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Katherine Neville - Swyanne Rodriguez
Katherine Neville - Swyanne Rodriguez
Katherine Neville
1914
— Você é inacreditável.
A jovem parecia uma cópia fiel de uma das versões que mais
odiava de si mesma. — ela era insuportável— assim como Neville
havia sido um dia.
"Berlinda Holly"
— Katherine?
— É só um chá, Neville.
Não tinha!
— Como ousa...
Era nauseante.
Covarde.
— Ah, minha menina. Eu sei que não é, mas sei também que
você é forte. Acredite mais em si, ela quem perdeu. — Sussurrou
Amirah confortando-a com palavras sábias.
— Não, milady. Ela ganhou.
Neville a fazia questionar sobre tudo o que tinha vivido até ali.
Nunca havia saído das asas dos duques, vivera presa em sua bolha
perfeita sem sentir a menor vontade de trilhar seus próprios
caminhos ou conhecer outras verdades além de sua própria.
O par de olhos mais azuis que já vira em toda sua vida. Eles
assemelhavam-se ao mar azul num dia quente de verão, eram
convidativos e faziam Brianna querer mergulhar em seus mistérios.
Outra vez ali estava ela, fingindo não notar sua existência.
Brianna segurava a xícara de chá observando a duquesa envolta
numa conversa bastante agradável com sua hóspede.
Parecia uma intrusa sem noção alguma.
Patético.
— Chega, milady.
— Só acho que...
— Marquei com Madame Brigitte essa tarde. Ela irá tirar suas
medidas. — A duquesa falou depois de algum tempo mudando de
assunto.
Annelise Brückner.
— Imaginei, milady.
Sim.
— Por favor.
Sem sucesso.
Não era todo dia que um hóspede aos cuidados dos Rodwells
era encontrado em tal estado no chão de um quarto escuro.
— Mas...
Escuridão.
— Não!
— Katherine...
— Se eu pudesse...
Palavras da mesma.
— Mas o que...
Nada.
— Dance comigo.
— Essa não foi a noite que planejei para nós. Pensei que
enfim tínhamos nos entendido, Brianna. Você é o mais próximo de
uma amiga...
— Como é?
Amiga.
Decerto era assim que ela a via, mas por que essa palavra
soava como um insulto para a jovem?
Ah, é claro.
Não. Ela não deveria nem ao menos cogitar sentir tal coisa.
— Vamos lá.
Os seus olhos.
E ela negou.
Negou!
— Milady?
— Por que está me olhando desse jeito? Meu cabelo está tão
terrível quanto imagino? — Indagou irônica.
Não adiantaria ficar ali, mas não era de todo uma má ideia.
— Entendo, senhora.
Péssima pergunta.
A porta fora aberta por Elis com uma bandeja cheia em mãos.
— Inferno!
Capítulo 12
Ter tido uma outra vez o vislumbre de seus olhos nas paredes
do quarto de Brianna, desarmou-a por completo.
Ou estava?
Muito mais.
Tão nervosa?
Tão vulnerável?
Muito.
— Tem razão.
Quando Catherina retornou de sua conversa com Celine,
parecia estranhamente fria. Era como se tivesse voltado a ser a
mesma de antes, só que muito mais sombria.
Raiva de Catherina.
— Eu sei que não sou fácil, mas acredite, você também não
é. — Catherina rebateu aproximando-se mais.
— Me desculpe... Eu...
Seu ventre queimava, e ela não sabia o que fazer para que
aquela inquietação parasse.
— Ah me Deus...
Capítulo 14
Ela a beijou.
Beijou!
E apaixonadamente.
Muito.
Exagerado, pensou.
— Como queira.
Não!
Não podia.
— Mas...
Ele sabia.
Dizia apenas:
Valentinne.
Sabia disso.
— Só vá de uma vez.
— Eu... Eu...
— Estou arruinada.
E de fato, estava.
Capítulo 16
Maldição!
Ótimo.
Ela a desejava.
Mas e daí?
Miserável.
E para quê?
O próprio Einstein.
— Eu... Eu...
Gagueira?
— Você quer mesmo ser pega com uma plebeia bem debaixo
do nariz de sua amiga de infância? — Ela perguntou com as
pálpebras cerradas pelo desejo.
Ah se faria.
Não era justo que Neville tivesse todo o controle para si. Por
mais que Brianna não se importasse em tê-la tão dedicada à ela,
sentia a necessidade de fazê-la sentir nem que fosse um pequeno
fragmento do que ela a causava.
Faria Catherina implorar por ela. Implorar pelo seu toque, por
seus beijos.
Droga.
— Ah, cher...
— Shh...
Catherina pensou não ter ouvido direito, pois pediu para que
Brianna repetisse as palavras novamente.
Tudo.
Tão feliz.
— Céus, você nunca foi tão parecido com August. Sua última
viagem afetou o seu cérebro? — Ela sorriu sem muito entusiasmo.
Toda vez que Brianna dirigia seu olhar para a cama de casal,
lembrava de Neville. Ela agora parecia ser parte de tudo. Seu
cheiro, seu olhar... cada detalhe possuía um toque seu. Catherina
parecia ser parte dela.
Não.
Se retornasse.
Valentinne.
A veria.
— Você entenderá.
Brianna.
A filha de Valentinne.
Ponto.
Neville a amava?
Era o cúmulo!
Apenas.
Odiava na verdade.
"E se por acaso o que fiz até agora não for suficiente?
Precisará de mais, não é"?!
A voz com que falara fora tão mansa e seus dedos tão ágeis
que Catherina não conseguiu lhe negar absolutamente nada.
Céus, a amava!
— Muito bem.
Catherina?
— Oras, elas não estão mentindo. Você está tão bela que
não consigo tirar os olhos de você sequer por um segundo desde de
que chegamos. — Reclamou Brianna ainda de costas.
— Toda, Ange.
— Você tem noção do que fez? — Ela falou baixo com uma
frieza assustadora.
Somente sua.
— Shh...
Sozinha.
— Seu miserável!
Neville.
Brianna desejou gritar seu nome, mas não podia. O pano sujo
impedia-a de responder o chamado de Catherina.
Não conseguia acreditar que Catherina fora até ali por ela.
— Ele pagará.
— Morra!
— Não!
— Você me ama?
— Seu ferimento...
— Eu morrerei se não beijá-la agora.
E valeria a pena.
Sua mulher.
— Claro que sei, mas isso não quer dizer que eu concorde.
— Ela sorriu, tomando o braço do cavalheiro.
— Ah, Neville...
— Merci, milady.
— Verá, Neville. Verá que estou certa. Ela é boa demais para
você.
Maravilha.
O véu estava preso por uma tiara adornada por safiras que
pertencera a Sophie, antiga duquesa de Emsworth.
— É lindo, papai...
Um velho sábio uma vez dissera que Deus escrevia certo por
linhas tortas e Brianna nunca havia entendido de fato o que ele
queria dizer. Até agora.
— Oui.
FIM