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BLOCO 4 DE LINGUAGENS - VARIANTES LINGUÍSTICAS

Estratificadora Social!
Por LumberGeek

Você já reparou que algumas pessoas têm repulsa pelo falar popular? Que basta um desvio em
relação à norma culta para que fulano faça cara de espanto, como se um crime tivesse sido cometido?
Isso ocorre porque ainda há uma crença equivocada em nossa sociedade de que existe um jeito certo
de falar, e de que aqueles que não o fazem pertencem a uma classe inferior. Nota-se, assim, um
estigma social relacionado à fala destoante da gramática normativa. Ele atinge todos, mas,
principalmente, quem não tem educação formal ou quem veio de outra região. Como esse preconceito
linguístico está longe de ir embora, e como o vestibular tem um papel de conscientização social, é
essencial que você conheça o tema e seus aspectos relacionados.
Em primeiro lugar, sempre devemos ter em mente que a língua funciona como um organismo
vivo. Ela está em constante mudança e se apresenta de diferentes maneiras dependendo do contexto e
do local. Diariamente, novos termos de diversas línguas são incluídos no português do dia-a-dia. Sejam
eles relacionados às novas tecnologias americanas, às novas bandas coreanas ou às novas animações
japonesas, é inegável que nosso vocabulário se torna cada vez mais plurilinguístico no mundo
globalizado da Internet. E com essas adições, novas variantes da língua vão surgindo quase que como
um traço identitário de diferentes bolhas sociais. Existem também variedades que não mudam com essa
mesma velocidade, apesar de também mudarem. Em nosso país de dimensões continentais, é
impossível não acrescentar os regionalismos a esse leque enorme de modalidades da nossa língua.
Cada região usa a língua de um jeito e possui um sotaque próprio.
Devemos compreender, entretanto, que não há jeito certo ou errado de falar. Há diferentes
formas de se comunicar para diferentes situações. Então, o papel do ensino é muito mais nos orientar
sobre em qual momento usar cada variante do que ensinar a língua em perfeição. No cotidiano, a função
da linguagem é viabilizar a comunicação entre pessoas. De nada adianta uma mensagem totalmente
alinhada com a norma-padrão se o interlocutor não a compreende. Nesse caso, é de muito mais valia o
coloquial. Por outro lado, em um tribunal, o sentido específico de cada palavra tem um peso maior, uma
vez que decisões serão baseadas no que é falado. Convém, nesse ambiente, a utilização de uma
variante da língua, mais precisa e formal. É importante notar, no entanto, que essa forma não está mais
correta que a anterior - cada uma delas é mais eficiente em um determinado cenário.
Eventualmente, porém, a língua pode ser utilizada de modo subversivo para se criar uma
hierarquização entre emissor e receptor. Se um locutor faz questão de utilizar uma variante linguística
mais erudita para se comunicar com um público que está apenas acostumado com a linguagem informal,
deve-se desconfiar do discurso como um todo. É possível que essa seja uma tentativa do orador de se
colocar em um pedestal - em um nível acima de quem o ouve. Se isso ocorrer, será criado um processo
intencional de estratificação social, uma vez que quem fala buscaria se distanciar dos demais e
demonstrar alguma "superioridade intelectual". A língua, nesse caso, atuaria como uma ferramenta de
violência simbólica. Algo que aconteceria se um governante, ao discursar para um povo que é em sua
grande maioria analfabeto funcional, usasse algum recurso linguístico pouco conhecido pela população
geral, como, por exemplo, a mesóclise. O que estaria implícito, nesse caso, seria a mensagem: "eu não
pertenço à classe social de vocês".
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