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Tipologia Textual

Prof.ª: Hellen Sena


A tipologia a que recorre o autor na construção de
seu texto está diretamente relacionada ao
propósito de sua redação: dizer como é (descrição),
apresentar uma sucessão de acontecimentos em
Tipologia que haja relação de anterioridade e posterioridade
Textual (narração), apresentar informações sobre um
objeto ou fato específico (exposição), buscar
adesão para um propósito (argumentação),
orientar sobre como fazer (injunção), estabelecer
interlocução em uma relação dialógica (diálogo).
• Refere-se à
estrutura
comum,
Para não aquela que
confundir TIPOLOGIA se repete
nos gêneros
textuais.
•Contempla
a função
Para não GÊNEROS social dos
confundir
TEXTUAIS textos.
 Descrever é representar verbalmente um
objeto, uma pessoa, um lugar, mediante a
indicação de aspectos característicos, de
pormenores individualizantes.
 Requer observação cuidadosa, para tornar
aquilo que vai ser descrito um modelo
inconfundível.
 Não se trata de enumerar uma série de
elementos, mas de captar os traços
Descrição capazes de transmitir uma impressão
autêntica.
 É o tipo de texto no qual são listadas as
características, particularidades e
peculiaridades de um dado objeto, cenário
ou pessoa. Quando exercitamos o ato de
descrever, podemos fazer de dois modos:
objetivo ou subjetivo.
 Objetivamente: quando descrevemos o objeto,
as pessoas, usando uma linguagem comum a
todas as pessoas (as palavras são usadas no
sentido denotativo, isto é, no sentido
convencional, do entendimento de todos,
comprometido com a realidade). Os detalhes
sobre o objeto descrito são expressos de forma
nítida: tamanho, forma, cor, peso, cheiro,
consistências.

Descrição  Subjetivamente: quando descrevemos os


objetos, as pessoas usando uma linguagem mais
pessoal, produto da impressão que temos do
objeto descrito. Nela fica refletido o estado de
espírito do autor do texto: ele vê o objeto como
ele quer ver, e não como o objeto está para ser
visto. O retrato do objeto descrito não é feito
conforme a realidade do mundo objetivo, mas
de acordo com as impressões psicológicas e
pessoais do observador. Usa-se a linguagem
conotativa, as comparações, metáforas etc.
• Retrato verbal
• Ausência de ação e relação de
anterioridade ou posterioridade entre as
frases

Descrição • Predomínio de substantivos, adjetivos e


locuções adjetivas
Características
• Utilização da enumeração e comparação
• Presença de verbos de ligação
• Emprego de orações coordenadas
justapostas
Descrição
Exemplo
 Retrato
 Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Descrição  Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
Exemplo eu não tinha este coração que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
– Em que espelho ficou perdida
a minha face?
 (Cecília Meireles)
 Bocatorta
 Bocatorta excedeu a toda pintura. A hediondez
personificara-se nele, avultando, sobretudo, na
monstruosa deformação da boca. Não tinha beiços, e as
gengivas largas, violáceas, com raros tocos de dentes
bestiais fincados as tontas, mostravam-se cruas, como
enorme chaga viva. E torta, posta de viés na cara, num
esgar diabólico, resumindo o que o feio pode compor de
horripilante. Embora se lhe estampasse na boca o
Descrição quanto fosse preciso para fazer aquela criatura a
culminância da ascosidade, a natureza malvada fora
Exemplo além, dando-lhe pernas cambaias e uns pés deformados
que nem remotamente lembrariam a forma de um pé
humano. E os olhos vivíssimos, que pulavam das órbitas
empapuçadas, veiados de sangue na esclerótica
amarela. E pele grumosa, escamada de escaras
cinzentas. Tudo nele quebrava o equilíbrio normal do
corpo humano, como se a teratologia caprichasse em
criar a sua obra-prima.
 (Monteiro Lobato)
A descrição muitas vezes é
utilizada na estruturação de
outras tipologias como
Descrição
estratégia, seja para a
composição de cenários e
personagens, seja para
especificar elementos.
CAIU NO
ENEM –
2020
CAIU NO
ENEM –
2020
 É o tipo de texto (real ou ficcional) no
qual é contada uma história, é
Narração explanado um acontecimento, um fato
ocorrido. É também chamado de
narrativa.
• 1) Apresentação: também chamada de
introdução, nessa parte são apresentados os
personagens, o local e o tempo em que se
desenvolverá a trama.
Narração • 2) Complicação: aqui grande parte da história é
Macroestrutura desenvolvida com foco nas ações dos
personagens.
• 3) Clímax: parte do desenvolvimento da história,
o clímax designa o momento mais emocionante
Progressão da narrativa.
temática
• 4) Desfecho: também chamada de conclusão,
ele é determinado pela parte final da narrativa,
onde a partir dos acontecimentos, os conflitos
vão sendo desenvolvidos.
Narração
Estrutura
Linear
Narração
Estrutura
Não linear
 É o tipo de texto (real ou ficcional) no
qual é contada uma história, é
explanado um acontecimento, um fato
ocorrido. É também chamado de
narrativa. Os principais elementos
constituintes são:
 Personagem. São as “pessoas” que
Narração atuam na narrativa (são os objetos do
ato de contar, são os “indivíduos” que
Microestrutura têm sua história narrada).
 Enredo. É a narrativa propriamente dita
(a história contada). Pode ser linear (há o
encadeamento constante dos
acontecimentos narrados) ou
retrospectiva (há rupturas e retomadas
na ordem dos acontecimentos
narrados). É chamada também de ação.
 Ambiente. É o espaço físico e social onde é
desenvolvida a ação dos personagens. Trata-se
do plano de fundo, o cenário da história.
 Tempo. É o elemento, fortemente ligado ao
enredo, que determina a sequenciação dos fatos
narrados. É a noção de presente, passado e
futuro. Pode ser cronológico, quando avança no
Narração tempo do relógio, assim como psicológico,
quando medido pela repercussão emocional,
Microestrutura estética e psicológica dos personagens.
 Foco narrativo. Refere-se às diferentes formas
de narrar.
 Narrador. É aquele que conta a história.
• Narrador Personagem - a história é narrada
em 1ª pessoa, em que o narrador é um
personagem e participa das ações.
Narração • Narrador Observador - narrado em 3ª pessoa,
Tipos de esse tipo de narrador conhece os fatos porém,
não participa da ação.
Narrador
• Narrador Onisciente - esse narrador conhece
todos os personagens e a trama. Nesse caso, a
história é narrada em 3ª pessoa. No entanto,
quando apresenta fluxo de pensamentos dos
personagens, ela é narrada em 1ª pessoa.
• Discurso Direto - no discurso direto, a própria
personagem fala.
• Discurso Indireto - no discurso indireto o
Narração narrador interfere na fala da personagem. Em
outras palavras, é narrado em 3ª pessoa uma
Tipos de vez que não aparece a fala da personagem.
Discurso • Discurso Indireto Livre - no discurso indireto
livre há intervenções do narrador e das falas dos
personagens. Nesse caso, funde-se o discurso
direto com o indireto.
• Predominância de verbos de ação, nos
tempos do mundo narrado;

Narração • adverbiais temporais, causais e locativos;

Características • relação de anterioridade e posterioridade:


sempre há mudanças de situações (antes e
depois);
• na maioria das vezes, a narrativa se
desenvolve em prosa.
 “Mal raiou o dia, Ana ouviu um longo mugido. Teve
um estremecimento, voltou a cabeça para todos os
Narração lados, procurando, e finalmente avistou uma das
vacas leiteiras da estância, que subia a coxilha na
Exemplo direção do rancho. A Mimosa! — reconheceu.”
(Ana Terra, Érico Veríssimo)
 É o tipo predominante nos
gêneros conto, fábula, crônica,
Narração
romance, novela, depoimento,
Gêneros piada, relato etc.
Dissertação Exposição Argumentação
 Argumentar é apresentar ideias,
analisá-las, é estabelecer um
ponto de vista baseado em
argumentos lógicos; é estabelecer
relações de causa e efeito.
 Não basta expor, narrar ou
descrever, é necessário explanar e
Argumentação explicar.
 O raciocínio é que deve imperar
neste tipo de composição, e
quanto maior a fundamentação
argumentativa, mais brilhante será
o desempenho.
A estrutura de um texto dissertativo está baseada
em três momentos:

1) Introdução: Também chamada de "Tese",


nesse momento, o mais importante é expor a
ideia central sobre o tema de maneira clara. A
Introdução é a parte que deve conter
Argumentação informações que logo serão desenvolvidas.
Estrutura 2) Desenvolvimento: nessa parte do texto é que
se desenvolve a argumentação por meio de
opiniões, dados, levantamentos, estatísticas,
fatos e exemplos sobre o tema, a fim de que sua
tese (ideia central) seja defendida com
propriedade.
3) Conclusão: momento de fechamento das
ideias.
 A função da linguagem predominante é a
referencial;
 Predomina o presente atemporal, ou seja, as
formas verbais não se restringem a um momento;
 Texto construído para tecer comentários gerais
sobre um dado assunto.
Argumentação  Ideologia com base em argumentos e/ou contra-
argumentos;
Características
 Predomínio de operadores argumentativos e
modalizadores, que indicam carga ideológica;
 objetividade, a fim de conferir ao texto um valor
universal. Para isso, evita-se o uso da 1ª pessoa,
já que a 3ª confere ao texto maior carga
argumentativa, uma vez que, neste foco narrativo,
se passa a ideia de que o ponto de vista
defendido não decorre de uma única pessoa, mas
de uma parcela da sociedade;
 Sermão, ensaio, monografia,
dissertação, tese, ensaio, manifesto,
Argumentação crítica, editorial de jornais e revistas,
carta aberta, carta de reclamação,
Gêneros debate regrado, discurso de acusação e
defesa, editorial, artigo de opinião,
resenha etc.
 “Nem de longe é uma ignorância
restrita. Vemos, nessa catástrofe,
uma das principais razões por que a
educação brasileira vai tão mal -é a
desmotivação do professor. O ensino
público, por sua baixa atratividade
Argumentação (salários ruins, salas lotadas,
Exemplo infraestrutura ruim, carga horário
pesada) não tem como atrair as
pessoas mais talentosas e esforçadas.
Cria-se, assim, um círculo vicioso,
propagando-se na qualidade dos
cursos de formação de professor.”
(Gilberto Dimenstein)
 Denomina-se texto expositivo aquele que traz
uma exposição minuciosa sobre algum fato, uma
situação, um acontecimento.
 O texto objetiva apenas a expor, sendo,
normalmente, construído de maneira
“imparcial”, a enfocar a situação em si, o modo
de ocorrência etc.
Exposição  É um tipo de texto que visa a apresentação de
um conceito ou de uma ideia. Muito comum esse
tipo de texto ser abordado no contexto escolar e
acadêmico, uma vez que inclui formas de
apresentação, desde seminários, artigos
acadêmicos, congressos, conferências, palestras,
colóquios, entrevistas, dentre outros.
 É o tipo predominante nos seguintes gêneros:
Exposição artigo enciclopédico, conferência, palestra,
relatório científico, textos que compõem os livros
Gêneros escolares, conferência, exposição oral, palestra,
relatório científico etc.
 Expositivo-argumentativo: além de apresentar o
tema, o emissor foca nos argumentos necessários
para a explanação de suas ideias.
 Dessa forma, recorre aos diversos autores e
teorias para comparar, conceituar e defender sua
opinião.

 Expositivo-informativo: o objetivo central do


Exposição emissor é simplesmente transmitir as informações
Tipos sobre determinado tema, sem grandes
apreciações e, por isso, com o máximo de
neutralidade.
 Podemos pensar numa apresentação sobre os
índices de violência no país, de modo que o
conjunto de informações, gráficos e dados sobre o
tema, apresentam tão somente informações sobre
o problema, sem defesa de opinião.
 Liberação do uso de embriões
dá tranquilidade para pesquisas

Exposição Cientistas comemoram aval a pesquisas com


células-tronco embrionárias e dizem que decisão
Exemplo do STF acaba com receio sobre estudo, que não
chegou a ser proibido.
(Folha on line)
 Verbete de dicionário
 “Significado de Nostalgia (s.f). Tristeza causada
pela saudade de sua terra ou de sua pátria;
melancolia. Saudade do passado, de um lugar
etc. Disfunções comportamentais causadas pela
separação ou isolamento (físico) do país natal,
pela ausência da família e pela vontade
exacerbada de regressar à pátria. Saudade de
Exposição alguma coisa, de uma circunstância já passada ou
de uma condição que (uma pessoa) deixou de
Exemplo possuir. Condição melancólica causada pelo
anseio de ter os sonhos realizados. Condição
daquele que é triste sem motivos explícitos. (Etm.
do francês: nostalgie)”
 Fonte: (Dicionário Online de Português-
Dicio.com)
Dissertação
 Pautado na explicação e no método para a
concretização de uma ação, ou seja, indica o
procedimento para realizar algo, por exemplo,
receita de bolo, bula de remédio, manual de
instruções, editais e propagandas.
 A função é transmitir para o leitor mais do que
Injunção simples informações, visa sobretudo, instruir,
ou Texto explicar, todavia, sem a finalidade de convencê-lo
por meio de argumentos.
instrucional
 São textos o quais incitam a ação dos
destinatários, controlando, assim, seu
comportamento, ao fornecer instruções e
indicações para a realização de um trabalho ou a
utilização correta de instrumentos e/ou
ferramentas.
 A linguagem é simples e objetiva.
 Um dos recursos linguísticos marcantes e
Injunção recorrentes desse tipo de texto é a utilização dos
verbos no imperativo, de modo a indicar uma
ou Texto “ordem”, por exemplo, na receita de bolo: “misture
todos os ingredientes”; bula de remédio “tome
instrucional duas cápsulas por dia”; manual de instruções
Características “aperte a tecla amarela”; propagandas “vista essa
camisa”.
 Há quem estabeleça uma relação entre os textos
injuntivos e prescritivos e, por outro lado, há os
que defendem que são textos sinônimos e
pertencem à mesma categoria, das quais
compartilham funções e finalidades.
 No entanto, os linguistas que preferem dividi-los
Injunção em dois tipos de textos informam que o texto
injuntivo, instrui sem uma atitude coercitiva,
ou recurso marcante nos textos ditos prescritivos.
Prescrição  Para esse grupo de estudiosos, um texto injuntivo
pode ser um manual de instruções ou uma
receita, enquanto os textos prescritivos
asseguram um tipo de atitude coercitiva, por
exemplo, os editais dos concursos, contratos e
leis.
 É o tipo predominante nos seguintes
gêneros: ordens, pedidos, súplica,
desejo, manuais e instruções para
Injunção montagem ou uso de aparelhos e
ou instrumentos, textos com regras de
Prescrição comportamento, textos de orientação
Gêneros (ex: recomendações de trânsito),
receitas, cartões com votos e desejos (de
natal, aniversário etc.), previsões do
tempo, bula de remédio etc.
 “(...)Massa: Bata na batedeira, as
claras em neve bem firme. Junte as
gemas, uma a uma, e acrescente o
açúcar. Despeje o leite aos poucos,
sem parar de bater. Incorpore, por
fim, delicadamente a farinha
Injunção peneirada com o Chocolate em Pó
Exemplo e o fermento. Despeje em uma
fôrma redonda (28 cm de
diâmetro) untada e enfarinhada e
leve para assar em forno quente
(200º C) por aproximadamente 40
minutos. Deixe esfriar e corte-o ao
meio(...)”
 Caracteriza-se pelo diálogo entre os
interlocutores.
 'O texto dialogal caracteriza-se por
integrar turnos (ou tomadas de vez) de
Dialogal índole fática — são os turnos de abertura
ou e de fechamento; ex.:Abertura
Conversacional  — Olá!
 — Então, tudo bem?
 — Boa tarde.
 — Por favor.
Dialogal  É o tipo predominante nos
ou gêneros: entrevista, conversa
Conversacional telefônica, chat etc.
Gêneros
 Entrevista
 “Clarice Lispector, de onde veio esse Lispector?
 É um nome latino, não é? Eu perguntei a meu pai desde
quando havia Lispector na Ucrânia. Ele disse que há
gerações e gerações anteriores. Eu suponho que o nome
foi rolando, rolando, rolando, perdendo algumas sílabas e
foi formando outra coisa que parece “Lis” e “peito”, em latim.
Dialogal É um nome que quando escrevi meu primeiro livro, Sérgio
Milliet (eu era completamente desconhecida, é claro) diz
assim: “Essa escritora de nome desagradável, certamente
ou um pseudônimo…”. Não era, era meu nome mesmo.

Conversacional  Você chegou a conhecer o Sérgio Milliet pessoalmente?

Exemplo  Nunca. Porque eu publiquei o meu livro e fui embora do


Brasil, porque eu me casei com um diplomata brasileiro, de
modo que não conheci as pessoas que escreveram sobre
mim.

 Clarice, seu pai fazia o que profissionalmente?


 Representações de firmas, coisas assim. Quando ele, na
verdade, dava era para coisas do espírito.
 A relação protótipo narrativo — protótipo dialogal
distingue-se da integração, na sequência narrativa,
do discurso relatado: discurso direto e indireto. O
Narrativo discurso relatado diz respeito aos diferentes modos
X de representar as falas atribuídas a outros locutores
que não o locutor principal (se o texto englobante
Dialogal for narrativo, esse locutor principal é o narrador). O
discurso direto não é considerado um tipo textual,
mas um fenómeno enunciativo.

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