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Lacan

14/12/12
(3/4) - Ato Psicanalítico na banda de Moebius

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Ensaios Psicanalíticos
06/05/2010 Vitor Hug o Tris ka
Porto Alegre, RS, Brazil
O Corte segundo Lacan (3/4) - Ato Psicanalítico na banda de Visualizar meu perfil completo

Moebius
Partamos então para a terceira etapa dessa série onde proponho que resgatemos o sentido Contato: vitortriska@yahoo.com.br
do corte interpretativo em Lacan. Aos que seguem, aviso que é essencial ler os posts na
ordem correta..

Publicações
Antes de O Ato Psicanalítico (1967-68) Lacan já havia proposto o ato em pelo menos um
seminário, a saber, a Lógica do Fantasma (1966-67). Tal fato é, porém, frequentemente Dis s ertaç ão de mes trado:
ignorado, muito embora seja justamente em S14 - e não em S15 - que o ato é formalizado
- Verdade e Técnica em Psicanálise
enquanto um corte no formato de oito-interior, double boucle [conforme esmiuçado no
(UFRGS, 2010 - link)
post anterior], sobre a superfície da fita de Moebius. Combinaremos a referência de S14
com um trecho de Radiofonia para dar corpo à nossa construção. Artig os :
*
Em S14 encontramos a pergunta “como definir o que é um ato?”. Separamos a resposta - Mito e estrutura: um estudo sobre a
verdade em psicanálise (Revista Tempo
em duas partes:
Psicanalítico, 2007 - link)

- A TopoLógica da Verdade (Revista


É impossível defini-lo de outra maneira que sobre o fundamento da volta dupla [double aSEPHallus, 2008 - link)
boucle], é dizer, da repetição, e sobre o plano de uma falta. É precisamente nisto que o
ato é fundador de um sujeito (S14-15/02/67). - O que é a elasticidade da técnica
psicanalítica? (Revista aSEPHallus, 2010
- link)

Dois elementos que caracterizam o ato, portanto: repetição e falta. O círculo “interior” do - Psicanálise, psicopatologia e
oito interior cerca uma falta, falta de superfície (se concebemos seu traçado como a borda literatura: modos de uso da fantasia
da banda de Moebius, percebemos claramente como a borda limita a superfície em relação (Revista Tempo Psicanalítico, 2010 -
link).
ao espaço), circunscrevendo e presentificando o vazio do universo de discurso, o objeto a,
conferindo à interpretação uma função desalojadora na medida em que produz o sujeito
na sua dimensão de falta-a-ser. Abaixo representamos tal traçado onde, ao seguir na
ordem alfabética, acontece o reencontro com o ponto D (momento onde um significante é
Marcadores
destacado e o Real aparece, conforme visto no post anterior) após a passagem pelos
pontos E e F, criando a referida borda.
1984 (1) A separação (1) A árvore da vida (1)
Os elementos fundamentais são, portanto: (a) a angústia (1) apocalipse zumbi (3) Balbo (1)
repetição significante em forma de um retorno, BBB12 (1) Black Mirror (1) Bukowski (1) Butler (1)
efeito de après-coup, que acontece em D e (b) a Camus (1) Chimamanda Adichie (1) Cisne Negro
presentificação da dimensão da falta. O trecho de (Black Swan) (1) corte (4) crítica (10)
Lacan termina evocando a banda de Moebius: cultura (4) curso (2) Debord (1) desenho (1)
desordem (1) diagnóstico (4) Dostoiévski
(4) ensaio (4) Eric Kandel (1) espetáculo (1)
estruturalismo (3) estruturas (8)
É, por si mesmo, o equivalente da repetição em um
extensão (2) fetiche (1) filme (8)
estupro (1)
único traço, que recém designei por este corte que
FOMO (1) história (3) Inception (A Origem) (1)
é possível fazer no centro da banda de Moebius, é José e Pilar (1) Kids (1) Lacan (12) Le Mur (1)
em si mesmo a volta dupla do significante (em literatura (4) Lévi-Strauss (2) Miller (1)
S14-15/02/67). modelo óptico (1) mortos-vivos (2) Orwell (1)
pesquisa (1) psicanálise (23) Real
(1) sexuação (1) Shame (1) submissão (1) teoria
É fundamental fazer os seguintes exercícios para visualizar os traçados com os quais
(11) The kids are alright (Minhas mães e meu
estamos lidando: pai) (1) topologia (6) técnica (5) UFC (1)
1. construção da banda de moebius ufrgs (2) Zizek (1)
2. desenhar sua borda sem tirar o lápis da folha (aparecerá um oito-interior)
Primeira conclusão: a borda da fita de Moebius é resultado de uma combinatória de pontos
homóloga ao traçado duplo do significante.
3. riscar a fita em sua área central, percorrendo toda sua extensão até que o riscado Pesquisar este blog
encontre seu ponto de partida
4. desenhar o riscado do item 3 numa folha de papel, também sem tirar o lápis Pesquisar
(novamente aparecerá o oito-interior).
5. cortar a fita de Moebius com a tesoura percorrendo o traçado do item 3.
Segunda conclusão: o corte no centro da fita de Moebius é também em forma de oito-
interior e, por ter também essa estrutura de combinatória, faz uma nova borda.

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*
A interpretação, equiparada ao ato, é aqui considerada como o corte sobre o traçado do Arquivo dos tex tos
oito-interior que pode ser riscado na linha média da banda, criando uma nova borda,
tornando a superfície dividida. Por presentificar a falta, incidindo sobre a causa de Arquivo dos textos
desejo, o ato tem efeito desalojador. É o que assinala Lacan (em S15- 22/11/67):

(...) esse ato vai colocar seu sentido precisamente no que se trata de atacar, de abalar, Seguidores
seu sentido ao abrigo da inabilidade, da falha. Eis aí o que é a intervenção psicanalítica: o
ato (...).
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Alguns anos mais tarde, em Radiofonia, o assunto é novamente abordado (é a única vez
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onde percebi Lacan dizer "corte interpretativo":

Mas não seria o próprio corte interpretativo que, para aquele que titubeia na borda,
constitui um problema, por criar consciência? Ele revelaria então a topologia que o
comanda num cross-cap, ou seja, numa banda de Moebius. Pois é só por esse corte que
essa superfície (...) se vê, num depois, provida de uma frente e um verso. A dupla
inscrição freudiana não seria, portanto, da alçada de nenhuma barreira saussuriana, mas
da própria prática que formula a pergunta, isto é, do corte mediante o qual o
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inconsciente, ao se retirar, atesta que consistia apenas nele, ou seja, quanto mais o
discurso é interpretado, mais confirma ser inconsciente. A tal ponto que somente a
psicanálise descobriria que existe um avesso do discurso – sob a condição de interpretá-lo.
O trecho reforça mais ainda a característica superficial do inconsciente, não como um
nível mais profundo da fala, mas como um produto do ato. O que a interpretação trata de
fazer é o corte que transforma a estrutura contínua e não-orientável em descontínua e
orientável, atualizando o consciente em relação inconsciente ou como escreveu Lacan,
criando consciência. Marcamos, portanto, a descontinuidade, função desalojadora, como
resultado da operação interpretativa.
O último post reunirá algumas conclusões e tratará de evocar algumas tendências da
técnica freudiana a fim de realizarmos comparações com as propostas lacanianas. O
objetivo é tornar mais inteligível num contexto clínico essa ferramenta técnica que Lacan
desenvolve topologicamente.

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Palavras chave: corte, Lacan, psicanálise, teoria, topologia, técnica

Um comentário:

Prof. Líg ia 05/11/11 19:16

Muito interessante, para pensar o discurso.Uma abordagem provocadora


que me faz cismar LAcan e Pêcheux, embora as diferenças.
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