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A família El'Anis é uma família nobre, antiga e tradicional no Reino.

Alguns antigos contam


lendas e mitos que os envolvem com deuses antigos, muito antes das pelejas que se
desenvolvem por trás do véu. Mesmo com essas lendas, a família nunca foi responsável por
nenhum evento grandioso, nunca clamou para si nenhum ato relevante que tenha
acontecido. Seja por escolha de seus membros ou por influência de algo maior, a família
sempre viveu sem chamar muita atenção, o que acabou criando um certo ar de mistério em
Van'Ess, cidade em que a mansão da família sempre esteve. A verdade por trás da família
corrobora os mitos. A ligação com os deuses existe há muitas gerações. É uma família de
aasimares, criaturas tocadas pela vontade de deidades poderosas que querem exercer
algum tipo de influência no mundo mortal. Ninguém ao certo lembra como família fez seu
dinheiro e seus títulos, mas alguns dizem que o "Hospital" na capital é deles, o que lhes
daria renda suficiente para tudo isso. Essa ligação nunca foi provada.

Os El'Anis ainda tem mais uma particularidade. Cada geração tem a possibilidade de gerar
um filho que porta poderes e dons direto dos deuses e as histórias contam que essa criança
poderia ser usada como instrumento de grande mudança. As lendas não contam sobre a
última vez que isso aconteceu, mas fala que o Olho de Ágatha se abrirá quando acontecer.

Ágatha fora uma grande feiticeira que lutou pela liberdade, por sua própria e por todos os
oprimidos. Ela nasceu numa família simples de comerciantes que obtinham sua renda da
venda de pequenas peças de arte. Um incêndio, então, destruiu a loja e matou os pais de
Ágatha. Ela então amaldiçoou a si própria e aquele dia, tornando-se algo pior, uma tiefling
moldada pelas vontades sórdidas dos decaídos. Assim ela seguiu a vida, obedecendo
comandos, abrindo mão da liberdade por poder. Poder para se vingar do próprio mundo.
Entretanto, ela encontrou os caminhos da Luz de novo e começou a trilhar sua própria
estrada. Esses passos a levaram para aos cuidados de uma antiga dradoa de prata que lhe
ofereceu novamente a liberdade de seguir suas próprias vontades. A Dragoa retirou a
maldição e quebrou as correntes que restringiam seus movimentos, ao mesmo tempo em
que retirava a venda que lhe cobriam os olhos. À Ágatha foi concedida a possibilidade de se
tornar a Filha de Prata e seguir defendendo a liberdade. Muitos anos depois, ela daria sua
vida por esses ideais, tornando-se uma constelação para aqueles que buscam iluminação.
A história também diz que uma estrela caiu na terra e que nela havia uma pedra com um
poder oculto que seria revelado apenas pelo escolhido. A história virou lenda, a lenda virou
mito e por incontáveis anos o Olho de Ágatha continuou fechado, esperando iluminar-se
novamente.

Mesmo depois do golpe e de Ivan ter assumido o poder, os El'Anis permaneceram


virtualmente invisíveis na sociedade. Muito se falava da filha mais velha da família que fora
vista grávida, mas logo os comentários foram abafados tão logo se soube que o bebê havia
morrido por complicações no parto. A cidade ainda tinha alguma empatia por seus
moradores. Mas a realidade é que naquela noite sem nuvens e sem luar, a constelação de
Ágatha brilhou mais forte e abençoou aquele nascimento. A criança era obviamente
diferente. As pequenas protuberâncias nas suas costas significavam que ela carregaria o
destino de muitos, ainda mais nesse momento de opressão. O nascimento foi ocultado,
ninguém de fora dos muros da mansão deveria saber dele ou da criança alada, mas, alguns
meses depois chega à soleira da porta uma figura estranha, que ninguém na cidade nunca
havia visto. A figura chegara à cidade e fora direto para a morada dos El'Anis. A figura era
membro dos Sacerdotes de Ágatha e dizia trazer informações importantes sobre a criança.
Após revelar sua identidade e dizer que O Nó estava agindo para deixar que a criança
continuasse escondida, Christine (uma humana), decidiu dedicar sua vida ensinar e
proteger a pequena Thá'Lia.

Thá'Lia sempre viveu "aprisionada", sempre para sua própria segurança.


Desde que ela se lembra, ela nunca pôde sair dos muros da mansão e, quando suas asas
ficaram muito grandes para serem escondidas com roupas, ela não pode mais sair nem
para os terrenos da propriedade. Ela já esquecera como é a sensação da grama nos seus
pés ou o vento despenteado seus cabelos. Os dias passaram, então, a ser dedicados a
longas horas de estudos e treinos que ela não entendia, na pouca idade, o objetivo. Com o
passar dos anos, porém, Christine, sua tutora e amiga, lhe contara sobre a história da sua
família, sua própria história e seu destino, explicou sobre a sociedade e sobre como Ivan se
utilizou de meios violentos para assumir o poder. Thá'Lia foi ensinada que era preciso abrir
mão da liberdade agora, para que pudesse libertar outros depois. Esse sentimento era
conflitante para ela, pois ela tinha seus próprios desejos. Alçar novos céus, conhecer novos
horizontes, mas a figura que Ivan representa e os limites que ele impõe, principalmente para
ela, impedem que isso ocorra.

Os dias de Thá'Lia eram religiosamente controlados para que ela aprendesse tudo o que
precisava, tudo sobre magia, sua origem e seu destino. Pela manhã ela lia livros, tomos
antigos cujos autores já haviam sido apagados pelo tempo, livros sobre o próprio tempo,
sobre a magia arcana e divina, sobre estratégias de batalha e sobre a vida e a morte.
Aprendera a ler em línguas mágicas (elfico antigo e dracônico), aprendeu a canalizar a força
do mundo em escudos poderosos, magias que poderiam ajudar a proteger a si mesma, mas
também feririam àqueles que estivessem oprimindo os mais fracos e retirando-lhes a
liberdade. Thá'Lia so não podia experimentar o mundo na prática. O único momento no qual
poderia abrir as asas um pouco e a erguer alguns centímetros do chão era quando o Sol
estava a pino, no grande Salão da mansão, quando tinha aulas de luta e se banhava na luz
do Sol que entrava pela grande claraboia no teto. A tarde era dedicada à contemplações
filosóficas e religiosas, entendimentos sobre o mundo e sobre suas mazelas. À noite era
dedicada ao estudo das estrelas e do Olho de Ágatha, que Christine havia lhe entregado
quando ela completara 18 anos, para que ela entendesse seu poder. Como O Nó obteve o
Olho ainda é um mistério, mas a informação que lhe foi dada é que ele fora esquecido e
haviam poucas pessoas vivas e menos aimda registros escritos, de como o olho se parece
ou quais seus poderes. Os Sacerdotes de Ágatha eram os únicos que sabiam onde ele
estava gardado.

Assim Thá'Lia cresceu e desenvolveu sentimentos conflitantes por tudo o que acontecia. Os
outros familiares eram mantidos afastados do convívio com ela para que não ficassem
tentados a revelar os segredos que estavam na casa. Praticamente o único contato que ela
tinha era Chris.
Até o dia em que, de alguma forma, a existência de Thá'Lia foi descoberta pelas forças dO
Conquistador. O ataque veio à noite, enquanto as preparações para dormir já haviam sido
feitas. A prestreza como tudo foi orquestrado assombrou até os guardas, tantoda família
quanto do Nó, porque eles foram derrotados como a facilidade de quem sabe de tudo sobre
eles. O General Kydriax liderou o ataque. Um Dragão vermelho cruel, cuja armadura de
metal negro trazia o emblema do Império no peito. O Língua de Obsidiana, como é
conhecido Kydriax, por conta da sua arma, empunhava-a e a trespassava pelos guardas e
pelos membros da família com uma facilidade absurda. Um a um todos sucumbiram ante
tamanha demonstração de crueldade e poder. Quando chegaram a Thá'Lia, encontraram-na
escondida em um cômodo oculto, mas eles já sabiam da existência dele. A única forma
disso ter acontecido é alguém ter vazado a informação. Enquanto era arrastada pelas forças
so Língua de Obsidiana, Thá'Lia via sua família morta e seus protetores ainda vivos
sucumbirem. Christine dava combate a quatro soldados quando viu-a ser arrastada pelas
asas. Tentou desvencilhar-se dos agressores e pôs-se a combater alguns dos soldados que
estavam levando Thá'Lia. A mestra estava lutando ferozmente, como jamais havia se visto
naquele Salão.
Começou, então, uma luta entre a mestra e o general tão feroz que era impossível que os
soldados de Kydriax interferissem. Thá’Lia ainda tentara ajudar sua tutora, mas não
conseguiu muito, pois já estava machucada. Os dois se degladiaram pela noite, uma peleja
tão intensa que as estruturas do Salão danificaram-se tamanha a intensidade dos golpes.
Um clarão de luz intensa e dourada banhou o ambiente, enquanto Kydriax era arremessado
para trás, Thá’Lia achou que a batalha estava ganha com a derrota do general, mas este se
chocou com uma coluna já danificada e destruiu-a. O resultado foi o desmoronamento da
abóboda por sobre os ocupantes e sobre Christine. Não havia como ela ter escapado, então
o silêncio tomou conta do salão. Ruídos abafados de metal vinham da direção que Kydriax
estava, evidenciando que o algoz de sua mestra estava vivo. Os poucos soldados que
estavam vivos se reagruparam e ajudaram seu Mestre.
A casa parcialmente destruída fora deixada para trás, com os cadáveres da família e com
um estandarte do Império fincado à porta. A manhã chegou e os moradores da pequena
cidade não tinham explicação para o que havia acontecido ali.

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