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Edição 2 | 2023

GUIA DE
LINGUAGEM
INCLUSIVA
Introdução

Você já parou para pensar na importância de adotar uma linguagem mais


inclusiva no seu dia a dia?

A linguagem inclusiva ou não sexista é aquela que deseja comunicar


incentivando as pessoas a se expressarem de forma que ninguém se sinta
excluído, utilizando ou adaptando palavras que já existem na língua.

A comunicação inclusiva é um instrumento de transformação social que ganha


cada vez mais visibilidade nas relações pessoais e profissionais, especialmente
pelos movimentos que buscam transformar a comunicação, a fim de torná-la
mais conectada com todas as diversidades, seja da comunidade LGBTQIAPN+,
ou nos demais grupos representativos em nossa sociedade.
No entanto, até os dias de hoje, a definição de gênero masculino e
feminino dada como “correta” transmite e reforça estereótipos e
papéis considerados “adequados” para homens e mulheres.

Com este e-book, o objetivo da Profissas, Escola da Diversidade e


Habilidades Humanas, não é trazer regras absolutas, mas ideias que
vão te ajudar na busca pela comunicação que inclua a todas as
pessoas..

Para isso, fizemos pesquisas, consultamos especialistas no assunto,


ouvimos pessoas que muitas vezes não são incluídas na
comunicação, e empresas que aplicam a linguagem inclusiva no
trabalho, ou que estão no caminho.

Vem com a gente!


Sumário

1. Linguagem inclusiva: uma questão histórica 5


2. Por que é tão importante a linguagem inclusiva? 8
3. Não use “X” e nem “@” 9
4. Neutralidade na escrita 10
5. Linguagem para pessoas com deficiência visual:
conheça o atributo Alt 13
6. Inclusão para quem tem dislexia 16
7. Escrita não ofensiva 17
8. Linguagem inclusiva nas empresas, bora aplicar? 19
9. Comunicação simples e com respeito 24
Linguagem inclusiva:
1 uma questão histórica

A definição do gênero masculino e feminino já está enraizada


no português há muitos séculos. A escolha do masculino para
se referir a todos, genericamente, e o jeito como nossa
comunicação esconde o gênero feminino, reforça
estereótipos do que achamos ser “papéis adequados” para
mulheres e homens.

A gramática tradicional, por exemplo, conhecida pela norma


culta e conservadora da língua portuguesa, entende que não é
necessário distinguir os gêneros de determinado grupo
quando há a presença de homens e mulheres.

Utilizar, então, “os clientes e as clientes vieram para a


reunião” seria um pleonasmo. Isto é, ao utilizar o gênero
masculino em “clientes”, já está subentendida a possibilidade
de terem somente clientes do sexo masculino, quanto a de
terem homens e mulheres.

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A provocação que queremos fazer
é: por que o masculino deve
servir de base para todas as
opções de gênero? Frases e “A língua portuguesa sempre foi excludente,
diálogos construídos com mesmo antes de entrarmos no espectro da
expressões masculinas, tiram a neutralidade para nos comunicarmos de
visibilidade de outras diversidades forma inclusiva com a comunidade
e reforçam um comportamento LGBTQIAPN+. Então, para ser uma pessoa
machista e colonizador. que usa a linguagem inclusiva, é preciso ter
ciência de que não é uma ‘obrigatoriedade’
Noah Scheffel, homem trans e com as diversidades, mas sim uma forma de
CEO na EducaTRANSforma, diz mudar nossa comunicação para falarmos
que acha difícil adaptar a língua para todas as pessoas, independente dos
portuguesa, pois ela é patriarcal e seus marcadores sociais.”
condiciona a comunicação para o
gênero masculino. Noah Scheffel
Homem trans e CEO na EducaTRANSforma

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De acordo com Ivana Mihal, doutora em
Filosofia e Letras pela Universidade de Buenos
Aires, a maioria das referências científicas, a não
ser que sejam sobre o próprio tema e suas
bases sociais, não permite o uso da linguagem
inclusiva. Na literatura, a adoção do “inclusivo”
depende da relação de quem escreve com o
assunto. “Acredito que o uso da linguagem
inclusiva atualmente se reduz a
A pesquisadora, que dedica seus estudos ao espaços e grupos relacionados a
campo da edição de livros em abordagens de movimentos sociais e diversidades.
gênero, inclusão e feminismo, destaca que é a Parece-me que para estendê-lo ao
favor da linguagem inclusiva para contemplar a resto da sociedade, em princípio, seria
diversidade. Para ela, o uso verbal já é frequente, necessário pensar em exemplos que
entretanto, envolve um setor minoritário da usem o neutro: ao invés de usar ‘dos
sociedade. trabalhadores’, utilizar as pessoas que
trabalham”.
Segundo Mihal, embora se fale sobre
comunicação inclusiva nas universidades, a Ivana Mihal
linguagem não sexista é chamada de política Doutora em Letras pela
institucional. A consideração da linguagem Universidade de Buenos Aires
inclusiva está mais a cargo das decisões de cada
pessoa educadora no âmbito das disciplinas ou
seminários que oferecem.

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Por que é tão importante
2 a linguagem inclusiva?

Muitas vezes, sem perceber, excluímos No entanto, se você está lendo este
outras pessoas pela forma como falamos e material, mostra que deseja aprender
escrevemos. Ao longo da vida, mais sobre a linguagem inclusiva, não
incorporamos à nossa comunicação é mesmo? Ao defender essa forma de
diversos termos e expressões que linguagem você valoriza, respeita e
reproduzem ofensas e preconceitos. E isso acolhe a diversidade.
não é “mimimi”. É importante e
respeitoso usar a linguagem inclusiva no Mas e aí? Como aplicar, na prática?
mundo plural e diverso em que vivemos.
Bem, podemos dizer que não há uma
Quando você substitui marcadores de única resposta. Entretanto, estamos
gênero na comunicação, mostra respeito aqui para mostrar algumas
e empatia, princípios básicos que possibilidades, o que deve ser evitado e
deveriam guiar as relações. Seja nas o que não pode.
empresas ou na vida pessoal, ainda temos
um longo caminho para dizer, de fato, que Continue a leitura com a gente e
usamos uma linguagem inclusiva. saiba mais!

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3 Não use “X” nem “@”

Certamente você já deve ter visto pessoas Outro ponto: no caso do “@” , por exemplo,
utilizando o “x” e o “@” para eliminar esse caractere não é possível de pronunciar
marcações de gênero. Mas será que esses verbalmente. Sendo assim, mesmo que a
recursos são mesmo inclusivos? Embora a pessoa consiga ler, ela não conseguirá
intenção seja boa, o emprego desses transmitir esse som para a fala.
caracteres acaba excluindo alguns grupos.
Além disso, o emprego desses artigos é
Mas como assim? muito limitado e perde a função em
contextos mais amplos, não significando
Quando falamos em diversidade, não se uma mudança real na linguagem.
trata somente de incluir todos os gêneros.
Falamos também de pessoas em processo
de aprendizagem ou com alguma
deficiência. Pessoas com dislexia, por Conclusão: esses dois caracteres não
exemplo, têm maior dificuldade para ler e devem ser empregados na linguagem
entender o “x” ou o “@”, enquanto leitores inclusiva. No lugar, prefira uma das
para deficientes visuais não conseguem opções que mostraremos a seguir.
“entender ou traduzir” esses recursos.

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4 Neutralidade na escrita Os adjetivos com gênero também podem ser
trocados pelos neutros. E para não usar ele ou
A linguagem neutra tem o objetivo de fazer a ela, você pode falar “pessoas”.
comunicação mais inclusiva, respeitosa e
abrangente, acabando com o binarismo imposto
Outra possibilidade é o uso da letra “e”, que
pelos gêneros “normalmente” aceitos pela sociedade
vem se tornando muito comum na escrita e na
(masculino e feminino). Ela leva em consideração as
diversas possibilidades de gênero com as quais as fala, principalmente nas redes sociais. Você
pessoas podem se identificar. pode substituir “o” ou “a” por um “e” ao usar
substantivos e adjetivos.
Na linguagem neutra, existem alguns truques que
podem ser adotados, como evitar usar artigos no Ao invés de falar
início das frases. “Olá a todos!” ou “Sejam bem-vindos!”,

Ao invés de dizer:
você pode dizer
“Os clientes marcaram uma reunião às 10h”,
“Olá a todes!” ou “Sejam bem-vindes!”.
você pode dizer que
“Clientes marcaram uma reunião às 10h”. No caso de objetos, não há necessidade de
mudar as palavras, já que não possuem
identidade de gênero.

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Vale destacar que o uso do “e” não é A comunicação escrita e verbal vive mudanças constantes
consensual entre os estudiosos da para seguir a evolução da sociedade. É só se lembrar:
língua, mas ao mesmo tempo pode ser o nosso jeito de falar de 100 anos atrás é muito diferente
uma forma de “pressionar” a da linguagem de hoje.
academia para rever as regras
gramaticais.

Márcia Romano, mestre em Estudos de “Os professores buscam cada vez mais incluir o “e”
Linguagens pelo Centro Federal de ao falar com os alunos (alunes). Outra situação
Educação Tecnológica de Minas Gerais que vejo é o uso de alunos e alunas para
(Cefet/MG), diz que as discussões sobre abranger mais pessoas, entre outros recursos
linguísticos. Já não é mais utilizado o “@” e o “x”
linguagem inclusiva estão a todo vapor
para incluir. Esses caracteres não geram inclusão
na academia. de todos grupos representativos, pois não é
possível fazer sua concordância e leitura em
Essas e outras dicas vão te ajudar na software para ajudar pessoas com deficiência
caminhada pela linguagem inclusiva. visual, por exemplo”.
Pode ser difícil no começo, mas, com o
tempo, será natural. Engana-se quem Márcia Romano
Mestre em Estudos de
acha que a linguagem neutra é uma Linguagens pelo Cefet/MG
modinha que vai passar!

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Experimente usar nomes coletivos sem
demarcação de gênero:

“Pessoal” ao invés de “o grupo”

Crie o hábito de preferir adjetivos sem


demarcação de gênero:

“Incrível” ao invés de “maravilhoso”

Substitua nomes com marcadores de


gênero por nomes neutros:

“Estudantes” ao invés de “alunos”.

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Linguagem para pessoas com
5 deficiência visual: conheça o atributo Alt

Assim como o “x” e o “@” não devem ser usados,


outros recursos linguísticos facilitam e muito a
leitura de pessoas com deficiência visual. Se A pesquisadora e especialista no
você trabalha com produção de conteúdos na assunto, Ivana Mihal, percebe
internet, por exemplo, é possível que tenha que há uma crescente
visto plugins que pedem para você colocar a preocupação e interesse das
palavra-chave no atributo Alt. editoras em incluir pessoas com
deficiência visual no universo da
Isso acontece porque o Alt é lido pelos literatura, por meio dos livros em
equipamentos e, consequentemente, pessoas Braille.
cegas conseguem entender quais imagens e
outros objetos são exibidos. E, quando falamos das
terminologias “pessoa com
Para criar conteúdos acessíveis, priorize a deficiência visual ou pessoa
simplicidade e utilize frases curtas e diretas. Se cega”, será que existe certo ou
você passa horas escolhendo recursos visuais errado?
em seu texto, por que não fazê-lo utilizando
uma linguagem inclusiva?

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De acordo com Ednilson Sacramento, No caso das pessoas com baixa visão, quando
assessor da Secretaria de Educação e Cultura se trata da comunicação inclusiva, elas
da Organização Nacional de Cegos do Brasil - podem ler textos impressos ampliados ou
ONCB, não existe um certo ou errado nos com uso de recursos óticos especiais. Tudo
casos acima. isso pode se reproduzir nas empresas,
utilizando recursos em sites acessíveis, com
A deficiência visual abrange todos os grupos, audiodescrição das imagens e
incluindo pessoas com perda total ou com disponibilização de materiais em PDF em
perda parcial. E, se seguirmos as orientações formato acessível.
de uma comunicação inclusiva, pode-se usar
o termo pessoa cega ou com deficiência E nunca devemos utilizar termos "deficientes",
visual. Segue a explicação a seguir. "diferente", "portador de deficiência", "manco",
"coxo", "cotó", "aleijado", "vítima", "retardado",
A deficiência visual é definida como a perda "mudinho", "ceguinho", e "portador de
total ou parcial, congênita ou adquirida da necessidades especiais". O correto é pessoa
visão. O nível de capacidade e percepção com deficiência.
visual subdivide-se em:
Você ou sua organização sabe como se
● cegueira, que é a perda total da visão; direcionar às pessoas inclusivamente?
● baixa visão ou visão subnormal - Em caso de dúvidas, consulte a própria
caracteriza-se pela redução do pessoa sobre como ela gostaria de ser
funcionamento visual. tratada.

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“A escolha da linguagem tem um impacto na forma como as
pessoas com deficiência se sentem e são percebidas na
sociedade. É importante conhecer o significado embutido nas
palavras. As expressões empregadas de maneira
inapropriada podem fazer com que as pessoas se sintam
excluídas, representando uma barreira para a sua plena
participação na sociedade. Pessoas com deficiência querem
respeito e aceitação. Reconhecer a necessidade de uma
linguagem cada vez mais condizente com as singularidades
da pessoa é a senha para o tratamento respeitoso e
equitativo, principalmente para quem produz narrativas na
área da comunicação”.

Ednilson Sacramento
Assessor da Secretaria de Educação e Cultura da
Organização Nacional de Cegos do Brasil - ONCB

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Inclusão para
6 quem tem dislexia

O jeito como uma pessoa escreve ou fala é No caso das pessoas com dislexia, você
muito particular. São variações regionais, precisa pensar em como tornar o seu
culturais, bagagens construídas no decorrer conteúdo mais fácil de ser lido. Se possível,
da vida, entre outras peculiaridades. faça textos com frases diretas, evite textos
redundantes, não cometa erros de
José Saramago nunca será Machado de gramática, pontuação e ortografia.
Assis e Andrea Bocelli nunca será Roberto
Carlos. E mais: uma palestra direcionada a E mais: evite fazer uso de metáforas e
um grupo de advogados nunca será igual a abreviações.
uma palestra para estudantes de design.
Gosta de justificar e formatar seu texto? Na
E por que estamos dizendo isso? Bem, não linguagem inclusiva para disléxicos não é
precisamos ser iguais, mas devemos muito recomendado. O uso de recursos
respeitar as diferenças. Na linguagem como o sublinhado, que dão destaque ao
inclusiva, precisamos nos esforçar para texto, são bem-vindos.
passar a mensagem correta e compreensível
ao público direcionado, sempre pensando
em incluir a diversidade.

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7 Escrita não ofensiva
Ao falar de uma raça ou etnia, em
nenhuma hipótese utilize “denegrir”, “de
cor”, “inveja branca”, “cabelo ruim”, por
A escrita inclusiva deve acolher e exemplo.
ajudar as pessoas, e não prejudicá-las
ou excluí-las. Na religião, você é preconceituoso quando
utiliza termos como “macumbeiro”,
Então, ao escrever qualquer texto, você “terrorista” e “crente”.
precisa pensar se o conteúdo ou a
escolha de palavras estão reforçando Sempre que falar de pessoas com
preconceitos. deficiência, use a denominação que você
acabou de ler: pessoas com deficiência.
Observe se os seus textos descuidam
de fatores como raça, religião, Não utilize “homossexualismo”, “bicha”,
deficiência, orientação sexual, “veado”, “sapatão”, “traveco” e
identidade de gênero e atributos “indeciso”. São palavras preconceituosas.
físicos. Algumas palavras ofendem e
devem ser evitadas. E atenção: termos sexistas como “coisa de
mulherzinha”, “macho”, “coisa de
homem” são desrespeitosos, pois estão
diminuindo as mulheres.

GUIA DE LINGUAGEM INCLUSIVA | página 17


Ivana Mihal explica que o uso da
linguagem inclusiva, na maioria “As pessoas precisam ter em mente
dos casos, está envolvido em dois que a gramática é um estudo e não
grandes debates: o político e o o Vade Mecum ou código civil da
acadêmico. Há quem defenda as língua. Hoje, já existem várias
regras gramaticais e tem quem discussões nas escolas sobre a
busca regras que sejam redefinidas gramática ser regra ou ser o uso da
a partir dos usos sociais da linguagem considerando os vieses
linguagem, voltados para a sociais, culturais, entre outros. O
visibilidade e inclusão da que precisamos ter em mente é que
diversidade. Esta última, na a língua é viva e é usada por todos
concepção de Mihal, será uma os indivíduos, considerando suas
mudança a longo prazo. variações formais ou não. Nesse
contexto, o papel da academia é
A mestre em linguagens do oferecer estudos que sigam em
CEFET-MG explica que a sociedade direção à inclusão”.
ainda enxerga a gramática como a
polícia da língua, exigindo que ela Márcia Romano
faça mudanças para que todas as Mestre em Estudos
pessoas sigam. Mas, na prática, não de Linguagens pelo Cefet/MG
funciona bem assim.

GUIA DE LINGUAGEM INCLUSIVA | página 18


Linguagem inclusiva
8 nas empresas, bora aplicar?

A inclusão da diversidade ainda é um Então, trabalhe o conceito de linguagem


desafio para as empresas. Muitas inclusiva, evitando fazer afirmações
companhias ainda não contam com uma preconceituosas ou qualquer tipo de
cultura de acolhimento em seus espaços, discriminação. O intuito é usar a linguagem
dificultando a integração desses indivíduos como mais uma ferramenta para
com as demais pessoas colaboradoras. promoção da igualdade.
Seja no recrutamento ou no processo de Abaixo, alguns termos comumente usados
desenvolvimento do seu capital humano, e outros que devem ser evitados, como:
lideranças e RH devem saber usar a
comunicação correta para compreender
a diversidade e incluí-la. opção sexual orientação sexual

Fica a dica! Tenha cautela com as


palavras. GLS LGBTQIAPN
+
Muitas empresas deixam de atrair talentos Casal Casal
porque as pessoas não se identificam com homossexual homoafetivo
a cultura organizacional. É bem comum
que profissionais recusem uma vaga por Mudança Redesignação de
não se sentirem pertencentes. de sexo sexo e gênero

GUIA DE LINGUAGEM INCLUSIVA | página 19


Como a sua empresa desenvolve talentos
usando a linguagem inclusiva? Se você é
líder ou profissional de RH e ainda não
tem consciência de que um ambiente de
trabalho é composto por pessoas com
diferentes características e identidades,
saiba que é importante comunicar-se
incluindo, valorizando, respeitando e
acolhendo toda a diversidade inerente ao
ser humano. “Existe uma ansiedade das companhias
em trazer perfis diversos para seus times,
Algumas organizações já entenderam a e uma das formas que acharam foi
necessidade de se comunicar com todas pensar em uma comunicação que não
as pessoas da sociedade, mas muitas deixe nenhum recorte social excluíde”.
ainda estão engatinhando em como fazer
isso. Noah Scheffel
Homem trans e CEO na educaTRANSforma
Um exemplo: vagas que antes diziam
"Vaga para Programador" e agora se
comunicam dizendo "Vaga para Pessoa
Programadora".

GUIA DE LINGUAGEM INCLUSIVA | página 20


Fazer uma divulgação de vaga
inclusiva é muito bom, não é? Mas
não é só isso! As empresas A CEO na Uzoma Diversidade
precisam ter em mente que é Elisabete Scheibmayr afirma que “as
importante e necessário um empresas precisam entender que a
processo inclusivo do início ao consultoria pode ser uma
fim. Ou seja: que passe pela ferramenta poderosa para trabalhar
divulgação, pela candidatura, pela a diversidade e inclusão”.
contratação, durante a
permanência da pessoa na E devemos entender de uma vez por
companhia, compreendendo até todas: incluir não se trata de
o seu desligamento (quando modinha ou fazer algo aqui, ou ali!
acontecer). É ter um especialista que se
preocupa com o desenvolvimento
A partir do momento que a das pessoas, do início ao fim da sua
pessoa recrutadora está lidando jornada. É um retorno cuidadoso a
com a diversidade no processo quem não passou no processo
seletivo, ela precisa entender os seletivo, é ficar atento ao uso correto
pronomes que quem está se das palavras, seja no dia-a-dia, em
candidatando utiliza para reuniões ou nos treinamentos.
adaptar a sua comunicação. Essa
simples ação já traz acolhimento e
senso de pertencimento.

GUIA DE LINGUAGEM INCLUSIVA | página 21


Mas e aí? Como ser uma pessoa
ou empresa inclusiva sem ferir as
regras gramaticais?
“Não coloque em xeque programas de
inclusão porque uma pessoa deu
errado. Acredite na liderança inclusiva “Para algumas pessoas, a linguagem
e em programas de diversidade no seu inclusiva apaga as mulheres. Para
negócio, pois eles são muito outras, ela incorpora vários grupos
importantes para a organização e sem dar visibilidade a nenhum em
para toda a sociedade. Não ache que particular. E mais: há quem pense que
a companhia dá conta sozinha, que é as regras gramaticais não devem
só o RH criar umas vagas para dizer subjugar os usos sociais. Na nossa
que é inclusiva. As lideranças precisam opinião, quando você inclui, muitas
trabalhar o seu papel social no vezes sairá das regras gramaticais.
contexto da liderança inclusiva, e Entretanto, a nossa luta é pelo espaço
saber usar informações adequadas no inclusivo, e isso passará pelas
descritivo da vaga. O que eu posso transformações na língua, mesmo que
fazer, ensinar e o que não consigo?” a longo prazo”

Elisabete Scheibmayr Ivana Mihal


CEO na Uzoma Diversidade Doutora em Letras pela
Universidade de Buenos Aires

GUIA DE LINGUAGEM INCLUSIVA | página 22


É preciso saber que a inclusão não é um processo
fácil, mas que é necessário para as empresas que
desejam incluir a diversidade.

Aqui na Profissas, Escola da Diversidade e


“As organizações precisam saber Habilidades Humanas,, estamos juntes
que o uso institucional da com profissionais de referência do novo
linguagem inclusiva é um processo mercado, oferecendo experiências
demorado e difícil. Elas devem se
educativas empoderadoras, formando
atentar ao uso correto das palavras,
orientando-se para uma linguagem protagonistas e educando privilegiades.
inclusiva. No caso de um formulário,
por exemplo, quando for fazer Todas as nossas aulas e treinamentos são
perguntas, tenha muito cuidado elaboradas e pensadas para todes,
com o gênero usado. É um desafio utilizando linguagem inclusiva e outras
constante e acredito que ainda vai metodologias que apoiam o
render muitas discussões”.
desenvolvimento do capital humano
Márcia Romano nas empresas, de forma plural.
Mestre em Estudos
de Linguagens pelo Cefet/MG

GUIA DE LINGUAGEM INCLUSIVA | página 23


Comunicação simples
9 e com respeito

Agora que você já sabe a importância da Como explicado, a comunicação é essencial


linguagem inclusiva, é só começar a para passar a mensagem que você deseja
utilizá-la. Esse tipo de comunicação cria para as pessoas, mas, muitas vezes,
consciência e modifica o pensamento das esquecemos que a nossa forma de falar
pessoas para construir suas relações sociais. pode ser completamente excludente.

Resumindo: a ideia da linguagem inclusiva Portanto, se preocupar em falar de uma


é desconstruir a visão de masculino como maneira mais abrangente e respeitosa não é
universal e desconstruir o uso sexista da o “politicamente correto”.
língua na expressão oral e escrita, pois isso
só reforça as relações desiguais de gênero. É essencial para que possamos impactar o
maior número de pessoas possível e que
A linguagem inclusiva também é saber possamos transmitir a nossa mensagem
alcançar não somente diversidades de para todes.
gênero, mas também a pluralidade étnica,
racial, social, pessoas com deficiência, e
pessoas de todos os grupos minorizados.

GUIA DE LINGUAGEM INCLUSIVA | página 24


Continue acompanhando os O E-book Embaixadores da Diversidade é
um exemplo. Ele é um texto essencial para
canais de comunicação da lideranças, RHs e profissionais de Diversidade
e Inclusão.
Profissas
E aí, gostou das nossas dicas? Elas são essenciais para
criar uma comunicação mais humanizada e universal.

Existem outras formas de tornar a linguagem mais


inclusiva e que não foram abordadas no texto, mas as
indicações feitas neste material já são um ótimo jeito de
começar!
Um guia completo, rico em detalhes sobre a
Então, se você deseja continuar se aprofundando sobre o carreira em D&I, dicas para se tornar um
tema, não deixe de acompanhar os canais da Profissas especialista no assunto, como implementar e
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GUIA DE LINGUAGEM INCLUSIVA | página 25


Equipe responsável

Letícia Carvalho Rei Santos Victor Lambertucci Sônia Lesse Tânia Chaves
Pesquisa e redação Design e diagramação Revisão Revisão Revisão
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