator
suspeitas de que não se pode confiar plenamente em nossas intuições. Nesse (Talmy, 2007\. E
sentido, a complementaridade de métodos é importante. linguagem no mo
Uma forma de suprir as limitações do acesso que temos ao nosso corpus ou de processam€
linguístico pessoal em sua plenitude, bem como de nossa memória e aten- tempo do proces:
ção, tem sido construir cotpora que permitam a observação dos fenômenos equipamento de r
linguísticos on-line posteriormente. Uma dessas metodologias, como vimos falograma), aplic
anteriormenÍe, éfazer gravações em áudio ou filmagens de eventos de fala. métodos não cror
Corpora como esses peÍmitem examinar aspectos da fala que são difíceis pamentos especíl
ou impossíveis de examinar por meio da introspecção, tais como elementos de sujeitos ao me
da expressividade dafala (ex.: dinâmica vocal, gestos, expressões faciais, ou outro tipo de r
linguagem do corpo) ou o tempo em que cada elemento ocorre, sozinho ou cada tipo, depenr
em relação aos outros (Talmy, 2001). Um outro tipo de corpus, que contém vestigar a hipótes
registros de linguagem produzida de forma natural, é aquele utilizado pela cognitivo, confor
Linguística de Corpus. Trata-se de bancos de dados eletrônicos compostos um desvio, pode-
por textos naturais, escritos ou transcrições de fala, compilados segundo sujeitos gastam nt
determinados critérios, com o propósito de servir a estudos linguísticos diferenças estatisr
(Sardinha, 2004). Constam de grande quantidade de dados, anotados (ou um e outro tipo c
seja, com informações morfossintáticas), mas geralmente capturam apenas os sujeitos compr
alguns excertos do texto. off-line, no qual c
Os corpora, portanto, proporcionam uma ampliação e complemen- cada frase, após r
tação dos dados extraídos do "corpus pessoal", enriquecendo o processo Cabe aqui taml
descritivo e facilitando o processo analítico-exploratório dos fenômenos e que resultados d
linguísticos, alem de proporcionar uma visão mais coletiva, menos idios- ridade dos diferen
sincrática, do uso da linguagem. Entretanto, é preciso ter çlareza de que, trata de testes exp
apesar da grande quantidade de dados compilados nesses corpora (alguns Almeida (2005:4
§emônticq Cognirivo 45

lnta elencar todos os


com mais de 2 bilhões de palavras), eles não registram
.)r exemplo, é pouco todas as possibiii_
dades da língua, portanto, não se pode considerar
de "escapar" apenas inexistente ou inaceitável
uma palavra ou estrutura sefir ocorrências. Nesse
lhe seja plenamente contexto, a intuição do
falante nativo tem grande relevância.
;intáticas de dizer a
Finalmente, os métodos experimentais e de simulação
L terrnos dúvidas so- computacional
propõem-se a preencher a lacuna das metodologias
r ariações regionais, anteriores quanto
aos processos cognitivos inconscientes. os estudos
lntre outros fatores, psicolinguisticos
apresentam grande variedade de metodologias,
oressào "cabeça do
pode-se dizer que estas consistem na "apresentação
-ur.-1..*os genericos
: muitos falantes do a alguns indivídu_
os de estímulos ou instruções, preparadãs com
mo esses levantam o objetivo de se dirigir
a um único fator cognitivo, com monitoramento
.as inruições. Nesse àe suas respostas,,
(Talmy, 2007). Existem métodos que investigam
o processamento da
linguagem no momento em que está ocorrendo (métoàos
It-tS âO nOSSO COTpUS cronométricos
ou de processamento on-rine), que requerem
s-r memória e aten- equipamentos sensíveis ao
tempo do processamento (ex.: computadores com
;àtr dos fenômenos caixas de resposta,
equipamento de monitoramento ocular e equipamento
it-rgias. como vimos para eletroence_
falograma), aplicados individualmente com cada
de eventos de fala. sujeito da pesquisa; e
métodos não cronométricos (ou off-rine), que
ira que são dificeis não necessitam de equi-
pamentos específicos e podem ser aplicados
lS r,-o[to elementos a uma grande quantidade
de sujeitos ao mesmo tempo (Derwing e Almeida,
:rpressões faciais, zõosy. o uso de um
ou outro tipo de método, ou de uma ou outra técnica
.\-oÍTÊ. sozinho ou experimental em
cada tipo, depende do que se deseja observar. por
'rpus. que contém exemplo, para in-
vestigar a hipótese de que a linguagem metafórica
-rele utilizado pela exige maior esforço
cognitivo, conforme as teorias clássicas que considíru
.lnicos compostos u metáfora
um desvio, pode-se utirizar um teste on-rine que mede
rpilados segundo o tempo que os
sujeitos gastam na leitura de frases literais . *àtufóri.as.
rudos linguísticos se não houver
diferenças estatisticamente significativas entre os
,jos. anotados (ou tempos de leitura para
um e outro tipo de linguagem, rejeita-se a hipótese. para
: L-apturam apenas verificar se
os sujeitos compreenderam de fato as frases que
leram, faz-se um teste
off-line, no qual os sujeitos respondem perguntas de compreensão
rr-t e comPlemen- para
cada frase, após o término do teste on_line.
--endo o processo
cabe aqui também a observação de que os métodos
ur dos fenômenos se complementam
e que resultados definitivos são mais bem atingidos
r\ a. menos idios- com a complementa_
ridade dos diferentes metodos. Isto é especialmente
'r clareza de que, relevante quando se
trata de testes experimentais, que são arliflciais por
c'orpora (alguns nat,reza. Derwing e
Almeida (2005: 441) argumentam que "a melhor defesa
contra artefatos
4ó Semônrico,sêmônticos

experimentais é a transvalidação metodorogica,ou seja, a condução de


múl- esfudo realizado c.-
tiplos experimentos, com técnicas variadas, enfocando o mesmo Í-enômeno,,. parcialmente puL,l:
Toda a parte experimental exige uma teoria bem estruturada eclara em
A análise segu,
suas proposições, para ser possível o levantamento de hipóteses. Nesse conceito de metáL.
sentido, os cientistas cognitivos, de modo geral, aceitam bem teorias mais impoftante de era::
formalistas, por proporcionarem mais condições de falseamento, enquanto ticas são compre.:
rejeitam teorias baseadas em intuições, pela grande variedade de respostas attor, a base da ::,
incongruentes encontradas, como vimos anteriormente. cognitiva de uma e-.
A Linguística cognitiva, segundo Talmy (2orl),também pode ,,repre- muitos detalhes r. ; _
sentar um aspecto da língua de forma abstrata por fórmulas simbólicas experiência. \o .-,
ou diagramas esquemáticos" como os paradigmas mais formalistas, no laçào entre â Ser.:.
entanto, não tem interesse em trabalhar dessa forma, pois entende que
isto e o simultâneo ,i;.
não dá conta de vários fenômenos linguísticos. Assim, continua á autor,
inpuÍ sensorialr. {
os linguistas cognitivos "objetivam demonstrar tais fenômenos através
deve ocorrer atra\;.
de meios descritivos que forneçam precisão e rigor sem formalismos,,
domínios enr.olr rü.
(Talmy, 2011). Gibbs (2007:17) concorda que a Linguística cognitiva ,

tem início com a :J


não precisa se transformar em uma área formalista, mas argumenta
que, elementos enr-olr :; -
üma vez considerando-se parte das ciências cognitivas, precisa
dados Iinguísticor. .: _
ser mais sensível a algumas das propriedades que são importantes licenciados pelo n:=-
em ma-
téria de hipóteses (ex.: construir hipóteses falseáveis, considerar hipóteses realidade psicoltiS: -,
alternativas) e tentar articular suas ideias e achados empíricos de das expressôes me:-:
forma
que possam ser testadas pelos estudiosos de outras disciplinas. possam apontar t-r :;:
Mais recentemente, Gibbs e colston (2012) retomam de forma abran_ línguas inglesa e x:
gente a questão sobre a interpretação de linguagem literal universalidade da :.=
e figurativa a
pafiir de resultados experimentais em psicolinguística e Neurociência
dos
últimos 25 anos, enfatizando os erros e acertos de cada metodologi a
adotada.
CENAS PRIMARIAS

A identificaçàt, i
Poderiq me dqr um exemplo? fonte e alvo, que se :
Para exemplificar um estudo na áreada Semântica cognitiva que tem lome tem desei.
ilus- busca saciar a fome: -
tre concomitantemente o uso dos três tipos de metodologias mencionadas
(introspecção, análise de corpora e método experimentuj, ,ru..*os alguma coisa/desej.,, i
parte
de nossa própria pesquisa, que discute o papel das experiências desejo. O mapeamen:
corpóreas
na geração das metáforas no pensamento e na linguagem, por meio sede é desejar/ter ape:.
de
estudos empíricos de natureza linguística e psicolinguistica. Trata-se alguém/o desconfonc,
do
Semôntico Cognitivo 47

a. a condução de múl- estudo realizado com a metáfora DESEJARETERFoME, cujos resultados foram
, o mesmo fenômeno". parcialmente publicados em Lima, Gibbs e Françozo (2001).
:struturada e clara em A análise segue a abordagem de Lakoff e ú1líza especificamente o
, de hipóteses. Nesse conceito de metáforaprimâria de Grady (1991), que fomece uma forma
::m bem teorias mais importante de examinar empiricamente como algumas metáforas linguís-
enquanto ticas são compreendidas via nossas experiências corpóreas. Segundo o
'^seamento,
.nedade de respostas autor, a base da metáfora é a cena priméxra - que é uma representação
-.Ie. cognitiva de uma experiência recorrente (catactetizada em nível local sem
::mbém pode "repre- muitos detalhes), que envolve estreita correlação entre duas dimensões da
:rrrmulas simbólicas experiência. No caso, ametáffora DESEJARÉrr,nrour é getada pela corre-
::.ais formalistas, no lação entre a sensação física de fome (uma experiência sensório-motora)
:ors entende que isto e o simultâneo desejo por comida que a acompanha (uma resposta ao
.::r. continua o autor, input sensorial). A realizaçáo linguística da metáfora, segundo o autor,
- tenômenos através deve ocorrer através da linguagem licenciada pelo mapeamento entre os
: sem formalismos" domínios envolvidos apartt das cenas primárias. Nossa análise, portanto,
.rsuística Cognitiva tem início com a identificação do mapeamento metafórico, a partir dos
:ras argumenta que, elementos envolvidos nos conceitos de FoME e DESEJo, Sem considerar oS
.:.. precisa dados linguísticos, que foram posteriormente coletados utilizando os termos

--, . lmportantes em ma-


licenciados pelo mapeamento. Dois estudos se segUiram, um para verificar a
.. . rrnsiderar hipóteses realidade psicológica da teoria e outro para conhecer a estrutura linguística
- : rmpíricos de forma das expressões metafóricas, incluindo a busca por pistas linguísticas que
. .::sciplinas. possam apontar o sentido figurativo. Esses estudos foram realizados nas
'---.,rnr
línguas inglesa e portuguesU para verificar também a hipótese de quase
de forma abran-
universalidade da metáfora primárta.
..ieral e figurativa a
-, e \eurociência dos
::r etodologia adotada.
CENAS PRIMARIAS E TERMOS LICENCIADOS

Aidentificação das cenas primárias partiu das definições dos domínios


fonte e alvo, que se mostram da seguinte forma, respectivamente: quem
tem fome tem desejo de comer/a fome causa desconforto/quem tem fome
a Co*enitiva que ilus- busca saciar a fome; e quem tem desejo deseja algo, alguém ou deseja fazer
ologias mencionadas alguma coisa/desejo causa desconforto/quem tem desejo busca tealízat o
ntal). usaremos parte desejo. O mapeamento, portanto, se realiza como: ter fome é desejar/ter
:periências corpóreas sede é desejar/ter apetite por comida é ter apetite por alguma coisa ou por
uagem, por meio de alguém/o desconforto da fome é o desconforto do desejo. A partir desse
euística. Trata-se do
48 §emôntico,semônticos

mapeamento tomou-se possível prever a linguagem


licenciada pela metá_ fome fisica sào se
fora, por exemplo: fome, sede, apetit érgui oaíoca, dor, pontada.
", várias fome metafórical)
A coleta dos dados foi realizada em e diferentes fontes: exem_ classes gramatica
plos registrados na coletânea dos sistemas metafóricos
identiÍicados por As comparaçõ
Lakoff e colaboradores, em livros e artigos sobre metáfora,
em dicionários feitas em termos c
monolíngues e bilíngues (português e ingrês), em corpora
(ex.: Bank of cos, ou estrutura r
English, eNc), acervos eletrônicos de jornais (ex.: Fotia
de s. pauro, The que areaLizaçâo d
seattle Times), revistas e jomais impressos (ex.: Newsweek,
veja), obras muito semelhante
literárias (ex.: Emily Dickinson, Frorbela Espanca), textos
publicitários, da fome fisica sà,
artigos científicos, entre outros. os termos licenciados
e suas variações substantivo) - hu
foram utilizados como entrada paru abusca de ocorrências.
appetite, mouÍh-t,
cada trecho coletado foi analisado, sendo considerados
somente aqueles starve - stan'ed -
em que o sentido do termo licenciado estava claramente
relacionado à me_
táfora DESEJARETERF.ME. veriÍicou-se que a metáfora fomeado; sede - s
apresenta realizaçã"o boca, babar(-setl-
linguística de forma muito semelhante nas duas línguas,
ou seja, todos os podem ser usados
termos pesquisados foram encontrados em ambasf
os objetos do desejo (ex.: sede de lucrt,
metafórico e as estruturas morfossintáticas das expressões
ápresentaram as Há semelhanc;
mesmas características; os termos relacionados
ao desconfÀrto provocado questionamentos q
pela fome não apresentaram realizaçã,o linguística
claramente associada à em termos da fon
metáfora DESEJAR E rER FoMEa nem em uma língua
nem na outra, portanto, expressões coletad
não foram considerados na análise linguística posterior.
estavam babando 7
der), qtanto uma p
ANALISE LINGUíSTICA As expressões
comum ou à poesi;
A análise das expressões linguísticas teve dois objetivos básicos: a metáfora DESEJ.\r.
co_
nhecer as expressões para estruturar os experimentos quem temfome de
dentro dos padrões
léxico-semânticos e morfossintáticos de uso em de deixar qualquer
situações reais, e verificar
se existem pistas linguísticas que favoreçam o tíficos (ex.: Ern p,t
reconhecimento da metá_
fora pelos usuários da língua. Este estudo foi direcionado plasmafaminÍo lsr
pelas seguintes
perguntas: Existe restrição no tipo de coisa que pode silício amorfo hidr
,.. o àbi"to dã fome
metaforica? ou seja, o objeto do desejo aa rome os relacionados à e
metaforica poder ser
algo concreto, abstrato ou uma pessoa? Existe restrição olhar a Bolsa bra-t
quanto ao uso
da metáfora em diferentes tipos de linguagem (ex.: a minhafalta de ap
linguagem cotidiana,
jomalística, científica) e em diferentes na sede de vitória a
temas (ex.: esporte, política, reli-
gião)? Ate que ponto as estruturas morfossintáticas leira), violência e r
,ruou, para falar da
um drama shakespt
Semôntiro Cognirivo 49

r licenciada pelametá_
fome física são semelhantes ou diferentes
a. dor, pontada. daquelas usadas para expressar a
fome metaforica?Existe restrição quanto
Íerentes fontes: exem- ao uso da metáfora nas diferentes
classes gramaticais?
icos identificados por
As comparações entre as expressões linguísticas
:tálbra, em dicionários nas duas línguas foram
feitas em termos do fenômeno em si e
_tlt?ora (ex.: Bank of não em termos dos objetos específ,_
',,lha cos, ou estrufura gramatical. como resultado
de S. Paulo, The desse trabalho, verificamos
que arealização de DESEJARETERFoME
.'.t su'eek, Veja), obras e
muitosemelhantesemduasrormas:"rT,?:.H:;[trfjr:'ff
. rÊ\ros publicitários,
da fome fisica são usados para expressar ilfJffi:
desejo (inglês: hunger (verbo,
ldos e suas variações
substantivo) * hungryt hungrily; thirst (verbo,
:éncias. - suLstantivo ) - thirsty,
appetiÍe, mouth-water mouÍh waÍering;
:rdos somente aqueles - crroor - crrooring, /bntishing;
sÍarve - starved - starving; português:.
:te relacionado à me_ fome -faminto - esJitimado - es_
Jbmectdo; sede - seco - sedento; ipefire apeÍecer
: Jpresenta rcalização
boca, babar(se)), e os diferentes temos
- - apetência; água na
--ls. ou seja, todos os usados para fararda fome física
podem ser usados para expressar o
o: objetos do desejo desejo po, .*uiu-ente o mesmo objeto
(ex.: sede de lucros _ apeÍiÍe por lucros).
.rles apresentaram as -fome de lucros
Há semelhanças entre as duas línguas também
>crrnforto provocado no que diz respeito aos
questionamentos que nortearam esse
::emente associada à estudo. o objeto desejado expresso
em termos da fome metaforica, segundo
: na outra, portanto, o que pú"*o, depreender das
expressões coletadas, tantopode serargo
a,r. concreto (ex.:rs revistas daépoca
estavam babando pero carro) ou argo
abstrato (ex.: Era tinha sede pero po_
der), qtanto uma pessoa (ex.: Em viz rte
comida, eu Íinhafome de homens).
As expressões metaforicas não se restringem
à linguagem cotidiana
comum ou à poesia e integram temas
diversos. por exemplo, encontramos
'.'erivos básicos: co_ a metáfora DESEJAR L rER F.ME em propagandas
(ex.: um prato cheio para
dentro dos padrões qnem tem.fome de rr), emtextos jornalísticos
(ex.: o, u)i israerenses são
.r:s reais, e verificar de deixar qualquer ministro do ExerciÍo
de água na boca),em textos cien_
-.:cimento da metá- tíficos (ex': Em paríicura4 estaberecemos
a importância da condição de
.:do pelas seguintes plasmafuminto lstawing plasma] na obÍenção
de amostras de carbeto de
:r o objeto da fome silício ctmorfo hidrogenacro de aho gop.) e em
temas variados, tais como
:ratõrica poder ser os relacionados à economia (ex.: os iivestidores
esÍrangeiros comeÇom a
.-ào quanto ao uso olhar a Bolsa brasileira com argum aperite),política
(ex.: o probrema é
rguagem cotidiana, a minhafalta de apetite po*orgo, pibricos),esporte
iex.: Acosta aposta
rLrrte. política, reli- na sede de vitória de seusjovensjogadores
para derrotar a sereção brasi_
sadas para falar da leira), violência e vingança
1ex.: r§addam Hussein] é um personagem de
um drama shakespeariano; interigente,
mas sedento de sangue e amorar),
50 Semônrico,sêmônlicos

comunicação (ex.: o peras comunidades virÍuais depara-se com


apetite
um ideal de relação humana desterriÍoriarizada, devem estarmapeada
transversar, rivre),senti-
mentos metafísicos (ex.: tr/o entanto, em todos devem acharcertas fo
nós existe - eforte _ a sede
de Deus), amor romântico (ex.: A história fome mais aceitáveis
de Jonathan Larson trata do
cotidiano de jovens que têm aruguer para pagqr Realizamos dois
efome de amar),luxúria
(ex': Elas ainda não sabem qu" r*oporegadã e do inglês american
a *áir, ,*o a menos, pouco
importa para quem tem apetite por mulher). fome flsica, em terÍtr
A análise das estruturas morfossintáticas das expressões (efeitos da fome em
metaforicas
comparadas com as não metafóricas mostrou
que a estru tura para falar da
sintomas gerais (efei
fome fisica érealizadacom apenas um argumento sintomas de compona
(ex.: arguém tem fome;
a fome), enquanto a estruturap arafalarda ficar irritado). Em ca<
fome metaforica érealizadacom
dois argumentos (ex.: alguém tem fome de alguma intimamente relacion
coisa; fome de arguma
coisa), com algum a uariaçãono uso da preposição
(ex. : hunger for, hunger
roncar), possivetnenr
over, ltunger after, hunger to; relacionados com a fc
fome de, fome do/à, fome p'or, fome para)
em todos os termos. Note-se que mesmo quando era julgar a frequência
se trata dá alimento, o uso
do segundo argumento já denota desejo (ex.: Os resultados mostrari
estou com sede de limonada;
tenho fome de uma
feijoada). inglês julgaram de fon
De modo geral, dentre as expressões metaforicas as pessoas ssfudaÍles t1
coletadas, os termos
licenciados ocorrem como substantivos com corpóreas da fome. Nr
maior frequência, correspon-
dendo a 59%o (n: 338) das ocorrências em fisica comum a todo s{
inglês hW(n:375), em
português; em segundo lugar, como adjetivos, "
com3loÁ (n: 1g1), em experiência poderiam I
inglês, e 22oÁ, em porhrguês; e finalmente O experimento 2 t
como verbos, em apenas 9,5%o
(n : 55) das ocorrências em inglês e ÚoÁ (n: sobre a fome demonsu
64),em português. Foram
identificados apenas dois casos de uso dos a comproensão rlas grÍ
termos licenciados como ad_
vérbio em inglês e nenhum em português. itens do experimento I
de proeminência _ mür
dosàfomeepoucolnfu
ANÁLISE EXPERIMENTAL três aspectos: o desejo;
sexual (luxúria) eodes
A análise experimental buscou evidências não linguísticas categoria outro). Iltiliz
da metáforu,
examinando a experiência corpórea da fome que se apresentaram col
separadã da conceitu alização
de fome como desejo..consideramos que preparamos questões de,
algumas experiências corpóreas da
fome são maisproeminentes do que orrt ur, três tipos de desejo no c
em ambos os grupos de falantes.
Partimos da hipótese de que se a fome e o pessoa que deseja muib
desejo são altamente correlaciona-
dos e as pessoas dão sentido aos seus desejos
metaforicamente em termos da fraqueza (c)fica com son
fome, então essas partes mais proeminentes
das suas experiências da fome as intuições dos sujeitos:
pressar linguisticamenrc r
Semôntico Cognitivo 5l

'rtttois depara-se com devem estar mapeadas nos diferentes conceitos de desejo.
t,r -, y ers al, I ivre), senti-
Assim, as pessoas
devem achar certas formas de expressar o desejo em termos
da experiên ciada
.ri-sÍe- eforte-asede fome mais aceitáveis do que quando usados aspectos menos proeminentes.
irhan Larson trata do
Realizamos dois experimentos com falantes do português brasileiro
,mc d€ amar),luxúria
e do inglês americano. No primeiro, investiga*o, u ,on.
.. un?o a menos, pouco eitualizaçã,o da
fome flsica, em termos de três tipos de efeito no corpo: sintomas
locais
(efeitos da fome em partes específicas do corpo,
\pressôes metafóricas
do, de estômago),
sintomas gerais (efeitos da fome no co{po em geral, "*., ex.:.ficar
3strutura para falar da tonn) e
sintomas de comportamento (comportamentos provocados pela
:r.: alguem tem fome; fome, ex.:
ficar irritado).Emcada tipo de sintoma foram incluídos itens considerados
.:orica érealizadacom intimamente relacionados com a experiência da fome (ex.:
..isa: fbme de alguma o esÍômago
roncar), possivelmente relacionados com a fome (ex.: suarfrio),"
',. : ltungerÍor, hunger ráo
relacionados com a fome (ex.: os dedos estalarem).A tarefa
- trtc por, íome para) dos sujeitos
era julgar a frequência com que os itens ocor:riam na
-=r: de alimento, o uso experiência da fome.
os resultados mostraram que tanto os falantes de porhrguês quanto os
,t; ;gd€ de limonada; de
inglês julgaram de forma semelhante os diferent., lt"ri que
o indica que
as pessoas estudadas têm uma regularidade significativa
: nas experiências
tetmos
.-r--rletadas, os
corpóreas da fome. Note-se que, apesar de a fome ser
:equência, coÍTespon- uma experiência
física comum a todo ser humano, a percepção e a conceituali
: 6-0o (n:375), em zaçáo dessa
experiência poderiam não ter sido necessariamente as mesmas.
r -1loo (n : 181), em o experimento 2 teve como objetivo examinar se o conhecimento
irrs. em apenas 9,5%o sobre a fome demonstrado no experimento 1 estava correlacionado
em pornrguês. Foram com
a compreensão das experiências de desejo. Nesse sentido,
.:.'enciados como ad- separamos os
itens do experimento 1 conforme o julgamento dos sujeitos
em três graus
de proeminência - muito relacionados à fome, moderadamente
relaciona_
dos à fome e pouco/não relacionados à fome. o desejo foi
investigado sob
três aspectos: o desejo pela pessoa amada (amor), o desejo
como atração
sexual (luxúria) e o desejo por alguma coisa ou de fazer arguma
coisa (a
categoria outra). utilizando apenas os itens mais e menos proeminentes,
-isticas da metáfora,
_:
que se apresentaram como grupos distintos com significância
.: ,ia conceitoahzaçáo estatística,
preparamos questões de dois tipos: perguntas que enfocavam
'e:rências corpóreas da os efeitos dos
três tipos de desejo no colpo (ex.: Como você imagina que
is *srupos de falantes. se senÍe uma
pessoa que deseja muito alguém ou alguma coisa? (a)
.::nente correlaciona- fica tonta (b) sente
J.lmente em termos da fraqueza (c)fica com sono (d)fica tagarera)e jurgamenio, qr. focarizavam
as intuições dos sujeitos sobre a aceitabilidade de formas
erpenências da fome dlferentes de ex-
pressar linguisticamente os três tipos de desejo (ex.: Meu
estômago dói por
52 Semônrico,sêmônticos

você -proeminente, amor, luxúria; yocê


e a única pessoa que acha que
os central das estruturas ling
meus dedos estaram por você- não proeminent",
á-or, iuxúria; Reduzido da hngaa, quer seja fonoi
à pobreza, o meu estômago ronca'peros
vehoí fumpos -proeminente, está imbricado com sua
outros; A verdade é que os meus dedos
estalam por uma oportunidade de
ir à lua - não proeminente, outros). apresentam grande diven
o experimento foi rearizado com farantes do porhrguês modelos; categorização
e
que não tinham participado do experimento
e do ingrês c onc eitualização e estmnu
1. A anárise áas médias entre
sujeitos de cada língua mostrou que e integração conceitual (l
os itens anteriormente julgados como
altamente relevantes à fome foram dizagemde segunda hngu
agoravistos como mais aceitáveis para
o desejo. Isto ocorreu tanto nas quástões Iiterários; psicolinguístia
sobre os efeitos do desejo no
corpo quanto no julgamento das expressões fenomenologia; filosofia
linguísticas e, de modo gerar, c
foram consistentes-entre farantes dá português Observa_se um crescen
e do ingrês. Esses achados
demonstram que, de modo geral, ,orru, de aspectos teóricos,
experiências corpóreas da fome sob i
nos permitem predizer que aspectos quanto de aspectos aplica
do deÀejo podem podem ser
pensados e expressos em termos "to corpóreo, também têm sido levanada
do nosso entendimento "fisico,
da fome. Além disso, estes corroboram experimentais e o uso
a ideia de que o entendimento que de c,
as pessoas têm de expressões semia, um dos fenômenos
metaforicas sobre osàes"jos humanos _ r
como os políticos têmfome de poder tais como a metáfora e a metomr
ou es.r,s crianças têm/bme de ca-
rinho - é motivado por suas experiências princípios que governam
corpóreas reracionadas à fome. as
os resultados experimentais ratif,rcam umapalawa. Entre os estud,
fortemente as rrifár"r", de Grady
para esta metáfora em particurar. língua (língua estrangeira
A estrutura das expressões linguísticas, p)
claramente diferentes ao tratar da fome destaque. Mais recentemenr
fisica e da Letafórica, pode ser
uma pista para os ouvintes, mas certamente cadavez mais a contribuiçâ,
não é geradaconscientemente
pelo falante. sua estrutura morfossintática No Brasil, os estudos em
parecã p*i.à" próprio ma_
peamento entre rovu e DESEJO, resultado se nos 8 grupos de pesquisa
das cenas pii.,'á.iu, de cada uma
dessas experiências. Diferentemente ção, a saber: Gramática e Cr
de fome, desejo tem sempre mais de
um argumento, que se reproduz nametáfora. Saiomão (r.mre); Grupo
de Es
pela Profa. Mara Zanofto pr
(
gem e pensamento, liderado
Ana Cristina pelosi (urc);
Quqis sáo qs grondes linhqs de investigoçôo? n
Cultura, liderado pela profa.
A Semântica cognitiva, como vimos, investiga Raso (urvc); processamentc
a representação do co-
nhecimento (eshutura conceitual) Estrangeira, liderado pela prr
e a construção dos ..rrtido, (conceituari_
zação), buscando caracterizaros princípios e Semântica Cognitiva,
gerais que se aplicam a todos os lider
aspectos da linguagem humana, Feltes (ucs); rl,es Núcleo
.- .orfo.*idade com o .ort..i*ento de - de l
outras disciplinas sobre mente e Prof. Heronides Moura (urv
cerebro. Além disso, ui*o, qr" o
eremento liderado pela profa. Solange
r
Semôntico Cognirivo 53

c.rsoa que qcha que os central das estruturas linguísticas é o significado, poftanto, qualquer
aspecto
nor. luxúria;' Reduzido da língua, quer seja fonológico, morfológico, sintático, lexical,
entre outros,
,ntpos
- proeminente, está imbricado com sua semântica. Nesse sentido, as pesquisas
na área
trma oportunidade de apresentam grande diversidade, distribuindo-se, por exemplo,
entre teoria e
modelos; categorização e léxico; construções e gramática; cognição
espacial,
nortuguês e do inglês conceitualização e estruturação de espaço e movimento; metáfora,
metànímia
áiise das médias entre e integração conceitual (btending); aquisição da linguagem;
ensino/apren-
mrente julgados como dizagem de segunda língua; análise do discurso;poética cognitiva
e estudos
Irr rlais aceitáveis para literários; psicolinguística; linguagem gestual; linguística computacional;
. eleitos do desejo no fenomenologia; filosofia da mente.
:icas e, de modo geral, Obserua-se um crescente número de coletâneas, reunindo discussões
tanto
rnglês. Esses achados de aspectos teóricos, sob as diversas abordagens da Semântica
cognitiva,
ias corpóreas da fome quanto de aspectos aplicados. paralelamente, as questões
metodológicas
Jem e não podem ser também têm sido levantadas sob diferentes olhares, destacando-se
os metodos
rento físico, corpóreo, experimentais e o uso de corporapara estudos semântico-lexicais.
Apolis-
re o entendimento que semia, um dos fenômenos mais disseminados na língua, e
outros fenômenos
lesejos humanos - tais como a metáfora e a metonímia têm sido amplamente estudados,
em busca dos
rrtç'as têm fome de ca- princípios que govemam as relações sistemáticas entre os vários
sentidos de
relacionadas à fome. umapalavra. Entre os estudos aplicados, o ensino/aprendizagem
de segunda
: as hipóteses de Grady língua (língua estrangeira) pode-se caracteizarcomo uma das
áreas de maior
ipressões linguísticas, destaque. Mais recentemente, a Lexicografra e aTerminologia
têm buscado
L rnetafórica, pode ser cadavez mais a contribuição da semântica cognitivapaÍaseus trabalhos.
:rada conscientemente No Brasil, os estudos em Semântica cognitiva, de modo geral, incluem-
partir do próprio ma- se nos 8 grupos de pesquisa que participam do crs de Linguística
e cogni-
rrirnárias de cada uma ção, a saber: Gramática e cognição, liderado pela profa. Maria Margaiida
o tem sempre mais de Salomão (urrr); Grupo de Estudos de Indeterminação e Metáfora,
liderado
pela Profa. Marazanotto (euc-sr); Gelp Grupo de Estudos sobre
- Lingua_
gem e Pensamento, liderado pelas profas. paula Lenz costa Lima (urcr)
e
Ana cristina Pelosi (unc); rNCoGNrro Interfaces Linguagem, cognição
- e
investigoçáo? cultura, liderado pela profa. Heliana Mello (uruc) e pelo prof. Tommaso
Raso (urr,rc); Processamento cognitivo da Língua Matema e da Língua
r representação do co- Estrangeira, liderado pela profa. Márcia cristina Zimmer (ucrer); cultura
; sentidos (conceituali- e Semântica cognitiva, liderado pela profa. Heloísa pedroso de Moraes
: se aplicam a todos os Feltes (ucs); rT s - Núcleo de Estudos em semântica Lexical, liderado pelo
rm o conhecimento de Prof. Heronides Moura (ursc); Indeterminação e Metáfora no Discurso,
vimos que o elemento liderado pela Profa. Solange Coelho Vereza (urr).
54 5emôntico,semônlicos

L r«ot r. C.;Jr,'nsur. \Í
Notqs Mercado da. L.rr... >.
LAKoFF. G.; JoHNSO\. \l .:
Exemplos adaptados de Lakoffe Johnson (2002). \or York: Ba.i. B

Por exemplo, em seu arligo sobre um panorama da Linguística Cognitiva, Evans et a1. (2007) classificam o
L.rNc,rcrEn, R. \\'. f1,i,t:.._.
Press. I 987.
trabalho <1e Talmy na linha da Gramática Cognitiva, termo frequentemente associado à pesquisa de Langacker.
Porém, Talmy (2011), em seu capítulono Handbook o;f Semantics sobre umpanorama da Semântica Cognitiva,
Ltrtq, P L. C.; Cree. .t. . :
coloca-se mais umavez fodemente associado a ela. Alóm disso, como âcentua Feltes (2007), essa centralidade
Cadernos de E'ti,-;
Llr.r.r, P L. C.; NÍ.rr r-,
da Semântica leva a própria Linguística Cognitiva a ser confundida com os estudos de Semântica Cognitiva,
.

em uma rclação, em geral, de superposição.


Pl.sPFduc.r 1,.:.:
MACEDo. A. C. P: Br ..
Gr-upo étnico que habita o noÍte da Nigéria, o sul de Níger e o nofte dos Camarões.
MacElo. A. C. p.: Fi
Para detalhes a este respeito, ver Lima et al, (200 1 ). mapeamentos !. lt!-:.
Grupo de Trabalho da Anpoll (Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Letras e Linguística). Vttrron. N. S.: \ r..,
'
MTRANDA, N.S.: Srr ,

Belo Horizont.-: E; .

P.rlr''.1, V L. M. (ore. r ,...,

PEr.osÍ,A. C. et al. C,,,.:


O que eu poderiq ler porq sober mois? c'o indexado
Po[rO, I{. et al. p.ir,; _

EJuearion. Hill:r-, - .

Em seu estágio atual de desenvolvimento, há muito para se ler sobre Pur t rs. g. (org. ). , ,,r. .
Senonure, T. B. ZDr-gr,.
a Semântica Cognitiva. A seguir, apresento uma lista com algumas das T it vr. L. Cognirir u .-
obras mais imporlantes, entre as quais estão as referências que utilizei para an Intemational Ii:::: -
Trr.l'ty, L. Foreword. I-
construir este capítulo. Boa leitura! Bcnjarnius.20()-. i:
Cnorr, W.; CnusE, D. A. Cognitive Lingzislics. Cambridge: Cambridge University Press, 2004. vEREDAS. Meláfàra nt .-.
DAMÁsro, A. R. O erro de Descartes. emoção, razáo e o cérebro humano. Trad. Dora Vicente e Georgina Vrntza, S. C.;Rrrs. L. F
Segurado. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. VrplR-r. J. R.;Vrnlz i. S

DERwTNG, B. L.; Arunro.t, R. G. Métodos experimentais em linguística. In: Mata, M.; Fncrn, I. (eds.). Florianópolis: Eelr:, -
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Semônrico Cognitivo 55

.*"ff"[;j3ili"J;,X;IJj#'í] coordenação da tradução


Mara Sophia Zanoüo Campinu.
:: {i:,:i,;{;*
."."i?'"o;j."*T.,X);
y"!l!:r,;í{: i, ,h;ii;;i. the Embo<ried Mind and its chalengc ro western rhoughr
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E^. natureza da metáfora primária: desejar
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