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Produzindo textos
Apresentação do módulo
Quando falamos de produção de textos, prática de interação, de interlocução e de di-
falamos da necessidade que temos, em uma álogo, entre aquele que escreve e aquele que
sociedade letrada, de nos comunicarmos por lê, é fundamental para alcançar tal intuito.
escrito. Para tanto, serão requisitadas habili- Neste módulo, refletiremos sobre como co-
dades e competências para falar com o outro locar no papel o que pensamos, o que senti-
por meio de textos (escritos) eficientes, sob mos, o que precisamos, de maneira consis-
o ponto de vista comunicativo. A percepção tente e adequada à atividade profissional que
de que os textos escritos resultam de uma exercemos.
Objetivos do módulo
Ao final deste módulo, você será capaz de:
• caracterizar os tipos textuais: narração, descrição e dissertação;
• diferenciar gêneros e tipos textuais, reconhecendo a importância de compreen-
der as características textuais a eles inerentes;
• elaborar textos dissertativos; e
• compreender os recursos que poderão contribuir para a efetividade de produção
de textos.
Estrutura do módulo
Este módulo compreende as seguintes aulas:
Aula 1 – Modalidades discursivas: gêneros e tipos textuais
Aula 2 – Recursos a serem considerados em uma dissertação
Aula 3 – Organização textual
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Aula 1
Modalidades discursivas: gêneros e tipos textuais
Toda boa escrita consiste em mergulhar e prender a respiração.
F. Scott Fitzgerald
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acontece de bom e de ruim, partilham expe- b) a personagem: quem participa do
riências, compartilham acontecimentos. As- enredo. É usualmente pessoa, mas pode ser
sim, a narração se vincula irremediavelmen- coisa ou animal.
te à vida cotidiana nas diferentes relações
c) o ambiente: o espaço onde ocorre o
que estabelecemos. Narrar impõe o relato de
enredo. Pode, naturalmente, variar muito no
histórias e acontecimentos, reais ou fictícios,
desenrolar da narrativa.
com marcante coerência interna para que a
história seja verossímil e, portanto, convin- d) o tempo: o momento em que se dá
cente ao receptor. o enredo. Pode ser presente, passado ou fu-
turo.
O texto narrativo contém os seguintes
elementos: e) o narrador: quem narra o enredo.
Pode ou não participar da história como per-
a) o enredo: também chamado de fato,
sonagem.
trama ou ação desenvolvida em torno dos
personagens. Deve apresentar sequência es- Veja um exemplo de narração em um
pacial e temporal ordenada. texto cujo domínio discursivo é o jornalístico.
Maneira de amar
O jardineiro conversava com as flores, e elas se habituaram ao diálogo. Passava
manhãs contando coisas a uma cravina ou escutando o que lhe confiava um gerânio. O
girassol não ia muito com sua cara, ou porque não fosse homem bonito, ou porque os
girassóis são orgulhosos de natureza. Em vão o jardineiro tentava captar-lhe as graças,
pois o girassol chegava a voltar-se contra a luz para não ver o rosto que lhe sorria. Era
uma situação bastante embaraçosa, que as outras flores não comentavam. Nunca, en-
tretanto, o jardineiro deixou de regar o pé de girassol e de renovar-lhe a terra, na oca-
sião devida.
O dono do jardim achou que seu empregado perdia muito tempo parado diante dos
canteiros, aparentemente não fazendo coisa alguma. E mandou-o embora, depois de
assinar a carteira de trabalho. Depois que o jardineiro saiu, as flores ficaram tristes e
censuravam-se porque não tinham induzido o girassol a mudar de atitude. A mais triste
de todas era o girassol, que não se conformava com a ausência do homem. “Você o trata-
va mal, agora está arrependido?” “Não, respondeu, estou triste porque agora não posso
tratá-lo mal. É a minha maneira de amar, ele sabia disso, e gostava.”
(ANDRADE, Carlos Drummond de. A cor de cada um. Rio de Janeiro: Record, 1998. p. 12)
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Observe um exemplo de poema em que o autor apresenta uma narrativa.
(QUINTANA, Mário. Prosa & verso. São Paulo: Globo, 1978. p. 17)
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Fonte:https://www.google.com.br/search?hl=
ptPT&site=imghp&tbm=isch&source=hp&biw=
1366&bih=641&q=policiais&oq=poliais
Dois velhinhos
Dois pobres inválidos, bem velhinhos, esquecidos numa cela de asilo.
Ao lado da janela, retorcendo os aleijões e esticando a cabeça, apenas um podia
olhar lá fora.
Junto à porta, no fundo da cama, o outro espiava a parede úmida, o crucifixo negro,
as moscas no fio de luz. Com inveja, perguntava o que acontecia. Deslumbrado, anun-
ciava o primeiro:
— Um cachorro ergue a perninha no poste.
Mais tarde:
— Uma menina de vestido branco pulando corda.
Ou ainda:
— Agora é um enterro de luxo.
Sem nada ver, o amigo remordia-se no seu canto. O mais velho acabou morrendo,
para alegria do segundo, instalado afinal debaixo da janela. Não dormiu, antegozando
a manhã. Bem desconfiava que o outro não revelava tudo. Cochilou um instante — era
dia. Sentou-se na cama, com dores espichou o pescoço: entre os muros em ruína, ali no
beco, um monte de lixo.
(TREVISAN, Dalton. Dois velhinhos. Disponível em:http://www.releituras.com/daltontrevisan_doisvelhinhos.asp>.
Acesso em: 10 jun. 2013).
A percepção da realidade pode, sem dúvi- A cabeça pensa a partir de onde os pés
da, variar de uma pessoa para outra, por isso é pisam. Para compreender é essencial conhe-
que nos textos técnicos prevalece a objetivida- cer o lugar social de quem olha. Vale dizer,
de e, em outros textos, a subjetividade. Nesse como alguém vive, com que convive, que
sentido, Leonardo Boff, ao falar da leitura, nos experiências tem, em que trabalha, que de-
traz um belo quadro do que representa a sub-
sejos alimenta, como assume os dramas da
jetividade no uso da linguagem, sejamos nós
leitores ou produtores do discurso: vida e da morte e que esperanças o animam.
Isso faz da compreensão sempre uma inter-
“Ler significa reler e compreender, inter- pretação.
pretar. Cada um lê com os olhos que tem. E
interpreta a partir de onde os pés pisam. Sendo assim, fica evidente que cada lei-
tor é coautor. Porque cada um lê e relê com
Todo ponto de vista é a vista de um pon-
to. Para entender como alguém lê, é neces- os olhos que tem, pois compreende e inter-
sário saber como são seus olhos e qual é a preta a partir do mundo que habita.”
sua visão de mundo. Isso faz da leitura sem- (BOFF, L. A águia e a galinha: uma metáfora da condição
pre uma releitura. humana. Petropólis, RJ: Vozes, 1997. p.9).
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Dissertação A intencionalidade determina que tipo
de texto você produzirá:
O texto dissertativo objetiva expor, ex-
plicar ou interpretar determinada ideia e, Dissertação expositiva: nesse tipo de
para tanto, recorre a argumentos que a com- dissertação você apenas apresenta os fatos
provem ou a justifiquem. Assim como na e as ideias sem se posicionar criticamente a
descrição e na narração, dissertar pressupõe respeito.
uma intencionalidade discursiva que agrega- Dissertação argumentativa: nesse
rá informações que evidenciam nossa forma tipo de dissertação você agrega, aos fatos
de ver o mundo e nossas vivências. Trata-se, apresentados, o seu posicionamento em re-
antes de tudo, de questionar a realidade, lação ao tema abordado.
posicionando-se a respeito de um assunto.
Veja os exemplos a seguir que falam do
Portanto, o conhecimento do assunto é con-
mesmo tema, mas de forma diversa.
dição imprescindível à dissertação. Você não
poderá refletir sobre o que não conhece. Dissertação expositiva:
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Dissertação argumentativa:
Polícia Comunitária
A nossa Carta Magna, a atual Constituição Federal de 1988
plantou a semente de uma nova polícia, uma polícia voltada para o
povo, para efetivamente proteger o povo, para ser a guardiã das Leis
Penais e da sociedade e, com o intuito principal de manter a ordem
estabelecida pelo Estado Democrático do Direito.
Da semente plantada nasceu a polícia cidadã. Cresceu, flores-
ceu e já vem dando alguns bons frutos para a sociedade brasileira,
embora muito ainda falte para o colhimento de uma ótima safra
advinda desta frondosa árvore protetora do povo. A nossa Carta
Magna recebeu o título carinhoso de Constituição Cidadã pelo fato
do primor em prática relacionado aos direitos fundamentais e sociais
de cada um, alicerçados na cidadania e na dignidade do ser humano.
A polícia cidadã é a transformação pela qual passou a polícia de
outrora por exigência da Constituição cidadã. Essa polícia estabelece
um sincronismo entre o seu labor direcionado verdadeiramente a
serviço da comunidade, ou seja, uma polícia sempre em defesa do
cidadão e não ao combate do cidadão como ocorrera nos anos de
chumbo da ditadura militar.
Não há como confundir o termo polícia cidadã, como sendo uma
polícia benevolente, negligente, que trata os infratores com flores,
delicadamente... Muito pelo contrário, a polícia cidadã é uma polícia
forte, destemida, honrada, justa, capaz de realizar qualquer ato le-
gal possível para defender os direitos ultrajados do cidadão cumpri-
dor dos seus deveres e obrigações.
O estrito cumprimento do dever legal, a legítima defesa de ter-
ceiros ou a sua própria defesa devem caminhar sempre juntos com
a polícia cidadã. Quando confronto houver com marginais em atos
contrários a estes três itens, deve sair sempre vitoriosa a polícia
cidadã.
A paz é a aspiração, o desejo fundamental de toda pessoa de
bom senso, entretanto, só pode ser atingida com a ordenação da po-
tencialidade da comunidade em somação ao poder público em torno
do ideal digno de uma segurança justa, cooperativa e interativa. A
paz deve estar em constante ação no seio da sociedade, de maneira
duradoura, não fugaz.
O estudo das relações humanas constitui uma verdadeira ci-
ência complementada por uma arte, a de se obter e conservar a
cooperação e a confiança das partes envolvidas, por isso a necessi-
dade preeminente de uma verdadeira e efetiva interatividade entre
a polícia e a sociedade.
Partindo do princípio de que a nossa polícia, a polícia cidadã
vivencia tudo isso, a polícia comunitária vivencia muito mais, pois
as suas ações são galgadas na amizade, na confiança mútua e na
parceria com o cidadão em benefício da própria comunidade.
(MARQUES, Archimedes José Melo.Polícia comunitária. Disponível em:http://
www.infoescola.com/sociedade/policia-comunitaria. Acesso em: 10 de jun.
2013) - Texto adaptado para fins didáticos.
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1.2.1 Estrutura do texto dissertativo sequências, detalhamento do as-
sunto, análise de dados e situações
O texto dissertativo estrutura-se em que sirvam de exemplos, analogias,
três partes: dentre outros.
• Introdução: é a parte em que se • Conclusão: essa parte, também cha-
apresenta a ideia central que será mada de desfecho, retoma a questão
progressivamente desenvolvida no mais relevante do assunto tratado,
decorrer do texto. A ideia central traz apresentando as considerações finais
uma declaração breve e sintética do do autor. Deve-se ter um cuidado es-
assunto, de forma a evidenciar o po- pecial ao concluir, pois retomar não
sicionamento a respeito do tema tra- significa restringir-se a repetir o que
tado. é óbvio. Deve, a um só tempo, fechar
• Desenvolvimento: é nessa eta- o raciocínio apresentado, como tam-
pa que a ideia central ganha corpo, bém propiciar condições de reflexão
uma vez que são apresentados os ao leitor.
argumentos que comprovarão a va- Lembre-se de que as partes
lidade do posicionamento inicial do que compõem a dissertação
autor. Essa é a parte mais exten- são complementares e irre-
sa do texto dissertativo, pois é aqui mediavelmente interconec-
que se apresentam causas e con- tadas.
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Aula 2
Recursos a serem considerados em uma dissertação
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ve, numeração progressiva ou mapa concei- 2 – Consequências
tual. Vejamos alguns exemplos:
2.1 Aumento de crimes bárbaros.
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2.3 Elaborando a primeira versão: o rascunho
O rascunho é um esboço do texto defi- refletida que permite o repensar de trechos
nitivo. É fundamental exercitar a elaboração inteiros, o acréscimo de informações, a subs-
do rascunho, pois tal ação é fruto da compre- tituição de palavras, a eliminação de vícios e
ensão de que o texto não fica pronto logo em repetições, a revisão dos aspectos gramati-
sua primeira versão, mas é uma construção cais e até das ideias apresentadas.
Adequação: Coesão:
analisar se o texto está adequado ao verificar se as diversas partes do texto
tema e se atende ao objetivo que se quer estão interligadas de maneira a criar textua-
alcançar; lidade (rede lógica de sentido), ou seja, veri-
ficar se as partes do texto se ligam umas às
Coerência: outras. Quando, por exemplo, iniciamos um
parágrafo com a expressão “dessa forma”,
analisar se há, ao longo do texto, um fio estamos associando o que diremos a seguir
condutor do sentido; com o que já foi dito anteriormente.
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Aula 3
Organização textual
Nesta aula, serão apresentados os ele- ção exige bom senso: que não seja tão curto
mentos que devem constar em um texto e a ponto de fragmentar a apresentação das
como organizá-los. ideias e empobrecer a argumentação, nem
A dissertação é uma grande unidade tão longo que se torne cansativo e disperse
textual composta por unidades textuais me- a atenção do leitor. Para reconhecer o mo-
nores, denominadas parágrafos, os quais são mento adequado de se mudar de parágrafo,
constituídos por um ou mais períodos inter- é oportuno lembrar que ele deve conter ape-
ligados semântica e sintaticamente. Os pa- nas uma ideia principal apoiada pelos argu-
rágrafos são o maior indicativo da organiza- mentos que a justificam, ou seja, que lhe dão
ção das ideias de um texto. Nesse sentido, a ênfase.
cada parágrafo, o leitor é chamado a parar e Como estudou anteriormente, a disser-
refletir sobre o assunto ali exposto. tação apresenta três partes básicas: a in-
O planejamento de textos em esquemas trodução, o desenvolvimento e a conclusão.
é estruturado, via de regra, a partir dos pa- Normalmente, temos um parágrafo de aber-
rágrafos que você construirá. Assim, apre- tura para a introdução; um ou mais parágra-
senta-se a ideia principal a ser abordada, em fos para o desenvolvimento da ideia central
seguida as ideias de apoio ou secundárias e, apresentada na introdução; e um parágrafo
facultativamente, a conclusão, que pode ser de encerramento para a conclusão.
um desfecho ou a preparação para o início do Fique atento! Pois a partir daqui você
parágrafo seguinte. estudará alguns recursos que poderá utilizar
Não há regras rigorosas no que tange nas diferentes partes que compõem a disser-
à extensão do parágrafo, mas sua formula- tação...
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trágicos e violentos. A Declaração Universal podem converter-se em conflitos com os
dos Direitos Humanos somente foi criada em direitos de outras pessoas. Diante da se-
1948, como forma de reação contra as atro- guinte reflexão
cidades cometidas durante a Segunda Guer-
“Como estes conflitos podem ser re-
ra Mundial, quando Hitler comandou o geno-
solvidos”?, convém explicitar que “Todos os
cídio de judeus e outras minorias nos campos
conflitos devem ser resolvidos dentro de um
de concentração.
contexto de direitos humanos”.
(Fonte: http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/mediar_con-
flitos/curso_m_conflitos_modulos_1_10.pdf. Acesso em: 10 Fonte: http://www.dhnet.org.br/dados/cursos/mediar_con-
jun. 2013). flitos/curso_m_conflitos_modulos_1_10.pdf. Acesso em: 10
jun. 2013).
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3.2 O parágrafo de desenvolvimento (a argumentação):
Há diversos processos para se desenvol- enfrentamento a este crime entre outros.
ver as ideias de um texto dissertativo. Esses (Fonte: http://www2.forumseguranca.org.br/content/
processos variam de acordo com a natureza invis%C3%ADvel-realidade-do-tr%C3%A1fico-de-pessoas.
Acesso em: 10 jun. 2013).
do assunto e o objetivo traçado, desde que
as ideias sejam formuladas de maneira clara,
objetiva e conveniente. Veja que os exem- Confrontar ideias, dados, estudos ou
plos que seguem foram retirados de um mes-
mo texto. Nosso intuito é que você perceba
características
que pode usar a combinação de vários des- A pena do crime de tráfico de pessoas
ses recursos em um mesmo texto: (pena de reclusão, de três a oito anos) é me-
nor do que as penas impostas ao crime do
Apresentar relação de causalidade tráfico internacional de armas e de drogas. E,
por mais que o tipo penal “tráfico de pesso-
É claro que estas condições e fatores as” tenha passado por diversas alterações le-
como a pobreza, a busca por melhores opor- gislativas, ainda permanece insuficiente para
tunidades de trabalho, necessidade de sus- contemplar as características do fenômeno
tentar a família, motivos ambientais (secas e todas as suas formas de exploração. Ain-
ou inundações) estão entre as motivações da convivemos com a distância entre o que
que levam a pessoas a cair em falsas pro- compreende o tráfico de pessoas e a pers-
messas que se revelam em situações de ex- pectiva criminal que o caracteriza.
ploração posterior. Mas as motivações podem (Fonte: http://www2.forumseguranca.org.br/content/
ser mais complexas como, por exemplo, o invis%C3%ADvel-realidade-do-tr%C3%A1fico-de-pessoas.
desejo de conhecer novas culturas, o desejo Acesso em: 10 jun. 2013).
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3.3 O desfecho: parágrafo de conclusão
A conclusão encerra o texto dissertativo, Lembre-se de que os exemplos apresen-
recorrendo a basicamente três possibilidades tados não encerram todas as possibilidades
de variação, a saber: de que dispomos para a construção discursi-
va, mas são indicativos para ajudá-lo na es-
Retomada: ratifica a tese apresentada critura de textos...
O envolvimento de distintos atores go- Ao iniciar esta aula, você estudou que
vernamentais e não governamentais, de se- os parágrafos são unidades textuais que em
tores da mídia, aumenta a visibilidade e co- conjunto formam o texto. Não basta, portan-
meça a provocar a desejada indignação para to, que você elabore bem os parágrafos como
que a sociedade brasileira não aceite que se fossem unidades isoladas, pois se assim
seus cidadãos sejam vendidos como merca- o fizer construirá, na verdade, uma enorme
doria e tampouco que cidadãos estrangeiros colcha de retalhos.
vivam em nosso território em condições de Para que um texto não seja apenas um
exploração. Liberdade não se compra. Digni- amontoado de palavras e frases que fazem
dade não se vende. E com este lema o Bra- sentido separadamente, mas não como um
sil pede que a sociedade esteja atenta, saiba conjunto, é preciso que você cuide dos as-
reconhecer o tráfico de pessoas e denuncie. pectos relacionados à coesão que estabelece
(Fonte: http://www2.forumseguranca.org.br/content/ a ligação, a relação entre os elementos de
invis%C3%ADvel-realidade-do-tr%C3%A1fico-de-pessoas.
Acesso em: 10 de jun. 2013).
um texto. Observe o seguinte trecho:
Levantamos muito cedo. Fazia frio e a
Proposição de soluções água havia congelado nas torneiras. Até os
animais, acostumados com baixas tempera-
No mundo moderno, onde a mulher al- turas, permaneciam, preguiçosamente, em
cança os mais altos cargos políticos e empre- suas tocas. Apesar disso, deixamos de fazer
sariais, não se permite mais discutir sobre a nossa caminhada matinal com as crianças.
equiparação das oportunidades profissionais (AQUINO, Renato. Interpretação de textos. 10. ed. Rio de
entre homem e mulher. Urge, cada vez mais, Janeiro: Campus, 2008. p.14.
o debate acerca da estruturação das corpo- O trecho acima é composto por vários
rações, para que, em havendo situações ad- períodos e apresenta dois segmentos distin-
versas, gestões sejam concebidas para que tos. O primeiro segmento refere-se à con-
as mulheres sejam incluídas, a fim de que a dição de frio intenso e suas consequências.
sociedade possa cada vez mais usufruir da O segundo apresenta a decisão de não fazer
sua sensibilidade, como a segurança pública a caminhada com as crianças. O que temos
baiana já vem usufruindo. para ligar esses dois segmentos? A locução
(Fonte: http://www2.forumseguranca.org.br/node/35549. “apesar disso” liga os períodos. Essa locução
Acesso em: 10 de jun. 2013).
possui valor de concessão, liga ideias opos-
tas, no entanto, o que temos no segundo seg-
Reflexiva: propõe um questionamento: mento é mais uma consequência do frio que
Se esse episódio não foi o primeiro, que fazia naquela manhã. Sendo assim, no lugar
seja o último. Se houver disposição de en- de “apesar disso”, deveríamos usar: por isso,
frentar realmente a corrupção da polícia, por causa disso, em virtude disso, etc.
haverá disposição renovada do lado de cá A coesão textual pode ser:
de trabalhar junto, construir caminhos para
uma nova realidade. Se há compromisso com • Referencial: quando um componen-
a vida, se há indignação real por trás dos dis- te do texto faz remissão, referência a
cursos inflamados, que comecem agora as outro elemento, tais como epítetos;
reformas estruturais das polícias, de limpeza palavras ou expressões sinônimas;
das instituições, sem desculpas burocráticas repetição de uma palavra, nome ou
ou medo de retaliação. Apoio não faltará. E parte dele; um termo síntese; prono-
coragem? mes, numerais e advérbios pronomi-
nais que substituem um nome; elip-
(Fonte: http://www2.forumseguranca.org.br/node/22828.
Acesso em: 10 de jun. 2013). se; dentre outros.
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• Sequencial: quando são estabeleci- mos a análise observando; em pri-
das relações semânticas ou pragmá- meira instância, cabe analisar; etc.
ticas à medida que o texto se consti-
• Ratificar a análise: não podemos
tui, tais como em frases ligadas por
deixar de lado a questão de; é pre-
conjunções: Gostei da roupa, mas
ciso frisar ainda que; não podemos
não posso comprá-la. Nesse perío-
nos esquecer também; é essencial
do, a conjunção mas é elemento de
lembrar ainda; é fundamental insis-
coesão por impulsionar o prossegui-
mento do texto, imprimindo-lhe novo tir; não há como negar que; é possí-
sentido. vel alegar ainda que; além do mais;
paralelamente; acrescente-se a isso;
A coesão liga termos e orações dentro é inegável; é provável também; há
de um parágrafo, bem como liga um pará- ainda a possibilidade de; etc.
grafo a outro. A seguir, será apresentada
uma série de recursos de coesão que o aju- • Encerrar a análise: por conseguin-
darão a dar maior unidade aos textos, além te; consequentemente; por isso;
de chamar atenção para o sentido que neles dessa forma; em suma; em síntese,
está implícito: é possível dizer que; portanto; defi-
nitivamente; a partir desse contexto,
• Causa e consequência: como re- é plausível afirmar; finalmente; etc.
sultado; em virtude de; em função
de; em razão de; de fato; assim; • Enumerar outros fatores: não po-
portanto; por causa de; por motivo demos excluir; uma segunda causa a
de; porquanto; etc. ser apontada é; outro aspecto a ser
considerado; além desse fator, cha-
• Comparação por contraste ou por
ma a atenção; como terceira razão, é
semelhança: ao contrário de; em
preciso salientar; etc.
contraste com; como contraponto;
em comparação com; igualmente a; • Estabelecer oposição: a despeito
analogamente; assim também; do dessa posição; ao passo que; não
mesmo modo que; da mesma forma obstante sua avaliação; vai de en-
que; de maneira similar; de forma contro a; malgrado; em que pese
idêntica; nessa mesma perspectiva; tal afirmação... é preciso considerar;
em consonância com; etc. ainda que; muito embora reconhe-
• Acréscimo: além disso; outrossim; ça... há que se levar em conta; en-
ainda mais; por outro lado; desta fei- tretanto, no entanto; etc.
ta; nesse sentido; em função disso; Como você estudou, são muitas as pos-
a esse respeito; não só... mas ainda; sibilidades de uso de elementos de coesão.
etc. O uso correto deles é que dará ao seu texto
Além desses recursos, é possível recor- a coerência necessária para que a comunica-
rer à utilização de palavras ou expressões re- ção se efetive, pois o texto só faz sentido se
lacionais para: todos os envolvidos nesse processo de inte-
ração reconhecerem sua lógica interna.
• Iniciar uma análise: é fundamen-
tal inicialmente observar; há que se Agora é com você. Ler e escrever bem
analisar, primeiramente; a primeira são habilidades e, portanto, requerem treino
questão se referirá a; é fato; inicie- para serem adquiridas...
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Finalizando...
Neste módulo, você estudou que ...
• Aprendemos na escola a utilizar os textos segundo sua tipologia, qual seja nar-
ração, descrição e dissertação. Essa concepção é válida como modalidade utili-
zada no processo de composição dos diversos gêneros discursivos, mas não dá
conta da classificação e análise de todos os textos utilizados pelos falantes de
uma língua.
• Narrar impõe o relato de histórias e acontecimentos, reais ou fictícios, com mar-
cante coerência interna para que a história seja verossímil e, portanto, convin-
cente ao receptor.
• O texto descritivo se caracteriza por capturar verbalmente as características, de
maneira mais ou menos pormenorizada, de pessoas, estados de espírito, obje-
tos ou cenas.
• O texto dissertativo objetiva expor, explicar ou interpretar determinada ideia e,
para tanto, recorre-se a argumentos que a comprovem ou justifiquem.
• O texto dissertativo estrutura-se em três partes: introdução, desenvolvimento e
conclusão.
• Dentre os recursos que poderão auxiliar na escrita de textos é possível citar:
reflexão sobre o tema, elaboração de um esquema, elaboração de rascunho,
reflexão sobre seu estilo pessoal e revisão de texto.
• Os parágrafos são unidades textuais que em conjunto formam o texto. A coesão
liga termos e orações dentro de um parágrafo, bem como liga um parágrafo a
outro.
• A coesão textual pode ser referencial ou sequencial.
• Ler e escrever bem são habilidades e, portanto, requerem treino para serem
adquiridas.
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