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PORTUGUÊS SOLDADO COMBATENTE Leitura e Intepretação de Texto + Variação Linguística

Todas os exercícios da apostila que tiverem essa câmera , estão


gravados em vídeo para você. Nossos professores resolveram as Veja a seguir uma fala do professor e gramático Celso Cunha:
questões, comentando cada detalhe para te ajudar na hora de estudar.
Muitas questões trazem dicas preciosas. Não deixe de assistir aos “Nenhuma língua permanece a mesma em todo o seu domínio e, ainda
vídeos dentro da plataforma on-line do Perspectiva e bons estudos! num só local, apresenta um sem-número de diferenciações […] Mas essas
variedades de ordem geográfica, de ordem social e até individual, pois
AVISO: Alguns textos não foram colocados nesta apostila, por não serem cada um procura utilizar o sistema idiomático da forma que melhor lhe
obrigatórios para resolver os exercícios. Você vai conseguir responder exprime o gosto e o pensamento, não prejudicam a unidade superior da
essas questões lendo, com atenção, cada enunciado! língua, nem a consciência que têm os que a falam diversamente de se
servirem de um mesmo instrumento de comunicação, de manifestação e
Leitura e interpretação de texto de emoção.”

Antes de entrarmos no estudo propriamente dito das categorizações de


A eficácia da atividade comunicativa depende de uma série de fatores.
variação linguística, é preciso estar atento ao que destaca o professor
Entre eles, para além da seleção e organização dos conteúdos que se
em sua fala: a variação, de forma alguma, prejudica a unidade superior
pretende transmitir, conta-se também com o conhecimento prévio do
da língua. A língua continua sendo uma única, ainda que falemos de
leitor, um mínimo domínio da língua e a compreensão de mecanismos
formas diferentes cariocas e paulistas, nordestinos e sulistas, brasileiros
textuais básicos. Nesse sentido, na leitura de um texto, mais do que só a
e moçambicanos, portugueses e angolanos, etc.
quantidade de informação, faz-se preciso buscar a qualidade de
Quando, porém, tratamos as variações como erro, incorremos no
interpretação.
preconceito linguístico que associa, erroneamente, a língua ao status,
isto é, a posições de menor prestígio, com ideias como descuido ou falta
Vale pontuar que alguns estudiosos defendem a diferença entre os
de conhecimento. O português falado em algumas cidades do interior do
conceitos de “compreender” e “interpretar um texto”, sendo o primeiro
Nordeste, por exemplo, pode ganhar o estigma pejorativo de incorreto ou
inerente ao segundo, mas a recíproca não verdadeira, isto é. Você pode
inculto, mas, na verdade, essas diferenças são justamente o que
compreender (entender) um texto, sem interpretá-lo (fazer inferências,
enriquecem a nossa língua portuguesa, bem como as diferenças
acréscimos, notas) sobre ele, mas não pode interpretá-lo, sem
culturais enriquecem a pluralidade cultural do nosso país.
compreendê-lo. A compreensão, portanto, precede a interpretação.
Dito isto, já desmistificamos a ideia de as variações linguísticas
maculam a língua, certo? Vamos, então, aos tipos de variação linguística.
Sobretudo, os textos mais objetivos, ainda que sem algum conhecimento
prévio, a depender da complexidade do assunto e da didática da escrita,
Diastrática ou Social
podem ser compreendidos por pessoas completamente leigas no tema.
Textos mais subjetivos, com uso poético e criativo da linguagem, porém,
São as variedades linguísticas que dependem dos grupos sociais em que
parecer-nos-ão muito rasos se meramente lidos (e compreendidos) sem
o enunciador se insere, ou seja, das pessoas com quem ele convive.
uma interpretação minimamente mais profunda que traga à tona e
Numa análise comparativa, em busca da percepção de variação social ou
desnude as nuances e frisas deixadas pelo autor por meio da escolha de
diastrática, podemos comparar, por exemplo, o vocabulário de médicos
uma linguagem estética subjetiva, criativa e multiforme.
e de professores. Certamente, palavras como “quadro, sala de aula,
prova” estarão mais presentes no vocabulário do segundo grupo,
Fato é que, subjetivamente ou objetivamente, usamos a língua todos os
enquanto termos como “paciente, receituário, medicação, exame” serão
dias como instrumento da nossa comunicação, produzindo enunciados
mais recorrentes no léxico dos primeiros. Dessa forma, é possível
que vão desde a linguagem direta a usos criativos que, acolhidos como
comparar diversos grupos sociais como jovens e idosos, homens e
expressões cristalizadas ou ditados populares, muitas vezes, passam-
mulheres, pessoas do campo e pessoas da cidade, enfim. Há, por
nos despercebidos.
exemplo, pesquisas que mostram que mulheres falam, por dia, cerca de
20 mil palavras, enquanto os homens fazem uso de apenas 7 mil palavras
A língua, enquanto linguagem, e o texto, como produto das linguagens,
diariamente. Assim como diferentes grupos sociais têm diferentes
será multiforme e variada. Nesse sentido, estudaremos nesse módulo,
formas de viver – seja de vestimenta, alimentação, gosto musical e afins,
os principais elementos que nos auxiliam no momento de compreender
também têm diferentes formas de se comunicar.
um texto e posteriormente interpretá-lo para responder a uma questão
Qual grupo você aposta que seja o maior utilizador de gírias? Idosos ou
que busca tirar do texto, por meio da visão do candidato, mais do que o
jovens? É isso!
exposto/explícito.
Dentro da variação diastrática, há ainda os jargões, expressões
normalmente ligadas a usos específicos de cada profissão. Por exemplo,
Vale, por fim, pontuar que, para além de todo conhecimento linguístico
no universo dos professores, um tempo vago entre uma aula e outra, em
que se possa obter, a comunicação exige também o chamado
que não se encaixa nenhuma aula nem um intervalo de descanso ou
“conhecimento de mundo”, isto é, quando estamos diante de um texto,
alimentação, chama-se “janela”.
todas as nossas vivências e experiências corroboram para uma leitura
efetivamente mais rica daquele conteúdo. Por exemplo, alguém que lê
Diatópica ou Regional
muito ou viaja bastante, tende a, com maior facilidade, reconhecer,
respeitar e compreender modos de vida e de cultura diferentes do seu.
A variação diatópica está relacionada ao lugar onde o falante vive. Em
Este é o conhecimento de mundo permeando a nossa relação com o
um país extenso como o Brasil, há muita ocorrência de variação
outro e, naturalmente, também com a linguagem.
diatópica.
Falando em linguagem, a variação é um fenômeno inerente à língua, ou
A pronúncia do termo “rolé” (com som aberto no Rio de Janeiro) e “rolê”
seja, toda língua natural é passível de variação, uma vez que, na dinâmica
(com som fechado em São Paulo) é um exemplo de variação fonética que
do cotidiano, as pessoas mesmo que inconscientemente buscam
se dá pela regionalidade. Portanto, uma variação regional / diatópica.
alternativas mais eficazes de comunicação que, muitas vezes, não eram
previstas ou prescritas pela norma. Veremos a seguir que elementos
extralinguísticos como o lugar em que se vive, o tempo que se analisa, a
situação em que ocorre a comunicação e o grupo social a que pertencem
os interlocutores (locutor e locutário ou emissor e receptor ou remetente
e destinatário).

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Além das questões de pronúncia outra. Por exemplo, no Hino Nacional brasileiro, embora pareça, pela
(muitas vezes, ligada aos construção da frase, que algumas pessoas desconhecidas ouviram um
sotaques), a variação regional brado retumbante, se organizarmos o período, perceberemos que “as
se dá recorrentemente pelo margens plácidas do Ipiranga” são responsáveis por ouvir o tal brado.
vocabulário também. Os termos
trios “tangerina, mexerica e Veja:
bergamota” e “aipim, mandioca e macaxeira” exemplificam bem esses
casos. “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas de um povo heroico um brado
retumbante”, na ordem direta da língua portuguesa, ficaria “As margens
Diacrônica ou Histórica plácidas do Ipiranga ouviram um brado retumbante de um povo
heroico.”.
Essa variação deixa claro como a língua varia de acordo com o período
histórico. Fica evidente quando assistimos a alguma produção de época Você sabe a diferença entre o texto literário e não literário?
e comparamos a fala dos personagens com a atualidade. Por exemplo, a
palavra "você" sofreu várias modificações ao longo do tempo, antes era O texto literário busca a criatividade, ou seja, propõe uma nova maneira
“vossa mercê”, que foi para “vosmecê” e hoje pode ser até "vc”, na de ver o mundo sem estar apegado necessariamente à realidade que nos
comunicação escrita, ou “cê” na comunicação oral. limita. Por isso, esse tipo de texto tem um cuidado maior com a seleção
lexical. Os contos, romances, poemas são exemplos de gêneros textuais
Diafásica ou Situacional em que se usa com frequência a linguagem literária.

Quando falamos de variação diafásica ou situacional, o nível de Já o texto não-literário tem como o objetivo maior passar ao leitor
linguagem varia de acordo com a situação comunicativa, ou seja, a informações, oferecendo apenas uma interpretação daquilo que está
ocasião é que será determinante para a escolha do modo de falar. Nesse sendo dito. A subjetividade e o ponto de vista do escritor não possuem
caso, o vocabulário escolhido e principalmente o grau de formalidade – espaço nesse tipo de texto. É o caso das notícias e dos livros didáticos.
linguagem culta/formal ou coloquial/informal – podem variar.
É comum que, no trabalho, lidemos com o nosso chefe ou superior Para compreendermos melhor, a ideia de texto literário e texto não
hierárquico, com determinado vocabulário e formalidade, enquanto que, literário, cabe que conheçamos os conceitos de objetividade e
em casa ou num ambiente de maior intimidade, falaremos com familiares subjetividade.
e amigos de forma mais informal e menos monitorada em relação à
linguagem utilizada. ● Objetividade

Além de variar levando em consideração fatores como localidade, tempo, A objetividade diz respeito à forma como são apresentadas as ideias, no
situação e grupo social, a língua também sofre variações inerentes a ela campo mais diretamente semântico. Ser objetivo implica, basicamente,
mesma, isto é, levando em conta fatores internos à língua. Para a anulação do eu (onde reside a subjetividade). A intenção discursiva é
reconhecer esses fenômenos, é preciso conhecer as áreas de estudo da caracterizar algo sem que estejam presentes elementos que sugiram um
língua. conteúdo pessoal. Em geral, ao buscar essa objetividade, o enunciador
garante ao texto certo tom de veracidade e imparcialidade.
• Semântica Por exemplo, na descrição de uma paisagem serão apresentados os
elementos físicos do local, sem a presença de juízo de valor, dando
A semântica é a área da língua responsável pelo estudo da relação das preferência a adjetivos classificadores (exatos, como “espaço
palavras a partir de seu significado, como os sinônimos (palavras de quadrado”) e não qualificadores (subjetivos, como “imagem linda”). As
mesmo significado), antônimos (palavras de significado oposto) e afins. observações e sensações pessoais ficam, portanto, de fora dessa
Por exemplo, quando temos a tríade “mexerica”, “tangerina” e análise.
“bergamota”, temos três palavras de igual significado, isto é, que se
referem à mesma coisa. ● Subjetividade

• Morfologia A subjetividade se relaciona diretamente às manifestações do eu, isto é,


da personalidade de quem emite a mensagem, consistindo na expressão
“Morfo” significa parte, “logia” significa estudo. A morfologia é, portanto, das emoções e dos sentimentos do sujeito. É importante notar que a
o estudo das partes que compõe uma palavra, isto é, seus radicais, subjetividade nem sempre aparece de forma explícita.
derivações e desinências. Tudo o que diz respeito à forma da palavra é
da conta da morfologia. Por exemplo, a palavra “receber” dá origem tanto No exemplo: “Ela atuou brilhantemente na função”, é possível perceber
a “recepção” quanto a “recebimento”. Estudar a forma da palavra é que o advérbio é utilizado como manifestação de visão pessoal do
morfológico. Estudar o significado delas é semântico. Um estudo emissor acerca da situação narrada.
conjunto seria morfossemântico. A opção por “a poeta” ou “a poesia” é
uma variação morfológica. Esses elementos que marcam opiniões no discurso são chamados de
“modalizadores” ou “indicadores modais”. Vamos conhecê-los?
• Fonética
Indicadores modais
A fonética é responsável por tudo o que é sonoro no universo da palavra.
Por exemplo, a diferença entre “sai” e “saí”, como em “Ele sai todo dia às Os indicadores modais (ou modalizadores) são elementos que
10h da manhã.” e “Eu saí da empresa semana passada.” ou na frase determinam o modo como aquilo que se diz é dito, isto é, conferindo
“Entre doidos e doídos, prefiro não acentuar.”. pessoalidade ao que se enuncia.

• Sintaxe Veja alguns dos elementos linguísticos capazes de traduzir esse


fenômeno são:
A sintaxe é a área de estudo da língua responsável pela organização das
sentenças, isto é, não da palavra, mas da relação de uma palavra com

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1 - advérbios e locuções adverbiais (possivelmente, obviamente, Exemplo: Sua presença é aceita desde que se comporte. (Há ali uma
obrigatoriamente, igualmente); condição, a presença da pessoa não é irrestritamente aceita).

Exemplo: Possivelmente, sairemos amanhã. (denota que não há certeza, 3 - Verbos que trazem em si uma ideia de sentimento ou estado de
mas alguma possibilidade) espírito diante de um fato (lastimar, sentir, saber, ...);

2 - verbos auxiliares (dever, poder, tentar, começar); Exemplo: Maria lamentou a notícia. (a notícia, para ela, era ruim, digna de
lamento).
Exemplo: Ele tentava realizar um grande ato. (denota que o fato não
aconteceu necessariamente, apenas a tentativa) 4 - Verbos que apontam uma visão sobre o fato (pretender, supor, alegar,
presumir, imaginar,...);
3 - expressões cristalizadas (é necessário, é urgente, é improvável...);
Exemplo: Ele alega que não estava lá no dia do acidente. (mostra que o
Exemplo: É necessário que todos preservem o meio ambiente. (denota autor não confia, não se responsabiliza ou tenta ser imparcial quanto à
necessidade acerca de algo na visão do autor) veracidade do que diz o outro).

4 - “orações” (tenho certeza de que..., vê-se a possibilidade de..., é sabido Reforçando: as diferenças entre conotação e denotação:
que..., sabe-se que...).
Os sentidos presentes nos textos dependem, sobretudo, dos gêneros
Exemplo: Sabe-se que no carnaval as pessoas desnudam seus desejos. textuais (propaganda, reportagem, conto e outros) e da intenção
(denota impessoalidade e conhecimento geral) comunicativa daquele que o produz (informar, convencer, emocionar,
entreter e outros). Esses fatores são relevantes para a delimitação de
5 - locuções verbais, em geral com verbo principal no infinitivo (ter que linguagem será utilizada nas produções, se denotativa ou conotativa.
de/que ou precisar + infinitivo, dever + infinitivo); Assim, textos jornalísticos, científicos ou jurídicos, por exemplo, tendem
a ser mais denotativos, pois objetivam trazer informações factuais. Já os
Exemplo: Ele tem de me pagar ainda hoje. (denota obrigatoriedade) textos literários são fortemente permeados pela conotação, ou seja, pelo
sentido figurado. Compreender tais características é de suma
Observe agora a modalização operada pelo verbo “dever” nos seguintes importância para interpretação textual. Veja o exemplo abaixo:
enunciados:
“Em junho deste ano, foram criados 811 cargos efetivos para a
Todos os pais devem educar seus filhos com paciência. (= Defensoria Pública da União (DPU) por meio da Lei 14.377. Desse
obrigatoriedade) quantitativo, 410 são para analistas, de nível superior.”

Ele deve ir à praia amanhã. (= possibilidade) O exemplo acima foi retirado do jornalístico “folha dirigida” e exemplifica
um texto denotativo, porque traz apenas informações acerca de cargos
É possível perceber, a partir do exemplo, que um mesmo indicador modal para defensoria pública. Note que, nessa frase, não há margem para mais
pode exprimir modalidades diferentes. Por isso, é importante estar de uma interpretação, além de ela não conter valores semânticos que
sempre atento ao contexto. excedam o que conhecemos no dicionário. Portanto, textos dessa
natureza pertencem ao campo da denotação, pois são objetivos e
Os elementos de modalização não devem ser confundidos com os diretos.
chamados marcadores de pressuposição, que veremos abaixo.
Diferentemente das ocorrências linguísticas denotativas, que enfocam
Marcadores de pressuposição os sentidos mais comuns, estabelecidos geralmente nos dicionários, os
textos conotativos permitem que os valores semânticos se estendam,
Os marcadores de pressuposição marcam ideias subentendidas no texto, indo além. Assim, em textos conotativos, há linguagem figurada, a qual
permitindo o entendimento de informações não-explícitas nos será dependente, sobretudo, dos contextos sociocomunicativos (país,
enunciados. situação socioeconômica, idade e outros). Vale citar, por fim, que esse
recurso linguístico confere maior expressividade ao texto. Com a
Veja a frase: conotação, o enunciador tem a possibilidade de externar seus
sentimentos, emoções e pensamentos de maneira mais enfática.
Ana e Pedro não vão mais casar. . Observe o exemplo que se segue:

A presença da expressão “não vão mais” nos permite pressupor que,


antes, eles iriam se casar, bem como em “Agora, parou de chover.”, a
partir do qual, o leitor rapidamente recupera a ideia de que antes chovia.

Vejam mais algumas possibilidades de marcadores de pressuposição


que podem auxiliar no seu processo de leitura e intepretação de texto.
Na tirinha acima, linguagens conotativa e denotativa se confundem. De
1 - Verbos auxiliares indicam alteração ou manutenção de estado
início, quando Armandinho anuncia que seu pai “finalmente bateu as
(começar a, deixar de, continuar, passar a, tornar-se, ...);
botas”, seu interlocutor interpreta que o pai do menino havia morrido.
Isso ocorre devido ao fato de que “bater as botas” consiste em expressão
Exemplo: Eles finalmente ( modalizador do discurso) deixaram de (
idiomática popular do Brasil, tendo como significado a morte de alguém.
marcador de pressuposição) brigar.
Esse uso pertente ao campo conotativo da linguagem, pois, quem morre
não bate sapatos literalmente. Desse modo, o sentido dessa expressão
é amplo e figurado.
2 - Conectores circunstanciais, especialmente quando a ideia por eles
No decorrer da tirinha, há quebra de expectativa no momento em que
introduzida vem anteposta (desde que, visto que, antes que, ...)
Armandinho mostra sapatos ao amigo, recuperando o sentido denotativo

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de “bater as botas”. Tal rompimento, além de gerar humor, evidencia que Opção 4) A escola deve, na formação da criança, desenvolver as
o sentido denotativo da expressão em análise prevalece. habilidades fundamentais para que elas venham a ser pessoas
autônomas e inventivas.
Hora de resumir!
2. Texto 1
DENOTAÇÃO CONOTAÇÃO Piratininga virou São Paulo: o colégio é hoje uma metrópole
Enunciado com Enunciado com significação Os padres jesuítas José de Anchieta e Manoel da Nóbrega subiram a Serra
significado restrito. ampla, fortalecida pelo do Mar, nos idos de 1553, a fim de buscar um local seguro para se instalar
contexto. e catequizar os índios. Ao atingir o planalto de Piratininga, encontraram o
Enunciado com significado Enunciado com significados e ponto ideal. Tinha “ares frios e temperados como os de Espanha” e “uma
comum, possivelmente sentidos com valores sociais, terra mui sadia, fresca e de boas águas”. Os religiosos construíram um
encontrado no dicionário. afetivos, ideológicos, etc. colégio numa pequena colina, próxima aos rios Tamanduateí e
Linguagem objetiva. Linguagem criativa e artística. Anhangabaú, onde celebraram uma missa. Era o dia 25 de janeiro de 1554,
data que marca o aniversário de São Paulo. Quase cinco séculos depois,
Linguagem precisa. Linguagem expressiva. o povoado de Piratininga se transformou numa cidade de 11 milhões de
habitantes. Daqueles tempos, restam apenas as fundações da construção
Exercícios feita pelos padres e índios no Pateo do Collegio.
Piratininga demorou 157 anos para se tornar uma cidade chamada São
1. Paulo, decisão ratificada pelo rei de Portugal. Nessa época, São Paulo
ainda era o ponto de partida das bandeiras, expedições que cortavam o
interior do Brasil. Tinham como objetivos a busca de minerais preciosos e
o aprisionamento de índios para trabalhar como escravos nas minas e
lavouras.
(Disponível em http://www.cidadedesaopaulo.com/sp/br/a-cidade-de-
sao-paulo)

Texto 2
Soneto sentimental à cidade de São Paulo
Ó cidade tão lírica e tão fria!
Mercenária, que importa - basta! - importa
Que à noite, quando te repousas morta
Lenta e cruel te envolve uma agonia

Não te amo à luz plácida do dia


Amo-te quando a neblina te transporta
Nesse momento, amante, abres-me a porta
E eu te possuo nua e fugidia.

Sinto como a tua íris fosforeja


Entre um poema, um riso e uma cerveja
E que mal há se o lar onde se espera

Traz saudade de alguma Baviera


Se a poesia é tua, e em cada mesa
Há um pecador morrendo de beleza?
(Vinícius de Moraes)

Sobre os textos, é correto afirmar, exceto:


Opção 1) O primeiro texto explora a linguagem não literária,
caracterizada pelo uso da função referencial, que preza pela objetividade
e imparcialidade da informação.
Opção 2) O segundo texto explora a linguagem literária, na qual
podemos observar o emprego de recursos estilísticos e expressivos.
Predominância da função poética da linguagem.
Opção 3) As notícias, artigos jornalísticos, textos didáticos, verbetes de
dicionários e enciclopédias, anúncios publicitários e textos científicos
são exemplos da linguagem não literária.
Opção 4) Os textos literários apresentam uma preocupação com o
objeto linguístico. Suas características são bem delimitadas, como o uso
da objetividade, a transparência e o compromisso em informar o leitor.
A alternativa que mais se aproxima do ponto de vista defendido pelo
autor é 3. Considerando o registro linguístico presente nos exemplos abaixo
Opção 1) A família deve, na educação do filho, sempre atualizar as contidos nos textos I, II e III, assinale a alternativa correta:
ferramentas que vão se desgastando no tempo. Opção 1) A variante culta predomina no seguinte trecho do texto III, 15°
Opção 2) A inteligência humana reduz a sua capacidade de construir parágrafo: “Assim, fim de papo. Agarrou a águia e enfiou dentro de um
objetos que lhe permitem alimentar-se, se locomover e viver no dia a dia. saco.
Opção 3) O mais importante na educação das crianças é o domínio Opção 2) No seguinte trecho do texto I, 6o parágrafo: “... a instituição
mínimo de um conjunto de ferramentas conhecidas, capazes de dar observou in loco o método aplicado...” ocorre a variante padrão, com
autonomia a ela. predominância de termos científicos.

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Opção 3) No trecho do texto III, 13° parágrafo: “Me dá tonteira...", há a Antigamente


presença da variante coloquial. Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas
Opção 4) A ocorrência de siglas como Pisa e OCDE revelam um uso da mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras,
variante coloquial nos textos I e II. em geral dezoito. Os janotas, mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé de
alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio.
4. No texto 1, nos períodos “(…) um alemão forte pra cachorro
levantou e gritou que não via homem pra ele ali dentro.” - linhas 06 a 08 Com base nos estudos de variantes linguísticas, compreende-se que a
– e “Até que, lá do canto do café, levantou-se um brasileiro magrinho, variante apresentada no fragmento é a:
cheio de picardia, para perguntar, como os outros:” - linhas 27 a 29 -
observa-se um tipo de variação linguística muito comum em crônicas e Opção 1) geografia.
que pode ser definida como: Opção 2) histórica.
Opção 1) variação temporal. Opção 3) estilística.
Opção 2) variação histórica. Opção 4) social.
Opção 3) linguagem informal. Opção 5) geográfica e a social.
Opção 4) linguagem culta.
Opção 5) variações diatópicas. 8.

5. Leia as assertivas abaixo e, ao final, responda o que se pede.

I. A variação linguística é um interessante aspecto da língua portuguesa


e pode ser compreendida por meio das influências históricas e regionais
sobre os falares.
II. A língua é um sistema que não admite nenhum tipo de variação
linguística, sob pena de empobrecimento do léxico.
III. O tipo de linguagem do texto compromete o seu entendimento ao
leitor.

Marque a alternativa CORRETA.


Opção 1) Apenas a assertiva II, está correta.
Opção 2) Apenas a assertiva I, está correta.
Opção 3) Apenas a assertiva III, está correta.
Opção 4) Todas as assertivas estão corretas.

6.
Óia eu aqui de novo xaxando
Óia eu aqui de novo pra xaxar
Vou mostrar pr’esses cabras
Que eu ainda dou no couro
Isso é um desaforo
Que eu não posso levar
Que eu aqui de novo cantando
Que eu aqui de novo xaxando
Óia eu aqui de novo mostrando
Como se deve xaxar.
A fala da vizinha "Só deu para entrar e tirar ele" é exemplo de:
Vem cá morena linda Opção 1) fala popular;
Vestida de chita Opção 2) linguagem muito culta;
Você é a mais bonita Opção 3) gíria;
Desse meu lugar Opção 4) linguagem regional;
Vai, chama Maria, chama Luzia Opção 5) fala de jovens.
Vai, chama Zabé, chama Raque
Diz que tou aqui com alegria. 9.
(BARROS, A. Óia eu aqui de novo. Disponível em Acesso em 5 mai 2013)

A letra da canção de Antônio Barros manifesta aspectos do


repertório linguístico e cultural do Brasil. O verso que singulariza
uma forma do falar popular regional é
Opção 1) “Isso é um desaforo”
Opção 2) “Diz que eu tou aqui com alegria”
Opção 3) “Vou mostrar pr’esses cabras”
Opção 4) “Vai, chama Maria, chama Luzia”
Opção 5) “Vem cá, morena linda, vestida de chita”

7. Leia o fragmento do texto “Antigamente”, de Carlos Drummond


de Andrade:

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O fragmento do Texto II que NÃO apresenta linguagem informal é:

Opção 1) Mãe, o que é esse tal de efeito estufa?


Opção 2) Dizem que os poluentes que lançamos no ar irão reter o calor
do sol
Opção 3) Claro que você já vai ter batido as botas
Opção 4) Que belo planeta vocês estão deixando para mim, hein? Existe entre os Textos I e II uma variação na linguagem, variação
Opção 5) Ei, não me falaram nada sobre as calotas polares, tá? linguística. Sobre esse assunto, assinale a alternativa correta.

10. Texto I Opção 1) Existe uma diferença de formalidade entre os textos. No caso,
BITCOIN - Uma moeda simples que está criando milionários pelo mundo. a variação se deu em função do contexto comunicativo, é, portanto,
denominada variação diafásica.
O Bitcoin, uma criptomoeda, tem ficado cada vez mais popular. É Opção 2) Com o passar do tempo, a linguagem muda, sofre
crescente o número de pessoas que querem saber como investir na transformações. No caso, a variação regional é visível no Texto II, em que
moeda digital, se bitcoin é seguro e se é um bom investimento. os personagens utilizam redução de palavras, gíria e outros fenômenos
Muitos países olham para a moeda com interesse. O Japão já que passaram a acontecer na atualidade, como o uso do "a gente” no
reconhece o bitcoin como forma de pagamento em diversos lugar do pronome "nós”.
estabelecimentos, alguns países da África e Europa Oriental lideram as Opção 3) No Texto II, como no Texto I, predominam as características
pesquisas sobre a criptomoeda. Há banco mundial que aceita depósitos típicas de língua falada (cara, ia voltar, né, a gente, tá, pior...). Apesar de
em bitcoin e não faltam casos de pessoas que enriqueceram com o serem gêneros textuais diferentes, não existe a variação diamésica.
bitcoin. Um deles é Erik Finman, um dos primeiros a investir na moeda. Opção 4) A variação entre os textos é regional, ou seja, diatópica. A
Hoje, Erik tem 403 bitcoins a preços atuais perto de 4.400 dólares, o que variação linguística utilizada no Texto II é típica da região sul do Brasil.
lhe confere a fortuna de 1,8 milhões de dólares, aproximadamente 5,7
milhões de reais. Nada mal para um garoto de 18 anos. Erik fez a primeira 11.
compra em 2011, quando adquiriu 83 moedas pelo valor de 12 dólares
cada uma. Com a valorização, em 2013, o rapaz já tinha acumulado 100
mil dólares.

E se você tivesse feito o mesmo?

Naquela época, o dólar estava bem mais barato no Brasil, fechou 2011
na casa dos R$1,85. Você teria investido R$ 1.842,60 para comprar as 83
moedas. Se tivesse simplesmente feito isso e não comprado mais
nenhum bitcoin, você teria hoje mais de R$1.100.000,00.

(...) O vocábulo abaixo que é classificado como modalizador por inserir uma
opinião do enunciador sobre o assunto veiculado é:
O que é Bitcoin? a) apenas;
b) consome;
O bitcoin é uma moeda digital usada para transações comerciais. Com c) quente;
ela, compram-se produtos ou serviços, assim como fazemos com o real, d) elétrico;
o dólar, o euro ou qualquer outro dinheiro. A grande diferença é que ela e) ensaboar.
não existe fisicamente, não é uma nota com o rosto de um presidente ou
um animal da nossa fauna. O bitcoin é um código, foi criado pelo 12. Verbo ser
misterioso Satoshi Nakamoto, que alega ser um japonês que já QUE VAI SER quando crescer? Vivem perguntando em redor. Que é ser?
ultrapassou os 40 anos. É ter um corpo, um jeito, um nome? Tenho os três. E sou? Tenho de mudar
A criptomoeda é descentralizada, ou seja, não existe um servidor único quando crescer? Usar outro nome, corpo e jeito? Ou a gente só principia
ou local físico onde são criadas todas as moedas. Dessa forma, qualquer a ser quando cresce? É terrível, ser? Dói? É bom? É triste? Ser:
um pode acessar a rede de computadores e minerar um bitcoin. pronunciado tão depressa, e cabe tantas coisas? Repito: ser, ser, ser. Er.
Texto adaptado de http://blog.procureacherevista.coiri.br/bitcoin-a-moeda-que-
R. Que vou ser quando crescer? Sou obrigado a? Posso escolher? Não dá
esta-criando-iiiilionarios-pelo-mundo/. para entender. Não vou ser. Não quero ser. Vou crescer assim mesmo.
Sem ser. Esquecer.
ANDRADE, C. D. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992.

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PORTUGUÊS SOLDADO COMBATENTE Leitura e Intepretação de Texto + Variação Linguística

A inquietação existencial do autor com a autoimagem corporal e a sua 15.


corporeidade se desdobra em questões existenciais que têm origem:
a) no conflito do padrão corporal imposto contra as convicções de ser
autêntico e singular.
b) na aceitação das imposições da sociedade seguindo a influência de
outros.
c) na confiança no futuro, ofuscada pelas tradições e culturas
familiares.
d) no anseio de divulgar hábitos enraizados, negligenciados por seus
antepassados.
e) na certeza da exclusão, revelada pela indiferença de seus pares.

13.

A matéria saiu no New York Times, foi publicada na Folha de São Paulo;
deveria ser bibliografia obrigatória do ensino fundamental à pós-
graduação, deveria ser colada aos postes, lançada de aviões, viralizada
nas redes sociais, impressa em santinhos, (l. 1-3).

Com base no trecho acima, é possível reconhecer que, para o autor, o


conteúdo da notícia comentada se caracteriza por:
A última fala da tirinha causa um estranhamento, porque assinala a Opção 1) interessar a diferentes espaços sociais
ausência de um elemento fundamental para a instalação de um tribunal: Opção 2) remeter a diversos recortes temporais
a existência de alguém que esteja sendo acusado. Opção 3) possuir variados significados alegóricos
Essa fala sugere o seguinte ponto de vista do autor em relação aos Opção 4) permitir múltiplas interpretações pessoais
usuários da internet:
Opção 1) proferem vereditos fictícios sem que haja legitimidade do 16. O texto abaixo, uma transcrição da fala em vídeo do youtuber Felipe
processo Castanhari, é referência para a questão.
Opção 2) configuram julgamentos vazios ainda que existam crimes
comprovados Olá, meus queridos amigos. Tudo bem com vocês? Eu sou Felipe
Opção 3) emitem juízos sobre os outros mas não se veem na posição de Castanhari. E vocês devem ouvir falar muito sobre a tal guerra na Síria.
acusados Que estamos o tempo todo na tevê e na internet. E eu notei que a grande
Opção 4) apressam-se em opiniões superficiais mesmo que possuam maioria das pessoas não fazem ideia do que tá rolando. Por que uma
dados concretos galera tá enchendo os barcos com risco de morrer só pra sair de um país?
Mano, o que está acontecendo? Basicamente, o que tá rolando ali é uma
14. A essência da teoria democrática é a supressão de qualquer guerra civil que está devastando o país. São centenas de milhares de
imposição de classe, fundada no postulado ou na crença de que os pessoas mortas. E tem muita gente desesperada tentando sair desta M.
conflitos e problemas humanos – econômicos, políticos, ou sociais – são Pessoas que perderam suas casas, perderam suas famílias estão
solucionáveis pela educação, isto é, pela cooperação voluntária, tentando deixar o país a procura de uma vida decente. Mas como assim,
mobilizada pela opinião pública esclarecida. Está claro que essa opinião a Síria chegou nessa situação de M.? Vamos imaginar que a Síria é um
pública terá de ser formada à luz dos melhores conhecimentos grande colégio, uma grande escola. E esse colégio é governado por um
existentes e, assim, a pesquisa científica nos campos das ciências cara chamado Bashar al-Assad, que está comandando esse grande
naturais e das chamadas ciências sociais deverá se fazer a mais ampla, colégio desde 2000. Antes disso, quem comandava esse grande colégio
a mais vigorosa, a mais livre, e a difusão desses conhecimentos, a mais era seu pai, um rapaz chamado Hafez alAssad. Digamos que a
completa, a mais imparcial e em termos que os tornem acessíveis a democracia não é um conceito muito cultuado nesse colégio, porque é a
todos. mesma família que manda naquela P. há 40 anos. Só que aconteceu uma
(Anísio Teixeira, Educação é um direito. Adaptado.) grande M. em 2011 e tudo mudou. Lembra que estamos fazendo de conta
que a Síria é um grande colégio, certo? Então temos várias turmas no
No trecho “chamadas ciências sociais”, o emprego do termo “chamadas” ensino médio. Cada uma delas com 30 alunos mais ou menos. Ninguém
indica que o autor gostava do diretor, do dono da escola. Só que mesmo assim o pessoal
Opção 1) vê, nas “ciências sociais”, uma panaceia, não uma análise ficava meio de boa. Ficava todo mundo meio que passando de ano, sabe?
crítica da sociedade. [...] Só que em 2011 a galera de uma das salas resolveu descer pro pátio
Opção 2) considera utópicos os objetivos dessas ciências. e protestar contra o diretor. Porque ele dava meio que uns privilégios só
Opção 3) prefere a denominação “teoria social” à denominação pra umas turmas. E o resto do colégio meio que se F., meio que se F.
“ciências sociais”. legalmentis. Então, tinha uma galera que tava meio cansada disso e foi
Opção 4) discorda dos pressupostos teóricos dessas ciências. lá pro pátio protestar. Eles foram lá e fizeram um protesto pacífico. Ele
Opção 5) utiliza com reserva a denominação “ciências sociais”. chegou lá e viu aquela confusão no pátio e resolveu expulsar todo mundo
que tava ali protestando. [...] Meteu bala geral. [...] Só que foi aí que
começou a virar uma loucura, porque as próprias salas começaram a se
dividir. Então ao invés do colégio inteiro partir pra cima do diretor, eles
começaram meio que formar panelinhas. E quando as panelinhas se
encontravam no pátio, elas começavam a brigar entre elas. [...] Véio, isso
é um P. absurdo [...]. Pessoal, vamo entender isso. As pessoas preferem
arriscar suas vidas e morrer afogado no mar do que ficar lá na Síria. Olha
a M. que tá acontecendo. [...] Além de ter bombardeio, as pessoas de

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Alepo, a principal cidade do conflito da Síria, elas estão sem água, sem Opção 3) intolerância dos leitores
comida, remédios, energia elétrica. Alepo virou um verdadeiro inferno. E Opção 4) inferioridade dos leitores
a gente pode fazer um pouquinho mais do que ficar indignado. Talvez
isso esteja muito longe da gente. Mas a gente aqui no Brasil tem como 19. Os truísmos são parte inseparável da boa retórica narrativa, até
ajudar. Existem várias entidades como a Unicef que estão fazendo um porque a maior parte das pessoas não sabe ler (l. 1-3)
trabalho de socorro aos civis na Síria, especialmente as crianças, galera.
A gente pode fazer doações para essas entidades. E às vezes uma O narrador justifica a necessidade de truísmos pela dificuldade de leitura
pequena quantia pra você pode fazer uma P. diferença pruma criança lá da maior parte das pessoas. Encontra-se implícita no argumento a noção
na guerra. de que o leitor iniciante lê melhor se:

A fala do youtuber Felipe Castanhari tem características fortes da Opção 1) estuda autores clássicos
oralidade, que são diferentes das características da variante escrita da Opção 2) conhece técnicas literárias
língua. Assinale a alternativa que apresenta uma comparação correta. Opção 3) identifica ideias conhecidas
Opção 1) As repetições “porque no meio disso tudo...” e “porque no meio Opção 4) procura textos recomendados
de todo esse sofrimento...” são características da escrita e são usadas
pelo youtuber para ajudar o leitor a guardar as ideias em sua memória. 20.
Opção 2) Na fala, precisamos nos direcionar ao ouvinte com expressões TEXTO I
do tipo “Mano” e “Véio”, ao passo que a escrita não dispõe de recursos A característica da oralidade radiofônica, então, seria aquela que propõe
para abordagem direta do leitor. o diálogo com o ouvinte: a simplicidade, no sentido da escolha lexical; a
Opção 3) As frases curtas, como “Meteu bala geral”, são típicas da concisão e coerência, que se traduzem em um texto curto, em linguagem
oralidade, e a escrita é o lugar preferencial das frases longas, em coloquial e com organização direta; e o ritmo, marcado pelo locutor, que
períodos complexos. deve ser o mais natural (do diálogo). É esta organização que vai “reger”
Opção 4) Os verbos no imperativo, tais como “Lembra que estamos a veiculação da mensagem, seja ela interpretada ou de improviso, com
fazendo de conta...” e “vamos entender isso...”, revelam o tratamento objetivo de dar melodia à transmissão oral, dar emoção, personalidade
que o texto oral dispensa ao ouvinte, enquanto na escrita os imperativos ao relato de fato.
restringem-se à fala de personagens VELHO, A. P. M. A linguagem do rádio multimídia. Disponível em:
Opção 5) Diferentemente da escrita, na fala, o uso do ‘que’ como www.bocc.ubi.pt.
articulador abre um leque variado de interpretações a ser resolvido pelo Acesso em: 27 fev. 2012.
ouvinte, como em “E vocês devem ouvir falar muito sobre a tal guerra na TEXTO II
Síria. Que estamos o tempo todo na tevê e na internet”. A dois passos do paraíso
A Rádio Atividade leva até vocês
Texto para as questões 17, 18, 19 Mais um programa da séria série
“Dedique uma canção a quem você ama”
Porque a realidade é inverossímel Eu tenho aqui em minhas mãos uma carta
Escusando-me1 por repetir truísmo2 tão martelado, mas movido pelo Uma carta d’uma ouvinte que nos escreve
conhecimento de que os truísmos são parte inseparável da boa retórica E assina com o singelo pseudônimo de
narrativa, até porque a maior parte das pessoas não sabe ler e é no fundo “Mariposa Apaixonada de Guadalupe”
muito ignorante, rol no qual incluo arbitrariamente você, repito o que Ela nos conta que no dia que seria
tantos já dizem e vivem repetindo, como quem usa chupetas: a realidade o dia mais feliz de sua vida
é, sim, muitíssimo mais inacreditável do que qualquer ficção, pois esta Arlindo Orlando, seu noivo
requer uma certa arrumação falaciosa3, a que a maioria dá o nome de Um caminhoneiro conhecido da pequena e
verossimilhança. Mas ocorre precisamente o oposto. Lê-se ficção para Pacata cidade de Miracema do Norte
fortalecer a noção estúpida de que há sentido, lógica, causa e efeito Fugiu, desapareceu, escafedeu-se
lineares e outros adereços que integrariam a vida. Lê-se ficção, ou Oh! Arlindo Orlando volte
mesmo livros de historiadores ou jornalistas, por insegurança, porque o Onde quer que você se encontre
absurdo da vida é insuportável para a vastidão dos desvalidos que povoa Volte para o seio de sua amada
a Terra. Ela espera ver aquele caminhão voltando
João Ubaldo Ribeiro De faróis baixos e para-choque duro...
Diário do Farol. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002 BLITZ. Disponível em: http://letras.terra.com.br. Acesso em: 28 fev.
2012 (fragmento).
1 escusando-me − desculpando-me
2 truísmo − verdade trivial, lugar comum Em relação ao Texto I, que analisa a linguagem do rádio, o Texto II
3 falaciosa − enganosa, ilusória apresenta, em uma letra de canção,
a) estilo simples e marcado pela interloculação com o receptor, típico
17. O título do texto soa contraditório, se a verossimilhança for tomada da comunicação radiofônica.
como uma semelhança com o mundo real, com aquilo que se conhece e b) lirismo na abordagem do problema, o que o afasta de uma possível
se compreende. Essa contradição se desfaz porque, na interpretação do situação real de comunicação radifônica.
autor, a ficção organiza elementos da vida, enquanto a realidade é c) marcação rítmica dos versos, o que evidencia o fato de o texto
considerada como: pertencer a uma modalidade de comunicação diferente da radiofônica.
Opção 1) linear d) direcionamento do texto a um ouvinte específico divegindo da
Opção 2) absurda finalidade de comunicação do rádio, que é atingir as massas.
Opção 3) estúpida e) objetividade na linguagem caracterizada pela ocorrêcia rara de
Opção 4) falaciosa adjetivos, de modo a diminuir as marcas de subjetividade do locutor.

18. Para justificar a repetição de algo já conhecido, o autor se baseia na


relação que mantém com os leitores. Com base no texto, é possível
perceber que essa relação se caracteriza genericamente pela:
Opção 1) insegurança do autor
Opção 2) imparcialidade do autor

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21. Ausente para os outros, continuava docemente presente para si lógico-temporal é complexa.
mesmo. (l. 7) d) sintetizar a seqüência dos episódios, para explicar a trama da
narração.
Uma reformulação que mantém sentido equivalente ao da frase acima é: e) confundir o leitor, provocando incompreensão da seqüência
Opção 1) Continuava docemente presente para si mesmo, porque narrativa.
ausente para os outros.
Opção 2) Continuava docemente presente para si mesmo, quando 24. “(...) Escobar vinha assim surgindo da sepultura, do seminário e do
ausente para os outros. Flamengo para se sentar comigo à mesa, receber-me na escada, beijar-
Opção 3) Continuava docemente presente para si mesmo, embora me no gabinete de manhã, ou pedir-me à noite a bênção do costume.
ausente para os outros. Todas essas ações eram repulsivas; eu tolerava-as e praticava-as, para
Opção 4) Continuava docemente presente para si mesmo, portanto me não descobrir a mim mesmo e ao mundo. Mas o que pudesse
ausente para os outros. dissimular ao mundo, não podia fazê-lo a mim, que vivia mais perto de
mim que ninguém. Quando nem mãe nem filho estavam comigo o meu
22. E como manejava bem os cordéis de seus títeres, ou ele mesmo, títere desespero era grande, e eu jurava matá-los a ambos, ora de golpe, ora
voluntário e consciente, como entregava o braço, as pernas, a cabeça, o devagar, para dividir pelo tempo da morte todos os minutos da vida
tronco, como se desfazia de suas articulações e de seus reflexos quando embaçada e agoniada. Quando, porém, tornava a casa e via no alto da
achava nisso conveniência. Também ele soubera apoderar-se dessa arte, escada a criaturinha que me queria e esperava, ficava desarmado e
mais artifício, toda feita de sutilezas e grosserias, de expectativa e diferia o castigo de um dia para outro.
oportunidade, de insolência e submissão, de silêncios e rompantes, de O que se passava entre mim e Capitu naqueles dias sombrios, não se
anulação e prepotência. Conhecia a palavra exata para o momento notará aqui, por ser tão miúdo e repetido, e já tão tarde que não se poderá
preciso, a frase picante ou obscena no ambiente adequado, o tom dizê-lo sem falha nem canseira. Mas o principal irá. E o principal é que
humilde diante do superior útil, o grosseiro diante do inferior, o arrogante os nossos temporais eram agora contínuos e terríveis. Antes de
quando o poderoso em nada o podia prejudicar. Sabia desfazer situações descoberta aquela má terra da verdade, tivemos outros de pouca dura;
equívocas, e armar intrigas das quais se saía sempre bem, e sabia, por não tardava que o céu se fizesse azul, o sol claro e o mar chão, por onde
experiência própria, que a fortuna se ganha com uma frase, num dado mo abríamos novamente as velas que nos levavam às ilhas e costas mais
mento, que este momento único, irrecuperável, irreversível, exige um belas do universo, até que outro pé de vento desbaratava tudo, e nós,
estado de alerta para a sua apropriação. postos à capa, esperávamos outra bonança, que não era tardia nem
RAWET, S. O aprendizado. In: Diálogo.Rio de Janeiro: GDR, 1963 dúbia, antes total, próxima e firme (...)”.
(fragmento). (Fragmento do livro Dom Casmurro, de Machado de Assis)

No conto, o autor retrata criticamente a habilidade do personagem no A narração dos acontecimentos com que o leitor se defronta no romance
manejo de discursos diferentes segundo a posição do interlocutor na Dom Casmurro, de Machado de Assis, se faz em primeira pessoa,
sociedade. A crítica à conduta do personagem está centrada: portanto, do ponto de vista da personagem Bentinho. Seria, pois, correto
a) na imagem do títere ou fantoche em que o personagem acaba por se dizer que ela se apresenta:
transformar, acreditando dominar os jogos de poder na linguagem. a) fiel aos fatos e perfeitamente adequada à realidade;
b) na alusão à falta de articulações e reflexos do personagem, dando a b) viciada pela perspectiva unilateral assumida pelo narrador;
entender que ele não possui o manejo dos jogos discursivos em todas as c) isenta de quaisquer formas de interferência, pois visa à verdade;
situações. d) indecisa entre o relato dos fatos e a impossibilidade de ordená-los.
c) no comentário, feito em tom de censura pelo autor, sobre as frases
obscenas que o personagem emite em determinados ambientes 25. Nada superará a beleza, nem todos os ângulos retos da razão. Assim
sociais. pensava o maior arquiteto e mais invocado sonhador do Brasil. Morto em
d) nas expressões que mostram tons opostos nos discursos 5 de dezembro de insuficiência respiratória, a dez dias de completar com
empregados aleatoriamente pelo personagem em conversas com uma festa, no Rio de Janeiro onde morava, 105 anos de idade, Oscar
interlocutores variados. Niemeyer propusera sua própria revolução arquitetônica baseado em
no falso elogio à originalidade atribuída a esse personagem, responsável uma interpretação do corpo da mulher. Filho de fazendeiros, fora o único
por seu sucesso no aprendizado das regras de linguagem da sociedade. ateu e comunista da família, tendo ingressado no partido por inspiração
de Luiz Carlos Prestes, em 1945. Como a agremiação partidária não
23. Ora, aí está justamente e epígrafe do livro, se eu lhe quisesse pôr correspondera a seu sonho, descolara-se dela, na companhia de seu líder,
alguma, e não me ocorresse outra. Não é somente um meio de completar em 1990. “O comunismo resolve o problema da vida”, acreditou até o fim.
as pessoas da narração com as idéias que deixarem, mas ainda um par “Ele faz com que a vida seja mais justa. E isso é fundamental. Mas o ser
de lunetas para que o leitor do livro penetre o que for menos claro ou humano, este continua desprotegido, entregue à sorte que o destino lhe
totalmente escuro. Por outro lado, há proveito em irem as pessoas da impõe.” E desprotegido talvez pudesse se sentir um observador diante
minha história colaborando nela, ajudando o autor, por uma lei de da monumentalidade que ele próprio idealizara para Brasília a partir do
solidariedade, espécie de troca de serviços, entre o enxadrista e os seus plano-piloto de Lucio Costa. Quem sabe seus museus, prédios
trebelhos(*). Se aceitas a comparação, distinguirás o rei e a dama, o governamentais e catedrais não tivessem mesmo sido construídos para
bispo e o cavalo, sem que o cavalo possa fazer de torre, nem a torre de ilustrar essa perplexidade? Ele acreditava incutir o ardor em quem
peão. Há ainda a diferença da cor, branca e preta, mas esta não tira o experimentava suas construções. Bem disse Le Corbusier que Niemeyer
poder da marcha de cada peça, e afinal umas e outras podem ganhar a tinha “as montanhas do Rio dentro dos olhos”, aquelas que um
partida, e assim vai o mundo. observador pode vislumbrar a partir do Museu de Arte Contemporânea de
(Machado de Assis, Esaú e Jacó) Niterói, um entre cerca de 500 projetos seus. Brasília, em que pese o
sonho necessário, resultara em alguma decepção. Niemeyer vira a
(*) Trebelhos: peças do jogo de xadrez. possibilidade de construir ali a imagem moderna do País. E como dizer
A intervenção direta do narrador no texto cumpre a função de: que a cidade, ao fim, deixara de corresponder à modernidade
empenhada? Houve um sonho monumental, e ele foi devidamente
a) distanciar o leitor da articulação da história, evitando identificação traduzido por Niemeyer. No Planalto Central, construíra a identidade
emocional com as personagens. escultural do Brasil.
b) despertar a atenção do leitor para a estrutura da obra, convidando-o (Adaptado de Rosane Pavam. CartaCapital,
a participar da organização da narrativa. 07/12/2012, www.cartacapital.com.br/sociedade/a-visao-monumental-2/)
c) levar o leitor a refletir sobre as narrativas tradicionais, cuja seqüência

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Quem sabe seus museus, prédios governamentais e catedrais não Vejo-o puro
tivessem mesmo sido construídos para ilustrar essa perplexidade? (3º e afável ao paladar
parágrafo) como beijo de moça, água
na pele, flor
De acordo com o contexto, o sentido do elemento grifado acima pode ser que se dissolve na boca. Mas este açúcar
adequadamente reproduzido por: não foi feito por mim.
Opção 1) descompasso. Este açúcar veio
Opção 2) problemática. da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira, dono da mercearia.
Opção 3) melancolia. Este açúcar veio
Opção 4) estupefação. de uma usina de açúcar em Pernambuco
Opção 5) animosidade. ou no Estado do Rio
e tampouco o fez o dono da usina.
26. Um dos assuntos da semana foi o rostinho 100% natural da atriz Cate Este açúcar era cana
Blanchett na capa da “Intelligent Life”, título de estilo e comportamento e veio dos canaviais extensos
da revista “The Economist”. A foto foi publicada sem nenhuma correção que não nascem por acaso
feita com o Photoshop. As revistas femininas, que usam o recurso de no regaço do vale.
correção de imagens em níveis extremos, comemoram a iniciativa alheia. Em lugares distantes, onde não há hospital
Cate, 42, exibe suas rugas discretas e está, obviamente, linda. De fato, o nem escola,
rosto da atriz é um alívio estético diante de olhos tão acostumados a homens que não sabem ler e morrem de fome
peles com textura de borracha. aos 27 anos
Mas o discurso que legitima esse tipo de opção como tendência traz com plantaram e colheram a cana
ele uma justificativa mercadológica. Vejamos. Os corpos 100% perfeitos, que viraria açúcar.
sem nenhuma marca de expressão, são irreais. Correto. Funcionam Em usinas escuras,
como fantasias inalcançáveis, por mais que as mais afoitas tentem homens de vida amarga
consegui-los com a ajuda de cirurgias, implantes e outras alterações e dura
físicas. Mas, até mesmo para as marias-bisturi, os resultados têm produziram este açúcar
limites. Seja a permanência de algumas rugas, seja a transformação das branco e puro
pacientes em seres humanos artificiais. E, mesmo com todos os com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.
recursos disponíveis, as consumidoras começaram a relatar seu fonte: “O açúcar” (Ferreira Gullar. Toda poesia. Rio de Janeiro, Civilização
descontentamento diante do espelho. Brasileira, 1980, pp.227-228)
Ironicamente, campanhas por imagens mais reais têm como principais
interessados os fabricantes de cosméticos. Cate Blanchett sem TEXTO II
Photoshop é uma bela mulher com rugas. Mas com ótima pele. Ultra bem A cana-de-açúcar
tratada. Sem manchas. Coisas que uma série de tratamentos estéticos Originária da Ásia, a cana-de-açúcar foi introduzida no Brasil pelos
não invasivos podem fazer por qualquer mulher. Pelo menos por qualquer colonizadores portugueses no século XVI. A região que durante séculos
uma com recursos suficientes para pagar por eles. foi a grande produtora de cana-de-açúcar no Brasil é a Zona da Mata
Cremes anti-idade, maquiagem de alta definição, produtos de múltipla nordestina, onde os férteis solos de massapé, além da menor distância
ação, tudo isso andava escondido sob muitas camadas de maquiagem em relação ao mercado europeu, propiciaram condições favoráveis a
digital. E a indústria da beleza, grande anunciante das revistas e esse cultivo. Atualmente, o maior produtor nacional de cana-de-açúcar é
suplementos de estilo e comportamento, começou a perceber que estava São Paulo, seguido de Pernambuco, Alagoas, Rio de Janeiro e Minas
marcando gols contra. Gerais. Além de produzir o açúcar, que em parte é exportado e em parte
Será bom, é claro, ver mais mulheres verdadeiras em capas mundo afora. abastece o mercado interno, a cana serve também para a produção de
Há muita beleza viva a ser mostrada. Mesmo assim, para grande parte álcool, importante nos dias atuais como fonte de energia e de bebidas. A
da humanidade, o acesso a um arsenal que permita chegar aos 40 ou aos imensa expansão dos canaviais no Brasil, especialmente em São Paulo,
50 com “cara de Cate” (e isso inclui, além de cosméticos, alimentação, está ligada ao uso do álcool como combustível.
exercícios e genética) é quase tão irreal quanto um par de seios (Comentários sobre os textos: “O açúcar” e “A cana-de-açúcar” )
absurdamente redondos e com design não compatível com a lei da
gravidade. 27. Para que um texto seja literário:
(Vivian Whiteman, Serafina, abril de 2012. Adaptado) Opção 1) basta somente a correção gramatical; isto é, a expressão
verbal segundo as leis lógicas ou naturais.
Assinale a alternativa que apresenta expressões com sentidos que se Opção 2) deve prescindir daquilo que não tenha correspondência na
opõem, no texto. realidade palpável e externa.
Opção 1) rugas discretas – alívio estético (2.º parágrafo). Opção 3) deve fugir do inexato, daquilo que confunda a capacidade de
Opção 2) corpos 100% perfeitos – fantasias inalcançáveis (4.º compreensão do leitor.
parágrafo). Opção 4) deve assemelhar-se a uma ação de desnudamento. O escritor
Opção 3) marias-bisturi – seres humanos artificiais (5.º parágrafo). revela ao escrever, revela o mundo, e em especial o Homem, aos outros
Opção 4) imagens mais reais (6.º parágrafo) – mulheres verdadeiras (9.º homens.
parágrafo). Opção 5) deve revelar diretamente as coisas do mundo: sentimentos,
Opção 5) maquiagem digital (8.º parágrafo) – beleza viva (9.º ideias, ações.
parágrafo).
28. Sobre os textos I e II, só é possível afirmar que:
Leia os textos abaixo para as questões 27, 28 e 29.
I. O texto I é literário também pela forma com que se apresenta.
TEXTO I II. O texto II poderia ser literário pela forma.
O açúcar III. Pela pluralidade significativa da linguagem, só é possível afirmar que
O branco açúcar que adoçará meu café o literário é o texto II.
nesta manhã de Ipanema
não foi produzido por mim
nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.

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PORTUGUÊS SOLDADO COMBATENTE Leitura e Intepretação de Texto + Variação Linguística

Está(ao) correta(s) apenas:


Opção 1) a I e a II.
Opção 2) a II e a III.
Opção 3) a I e a III.
Opção 4) apenas a II.
Opção 5) Todas estão corretas.

29. Ainda com relação ao textos I e II, assinale a opção incorreta:

Opção 1) No texto I, em lugar de apenas informar sobre o real, ou de


produzi-lo, a expressão literária é utilizada principalmente como um meio
de refletir e recriar a realidade.
Opção 2) No texto II, de expressão não-literária, o autor informa o leitor
sobre a origem da cana-de-açúcar, os lugares onde é produzida, como
teve início seu cultivo no Brasil, etc.
Opção 3) O texto I parte de uma palavra do domínio comum – açúcar –
e vai ampliando seu potencial significativo, explorando recursos formais
para estabelecer um paralelo entre o açúcar – branco, doce, puro – e a
vida do trabalhador que o produz – dura, amarga, triste.
Opção 4) O texto I, a expressão literária desconstrói hábitos de
linguagem, baseando sua recriação no aproveitamento de novas formas
de dizer.
Opção 5) O texto II não é literário porque, diferentemente do literário,
parte de um aspecto da realidade, e não da imaginação.

30. Em – Procurar um médico, para atestar que ele bebeu? – o


verbo atestar tem o sentido de:

Opção 1) consultar.
Opção 2) comprovar.
Opção 3) autorizar.
Opção 4) impedir.
Opção 5) incitar.

Gabarito

1. Opção 4
2. Opção D
3. Opção C
4. Opção C
5. Opção B
6. Opção C
7. Opção B
8. Opção A
9. Opção B
10. Opção A
11. Opção A
12. Opção A
13. Opção 3
14. Opção 5
15. Opção A
16. Opção 5
17. Opção 2
18. Opção 4
19. Opção 3
20. Opção A
21. Opção 3
22. Opção A
23. Opção B
24. Opção B
25. Opção 4
26. Opção 5
27. Opção D
28. Opção A
29. Opção E
30. Opção 2

11

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