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BILL CLINTON foi eleito Presidente dos Estados Unidos em 1992, cargo que
ocupou até 2001. Depois de deixar a Casa Branca, criou a Fundação Clinton, que
contribui para a melhoria da saúde global, através da prevenção de doenças,
a criação de mais oportunidades para jovens raparigas e mulheres, a diminuição da
obesidade infantil, a criação e fomento de oportunidades económicas e a análise
das consequências das alterações climáticas.
O Presidente Desapareceu foi o seu primeiro livro de ficção, a que se junta agora A
Filha do Presidente.
/BillClinton
© David Burnett
JAMES PATTERSON foi agraciado em 2015 com o Literarian Award for Outstanding
Service to the American Literary Community, concedido pela National Book
Foundation. Detém o recorde mundial do Guinness por ter alcançado mais vezes o
primeiro lugar na lista de bestsellers do The New York Times, e já vendeu mais de
375 milhões de exemplares.
Defensor incansável do poder dos livros e da leitura, James Patterson fundou uma
editora especializada em literatura infantil, a JIMMY Patterson, cuja missão é
simples: «Queremos que cada criança termine um livro da JIMMY dizendo:
“Por favor, dá-me outro.”»
/JamesPatterson
A Filha do Presidente
Bill Clinton • James Patterson
Título original:
The President's Daughter
© 2021, James Patterson e William Jefferson Clinton
Publicado por acordo com The Knopf Doubleday Group, uma divisão da Penguin
Random House LLC e Little, Brown and Company, uma divisão da Hachette Book
Group, Inc.
© Claire Gentile/GettyImages
4099-023 Porto
Portugal
www.portoeditora.pt
ISBN 978-972-0-67371-8
Robert Barnett, nosso advogado e amigo, persuadiu-nos
a colaborar em O Presidente Desapareceu, e correu
muito bem. Depois – e talvez devêssemos ter mais juízo
–, convenceu-nos a escrever A Filha do Presidente.
Estamos tão contentes por termos tornado a seguir os
conselhos do Bob.
Fizeste um belo trabalho, Doutor.
1
Joint Special Operations Command: Comando Conjunto de Operações Especiais.
(N. do T.)
Capítulo 2
Duas e quinze da manhã, hora local
Embaixada da República Popular da China, Trípoli
2
EKIA: Enemy Killed in Action (Inimigo Morto em Combate). (N. do T.)
Capítulo 10
Duas e quarenta e cinco da manhã, hora local
Montanhas de Nafusa, Líbia
3
Reserve Officer’s Training Corps, um programa baseado nas faculdades e
universidades com a finalidade de formar oficiais para as forças armadas dos EUA.
(N. do T.)
Capítulo 18
Perto da fronteira entre os Estados Unidos e o Canadá
4
Counter Assault Team. (N. do T.)
Capítulo 23
Sherman’s Path
Monte Rollins, New Hampshire
Mel afasta-se do toque terno de Tim. Sim, está tudo mal. Os dois
homens sorriem, porém não há benevolência ou humor nos seus
olhares fixos. E as calças largas, os sapatos urbanos e camisas que
usam, sem mochilas ou sequer cantis, são completamente
inadequados para andar pelas montanhas.
Tim olha para os dois homens e depois para Mel e sussurra:
– Parece que fomos apanhados, hem?
Ela avança lentamente pela água e sussurra:
– Tim, põe-te a andar. Agora. Vai para o outro do lado do lago,
entra na floresta. Corre.
Tim está confuso.
– Mel, qual é o problema?
Os dois homens estão a aproximar-se, sempre a sorrir.
Ela sabe.
Quando o pai se candidatou pela primeira vez ao Congresso e um
tipo qualquer do Rotary Club estava a discursar num restaurante
Bonefish, um jornalista que fazia a cobertura do evento perguntou a
uma entediada Mel o que pensava e ela respondeu: «Ele fala de
mais.»
O que era verdade, contudo, na altura, aquilo causara-lhe
problemas com a mãe. Mel sempre tivera jeito para ver as pessoas
como realmente eram.
E aqueles dois não são caminheiros.
São assassinos.
O homem mais alto detém-se.
– Mel Keating, vista-se por favor e venha connosco. E o seu amigo
também.
– Quem são vocês, porra? – grita Tim. – E porque é que temos de
ir convosco?
O outro homem saca de uma pistola.
Oh, meu Deus, pensa Mel, e a água parece muito mais fria.
– Aquilo responde à tua questão? – pergunta o homem mais
próximo, ainda a sorrir.
Mel ergue a voz, tentando ser forte diante de Tim.
– Pode desviar os olhos enquanto saio?
Ele encolhe os ombros:
– Oh, Mel Keating. Já vi muito pior.
5
Hostage Rescue Team, com a sigla HRT. (N. do T.)
Capítulo 31
Hitchcock, Maine
6
National Security Agency, Agência de Segurança Nacional. (N. do T.)
Capítulo 36
Saunders Hotel
Arlington, Virgínia
Estuga o passo.
7
New York Police Department. (N. do T.)
Capítulo 43
Sala Oval
Casa Branca
9
Campo de treino do FBI que tem a forma de uma cidade. (N. do T.)
Capítulo 52
Saunders Hotel
Arlington, Virgínia
10
Nome de código de Ronald Reagan. (N. do T.)
11
Nome de código de John Fitzgerald Kennedy. (N. do T.)
Capítulo 60
Zona residencial
Casa Branca
A suite está outra vez apinhada, com a diretora do FBI, Lisa Blair,
e mais três agentes do FBI. Instalaram outro ecrã de televisão, que
recebe imagens provenientes diretamente da Al Jazeera, em Doha,
no Qatar. O televisor da suite está sintonizado na CNN. Apesar de ser
tarde e más horas, Lisa usa a farda das pessoas que detêm o poder
em Washington DC – calças compridas largas e casaco pretos, blusa
branca – e tem o cabelo perfeitamente penteado.
A Samantha está na borda da cama, a olhar fixamente, com os
dedos entrelaçados e as mãos pousadas no regaço. Chamo-lhe a
atenção, e a expressão dos seus olhos é perturbada, vendo-me e ao
mesmo tempo olhando fixamente para mil metros mais longe. Já vi
aquele olhar, em camaradas das equipas ou Marines no terreno que
já lá se encontram há demasiado tempo e viram demasiadas coisas.
Quando aquela expressão se instala nos olhos de alguém, ele ou
ela está perigosamente à beira do colapso.
Abraço-a, mas é como se abraçasse o manequim de uma loja.
Recuo e a Lisa olha para o relógio e diz:
– O nosso oficial de ligação do FBI em Doha diz-nos que é uma
mensagem em vídeo, entregue por um mensageiro. Um cartão flash
ou uma pen. Estamos a tentar encontrar o mensageiro, mas…
A sua voz perde-se…
Claro. Sei o que vai dizer a seguir. Qualquer autoridade policial
americana num país estrangeiro trabalha com limitações tremendas,
seguida pelos serviços de informações do país anfitrião, incapaz de
realizar qualquer investigação sem a cooperação dos locais e incapaz
de trabalhar rapidamente ou reagir a novos factos.
É como lutar com os braços e as pernas cobertos de caramelo.
As imagens que chegam aos dois televisores são as mesmas,
embora as da CNN tenham alguns segundos de atraso em relação às
provenientes da Al Jazeera.
Estou sentado ao lado da Samantha, enlaço-a pela cintura e ela
inclina-se ligeiramente para mim enquanto esperamos.
O pivô da Al Jazeera está bem vestido e tem cabelo e bigode
negros. Fala rapidamente, com o rosto radiante devido à excitação de
apresentar uma notícia de última hora.
– Podem ligar o som, por favor? – peço. – Da Al Jazeera?
Um dos agentes do FBI faz isso mesmo e recua.
Entre os que se encontram na sala contam-se o agente dos
Serviços Secretos David Stahl e a minha chefe de gabinete, Maddie
Perry, que aperta uma Bíblia contra o peito e tem ar de quem não
dorme há dois dias. O caos e medo que sinto misturam-se com afeto
por aquela mulher inteligente e determinada. Podia ter ido longe na
Administração Barnes ou na indústria privada, mas decidiu
acompanhar-me da Casa Branca para o exílio.
Com uma voz nítida, o apresentador diz:
– Agora, vamos difundir o vídeo que nos foi fornecido por Asim Al-
Asheed. Não o vimos antecipadamente devido à sua oportunidade e
atualidade. Os nossos estimados espectadores serão os primeiros a
vê-lo.
A mesa do pivô desaparece e surge um ecrã azul, erupções de
linhas de estática, e a imagem torna-se nítida.
Uma parede nua de pedra, algum musgo e plantas minúsculas na
base, conduzindo a uma saliência rochosa.
Asim Al-Asheed entra no enquadramento e vemo-lo da cintura
para cima; enverga uma T-shirt preta e ostenta um sorriso no rosto.
Parece mais astuto, mais duro, mais mortífero sem a barba.
Faz um aceno de cabeça.
– As-salam alaykom, Matthew Keating, Samantha Keating,
Presidente Pamela Barnes e todos aqueles que estão a ver isto. Peço
desculpa por esta não ser uma… aquilo a que chamam transmissão
ao vivo mas sim uma gravação, de há algumas horas, depois de
termos saído da casa do senhor Macomber, nas vossas White
Mountains, e aqui estamos, ainda nestas montanhas. Os meus
agradecimentos ao senhor Macomber pela sua hospitalidade
involuntária e as minhas desculpas pelo que aconteceu à sua casa.
Estou certo de que as autoridades competentes o indemnizarão pelos
danos provocados pelo FBI.
A suite encontra-se imersa em silêncio. A Sam está bem
encostada a mim e o meu braço continua a envolver-lhe a cintura.
– E porque é que chegámos aqui, Matthew Keating? Uma
resposta simples: porque tudo se deve aos teus atos de há dois anos,
quando mataste a minha mulher, Layla Al-Asheed, e as minhas doces
filhas, Amina, Zara e Fatima. Sou um jihadista, um guerreiro de Alá, e
sabia que o meu destino era morrer no campo de batalha. Mas a
minha mulher? As minhas filhas? Eram inocentes e mataste-as. O
sangue delas vai estar nas tuas mãos até morreres.
Uma longa pausa. É como se me olhasse fixamente.
– Aqui estamos. Segundo o grande legislador Hamurábi e as leis
do profeta sagrado Moisés e as leis do islão, é-me devida uma
indemnização. É-me devida uma reparação. É-me devida… justiça.
Pedi tudo isso e fui ignorado, fui escarnecido e, ontem de manhã,
homens armados tentaram matar-me.
Olha para o lado durante um segundo, como se algo estivesse a
interrompê-lo, e diz:
– E aquilo que pedi era assim tão irrazoável? Pedi uma quantia
muito inferior à que pagam por um dos vossos aviões F-22 Raptor. A
vida da tua filha não vale o custo de um dos vossos aviões que
bombardeiam e metralham inocentes?
O seu sorriso abre-se. O filho da puta sabe que está a dizer algo
que será aceite por muitas pessoas, aqui e em todo o mundo.
– Pedi a libertação de três dos meus camaradas de armas –
afirma. – Conheço a desculpa para não os libertar. «Este governo não
negoceia com terroristas.» Por favor. O governo dos Estados Unidos
negoceia com terroristas sempre que isso convém aos seus
interesses, aos seus desejos. Os Estados Unidos têm como aliados
governos que fazem o mesmo que eu, só que a uma escala muito
maior. Então, pergunta a ti mesmo, Matthew Keating: porque é que o
teu governo não deseja a libertação da tua filha?
A Samantha treme encostada a mim, como se estivéssemos no
meio de uma tempestade de neve com o aquecimento desligado no
nosso quarto.
– Por fim, pedi um pedaço de papel com a promessa da
Presidente Pamela Barnes de que garantiria a minha segurança. Um
pedido razoável, estou certo de que compreendes, e uma troca justa
pela segurança da tua filha. Mas qual foi a sua resposta? Homens
armados a tentarem matar-me, a mim e ao meu primo Faraj.
Asim abana a cabeça.
– De acordo com as leis e a tradição que aprendi ao crescer, tudo
o que procurava era mera justiça. E ela não me foi dada. Ai, Matthew
Keating, isto é o que sou obrigado a dar em troca.
Os segundos imediatos trazem-me de volta, de uma forma brutal,
ao meu primeiro salto noturno em paraquedas quando treinava para
SEAL. A primeira meia dúzia de saltos que dei aconteceu durante o
dia, quando podia ver a paisagem lá em baixo, os outros
paraquedistas, o horizonte distante e o céu azul e as nuvens por cima
da minha cabeça. Mas numa noite ventosa, a partir de um
quadrimotor Hercules C-130, saltei para a escuridão, para o
desconhecido, esperando e confiando no meu treino e no meu
equipamento.
Agora não há confiança – em nada.
Apenas saltar uma vez mais para a escuridão implacável.
Porque a câmara recua lentamente, mostrando Asim Al-Asheed e,
a seu lado, ajoelhada, a nossa filha, Mel Keating, com os olhos
esbugalhados pelo medo atrás dos seus óculos e os braços atados
firmemente atrás das costas.
Capítulo 65
East 33rd Street
Nova Iorque, Nova Iorque
Tenho de reconhecer que o agente Stahl, honra lhe seja feita, não
pestaneja, não protesta, não diz uma palavra.
Continuo:
– Pelo caminho talvez possa encontrar o piloto do hidroavião que
ajudou Asim a fugir com a minha filha. Talvez encontre o homem que
lhe vendeu a corda com que ela foi atada e o homem que deu a Asim
a espada que usou para a decapitar. E, se encontrar essas pessoas,
matá-las-ei a todas.
Faço uma nova pausa.
Nem uma palavra do agente Stahl.
– A determinado momento vou sair daqui, sem a sua aprovação e
sem o conhecimento do diretor dos Serviços Secretos, nem do
secretário de Segurança Interna. Está a compreender o que digo,
David?
– Sim, senhor Presidente.
– Não há nada neste mundo que me vá impedir – digo, com a voz
calma e sem tremer, não como quando falei em recuperar o corpo da
Mel. – Se quiser apresentar os seus argumentos para me convencer
a fazer outra coisa, força. Vai ser um desperdício de tempo, mas serei
educado e ouvi-lo-ei. Se você e os restantes agentes que aqui se
encontram quiserem impedir-me de o fazer, vão ter de me algemar na
sala de segurança.
David retruca:
– Está bem, senhor Presidente. Nesse caso, oiça, por favor, o que
tenho a dizer.
– Concordei que o faria.
Olha-me diretamente com o seu rosto cansado e olhos
perturbados, declarando:
– Quero ir consigo.
O maior quarto que o Autumn Leaves Motel tem para oferecer está
apinhado. Hoje de manhã, comigo, o agente David Stahl, dos
Serviços Secretos, e os dois Navy SEAL, Alejandro Lopez e Nick
Zeppos, que desmancharam a estrutura de uma das duas camas e a
encostaram à parede, juntamente com o estrado e o colchão de
molas.
A um canto, empilham-se diversos sacos contendo o nosso
equipamento e, sobre a fina alcatifa azul, estendemos um mapa
topográfico em grande escala da Líbia. Bebemos café de um Dunkin’s
local e continuamos o planeamento.
É difícil explicar, mas sinto orgulho, esperança e satisfação por
estar com estes guerreiros a preparar-me para ir para o terreno mais
uma vez. O cliché do famoso discurso de Henrique V, na peça
homónima de Shakespeare, antes da Batalha de Azincourt:
13
Ninguém dá cabo dos criminosos sem a gasolina do avião-tanque! (N. do T.)
Capítulo 87
Sala Oval
Casa Branca
A Presidente Pamela Barnes está sozinha numa sala que faz parte
da chamada zona residencial, no primeiro andar da Casa Branca,
com um copo de Glenlivet com gelo na mão. Dá mais um gole,
sentindo o gosto acre refrescá-la, e resiste à tentação de emborcar a
bebida e preparar outra.
Só uma, pensa. É tudo o que se permite, apesar do dia que
acabou de ter. À sua frente está um enorme televisor, sintonizado no
Canal HISTÓRIA, mas sem som. O documentário de hoje é sobre o
edifício onde vive e quando e como foi construído.
Mais outro golinho, tentando racioná-lo. Pensa amargamente no
seu antecessor de há muito, John Adams, cujas palavras foram
gravadas no lintel de uma lareira na Sala dos Banquetes de Estado,
em 1945:
Mel tem calçados uns chinelos brancos macios que a mulher mais
velha lhe enfiou nos pés ligados, e até dormita durante algum tempo.
É acordada quando Tala volta e diz:
– Depressa. O meu primo Abu chegou.
Tala ajuda Mel a levantar-se. Segurando o braço de Tala, é levada
lá para fora, para um poeirento pátio de terra batida. Vê a velha
carrinha que a recolheu e agora um Toyota Land Cruiser cinzento-
escuro está estacionado nas proximidades. Um jovem barbudo
atarracado envergando jeans azuis e uma camisa branca com botões
no colarinho salta do banco da frente, sorri e faz um breve aceno na
sua direção.
As outras mulheres estão de pé perto da entrada da residência
térrea. Há casas semelhantes, construídas em semicírculo. Cabras e
galinhas deambulam por ali e duas das casas têm antenas
parabólicas.
Tala agarra na mão de Mel e aperta-a.
– Boas viagens, Mel Keating. Espero que nos voltemos a
encontrar.
Mel fica engasgada, lembrando-se de a mãe lhe ter dito, há anos:
As pessoas, na sua maioria, são boas, Mel. A nossa maldição é
serem as más a receber tanta atenção.
– Eu também – responde.
Abu acena com a mão.
– Venha. Vamos embora, menina, vamos embora!
O interior do Land Cruiser cheira a incenso e canela e há contas e
berloques a baloiçar suspensos do retrovisor. Abu é um condutor
louco e temerário, e Mel descobre que o mecanismo do cinto de
segurança não funciona, por isso, ata-o à cintura com um nó e espera
que tudo corra bem.
O rádio toca alto e Abu canta em simultâneo. A estrada não é bem
uma estrada, apenas uma faixa de rodagem larga, de terra batida,
com muitos sulcos, mas Abu conduz como se pudesse fazê-lo de
olhos fechados.
O sol está alto e o céu é azul-escuro, sem que se veja uma
nuvem, e Abu diz:
– Chegamos a Miraz, deixo-te usar o meu telefone, verdade?
– É isso.
Ele lança-lhe um breve olhar lúbrico.
– Dás-me alguma coisa em troca?
Bolas, pensa Mel.
– Fechamos negócio depois de eu fazer a chamada.
– Ah ah – ri Abu, e continuam a avançar pela estrada larga e
deserta, através do deserto. E então ele diz. – Ah, olha. Olha além. Lá
à frente.
O para-brisas está sujo de terra e pó e Mel não consegue ver o
que Abu avistou a não ser quando estão quase lá.
Três SUV estacionados em fila, um amontoado de homens à volta
do primeiro, estudando um mapa no capô.
Abu passa por eles a acelerar.
– Viste aquilo? Viste?
– O quê? – pergunta Mel. – Que há ali?
– Um homem do Japão. Ou da China. De pé, com os outros. –
Outra gargalhada sonora. – Tão perdido, hem?
– Conheço a sensação – responde Mel.
MK
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Cara Pamela,
Os meus sinceros parabéns pela sua vitória na
sequência de uma batalha política histórica, bem
travada no duro palco do atual ambiente
fortemente partidário.
Hoje torna-se Presidente de um povo
orgulhoso e bom, que é verdadeiramente honesto
nos seus corações e atos e anseia por uma
América em paz, que conheça a prosperidade e
seja líder no mundo.
Dirijo-lhe as minhas orações, apoio e melhores
votos para os meses difíceis que tem pela frente.
Está a iniciar uma viagem incrível que muito
poucos viveram ao longo dos anos e deve sentir-
se honrada por o povo americano a ter escolhido.
Deus abençoe a sua família.
Atenciosamente,
Matt Keating
P.S.
Independentemente do que atrás foi dito,
Pamela, tenciono vê-la de novo, frente a frente,
dentro de quatro anos.