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SINOPSE DO CASE: O trabalho do psicólogo na contemporaneidade.

Kelly Amanda da Silva Santos 2


Dr. Carlos Antonio Cardoso Filho 3

1 DESCRIÇÃO DO CASO

Far-se-á uma análise dos efeitos da contemporaneidade sobre a divulgação


profissional do profissional psicólogo através do case de Marina. Que está em dúvida sobre
como fará a seu posicionamento profissional no instagram, após ter saído recentemente da
faculdade e estar recém inserida no mercado de trabalho. Entende-se através do que foi
relatado que Marina trabalha de forma autônoma sendo assim sua própria empresa.
Em um mundo capitalista é necessário que a psicóloga busque vender o seu
material e está procura a rede que tem maior alcance para que isso aconteça. No entanto, não
sabe ainda quais conteúdos irá divulgar ou de que forma essa divulgação deve ser feita para
que alcance mais pessoas, sem no entanto, ferir os preceitos éticos de sua profissão. Marina já
sabe que a psicologia do trabalho e clínica são suas áreas de interesse. Mas não sabe como se
posicionar a partir disso, mesmo já tendo clientes nessas áreas.
A partir do que foi mostrado no case, será apresentado a visão dos conselhos
federais e regionais que apresentam diretrizes para a atuação e permanência dos psicólogos
nessas novas áreas digitais e como deve ser feito esse posicionamento de forma ética e
responsável, mesmo em plataformas que prezem pela quantidade e não pela qualidades dos
conteúdos oferecidos. Ainda diante destas novas demandas desse novo mundo, é necessário
responsabilidade na divulgação e contato com o outro. E reforçamento do compartilhamento
de trabalho psicoeducativo de qualidade.

2 IDENTIFICAÇÃO E ANÁLISE DO CASO

2.1 DESCRIÇÃO DAS DECISÕES POSSÍVEIS

1
Case apresentado à disciplina de Práticas Psicológicas Relacionadas II, da Unidade de Ensino Superior Dom
Bosco – UNDB.
2
Aluna do 8° período, do curso de Psicologia, da UNDB.
3
Professora, Especialista, Orientadora, da disciplina de Práticas Psicológicas Relacionadas II do 8° período do
curso de Psicologia, da Unidade de Ensino Superior Dom Bosco – UNDB.
a) Criação de perfil profissional desvinculado do pessoal.
b) Sobre a escolha de temas para o instagram.

2.2 ARGUMENTOS CAPAZES DE FUNDAMENTAR CADA DECISÃO

2.2.1 Criação de perfil profissional desvinculado do pessoal.

Tendo em vista o grande alcance das redes sociais, Marina deverá analisar então
de forma crítica as divulgações e publicações em seus perfis, garantindo que elas sejam
coerentes com os serviços que pretende oferecer. Ademais, se levarmos em consideração o
que é citado no Código de ética profissional do psicólogo em seus princípios fundamentais:
“V. O psicólogo contribuirá para promover a universalização do acesso da população às
informações, ao conhecimento da ciência psicológica, aos serviços e aos padrões éticos da
profissão.” (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2005), sendo assim dever do
profissional almejara proliferação de informações psicoeducativas.
Contudo, “VI. O psicólogo zelará para que o exercício profissional seja efetuado
com dignidade, rejeitando situações em que a Psicologia esteja sendo aviltada.” (CFP, 2005).
Deverá então, levar em consideração que ao optar por seguir como o perfil pessoal para
divulgação de seu trabalho, poderá ferir alguns preceitos afirmados no código de ética
profissional do psicólogo como:

Art. 2º – Ao psicólogo é vedado:


b) Induzir a convicções políticas, filosóficas, morais, ideológicas, religiosas, de
orientação sexual ou a qualquer tipo de preconceito, quando do exercício de suas
funções profissionais;
f) Prestar serviços ou vincular o título de psicólogo a serviços de atendimento
psicológico cujos procedimentos, técnicas e meios não.
j) Estabelecer com a pessoa atendida, familiar ou terceiro, que tenha vínculo com o
atendido, relação que possa interferir negativamente nos objetivos do serviço
prestado; (CFP, 2005)

É profícua a preocupação em relação ao posicionamento profissional quando se


lida com pessoas e suas convicções constantemente no desenrolar de sua vida profissional.
Assim, se Marina escolhe continuar divulgando conteúdos de sua vida pessoal na mesma
página onde as pessoas a procuram como figura de autoridade, em alguns momentos suas
condutas de vida particular podem leva a indução de convicções pessoais, que nada tem a ver
com sua prática profissional. Além de sua conduta pessoal poder inferir negativamente nos
objetivos do serviço prestado. Desta forma, aconselha-se que seja feito um perfil profissional
desvinculado do perfil pessoal.
Em sua nota técnica o Conselho Regional de Psicologia do Paraná - CRP-PR
nº002/2019 reconhece a autonomia do psicólogo ao escolher qual rede social irá utilizar para
fazer a divulgação do seu trabalho, mas recomenda que o profissional faça um perfil
especifico para a exposição do seu conteúdo de trabalho, “desvinculando de seu perfil pessoal,
promovendo assim a devida distinção entre publicações de cunho pessoal e de cunho
profissional.

2.2.3. Sobre a escolha de temas para o instagram.

Como foi mencionado anteriormente é dever do psicólogo zelar pela


psicoeducação e propagação da mesma, levando em consideração também que esse
compartilhamento de informações deve ser feito de forma ética e responsável visando o bem
estar das pessoas que terão acesso ao conteúdo, e ainda não aviltando o fazer psicológico.
Marina deve assim focar em publicar conteúdos confiáveis, com base em seus referenciais
teóricos e de interesse do seu público-alvo, gerando assim autoridade e credibilidade.
Segundo a Resolução do Conselho Federal de Psicologia – CFP - número 003/2007:

Art. 56 - O psicólogo, em sua publicidade, é obrigado a prestar informações que


esclareçam a natureza básica dos seus serviços, sendo-lhe vedado:
I - fazer previsão taxativa de resultado;
II - propor atividades, recursos e resultados relativos a técnicas psicológicas que não
estejam cientificamente fundamentadas;
III - propor atividades não previstas como funções do psicólogo;
IV - fazer propostas de honorários que caracterizem concorrência desleal;
V - fazer autopromoção em detrimento de outros profissionais da área;
VI - propor atividades que impliquem invasão ou desrespeito a outras áreas
profissionais;
VII - divulgar serviços de forma inadequada, quer pelo uso de instrumentos, quer
pelos seus conteúdos falsos ou sensacionalistas, ou que firam os sentimentos da
população, induzindo-lhe demandas. (CONSELHO FEDERRAL DE
PSICOLOGIA, 2007)

Temos assim diretrizes básicas que devem ser levadas em conta durante a criação
de conteúdo para as redes sociais e dos cuidados que devem ser tomados ao publicar no perfil
profissional. Em nota técnica o CRP-PR nº002/2019 alerta que o profissional psicólogo
deverá manter coerência entre o conteúdo divulgado e a natureza dos seus serviços, as práticas
e os métodos reconhecidos da psicóloga, e sua capacitação pessoal, teórico e técnica. Desta
forma cabe a Marina a autorreflexão de quais são suas áreas de domínio para que o conteúdo
que ela irá produzir seja condizente com o que tem domínio para falar, como foi citado no
case suas áreas de interesse são a psicologia do trabalho e clínica, assim seu conteúdo deveria
ser voltado para essas áreas.
Ainda, a psicóloga deverá ter cautela para que a publicidade de seus serviços não
tenha cunho sensacionalista, não aparente estar garantindo resultados ou se caracterize como
autopromoção em detrimento de outros profissionais. E ainda cuidado para não focar apenas
na quantidade de publicações a serem feitas de forma rasa, podendo assim está contribuindo
para que gatilhos sejam disparados nas pessoas que seguem seus conteúdos, sem ter
profundidade para lidar com eles caso seja procurada.

2.3 DESCRIÇÃO DOS CRITÉRIOS E VALORES CONTIDOS EM CADA DECISÃO


POSSIVEL

2.3.1 Criação de perfil profissional desvinculado do pessoal.


• Promoção a universalização do acesso da população às informações.
• Cuidado para sua conduta pessoal não possa inferir negativamente nos objetivos do
serviço prestado.
2.3.2 Sobre a escolha de temas para o instagram.
• Autorreflexão de quais são as áreas de domínio do psicólogo para que o conteúdo que
ela irá produzir seja condizente com o que tem domínio para falar.
• Coerência entre o conteúdo divulgado e a natureza dos seus serviços, as práticas e os
métodos reconhecidos da psicóloga, e sua capacitação pessoal, teórico e técnica.
REFERÊNCIAS

CONSELHO FEDERAL PSICOLOGIA - CFP. Código de Ética do Profissional Psicólogo.


Brasília: DF. 2005. Disponível em:< https://site.cfp.org.br/wp-
content/uploads/2012/07/codigo-de-etica-psicologia.pdf> . Acesso em: 20 set 2021.
CONSELHO FEDERAL PSICOLOGIA - CFP. Resolução 003/2007.Brasília: DF. 2007.
Disponível em: < https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2007/02/resolucao2007_3.pdf> .
Acesso em: Acesso em: 20 set 2021.
CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA DO PARANÁ - CRP-PR. Nota Técnica CRP
PR n° 002/2019. Paraná. 2019. Disponível em: < https://crppr.org.br/wp-
content/uploads/2019/06/Nota-T%C3%A9cnica-CRP-PR-n%C2%B0-002-2019-Publicidade-
Profissional.pdf> . Acesso em: Acesso em: 20 set 2021.

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