Você está na página 1de 36

para filiar-se.

Não lhe é simples­


mente entregue como um certifi­
cado. É-lhe conferido através da
imposição das mãos, e você é orde­
nado por alguém que possui auto­
ridade. É um chamado de Deus.
Só é dado quando o rapaz é digno
e só é recebido quando dado pela
autoridade apropriada.
Eu, como mulher, não posso
possuir o Sacerdócio, mas posso
ajudar os rapazes de minha idade
a honrarem o que possuem, se for
recatada, der um bom exemplo e
os encorajar a freqüentarem suas
reuniões e cumprirem suas desig­
nações. Fazendo isso, eu os estarei
ajudando a manter seus elevados
objetivos e ideais e estarei também
apoiando-os em seus deveres. Se
puder influenciá-los a que façam
o bem agora, poderemos progredir
e crescer juntos. Para mim, o Sa­
cerdócio Aarônico é apenas o início
de todo um novo modo de vida.
Viverei uma existência de pure­

INÍCIOS za, cheia de bons exemplos, pois


quero, algum dia, ajoelhar-me jun­
to a um altar, não um qualquer,
Por Kristy Humphreys
mas um altar no qual possa dar
Ilustrado por Trevor Southey mais outro passo em direção à vida
s rapazes de doze anos são eterna. No outro lado desse altàr,

O divertidos, amáveis e des­


preocupados. Seu mundo
parece estar distante das
responsabilidades do casa­
quero alguém que seja reto e digno,
alguém que respeite seu Sacerdó­
cio. Quero que ele tenha o melhor
e quero ter o melhor. Portanto, es­
mento, governo e outras coisas dos pero que algum rapaz, em alguma
adultos. E no entanto, estão no parte, esteja acalentando os mes­
caminho do casamento eterno, e mos pensamentos. Vivendo de ma­
em seu trabalho do Sacerdócio, neira correta, ele poderá avançar de
gozam de uma forma mais perfei­ diácono para mestre e sacerdote, e
ta de governo do que qualquer progredir para os chamados maio­
país. res do Sacerdócio de Melquise-
O Sacerdócio Aarônico é dife­ deque.
rente de qualquer clube. Você não O Sacerdócio Aarônico é impor­
compra uma carteirinha de sócio tante, vivo, ativo — é um início.
Bispo Brown Irmã Smith Élder Ashton Élder Lee
Página 12 Página 21 Página 18 Página 24

A PRIMEIRA PRESIDÊNCIA
Spencer W. Kimball
N. Eldon T anner
Marion G. Romney

CONSELHO DOS DOZE


Ezra T aft Benson INÍCIOS, Kristy Humphreys (capa)
Mark E. Petersen
D elbert L. Stapley 2 A GLÓRIA DA PUREZA, Presidente N. Eldon Tanner
LeGrand Richards
H ow ard W. H unter 4 O PODER DO DIÁCONO, William G. Hartley
G ordon B. Hinckley
Thomas S. Monson 7 O DESAFIO DE UMA TAREFA INACABADA, Lowell M. Durham Jr.
Boyd K. Packer
M arvin }. Ashton 9 PERGUNTAS E RESPOSTAS, Roger Merrill, James A. Cullimore,
Bruce R. McConkie Victor L. Brown
L. Tom Perry
David B. Haight 13 ÁGUAS EM REDEMOINHO, Bernadine Beatie
COMITÊ DE SUPERVISÃO 16 VOCÊ É FELIZ?, Mabel Jones Gabbott
Robert D. Hales
O. Leslie Stone 18 NO CAMINHO, Marvin ) . Ashton
D avid B. Haighf
H ow ard W. H unter 20 SÓ PARA DIVERTIR

EDITOR DAS REVISTAS DA IGREJA 21 O PAPEL DA SOCIEDADE DE SOCORRO NOS SERVIÇOS DE


Dean L. Larsen BEM-ESTAR, Bárbara B. Smith

EXECUTIVO DO INTERNATIONAL 23 IDENTIFICAÇÃO, John. A. Tvedtnes


MAGAZINE
Larry H iller, E ditor G erente 24 SETENTAS: UMA HISTÓRIA PRECIOSA, Élder S. Dilworth Young
Carol Larsen, Editor Associado
Roger Gylling, Desenhista 27 VOCÊ É COMO U’A MÃE, Ardeth G. Kapp
29 JEJUM E ORAÇÃO, Spencer ). Condie
EXECUTIVO DA “A LIAHONA”
José B. Puerta, C oordenador de
30 NOTÍCIAS SOBRE O TEMPLO. . CERIMÔNIA DE ABERTURA
Línguas
José G. F. da Silva, C orrespondente DA TERRA DO TEMPLO DE SÃO PAULO, José Glaiton F da Silva
Moacir S. Lopes, Supervisor de Layout

REGISTRO: Está assentado no cadastro da D IV ISÃ O DE CENSURA DE D IVERSÕES PÜBLICAS, do D.P.F., sob o n.“ 1151-P
209/73 de acordo com as norm as em vigor.
SUBSCRIÇÕES: Toda a correspondência sobre assinaturas deverá ser endereçada ao Departamento de Assinaturas, Caixa Postal
19079, São Paulo, SP. Preço da assinatura anual para o Brasil: CrS 20,00; para o exterior, simples: US$ 5,00; aérea: US$ 10,00.
Preço do exem plar avulso em nossa agência: CrS 2,00; exem plar atrasado: CrS 2,50. As m udanças de endereço devem ser
comunicadas indicando-se o antigo e o novo endereço.
A LIAHONA — c 1976 pela Corporação da Presidência de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Ültimos Dias. Todos os
direitos reservados. Edição brasileira do “ International M agazine” de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias,
acha-se registrada sob o núm ero 93 do livro B, n." 1, de M atrículas e O ficinas Im pressoras de Jornais e Periódicos, conforme o
Decreto n.° 4857 de 9-11-1930. “ International M agazine” é publicado, sob outros títulos, tam bém em alemão, chinês, coreano,
dinam arquês, espanhol, finlandês, francês, holandês, inglês, italiano, japonês, norueguês, sam oano, sueco, italiano e tonganês.
Composta pela Linotipadora Cacique Ltda., R. Abolição, 201, telefone 32-7743.- Im pressa pela Editora G ráfica Lopes, R. Peri-
bebuí n.° 331, telefone 276-8222, São Paulo, SP. Devido à orientação seguida por esta revista, reservamo-nos o direito de
publicar somente os artigos solicitados pela redação. N ão o bstante, serão bem-vindas todas as colaborações para apreciação
da redação e da equipe internacional do “ International M agazine”. Colaborações espontâneas e matérias dos correspondentes
estarão sujeitas a adaptações editoriais.

M A IO DE 1976 1
A GLORIA DA
PUREZA
Pelo Presidente N. Eldon Tanner
Primeiro Conselheiro da Primeira Presidência

“Quão glorioso é
aquele que vive uma
existência casta. Ele anda
destemidamente à luz do sol do meio-
dia, pois não tem enfermidade moral. Ele
não pode ser atingido pelas flechas da vil calúnia,
pois sua armadura não tem brecha; sua virtude não
pode ser desafiada por nenhum acusador justo, pois ele
vive acima de reprovação. Sua face nunca se enrubesce
de vergonha, pois ele não tem pecado. Ele é
honrado e respeitado por toda a humanidade,
pois está além de sua censura. E amado
pelo Senhor, pois permanece sem
mácula. As exaltações das
eternidades esperam por
sua vinda.”
(Mensagem da Primeira Presidência, 2 de outubro de 1942.)
uão gloriosa e próxima dos anjos está a tude da terra” (D&C 59:16), à medida que ser­

Q juventude que é pura; ela possui alegria


inexprimível aqui e felicidade eterna na
vida futura.” (Primeira Presidência, 6 de
abril de 1942.)
Se eu fosse perguntar a vocês o que desejavam
virem a Deus e guardarem os seus mandamentos.
Channing Pollock afirmou certa vez; “Um
mundo no qual todos acreditassem na pureza das mu­
lheres e na nobreza dos homens, e agissem de acordo,
seria um mundo muito diferente, mas um lugar estu­
da vida, ou qual seria seu objetivo eventual, estou
pendo para se viver.” (Reader’s Digest, junho de
certo de que responderiam que desejam ser felizes,
1960, p. 76.)
ser amados, respeitados e obter sua salvação e exal­
tação no reino dos céus. Essas são metas nobres e Decidam agora que este é o tipo de mundo que
devem ser procuradas por todos nós. Mas, procurar ajudarão a construir e no qual gostarão de viver.
não é suficiente, pois somente poderemos obter quais­ Agora é o tempo para que tomem sua decisão de
quer das coisas dignas da vida pagando o preço que não sucumbir às cargas e tentações que são predo­
elas exigem. minantes. Vocês têm tudo a ganhar ou tudo a per­
der pela escolha que fizerem quanto a esse assunto
O valor da pureza moral está além de qualquer
de extrema importância.
comparação. Não pode ser comprada por prata ou
ouro, mas o preço que pagamos é em partículas de Temos muitos jovens que estão determinados a
retidão pessoal, e fará mais para ocasionar essa feli­ viver como devem, que desejam a promessa inigua­
cidade eterna que buscamos do que quase outra coisa lável dada pela voz da revelação moderna:
qualquer. Atentemos ao conselho de Paulo aos gála-
“ . . . que a virtude adorne os teus pensamentos
tas, quando disse:
incessantemente; então tua confiança se tornará forte
“Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; por­ na presença de D eus. . .
que tudo o que o homem semear, isso também ceifará. “O Espírito Santo será teu companheiro cons­
“Porque o que semeia na sua carne, da carne tante. . . e o teu domínio um domínio eterno e, sem
ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, medidas compulsórias que fluirá a ti para todo o
do Espírito ceifará a vida eterna.” (Gál. 6:7-8.) sempre.” (D&C 121:45-46.)
Devido à sua preocupação pelos membros da
A pureza moral, ou virtuds, não é apenas algo
Igreja, a Primeira Presidência emitiu uma mensagem,
com que sonharam alguns religiosos. É um padrão
durante a II Guerra Mundial, que advertia contra os
de decência que deve ser observado por todas as
pecados da impureza e concluía assim:
pessoas racionais que desejam bons lares, comuni­
dades fortes e grandes países. “Incentivamo-los a que se lembrem da bênção
que emana de uma vida pura; nós os conclamamos
Consideremos alguns dos benefícios de sermos a manter, continuamente, o caminho da mais estrita
moralmente puros. , Primeiro, podemo-nos recordar castidade; somente através dela, poderão advir-lhes
de que não há desvantagens, mas sim numerosas van­ os mais preciosos dons de Deus e o seu Espírito habi­
tagens de sermos recatado, puro e limpo. Nunca tere­ tar com vocês.
mos que nos envergonhar de nossa conduta. Nunca
traremos sofrimento e dor aos nossos entes queridos. “Quão glorioso é aquele que vive uma existên­
Estaremos livres das moléstias sociais que prevalecem cia casta. Ele anda destemidamente à luz do sol do
e que estão proliferando de maneira alarmante. E, meio-dia, pois não tem enfermidade moral. Ele nãa
mais importante do que tudo, teremos sido obedien­ pode ser atingido pelas flechas da vil calúnia, pois
tes aos mandamentos de nosso Pai nos céus, os quais sua armadura não tem brecha; sua virtude não pode
foram dados por ele para o nosso benefício e bênção. ser desafiada por nenhum acusador justo, pois ele
vive acima de reprovação. Sua face nunca se enru-
Que coisa bela e gloriosa é um jovem casal po­ besce de vergonha, pois ele não tem pecado. Ele é
der encarar-se junto ao altar do templo de Deus, honrado e respeitado por toda a humanidade, pois
sabendo que se mantiveram limpos e puros, que estão está além de sua censura. É amado pelo Senhor,
edificando seu próprio lar sobre um alicerce de con­ pois permanece sem mácula. As exaltações das eter­
fiança e respeito mútuos. Eles trarão àquele lar nidades esperam por sua vinda.” (Mensagem da Pri­
filhos espirituais de Deus, cuja herança será “a pleni­ meira Presidência, 2 de outubro de 1942.)

M A IO DE 1976 3
O PO D ER DO
D IÁ C O N O William G. Hartlev

uem. além dos anjos registrado-

Q
res, poderia contar o núm ero exa­
to de diáconos que serviram à
Igreja desde que Titus Billings,
Serenes Burnett e John Burk foram os
primeiros diáconos ordenados na Igre­
ja R estaurada de 1830 a 1831?
Baseados em totais anuais (95 diá­
conos em 1854; 18.000 em 1906; cerca
de 150.000 atualm ente) e o tempo de
m udança de posição (dois ou três anos
de serviço por diácono), nós estimamos,
conservadoram ente, mais do que dois
milhões de diáconos deve dar grande
im portância ao cargo, para ter cham ado
tantos diáconos p ara servirem em seu
reino nos últim os dias.
Lembranças Cálidas dos Dias
de Diácono
M uitos líderes da Igreja têm escrito
que ficaram im pressionados com o po­
der dos diáconos e que guardam lem­
branças cálidas de seus próprios dias
como diáconos. Para citar um exemplo
de um século atrás, John Smith, um
converso inglês, recorda como adulto,
que “filiou-se à Igreja com onze anos
de idade, foi ordenado diácono quando
estava com quinze (1851), e na ocasiãc.
sentiu tal poder como nunca havia sen­
tido antes.” Mais próxim o do nosso
século, o Élder George Reynolds, um
dos sete presidentes do Prim eiro Conse
lho dos Setentas, expressou gratidão se­
m elhante por seu breve trabalho como
diácono:
“Se houve algum cargo para o qual
eu tenha sido cham ado na Igreja, que
eu tenha desem penhado com o máxi­
mo de m inha capacidade, este foi o de
magnificar o cham ado de diácono.
“Nunca faltei a um a reunião, quan­ Um exemplo mais recente; o ex-pre­ vamos o chão e tirávam os o pó, enchía­
do me fosse possível ali estar. Fre­ sidente da Missão dos Estados O rien­ mos as lam parinas de querosene, acer­
qüentem ente chegava à capela um a tais dos E.U.A., James H. Moyle, es­ távam os os pavios, acendíamos as lam­
hora ou mais antes da hora m arcada crevendo a respeito da década de 1940, parinas e fazíamos todos os trabalhos
para os serviços, a fim de abrir a por­ salientou como seu cham ado para ser de zeladoria, pondo o lugar em ordem
ta e p reparar a sala, e tinha grande um diácono realm ente lhe m udou o na parte geral, cuidando tam bém da
prazer em verificar que tudo estivesse com portam ento juvenil. Q uando foi porta e da e n tra d a . .. Fazíamos turnos
devidam ente arrum ado — que os ban­ cham ado pelo bispo p ara ser diácono, na limpeza da capela e tínham os que
cos estivessem sem pó, o aquecim ento o jovem James, que costum ava andar fazê-lo com freqüência. Eu era muito
ligado, as luzes acesas à noite e todas com os garotos mais travessos da ala, consciencioso com relação ao meu car­
as outras pequenas coisas providencia­ hesitou por um m om ento e então acei­ go, e dali em diante, nunca mais me
das, para que os santos pudessem tou: perm iti ser inconstante ou irreligioso.”
reunir-se confortavelm ente. Realmente, “G radualm ente eu me afastei dos Por que é, poderíam os perguntar à
creio que tinha mais prazer e satisfação travessos e me dediquei tanto aos meus luz destes três casos, que homens mais
naquele trabalho do que nas respon­ deveres de diácono, que o bispo disse velhos têm lem branças queridas de seu
sabilidades maiores dos anos posterio­ que eu era o m elhor da ala. Nós lim­ serviço como diáconos? Pelo menos
res. pávamos a capela, varríam os, esfregá­ três sólidas razões para tais sentim en­

4 A L IA H O N A
tos parecem evidentes, quando observa­ da vizinhança. Então, certo diá, os me­ rotos. Eram agora diáconos no Santo
mos a história do trabalho dos diáco­ ninos foram ordenados diáconos. Sacerdócio.”
nos nesta dispensação: camaradagem, “Apossando-se de mim o espírito do Em vez de traquinagens, um rapaz
serviço e desenvolvim ento pessoal. diácono", disse o irmão Sm art, “vi-me sugeriu que pegassem a carroça da se­
Camaradagem disposto, e mesmo satisfeito em, junto nhora, empurrassem -na m ontanha abai­
Como citou o Élder Moyle, os pa­ com meus jovens com panheiros diáco­ xo, enchessem-na com galhos secos de
drões de um rapaz determ inam aqueles nos, co rtar lenha para os pobres e pa­ salgueiro e então trouxessem de volta
com quem ele se associa. Uma vez que ra a capela.” a carga e cortassem a lenha para a pro­
um garoto esteja integrado em um Certo dia, procurando divertir-se, os visão da senhora. Os outros rapazes,
quorum de diáconos, seus com panheiros diáconos pararam diante da proprieda­ um a vez que concluíram que seu amigo
de quorum com freqüência se tornam de da viúva e debateram o m elhor meio não estava brincando, concordaram
seus melhores amigos. Eles então se de atorm entar a velha senhora. Mas, anim adam ente.
influenciam m utuam ente para o bem, desta vez, o resultado foi diferente. A viúva divisou os rapazes levando
como é ilustrado por esta história: “Desde a últim a vez que ali se reu­ sua carroça m onte abaixo e arrojou-lhes
W illiam Smart, quando garoto, cos­ n iram ”, relem bra o Irm ão Sm art, hou­ flechas verbais. Depois, apressou-se a ir
tumava unir-se aos seus com panheiros ve “um a transform ação quase que im­ para a casa de um a vizinha e expandiu
para aborrecer um a viúva excêntrica perceptível na vida de alguns dos ga­ sua raiva. Mas, como não ficou sur­

M A IO DE 1976 5
presa, quando o velho carroção lhe foi com a ajuda de parentes, em número tosas do quorum . Um século atrás, por
devolvido com salgueiros secos! O gru­ de sessenta e oito pessoas, se puseram exemplo, um a reunião típica dos diáco­
po de garotos sujos e suados — a quem a trabalhar e carpiram e desbastaram nos compunha-se do costumeiro hino de
ela reconheceu como seus antigos ator­ três hectares e meio de beterrabas, an­ abertura, oração e leitura da ata, e daí
m entadores — começou com energia tes de deixar o campo. Este trabalho seguia-se um a miscelânea de histórias
a cortar lenha para ela! Ela ralhou, aliviou um a carga pesada dos ombros pregando m oral, leituras e hinos, com
riu e chorou, alternadam ente, excla­ da fam ília da Irm ã , que na discursos sobre o Evangelho, música e
m ando, então: “Rapazes, Deus os aben­ ocasião estava muito aflita. freqüente prestação de testem unhos.
çoe! Perdôo-lhes todas as coisas ruins “Alguns dias depois, os diáconos fo­ Em bora fossem de certa forma ca­
que me fizeram no passado!” Ela e os ram à fazenda da Irm ã , uma suais e não-sistemáticas, essas reuniões
meninos souberam então, que “alguma viúva, e tam bém desbastaram vários do quorum produziam um a significati­
força silenciosa havia realizado a m u­ hectares de beterrabas para ela.” va com preensão do Evangelho, assim
d ança”, e aquela força invisível foi o Em bora alguns bispos já pedissem como uma experiência prática de falar e
novo poder e espírito que eles haviam aos seus diáconos que passassem o sa­ cantar em público.
recebido com sua ordenação. cram ento lá pela década de 1870, não Só depois de 1908, os quoruns de
foi até depois da passagem do século, diáconos receberam cursos sistemáticos
Serviço que o sacram ento se tornou um a de­ para usarem em suas reuniões, e desde
N unca, na história da Igreja, os diá­ signação para os diáconos, em toda aí, através dos anos, o Bispado Presi­
conos se contentaram em apenas rea­ a Igreja. Isto está incluído como um dente tem fornecido um grande número
lizar reuniões, tendo sempre desem pe­ dos itens num a interessante lista de de cursos cuidadosam ente preparados e
nhado encargos im portantes na Igreja. deveres recom endados p ara os diáco­ diferentes livros de lições elaborados
Como assistentes dos mestres, sacerdo­ nos, publicada pela Igreja por volta da de modo a ensinar aos diáconos tanto
tes e bispos, eles têm realizado um a va­ época da I G uerra M undial: princípios religiosos como conduta dig­
riedade de tarefas úteis. Um século Coletar ofertas de jejum. na — teoria e aplicação do Evangelho.
atrás, por exemplo, sua principal desig­ Servir de mensageiro para o bispo. Devido a estas três características do
nação era cuidar das capelas das alas. Passar o sacramento. trabalho do diácono — camaradagem,
“M uito do conforto de um a reunião P reparar com bustível para as viúvas e serviço e desenvolvim ento pessoal —
se deve ao diácono”, disse o diácono pessoas idosas. homens de mais idade que há muito
M ark Lindsay em 1874. “Devemos es­ C uidar dos pobres. servem no trabalho do Sacerdócio, re­
tar lá pelo menos um a hora antes do T ransm itir notícias. lem bram com gratidão a época em que
início da reunião. C onservar a casa bo­ Bombear os foles do órgão nas reu­ pisaram no prim eiro degrau da escada
nita e limpa, nem m uito quente, nem niões. do Sacerdócio para servir como diáco­
m uito f r i a. . . M anter a bandeja do Conservar em boas condições a proprie­ nos.
sacram ento limpa, assim como a toalha dade da Igreja.
e a mesa, e ter cuidado para deixá-las A judar a cuidar dos cemitérios. Uma Igreja Aleijada, Sem Diáconos
lim pas.” M anter a ordem na capela. Não é a força m otriz, mas o Sacer­
O cuidado para com os pobres tam ­ Conservar o terreno da capela. dócio que leva a Igreja adiante, e o
bém tem caracterizado as atividades dos A judar no trabalho da Prim ária. poder do diácono é um a parte essen­
diáconos, particularm ente sua coleta de A judar no trabalho da aula de religião. cial. Sem o poder do D iácono, a Igreja
ofertas de jejum. Agir como recepcionistas. sofreria sob dois aspectos. Primeiro, os
Os diáconos de antigam ente, em T rabalho do Escotismo. bispos e outros teriam que deixar al­
com paração, talvez tivessem um pou­ C uidar da entrada. guns de seus próprios encargos para
co mais de aventura ao coletarem as D istribuir notícias especiais. tom arem a si o trabalho que os diáco­
ofertas de jejum. Pedindo em prestado nos devem fazer. Em segundo lugar, e
o carroção de um pai, assim como sua Desenvolvimento Pessoal talvez o mais im portante, se falhar uma
parelha de anim ais, um par de diáco­ Ê certo que através da integração e geração de diáconos, dentro de dois
nos dava a volta num quarteirão desig­ do serviço, os diáconos do passado e anos não haveria mestres, e em qua­
nado, batiam na porta de cada casa e do presente têm aprendido im portantes tro anos não haveria sacerdotes, e, de­
voltavam ao carroção carregados de padrões de com portam ento, assim co­ pois de um a ou duas décadas, as filei­
caixas, cestas, jarros ou pacotes — ra­ mo atitudes e conceitos a respeito de ras do Sacerdócio de M elquisedeque
ram ente dinheiro. Dois diáconos de sua religião. A m ordom ia, o princípio não seriam preenchidas com adultos
Provo, Utah, por exemplo, em um a co­ básico de governo da Igreja, é apren­ preparados e qualificados, que se tives­
leta de ofertas de jejum mensal em dida cedo pelos diáconos, que, ao re­ sem graduado no Sacerdócio Aarônico
1903, carregaram em sua carroça “750 ceberem um a designação, precisam con­ preparatório.
g. de toucinho, 40 centavos em dinhei­ cluí-la e rep o rtar o sucesso ao seu líder. A geração de Brigham Young des­
ro, 1 jarro de fruta em conserva, 1 A prendem tam bém sentim entos de so­ crevia os diáconos e outros membros
pacote de uvas-passas, 1 lata de ostras lidariedade, ajudando os necessitados, do Sacerdócio Aarônico como as per­
e 16 quilos de farin h a.” atitudes de adoração e reverência ao nas e pés da Igreja, sem os quais ela
Além de coletar ofertas, os diáco­ passarem o sacram ento, e respeito pelos seria aleijada. Mas é tam bém im portante
nos têm ajudado os necessitados, doan­ bispos e autoridades da Igreja ao fa­ notar que, sem a experiência do Sacer­
do força física: pintando casas, jun­ zerem alguma coisa para eles. dócio Aarônico, os próprios rapazes fi­
tando folhas, lim pando calçadas, dando A dicionalm ente, os diáconos rece­ cariam aleijados. Assim, o poder do
recados. Como ilustração, existe o caso bem educação form al do Evangelho em diácono tanto envolve o benefício à
que se deu perto da passagem do sé­ suas reuniões do quorum . Antes da Igreja como ao diácono.
culo, quando os diáconos ajudaram existência dos livros de lições da Igre­ Dois milhões de diáconos. Isto é um
duas famílias em sua ala: ja, era deixado por conta dos próprios bocado de camaradagem, de serviço à
“No dia dez de maio, o quorum dos diáconos decidir como despender suas Igreja, de desenvolvim ento pessoal. E
diáconos, com o consentim ento do bis­ reuniões de m aneira aproveitável. E os avaliando bem, é nestas qualidades —
po, reuniu-se na plantação de beterra­ antigos livros de registro indicam que e não nas estatísticas — que os anjos
bas da Irm ã , cujo marido eles faziam um trabalho m uito bem fei­ registradores e nosso Pai Celestial estão
havia falecido recentem ente. O quorum . to ao planejar e realizar reuniões provei­ mais interessados.

6 A L IA H O N A
ocasião; era um jovem que aceitava a
responsabilidade e amava o desafio de
um a tarefa inacabada. O futuro de­
m onstraria reservar muitos grandes de­
safios para o jovem diácono de Cards­
ton.

Hoje, Victor L. Brown é o bispo pre­


sidente d ’A Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Ültimos Dias. É o líder do
Sacerdócio A arônico e das Moças de

o
idade com parável em toda a terra. Com
amor, com preensão, organização, hon­
radez, integridade e um contínuo de­
sejo de com pletar todas as tarefas, ele
se dedicou ao desafio de edificar o rei­
no de Deus, preparando os jovens para

Desafio aceitarem suas próprias responsabilida­


des como m em bros da Igreja.

da O cham ado do Bispo Brown como


segundo conselheiro do bispo presiden­
te, John H. V andenberg, veio em setem­

Tarefa bro de 1961, da parte do Presidente


David O. McKay. Então, em 9 de abril

Inacabada
de 1972, o Bispo Brown foi designado
pelo Presidente Lee como bispo presi­
dente da Igreja. Dêsde 1972, como as-
outras A utoridades G erais, ele dedica
todo o seu tem po à Igreja.

Bispo Victor L. Brown Num dia norm al de trabalho (e ne­


Por Lowell M. Durham |r. nhum desses dias é, na realidade, nor­
Ilustrado por Sherry Thompson m al), o Bispo Brown levanta-se às 5h
e 30 min. ou 5h45 minutos. Faz um
breve desjejum e está sempre a cami­
nho do escritório, às 6h30 minutos.
erald Brown desafiou seu filho a responsabilidade. Com o cabo liso do

«
Seus compromissos começam geralmen­
cortar o que parecia ser lenha m achado nas mãos jovens, ele come­
te às 7 horas e ele raram ente tem tempo
demais naquela clara m anhã de çou a cortar. E nquanto brandia o m a­
outono em Cardston, A lberta, Ca­ de alm oçar. O Bispo Brown reúne-se
chado, podia sentir o calor aum entar
nadá. O jovem Vic Brown preferia es­ com freqüência com seus conselheiros
dentro de si com o trabalho. O barulho
tar nas campinas de A lberta, correndo do m achado na m adeira e o cheiro das e sem analm ente com a Prim eira Presi­
com seu cavalo através do ar fresco da achas recém -partidas eram um paga­ dência da Igreja, para debater muitos
m anhã, mas respeitava o pai. Sabia m ento parcial, mas o m elhor veio cer­ assuntos relativos a sua mordomia.
que lhe havia sido solicitado cortar ca de cinco horas mais tarde, quando
mais lenha do que um jovem de sua rachou a últim a tora e a empilhou. Ele é responsável por uma vasta e
idade deveria, realm ente, ser capaz de Era um a sensação cálida, em bora mis­ am pla rede de assuntos tem porais re­
cortar. Mas tinha sido aquele tipo espe­ ta de cansaço, saber que a tarefa fora lacionados com o funcionam ento da
cial de desafio de pai-para-filho — e de­ bem feita. A apreciação do pai tam ­ Igreja. Adicionalm ente aos seus deve-
safio era algo de que V ictor Lee Brown bém foi calorosa e sincera, apenas mos­ res com as organizações do Sacerdócio
gostava, um a coisa que ele enfrentava trando um leve quê de surpresa por A arônico e Moças, o Bispo Brown
corajosam ente. A lenha era necessária ter seu jovem filho sido capaz de rea­ é o presidente do Sacerdócio Aarônico
na cozinha e para aquecer o lar da fa­ lizar a tarefa de um homem feito. sobre a terra e, portanto, o responsá­
mília Brown, e V ictor sabia que cor­ vel como líder de todos os bispos da
tar lenha não era apenas um desafio, V ictor L. Brown estava servindo co­ Igreja, que são os presidentes do Sacer­
mas um a daquelas necessidades pelas mo prim eiro conselheiro da presidência dócio A arônico nas alas da Igreja. É
quais podia com partilhar a carga da do seu quorum de diáconos por essa tam bém encarregado do program a de

M A IO DE 1976 7
Serviços de Saúde e tem a tarefa ex­ fala, mas é uma coisa pela qual perde Diz a irmã Brown: “Alguns jovens
trem am ente im portante de orientar o o sono, algo com que se preocupa, so­ têm medo de não terem nada para ofere­
program a do Serviço de Bem-Estar. O bre o que está pensando sem pre. É tão cer aos outros, ou são tímidos demais
Bispo Brown e seus conselheiros são dedicado, que raram ente tira algum para aceitar posições de liderança e res­
responsáveis pelo recebim ento dos dízi­ tem po para descansar.” ponsabilidade. Creio que a vida de meu
mos e ofertas da Igreja e de reunir-se O Bispo Featherstone diz a seu res­ m arido, assim como suas crenças, po­
com a Primeira Presidência e Conselho peito: “Ele tem um a com preensão de dem ser um a ajuda e uma inspiração.
dos Doze como membros do Conselho sua m ordom ia como poucas pessoas na
para a Disposição de Dízimos (confor­ “Tenho-o escutado dizer com fre­
Igreja. Acho que, se os bispos com­
me descrito na seção 120 de D outrina qüência, ao receber um a nova designa­
preendessem sua m ordomia como pre­
e Convênios). O Escritório do Bispo ção: ‘Admira-me ter sido escolhido.
sidência do Sacerdócio A arônico em
Presidente é tam bém responsável pelas Sinto-me tão inadequado para o car­
suas unidades, como o Bispo Brown
fichas de membros da Igreja. A esta go!’ E, com essa observação, ele se
com preende a sua presidência do Sa­
m ordomia pesada e de longo alcance o lança àquele determ inado trabalho com
cerdócio A arônico em toda a T er­
Bispo V ictor L. Brown dedica diaria­ todo o entusiasm o, dedicação e busca
ra, veríamos uma elevação na atividade
mente suas energias e talentos. constante da ajuda do Senhor que po­
do Sacerdócio A arônico e na atividade
dem ser concentrados por um a pessoa.
Uma noite por sem ana, o Bispo das moças como nunca anteriorm ente
Brown e seus conselheiros, Bispo H. na história da Igreja.” “Nesse ponto, observo dos bastidores,
Burke Peterson e Bispo Vaughn (. O Bispo Brown tem m uitas grandes tanto com alegria como com tristeza,
Featherstone, reúnem-se com as orga­ qualidades de liderança, e seus conse­ quando vejo seus esforços às vezes
nizações do Sacerdócio A arônico e das lheiros são os prim eiros a salientá- aceitos e outras rejeitados por aqueles
Moças. las. O Bispo Peterson fala com muita cujo julgam ento ele considera superior
O Bispo Brown tem um am or ge­ adm iração e respeito da sua grande ao seu próprio. Mas sei que, com pa­
nuíno e firm e pelos jovens da Igreja e capacidade de escutar. Diz ele: “Sem­ ciência e zelo, o trabalho será eventual­
dedica hora após hora para o seu pre me adm iro de que o Bispo Brown mente realizado — nem sempre exata­
bem-estar. O Bispo Featherstone diz tenha sem pre os ouvidos atentos. Em mente como planejado, mas sempre da
que o Bispo Brown, com freqüência, meus anos de experiências comerciais, maneira que o Senhor desejou.”
recebe cartas de um rapaz ou moça da vi muitos grandes homens de sucesso
A Irm ã Brown continua: “Não sei
Igreja que se realizou, ou que está fechar sua m ente *e não ouvir. Mas,
se estas duas Escrituras são ou não
com algum problem a e, no meio da lei­ em bora o Bispo Brown seja um homem
suas favoritas, mas sei que ele vive
tura, pára, tira um lenço do bolso e enérgico e com metas definidas, como
pelos princípios que elas ensinam tão
enxuga as lágrimas. Tem muito orgu­ qualquer deles, ele sem pre tom a tem po
bem quanto qualquer pessoa que co­
lho dos jovens desta geração fabulosa para parar e o u vir.”
nheço. Ele acredita im plicitamente no
e sentim entos amáveis e sensíveis quan­ O Bispo Brown tem um a devoção que Néfi diz em 1 Néfi 3:7: “E eu,
to aos seus sucessos, como tam bém uma tranqüila por sua família e um grande Néfi, disse a meu pai: Eu irei e cum ­
preocupação amorosa para com seus am or e dedicação pelos jovens da prirei as ordens do Senhor, pois sei
fracassos. Igreja. Q uando se pergunta que ex­ que o Senhor nunca dá ordens aos fi­
O Bispo Brown e seus conselheiros pressões descreveriam o bispo, sem fa­ lhos dos homens sem antes preparar um
se reúnem com freqüência em seu es­ lhar, as mesmas duas palavras são re­ cam inho pelo qual suas ordens pode­
critório, a fim de debaterem os assun­ petidas continuam ente — honestidade rão ser cum pridas.” Ele sabe também
tos referentes ao Bispado Presidente da e honradez. que a promessa do Senhor, em D outri­
Igreja. Ambos os seus conselheiros con­ Depois do jantar, o bispo dirige-se na e Convênios 82:10, é válida: “Eu,
cordam que o Bispo Brown tem um com sua pasta, p ara a sala da família. o Senhor, estou obrigado quando fazeis
senso de hum or maravilhoso e rápido. Poderá relancear os olhos por um jor­ o que eu digo; mas quando não o fa­
Mas, no fundo, o Bispo Brown é um nal ou um a das revistas de negócios ou zeis, não tendes prom essa nenhum a.”
homem sério, enérgico e dedicado. O de notícias que estão sobre a mesa à
Bispo Peterson, prim eiro conselheiro sua direita, e então com eçará, nova­ “Essas crenças são uma influência
do Bispado Presidente, diz a seu res­ m ente a trabalhar nos assuntos que se orientadora e um testem unho para nos­
peito: “Os que o conhecem, que sa­ referem à sua m ordom ia. A Irm ã sos filhos, e creio que podem consti­
bem o que faz bater seu coração, com­ Brown fica na sala lendo ou cos­ tuir-se tam bém para outros jovens.”
preendem que ele possui um senso de turando, enquanto o bispo continua si­ E assim, com freqüência, quando não
dedicação só igualado por poucos ho­ lenciosam ente o seu trabalho. Ocasio­ está viajando para lugares distantes do
mens que conhecemos. Ele sente real­ nalm ente os olhos dela se levantarão m undo a serviço da Igreja, o Bispo
m ente a responsabilidade do Sacerdó­ para fitar o hom em que ama — tão Brown term inará o seu dia na sala da
cio A arônico do m undo, o mesmo organizado, firm e e dedicado. O bser­ fam ília, sentado em sua cadeira verde
acontecendo com relação às moças. Isto vando-o em seu trabalho, sabe que ele preferida, esforçando-se ainda por ter­
não é algo sobre o que simplesmente tem m uito a d ar aos jovens. m inar sua tarefa.

8 A LIA H O N A
Perguntas e
Respostas
As respostas são para ajuda e perspectiva; não
constituem pronunciamentos doutrinários da Igreja.
“Deus ouve as orações de todos?”

“Deus ouve as oraçoes


de todos?”
escola, ficou profundamente impressionado com o
número de pessoas da Terra e como é variada a sua
vida.

Refletindo, perguntou a si mesmo: Será que


Deus realmente ouve as orações de todos? Depois
de ponderar durante algum tempo, não conseguiu
responder como alguém poderia realmente ouvir todas
essas orações a um só tempo. “É simplesmente impos­
sível; ele deve ter anjos, cuja designação seja ouvir
por ele”, arrazoou. Esta resposta era lógica, mas,
de alguma forma, sentiu-se um pouco mais afas­
tado de seu Pai nos céus.

Ricardo é um bom exemplo de outro caso. Nas­


cido na Igreja, Ricardo não era ativo até quase a
Responde Irmão Merrill. maioridade. Nessa época, uma série de aconteci­
mentos relevantes forneceram-lhe a circunstância
necessária a fim de que se voltasse para o Evangelho.
Após algumas semanas de leitura e oração, Ricardo
havia adquirido um testemunho de Cristo e da vera­
cidade do Livro de Mórmon. As pessoas lembravam-
se dele, devido ao seu testemunho e o empenho em
á, pelo menos, duas diferentes formas de ser exemplar.

H encarar a resposta a esta pergunta: “Deus


ouve as orações de todos?” Uma delas é exem­
plificada pelo indivíduo que chamaremos de
Érico. Dizem que ele é muito esperto e se orgu­
Certa noite, Érico e Ricardo falavam a respeito
da Igreja. Disse Érico: — Sabe, uma coisa que me
irrita na Igreja é que ela exige obediência cega.
lha de sua capacidade de esclarecer as idéias, expli­
cando-as para as pessoas. — O que você quer dizer? — perguntou Ri­
cardo.
Ultimamente, Érico vem estudando a respeito
dos diferentes países do mundo. Certa tarde, quan­ — Bem, por exemplo, outro dia, estávamos fa­
do assistia a um filme sobre os países orientais, na lando em aula a respeito de oração, e mencionei

M A IO DE 1976 9
quantas pessoas há no mundo e disse que Deus não A conclusão de Ricardo satisfaz a um grande
pode, possivelmente, ouvir todas essas orações. Ele teste, porque se enquadra no que o Presidente Harold
deve ter outros que o façam por ele. O Irmão B. Lee disse em um discurso a respeito de revelação.
Edmundo disse que eu estava errado, e perguntei-lhe Disse que somos muito semelhantes a um receptor
como é que ele sabia. Ele simplesmetne citou um de rádio; se nossa válvula do dízimo estiver que­
amontoado de Escrituras. Rapaz, que maneira de brada, ou nossa válvula da retidão pessoal não estiver
fugir do assunto — simplesmente fé cega. funcionando corretamente, nunca receberemos a men­
sagem enviada pelo Senhor. Pior ainda, poderemos
— Isto é realmente interessante, mas discordo estar sintonizando a emissora errada, pensando estar
da idéia de fé cega — redargüiu Ricardo. — Há recebendo mensagens do Senhor, quando, durante o
não muito tempo atrás, pensei a respeito do mesmo tempo todo, estão vindo de uma fonte errada.
assunto. A primeira coisa que perguntei a mim
mesmo foi: o que o Senhor já nos falou a esse res­ Há um velho provérbio que diz, em resumo,
peito? Li algumas passagens em Doutrina e Convê­ que não é conhecer todas as respostas que indica
nios (veja D&C 88:62-63) e também encontrei uma a sabedoria de um homem, mas sim saber como per­
importante declaração do Presidente John Taylor: guntar as coisas certas.

Quais são as perguntas certas e como isto se


— A respeito desse assunto, é-nos dito que os
relaciona à oração? A prece é a comunicação entre
cabelos de nossa cabeça são contados; que nem um
Deus e o homem. Quando oramos para obter
passarinho cai ao solo sem ser notado por nosso Pai
conhecimento e sabedoria, nossas perguntas devem
Celestial (Mat. 10:29) e, alicerçadas sobre alguns
ser perguntas fervorosas.
desses princípios, estão algumas coisas ensinadas por
Jesus, nas quais conclama os homens a pedir que
Perguntas fervorosas procuram compreender,
receberão. O quê! Os milhões que vivem sobre a
em vez de julgar. Quando Joseph Smith estava pro­
terra? Sim, os milhões de pessoas, não importa
curando, leu em Tiago 1:5: “Se algum de vós tem
quantos sejam. Pode ele ouvir e responder a todos?
falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá
Pode atender a todas essas coisas? Sim.” (Journal
liberalmente, e o não lança em rosto, e ser-lhe-á
of Discourses, vol. 26, p. 31.)
dada.” Joseph leu também (o que esquecemos algu­
mas vezes): “Peça-a, porém, com fé, não duvidan­
— Visto que já tenho um testemunho das Escri­
do.” A Escritura prossegue, falando sobre o que
turas e dos profetas vivos, a coisa seguinte que de­
hesita e duvida: “ . . . Não pense tal homem que
sejava saber era qual o procedimento para compreen­
receberá do Senhor alguma coisa.”
der melhor a respeito de como Deus ouve e res­
ponde às orações. Ricardo sabia como fazer perguntas; Érico nao.
A diferença? “Peça-a, porém, com fé, não duvi­
— Tenho orado a esse respeito, e no último dando.” Érico fazia uma pergunta julgadora e desa­
domingo de jejum, estava lendo a seção 88 de Dou­ fiante, não baseada na confiança e fé nas coisas que
trina e Convênios, a respeito da luz de Cristo e de já havia recebido. “Não pense tal homem que re­
como ela está em tudo e permeia todas as ceberá do Senhor alguma coisa.”
coisas. É claro que sei ser o nosso Pai Celestial um
Personagem distinto, mas isto ensinava que o seu Ricardo não procurava julgar, mas sim com­
poder, espírito, glória e influência emanam através preender. É com fé e confiança que podemos apren­
do universo e criam um canal por onde a luz e a der a seguir o conselho do Presidente Lee de aceitar
vida são dadas a tudo o que vive. Ao pensar a res­ e não duvidar do que o Senhor diz.
peito disso, acho que estou começando a compreen­
der como nosso Pai pode estar em contato pessoal A fé, ao se procurar, traz conhecimento, sabe­
com todos os seus filhos. Concluí que Deus ouve doria e luz.
a todos os que oram, mas, para que recebamos suas
respostas, precisamos viver os mandamentos e pro- Afirmo que Deus ouvp todas as nossas orações;
curá-lo. Não sinto que isso seja fé cega. ele nos ama e procura comunicar-se conosco. Pre­

10 A LIA H O N A
cisamos aprender a fazer as perguntas certas e, espe­ terra com relação ao casamento civil, mas são tam­
cialmente nas coisas de Deus, procurar compreen­ bém selados para o tempo e toda a eternidade em
der e não julgar. uma relação eterna.

Roger Merrill Um divórcio civil anula o casamento no que se


refere à lei civil, mas somente através de um man­
Gerente de Desenvolvimento e Treinamento
dado do presidente da Igreja o selamento de um
Organizacional
casal pode ser cancelado. É realmente ao cancela­
Corporação do Presidente. mento de um selamento que nos referimos, quando
falamos a respeito de um divórcio do templo.

Quando é concedido um divórcio civil a alguém


depois de ter sido selado no templo, ele precisa ser
“O que acontece quando um liberado pela Primeira Presidência, antes de obter
uma recomendação para o templo, do seu bispo. De­
pois de ter sido fornecida uma autorização para
casal obtém um divórcio do divórcio pela Primeira Presidência, pode-se fazer
uma petição, solicitando o cancelamento do sela­
templo? O que acontece aos mento no templo ao Presidente da Igreja. Normal­
mente é a mulher que procura o cancelamento. Visto
filhos na vida futura?” que uma mulher não pode ser selada a dois homens
ao mesmo tempo, ela precisa obter um cancelamento
do selamento de um, antes de poder ser selada a
outro.

Quanto à pergunta seguinte: “O que acontece


aos filhos na vida futura, quando houve cancela­
mento do selamento dos pais?”, compreende-se que
no caso de um cancelamento do selamento da mulher
com o homem, isto não cancela o selamento dos
filhos aos pais, desde que nasceram no convênio,
que é um direito inato. Eles permanecem na con­
dição do selamento a seus pais e não podem nunca
ser selados a ninguém mais. A decisão quanto a
com quem eles ficarão, será determinada pelo Senhor
na vida futura.

Com relação ao nascimento no convênio, o Ma­


nual Geral de Instruções declara: “As crianças nas­
cidas sob convênio não podem ser seladas a ninguém
mais, pois pertencem a seus pais naturais. Esta
regra não é alterada por adoção, consentimento dos
Responde Élder Cullimore pais legítimos, pedido próprio após atingir a maio­
ridade ou morte dos pais legítimos. (P. 106.)
Em resposta à pergunta: “O que acontece,
quando um casal obtém um divórcio do templo?”, Devemo-nos lembrar de que nascer no convênio
devemos entender que não existe tal coisa como um é uma bênção inata, e que, se um filho permanecer
divórcio do templo. O que consideramos como um digno das bênçãos celestiais nesta vida, a despeito
divórcio do templo é, na realidade, o ato de can­ das ações de seus pais, tem a garantia desse direito
celar um selamento do templo. Quando um casal inato, assim como do parentesco eterno. Nisto, como
é casado no templo, não satisfaz apenas à lei da em todas as coisas, a chave para a vida eterna é a

M A IO DE 1976 11
dignidade da pessoa nesta vida pelo cumprimento mos que todo membro da Igreja deve estar capa­
das leis do Evangelho e dos mandamentos. citado a tomar sua própria decisão quanto ao que
acha que deve ao Senhor, efetuando, assim, o paga­
Élder James A. Cullimore mento de acordo.” Entretanto, indicaram que “juros”
são compreendidos como querendo dizer “renda”.
Assistente do Conselho dos Doze.
Ao término de cada ano, todo membro da Igreja
“Devo pagar o dízimo do é convidado a comparecer ao acerto do dízimo com
seu bispo, ocasião em que este oficial deve ser infor­
dinheiro que meus pais me mado se o membro paga ou não seu dízimo integral.

Os jovens devem orar e consultar seus pais,


dão, se eles já pagaram o se tiverem quaisquer dúvidas sobre o que devem
considerar renda e sobre quanto dízimo devem pagar.
dízimo sobre aquele dinheiro?” Podem também procurar o conselho de seu bispo.

O Senhor prometeu grandes bênçãos àqueles


que pagam dízimos e ofertas. Lemos em Malaquias
3:8, 10:
“Roubará o homem a Deus? todavia vós me
roubais, e dizeis: Em que te roubamos? nos dízimos
e nas ofertas alçadas. . .

“Trazei todos os dízimos à casa do tesouro. . .


e depois fazei prova de mim, diz o Senhor dos Exér­
citos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não
derramar sobre vós uma bênção tal, que dela vos
advenha a maior abastança.”

O pagamento do dízimo é um assunto particular


entre o membro individualmente e o Senhor, com o
bispo, como o servo do Senhor, recebendo e pres­
Responde Bispo Brown tando contas da contribuição.

Devido às muitas perguntas a respeito do dízi­ Quando você tiver sido completamente honesto
mo recebidas pelas Autoridades Gerais da Igreja, a com o Senhor, um sentimento de paz se introduzirá
Primeira Presidência dirigiu uma carta aos presiden­ no seu coração, e você não terá dúvidas de que é
tes de estacas e missões, bispos e presidentes de um pagador de dízimo integral.
ramos, datada de 19 de março de 1970. Indicaram
a esses oficiais da Igreja a seção 119 de Doutrina e Lembre-se da orientação do Senhor para pagar
Convênios, versículos 3 e 4, que diz: dízimos de todos os seus juros (ou renda); aconselhe-
se com seus pais; reflita sobre as bênçãos prometi­
“E este será o princípio do dízimo do meu povo. das àqueles que pagam seus dízimos e ofertas, e então
tome sua própria decisão.
“ . . . os que assim tiverem pago o seu dízimo,
pagarão um décimo de todos os seus juros anuais; Ao esforçar-se por viver este e todos os outros
e isto lhes será uma lei perpétua, e para o meu santo mandamentos do Senhor, poderá esperar que o seu
Sacerdócio, para sempre, diz o Senhor.” Espírito esteja com você para fortalecê-lo e orientá-lo
em outras decisões de sua vida.
Depois de citar esta Escritura, a Primeira Pre­
sidência declarou: “Ninguém está justificado em Bispo Victor L. Brown
emitir qualquer outra declaração além desta. Senti­ Bispo Presidente.

12 A LIA H O N A
ÁGUAS EM
REDEMOINHO
Por Bernardine Beatie
Ilustrado por Sherry Thompson

Ching-kai tinha medo de muitas coisas — tem­


pestades, sombras da noite, e latidos de cachorro.
As alturas também o preocupavam, especialmente
todas as vezes que ele tinha que cruzar a alta ponte
pênsil sobre o rio que separava a fazenda de sua
família do lugarejo das regiões montanhosas de
Taiwan, onde ele e seu irmão mais velho, Wen-show,
freqüentavam a escola.
“— Kwi Dzo (ande depressa), Ching-kai! — ”
gritava Wen-show para seu irmão mais novo, certa
manhã. E então Wen-show correu atravessando rapi­
damente a ponte estreita e oscilante para encontrar-
se com seu amigo, Ting-gwo, que estava esperando
do outro lado.
Ching-kai respirou fundo, agarrou os corrimãos
de corda e vagarosamente andou passo a passo sobre
a estrutura balouçante e estreita.
“— A ponte não vai cair, Ching-kai — ”, gritou
Ting-gwo. “— Por que você está sempre com medo?”
“— Não sei — ”, murmurou Ching-kai de ca­
beça baixa, quando encontrou seu irmão e o amigo
do outro lado da ponte.
“— Ching-kai é criança — ”, explicou Wen-
show rapidamente.
“— Quando éramos da idade dele”, — disse
Ting-gwo rindo, “— corríamos um atrás do outro
atravessando a ponte!” — Então, dirigindo-se a
Ching-kai, advertiu: “— Se não mudar, Ching-kai,
quando crescer você será tão fraco e medroso quanto
um coelho! ”
O rosto de Ching-kai ruborizou-se de vergonha.
Wen-show notou e pôs a mão de maneira compreen-
• *
siva no ombro de seu irmãozinho: “— Amanhã não que tal sonho, era tolo, para alguém que tinha medo
haverá aula, maninho. Vamos pescar? até de atravessar uma ponte alta. Ainda assim, mais
“— Yao (S im )!” — gritou Ching-kai ansioso. do que qualquer coisa no mundo, queria que seu
irmão mais velho se orgulhasse dele.
“— Posso ir também?” — perguntou Ting-gwo.
Na manhã seguinte, o céu estava escuro e havia
Wen-show deu de ombros: “— Se quiser.” uma imobilidade exânime no ar. Ching-kai estreme­
Naquele dia, na escola, Ching-kai sonhou em ceu ao pensar nas histórias da grande tempestade
fazer um ato de grande bravura na pescaria. Sabia durante o tempo de seu avô. O rio havia trans-

A LIA H O N A
bordado, e a ponte e todos os edifícios da fazenda coclho, enquanto seu irmão e o amigo estavam em
foram varridos para longe. Vovô e a família se salva­ dificuldade. Quando Ching-kai abriu a porta da
ram, agarrando-se a alguns destroços, até consegui­ frente, a chuva parou de forma repentina. Mas, ao
rem chegar a um^erreno mais elevado. Ching-kai cruzar, o terreno, um grande barulho ensurdecedor
não desejava chegar perto do rio ou da ponte hoje, encheu seus ouvidos. O coração de Ching-kai dis­
mas estava envergonhado de dizer isto a seu irmão. parou. Era o rio, correndo alto e rápido.
Deu um suspiro de alívio, quando, na hora do des- Gritos tênues chegaram aos ouvidos de Ching-
jejum, shien shung (seu pai) disse que a pescaria kai, enquanto permanecia ouvindo as águas encape­
tinha que ser adiada. ladas. “— Wen-show! Ting-gwo!” — gritou, for-
“— Tenho negócios na vila”, — explicou o pai. çando-se a seguir a direção do som. Seus joelhos fra­
“— Sua mãe vai comigo visitar a irmã dela. Plane­ quejaram, quando viu que os postes que seguravam
jamos ficar lá esta noite; assim, alguém precisa ficar a ponte no outro lado da margem haviam sido leva­
aqui para cuidar da fazenda. É possível que caia dos pelas águas. Wen-show e Ting-gwo estavam
um temporal.” agarrados aos destroços da ponte, sendo jogados de
Depois que os pais partiram, Ching-kai e Wen- lá para cá pela água enfurecida, como pedaços de
show alimentaram as galinhas e coelhos. Estavam cortiça presos na extremidade de uma linha.
capinando a pequena horta nos fundos da casa, quan­ “— Puxe-nos, Ching-kai” A voz do irmão che­
do Ting-gwo veio correndo, trazendo uma vara de gou a ele fracamente. Ching-kai observava como que
bambu e uma grande lata de minhocas. enfeitiçado.' A água redemoinhava à volta dos meni­
nos e ele podia ver que logo os levaria. Engolindo
“— Mas o tempo está clareando!” disse de
o nó de medo na sua garganta, ele deu um passo
modo convincente, depois de ouvir Wen-show expli­ adiante, então mais um, e outro.
car por que shien shung havia proibido e pescaria.
“— Cuidado, Ching-kai!” gritou Wen-show.
Wen-show olhou esperançosamente para o céu: “— O rio socavou a margem”.
Você está certo, Ting-gwo. Vamos, Ching-kai.
Ching-kai sentiu a terra tremer sob os pés. Es­
Shien shung não se importaria”.
tava tão assustado, que seus joelhos pareciam ter-se
“— Ele nos disse que ficássemos em casa”, — transformado em gelatina, mas ele deitou-se, estirado
Ching-kai lembrou aos outros garotos. no chão e arrastou-se centímetro por centímetro em
“— Você está com medo, Ching-kai, é por isso direção aos postes da ponte. Finalmente, seus dedos
que não quer ir”, — desafiou Ting-gwo, e virou-se se fecharam à volta das cordas que seguravam a ponte.
para Wen-show: “— Se você não vier, eu vou sozi­ Puxou com toda a força. O destroço que boiava com
nho!” Virou-se e saiu em direção ao rio. os garotos em apuros moveu-se vagarosamente em
“— Espere, irei com você!” gritou Wen-show. direção à margem. Exatamente quando Ching-kai
sentiu que seus braços iam ser arrancados das jun­
“— Venha, Ching-kai” — instigou ele.
tas, as cordas afrouxaram, e Wen-show e Ting-gwo
“— Não vá, Wen-show. Por favor!” suplicou engatinharam pela margem em sua direção.
Ching-kai “— O céu ainda está escuro no leste”.
Ching-kai ajudou os garotos tiritantes a se po­
“— Um pouco dé chuva não nos vai machu­ rem de pé. Ninguém falou até chegarem em casa.
car!” exclamou Wen-show. Ele suspirou: “— O que Então, os olhos de Wen-show encontraram-se com
posso fazer com você, Ching-kai? Seus temores me os de Shing-kai: “— Se não fosse por você, irmão-
fazem passar vergonha diante de meus amigos!” zinho, teríamos sido varridos pelo rio”.
Wen-show pegou sua vara de pescar e correu atrás “— Ai Yo (U fa )!” suspirou Ting-gwo em agra­
de Ting-gwo. decimento. “— Como eu estava errado em chamá-lo
Ching-kai sentiu um nó na garganta. Seu irmão de fraco e medroso, Ching-kai. Você é tão corajoso
mais velho sempre o defendera anteriormente, mas quanto um leão! ”
agora sentia vergonha. E não é à toa, pensou Ching- O rapazinho sorriu sem jeito. “— Não, continuo
kai sentindo-se aflito. sendo um coelho, Ting-gwo. Tive que forçar-me a ir
Logo começou um chuvisco. Ching-kai correu ao rio. Estava assustado — mais do que jamais
para trancar as portas dos barracões. Quando ter­ estive antes.”
minou e chegou de volta à casa, o chuvisco já se Wen-show riu. “— Nós também estávamos as­
havia transformado em chuva forte, e o vento estava sustados, irmãozinho. Nunca compreendi antes, mas
soprando com tanta força, que os topos das árvores a bravura não é a ausência de medo. A bravura é
quase tocavam o chão. Ele se encolheu num canto, ser capaz de enfrentar o medo e sobrepujá-lo!”
tremendo e pensando em Wen-show e Ting-gwo. “— Você tem razão!” concordou Ting-gwo.
Onde estão eles? Por que ainda não voltaram? Ima­ “Isto prova que você é corajoso, Ching-kai!”
ginava. Ching-kai deu um largo sorriso. “— Tentarei
Passou-se uma hora, e depois outra. Ching- lembrar-me disto, quando a ponte for consertada.
kai estava louco de preocupação, à medida que Então ele correu para a porta e abriu-a.
aumentava a violência da tempestade. Finalmente “— Olhem!” gritou. “— Lá está o sol — a tempes­
se levantou. Não mais podia esconder-se como um tade acabou.”

M A IO DE 1976 15
m um país longínquo, muitos

E anos atrás, vivia um rei que


era muito infeliz. Tinha
muita terra e muitos servos.
Você é
Tinha muitas riquezas e óti­
mas roupas, assim como carruagens
rápidas. Mas não era feliz.
Feliz?
Por Mabel Jones Gabbott
Certo dia, disse o rei: — Talvez
eu fosse feliz, se trocasse a cor das
cortinas de veludo da sala do tro­ Ilustrado por Howard Post
no. O azul real seria uma tonalida­
de melhor. E todos os servos do
palácio real correram para trocar
a cor das cortinas de veludo da
sala do trono.
Quando isto estava feito, o rei
sentou-se em seu trono e olhou pa­
ra os belos reposteiros azuis de
veludo caindo em pregas, e gostou
do que viu. Mas não ficou feliz.
Talvez se meu manto tivesse pele
de coelho branca, isto me fizesse
feliz, pensou o rei. Assim, todos os
caçadores de pele do rei apressa­
ram-se e apanharam coelhos sufi­
cientes para adornar o manto real
com pele de coelho. O rei sentou-
se, então, em seu trono trajando o
manto real, enfeitado com a pele de
coelho, e todo o povo o admirou.
Mas ele não estava feliz.
Disse o rei: — Talvez se eu
tivesse seis cavalos em vez de qua­
tro para puxar minha carruagem
pelas ruas, então eu me sentisse fe­
liz. — Os servos que se encontra­
vam nos campos, trouxeram outro
par de ótimos cavalos brancos para
a carruagem dourada do rei, e ele
passeou pelas ruas com seis cava­
los puxando-a. Embora o povo sor­
risse e acenasse para ele, o rei ainda
não estava feliz.
Certo dia, um homem sábio
disse: “— Oh, Majestade, há mui­
tas pessoas em seu reino que não
têm nem a metade de suas rique­
zas, e no entanto, são felizes. Tal­
vez se pudesse usar a camisa de um
deles, isto poderia torná-lo feliz “— Bem”, disse o lenhador,
também”. O rei pensou a respeito “— se eu tivesse uma serra que
desta sugestão e decidiu que era funcionasse sozinha e cortasse mais
uma boa idéia. Assim, vestiu-se rápido, eu seria mais feliz.”
com roupas velhas e saiu a pé, pa­
“— Sinto muito”, disse o rei.
ra percorrer seu reino, procurando
um homem que fosse perfeitamente O homem seguinte que ele en­
feliz. controu estava arando um campo
O primeiro homem que encon­ com um arado manual e puxado
trou estava pescando em um bar­ por um único boi. O sol estava
quinho num belo lago azul. O rei brilhando, o fazendeiro assobiava,
acenou-lhe, e o homem remou até os passarinhos seguiam-no nos sul­
a praia. cos que deixava para trás, e uma
— “ Você é feliz?” perguntou leve brisa agitava o capim ao longo
o rei. da rampa pela qual passava o
arado.
“— É claro”, disse o homem.
“— Você está certo de que é Você é feliz?” perguntou
perfeitamente feliz?” repetiu o rei. o rei.
“— Bem”, disse o homem, “se “— Sim”, disse o homem, en­
eu tivesse um barco maior, pode­ quanto passava assobiando.
ria ir para mais longe e conseguir
peixes maiores. Então eu seria “— Você é perfeitamente fe­
mais feliz ainda.” liz?” perguntou o rei. “— Não de­
“— Sinto muito”, disse o rei, e sejaria ter uma boa parelha de ca­
prosseguiu. valos para puxar seu arado?”
O homem seguinte que encon­ “— Não”, disse o homem.
trou estava cortando madeira na “— Gosto do ritmo calmo do meu
floresta, com um grande macha­ fiel amigo, e aprecio sentir o chei­
do. “— Você é feliz?” perguntou ro do ar puro. Gosto de ver a
o rei. terra rica transformar-se em sulcos
“— É claro”, disse o homem. e dá-me prazer assobiar juntamen­
“— Você está certo de que é te com os passarinhos.”
feliz?” perguntou “— Ah”, disse o rei de si para
si. “— Aqui está um homem per­
feitamente feliz.” Dirigindo-se ao
fazendeiro, o rei perguntou:
onde está sua camisa para que
eu possa tomá-la emprestada?”
“— O h”, disse o homem feliz,
“— não tenho camisa, pois não
preciso de nenhuma. O sol é quen­
te, a terra arada é macia sob meus
pés, as brisas mantêm o ar agra­
dável, os pássaros cantam comigo
quando ando e sou perfeitamente
feliz”. O homem iniciou, então,
uma nova carreira.
“— Espere”, disse o rei. E tirou
sua camisa, colocando-a no chão.
Lançou mão do arado e trabalhou
o dia inteiro com o homem. O sol
o esquentou, os pássaros cantaram
para ele, e o homem lhe falou das
coisas boas e belas da terra.
E o rei sentiu-se feliz.
DE UM AMIGO
ive, certa vez, um amigo que era caçador de pumas.

T
G ostava de selar seu cavalo favorito, am arrar o alforje
e certificar-se de que seu fuzil estava limpo e pronto
para disparar instantaneam ente.

PARA OUTRO
Por Élder Marvin J. Ashton
Um dia, quando o visitava, notei que possuía um
enorm e cachorro de caça am arrado a um dos galpões. “É
um a beleza”, comentei.
do Conselho dos Doze “— Tenho que vendê-lo”, respondeu meu amigo.”
*— N ão posso preocupar-m e com ele.”
“— Por quê? Q ual é o problem a?” — perguntei sur­
preso.
Meu amigo caçador de pum as explicou que desde que
era um filhotinho, o cachorro havia sido treinado para seguir
o rastro de pumas. “— Ele sabe o que espero dele”, con­
tinuou o hom em , “— mas na últim a vez que fizemos uma
caçada de três dias, ele saiu atrás de um gamo, depois per­
seguiu um coiote, e finalm ente alguns coelhos, e ficou longe
quase um dia inteiro. Ele sabe que precisa ficar no rastro
do pum a, para ser um dos meus ajudantes. Nosso negócio
é com pumas, e este cachorro é ruim para os negócios.
Agora está à venda, e bem b arato .”

18 A LIA H O N A
Senti pena daquele cachorro belo, saudável, e no en­ que realm ente não gostamos de fazer (sofrer), para que
tanto, desobediente. Ele não conseguia ficar no cam inho que possamos tornar-nos os cidadãos m aduros e obedientes que
lhe garantiria lugar com seu senhor. o Senhor deseja.
Fazendo um retrospecto de m inha vida quando era ape­ Em toda nossa volta, a natureza dem onstra o valor de
nas um rapazinho, lembro-me de como às vezes me era difícil fazerm os o que é certo. Se os esquilos não arm azenarem ali­
fazer o que meus pais pediam . O beisebol e o basquetebol m ento durante o verão, m orrerão de fome no inverno. Se os
eram mais divertidos do que estudar saxofone, e havia passarinhos não construírem ninhos adequados antes de po­
ocasiões em que eu não via o valor de se ir a todas as rem os ovos, os filhotinhos m orrerão.
reuniões da Igreja. Estou grato a meus pais por me terem
Como filhos de um Pai Celestial que nos ama, sabemos
ajudado a manter-me no cam inho do Mestre, até que esti­
que, se guardarm os os seus m andam entos, receberemos as
vesse suficientem ente m aduro para escolher o certo por mim
recom pensas que ele tem para nós. Se obedecerm os a nos­
mesmo.
sos pais, seremos abençoados com a força necessária para
Nosso Pai Celestial nos explicou quão im portante é ser tom arm os decisões acertadas e, algum dia, tam bém podere­
obediente. “E o meu povo precisa ser castigado até que mos nos tornar pais bons e cheios de amor, ensinando o
aprenda a ser obediente, ainda que seja pelas coisas que que é certo a nossos filhos.
agora sofre.” (D&C 105:6.)
Estou grato que entes queridos, bons professores e ami­
Nossa m ãe, pai, professores e nossos amigos m uitas gos não tenham deixado que eu me afastasse da trilha da
vezes nos repreendem . Ou podemos ter que fazer algo de verdade e da justiça, do cam inho da obediência.

M A IO DE 1976 19
QUEBRA-CABEÇAS DOS : . 9 IO»PONTINHOS
SÓ PURA DIVERTIR 4»
8

Ligue os pontinhos
e encontrará um animal
que gosta de
de mel.

Por Carol Conner

SENHORITA SUZANA DAS FORMAS


Por Graham Tether

Esta é a senhorita Suzana das Formas.


Cada uma das partes de seu corpo é composta
de formas diferentes. Veja sua cabeça redonda.
Ela é chamada de CÍRCULO £
Às vezes, a lua aparece redonda como sua cabeça.
Nessas ocasiões, ela é chamada de lua cheia.
Às vezes, ela fica com a forma de uma bocaV.^
Aí, é chamada de lua CRESCENTE.
Suzana está sorrindo porque se diverte
numa festa. O chapéu que usa na festa é um
TRIÂNGULO ^ . Seu nariz também
é um triângulo.
Você sabe qual é a forma de seus olhos?
Eles são ESTRELAS
Os amigos de Suzana estão todos na festa.
É por isso que seu CORAÇÃO ^ está batendo
bam-bam-bam. Você é capaz de encontrar
seu coração?
O pescoço e braços de Suzana são
LINHAS RETAS ----------- . Olhe para suas pernas.
Eles são ESTRELAS
Suas mãos e pés têm todos a mesma forma.
São chamados de OVAIS
Suzana está usando os brincos de sua
mãe na festa. Eles têm a forma de QUEBRA-CABEÇAS DOS PONTOS Por Caro1 Conner
LOSANGOS . Os botões de sua blusa Pinte cada um dos espaços que contenha um ponto.
são QUADRADOS ■
Se quiserem ter sucesso na im planta­

O Papel da ção do program a dos Serviços de Bem-


Estar para a preparação da família, as
mulheres precisam desenvolver as qua­
lidades de industriosidade, economia,

Sociedade de independência, trabalho e prudência —


qualidades que, se aplicadas, ajudarão
a fortalecer os indivíduos e famílias
com um firme sentim ento de autocon­

Socorro nos fiança contra os dias de necessidade.


Para poder enfrentar o desafio feito
a toda fam ília da Igreja para que esteja

Serviços preparada, a Sociedade de Socorro está


aum entando seus esforços para ajudar
as irmãs da Igreja das seguintes ma­
neiras:

de Bem-Estar A través de seu program a educacional,


a Sociedade de Socorro fornecerá cur­
sos com plem entares e novos sobre as­
suntos relacionados ao bem-estar em to­
Barbara B. Smith das as classes. Neles encontram os lições
Presidente G eral da Sociedade a respeito de adm inistração do dinhei­
de Socorro ro, do lar e do tem po, assim como en­
fermagem doméstica. A judando as m u­
Sessão de Bem-Estar da 145° Confe­ lheres a adquirir conhecim ento e habi­
rência Geral Semi-anual, realizada a 4 lidades, m uitos problem as poderão ser
de outubro de 1974. evitados ou sobrepujados.
O ferecerem os um program a de ins­
As irmãs podem aprender os princípios e habilidades da preparação trução para as presidências da Socieda­
familiar através da participação ativa na Sociedade de Socorro de de Socorro de estacas e alas, mos­
trando como as oficiais da Sociedade
de Socorro podem exercer suas designa­
em penho o contínuo apoio, assim como ções com mais eficácia e eficiência,
o esforço das m ulheres da Igreja, com conform e são apresentadas no Manual
o objetivo de levar avante o grande dos Serviços de Bem-Estar.
program a dos Serviços de Bem-estar.
Forneceremos tam bém instruções de­
A Sociedade de Socorro desem penha
talhadas às professoras visitantes, para
um papel m uito im portante nos Servi­
que possam ser mais sensíveis às ne­
ços de Bem-Estar. Por m andam ento do
cessidades daqueles que visitam e mais
Senhor através de seus profetas, a So­
ciedade de Socorro recebeu a designa­ alertas às condições que devem ser re­
ção de ajudar no planejam ento e exe­ latadas ao bispo através da presidente
cução do program a dos Serviços de da Sociedade de Socorro, para que se­
Bem-Estar. Para cum prir nossa m ordo­ jam tom adas providências de bem-es­
tar.
mia relativa ao bem-estar, a Sociedade
de Socorro trabalha com o Sacerdócio D edicarem os parte da sessão da So­
em todos os níveis da Igreja. A presi­ ciedade de Socorro nas reuniões regio­
dência geral da Sociedade de Socorro nais aos serviços de bem-estar.
trabalha com o Bispado Presidente;
um a das presidentes da Sociedade de Encorajarem os as participantes da So­
Socorro de estaca trabalha com os líde­ ciedade de Socorro a fazer parte de
res dos Serviços de Bem-Estar do Sa­ projetos e atividades de bem-estar.
cerdócio da área e região; a presidên­ Um fato que me foi narrado há pou­
cia da Sociedade de Socorro da estaca co tem po atrás, ilustra a ação coope­
ueridos irmãos, aprecio o pano­ trabalha com a presidência da estaca; e rativa da Sociedade de Socorro e do

Q
ram a do program a dos Serviços a presidência da Sociedade de Socorro Sacerdócio ao trabalharem juntos na fa­
de Bem-estar que foi esboçado da ala trabalha com o seu bispado. mília da Igreja para o benefício dos
nesta excelente apresentação fei­ Em um a conferência da Sociedade de filhos e filhas do Senhor sobre a terra.
ta pelo Bispado Presidente para Socorro realizada em 1946, H arold B.
a família terrena do Senhor. Certo dia de inverno, duas professo­
Lee, que então pertencia ao Conselho
Compreendemos a im portância da uni­ ras visitantes chegaram à casa de uma
dos Doze, falou a respeito de um es­
dade básica da sociedade, a família. No tudo feito nos prim eiros dias do plano fam ília que se m udara havia pouco
âm bito da família encontra-se o pai, de bem-estar entre os que precisavam tem po para a ala. N ão houve resposta
o portador do Sacerdócio, que é o ca­ de assistência deste plano. A Igreja im ediata às batidas na porta, mas, sen­
beça governante da fam ília e seu oficial descobriu, nas fam ílias pesquisadas, que tindo-se impelidas a tentar novamente,
presidente. Ele elabora um plano de a m aioria dos pais não eram trabalha­ as professoras visitantes bateram uma
ação para a família, um projeto desen­ dores altam ente habilitados. Suas espo­ segunda, e um a terceira vez.
volvido e esquem atizado em correlação sas não possuíam m uitas das habilida­
e cooperação com os demais familiares, A porta finalm ente se abriu alguns
des domésticas e de adm inistração do centím etros, m ostrando um a m ulher e
com o propósito de ser um a bênção lar, que as ajudassem a cuidar dos re­
para a fam ília toda. cursos disponíveis para a fam ília. Pou­ um a criança vestidas com casacos e pi­
Estou satisfeita de representar a p ar­ cas tinham aprendido as prendas que jamas. As professoras visitantes foram
te fem inina da fam ília da Igreja nesta as ajudariam a ser independentes. (Ve­ convidadas, com relutância, a entrar na
reunião. Reafirmo, com entusiasm o, a ja a Relief Society Magazine, dez. 1946, casa gelada. Em resposta às suas per­
sabedoria do plano do Sacerdócio, e pp. 809-17.) guntas, feitas com compreensão e cui­

M A IO DE 1976 21
dado, a m ulher revelou, lacrimosa, a As professoras visitantes explicaram educacional da Sociedade de Socorro
situação da família. prudentem ente que o program a de bem- que fora designada p ara o bem-estar
estar do Senhor não é algo que roube pessoal, deu à esposa sugestões sobre
O m arido, que ainda estava na fa­ do seu recebedor o orgulho ou a inde­ como adm inistrar melhor os recursos
culdade, encontrava-se m uito doente e pendência, mas sim, contribui para eles. limitados da família e trabalhar pelas
internado na unidade de tratam ento in­ Através de persuasão gentil e amorosa, m ercadorias recebidas.
tensivo de um hospital. As contas do a jovem esposa finalm ente perm itiu
médico e do hospital haviam levado as que se telefonasse à presidente da So­ Como m ulheres nesta fam ília da
economias que o casal fizera durante ciedade de Socorro. Igreja, fomos instruídas a “estender
anos, para que ele pudesse continuar nossas mãos aos pobres e necessita­
os estudos. D entro de pouco tem po, chegaram dos”, a “m elhorar a situação de nossos
tanto a presidente da Sociedade *de So­ lares”; pois, através dessa participação,
Q uando seu suprim ento de com bustí­ corro como o bispo àquele lar. Logo tanto aqueles que são ajudados como
vel para o aquecedor term inara, a jo­ receberam combustível, o fogão foi ace­ os que ajudam crescem. A Sociedade
vem esposa e a criancinha haviam per­ so, providenciada comida quente, e pre­ de Socorro pode fazer muito como or­
m anecido na cama para se esquentar, parada um a lista de alimentos. O bispo ganização para aperfeiçoar a ala e o
e a mãe estava tentando fazer com que visitou então o m arido no hospital, preparo da família. Nós pedimos que
um litro de leite e meio filão de pão encorajando-o com o fato de que sua nos perm itam trabalhar com vocês.
durassem o resto do mês. família estava bem cuidada. Recebeu Testifico-lhes que nos regozijaremos
As professoras visitantes ofereceram um a bênção, na qual o jovem foi tran ­ na oportunidade de servir neste grande
ajuda e então a irm ã disse: “— Meu qüilizado quanto à sua própria condi­ encargo com todo nosso coração, men­
marido tem m uito am or-próprio; ele ção. Daquele mom ento em diante, ele te, poder e força. Em nome de Jesus
não quereria aceitar caridade. começou a melhorar. A conselheira Cristo. Amém.

QUÃO FAMILIAR É 0 SEU ROSTO


Discernimentos
Todo santo dos últim os dias tem discernim ento — sa­
“Alguns anos atrás, conhecíamos bem o nçsso Irmão
mais velho e nosso Pai nos céus. Regozijamo-nos com a
oportunidade que logo teríam os de uma vida terrena que
bedoria obtida ao procurar respostas para os problem as, ao
nos possibilitaria obter um a plenitude de alegria como eles
buscar diretrizes pessoais, ao estudar e aplicar os princípios
possuíam. Mal podíam os esperar para dem onstrar a nosso
do Evangelho, ou da experiência acum ulada. Cremos que
Pai e nosso Irm ão, o Senhor, o quanto os amávamos e
eles devem ser com partilhados. Convidamos os leitores a
como lhes seriamos obedientes, a despeito da oposição ter­
que contribuam .
rena do maligno.
O DOM DA PAZ
E agora estamos aqui — nossas lem branças estão vela­
“Somente poderem os dar-nos uns aos outros, quando
das — e estamos dem onstrando a Deus e a nós mesmos o
nos m antivermos propensos a dar. Um m arido que se en­
que podemos fazer. E nada nos irá surpreender mais, ao
contra preso no pecado, não pode dar-se à sua esposa, por­
passarmos para o outro lado do véu, do que com preender
que não tem a si mesmo para dar. Uma esposa que se tenha
quão bem conhecem os nosso Pai e quão fam iliar nos é o
escravizado ao ódio, não se pode d ar ao seu m arido. Nem
podemos dar retidão e paz aos nossos filhos, quando não as seu rosto. E então, como disse o Presidente Brigham Young,
temos para dar. . . vamos ficar im aginando por que fomos tão tolos na carne.

O melhor meio de obter a paz é através de um a obe­ Deus nos ama. Ele nos está observando, deseja que
diência pessoal ao Príncipe da Paz. Para que um bom cristão tenham os sucesso, e algum dia saberemos que ele não
se torne perfeito, tem que ter uma consciência limpa. Com deixou de fazer nada que fosse para o bem-estar eterno
um bom program a de com preensão e um a íntegra fé pes­ de cada um de nós. Se nós soubéssemos: existem hostes
soal, cresce na alma um a serenidade e paz que suplantam celestiais torcendo por nós — amigos nos céus dos quais
em m uito os mais satisfatórios prazeres carnais. A paz e a não nos podem os lem brar agora, que anseiam por nossa
boa vontade estão entre as mais agradáveis das delícias
vitória. É hoje o nosso dia de dem onstrar o que podemos
terrenas. A fortunadam ente, os pobres podem obter a paz com
fazer — que vida e sacrifício podemos, diária, horária, ins­
tanta facilidade quanto os ricos, o pária social a obtém tão
tantaneam ente, oferecer a Deus. Se nos dermos com pleta­
livrem ente quanto um líder da sociedade, e o cidadão mais
mente, obterem os tudo, do m aior de todos.”
hum ilde pode ter um a paz sem elhante àqueles que exercem
o m aior poder político.”

Élder Sterling W . Sill Presidente Ezra T aft Benson, do Conselho dos Doze,
(Christm as Sermons, D eseret Book Company, 1973, Discurso Devocional na Universidade de Brigham
pp. 57, 26.) Young, 10 de dezem bro de 1974.

22 A LIA H O N A
U M EN IG M A

IDENTIFICACÃO
Por lohn A. Tvedtnes

ada um a destas declarações pode ser usada para des­

C
crever um a ou mais pessoas, tanto da Bíblia como do
Livro de Mórmon. Veja se pode preencher o espaço
em branco com dois nomes para cada descrição, um
da Escritura do Velho M undo e outro do Novo M un­
do. Se, ao final, você tiver conseguido descobrir
mais personagens da Bíblia do que do Livro de M órmon,
talvez tenha descoberto seus pontos fracos e fortes no que
se refere a conhecim ento das Escrituras. Se soube correta­
m ente ambas as respostas todas as vezes, não se esqueça
de estudar D outrina e Convênios e a Pérola de G rande Valor.

1. recebeu uma m anifestação celestial, enquanto


viajava para perseguir a Igreja.
2. Como um ra p a z in h o ,------------ tornou-se com andante de
todo o exército.
construiu um navio e navegou de um conti­
nente para outro, a fim de escapar à destruição de
seu lar.
4. deixou seu lar p ara encontrar um a terra pro-
metida.
5. ------------ abençoou seus filhos antes da morte, dizen­ ( s i - n ig) laz-tz-vi OXJ)
do-lhes o que aconteceria a eles e seus descendentes. ju in ju e u o o 'zii|s o b jb j SI
6. ------------ escreveu um a epístola tratando da fé, espe­ (ZZ '8 -L MeisovM) (W -£ oxg)
rança e caridade. u o u iv S^SIOIAI K
7. ------------ previu a destruição de Jerusalém pelos babilô­
(n -9 :£ Z qeisovM) (£Z'ZZ:8 jnr)
nios (caldeus).
iBd o ‘euj|v (IBBqnjap) o sa p ig El
8. ------------ viajou de cidade em cidade, pregando o Evan­
gelho e pondo a Igreja em ordem. (0E '8:£ u b o )
9. ------------ foi um rei que enviou príncipes como missio- (11 qejsovM) (oBaupaqv
ipeujqv a anbBsay\| 'o n b E jp ss Zl
10. ofereceu a Deus um a oração num jardim ,
Ü £-6Z :S l ig] U S - O V ll l)
11. venceu seu inimigo em um combate singular J iu n iu e u o o
ujbs
!ABO U
e cortou sua cabeça.
12. Por ordem do rei, — foi atirado ao fogo, a fim ( Z -^ 8 l ogor
de ser executado. ( ll- O IM ' la H) :9E:9Z IB1M)
13. ----------- foi um homem que não pertencia à linhagem !J?N snsap 01
real, a quem foi oferecido o reinado, e não o aceitou. (6-1:8Z 4B!Soy\|) UQ40 z )
14. voltou à terra de seus pais e tirou seu povo HBjSOlAI BJESOf '6
do cativeiro.
15. levou todo seu exército à destruição. (SB|OjSjd0 SBns
(SE-62 '91-S IV) uiaquiej ap|A :8£-£l so»v)
oi)||j o ‘bu j |v 0|nBd 8

((H-£:IZ Jar)
(£1 'Ç>N U a-S :6£ es|)
_soj;no so iin u i. a ]qai SBimajap *s b j b s | L

U -Q JOM (Et JOO l)


UOUU9W o|ne<j '9

(fr-l ? N Z) (6fr u § o )
mn (|8BJS|) ÇOBf S

(8:81 ' V Z ’9N Z) ( s - ^ z t u ao )


m sn OBBJqv V

( 8 M I =81-2.1 9N l) (8-/ n ão )
U 9N 'm n ? on £
t Z- l - Z ujjoiai) (S :8 l w bs l)
V UOUJJO^J ia b q Z
_ (61-8UZ MBisoifti)
i|e!SO|/\] ap so l (|!4 (9-r-6 SOIV)
so 0 ‘o q iy o eui|v (o|ned) o|neg i

uoujjpy\| a p o ja h enqia

se^sodsajj
M A IO DE 1976 23
voltou-se para Joseph e disse: “E

SETENTAS: você deverá ser um presidente dos


setentas.”
Esta foi a primeira vez que o

UMA HISTÓRIA significado da palavra “setenta”


foi explicado desde que o Salva­
dor enviara “outros setenta.”
(Lucas, cap. 10.)

PRECIOSA Pelo Élder S. Dilworth Young


O Profeta prosseguiu, dizendo
que os Doze e os Setentas deviam
ser escolhidos entre os membros
do Primeiro Conselho dos Setentas leais do Acampamento de Sião.
Estes homens haviam feito um sa­
a sexta-feira, 4 de outubro de

\
crifício aceitável diante do Senhor.
1975, ouvimos a voz do
Haviam oferecido sua vida, quan­
Presidente Spencer W. Kim-
do necessário, para a redenção da
ball no grande Tabernáculo
terra de Sião.
na Cidade do Lago Salga­
do, quando deu abertura à 145.a Durante as reuniões realizadas
Conferência Geral Semi-Anual da naquela primavera, o Quorum dos
Igreja. Setentas foi organizado. Houve
Também naquela manhã foi ir­ certo desentendimento relativo à
radiada para muitas partes do organização do quorum e ao direi­
mundo, sendo repetida, à meia- to do Sacerdócio sob o qual ele
noite, sua voz em um anúncio so­ era organizado. Esses homens eram
lene: recém-convertidos à Igreja, vindos
“Anunciamos-lhes hoje a desig­ das igrejas cristãs.
nação de quatro novas autoridades Houve muita controvérsia a res­
gerais para ajudar a levar avante a peito dos poderes do Sacerdócio
obra do Senhor, especialmente na entre os sumos-sacerdotes e os se­
área missionária. tentas que haviam sido chamados
“O Élder Gene R. Cook. . . tor- convidados para cantar para ele. como presidentes do quorum. Co­
nar-se-á um membro do Primeiro Os irmãos Young eram excelen­ mo resultado de tal disputa, o Pro­
Conselho dos Setentas. O Primeiro tes cantores e seus duetos eram feta tirou seis dos membros da
Quorum dos Setentas será organi­ muito apreciados pelo Profeta. presidência do quorum dos seten­
zado de maneira gradual, eventual­ Foi então que o Profeta disse tas e enviou-os de volta ao seu quo­
mente com 70 membros, cuja pre­ a Brigham Young que convocasse rum de sumos-sacerdotes. Joseph
sidência será composta dos sete uma reunião para o domingo se­ Young permaneceu no conselho e
membros. guinte, 14 de fevereiro, declaran­ tornou-se o presidente sênior, com
“Serão adicionados hoje três do sua intenção de organizar os os seis seguintes chamados para
irmãos ao Primeiro Quorum dos Doze Apóstolos. Passou algum servir com ele: John Gould, Ja­
Setentas. São eles Charles A. Di- tempo explicando a organização mes Foster, Daniel S. Miles, Josiah
dier,. . . William Rawsel Brad- dos Doze e então disse a Brigham Butterfield, Salmon Gee e John
ford,. . . Élder George Patrick que ele seria um deles; depois, Gaylord.
L e e .. . ”
O quorum deverá ser aumenta­
do até alcançar o total de 70. Os
três novos membros são setentas
chamados de muitos lugares e se
tornam autoridades gerais da
Igreja.
A organização do Primeiro Quo­
rum dos Setentas foi feita há 140
anos. Igualmente solene (e inco-
mum) foi a organização feita na­
quele dia.
A 7 de fevereiro de 1835, Joseph
Smith, o Profeta, dirigia-se para
casa depois do serviço regular da C harles A. D idier William Rawsel Bradford Élder G eorge P atrick Lee

Igreja. Com ele estavam Joseph


e Brigham Young, que haviam sido

24 A LIA H O N A
Em seus dias, Joseph Smith or­ tios no mundo todo — diferindo O Presidente Spencer W. Kim-
ganizou 31/2 quoruns de setentas. assim dos outros oficiais da Igreja ball indicou a direção de nossos
O segundo, terceiro e metade do no que diz respeito aos deveres do esforços. Precisamos “ampliar nos­
quarto foram organizados sem pre­ seu chamado. so passo” e aumentar nosso es­
sidentes. Os presidentes do Pri­ “E eles formam um quorum forço. O mundo precisa ser adver­
meiro Quorum presidiam sobre igual em autoridade ao das Doze tido, e aqueles que a receberão
eles, assim como sobre 0 Primeiro testemunhas especiais ou Apósto­ precisam ouvir a mensagem.
Quorum. los, há pouco mencionados.” Os jovens são admoestados a
Em 1845, depois da morte do (D&C 107:25, 26.) que devem considerar como parte
Profeta Joseph Smith, o Quorum A organização da Igreja era tão de seu serviço à Igreja manter-se
dos Doze reorganizou os setentas. pequena naquela época, que não limpos e cumprir missões. Não é
Um total de 10 quoruns foram or­ havia necessidade de ajudar os uma escolha entre qual opção será
ganizados dentre os élderes abaixo Doze. Os homens podiam ser cha­ mais proveitosa: ir para a missão
de 35 anos de idade. Seus presi­ mados para missões sem pertencer ou para a faculdade. Mas, em vez
dentes foram escolhidos dos 63 a um quorum. Organizar missões disso, a decisão de fazer uma
membros do Primeiro Quorum. e conversos eram os principais missão e depois cursar a facul­
Assim, os primeiros sete presi­ objetivos. dade.
dentes presidiam sobre o Primeiro Através dos anos, em vista de Em cada geração, quando cada
Quorum e sobre todos os setentas não haver necessidade imediata de um dos presidentes da Igreja ava­
em geral, e os 63 membros do Pri­ ajuda aos Doze, o Primeiro Quo­ liou suas responsabilidades, ele fez
meiro Quorum foram divididos em rum não foi organizado. Pode-se mudanças na estrutura organiza­
nove quoruns. Ficou entendido entender isto, quando tão recente­ cional da Igreja para melhor alcan­
que, quando houvesse necessidade mente quanto na década de 1930, çar as coisas que foi inspirado a
de uma reunião do Primeiro Quo­ era costume enviar duas das auto­ realizar. Isto está em perfeito acor­
rum, esses nove grupos de presi­ ridades gerais para uma conferên­ do com a revelação moderna.
dentes reunir-se-iam novamente cia trimestral de estaca. Membros Em termos simples, a revelação
como Primeiro Quorum. da Primeira Presidência ou do moderna é a revelação dada hoje
Então os santos se mudaram pa­ Quorum dos Doze serviam como em dia ao profeta vivo. Ele não
ra o Oeste. Os membros desses presidentes de auxiliares. está limitado a uma organização
10 quoruns foram espalhados entre O crescimento da Igreja duran­ que foi conveniente para a Igreja
as colônias da nova terra. Tornou- te os últimos 30 anos foi fenome­ em 1830, 1840, 1870 ou 1950.
se impossível reunir a maioria de nal. Conforme aumentou o núme­ Se ele não pudesse satisfazer as
qualquer quorum para realizar ro de membros de estacas e mis­ mudanças do mundo e da Igreja à
uma reunião. Não havia transfe­ sões, a necessidade de mais auto­ medida que se apresentam, tornar-
rência dos membros de um quorum ridades gerais tornou-se evidente. nos-íamos tão limitados quanto
para outro. Para assistir na supervisão de es­ eram os antigos israelitas, que
Em 1883, o Presidente John tacas, foram chamados assistentes acreditavam não se poder desviar
Taylor reorganizou todos os quo­ dos Doze. Esses importantes auxi­ das regras estabelecidas por Moi­
runs. Designou cada um para uma liares também supervisionavam as sés. Como resultado, viviam numa
estaca e instruiu que todos os se­ missões, pois estas também aumen­ condição social que não era ade­
tentas fizessem parte dos quoruns taram. A Primeira Presidência e o quada à sua época 1000 anos mais
nas estacas em que viviam. Conselho dos Doze Apóstolos pre­ tarde.
cisavam definir o tipo de ajuda de
Adicionalmente declarou que, A Primeira Presidência e os
que elas necessitavam.
em caso de ser necessário que o Doze organizaram o Primeiro Quo­
Primeiro Quorum se reunisse, o Evidencia-se que estamos na
rum dos Setentas, para satisfazer as
presidente sênior dos primeiros época de empreender um grande
necessidades da época atual em
sessenta e três quoruns poderia esforço para expandir a obra. Na
harmonia com as revelações que
constituir o Primeiro Quorum. Este primavera de 1975, as missões
governam os setentas.
arranjo nunca foi posto em ação, foram aumentadas em mais de 30.
seja pelo Presidente Taylor ou O número de missionários chama­ Conforme a necessidade, o quo­
seus sucessores. dos cresceu enormemente. Atual­ rum será aumentado em número
mente, o número de missões é de até que alcance o total revelado de
À medida que os anos se pas­
133, enquanto o número de mis­ 70 homens. Depois, se houver
saram, não houve nenhuma neces­
sionários totaliza mais de 21.000. necessidade e o profeta assim deci­
sidade evidente do Primeiro Quo­
(Isto não inclui os milhares de dir, serão organizados um segundo
rum. A revelação que o constituiu
missionários de estaca.) Os proje­ e um terceiro,-até que haja o sufi­
em 1835 diz:
tos para o futuro imediato apre­ ciente para fazer o trabalho pecu­
“Os setentas são também cha­ sentam um espetacular crescimen­ liar exigido deles, conforme a
mados para pregar o Evangelho, e to adicional, tanto de missões co­ Igreja cumpra a profecia e o reino
ser testemunhas especiais aos gen­ mo de missionários. de Deus preencha toda a terra.

M A IO DE 1976 25
VOCÊ É CO M O
UMA MÃE Ardeth G. Kapp

presidente da estaca pediu que eu a procurasse. mao fortem ente fechada, alguém m urm urava: — Você é

0
Ele disse que você entenderia meu problem a, como um a mãe!
visto que tam bém não tem filhos. A reunião term inou. Tentei sair rapidam ente pela porta
dos fundos, mas meu caminho parecia estar bloqueado por
objetos e pessoas que já não podia identificar. As lágrimas
O tom de sua voz revelava um a atitude
enevoavam m inha visão. — Não posso chorar, — dizia para
de ressentim ento, enquanto ela perm anecia e fa­
mim mesma, — devo dar um bom exemplo. Mas podia ouvir
lava ali, na porta da frente. Em bora fôssemos
o eco em meus ouvidos: “Você é como um a m ãe.” Pareciam
estranhas naquele mom ento, reconheci-lhe o sentim ento que
caçoar de mim, enquanto m inhas mãos sustentavam o peso
era a capa de um coração angustiado. D urante as várias
da pequena begônia.
horas que se seguiram, ela expressou-me seus pensam entos
mais íntimos. C horava ao falar dos filhos que lhe foram Este ano não fora diferente. Eu pensara no ditado: “O
negados. tem po cura todas as feridas”, mas os anos se estavam passan­
do e eu não estava sendo curada. A inda estava angustiada
Ela veio a mim como um a estranha, mas, com parti­ e meu coração doía. M inha m ente encheu-se de perguntas
lhando preocupações profundam ente pessoais, tornamo-nos que eu fazia muito freqüentem ente: Meu com panheiro eterno
irmãs; e eu estava agradecida que meu presidente de estaca e eu não havíam os sido ordenados a m ultiplicar e encher
tivesse tido a inspiração de enviar-me essa jovem sensível. a terra e ter gozo em nossa posteridade? N ão devíamos ter
Q uando estava de saída, voltou-se e olhou para mim. Houve posteridade? N enhum a alegria?
um breve m om ento de silêncio. Então, num tom agradecido,
Apressei-me a chegar em casa, a apenas algumas qua­
disse: — O presidente da estaca estava certo. Você realm ente
dras da Igreja. Mas o eco da solidão acompanhou-me até
entende. O brigada.
lá. Tentei ignorar a mesa do almoço que havia posto com
Fiquei satisfeita de ter podido aliviar a carga de ou­ am or e cuidado, mas com apenas dois lugares. O utro dia e eu
trem, pois eu realm ente com preendia o seu problem a. En­ tentaria novam ente com mais força suportar a tensão.
quanto ela saía e a observava virar a esquina, lembrei-me
Semanas mais tarde, um garotinho que era novo na
de um pensam ento que ouvira do Élder Neal A. Maxwell,
vizinhança, bateu à nossa porta. Q uando a abri, ele olhou
assistente do Conselho dos Doze:
ansioso e perguntou: — Seus filhos podem vir brincar aqui
“Todas as vezes que navegamos com segurança nesta fora?
rota estreita, há outros navios que estão quase perdidos, Um frio pareceu invadir-me, enquanto eu disse quase
ou que estão perdidos, mas que podem encontrar seu cami­ num sussurro: — Não tenho nenhum filho.
nho devido à nossa lu z.” (Discurso em um serão na Univer­ A criança, em tom curioso perguntou: — Você não é
sidade de Brigham Young.) mãe?
Nem sempre tive esta com preensão, esta luz; na reali­ Respondi concisam ente: — Não, não sou.
dade, em certas ocasiões houve névoas de escuridão em O garotinho pareceu não ter entendido e, na inocência
m inha própria vida.1 Entretanto, essas névoas tam bém são da infância, fez a pergunta que eu nunca ousaia exprimir
partes necessárias de nossa vida. “H á condições de incer­ em palavras: — Se você não é um a mãe, o que é?
teza, dificuldade, tentações e insegurança — e no entanto, Depois que ele se retirou, toda m inha alma clamou:
elas., são o ingrediente que dá à m ortalidade o seu profundo — Deus am ado, se eu não sou um a m ãe, o que sou? — E,
significado. Pois som ente sob tais condições é possível ao novam ente a pergunta penetrante — qual era o plano de
homem alcançar o suficiente, buscar o suficiente e anelar Deus para meu m arido e eu? O que o Senhor queria que
o suficiente para, na realidade, crescer em espírito.” (Bruce fizéssemos?
C. H afen, professor assistente de D ireito, U niversidade de Vários de nossos amigos haviam adotado crianças, con­
Brigham Young.) É-nos possível; no entanto, houve épocas, seguindo a alegria de serem pais. Esses filhos não eram como
durante os anos passados, em que eu realm ente duvidava se fossem seus próprios, eles eram seus próprios. Através
disso. do poder selador do santo Sacerdócio, eles se transform aram
Um típico mom ento de confusão aconteceu em certa em um a unidade fam iliar eterna.
m anhã de domingo, alguns anos atrás. A Escola Dominical Nós tam bém desejávamos adotar crianças. Jejuávamos e
era um a ocasião de regozijo — exceto no Dia das Mães. Por orávam os continuam ente, para saber se a adoção era a
não ser mãe, eu me sentia triste. Mas, nesse determ inado vontade de Deus. Sentíamos um estupor de pensam ento
ano, eu disse a mim mesma que seria diferente. como dito nas Escrituras.
“Mas, eis que eu te digo, deves ponderar em tua mente;
D urante a reunião, todas as mães foram convidadas a depois me deves perguntar se é correto e, se for, eu farei
levantar-se e a cada um a foi dada um a flor, como presente. arder dentro de ti o teu peito; hás de sentir assim, que é
A música do órgão tocava suavem ente, enquanto as mocinhas certo.
se moviam pelos corredores, passando as plantinhas — begô­ “ Mas, se não for correto não sentirás isso, mas terás
nias — em cada fila para as mães que perm aneciam de pé. um estupor de pensam ento.” (D&C 9:8-9.)
Naquele ano, eu havia prom etido ser mais valente do que
durante todos os anos anteriores. Mas, enquanto cada uma M as, por que o estupor de pensam ento, se ansiávamos
das mães recebia seu pequeno presente e as garotas se apro­ tanto pela confirm ação do Espírito Santo? Queríam os au­
ximavam de m inha fila, aqueles antigos sentim entos fam ilia­ m entar nossa fé, para que pudéssemos receber um a resposta
res voltavam. Desejava não ter vindo à Escola D ominical — positiva. Finalm ente, a mensagem veio:
pelo menos não no Dia das Mães. “Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te
As florezinhas em seus vasos foram passadas em cada estribes no teu próprio entendim ento. Reconhece-o em todos
uma das filas, até que todas as mães estavam sentadas. En­ os teus cam inhos, e ele endireitará as tuas veredas.” (Prov.
tão, como antes, mais um a planta foi passada. Mais uma 3:5.) As palavras não eram novas, mas a mensagem veio
vez ouvi o sussurro costumeiro: — Vamos lá, aceite-a, você como um a resposta ã nossa oração.
a merece. — E então, forçando a pequena planta em m inha
M A IO DE 1976 27
Os pensam entos invadiram excitantes m inha mente. Fé Com um sorriso disfarçado, respondi: — Bradley tem razão.
no Senhor Jesus Cristo — não era este o prim eiro princípio — Acompanhei-os, enquanto escolhiam os biscoitos cuidado­
do Evangelho? Fé em que todas as coisas virão a se realizar samente. Então, os pequenos predadores saltitaram pela
no devido tem po do Senhor. porta com seu tesouro, enquanto ali fiquei observando, meu
Esperei ansiosamente para com partilhar esses sentim en­ coração cheio de alegria.
tos com meu m arido, H eber. Sempre o esperava acordada Um pequeno milagre começava a realizar-se. "D ou a
até que ele voltasse de suas reuniões, mesmo tarde da noite, fraqueza aos homens, a fim de que sejam hum ildes; e mi­
porque essa ocasião juntos tornava-se m uito especial. Um nha graça é suficiente para todos os que se hum ilham perante
reservatório de poder sem limites, do qual um a esposa pode mim; pois, se se hum ilharem e tiverem fé em mim, entãc
extrair forças, existe num lar no qual o m arido fiel possui o farei com que as coisas fracas se tornem fortes entre eles.”
Sacerdócio de Deus e magnifica seu cham ado. N esta noite, (Éter 12:27.) Bênçãos que parecem estar longínquas, são
eu pediria outra bênção de meu m arido através de quem com freqüência, apenas adiadas, e somente- em questões
Deus falaria. Com fé crescente, saberíam os a vontade de de grande im portância as almas se tornam intim am ente liga­
Deus com relação a nós. das, enquanto procuram elevar-se a Deus. E ele lá está:
H eber sentiu que eu precisava falar. Depois de haver­ “Eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação
mos conversado e de ele me haver confortado, deu-me uma dos séculos.” (Mat. 28:20.)
bênção. Os anos se passaram rapidam ente. Partilham os da ale­
O rientado pela inspiração do Senhor, encontram os jun­ gria de ver os filhos e filhas de nossos amigos partirem
tos a direção que se tornaria nosso propósito para a vida. para missões e planejarem o casam ento no templo. Chegamos
Recordamo-nos das palavras do Presidente David O . McKay: mesmo a com partilhar, eventualm ente, aquela emoção reser­
“O mais nobre objetivo na vida é procurar fazer outras vada apenas às pessoas que logo viriam a ser avós. E, em
vidas felizes.” Em m inha bênção, meu marido disse: “Você ocasiões nas quais eu experim entava um anseio fugaz, H eber
não precisa ter crianças para amá-las; am ar não é sinônimo me reanim ava e confortava.
de possuir e possuir não é necessariam ente am ar. O mundo
está cheio de pessoas para serem amadas, guiadas, ensinadas, Fomos abençoados, através dos anos, com ilimitadas
elevadas e inspiradas.” oportunidades de progresso e desenvolvim ento — oportuni­
E finalm ente, juntos relemos as palavras do Profeta dades de servir ao nosso próxim o, jovens e idosos, e de
Joseph Fielding Smith: “Se a qualquer pessoa digna forem regozijarmo-nos no dom da vida. Temos podido ver a in­
negadas nesta vida as bênçãos que vêm com tanta presteza fluência de Deus em tudo o que é bom.
a outros, e no entanto ela vive fielm ente e se esforça em D urante a sem ana que se seguiü a certo Dia das Mães,
viver os m andam entos do Senhor da m elhor m aneira, que eu estava verificando a correspondência, quando reconheci
lhe for possível, então nada estará perdido para ela. A tal o endereço da rem etente de um a carta, e alegrei-me com
pessoa serão concedidas todas as bênçãos que podem ser outra carta de “um a de m inhas m eninas.” Essas cartas vi­
dadas. O Senhor a com pensará com a plenitude depois de nham , em geral, anunciando algum acontecim ento im portante,
term inada esta vida e de haver chegado a vida plena. O antes do nascim ento de um novo bebê. Mas a mensagem
Senhor não deixará de olhar por nenhum a alma que seja desta carta era diferente, e como a resposta de um a oração
digna, mas lhe concederá tudo o que lhe puder ser d a d o .. . ” há muito esquecida:
(Doctrines of Salvation 2:176-77.) “G ostaria de com partilhar com você alguns dos senti­
Não ouvi as palavras finais de H eber, quando ele fechou mentos que tenho neste Dia das Mães. Posso lembrar-me de
m ansam ente o livro, pois m inha alma estava em paz. outro Dia das Mães em que eu era um a m enininha distri­
N unca mais me senti a mesma depois daquela noite. buindo flores às mães da ala. Parecia ser algo tão especial.
Adveio um a paz calma como o sol nascente, quando o calor Ansiei por algum dia poder levar-me tam bém e ser hom e­
de seus raios se move para o alto até abranger todo o céu nageada juntam ente com as outras mães. Este Dia das Mães
e não mais existem nuvens escuras em direção alguma. chegou-me com um significado especial, quando pensei em
Sabíamos que nosso casam ento era eterno e que jun­ m inha doce avó, tão frágil em seus noventa e seis anos.
tos nos aperfeiçoaríam os voltados para a perfeição. Fizemos Pensei nos sacrifícios e no am or de m inha própria mãe e de
um voto de confiar no Senhor e em seu senso de oportuni­ m inha amável sogra que está sempre pronta a ouvir. Tenho
agora m inha própria filhinha, pequenina e de sorriso con­
dade, sabendo que “tudo o que meu Pai possui ser-lhe-á
dado.” (D&C 84:38.) H averia, ainda, perguntas, mas tam bém fiante.
“Mas não me lem brei somente de minhas mães de san­
haveria respostas. “ O que deveríamos fazer no m eio-tem po?”
gue, mas tam bém de um a bela pessoa que transform ou mi­
Meu marido me dera a resposta; “O mais nobre objetivo na
nha vida e fez com que eu a amasse e respeitasse sempre
vida é procurar fazer outras vidas felizes.”
com tanta certeza quanto a um a mãe. Se você ao menos
Não me posso lem brar exatam ente quando essa m udan­ soubesse quantas vezes só o pensar em você me fez mais
ça se realizou, mas nosso lar tornou-se um centro de ativi­ compassiva e ajudou-me a ajoelhar-me, quando era tão ne­
dades da vizinhança. Tínham os sempre visitantes, tanto cessária a orientação de nosso Pai Celestial.”
crianças como os pais apareciam , usando a desculpa “preci­
A carta fez-me chorar até não poder mais ver a página.
samos de um biscoito.” Esperavam que H eber estivesse em
Enquanto as lágrimas me corriam pela face, pensei no pri­
casa. Ele sempre tinha tem po para ouvi-los, para divertir-se
vilégio que tivéram os de poder ajudar na vida de Jim,
e para dar-lhes conselho.
Karen, Becky, Paul, M ark, Mindv, W anda e as muitas ou­
M inhas recom pensas chegaram em m uitas ocasiões ines­
tras almas preciosas a quem temos am ado tão profunda­
peradas. Uma vez, na m ercearia, quando o rapaz colocava
mente. De meus lábios escapou um a oração. — O brigada,
as compras num cartucho para mim, disse muito esponta­
Deus querido. Perm itiste aos teus humildes servos serem
neamente: — Seu m arido é um grande cara para se bater
usados como instrum entos nas tuas mãos. “Cumpra-se em
um papo.
mim segundo a tua palavra.” (Lucas 1:38.)
Uma mãe agradecida escreveu certa vez um a carta a
H eber, dizendo: “M uito obrigada por conversar com meu Esfreguei os olhos, enxugando as lágrimas, e continuei
filho. Suas palavras fizeram toda a diferença. As coisas eram a ler a carta:
difíceis para ele que não tem pai, mas agora decidiu que “Eu a amo m uito e oro freqüentem ente para que o es­
quer fazer um a missão. M uito obrigada pelo tem po que pírito orientador do Mestre possa estar sempre com você, a
você despendeu com meu filho.” fim de que possa continuar a trazer bênçãos à vida daqueles
Certo dia, um garotinho passou rapidam ente por mim, que a cercam.
na porta da cozinha, levado por seu amigo que indicava o “Você é como um a mãe para mim. Com amor, C athie.”
caminho. — Bradley diz que a gente pode levar um em cada
mão, — foi o com entário que me fez o menino, enquanto A rdeth G. K app, um a dona de casa, serve na presidência
seu com panheiro mais experiente puxava ansiosam ente a da orgnização G eral das Moças da Igreja. Vive na 29* Ala
gaveta dos biscoitos, abrindo-a bem para escolher m elhor. de Bountiful, Estaca Central de Bountiful, Utah.

28 A LIA H O N A
mados com nossa aparente incapacida­ samos clam ar a ele que nos perdoe.

JEJUM de de resistir a certas tentações, a des­


peito da promessa de que as tentações
de Satanás nunca serão m aiores do que
Freqüentem ente ouvimos
os quatro passos
falar sobre
do arrependim ento:
(1) reconhecim ento, (2) rem orso, (3) re­

E nossa capacidade de resistir. Mas, co­


mo o Senhor explicou ao Profeta Mo-
rôni, são-nos dadas fraquezas por um
paração, e (4) volta à retidão. O perdão
inclui tam bém que confessemos os pe­
cados àqueles que foram ofendidos ou,

ORACÃO propósito sábio:

“E, se os homens vierem a mim, eu


no caso de transgressão mais séria, ao
bispo. Infelizm ente, muitos jovens (as­

lhes mostrarei sua fraqueza. E dou a sim como adultos) acham difícil arre­
por Spencer ). Condie
fraqueza aos homens, a fim de que se­ pender-se e gozar do sentim ento de luz

jam humildes; e m inha graça é suficien­ e pureza experim entado por Alma.
Como empreendem os a remoção das te para todos os que se hum ilham pe­ As perguntas feitas por muitos jo­
manchas do pecado de nossa alm a? rante mim; pois, se se hum ilharem e vens são: “ Como posso sentir-me nova­
O Senhor nos prom eteu, através de tiverem fé em mim, então farei com mente lim po? O que purificará minha
seu profeta Isaías: “A inda que os vos­ que as coisas fracas se tornem fortes alm a?” G ostaria de sugerir dois passos
sos pecados sejam como a escarlata, entre eles.” (Êt. 12:27.) simples como um início positivo nesta
eles se tornarão brancos como a neve; direção:
Alma, o filho, teve sucesso, com a
ainda que sejam verm elhos como o car­
ajuda do Senhor, em purificar sua alma 1. O ração sincera e honesta com du­
mesim, se tornarão como a branca lã ,”
infam ada: ração suficiente para alcançar o trono
(Isa. 1:18.)
de Deus. Para Alma, isto levou três
“E aconteceu que, enquanto eu esta­
Como é confortante receber do Se­ dias e noites. Enos clam ou ao Senhor
va sendo assim atorm entado e p ertu r­
nhor a certeza de que nossos espíri­ durante todo um dia e noite, antes
bado pela lem brança de tantos pecados,
tos m anchados podem restaurar-se à de ouvir do Senhor a certeza de que
eis que lem brei tam bém de ter ouvi­
pureza, e nossa aparência interior pode­ seus pecados haviam sido perdoados.
do meu pai profetizar ao povo sobre a
rá tornar-se agradável à vista do Se­
vinda de Jesus Cristo, um Filho de A extensão absoluta da oração de
nhor. Ele espera que nos subm etam os
Deus, que viria expiar os pecados do alguém é relativam ente sem im portân­
à santificação ou purificação, como é
m undo. cia. O que é de im portância extrema,
evidenciado por ele, quando falou nes­
entretanto, é o processo de comunica­
tes, os últimos dias: “ E tendo fixado m inha m ente nesse
ção bi-direcional. Alguns entre nós cri­
“Pois eu, o Senhor, não posso en­ pensam ento, clamei em meu coração:
ticam certas religiões que prescrevem o
carar o pecado com o mínimo grau Ó Jesus, Filho de Deus, tem misericór­
uso de orações fixas, e no entanto, nós
de tolerância; dia de mim, pois que sinto o fel da
somos freqüentem ente culpados da mes­
am argura e estou rodeado com as eter­
“E ntretanto, aquele que se arrepende m a form a vã e repetitiva de oração. De­
nas correntes da morte.
e faz a vontade do Senhor, será per­ vemos orar até receber a certeza em
doado.” (D&C 1:31-32.) “E eis que, tendo assim pensado, não nosso coração e alma de que alguém
senti mais dores; e tam bém não fui está realm ente ouvindo, de que estamos,
O Senhor espera que m antenham os mais atorm entado pela lem brança de na verdade, nos comunicando.
nosso espírito e corpo limpos do peca­ meus pecados.
2. Jejum. Assim como com freqüên­
do. Como nossos pais terrenos, o Se­
E oh, que alegria e que luz m aravi­ cia confundim os fazer um a oração com
nhor com preende que ocasionalm ente
lhosa vi então! Sim, m inha alm a se en­ orar realm ente, nem oram os o suficien­
seremos tratados por atividades que
cheu de tanta alegria quanta havia te nem jejuamos o bastante para co­
mancham a alma. E ntretanto, ele nos
sido m inha d o r.” (Al. 36:17-20.) m ungar com Deus. A ação de purifica­
recorda de que “não veio sobre nós
A luz e alegria do perdão são nos­ ção do jejum e da oração só pode ser
tentação, senão hum ana; mas fiel é
sas, para quem se habilitar, se estiver­ plenam ente eficaz quando em contato
Deus, que vos não deixará tentar acima
mos desejosos de seguir o conselho do prolongado com as máculas da alma.
do que podeis, antes com a tentação
Senhor dado nas Escrituras. Ele exige Então, e só então, poderem os iniciar o
dará tam bém o escape, para que a pos-
“um coração quebrantado e um espí­ processo de nos tornarm os perfeitos e
sais suportar.” (1 Cor. 10:13.)
rito c o n trito ” (3 Né. 9:20) e reconheci­ experim entar a alegria irresistível como
Ficamos, com freqüência, pessoal­ m ento hum ilde de nossos pecados e fra­ a de Alma, o filho, ao alcançarmos a
mente preocupados e às vezes desani­ quezas. Então, assim como Alma, preci­ santificação à vista do Senhor.

M A IO DE 1976 29
Notícias
Sobre o
Templo

Cerimônia de Abertura da Terra do Templo de São Paulo


por José Glaiton F. da Silva

Precisamente às 15 horas do dia “Damos Graças a T i”, cuja letra Em seguida, um coro formado
20 de março de 1976 foi dado inspirada, aliada à vibrante melo­ por jovens da AIM das três esta­
início à cerimônia de abertura da dia, nunca pareceu mais apropria­ cas de São Paulo, sob a regência
terra para a construção do Templo da do que naquele momento. da irmã Clery Pereira Bentim e
de São Paulo, o primeiro a ser acompanhado ao órgão pela irmã
construído na América do Sul. Regina Lubrani, cantou o hino
“Bela Sião”, contribuindo desta
O Élder James E. Faust presidiu
forma para que se intensificasse a
e dirigiu essa reunião, que con­
espiritualidade dessa reunião his­
tou com a presença de aproxima­
tórica.
damente 2 .0 0 0 membros de todas
as partes do Brasil. Após o prelú­
A IGREJA NA AMÉRICA
dio oferecido pelo coro da AIM,
DO SUL
especialmente organizado para esta
ocasião, o Élder Faust deu as Logo após o Élder Asael T. So-
boas-vindas a todos, reconhecendo rensen, Representante Regional dos
em seguida a presença dos líderes Doze, fez um breve relato de como
da Igreja no Brasil e na América a Igreja surgiu na América do Sul,
do Sul e destacando a presença do destacando o aparecimento e o
presidente da Estaca da África do crescimento da Igreja no Brasil.
Então, o irmão Antonio Carlos
Sul, que muito tem colaborado com Em suas palavras o Élder So-
de Camargo, Representante Re­
este grandioso projeto. rensen disse: “Vinte e um anos
gional dos Doze, elevou-nos a
Dando continuidade ao progra­ Deus em humilde prece, expressan­ depois da organização da Igreja,
ma, todos os presentes uniram vo­ do a gratidão e os sentimentos que em 1830, o apóstolo Parley P.
zes e corações cantando o hino possuiam os corações de todos. Pratt chegou em Valparaizo, no

30 A LIA H O N A
Apesar de muitos problemas e Em 1966, finalmente foi organi­
dificuldades, como, por exemplo, a zada a primeira estaca na Améri­
falta de condução, e comunicação ca do Sul, a Estaca São Paulo.
adequada e a oposição religiosa, a Desde então, oito outras estacas
verdade venceu. foram organizadas, contando atual­
Há algumas datas de especial mente com nove estacas e quatro
importância, acrescentou o Élder missões.
Sorensen: Em 1942 terminaram as Partindo de um começo tão hu­
reuniões na língua alemã. Em 1953 milde, hoje há mais de 140.000
o Presidente Rulon S. Howlls de­ membros na América do Sul. Des­
dicou a terra no Peru para o tra­ te número, 50% são membros bra­
balho missionário estendendo as sileiros.
fronteiras da Missão Brasileira até O crescimento é espantoso, há
os mares do Pacífico. Em 1953 o no momento 21 estacas e 17 mis­
Presidente Frederick G. Willians sões, com outras unidades sendo
abriu a Missão do Uruguai. Em aguardadas; é verdadeiramente
Élder Asael T. Sorensen, Representante janeiro de 1954, o Presidente Da- uma obra maravilhosa.
Regional dos Doze vid O. Mckay, o Profeta ,e primei­ Sinto-me grato e feliz por estar
ro membro da Presidência da Igreja no serviço do Senhor. Tenho tes­
Chile, a fim de divulgar o Evan­ temunho da veracidade dessa obra.
gelho. Porém encontrou uma situa­ Esta é a obra de Deus, em nome
ção um pouco difícil e foi preciso de Jesus Cristo. Amém.
voltar.
NO TEMPLO
Com certeza foi o Senhor, reco­
nhecendo o sacrifício e fé deste Dando seqüência ao programa
apóstolo, que inspirou muitos con­ o Presidente Walter Spat tomou a
versos da Alemanha e da Ingla­ palavra. Em seu discurso ele dis­
terra, a emigrarem para o Brasil e se: “Meus queridos irmãos e irmãs,
Argentina. velhos amigos que reconheço aqui
Logo após a chegada desses imi­ hoje, pessoas que conheci 26 anos
grantes houve uma súplica à Pre­ atrás.
sidência da Igreja e logo o Após­ Durante este período eu vi mui­
tolo Balard foi chamado para abrir tas coisas acontecerem, e hoje es­
a Missão da América do Sul, che­ Élder |am es E. Faust, A ssistente dos tamos diante de um acontecimento
gando a Buenos Aires em 1925. Doze, A utoridade Residente realmente muito especial, o início
A oração do Élder Balard foi das obras do Templo de São Paulo.
significativa. Missionários saíram a visitar a América do Sul, visitou Creio que todos os membros
de Buenos Aires para o Brasil e a Missão Brasileira. Em 1956 o
Uruguai. As primeiras reuniões Apóstolo Henry D. Moyle sendo
foram feitas em Porto Alegre, na inspirado pelo Senhor disse: “Des­
língua alemã. se momento em diante haverá um
Logo após foram para Joinville, despertar espiritual no Brasil, mi­
onde foi comprada a primeira pro­ lhares se converterão à Igreja”.
priedade da Igreja, casa reformada Hoje podemos testificar que já foi
que ainda hoje é utilizada. cumprida esta profecia.
Deste modesto início a Igreja foi Em 1959 a Missão Andina foi
recebendo mais membros e com organizada abrangendo o Peru,
isso mais terrenos e casas foram Equador e Chile e também foi cria­
adquiridas para serem transforma­ da a Missão Brasileira do Sul.
das em capelas. Em 1961 o Élder A. Theodore
Em 1935 foi criada a Missão Tuttle veio presidir sobre as mis­
Brasileira, contando com 143 mem­ sões da América do Sul, e fez cres­
bros e nove missionários. cer e se fortalecer o Sacerdócio.

Presidente W alter Spat

fiéis da Igreja que estão aqui pre­


sentes desejaram muito que isto
acontecesse.
O Brasil é um país abençoado e
abençoado através dos membros da
Igreja.

M A IO DE 1976 31
não um ser decaído e desprezado
como muitos crêem que se tornam.
Agora, meus queridos irmãos,
muito em breve estará aqui ao
nosso alcance a maravilhosa opor­
tunidade de darmos mais um
passo em direção ao Reino de
Deus.
Esse templo nos aproximará, o
amor crescerá e as virtudes se mul­
tiplicarão. Estamos no caminho,
como disse Cristo: “Eu sou o ca­
minho, a verdade e a vida, nin­
guém vem ao Pai senão por mim”.
Isto eu testifico em nome de Jesus
Cristo. Amém.
Logo após ao discurso do Pre­
sidente Spat fomos premiados pe­
las belas vozes dos jovens da AIM
com o hino “Quão Belos São”.

Coro formado pelos jovens da A.I.M. das três estacas paulistas QUAL Ê O DESAFIO?

Depois do templo, e através Tomando a palavra o Élder Ja­


Este é o primeiro Templo da
dele, virá a vida eterna no Reino mes E. Faust lançou um desafio a
América do Sul e o Brasil tem o
de nosso Pai Celestial. É aqui que todos os membros da Igreja nesta
privilégio de recebê-lo.
fazemos os últimos preparativos, é parte do mundo. Suas palavras fo­
Sendo realmente este templo ram decisivas e sinceras: “Qual é
desejado deve ter um significado aqui que fazemos voluntariamente
os convênios de honrar o Sacerdó­ o nosso desafio, com a construção
muito especial na vida de cada um. deste grande Templo?
cio, honrar a Deus, e a seu filho
Traz consigo, também, respon­ Chegou a hora de uma nova e
Jesus Cristo, de sermos obedientes
sabilidade que novamente rever­ grande era para a obra de Deus
aos mandamentos e aos profetas
tem para o nosso próprio bene­ na América do Sul. Da mesma for­
atuais. É um desafio que vale a
fício. pena ser aceito. ma que os filhos de Israel pene­
Ordenanças sagradas cujos efei­ Nossa vida torna-se mais per­ traram na terra prometida, este é
tos vão além desta vida e se pro­ feita e mais significativa. Será um novo começo.
jetam conosco para a eternidade realizada a ligação entre pais e Os pioneiros que atravessaram
são realizadas neste edifício sagra­ filhos, tanto das gerações passadas os grandes planaltos e chegaram à
do, e não podem ser feitas em ne­ como atuais. cidade de Salt Lake sentiram o de­
nhum outro lugar. sejo de novamente se converterem
Será realizado o casamento eter­
Para que possamos fazer essas no, o casamento que a morte não a fim de se fortalecerem em sua
ordenanças é preciso adquirirmos separa, os filhos são selados para resolução e fé, para assim terem
o direito de receber uma recomen­ a eternidade para que a família um novo começo.
dação de nosso bispo, presidente continue e permaneça ligada pelo O enorme desafio para todos
de ramo, presidente de estaca, princípio do amor que os une aqui. nós que possuímos o privilégio de
missão ou distrito, para que possa­ A família é eterna, como é eter­ permanecer neste solo sagrado
mos entrar neste futuro edifício. no nosso Deus. Isto em geral não
Isto implica em uma vivência é conhecido pelo mundo, mas a
plena dos mandamentos que o nos­ verdade está estabelecida.
so Deus e seu filho Jesus Cristo Através das ordenanças do tem­
estabeleceram para o homem aqui plo nós nos aproximamos mais de
na terra. Vivendo de acordo com Deus, o que de outra forma não
esses princípios nossa vida torna- seria possível.
se melhor e tem outro sentido. Qual desejo mais nobre poderia
Se assim formos , moralmente brotar do coração do homem, se­
limpos, honestos, virtuosos, pode­ não o de ser limpo, honesto, amar
remos obter a permissão para en­ seu próximo, amar a Deus sobre
trar neste edifício que será erguido todas as coisas? Quando esse de­
em Santidade ao Senhor. sejo nasce e começa a crescer, e
Creio que para os membros da a se realizar, o homem alcança no­
Igreja, é o ponto culminante que vamente a sua condição de filho
poderão alcançar nesta vida. querido de nosso Pai Celestial e

32 A LIA H O N A
maior para construir este templo a de aceitar o Evangelho de Jesus
nosso Deus. Cristo nesta vida terrena.
Significa mais dedicação em nos­ Essas bênçãos têm sido ou se­
sos chamados, e em nossos ensi­ rão providenciadas por Deus para
nos familiares e de professoras visi­ todos os seus filhos que as acei­
tantes. Significa ser mais obedien­ tarem.
te ao Senhor e aos seus servos. O desafio é, que alcancemos o
Significa mais dedicação ao tra­ nosso potencial mais alto que é a
balho missionário, pelos membros divindade.
da Igreja. Significa que todos os
No portal desse templo estará
nossos jovens estarão dispostos a
escrito: “A Casa do Senhor e San­
se tornarem dignos como missioná­
tidade ao Senhor”, e será a primei­
rios. Significa que os nossos jovens
ra vez que estas palavras estarão
estão dispostos a aprender o Evan­
escritas em qualquer língua em
gelho e não apenas freqüentar o
edifício sagrado aqui na América
seminário ou instituto quando é do Sul.
conveniente, aos domingos, mas
também as aulas matinais diárias. Do lado de dentro haverá um
Significa que a Igreja não é odor de santidade, e o Espírito de
apenas uma Igreja de fins de se­ Deus. Por mais importante que o
onde será construído o primeiro mana, mas que a Sociedade de edifício seja, o mais importante
Templo na América do Sul é o de Socorro realiza reuniões durante a mesmo serão as vidas abençoadas
fortalecer a nossa fé e recomeçar semana, e para algumas irmãs du­ por aquilo que se realiza dentro de
com o forte desejo de sermos San­ rante todo o dia. suas paredes.
tos fiéis do Senhor nestas terras. O edifício está sendo construído
Chegamos à ocasião de uma se­ para salvar e exaltar os filhos de
paração, separação esta das fraque­ Deus. E assim, meus amados
zas e das más companhias. Os que irmãos, irmãs e amigos, a grande
entrarem no Templo, tomarão so­ oportunidade e desafio é: recome­
bre si os votos de castidade e çar, fortalecer a fé, e não sermos
aprenderão as leis de sacrifício e apenas chamados mas também es­
obediência. colhidos.
É também ocasião de escolhas. Sendo dignos, fortaleceremos
Em Doutrina e Convênios está es­ nossos lares e famílias e alcança­
crito: “E ouve um dia de chamada, remos nosso mais alto potencial.
é chegado o tempo de escolher e Mas está escrito: “O olho não
que sejam escolhidos os que forem Significa que os pais ocuparão viu, nem o ouvido ouviu, nem pe­
dignos”. seus lugares em retidão como pa­ netrou no coração do homem as
O desafio é, portanto, ser digno, triarcas da família e se encontram coisas que Deus preparou para os
para que não sejamos apenas cha­ nas reuniões do Sacerdócio e nas que o amam”.
mados, mas para que possamos sacramentais todos os domingos e Eu sei que Deus vive, sei que
ser escolhidos. que irão liderar ao invés de serem esta é sua obra, sei que o Presi­
Ser digno agora significa mais liderados por outros membros da dente Kimball é o seu profeta, e
do que significou antes. Significa família. Significa que todas as fa­ presto esse testemunho em nome
o pagamento mais fiel dos dízimos, mílias desejarão realizar as noites de Jesus Cristo. Amém.
das ofertas. Ainda um sacrifício familiares todas as segundas-feiras Depois do discurso feito pelo
O desafio é: fortalecer os nos­ Élder James E. Faust, o Élder Jen-
sos lares e famílias. Através desse sem, responsável pela construção
Templo, os membros dignos terão do Templo foi chamado ao púlpi­
a possibilidade de alcançarem o seu to para, em poucas palavras, des­
mais alto potencial por meio das crever o tamanho do Templo.
ordenanças exaltadoras tão sagra­
das que não se pode mencionar e Para encerrar a reunião, a con­
nem sequer descrever fora das pa­ gregação cantou o hino “Tal como
redes sagradas do Templo, pois um facho”, e o irmão Osiris Gro-
elas pertencem às nossas jornadas bel Cabral, Representante Regional
eternas, e ao desenvolvimento e dos Doze, ofereceu a última oração.
potencial interminável de cada Logo após, as autoridades toma­
alma humana. As portas do Tem­ ram de suas pás especialmente pre­
plo estarão abertas para o Reino paradas para a ocasião e dirigi­
de Deus aos nossos ancestrais que ram-se ao local determinado para a
morreram sem uma oportunidade abertura da terra.

Você também pode gostar