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A Documentação e o

Código de Ética
Mirene F. M. A. Marques
A Documentação e o
Código de Ética

Introdução
Uma categoria profissional que possui a sua área de atuação institucionalizada e
reconhecida pela sociedade tem a obrigação de manter um código de conduta para
a proteção e defesa dos direitos dos profissionais usuários dos serviços, sejam
eles clientes ou instituições. No caso do psicólogo, cabe ao Conselho Federal de
Psicologia (CEP) elaborar um código de ética que atenda às necessidades dessa
categoria e divulgá-lo, para que os profissionais possam utilizá-lo como referência a
ser cumprida após o entendimento do código para a tomada de decisões frente aos
desafios profissionais. Além disso, é preciso elaborar a documentação que deverá ser
adotada para que isso se realize, ou seja, dotar os profissionais de condições que lhes
permitam vincular as regras à sua prática de forma coerente e criativa, pois o código
de ética é dirigido contra ele e as denúncias de infrações também são dirigidas a ele.

Segundo o Conselho Federal de Psicologia (2005), cada profissão é definida de acordo


com uma série de práticas voltadas para atender às necessidades da sociedade, e
pautadas por elevados padrões técnicos e éticos que garantem que cada profissional
tenha um relacionamento adequado com toda a sociedade.

O Código de Ética Profissional, de acordo com Conselho Federal de Psicologia (2005),


busca estimular a reflexão de todos sobre suas práticas, estabelecendo padrões
esperados para as respectivas categorias ocupacionais e práticas socialmente
reconhecidas, de forma que possam ser individual e coletivamente responsáveis por
seus comportamentos e condutas na prática profissional. A principal tarefa do Código
de Ética Profissional não é padronizar a natureza técnica do trabalho, mas garantir
que um padrão de conduta seja estabelecido dentro do leque de valores relacionados
à sociedade e práticas desenvolvidas para fortalecer o reconhecimento da sociedade
à categoria.

O Código de Ética do Psicólogo (CEP) é um código legal cujo nome técnico é resolução.
Portanto, possui as características normativas e regulatórias do setor. De acordo com
esse documento legal, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) estipula por escrito as
obrigações e a existência de comportamento ético dos profissionais da psicologia.

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Objetivos da Aprendizagem
• Analisar o código de ética profissional, com base na documentação psicoló-
gica;
• Conhecer as normas para elaboração de documentos;
• Entender como escrever os documentos de avaliação.

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Histórico do Código de Ética do
Psicólogo
Para atender às necessidades que envolvem questões de ética profissional, de acordo
com Amendola (2014), bem como referências para orientação e supervisão no Brasil,
e controlar o exercício das profissões, interesses ideologicamente claros devem ser
instrumentalizados por normas.

Pautado nessa ideia, entre os anos de 1966 e 1967, iniciou-se a organização do Código
de Ética do Psicólogo Brasileiro e a psicologia passou a ter a sua deontologia, ou seja,
uma ciência regrada e disciplinadora capaz de controlar os profissionais por meio
de regras e sanções, com intenções claras no benefício da comunidade. Amendola
(2014) aponta que o Conselho Federal de Psicologia (CFP) foi posteriormente
instituído pela Lei nº 5.776, de 1971, com as atribuições de regulamentar a profissão
de psicólogo, tendo por obrigação exercer funções normativas e promulgar projetos de
implementação da profissão jurídica de psicologia normativa, visando à formulação e
posterior aprovação do Código de Ética Profissional do Psicólogo Brasileiro.

A primeira minuta do Código de Ética Profissional foi elaborada antes da instituição


do Conselho Federal de Psicologia, a partir de discussões iniciadas pela Associação
Brasileira de Psicólogos (ABP) e pela Sociedade Paulista de Psicologia (SPSP), criada
em 1954, entre diversas associações surgidas em 1954. Em reuniões da Associação
Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), esse código foi elaborado para refletir as
necessidades da psicologia da época. O documento original foi proposto por Oswaldo
de Barros Santos, sócio das duas entidades, e referia-se a um conjunto de normas
de ética profissional para psicólogos publicadas pela New York State Psychological
Association. O texto foi traduzido e adaptado para o Brasil por Betty Katzenstein e
Eliezer Schneider, posteriormente publicado nos Arquivos Brasileiros de Psicologia
Aplicada (AMENDOLA, 2014).

Em 12 de julho de 1966, de acordo com Amendola (2014), na conferência da Associação


Brasileira de Psicologia (ABP) realizada em Blumenau, na 18ª reunião anual da SBPC,
um novo anteprojeto, baseado na minuta anterior, foi unanimemente reconhecido
como o Código de Ética dos Psicólogos Brasileiros, sendo decidido, ainda, indicar sua
adoção por todos os profissionais de psicologia. Para orientar e fiscalizar a aplicação
do código pelos psicólogos, foram nomeados os membros do Conselho de Ética
Profissional.

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Figura 1 - Código serviria como um conjunto de normas a serem seguidas pelos psicólogos.
Fonte: Plataforma Deduca (2021).
#PraCegoVer: Psicóloga atende um paciente sentado em um sofá. O homem
está com a cabeça encostada em uma almofada.

Para que os membros do Conselho de Ética Profissional agissem, era imprescindível


providenciar que seus membros pudessem orientar-se na apuração de violações dos
códigos disciplinares e éticos. Para tanto, a psicologia já tinha um documento legal,
o anteprojeto do Código de Ética dos Psicólogos Brasileiros, que acabava por se
tornar oficialmente o primeiro Código de Ética Profissional do Psicólogo (CEPP), e foi
institucionalizado pela Resolução CFP nº 8, publicada no Diário Oficial da União em 2
de fevereiro de 1975. O primeiro código de ética tinha por composição cinco princípios
básicos e 40 artigos, distribuídos em 13 capítulos, que abordavam: responsabilidades
gerais dos psicólogos; responsabilidades para com os clientes; responsabilidades
nos relacionamentos com empregadores; relacionamentos com outros psicólogos;
relacionamentos com outros profissionais; relações com associações semelhantes e
representativas de psicólogos; relação com a Justiça; sigilo profissional; comunicação
e publicações científicas; publicidade profissional; honorários; fiscalização do exercício
profissional da psicologia; cumprimento dos princípios éticos e disposições gerais
Amendola (2014).

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Saiba mais
Veja na íntegra a resolução 08/1975 em: https://atosoficiais.com.
br/BR/CONSELHO.FEDERAL.DE.PSICOLOGIA/RESOLUCAO-CFP-
8-1975-CFP-BR.pdf. Fonte: Brasil, 1975.

O surgimento de novas áreas de atividade do psicólogo, diz Amendola (2014),


contribuiu para que esse código fosse revisto. O comitê de ética do CFP iniciou seus
trabalhos de revisão em 1978 e, finalmente, foi aprovada a segunda versão do código
em 30 de agosto de 1979, por ocasião do centenário da psicologia, e apresentada na
Resolução CFP 029/79.

Saiba mais
Veja na íntegra a resolução 29/1979 em: https://atosoficiais.com.
br/BR/CONSELHO.FEDERAL.DE.PSICOLOGIA/RESOLUCAO-CFP-
29-1979-CFP-BR.pdf. Fonte: Brasil, 1979.

Com a democratização da sociedade brasileira, a expressão da psicologia torna-se


uma possibilidade. Como organização de apoio aos profissionais, foi lançada, no
mesmo ano, uma campanha no sistema de conselhos, com a proposta de alteração
do código de 1979, que propunha o desenvolvimento de uma ferramenta menos
corporativista e que efetivamente iria se centrar na mudança social, tendo em conta
as necessidades e preocupações das categorias, sem que os interesses da população
fossem negligenciados. Portanto, após 25 anos de supervisão de psicologia no Brasil,
o CFP aprovou o terceiro código de ética profissional para psicólogos, a Resolução
CFP nº 002/87, em 15 de agosto de 1987.

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Saiba mais
Veja na íntegra a resolução 002/1987 em: https://site.cfp.org.
br/wp-content/uploads/2012/07/resolucao1987_2.pdf. Fonte:
Conselho Federal de Psicologia, 1987.

O código de 1987, de acordo com o Conselho Regional de Psicologia (CRP), conceitua a


ética como filosofia moral ou ética filosófica, apelando para a reflexão e compreensão
das singularidades, permitindo a criatividade, a liberdade e a espontaneidade. Portanto,
um código de ética que proporciona aos psicólogos considerar seus clientes como
pessoas conectadas no mundo. Ainda para o referido, embora bastante detalhado,
em 1987, o CEPP foi criticado pelos que privilegiavam o primeiro por ser mais claro e
nítido, enquanto outros enfatizavam suas características corporativistas. Alguns eram
mais otimistas, ressaltando que as mudanças fizeram dos psicólogos críticos das
realidades políticas e sociais e da própria psicologia como ciência e profissão voltada
para a sociedade. Algumas dessas críticas tiveram impacto direto no código de 1987.

Figura 2 - A ética como filosofia moral a serviço do paciente.


Fonte: Plataforma Deduca (2021).
#PraCegoVer: Ilustração do contorno de um rosto humano de perfil. Ao centro,
uma escada dá acesso aos pensamentos.

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Alguns anos depois, o código sofreu duas alterações: uma vez em 1990, o artigo 5º
e seus parágrafos foram revogados pela Resolução CFP nº 006A/90, e o outra em
1995, com a aprovação da Resolução CFP nº 002/95, que estipula que o atendimento
psicológico deve ser prestado por telefone, incluindo o inciso “o” do art. 2º, vetando
tais atividades.

Como parte dessa mudança drástica no sistema de conselho, com a formulação do


novo código de ética, o código disciplinar (CPD) também foi reeditado, e a Resolução
CFP nº 005/1988 entrou em vigor.

Como resultado do fórum regional, em 2003, diz Amendola (2014), representantes dos
comitês regionais aceitaram e encaminharam a proposta para discussão no segundo
Fórum Nacional de Ética. Esse fórum absorveu algumas das resoluções da Comissão
Federal de Psicologia e as incluiu na discussão da revisão do CEPP, que revisou as
resoluções que excluíam práticas, tais como questões relacionadas ao tratamento
da homossexualidade (Resolução CFP nº 01/99) e a complacência com cultura
discriminatória (Resolução CFP nº 18/2002).

O que culmina na formação do quarto código de ética profissional do psicólogo, entre


os quais a Resolução nº CFP nº 010/2005, aprovada em 21 de julho de 2005, e, de
acordo com Amendola (2014), entrou em vigor em agosto de 2005 (Dia do Psicólogo).
O documento é composto por sete princípios básicos e 25 artigos, divididos em dois
capítulos: responsabilidades do psicólogo e princípios gerais.

Essa resolução é ainda a que rege o código de ética profissional do psicólogo ainda
hoje, com alterações feitas por meio da Resolução CFP 11/2012, que regulamenta os
serviços psicológicos realizados por meios tecnológicos de comunicação a distância,
o atendimento psicoterapêutico em caráter experimental e revoga a Resolução CFP Nº
12/2005, e essa resolução acaba por ser revogada pela Resolução CFP nº 11/2018, de
11 de maio de 2018, que regulamenta a prestação de serviços psicológicos realizados
por meios de tecnologias da informação e da comunicação.

Em 26 de março de 2020, de acordo Conselho Federal de Psicologia (BRASIL, 2020), foi


apresentada a Resolução nº 04/2020, que dispõe sobre regulamentação de serviços
psicológicos prestados por meio de tecnologia da informação e da comunicação
durante a pandemia da Covid-19, e suspende os artigos 3º, 4º, 6º, 7º e 8º da Resolução
CFP nº 11, de 11 de maio de 2018, durante o período de pandemia da Covid-19 e até
que sobrevenha resolução do CFP sobre serviços psicológicos prestados por meios
de tecnologia da informação e da comunicação.

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A figura 1 apresenta um resumo da linha do tempo do Código de Ética dos Psicólogos
desde o seu início.

Quarta versão
institucionalizada

Anteprojeto,
1 Segunda versão
institucionalizada
3 na Resolução CFP
nº 11/2012.
baseado na minuta na Resolução CFP CFP 04/2020 -
criada em 1954. 029/79. Covid-19.

1966 1979 2005

1975 1987
Primeira versão Terceira versão,
institucionalizada institucionalizada
pela Resolução CFP na Resolução CFP
nº 08/75.
2 nº 002/87.
Alterações: CFP nº
4
01/99 e CFP nº
18/2002.

Figura 3 - Linha do tempo do Código de Ética.


Fonte: Elaborado pela autora (2021).
#PraCegoVer: Infográfico apresenta a linha do tempo do Código de Ética do
Psicólogo.

Quarto Código de Ética Profissional do Psicólogo,


Resolução nº CFP nº 010/2005
A Resolução nº CFP nº 010/2005 “aprova o Código de Ética Profissional do Psicólogo,
entra em vigor no dia 27 de agosto de 2005 e revoga as disposições em contrário, em
especial a Resolução CFP nº 002/87”(CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2005).
De acordo com o Conselho Federal de Psicologia (2005), tal documento reflete a
premência da categoria e suas entidades representativas de atentar para a evolução
do ordenamento jurídico nacional, especialmente desde que a chamada Constituição
Cidadã foi promulgada em 1988, e a legislação derivou disso.

Em sintonia com a atual conjuntura democrática, segundo o Conselho Federal


de Psicologia (2005), esse código foi construído a partir de múltiplos espaços
para discutir a ética profissional, suas responsabilidades e o compromisso com a
promoção da cidadania. O processo é realizado em todo o país há mais de três anos,
e os psicólogos participaram diretamente e se abriram para a sociedade. Os princípios
gerais que seguem estão mais próximos de ferramentas de reflexão do que de um

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conjunto de normas que os psicólogos devem seguir. Portanto, em seu processo de
construção, foi buscado:

a. Valorizar os princípios fundamentais como grandes eixos que devem


orientar a relação do psicólogo com a sociedade, a profissão, as
entidades profissionais e a ciência, pois esses eixos atravessam
todas as práticas e estas demandam uma contínua reflexão sobre o
contexto social e institucional.

b. Abrir espaço para a discussão, pelo psicólogo, dos limites e interseções


relativos aos direitos individuais e coletivos, questão crucial para as
relações que estabelece com a sociedade, os colegas de profissão e
os usuários ou beneficiários dos seus serviços.

c. Contemplar a diversidade que configura o exercício da profissão e a


crescente inserção do psicólogo em contextos institucionais e em
equipes multiprofissionais.

d. Estimular reflexões que considerem a profissão como um todo


e não em suas práticas particulares, uma vez que os principais
dilemas éticos não se restringem a práticas específicas e surgem
em quaisquer contextos de atuação (CONSELHO FEDERAL DE
PSICOLOGIA, 2005).

A esperança é a de que se transforme em uma ferramenta que possa delinear as


responsabilidades e obrigações do psicólogo para a sociedade, orientar sua formação
e orientar seus julgamentos comportamentais, além de ajudar a fortalecer e expandir
o significado social da profissão.

Esse código tem como princípios fundamentais:

I. O psicólogo baseará o seu trabalho no respeito e na promoção da liberdade, da


dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano, apoiado nos valores
que embasam a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
II. O psicólogo trabalhará visando promover a saúde e a qualidade de vida das
pessoas e das coletividades e contribuirá para a eliminação de quaisquer for-
mas de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opres-
são.
III. O psicólogo atuará com responsabilidade social, analisando crítica e historica-
mente a realidade política, econômica, social e cultural.
IV. O psicólogo atuará com responsabilidade, por meio do contínuo aprimora-
mento profissional, contribuindo para o desenvolvimento da Psicologia como
campo científico de conhecimento e de prática.

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V. O psicólogo contribuirá para promover a universalização do acesso da popula-
ção às informações, ao conhecimento da ciência psicológica, aos serviços e
aos padrões éticos da profissão.
VI. O psicólogo zelará para que o exercício profissional seja efetuado com digni-
dade, rejeitando situações em que a Psicologia esteja sendo aviltada.
VII. O psicólogo considerará as relações de poder nos contextos em que atua e
os impactos dessas relações sobre as suas atividades profissionais, posicio-
nando-se de forma crítica e em consonância com os demais princípios deste
Código (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2005).

Saiba mais
Veja na íntegra a Resolução nº CFP nº 010/2005 em: https://
site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2012/07/codigo-de-etica-
psicologia-1.pdf. Fonte: Conselho Federal de Psicologia, 2005.

Elaboração dos documentos


A elaboração de documentos escritos precisa ser feita de forma cautelosa, seguindo
os princípios éticos do código profissional, uma vez que, na avaliação psicológica,
são descritos os conteúdos do sujeito, portanto, os dados coletados devem estar
assegurados perante o sigilo profissional, conforme o artigo 1º do Código de Ética
Profissional do Psicólogo (CEPP): «É dever do psicólogo respeitar o sigilo profissional,
a fim de proteger, por meio da confidencialidade, a intimidade das pessoas” (2005).

Quanto aos resultados dos serviços prestados, há falta de feedback e até mesmo os
profissionais questionam a necessidade de prestação desses serviços. O novo código
de ética entrou em vigor em 27 de agosto de 2005 e indica que é direito do cliente
e responsabilidade do psicólogo entender os resultados. Esse entendimento tem a
vantagem de garantir que os usuários tenham acesso às informações relacionadas
ao trabalho realizado (resultados e necessidade de encaminhamento).O enfoque está
na importância de encerrar o processo, mostrando/compartilhando a conclusão do
trabalho realizado.

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Figura 4 - Usuário poderá ter acesso às informações coletadas.
Fonte: Plataforma Deduca (2021).
#PraCegoVer: Um homem faz anotações em uma pasta de acesso exclusivo ao
psicólogo e a respeito de uma pessoa que está a sua frente, em atendimento.

O que deve ser registrado no prontuário é o resultado da avaliação, ou seja, a análise


e a interpretação feita pelos profissionais em decorrência da aplicação dessas
ferramentas. Desse modo, os testes, desenhos e relatos devem ficar em uma pasta de
acesso exclusivo do psicólogo (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2005).

A Resolução CFP nº 007/2003


Esta resolução estabeleceu um manual para a preparação de documentos de avaliação
psicológica, que foi escrito por psicólogos com o objetivo de apoiar a produção
qualificada de documentos para avaliação psicológica.

A Resolução CFP n.º 07/ 2003 contemplava um manual de elaboração de documentos


escritos produzidos pelo psicólogo, com foco na prestação de serviços decorrentes de
avaliação psicológica e organizado sobre os seguintes itens: princípios norteadores;
modalidades de documentos; conceito/finalidade/estrutura; validade e guarda dos
documentos.

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Resolução CFP Nº 06/2019
A Resolução CFP nº 06/2019, que institui regras para a elaboração de documentos
escritos produzidos pelo psicólogo no exercício profissional e revoga as resoluções
CFP nº15/1996 e 07/2003, que era em formato de manual, o que complicava a
avaliação nos processos éticos. A nova resolução tem padrão normativo e regula a
escrita de documentos psicológicos. Ademais, a redação da nova resolução distingue
cada um dos documentos redigidos por esses profissionais, sobretudo a diferença
entre laudo e relatório.

Os princípios fundamentais na elaboração de documentos psicológicos compõem:

Documento psicológico

• Art. 4.º - comenta que a comunicação escrita é o resultado da prestação de


serviço psicológico à pessoa, grupo ou instituição.

Princípios técnicos

• Art. 5º- afirma que os documentos psicológicos precisam e devem ser ela-
borados de acordo com os princípios de qualidade técnica e científica que
contém o regulamento.

Princípios da linguagem técnica

• Art. 6º - informa que o documento psicológico é um meio de instrumento de


comunicação que tem como objetivo registrar o serviço prestado pelo psicó-
logo.

Princípios éticos

• Art. 7º - na elaboração de documento psicológico, o profissional baseará suas


informações na observância do Código de Ética Profissional do Psicólogo,
além de outros dispositivos de resoluções específicas.
• Art. 8º - constituem modalidades de documentos psicológicos: I - Declaração;
II - Atestado psicológico; III - Relatório: a) Psicológico; b) Multiprofissional; IV
- Laudo psicológico; V - Parecer psicológico.

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A Documentação
Declaração - é o documento psicológico mais objetivo e conciso. Atende a solicitações
específicas e visa informar o paciente/cliente e ou seu acompanhante sobre a
quantidade de dias, horários e tempo de atendimento. Diferente de certificado de
psicologia.

Atestado psicológico – é o documento que comprova uma determinada situação,


estado ou função mental com base em um diagnóstico psicológico, com a finalidade
de explicar o estado mental de quem fez a solicitação.

Parecer psicológico - é uma manifestação por escrito e tem como fim apresentar uma
análise técnica por meio da resposta de uma questão-problema envolvendo questões
psicológicas.

Relatório psicológico - consiste em um documento escrito, descritivo e detalhado,


levando em consideração a história e as condições sociais dos indivíduos, grupos ou
instituições envolvidas, e pode ser informativo. Tem como objetivo transmitir a atuação
profissional do psicólogo nos diferentes fluxos de trabalho que foram desenvolvidos.

Laudo psicológico - é o resultado de uma de avaliação psicológica e seus processos.


Esse documento contribui para a tomada de decisões referentes ao quadro apresentado
em que surgiu a demanda. O laudo psicológico deve conter informações técnicas e
científicas sobre os fenômenos psicológicos, alegando as condições históricas e
sociais da pessoa, grupo ou instituição atendida. Para tanto, sua narrativa precisa ser
didaticamente detalhada, harmônica, precisa e compreensível ao interlocutor.

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Figura 5 - O profissional deve saber emitir o documento correto para cada paciente.
Fonte: Plataforma Deduca (2021).
#PraCegoVer: Um homem vestindo um jaleco branco anota em um papel algu-
mas informações. A sua frente, uma jovem paciente.

Atenção
A diferença entre relatório e laudo psicológico é o objetivo do
documento. O primeiro descreve o trabalho, sua evolução e propõe
rumos; o segundo discute o processo de avaliação psicológica e
faz recomendações a partir de seus resultados.

Por quanto tempo guardar a documentação


A documentação dos serviços psicológicos deve ser arquivada por pelo menos cinco
anos. Esse período pode ser estendido em circunstâncias estipuladas por lei, ordens
judiciais ou mesmo em situações específicas, em que a análise contextual pressupõe
um período de detenção mais longo. Esses materiais devem ser arquivados para
proteger a privacidade dos indivíduos, grupos e instituições que atendem.

No caso de desligamento do atendimento psicológico, a destinação do documento


deverá seguir as diretrizes definidas no Código de Ética do Psicólogo.

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Saiba mais
Veja na íntegra a Resolução CFP nº 06/2019 em: https://
transparencia.cfp.org.br/wp-content/uploads/sites/15/2016/12/
resolucao2003-07.pdf. Fonte: Brasil, 2019.

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Conclusão

Fonte: Elaborado pela autora (2021).


#PraCegoVer: Infográfico apresenta a documentação e um resumo sobre o
significado do Código de Ética do Psicólogo e a resolução que o representa, a
de nº 010/2005.

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Referências
AMENDOLA, M. História da construção do Código de Ética Profissional. Estudos e
Pesquisas em Psicologia, Rio de Janeiro, v. 14, n. 2, p. 660-685, fev. 2014. ISSN: 1808-
4281.

BRASIL. Ministério do Trabalho. Conselho Federal de Psicologia. Resolução


CFP nº 029/79, de 30 de agosto de 1979. Estabelece Novo Código de Ética dos
Psicólogos e revogação Resolução CFP nº 08/75, de 2 de fevereiro de 1975. Brasília,
DF, 1979. Disponível em: https://atosoficiais.com.br/BR/CONSELHO.FEDERAL.
DE.PSICOLOGIA/RESOLUCAO-CFP-29-1979-CFP-BR.pdf. Acesso em: 7 set. 2021.

BRASIL. Resolução CFP nº 08, de 2 de fevereiro de 1975. Conselho Federal de


Psicologia, Brasília, DF, 2 fev. 1975. Disponível em: https://atosoficiais.com.br/BR/
CONSELHO.FEDERAL.DE.PSICOLOGIA/RESOLUCAO-CFP-8-1975-CFP-BR.pdf.
Acesso em: 7 set. 2021.

BRASIL. Resolução nº 007/2003. Institui o Manual de Elaboração de

Documentos Escritos produzidos pelo psicólogo, decorrentes de avaliação psicológica


e revoga a Resolução CFP º 17/2002. Conselho Federal de Psicologia, 2003. Disponível
em:https://transparencia.cfp.org.br/wp-content/uploads/sites/15/2016/12/
resolucao2003-07.pdf. Acesso em: 7 set. 2021.

BRASIL. Resolução nº 6, de 29 de março de 2019. Institui regras para a elaboração


de documentos escritos produzidos pela(o) psicóloga(o) no exercício profissional
e revoga a Resolução CFP nº 15/1996, a Resolução CFP nº 07/2003 e a Resolução
CFP nº 04/2019. Diário Oficial da União: edição 62, seção 1, Brasília, DF, p. 163,
1º abr. 2020. Disponível em: https://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/
Kujrw0TZC2Mb/content/id/69440957/do1-2019-04-01-resolucao-n-6-de-29-de-
marco-de-2019-69440920. Acesso em: 7 set. 2021.

BRASIL. Resolução nº 4, de 26 de março de 2020. Dispõe sobre regulamentação


de serviços psicológicos prestados por meio de Tecnologia da Informação e da
Comunicação durante a pandemia do COVID-19. Diário Oficial da União: edição 1, seção
1, Brasília, DF, p. 251, 30 mar. 2020. Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/
dou/-/resolucao-n-4-de-26-de-marco-de-2020-250189333. Acesso em: 7 set. 2021.

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CÓDIGO de Ética Profissional do Psicólogo. Brasília, DF: Conselho Federal de Psicologia,
ago. 2005. Disponível em: https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2012/07/
codigo-de-etica-psicologia-1.pdf. Acesso em: 7 set. 2021.

CÓDIGO de Ética Profissional do Psicólogo. Resolução CFP nº 002/87, de 15 de


agosto de 1987. Aprova o Código de Ética Profissional do Psicólogo. Brasília, DF,
15 ago. 1987. Disponível em: https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2012/07/
resolucao1987_2.pdf. Acesso em: 7 set. 2021.

RESOLUÇÃO CFP N° 002/95, de 20 de fevereiro de 1995. Dispõe sobre prestação


de serviços psicológicos por telefone. Conselho Federal de Psicologia SP, 20 fev.
1995. Disponível em: http://www.crpsp.org.br/portal/orientacao/resolucoes_cfp/fr_
cfp_002-95.aspx. Acesso em: 7 set. 2021.

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