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Formação de palavras: conversão, neologismo e analogia 1a Série

Capítulo 12  |  Língua Portuguesa

Você já passou horas “stalkeando” o Facebook


de alguém?
Provavelmente, você já passou pela experiência de estar tão curioso
sobre a vida de alguém que decidiu “fuçar” o Facebook dessa pessoa, ou
seja, ver suas fotos, postagens, quem são seus amigos etc. Você pode ter
passado também pela situação de ter acabado de conhecer uma pessoa
e, ao adicioná-la em sua rede social, decidir dar uma boa olhada em
seu perfil para saber um pouco mais sobre ela. Esse comportamento
“investigativo”, tão comum atualmente, precisava ser nomeado e assim
surgiu o verbo “stalkear”. A palavra é uma junção do termo inglês
stalker, usado para se referir a uma pessoa que persegue outra, e do
sufixo –ar, que, em português, é muito produtivo na criação de verbos.
Desde que o computador e a internet tomaram conta da nossa
sociedade, diversos termos foram agregados à nossa língua. Usamos,
frequentemente, os vocábulos “deletar”, “mouse”, “printar”, “googlar”
etc. É comum que, junto às novidades, palavras sejam incorporadas
e criadas. Com a popularização do Facebook, não foi diferente.
O uso dessa rede social possibilitou não só maior interação entre as
pessoas, como também novos hábitos que precisavam ser definidos
por uma só palavra.
Tente pensar em outros vocábulos que têm surgido. Com
certeza, você conseguiu lembrar ao menos um; afinal, jovens como
EXPECTATIVAS DE APRENDIZAGEM
©hocus-focus/iStock

você são os que mais lidam com essas novas palavras.


– Identificar os diferentes processos de
Neste capítulo, estudaremos o potencial que a língua tem de formação de palavras e suas particularidades;
– reconhecer a importância desses processos
se enriquecer e se atualizar constantemente, permitindo a criação C8 para a língua enquanto organismo vivo;
de termos ou usos diferenciados dos já existentes. – identificar as potencialidades expressivas
e estéticas da conversão, do neologismo e
da analogia.

1. Construindo o conceito: o neologismo


Em diversas oportunidades, ao longo do curso de língua homem em sociedade, que gera a necessidade de designar novos
portuguesa, têm-se mostrado situações que comprovam a natureza objetos ou expressar novos conceitos.
da língua como um organismo vivo, mutante, sujeito a transforma- Pode-se falar em neologismos técnicos ou científicos, quando
ções. Palavras mudam de significados, palavras espalham diversos surgem em razão de fatos da ciência, da tecnologia, ou em
sentidos, palavras surgem e desaparecem. neologismos literários, quando surgem em decorrência da criati-
Os neologismos são um exemplo desse dinamismo e dessa vidade dos artistas da língua, escritores, poetas, compositores etc.
versatilidade na língua portuguesa. O termo vem do grego neo É possível acolher neologismos estrangeiros, aportuguesando-os
(novo) + logia (ciência), indicando a palavra recém-criada ou com ou não, como uma consequência do mundo globalizado que
um novo significado. proporciona um contato cada vez mais direto com outras culturas.
Para a criação de um neologismo, a língua coloca à disposição Mas não se deve imaginar que esse processo seja um privi-
do falante todos os processos de formação que foram estudados légio de consagrados cultores da língua, dos avanços da ciência
nos capítulos anteriores, permitindo, ou de contribuições de outras línguas. Qualquer jovem conhece
também, expansões de sentido a esse mecanismo no exercício da sua comunicação rotineira e
palavras já existentes. experimenta-o no cotidiano, “exportando” para outros segmentos
Neologismos surgem como uma palavras como “ficante”, o substantivo “caô” ou expressões como
imposição do processo evolutivo do “pagar mico”, “dar mole” etc.
Utilize o leitor óptico do seu
celular para assistir à videoaula.
https://bit.ly/36TZTg3
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1a Série Capítulo 12

O fato é que, nesse fabuloso universo da comunicação, com o


tempo, as palavras assim criadas ou os novos significados confe-
Os neologismos no nosso cotidiano
ridos vão se incorporando ao dicionário e passam a fazer parte do
vocabulário regular. O nosso dia a dia está repleto de neologismos, motivados
pelos mais diversos contextos. Veja:
Agora, será vista, sem prejuízo dos tipos aqui mencionados,
uma classificação para os neologismos. I. Em um jornal de circulação popular, voltado para a
comunicação fundada no registro coloquial, podemos,
perfeitamente, encontrar uma manchete como a que se
1.1 O neologismo semântico segue, na qual se fazem presentes neologismos populares:
Esse tipo é observado quando a palavra já existe, mas ganha “Empresa usa laranjas em negociatas e tem sua energia
novo significado e sentido, que passam a ser de domínio geral. elétrica totalmente baseada em gatos.”
A seguir, alguns exemplos cotidianos: II. Em uma recomendação circulando na internet, é possível
localizarmos mensagem do seguinte tipo:
• O aluno ficou uma onça quando recebeu o resultado da prova.
• Que papelão você fez! Envergonhe-se! “Ao clicar no link, você entrará em um site que lhe
• Ela considera o rapaz um gato. permitirá deletar programas desnecessários e baixar
• Quando chegou à festa, sua única intenção era causar. aplicativos interessantes.”
• Conseguiu arranjar um bico para sobreviver.
• Não foi legal o que ele fez com o amigo.
• Ela confessou ter ficado com o rapaz na festa.
• O time surgiu como uma zebra e acabou vencendo. Os neologismos na literatura
Também a nossa literatura está repleta de passagens
1.2 O neologismo lexical em que os artistas “criam” vocábulos não dicionarizados.
Esse neologismo surge com a efetiva criação de uma nova Concebidos com finalidades expressivas, esses neologismos
palavra, antes não existente. constituem manifestações criativas construídas a partir da
exploração das potencialidades da língua. Ruy Barbosa, por
• Há muito caô nas histórias que ele conta aos amigos. exemplo, consagrou a palavra “egolatria”, nunca antes usada,
• Resolveu deletar vários arquivos no seu computador. mas hoje com livre curso em nossa língua. Monteiro Lobato,
• Basta você clicar e logo aparecerá a mensagem.
nas Reinações de Narizinho, cria os verbos “camaronar” e
• Ele desfila por aí, todo bombado...
• Trata-se de um aparelho multiúso, de fácil manuseio. “caranguejar” para indicar o movimento dos camarões e
• Vendem-se todos os modelos de veículos seminovos. caranguejos. Manuel Bandeira, no poema “Neologismo”,
• Vivemos cercados pelo economês de cada dia... inventa o verbo “teadorar” para exprimir seu sentimento por
uma certa “Teodora”...
Alguns artistas, como Guimarães Rosa, fizeram da
inovação dos neologismos um elemento significativo em
suas obras, pela frequência do seu emprego. É de Rosa, por
exemplo, em Grande sertão: veredas, a criação de palavras como
“sempremente”, em que acumula os sentidos temporal e modal
nesse inusitado advérbio; ou como o verbo “desemendar” com
alíquota

o sentido de “descontinuar”, para expressar as digressões da


narrativa de Riobaldo; ou ainda “juvenescer”, indicando o
surgir de uma nova (jovem) ideia ou um sentimento.
1.3 O neologismo sintático Vinicius de Moraes dirige-se à pátria personificada, no
poema “Pátria minha”, mencionando um “avigrama” que lhe
Ocorre quando a expressão ou frase ganha um significado
pretende enviar, ou seja, um telegrama enviado no bico de
específico, que acaba sendo absorvido pelo falante comum.
um sabiá...
• O jornal deu um furo ao noticiar a vitória do candidato. Oswald de Andrade, no seu Manifesto antropofágico,
• Time pequeno adora fazer cera quando enfrenta os grandes... conclama-nos a “descabralizar o Brasil”, em proposta de
• O casal resolveu dar um tempo no namoro. libertação das nossas amarras coloniais.
• Com a derrota, o time agora foi para o espaço...
• O bom é sempre estar disposto a dar a volta por cima.
• Sabe aquela viagem que planejamos? Já era...
• O diretor pagou geral por causa da atitude dos alunos.
• Resolveu a prova de cabo a rabo.
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Formação de palavras: conversão, neologismo e analogia 1a Série

Guimarães Rosa, por exemplo, formou a palavra “enxadachim”


Depois de Guimarães Rosa, talvez tenha sido Mário de a partir de “espadachim”, estabelecendo a seguinte analogia:
Andrade o maior cultor de neologismos na literatura brasileira. espada > espadachim / enxada > enxadachim.
Veja um exemplo, retirado de O turista aprendiz: Palavras como “sambódromo”, “camelódromo”, “fumódromo” e
Passeamos o dia inteiro e já me acamaradei com tudo. “namoródromo” surgiram na língua por analogia com outras, como
Estou lustroso de felicidade. “hipódromo” e “autódromo”, para designar espaços destinados a
Ou este outro, do conto Amar, verbo intransitivo: determinada atividade.
A última carta do irmão eram dois braços implorantes Quando o homem chegou à Lua, logo tratou de inventar uma
para América... América desilusória. Afinal nem tanto assim, palavra que traduzisse aquela ação. Surgiu, então, “alunissar”, por
não se morria de fome, trajava boas fazendas. Sobretudo analogia com “aterrissar”.
comia bem.

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Ou, ainda, este surpreendente adjetivo atribuído por Mário
de Andrade a um automóvel, em Contos novos:
E agora, por causa do pesqueiro e da estrada nova,
comprara o fordinho cabritante, todo dia quebrava alguma
peça, que o deixava de mau humor.
Os neologismos são, enfim, como o comprovam esses
grandes artistas da palavra, criações que exemplificam as grandes
possibilidades expressivas disponibilizadas pela nossa língua.

2. Construindo o conceito: a analogia


Vinculada ao conceito de neologismo lexical, a língua apresenta Quando um ministro do Governo Collor, nos anos 1990, disse
outra possibilidade de formação de palavras: o princípio da analogia. uma frase em que utilizava a palavra “imexível”, recebeu várias críticas.
Esse mecanismo rompe barreiras gramaticais, produzindo palavras Afinal, a palavra não existia. Contudo, é válido aceitar a sua criação, já
muito utilizadas em textos literários, por exemplo. É, assim, uma que se pode claramente estabelecer a analogia entre esse termo e outros
manifestação da produtividade lexical, mas também da inventiva como “imóvel”, “imensurável” etc.
dos usuários da língua. A analogia é, assim, um processo de produção de neologismos
Para se formar uma palavra segundo tal princípio, basta que que leva em conta elementos preexistentes na língua e que, por
se tenha um conhecimento prévio de duas palavras que possuam meio de mecanismos lógicos – embora surpreendentes –, acaba
uma parte em comum e que seja possível entender a significação/ por determinar o surgimento de novas palavras.
função da outra parte.

Derivação imprópria ou conversão O verde, nesse caso, é um substantivo, modificando, então, a


Esse processo ocorre quando há mudança na classe gramatical classe gramatical anteriormente apresentada.
de uma palavra primitiva sem alterar sua forma. Observe também as palavras destacadas nas seguintes frases:
Exemplo: “Comprei uma camisa verde.” “Ele jamais recusava um convite para um jantar.”
No exemplo anterior, classificamos “verde” como um adjetivo “Todos queriam descobrir o porquê daquela estranha atitude.”
– um termo que está caracterizando, qualificando a camisa. Agora Não imagine, porém, que a conversão se dá apenas por um
veja a seguir como essa palavra também pode aparecer: processo de substantivação. A rigor, há outros exemplos em que a
“O verde das matas é encantador.” palavra original gera a existência de vocábulos integrantes de outras
classes que não a dos substantivos. Veja:
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“O povo, eufórico, exclamava: Viva!” (verbo transformado


em interjeição)
“Ele detesta quando a conversa vira um papo cabeça.” (subs-
tantivo transformado em adjetivo)
“Quer chova, quer faça sol, ele jamais se atrasa.” (verbo
transformado em conjunção)
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1a Série Capítulo 12

(A) “(...) os mais detrás quase que corriam. Foi o de não sair mais
da memória”.
(B) “(...) não queria dar-se em espetáculo, mas representava de
01. Comente a relação entre os conceitos de neologismo lexical e
outroras grandezas”.
analogia.
(C) “(...) mas depois puxando pela voz ela pegou a cantar”.
(D) “(...) sem jurisprudência, de motivo nem lugar, nenhum, mas
02. (FUVEST)
pelo antes, pelo depois”.
A explosão dos computadores pessoais, as “infovias”, as (E) “(...) ela batia com a cabeça, nos docementes”.
grandes redes – a internet e a world wide web – atropelaram o
mundo. Tornaram as leis antiquadas, reformularam a economia,
reordenaram prioridades, redefiniram os locais de trabalho,
desafiaram constituições, mudaram o conceito de realidade 06. (ENEM)
e obrigaram as pessoas a ficarem sentadas, durante longos
Só falta o Senado aprovar o projeto de lei [sobre o uso de
períodos de tempo, diante de telas de computadores, enquanto
termos estrangeiros no Brasil] para que palavras como shopping
o CD-ROM trabalha. Não há dúvida de que vivemos a revolução
center, delivery e drive-through sejam proibidas em nomes
da informação e, diz o professor do MIT, Nicholas Negroponte,
de estabelecimentos e marcas. Engajado nessa valorosa luta
revoluções não são sutis.
contra o inimigo ianque, que quer fazer área de livre-comércio
Jornal do Brasil, 13 fev. 1996. com nosso inculto e belo idioma, venho sugerir algumas outras
medidas que serão de extrema importância para a preservação
As aspas foram usadas em “infovias” pela mesma razão por que
da soberania nacional, a saber:
foram usadas em:
........
(A) Mesmo quando a punição foi confirmada, o “Alemão”, seu
apelido no Grêmio, não esmoreceu. Nenhum cidadão carioca ou gaúcho poderá dizer “Tu vai”
(B) (...) fica fácil entender por que há cada vez mais pessoas em espaços públicos do território nacional;
preconizando a “fujimorização” do Brasil. Nenhum cidadão paulista poderá dizer “Eu lhe amo” e retirar
(C) (...) o Paralamas, que normalmente sai “carregado” de prêmios, ou acrescentar o plural em sentenças como “Me vê um chopps
só venceu em edição.
e dois pastel”;
(D) A renda média “per capita” da América Latina baixou para
25% em 1995. ..........
(E) A torcida gritava “olé” a cada toque de seus jogadores. Nenhum dono de borracharia poderá escrever cartaz
com a palavra “borraxaria” e nenhum dono de banca de jornal
03. Identifique as criações neológicas a seguir como semânticas,
anunciará “Vende-se cigarros”;
lexicais ou sintáticas:
..........
a. Ela pisou na bola.
b. Ele é um docinho. Nenhum livro de gramática obrigará os alunos a utilizar
c. Não tem jeito: o internetês é a linguagem do nosso tempo. colocações pronominais como “casar-me-ei” ou “ver-se-ão”.
PIZA, Daniel. “Uma proposta imodesta”. O Estado de S. Paulo. São Paulo: 8 abr. 2001.
04. Em que contextos é considerada válida a formação de novas
palavras ou a mudança de sentido de palavras já existentes? No texto anterior, o autor:

(A) Somente na linguagem oral de registro informal, pois diferen- (A) mostra-se favorável ao teor da proposta por entender que a língua
temente da língua oral, a língua escrita não é viva. portuguesa deve ser protegida contra deturpações de uso.
(B) Somente em textos literários de artistas consagrados, para fins (B) ironiza o projeto de lei ao sugerir medidas que inibam deter-
estéticos. minados usos regionais e socioculturais da língua.
(C) Na língua oral e escrita, tanto nos registros formais como nos (C) denuncia o desconhecimento de regras elementares de concor-
informais, pois a língua é um organismo vivo, mutante e sujeito dância verbal e nominal pelo falante brasileiro.
a transformações. (D) revela-se preconceituoso em relação a certos registros linguís-
(D) Na língua oral e escrita, tanto nos registros formais como nos ticos ao propor medidas que os controlem.
informais, mas somente após a aprovação de órgãos como a (E) defende o ensino rigoroso da gramática para que todos
Academia Brasileira de Letras. aprendam a empregar corretamente os pronomes.

05. (FUVEST) Um dos recursos expressivos de Guimarães Rosa


consiste em deslocar palavras da classe gramatical a que elas
pertencem. Destas frases de “Sorôco, sua mãe, sua filha”, a única
em que isso não ocorre é:
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Formação de palavras: conversão, neologismo e analogia 1a Série

07. (ENEM) Sururjão, não; é solorgião. Inteiro na fama – olh’alegre, justo,


inteligentudo – de calibre de quilate de caráter. Bom até-onde-
Carnavália
que, bom como cobertor, lençol e colcha, bom mesmo quando
Repique tocou
com dor-de-cabeça: bom, feito mingau adoçado. Versando chefe
O surdo escutou os solertes preceitos. Ordem, por fora; paciência por dentro.
E o meu corasamborim Muito mediante fortes cálculos, imaginado de ladino, só se diga.
Cuíca gemeu, será que era eu, quando ela passou por mim? A fim de comigo ligeiro poder ir ver seus chamados de seus
doentes, tinha fechado um piquete no quintal: lá pernoitavam,
(...)
de diário, à mão, dois animais de sela – prontos para qualquer
ANTUNES, A.; BROWN, C.; MONTE, M. Tribalistas, 2002. aurora.
No terceiro verso, o vocábulo “corasamborim”, que é a junção Vindo a gente a par, nas ocasiões, ou eu atrás, com a maleta
de coração + samba + tamborim, refere-se, ao mesmo tempo, dos remédios e petrechos, renquetrenque, estudante andante.
a elementos que compõem uma escola de samba e à situação Pois ele comigo proseava, me alentando, cabidamente, por
emocional em que se encontra o autor da mensagem, com o coração norteação – a conversa manuscrita.
no ritmo da percussão.
Aquela conversa me dava muitos arredores. Ô homem!
Essa palavra corresponde a um(a): Inteligente como agulha e linha, feito pulga no escuro, como
(A) estrangeirismo, uso de elementos linguísticos originados em dinheiro não gastado. Atilado todo em sagacidades e finuras – é
outras línguas e representativos de outras culturas. de “fimplus”! “de tintínibus”... – latim, o senhor sabe, aperfeiçoa...
(B) neologismo, criação de novos itens linguísticos pelos meca- Isso, para ele, era fritada de meio ovo. O que porém bem.
nismos que o sistema da língua disponibiliza.
ROSA, João Guimarães. Tutameia: terceiras estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.
(C) gíria, que compõe uma linguagem originada em determinado
grupo social e que pode vir a se disseminar em uma comuni- A obra de Guimarães Rosa, citado como grande renovador da
dade mais ampla. expressão literária, é também reconhecida pela contribuição
(D) regionalismo, por ser palavra característica de determinada linguística, devido à utilização de termos regionais, palavras novas,
área geográfica. não dicionarizadas, a que chamamos neologismos, especialmente
(E) termo técnico, dado que designa elemento de área específica para expressar situações ou opiniões de seus personagens.
de atividade.
a. Retire do primeiro parágrafo um exemplo de neologismo e
08. Encontra-se escrito, em um dos muros de Goiânia: explique, em uma frase completa, o seu sentido no texto.
b. Compare o adjetivo “inteligentudo” (linha 11) com “barbudo”,
“I love you como ninguém loveu.” “barrigudo”, “sortudo”.
c. Escreva duas formas da língua padrão − a primeira com
Da forma como está grafado, o termo “loveu” não pertence à duas palavras; a segunda com uma palavra − que equivalem
estrutura da língua inglesa nem à da língua portuguesa. Explique, semanticamente ao neologismo “inteligentudo”.
então, por meio de quais mecanismos essa construção se tornou
possível. 10. (UNICAMP) A coluna “Marketing” da revista Classe, ano XVII,
no 94, 30/08 a 30/10/2002, inclui as seguintes passagens (parcial-
mente adaptadas):

Os jovens de classe média e alta, nascidos a partir de 1980,


09. (UERJ) foram criados sob a pressão de encaixarem infinitas atividades
Uai, eu? dentro das 24 horas. E assim aprenderam a ensanduichar
Se o assunto é meu e seu, lhe digo, lhe conto; que vale atividades. (...) Pressionados pelo tempo desde que nasceram,
enterrar minhocas? De como aqui me vi, sutil assim, por tantas desenvolveram um filtro e separam aquilo que para eles é o
cargas-d’água. No engano sem desengano: o de aprender trigo, do joio; ficam com o trigo e, naturalmente, deletam o joio.
prático o desfeitio da vida.
a. Explique qual é o sentido da palavra “ensanduichar” no texto e
Sorte? A gente vai – nos passos da história que vem. Quem diga por que ela é especialmente expressiva ou sugestiva aqui.
quer viver faz mágica. Ainda mais eu, que sempre fui arrimo de b. O texto menciona um ditado corrente, embora não na ordem
pai bêbado. Só que isso se deu, o que quando, deveras comigo, usual. Qual é o ditado e o que significa?
feliz e prosperado. Ah, que saudades que eu não tenha... Ah, c. A palavra “deletar” confere um ar de atualidade ao texto.
meus bons maus-tempos! Eu trabalhava para um senhor Doutor Explique por quê.
Mimoso.
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