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GUIA DE

LINGUAGEM
INCLUSIVA
Você já parou para pensar na importância de adotar uma
Introdução linguagem mais inclusiva no seu dia a dia?

A linguagem inclusiva ou não sexista é aquela que deseja


comunicar incentivando as pessoas a se expressarem de forma
que ninguém se sinta excluído, utilizando ou adaptando
palavras que já existem na língua.

A comunicação inclusiva é um instrumento de transformação


social que ganha cada vez mais visibilidade nas relações
pessoais e profissionais, especialmente pelos movimentos que
buscam transformar a comunicação, a fim de torná-la mais
conectada com todas as diversidades, seja da comunidade
LGBTQIA+, ou nos demais grupos sub-representados em nossa
sociedade.
No entanto, até os dias de hoje, a definição de gênero
masculino e feminino dada como “correta” transmite e
reforça estereótipos e papéis considerados “adequados” para
homens e mulheres.

Com este e-book, o objetivo da Profissas, Escola de


Habilidades Humanas e Diversidade, não é trazer regras
absolutas, mas ideias que vão te ajudar na busca pela
comunicação que inclua a todes.

Para isso, fizemos pesquisas, consultamos especialistas no


assunto, ouvimos pessoas que muitas vezes não são incluídas
na comunicação, e empresas que aplicam a linguagem
inclusiva no trabalho, ou que estão no caminho.
Vem com a gente!
1. Linguagem inclusiva: uma questão histórica 5
Sumário 2. Por que é tão importante a linguagem inclusiva? 8
3. Não use “X” e nem “@” 9
4. Neutralidade na escrita 10
5. Linguagem para pessoas com deficiência visual:
conheça o atributo Alt 13
6. Inclusão para quem tem dislexia 16
7. Escrita não ofensiva 17
8. Linguagem inclusiva nas empresas, bora aplicar? 19
9. Comunicação simples e com respeito 24
Linguagem inclusiva:
1 uma questão histórica

A definição do gênero masculino e feminino já está enraizada no


português há muitos séculos. A escolha do masculino para se referir a
todos, genericamente, e o jeito como nossa comunicação esconde o
gênero feminino, reforça estereótipos do que achamos ser “papéis
adequados” para mulheres e homens.

A gramática tradicional, por exemplo, conhecida pela norma culta e


conservadora da língua portuguesa, entende que não é necessário
distinguir os gêneros de determinado grupo quando há a presença de
homens e mulheres.

Utilizar, então, “os clientes e as clientes vieram para a reunião” seria um


pleonasmo. Isto é, ao utilizar o gênero masculino em “clientes”, já está
subentendida a possibilidade de terem somente clientes do sexo
masculino, quanto a de terem homens e mulheres.

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A provocação que queremos fazer
é: por que o masculino deve
servir de base para todas as
opções de gênero? Frases e “A língua portuguesa sempre foi excludente,
diálogos construídos com mesmo antes de entrarmos no espectro da
expressões masculinas, tiram a neutralidade para nos comunicarmos de
visibilidade de outras diversidades forma inclusiva com a comunidade
e reforçam um comportamento LGBTQIA+. Então, para ser uma pessoa que
machista e colonizador. usa a linguagem inclusiva, é preciso ter
ciência de que não é uma ‘obrigatoriedade’
Noah Scheffel, homem trans e com as diversidades, mas sim uma forma de
CEO na EducaTRANSforma, diz mudar nossa comunicação para falarmos
que acha difícil adaptar a língua para todas as pessoas, independente dos
portuguesa, pois é uma língua seus marcadores sociais.”
patriarcal, que condiciona a
comunicação para o gênero Noah Scheffel
Homem trans e CEO na EducaTRANSforma
masculino.

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De acordo com Ivana Mihal, doutora em
Filosofia e Letras pela Universidade de Buenos
Aires, a maioria das referências científicas, a não
ser que sejam sobre o próprio tema e suas
bases sociais, não permite o uso da linguagem
inclusiva. Na literatura, a adoção do “inclusivo”
depende da relação dos autores com o assunto.
“Acredito que o uso da linguagem
A pesquisadora, que dedica seus estudos ao inclusiva atualmente se reduz a
campo da edição de livros em abordagens de espaços e grupos relacionados a
gênero, inclusão e feminismo, destaca que é a movimentos sociais e diversidades.
favor da linguagem inclusiva para contemplar a Parece-me que para estendê-lo ao
diversidade. Para ela, o uso verbal já é frequente, resto da sociedade, em princípio, seria
entretanto, envolve um setor minoritário da necessário pensar em exemplos que
sociedade. usem o neutro: ao invés de usar ‘dos
trabalhadores’, utilizar as pessoas que
Segundo Mihal, embora se fale sobre trabalham”.
comunicação inclusiva nas universidades, a
linguagem não sexista é chamada de política Ivana Mihal
institucional. A consideração da linguagem Doutora em Letras pela
inclusiva está mais a cargo das decisões de cada Universidade de Buenos Aires
professor no âmbito das disciplinas ou
seminários que oferecem.

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Por que é tão importante
2 a linguagem inclusiva?

Muitas vezes, sem perceber, excluímos No entanto, se você está lendo este
outras pessoas pela forma como falamos e material, mostra que deseja aprender
escrevemos. Ao longo da vida, mais sobre a linguagem inclusiva, não
incorporamos à nossa comunicação é mesmo? Ao defender essa forma de
diversos termos e expressões que linguagem você valoriza, respeita e
reproduzem ofensas e preconceitos. E isso acolhe a diversidade.
não é “mimimi”. É importante e
respeitoso usar a linguagem inclusiva no Mas e aí? Como aplicar, na prática?
mundo plural e diverso em que vivemos.
Bem, podemos dizer que não há uma
Quando você substitui marcadores de única resposta. Entretanto, estamos
gênero na comunicação, mostra respeito aqui para mostrar algumas
e empatia, princípios básicos que possibilidades, o que deve ser evitado e
deveriam guiar as relações. Seja nas o que não pode.
empresas ou na vida pessoal, ainda temos
um longo caminho para dizer, de fato, que Continue a leitura com a gente e
usamos uma linguagem inclusiva. saiba mais!

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3 Não use “X” nem “@”

Certamente você já deve ter visto pessoas Outro ponto: no caso do “@” , por exemplo,
utilizando o “x” e o “@” para eliminar esse caractere não é possível de pronunciar
marcações de gênero. Mas será que esses verbalmente. Sendo assim, mesmo que a
recursos são mesmo inclusivos? Embora a pessoa consiga ler, ela não conseguirá
intenção seja boa, o emprego desses transmitir esse som para a fala.
caracteres acaba excluindo alguns grupos.
Além disso, o emprego desses artigos é
Mas como assim? muito limitado e perde a função em
contextos mais amplos, não significando
Quando falamos em diversidade, não se uma mudança real na linguagem.
trata somente de incluir todos os gêneros.
Falamos também de pessoas em processo
de aprendizagem ou com alguma
deficiência. Pessoas com dislexia, por Conclusão: esses dois caracteres não
exemplo, têm maior dificuldade para ler e devem ser empregados na linguagem
entender o “x” ou o “@”, enquanto leitores inclusiva. No lugar, prefira uma das
para deficientes visuais não conseguem opções que mostraremos a seguir.
“entender ou traduzir” esses recursos.

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4 Neutralidade na escrita Os adjetivos com gênero também podem ser
trocados pelos neutros. E para não usar ele ou
A linguagem neutra tem o objetivo de fazer a ela, você pode falar “pessoas”.
comunicação mais inclusiva, respeitosa e
abrangente, acabando com o binarismo imposto
Outra possibilidade é o uso da letra “e”, que
pelos gêneros “normalmente” aceitos pela sociedade
vem se tornando muito comum na escrita e na
(masculino e feminino). Ela leva em consideração as
diversas possibilidades de gênero com as quais as fala, principalmente nas redes sociais. Você
pessoas podem se identificar. pode substituir “o” ou “a” por um “e” ao usar
substantivos e adjetivos.
Na linguagem neutra, existem alguns truques que
podem ser adotados, como evitar usar artigos no Ao invés de falar
início das frases. “Olá a todos!” ou “Sejam bem-vindos!”,

Ao invés de dizer:
você pode dizer
“Os clientes marcaram uma reunião às 10h”,
“Olá a todes!” ou “Sejam bem-vindes!”.
você pode dizer que
“Clientes marcaram uma reunião às 10h”. No caso de objetos, não há necessidade de
mudar as palavras, já que não possuem
identidade de gênero.

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Vale destacar que o uso do “e” não é A comunicação escrita e verbal vive mudanças constantes
consensual entre os estudiosos da para seguir a evolução da sociedade. É só se lembrar:
língua, mas ao mesmo tempo pode ser o nosso jeito de falar de 100 anos atrás é muito diferente
uma forma de “pressionar” a da linguagem de hoje.
academia para rever as regras
gramaticais.

Márcia Romano, mestre em Estudos de “Os professores buscam cada vez mais incluir o “e”
Linguagens pelo Centro Federal de ao falar com os alunos (alunes). Outra situação
Educação Tecnológica de Minas Gerais que vejo é o uso de alunos e alunas para
(Cefet/MG), diz que as discussões sobre abranger mais pessoas, entre outros recursos
linguísticos. Já não é mais utilizado o “@” e o “x”
linguagem inclusiva estão a todo vapor
para incluir. Esses caracteres não geram inclusão
na academia. de todos grupos, pois não é possível fazer sua
concordância e leitura em software para ajudar
Essas e outras dicas vão te ajudar na pessoas com deficiência visual, por exemplo”.
caminhada pela linguagem inclusiva.
Pode ser difícil no começo, mas, com o Márcia Romano
Mestre em Estudos de
tempo, será natural. E se você acha
Linguagens pelo Cefet/MG
que a linguagem neutra é uma
modinha que vai passar, está muito
enganado!

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Experimente usar nomes coletivos sem
demarcação de gênero:

“Pessoal” ao invés de “o grupo”

Crie o hábito de preferir adjetivos sem


demarcação de gênero:

“Incrível” ao invés de “maravilhoso”

Substitua nomes com marcadores de


gênero por nomes neutros:

“Estudantes” ao invés de “alunos”.

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Linguagem para pessoas com
5 deficiência visual: conheça o atributo Alt

Assim como o “x” e o “@” não devem ser usados,


outros recursos linguísticos facilitam e muito a
leitura de pessoas com deficiência visual. Se A pesquisadora e especialista no
você trabalha com produção de conteúdos na assunto, Ivana Mihal, percebe
internet, por exemplo, é possível que tenha que há uma crescente
visto plugins que pedem para você colocar a preocupação e interesse das
palavra-chave no atributo Alt. editoras em incluir pessoas com
deficiência visual no universo da
Isso acontece porque o Alt é lido pelos literatura, por meio dos livros em
equipamentos e, consequentemente, os cegos Braille.
conseguem entender quais imagens e outros
objetos são exibidos. E, quando falamos das
terminologias “pessoa com
Para criar conteúdos acessíveis, priorize a deficiência visual ou pessoa
simplicidade e utilize frases curtas e diretas. Se cega”, será que existe certo ou
você passa horas escolhendo recursos visuais errado?
em seu texto, por que não fazê-lo utilizando
uma linguagem inclusiva?

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De acordo com Ednilson Sacramento, No caso das pessoas com baixa visão, quando
assessor da Secretaria de Educação e Cultura se trata da comunicação inclusiva, elas
da Organização Nacional de Cegos do Brasil - podem ler textos impressos ampliados ou
ONCB, não existe um certo ou errado nos com uso de recursos óticos especiais. Tudo
casos acima. isso pode se reproduzir nas empresas,
utilizando recursos em sites acessíveis, com
A deficiência visual abrange todos os grupos, audiodescrição das imagens e
incluindo pessoas com perda total ou com disponibilização de materiais em PDF em
perda parcial. E, se seguirmos as orientações formato acessível.
de uma comunicação inclusiva, pode-se usar
o termo pessoa cega ou com deficiência E nunca devemos utilizar termos "deficientes",
visual. Segue a explicação a seguir. "diferente", "portador de deficiência", "manco",
"coxo", "cotó", "aleijado", "vítima", "retardado",
A deficiência visual é definida como a perda "mudinho", "ceguinho", e "portador de
total ou parcial, congênita ou adquirida da necessidades especiais". O correto é pessoa
visão. O nível de capacidade e percepção com deficiência.
visual subdivide-se em:
Você ou sua organização sabe como se
● cegueira, que é a perda total da visão; direcionar às pessoas inclusivamente?
● baixa visão ou visão subnormal - Em caso de dúvidas, consulte a própria
caracteriza-se pela redução do pessoa sobre como ela gostaria de ser
funcionamento visual. tratada.

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“A escolha da linguagem tem um impacto na forma como as
pessoas com deficiência se sentem e são percebidas na
sociedade. É importante conhecer o significado embutido nas
palavras. As expressões empregadas de maneira
inapropriada podem fazer com que as pessoas se sintam
excluídas, representando uma barreira para a sua plena
participação. Pessoas com deficiência querem respeito e
aceitação. Reconhecer a necessidade de uma linguagem
cada vez mais condizente com as singularidades da pessoa é
a senha para o tratamento respeitoso e equitativo,
principalmente para quem produz narrativas na área da
comunicação”.

Ednilson Sacramento
Assessor da Secretaria de Educação e Cultura da
Organização Nacional de Cegos do Brasil - ONCB

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Inclusão para
6 quem tem dislexia

O jeito como uma pessoa escreve ou fala é No caso das pessoas com dislexia, você
muito particular. São variações regionais, precisa pensar em como tornar o seu
culturais, bagagens construídas no decorrer conteúdo mais fácil de ser lido. Se possível,
da vida, entre outras peculiaridades. faça textos com frases diretas, evite textos
redundantes, não cometa erros de
José Saramago nunca será Machado de gramática, pontuação e ortografia.
Assis e Andrea Bocelli nunca será Roberto
Carlos. E mais: uma palestra direcionada a E mais: evite fazer uso de metáforas e
um grupo de advogados nunca será igual a abreviações.
uma palestra para estudantes de design.
Gosta de justificar e formatar seu texto? Na
E por que estamos dizendo isso? Bem, não linguagem inclusiva para disléxicos não é
precisamos ser iguais, mas devemos muito recomendado. O uso de negrito e
respeitar as diferenças. Na linguagem sublinhado para destacar é bem-vindo.
inclusiva, precisamos nos esforçar para
passar a mensagem correta e compreensível
ao público direcionado, sempre pensando
em incluir a diversidade.

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7 Escrita não ofensiva
Ao falar de uma raça ou etnia, em
nenhuma hipótese utilize “denegrir”, “de
cor”, “inveja branca”, “cabelo ruim”, por
A escrita inclusiva deve acolher e exemplo.
ajudar as pessoas, e não prejudicá-las
ou excluí-las. Na religião, você é preconceituoso quando
utiliza termos como “macumbeiro”,
Então, ao escrever qualquer texto, você “terrorista” e “crente”.
precisa pensar se o conteúdo ou a
escolha de palavras estão reforçando Sempre que falar de pessoas com
preconceitos. deficiência, use a denominação que você
acabou de ler: pessoas com deficiência.
Observe se os seus textos descuidam
de fatores como raça, religião, Não utilize “homossexualismo”, “bicha”,
deficiência, orientação sexual, “veado”, “sapatão”, “traveco” e
identidade de gênero e atributos “indeciso”. São palavras preconceituosas.
físicos. Algumas palavras ofendem e
devem ser evitadas. E atenção: termos sexistas como “coisa de
mulherzinha”, “macho”, “coisa de
homem” são desrespeitosos, pois estão
diminuindo as mulheres.

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Ivana Mihal explica que o uso da
linguagem inclusiva, na maioria “As pessoas precisam ter em mente
dos casos, está envolvido em dois que a gramática é um estudo e não
grandes debates: o político e o o Vade Mecum ou código civil da
acadêmico. Há quem defenda as língua. Hoje, já existem várias
regras gramaticais e tem quem discussões nas escolas sobre a
busca regras que sejam redefinidas gramática ser regra ou ser o uso da
a partir dos usos sociais da linguagem considerando os vieses
linguagem, voltados para a sociais, culturais, entre outros. O
visibilidade e inclusão da que precisamos ter em mente é que
diversidade. Esta última, na a língua é viva e é usada por todos,
concepção de Mihal, será uma considerando suas variações
mudança a longo prazo. formais ou não. Nesse contexto, o
papel da academia é oferecer
A mestre em linguagens do estudos que sigam em direção à
CEFET-MG explica que a sociedade inclusão”.
ainda enxerga a gramática como a
polícia da língua, exigindo que ela Márcia Romano
faça mudanças para que todos Mestre em Estudos
sigam. Mas, na prática, não de Linguagens pelo Cefet/MG
funciona bem assim.

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Linguagem inclusiva
8 nas empresas, bora aplicar?

A inclusão da diversidade ainda é um Então, trabalhe o conceito de linguagem


desafio para as empresas. Muitas inclusiva, evitando fazer afirmações
companhias ainda não contam com uma preconceituosas ou qualquer tipo de
cultura de acolhimento em seus espaços, discriminação. O intuito é usar a linguagem
dificultando a integração dessas pessoas como mais uma ferramenta para
com os demais colaboradores. promoção da igualdade.
Seja no recrutamento ou no processo de Abaixo, alguns termos comumente usados
desenvolvimento do seu capital humano, e outros que devem ser evitados, como:
recrutadores e líderes devem saber usar
a comunicação correta para
compreender a diversidade e incluí-la. opção sexual orientação sexual

Fica a dica! Tenha cautela com as


palavras. GLS LGBTQIAP+

Muitas empresas deixam de atrair talentos Casal Casal


porque as pessoas não se identificam com homossexual homoafetivo
a cultura organizacional. É bem comum
que profissionais recusem uma vaga por Mudança Redesignação de
não se sentirem pertencentes. de sexo sexo e gênero

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Como a sua empresa desenvolve talentos
usando a linguagem inclusiva? Se você é
líder ou profissional de RH e ainda não
tem consciência de que um ambiente de
trabalho é composto por pessoas com
diferentes características e identidades,
saiba que é importante comunicar-se
incluindo, valorizando, respeitando e
acolhendo toda a diversidade inerente ao
ser humano. “Existe uma ansiedade das companhias
em trazer perfis diversos para seus times,
As organizações entenderam a e uma das formas que acharam foi
necessidade de se comunicar com todas pensar em uma comunicação que não
as pessoas da sociedade, mas muitas deixe nenhum recorte social excluíde”.
ainda estão engatinhando em como fazer
isso. Noah Scheffel
Homem trans e CEO na educaTRANSforma
Um exemplo: vagas que antes diziam
"Vaga para Programador" e agora se
comunicam dizendo "Vaga para Pessoa
Programadora".

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Fazer uma divulgação de vaga A CEO na Uzoma Diversidade
inclusiva é muito bom, não é? Mas Elisabete Scheibmayr afirma que “as
não é só isso! As empresas empresas precisam entender que a
precisam ter em mente que é consultoria pode ser uma
importante e necessário um ferramenta poderosa para trabalhar
processo inclusivo do início ao a diversidade e inclusão”.
fim. Ou seja: que passe pela
divulgação, pela candidatura, pela E devemos entender de uma vez por
contratação e que vá até a todas: incluir não se trata de
permanência da pessoa. modinha ou fazer algo aqui, ou ali!
É ter um especialista que se
A partir do momento que a preocupa com o desenvolvimento
pessoa recrutadora está lidando das pessoas, do início ao fim da sua
com a diversidade no processo jornada. É um retorno cuidadoso a
seletivo, ela precisa entender os que não passou no processo seletivo,
pronomes que quem está se é ficar atento ao uso correto das
candidatando utiliza para palavras, seja no dia a dia, em
adaptar a sua comunicação. Essa reuniões ou nos treinamentos.
simples ação já traz acolhimento e
senso de pertencimento.

GUIA DE LINGUAGEM INCLUSIVA | página 21


Mas e aí? Como ser inclusivo sem
ferir as regras gramaticais?

“Não coloque em xeque programas de


inclusão porque uma pessoa deu
errado. Acredite na liderança inclusiva “Para algumas pessoas, a linguagem
e em programas de diversidade no seu inclusiva apaga as mulheres. Para
negócio, pois eles são muito outras, ela incorpora vários grupos
importantes para a organização e sem dar visibilidade a nenhum em
para toda a sociedade. Não ache que particular. E mais: há quem pense que
a companhia dá conta sozinha, que é as regras gramaticais não devem
só o RH criar umas vagas para dizer subjugar os usos sociais. Na nossa
que é inclusiva. As lideranças precisam opinião, quando você inclui, muitas
trabalhar o seu papel social no vezes sairá das regras gramaticais.
contexto da liderança inclusiva, e Entretanto, a nossa luta é pelo espaço
saber usar informações adequadas no inclusivo, e isso passará pelas
descritivo da vaga. O que eu posso transformações na língua, mesmo que
fazer, ensinar e o que não consigo?” a longo prazo”

Elisabete Scheibmayr Ivana Mihal


CEO na Uzoma Diversidade Doutora em Letras pela
Universidade de Buenos Aires

GUIA DE LINGUAGEM INCLUSIVA | página 22


É preciso saber que a inclusão não é um processo
fácil, mas que é necessário para as empresas que
desejam incluir a diversidade.

Aqui na Profissas, escola especializada


“As organizações precisam saber em Habilidades Humanas e voltada para
que o uso institucional da a Diversidade e Inclusão, estamos juntes
linguagem inclusiva é um processo com profissionais de referência do novo
demorado e difícil. Elas devem se
mercado, oferecendo experiências
atentar ao uso correto das palavras,
orientando-se para uma linguagem educativas empoderadoras, formando
inclusiva. No caso de um formulário, protagonistas e educando privilegiades.
por exemplo, quando for fazer
perguntas, tenha muito cuidado Todas as nossas aulas e treinamentos são
com o gênero usado. É um desafio elaboradas e pensadas para todes,
constante e acredito que ainda vai utilizando linguagem inclusiva e outras
render muitas discussões”.
metodologias que apoiam o
Márcia Romano desenvolvimento do capital humano
Mestre em Estudos nas empresas, de forma plural.
de Linguagens pelo Cefet/MG

GUIA DE LINGUAGEM INCLUSIVA | página 23


Comunicação simples
9 e com respeito

E você? Gostou das nossas dicas? Elas são A linguagem inclusiva também é saber
essenciais para criar uma comunicação mais alcançar não somente diversidades de
humanizada e universal. Existem outras gênero, mas também a pluralidade étnica,
formas de tornar a linguagem mais inclusiva racial, social, pessoas com deficiência, e
e que não foram abordadas no texto, mas as pessoas de todos os grupos minorizados.
indicações acima já são um ótimo jeito de
começar! Como explicado, a comunicação é essencial
para passar a mensagem que você deseja
Agora que você já sabe a importância da para as pessoas, mas, muitas vezes,
linguagem inclusiva, é só começar a esquecemos que a nossa forma de falar
utilizá-la. Esse tipo de comunicação cria pode ser completamente excludente.
consciência e modifica o pensamento das
pessoas para construir suas relações sociais. Portanto, se preocupar em falar de uma
maneira mais abrangente e respeitosa não é
Resumindo: a ideia da linguagem inclusiva o “politicamente correto”. É essencial para
é desconstruir a visão de masculino como que possamos impactar o maior número
universal e desconstruir o uso sexista da de pessoas possível e que possamos
língua na expressão oral e escrita, pois isso transmitir a nossa mensagem para todes.
só reforça as relações desiguais de gênero.

GUIA DE LINGUAGEM INCLUSIVA | página 24


Equipe responsável

Letícia Carvalho Rei Santos Victor Lambertucci Sônia Lesse Tânia Chaves
Pesquisa e redação Design e diagramação Revisão Revisão Revisão
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/c/profissas

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