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iW « 29/3 | marco 1976

Lia h o n a
A PRIM EIRA PRESIDÊNCIA MENSAGEM DA PRIM EIRA PRESIDÊNCIA: “DAMOS GRAÇAS A TI, O
Spencer W. Kimball DEUS AMADO, POR MANDARES A NÓS UMA LUZ.”
N. Eldon Tanner Presidente N. Eldon Tanner
Marion G. Romney CAMILLA KIMBALL: UMA SENHORA QUE ESTÁ SEMPRE APRENDENDO
Lavina Fielding
CONSELHO DOS DOZE “SE UM DIA CHEGAR A DECISÃO . . . ”
Ezra Taft Benson Mark Hart
Mark E. Petersen 12 “SUA MÃE NÃO CHEGOU A VER O TEMPLO DE SALT LAKE
Delbert L. Stapley TERM INADO”
LeGrand Richards Presidente Heber J. Grant
Howard W. Hunter 25 “AQUELE PROCESSO CHAMADO CONVERSÃO”
Gordon B. Hinckley Élder Hartman Rector Jr.
Thomas S. Monson
UM CHAMADO ESPECIAL
Boyd K. Packer
Bispo H. Burke Peterson
Marvin J. Ashton
Bruce R. McConkie 10 A DESCOBERTA D O LIV RO DE MÓRMON
L. Tom Perry Presidente Marion G. Romney
David B. Haight 21 “HA UMA LE I”
Harry J. Haldeman
COMITÊ DE SUPERVISÃO 13 “A BÍBLIA DE O U R O ”
Robert D. Hales Maureen Beecher
O. Leslie Stone
Neal A. Maxwell 15 SÓ PARA DIVERTIR
John E. Carr 17 O TOPO DA MONTANHA
Dean L. Larsen Hazel M. Thomson
Daniel H. Ludlow 18 “O SENHOR ME LIV RA RA ”
Verl F. Scott 20 FIGURAS ESCONDIDAS E PAGINAS PARA CO LO RIR
50 O CRESCIMENTO NO M ÉXICO EXPLODE EM 16 ESTACAS
Jorge Rojas
EXECUTIVO DO INTERNATIONAL
ANUNCIANDO NOVO TEMPLO PARA AREA DE SEATTLE
MAGAZINE
31 IDE A TODO O MUNDO
Larry Hiller, Editor Gerente
32 ÉLDERES BROWN E CHRISTIANSEN SUCUMBEM A 2 DE DEZEMBRO
Carol Larsen, Editor Associado
Roger Gylling, Designer 33 PERFIL DE UM LÍDER
José B. Puerta
36 PETROPOLIS INAUGURA SUA CAPELA E REALIZA A CONFERÊNCIA
EXECUTIVO DA “A LIAH ON A” DISTRITAL
José B. Puerta, Editor Responsável José B. Puerta
José G. F. da Silva, Editor Nacional

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da redação e da equipe internacional do “International Magazine”. Colaborações espontâneas e matérias dos correspondentes
estarão sujeitas a adaptações editoriais.
* bem provável que essas palavras

"Damos
nunca tenham sido tão aprecia­
das em toda a história da hu-
manidade e que sua mensagem
jamais tenha sido mais neces-
sária do que hoje em dia. Os homens
tateiam e tropeçam em busca de res­
postas para os problemas, particulares
ou mundiais, e acabam por descobrir
que suas tentativas de solucioná-los
são totalmente inadequadas e, na ver­
Graças a ti,
dade, só se estão afundando cada vez
mais.

Se todos os homens apenas se vol­


tassem para o profeta de Deus, em
Ó Deus
busca de orientação, nesses últimos

Amado, por
dias. . . Que coisa gloriosa seria ver-
nos vivendo em um mundo de paz,
cada um contribuindo para o aprimo­
ramento de seu semelhante, sem pro­
curar engrandecer-se, mas pelo con­
trário, empenhado na mais legítima
busca de vida, liberdade e alegria.
Temos dado ênfase, freqüentemente,
que é isso o que Deus quer para nós,
seus filhos espirituais, e não há outro
Mandares a
meio de voltar para ele, de quem vie­
mos, do que através de seus profetas.

O dia 28 de março de 1976 anuncia


o 81.° aniversário de nosso atual pro­
nós uma Luz"
Presidente N. Eldon Tanner
feta e líder, Spencer W. Kimball. Quão
abençoados somos e quão gratos pela Primeiro Conselheiro da Primeira
grandeza de sua vida, por seu despren­ Presidência
dimento, humildade, dedicação e devo-
tamento à causa do Mestre, a quem Mensagem da Primeira Presidência
serve . Certamente ele exemplifica o
que ensinou o Rei Benjamim: “Quan­
do estais a serviço de vosso próximo,
estais somente a serviço de vosso
Deus”. (Mosiah 2:17).

Enquanto analisamos sua vida e rea­


lizações, tornamo-nos profundamente
conscientes da grande influência que
ele tem exercido sobre incontáveis mi­
lhares, viajando pelo mundo todo e
deixando suas mensagens em seus co­
rações e nas páginas impressas de
jornais, revistas, folhetos e panfletos.
Sua palavra tem sido levada a cada Em 1955, em uma reunião religiosa “Se declararmos que a morte pre­
na Universidade de Brigham Young, matura é uma calamidade, um desastre
camada da sociedade — jovens e ve­
Élder Spencer W. Kimball, então mem­ ou uma tragédia, não estaremos afir­
lhos, ricos e pobres, cultos e incul­
bro do conselho dos Doze Apóstolos, mando que a mortalidade é melhor do
tos — e estou certo de que tem en­
falou sobre um assunto a que deu o que entrar mais cedo no mundo espi­
contrado raízes e sido nutrida; aque­ título de “Tragédia ou Destino”. Citou ritual e no estado de salvação e exal­
les que seguem seus conselhos são então vários acidentes trágicos, cujas
tação? Se a mortalidade fosse o estado
felizes, mais prósperos, mais amados e vítimas aparentemente morreram an­
perfeito, então a morte seria uma frus­
respeitados e mais prontos para o tes do tempo, e os sobreviventes se tração, mas o Evangelho nos ensina
grande objetivo da vida eterna. perguntavam por que o Senhor teria que não há tragédia na morte, mas
permitido tamanhas e tão terríveis tra­ somente no pecado.
Caberia aqui repetir algumas das gédias. A seguir, levantou várias per­
grandes mensagens que têm sido apre­ guntas, dessas que nos levam à refle­ Sabemos tão pouco! Nosso julga­
sentadas por nosso amado presidente. xão, dizendo: mento é tão limitado! Julgamos o Se-

M A R Ç O DE 1976 1
nhor, muitas vezes, com menos sabe­ de suas vidas em que há muitos peri­ atual. Não prevejo nenhuma mudança
doria do que nosso filho mais novo gos. Apertem os cintos, dominem-se a maior no futuro imediato, esperando,
avalia nossas decisões. .. si mesmos, e poderão sobreviver a porém, dar crescente ênfase a certos
essa turbulência.’ programas já existentes. Está na hora
Deus controla nossa vida, guia-nos e
abençoa, mas nos dá liberdade de es­ Permitam-me citar aqui o Senhor, de consolidarmos nossos esforços, fir­
colha. Podemos viver nossa vida con­ dizendo: marmos nossos programas e reafirmar­
forme o plano que ele tem para nós, mos nossas diretrizes.
“Se eu não viera nem lhes houvesse
ou podemos, insensatamente, encurtá- falado, não teriam pecado, mas agora Reconhecemos que a expansão acele­
la ou ceifá-la. Sei, com toda a cer­ não têm desculpa do seu pecado” rada é nosso maior problema. Nosso
teza, que o Senhor planejou nosso (João 15:22), lembrando-nos novamen­ crescimento numérico é fenomenal, pois
destino. Podemos abreviar nossa vida, te de que, quando formos advertidos, a população (da Igreja) duplicou nes­
mas acho que não podemos prolongá-la devemos ouvir e aplicar essas adver­ tes últimos anos. . . Os números só nos
muito. Um cffa entenderemos perfeita­ tências às nossas vidas, capacitando- interessam incidentalmente. Nossa prin­
mente, e quando, no futuro, olharmos nos para evitar os bancos de areia e cipal preocupação é que todos os ho­
para trás, ficaremos satisfeitos com mui­ as rochas, e os lugares perigosos.” mens consigam a vida eterna.
tos dos acontecimentos desta vida que
Vamo-nos lembrar agora de alguns Ele passou então a discutir assuntos
nos pareceram, no momento, tão difí­
dos inspirados pronunciamentos do de interesse vital para nós, abrangendo
ceis de entender.”
presidente Kimball, durante as sessões nossas obrigações civis, a vitória sobre
Atentai para este conselho, dado a da conferência geral, desde o início de o mundo, nossa submissão a Deus, a
um grupo de jovens adultos, na sede sua gestão como presidente da Igreja. solidariedade da família, a liderança
da estaca de Manti, em Utah, a 10 de Na sexta-feira, 5 de abril de 1974, na no lar; o divórcio, o aborto, a ação
julho de 1974: reunião de abertura, ele disse, após das drogas, o uso inadequado do pró­
“Numerosos desastres têm ocorrido comentar o falecimento do Presidente prio corpo e a função sagrada das
no meio do oceano, por colisões de Harold B. Lee, prestando-lhe uma ho­ mães. E concluiu com esse desafio:
navios, às vezes contra ‘icebergs’, e menagem:
“Este, pois, é o nosso programa:
muita gente tem sido sepultada nas Reafirmar e levar avante, corajosa­
águas. mente, o trabalho de Deus em pureza
Muito em breve, coisas assim não “Se declararmos que a morte e probidade, enviando o Evangelho da
serão mais possíveis, pois os navios prematura é uma calamidade, verdade a esse mundo que tanto ne­
serão equipados com radar, que aler­ um desastre ou uma tragédia, cessita de uma vida piedosa.
tará os seus oficiais, quando tais co­ não estaremos afirmando
Nossa meta é a vida eterna. Ela só
lisões estiverem iminentes. Uma fita que a mortalidade é melhor do poderá ser alcançada, seguindo o cami­
tocará automaticamente, soando da que entrar mais cedo no nho que nosso Senhor nos indicou.”
ponte oculta. ‘Isto é um alarma; este
mundo espiritual
navio está-se aproximando de um obs­ Sobre esse mesmo assunto, o Pre­
e no estado de salvação
táculo. Isto é um alarma; este navio sidente Kimball apresentou a seguinte
e exaltação?
está-se aproximando de um obstáculo.’ e vibrante mensagem aos Representan­
E a voz não silenciará, enquanto o pi­
Se a mortalidade fosse o estado tes Regionais e de Missão, quando a
loto não desligar o gravador. Isso aju­ perfeito, então a morte eles se dirigiu, no dia 4 de abril de
dará os navios a mudarem seu rumo e seria uma frustração, mas o 1974
salvar vidas. Evangelho nos ensina que não
“Em nosso trabalho missionário de
“Creio que nossos jovens são sau­ há tragédia na morte,
estaca, nos lares, mal arranhamos a su­
dáveis e basicamente bons e fortes; mas somente no pecado.”
perfície.
mas também atravessam mares, para
eles praticamente desconhecidos, cheios Podemos mudar aquela imagem e
de bancos de areia, ‘icebergs’ e outros “Nas entrevistas com a imprensa, nos aproximaF dos ideais estabelecidos
navios, e onde estarão sujeitos a gran­ costumam fazer-nos esta pergunta: Se­ pelo Presidente McKay. Cada membro
des desastres, a não ser que sejam nhor Presidente, agora que tem nas um missionário. Que ideal inspirado!
avisados. mãos a liderança da Igreja, o que pre­ Conheço essa mensagem, ela não é
tende fazer? nova, e já conversamos sobre isso an­
E como líder da Igreja e, até certo
ponto, responsável pela juventude e Minha resposta tem sido que, como tes, mas acho que chegou o tempo
pelo seu bem-estar, ergo bem alto e membro do Conselho dos Doze Após­ em que precisamos atirar-nos ao traba­
bem forte, a minha voz, para procla­ tolos, há trinta anos, tenho algo a lho. Acho que devemos modificar nos­
mar à juventude: ‘Vocês estão em ter­ ver com a elaboração de normas e do sas perspectivas e elevar nossas me­
reno arriscado e, talvez, numa época extenso, amplo’ e completo programa tas”.

2 A L IA H O N A
“Quando tivermos ampliado o coe­ dadeiros servos, a vocês enviados por de nossa família. Já foi dito de alguns
ficiente de missionários das áreas or­ nosso Pai Celestial, e oro para que os homens que, quando oravam, seria
ganizadas da Igreja até atingir um escutem, a fim de que os relembrem bem possível uma criança procurar
número próximo ao seu potencial, isto e levem essas verdades para casa, para abrir-lhes os olhos, para ver se, real­
é, com todo jovem digno e eficiente da suas famílias e suas vidas. mente, o Senhor estava lá, tão pessoal
Igreja trabalhando em campo missio­ e direta era a petição. . .
Irmãos e irmãs, gostaria de acrescen­
nário; quando toda estaca e missão
tar meu testemunho aos desses profe­
no estrangeiro estiver fornecendo mis­
tas, o meu testemunho de que eu sei
sionários suficientes para as necessida­
que Ele vive e que podemos vê-lo e “Não basta orar, simplesmente.
des locais. . . quando tivermos usado
estar com Ele e desfrutar de sua pre­
nossos homens qualificados para aju­ É essencial que falemos,
sença sempre, se vivermos os manda­
dar os apóstolos a abrir novos cam­ de fato, com o Senhor,
mentos do Senhor e fizermos as coisas
pos de trabalho; quando tivermos tira­
que Ele nos tem ordenado, através dos confiantes de que Ele nos
do o máximo proveito dos satélites es­
Irmãos.”
paciais e descobertas correlatas e de revelará, a nós, como pais,
todos os meios de comunicação de Em nossa conferência geral de ou­ o que precisamos saber e
massa — jornais, revistas, rádio, tele­ tubro de 1974, o Presidente Kimball
fazer para o bem de
visão; quando tivermos organizado apresentou um discurso pleno de moti­
vação, quando pediu o apoio de todos nossa família.
grande número de outras estacas para
servirem de trampolim; quando tiver os membros da Igreja para uma cam­ Já foi dito de alguns homens
panha de remodelação, mostrando a
-mos reativado os numerosos jovens que, quando oravam,
que atualmente não são ordenados, não necessidade de mantermos limpas e
seria bem possível que
fizeram missão e não se casaram, en­ embelezar nossas casas, nossos prédios
e arredores. Enumerando, a seguir, os uma criança procurasse
tão, e só então nos estaremos aproxi­
mando da insistência do Senhor e riscos contra os quais nos devemos abrir-lhes os olhos, para ver se,
Mestre, de ir ao mundo inteiro e pre­ prevenir, ele disse:
realmente, o Senhor
gar o Evangelho a toda a criatura. “Lembrai-vos de que Deus está nos estava lá, tão pessoal e direta
céus. Ele sabia o que estava fazendo,
Estou certo de que todo país que era a petição. . . ”
quando organizou a terra. Ele sabe
abrir suas portas ao Evangelho de Je­
o que está fazendo agora. Aqueles que
sus Cristo, será abençoado pelo Se­ •
quebram seus mandamentos, lamenta­
nhor. Suas bênçãos florescerão em Meus irmãos e irmãs, o lar é nossa
rão e sofrerão em remorso e dor.
educação, cultura, fé e amor, como a propriedade — o lar e a família são
DEUS NÃO SERÁ ESCARNECIDO.
cidade de Sião de Enoque, que foi nossa base. E sobre isso temos ouvido
O homem tem seu livre arbítrio, é cer­
transladada, e tornar-se-ão como os ne­ bastante nessa conferência — isto é,
to, mas lembrem-se, Deus não será
fitas, que tiveram 200 anos de vida que a vida de família, a vida no lar,
escarnecido. (Ver D&C 63:58.)
pacífica neste país. As nações terão o amor e a dependência mútua entre
prosperidade, os povos conforto e de­ Nosso conselho é que vivais estri­ os pais e os filhos, essa é a vida que
leite; todos os que o receberem terão tamente as leis de nosso Pai Celes­ o Senhor planejou para nós.. .
alegria e paz, os que o aceitarem e tial.”
Eu sei que Jesus é o Cristo, o Fi­
magnificarem, gozarão de vida eter­
Essas palavras vêm de uma mensa­ lho do Deus vivo. Eu sei isso. Sei
na”.
gem de despedida, na tarde de domin­ que ensinamos o Evangelho de Jesus
Sempre atencioso e gentil, dispen­ go, 6 de outubro de 1974, e parecem Cristo, e a igreja à qual pertencemos
sando grande apoio a seus Irmãos — ser o fecho de muitos discursos apre­ é a igreja de Jesus Cristo que ensina
as Autoridades Gerais — ele fez essa sentados durante a conferência sobre suas doutrinas, suas diretrizes e seus
declaração ao encerrar-se a conferên­ o tema lar e família: programas. Sei que, se todos nós viver­
cia geral em 7 de abril de 1974: mos o programa como ele nos tem
“O lar deve ser um local onde a dado e continuará a dar, todas as bên­
Irmãos e irmãs, estamos chegando confiança no Senhor é uma experiên­ çãos prometidas serão nossas.
ao final dessa grande conferência. Vo­ cia comum, e não reservada para oca­
cês acabam de ouvir da maioria dos siões especiais. Um meio de estabelecê- Sei também que essas coisas são
Irmãos o mesmo que foi dito por la é pela oração regular e fervorosa. verdadeiras, e que Spencer W. Kimball
mim, e seus testemunhos têm sido ins­ Não basta orar, simplesmente. É es­ é um profeta de Deus na terra, em
pirados. O que eles disseram é verda­ sencial que falemos, de fato, com o nossos dias. Que possamos, todos nós,
de. Veio do fundo de seu coração. Senhor, confiantes de que ele nos re­ responder ao convite: “Vinde e ouvi a
Eles têm esse mesmo testemunho e sa­ velará, a nós, como pais, o que preci­ voz do Profeta” e dar graças por ele
bem que é verdadeiro. Eles são ver­ samos saber e fazer para o bem-estar estar entre nós.

M A R Ç O DE 1976 3
CAMILLA
KIMBALL,
Uma
Senhora que
Está Sempre
Aprendendo
Por Lavina Fielding

, w
uma mulher calma, mâs sua quietude vem fie dela uma mulher tão extraordinária, é a vivacidade
disciplina e serenidade, não por ser passiva cru de sua mente e espírito que a tem lançado ao longo
indiferente. Os cabelos são brancos, mas seus dos anos num aprendizado constante e, ainda hoje,
olhos são de um azul brilhante — lampejam ela se sente frustrada, porque o tempo é curto para
de alegria. Seu nome é Camilla Eyring Kimball. tudo quanto deseja abraçar, a cada dia.
É indubitável que o marido, os filhos e netos Sua casa é modesta, imaculadamente limpa e
de irmã Kimball são partes essenciais de sua vida, muito confortável. As cadeiras do “living”, bem como
e que seu trabalho na Igreja é tudo para ela. Não as de sua sala de jantar, têm almofadas feitas a mão,
há dúvida também de que uma das coisas que fazem uma habilidade que ela diz modestamente que pre­
4 A L IA H O N A
cisa de tempo, não de talento. As plantas da estufa te, não são coisas a que nos apegar. O Evangelho,
demonstram a relutância dessa ávida jardineira em sim, esse é. Não consigo entendê-lo plenamente, mas
submeter-se ao inverno. posso crer que por fim o conseguirei, se continuar
Mas sua atividade preferida é ler. “Dêem-me me esforçando.”
apenas um livro, e eu posso entreter-me indefinida­ Devido ao amor de sua família pelos estudos e
mente”, diz ela. Como uma criança, leio tudo o que pesquisas, irmã Kimball diz: “Sempre tive mente
me cai nas mãos. Tenho um apetite insaciável pelos aberta e inquisidora. Não aceito as coisas passiva­
livros. mente. Gosto de me aprofundar nelas e estudá-las
Ela se lembra de uma temporada de verão que com isenção de ânimo. Cedo aprendi a pôr de lado,
passou com sua avó, que era suíça, convertida à numa gaveta da mente, as perguntas do Evangelho a
Igreja, e que achava aue ler novelas era uma iniqüi­ que não podia responder. Eu tinha uma gaveta cheia
dade. A jovem Camilla costumava subir, logo após de coisas que não conseguia entender, mas fui-me
a ceia, e ler até ouvir os passos da avó na escada. tornando mais velha, estudando, meditando, orando
Quando a avó chegava ao alto da escada, Camilla, sobre cada problema, um por um, e fui-me tornando
segundo as aparências, estava completamente ador­ mais capaz de entendê-los melhor.”
mecida. Sua avó também se levantava ao amanhecer, Ela sorri. “Ainda tenho algumas perguntas na­
para trabalhar no jardim e, mal saía, o livro de Ca­ quela gaveta, mas cheguei a entender tantas outras
milla logo saltava outra vez, até à hora do desjejum. coisas em minha vida, que estou querendo dedicar
Ela se lembra do espanto de sua avó: “Não posso meu tempo para o resto das respostas.”
entendê-la, Camilla; como você pode dormir tanto?”
É com respeito que ela partilha uma experiên­
Sendo a mais velha de uma grande família, Ca­ cia de como uma pergunta foi respondida. Ela servia
milla era o braço direito de sua mãe. “Mamãe cos­ então como guia na Praça do Templo, uma respon­
tumava mandar-me arrumar as camas, e essa era uma sabilidade missionária que levava muito a sério.
boa oportunidade para ler. Eu sabia que tinha que Certa manhã, de repente, ela se vestia para sair,
me apressar, quando ela chamava; “Camilla, você quando foi assaltada por uma dúvida arrasadora:
não está demorando muito com essas camas?” “Como posso saber que Joseph Smith realmente viu o
Embora o Presidente Kimball toque piano, Ca­ Salvador e o Pai? Como posso ter certeza de uma
milla nunca tirou proveito das lições de órgão que coisa assim? Admirei-me de como tivera a audácia
seus pais lhe deram, porque sempre apoiava um livro de dizer que isso, de fato, acontecera. Senti-me terri­
na estante de música, “tocava o bastante para satis­ velmente perturbada. Ajoelhei-me e orei sobre o
fazer a minha mãe e lia entre os intervalos dos exer­ assunto, mas ainda saí de casa perturbada por essa
cícios. dúvida.
Irmã Kimball herdou de sua mãe o amor à lei­ Posso ainda lembrar o que senti então, quando
tura, pois ela se lembra de que a mãe lia, ao mesmo me levantei para contar a história de Joseph Smith,
tempo que tricotava meias para toda a família. Não naquele dia, como já fizera tantas vezes. Senti de
consigo jamais me lembrar de tempo algum em que repente uma manifestação — alguma coisa me ardia
não houvesse livros e mais livros por toda parte, dentro do peito — e que tanto me afirmou e reafir­
em casa. mou, que não tive mais dúvidas; este era, realmente,
Embora tivesse um apetite voraz pela leitura, o testemunho que é prometido, se o procurarmos e,
irmã Kimball, sempre soube distinguir entre os bons de fato, quisermos saber.
e os maus livros. “A pior tentativa que já fiz foi a O que mais me espanta é que nunca havia pen­
de ler historietas cômicas para nosso filho mais ve­ sado sobre o assunto antes. Meu testemunho era
lho. Eu o ensinei a ler, logo que pude, de modo que apenas um fato de minha existência. E então, de re­
ele já lia para si mesmo, quando chegou aos cinco pente, veio a pergunta. E a resposta imediata! E eu
anos.” não era então nenhuma adolescente. Era uma mulher
Ainda mais importante que sua liberdade de adulta, casada havia anos.”
ler, no entanto, era sua liberdade de explorar idéias Ela amplia seus conhecimentos continuamente,
dentro do contexto do Evangelho. “Quando estava engrandecendo seus chamados, tanto como aluna,
no segundo ano colegial, lembra ela, o professor nos quanto como professora.
falou sobre evolução, e eu fiquei toda animada e Como professora de Viver Espiritual da Socie­
fui para casa, querendo ensinar meus pais a respeito. dade de Socorro, nos últimos vinte anos em sua ala,
Meu pai ouviu-me com muita paciência e disse: “Bem, ela lança constantemente o desafio às irmãs, de ler
filha, há teorias e existe a verdade, e você distinguirá toda uma obra-padrão cada ano, premiando aquelas
as teorias da verdade, se souber esperar com que o conseguem com um gostoso lanche. Setenta e
paciência.’ ” duas mulheres leram o Livro de Mórmon num ano;
“Ele não se sobrepôs a tudo, nem me fez sentir doze delas o leram três vezes. “Tenho ficado
aborrecida ou decepcionada, e eu aprendi a agir emocionada com as reações”, diz ela. “Quantas das
assim, desde aí. Especializei-me em dietética, na facul­ irmãs me têm dito: ‘Fiquei contente por você nos
dade, mas tem havido tantas mudanças nos últimos ter desafiado.’ Acho que a maioria de nós — pelo
sessenta anos nesse campo, que as teorias, obviamen­ menos comigo isso acontece — aprecia qualquer

M A R Ç O DE 1976 5
coisa que nos leve a estudar. Espero que alguém me em voz alta para poupar a voz do Presidente Kim ball,
estim ule ainda m a is.” interrom pendo-se, quando eles querem discutir qual­
O u tra oportunidade de ensinar, para ela, é tra­ quer ponto ou sublinhar um a passagem im portante
balhar como professora visitante. “ T enho estado na nos livros; e lê tantas vezes, e tantas vezes assinala,
Sociedade de Socorro por m ais de cinqüenta anos e que q u alquer passagem não m arcada é mais a “exce­
desem penhado m eu papel de professora visitante ção do que a reg ra.”
todo esse tem p o ”, é um a coisa que ela conta com “ Ele é um homem com quem é fácil v iv e r” ,
orgulho. “ Esta é um a das m inhas m elhores o p ortu­ diz irm ã K im ball, com ternura. Ela adm ira “ sua fé
nidades de en trar em contato com m inhas com pa­ e lealdade abso lu tas” e gosta das discrepâncias que
nheiras e de ajudar pessoas a en fren tar seus proble­ surgem entre os pontos de vista de am bos, o que
mas. Para mim, não há m eio de conhecer realm ente traz certo sabor à sua longa am izade. “ Ele
uma m ulher, enquanto não se conhece de perto o espí­ nunca foi capaz de entender, até aqui, por que eu
rito de sua casa; e o program a de professoras visi­ quero questionar e exam inar as coisas até o fundo,
tantes nos dá a oportunidade de conhecer-nos de como costum o fazer. O Evangelho é o tipo da coisa
perto, e ajudar-nos um as às o u tra s.” sobre a qual ele não tem perg u n tas.”
Irm ã K im ball aprecia m uito essas am izades, É óbvio, contudo, que am bos têm absoluto res­
pois, como irm ã de H enry Eyring, em inente cientista peito um pelo outro, como indivíduos — e pela m e­
am ericano, e esposa de Spencer W . K im ball, ela lhor razão: Profunda confiança na integridade um
encontra pessoas que a consideram mais pelo seu do outro, baseada na m ais com pleta certeza de sua
nome do que por sua personalidade. Q uando lhe retidão. “Q uando chegamos aos princípios do certo
perguntam de que form a se sente como esposa de e e rra d o ”, diz irm ã K im ball, “estamos sem pre de
um profeta, ela geralm ente responde com um a piada pleno acordo. Ambos sabem os que a expiação é uma
— que não deixa de ser um a grande verdade: Não me realidade viva, e nenhum de nós consegue im aginar
casei com um profeta, casei-m e com um ex-m issioná- como C risto foi capaz de sofrer pelos pecados do
rio .” E Spencer W . K im ball não desposou a m ulher m undo, e às vezes nos assom bram os de como isso
de um profeta, mas um a enérgica professora, dotada realm ente aconteceu; ele se sente feliz em esperar
de m ente insaciável e de um valente espírito. Juntos, até descobrir. E nossas opiniões sobre a aplicação do
cada um a seu m odo, mas apoiando-se um no outro, Evangelho às diferentes circunstâncias — política, por
eles têm continuado a crescer. exem plo, nem sem pre são as mesmas. Q uando isso
acontece, cada um de nós procura, a seu m odo, sua
Ela adm ite com alegria que, em seu casam ento,
resposta, sem que seja preciso um convencer o outro.
“ nada seria d iferen te” , se seu m arido não houvesse E depois de nos esforçarm os acabam os por chegar à
sido cham ado como A utoridade G eral, há mais de unidade da fé .” (V er Efésios 4:13.)
trinta anos. “ Ele sem pre foi com pletam ente dedicado
à Igreja, e assim tem sido em nossa vida conjugal, Essa confiança e respeito m útuos têm caracteri­
desde o início. Tem sido exatam ente tão devotado, zado seu casam ento desde o início. Os interesses
quanto se fosse o secretário de um a a la .” De fato, intelectuais de irmã K im ball a têm envolvido pro­
ele foi cham ado para secretário de um a estaca, exata­ fundam ente com clubes, grupos cívicos, classes e
mente seis sem anas após o seu casam ento. grupos de estudos. “ T enho tom ado aulas todos esses
anos em que estam os casados, exceto esses dois últi­
Na verdade, a única diferença em suas vidas é mo anos em que temos viajado m u ito ”, diz ela.
a responsabilidade extrem am ente pesada que adveio
Essas atividades, entretanto, não significam que
com o seu cham ado para Presidente. “ Ele é o últim o
ela ache seu lar um local desinteressante, sem estí­
recurso de autoridade que resta na terra h o je ”, diz
mulos. “ Q uem q u er que ache que ser esposa e mãe
ela suavem ente, “e isso o torna único. Ele tem a
é uma ocupação insípida, não leva a sério os seus
responsabiildade de tantas e tantas decisões, e não
desafios d iá rio s”, diz ela. “ A fam ília é o m aior cam ­
tem a quem se dirigir, senão ao S en h o r.”
po de aprendizagem que existe. É onde a gente pre­
Irm ã K im ball tenta aliviar essa carga, fazendo cisa trab alh ar dobrado para aprender tudo quanto
de seu lar um local “ com pletam ente tra n q ü ilo ” , e puder. N unca cessa a necessidade de estudar, saber
acrescenta: “C uido o m elhor que posso de sua saúde, como se relacionar com os filhos, ou, mais tarde,
isento-o de qualq u er trabalho de casa e até mesmo aprender a ser um a boa sogra ou uma boa av ó .”
procuro resguardá-lo. A coisa mais difícil do m undo, Seu com prom isso perene com a excelência a
para ele, é dizer ‘n ã o ’, e me é penoso vê-lo assim m antém entusiasta e estim ulante para os outros. “ H á
p ressionado.” O u tro problem a é a inevitável publi­ pessoas que sentem que suas responsabilidades as
cidade, sem pre crescente. N ão sendo um a m ulher esm agam ”, diz ela. “Acho que cum prir obrigações é
dada à notoriedade, aborrece-se com isso, evitando o meio mais direto de crescer, o m elhor meio. Q u al­
aparecer em público, como evita as entrevistas, sem­ quer m ulher deve m anter-se alerta às o p o rtu n id a­
pre que pode, e é ciosa de sua vida p articular, tanto des — alerta aos interesses das outras pessoas, à sua
para si mesma, quanto para seu m arido. própria fam ília, ao crescim ento do trabalho da Igreja.
Uma reunião fam iliar típica é, para qualquer A vida é tão interessante, que me aflige não poder
dos dois, sentar-se confortavelm ente em suas cadei­ abranger tudo. E não tenho paciência com as m ulhe­
ras, e estudar juntos as E scrituras. Irm ã K im ball lê res cujas vidas as deixam en tediadas.”

6 A LIAHONA
T
odos nós ouvimos claramen­ jovem de origem japonesa, que, de­
te o chamado do Presidente
Kimball, quando disse aos
UM pois de fazer amizade com alguns
jovens SUD que se não envergo­
irmãos que se preparas­ nhavam de agir como Mórmons,
sem para ser missionários.
Estou impressionado com o núme­
ro de jovens que tenho notado em
CHAMADO pediu para tomar aulas com os
missionários, e em seguida se deci­
diu pelo batismo. Seus pais acha­
toda parte, na Igreja. Há sempre
aqueles que tudo fazem para ser
corretos com o Senhor — que são
ESPECIAL
Bispo H. Burke Peterson
ram que ele estava cometendo um
erro, mas sentiam que, se o deixas­
sem filiar-se à Igreja, ele logo fica­
dedicados e seguem o conselho de Primeiro Conselheiro do ria um tanto desapontado e acaba­
seus líderes. Bispado Presidente ria caindo em si e desistindo. E
Citando um exemplo, há não assim, com a aprovação dos pais,
muito tempo encontrei-me com um o rapaz foi batizado.
Logo após o batismo, ele contou rios para o Salvador e esperam o dade, como acontecera com ela;
aos pais que gostaria de fazer mis­ chamado que lhes chegará. contudo, concederam-lhe a permis­
são e lhes perguntou se o mante­ Para aqueles que decidiram ser­ são para ser batizada e numa tar­
riam. Eles negaram-se: claro que vir em missão e estão preparados, de de sábado, reunimo-nos junto à
não o manteriam, pois não acre­ para aqueles que ainda não se fonte batismal, enquanto essa jo­
ditavam naquilo que ele estava decidiram, posso dizer que algu­ vem surda entrava nas águas. Após
fazendo. Disseram-lhe que seria mas das mais preciosas bên­ seu batismo, ela deveria ser con­
uma insensatez deixar a escola, çãos que tenho obtido como Auto­ firmada como membro da Igreja.
principalmente porque ele ia tão ridade Geral, estão ligadas com os Os Élderes me perguntaram se eu
bem em seus estudos de Medicina. Santos que se envolvem no traba­ gostaria de fazer parte do círculo
Mas ele queria ir; tratou de juntar lho missionário. Servindo no Bis­ e concordei. Eu sabia que ela não
algumas economias e aceitou a pado Presidente, temos encontra­ poderia ouvir a confirmação e a
ajuda de alguns amigos. Quando do muitas experiências extraordi­ bênção do Élder, porque não podia
veio seu chamado, era para servir nárias, mas nada para mim tem ver seus lábios, e por isso, escutei
na Coréia. sido mais estimulante ou me tem com toda a atenção a bênção do
Esse jovem continuou a contar- dado mais elevação espiritual, do Élder, enquanto ele a confirmava
me que, estando poucos meses no que a experiência de penetrar no como membro da Igreja, para lhe
campo missionáriov seus pais vie­ campo missionário e estar com contar depois tudo quanto ele dis­
ram à Coréia visitá-lo, e seu pai aqueles jovens que estão dedican­ sera.
lhe disse: “Bem, isto já está indo do seu tempo ao ensino do Evan­ Foi-me difícil crer nos meus
longe demais. Até aqui temos sido gelho de Jesus Cristo. Tenho visto ouvidos, quando percebi o que o
pacientes e compreensivos com bênçãos advirem aos missionários Élder dizia, pois era uma coisa que
você. Agora é tempo de voltar para como a nenhum outro grupo de eu não acreditava ser possível. Mas
casa e recomeçar os estudos.” Eles pessoas sobre a terra. Os missioná­ ele tinha fé absoluta de que o
achavam que conseguiriam levá-lo rios são especiais aos olhos do Senhor concederia a bênção que
Senhor, e ele lhes concede coisas havia conferido.
de volta. Mas ele respondeu
especiais que não para os outros
que não podia voltar. Não po­ Após a confirmação e a bênção,
de seus filhos. Os missionários
deria deixar aquele povo, porque convidei a jovem para vir ao meu
dignos têm poder, autoridade e
o que estava fazendo era verda­ escritório. Ela sentou-se à minha
bênçãos que outros não possuem.
deiro — era certo. Tinha- sido frente, e eu disse: — “Gostaria de
É o trabalho mais estimulante do
chamado pelo Senhor para estar contar-lhe qual foi a bênção que
Senhor — ser missionário.
ali e não podia partir agora. lhe foi dada pelo Élder.” Ela
Há alguns anos, eu era um
Os pais do jovem eram ricos, e olhou para mim e disse: “— Bispo
bispo nos Estados Unidos, e tínha­
o pai lembrou ao filho que finan­ Peterson, eu ouvi a bênção.” Da­
mos em nossa ala um grupo de
ciaria todos os seus estudos na quele dia em diante, ela passou a
jovens que eram ótimos exemplos
universidade. Mas o filho negou- ouvir. Não era mais surda. Da­
do que um Santo dos Últimos Dias
se a voltar, ressaltando a necessi­ quele dia em diante, passou a jogar
deve ser. Eles fizeram amizade com
dade de levar até o fim suas res­ voleibol, “softball” e tênis, porque
uma adolescente que não era mem­
ponsabilidades missionárias. O que seu coração também estava curado.
bro da Igreja. Essa garota era
ele estava fazendo era mais impor­ A cura de todos os seus males viera
surda, mas havia aprendido a lei­
tante do que tornar-se doutor. Seu da fé, do testemunho e da con­
tura labial, de maneira que, se fi­
pai então insistiu que, se não fiança do Élder — uma bênção
cássemos de frente para ela e lhe
voltasse para casa com eles, seria única que o Pai Celestial muitas
falássemos, ela entenderia o que
deserdado. Ainda assim, ele mos­ vezes concede aos missionários
estávamos dizendo pelo movimen­
trou firmeza, dizendo que não dignos e àqueles que se envolvem
to de nossos lábios. Sofria também
deixaria o campo missionário. no trabalho missionário. Ele dá a
essa jovem de um distúrbio car­
Assim, o missionário contou-me díaco que a impedia de participar algumas outras pessoas na mesma
como sua família o tinha repudia­ de qualquer esporte com outras proporção, essa bênção.
do — expulsando-o de casa. Ao garotas. Que o Senhor os abençoe, para
regressar da missão, ele não tinha Tanto os fapazes quanto as ga­ que se preparem a si mesmos como
mais um lar para onde ir. Voltou rotas mórmons eram-lhe amáveis, o profeta lhes pediu, para ser mis­
para a universidade e encontra-se atenciosos e compreensivos, e ela sionários e sair pelo mundo a ensi­
trabalhando para manter os es­ gostava do modo como a tratavam nar a outros o Evangelho de Jesus
tudos. e apreciava o seu exemplo. Logo Cristo. Vocês têm um chamado
Esse rapaz é um daqueles que a convidaram para ouvir as aulas especial — uma aptidão especial
enfrentam tudo para seguir os con­ dos missionários. Quando as — enquanto estão aqui na terra:
selhos do profeta. Há aqueles que lições terminaram, ela acreditou no trazer alegria às vidas de alguns,
não procuram^ desculpas para ser que havia aprendido e pediu a que nenhuma outra pessoa poderia
membros da Igreja. Há os que fa­ seus pais que autorizassem seu ba­ proporcionar. Cada um de vocês é
zem tudo o que for necessário, a tismo. Eles também tinham ouvido especial, cada um é importante,
fim de preparar-se como missioná­ as lições, mas não aceitaram a ver­ cada um é necessário.

8 A L IA H O N A
w Tocê será capaz de trazer essa mãe para a Igreja, ainda dias preparando-nos para aquela primeira visita tão impor­
M / antes do fim do ano”. Esse desafio de meu bispo, tante à família. Sem uma idéia definida em mente, de como
H I lançado e aceito no começo de janeiro, tornou-me colocaríamos o assunto do batismo, batemos à porta e fomos
possível experimentar a grande alegria de um tra­ convidados a entrar.
balho missionário.
Quando nos preparávamos para sair, pensei comigo
A mãe não membro, por ele mencionada, morava com
mesmo: “Esta senhora não me conhece. Talvez eu possa
a filha que era membro, e eu fora designado para mestre
usar um pouco de audácia. Respirei fundo e me atirei à
familiar de sua casa. Meu companheiro e eu levamos vários
pergunta: — Como é que a senhora, tendo vivido a maior
parte de sua vida em uma comunidade mórmon, não se
tornou membro da Igreja?

"SE UM DIA Ela não respondeu, mas eu continuei: “— Se um dia


chegar à decisão de filiar-se à Igreja, ficarei muito satis­
feito, se me deixar cuidar de tudo.”

CHEGAR Uma semana depois, recebi um telefonema. “— Irmão


Hart, que terei de fazer para me tornar membro de sua

À Igreja?” Duas semanas depois (ainda antes de nossa visita


de fevereiro), ela foi batizada.

Eu já havia provado a emoção de partilhar meu teste­

DECISÃO../' munho com não membros, em minha comunidade. Agora,


animado por essa notável experiência, decidi abordar um
dos professores de nossa escola, um jovem brilhante, casado
com uma parente minha, distante. O problema era, nova­
Mark Hart
mente, como iniciar a conversa de maneira adequada.

Um dia, em uma reunião da escola, sentei-me numa


passagem entre as filas de cadeiras e deixei vaga a cadeira
da beirada, pensando comigo mesmo: "O próximo passo
é do Senhor”.

Pouco depois, ele sentou-se ao meu lado, e eu tentei


o mesmo início de conversa: “Quer satisfazer-me uma curio­
sidade? Fico pensando como é possível que o senhor esteja
freqüentando a Universidade de Brigham Young já há qua­
tro anos, sem ter-se convertido ao mormonismo.” E acres­
centei novamente: “Se um dia chegar à decisão de filiar-se
à Igreja, procure por mim que ficarei muito satisfeito, se
me deixar cuidar de tudo.”

Três dias depois, o telefone tocou. Três semanas mais


tarde, ele era batizado.

Comecei a pensar, então, em um de meus alunos, não


membros, que nunca se havia preocupado em se batizar.
Alguns meses depois, eu me aproximei dele com as mesmas
palavras: “Ficarei muito satisfeito, se me deixar cuidar de
tudo.” Ele também se tornou membro.

Esse pequeno amontoado de palavras, “ficarei muito


satisfeito, se me deixar cuidar de tudo”, tem-me proporcio­
nado aquela grande alegria que o Senhor nos promete:

“E agora, se a vossa alegria for grande com uma só


alma que trouxestes a mim no reino de Meu Pai, quão
grande será a vossa alegria se me trouxerdes muitas almas!”
(D&C 18:16).

Mark Hart é escritor e editor de material didático infantil.


É professor da Escola Dominical da 8." Ala de Preston, se­
cretário executivo da Estaca de Preston Idaho Sul, e ofi-
ciante no Templo de Logan.

M ARÇO DE 1976 9
chegaria mais próximo de Deus, do que através de
qualquer outro livro.” (History of the Church 4:461).

DESCOBERTA Eu havia descoberto que essa afirmação do Pro­


feta era verdadeira.
Quando era garoto, a história dos ladrões de
DO LIVRO DE Gadianton me fascinava. Havia numerosas cavernas
nas montanhas ao norte do México, onde moráva­
mos e quando as exploramos, encontramos antigas
M Ó RM O N pontas de flechas e outras relíquias. Nas paredes das
cavernas, havia estranhos desenhos e hieróglifos.
Ficamos a imaginar se elas não tinham sido usadas
como esconderijo pelos salteadores. As muitas his­
Presidente Marion G. Romney tórias que corriam e a todos encantavam, levaram-me
Segundo Conselheiro da Primeira Presidência a ler e reler o que está escrito no Livro de Mórmon
sobre esses salteadores.
Ilustração de Sherry Thompson
Mais tarde, em meu primeiro ano colegial, na
Academia de Cassia, o texto que usávamos na classe

Q
uem descobriu a América?” pergun-
tou o professor. de teologia era o Livro de Mórmon. Recentemente,
encontrei no caderno que usava então, um breve re­
latório sobre o conteúdo de cada capítulo do livro.
“— Colombo”, responderam todos Ainda mais tarde, entre 1920 e 1923, quando no
os alunos, menos um que disse: campo missionário, tornei-me um pouco mais fami­
“— Fui eu.” Todos acharam graça. liarizado com o Livro de Mórmon.
Entretanto, um ponto digno de nota tinha sido levan­ Meu verdadeiro companheirismo com o Livro de
tado. Aquela criança, na verdade, descobrira tudo o Mórmon, e meu amor a ele, desabrocharam entre
que sabia sobre a América. 1929 e 1941, enquanto praticava a advocacia.
O Profeta Joseph Smith escreveu: “Eu disse aos Ao terminar meu curso de direito, tendo passa­
irmãos que o Livro de Mórmon era o livro mais cor­ do pelos exames, fui considerado apto para exercer
reto do mundo e a pedra angular de nossa religião
e
10que, pelo cumprimento de seus preceitos, o homem A L IA H O N A
Quando era garoto, a história
dos ladrões de Gadianton me fascinava.
Havia numerosas cavernas nas montanhas ao
norte do México, onde morávamos, e quando as
explorávamos, encontramos antigas pontas de flechas e
outras relíquias. Nas paredes das cavernas havia estranhos
desenhos e hieróglifos.

a profissão de advogado. Comecei então a me preocu­ uma vara. Néfi, então, entrou na cidade sozinho e,
par sobre se poderia ou não viver os padrões do Evan­ com a ajuda do Senhor, obteve as placas.
gelho de Jesus Cristo e ser um advogado, ao mesmo O teor de sua fé foi dramaticamente demonstra­
tempo. Meu pai também se preocupava com isso. Eu do em muitas ocasiões subseqüentes. Quando se em­
não sabia se ele tinha ouvido a história, mas penhava em construir um navio, obedecendo às
contaram-me que um “piadista”, passando diante de ordens do Senhor, seus irmãos zombaram dele e se
uma sepultura num cemitério, leu, numa pedra, a ins­ lhe opuseram, dizendo que ele não seria capaz de
crição: “Aqui jaz John Brown, um advogado e um construí-lo. Néfi, entretanto, lhes disse: “Se Deus
homem honesto”, ao que ele acrescentou: “Como é me ordenasse que fizesse todas as coisas, eu as pode­
que podem ter enterrado os três na mesma sepultura?” ria fazer. Se ele me ordenasse que dissesse a esta
Lembrando-me da avaliação do Livro, feita água: Converte-te em terra, ela se converteria; e, se
pelo Profeta Joseph Smith, decidi agir da seguinte eu dissesse, assim seria feito” (1 Néfi 17:50).
maneira: Bem, ele construiu um navio e nele levou seus
Chegava ao meu escritório de advocacia meia queixosos irmãos, através do oceano.
hora antes de meus sócios, fechava a porta e levava Outra lição de grande valor que aprendi do
30 minutos toda manhã, orando e lendo as Escritu­ Livro de Mórmon é sobre como podemos saber se
ras. Durante os 12 anos em que exerci a advocacia, nossos pecados foram perdoados. A resposta ficou
li todo o Livro de Mórmon nove vezes, e desde aí, bem clara para mim, ao meditar a respeito dos pri­
o tenho lido muitas vezes mais. meiros versículos do quarto capítulo de Mosíah.
Magníficas são as lições ali encerradas. Consi­ Um dos maiores discursos das Escrituras está
derem comigo os seguintes exemplos: registrado nos primeiros capítulos de Mosíah. É a
Primeiro, a fé e a coragem demonstradas por despedida do Rei Benjamim a seu povo.
Néfi. Assim dizem os três primeiros versículos do capí­
Podemos lembrar que seus irmãos reclamaram, tulo 4 de Mosíah:
quando seu pai Léhi lhes disse que o Senhor dese­ “E aconteceu então que, tendo o rei Benjamim
java que eles fossem “à casa de Labão buscar os acabado de falar as palavras que lhe haviam sido
anais”. Mas Néfi respondeu: “Eu irei e cumprirei ditas pelo anjo do Senhor, lançou seus olhos sobre
as ordens do Senhor, pois sei que o Senhor nunca a multidão ao redor, e eis que haviam caído por
dá ordens aos filhos dos homens, sem antes prepa­ terra, porque o temor do Senhor se havia apode­
rar um caminhro pelo qual suas ordens poderão ser rado deles.
cumpridas”. (1 Néfi 3:4, 7). E se haviam julgado a si próprios, em seu estado
Néfi e seus irmãos chegaram à terra de Jerusa­ carnal, menos ainda que o pó da terra. E todos cla­
lém, e “a sorte para ir negociar as placas com Labão” maram a uma voz, dizendo: Oh! Tende misericór­
recaiu sobre Lamã. Ele foi, mas não as conseguiu, dia de nós e aplicai o sangue expiatório de Cristo,
e ao voltar para junto de seus irmãos, persuadiu a para que possamos receber o perdão de nossos peca­
todos, com exceção de Néfi, que deviam voltar para dos, e nossos corações sejam purificados; pois cremos
seu pai sem as placas. Néfi, entretanto, disse: “Assim em Jesus Cristo, o Filho de Deus, Criador dos céus,
como vive o Senhor e vivemos nós, não voltaremos da terra e de todas as coisas; que descerá entre os
a nosso pai no deserto até termos cumprido o que filhos dos homens.
o Senhor nos ordenou.” (1 Néfi 3:10-11, 15.) E aconteceu que, depois de terem pronunciado
Conseguiu convencê-los, então, a voltar à terra essas palavras, sobre eles desceu o Espírito do Senhor
de sua herança para buscar seu ouro e sua prata e e os encheu de alegria, tendo recebido a remissão de
outras coisas preciosas e com elas tentar obter as pla­ seus pecados, e tendo paz de consciência, por causa
cas, o que eles fizeram, mas Labão recusou-se a da profunda fé que tinham em Jesus Cristo que have­
entregá-las. Pelo contrário, apoderou-se de suas ria de vir.” (Mosíah 4:1-3; Itálicos acrescentados).
riquezas, e eles tiveram que fugir para salvar a vida. Todo aquele que descobrir o Livro de Mórmon
Novamente fora dos muros de Jerusalém, Lamã e cumprir os seus ensinamentos, estará no caminho
e Lemuel, muito irados, açoitaram Néfi e Sam com da vida eterna.

M A R Ç O DE 1976 11
S
erei sempre grato, até à morte, “Sou muito grata ao Senhor por
por não haver escutado “ Sua Mãe náo ter nascido sob o convênio, de pais
alguns de meus amigos, que tinham sido devidamente casa­
quando, um rapazola que
ainda não tinha completado os vin­ Chegou a ver o dos e selados no templo do
Senhor.”
te e um anos, tomei o trabalho de As lágrimas vieram-me aos
viajar do Condado de (Jtah (ao
norte de Utah) até St. George, (ao
Templo do olhos, porque sua mãe morrera
antes que o Templo de Salt Lake
sul de Utah), para casar-me no ficasse pronto, e eu me sentia gra­
Templo de St. George. Isso se deu
antes que a estrada de ferro che­
Lago Salgado to por não ter ouvido as sugestões
dos amigos que tinham procurado
gasse ao sul de Utah, e, por isso, dissuadir-me da idéia de ir ao Tem­
tivemos que fazer o resto do per­ Terminado” plo de St. George para me casar.
curso em um carroção. Naquele Senti-me muito grato pela inspira­
Presidente Heber J. Grant
tempo, era uma longa e difícil via­ ção de me haver determinado a
Sétimo Presidente da Igreja
gem, por estradas péssimas, duran­ começar a vida direito.
te vários dias. (A distância cober­ Por que me ocorreu isso? Por­
Por que não quis escutá-lo? Por­
ta pelo trem, de Salt Lake City até que minha mãe acreditava no
que desejava casar-me para o tem­
o Condado de Utah, era de, apro­ Evangelho, ensinou-me o seu valor,
po e a eternidade — porque queria
ximadamente, 74 quilômetros, e a despertou em mim o desejo de
começar a vida direito. Mais tarde,
distância percorrida pelas carroças alcançar todos os benefícios advin­
tive ocasião de me regozijar muito
puxadas a cavalo, do Condado de dos de se começar a vida direito e
por causa dessa minha determina­
Utah até St. George, era de cerca de fazer as coisas conforme os en­
ção de me casar no templo daquela
de 445 quilômetros). sinamentos do Evangelho.
vez, e não esperar até uma ocasião
Foram muitos os que me adver­ mais oportuna. Eu acredito que nenhum jovem
tiram que não me empenhasse em Há alguns anos, membros da Santo dos Últimos Dias digno, ho­
tanto sacrifício — empreender junta geral da AMM, Moças viaja­ mem ou mulher, deveria poupar
aquela extensa viagem até St. vam pelas estacas de Sião, falando esforços no sentido de procurar a
George para me casar. Arrazoavam sobre o casamento. Instavam com casa do Senhor, para começar a
que eu poderia ser casado pelo pre­ o povo para começar sua vida jun­ vida juntos. Os votos do casamen­
sidente da estaca ou pelo bispo, e tos, pelo caminho certo, nos tem­ to feitos nesses lugares santifica­
quando o templo de Salt Lake esti­ plos do Senhor. dos, e os sagrados convênios reali­
vesse pronto, eu poderia dirigir-me Eu estava fora, em uma das es­ zados para o tempo e a eternidade,
para lá com minha mulher e meus tacas, assistindo à conferência, fortalecem contra muitas das tenta­
filhos e então seriamos selados um quando uma de minhas filhas, que ções da vida que podem levar à
ao outro, e nossos filhos a nós, era a representante da junta geral destruição dos lares e da felici­
para a eternidade. das moças disse, na conferência: dade.

12 A L IA H O N A
A "BÍBLIA DE OURO Maurine Beecher

ary Elizabeth jamais vira Era solitário ser apenas uma das porta do Irmão Morley, aquela tar­
um exemplar do Livro de poucas pessoas, em sua vizinhança, de, esperando descobrir mais sobre
Mórmon. O Irmão Mor- que acreditavam no Evangelho res­ o livro e ficou desapontada por
ley, que presidia sobre o taurado. O próprio Irmão Morley ver que o Irmão Whitmer não es­
pequeno ramo de Kirt- era recém-converso, e ele também tava lá. Mas ele havia deixado o
land, Ohio, contou-lhe o que os se sentia isolado, desde que os pri­ livro!
missionários diziam sobre os sa­ meiros missionários tinham par­ — Gostaria de vê-lo? perguntou
grados escritos das placas de ouro. tido. o Irmão Morley.
Ela tinha ouvido sobre o Profeta
Chegou então outro missionário, — Oh, sim, por favor! respon­
Joseph Smith e de como ele as ha­
John Whitmer, que vira realmente deu Mary Elizabeth. O Irmão Mor­
via traduzido, mas Mary Elizabeth
as placas de ouro e as havia toca­ ley trouxe-o e o colocou em suas
nunca tinha visto o livro, propria­
do. E trouxe consigo um exemplar mãos. Ao tomar o precioso livro,
mente.
do Livro de Mórmon. ela estava tão ansiosa de o ler,
Como demorou a chegar, o dia
Mary Elizabeth ouviu logo falar que não podia sequer pensar em
de poder lê-lo! Tinha apenas dez
de sua chegada. Haveria uma devolvê-lo.
anos então, e havia aprendido a
ler estudando a Bíblia, que era o reunião aquela tarde, em casa do — Mas, Mary Elizabeth, protes­
único livro em muitos lares, na­ Irmão Morley, uma vez que o ra­ tou o Irmão Morley, muitos dos
queles tempos, cerca de 150 anos mo não tinha uma capela para irmãos ainda não o leram, e eu
atrás. reuniões. Mary Elizabeth chegou à mesmo não terminei sua leitura.
M A R Ç O DE 1976 13
leve esse livro para casa e termine
sua leitura. Eu posso esperar.
Não deu tempo de terminar o
livro todo de uma vez, mas pou­
cos dias depois, Mary Elizabeth
chegou ao último capítulo. Nesse
meio tempo, o Profeta Joseph
Smith chegou a Kirtland. En­
quanto estava lá, ele visitou o tio
de Mary Elizabeth. Contudo, ela
não estava em casa. Notando o
Livro de Mórmon sobre a lareira,
o Profeta Joseph Smith perguntou
sobre ele: — Mandei esse livro
para o Irmão Morley, disse ele,
como é que está aqui? O tio de
Mary Elizabeth explicou como sua
— Poderia eu lê-lo, enquanto donar o livro e ir para a cama, e sobrinha havia convencido o Irmão
você está na Igreja? Acho que po­ agora, deitada em seu catre, Mary Morley a emprestar-lhe o livro.
deria trazê-lo de volta após o tér­ Elizabeth recordava, antes de dor­
mino do serviço, conciliou Mary — Gostaria de conhecer a ga­
mir, as belas palavras iniciais:
Elizabeth. rota, disse o Profeta.
“Eu, Néfi, tendo nascido de boa
família. . . ” Mandaram procurá-la. Ela che­
— Mas então será bem tarde,
gou sem fôlego, e olhou, pela pri­
replicou o Irmão Morley, e você A luz da manhã acordou Mary meira vez, dentro dos olhos do pro­
terá que caminhar pelo escuro, Elizabeth que, de um salto, já es­ feta de Deus.
para chegar até aqui, de volta de tava de pé e lendo o livro de novo.
sua casa. E até pouco antes do desjejum, ela — Como são azuis, pensou ela,
ainda lia sobre o antigo povo de e profundos! Sinto-me como se ele
Entretanto, quando o Irmão pudesse ler meus pensamentos.
Deus nas Américas.
Morley olhou para os olhos supli­ Após uma longa pausa, o Profeta,
cantes de Mary Elizabeth, não Era cedo ainda, quando chegou calma e deliberadamente, aproxi­
pôde mais recusar. — Menina, à casa do Irmão Morley com o mou-se dela, pôs as mãos em sua
disse ele, bondosamente, se você livro. “Antes do desjejum”, havia cabeça e lhe deu uma bênção, a
me trouxer o livro de volta antes prometido, e a família do Irmão primeira que ela recebeu.
do desjejum, amanhã cedo, eu a tinha acabado de levantar-se.
deixo levá-lo. A visita terminou tão cedo! Mas
Mary Elizabeth entregou o livro antes de sair, o Profeta deu a Mary
Se pudermos imaginar alguém ao Irmão Morley. — Acho que Elizabeth um exemplar do Livro
completamente feliz, de posse de você não pôde ler muito, comen­ de Mórmon que seria dela mesmo!
um tesouro, esse alguém era Mary tou o Irmão. Ela indicou-lhe o
Elizabeth. Ela voou para casa onde Ela leu o precioso volume mui­
marcador do livro, mostrando o
morava com seus tios, e entrou tas vezes. E a cada leitura, Mary
trecho onde eles tinham parado de
correndo e exclamando: — Aqui Elizabeth se lembrava outra vez de
ler, na noite anterior. Ele surpreen­
está a “Bíblia de Ouro” . . . Sua sua emoção, quando o tocara pela
deu-se. — Não creio que você pos­
notícia causou alguma consterna­ primeira vez, e do Profeta que o
sa dizer-me uma única palavra
ção. Mary Elizabeth foi repreendi­ traduzira e a presenteara com o
dele, desafiou, pensando que ela o
da por ter sido impertinente, a livro e uma bênção.
tinha lido tão às pressas, que não
ponto de pedir tal favor ao Irmão poderia lembrar-se de mais nada.
Morley, quando nem ele mesmo
tinha lido o livro. “Eu, Néfi, tendo nascido de boa
f a m ília ...” começou Mary Eliza­
Mas era por algumas horas ape­ beth, e prosseguiu a recitação,
nas que ela o teria, e seus tios es- explicando-lhe o que tinha lido e
tavam tão ansiosos quanto Mary ouvido da história de Néfi e sua
Elizabeth, de conhecer o seu con­ família.
teúdo. Assim, revezando-se, a fa­
mília lia em voz alta as sagradas O Irmão Morley olhou para a
páginas. Chegou o crepúsculo, e garota, sem poder acreditar. Ela
eles continuavam a ler. As velas havia lido mesmo; e ainda tinha
foram acesas e eles liam ainda, e decorado alguns versículos! Ele
assim continuaram pela noite podia ver-lhe nos olhos o seu amor
adentro, até tarde. Foi difícil aban­ pelo livro. — Menina, disse ele,
14 A L IA H O N A
O NUMERO OCULTO
Por Richard Latta

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CAPRICORNIO
Por Roberta L. Fairall

7*1 *75 -76


SO PARO DIVERTIR
70 •
69 . *74- .77
68 „
LÁBIRINTO DO ESQUILINHO
Por Lola Frank

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47* * 4 ? * 53 4 J 2*

Na primavera, aparece no hemisfério


Vamos ajudar o esquilinho Fuça-Fuça
sul este agrupamento de estrelas. Ligue
os pontinhos, para ver por que figura mito­ a encontrar o caminho que leva à entrada
secreta do tronco da árvore?
lógica os antigos povos designavam esta
constelação. 15
C
om o pé esquerdo defeituoso, — Você ainda não tem o tamanho
era muito difícil para Juva an­ que eu tinha, quando comecei a pasto­
dar depressa, mas ele podia ain­ rear as cabras, disse Rollo.
da acompanhar as cabras. Ele — Eu posso fazer isso! Sei que pos­
sabia que podia. Entretanto, so! exclamou Juva. Sempre que se­
quando seu irmão mais velho, Rollo, guia Rollo, Juva sonhava com o dia
estava prestes a sair para a escola, na em que seu pé estivesse curado para
cidade, Juva não se surpreendeu de conseguir manter as cabras reunidas,
que o irmão e o pai olhassem para como fazia o irmão.
ele interrogativamente. — Outra pessoa Seu pai fora, durante muitos anos,
tem que pastorear as cabras, não você, pastor de cabras para Herr Winkler, e
(uva, disse Rollo, enquanto dobrava Rollo o substituíra nesse trabalho. Ago­
um par sobressalente de calças de ra era vez de Juva, e embora seu pé
couro. o obrigasse a mancar, caminhando com
— Eu posso fazer isso, disse Juva, dificuldade, ele precisava tentar.
esticando-se, a fim de parecer um pou­ — Os rapazes da vila sabem que
co mais alto, eu posso seguir as ca­ estou de partida, disse Rollo, fechan­
bras. do bem apertada sua mochila. Eles
O pai e o irmão ficaram um mo­ vão pedir o emprego a Herr Winkler.
mento sem resposta, mas Juva podia Mencionei-lhe seu nome, mas você mes­
perceber seus olhos pousados sobre mo deve falar com ele.
ele, significativamente. Então seu pai Durante todo o trajeto para a casa
limpou a garganta e falou: grande na montanha, Juva tentou, com
— Você pode segui-las, Juva, é ver­ a maior dificuldade, andar sem coxear,
dade, mas será que pode manter-se ao movendo-se o mais rápido que podia,
lado delas? Poderá impedi-las de des­ mas Rollo tinha razão. Dois dos rapa­
cerem a montanha antes do tempo? zes da vila tinham chegado antes dele.

A LIAHONA
O
Topo da
Montanha
Herr Winkler voltou-se para saudá- tinha de encaminhar as cabras para ad — Ch£>u à cidade unj^outor fa-
lo. — Juva, você veio! Eu disse aos mais altas pradarias, onde o fa ^ ^ ^ a | moso, <Ke Herr Winkler. Ouvffdizer
rapazes que você viria. melhor grama e onde elas pajjjàM(Bgjl| I que el^Bem conseguido maravilhas, e
Os outros olharam para luva, e seus vontade, nos longos dias de verao^"* "gostarMüe que ele examinasse Juva.
olhos falavam de suas dúvidas. Ao chegar o outono e cobrindo as O «fação de Juva pôs-se aos saltos.
— Juva anda muito devagar, disse primeiras nevadas o alto das monta­ Seria possível? pensava ele, eu, Juva,
um deles. nhas, não havia mais necessidade de ia poder correr atrás das cabras? Ia
— As cabras correm e saltam como guiar as cabras. Elas ficavam abriga­ poder, um dia, correr e brincar com
o vento na montanha, disse o outro. das e aquecidas nos estábulos de Herr os outros garotos?
Winkler, deliciando-se com o feno que Depois que Herr Winkler saiu, o pai
Herr Winkler concordou: — É ver­
ele havia armazenado para elas enfren­ de Juva voltou-se para ele.
dade, é verdade, disse ele, mas é a vez
tarem o duro inverno. Um dia, Herr — Você me fez sentir muito feliz
de Juva. E ele terá a sua vez.
Winkler apareceu à porta da pequena esta noite, filho. Sabe por quê?
Juva voltou para casa com o cora­ Juva pensou um instante. — Por
cabana em que Juva morava com o
ção transbordando, e seu pai fez ape­ que Herr Winkler quer levar-me ao
pai.
nas um ligeiro comentário: — Nossa — É uma honra para nós a sua pre­ grande médico? perguntou ele.
família faz bem o trabalho, Juva. sença, Herr Winkler, disse o pai de — Sim, em parte é, disse o pai,
Durante os longos dias de verão, Juva, oferecendo a melhor de suas mas não é só por isso; há ainda um
Juva seguiu as cabras. Ficava muito cadeiras. motivo mais importante.
cansado, quando tinha que correr para — É a sua família que me honra, Juva ficou novamente em silêncio
ficar à frente delas e guiá-las, e quan­ respondeu Herr Winkler; todos aqui algum tempo, e depois perguntou:
do chegava aos altos prados, o pé coxo me têm honrado com seu trabalho, — O inverno está muito frio, e você
lhe doía. e ninguém me tem servido melhor do está contente porque as cabras estão
Às vezes, ao pisar a grama espa­ que Juva. As cabras nunca deram tanto todas bem, e aquecidas?
lhada pelo sopé da montanha, Juva leite e o seu pêlo nunca foi tão macio. O pai passou o braço em volta de
desejava descansar um pouco. — Por Cada dia Juva leva para um lugar mais seu ombro. Juva olhou para o pé defei­
que não parar aqui com as cabras? alto da montanha, onde o pasto é me­ tuoso, sentindo crescer em seu coração
pensava ele. Ninguém precisa ficar lhor. Ele me tem ajudado muito, e a esperança de que não seria sempre
sabendo. Na certa, as cabras encontra­ agora é minha vez de ajudá-lo. assim.
rão grama para pastar, e à noite eu Juva olhou espantado para o visi­ — Não é só por causa das cabras,
não estarei tão icmge para levá-las de tante. Que queria dizer Herr Winkler? Juva, disse o pai, e pela possibilidade
volta aos estábulos de Herr Winkler. Juva não tinha cabras para serem tra­ de ver seu pé recuperado, mas estou
Mas, nesses momentos, ele se lem­ tadas. Como poderia esse homem aju­ feliz, principalmente porque você che­
brava das palavras do pai e via que dá-lo? gou ao topo da montanha.

M A R Ç O DE 1976 17
“Contra este filisteu não poderás ir para pelejar

«
s filisteus tinham reunido suas forças nos flan­
cos de um monte da terra de Judá. Vieram com ele”, disse Saul, “pois tu ainda és moço, e ele
pelejar com o Rei Saul e seus guerreiros de homem de guerra desde a sua mocidade.”
Israel que estavam acampados no monte
Davi respondeu a Saul que ele apascentava muito
oposto ao dos invasores, ficando entre eles
bem as ovelhas de seu pai e que, com a ajuda do
o vale de Elá.
Senhor, tinha matado um leão e um urso que haviam
Certa manhã, surgiu, a passos largos, dentre as tomado uma de suas ovelhas. E disse mais o bravo
fileiras dos filisteus, um guerreiro valente a insultar jovem: “O Senhor me livrou da mão do leão e da
os de Israel. Seu nome era Golias, um verdadeiro do urso; ele me livrará da mão deste filisteu.”
gigante. Diz a Bíblia que ele tinha “seis côvados e Disse então Saul a Davi: “Vai-te embora e o
um palmo”, ou seja, cerca de três metros de altura. Senhor seja contigo.”
Usava um capacete de bronze para proteger-se, e
uma pesada armadura envolvia-lhe o corpo e as per­ E colocou na cabeça de Davi seu próprio capa­
nas. Um servo o precedia, levando seu pesado escudo. cete. Vestiram-lhe uma pesada cota de malha e foi-
lhe entregue uma espada. Mas Davi sentiu-se muito
Portando uma gigantesca lança, como uma haste desajeitado dentro daquele estranho e pesado equi­
de tear, Golias bradou aos exércitos de Israel: “Para pamento. Tirou a armadura, devolveu a espada e to­
que saireis a ordenar a batalha? Não sou eu filisteu mando seu cajado de pastor, ajoelhou-se junto a um
e vós servos de Saul? Escolhei dentre vós um homem riacho. Entregando o coração ao Senhor numa prece,
que desça a mim. Se ele puder pelejar comigo e ele escolheu cinco seixos bem lisos e os colocou em
me ferir, seremos vossos servos; porém se eu. . . o seu alforje de pastor e, levando sua funda e seu
ferir, então sereis nossos servos e nos servireis.” cajado, Davi foi encontrar-se com o gigante Golias.

E acrescentou Golias: “Hoje desafio as compa­


nhias de Israel, dizendo: Dai-me um homem, para
que ambos pelejemos.”

Saul e seu povo ficaram aterrorizados com os


brados daquele gigante fanfarrão. Golias repetiu seu
"O Senhor
(1 Samuel 17)
desafio aos israelitas que tremiam de medo, pela
manhã e à tarde, durante quarenta dias.

A esse tempo vivia em Belém de Judá um


ancião chamado Jessé, que tinha oito filhos. Os
três mais velhos, Eliabe, Abinadabe e Sama, estavam
na peleja contra os filisteus, entre os guerreiros do
Rei Saul, mas seu filho mais novo, Davi, continuava
em casa, a guardar os rebanhos de seu pai.

Um dia, enquanto os exércitos ainda se empe­


nhavam em luta, Jessé chamou dos campos Davi, e
lhe pediu que tomasse um efa (21 litros) de grãos
de milho torrados e dez pães, para levar a seus
irmãos que estavam no campo de batalha, e ver se
eles estavam bem. Davi deveria levar também dez
queijos para o comandante de seus irmãos, “chefe
de m il”.
Nem bem Davi chegou às trincheiras e saudou
seus irmãos, Golias apareceu para apavorar os exér­
citos israelitas, com suas afrontas diárias. Os homens
de Saul fugiram aterrorizados à sua aproximação.
Davi espantou-se com sua falta de coragem e per­
guntou a alguns daqueles soldados que batiam em
retirada: “Quem é pois este. . . filisteu para afrontar
os exércitos do Deus vivo?”

Quando Davi perguntou por que todos pareciam


tão temerosos diante do gigante, a pergunta foi leva­
da ao Rei Saul que mandou procurar o jovem pastor.
E Davi disse a Saul: “Não desfaleça o coração de
ninguém por causa dele (Golias); teu servo irá e
pelejará contra este filisteu.”

18
Com o escudeiro caminhando à sua frente, Golias, atordoado pela pancada, cambaleou por
Golias preparava-se para a batalha. Mas, quando viu um momento e caiu de rosto por terra, morto. Pouco
aquele jovem pastor que vinha lutar contra ele, con­ depois, Davi cumpriu sua promessa e decapitou o
siderou-se insultado e começou a bradar: “Sou eu gigante com a própria espada de Golias. Os filisteus,
algum cão para tu vires a mim com paus?” E “amal­ ao verem seu chefe caído sem vida, fugiram todos.
diçoou a Davi pelos seus deuses” e gritou feroz­
mente: “Vem a mim e darei tua carne às aves do
céu e às bestas do campo.”

Mas Davi não temia e respondeu sem hesitar:


“Tu vens a mim com espada e com lança, e com Ilustração de Gary Kapp
escudo, porém eu venho a ti em nome do Senhor
dos exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, a quem
tens afrontado. Hoje mesmo o Senhor te entregará
na minha mão, e ferir-te-ei, e te tirarei a cabeça. . .
e toda a terra saberá que há Deus em Israel.”

Enquanto corria ao encontro de Golias, tomou


de uma pedra de seu alforje e a colocou na funda.
Então, com um forte arremesso, ele atirou a pedra
que foi cravar-se bem fundo na testa do gigante.

Me Livrará
Figuras
Escondidas
Procure encontrar uma rã, uma ^
tartaruga, uma borboleta, um ca4|.,..
racol e uma formiga; depois, pinte v r
Por Harry I
Haldeman

R holl
Em uma conferência de área dos Jovens Adultos, realizada
em Catalina Island, foi designado aos representantes da
Região de Santa Bárbara, que se reunissem na sala do tri­
bunal da Prefeitura, para uma sessão da conferência. No
seu término, o Irmão Harry J. Haldeman, líder do Sacerdó­
cio do programa dos Jovens Adultos da Região, sentado à
tribuna do juiz, falou à impetuosa juventude, em meio ao
mais absoluto silêncio, naquela sala da corte. Essa é a his­
tória que ele contou:
eu nome é Harry }. Haldeman e moro, presente­ na primeira manhã, ficou sabendo que não haveria ali essa
mente, em Santa Bárbara. A história que vou re­ oportunidade. Assim, cheio de temor e apreensão, decidiu
latar é verídica e a contarei exatamente como que não tinha outra alternativa senão dirigir.
ocorreu. No começo da década de 1950, eu era
Em seu caminho para o trabalho, ele estava procedendo
o bispo da Ala de Rosemead, da Estaca Leste de
normal e ordeiramente, quando, por alguma ligeira trans­
Los Angeles, Califórnia. Era uma ala de tamanho médio,
gressão — acho que associada à mudança de mão em alguma
de cerca de 500 membros. Havia na área missionários de
rua, ou qualquer coisa assim — um guarda o parou. É
tempo integral que estavam empenhados em distribuir fo­
claro que ficou logo constatado que ele não possuía carta
lhetos por toda a nossa rua. Chegaram, um dia, à casa de um
de habilitação para dirigir. Ele nada contou a ninguém
homem que os convidou a entrar e, em poucas palavras,
sobre as conseqüências reais da ocorrência.
eles apresentaram sua introdução e fizeram seus comentá­
rios iniciais. Por alguma estranha razão desconhecida, mes­ Aquele dia, quando cheguei em casa, de volta do traba­
mo para ele, este homem a quem chamarei de Bob, os lho, Bob me chamou, dizendo: — Bispo, sinto muito dizer-
convidou a voltar. lhe, mas tenho que lhe pedir que me desobrigue do cargo
de chefe dos escoteiros da ala, bem como de minha desig­
Bob recebeu depois as lições do Evangelho, juntamente nação como professor da ala, e terei que ficar bastante
com sua mulher e o filho pequeno. Ao término das lições, tempo sem poder freqüentar a igreja. Quero que me des­
Bob decidiu tornar-se membro da Igreja de Jesus Cristo culpe por tudo e me deixe sozinho nisso. É, na verdade,
dos Santos dos Ültimos Dias. Sua mulher, no entanto, tudo quanto tenho a dizer.
estava completamente desinteressada. Ela sentia que estava
É óbvio que essa declaração foi um choque para mim.
perdendo o amor por seu marido, pois ele era um beberrão
Mal podia crer no que ouvia, mas, sem dúvida alguma,
contumaz e inveterado. Mas ele se conservava sóbrio durante
sabia que ele falava sério. Tentei fazê-lo contar-me o que
a semana e mantinha um bom emprego. Tinha bebido tanto,
acontecera, mas ele se esquivou. Não queria mesmo discutir
por tantos anos, que havia destruído completamente toda
o caso. Insisti e, por fim, depois de algum tempo, acabou
a sua afeição, a ponto de não fazer caso do que ele dizia.
por me contar em poucas palavras que tinha sido pego por
Não acreditava que ele se filiasse à Igreja ou que, se o
uma transgressão de trânsito e, devido à sua longa história
fizesse, fosse capaz de abster-se do álcool. Assim, ela lhe
e aos antecedentes de transgressão por dirigir alcoolizado,
disse: — Se quer filiar-se a essa igreja, vá em frente, mas
ele sabia, com absoluta certeza, que seria preso, quando
eu não estou interessada. Às vezes, penso que a única
tivesse que responder ao processo na corte. E me disse:
razão que ainda me prende a você é a minha própria segu­
— Você não quer que seu chefe escoteiro seja um presidiá­
rança e a de nosso filho, nada mais.
rio, nem a Igreja quer associar-se com pessoas desse tipo;
Assim, sob essa perspectiva realmente nada promissora, assim, eu me desassocio dela e dos meus cargos, e vocês
Bob foi batizado. Devido aos compromissos assumidos em simplesmente me deixarão ir com os meus próprios proble­
sua entrevista pré-batismal, e às lições aprendidas, ele se mas, e não precisam preocupar-se comigo: acabarei por
absteve totalmente, daquele dia em diante, do uso do álcool encontrar meu caminho de volta.
e do fumo, para grande surpresa de sua mulher. Desneces­
Recusou-se a me dizer onde tinha ocorrido a transgres­
sário é dizer que ela começou a ver os frutos de sua con­
são de trânsito e quando deveria apresentar-se perante a
versão e a realidade dela em sua vida, e sua atitude foi
corte. Sua mulher pouco sabia a respeito, mas com algum
aos poucos se abrandando. Passou a ver a Igreja com outros
trabalho de investigação, bancando o detetive, descobri
olhos e acabou batizando-se, juntamente com o filho.
afinal, o lugar onde ele tinha que responder em juízo, a
Logo Bob fez grandes progressos na Igreja. Eu o cha­ gravidade da transgressão e a data da sua audiência. Ajei­
mei para ser chefe escoteiro da tropa da ala. Ele aceitou o tando daqui e dali meu horário de trabalho, consegui com­
chamado e nele funcionava, desenvolvendo um excelente parecer à audiência, naquele dia. Bob não sabia que eu
trabalho. viria e não me lembro se sua mulher sabia ou não. Con­

Por ter-se embriagado durante tantos anos, ele havia tudo, na data em que ele deveria estar presente, sua mulher
acumulado um extenso registro de condenações, por dirigir e eu chegamos à corte na mesma hora.
alcoolizado, e por outras transgressões sórdidas e corrompi­ A sala do tribunal era típica. A entrada era por trás.
das, relacionadas à bebida, até que finalmente lhe cassaram Havia umas quatro filas de cadeiras, do tipo das de teatro,
a carta de motorista e ele, impedido de dirigir, observava nas quais os espectadores e as futuras testemunhas e pes­
escrupulosamente esse regulamento, aceitando que a mulher soas interessadas poderiam sentar-se. Logo à frente dessas
dirigisse pela família. Morava tão perto da capela, que filas, havia uma grade. Por dentro dela, uma área um
podia ir a pé para a igreja. Um dia, ele deixou seu em­ tanto espaçosa, provida de várias mesas, onde os advogados
prego como expedidor de uma fábrica e passou para outra e defensores sentavam, e além dessas mesas, ficava o assento
firma, com um cargo muito melhor. Como em seu emprego do juiz. À sua direita, postavam-se os escrivães da corte;
anterior, ele esperava poder contar com a condução cole­ à sua esquerda, a cadeira onde se sentava a pessoa a ser
tiva da empresa como transporte para o trabalho, mas, logo inquirida. Do outro lado, ficava a banca do júri.

22 A L IA H O N A
Procuramos um lugar na segunda fila da frente, ao lado enfurecido, diante do processo que tinha à sua frente, e da
direito. A cadeira do juiz ficava à nossa esquerda. Posso idéia de que aquele homem tinha dirigido sob tais circuns­
calcular em 15 a 20 metros a distância do lugar onde está- tâncias, tendo sofrido pouca ou quase nula penalidade de
vamos até o assento do juiz. prisão por suas transgressões. Assim, após algumas palavras
protocolares de observação e advertência, ele baixou seu
Os primeiros réus foram chamados para depor, um
martelo, pronunciando: — “Um ano de prisão na cadeia
após outro. Eles faziam suas declarações, o juiz condenava
do condado.”
ou absolvia, e dava o grau da sentença e as multas. Final­
mente, chamou o nome de meu amigo Bob. Quando o Mandou, em seguida, que Bob se dirigisse à banca do
fez, tinha nas mãos o extenso processo que representava júri que estava vazia — não havia jurados naquele dia —
os antecedentes daquele homem, com passagens em várias então ele teve que esvaziar os bolsos no pequeno cesto des­
delegacias do Estado da Califórnia. Enquanto Robert per­ tinado a esse fim, e depois sentar-se, até ser levado no
manecia de pé, diante do juiz, este levou alguns minutos a ônibus do delegado para a cadeia do condado.
examinar e confrontar, uma por uma, as páginas do pro­ Eu tinha vindo com o propósito de testemunhar em seu
cesso. Por fim, olhou para Robert e disse simplesmente: favor, havia-me preparado e orado diligentemente ao Se­
— “O Senhor é ou não culpado, de dirigir sem carta?” nhor e, como seu servo e como bispo desse homem, pode­
ria ter a oportunidade de falar à corte, na esperança de
— “Sou culpado, Meritíssimo”, respondeu Robert. O amenizar, até certo ponto, a natureza de sua punição. Sua
juiz estava visivelmente perturbado e impaciente, quase que esposa era uma mulher de pequena estatura, nada mais que

M A R Ç O DE 1976 23
uns prováveis 1,47 m, e mal podia ser vista por alguém, aceitou o chamado para ser Escoteiro Chefe e é um bom
em sua posição, sentada. E eu ali estava, atônito, chocado, Chefe. É amado pelos rapazes de sua tropa e nós precisamos
mudo e paralisado, fechado em meus sentimentos, enquanto dele, além de que ele havia prometido que continuaria a
essa rápida condenação caía sobre ele. Robert ia-se sentando ser um homem íntegro. Achei que, talvez, antes de o ter
no banco do júri, conforme lhe fora ordenado, e eu me sentenciado, Meritíssimo, poderia gostar de saber dessas
sentia gelado, sem fala, abatido pelo remorso. Continuava coisas.”
sentado e atônito; sabia que falhara. Acho que, se ti­
Houve um momento de silêncio. Estou certo de que
vesse continuado sentado lá por mais tempo, e ponderado
não durou mais que alguns segundos; entretanto, aquele
sobre tudo, poderia imaginar se o Senhor me havia falhado;
momento me pareceu uma eternidade. O juiz voltou-se para
tinha entrado na sala com uma fé firme, fizera tudo o que
Bob, enquanto ele permanecia sentado do outro lado da
estava ao meu alcance para encontrar aquele lugar, para
sala, num banco do júri, e perguntou-lhe: — “É verdade o
arranjar tempo, orara com diligência e esperara pela oportu­
que diz este homem? Bob levantou os olhos para o juiz
nidade de dizer alguma coisa em seu favor. Mas o que
e replicou: — “Sim, Meritíssimo, é verdade.” O juiz então
fora feito, fora feito. O homem estava condenado.
perguntou: — “Algum dia quebraria sua promessa feita a
Nesse momento, o escrivão do tribunal entregou ao juiz esse homem?” — “Não, Meritíssimo. Nunca a quebraria.”
o processo seguinte, para a outra pessoa a ser chamada.
Fez-se novo silêncio por um instante, e o juiz con­
Houve um momento ou dois de pausa, para a chamada
tinuou: — “Um dos melhores homens que já conheci se
do réu seguinte. O juiz parecia estar estudando minuciosa­
chamava J. Reuben Clark Jr. Ele foi meu colega de classe,
mente seu processo. Eu nada disse. Não levantei a mão,
na faculdade de Direito. Era um grande homem e eu sempre
nem movi a cabeça ou o corpo. Meu rosto estava comple­
me impressionei com ele, quando estudávamos juntos. Acho
tamente inexpressivo. De repente, sem qualquer razão plau­
que é um dos oficiais que presidem sobre sua igreja e,
sível, o juiz ergueu a cabeça, olhou através da sala, bem
em virtude do grande respeito e admiração que ele me ins­
dentro de meus olhos e me disse em alta voz: — “Teria
pira, e do que conheço a respeito da grande influência da
alguma coisa a dizer a essa corte, senhor?”
Igreja Mórmon — e da influência evidente que exerceu
Fez-se silêncio então. Aturdido pelo inesperado da sobre este homem e em virtude ainda de sua promessa,
situação, finalmente respondi que sim. Fazer-me ele aquela suspenderei a sentença.” E com isso, tornou a bater o
pergunta, quando eu nem sequer fizera o menor sinal, co­ martelo de juiz, dizendo: — “Sentença suspensa. Está livre,
locou-me numa circunstância realmente espantosa. Eu me senhor. Pode ir.”
sentia então mais seguro agora do que antes, pela oportu­ Com isso, Robert levantou-se. O meirinho entregou-lhe
nidade que se me apresentava. Lembro-me de que levei a cesta com seus pertences pessoais. Sua mulher e eu fomos
alguns segundos para recuperar o sangue frio. Levantei-me ao seu encontro, enquanto ele se dirigia para o portão, e
devagar e, numa voz um tanto apagada e trêmula, disse: nós três abraçados, saímos do tribunal com lágrimas des­
— “Sim, Meritíssimo, eu vim falar a este tribunal em favor cendo pelas faces.
do homem que acaba de ser sentenciado.”
Esse foi, sem dúvida, um dos mais belos exemplos
Ao ouvir-me, ele olhou para meu amigo Bob e, quan­ que eu já experimentei, sobre a verdade de que, se um
do mencionei seu nome, percebi que o escrivão devolveu homem caminhar tão longe quanto puder, fizer tudo quanto
lentamente ao juiz o mesmo processo que ele já tivera em estiver ao seu alcance, cumprir suas responsabilidades tanto
mãos. quanto for capaz, orar sempre ao longo do caminho, e
— “Bem, disse o juiz, que gostaria de dizer o senhor?” depositar sua fé no Senhor, na hora e no momento da
necessidade, nosso Pai Celestial se apresentará e ajudará a
Eu engoli em seco, uma porção de vezes. Notei que Bob
lutar suas batalhas. O grande nome, a influência pessoal
me olhava. Até esse momento, ele se sentara de cabeça
e a excelente reputação do Presidente J. Reuben Clark Jr.,
baixa. Consegui dizer: — “Meritíssimo, eu sou bispo n'A
tudo isso aliado à fidelidade de um membro que cumpriu
Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Ültimos Dias. O ho­
tudo quanto prometera cumprir nas águas do batismo, e
mem que acaba de ser condenado e sentenciado à prisão
um bispo que, embora completamente inadequado, tinha
na cadeia do condado, é um dos membros da ala dessa
feito tudo quanto podia — tudo isso junto para mudar o
Igreja sobre a qual presido; ele é Escoteiro Chefe dos
curso da história na vida de um homem.
rapazes de minha ala e eu vim aqui para falar em sua
defesa e dizer o que sei sobre ele. Ele já foi, por muito Essa história é verdadeira. Espero que possa ser de
tempo, um alcoólatra, e já transgrediu a lei em vários algum valor para alguém. Presto meu testemunho de que o
aspectos. Mas há um ano e meio que esse homem se tornou Evangelho de Jesus Cristo é verdadeiro e que nosso Pai
membro d ’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Ültimos Celestial está bem perto. Tenho essa certeza e sou abençoado
Dias e, desde aí, tem sido um membro fiel. Desde o dia todos os dias de minha vida com ela, devido à grande
de seu batismo, ele nunca mais tocou numa gota de álcool, generosidade do Senhor para comigo. Este relato e este tes­
fumou um cigarro ou tomou uma xícara de café, porque temunho eu ofereço para o bem de quem eles possam
prometeu abster-se dessas coisas, se pudesse batizar-se. Ele beneficiar.

24 A L IA H O N A
bém agir em harmonia com ela. A fé é o resultado

Aquele da crença mais ação, e sem ela, é impossível agradar


a Deus, “que aquele que se aproxima de Deus creia
que ele existe e que é o galardoador dos que o bus­
cam.” (Hebreus 11:6).
Processo Isso requer alguém para pregar o Evangelho, por­
que “a fé é pelo ouvir” a palavra de Deus. (Roma­
nos 10:17). Antes que alguém possa crer, necessita

Chamado receber informações, para que tenha condição de crer


ou duvidar dessas informações. Se elas forem verda­
deiras, e a pessoa espera que o sejam, crê que o são,
e então age em obediência a elas, estará exercendo
Conversão a fé, e saberá que são realmente verdadeiras, tornan-
do-se, assim, convertida. Por outro lado, se ela duvida
das informações, ainda que sejam verdadeiras, nunca
encontrará a verdade, jamais receberá um testemunho
e de modo algum será convertida — pelo menos
enquanto duvidar.
Fé não é um conhecimento perfeito, pois, certa­
mente, se alguém tivesse um conhecimento perfeito
das coisas, não necessitaria de fé. Se você sabe uma
coisa, não necessita de crer nela. (Ver Alma 32:18).
Élder Hartman Rector Jr., A fé então leva a pessoa a agir como quem sabe
do Primeiro Conselho dos Setenta que uma coisa é verdadeira, ainda que o não saiba.
Assim, ela é força para o investigador. O conheci­
testemunho dos Santos é a força da Igreja,

«
mento vem da ação. Conhecimento de um princípio
ou, melhor dizendo, os convertidos são a força do Evangelho é testemunho e ação, ou seja, viver de
da Igreja. O Presidente Spencer W. Kimball acordo com o testemunho, é evidência de conversão.
parece que quis dizer a mesma coisa, quando É bem verdade que é possível ter um testemu­
afirmou que os conversos são a seiva que dá nho e ser convertido a um princípio do Evangelho,
vida à Igreja e, “se não houvesse conversos, a Igreja e não ter um testemunho e ser convertido a todo o
acabaria por definhar e morrer no pé.” (Ensign, programa do Evangelho. Pedro, no início, tinha um
outubro de 1974, p. 4.) testemunho de que Jesus era o Cristo, mas não de
Isso indica, com certeza, a necessidade de con­ dizer a verdade, como podemos ver de seu procedi­
versão. O trabalho missionário foi a primeira respon­ mento na noite em que Jesus foi traído. Pode-se ser
sabilidade dada à Igreja pelo Senhor, nesta dispen- convertido à lei do dízimo e pagá-lo, mas recusar-se
sação, tendo sido também o último mandamento do a pagar as ofertas de jejum. Alguns têm-se convertido
Mestre no meridiano dos tempos. Ao partir, ele disse: a seguir profetas mortos, mas rejeitam os profetas
“ Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda vivos. Outros são convertidos a seguir os profetas
a criatura.” (Marcos 16:15.) vivos, entretanto não querem seguir seu bispo — que
Não há ninguém na Igreja hoje, que não se tenha serve a chamado do profeta. Acho que pessoas assim
tornado membro através do trabalho missionário, provavelmente se recusariam a apoiar Judas como
direta ou indiretamente. Só um homem (o profeta membro dos Doze, ainda que Jesus lhes pedisse que
Joseph Smith) recebeu a mensagem nesta dispensa- o fizessem.
ção, sem a ajuda de um missionário, e eu duvido de O verdadeiro sinal de conversão é o desejo de
que Morôni ficasse satisfeito com essa afirmação. orar e jejuar, por um testemunho do conselho dado
Acho que Morôni se considerava um excelente mis­ pelo servo ungido do Senhor, ainda mesmo que você
sionário e, de fato, o era. Mas cada um, de alguma não concorde com ele. A verdadeira conversão reflete
forma, tem recebido a mensagem da restauração o quinto princípio do Evangelho, o qual é perseve­
através dos missionários, seja direta ou indiretamente. rança. De fato, é a vontade do Pai, conforme consta
Espera-se que os missionários procurem aqueles do Livro de Mórmon. Néfi exorta: “E disse o Pai:
que ouvirão a mensagem e ensinem o Evangelho, com Arrependei-vos, arrependei-vos, e sede batizados, em
clareza e simplicidade, conforme está nas obras-pa- nome do meu Filho bem amado.” (2 Néfi 31:11).
drão da Igreja. Eles também “testificarão da veraci­ Mais adiante, ele declara: “E eu ouvi a voz do Pai,
dade do trabalho, e das doutrinas reveladas outra dizendo: Sim, as palavras do meu Amado (Filho)
vez em nossos dias.” (Joseph Fielding Smith, são verdadeiras e fiéis. “Quem perseverar até o fim,
ENSIGN, julho de 1972, p. 28). será salvo.” (2 Néfi 31:15).
O ensino pelo espírito é o veículo da conversão. Néfi então registra uma declaração mais signi­
Antes que um testemunho possa brotar no íntimo, ficativa: “E agora, meus queridos irmãos, sei
e a conversão tenha lugar na alma do indivíduo, ele por isso que, a menos que o homem persevere até
tem que conhecer a verdade de seu relacionamento o fim, seguindo o exemplo do Filho do Deus vivente,
com Deus. Precisa não só crer na verdade, mas tam­ não poderá ser salvo.” (2 Néfi 31:16). A caracterís-

M A R Ç O DE 1976 25
tica marcante do exemplo de Jesus era a obediência. só por palavras. Não podemos ficar à margem, apenas
“A minha doutrina não é minha, mas daquele que observando os esforços alheios, às voltas com suas
me enviou.” (João 7:16). “O Filho por si mesmo aflições físicas, mentais ou espirituais, sem deles par­
não pode fazer coisa alguma, se o não vir fazer ao ticipar, sem nada fazer para ajudá-los, mas apenas
Pai.” (João 5:19). E ainda, o Filho não veio para aborrecendo-os com nossos insistentes conselhos ou
fazer a sua própria vontade, mas a “daquele que palpites.
me enviou.” (João 4:34). Tiago torna isso bem claro:
Néfi continua: “E, se o irmão ou a irmã estiverem nus, e tive­
“Portanto, fazei as coisas que eu vos disse ter rem falta de mantimento quotidiano.
visto serem feitas por vosso Senhor e Redentor; por­ E algum de vós lhe disser: “Ide em paz, aquen-
que, por essa razão, me foram mostradas, para que tai-vos e fartai-vos; e lhe não derdes as coisas neces­
possais conhecer o portão pelo qual deveis entrar. sárias para o corpo, que proveito virá daí? (Tiago,
Porque o portão pelo qual deveis entrar é o arrepen­ 2:15-16).
dimento e o batismo, pela água; e virá então a remis­ É tão grande a alegria nascida no coração da­
são de vossos pecados pelo fogo e pelo Espírito quele que foi trazido das trevas da incerteza e des­
Santo. crença— por não saber quem é, ou de onde veio, ou
E aí estareis no caminho reto e estreito que con­ por que está aqui, ou para onde vai — à maravilhosa
duz à vida eterna; sim, haveis entrado pelo portão e luz de Cristo, que ele se sente impelido a partilhar
seguido os mandamentos do Pai e do Filho; haveis aquilo que encontrou entre outros. Sente necessidade
recebido o Espírito Santo, que dá testemunho do Pai de falar a todo mundo, da espantosa mudança que
e do Filho, para o cumprimento da promessa que Jesus e seu amor trouxeram a sua vida. Alma expli­
vos fez, de que, se entrásseis pelo caminho, o rece- cou bem isso, perguntando: “Haveis nascido espiri­
beríeis. tualmente de Deus? Haveis recebido sua imagem em
E agora, meus queridos irmãos, depois de haver- vossos semblantes? Haveis experimentado essa pode­
des entrado neste caminho reto e apertado, eu vos rosa mudança em vossos corações?” Tudo isso faz de
pergunto: Estará tudo feito? Eis que vos digo: Não, nós uma nova criatura em Cristo. (Alma 5:14).
porque não haveríeis chegado até esse ponto, se não Cresce assim um novo e inteiramente pessoal
fosse pela palavra de Cristo, com fé inabalável nele, relacionamento entre o converso e Jesus Cristo. Você
e confiando plenamente nos méritos daquele que tem passa a considerá-lo seu amigo e a ter uma grande
o poder de salvar. apreciação pelo que ele fez por você. Torna-se conhe­
Deveis, pois, prosseguir para a frente com firmeza, cedor também de que, não só suas ações, mas até
em Cristo, tendo uma esperança resplandecente e amor mesmo os seus mais íntimos pensamentos estão abertos
a Deus e a todos os homens. Portanto, se assim pros- para ele. Nada lhe é oculto. Portanto, a honradez, a
seguirdes, banqueteando-vos com a palavra de Cristo e lealdade e confiança se tornam a característica cons­
perseverando até o fim, eis que diz o Pai: Tereis vida tante de tudo o que você faz, seja público ou particular.
eterna. O verdadeiro converso torna-se a suprema criação de
E agora, meus queridos irmãos, este é o caminho Deus — um homem honesto.
e não há nenhum outro caminho ou nome, dado de­ Contrariamente, aqueles que professam ser segui­
baixo do céu, pelo qual o homem possa ser salvo dores de Cristo ou membros de sua Igreja, mas não
no reino de Deus. E agora, eis que esta é a doutrina amam a misericórdia nem se comportam de maneira
de Cristo, a única e verdadeira doutrina do Pai e do justa para com Deus, os homens e as criaturas; que
Filho e do Espírito Santo (2 Néfi 31:17-21).
Com base na declaração de Néfi, é óbvio que a
conversão é um processo contínuo. Certamente, todos
os que estão a caminho da conversão, necessitam da
ajuda daqueles que já trilharam esse caminho antes,
o que significa que os membros novos que adentraram
o portão, certamente precisam da ajuda daqueles que O batismo não é'somente
o portão de entrada para a
os precederam e têm maior experiência no viver em Igreja; é também o
obediência aos mandamentos. símbolo de nossa intenção
Esse fato nos traz à outra grande evidência da de nos transformar ou
conversão: não é possível a alguém ser convertido a nos converter em uma
pessoa melhor.
Cristo e a seu exemplo, e odiar seu irmão, sua famí­
lia, seu vizinho, ou o estranho que está próximo ou Tendo sido comissionado por
distante. Aquele que se mostra realmente convertido, Jesus Cristo, eu te batizo
ama até seus inimigos. em nome do Pai, e do
Filho, e do Espírito Santo.
Em outras palavras, à vista do Senhor, nada
significa amarmos aqueles que nos amam, a menos Porque o portão pelo
que possamos também amar aqueles que, não só não qual deveis entrar
nos amam, mas que não gostam de nós. É esse o é o arrependimento e o batismo
pela água; e virá então a
tipo de conduta que realmente caracteriza a conversão
remissão de vossos pecados pelo
e que não pode ser demonstrada pela passividade ou fogo e pelo Espírito Santo.

26 A L IA H O N A
não andam em santidade diante de Deus, nem com já passaram pela conversão em sua vida, pessoas que
prudência e respeito perante seus semelhantes — ainda têm saído do mundo para entrar no reino de Deus —
precisam ser convertidos. (Ver Miquéias 6:8). Não quatro experiências básicas parecem destacar-se: Uma
importa se você nasceu na Igreja ou se se filiou a ela delas, ou uma combinação das quatro, corre como
há seis meses; se você se enquadra nessa descrição, um fio através do tecido do testemunho de um con­
saiba que ainda não está convertido, é apenas um verso:
converso em perspectiva.
Continuar a ser ativo, aceitar cargos na
Nas palavras de Alma: Igreja, realizar-se e crescer dentro dela, são parte do
“E agora, meus irmãos, se haveis experimentado que eu chamo de o quinto princípio do
uma mudança em vossos corações, se haveis sentido o Evangelho — perseverar até o fim.
desejo de cantar o cântico do amor que redime, eis
“São muitos os conversos que ficam
que quisera perguntar-vos: Podeis agora sentir isso? tremendamente impressionados com os jovens, rapazes
Tendes andado conservando-vos inocentes diante ou moças, que os procuram em nome do Senhor.
de Deus? Poderíeis dizer dentro de vós mesmos, se Espantam-se com sua sabedoria e a autoridade com que
fósseis chamados pela morte neste momento, que vos eles falam. Não é incomum ouvir novos conversos
dizerem " . . . Sua aparência nada tinha de extraordinário,
haveis humilhado suficientemente? Que vossas vesti­ sua dicção e gramática deixavam bem a desejar. . .
mentas foram limpas e embranquecidas pelo sangue mas eu soube que eles estavam dizendo a verdade.”
de Cristo, o qual virá para redimir seu povo de seu Os conversos se impressionam profundamente
pecado? com:
Eis que estais despidos de orgulho?. . . 1. O Livro de Mórmon. Muitos o consideram
Eis que há alguém entre vós não despido de como a chave de sua conversão, dizendo várias vezes:
inveja?. . . Li o Livro de Mórmon e sei que ele é verdadeiro.
Há alguém entre vós que zombe de seu irmão, ou Quando você chega a saber que o Livro de Mórmon
que acumule perseguições sobre ele? é verdadeiro, também está convencido de que Jesus
Ai dele, pois que não está preparado; e chegou é o Cristo, o Deus Eterno que se manifesta a todas
o tempo em que deve arrepender-se, do contrário não as nações, de que as santas escrituras (a Bíblia) são
será salvo”. (Alma 5:26-31). verdadeiras e de que Deus inspira, nesta época e gera­
A conversão põe fim a uma tal conduta, e esse ção, tanto quanto em gerações de tempos antigos”
é o fundamento da sociedade de Deus. Ela não só (D&C 20:11).
revela a consciência e a aceitação desses princípios 2. Oração. Muitos conversos confessam que
crescentes, mas também abrange o princípio da per­ nunca tinham orado antes de lhes ser apresentado o
severança. A fé que leva ao arrependimento e à exata Evangelho restaurado, mesmo- tendo sido membros de
perseverança em retidão é o poder salvador do Evan­ outra igreja, durante toda a sua vida. Quando, final­
gelho. A conversão implica em mudança — uma mu­ mente, caem de joelhos perante o Senhor, em humilde
dança do homem natural que é egoísta, impaciente, e sincera oração, eles sabem que o Evangelho é ver­
intemperante, desobediente e rebelde, em um “santo.. . dadeiro, e então se tornam capazes de pedir ao Senhor
como criança (que é ) , submisso, manso, humilde, pa­ a força para transformar suas vidas.
ciente, cheio de amor, e disposto a se submeter a 3. Os missionários. São muitos os conversos
tudo quanto o Senhor achar que lhe deve infligir assim que ficam tremendamente impressionados com os
como uma criança se submete a seu pai”. (Mosíah jovens, rapazes ou moças, que os procuram em nome
3:19). do Senhor. Espantam-se com sua sabedoria e auto­
Mas você poderia perguntar: “Como posso eu ridade com que falam. Não é incomum ouvir novos
iniciar esta mudança, se perceber que não estou con­ conversos dizerem dos missionários: “Sua aparência
vertido ainda? Por onde devo começar?” Bem, você nada tinha de extraordinário, sua dicção e gramática
pode começar pela atitude. deixavam bem a desejar, eles não eram dotados de
O apóstolo Paulo demonstrou precisamente a grandes conhecimentos do mundo, mas havia neles
atitude correta do verdadeiro convertido, e o processo apenas alguma coisa que me convenceu de que o que
da conversão é, em grande parte, uma questão de eles estavam dizendo era a verdade. De fato, eu soube
atitude. É um fato que qualquer homem pode transfor­ que eles estavam dizendo a verdade. (No More
mar sua vida mudando sua atitude, em qualquer Strangers, Bookcraft, 1971, 1:V I I I ) .
ocasião que o queira, o que está de acordo com a 4. Os membros da Igreja
afirmativa de que “Como (o homem) imaginou na Um contato ou convívio com os Santos dós
sua alma, assim é”. (Provérbios 23:7). Quando Paulo, Últimos Dias, em que se possa sentir seu amor e inte­
no caminho de Damasco, viu a luz e ouviu a voz do resse, é, muitas vezes, uma experiência inédita e inspi-
Senhor, sua pergunta foi: “Senhor, que queres que radora. Os membros que conseguiram vencer uma
faça? (Atos 9:6). Enquanto não chegarmos ao ponto série de dificuldades com as quais estamos às voltas,
de precisar conhecer somente a vontade do Senhor, a transmitem-nos força.
fim de começar a cumpri-la, não estaremos realmente Talvez possamos aproveitar um relato verídico
convertidos. de uma conversão, para verificar como funcionam em
Tendo considerado de alguma forma o significado nós esses princípios a fim de produzir esse milagre
da convrsão, talvez devamos pensar em como ocorre da conversão. Há alguns anos, numa época em que eu
ela na alma humana. Falando com várias pessoas que era praticamente um novo converso à Igreja, morava

M A R Ç O DE 1976 27
em Arlington, Virgínia, rodeado de famílias de não
membros. Dentro de uma semana, mudaram-se para
a minha vizinhança duas novas famílias. Uma delas
veio morar bem atrás de casa, e a outra em frente,
do outro lado da rua. Nessa época, eu trabalhava para
o governo, no Departamento de Agricultura, e minhas
funções exigiam que vivesse viajando, tanto que pas­
sava metade de meu tempo fora de casa.
Voltava eu de uma dessas viagens, numa sexta-
feira à noite, quando percebi que tinha um novo
vizinho nos fundos de meu quintal, e que ele tinha
aberto um buraco na grade, instalando ali um portão.
Achei isso muito atencioso da parte dele, que nada E eu então: — Lembra-se do que lhe disse? Que
me cobrara pelo serviço. De fato eu nunca o tinha todos eles morreriam? Você não podia esperar que
encontrado, assim, procurei-o para conhecê-lo e lhe aquelas mudas vivessem, sendo plantadas no “Sábado”.
dizer quanto apreciara o portão na cerca. Achava que, Mac pensou naquilo por um instante e disse: —
se a gente considerar cada pessoa que encontra como você trabalha para o Departamento de Agricultura,
um membro da Igreja em potencial, essa atitude vai não?
modelar nossa resposta a certos estímulos que rece­ Acabou por achar que seus pés de morango
bemos de vez em quando. tinham sido amaldiçoados — ele já tinha sido bem
Não temos o direito de ofender a ninguém. Cada sucedido, anteriormente, plantando no “Sábado”; por
vez que você ofende, sai perdendo. O Senhor usa a que desta vez falhara? Ao pensar nisso, senti-me incli­
expressão “com mansidão e brandura” (D&C 38:41), nado a dizer-lhe que seus pés de morango não vive­
para expressar o meio de falar com as pessoas sobre riam. Estou convencido de que o Senhor tomou conta
a Igreja. daquelas plantas. Descobri que o Senhor gosta de ficar
O nome de meu vizinho era McKoy. Era da por trás de seus servos, e faz isso em cada oportu­
Carolina do Norte, e estou bem certo de que possuía nidade.
muitas e grandes qualidades que fariam dele um Algum tempo depois, Mac me contou que havia
excelente Santo dos Últimos Dias. Para enumerar expulsado de sua casa dois anciãos de sua igreja.
algumas, ele era vendedor e um bom vendedor. Real­ Perguntei-lhe por que e ele disse: — Vieram para
mente, sabia como fechar um negócio. Tenho per­ recolher meu compromisso de contribuição. Quis
cebido, por experiência própria, que um bom vendedor saber que compromisso era aquele, e ele contou que
nunca oferece resistência, ou se a oferece, é quase costumava prometer certa quantia para sua igreja,
nula a quem quer que seja. Se você tem um bom todo ano. Este ano ele não sentiu que poderia contri­
produto para vender ou promover, um bom vendedor buir com a quantia prometida, e por isso os anciãos
é o primeiro comprador em perspectiva. de sua igreja tinham vindo animá-lo. Mac ficara ofen­
Assim, esse novo vizinho era fácil de abordar, dido e lhes pedira que deixassem sua casa.
um indivíduo gregário. Isso é sempre um bom sinal; Talvez o momento não fosse muito oportuno para
sinceridade e franqueza significam honestidade bási­ falar com McKoy sobre o dízimo, mas, por alguma
ca, necessária a quem vai receber no coração um tes­ razão, eu me senti impelido a continuar o assunto.
temunho. Além disso, ele era o chefe de sua família; Disse então: “— Mac, sabe que dez por cento do
indiscutível e obviamente, presidia sobre sua família. que você ganha não lhe pertencem?” Mac não enten­
Lembro-me de haver observado para minha mulher, deu, e assim, eu continuei: “— Dez por cento de seus
após aquela primeira visita que fiz ao meu novo vizi­ ganhos pertencem ao Senhor.”
nho, que ele era um bom homem e que se filiaria Mac disse: “— Fale-me sobre o dízimo, por
à Igreja. favor”. Eu não sabia então, mas Mac me contou
Acabei por me tornar completamente envolvido muito mais tarde, que tinha estado orando ao Senhor
com a família McKoy. Cada vez que eu o via fazendo para entender o dízimo, imaginando como lhe seria
alguma coisa contrária aos princípios do Evangelho, possível pagar o dízimo, quando ele já gastava dez
eu lhe falava sobre isso. Por exemplo, uma manhã de por cento mais do que ganhava?
domingo, eu saía para a reunião do Sacerdócio, e vi Aproveitei a ocasião para dizer a Mac tudo quan­
meu vizinho plantando morangos em seu quintal. to sabia sobre o dízimo. Entre outras coisas, eu
Inclinei-me sobre a cerca do quintal e lhe disse: — lhe contei a história do Presidente Heber J. Grant,
Todos esses pés de morango morrerão, Mac. Surpreso, sobre a professora da Escola Dominical que tomou
ele quis saber por quê. — Porque você os está plan­ dez grandes maçãs vermelhas, em sua pequena classe
tando no “Sábado”, e não pode esperar que eles vivam, da Escola Dominical Júnior, e perguntou a muitos
sendo plantados no “Sábado”. Mac riu francamente, de seus alunos se eles lhe devolveriam uma daquelas
diante de uma idéia tão ridícula, mas todos eles mor­ maçãs, se viessem a ganhar as dez. Cada membro da
reram, cada um deles! classe respondeu afirmativamente, com entusiasmo. A
Algum tempo depois, tive ocasião de perguntar professora então comparou essa analogia com o paga­
a Mac sobre seus morangos, e ele respondeu: — Não mento do dízimo, em que o Senhor dá a cada um
posso entender; morreram todos. de nós tudo o que temos, mas só nos pede um décimo

28 A L IA H O N A
de volta para ele. O Presidente Grant acrescentou: — batizados, já fez 15 anos, ele, pessoalmente, já batizou
O que quase todos nós fazemos é cortar a décima maçã 112 pessoas na Igreja. Sua verdadeira profissão é de
pela metade, roubar a metade do Senhor e pedir-lhe corretor, e quando apanha uma boa família, em sua
que morda a outra. Acabei por dizer a Mac: — Pa­ busca de compradores para um casa, empenha-se em
rece-me que você se enquadra nesse exemplo. Está colocá-la em sua ala. Ele é rigorosamente honesto
oferecCfído ao Senhor uma pequena mordida. com seus clientes, no que diz respeito à casa que
Mac pensou sobre isso e finalmente disse: — Sim, pretendem comprar, o que é sempre apreciado por
posso entender bem. Creio que é verdade o que eles. Quando chega a ocasião da mudança, Mac con­
você diz. segue assistência dos quoruns do Sacerdócio da ala,
Bem, quando Mac falou que acreditava no paga­ através do bispo. Assim, alimentos são levados aos
mento do dízimo, percebi que estava pronto para ouvir lares pelos vizinhos Santos dos Últimos Dias. É con­
a mensagem da restauração e disse: “— Mac, estou seguida ajuda na localização de escolas, locais de
esperando em casa dois jovens da Igreja, esta quinta- compras, horários de ônibus, ligação de luz e água, e
feira à noite. Ambos vieram de Salt Lake City, Utah, distribuição de jornais. Tudo isso é dispensado atra­
para falar com você sobre a Igreja. Até aqui temos vés dos membros do quorum local de setentas, por
solicitação de Mac. Quando chega a vez de uma famí­
apenas passado por alto o assunto do Evangelho, em
lia nova começar a freqüentar a Igreja, é uma coisa
nossa conversação, durante esses seis meses passados,
mas eles lhe contarão a história toda. Por que você perfeitamente normal para Mac, levá-la onde possam
também encontrar seus novos amigos da vizinhança.
não traz Betty e seus quatro filhos à nossa casa?
Além disso, ao terminar as lições, teremos uns co- Em pouco tempo, uma nova família já experimentou
mes-e-bebes”. Eu sabia que ele não resistiria a doces. o milagre da conversão e é batizada.
O mais interessante é ver as transformações reais
Bem, Mac veio. Ignoro se veio ou não pelos do­ que tiveram lugar na família McKoy em geral, e em
ces, mas veio, e trouxe sua família também. Os mis­
Mac particularmente. Primeiro a família McKoy é
sionários se empenharam muito para apresentar aquela
agora uma unidade familiar eterna, tendo sido selada
primeira lição de proselitismo. Certamente o Senhor
para o tempo e a eternidade na casa do Senhor, pela
fala através de homens de 19 anos de idade, e fala
mesma autoridade que Jesus deu a Pedro. Eles não
com muita eloqüência. Mac e sua família ficaram tre­
só estão ligados na terra, mas também nos céus. Mac
mendamente impressionados com esses missionários.
ainda preside sobre sua família, mas agora com per­
Minha mulher também convidou o novo vizinho que
suasão, brandura, amabilidade e amor verdadeiro.
se mudara para a casa em frente, e assim tivemos
Segundo, aquelas duas filhas se casaram no tem­
ambas as famílias juntas em nossa “sala”, para as
plo, com ex-missionários. Terceiro, o filho mais
palestras missionárias de proselitismo.
velho, Bob, está servindo no campo missionário, como
As reuniões foram-se sucedendo, cada quinta à
embaixador do Senhor Jesus Cristo, um missionário
noite, durante seis semanas. Após a terceira reunião,
de tempo integral. Quarto, o outro filho, Steve, está
ambas as famílias investigadoras aceitaram batis­
de partida para a missão. Quinto, chegou à sua casa
mo. Tive o privilégio de batizar Mac, sua esposa Betty,
mais uma filha, Tina, um prêmio para Mac, como
e suas duas filhas. Segundo me lembro, confirmamos
membro da Igreja, porque ele aprendeu o propósito
Mac como membro da Igreja e depois o ordenamos
e o desígnio de sua criação. Sexto, Mac é sumo sacer­
mestre. Recordo-me de haver dito a Mac que, se ele
dote e é servidor do templo, no Templo de
realmente se empenhasse, seria capaz de batizar seu
Washington. Sétimo, Mac vem ensinando, todas as
filho Bob, que teria idade para o batismo dentro de
manhãs, no Seminário, nesses oito anos, onde tem
nove meses. Isso o estimulou. Ele queria ser o líder
atingido a vida de centenas de membros jovens da
espiritual de sua família. Na verdade, nunca encon­
Igreja, na área do norte da Virgínia. Oitavo, tenho
trei, nem soube de um homem que não quisesse ser
ouvido Mac prestar seu testemunbo na reunião de tes­
o líder de sua família. É um direito dado por Deus.
temunhos, de que ele hoje dá para a Igreja, em um
Assim, Mac se preparou e de fato, nove meses mês, mais do que havia prometido dar por ano à sua
depois, batizava seu filho. Pouco tempo depois de antiga igreja, e que uma vez havia pedido aos anciãos
haver batizado Bob foi ordenado élder e chamado dessa outra igreja, que saíssem de sua casa, quando
para uma missão de estaca. Em seu primeiro ano eles vieram para recolher sua promessa.
nesse trabalho, ele batizou 28 pessoas. Tinha amigos É espantoso o que um homem pode fazer, se
por toda a cidade. Convidaria seus amigos para acom­ souber o que o Senhor quer que ele faça. Não im­
panhá-lo a um serviço batismal. Ele queria que sen­ porta quem seja. Se você puder manifestar a quase
tissem o espírito especial de tal ocasião. Eu o ouvi todos os homens o que o Senhor quer que eles façam
apresentar seus amigos como “investigadores”. Eles e eles souberem disso, o farão logo. Creio que isso
nem sabiam o que era um investigador, mas o fato é é verdade, principalmente porque todos os homens
que receberam atenção especial de todos os que par­ são filhos do mesmo Pai Celestial e todos nós reagi­
ticiparam do serviço batismal. Aqueles que compa­ mos da mesma forma, ao mesmo estímulo. Mac não
recem à Igreja pela primeira vez, precisam, de fato, é o mesmo homem que era antes. Ele converteu-se,
sentir amor e interesse especiais, da parte dos o que é a qualificação fundamental para a cidadania
membros. no reino de Deus, e aliada à perseverança, é a garan­
Mac tem continuado a trazer seus amigos e co­ tia da vida eterna. Que assim venha a acontecer
nhecidos à Igreja. Desde que ele e sua família foram com todos nós.
M A R Ç O DE 1976 29
mexicana. Dessa vez, na Cidade dente de estaca. Durante as trinta
0 Crescimento do México, entre os lamanitas em e três longas horas, desde as 10
1961. Desde aí, vinte e quatro es­ horas de sábado, dia 8, até 19
tacas foram criadas em quatorze horas de domingo, dia 9, Élder
no México anos, perfazendo um total de virite Howard W. Hunter, ajudado por
e seis estacas (e sete missões) no Élder J. Thomas Fyans e quatro
país, atualmente. Representantes Regionais dos Do­
Explode em As cinco estacas da Cidade do
ze, despenderam dezoito horas pre­
sidindo seis conferências de esta­
México estavam desenvolvendo en­ ca; e despenderam nove horas
16 Estacas tre elas uma forte liderança de viajando de um centro de estaca
seus membros durante os últimos para outro. Sobraram seis horas
Por Jorge Rojas quatorze anos. O campo havia sido para descanso e refeições.
preparado, a semente plantada, e a
Presidente da Estaca de Camarones Igreja naquele país estava pronta Adicionalmente, Élder Hunter e
da Cidade do México, México para a nova organização. A reve­ Élder Fyans e seus irmãos assis­
lação dos acontecimentos começou tentes designaram quarenta e cin­
realmente com a chegada de Élder co membros de presidências de es­
oventa e quatro anos atrás, J. Thomas Fyans, que era há ape­ taca, ordenaram e designaram 288
o Élder Moses Thatcher, do nas dois meses uma Autoridade membros de bispados para as no­
Conselho dos Doze, dedicou Geral designado para viver no Mé­ venta e seis alas, e trinta e seis
o México para a pregação xico. Desde que pisou em solo me­ membros das doze presidências de
do Evangelho. Desde aí, xicano, ele demonstrou um amor e ramo, assim como os membros dos
muitos acontecimentos importan­ sensibilidade especiais pelos santos sumos-conselhos em cada estaca.
tes sucederam entre os santos no México. Discerniu a necessida­
do México. Por exemplo, em 1972, de de se diminuir o tamanho das
o Presidente Harold B. Lee presi­ estacas, de melhor formá-las, de
diu uma conferência de área, e em reduzir a quantidade de viagens
1974, o Presidente Spencer W. dos membros e também prover
Kimball dirigiu-se a uma conferên­
cia missionária de 16.000 pessoas,
melhores condições para o rápido Anunciado
crescimento que estava sucedendo
isto para citar apenas os mais re­ no México. Os membros de esta­
centes. cas menores podem ser melhor Novo Templo
treinados, a liderança pode ser
Mas, nos dias 8 e 9 de novem­
mais eficiente e os 1000 membros
bro de 1975, ocorreu um aconte­
cimento extraordinário que será
por mês que se espera batizar po­ para Area de
dem ser melhor integrados.
lembrado durante muito tempo pe­
los corações dos santos da Cidade
do México. Cinco estacas da Cida­
O projeto foi proposto pelo Seattle
Élder Fyans aos cinco presidentes
de do México transformaram-se em de estaca. Eles o aceitaram pron­
quinze estacas, tudo em um fim de tamente. Foi proposto à Primeira
semana. Antes da formação destas Presidência e aprovado. m novo templo, o terceiro a

I
quinze estacas, nunca houvera tal
ser anunciado no período
organização em massa de estacas Tudo estava pronto por ocasião de um ano, será construído
na Igreja. Naquela ocasião, foram da chegada de Élder Howard W . em Seattle, anunciou a Pri­
criadas treze novas estacas, sendo Hunter, na noite do dia 6. Mais meira Presidência em Seat­
duas reorganizadas. E, na quinta- de duzentos portadores do Sacer­ tle, Washington, E.U.A., em 15 de
feira seguinte, dia 13 de novembro, dócio haviam sido convidados para novembro de 1975.
foi organizada a décima sexta es­ entrevistas desde as 9 até às 21
taca, a Estaca de Posa Reca, Mé­ horas, na sexta-feira, dia 7. Aquele O anúncio foi após uma reunião
xico, saída da Missão México-Vera dia foi realmente uma experiência no Centro da Estaca de Seattle
Cruz. compensadora. Élder Hunter havia Norte, com os presidentes de esta­
encontrado os quinze homens que ca e outros oficiais representando
A organização de estacas no Mé­ o Senhor desejara para presidir aproximadamente 17.000 membros
xico iniciou-se em 1895, quando a as estacas. da Igreja que vivem nos estados
Estaca Juarez foi criada entre um
de Washington, Oregon, Alaska,
grupo de pioneiros mórmons ame­ Nos dois dias seguintes, os san­ norte de Idaho e Colúmbia Britâ­
ricanos que se haviam estabelecido tos se reuniram em um dos seis nica.
nove anos antes na parte noroeste locais para participar de uma expe­
do Estado de Chihuahua, México. riência extremamente espiritual, a O Presidente Kimball disse que
Levou sessenta e seis anos até que de ouvir de um apóstolo do Senhor o local do templo seria anunciado
fosse organizada a segunda estaca o anúncio do nome de seu presi­ mais tarde.

30 A L IA H O N A
Não se espera iniciar a constru­ Um relatório recente feito pelo 26,6 por cento de batismos no ano
ção até a última parte de 1976, Comitê Executivo Missionário de­ passado.
sendo o término esperado para o monstrou com que rapidez está
crescendo o trabalho missionário De acordo com o Relatório
prazo de aproximadamente dois
no mundo, em resposta ao desafio de Progresso Missionário, houve
anos.
do Presidente Kimball. 74.970 batismos no ano que foi
Será solicitado aos membros de setembro de 1973 a setembro
que moram no distrito do templo Em seus discursos das conferên­ de 1974, comparados com o núme­
que contribuam com uma parte cias e outros, tanto no continente ro de 94.886 no período entre se­
do custo da construção. americano como além-mar, o Pre­ tembro dos anos de 1974-75.
sidente Kimball tem dado ênfase
O Templo de Seattle será o 19.°
à necessidade cada vez maior de NÚMERO DE MISSÕES
em uso em todo o mundo, citou o
missionários. Ele tem conclamado Ensinai todas as nações. . .
Presidente Kimball.
os membros da Igreja a que “am­ 111 missões em 1974
Os outros dois templos anuncia­ pliem seus esforços”, acentuando 133 missões em 1975
dos recentemente foram o Templo que “devemos estar melhor prepa­ 163 missões projetadas para 1976
de São Paulo, anunciado em 1.° de rados” para ensinar o Evangelho.
março de 1975, e o Templo de Tó­ NÚMERO DE M ISSION ÁRIOS
Em 1974, pouco depois de Pre­
quio, anunciado em 9 de agosto de A convocação de Presidente
sidente Kimball haver-se tornado o
1975. Kimball:
profeta e presidente da Igreja, ha­
via 111 missões em todo o mundo. “Precisamos de mais
Dois outros templos, sendo um
deles o primeiro a ser completado O número cresceu em 19,8 por missionários. . . ”
cento, para 133 missões, até o tér­ 15.903 em setembro de 1973
em Utah, nos dias dos pioneiros,
mino de 1975. 17.557 em setembro de 1974
foram rededicados neste último
21.163 em setembro de 1975
ano, depois de uma reforma exten­ Estão projetadas para o ano vin­
sa. O Templo de Arizona, em douro um total de pelo menos 163
Mesa, foi rededicado em 15 NÚMERO DE BATISMOS
missões, ou seja, um aumento de
de abril de 1975, e o Templo de Batizando-as. ..
22,6 por cento sobre 1975.
St. George, em 11 de novembro 74.970 de setembro de 1973 a
de 1975. Se crescem as missões, é claro setembro de 1974
que se torna necessário atender à 94.886 de setembro de 1974 a
Existem agora mais do que trin­ solicitação de “mais missionários” setembro de 1975
ta e seis estacas no distrito do feita pelo Presidente Kimball.
Templo de Seattle e espera-se que
Havia, em setembro de 1973, Percentagem de aumento nas
o aumento continue a se eviden­
15.903 missionários de tempo in­ missões
ciar.
tegral trabalhando em todo o de setembro de 1974 a setembro
mundo. de 1975
Cerca de setembro do ano se­ 19,8%
guinte, o número havia aumentado
Ide a para 17.557, um crescimento de
10,4 por cento, e, em setembro de
1975, a relação de missionário ti­
Percentagem do Crescimento
Missionário
Todo o nha os nomes de 21.163 pregando
o Evangelho. É claro que este
número não inclui os milhares de
De setembro de 1974 a setembro
de 1975
20,5%
missionários de estaca que se en­

Mundo contram trabalhando em suas pró­


prias áreas. No dia 3 de novem­
bro de 1975, havia 21.860 missio­
uando o Salvador ressusci­ Aumento da Percentagem de

Q
nário no campo.
tado apareceu aos seus onze Batismos
discípulos na montanha da No período compreendido entre De setembro de 1974 a setembro
Galiléia, disse-lhes: setembro de 1974 e setembro de de 1975
“Portanto ide, ensinai todas 1975 houve 13.004 missionários 26,6%
as nações, batizando-as em nome chamados. Eles substituíram os
do Pai, e do Filho, e do Espírito que estavam voltando para casa e
Santo.” (Mateus 28:19.) somaram-se ao número crescente
no campo. Batismos por Missionários de
Este encargo dado aos seus dis­ Os frutos de todos os labores — Tempo Integral
cípulos é o objetivo do Departa­ levar os filhos do Senhor às águas De setembro de 1974 a setembro
mento Missionário de sua Igreja do batismo — também estão au­ de 1975
hoje em dia. mentando com um adicional de 4,9%

M A R Ç O DE 1976 31
Élderes Brown
e Christiansen
Sucumbem a 2
de dezembro
uas Autoridades Gerais da Igreja faleceram

n
no dia 2 de dezembro, no Hospital SUD da
Cidade do Lago Salgado, Utah, E . U . A .
Eram eles: Élder Hugh B. Brown, do Conselho
dos Doze e Élder ElRay L. Christiansen, um Assis­
tente dos Doze.
Esta é a primeira vez desde o martírio de Joseph
e Hyrum Smith, que a morte chegou a duas Auto­
ridades Gerais no mesmo dia.
Élder Christiansen faleceu às 7h45m do que os Élder Hugh B. Brown
do Conselho dos Doze
médicos indicaram como parada cardíaca e compli­
cações. Dera entrada no hospital às 5 horas com Élder Brown, que serviu como Assistente dos
dores no peito. Estava com 78 anos de idade. Doze, membro da Primeira Presidência e do Con­
selho dos Doze, foi elogiado por seus companheiros
nos serviços funerários realizados no dia 5 de dezem­
bro, no Tabernáculo do Lago Salgado.
Presidindo e dirigindo a reunião, estava o Pre­
sidente Spencer W. Kimball, que foi o último orador.
Também fizeram uso da palavra o Presidente N. Eldon
Tanner, primeiro conselheiro da Primeira Presidên­
cia, e Élder Marvin J. Ashton, do Conselho dos Doze.
A homenagem da família foi prestada por
Édwin Brown Sirmage, neto de Élder Brown.
Os serviços funerários para o Élder Christian­
sen foram realizados ao meio-dia do dia 4 de dezem­
bro, no Assembly Hall, na Praça do Templo.
O Presidente Spencer W. Kimball, que presidiu
a reunião, ofereceu algumas palavras de encerra­
mento. Seu primeiro conselheiro, Presidente N.
Eldon Tanner, dirigiu os serviços.
Os oradores foram o Presidente Ezra Taft Ben-
son, presidente do Conselho dos Doze, e Élder Tho­
mas S. Monson e Élder L. Tom Perry, ambos do
Élder EIRay L. Christiansen
Assistente dos Doze Conselho dos Doze.

32 A L IA H O N A
Perfil de um Líder
PRESIDENTE O SIR IS GROBEL CABRAL

Novo Representante Regional dos Doze

Por José B. Puerta

com a Igreja. Metade de sua vida que quanto mais trabalho temos
ele a tem dedicado à Igreja e, emo­ mais bênçãos recebemos. Quando
cionado, relata como ocorreu o seu o Presidente foi chamado para
chamado como Representante Re­ esta nova posição, senti que a
gional dos Doze. “Recebi um tele­ nossa responsabilidade aumentou
fonema do Élder Faust, em meu diante dos membros e diante dos
escritório, no Centro Editorial Bra­ olhos do Senhor. Senti que temos
sileiro, dizendo-me que eu não que nos desenvolver dentro de
saisse de perto do telefone porque nossa família a fim de estarmos
a Primeira Presidência iria me te­ melhor preparados, pois o Senhor
lefonar, e eu não sei quanto tem­ nos tem abençoado muito. Esta­
po demorou o telefonema. Lem- mos muito contentes com o seu
bro-me que, numa fração de se­ chamado e sei o quanto é bom
gundo, passou pela minha mente apoiar o Sacerdócio e sentir a sua
uma série de coisas que fiz em ação em nosso lar. Digo às espo­
minha vida e que poderia ter feito sas dos líderes que tenham paciên­
melhor, e senti o peso da responsa­ cia e não reclamem quando os
bilidade que adviria. Não sei quan­ seus maridos voltam de suas
to tempo isto durou, mas foram reuniões um pouco mais tarde, ou
esde 1.° de janeiro de 1976,

D
momentos de meditação, arre­ quando os esperam para o almoço
íornou-se efetiva a desig­ pendimento e oração; do outro
nação do Presidente Ca­ ou jantar e eles não chegam; quan­
lado da linha pude distinguir a voz do temos a nossa noite familiar
bral, como novo Represen­ do Presidente Marion G. Romney,
tante Regional para os Do­ interrompida por um telefonema
entrevistando-me e chamando-me
ze, servindo na área compreendida ou um irmão que chega em busca
como Representante Regional dos
pelas Estacas do Rio de Janeiro, de auxílio. Acho que é dessa ma­
Doze. Procurei imediatamente en­
Curitiba e Porto Alegre. Uma vez trar em contato com minha esposa neira que os estamos apoiando, e
mais a Primeira Presidência da para contar-lhe as novidades, mas é desta forma que eles podem
Igreja deposita confiança na lide­ ela havia saído para uma reunião magnificar o seu Sacerdócio e es­
rança local e de modo especial, da Sociedade de Socorro, e somen­ tar prontos para dar as bênçãos
nos jovens. Aos 33 anos de idade, te após a sua volta pudemos con­ que precisamos, como patriarcas
explodindo em juventude e entu­ versar e nos alegrar pela confiança do lar.”
siasmo, recebe da Primeira Presi­ que o Senhor havia depositado em
dência esta grande responsabilida­ nós, sentindo a responsabilidade e O Presidente Osiris Grobel Ca­
de, fruto de sua dedicação, esforço profundidade deste novo chamado bral é casado com a irmã Elaine
e experiência adquirida através de e do esforço que devíamos dedicar Maria Bastos Fusco, tendo sido
uma missão de tempo integraf, di­ a ele.” abençoados na Capela da Ala São
versas oportunidades em funções Paulo I, no dia 5 de agosto de
da Igreja, e, ultimamente, por sua Perguntamos, então, à irmã 1972, pelo Presidente José Benja-
bem sucedida experiência como Elaine como recebeu o chamado min Puerta, e selados no templo
Presidente da Estaca São Paulo de seu marido, como Representan­ de Salt Lake City no dia 9 de agos­
Leste Brasil. Nascido aos 20 de te Regional; e ela nos disse: to do mesmo ano. O casal tem um
outubro de 1942, na cidade de filho, agora com 2 anos de idade,
Santos, Estado de São Paulo, veio — “Primeiramente fiquei sur­ Osiris Grobel Cabral Filho. Os
para a Capital aos cinco anos de presa, quando o Presidente me in­ progenitores do novo Representan­
idade e somente aos dezessete formou de seu novo chamado. te Regional, Osiris Cabral Tavares
manteve o seu primeiro contato Senti uma grande felicidade, por­ e Jacyra Grobel Cabral, têm sido

M A R Ç O DE 1976 33
membros fiéis da Igreja. Seu pai, do na Igreja fiz um discurso na vista de sua mudança para a região
foi quem primeiro recebeu as AMM. Uma das pessoas que muito de Santo Amaro, que então per­
lições dos missionários, em feve­ me ajudou na integração foi a irmã tencia à Estaca São Paulo.
reiro de 1959, quando os élderes Nair da Rocha Camargo”. O Presi­ Como membro do sumo conselho
batiam às portas na área de Vila dente Cabral ocupou vários chama­ da Estaca, foi designado como
Mariana, nas proximidades da dos na Igreja. Foi Assistente da supervisor da Ala São Paulo V,
antiga estação de bondes. O inte­ AMM, Superintendente da AMM, do Ramo de Osasco e das unida­
resse do jovem pela Igreja adveio Superintendente da Escola Domini­ des de Sorocaba. Retornou para
da leitura do “Livro de Mórmon” cal, Secretário do Ramo e líder do a área da Estaca São Paulo
que os missionários haviam deixa­ Sacerdócio. Tinha como seus con­ Leste, após o seu casamento, sen­
do para que seu pai lesse. Na pró­ selheiros o irmão Mauro Todeschi- do então chamado para servir co­
xima visita dos missionários, de­ ni, hoje Bispo da Ala São Paulo mo secretário Executivo da Estaca,
monstrando curiosidade, solicitou X IV , e o irmão Gabriel Kemeny, de novembro de 1972 a junho de
mais literatura sobre a Igreja, re­ Presidente do Ramo de São José 1973. Em 10 de junho de 1973,
cebendo então o folheto “O Tes­ dos Campos. Viveu momentos de no Palácio das Convenções, no
temunho de Joseph Smith”. O in­ grande espiritualidade em suas Anhembi, com a presença do Élder
teresse da irmã Jacyra foi desper­ reuniões, muitas delas feitas ao ar Howard W. Hunter, foi feito um
tado por alguém que havia comen­ livre, por não haver, na capela, sa­ remanejamento nas estacas, disto
tado sobre a poligamia na Igreja, las suficientes. A manutenção da resultando a organização de mais
e disto se aproveitaram os missio­ capela era feita pelo próprio Sacer­ 3 novas estacas na área da Grande
nários para esclarecê-la e ensinar- dócio e isto era motivo de confra­ São Paulo; a Estaca Campinas Bra­
lhe o Evangelho. Desta forma, toda ternização e ao mesmo tempo de sil, Estaca Santos Brasil, e a Es­
a família começou a receber as prestação de serviço. Quando ini­ taca São Paulo Oeste Brasil. Foi
lições e, no dia 25 de abril de ciada a construção da capela da nesta oportunidade que o Presi­
1959, o Presidente Cabral foi bati­ Ala São Paulo I, (Vila Mariana) o dente Cabral recebeu o seu novo
zado seguido por seus pais, em Presidente foi chamado como líder e importante chamado: presidir
agosto do mesmo ano. Frequentou de construção permanecendo nesta sobre a Estaca São Paulo Leste
o ramo de Vila Mariana, situado posição até o instante em que ini­ Brasil. Disse o Presidente: “Houve
na Rua Dona Júlia, em uma casa, ciou o cursinho para vestibular da muita movimentação e havia uma
que lhe servia de capela, a qual foi Faculdade. Durante os seis meses fila de pessoas para serem entre­
posteriormente desapropriada, pela em que permaneceu como líder da vistadas pelo Élder Hunter. Quan­
administração do Metrô. O Presi­ construção conseguiu levantar fun­ do fui entrevistado, Élder Hunter
dente Cabral, afirma que não teve dos suficientes para manter os me fez duas perguntas e depois
dúvidas marcantes ao se afiliar à missionários construtores. Quem disse que o Senhor queria que eu
Igreja, pois através de oração, che­ convive de perto com o Presiden­ fosse o Presidente da Estaca; senti
gou a receber um testemunho forte te Cabral sabe de seu interesse e o peso da responsabilidade naquele
da veracidade do Evangelho. A amor pela genealogoia. Quando a instante e não tive tempo de me
liderança do ramo de Vila Maria­ Estaca São Paulo foi organizada, maravilhar com o chamado. Ele
na era constituída por homens de e o ramo de Vila Mariana se trans­ deu-me pouco tempo para escolher
forte testemunho. O presidente do formou na Ala São Paulo I, rece­ os conselheiros da Estaca e mem­
ramo era o irmão Leonel Aba- beu o seu chamado como líder de bros do sumo conselho, e deste
cherli, hoje patriarca da Estaca São genealogoia, e no dia 28 de agos­ modo, só comecei a pensar no que
Paulo Leste Brasil, um dos seus to de 1966, foi ordenado um su- realmente havia acontecido depois
conselheiros era o irmão Walter mo-sacerdote por seu pai, então de terminada a Conferência. Ao
Guedes de Queiroz, hoje conselhei­ conselheiro da Presidência da Es­ lado de minha esposa, refletimos
ro da Missão Brasil São Paulo Nor­ taca. Nesse mesmo ano foi cha­ sobre as atribuições e responsabili­
te, e um dos professores da Escola mado para uma missão de tempo dades inerentes ao chamado de Pre­
Dominical era o irmão Hélio da integral, partindo para a Missão sidente de Estaca. Estava, naquela
Rocha Camargo, atual presidente Andina, no início de 1967. Esta época, com 30 anos de idade e as­
da Missão Brasil Rio de Janeiro. missão compreendia o Perú e sustado com a responsabilidade,
O movimento maior no ramo era Equador, e o Presidente Cabral não que tivesse dúvidas na dispo­
feito em torno dos jovens, e o tra­ terminou sua missão como As­ sição do Senhor em me ajudar,
balho de integração foi fator deci­ sistente do Presidente. Quando mas duvidava do meu desempenho
sivo de sua permanência. “Nossa retornou de sua missão, a Estaca e da minha capacidade de cumprir
família foi bem integrada na Igreja, São Paulo já havia sido dividida e com os desínios do Senhor. A mi­
disse o Presidente Cabral, e a des­ uma nova estaca foi organizada: a nha maior preocupação era a ida­
peito de não haver um programa Estaca São Paulo Leste. Serviu de, pois a maioria da liderança da
previamente estabelecido, a integra­ nesta Estaca, por dois anos, como estaca era constituída por pessoas
ção foi bastante ativa, e lembro-me Presidente da Missão da Estaca, mais idosas. Todos os bispos eram
de que antes mesmo de ser batiza­ sendo desobrigado desta função em mais idosos do que eu.”

34 A L IA H O N A
logo retorne de sua missão, com o
casamento. Isto tem um signi­
ficado muito maior do que
a simples quantia em dinheiro,
pois sei que eles fizeram um in­
vestimento para toda a eternidade
neste gesto de desprendimento das
coisas do mundo, e tendo em men­
te o desejo de ir à casa do Senhor
e ali realizar as ordenanças sagra­
das. Vejo, na grande maioria dos
membros, um desejo genuíno de
contribuir para a construção da
Casa do Senhor”. Ao nos despe­
dirmos deste jovem líder, solicita­
mos dele uma mensagem aos mem­
bros da Estaca São Paulo Leste
Brasil, aos quais haveria de deixar
em vista de seu novo chamado co­
mo Representante Regional, bem
como para aqueles a quem ele irá
servir de agora em diante tão de­
dicadamente como o tem feito até
Presidente Cabral, sua esposa Elaine e filho
agora. E assim se expressou o Pre­
sidente Osiris Grobel Cabral:
Quando a Estaca São Paulo Les­ e é, sem dúvida nenhuma, um tra­
— Aos membros e líderes da
te foi organizada possuia 8 unida­ balho da responsabilidade de todos
Estaca São Paulo Leste Brasil, eu
des, muitas bem distantes da sede os jovens da Igreja, através do
só tenho que deixar meu agrade­
da estaca, tais como Jaçanã e Gua- qual serão grandemente abençoa­
rulhos, Tucuruvi e Penha, cujos dos. Sei que não existe nenhum cimento e o profundo respeito por
membros, muito fiéis, precisam chamado para os jovens da Igreja uma liderança que realmente
sair 2 horas antes de casa para che­ que tenha maiores bênçãos prome­ apoiou o trabalho da Estaca. Deixo,
gar a tempo de assistir à Con­ tidas do que o trabalho missioná­ também, o meu agradecimento sin­
ferência da Estaca. A Estaca está rio, não somente bênçãos espiri­ cero aos jovens da Estaca, aos
com uma população de 3.450 tuais, mas também bênçãos físi­ quais amo muito (e eles sabem
membros. Falando sobre o traba­ cas, materiais, como também uma disso), às senhoras da Sociedade de
lho missionário, assim se expressou base eterna em relação ao Evan­ Socorro, a quem muito respeito, e
o Presidente Cabral: gelho do Senhor Jesus Cristo.” aos portadores dos Sacerdócio de
Melquisedeque. Todos os membros
— Não me surpreenderia se to­ — Presidente, e quanto aos fun­
da Estaca têm sido maravilhosos,
dos os jovens da Estaca com idade dos do templo?
a despeito das dificuldades que te­
suficiente saissem como missioná­
mos encontrado no desempenho do
rios de tempo integral, pois fomos — Com relação aos fundos pa­
ra a construção do Templo, a trabalho do Senhor. Sei que con­
realmente abençoados com os me­
lhores jovens e, estamos atual­ nossa Estaca está quase alcançan­ tinuarão a dar o mesmo apoio à
mente com 30 jovens servindo co­ do a meta proposta pelas Autori­ presidência da Estaca pois eles sa­
mo missionários de tempo integral dades Gerais. Nossos membros bem que esta é a obra do Senhor e
e a grande maioria fazendo um têm feito sacrifícios nesse sentido não dos homens. Aos membros
trabalho muito bom. Tenho nota­ e através deles tenho tido várias das regiões em que devo servir,
do um grande desprendimento por experiências espirituais, principal­ coloco-me à disposição de todos,
parte dos jovens em deixar as mente com os jovens. Recebi uma não como uma pessoa que vai cri-
coisas de lado e servir ao Senhor carta de um jovem missionário de ticá-los, mas sim como uma pessoa
e isto tem fortalecido o testemu­ nossa estaca, que está noivo de que está disposta para que o tra­
nho da liderança. A meta da nossa uma jovem, também de nossa es­ balho do Senhor possa ser feito de
estaca para este ano de 1976 é de taca, relatando-me que haviam,
modo mais eficiente, e sei que
50 missionários. Tenho a impressão de comum acordo, doado para
de que isso é uma das coisas de os fundos para a construção do posso contar com a oração dos
maior valor em minha vida — o templo, toda a economia que ha­ membros da Estaca São Paulo Les­
testemunho que tenho quanto ao viam feito até agora para poderem te Brasil e das Regiões para que
trabalho missionário na Igreja — iniciar nova vida em comum, tão este trabalho seja realizado.

M A R Ç O DE 1976 35
H T T P IÇ Inaugura Sua Capela e Realiza
■ C l K w i V /L lw a Conferência Distrital
Por José B. Puerta

Apesar da intensa chuva que co­ histórica reunião, anunciando o Petrópolis, o irmão Antonio José
meçou a cair algumas horas antes primeiro hino “Vinde ó Santos” e Mendonça. Falando sobre a Res­
da sessão inaugural da nova ca­ a primeira oração feita pelo Presi­ tauração da Igreja nestes últimos
pela, o salão de culto estava lite­ dente Antonio José Mendonça, dias, citou a passagem em II Sa­
ralmente tomado, antevendo, desde presidente do Distrito de Petrópo­ muel, 22:33 — “Deus é a minha
logo, a necessidade do início ime­ lis. O Presidente Barbosa falou fortaleza e a minha força e ele
diato da segunda etapa da cons­ sobre o esforço dos membros du­ perfeitamente desembaraça o meu
trução. O Presidente Manoel Leite rante o período da construção, das caminho”. Relembrou o início da
Barbosa Filho e seus dois conse­ irmãs que também muito ajuda­ Igreja no dia 6 de abril de 1830,
lheiros, José Raimundo Nunes Fur­ ram, e desafiou os seus membros onde 6 pessoas orientadas pelo es­
tado e Manoel José Estrela, esta­ para que o ramo atingisse logo a pírito do Senhor iniciaram uma
vam eufóricos com o término da frequência média de 100, a fim de obra maravilhosa entre os filhos
primeira etapa da construção e que a segunda etapa da constru­ dos homens não só para aquele
convictos de que este evento trará ção pudesse ser iniciada. Encerrou período mas para todo o sempre.
novo ânimo e crescimento ao ramo com o seu testemunho sobre a vera­ Fez um relato histórico do início
de Petrópolis. A nova capela, inau­ cidade deste trabalhou e convidou da Igreja no Brasil, relembrando
gurada no dia 31 de janeiro pas­ em seguida a irmã Maria do Car­ fatos importantes do desenvolvi­
sado, está bem localizada e a tre­ mo Oliveira, uma das mais antigas mento da Igreja em nosso País, e
zentos metros da Estação Rodo­ irmãs do ramo, e que trabalhou especialmente sobre o início do ra­
viária, para onde converge a maio­ sem descanso para a construção, a mo de Petrópolis, quando em 1957
ria dos ônibus de linha regular. fim de prestar o seu testemunho. chegaram os primeiros missioná­
Com a presença da Presidência da Após as palavras da irmã Maria do rios, batizando os primeiros mem­
Misão Brasil Rio de Janeiro e da Carmo Oliveira, o coro formado bros do ramo. Exortou os mem­
Presidência do Distrito de Petró­ pelos jovens do ramo de Petrópolis bros a se unirem num esforço mis­
polis, a reunião teve seu início às entoou um hino de louvor ao Pai sionário e estabelecerem, aqueles
19,30 horas, com o Presidente Celestial e em seguida usou da pa­ que tivessem qualquer dúvida, um
Barbosa dando a abertura desta lavra o Presidente do Distrito de paralelo entre a antiga Igreja de

36 A L IA H O N A
para atingirem as metas estabele­
cidas pelo Élder James E. Faust,
de terem até 1.° de março arre­
cadado 30% da cota que lhes foi
atribuída. Incentivou os membros
a se prepararem para receber suas
ordenanças tão logo o nosso tem­
plo esteja pronto. A Sessão Geral
da Conferência Distrital teve seu
início às 10,00 horas da manhã,
com a capela completamente re­
pleta com uma frequência de 157
membros presentes. Diversos ora­
dores ocuparam o púlpito transmi­
tindo mensagens espirituais mara­
vilhosas. O Presidente Hélio da
Rocha Camargo, presidente da
Missão Brasil Rio de Janeiro, fa­
lando como último orador, deixou
Esquerda para direita: )osé Raimundo Nunes Furtado 1.° Conselheiro, Presidente uma magnífica mensagem aos
Manoel Leite Barbosa Filho e Manoel José Estrela, 2.” Conselheiro. membros, mensagem esta que pu­
Cristo e a sua própria Igreja res­ através dos hinos, uma casa onde blicaremos no próximo número de
taurada nestes últimos dias. Encer­ podemos nos comunicar com nos­ “A Liahona”.
rou as suas palavras citando o ca­ so Pai Celestial e uma casa tam­ A conferência distrital do Dis­
pítulo 4 de Efésios, nos versícu­ bém onde podemos ouvir a palavra trito de Petrópolis, devido longas
los de 11 a 13 que diz: “E Ele de Deus. Salientou a importância distâncias que deveriam percorrer
mesmo deu uns para apóstolos, e de termos um local para nos reu­ os membros, foi dividida em duas
nirmos, e então o Senhor nos dirá etapas, sendo a primeira delas
outros para profetas, e outros pa­
muitas coisas importantes. realiadas em Petrópolis na manhã
ra evangelistas, e outros para pas­
A congregação cantou o último do dia 1 de fevereiro, reunindo
tores e doutores, querendo o aper­
feiçoamento dos santos, para a hino, “Com braço forte”, e a últi­ os ramos de Petrópolis, Teresópo-
obra do ministério, para edificação ma oração foi oferecida pelo se­ lis, Nova Friburgo, Juiz de Fora
do corpo de Cristo; até que todos gundo conselheiro do Distrito de e Rezende, e a segunda etapa seria
cheguemos à unidade da fé, e ao Petrópolis, o Presidente Wilson realizada no domingo seguinte,
José Moreira. Logo após, os mem­ dia 8 de fevereiro, em Vitória,
conhecimento do Filho de Deus, a
bros permaneceram na capela a reunindo os ramos de Vitória e
varão perfeito, à medida da esta­
fim de assistirem aos 3 primeiros Vila Velha. Os membros, de um
tura completa de Cristo.” Após o
batismos realizados na nova cape­ modo geral, estavam eufóricos, não
hino “Que firme Alicerce” canta­
la, como cumprimento da promes­ só com a bela conferência a que
do de pé, pela congregação, ocupou
sa contida no Livro de Mórmon, puderam assistir, como também,
o púlpito o segundo conselheiro da
em Alma 5:62 que diz: “Vinde e particularmente os santos de Pe­
Missão Brasil Rio de Janeiro, o
recebei o batismo do arrependi­ trópolis, com a sua nova capela.
Presidente João Eduardo Kemeny,
Parabéns aos líderes locais, pelo
relembrando o sacrifício de nossos mento, para que possais partilhar
excelente trabalho que realizam.
irmãos pioneiros ao se estabelece­ do fruto da árvore da vida.”
Na manhã seguinte, dia 1 de fe­ Este é realmente o trabalho do
rem no Vale do Lago Salgado, e
vereiro, realizou-se a reunião de Senhor, e como foi bem lembrado
reconhecendo também o esforço e
naquela conferência, se fizermos a
a dedicação dos membros do ramo Liderança do Distrito de Petrópo­
nossa parte, certamente o Senhor
de Petrópolis na construção de lis, com a presença da Presidência
nos abençoará em todos os nossos
<- nova Capela, dando graças ao Pai do Distrito de Petrópolis e da Pre­
mais sinceros desejos.
por ela e pelo nosso amado país, sidência da Missão Brasil Rio de
onde podemos adorar a Deus livre­ (aneiro. Durante esta reunião di­
mente. O Presidente Hélio da Ro­ versos oradores ocuparam o púl­
cha Camargo foi o último orador, pito transmitindo mensagens de
discorrendo sobre o que distingue inspiração e estabelecendo metas
o povo mórmon dos demais e a para este ano de 1976. O Presi­
mensagem que podemos oferecer dente Hélio da Rocha Camargo fa­
ao mundo, enfatizando a importân­ lou especificamente sobre dois
cia da nova capela como um lugar aspectos importantes do trabalho
de oração, uma casa onde pode­ na Igreja; o trabalho missionário,
mos trocar experiências espiri­ e o empenho dos membros em
tuais, uma casa de reunião. Uma levantar fundos para a construção
casa onde podemos louvar a Deus do templo, desafiando-os para Capela de Petrópolis, recém-inaugurada

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