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SINOPSE DO CASE: A analista Isabela e a paciente Bruna.

Kelly Amanda da Silva Santos 2


Ma. Caroline Torres 3

1 DESCRIÇÃO DO CASO

Far-se-á uma análise da relação psicanalítica entre Isabela Martins que é


Psicóloga e recentemente terminou uma especialização em Psicananálise e outra em
Sexualidade Humana, e faz a divulgação de seu trabalho principalmente pelo instagram. E
Bruna, que também é psicóloga e foi colega de turma de Isabela, acompanha a divulgação da
nova atuação da colega e se interessa muito pelo tratamento proposto no Instagram da colega,
pois Isabela promete ajudar seus pacientes a se descobrir e se ser, ou seja, a ser
verdadeiramente o seu eu e não a sua profissão, sua produtividade.
Bruna pede para fazer pede para fazer um tratamento com Isabela que diz não
haver problema visto que as duas não tem mais uma relação de proximidade a muitos anos. A
primeira deixa claro que está interessada em aprofundamento sobre as dicas de perfomance
sexual, uma vez que uma de suas queixas é a monotonia na relação com o namorado com
quem tem uma relação de muitos anos.
Durante as entrevistas, Isabela pede à Bruna que interajam também pelo
Instagram, uma vez que esta é uma ferramenta de divulgação de seu trabalho clínico. E em
relação ao pagamento, mesmo conhecendo Bruna anteriormente, Isabela não fez nenhum
pacote promocional. Todos os pacientes de Isabela pagam exatamente o mesmo valor para
fazerem o tratamento com ela.

2 IDENTIFICAÇÃO E ANÁLISE DO CASO

2.1 DESCRIÇÃO DAS DECISÕES POSSÍVEIS

1
Case apresentado à disciplina de Teorias e Técnicas Psicoterápicas Psicanálise, da Unidade de Ensino Superior
Dom Bosco – UNDB.
2
Aluna do 8° período, do curso de Psicologia, da UNDB.
3
Professora, Especialista, Orientadora, da disciplina de Teorias e Técnicas Psicoterápicas Psicanálise do 8°
período do curso de Psicologia, da Unidade de Ensino Superior Dom Bosco – UNDB.
a) Das dificuldades de Bruna ser paciente de Isabela.
b) Entrevista psicanalítica ou tratamento de ensaio.
c) Dinheiro e a relação psicanalista.

2.2 ARGUMENTOS CAPAZES DE FUNDAMENTAR CADA DECISÃO

2.2.1. Das dificuldades de Bruna ser paciente de Isabela.

Bruna e Isabela se conheciam anteriormente e ainda que não mantivessem contato


íntimo nos últimos anos após a época de faculdade, compartilhavam laços sociais o que se
apresenta enquanto uma dificuldade na realização da transferência, pois segundo Freud,
“dificuldades especiais surgem quando o analista e seu novo paciente, ou suas famílias,
acham-se em termos de amizade ou têm laços sociais um com o outro. Ainda na visão de
Freud, (1913/1996):

[...] tratamento prévio por outro método e também conhecimento anterior entre o
médico e o paciente que deve ser analisado, têm consequências desvantajosas
especiais, para as quais se tem de estar preparado. Elas resultam em o paciente
encontrar o médico com uma atitude transferencial já estabelecida e que o médico
deve, em primeiro lugar, revelar lentamente, em vez de ter a oportunidade de
observar o crescimento e o desenvolvimento da transferência desde o início. Desta
maneira, o paciente obtém sobre nós uma dianteira temporária, que não lhe
concederíamos voluntariamente no tratamento. (FREUD, 1913/1996, p.144)

A partir dessas afirmações podemos perceber que o relacionamento social anterior


de Bruna com Isabela, pode acarretar prejuízo ao tratamento psicanalítico a medida em que
essa atitude transferencial já foi estabelecida sem a mediação dos princípios psicanalíticos e
não ocorrerá de forma gradual com a psicanalista como figura de autoridade dentro do
arcabouço psicanalítico. Como Sonoda (2018) contrasta ao falar sobre a primeira condição
para análise

Essa primeira condição da análise envolve ainda o “suposto saber” (Lacan, 1964) do
analista, ou o “lugar do analista”, no qual o analisando o coloca em posição de saber.
O paciente acredita que o analista tem o poder da cura e está esperança em ser
ajudado é motor da aliança terapêutica (e da própria análise). A instauração deste
‘suposto saber’ no início da análise será importante para que a transferência seja
possível. (SONODA, 2018)
Podendo desta forma, influenciar inclusive no processo de associação livre tão
importante na psicanalise visto que ambas fazem parte do mesmo meio social podendo
aumentar a resistência de Bruna na divulgação de informações.

2.2.2 Entrevista psicanalítica ou tratamento de ensaio.

Na clínica psicanalítica, antes de aceitar ou não um paciente há a necessidade da


realização de uma entrevista preliminar ou como Freud chamava “tratamento de ensaio” que
corresponde a um período de uma ou duas semanas onde o analista fará um diagnóstico
diferencial e decidirá se o caso acata ou não a uma demanda de análise. Ainda segundo Freud
é necessário informar ao paciente sobre esse processo pois:

Se se interrompe o tratamento dentro deste período, poupa-se ao paciente a


impressão aflitiva de uma tentativa de cura que falhou. Esteve-se apenas
empreendendo uma ‘sondagem’, a fim de conhecer o caso e decidir se ele é
apropriado para a psicanálise. Nenhum outro tipo de exame preliminar, exceto este
procedimento, encontra-se à nossa disposição; os mais extensos debates e
questionamentos, em consultas comuns, não lhe ofereceriam substituto. Este
experimento preliminar, contudo, é, ele próprio, o início de uma psicanálise e deve
conformar-se às regras desta. Pode-se talvez fazer a distinção de que, nele, se deixa
o paciente falar quase todo o tempo e não se explica nada mais do que o
absolutamente necessário para fazê-lo prosseguir no que está dizendo. (Freud,
1913/1996, p. 143)

Percebe-se que Freud reconhece a dificuldade de execução do diagnóstico


diferencial e, inclusive, não descarta a possibilidade de erro. Mas insiste a favor do uso do
tratamento de ensaio para saber se o caso se trata de neurose ou psicose. Como afirma
posteriormente:

Existem também razões diagnósticas para começar o tratamento por um período de


experiência deste tipo, a durar uma ou duas semanas. Com bastante freqüência,
quando se vê uma neurose com sintomas histéricos ou obsessivos, que não é
excessivamente acentuada e não existe há muito tempo – isto é, exatamente o tipo de
caso que se consideraria apropriado para tratamento – tem-se de levar em conta a
possibilidade de que ela possa ser um estádio preliminar do que é conhecido por
demência precoce (‘esquizofrenia’, na terminologia de Bleuler; ‘parafrenia’, como
propus chamá-la) e que, mais cedo ou mais tarde, apresentará um quadro bem
pronunciado dessa afecção. (FREUD, 1913/1996, 143)
Ou seja, para Freud durante o tratamento experimental de algumas semanas, o
psicanalista poderá observar sinais suspeitos que possam determiná-lo a não levar além a
tentativa. Reafirmando mais uma vez que não pode assegurar que esse procedimento leve
sempre o psicanalista a decisão certa, mas trata-se apenas de uma sábia precaução a mais.

c) Dinheiro e a relação psicanalista.

Ao falar sobre a relação de dinheiro dentro da psicanalise Freud afirma que esse
acordo financeiro deixará claro que o analista não está ali de graça e esse pagar objetiva, além
de possibilitar que o analista se mantenha com seu ofício, não gerar uma dívida simbólica
para com o analisando. Além disso:

Ele pode indicar que as questões de dinheiro são tratadas pelas pessoas civilizadas
da mesma maneira que as questões sexuais – com a mesma incoerência, pudor de
hipocrisia. O analista, portanto, está determinado desde o princípio a não concordar
com esta atitude, mas, em seus negócios com os pacientes, a tratar de assuntos de
dinheiro com a mesma franqueza natural com que deseja educá-los nas questões
relativas à vida sexual. (FREUD, 1913/1996, 146)

Ou seja ao tratar sobre o assunto dinheiro o psicanalista deve rejeita sua própria
falsa vergonha ao falar sobre esses assuntos, apresentando ao paciente de forma clara o valor
em que avalia seu tempo. Cobrar as sessões, ainda segundo Freud, anula o sentimento de que
o analista estaria fazendo um favor ao analisante (não havendo dívida, portanto). As somas de
dinheiro não devem acumular-se, sugerindo, ainda, um pagamento mensal ou ao final de cada
sessão. Ele diz ainda que o analista não deve cobrar pouco. É enfaticamente contra a análise
gratuita, alegando que “o tratamento gratuito aumenta enormemente algumas das resistências
do neurótico” (FREUD, 1913/1996, 147).E que Freud diz que o analista deve colocar-se na
posição de cirurgião; franco e caro, e que pode ter métodos de tratamentos úteis. Dentro
destas proposições Isabela segue as recomendações de Freud, apresentando aos seus pacientes
o valor em que ela avalia seu tempo, não baixando seu preço nem para uma pessoa conhecida.

2.3 DESCRIÇÃO DOS CRITÉRIOS E VALORES CONTIDOS EM CADA DECISÃO


POSSIVEL

2.3.1 Das dificuldades de Bruna ser paciente de Isabela.


• Prejuízo ao tratamento psicanalítico a medida em que essa atitude transferencial já foi
estabelecida sem a mediação dos princípios psicanalíticos.
• Influencia no processo de associação livre tão importante na psicanalise visto que
ambas fazem parte do mesmo meio social

2.3.2 Entrevista psicanalítica ou tratamento de ensaio.

• Período de uma ou duas semanas onde o analista fará um diagnóstico diferencial e


decidirá se o caso acata ou não a uma demanda de análise .

2.3.3 Dinheiro e a relação psicanalista.


• O acordo financeiro deixará claro que o analista não está ali de graça e esse pagar
objetiva, além de possibilitar que o analista se mantenha com seu ofício, não gerar
uma dívida simbólica.
REFERÊNCIAS

FREUD, S. (1913). Sobre o início do tratamento. Obras Psicológicas Completas de Sigmund


Freud. Vol. XII. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
SONODA, Katerine da Cruz Leal. O método psicanalítico e as condições da análise (e da
pesquisa clínica): Algumas recomendações. aSEPHallus, p. 90-112, 2018.

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