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CENTRO UNIVERSITÁRIO PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS

CURSO SUPERIOR DE PSICOLOGIA – PRIMEIRO PERÍODO

BRUNA APARECIDA RESENDE DA SILVA


MARIA VITÓRIA SOBRINHO FERREIRA

PSICOLOGIA, CIÊNCIA E PROFISSÃO:


Leis e Códigos de ética profissionais

Barbacena, MG
2023
Introdução
O presente trabalho tem como objetivo apresentar as leis, código de ética
profissional do Psicólogo e título especialista do Conselho Federal de Psicologia.

Desenvolvimento...
A Psicologia chega ao Brasil como ciência e profissão ao início do século XX e
somente em 1962, por meio da Lei nº 4.119/62, se torna uma profissão
regulamentada. Hoje, temos no Brasil mais de 400 mil psicólogos/as, sendo cerca de
120 mil apenas no estão de São Paulo, dentre os quais mais de 105 mil são
mulheres.
A Lei nº 4.119/1962 é uma legislação importante para a regulamentação da
profissão de psicólogo no Brasil. Essa lei estabelece as atribuições e competências
dos profissionais de psicologia, além de criar os Conselhos Regionais de Psicologia
(CRPs) e o Conselho Federal de Psicologia (CFP).

Alguns pontos relevantes da Lei nº 4.119/1962 são:


1. Define a profissão de psicólogo e estabelece que somente pessoas com diploma
de curso superior em Psicologia, reconhecido pelo Ministério da Educação, podem
exercer a profissão.
2. Determina que o exercício da profissão de psicólogo requer registro no Conselho
Regional de Psicologia correspondente à região onde o profissional atua.

3. Estabelece as competências e atribuições dos psicólogos, como diagnóstico


psicológico, orientação e seleção profissional, psicoterapia, entre outras.

4. Regula o funcionamento dos Conselhos Regionais de Psicologia (CRPs) e do


Conselho Federal de Psicologia (CFP), responsáveis pela fiscalização e orientação
da profissão.

5. Estabelece as infrações e penalidades aplicáveis em caso de descumprimento


das normas estabelecidas pela legislação.

O Código de Ética Profissional do Psicólogo em vigor atualmente é o de 2005, que


foi adotado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) no dia 20 de dezembro de
2005, por meio da Resolução CFP nº 010/2005. Esse código estabelece os
princípios éticos e as normas de conduta a serem seguidos pelos psicólogos no
exercício de sua profissão.
A formulação deste Código de Ética, o terceiro da profissão de psicólogo no Brasil,
responde ao contexto organizativo dos psicólogos, ao momento do país e ao estágio
de desenvolvimento da Psicologia enquanto campo científico e profissional. Este
Código de Ética dos Psicólogos é reflexo da necessidade, sentida pela categoria e
suas entidades representativas, de atender à evolução do contexto institucional-legal
do país, marcadamente a partir da promulgação da denominada Constituição
Cidadã, em 1988, e das legislações dela decorrentes.

A seguir, apresenta alguns dos princípios fundamentais e normas contidos no


Código de Ética Profissional do Psicólogo de 2005:
Princípios Fundamentais:

1.Princípio da dignidade da pessoa humana;


2.Princípio da autonomia;
3.Princípio da privacidade;
4.Princípio da igualdade;
5.Princípio da integridade;
6. Princípio da responsabilidade social.

Normas de Conduta:

1.Respeito à dignidade e integridade da pessoa atendida;


2.Sigilo profissional;
3.Competência profissional;
4.Responsabilidade;
5.Relações com outros profissionais;
6.Relações com instituições;
7.Publicidade;
8.Ensino e pesquisa;
9.Utilização de recursos tecnológicos;
10.Relações com a justiça e com órgãos de classe.

Das responsabilidades gerais do Psicólogo:

1. Assumir responsabilidade somente por atividades para as quais esteja capacitado


pessoalmente e tecnicamente;
2. Prestar serviços profissionais em situação de calamidade pública ou de
emergência, sem visar a quaisquer benefícios pessoais;
3. Prestar serviços psicológicos em condições de trabalho eficientes, de acordo com
os princípios e técnicas reconhecidos pela ciência, pela prática e pela ética
profissional;
4. Sugerir serviços de outros profissionais, sempre que se impuser a necessidade de
atendimento e este, por motivos justificáveis, não puder ser continuado por quem o
assumiu inicialmente;
5. Fornecer ao seu substituto, quando solicitado, as informações necessárias à
evolução do trabalho;
6. Zelar para que o exercício profissional seja efetuado com a máxima dignidade,
recusando e denunciando situações em que o indivíduo esteja correndo risco ou o
exercício profissional esteja sendo vilipendiado;
7. Participar de movimentos de interesse da categoria que visem à promoção da
profissão, bem como daqueles que permitam o bem-estar do cidadão.

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) possui uma resolução específica para


regulamentar o título de especialista na área da psicologia. A resolução que trata
desse assunto é a Resolução CFP nº 13/2007.

Essa resolução estabelece as normas para a concessão e registro do título de


especialista em psicologia, reconhecendo as áreas de atuação reconhecidas pelo
CFP. Ela define os requisitos e critérios necessários para a obtenção do título, bem
como o processo de solicitação e avaliação.

Alguns pontos importantes abordados na Resolução CFP nº 13/2007 incluem:


1. Definição das áreas de atuação reconhecidas pelo CFP, como psicologia clínica,
psicologia organizacional e do trabalho, psicologia escolar/educacional, entre outras.

2. Requisitos para solicitar o título de especialista, como comprovação de formação


acadêmica e experiência profissional na área específica.

3. Critérios para a avaliação dos candidatos, que podem incluir análise curricular,
prova teórica, defesa de trabalho científico e/ou entrevista.

4. Processo de registro do título junto ao Conselho Regional de Psicologia (CRP)


correspondente.

A atuação do psicólogo no campo das políticas públicas se tornou um elemento


importante na contemporaneidade, inicialmente com o objetivo de ajustamento e
normatização dos indivíduos, e também por seu compromisso e implicação ética,
norteados pelo anseio de uma transformação social.
A preocupação com a inserção da psicologia na sociedade brasileira estava posta já
em 1988, quando Carvalho analisou os dados da pesquisa sobre as atividades
profissionais das psicólogas, realizada pelo Conselho Federal de Psicologia e
intitulada, em sua publicação, “Quem é o psicólogo brasileiro?” Este texto, que
marca as comemorações dos 60 anos da regulamentação da profissão, se propõe
como uma reflexão sobre o caminho que apresentou uma ruptura com aspectos que
caracterizaram, até aquele momento, a profissão no Brasil, possibilitando a
configuração e desenvolvimento do projeto do compromisso social.

A trajetória tem seu início oficial em 27 de agosto de 1962, quando a profissão é


oficialmente reconhecida pela Lei nº 4.119. Tal reconhecimento, neste momento de
comemoração de 60 anos, merece que nos perguntemos quais foram as condições
históricas e os interesses que permitiram que uma atividade profissional até então
com pouco desenvolvimento e diversidade, número pequeno de profissionais, sem
uma identidade que agregasse esse conjunto e permitisse sua apresentação à
sociedade brasileira, obtivesse seu reconhecimento legal.

Dentre os aspectos que podem ser apresentados para justificar essa importante
conquista, há o fato de que o Brasil estava vivendo o desenvolvimento do projeto da
elite de modernização do país. Desde o governo de Getúlio Vargas, o Brasil vinha se
transformando de um país agrário e rural em um país urbano e industrializado. Por
se tratar de um projeto de mudança, buscou-se apoio em todas as áreas do
conhecimento que apresentassem uma tecnologia moderna para a solução de
algum dos problemas sociais decorrentes do projeto de modernização.

A nascente industrialização necessitava de instrumentos de apoio para selecionar


seus trabalhadores, escolhendo, com base em uma ferramenta tecnológica, os mais
aptos para o trabalho. Além disso, a oferta de tecnologias científicas para as
escolas, com vistas à melhora do desempenho e à classificação das crianças, na
condição de futuros trabalhadores, representava outro campo de demanda e
expansão da presença dos conhecimentos e práticas da Psicologia. Por fim, é
preciso reconhecer que já havia em desenvolvimento no país uma política higienista,
campo em que a Psicologia também se expandiu, subsidiando os processos de
classificação e produção de diagnósticos psicopatológicos. Constata-se, assim, que
a psicologia era exercida como atividade voltada à seleção, diferenciação e
categorização das pessoas (Antunes, 2001).

A classificação dos sujeitos parece ter sido fundamental para a inserção no Zeitgeist
daquele momento. Silva, Bock, Antunes, & Ferreira (2021) apontaram que foi
exatamente esse papel da psicologia no reconhecimento dos sujeitos válidos a
dimensão fundamental do interesse da sociedade pelo desenvolvimento do
conhecimento psicológico. Os primeiros anos da profissão foram marcados
principalmente por esse viés, calcado em uma perspectiva universal de sujeito que o
descolava da realidade social e implicava pouca atenção a essa realidade (Bock,
1999). Ao mesmo tempo, a categoria de psicólogas se constituiu de maneira
fragmentada, com pouca presença pública, sem organização suficiente para a
participação política.

Nas décadas seguintes, novas condições históricas se apresentaram e


possibilitaram o surgimento e desenvolvimento de um novo projeto profissional, o
Projeto do Compromisso Social. Tais condições, notadamente explicitadas, no
Brasil, na resistência à ditadura militar e na recusa da dominação do pensamento
estadunidense na Psicologia, podem ser localizadas nos anos 1970, consolidando-
se nos anos de redemocratização do país, em meados de 1980 e ampliando-se nos
anos 1990 (Santos, 2017). A psicologia passa, no final do século XX, por um
processo importante de revisão crítica para a consolidação de um projeto ético-
político que respondesse à realidade histórica latino-americana em geral, e brasileira
em particular (Santos, 2017).

A publicação de Silvia Lane em 1984, Uma nova concepção de homem para a


psicologia, pode ser considerada, nesse processo, como um manifesto das novas
possibilidades e alternativas para a psicologia brasileira. Ao afirmar que “Toda a
psicologia é social” (Lane, 1984, p. 19), Lane apontava para a necessidade da
superação das visões patologizantes e absolutizadoras da psicologia, passando a
compreender o humano em sua rede de relações e na sua inserção em uma
determinada sociedade, com seu modo de produção e sua cultura.

No âmbito das entidades, muitas iniciativas foram desenvolvidas nessa nova


perspectiva, especialmente nas gestões do Conselho Federal de Psicologia (CFP), a
partir de 1996, fortalecendo a implementação do Projeto do Compromisso Social.

Referências
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Código de Ética Profissional dos
Psicólogos, Resolução n.º 10/05, 2005.
Psicologia, ética e direitos humanos. Comissão Nacional de Direitos Humanos.
Brasília, 1998.
CORDIOLI, A. V. Psicoterapias. Abordagens atuais. Porto Alegre: Artes Médicas,
2008.
Código de Ética Profissional do Psicólogo. Conselho Federal de Psicologia, Brasília,
agosto de 2005.
Mello, S. L. (1975). Psicologia e profissão em São Paulo. Ática.
Sawaia, B. (2002). Coleção pioneiros da psicologia brasileira: Vol. 8. Silvia Lane..
Imago.

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