Você está na página 1de 15

Análise Winnicott-Khan: um estudo preliminar da falência do uso do objeto-Parte II

“D.W.Winnicott´s analysis of Masud Khan”, por Linda Hopkins

We all hope that our patients will finish with us and forget us, and that they will find living
itself to be a yherapy that makes sense
D. W. Winnicott, 1968

( Este material é uma continuação da tradução- preliminar- enviada anteriormente,


até a pg. 26. É interessante que o leitor acompanhe com o texto em inglês, para eventuais
correções )

The issue of the frame

É bem conhecido pelos analistas que o propósito de um frame é conter o intenso material
do paciente, de tal maneira que todos os assuntos possam ser investigados, sem uma
preocupação que eles possam vir a ser atuados depois. Este é o motivo pelo qual a quebra
do frame é um assunto para preocupação: a área de ilusão ( área of illusion ) não pode ser
ser livre ( free ) se a pessoa tem problemas, no momento, com atuações sexuais, agressão e
coisas semelhantes. Além disso, é no espaço do frame que as experiências maturacionais do
uso do objeto ocorrem. O analista, of course, é responsável pela manutenção do frame.
Embora, Khan, eventualmente, tenha se tornado conhecido por violações do frame, nos
anos 50, enquanto estava em treinamento, ele conservava o frame com pacientes que
tinham habilidade para falar ( entrevista com Jimmy Hood. Nov., 1966 ). O início de Khan
também incuiu muitos pacientes que não tinham a capacidade para usar a linguagem para
se expressar por si mesmos, e ele, algumas vezes, se permitia desvios do classical frame
para estes pacientes. Ele sempre tinha boas razões para prosseguir ( permitir ) estes desvios,
entretanto ele set ( estabelecia ) limites estritos em torno destes desvios. Por exemplo, ele
devolveu para uma livraria dois livros roubados por um paciente ( Khan, 1959 ); ele levou (
drove; tocar por diante, guardador de gado, ronda à noite das tropas ) um jovem paciente
para casa e fez uma chamada telefônica para o pai do paciente a meia-noite; e se permitiu
falar para uma paciente enquanto caminhava, ou a ficar de pé de forma a olhar
penetrantemente ( glare ) para ela , até que ela fosse, finalmente, capaz de usar o divã
( Khan, 1969 ). Este tipo de ação controlada na análise de pacientes que não conseguiam
falar ou responder à interpretação verbal era de particular interesse para Khan, e ele
escreveu sobre isto extensivamente, terminando por acreditar que isto era freqüentemente
necessário: “ Eu havia aprendido a aceitar que, freqüentemente, a self-experience na
situação analítica poderia não ter meios de simbolizar e/ou atuar concretamente, se a
motilidade é um tabu rígido” ( Khan, 1972 , p. 297 ). Ao mesmo tempo, Khan acreditava
que a firmness ( firmeza, constância ) , em atitude, para estes difíceis pacientes era algo
essencial, porque era através do encontro com a resistência ( resistence obstacle ) que eles
poderiam adquirir uma estruturação do ego ( Khan, 1959, pg. 163 ). Os desvios iniciais de
Khan do frame poderiam ser modelos para como tratar pacientes difícieis ou eles poderiam
ser erros, mas o ponto aqui é que eles eram sempre feitos de uma forma controlada e para o
objetivo de atender necessidades particulares ( como oposição aos desejos ) destes
pacientes.

1
Os desvios posteriores de Khan em relação ao frame eram não controlados; mais e mais
eles eram para sua própria gratificação. Nos anos 70, e possivelmente antes, ele iniciou uma
série de public affairs ( casos públicos ) com estudantes e, mesmo, com analisandos.
Embora estes casos fossem seus desvios mais ruidosamente violentos ( outrageous;
ultrajantes, ruidosos, violentos ) , Khan também prejudicava muitas outras pessoas com
certos comportamentos, como uma socialização inapropriada com estudantes e pacientes,
empréstimo de dinheiro e bebendo publicamente em momentos e locais inadequados. No
último capítulo de seu ultimo livro, Khan ( 1987b ) fica orgulhoso descrevendo um caso em
que ele vai ao hospital e induz o parente de uma paciente a um aborto ( discharge ) e,
então, eles tornam-se “amigos afeiçoados” , visitando-a no Paquistão e hospedando-se na
mansão da família, enquanto ela assistia o funeral de seu pai. Khan fala deste
relacionamento, “ Nós nos esforçávamos juntos, ajudando um ao outro, quando a moral
tornava-se baixa”. Khan tinha uma muito pouco convincente racionalização teórica: ele
necessitava ensinar a paciente a amá-lo, só assim ela se tornaria capaz de ser capaz de amar
a si mesma e então alguém mais.. Em um de seus primeiros livros, Khan ( 1979 a ) escreveu
sobre o valor da “gente” ( people; nação, gente, plebe ) na vida “real” das pessoas o que
ajudava a análise do paciente pela provisão de objetos com quem o paciente pudesse ter
novas experiências, que o analista não poderia prover; mas agora ele mesmo tornava-se
parte “real” da vida do paciente. Khan declarava que ele sabia que seus colegas poderiam
ser críticos de seu comportamento e poderiam dizer “ que isto tem mais a ver com o
temperamento de Khan do que com as necessidades dos pacientes” ( 1987b, pg. 195 ).
Khan declarava, entretanto, que ele não podia defender a si mesmo, porque ele estava
trabalhando fora de sua própria teoria da cura: “Isto era meu programa audacioso e eu
trabalhava. . Eu não recomendo isto a nenhum outro clínico “ (pg. 195 ).
Os desvios de Khan do frame , finalmente destruíram sua carreira e sua reputação, e seus
próprios problemas de personalidade foram a causa maior de sua conduta equivocada (
misconduct ).
Alguns dos desvios de Winnicott eram similares aos de Khan, em que ele usava técnicas
para lidar ( dealing; proceder, lidar ) com pacientes especialmente difíceis. Por exemplo,
Little ( 1990 ) falou do comportamento protetor de Winnicott quando ela estava
particularmente regredida; ele tomou o controle da chave de seu carro, pegou ( held ) sua
mão, sugerindo a ela ficar só em uma sala após a sessão até ela se acalmar, e insistiu que
ela permanecesse em um sanatório durante suas férias e a acompanhou até lá. Khan ( 1988 )
atribui a Winnicott a técnica de ir além de cinquenta minutos com certos tipos de pacientes
e também de vê-los em horários não usuais. Por exemplo, Khan ( 1971 ) descreve que viu
uma paciente “em um quente sábado de verão – que era a única possibilidade em minha
agenda para ela. Eu aprendi com Winnicott que com este tipo de caso é necessário ver o
paciente na demanda ou isto é inútil “ (pg. 237 ).
Winnicott usou uma técnica não ortodoxa no inicio da análise de Khan. Em 1951 ou 1952,
Khan teve um breve sacamento com uma popular musicista que era membro de uma
respeitáavel família inglesa. Khan considerou o casamento sufocante e as coisas acabaram
em divórcio. Segundo Marion Millner ( entrevista, nov. 1969 ), que ouviu a história por
Winnicott, antes do divórcio, a esposa de Khan estava tão deprimida e com idéias
suicidas, que Khan pediu a Winnicott para levá-la em seu lugar, temporariamente, na
análise. Millner considerou que Winnicott cometeu um “terível engano” em concordar com
o pedido. Em lugar de ter Khan em análise, Winnicott colocou-o a ajuda-lo em trabalhos
editoriais. Após Khan retornou à análise, mas continuou com a colaboração editorial. Além

2
disso, Winnicott e Khan fizeram uma publicação conjunta ( 1953 ) de uma importante
revisão teórica, de cinco páginas, do livro de Fairbain ( 1953 ) Psychonalytic Studies of the
Personality. Segundo Khan ( 1987a ), “Cada trabalho de Winnicott, de 1950-1970 e cada
livro dele foram editados por mim “ ( pg. Xviii ). Muitas questões emergem desta história.
Por que Winnicott tomou a esposas de Khan para tratamento em lugar de dar à ela um
encaminhamento? Por que Winnicott falou sobre seu analisando quando Milner, ela
própria, era sua aluna e analisanda? E por que Winnicott aceitou uma publicação conjunta
e uma colaboração editorial com seu novo analisando?
No caso especial de uma análise de treinamento, o analista e o analisando, inevitavelmente,
interagem profissionalmente fora do setting analítico ( Gabbard, 1995 ). Winnicott e Khan
talvez não tivessem podido evitar esta complicação, e eles viram-se obrigados a freqüentar
muitos meetings profissionais juntos. Há evidências, entretanto, que eles acted out assuntos
analíticos em um caminho público que não era necessário e revelaram problemas na
análise. Malcon Pines ( entrevista, nov, 25, 1996 ) relembrou suas inteirações nos meetings
da Sociedade Psicanalítica, durante o período quando Winnicott foi pela primeira vez
presidente da Sociedade, de 1956 a 1959.

Os membros seniors costumavam ficar na frente e os estudantes atrás. Masud costumava


sentar na metade da parte de trás da sala; algumas vezes ele costumava sentar com
Rycroft. Ele ( Masud ) era muito proeminente; ele costumava dizer sempre alguma coisa ou
perguntar alguma coisa e ele era sempre espirituoso e brilhante. Quando Winnicott era
presidente e dirigia os meetings, Khan costumava ser um pouco rude com ele, arrogante e
desafiador.

Pines reporta, indo além, que Winnicott, em sua maneira típica, nunca envolveu-se
envolveu-se publicamente ou tentou fazer Khan parar com os ataques; ele apenas os
ignorava.. Pines relembra:

Winnicott estava sempre dando às costas, algumas vezes ele chegava a dormir naqueles
meetings. Como estudantes observando isso, nós sabíamos que Winnicott era pouco capaz
de parar os ataques de Khan, mas nós nos aborrecíamos porque um analisando estava
atacando seu analista. Nós não sabíamos o que pensar sobre isso.

Não somente Winnicott falhou em dar um retorno para Khan sobre seu inapropriado
comportamento, mas ele falhou também com o grupo todo, que estava desconfortável com
o que eles estavam observando. Khan revelava seus problemas controlando sua agressão e
Winnicott revelava seus problemas manejando ( handling ) a agressão de Khan.. O padrão
de inteiração de Winnicott é muito similar ao que envolvia o menino órfão, Margaret Little
e Harry Guntrip.

O mix de trabalho profissional com sentimentos pessoais e assuntos de transferência e


contratransferência tornaram-se um frande problema após a análise ter terminado e Khan e
Winnicott começaram uma maior colaboração editorial. Estes dois homens trabalharam
juntos, editando e publicando material, por mais de duas décadas, mas em 1967 eles
começaram a se encontrar regularmente aos sábados de manhã, na casa de Winnicott, com
o propósito de colocar os papéis de Winnicott em ordem, provavelmente sendo ambos
pressionados pelo sentimento de uma fraqueza de Winnicott, causada por sua saúde muito

3
abalada. Khan ( 1988 ) descreve a relação “real” em termos muito positivos e também faz
agradecimentos ao repetitivo aspecto pai-filho do relacionamento.

DWW tem um senso de urgência este ano, 1970, reunindo tanto quanto possível de seus
“refugos”, , anotações não completas, etc., as editando, junto comigo. Eu tinha feito isso
uma vez antes, há aproximadamente 37 anos passados, ; para e com meu pai, Khan
Bahadur Raja Fazaldad Khan, durante o último ano de sua vida. Eu o ajudei
“elegantemente” ( tidily; com carinho ) a organizar suas vastas propriedades e distribuí-
las entre entre seus oito filhos e duas viúvas, como ele desejava. Ele tinha conhecimento e
tranqüilamente, prazenteiramente, aceitou o fato de que seu fim estava chegando. Ele teve
um bom tempo de viver por cerca de 93 anos. DWW viveu somente 70, mas ele esteve muito
adoecido, por causa dos ataques cardíacos, desde 1950. Sim! Ele era uma pessoa completa
e realizada, assim como ele caminhou, airosamente e galhardamente, seu trajeto para o
fim. Isto doeu em cada um de todos nós que o amávamos (pg. 50 ).

Na superfície a relação parecia bem: Khan procurava ser útil para seu querido mentor e
Winnicott necessitava e valorizava a ajuda experiente de Khan. Considerando-se isto em
um nível profundo, entretanto, parece claro que khan e Winnicott jogaram para o ar a
análise de Khan e aceitaram isto no lugar da “real” relação que não pode ser analizada.
Khan procurava uma relação pessoal com Winnicott e buscava ser de valor para Winnicott.
Ele terminou sua relação com Winnicott muito antes de Guntrip, com a idéia de que
Winnicott valorizava sua bondade e com desconhecimento da ambivalência e da agressão
subjacente. Escrevendo para R. Stoller sobre a morte de Winnicott, Khan disse, “ Sim, meu
bom amigo, eu não estaria me jactando ( boast ) se dissesse que ele se ancorou em mim,
eu maximizei seus últimos anos” ( março 23, 1971 ). Cooper ( 1993 ) encontrou uma
citação nos workbooks de Khan: “Uma longa carta de Winnicott, de Plymouth, datada de
17/8/70. Uma palpável angustia sobre sua própria fragilidade na vida agora... esta é sua
terceira carta para mim. Sim, eu sou agora essencial para ele com a minha presença física e
proximidade. Isto é uma grande benção para mim” ( p.21 ).
O sábado de manhã editando tornou-se a maior parte da experiência de Khan com
Winnicott. Entretanto, mesmo tendo estado os últimos quinze anos em análise, Khan fala
com saudades os encontros de sábado, “ em cada encontro eu aprendia mais de Winnicott” (
pg. 26 ). Embora isto pareça um elogio, é, entretanto, um “cumprimento pelas costas”,
porque sugere que a análise, ela mesma, foi de limitado valor. Se khan realmente obteve
seu maior proveito da análise de seus encontros extra-analíticos com Winnicott, nós
podemos especular que ele tenha tido uma necessidade de mais autenticidade de Winnicott
dentro da análise ( Frank, 1997 ). Infelizmente, Winnicott estava limitado, tanto por seu
treinamento clássico como por sua personalidade, como resultado isto afetou que ele
pudesse se comunicar com Khan como uma analisando.
Sendo assim, as experiências extra-analíticas com Winnicott repetiram as relações iniciais
com seu pai, quando Khan era destacado como favorito entre muitos irmãos e ganhando
bens familiares após a morte de seu pai. Baljeet Mehra pontua que a relação alterou o
espaço analítico, fazendo com que uma análise completa se tornasse impossível: “Eu não
estou seguro de quanto sucesso foi possível nesta relação analítica... Winnicott via khan
como um filho e você não pode analisar seu filho” ( 1992, citado in Cooper, 1993, pg. 25 ).
A própria teoria de Winnicott do desenvolvimento da capacidade para o uso do objeto
fornece uma forte razão contra a maneira que Winnicott quebrou o frame com Khan. Como

4
poderia Khan se confrontar com sua própria destrutividade se ele estava sendo bastante útil
para seu analista ? E como poderiam Khan e Winnicott ter uma completa experiência da
destrutividade de Khan, quando eles estavam tendo uma relação colaborativa entre as
sessões e, depois, na pós-análise? A correspondência de Khan com R. Stoller fornece
evidências diretas que durante o período pós-analítico, ele não adquiriu um adequado nível
de conforto com sua própria agressividade. Em uma carta escrita do Paquistão para Stoller,
em 10 de abril de 1970, Khan descreve os continuados problemas com sua esposa Svetlana
e suas reações ao fato de que ela na estava indo bem.

Não é somente mortificante como desesperançoso, o vis à vis com aquele que se ama e
mesmo mais dilacerante é a convicção delineada em mim que, talvez, o real fator
patogênico na vida de Svetlana sou eu, eu mesmo. Esta é uma terrível verdade, ter o
conhecimento e aceitar que o remédio para isto é mesmo muito doloroso e aterrador.

Khan não revelou qual “remédio” ele tinha em mente, mas o que aparecia nesta época era
que khan continuava com seu padrão de bebedor pesado e de affairs extra-conjugais. Após
alguns poucos anos, ele e Svetlana estavam separados e se divorciaram. Estaria Khan
pensando que ele estava prestando a Svetlana um favor ao deixá-la, por causa que ele era o
maior fator patogênico em seus problemas? A carta de Khan mostra que ele não adquiriu o
estágio do uso do objeto, onde a pessoa sabe que, ele ou ela, não destrói efetivamente o
objeto da agressão.
Mais ainda, uma outra complicação da relação editorial entre Khan e Winnicott foi o
desenvolvimento de uma situação triangular, onde a hostilidade de Khan contra Winnicott
estava deslocada para a segunda mulher de Winnicott, Clare, e ficou não analisada. Joel
kanter ( 1997 ) acredita que havia uma significativa hostilidade entre Clare e Khan assim
como eles competiam pela atenção de Winnicott, e Khan nos dava muitas insinuações desta
competição em seus escritos. Por exemplo, Khan ( 1986 a ) comentou que ele nunca era
convidado para o almoço nos sábados ( pg. 26 ), e descrevendo um encontro, numa tarde de
sábado quando ele veio para a consulta de sábado às 7:00 p.m., ele escreve, “A porta era
aberta por sua irmã. Não se mostrando interessada por isto, Mrs. Winnicott nunca abriu a
porta para mim” (pg. 33). Khan não se sentia particularmente bem-vindo na casa de
Winnicott: “Eu não me sentia à vontade indo ver Winnicott pela tarde. Isto rompia sua vida
privada, ou eu sempre sentia que era assim” ( pg. 39 ).
Khan nunca fez comentários favoráveis sobre Clare em seus escritos sobre Winnicott.
Algumas vezes ele deliberadamente ignorou sua presença, assim como quando ele escreveu
sobre suas preocupações para Winnicott em um natal.

Mas muito mais importante que qualquer outra preocupação com ( pacientes ) era minha
resolução de que Winnicott deveria ter um pacífico natal com suas irmãs. DWW era uma
pessoa difícil de ajudar. Ele procurava não manter nenhuma relação de “apoio” ( stand )
de dependência com ninguém; com exceção de suas irmãs” ( pg. 45 ).

Milner ( entrevista, nov., 25, 1996 ) fornece mais documentação sobre esta rivalidade.

Khan era muito ciumento de Clare. Uma vez ele me disse:” Eu não posso suportar o que
Clare disse para mim, uma vez mais, como ela fez Winnicott potente!”. E Clare disse-me

5
que ela e Masud nunca poderiam ser amigos porque ele nunca a perdoou por ter casado
com Donald”.

Assim como Khan era competitivo com Clare, ela também participava da rivalidade. Kanter
( 1997 ) acreditava que Winnicott removeu Khan de seu papel literário ( literaly role ) por
solicitação de Clare.

Trabalhando literariamente com Winnicott em seus trabalhos até o dia antes de sua morte,
Khan acreditava que continuaria a desempenhar um papel central na edição dos
volumosos escritos de Winnicott após a sua morte. Até que Clare deliberadamente excluiu
Khan deste processo. Como o trabalho profissional de Khan com o material de Winnicott
estava muito entrosado, pareceu ser óbvio que a exclusão era altamente pessoal ( pg. 52-
53 ).

E. James Anthony ( carta ao autor, mars., 31, 1997 ) agrega.

Alguém poderá censurar Masud por ser insensível aos sentimentos de Clarre, porque
Winnicott parecia desejoso em ter este tempo editorial junto com Khan. Quando ela teve
sua própria chance, ela o excluiu, após a morte do marido, porque deveria estar muito
aborrecida com Khan.

É certo que Clare conhecia as intenções de seu marido, enquanto que Khan não. Cooper
( 1993 ) refere-se à descoberta de Khan do conteúdo das intenções como um
“esmagamento” e um “choque amargo”. Se Winnicott falhou em não dizer para Khan sobre
suas intenções, então nos podemos perceber, ainda, outro exemplo da dificuldade de
Winnicott em envolver-se diretamente na discussão de um agressivo, mas justificável ato
pessoal. Winnicott pode ter escondido a verdade de Khan, para deixá-lo manejar a situação
por si mesmo, depois que ele ( Winnicott ) tivesse morrido.

O resultado total da relação DWW-Clare-Masud é mais um elemento sobre a importância


da manutenção do frame. Se Khan deslocou sua agressão para Clare e Clare atuou sua
própria agressão contra Khan, com Winnicott envolvido intimamente com ambos, um de
cada vez e não como um trio, então o que poderia ter ocorrido no espaço very privado da
análise foi, ao invés disso, atuado na vida real.. A hostilidade de Winnicott, a hostilidade de
sua esposa e a hostilidade de Khan eram óbvias para um observador externo, mas elas não
foram exploradas no nível da fantasia, o que poderia promover a maturação e poupar todos
os participantes de “danos” na realidade.

É uma ironia pensar que Winnicott e Khan estavam envolvidos em evitar assuntos relativos
ao uso do objeto ao mesmo tempo que eles colaboravam no desenvolvimento e publicação
de uma teoria do uso do objeto! Eles falharam juntos em colocar a teoria na prática. Nas
próximas duas secções, maiores dados serão apresentados para explanar porque estes dois
brilhantes homens tiveram problemas em aplicar sua teoria em seu próprio trabalho clínico

As condições cardíacas de Winnicott: Um tema da subjetividade do analista

6
Aron ( 1991 ) alerta que a vigilância ( awareness; acautelar-se ) do paciente com a realidade
subjetiva do analista é um importante aspecto na compreensão da relação terapêutica. Um
caminho que Winnicott revelou sua realidade subjetiva para Khan foi através de sua
condição cardíaca – e esta realidade pode ter exercido uma influência maior na limitação do
papel da análise.

Winnicott teve seu primeiro ataque no ano novo de 1948., o mesmo dia em que seu pai
morreu ( Phillips, 1988, pg. 154 ). Quando Khan iniciou sua nálise em 1951, Winnicott
tinha acabado de sobreviver a dois ataques cardíacos, e embora ele vivesse até 1971, ele
sofreu periodicamente de angina e mais alguns ataques cardíacos antes de sua morte.

Khan havia acabado de perder seus dois primeiros analistas, Sharpe e Rickman, que
morreram enquanto ele estava em análise. Esta preocupação com a saúde de Winnicott está
bem documentada em seu último livro ( Khan, 1988 ). Por exemplo, ele relembrou uma
noite de sábado, em 1970, quando foi ver Winnicott às 7:00 P.M. e encontrou-o em sua
cama, com a estufa a gás “assobiando”. Winnicott costumava bebericar um malte de
Whisky diluído, e Khan relata que Winnicott tomando o Whisky era um sinal seguro de que
ele tinha dor, porque ele bebericava malte “somente quando as dores da angina estavam
começando ou quando ele estava se recuperando de um ataque de angina” ( pg. 39 ). Khan
descreve sua reação pessoal.

Eu estava mesmo mais nervoso agora. Qualquer sinal de perda de vigor em DWW tornava-
me muito ansioso. Ele talvez tentasse esconder isto de mim e manter-me fora do que estava
acontecendo. Este era um tolo ( silly; estúpido ) jogo inglês, que ele jogava melhor que eu.
Ele havia nascido e crescido fazendo isto. Eu não ( pg. 33 ).

Num sábado, enquanto trabalhava com Khan, Winnicott deixou cair alguns papéis no chão.,
sua mente não conseguia focalizar e ele disse, “ Eu não estou me sentindo bem esta semana,
Khan, eu estou realmente ficando velho”. Khan lembrou, “ Ele tem setenta anos de idade,
eu pensei para mim mesmo. Ele teve três severos ataques cardíacos nos últimos vinte anos.
De fato, era incrível a maneira como DWW ainda funcionava” (pg. 37 ).

A atitude protetora de Khan para com Winnicott é revelada em outra anedota. Uma vez
Khan estava saindo da casa de Winnicott e preocupado com a saúde dele, eles tiveram uma
engraçada mas séria “conversa”. Khan falou primeiro:

Desta forma: “Este é o telefone que eu vou deixar disponivel no caso que você necessite me
chamar”. “Para que, Khan?”. “Oh, sem preocupação ou cuidado, DWW”, “ Eu disse com
calculada aspereza. Estes gracejos eram comuns entre nós”(pg. 34 ).

Peter Elder ( entrevista, june,7,1997 ) confirma estas anedotas lembrando que khan lhe
disse que Winnicott ficava sonolento ( fell aslep ) durante suas sessões analíticas. Khan
virava-se para se certificar de que seu analista ainda estava vivo.

Margaret Little, como Khan, estava em análise quando sua analista ( Ella Freeman Sharpe )
morreu de um ataque cardíaco, e como Khan, ela era muito sensível às condições cardíacas
de Winnicott. Little ( 1985 ) conta que estava , nos anos 50, em tratamento quando

7
Winnicott teve seu segundo problema coronário, comentando que ele tornou-se depressivo
após a doença, e preocupado com recidivas.

Eu estava sempre preocupada que ele tivesse um terceiro problema coronário e morresse,
o que poderia ser fatal para mim. Um dia quando eu fui para a minha sessão eu esperava
que ele me dissesse que estava pronto. Várias vezes eu perguntei para o
recepcionista( porteiro ) “ ele ainda não está aqui?”. Finalmente, após 45 minutos, eu
entrei na sala esperando encontrá-lo doente ou morto e o encontrava dormindo no divã e
não tendo ouvido a campainha.

Little disse que ela “sabia” que o segundo ataque coronário e a subseqüente depressão tinha
sido conseqüência de depressão de Winnicott com o fim de seu primeiro casamento, mas
isto não foi objeto de discussão. Ela sentia nele uma tensão entre a necessidade de
sobreviver e a necessidade para uma profunda experiência depressiva, que ela sabia ser um
esforço violento para Winnicott “in qualquer maneira – tempo, energia, ansiedade, emoção”
( pg.101 ). Uma ocasião, quando Winnicott estava saindo de férias e Little estava
desesperada para que ele ficasse, ela experimentou a situação como uma crise extrema,
“literalmente um assunto de vida ou morte, para ambos – eu e Winnicott. Se ele não
sobrevivesse então eu também não poderia, fisicamente por fim”( pg. 101).
Nós podemos observar que os reports de Khan e de Lttle que eles relacionaram com a
saaúde de Winnicott ficaram muito pouco discutidos, devido às necessidades de Winnicott
ter a sua saúde como uma experiência privada. Little claramente acreditava que o stress
emocional na vida privada de Winnicott e de seu trabalho também, poderia leva-lo a ter um
outro ataque cardíaco, e ela acreditava estar certa. O primeiro problema coronário de
Winnicott ocorreu no dia da morte de seu pai e o segundo ao mesmo tempo de um difícil
divórcio, seguido logo de um segundo casamento. O ataque coronário que precedeu sua
morte foi claramente determinado ( desencadeado ) por stress. Este ataque ocorreu apenas
algumas horas depois que Winnicott apresentou seu paper “The use of na object” na New
York Psychoanalytic Society, em 12 de novembro de 1968. Brett Kahr ( 1996 ) conta a
estória como se segue.

Aparentemente ele recebeu uma resposta muito gélida de veneráveis analistas


americanos... e parece que ele não se defendeu de nenhum modo de suas críticas ferinas.
Após as críticas verbais... Winnicott murmurou que agora entendia porque os americanos
haviam se atolado na guerra do Vietnã. Após o fim da palestra, ele retornou ao hotel e teve
um ataque coronário maciço, que o manteve na cidade de New York por mais algum
tempo... ( e depois desenvolveu um edema pulmonar, que se somou a uma gripe asiática,
sendo hospitalizado e quase morrendo... Ele necessitou duas enfermeiras para acompanha-
lo no vôo de volta de New York até Londres... Após seu retorno, Winnicott comentou com
um colega mais jovem que “Um dia eles ainda me matam”. (pg.118-119 ).

É mais irônico que Winnicott tenha tido seu problema coronário após a apresentação de um
paper que discutia a vital importância de objeto da agressão sobreviver ao ataque. Sua
resposta passiva à agressão pode muito bem ilustrar os exemplos anteriores . A história é
ainda mais evidente porquanto Winnicott tenha escrito papers inovadores sobre ódio, ele
não conseguiu relacionar-se bem com aqueles que expressavam ódio e ele sofria as
conseqüências disto pessoalmente..

8
Em 1957, Winnicott deu uma palestra em que discutia os fatores envolvidos na trombose
coronária ( Winnicott, 1957, pg. 34-38 ). Ele enfatizou que os problemas coronários são
psicossomáticos e que estão ligados ao stress emocional. Ele afirmou após que indivíduuos
que são predispostos aos problemas cardíacos têm a responsabilidade de alterar seu “mode
of life”, para que continuassem a viver não obstante que a vida sempre apresenta stress. Ele
apresentou um modelo que mostrava o perigo da excitação que não é descarregada para um
clímax satisfatório. Neste modelo o caminho para controlar o efeito destrutivo da excitação
e congestão é limitar o nível de excitação. O conteúdo da palestra leva à uma questão
óbvia: poderia Winnicott conscientemente tentar controlar sua congestão cardíaca pelo
controle da excitação ou limitando a resposta à excitação em seu trabalho clínico? Seria
por isto que ele deixava “de lado” relacionamentos com pacientes e colegas em que as
trocas de hostilidade poderiam levar a perigosos níveis de tensão ( arousal; excitação )?

Parece óbvio que Winnicott e a maioria de seus pacientes estavam cientes que ele estava
fisicamente vulnerável ao stress na situação analítica. Seus problemas de saúde eram um
exemplo do que ocorre quando da emissão inadvertida de self-revelation do analista
( Frank, 1997 ), e não há concordância sobre quanto abertamente um analista deve dar
conhecimento de um assunto deste tipo.. Parece claro, entretanto, que a reticência de
Winnicott em discutir sua saúde não foi útil para Khan. Khan estava sempre preocupado
com o estado físico de Winnicott, e como um homem que tinha uma enorme quantidade de
agressão em sua personalidade, parece compreensível que ele era conivente com Winnicott
para protege-lo, através do controle da quantidade de hostilidade expressada nas sessões;
ambos temiam o potencial de Khan para a hostilidade e o dano físico que isto poderia
causar para Winnicott. Devido à esta conivência khan foi deprivado ( deprived; desapossar,
ou seja, teve “um pouco” ) da experiência de enganjamento na qual Khan poderia praticar
a “destruição” de Winnicott. “Destruição” é útil somente se o analista sobrevive, e nem
Khan nem Winnicott poderiam dar garantias da sobrevivência de Winnicott.

A condição cardíaca de Winnicott era um fator subjetivo que indubitavelmente limitou o


espaço potencial na análise de Khan. Saberia Kahn, ou Winnicott, ou ambos, o quanto a
saúde de Winnicott e sua retic~encia em discutir sua saúde comrometeram a análise? Khan
teria , em parte, deixado o tratamento para evitar a morte de outro analista enquanto ele
estava em análise? Por que Winnicott não referiu Khan para outro analista que poderia
manejar com a hostilidade de Khan e que poderia substituir Winnicott após sua morte.

O problema do alcoolismo

O fator final considerado aqui como contribuição ao limitado sucesso da análise de Khan é
o assunto do alcoolismo. Alcoolismo era o maior problema de Khan, e a análise não o
ajudou nesta área. Não há evidências, contudo, que Winnicott tenha referido ou tentado
referir seu paciente para tratamento espcializado; de fato, Winnicott e Khan terminaram a
análise na época em que Khan estava envolvido numa grande e malsucedida batalha contra
a dependência do álcool .

9
Khan era inicialmente um bebedor social até a metade dos anos 60, quando a bebida
tornou-se um problema para ele. Na metade dos anos 60 Khan passou a ficar regularmente
ofensivo e hostil após beber, ao ponto que seus amigos freqüentemente recusavam ir a
restaurantes com ele. Khan tentou tratar o alcoolismo por si mesmo; usualmente indo para o
Paquistão e forçando abstinência por semanas e algumas vezes por meses, mas ele
freqüentemente recaia. Em 1975 Khan teve um problema hepático que estava certamente
ligado ao álcool. Nesta ocasião seus problemas hepáticos estavam associados a seus outros
problemas de saúde, que incluíam câncer de língua, garganta e pulmões; catarata e hepatite
e, possivelmente, mania e depressão. Khan estava sofrendo simultaneamente de desordens
de caráter e depressão, e nós agora sabemos que há uma tremenda comorbidade destes
distúrbios com alcoolismo. Infelizmente, se uma destas patologias não é tratada, poderá
exacerbar as outras, assim o alcoolismo não tratado de Khan pode ter sido a chave ( key )
para a falência de sua análise em outras áreas.

Winnicott tinha treinamento como pediatra e depois como psicanalista; o tema do


alcoolismo não foi uma parte significativa de sua formação. Em seus inúmeros artigos, não
é dada atenção maior ao alcoolismo. Atentando para a teoria, encontramos referências às
adições em geral como um exemplo da patologia do espaço transicional ( Winnicott,
1953 ). No material clínico, Winnicott ( 1963 ) menciona o alcoolismo em suas notas sobre
o caso de um homem com um lado dissociado “feminino” que tinha inveja do pênis.
Winnicott interpretou para o paciente que ele tinha ansiedade sobre desintegração,
“despencar” (falling; cair ) e despersonalização e que ele bebia com o intuito de manter
estes sintomas sobre seu próprio controle: “Eu interpretei isto como uma tentativa de sua
parte de obter controle de todas as ansiedades de desintegração, através da utilização de
uma antiga maneira e em um caminho bem conhecido que era a ação do álcool, que
incluía restabelecer o estado alcoólico” ( pg. 188 ) Não há menções posteriores ao uso de
álcool.

Khan também escreveu muito pouco sobre alcoolismo. Em um de seus primeiros artigos,
escrito antes que ele tivesse tido problemas com álcool , ele sugeriu que alcoolismo
poderia tornar-se um problema se o ódio examinada suficientemente na análise. Ódio não
analisado leva “ à compulsão através da rendição ao masoquismo “ para o ambiente, como
no alcoolismo ( Khan, 1959 );pg 165 ). Em seu artigo “ On lying ( falso, frouxo, mentiroso,
deitado ) fallow ( pálido, desocupado,em repouso ou abandono, sem cultivo ) “
( 1977 ) ,Khan refere-se ao alcoolismo como a “falência do humor desocupado”, no qual a
pessoa não tem esperança de dar um resposta criativa para o período desocupado proque,
ele ou ela, está fora de sintonia com o ambiente e somente procura por uma experiência
“exótica”. A teoria de Kahn do “período desocupado” é uma exptensão da teoria do espaço
transicional, e, então, ele está basicamente concordando com Winnicott que há uma
desordem do espaço transicional no alcoolimo. Como Winnicott, Khan ( 1972 ) relata
apenas um caso de paciente com problemas de beber. Khan afirma que ele ajudou seu
paciente rapidamente com este problema de muito tempo: “Eu o desmamei ( wean;
desmamar, livrar de vício, desapegar ) da garrafa muit9o facilmente” (pg.299). Este relato
de caso de Khan, como o de Winnicott, não é uma consideração séria do alcoolismo.

Os problemas de Khan com álcool tornaram-se evidentes em escritos nos quais ele faz
referências crescentes à participação de uso de álcool com pacientes, em um caso onde ele

10
estava realizando uma consulta, por solicitação de Winnicott, Khan (1986 a ) relata que ele
foi visitar uma teenage em um sanatório, e a secretária perguntou para a moça o que ela
gostaria para o almoço: “Peixe e uma ou duas taças de vinho branco gelado, seco se
possível”. (pg.34). Após, enquanto recebia a moça e seu pai, em seu consultório, Khan
pediu à secretaria para servi-los com champanhe gelada e três taças. Em outra situação,
Khan (1986b ) deu o seguinte relato de um encontro social em seu consultório, logo após
atender o filho de um paciente em consulta. “Lúcia perguntou: posso te dar uma xícara de
chá ou talvez um sherry?´ Eu não sou inglês, Lúcia. Dê-me um longo whisky brando. Mas
sem gelo, por favor” Lucia serviu-me um drink . Ela fez para si mesma um Bloody Mary.
(pg.74 ). A maior surpresa, entretanto, acontece quando khan ( 1986a ) fala que Winnicott
ofereceu álcool para ele. Khan relata que ele havia ido á casa de Winnicott para a sessão
das 7:00 p.m. Winnicott ofereceu-lhe whisky, e Khan serviu-se “generosamente”. Um
pouco depois, Winnicott sugeriu, “sirva-se de outro, Khan” (pg. 33 ) e Khan fez isto.

Of couse, o leitor não pode saber seguramente que estas situações de Khan bebendo álcool
com seus pacientes ou com Winnicott sejam verdadeiras, porque Kahn era bem conhecido
coom mentiroso. Se Winnicott realmente ofereceu álcool para este paciente, conhecido,
sabendo que Khan estava muito atrapalhado com o alcoolismo, então seu comportamento
deve ter sido inapropriado, mesmo pensando que ele possa ter sido socialmente correto.
Winnicott tinha de saber que Kahn era alcoólatra.. Mesmo que Khan não discutisse álcool
em sua análise, Winnicott inevitavelmente deveria ter ouvido muitas histórias dos
ambientes que ambos freqüentavam sobre o alcoolismo de Khan.

A psicanálise pode ser usada para o tratamento do alcoolismo, mas o approach deve ir mais
além ( beyond ) da técnica clássica. O uso que o paciente faz do álcool e o padrão de
negligência consigo mesmo deve ser confrontado, mesmo se ele ou ela não traga o assunto,
e a atmosfera analítica deve ser uma mistura de aceitação e confrontação (Khantzian,
1995 ). Winnicott deve ter se mantido nas instâncias da análise clássica e não confrontado
Khan com seu conhecimento sobre o alcoolismo do paciente, se Khan não tivesse
mencionado este fato. A atitude de não intrusão de Winnicott ajustou-se de todo com a
tendência de Kahn em negar sua vulnerabilidade.

A habilidade de Khan de mostrar seu alcoolismo estava, certamente, compromissada com


sua personalidade. Sua grandiosidade, seu orgulho, e sua “privacidade” o levaram a tentar
tratar a si próprio, uma técnica que nunca é bem sucedida ( o primeiro passo dos Alcoólatra
Anônimos é a “rendição”; Khan teve problema sem dar este primeiro passo ). Outro
problema ´´e que Kahn tinha depressões severas periodicamente, e ele usava o álcool,
certamente, como parte da auto-medicação para a depressão. Complicando mais ainda,
Kahn taalvez tivesse uma doença bipolar não tratada, especialmente nas fases maníacas.
Após um período de tempo, o abuso de álcool por Khan tornou-se uma dependência do
álcool., assim suas tentativas de abstinência tornaram-se complicadas por uma dependência
física.

Havia uma tendência em criticar Khan como ele tendo uma fraqueza ou um “problema”
moral, não parando de beber por si próprio. Muitos de seus amigos relataram em entrevistas
que eles percebiam que Khan estava, deliberadamente, destruindo a si mesmo e que sua
adição era “sua própria derrota”., ainda que todos que lidam com adição sabe como é

11
difícil quebrar este padrão.. Uma análise balanced inclue compaixão e respeito pelo poder
das forças biológicas, em relação com a questão do por que o adito não pode fazer uso para
a judar a si mesmo a recuperar-se. Infelizmente, não houve balance em analisar a adição de
Kahn em seu tratamento, ainda que nós não saibamos que tipo de approach poderia ajuda-
lo.

É sabido ( registrado ) que pessoas com uma adição freqüentemente tem outras adições. No
trasncorrer de sua vida adulta, Khan foi adito ao cigarro, e ele não se sentia motivado a
tentar deixar este hábito. Ao final foi o fumo, não o álcool, que matou Khan, quando ele
desenvolveu câncer de pulmão que lentamente espraiou-se por seu corpo.

Conclusões
O tributo de Khan ( 1975 ) a Winnicott termina com a seguinte afirmação, que sumariza a
relação entre eles: “Winnicott era uma daquelas pessoas que a gente só encontra uma vez
na vida”. A afirmativa era acurada, para Khan que nunca encontrou um substituto para
Winnicott, e ele nunca mais foi capaz de se “dirigir” sem Winnicott. A última não-
sobrevivência do objeto ocorreu em 1971, quando Winnicott teve seu último ataque
cardíaco. Alguém poderá especular como a vida de Khan poderia ter sido diferente, se
Winnicott tivesse sobrevivido. Porque Winnicott era uma reverenciada figura parental,
Khan poderia ter tido um melhor controle sobre seu comportamento se soubesse que ele
poderia livrá-lo de seus insucessos ( mishapes; falta de sorte ).( Winnicott esperou que seu
pai morresse para divorciar-se e casar-se de novo ). A pessoa Winnicott, enquanto era
analista de Khan ou seu colaborador editorial, era , obviamente, uma pessoa que
compreendia e gostava dele, e que então “realçou” ( enhanced ) a vida de Khan . Margaret
Little contou que ela necessitava que Winnicott estivesse vivo durante sua análise, mas
Khan usava Winnicott de forma diferente; Ele necessitava de Winnicott com vida mesmo
após o término de sua análise.

Estava Khan condenado ( doomed; sentenciado, condenado à morte ) como Cooper ( 1993,
pg 36 ) sugere, de maneira que sua “queda” ( downfall ) era uma tragédia que não podia ser
detida ? Khan poderia discordar desta idéia. Ele acreditava que após uma boa analise,
“fado” tornava-se “destino”, com o analisando obtendo algum controle sobre sua vida
( Khan, 1984 ). Por que então, após quinze anos de análise com Winnicott, Khan não
obteve melhor controle de seu destino. Eleonor Galenso ( entrevista, abr., 27, 1997 ) sugere
que Kahn poderia ter sido “um daqueles pacientes que simplesmente não podem ser
ajudados”. Mas mesmo pensando que a análise não pode ajudar a todos, este artigo mostra
que houve problemas na análise, envolvendo ambos, Khan e Winnicott, fraquezas em suas
personalidades assim como outros fatores, que estavam alem das inevitáveis limitações da
análise.

Porque Winnicott é considerado por muitos como um dos grnades analistas, é valioso
considerar os caminhos em que ele pode ter falhado com Khan, Outro approach para
analisar esta análise é olhar o balanço holding versus interpretação. É claro que Winnicott
fez uso de ambos os approches em sua análise de Khan . Analistas que criticaram a técnica
de Winnicott com a Guntrip, fornecem algum insight aqui, porque a situação é similar, de
algum modo. Como Guntrip ( ( Eigen, 1981 ) Khan provavelmente escolheu Winnicott em
parte por causa de seus soberbos meios no holding materno, e ele propiciou este tipo de

12
holding. Eu acredito que ele não faria análise com uma pessoa que não oferecesse isto a
ele . Por outro lado, Winnicott evitava a confrontação com Khan, como com Guntrip
( Markillie, 1996; Padel, 1996 ), podendo ter deprivado Khan de uma completa neurose de
transferência e o deixado com falhas no caráter que poderiam ter sido modificadas, se a
análise tivesse sido mais interpretativa. Em termos de Bromberg ( 1996 ), não houve
suficiente “colisão de realidades” ou um enganjamento com partes “desordenadas” ( messy;
atravancadas, falta de asseio, em desordem ) da relação analítica. Em lugar disto,
Winnicott evitou os ataques de Khan, como descritos antes, e também aplacou Khan
terminando a análaise e intensificando a relação extra-analítica, em lugar de beneficiar mais
Khan intensificando a análise.

É uma questão válida nos indagarmos se Khan seria ou não capaz de responder à
confrontação. Esta questão é também posta em relevo com uma visão na análise de Guntrip
( Eigen, 1981 ). Guntrip, entretanto, fez sessões isoladas por alguns poucos anos, enquanto
Khan teve cinco ou seis sessões por semana por quinze anos. Não somente isto; existem
amplas evidências da vida pessoal de Khan de que quando ele era confrontado, ele podia
modificar seu comportamento, até os anos sessenta. Por exemplo, S. Stoller ( entrevista,
July, 24 ) relata que após ela ter se confrontado com Khan sobre o abuso de álcool por parte
dele, na metade dos anos 60, , quando os Stoller visitaram Londres e quando Kahn foi à
Califórnia. Outro amigo, Z. ( entrevista, nov. 23, 1996 ) contou que ela ajudou Khan a não
fazer observações anti-semitas em sua casa, dando um “pontapé” ( kicking ) nele numa
ocasião em que estas observações ofensivas começaram antes de um jantar, Sahabzaba
Yaub-Khan, um distinto diplomata paquistanês, relatou ( entrevista, apr. 26, 1997 ) que
durante os anos 60 ele viu Khan socialmente em muitas ocasiões, e Khan sempre
controlava a bebida, provavelmente por sua estima com Yaub-Khan. Se Khan era capaz de
responder a confrontação e aos limites do setting, então Winnicott falhou com ele por não
fazer isto. Cedo na anáalise, Khan poderia ter sido um paciente seriamente perturbado que
primariamente necessitava holding e interpretação como algo de contenção ( suporte ). Mas
se isto era somente um aspecto ( ponto ) quando Khan começou a poder ter uma resposta
construtiva á confrontação e aos limiutes do setting, então foi precisamente neste aspecto
( ponto ) que Winnicott começou a falhar com ele.

Talvez a melhor síntese da falência objetiva de Winnicott com Khan ( i..e., falência que
poderia ter sido evitada ) faça uso da terminologia de Joyce Slochower ( 1996 ). Discutindo
holding e interpretação na análise, ela dá uma nova perspectiva: “sendo” ( being ) vesus
“fazendo” ( doing ). Estes termos, atualmente, são associados a Winnicott ( 1966 ) em
associação com os papéis feminino e masculino. Slochower, entretanto, separa a questão da
associação com gênero ( gender ) , e percebe estas instâncias como dois caminhos de
atuação que estão presentes em todas as análise, mas em diferentes balances, de acordo
com as teorias e os estilos pessoais do analista, assim como à uma resposta dada a um
paciente em particular.

Eu relaciono a capacidade do analista à tolerância do trabalho psicanalítico para lidar


com a dimensão do holding, à sua capacidade para “ser”. O papel do analista como mais
mais relacional, interpretativo, ou ativo, limtando ( criando limites ) o setting, mais do que
conter o objeto, é associado com o “fazer”, elemento da self-experience e relativamente
diferente ( ausente ) do processo de holding.

13
.Mesmo que o “fazer” possa estar “relatively absent” do processo de holding na teoria de
Slochower´, “fazer” é a maior parte do holding quando o paciente é especialmente
“demandante” ou “atacante”. Para este tipo de paciente, holding inclui limite de setting,
sobrevivência, não retaliação e reconhecimento verbal da intensidade da agressão do
paciente. Em um artigo antigo, Slochower ( 1991 ) fala sobre o tipo de holding no
tratamento analítico de dois pacientes difíceis e “raivosos”.

Qual foi a ação terapêutica de não-interpretação e não-empática “stance” neste dois


tratamentos? Parece que uma extremamente firme, absolutamente não-intrusiva e algumas
vezes um pouco “chata” stance analítica como ambiente de holding para estes pacientes.
Que é: um tratamento que possa prover um setting em que estes pacientes possam testar e
experimentar a possibilidade de sobrevivência, enquanto há vida “in”, uma relação de
objeto. Estes pacientes necessitam experienciar, com certeza, o fato que eles não são
capazes de me destruir ou se tornarem destruídos eles mesmos, mas que eles são, de fato,
capazes de me “usar”.

Slochower estabelece, depois, que este tipo de analisando avança através do uso do objeto
somente quando o analista apresenta uma firme e ativa stand ( sustentação, apresentação ).

Isto contém o pedido que eu limite as efetivas demandas e ataques ( dos pacientes ) e que
eu lide com a agressão encoberta e aberta com uma firme mas não retaliatória resposta, o
que confirma minha vitalidade.

Para estes difíceis pacientes, é o holding analítico que é um fator curativo, e a interpretação
não é efetiva. ( Modell, 1988 ). A descrição de Slochower do tratamento fornece um
exemplo de como uma analise pode ajudar a um paciente difícil para o uso do objeto.

Considerando a análise de Khan, desde a perspectiva de Slochower, somos levados a uma


conclusão muito irônica: Winnicott, “the master ´holder´” falhou com Khan na posição de
holding! Ele falhou no “fazer”, aspecto de seu holding. Ele dava uma resposta de
retraimento e de aplacar quqando Khan era hostil e sua confrontações dos acting-outs de
Khan não eram feitas ou eram inefeetivas. Eventualmente, ele “falhou em sobreviver” pela
morte. O desconforto pessoal de Winnicott com confrontação ( e o conluio com Khan em
evitar a confrontação direta ) levarou, então, a um término incompleto da análise, com
conseqüências desastrosas para Khan.

O desenvolvimento de uma capacidade para o uso do objeto requer que o analista engage
com a hostilidade do paciente e “sobreviva”. O analista deve “conter” a hostilidade e
responder de uma maneira que reflita o efeito da hostilidade do paciente e não sua
destrutividade. Winnicott, entretanto, dava aos seus analisandos uma resposta “embotada” (
blunted ) acerca de suas hostilidades, o que não lhes permitia ter a experiência dos efeitos
de sua força destrutiva ou como sobreviver às respostas dos objetos. Winnicott protegeu
seus analisandos ( e a ele próprio ) de seus próprios sentimentos de raiva e, especialmente,
em seu último trabalho clínico, da inerente resposta raivosa de interpretações. Sua
brilhante teoria do uso do objeto , por fim, será discutida aqui.

14
Este artigo inevitavelmente levanta questões para as quais não há respostas óbvias.
Algumas questões relacionadas a temas muito básicos: serão certos paciente intratáveis?
Até que ponto ( se algum ) deve o analista evitar aceitar a confrontação? Qual é o papel da
interpretação para pacientes com severas patologias de caráter? Como a relação extra-
analítica de candidatos á análise com seu próprio analista afeta a análise, e como está
complicação pode ser adequadamente manejada? Outras questões são mais específicas para
personalidades particulares como Khan e Winnicott: estava Winnicott temeroso de Khan?
Como a condição cardíaca de Winnicott contribuiu para sua limitada habilidade para
engage em relaçaões fora do setting, durante análise? Winnicott sabia que teria falhado
com Khan, e foi por isso que ele continuou a encontrar-se profissionalmente com ele após o
final da análise? Por que Winnicott não encaminhou Khan se ele não pode ajuda-lo?
Quando Khan e Winnicott estavam escrevendo e pensando sobre a importância da saudável
integração agressiva levando ao uso do objeto, eles estavam evitando a técnica que eles
mesmos estavam recomendando?
As questões vão e voltam. Quando os arquivos de Khan forem finalmente “descongelados”
em 2039, e as relações de objeto analíticas avançarem nosso conhecimento de como
combinar holding com confrontação para chegar ao uso do objeto , teremos certamente bem
mais respostas, e mais questões, certamente, sobree este fascinante caso ( case ).

15

Você também pode gostar