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NOÇÕES DE

REDAÇÃO
PARA CONCURSOS
[NOÇÕES DE REDAÇÃO] EDITAL MASTER

REDAÇÃO

Gênero e Tipo de Texto .......................................................................................... 03

Texto Dissertativo e Texto Argumentativo ............................................................. 04

Fatores de textualidade ......................................................................................... 06

Estrutura de uma redação ...................................................................................... 14

Os dez mandamentos para surpreender a banca ................................................... 17

Os cem erros mais comuns .................................................................................... 18

A vírgula – o ponto e vírgula – o ponto .................................................................. 22

Dois pontos – ponto de interrogação – parênteses ................................................ 23

Travessão – Aspas – Colchetes ............................................................................... 24

Abreviaturas – Siglas .............................................................................................. 25

A Crase ................................................................................................................... 26

Exemplos de textos nota 1000 do Enem ...............................................................29

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GÊNERO E TIPO DE TEXTO

Durante muito tempo, a noção de gênero se res- • apresentar uma reflexão teórica sobre o fato (disser-
tringia às obras de natureza literária e se circunscrevia tar); por exemplo: Ir ao teatro e viver a experiência
a três formas básicas: o épico, o lírico e o dramático. estética proporcionada pela peça;
Com as reflexões teóricas, desenvolvidas principal- • convencer o seu leitor de seu ponto de vista (argu-
mente por Bakhtin, compreendeu-se que a língua é mentar e persuadir); por exemplo: É imperdível o es-
uma forma de ação social e histórica e que todas as petáculo apresentado pelo grupo de teatro;
práticas sociais comunicativas se realizam por meio de • apresentar um resumo da peça (descrever); por
formas verbais relativamente estáveis: os gêneros. As- exemplo: Há dois personagens no palco. O cenário é
sim, sempre que ocorre uma comunicação verbal oral uma sala de estar de uma casa de aristocratas. Há
ou escrita, ela se enquadra em um gênero. objetos de valor e o ambiente é luxuoso. O diálogo é
cheio de agressividade.
Para decidir qual gênero utilizar, antes de come-
çar a escrever, o autor tem de responder as seguintes Outra decisão correlacionada às anteriores diz respeito
perguntas. ao nível de linguagem. Quer um texto mais subjetivo, colo-
• Qual o objetivo do texto? quial, informal e facilitado, ou quer utilizar uma linguagem
• Quem serão os leitores? formal, objetiva, distanciada? Essa decisão vai influir:
• Como será estruturado? • na estrutura da frase, mais simples ou mais com-
• Quais as informações que vão compor o plexa;
texto? • na escolha do vocabulário;
• na forma como o autor se dirige ao leitor, citando-o,
Deve decidir também aspectos relativos ao tipo ou não, no texto.
textual predominante, como:
• contar acontecimentos (narrar); por exemplo: Observe o quadro abaixo, em que estão listados alguns
Ontem eu fui ao teatro e assisti à peça; dos gêneros mais conhecidos.

Situações discursivas Tipo textual pre- Habilidades de lingua-


Gêneros orais ou escritos
ou domínio dominante gem
Elaboração da linguagem
Expressão poética
como forma de expressão
Literatura poética Poesia, letra de música.
da interpretação pessoal
Verso
do mundo.
Conto maravilhoso, conto de fadas,
fábula, lenda, narrativa de aven-
Imitação da ação pela cri- tura, narrativa de ficção científica,
ação de enredo, persona- narrativa de enigma, narrativa mí-
Literatura ficcional Narração gens, situações, tempo, tica, anedota, biografia romance-
cenários, de forma veros- ada, romance, romance histórico,
símil. fantástico, de suspense, de terror,
de formação, de amor, novela,
conto, paródia.
Conversa informal, telefonema,
Convivência social Vários Habilidades interacionais. carta pessoal, bilhete, e-mail, tele-
grama, entrevista, chats.
Relato de experiências vividas, re-
lato de viagem, diário íntimo, teste-
Representação pelo dis-
Documentação e me- munho, autobiografia, curriculum
Narração curso de experiências vi-
morização de ações vitae, ata, notícia, reportagem, crô-
vidas, situadas no tempo.
nica social, crônica esportiva, relato
histórico, perfil biográfico.
Texto de opinião, diálogo argumen-
tativo, carta de leitor, carta de re-
Sustentação, refutação e clamação, carta de solicitação, deli-
Levantamento e discus- Dissertação argu-
negociação de posiciona- beração informal, debate regrado,
são de problemas mentativa
mento. editorial, discurso de defesa, re-
querimento, ensaio, resenha crí-
tica.

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Situações discursivas Tipo textual pre- Habilidades de lingua- Gêneros orais ou escritos
ou domínio dominante gem
Aula, texto expositivo, conferência,
Estabelecimento, cons- Apresentação textual de artigo enciclopédico, texto explica-
Dissertação expo-
trução e transmissão de diferentes formas dos sa- tivo, tomada de notas, resumos, re-
sitiva
realidades beres. senhas, relatório científico, registro
de experiências científicas.
Instruções de uso, instruções de
Injunção montagem, bula, manual de proce-
Orientação de comporta-
Instruções e prescrições Descrição de dimentos, receita, regulamento, lei,
mentos.
ações regras de jogo, placas de orienta-
ção.
Existem muitos outros
Há muitos gêneros específicos de
domínios mais específi-
cada um dos diversos domínios dis-
cos, como o religioso, o
cursivos, como sermão, oração, ofí-
do serviço público e da Vários tipos textu- Domínio de estruturas e
cio, requerimento, discurso polí-
comunicação oficial, o ais de formatos específicos.
tico, projeto de lei, narrativa espor-
jurídico, o político, o es-
tiva, editorial, anúncio classificado,
portivo, o jornalístico, o
redação escolar.
escolar, entre outros

Fonte: adaptação de quadro retirado de Dolz e Schneuwly (2004).

TEXTO DISSERTATIVO E TEXTO ARGUMENTATIVO

Para algumas pessoas, não existem diferenças entre sobre o tema, apenas informações e elementos que possam
dissertação e texto dissertativo-argumentativo. Entre- contribuir para que o leitor reflita crítica e individualmente e
tanto, é necessário ressaltar que existem algumas dife- formule seus próprios pontos de vista.
renças entre esses tipos de texto, sobretudo no que se Redigida em prosa (estruturada por períodos e parágra-
refere aos objetivos pretendidos pelo autor com a escrita fos), a dissertação deve ser escrita em, no mínimo, três pará-
de seu texto, como informar, convencer, instruir, entre- grafos:
ter, vender, parabenizar, advertir, entre muitos outros. ● 1º Parágrafo - Introdução: Apresentação do tema a
Sabemos que existem alguns tipos de textos, respeito do qual o leitor será informado; reflexão so-
como Narrativo, Injuntivo, Expositivo, Argumentativo bre o tema relacionando a um contexto e/ou período
e Descritivo, os quais representam a base estrutural histórico. Neste momento, o escritor deve destacar o
dos gêneros discursivos, como Crônicas, Contos, Car- tema do texto, mencionando as ideias que serão apre-
tas, Artigos de Opinião, Fábulas, Charges, Relatórios, sentadas nas linhas seguintes.
Memorando, Anúncio Publicitário etc. 2º Parágrafo - Desenvolvimento: Seleção de informações
Embora a dissertação e o texto dissertativo-argu- a respeito do tema. Colocar todos os argumentos. Ex-
mentativo sejam parecidos e sejam veiculados nos su- plorar todas as suas convicções e apresentar informa-
portes de comunicação de massa, como jornais, revistas ções detalhadas, contendo o uso de dados e fatos.
e livros, é preciso que fiquemos atentos àquilo que os di- ● 3º Parágrafo - Conclusão: Panorama geral sobre o
ferencia, sobretudo no que se refere aos objetivos pre- tema, como relações de causa e consequências; con-
tendidos (intencionalidade discursiva) pelo autor do clusão das informações apresentadas no desenvolvi-
texto e os efeitos de sentido provocados no leitor. mento. Neste ponto, é importante que todos os argu-
mentos já tenham sido apresentados para que a ideia
DISSERTAÇÃO central seja retomada e finalizada.

Conforme já mencionamos, a dissertação é um Exemplo de texto dissertativo expositivo


tipo de texto que representa a base estrutural de vá-
rios gêneros discursivos que buscam, entre outros ob- A laranjeira é uma árvore da família Rutaceae. Dela,
jetivos, informar o leitor sobre determinado assunto. surge a laranja, seu fruto. A história da sua origem indica um
Na dissertação, mais do que simplesmente informar nascimento ocorrido a partir de um cruzamento entre cimboa
o leitor a respeito de um assunto, o autor deve apre- e tangerina, assim sendo, a fruta seria um fruto híbrido.
sentar pontos positivos e negativos sobre o tema para Em relação ao seu sabor, varia entre o doce e o ácido,
que o leitor tenha condições de conhecer os dois lados aspecto que pode ter interferência do nível de maturidade da
do assunto e tirar suas próprias conclusões. Sendo as- fruta, bem como da qualidade da safra.
sim, na dissertação, não há opinião pessoal do autor Seu consumo é possível de modo direto, descascando e

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cortando a laranja, ou como ingrediente de sucos, bo- fundamentar os benefícios do uso, e a conclusão reafirma a
los, doces e outras comidas. Sua casca também pode tese de que a laranja faz bem à saúde.
ser utilizada para a produção de chás. Sendo assim, apesar das semelhanças entre os tipos,
Em suas características nutricionais, entre outras, percebe-se que aspectos funcionais diferenciam o trabalho
a laranja contém: vitamina C, potássio, cálcio, fósforo com a língua e com a organização do texto. No expositivo,
e magnésio. predomina a informação; no argumentativo, a defesa de um
No exemplo acima, o pequeno texto apresenta a ponto de vista.
laranja como o assunto central. A introdução apre-
senta informações sobre a origem do fruto, contextu- Exemplo de texto dissertativo-argumentativo:
alizando o leitor. Nos parágrafos intermediários, o
texto apresenta informações adicionais da laranja, Veja, a seguir, um exemplo de dissertação nota mil na
como características do sabor, dicas para o consumo e prova no Enem de 2017, cujo tema solicitado foi “Desafios para
informações nutricionais. A linguagem se concentra a formação educacional de surdos no Brasil”:
em expor informações sobre o tema, sem, no entanto, Na mitologia grega, Sísifo foi condenado por Zeus a rolar
apresentar qualquer juízo de valor. uma enorme pedra morro acima eternamente. Todos os dias,
Sísifo atingia o topo do rochedo, contudo era vencido pela
Exemplo de texto dissertativo argumentativo exaustão, assim a pedra retornava à base. Hodiernamente,
esse mito assemelha-se à luta cotidiana dos deficientes audi-
A laranja é um fruto popularmente conhecido e tivos brasileiros, os quais buscam ultrapassar as barreiras as
utilizado em lanches e receitas. Cheirosa e suculenta, a quais os separam do direito à educação. Nesse contexto, não
fruta é atraente ao paladar da maioria das pessoas. há dúvidas de que a formação educacional de surdos é um de-
Entretanto, muita gente não deseja consumi-la, a não safio no Brasil o qual ocorre, infelizmente, devido não só à ne-
ser como sabor de balas e doces industriais. gligência governamental, mas também ao preconceito da so-
Entretanto, esse tipo de consumo não é ade- ciedade.
quado. Os valores nutricionais são reduzidos ou aniqui- A Constituição cidadã de 1988 garante educação inclu-
lados, quando inseridos em processos industriais, por siva de qualidade aos deficientes, todavia o Poder Executivo
isso é necessário consumir a laranja de modo natural não efetiva esse direito. Consoante Aristóteles no livro "Ética
ou com receitas saudáveis. a Nicômaco", a política serve para garantir a felicidade dos
Para algumas pessoas, seu sabor cítrico pode ser cidadãos, logo se verifica que esse conceito encontra-se de-
um desafio. No entanto, a laranja contém um presente turpado no Brasil à medida que a oferta não apenas da edu-
sabor adocicado, desde que plantada, colhida e com- cação inclusiva, como também da preparação do número su-
prada com rigor e qualidade. ficiente de professores especializados no cuidado com surdos
De qualquer modo, algum teor cítrico se fará pre- não está presente em todo o território nacional, fazendo os
sente e, caso seja insuportável lidar com esse aspecto, direitos permanecerem no papel.
o consumidor pode optar por consumir a laranja por Outrossim, o preconceito da sociedade ainda é um
outras vias, como sucos e chás, que também contri- grande impasse à permanência dos deficientes auditivos nas
buem para a saúde do indivíduo. escolas. Tristemente, a existência da discriminação contra
A importância da laranja é reiterada quando con- surdos é reflexo da valorização dos padrões criados pela cons-
sideramos seus aspectos nutricionais. Citando somente ciência coletiva. No entanto, segundo o pensador e ativista
alguns de seus benefícios, está o aumento da vitamina francês Michel Foucault, é preciso mostrar às pessoas que elas
C, potássio, cálcio, fósforo e magnésio. são mais livres do que pensam para quebrar pensamentos er-
Apesar de nem sempre parecer agradável, é in- rôneos construídos em outros momentos históricos. Assim,
dispensável repensar o consumo dessa fruta. Seus be- uma mudança nos valores da sociedade é fundamental para
nefícios para a saúde são inúmeros, e sua adaptação transpor as barreiras à formação educacional de surdos.
ao consumo permite uma diversidade de receitas. Por- Portanto, indubitavelmente, medidas são necessárias
tanto, não há motivos para evitar a oferta na feira ou para resolver esse problema. Cabe ao Ministério da Educação
mercado, laranja faz bem à saúde! criar um projeto para ser desenvolvido nas escolas o qual pro-
mova palestras, apresentações artísticas e atividades lúdicas
No segundo exemplo, o assunto do texto é o a respeito do cotidiano e dos direitos dos surdos. - uma vez
mesmo: a laranja. Entretanto, diferentemente, esse que ações culturais coletivas têm imenso poder transforma-
exemplo aponta para um teor argumentativo, tendo dor - a fim de que a comunidade escolar e a sociedade no geral
em vista que o autor deseja convencer os leitores so- - por conseguinte - conscientizem-se. Desse modo, a realidade
bre a importância de consumir a fruta. A introdução já distanciar-se-á do mito grego e os Sísifos brasileiros vencerão
indica um caráter crítico quando aponta para o não o desafio de Zeus.
consumo como problema. O desenvolvimento tenta Isabella Barros Castelo Branco, do Piauí.

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FATORES DE TEXTUALIDADE

COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAIS

Conceitos dos Coesão referencial e coesão sequencial


fatores de textualidade: A coesão referencial e sequencial criam vínculos entre as
coesão e coerência textuais palavras, orações e as partes de um texto, contribuindo para
a coerência interna e para a progressão temática e textual.
A coesão referencial e a coesão sequencial são chamadas
Conceito de textualidade de recursos coesivos por estabelecerem vínculos entre as pa-
Conjunto de fatores que fazem com que um texto lavras, orações e as partes de um texto.
seja uma construção de sentido completa numa deter-
minada situação comunicacional, e não apenas uma Coesão referencial
sequência ou aglomerado de frases ininteligível. A coesão referencial é responsável por criar um sistema
de relações entre as palavras e expressões dentro de um
Texto e Textualidade texto, permitindo que o leitor identifique os termos aos quais
se referem. O termo que indica a entidade ou situação a que
Texto = tecido
o falante se refere é chamado de referente.
Um texto é um emaranhado de fios (palavras) or-
Exemplo:
denados de forma a construir uma unidade de sen-
● Ana Elisabete gritou. Ela fica apavorada quando fica so-
tido.
zinha, apesar de ser uma menina calma e inteligente.
Observe:
“Menino o comendo bonito o está lanche.” Nesse exemplo, o termo referente é Ana Elisabete. Todas
“O lanche bonito está comendo o menino.” as vezes que o referente precisa ser retomado no texto, po-
“O menino bonito está comendo o lanche.” demos utilizar outras palavras para que os leitores possam re-
Ou seja: tornar e recuperar a ideia.
É bastante frequente o uso de figuras de construção/sin-
taxe para a coesão referencial, como as anáforas, catáforas,
Não é texto É texto elipses e as correferências não anafóricas (contiguidades,
reiterações).
O jovem abria a porta. Nos camarins, após o show, os in-
Sabendo-se que o dó- tegrantes da banda mostravam-se
surpresos com a recepção da es-
Coesão sequencial
lar aponta para o cres-
cimento populacional. treia brasileira, com um público
Assim que as aulas ini- inflamado de 10 mil, que em ne- A coesão sequencial é responsável por criar as condições
ciarem o campo se- nhum momento dos 90 minutos para a progressão textual. De maneira geral, as flexões de
mântico da narrativa de espetáculo parou de vibrar tempo e de modo dos verbos e as conjunções são os meca-
vai se extraviar. com a música energética, direta e nismos responsáveis pela coesão sequencial nos textos.
honesta do Midnight Oil. Os mecanismos de coesão sequencial são utilizados para
(O Estado de São Paulo, 15/3/93)
que as partes e as informações do texto possam ser articula-
das e relacionadas. Além da progressão das partes do texto,
os mecanismos de coesão sequencial contribuem para o de-
Textualidade senvolvimento do recorte temático. Dessa forma, o autor do
texto evita falta de coesão, garantindo boa articulação entre
as ideias, informações e argumentos no interior do texto e,
Retomando os fatores: principalmente, a coerência textual.
Incoerência com coerência
Coesão
Coerência Intertextualidade Subi a porta e fechei a escada.
Intencionalidade Tirei minhas orações e recitei meus sapatos. Desliguei a
Informatividade cama e deitei-me na luz
Tudo porque
Ele me deu um beijo de boa noite...
(Autor desconhecido)

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Textos incoerentes

- Repetição - Flexões verbais


Microtextual – COESÃO - Contiguidade

“Os sem-terra fizeram um protesto em Brasília


contra a política agrária do país, porque consideram Coesão referencial
injusta a atual distribuição de terras. Porém o ministro
É aquela que cria, no interior do texto, um sistema de
da Agricultura considerou a manifestação um ato de
rebeldia, uma vez que o projeto de Reforma Agrária
relação entre palavras e expressões, permitindo que o
pretende assentar milhares de sem-terra.” leitor identifique os referentes sobre os quais se fala
no texto.
Macrotextual – COERÊNCIA

Certa vez um menino tão fraco que mal podia car-


regar a cesta de amendoins que vendia viu um aci-
dente. Na trombada, o motorista ficou desmaiado. O
menino carregou o homem para o hospital e salvou-
lhe a vida.

Coesão textual
Mecanismos formais de uma língua que permitem
estabelecer, entre os elementos linguísticos do texto,
relações de sentido.

Tipos de coesão

• Referencial • Sequencial

- Anáfora - Conjunções
- Catáfora - Advérbios Coesão referencial: anáfora
- Substituição - Preposições
(de + ela)

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constante preocupação no exterior nos últimos anos. Nos Esta-


Contar piadas de loiras diminui o raciocínio delas,
dos Unidos, são registrados mais de dois mil afastamentos ao
segundo testes de QI feitos na Universidade de Bre-
dia por conta de problemas de visão. No Brasil, apesar de tímido,
men, Alemanha. As cobaias que ouviram as brincadei-
há um movimento por parte dos médicos oftalmologistas em di-
ras demoraram mais para responder às questões,
vulgar alertas que visam a reduzir o número de lesões. (FERNANDES,
apesar de registrarem um índice parecido de acertos. 2008, grifos nossos).
Para os cientistas, as gozações deixaram-nas mais in-
tem sido, nos últimos anos – ordenação temporal
seguras nas respostas. (Superinteressante, ago. 2004). –
(Processo anafórico ou anáfora em que e nas) poderiam ser – fossem usados – correlação dos tempos verbais
se – articulação de conectores

Coesão referencial: catáfora Coesão sequencial: principais conectores


SERÁ QUE ISTO É VERDADE? ● Adição: e, nem, não só... mas também, tanto...
como, além de, além disso...
Contar piadas de loiras diminui o raciocínio de- ● Adversidade: mas, e, porém, todavia, entretanto,
las, segundo testes de QI feitos na Universidade de no entanto, contudo...
Bremen, Alemanha. As cobaias que ouviram as brin- ● Alternância: ou, quer... quer...
cadeiras demoraram mais para responder às ques- ● Causa: porque, como, pois, uma vez que, visto
tões, apesar de registrarem um índice parecido de que...
acertos. Para os cientistas, as gozações deixaram-
● Condição: se, caso, desde que, contanto que, a me-
nas mais inseguras nas respostas. (Superinteressante,
nos que, sem que, a não ser que...
ago. 2004). Processo catafórico, ou catáfora (o mecanismo coe-
sivo “isto” surge antes do referente) ● Concessão: embora, mesmo que, ainda que, posto
que, apesar (de) que, por mais que...
Coesão referencial: substituição ● Conclusão: portanto, logo, por conseguinte, pois...
Contar piadas de loiras diminui o raciocínio de- ● Comparação: como, tanto... como, tanto... quanto,
las, segundo testes de QI feitos na Universidade de mais... (do) que, tão...quanto...
Bremen, Alemanha. As cobaias que ouviram as brin- ● Consecução: tão que, tanto... que...
cadeiras demoraram mais para responder às ques- ● Conformidade: conforme, segundo, como...
tões, apesar de registrarem um índice parecido de ● Explicação: porque, pois, que...
acertos. Para os cientistas, as gozações deixaram- ● Finalidade: para, a fim de, para que, a fim de que...
nas mais inseguras nas respostas. (Superinteressante, ago. ● Proporção: à proporção que, à medida que, quanto
2004). mais... tanto mais...
Atente para o fato de que os pronomes isto, elas, ● Tempo: quando, enquanto, mal, assim que, logo
que e as, assim como as expressões substantivas as co- que...
baias, as brincadeiras e as gozações dependem dos
seus respectivos referentes textuais para serem com- Coerência textual
preendidas.
O pronome isto remete para o que foi enunciado É a construção lógico-semântica de um texto, isto é, a
na primeira frase da nota: “Contar piadas de loiras di- articulação de ideias que faz com que numa situação discur-
minui o raciocínio delas [...]”. O pronome elas e a ex- siva palavras e frases componham um todo significativo para
pressão substantiva as cobaias remetem para o termo os interlocutores.
“loiras”. Os pronomes que e as remetem para o termo
“cobaias”. Por fim, as expressões substantivas as brin- Coerência textual: princípios gerais
cadeiras e as gozações remetem para o termo “pia- • Continuidade
das”. - Retomada contínua através de reiterações responsá-
Coesão sequencial vel pela manutenção do tema em todo texto.
É aquela que cria, no interior do texto, condições • Progressão
para que o discurso avance. As diferentes flexões ver- - Progressão/desenvolvimento do tema do texto.
bais de tempo e modo e as conjunções são os princi- - A progressão complementa a continuidade.
pais elementos linguísticos responsáveis pelo estabe-
• Não contradição
lecimento e manutenção da coesão sequencial no in-
- Ideias que não se contradizem.
terior do texto.
Proteja seus olhos durante o trabalho Coerência e outros fatores de textualidade
A cada 100 acidentes de trabalho, 90 poderiam ser • Intertextualidade
evitados se fossem usados equipamentos de segurança • Intencionalidade
adequados, segundo dados da Sociedade Nacional de • Situacionalidade
Prevenção da Cegueira dos Estados Unidos. A segurança
ocular no ambiente de trabalho tem sido foco de
Coerência: intertextualidade

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Coerência: intencionalidade
“Loucura, insensatez, estado inevitável Embalagem de iogurte inviolável Fome, miséria, incompreensão,
O Brasil é Treta Campeão” Mamonas Assassinas

EXERCÍCIOS
TIPOLOGIAS TEXTUAIS Acesso em 06/06/2019. Com adaptações)
01. O texto l, por meio de
Leia o texto I para responder à questão. a) descrição e definição, se empenha em alertar o
mundo sobre as características destrutivas dos seres
Texto humanos.
b) argumentação e injunção, procura levar governos e
Você disse "Cultura de Paz"? instituições a se comunicarem em prol da harmonia.
c) descrição e exposição, tem o objetivo de caracterizar
a paz em oposição à violência presente nas socieda-
A Cultura de Paz tornou-se a principal vertente da des.
UNESCO, aumentando a promoção da não-violência. d) exposição e argumentação, busca convencer países,
Ela está intrinsecamente relacionada à prevenção e à imprensa e cidadãos a eliminarem a violência.
resolução não-violenta dos conflitos. É uma cultura ba- e) definição e injunção, demonstra o intuito da UNESCO
seada em tolerância, solidariedade e compartilha- em divulgar as vantagens de respeitar-se as socieda-
mento, uma cultura que respeita todos os direitos in- des.
dividuais e que se empenha em prevenir conflitos re-
solvendo-os em suas fontes, que englobam novas
ameaças não-militares para a paz e para a segurança TEXTO II PARA QUESTÃO 02
como exclusão, pobreza extrema e degradação ambi-
ental. TEXTO II:
Mas como fazer da Cultura de Paz uma realidade
concreta e duradoura? A elaboração e o estabeleci- A língua como ela é
mento de uma Cultura de Paz requer profunda partici-
pação de todos. Cabe aos cidadãos organizarem-se e Nos últimos dias tive uma experiência muito gratificante
assumir sua parcela de responsabilidade. cumprindo o meu papel de professora de língua portuguesa –
Reconciliação, entendimento intercultural e esta- sim, gosto de enfatizar que dou aula de língua e não de gra-
belecimento de paz sustentável dependem da mídia. À mática da língua. Pois é, nos últimos dias ensinei a nossa lín-
frente do apoio das Nações Unidas para a imprensa in- gua portuguesa a estrangeiros ávidos por aprender o idioma
dependente e para os serviços de mídia pública, defen- oficial do país que sediou o maior evento esportivo do pla-
dendo a liberdade de expressão e o livre fluxo de in- neta. São pessoas de todas as partes com um objetivo em co-
formações, a UNESCO assiste a todos aqueles que são mum: interagir, comunicar-se em português.
contrários a uma cultura de guerra e que são vítimas Como práxis, nas aulas iniciais, ensinamos o verbo “ser”
de perseguição. e “estar”; para nós brasileiros, o famoso e enfadonho verbo
No entanto, a livre circulação de ideias na im-
to be das aulinhas de inglês. Então, a lição inicial é fazer com
prensa escrita e na imprensa audiovisual é minada por
que os iniciantes entendam a diferença entre ambos os ver-
forças de mercado que, atualmente, são mais podero-
sas do que as leis da informação, e levam à concentra- bos, já que na língua do Tio Sam tal diferença só é percebida
ção da mídia por todo o mundo. Parte da mídia tem a no contexto comunicativo. As explicações acontecem com
tendência de explorar a violência ao invés de promo- exemplos reais, a fim de mostrar-lhes a língua como ela é.
ver o entendimento mútuo. Por isso, é importante re- Nas aulas para estrangeiros o “tu” e o “vós” são aboli-
forçar a capacidade para as comunicações, particular- dos, completamente descartados, e isso é o sonho linguístico
mente nos países em desenvolvimento e na maioria de toda e qualquer criança brasileira. Imaginem o tormento:
dos países que há pouco saíram de situações de con- conjugação do verbo “ir”, no presente do indicativo “tu vais”,
flito. “vós ides” e a criança inconformada e chorosa pergunta:
(Disponível em http://www.comitepaz.org.br/a_unesco_e_a_c.htm. “Mãe, alguém fala isso? Eu não falo”. Pois é, sábia conclusão!

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A criança, com seu conhecimento linguístico inato, não narrar um acontecimento para problematizar o tema que se pre-
reconhece o idioma descrito na Gramática e intui que tende discutir. Das passagens a seguir, qual apresenta sequência
aquelas conjugações trarão uma imensa dor de cabeça tipológica eminentemente narrativa?
e possíveis notas vermelhas. a) “Então, a lição inicial é fazer com que os iniciantes
A língua como ela é não se apresenta, com preté- entendam a diferença entre ambos os verbos, já que
rito-mais-que-perfeito, como insiste a Gramática Nor- na língua do Tio Sam tal diferença só é percebida no
mativa e seus exemplos surreais: “O vento fechou a contexto comunicativo. As explicações acontecem
porta que o vento abrira.” Abrira? com exemplos reais, a fim de mostrar-lhes a língua
Com o futuro também temos problemas. Não, como ela é.” (2º§)
não sou vidente, não me refiro ao amanhã, refiro-me b) “Nos últimos dias tive uma experiência muito grati-
ao tempo gramatical. Ele, como a GN sugere, não par- ficante cumprindo o meu papel de professora de lín-
ticipa dos nossos planos, visto que um casal, ao sonhar gua portuguesa (...) Pois é, nos últimos dias ensinei
com o ninho de amor, não enrola a língua para conju- a nossa língua portuguesa a estrangeiros ávidos por
gar o verbo “querer” e, em vez de dizer “Nós querere- aprender o idioma oficial do país que sediou o maior
mos um apartamento de frente para o mar”, usam a evento esportivo do planeta.” (1º§)
corriqueira forma composta “Vamos querer...”. A par- c) “Ele, como a GN sugere, não participa dos nossos
tir disso, façamos uma reflexão: por que não mostrar planos, visto que um casal, ao sonhar com o ninho
aos nossos pupilos os tempos verbais no contexto da de amor, não enrola a língua para conjugar o verbo
nossa realidade linguística? O tempo futuro pode ser ‘querer’ e, em vez de dizer ‘Nós quereremos um
dito com a forma composta (verbo auxiliar no presente apartamento de frente para o mar’, usam a corri-
+ verbo principal no infinito) acompanhada pelo advér- queira forma composta ‘Vamos querer...’.” (5º§)
bio de tempo que situa a ideia. Sendo assim, dizemos: d) “O tempo futuro pode ser dito com a forma com-
“Vou viajar amanhã”. E falar assim é menos futuro? É posta (verbo auxiliar no presente + verbo principal
tanto quanto em “Viajarei amanhã”, com o detalhe de no infinito) acompanhada pelo advérbio de tempo
que está caindo em desuso na fala do dia a dia. que situa a ideia. Sendo assim, dizemos: ‘Vou viajar
Ah! Como é gostoso ensinar a língua viva! Aquela amanhã’. E falar assim é menos futuro? É tanto
que não está engessada nos compêndios gramaticais! quanto em ‘Viajarei amanhã’, com o detalhe de que
Porém, os gramáticos que elaboram tais manuais afir- está caindo em desuso na fala do dia a dia.” (5º§)
mariam categoricamente: ensinar português para es-
trangeiros é diferente de ensinar português a uma cri-
ança nativa, afinal, ela já sabe português. Concordo! TEXTO III PARA QUESTÃO 03
Claro que não precisamos ensinar as diferenças entre
ser e estar, levar e trazer, conhecer e saber, confusões Água - A economia que faz sentido
típicas de um aprendiz não nativo.
Sugerir e advogar a favor do ensino real da língua Ao colocar a teoria em prática e reduzir o consumo do
significa retirar o que não é utilizado ou é raramente visto precioso líquido, a garotada compreende as campanhas con-
na escrita, é ignorar regras inúteis que não influenciam na tra o desperdício
compreensão da língua. Um exemplo clássico é o pro- A água é um recurso finito e não tão abundante quanto
nome oblíquo no começo da oração. Os puristas da língua pode parecer; por isso deve ser economizada. Essa é uma no-
consideram um erro crasso, mas que mal pode haver em ção que só começou a ser difundida nos últimos anos, à me-
dizer “Me empresta o seu livro do Veríssimo”? E por que dida que os racionamentos se tornaram mais urgentes e ne-
não escrever assim também? É uma tendência nossa o cessários, até mesmo no Brasil, que é um dos países com
uso da próclise, enquanto os portugueses preferem a ên- maior quantidade de reservas hídricas — cerca de 15% do to-
clise. O nosso olhar para com os fenômenos linguísticos tal da água doce do planeta. Não é por acaso que cada vez
se compara ao estudo de um biólogo ou de um botânico, mais pessoas e organizações estão se unindo em defesa de
que não diz que aquela flor é mais ou menos bela por seu uso racional. Segundo a Organização das Nações Unidas
causa do formato das pétalas ou da coloração. Falar “em- (ONU), no século 20, o uso da água cresceu duas vezes mais
presta-me” não é mais ou menos bonito, é diferente, e que a população. A situação é tão preocupante que existe
em ambos os casos a comunicação acontece. quem preveja uma guerra mundial originada por disputas em
Portanto, a minha singela conclusão é que preci- torno do precioso líquido.
samos de gramáticas que não tenham espaço para me- Para não se chegar a esse ponto, a saída é poupar — e
sóclise, pronome possessivo “vosso”, lista de substan- o esforço tem de ser coletivo. "São questões de comporta-
tivos coletivos, tipos de sujeito e predicado, enfim, mento e atitude que se encontram no centro da crise", diz o
uma série de bobagens e gramatiquices que não ensi- relatório da ONU sobre água no mundo. Muitas vezes as cri-
namos para os estrangeiros, porque não são relevan- anças têm maior consciência do problema do que seus pais,
tes para comunicação, também porque não fazem graças às escolas. (...)
parte da língua como ela é. (Disponível em http://conhecimento- (Disponível em:<http://acervo.novaescola.org.br/ciências / fundamentos/aguaeco-
nomia-faz-sentido-426109.shtml>. Acesso em: 26 dez.2016)
pratico.uol.com.br/linguaportuguesa/gramatica-ortografia/53/artigo344826-
1.asp Acesso em: 08 set 2016.)

Um texto predominantemente argumentativo


pode, eventualmente, apresentar passagens narrativas
com a finalidade de ilustrar a tese defendida ou mesmo

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[NOÇÕES DE REDAÇÃO] EDITAL MASTER

03. O TEXTO pode ser caracterizado como:


a) Narrativo, pois apresenta dados estatísticos A diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS),
que comprovam uma tese. Margaret Chan, e a diretora da Opas (Organização Pan-Ameri-
b) descritivo, porque descreve informações rele- cana de Saúde) e da regional da OMS paras as Américas, Carissa
vantes para o cotidiano. Etienne, visitaram nesta quarta-feira (24) o Instituto Materno In-
c) Injuntivo, pois sugere soluções para minimizar fantil, um dos primeiros locais a ser credenciado para atender a
a crise hídrica no Brasil. crianças com microcefalia em Pernambuco, (01) Estado (02) com
d) Dissertativo, porque apresenta e analisa infor- o maior número de casos de má-formação: 209 dos 583 confir-
mações sobre um dado tema. mados no país.
e) Expositivo, porque expõem ideias, apresen- Durante a visita, ela (03) disse que este é "um momento
tando um posicionamento. de solidariedade" e evitou fazer críticas ao governo brasileiro.
Nós estamos lidando com um inimigo formidável, que é o
mosquito Aedes, e com um vírus, que não sabemos o que ele
EXERCÍCIOS DE TEXTO (04) vai fazer, é cheio de truques”. (Disponível em:> http://noti-
DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO cias.uol.com.br/ saude/ultimasnoticias/ redacao/2016/02/24/nao-sabemos-o-que-o-
zika-vai-fazer-e-cheio-detruques-diz-diretora-da-oms.htm<. Data da consulta:
24/02/2016. (Adaptado)
01. Sobre a estrutura do texto dissertativo, é correto
afirmar, exceto: 01. Sobre o texto anterior, é CORRETO afirmar que:
a) A introdução corresponde a uma extensão do a) Há um problema claro de coesão textual no frag-
tópico frasal, apresentando ideias secundárias mento, que compromete a clareza e, com efeito, a sua
que o fundamentam ou esclarecem. coerência: não há clareza, no texto, da presença do re-
b) O parágrafo é uma estrutura superior à frase, ferente coesivo da expressão ELA (03), já que há dois
que desenvolve, eficazmente, uma única idéia- possíveis referentes desse pronome citados no início
núcleo. Ele consta, normalmente, sobretudo na do fragmento.
dissertação e na descrição, de duas e, às vezes, b) Há um problema claro de coesão textual no frag-
de três partes: a introdução, o desenvolvi- mento, que compromete a clareza e, com efeito, a sua
mento e a conclusão. coerência: não há clareza, no texto, da presença do re-
c) Por ser uma modalidade de composição cujo ferente coesivo da expressão ELE (04).
objetivo é analisar ou comentar conceitos ou c) Há um problema claro de coesão textual no fragmento,
ideias, a dissertação pode ser apresentada de que compromete a clareza e, com efeito, a sua coerência:
maneira expositiva ou argumentativa. não há clareza, no texto, da presença do referente coe-
d) A conclusão deve retomar a ideia central do sivo da expressão ESTADO (02)
texto e levar em consideração os argumentos e d) Há um problema claro de coesão textual no frag-
aspectos apresentados ao longo do texto. mento, que compromete a clareza e, com efeito, a sua
coerência: não há clareza, no texto, da presença do re-
02. São características da dissertação: ferente coesivo da expressão UM DOS PRIMEIROS LO-
a) Defesa de uma tese através da organização de CAIS A SER CREDENCIADO PARA ATENDER ACRIANÇAS
dados, fatos, ideias e argumentos em torno COM MICROCEFALIA EM PERNAMBUCO (01).
de um ponto de vista definido sobre o assunto e) O fragmento goza de perfeita clareza e coesão textual.
em questão. Nela, deve haver uma conclusão,
e não apenas exposição de argumentos favo- QUESTÃO 02
ráveis ou contrários sobre determinada ideia.
Leia o texto a seguir para responder à questão:
b) Os eventos são organizados cronologicamente,
com uma estrutura que privilegia os verbos no Júlia tem um sonho, ela pretende estudar nos Estados
pretérito perfeito e predicados de ação relativos Unidos, mas como não tem condições financeiras, pensa que
a eventos que se referem à primeira ou à ter- seu sonho é impossível. Contudo, a menina recebeu um tele-
ceira pessoa. Presença de enunciados que suge- fonema, o qual anunciava que ela havia ganhado uma bolsa
rem ação e novos estados. de estudos em Los Angeles.
c) Predominância de caracterizações objetivas Os elementos em destaque no texto fazem uma referencia-
(físicas, concretas) e subjetivas (dependem do ção:
ponto de vista de quem as descreve) e uso de a) anafórica.
adjetivos. Os tipos de verbos mais comuns na b) catafórica.
estrutura do texto são os verbos de ligação. c) anafórica indireta.
d) Tipo textual marcado por uma linguagem sim- d) anafórica associativa.
ples e objetiva, sendo que um dos recursos e) desfocalizada.
linguísticos marcantes desse tipo de texto é a
utilização dos verbos no imperativo, típicos
de uma atitude coercitiva.
EXERCÍCIOS DE COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAL
TEXTO

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[NOÇÕES DE REDAÇÃO] EDITAL MASTER

Texto para a questão 03 considerar que os objetos perdem sua primeira função. Um
carro deixa de ser um veículo de transporte, um telefone ce-
Os adultos que educam hoje vivem na cultura que lular deixa de ser um meio de comunicação; ambos passam a
incentiva ao extremo o consumo. Somos levados a significar status, poder de consumo, condição social, entre
consumir de tudo um pouco: além de coisas materiais, outras coisas.
consumimos informações, ideias, estilos de ser e de vi- A educação tem o objetivo de formar pessoas autôno-
ver, conceitos que interferem na vida (qualidade de mas e livres. Mas, sob essa cultura do consumo, esses dois
vida, por exemplo), o sexo, músicas, moda, culturas va- conceitos se transformaram completamente e perderam o
riadas, aparência do corpo, a obrigatoriedade de ser seu sentido original. Os jovens hoje acreditam que têm liber-
feliz etc. Até a educação escolar virou item de con- dade para escolher qualquer coisa, por exemplo. Na verdade,
sumo agora. A ordem é consumir, e obedecemos mui- as escolhas que fazem estão, na maioria das vezes, determi-
tas vezes cegamente a esse imperativo. nadas pelo consumo e pela publicidade. Tempos loucos, ou
Quem viveu sem usar telefone celular por muito não?
tempo não sabe mais como seria a vida sem essa ino- (SAYÃO, Rosely. Tempos loucos – Parte 2. Disponível em: http://blog-
daroselysayao.blog.uol.com.br/arch2006-10-01_2006-10-15.html. Acesso
vação tecnológica, por exemplo. O problema é que a
em: dezembro de 2015.)
oferta cria a demanda em sociedades consumistas,
que é o caso atual, e os produtos e as ideias que o mer-
cado oferece passam a ser considerados absoluta- QUESTÃO 03 - Os conectivos ou partículas de ligação, além de
mente necessários a partir de então. exercerem funções coesivas, manifestam ainda diferentes re-
A questão é que temos tido comportamento lações de sentido entre os enunciados. Aponte, dentre as al-
exemplar de consumistas, boa parte das vezes sem crí- ternativas a seguir, aquela em que a relação estabelecida pelo
tica alguma. Não sabemos mais o que é ter uma vida conectivo em destaque está INCORRETAMENTE indicada.
simples porque almejamos ter mais, por isso trabalha- a) “Na educação, essa nossa característica leva a conse-
mos mais etc. Vejam que a ideia de lazer, hoje, faz todo quências sutis, mas decisivas na formação dos mais
sentido para quase todos nós. Já a ideia do ócio, não. novos”. (Expressa uma relação semântica de adição).
Ou seja: para descansar de uma atividade, nos ocupa- b) “Até a educação escolar”. (Funciona como conectivo,
mos com outra. A vadiagem e a preguiça são desvalo- retomando os itens anteriores e acrescentando um
rizadas. dado novo).
Bem, é isso que temos ensinado aos mais novos, c) “Já a ideia do ócio". (contrapõe uma ideia à que foi an-
mais do que qualquer outra coisa. Quando uma cri- teriormente enunciada).
ança de oito anos pede a seus pais um celular e ganha, d) “Bem, é isso que temos ensinado aos mais novos…”
ensinamos a consumir o que é oferecido; quando um (retoma a ideia anterior, numa conclusão parcial sobre
filho pede para o pai levá-la ao show do RBD, e este o assunto.)
leva mesmo se considera o espetáculo ruim, ensina- e) “Nessa ideologia consumista” (resume a ideia anterior
mos a consumir, seja qual for a estética em questão; para iniciar ampliação.)
quando um jovem pede uma roupa de marca para ir a
uma festa e os pais dão, ensinamos que o que consu-
mimos é mais importante do que o que somos. QUESTÃO 4 - Indique as relações semânticas estabelecidas
Não há problema em consumir; o problema passa pelos conectivos em destaque:
a existir quando o consumo determina a vida. Isso é I. Como a chuva estava muito forte, não foi possível conti-
extremamente perigoso, principalmente quando os fi- nuar o show.
lhos chegam à adolescência. Há um mercado generoso II. Eu não consegui apresentar o trabalho porque estava
de oferta de drogas. Ensinamos a consumir desde cedo muito nervosa!
e, nessa hora, queremos e esperamos que eles recu- III. Os manifestantes terão suas reivindicações atendi-
sem essa oferta. Como?! das, exceto se usarem de violência.
Na educação, essa nossa característica leva a IV. Estava doente, mas foi trabalhar.
consequências sutis, mas decisivas na formação dos V. Os brasileiros são tão trabalhadores quanto os norte-
mais novos. Como exemplo, podemos lembrar que es- americanos.
tes aprendem a avaliar as pessoas pelo que elas apa- a) causa, causa, condição, oposição, comparação.
rentam poder consumir e não por aquilo que são e pe- b) comparação, condição, finalidade, oposição, tempo.
las ideias que têm e que o grupo social deles é formado c) causa, causa, conformidade, oposição, condição.
por pares que consomem coisas semelhantes. Não é a d) finalidade, comparação, tempo, condição, causa.
toa que os pequenos furtos são um fenômeno pre- e) causa, causa, condição, condição, causa.
sente em todas as escolas, sejam elas públicas ou pri-
vadas.
Nessa ideologia consumista, é importante

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[NOÇÕES DE REDAÇÃO] EDITAL MASTER

QUESTÃO 5 - (Enem - 2013) QUESTÃO 7

Gripado, penso entre espirros em como a palavra Sobre a coesão textual, estão corretas as seguintes proposi-
gripe nos chegou após uma série de contágios entre lín- ções:
guas. Partiu da Itália em 1743 a epidemia de gripe que I. A coesão textual está relacionada com os componentes da
disseminou pela Europa, além do vírus propriamente superfície textual, ou seja, as palavras e frases que com-
dito, dois vocábulos virais: o italiano influenza e o francês põem um texto. Esses componentes devem estar conec-
grippe. O primeiro era um termo derivado do latim medi- tados entre si em uma sequência linear por meio de de-
eval influentia, que significava “influência dos astros so- pendências de ordem gramatical.
bre os homens”. O segundo era apenas a forma nominal II. A coesão é imaterial e não está na superfície textual. Com-
do verbo gripper, isto é, “agarrar”. Supõe-se que fizesse preender aquilo que está escrito dependerá dos níveis de
referência ao modo violento como o vírus se apossa do interação entre o leitor, o autor e o texto. Por esse motivo,
organismo infectado. RODRIGUES. S. Sobre palavras. Veja, São Paulo, um mesmo texto pode apresentar múltiplas interpreta-
30 nov. 2011. ções.
Para se entender o trecho como uma unidade de sen- III. Por meio do uso adequado dos conectivos e dos mecanis-
tido, é preciso que o leitor reconheça a ligação entre mos de coesão, podemos evitar erros que prejudicam a
seus elementos. Nesse texto, a coesão é construída sintaxe e a construção de sentidos do texto.
predominantemente pela retomada de um termo por IV. A coesão obedece a três princípios: o princípio da não con-
outro e pelo uso da elipse. O fragmento do texto em tradição; princípio da não tautologia e o princípio da rele-
que há coesão por elipse do sujeito é: vância.
a) “[...] a palavra gripe nos chegou após uma série V. Entre os mecanismos de coesão estão a referência, a subs-
de contágios entre línguas.” tituição, a elipse, a conjunção e a coesão lexical.
b) “Partiu da Itália em 1743 a epidemia de gripe a) Apenas V está correta.
[...]”. b) II e IV estão corretas.
c) “O primeiro era um termo derivado do latim me- c) I, III e V estão corretas.
dieval influentia, que significava ‘influência dos d) I e III estão corretas.
astros sobre os homens’.” e) II, IV e V estão corretas.
d) “O segundo era apenas a forma nominal do verbo
gripper [...]”. GABARITO
e) “Supõe-se que fizesse referência ao modo violento
como o vírus se apossa do organismo infectado.” TIPOLOGIAS TEXTUAIS
QUESTÃO 01
QUESTÃO 6 - (Enem – 2011) D) exposição e argumentação, busca convencer países, im-
Cultivar um estilo de vida saudável é extremamente prensa e cidadãos a eliminarem a violência.
importante para diminuir o risco de infarto, mas também QUESTÃO 02
de problemas como morte súbita e derrame. Significa B)“Nos últimos dias tive uma experiência muito gratificante
que manter uma alimentação saudável e praticar ativi- cumprindo o meu papel de professora de língua portuguesa
dade física regularmente já reduz, por si só, as chances de (...) Pois é, nos últimos dias ensinei a nossa língua portuguesa
desenvolver vários problemas. Além disso, é importante a estrangeiros ávidos por aprender o idioma oficial do país
para o controle da pressão arterial, dos níveis de coleste- que sediou o maior evento esportivo do planeta.” (1º§)
rol e de glicose no sangue. Também ajuda a diminuir o
estresse e aumentar a capacidade física, fatores que, so- QUESTÃO 03
mados, reduzem as chances de infarto. Exercitar-se, nes- D)Dissertativo, porque apresenta e analisa informações sobre
ses casos, com acompanhamento médico e moderação, um dado tema.
é altamente recomendável. (ATALIA, M. Nossa vida. Época. 23 mar.
2009.) TEXTO DISSERTATIVO- ARGUMENTATIVO
As ideias veiculadas no texto se organizam estabele- QUESTÃO 01
cendo relações que atuam na construção do sentido. a) A introdução corresponde a uma extensão do tó-
A esse respeito, identifica-se, no fragmento, que pico frasal, apresentando ideias secundárias que o funda-
a) a expressão “Além disso” marca uma sequencia- mentam ou esclarecem.
ção de ideias.
b) o conectivo “mas também” inicia oração que ex- QUESTÃO 02
prime ideia de contraste. a) Defesa de uma tese através da organização de dados,
c) o termo “como”, em “como morte súbita e der- fatos, ideias e argumentos em torno de um ponto de
rame”, introduz uma generalização. vista definido sobre o assunto em questão. Nela, deve
d) o termo “Também” exprime uma justificativa. haver uma conclusão, e não apenas exposição de ar-
e) o termo “fatores” retoma coesivamente “níveis gumentos favoráveis ou contrários sobre determi-
de colesterol e de glicose no sangue”. nada ideia.

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[NOÇÕES DE REDAÇÃO] EDITAL MASTER

COESÃO E COERÊNCIA Através desse movimento, a âncora passa a ter novamente o


foco do texto.
QUESTÃO 01
a) Há um problema claro de coesão textual no QUESTÃO 03
fragmento, que compromete a clareza e, com a) “Na educação, essa nossa característica leva a con-
efeito, a sua coerência: não há clareza, no texto, sequências sutis, mas decisivas na formação dos mais no-
da presença do referente coesivo da expressão vos”. (Expressa uma relação semântica de adição).
ELA (03), já que há dois possíveis referentes desse
pronome citados no início do fragmento. QUESTÃO 04 - A
QUESTÃO 02
c) anafórica indireta. QUESTÃO 05 - E
A expressão “bolsa de estudos em Los Angeles” é
uma referenciação do tipo anafórica indireta, pois re- QUESTÃO 06 - A
mete à âncora “estudar nos Estados Unidos”, reati-
vando-a através de uma recuperação indireta. QUESTÃO 07 – C

ESTRUTURA DE UMA REDAÇÃO


De forma resumida e bem objetiva, a redação tornar a leitura enfadonha, monótona. Além disso, pode fazer
deve ter três partes: com que o escritor se perca em meio às suas próprias argu-
mentações.
1. Introdução Não queira demonstrar mais do que sabe sobre determi-
nado assunto, pois poderá cair no erro das repetições de
2. Desenvolvimento ideias, exposto acima. E não é necessário “encher linguiça”,
uma vez que qualidade é essencial, mas quantidade de argu-
3. Conclusão mentos não, tampouco de linhas: 18 a 22 linhas de desenvol-
vimento são suficientes!
1. Introdução
O que é introdução, senão o ato de introduzir? 3. Conclusão
Então, vejamos: introduzir é fazer entrar, fixar-se. Concluir é acabar, finalizar. Portanto, é o desfecho do
Não é por menos que o início do texto tem essa texto. Muitos não dão importância para essa etapa, mas sem
denominação, uma vez que é responsável por fazer ela o texto fica vago, sem propósito.
com que o leitor queira adentrar, fixar os olhos e ler o Em um parágrafo, a conclusão deve reunir as ideias le-
restante do texto. vantadas ao longo do texto, contudo, com um posiciona-
A introdução deve apresentar a ideia principal mento por parte do escritor ou uma solução para um pro-
(tópico frasal) que será discutida não só no primeiro blema apresentado.
parágrafo, mas ao longo do texto! Nunca coloque: Concluímos que, Concluo que, Finali-
Por ser o primeiro contato que o leitor tem com zando, Resumindo ou equivalentes na conclusão porque não
o escrito, a forma como a introdução é disposta é é necessário que o escritor avise que irá finalizar o texto, já
muito importante. Deve-se explorar o objetivo do que esta etapa deve ser percebida pelo leitor e não alertada.
texto em orações que atraiam o público-alvo.
Importante é não se delongar muito nesta etapa,
três linhas são o suficiente.
Para redigir um bom texto
Para redigir um bom texto é necessário estar atento
para não pecar com as palavras utilizadas.
É muito importante saber o que deseja escrever, porém,
2. Desenvolvimento ao fazer isso deve-se posicionar como um leitor crítico para
É o chamado “corpo do texto”, onde o tema es- analisar sua obra minuciosamente. Para que o texto esteja
colhido é abordado e, como o próprio nome diz, de- bem redigido e consiga transmitir sua ideia de maneira clara,
senvolvido. Após introduzir o tema, é hora de debatê- seguem algumas dicas.
lo, através da exposição dos argumentos. Concisão: Um texto conciso é aquele que transmite sua
É necessário que as ideias estejam claras e exem- ideia com o mínimo de palavras possíveis, ou seja, não tem
plificadas, se for o caso. Nesta etapa, evite repetições rodeios e nem enrolação. É escrito de maneira direta sem a
de termos ou orações que tenham o mesmo sentido. utilização de palavras desnecessárias.
Evite também períodos muito longos, pois tendem a

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[NOÇÕES DE REDAÇÃO] EDITAL MASTER

Correção: O texto deve estar de acordo com a norma Estrutura


culta da língua, ou seja, deve-se atentar para que não Faça uma introdução de no máximo cinco linhas e
ocorram desvios de linguagem em relação à grafia, uti- aponte nesse momento o assunto a ser tratado, além de le-
lizando apenas palavras conhecidas; flexão das pala- vantar seu ponto de vista. No caso da narração, introduza a
vras, atentando principalmente para o plural de pala- personagem e o conflito a ser solucionado. No desenvolvi-
vras compostas; concordância, recordando que o
mento, esclareça seus argumentos, coloque exemplos, assi-
verbo se ajusta ao sujeito; regência, atentando para a
nale fatos que estejam de acordo com seu ponto de vista so-
utilização ou não da crase e à regência dos verbos e
bre o tema. Se for uma narrativa, é o momento de expor os
nomes; colocação dos pronomes, observando a colo-
cação dos pronomes, deve-se evitar alguns tipos de acontecimentos, as ações das personagens. Faça uma conclu-
construção, como iniciar frases com pronomes oblí- são, também em poucas linhas, que reforce ainda mais sua
quos átonos, por exemplo. visão sobre o assunto específico e mais ainda, dê uma suges-
tão, uma resolução. Na narrativa, exponha a solução do con-
Clareza: O texto deve ser redigido de maneira que o flito.
leitor compreenda facilmente o que está sendo abor-
dado, portanto, deverá ser impessoal, fazer uso da lin- Rascunho
guagem culta padrão e apresentar uniformidade. Use o rascunho para que não rasure, para que tenha cer-
teza do que irá escrever, para evitar erros de grafia, pontua-
Elegância: Quando o texto é escrito seguindo as quali- ção e concordância, pois é uma chance para rever o que es-
dades acima descritas, o mesmo tende a se tornar creveu.
agradável aos olhos do leitor, o que também se conse-
gue por meio do desenvolvimento criativo do texto. A Importante:
elegância inicialmente é obtida pela estética do texto,
Sempre se coloque no papel de leitor, imaginando que
ou seja, o mesmo deve estar limpo (sem rasuras) e le-
aquele texto está em um jornal, revista ou em um livro. Dessa
gível.
forma, você terá uma visão crítica a respeito de si mesmo en-
quanto escritor!

Produção de texto
Entenda quais aspectos são analisados na redação
Para se produzir um bom texto é necessário que alguns Compreender quais pontos são avaliados na produção
aspectos sejam revistos: de uma redação para vestibular é o começo certo. Saiba, en-
tão, que será preciso estudar o tipo de gênero textual co-
O tema geral: é o assunto a ser tratado que normal- brado, já que cada um apresenta características próprias.
mente abre espaço a outras vertentes, como por O seu domínio gramatical também será observado, as-
exemplo: a globalização. É proposto em praticamente sim como os demais conhecimentos do uso da linguagem es-
toda produção de texto a ser realizada. crita. Aspectos como regência e concordância — além da cor-
reta ortografia e pontuação — são mais pontos julgados.
O tema específico: não é fornecido. Trata-se da E, acima de tudo, sua capacidade de estruturar os
delimitação do assunto proposto, como por exemplo: pensamentos de maneira que faça sentido — coerência e
as consequências da globalização na economia. coesão.
Quanto mais o escritor especificar o tema geral, mais Sobre esses espinhosos assuntos, elencamos dicas vali-
focado em um objetivo estará e, portanto, mais se-
osas: você as encontrará logo após a 15º estratégia, não deixe
guro. Veja: as consequências da globalização na eco-
de conferir!
nomia brasileira.
Em vestibulares há a coletânea, trechos de textos
que abordam de formas diferentes o tema proposto. Exercite a leitura
Escolha a abordagem da coletânea que mais o agrada, Essa é a técnica de redação mais tradicional e despre-
pois nunca escreva sobre algo que não sabe a respeito. tensiosa de todas, constando em praticamente todos os ma-
Se não houver coletânea, faça conforme especificado
nuais. Mesmo assim, vale destacar a sua importância, pois
no “tema específico”: delimite o assunto comum pro-
uma boa escrita depende de muitas horas de leitura.
posto em um assunto particular que você tenha co-
Isso porque, ao ler, você percebe e assimila como o texto
nhecimento sobre.
se estrutura, amplia seu repertório de palavras e se familiariza
Ambiente: se puder escolher, vá para o lugar da casa cada vez mais com os padrões formais da língua.
ou da escola onde você possa se desligar do mundo Interpretação — fator elementar para entender o enun-
exterior, para se aprofundar no que irá escrever. Se ciado do tema proposto — é outro exercício praticado com a
não puder, busque na sala de aula esse lugar de con- leitura.
forto, de quietude. Além disso, o ambiente deve estar
bastante iluminado e arejado.

15
[NOÇÕES DE REDAÇÃO] EDITAL MASTER

Escreva sempre orações curtas em seu texto, a fim de minimizar os riscos de


Mais uma dica fácil de seguir, que não demanda errar.
grandes sacrifícios, porém, traz importantes resulta-
dos: faça da escrita cotidiana sua grande aliada. Anote Confira abaixo algumas dicas para alcançar esse obje-
pensamentos, escreva cartas, comece aos poucos. tivo:
Com isso, você vai enxergar suas dificuldades e, a ● tópicos frasais, mesmo simples e curtos, não po-
partir desse diagnóstico, saberá direitinho no que pre- dem dispensar as informações necessárias à
cisa evoluir. Mantenha um registro dessa atividade — compreensão do enunciado;
para poder comparar como você escrevia no início e ● artigos indefinidos e pronomes possessivos de-
depois. vem ser evitados, para não ocasionar dúvidas
Essa estratégia serve para deixar claros os ele- quanto ao substantivo e evitar ambiguidades;
mentos que tiveram evolução, e aqueles que ainda de- ● pronomes demonstrativos, quando substituídos
vem ser trabalhados. Assim, fica mais fácil concentrar por artigos, conferem mais leveza à frase;
seus esforços nos pontos fracos. ● fuja dos pronomes indefinidos: seu uso costuma
conduzir à generalização da mensagem.

Treine o formato pedido no


Vestibular ou no exame Use dados e exemplos para embasar a argumentação
Depois de exercitar bastante a escrita livre, co- Para dar credibilidade à argumentação, corrobore as
mece a treinar no formato do vestibular, com introdu- afirmações com fatos coerentes com a realidade. Fundamen-
ção, desenvolvimento e conclusão. Essa sequência é tar o texto em exemplos, apontar casos, enriquecer sua es-
fundamental, por isso, não invente soluções. crita com dados e informações é recurso dos mais úteis para
O espaço destinado à redação é mais um aspecto convencer o seu leitor.
a considerar, já que escrever menos do que é exigido Portanto, aumente sua bagagem cultural e dê toda a
significa perder pontos. Por outro lado, as linhas exce- atenção às notícias e assuntos da atualidade. Nesse caso, jor-
dentes são desconsideradas. nais, revistas e artigos confiáveis da internet são fontes úteis.
Geralmente, os vestibulares pedem textos de, no
máximo, 30 linhas (divididas em parágrafos), portanto, Conclua com propriedade
prepare-se para ficar nesse limite. A hora de concluir o seu texto é determinante para um
todo coeso e, consequentemente, para uma nota alta. Vale
mais esse esforço para gabaritar, não é mesmo?
Use clareza e objetividade a seu favor Então, termine da maneira certa: todo fechamento se-
Na tentativa de escrever “bonito”, a maioria dos gue um padrão, devendo retomar o tema, além de mostrar
estudantes utiliza expressões desnecessariamente uma relação entre as ideias apresentadas e sua finalização.
complicadas e, na hora de construir conceitos, acaba
entrando em um verdadeiro labirinto.
Esse erro, embora bastante comum, é grave, pois Releia o material com calma
deixa a mensagem confusa — e até mesmo impossível Você deu o melhor de si e escreveu um texto que acre-
de entender. dita conter tudo o que foi solicitado. Hora de passar a limpo,
Então, nada de enfeitar demais a sua redação — entregar e respirar aliviado, certo? Errado! Nada de se preci-
vá direto ao ponto! Use termos de fácil compreensão, pitar: leia e releia o material com a maior concentração.
apresente as informações de maneira clara e objetiva, Essa técnica ajuda a eliminar as redundâncias (aquelas
sem muitos rodeios e repetições. ideias que se repetem) e encontrar os errinhos que passaram
despercebidos no decorrer da escrita. Cuidado, ainda, para
não se esquecer de transcrever algum trecho, senão o todo
Construa períodos curtos arrisca perder sentido.
Um período não pode ser longo demais — com
muitas orações e sem ponto final —, pois, nesse
Atente à sua letra
caso, você corre o risco de se perder no meio do ca-
De nada adianta você seguir as 10 técnicas trazidas aqui,
minho e colocar seu texto em sérias dificuldades.
se o corretor não puder entender o que foi escrito. Escrever
A explicação: as estruturas sintáticas comple-
com letra legível é um pormenor que nem sempre é conside-
xas — ou seja, os períodos longos — tendem a con- rado pelo vestibulando, mas, com toda a certeza, é essencial
ter mais de um pensamento. E isso pode confundir para pontuar bem!
o leitor, gerar ambiguidades e outros problemas re- Se está na dúvida, apele para a letra de forma: ela é per-
lacionados à coesão e à coerência. mitida e pode ser a maneira de se fazer entender.
Pontuação adequada (como vírgulas) e concor-
dância são outros elementos textuais geralmente
comprometidos em períodos longos. Por isso, use
Preste atenção ao tempo

16
[NOÇÕES DE REDAÇÃO] EDITAL MASTER

Aprender a estimar quanto tempo você leva em Entre os exemplos, é possível citar cartas, verbetes, co-
simulados ou mesmo a estudar em casa ajuda a aper- municados e, com a popularização dos ambientes digitais, até
feiçoar o período de que necessita para fazer provas e mesmo textos para blogs e para publicação em redes sociais.
conseguir obter nelas o melhor desempenho.
Para as redações de vestibular, afinal, é necessá- Os dez mandamentos para que
rio calcular muito bem, já que no mesmo dia é impres-
cindível responder a um número grande de questões sua redação surpreenda a banca
de múltipla escolha — e quem não se programa bem
pode ter dificuldade para gerenciar esse tempo. 1) Não escreva difícil, usando palavras para parecer que sabe
Uma boa dica é usar o cronômetro do celular e de tudo! Prefira uma linguagem mais simples. Não falo
estipular metas do que seria o tempo ideal para escre- aqui do uso de coloquialismo, sem restrições!
ver e revisar. Com essa percepção, você chega ao dia
da prova com mais serenidade para solucionar todos 2) Críticas sem fundamento, sem objetivo não devem ser fei-
os problemas de modo otimizado e consegue, até tas. A análise sobre algo deve ser realizada baseada em
mesmo, deixar mais alguns minutos reservados para fatos, acontecimentos reais. Sempre aponte soluções co-
refletir sobre alguma questão complicada. erentes para os problemas levantados.
3) Uso de palavrões, jargões, gírias e coloquialismo é proi-
Encontre um leitor bido!
Se possível, eleja um leitor para seus materiais,
preferencialmente alguém com nível de escrita supe- 4) A linguagem do das redes sociais deve ficar em casa.
rior ao seu. Nunca abrevie palavras: vc, qdo, msm, dentre outras. Ex-
Esse é um ótimo exemplo de técnicas de redação, já ceção: etc.
que uma opinião externa nos ajuda a enxergar erros que 5) Não faça repetição desnecessária de palavras! O texto fica
provavelmente não perceberíamos sozinhos. enfadonho e pobre, pois o leitor verá que você não tem
Converse com algum amigo seu ou professor que muita leitura, uma vez que não tem muito vocabulário.
tenha domínio da escrita, peça comentários construti- Use sinônimos: menina, garota, criança, guria.
vos e considere cada um deles. É errando que se
aprende! Portanto, não tenha vergonha de ser acom- 6) Não “encha linguiça”, como dizem! Uns dizem coisas sem
panhado durante esse processo. sentido, outros falam a mesma coisa várias vezes, de vá-
rios modos. Seja objetivo, claro. Melhor qualidade do que
Debata com seus amigos quantidade. No entanto, processos seletivos exigem o mí-
Para redações argumentativas, que caem com nimo de 15 linhas. Escreva sobre algo que você tenha co-
frequência em vestibulares, é imprescindível desen- nhecimento. Baseie-se (não copie) em um texto da cole-
volver uma boa retórica. tânea, nas ideias expostas ali.
Pensando nelas, embora o treino ainda seja o as-
Faça um parágrafo para introdução, um para o desenvol-
pecto mais importante da preparação, o debate, seja
vimento e um para a conclusão, pelo menos!
oral ou até mesmo via mídias sociais, ajuda a melhorar
sua elaboração de argumentos. 7) Não esqueça a cedilha no “c”, o cortado do “t”, o pingo do
Ao ser contrariado ou questionado, você passa a “i”, as letras maiúsculas em nomes próprios!
refletir com mais clareza sobre os temas que são soli-
8) Coloque ponto final! Começou um novo argumento, uma
citados nos textos.
nova ideia? Coloque ponto final e não vírgula! Os períodos
Assista a filmes e a documentários ficam tão confusos que o leitor não sabe nem mais qual é
Além de manter o hábito da leitura, assistir a fil- o assunto inicial ou quem é o sujeito do período!
mes e a documentários, uma excelente prática de la- 9) Faça a concordância verbal. Se o sujeito está no plural, o
zer, também amplia seu repertório quando esses são verbo também deverá estar! Ficou em dúvida? Leia a ora-
históricos ou até mesmo contemporâneos, desde que ção e identifique o sujeito, quem pratica a ação.
baseados em temas relevantes para se solicitar em um
vestibular. 10) Releia o texto! É impossível tentar organizar melhor o
Às vezes, por exemplo, ver um filme associado à texto, corrigir os erros e tirar nota boa sem reler o que se
preservação do planeta pode ter aquilo de que você pre- escreveu! Detalhe: Coloque-se no lugar de um leitor que
cisa para justificar seu ponto de vista com coerência. não sabe nada sobre o assunto abordado em seu texto e
se pergunte: Será que ele entenderia sobre o que estou
Informe-se sobre diferentes gêneros textuais escrevendo e o meu ponto de vista? Saiba que manda-
Embora as redações argumentativas ainda sejam as mentos foram feitos para serem seguidos, mas não como
mais solicitadas nas provas, há algumas universidades obrigação ou por imposição, mas para nosso bem! Pense
que pedem gêneros diferentes a fim de solicitar do vesti- nisso!
bulando técnica e habilidade para fugir de padrões e,
ainda assim, executar um bom teste.
OS CEM ERROS MAIS COMUNS
17
[NOÇÕES DE REDAÇÃO] EDITAL MASTER

Veja a seguir os cem erros mais comuns enunciados no 12 - Preferia ir "do que" ficar. Prefere-se sempre uma coisa a
Manual de Redação do Estadão. outra: Preferia ir a ficar. É preferível segue a mesma
norma: É preferível lutar a morrer sem glória.

1 - "Mal cheiro", "mau-humorado". Mal opõe-se a 13 - O resultado do jogo, não o abateu. Não se separa com
bem e mau, a bom. Assim: mau cheiro (bom vírgula o sujeito do predicado. Assim: O resultado do
cheiro), mal-humorado (bem-humorado). Igual- jogo não o abateu. Outro erro: O prefeito prometeu, no-
mente: mau humor, mal-intencionado, mau jeito, vas denúncias. Não existe o sinal entre o predicado e o
mal-estar. complemento: O prefeito prometeu novas denúncias.

2 - "Fazem" cinco anos. Fazer, quando exprime tempo, 14 - Não há regra sem "excessão". O certo é exceção. Veja
é impessoal: Faz cinco anos. / Fazia dois séculos. outras grafias erradas e, entre parênteses, a forma cor-
/ Fez 15 dias. reta: "paralizar" (paralisar), "beneficiente" (benefi-
cente), "xuxu" (chuchu), "previlégio" (privilégio), "vultu-
3 - "Houveram" muitos acidentes. Haver, como exis- oso" (vultoso), "cincoenta" (cinqüenta), "zuar" (zoar),
tir, também é invariável: Houve muitos acidentes. "frustado" (frustrado), "calcáreo" (calcário), "advinhar"
/ Havia muitas pessoas. / Deve haver muitos ca- (adivinhar), "benvindo" (bem-vindo), "ascenção" (ascen-
sos iguais. são), "pixar" (pichar), "impecilho" (empecilho), "envólu-
4 - "Existe" muitas esperanças. Existir, bastar, faltar, cro" (invólucro).
restar e sobrar admitem normalmente o plural: 15 - Quebrou "o" óculos. Concordância no plural: os óculos,
Existem muitas esperanças. / Bastariam dois meus óculos. Da mesma forma: Meus parabéns, meus
dias. / Faltavam poucas peças. / Restaram alguns pêsames, seus ciúmes, nossas férias, felizes núpcias.
objetos. / Sobravam idéias.
16 - Comprei "ele" para você. Eu, tu, ele, nós, vós e eles não
5 - Para "mim" fazer. Mim não faz, porque não pode podem ser objeto direto. Assim: Comprei-o para você.
ser sujeito. Assim: Para eu fazer, para eu dizer, Também: Deixe-os sair, mandou-nos entrar, viu-a, man-
para eu trazer. dou-me.
6 - Entre "eu" e você. Depois de preposição, usa-se 17 - Nunca "lhe" vi. Lhe substitui a ele, a eles, a você e a vocês
mim ou ti: Entre mim e você. / Entre eles e ti. e por isso não pode ser usado com objeto direto: Nunca
7 - "Há" dez anos "atrás". Há e atrás indicam passado o vi. / Não o convidei. / A mulher o deixou. / Ela o ama.
na frase. Use apenas há dez anos ou dez anos 18 - "Aluga-se" casas. O verbo concorda com o sujeito: Alu-
atrás. gam-se casas. / Fazem-se consertos. / É assim que se evi-
8 - "Entrar dentro". O certo: entrar em. Veja outras re- tam acidentes. / Compram-se terrenos. / Procuram-se
dundâncias: Sair fora ou para fora, elo de ligação, empregados.
monopólio exclusivo, já não há mais, ganhar grá- 19 - "Tratam-se" de. O verbo seguido de preposição não varia
tis, viúva do falecido. nesses casos: Trata-se dos melhores profissionais. / Pre-
9 - "Venda à prazo". Não existe crase antes de palavra cisa-se de empregados. / Apela-se para todos. / Conta-
masculina, a menos que esteja subentendida a se com os amigos.
palavra moda: Salto à (moda de) Luís XV. Nos de- 20 - Chegou "em" São Paulo. Verbos de movimento exigem
mais casos: A salvo, a bordo, a pé, a esmo, a ca- a, e não em: Chegou a São Paulo. / Vai amanhã ao ci-
valo, a caráter. nema. / Levou os filhos ao circo.
10 - "Porque" você foi? Sempre que estiver clara ou 21 - Atraso implicará "em" punição. Implicar é direto no sen-
implícita a palavra razão, use por que separado: tido de acarretar, pressupor: Atraso implicará punição. /
Por que (razão) você foi? / Não sei por que (razão) Promoção implica responsabilidade.
ele faltou. / Explique por que razão você se atra-
sou. Porque é usado nas respostas: Ele se atrasou 22 - Vive "às custas" do pai. O certo: Vive à custa do pai. Use
porque o trânsito estava congestionado. também em via de, e não "em vias de": Espécie em via
de extinção. / Trabalho em via de conclusão.
11 - Vai assistir "o" jogo hoje. Assistir como presenciar
exige a: Vai assistir ao jogo, à missa, à sessão. Ou- 23 - Todos somos "cidadões". O plural de cidadão é cidadãos.
tros verbos com a: A medida não agradou (desa- Veja outros: caracteres (de caráter), juniores, seniores,
gradou) à população. / Eles obedeceram (desobe- escrivães, tabeliães, gângsteres.
deceram) aos avisos. / Aspirava ao cargo de dire- 24 - O ingresso é "gratuíto". A pronúncia correta é gratúito, as-
tor. / Pagou ao amigo. / Respondeu à carta. / Su- sim como circúito, intúito e fortúito (o acento não existe e
cedeu ao pai. / Visava aos estudantes. só indica a letra tônica). Da mesma forma: flúido, condôr,
recórde, aváro, ibéro, pólipo.
25 - A última "seção" de cinema. Seção significa divisão, re-
partição, e sessão equivale a tempo de uma reunião,
função: Seção Eleitoral, Seção de Esportes, seção de

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[NOÇÕES DE REDAÇÃO] EDITAL MASTER

brinquedos; sessão de cinema, sessão de panca- 37 - A questão não tem nada "haver" com você. A questão,
das, sessão do Congresso. na verdade, não tem nada a ver ou nada que ver. Da
mesma forma: Tem tudo a ver com você.
26 - Vendeu "uma" grama de ouro. Grama, peso, é pa-
lavra masculina: um grama de ouro, vitamina C 38 - A corrida custa 5 "real". A moeda tem plural, e regular:
de dois gramas. Femininas, por exemplo, são a A corrida custa 5 reais.
agravante, a atenuante, a alface, a cal, etc. 39 - Vou "emprestar" dele. Emprestar é ceder, e não tomar
27 - "Porisso". Duas palavras, por isso, como de re- por empréstimo: Vou pegar o livro emprestado. Ou: Vou
pente e a partir de. emprestar o livro (ceder) ao meu irmão. Repare nesta
concordância: Pediu emprestadas duas malas.
28 - Não viu "qualquer" risco. É nenhum, e não "qual-
40 - Foi "taxado" de ladrão. Tachar é que significa acusar de:
quer", que se emprega depois de negativas: Não
Foi tachado de ladrão. / Foi tachado de leviano.
viu nenhum risco. / Ninguém lhe fez nenhum re-
paro. / Nunca promoveu nenhuma confusão. 41 - Ele foi um dos que "chegou" antes. Um dos que faz a
concordância no plural: Ele foi um dos que chegaram an-
29 - A feira "inicia" amanhã. Alguma coisa se inicia, se tes (dos que chegaram antes, ele foi um). / Era um dos
inaugura: A feira inicia-se (inaugura-se) amanhã. que sempre vibravam com a vitória.
30 - Soube que os homens "feriram-se". O que atrai o 42 - "Cerca de 18" pessoas o saudaram. Cerca de indica arre-
pronome: Soube que os homens se feriram. / A dondamento e não pode aparecer com números exatos:
festa que se realizou... O mesmo ocorre com as Cerca de 20 pessoas o saudaram.
negativas, as conjunções subordinativas e os ad-
43 - Ministro nega que "é" negligente. Negar que introduz
vérbios: Não lhe diga nada. / Nenhum dos pre-
subjuntivo, assim como embora e talvez: Ministro nega
sentes se pronunciou. / Quando se falava no as-
que seja negligente. / O jogador negou que tivesse co-
sunto... / Como as pessoas lhe haviam dito... /
metido a falta. / Ele talvez o convide para a festa. / Em-
Aqui se faz, aqui se paga. / Depois o procuro.
bora tente negar, vai deixar a empresa.
31 - O peixe tem muito "espinho". Peixe tem espinha. 44 - Tinha "chego" atrasado. "Chego" não existe. O certo: Ti-
Veja outras confusões desse tipo: O "fuzil" (fusí- nha chegado atrasado.
vel) queimou. / Casa "germinada" (geminada),
"ciclo" (círculo) vicioso, "cabeçário" (cabeçalho). 45 - Tons "pastéis" predominam. Nome de cor, quando ex-
presso por substantivo, não varia: Tons pastel, blusas
32 - Não sabiam "aonde" ele estava. O certo: Não sa- rosa, gravatas cinza, camisas creme. No caso de adje-
biam onde ele estava. Aonde se usa com verbos tivo, o plural é o normal: Ternos azuis, canetas pretas,
de movimento, apenas: Não sei aonde ele quer fitas amarelas.
chegar. / Aonde vamos?
46 - Lute pelo "meio-ambiente". Meio ambiente não tem hí-
33 - "Obrigado", disse a moça. Obrigado concorda fen, nem hora extra, ponto de vista, mala direta, pronta
com a pessoa: "Obrigada", disse a moça. / Obri- entrega, etc. O sinal aparece, porém, em mão-de-obra,
gado pela atenção. / Muito obrigados por tudo. matéria-prima, infra-estrutura, primeira-dama, vale-re-
feição, meio-de-campo, etc.
34 - O governo "interviu". Intervir conjuga-se como
vir. Assim: O governo interveio. Da mesma forma: 47 - Queria namorar "com" o colega. O com não existe: Que-
intervinha, intervim, interviemos, intervieram. ria namorar o colega.
Outros verbos derivados: entretinha, mantivesse, 48 - O processo deu entrada "junto ao" STF. Processo dá en-
reteve, pressupusesse, predisse, conviesse, perfi- trada no STF. Igualmente: O jogador foi contratado do (e
zera, entrevimos, condisser, etc. não "junto ao") Guarani. / Cresceu muito o prestígio do jor-
35 - Ela era "meia" louca. Meio, advérbio, não varia: nal entre os (e não "junto aos") leitores. / Era grande a sua
meio louca, meio esperta, meio amiga. dívida com o (e não "junto ao") banco. / A reclamação foi
apresentada ao (e não "junto ao") Procon.
36 - "Fica" você comigo. Fica é imperativo do pronome
49 - As pessoas "esperavam-o". Quando o verbo termina em
tu. Para a 3.ª pessoa, o certo é fique: Fique você
m, ão ou õe, os pronomes o, a, os e as tomam a forma
comigo. / Venha pra Caixa você também. / Che-
no, na, nos e nas: As pessoas esperavam-no. / Dão-nos,
gue aqui.
convidam-na, põe-nos, impõem-nos.
50 - Vocês "fariam-lhe" um favor? Não se usa pronome átono
(me, te, se, lhe, nos, vos, lhes) depois de futuro do pre-
sente, futuro do pretérito (antigo condicional) ou parti-
cípio. Assim: Vocês lhe fariam (ou far-lhe-iam) um favor?
/ Ele se imporá pelos conhecimentos (e nunca "imporá-
se"). / Os amigos nos darão (e não "darão-nos") um pre-
sente. / Tendo-me formado (e nunca tendo "formado-
me").

19
[NOÇÕES DE REDAÇÃO] EDITAL MASTER

51 - Chegou "a" duas horas e partirá daqui "há" cinco 63 - Acordos "políticos-partidários". Nos adjetivos compos-
minutos. Há indica passado e equivale a faz, en- tos, só o último elemento varia: acordos político-parti-
quanto a exprime distância ou tempo futuro (não dários. Outros exemplos: Bandeiras verde-amarelas,
pode ser substituído por faz): Chegou há (faz) medidas econômico-financeiras, partidos social-demo-
duas horas e partirá daqui a (tempo futuro) cinco cratas.
minutos. / O atirador estava a (distância) pouco
64 - Fique "tranquilo". O u pronunciável depois de q e g e
menos de 12 metros. / Ele partiu há (faz) pouco
antes de e e i exige trema: Tranqüilo, conseqüência, lin-
menos de dez dias.
güiça, agüentar, Birigüi.
52 - Blusa "em" seda. Usa-se de, e não em, para definir
65 - Andou por "todo" país. Todo o (ou a) é que significa in-
o material de que alguma coisa é feita: Blusa de
teiro: Andou por todo o país (pelo país inteiro). / Toda a
seda, casa de alvenaria, medalha de prata, está-
tripulação (a tripulação inteira) foi demitida. Sem o,
tua de madeira.
todo quer dizer cada, qualquer: Todo homem (cada ho-
53 - A artista "deu à luz a" gêmeos. A expressão é dar mem) é mortal. / Toda nação (qualquer nação) tem ini-
à luz, apenas: A artista deu à luz quíntuplos. Tam- migos.
bém é errado dizer: Deu "a luz a" gêmeos.
66 - "Todos" amigos o elogiavam. No plural, todos exige os:
54 - Estávamos "em" quatro à mesa. O em não existe: Todos os amigos o elogiavam. / Era difícil apontar todas
Estávamos quatro à mesa. / Éramos seis. / Fica- as contradições do texto.
mos cinco na sala.
67 - Favoreceu "ao" time da casa. Favorecer, nesse sentido,
55 - Sentou "na" mesa para comer. Sentar-se (ou sen- rejeita a: Favoreceu o time da casa. / A decisão favore-
tar) em é sentar-se em cima de. Veja o certo: Sen- ceu os jogadores.
tou-se à mesa para comer. / Sentou ao piano, à
68 - Ela "mesmo" arrumou a sala. Mesmo, quanto equivale a
máquina, ao computador.
próprio, é variável: Ela mesma (própria) arrumou a sala.
56 - Ficou contente "por causa que" ninguém se feriu. / As vítimas mesmas recorreram à polícia.
Embora popular, a locução não existe. Use por-
69 - Chamei-o e "o mesmo" não atendeu. Não se pode em-
que: Ficou contente porque ninguém se feriu.
pregar o mesmo no lugar de pronome ou substantivo:
57 - O time empatou "em" 2 a 2. A preposição é por: Chamei-o e ele não atendeu. / Os funcionários públicos
O time empatou por 2 a 2. Repare que ele ganha reuniram-se hoje: amanhã o país conhecerá a decisão
por e perde por. Da mesma forma: empate por. dos servidores (e não "dos mesmos").
58 - À medida "em" que a epidemia se espalhava... O 70 - Vou sair "essa" noite. É este que desiga o tempo no qual
certo é: À medida que a epidemia se espalhava... se está ou objeto próximo: Esta noite, esta semana (a
Existe ainda na medida em que (tendo em vista semana em que se está), este dia, este jornal (o jornal
que): É preciso cumprir as leis, na medida em que que estou lendo), este século (o século 20).
elas existem.
71 - A temperatura chegou a 0 "graus". Zero indica singular
59 - Não queria que "receiassem" a sua companhia. O sempre: Zero grau, zero-quilômetro, zero hora.
i não existe: Não queria que receassem a sua
72 - A promoção veio "de encontro aos" seus desejos. Ao en-
companhia. Da mesma forma: passeemos, enfea-
contro de é que expressa uma situação favorável: A pro-
ram, ceaste, receeis (só existe i quando o acento
moção veio ao encontro dos seus desejos. De encontro a
cai no e que precede a terminação ear: receiem,
significa condição contrária: A queda do nível dos salá-
passeias, enfeiam).
rios foi de encontro às (foi contra) expectativas da cate-
60 - Eles "tem" razão. No plural, têm é assim, com goria.
acento. Tem é a forma do singular. O mesmo
73 - Comeu frango "ao invés de" peixe. Em vez de indica
ocorre com vem e vêm e põe e põem: Ele tem,
substituição: Comeu frango em vez de peixe. Ao invés de
eles têm; ele vem, eles vêm; ele põe, eles põem.
significa apenas ao contrário: Ao invés de entrar, saiu.
61 - A moça estava ali "há" muito tempo. Haver con-
74 - Se eu "ver" você por aí... O certo é: Se eu vir, revir, previr.
corda com estava. Portanto: A moça estava ali
Da mesma forma: Se eu vier (de vir), convier; se eu tiver
havia (fazia) muito tempo. / Ele doara sangue ao
(de ter), mantiver; se ele puser (de pôr), impuser; se ele
filho havia (fazia) poucos meses. / Estava sem
fizer (de fazer), desfizer; se nós dissermos (de dizer), pre-
dormir havia (fazia) três meses. (O havia se impõe
dissermos.
quando o verbo está no imperfeito e no mais-
que-perfeito do indicativo.) 75 - Ele "intermedia" a negociação. Mediar e intermediar
conjugam-se como odiar: Ele intermedeia (ou medeia) a
62 - Não "se o" diz. É errado juntar o se com os prono-
negociação. Remediar, ansiar e incendiar também se-
mes o, a, os e as. Assim, nunca use: Fazendo-se-
guem essa norma: Remedeiam, que eles anseiem, incen-
os, não se o diz (não se diz isso), vê-se-a, etc.
deio.

20
[NOÇÕES DE REDAÇÃO] EDITAL MASTER

76 - Ninguém se "adequa". Não existem as formas 86 - Espero que "viagem" hoje. Viagem, com g, é o substan-
"adequa", "adeqüe", etc., mas apenas aquelas tivo: Minha viagem. A forma verbal é viajem (de viajar):
em que o acento cai no a ou o: adequaram, ade- Espero que viajem hoje. Evite também "comprimentar"
quou, adequasse, etc. alguém: de cumprimento (saudação), só pode resultar
77 - Evite que a bomba "expluda". Explodir só tem as cumprimentar. Comprimento é extensão. Igualmente:
pessoas em que depois do d vêm e e i: Explode, Comprido (extenso) e cumprido (concretizado).
explodiram, etc. Portanto, não escreva nem fale 87 - O pai "sequer" foi avisado. Sequer deve ser usado com
"exploda" ou "expluda", substituindo essas for- negativa: O pai nem sequer foi avisado. / Não disse se-
mas por rebente, por exemplo. Precaver-se tam- quer o que pretendia. / Partiu sem sequer nos avisar.
bém não se conjuga em todas as pessoas. Assim, 88 - Comprou uma TV "a cores". Veja o correto: Comprou uma
não existem as formas "precavejo", "precavês", TV em cores (não se diz TV "a" preto e branco). Da mesma
"precavém", "precavenho", "precavenha", "pre- forma: Transmissão em cores, desenho em cores.
caveja", etc. 89 - "Causou-me" estranheza as palavras. Use o certo: Causa-
78 - Governo "reavê" confiança. Equivalente: Governo ram-me estranheza as palavras. Cuidado, pois é comum o
recupera confiança. Reaver segue haver, mas erro de concordância quando o verbo está antes do sujeito.
apenas nos casos em que este tem a letra v: Rea- Veja outro exemplo: Foram iniciadas esta noite as obras (e
vemos, reouve, reaverá, reouvesse. Por isso, não não "foi iniciado" esta noite as obras).
existem "reavejo", "reavê" etc. 90 - A realidade das pessoas "podem" mudar. Cuidado: pala-
79 - Disse o que "quiz". Não existe z, mas apenas s, nas vra próxima ao verbo não deve influir na concordância.
pessoas de querer e pôr: Quis, quisesse, quise- Por isso : A realidade das pessoas pode mudar. / A troca
de agressões entre os funcionários foi punida (e não "fo-
ram, quiséssemos; pôs, pus, pusesse, puseram,
ram punidas").
puséssemos.
91 - O fato passou "desapercebido". Na verdade, o fato pas-
80 - O homem "possue" muitos bens. O certo: O ho-
sou despercebido, não foi notado. Desapercebido signi-
mem possui muitos bens. Verbos em uir só têm a
fica desprevenido.
terminação ui: Inclui, atribui, polui. Verbos em
92 - "Haja visto" seu empenho... A expressão é haja vista e
uar é que admitem ue: Continue, recue, atue, ate-
não varia: Haja vista seu empenho. / Haja vista seus es-
nue.
forços. / Haja vista suas críticas.
81 - A tese "onde"... Onde só pode ser usado para lu-
93 - A moça "que ele gosta". Como se gosta de, o certo é: A
gar: A casa onde ele mora. / Veja o jardim onde
moça de que ele gosta. Igualmente: O dinheiro de que
as crianças brincam. Nos demais casos, use em dispõe, o filme a que assistiu (e não que assistiu), a prova
que: A tese em que ele defende essa idéia. / O li- de que participou, o amigo a que se referiu, etc.
vro em que... / A faixa em que ele canta... / Na
94 - É hora "dele" chegar. Não se deve fazer a contração da pre-
entrevista em que...
posição com artigo ou pronome, nos casos seguidos de in-
82 - Já "foi comunicado" da decisão. Uma decisão é finitivo: É hora de ele chegar. / Apesar de o amigo tê-lo con-
comunicada, mas ninguém "é comunicado" de al- vidado... / Depois de esses fatos terem ocorrido...
guma coisa. Assim: Já foi informado (cientificado, 95 - Vou "consigo". Consigo só tem valor reflexivo (pensou
avisado) da decisão. Outra forma errada: A dire- consigo mesmo) e não pode substituir com você, com o
toria "comunicou" os empregados da decisão. senhor. Portanto: Vou com você, vou com o senhor.
Opções corretas: A diretoria comunicou a decisão Igualmente: Isto é para o senhor (e não "para si").
aos empregados. / A decisão foi comunicada aos
96 - Já "é" 8 horas. Horas e as demais palavras que definem
empregados.
tempo variam: Já são 8 horas. / Já é (e não "são") 1 hora,
83 - Venha "por" a roupa. Pôr, verbo, tem acento di- já é meio-dia, já é meia-noite.
ferencial: Venha pôr a roupa. O mesmo ocorre 97 - A festa começa às 8 "hrs.". As abreviaturas do sistema
com pôde (passado): Não pôde vir. Veja outros: métrico decimal não têm plural nem ponto. Assim: 8 h,
fôrma, pêlo e pêlos (cabelo, cabelos), pára (verbo 2 km (e não "kms."), 5 m, 10 kg.
parar), péla (bola ou verbo pelar), pélo (verbo pe-
98 - "Dado" os índices das pesquisas... A concordância é nor-
lar), pólo e pólos. Perderam o sinal, no entanto:
mal: Dados os índices das pesquisas... / Dado o resul-
Ele, toda, ovo, selo, almoço, etc.
tado... / Dadas as suas idéias...
84 - "Inflingiu" o regulamento. Infringir é que significa 99 - Ficou "sobre" a mira do assaltante. Sob é que significa
transgredir: Infringiu o regulamento. Infligir (e debaixo de: Ficou sob a mira do assaltante. / Escondeu-
não "inflingir") significa impor: Infligiu séria puni- se sob a cama. Sobre equivale a em cima de ou a res-
ção ao réu. peito de: Estava sobre o telhado. / Falou sobre a infla-
85 - A modelo "pousou" o dia todo. Modelo posa (de ção. E lembre-se: O animal ou o piano têm cauda e o
pose). Quem pousa é ave, avião, viajante, etc. doce, calda. Da mesma forma, alguém traz alguma coisa
Não confunda também iminente (prestes a acon- e alguém vai para trás.
tecer) com eminente (ilustre). Nem tráfico (con- 100 - "Ao meu ver". Não existe artigo nessas expressões: A
trabando) com tráfego (trânsito). meu ver, a seu ver, a nosso ver.

21
[NOÇÕES DE REDAÇÃO] EDITAL MASTER

A VÍRGULA, O PONTO E VÍRGULA E O PONTO


Usos da vírgula ( , ) • Entre sujeito e predicado
• Para o emprego correto da vírgula, deve-se Minha amiga, contou um segredo.
considerar a ordem direta da frase: • Entre predicado e sujeito
sujeito – verbo – complementos – adj. Adver- Foram julgados, o assassino e seus cúmplices.
bial. • Entre verbo e seus complementos
• Não pode haver vírgula entre sujeito e predi- Todos sabem, que ele é apaixonado por esportes.
cado. (O supervisor, distribuiu as tarefas. – ER-
RADO) Vírgula optativa
• Não pode haver vírgula entre o verbo e seus • Com expressões adverbiais breves, antepostas ou in-
complementos. (Os alunos refizeram, todos os tercaladas.
textos. – ERRADO) O fracasso do comunismo, na prática, acabou com a
• Não pode haver vírgula entre o nome e o com- desculpa do stalismo.
plemento nominal ou adjunto adnominal. (A • Depois de no entanto, porém, por isso, contudo, to-
extração, do dente foi dolorosa. – ERRADO) davia... quando essas expressões ou palavras inicia-
rem o período.
Regra magna: A vírgula, posta entre A e B, indica que: No entanto, o presidente deixou claro que... ou
• ambos os termos são contíguos, No entanto o presidente deixou claro que...
• mas não associados sintaticamente entre si.
Exemplos: Vírgula entre orações: subordinadas substantivas
Entre certos povos, antigos rituais religiosos in- • Não se separam da principal por meio de vírgula.
cluem o sacrifício de crianças. Não imaginava que a propaganda seria tão agressiva.
Entre certos povos antigos, rituais religiosos in- • Exceto a apositiva, que se separa por dois pontos ou
cluem o sacrifício de crianças. vírgula.
Fica estabelecida esta lei: que aqui ninguém é intocá-
Vírgula para marcar intercalação vel.
• do adjunto adverbial Fica estabelecida esta lei, que aqui ninguém é intocá-
As cidades, no mundo moderno, cresceram vel.
exageradamente.
• da conjunção Vírgula entre orações: subordinadas adjetivas
Os candidatos prometem milagres. Os gover- • Restritivas – Não se separam.
nantes, porém, não conseguem realizá-los. São raros os programas de TV que trazem algum pro-
• do aposto veito.
O general De Gaulle, ex-presidente da França,
• Explicativas – Vêm sempre isoladas entre vírgulas.
foi alvo de vários atentados.
O juiz, que era íntegro, não se vendeu.
• do vocativo
Sinto muito, freguesa, mas esse desconto eu
Vírgula entre orações: subordinadas adverbiais
não posso fazer.
• Antecipadas à oração principal: SEMPRE SE SEPA-
Vírgula para marcar inversão RAM.
• do adjunto adverbial (no início da oração) Ainda que a situação fosse adversa, conseguimos
Com cuidado e atenção, poucos erros se dão. bom resultado.
• do complemento pleonástico antecipado ao verbo • Após a oração principal: é sempre correta a vírgula,
Os dias sagrados e festivos, o povo ainda os come- mas NÃO OBRIGATÓRIA.
mora com devoção. Todas as dúvidas caíram por terra, quando chegou a
• do nome de lugar antecipado às datas notícia oficial.
Brasília, 22 de abril de 1500.
Vírgula entre orações: coordenadas
Vírgula para separar termos coordenados (em uma
enumeração) • Assindéticas: sempre se separam por vírgula.
Os Jogos Olímpicos reúnem países de Europa, Pegou o recado, leu-o, disparou para a rua.
América, Ásia e África. • Sindéticas: é sempre correto e aconselhável separá-
las por vírgula, exceto as aditivas introduzidas pela
Vírgula para marcar elipse do verbo conjunção e.
Vamos comemorar antes a paz. Depois, a vi- Penso, logo existo.
tória.
Ponto ( . )
Vírgula proibida

22
[NOÇÕES DE REDAÇÃO] EDITAL MASTER

• O PONTO assinala a pausa máxima da voz de- o alto, com destino à casa de Amâncio, que era a me-
pois de um grupo fônico de final descendente. lhor da redondeza. (J. L. DO REGO)
Emprega-se, pois, fundamentalmente, para in-
dicar o término de uma oração declarativa, seja • Ao PONTO que encerra um enunciado escrito dá-se o
ela absoluta, seja a derradeira de um período nome de PONTOFINAL. Importante: O ponto indica,
composto: além do mais, a organização do pensamento, no sen-
Nada pode contra o poeta. Nada pode contra tido de organizar as ideias no texto.
esse incorrigível que tão bem vive e se arranja
em meio aos destroços do palácio imaginário Importante: O ponto indica, além do mais, a organiza-
que lhe caiu em cima. (A. M. MACHADO) ção do pensamento, no sentido de organizar as ideias no
texto.
• Quando os períodos (simples ou compostos) se
encadeiam pelos pensamentos que expressam, Geralmente, frases muito longas geram ideias confusas.
sucedem-se uns aos outros na mesma linha.
Diz-se, neste caso, que estão separados por um Exemplos:
PONTO SIMPLES. 1) “A menina bonita, que mora ao meu lado, sempre me
cumprimenta, eu, gentilmente, aceno para ela com ale-
gria, digo “bom dia” ou “boa tarde”.
• Quando se passa de um grupo a outro grupo de 2) “A menina bonita, que mora ao meu lado, sempre me
ideias, costuma-se marcar a transposição com cumprimenta. Eu, gentilmente, aceno para ela. Com ale-
um maior repouso da voz, o que, na escrita, re- gria, digo “bom dia” ou “boa tarde”.
presenta-se pelo PONTO PARÁGRAFO. Deixa-
se, então, em branco o resto da linha em que Ponto e vírgula ( ; )
termina um dado grupo ideológico, e inicia-se o
seguinte na linha abaixo, com o recuo de algu- • Estabelece uma pausa bem marcada, mais nítida do que
mas letras. a da vírgula, sem, contudo, denunciar o fim do enunci-
ado.
• Assim: Antes, eram os problemas políticos; hoje, os econômicos.
Lá embaixo era um mar que crescia. Começara
a chuviscar um pouco. E o carro subia mais para

Dois pontos – Ponto de Interrogação – Parênteses


Dois-pontos (:) MEIRELES)
• Servem para indicar uma citação de outrem ou
para dar início a uma sequência que explica, dis- Ponto de interrogação (?)
crimina ou desenvolve a ideia anterior.
Desastre em Paris: o selecionado brasileiro de fu- 1) É o sinal que se usa no fim de qualquer interrogação di-
tebol perde por três a zero. reta, ainda que a pergunta não exija resposta:
• Os DOIS-PONTOS servem para marcar, na escrita, Sabe você de uma novidade? (A. PEIXOTO)
uma sensível suspensão da voz na melodia de
uma frase não concluída. Empregam-se, pois, 2) Nos casos em que a pergunta envolve dúvida, costuma-
para anunciar. se fazer seguir, de RETICÊNCIAS, o PONTO DE INTERRO-
GAÇÃO:
1) uma citação (geralmente, depois de verbo ou ex- – Então?... que foi isso?... a comadre?... (ARTUR AZE-
pressão que signifique dizer, responder, pergun- VEDO)
tar e sinônimos):
Eu lhe responderia: a vida é ilusão... (A. PEIXOTO) 3) Nas perguntas que denotam surpresa, ou naquelas que
não têm endereço nem resposta, empregam-se, por ve-
2) uma enumeração explicativa: zes, combinados, o PONTO DE INTERROGAÇÃO E O
Viajo entre todas as coisas do mundo: homem, PONTO DE EXCLAMAÇÃO:
flores, animais, água... (C. MEIRELES) Que negócio é esse: cabra falando?! (C. D. DE ANDRADE)

3) um esclarecimento, uma síntese ou uma conse- Observação


quência do que foi enunciado: O PONTO DE INTERROGAÇÃO nunca é usado no fim de
Ternura teve uma inspiração: atirar a corda, laçá- uma interrogação indireta, uma vez que esta termina
la. (A. M. MACHADO) com entoação descendente, exigindo, por isso, um
Não sou alegre nem sou triste: sou poeta. (C. PONTO.

23
[NOÇÕES DE REDAÇÃO] EDITAL MASTER

Comparem-se: quase inabitável.


• Quem chegou? [= INTERROGAÇÃO DIRETA]
• Diga-me quem chegou. [= INTERROGAÇÃO Os parênteses ( ( ) )
INDIRETA] 1) Empregam-se os PARÊNTESES para intercalar num
texto qualquer indicação acessória. Seja, por exem-
Parênteses ( ) plo:
a) uma explicação dada, uma reflexão, um comentá-
• Servem para isolar palavras ou expressões que rio à margem do que se afirma:
não se encaixam na sequência lógica do enunci- Os outros (éramos uma dúzia) andavam também por
ado. essa idade, que é o doce-amargo subúrbio da adolescên-
São Paulo é hoje (que absurdo !) uma cidade cia. (P. MENDES CAMPOS)

Travessão – Aspas – Colchetes

Travessão ( – ) O poeta espera a hora da morte e só aspira a que ela


"não seja vil, manchada de medo, submissão ou cál-
Emprega-se, principalmente, em dois casos: culo". (MANUEL BANDEIRA)
a) Para indicar, nos diálogos, a mudança de in-
terlocutor: b) para fazer sobressair termos ou expressões, geral-
Muito bom dia, meu compadre. mente não peculiares à linguagem normal de quem
Por que não apeia, compadre Vitorino? escreve (estrangeirismos, arcaísmos, neologismos,
– Estou com pressa. (J. LINS DO REGO) vulgarismos etc.):
b) Para isolar, num contexto, palavras ou frases. Era melhor que fosse “clown”. (E. VERÍSSIMO)
Neste caso, usa-se geralmente o TRAVESSÃO
DUPLO: c) para acentuar o valor significativo de uma palavra ou
Duas horas depois – a tempestade ainda do- expressão:
minava a cidade e o mar – o "Canavieiras" ia A palavra "nordeste" é hoje uma palavra desfigurada
encostando no cais. (J. AMADO) pela expressão "obras do Nordeste" que quer dizer:
"obras contra as secas". E quase não sugere senão as
Mas não é raro o emprego de um só TRAVES- secas. (G. FREYRE)
SÃO para destacar, enfaticamente, a parte fi-
nal de um enunciado: Os colchetes ( [ ] )
Um povo é tanto mais elevado quanto mais se
interessa pelas coisas inúteis – a filosofia e a Os COLCHETES são uma variedade de PARÊNTESES, mas
arte. (J. AMADO) de uso restrito.

Conforme apontamento de Bechara Empregam-se:


(1999:612), deve-se acrescentar que o traves- a) quando numa transcrição de texto alheio, o autor in-
são pode substituir vírgulas, parênteses, col- tercala observações próprias, como nesta nota de
chetes, para assinalar uma expressão interca- SOUSA DA SILVEIRA a um passo de CASIMIRO DE
lada, como no exemplo: ABREU:
A frase atribuída a Aécio Neves – de que não Entenda-se, pois: "Obrigado! obrigado [pelo teu canto
seria contrário a Lula – expressa as dificulda- em que] tu respondes [à minha pergunta sobre o porvir
des da oposição para definir o perfil de suas (versos 11-12) e me acenas para o futuro (versos 14 e
candidaturas na eleição presidencial do pró- 85), embora o que eu percebo no horizonte me pareça
ximo ano. (Adaptado de Emir Sader, O que apenas uma nuvem (verso 15)]."
quer a oposição?, Jornal do Brasil, 7/6/2009).
b) quando se deseja incluir, numa referência bibliográfica,
Aspas (“ ”) indicação que não conste da obra citada, como neste
Empregam-se principalmente: exemplo:
a) no início e no fim de uma citação para distin- ALENCAR, José de. O Guarani, 2. ed. Rio de Janeiro, B.
gui-la do resto do contexto: L. Garnier Editor, [1864].

Abreviaturas

24
[NOÇÕES DE REDAÇÃO] EDITAL MASTER

Abreviatura – conceito • A abreviatura deve ter metade ou menos da me-


A abreviatura é um recurso convencional da lín- tade da palavra original, caso contrário, é preferí-
gua escrita que consiste em representar de forma re- vel escrever a palavra por extenso.
duzida certas palavras ou expressões. A regra geral • Deve-se evitar ao máximo o uso de abreviaturas
para abreviatura das palavras é simples. Basta escre- em textos corridos, utilizando-as preferencial-
ver a primeira sílaba e a primeira letra da segunda sí- mente em quadros, tabelas, listas, ou em docu-
laba, seguidas de ponto abreviativo. mentos específicos, como dicionários, manuais
Exemplos: bras. (brasileiro) técnicos e almanaques.
num. (numeral) • Antes de abreviar uma palavra, deve-se consultar
dicionários e outras fontes de informação, a fim de
Abreviaturas – observações verificar se já existem formas padronizadas; se isso
a) Se a segunda sílaba iniciar por duas consoantes, as não for possível, a palavra abreviada deve terminar
duas farão parte da abreviatura. em consoante e não em vogal.
Exemplos: pess. (pessoa) ed. (edição)
constr. (construção)
mús. (música)
secr. (secretário)
diss. (dissílabo) • Deve-se evitar a utilização de abreviaturas que re-
metem a mais de uma palavra, ou a um grupo de
b) O acento gráfico ou hífen existente na palavra ori- palavras que têm a mesma raiz, tal como bibl., raiz
ginal deve ser mantido na abreviatura. de bibliografia, bibliologia, biblioteconomia; nesse
Exemplos: séc. (século) caso, deve-se abreviar de forma a não ocasionar
dec.-lei (decreto-lei) dúvidas quanto ao significado.
adm.-financ. (administrativo-financeiro) Bibliogr. (bibliografia)
Bibliol. (bibliologia)
c) Algumas palavras apresentam abreviatura por con-
Bibliotecon. (biblioteconomia)
tração, ou seja, pela supressão de letras no meio
da palavra. • Deve-se adicionar a letra s (sempre minúscula)
Exemplos: bel. (bacharel) para indicar o plural nas abreviaturas que repre-
cel. (coronel) sentam títulos ou formas de tratamento e naquelas
cia. (companhia) em que a concordância exigir.
dr. (doutor) Drs. (doutores)
Ilmo. (Ilustríssimo) V. Exas. (Vossas Excelências)
ltda. (limitada)
• As abreviaturas dos nomes dos estados brasileiros
são constituídas de duas letras, ambas maiúsculas
d) Algumas palavras não seguem a regra geral para
e sem ponto.
abreviatura.
Exemplos: BA (Bahia)
a.C. ou A.C. (antes de Cristo) SC (Santa Catarina)
ap., apart. ou apto (apartamento) • Deve-se evitar o uso de etc. no fim de uma enume-
btl. (batalhão) ração de itens, pois este não acrescenta outra in-
cx. (caixa) formação senão a de que está incompleta, reco-
D. (digno, Dom, Dona) mendando-se, para tanto, o uso de entre outros e
f. ou fl. ou fol. (folha) de e outros.
Exemplos:
Os ingredientes utilizados na preparação do bolo
id. (idem)
foram: açúcar, farinha, fermento, ovos, leite, entre
i.e. (isto é)
outros.
p. ou pág. (página)
pg. (pago) • Nas abreviaturas de caráter internacional, não se
pp. ou págs. (páginas) utiliza o ponto abreviativo.
P.S. (pós-escrito) h, kg, km, kw, l.
Q.G. (quartel-general) • O ponto da abreviatura também serve para indicar
S.A. (Sociedade Anônima) o final do período.
S.O.S. (Save Our Soul = Salve nossa alma, em apelo
"O professor respondeu a Pedro Marcolino Jr."
de socorro)
(Não há a necessidade de repetir a pontuação.).
u.i. (uso interno)
SIGLAS
U.S.A. (United States of America = Estados Unidos)
• Sigla é o nome dado ao conjunto de letras iniciais
Abreviaturas dos vocábulos (normalmente os principais) que

25
[NOÇÕES DE REDAÇÃO] EDITAL MASTER

compõem o nome de uma organização, quando cada uma de suas letras ou parte delas é
uma instituição, um programa, um tratado, pronunciada separadamente, ou somente com a
entre outros. inicial maiúscula, quando formam uma palavra
• Na utilização de siglas, observam-se os se- pronunciável.
guintes critérios: BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Eco-
a) Deve-se citar apenas siglas já existentes ou nômico e Social
consagradas; a sigla e o nome que a origi- Masp – Museu de Arte de São Paulo
nou são escritos de maneira precisa e com- Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agrope-
pleta, de acordo com a convenção ou desig- cuária
nação oficial. f) Deve-se manter com maiúsculas e minúsculas as si-
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos glas que originalmente foram criadas com essa es-
– ECT (e não EBCT) trutura para se diferenciarem de outras, indepen-
dentemente de seu tamanho.
b) Quando mencionadas pela primeira vez no CNPq – Conselho Nacional de Pesquisa (para dife-
texto, deve-se escrever primeiramente a renciá-lo de CNP – Conselho Nacional do Pe-
forma por extenso, seguida da sigla entre tróleo).
parênteses, ou separada por hífen. g) Deve-se adicionar a letra s (sempre minúscula)
A Universidade Federal do Paraná (UFPR) é para indicar o plural das siglas somente quando a
a universidade mais antiga do Brasil. concordância gramatical assim o exigir.
A Universidade Federal do Paraná – UFPR é O trabalho das ONGs vem repercutindo cada vez
a universidade mais antiga do Brasil. mais na sociedade.
c) Não são colocados pontos intermediários e h) No caso de siglas de origem estrangeira, deve-se
ponto final nas siglas. adotar a sigla e seu nome em português quando
Associação Paranaense de Reabilitação – houver forma traduzida, ou adotar a forma original
APR (e não A.P.R.) da sigla estrangeira quando esta não tiver corres-
d) Siglas com até três letras são escritas com pondente em português, mesmo que o seu nome
todas as letras maiúsculas. por extenso em português não corresponda perfei-
ONU – Organização das Nações Unidas tamente à sigla.
IML – Instituto Médico Legal ONU – Organização das Nações Unidas
e) Siglas com quatro letras ou mais devem ser FAO – Organização das Nações Unidas para a Ali-
escritas com todas as letras maiúsculas mentação e Agricultura.

A CRASE (a + a = à)
Combinação e contração
• Como saber se devo empregar a crase? Uma dica é subs-
• COMBINAÇÃO: junção de preposição e ar- tituir a crase por “ao”, caso essa preposição seja aceita
tigo/numeral sem prejudicar nenhuma das pala- sem prejuízo de sentido, então com certeza há crase.
vras: a+o = ao / a + onde = aonde Fui à farmácia. / Fui ao supermercado.
Assisti à peça. / Assisti ao jogo.
• CONTRAÇÃO: junção de preposição e artigo/nu-
meral numa só palavra: em + uma = numa / O verbo “ir” exige preposição. Quem vai, vai “a” (até) al-
por+o = pelo gum lugar. Na resposta “a qual lugar?” temos o artigo
“a”. Logo, a preposição “a” mais o artigo feminino “a”,
que acompanha o substantivo na resposta (a farmácia),
formam a crase.
Crase
Casos em que a crase é obrigatória
• Crase é a junção da preposição “a” com o artigo
definido “a(s)”, ou ainda da preposição “a” com
as iniciais dos pronomes demonstrativos • Nas expressões que indicam horas ou nas locuções à me-
aquela(s), aquele(s), aquilo ou com o pronome dida que, às vezes, à noite, dentre outras, e ainda na ex-
relativo a qual (as quais). pressão “à moda”.
Sairei às duas horas da tarde.
• Graficamente, a fusão das vogais “a” é represen- À medida que o tempo passa, fico mais feliz.
tada por um acento grave, assinalado no sentido Quero uma pizza à moda italiana.
contrário ao acento agudo: à

Dica

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[NOÇÕES DE REDAÇÃO] EDITAL MASTER

Importante 4. Em substantivos que se repetem:


a) gota a gota
• A crase não ocorre: b) cara a cara
c) dia a dia
- antes de palavras masculinas; d) frente a frente
- antes de verbos, e) ponta a ponta

- antes de pronomes pessoais, 5. Diante de pronomes (pessoais, demonstrativos, de tra-


tamento, indefinidos e relativos):
- antes de nomes de cidade que não utilizam o ar-
a) Solicitei a ela que tivesse calma, pois tudo daria
tigo feminino,
certo!
- antes da palavra casa quando tem significado do b) Você vai sair a esta hora?
próprio lar, c) Comunicarei a Vossa Alteza a sua decisão!
d) Dê comida a qualquer um que tenha fome!
- antes da palavra terra quando tem sentido de
e) Agradeço a Deus, a quem pertence tudo que sou e
solo e
tenho!
- antes de expressões com palavras repetidas (dia
a dia). 6. Antes do artigo indefinido “uma”:
a) Ele foi a uma comunhão.
Preposição “a” e os pronomes demonstrativos
7. Diante de palavras, substantivos no plural:
a) O prêmio foi concedido a alunos vencedores.
Os pronomes demonstrativos em que a crase
b) Não gosto de ficar próximo a pessoas que conversam
pode ocorrer são: aquele, aquela, aqueles, aquelas,
demais!
aquilo, a(s). Para isso, o termo regente deve exigir pre-
c) Gosto de ir a praças para ler!
posição.
8. Antes de números cardinais:
Por exemplo: a) Vou embora daqui a quinze minutos.

Assisti àquele programa horrível de TV. 9. Antes de nomes de mulheres consideradas célebres:
Àquilo chamam de programa educativo? a) Refiro-me a Brigitte Bardot e sua má postura!
Refiro-me àquela aluna estudiosa. b) Este livro faz referência a Joana D’Arc.

Quando não usar a crase 10. Diante da palavra “casa” quando esta não estiver especi-
ficada:
Em meio a tantas exceções, às vezes é mais sim- a) Foi a casa. Voltou a casa.
ples você memorizar quando a crase não é utilizada do
que quando é! Detalhe importante: Se a palavra “casa” vier determinada
por adjunto adnominal,ou seja, caso esteja especificada,
1. Antes de palavras, substantivos masculinos: aceita a crase:
a) Ele veio a pé. Fui à casa de meus avós ou Voltei à casa de meus pais.
b) Não vendemos a prazo. 11. Diante da palavra “terra”:
c) Vamos conhecer a fazenda a cavalo. a) quando significar “terra firme” e não estiver especificada:
d) Você deve se vestir a caráter. Após viajarmos muito pelos mares, voltamos a terra.
e) Ele foi a diferentes lugares. Porém, quando possuir o sentido de planeta, ocorrerá a
crase:
2. Antes de verbo no infinitivo: Os astronautas voltaram à Terra.
a) Começou a sorrir quando dei a notícia!
b) Ficou a pensar nela o dia todo! No caso de a palavra terra estiver especificada, a crase es-
c) Estava a celebrar sua vitória! tará confirmada:
Voltamos à terra de meus avós.
3. Diante de nomes de cidades:
a) Chegou a Belo Horizonte em segurança.
b) Quem tem boca, vai a Roma.
Uso facultativo
c) Foi a Vitória conhecer o mar. O uso da crase é facultativo:
Detalhe importante: Quando especificar a cidade, co- • antes de possessivo
loque a crase: Leve o presente à/a sua amiga.
Irei à Veneza dos apaixonados. Refiro-me à Inglaterra • antes de nomes de mulheres que não sejam céle-
do século XVIII. bres
Foi à/a Ana falar de seu amor.

27
[NOÇÕES DE REDAÇÃO] EDITAL MASTER

EXERCÍCIOS

a) a - à - a
1. O pobre fica _______ meditar, _______ tarde, b) à - a - a
indiferente _______ que acontece ao seu c) à - à - a
redor. d) à - à - à
a) à - a - aquilo e) a - a – a
b) a - a – àquilo
c) a - à – àquilo 5) Assinale a frase gramaticalmente correta:
d) à - à – aquilo a) O Papa caminhava à passo firme.
e) à - à – àquilo b) Dirigiu-se ao tribunal disposto à falar ao juiz.
c) Chegou à noite, precisamente as dez horas.
2. A casa fica _______ direita de quem sobe a rua, d) Esta é a casa à qual me referi ontem às pressas.
_______ duas quadras da Avenida Central. e) Ora aspirava a isto, ora aquilo, ora a nada.
a) à - há
b) a - à 6. Chegou-se ____ conclusão de que a escola também é im-
c) a - há portante devido ____ merenda escolar que é distribuída
d) à - a gratuitamente ____ todas as crianças.
e) à – à a) à - à - à
b) a - à - a
3. Nesta oportunidade, volto _______ referir-me c) a - à - à
_______ problemas já expostos _______ V. Sa d) à - à - a
_______ alguns dias. e) à - a – a
a) à - àqueles - a - há
b) a - àqueles - a - há 7. Quanto ____ suas exigências, recuso-me ____ levá-las ____
c) a - aqueles - à - a sério.
d) à - àqueles - a - a a) às - à - a
e) a - aqueles - à – há b) a - a - a
c) as - à - à
4. Fique _______ vontade; estou _______ seu inteiro d) à - a - à
dispor para ouvir o que tem _______ dizer. e) as - a – a

Gabarito

1–C
2–D
3–B
4–B
5–D
6–D
7–E

28
[NOÇÕES DE REDAÇÃO] EDITAL MASTER

Exemplos de redação nota 1000 no Enem dos últimos anos


Observe os textos atentamente e procure rever o assunto abordado em todo o conteúdo fornecido. Sucesso.

2018: confira Lucas Felpi no Enem

No livro 1984 de George Orwell, é retratado um futuro distópico em que um Estado totalitário controla e manipula
toda forma de registro histórico e contemporâneo, a fim de moldar a opinião pública a favor dos governantes. Nesse sentido,
a narrativa foca na trajetória de Winston, um funcionário do contraditório Ministério da Verdade que diariamente analisa
e altera notícias e conteúdos midiáticos para favorecer a imagem do Partido e formar a população através de tal ótica. Fora
da ficção, é fato que a realidade apresentada por Orwell pode ser relacionada ao mundo cibernético do século XXI: grada-
tivamente, os algoritmos e sistemas de inteligência artificial corroboram para a restrição de informações disponíveis e para
a influência comportamental do público, preso em uma grande bolha sociocultural.
Em primeiro lugar, é importante destacar que, em função das novas tecnologias, internautas são cada vez mais expos-
tos à uma gama limitada de dados e conteúdos na internet, consequência do desenvolvimento de mecanismos filtradores
de informações a partir do uso diário individual.
De acordo com o filósofo Zygmund Bauman, vive-se atualmente um período de liberdade ilusória, já que o mundo
globalizado não só possibilitou novas formas de interação com o conhecimento, mas também abriu portas para a manipu-
lação e alienação semelhantes vistas em “1984”. Assim, os usuários são inconscientemente analisados pelos sistemas e lhes
é apresentado apenas o mais atrativo para o consumo pessoal.
Por conseguinte, presencia-se um forte poder de influência desses algoritmos no comportamento da coletividade ci-
bernética: ao observar somente o que lhe interessa e o que foi escolhido para ele, o indivíduo tende a continuar consumindo
as mesmas coisas e fechar os olhos para a diversidade de opções disponíveis.
Em um episódio da série televisiva Black Mirror, por exemplo, um aplicativo pareava pessoas para relacionamentos
com base em estatísticas e restringia as possibilidades para apenas as que a máquina indicava – tornando o usuário passivo
na escolha. Paralelamente, esse é o objetivo da indústria cultural para os pensadores da Escola de Frankfurt: produzir con-
teúdos a partir do padrão de gosto do público, para direcioná-lo, torná-lo homogêneo e, logo, facilmente atingível.
Portanto, é mister que o Estado tome providências para amenizar o quadro atual. Para a conscientização da população
brasileira a respeito do problema, urge que o Ministério de Educação e Cultura (MEC) crie, por meio de verbas governamen-
tais, campanhas publicitárias nas redes sociais que detalhem o funcionamento dos algoritmos inteligentes nessas ferramen-
tas e advirtam os internautas do perigo da alienação, sugerindo ao interlocutor criar o hábito de buscar informações de
fontes variadas e manter em mente o filtro a que ele é submetido.
Somente assim, será possível combater a passividade de muitos dos que utilizam a internet no país e, ademais, estourar
a bolha que, da mesma forma que o Ministério da Verdade construiu em Winston de “1984”, as novas tecnologias estão
construindo nos cidadãos do século XXI.

2018: Thais Saeger

É fato que a tecnologia revolucionou a vida em sociedade nas mais variadas esferas, a exemplo da saúde, dos transportes e
das relações sociais. No que concerne ao uso da internet, a rede potencializou o fenômeno da massificação do consumo, pois
permitiu, por meio da construção de um banco de dados, oferecer produtos de acordo com os interesses dos usuários. Tal perso-
nalização se observa, também, na divulgação de informações que, dessa forma, se tornam, muitas vezes, tendenciosas. Nesse
sentido, é necessário analisar tal quadro, intrinsecamente ligado a aspectos educacionais e econômicos.
É importante ressaltar, em primeiro plano, de que forma o controle de dados na internet permite a manipulação do
comportamento dos usuários. Isso ocorre, em grande parte, devido ao baixo senso crítico da população, fruto de uma edu-
cação tecnicista, na qual não há estímulo ao questionamento.
Sob esse âmbito, a internet usufrui dessa vulnerabilidade e, por intermédio de uma análise dos sites mais visitados por
determinado indivíduo, consegue rastrear seus gostos e propor notícias ligadas aos seus interesses, limitando, assim, o
modo de pensar dos cidadãos. Em meio a isso, uma analogia com a educação libertadora proposta por Paulo Freire mostra-
se possível, uma vez que o pedagogo defendia um ensino capaz de estimular a reflexão e, dessa forma, libertar o indivíduo
da situação a qual encontra-se sujeitado – neste caso, a manipulação.

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[NOÇÕES DE REDAÇÃO] EDITAL MASTER

Cabe mencionar, em segundo plano, quais os interesses atendidos por tal controle de dados. Essa questão ocorre de-
vido ao capitalismo, modelo econômico vigente desde o fim da Guerra Fria, em 1991, o qual estimula o consumo em massa.
Nesse âmbito, a tecnologia, aliada aos interesses do capital, também propõe aos usuários da rede produtos que eles acre-
ditam ser personalizados.
Partindo desse pressuposto, esse cenário corrobora o termo “ilusão da contemporaneidade” defendido pelo filósofo
Sartre, já que os cidadãos acreditam estar escolhendo uma mercadoria diferenciada mas, na verdade, trata-se de uma
manipulação que visa ampliar o consumo.
Infere-se, portanto, que o controle do comportamento dos usuários possui íntima relação com aspectos educacionais
e econômicos.
Desse modo, é imperiosa uma ação do MEC, que deve, por meio da oferta de debates e seminários nas escolas, orientar
os alunos a buscarem informações de fontes confiáveis como artigos científicos ou por intermédio da checagem de dados,
com o fito de estimular o senso crítico dos estudantes e, dessa forma, evitar que sejam manipulados.
Visando ao mesmo objetivo, o MEC pode, ainda, oferecer uma disciplina de educação tecnológica nas escolas, através
de sua inclusão na Base Comum Curricular, causando um importante impacto na construção da consciência coletiva. Assim,
observar-se-ia uma população mais crítica e menos iludida.

2017: Marcus Vinícius

No Brasil, o início do processo de educação de surdos remonta ao Segundo Reinado. No entanto, esse ato não se
configurou como inclusivo, já que se caracterizou pelo estabelecimento de um “apartheid” educacional, ou seja, uma escola
exclusiva para tal público, segregando-o dos que seriam considerados “normais” pela população. Assim, notam-se desafios
ligados à formação educacional das pessoas com dificuldade auditiva, seja por estereotipação da sociedade civil, seja por
passividade governamental. Portanto, haja vista que a educação é fundamental para o desenvolvimento econômico do
referido público e, logo, da nação, ela deve ser efetivada aos surdos pelos agentes adequados, a partir da resolução dos
entraves vinculados a ela.
Sob esse viés, pode-se apontar como um empecilho à implementação desse direito, reconhecido por mecanismos legais, a
discriminação enraizada em parte da sociedade, inclusive dos próprios responsáveis por essas pessoas com limitação. Isso por ser
explicado segundo o sociólogo Talcott Parsons, o qual diz que a família é uma máquina que produz personalidades humanas, o
que legitima a ideia de que o preconceito por parte de muitos pais dificulta o acesso à educação pelos surdos.
Tal estereótipo está associado a uma possível invalidez da pessoa com deficiência e é procrastinado, infelizmente,
desde o Período Clássico grego, em que deficientes eram deixados para morrer por serem tratados como insignificantes, o
que dificulta, ainda hoje, seu pleno desenvolvimento e sua autonomia.
Além do mais, ressalte-se que o Poder Público incrementou o acesso do público abordado ao sistema educacional
brasileiro ao tornar a Libras uma língua secundária oficial e ao incluí-la, no mínimo, à grade curricular pública. Contudo,
devido à falta de fiscalização e de políticas públicas ostensivas por parte de algumas gestões, isso não é bem efetivado.
Afinal, dados estatísticos mostram que o número de brasileiros com deficiência auditiva vem diminuindo tanto em
escolas inclusivas – ou bilíngues -, como em exclusivas, a exemplo daquela criada no Segundo Reinado. Essa situação abjeta
está relacionada à inexistência ou à incipiência de professores que dominem a Libras e à carência de aulas proficientes,
inclusivas e proativas, o que deveria ser atenuado por meio de uma maior gerência do Estado nesse âmbito escolar.
Diante do exposto, cabe às instituições de ensino com proatividade o papel de deliberar acerca dessa limitação em
palestras elucidativas por meio de exemplos em obras literárias, dados estatísticos e depoimentos de pessoas envolvidas
com o tema, para que a sociedade civil, em especial os pais de surdos, não seja complacente com a cultura de estereótipos
e preconceitos difundidos socialmente.
Outrossim, o próprio público deficiente deve alertar a outra parte da população sobre seus direitos e suas possibilida-
des no Estado civil a partir da realização de dias de conscientização na urbe e da divulgação de textos proativos em páginas
virtuais, como “Quebrando o Tabu”.
Por fim, ativistas políticos devem realizar mutirões no Ministério ou na Secretaria de Educação, pressionando os demi-
urgos indiferentes à problemática abordada, com o fito de incentivá-los a profissionalizarem adequadamente os professores
– para que todos saibam, no mínimo, o básico de Libras – e a efetivarem o estudo da Língua Brasileira de Sinais, por meio
da disponibilização de verbas e da criação de políticas públicas convenientes, contrariando a teórica inclusão da primeira
escola de surdos brasileira.

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[NOÇÕES DE REDAÇÃO] EDITAL MASTER

2017: Isabella Barros Castelo Branco

Na obra “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, o realista Machado de Assis expõe, por meio da repulsa do personagem
principal em relação à deficiência física (ela era “coxa), a maneira como a sociedade brasileira trata os deficientes. Atual-
mente, mesmo após avanços nos direitos desses cidadãos, a situação de exclusão e preconceito permanece e se reflete na
precária condição da educação ofertada aos surdos no País, a qual é responsável pela dificuldade de inserção social desse
grupo, especialmente no ramo laboral.
Convém ressaltar, a princípio, que a má formação socioeducacional do brasileiro é um fator determinante para a per-
manência da precariedade da educação para deficientes auditivos no País, uma vez que os governantes respondem aos
anseios sociais e grande parte da população não exige uma educação inclusiva por não necessitar dela.
Isso, consoante ao pensamento de A. Schopenhauer de que os limites do campo da visão de uma pessoa determinam
seu entendimento a respeito do mundo que a cerca, ocorre porque a educação básica é deficitária e pouco prepara cidadãos
no que tange ao respeito às diferenças.
Tal fato se reflete nos ínfimos investimentos governamentais em capacitação profissional e em melhor estrutura física,
medidas que tornariam o ambiente escolar mais inclusivo para os surdos.
Em consequência disso, os deficientes auditivos encontram inúmeras dificuldades em variados âmbitos de suas vidas.
Um exemplo disso é a difícil inserção dos surdos no mercado de trabalho, devido à precária educação recebida por eles e ao
preconceito intrínseco à sociedade brasileira.
Essa conjuntura, de acordo com as ideias do contratrualista Johm Locke, configura-se uma violação do “contrato so-
cial”, já que o Estado não cumpre sua função de garantir que tais cidadãos gozem de direitos imprescindíveis (como direito
à educação de qualidade) para a manutenção da igualdade entre os membros da sociedade, o que expõe os surdos a uma
condição de ainda maior exclusão e desrespeito.
Diante dos fatos supracitados, faz-se necessário que a Escola promova a formação de cidadãos que respeitem às dife-
renças e valorizem a inclusão, por intermédio de palestras, debates e trabalhos em grupo, que envolvam a família, a respeito
desse tema, visando a ampliar o contato entre a comunidade escolar e as várias formas de deficiência.
Além disso, é imprescindível que o Poder Público destine maiores investimentos à capacitação de profissionais da edu-
cação especializados no ensino inclusivo e às melhorias estruturais nas escolas, com o objetivo de oferecer aos surdos uma
formação mais eficaz.
Ademais, cabe também ao Estado incentivar a contratação de deficientes por empresas privadas, por meio de subsídios
e Parcerias Público-Privadas, objetivando a ampliar a participação desse grupo social no mercado de trabalho. Dessa forma,
será possível reverter um passado de preconceito e exclusão, narrado por Machado de Assis e ofertar condições de educação
mais justas a esses cidadãos.

Marcela Sousa Araújo – Enem 2016

No meio do caminho tinha uma pedra. No limiar do século XXI, a intolerância religiosa é um dos principais problemas
que o Brasil foi convidado a administrar, combater e resolver. Por um lado, o país é laico e defende a liberdade ao culto e à
crença religiosa. Por outros, as minorias que se distanciam do convencional se afundam em abismos cada vez mais profun-
dos, cavados diariamente por opressores intolerantes. O Brasil é um país de diversas faces, etnias e crenças e defende em
sua Constituição Federal o direito irrestrito à liberdade religiosa. Nesse cenário, tomando como base a legislação e acredi-
tando na laicidade do Estado, as manifestações religiosas e a dissseminação de ideologias fora do padrão não são bem
aceitas por fundamentalistas. Assim, o que deveria caracterizar os diversos “Brasis” dentro da mesma nação é motivo de
preocupação. Paradoxalmente ao Estado laico, muitos ainda confundem liberdade de expressão com crimes inafiançáveis.
Segundo dados do Instituto de Pesquisa da USP, a cada mês são registrados pelo menos 10 denúncias de intolerância reli-
giosa e destas 15% envolvem violência física, sendo as principais vítimas fieis afro-brasileiros. Partindo dessa verdade, o
então direito assegurado pela Constituição e reafirmado pela Secretaria dos Direitos Humanos é amputado e o abismo entre
oprimidos e opressores torna-se, portanto, maior.
Parafraseando o sociólogo Zygmun Bauman, enquanto houver quem alimente a intolerância religiosa, haverá quem
defenda a discriminação. Tomando como norte a máxima do autor, para combater a intolerância religiosa no Brasil são
necessárias alternativas concretas que tenham como protagonistas a tríade Estado, escola e mídia.

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[NOÇÕES DE REDAÇÃO] EDITAL MASTER

O Estado, por seu caráter socializante e abarcativo deverá promover políticas públicas que visem garantir uma maior
autonomia religiosa e através dos 3 poderes deverá garantir, efetivamente, a liberdade de culto e proteção; a escola, for-
madora de caráter, deverá incluir matérias como religião em todos os anos da vida escolar; a mídia, quarto poder, deverá
veicular campanhas de diversidade religiosa e respeito às diferenças. Somente assim, tirando as pedras do meio do caminho,
construir-se-á um Brasil mais tolerante.

2015: Isadora Peter Furtado, do Rio Grande do Sul

A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira é um problema muito presente. Isso deve ser en-
frentado, uma vez que, diariamente, mulheres são vítimas desta questão. Neste sentido, dois aspectos fazem-se relevantes:
o legado histórico-cultural e o desrespeito às leis. Segundo a História, a mulher sempre foi vista como inferior e submissa ao
homem.
Comprova-se isso pelo fato de elas poderem exercer direitos, ingressarem no mercado de trabalho e escolherem
suas próprias roupas muito tempo depois do gênero oposto. Esse cenário, juntamente aos inúmeros casos de violência
contra as mulheres corroboram a ideia de que elas são vítimas de um histórico-cultural. Nesse ínterim, a cultura ma-
chista prevaleceu ao longo dos anos a ponto de enraizar-se na sociedade contemporânea, mesmo que de forma implí-
cita, à primeira vista.
Conforme previsto pela Constituição Brasileira, todos são iguais perante à lei, independente de cor, raça ou gênero,
sendo a isonomia salarial, aquela que prevê mesmo salário para mesma função, também garantidas por lei. No entanto, o
que se observa em diversas partes do país, é a gritante diferença entre os salários de homens e mulheres, principalmente
se estas forem negras. Esse fato causa extrema decepção e constrangimento a elas, as quais sentem-se inseguras e sem ter
a quem recorrer. Desse modo, medidas fazem-se necessárias para corrigir a problemática.
Diante dos argumentos supracitados, é dever do Estado proteger as mulheres da violência, tanto física quanto moral,
criando campanhas de combate à violência, além de impor leis mais rígidas e punições mais severas para aqueles que não
as cumprem. Some-se a isso investimentos em educação, valorizando e capacitando os professores, no intuito de formar
cidadãos comprometidos em garantir o bem-estar da sociedade como um todo.

2015: Mariana Moura Goes

A mulher vem, ao longo dos séculos XX e XXI, adquirindo valiosas conquistas, como o direito de votar e ser votada.
Entretanto, a violência contra este gênero parece não findar, mesmo com a existência de dispositivos legais que protegem
a mulher. A diminuição dos índices deste tipo de violência ocorrerá no momento em que os dispositivos legais citados pas-
sarem a ser realmente eficazes e o machismo for efetivamente combatido, desafios esses que precisam ser encarados tanto
pelo Estado quanto pela sociedade civil.A Lei Maria da Penha e a Lei do Feminicídio, por exemplo, são dispositivos legais
que protegem a mulher.
Entretanto, estes costumam ser ineficazes, visto que a população não possui esclarecimentos sobre eles. Dessa forma,
muitas mulheres são violentadas diariamente e não denunciam por não terem conhecimento sobre as ditas leis e os agres-
sores, por sua vez, persistem provocando violências físicas, psicológicas, morais, etc., por, às vezes, não saberem que podem
ser seriamente punidos por suas ações.
Somado a isso, o machismo existente na sociedade brasileira contribui decisivamente para essa persistência. Na sociedade
de caráter patriarcal em que vivemos é passado, ao longo das gerações, valores que propagam a ideia de que a mulher deve ser
submissa ao homem. Essa ideia é reforçada pela mídia ao apresentar, por exemplo, a mulher com enorme necessidade de casar,
e, quando consegue, ela deve ser grata ao homem, submetendo-se, dessa forma, às suas vontades. Com isso, muitos homens
crescem com essa mentalidade, submetendo assim, suas esposas aos mais diversos tipos de violência.
Visto isso, faz-se necessária a reversão de tal contexto. Para isso, é preciso que o Poder Público promova palestras em
locais públicos nas cidades brasileiras a fim de esclarecer a população sobre os dispositivos legais existentes que protegem
a mulher, aumentando, desse modo, o número de denúncias.
Aliado a isso, é preciso que as escolas, junto com a equipe de psicólogos, promovam campanhas, palestras, peças
teatrais, etc. , que desestimulem o machismo entre crianças e adolescentes para que, a longo prazo, o machismo na socie-
dade brasileira seja findado. Somado a isso, a população pode pressionar a mídia através das redes sociais, por exemplo,
para que ela passe a propagar a equidade entre gêneros e pare de disseminar o machismo na sociedade.

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[NOÇÕES DE REDAÇÃO] EDITAL MASTER

2015: Amanda Carvalho Maia Castro

A violência contra a mulher no Brasil tem apresentado aumentos significativos nas últimas décadas. De acordo com o
Mapa da Violência de 2012, o número de mortes por essa causa aumentou em 230% no período de 1980 a 2010. Além da
física, o balanço de 2014 relatou cerca de 48% de outros tipos de violência contra a mulher, dentre esses a psicológica. Nesse
âmbito, pode-se analisar que essa problemática persiste por ter raízes históricas e ideológicas.
O Brasil ainda não conseguiu se desprender das amarras da sociedade patriarcal. Isso se dá porque, ainda no século
XXI, existe uma espécie de determinismo biológico em relação às mulheres. Contrariando a célebre frase de Simone de
Beavouir “Não se nasce mulher, torna-se mulher”, a cultura brasileira, em grande parte, prega que o sexo feminino tem a
função social de se submeter ao masculino, independentemente de seu convívio social, capaz de construir um ser como
mulher livre.
Dessa forma, os comportamentos violentos contra as mulheres são naturalizados, pois estavam dentro da construção
social advinda da ditadura do patriarcado. Consequentemente, a punição para este tipo de agressão é dificultada pelos
traços culturais existentes, e, assim, a liberdade para o ato é aumentada.
Além disso, já o estigma do machismo na sociedade brasileira. Isso ocorre porque a ideologia da superioridade do
gênero masculino em detrimento do feminino reflete no cotidiano dos brasileiros. Nesse viés, as mulheres são objetificadas
e vistas apenas como fonte de prazer para o homem, e são ensinadas desde cedo a se submeterem aos mesmos e a serem
recatadas.
Dessa maneira, constrói-se uma cultura do medo, na qual o sexo feminino tem medo de se expressar por estar sob a
constante ameaça de sofrer violência física ou psicológica de seu progenitor ou companheiro. Por conseguinte, o número
de casos de violência contra a mulher reportados às autoridades é baixíssimo, inclusive os de reincidência.
Pode-se perceber, portanto, que as raízes históricas e ideológicas brasileiras dificultam a erradicação da violência con-
tra a mulher no país. Para que essa erradicação seja possível, é necessário que as mídias deixem de utilizar sua capacidade
de propagação de informação para promover a objetificação da mulher e passe a usá-la para difundir campanhas governa-
mentais para a denúncia de agressão contra o sexo feminino.
Ademais, é preciso que o Poder Legislativo crie um projeto de lei para aumentar a punição de agressores, para que seja
possível diminuir a reincidência. Quem sabe, assim, o fim da violência contra a mulher deixe de ser uma utopia para o Brasil.

Redação nota máxima em 2015: Cecília Maria Lima Leite

Violação à dignidade feminina


Historicamente, o papel feminino nas sociedades ocidentais foi subjugado aos interesses masculinos e tal paradigma
só começou a ser contestado em meados do século XX, tendo a francesa Simone de Beauvoir como expoente. Conquanto
tenham sido obtidos avanços no que se refere aos direitos civis, a violência contra a mulher é uma problemática persistente
no Brasil, uma vez que ela se dá- na maioria das vezes- no ambiente doméstico. Essa situação dificulta as denúncias contra
os agressores, pois muitas mulheres temem expor questões que acreditam ser de ordem particular.
Com efeito, ao longo das últimas décadas, a participação feminina ganhou destaque nas representações políticas e no
mercado de trabalho. As relações na vida privada, contudo, ainda obedecem a uma lógica sexista em algumas famílias.
Nesse contexto, a agressão parte de um pai, irmão, marido ou filho; condição de parentesco essa que desencoraja a vítima
a prestar queixas, visto que há um vínculo institucional e afetivo que ela teme romper.
Outrossim, é válido salientar que a violência de gênero está presente em todas as camadas sociais, camuflada em
pequenos hábitos cotidianos. Ela se revela não apenas na brutalidade dos assassinatos, mas também nos atos de misoginia
e ridicularização da figura feminina em ditos populares, piadas ou músicas. Essa é a opressão simbólica da qual trata o
sociólogo Pierre Bordieu: a violação aos Direitos Humanos não consiste somente no embate físico, o desrespeito está –
sobretudo- na perpetuação de preconceitos que atentam contra a dignidade da pessoa humana ou de um grupo social.
Destarte, é fato que o Brasil encontra-se alguns passos à frente de outros países o combate à violência contra a mulher,
por ter promulgado a Lei Maria da Penha. Entretanto, é necessário que o Governo reforce o atendimento às vítimas, criando
mais delegacias especializadas, em turnos de 24 horas, para o registro de queixas. Por outro lado, uma iniciativa plausível
a ser tomada pelo Congresso Nacional é a tipificação do feminicídio como crime de ódio e hediondo, no intuito de endurecer
as penas para os condenados e assim coibir mais violações. É fundamental que o Poder Público e a sociedade – por meio de
denúncias – combatam praticas machistas e a execrável prática do feminicídio.

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[NOÇÕES DE REDAÇÃO] EDITAL MASTER

2015: Tainá Rocha Josino

Apesar de destacar enquanto potência econômica mundial, o Brasil ainda vivencia problemas sociais arcaicos, como a
persistência da violência contra a mulher. Diante da gravidade desta questão urge a mobilização conjunta do Estado e da
sociedade para seu efetivo combate. A violência contra a mulher no Brasil está atrelada, entre outros fatores, ao processo
histórico do país.
A herança do patriarcalismo colonial ainda é sensível em nossa cultura, sendo evidenciada, inclusive, em discursos de
várias pessoas públicas, como candidatos à presidência ou à liderança de comissão de Direitos Humanos. Mesmo que ex-
tremamente retrógrado, o machismo segue sustentando o consciente coletivo de suposta superioridade masculina, e, la-
mentavelmente, proporcionando a inúmeras mulheres cotidianos humilhantes, com afronta a seus direitos humanos mais
básicos.
É justo reconhecer, no entanto, as iniciativas públicas e privadas que têm como objetivo a debelação dessa triste rea-
lidade. Por exemplo, a lei Maria da Penha, em vigor desde 2006, já um marco democrático para o Brasil, pois contribui
exemplarmente para a proteção da dignidade e soberania da mulher, em uma tentativa legítima de reverter o cenário
violento contra esse gênero. Juizados e varas especializadas neste âmbito foram criados, denúncias de opressões foram
estimuladas, entre outras ações admiráveis, contudo, isso não tem sido suficiente para anular o número de vítimas.
Dentre os agentes e impossibilidades do fim desse tipo de agressão, destaca-se a infraestrutura inadequada para este
tipo de investigação de possíveis abusos, apreensão de agressores e sua devida prisão. A falha acarreta constante impuni-
dade e altos índices de reincidência de agressões, que podem se agravar e se tornar fatais. Também há carência de profis-
sionais preparados para acolher a vítima e dar-lhe apoio psicológico.
Além disso, o desconhecimento ou até descrédito da população quanto ao amparo jurídico dado às vítimas de violência
resulta na escassez de denúncias frente ao real número de agressões.
Portanto, para que haja o fim deste cenário violento contra a mulher, é imprescindível esforço coletivo. O Estado deve
otimizar a infraestrutura destinada a essa seara, ampliando o número de delegacias da mulher, por exemplo, além de se
unir a instituições profissionalizantes, com o fito de capacitar cada vez mais profissionais que lidem de forma mais positiva
possível com a proteção dos direitos femininos.
A população, previamente orientada por campanhas públicas e por eventos culturais, contribuirá denunciando agres-
sões. A educação é ponto nevrálgico deste processo, de forma que as escolas precisam promover debates e seminários
acerca do tema, a fim de consolidar valores morais e éticos nesta geração e nas futuras.
Através dessas e outras medidas de promoção da cidadania a sociedade brasileira se tornará cada vez mais sensata e
consciente de sua responsabilidade no combate à violência (covarde, desproporcional e insustentável) contra a mulher.
Conferiu que texto bem escrito, coeso e consistente? Então, é uma inspiração para você também conseguir uma Reda-
ção nota mil no Enem.

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